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<p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 1</p><p>82</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 2</p><p>82</p><p>Sumário</p><p>Apresentação ................................................................................................................................................. 3</p><p>Poder Judiciário .............................................................................................................................................. 4</p><p>1 - Noções basilares e estrutura do Poder Judiciário ................................................................................. 4</p><p>2 - As garantias do Poder Judiciário ........................................................................................................... 6</p><p>3 - Formação de Órgão Especial .............................................................................................................. 11</p><p>4 - Quinto Constitucional ......................................................................................................................... 12</p><p>5 - Conselho Nacional de Justiça - CNJ ................................................................................................... 18</p><p>6 - Precatórios ........................................................................................................................................... 25</p><p>6.1 - Regime Geral - Natureza não alimentícia ..................................................................................... 25</p><p>6.2 - Natureza alimentícia ..................................................................................................................... 25</p><p>6.3 – Requisição de pequeno valor (RPV) ............................................................................................. 27</p><p>Supremo Tribunal Federal ............................................................................................................................ 31</p><p>1 - Competências ..................................................................................................................................... 32</p><p>1.1 - Competências Originárias ............................................................................................................ 33</p><p>1.2 - Competências Recursais ............................................................................................................... 46</p><p>Superior Tribunal de Justiça ......................................................................................................................... 53</p><p>1.1 - Competências Originárias ................................................................................................................ 55</p><p>1.2 - Competências Recursais ................................................................................................................... 64</p><p>Justiça Federal .............................................................................................................................................. 74</p><p>1 - Tribunais Regionais Federais ............................................................................................................... 74</p><p>2 - Juízes Federais .................................................................................................................................... 76</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 3</p><p>82</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Olá, alunos Estratégia OAB!</p><p>O que acharam da aula anterior? Um pouco pesada, hein? J</p><p>A aula de hoje também não é uma das mais “queridinhas”. Mas, como faz parte do edital, peço</p><p>um pouco de paciência.</p><p>Então, vamos para mais um passo rumo à aprovação!</p><p>Bons estudos a todos!!!!</p><p>Prof. Diego Cerqueira</p><p>diegocerqueira@estrategiaconcursos.com.br</p><p>https://www.facebook.com/profdiegocerqueira/</p><p>@profdiegocerqueira</p><p>*Este curso é desenvolvido pelo Prof. Diego Cerqueira, mas conta com a participação da</p><p>Advogada Lara Abdala na produção do conteúdo para a 1ª fase em Dir. Constitucional.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 4</p><p>82</p><p>PODER JUDICIÁRIO</p><p>1 - Noções basilares e estrutura do Poder Judiciário</p><p>Assim como ocorre nos demais Poderes, aqui encontramos funções típicas e atípicas.</p><p>A função judicial ou jurisdicional é classificada como função típica do Poder Judiciário. Por meio</p><p>dela aplica-se o direito ao caso concreto em litígio, ou seja, os conflitos são solucionados</p><p>judicialmente.</p><p>No Brasil, o sistema de jurisdição adotado foi o inglês, cuja coisa julgada material é apenas</p><p>produzida pelo Poder Judiciário. Assim, a decisão judicial é capaz de resolver conflitos com</p><p>definitividade (irrecorríveis). Porque é o princípio da inafastabilidade de jurisdição (XXXV do art. 5º</p><p>da CRFB/88) que rege o nosso ordenamento jurídico, ou seja, o interessado pode sempre buscar</p><p>os seus direitos junto ao Judiciário.</p><p>Apenas para uma maior compreensão do que foi explicado acima e a título de curiosidade, saiba</p><p>que encontramos em outros ordenamentos jurídicos a aplicação do sistema de jurisdição francês</p><p>(contencioso administrativo). Nesse há uma dualidade de jurisdição, sendo expressamente</p><p>determinado que caberá aos órgãos da Administração Pública decidir com definitividade sobre</p><p>algumas matérias. Dessa forma, em tais situações não cabe recurso ao Judiciário.</p><p>“E a função atípica, professor?"</p><p>São duas:</p><p>a) Legislativa – ao editar os seus Regimentos Internos (consideradas normas primárias), os</p><p>Tribunais estão exercendo tal função, por exemplo;</p><p>b) Administrativa – que se manifesta através da realização de licitações, concursos ou</p><p>celebração de contrato pelo Tribunal.</p><p>Agora vamos tratar da estrutura do Judiciário, ou seja, dos órgãos que integram esse Poder. A</p><p>CRFB/88 trata dessa composição no dispositivo transcrito abaixo:</p><p>Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:</p><p>I - o Supremo Tribunal Federal;</p><p>I-A o Conselho Nacional de Justiça;</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 5</p><p>82</p><p>II - o Superior Tribunal de Justiça;</p><p>II-A - o Tribunal Superior do Trabalho;</p><p>III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;</p><p>IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;</p><p>V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;</p><p>VI - os Tribunais e Juízes Militares;</p><p>VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.</p><p>Vamos começar tratando sobre o Supremo Tribunal Federal. J</p><p>Além de estar na posição de órgão máximo do Poder Judiciário no ordenamento jurídico brasileiro,</p><p>o STF tem como função a guarda e defesa da Constituição Federal.</p><p>Dessa forma, temos o Supremo julgando casos concretos em última instância (órgão máximo) e</p><p>solucionando conflitos jurídico-constitucionais, sendo responsável por processar e julgar,</p><p>originariamente, as Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Corte Constitucional).</p><p>Imediatamente abaixo do STF, encontramos o Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Superior</p><p>do Trabalho (TST), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Superior Tribunal Militar (STM). Esses são</p><p>denominados de Tribunais Superiores.</p><p>O STJ é, em razão do que dispõe a Carta Magna, o guardião do direito objetivo federal e</p><p>juntamente com o STF é considerado órgão de superposição. Afinal, as decisões do STJ e do STF</p><p>se sobrepõem às decisões dos órgãos inferiores tanto da Justiça comum quanto da Justiça</p><p>especial, apesar de ambos os tribunais não pertencerem a qualquer Justiça.</p><p>Já o TST, TSE e STM são as instâncias recursais superiores das seguintes justiças especiais,</p><p>respectivamente: Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça Militar.</p><p>Destaco que a sede do STF e de todos os Tribunais Superiores são em Brasília. A jurisdição de</p><p>cada um deles alcança todo o território nacional, sendo tais órgãos denominados de órgãos de</p><p>convergência (responsáveis por decisões de última instância).</p><p>Federal ou o Território;</p><p>Quando houver um conflito entre pessoa jurídica de direito internacional e a União, o Estado, o</p><p>Distrito Federal ou Território, determina a Carta Magna que caberá ao STF a resolução</p><p>(julgamento). Isso mesmo, o Estado estrangeiro e o organismo internacional são pessoas jurídicas</p><p>de direito internacional.</p><p>Percebeu que não houve menção ao Município?</p><p>Isso se deve ao fato de que o II, do art. 109 da CRFB/88 trouxe a previsão de competência dos</p><p>juízes federais nas causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou</p><p>pessoa domiciliada e residente no País.</p><p>f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal,</p><p>ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;</p><p>Vamos aos detalhes! J</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 41</p><p>82</p><p>Aqui estamos diante do conflito entre alguns entes federativos (não todos, pois o município não</p><p>foi mencionado no inciso): União e Estado; União e DF; Estado e Estado ou Estado e DF (aqui estão</p><p>inclusas as entidades da administração indireta).</p><p>Nesse caso a competência originária é da Corte Suprema, mas é preciso fazer um destaque em</p><p>relação ao entendimento do STF. Para ser da sua competência:</p><p>Ä O conflito entre entidades da administração indireta de qualquer dos entes elencados ou</p><p>entre uma delas e uma das entidades políticas mencionadas (U, E ou DF) precisa caracterizar</p><p>o denominado conflito federativo (aquele com potencialidade para vulnerar a harmonia do</p><p>pacto federativo).</p><p>“Certo, professor! Mas e se o conflito envolver União e Município?”</p><p>Caso isso ocorra, o entendimento é que caberá à Justiça Federal processar e julgar a lide. Olha o</p><p>trecho da jurisprudência transcrita abaixo:</p><p>“O STF, em face da regra de direito estrito consubstanciada no art. 102, I, da</p><p>Constituição da República (RTJ 171/101-102), não dispõe, por ausência de</p><p>previsão normativa, de competência para processar e julgar, em sede originária,</p><p>causas instauradas entre Municípios, de um lado, e a União, autarquias federais</p><p>e/ou empresas públicas federais, de outro. Em tal hipótese, a competência para</p><p>apreciar esse litígio pertence à Justiça Federal de primeira instância.” 10</p><p>g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;</p><p>10 ACO 1.364 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 16-9-2009, P, DJE de 6-8-2010.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 42</p><p>82</p><p>Esta alínea trata da competência do STF em relação a extradição passiva, cabendo a Corte</p><p>processar e julgar, originariamente, a solicitação de extradição realizada por um Estado estrangeiro</p><p>ao Brasil. Entretanto, é importante explicar que mesmo havendo o deferimento do Supremo, o</p><p>Presidente da República pode se manifestar de forma contrária, impedindo a extradição do sujeito.</p><p>A alínea “h” foi revogada pela EC nº 45/2004. Mas a título de curiosidade o dispositivo revogado</p><p>trazia em seu texto uma competência que agora pertence ao Superior Tribunal de Justiça (STJ):</p><p>“homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias”. Por</p><p>isso, vamos seguir para a leitura e entendimento da alínea “i”.</p><p>i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou</p><p>o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à</p><p>jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma</p><p>jurisdição em uma única instância;</p><p>Na primeira parte, o dispositivo determina que se o ato violador da liberdade de locomoção partir</p><p>de Tribunal Superior o habeas corpus deverá ser impetrado perante o STF. E ao mencionar</p><p>Tribunal Superior, devemos entender que a alínea está se referindo ao: STJ, TSE, TST ou STM.</p><p>Já na segunda parte, da mesma alínea, a competência originária do Supremo para processar e</p><p>julga os habeas corpus é determinada pelo fato do agente coator ou paciente ser autoridade ou</p><p>funcionário cujos atos estejam diretamente sob a jurisdição do STF.</p><p>j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;</p><p>l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade</p><p>de suas decisões;</p><p>Chegamos ao momento em que o dispositivo determina quando é da competência do Supremo</p><p>processar e julgar Reclamação Constitucional. Sim, caro aluno, a alínea “l” trouxe expressamente</p><p>Aqui notamos uma diferença importante de ser lembrada!</p><p>Quando um ato de Tribunal implica na impetração de um mandado de</p><p>segurança ou habeas data, a competência será desse mesmo Tribunal.</p><p>Já no caso do habeas corpus impetrado contra ato praticado por Tribunal,</p><p>a competência será da instância logo acima. Ex: caso o ato praticado tenha</p><p>decorra do STJ, o habeas corpus será impetrado no Supremo.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 43</p><p>82</p><p>que tal campo de atuação é do STF, quando a função é garantir a obediência às decisões da</p><p>referida Corte e a defesa da sua competência. Vale lembrar que, com a EC nº45/2004 e o novo</p><p>CPC, ficou expresso que cabe a Reclamação Constitucional perante o Supremo para: garantir a</p><p>obediência tanto às decisões do STF em sede de controle concentrado de constitucionalidade (art.</p><p>988, III do CPC/2015), quanto às Súmulas Vinculantes emanadas da Corte (art. 103-A §3º da</p><p>CRFB/88).</p><p>Atenção! É firme o entendimento da Corte Suprema sobre não ser permitida a apresentação de</p><p>reclamação constitucional contra atos dos seus Ministros ou das sua Turmas. Isso porque</p><p>juridicamente a autoria de tais decisões são atribuídas ao STF como um todo.11</p><p>m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a</p><p>delegação de atribuições para a prática de atos processuais;</p><p>n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente</p><p>interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de</p><p>origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;</p><p>Ao interpretar o texto da alínea “n”, o STF expôs que a referência a “todos os membros da</p><p>magistratura ou mais da metade dos membros do tribunal de origem” significa que o constituinte</p><p>teve como objetivo alterar a competência de determinadas ações para evitar a realização de</p><p>julgamento por aqueles direta ou indiretamente interessados ou impedidos. 12</p><p>o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer</p><p>tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;</p><p>Aqui encontramos a competência originária da Corte que é determinada pela ocorrência de</p><p>conflito de competência. Primeiro, precisamos elucidar que tal conflito pode ocorrer de forma</p><p>positiva ou negativa.</p><p>“Não entendi, professor...”</p><p>11 Rcl. 3916-1, AgR. Rel. Min. Carlos Ayres Britto. 12/06/2006.</p><p>12 AO 1.569 QO, rel. min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, DJE de 27-8-2010</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 44</p><p>82</p><p>O conflito de competência se apresenta tanto quando estamos diante de uma ação em que duas</p><p>ou mais autoridades se apresentam com competência para o julgamento (conflito positivo), quanto</p><p>todas acreditam que não a possuem (conflito negativo).</p><p>Após entender o que foi explicado acima, vamos destrinchar o dispositivo para uma melhor</p><p>compreensão desta competência da Suprema Corte. Dessa forma, temos o seguinte.</p><p>Agora, tenha bastante cuidado para não confundir conflito de competência com hierarquia de</p><p>jurisdição, que se apresenta quando, por exemplo, um tribunal superior e um tribunal que submete</p><p>jurisdicionalmente a ele entendem que são competentes para julgar uma ação.</p><p>Assim, a hierarquia de jurisdição está presente quando o STJ e TJ ou TRF se dizem competentes;</p><p>e quando o TST e o TRT entendem pela sua competência, por exemplo.</p><p>Quando ocorre isso caberá ao Tribunal de maior hierarquia entre eles decidir.</p><p>p) o pedido de medida</p><p>cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;</p><p>q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for</p><p>atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos</p><p>Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do</p><p>Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio</p><p>Supremo Tribunal Federal;</p><p>Conflitos de competência entre Tribunais Superiores e quaisquer tribunais. EX: caso o TST e</p><p>um TJ acreditem que são competentes para julgar um caso ou ambos se declarem</p><p>incompetentes, caberá ao Supremo decidir de quem é tal atribução.</p><p>Conflitos de competência entre Tribunais Superiores. Ex: caso o TST e o TSE se declarem</p><p>competentes para julgar um caso ou ambos entendam que não são competentes, caberá ao</p><p>STF resolver de quem é tal atribuição.</p><p>Conflitos de competência entre o STJ e quaisquer tribunais. Ex: caso o STJ e o TRE acreditem</p><p>que são competentes para julgar um caso ou ambos entendam que não possuem</p><p>competência, caberá ao STF resolver de quem será tal atribuição.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 45</p><p>82</p><p>Havendo pedido de medida cautelar em qualquer das ações diretas de controle de</p><p>constitucionalidade, a competência será do STF, ou seja, esta se apresenta tanto para processar</p><p>quanto para julgar um pedido cautelar em sede controle concentrado-abstrato.</p><p>Na alínea “q” nos deparamos com o Mandado de Injunção. Como já estudamos, esse remédio</p><p>tem o objetivo de proteger direitos fundamentais que dependem de regulamentação para se</p><p>concretizarem. De tal modo, o MI será impetrado diretamente no STF caso o agente que praticou</p><p>a omissão inconstitucional seja qualquer destes: Presidente da República, do Congresso Nacional,</p><p>da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas dessas Casas Legislativas, do TCU, de</p><p>um dos Tribunais Superiores e até do Supremo.</p><p>r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional</p><p>do Ministério Público;</p><p>Até recentemente, a interpretação aqui era que, em relação ao CNJ e CNMP, apenas caberia ao</p><p>Supremo o julgamento das ações mandamentais contra atos dos referidos Conselhos. Ações essas</p><p>tipicamente constitucionais (mandado de segurança, mandado de injunção, habeas corpus e</p><p>habeas data).</p><p>Dessa forma, em caso de ações ordinárias contra atos do CNJ e CNMP a competência seria da 1ª</p><p>instância da Justiça Federal, com base no art. 109, I, da CRFB/88. Já que, por serem órgãos</p><p>federais, o réu no processo seria a União.</p><p>No entanto, essa interpretação mais restritiva foi superada, pois no Informativo 1000 do STF ficou</p><p>estabelecido que: é da competência exclusiva do Supremo processar e julgar, originariamente,</p><p>todas as ações ajuizadas contra decisões do CNJ e do CNMP proferidas no exercício de suas</p><p>competências constitucionais, respectivamente, previstas nos artigos 103-B, § 4º, e 130-A, § 2º, da</p><p>CF/88.</p><p>Além do que tratamos até esse momento, podemos encontrar, através da interpretação extensiva</p><p>realizada pela Corte Suprema, as chamadas competência originárias implícitas do STF.</p><p>Vamos listar algumas! J</p><p>1) Mandado de segurança contra:</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 46</p><p>82</p><p>a. Atos de extradição (art. 102, I, “g”, da CRFB/88), inclusive o impetrado pelo</p><p>sujeito cuja extradição foi deferida pelo Supremo, não importando qual foi a</p><p>autoridade coatora 13.</p><p>b. Comissão Parlamentar de Inquérito14.</p><p>c. Ato da Mesa da Câmara dos Deputados (2ª parte da alínea “d” do I do art. 102</p><p>da CRFB/88), mesmo quando o ato atacado for individualmente praticado por</p><p>parlamentar que pronuncia decisão em nome da Mesa15.</p><p>2) Habeas corpus impetrado contra</p><p>a. Qualquer decisão proferida pelo STJ, quando configurado o constrangimento</p><p>ilegal. 16</p><p>b. A Interpol, por conta da expedição de um mandado de prisão por magistrado</p><p>estrangeiro. Esse foi o entendimento do STF, decorrente da competência da</p><p>Corte Suprema prevista no art. 102, I, “g”, da CRFB/88 (extradição solicitada por</p><p>Estado estrangeiro).17</p><p>1.2 - Competências Recursais</p><p>Agora iremos ingressar nas competências recursais do Supremo. Isso significa que a Corte apenas</p><p>terá competência para analisar a causa se for proposto o recurso.</p><p>Ä Recurso Ordinário</p><p>Quando estamos diante de um processo em que a competência originária é de tribunal diverso</p><p>do STF, a CRFB/88 traz no inciso II do art. 102 situações em que o recurso ordinário será</p><p>apresentado na Corte Suprema.</p><p>13 Rcl. nº 2.069, Rcl. 2.069/DF, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 01.08.2003.</p><p>14 MS 23.619/DF, DJ de 07.12.2000; MS 23.851/DF, MS 23.868/DF e MS 23.964/DF, Rel. Min Celso de Mello, DJ de</p><p>21.06.2002.</p><p>15 MS-AgRg 24.099/DF, DJ de 02.08.2002.</p><p>16 HC-QO 78.897/RJ, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ de 20.02.2004.</p><p>17 HC 80.923/SC, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ de 21.06.2002.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 47</p><p>82</p><p>Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da</p><p>Constituição, cabendo-lhe:</p><p>(…)</p><p>II - julgar, em recurso ordinário:</p><p>a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de</p><p>injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória</p><p>a decisão;</p><p>b) o crime político;</p><p>Quando há uma decisão denegatória de Tribunal Superior perante ações constitucionais de sua</p><p>competência originária, de acordo com a alínea “a”, o julgamento do recurso ordinário competirá</p><p>ao Supremo. Assim, quando há uma decisão negando um habeas data impetrado no STJ contra</p><p>ato de Ministro de Estado, por exemplo, será possível interpor um recurso ordinário perante o STF.</p><p>Em relação a alínea “b”, é importante ter atenção para não fazer confusão com a competência dos</p><p>juízes federais para processar e julgar os crimes políticos. Isso porque essa é uma competência</p><p>originária prevista no IV do art. 109, da CRFB/88. A alínea que estamos analisando se refere ao</p><p>recurso ordinário interposto diretamente no STF contra a decisão do juiz federal sobre</p><p>determinado crime político. Perceba que não haverá um recurso anterior perante o TRF.</p><p>Ä Recurso Extraordinário</p><p>Tal recurso tem como objetivo fazer com que a interpretação das normas da Constituição Federal</p><p>tenha uniformidade em todo o país. Assim, ao acreditar que uma decisão judicial contraria a Carta</p><p>Magna, é possível através da apresentação do Recurso Extraordinário ocorrer a sua revisão perante</p><p>o STF.</p><p>A possibilidade de revisão descrita, é uma concretização do controle difuso de constitucionalidade</p><p>realizado pelo Supremo. Suas hipóteses estão elencadas no inciso III do art. 102 da CRFB/88 e</p><p>todas giram em torno de um mesmo tema: “controvérsia constitucional”.</p><p>“Como assim, professor?”</p><p>Calma! Vamos primeiro ler o inciso III e suas alíneas. J</p><p>III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última</p><p>instância, quando a decisão recorrida:</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 48</p><p>82</p><p>a) contrariar dispositivo desta Constituição;</p><p>b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;</p><p>c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.</p><p>d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.</p><p>Após a leitura, conseguiu perceber que todas as alíneas se aplicam a situações que envolvem a</p><p>interpretação errada de norma constitucional?</p><p>“Inclusive a alínea “d”, professor?”</p><p>Sim. A alínea traz a seguinte situação: ocorre um conflito entre uma lei estadual e uma lei federal</p><p>e uma decisão considera a lei estadual a norma válida. Logo, a decisão foi a favor da competência</p><p>constitucional dos Estados para tratar da matéria (lei estadual constitucional). A partir daqui surge</p><p>a oportunidade da apresentação de um recurso extraordinário perante o STF.</p><p>Então, haverá uma afronta indireta ao texto</p><p>constitucional caso a decisão recorrida venha a julgar</p><p>válida lei local contestada em face de lei federal. Porque é a Constituição Federal que delimita o</p><p>âmbito de atuação das leis federais, estaduais e municipais, por meio da repartição das</p><p>competências federativas.</p><p>Além do que acabei de explicar, destaco os seguintes requisitos de admissibilidade a serem</p><p>cumpridos:</p><p>O objeto do Recurso Extraordinário deve ser uma decisão proferida em última ou</p><p>única instância.</p><p>A partir da leitura do dispositivo, fica evidente que o legislador constituinte</p><p>determinou que contra a decisão recorrida não pode caber recurso ordinário algum.</p><p>Portanto, o objeto do RE pode ter sido proferido por um juiz singular ou até por uma</p><p>Turma Recursal, não se limitando a decisão de um Tribunal.</p><p>Prequestionamento</p><p>É necessário que já tenha ocorrido a discussão da matéria constitucional objeto do</p><p>Recurso Extraordinário. Tal discussão, realizada pelo órgão de hierarquia inferior,</p><p>indica que na decisão tomada já houve o começo de um debate constitucional,</p><p>impedindo que o Supremo trate dessa questão de forma inaugural no RE.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 49</p><p>82</p><p>Repercussão geral</p><p>Requisito de admissibilidade criado com a EC 45/2004, visando evitar o grande</p><p>número de processos idênticos perante o Supremo. Por meio dele, apenas chegam a</p><p>Corte caso em que a matéria discutida no Recurso Extraordinário ultrapassa os</p><p>interesses das partes. Isso porque a sua análise repercutirá em diversos processos</p><p>semelhantes. Dessa forma, a repercussão geral funciona como um “filtro”, em que</p><p>demandas irrelevantes não chegam ao Supremo (se leva em consideração a</p><p>relevância social, econômica, política ou jurídica). Por isso, quem apresenta um RE</p><p>precisa demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais envolvidas no</p><p>processo.</p><p>Entretanto, a existência da repercussão geral só pode ser negada pela manifestação</p><p>de 2/3 dos membros do STF. Isso significa que 08 (oito) ministros precisam se</p><p>manifestar pela ausência da repercussão geral, para que a alegação do recorrente</p><p>não seja aceita.</p><p>Caso menos de 2/3 neguem a existência desse requisito, a repercussão será aceita.</p><p>Isso implicará na suspensão dos processos envolvendo a mesma questão, até o</p><p>julgamento do recurso extraordinário pelo Supremo.</p><p>10. (FGV / X Exame de Ordem Unificado – 2013) Compete ao STF processar e julgar</p><p>originariamente os litígios listados a seguir, à exceção de um. Assinale-o.</p><p>a) Entre Estado estrangeiro e Estado membro da federação.</p><p>b) Entre Estado estrangeiro e município.</p><p>c) Entre organismo internacional e a União.</p><p>d) Entre organismo internacional e Estado membro da federação.</p><p>Comentários:</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 50</p><p>82</p><p>Letra A: correta. O litígio entre Estado estrangeiro e estado-membro da Federação é julgado pelo</p><p>STF (art. 102, I, e, CRFB/88).</p><p>Letra B: errada. Opa, olha o gabarito! Pessoal, vimos agora a pouco que as causas entre Estado</p><p>estrangeiro ou organismo internacional e Município são processadas e julgadas pelos juízes</p><p>federais (art 109, II, CRFB/88.</p><p>Letra C: correta. As causas entre organismo internacionais e a União são julgadas pelo STF.</p><p>Letra D: correta. As causas entre organismo internacionais e estado-membro da federação são</p><p>julgadas pelo STF.</p><p>11. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) À luz do que dispõe a Constituição Federal de 1988 no tema</p><p>das competências do Supremo Tribunal Federal, é possível afirma que a Corte Suprema:</p><p>a) É competente para a homologação das sentenças estrangeiras, uma vez que é o Tribunal que</p><p>julga as questões internacionais do país.</p><p>b) Cabe recurso extraordinário quando a decisão recorrida, em única ou última instância, julgar</p><p>válida lei local contestada em face de lei infraconstitucional federal.</p><p>c) Nem mesmo por Emenda à Constituição podem ser alteradas as hipóteses de competência do</p><p>STF, por significar violação à separação dos poderes.</p><p>d) Pode ser criada nova hipótese de competência do Supremo Tribunal Federal por lei</p><p>complementar.</p><p>Comentários:</p><p>Letra A: errada. Com a EC nº 45/04, a homologação de sentenças estrangeiras passou a ser da</p><p>competência do STJ.</p><p>Letra B: correta. Isso mesmo. É cabível RE quando a decisão recorrida julgar válida lei local</p><p>contestada em face de lei federal. O gabarito é a letra B.</p><p>Letra C: errada. Não há qualquer problema em serem alteradas as competências do STF, uma vez</p><p>que essa matéria não consiste em cláusula pétrea.</p><p>Letra D: errada. Somente pode ser criada nova competência para o STF mediante emenda</p><p>constitucional.</p><p>12. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) A Constituição Federal de 1988 estabeleceu competências</p><p>próprias para atuação do Supremo Tribunal Federal na estrutura do poder judiciário. Nesse</p><p>sentido, assinale a alternativa correta.</p><p>a) Ato coator praticado por Ministro de Estado que viole direito líquido e certo do impetrante não</p><p>amparado por habeas corpus e habeas data caberá o uso do Mandado de Segurança a ser</p><p>impetrado no Supremo Tribunal Federal.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 51</p><p>82</p><p>b) As causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa</p><p>domiciliada ou residente no País são de competência do Supremo Tribunal Federal.</p><p>c) As causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida julgar válida lei ou</p><p>ato de governo local contestado em face de lei federal cabe Recurso Extraordinário ao Supremo</p><p>Tribunal Federal.</p><p>d) A competência é do Supremo Tribunal Federal processar e julgar originalmente a extradição</p><p>solicitada por Estado estrangeiro.</p><p>Comentários:</p><p>Letra A: errada. O cabimento do Mandado de Segurança nesse caso será de competência do STJ.</p><p>É o fundamento do art. 105, I, b, CRFB/88.</p><p>Letra B: errada. Trata-se de competência dos juízes federais e não do STF. Fundamento: art. 109,</p><p>II, CRFB/88</p><p>Letra C: errada. A competência é do STF nos casos de “lei ou ato de governo local contestado em</p><p>face desta Constituição”. (art. 102, III, c, CRFB/88) Em outra perspectiva, compete ao STJ mediante</p><p>Recurso Especial “julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal (art. 105, III,</p><p>b, CRFB/88)</p><p>Letra D: correta. Este é o gabarito! Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar,</p><p>originariamente, a extradição solicitada por Estado estrangeiro. (art. 102, I, g, CRFB/88)</p><p>13. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) De acordo com a CRFB/88, compete ao Supremo Tribunal</p><p>Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, não lhe cabendo processar e julgar,</p><p>originariamente:</p><p>a) o Presidente da República, nas infrações penais comuns.</p><p>b) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito</p><p>Federal ou o Território.</p><p>c) a extradição solicitada por Estado estrangeiro.</p><p>d) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias.</p><p>Comentários:</p><p>Letra A: errada. O STF tem competência para julgar o Presidente da República, nas infrações</p><p>penais comuns.</p><p>Letra B: errada. De fato, é processado e julgado pelo STF o litígio entre Estado estrangeiro ou</p><p>organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 52</p><p>82</p><p>Letra C: errada. Compete ao STF processar e julgar, originariamente, a extradição solicitada por</p><p>Estado estrangeiro.</p><p>Letra D: correta. Homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas</p><p>rogatórias é competência do STJ.</p><p>14. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) Em 2019, o Tribunal de Justiça do Estado X acabou proferindo</p><p>uma decisão que ganhou certa notoriedade nos meios de comunicação, em razão do valor</p><p>bilionário envolvido. Tecnicamente, o Tribunal acabou confirmando uma sentença proferida pelo</p><p>juiz de 1º grau em desfavor</p><p>da empresa X. Após o exaurimento dos recursos cabíveis nas instâncias</p><p>ordinárias, a equipe de advogados de empresa constatou que a decisão julgou válida uma lei local</p><p>contestada em face de lei federal. De acordo com o que assevera a Constituição Federal de 1988,</p><p>é correto afirmar que, preenchidos os demais requisitos processuais, a empresa poderá interpor:</p><p>a) recurso extraordinário endereçado ao Supremo Tribunal Federal.</p><p>b) recurso ordinário endereçado ao Superior Tribunal de Justiça.</p><p>c) reclamação constitucional no Supremo Tribunal Federal.</p><p>d) mandado de segurança no Superior Tribunal de Justiça.</p><p>Comentários:</p><p>Essa é uma questão um pouco mais difícil, pois recai no estudo da competência dos órgãos do</p><p>Poder Judiciário e dos instrumentos processuais. No caso em exame, diante do esgotamento das</p><p>vias recursais ordinárias, cabe um recurso de natureza excepcional. E, aqui, temos a previsão do</p><p>art. 102, III, alínea d, da CRFB/88. É o chamado Recurso Extraordinário. Olha só: III - julgar,</p><p>mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a</p><p>decisão recorrida: d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Gabarito letra A.</p><p>15. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) Em 2020, o juízo de primeira instância proferiu sentença em</p><p>desfavor de Pedro e o Tribunal de Justiça do Estado Y confirmou sentença. Exauridos os recursos</p><p>cabíveis perante as instâncias ordinárias, o advogado de Pedro constatou que a decisão julgou</p><p>válida lei local contestada em face de lei federal. Nesse sentido, considerando a divisão de</p><p>competências entre os órgãos jurisdicionais estabelecida CRFB/88, é correto afirmar que,</p><p>preenchidos os demais requisitos exigidos, poderia ser interposto:</p><p>a) recurso especial endereçado ao Superior Tribunal de Justiça.</p><p>b) recurso ordinário endereçado ao Superior Tribunal de Justiça.</p><p>c) reclamação constitucional no Supremo Tribunal Federal.</p><p>d) recurso extraordinário endereçado ao Supremo Tribunal Federal.</p><p>Comentários:</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 53</p><p>82</p><p>Diante da decisão que julgar válida lei local contestada em face de lei federal é cabível o recurso</p><p>extraordinário a ser endereçado ao Supremo Tribunal Federal. Art. 102, CF/88: Compete ao</p><p>Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: III - julgar,</p><p>mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a</p><p>decisão recorrida: d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.</p><p>Gabarito letra D.</p><p>SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA</p><p>Agora, vamos partir para o estudo sobre o STJ. J</p><p>O STJ possui jurisdição no território nacional por completo. Assim como já foi explicado</p><p>anteriormente, ele é um órgão de superposição. Além disso, é um órgão de convergência, pois as</p><p>causas que envolvem as legislações infraconstitucionais processadas na Justiça Comum possuem</p><p>o Superior Tribunal de Justiça como a última instância.</p><p>Com a função de uniformizar a interpretação da legislação federal, a Corte surgiu com a</p><p>Constituição Federal de 1988. Sua composição deve ser de no mínimo 33 (trinta e três) Ministros,</p><p>sendo assim permitido pelo legislador constituinte que uma lei venha a estabelecer um número</p><p>maior de membros (art. 104 da CRFB/88).</p><p>Ainda temos estabelecido que a nomeação desses Ministros é realizada pelo Presidente da</p><p>República e efetivada apenas após a aprovação da escolha pela maioria absoluta do Senado. Os</p><p>nomeados além de preencherem os requisitos de nacionalidade e faixa etária exigida pela norma</p><p>constitucional (brasileiros natos ou naturalizados com mais de 35 e menos de 70 anos), devem ter</p><p>notável saber jurídico e uma reputação ilibada.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 54</p><p>82</p><p>Os quadros acima demonstram que os candidatos aos cargos devem ser magistrados, advogados</p><p>ou membros do Ministério Público. Isso evidencia que para compor o STJ é necessário ter a</p><p>graduação no curso de Direito.</p><p>Analisando o texto do art. 104 da CRFB/88, encontramos a formação de listas para indicar aqueles</p><p>com possibilidade de ocuparem as vagas.</p><p>Em relação as vagas que devem ser ocupadas por Advogados e Membros do Ministério Público,</p><p>o dispositivo constitucional faz referência ao art. 94 da CRFB/88. Dessa forma, tanto a OAB, quanto</p><p>o Conselho Superior do Ministério Público devem fazer as suas listas sêxtuplas (em que constam</p><p>os nomes dos indicados). Tais listas são encaminhadas ao STJ, que terá a atribuição de formar a</p><p>lista tríplice e enviar ao Presidente da República.</p><p>No entanto, quando estamos diante das vagas destinadas aos oriundos dos Tribunais (TRFs e TJs),</p><p>é preciso evidenciar que é o próprio STJ o responsável pela elaboração da lista tríplice</p><p>encaminhada ao Presidente da República.</p><p>“Estou meio confuso, professor. Poderia dar um exemplo?”</p><p>Claro! Caso um Ministro do STJ venha a se aposentar, primeiro é importante analisar qual vaga ele</p><p>ocupa. Se a vaga ocupada por ele for destinada a um juiz de TJ, caberá ao STJ elaborar uma lista</p><p>tríplice com nomes de juízes de TJs indicados. Após a Corte encaminhar a lista para o Presidente</p><p>da República, este selecionará um dos juízes para ser submetido a aprovação do Senado Federal.</p><p>Após todo o processo descrito e a aprovação, o indivíduo será nomeado Ministro (nomeação</p><p>realizada pelo Presidente da República).</p><p>•1/3 dos membros devem ser</p><p>nomeados dentre juízes dos</p><p>Tribunais Regionais Federais</p><p>(TRF`s).</p><p>1ª Condição</p><p>•1/3 dos membros devem ser</p><p>nomeados dentre</p><p>desembargadores dos</p><p>Tribunais de Justiça (TJ`s)</p><p>2ª Condição</p><p>•1/3 dos membros devem ser</p><p>nomeados, em partes iguais,</p><p>dentre advogados e</p><p>membros do Ministério</p><p>Público Federal, Estadual, do</p><p>Distrito Federal e Territórios,</p><p>alternadamente. Assim, 1/6</p><p>dos membros são</p><p>representantes da Advocacia</p><p>e 1/6 do Ministério Público.</p><p>3ª Condição</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 55</p><p>82</p><p>Enfim, igual ao que ocorre com o STF, o STJ possui competências originárias (quando este tribunal</p><p>é o responsável por realizar o primeiro exame da causa) e recursais. E será sobre isso que iremos</p><p>tratar no próximo tópico.</p><p>1.1 - Competências Originárias</p><p>No inciso I do art. 105 da CRFB/88 foram elencadas situações em que o STJ é o órgão competente</p><p>para ter o primeiro contato, conhecendo e julgando as causas.</p><p>Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:</p><p>I - processar e julgar, originariamente:</p><p>a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes</p><p>e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos</p><p>Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e</p><p>do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais</p><p>Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos</p><p>Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;</p><p>Na alínea “a” nos deparamos com a competência originária do STJ determinada pelo foro por</p><p>prerrogativa de função de algumas autoridades da seguinte forma:</p><p>ü Crimes comuns – cometidos pelos Governadores dos Estados e do Distrito</p><p>Federal.</p><p>ü Crimes comuns e de responsabilidade – praticados por desembargadores dos</p><p>TJs, membros dos TCEs, TCDF, TRFs, TREs, TRTs, dos Conselhos ou Tribunais de</p><p>Contas dos Municípios e membros do MPU que oficiem perante Tribunais.</p><p>“E no caso dos crimes de responsabilidade praticados por Governadores, professor?”</p><p>Tal regra consta na Lei nº 1.079/50 (editada pela União, já que de acordo com STF é dela a</p><p>competência para legislar sobre crime de responsabilidade). Na referida lei consta (§3º art. 78) que</p><p>caberá a um Tribunal especial, composto de 05 membros do Poder Legislativo (Estadual) e de 05</p><p>desembargadores (do TJ), sob a presidência do Presidente do Tribunal de Justiça local, que terá</p><p>direito</p><p>de voto no caso de empate.</p><p>Para facilitar olha o esquema J</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 56</p><p>82</p><p>STJ</p><p>GOVERNADOR</p><p>DESEMBARGADORES</p><p>DOS TJs</p><p>MEMBROS DOS TCEs</p><p>MEMBROS DOS TRFs,</p><p>TREs E TRTs</p><p>MEMBROS DOS TCMs</p><p>MEMBROS DO MPU</p><p>QUE OFICIEM</p><p>PERANTE TRIBUNAIS</p><p>CRIMES COMUNS</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 57</p><p>82</p><p>STJ</p><p>DESEMBARGADORES</p><p>DOS TJs</p><p>MEMBROS DOS</p><p>TCEs</p><p>MEMBROS DOS</p><p>TRFs, TREs E TRTsMEMBROS DOS TCMs</p><p>MEMBROS DO MPU</p><p>QUE OFICIEM</p><p>PERANTE TRIBUNAIS</p><p>TRIBUNAL</p><p>ESPECIAL GOVERNADOR</p><p>CRIMES DE RESPONSABILIDADE</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 58</p><p>82</p><p>• Governador</p><p>• Desembargadores dos TJs</p><p>• Membros dos TCEs</p><p>• Membros dos TRFs, TREs E TRTs</p><p>• Membros dos TCMs</p><p>• Membros do MPU que oficiem perante</p><p>tribunais</p><p>Crime Comum - STJ</p><p>• Desembargadores dos TJs</p><p>• Membros dos TCEs</p><p>• Membros dos TRFs, TREs E TRTs</p><p>• Membros dos TCMs</p><p>• Membros do MPU que oficiem perante</p><p>tribunais</p><p>Crime de</p><p>Responsabilidade - STJ</p><p>• Governador</p><p>Crime de</p><p>Responsabilidade -</p><p>Tribunal Especial</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 59</p><p>82</p><p>Autoridade Crime Comum Crime de Responsabilidade</p><p>Governador STJ Tribunal Especial</p><p>Desembargadores dos TJs STJ STJ</p><p>Membros dos TCEs STJ STJ</p><p>Membros dos TRFs, TREs e TRTs STJ STJ</p><p>Membros dos TCMs STJ STJ</p><p>Membros do MPU que oficiem perante</p><p>tribunais</p><p>STJ STJ</p><p>b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado,</p><p>dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio</p><p>Tribunal;</p><p>O detalhe que chama atenção aqui é o fato da impetração tanto do mandado de segurança quanto</p><p>do habeas data contra ato do STJ ocorrer no próprio STJ. Há então a demonstração a seguinte</p><p>regra aplicada aos dois remédios: se o objeto for ato de Tribunal devem ser impetrados no próprio</p><p>Tribunal.</p><p>E olha que interessante, havendo uma decisão denegatória proferida pelo STJ na situação acima,</p><p>estaremos diante da possibilidade da parte recorrer perante o STF, por meio de um recurso</p><p>ordinário (“a” do II do art. 102 da CRFB/88).</p><p>c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas</p><p>mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição,</p><p>Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica,</p><p>ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;</p><p>O dispositivo ao se referir ao habeas corpus deixa expresso que a competência do STJ para</p><p>processar e julgar originariamente o remédio constitucional é determinado pela autoridade</p><p>coatora ou paciente.</p><p>Primeiro ocorre uma referência à alínea “a”. Isso significa que, caberá ao STJ o processamento e</p><p>julgamento do HC se estivermos diante das seguintes figuras na posição de coator ou paciente:</p><p>ü Governador de Estado e do DF;</p><p>ü Desembargadores dos TJs;</p><p>ü Membros dos TCEs e do TCDF;</p><p>ü Membros dos TRFs, TREs, TRTs;</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 60</p><p>82</p><p>ü Membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios;</p><p>ü Membros do MPU que oficiem perante Tribunais.</p><p>Na segunda parte da alínea, chamo a atenção para não ocorrer a confusão com a competência do</p><p>STF. Isso porque o que definirá a competência para julgar e processar o HC será definida pela</p><p>posição que Ministros de Estado e Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica ocupam no</p><p>referido remédio.</p><p>Para explicar melhor, segue o esquema abaixo:</p><p>d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no</p><p>art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes</p><p>vinculados a tribunais diversos;</p><p>Vamos para mais um esquema que facilitará o entendimento da norma constitucional! J Ao</p><p>analisar o texto acima temos o seguinte detalhamento:</p><p>Ministros de Estado e</p><p>Comandantes do</p><p>Exército, Marinha e</p><p>Aeronáutica</p><p>Autoridade coatora STJ</p><p>Paciente STF (art. 102, I, "d", da</p><p>CRFB/88)</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 61</p><p>82</p><p>e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;</p><p>f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade</p><p>de suas decisões;</p><p>Chegamos a mais um dispositivo constitucional que trata da Reclamação Constitucional.</p><p>Entretanto, neste há a previsão da competência originária do STJ, para processar e julgar a</p><p>Reclamação Constitucional. Isso acontece quando o objetivo é a garantia da autoridade das</p><p>decisões do próprio Superior Tribunal de Justiça.</p><p>STJ</p><p>Conflito de competência</p><p>entre Tribunais (exceto</p><p>casos sujeitos a</p><p>competência do STF)</p><p>Ex: conflito</p><p>entre TJs ou</p><p>entre TRTs</p><p>Atenção!! Conflito entre</p><p>STJ e demais tribunais,</p><p>entre Tribunais Superiores</p><p>ou entre Tribunais</p><p>Superiores e outros</p><p>tribunais compete ao STF.</p><p>Conflito de competência</p><p>entre tribunal e juízes a</p><p>ele não vinculados</p><p>Ex: conflito entre juiz de</p><p>Direito e um TRF ou</p><p>entre um juiz federal e</p><p>um TJ.</p><p>Tribunal (TRF) X Juiz a</p><p>ele vinculado (juiz</p><p>federal) não é conflito</p><p>de competência.</p><p>Estamos diante de</p><p>subordinação</p><p>hierarquica.</p><p>Conflitos de</p><p>competência entre</p><p>juízes vinculados a</p><p>diferentes tribunais</p><p>Ex: conflito entre um juiz</p><p>federal vinculado ao TRF</p><p>e um juiz do trabalho,</p><p>que é ligado ao TRT.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 62</p><p>82</p><p>g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da</p><p>União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou</p><p>do Distrito Federal, ou entre as deste e da União;</p><p>Além de alguns conflitos de competência, o STJ é responsável por resolver alguns conflitos de</p><p>atribuições.</p><p>“E qual é a diferença, professor?”</p><p>O conflito de competência é o mesmo que conflito de jurisdição, ou seja, acontece entre dois ou</p><p>mais órgãos/autoridades judiciárias. Já o conflito de atribuições acontece entre órgão ou</p><p>autoridades administrativas e órgãos ou autoridades judiciárias.</p><p>Na alínea “g” encontramos a competência do STJ para processar e julgar determinados conflitos</p><p>de atribuições.</p><p>Atenção!!!! Cuidado com a alteração de entendimento do STF em relação aos conflitos de</p><p>atribuições entre MPEs ou entre MPF e MPE. Desde 2016 o Supremo entendia que tais casos</p><p>seriam decididos pelo Procurador-Geral da República. Entretanto, a partir de 2020, a Corte decidiu</p><p>que “compete ao CNMP dirimir conflitos de atribuições entre membros do MPF e de Ministérios</p><p>Públicos estaduais” 18.</p><p>h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for</p><p>atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou</p><p>indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos</p><p>18 STF. Plenário. ACO 843/SP, Rel. para acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 05/06/2020</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 63</p><p>82</p><p>órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça</p><p>Federal;</p><p>O mandado de injunção também pode ser impetrado diretamente no STJ. Entretanto, o texto</p><p>constitucional fez com que essa competência fosse residual, pois limitou bastante tal possibilidade.</p><p>Isso porque determinou que entre as situações mencionadas estão excluídas aquelas que</p><p>pertencentes a competência do Supremo e dos órgãos da Justiça Militar, Eleitoral, do trabalho e</p><p>Justiça Federal.</p><p>Note que, por exemplo, se a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente</p><p>da República, do CN, da CD, do SF, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do TCU, de um</p><p>dos Tribunais Superiores, ou do STF, caberá ao Supremo e não ao STJ o julgamento do mandado</p><p>de injunção (“q” do I do art.102 da CRFB/88).</p><p>“E quando caberia ao STJ, professor?”</p><p>Quando estamos diante de uma omissão legislativa de um Ministro de Estado, por exemplo.</p><p>i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas</p><p>rogatórias;</p><p>A alínea “i” trouxe dois instrumentos de cooperação judiciária internacional: a homologação de</p><p>sentença estrangeira e a carta rogatória.</p><p>A competência para homologar uma sentença estrangeira e para conceder o exequatur à carta</p><p>rogatória já foi do STF. No entanto, a EC nº 45/2004 mudou o texto constitucional e desde então</p><p>o STJ passou a ser o competente para tal.</p><p>A homologação do STJ é necessária para que uma sentença estrangeira tenha validade no nosso</p><p>país e assim poder ser executada. Então, caso um tribunal de outro país venha a sentenciar um</p><p>brasileiro residente no brasil, essa decisão só terá eficácia aqui a partir da sua homologação.</p><p>Já a carta rogatória é utilizada quando um país precisa de auxílio de outro na sua instrução</p><p>processual.</p><p>“Pode explicar melhor, professor?”</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 64</p><p>82</p><p>Por exemplo, quando uma autoridade judiciária estrangeira precisa da cooperação da autoridade</p><p>judiciária do Brasil para o cumprimento de uma citação, enviará uma carta rogatória. Para que a</p><p>carta seja executada, é necessário que o STJ conceda o exequatur.</p><p>1.2 - Competências Recursais</p><p>São dois os recursos apresentados perante o STJ: recurso ordinário e recurso especial.</p><p>Ä Recurso Ordinário</p><p>Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:</p><p>(…)</p><p>II - julgar, em recurso ordinário:</p><p>a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais</p><p>Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,</p><p>quando a decisão for denegatória;</p><p>b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais</p><p>Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,</p><p>quando denegatória a decisão;</p><p>c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional,</p><p>de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;</p><p>No dispositivo acima encontramos três situações em que são cabíveis apresentar recurso ordinário</p><p>no STJ.</p><p>A primeira delas ocorre quando um habeas corpus impetrado no TRF ou TJ foi negado, ou seja,</p><p>houve uma decisão denegatória do Tribunal. Assim, caso um juiz federal pratique um ato e contra</p><p>esse venha a ser impetrado um HC, o remédio será julgado pelo TRF. Se a decisão do Tribunal for</p><p>denegatória, a parte pode recorrer ao STJ, por meio de um recurso ordinário.</p><p>A segunda situação envolve o mandado de segurança julgado pelo TRF ou TJ. Aqui também só</p><p>caberá um recurso ordinário perante o STJ, se a decisão proferida pelo tribunal for denegatória.</p><p>Na terceira e última alínea é preciso ter cuidado para não confundir com a competência do STF</p><p>que já estudamos na alínea “e” do I do art. 102 da CRFB/88. O dispositivo trata de causas em que</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 65</p><p>82</p><p>de um lado é parte um Estado estrangeiro ou organismo internacional e do outro a União, Estado,</p><p>DF ou Território.</p><p>Notou a diferença? A alínea “c” se refere ao recurso ordinário apresentado contra decisões</p><p>proferidas em causas com as seguintes partes em lados contrários: um Estado estrangeiro ou</p><p>organismo internacional e um Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.</p><p>Vale destacar que tal recurso ordinário é apresentado contra sentenças proferidas por juízes</p><p>federais, já que tais causas são da competência originária deles (III do art. 109 da CRFB/88). Assim,</p><p>nem passam por um Tribunal Regional Federal antes de chegar no STJ.</p><p>Ä Recurso Especial</p><p>É por meio do recurso especial que o STJ traz uma uniformidade na interpretação da legislação</p><p>federal, exercitando a sua função de “guardião” do direito objetivo federal.</p><p>As hipóteses em que são cabíveis recurso especial para o STJ constam no III do art. 105 da CRFB/88</p><p>transcrito abaixo:</p><p>Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:</p><p>(...)</p><p>III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância,</p><p>pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:</p><p>a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;</p><p>b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;</p><p>c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro</p><p>tribunal.</p><p>Assim como vimos no recurso extraordinário, o recurso especial precisa cumprir determinados</p><p>requisitos para ser admitido:</p><p>O objeto do Recurso Especial deve ser uma decisão proferida em última ou única</p><p>instância por um TRF ou TJ.</p><p>Não estão inclusas no dispositivo constitucional as decisões proferidas por Turmas</p><p>Recursais, já que o objeto do REsp se limita a decisão de Tribunal. E para que não</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 66</p><p>82</p><p>houvesse mais dúvidas, o STJ estabeleceu na súmula 203 que: “não cabe recurso</p><p>especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados</p><p>Especiais”.</p><p>Prequestionamento</p><p>É necessário que o Tribunal de instância inferior já tenha apreciado a matéria federal</p><p>que está sendo levada para o STJ por meio do REsp.</p><p>A presença de uma controvérsia envolvendo a lei federal.</p><p>O conteúdo do dispositivo constitucional deixa evidente que o objeto do REsp</p><p>sempre compreende debate sobre lei federal.</p><p>Relevância das questões de direito federal infraconstitucional discutidas no caso</p><p>O Congresso Nacional aprovou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que</p><p>alterou o art. 105 da Constituição Federal. A Emenda Constitucional nº 125/2022</p><p>incluiu os parágrafos 2º e 3º. Com a alteração, a admissibilidade do Recurso Especial</p><p>passou a ter algumas restrições. Os novos requisitos de admissibilidade objetivam</p><p>impedir a interposição exagerada do RESP.</p><p>No Recurso Especial, o recorrente deve demonstrar a relevância das questões de</p><p>direito federal infraconstitucional discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que</p><p>a admissão do recurso seja examinada pelo Tribunal, o qual somente pode dele não</p><p>conhecer com base nesse motivo pela manifestação de 2/3 (dois terços) dos membros</p><p>do órgão competente para o julgamento.</p><p>De acordo com o §3º do art. 105 da CF, haverá a relevância nos seguintes casos:</p><p>1. ações penais;</p><p>2. ações de improbidade administrativa;</p><p>3. ações cujo valor da causa ultrapasse 500 (quinhentos) salários mínimos;</p><p>4. ações que possam gerar inelegibilidade;</p><p>5. hipóteses em que o acórdão recorrido contrariar jurisprudência dominante do</p><p>Superior Tribunal de Justiça;</p><p>6. outras hipóteses previstas em lei.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 67</p><p>82</p><p>Ä Incidente de Deslocamento de Competência ou Federalização de Graves Violações de Direitos</p><p>Humanos</p><p>Muita atenção aqui, pessoal! Esse foi tema recente na prova da OAB!!!</p><p>O incidente de deslocamento de competência ou federalização de graves violações de direitos</p><p>humanos é a ação que possibilita que um processo ou inquérito do âmbito estadual seja deslocado</p><p>para o âmbito federal.</p><p>O único que possui legitimidade para requerer o deslocamento é o Procurador-Geral da República</p><p>(titular da ação). Dessa forma, cabe a ele apresentar a ação perante o STJ.</p><p>Apesar de o legislador constituinte tratar sobre este incidente no art. 109, que aborda as</p><p>competências da Justiça Federal, o seu §5º merece ser trabalhado neste ponto da aula. Afinal, este</p><p>detalha o que de fato motiva o deslocamento da competência para o Superior Tribunal de Justiça.</p><p>Olha o dispositivo transcrito abaixo:</p><p>Art. 109 §5º nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-</p><p>Geral da República, com a finalidade de assegurar</p><p>o cumprimento de obrigações</p><p>decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja</p><p>parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase</p><p>do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a</p><p>Justiça Federal</p><p>16. (FGV / XII Exame de Ordem Unificado – 2013) Nos termos da Constituição Federal, assinale a</p><p>alternativa que apresenta competência(s) do Superior Tribunal de Justiça.</p><p>a) Processar e julgar, originariamente, os mandados de segurança contra ato do Comandante da</p><p>Marinha.</p><p>b) Julgar as ações contra o Conselho Nacional do Ministério Público.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 68</p><p>82</p><p>c) Julgar e processar, originariamente, litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional</p><p>e a União, os Estados, o Distrito Federal ou os Territórios.</p><p>d) Julgar, mediante recurso, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão</p><p>recorrida julgar válida lei local contestada em face de lei federal.</p><p>Comentários:</p><p>Letra A: correta. O mandado de segurança contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes</p><p>da Marinha, do Exército e da Aeronáutico é processado e julgado pelo Superior Tribunal de Justiça</p><p>(STJ). O gabarito é a letra A.</p><p>Letra B: errada. As ações contra o CNJ e contra o CNMP são processadas e julgadas pelo STF.</p><p>Letra C: errada. Compete ao STF julgar e processar, originariamente, litígio entre Estado</p><p>estrangeiro ou organismo internacional e a União, os Estados, o Distrito Federal ou os Territórios.</p><p>Letra D: errada. Essa é uma hipótese de recurso extraordinário, julgado pelo STF.</p><p>17. (FGV / VIII Exame de Ordem Unificado – 2012) A competência para processar e julgar</p><p>originariamente Governador de Estado por crime comum é do:</p><p>a) Supremo Tribunal Federal.</p><p>b) Superior Tribunal de Justiça.</p><p>c) Órgão Especial do Tribunal de Justiça.</p><p>d) Juízo Criminal da capital onde se situa o Tribunal de Justiça do Estado respectivo.</p><p>Comentários:</p><p>Nos crimes comuns, os Governadores de Estado são processados e julgados pelo Superior Tribunal</p><p>de Justiça (STJ) (art. 105, i, a, CRFB/88). Gabarito letra B.</p><p>18. (FGV / III Exame de Ordem Unificado – 2011) Um juiz federal proferiu uma sentença em</p><p>processo relativo a crime político e outra sentença em processo movido por Estado estrangeiro</p><p>contra pessoa residente no Brasil. Os recursos interpostos contra essas duas sentenças serão</p><p>julgados pelo:</p><p>a) STF, no primeiro caso, e pelo TRF, no segundo caso.</p><p>b) TRF em ambos os casos.</p><p>c) STF, no primeiro caso, e pelo STJ, no segundo caso.</p><p>d) TRF, no primeiro caso, e pelo STF, no segundo caso.</p><p>Comentários:</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 69</p><p>82</p><p>O STF tem competência para julgar, em recurso ordinário, o crime político. Já o STJ tem</p><p>competência para julgar, em recurso ordinário, as causas em que forem partes Estado estrangeiro</p><p>ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada</p><p>no País. O gabarito é a letra C.</p><p>19. (FGV / VII Exame de Ordem Unificado – 2012) Esculápio da Silva, advogado, candidata-se</p><p>à vaga destinada ao Quinto Constitucional no Tribunal de Justiça do Estado W, logrando obter</p><p>aprovação, é nomeado pelo Governador do Estado. Um ano após, candidata-se à vaga surgida</p><p>pela aposentadoria de Desembargador estadual no Superior Tribunal de Justiça, vindo a ser</p><p>escolhido. Diante de tal enunciado, revela-se correto afirmar:</p><p>a) No Superior Tribunal de Justiça existem vagas destinadas a Desembargador oriundo dos</p><p>Tribunais de Justiça, desde que magistrados de carreira.</p><p>b) A divisão de vagas no Superior Tribunal de Justiça permite o ingresso através de três origens:</p><p>Desembargadores estaduais, Juízes dos Tribunais Regionais Federais e Advogados.</p><p>c) O Advogado oriundo do Quinto Constitucional nos Tribunais de Justiça concorre como</p><p>magistrado para ocupar vagas no Superior Tribunal de Justiça.</p><p>d) O ocupante do Quinto Constitucional poderá concorrer à vaga existente no Superior Tribunal</p><p>de Justiça na vaga destinada aos advogados.</p><p>Comentários:</p><p>Letra A: errada. Pegadinha! Um terço (1/3) dos membros do STJ devem ser nomeados dentre</p><p>Desembargadores dos Tribunais de Justiça. No entanto, estes não precisam ser magistrados de</p><p>carreira.</p><p>Letra B: errada. Também há vagas no STJ destinadas a membros do Ministério Público.</p><p>Letra C: correta. Questão excelente, pessoal! É possível que algum advogado tenha se tornado</p><p>Desembargador de TJ em virtude da regra do “quinto constitucional”. Esse Desembargador</p><p>poderá se tornar membro do STJ, concorrendo dentro das vagas destinadas aos</p><p>Desembargadores de TJ´s.</p><p>Letra D: errada. O membro de Tribunal (TRF ou TJ) oriundo do “quinto constitucional” poderá</p><p>concorrer às vagas no STJ destinadas aos Desembargadores de TJ ou aos membros de TRF.</p><p>20. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) No exercício de 2019, o Tribunal de Justiça do Estado Alfa</p><p>concedeu uma decisão muito interessante. Analisando os aspectos processuais, entendeu que</p><p>não era autorizado a julgar a demanda processual, tendo em vista que a matéria competia ao TRF</p><p>com jurisdição no território do Estado Alfa. Este último Tribunal, ao receber os autos, acabou</p><p>tendo entendimento oposto ao proferido pelo Tribunal de Justiça. Nesse sentido, entendeu que</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 70</p><p>82</p><p>a causa deveria sim ser apreciada pelo TJ. De acordo com a sistemática Constitucional, é possível</p><p>afirmar que a questão se trata de um conflito:</p><p>a) de competência, a ser dirimido pelo Supremo Tribunal Federal;</p><p>b) administrativo-jurisdicional, a ser resolvido pelo Conselho Nacional de Justiça;</p><p>c) de competência, a ser dirimido pelo Superior Tribunal de Justiça;</p><p>d) federativo, a ser resolvido pelo Supremo Tribunal Federal;</p><p>Comentários:</p><p>Na situação apresentada, está ocorrendo um conflito de competência entre um Tribunal de Justiça</p><p>e um Tribunal Regional Federal. Esse conflito deverá ser dirimido pelo STJ (Superior Tribunal de</p><p>Justiça). Isso porque o art. 105, I, “d”, estabelece que compete ao STJ processar e julgar,</p><p>originariamente, os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvados os conflitos de</p><p>competência envolvendo Tribunais Superiores. O gabarito é a letra C.</p><p>21. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) Fernando, Promotor de Justiça há sete anos, desde criança</p><p>sempre sonhou em ser magistrado. Com relação à participação dos membros do Ministério</p><p>Público na composição dos tribunais, conforme previsão constitucional, em especial no que diz</p><p>respeito ao possível caminho a ser percorrido para que seu sonho se concretize, é correto afirmar</p><p>que:</p><p>a) Fernando poderá, através do quinto constitucional, concorrer à vaga reservada ao Ministério</p><p>Público para ocupar o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal após completar cinco anos</p><p>de carreira ministerial.</p><p>b) Fernando poderá, através do terço constitucional, após completar dez anos de carreira</p><p>ministerial, concorrer à vaga reservada ao Ministério Público para ocupar o cargo de Ministro do</p><p>Superior Tribunal de Justiça.</p><p>c) Fernando poderá, através do quinto constitucional, concorrer à vaga reservada ao Ministério</p><p>Público para ocupar o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça, independentemente do</p><p>tempo de carreira ministerial.</p><p>d) Fernando poderá, através do terço constitucional, concorrer à vaga reservada ao Ministério</p><p>Público para ocupar o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça, mesmo exercendo o cargo</p><p>de Promotor de Justiça, desde que tenha mais de cinco anos de carreira.</p><p>Comentários:</p><p>Atenção ao art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três</p><p>Ministros. Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo</p><p>Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de setenta anos,</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 71</p><p>82</p><p>de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta</p><p>do Senado Federal, sendo:</p><p>II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal,</p><p>Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.</p><p>Gabarito Letra B.</p><p>22. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) Simone impetrou um mandado de segurança contra ato ilegal</p><p>de autoridade estatal, por meio da Defensoria Pública. Porém, o requerimento foi indeferido por</p><p>unanimidade pelo Tribunal de Justiça, órgão competente para conhecer originalmente do pedido.</p><p>A Defensoria Pública avaliou o acórdão proferido como manifestamente contrário à ordem</p><p>constitucional. Com base na Constituição da República de 1988, o acórdão proferido, uma vez</p><p>preenchidos os demais requisitos previstos em lei, pode ser impugnado via:</p><p>a) Recurso ordinário a ser julgado pelo Superior Tribunal de Justiça.</p><p>b) Recurso especial a ser julgado pelo Superior Tribunal de Justiça.</p><p>c) Recurso ordinário a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.</p><p>d) Recurso extraordinário a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.</p><p>Comentários:</p><p>Pessoal, a resposta encontra fundamento no art. 105, II, alínea “b” da CRFB/88. Temos o</p><p>cabimento de um Recurso Ordinário Constitucional – ROC.</p><p>Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: II - julgar, em recurso ordinário: b) os mandados</p><p>de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais</p><p>dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão.</p><p>Gabarito Letra A.</p><p>23. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) Sabrina é brasileira naturalizada e, atualmente, conta com 32</p><p>anos de idade. Logo após se formar em Direito, iniciou sua carreira de advogada em um renomado</p><p>escritório, onde ficou conhecida não só por seu sólido saber jurídico, mas também pela conduta</p><p>impecável no meio em que atua há 10 anos. O Presidente da República, impressionado com o</p><p>perfil profissional de Sabrina, decide imediatamente nomeá-la como Ministra do Superior Tribunal</p><p>de Justiça. À luz das disposições constitucionais pertinentes, pode-se dizer que Sabrina:</p><p>a) poderá ser nomeada como Ministra ao completar 35 anos de idade, já que um quinto das vagas</p><p>do Tribunal são reservadas a membros do Ministério Público e da advocacia.</p><p>b) somente poderá ser nomeada após a aprovação do Senado Federal, por maioria absoluta.</p><p>c) ainda que tivesse atingido a idade mínima para ocupar o cargo, o Presidente não poderia tê-la</p><p>nomeado sem a participação da entidade de classe correspondente.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 72</p><p>82</p><p>d) poderá ocupar o cargo, já que os Ministros do STJ, brasileiros natos ou naturalizados, serão</p><p>livremente escolhidos pelo Presidente, desde que possuam notórios conhecimentos jurídicos e</p><p>reputação ilibada.</p><p>Comentários:</p><p>Com base no Art. 104 CRFB/88: “O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta</p><p>e três Ministros.</p><p>Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da</p><p>República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de setenta anos, de notável saber</p><p>jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado</p><p>Federal, sendo:</p><p>I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores</p><p>dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;</p><p>II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal,</p><p>Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.”</p><p>Atenção também ao art. 94 da CRFB/88: “Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais,</p><p>dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do</p><p>Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e</p><p>de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista</p><p>sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.</p><p>Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder</p><p>Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação.”</p><p>Gabarito Letra C.</p><p>24. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) Em janeiro de 2019, a mídia noticiou uma violenta chacina</p><p>ocorrida no Estado X. Centenas de crianças e mulheres foram torturadas e assassinadas em uma</p><p>comunidade de baixa renda, onde havia suspeita de trabalho escravo. Foi aberto um inquérito</p><p>policial para a investigação dos fatos. Após um mês dos fatos descritos, as autoridades</p><p>mantiveram-se inertes, demonstrando clara omissão quanto ao caso. Por outro lado, os meios</p><p>internacionais de comunicação deram grande relevância ao caso, afirmando que o Estado X é</p><p>incapaz de assegurar a proteção aos direitos humanos assegurados em tratados internacionais</p><p>dos quais o Brasil é um país signatário. De acordo com o sistema constitucional brasileiro, assinale</p><p>a alternativa correta.</p><p>a) Diante da clara violação dos direitos humanos é possível o descolamento de competência da</p><p>Justiça Comum para Justiça Federal. Apenas o Presidente da República pode suscitar a aplicação</p><p>do instituto.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 73</p><p>82</p><p>b) Diante da clara violação dos direitos humanos é possível o descolamento de competência da</p><p>Justiça Comum para Justiça Federal. Apenas o Procurador Geral da República pode suscitar a</p><p>aplicação do instituto.</p><p>c) Diante da clara violação dos direitos humanos é possível o descolamento de competência da</p><p>Justiça Comum para Justiça Federal. O Procurador Geral da República e o Presidente da República</p><p>podem suscitar a aplicação do instituto.</p><p>d) Não é possível o deslocamento de competência no caso apresentado.</p><p>Comentário:</p><p>A Emenda Constitucional nº 45/2004 trouxe a chamada federalização dos crimes contra os direitos</p><p>humanos. Consiste na possibilidade de deslocamento de competência da Justiça Comum para a</p><p>Justiça Federal, quando ficar configurada grave violação dos direitos humanos. A previsão está no</p><p>artigo 109, §5º, da CF/88. Apenas o Procurador Geral da República pode suscitar a aplicação do</p><p>instituto.</p><p>Gabarito letra B.</p><p>25. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) Dona Maria soube que a indígena Alira que morava numa</p><p>reserva próxima a sua fazenda inventou uma fofoca que afetou sua integridade moral. Diante de</p><p>tal circunstância, Maria dirigiu-se à reserva indígena e desferiu diversas facadas contra a índia com</p><p>a intenção de matar. Ocorre que Alira sobreviveu. O processo contra Maria começou a tramitar</p><p>na Justiça Federal. O juiz federal entendeu ser incompetente para julgar esse caso e encaminhou</p><p>os autos ao juiz de direito e este também entendeu ser incompetente. Diante do caso narrado,</p><p>assinale a alternativa correta.</p><p>a) Por se tratar de evidente conflito negativo de competência entre órgãos vinculados a tribunais</p><p>diversos, a competência será do TJ.</p><p>b) Por se tratar de evidente conflito negativo de competência entre órgãos vinculados a tribunais</p><p>diversos, a competência será do TRF.</p><p>c) Por se tratar de evidente conflito negativo de competência entre órgãos vinculados a tribunais</p><p>diversos, a competência será do STJ.</p><p>d) por se tratar de evidente conflito negativo de competência entre órgãos vinculados a tribunais</p><p>diversos, a competência será do STF.</p><p>Comentários:</p><p>Questão interessante, pessoal! Por se tratar de evidente conflito negativo de competência entre</p><p>órgãos vinculados a tribunais diversos, a competência será do STJ nos termos do que dispõe art.</p><p>105, I, d, CRFB/88.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 74</p><p>82</p><p>Vale ressaltar que</p><p>estamos diante de crime doloso contra a vida. Assim, o caso deverá ser julgado</p><p>pelo Tribunal do Júri, no âmbito da justiça estadual comum. Muito embora a vítima seja uma índia,</p><p>o caso não está relacionado a disputa de direitos indígenas, razão pela qual não seria competência</p><p>da Justiça Federal na previsão do art. 109, XI da CRFB/88.</p><p>Gabarito Letra C.</p><p>JUSTIÇA FEDERAL</p><p>Partiremos agora para os estudos da Justiça Federal que é composta por: Tribunais Regionais</p><p>Federais (órgão colegiados que representam o segundo grau de jurisdição), e os Juízes Federais</p><p>(órgão singulares que representam o primeiro grau).</p><p>1 - Tribunais Regionais Federais</p><p>A Carta Magna estabelece que o funcionamento dos TRFs poderá ocorrer de forma</p><p>descentralizada.</p><p>E como é isso, professor?</p><p>A EC nº 45/2004 trouxe a previsão das Câmaras Regionais e da instalação da justiça itinerante.</p><p>No caso das Câmaras, existe uma permissão para a sua criação por parte dos TRFs. O objetivo foi</p><p>assegurar o pleno acesso à justiça em toda e qualquer fase do processo (reforçando a democracia).</p><p>Afinal, por meio delas, os Tribunais passam a trabalhar mais próximos dos seus jurisdicionados,</p><p>promovendo um maior acesso ao Judiciário.</p><p>Já a instalação da justiça itinerante visa facilitar o acesso à Justiça daqueles que não estão tão</p><p>próximos dos grandes centros. Por isso, o legislador constituinte determinou a realização de</p><p>audiências e demais funções da atividade jurisdicional nos limites territoriais da respectiva</p><p>jurisdição.</p><p>Entretanto, para a efetiva concretização da justiça itinerante é necessária a utilização dos</p><p>equipamentos públicos e comunitários, o que foi permitido pelo texto constitucional.</p><p>Após explicar o funcionamento descentralizado dos TRFs, vamos a composição! J</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 75</p><p>82</p><p>Ficou determinado que um TRF deve possuir, no mínimo, 7 (sete) juízes. Além disso, sempre que</p><p>possível, os juízes devem ser recrutados na respectiva região e o responsável pela nomeação é o</p><p>Presidente da República.</p><p>Para ocupar os cargos de juízes de um TRF, os nomeados precisam ser brasileiros com mais de 30</p><p>(trinta) e menos de 70 (setenta) anos.</p><p>Por fim, as vagas são distribuídas conforme tabela abaixo.</p><p>Vagas Características</p><p>1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional</p><p>e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de</p><p>carreira;</p><p>Os demais (quatro</p><p>quintos)</p><p>mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de</p><p>exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamente.</p><p>Ao chegarmos no art.108 da CRFB/88 nos deparamos com as competências originária e recursal</p><p>dos TRFs detalhadas da seguinte forma:</p><p>Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:</p><p>I - processar e julgar, originariamente:</p><p>a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da</p><p>Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do</p><p>Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;</p><p>b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes</p><p>federais da região;</p><p>c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal</p><p>ou de juiz federal;</p><p>d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal;</p><p>e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;</p><p>II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos</p><p>juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.</p><p>Além das competências acima, é importante lembrar do seguinte: tanto o STF, no Informativo 557,</p><p>quanto o STJ, por meio da súmula 428, firmaram o entendimento de que o conflito de competência</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 76</p><p>82</p><p>entre Juizado Especial Federal e juiz de primeiro grau da Justiça Federal da mesma Seção</p><p>Judiciária é decidido pelo TRF.</p><p>2 - Juízes Federais</p><p>O ingresso de um indivíduo no cargo de Juiz Federal depende de prévia aprovação em concurso</p><p>público. De acordo com o I do art. 93 da CRFB/88, caberá ao Tribunal Regional Federal a que</p><p>pertence o cargo que será ocupado realizar o concurso e a nomeação.</p><p>No art.109 da CRFB/88 transcrito abaixo o legislador constituinte determinou as competências dos</p><p>juízes federais. Vejamos!</p><p>Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:</p><p>I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal</p><p>forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto</p><p>as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça</p><p>do Trabalho;</p><p>II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou</p><p>pessoa domiciliada ou residente no País;</p><p>III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro</p><p>ou organismo internacional;</p><p>IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,</p><p>serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas</p><p>públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar</p><p>e da Justiça Eleitoral;</p><p>V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a</p><p>execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou</p><p>reciprocamente;</p><p>V-A - as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;</p><p>VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o</p><p>constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente</p><p>sujeitos a outra jurisdição;</p><p>VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade</p><p>federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 77</p><p>82</p><p>IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a</p><p>competência da Justiça Militar;</p><p>(...)</p><p>§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde</p><p>tiver domicílio a outra parte.</p><p>§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária</p><p>em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que</p><p>deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito</p><p>Federal.</p><p>§ 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça Federal em que</p><p>forem parte instituição de previdência social e segurado possam ser processadas</p><p>e julgadas na justiça estadual quando a comarca do domicílio do segurado não for</p><p>sede de vara federal. (EC º. 103/2019)</p><p>§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o</p><p>Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.</p><p>§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da</p><p>República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações</p><p>decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja</p><p>parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase</p><p>do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a</p><p>Justiça Federal.</p><p>Estas competências foram taxativamente previstas. Assim, apenas uma emenda constitucional é</p><p>capaz de realizar uma alteração.</p><p>Foi justamente o que aconteceu por meio da EC nº 103/2019 que modificou a redação do §3º do</p><p>art. 109. Modificação importante de ser lembrada e explicada aqui.</p><p>“Por qual motivo, prof.?”</p><p>Vou explicar! J</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 78</p><p>82</p><p>O texto original do dispositivo realizava uma delegação de competência quando uma causa em</p><p>que a instituição de previdência social e o segurado fossem partes contrárias e na comarca não</p><p>existisse vara federal. Havia uma permissão constitucional para que a</p><p>Justiça Estadual do domicílio</p><p>dos segurados ou beneficiários processassem esse tipo de ação.</p><p>No entanto, a alteração trouxe um novo texto para o §3º do art.109 da CRFB/88, que agora traz</p><p>para o legislador infraconstitucional uma faculdade. Dessa forma, a delegação da competência</p><p>previdenciária pode ocorrer desde que o legislador infraconstitucional a determine.</p><p>Sim, caro aluno! O constituinte possibilitou que lei autorize que a Justiça Estadual a processar e</p><p>julgar as causas envolvendo INSS e segurado (originariamente de competência da Justiça Federal)</p><p>se a comarca do domicílio do segurado não for sede de vara federal.</p><p>Em 2019, a Lei nº 13.876 foi editada e passou a regulamentar o dispositivo constitucional,</p><p>alterando art. 15 da Lei nº 5.010/66. A partir de então a delegação da competência previdenciária</p><p>passou a ser regulamentada, mas apenas passou a acontecer nas situações em que as comarcas</p><p>se localizem a mais de 70km de município sede de Vara Federal.</p><p>É assim que dispõe atualmente o art. 15, transcrito abaixo:</p><p>Art. 15. Quando a Comarca não for sede de Vara Federal, poderão ser processadas</p><p>e julgadas na Justiça Estadual: III - as causas em que forem parte instituição de</p><p>previdência social e segurado e que se referirem a benefícios de natureza</p><p>pecuniária, quando a Comarca de domicílio do segurado estiver localizada a mais</p><p>de 70 km (setenta quilômetros) de Município sede de Vara Federal;</p><p>Deve ser feito um destaque importante aqui, pois mesmo a Lei nº 13.876 sendo aprovada antes</p><p>da EC nº 103/19, sua vigência se iniciou em 01/01/2020, ou seja, após a EC 103/19 (que está em</p><p>vigor desde novembro/2019).</p><p>Não esqueça desse detalhe!! J</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 79</p><p>82</p><p>26. (FGV / XIII Exame de Ordem Unificado – 2014) Ângela, segurada da Previdência Social,</p><p>residente e domiciliada na comarca X, pretende ajuizar uma demanda contra o Instituto Nacional</p><p>do Seguro Social (INSS), pleiteando uma revisão de seus benefícios previdenciários. A comarca X</p><p>possui vara única da Justiça estadual, mas não é sede de vara federal. Contudo, a comarca vizinha</p><p>Y é sede de vara da justiça federal, com competência sobre as comarcas X, Y e Z. Considerando</p><p>a situação exposta, assinale a afirmativa correta.</p><p>a) A ação poderá ser ajuizada na Justiça estadual, perante a vara única da comarca X, cabendo</p><p>eventual recurso ao Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.</p><p>b) A ação deverá ser ajuizada na Vara Federal da comarca vizinha Y, que é sede de vara federal</p><p>com jurisdição sobre a comarca X.</p><p>c) A ação poderá ser ajuizada na Justiça estadual, perante a vara única da comarca X, cabendo</p><p>eventual recurso ao Tribunal de Justiça do Estado.</p><p>d) A ação deverá ser proposta diretamente no Tribunal Regional Federal que abrange o estado</p><p>onde se localiza a comarca X, em razão da matéria ser competência originária desse Tribunal.</p><p>Comentários:</p><p>Questão prática muito interessante. Vimos em aula que, segundo o art. 109, § 3º, “serão</p><p>processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários,</p><p>as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca</p><p>não seja sede de vara do juízo federal”. Nesse caso, o recurso cabível será sempre para o TRF na</p><p>área de jurisdição do juiz de primeiro grau. O gabarito é a letra A.</p><p>27. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) De acordo com o que dispõe a Constituição Federal de 1988</p><p>no tema das competências atribuídas aos órgãos do Poder Judiciário, analise as alternativas e</p><p>assinale a correta.</p><p>a) Compete ao STJ, nos crimes comuns, processar e julgar os Governadores de Estado.</p><p>b) Compete ao STJ, nas infrações penais comuns, julgar o Vice-Presidente da República.</p><p>c) Compete ao TRF julgar as causas e os conflitos envolvendo dois Estados da Federação.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 80</p><p>82</p><p>d) Compete ao STF julgar as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e</p><p>Município ou pessoa domiciliada ou residente no País.</p><p>Comentários:</p><p>Letra A: correta. Este é o nosso gabarito. Cabe ao STJ a competência para processar e julgar, nos</p><p>crimes comuns, os Governadores de Estado.</p><p>Letra B: errada. Cuidado. Essa competência é do STF para processar e julgar, nas infrações penais</p><p>comuns, o Presidente e o Vice-Presidente da República.</p><p>Letra C: errada. Os conflitos federativos entre estados da federação são processados e julgados</p><p>pelo STF.</p><p>Letra D: errada. É competência dos juízes federais julgar as causas entre Estado estrangeiro ou</p><p>organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País.</p><p>28. (ESTRATÉGIA OAB / INÉDITA) Pedro, fazendeiro, descobriu que sua mulher o havia traído</p><p>com um cidadão de etnia indígena que morava numa reserva próxima a sua fazenda. No mesmo</p><p>instante em que tomou ciência do fato, o fazendeiro dirigiu-se à reserva indígena e disparou dez</p><p>tiros contra o índio, que, no entanto, conseguiu sobreviver ao atentado. Com base no caso acima,</p><p>assinale a alternativa correta.</p><p>a) Compete a Justiça Federal julgar o crime.</p><p>b) Compete ao Tribunal do Júri julgar o crime.</p><p>c) Compete a Justiça Estadual julgar o crime.</p><p>d) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar o crime.</p><p>Comentários:</p><p>Pessoal, questão pegadinha!!! Tendo em vista se tratar de crime doloso contra a vida, o processo</p><p>deverá ser julgado pelo Tribunal do Júri, da justiça estadual comum. Isto porque, muito embora a</p><p>vítima seja um índio, o caso não está relacionado a disputa de direitos indígenas, razão pela qual</p><p>não seria competência da Justiça Federal na previsão do art. 109, XI da CRFB/88.</p><p>Gabarito Letra B.</p><p>29. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) Uma ação foi ajuizada na justiça federal de primeiro grau,</p><p>contra a Caixa Econômica Federal. O juiz da vara federal da seção judiciária correspondente</p><p>decidiu remeter os autos para o juizado especial federal da mesma seção judiciária. Este,</p><p>considerando-se incompetente para o julgamento da causa em razão de seu alto valor suscitou</p><p>conflito de competência perante o STJ. A esse respeito, aponte a alternativa correta:</p><p>a) A ação contra a Caixa deveria ter sido ajuizada na justiça estadual, e não federal, por se tratar</p><p>de pessoa jurídica de direito privado.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 81</p><p>82</p><p>b) O julgamento do conflito, por envolver atribuições entre tribunais do Poder Judiciário, caberia,</p><p>na realidade, ao STF.</p><p>c) Por ser a justiça federal sujeita à jurisdição do STJ, a este caberá, realmente, o julgamento do</p><p>conflito suscitado.</p><p>d) O STJ não deverá conhecer do conflito, o qual deveria ser decidido pelo próprio TRF.</p><p>Comentários:</p><p>Caberão aos Tribunais Regionais Federais julgar eventuais conflitos entre juízes federais a eles</p><p>vinculados, ou seja, quando houver divergência de atribuições entre órgãos de primeira instância</p><p>pertencentes ao mesmo Tribunal, caberá ao próprio TRF decidir a respeito (art. 108, I, e da CF).</p><p>Agora, por outro lado, o STJ ficará encarregado de resolver controvérsias entre órgãos</p><p>pertencentes a diferentes Tribunais (art. 105, I, d da CF). Assim, divergências entre tribunais ou</p><p>mesmo entre juízes vinculados a Tribunais distintos serão decididos pela Corte Superior de Justiça.</p><p>De acordo com o STF (Informativo 557): “Compete ao Tribunal Regional Federal o julgamento de</p><p>conflito de competência estabelecido entre Juizado Especial Federal e juiz de primeiro grau da</p><p>Justiça Federal da mesma Seção Judiciária”.</p><p>Esse entendimento foi seguido pelo STJ, que cancelou a súmula 348, editando logo em seguida</p><p>a súmula 428 com a seguinte redação: “Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos</p><p>de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária”.</p><p>Gabarito Letra D.</p><p>30. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) Suzane é juíza de direito</p><p>Pessoal, um último ponto para fecharmos esse tópico.</p><p>(...)</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 6</p><p>82</p><p>Além dos tribunais mencionados, o art. 92 da CRFB/88 determinou que o CNJ constitui a estrutura</p><p>do Poder Judiciário. Sua criação ocorreu com a EC nº. 45/2004 e assim como os demais órgãos</p><p>desse Poder, possui sede na capital federal.</p><p>Entretanto, diferente dos demais órgãos, o CNJ não exerce jurisdição. Na verdade, trata-se de</p><p>órgão de controle interno do Poder Judiciário, com a seguinte função: controle da atuação</p><p>administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos</p><p>juízes.</p><p>Por fim, conforme entendimento do Supremo, o Poder Judiciário é nacional e possui um regime</p><p>orgânico (estrutura) unitário, mesmo havendo espaço próprio de atuação para cada Justiça</p><p>(comum e especial) constitucionalmente estabelecido.1</p><p>2 - As garantias do Poder Judiciário</p><p>As garantias dadas ao Poder Judiciário pela CRFB/88 não foram previstas pelo legislador</p><p>constituinte visando fornecer privilégios aos magistrados, mas sim verdadeiras prerrogativas. Já</p><p>que por meio delas é assegurada uma atuação do referido Poder com independência e</p><p>imparcialidade, características cuja presença demonstra que as decisões judiciais são tomadas</p><p>livres de ingerência dos demais poderes.</p><p>Antes de explicar cada uma detalhadamente, destaco que o doutrinador José Afonso da Silva</p><p>dividiu tais garantias em 2 grupos:</p><p>1 ADI 3.367, rel. min. Cezar Peluso, j. 13-4-2005, P, DJ de 22-9-2006</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 7</p><p>82</p><p>Ä Garantias Institucionais (ou Garantias do Poder Judiciário)</p><p>Essas se encontram distribuídas ao longo do texto constitucional. Como por exemplo:</p><p>ü II do Art. 85 - constitui crime de responsabilidade do Presidente da República os atos</p><p>que atentam contra o livre exercício do Poder Judiciário;</p><p>ü Alínea “c”, I, §1º do art. 62 – veda que medida provisória discipline as garantias dos</p><p>magistrados;</p><p>ü I, §1º do art. 68 - lei delegada não pode disciplinar as garantias dos magistrados;</p><p>ü Art. 96 – traz a existência de uma autonomia orgânico-administrativa;</p><p>ü Art. 99 – dispõe sobre a autonomia financeira.</p><p>Entre as citadas acima, a autonomia orgânico-administrativa e financeira do Poder Judiciário são</p><p>as mais importantes. Por isso, vamos nos ater a elas.</p><p>O poder de autogoverno atribuído aos tribunais é a concretização da autonomia orgânico-</p><p>administrativa. De uma maneira geral, o Judiciário possui competência para: eleger seus órgãos</p><p>diretivos; elaborar regimento interno; organizar a estrutura administrativa interna.</p><p>Analisando o art. 96, o seu inciso I traz, diferente dos demais incisos, a expressão “tribunais”. Isso</p><p>significa que as atribuições definidas por esse inciso são direcionadas aos tribunais de segunda</p><p>instância (TJ, TRF, TRT e TRE), aos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE e STM) e inclusive ao</p><p>Supremo Tribunal Federal.</p><p>O inciso mencionado possui 06 alíneas, determinando a competência privativa das Cortes em</p><p>relação à matéria administrativa. Assim, compete privativamente aos tribunais prover os cargos de</p><p>juízes de carreira, aqueles necessários à administração da Justiça, conceder licença, férias e outros</p><p>afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhe forem imediatamente vinculados,</p><p>entre outros. Por isso, fica evidente que o legislador constituinte conferiu aos Tribunais</p><p>competência extensa em relação à matéria em questão.</p><p>Institucionais: Protegem O Judiciário Como Instituição</p><p>Funcionais Ou De Órgãos: Protegem Os Magistrados,</p><p>Individualmente Considerados</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 8</p><p>82</p><p>Já inciso II não abarca todo e qualquer tribunal, mas apenas o STF, Tribunais Superiores e Tribunais</p><p>de Justiça. Destaco que o dispositivo determina expressamente que a competência, desses</p><p>Tribunais, para propor projeto de lei precisa observar os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.</p><p>Cabe a eles:</p><p>ü A alteração do número de membros dos tribunais inferiores;</p><p>ü A criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos</p><p>juízos que lhes forem vinculados;</p><p>ü A fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores,</p><p>onde houver;</p><p>ü A criação ou extinção dos tribunais inferiores;</p><p>ü A alteração da organização e da divisão judiciárias.</p><p>Cuidado! “Propor ao Poder Legislativo” é expressão que significa</p><p>competência constitucional para iniciativa de projeto de lei. Ex: A iniciativa</p><p>de projeto de lei para a alteração da remuneração dos Ministros do STF</p><p>faz parte da competência privativa da Corte Suprema.</p><p>“E a autonomia financeira do Poder Judiciário, professor?”</p><p>Vamos tratar dela agora! J</p><p>De acordo com o §1º do art. 99, cabe aos tribunais a elaboração das suas propostas orçamentárias</p><p>dentro dos limites estabelecidos pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).</p><p>Entretanto, o §2º define que as propostas devem ser encaminhadas pelos Presidentes do STF e</p><p>dos Tribunais Superiores (no âmbito da União) e Presidentes do TJs (no âmbito dos Estados e DF).</p><p>Além disso, tal encaminhamento será direcionado para o Poder Executivo.</p><p>“Por que isso, professor? O certo não seria direcionar ao Poder Legislativo?”</p><p>Ah caro aluno, o artigo em questão deve ser lido conjuntamente com o art. 165 da CRFB/88. Já</p><p>que este último prevê que é o Poder Executivo o responsável pela iniciativa das leis orçamentárias.</p><p>Dessa forma, a conclusão é a seguinte: enquanto a elaboração cabe aos órgãos do Judiciário,</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 9</p><p>82</p><p>compete ao Poder Executivo a apresentação do projeto de Lei Orçamentária Anual ao Congresso</p><p>Nacional.</p><p>Ä Garantias Funcionais (ou Garantias dos Magistrados)</p><p>O legislador constituinte estabeleceu tais prerrogativas para que a independência e imparcialidade</p><p>dos magistrados, durante o exercício de suas funções, fossem preservadas. Características que são</p><p>essenciais para a concretização do direito ao acesso à Justiça. Vejamos a previsão constitucional:</p><p>Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:</p><p>I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de</p><p>exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do</p><p>tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial</p><p>transitada em julgado;</p><p>II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;</p><p>III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, §</p><p>4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.</p><p>Diante dos incisos mencionados temos como garantia: vitaliciedade, inamovibilidade e</p><p>irredutibilidade de subsídios.</p><p>Através da aquisição da vitaliciedade, o magistrado apenas perderá o cargo quando houver</p><p>sentença judicial transitada em julgado. Então, não basta a existência de um processo</p><p>administrativo para que haja o afastamento do juiz. Logo, é perceptível a proteção constitucional</p><p>ao cargo do juiz, que é preservado até quando as suas decisões não estiverem em conformidade</p><p>com os ideais daqueles que detêm o poder político-econômico.</p><p>Como mencionado, há uma aquisição da vitaliciedade e a forma que ela ocorre é o que</p><p>estudaremos agora.</p><p>Para entender sobre essa aquisição, devemos analisar como ela acontece para os juízes de carreira</p><p>e para aqueles que chegam à magistratura por meio da nomeação.</p><p>O juiz de carreira ingressa no cargo através de concurso público no primeiro grau. Aqui, o tempo</p><p>para adquirir a vitaliciedade é de 2 (dois) anos de exercício. Isso significa que, durante esse</p><p>período, o juiz se encontrará em estágio probatório. Assim, até que adquira a vitaliciedade, o juiz</p><p>pode perder o cargo com a simples deliberação do Tribunal a que pertence (resultante</p><p>e foi indicada, pelo Tribunal de Justiça</p><p>ao qual encontra-se vinculada, para compor o Conselho Nacional do Ministério Público. Aldo,</p><p>membro do Ministério Público Estadual, foi nomeado pelo Procurador-Geral da República como</p><p>integrante do mesmo Conselho. Ambos desejam exercer a função de Corregedor da instituição.</p><p>Com base no que determina a Constituição da República, pode-se concluir que:</p><p>a) Desde que sejam aprovados pela maioria absoluta do Senado Federal, ambos poderão compor</p><p>o CNMP.</p><p>b) A escolha de Aldo e a nomeação de Suzane seguiram o previsto na Constituição, sendo</p><p>permitidas, ainda, sucessivas reconduções ao cargo.</p><p>c) Ambos deveriam ter sido nomeados pelo Presidente da República, mas não poderiam ser</p><p>escolhidos para exercer a função de Corregedor, vez que tal atribuição pertence ao Procurador-</p><p>Geral da República.</p><p>d) Suzane deveria ter sido indicada pelo STF ou pelo STJ, mas Aldo não poderia ter sido nomeado</p><p>pelo PGR.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 82</p><p>82</p><p>Comentários:</p><p>O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) foi introduzido no texto constitucional por</p><p>meio da EC 45/04, que acrescentou o art. 130-A à seção referente ao Ministério Público. É órgão</p><p>de controle interno do Ministério Público, com atuação em todo o território nacional. Da mesma</p><p>forma que Conselho Nacional de Justiça, sua atuação é administrativa.</p><p>O órgão é composto por quatorze membros, nomeados pelo Presidente da República e</p><p>previamente sabatinados pelo Senado Federal, para exercer um mandato de dois anos, admitida</p><p>apenas uma única recondução.</p><p>O Conselho é estruturado e composto pelos seguintes membros:</p><p>1. Procurador-Geral da República: preside o CNMP, como membro nato;</p><p>2. 4 membros do MPU: deve ser assegurada a representação de todas as carreiras que o</p><p>compõem. Assim, os membros oriundos do MPU devem ser indicados pelas respectivas</p><p>instituições.</p><p>3. 3 membros do Ministério Público dos Estados, os quais deverão fazer a indicação, para que</p><p>o Presidente proceda à escolha.</p><p>4. 1 juiz indicado pelo Supremo Tribunal Federal;</p><p>5. 1 juiz indicado pelo Superior Tribunal de Justiça;</p><p>6. 2 advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;</p><p>7. 2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos</p><p>Deputados e outro pelo Senado Federal.</p><p>O Conselho elegerá, dentre seus membros, o Corregedor, ao qual é vedada a recondução ao</p><p>cargo.</p><p>Gabarito Letra D.</p><p>Ufa pessoal, concluímos mais uma etapa. Essa aula reconheço que foi difícil. (Rs)</p><p>Abs, Prof. Diego Cerqueira</p><p>de um</p><p>processo administrativo).</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 10</p><p>82</p><p>Vamos a um exemplo para facilitar?</p><p>Um sujeito X, ao ser aprovado no concurso de Juiz do Rio de Janeiro, tomou posse incialmente do</p><p>chamado cargo de Juiz-Substituto. A partir de então, o seu estágio probatório começará. Portanto,</p><p>no decorrer de 02 anos, é permitido que, por meio de um processo administrativo, o sujeito X</p><p>venha a perder o seu cago de Juiz caso assim decida o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.</p><p>Já aqueles que se tornam juízes através da nomeação, ingressam na Magistratura direto como</p><p>membro de um Tribunal e adquirem a vitaliciedade com a posse (não há estágio probatório). São</p><p>eles:</p><p>a) os Ministros do STF – conforme o art. 101 da CRFB/88, eles são nomeados pelo Presidente</p><p>da República após aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado;</p><p>b) os membros de Tribunais nomeados pela regra do “quinto constitucional” (art. 94 da</p><p>CRFB/88) - um quinto dos lugares de algumas Cortes são reservados constitucionalmente</p><p>para os membros do Ministério Público e da Advocacia.</p><p>Então, no caso dos magistrados nomeados, a partir da posse apenas perderão o cargo com uma</p><p>sentença judicial transitada em julgado.</p><p>A segunda garantia funcional elencada pelo art. 95 é a inamovibilidade. Por conta de tal previsão,</p><p>o magistrado não pode ser removido de um cargo para outro sem o seu consentimento. A regra</p><p>em questão não é absoluta. Já que existe uma exceção: remoção baseada no interesse público,</p><p>que deve acontecer nos moldes do VIII, do art. 93, da CRFB/88:</p><p>o ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, por interesse público,</p><p>fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do</p><p>Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; (EC nº. 103/2019)</p><p>Note que, ao determinar que excepcionalmente o juiz pode ser removido por motivo de interesse</p><p>público, fica evidente que interesses políticos não poderão motivar tal remoção. Como por</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 11</p><p>82</p><p>exemplo, não pode haver remoção de um magistrado considerado altamente severo, apenas</p><p>visando impedir que um determinado processo venha a ser julgado por ele. Encontramos aqui</p><p>uma conexão entre a inamovibilidade e o princípio do “juiz natural”.</p><p>Chamo a atenção para o fato de que ao magistrado é permitida a remoção quando essa decorre</p><p>de um pedido dele ou de sua promoção, mesmo que essa informação não conste expressamente</p><p>na Carta Magna. Entretanto, em relação a promoção, o juiz não tem a obrigação de aceitá-la.</p><p>Afinal, a garantia da inamovibilidade permite que o magistrado venha a negar promoção, se assim</p><p>desejar (evitando, então, a sua remoção).</p><p>Mais um item a ser destacado: o legislador constituinte não estabeleceu prazo para que o</p><p>magistrado adquira a garantia a inamovibilidade. Dessa forma, tal garantia, diferente do que ocorre</p><p>com a vitaliciedade, já é usufruída pelo magistrado desde a posse. Isso em qualquer grau de</p><p>jurisdição (no primeiro grau ou Tribunal).</p><p>Enfim, chegamos à garantia de irredutibilidade de subsídios. Na verdade, de acordo com o inciso</p><p>XV, do art. 37 da CRFB/88, os vencimentos e subsídios dos servidores públicos, em geral, são</p><p>irredutíveis. Portanto, essa proteção constitucional é estendida explicitamente para a remuneração</p><p>dos magistrados, evitando que o Poder Executivo ou o Poder Legislativo a utilize como mecanismo</p><p>de retaliação.</p><p>3 - Formação de Órgão Especial</p><p>Como já explicamos no tópico anterior, aos Tribunais do Poder Judiciário é dada a atribuição de</p><p>editarem os seus regimentos internos. É por meio do regimento que uma Corte se organiza.</p><p>A estrutura dos Tribunais, em geral, é formada pelo Plenário (composto por todos os membros</p><p>julgadores da Corte) e órgãos fracionários. Estes últimos são órgãos internos com número menor</p><p>de julgadores (Seções, Turmas e Câmaras). Ex: de acordo com o regimento interno do Superior</p><p>Tribunal de Justiça, essa Corte possui 03 Seções, divididas em duas Turmas cada.</p><p>Determinados casos são da competência exclusiva do Plenário, ou seja, apenas poderão ser</p><p>julgados por todos os membros julgadores do Tribunal. Entretanto, a CRFB/88 possibilita que</p><p>Cortes com grande número de membros venham a instituir mais um órgão internamente: Órgão</p><p>Especial. A função dele é exercer as atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas pelo</p><p>Tribunal Pleno, conforme o XI, do art. 93, transcrito abaixo:</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 12</p><p>82</p><p>XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser</p><p>constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco</p><p>membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais</p><p>delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por</p><p>antiguidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno.</p><p>Dessa forma, a criação de um Órgão Especial somente é permitida em tribunais cujo número de</p><p>julgadores seja superior a 25 (vinte e cinco). Além disso, as suas vagas devem ser providas da</p><p>seguinte forma: metade por antiguidade; e a outra metade através de uma eleição realizada pelo</p><p>Plenário.</p><p>4 - Quinto Constitucional</p><p>No tópico anterior mencionei a existência do “quinto constitucional” no âmbito de alguns</p><p>Tribunais. Agora, vamos detalhar esse ponto do assunto.</p><p>O art. 94 da CRFB/88 é o dispositivo que traz o regramento sobre o “quinto constitucional”, que</p><p>vai além da simples destinação de parte das vagas a membros oriundos do Ministério Público e</p><p>da Advocacia. Vejamos o dispositivo:</p><p>Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos</p><p>Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do</p><p>Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório</p><p>saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade</p><p>profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das</p><p>respectivas classes.</p><p>Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice,</p><p>enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um</p><p>de seus integrantes para nomeação.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 13</p><p>82</p><p>Com a leitura do dispositivo extraímos que:</p><p>1- a regra do “quinto constitucional” se aplica aos TRFs e TJs. Todavia, realço que a partir da</p><p>EC nº 45/2004 houve a extensão dessa regra para os TRTs e TST (inciso I do art. 111-A e</p><p>inciso I do art. 115);</p><p>2- o legislador constituinte resumiu em uma simples expressão (“quinto constitucional”) o</p><p>cálculo matemático para definir o número de vagas destinadas aos membros do Ministério</p><p>Público e da Advocacia.</p><p>“Poderia dar um exemplo, professor?"</p><p>Vamos lá! Caso um Tribunal seja composto por um total 40 membros, 08 deles (um quinto)</p><p>serão membros do Ministério Público e da Advocacia.</p><p>3- o processo de escolha daqueles que preencherão as vagas do quinto ocorrerá a partir da</p><p>elaboração de uma lista sêxtupla pelo órgão de representação de classe. Tal lista indicará</p><p>aqueles que preenchem os requisitos previstos no caput do art. 94 (06 membros do MP</p><p>com mais de 10 (dez) anos de carreira; e 06 advogados com notório saber jurídico e</p><p>reputação ilibada e mais 10 (dez) anos de efetiva atividade profissional);</p><p>4- A lista sêxtupla será enviada para o Tribunal, que formará uma lista tríplice e a enviará para</p><p>o Poder Executivo. Por fim, o Chefe do Poder Executivo, nos 20 (vinte) dias subsequentes,</p><p>escolherá um de seus integrantes.</p><p>No entanto, é importante entender que o procedimento para a escolha daquele que irá compor o</p><p>“quinto constitucional” será sempre iniciado quando surgir uma vaga no Tribunal.</p><p>Isso mesmo que acabou de ler, caro aluno! Primeiro surge uma vaga,</p><p>em uma Corte. Caso essa</p><p>seja destinada a um membro do Ministério Público, por exemplo, o órgão de representação da</p><p>entidade de classe respectiva deve encaminhar uma lista sêxtupla ao Tribunal. Esse formará a lista</p><p>tríplice e a partir dela o Chefe do Poder Executivo escolherá aquele que preencherá a vaga em</p><p>questão.</p><p>A regra do “quinto constitucional” não está presente nos seguintes tribunais:</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 14</p><p>82</p><p>STF (o Presidente da República possui liberdade para realizar a indicação dos</p><p>Ministros);</p><p>Tribunal Superior Eleitoral (não há representantes do Ministério Público, mas</p><p>apenas da Advocacia);</p><p>Tribunais Regionais Eleitorais (não há representantes do Ministério Público, mas</p><p>apenas da Advocacia);</p><p>Superior Tribunal Militar.</p><p>Em relação ao STJ, encontramos uma grande discussão doutrinária sobre a</p><p>aplicação ou não da regra do “quinto constitucional”. Não há assim um</p><p>posicionamento firme acerca do tema. A Carta Magna determina que 1/3 dos</p><p>membros do STJ será composto por representantes da Advocacia e do Ministério</p><p>Público. Note que o texto constitucional não trouxe 1/5, mas sim 1/3.</p><p>Enfim, já é firme na doutrina e jurisprudência que quando um quinto dos membros de um Tribunal</p><p>não resulta em um número inteiro, deverá ocorrer o arredondamento para cima. Essa providência</p><p>evita que haja uma sub-representação da Advocacia e do Ministério Público.</p><p>Além disso, de acordo com o STF é permitido que o Tribunal venha a recusar o nome de uma ou</p><p>de todas as pessoas indicadas na lista sêxtupla. No entanto, não é possível que o Tribunal substitua</p><p>os nomes da lista por outros.2</p><p>2 MS 25.624-SP, Rel. Ministro Sepúlveda Pertence.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 15</p><p>82</p><p>1. (FGV / VIII Exame de Ordem Unificado – 2012) No intuito de garantir o regular exercício da</p><p>prestação jurisdicional, a Constituição da República conferiu aos magistrados algumas</p><p>prerrogativas. A respeito dessas prerrogativas, assinale a afirmativa correta.</p><p>a) A inamovibilidade pode ser excepcionada no caso de relevante interesse público e desde que</p><p>a remoção seja aprovada pela maioria absoluta do tribunal ou do CNJ.</p><p>b) A irredutibilidade de subsídios consiste na impossibilidade de redução do poder aquisitivo do</p><p>subsídio do magistrado e não somente do seu valor nominal.</p><p>c) O magistrado, apesar da vitaliciedade, pode perder o cargo por decisão administrativa da</p><p>maioria absoluta do tribunal ou do CNJ.</p><p>d) A aposentadoria dos magistrados seguirá regime jurídico diverso daquele aplicável aos</p><p>servidores públicos em geral.</p><p>Comentários:</p><p>Letra A: correta. A inamovibilidade não é absoluta. Poderá haver remoção por interesse público,</p><p>conforme decidido pela maioria absoluta do Tribunal ou do CNJ.</p><p>Letra B: errada. A irredutibilidade de subsídios veda que haja redução nominal do valor do subsídio</p><p>do magistrado. É possível que, devido à inflação, ocorra uma perda do poder aquisitivo dos</p><p>magistrados.</p><p>Letra C: errada. Após a aquisição da vitaliciedade, o magistrado somente poderá perder o cargo</p><p>mediante sentença judicial transitada em julgado.</p><p>Letra D: errada. A aposentadoria dos magistrados deverá observar as regras do regime jurídico</p><p>dos servidores públicos em geral.</p><p>2. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) A Constituição Federal de 1988 estabeleceu diversas garantias</p><p>constitucionais indispensáveis ao livre exercício da função jurisdicional. Nesse sentido, é possível</p><p>afirmar que:</p><p>a) aos juízes é garantido a inamovibilidade, que os impede de que sejam removidos</p><p>compulsoriamente do seu órgão jurisdicional, salvo por motivo de interesse público;</p><p>b) aos juízes é garantido a vitaliciedade, permitindo que exerçam a função jurisdicional até o</p><p>momento da aposentadoria;</p><p>c) aos juízes é garantido a irredutibilidade, que impede que os subsídios recebidos sofram</p><p>descontos de natureza tributária ou previdenciária, por exemplo.;</p><p>d) aos juízes é garantido a preferibilidade, que assegura a possibilidade de acesso preferencial a</p><p>qualquer espaço público ou privado, desde que o “ato de acesso” seja fundamentado.</p><p>Comentários:</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 16</p><p>82</p><p>Letra A: correta. Os juízes gozam da garantia da inamovibilidade, segundo a qual não serão</p><p>removidos compulsoriamente, salvo motivo de interesse público (art. 95, II, CF/88). O gabarito é</p><p>a letra A.</p><p>Letra B: errada. Muito cuidado. Vitaliciedade não é isso. Os juízes gozam de vitaliciedade, por ser</p><p>uma garantia que prevê a eles somente a perda do cargo mediante sentença judicial transitada em</p><p>julgado.</p><p>Letra C: errada. A irredutibilidade de subsídios não impede que esses descontos sejam feitos. Os</p><p>descontos de natureza tributária e previdenciária devem ocorrer normalmente.</p><p>Letra D: errada. Não há que se falar em garantia de “preferibilidade”.</p><p>3. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) Paulo, Juiz de Direito da Vara única da Comarca X, vinha</p><p>causando sérios problemas às partes nos processos judiciais, o que decorria da demora para</p><p>despachar e para decidir os feitos submetidos à sua apreciação.</p><p>Considerando esse estado de coisas, um assistido da Defensoria Pública questionou sobre a</p><p>possibilidade de remoção compulsória de Paulo do órgão em que se encontrava, sendo</p><p>respondido corretamente que:</p><p>a) é impossível, visto a garantia da inamovibilidade;</p><p>b) é possível, preenchidos os requisitos exigidos, por decisão do Conselho Nacional de Justiça ou</p><p>do tribunal a que Paulo está vinculado.</p><p>c) é possível, preenchidos os requisitos legais exigidos, por decisão exclusiva do tribunal a que</p><p>João está vinculado, assegurada a ampla defesa;</p><p>d) é possível, desde que fosse decretada, em caráter prévio, a aposentadoria compulsória de</p><p>Paulo.</p><p>Comentários:</p><p>Art. 95 da CRFB/88. Os juízes gozam das seguintes garantias:</p><p>II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII</p><p>Art. 93 da CRFB/88. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre</p><p>o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:</p><p>VIII - o ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, por interesse público, fundar-se-á</p><p>em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de</p><p>Justiça, assegurada ampla defesa.</p><p>Gabarito Letra B.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 17</p><p>82</p><p>4. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) Cristiano, advogado com longos anos de carreira, resolve</p><p>concorrer a vaga de magistrado surgida no Tribunal de Justiça de seu Estado, tendo apresentado</p><p>o seu currículo para a Ordem dos Advogados do Brasil, que o incluiu na lista de advogados.</p><p>Mesma situação ocorreu com a lista escolhida pelo Tribunal de Justiça. À luz das normas</p><p>constitucionais, assinale a alternativa correta com relação às vagas aos advogados nos Tribunais</p><p>de Justiça.</p><p>a) A Constituição não reserva vaga aos advogados para o ingresso na carreira da magistratura,</p><p>apenas sendo possível através de concurso público de provas.</p><p>b) A Constituição reservou aos advogados o ingresso na carreira da magistratura através do</p><p>denominado “Terço Constitucional”. Na prática, um terço das vagas dos tribunais são destinadas</p><p>aos membros do Ministério Público e da Advocacia, com notório saber, reputação ilibada, com</p><p>mais de dez anos de atividade profissional.</p><p>c) A Constituição não reserva vaga aos advogados para o ingresso na carreira da magistratura,</p><p>apenas sendo possível através de concurso público de provas e títulos.</p><p>d) A Constituição reservou aos advogados o ingresso na carreira da magistratura através do</p><p>denominado “Quinto Constitucional”. Na prática, um quinto das vagas dos tribunais são</p><p>destinadas aos membros do Ministério Público e da Advocacia, com notório saber, reputação</p><p>ilibada, com mais de dez anos de atividade profissional.</p><p>Comentários:</p><p>A Constituição nos diz no art. 94 que o ingresso do advogado na carreira da magistratura ocorrerá</p><p>através do denominado “Quinto Constitucional”. Reserva-se um quinto das vagas dos tribunais</p><p>para ocupação dentre membros do Ministério Público e da Advocacia, com notório saber,</p><p>reputação ilibada, com mais de dez anos de atividade profissional.</p><p>Gabarito Letra D.</p><p>5. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) Robson, advogado com longos anos de carreira, resolve</p><p>concorrer a vaga de magistrado surgida no Tribunal de Justiça Y, tendo apresentado o seu</p><p>currículo para a Ordem dos Advogados do Brasil, que o incluiu na lista de advogados. Mesma</p><p>situação ocorreu com a lista escolhida pelo Tribunal de Justiça. À luz das normas constitucionais,</p><p>assinale a alternativa correta.</p><p>a) Um terço das vagas dos tribunais são destinadas aos membros do Ministério Público e da</p><p>Advocacia, com notório saber, reputação ilibada, com mais de dez anos de atividade profissional.</p><p>A seccional da OAB indicará os candidatos em lista sêxtupla, dentre advogados com mais de dez</p><p>anos, cabendo ao Tribunal de Justiça votar uma lista tríplice que será enviada ao chefe do poder</p><p>executivo estadual. A competência para a nomeação será do Governador do Estado.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 18</p><p>82</p><p>b) Um quinto das vagas dos tribunais são destinadas aos membros do Ministério Público e da</p><p>Advocacia, com notório saber, reputação ilibada, com mais de dez anos de atividade profissional.</p><p>Ou seja, o percentual é de 10% para advogados. A seccional da OAB indicará os candidatos em</p><p>lista sêxtupla, dentre advogados com mais de dez anos, cabendo ao Tribunal de Justiça votar uma</p><p>lista tríplice que será enviada ao chefe do poder executivo estadual. A competência para a</p><p>nomeação será do Presidente da República.</p><p>c) Um terço das vagas dos tribunais são destinadas aos membros do Ministério Público e da</p><p>Advocacia, com notório saber, reputação ilibada, com mais de dez anos de atividade profissional.</p><p>A seccional da OAB indicará os candidatos em lista sêxtupla, dentre advogados com mais de dez</p><p>anos, cabendo ao Tribunal de Justiça votar uma lista tríplice que será enviada ao chefe do poder</p><p>executivo estadual. A competência para a nomeação será do Presidente da República.</p><p>d) Um quinto das vagas dos tribunais são destinadas aos membros do Ministério Público e da</p><p>Advocacia, com notório saber, reputação ilibada, com mais de dez anos de atividade profissional.</p><p>Ou seja, o percentual é de 10% para advogados. Além disso, a seccional da OAB indicará os</p><p>candidatos em lista sêxtupla, dentre advogados com mais de dez anos, cabendo ao Tribunal de</p><p>Justiça votar uma lista tríplice que será enviada ao chefe do poder executivo estadual. A</p><p>competência para a nomeação será do Governador do Estado.</p><p>Comentários:</p><p>A Constituição nos diz no art. 94 que o ingresso do advogado na carreira da magistratura ocorrerá</p><p>através do denominado “Quinto Constitucional”. Reserva-se um quinto das vagas dos tribunais</p><p>para ocupação dentre membros do Ministério Público e da Advocacia, com notório saber,</p><p>reputação ilibada, com mais de dez anos de atividade profissional.</p><p>Em relação ao rito para escolha dos membros, tal fato ocorrerá com a indicação da Ordem dos</p><p>Advogados. A seccional estadual indicará os candidatos em lista sêxtupla, cabendo ao Tribunal de</p><p>Justiça votar uma lista tríplice que será enviada ao Governador do Estado que escolherá,</p><p>livremente, um dos indicados.</p><p>Por fim, pode-se afirmar que a competência para nomeação é do Governador do Estado.</p><p>Gabarito Letra D.</p><p>5 - Conselho Nacional de Justiça - CNJ</p><p>O Conselho Nacional de Justiça não só controla a atuação administrativa e financeira do Poder</p><p>Judiciário, mas também controla o cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. Dessa forma,</p><p>o CNJ não exerce função jurisdicional, pois é um órgão de controle interno cujas atribuições são</p><p>exclusivamente administrativas.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 19</p><p>82</p><p>A sua criação ocorreu com EC nº. 45/2004, na busca de aperfeiçoar o trabalho do sistema judiciário</p><p>brasileiro. Com atuação focada no controle do desempenho dos juízes e do Poder Judiciário como</p><p>um todo, o CNJ contribui para que haja a realização da prestação jurisdicional com mais eficiência</p><p>e transparência.</p><p>No entanto, não pense que a sua criação foi bem vista por todos. A Associação dos Magistrados</p><p>do Brasil (AMB) questionou a sua constitucionalidade por meio da ADI nº 3.367/DF.</p><p>“E o que eles alegaram, professor?"</p><p>Para a AMB, a existência do CNJ violava o princípio da separação de poderes e o pacto federativo,</p><p>principalmente por possuir membros que não são magistrados.</p><p>Contudo, de acordo com o STF, o fato de ter membros alheios ao corpo da magistratura, além de</p><p>viabilizar a erradicação do corporativismo, estende uma ponte entre o Judiciário e a sociedade.3</p><p>Do mesmo modo, a atuação do CNJ não caracteriza uma usurpação das competências privativas</p><p>dos tribunais, previstas no art. 96, da CRFB/88. Isso porque, não acontece interferência na</p><p>capacidade de autogoverno do Poder Judiciário.</p><p>Então, o controle administrativo e ético-disciplinar do Poder Judiciário realizado pelo CNJ foi</p><p>declarado constitucional.</p><p>Na verdade, o controle ético-disciplinar é percebido e entendido como uma grande conquista do</p><p>Estado democrático de direito. Porque, demonstra a atual consciência de que, para uma boa</p><p>prestação jurisdicional, é imperativo a existência de mecanismos de responsabilização dos juízes,</p><p>caso ocorra a inobservância das suas obrigações funcionais.</p><p>Em relação ao pacto federativo, também não há violação. O CNJ pode exercer sua função no</p><p>âmbito estadual, ou seja, controlar a atuação da Justiça Estadual. Não há impedimento para isso,</p><p>pois o Poder Judiciário é nacional (unitário). Isso significa que o poder de controle pertencente ao</p><p>CNJ abarca toda a Justiça (estando inclusa a Estadual).</p><p>Vamos analisar agora a estrutura do Conselho! J</p><p>3 STF, Pleno, ADI 3.367/DF, rel. Min. César Peluso, 13.04.2005, Informativo STF no 383.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 20</p><p>82</p><p>O CNJ possui 15 membros. Entre eles, encontramos o Presidente do STF com a função de presidir</p><p>o referido Conselho. Na sua ausência e impedimento, o Vice-Presidente do Supremo assume tal</p><p>função. Todavia, este último não consta no texto constitucional como membro do CNJ.</p><p>O legislador constituinte deixou expresso que a presidência do CNJ é função do Presidente do</p><p>STF, de forma que não é preciso indicação ou nomeação. Já em relação aos demais membros,</p><p>caberá ao Presidente da República a nomeação dos indicados. Nomeação esta que ocorrerá após</p><p>a aprovação da escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Conforme o §3º do art. 103-B</p><p>da CRFB/88, caso as indicações não sejam efetuadas no prazo legal, a escolha será da competência</p><p>do Supremo Tribunal Federal.</p><p>A função de Ministro-Corregedor é exercida pelo Ministro do STJ nomeado para tal, nos moldes</p><p>do §5º do art. 103-B da CRFB/88. Esse dispositivo determina as atribuições do Ministro do STJ</p><p>enquanto Ministro-Corregedor, deixando expresso que essas vão além daquelas conferidas pelo</p><p>Estatuto da Magistratura.</p><p>“E quais são as previstas no dispositivo, professor?”</p><p>Dá uma conferida no quadro disponibilizado abaixo. J</p><p>Receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos</p><p>magistrados e aos serviços judiciários;</p><p>Exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral;</p><p>Requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores</p><p>de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 21</p><p>82</p><p>Cuidado!!!! Ao assumir a função de Ministro-Corregedor, o Ministro do STJ</p><p>será excluído da</p><p>distribuição de processos no Tribunal.</p><p>Chamo a atenção, aqui, para o julgamento dos membros do CNJ. Em relação aos crimes de</p><p>responsabilidade, a Carta Magna trouxe norma específica, pois foi disposto no seu art. 52, II, que</p><p>o julgamento é da atribuição do Senado Federal. Quanto aos crimes comuns é preciso analisar</p><p>qual é a origem de cada membro. Sim, o julgamento neste caso ocorrerá conforme a origem do</p><p>membro que supostamente cometeu tal crime.</p><p>“Pode trazer um exemplo, professor?”</p><p>Vamos lá! J</p><p>Caso o membro do CNJ, também Ministro do Superior Tribunal de Justiça, seja responsável por</p><p>um crime comum, seu julgamento ocorrerá perante o Supremo Tribunal Federal. Isso porque,</p><p>enquanto Ministro do STJ (sua origem), a alínea “c”, I, do art. 102 da CRFB/88 determina</p><p>expressamente que em caso de prática de crime comum ele será julgado perante o STF.</p><p>(...)</p><p>Já o §4º do art. 103-B elenca as atribuições do referido Conselho, deixando expresso que outras</p><p>podem ser estabelecidas pelo Estatuto da Magistratura. Isso evidencia que apesar de extenso, o</p><p>parágrafo não traz um rol exaustivo.</p><p>Como o nosso foco é a possível cobrança no Exame de Ordem, selecionamos os seguintes incisos</p><p>para o nosso estudo:</p><p>§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do</p><p>Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-</p><p>lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da</p><p>Magistratura:</p><p>I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da</p><p>Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua</p><p>competência, ou recomendar providências;</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 22</p><p>82</p><p>A competência do CNJ de controle administrativo, financeiro e disciplinar do Poder Judiciário não</p><p>abarca o STF e seus Ministros. A Corte Suprema é órgão máximo do Poder Judiciário. Então, na</p><p>verdade, atos e decisões do Conselho é que estão sujeitos ao controle jurisdicional do STF4.</p><p>Logo no inciso I o legislador constituinte determinou que o CNJ pode expedir atos regulamentares</p><p>(expressão do poder regulamentar conferido). Interpretando tal dispositivo, a Corte Suprema, no</p><p>MS 27.62, definiu que tais atos possuem comando abstrato que direcionam aos destinatários</p><p>(dentro do campo de competência do Conselho) ordens e obrigações. De forma resumida, os atos</p><p>regulamentares expedidos pelo CNJ são encarados como normas primárias.</p><p>II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação,</p><p>a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder</p><p>Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem</p><p>as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da</p><p>competência do Tribunal de Contas da União;</p><p>No dispositivo acima encontramos a manifestação do controle administrativo e financeiro do CNJ:</p><p>a apreciação, de ofício ou mediante provocação, da legalidade dos atos administrativos efetuados</p><p>por membros ou órgãos do Poder Judiciário. Com isso, é permitido ao Conselho analisar se o</p><p>contrato celebrado por órgão do Poder judiciário respeitou o princípio da legalidade, por exemplo.</p><p>Assim, o exame da legalidade de um ato administrativo pode resultar na revisão e desconstituição</p><p>desse pelo próprio CNJ ou até a delimitação de um prazo para a adoção das devidas providências.</p><p>Todavia, o Supremo já concluiu que:</p><p>a) por ser um órgão administrativo, não cabe ao CNJ exercer controle de constitucionalidade</p><p>desses mesmos atos5.</p><p>b) o Conselho não tem permissão para realizar controle dos efeitos provocados por ato de</p><p>conteúdo jurisdicional originário de magistrado ou de Tribunal.6</p><p>III - receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder</p><p>Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores</p><p>4 ADI 3.367, rel. min. Cezar Peluso, j. 13-4-2005, P, DJ de 22-9-2006.</p><p>5 STF. Plenário. MS 28872 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/02/2011.</p><p>6 MS 28.611-MC-AgR. Rel. Ministro Celso de Mello, Julgamento: 14.10.2010</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 23</p><p>82</p><p>de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou</p><p>oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais,</p><p>podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção ou a</p><p>disponibilidade e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;</p><p>(EC nº. 103/2019)</p><p>Antes de explicar o conteúdo do inciso III, é importante destacar que ele sofreu uma alteração. A</p><p>partir de 2019, com a EC nº 103, o CNJ não pode mais estabelecer “aposentadoria com subsídios</p><p>ou proventos proporcionais ao tempo de serviço”.</p><p>Sabendo disso, você evita cair em alguma pegadinha, principalmente em questões objetivas. J</p><p>Agora vamos analisar o texto atual!</p><p>A interpretação da Corte Suprema do inciso III é a seguinte: a aptidão do Tribunal a que pertence</p><p>ou esteja subordinado o magistrado, não impede a atuação do Conselho Nacional de Justiça7.</p><p>Também não é necessário que a instância administrativa ordinária seja esgotada, para que o CNJ</p><p>possa ser chamado a atuar. 8</p><p>Assim, observamos aqui a existência de uma competência concorrente do Conselho e dos</p><p>Tribunais: disciplinar e correicional.</p><p>O recebimento e conhecimento das reclamações contra os membros ou órgãos do Poder</p><p>Judiciário são manifestações da atribuição correicional do CNJ.</p><p>Já ao avocar os processos disciplinares em curso e aplicar sanções aos magistrados, o Conselho</p><p>está exercendo o seu poder disciplinar.</p><p>IV - representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração</p><p>pública ou de abuso de autoridade;</p><p>V - rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e</p><p>membros de tribunais julgados há menos de um ano;</p><p>7 ADI 4.638 MC-REF, rel. min. Marco Aurélio, voto do min. Ricardo Lewandowski, j. 8-2-2012, P, DJE de 30-10-2014.</p><p>8 MS 28.620. Rel. Ministro Dias Toffoli. Julgamento: 23.09.2014.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 24</p><p>82</p><p>VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças</p><p>prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;</p><p>VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias,</p><p>sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual</p><p>deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser</p><p>remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa</p><p>No inciso V há a previsão da possibilidade de revisão dos processos disciplinares de juízes e</p><p>membros de tribunais realizada pelo CNJ. O detalhe é que tal competência só é permitida na</p><p>seguinte situação: quando o julgamento objeto de revisão tiver menos de um ano. Além disso, o</p><p>Conselho revisa um processo disciplinar a partir de uma provocação dirigida a ele ou por iniciativa</p><p>(feita de ofício).</p><p>“E ao exercer a revisão, pode haver agravamento da decisão, professor?"</p><p>Sim. Na verdade, o STF firmou o entendimento de que não só o agravamento é permitido, pois a</p><p>decisão revista também pode ser abrandada9.</p><p>Os incisos VI e VII expressam justamente a finalidade da criação do CNJ, que foi explicada no</p><p>comecinho deste tópico: a busca pelo aprimoramento do trabalho do sistema judiciário brasileiro.</p><p>Aqui notamos a previsão da elaboração de relatórios pelo CNJ, estando presente o objetivo de</p><p>tornar a prestação jurisdicional transparente e mais eficiente. São eles:</p><p>a) relatórios estatísticos sobre processos e sentenças (inciso VI);</p><p>b) relatório anual sobre a situação do Judiciário e as atividade do Conselho (inciso VII).</p><p>Por fim, cabe destacar que tanto o Procurador-Geral da República, quanto o Presidente do</p><p>Conselho Federal da OAB</p><p>não são membros do CNJ. Entretanto, pelo disposto no §6º do art.</p><p>103-B, da CRFB/88, eles possuem atribuição para oficiar perante o CNJ (participam das reuniões,</p><p>com o uso da palavra, mas a sua atuação não tem caráter decisório).</p><p>9 MS 33565/DF. 1a Turma / STF. Rel. Min. Rosa Weber. Julgamento em 14/6/2016.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 25</p><p>82</p><p>6 - Precatórios</p><p>O precatório foi regulamentado pelo art. 100 da Constituição Federal, sofrendo alterações pelas</p><p>emendas constitucionais. É o instrumento por meio do qual se cobra um débito do Poder Público.</p><p>Vamos analisar as espécies de precatórios?</p><p>6.1 - Regime Geral - Natureza não alimentícia</p><p>Art. 100, caput da CRFB/88: Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas</p><p>Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-</p><p>ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à</p><p>conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas</p><p>dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.</p><p>Há duas espécies de precatórios: 1. Natureza não alimentícia (ressalto que é a regra geral prevista</p><p>no caput do art. 100 da CF/88); 2. Natureza alimentícia. Os precatórios de natureza alimentícia</p><p>serão pagos preferencialmente.</p><p>6.2 - Natureza alimentícia</p><p>Art. 100 (...) § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles</p><p>decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas</p><p>complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por</p><p>invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial</p><p>transitada em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais</p><p>débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo.</p><p>O § 1º do art. 100 da CRFB/88 define os débitos de natureza alimentícia. Destaco que segundo o</p><p>art. 85, § 14 do CPC/15, “os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar,</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 26</p><p>82</p><p>com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a</p><p>compensação em caso de sucumbência parcial”. A súmula vinculante nº 47 vai nesse mesmo</p><p>sentido.</p><p>Súmula Vinculante nº 47: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou</p><p>destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de</p><p>natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou</p><p>requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa</p><p>natureza.</p><p>Os honorários advocatícios possuem caráter alimentar. Destaco que é o entendimento pacífico</p><p>tanto do STJ como do STF.</p><p>Art. 100 (...) § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou</p><p>por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores</p><p>de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei,</p><p>serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor</p><p>equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo,</p><p>admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na</p><p>ordem cronológica de apresentação do precatório.</p><p>Os precatórios de natureza alimentícia terão preferência sobre todos os demais débitos, exceto</p><p>sobre aqueles mencionados no dispositivo indicado acima. O §2º do art. 100 da CRFB/88 aponta</p><p>a superpreferência.</p><p>A superpreferência alcança os seguintes titulares:</p><p>1) tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais;</p><p>2) sejam portadores de doença grave, na forma da lei;</p><p>3) sejam pessoas com deficiência, na forma da lei.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 27</p><p>82</p><p>6.3 – Requisição de pequeno valor (RPV)</p><p>Art. 100 (...) § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de</p><p>precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como</p><p>de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença</p><p>judicial transitada em julgado.</p><p>§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores</p><p>distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades</p><p>econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de</p><p>previdência social.</p><p>§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de</p><p>valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da</p><p>execução para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º</p><p>deste artigo.</p><p>De acordo com o art. 100, § 3º e 8º da CRFB/88, a obrigatoriedade da expedição de precatórios</p><p>para o pagamento das dívidas públicas não vai se aplicar aos pagamentos de obrigações definidas</p><p>em lei como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença</p><p>judicial transitada em julgado. No entanto, é vedada a expedição de precatórios complementares</p><p>ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da</p><p>execução para fins de enquadramento de parcela do total em montante que seria considerado de</p><p>“pequeno valor”.</p><p>Prof. Diego... O que se entende como “pequeno valor”?</p><p>Segundo o §4º do mesmo artigo, as entidades de direito público poderão fixar, por leis próprias</p><p>e valores distintos a cada uma, de acordo com as diferentes capacidades econômicas, sendo o</p><p>mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 28</p><p>82</p><p>A Lei 10.259/2001 definiu no âmbito da União como de “pequeno valor” a obrigação até 60</p><p>salários mínimos.</p><p>Prof... Como fica em relação aos demais entes federativos?</p><p>Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição Federal e o</p><p>art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados</p><p>de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis</p><p>definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100</p><p>da Constituição Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório</p><p>judiciário, que tenham valor igual ou inferior a:</p><p>I - quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito</p><p>Federal;</p><p>II - trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios.</p><p>Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido neste artigo, o</p><p>pagamento far-se-á, sempre, por meio de precatório, sendo facultada à parte</p><p>exeqüente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo</p><p>pagamento do saldo sem o precatório, da forma prevista no § 3º do art. 100</p><p>O art. 87 do ADCT estabelece o que seria considerado de pequeno valor até que se dê a</p><p>publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da federação. Os limites são os</p><p>seguintes:</p><p>1) 40 salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal;</p><p>2) 30 salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios.</p><p>6. (FGV / XX Exame de Ordem – 2016) Ao ouvir, em matéria telejornalística, referência ao</p><p>Conselho Nacional de Justiça (CNJ), João, estudante do primeiro ano de curso jurídico,</p><p>interessado em melhor compreender a estrutura e as atribuições dos órgãos estatais, procura o</p><p>seu professor de Direito Constitucional para obter maiores informações sobre o tema. Narra o</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 29</p><p>82</p><p>conteúdo da matéria, informando-lhe não ter conseguido entender adequadamente o papel</p><p>desempenhado pelo referido Conselho na estrutura do Estado. O referido professor, então,</p><p>plenamente alicerçado na ordem constitucional, esclarece que o Conselho Nacional de Justiça</p><p>a) é um órgão atípico, que não se encontra na estrutura de nenhum dos Poderes da República,</p><p>mas que, sem prejuízo das suas atribuições</p><p>administrativas, excepcionalmente possui atribuições</p><p>jurisdicionais.</p><p>b) é um órgão pertencente à estrutura do Poder Judiciário e, como tal, possui todas as atribuições</p><p>jurisdicionais recursais, sem prejuízo das atribuições administrativas de sua competência.</p><p>c) embora seja um órgão pertencente à estrutura do Poder Judiciário, possui atribuições</p><p>exclusivamente administrativas, não sendo, portanto, órgão com competência jurisdicional.</p><p>d) é um órgão auxiliar da Presidência da República, com atribuições de controle da atividade</p><p>administrativa, financeira e disciplinar de toda a magistratura, incluído neste rol o Supremo Tribunal</p><p>Federal.</p><p>Comentários:</p><p>Meus amigos, vejam só. Questão interessante XX Exame de Ordem. Alguma dificuldade?</p><p>Tranquila. Como trabalhamos em aula, O CNJ é um órgão que integra a estrutura do Poder</p><p>Judiciário, muito embora não exerça jurisdição. Suas atribuições são exclusivamente</p><p>administrativas, sendo o órgão responsável pelo controle da atuação administrativa e financeira do</p><p>Poder Judiciário. O gabarito é a letra C.</p><p>7. (FGV / III Exame de Ordem Unificado – 2011) Leia com atenção a afirmação a seguir, que</p><p>apresenta uma incorreção. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem competência, entre outras,</p><p>para rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de</p><p>tribunais (se tiverem sido julgados há menos de um ano), zelar pela observância dos princípios</p><p>que regem a administração pública e julgar os magistrados em caso de crime de abuso de</p><p>autoridade. Assinale a alternativa em que se indique o erro na afirmação acima.</p><p>a) O CNJ, sendo órgão do poder judiciário, atua apenas mediante provocação, não podendo atuar</p><p>de ofício.</p><p>b) Não cabe ao CNJ, órgão que integra o poder judiciário, zelar por princípios relativos à</p><p>administração pública.</p><p>c) O CNJ não pode julgar magistrados por crime de abuso de autoridade.</p><p>d) O CNJ pode rever processos disciplinares de juízes julgados a qualquer tempo.</p><p>Comentários:</p><p>Letra A: errada. O CNJ poderá atuar de ofício ou mediante provocação.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 30</p><p>82</p><p>Letra B: errada. O CNJ tem competência para zelar pela observância dos princípios da</p><p>Administração Pública.</p><p>Letra C: correta. Questão tranquila hein? Acabamos de ver que o CNJ não exerce jurisdição. Ele</p><p>não tem poder para julgar magistrados pela prática do crime de abuso de autoridade. Apenas atua</p><p>no controle da atuação administrativa e financeira do Judiciário e do cumprimento dos deveres</p><p>funcionais dos juízes.</p><p>Letra D: errada. A competência do CNJ para rever processos disciplinares de juízes somente</p><p>alcança aqueles que foram julgados há menos de um ano (art. 103-A, § 4º, inciso V, CRFB/88)</p><p>8. (FGV / II Exame de Ordem Unificado – 2010) A respeito do Conselho Nacional de Justiça é</p><p>correto afirmar que:</p><p>a) é órgão integrante do Poder Judiciário com competência administrativa e jurisdicional.</p><p>b) pode rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros</p><p>de Tribunais julgados há menos de um ano.</p><p>c) seus atos sujeitam-se ao controle do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça.</p><p>d) a presidência é exercida pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal que o integra e que exerce</p><p>o direito de voto em todas as deliberações submetidas àquele órgão.</p><p>Comentários:</p><p>Letra A: errada. O CNJ não tem competência jurisdicional.</p><p>Letra B: correta. É isso mesmo! O CNJ poderá rever os processos disciplinares de juízes e membros</p><p>de tribunais julgados há menos de um ano.</p><p>Letra C: errada. Os atos do CNJ apenas estão sujeitos ao controle do STF (e não do STJ!)</p><p>Letra D: errada. A presidência do CNJ é exercida pelo Presidente do STF.</p><p>9. (INÉDITA / ESTRATÉGIA OAB) No ano de 2005, o renomado professor Antônio Carlos foi</p><p>convidado para participar de palestra na Faculdade de Direito, tendo em vista as mudanças</p><p>ocorridas com Emenda Constitucional nº 45/04, apelidada por muitos como a reforma do Poder</p><p>Judiciário”. Em brilhante exposição, o professor explicou que uma das novidades foi a criação do</p><p>Conselho Nacional de Justiça – CNJ, tendo adquirido importância no contexto da ordem jurídica</p><p>Constitucional. À luz da sistemática da CRFB/88, assinale a alternativa correta:</p><p>a) compõe a estrutura do Poder Judiciário, adquirindo atribuições jurisdicionais recursais, bem</p><p>como eventuais atribuições administrativas de sua competência.</p><p>b) em que pese possua atribuições jurisdicionais constitucionais, trata-se de órgão que não</p><p>encontra estrutura em algum dos Poderes da República.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 31</p><p>82</p><p>c) tem o papel de exercer o chamado controle interno do Poder Judiciário, atuando em</p><p>especialidade no controle administrativo, financeiro e disciplinar da magistratura. Além disso,</p><p>pode-se dizer que integra a estrutura do Poder Judiciário e detém atribuição de poder</p><p>regulamentar.</p><p>d) não faz parte da estrutura do Poder Judiciário. Suas atribuições são exclusivamente</p><p>administrativas, sem qualquer competência jurisdicional.</p><p>Comentários:</p><p>Pessoal, questão interessante sobre o tema do CNJ. Trata-se de um órgão que integra a estrutura</p><p>do Poder Judiciário, mas não exerce jurisdição. Suas atribuições são exclusivamente</p><p>administrativas, sendo o órgão responsável pelo controle interno do Poder Judiciário, com a</p><p>atuação no controle administrativo, financeiro e disciplinar. Detém, nesse sentido, o poder</p><p>regulamentar sobre matérias de sua competência.</p><p>Gabarito letra C.</p><p>SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL</p><p>Inicialmente vamos tratar da composição da Corte Suprema em nosso ordenamento jurídico e os</p><p>requisitos a serem preenchidos para fazer parte dela. J</p><p>O número de Ministros do Supremo é 11. Para se enquadrar entre os possíveis cidadãos</p><p>escolhidos, é preciso ter mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 70 (setenta) anos de idade. Além</p><p>disso, é necessário possuir notável saber jurídico e reputação ilibada e ser brasileiro nato. Isso</p><p>porque, além do que dispõe o caput, do art. 101 da CRFB/88, temos no IV, do §3º do art. 12 que</p><p>o cargo de Ministro apenas pode ser preenchido por brasileiro nato.</p><p>A escolha dos que ocuparão esses cargos precisará passar pela aprovação do Senado Federal</p><p>(maioria absoluta dos seus membros devem ser a favor). E apenas depois disso o Presidente da</p><p>República realizará a nomeação.</p><p>Cabe salientar que a indicação é feita pelo Chefe do poder Executivo Federal e para a aprovação</p><p>do Senado, os indicados passam por uma arguição pública perante o CCJ (“sabatina”).</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 32</p><p>82</p><p>Agora vamos a estrutura física do referido Tribunal! J</p><p>No Supremo encontramos o Plenário e duas Turmas.</p><p>Ambas as Turmas possuem as mesmas atribuições e a os Presidentes escolhidos são aqueles mais</p><p>antigos (critério de antiguidade). Além disso, cada um dos Ministros da Corte Suprema (menos o</p><p>Presidente do STF) fazem parte de maneira formal de uma dessas Turmas.</p><p>E os processos são distribuídos diretamente para as Turmas?</p><p>Não! A distribuição é direcionada aos Ministros-Relatores.</p><p>Entre os Ministros, um deles é eleito como Presidente do STF para cumprir um mandato de dois</p><p>anos (vedada a reeleição).</p><p>1 - Competências</p><p>Como já explicado anteriormente, o Supremo possui duas funções no nosso ordenamento: de</p><p>Corte Constitucional e de órgão de cúpula do Poder Judiciário. Independente disso, as suas</p><p>competências se encontram elencadas de forma taxativa no art. 102 da CRFB/88 e se dividem em</p><p>duas espécies:</p><p>• Para guardar o número de membros do STF,</p><p>memorize essa frase “Somos Todos do Futebol”. Um</p><p>time de fultebol possui quantos jogadores? Onze!</p><p>Ficou mais fácil, não?</p><p>Macete para prova!</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 33</p><p>82</p><p>1.1 - Competências</p><p>Originárias</p><p>O I, do art. 102 da CRFB/88 elenca as competências originárias da Corte Suprema. Vamos a elas!</p><p>J</p><p>Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da</p><p>Constituição, cabendo-lhe:</p><p>I - processar e julgar, originariamente:</p><p>a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou</p><p>estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo</p><p>federal;</p><p>A primeira alínea já nos apresenta duas ações de controle concentrado-abstrato de</p><p>constitucionalidade que são apresentadas diretamente na Suprema Corte. Sim, além dessas</p><p>também compete ao STF processar e julgar a ADO e a ADPF.</p><p>Não se preocupem! Teremos uma aula específica e completa de Controle de Constitucionalidade</p><p>mais à frente! ;)</p><p>b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os</p><p>membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da</p><p>República;</p><p>Aqui nos deparamos com as autoridades que, por ocuparem os maiores cargos da República</p><p>Federativa do Brasil, o legislador constituinte entendeu ser o STF o responsável pelo julgamento</p><p>Originárias</p><p>• Ações ajuizadas diretamente no STF,</p><p>que funciona como Tribunal de 1ª</p><p>instância.</p><p>Recursais</p><p>• São aquelas ações que chegam ao</p><p>STF por meio de recurso</p><p>apresentado contra decisão de</p><p>outro órgão do Poder Judiciário. Os</p><p>recursos por sua vez se subdividem</p><p>em: recurso ordinário e; recurso</p><p>extraordinário.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 34</p><p>82</p><p>deles quando cometem crimes comuns. Entre as autoridades citadas estão os próprios Ministros</p><p>do STF.</p><p>Apenas para relembrar o estudado em outra aula, em caso de prática de crimes de</p><p>responsabilidade é o Senado Federal o competente para julgar essas mesmas autoridades.</p><p>c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de</p><p>Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o</p><p>disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de</p><p>Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;</p><p>Na alínea “c” nos deparamos com outros agentes que têm o STF como foro por prerrogativa tanto</p><p>nos crimes comuns quanto nos de responsabilidade. Para ficar mais nítido detalho abaixo quem</p><p>são eles:</p><p>ü Ministros de Estado e Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica – a</p><p>ressalva feita é porque o I, do art. 52 da CRFB/88 dispõe que se esses agentes</p><p>cometerem crime de responsabilidade conexo com o do Presidente da República,</p><p>será o Senado Federal o órgão competente para o processamento e julgamento</p><p>deles;</p><p>ü membros dos Tribunais Superiores;</p><p>ü membros do TCU;</p><p>ü chefes de missão diplomática de caráter permanente.</p><p>CRIMES COMUNS</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 35</p><p>82</p><p>STF</p><p>PRESIDENTE E</p><p>VICE</p><p>PRESIDENTE</p><p>DEPUTADOS</p><p>FEDERAIS E</p><p>SENADORES</p><p>MINISTROS DO</p><p>STF</p><p>PGR</p><p>MINISTROS DE</p><p>ESTADO</p><p>COMANDANTES DO</p><p>EXÉRCITO, DA</p><p>MARINHA E</p><p>AERONÁUTICA</p><p>MINISTROS DOS</p><p>TRIB.</p><p>SUPERIORES (STJ,</p><p>TST, TSE E STM)</p><p>MINISTROS DO</p><p>TCU</p><p>CHEFES DE</p><p>MISSÃO</p><p>DIPLOMÁTICA</p><p>CRIMES DE RESPONSABILIDADE</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 36</p><p>82</p><p>STF</p><p>MINISTROS DE</p><p>ESTADO</p><p>(NÃO CONEXO</p><p>COM O DO PR)</p><p>COMANDANTES</p><p>DO EXÉRCITO, DA</p><p>MARINHA E</p><p>AERONÁUTICA</p><p>(NÃO CONEXO</p><p>COM O DO PR)</p><p>MINISTROS DOS</p><p>TRIB. SUPERIORES</p><p>(STJ, TST, TSE E</p><p>STM)</p><p>MINISTROS DO</p><p>TCU</p><p>CHEFES DE</p><p>MISSÃO</p><p>DIPLOMÁTICA</p><p>SENADO</p><p>PRESIDENTE E</p><p>VICE PRESIDENTE</p><p>PGR</p><p>MINISTROS DO</p><p>STF</p><p>COMANDANTES</p><p>DO EXÉRCITO, DA</p><p>MARINHA E</p><p>AERONÁUTICA</p><p>(CRIME CONEXO</p><p>COM O DO PR)</p><p>MINISTROS DE</p><p>ESTADO</p><p>(CRIME CONEXO</p><p>COM O DO PR)</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 37</p><p>82</p><p>• Presidente da República</p><p>• Vice-Presidente da República</p><p>• Deputados Federais e Senadores</p><p>• Ministros do STF</p><p>• PGR</p><p>• Ministros de Estado</p><p>• Comandantes do Exército, da Marinha e</p><p>Aeronáutica</p><p>• Ministros dos Tribunais Superiores (STJ,</p><p>TST, TSE e STM)</p><p>• Ministros do TCU</p><p>• Chefes de missão diplomática</p><p>Crime Comum - STF</p><p>• Ministros de Estado (se crime não for conexo</p><p>com o do Presidente)</p><p>• Comandantes do Exército, da Marinha e</p><p>Aeronáutica (se crime não for conexo com o do</p><p>Presidente)</p><p>• Ministros dos Tribunais Superiores (STJ, TST,</p><p>TSE e STM)</p><p>• Ministros do TCU</p><p>• Chefes de missão diplomática</p><p>Crime de</p><p>Responsabilidade - STF</p><p>• Presidente da República</p><p>• Vice-Presidente da República</p><p>• Ministros do STF</p><p>• PGR</p><p>• Ministros de Estado (se crime for conexo com</p><p>o do Presidente)</p><p>• Comandantes do Exército, da Marinha e</p><p>Aeronáutica (se crime for conexo com o do</p><p>Presidente)</p><p>Crime de</p><p>Responsabilidade -</p><p>Senado</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 38</p><p>82</p><p>Cargo</p><p>Crime Comum</p><p>(Art. 102, II, “b” e</p><p>“c”)</p><p>Crime de Responsabilidade</p><p>(Art. 52, I e 102, II, “c”)</p><p>Presidente da República</p><p>STF</p><p>Senado</p><p>Vice-Presidente da República</p><p>STF</p><p>Senado</p><p>Ministros do STF</p><p>STF</p><p>Senado</p><p>PGR</p><p>STF</p><p>Senado</p><p>Deputados Federais e Senadores</p><p>STF</p><p>_________________________</p><p>Ministros de Estado</p><p>STF</p><p>STF (crime for conexo com o do</p><p>Presidente, será o Senado)</p><p>Comandantes do Exército, da</p><p>Marinha e Aeronáutica</p><p>STF</p><p>STF (crime for conexo com o do</p><p>Presidente, será o Senado)</p><p>Ministros dos Tribunais</p><p>Superiores (STJ, TST, TSE e STM)</p><p>STF</p><p>STF</p><p>Ministros do TCU</p><p>STF</p><p>STF</p><p>Chefes de missão diplomática</p><p>STF</p><p>STF</p><p>“Professor, notei que no caso dos Deputados e Senadores não foi mencionado o órgão</p><p>competente para julgar os crimes de responsabilidade cometidos por eles. Por qual motivo?”</p><p>Estamos diante de outro tema que abordamos em aula anterior, mas vale relembrar.J</p><p>Há previsão constitucional de processo disciplinar em caso de quebra de decoro parlamentar, com</p><p>julgamento a ser realizado pela Casa Legislativa a que pertence. Por conta disso, o atual</p><p>entendimento é que não há que se falar em julgamento dos Congressistas por crime de</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 39</p><p>82</p><p>responsabilidade. Inclusive o processo disciplinar apontado pode resultar na perda de mandato,</p><p>conforme inciso II, do art. 55, da CRFB/88.</p><p>d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas</p><p>anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da</p><p>República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal</p><p>de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo</p><p>Tribunal Federal;</p><p>Peço uma atenção aos detalhes da alínea “d”, pois ela trata de alguns remédios constitucionais e</p><p>quando são impetrados diretamente na Corte Máxima.</p><p>ü Habeas corpus – se o remédio tiver como paciente uma das autoridades que</p><p>constam nas alíneas “b” e “c” (sofrendo violação na liberdade de locomoção ou</p><p>ameaça).</p><p>ü Mandado de segurança e habeas data – quando o ato coator combatido, por</p><p>qualquer desses remédios, for praticado pelo Presidente da República, pelas Mesas</p><p>da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, pelo TCU, pelo PGR e pelo próprio</p><p>STF.</p><p>Em relação aos atos de Tribunais, quando for impetrado mandado de segurança ou habeas data</p><p>a competência para o julgamento será do próprio Tribunal de onde foi emanado. Ex: caberá ao</p><p>STJ julgar habeas data impetrado contra um ato dele.</p><p>Cuidado! No caso de ação popular o entendimento é que não há foro por prerrogativa. Então,</p><p>mesmo que a ação popular tenha como legitimado passivo o Chefe do poder Executivo Federal,</p><p>essa deverá ser ajuizada na 1a instância.</p><p>ESTRATÉGIA OAB</p><p>Direito Constitucional – Diego Cerqueira</p><p>oab.estrategia.com |</p><p>82 40</p><p>82</p><p>e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o</p><p>Estado, o Distrito</p>