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<p>UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP</p><p>CURSO DE PSICOLOGIA</p><p>Aluno:</p><p>R.A.:</p><p>Semestre: 10°</p><p>Turno:</p><p>Professora:</p><p>Fichamento: 1</p><p>Paim, J. S.. (2018). Sistema Único de Saúde (SUS) aos 30 anos. Ciência & Saúde 04 horas</p><p>O texto explora de maneira crítica os desafios enfrentados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ao longo de seus mais de 30 anos de existência, evidenciando os impactos das políticas neoliberais no seu financiamento e funcionamento. O marco do golpe de 2016 é destacado como um momento crítico que trouxe mudanças profundas na estrutura do sistema, sobretudo no que se refere ao seu orçamento e à sua capacidade de oferecer atendimento de qualidade à população. O autor coloca a Emenda Constitucional 95, que congelou os gastos públicos por 20 anos, como uma das principais ameaças à sustentabilidade do SUS, restringindo sua expansão e limitando o acesso universal à saúde.</p><p>O governo de Michel Temer é abordado como um período em que essas restrições foram exacerbadas. Sob sua gestão, medidas de austeridade que priorizaram o ajuste fiscal e o corte de investimentos públicos resultaram em um enfraquecimento do SUS, comprometendo sua capacidade de atender as crescentes demandas da população. Além disso, o texto denuncia um projeto de "desmonte" do sistema, que favorece a privatização dos serviços de saúde e coloca o SUS em uma situação de vulnerabilidade. O autor também aponta que essa desestruturação é parte de um movimento mais amplo de desmantelamento dos direitos sociais, observados no Brasil desde as políticas de austeridade que começaram a ser implementadas com maior intensidade após 2016.</p><p>Por outro lado, o texto ressalta que o SUS ainda se mantém resiliente, em parte devido à sua estrutura descentralizada e participativa, que envolve diferentes níveis de governo e conselhos de saúde que permitem um controle social sobre o sistema. Essa descentralização é uma das principais características do SUS, e é defendida como uma das suas maiores fortalezas, pois promove uma forma de gestão que está mais próxima das realidades locais, possibilitando um atendimento mais adequado às necessidades da população em diferentes regiões do país.</p><p>O autor reconhece a importância dos movimentos sociais, das universidades e das entidades científicas na defesa e manutenção do SUS. Esses atores são descritos como fundamentais para garantir que o sistema continue existindo, mesmo em um cenário político tão adverso. Contudo, a análise revela que o SUS tem sido alvo de constantes ataques ideológicos, especialmente de setores que defendem a privatização da saúde e o fortalecimento do mercado privado. O aumento da oferta de planos de saúde privados e a sua popularização entre a classe média brasileira são colocados como exemplos de como a saúde pública vem sendo tratada como um bem de consumo, e não como um direito social garantido constitucionalmente.</p><p>O texto sugere que a defesa do SUS passa por uma articulação política ampla, envolvendo forças progressistas e movimentos sociais que possam contrapor o avanço das políticas neoliberais. O autor defende a criação de estratégias que envolvam tanto o executivo quanto o legislativo e o judiciário, para assegurar que os princípios de universalidade, integralidade e equidade, que são a base do SUS, sejam mantidos. A participação da sociedade civil, através de fóruns e conselhos de saúde, é vista como um elemento crucial nesse processo de resistência. No entanto, o texto também alerta para o fato de que a mobilização popular e a pressão política precisam ser contínuas, uma vez que o SUS, apesar de sua importância, enfrenta dificuldades crescentes e pode não resistir sem uma forte intervenção social e política.</p><p>Em uma análise mais crítica, o texto acerta ao apontar os principais obstáculos enfrentados pelo SUS, como o subfinanciamento crônico, a tentativa de privatização e o desmonte das políticas públicas de saúde. No entanto, sua proposta de mobilização de forças progressistas pode parecer ingênua diante da complexidade do cenário político brasileiro atual. O país enfrenta uma crescente polarização, e a fragmentação das forças políticas progressistas pode dificultar a implementação de uma estratégia coordenada para a defesa do sistema de saúde pública. Além disso, o fortalecimento do setor privado de saúde no Brasil e a ampliação dos serviços oferecidos por planos privados criam um cenário em que grande parte da população, especialmente as camadas de renda média, já não vê o SUS como sua principal opção de acesso à saúde, o que pode enfraquecer ainda mais a base de apoio popular ao sistema.</p><p>Outra questão levantada pelo texto, mas que merece um aprofundamento maior, é a necessidade de uma reforma no financiamento do SUS. O autor menciona a Emenda Constitucional 95 como uma barreira significativa, mas não discute de forma mais detalhada quais seriam as alternativas possíveis para superar esse congelamento orçamentário. A defesa de um aumento de investimentos públicos na saúde é essencial, mas seria interessante explorar como esses recursos poderiam ser obtidos, seja por meio de uma reforma tributária mais progressiva ou por meio de outros mecanismos que possam garantir uma maior equidade na distribuição dos recursos públicos.</p><p>O texto também poderia se aprofundar mais na análise das disputas de poder e interesses econômicos que permeiam o setor da saúde no Brasil. A expansão do mercado de saúde privada não é apenas um reflexo de políticas neoliberais, mas também de interesses corporativos que se beneficiam diretamente do enfraquecimento do SUS. Uma análise mais detalhada sobre como esses interesses influenciam as decisões políticas e afetam a implementação de políticas públicas de saúde seria um enriquecimento importante para o argumento.</p><p>Em suma, o texto oferece uma visão bem fundamentada dos desafios enfrentados pelo SUS e dos riscos que ele corre em um contexto de políticas neoliberais e austeridade fiscal. A defesa do sistema passa, de fato, pela mobilização popular e pela articulação de forças progressistas, mas a complexidade do cenário político e econômico brasileiro exige uma análise mais profunda sobre como essas estratégias podem ser colocadas em prática. O futuro do SUS, portanto, dependerá não apenas da sua capacidade de resistir aos ataques ideológicos e econômicos, mas também de sua habilidade de se adaptar e evoluir em um contexto cada vez mais adverso.</p>

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