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<p>Teorias Raciais no Brasil dos séculos XIX e XX</p><p>A questão da Racial do País e a construção da nacionalidade</p><p>2</p><p>A elite brasileira enfrenta o debate sobre a questão racial do país</p><p>(o problema da mestiçagem e da composição racial da população brasileira de maioria preta)</p><p>Apesar da elite buscar suas referências ideológicas e teóricas na ciência europeia, surgiu no Brasil um debate próprio diferente daquele que foi feito nos EUA, América espanhola e Caribe.</p><p>O dilema brasileiro I: Como construir uma nação com uma população preta e de ex-escravizados?</p><p>A construção de uma nação e de uma identidade nacional é vista como problemática por existir uma nova categoria de cidadãos: os ex-escravizados negros.</p><p>Como transformá-los em elementos constituintes da nacionalidade e da identidade brasileira quando a estrutura mental herdada do passado, que os considerava apenas como coisas e força animal de trabalho, ainda não mudou?</p><p>A diversidade étnico-racial se tornou um entrave ao desenvolvimento nacional para uma nação/elite que se pensava e desejada ser branca.</p><p>(K. Munanga. Em Rediscutindo a Mestiçagem)</p><p>Dilema brasileiro II: Como construir uma identidade única</p><p>Para elite brasileira, a questão era de saber como transformar essa pluralidade de raças e mesclas, de culturas e valores civilizatórios tão diferentes, de identidades tão diversas, numa única coletividade de cidadãos, numa só nação e num só povo.</p><p>(K. Munanga. Em Rediscutindo a Mestiçagem)</p><p>Debate político sobre a questão racial e o desenvolvimento econômico e a formação de uma identidade nacional</p><p>As teorias raciais no final do século XIX se dividiam em duas principais perspectivas:</p><p>branqueamento: a mestiçagem como estratégia de assimilação e eliminação dos pretos e indígenas (Sílvio Romero, Oliveira Vianna e João Batista Lacerda)</p><p>Separatista: criação de um sistema diferenciado de responsabilidade civil, moral e penal de acordo com os graus de mestiçagem dos indivíduos (Nina Rodriguês).</p><p>Branqueamento como assimilação e eliminação dos pretos e indígenas</p><p>Defendiam que, através da mestiçagem (cruzamento entre os tipos raciais principais no brasil: preto, branco e indígena), se dissolveriam a diversidade étnico-cultural e surgiram um tipo racial único e homogêneo (mestiço), prevalecendo aas características superiores da raça branca.</p><p>(Sílvio Romero, Oliveira Vianna e João Batista Lacerda)</p><p>O pensamento de Oliveira Vianna.</p><p>Sistematizou as ideias racistas da época na defesa de uma política do branqueamento a partir da seletividade social e sexual.</p><p>Defendeu arianização progressiva da sociedade brasileira como saída civilizatória para o Brasil. Não acreditava na total eliminação dos traços não brancos da população e enxergava o mestiço como um tipo degenerado. No entanto, acreditava na capacidade de fecundação do branco e nos fatores sociais que levariam ao desaparecimento dos pretos.</p><p>As raças teriam atribuídos diferentes de acordo com suas características evolutivas. Os pretos eram bons para o trabalho braçal e manual na agricultura. Os mestiços por terem um capacidade intelectual melhorada poderiam exercer atividades mais sofisticadas como alfaiates e sapateiros.</p><p>Defendia a ideia de harmônia e igualdade de oportunidade entre as diferentes raças, sendo que havia a existência de tipos raciais com possibilidade e disposições desiguais.</p><p>Professor, jurista, historiador e sociólogo. Assumiu vários cargos governamentais, tendo sido inclusive Ministro do Tribunal de Contas da União, em 1940.</p><p>8</p><p>Pensamento de Oliveira Vianna</p><p>A arianização progressiva era uma proposta de política pública que visava à redução da população negra pela miscigenação com a raça branca superior. A arianização era uma saída civilizatória para o Brasil. Na seleção natural, o negro se extinguiria pela seleção social, que diz respeito à raça branca ser mais forte e mais bela, e por isso dominadora socialmente; a razão patológica, que se caracteriza pelas condições precárias de vida, que trariam maior contato com doenças; e finalmente a econômica, que, pela precariedade em que os negros viviam, levaria à menor expectativa de vida. “Reconhece que, para este efeito destruidor do H. afer [negros] em nosso meio, colaboram três causas: uma seleção social, uma seleção patológica e uma seleção econômica: ou, mais expressivamente: o açoite, o álcool e a má alimentação.” (Viana, 1923/1956, p. 179)</p><p>Política do Branqueamento</p><p>O branqueamento foi uma política de Estado que visava eliminar a presença negra na população brasileira, estando estruturada nas medidas a seguir:</p><p>Exclusão do negro ao mercado de trabalho livre a partir de um conjunto de leis que dificultavam o acesso do negro liberto, alforriado, à terra e ao trabalho, enquanto que promovia a entrada ao mercado de trabalho dos grupos de imigrantes europeus. Eram concedidas terras aos imigrantes brancos e negada aos negros;</p><p>o incentivo à fixação de imigrantes brancos europeus;</p><p>o incentivo à miscigenação.</p><p>Segundo Petrônio José Domingues (2002), no Brasil os mais otimistas com essa política estimavam que a extinção do negro se daria entre 50 a 200 anos.</p><p>Entre 1890 e 1929, entraram só em São Paulo 1.817.261 imigrantes brancos. A europeização demográfica da cidade chegou ao ponto de, em 1897, haver dois italianos para cada brasileiro”</p><p>anos	Pop. Negra (%)</p><p>1872	37,2%</p><p>1893 	11,1%</p><p>1934	8,5%</p><p>10</p><p>A política de branqueamento produziu uma ideologia que incentiva o casamento interracial (endogâmico) como a busca pela eliminação dos traços negros e um meio de ascensão social</p><p>A obra ao lado ganhou o título “A Redenção de Can” de Modesto Brocos Y Gomes, 1895. Ela faz referência ao branqueamento progressivo de uma família mestiça, cuja avó negra parece dar graças a Deus pela cor branca da criança.</p><p>Quem é Can? Foi um dos filhos de Noé, que ao expor aos demais irmãos à embriaguez e nudez do pai, teve amaldiçoado o seu filho e seus descendentes a condição de escravos dos irmãos. Nos séculos XVI em diante, os dominadores precisavam de uma justificativas e buscaram-na na bíblia.</p><p>11</p><p>Ideologia do Branqueamento</p><p>Alterou tão profundamente a percepção social do brasileiro acerca das questões raciais, em especial: da identidade racial, da miscigenação e do tipo de racismo constituído no país;</p><p>Amplamente disseminada em meios de comunicação e, até, em materiais escolares, a ideologia do branqueamento contribuiu para estruturar preconceitos e formas de discriminação racial garantindo a manutenção do privilégios dos brancos;</p><p>Ancorou-se na hierarquização entre os negros e pardos, valorizando os fenótipos das misturas/mestiços (como mulato, caboclo, cafuzo, mameluco); no uso de nomeações pejorativas para os tons de pele mais escuros; na imposição de um padrões de beleza e modo de vida sempre com referencial europeu e branco.</p><p>Ideologia do branqueamento</p><p>Segundo o sociólogo Otavio Ianni, a ideologia do branqueamento produziu a culpabilização do negro pela desigualdade racial a qual é submetido: “A ideologia racial do branco apresenta múltiplas faces visando facilitar o seu ajustamento às situações sociais surgidas, habitualmente, nas suas relações com negros e mestiços. Por isso, procura fazer acreditar que essas pessoas são às próprias responsáveis pelas posições inferiores ou desvalorizadas que ocupam na comunidade. Além disso, difundem a crença que a presente distribuição de status, segundo os grupos raciais, não se deve à predominância econômica e social do branco, mas à livre concorrência de todos.</p><p>Em consequência, deve-se procurar nos próprios negros e mestiços a causa do seu insucesso na “luta pela vida”. Seu intenso “complexo de inferioridade”, em particular, seria responsável pela atual situação(...).</p><p>Casamento endogâmico ou interracial (entre pessoas da mesma raça)</p><p>Casamento interracial ou endogâmico</p><p>Brancos casam mais com brancos, negros com negros e pardos com pardos -a taxa média no Brasil é de 77,4% de uniões endogâmicas (entre</p><p>pessoas do mesmo grupo de cor ou raça). É o que conclui uma pesquisa realizada pelo cientista social José Luis Petruccelli, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com base em dados das Pnads (Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios)</p><p>Os negros apresentam a maior taxa de casamentos endogâmicos (84,3%), seguidos por brancos (75,6%) e pardos (72,4%). Esses valores já equilibram as diferenças de tamanho dos três grupos, pois foram ajustados por Petruccelli como se houvesse no país o mesmo número de brancos, negros e pardos.</p><p>Em 1987, a taxa média de casamentos endogâmicos na população era de 80,5%. Uma diferença que Petruccelli considera "insignificante" em relação aos 77,4% verificados em 1998, porque, segundo ele, numa pesquisa por amostragem, a redução é insuficiente para indicar qualquer tipo de tendência.</p><p>Folha de S.Paulo - Sociedade: Casamento reflete discriminação racial - 23/10/2000 (uol.com.br)</p><p>Casamento entre pretos e brancos</p><p>"Eu não sou contra o casamento inter-racial, porque acho que o amor não tem cor. Só alerto para o fato de que ele não pode se transformar numa tentativa de disfarce e auto-afirmação da raça negra", afirma Ivanir dos Santos, do Ceap (Centro de Apoio a Populações Marginalizadas).</p><p>"Se os negros só casam com brancas, até que ponto conseguiram quebrar o racismo dentro deles? Por que não casar com uma negra? A gente não é contra o casamento com brancos, mas questiona essa lei de casar só com brancas. Jogador de futebol, por exemplo, é um pacote, arruma uma bola e uma loira", afirma a militante do movimento negro e vereadora Jurema Batista (PT).</p><p>As mulheres negras, mostra a pesquisa de Petruccelli, são as que mais encontram dificuldade para casar, especialmente aquelas com maior escolaridade. Entre as mulheres que estudaram mais de oito anos, 50,4% das negras estão solteiras; a média nacional de solteiras nessa condição de instrução é de 39,5%. Entre brancas desse grupo, a taxa de solteiras é de 37,1%, e, entre pardas, de 44,5%.</p><p>Para F. Fanon, o racismo se constitui num processo de desumanização e violência contra os povos não brancos. Ele terá uma dimensão subjetiva que afetam os não brancos que pode ser vista como “Vestir máscaras brancas que é comportar-se como os brancos para ser aceito, buscando-se embranquecer a si mesmo, seu corpo, sua estética, sua linguagem, seus hábitos e as suas preferência afetivas e sexuais”</p><p>16</p><p>Pensamento Separatista e o Apartheid</p><p>Pensamento de Nina Rodrigues</p><p>.</p><p>Defendia um sistema social, político, jurídico e econômico separatista que criasse uma hierarquização entre os mestiços, brancos e negros</p><p>“A raça negra no Brasil, por maiores que tenham sido os seus incontáveis serviços à nossa civilização, por mais justificadas que sejam as simpatias de que cercou o revoltante abuso da escravidão, por maiores que se revelem os generosos exageros dos seus turiferários, há de constituir sempre um dos fatores da nossa inferioridade como povo”.</p><p>“No Brasil os arianos deveriam cumprir a missão de não permitir que as massas de negros e mestiços possam interferir nos destinos do país”(...) "A civilização ariana está representada no Brasil por uma fraca minoria da raça branca a quem ficou o encargo de defende-la (…) dos atos antissociais das raças inferiores, sejam estes verdadeiros crimes no conceito dessas raças, sejam, ao contrário, manifestações do conflito, da luta pela existência entre a civilização superior da raça branca e os esboços de civilização das raças conquistadas ou submetidas”.</p><p>Raimundo Mina Rodrigues (1862-1906) foi médico, psiquiatra e antropólogo biológico brasileiro. Adepto às teorias raciais de Cesare Lombroso, foi um dos principais responsáveis pela adoção das teorias raciais como parâmetro para a identificação do comportamento criminoso</p><p>Apartheid</p><p>Preconceito X Discriminação</p><p>Oliveira, Luis F e Costa, Ricardo C. R. da Sociologia para os Jovens do século XXI. Ed. Imp. Novo Miilêmio. 2007</p><p>Críticas ao pensamento racista da época: Alberto torres, Manoel Bonfim e Roquete Pinto</p><p>Não compreendiam os problemas políticos, econômicos e sociais como decorrentes das características raciais da população brasileira. O problema do atraso dos pretos estava na ausência de acesso às políticas de integração e sociais (ex. acesso à educação)</p><p>A diversidade étnico-racial não era encarada como um problema para a formação da identidade nacional, uma vez que essa se constrói partir de laços de solidariedade.</p><p>O problema do atraso econômico estava na colonização e exploração econômica do país e a cultura legalista e conservadora</p><p>Preconceito de Marca X Preconceito de Origem</p><p>Oracy Nogueira</p><p>No caso Brasileiro, as relações raciais se dão por meio de um sistema complexo e ambíguo de diferenciação, não baseado em regras claras de descendências biológicas, mas em diferenças fenotípicas designadas como a cor da pele. Trata-se de um preconceito de marca (cor, tipo físico, fenótipo), diferente dos EUA em que prevalece o preconceito relacionado a descendência (Montero, Paula. 2010, pp150-151).</p><p>Democracia racial</p><p>A Ideia de um Brasil sem barreiras legais capazes de impedir a mobilidade social de pessoas de cor às posições sociais de riqueza ou de prestígio já estava presente no pensamento de Oliveira Vianna, sendo depois aprimorada no pensamento de Gilberto Freyre.</p><p>Segundo Sueli Carneiro, a especificidade e perversidade do racismo no Brasil se devem a construção de uma noção de que não existe então racismo em nossa sociedade (Negação do Racismo).</p><p>Diferença entre raça e etnia</p><p>Uma raça é uma categoria de pessoas cujas marcas físicas são consideradas socialmente significativas. Um grupo étnico é composto por pessoas cujas marcas culturais percebidas são consideradas significativas socialmente. Os grupos étnicos diferem entre si em termos de língua, religião, costumes, valores e ancestralidade (Brym e at., 2008, p.220)</p><p>image1.jpeg</p><p>image2.jpeg</p><p>image3.jpeg</p><p>image4.gif</p><p>image5.jpeg</p><p>image6.jpeg</p><p>image7.jpeg</p><p>image8.jpeg</p><p>image9.png</p><p>image10.jpg</p><p>image11.jpeg</p><p>image12.jpeg</p><p>image13.jpeg</p><p>image14.jpeg</p><p>image15.jpeg</p><p>image16.png</p><p>image17.png</p><p>image18.png</p><p>image19.jpeg</p><p>image20.jpeg</p><p>image21.jpeg</p><p>image22.jpeg</p><p>image23.jpeg</p>

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