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<p>UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA</p><p>PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO</p><p>CURSO DE SERVIÇO SOCIAL</p><p>JERSOM HENRIQUE DE SOUZA</p><p>BREVE VISÃO DAS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS</p><p>E A POPULAÇÃO IDOSA NO BRASIL</p><p>BELO HORIZONTE</p><p>2023</p><p>UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA</p><p>PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO</p><p>JERSOM HENRIQUE DE SOUZA</p><p>BREVE VISÃO DAS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS</p><p>E A POPULAÇÃO IDOSA NO BRASIL</p><p>Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à</p><p>Universidade Salgado de Oliveira, como</p><p>requisito para obtenção do grau de Bacharel de</p><p>Serviço Social.</p><p>BELO HORIZONTE, MG, 2023</p><p>ORIENTADOR: Prof.ªSuziane Mendonça Hermes Soares</p><p>BELO HORIZONTE, MG</p><p>2023</p><p>UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA</p><p>PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO</p><p>JERSOM HENRIQUE DE SOUZA</p><p>BREVE VISÃO DAS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA</p><p>IDOSOS E A POPULAÇÃO IDOSA NO BRASIL</p><p>Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao</p><p>Curso de Serviço Social da Universidade Salgado</p><p>de Oliveira, como parte dos requisitos para</p><p>conclusão do curso.</p><p>Aprovada em ______ de __________________ de 2023.</p><p>Banca Examinadora:</p><p>_______________________________________________</p><p>Examinador 1 – UNIVERSO</p><p>_______________________________________________</p><p>Examinador 2 – UNIVERSO</p><p>_______________________________________________</p><p>Professora Orientadora: Suziane Mendonça Hermes Soares</p><p>RESUMO</p><p>O presente trabalho se refere a uma pesquisa bibliográfica sobre as ILPI's</p><p>(Instituição de Longa Permanência para Idosos) e pesquisa de campo para conhecer</p><p>o dia a dia dos idosos em uma ILPI, a estrutura das instituições. Existem vários</p><p>termos bem conhecidos para definir o abrigamento de pessoas idosas dentre eles,</p><p>Asilo, Casa de repouso, Instituição de longa Permanência para Idoso. O termo mais</p><p>usado é ILPI. Este trabalho se dividirá em três capítulos. O primeiro capitula</p><p>abordara a história de ILPI no Brasil. O segundo Capitula abordara o abrigamento,</p><p>estrutura das ILPIs e direito dos idosos e o terceiro capítulo abordará a política</p><p>pública e o beneficio do serviço social para os idosos entre outros apoiaremos este</p><p>trabalho na proposta de Bardin (1979) e Lima (2005), e outros. Para o sujeito idoso o</p><p>que representa serem institucionalizadas em uma ILPI, quais as dificuldades</p><p>vivenciadas pelos idosos e seus familiares. Benefícios obtidos pelos idosos</p><p>institucionalizados e quais as desvantagem no rompimento do habitar natural</p><p>vivenciado por muitos anos pela pessoa que muda para uma ILPI. Procuramos</p><p>entender novas formas de organização para morar dos idosos.</p><p>Palavras-chave: abrigamento, asilamento, envelhecer.</p><p>SUMARIO</p><p>PAG</p><p>1. OBIJETIVOS GERAIS ................................................................................................................... 8</p><p>1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ............................................................................................................ 8</p><p>1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................ 9</p><p>1.4 BREVE HISTORIA DAS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANENCIA PARA IDOSOS NO</p><p>BRASIL. .................................................................................................................................. 10 - 15</p><p>1.5 O PROGRESSO DE ENVELHECIMENTO HUMANO ......................................................... 16 - 20</p><p>1.6 A IMPORTANCIA CULTURAL NA COMPREENSÃO SOBRE PROGRESSO DE</p><p>ENVELHECIMENTO HUMANO .............................................................................................. 21 - 27</p><p>2. PERDAS, GANHOS E DEPENDEÊCIA NA VELHICE .............................................................. 28 - 32</p><p>2.1 SOBRE O PRECONCEITO E A VELHICE ............................................................................ 33 - 35</p><p>2.2 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSIVEIS NA VELHICE .............................................. 36 - 39</p><p>2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE PROTEÇÃO AO IDOSO ............................................................ 40 – 42</p><p>2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 43 – 46</p><p>2.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA ............................................................................................. 47</p><p>16</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Podemos encontrar muito comumente em nossa sociedade o preconceito</p><p>relacionado a idosos. O preconceito é uma ideia preconcebida, algo que se enfatiza</p><p>antes que tenhamos um conhecimento a respeito do que se julga. Muitos idosos</p><p>vivem esse drama de serem tachados como incapazes ou inválidos, no entanto, a</p><p>relação do envelhecer para cada sujeito ou cultura se apresenta de uma maneira</p><p>muito subjetiva. O papel da cultura na construção desta percepção se faz importante</p><p>diante da convivência social intrínseca ao processo de reconhecimento, através do</p><p>olhar do outro. Essa inter-relação se faz presente na forma de como são construídas</p><p>as relações sociais com o envelhecimento que muitas vezes nos leva à percepção</p><p>de, que quem envelhece é uma população não produtiva frente a sociedade.</p><p>Conforme Mucida (2006), o assunto da velhice é delicado e</p><p>por vezes desconfortável, por nos fazer pensar sobre nossa</p><p>própria finitude. Para ela,</p><p>“Falar da velhice incomoda porque expõe o limite ao qual</p><p>todos nós somos submetidos. Falar da velhice desacomoda,</p><p>exigindo certa acomodação dos traços e dos restos advindos</p><p>pelas perdas, pelas mudanças da imagem e na relação com o</p><p>outro”. A Organização Mundial da Saúde – OMS, considera</p><p>idosas as pessoas acima de 60 anos.</p><p>Diante de todas essas mudanças e adaptações que o envelhecimento</p><p>proporciona ao sujeito e, diante do crescimento populacional no número de idosos</p><p>no Brasil, se torna imprescindível a abordagem deste tema. Porém, a questão deste</p><p>trabalho se refere à reflexão do envelhecer associado à condição de asilamento/</p><p>abrigamento.</p><p>O termo asilo é carregado de estereótipos que podem remeter ao sentido de</p><p>asilar-se, deixar para trás as lembranças de uma profissão exercida, deixar para trás</p><p>uma vida em família através da entrada no asilo. Já o termo abrigamento pode ser</p><p>interpretado como um abrigo, assimilando a uma proteção de não ser expulso nem</p><p>ficar sem moradia.</p><p>17</p><p>Assim, objetivou-se percorrer o caminho em direção a relação entre o viver e</p><p>envelhecer numa casa de abrigo para idoso, compreendendo de que forma os</p><p>profissionais e os idosos percebem o processo de envelhecimento.</p><p>18</p><p>2.1 OBJETIVOS</p><p>2.1.1 OBJETIVO GERAL</p><p>Verificar de que maneira os idosos e os profissionais da Instituição de Longa</p><p>Permanência para Idosos – IUPI, enfrentam a velhice, traçando um paralelo entre as</p><p>condições de asilamento e de abrigamento.</p><p>2.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICO</p><p>Refletir junto a idosos e profissionais sobre o envelhecimento;</p><p>Analisar o significado do envelhecer dentro de um contexto institucional,</p><p>identificando o posicionamento dos idosos e profissionais frente ao asilamento e ao</p><p>abrigamento;</p><p>Analisar a importância das relações sociais estabelecidas dentro da instituição.</p><p>19</p><p>3. JUSTIFICATIVA</p><p>O crescimento populacional de idosos no Brasil aumenta a cada ano.</p><p>Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, os idosos são hoje</p><p>8,6% da população total do país. Também são crescentes os números de trabalhos e</p><p>programas voltados para essa população. No entanto, não há atividades suficiente</p><p>na área da Psicologia e outras ciências voltadas aos idosos que vivem em casas de</p><p>abrigo, tampouco sobre os profissionais que lá atuam.</p><p>Assim, no contexto social este trabalho se faz importante analisar a situação</p><p>dos idosos que</p><p>pois sua libido é toa baixa que não o permite ter atração sexual,</p><p>seu organismo não mais consegue biologicamente produzir hormônios relacionados</p><p>com sexualidade e que a ereção e a ejaculação masculina e o orgasmo feminino,</p><p>49</p><p>nunca será alcançado por uma pessoa idosa. A compreensão de que sexualidade</p><p>deve ser tratada como relativo, ou seja, o desempenho varia de uma pessoa para</p><p>outra e que nem sempre pessoa nova tem bom desempenho sexual, da mesma</p><p>forma pessoa idosa pode ou não tem vida sexual ativa. Um fato que é democrático a</p><p>todas as idades e que as doenças sexualmente transmissíveis não escolhe idade e</p><p>que ter só um (a) parceiro (a) e a prevenção é a melhor forma de não se contaminar.</p><p>As medidas de precaução em relação a sexo em geral, como</p><p>o uso de preservativo de, principalmente nas mulheres, estão</p><p>voltadas intencionalmente para evitar uma gravidez</p><p>indesejada. Neste caso, como a gravidez/concepção na</p><p>terceira idade deixa de ocorrer, atividade sexual passa a</p><p>acontecer sem precaução/prevenção (LEITE; MOURA;</p><p>BERLEZI, 2007 p. 2).</p><p>Esta realidade concernente o uso de preservativo atualmente não faz parte</p><p>somente do universo feminino, pois assim como a mulher quer evitar uma gravidez</p><p>indesejada, o homem também está mais preocupado não é tanto com a gravidez em</p><p>se, mas com o pagamento de pensão alimentícia, assim o interesse em usar o</p><p>preservativo é de ambas as partes, tanto para evitar contaminação e o da gravidez</p><p>indesejada. Já com os idosos o pensamento é diferente, em tempos anteriores as</p><p>doenças sexualmente transmissíveis não eram tão graves como é hoje e pensão</p><p>alimentícia não tinha o rigor da lei como na atualidade. Com este pensamento fixado</p><p>na mente do idoso com sua desatualização leva-o a viver como no tempo que era</p><p>novo, expondo ao perigo de se contaminar. E não são poucos os idosos do sexo</p><p>masculino que por não usar preservativo, relaciona com mulheres mais nova e as</p><p>engravidam, trazendo serias complicações para se e para família que em vários</p><p>casos não concordam com mais um herdeiro na família.</p><p>50</p><p>4.8 POLÍTICAS PUBLICAS DE PROTEÇÃO AO IDOSO</p><p>Este trabalho pretende procurar bases fundamentadas em Leis que já foram</p><p>promulgadas para beneficiar as pessoas idosas. O processo de envelhecimento da</p><p>população brasileira é real e não tem garantir direitos sem que haja leis para</p><p>proteger e fazer cumprir o direito que o idoso tem, pois o mesmo já contribuiu vários</p><p>anos com sua prestação de serviço e pagamentos de impostos. As leis também</p><p>determinam formas de prevenir a violência contra pessoas idosas.</p><p>A Constituição, a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso significa um</p><p>grande avanço na promoção dos Direitos do Idoso, no papel chamamos de grande</p><p>avanço, mas na sua aplicabilidade deixa muito a desejar, os serviços públicos são</p><p>ineficientes e muito limitado quando se trata de solução de problemas vivenciadas</p><p>pelo idos.</p><p>As Políticas Públicas segundo Costa (1990, p, 71), podem ser definidas como:</p><p>a estrutura de leis propostas, compromissos, princípios e valores que presidem a</p><p>estrutura e o funcionamento do ramo social do Estado no âmbito da satisfação das</p><p>necessidades básicas do cidadão</p><p>O artigo 230 da Constituição diz:</p><p>A família, a sociedade, e o estado tem o dever de amparar as</p><p>pessoas idosas, as segurando sua participação na</p><p>comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e</p><p>garantindo o direito à vida. (Brasil, Constituição da República</p><p>Federativa, 2009, p. 16).</p><p>Dentro desses mesmos propósitos, a Política Nacional do idoso promulgada</p><p>pela Lei 8,842/94, tinha objetivo de permitir um envelhecimento saudável, preservar</p><p>a capacidade funcional, a autonomia e manter a qualidade de vida do idoso. Essa</p><p>Lei é regida por alguns princípios, os quais estão presentes em seu artigo 3° no I e</p><p>II. Inciso.</p><p>Art. 3° A Política Nacional dom Idoso regerá pelos seguintes</p><p>princípios: I – a família, a sociedade o Estado tem o dever de</p><p>assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania garantindo</p><p>sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade,</p><p>bem-estar e o direito á vida. II- o processo de envelhecimento</p><p>51</p><p>diz respeito a sociedade em gera, devendo ser objeto de</p><p>conhecimento e informação para todos. (Brasil Constituição</p><p>da República Federativa Lei 8.842/94, p. 17)</p><p>A partir de demandas da sociedade brasileira e fruto de intensos debates e</p><p>várias discussões e tramitar por 5 (cinco) anos no Congresso Nacional, o Estatuto</p><p>do Idoso foi aprovado por unanimidade e foi sancionado pelo Presidente Luiz Inácio</p><p>Lula da Silva no dia 01 de outubro de 2003. O seu projeto tinha como designo a</p><p>regulação das garantias dos direitos dos idosos, e serviu de contribuição com a</p><p>política Nacional do Idoso além de afirmar princípios constitucionais assegurados</p><p>pela Constituição Federal.</p><p>Nos dizeres de Paulo Alves Santos (Estatuto do Idoso, 2005, p. 13)</p><p>A Lei 10.741/2003 Visa amparar o idoso com mais de 60</p><p>(sessenta) anos dispensado-lhe maior atenção, ao criar o</p><p>Estatuto do Idoso, na verdade deu vida a uma coletânea de</p><p>normas variadas da mais diferente espécies legislativas.</p><p>Houve, por assim dizer, uma fusão de princípios buscados na</p><p>Constituição Federal, Códigos, Leis Ordinárias, Decretos,</p><p>Regulamento e Normas Técnicas.</p><p>Esta lei que dispõe sobre o Estatuto do Idoso, contem todos direitos</p><p>fundamentais do idoso resguarda as garantias de vida digna, para que o idoso seja</p><p>visto como cidadão de direito e se seus direitos forem violados ou ameaçados, O</p><p>Ministério Público ou Poder judiciário aplique as medidas contidas no Estatuto do</p><p>Idoso.</p><p>Partindo desta mesma visão em relação à proteção aos idosos no Brasil, a</p><p>Assistência Social destaca-se como importante fonte de melhoria das condições de</p><p>vida e de cidadania ao idoso A Lei 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência - Loas),</p><p>em seu artigo 1° define a Assistência Social como um direito do cidadão e um dever</p><p>do estado, conforme o artigo 33 do Estatuto do Idoso.</p><p>Art. 33 A Assistência Social aos idosos será prestada de</p><p>forma articulada conforme os princípios e diretrizes previstas</p><p>na Lei Orgânica da Assistência Social, na política Nacional</p><p>52</p><p>dos idosos no sistema único de saúde e demais normas</p><p>pertinentes.</p><p>Considerando estes dispostos na Lei e no Estatuto do Idoso verifica-se que</p><p>em se tratando de direitos conquistados e estabelecidos por Leis e Normas</p><p>pertinentes a proteção do idoso, no Brasil há respaldo legal quando se refere a</p><p>promoção de qualidade de vida da pessoa idosa. As Leis e o Estatuto do Idoso. A</p><p>linguagem usada nas Leis e no Estatuto do Idoso é simples e de fácil entendimento,</p><p>já se avançou muito concernente aos diretos dos idosos, muito do que esta</p><p>determinado já foi posto em pratica, um exemplo é o direito que o idosos tem de ter</p><p>um acompanhante em internação hospitalar, embora os hospitais não dê o mínimo</p><p>de conforto para o acompanhante, mas para o idosos a presença de um</p><p>acompanhante lhe dá mais segurança durante sua internação.</p><p>53</p><p>5. CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Conclui-se que o processo de envelhecimento é algo natural, mas</p><p>infelizmente na lógica a sociedade capitalista o idoso é visto como pessoa</p><p>descartável, imprestável, improdutivo, seja nas relações de classe, seja na relação</p><p>familiar. A maioria das pessoas idosas são vistas como um peso que a família tem</p><p>que carregar de forma insatisfatória, fato que pode levar a maus tratos.</p><p>É necessário que o fenômeno da violência contra pessoa idosa seja visto</p><p>com um olhar interdisciplinar, para que todos os seguimentos da sociedade se</p><p>interajam para enfrentar esta situação que é conhecida por todos e que exige uma</p><p>ação imediata, antes que as vítimas indefesas sofram maiores consequências.</p><p>Percebemos que o fenômeno da violência contra a pessoa idosa exige um olhar</p><p>interdisciplinar, envolvendo todos os setores da sociedade civil e pública para o</p><p>enfrentamento desta problemática.</p><p>A rede de proteção pode garantir às pessoas idosas melhores condições</p><p>de vida. Para isso considera-se como essencial as ações de trabalho junto a seus</p><p>familiares, pois somente através do fortalecimento de ações entre família, sociedade</p><p>e Estado é que se materializará a plena garantia dos direitos às pessoas idosas.</p><p>Ser velho não é símbolo de causadores de trabalho, despesas, de</p><p>inconveniência, como muitos filhos (a) dizem hoje, que pais morarem nas casas dos</p><p>filhos (a) casados interfere no relacionamento do casal, tirando lhes a liberdade.</p><p>Esta é uma das maiores causas de filhos procurarem uma IUPI para institucionalizar</p><p>seus progenitores. Verdade é que esta não é a única causa; há também aqueles que</p><p>pesam na convivência de pais idosos e filhos é o desafeto entre ambos, alguns filhos</p><p>reclamam dos maus tratos sofrido na infância, como espancamento, abandono, e</p><p>vida degradada dos pais, vícios, ausência e outras queixas. Se há fundamento para</p><p>o que se ouve, não há provas, só há a versão de um lado, neste caso a fala dos</p><p>filhos.</p><p>Um bom remédio para curar o ódio amadurecido nos corações de alguns</p><p>familiares de pessoas idosa, seria a compreensão, o perdão, para abrir o caminho</p><p>para amar seus progenitores. A melhor, mais perfeita e mais eficaz lei é o amor! As</p><p>leis e Estatuto do idoso só existem porque o amor falhou. Leis de proteção aos</p><p>Idosos e Estatuto do Idoso, não tem nenhum significado para uma família que vivem</p><p>em união e em amor. As leis que propõe proteger aos idosos, mesmo que sejam</p><p>bem elaboradas e que dão poder as autoridades para penalizar quem as</p><p>54</p><p>descumprirem, são suficientes somente para inibir os desrespeito aos direitos dos</p><p>idosos. Os que praticam mal aos idosos sabem muito bem que com tantos crimes</p><p>graves que na são punidos pelas conforme as leis, sabem que dificilmente irão ser</p><p>punidos por crimes com menos gravidade que corrupção, assassinatos, roubos,</p><p>tráfico de drogas, violência, estupros, etc. Muitos até pensão que ser punido e</p><p>receber condenação de reclusão é um grande beneficio, pois durante o tempo que</p><p>tiver cumprindo pena. Até para idosos ou acima de 44 anos de idade o auxilio</p><p>reclusão é vitalício ou seja durará por todos tempo que permanecer cumprindo pena.</p><p>O valor é de R$888,00 a R$1264,67 (ano base 2016) para quem já contribuiu com</p><p>INSS. Este direito pode funcionar como incentivo ao crime de forma geral, inclusive</p><p>ao desrespeito ao direito dos idosos. À evidente que este pensamento não ocupa a</p><p>mente da pessoa de bem.</p><p>Vemos que o problema de desrespeito ao direito do idoso é uma questão</p><p>cultural, que precisa ser tratado não somente com leis e estatuto, todos da</p><p>sociedade devem estar envolvidos principalmente as famílias, o estado cumprir seu</p><p>dever principalmente na saúde, onde o atendimento aos idosos é tão precário, que</p><p>em vários casos quando sai um atendimento de alta complexidade o idoso já está</p><p>morando no cemitério e não necessita mais do tratamento, para não dizer do</p><p>fornecimento de medicamento, os mais caros nunca tem nas farmácias dos centros</p><p>de saúde, e os de baixo custo costuma também faltar. As ILPs, devido as exigências</p><p>das autoridades serem muito dispendiosas, são obrigadas a repassar o valor dos</p><p>gastos para o pagamento do custeio do idoso na instituição, o valor médio que uma</p><p>IUPI gasta para manter um idoso grau 3 institucionalizado em Belo Horizonte, é em</p><p>media R$3.100,00, quem não pode pagar este valor, tem que esperar sair vaga nas</p><p>instituições conveniadas com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, nesta</p><p>modalidade o idoso vai entregar 70% do seu beneficio do INSS para instituição, os</p><p>outros 30% fica com o idoso ou sua família, para comprar remédios, fraudas e</p><p>produtos de usos pessoal, que recebe um salário-mínimo somente tem que ficar na</p><p>fila da Assistência Social, aguardando uma vaga, muitos idosos morrem antes de</p><p>sair a vaga.</p><p>A sociedade: sendo a sociedade formada por todos os sujeitos que vivem em</p><p>uma determinada ária de abrangência, formando um grupo, com sua cultura,</p><p>normas, religião, costumes, etc. Esta sociedade esta cada dia menos conhecedora</p><p>da realidade vivida por seus cidadãos. Como a velhice esta aumentando sem que a</p><p>55</p><p>sociedade perceba. Vemos que a não atuação da sociedade concernente a atenção</p><p>aos idosos, esta deixando a desejar, não é por falta de interesse e sim por falta de</p><p>conhecimento da realidade vivenciada pala velhice. A conscientização social é muito</p><p>importante, para que cada seguimento social se organize para atuar de forma eficaz</p><p>na elaboração de políticas sociais para suprir as necessidades dos cidadãos.</p><p>Atuando todos em conjunto, ficará mais fácil suprir as necessidades de que</p><p>necessita. Os idosos passaram a contar com várias pessoas envolvidas na sua</p><p>atenção trazendo mais conforto e alegria de viver, para promover melhor qualidade</p><p>de vida e Preparar o idoso para ter uma boa qualidade de morte, esta última é tão</p><p>pouco enfatizada, mas devemos pensar que o último suspiro de cada um é inevitável</p><p>e que o último suspiro dos idosos pode estar bem próximo.</p><p>A família: Quando se fala em família nos vem o pensamento que todas as</p><p>responsabilidades no cuidado de seus membros são de sua inteira responsabilidade.</p><p>Esta instituição (família) por não recebe o que é de direito como moradia, saúde,</p><p>educação, alimentação, lazer, o mínimo para suprir suas necessidades básicas,</p><p>salário digno, assim a família está se falindo. Quando um de seus membros</p><p>envelhece, passa a gastar mais que o que recebe de beneficio, a família fica</p><p>sobrecarregada e até impossibilitada de manter seus idosos no ambiente familiar. A</p><p>família já não conta com a dona de casa de tempo integral, como era no passado,</p><p>ela tem que trabalhar fora para completar a renda familiar, seus membros estão</p><p>vivendo mais, assim tem mais velhos (a) nas famílias, não moram próximo uns dos</p><p>outros por motivos financeiros, quando há uma pessoa idosa que precisa de</p><p>cuidados especiais, normalmente ela fica na responsabilidade só de um filho ou uma</p><p>filha, a pessoa idosa não pode ficar sozinha, daí a família é forçada a procurar uma</p><p>ILPI para ser a nova moradia de seus idosos, isso não é benéfico nem para a</p><p>pessoa idosa nem para sua família, mas se trata de uma necessidade urgente. Há</p><p>descontentamento de ambos os lados. Neste triângulo ILPI, Idosos, Família, há</p><p>necessidade da atuação de vários profissionais um deles e o assistente social.</p><p>O assistente social é um profissional de grande valia para atuar junto aos</p><p>equipamentos públicos e privados voltados para atenção aos idosos. Ele está</p><p>preparado para intermediar entre idoso, família, serviço social, políticas sociais e</p><p>sociedade voltada para idosos. Quando se fala em atenção ao idoso sabe-se que no</p><p>Brasil está buscando uma forma mais humanizada para proporcionar melhor</p><p>56</p><p>qualidade de vida aos idosos. O empenho nesta construção deve envolver toda</p><p>população brasileira, pois todos têm ou terão idosos para cuidar. Com o aumento da</p><p>perspectiva de vida, sabe-se que a população idosa aumentará a cada ano,</p><p>Atualmente a demanda concernente ao atendimento aos idosos, é menor que a</p><p>oferta. Compete a todos os seguimentos da sociedade, se empenhar para estruturar</p><p>políticas sociais voltadas para idosos, que atenda a necessidade desta população.</p><p>Os primeiros passos já foram dados, vários atores já deram sua colaboração, agora</p><p>é hora de todos nós envolvermos de forma eficaz para dar aos idosos uma vida</p><p>digna. Espero ter de alguma forma trazida algo útil, para todos que se envolve direto</p><p>ou indiretamente com idosos.</p><p>57</p><p>6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.</p><p>Senado Federal. Subsecretaria de Edições Técnicas, 2010.</p><p>Estatuto do Idoso: Lei Federal n° 10.741, de 01 de outubro de 2003, Brasília, DF:</p><p>Secretaria Especial dos Direitos Humanos,</p><p>20004.</p><p>Franco, Paulo Alves. Estatuto do Idoso anotado. São Paulo: Direito. 2004</p><p>Lei n° 8.742, de 7 de dezembro de 1993, Lei Orgânica de Assistência Social.</p><p>PINHEIRO. Naide Maria, Estatuto do Idoso comentado. Campinas, SP; Ed.</p><p>Servanda, 2008.</p><p>VILAS BOAS, Marco Antonio. Estatuto do Idoso comentado, Rio de Janeiro:</p><p>Forense, 2005.</p><p>BEAUVOIR, Simone de. A velhice. Tradução de Maria Helena Franco Monteiro. Rio</p><p>de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.</p><p>BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: Lembranças de Velhos. 3° edição. São Paulo;</p><p>Companhia das Letras, 1983.</p><p>Política Nacional do Idoso: Lei Federal n° 8.842, de 4 de janeiro de 1994. Brasília,</p><p>DF, Senado, 1994.</p><p>DEBERT, Guita Grin. A revolução da Velhice: Socialização e Processos de</p><p>Reprivatização do Envelhecimento. São Paulo: Editora Universidade de são Paulo:</p><p>Fapes, 2004.</p><p>HADAD, Eneida. A Ideologia da Velhice. São Paulo: Cortez, 1986.</p><p>vivem em Instituições de Longa Permanência para Idosos – ILPI’s,</p><p>bem como avaliar como estes idosos e profissionais se sentem em um contexto</p><p>institucional, situando a problemática na questão sobre o que, para eles,</p><p>representam a instituição e a velhice. Com a perspectiva de aproximação a esta</p><p>realidade desconhecida, o trabalho de campo visa refletir de que forma se convive</p><p>com o processo de envelhecimento.</p><p>Com isso, além da contribuição para sociedade, este faz um avanço no que</p><p>diz respeito à academia, já que são poucos os trabalhos publicados voltados para</p><p>área social com idoso e profissionais de ILPI’s.</p><p>20</p><p>4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA</p><p>4.1 BREVE HISTÓRICO DAS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA</p><p>IDOSOS NO BRASIL</p><p>Asilo ou Instituição de Longa Permanência para Idosos (IUPI) o nome mais</p><p>usado atualmente, é um abrigo, que tem que fornecer alojamento adequado,</p><p>alimentação suficiente, segurança, em alguns casos educação. Esta instituição já</p><p>recebeu vários nomes, como asilo, casa de repouso, clínica geriátrica e outros. As</p><p>ILPIs vêm se melhorando seus atendimentos para dar uma melhor qualidade de vida</p><p>e de morte para seus abrigados. Qualidades de vida todos sabem e fala sobre ela</p><p>porem qualidade de morte quase ninguém quer tocar no assunto. Qualidade de</p><p>morte são o resultado que a boa qualidade de vida proporciona. Com uma visão</p><p>voltada para o bem-estar de todos como prioridade para as pessoas idosas será</p><p>desenvolvido este trabalho que no primeiro capítulo procurará conhecer um pouco</p><p>da história das ILPIs no Brasil.</p><p>O surgimento de ILPIs não é recente. O Cristianismo foi o primeiro no amparo</p><p>aos idosos “há registro de que o primeiro asilo foi fundado pelo Papa Pelagio II que</p><p>transformou sua casa em num hospital para velhos”.</p><p>No Brasil Colônia, o Conde de Resende defendeu que os soldados velhos mereciam</p><p>uma velhice digna “descansada” Em 1794, no Rio de janeiro Começou funcionar a</p><p>casa dos inválidos, não com ação de caridade, mas como reconhecimento aqueles</p><p>que prestaram serviço à pátria para que tivessem uma velhice tranquila.</p><p>Posteriormente em 1790 fundou-se no Rio de Janeiro o Abrigo São Luiz. Na</p><p>época estas instituições eram vistas como exemplo das chamadas assim instituições</p><p>totais, atualmente esse modelo é considerado como ultrapassado.</p><p>Lima (2005) apresenta aspectos históricos das atuais ILPIs: A</p><p>primeira instituição destinada aos velhos no Brasil foi numa</p><p>chácara. Foi construída em 1790, para acolher soldados da</p><p>campanha de 1792 e que naquela ocasião encontravam-se</p><p>“avançados em anos e cansados de trabalhar” que pelos seus</p><p>serviços prestados “se faziam dignos de uma descansada</p><p>velhice”. A chamada casa dos inválidos foi construída por</p><p>decisão do 5° Vice-Rei, Conde de Resende, que contrariando</p><p>todas as normas da época, cria esta instituição, inspira-se na</p><p>obra de Luiz XIV (Hotel dos Invalides) destinada aos heróis</p><p>(...). Como podemos ver a primeira instituição criada no Brasil</p><p>era restrita a soldados e não a velhice em geral. Com a vinda</p><p>21</p><p>da Família Real Portuguesa, em 1808, a casa que abrigava</p><p>essas pessoas foi “cedida” ao médico particular do Rei e os</p><p>internos foram transferidos para Casa de Santa Misericórdia</p><p>Lima (2005, p. 26).</p><p>E que foi à Casa de Santa Misericórdia? Lima (2005, p. 26) Também relata que:</p><p>No que se refere à Casa de Santa Misericórdia, sabe-se que</p><p>foram os serviços de hospitalização da época colônia.</p><p>Fundadas e administradas por irmandade de leigos ou</p><p>eclesiásticos (origem privada, exerciam uma atividade</p><p>assistencial, destinada aos doentes pobres. Mas não Só aos</p><p>pobres se beneficiavam desse serviço, também os indígenas,</p><p>forasteiros, soldados e marinheiros. A manutenção desses</p><p>hospitais dependia do idoso residente em IUPI (Instituição de</p><p>longa Permanência dos Idosos) e que isso representa 213</p><p>para sujeito idoso. Costa, C.N.S. & Mercadante, E.F. 2013</p><p>março).</p><p>Ainda segundo Lima (2005) Essas Instituições foram esquecidas e somente</p><p>após 47 anos foi criado o decreto de fundação do “Asilo dos Inválidos da Pátria” que</p><p>ficou por três décadas no papel, sendo construído e inaugurado em 868 no Rio de</p><p>janeiro na Ilha do Bom Jesus. Isso nos faz ver que o problema relativo às pessoas</p><p>“invalidas” não era tão urgente na época e parece que também não incomodava a</p><p>muita gente. Lima ressalta que, até o século XVIII, todos os excluídos socialmente</p><p>(mendigos, vagabundos, prostitutas, criminosos) eram assistidos de forma idêntica.</p><p>Com o desenvolvimento da medicina no início do século ouve separação dessa</p><p>categoria de pessoas, embora somente no final do desse século passasse-se a</p><p>perceber as diferenças entre os pacientes do que adveio sua separação, ordenado,</p><p>dessa forma, ordenando os espaços institucionalizados.</p><p>Ainda segundo a autora, em nome de uma sociedade sadia, os muito</p><p>miseráveis, eram uma ameaça pelo modo que viviam, por serem perigosos, agentes</p><p>propagadores de doenças. Sua livre coexistência aos demais seguimentos da</p><p>população não poderia ser mais tolerado e, para encaminhar tal problema, no ano</p><p>de 1854, foi fundado o “Asilo de Mendicidade” destinado a abrigar essa população. A</p><p>população muito pobre vivia da caridade alheia, tinha licença para mendicância.</p><p>Todos que fossem incapacitados para o trabalho eram incluídos nesse patamar,</p><p>inclusive uma pessoa considerada velha.</p><p>Segundo Grosmam (Citado em Lima 2005) outro fator que favoreceu a</p><p>mendicância foi à abolição da escravatura, a população considerava mais digno</p><p>22</p><p>mendigar que trabalhar em atividades antes executadas por escravos. A velhice,</p><p>nessa época já habitavam as ruas das cidades, engrossando a multidão de pedintes,</p><p>fato este que contribuiu para criação das instituições asilares. Ainda segundo a</p><p>autora é a partir desse contexto que surge a diferença entre velhice e mendicância,</p><p>passando a existir uma nova categoria: a velhice desamparada. Os Idosos</p><p>residentes em IUPI. O que isso representa para o sujeito idoso Revista Kairos</p><p>Gerontologi, 16 (2) 2008-222. Oline ISSM 2127-001X, Print ISSN 1516-2567, São</p><p>Paulo (SP) Brasil & Mercadante, E. F. (2013 março)</p><p>A primeira instituição a velhice destinada foi fundada no Rio de Janeiro em</p><p>1890, foi chamada de Asilo São Luiz.</p><p>Segundo Lima (2005, PP. 40-1) Complementa que:</p><p>Na realidade, o asilo para velhos foi criado para dar “sossego”</p><p>e “repouso” aquele que já se achava cansado de tanto viver e</p><p>agora aguardava seu último “suspiro” Tradicionalmente,</p><p>portanto, o asilo não é um lugar para trabalho e, sim para</p><p>descanso. Não há registro de quando tenha começado o uso</p><p>de ocupação pela população idosa asilada, mas supõe-se</p><p>que tenha sido implantado por influência desses</p><p>acontecimentos narrados. Em algum momento, alguém achou</p><p>que seria bom, também para essa clientela. De fato, o fazer</p><p>nos acompanha, faz parte da nossa vida e deveria continuar a</p><p>nos acompanhar ater o fim da vida. LIMA (2005, PP.40-1)</p><p>A expressão usada pela autora leva-nos a uma visão ampliada do que deve</p><p>ser uma IUPI, concernente seu funcionamento na atenção ao asilado, os</p><p>profissionais devem estar cientes que aqueles assistidos estão aguardando que a</p><p>qualquer momento exalarem seu último suspiro. O afeto, a compreensão, o</p><p>companheirismo, a paciência, tudo isso regado com muito amor, são ingredientes</p><p>necessários para que o idoso, não entre em depressão, motivada pela inatividade, o</p><p>enfraquecimento e a ausência de seus parentes com os quais viveu por um longo</p><p>período de vida, construiu uma família através de muito trabalho, alguns construíram</p><p>casas, e ate um grande patrimônio, bem estes que já não fazem mais partem de sua</p><p>vida. Estar vivendo na expectativa de que o fim se aproxima, leva o sujeito a</p><p>imaginar que tudo que se fez foi vaidade e correr atrás de vento. O pensar na boa</p><p>23</p><p>qualidade de morte, leva aqueles que convivem com o idoso, a refletir sobre a</p><p>fragilidade da vida, pensar</p><p>este que estando na mente de quem se dispões a cuidar</p><p>de idoso, a ser generosa em todos seus atos.</p><p>Em Sua tese de mestrado o '‘morar’' na velhice Martinez (2008, p. 25) explica:</p><p>“desses espaços, o que nos mais marca nossa vida – nossa</p><p>identidade – é a casa; seus cômodos, cantos e labirintos,</p><p>entre nós e a casa – das mais simples às mais sofisticado –</p><p>temos locos existenciais.”</p><p>E acrescenta:</p><p>“A casa não é um espaço diferente; nela temos nossos</p><p>'‘cantos prediletos’', espaços onde sentimos que somos mais”</p><p>nós”, espaço onde nosso “eu” experimenta doce sabor de</p><p>sermos alguém em um mundo onde reina a impessoalidade.</p><p>Espaço de intimidade (Martinez, 2008. P.. 27).”</p><p>Com esta visão do autor compreendemos que é uma tarefa quase impossível</p><p>substituir o lar, onde se viveu por vários anos. Quando pensamos na velhice,</p><p>imaginamos que foram várias as experiências vividas no aconchego da família. As</p><p>ILPIs, mesmos que ofereça o máximo de conforto aos idosos, nunca vai igualar ao</p><p>ambiente construído pelos membros da família, onde todos participavam e</p><p>interagiam uns com os outros. Esse rompimento desse laço afetivo, para o idoso</p><p>sem comprometimento cognitivo, é doloroso, leva-o a sentimento de abandono,</p><p>ingratidão, incapacidade e inutilidade. A vida torna-se sem sentido, a depressão</p><p>pode o acometer, piorando, mais ainda a qualidade de vida.</p><p>Não temos informação se existe ensinamento para viver a velhice. O individuo</p><p>tem que autoaprendizado, o que é ir aproximando do fim, sem saber quando nem</p><p>como isso vai acontecer. Cada um encara essa realidade de acordo com a cultura</p><p>que está inserida e sua fé. À com esses sujeitos que a história das ILPIs são</p><p>formadas, uma história recheada de fatos negativos e poucos positivos. História</p><p>marcada pelo pioneirismo dos mentores daqueles que dedicaram sua vida para</p><p>escrever sem palavras, sem material teórico e sem política pública adequada a essa</p><p>clientela. O abrigamento, o asilamento dedicado ao envelhecimento tem uma longa</p><p>historia iniciada, mas não acabada. Cada sujeito inserido direto ou indiretamente</p><p>com o cuidado do idoso é um ator desta história. Que deve ser sempre regada com</p><p>o amor incondicional de todos, pois todos queiram ou não tem uma grande</p><p>24</p><p>porcentagem de chance de se tornar uma pessoa idosa. Isso é pensar na lei do</p><p>retorno, na semeadura “Tudo que semeia colhe”.</p><p>A história asilar ainda não tem muitos detalhes, as intuições de Longa</p><p>Permanência para Idosos, são muito fechadas, em Belo Horizonte 85% das ILPIs</p><p>são do Grupo São Vicente de Paula. 28 são conveniadas com a Prefeitura Municipal</p><p>de Belo Horizonte. Neste trabalho vamos relatar um pouco da história de duas ILPIs</p><p>conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte, a mais velha e da mais nova. A</p><p>IUPI mais antiga foi fundada em 19 de março de 1912, com o nome de Asilo Afonso</p><p>Pena, para atender pessoas carentes de Belo Horizonte, funcionava em um casarão</p><p>independente. Á Santa Casa, em 1996 passou seu nome para Instituto Geriátrico</p><p>Afonso Pena, e renovou suas atribuições, mantendo seu caráter filantrópico. Foi a</p><p>partir de 1996 que a instituição passou a atender somente pessoas idosas.</p><p>Atualmente oferecem moradia e assistência para 25 mulheres e 15 homens. O</p><p>Instituto Geriátrico Afonso Pena é sediado a Rua Domingos Vieira, n° 586, Bairro</p><p>Santa Ifigênia, Belo Horizonte, Minas Gerais.</p><p>(http://www.santacasabh.org.br/ver/igap-1.html)</p><p>Vemos que no início o Asilo Afonso Pena atendia uma clientela diversificada.</p><p>Como todos sabemos as ILPIs prestavam um serviço de caráter caritativo, devido à</p><p>necessidade que existia na época. Na história de serviço social a Igreja Católica</p><p>sempre esteve presente, vários trabalhos assistências já foram fundados para</p><p>atender os carentes. No inicio e de forma mais acentuada de 1930 em diante. Esse</p><p>assistencialismo perdurou de forma caritativa por muito tempo. Só após a</p><p>Constituição de 1988 é que iniciaram políticas públicas para dar um caráter</p><p>institucionalizado, em que as ILPIs passaram a deixaram de ser exclusivamente</p><p>caritativa, continuou filantrópica, já podiam ter ajuda governamental garantida,</p><p>diminuindo assim a obrigação da caridade sustentar sozinha. O trabalho dos asilos e</p><p>creches era exercido quase só por voluntários e trabalho informal, a partir desta data</p><p>as instituições iniciaram contratar mais trabalhadores no regime CLT.</p><p>(http://www.santacasabh.org.br/ver/igap-1.html)</p><p>A ILPI Mais nova conveniada com a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, é</p><p>a Lar de Idoso Amor Fraterno, Mantido pela Associação Assistencial Amor Fraterno,</p><p>sediada à Rua Tupiniquins, n° 93 Belo Horizonte, Minas Gerais. No dia 25 de</p><p>fevereiro de 2012 a Senhora Maria Luiza de Freitas Borges, iniciou em sua própria</p><p>residência uma ILPI com o nome de Casa de Repouso Rosa de Sarom, para cuidar</p><p>http://www.santacasabh.org.br/ver/igap-1.html)</p><p>http://www.santacasabh.org.br/ver/igap-1.html)</p><p>http://www.santacasabh.org.br/ver/igap-1.html)</p><p>http://www.santacasabh.org.br/ver/igap-1.html)</p><p>25</p><p>de pessoas idosas, atendendo dez idosos, nove mulheres e um homem. Em Julho</p><p>de 2013 a Promotoria de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e do</p><p>Idoso do Estado de Minas Gerais e a Vigilância Sanitária da Prefeitura Municipal de</p><p>Belo Horizonte, interditou a ILPI, por várias irregularidades. Na época havia um líder</p><p>religioso que prestava atendimento espiritual aos institucionalizados, o mesmo é</p><p>presidente da Associação Assistencial Amor Fraterno, vendo a necessidade das</p><p>pessoas ali residente e o clamor de seus familiares, convocou uma assembleia</p><p>extraordinária e propôs que a associação assumisse a IUPI e organizasse a mesma,</p><p>a proposta foi aprovada, o procedimento de organização foi iniciado e no dia treze</p><p>de setembro de dois mil e treze a IUPI foi reaberta com o nome de Lar dos Idosos</p><p>Amor Fraterno.</p><p>Atualmente o Lar do idoso Amor Fraterno, atende vinte idosas com idade</p><p>entre sessenta e cento e um ano de idade, é umas das vinte e oito ILPIs</p><p>conveniadas com a Prefeitura de Belo Horizonte, é mantida com a verba do</p><p>convênio, 70% do beneficio das idosas, e donativos. O imóvel ocupado pelo Lar do</p><p>Idoso Amor Fraterno não é próprio e não atende todas as exigências das leis</p><p>vigentes, por este motivo o Procurador Geral da Promotoria de Defesa dos Direitos</p><p>da Pessoa com Deficiência e do Idoso, com o Procurador Geral do Município de</p><p>Belo Horizonte, intermediaram junto ao prefeito, e ficou decidido que a Prefeitura</p><p>Municipal de Belo Horizonte vai ceder um imóvel para ser instalado de forma correta</p><p>a IUPI Lar do Idoso Amor Fraterno. Estas Informações foram obtidas pessoalmente</p><p>na Instituição</p><p>(Observação: Os capítulos 2 e 3 fundarão em envelhecimento, abrigamento e</p><p>políticas publicam voltadas para pessoa idosa. As referências serão informadas no</p><p>final do trabalho).</p><p>26</p><p>4.2 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO HUMANO</p><p>O que é velhice?</p><p>O processo de envelhecimento faz parte da experiência de ser vivo. A velhice</p><p>é uma fase natural da vida e não há como se ver fora deste contexto.</p><p>Para Stuart-Hamilton (2002. P. 25), a velhice “é uma fase onde ocorrem</p><p>manifestações somáticas no ciclo natural da vida”. O corpo por sua vez sofre</p><p>grandes modificações. A pele e os músculos ficam menos elásticos, há o</p><p>Comprometimento da visão e audição sendo também bastante comum durante o</p><p>envelhecimento alguns problemas neurológicos.</p><p>Contudo, podemos dizer que envelhecer seja nos posicionar em um lugar que</p><p>nos remete a incerteza, assim como o futuro pode causar angústia e temor para</p><p>algumas pessoas já que ambos nos remetem ao desconhecido. O desenvolvimento</p><p>humano está intimamente ligado ao envelhecimento, pois, durante nosso</p><p>desenvolvimento também estamos envelhecendo e passando por mudanças</p><p>drásticas que acontecem durante toda a vida.</p><p>Os primeiros impactos podem ser visualizados com a chegada da</p><p>adolescência, com as mudanças corporais e psicológicas.</p><p>Depois saímos da</p><p>adolescência para a vida adulta, que nos coloca em uma posição de decisões sobre</p><p>o que vamos ser profissionalmente, com quem vamos casar, ter filhos e assumir</p><p>responsabilidades – antes decididas por nossos pais ou responsável. Por fim, a</p><p>chegada da terceira idade é vista em nossa cultura como uma fase de descanso,</p><p>momento de usufruir todas as realizações adquiridas no decorrer da vida.</p><p>Para a Organização Mundial da Saúde – OMS, uma pessoa é considerada</p><p>velha quando possui sessenta anos ou mais. Porém categorizar uma pessoa como</p><p>sendo velha aparenta ser algo que transcende a idade cronológica.</p><p>Em vista da problemática, Costa (1998) apresenta três conceitos básicos a</p><p>critério da informação sobre a sinalização da velhice, que são: conceitos</p><p>cronológicos, biológicos e pessoais.</p><p>O conceito cronológico diz respeito à idade cronológica de cada indivíduo,</p><p>enfatizando a soma dos dias, meses e anos a contar do dia de nascimento. Já o</p><p>conceito biológico é aquele que nosso corpo estabelece. Este varia de pessoa para</p><p>pessoa. Alguns indivíduos aparentam ser mais jovens ou mais velhos, independente</p><p>de sua idade cronológica.</p><p>27</p><p>O conceito pessoal de acordo com Costa (1998, p.33), “é aquele que a</p><p>própria pessoa determina, que seu” espírito” “sente”, em que a sensação de “estar”</p><p>com uma idade respectiva é mais forte do que qualquer ruga na face”.</p><p>Mucida (2006, p.27), refletindo sobre a impossibilidade de aferir a velhice,</p><p>afirma que:</p><p>Não existe algo que se possa medir a velhice, não existe algo</p><p>palpável sinalizando que um sujeito é velho. Portanto,</p><p>categorizar que apenas a idade cronológica determinaria a</p><p>velhice seria escorregadio. Existem várias maneiras de</p><p>simbolizar o envelhecimento, a velhice: através de</p><p>circunstâncias de naturezas biológicas, psicológicas,</p><p>econômicas, históricas, sociais e culturais. (Mucida, p. 27,</p><p>2006)</p><p>O conceito de velhice é muito relativo, singular. Marco Túlio Cícero apud</p><p>Costa (1998, p. 31), conseguiu enfatizar de forma muito simples a impossibilidade de</p><p>aferir a velhice, com o seguinte poema: “Assim como estimo um adolescente no qual</p><p>se encontra algo de um velho, assim aprecio um ancião no qual se encontra alguma</p><p>coisa de um adolescente; aquele que seguir esta regra, poderá ser velho de corpo,</p><p>não o será jamais da alma”.</p><p>Corroborando com o poema de Marco Túlio, Mannoni (1995, apud Mucida</p><p>2006, p. 30) enfatiza que, “(a velhice nada tem a ver com a idade cronológica. É um</p><p>estado de espírito. Existem velhos de 20 anos, jovens de 90”.</p><p>Outras contribuições sobre a impossibilidade de homogeneizar o conceito de</p><p>velhice é dada por Agostinho (2004). Para esta autora, o envelhecimento do ser</p><p>humano é motivado por um conjunto de fatores de ordem biológica, psicológica e</p><p>social. Ele não se apresenta apenas por contagem de anos vividos, é necessário</p><p>que haja um conjunto de fatores para que este se desenvolva. Este fenômeno se</p><p>apresenta de forma natural e para cada indivíduo de maneira muito singular,</p><p>desenvolvido por fatores internos e externos.</p><p>A respeito do envelhecimento biológico, existem várias concepções, entre</p><p>elas está a Teoria do Desgaste que, segundo Cabrillo e Cachafeiro (1990 apud</p><p>Agostinho 2004), o corpo desgasta-se pelo uso. A hipótese é a do atrofiamento e</p><p>28</p><p>morte das células nervosas do sistema nervoso central que origina a</p><p>desorganização das estruturas do organismo. Outra teoria, segundo Carvalho (1989,</p><p>apud Agostinho, 2004), é a Teoria da Programação que enfatiza que o indivíduo</p><p>passa por etapas da vida como a infância, adolescência, maternidade, no caso das</p><p>mulheres, e envelhecimento. Cada uma destas etapas corresponde a uma idade da</p><p>vida que são geneticamente controladas. Outras teorias são descritas pela autora</p><p>para dar menção ao envelhecimento de maneira biológica.</p><p>Para Bromley (1996, apud Agostinho 2004), o envelhecimento se dá por:</p><p>Alterações físicas degenerativas que ocorrem no corpo</p><p>com o passar do tempo, como redução da acuidade visual,</p><p>auditiva, diminuição da sensibilidade, atrofia muscular,</p><p>degradação dos dentes, redução da função renal, enfim,</p><p>desgaste ocorridos com o corpo e suas funções.</p><p>Se fomos buscar os significados da palavra velho, encontraremos alguns</p><p>sinônimos: muito idoso, antigo, desusado, antiquado. Estes adjetivos parecem ser</p><p>termos muito fortes e estereotipados para designar a fase da vida de um sujeito.</p><p>Como poderemos afirmar que um indivíduo é velho porque possui sessenta anos de</p><p>idade? Se fosse dessa forma, apenas a idade cronológica bastaria para conceituar a</p><p>velhice, quando na verdade sabemos que existem várias maneiras de observarmos</p><p>o processo de envelhecimento e vários conceitos para este (MASCARO 2004 e</p><p>COSTA 1998).</p><p>Vários são os conceitos que diferenciam o processo de envelhecimento do</p><p>ser humano. São estes:</p><p>Idade cronológica, que enfatiza a idade de cada indivíduo</p><p>através da contagem dos anos vividos, iniciando-se a partir</p><p>de seu nascimento; a idade biológica determinada pela</p><p>herança genética e que diz respeito às mudanças biológicas</p><p>sofridas pelo corpo durante o envelhecer; a idade social que</p><p>são as normas sociais, culturais que determinam o papel que</p><p>cada pessoa deverá desempenha de acordo com a fase da</p><p>vida, como por exemplo, a idade de se casar, de ter filhos, de</p><p>trabalhar; e por fim a idade psicológica, que sofre influência</p><p>tanto das transformações ocorridas no corpo, como</p><p>29</p><p>influências sociais, culturais e por componentes da própria</p><p>personalidade, sendo assim bastante individual (MASCARO</p><p>2004, P. 39).</p><p>Esses conceitos mencionados por Mascaro (2004) se assemelham com os</p><p>conceitos básicos que Costa (1998) cita para sinalizar a velhice de um sujeito. O</p><p>conceito pessoal é a junção dos conceitos psicológicos e pessoal citados por</p><p>Mascaro (op. cit.), que é a idade que cada pessoa determina ter, sente ter,</p><p>determinada tanto por aspectos psicológicos como também por influências sociais.</p><p>Estudiosos da área do envelhecimento subdividem a velhice em etapas</p><p>cronológicas que se classificam em intervalo de idades. Segundo Sarrieira (2004),</p><p>estes intervalos são:</p><p>– De 65 a75 anos: classificado como velho jovem;</p><p>– De 75 a 85 anos: considerado como velho médio;</p><p>– Acima de 85 anos: considerado como velho.</p><p>A terceira idade é considerada a última etapa da vida, porém, não se pode</p><p>considerar que um indivíduo na terceira idade não terá mais nada a ser realizado</p><p>nem sonhado.</p><p>Para Franco (1991, apud Sarriera 2004, p. 164):</p><p>A pessoa na idade avançada precisa acreditar em si mesma,</p><p>redescobrir-se com as alterações que a idade lhe provoca,</p><p>precisa continuar socialmente integrada, com possibilidade de</p><p>produzir para poder manter-se com confiança e com ideal de</p><p>vida na velhice.</p><p>O envelhecimento se dá por um conjunto de fatores e não há como</p><p>rotular uma pessoa de velha apenas por seus anos vividos ou por sua pele</p><p>enrugada. Não é apenas a pele ou a idade que revela que o indivíduo está</p><p>Velho. Para que este aconteça é necessário que o indivíduo se coloque nesta</p><p>posição. Envelhecer para algumas pessoas pode ser uma dádiva, um</p><p>presente divino. Para outros, um incômodo, um castigo, enfim, a relação do</p><p>envelhecer para cada sujeito ou cultura se apresenta de uma maneira muito</p><p>subjetiva.</p><p>30</p><p>Para a pessoa idosa é importante reconhecer que, durante o processo</p><p>de envelhecimento ocorrem mudanças significativas na sua vida e que é</p><p>necessário se manter sempre atualizado a um novo sistema de vida para</p><p>aprender a conviver com as mudanças sabendo se adaptar a elas. As</p><p>mudanças ocorridas não são poucas, podendo ser físicas e psíquicas, onde o</p><p>indivíduo deverá estar preparado para continuar a conduzir-se na vida de</p><p>acordo com as mudanças ocorridas, procurando adaptar-se para melhor</p><p>vivenciar o processo de envelhecimento.</p><p>Mas, afinal, o que caracteriza a velhice? É possível pensar em</p><p>“velhices” no plural, relativizando a posição que o indivíduo se coloca e o</p><p>lócus onde essa fase é vivida? É do objetivo deste trabalho buscar respostas</p><p>e refletir sobre essas questões.</p><p>31</p><p>4.3 A IMPORTÂNCIA CULTURAL NA COMPREENSÃO SOBRE O PROCESSO DE</p><p>ENVELHECIMENTO HUMANO</p><p>Envelhecer não é característica apenas dos tempos modernos, mas continua</p><p>a ser um “mistério” todo esse processo de mudanças físicas e mentais e a aceitação</p><p>dessas mudanças, sobre o envelhecer até mesmo o significado do termo velhice.</p><p>Se fizermos uma retrospectiva a respeito das mudanças sobre o</p><p>entendimento do processo de envelhecimento da raça humana, podemos observar o</p><p>quanto a conceituação e o entendimento deste tema tem semelhança com o século</p><p>atual e, o quanto tem se modificado. Graças ao crescente número de idosos, os</p><p>estudos e a preocupação com estes têm aumentado ano a ano, o que nos dá a</p><p>oportunidade de adquirir maior conhecimento a respeito do envelhecimento humano.</p><p>A cada século a população adquire uma concepção nova a respeito do</p><p>envelhecimento humano. A cada século a população adquire uma concepção nova a</p><p>respeito do envelhecimento onde seus costumes e crenças também são</p><p>modificados.</p><p>Podemos encontrar no Antigo Testamento menção de que, após o dilúvio, a</p><p>humanidade tem adquirido maior longevidade. Parece-nos que desde então, essa</p><p>longevidade só tem adquirido mais força.</p><p>Segundo Mascaro (2004, p. 8), “só descobrindo que eu também estava</p><p>envelhecendo e que ficaria velha um dia, é que pude com intensidade me envolver</p><p>afetiva e intelectualmente nos” mistérios” da velhice”. Na medida em que a autora</p><p>passou a estudar e conhecer o tema velhice, deparou-se com algo que faz parte de</p><p>seu desenvolvimento. O envelhecimento não é apenas do outro, ele também é</p><p>nosso, envelhecemos junto com o nosso objeto de estudo.</p><p>Também me deparei, assim como a autora, com o amadurecimento das</p><p>minhas ideias, com as mudanças do meu corpo e da mente.</p><p>O grande avanço da tecnologia nos permite aprofundar um pouco mais nos</p><p>estudos a respeito do processo do envelhecimento de tecido e órgãos. Atualmente,</p><p>estes estudos têm nos levado a tentativa de descobrir fórmulas milagrosas que</p><p>retardem esse processo. Seria a busca pela eterna juventude, uma fuga a morte.</p><p>Na antiguidade, envelhecer era tarefa para os mais fortes. As pessoas tinham</p><p>que ser bastante resistentes para poder vencer as enfermidades, já que nessa</p><p>época a medicina não possuía o conhecimento que tem hoje. Eram os curandeiros</p><p>32</p><p>que buscavam a cura dos enfermos através de plantas e rituais religiosos. A velhice</p><p>começava cedo, a infância era muito curta nessa época, já que não havia muita</p><p>expectativa de vida na antiguidade.</p><p>O contexto cultural está intimamente ligado a maneira como enxergamos o</p><p>envelhecimento humano, tanto o nosso próprio envelhecimento como também o</p><p>envelhecimento do outro. Nos Estados Unidos assim como no Brasil, um indivíduo é</p><p>considerado velho ao completar 60 anos de idade. Porém, para cada país o</p><p>envelhecer se apresenta de maneira muito singular.</p><p>Segundo Davidoff (2001 apud Braga 2010), os Estados Unidos por ser um</p><p>país de cultura capitalista e por ter grande culto a beleza e a juventude, considera</p><p>que o indivíduo ao envelhecer se desvaloriza pois fica mais propício ao adoecimento</p><p>e a impotência.</p><p>Em relação às questões culturais na antiguidade, conceitua-se que o culto era</p><p>tomado como forma de valorização pessoal, a vitalidade, a beleza, saúde física. Em</p><p>países Orientais a velhice era almejada, os mais novos tomavam como</p><p>conhecimento importante os ensinamentos dos mais antigos (ARAÚJO &</p><p>CARVALHO, 2005).</p><p>O corpo parece ser cortejado como o foco principal, talvez por isto que é</p><p>através dele as pessoas buscam maquiar com fórmulas milagrosas os efeitos do</p><p>envelhecimento. Aristóteles, filósofo do pensamento ocidental, com Galeno, médico</p><p>grego, acreditavam que cada indivíduo nascia com um percentual de calor interno e</p><p>que este iria se gastando ao passar dos anos, sendo a velhice o período final para o</p><p>fim do calor interno. No entanto, estes sugeriram que para se ter maior longevidade</p><p>era necessário desenvolver métodos que evitassem a perda do calor interno</p><p>(AZEVEDO, 2001 apud ARAÚJO & CARVALHO, 2005).</p><p>Na mitologia Grega são inúmeras as histórias registradas sobre bravos heróis</p><p>em busca da força e da imortalidade, como por exemplo, a história de Gilgamesh, rei</p><p>de Uruk, que ao perder seu companheiro de aventuras Enkidu, revoltou-se e desejou</p><p>que mais nenhum homem morresse. Assim, buscou encontrar o segredo da</p><p>imortalidade e da eterna juventude através do imortal Utnapishtim. Este revelou que</p><p>no fundo do oceano ele encontraria uma planta milagrosa e Gilgamesh mergulhou</p><p>nas águas profundas, trazendo nas mãos a planta que ele chamou de “os velhos</p><p>rejuvenescem”. Cansado, deitou-se na praia para descansar e dormiu. Uma</p><p>serpente que o espreitava, arrebatou-lhe a planta das mãos, devorou-a e trocou de</p><p>33</p><p>pele. Gilgamesh chorou pelo seu insucesso em transcender à condição humana</p><p>(MASCARO, 2004).</p><p>Para o povo chinês, a longevidade deveria ser conservada e conquistada.</p><p>Para isto, seria necessário alimentar-se de frutas e de raízes, evitar o consumo de</p><p>álcool e carnes, manter o controle da respiração e substituir o sexo pela meditação</p><p>(AZEVEDO, 2001 apud ARAÚJO & CARVALHO, 2005).</p><p>Em nossa cultura, a busca pela juventude e pela beleza é bastante forte. Esta</p><p>faz com que pessoas se submetem a cirurgias arriscadas, invistam boa parte de seu</p><p>dinheiro em produtos que prometem ação antioxidante, que retarda o</p><p>envelhecimento, movimentando milhões de reais todos os anos no mercado das</p><p>indústrias de cosméticos. Poderia este comportamento de nossa sociedade estar</p><p>implicada a história passada desde o tempo dos gregos na antiguidade.</p><p>Segundo Mascaro (2004, p. 13),</p><p>Os gregos antigos glorificavam com ardor a juventude e viam</p><p>a velhice como um flagelo e um castigo que aniquilava a força</p><p>do guerreiro. Vencer a morte era também um sonho do ideal</p><p>heroico, que concentrava todo o valor da vida na esfuziante</p><p>juventude.</p><p>Em relação aos cuidados com as pessoas idosas e os cuidados com a saúde</p><p>durante o envelhecimento, podemos encontrar registros de que há 300 anos a.C., no</p><p>Egito era obrigação dos filhos cuidar de seus pais idosos. Em Israel, o filho que</p><p>maltratasse o pai ancião era punido severamente, inclusive podendo ser punido com</p><p>a morte (LEME, 1996 apud ARAÚJO & CARVALHO, 2005).</p><p>A conduta desses países em relação ao envelhecimento não parece muito</p><p>distante do que vivemos hoje. Conseguimos identificar condutas bem comuns</p><p>exercidas até hoje, como é o caso da punição que pessoas recebem caso maltratem</p><p>um ancião, a obrigação dos filhos em cuidar de seus pais idosos e os cuidados com</p><p>a alimentação que as pessoas devem tomar para se ter um envelhecimento</p><p>saudável.</p><p>34</p><p>4.4 MUDANÇAS FÍSICAS E PSICOLÓGICAS DURANTE O PROCESSO DE</p><p>ENVELHECIMENTO</p><p>Alguns idosos, com o avançar da sua idade, acabam sofrendo alterações</p><p>físicas e psíquicas, muitas vezes provenientes de doenças, como doença de</p><p>Parkinson, diabetes, câncer, doenças reumatológicas, etc. Essas doenças muitas</p><p>vezes acarretam dificuldades para exercer algumas atividades, tendo assim que se</p><p>submeterem a dependência e ao auxílio de outras pessoas que possam</p><p>desempenhar atividades cotidianas.</p><p>O declínio cognitivo em pessoas de terceira idade é bastante comum. Em</p><p>algumas pessoas este se apresenta de maneira muito mais evidente e acelerada</p><p>que em outras. O declínio cognitivo traz grande desconforto pessoal, perda da</p><p>autonomia e eleva o custo de vida deste idoso por aumentar o número de cuidados.</p><p>Segundo Neri (2006), o envelhecimento acarreta um declínio normal que pode</p><p>apresentar-se desde a meia idade, porém, aos setenta nãos, o declínio cognitivo</p><p>torna-se muito mais comum, embora exista variabilidade de pessoa para</p><p>pessoa, no</p><p>ritmo de declínio e o processo deste.</p><p>Dados de estudos longitudinais e de comparação entre cortes</p><p>indicam que os desempenhos cognitivos nos domínios do</p><p>significado verbal, do espaço e do raciocínio atingem a</p><p>estabilidade entre os 40 e os 60 anos, ao passo que os</p><p>desempenham em número e fluência verbal se estabilizam</p><p>um pouco antes e começam a declinar modestamente já a</p><p>partir dos 50 anos (SCHAIE 1996 apud NERI 2006, p. 1).</p><p>Para Baltes (1993, 1997 apud Neri, 2006), o envelhecimento cognitivo normal</p><p>é influenciado por fatores de ordem genético biológica e de ordem sociocultural. O</p><p>declínio advindo de natureza genético biológica determina o funcionamento sensorial</p><p>e a velocidade do processamento de informações. Estes são associados às funções</p><p>de âmbito neurológico que são típicas do envelhecimento. Os declínios de ordem</p><p>sociocultural determinam as capacidades de dependência e as experiências. Para o</p><p>autor, estes podem ser compensatórios em relação às perdas de natureza biológica.</p><p>Sobre o desenvolvimento intelectual de idosos, Hebb (1941, 1942 apud Neri,</p><p>2006), diferenciou dois tipos de inteligência: A e B. Estabeleceu que a inteligência do</p><p>35</p><p>tipo A, advinda de base fisiológica, alcança seu apogeu na vida adulta e declina com</p><p>o avançar da idade. Já a inteligência do tipo B, representa a educação e a</p><p>experiência, permanecendo preservada durante maior parte da vida adulta. Cattell</p><p>(1966, apud Neri, 2006), nomeou estas duas inteligências de fluida e de cristalizada.</p><p>A primeira consiste de base fisiológica e a segunda proveniente de base educacional</p><p>e experimental. Segundo o autor, a inteligência fluida se caracteriza por um tipo de</p><p>inteligência que declina com a idade em função de mudanças neurológicas que são</p><p>típicas do envelhecimento. Já a inteligência cristalizada depende de influências</p><p>culturais e não diminui com a idade, a não ser que ocorra o declínio total da</p><p>capacidade fluida.</p><p>Subsequentemente, outros autores se utilizaram de diferentes metáforas,</p><p>como por exemplo, Baltes (1993, 1997), que usou as metáforas mecânicas e</p><p>programáticas do funcionamento intelectual. Para este autor, a metáfora mecânica</p><p>diz respeito às condições biológicas, neurofisiológicas e às condições ontogênicas</p><p>graduadas por idade. Já a pragmática determina à função dos processos de</p><p>socialização como a leitura, a escrita e a capacidade de solucionar problemas.</p><p>Outros autores como Charness e Salthouse (1985 apud Neri 2006), comparam as</p><p>inteligências fluidas e cristalizadas a programas de computador, sendo a fluida um</p><p>hardware e a cristalizada o software.</p><p>As pesquisas sobre a trajetória de desenvolvimento da inteligência fluida e</p><p>cristalizada teve início no ano de 1955, permanecendo em curso até hoje. As</p><p>pesquisas demonstram que não foram encontrados dados relacionados a</p><p>Uniformidade de mudança cognitiva relacionada a idade, a época do apogeu e do</p><p>declínio cognitivo mostram-se diferentes para cada capacidade. (NERI, 2006)</p><p>Outra pesquisa realizada sobre o declínio cognitivo em idosos foi realizada</p><p>por Linderberger, Sherer e Baltes (2001). Estes planejavam testar a variação entre o</p><p>funcionamento sensorial e o funcionamento cognitivo. Um grupo de pessoas de meia</p><p>idade foram submetidas à simulação da velhice com a manipulação da redução de</p><p>suas capacidades visuais através de filtro de oclusão e, a redução da capacidade</p><p>auditiva através de fones de ouvidos. O desempenho destas pessoas foi comparado</p><p>ao desempenho de idosos de outra pesquisa realizada sobre o mesmo teste sem a</p><p>manipulação da diminuição visual e auditiva. Foram constatados que não houve</p><p>diminuição nas capacidades cognitivas destas pessoas de meia idade. Resultados</p><p>que surpreenderam por contrariar a conceituação de que a incapacidade cognitiva</p><p>36</p><p>dos idosos estava associada em partes, as perdas sensoriais. Os mesmos autores</p><p>concluíram que me situação experimental as pessoas tendem a aumentar seus</p><p>esforços para superar a dificuldade conduzida pela situação (NERI, 2006).</p><p>Sobre o estilo de vida na velhice, Schaie (1983), menciona que o alto grau de</p><p>status social, boa educação e trabalho auxiliam no bom desempenho da capacidade</p><p>intelectual na velhice. Para Baltes, Linderberger e Staudinger (2005) o</p><p>processamento de informações é crescente e constante quando criança, e na meia</p><p>idade e na velhice este declina.</p><p>Ainda relacionada à questão da inteligência do ser humano, podemos falar</p><p>em inteligência prática. Esta diz respeito às tarefas que exercemos na vida cotidiana,</p><p>não advindas de conhecimentos adquiridos em âmbito institucional ou educacional.</p><p>Algumas pessoas idosas têm dificuldade com as capacidades ligadas a mecânica</p><p>cognitiva, devido ao seu declínio durante o envelhecimento. Porém, a inteligência</p><p>prática funciona relativamente bem por conseguirem exercer atividades da vida</p><p>cotidiana.</p><p>Park (1999), explica essa ocorrência por diferenciar as atividades que</p><p>requerem esforços, das atividades automáticas. Para este autor a mecânica</p><p>cognitiva requer esforços de memória, solução de problemas, atividades que</p><p>Exigem um maior esforço e com o avançar da idade estas se tornam ainda mais</p><p>exigentes. Já a inteligência prática são processos automáticos não exigem as</p><p>tarefas dos mesmos recursos cognitivos, e desta forma não declinam com a mesma</p><p>velocidade que os processos cognitivos (NERI, 2006).</p><p>De acordo com Brown e Park (2003), na velhice ocorre com maior facilidade o</p><p>declínio de processos que envolvam a memória e que exigem um maior esforço</p><p>mental, porque os processos de informações ficam mais lentos, a memória</p><p>operacional torna-se menos eficiente. Os deficit dessas capacidades acabam</p><p>acarretando dificuldades em outros processos como a memória episódica, o</p><p>raciocínio, a compreensão e solução de problemas.</p><p>Uma estratégia utilizada por muitas pessoas idosas é recorrer a processos</p><p>automáticos. Com o deficit de mecânica cognitiva, muitos idosos adquirem uma</p><p>rotina que facilita suas atividades diárias – trata-se de uma estratégia</p><p>compensatória. Estabelecer horários de alimentação, repouso, ambiente</p><p>estruturado, pistas para lembrar-se de determinados afazeres, são tarefas</p><p>executadas com a intenção de suprir a falta e o declínio de atividades cognitivas.</p><p>37</p><p>Com a aposentadoria, o idoso também fica acometido ao não exercício de</p><p>seu trabalho diário e muitas vezes, em virtude do baixo rendimento financeiro, acaba</p><p>necessitando do auxílio de serviços do governo, como, por exemplo, consulta</p><p>médica e auxílio em transporte. Portanto, com a chegada da terceira idade, o</p><p>indivíduo acaba ficando ainda mais dependente, tanto de seus familiares, quanto de</p><p>amigos ou órgãos públicos.</p><p>Sobre a dependência de pessoas idosas, Caldas (2003), salienta que para se</p><p>avaliar o grau de dependência de um indivíduo, utiliza-se o método de avaliação</p><p>funcional que define a capacidade de se adaptar às tarefas da vida cotidiana. A</p><p>avaliação funcional é bastante aplicada na prática geriátrica, sendo relevante para</p><p>se avaliar as necessidades de cada indivíduo para que se possa utilizar os recursos</p><p>necessários relacionados aos tratamentos e cuidados dos idosos. A avaliação</p><p>baseia-se na capacidade de execução das atividades da vida diária (AVD), dividindo-</p><p>se em três:</p><p>1 – Atividades básicas da vida diária – tarefas próprias do autocuidado, ação</p><p>de alimentar-se, vestir-se, controlar os esfíncteres, locomover-se.</p><p>2 – Atividades instrumentais da vida diária – realização de tarefas domésticas,</p><p>compras, horários para tomar a medicação, manusear dinheiro.</p><p>3 – Atividades avançadas da vida diária – trabalho, contatos sociais,</p><p>exercícios físicos.</p><p>Esta última está relacionada a atividades de maior complexidade e também</p><p>ligada a automotivação.</p><p>Assim, há 2000 anos, a velhice era vista como uma enfermidade, mas com o</p><p>passar dos anos ela tem sido vista como uma etapa da vida. Contudo, na velhice</p><p>o</p><p>indivíduo fica mais vulnerável a adquirir maior fragilidade em relação a sua saúde</p><p>física e mental, suas condições econômicas, seus envolvimentos com processos e</p><p>mudanças sociais. Estas condições fazem com que o idoso seja posicionado em</p><p>condição de grupo de risco, devido a estas desvantagens. Para Litvoc & Derntl</p><p>(2002), nas idosas, esta fragilidade que as coloca na posição de grupo de risco se</p><p>apresenta de maneira ainda mais acentuada, já que as mulheres são vistas em</p><p>nossa sociedade como o sexo frágil, estando assim mais vulneráveis que os</p><p>homens.</p><p>38</p><p>4.5 PERDAS, GANHOS E DEPENDÊNCIA NA VELHICE</p><p>Durante o envelhecimento humano podemos observar muitas perdas e</p><p>ganhos. Um exemplo é a resposta motora que diminui gradativamente a partir dos</p><p>20 anos. Após os 35 anos a mulher começa a perder a potencialidade para</p><p>engravidar. Porém, aos 40 anos o ser humano pode alcançar o auge de sua fluência</p><p>verbal e, a partir dos 40 anos que muitos profissionais da política, da ciência, da arte</p><p>conseguem realizar suas grandes conquistas.</p><p>A dependência para muitas pessoas pode tornar mais grave o sofrimento,</p><p>pois, não bastasse o fato de não ter mais condições de realizar com a mesma</p><p>desenvoltura a tarefa antes exercida ou não ter mais as mesmas condições de</p><p>buscar por si só algo que deseja, o idoso muitas vezes ainda é dependente dos</p><p>outros ou de algum serviço. Porém, Caldas (2003), ainda enfatiza que a</p><p>dependência não é um estado permanente. Este se traduz pela condição</p><p>momentânea, podendo ser modificada, prevenida e até cancelada caso haja</p><p>assistência adequada.</p><p>Reconhece-se também que muitos idosos se mantém autônomos e</p><p>independentes, estes são reconhecidos em nossa sociedade como cidadãos ativos,</p><p>lutando pelos seus direitos. Um episódio que podemos lembrar de idosos lutando</p><p>pelos seus direitos, foi no ano de 1985 com a manifestação chamada de “Movimento</p><p>dos Aposentados e Pensionistas”. Tratava-se de um movimento social composto por</p><p>aposentados e pensionistas que reivindicaram por aumento dos proventos dos</p><p>aposentados e pensionistas da Previdência Social (LITVOC e DERNTL, 2002).</p><p>Incentivar as famílias para que os idosos permaneçam o maior tempo</p><p>possível junto a eles e que convivam em seu meio social é uma das propostas do</p><p>Programa de Saúde da Família que trabalha sobre o viés da Política Nacional do</p><p>Idoso. Estes programas entendem que o idoso que convive com o meio social em</p><p>que vive e que são cuidados por seus familiares, desenvolvem uma melhor</p><p>qualidade de vida e consequentemente possuem mais saúde física e psíquica. “(….)</p><p>o isolamento social importante fator de risco para a mobilidade e mortalidade”.</p><p>(LITVOC e DERNTL, 2002, p. 270).</p><p>Um fator muito comum que acomete o idoso ao isolamento social é o medo</p><p>de sofrer quedas, principalmente se este já sofreu quedas anteriores. Para Litvoc e</p><p>Derntil (2002, p. 272), “(….) as quedas estão presentes em cerca de 70% dos</p><p>39</p><p>acidentes com idosos”. Elas são comuns devido a não possuir o mesmo controle e</p><p>equilíbrio sobre o corpo pois os ossos estão enfraquecidos e por isso ocorrem</p><p>quebras e fraturas ósseas.</p><p>A prevenção a futuras quedas fazem com que a limitação dos idosos a</p><p>determinadas atividades da vida cotidiana fiquem ainda mais restritas, a</p><p>preocupação por parte de familiares e/ou cuidadores fazem com que o idoso limite</p><p>ainda mais suas tarefas da vida cotidiana, impedindo-os de desenvolver atividades</p><p>comuns como visitar um amigo, caminhar sozinho em lugares abertos, desenvolver</p><p>atividades domésticas, enfim, atividades antes exercidas de maneira muito comum</p><p>que agora passam a ser vistas como um perigo e motivo de futuras quedas. Estas</p><p>restrições são muitas vezes o início de limitações que causam isolamento,</p><p>incapacidade o que resulta em tristeza sendo um ponto de partida para a instalação</p><p>de depressão (LITVOC e DERNTIL, 2002).</p><p>Os familiares são fortes colaboradores para estes eventos de restrições e em</p><p>muitas ocasiões são eles que impõem aos idosos certas limitações por temerem</p><p>futuros acidentes, quando, na verdade deveriam incentivar a prática de atividades</p><p>que auxiliem o fortalecimento para um melhor equilíbrio e resistência.</p><p>A ansiedade em pessoas idosas motivada pelo envelhecimento, a focalização</p><p>por determinada alteração do corpo e perda de aptidões, são modificações comuns</p><p>durante o processo de envelhecimento. Essas variáveis psicológicas podem levar o</p><p>idoso a alterações emocionais que lhes tragam ainda mais desconforto. Portanto, o</p><p>estado psicológico e emocional do indivíduo pode agravar ou auxiliar na degradação</p><p>e aparecimento de doenças durante o processo de envelhecimento.</p><p>Estas variáveis psicológicas que podem ocorrer no processo de</p><p>envelhecimento, são citadas por alguns autores. Aiken, (1989 apud Agostinho 2004,</p><p>p. 32), afirma que as variáveis psicológicas “(….) atitude e personalidade,</p><p>determinam a capacidade do indivíduo enfrentar as mudanças fisiológicas que</p><p>ocorrem como o envelhecimento”.</p><p>Conforme o autor, determinadas circunstâncias da vida comuns na velhice</p><p>como perdas de entes queridos podem precipitar o declínio físico e psicológico,</p><p>como também o agravamento de doenças, dependendo da maneira como estas</p><p>perdas são superadas. Segundo Kastenbaum (1981), a focalização a determinada</p><p>alteração física durante o envelhecimento pode acelerar ainda mais o processo</p><p>deste.</p><p>40</p><p>A aposentadoria tem um significado muito forte na vida de uma pessoa idosa.</p><p>Em alguns casos, é com o dinheiro da aposentadoria do idoso que toda a família é</p><p>sustentada. Em outros casos, o idoso aposentado não possui mais o papel de</p><p>provedor da família, não é ele quem sustenta sua família já que os filhos estão</p><p>crescidos e em grande parte os passam a ajudar financeiramente este idoso</p><p>aposentado.</p><p>A enfermidade em pessoas idosas também podem ser advindas por</p><p>distanciamentos provenientes de intrigas ou desentendimentos. O isolamento pode</p><p>ser desencadeador de enfermidades. O idoso vivencia um enorme vazio</p><p>Proveniente das perdas gerando comportamentos como, apatia, isolamento,</p><p>desânimo.</p><p>Segundo Sarriera (2004, p. 166), “o declínio do organismo e a discriminação</p><p>social causam considerável impacto sobre o psiquismo do idoso, podendo altera-lhe</p><p>a autoimagem, que, por sua vez, determinará, em grande parte seu grau de</p><p>ajustamento a essa fase da existência”. Por tanto, a velhice pode proporcionar</p><p>algumas situações conflitivas para o indivíduo, onde Nérci (1976 apud Sarriera,</p><p>2004), afirma que as principais delas são a lenta queda das energias físicas e</p><p>mentais que dificultam a adaptação a novas situações, podendo oscilar entre</p><p>estados de ânimos e desânimos, sendo a falta de memória um fator de grande</p><p>perturbação para a pessoa idosa. Também é comum vermos em idosos a resistência</p><p>para inovações, desconfiança em estranhos e um grande apego às antigas</p><p>amizades.</p><p>Para Sarriera (op. cit), “a doença se manifesta, nesse caso, como decorrência</p><p>de um esvaziamento de seu valor social e pessoal”. É reconhecido que o idoso que</p><p>vivência seu envelhecimento junto de pessoas queridas, sendo cuidado pela família,</p><p>desenvolve este processo de maneira muito mais madura e resistente, no sentido de</p><p>se sentir cuidado e protegido de possíveis sofrimentos ocasionados pelo</p><p>envelhecimento do corpo, refletindo este de maneira significativo em seus processos</p><p>psicológicos.</p><p>A amistosa relação com os membros da família e com os</p><p>amigos representa uma luz que ilumina o interesse pela vida.</p><p>Quando esses laços são rompidos por desentendimentos,</p><p>afastamento ou morte, essa luz pode enfraquecer e até</p><p>41</p><p>apagar, prejudicando seriamente o estado moral e a saúde</p><p>física da pessoa (SARRIEIRA, 2004, p. 174).</p><p>Um fator significante para se ter uma melhor qualidade de vida durante o</p><p>envelhecimento é a prevenção e promoção de saúde. No ano de 1979, o</p><p>Departamento de Saúde Americano estabeleceu formalmente</p><p>a diferença entre</p><p>prevenção em saúde e promoção da saúde. A prevenção diz respeito a um conjunto</p><p>de estratégias que visa à proteção a saúde das pessoas. Já a promoção a saúde é</p><p>um conjunto de estratégias que tem a intenção de estimular as pessoas a adquirirem</p><p>hábitos saudáveis possam modificar o comportamento de higiene e cuidados para a</p><p>obtenção a saúde (LITVOC e DERNTIL, 2002).</p><p>Em relação à promoção de saúde para pessoas idosas, a Política Nacional de</p><p>Saúde considera importante que se tenha uma prevenção de doenças, importante</p><p>também que haja participação constante dos idosos em atividades sociais e</p><p>produtivas. O autocuidado é um fator que também deve ser levado em consideração</p><p>quando falamos em saúde. De acordo com Orem (apud Litvoc e Derntil, 2002, p.</p><p>280), “autocuidado é a prática de atividades que uma pessoa inicia e realiza por sua</p><p>própria vontade para manter sua vida, saúde e bem-estar”.</p><p>A procura por alguma forma de distração e divertimento poderá auxiliar a</p><p>superar possíveis traumas ocasionados por mudanças não satisfatórias sofridas no</p><p>decorrer do envelhecimento. Para Deps (1993 apud Sarriera 2004), atividades fora</p><p>do ambiente familiar exercidas por pessoas de mesma geração são uma opção que</p><p>ocasiona bem-estar e saúde, propiciando também a prevenção do estresse e da</p><p>depressão no idoso.</p><p>Uma tendência corriqueira em pessoas idosas independentemente de serem</p><p>asiladas ou não é de se sentirem felizes e realizadas quando podem visitar seus</p><p>filhos e netos. Para eles essa é uma tarefa que lhes traz grandes alegrias, esperam</p><p>de seus familiares amor e dedicação (NICOLA 1988 apud SARRIEIRA org. 2004).</p><p>É necessário que o idoso continue experimentando sentimentos de alegria,</p><p>esperança, sofrimento, angústia, amor, em fim, sentimentos vivenciados que possam</p><p>dar continuidade, significados e sentidos para sua vida, consciente de que ainda há</p><p>muito para viver.</p><p>25</p><p>42</p><p>Na velhice é bem comum vermos as pessoas se tornarem ainda mais</p><p>religiosas. Para Frankl (1991 apud Sarriera, 2004, p. 181) “a espiritualidade</p><p>representa fator de abertura do sentido da vida da pessoa idosa(….)”. A forma como</p><p>essas necessidades espirituais são preenchidas pode variar de pessoa para pessoa.</p><p>Para alguns, é na religião que o idoso encontra conforto diante das mudanças</p><p>ocorridas em sua vida e sobre a incerteza do futuro, encontrando sentido e</p><p>significado para continuar a viver. A religião também pode ser entendida como uma</p><p>forma de lazer, já que ir a igreja, conversar, conviver com as pessoas que</p><p>frequentam este lugar os colocam em contato com a sociedade.</p><p>O processo de adaptação das mudanças ocorridas no corpo durante o</p><p>envelhecimento comanda a relação que o indivíduo estabelece com o seu corpo e</p><p>esta relação interfere de maneira positiva ou negativa em patologias que surgem</p><p>durante esse processo.</p><p>O corpo possui um poder original de projeção, pois fornece</p><p>um esquema de representação mental da realidade</p><p>constituindo, no imaginário, um espaço, um tempo e um</p><p>objeto. Esta relação com o corpo imaginário determinará a</p><p>relação com o corpo real (SAMIALI 1974 apud AGOSTINHO</p><p>2004, p.33).</p><p>Para Bromley (1966 apud Agostinho, 2004), o bem-estar durante a velhice</p><p>está ligado a uma boa adaptação e quando o indivíduo consegue isso, consegue de</p><p>maneira mais acelerada resolver conflitos e relações socialmente aceitáveis.</p><p>Compreende-se que esta boa adaptação é manter um bom relacionamento com</p><p>pessoas de seu convívio.</p><p>Quando esta boa adaptação não acontece, o indivíduo apresenta medo das</p><p>pessoas, ansiedade, sentimento de culpa, depressão. O autor ainda nos chama</p><p>atenção de que as mudanças físicas ocorridas em nosso corpo durante o processo</p><p>de envelhecimento nos levam a um confronto com uma nova imagem corporal. A</p><p>focalização destas mudanças para determinadas alterações físicas podem levar o</p><p>indivíduo a agravamento de doenças e o declínio psicológico.</p><p>43</p><p>4.6 SOBRE O PRECONCEITO E A VELHICE</p><p>A atual sociedade moderna e industrializada pôs as pessoas idosas em uma</p><p>posição de objeto, não permitindo que elas exerçam as funções que uma pessoa</p><p>jovem exerce, mesmo que esta função antes fossem exercidas por eles. As</p><p>prioridades passaram a ser o consumo, a rentabilidade e a produção, e, a crença</p><p>disseminada é que uma pessoa com mais de 65 anos não está em condições de</p><p>competir com esse mercado acelerado e consumista.</p><p>Segundo Pereira (1993 apud Agostinho 2004, p.34), “a regulamentação social</p><p>e da capacidade do cidadão”. Agostinho (2004) ainda salienta que este tipo de</p><p>comportamento que a sociedade desenvolveu gera atitudes psicossociais e põem os</p><p>conceitos de respeito e dignidades substituídas de maneira oculta por invalidez e</p><p>dependência econômica.</p><p>Isso se reflete na criação de medidas que assegurem o direito de idosos. Em</p><p>2003 foi aprovado o Estatuto do Idoso pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula</p><p>da Silva, ampliando os direitos aos cidadãos acima de 60 anos. Neste documento</p><p>constam penas severas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos na terceira</p><p>idade, além de conferir alguns direitos a eles constituídos. Com isso, os idosos</p><p>passaram a ganhar mais respeito e espaço no contexto social. O país pioneiro a</p><p>desenvolver trabalhos voltados para idosos foi a França em 1960, que criou as</p><p>Universidades do Tempo Livre, um espaço voltado às atividades culturais e a</p><p>sociabilidade, com o objetivo de ocupar o tempo livre dos aposentados e favorecer</p><p>as relações sociais. Em 1973 surgiu a Universidade da Terceira Idade, desenvolvida</p><p>por Pierre Vellas. Daí por diante vários programas voltados ao público da terceira</p><p>idade vieram a acontecer. (NERI, YASSUDA & CACHIONI, 2004).</p><p>No Brasil, tem-se uma diversidade muito grande sobre como o</p><p>envelhecimento humano é aceito. O preconceito em relação a essa faixa etária</p><p>ainda é muito extenso, porém, junto ao crescimento populacional no número de</p><p>idosos no país, também cresce o conhecimento da população sobre o processo do</p><p>envelhecimento e sua aceitação.</p><p>O Brasil passou a se adaptar no que diz respeito à infraestrutura das cidades</p><p>e nos números de profissionais capacitados a atender essa demanda.</p><p>Os idosos também disponibilizam de leis para que estes possam usufruir de</p><p>seus direitos com maiores garantias e respeito. Como é o caso do Estatuto do Idoso</p><p>44</p><p>(Lei n° 10741 de outubro de 2003), que assegura e regula os direitos das pessoas</p><p>com 60 anos ou mais. Alguns desses direitos dizem respeito à segurança e</p><p>preservação da vida do idoso, por familiares, comunidade, sociedade e Poder</p><p>Público.</p><p>No ano de 1999, o Papa João Paulo II escreveu uma carta aos anciãos, onde</p><p>enfatizou que estes ajudam a contemplar as mudanças ocorridas no mundo com</p><p>mais sabedoria, pois são mais experientes e amadurecidos. Esta carta foi escrita</p><p>pelo Papa no ano Internacional do Idoso, como intuito de prestar uma homenagem a</p><p>esta população. Pode-se entender a partir desses interesses pelo público da terceira</p><p>idade uma maior valorização, e, a partir daí podemos começar respeitar e conhecer</p><p>melhor estas pessoas idosas (ARAÚJO & CARVALHO, 2005).</p><p>Os mesmos autores mencionam que no século XIX a velhice era tratada</p><p>como mendicância, pois, considerava-se que os idosos não poderiam se sustentar</p><p>financeiramente, remetendo a incapacidades como trabalhar, reproduzir e construir.</p><p>Na tentativa de eliminar o preconceito existente sobre as pessoas de maior</p><p>idade criam-se novas nomenclaturas para estes. O termo idoso foi criado para</p><p>substituir o nome velho, sendo usado para tantas pessoas de baixa renda como para</p><p>aquela mais favorecida (PEIXOTO 1998 apud ARAÚJO & CARVALHO, 2005).</p><p>Também existe a substituição do termo velho para melhor idade, que para os</p><p>autores Neri e Ferreira (2000) já é um indício de preconceito, pois caso este não</p><p>houvesse não seria necessário a substituição dos termos. Já o termo terceira idade</p><p>foi criado</p><p>nos anos de 1980 designando a faixa etária de adulto para velhice</p><p>(ARAÚJO & CARVALHO, 2005).</p><p>Todas essas nomenclaturas servem para designar pessoas com 60 anos ou</p><p>mais, o que para a Organização Mundial da Saúde é a idade cronológica indicante</p><p>para o início da velhice. Porém, independentemente da nomenclatura utilizada o</p><p>importante é que se tenha respeito pelas pessoas em qualquer faixa etária ou</p><p>situação econômica.</p><p>28</p><p>Em nossa sociedade é muito comum ouvirmos a expressão de que a velhice</p><p>é tempo de descanso. Com esta afirmação, colocamos o idoso em uma posição de</p><p>acomodação, retirando-lhe a possibilidade de exercer funções antes exercidas e</p><p>muitas vezes isolando este idoso em um mundo à parte, percebendo este como</p><p>alguém que não pode ou não deve fazer nada além de descansar.</p><p>45</p><p>A imagem que temos hoje sobre a velhice está se modificando, mas ainda há</p><p>muito que construir para que a sociedade como um todo possa ver</p><p>essa fase da vida como algo construtivo e saudável. A mídia tem um grande poder</p><p>sobre a representação do idoso em nossa sociedade. Mascaro (2004, p. 65),</p><p>menciona o poder que a mídia tem em formar opiniões e desmistificar todo o</p><p>preconceito a respeito do tema envelhecer, afirmando que:</p><p>(….) As ideias que a mídia expressa em relação ao</p><p>envelhecimento e à velhice são muito significativas, pois</p><p>podem exercer a função de ponto de referência para os</p><p>próprios idosos, influenciando seu comportamento e suas</p><p>atitudes, e também as ideias da criança, do jovem e do</p><p>adulto, a respeito do que significa envelhecer em nossa</p><p>sociedade. (Mascaro (2004, p. 65),</p><p>Está sendo cada vez mais comum vermos pessoas da terceira idade atuando</p><p>em comerciais, novelas, e, até mesmo fazendo campanhas para que a sociedade se</p><p>conscientize que o papel do idoso está sendo modificado. Estes agora são parte</p><p>atuante e em perfeitas condições para efetuar tarefas antes ocupadas apenas por</p><p>pessoas mais jovens.</p><p>A visão que tínhamos de um idoso em uma cadeira de balanço, brincando</p><p>com os netinhos ou fazendo tricô, agora não mais se ajusta a terceira idade atual.</p><p>Hoje, existem muitos idosos que praticam atividades físicas, ocupam cargos antes</p><p>ocupados apenas por pessoas com menos idade e até praticam esportes radicais.</p><p>O desejo de viver intensamente sua própria vida, de realizar</p><p>novos desejos, de não sucumbir aos preconceitos e</p><p>estereótipos, faz com que muitos idosos rejeitem a ideia de</p><p>que na velhice o único papel que lhes sobra é o da “vovó”</p><p>tricotando e tomando conta dos netos e do “vovô” de chinelos</p><p>e pijama, sentado na cadeira de balanço (MASCARO 2004, p.</p><p>68).</p><p>No Japão, as pessoas idosas são vistas como portadoras de grande</p><p>sabedoria expansão espiritual. Estes são consultados quando alguém</p><p>46</p><p>necessita de conselhos sobre decisões de sua vida e aconselhamento espiritual.</p><p>Assim como acontece com a cultura japonesa, tribos indígenas depositam um</p><p>enorme respeito pelos idosos de sua tribo, a eles cabe a obrigação de tomar</p><p>decisões importantes sobre sua comunidade e estes</p><p>também são consultados quando alguém necessita de ajuda espiritual. (DAVIDOFF</p><p>2001 apud BRAGA 2010).</p><p>De acordo com a mesma autora, a chegada da terceira idade poderá trazer</p><p>desconforto, passividade e dependência alheia. Outras pessoas desenvolvem uma</p><p>capacidade para desenvolver tarefas como atividades comunitárias, religiosidade ou</p><p>até conseguem estabelecer vínculos empregatícios, o que favorece a longevidade. A</p><p>autora ainda enfatiza que para as mulheres a velhice significa perda de status, medo</p><p>da solidão e rejeição e, que entre homens, pode haver dúvidas e insatisfação. De</p><p>um modo geral na terceira idade as pessoas tendem a rever seus conceitos, lembrar</p><p>as decisões tomadas durante toda a vida, fazer uma retrospetiva de toda sua</p><p>história.</p><p>Porém, o assunto da sexualidade e a revelação de desejos sexuais em</p><p>pessoas de terceira idade ainda pode ocasionar preconceitos em algumas pessoas.</p><p>Além da implicação do preconceito sobre o desejo sexual na terceira idade, pode-se</p><p>também verificar a ausência da busca de prevenção de doenças sexualmente</p><p>transmissíveis. Grande parte de nossa sociedade, incluindo os idosos, não</p><p>conseguem enxergar que esta faixa etária também pode estar propícia a este tipo de</p><p>contaminação ao associarmos que apenas os mais jovens correm este risco.</p><p>Podemos verificar nessa ausência a negação da possibilidade de pessoas de</p><p>terceira idade serem contaminadas por doenças sexualmente transmissíveis nas</p><p>campanhas publicitárias. Na maioria destas, apenas jovens são utilizados para</p><p>chamar a atenção da população para o uso de métodos preventivos.</p><p>A possibilidade de uma pessoa idosa ser infectada pelo HIV</p><p>parece ser “invisível” para a sociedade e para os próprios</p><p>idosos, uma vez que a sexualidade nesta faixa etária, ainda é</p><p>tratada como um tabu (LIEBERMAN 2000 apud ARAÚJO,</p><p>FONTES, SALDANHA e SILVA, S.d.).</p><p>A vulnerabilidade não é restrita apenas para os jovens, todas as pessoas,</p><p>independentemente de usa idade, estão sujeitas a contaminação de doenças</p><p>47</p><p>sexualmente transmissíveis. Os autores ainda enfatizam que o preconceito torna-se</p><p>um obstáculo na luta pela prevenção de tais doenças, colocando as pessoas</p><p>portadoras de HIV em difícil posição frente à vida. Afirmam também que no início da</p><p>epidemia de AIDS/HIV, existia uma crença na existência de grupo de risco, esta</p><p>crença contribui para que as pessoas idosas se coloquem em posição de</p><p>vulnerabilidade por se acreditarem livres de tais contaminações.</p><p>Outra crença que acomete as pessoas idosas aos riscos de contaminações</p><p>por meio sexual é a negação da sociedade pela possibilidade de pessoas idosas</p><p>possuírem uma vida sexual ativa.</p><p>48</p><p>4.7 DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS NA TERCEIRA IDADE</p><p>As doenças sexualmente transmissíveis na terceira idade passaram a ser</p><p>problema de saúde pública no Brasil. Com a melhoria da qualidade de vida e sexual</p><p>na velhice, cada vez mais este grupo torna-se vulneráveis a estas doenças, a falta</p><p>de uma equipe de saúde mais humanizada e votada para essa realidade vivenciada</p><p>na velhice, também contribui para que este grupo não procure orientação ou apoio</p><p>pro vergonha do julgamento devido à idade e medo da represália da família.</p><p>Para Cesar, Aires e Paz (201, p. 746), O aumento progressivo de número de</p><p>casos de doenças sexualmente transmissíveis (DST) em especial pelo vírus da</p><p>imunodeficiência humana (HIV) pessoas com idade de 50 a 70 anos, está</p><p>relacionado com a falta de pensar e agir dos profissionais de saúde quando o</p><p>assunto é sexualidade na terceira idade. Segundo esses autores, a sexualidade na</p><p>terceira idade há muitos anos foi negada e/ou anulada, devido aos valores é as</p><p>normas socioculturais.</p><p>Oliveira e dias (2009, p. 13) relata que em outra época não era comum o uso</p><p>da camisinha ou da camisa de Vênus, como chamavam o preservativo. A utilização</p><p>era restrita e limitada aos frequentadores cabarés “casas de convivência”. As</p><p>pessoas tinham vergonha de ir à farmácia adquirir o preservativo, a distribuição em</p><p>na rede pública inexistia e as doenças sexualmente transmissíveis mais comuns</p><p>daquela época eram outras e tinham cura.</p><p>Os costumes sociais também têm contribuído para manter</p><p>uma compreensão restrita, tanto em relação à sexualidade</p><p>quanto à velhice, considerando esta fase assexuada. A</p><p>expectativa que a sociedade tem em relação ao idoso é que</p><p>assumam os papéis de avós e deixem de lado a sua própria</p><p>expectativa e interesse pessoal, tornando-se chefes do</p><p>acolhimento da família. (JUNQUEIRA 20012, P. 98).</p><p>O pensamento atuante sobre a velhice é que o idoso deve entender que seu</p><p>tempo de prazer já se passou, sexualidade é para os mais novos, e evidente que</p><p>este pensamento não é regra, mas a maioria das pessoas defendem que</p><p>sexualidade na velhice é algo tratado como vergonhoso, pois o idoso já não precisa</p><p>de praticas sexuais,</p>

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