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<p>SISTEMA DE ENSINO</p><p>REDAÇÃO</p><p>DISCURSIVA</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>Livro Eletrônico</p><p>2 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Redação Discursiva – Parte 1 ..........................................................................................3</p><p>1. Apresentação e Estrutura Textual ...............................................................................3</p><p>1.1. Legibilidade ...............................................................................................................3</p><p>1.2. Respeito às Margens ................................................................................................9</p><p>1.3. Indicação de Parágrafos ...........................................................................................9</p><p>2. Aspectos da Produção Textual .................................................................................. 11</p><p>2.1. Tipologia Textual .................................................................................................... 12</p><p>2.2. Argumentação ...................................................................................................... 16</p><p>2.3. Coerência e Coesão Textuais .................................................................................. 21</p><p>2.4. Intertextualidade ...................................................................................................22</p><p>2.5. O Parágrafo ..........................................................................................................23</p><p>2.6. Organização Tópica ...............................................................................................29</p><p>2.7. Como Criar Ideias ..................................................................................................32</p><p>3. Recursos Gramaticais para a Produção Textual ........................................................37</p><p>3.1. Frase, Período e Oração .........................................................................................37</p><p>3.2. A Ordem dos Termos.............................................................................................38</p><p>3.3. Voz Ativa e Voz Passiva .........................................................................................38</p><p>3.4. O Sujeito................................................................................................................39</p><p>3.5. A Pontuação ......................................................................................................... 40</p><p>3.6. O Vocabulário – Denotação e Conotação ............................................................... 41</p><p>Resumo ........................................................................................................................44</p><p>Mapa Mental .................................................................................................................45</p><p>Referências ..................................................................................................................46</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>3 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA – PARTE 1</p><p>1. ApresentAção e estruturA textuAl</p><p>Nesta primeira parte, discutirei um ponto pouco observado por candidato(a)s que estão</p><p>se preparando para a prova de Redação Discursiva: Apresentação e Estrutura Textual. Sabe</p><p>aquela letra ilegível, aquele acento agudo que se misturou com a letra t, a letra a que se parece</p><p>com a letra o – pois é, esses erros bobos custam caro no resultado final do processo seletivo.</p><p>E eu fui testemunha, em diversos concursos, de casos em que estudantes perderam pontos</p><p>importantes por conta dessas inadequações na apresentação e na estrutura textual.</p><p>Começaremos pelo conceito de Legibilidade. Seguiremos com o conceito de Respeito às</p><p>margens e finalizaremos apresentando a noção de Indicação de parágrafos. Adoto, para esse</p><p>assunto, os critérios da banca CESPE, por julgá-los mais adequados e coerentes nesse as-</p><p>pecto. Essa escolha não restringe, é claro, a validade do que será ensinado. Todas as bancas</p><p>procedem de modo semelhante em relação à Apresentação e Estrutura Textual.</p><p>1.1. legibilidAde</p><p>Antes de tratarmos do assunto Legibilidade, vamos ler o texto a seguir, de Umberto Eco:</p><p>A arte perdida da caligrafia.</p><p>A arte perdida da caligrafia</p><p>Recentemente, dois jornalistas italianos escreveram um artigo de jornal de três páginas (em letras</p><p>de imprensa – ai de mim!) sobre o declínio da caligrafia.</p><p>Agora já é fato conhecido: a maioria das crianças – devido aos computadores (quando elas os</p><p>usam) e às mensagens de texto – não consegue mais escrever a mão, exceto em suadas letras</p><p>maiúsculas.</p><p>Em uma entrevista, um professor disse que os alunos também cometem muitos erros de ortografia,</p><p>o que me parece um problema em separado: médicos sabem escrever e, mesmo assim, suas es-</p><p>critas são sofríveis; e você pode ser um especialista em caligrafia, mas escrever “conserto”, e não</p><p>“concerto”.</p><p>Eu conheço crianças cuja caligrafia é bastante boa. Mas o artigo fala em 50 por cento de italiani-</p><p>nhos – e eu suponho que seja graças a um destino indulgente que eu frequente os outros 50 por</p><p>cento (algo que me acontece também na arena política). A tragédia começou bem antes do com-</p><p>putador e do telefone celular.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>4 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>A caligrafia de meus pais era ligeiramente inclinada, porque eles posicionavam o papel em ângulo</p><p>e suas letras eram, pelo menos para os padrões atuais, pequenas obras de arte.</p><p>Na época, alguns – provavelmente aqueles com letra feia – diziam que a caligrafia elegante era a</p><p>arte dos tolos. É óbvio que caligrafia bonita não significa, necessariamente, inteligência refinada.</p><p>Mas era prazeroso ler notas ou documentos escritos de maneira mais correta.</p><p>Minha geração foi treinada para ter boa caligrafia e nós passávamos os primeiros meses da es-</p><p>cola primária aprendendo a traçar as letras. Posteriormente, o exercício foi tido como obtuso e</p><p>repressivo, mas ele nos ensinou a manter o pulso firme ao usarmos a caneta para formar letras</p><p>arredondadas e delicadamente desenhadas. Bem, nem sempre – porque as canetas tinteiro, com</p><p>as quais sujávamos carteiras, livros, cadernos, dedos e roupas, costumavam produzir uma borra</p><p>desagradável que grudava na caneta e obrigava a dez minutos de lambança para limpar.</p><p>A crise começou com o advento da caneta esferográfica. As primeiras esferográficas também fa-</p><p>ziam sujeira – se, imediatamente após escrever, você passasse o dedo sobre as últimas palavras,</p><p>era inevitável aparecer um borrão. E as pessoas já não tinham muito interesse em escrever bem,</p><p>já que a caligrafia feita com uma esferográfica, mesmo que limpa, não tinha mais alma, estilo ou</p><p>personalidade.</p><p>Por que deveríamos lamentar o passamento da boa caligrafia? A capacidade de escrever bem e ve-</p><p>lozmente em um teclado estimula o pensamento rápido e, com frequência (não sempre), o corretor</p><p>ortográfico irá sublinhar um erro de grafia.</p><p>Embora o celular tenha ensinado a geração mais jovem a escrever “Kd vc?” no lugar de “Cadê</p><p>você?”, não nos esqueçamos de que nossos antepassados ficariam chocados ao ver que escreve-</p><p>mos “farmácia” e não “pharmacia”, ou “xícara” em vez de “chicara”. Teólogos medievais escreviam</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Exemplo de 2.6.5 (Progressão com salto temático):</p><p>A polícia militar nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo foram mostradas em sua ver-</p><p>dadeira face nos últimos dias de junho deste ano. Nesta época, viu-se algo profundamente</p><p>deprimente. Conta-se que há muitos anos atrás, quando ainda havia escravidão, qualquer</p><p>coisa que desagradasse ao senhor era tratada com violência e espancamento.</p><p>2.7. coMo criAr ideiAs</p><p>Esta seção apresentará uma forma de condução do planejamento textual (e, consequen-</p><p>temente, da produção textual). Acredito que esta seção será útil para aquele momento em que</p><p>olhamos para a folha de produção e não nos vem nada... Nenhuma ideia, nenhum argumen-</p><p>to... Para não haver desespero, devemos proceder de uma maneira segura nessa situação.</p><p>Primeiramente, veremos como a experiência e a observação nos auxiliam a criar ideias. Em</p><p>seguida, conheceremos outros artifícios para criar ideias. Por fim, apresentaremos a noção de</p><p>Plano-padrão (ou plano-piloto) e o seu uso.</p><p>2.7.1. A Experiência e a Observação</p><p>Há duas fontes principais de nossas ideias: a experiência e a leitura. Tratemos, primeira-</p><p>mente, da primeira, a experiência.</p><p>Adquirir experiência é observar. Temos acesso às coisas do mundo via experiência. E</p><p>devemos saber que as impressões colhidas por meio da observação dos fatos, por meio da</p><p>experiência, consubstanciam-se em ideias ou representações que, por sua vez, graças à ima-</p><p>ginação e à reflexão, se associam, se entrecruzam, se multiplicam, se desdobram em outras.</p><p>Podemos considerar a nossa mente um prisma criativo que, a partir dessas impressões colhi-</p><p>das por meio da experiência (a luz), decompõe a luz branca em um espectro de cores, as quais</p><p>são associadas, entrecruzadas, multiplicadas.</p><p>Desse modo, parece-nos claro que não será capaz de escrever quem não dispuser de</p><p>uma capacidade mínima de refletir, quer dizer, de selecionar, ordenar e associar impressões</p><p>e ideias advindas da observação dos fatos (quem, por exemplo, tem o prisma fosco, pálido, o</p><p>qual não permite decompor a luz em um espectro de cores vivas e claras, as quais podem ser</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>33 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>manipuladas com consciência e criatividade). É um fato a relação entre observação e acervo</p><p>de ideias: quanto mais observamos, quanto maior for a acuidade de nossa observação, tanto</p><p>será maior o acervo de nossas ideias.</p><p>Porém, também nos parece claro que não é apenas por meio do contato com a realidade</p><p>(contato interativo, físico, epidérmico) que adquirimos ideias. O intercâmbio de experiências</p><p>também é fonte para as nossas ideias. E uma das formas mais notáveis de se entrar em con-</p><p>tato com a experiência alheia (adventícia) é a leitura.</p><p>Não é objetivo de nosso Guia detalhar a importância da leitura e o seu funcionamento. An-</p><p>tes, procuramos evidenciar que ela é importante e que você, estudante, deve ler muito. Como</p><p>síntese, apresentamos os quatro níveis de leitura4 (propostos por Adler & Doren):</p><p>• Leitura elementar: leitura básica ou inicial. Ao leitor cabe reconhecer cada palavra de uma</p><p>página. Leitor que dispõe de treinamento básico e adquiriu rudimentos da arte de ler;</p><p>• Leitura inspecional: caracteriza-se pelo tempo estabelecido para a leitura. Arte de fo-</p><p>lhear sistematicamente;</p><p>• Leitura analítica: é minuciosa, completa, a melhor que o leitor é capaz de fazer. É ativa</p><p>em grau elevado. Tem em vista principalmente o entendimento;</p><p>• Leitura sinóptica/sintópica: leitura comparativa de quem lê muitos livros, correlacio-</p><p>nando-os entre si. Nível ativo e laborioso de leitura.</p><p>Em sede de concurso público, você, estudante, pode convergir as suas leituras para a sua</p><p>área de preparação (Judiciária, Fiscal, Policial etc.). É uma atitude coerente e até aconselhá-</p><p>vel, devido ao tempo disponível e ao volume de conteúdo a ser estudado. O que não pode</p><p>ocorrer, no entanto, é o abandono do contato com outras leituras, as quais podem até servir</p><p>de entretenimento (leitura literária e de revistas cujo tema seja de seu interesse), aliviando o</p><p>estresse dos estudos intensos.</p><p>2.7.2. Outros Artifícios para Criar Ideias</p><p>Imagine que o tema a desenvolver em sua redação seja vago, que não depende da pes-</p><p>quisa, mas apenas da experiência e das vivências (caso muito comum em provas discursivas de</p><p>4 Os quatro níveis de leitura são cumulativos.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>34 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>vestibulares). Imagine, ainda, que haja certa especificidade, certa delimitação – mas ainda</p><p>assim o tema foge ao nosso domínio. Como começar a produção? Qual é o caminho a per-</p><p>correr? Nesta seção procuraremos apresentar um caminho para conseguir sucesso nesse</p><p>momento difícil.</p><p>Reproduzimos, para isso, o trecho da obra de Othon M. Garcia, Comunicação em Prosa</p><p>Moderna, na qual o autor faz uso da sábia lição de Júlio Nogueira, reproduzida a seguir:</p><p>Eis-nos face a face com o assunto sobre que temos de discorrer, produzindo uma composição de</p><p>trinta ou quarenta linhas, no mínimo. O assunto é um desses temas abstratos, que nos parecem</p><p>áridos, avaros de ideias. Seja: a amizade, por exemplo.</p><p>Que dizer sobre a amizade? Como encher tantas linhas, formulando períodos sobre períodos, se as</p><p>ideias nos escapam, se a imaginação está inerte, se nada encontramos no cérebro que nos pareça</p><p>digno de ser expresso de forma agradável e, sobretudo, correta? Qual a orientação que devemos</p><p>seguir versando tal assunto até a conclusão, de maneira que nos desempenhemos dessa tarefa</p><p>superior às nossas forças?</p><p>Agora a resposta, o remédio. Antes de tudo: se o nosso estado de espírito é de perplexidade, se</p><p>nos domina essa preocupação pungente, esse desânimo de chegar a um resultado satisfatório, o</p><p>que temos de fazer é – não começar a tarefa imediatamente. Em vez de lançar a esmo algumas</p><p>exclamações, algumas frases inexpressivas sobre o papel, reflitamos; concentremo-nos. Empre-</p><p>guemos uma quarta parte do tempo de que dispomos em pensar, em metodizar o assunto, em</p><p>dividi-lo nos pontos que ele comporta e em submetê-lo aos coeficientes amigos que aqui vamos</p><p>enumerar e que nos darão mais que a matéria necessária. Esses coeficientes protetores não serão</p><p>sempre os mesmos nem no mesmo grau para todos os assuntos, mas há-os para tudo. Chamam-</p><p>-se definição, distinção, considerações gerais, antecedentes, tempo, lugar, comentários, narrações</p><p>a propósito do tema (fato conhecido, anedota, fábula), consequências, discurso direto e outros que</p><p>o engenho de cada um poderá estremar. Vamos colher aqui o que nos pode servir para o assunto</p><p>dado: a amizade.</p><p>A definição nos dirá ser a amizade um sentimento que consiste em estimar a outrem, quer a sua</p><p>presença, desejar-lhe todo o bem possível; sentimento que traz grande encanto à vida. A distinção</p><p>nos sugere que a amizade pode ser verdadeira ou apenas aparente. Nesta segunda classe estamos</p><p>a ver os interesseiros, os que se dizem nossos amigos, pensando em obter vantagens e favores,</p><p>e que, passada essa possibilidade, nos voltam as costas, nem nos reconhecem nos dias difíceis</p><p>para nós. Por esse caminho virão também outras ideias. As considerações gerais serão no sentido</p><p>de cada um semear amizade</p><p>por toda parte, fazer-se estimar por todos, desarmar prevenções que,</p><p>às vezes, sentimos contra certas pessoas em quem depois só reconhecemos bons predicados e a</p><p>quem estendemos francamente a mão de amigo. Citemos a propósito o provérbio que diz: “Mais</p><p>vale um amigo na praça que dinheiro na caixa”. O tempo nos poderia servir. É justo considerá-lo</p><p>o cadinho da verdadeira amizade, a qual se perpetua, resistindo aos embates da vida. O lugar nos</p><p>dirá que a distância não é nociva à verdadeira amizade. Os amigos, ainda separados, continuam a</p><p>interessar-se pela sorte recíproca: correspondem-se, trocam notícias de caráter pessoal. Podemos</p><p>recorrer a fatos históricos ou lendários que se apliquem à matéria. Aludamos ao caso de Dâmon e</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>35 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Pítias, que nos dará muitos pares de linhas. Se não o conhecermos, contemos um fato da vida real</p><p>e, se não nos ocorre nenhum: inventemo-lo! Imaginemos alguém que chega de uma longa viagem,</p><p>a quem dizem que um amigo está morrendo à míngua num casebre dos subúrbios, porque os ne-</p><p>gócios lhe correram mal e uma moléstia cruel o salteou, quebrando-lhe toda a atividade. Descreva-</p><p>mos o encontro dos dois; as medidas que o recém-chegado toma, transferindo para o conforto de</p><p>sua residência o amigo enfermo: a chamada do médico, a compra de remédios e dieta necessária,</p><p>e, por fim, o restabelecimento do amigo, que volta à atividade da vida e, ainda apoiado pelo outro,</p><p>faz bons negócios e satisfaz os seus compromissos. Imaginemos agora o que aconteceria se não</p><p>fosse esse ato de amizade.</p><p>Procedendo com este método, ainda parecerá difícil a tarefa? Decerto que não! A dificuldade pri-</p><p>macial estava na produção das ideias, mas os coeficientes amigos nos salvaram. Pensando nele,</p><p>investigando a melhor maneira por que se podem aplicar ao assunto, facílimo será organizar o</p><p>nosso plano, isto é, o arcabouço, as linhas gerais da nossa composição, antes do que não deve-</p><p>mos absolutamente iniciar a tarefa. Falamos ou escrevemos quando temos alguma coisa a dizer.</p><p>A ideia surge no cérebro e exterioriza-se pela palavra. No colóquio o apoio ou a contestação dos</p><p>nossos ouvintes vai despertando novas ideias. O nosso cérebro por si só é que não há de fazer o</p><p>trabalho. Por isso devemos separar todas as peças da nossa composição e procurar materiais por</p><p>esses processos, uma vez que não tenhamos o dom de escrever de improviso, o que só é dado a</p><p>raros indivíduos.</p><p>(Júlio Nogueira, A linguagem usual e a composição)</p><p>2.7.3. Plano-padrão</p><p>Agora podemos elaborar, a partir dos ensinamentos do Professor Nogueira, uma espécie</p><p>de Plano-padrão (ou plano-piloto) para o desenvolvimento de ideias similares à que se viu</p><p>no texto do Professor Nogueira (a amizade). Procurarei comentar cada uma das partes do</p><p>Plano-padrão.</p><p>Antes de começarmos, cabe lembrar que o uso desta técnica pode ter mais validade em</p><p>determinadas produções, a depender do tema. Lembre-se, estudante: esta é uma técnica tra-</p><p>dicionalmente utilizada em casos em que o tema a desenvolver em sua redação é vago, que</p><p>não depende da pesquisa, mas apenas da experiência e das vivências (temas como amizade,</p><p>ambição, vingança etc.). Caso a sua redação seja específica e o tema exija pesquisa e co-</p><p>nhecimento especializado sobre o tema (o que, em sede de concurso público, é muito mais</p><p>provável que ocorra), esta técnica servirá como recuso mnemônico (isto é, para trazer à me-</p><p>mória conhecimentos que não estão presentes no momento da produção). Assim, além do</p><p>conhecimento sólido sobre a temática, o Plano-padrão nos auxilia a trazer à memória fatos</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>36 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>que poderiam passar despercebidos (e cuja importância é indiscutível para o desenvolvimen-</p><p>to do tema).</p><p>Vejamos, então, como o Plano-padrão pode ser organizado:</p><p>Obs.: � Definição</p><p>� É o primeiro passo. A definição pode ser denotativa ou conotativa. Tradicionalmente,</p><p>a definição é caracterizada pela fórmula:</p><p>� A amizade é...</p><p>� ou</p><p>� A amizade caracteriza-se por ...</p><p>� Considerações gerais</p><p>� Pode ser uma opinião, uma observação (feitas após um exame ou reflexão).</p><p>� Distinção</p><p>� Quais são os tipos de amizade? Pode ser de curiosidade, de vaidade, desinteressada</p><p>etc.</p><p>� Ou as várias espécies de mentira: social, patológica, criminosa etc.</p><p>� Comparação ou analogia</p><p>� A comparação ou analogia pode vir isolada no plano-padrão ou estar incluído no</p><p>anterior (Distinção) ou no seguinte (Contraste).</p><p>� Pense, nesse tópico, como os fatos ou ideias podem ser comparados entre si.</p><p>� Contraste</p><p>� Quais são os opostos do tema? O que contrasta com a amizade (ódio, inimizade...)? O</p><p>que se opõe à curiosidade (a indiferença, a apatia...)?</p><p>� Em um caso mais concreto, quais são os contrastes entre países desenvolvidos e</p><p>subdesenvolvidos? Ou entre o sistema de transporte público de Brasília e de Curitiba?</p><p>� Circunstâncias</p><p>� Quais são as circunstâncias em que o tema que é objeto de reflexão se enquadra? Ou</p><p>seja, quais são as:</p><p>� (i) as causas, a origem, os efeitos;</p><p>� (ii) os motivos, as consequências;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>37 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>� (iii) o tempo, o lugar?</p><p>� Ilustração real ou hipotética</p><p>� Pode ser um caso histórico ou fictício que se ajuste ao tema como ilustração.</p><p>� Conclusão</p><p>� Há algo mais a dizer? Não, então estamos na conclusão. Aqui ainda é possível retor-</p><p>nar às etapas (I – VII) e verificar se ainda falta algo ou se nos vêm à memória outras</p><p>informações importantes.</p><p>� Pode-se fazer, aqui, a síntese de tudo o que expomos anteriormente, de modo a ver o</p><p>panorama do tema por nós desenvolvido.</p><p>3. recursos grAMAticAis pArA A produção textuAl</p><p>Ao longo dessa aula, fiz uso de termos como “voz ativa”, “período”, “ordem direta”. Mas o</p><p>que significam essas nomenclaturas? Na sequência da aula, apresentaremos, de forma intro-</p><p>dutória, as principais noções gramaticais necessárias à produção textual. São, efetivamente,</p><p>recursos gramaticais para a produção textual. Caso você sinta necessidade de aprofundar</p><p>algum conceito, consulte uma gramática escolar (de Evanildo Bechara, por exemplo).</p><p>3.1. frAse, período e orAção</p><p>Frase é a construção que encerra um sentido completo, podendo ser formada por uma ou</p><p>mais palavras, com ou sem verbo, ou por uma ou mais orações; pode ser afirmativa, negativa,</p><p>interrogativa, exclamativa ou imperativa.</p><p>Vejamos alguns exemplos:</p><p>Pare!</p><p>Fogo!</p><p>Parada de ônibus.</p><p>Vendem-se casas.</p><p>A Maria disse que o João voltará amanhã.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>38 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>O governo não dará continuidade à política de saneamento básico.</p><p>Os dirigentes chegaram?</p><p>Isso é um absurdo!</p><p>Adicione duas xícaras de leite.</p><p>Oração é uma frase, ou membro de frase, que contém um verbo (ou locução verbal). A</p><p>oração pode ser coordenada ou subordinada:</p><p>O João chegou e já se sentou.</p><p>O governo afirmou que as políticas públicas serão mais eficazes.</p><p>Obs.: � Uma locução verbal é o conjunto de palavras que equivalem a um só vocábulo, por</p><p>terem significado, conjunto próprio e função gramatical única. O João vai chegar cedo.</p><p>O período é uma frase que contém uma ou mais orações. Inicia-se por letra maiúscula e</p><p>encerra-se por ponto final (ou equivalente).</p><p>3.2. A ordeM dos terMos</p><p>Quando falamos sobre a construção do parágrafo (Capítulo 2), fizemos referência à ordem</p><p>direta da sentença. Em português, as sentenças são organizadas na ordem Sujeito – Verbo –</p><p>Objeto (complemento) – Adjuntos.</p><p>O governo investiu R$ 100 milhões em educação no ano passado. [ordem direta]</p><p>3.3. Voz AtiVA e Voz pAssiVA</p><p>Voz é categoria do verbo definida pela relação que estabelece entre o sujeito gramatical</p><p>(aquele com o qual o verbo concorda) e o papel de agente ou de paciente da ação verbal.</p><p>O advogado acionou o Ministério Público. [voz ativa]</p><p>O Ministério Público foi acionado pelo advogado. [voz passiva analítica]</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>39 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Observe que, na voz passiva, o agente, expresso como complemento de preposição, pode</p><p>ser omitido:</p><p>O Ministério Público foi acionado.</p><p>Há, também, a passiva pronominal, em que se junta ao verbo na forma ativa o pronome</p><p>átono se (pronome apassivador):</p><p>Viu-se o erro da última parcela.</p><p>Acionou-se o Ministério Público.</p><p>3.4. o sujeito</p><p>Sujeito é termo da oração sobre o qual recai a predicação da oração e com o qual o verbo</p><p>concorda. Pode ser:</p><p>• Indeterminado: Pedro, disseram-me que você falou mal de mim. Precisa-se de empre-</p><p>gados (índice de indeterminação do sujeito). Vive-se bem aqui (índice de indetermina-</p><p>ção do sujeito).</p><p>• Impessoal: Há bons livros na livraria. Faz frio. Chove.</p><p>• Explicitado lexicalmente: O sol é um astro luminoso.</p><p>• Explicitado pronominalmente: Eu estudo no colégio Dom Pedro II.</p><p>• Desinencial: Brincamos todos os dias na praça.</p><p>As formas pronominais retas (as quais ocupam a posição de sujeito) são as seguintes:</p><p>• 1ª pessoa (singular ou plural): eu – nós.</p><p>• 2ª pessoa (singular ou plural): tu – vós.</p><p>• 3ª pessoa (singular ou plural): ele(a) – ele(a)s.</p><p>Dessas formas pronominais (do caso reto), qual é a mais impessoal? Em uma escala de</p><p>(im)pessoalidade, quais formas estariam nas extremidades (em oposição)?</p><p>Em uma redação discursiva, a linguagem deve ser formal, clara, objetiva e impessoal. Isso</p><p>quer dizer que o produtor do texto (1ª pessoa, o eu) não deve se apresentar como indivíduo;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>40 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>deve, antes, dialogar com todo o universo de ideias, de autores, de referências. O autor será,</p><p>portanto, alguém que reflete sobre determinado tema – e essa reflexão deve ter uma validade</p><p>geral, um valor de verdade mais amplo, não apenas limitado ao universo de um indivíduo. Por</p><p>isso o texto tem de ser impessoal.</p><p>Como pudemos observar, as formas mais “impessoais” do sujeito são as seguintes:</p><p>• 3ª pessoa do plural, por meio da desinência verbal;</p><p>• voz passiva (analítica e sintética), em que o agente pode ser omitido;</p><p>• índice de indeterminação do sujeito; e</p><p>• verbos impessoais (haver e ser em orações sinônimas às construídas com existir).</p><p>3.5. A pontuAção</p><p>Dominar a arte de pontuar é habilidade que exige leitura e prática. Aqui, apresento o sig-</p><p>nificado dos principais sinais de pontuação. Desse modo, você poderá observar, em suas</p><p>leituras e práticas de escrita, quais são os principais usos desses sinais.</p><p>Ponto parágrafo (§)</p><p>O ponto parágrafo indica a divisão de um texto escrito. Essa divisão é verificada pela</p><p>mudança de linha, cuja função é mostrar que as frases aí contidas mantêm maior relação</p><p>entre si do que com o restante do texto.</p><p>Ponto final (.)</p><p>O ponto final é o sinal de pontuação com que se encerra uma frase ou um período.</p><p>Ponto de interrogação (?)</p><p>O ponto de interrogação é utilizado no fim da oração, a qual é enunciada com entonação</p><p>interrogativa ou de incerteza.</p><p>Ponto de exclamação (!)</p><p>O ponto de exclamação é utilizado no fim da oração enunciada com entonação exclama-</p><p>tiva. Também se usa o ponto de exclamação depois de interjeição.</p><p>Reticências (...)</p><p>As reticências denotam interrupção ou incompletude do pensamento ou hesitação em</p><p>enunciá-lo.</p><p>Vírgula (,)</p><p>A vírgula indica pausa ligeira e é usada para separar frases encadeadas entre si ou ele-</p><p>mentos dentro de uma frase.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>41 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Dois-pontos (:)</p><p>O sinal de pontuação dois-pontos correspondente, na escrita, a uma pausa breve da lin-</p><p>guagem oral e a uma entoação geralmente descendente. A sua função é preceder uma</p><p>fala direta, uma citação, uma enumeração, um esclarecimento ou uma síntese do que foi</p><p>dito antes.</p><p>Ponto e vírgula (;)</p><p>O sinal de pontuação ponto e vírgula assinala pausa mais forte que a da vírgula e menos</p><p>acentuada que a do ponto. Emprega-se, por exemplo, em enumerações, para distinguir</p><p>frases ou sintagmas de mesma função sintática, na separação entre orações coordena-</p><p>das não unidas por conjunção – coordenativa e para indicar suspensão maior que a da</p><p>vírgula no interior de uma oração.</p><p>Travessão (–)</p><p>É importante não confundir o travessão com o traço de união ou hífen. O travessão é</p><p>um sinal constituído de traço horizontal maior que o hífen. O travessão pode substituir</p><p>vírgulas, parênteses, colchetes e serve, entre outras coisas, para indicar mudança de</p><p>interlocutores num diálogo, separar título e subtítulo em uma mesma linha e assinalar</p><p>expressão intercalada.</p><p>Aspas (“aspas”)</p><p>É o sinal gráfico, geralmente alceado (colocado no alto), que delimita uma citação, título</p><p>etc. Também é usado para realçar certas palavras ou expressões.</p><p>Parênteses ((parênteses))</p><p>Os parênteses indicam um isolamento sintático e semântico mais completo dentro do</p><p>enunciado.</p><p>Colchetes ([colchetes])</p><p>Os colchetes são utilizados para isolar, quando necessário, palavras ou sequência de</p><p>palavras elucidativas dentro de uma sequência de unidades entre parênteses. Também é</p><p>conhecido como parênteses retos.</p><p>Chave ({chave})</p><p>A chave é usada em obras de caráter científico. Indica, usualmente, a reunião de itens rela-</p><p>cionados entre si formando um grupo.</p><p>3.6. o VocAbulário – denotAção e conotAção</p><p>Em uma produção textual fazemos uso de palavras, de um vocabulário. Mas qual é a im-</p><p>portância do vocabulário? A pergunta parece sem sentido, não é? Mas em diversos momentos</p><p>nos esquecemos de algumas</p><p>noções importantes em nossa produção.</p><p>Discutiremos, nesta seção, um aspecto relevante: a distinção entre denotação e conotação.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>42 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Antes de diferenciarmos denotação e conotação, citemos, com nossas próprias palavras,</p><p>a definição do linguista F. Saussure para signo linguístico:</p><p>Obs.: � Signo linguístico é unidade linguística constituída pela união de um significante e um</p><p>significado. Essa relação ocorre geralmente por meio de uma relação arbitrária.</p><p>Quando ouvimos ou lemos a palavra cachorro, reunimos, em um nível mental, o significan-</p><p>te (o som ou a grafia da palavra) ao significado (a noção “mamífero carnívoro da família dos</p><p>canídeos”):</p><p>Cachorro</p><p>(som ou grafia)</p><p>Significante</p><p>Significado</p><p>Nessa relação entre significante e significado, percebemos que a semântica da palavra</p><p>cachorro corresponde aos semas específicos e genéricos, isto é, aos traços semânticos mais</p><p>constantes e estáveis. Estamos diante da denotação:</p><p>Obs.: � Denotação é a relação significativa objetiva entre marca, ícone, sinal, símbolo etc., e o</p><p>conceito que eles representam. A denotação é o elemento estável da significação da</p><p>palavra, elemento não subjetivo e analisável fora do discurso (contexto).</p><p>Quando há semas virtuais, isto é, só atualizados em determinado contexto, estamos dian-</p><p>te da conotação. Por exemplo, podemos afirmar que o namorado de Fulana é muito cachorro.</p><p>É claro que não caracterizaremos este homem como um “mamífero carnívoro da família dos</p><p>canídeos”. Na verdade, nesse contexto, em que há elementos subjetivos, queremos dizer que</p><p>o namorado de Fulana se comporta como um cachorro, que desconsidera os sentimentos de</p><p>sua parceira (ou das mulheres) e age por instinto. Percebemos, então, que há inserções de</p><p>informações semânticas à palavra cachorro, a qual está situada em um contexto discursivo.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>43 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>A distinção ficou clara? Espero que sim. A pergunta que surge agora é a seguinte: o que a</p><p>distinção denotação e conotação nos ajuda na produção textual? Como já dissemos, a reda-</p><p>ção discursiva deve ser clara, formal, impessoal e objetiva. O texto será mais objetivo, formal,</p><p>impessoal e claro se fizer uso das palavras em sentido denotativo. Dessa forma, procure as</p><p>palavras em sua forma estável, não subjetiva e analisável fora do discurso (contexto).</p><p>E então, como estamos de fôlego? Consegue seguir para a próxima aula? Antes, vamos</p><p>para o Resumo e o Mapa Mental. As Questões de Concurso estarão concentradas em uma</p><p>aula específica de nosso curso (Aula 3 - Banco de Questões de Redação Discursiva), beleza?</p><p>Isso porque é apenas ao final de todo o estudo teórico que será possível começar a produzir.</p><p>Não perca o foco, hein?!</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>44 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>RESUMO</p><p>O primeiro ponto discutido foi sobre a apresentação e a estrutura textual. Eu destaquei</p><p>que é necessário produzir um texto manuscrito legível. Também destaquei que é preciso res-</p><p>peitar as margens (observando as translineações) e as indicações paragrafais.</p><p>Como segundo ponto, trabalhamos os aspectos iniciais da produção textual. Apresentei</p><p>as principais tipologias textuais (narração, descrição, dissertação e argumentação) e mostrei</p><p>as diferenças entre um texto em prosa e um texto poético (versificado).</p><p>Como nosso objetivo é aprender a desenvolver uma redação discursiva, focamos o traba-</p><p>lho na tipologia argumentativa. Na argumentação, a construção da defesa deve ser baseada</p><p>nas evidências das provas, ancoradas nos fatos, nos exemplos, nas ilustrações, em dados</p><p>estatísticos e em testemunhos.</p><p>Na produção textual, a correta organização paragrafal também é muito relevante. Por isso,</p><p>abordamos a definição dessa unidade de composição: nela, se desenvolve determinada ideia</p><p>central, nuclear, à qual se agregam outras, denominadas secundárias. Internamente ao pará-</p><p>grafo (e entre os parágrafos), é necessário dar coesão à sequência textual (por conjunções,</p><p>por referenciações, por sinonímias etc.).</p><p>Outro aspecto trabalhado ao longo da aula foi a técnica para auxiliar na criação de ideias.</p><p>Em sequência, abordei a construção do plano-padrão, fundamental para organizar bem as</p><p>ideias na etapa de planejamento da produção textual.</p><p>Na parte final da aula, retomei os principais conceitos gramaticais aplicados à produ-</p><p>ção textual.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>45 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva - Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>MAPA MENTAL</p><p>Redação Discursiva</p><p>(argumentativa)</p><p>Observar aspectos visuais</p><p>Adotar a prática do “plano-padrão”</p><p>Pertence à tipologia dissertativo-argumentativa</p><p>Adotar a técnica de “como criar ideias”</p><p>Na produção escrita, é preciso haver</p><p>Caligrafia legível</p><p>Respeito às margens</p><p>Indicação de parágrafos</p><p>Coesão</p><p>Coerência</p><p>Correção gramatical</p><p>Adequação temática</p><p>Concisão</p><p>Clareza</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>46 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ANDRADE, M. & MEDEIROS, J. Comunicação em língua portuguesa. 2009.</p><p>AZEREDO, J. Escrevendo pela nova ortografia: como usar as regras do novo acordo ortográ-</p><p>fico da</p><p>CEGALLA, D. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. 2007.</p><p>ECO, U. A arte perdida da caligrafia. Artigo do New York Times. Revista da Cultura, n. 28.</p><p>FERREIRA, A. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 2009.</p><p>GARCIA, O. Comunicação em prosa moderna. 2007.</p><p>HOUAISS, A. Dicionário Houaiss: sinônimos e antônimos. 2008.</p><p>KOCH, I. & TRAVAGLIA, L. A coerência textual. 2009.</p><p>KOCH, I. A coesão textual. 2008.</p><p>KOCH, I. O texto e a construção dos sentidos. 2008.</p><p>língua portuguesa. 2008.</p><p>LUFT, C. Dicionário prático de regência nominal. 2010.</p><p>LUFT, C. Dicionário prático de regência verbal. 2008.</p><p>MARCUSCHI, L. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 2008.</p><p>MARTINS, D. & ZILBERKNOP, L. Português Instrumental. 2009.</p><p>MEDEIROS, J. Redação científica. 2009.</p><p>SAVIOLI, F. & FIORIN, J. Para entender o texto: leitura e redação. 2009.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a</p><p>qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>47 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Doutor em Linguística pela Universidade de Brasília. É autor de obras didáticas de Língua Portuguesa</p><p>(Gramática, Texto, Redação Oficial e Redação Discursiva). Pela Editora Gran Cursos, publicou o “Guia</p><p>Prático de Língua Portuguesa” e o “Guia de Redação Discursiva para Concursos”. No Gran Cursos Online,</p><p>atua na área de desenvolvimento de materiais didáticos (educação e popularização de C&T/CNPq: http://</p><p>lattes.cnpq.br/1396654209681297).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>48 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>49 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>Redação Discursiva – Parte 1</p><p>1. Apresentação e Estrutura Textual</p><p>1.1. Legibilidade</p><p>1.2. Respeito às Margens</p><p>1.3. Indicação de Parágrafos</p><p>2. Aspectos da Produção Textual</p><p>2.1. Tipologia Textual</p><p>2.2. Argumentação</p><p>2.3. Coerência e Coesão Textuais</p><p>2.4. Intertextualidade</p><p>2.5. O Parágrafo</p><p>2.6. Organização Tópica</p><p>2.7. Como Criar Ideias</p><p>3. Recursos Gramaticais para a Produção Textual</p><p>3.1. Frase, Período e Oração</p><p>3.2. A Ordem dos Termos</p><p>3.3. Voz Ativa e Voz Passiva</p><p>3.4. O Sujeito</p><p>3.5. A Pontuação</p><p>3.6. O Vocabulário – Denotação e Conotação</p><p>Resumo</p><p>Mapa Mental</p><p>Referências</p><p>AVALIAR 5:</p><p>Página 50:</p><p>“respondeo dicendum quod,” coisa que teria feito Cícero se revirar no túmulo.</p><p>A arte da caligrafia nos ensina a controlar nossas mãos e encoraja a coordenação mão-olho.</p><p>O artigo de três páginas apontava que a escrita a mão nos obriga a compor a frase mentalmente</p><p>antes de escrevê-la. Graças à resistência da caneta e do papel, somos forçados a parar para pen-</p><p>sar. Muitos escritores, embora acostumados a escrever no computador, algumas vezes até prefe-</p><p>rem imprimir letras em uma placa de argila, porque assim podem pensar com mais calma.</p><p>É verdade que as crianças escreverão cada vez mais em computadores e celulares. Apesar de tudo,</p><p>a humanidade aprendeu a redescobrir muitas coisas que a civilização eliminara como desneces-</p><p>sárias, como nos esportes e prazeres estéticos.</p><p>As pessoas não viajam mais a cavalo, mas algumas fazem aulas de equitação; existem iates mo-</p><p>torizados, mas muita gente é tão devotada à arte de velejar quanto os fenícios de três mil anos</p><p>atrás; há túneis e ferrovias, mas muitos ainda apreciam caminhar a pé por passagens alpinas; há</p><p>pessoas que colecionam selos na era do e-mail; e exércitos vão à guerra com rifles Kalashnikovs,</p><p>mas também organizamos pacíficos torneios de esgrima.</p><p>Seria bom se os pais enviassem os filhos a escolas de caligrafia, para que eles pudessem participar</p><p>de competições e torneios – não só para adquirir base em algo que é belo, mas também para seu</p><p>bem-estar psicomotor. Tais escolas já existem, basta procurar “escola de caligrafia” na internet. E,</p><p>talvez para aqueles com mão firme e sem emprego estável, ensinar essa arte possa se tornar um</p><p>bom negócio.</p><p>Destaco a seguinte passagem do artigo de Umberto Eco:</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>5 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>O artigo de três páginas apontava que a escrita a mão nos obriga a compor a frase mentalmente</p><p>antes de escrevê-la. Graças à resistência da caneta e do papel, somos forçados a parar para pensar.</p><p>Acredito que a escrita manual nos força a refletirmos mais antes de registrar a frase no</p><p>papel. Além disso, a escrita manual requer outras habilidades, como controle do espaço a ser</p><p>utilizado (limites da margem, dimensão da letra).</p><p>Observe, então, o quanto esse aspecto é importante. Não podemos desconsiderar a práti-</p><p>ca de caligrafia. Para isso, voltaremos ao básico: às letras do alfabeto. Mostro, a seguir, qua-</p><p>tro sequências de letras: (i) minúsculas cursivas; (ii) maiúsculas cursivas; (iii) letra de fôrma</p><p>caixa-baixa; e (iv) letra de forma caixa alta.</p><p>Imagem (i). Minúsculas cursivas</p><p>Imagem (ii). Maiúsculas cursivas</p><p>Imagem (iii). Letra de fôrma – caixa-baixa</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>6 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Imagem (iv). Letra de fôrma – caixa-alta</p><p>As imagens possuem, para nós, duas funções: (i) referência a um padrão gráfico e (ii) mo-</p><p>delo para prática de caligrafia. No primeiro caso, você, estudante, pode observar a sua letra</p><p>(seja ela cursiva ou letra de fôrma) e refletir se está bem delineada ou não. Caso você sinta</p><p>que a sua letra não está adequada, a segunda função (modelo para prática de caligrafia) se</p><p>aplica. Sugiro que você adquira aqueles cadernos de caligrafia e produza ao menos duas pá-</p><p>ginas duas vezes na semana. Isso será muito importante para a correção de alguns desvios.</p><p>Duas considerações são importantes em relação às letras cursivas e de fôrma. Quando</p><p>se produz a letra cursiva, é importante que haja uma continuidade entre as letras no interior</p><p>da palavra. Não pode haver interrupções, pois os espaços vazios no decorrer da linha indi-</p><p>cam fronteiras de palavras! Outra consideração importante é a distinção entre maiúsculas e</p><p>minúsculas (veja o guia para uso de maiúscula e minúscula a seguir). Em relação à letra de</p><p>fôrma, por não haver continuidade entre as letras, é importante que as letras sejam produzi-</p><p>das com uma proximidade suficiente para não haver fusão de letras e para não se interpretar</p><p>fronteira de palavra. A distinção entre maiúsculas e minúsculas, no caso da letra de fôrma, é</p><p>também muito importante. Por haver semelhança de forma entre minúscula e maiúscula, a</p><p>dimensão vertical da letra é o que trará a distinção maiúscula-minúscula.</p><p>Destaco que as bancas examinadoras consideram, além de falha de Apresentação e Es-</p><p>trutura Textual, erro de ortografia a não distinção entre maiúscula e minúscula.</p><p>Apresento, a seguir, um guia para uso de minúsculas e maiúsculas.</p><p>Obs.: � O uso de minúsculas e maiúsculas deve seguir os seguintes critérios:</p><p>� A letra minúscula inicial é usada:</p><p>� (i) ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos correntes;</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>7 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>� (ii) nos nomes dos dias, meses, estações do ano (por exemplo, segunda-feira, outu-</p><p>bro, primavera);</p><p>� (iii) nos bibliônimos (após o primeiro elemento, que é com maiúscula, os demais vocá-</p><p>bulos podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos,</p><p>tudo em grifo): O senhor do Paço de Ninães ou O senhor do paço de Ninães, Menino</p><p>de Engenho ou Menino de engenho;</p><p>� (iv) nos usos de fulano, sicrano, beltrano;</p><p>� (v) nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas): norte, sul (mas SW = sudoeste);</p><p>� (vi) nos axiônimos1 e hagiônimos2 (opcionalmente, nesse caso, também com maiús-</p><p>cula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o cardeal Bembo;</p><p>santa Filomena (ou Santa Filomena);</p><p>� (vii) nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmen-</p><p>te, também com maiúscula): português (ou Português).</p><p>� A letra maiúscula inicial é usada:</p><p>� (i) nos antropônimos, reais ou fictícios: Pedro Marques, Branca de Neve;</p><p>� (ii) nos topônimos, reais ou fictícios: Lisboa, Atlântida;</p><p>� (iii) nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor, Netuno;</p><p>� (iv) nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias da</p><p>Previdência Social;</p><p>� (v) nos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão;</p><p>� (vi) nos títulos de periódicos, que retêm o itálico: O Estado de São Paulo;</p><p>� (vii) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas</p><p>com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em maiúscula: FAO, ONU, Sr.,</p><p>V. Exª.</p><p>Para encerrar esta seção, é preciso considerar a noção de rasura.</p><p>A minha orientação é simples: ao errar uma palavra (ou sinal gráfico: pontuação e acen-</p><p>tuação), passe um traço simples sobre a palavra registrada incorretamente e escreva a forma</p><p>correta em seguida:</p><p>1 Nome ou locução com que se presta reverência a determinada pessoa do discurso.</p><p>2 Designação comum às palavras ligadas a religião.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores</p><p>à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>8 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>razura rasura</p><p>O governo, aprovou o projeto.</p><p>Caso você perceba o erro após ter concluído a frase, registre a forma correta acima da palavra.</p><p>concluído</p><p>Caso você perceba o erro após ter comcluído a frase, registre a forma correta acima da palavra.</p><p>Evite danificar muito o seu texto, para torná-lo mais limpo. Veja um exemplo de texto sujo:</p><p>Outro aspecto a ser lembrado é o uso indevido do sinal de parênteses para isolar palavra</p><p>escrita incorretamente (ou que não se quer mais utilizar):</p><p>O sinal de parênteses é um sinal de pontuação (indica um isolamento sintático e semân-</p><p>tico mais completo dentro do enunciado). Assim, é importante evitá-lo nesse contexto.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>9 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>1.2. respeito às MArgens</p><p>Por margem entende-se o espaço em branco em volta das páginas de um material im-</p><p>presso. É o limite horizontal de sua folha de produção (lados esquerdo e direito):</p><p>Sei que essa seção sobre Respeito às margens parece desnecessária. Porém, há alguns</p><p>erros que devem ser considerados.</p><p>O primeiro dele diz respeito à translineação, que nada mais é do que o ato de passar de</p><p>uma linha para a outra, na escrita ou na impressão, ficando parte da palavra na linha superior</p><p>e o restante na seguinte. Na translineação faz-se o uso do hífen (-) e respeitam-se as regras</p><p>de separação silábica. Nesse sentido, é importante que você, estudante, evite separar pala-</p><p>vras como mais, pois etc., pois a banca registra tal desvio como erro ortográfico (haja vista</p><p>ser erro de separação silábica). Também é importante não ultrapassar a margem (bem como</p><p>deixar espaço muito grande entre a última palavra da linha e o limite à direita da margem).</p><p>Aquela habilidade (citada na introdução deste Capítulo) de calcular o espaço que cada pala-</p><p>vra ocupa na página é exigida aqui. Parece preciosismo, mas a margem é um aspecto a ser</p><p>considerado no quesito Apresentação e Estrutura Textual.</p><p>1.3. indicAção de pArágrAfos</p><p>O parágrafo é a divisão do texto escrito, indicada pela mudança de linha, cuja função é</p><p>mostrar que as frases aí contidas mantêm maior relação entre si do que com o restante do</p><p>texto. Em textos jurídicos, o parágrafo é indicado pelo sinal (§), o qual é a junção de duas</p><p>letras esse (ss), cada esse equivalendo às iniciais da expressão Signum sectionis, cujo signi-</p><p>ficado é sinal de seção.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>10 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Uma forma conhecida de se marcar o parágrafo é a de utilizar o polegar (esquerdo ou</p><p>direito) como referência. Posiciona-se o polegar no início da margem esquerda da folha de</p><p>produção e, a partir da extremidade à direita do polegar inicia-se o parágrafo. Os demais pa-</p><p>rágrafos do texto seguem o mesmo padrão (em termos métricos, +/- 2,5 centímetros).</p><p>Essa é apenas uma forma simples de fazer a marcação. Como referência visual, ilustro, na</p><p>imagem a seguir, a indicação do parágrafo.</p><p>Reforço, mais uma vez, que não estou subestimando a sua inteligência, estudante! Algu-</p><p>mas informações podem parecer básicas à primeira vista, mas muitos estudantes possuem</p><p>muita dificuldade em situar visualmente a organização espacial da folha de redação. E, é im-</p><p>portante lembrar, este é um curso para todos!</p><p>Para concluir a primeira parte, comento as orientações sobre os aspectos gráficos da pro-</p><p>va discursiva reguladas nos editais. Observe como as bancas são intransigentes em diversos</p><p>pontos (como a não substituição da folha de texto definitivo em caso de erro de preenchimen-</p><p>to do candidato).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>11 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Primeiramente, afirma-se, nos editais, que será computado o número total de linhas efe-</p><p>tivamente escritas pelo candidato e que será desconsiderado, para efeito de avaliação, qual-</p><p>quer fragmento de texto que for escrito fora do local apropriado e/ou que ultrapassar 30 (trin-</p><p>ta) linhas (ou outro número, a depender do processo seletivo).</p><p>É explícita a orientação de que a prova discursiva deverá ser manuscrita, em letra legí-</p><p>vel, com caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente, não sendo</p><p>permitida a interferência ou a participação de outras pessoas, salvo em caso de candidato a</p><p>quem tenha sido deferido atendimento especial para a realização das provas. Nesse caso, o</p><p>candidato será acompanhado por um fiscal devidamente treinado pela banca examinadora,</p><p>para o qual deverá ditar os textos, especificando oralmente a grafia das palavras e os sinais</p><p>gráficos de pontuação.</p><p>Os editais também afirmam que a folha de texto definitivo da prova discursiva não poderá</p><p>ser assinada, rubricada nem conter, em outro local que não o apropriado, qualquer palavra ou</p><p>marca que a identifique, sob pena de anulação da prova discursiva. Assim, a detecção de qual-</p><p>quer marca identificadora no espaço destinado à transcrição dos textos definitivos acarretará</p><p>a anulação da prova discursiva. Já presenciei, estudante, alguns casos em que o título produ-</p><p>zido pelo candidato anulou a produção, já que havia, no comando da prova discursiva, a orien-</p><p>tação expressão da não produção de título. Um descuido e meses de estudo vão embora...</p><p>É muito importante destacar, por fim, duas informações: (i) a folha de texto definitivo será</p><p>o único documento válido para avaliação da prova discursiva. Perceba que a folha para ras-</p><p>cunho no caderno de provas é de preenchimento facultativo e não valerá para tal finalidade</p><p>(avaliação da prova discursiva); e (ii) a folha de texto definitivo não será substituída por erro</p><p>de preenchimento do candidato.</p><p>Acredito que agora tenha ficado mais claro o porquê de tanta atenção ao aspecto Apre-</p><p>sentação e Estrutura Textual. Os prejuízos vão além da perda de pontuação. Os erros podem</p><p>causar a invalidação de sua prova.</p><p>2. Aspectos dA produção textuAl</p><p>Esta parte da aula é o núcleo de conteúdo teórico de nosso curso. Com ela, quero fornecer</p><p>a você o material necessário para produzir um texto com eficiência e qualidade. Iniciaremos</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>12 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>os trabalhos com a caracterização e a distinção das tipologias textuais. Seguiremos com o</p><p>aprofundamento do conteúdo argumentação, passando, em seguida, pelas noções de coe-</p><p>são e coerência textuais.</p><p>Um conteúdo destaca-se nem nosso curso: O parágrafo. Ele será</p><p>o núcleo da produção textual. Em sequência, mostramos os principais tipos de organização</p><p>tópica, recurso muito eficiente de ordenar os argumentos de sua produção. Por fim, apresen-</p><p>tamos técnicas para criar ideias. Vamos adiante, então!</p><p>2.1. tipologiA textuAl</p><p>Por tipologia textual (ou tipo textual) entende-se uma espécie de construção teórica de-</p><p>finida pela natureza linguística de sua composição (ou seja, os aspectos lexicais, sintáticos,</p><p>tempos verbais, relações lógicas, estilo).</p><p>Apresento, a título de caracterização e distinção, quatro tipologias importantes para a</p><p>produção textual: narração, descrição, dissertação e argumentação.</p><p>Para nossa aula, seguirei a classificação de Othon M. Garcia, o qual distingue a disser-</p><p>tação da argumentação. Para o autor, como veremos, uma e outra possuem características</p><p>próprias.</p><p>Por fim, resta dizer que, em sede de concurso público, a dissertação e a argumentação são</p><p>as tipologias predominantes (talvez exclusivas).</p><p>2.1.1. Narração</p><p>A narração é o ato de contar, relatar fatos, histórias. Neste ato, involuntariamente, respon-</p><p>demos às perguntas: o quê, onde, quem, como, quando, por quê. Nas histórias, há a presença</p><p>de personagens que praticam e/ou sofrem ações, ocorridas em um tempo e espaço físico. A</p><p>ação é obrigatória. Isso significa que não existe narração sem ação. O núcleo da narração é o</p><p>incidente, o episódio, e o que a distingue da descrição é a presença de personagens atuantes.</p><p>Veja-se o trecho abaixo, em que Sahrazad narra uma história ao rei:</p><p>Disse Sahrazad: conta-se, ó rei venturoso, de parecer bem orientado, que certo mercador vivia em</p><p>próspera condição, com abundantes cabedais, dadivosos, proprietário de escravos e servos, de vá-</p><p>rias mulheres e filhos; em muitas terras ele investira, fazendo empréstimos ou contrariando dívidas. Em</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>13 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>dada manhã, ele viajou para um desses países: montou um de seus animais, no qual pendurara um</p><p>alforje com bolinhos e tâmaras que lhe serviriam como farnel, e partiu em viagem por dias e noites,</p><p>e Deus já escrevera que ele chegaria bem e incólume à terra para onde rumava; [...].</p><p>(Livro das mil e uma noites – volume I – ramo sírio)</p><p>2.1.2. Descrição</p><p>A descrição é o ato de enumerar, sequenciar, listar características de seres, objetos ou</p><p>espaços com o objetivo de formar uma imagem mental no leitor/ouvinte. As características</p><p>podem ser físicas e/ou psicológicas (no caso de seres ou elementos antropomórficos).</p><p>Descrever é representar verbalmente um objeto, uma pessoa, um lugar, mediante a indi-</p><p>cação de aspectos característicos, de pormenores individualizantes. Requer observação cui-</p><p>dadosa, para tornar aquilo que vai ser descrito um modelo inconfundível. Não se trata de enu-</p><p>merar uma série de elementos, mas de captar os traços capazes de transmitir uma impressão</p><p>autêntica. Descrever é mais que apontar, é muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso,</p><p>impõe-se o uso de palavras específicas.</p><p>Veja-se a descrição a seguir, em que Tchekhov descreve uma paisagem:</p><p>Depois das propriedades dos camponeses, começava um barranco abrupto e escarpado, que ter-</p><p>minava no rio; aqui e ali, no meio da argila, afloravam pedras enormes. Pelo declive, perto das</p><p>pedras e das valas escavadas pelos ceramistas, corriam trilhas sinuosas, entre verdadeiras monta-</p><p>nhas de cacos de louça, ora pardos, ora vermelhos, e lá embaixo se estendia um prado vasto, plano,</p><p>verde-claro, já ceifado, onde agora vagava o rebanho de camponeses.</p><p>(Anton Tchekhov. O assassinato e outras histórias)</p><p>2.1.3. Dissertação</p><p>A dissertação tem por objetivo principal expor ou explanar, explicitar ou interpretar ideias,</p><p>fatos, fenômenos. Na dissertação, apresentamos o que sabemos ou acreditamos saber a res-</p><p>peito de determinado assunto. Nessa exposição, podemos apresentar, sem combater (argu-</p><p>mentar), ideias de que discordamos ou que nos são indiferentes. Ou seja, eu posso discorrer</p><p>(dissertar) sobre partidos políticos com absoluta isenção, apresentado os diversos partidos</p><p>políticos em totalidade, dando deles a ideia exata, fiel, sem tentar convencer o meu leitor das</p><p>qualidades ou falhas de partido A ou B. Não procuro, nesse caso, formar a opinião de meu lei-</p><p>tor; ao contrário, deixo-o em inteira liberdade de se decidir por se filiar a determinado partido.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>14 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>No excerto a seguir, de Gilberto Amado, observamos que o autor apenas mostra certas</p><p>características do Brasil. Não há, em nenhuma parte do texto, recursos argumentativos que</p><p>visam ao convencimento do leitor (característica da argumentação). Observe:</p><p>No seu aspecto exterior, na sua constituição geográfica, o Brasil é um todo único. Não o separa</p><p>nenhum lago interior, nenhum mar mediterrâneo. As montanhas que se erguem dentro dele, em</p><p>vez de divisão, são fatores de unidade. Os seus rios prendem e aproximam as populações entre si,</p><p>assim os que correm dentro do país como os que marcam fronteiras.</p><p>Por sua produção e por seu comércio, é o Brasil um dos raros países que se bastam em si mesmos,</p><p>que podem prover ao sustento e assegurar a existência de seus filhos. De norte a sul e de leste a</p><p>oeste, os brasileiros falam a mesma língua quase sem variações dialetais. Nenhuma memória de</p><p>outros idiomas subjacentes na sua formação perturba a unidade íntima da consciência do brasilei-</p><p>ro na enunciação e na comunicação do seu pensamento e do seu sentimento.</p><p>(Gilberto Amado. Três livros)</p><p>2.1.4. Argumentação</p><p>Na argumentação, procuramos formar a opinião do leitor ou ouvinte, objetivando conven-</p><p>cê-lo de que a razão (o discernimento, o bom senso, o juízo) está conosco, de que nós é que</p><p>estamos de posse da verdade.</p><p>Caso eu seja filiado a determinado partido político e produza um texto em que objetivo</p><p>demonstrar, comprovar as vantagens, a conveniência, a coerência, a qualidade, a verdade de</p><p>meu partido (em oposição aos demais), estou argumentando. Em suma, argumentar é con-</p><p>vencer ou tentar convencer mediante a apresentação de razões, em face da evidência de pro-</p><p>vas e à luz de um raciocínio coerente e consistente.</p><p>O texto a seguir, de autoria de Sérgio Buarque de Holanda, é um exemplar de texto ar-</p><p>gumentativo. Perceba que o autor se posiciona em relação aos fatos e defende uma tese. O</p><p>autor claramente procura convencer o leitor.</p><p>O Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certos agru-</p><p>pamentos, de certas vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo. Não existe,</p><p>entre o círculo familiar e o Estado, uma gradação, mas antes uma descontinuidade e até uma opo-</p><p>sição. A indistinção fundamental entre as duas formas é prejuízo romântico que teve os seus adep-</p><p>tos mais entusiastas durante o século décimo nono. De acordo com esses doutrinadores, o Estado</p><p>e as suas instituições descenderiam em linha reta, e por simples evolução da Família. A verdade,</p><p>bem outra, é que pertencem a ordens diferentes em essência. Só pela transgressão da ordem do-</p><p>méstica e familiar é que nasce o Estado e que o simples indivíduo se faz cidadão, contribuinte,</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>15 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>eleitor, elegível, recrutável e responsável, ante as leis da Cidade. Há nesse fato um triunfo do geral</p><p>sobre o particular, do intelectual sobre o material, do abstrato sobre o corpóreo e não uma depura-</p><p>ção sucessiva, uma espiritualização de formas mais naturais e rudimentares, uma procissão das</p><p>hipóstases, para falar como na filosofia alexandrina. A ordem familiar, em sua forma pura, é abolida</p><p>por uma transcendência.</p><p>(Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil)</p><p>Para finalizar esta seção, diferencio, de maneira simplória, Prosa e Poema.</p><p>2.1.5. Distinção entre Prosa e Poema</p><p>Por Prosa entende-se a expressão natural da linguagem escrita ou falada, sem metrifi-</p><p>cação intencional e não sujeita a ritmos regulares. No texto escrito, observamos o texto em</p><p>Prosa quando há organização em linha corrida, ocupando toda a extensão da página. Há,</p><p>também, organização em parágrafos, os quais apresentam certa unidade de sentido. Esta</p><p>obra é organizada, por exemplo, em prosa.</p><p>Já o poema é uma composição literária em que há características poéticas cuja temática</p><p>é diversificada. O poema apresenta-se sob a forma de versos. O verso é cada uma das linhas</p><p>de um poema e caracteriza-se por possuir certa linha melódica ou efeitos sonoros, além de</p><p>apresentar unidade de sentido. O conjunto de versos equivale a uma estrofe. Há diversas</p><p>maneiras de se dispor graficamente as estrofes (e os versos) – e isso dependerá do período</p><p>literário a que a obra se filia e à criatividade do autor. Veja dois exemplos:</p><p>(Azeredo)</p><p>Para ser grande, sê inteiro: nada</p><p>Teu exagera ou exclui.</p><p>Sê todo em cada coisa. Põe quanto és</p><p>No mínimo que fazes.</p><p>Assim em cada lago a lua toda</p><p>Brilha, porque alta vive.</p><p>(Ricardo Reis)</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>16 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>O objetivo deste tópico foi o de apresentar, a título de caracterização e distinção, as qua-</p><p>tro tipologias mais importantes para a produção textual: narração, descrição, dissertação e</p><p>argumentação. É importante, portanto, que você saiba as características de cada uma, para</p><p>não incorrer em inadequações de tipologia textual em sua prova.</p><p>Na continuação da aula, veremos com mais detalhes os elementos do texto argumentati-</p><p>vo (também baseado no trabalho de Othon M. Garcia).</p><p>2.2. ArguMentAção</p><p>2.2.1. Condições da argumentação</p><p>A argumentação deve ser construtiva, cooperativa e útil. Deve basear-se, antes de tudo,</p><p>nos princípios da lógica. A argumentação deve lidar com ideias, princípios ou fatos.</p><p>2.2.2. Consistência dos argumentos – evidências</p><p>A argumentação é fundamentada em dois elementos principais: a consistência do racio-</p><p>cínio e a evidência das provas. Tratamos, nesta seção, do segundo aspecto: a evidência das</p><p>provas.</p><p>Há cinco tipos mais comuns de evidência das provas: os fatos, os exemplos, as ilustra-</p><p>ções, os dados estatísticos e o testemunho. Vamos conhecer cada um em síntese:</p><p>Obs.: � Os fatos</p><p>� Os fatos constituem o elemento mais importante da argumentação (bem como da</p><p>dissertação).</p><p>� É possível afirmar que só os fatos provam, convencem. Porém, é importante lembrar</p><p>que nem todos os fatos são irrefutáveis. O valor de prova de certos fatos está sujeito</p><p>à evolução da ciência, da técnica e dos próprios conceitos utilizados.</p><p>� É claro que há fatos que são evidentes ou notórios. Esses são os que mais provam.</p><p>Afirmar que no Brasil há desigualdade social é um fato, por exemplo.</p><p>� Os exemplos</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>17 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>� Os exemplos são caracterizados por revelar fatos típicos ou representativos de deter-</p><p>minada situação. O fato de o motorista Fulano de Tal ter uma jornada de trabalho de</p><p>12 horas diárias é um exemplo típico dos sacrifícios a que estão sujeitos esses pro-</p><p>fissionais, revelando uma das falhas do setor de transporte público.</p><p>� As ilustrações</p><p>� A ilustração ocorre quando o exemplo se alonga em narrativa detalhada e entremeada</p><p>de descrições. Observe que a ilustração é um recurso utilizado pela argumentação.</p><p>Não deve, portanto, ser o centro da produção.</p><p>� Imagine um texto argumentativo que procura comprovar, por evidência, a falta de pla-</p><p>nejamento habitacional em algumas cidades serranas. Nessas cidades, há constru-</p><p>ções irregulares próximas a encostas. Essas encostas ficam frágeis em épocas chu-</p><p>vosas. É possível, assim, ilustrar essa situação com um caso hipotético ou real. No</p><p>caso da ilustração hipotética, é necessário que haja verossimilhança e consistência</p><p>no relato. Registro que o valor de prova da ilustração hipotético é muito relativo.</p><p>� Um caso real, o qual pode ser citado no texto-exemplo, é o da família do lavrador</p><p>Francisco Edézio Lopes, de 46 anos. Edézio e seus familiares, moradores do distrito</p><p>de Jamapará, em Sapucaia, no centro sul-fluminense, procuraram abrigo no carro</p><p>durante o temporal e acabaram arrastados pela enxurrada. Todos morreram.</p><p>� Observe, mais uma vez, que a ilustração tem a função de ilustrar a tese e deve ser</p><p>clara, objetiva, sintomática e obviamente relacionada com a proposição.</p><p>� Os dados estatísticos</p><p>� Os dados estatísticos também são fatos, mas possuem uma natureza mais especí-</p><p>fica e possuem grande valor de convicção, constituindo quase sempre prova ou evi-</p><p>dência incontestável. Quanto mais específico e completo for o dado, melhor.</p><p>� Ademais, é importante que haja fonte, pois os dados não surgem naturalmente. Assim,</p><p>afirmar que o índice de analfabetismo por raça no Brasil é de 14% para os negros e</p><p>6,1% para os brancos é diferente de afirmar que a Pesquisa Nacional por Amostra de</p><p>Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)</p><p>em 2007, revela que índice de analfabetismo por raça no Brasil é de 14% para os</p><p>negros e 6,1% para os brancos. A segunda proposição é mais convincente, pois há</p><p>referência explícita à fonte.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>18 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>� O testemunho</p><p>� A evidência por testemunho é composta por uma afirmação fundamentada, por um</p><p>depoimento, uma comprovação. É um fato trazido à composição por intermédio de</p><p>terceiros. O testemunho por autoridade é um recurso que possui alto valor de prova.</p><p>Se, em minha produção, defendo que o sistema de transporte público no Brasil pre-</p><p>cisa de planejamento estratégico (longo prazo), posso trazer a voz (realizações, pro-</p><p>postas, ideias) de uma autoridade no assunto. No caso do tema proposto (transporte</p><p>público),</p><p>posso citar as propostas de Jaime Lerner, arquiteto e urbanista brasileiro</p><p>que propôs a abertura de vias exclusivas para os ônibus urbanos na cidade de Curiti-</p><p>ba-PR, na década de 70.</p><p>2.2.3. A proposição</p><p>Por proposição entende-se a expressão linguística de uma operação mental (o juízo) com-</p><p>posta de sujeito, verbo (sempre redutível ao verbo ser) e atributo. Toda proposição é passível</p><p>de ser verdadeira ou falsa. A frase a seguir é uma proposição:</p><p>O sistema educacional no Brasil é ineficiente.</p><p>Segundo os critérios de produção textual, a proposição deve ser clara, definida, inconfun-</p><p>dível quanto ao que se afirma ou nega. Outro fator indispensável é o fato de que toda propo-</p><p>sição tem de ser argumentável. Isso quer dizer que frases como</p><p>Todo homem é mortal.</p><p>não são argumentáveis, pois essa afirmação é uma verdade universal, indiscutível, in-</p><p>contestável.</p><p>É indicado, também, que a proposição seja afirmativa e suficientemente específica para</p><p>permitir uma tomada de posição contra ou a favor. Não é possível argumentar sobre genera-</p><p>lidades como:</p><p>A maioridade penal</p><p>O SUS</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>19 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Proposições vagas ou inespecíficas não permitem tomada de posição. Assim, apenas a</p><p>dissertação (isto é, explanação ou interpretação) cabe a esses temas. Caso se queira realizar</p><p>uma argumentação, faz-se necessário delimitá-las e apresentá-las em termos de tomada de</p><p>posição, como em:</p><p>Deficiências do SUS na promoção de ações de preventivas à população</p><p>Assim, a proposição acima é passível de argumentação, pois admite divergência de opi-</p><p>niões (O Ministro da Saúde – José Padilha – terá uma opinião diferente da apresentada por</p><p>um paciente, o qual escreveu o texto com o título Deficiências do SUS na promoção de ações</p><p>de preventivas à população).</p><p>Observe, por fim, a importância de o autor do texto definir, logo de início, a sua posição de</p><p>maneira inequívoca (isto é, de modo que o leitor saiba exatamente o que se pretende provar).</p><p>No caso do título sobre o SUS, sabe-se que o autor procurará demonstrar as deficiências do</p><p>SUS no que concerne à promoção de ações preventivas da população.</p><p>2.2.4. A formulação dos argumentos</p><p>Agora chegou a hora de elaborar os argumentos. Esse é aquele estágio em que o autor</p><p>apresenta as provas ou as razões, a fundamentação (suporte) das suas ideias. Nesse ponto,</p><p>é importante que o autor se lembre de que só os fatos provam. Estamos tratando, aqui, de fa-</p><p>tos em um sentido mais amplo: exemplos, estatísticas, ilustrações, comparações, descrições,</p><p>narrações etc. E, claro, os fatos devem apresentar condições de fidedignidade, autenticidade,</p><p>relevância e adequação.</p><p>2.2.5. A conclusão</p><p>A conclusão da argumentação “surge” naturalmente das provas apresentadas, dos argu-</p><p>mentos utilizados. A conclusão é caracterizada por ser um arremate (isto é, o último detalhe</p><p>para finalizar ou concluir algo) – por isso, não é uma simples recapitulação ou mero resumo.</p><p>A conclusão consiste, desse modo, em pôr em termos claros a essência da proposição e a sua</p><p>comprovação, realizada por meio dos argumentos.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>20 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>2.2.6. A estrutura (ou Plano-padrão) da argumentação</p><p>Em nossa segunda aula, discutiremos as estratégias para o planejamento da Produção</p><p>Textual. Por ora, apresento uma estrutura simples da argumentação. Esse esquema é o “es-</p><p>queleto” da sua produção.</p><p>Obs.: � 1. Proposição</p><p>� Orientações sobre a proposição:</p><p>� (i) deve ser afirmativa, suficientemente definida e limitada;</p><p>� (ii) não deve conter em si mesma nenhum argumento (isto é, prova ou razão).</p><p>� 2. Formulação dos argumentos (evidência)</p><p>� As evidências das provas podem ser:</p><p>� (i) fatos;</p><p>� (ii) exemplos;</p><p>� (iii) ilustrações;</p><p>� (iv) dados estatísticos;</p><p>� (v) testemunho.</p><p>� 3. Conclusão</p><p>� A conclusão deve:</p><p>� (i) ser um arremate;</p><p>� (ii) pôr em termos claros a essência da proposição e a sua comprovação, realizada</p><p>por meio dos argumentos.</p><p>Para concluir este momento da aula, reproduzo o conhecido Sermão da Sexagésima, de</p><p>padre Antônio Vieira (1655). O autor expõe o caminho a se conduzir para se produzir uma</p><p>argumentação eficaz:</p><p>Há de tomar o pregador uma só matéria, há de defini-la para que se conheça, há de dividi-la para</p><p>que se distinga, há de prová-la com a Escritura3, há de declará-la com razão, há de confirmá-la com</p><p>o exemplo, há de amplificá-la com as causas, os efeitos, com as circunstâncias, com as conveniências</p><p>3 Padre Antônio Vieira refere-se ao sermão, que é, em essência, argumentação. Por isso a referência às Escrituras (conjunto</p><p>de livros da Bíblia).</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>21 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>que se hão de seguir, com os inconvenientes que se devem evitar; há de responder às dúvidas, há</p><p>de satisfazer as dificuldades, há de impugnar e refutar com toda a força da eloquência os argu-</p><p>mentos contrários, e depois disso há de colher, há de apertar, há de concluir, há de persuadir, há de</p><p>acabar.</p><p>(Padre Antônio Vieira, Sermão da Sexagésima)</p><p>2.3. coerênciA e coesão textuAis</p><p>Quando falamos em Coerência textual devemos ter em mente a noção de Integração:</p><p>Integração é o conjunto de procedimentos necessários à articulação significativa das unidades de</p><p>informação do texto em função de seu significado global.</p><p>(Azeredo, 2008)</p><p>É a partir da integração que as frases que compõem o texto se distribuem e se concate-</p><p>nam a fim de realizar uma combinação aceitável (possível, plausível) de conteúdos. Quando a</p><p>articulação significativa depende de algum conhecimento externo (por exemplo, a cultura dos</p><p>interlocutores e a situação comunicativa), a integração recebe o nome de Coerência.</p><p>Isso quer dizer que, em um nível intratextual (nível interno ao texto), as partes do texto</p><p>(frases, períodos, parágrafos etc.) devem ser solidárias entre si (isto é, estar integradas), para</p><p>assim se chegar ao significado global do texto.</p><p>Em um nível externo ao texto (cuja construção de sentido está relacionada aos conheci-</p><p>mentos de mundo do produtor e receptor do texto), a articulação significativa depende da “nor-</p><p>malidade” consensual do funcionamento das coisas do mundo (isto é, devem ser coerentes).</p><p>Parece-nos claro que as noções de integração e de coerência estão diretamente interliga-</p><p>das: não se atinge a coerência sem haver a integração das partes do texto.</p><p>Todas as informações contidas em um texto são distribuídas e organizadas em seu in-</p><p>terior graças ao emprego de certos recursos léxicos e gramaticais (conjunções, preposições,</p><p>pronomes, pontuação etc.). Esses recursos são utilizados em benefício da expressão do sen-</p><p>tido e de sua compreensão. Vejamos um exemplo:</p><p>Contratei quatro pedreiros; eles vieram esta manhã para orçar o serviço.</p><p>Nessa frase, verificamos o uso da forma pronominal eles (terceira pessoal do plural)</p><p>e</p><p>a flexão verbal vieram. A forma eles vieram faz referência a outro elemento, presente na primeira</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>22 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>oração (Contratei quatro pedreiros). Sabemos que a forma pronominal eles refere-se ao sin-</p><p>tagma nominal quatro pedreiros.</p><p>A esse processo de sequencialização que assegura (ou torna recuperável) uma ligação</p><p>linguística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual damos o nome</p><p>de Coesão textual.</p><p>Ambos os processos (coerência e coesão) são muito, mas muito importantes mesmo!</p><p>Veremos, em outro momento do curso, como o processo de coesão textual será aplicado em</p><p>sua produção textual.</p><p>Antes desses tópicos, gostaria de abordar, brevemente, a noção de Intertextualidade.</p><p>2.4. intertextuAlidAde</p><p>Segundo o Dicionário de análise do discurso, Intertextualidade é uma propriedade consti-</p><p>tutiva de qualquer texto e o conjunto das relações explícitas ou implícitas que um texto ou um</p><p>grupo de textos determinado mantém com outros textos.</p><p>Podemos afirmar que hoje há um consenso quanto ao fato de se admitir que todos os</p><p>textos comungam (dialogam) com outros textos; quer dizer, não existem textos que não man-</p><p>tenham algum aspecto intertextual, pois nenhum texto se acha isolado e solitário.</p><p>Quando produzimos um texto, sempre faremos referência a alguma outra forma de texto</p><p>(um discurso, um documentário, uma reportagem, uma obra literária, uma notícia etc.). Em</p><p>nossa produção ocorre, portanto, a relação de um texto com outros textos previamente exis-</p><p>tentes, isto é, efetivamente produzidos.</p><p>Vejamos, em síntese, dois tipos de Intertextualidade (Koch, 1991):</p><p>Obs.: � (i) intertextualidade explícita: como no caso de citações, discursos diretos, referên-</p><p>cias documentadas com a fonte, resumos, resenhas. Esse tipo de intertextualidade é</p><p>utilizado em textos acadêmicos e não ocorre com frequência em textos dissertativos/</p><p>argumentativos (em sede de concurso público). Não é comum, por exemplo, decorar</p><p>toda uma passagem de um texto teórico e reproduzi-la em sua redação, citando a</p><p>referência bibliográfica com o número da página da obra-fonte;</p><p>� (ii) intertextualidade com textos próprios, alheios ou genéricos: alguém pode muito</p><p>bem situar-se numa relação consigo mesmo e aludir a seus textos, bem como citar</p><p>textos sem autoria específica como os provérbios.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>23 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>O mais comum, em concurso público, é uma espécie de intertextualidade discursiva, a</p><p>qual é implícita. Quando lemos as coletâneas de textos que antecedem o tema, procura-se</p><p>evocar alguns conhecimentos do candidato. Esses conhecimentos evocados são as referên-</p><p>cias intertextuais, pois houve uma diversidade de leitura realizada pelo candidato anterior-</p><p>mente ao momento da realização da prova de concurso.</p><p>A banca examinadora é explícita quanto ao uso da coletânea: não pode haver reprodução</p><p>dos textos da coletânea (ou seja, deve-se evitar a intertextualidade explícita). O exame de se-</p><p>leção procura identificar, no candidato, as referências culturais, econômicas, políticas, sociais</p><p>adquiridas ao longo de sua formação como cidadão, como profissional. A intertextualidade</p><p>implícita é aquela que dialoga, discursivamente, com o que foi produzido sobre o assunto.</p><p>Assim, fica claro que o candidato deve lançar mão de muita leitura. (Isso é muito importante:</p><p>leia muito! E leia de tudo: literatura, reportagens, artigos, notícias, leis etc.).</p><p>2.5. o pArágrAfo</p><p>Agora apresentaremos o parágrafo, o qual será tratado como unidade básica de compo-</p><p>sição de sua redação discursiva. Isso significa que podemos estruturar (organizar) a nossa</p><p>produção (composição) a partir da medida do parágrafo.</p><p>2.5.1. Conceito</p><p>Segundo Othon M. Garcia, em sua obra Comunicação em Prosa Moderna, o parágrafo é</p><p>uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvol-</p><p>ve determinada ideia central, nuclear, à qual se agregam outras, denominadas secundárias, as</p><p>quais são intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes delas. Vejamos</p><p>essa lição em uma ilustração:</p><p>O parágrafo como unidade de composição</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>24 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Esse conceito de parágrafo aplica-se à produção textual dita padrão, regular. Pode haver,</p><p>a depender do gênero textual, da natureza da produção e sua complexidade, diferentes for-</p><p>mas de organização do parágrafo. Para os nossos objetivos – a produção de uma redação</p><p>discursiva em contexto de concurso público – a organização do parágrafo aqui apresentada</p><p>é, sem dúvida, a mais eficaz.</p><p>2.5.2. Estrutura</p><p>O parágrafo é materialmente indicado na página pelo pequeno afastamento da margem</p><p>esquerda da folha. Essa distinção gráfica do parágrafo é significativa, pois facilita ao escritor</p><p>a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as ideias principais de sua composição,</p><p>permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios. Caso</p><p>queira saber um pouco mais sobre as propriedades gráficas da indicação do parágrafo, retor-</p><p>ne ao início da aula (Indicação de parágrafos).</p><p>Uma dúvida que surge quando estudamos a composição do parágrafo é a sua extensão.</p><p>Muitos estudantes perguntam aos seus professores a extensão correta do parágrafo. Nós,</p><p>professores, gostaríamos de apresentar uma resposta pronta, do tipo: de 4 a 7 linhas. Mas</p><p>isso não é possível, pois a extensão do parágrafo depende de outro fator: a natureza de sua</p><p>ideia central.</p><p>Se a produção textual trata de um assunto cuja complexidade exige que o desenvolvimen-</p><p>to de determinada ideia central seja desdobrado em mais de um parágrafo, isso é justificado.</p><p>Do mesmo modo, essa mesma ideia central (de grande complexidade) pode ser desenvolvida</p><p>em um único parágrafo, o qual terá uma extensão maior em relação à composição com pará-</p><p>grafos desdobrados (divididos). Percebemos, então, que a extensão do parágrafo dependerá</p><p>da natureza de sua ideia central (se complexa ou simples) e do tratamento do escritor em</p><p>relação à sua divisão.</p><p>2.5.3. O Tópico Frasal</p><p>Na segunda aula de nosso curso (Recursos gramaticais para a produção textual), apre-</p><p>sentaremos algumas noções gramaticais que retomarão a noção de tópico frasal, explicitando a</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>25 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>sua natureza gramatical. Vejamos, agora, o que caracteriza o tópico frasal e como o domínio</p><p>de sua estrutura</p><p>facilita a composição do parágrafo – e, consequentemente, do texto.</p><p>O parágrafo, à semelhança da redação dissertativa, organiza-se em introdução, desenvol-</p><p>vimento e conclusão:</p><p>• a introdução é composta, na maioria dos casos, por dois períodos curtos iniciais. Nes-</p><p>ses períodos, há a expressão, de maneira sumária e sucinta, da ideia núcleo – é o que</p><p>chamamos de tópico frasal. Na obra Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda nos</p><p>apresenta o seguinte tópico frasal:</p><p>O Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certos agru-</p><p>pamentos, de certas vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo.</p><p>Nele, observamos a declaração sobre o que (não) caracteriza o Estado. Ao enunciar logo de</p><p>saída a ideia-núcleo, o autor garante, por meio do tópico frasal explícito, a objetividade, a coe-</p><p>rência e a unidade do parágrafo, definindo-lhe o propósito e evitando digressões impertinentes;</p><p>• no desenvolvimento há a explanação mesma da ideia-núcleo. Não se pode omitir, no</p><p>desenvolvimento, algo que foi apresentado no tópico frasal. Também é pertinente não</p><p>desenvolver novas ideias (secundárias) sem haver correlação direta com a ideia-núcleo;</p><p>• a conclusão, dentro do parágrafo, é mais rara, principalmente nos parágrafos mais cur-</p><p>tos e naqueles em que a ideia central não apresenta maior complexidade.</p><p>Após apresentar a estrutura básica do parágrafo, vejamos esquematicamente as diferen-</p><p>tes maneiras de se produzir o tópico frasal:</p><p>Forma de produzir o tópico frasal Exemplo</p><p>Declaração inicial: o autor afirma ou nega</p><p>alguma coisa logo de início. Em seguida</p><p>(no desenvolvimento), apresenta argu-</p><p>mentos para fundamentar a asserção.</p><p>O Estado não é uma ampliação do círculo familiar</p><p>e, ainda menos, uma integração de certos agrupa-</p><p>mentos, de certas vontades particularistas, de que a</p><p>família é o melhor exemplo.</p><p>Definição: é método preferentemente</p><p>didático e faz uso da linguagem denota-</p><p>tiva.</p><p>Estilo é a expressão literária de ideias ou sentimen-</p><p>tos.</p><p>Divisão: também é processo didático.</p><p>Apresenta o tópico frasal sob a forma</p><p>de divisão ou discriminação das ideias a</p><p>serem desenvolvidas.</p><p>O silogismo divide-se em silogismo simples e silo-</p><p>gismo composto.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>26 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Em sua redação discursiva, recomendo o uso da declaração inicial, a qual deve ser de-</p><p>senvolvida, preferencialmente, em voz ativa, na ordem direta, na modalidade afirmativa e em</p><p>períodos curtos (conferir a segunda aula).</p><p>2.5.4. Formas de Desenvolvimento do Parágrafo</p><p>No desenvolvimento do parágrafo explanamos a ideia principal, apresentada no tópico</p><p>frasal. Devemos, no desenvolvimento do parágrafo, fundamentar de maneira clara e convin-</p><p>cente as ideias que defendemos ou expomos. Apresentamos, a seguir, seis formas de desen-</p><p>volver o parágrafo. É bom que você, estudante, conheça cada uma, pois isso proporcionará</p><p>mais autonomia em sua produção.</p><p>Forma de desenvolver o parágrafo Características</p><p>Enumeração ou descrição de detalhes Ocorre quando há a especificação da ideia-</p><p>-núcleo por meio da apresentação de porme-</p><p>nores, detalhes.</p><p>Confronto O confronto é caracterizado quando há o con-</p><p>traste (baseado nas dessemelhanças) e o</p><p>paralelo (baseado nas semelhanças).</p><p>Há, ainda, a antítese (oposição de ideias isola-</p><p>das) e a analogia (semelhança entre ideias ou</p><p>cosias, procurando explicar o desconhecido</p><p>pelo conhecido, o estranho pelo familiar).</p><p>Analogia e comparação A analogia caracteriza-se por ser uma seme-</p><p>lhança parcial que sugere uma semelhança</p><p>oculta, mais completa.</p><p>Na comparação, as semelhanças são reais,</p><p>sensíveis.</p><p>Citação de exemplos Pode ser didática, em que a citação de exem-</p><p>plos assume uma forma de comprovação ou</p><p>elucidação.</p><p>Causação e motivação Pode-se apresentar sob a forma de razões e</p><p>consequências ou causa e efeito.</p><p>Definição Como já dissemos, é um método preferente-</p><p>mente didático e faz uso da linguagem deno-</p><p>tativa. A definição é feita de acordo com o</p><p>tópico frasal, havendo a natural ampliação que</p><p>é típica do desenvolvimento.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>27 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>2.5.5. Coesão entre as Ideias do Parágrafo e entre Parágrafos</p><p>Precisamos, agora, juntar as peças, ou seja, reunir os períodos dentro do parágrafo (in-</p><p>traparagrafal) e os parágrafos dentro do texto (interparagrafal). Não podemos apenas lançar</p><p>uma frase após a outra e um parágrafo após o outro; precisamos cuidar da transição entre as</p><p>ideias, da conexão entre elas. Para interligá-las, temos de fazer uso das partículas de tran-</p><p>sição e palavras de referência. Adotaremos o quadro proposto por Othon M. Garcia, em sua</p><p>obra Comunicação em Prosa Moderna.</p><p>Itens de transição e palavras de referência Exemplo</p><p>(i) Prioridade, relevância:</p><p>em primeiro lugar, antes de mais nada, primeira-</p><p>mente, acima de tudo, precipuamente, mormente,</p><p>principalmente, primordialmente, sobretudo;</p><p>Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que</p><p>esta série de exemplos não é completa, principal-</p><p>mente no que diz respeito às locuções adverbiais.</p><p>(ii) Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão,</p><p>anterioridade, posterioridade, simultaneidade, even-</p><p>tualidade):</p><p>então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo</p><p>após, a princípio, pouco antes, pouco depois, ante-</p><p>riormente, posteriormente, em seguida, afinal, por</p><p>fim, finalmente, agora, atualmente, hoje, frequente-</p><p>mente, constantemente, às vezes, eventualmente,</p><p>por vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não</p><p>raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse</p><p>ínterim, nesse meio tempo, enquanto isso – e as</p><p>conjunções temporais;</p><p>Finalmente, é preciso acrescentar que alguns</p><p>desses exemplos se revelam por vezes um pouco</p><p>ingênuos. A princípio, nossa intenção era omiti-</p><p>-los para não alongar este tópico: mas, por fim,</p><p>nos convencemos de que as ilustrações são fre-</p><p>quentemente mais úteis do que as regrinhas.</p><p>(iii) Semelhança, comparação, conformidade:</p><p>igualmente, da mesma forma, assim também, do</p><p>mesmo modo, similarmente, semelhantemente,</p><p>analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de</p><p>conformidade com, de acordo com, segundo, con-</p><p>forme, sob o mesmo ponto de vista – e as conjun-</p><p>ções comparativas;</p><p>No exemplo anterior (valor anafórico), o pronome</p><p>demonstrativo “desses” serve igualmente como</p><p>partícula de transição: é uma palavra de referên-</p><p>cia à ideia anteriormente expressa. Da mesma</p><p>forma, a repetição de “exemplos” ajuda a interli-</p><p>gar os dois trechos. Também o adjetivo “anterior”</p><p>funciona como palavra de referência. “Também”</p><p>expressa aqui semelhança. No exemplo seguinte</p><p>(valor catafórico), indica adição.</p><p>(iv) Adição, continuação:</p><p>além disso, (a)demais, outrossim, ainda mais, ainda</p><p>por cima, por outro lado, também – e as conjunções</p><p>aditivas (e, nem, não só... mas também etc.)</p><p>Além das locuções adverbiais indicadas na coluna</p><p>à esquerda, também as conjunções aditivas, como</p><p>o nome indica, “ligam, ajuntando”.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>28 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>(v) Dúvida:</p><p>talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá, quem</p><p>sabe? é provável, não é certo, se é que;</p><p>O leitor ao chegar até aqui – se é que chegou –</p><p>talvez já tenha adquirido uma ideia da relevância</p><p>das partículas de transição.</p><p>(vi) Certeza, ênfase:</p><p>de certo, por certo, certamente, indubitavelmente,</p><p>inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente,</p><p>com toda a certeza;</p><p>Certamente, o autor destas linhas confia demais</p><p>na paciência do leitor ou duvida demais do seu</p><p>senso crítico.</p><p>(vii) Ilustração, esclarecimento:</p><p>por exemplo, isto é, quer dizer, em outras palavras,</p><p>ou por outra, a saber;</p><p>Essas partículas, ditas “explicativas”, vêm sempre</p><p>entre vírgulas, ou entre uma vírgula e dois-pontos.</p><p>(viii) Propósito, intenção, finalidade:</p><p>com o fim de, a fim de, com o propósito de, proposi-</p><p>talmente, de propósito, intencionalmente – e as con-</p><p>junções finais;</p><p>(ix) Resumo, recapitulação, conclusão:</p><p>em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em</p><p>resumo, portanto;</p><p>Em suma, leitor: as partículas de transição são</p><p>indispensáveis à coerência entre as ideias e, por-</p><p>tanto, à unidade do texto.</p><p>(x) Causa e consequência:</p><p>daí, por consequência, por conseguinte, como resul-</p><p>tado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de</p><p>fato, com efeito – e as conjunções causais, conclu-</p><p>sivas e explicativas;</p><p>(xi) Contraste, oposição, restrição, ressalva:</p><p>pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto,</p><p>menos – e as conjunções adversativas e concessi-</p><p>vas;</p><p>(xii) Referência em geral:</p><p>os pronomes demonstrativos “este” (o pais próximo),</p><p>“aquele” (o mais distante), “esse” (posição interme-</p><p>diária; o que está perto da pessoa com quem se</p><p>fala); os pronomes pessoais; repetições da mesma</p><p>palavra, de um sinônimo, perífrase ou variante sua;</p><p>os pronomes adjetivos último, penúltimo, antepe-</p><p>núltimo, anterior, posterior; os numerais ordinais</p><p>(primeiro, segundo etc.).</p><p>Este caso exige ainda esclarecimentos. Com refe-</p><p>rência a tempo passado (ano, mês, dia, hora) não</p><p>se deve empregar este, mas “esse” ou “aquele”.</p><p>“Este ano choveu muito. Dizem os jornais que as</p><p>tempestades e inundações foram muito violentas</p><p>em certas regiões do Brasil.” (A transição neste</p><p>último exemplo se faz pelo emprego de sinôni-</p><p>mos ou equivalentes de palavras anteriormente</p><p>expressas (choveu): tempestades e inundações.)</p><p>O meu conselho é que você, estudante, consulte este quadro constantemente quando</p><p>praticar a sua escrita. Troque os itens de transição e palavras de referência para conhecê-los</p><p>melhor. A prática trará mais riqueza vocabular.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>29 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>2.5.6. Síntese sobre a Produção do Parágrafo</p><p>Apresentamos, a seguir, uma síntese sobre a produção do parágrafo:</p><p>Obs.: � (i) use, sempre que possível, o tópico frasal (ideia-núcleo) explícito;</p><p>� (ii) evite pormenores impertinentes, acumulações e redundâncias;</p><p>� (iii) frases entrecortadas frequentemente prejudicam a unidade do parágrafo; selecio-</p><p>ne as mais importantes e transforme-as em orações principais de períodos curtos;</p><p>� (iv) o desenvolvimento da mesma ideia-núcleo não deve fragmentar-se em vários</p><p>parágrafos;</p><p>� (v) em sua redação discursiva, recomendo o uso da declaração inicial, a qual deve ser</p><p>desenvolvida, preferencialmente, em voz ativa, na ordem direta, na modalidade afir-</p><p>mativa e em períodos curtos.</p><p>2.6. orgAnizAção tópicA</p><p>Vejamos as formas de se organizar o tópico discursivo (apoiados no trabalho do profes-</p><p>sor Marcuschi).</p><p>No texto escrito, é necessário um processo enunciativo mais calculado, na base de supo-</p><p>sições sociocognitivas e planejamento de maior alcance. Assim, deve haver uma distribuição</p><p>calculada (planejada) da informação na frase. Vejamos, então, quais são os componentes</p><p>informacionais da frase:</p><p>Obs.: � - tema: traz a informação sobre a qual é falado, ou seja, a informação dada;</p><p>� - rema: traz o que se diz sobre o tema, conhecida como informação nova.</p><p>O tema (também chamado tópico ou dado) traz a informação dada ou relativamente co-</p><p>nhecida e o rema traz a informação relativamente nova ou desconhecida, tendo em vista o</p><p>caráter informacional do fluxo comunicativo.</p><p>Apresentaremos cinco estruturas básicas de progressão (ou seja, a relação entre o tema e</p><p>o rema na construção textual mediante o fluxo da informação). O domínio desses esquemas</p><p>(estruturas) por parte do escritor é fundamental para a articulação eficaz das ideias no texto.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>30 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>Por fim, lembramos que não há predomínio absoluto de uma forma de progressão (se-</p><p>quenciação) em um texto. No geral, as formas de progressão aparecem misturadas com o</p><p>predomínio (não absoluto) de uma dessas formas.</p><p>Em síntese, devemos ter em mente que, em relação ao assunto Organização tópica, os</p><p>textos progridem em suas subunidades de maneira ordenada e não caótica; e conhecer esses</p><p>recursos é importante para a produção textual eficaz.</p><p>2.6.1. Progressão Linear Simples</p><p>Exemplo de 2.6.1. (Progressão linear simples):</p><p>A fonologia estuda os fonemas de uma língua. Os fonemas são as unidades componenciais</p><p>mínimas de qualquer sistema linguístico. Todo sistema linguístico tem pelo menos entre vinte</p><p>e sessenta sons. Estes sons...</p><p>2.6.2. Progressão com um Tema Contínuo</p><p>Exemplo de 2.6.2. (Progressão com um tema contínuo):</p><p>Os seres vivos habitam a Terra há milhares de anos. Seres vivos ainda não foram encontrados</p><p>em outros planetas. Eles são uma forma superior de seres na natureza, mas estão ameaçados</p><p>de desaparecer com o aumento da poluição humana.</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>31 de 50www.grancursosonline.com.br</p><p>Bruno Pilastre</p><p>Redação Discursiva – Parte I</p><p>REDAÇÃO DISCURSIVA</p><p>2.6.3. Progressão com Tema Derivado (Temas que são Derivados por Hi-</p><p>pertema)</p><p>Exemplo de 2.6.3. (Progressão com tema derivado):</p><p>Os animais dividem-se em várias classes. Os animais vertebrados são em geral os maiores</p><p>fora d’água. Os animais marinhos são os maiores de todos. Já os insetos são os menores</p><p>animais que a natureza tem.</p><p>2.6.4. Progressão com um Rema Dividido (Desenvolvimento com um Duplo</p><p>Tema ou Múltiplo)</p><p>Exemplo de 2.6.4. (Progressão com um rema dividido):</p><p>O corpo humano divide-se em cabeça, tronco e membros. A cabeça é uma parte muito espe-</p><p>cial por abrigar o cérebro. O tronco abriga a maioria dos órgãos vitais. Os membros servem</p><p>para nosso contato com as coisas e manipulação direta dos objetos à nossa volta.</p><p>2.6.5. Progressão com Salto Temático</p><p>O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para CARLOS CLEITON BATISTA DOS SANTOS - 00714721506, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,</p><p>a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>https://www.grancursosonline.com.br</p><p>32 de 50www.grancursosonline.com.br</p>

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