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<p>CURSO DE DIREITO</p><p>AULA 16 – 20/05/2024 – 21/05/2024</p><p>1</p><p>Tefé</p><p>2024</p><p>1. REDAÇÃO E</p><p>LINGUAGEM</p><p>JURÍDICA</p><p>PROFESSOR: ANTÔNIO CÉLIO</p><p>2</p><p>Tefé</p><p>2024</p><p>Tefé</p><p>2024</p><p>3</p><p>Tefé</p><p>2024</p><p>5.4.1 REPETIÇÃO</p><p>5.4.2 OMISSÃO</p><p>5.4.3 TRANSPOSIÇÃO</p><p>5.4.4 DISCORDÂNCIA</p><p>4</p><p>5</p><p>1. Introdução</p><p>FIGURAS DE CONSTRUÇÃO OU DE SINTAXE</p><p>As figuras de sintaxe caracterizam-se por alterarem de</p><p>alguma maneira as regras tradicionais da Gramática,</p><p>isto é, a coesão normativa é substituída por uma</p><p>coesão significativa, condicionada pelo contexto geral e</p><p>pela situação, em busca de maior expressividade.</p><p>6</p><p>1. Introdução</p><p>Com isso, encontraremos repetições de termos, inversão</p><p>de elementos, discordância entre outras modificações.</p><p>Podemos classificá-las em grupos:</p><p>1. por repetição</p><p>2. por omissão</p><p>3. transposição</p><p>4. discordância</p><p>7</p><p>1. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR REPETIÇÃO</p><p>Anáfora – é a repetição de um termo ao início de</p><p>versos ou frases.</p><p>“Tudo é silêncio, tudo (é) calma, tudo (é) mudez”</p><p>(Olavo Bilac)</p><p>8</p><p>1. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR REPETIÇÃO</p><p>Pleonasmo – repetição desnecessária de um termo já</p><p>expresso, com valor enfático. Note que tal repetição tem de</p><p>apresentar valor estilístico, do contrário será considerado</p><p>vicioso. Podemos ainda dividir o pleonasmo em sintático e</p><p>semântico.</p><p>1. Pleonasmo sintático – É a repetição de um termo da</p><p>oração, normalmente por referência pronominal.</p><p>“A mim, não me agradam tais comentários”</p><p>2. Pleonasmo semântico – Consiste na repetição das ideias</p><p>presentes nos termos.</p><p>“Sonhei que estava sonhando um sonho sonhado”</p><p>(Martinho da Vila)</p><p>9</p><p>1. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR REPETIÇÃO</p><p>Polissíndeto – emprego reiterado de conectivos entre</p><p>elementos coordenados.</p><p>“Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua”</p><p>(Olavo Bilac)</p><p>10</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR OMISSÃO</p><p>Assíndeto – omissão do conectivo entre termos</p><p>coordenados.</p><p>“A barca vinha perto, chegou, atracou, entramos.”</p><p>(Machado de Assis)</p><p>11</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR OMISSÃO</p><p>Elipse – é uma figura de linguagem caracterizada pela</p><p>omissão de um termo no enunciado; porém, esse termo</p><p>pode ser subentendido pelo contexto. Por isso, embora o</p><p>elemento esteja omitido, o contexto nos ajuda a</p><p>perceber qual elemento é esse.</p><p>12</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR OMISSÃO</p><p>Observe os exemplos a seguir!</p><p>•Ele fez isso e eu: “Você está louco?”</p><p>•Chove muito e não podemos sair de casa agora.</p><p>•Iremos à festa sábado.</p><p>•Casa de ferreiro, espeto de pau.</p><p>•Lúcio andava hesitante, braços cruzados.</p><p>13</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR OMISSÃO</p><p>Entre as palavras destacadas, há um elemento omitido que foi</p><p>subentendido pelo contexto: um verbo, o sujeito da oração ou</p><p>uma preposição. O contexto ajuda de tal forma que a omissão pode</p><p>passar despercebida.</p><p>•Ele fez isso e eu [perguntei]: “Você está louco?”</p><p>•Chove muito e [nós] não podemos sair de casa agora.</p><p>•Iremos à festa [no] sábado.</p><p>• [Em] casa de ferreiro, [o] espeto [é] de pau.</p><p>•Lúcio andava hesitante, [com os] braços cruzados.</p><p>14</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR OMISSÃO</p><p>Zeugma – tipo de elipse em que um termo participa de</p><p>duas ou mais orações, porém só aparece em uma única</p><p>vez.</p><p>Eu fiz uma parte, Antônio fez outra e Sueli fez a última.</p><p>Eu gosto de vôlei. A Renata, de futebol.</p><p>15</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR</p><p>OMISSÃO – QUESTÃO PRÁTICA</p><p>Questão 1 - Em todos os enunciados a seguir ocorre a elipse. Sabendo</p><p>disso, assinale a alternativa em que também há evidência de zeugma.</p><p>A) José chegou à conclusão de que algumas pessoas são desonestas, mas</p><p>outras não.</p><p>B) No cinema, duas pessoas apenas: um senhor grisalho que roncava</p><p>muito e eu.</p><p>C) Espero você possa aprender a respeitar aqueles que pensam diferente</p><p>de você.</p><p>D) Tão triste ver a situação em que os irmãos estão depois da morte de</p><p>seus pais!</p><p>E) A camisa rasgada, a calça desabotoada, ele chegou em casa depois da</p><p>festa.</p><p>16</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR</p><p>OMISSÃO – QUESTÃO PRÁTICA</p><p>Resolução</p><p>Alternativa A. No enunciado, ocorre a elipse dos termos “pessoas” e</p><p>“são desonestas”, que já foram mencionados anteriormente na frase:</p><p>“José chegou à conclusão de que algumas pessoas são desonestas,</p><p>mas outras (pessoas) não (são desonestas)”.</p><p>17</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR</p><p>OMISSÃO – QUESTÃO PRÁTICA</p><p>Questão 2 - Analise os enunciados abaixo e marque a alternativa que</p><p>NÃO apresenta um zeugma.</p><p>A) Busquei algumas mesas e cadeiras para que todos pudessem beber</p><p>e comer em paz.</p><p>B) Naquele dia, Manuela estava muito irritada; e Juvenal, com</p><p>bastante medo dela.</p><p>C) Soube, por meio de uma notícia de jornal, que a casa da atriz tinha</p><p>sido invadida.</p><p>D) Muito cedo a vida lhe mostrou que existe a ética dos justos e a dos</p><p>injustos.</p><p>E) Ficou muito bonito esse batom vermelho em você, mas o cor-de-</p><p>rosa também ficou.</p><p>18</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR</p><p>OMISSÃO – QUESTÃO PRÁTICA</p><p>Resolução</p><p>Alternativa C. Não há nenhum termo, nesse enunciado, que tenha</p><p>sido mencionado anteriormente e omitido depois.</p><p>19</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR</p><p>OMISSÃO – QUESTÃO PRÁTICA</p><p>TEXTO</p><p>Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas</p><p>formas, pode determinar a supressão de duas formas, pode</p><p>determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há</p><p>morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da</p><p>sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal</p><p>e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra.</p><p>20</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR</p><p>OMISSÃO – QUESTÃO PRÁTICA</p><p>Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas</p><p>apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire</p><p>forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há</p><p>batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as</p><p>batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem</p><p>de inanição.</p><p>21</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR</p><p>OMISSÃO – QUESTÃO PRÁTICA</p><p>A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das</p><p>tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da</p><p>vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os</p><p>demais efeitos das ações bélicas.</p><p>22</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR</p><p>OMISSÃO – QUESTÃO PRÁTICA</p><p>Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-</p><p>se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é</p><p>aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma</p><p>pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido,</p><p>ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.</p><p>(ASSIS, Machado de. Quincas Borba. Rio de Janeiro, Civilização</p><p>Brasileira/INL, 1976.)</p><p>.</p><p>23</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR</p><p>OMISSÃO – QUESTÃO PRÁTICA</p><p>Assinale dentre as alternativas abaixo aquela em que o uso da vírgula</p><p>marca a supressão (elipse) do verbo:</p><p>A) Ao vencido, ódio ou compaixão, ao vencedor, as batatas.</p><p>B) A paz, nesse caso, é a destruição (…)</p><p>C) Daí a alegria da vitória, os hinos, as aclamações, recompensas</p><p>públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas.</p><p>D) (…) mas, rigorosamente, não há morte (…)</p><p>E) Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a</p><p>dar-se (…)</p><p>.</p><p>24</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR</p><p>OMISSÃO – QUESTÃO PRÁTICA</p><p>Resolução</p><p>Alternativa A. Na frase, há supressão de um verbo que indique que</p><p>“sejam dados” os respectivos prêmios ao vencido e ao vencedor.</p><p>25</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR</p><p>OMISSÃO – QUESTÃO PRÁTICA</p><p>Questão 2 - Assinale a alternativa que classifica corretamente a figura</p><p>de linguagem utilizada nos enunciados abaixo:</p><p>1 – Compre sem susto: nossas lojas são virtuais; os seus direitos,</p><p>reais.</p><p>2 – Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.</p><p>3 – Na casa abandonada, teias de aranha, poeira e silêncio.</p><p>4 – Éramos seis.</p><p>A) 1 - elipse; 2 - zeugma; 3 - elipse; 4 - zeugma.</p><p>B) 1 - elipse; 2 - elipse; 3 - zeugma; 4 - zeugma.</p><p>C) 1 - zeugma; 2 - zeugma; 3 - elipse; 4 - elipse.</p><p>D) 1 - zeugma; 2 - elipse; 3 - zeugma; 4 - elipse.</p><p>26</p><p>2. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR</p><p>OMISSÃO – QUESTÃO PRÁTICA</p><p>Resolução</p><p>Alternativa C. No enunciado 1, há omissão em “os seus direitos [são]</p><p>reais”, já citado anteriormente; no enunciado 2, há omissão</p><p>em “do</p><p>que dois [pássaros] voando”, já citado anteriormente na forma</p><p>singular; no enunciado 3, há omissão em “Na casa abandonada, [há]</p><p>teias de aranha, poeira e silêncio”, que fica subentendido pelo</p><p>contexto; no enunciado 4, há omissão em “[Nós] Éramos seis”, que</p><p>também fica subentendido pelo contexto.</p><p>27</p><p>3. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR TRANSPOSIÇÃO</p><p>TRANSPOSIÇÃO: Alteração na ordem das palavras de uma</p><p>oração</p><p>Hipérbato – inversão da ordem natural das palavras na</p><p>oração ou da ordem das orações no período. Existe, então,</p><p>a introdução de uma expressão no interior de outro</p><p>sintagma. Também é chamada de “inversão”.</p><p>“A casa, torno a ver, em que moramos”</p><p>28</p><p>3. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR TRANSPOSIÇÃO</p><p>Prolepse (ou Antecipação) – deslocamento de um termo</p><p>do interior de uma oração para o início do período.</p><p>“Os pastores parece que vivem no fim do mundo.”</p><p>(Parece que os pastores vivem no fim do mundo)</p><p>“Prima Justina creio que se levantou.”</p><p>(Creio que prima Justina se levantou)</p><p>29</p><p>4. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR DISCORDÂNCIA</p><p>Anacoluto – introdução aleatória de um termo sem</p><p>qualquer função sintática dentro da oração.</p><p>“Bom! Bom! Eu parece-me que ainda não ofendi</p><p>ninguém!”</p><p>(José Régio)</p><p>30</p><p>4. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR DISCORDÂNCIA</p><p>A hipálage é uma figura de linguagem caracterizada pela</p><p>atribuição de uma característica de um ser ou objeto a outro ser ou</p><p>objeto que se encontra próximo ou relacionado com ele.</p><p>Assim, é atribuído um adjetivo a um substantivo quando na</p><p>realidade esse adjetivo se refere lógica e naturalmente a outro</p><p>substantivo.</p><p>31</p><p>4. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR DISCORDÂNCIA</p><p>A hipálage produz uma mudança na estrutura natural da oração,</p><p>ocorrendo um desajuste entre o sentido e a função da palavra na</p><p>frase. Este recurso, utilizado na linguagem oral e escrita, tem como</p><p>principal objetivo aumentar a expressividade da mensagem.</p><p>32</p><p>4. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR DISCORDÂNCIA</p><p>Exemplos de hipálage:</p><p>•Deitado na rede, Ricardo lia um livro sonolento.</p><p>•Minha avó fazia um tricô rápido e incessante enquanto via a</p><p>novela.</p><p>•Olhei por uma janela atenta e fiquei esperando que algo</p><p>acontecesse.</p><p>•Esse sapato não entra no meu pé!</p><p>•Essa blusa não cabe em mim…</p><p>33</p><p>4. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR DISCORDÂNCIA</p><p>Silepse – concordância estabelecida ideologicamente,</p><p>contrariando a norma gramatical. São de três tipos:</p><p>1. Silepse de gênero – quando há discordância entre os</p><p>gêneros (feminino e masculino);</p><p>“Senhor Presidente, Vossa Excelência parece cansado.”</p><p>A velha São Paulo cresce a cada dia.</p><p>Neste exemplo, notamos a união dos gêneros masculino (São</p><p>Paulo) e feminino (velha).</p><p>34</p><p>4. FIGURAS DE CONSTRUÇÃO</p><p>POR DISCORDÂNCIA</p><p>2. Silepse de número – quando há discordância entre o</p><p>singular e o plural;</p><p>“A multidão ouvia com atenção. Ao final, aplaudiram.”</p><p>3. Silepse de pessoa – quando há discordância entre o sujeito,</p><p>que aparece na terceira pessoa, e o verbo, que surge na</p><p>primeira pessoa do plural.</p><p>“Todos entramos imediatamente”</p><p>“no fundo a gente se consolava, pensávamos em nós</p><p>mesmos.”</p><p>(Autran Dourado)</p><p>35</p><p>1. Dicas de construção textual</p>