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<p>SÃO PAULO</p><p>2024</p><p>ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICANÁLISE INSIGHT</p><p>TAMIRES RODRIGUES DE ANDRADE</p><p>PSICANÁLISE E PSICOPATOLOGIAS</p><p>UMA ANÁLISE CRÍTICA E ATUAL</p><p>Artigo científico apresentado ao curso de formação</p><p>em Psicanálise Clínica da Associação Brasileira de</p><p>Psicanálise Insight, como requisito parcial para a</p><p>obtenção do título Psicanalista, sob orientação da</p><p>Professora Rosemeire Valéria de Araújo.</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus e aos Orixás por me concederem</p><p>o dom de viver e de gerar vidas.</p><p>Toda a gratidão à minha mãe, Sonia, que mesmo não compreendendo minha</p><p>necessidade de mudar de carreira, ao notar meu amor à saúde mental, me apoiou e</p><p>me assistiu nessa viagem comigo, sempre sendo incrível e parceira!</p><p>Ao meu companheiro de vida, Vinícius, que mesmo em meus momentos de</p><p>dúvida e medo do incerto, não me deixou desistir e me encorajou. Mais que um marido,</p><p>ele é meu porto seguro e a melhor escolha da minha vida!</p><p>Aos meus filhos, Zion e Akin, meu sopro de esperança quando tudo parece</p><p>desmoronar. Pequenas pessoas que sempre sabem como me fazer sorrir novamente</p><p>após o momento de caos, minha razão de viver e lutar.</p><p>Eu amo vocês!</p><p>PSICANÁLISE E PSICOPATOLOGIAS – UMA ANÁLISE CRÍTICA E ATUAL</p><p>Introdução</p><p>A psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud no final do século XIX e início do</p><p>século XX, revolucionou o entendimento das psicopatologias ao introduzir uma</p><p>perspectiva profundamente inovadora sobre o inconsciente. Desde então, essa</p><p>abordagem teórica e terapêutica evoluiu e se diversificou, influenciando</p><p>significativamente a psicologia e a psiquiatria. Este artigo examina a psicanálise em</p><p>relação às psicopatologias, destacando suas contribuições, limitações e as evoluções</p><p>recentes que ampliam o escopo da teoria freudiana.</p><p>Fundamentos da Psicanálise</p><p>A psicanálise baseia-se na premissa de que grande parte da nossa vida mental</p><p>ocorre fora da consciência. Freud postulou que as experiências reprimidas e os conflitos</p><p>inconscientes influenciam profundamente o comportamento e a saúde mental. As</p><p>principais técnicas da psicanálise incluem a livre associação, a análise dos sonhos e a</p><p>exploração das resistências e transferências.</p><p>Freud identificou três estruturas psíquicas fundamentais: o id, o ego e o superego.</p><p>O id representa os desejos e impulsos instintivos; o ego, a parte racional e mediadora;</p><p>e o superego, as normas e valores internalizados. O equilíbrio entre essas estruturas é</p><p>crucial para a saúde mental, e os conflitos entre elas podem dar origem a diversas</p><p>psicopatologias.</p><p>Psicopatologias na Perspectiva Psicanalítica</p><p>Transtornos de Ansiedade</p><p>Na psicanálise, os transtornos de ansiedade são frequentemente vistos como</p><p>manifestações de conflitos internos não resolvidos. Freud acreditava que a ansiedade é</p><p>uma resposta a ameaças percebidas pelo ego, que resultam da repressão de desejos</p><p>inconscientes. As neuroses de ansiedade, como o transtorno obsessivo-compulsivo</p><p>(TOC) e o transtorno de pânico, são interpretadas como tentativas do ego de controlar</p><p>ou evitar esses conflitos subjacentes.</p><p>Transtornos Depressivos</p><p>A depressão, na teoria psicanalítica, é frequentemente associada a um</p><p>sentimento de perda e ao luto inconsciente. Freud propôs que a depressão pode resultar</p><p>da introjeção de objetos perdidos, quando o indivíduo internaliza a perda de uma pessoa</p><p>significativa ou um ideal, experimentando sentimentos de culpa e inadequação. Essa</p><p>internalização pode levar a um estado de melancolia e desespero.</p><p>Transtornos de Personalidade</p><p>Os transtornos de personalidade são entendidos na psicanálise como resultantes</p><p>de falhas no desenvolvimento psíquico durante os estágios iniciais da vida. Freud e seus</p><p>sucessores, como Melanie Klein e Donald Winnicott, exploraram como as relações</p><p>objetais e as experiências infantis moldam padrões duradouros de comportamento e</p><p>interação. Por exemplo, a teoria das relações objetais sugere que distúrbios na forma</p><p>como o indivíduo internaliza e lida com as figuras parentais podem levar a transtornos</p><p>de personalidade como o borderline e o narcisista.</p><p>Avanços e Críticas Contemporâneos</p><p>Evolução da Psicanálise</p><p>Desde Freud, a psicanálise evoluiu significativamente. As teorias de Carl Jung</p><p>introduziram conceitos como o inconsciente coletivo e arquétipos, enquanto a teoria de</p><p>Jacques Lacan trouxe uma nova perspectiva sobre o papel da linguagem e do desejo</p><p>na formação da psique. Estas abordagens ampliaram o entendimento das</p><p>psicopatologias, permitindo uma análise mais rica e multifacetada das experiências</p><p>humanas.</p><p>A psicanálise contemporânea também incorporou descobertas das neurociências</p><p>e da psicologia evolutiva, ajustando e refinando suas teorias para integrar novos</p><p>conhecimentos sobre a mente e o cérebro. A introdução de modelos integrativos, que</p><p>combinam a psicanálise com outras formas de psicoterapia, tem contribuído para uma</p><p>abordagem mais holística e efetiva no tratamento das psicopatologias.</p><p>Críticas e Limitações</p><p>Apesar de suas contribuições significativas, a psicanálise enfrenta críticas</p><p>consideráveis. A falta de evidência empírica robusta e a dificuldade em testar suas</p><p>teorias cientificamente são frequentemente apontadas como limitações. Além disso,</p><p>alguns críticos argumentam que a psicanálise pode ser excessivamente centrada no</p><p>passado e nas dinâmicas familiares, negligenciando fatores sociais e culturais mais</p><p>amplos.</p><p>A eficácia das intervenções psicanalíticas também foi questionada em</p><p>comparação com outras abordagens terapêuticas, como a terapia cognitivo-</p><p>comportamental (TCC). Estudos comparativos frequentemente mostram que, embora a</p><p>psicanálise possa ser eficaz para alguns pacientes, outras formas de terapia podem</p><p>oferecer resultados mais rápidos e objetivos para transtornos específicos.</p><p>Considerações Finais</p><p>A psicanálise continua a desempenhar um papel crucial na compreensão e</p><p>tratamento das psicopatologias, oferecendo insights profundos sobre a natureza do</p><p>inconsciente e dos conflitos internos. Apesar das críticas e limitações, suas</p><p>contribuições para o campo da psicologia são inegáveis e continuam a influenciar</p><p>práticas e teorias contemporâneas.</p><p>A integração de novas descobertas científicas e a adaptação das práticas</p><p>psicanalíticas às necessidades e contextos atuais são essenciais para manter sua</p><p>relevância e eficácia. O futuro da psicanálise provavelmente envolverá um diálogo</p><p>contínuo com outras disciplinas e abordagens terapêuticas, promovendo uma</p><p>compreensão mais completa e integradora das complexidades da mente humana e das</p><p>psicopatologias.</p><p>Referências bibliográficas</p><p>Freud, Sigmund. (1900). *A Interpretação dos Sonhos*. Imago.</p><p>Klein, Melanie. (1932). *A Psicanálise da Criança*. Imago.</p><p>Lacan, Jacques. (1966). *Escritos*. Le Seuil.</p><p>Jung, Carl Gustav. (1964). *O Homem e Seus Símbolos*. Aldus Books.</p><p>Fonagy, Peter, & Target, Mary. (2003). *Attachment and Psychopathology: Theory and</p><p>Research*. Routledge.</p><p>Beck, Aaron. Temkin, & Dozois, David. J. A. (2011). *Cognitive Theory and Therapy</p><p>of Depression: A Review of Theory, Research, and Clinical Practice*. In J. C. Coyne &</p><p>K. O. Wills (Eds.), *Handbook of Depression* (pp. 114-136). Guilford Press.</p>