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<p>ACESSE AQUI ESTE</p><p>MATERIAL DIGITAL!</p><p>FLAVIA JEANE FERRARI</p><p>PRISCILA MARTINS RODRIGUES COSTA</p><p>ORGANIZADOR</p><p>GERSON ROSA</p><p>ESCOLAS E</p><p>TEORIAS DA</p><p>CRIMINALIDADE:</p><p>BIOLOGIA,</p><p>PSICOLOGIA E</p><p>SOCIOLOGIA</p><p>CRIMINAIS</p><p>Coordenador(a) de Conteúdo</p><p>Gerson Rosa</p><p>Projeto Gráfico e Capa</p><p>Arthur Cantareli Silva</p><p>Editoração</p><p>Ellen Jeane Versari</p><p>Design Educacional</p><p>Ávila Fernanda Tobias</p><p>Revisão Textual</p><p>Elaine Machado</p><p>Ilustração</p><p>Bruno Pardinho e Eduardo Aparecido</p><p>Alves</p><p>Fotos</p><p>Shutterstock e Envato</p><p>Impresso por:</p><p>Bibliotecária: Leila Regina do Nascimento - CRB- 9/1722.</p><p>Ficha catalográfica elaborada de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).</p><p>184 p.</p><p>ISBN papel 978-65-6137-513-9</p><p>ISBN digital 978-65-6137-514-6</p><p>1. Criminalidade 2. Psicologia 3. Teorias 4. EaD. I. Título.</p><p>CDD - 345.03</p><p>EXPEDIENTE</p><p>FICHA CATALOGRÁFICA</p><p>Núcleo de Educação a Distância. FERRARI, Flavia Jeane; COSTA,</p><p>Priscila Martins Rodrigues.</p><p>Escolas e Teorias da Criminalidade: Biologia, Psicologia e</p><p>Sociologia Criminais / Flavia Jeane Ferrari, Priscila Martins Rodrigues</p><p>Costa. organizador: Gerson Rosa. - Florianópolis, SC: Arqué, 2024.</p><p>N964</p><p>03506827</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/20897</p><p>RECURSOS DE IMERSÃO</p><p>Utilizado para temas, assuntos ou con-</p><p>ceitos avançados, levando ao aprofun-</p><p>damento do que está sendo trabalhado</p><p>naquele momento do texto.</p><p>APROFUNDANDO</p><p>Uma dose extra de</p><p>conhecimento é sempre</p><p>bem-vinda. Aqui você</p><p>terá indicações de filmes</p><p>que se conectam com o</p><p>tema do conteúdo.</p><p>INDICAÇÃO DE FILME</p><p>Uma dose extra de</p><p>conhecimento é sempre</p><p>bem-vinda. Aqui você</p><p>terá indicações de livros</p><p>que agregarão muito na</p><p>sua vida profissional.</p><p>INDICAÇÃO DE LIVRO</p><p>Utilizado para desmistificar pontos</p><p>que possam gerar confusão sobre o</p><p>tema. Após o texto trazer a explicação,</p><p>essa interlocução pode trazer pontos</p><p>adicionais que contribuam para que</p><p>o estudante não fique com dúvidas</p><p>sobre o tema.</p><p>ZOOM NO CONHECIMENTO</p><p>Este item corresponde a uma proposta</p><p>de reflexão que pode ser apresentada por</p><p>meio de uma frase, um trecho breve ou</p><p>uma pergunta.</p><p>PENSANDO JUNTOS</p><p>Utilizado para aprofundar o</p><p>conhecimento em conteúdos</p><p>relevantes utilizando uma lingua-</p><p>gem audiovisual.</p><p>EM FOCO</p><p>Utilizado para agregar um con-</p><p>teúdo externo.</p><p>EU INDICO</p><p>Professores especialistas e con-</p><p>vidados, ampliando as discus-</p><p>sões sobre os temas por meio de</p><p>fantásticos podcasts.</p><p>PLAY NO CONHECIMENTO</p><p>PRODUTOS AUDIOVISUAIS</p><p>Os elementos abaixo possuem recursos</p><p>audiovisuais. Recursos de mídia dispo-</p><p>níveis no conteúdo digital do ambiente</p><p>virtual de aprendizagem.</p><p>4</p><p>125U N I D A D E 3</p><p>AS TEORIAS DO CONTROLE E DA DESORGANIZAÇÃO SOCIAL . . . . . . . . . . . . . . .126</p><p>ENFOQUE CRÍTICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .142</p><p>ENFOQUES INTEGRADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .168</p><p>7U N I D A D E 1</p><p>A CRIMINOLOGIA COMO CIÊNCIA DO DELITO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8</p><p>O PARADIGMA SOCIOLÓGICO E A CONSTRUÇÃO DE TEORIAS UNITÁRIAS . . . . . . . .30</p><p>TIPOLOGIAS E TEORIAS GERAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48</p><p>69U N I D A D E 2</p><p>VARIÁVEIS E ORIENTAÇÕES BIOLÓGICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .70</p><p>CRIMINOLOGIA NEOCLÁSSICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .86</p><p>TEORIAS DA APRENDIZAGEM SOCIAL, A TEORIA DA ANOMIA</p><p>E A TEORIA DA FRUSTRAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .106</p><p>5</p><p>SUMÁRIO</p><p>UNIDADE 1</p><p>MINHAS METAS</p><p>A CRIMINOLOGIA COMO CIÊNCIA DO</p><p>DELITO</p><p>Entender a Criminologia enquanto ciência livre de valores.</p><p>Discorrer sobre o papel da Criminologia na definição do delito.</p><p>Descobrir como foi o início da Criminologia científica.</p><p>Conhecer a Escola Clássica.</p><p>Compreender o que é a Escola Clássica italiana.</p><p>Analisar os conceitos de Criminologia.</p><p>Avaliar os conhecimentos obtidos.</p><p>T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 1</p><p>8</p><p>INICIE SUA JORNADA</p><p>Em um bairro onde a taxa de criminalidade está sempre subindo, os moradores</p><p>vivem com medo, e isso deixa todo mundo infeliz. A polícia está se dedicando,</p><p>mas, mesmo assim, não consegue resolver muitos dos crimes, e os bandidos</p><p>seguem à solta. A partir desse fato imaginado, você provavelmente perguntaria:</p><p>o que é a criminologia e como ela pode nos ajudar nessa situação?</p><p>E eu lhe ajudo com a resposta! A criminalidade afeta diretamente a segurança</p><p>e o bem-estar de todos ao redor. Quando existem altos níveis de criminalidade</p><p>ninguém se sente seguro e isso afasta empresas que poderiam investir na comuni-</p><p>dade, prejudicando a economia local. A criminologia pode auxiliar no combate à</p><p>criminalidade, no bem-estar da comunidade e também auxiliar os comerciantes</p><p>locais a prosperarem.</p><p>Então, como a criminologia pode nos ajudar? A Criminologia é um campo</p><p>extenso e pode nos auxiliar de várias formas. Primeiro, pode ser feita uma análise</p><p>dos números e perceber onde os crimes estão acontecendo mais frequentemente.</p><p>Isso auxiliaria a polícia local a usar seus recursos de forma mais inteligente.</p><p>Ademais, a Criminologia pode nos ajudar a compreender por que as pessoas</p><p>estão cometendo crimes e quais são os fatores envolvidos que podem estar ligados</p><p>à pobreza, à falta de acesso à educação e à desigualdade.</p><p>Pesquisando, mensurando e evidenciando essas causas, podemos auxiliar na</p><p>criação de políticas públicas que busquem a solução desses problemas em sua</p><p>raiz. Não para por aí! A Criminologia também consegue identificar e prender</p><p>criminosos usando perfis criminais.</p><p>Devemos pensar na criminologia como uma ferramenta indispensável para</p><p>construir uma comunidade mais segura e justa. Prender pessoas que entram para</p><p>o crime não é a única solução. O importante é entender por que elas estão come-</p><p>tendo crimes e encontrar soluções que previnam a reincidência. Isso significa que</p><p>a comunidade, a polícia e os especialistas em criminologia devem unir-se para</p><p>garantir que todos se sintam seguros e em uma sociedade justa.</p><p>UNIASSELVI</p><p>9</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 1</p><p>Estudante, o que acha de se aprofundar nesse assunto de maneira mais leve e</p><p>divertida? Neste podcast, falamos um pouco mais sobre a Criminologia na era</p><p>digital, vamos ouvir? Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do</p><p>ambiente virtual de aprendizagem.</p><p>PLAY NO CONHECIMENTO</p><p>VAMOS RECORDAR?</p><p>Deixo aqui uma sugestão de vídeo para que vocês possam, de maneira resumida,</p><p>entender o que é a Criminologia, antes de darmos seguimento em nosso material.</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=FYIu3UXR9-E</p><p>DESENVOLVA SEU POTENCIAL</p><p>A CRIMINOLOGIA COMO CIÊNCIA</p><p>Estudante, seja muito bem-vindo a esta viagem empolgante pelo mundo da cri-</p><p>minologia. Nos aprofundaremos no comportamento criminoso, desvendaremos</p><p>os fatores que o moldam e exploraremos as respostas sociais à criminalidade.</p><p>Além de explorarmos os “porquês” por detrás das ações delitivas e refletirmos</p><p>sobre como podemos traçar estratégias de prevenção e controle do crime.</p><p>Tudo começou na Europa do século XVIII, onde Cesare Beccaria (1979) em</p><p>seu tratado Dos delitos e das penas traça a filosofia francesa aplicada à legislação</p><p>penal. BECCARIA (1979) foi um porta-voz da consciência pública e do pensa-</p><p>mento humanista ao criticar os julgamentos secretos, o juramento imposto aos</p><p>acusados, a prática da tortura, a confiscação de bens, as penas infamantes e a</p><p>disparidade no castigo.</p><p>Em seus estudos estabeleceu distinções entre a justiça divina e a justiça hu-</p><p>mana, pecados e delitos, rejeitando o direito à vingança e defendendo a utilidade</p><p>1</p><p>1</p><p>social como base para o direito de punir.</p><p>de nível médio. As tipologias partem</p><p>fundamentalmente da ideia intuitiva de que a diversidade</p><p>dos fenómenos criminais não pode ser abrangida por uma</p><p>teoria explicativa e, embora a divisão dos crimes em tipos,</p><p>certamente, o possa fazer (como geralmente fazem as leis</p><p>penais), são relevantes em determinadas circunstâncias que</p><p>se referem às funções práticas do conhecimento teórico.</p><p>As tipologias podem ser classificadas de acordo com</p><p>diferentes critérios, dependendo das necessidades de</p><p>prevenção ou tratamento do infrator. Essa prática de pesquisa</p><p>pode ser melhor desenvolvida entre as agências investigativas</p><p>ainda como uma abordagem criminológica no âmbito da</p><p>atividade investigativa típica e seus resultados, quando</p><p>organizados de forma sistemática, tendem a ser medidos por</p><p>pesquisas criminológicas típicas posteriores.</p><p>UNIASSELVI</p><p>5</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 3</p><p>Entretanto, na etapa anterior às tipologias classificatórias, que consideram</p><p>preocupações mais práticas e estão diretamente relacionadas com a investiga-</p><p>ção criminal, a investigação criminológica deve centrar a sua atenção naqui-</p><p>lo que se denomina fenomenologia do crime, que pode ser considerada uma</p><p>tipologia na descrição.</p><p>A criminologia moderna tenta compreender a complexidade do comporta-</p><p>mento criminoso, classificando os criminosos em grupos com características es-</p><p>pecíficas. Segundo Ronald Akers (2016), um dos criminologistas mais importan-</p><p>tes do século XX, “a tipologia criminal é a classificação dos criminosos com base</p><p>em características específicas como motivação, comportamento e personalidade”.</p><p>Criminologia – Teoria e Prática</p><p>Neste livro super atual, lançado em 2023, Paulo Sumariva cita,</p><p>de maneira minuciosa, a teoria e a prática da criminologia. A</p><p>intenção do autor ao escrever esse livro foi auxiliar acadêmicos</p><p>da área de criminologia, tendo um conteúdo com linguagem</p><p>acessível e muito rico em informações relevantes para o que</p><p>temos estudado. Certamente, a leitura desse livro é de grande</p><p>valia para sua formação, estudante!</p><p>INDICAÇÃO DE LIVRO</p><p>TIPOLOGIAS E TEORIAS GERAIS</p><p>O modelo teórico da Abordagem do Coelho alega que os psicopatas são um dos</p><p>tipos de criminosos mais fascinantes. Robert D. Hare (1999), famoso por seu</p><p>trabalho de identificação de psicopatas, argumenta que os psicopatas são pessoas</p><p>carismáticas e manipuladoras que, muitas vezes, cometem crimes sem remorso.</p><p>A abordagem de Hare é fundamental para compreender e identificar psicopatas</p><p>na sociedade e levanta questões sobre como tratar indivíduos que carecem de</p><p>empatia e moralidade.</p><p>5</p><p>1</p><p>Outra tipologia interessante é a do crime em série, no seu estudo histórico,</p><p>Holmes e De Burger (1998) escreveram:</p><p>“ Os infratores em série são pessoas que cometem crimes semelhan-</p><p>tes, um após o outro, seguindo um padrão reconhecível ao longo</p><p>do tempo. É muito importante resolver casos de homicídio e iden-</p><p>tificar incidentes em série. Ao estudar esse gênero, a criminologia</p><p>moderna visa compreender os fatores que levam à recorrência de</p><p>crimes violentos.</p><p>O crime do colarinho branco também é central para a criminologia</p><p>moderna. Edwin Sutherland (1983) argumenta que “os criminosos de colarinho</p><p>branco são frequentemente membros respeitados da sociedade, mas cometem</p><p>crimes econômicos que causam danos graves”. Ele enfatiza a importância de</p><p>investigar e punir as violações cometidas por pessoas com maior poder.</p><p>Em seu estudo sobre infratores violentos, Wolfgang (1958) aponta que</p><p>“os infratores violentos geralmente têm um histórico de comportamento</p><p>agressivo e são mais propensos a reincidir”. A compreensão desse tipo de teorias</p><p>é importante para o desenvolvimento de políticas de prevenção à violência e de</p><p>reintegração dos infratores na sociedade. Ademais, surgem questões sobre como</p><p>a sociedade deve tratar as pessoas em risco de violência e como evitar que tal</p><p>comportamento se agrave.</p><p>UNIASSELVI</p><p>5</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 3</p><p>O ENFOQUE TIPOLÓGICO NA PREVENÇÃO DO DELITO E O</p><p>TRATAMENTO DO DELINQUENTE</p><p>O fenômeno do crime é uma questão de preocupação universal e a crimi-</p><p>nologia dedica-se a compreendê-lo e a desenvolver estratégias eficazes para</p><p>prevenir e tratar os infratores. Nessa área, as tipologias criminais tornaram-se</p><p>uma ferramenta valiosa para classificar os criminosos com base em traços e</p><p>características comuns.</p><p>As tipologias criminais proporcionam uma perspectiva multifacetada sobre</p><p>o comportamento criminoso e fornecem informações importantes sobre preven-</p><p>ção e tratamento. A seguir, iremos explorar as contribuições de autores notáveis</p><p>que moldaram essa abordagem e discutiremos seu impacto na criminologia e na</p><p>psicologia criminal contemporâneas.</p><p>Cesare Lombroso: criminoso nato</p><p>Cesare Lombroso foi um médico e antropólogo italiano do século XIX, muitas vezes</p><p>considerado o pioneiro da tipologia criminal. Lombroso introduziu o conceito</p><p>de “criminoso nato” em sua obra seminal O Criminoso (1876). Ele acreditava que</p><p>características físicas e biológicas anormais estavam relacionadas a tendências</p><p>criminosas inatas. Lombroso descreveu o agressor como tendo características</p><p>como anomalias cranianas e assimetria facial. Embora a sua abordagem tenha</p><p>sido criticada pelo seu determinismo biológico, a sua influência na criminologia</p><p>é inegável. Ele lançou as bases para a investigação das causas biológicas do crime,</p><p>área ainda estudada e debatida na criminologia contemporânea.</p><p>Sheldon e Eleanor Gluck: uma tipologia de delinquência</p><p>juvenil</p><p>Sheldon Glueck e Eleanor Glueck, criminologistas e pesquisadores proeminentes</p><p>do século XX, concentraram-se em um gênero específico: a delinquência juvenil.</p><p>No seu estudo longitudinal seminal, Unraveling Juvenile Delinquency (1950), eles</p><p>dividiram os jovens infratores em grupos com base em traços de personalidade,</p><p>história familiar e circunstâncias sociais.</p><p>5</p><p>4</p><p>Enfatizaram a importância de uma abordagem individualizada para preve-</p><p>nir e tratar a delinquência juvenil e reconheceram que os delinquentes juvenis</p><p>não constituíam um grupo homogêneo. Sua pesquisa destaca a importância dos</p><p>fatores contextuais e pessoais na compreensão do comportamento criminoso.</p><p>Robert Hare: tipologia de psicopatas</p><p>Robert Hare (2003) foi um psicólogo canadense mais conhecido por seu trabalho</p><p>na identificação e classificação de psicopatas. Sua contribuição mais importante</p><p>foi o desenvolvimento do “Core Psychiatric Checklist” (PCL-R), uma ferramenta</p><p>de avaliação psiquiátrica amplamente utilizada.</p><p>O trabalho de Hare destaca a importância de identificar e tratar infratores</p><p>com características psicopáticas, reconhecendo que as suas necessidades de in-</p><p>tervenção podem diferir das de outros infratores. A investigação de Hare destaca</p><p>a complexidade dos tipos de crime e a necessidade de diferentes abordagens para</p><p>gerir tipos específicos de crime.</p><p>UNIASSELVI</p><p>5</p><p>5</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 3</p><p>A prevenção do crime abrange uma série de estratégias e</p><p>métodos concebidos para reduzir a ocorrência do crime.</p><p>Como observam Sampson e Laub (1993), a prevenção</p><p>do crime deve começar cedo na vida de um indivíduo,</p><p>tendo em conta fatores como o ambiente familiar, a</p><p>educação e as oportunidades. A prevenção primária</p><p>centra-se, em primeiro lugar, na prevenção da ocorrência</p><p>do crime e é apoiada por pesquisas que demonstram a</p><p>eficácia da educação familiar e dos programas de apoio</p><p>(ELLIOTT, 1997).</p><p>Por outro lado, para aqueles que cometeram crimes,</p><p>o tratamento dos criminosos é crucial. Interpretando</p><p>Andrews et al. (1990), “A punição por si só faz pouco</p><p>para reduzir a reincidência.” Portanto, o tratamento</p><p>do infrator deve ser considerado um componente</p><p>importante do sistema de justiça criminal. Programas de</p><p>reabilitação, como a terapia cognitivo-comportamental,</p><p>demonstraram ser eficazes na redução da reincidência</p><p>do infrator (LIPSEY, 2009).</p><p>É crucial enfatizar que a prevenção do crime e o</p><p>tratamento do delinquente não são abordagens que</p><p>se excluem uma à outra. Segundo Sherman (1997),</p><p>aprimorar a prevenção</p><p>do crime requer uma abordagem</p><p>que inclua intervenções direcionadas aos delinquentes.</p><p>Um tratamento que se dedica a diminuir os fatores de</p><p>risco que levam ao crime, como o uso de drogas e o</p><p>desemprego, pode ser vantajoso tanto para os criminosos</p><p>quanto para a sociedade como um todo.</p><p>As tipologias criminais desempenham um papel</p><p>importante na compreensão do comportamento</p><p>criminoso, como evidenciado pelas contribuições</p><p>de escritores como Cesare Lombroso, os Glucks</p><p>e Robert Hare. A classificação dos infratores com</p><p>base em características comuns permite estratégias</p><p>5</p><p>1</p><p>personalizadas de prevenção e tratamento que reconhecem a heterogeneidade</p><p>do comportamento criminoso.</p><p>Embora as abordagens tipológicas tenham evoluído desde os primeiros</p><p>trabalhos de Lombroso, a importância de compreender os fatores que contribuem</p><p>para o crime e de adaptar intervenções em conformidade continua a ser</p><p>fundamental para a criminologia contemporânea.</p><p>A TEORIA CRIMINOLÓGICA</p><p>A Teoria Criminológica é um campo de estudo interdisciplinar que se dedica à</p><p>análise do crime, do comportamento criminoso e dos elementos que influenciam</p><p>a ocorrência de atos delituosos. Ela se dedica à compreensão dos motivos pelos</p><p>quais as pessoas praticam crimes e às maneiras pelas quais a sociedade pode</p><p>prevenir e lidar com comportamentos criminosos. Há diversas teorias criminais</p><p>disponíveis que apresentam diferentes pontos de vista sobre o tema do crime e</p><p>as suas origens. Mencionaremos, a seguir, algumas das teorias mais importantes:</p><p>■ A Teoria da Escola Positiva é uma abordagem na área da crimino-</p><p>logia que busca entender e explicar o comportamento criminoso por</p><p>meio de uma perspectiva científica. Essa teoria enfatiza a importância</p><p>de fatores individuais, como características genéticas e traços de perso-</p><p>nalidade, na predisposição ao crime. Além disso, também considera o</p><p>impacto de fatores sociais e ambientais na ocorrência de crimes. Essa</p><p>teoria busca identificar padrões e causas do comportamento criminoso, a</p><p>fim de desenvolver estratégias eficazes de prevenção e intervenção na área</p><p>da justiça criminal. Ela defende que o comportamento criminoso está</p><p>associado a elementos de natureza biológica, psicológica e social, segundo</p><p>o entendimento de Cesare Lombroso e outros pesquisadores. Essa visão</p><p>considera que algumas pessoas podem ter predisposição genética ou tra-</p><p>ços de personalidade que as tornam mais inclinadas a cometer crimes.</p><p>■ A Teoria do Controle Social é uma perspectiva na sociologia que busca</p><p>entender como as normas e regras sociais influenciam o comportamento</p><p>humano. Ela argumenta que a sociedade estabelece diversos mecanis-</p><p>mos de controle para regular o comportamento individual e coletivo.</p><p>Esses mecanismos incluem recompensas e punições sociais, bem como</p><p>UNIASSELVI</p><p>5</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 3</p><p>o estabelecimento de normas e valores que orientam o comportamento</p><p>aceitável. A teoria do controle social também explora como o poder e a</p><p>autoridade são exercidos para influenciar o comportamento das pessoas.</p><p>Ela analisa os efeitos desses mecanismos de controle na conformidade</p><p>social e na delinquência, bem como nos desvios sociais. Essa teoria pode</p><p>ajudar a entender a dinâmica dos sistemas sociais e como eles influenciam</p><p>o comportamento dos indivíduos e também aborda como o comporta-</p><p>mento criminoso é influenciado pelos laços sociais, normas e valores, por</p><p>meio de estudos realizados por sociólogos. A sugestão dela é que a força</p><p>dos vínculos sociais, tais como família, escola e comunidade, possui um</p><p>papel essencial na prevenção do crime.</p><p>■ A Teoria da Anomia inicia com o conceito de que a sociedade possui nor-</p><p>mas e valores que direcionam o comportamento dos indivíduos. Quando</p><p>essas normas e valores se enfraquecem ou são violados, surge um esta-</p><p>do de anomia, no qual há uma falta de orientação moral e regras claras.</p><p>Nesse contexto, os indivíduos podem se sentir perdidos ou desorientados,</p><p>resultando em comportamentos desviantes ou negativos. Ela busca com-</p><p>preender os efeitos desse desequilíbrio social, analisando as suas causas e</p><p>consequências para a sociedade como um todo. Essa teoria, proposta por</p><p>Émile Durkheim (1999), explica que a ausência de normas e valores sociais</p><p>bem definidos é uma das causas do crime. Quando as pessoas se sentem</p><p>excluídas da sociedade por causa da desigualdade, da falta de oportuni-</p><p>dades ou da desintegração social, elas podem optar por se envolver em</p><p>comportamentos criminosos como uma maneira de se ajustar.</p><p>■ A Teoria do Conflito Social explora as relações e interações entre indi-</p><p>víduos e grupos na sociedade, com foco nas diferentes formas de conflito</p><p>e desigualdade que surgem. Essa teoria ressalta a importância dos con-</p><p>flitos de interesse, poder e recursos na moldagem das estruturas sociais e</p><p>nas dinâmicas de poder. Ela busca analisar como as tensões e as lutas entre</p><p>diferentes grupos sociais podem levar a mudanças sociais significativas.</p><p>A teoria do conflito social destaca as desigualdades sociais, as injustiças</p><p>e as contradições que podem resultar do conflito entre diferentes grupos</p><p>com interesses divergentes. Foi proposta por Karl Marx e outros teóricos</p><p>e postula que o crime surge como resultado das disparidades econômicas</p><p>5</p><p>8</p><p>e sociais existentes. Ela sugere que a classe menos privilegiada pode optar</p><p>por cometer atos criminosos como forma de reagir às injustiças sociais.</p><p>■ A Teoria da Rotulagem, também conhecida como etiquetagem, é</p><p>um conceito amplamente estudado e discutido nas áreas de sociologia</p><p>e psicologia. Essa teoria argumenta que as pessoas têm a tendência de</p><p>rotular e categorizar os outros com base em características superficiais,</p><p>como aparência física, origem étnica, gênero, entre outros. Esses rótu-</p><p>los podem ter um impacto significativo na forma como as pessoas são</p><p>percebidas e tratadas na sociedade. Por exemplo, indivíduos rotulados</p><p>como “perigosos” ou “criminosos” podem ser estigmatizados e enfrentar</p><p>discriminação em diferentes contextos, como emprego, moradia e inte-</p><p>rações sociais. Ademais, a teoria da rotulagem também argumenta que os</p><p>indivíduos tendem a internalizar esses rótulos, afetando sua autoimagem</p><p>e autoestima. Isso pode levar a uma autopercepção negativa e influenciar</p><p>negativamente o comportamento dessas pessoas. No entanto, a teoria</p><p>da rotulagem também ressalta a importância de reconhecer a natureza</p><p>arbitrária dos rótulos e a necessidade de desafiar estereótipos e precon-</p><p>ceitos. Ao promover a conscientização e a educação sobre a diversidade</p><p>e a igualdade, é possível desafiar os rótulos impostos pela sociedade e</p><p>trabalhar para uma sociedade mais inclusiva e justa. Essa teoria enfatiza</p><p>como a sociedade classifica alguns indivíduos como criminosos e como</p><p>isso pode resultar em um comportamento criminoso duradouro. A si-</p><p>tuação em que as pessoas são marginalizadas pela sociedade pode levar</p><p>a que elas interiorizem estigmas criminosos e assumam uma identidade</p><p>associada ao crime.</p><p>■ A teoria do aprendizado social estuda como as pessoas aprendem por</p><p>meio da observação e imitação de comportamentos de outras pessoas. De</p><p>acordo com essa teoria, o aprendizado ocorre não apenas mediante refor-</p><p>ços ou punições, mas também por meio da observação de modelos e da</p><p>internalização de seus comportamentos. Essa abordagem destaca a impor-</p><p>tância de modelos positivos e influentes na aprendizagem e enfatiza a inte-</p><p>ração social como um aspecto fundamental do processo de aprendizado. A</p><p>teoria do aprendizado social reconhece que os indivíduos têm a capacidade</p><p>de aprender e mudar seus comportamentos a partir das experiências dos</p><p>UNIASSELVI</p><p>5</p><p>9</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 3</p><p>outros. Em suma, essa teoria nos ajuda a entender como a aprendizagem é</p><p>socialmente mediada e como os comportamentos podem ser transmitidos</p><p>e adquiridos mediante observação e imitação. Essa teoria defende que o</p><p>comportamento criminoso é adquirido por meio da observação e da inte-</p><p>ração com outros indivíduos. As influências sociais</p><p>exercem um papel de</p><p>suma relevância na moldagem do comportamento criminoso, contando</p><p>com a presença de elementos como amigos, família e mídia.</p><p>Estudante, quer mais informações a respeito do que discutimos ao longo deste</p><p>tema de aprendizagem? Acesse à videoaula que preparamos para você.</p><p>Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de</p><p>aprendizagem .</p><p>EM FOCO</p><p>NOVOS DESAFIOS</p><p>As teorias que temos estudado, nos ajudam a explicar o porquê de as pessoas</p><p>cometerem crimes. Eles estudam os fatores pessoais, sociais, psicológicos e</p><p>econômicos que levam à atividade criminosa. Isso permite que investigadores</p><p>e profissionais identifiquem as causas profundas da criminalidade e desenvol-</p><p>vam estratégias de prevenção e intervenção mais eficazes. Também ajudam os</p><p>estudiosos a desenvolver hipóteses, criar métodos de pesquisa e analisar dados</p><p>empíricos. Para esse fim, a investigação criminológica baseia-se em evidências</p><p>sólidas, o que é fundamental para a tomada de decisões informadas nas políticas</p><p>de segurança pública e de justiça criminal.</p><p>Tais pesquisas influenciam no desenvolvimento de políticas públicas rela-</p><p>cionadas ao crime. Compreender as teorias do crime e da justiça criminal ajuda</p><p>os formuladores de políticas a tomar decisões mais informadas sobre questões</p><p>como sentença, reabilitação, prevenção do crime e aplicação da lei.</p><p>1</p><p>1</p><p>Ademais, é crítica para avaliar programas de prevenção ao crime e interven-</p><p>ções de justiça criminal. Ao aplicar uma lente teórica, os profissionais podem</p><p>determinar se esses programas causam o impacto pretendido e ajustar as suas</p><p>estratégias em conformidade.</p><p>Esses estudos esclarecem as razões por detrás das práticas e políticas do</p><p>sistema de justiça criminal, como prisões, julgamentos e sentenças, ajudando,</p><p>assim, a identificar desigualdades e injustiças no sistema e estimula discussões</p><p>sobre as reformas necessárias.Com base nesse fundamento, os profissionais de</p><p>segurança pública e prevenção da criminalidade podem desenvolver estratégias</p><p>mais eficazes para reduzir a criminalidade. Isso inclui a identificação de grupos</p><p>de alto risco, o desenvolvimento de programas de reabilitação de infratores e a</p><p>implementação de medidas de prevenção específicas.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1. A Abordagem do Coelho alega que os psicopatas são um dos tipos de criminosos mais</p><p>fascinantes. Robert D. Hare (1999), famoso por seu trabalho de identificação de psicopatas,</p><p>argumenta que os psicopatas são pessoas carismáticas e manipuladoras que, muitas vezes,</p><p>cometem crimes sem remorso. A abordagem de Hare é fundamental para compreender e</p><p>identificar psicopatas na sociedade e levanta questões sobre como tratar indivíduos que</p><p>carecem de empatia e moralidade (HARE, 1999).</p><p>Segundo a abordagem do Coelho, quais as características presentes em psicopatas?</p><p>a) São carismáticos e manipuladores.</p><p>b) Pessoas honestas e gentis.</p><p>c) Inteligentes e sentem remorso com facilidade.</p><p>d) Carismáticos e empáticos.</p><p>e) Nenhuma das acima.</p><p>2. A Teoria da Escola Positiva é uma abordagem na área da criminologia que busca entender</p><p>e explicar o comportamento criminoso por meio de uma perspectiva científica. Essa teoria</p><p>enfatiza a importância de fatores individuais, como características genéticas e traços de</p><p>personalidade, na predisposição ao crime. Além disso, também considera o impacto de</p><p>fatores sociais e ambientais na ocorrência de crimes. Busca também identificar padrões e</p><p>causas do comportamento criminoso, a fim de desenvolver estratégias eficazes de preven-</p><p>ção e intervenção na área da justiça criminal. Defende que o comportamento criminoso está</p><p>associado a elementos de natureza biológica, psicológica e social, segundo o entendimento</p><p>de Cesare Lombroso e outros pesquisadores. Essa visão considera que algumas pessoas</p><p>podem possuir predisposição genética ou traços de personalidade que as tornam mais</p><p>inclinadas a cometer crimes</p><p>De acordo com o que aprendemos sobre a Escola Positiva, analise as afirmativas a seguir:</p><p>I - Ela enfatiza a importância de fatores individuais.</p><p>II - Não considera fatores individuais.</p><p>III - Não acredita em predisposição genética.</p><p>IV - Defende que o comportamento criminoso está associado a elementos de natureza bio-</p><p>lógica, psicológica e social.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1</p><p>1</p><p>É correto o que se afirma em:</p><p>a) I e IV, apenas.</p><p>b) II e III, apenas.</p><p>c) III e IV, apenas.</p><p>d) I, II e III, apenas.</p><p>e) II, III e IV, apenas.</p><p>3. Outra tipologia interessante é a do crime em série, no seu estudo histórico, Holmes e De</p><p>Burger (1998) escreveram: “os infratores em série são pessoas que cometem crimes seme-</p><p>lhantes, um após o outro, seguindo um padrão reconhecível ao longo do tempo. É muito</p><p>importante resolver casos de homicídio e identificar incidentes em série. Ao estudar esse</p><p>gênero, a criminologia moderna visa compreender os fatores que levam à recorrência de</p><p>crimes violentos( HOLMES; DE BURGER, 1998).</p><p>De acordo com a tipologia do crime em série:</p><p>I - São pessoas que cometem crimes semelhantes, um após o outro.</p><p>II - São criminosos que cometem um crime a cada ano.</p><p>III - São personagens fictícios.</p><p>É correto o que se afirma em:</p><p>a) I, apenas.</p><p>b) III, apenas.</p><p>c) I e II, apenas.</p><p>d) II e III, apenas.</p><p>e) I, II e III.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1</p><p>1</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AKERS, R. Criminological theories: introduction and evaluation. Abingdon: Routledge, 2016.</p><p>ANDREWS, D. A. et al. Does correctional treatment work? A clinically relevant and psychologi-</p><p>cally informed meta-analysis. Criminology, v. 28, n. 3, 1990.</p><p>DURKHEIM, É. Da divisão do trabalho social. Trad. Eduardo Brandão. 2. ed. São Paulo: Martins</p><p>Fontes, 1999.</p><p>ELLIOTT, D. S. Youth violence: an overview. Office of Justice Programs, Office of Juvenile Justice</p><p>and Delinquency Preventions, 1997.</p><p>GLUECK, S.; GLUECK, E. Unraveling juvenile delinquency. Cambridge, MA: Harvard University</p><p>Press, 1950.</p><p>HARE, R. D. Without conscience: the disturbing world of the psychopaths among us. New York:</p><p>Guilford Press, 1999.</p><p>HARE, R. D. Manual for the hare psychopathy checklist–revised. 2nd ed. Toronto: Multi-Health</p><p>Systems, 2003.</p><p>HOLMES, R. M.; DE BURGER, J. Serial murder. Thousand Oaks, CA: Sage, 1998.</p><p>LIPSEY, M. W. The primary factors that characterize effective interventions with juvenile offen-</p><p>ders: A meta-analytic overview. Victims and Offenders, n. 4, p. 124-147, 2009.</p><p>LOMBROSO, C. L’Uomo delinquente. Milano: Hoepli, 1876.</p><p>MAÍLLO, A. S. Introdução à criminologia. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.</p><p>SAMPSON, R. J.; LAUB, J. H. Crime in the making: pathways and turning points through life. Cam-</p><p>bridge: Harvard University Press,1993.</p><p>SHERMAN, L. W. Preventing crime: What works, what doesn’t, what’s promising. U.S. Depart-</p><p>ment of Justice, Office of Justice Programs, National Institute of Justice,1997.</p><p>SUTHERLAND, E. H. White collar crime: the uncut version. New Haven, Connecticut: Yale Uni-</p><p>versity Press, 1983.</p><p>WOLFGANG, S. L. Patterns in criminal homicide. Pennsylvania: University of Pennsylvania Press,</p><p>1958.</p><p>1</p><p>4</p><p>1. Alternativa A.</p><p>2. Alternativa A.</p><p>3. Alternativa A.</p><p>GABARITO</p><p>1</p><p>5</p><p>MINHAS ANOTAÇÕES</p><p>1</p><p>1</p><p>MINHAS ANOTAÇÕES</p><p>1</p><p>1</p><p>UNIDADE 2</p><p>MINHAS METAS</p><p>VARIÁVEIS E ORIENTAÇÕES</p><p>BIOLÓGICAS</p><p>Investigar as variáveis e orientações biológicas.</p><p>Compreender o renascimento das variáveis biológicas na criminologia contemporânea.</p><p>Aprofundar conhecimentos em criminologia.</p><p>Analisar as características dos enfoques biológicos contemporâneos.</p><p>Conhecer os enfoques psicológicos na criminologia contemporânea.</p><p>Identificar os dados obtidos por meio do material.</p><p>Avaliar os conhecimentos obtidos.</p><p>T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 4</p><p>1</p><p>1</p><p>INICIE SUA JORNADA</p><p>O século XIX presenciou as descobertas do renomado médico e criminologista</p><p>italiano, César Lombroso, que sustentava a teoria de que certos atributos físicos</p><p>poderiam revelar inclinações para a violência e o comportamento criminoso.</p><p>Atualmente, há especialistas que defendem a ideia de que, num futuro próximo,</p><p>a prevenção da violência e do crime poderá</p><p>ser alcançada mediante análise de</p><p>certos marcadores biológicos.</p><p>Embora o comportamento criminal e a violência sejam influenciados por</p><p>uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, é crucial considerar</p><p>também o aspecto neurológico. Uma vez que esse tipo de comportamento está</p><p>se tornando cada vez mais reconhecido como uma das principais questões de</p><p>saúde pública em todo o mundo.</p><p>A violência sempre será um dos problemas de grande impacto em nos-</p><p>sa sociedade, tanto no passado como no presente. É aqui que a ciência assu-</p><p>me o papel principal. A atenção direcionada ao gênero masculino não é uma</p><p>coincidência (há nove assassinos do sexo masculino para cada mulher assas-</p><p>sina). No entanto, o fator biológico não é a única explicação para as raízes do</p><p>comportamento criminoso.</p><p>Viver em um contexto de maus-tratos, abusos e negligência é considerado um</p><p>fator de risco. Além disso, é importante abordar temas relacionados à gravidez,</p><p>como o consumo de substâncias ilícitas durante a gestação.</p><p>Atualmente, os avanços nas técnicas de neuroimagem e a habilidade de mo-</p><p>nitorar a atividade cerebral se revelam cruciais para aprimorar a compreensão</p><p>do comportamento violento. A neurocriminologia, assim como as peças sociais</p><p>e ambientais, é um componente essencial e inegável do quebra-cabeça.</p><p>Pesquisas conduzidas na Universidade de Valência por Luis Moya Al-</p><p>biol, um professor de Psicobiologia, revelaram a existência de um sistema</p><p>neural complexo e de substâncias químicas com a capacidade de controlar o</p><p>comportamento violento.</p><p>Estudante, é de grande importância direcionarmos nossa atenção para a aná-</p><p>lise dos estudos já conduzidos sobre o assunto em questão. Devemos avaliar o</p><p>que é relevante no contexto atual e estabelecer uma compreensão do que deve</p><p>ser considerado em nossa atuação profissional como criminologistas.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 4</p><p>Para começarmos a estudar temas tão relevantes para nossa jornada profissional,</p><p>preparamos um podcast sobre a psicologia e a criminologia que está incrível!</p><p>Vamos ouvir?</p><p>Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de</p><p>aprendizagem .</p><p>PLAY NO CONHECIMENTO</p><p>VAMOS RECORDAR?</p><p>Vamos recordar quem foi Cesare Lombroso e por que ele é tão citado dentro da</p><p>Criminologia? Neste link você pode acessar um vídeo didático e informativo sobre</p><p>esse importante autor:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=sjQL3hlDPpg.</p><p>DESENVOLVA SEU POTENCIAL</p><p>VARIÁVEIS E ORIENTAÇÕES BIOLÓGICAS</p><p>Existem várias influências no crime, como os fatores psicossociais. Segundo</p><p>Fernandes e Fernandes (2002), existem pessoas que têm dúvidas sobre a influên-</p><p>cia genética no cometimento de crimes, apesar das evidências encontradas em</p><p>diversos estudos.</p><p>Afirmam Fernandes e Fernandes (2002, p.187):</p><p>“ A hereditariedade transmite tendências para a formação dos carac-</p><p>teres ambientais favoráveis. O patrimônio genético é um conjunto</p><p>de forças latentes, de potencialidades, as quais se realizarão ou não</p><p>e, se realizadas, terão uma ou outra intensidade, na conformidade</p><p>de serem ou não favorecidos pelo ambiente.</p><p>1</p><p>1</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=sjQL3hlDPpg</p><p>No entanto, Raine (2008) esclarece as duas principais</p><p>razões pelas quais a genética exerce influência: em</p><p>primeiro lugar, a predisposição antissocial não é</p><p>causada apenas por fatores ambientais, mas sim por</p><p>uma deficiência estrutural na região pré-frontal desses</p><p>indivíduos; em segundo lugar, os estudos realizados com</p><p>gêmeos mostraram que 90% da variação dessa substância</p><p>cinzenta na área pré-frontal se deve à genética.</p><p>É conhecido que os fatores socioambientais não devem</p><p>ser desprezados. Nesse sentido, estudos conduzidos com</p><p>21 indivíduos que cometeram crimes na região de Porto</p><p>Alegre revelaram que questões relacionadas ao ambiente,</p><p>como problemas durante o parto, maus-tratos na infância</p><p>e histórico familiar de criminalidade, desempenharam um</p><p>papel significativo na predisposição para comportamento</p><p>antissocial (FLORES, 2002).</p><p>Portanto, de forma complementar, Raine (2008)</p><p>aborda a interação entre fatores genéticos e ambientais.</p><p>Assim, crianças que são expostas à rejeição ou à violência</p><p>familiar, seja dirigida a elas próprias ou a alguém próximo,</p><p>por exemplo, um pai agressivo e uma mãe submissa, ou</p><p>crianças que experimentaram um parto complicado,</p><p>incluindo aquelas que sofreram falta de oxigenação no</p><p>cérebro, conhecida como anoxia neonatal, que pode</p><p>resultar em lesões no hipocampo e causar sequelas,</p><p>estão mais propensas a desenvolver comportamentos</p><p>antissociais no futuro.</p><p>Assim, compreende-se que, segundo diversas</p><p>pesquisas, a genética pode desempenhar um papel na</p><p>influência do crime, ou seja, pode contribuir para a</p><p>predisposição genética ao comportamento criminoso de</p><p>uma pessoa. No entanto, é crucial ressaltar que esse fator</p><p>não deve ser considerado isoladamente, uma vez que os</p><p>aspectos psicológicos e sociais também devem ser levados</p><p>em consideração (RAINE, 2008).</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 4</p><p>Dentro da mente de um criminoso</p><p>Neste documentário lançado em 2018, você pode explorar</p><p>as tramas psicológicas e os comportamentos que definem</p><p>um criminoso.</p><p>Nele são abordados quatro temas principais: líderes de seitas,</p><p>sequestradores, senhores do crime e assassinos em série.</p><p>O documentário, com quatro episódios, conta com diversos</p><p>peritos e profissionais de diversas formações falando sobre</p><p>o comportamento do criminoso e seus possíveis fatores</p><p>biológicos.</p><p>INDICAÇÃO DE</p><p>DOCUMENTÁRIO</p><p>O RENASCIMENTO DAS VARIÁVEIS BIOLÓGICAS NA</p><p>CRIMINOLOGIA CONTEMPORÂNEA</p><p>As possíveis variáveis biológicas ainda são objeto de estudos na neurocrimi-</p><p>nologia, não tendo sido relegadas ao passado juntamente com Lombroso. De</p><p>acordo com as conclusões desses estudos, existe uma rede cerebral que desem-</p><p>penha um papel nos comportamentos violentos. Essa rede engloba uma série de</p><p>estruturas, tais como:</p><p>■ A substância branca presente no córtex pré-frontal é essencial para o seu</p><p>funcionamento.</p><p>■ A amígdala desempenha um papel crucial no desenvolvimento de com-</p><p>portamentos agressivos.</p><p>■ O hipotálamo é essencial para a expressão do estado emocional.</p><p>■ A serotonina é considerada o principal neurotransmissor envolvido no</p><p>comportamento violento, sendo que níveis mais baixos desse neurotrans-</p><p>missor aumentam o risco de comportamento agressivo.</p><p>■ A noradrenalina também desempenha um papel fundamental na base</p><p>neurobiológica da agressividade.</p><p>■ Outras substâncias envolvidas incluem catecolaminas, GABA, glutamato,</p><p>acetilcolina, óxido nítrico, vasopressina, substância P, histamina e opioi-</p><p>des endógenos.</p><p>1</p><p>4</p><p>A evolução da neurocriminologia como disciplina também traz consigo um de-</p><p>safio ético-legal. Por exemplo, de repente pode-se enxergar criminosos violentos</p><p>como vítimas de um distúrbio cerebral. A dúvida sobre a responsabilidade dos</p><p>agressores pelos atos cometidos surge quando há uma deficiência no processa-</p><p>mento de emoções ou empatia.</p><p>Luiz Regis Prado (2019, p.197), assim se manifesta acerca da natureza bioló-</p><p>gica para explicação do delito:</p><p>“ Nos últimos anos, produziu-se um retorno à consideração de va-</p><p>riáveis de natureza biológica para a explicação do delito. Seguimos</p><p>aqui um conceito amplo do que se entende por biológico; Vold e os</p><p>seguidores de seu manual o explicam da seguinte maneira: algumas</p><p>dessas características biológicas são genéticas e herdadas [...]. Ou-</p><p>tras resultam de mutações genéticas que ocorrem no momento da</p><p>concepção ou se desenvolvem enquanto o feto está no útero. Essas</p><p>características biológicas são genéticas, mas não herdadas. Final-</p><p>mente, outras podem se desenvolver como resultado do ambiente</p><p>das pessoas, que vão desde lesões a uma dieta inadequada. Essas ca-</p><p>racterísticas biológicas não são nem genéticas nem herdadas.1 La-</p><p>mentavelmente, as variáveis e explicações biológicas – assim como</p><p>certos correlatos da criminalidade – deparam, em criminologia,</p><p>para sua aceitação com certos reparos de natureza supostamente</p><p>ética. Os criminólogos que se atreveram a seguir essa via estavam</p><p>conscientes das dificuldades que teriam de enfrentar(...).</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>5</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 4</p><p>Embora seja verdade que a neurocriminologia tem como objetivo compreender,</p><p>tratar e prevenir o comportamento violento, essa disciplina também nos possi-</p><p>bilita uma abordagem igualmente interessante e enriquecedora.</p><p>A união da psicologia e da criminologia pode permitir uma intervenção</p><p>mais holística, permitindo um panorama além do comportamento negativo ou</p><p>problemático por si só. Uma possível maneira de reabilitar e, até mesmo, evitar</p><p>o comportamento violento seria focar no desenvolvimento emocional, na ca-</p><p>pacidade de se colocar no lugar do outro, no comportamento pró-social e no</p><p>altruísmo, visando reduzir a impulsividade e promover experiências positivas.</p><p>Ademais, também seria importante enfatizar as habilidades humanas como a</p><p>bondade e a felicidade.</p><p>CARACTERÍSTICAS DOS ENFOQUES BIOLÓGICOS</p><p>CONTEMPORÂNEOS</p><p>Como se sabe a criminologia clínica fez pesquisas de campo acerca da atuação</p><p>da genética, na qual foi descartada a influência no crime, à herança patológica</p><p>sobre o narcisismo, personalidades psicopáticas e distúrbios de personalidade,</p><p>neuroses, psicoses, oligofrênicas, desvios sexuais e parafilias, Ademais, é válido</p><p>destacar que não necessariamente essas características fazem do indivíduo um</p><p>criminoso, conforme afirmam Fernandes e Fernandes (2002, p.180):</p><p>1</p><p>1</p><p>Consequentemente, no que diz respeito às teorias da personalidade que</p><p>sustentam as pesquisas no campo da personalidade criminosa, é importante</p><p>destacar o referido autor Trindade (2017, p. 75) que explica a personalidade da</p><p>seguinte forma, “[... ] é simplesmente parte do complexo mecanismo psíquico</p><p>descoberto por Freud, que o descreveu como a estruturação da função psíquica”.</p><p>Entendemos, então, que se houver defeitos na formação dessa estruturação do</p><p>funcionamento mental, segundo a psicanálise de Freud, há grande possibilidade</p><p>de formação de uma personalidade antissocial, como explica Luzes (2010, p. 7):</p><p>O problema do transtorno de personalidade antissocial está na relação do</p><p>sujeito com a norma externa, devido à falta de contenção interna e ao sentimento</p><p>de culpa, o sujeito fica completamente alheio e desconhece a existência da norma,</p><p>não tem admitido o padrão para si mesmo como modelo, não considera isso uma</p><p>referência a seguir, não absorveu a norma em sua personalidade. Assim, para a</p><p>psicanálise, a privação de liberdade não gera sentimento de culpa e, portanto, é</p><p>ineficaz. Porque o indivíduo não desenvolveu a tensão ego / superego necessária</p><p>para suprimir o comportamento.</p><p>Com relação à teoria de Karen Horney, vale ressaltar mais uma vez que,</p><p>para Horney, experiências infantis como “ansiedade, desamparo e vulnera-</p><p>bilidade” (HALL; LINDZAY; CAMPBELL, 2007) são uma contribuição adi-</p><p>cional para o desenvolvimento da personalidade. Portanto, Horney conside-</p><p>ra que essas experiências de abandono podem ser fatores motivadores para</p><p>o desenvolvimento de conflitos neuróticos, levando o indivíduo a repetir tais</p><p>comportamentos na vida adulta.</p><p>Segundo Hall, Lindzay e Campbell (2007), também podem contribuir para</p><p>o desenvolvimento da ansiedade básica:</p><p>“ Sem uma orientação amorosa para ajudar as crianças a lidar com as</p><p>ameaças impostas pela natureza e pela sociedade, elas podem de-</p><p>senvolver a ansiedade básica que é o principal conceito de Horney.</p><p>Com isso, ansiedade básica é definida da seguinte maneira, um sen-</p><p>timento de ser pequeno, insignificante, desamparado, abandonado,</p><p>ameaçado em um mundo que está determinado a abusar, enganar,</p><p>atacar, humilhar, trair, invejar.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 4</p><p>Quanto à perspectiva da teoria comportamental, observou-se os condicionamen-</p><p>tos operantes de Skinner, que se destacam pelos reforços positivos, negativos e as</p><p>punições positivas e negativas. Dessa forma, de acordo com Fiorelli e Mangini</p><p>(2009), na elaboração da personalidade antissocial, according to reports: o con-</p><p>dicionamento é resultado da exposição a situações semelhantes desde a infância,</p><p>em que o indivíduo foi ensinado a buscar benefícios por meio de comportamen-</p><p>tos agressivos. A criança percebe que pode obter o que quer ao causar dor física</p><p>ou emocional em sua mãe, pai ou irmãos.</p><p>Por outro lado, em relação ao condicionamento clássico de Pavlov, que se</p><p>destacou em seus experimentos com cães, pode-se compreender que o condi-</p><p>cionamento é resultado de um processo de aprendizagem. Portanto, no que diz</p><p>respeito aos criminosos, Fiorelli e Mangini (2009), de acordo com seus estudos,</p><p>afirmam que:</p><p>O comportamento constitui fator marcante: o indivíduo continuamente sub-</p><p>metido a experiências em que a violência constitui o diferencial, com o tempo</p><p>integra-a ao seu esquema de comportamento; o cérebro desenvolve padrões de</p><p>respostas para estímulos violentos, mas, também a provocá-los.</p><p>Portanto, “o condicionamento e a imitação de modelos de comportamento</p><p>se reforçam para formar a personalidade antissocial, a conduta delituosa poderá</p><p>se tornar um hábito com tendência a se intensificar com o tempo” (FIORELLI;</p><p>MANGINI apud LUZES, 2010).</p><p>Assim se manifestam Fiorelli e Mangini (2009, p.108-109) sobre a persona-</p><p>lidade antissocial dentro da psicologia forense:</p><p>“ Tem particular interesse para a Psicologia Forense o transtorno</p><p>de personalidade antissocial, também denominado psicopatia,</p><p>sociopatia, transtorno de caráter, transtorno sociopático, transtor-</p><p>no dissocial. A variação terminológica reflete a aridez do tema e o</p><p>fato de a ciência não ter chegado a conclusões definitivas a respeito</p><p>de suas origens, desenvolvimento e tratamento. O termo psicopa-</p><p>tia foi cunhado inicialmente por Kraepelin (1856-1925) em 1904</p><p>(“possuem personalidade psicopática aqueles que não se adaptam</p><p>à sociedade e sentem necessidade de ser diferentes”); seguiram-se</p><p>a ele Morel, Magan, Schneider, Mira y López, Cleckley, e mais re-</p><p>centemente Hare, entre outros.</p><p>1</p><p>8</p><p>Analisando tais estudos, podemos compreender que</p><p>as características da mente criminosa sob o olhar da</p><p>psicologia vão muito além do senso comum.</p><p>ENFOQUES PSICOLÓGICOS NA</p><p>CRIMINOLOGIA CONTEMPORÂNEA</p><p>Os objetos de pesquisa da criminologia são</p><p>crimes que podem ser motivados por fatores</p><p>biopsicossociais, um criminoso que em algum</p><p>momento de sua vida se comporta de forma</p><p>ilegal, uma vítima que já sofreu danos, como</p><p>roubo, golpe, homicídio, por exemplo, bem como</p><p>o controle social educacional (escolas, igrejas) e</p><p>punitivo (policial).</p><p>Além desses fatores, ressalta-se que o conceito</p><p>de vítima passou por três períodos, que são o</p><p>protagonista (tomar a lei nas mãos), a neutralização</p><p>(a vítima não faz mais justiça a si mesma quando</p><p>a lei começa a surgir), a vitimologia, doenças</p><p>hereditárias (atavismo) ou doenças mentais ou</p><p>anomalias de personalidade (taras) e fatores sociais.</p><p>Portanto, a análise da genética e da</p><p>hereditariedade patológica, como o caso da</p><p>psicose e do alcoolismo, são importantes</p><p>no campo da criminologia clínica, além do</p><p>transtorno de personalidade narcisista (uma</p><p>pessoa acredita que o mundo gira em torno</p><p>dela, além de ser extremamente arrogante e</p><p>exploradora), personalidades psicopáticas (frias,</p><p>calculistas, implacável, manipulador), neurótico</p><p>(indistinguível da realidade, mas sentindo muita</p><p>dor e ansiedade), psicótico (especial com a</p><p>realidade), deficiência mental e parafilia (zoofilia,</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>9</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 4</p><p>necrofilia, fluidos, fezes etc.) são características comuns de pessoas antissociais.</p><p>É válido ressaltar que nem todas as patologias citadas aqui fazem com que o</p><p>indivíduo se torne imputável.</p><p>Luiz Regis Prado (2019, p. 219) assim se manifesta acerca dasteorias</p><p>psicológicas:</p><p>“ As teorias psicológicas vêm assumindo, desse modo, certa tradição</p><p>em criminologia. De acordo com Freud, por exemplo, a vida psíqui-</p><p>ca encontra-se composta por três níveis: o id, no qual se encontram</p><p>instintos mais primários, cuja</p><p>tendência predominante é a sobrevi-</p><p>vência; o ego, que representa a identidade do sujeito enquanto tal; e,</p><p>finalmente, o superego onde se instauram os controles de natureza</p><p>cultural e social, assim como o desenvolvimento da vida psíquica</p><p>consciente do indivíduo. Esses três níveis são ilustrados por parte</p><p>dessa teoria por intermédio do conhecido exemplo do cavalo mon-</p><p>tado por um cavaleiro que busca controlá-lo por meio das rédeas.</p><p>A atuação do psicólogo transita entre a psicologia forense atuando em contextos</p><p>infantil, juvenil e familiar, a psicologia criminal com foco em estudos de perso-</p><p>nalidade, a psicologia penitenciária atuando nas prisões por meio de tratamento</p><p>clínico , psicologia penal e forense. Portanto, a psicologia trabalhou por meio da</p><p>interdisciplinaridade tanto com o direito quanto com a criminologia, à medida</p><p>que a psicologia emergia para humanizar e compreender a subjetividade. Ao</p><p>mesmo tempo, notou-se que compreender a mente criminosa mediante uma</p><p>abordagem psicológica é bastante difícil, pois trata diretamente da subjetividade.</p><p>Estudante, quer mais informações a respeito do que discutimos ao longo deste</p><p>tema de aprendizagem? Acesse a videoaula que preparamos para você.</p><p>Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de</p><p>aprendizagem .</p><p>EM FOCO</p><p>8</p><p>1</p><p>NOVOS DESAFIOS</p><p>A presença e a atuação dos profissionais da área e demais profissionais que es-</p><p>tudam os fatores biológicos do criminoso, desempenham um papel importante,</p><p>proporcionando uma perspectiva única que investiga as complexidades da mente</p><p>humana e do comportamento criminal.</p><p>Os profissionais criminológicos desempenham diversas funções, sendo uma</p><p>das principais a avaliação psicológica dos indivíduos envolvidos no sistema penal.</p><p>Por meio de técnicas e ferramentas específicas, o profissional analisa fatores como</p><p>personalidade, traumas passados, transtornos mentais e níveis de impulsividade,</p><p>permitindo, assim, uma compreensão mais profunda do indivíduo mencionado.</p><p>Esses profissionais, também contribuem para o desenvolvimento de estraté-</p><p>gias de prevenção ao crime, identificando comportamentos e fatores de risco em</p><p>determinadas populações. Essa abordagem proativa permite políticas públicas</p><p>mais eficazes e direcionadas para reduzir a criminalidade.</p><p>No sistema prisional, profissionais da área também desempenham papel fun-</p><p>damental. Realizando intervenções terapêuticas, estuda a reinserção social dos</p><p>reclusos, promovendo a compreensão e a transformação dos comportamentos</p><p>desviantes. O apoio emocional na prisão ajuda a melhorar a saúde mental dos</p><p>reclusos, que é frequentemente afetada pelo ambiente prisional.</p><p>A experiência de um profissional de criminologia também se estende à</p><p>análise de declarações e registros criminais. Utilizando técnicas como a análise</p><p>comportamental, ele auxilia na identificação de padrões que podem ser cruciais</p><p>para a resolução de crimes.</p><p>Ter profissionais capacitados pode ser um recurso valioso em equipes multi-</p><p>disciplinares de investigação, trazendo uma perspectiva única que complementa</p><p>as abordagens mais tradicionais.</p><p>Em suma, a presença de profissionais da criminologia não apenas enriquece</p><p>a compreensão do fenômeno criminal, mas também desempenha um papel ati-</p><p>vo na prevenção, tratamento e resolução de casos. Sua atuação, estende-se aos</p><p>corredores das instituições penais, salas de interrogatório e às comunidades em</p><p>busca de um ambiente mais seguro e saudável.</p><p>UNIASSELVI</p><p>8</p><p>1</p><p>1. Raine (2008) esclarece as duas principais razões pelas quais a genética exerce influência:</p><p>em primeiro lugar, a predisposição antissocial não é causada apenas por fatores ambientais,</p><p>mas sim por uma deficiência estrutural na região pré-frontal desses indivíduos; em segundo</p><p>lugar, os estudos realizados com gêmeos mostraram que 90% da variação dessa substância</p><p>cinzenta na área pré-frontal se deve à genética (RAINE, 2008).</p><p>Qual a porcentagem da variação no comportamento antissocial atribuída a influências ge-</p><p>néticas, de acordo com o estudo mencionado por Raine (2008)</p><p>a) 25%.</p><p>b) 50%.</p><p>c) 75%.</p><p>d) 90%.</p><p>e) 100%.</p><p>2. Como se sabe, a criminologia clínica fez pesquisas de campo acerca da atuação da genéti-</p><p>ca, na qual foi descartada a influência no crime, à herança patológica sobre o: o narcisismo,</p><p>personalidades psicopáticas e distúrbios de personalidade, neuroses, psicoses, oligofrêni-</p><p>cas, desvios sexuais e parafilias, Ademais, é válido destacar que não necessariamente essas</p><p>características fazem do indivíduo um criminoso, conforme afirmam Fernandes e Fernandes</p><p>(2002, p.180): consequentemente, no que diz respeito às teorias da personalidade que</p><p>sustentam as pesquisas no campo da personalidade criminosa, é importante destacar o</p><p>referido autor Trindade (2017, p. 75) que explica a personalidade da seguinte forma, “[... ] é</p><p>simplesmente parte do complexo mecanismo psíquico descoberto por Freud, que o des-</p><p>creveu como a estruturação da função psíquica” (LUZES, 2020).</p><p>Com base no que aprendemos sobre as características dos enfoques biológicos contem-</p><p>porâneos:</p><p>I - A criminologia clínica descartou a influência da genética no crime, incluindo herança</p><p>patológica em características como narcisismo, personalidades psicopáticas, distúrbios</p><p>de personalidade, neuroses, psicoses, oligofrênicas, desvios sexuais e parafilias.</p><p>II - Conforme Trindade (2017, p. 75), a personalidade, segundo a psicanálise de Freud, é parte</p><p>do complexo mecanismo psíquico e sua formação defeituosa pode resultar na formação</p><p>de uma personalidade antissocial.</p><p>III - De acordo com Luzes (2010, p. 7), o transtorno de personalidade antissocial está relacio-</p><p>nado à falta de contenção interna e ao desconhecimento da norma externa, indicando</p><p>que a privação de liberdade não gera sentimento de culpa.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>8</p><p>1</p><p>É correto o que se afirma em:</p><p>a) I, apenas.</p><p>b) III, apenas.</p><p>c) I e II, apenas.</p><p>d) II e III, apenas.</p><p>e) I, II e III.</p><p>3. A hereditariedade transmite tendências para a formação dos caracteres ambientais favorá-</p><p>veis. O patrimônio genético é um conjunto de forças latentes, de potencialidades, as quais</p><p>se realizarão ou não e, se realizadas, terão uma ou outra intensidade, na conformidade de</p><p>serem ou não favorecidas pelo ambiente (FERNADES; FERNANDES, 2002).</p><p>Como Fernandes e Fernandes (2002) descrevem a hereditariedade em relação ao compor-</p><p>tamento criminoso?</p><p>a) A hereditariedade não tem impacto no comportamento criminoso</p><p>b) O ambiente é o único determinante do comportamento criminoso.</p><p>c) A hereditariedade transmite tendências para a formação dos caracteres ambientais fa-</p><p>voráveis.</p><p>d) A genética é a única responsável pelo comportamento antissocial.</p><p>e) Não há uma posição clara sobre a influência genética no texto.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>8</p><p>1</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>FERNANDES, N.; FERNANDES, V. (1995). Criminologia integrada. São Paulo: Revista dos Tribu-</p><p>nais, 2002.</p><p>FIORELLI, J. O.; MANGINI, R. C. R. Psicologia jurídica. São Paulo: Atlas, 2009.</p><p>FLORES, R. Z. A biologia na violência. Ciênc . saúde coletiva, São Paulo, v. 7, n. 1, , 2002, Disponível</p><p>em: https://www.scielo.br/j/csc/a/SMNdyT4CQTxMxGsk5NGktTx/. Acesso em: 22 mar. 2023.</p><p>HALL, C. S.; LINDZEY, G.; CAMPBELL, J. B. Teorias da personalidade. 4. ed. Porto Alegre: Artes</p><p>Médicas Sul, 2007.</p><p>LUZES, C. A. Um olhar psicológico sobre a delinquência, 2010. Disponível em: http://www.psi-</p><p>cologia.pt/artigos/textos/A0520.pdf. Acesso em: 9 nov. 2023.</p><p>PRADO, L. R. Criminologia. Rio de Janeiro: Forense, 2019.</p><p>RAINE, A. O crime biológico: implicações para a sociedade e para o sistema de justiça criminal.</p><p>Rev . Psiquiatr . RS, [s. l.], v. 30, n. 1, p. 5-8, 2008.</p><p>TRINDADE, J. Manual de Psicologia Jurídica para operadores de Direito. 8 ed. Porto Alegre:</p><p>Livraria do Advogado, 2017.</p><p>8</p><p>4</p><p>https://www.scielo.br/j/csc/a/SMNdyT4CQTxMxGsk5NGktTx/</p><p>http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0520.pdf</p><p>http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0520.pdf</p><p>1. Alternativa D.</p><p>2. Alternativa E.</p><p>3. Alternativa C. A hereditariedade transmite tendências para a formação</p><p>dos caracteres am-</p><p>bientais favoráveis.</p><p>GABARITO</p><p>8</p><p>5</p><p>MINHAS METAS</p><p>CRIMINOLOGIA NEOCLÁSSICA</p><p>Desvendar penas e controle social informal.</p><p>Discorrer sobre investigações.</p><p>Descobrir o que é o conceito do delinquente como sujeito racional.</p><p>Conhecer o enfoque econômico.</p><p>Compreender a relação entre meio e delito.</p><p>Analisar os conceitos de criminologia de ambiente físico.</p><p>Avaliar os conhecimentos obtidos.</p><p>T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 5</p><p>8</p><p>1</p><p>INICIE SUA JORNADA</p><p>A criminologia neoclássica surge como uma abordagem multifacetada que desafia</p><p>as interpretações tradicionais do comportamento criminoso. As complexidades</p><p>subjacentes à compreensão do comportamento criminoso são desafiadas por essa</p><p>tendência para um significado que vai além das explicações unilaterais.</p><p>Assim, pergunto a você, estudante, como a criminologia neoclássica, ao</p><p>enfatizar a responsabilidade individual e a livre escolha como elementos-chave</p><p>na análise do comportamento criminoso, desafia e reconfigura os paradigmas</p><p>tradicionais da criminologia, impactando diretamente nas abordagens jurídicas</p><p>e políticas de justiça criminal?</p><p>A problematização fundamental da criminologia neoclássica reside</p><p>na análise dos motivos criminosos individuais. Essa perspectiva rompe</p><p>com a visão determinista do século XIX e questiona a ideia de que fatores</p><p>externos, como o ambiente social e a genética, são os únicos catalisadores do</p><p>comportamento criminoso.</p><p>Em vez disso, a responsabilidade individual e a livre escolha são enfatizadas</p><p>como elementos-chave na análise do crime. Essa abordagem dá sentido à</p><p>autonomia do infrator ao ver o comportamento do infrator como o resultado</p><p>de um processo de tomada de decisão. Experimentos teóricos e empíricos</p><p>confirmaram a suposição de que a capacidade de escolha continua a existir</p><p>mesmo sob condições adversas.</p><p>A criminologia neoclássica pressupõe que os indivíduos, mesmo sob a</p><p>influência de circunstâncias difíceis, têm alguma capacidade de escolher entre</p><p>o comportamento criminoso e o respeito pela lei. Essa nova visão estimula uma</p><p>reflexão profunda sobre os sistemas jurídicos e a política de justiça criminal. O</p><p>reconhecimento da liberdade de escolha da agência põe em causa a eficácia de</p><p>abordagens puramente punitivas. É necessário tomar medidas que tenham em</p><p>conta não só a responsabilização, mas também a possibilidade de reabilitação e</p><p>prevenção do crime.</p><p>UNIASSELVI</p><p>8</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 5</p><p>A criminologia neoclássica representa, assim, um ponto de viragem na</p><p>compreensão do comportamento criminoso e estimula a reflexão sobre a</p><p>responsabilidade pessoal, a importância da escolha e a política de justiça criminal.</p><p>Essa abordagem desafia o pensamento tradicional, amplia o debate e direciona</p><p>a busca por respostas mais abrangentes e eficazes para enfrentar o fenômeno</p><p>criminal na sociedade atual.</p><p>Estudante, aprofunde seus conhecimentos, ouça agora mesmo o nosso podcast</p><p>com o tema Delinquente como sujeito racional!</p><p>Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de</p><p>aprendizagem .</p><p>PLAY NO CONHECIMENTO</p><p>VAMOS RECORDAR?</p><p>Um dos conceitos muito falados em criminologia é a teoria da anomia. Neste vídeo,</p><p>vocês poderão relembrar esse conceito e seu significado. Acesse em:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=-cheZnKqi_0.</p><p>DESENVOLVA SEU POTENCIAL</p><p>PENAS E CONTROLE SOCIAL INFORMAL</p><p>A criminologia neoclássica é um campo de pesquisa que surgiu com a evolução</p><p>do pensamento criminológico e tem como foco a análise do comportamento</p><p>criminoso e dos mecanismos de controle social. Nesse contexto, um dos conceitos</p><p>básicos discutidos é o papel da punição e do controle social informal na regulação</p><p>do comportamento desviante.</p><p>8</p><p>8</p><p>Durkheim considerava os “fatos sociais” como objeto da sociologia, caracte-</p><p>rizando-os pelo poder coercitivo externo que exercem sobre os indivíduos. Essa</p><p>coerção pode assumir a forma de sanções ou mesmo de resistência contra a vio-</p><p>lação de uma determinada norma por um indivíduo (DURKHEIM, 2008, p. 37).</p><p>Por exemplo, um ato torna-se crime não porque tenha quaisquer características</p><p>inerentes, mas porque ofende a consciência coletiva e é, portanto, socialmente</p><p>condenável (DURKHEIM, 2008).</p><p>A punição na criminologia neoclássica é vista como uma ferramenta de</p><p>controle social que visa reafirmar normas e valores sociais. Ao contrário da</p><p>abordagem clássica, que enfatiza a livre escolha racional do indivíduo ao cometer</p><p>um crime, a criminologia neoclássica também leva em consideração os fatores</p><p>psicológicos e biológicos que influenciam o comportamento criminoso.</p><p>Nesse sentido, a punição é vista não apenas como uma forma de repreensão</p><p>pelo crime cometido, mas também como uma ferramenta para dissuadir indivíduos</p><p>e outros membros da sociedade a não cometerem crimes semelhantes. Ademais,</p><p>procuram reafirmar a autoridade do sistema judicial e reforçar a coesão social.</p><p>Contudo, além das penas formais estabelecidas pelo sistema jurídico, o con-</p><p>trole social informal também desempenha um papel crucial na criminologia</p><p>neoclássica. Referem-se a pressões sociais, normas culturais, valores e expecta-</p><p>tivas partilhadas pela comunidade que influenciam o comportamento humano.</p><p>Essa visão é consistente com as visões tradicionais e positivistas sobre o con-</p><p>trole social no contexto da criminologia. De acordo com essas visões, haverá</p><p>um consenso na sociedade que se perpetuará mediante a primeira forma de</p><p>socialização. E somente se for observado que esse processo não está ocorrendo</p><p>de forma adequada, as instituições externas de controle social serão ativadas</p><p>(MCLAUGHLIN; MUNCIE, 2006).</p><p>UNIASSELVI</p><p>8</p><p>9</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 5</p><p>Assim, pode-se ver que os teóricos do controle social se concentram nas vá-</p><p>rias formas de restrições que fazem com que os indivíduos cumpram as regras,</p><p>e não nas razões pelas quais se desviam das regras.</p><p>O controle social informal pode atuar em diversas situações. Por exem-</p><p>plo, o estigma social associado ao comportamento desviante pode servir como</p><p>um controle eficaz, evitando que os indivíduos cometam crimes por medo de</p><p>serem excluídos da comunidade. Da mesma forma, o apoio social e a inclusão</p><p>em grupos sociais saudáveis podem servir como fatores de proteção contra o</p><p>envolvimento em atividades criminosas.</p><p>Reiss (1951), um dos primeiros teóricos do controle social, argumentou que</p><p>o crime pode ser definido como o resultado do fracasso de formas de controle</p><p>social e individual que produzem comportamentos consistentes com as normas</p><p>da ordem social, incluindo formas jurídicas avançadas. O “controle pessoal” e “a</p><p>capacidade dos indivíduos de evitar a satisfação de suas necessidades por meio</p><p>de comportamentos que violam as normas e regras de sua sociedade” é entendi-</p><p>do por “controle social” como a capacidade de grupos sociais ou instituições de</p><p>satisfazer suas próprias necessidades. Sem especificar os mecanismos de controle</p><p>individual ou social que produzem o comportamento normativo, os autores iden-</p><p>tificam instituições como as famílias com importante poder explicativo sobre os</p><p>fenômenos criminais devido à sua capacidade de reproduzir eficazmente normas</p><p>e valores. Com o objetivo de analisar os fatores de controle social e pessoal que se</p><p>relacionam à reincidência criminal, Reiss (1951) também ressalta que, no caso</p><p>de reincidência, tais formas de controle agem de maneira ainda menos expressiva</p><p>sobre o comportamento dos indivíduos.</p><p>Agnew (1985) afirmou, mais tarde, que a teoria do controle social é mais</p><p>adequada para explicar crimes menos graves. O estudo também constatou que o</p><p>poder explicativo do comportamento criminoso estudado na segunda etapa não</p><p>ultrapassou 1,8% com base nas variáveis de controle social obtidas na primeira</p><p>etapa. Finalmente, embora acredite que a importância da teoria do controle so-</p><p>cial de Hirschi possa ser exagerada, o autor reconhece que as análises de grupo</p><p>podem sofrer de enviesamentos de modelo (AGNEW, 1985, p. 53).</p><p>9</p><p>1</p><p>É importante enfatizar que a criminologia neoclássica</p><p>reconhece a complexa</p><p>interação entre a punição formal e o controle social informal na regulação do</p><p>comportamento criminoso. Embora a punição formal seja imposta pelo sistema</p><p>de justiça, o controle social informal é determinado pela cultura, tradições e</p><p>interações sociais dentro da comunidade.</p><p>INVESTIGAÇÕES OU PESQUISAS SOBRE A PREVENÇÃO</p><p>GERAL DAS PENAS</p><p>A busca constante por estratégias que visem a prevenção de sanções em geral</p><p>é uma importante área de pesquisa em diversos campos. Pesquisas multidisci-</p><p>plinares têm sido realizadas para melhorar e desenvolver métodos que possam</p><p>reduzir a incidência de abusos e crimes na sociedade. A investigação nessa área</p><p>explora uma variedade de abordagens, que vão desde estudos sociológicos que</p><p>examinam os fatores de risco associados ao comportamento criminoso até es-</p><p>tudos psicológicos que procuram compreender os pensamentos e padrões de</p><p>comportamento de potenciais criminosos.</p><p>Segundo Beccaria (1997):</p><p>“ É melhor prevenir os crimes do que ter de puni-los; e todo legislador</p><p>sábio deve procurar antes impedir o mal do que repará-lo, pois uma</p><p>boa legislação não é senão a arte de proporcionar aos homens o maior</p><p>bem estar possível e preservá-los de todos os sofrimentos que se lhes</p><p>possam causar, segundo o cálculo dos bens e dos males da vida.</p><p>A colaboração entre investigadores, profissionais jurídicos, pessoal de seguran-</p><p>ça e membros da comunidade é fundamental para a eficácia dessas estratégias</p><p>de prevenção. A partilha de conhecimentos e a implementação de abordagens</p><p>baseadas em evidências são fundamentais para o desenvolvimento de políticas</p><p>e práticas eficazes que reduzam a incidência da criminalidade e construam co-</p><p>munidades mais seguras e resilientes.</p><p>UNIASSELVI</p><p>9</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 5</p><p>TEORIA RETRIBUTIVA DA PENA (TEORIA ABSOLUTA)</p><p>A Teoria retributiva considera que a pena se esgota na ideia de pura retribuição,</p><p>tem como fim a reação punitiva, ou seja, responde ao mal constitutivo do delito</p><p>com outro mal que se impõe ao autor do delito. Essa teoria somente pretende que</p><p>o ato injusto cometido pelo sujeito culpável, seja retribuído por meio do mal que</p><p>constitui a pena. Segundo Hassemer e Muñoz Conde (2001), existe uma variante</p><p>subjetiva da Teoria retributiva que considera que a pena deve ser também para o</p><p>autor do delito uma forma de ”expiação” , ou seja, uma espécie de penitência que o</p><p>condenado deve cumprir para purgar (expiar) seu ato injusto e sua culpabilidade.</p><p>Enfim, a pena retributiva esgota o seu sentido no mal que se impõe ao de-</p><p>linquente como compensação ou expiação do mal do crime. Nessa medida, é</p><p>uma doutrina puramente social-negativa que acaba por se revelar estranha e</p><p>inimiga de qualquer tentativa de socialização do delinquente e de restauração da</p><p>paz jurídica da comunidade afetada pelo crime. Em suma, inimiga de qualquer</p><p>atuação preventiva e, assim, da pretensão de controle e domínio do fenômeno</p><p>da criminalidade.</p><p>TEORIAS PREVENTIVAS DA PENA (TEORIAS RELATIVAS)</p><p>As teorias preventivas da pena são aquelas que dão à punição a capacidade e</p><p>a missão de prevenir crimes futuros. Pode ser dividida em teoria preventiva</p><p>especial e teoria preventiva geral. A teoria preventiva também reconhece que a</p><p>punição, pela sua própria natureza, causa danos à pessoa punida. No entanto,</p><p>como instrumento de crime político concebido para desempenhar um papel no</p><p>mundo, a punição é inadequada no seu gênero e não tem nenhum significado</p><p>social positivo em si.</p><p>Para que a punição seja justificável, deve-se explorar o mal para atingir o</p><p>objetivo principal de qualquer política criminal, que é prevenir o crime. Uma</p><p>das críticas comuns ao relativismo por parte dos absolutistas é que ao punir as</p><p>pessoas em nome dos objetivos utilitários e práticos que pretendem alcançar no seu</p><p>contexto social, elas transformam a pessoa humana em objeto, dela se serviriam</p><p>para a realização de finalidades heterônimas e violariam a sua eminente dignidade.</p><p>9</p><p>1</p><p>Teoria preventiva geral</p><p>A teoria preventiva geral visa o público em geral com a esperança de que a ameaça</p><p>de punição e a sua imposição e execução, por um lado, possa dissuadir potenciais</p><p>criminosos (percepção estrita ou negativa da prevenção geral), e, por outro lado,</p><p>reforçar a consciência jurídica e a confiança dos cidadãos na lei (compreensão</p><p>ampla ou positiva da prevenção geral).</p><p>Dessa forma, a punição pode ser considerada como uma forma de dissuasão</p><p>de outras pessoas por meio do sofrimento causado ao criminoso, o que acaba</p><p>por levá-lo a não cometer crimes (gerais ou de dissuasão). Como também, a</p><p>punição pode ser considerada um meio pelo qual o Estado mantém e fortalece</p><p>a confiança da comunidade na validade e força das normas de proteção da pro-</p><p>priedade legal e, portanto, no sistema jurídico/criminal; como um instrumento</p><p>de excelência, cujo objetivo é abrir à comunidade a inviolabilidade do sistema</p><p>jurídico apesar de todas as violações ocorridas (geralmente positivas, ou seja,</p><p>prevenção da integração).</p><p>Teoria preventiva especial</p><p>A teoria preventiva especial está direcionada ao delinquente concreto castigado</p><p>com uma pena. Elas estão unidas pelo fato de que a punição é uma ferramenta</p><p>preventiva para um criminoso, cujo objetivo é impedi-lo de cometer novos crimes</p><p>no futuro. É por isso que devemos falar sobre o objetivo de evitar reincidências.</p><p>Essa teoria não visa solucionar um fato passado, mas sim justificar a punição</p><p>para evitar que o criminoso cometa novos crimes. Portanto, é fundamentalmente</p><p>diferente da contracepção geral, porque não se destina à comunidade, ou seja,</p><p>o fato é direcionado a determinada pessoa que é alvo do criminoso. Portanto,</p><p>o objetivo dessa teoria é evitar que aqueles que ofenderam o façam novamente.</p><p>A teoria preventiva especial segue tendências, incluindo a “doutrina teleológica</p><p>da punição”, que Liszt (1982) apresenta em seu famoso Programa de Marburgo.</p><p>Segundo esse ponto de vista, a função da pena e do direito penal é proteger a</p><p>propriedade jurídica, que mediante a pena afeta a personalidade do criminoso,</p><p>e o objetivo é garantir que ele não volte a cometer o crime. Nessa tendência,</p><p>essa teoria pode ser dividida em duas opções principais que têm como base as</p><p>UNIASSELVI</p><p>9</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 5</p><p>diferentes formas de atuação consoante o tipo de criminoso. Podem ser: prevenção</p><p>positiva (ou ressocialização) e prevenção negativa (ou vacinação). O objetivo</p><p>da prevenção positiva é a ressocialização do infrator por meio da correção. Ele</p><p>favorece a punição voltada ao tratamento do próprio</p><p>criminoso, visando influenciar sua personalidade e</p><p>visando prevenir sua reincidência. O objetivo do</p><p>tratamento penal é a ressocialização.</p><p>TEORIAS MISTAS OU UNIFICADORAS</p><p>As teorias mistas ou unificadoras tentam unir os fins da punição em um único</p><p>conceito. Essa corrente tenta coletar os aspectos mais importantes das teorias</p><p>absolutas e relativas. As teorias unificadoras começam com uma crítica das so-</p><p>luções monísticas (Teorias Absolutas e Teorias Relativas). Argumentam que essa</p><p>unidimensionalidade parece formalista, de uma forma ou de outra, e não pode</p><p>cobrir a complexidade dos fenômenos sociais de interesse para o direito penal</p><p>que têm consequências importantes para a segurança e os direitos humanos bá-</p><p>sicos. Esse é um dos principais argumentos que defendem.</p><p>TEORIAS QUE REENTRAM A IDEIA DE RETRIBUIÇÃO</p><p>Essa teoria define uma pena retributiva na qual tenta aplicar perspectivas preven-</p><p>tivas, gerais e específicas; ou então quando se trata de hierarquizar perspectivas</p><p>integradas, mas expressando essencialmente a mesma ideia, como uma punição</p><p>dissuasiva por meio de mera vingança. Em ambas as formulações, o conceito</p><p>de punição é, por natureza, e principalmente nesse sentido, apresentado como</p><p>vingança pela culpa.</p><p>Em segundo lugar, como um meio de assustar o público em geral e, se pos-</p><p>sível, de ressocializar as pessoas. Assim, no momento da sua ameaça abstrata,</p><p>a punição seria principalmente um meio de prevenção geral; aplicando-a,</p><p>apareceu essencialmente em sua roupagem vingativa; se for realmente implemen-</p><p>tada, em última análise, visará principalmente objetivos preventivos específicos.</p><p>O objetivo do</p><p>tratamento penal é</p><p>a ressocialização .</p><p>9</p><p>4</p><p>TEORIAS DA PREVENÇÃO INTEGRAL</p><p>O ponto de partida dessas teorias é que a ligação dos objetivos da pena ocorre,</p><p>exclusivamente, nos níveis preventivos geral e específico, de modo que qualquer</p><p>ressonância reparadora, favorável ou compensatória é completamente excluí-</p><p>da. Desse ponto de vista, procurou-se chegar a um possível consenso prático</p><p>das ideias de prevenção geral e de prevenção específica, a sua optimização em</p><p>detrimento da compreensão mútua, para que cada um tenha a maior influência</p><p>possível na procura de um ideal de prevenção integral.</p><p>Em resumo, a investigação destinada a prevenir a imposição de sanções a</p><p>todos os níveis é crucial para continuar a desenvolver formas eficazes de reduzir</p><p>a criminalidade e promover uma sociedade mais justa e segura. Esses esforços</p><p>contínuos visam implementar estratégias inovadoras e sustentáveis para en-</p><p>frentar os desafios dos cenários de criminalidade.</p><p>O DELINQUENTE COMO SUJEITO RACIONAL</p><p>Ao discutir a escolha racional do crime, a maioria dos autores adotou uma pers-</p><p>pectiva materialista de escolha racional, na qual os atores sociais procuram maxi-</p><p>mizar o seu interesse próprio, definido por cálculos de custo-benefício e expresso</p><p>nos benefícios obtidos com o crime que podem manifestar-se.</p><p>A escolha, a riqueza, as oportunidades do mercado de trabalho e outras di-</p><p>mensões da vida social são mais ou menos mensuráveis quantitativamente e estão</p><p>sujeitas às limitações dos recursos materiais. “Todas as teorias resultantes têm a</p><p>mesma estrutura: as decisões que os agentes tomam devem ser explicadas em</p><p>termos da variabilidade das restrições materiais que enfrentam” (FEREJOHN;</p><p>PASQUINO, 2001, p. 5).</p><p>A vantagem é que o criminoso já não é visto como um inimigo, um mal a ser</p><p>excluído. Contudo, as práticas e políticas públicas derivadas da perspectiva de</p><p>Becker podem apontar para novos regimes de poder. “Use mais táticas do que</p><p>leis, ou use as leis como táticas sempre que possível” (FOUCAULT, 1979, p. 284).</p><p>UNIASSELVI</p><p>9</p><p>5</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 5</p><p>Deleuze (1992) argumenta que é importante compreender que estamos no</p><p>início (ou não) de algo, porque a chamada crise das instituições, como a busca</p><p>por “penas substitutas (pelo menos para crimes menores), a utilização de coleiras</p><p>eletrônicas que obrigam os reclusos a permanecer em casa durante determi-</p><p>nadas horas: não se trata de uma crise, mas sim do estabelecimento gradual e</p><p>disperso de um novo regime de poder. Não há necessidade de perguntar qual</p><p>regime é o mais severo, porque cada um deles trata de subordinação e liber-</p><p>tação. “Não adianta ter medo ou esperar, mas sim procurar uma nova arma”</p><p>(DELEUZE, 1992, p. 220).</p><p>De acordo com a teoria econômica, são possíveis dois mecanismos para limi-</p><p>tar a prática de crimes: atribuir custos adicionais à prática de crimes ou atribuir</p><p>benefícios adicionais ao exercício facultativo de atividades legais (desencorajar a</p><p>prática de crimes), reduzindo, assim, por exemplo, a taxa de desemprego.</p><p>MEIO E DELITO</p><p>Para a criminologia neoclássica, o ambiente desempenha um papel importan-</p><p>te na compreensão do comportamento criminoso, mas não é crucial por si só.</p><p>Reconhece que o ambiente social, econômico e cultural em que uma pessoa</p><p>está inserida pode influenciar as suas decisões e oportunidades. Por exemplo, a</p><p>falta de acesso a oportunidades educacionais, emprego ou condições socioeco-</p><p>nômicas precárias podem aumentar a probabilidade de alguém se envolver em</p><p>atividades criminosas.</p><p>No entanto, essa teoria enfatiza que os indivíduos têm livre arbítrio e capa-</p><p>cidade de tomar decisões mesmo diante dessas influências ambientais. Destaca</p><p>a importância de examinar não apenas o ambiente externo, mas também fatores</p><p>individuais, como a impulsividade, a personalidade, a história pessoal e a mora-</p><p>lidade, ao analisar a relação entre o ambiente e a prática do crime. Nesse sentido,</p><p>a teoria neoclássica sugere que o crime não é determinado apenas pelo ambiente,</p><p>mas representa uma interação complexa entre fatores ambientais e características</p><p>individuais. Por exemplo, duas pessoas que enfrentam condições socioeconômi-</p><p>cas semelhantes podem responder de forma diferente às oportunidades criminais</p><p>disponíveis, dependendo das suas diferenças pessoais e escolhas individuais.</p><p>9</p><p>1</p><p>Ademais, a criminologia neoclássica defende a ideia de responsabilidade pelo</p><p>comportamento criminoso. O objetivo é encontrar um equilíbrio entre compreender</p><p>as influências do ambiente na vida das pessoas e assumir a responsabilidade pelas</p><p>suas ações, reconhecendo ao mesmo tempo que as pessoas têm a capacidade de</p><p>tomar decisões morais e legais mesmo face à adversidade.</p><p>A CRIMINOLOGIA DO AMBIENTE FÍSICO</p><p>Compreender as causas do comportamento criminoso é um dos principais</p><p>objetivos da criminologia. Dentre as diversas teorias existentes, destaca-se</p><p>a teoria ambiental, que foca na interação entre os indivíduos e o ambiente</p><p>ao seu redor, estudando como o ambiente físico e social pode influenciar a</p><p>ocorrência do crime.</p><p>De acordo com Akers e Sellers (2009), a teoria ambiental da criminologia</p><p>assume que o ambiente em que um indivíduo vive desempenha um papel</p><p>importante na sua propensão para se envolver em comportamento criminoso.</p><p>Autores como Cohen e Felson (1979) enfatizam a importância do ambiente físico</p><p>na facilitação de certos tipos de crime.</p><p>UNIASSELVI</p><p>9</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 5</p><p>A teoria das janelas quebradas, proposta por Wilson e Kelling (1982), ilus-</p><p>tra como a desordem num ambiente pode encorajar o crime, sugerindo que</p><p>ambientes negligenciados ou destruídos podem sinalizar uma falta de controle</p><p>social e, assim, aumentar a incidência do crime. A aplicabilidade dessa teoria</p><p>pode ser observada em vários contextos. Por exemplo, Sampson e Raudenbush</p><p>(1999) mostraram que a deterioração física de um bairro está associada a taxas</p><p>de criminalidade mais elevadas.</p><p>Além disso, estudos como o de Taylor e Harrell (1996) mostram como a</p><p>iluminação inadequada em espaços urbanos pode aumentar a probabilidade de</p><p>crimes violentos sejam cometidos à noite. Essa teoria oferece uma perspectiva</p><p>holística ao considerar não apenas as características individuais dos infratores,</p><p>mas também o contexto ambiental em que os crimes ocorrem. Diversos autores</p><p>enfatizam a importância de compreender a relação entre o ambiente e o com-</p><p>portamento criminoso para desenvolver estratégias de prevenção mais eficazes.</p><p>Estudante, quer mais informações a respeito do que discutimos ao longo deste</p><p>tema de aprendizagem? Acesse à videoaula que preparamos para você. Recursos</p><p>de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem .</p><p>EM FOCO</p><p>NOVOS DESAFIOS</p><p>Os criminologistas atuam diretamente em trabalhos relacionados à solução de</p><p>crimes e à punição de criminosos, com o objetivo de aplicar medidas e admi-</p><p>nistrar casos para compreender a relação entre os tipos de crime e a sociedade.</p><p>O objetivo dos especialistas é prevenir a recorrência do crime e trabalhar para</p><p>reforçar o que há de positivo na comunidade. Dessa forma, os criminologistas</p><p>trabalham com base nos princípios da ética, da humanidade e da integridade. Na</p><p>área da criminologia, há pessoas que optam por se formar em ciências e outras</p><p>áreas que lhes permitem trabalhar na área da justiça criminal.</p><p>9</p><p>8</p><p>Esses profissionais possuem formação humanitária que visa aplicar a lei sem</p><p>violar os direitos das pessoas que cometeram crimes. Utilizando estratégias de</p><p>áreas acadêmicas como direito penal, política criminal e ética criminal, refletimos</p><p>sobre como funciona o sistema de justiça criminal de nosso país e oferecemos</p><p>alternativas. Os deveres incluem encontrar e prender suspeitos, visitar cenas de</p><p>crimes e interrogar criminosos. Eles desenvolvem uma visão abrangente da situa-</p><p>ção brasileira e</p><p>poderão assumir cargos como promotores, policiais, promotores,</p><p>investigadores, conselheiros, juízes e fiscais. As áreas fortes no setor da justiça</p><p>criminal incluem balística, ciência forense e bioquímica. E como o trabalho dos</p><p>criminosos pode ser muito desafiador, perigoso e difícil, são necessárias consi-</p><p>derações emocionais e mentais para gerir a situação.</p><p>Os peritos forenses são especialistas com competências especiais nos setores</p><p>da informática e da tecnologia, porque a sua função é identificar a natureza do</p><p>crime num ambiente virtual. A Polícia Federal se beneficia muito com o trabalho</p><p>desses especialistas, que muitas vezes lidam com questões de segurança ciberné-</p><p>tica. Aqui, o papel do analista é identificar e utilizar estratégias específicas para</p><p>eliminar e, se possível, abordar ameaças relacionadas à segurança pública. Entre</p><p>as tarefas realizadas estão a investigação da criminalidade cibernética, a proteção</p><p>de redes informáticas e o recolhimento de estatísticas e gestão de dados.</p><p>As pessoas que trabalham nessa área devem cumprir as leis de privacidade ao</p><p>lidar com dados confidenciais. Um dos seus objetivos é manter adequadamente</p><p>informações confidenciais sobre indivíduos, empresas, governos e ativos. Todo</p><p>aquele que se formou na função de gestor pode e, para isso, deve estar capacitado</p><p>para examinar e identificar as condições de todos os aspectos dos procedimentos</p><p>e trabalhos da organização, escritório e pessoal da instituição.</p><p>Os investigadores analisam itens como registros fiscais, informações contá-</p><p>beis e transações financeiras para identificar discrepâncias ou outras violações</p><p>e notificar as autoridades para resolver rapidamente a situação e evitar danos</p><p>maiores e permanentes. Idealmente, o voluntário não deve estar relacionado com</p><p>a organização em análise. Porque a justiça, a imparcialidade e o posicionamento</p><p>ético no trabalho estão garantidos. Identificar práticas legais e preparar-se para</p><p>estudar o comportamento dos funcionários é uma tarefa crítica.</p><p>UNIASSELVI</p><p>9</p><p>9</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 5</p><p>Quem opta por trabalhar no sistema prisional, uma das áreas mais concor-</p><p>ridas na área criminal, pode enfrentar dias estressantes, desafiadores e agitados.</p><p>No entanto, essa é uma das tarefas mais importantes. Os profissionais podem</p><p>desempenhar funções administrativas, de manutenção, de custódia e de apoio</p><p>para trabalhar e orientar os presidiários. Esse é um bom lugar para pessoas</p><p>emocionalmente inteligentes com características psicológicas semelhantes. É</p><p>também importante que os profissionais que escolhem essa área considerem a</p><p>oportunidade de reabilitar e reintegrar os infratores na prisão e de estabilizar o</p><p>seu bem-estar mental, emocional e social.</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>1. A criminologia neoclássica é um campo de pesquisa que surgiu com a evolução do pen-</p><p>samento criminológico e tem como foco a análise do comportamento criminoso e dos</p><p>mecanismos de controle social. Nesse contexto, um dos conceitos básicos discutidos é o</p><p>papel da punição e do controle social informal na regulação do comportamento desviante.</p><p>Com relação a uma das principais distinções entre a visão da punição na abordagem clássica</p><p>e na criminologia neoclássica, assinale a alternativa que melhor descreve essa diferença:</p><p>a) Na abordagem clássica, a punição é entendida como uma resposta necessária à ofensa</p><p>contra a consciência coletiva, enquanto na criminologia neoclássica, a punição é ignorada</p><p>como forma de controle social.</p><p>b) Tanto na abordagem clássica quanto na criminologia neoclássica, a punição é vista como</p><p>um instrumento para reforçar a escolha racional do indivíduo ao cometer um crime,</p><p>excluindo a consideração de fatores psicológicos e biológicos.</p><p>c) A abordagem clássica e a criminologia neoclássica não diferem em sua compreensão da</p><p>punição como meio de reafirmar normas sociais, mas divergem na forma como encaram</p><p>os fatores psicológicos e biológicos relacionados ao comportamento criminoso.</p><p>d) Na abordagem clássica, a punição é vista como desnecessária para a manutenção da</p><p>ordem social, ao contrário da criminologia neoclássica, que enfatiza a punição como</p><p>única forma de controle social.</p><p>e) Na abordagem clássica, a punição é considerada exclusivamente como um meio de</p><p>coerção externa exercida pelos fatos sociais, enquanto na criminologia neoclássica, a</p><p>punição é analisada levando em conta os fatores psicológicos e biológicos influencia-</p><p>dores do comportamento criminoso.</p><p>2. Ao discutir a escolha racional do crime, a maioria dos autores adotou uma perspectiva ma-</p><p>terialista de escolha racional, na qual os atores sociais procuram maximizar o seu interesse</p><p>próprio, definido por cálculos de custo-benefício e expresso nos benefícios obtidos com o</p><p>crime que podem manifestar-se. A escolha, a riqueza, as oportunidades do mercado de tra-</p><p>balho e outras dimensões da vida social são mais ou menos mensuráveis quantitativamente</p><p>e estão sujeitas às limitações dos recursos materiais. “Todas as teorias resultantes têm a</p><p>mesma estrutura: as decisões que os agentes tomam devem ser explicadas em termos da</p><p>variabilidade das restrições materiais que enfrentam” (FEREJOHN; PASQUINO, 2001, p. 5).</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>Com base no que aprendemos sobre o delinquente como sujeito racional, analise as afir-</p><p>mativas a seguir:</p><p>I - Segundo Deleuze (1992), as práticas emergentes, como o uso de coleiras eletrônicas</p><p>para criminosos, são interpretadas como parte de um novo regime de poder, diferente</p><p>das crises institucionais.</p><p>II - De acordo com a perspectiva materialista de escolha racional, os mecanismos econô-</p><p>micos para reduzir a prática de crimes podem envolver tanto a imposição de custos</p><p>adicionais para os crimes quanto a oferta de benefícios para atividades legais, como</p><p>forma de desencorajar o comportamento criminoso.</p><p>III - Foucault (1979) advoga o uso exclusivo de leis para controlar o crime, visando uma abor-</p><p>dagem mais restritiva em relação aos regimes de poder emergentes.</p><p>É correto o que se afirma em:</p><p>a) I, apenas.</p><p>b) III, apenas.</p><p>c) I e II, apenas.</p><p>d) II e III, apenas.</p><p>e) I, II e III.</p><p>3. A teoria preventiva especial está direcionada ao delinquente concreto castigado com uma</p><p>pena. Eles estão unidos pelo fato de que a punição é uma ferramenta preventiva para um</p><p>criminoso cujo objetivo é impedi-lo de cometer novos crimes no futuro. É por isso que</p><p>devemos falar sobre o objetivo de evitar reincidências. Essa teoria não visa solucionar um</p><p>fato passado, mas sim justificar a punição para evitar que o criminoso cometa novos crimes.</p><p>Portanto, é fundamentalmente diferente da contracepção geral porque não se destina à</p><p>comunidade, ou seja, o fato é direcionado a determinada pessoa que é alvo do criminoso.</p><p>Portanto, o objetivo dessa teoria é evitar que aqueles que ofenderam o façam novamente.</p><p>Qual é o objetivo principal da teoria preventiva especial no contexto penal?</p><p>a) Resolver o crime passado, aplicando punições adequadas à comunidade afetada.</p><p>b) Ressocializar o infrator por meio de punições que influenciam a comunidade como um</p><p>todo.</p><p>c) Prevenir crimes futuros mediante medidas educativas e conscientização pública.</p><p>d) Justificar a punição como um meio de proteger a propriedade jurídica e evitar reinci-</p><p>dências.</p><p>e) Aplicar punições severas e isolamento social para desencorajar atos criminosos em larga</p><p>escala.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AKERS, R. L.; SELLERS, C. S. Criminological theories: introduction, evaluation, and application.</p><p>Oxford University Press, 2009.</p><p>AGNEW, R. Social control theory and delinquency: a longitudinal test. Criminology, Atlanta,</p><p>Emory University, v. 23, p 47-61, 1985.</p><p>BECCARIA, C. Dos delitos e das penas . Trad. Flório de Angelis. Bauru: Edipro, 1997.</p><p>COHEN, L. E.; FELSON, M. Social change and crime rate trends: a routine activity approach. Ame-</p><p>rican Sociological Review, [s. l.], v. 4, n. 4, p. 4 588-608, 1979.</p><p>DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Sociedade de controle. Rio de Janeiro: Editora 34, 1992.</p><p>FEREJOHN, J.; PASQUINO, G. Majoritarian electoral</p><p>Beccaria argumentava que a pena de</p><p>morte é inútil e advogava pela proporção entre as penas e os delitos, além da</p><p>separação entre o poder judiciário e o legislativo.</p><p>Sua obra foi excepcionalmente oportuna e seu sucesso foi notável, pois de-</p><p>monstrou que o crime pode ser abordado de maneira científica. Ele ressaltou a</p><p>importância da prevenção, da punição justa e da equidade no sistema de justiça,</p><p>levando a reconsideração sobre a verdadeira utilidade da pena de morte.</p><p>Vejamos as célebres notas de Cesare Beccaria (1979, p. 92) sobre pena de morte:</p><p>“ Qual poderá ser o direito que o homem tem de matar seu semelhan-</p><p>te? Certamente, não é o mesmo direito do qual resultam a soberania</p><p>e as leis. Estas nada mais são do que a soma de pequeninas porções</p><p>da liberdade particular de cada um, representando a vontade geral,</p><p>soma das vontades individuais. Que homem, porém, outorgará a</p><p>outro homem o arbítrio de matá-lo? Como poderá haver, no menor</p><p>sacrifício da liberdade de cada um, o sacrifício do bem maior de</p><p>todos os bens, que é a vida? Se assim fosse, como se harmonizaria</p><p>tal princípio com o de que o homem não tem o direito de matar-</p><p>-se? Não deveria porventura ter ele esse mesmo direito, se resolveu</p><p>outorgá-lo a outrem ou a toda a sociedade? A pena de morte não é,</p><p>portanto, um direito, já que demonstrei que isso não ocorre, mas é</p><p>a guerra da nação contra o cidadão, que ela julga útil ou necessário</p><p>matar. Se, no entanto, eu demonstrar que a morte não é útil nem</p><p>necessária, terei vencido a causa da humanidade.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 1</p><p>As construções científicas da criminologia perpassam por duas principais Es-</p><p>colas de Pensamento: a clássica e o positivismo criminológico. Essas escolas de</p><p>pensamento divergem quanto ao método de investigação: enquanto na escola</p><p>clássica o método utilizado é o lógico-abstrato ou dedutivo a escola positivista</p><p>empregou o método indutivo.</p><p>Silêncio dos inocentes</p><p>Lançado em 1991. Uma agente do FBI é aconselhada e</p><p>direcionada pelo Dr. Hannibal Lecter, um psiquiatra inteligente</p><p>(e canibal) que a ajuda a capturar outro criminoso. O filme</p><p>também se aprofunda em questões como o perfil psicológico</p><p>dos infratores, a busca pela justiça e os obstáculos enfrentados</p><p>pelos agentes da lei.</p><p>INDICAÇÃO DE FILME</p><p>Introdução às principais Teorias Criminológicas</p><p>Estudante, antes de adentrarmos ao estudo das principais teorias criminológicas,</p><p>vamos contextualizar como se deu o movimento da Escola Clássica (criminologia</p><p>clássica) e da Escola Positiva (período científico) propriamente dito.</p><p>Conforme Eduardo Viana (2020, p. 57), “a criação da Escola Positiva atri-</p><p>bui-se a Cesare Lombroso, com desenvolvimentos de Raffaele Garofalo e Enrico</p><p>Ferri, esses considerados a trindade do positivismo criminológico” (...).</p><p>Há, claramente, três orientações na Escola Positiva:</p><p>■ Antropobiológica: (para alguns autores apenas antropológica), repre-</p><p>sentada por Lombroso.</p><p>■ Sociológica: cujo principal expoente é Ferri.</p><p>■ Jurídica: cuja principal figura é Garofalo.</p><p>Em todas elas, essência de uma biologia criminal predominante à época, há, de</p><p>um lado, um sistema causal-explicativo edificado pelo comportamento criminal</p><p>e hereditariedade e anomalias do outro. Essa anormalidade somática é a conditio</p><p>sine qua non para a existência do crime.</p><p>1</p><p>1</p><p>Cesare Lombroso, renomado médico psiquiatra, desempenhou um papel</p><p>fundamental como um dos principais arquitetos da Escola Positiva, junto com</p><p>Enrico Ferri e Raffaele Garofalo. Juntos, eles foram responsáveis por marcar o</p><p>início da era científica da criminologia, no final do século XIX.</p><p>A ascensão dessa Escola representou uma significativa ruptura em relação</p><p>à abordagem da Escola Clássica, promovendo uma transformação profunda na</p><p>compreensão do crime. Sua contribuição se dá com a obra Tratado antropológico</p><p>experimental do homem delinquente, em 1876, por Cesare Lombroso. Assim, a</p><p>criminologia entra em uma nova fase reconhecida como “científica”.</p><p>Antes o que tínhamos eram investigações sobre o crime e o criminoso com</p><p>métodos do mundo das crenças e costumes populares cujas abordagens se cir-</p><p>cunscrevem a aspectos do tipo: por que há criminosos e por que há crimes. O</p><p>porquê dessas perguntas, antes da criminologia ser tratada como ciência, des-</p><p>dobrava-se em constatações, muitas vezes, voltadas a mitos ou pseudociências</p><p>(ciências ocultas), na tentativa de explicar o fenômeno do crime e do criminoso.</p><p>Infelizmente, os mais afetados eram os loucos ou doentes mentais, confun-</p><p>didos por estarem afetados por demônios e assim seriam possuídos a delinquir.</p><p>Essa terrível associação era feita, às vezes, por aspectos da fisionomia ou o corpo</p><p>do enfermo, buscando uma associação do aspecto físico para uma alma já pro-</p><p>gramada para delinquir.</p><p>Com o nascimento do movimento científico da criminologia, a explicação</p><p>científica para a criminalidade tem Lombroso como o nome mais destacado da</p><p>Escola Científica.</p><p>Vamos, agora, explorar a Escola Clássica da criminologia, que teve uma in-</p><p>fluência significativa durante o século XVIII, especialmente em oposição ao re-</p><p>gime absolutista predominante na época. Uma das características distintivas da</p><p>Escola Clássica foi sua defesa pela limitação do poder punitivo do Estado, des-</p><p>tacando a importância das garantias e direitos individuais de todos os cidadãos.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 1</p><p>Um princípio fundamental dessa escola é a ideia de que a punição do cri-</p><p>minoso é baseada em seu livre-arbítrio. Essa abordagem prevaleceu até o início</p><p>do século XIX, representando a fase pré-científica da Criminologia. Alguns dos</p><p>principais expoentes dessa escola são:</p><p>■ Cesare Bonesana (Marquês de Beccaria) – cujo livro Dos delitos e</p><p>das penas, de 1764, defendeu pontos importantes, como o princípio</p><p>da estrita legalidade na imposição das penas e a difusão das leis para</p><p>todos os cidadãos.</p><p>■ Francesco Carrara (1805 – 1888) – argumentou que o crime não é apenas</p><p>um fato, mas também um conceito jurídico, e que a pena não deve ser</p><p>vista apenas como uma retribuição pelo mal praticado, mas sim como um</p><p>meio para restabelecer o direito e a justiça na sociedade, ou seja, a pena</p><p>como um instrumento para restaurar o direito e a justiça.</p><p>Figuras-Chave na história da criminologia</p><p>Sem o estudo de algumas pessoas, não teríamos a criminologia como é nos dias</p><p>de hoje. Essas pessoas foram de extrema importância no desenvolvimento dessa</p><p>ciência, em uma época em que havia pouco material de pesquisa.</p><p>Aqui estão algumas figuras-chave dessa jornada:</p><p>CESARE LOMBROSO (1835-1909) – VINCULADO À ESCOLA POSITIVA</p><p>É comumente reconhecido como o pioneiro da criminologia positivista. Em sua obra</p><p>inovadora, O Homem delinquente (1876), sustentava a ideia de predisposição genética</p><p>para o crime e deu início à criminologia científica.</p><p>Em seus estudos, empregou o método experimental para analisar a criminalidade utili-</p><p>zando a antropometria e a fisionomia dos criminosos como base. Sua teoria sustentava</p><p>que o criminoso era essencialmente um animal selvagem em que a predisposição ao</p><p>crime se dava por características atávicas. De acordo com suas conclusões, a crimi-</p><p>nalidade tinha origem biológica, argumentando que o criminoso já nascia com essa</p><p>tendência.</p><p>1</p><p>4</p><p>ENRICO FERRI (1856-1929) – VINCULADO À ESCOLA POSITIVA</p><p>Na fase sociológica do Positivismo Criminológico, encontramos o genro e sucessor</p><p>de Lombroso. Diferenciando-se de seu antecessor, ele não atribuía exclusivamente ao</p><p>fator biológico o surgimento dos criminosos, mas sim reconhecia a interação complexa</p><p>entre fatores individuais, físicos e sociais. Ele contestava a ideia de que o criminoso fos-</p><p>se moralmente responsável por suas ações, negando a existência do livre arbítrio. Entre</p><p>suas obras notáveis estão Sociologia Criminal (1982) e Princípios do Direito Penal (1926).</p><p>Ele classificou os criminosos em cinco categorias distintas:</p><p>• Criminoso nato: essa é a classificação original de Lombroso.</p><p>• Criminoso louco: são aqueles levados ao crime</p><p>systems: theory and practice. Stanford, Ca-</p><p>lifornia: Stanford University Press, 2001.</p><p>DURKHEIM, É. (1895). As regras do método sociológico. São Paulo: Martin Claret, 2005.</p><p>DURKHEIM, É. A educação moral. Trad. Raquel Weiss. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.</p><p>FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1979.</p><p>LISZT, F. V. Tratado de direito penal alemão. Trad. José Hygino Duarte Pereira. Ed. fac-sim. Bra-</p><p>sília: Senado Federal, Conselho Editorial: Superior Tribunal de Justiça, 2006. v. 1.</p><p>MCLAUGHLIN, E.; MUNCIE, J. The SAGE dictionary of Criminology. 2. ed. Los Angeles: SAGE</p><p>Publications, 2006. p.391-395.</p><p>MUÑOZ CONDE, F.; HASSEMER, W. Introducción a la Criminología. Valencia: Tirant lo Blanch,</p><p>2001.</p><p>REISS, A. J. Delinquency as the failure of personal and social controls. American Sociological</p><p>Review, [s. l.], v. 16, p.196-207, 1951.</p><p>SAMPSON, R. J.; RAUDENBUSH, S. W. Systematic social observation of public spaces: a new</p><p>look at disorder in urban neighborhoods. American Journal of Sociology, [s. l.], v. 3, n. 105, p.</p><p>603-651,1999.</p><p>TAYLOR, R. B.; HARRELL, A. V. Physical Environment and Crime. Crime and Justice, [s. l.], v. 20, p.</p><p>387-416 1996.</p><p>WILSON, J. Q.; KELLING, G. L. Broken windows: the police and neighborhood safety. The Atlantic</p><p>Monthly, [s. l.], v. 3, n. 249, p. 29-38, 1982.</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>1. Alternativa C. A abordagem clássica e a criminologia neoclássica não diferem em sua com-</p><p>preensão da punição como meio de reafirmar normas sociais, mas divergem na forma como</p><p>encaram os fatores psicológicos e biológicos relacionados ao comportamento criminoso.</p><p>2. Alternativa C.</p><p>3. Alternativa D. Justificar a punição como um meio de proteger a propriedade jurídica e evitar</p><p>reincidências.</p><p>GABARITO</p><p>1</p><p>1</p><p>4</p><p>MINHAS ANOTAÇÕES</p><p>1</p><p>1</p><p>5</p><p>MINHAS METAS</p><p>TEORIAS DA APRENDIZAGEM</p><p>SOCIAL, A TEORIA DA ANOMIA E A</p><p>TEORIA DA FRUSTRAÇÃO</p><p>Descobrir as teorias da aprendizagem social.</p><p>Entender a origem das teorias contemporâneas da aprendizagem social.</p><p>Conhecer a teoria da anomia.</p><p>Compreender a teoria da anomia institucional.</p><p>Analisar a teoria da legitimidade das instituições.</p><p>Discorrer sobre as teorias contemporâneas da frustração.</p><p>Avaliar os conhecimentos obtidos.</p><p>T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 6</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>INICIE SUA JORNADA</p><p>Estudante, iniciaremos este tema de aprendizagem com um questionamento: de</p><p>que forma as Teorias da Aprendizagem Social, da Anomia e das Frustrações se</p><p>inter-relacionam e como essa compreensão pode ser aplicada para entender e</p><p>abordar questões sociais complexas?</p><p>Imagine um bairro urbano marcado por altos índices de criminalidade juve-</p><p>nil. Os jovens residentes nesse bairro, muitas vezes, crescem em ambientes com</p><p>poucas oportunidades educacionais e econômicas, em que modelos de compor-</p><p>tamento desviante são observados e internalizados desde cedo.</p><p>Nesse cenário, a Teoria da Aprendizagem Social de Albert Bandura entra em</p><p>jogo. Os jovens podem aprender comportamentos criminosos observando e imi-</p><p>tando modelos significativos em seu ambiente social, como membros de gangues</p><p>ou criminosos locais. A falta de modelos positivos e oportunidades alternativas</p><p>de aprendizagem pode perpetuar um ciclo de comportamento desviante.</p><p>A Teoria da Anomia, de Émile Durkheim e Robert K. Merton, também é</p><p>relevante aqui. A falta de normas sociais claras e a desintegração das estruturas</p><p>normativas da sociedade contribuem para um ambiente propício à anomia. Os</p><p>jovens podem sentir uma desconexão entre os objetivos culturalmente prescritos,</p><p>como sucesso e status, e os meios institucionalmente disponíveis para alcançá-</p><p>-los, como educação e emprego. Isso pode levar à adesão a comportamentos</p><p>desviantes como uma forma de alcançar esses objetivos percebidos.</p><p>A frustração surge quando esses jovens enfrentam barreiras para alcançar</p><p>seus objetivos desejados, como falta de acesso a oportunidades educacionais ou</p><p>discriminação no mercado de trabalho. As Teorias das Frustrações exploram</p><p>como esses jovens lidam com essa frustração e como ela pode influenciar seu</p><p>comportamento, relacionamentos sociais e bem-estar psicológico. Alguns po-</p><p>dem recorrer ao crime como uma forma de lidar com a frustração e obter uma</p><p>sensação temporária de poder ou controle sobre suas vidas.</p><p>Portanto, ao considerar essas teorias em conjunto, podemos entender melhor</p><p>os complexos fatores individuais e sociais que contribuem para questões sociais</p><p>como a criminalidade juvenil. Essa compreensão mais completa pode orientar</p><p>políticas e intervenções sociais direcionadas a abordar as causas subjacentes des-</p><p>ses problemas e promover mudanças positivas na comunidade.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 6</p><p>Estudante, o que acha de se aprofundar nesse assunto de maneira mais</p><p>leve e divertida? Neste podcast, falamos um pouco mais sobre as Teorias da</p><p>Aprendizagem Social, Teorias da Anomia e da Frustração, vamos ouvir? Recursos</p><p>de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de aprendizagem .</p><p>PLAY NO CONHECIMENTO</p><p>VAMOS RECORDAR?</p><p>Deixo aqui uma sugestão de vídeo para que vocês possam, de maneira resumida,</p><p>entender o que é a Teoria da Aprendizagem Social antes de darmos seguimento</p><p>em nosso material. https://www.youtube.com/watch?v=HDaYeXnlZKQ.</p><p>DESENVOLVA SEU POTENCIAL</p><p>AS TEORIAS DA APRENDIZAGEM SOCIAL, A TEORIA DA</p><p>ANOMIA E A TEORIA DA FRUSTRAÇÃO</p><p>As Teorias da Aprendizagem Social, a Teoria da Anomia e a Teoria da Frustração</p><p>são todas importantes abordagens nas áreas da psicologia e da sociologia, cada</p><p>uma enfocando diferentes aspectos do comportamento humano e do funcio-</p><p>namento da sociedade. Neste tema de aprendizagem, vamos abordar, de forma</p><p>geral, cada uma delas e como elas se relacionam.</p><p>As Teorias da Aprendizagem Social, como propostas por Albert Bandura</p><p>(2001), enfatizam a importância da observação, imitação e modelagem de com-</p><p>portamentos em contextos sociais para a aprendizagem.</p><p>Essas teorias destacam que os indivíduos aprendem não apenas por meio de</p><p>reforço direto, mas também por meio da observação de modelos significativos</p><p>em seu ambiente social. O processo de aprendizagem social envolve atenção,</p><p>retenção, reprodução e motivação para imitar o comportamento observado.</p><p>1</p><p>1</p><p>8</p><p>As teorias da aprendizagem social têm implicações significativas para a edu-</p><p>cação, terapia e desenvolvimento social, enfatizando a importância das interações</p><p>sociais e do ambiente na aquisição de novos comportamentos e habilidades.</p><p>Por sua vez, a Teoria da Anomia, desenvolvida por Émile Durkheim e poste-</p><p>riormente expandida por Robert K. Merton, que explora a falta de normas sociais</p><p>claras e a desintegração das estruturas normativas da sociedade.</p><p>Segundo essa teoria, a anomia surge quando há um descompasso entre os</p><p>objetivos culturalmente prescritos da sociedade e os meios institucionalmente</p><p>disponíveis para alcançá-los.</p><p>A anomia pode levar ao aumento do comportamento desviante, como crime</p><p>e violência, especialmente em situações em que as oportunidades legítimas para</p><p>alcançar os objetivos são limitadas. A teoria da anomia destaca a importância das</p><p>instituições sociais na regulação do comportamento humano e na manutenção</p><p>da ordem social.</p><p>As Teorias das Frustrações, exploram os efeitos emocionais e comportamen-</p><p>tais da frustração, que é um estado emocional desagradável resultante da incapa-</p><p>cidade de alcançar um objetivo desejado. Elas examinam como as pessoas lidam</p><p>com a frustração e como ela pode influenciar o comportamento, os relaciona-</p><p>mentos sociais e o bem-estar psicológico.</p><p>Fatores como regulação emocional, resiliência e estratégias de enfrentamento</p><p>são importantes nesse contexto, pois ajudam a determinar como os indivíduos</p><p>respondem à frustração.</p><p>As teorias da frustração também consideram as influências sociais e ambien-</p><p>tais que podem modular a experiência e a expressão da frustração, destacando a</p><p>interação entre fatores individuais e contextuais.</p><p>Embora cada uma dessas teorias se concentre em aspectos diferentes do</p><p>comportamento humano e da dinâmica</p><p>social, elas estão interconectadas em</p><p>certos aspectos. Por exemplo, a aprendizagem social pode influenciar como os</p><p>indivíduos respondem à frustração e como internalizam normas sociais. Enquan-</p><p>to a anomia pode resultar de uma combinação de fatores individuais e sociais,</p><p>incluindo a falta de oportunidades legítimas para alcançar objetivos culturais. Ao</p><p>considerar essas teorias em conjunto, obtemos uma compreensão mais completa</p><p>do funcionamento humano e das dinâmicas sociais.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>9</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 6</p><p>AS TEORIAS DA APRENDIZAGEM SOCIAL</p><p>As teorias da aprendizagem social, também conhecidas como teorias da apren-</p><p>dizagem sociocognitiva, destacam a importância do ambiente social e das inte-</p><p>rações interpessoais no processo de aprendizagem. Diferentes teóricos contri-</p><p>buíram para o desenvolvimento dessas teorias, cada um enfatizando diferentes</p><p>aspectos do papel do ambiente social na aquisição de novos comportamentos,</p><p>habilidades e atitudes.</p><p>Uma das figuras mais proeminentes no desenvolvimento das teorias da</p><p>aprendizagem social foi Albert Bandura. Sua teoria do aprendizado social, tam-</p><p>bém conhecida como Teoria da Aprendizagem Social-Cognitiva, enfatiza a in-</p><p>teração entre fatores cognitivos, comportamentais e ambientais.</p><p>De acordo com Bandura (2001), os indivíduos aprendem observando os ou-</p><p>tros, especialmente modelos significativos, e internalizando essas observações</p><p>por meio de processos como atenção, retenção, reprodução e motivação. Um</p><p>conceito-chave em sua teoria é o de autorregulação, que se refere à capacidade dos</p><p>indivíduos de controlar seu próprio comportamento, monitorando e ajustando-o</p><p>com base em normas sociais e padrões de desempenho.</p><p>Outra contribuição importante para as teorias da aprendizagem social foi</p><p>feita por Lev Vygotsky. Sua teoria sociocultural da aprendizagem destaca a im-</p><p>portância das interações sociais e do contexto cultural no desenvolvimento cog-</p><p>nitivo. Vygotsky (BANDURA, 2001) argumentava que a aprendizagem ocorre</p><p>por meio da interação com outros indivíduos mais experientes, que fornecem</p><p>suporte e orientação no processo de internalização de conceitos e habilidades.</p><p>Ele introduziu o conceito de zona de desenvolvimento proximal, que se refere à</p><p>distância entre o nível de desenvolvimento atual de um indivíduo e seu potencial</p><p>de desenvolvimento, que pode ser alcançado com a ajuda de um guia competente.</p><p>Além de Bandura e Vygotsky, outros teóricos contribuíram para o campo</p><p>das teorias da aprendizagem social. Por exemplo, Julian Rotter (BANDURA,</p><p>2001) desenvolveu a teoria do condicionamento social, que enfatiza a influência</p><p>dos sistemas de reforço e punição no comportamento humano. Os princípios da</p><p>teoria do condicionamento social foram amplamente aplicados em áreas como</p><p>terapia comportamental e modificação de comportamento.</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>Portanto, as teorias da aprendizagem social destacam a importância das in-</p><p>terações sociais, observação de modelos e contextos culturais na aquisição de</p><p>novos conhecimentos e habilidades. Essas teorias têm implicações significativas</p><p>para a educação, terapia e outras áreas em que o aprendizado e o desenvolvimento</p><p>humano são fundamentais.</p><p>A ORIGEM DAS TEORIAS CONTEMPORÂNEAS DA</p><p>APRENDIZAGEM SOCIAL</p><p>As teorias contemporâneas da aprendizagem social têm suas raízes em várias</p><p>disciplinas, incluindo psicologia, sociologia e antropologia. Uma das figuras mais</p><p>influentes no desenvolvimento dessas teorias é Albert Bandura, cujo trabalho</p><p>seminal, na década de 1960, contribuiu significativamente para a compreensão</p><p>da aprendizagem social.</p><p>Albert Bandura, psicólogo social canadense-americano, é amplamente reco-</p><p>nhecido como o pioneiro das teorias contemporâneas da aprendizagem social.</p><p>Sua obra mais famosa, Teoria da Aprendizagem Social (ou Teoria da Apren-</p><p>dizagem Social-Cognitiva), publicada pela primeira vez em 1977, apresentou</p><p>um novo modelo explicativo para a aprendizagem que combinava elementos do</p><p>behaviorismo com fatores cognitivos e sociais.</p><p>Bandura (2001) argumentou que os indivíduos aprendem não apenas por</p><p>meio de condicionamento clássico e operante, como proposto pelo behaviorismo,</p><p>mas também por observação direta e indireta de modelos em seu ambiente. Ele</p><p>conduziu uma série de experimentos notáveis, como o famoso Estudo da Bobo</p><p>Doll, no qual crianças foram expostas a diferentes modelos de comportamento</p><p>e, em seguida, observadas para ver se imitavam esses comportamentos. Seus es-</p><p>tudos mostraram que as crianças tendem a imitar comportamentos observados</p><p>em modelos que são recompensados ou valorizados socialmente.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 6</p><p>Além de Bandura, outros teóricos contribuíram para o desenvolvimento das</p><p>teorias contemporâneas da aprendizagem social. Lev Vygotsky, psicólogo russo,</p><p>desenvolveu a teoria sociocultural da aprendizagem, que enfatiza a importância</p><p>das interações sociais e do contexto cultural no desenvolvimento cognitivo. Ban-</p><p>dura (2001) argumentava que o aprendizado é um processo social, mediado por</p><p>ferramentas culturais e por interações com outros indivíduos mais experientes.</p><p>Julian Rotter, psicólogo americano, também contribuiu significativamente</p><p>com a teoria do condicionamento social, que enfatiza a influência dos sistemas de</p><p>reforço e punição no comportamento humano. Rotter argumenta que as pessoas</p><p>tomam decisões com base em expectativas sobre os resultados de suas ações e nas</p><p>consequências associadas a esses resultados (PIRES; SILVEFIRA, 2011).</p><p>Esses teóricos, e outros, ajudaram a estabelecer as bases das teorias contem-</p><p>porâneas da aprendizagem social, que continuam a ser uma área de estudo vital</p><p>e em constante evolução na psicologia e em outras disciplinas relacionadas. Suas</p><p>contribuições forneceram insights importantes sobre como os fatores sociais</p><p>influenciam o aprendizado e o desenvolvimento humano.</p><p>A Teoria da Anomia</p><p>A teoria da anomia é uma perspectiva sociológica que se concentra na falta de</p><p>normas sociais ou na desintegração das normas sociais em uma sociedade. O</p><p>termo “anomia” foi popularizado pelo sociólogo francês Émile Durkheim no</p><p>final do século XIX, embora tenha sido, mais tarde, refinado e desenvolvido por</p><p>outros sociólogos, como Robert Merton.</p><p>Em sua obra O Suicídio (1897), Durkheim explorou a relação entre a taxa de</p><p>suicídio e a coesão social. Ele identificou diferentes tipos de suicídio, incluindo</p><p>o suicídio anômico, que ocorre quando as normas sociais estão enfraquecidas</p><p>ou ausentes. Durkheim ( 1893) argumentou que a anomia resulta de uma des-</p><p>conexão entre os objetivos culturais e os meios disponíveis para alcançá-los.</p><p>Por exemplo, em uma sociedade em que o sucesso material é valorizado, mas os</p><p>meios legítimos para alcançá-lo são limitados, pode surgir um estado de anomia,</p><p>levando a comportamentos desviantes, como o suicídio.</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>Por sua vez, Robert Merton, em meados do século XX, expandiu e refinou a</p><p>teoria da anomia em seu trabalho sobre a Teoria da Anomia Estrutural (1938).</p><p>Ele introduziu o conceito de tensão entre os objetivos culturalmente prescritos</p><p>da sociedade e os meios institucionalmente disponíveis para alcançá-los. Mer-</p><p>ton (1957) argumentou que a anomia surge quando há uma disjunção entre as</p><p>expectativas culturais para o sucesso e as oportunidades reais disponíveis para</p><p>a maioria dos membros da sociedade. Isso pode levar a várias formas de com-</p><p>portamento desviante, como crime e delinquência, à medida que os indivíduos</p><p>buscam alternativas ilegítimas para alcançar objetivos culturalmente valorizados.</p><p>A teoria da anomia tem sido aplicada em uma variedade de contextos sociais</p><p>e tem implicações significativas para entender problemas como crime, desigual-</p><p>dade socioeconômica, suicídio e outros comportamentos desviantes. Ela destaca</p><p>a importância das estruturas sociais e das normas culturais na determinação do</p><p>comportamento humano e na manutenção da coesão social. A pesquisa continua</p><p>a explorar as complexas interações entre fatores individuais e sociais na criação</p><p>e mitigação</p><p>da anomia em diferentes contextos sociais e culturais.</p><p>A Teoria da Anomia Institucional</p><p>A teoria da anomia institucional é uma perspectiva sociológica que explora as</p><p>relações entre as instituições sociais e a anomia, um estado de desordem so-</p><p>cial e falta de normas ou regras claras. A anomia institucional surge quando</p><p>as instituições sociais falham em fornecer orientação adequada e normas cla-</p><p>ras para os indivíduos, levando a uma desintegração ou fraqueza nas estruturas</p><p>normativas da sociedade.</p><p>Esta teoria foi desenvolvida pelo sociólogo Robert K. Merton como uma</p><p>extensão da teoria da anomia original proposta por Émile Durkheim. Merton</p><p>(1957) argumentou que a anomia surge quando há um descompasso entre os</p><p>objetivos culturalmente prescritos da sociedade e os meios institucionalmente</p><p>disponíveis para alcançá-los.</p><p>Por exemplo, em uma sociedade em que o sucesso material é altamente</p><p>valorizado, mas os meios legítimos para alcançá-lo (como educação, emprego</p><p>estável e oportunidades iguais) não estão disponíveis para todos os membros</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 6</p><p>da sociedade, ocorre a anomia institucional. Isso pode levar a um aumento na</p><p>criminalidade, desigualdade social e outras formas de comportamento desviante,</p><p>à medida que os indivíduos buscam alcançar os objetivos culturais prescritos de</p><p>maneiras não convencionais ou ilegais.</p><p>A anomia institucional pode se manifestar de várias maneiras em diferentes</p><p>contextos sociais e culturais. Por exemplo, em uma economia em que o desem-</p><p>prego é alto e as oportunidades econômicas são limitadas, os indivíduos podem</p><p>recorrer a atividades ilegais, como roubo ou tráfico de drogas, como uma forma</p><p>de buscar sucesso material.</p><p>Da mesma forma, em uma sociedade em que as normas sociais são enfraque-</p><p>cidas ou ignoradas por instituições-chave, como a família, a escola ou o governo,</p><p>pode haver um aumento na anomia e no comportamento desviante.</p><p>Portanto, a teoria da anomia institucional destaca a importância das insti-</p><p>tuições sociais na regulação do comportamento humano e na manutenção da</p><p>ordem social. Quando as instituições falham em fornecer orientação e normas</p><p>claras, isso pode levar à anomia e ao aumento do comportamento desviante na</p><p>sociedade. Essa teoria oferece insights importantes para entender as origens e as</p><p>consequências da desordem social em diferentes contextos sociais e culturais.</p><p>1</p><p>1</p><p>4</p><p>A Teoria da Legitimidade das Instituições</p><p>A Teoria da Legitimidade das Instituições é uma abordagem sociológica que</p><p>explora a importância da percepção de legitimidade das instituições sociais</p><p>na estabilidade e coesão de uma sociedade. Ela se concentra na maneira como</p><p>os indivíduos percebem e aceitam as estruturas de poder, autoridade e nor-</p><p>mas estabelecidas pelas instituições sociais, como o governo, o sistema legal,</p><p>a polícia, entre outras.</p><p>Essa teoria sugere que a legitimidade das instituições é essencial para o fun-</p><p>cionamento eficaz da sociedade, pois ela influencia o grau de confiança, obediên-</p><p>cia e cooperação dos cidadãos com essas instituições. Quando as instituições são</p><p>percebidas como legítimas, os membros da sociedade tendem a respeitar suas</p><p>regras e autoridades, contribuindo para a estabilidade social e a ordem pública.</p><p>Por outro lado, quando as instituições são vistas como ilegítimas, isso pode levar</p><p>à desconfiança, resistência e até mesmo à contestação ou rebelião.</p><p>A teoria da legitimidade das instituições tem raízes em várias tradições socio-</p><p>lógicas, incluindo o trabalho de Max Weber sobre a autoridade e a legitimidade, e</p><p>o trabalho de Émile Durkheim sobre a coesão social e a consciência coletiva. No</p><p>entanto, ela também foi influenciada por teóricos contemporâneos que explora-</p><p>ram a relação entre as instituições e a estabilidade social em contextos específicos.</p><p>Um dos conceitos-chave na teoria da legitimidade das instituições é o de</p><p>“contrato social”, que se refere à ideia de que os membros de uma sociedade con-</p><p>cordam em obedecer às regras e autoridades estabelecidas em troca da proteção</p><p>e do bem-estar proporcionados por essas instituições.</p><p>Quando as instituições cumprem suas obrigações e são percebidas como</p><p>justas e legítimas, os indivíduos tendem a respeitar e apoiar essas instituições. No</p><p>entanto, se as instituições falham em cumprir suas obrigações ou são percebidas</p><p>como injustas ou ilegítimas, a confiança e o apoio dos cidadãos podem diminuir,</p><p>levando a conflitos e instabilidade social.</p><p>Contudo, a teoria da legitimidade das instituições destaca a importância da</p><p>percepção de legitimidade na manutenção da estabilidade social e da ordem pú-</p><p>blica. Ela oferece insights importantes para entender como as instituições sociais</p><p>funcionam e como as mudanças na percepção de legitimidade podem afetar o</p><p>tecido social de uma sociedade.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>5</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 6</p><p>As Teorias Contemporâneas da Frustração</p><p>As teorias contemporâneas da frustração abordam a maneira como os indivíduos</p><p>lidam e reagem à frustração, que é um estado emocional desagradável resultante</p><p>da incapacidade de alcançar um objetivo desejado. Essas teorias têm raízes na psi-</p><p>cologia e na sociologia e procuram entender como a frustração pode influenciar</p><p>o comportamento humano, os relacionamentos sociais e o bem-estar psicológico.</p><p>Uma das abordagens contemporâneas para entender a frustração é a teoria</p><p>da reação emocional, que sugere que a frustração desencadeia uma série de</p><p>reações emocionais e comportamentais. Essas reações podem incluir raiva, ansie-</p><p>dade, desamparo, agressão e até mesmo sintomas físicos como tensão muscular</p><p>e aumento da pressão arterial. Essa teoria enfatiza a importância de reconhecer</p><p>e lidar com essas reações emocionais de maneira construtiva para promover o</p><p>ajustamento psicológico saudável.</p><p>Outra abordagem contemporânea é a teoria da regulação emocional, que</p><p>explora como os indivíduos gerenciam e controlam suas emoções em situações</p><p>de frustração. Essa teoria sugere que a capacidade de regular emoções de ma-</p><p>neira eficaz desempenha um papel crucial na forma como as pessoas lidam com</p><p>a frustração e enfrentam desafios. Estratégias de regulação emocional, como</p><p>reavaliação e supressão, podem influenciar a intensidade e a duração da resposta</p><p>emocional à frustração.</p><p>Além disso, algumas teorias contemporâneas da frustração incorporam uma</p><p>perspectiva sociológica, examinando como fatores sociais e ambientais podem</p><p>modular a experiência e a expressão da frustração. Por exemplo, a teoria da pri-</p><p>vação relativa sugere que a frustração surge quando os indivíduos percebem uma</p><p>disparidade entre suas expectativas e suas realizações em relação aos outros. Isso</p><p>pode levar a sentimentos de injustiça, inveja e ressentimento em relação aos que</p><p>têm mais sucesso ou recursos.</p><p>Também vale mencionar a influência da psicologia positiva nas teorias con-</p><p>temporâneas da frustração. Abordagens baseadas na psicologia positiva procu-</p><p>ram identificar fatores que promovem o bem-estar psicológico e o florescimento</p><p>humano, mesmo em face de desafios e adversidades. Isso inclui a promoção de</p><p>habilidades de resiliência, gratidão, otimismo e aceitação, que podem ajudar os</p><p>indivíduos a lidar de forma mais adaptativa com a frustração e encontrar signi-</p><p>ficado e propósito em suas experiências.</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>Portanto, as teorias contemporâneas da frustração oferecem uma visão abran-</p><p>gente e multidimensional sobre como os indivíduos experimentam, reagem e</p><p>lidam com a frustração em diferentes contextos sociais, emocionais e culturais.</p><p>Essas teorias são essenciais para entender a complexidade da experiência humana</p><p>e desenvolver estratégias eficazes de intervenção e apoio psicológico.</p><p>Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este</p><p>tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de</p><p>aprendizagem .</p><p>EM FOCO</p><p>NOVOS DESAFIOS</p><p>Vamos explorar como as teorias da aprendizagem social, da anomia e da frus-</p><p>tração se conectam ao ambiente profissional e às perspectivas</p><p>dos estudantes no</p><p>mercado de trabalho.</p><p>Com relação às Teorias da Aprendizagem Social e o Ambiente Profissional, as</p><p>teorias da aprendizagem social destacam a importância da observação e modela-</p><p>gem de comportamentos. Você, estudante, pode aplicar essas teorias ao observar</p><p>e aprender com colegas de trabalho, supervisores e líderes organizacionais.</p><p>Ao entender como os comportamentos são recompensados ou punidos no</p><p>ambiente de trabalho, você pode ajustar seu próprio comportamento para se ali-</p><p>nhar às expectativas da organização. Além disso, a teoria da aprendizagem social</p><p>enfatiza a autorregulação, permitindo que controle seu próprio comportamento</p><p>e ajuste suas ações com base nas normas e padrões do ambiente profissional.</p><p>Estudante, você também pode aplicar os princípios da aprendizagem social ao</p><p>desenvolver habilidades de liderança, comunicação eficaz e trabalho em equipe,</p><p>observando e aprendendo com modelos de sucesso no ambiente de trabalho.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 6</p><p>Por sua vez, a Teoria da Anomia, Frustração e o Mercado de Trabalho, oferece</p><p>insights sobre os desafios enfrentados pelos indivíduos no mercado de trabalho,</p><p>especialmente em ambientes em que as oportunidades são limitadas ou as nor-</p><p>mas sociais são fracas. A falta de oportunidades legítimas para alcançar objetivos</p><p>profissionais pode levar à frustração e à busca de meios alternativos ou ilegítimos</p><p>para alcançá-los, aumentando o risco de comportamento desviante ou antiético</p><p>no ambiente de trabalho.</p><p>Por outro lado, organizações que promovem um ambiente de trabalho justo,</p><p>equitativo e com oportunidades claras de progresso podem ajudar a reduzir a</p><p>anomia e a frustração entre seus funcionários. Portanto, você poderá aplicar essas</p><p>teorias ao avaliar as culturas organizacionais e as oportunidades de crescimento</p><p>em potencial ao escolherem suas futuras carreiras. Além disso, ao desenvolver</p><p>estratégias de enfrentamento e resiliência, você estará preparado para lidar com</p><p>desafios e frustrações que possam surgir ao longo de suas trajetórias profissionais.</p><p>Ao conectar teoria e prática, você ainda poderá adquirir uma compreen-</p><p>são mais profunda dos princípios subjacentes ao comportamento humano</p><p>e às dinâmicas sociais no ambiente de trabalho. Isso pode capacitá-lo a na-</p><p>vegar de forma mais eficaz e ética em sua carreira, contribuindo para seu</p><p>sucesso pessoal e profissional.</p><p>1</p><p>1</p><p>8</p><p>1. As teorias contemporâneas da aprendizagem social têm fornecido insights importantes</p><p>sobre como os fatores sociais influenciam o aprendizado e o desenvolvimento humano.</p><p>Nesse contexto, é relevante compreender as perspectivas sociológicas que abordam a</p><p>falta de normas sociais ou a desintegração das normas em uma sociedade (GOMES, 2007).</p><p>Qual das alternativas a seguir descreve corretamente a Teoria da Anomia Institucional?</p><p>a) A Teoria da Anomia Institucional sugere que a anomia surge quando as instituições sociais</p><p>falham em fornecer orientação adequada e normas claras para os indivíduos, levando a</p><p>uma desintegração ou fraqueza nas estruturas normativas da sociedade.</p><p>b) Segundo a Teoria da Anomia Institucional, a anomia é um estado de desordem social</p><p>causado por conflitos entre as instituições sociais e as normas culturais vigentes.</p><p>c) A Teoria da Anomia Institucional afirma que a anomia é resultado de uma desconexão</p><p>entre as expectativas individuais e as oportunidades disponíveis na sociedade.</p><p>d) A Teoria da Anomia Institucional explica que a anomia ocorre quando há uma discre-</p><p>pância entre os objetivos culturalmente valorizados e os meios legítimos disponíveis</p><p>para alcançá-los.</p><p>e) Segundo a Teoria da Anomia Institucional, a anomia é causada por uma falta de coesão</p><p>social e uma desvalorização das normas culturais pela sociedade.</p><p>2. O ambiente profissional é um espaço repleto de desafios e oportunidades, em que os indi-</p><p>víduos são constantemente testados em sua capacidade de lidar com situações adversas</p><p>e frustrantes. Compreender as teorias que explicam esses fenômenos é fundamental para</p><p>o sucesso na carreira (PIRES; SOLVEIRA, 2011).</p><p>Com base nas teorias apresentadas, qual das afirmativas a seguir melhor representa a apli-</p><p>cação dos conceitos de aprendizagem social e anomia no contexto profissional?</p><p>I - Os estudantes devem observar e aprender com colegas e líderes bem-sucedidos, ado-</p><p>tando comportamentos que são recompensados no ambiente de trabalho, e evitar ações</p><p>desviantes ou antiéticas, mesmo em situações de frustração.</p><p>II - Em ambientes com poucas oportunidades, os estudantes devem buscar meios alter-</p><p>nativos, mesmo que ilegítimos, para alcançar seus objetivos profissionais, ignorando as</p><p>normas sociais e organizacionais.</p><p>III - Os estudantes devem se concentrar apenas no desenvolvimento de habilidades técnicas,</p><p>pois as teorias da aprendizagem social e da anomia não são relevantes para o ambiente</p><p>profissional.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1</p><p>1</p><p>9</p><p>É correto o que se afirma em:</p><p>a) I, apenas.</p><p>b) III, apenas.</p><p>c) I e II, apenas.</p><p>d) II e III, apenas.</p><p>e) I, II e III.</p><p>3. A coesão social e a estabilidade de uma sociedade estão intimamente ligadas à percepção</p><p>que os indivíduos têm sobre a legitimidade das instituições que regem essa sociedade. Essa</p><p>relação é explorada pela teoria da legitimidade das instituições, que destaca a importância</p><p>da aceitação das estruturas de poder e autoridade estabelecidas (CARDOSO, 2004).</p><p>Segundo a teoria apresentada, qual é o fator crucial para o funcionamento eficaz de uma</p><p>sociedade?</p><p>a) A imposição rígida de regras e normas pelas instituições.</p><p>b) A percepção de legitimidade das instituições sociais pelos cidadãos</p><p>c) A existência de um sistema legal punitivo rigoroso.</p><p>d) A centralização do poder em uma única instituição governamental.</p><p>e) A adoção de políticas econômicas favoráveis ao desenvolvimento.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BANDURA, A. Teoria social cognitiva: conceitos básicos. Porto Alegre: Artmed, 2001.</p><p>CARDOSO, A. J. Anomia, crime e desvio. São Paulo: Atlas, 2004.</p><p>DURKHEIM, E. The division of labor in society. New York: Free Press, 1893.</p><p>GOMES, C. M. A. Teorias da aprendizagem. São Paulo: EPU, 2007.</p><p>MERTON, R. K. Social theory and social structure. New York: Free Press, 1957.</p><p>PIRES, A. S.; SILVEIRA, R. L. F. Desvio e crime: um estudo sobre anomia e conduta desviante.</p><p>Curitiba: Juruá, 2011.</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>1. Alternativa D. De acordo com o texto: a teoria da anomia institucional é uma perspectiva</p><p>sociológica que explora as relações entre as instituições sociais e a anomia, um estado de</p><p>desordem social e falta de normas ou regras claras. A anomia institucional surge quando as</p><p>instituições sociais falham em fornecer orientação adequada e normas claras para os indi-</p><p>víduos, levando a uma desintegração ou fraqueza nas estruturas normativas da sociedade.</p><p>2. Alternativa A. Das três afirmativas, a afirmativa I é a única correta, pois, de acordo com o</p><p>texto: os estudantes podem aplicar essas teorias ao observar e aprender com colegas de</p><p>trabalho, supervisores e líderes organizacionais. Ao entender como os comportamentos</p><p>são recompensados ou punidos no ambiente de trabalho, os estudantes podem ajustar</p><p>seu próprio comportamento para se alinhar às expectativas da organização. Além disso, o</p><p>texto menciona que organizações que promovem um ambiente de trabalho justo, equitativo</p><p>e com oportunidades claras de progresso podem ajudar a reduzir a anomia e a frustração</p><p>entre seus funcionários.</p><p>3. Alternativa B. De acordo com o texto, a teoria da legitimidade das instituições sugere que</p><p>a legitimidade das instituições é essencial para o funcionamento eficaz da sociedade, pois</p><p>ela influencia o grau de confiança, obediência e cooperação dos cidadãos com essas ins-</p><p>tituições. Portanto, a percepção de legitimidade das instituições sociais pelos cidadãos é o</p><p>fator crucial para o funcionamento eficaz de uma sociedade, segundo a teoria apresentada.</p><p>GABARITO</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>MINHAS ANOTAÇÕES</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>UNIDADE 3</p><p>MINHAS METAS</p><p>AS TEORIAS DO CONTROLE E DA</p><p>DESORGANIZAÇÃO SOCIAL</p><p>Entender as Teorias do Controle Social.</p><p>Compreender a Teoria do Autocontrole (self-control).</p><p>Conhecer a Teoria do controle social informal dependente da idade.</p><p>Analisar a Teoria da desorganização social.</p><p>Explorar a Teoria ecológica contemporânea.</p><p>Analisar a relação entre as Teorias do Controle e da Desorganização Social.</p><p>Avaliar os conhecimentos obtidos.</p><p>T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 7</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>INICIE SUA JORNADA</p><p>Estudante, você já parou para pensar como as teorias do controle e da desorga-</p><p>nização social podem ser experimentadas, significadas e refletidas para melhor</p><p>compreender e abordar os desafios enfrentados pelas comunidades?</p><p>Imagine que um grupo de estudantes de ciências sociais decidiu realizar uma</p><p>pesquisa de campo em uma comunidade urbana afetada por altos índices de</p><p>criminalidade. Eles optam por aplicar as lentes das teorias do controle e da de-</p><p>sorganização social para entender melhor os fatores que contribuem para esse</p><p>cenário. Esses estudantes mergulham na comunidade, entrevistando moradores,</p><p>observando o ambiente físico e social e coletando dados quantitativos e qualita-</p><p>tivos sobre aspectos como coesão comunitária, acesso a serviços sociais, níveis</p><p>de desemprego e presença de redes de apoio informal.</p><p>Dessa maneira, eles criam uma base de observações e dados coletados e</p><p>começam a analisar como os elementos das teorias do controle e da desorganiza-</p><p>ção social se manifestam na comunidade estudada. Eles identificam os sistemas</p><p>de normas e valores sociais que influenciam o comportamento dos residentes</p><p>(teoria do controle) e examinam como fatores estruturais como desemprego</p><p>e fragmentação comunitária impactam a coesão social e aumentam o risco de</p><p>comportamentos desviantes (teoria da desorganização social).</p><p>Ao refletir sobre suas descobertas, os estudantes são desafiados a considerar</p><p>as limitações das teorias do controle e da desorganização social. Eles reconhecem</p><p>que essas teorias oferecem uma estrutura útil para entender os problemas sociais,</p><p>mas também destacam a importância de outros fatores, como raça, gênero e</p><p>classe social, na dinâmica comunitária. Além disso, os estudantes refletem sobre</p><p>como podem aplicar de forma inovadora essas teorias na prática para desenvol-</p><p>ver soluções eficazes e inclusivas para os desafios enfrentados pela comunidade.</p><p>Todavia, essa experiência permite que você não apenas aplique conceitos</p><p>teóricos em situações reais, mas também reflita criticamente sobre essas teorias,</p><p>ampliando sua compreensão e capacidade de abordar os complexos problemas</p><p>sociais de nossa sociedade.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 7</p><p>Estudante, o que acha de se aprofundar nesse assunto de maneira mais leve e di-</p><p>vertida? Neste podcast, falamos um pouco mais sobre as Teorias do Controle e da</p><p>Desorganização Social, vamos ouvir? Recursos de mídia disponíveis no conteúdo</p><p>digital do ambiente virtual de aprendizagem .</p><p>PLAY NO CONHECIMENTO</p><p>VAMOS RECORDAR?</p><p>Deixo aqui uma sugestão de vídeo para que vocês possam, de maneira resumida,</p><p>entender o que são as Teorias do Controle e da Desorganização Social,</p><p>antes de darmos seguimento em nosso material. https://www.youtube.com/</p><p>watch?v=rxpTTWWks-Q.</p><p>DESENVOLVA SEU POTENCIAL</p><p>TEORIA DO CONTROLE</p><p>A Teoria do Controle, proposta por Travis Hirschi, e a Teoria da Desorganiza-</p><p>ção Social, desenvolvida por Clifford Shaw e Henry McKay, abordam questões</p><p>fundamentais sobre o comportamento humano e o funcionamento das comuni-</p><p>dades. Ambas as teorias se concentram em compreender os fatores que influen-</p><p>ciam o comportamento desviante e criminoso, mas abordam essas questões de</p><p>maneiras distintas.</p><p>A Teoria do Controle questiona por que as pessoas se conformam às nor-</p><p>mas sociais, enquanto a Teoria da Desorganização Social explora como as</p><p>condições do ambiente social afetam as taxas de criminalidade e desvio.</p><p>A Teoria do Controle enfatiza a importância dos laços sociais e dos vínculos</p><p>afetivos na conformidade com as normas sociais. Hirschi (2002) argumenta que</p><p>os indivíduos com laços sociais fortes, como vínculos familiares, compromissos</p><p>institucionais, envolvimento escolar e crenças moralmente internalizadas, têm</p><p>menos probabilidade de se envolver em comportamentos desviantes.</p><p>1</p><p>1</p><p>8</p><p>Por outro lado, a Teoria da Desorganização Social sugere que a falta de coesão</p><p>social, a pobreza, a desigualdade e a instabilidade no ambiente social podem levar</p><p>a altas taxas de criminalidade e desvio. Shaw e McKay destacam a importância</p><p>do contexto social na determinação dos padrões de comportamento desviante</p><p>em comunidades urbanas (SAWAIA, 2002).</p><p>Pesquisas empíricas têm sido conduzidas para testar e validar as premissas</p><p>das Teorias do Controle e da Desorganização Social. Estudos sobre a Teoria do</p><p>Controle têm examinado a relação entre laços sociais, supervisão e oportunida-</p><p>des de envolvimento em atividades desviantes. Essas pesquisas, frequentemente,</p><p>utilizam métodos quantitativos para medir a força dos laços sociais e sua relação</p><p>com o comportamento desviante.</p><p>Pesquisas sobre a Teoria da Desorganização Social têm investigado como va-</p><p>riáveis como pobreza, desemprego, densidade populacional e coesão comunitária</p><p>estão relacionadas às taxas de crime e ao desvio em diferentes áreas urbanas. Mé-</p><p>todos quantitativos e qualitativos são comumente empregados para analisar essas</p><p>relações. Ambas as teorias têm contribuições significativas para a compreensão</p><p>do comportamento desviante e das dinâmicas sociais.</p><p>A Teoria do Controle destaca a importância dos laços sociais e do investimen-</p><p>to em instituições sociais na prevenção do desvio, fornecendo insights valiosos</p><p>para políticas de prevenção ao crime e programas de intervenção. Por sua vez, a</p><p>Teoria da Desorganização Social chama a atenção para a influência do ambiente</p><p>social na ocorrência de comportamentos desviantes, destacando a importância de</p><p>abordagens baseadas na comunidade para lidar com questões de crime e desvio.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>9</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 7</p><p>Refletir sobre essas teorias nos permite entender melhor as complexidades</p><p>do comportamento humano e as interações entre os indivíduos e seu ambiente</p><p>social, fornecendo uma base sólida para abordagens mais eficazes na prevenção</p><p>e redução do crime e do desvio.</p><p>As Teorias do Controle Social</p><p>As teorias do controle social são fundamentais para a compreensão dos me-</p><p>canismos que regem a ordem e a estabilidade dentro de uma sociedade. Ao</p><p>explorar essas teorias, os estudantes são imersos em um mundo de conceitos</p><p>complexos e dinâmicos que lançam luz sobre a interação entre indivíduos e</p><p>instituições sociais.</p><p>Um dos principais pontos de discussão ao abordar as teorias do controle</p><p>social é a questão do que mantém os indivíduos dentro dos limites estabelecidos</p><p>pela sociedade. Por que algumas pessoas obedecem às normas e valores sociais,</p><p>enquanto outras as desafiam ou ignoram? Como as instituições sociais, como</p><p>família, escola e religião, exercem influência sobre o comportamento humano?</p><p>Essas são perguntas cruciais que estimulam a reflexão e a análise crítica por</p><p>parte dos estudantes.</p><p>Ao mergulhar no estudo das teorias do controle social, se descobre a rele-</p><p>vância desses conceitos em diversas áreas, desde a sociologia até a criminologia</p><p>e além. Aprendemos, ainda, que o controle social não se limita apenas à apli-</p><p>cação de leis e sanções formais, mas também se manifesta por meio de pro-</p><p>cessos informais de socialização e conformidade. Compreender esses mecanis-</p><p>mos é essencial para entender a coesão social e os padrões de comportamento</p><p>em uma comunidade.</p><p>Durante sua jornada acadêmica, você tem a oportunidade de experimentar as</p><p>teorias do controle social em contextos práticos, realizando pesquisas de campo,</p><p>entrevistas e análises de dados para investigar como diferentes formas de con-</p><p>trole social operam em diferentes ambientes sociais. Além disso, pode explorar</p><p>estudos de caso e exemplos do mundo real para ilustrar a aplicação dessas teorias</p><p>em situações concretas.</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>A reflexão é uma parte essencial do processo de aprendizagem sobre as teorias</p><p>do controle social. Você, estudante, é incentivado a considerar as implicações</p><p>éticas e morais dessas teorias, bem como suas limitações e críticas. Você será</p><p>desafiado a pensar criticamente sobre como o controle social pode ser utilizado</p><p>para promover a justiça e a equidade, ao mesmo tempo em que protege os direitos</p><p>e a liberdade individuais.</p><p>A TEORIA DO AUTOCONTROLE (SELF-CONTROL)</p><p>A teoria do autocontrole, também conhecida como teoria do self-control, oferece</p><p>uma perspectiva intrigante sobre o comportamento humano e sua relação com a</p><p>autodisciplina. Desenvolvida por pesquisadores como, essa teoria propõe que o</p><p>autocontrole desempenha um papel central na vida das pessoas, influenciando</p><p>uma variedade de comportamentos e resultados.</p><p>Um dos principais pontos de partida para a compreensão da teoria do au-</p><p>tocontrole é a questão do porquê algumas pessoas conseguem resistir a tenta-</p><p>ções e manter-se focadas em seus objetivos, enquanto outras têm dificuldade em</p><p>controlar impulsos e adiar gratificações. Por que algumas pessoas parecem ter</p><p>uma capacidade natural de autodisciplina, enquanto outras lutam para controlar</p><p>seus impulsos? Essa questão fundamental desafia os pesquisadores a explorar</p><p>as origens e os efeitos do autocontrole em diferentes aspectos da vida humana.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 7</p><p>A relevância da teoria do autocontrole é evidente em diversas áreas, desde a</p><p>psicologia e a sociologia até a economia e a saúde. Ela oferece insights valiosos</p><p>sobre questões como criminalidade, comportamento de risco, saúde mental e</p><p>sucesso acadêmico e profissional. Compreender os mecanismos por trás do au-</p><p>tocontrole não apenas nos ajuda a entender melhor o comportamento humano,</p><p>mas também nos capacita a desenvolver estratégias eficazes para promover a</p><p>autodisciplina e alcançar nossos objetivos.</p><p>Ao aplicar a teoria do autocontrole em contextos práticos, os pesquisadores e</p><p>profissionais têm a oportunidade de testar suas premissas e explorar suas impli-</p><p>cações. Estudos experimentais podem investigar como intervenções específicas,</p><p>como treinamento de habilidades de autorregulação, afetam o comportamento</p><p>das pessoas em situações desafiadoras. Além disso, pesquisas longitudinais po-</p><p>dem examinar como o autocontrole se desenvolve ao longo do tempo e como</p><p>pode ser influenciado por fatores individuais e contextuais.</p><p>Refletir sobre a teoria do autocontrole nos desafia a considerar questões mais</p><p>profundas sobre a natureza humana e a liberdade de escolha. Até que ponto</p><p>somos realmente responsáveis por nossas ações, dadas as limitações do nosso</p><p>autocontrole? Como podemos equilibrar a necessidade de autodisciplina com</p><p>a importância do autocuidado e da compaixão por nós mesmos e pelos outros?</p><p>Essas reflexões nos incentivam a abordar o autocontrole com uma perspectiva</p><p>mais holística e compassiva.</p><p>A TEORIA DO CONTROLE SOCIAL INFORMAL DEPENDENTE</p><p>DA IDADE</p><p>A Teoria do Controle Social Informal Dependente da Idade, também conhecida</p><p>como Teoria do Controle Social Diferencial, é uma perspectiva dentro da crimi-</p><p>nologia e sociologia que examina como o controle social varia ao longo do ciclo</p><p>de vida de um indivíduo. Desenvolvida por Travis Hirschi em sua obra seminal</p><p>Causas do Comportamento Delinquente, essa teoria sugere que a influência do</p><p>controle social informal, como aqueles exercidos pela família, escola e amigos,</p><p>varia conforme a idade de uma pessoa.</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>Durante a infância e a adolescência, o controle social é frequentemente mais</p><p>forte, com a família e a escola desempenhando papéis fundamentais na sociali-</p><p>zação e na imposição de normas e valores. Os pais têm grande influência sobre as</p><p>atividades e comportamentos de seus filhos, enquanto a escola estabelece regras</p><p>e expectativas que moldam o comportamento dos alunos.</p><p>No entanto, à medida que os indivíduos entram na idade adulta, o controle</p><p>social, muitas vezes, se torna menos dependente das instituições formais, como a</p><p>família e a escola, e mais influenciado pelos pares e pelo ambiente de trabalho. Os</p><p>adultos têm mais autonomia e liberdade para fazer escolhas pessoais, e o controle</p><p>social informal é exercido principalmente por meio das redes sociais e normas</p><p>sociais estabelecidas pela comunidade e pelo grupo de pares.</p><p>Essa teoria sugere que a variação no controle social ao longo do ciclo de</p><p>vida de uma pessoa pode influenciar seu envolvimento em comportamentos</p><p>desviantes e criminais. Por exemplo, os jovens que têm um forte vínculo com a</p><p>família e uma conexão positiva com a escola são menos propensos a se envolver</p><p>em comportamentos delinquentes. No entanto, à medida que esses laços sociais</p><p>diminuem na idade adulta, o risco de comportamento desviante pode aumentar</p><p>se não houver substitutos adequados para essas formas de controle social.</p><p>Desse modo, a Teoria do Controle Social Informal Dependente da Idade</p><p>destaca a importância da compreensão das mudanças no controle social ao longo</p><p>da vida de um indivíduo para entender os padrões de comportamento desviante</p><p>e criminalidade em diferentes estágios do desenvolvimento humano.</p><p>A Teoria da Desorganização Social</p><p>A Teoria da Desorganização Social é uma abordagem criminológica que busca</p><p>explicar a incidência de crime e desordem em determinadas áreas urbanas com</p><p>base na falta de coesão social e no enfraquecimento das instituições sociais. Essa</p><p>teoria foi inicialmente desenvolvida por sociólogos da Escola de Ecologia Urbana</p><p>de Chicago, particularmente por Clifford Shaw e Henry McKay, durante a década</p><p>de 1920 e 1930.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 7</p><p>A teoria parte do pressuposto de que a estrutura social e a organização co-</p><p>munitária são fatores críticos que influenciam a taxa de criminalidade em uma</p><p>área. Quando uma comunidade carece de coesão social, laços sociais fortes e</p><p>instituições eficazes, ela se torna mais propensa à desorganização social. Essa</p><p>desorganização pode ser resultado de vários fatores, como pobreza, desemprego,</p><p>migração, segregação racial, deterioração física do ambiente urbano e instabili-</p><p>dade familiar.</p><p>Os principais conceitos e argumentos da Teoria da Desorganização Social</p><p>incluem (SALLA, 2017):</p><p>CONCEITO DE DESORGANIZAÇÃO SOCIAL</p><p>Refere-se à incapacidade de uma comunidade de estabelecer normas sociais coesas</p><p>e de manter a ordem social. Isso pode levar à falta de supervisão efetiva das crianças, à</p><p>ausência de controle informal sobre o comportamento e à fraca coesão social.</p><p>EFEITO DA DESORGANIZAÇÃO NA CRIMINALIDADE</p><p>A desorganização social é, frequentemente, associada a taxas mais altas de crime e</p><p>desordem. Quando as estruturas sociais se enfraquecem, os indivíduos podem se sen-</p><p>tir menos conectados à comunidade e menos propensos a obedecer às normas sociais.</p><p>INFLUÊNCIA DO AMBIENTE FÍSICO</p><p>A teoria da desorganização social também considera o ambiente físico das áreas urba-</p><p>nas. Bairros que sofrem de falta de manutenção, abandono de propriedades e espaços</p><p>públicos mal cuidados são mais propensos a serem desorganizados e, consequente-</p><p>mente, a experimentarem níveis mais altos de criminalidade.</p><p>IMPORTÂNCIA DA COESÃO SOCIAL E DO CONTROLE SOCIAL</p><p>A presença de laços sociais fortes e de instituições comunitárias ativas pode ajudar a</p><p>prevenir o crime e a desordem, mesmo em áreas caracterizadas por condições socioe-</p><p>conômicas desfavoráveis. Quando os residentes se sentem conectados uns aos outros</p><p>e têm um senso de responsabilidade mútua, eles estão mais inclinados a monitorar e</p><p>controlar o comportamento desviante.</p><p>1</p><p>1</p><p>4</p><p>Dessa maneira, a Teoria da Desorganização Social destaca a importância do</p><p>contexto social e ambiental na determinação dos padrões de comportamento</p><p>criminoso em uma comunidade. Ela sugere que, para reduzir a criminalidade,</p><p>é necessário fortalecer os laços sociais, promover a coesão comunitária e me-</p><p>lhorar as condições socioeconômicas e físicas das áreas urbanas afetadas pela</p><p>desorganização social.</p><p>A Teoria</p><p>Ecológica Contemporânea</p><p>A teoria ecológica contemporânea, também conhecida como a teoria da ecologia</p><p>humana, é uma abordagem sociológica que explora as interações dinâmicas entre</p><p>os seres humanos e seus ambientes sociais, físicos e naturais. Essa teoria evoluiu</p><p>a partir das bases estabelecidas pela Escola de Ecologia Urbana de Chicago, fun-</p><p>dada por pesquisadores como Robert Park, Ernest Burgess e Louis Wirth, na</p><p>primeira metade do século XX. No entanto, a teoria ecológica contemporânea</p><p>ampliou seu escopo para além das áreas urbanas e integrou insights de diversas</p><p>disciplinas, como sociologia, geografia, antropologia e ciências ambientais.</p><p>As principais características e conceitos da teoria ecológica</p><p>contemporânea incluem:</p><p>ENFOQUE NO AMBIENTE HUMANO</p><p>A teoria ecológica contemporânea examina o ambiente humano como um sistema</p><p>complexo, em que as interações entre os indivíduos e seu ambiente físico, social e</p><p>cultural influenciam o comportamento humano, as relações sociais e a organização</p><p>da sociedade.</p><p>ANÁLISE DOS SISTEMAS SOCIAIS E ESPACIAIS</p><p>Ela se concentra na análise dos padrões espaciais e distribuição de recursos, popula-</p><p>ção e atividades humanas em diferentes escalas geográficas, desde o nível local até o</p><p>global. Isso inclui o estudo de comunidades, bairros, regiões e até mesmo fenômenos</p><p>globais, como migração e mudanças climáticas.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>5</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 7</p><p>INTERDEPENDÊNCIA ENTRE PESSOAS E LUGAR</p><p>A teoria enfatiza a interdependência entre os seres humanos e seu ambiente, argu-</p><p>mentando que o lugar onde vivem e interagem influencia sua identidade, compor-</p><p>tamento e oportunidades. Por exemplo, a qualidade do ambiente construído, acesso</p><p>a serviços e recursos, bem como a cultura local, podem moldar as experiências e</p><p>oportunidades de vida das pessoas.</p><p>DIVERSIDADE E DESIGUALDADE</p><p>A teoria ecológica contemporânea reconhece a diversidade e a desigualdade social</p><p>dentro dos contextos espaciais. Ela investiga como fatores como classe social, raça,</p><p>etnia, gênero e idade se entrelaçam com o ambiente físico e social para moldar as</p><p>experiências e oportunidades dos indivíduos e grupos.</p><p>ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR</p><p>Ela integra insights teóricos e metodológicos de várias disciplinas para entender a</p><p>complexidade das relações entre humanos e ambiente. Isso inclui métodos de pesqui-</p><p>sa quantitativos e qualitativos, análise espacial, modelagem computacional e aborda-</p><p>gens participativas envolvendo comunidades locais.</p><p>Dessa maneira, a teoria ecológica contemporânea oferece uma lente holística para</p><p>compreender as interações entre os seres humanos e seus ambientes, destacando</p><p>a importância de considerar o contexto espacial, social, cultural e ambiental ao</p><p>analisar questões sociais, econômicas e ambientais.</p><p>Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este</p><p>tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de</p><p>aprendizagem .</p><p>EM FOCO</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>NOVOS DESAFIOS</p><p>As Teorias do Controle Social e da Desorganização Social oferecem insights va-</p><p>liosos para entender o comportamento humano e as dinâmicas que moldam o</p><p>ambiente profissional e as perspectivas no mercado de trabalho.</p><p>Desse modo, essas teorias se conectam à prática e às perspectivas profissio-</p><p>nais, pois na prática, a Teoria do Controle Social destaca a importância de laços</p><p>sociais fortes e instituições eficazes na prevenção do comportamento desviante.</p><p>No ambiente profissional, podem aplicar esse conceito desenvolvendo redes pro-</p><p>fissionais sólidas, participando de grupos profissionais e estabelecendo relações</p><p>de trabalho colaborativas.</p><p>A compreensão dos mecanismos de controle social pode ajudar a entender</p><p>como as normas organizacionais e as políticas de recursos humanos são esta-</p><p>belecidas para promover comportamentos aceitáveis e desencorajar condutas</p><p>inadequadas no local de trabalho.</p><p>A aplicação dos princípios da Teoria do Controle Social, ajudam a desenvol-</p><p>ver habilidades de autorregulação e autogestão, reconhecendo a importância do</p><p>autocontrole e da responsabilidade pessoal para o sucesso profissional.</p><p>Por sua vez, a Teoria da Desorganização Social destaca a influência do am-</p><p>biente físico e social na ocorrência de crime e desordem. No contexto profissional,</p><p>podem reconhecer como a desorganização ou a falta de estrutura organizacional</p><p>podem afetar negativamente o desempenho e a eficácia no trabalho.</p><p>Dessa maneira, compreender as raízes da desorganização social pode in-</p><p>centivar você, estudant e, a valorizar a importância de um ambiente de tra-</p><p>balho bem estruturado e organizado, promovendo a eficiência e o bem-estar</p><p>dos funcionários.</p><p>Os profissionais podem aplicar os princípios da Teoria da Desorganização</p><p>Social ao considerar a importância do design do local de trabalho, da gestão</p><p>de recursos e do estabelecimento de políticas que promovam um ambiente de</p><p>trabalho seguro, saudável e produtivo.</p><p>Portanto, integrar as Teorias do Controle e da Desorganização Social no seu</p><p>currículo não apenas fornece uma compreensão mais profunda do comporta-</p><p>mento humano e social, mas também os equipa com habilidades e perspectivas</p><p>relevantes para enfrentar os desafios e prosperar no ambiente profissional futuro.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>1. A capacidade de regular nossas ações e impulsos é um aspecto fundamental da natureza</p><p>humana. Compreender os mecanismos por trás dessa habilidade é crucial para entender</p><p>os padrões de comportamento em nossa sociedade (SALLA, 2017).</p><p>Qual das alternativas a seguir descreve corretamente a Teoria do Autocontrole (self-control),</p><p>de acordo com o que foi estudado?</p><p>a) A Teoria do Autocontrole sugere que indivíduos com alto autocontrole tendem a se</p><p>envolver em comportamentos antissociais e desviantes.</p><p>b) Segundo a Teoria do Autocontrole, o autocontrole é uma habilidade inata e imutável,</p><p>determinada exclusivamente por fatores genéticos.</p><p>c) A Teoria do Autocontrole propõe que indivíduos com baixo autocontrole são mais pro-</p><p>pensos a se envolver em comportamentos impulsivos e de risco.</p><p>d) De acordo com a Teoria do Autocontrole, o autocontrole é uma habilidade irrelevante</p><p>para o comportamento humano e não influencia os resultados na vida.</p><p>e) A Teoria do Autocontrole afirma que o autocontrole é um conceito exclusivo da psicologia</p><p>e não tem relação com a sociologia ou a criminologia.</p><p>2. A teoria ecológica contemporânea oferece uma perspectiva abrangente para compreen-</p><p>der as interações entre os seres humanos e seus ambientes, ressaltando a importância de</p><p>considerar o contexto espacial, social, cultural e ambiental ao analisar questões sociais,</p><p>econômicas e ambientais (SALLA, 2017).</p><p>As Teorias do Controle Social e da Desorganização Social são relevantes para a prática pro-</p><p>fissional, pois fornecem insights sobre:</p><p>I - A importância de estabelecer políticas rígidas e inflexíveis no ambiente de trabalho para</p><p>prevenir comportamentos inadequados.</p><p>II - A necessidade de criar ambientes de trabalho isolados e controlados, evitando influên-</p><p>cias externas que possam levar à desorganização.</p><p>III - A relevância de desenvolver redes profissionais sólidas, promover a autorregulação e</p><p>valorizar um ambiente de trabalho bem estruturado.</p><p>É correto o que se afirma em:</p><p>a) I, apenas.</p><p>b) III, apenas.</p><p>c) I e II, apenas.</p><p>d) II e III, apenas.</p><p>e) I, II e III.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1</p><p>1</p><p>8</p><p>3. A capacidade de controlar impulsos e adiar gratificações é um aspecto fundamental da</p><p>natureza humana. Essa habilidade, conhecida como autocontrole, tem implicações signi-</p><p>ficativas em diversas áreas da vida, desde o desempenho acadêmico e profissional até a</p><p>saúde mental e o comportamento social.</p><p>De acordo com o que foi estudado, qual das alternativas a seguir melhor descreve a Teoria</p><p>do Controle Social Informal Dependente da Idade?</p><p>a) A teoria sugere que o controle social informal é constante ao longo da vida, não variando</p><p>conforme a idade do indivíduo.</p><p>b) Segundo a teoria, o controle social informal é mais forte durante a infância e a adolescên-</p><p>cia,</p><p>exercido principalmente pela família e pela escola, e tende a diminuir na idade adulta.</p><p>c) A teoria afirma que o controle social informal é mais fraco durante a infância e a adoles-</p><p>cência, tornando-se mais forte na idade adulta, quando os indivíduos estão mais sujeitos</p><p>às normas sociais e ao ambiente de trabalho.</p><p>d) De acordo com a teoria, o controle social informal é igualmente forte em todas as fases</p><p>da vida, independentemente da idade ou das instituições envolvidas.</p><p>e) A teoria sugere que o controle social informal é mais forte na idade adulta, quando os</p><p>indivíduos estão mais suscetíveis à influência dos pares e do ambiente de trabalho.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1</p><p>1</p><p>9</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>HIRSCHI, T. Causas do comportamento delinquente. New Jersey: Transaction Publishers, 2002.</p><p>SALLA, F. Criminologia e política criminal. São Paulo: Saraiva, 2017.</p><p>SAWAIA, B. B. Teoria crítica e psicologia: os impasses do controle social e da emancipação. São</p><p>Paulo: Cortez, 2002.</p><p>1</p><p>4</p><p>1</p><p>1. Alternativa C. De acordo com o texto, a Teoria do Autocontrole (self-control) propõe que</p><p>indivíduos com baixo autocontrole são mais propensos a se envolver em comportamentos</p><p>impulsivos e de risco. Essa afirmação está presente no seguinte trecho: essa teoria propõe</p><p>que o autocontrole desempenha um papel central na vida das pessoas, influenciando uma</p><p>variedade de comportamentos e resultados.</p><p>2. A alternativa B, pois, de acordo com o texto: a Teoria do Controle Social destaca a importância</p><p>de laços sociais fortes e instituições eficazes na prevenção do comportamento desviante. No</p><p>ambiente profissional, pode ser aplicado esse conceito desenvolvendo redes profissionais</p><p>sólidas, participando de grupos profissionais e estabelecendo relações de trabalho colabo-</p><p>rativas. Por sua vez, a Teoria da Desorganização Social destaca a influência do ambiente físico</p><p>e social na ocorrência de crime e desordem. No contexto profissional, podem reconhecer</p><p>como a desorganização ou a falta de estrutura organizacional podem afetar negativamente</p><p>o desempenho e a eficácia no trabalho.</p><p>3. Alternativa B. Durante a infância e a adolescência, o controle social é frequentemente mais</p><p>forte, com a família e a escola desempenhando papéis fundamentais na socialização e na</p><p>imposição de normas e valores. [...]. No entanto, à medida que os indivíduos entram na idade</p><p>adulta, o controle social, muitas vezes, se torna menos dependente das instituições formais,</p><p>como a família e a escola, e mais influenciado pelos pares e pelo ambiente de trabalho.”</p><p>confirma que, segundo a Teoria do Controle Social Informal Dependente da Idade, o controle</p><p>social informal é mais forte durante a infância e a adolescência, exercido principalmente pela</p><p>família e pela escola, e tende a diminuir na idade adulta.</p><p>GABARITO</p><p>1</p><p>4</p><p>1</p><p>MINHAS METAS</p><p>ENFOQUE CRÍTICO</p><p>Compreender a heterogeneidade dos enfoques críticos.</p><p>Conhecer a criminologia radical.</p><p>Entender a nova criminologia.</p><p>Descobrir a teoria unificada do conflito.</p><p>Explorar a relação entre a criminologia realista, a criminologia verde e a criminologia</p><p>feminista.</p><p>Analisar a criminologia pós-moderna.</p><p>Avaliar os conhecimentos obtidos.</p><p>T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 8</p><p>1</p><p>4</p><p>1</p><p>INICIE SUA JORNADA</p><p>Como os enfoques críticos da criminologia desafiam as concepções convencionais</p><p>de crime, justiça e poder, e de que forma os estudantes podem experimentar,</p><p>significar e refletir sobre essas questões em sua formação profissional?</p><p>Para exemplificar a experimentação, significação e reflexão dos enfoques</p><p>críticos da criminologia, considere a seguinte situação:</p><p>Um grupo de estudantes de criminologia decide se envolver em um projeto</p><p>comunitário em um bairro urbano afetado por altos índices de criminalidade.</p><p>Eles optam por trabalhar em parceria com organizações locais que oferecem</p><p>serviços de apoio a jovens em situação de vulnerabilidade.</p><p>Os estudantes participam de programas de mentoria, atividades esportivas</p><p>e culturais e workshops educacionais, visando engajar os jovens da comunidade</p><p>em atividades construtivas e promover alternativas ao envolvimento com o crime.</p><p>Essa experiência prática permite que os estudantes apliquem seus</p><p>conhecimentos teóricos em contextos do mundo real, interagindo diretamente</p><p>com os indivíduos afetados pelo fenômeno criminal.</p><p>Durante sua participação no projeto comunitário, os estudantes começam</p><p>a compreender as complexidades subjacentes à criminalidade e ao sistema de</p><p>justiça criminal. Eles reconhecem como as desigualdades econômicas e raciais</p><p>influenciam as oportunidades disponíveis para os jovens da comunidade e como</p><p>as políticas criminais podem perpetuar essas disparidades.</p><p>Além disso, os estudantes significam suas experiências ao se conectarem com</p><p>os moradores locais e testemunharem em primeira mão os desafios enfrentados</p><p>pela comunidade. Eles desenvolvem empatia e compreensão das realidades</p><p>sociais e econômicas que contribuem para o ciclo da criminalidade.</p><p>Após o término do projeto comunitário, os estudantes são incentivados</p><p>a refletir sobre suas experiências e aprendizados. Eles questionam suas</p><p>próprias suposições e preconceitos, examinam o impacto de suas ações no</p><p>contexto social mais amplo e consideram formas de promover mudanças</p><p>positivas na comunidade.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>4</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 8</p><p>Essa reflexão contínua permite que você, estudante, se torne um profissional</p><p>mais consciente e crítico, capaz de reconhecer e enfrentar as injustiças presentes</p><p>no sistema de justiça criminal. Você se tornará agente de mudança informado e</p><p>ético, comprometido em trabalhar para uma sociedade mais justa e equitativa.</p><p>Estudante, o que acha de se aprofundar nesse assunto de maneira mais leve e</p><p>divertida? Neste podcast, falamos um pouco mais sobre o enfoque crítico na cri-</p><p>minologia, vamos ouvir? Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do</p><p>ambiente virtual de aprendizagem .</p><p>PLAY NO CONHECIMENTO</p><p>VAMOS RECORDAR?</p><p>Deixo aqui uma sugestão de vídeo para que vocês possam, de</p><p>maneira resumida, entender quais são os enfoques críticos da</p><p>criminologia, antes de darmos seguimento em nosso material.</p><p>Acesse em: https://www.youtube.com/watch?v=FFxJHZfHlmc.</p><p>DESENVOLVA SEU POTENCIAL</p><p>A HETEROGENEIDADE DOS ENFOQUES CRÍTICOS</p><p>A heterogeneidade dos enfoques críticos é um tema central dentro das ciências</p><p>sociais, especialmente em campos como a sociologia, a antropologia e os estu-</p><p>dos culturais. Refere-se à diversidade de abordagens teóricas e metodológicas</p><p>utilizadas por pesquisadores que adotam uma perspectiva crítica em relação à</p><p>sociedade, à cultura e às relações de poder.</p><p>1</p><p>4</p><p>4</p><p>Essa heterogeneidade é evidente em várias dimensões:</p><p>■ Diversidade Teórica</p><p>• Marxismo: alguns enfoques críticos baseiam-se nas análises de Karl</p><p>Marx, enfocando questões econômicas, classes sociais e lutas de classe</p><p>como elementos centrais para entender as dinâmicas sociais.</p><p>• Feminismo: outros enfoques críticos estão enraizados no feminismo,</p><p>destacando as desigualdades de gênero, patriarcado e empoderamento</p><p>das mulheres como áreas fundamentais de estudo e intervenção.</p><p>• Teoria Crítica: há também aqueles que se inspiram na tradição da Es-</p><p>cola de Frankfurt e da Teoria Crítica, analisando a cultura, a ideologia</p><p>e a mídia como instrumentos de dominação e alienação.</p><p>• Pós-colonialismo: outros enfoques críticos concentram-se nas rela-</p><p>ções coloniais e pós-coloniais, explorando questões de poder, identi-</p><p>dade e resistência em contextos globais e locais.</p><p>■ Diferenças Metodológicas</p><p>• Pesquisa qualitativa: muitos pesquisadores críticos empregam mé-</p><p>todos qualitativos, como entrevistas, observação participante e aná-</p><p>lise textual, para explorar a complexidade das experiências sociais</p><p>e culturais.</p><p>• Abordagens Interdisciplinares: alguns adotam abordagens interdisci-</p><p>plinares, combinando insights da sociologia, antropologia, história,</p><p>literatura e outras disciplinas para entender fenômenos sociais de ma-</p><p>neira mais abrangente.</p><p>• Ativismo e Engajamento: além disso,</p><p>muitos pesquisadores críticos</p><p>valorizam o engajamento com movimentos sociais e comunidades</p><p>marginalizadas, buscando formas de produzir conhecimento que con-</p><p>tribua para a transformação social e a justiça.</p><p>■ Diversidade de Temas</p><p>• Raça e Etnicidade: alguns enfoques críticos concentram-se nas ques-</p><p>tões de raça, etnia e racismo, investigando as formas como o precon-</p><p>ceito e a discriminação operam em diferentes contextos sociais.</p><p>• Meio Ambiente e Ecologia: outros exploram as relações entre socieda-</p><p>de e meio ambiente, analisando os impactos das políticas econômicas</p><p>e industriais sobre os ecossistemas e comunidades vulneráveis.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>4</p><p>5</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 8</p><p>• Cultura e Identidade: há também pesquisadores que se dedicam ao</p><p>estudo da cultura, identidade e representação, examinando como as</p><p>narrativas culturais moldam nossas percepções de nós mesmos e do</p><p>mundo ao nosso redor.</p><p>Por fim, a heterogeneidade dos enfoques críticos reflete a complexidade e a di-</p><p>versidade do pensamento social contemporâneo. Essa variedade de perspectivas</p><p>teóricas, metodológicas e temáticas enriquece o campo das ciências sociais, per-</p><p>mitindo uma análise mais abrangente e reflexiva das questões sociais, culturais e</p><p>políticas que moldam nossas vidas.</p><p>O ENFOQUE DO ETIQUETAMENTO</p><p>O enfoque do etiquetamento, também conhecido como teoria do rotulamento ou</p><p>labeling approach, é uma abordagem crítica dentro da criminologia e sociologia</p><p>que se concentra nas interações entre indivíduos e instituições sociais, especial-</p><p>mente no contexto do sistema de justiça criminal.</p><p>Essa abordagem sugere que a atribuição de rótulos e estigmas por parte da</p><p>sociedade e das autoridades pode influenciar significativamente o comporta-</p><p>mento e a identidade dos indivíduos, especialmente aqueles que são rotulados</p><p>como desviantes ou criminosos.</p><p>O processo de rotulamento é um elemento muito importante, pois o enfoque</p><p>do etiquetamento destaca que a sociedade possui normas e expectativas sobre</p><p>o comportamento adequado, e aqueles que violam essas normas são rotulados</p><p>como desviantes ou criminosos. Esse processo de rotulamento pode ser iniciado</p><p>por várias instituições sociais, como a polícia, o sistema judicial, a mídia e até</p><p>mesmo por indivíduos comuns.</p><p>Temos os efeitos do etiquetamento, uma vez rotulados como desviantes ou</p><p>criminosos, os indivíduos podem internalizar essas identidades e se comportar</p><p>de acordo com as expectativas associadas a esses rótulos. Isso é conhecido como</p><p>“profecia autorrealizável”.</p><p>Além disso, o etiquetamento pode levar à estigmatização e exclusão social,</p><p>dificultando a reintegração dos indivíduos na sociedade e aumentando as chances</p><p>de reincidência criminal.</p><p>1</p><p>4</p><p>1</p><p>Nesse sentido, as críticas ao Sistema de Justiça Criminal, também pertencem</p><p>ao enfoque do etiquetamento, por sua tendência a rotular e estigmatizar certos</p><p>grupos, como minorias étnicas, pobres e jovens, de forma desproporcionada. Ar-</p><p>gumenta-se que o sistema de justiça criminal, muitas vezes, perpetua e amplifica</p><p>as desigualdades sociais, em vez de promover a justiça e a reintegração social.</p><p>As Implicações Políticas e de Políticas Públicas, com base nessa perspectiva,</p><p>deveriam propor alternativas mais humanizadas, sendo que os defensores do</p><p>enfoque do etiquetamento defendem políticas de justiça criminal mais humanas</p><p>e centradas na reabilitação, em oposição a abordagens punitivas que enfatizam</p><p>a punição e o controle.</p><p>Também destacam a importância de programas de prevenção e intervenção</p><p>precoce que visam evitar o etiquetamento de indivíduos como desviantes e ofe-</p><p>recer oportunidades alternativas para a mudança de comportamento.</p><p>Portanto, o enfoque do etiquetamento destaca como os rótulos sociais in-</p><p>fluenciam o comportamento e a identidade dos indivíduos, especialmente na</p><p>esfera criminal. Ele destaca a necessidade de uma abordagem mais crítica e com-</p><p>passiva em relação ao sistema de justiça criminal e sugere formas de reduzir o</p><p>estigma e promover a reintegração social.</p><p>A CRIMINOLOGIA RADICAL</p><p>A criminologia radical é uma perspectiva teórica e prática que se baseia em uma</p><p>crítica profunda das estruturas sociais existentes, especialmente do sistema de</p><p>justiça criminal, e busca identificar e abordar as raízes estruturais da crimina-</p><p>lidade e do comportamento desviante. Caldeira (2016) ressalta que essa abor-</p><p>dagem difere das formas tradicionais de criminologia ao enfatizar a análise das</p><p>relações de poder, desigualdade e opressão que contribuem para o surgimento</p><p>e perpetuação do crime.</p><p>A criminologia radical crítica às estruturas sociais, econômicas e políticas que</p><p>perpetuam a desigualdade, a injustiça e a marginalização. Ela argumenta que o</p><p>crime não é apenas resultado de escolhas individuais, mas também de condições</p><p>sociais adversas e desigualdades sistêmicas.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>4</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 8</p><p>Essa abordagem enfatiza a importância de analisar fatores como pobreza,</p><p>racismo, sexismo, desemprego e falta de acesso a recursos como determinantes</p><p>fundamentais do comportamento criminoso (CALDEIRA, 2002).</p><p>Nesse sentido a análise das Instituições de Controle Social, é examinada,</p><p>como a polícia, o sistema judicial e o sistema prisional, destacando sua função</p><p>na manutenção da ordem social e na reprodução das desigualdades existentes.</p><p>Martins e Salla (2014) argumenta que essas instituições frequentemente exer-</p><p>cem poder de forma seletiva, direcionando seu foco para determinados grupos</p><p>sociais, como minorias étnicas, pobres e marginalizados, enquanto protegem os</p><p>interesses das elites dominantes.</p><p>Desse modo, as abordagens alternativas à Justiça Criminal são promovidas</p><p>pela criminologia radical, baseadas na prevenção, na reabilitação e na transfor-</p><p>mação social, em oposição à punição e ao encarceramento.</p><p>Isso inclui programas de intervenção comunitária, justiça restaurativa, polí-</p><p>ticas de descriminalização de certos comportamentos e a promoção de políticas</p><p>públicas voltadas para a redução da pobreza, da discriminação e das desigual-</p><p>dades sociais.</p><p>Por outro lado, os criminologistas radicais frequentemente se engajam em</p><p>ativismo político e movimentos sociais em busca de mudanças estruturais sig-</p><p>nificativas. Eles buscam promover a conscientização sobre as causas subjacentes</p><p>da criminalidade e advogam por reformas sociais e políticas que abordem essas</p><p>questões de forma mais eficaz.</p><p>Dessa forma, a criminologia radical oferece uma crítica contundente das</p><p>estruturas sociais existentes e propõe abordagens alternativas para entender e</p><p>responder ao crime. Ela destaca a importância de abordar as desigualdades e</p><p>injustiças sociais como parte integrante da busca por soluções eficazes para os</p><p>problemas criminais e desviantes.</p><p>1</p><p>4</p><p>8</p><p>A NOVA CRIMINOLOGIA</p><p>A Nova Criminologia, também conhecida como Criminologia Crítica ou Cri-</p><p>minologia Radical, é uma abordagem teórica e prática que surgiu na década de</p><p>1960 como uma crítica às perspectivas tradicionais da criminologia. Ela busca</p><p>analisar as causas sociais e estruturais do crime, enfatizando a importância das</p><p>relações de poder, desigualdade e controle social na compreensão do compor-</p><p>tamento criminoso.</p><p>Nesse sentido, alguns pontos-chave da Nova Criminologia (SALLA, 2017):</p><p>CRÍTICA AO PARADIGMA DOMINANTE</p><p>A Nova Criminologia critica o paradigma dominante da criminologia, que tendia a en-</p><p>focar a natureza individual e biológica do crime, ignorando as influências sociais e es-</p><p>truturais mais amplas. Ela questiona a eficácia das abordagens punitivas e retributivas</p><p>para lidar com o crime, argumentando que o sistema de justiça criminal, muitas vezes,</p><p>perpetua as desigualdades sociais e reproduz o próprio crime que pretende combater.</p><p>ANÁLISE DAS ESTRUTURAS SOCIAIS</p><p>A Nova Criminologia enfatiza a importância de analisar as estruturas sociais, econômi-</p><p>cas e políticas que contribuem para o surgimento do crime, como pobreza, desem-</p><p>prego, marginalização e discriminação. Ela destaca como as desigualdades sociais e</p><p>a exclusão podem levar à alienação e ao</p><p>comportamento desviante, especialmente</p><p>entre grupos socialmente desfavorecidos.</p><p>ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR</p><p>Essa abordagem adota uma perspectiva interdisciplinar, integrando insights da sociolo-</p><p>gia, psicologia, antropologia e outras disciplinas para entender o crime em seu contex-</p><p>to mais amplo. Ela reconhece a complexidade do fenômeno criminal e busca examinar</p><p>suas múltiplas causas e consequências.</p><p>CRÍTICA AO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL</p><p>A Nova Criminologia critica o sistema de justiça criminal por sua seletividade e par-</p><p>cialidade no tratamento de diferentes grupos sociais, como minorias étnicas, pobres</p><p>e jovens. Ela argumenta que o sistema de justiça criminal frequentemente perpetua a</p><p>injustiça e a desigualdade, em vez de promover a justiça e a segurança pública.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>4</p><p>9</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 8</p><p>BUSCA POR ALTERNATIVAS</p><p>Uma das principais preocupações da Nova Criminologia é buscar alternativas ao sis-</p><p>tema de justiça criminal tradicional, incluindo abordagens baseadas na prevenção, na</p><p>reabilitação e na transformação social. Isso pode envolver programas de intervenção</p><p>comunitária, justiça restaurativa, políticas de descriminalização e medidas de promo-</p><p>ção de direitos humanos.</p><p>Dessa forma, a Nova Criminologia representa uma abordagem crítica e progres-</p><p>sista para entender e lidar com o crime, enfatizando a importância das estruturas</p><p>sociais e do poder na produção e controle do comportamento criminoso. Ela</p><p>busca promover uma abordagem mais justa, compassiva e eficaz para lidar com</p><p>os problemas da criminalidade e da justiça criminal.</p><p>A Teoria Unificada do Conflito (TUC)</p><p>A Teoria Unificada do Conflito (TUC) é uma perspectiva teórica na criminologia</p><p>que busca integrar e explicar diferentes formas de comportamento desviante e</p><p>criminalidade sob uma estrutura conceitual unificada. Desenvolvida por Richard</p><p>Quinney na década de 1970, a TUC parte do pressuposto de que o conflito é uma</p><p>característica fundamental das sociedades humanas e que as formas de compor-</p><p>tamento desviante são manifestações desse conflito.</p><p>CONFLITO COMO FOCO CENTRAL</p><p>• Na TUC, o conflito é visto como uma característica inerente às relações sociais</p><p>e estruturas de poder em qualquer sociedade. Esse conflito surge devido à</p><p>competição por recursos escassos e à luta por poder e controle.</p><p>• O conflito não é necessariamente negativo, mas é uma força dinâmica que</p><p>molda as interações sociais e pode levar a formas de comportamento desviante</p><p>e criminalidade</p><p>RELAÇÃO ENTRE CONFLITO E COMPORTAMENTO DESVIANTE</p><p>• A TUC argumenta que o comportamento desviante é uma resposta ao conflito social</p><p>e às desigualdades estruturais presentes na sociedade.</p><p>1</p><p>5</p><p>1</p><p>• Indivíduos e grupos que são marginalizados, oprimidos ou privados de recursos</p><p>podem recorrer ao comportamento desviante como uma forma de resistência ou</p><p>adaptação às condições adversas.</p><p>ESTRUTURAÇÃO DO SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL</p><p>• A TUC analisa o sistema de justiça criminal como uma instituição que reflete e</p><p>perpetua as desigualdades e conflitos sociais existentes na sociedade.</p><p>• Argumenta-se que o sistema de justiça criminal, muitas vezes, protege os interesses</p><p>das elites dominantes e reprime os grupos marginalizados, perpetuando, assim, o</p><p>ciclo de conflito e desigualdade.</p><p>CRÍTICA ÀS TEORIAS TRADICIONAIS</p><p>• A TUC critica as teorias tradicionais da criminologia, como a teoria do consenso e</p><p>a teoria do controle social, por sua incapacidade de explicar adequadamente as</p><p>causas e natureza do comportamento desviante.</p><p>• Em vez disso, a TUC argumenta que o conflito é uma força central na produção e</p><p>regulação do comportamento desviante, exigindo uma abordagem mais</p><p>holística e crítica.</p><p>BUSCA POR MUDANÇA SOCIAL</p><p>• A TUC sugere que a mudança social é necessária para reduzir o conflito e o</p><p>comportamento desviante. Isso pode envolver a redistribuição de recursos, a</p><p>eliminação de estruturas de poder opressivas e a promoção da justiça social</p><p>e econômica.</p><p>• Propõe-se que abordagens alternativas ao sistema de justiça criminal tradicional,</p><p>como a justiça restaurativa e programas de intervenção comunitária, podem ajudar a</p><p>abordar as raízes estruturais do conflito e do comportamento desviante.</p><p>Portanto, a Teoria Unificada do Conflito oferece uma perspectiva abrangente e</p><p>crítica para entender a relação entre conflito social e comportamento desviante,</p><p>destacando a importância das estruturas sociais e do poder na produção e</p><p>regulação da criminalidade e do desvio.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>5</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 8</p><p>A TEORIA ESTRUTURAL MARXISTA DA PRODUÇÃO DA</p><p>DELINQUÊNCIA JUVENIL</p><p>A Teoria Estrutural Marxista da Produção da Delinquência Juvenil (SAWAIA,</p><p>2002) é uma perspectiva criminológica que se baseia nos princípios da teoria</p><p>marxista para explicar as causas do comportamento criminoso entre os jovens.</p><p>Essa abordagem enfatiza o papel das estruturas socioeconômicas e das relações</p><p>de classe na produção da delinquência juvenil.</p><p>A Teoria Estrutural Marxista argumenta que as desigualdades socioeconô-</p><p>micas inerentes ao sistema capitalista são fatores centrais na produção da delin-</p><p>quência juvenil. Enfatiza como a divisão de classes na sociedade cria oportunida-</p><p>des desiguais para os jovens, com alguns grupos enfrentando condições de vida</p><p>precárias, falta de acesso a recursos e oportunidades limitadas.</p><p>A alienação, e a marginalização, é um problema que afeta desproporcio-</p><p>nalmente indivíduos de classes sociais desfavorecidas. As condições precárias</p><p>de vida, a falta de acesso à educação e ao mercado de trabalho, e a discrimi-</p><p>nação os colocam em situação de vulnerabilidade e os impedem de participar</p><p>plenamente da sociedade.</p><p>A alienação resultante pode levar os jovens a buscar formas de afirmação de</p><p>identidade e status por meio de comportamentos desviantes, como envolvimento</p><p>em gangues, consumo de drogas e crimes contra propriedade.</p><p>Saliento, ainda, a repressão e controle social, mediante a Teoria Estrutural</p><p>Marxista (SAWAIA, 2002) que também analisa como o sistema de justiça cri-</p><p>minal, visto como uma ferramenta de controle social das classes dominantes,</p><p>responde à delinquência juvenil de maneira seletiva e discriminatória.</p><p>Argumenta-se que o sistema de justiça criminal tende a criminalizar e punir</p><p>de forma mais severa os jovens das classes sociais mais baixas, enquanto protege</p><p>os interesses e privilegia os jovens das classes dominantes.</p><p>A Transformação Social, uma das implicações da Teoria Estrutural Marxista,</p><p>é a necessidade de transformação social e econômica para abordar as causas es-</p><p>truturais da delinquência juvenil. Isso pode envolver a redistribuição de recursos,</p><p>a implementação de políticas públicas voltadas para a redução das desigualdades</p><p>sociais e econômicas e o fortalecimento das comunidades por meio de programas</p><p>de desenvolvimento social e econômico.</p><p>1</p><p>5</p><p>1</p><p>A crítica ao capitalismo, por fim, essa teoria critica o sistema capitalista por</p><p>criar e perpetuar as condições socioeconômicas que alimentam a delinquência</p><p>juvenil, enquanto protege os interesses das classes dominantes. Propõe uma aná-</p><p>lise crítica das relações de classe e uma busca por alternativas políticas e sociais</p><p>que visem à criação de uma sociedade mais igualitária e justa.</p><p>Contudo, a Teoria Estrutural Marxista da Produção da Delinquência Juve-</p><p>nil oferece uma análise crítica das causas sociais e econômicas da delinquência</p><p>entre os jovens, destacando a importância das estruturas socioeconômicas e das</p><p>relações de classe na produção do comportamento criminoso.</p><p>A relação entre a Criminologia Realista, a Verde e a</p><p>Feminista</p><p>A criminologia realista é uma perspectiva teórica na criminologia que se desen-</p><p>volveu como uma resposta crítica às abordagens tradicionais e idealistas do crime</p><p>e do sistema de justiça criminal. Essa abordagem enfatiza a natureza pragmática</p><p>e empírica da investigação criminológica, focando na prevenção e controle efi-</p><p>cazes do crime.</p><p>É importante enfatizar os principais pontos da criminologia realista</p><p>(MARTINS; SALLA, 2014):</p><p>por enfermidades mentais ou atro-</p><p>fia do senso moral.</p><p>• Criminoso habitual: esse perfil corresponde àqueles que cresceram em um</p><p>ambiente de miséria moral e material, começando desde cedo com pequenas</p><p>transgressões até uma escalada persistente no crime. São indivíduos de grande</p><p>periculosidade e pouca capacidade de readaptação.</p><p>• Criminoso ocasional: são condicionados por influências fortes do ambiente ao seu</p><p>redor.</p><p>• Criminoso passional: esse tipo de criminoso age sob o impulso de paixões pes-</p><p>soais, políticas ou sociais.</p><p>RAFFAELE GAROFALO (1851-1934) – VINCULADO À ESCOLA POSITIVA</p><p>Garofalo contribuiu com a teoria do “delinquente nato”, argumentando que a crimina-</p><p>lidade estava intrinsecamente ligada a certos indivíduos. Garofalo foi o jurista proemi-</p><p>nente da fase inicial da Escola Positiva, sendo reconhecido pela sua obra fundamental,</p><p>Criminologia, publicada em 1885.</p><p>As contribuições de Garofalo, embora não tão impactantes quanto as de Lombroso e</p><p>Ferri, revelaram um certo ceticismo em relação à readaptação dos criminosos. Esse ce-</p><p>ticismo fundamentou suas posições a favor da pena de morte, inspirado nas ideias de</p><p>Darwin e no conceito de seleção natural aplicado ao contexto social. Garofalo propôs a</p><p>aplicação da pena capital aos delinquentes que não demonstrassem uma capacidade</p><p>absoluta de adaptação, como os chamados “criminosos natos”. Sua principal preocu-</p><p>pação não residia na reabilitação, mas na incapacitação do criminoso, sem um objetivo</p><p>de ressocialização, e sim a eliminação do infrator. Além disso, Garofalo enfatizou a</p><p>necessidade de individualizar a punição, o que o aproximou das ideias correcionais.</p><p>Seu forte discurso na defesa social pode explicar seu desinteresse pela reintegração</p><p>do delinquente na sociedade.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>5</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 1</p><p>A CRIMINOLOGIA COMO CIÊNCIA LIVRE DE VALORES</p><p>Algumas pessoas acreditam não ser possível existir um estudo criminológico</p><p>livre de valores e crenças pessoais. A seguir, apresentaremos os argumentos a</p><p>favor e contra mais comuns na discussão desse tema complexo:</p><p>Em defesa de uma criminologia desprovida de valores</p><p>Um dos argumentos mais destacados em favor da criminologia como uma</p><p>disciplina desprovida de valores é o princípio da neutralidade axiológica. Esse</p><p>princípio estabelece que a ciência não pode ignorar a influência dos valores em</p><p>seus processos, mas, ao mesmo tempo, deve se resguardar contra a inserção ina-</p><p>dequada de valores que possam resultar em julgamentos práticos de natureza</p><p>política ou moral.</p><p>É importante salientar que outro argumento que reforça a criminologia</p><p>como uma ciência desprovida de valores é sua utilidade na formulação de po-</p><p>líticas relacionadas ao crime e à justiça criminal. Ao concentrar-se exclusiva-</p><p>mente em aspectos comprovados e científicos do crime, a criminologia pode</p><p>oferecer informações imparciais que podem embasar o desenvolvimento de</p><p>políticas mais eficazes.</p><p>Argumentos favoráveis a uma criminologia baseada em</p><p>valores</p><p>A oposição a essa perspectiva sustenta que a neutralidade axiológica é uma meta</p><p>difícil de atingir na prática, dada a inevitável influência das crenças e valores dos</p><p>pesquisadores em suas escolhas de pesquisa e interpretação dos dados. Argumen-</p><p>ta-se que uma criminologia desprovida de valores pode se mostrar insensível a</p><p>questões cruciais de justiça social. Ao evitar emitir julgamentos de valor, a crimi-</p><p>nologia corre o risco de negligenciar assuntos, como desigualdade, discriminação</p><p>e opressão, que têm vínculos estreitos com a criminalidade. Isso pode resultar</p><p>em pesquisas e políticas que perpetuam injustiças.</p><p>1</p><p>1</p><p>A questão da criminologia como uma ciência isenta de valores é complexa e</p><p>controversa. Embora haja argumentos sólidos a favor da neutralidade axiológica,</p><p>também existem preocupações válidas relacionadas à sua viabilidade prática.</p><p>É crucial reconhecer que a criminologia opera em um contexto no qual as</p><p>decisões sobre o que investigar e como fazê-lo são influenciadas pelas crenças</p><p>e valores. Portanto, é essencial que a criminologia busque um equilíbrio entre a</p><p>busca pela objetividade e a sensibilidade para questões de valores e ética.</p><p>O DELITO E O PROBLEMA DA SUA DEFINIÇÃO</p><p>A definição de delito é uma questão central no campo da justiça criminal, e</p><p>é fundamental que você, estudante, compreenda seu impacto. Ela determina</p><p>quais comportamentos são considerados criminosos e sujeitos à punição legal.</p><p>No entanto, o que constitui um delito não é uma questão simples de resposta, e</p><p>diferentes sistemas legais e teorias jurídicas oferecem abordagens variadas para</p><p>esse problema.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 1</p><p>No âmbito da criminologia o cientificismo somente é alcançado no fi-</p><p>nal do século XIX, em que, até então, a explicação para a criminalidade fica-</p><p>va à cargo das pseudociências. Por essa razão, todo o conceito estruturante</p><p>de crime era centrado na figura do criminoso e do seu comportamento como</p><p>objeto central de estudo.</p><p>Nesse passo, o crime tem sua definição ancorada na ideia de uma anormali-</p><p>dade do indivíduo (o delinquente nato), cuja característica nata residia em uma</p><p>disfunção patológica ancorada na ideia de uma disfunção de inferioridade ra-</p><p>cial originada por uma anormalidade do indivíduo. De modo que o objeto dos</p><p>estudos não era a sociedade, as leis, nem o Estado; o único objeto central de</p><p>investigação era o indivíduo.</p><p>Existem algumas abordagens na definição de delitos, são elas:</p><p>■ Abordagem Legalista: essa perspectiva para definir o delito baseia-se</p><p>estritamente nas leis e códigos penais. De acordo com ela, um delito é ca-</p><p>racterizado como qualquer ação proibida por lei, sujeita a sanções legais.</p><p>É importante considerar que essa abordagem pode ser limitada, uma vez</p><p>que não incorpora considerações morais, éticas ou contextuais.</p><p>Vejamos como Eduardo Viana (2020, p.76) se refere a fase jurídica:</p><p>“ Finalmente, tem-se em Raffaele Garafalo (1852-1934) o principal</p><p>representante da orientação jurídica da Escola Positiva e foi, aliás,</p><p>o primeiro dos três positivistas a empregar o termo Criminologia,</p><p>utilizando-a para denominar seu livro Criminologia (1885). Sua</p><p>contribuição foi normatizar as ideias do positivismo e transformar</p><p>a realidade em fórmulas jurídicas.</p><p>■ Abordagem Morfológica: A abordagem morfológica se concentra na</p><p>análise dos elementos essenciais de um delito, como a conduta crimino-</p><p>sa, o resultado, a culpabilidade e a punibilidade. Seu objetivo é fornecer</p><p>uma definição mais precisa do delito. No entanto, ela pode ser restritiva,</p><p>já que tende a não contemplar as complexidades e particularidades das</p><p>situações reais.</p><p>1</p><p>8</p><p>■ Abordagem Funcionalista: a perspectiva funcionalista encara o delito</p><p>como um fenômeno social e busca compreender o seu papel na socieda-</p><p>de. De acordo com essa abordagem, um delito é entendido como qualquer</p><p>comportamento que represente uma ameaça ou cause prejuízo à ordem</p><p>social, segurança ou bem-estar público. Essa abordagem é mais abrangen-</p><p>te, mas também mais subjetiva, uma vez que depende da interpretação</p><p>das normas sociais.</p><p>Vejamos como Eduardo Viana (2020, p. 71) se refere a fase sociológica:</p><p>“ A segunda orientação do positivismo criminológico, a sociológica,</p><p>teve em Ferri seu grande defensor e sistematizador, reconduzindo</p><p>os principais pontos de seu pensamento na obra “I nuovi orizzonti</p><p>del diritto e della procedura penale” (a partir da 3ª edição, aparecida</p><p>em 1892, a obra assumiu o título “Sociologia Criminal”).</p><p>Desafios da Criminologia e implicações práticas</p><p>À medida que avançamos enquanto sociedade, encontramos desafios</p><p>contemporâneos. Teorias recentes da criminalidade, como a criminologia femi-</p><p>nista, apontada como construção teórica a partir da segunda metade do século</p><p>XX, que traz a questão do gênero e crime como foco de estudo.</p><p>Em outras palavras, a ideia da criminalidade estaria muito centrada na figura</p><p>do homem, o discurso de ser a mulher frágil reverbera no próprio enquadra-</p><p>mento da mulher enquanto posição de submissão, e isso</p><p>ÊNFASE NA CAUSALIDADE DO CRIME</p><p>A criminologia realista busca entender as causas do crime a partir de uma abordagem</p><p>empiricamente fundamentada, enfocando fatores como oportunidade, motivação e</p><p>capacidade do indivíduo de cometer um crime. Ao invés de se concentrar em teorias</p><p>sociológicas ou psicológicas abstratas, os realistas estão interessados em identificar os</p><p>fatores específicos que contribuem para a ocorrência de crimes em contextos reais.</p><p>PREVENÇÃO E CONTROLE DO CRIME</p><p>Uma das principais preocupações dos criminologistas realistas é desenvolver estra-</p><p>tégias eficazes de prevenção e controle do crime, baseadas em evidências empíricas</p><p>sobre o comportamento criminoso. Isso pode envolver a implementação de medidas</p><p>de segurança física, como iluminação adequada e vigilância, bem como abordagens</p><p>situacionais para reduzir oportunidades de crime em ambientes específicos.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>5</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 8</p><p>AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS CRIMINAIS</p><p>Os criminologistas realistas enfatizam a importância da avaliação empírica das</p><p>políticas criminais existentes, buscando identificar quais intervenções são eficazes</p><p>na redução do crime e quais são ineficazes ou até mesmo contraproducentes. Eles</p><p>defendem a adoção de políticas baseadas em evidências que tenham demonstrado</p><p>ser bem-sucedidas na prevenção e controle do crime, em vez de políticas baseadas</p><p>em ideologias ou intuições.</p><p>RECONHECIMENTO DA COMPLEXIDADE DO CRIME</p><p>A criminologia realista reconhece a complexidade do fenômeno criminal, entendendo</p><p>que o crime é influenciado por uma variedade de fatores, incluindo fatores individuais,</p><p>sociais, econômicos e situacionais. Isso significa que as soluções para o crime devem</p><p>ser multifacetadas e adaptadas às circunstâncias específicas de cada situação</p><p>e comunidade.</p><p>CRÍTICA ÀS ABORDAGENS IDEALISTAS</p><p>Os criminologistas realistas criticam as abordagens idealistas da criminologia, que ten-</p><p>dem a enfatizar fatores estruturais amplos, como pobreza, desigualdade e exclusão</p><p>social, sem considerar as realidades práticas da prevenção e controle do crime. Eles</p><p>argumentam que as abordagens idealistas, muitas vezes, carecem de pragmatismo e</p><p>eficácia na redução do crime.</p><p>Por fim, a criminologia realista é uma abordagem orientada para a ação que</p><p>busca compreender e enfrentar o crime de forma prática e baseada em evidên-</p><p>cias, enfatizando a importância da prevenção e controle eficazes do crime na</p><p>sociedade contemporânea.</p><p>A criminologia verde é uma abordagem relativamente recente na criminolo-</p><p>gia que se concentra na análise dos crimes ambientais e na busca por formas de</p><p>prevenir e controlar danos ao meio ambiente. Ela examina as interações entre o</p><p>comportamento humano, as estruturas sociais e o meio ambiente, reconhecendo</p><p>que a degradação ambiental pode ser tanto uma causa quanto uma consequência</p><p>do comportamento criminoso.</p><p>1</p><p>5</p><p>4</p><p>Nesse sentido, vale destacar alguns pontos importantes para distinguir sobre:</p><p>■ Crimes Ambientais: a criminologia verde investiga uma ampla gama de</p><p>comportamentos que resultam em danos ao meio ambiente, incluindo</p><p>poluição, desmatamento ilegal, pesca predatória, tráfico de animais sil-</p><p>vestres, descarte ilegal de resíduos tóxicos, entre outros. Esses crimes</p><p>ambientais podem ser cometidos por indivíduos, empresas ou gover-</p><p>nos, e podem ocorrer em diferentes contextos, desde áreas urbanas até</p><p>ecossistemas naturais.</p><p>■ Causas e Consequências: a criminologia verde busca entender as causas</p><p>subjacentes dos crimes ambientais, incluindo fatores econômicos, polí-</p><p>ticos, sociais e culturais que contribuem para a degradação ambiental.</p><p>Além disso, ela examina as consequências dos crimes ambientais para</p><p>o meio ambiente, para as comunidades locais e para a saúde humana,</p><p>reconhecendo que esses crimes, muitas vezes, têm impactos significativos</p><p>e duradouros.</p><p>■ Justiça Ambiental: uma das preocupações centrais da criminologia verde</p><p>é promover a justiça ambiental, garantindo que todas as pessoas tenham</p><p>acesso a um ambiente seguro, saudável e sustentável. Isso envolve a pro-</p><p>teção dos direitos das comunidades afetadas pela degradação ambiental,</p><p>a responsabilização dos perpetradores de crimes ambientais e a busca por</p><p>formas de restaurar ecossistemas danificados.</p><p>■ Prevenção e Controle: a criminologia verde busca desenvolver estraté-</p><p>gias eficazes de prevenção e controle de crimes ambientais, incluindo a</p><p>implementação de legislação ambiental rigorosa, o fortalecimento das</p><p>instituições de fiscalização e a conscientização pública sobre questões</p><p>ambientais. Além disso, ela defende a promoção de práticas sustentá-</p><p>veis e o envolvimento das comunidades locais na proteção e conservação</p><p>do meio ambiente.</p><p>■ Abordagem Interdisciplinar: a criminologia verde adota uma abordagem</p><p>interdisciplinar, integrando insights da criminologia, ecologia, ciências</p><p>ambientais, sociologia e outras disciplinas para entender a complexidade</p><p>dos crimes ambientais e desenvolver respostas eficazes a esses proble-</p><p>mas. Essa abordagem holística reconhece a interconexão entre sistemas</p><p>naturais e sociais, enfatizando a importância de uma resposta integrada</p><p>e colaborativa para proteger o meio ambiente.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>5</p><p>5</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 8</p><p>■ Logo, a criminologia verde é uma abordagem inovadora que busca enten-</p><p>der e enfrentar os crimes ambientais, reconhecendo a importância crítica</p><p>de proteger e preservar o meio ambiente para o bem-estar das gerações</p><p>presentes e futuras.</p><p>A criminologia feminista é uma abordagem teórica e prática na criminologia</p><p>que se concentra na análise das questões de gênero e na compreensão das causas,</p><p>consequências e respostas ao crime sob uma perspectiva feminista. Ela busca</p><p>examinar como as estruturas de poder, as desigualdades de gênero e as normas</p><p>sociais influenciam o comportamento criminoso, bem como as respostas do sis-</p><p>tema de justiça criminal às mulheres como vítimas, perpetradoras e profissionais.</p><p>Nesse sentido, vale destacar alguns pontos importantes para distinguir sobre:</p><p>■ Análise de Gênero e Poder: a criminologia feminista examina como as</p><p>relações de gênero são construídas socialmente e como essas estruturas</p><p>de poder influenciam a distribuição de poder e controle na sociedade,</p><p>incluindo a esfera criminal. Ela destaca como as normas de gênero po-</p><p>dem contribuir para a marginalização e subordinação das mulheres, bem</p><p>como para a perpetuação do patriarcado e das desigualdades de gênero.</p><p>■ Exploração das Causas do Crime: uma das preocupações centrais da cri-</p><p>minologia feminista é entender as causas do crime sob uma perspectiva</p><p>de gênero, considerando fatores como violência doméstica, assédio se-</p><p>xual, tráfico de pessoas e prostituição forçada como formas de opressão</p><p>específicas das mulheres. Ela examina como as experiências de violência,</p><p>abuso e discriminação de gênero podem contribuir para o envolvimento</p><p>de mulheres em comportamentos desviantes e criminosos.</p><p>■ Vítimas e Perpetradoras: a criminologia feminista reconhece que as mu-</p><p>lheres podem ser tanto vítimas quanto perpetradoras de crimes e que</p><p>suas experiências dentro do sistema de justiça criminal podem ser mol-</p><p>dadas por estereótipos de gênero e preconceitos. Ela destaca a impor-</p><p>tância de abordar as necessidades específicas das mulheres como víti-</p><p>mas de crimes, oferecendo apoio, proteção e acesso à justiça de maneira</p><p>sensível ao gênero.</p><p>1</p><p>5</p><p>1</p><p>■ Respostas do Sistema de Justiça Criminal: a criminologia feminista critica</p><p>as respostas do sistema de justiça criminal às mulheres, argumentando</p><p>que, muitas vezes, elas são discriminatórias, insensíveis ao gênero e refor-</p><p>çam estereótipos de gênero prejudiciais. Ela defende a implementação de</p><p>políticas e práticas que levem em consideração as necessidades específicas</p><p>das mulheres, incluindo o desenvolvimento de serviços de justiça restau-</p><p>rativa e a promoção de alternativas ao encarceramento.</p><p>■ Ativismo e Advocacia: além da pesquisa acadêmica, a criminologia femi-</p><p>nista também se envolve em ativismo e advocacia em busca</p><p>de mudanças</p><p>sociais e políticas que promovam a igualdade de gênero e combatam a</p><p>violência e a opressão contra as mulheres. Ela busca ampliar a conscienti-</p><p>zação sobre questões de gênero na esfera criminal e promover ações con-</p><p>cretas para melhorar a segurança e o bem-estar das mulheres em todas as</p><p>áreas da sociedade. Dessa maneira, a Criminologia feminista oferece uma</p><p>análise crítica das questões de gênero no contexto do crime e da justiça</p><p>criminal, buscando promover a igualdade de gênero, a justiça social e a</p><p>segurança das mulheres.</p><p>Sexo e delito – o desenvolvimento da criminologia feminista</p><p>É um campo interdisciplinar que surge da interseção entre a criminologia e o</p><p>feminismo, focado na análise das questões de gênero, poder e crime. Aborda as</p><p>experiências únicas das mulheres no sistema de justiça criminal, bem como os</p><p>papéis de gênero na produção, resposta e prevenção do crime.</p><p>A criminologia feminista critica a criminologia tradicional por sua tendência</p><p>de ser androcêntrica, ou seja, centrada no homem (MARTINS; SALLA, 2014),</p><p>argumenta que as teorias e práticas criminológicas frequentemente ignoram ou</p><p>marginalizam as experiências das mulheres, levando a uma compreensão limi-</p><p>tada dos problemas de gênero no contexto do crime.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>5</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 8</p><p>Os papéis de gênero e crime se referem à abordagem que examina como</p><p>os papéis de gênero socialmente construídos influenciam tanto a participação</p><p>no crime quanto a resposta ao crime. Por exemplo, explora-se como as</p><p>expectativas de gênero podem moldar as oportunidades de cometer crimes, bem</p><p>como as percepções e tratamento diferenciado das mulheres pelo sistema de</p><p>justiça criminal.</p><p>Para as Teorias Críticas de Gênero, a criminologia feminista desenvolve</p><p>teorias críticas de gênero para explicar o crime e a criminalização das mulheres.</p><p>Essas teorias enfatizam a importância da opressão de gênero, violência masculina,</p><p>desigualdade econômica e outros fatores estruturais na compreensão da</p><p>criminalidade feminina.</p><p>Devemos destacar também o ativismo e a</p><p>intervenção, pois além da pesquisa acadêmica, a</p><p>Criminologia feminista está profundamente enraizada</p><p>no ativismo e na intervenção comunitária. Defensores</p><p>desse campo frequentemente trabalham para</p><p>promover políticas e práticas mais justas e sensíveis ao</p><p>gênero no sistema de justiça criminal, bem como para</p><p>fornecer apoio e recursos para mulheres envolvidas</p><p>no sistema.</p><p>Ao longo do tempo, a criminologia feminista evoluiu e se diversificou para</p><p>incluir uma variedade de perspectivas, como o feminismo interseccional, que</p><p>considera como raça, classe, sexualidade e outros aspectos da identidade se</p><p>intersectam com o gênero para moldar as experiências das mulheres no sistema</p><p>de justiça criminal.</p><p>A criminologia feminista desempenha um papel importante em desafiar</p><p>concepções tradicionais de crime e justiça, bem como em destacar a necessidade</p><p>de considerar as experiências e perspectivas das mulheres na análise e resposta</p><p>ao crime. Suas contribuições têm ajudado a informar políticas e práticas mais</p><p>inclusivas e sensíveis ao gênero em todo o sistema de justiça criminal.</p><p>A Criminologia</p><p>feminista está</p><p>profundamente</p><p>enraizada no</p><p>ativismo e na</p><p>intervenção</p><p>comunitária</p><p>1</p><p>5</p><p>8</p><p>A questão da diferença na tendência ao delito</p><p>A questão da diferença na tendência ao delito refere-se ao fenômeno observado</p><p>na criminologia de que diferentes grupos populacionais podem apresentar ta-</p><p>xas distintas de envolvimento em comportamentos criminosos. Essas diferenças</p><p>podem ser influenciadas por uma variedade de fatores, incluindo características</p><p>individuais, sociais, econômicas e culturais.</p><p>FATORES INDIVIDUAIS</p><p>As diferenças na tendência ao delito podem estar relacionadas a características indi-</p><p>viduais, como idade, sexo, raça e histórico de comportamento criminoso. Por exemplo,</p><p>estudos mostram que os jovens têm maior probabilidade de cometer crimes do que</p><p>os idosos, e que os homens têm taxas de criminalidade mais altas do que as mulheres.</p><p>FATORES SOCIAIS E ECONÔMICOS</p><p>O contexto social e econômico em que as pessoas vivem também pode influenciar</p><p>suas tendências ao delito. Por exemplo, áreas com altos níveis de pobreza, desigual-</p><p>dade social, desemprego e falta de acesso a recursos podem apresentar taxas mais</p><p>altas de criminalidade. Além disso, a estrutura familiar, o ambiente escolar e a comuni-</p><p>dade em que uma pessoa está inserida podem desempenhar um papel importante na</p><p>determinação de sua propensão ao comportamento criminoso.</p><p>FATORES CULTURAIS</p><p>As diferenças culturais também podem afetar as tendências ao delito. Normas cultu-</p><p>rais, valores, crenças e tradições podem influenciar a percepção do que é aceitável</p><p>ou desviante em uma determinada sociedade. Além disso, a exposição a subculturas</p><p>criminais ou de rua pode aumentar a probabilidade de envolvimento em comporta-</p><p>mentos criminosos entre certos grupos de pessoas.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>5</p><p>9</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 8</p><p>DISCRIMINAÇÃO E DESIGUALDADE</p><p>A discriminação racial, étnica, de gênero e outras formas de discriminação podem</p><p>contribuir para as diferenças na tendência ao delito, aumentando a marginalização e</p><p>a exclusão social de certos grupos populacionais. Essa marginalização pode levar a</p><p>sentimentos de alienação, injustiça e falta de oportunidades, que, por sua vez, podem</p><p>aumentar a probabilidade de envolvimento em atividades criminosas como uma forma</p><p>de adaptação ou resistência.</p><p>ABORDAGENS DE PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO</p><p>Compreender as diferenças na tendência ao delito é fundamental para o desenvol-</p><p>vimento de estratégias eficazes de prevenção e intervenção. Isso pode envolver a</p><p>implementação de políticas públicas que abordem as causas subjacentes da crimi-</p><p>nalidade, bem como a promoção de oportunidades de educação, emprego e desen-</p><p>volvimento comunitário em áreas de alto risco. Além disso, é importante reconhecer a</p><p>importância da justiça social e da igualdade de oportunidades na redução das dispari-</p><p>dades na tendência ao delito e na construção de sociedades mais seguras</p><p>e equitativas.</p><p>Em resumo, a questão da diferença na tendência ao delito é complexa e multifa-</p><p>cetada, envolvendo uma interação complexa de fatores individuais, sociais, eco-</p><p>nômicos e culturais. Compreender e abordar essas diferenças é essencial para o</p><p>desenvolvimento de respostas eficazes ao crime e para a promoção de sociedades</p><p>mais justas e seguras.</p><p>A CRIMINOLOGIA PÓS-MODERNA</p><p>A criminologia pós-moderna é uma abordagem que surgiu nas últimas décadas</p><p>como uma crítica às perspectivas tradicionais da criminologia e busca descons-</p><p>truir as noções estabelecidas de crime, desvio e controle social. Ela se baseia nas</p><p>ideias e princípios da filosofia pós-moderna, que desafia as metanarrativas, a</p><p>objetividade e a universalidade do conhecimento.</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>Devemos destacar alguns aspectos-chave da criminologia pós-moderna:</p><p>DESCONSTRUÇÃO DAS METANARRATIVAS</p><p>A criminologia pós-moderna questiona as metanarrativas da criminologia tradicional,</p><p>que tendem a fornecer explicações universais e totalizantes para o crime e o desvio.</p><p>Em vez disso, destaca a multiplicidade de experiências e interpretações do crime em</p><p>diferentes contextos culturais, sociais e históricos.</p><p>RELATIVISMO CULTURAL</p><p>Ela reconhece a natureza relativa e contingente das definições de crime e desvio, argu-</p><p>mentando que esses conceitos são socialmente construídos e podem variar de acordo</p><p>com as normas, valores e crenças de diferentes grupos sociais.</p><p>COMPLEXIDADE E FRAGMENTAÇÃO</p><p>A criminologia pós-moderna enfatiza a complexidade e a fragmentação do fenômeno</p><p>criminal, reconhecendo que não existe uma única causa ou explicação para o crime.</p><p>Ao contrário, o crime é visto como um produto de uma interação complexa de fatores</p><p>individuais, sociais, econômicos e culturais.</p><p>CRÍTICA À MODERNIDADE</p><p>Essa abordagem critica os pressupostos da modernidade, incluindo a crença no pro-</p><p>gresso linear, na razão objetiva e na ordem social racional. Argumenta que esses ideais</p><p>modernos têm contribuído</p><p>para a marginalização e exclusão de certos grupos sociais,</p><p>alimentando, assim, o comportamento desviante.</p><p>INCLUSÃO DE VOZES MARGINALIZADAS</p><p>A criminologia pós-moderna destaca a importância de incluir as vozes e perspectivas</p><p>de grupos marginalizados, como mulheres, minorias étnicas, LGBTQ+, pessoas com</p><p>deficiência, entre outros, na análise do crime e do controle social.</p><p>ENFOQUE NO DISCURSO E REPRESENTAÇÃO</p><p>Examina o papel do discurso e da representação na construção do crime e do desvio,</p><p>investigando como certas narrativas e imagens alimentam estigmas, estereótipos e</p><p>preconceitos em relação a certos grupos sociais, influenciando, dessa maneira, as</p><p>respostas sociais ao crime.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 8</p><p>PLURALIDADE DE MÉTODOS E PERSPECTIVAS</p><p>A criminologia pós-moderna promove uma abordagem pluralista na pesquisa crimino-</p><p>lógica, incentivando o uso de uma variedade de métodos e perspectivas teóricas para</p><p>entender a complexidade do fenômeno criminal.</p><p>Portanto, a criminologia pós-moderna desafia as concepções tradicionais do</p><p>crime e do desvio, reconhecendo a natureza contingente, complexa e cultural-</p><p>mente relativa desses fenômenos. Ela enfatiza a importância da diversidade, da</p><p>inclusão e do questionamento das narrativas dominantes na análise do crime e</p><p>do controle social.</p><p>Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este</p><p>tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de</p><p>aprendizagem .</p><p>EM FOCO</p><p>NOVOS DESAFIOS</p><p>Os enfoques críticos da criminologia desempenham um papel fundamental na</p><p>formação de profissionais capacitados e engajados no campo da justiça criminal.</p><p>Ao integrar teoria e prática, esses enfoques fornecem uma compreensão mais</p><p>profunda das questões sociais, políticas e econômicas subjacentes ao comporta-</p><p>mento desviante e ao sistema de justiça criminal. Nesse sentido, traçamos como</p><p>a teoria e a prática se conectam e impactam o mercado de trabalho.</p><p>Para a análise crítica e tomada de decisões, os estudantes expostos aos enfo-</p><p>ques críticos da criminologia desenvolvem habilidades analíticas robustas para</p><p>avaliar criticamente políticas, programas e práticas no campo da justiça criminal.</p><p>Isso os capacita a tomar decisões informadas e éticas em suas futuras carreiras,</p><p>seja como agentes de segurança, profissionais de serviços sociais, advogados de</p><p>defesa, pesquisadores ou acadêmicos.</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>Por sua vez, a sensibilidade às disparidades sociais, a compreensão das de-</p><p>sigualdades sociais e estruturais, promovidas pelos enfoques críticos, preparam</p><p>os profissionais para reconhecer e lidar com disparidades no sistema de justiça</p><p>criminal. Eles estarão aptos a defender políticas e práticas que promovam a equi-</p><p>dade e a justiça social, além de identificar e corrigir vieses e discriminações que</p><p>possam surgir em suas interações com os clientes, colegas e sistemas judiciais.</p><p>Além disso, a advocacia e mudança social, busca profissionais formados com</p><p>uma compreensão crítica da criminologia, pois estão bem posicionados para se</p><p>engajar em advocacia e ativismo em questões de justiça criminal. Eles podem</p><p>liderar esforços para reformar políticas, promover a reforma do sistema de justiça</p><p>criminal e defender os direitos das comunidades marginalizadas.</p><p>Essa capacidade de fazer a diferença socialmente também pode abrir opor-</p><p>tunidades de trabalho em organizações não governamentais, agências governa-</p><p>mentais e grupos de defesa dos direitos civis.</p><p>Por outro lado, a pesquisa e inovação, possuem a base teórica sólida forne-</p><p>cida pelos enfoques críticos da criminologia capacita os profissionais a condu-</p><p>zir pesquisas rigorosas e inovadoras no campo da justiça criminal. Eles podem</p><p>contribuir para o avanço do conhecimento sobre questões criminais e sociais,</p><p>desenvolver novas abordagens de intervenção e prevenção do crime e influenciar</p><p>políticas públicas com base em evidências. Isso pode levar a oportunidades de</p><p>emprego em instituições acadêmicas, centros de pesquisa, agências governamen-</p><p>tais e consultorias especializadas.</p><p>Contudo, os enfoques críticos da criminologia não apenas fornecem uma</p><p>compreensão aprofundada das complexidades do crime e da justiça, mas tam-</p><p>bém equipam os profissionais com visão e habilidades necessárias para fazer</p><p>uma diferença positiva no mercado de trabalho e na sociedade como um todo.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>1. O pensamento crítico nas ciências sociais abrange uma ampla gama de perspectivas teóri-</p><p>cas e metodológicas que enriquecem nossa compreensão das complexidades da vida so-</p><p>cial. Uma dessas abordagens é o enfoque do etiquetamento, que examina como os rótulos</p><p>e estigmas atribuídos pela sociedade e pelas instituições podem moldar o comportamento</p><p>e a identidade dos indivíduos</p><p>Considerando o enfoque do etiquetamento apresentado, qual das seguintes afirmações</p><p>melhor representa essa perspectiva?</p><p>a) O etiquetamento é um processo inevitável e necessário para manter a ordem social,</p><p>sendo essencial para identificar e punir os indivíduos desviantes.</p><p>b) O etiquetamento é um fenômeno neutro, sem impactos significativos na identidade e no</p><p>comportamento dos indivíduos rotulados.</p><p>c) O etiquetamento pode levar à internalização de identidades desviantes e à perpetuação</p><p>de comportamentos criminosos, sendo um processo que contribui para a exclusão social</p><p>e a reincidência criminal.</p><p>d) O etiquetamento é um processo exclusivo do sistema de justiça criminal, não sendo</p><p>influenciado por outras instituições sociais ou pela mídia.</p><p>e) O etiquetamento é uma abordagem teórica que defende a criminalização de certos</p><p>comportamentos e a aplicação de medidas punitivas mais severas.</p><p>2. A Criminologia, como campo de estudo, tem evoluído ao longo do tempo, apresentando</p><p>diferentes perspectivas teóricas para compreender o fenômeno do crime e do compor-</p><p>tamento desviante. Uma dessas abordagens é a Nova Criminologia, também conhecida</p><p>como Criminologia Crítica ou Criminologia Radical (BARATTA, 2002).</p><p>Analise as seguintes afirmativas sobre a Nova Criminologia e a Teoria Unificada do Conflito:</p><p>I - A Nova Criminologia enfatiza a importância de analisar as estruturas sociais, econômicas</p><p>e políticas que contribuem para o surgimento do crime, como pobreza, desemprego,</p><p>marginalização e discriminação.</p><p>II - A Teoria Unificada do Conflito (TUC) argumenta que o comportamento desviante é uma</p><p>resposta ao consenso social e à ausência de desigualdades estruturais na sociedade.</p><p>III - Segundo a TUC, o sistema de justiça criminal reflete e perpetua as desigualdades e</p><p>conflitos sociais existentes na sociedade, protegendo os interesses das elites dominantes.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1</p><p>1</p><p>4</p><p>Assinale a alternativa correta:</p><p>a) I e III apenas.</p><p>b) III, apenas.</p><p>c) I e II, apenas.</p><p>d) II e III, apenas.</p><p>e) I, II e III.</p><p>3. A Criminologia, como campo de estudo, tem evoluído ao longo do tempo, apresentando</p><p>diferentes perspectivas e abordagens teóricas para compreender o fenômeno do crime e</p><p>do comportamento desviante. Uma das vertentes mais influentes é a Nova Criminologia,</p><p>também conhecida como Criminologia Crítica ou Criminologia Radical (BARATTA, 2002).</p><p>Considerando os conceitos e princípios fundamentais da Nova Criminologia, assinale a al-</p><p>ternativa correta:</p><p>a) A Nova Criminologia defende uma abordagem punitiva e retributiva para lidar com o</p><p>crime, reforçando a importância do encarceramento como principal forma de controle</p><p>social.</p><p>b) Essa perspectiva enfatiza a natureza individual e biológica do crime, desconsiderando</p><p>as influências sociais e estruturais mais amplas.</p><p>c) A Nova Criminologia analisa as causas sociais e estruturais do crime, destacando a im-</p><p>portância das relações de poder, desigualdade e controle social na compreensão do</p><p>comportamento criminoso.</p><p>d) A Nova Criminologia adota uma abordagem exclusivamente psicológica, focando nos</p><p>aspectos individuais e emocionais que levam ao comportamento desviante.</p><p>e) Essa vertente teórica defende a manutenção do sistema de justiça criminal tradicional</p><p>sem propor alternativas</p><p>barreiras para atingir seus objetivos</p><p>de maneira legítima, podem recorrer a meios ilegais, resultando em comportamento</p><p>criminoso.</p><p>TEORIA DO LABELLING (OU TEORIA DO ROTULAMENTO) DE HOWARD BECKER E</p><p>EDWIN LEMERT</p><p>Essa teoria sugere que o comportamento criminoso é uma construção social, influenciada</p><p>pelas reações da sociedade aos atos considerados desviantes. O processo de rotulamento</p><p>ou etiquetagem de indivíduos como criminosos pode levar ao desenvolvimento de</p><p>identidades criminosas e à perpetuação do comportamento desviante.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 9</p><p>TEORIA DO CONTROLE SOCIAL DE TRAVIS HIRSCHI</p><p>Essa teoria enfatiza a importância dos laços sociais e do controle social na prevenção</p><p>do comportamento criminoso. Hirschi argumenta que os indivíduos com laços sociais</p><p>mais fortes, como vínculos familiares e conexões comunitárias, são menos propensos a</p><p>se envolver em atividades criminosas, pois têm mais a perder.</p><p>TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE DE ALBERT COHEN E RICHARD CLOWARD/</p><p>LLOYD OHLIN</p><p>Essa teoria explora como subculturas dentro da sociedade podem surgir como</p><p>uma resposta às condições sociais desfavoráveis, especialmente entre os jovens.</p><p>Essas subculturas podem promover valores e normas que são contrários àqueles da</p><p>sociedade dominante, levando ao comportamento delinquente como uma forma de</p><p>adaptação.</p><p>TEORIA DA DESORGANIZAÇÃO SOCIAL DA ESCOLA DE CHICAGO</p><p>Essa teoria destaca o papel do ambiente social na determinação do crime. Argumenta</p><p>que a desorganização social em áreas urbanas, como pobreza, alta rotatividade</p><p>populacional e falta de coesão comunitária, cria condições propícias para a</p><p>criminalidade, minando os controles sociais informais.</p><p>Essas são apenas algumas das teorias sociológicas proeminentes na criminologia.</p><p>Cada uma oferece uma perspectiva única sobre a relação entre a sociedade e o</p><p>crime, ajudando a informar políticas e práticas de prevenção e controle do crime.</p><p>TEORIA INTEGRADA</p><p>A teoria integrada na criminologia é uma abordagem que combina elementos</p><p>de várias teorias para oferecer uma explicação mais completa e abrangente do</p><p>comportamento criminoso. Em vez de aderir a uma única perspectiva teórica,</p><p>as teorias integradas reconhecem que a criminalidade é influenciada por uma</p><p>variedade de fatores complexos que interagem entre si.</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>Essas teorias buscam unir aspectos das abordagens biológicas, psicológicas,</p><p>sociais e ambientais para entender melhor por que as pessoas cometem crimes.</p><p>Por exemplo, uma teoria integrada pode considerar fatores como predisposições</p><p>genéticas, influências familiares, oportunidades sociais, aprendizado social e ca-</p><p>racterísticas psicológicas individuais para explicar o comportamento criminoso.</p><p>Um exemplo de uma teoria integrada é a Teoria da Associação Diferencial</p><p>de Edwin Sutherland. Essa teoria combina elementos da teoria do aprendizado</p><p>social com uma análise da estrutura social. Sutherland argumentou que as pessoas</p><p>aprendem comportamentos criminosos por meio de interações com outros indi-</p><p>víduos em suas redes sociais e que essas influências são mediadas por fatores como</p><p>oportunidades criminais e exposição a modelos criminosos (BARATTA, 2002).</p><p>Outras teorias integradas na criminologia podem incluir a Teoria do Con-</p><p>trole Social, a Teoria da Anomia de Merton e a Teoria do Desenvolvimento do</p><p>Comportamento Delinquente de Thornberry, entre outras. Essas abordagens</p><p>demonstram a importância de considerar uma ampla gama de fatores para en-</p><p>tender a complexidade do comportamento criminoso.</p><p>TEORIA UNITÁRIA</p><p>A teoria unitária na criminologia é uma abordagem que procura explicar o com-</p><p>portamento criminoso por meio de um único conjunto de fatores ou uma causa</p><p>principal. Ao contrário das teorias integradas, que combinam elementos de várias</p><p>perspectivas teóricas, as teorias unitárias concentram-se em uma única explica-</p><p>ção para a criminalidade.</p><p>Essas teorias tendem a simplificar a complexidade do comportamento crimi-</p><p>noso, sugerindo que ele é causado predominantemente por um único fator. Por</p><p>exemplo, uma teoria unitária pode enfatizar a influência da pobreza, da falta de</p><p>oportunidades econômicas ou de desequilíbrios no funcionamento do sistema</p><p>de justiça criminal como as principais causas da criminalidade.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 9</p><p>Um exemplo clássico de uma teoria unitária é a Teoria do Controle Social</p><p>de Travis Hirschi (BARATTA, 2002). Essa teoria sugere que a ausência de vín-</p><p>culos sociais e o fracasso no desenvolvimento de laços fortes com a sociedade</p><p>são os principais fatores que levam ao comportamento criminoso. Hirschi ar-</p><p>gumenta que indivíduos com poucos laços sociais são mais propensos a violar</p><p>normas sociais e leis.</p><p>Outra teoria unitária é a Teoria da Anomia de Robert Merton (BARATTA,</p><p>2002) que sugere que o desequilíbrio entre objetivos culturalmente definidos e</p><p>meios institucionalmente aceitáveis para alcançá-los pode levar ao comporta-</p><p>mento criminoso. Merton argumenta que a pressão para alcançar sucesso ma-</p><p>terial em uma sociedade em que os meios legítimos de atingir esse sucesso são</p><p>limitados pode levar as pessoas a buscar meios ilegais para atingir seus objetivos.</p><p>Embora as teorias unitárias forneçam uma explicação simplificada e direta</p><p>para o comportamento criminoso, elas podem ser criticadas por negligenciar a</p><p>complexidade e a diversidade dos fatores que influenciam o crime. Muitos cri-</p><p>minologistas agora reconhecem que múltiplos fatores interagem para determinar</p><p>o comportamento criminoso, e as teorias integradas ganharam mais destaque</p><p>como resultado.</p><p>MODELO MODIFICADO DO CONTROLE SOCIAL-</p><p>DESORGANIZAÇÃO SOCIAL</p><p>O “modelo modificado do controle social-desorganização social” é uma</p><p>teoria que combina elementos da Teoria do Controle Social e da Teoria da</p><p>Desorganização Social. Essa abordagem busca explicar o comportamento</p><p>criminoso e delinquente considerando tanto os fatores individuais quanto os</p><p>fatores contextuais e estruturais do ambiente social.</p><p>A Teoria do Controle Social, desenvolvida por Travis Hirschi (PRADO;</p><p>MAÍLLO, 2019), postula que o comportamento criminoso é resultado da falta de</p><p>vínculos sociais e do enfraquecimento dos controles sociais sobre os indivíduos.</p><p>Por outro lado, a Teoria da Desorganização Social, associada principalmente</p><p>à Escola de Chicago, sugere que a falta de coesão social e a desintegração das</p><p>instituições sociais em determinadas áreas urbanas podem contribuir para níveis</p><p>mais elevados de criminalidade.</p><p>1</p><p>1</p><p>4</p><p>O modelo modificado do controle social-desorganização</p><p>social reconhece que tanto os fatores individuais quanto os</p><p>contextuais desempenham um papel crucial na determinação</p><p>do comportamento criminoso. Sutherland conclui que a falta</p><p>de controles sociais eficazes e a desorganização do ambiente</p><p>social podem criar condições propícias para o surgimento e a</p><p>perpetuação da criminalidade (BARATTA, 2002).</p><p>Nesse modelo, os fatores individuais, como a ausência de</p><p>laços familiares fortes e o baixo comprometimento com normas</p><p>sociais convencionais, são vistos como predisponentes ao</p><p>comportamento criminoso. No entanto, esses fatores individuais</p><p>podem ser exacerbados ou mitigados pelo contexto social em</p><p>que o indivíduo está inserido.</p><p>Por exemplo, em áreas caracterizadas pela desorganização</p><p>social, como bairros urbanos empobrecidos com altas taxas de</p><p>rotatividade populacional, falta de coesão comunitária e escassez</p><p>de recursos sociais e econômicos, os controles sociais informais</p><p>tendem a ser enfraquecidos. Isso pode aumentar a probabilidade</p><p>de comportamento criminoso, especialmente entre os jovens,</p><p>que podem não encontrar alternativas construtivas para</p><p>canalizar sua energia e aspirações.</p><p>Portanto, o modelo modificado do controle social-</p><p>desorganização social destaca a interação dinâmica entre fatores</p><p>individuais e ambientais na explicação da criminalidade e da</p><p>delinquência, oferecendo uma perspectiva mais abrangente para</p><p>entender esses fenômenos sociais complexos.</p><p>CRIMINOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO</p><p>A criminologia do desenvolvimento é uma abordagem dentro</p><p>da criminologia que se concentra no estudo do desenvolvimento</p><p>do comportamento criminoso ao longo do ciclo de vida de um</p><p>indivíduo. Essa abordagem examina como fatores individuais,</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>5</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 9</p><p>familiares, sociais e ambientais interagem e influenciam o envolvimento em</p><p>atividades criminosas em diferentes estágios da vida.</p><p>Essa perspectiva reconhece que o comportamento criminoso não é estático,</p><p>mas sim dinâmico, e pode mudar ao longo do tempo devido a uma variedade</p><p>de fatores. A criminologia do desenvolvimento busca entender como e por</p><p>que as pessoas entram na criminalidade, como a criminalidade pode persistir</p><p>ou diminuir ao longo do tempo e quais intervenções podem ser eficazes em</p><p>diferentes estágios da vida para prevenir ou reduzir o comportamento criminoso.</p><p>Alguns dos principais temas abordados na criminologia do desenvolvimento</p><p>incluem (ROSA; CARVALHO; HENRIQUES, 2021):</p><p>TRAJETÓRIAS DE VIDA</p><p>Esse conceito refere-se aos padrões de comportamento criminoso ao longo do tempo.</p><p>Alguns indivíduos podem iniciar sua atividade criminal na adolescência e persistir ao</p><p>longo da vida, enquanto outros podem se envolver em comportamentos criminosos</p><p>apenas temporariamente ou ocasionalmente.</p><p>FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO</p><p>A criminologia do desenvolvimento examina os fatores de risco que aumentam a</p><p>probabilidade de envolvimento em atividades criminosas, bem como os fatores de</p><p>proteção que podem mitigar esse risco. Esses fatores podem incluir características</p><p>individuais, como problemas de saúde mental ou habilidades sociais deficientes, bem</p><p>como fatores familiares, como dinâmica familiar disfuncional, e fatores sociais, como</p><p>pobreza e desigualdade.</p><p>EVENTOS CRÍTICOS</p><p>Essa abordagem também considera eventos críticos na vida de um indivíduo, como</p><p>transições de vida, eventos traumáticos ou mudanças de circunstâncias, que podem</p><p>influenciar o comportamento criminoso.</p><p>INTERVENÇÕES E PREVENÇÃO</p><p>Com base na compreensão desses processos de desenvolvimento, a criminologia do</p><p>desenvolvimento procura identificar estratégias de intervenção e prevenção eficazes</p><p>que possam interromper trajetórias criminosas negativas e promover resultados positi-</p><p>vos ao longo da vida.</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>Essa abordagem holística e dinâmica para entender o comportamento criminoso</p><p>tem sido fundamental para informar políticas e práticas eficazes de justiça</p><p>criminal e prevenção da criminalidade.</p><p>ENFOQUES INTEGRADOS NA CRIMINOLOGIA</p><p>Os enfoques integrados na criminologia são abordagens que combinam múl-</p><p>tiplas teorias, perspectivas ou metodologias para entender melhor a natureza</p><p>e as causas do comportamento criminoso. Esses enfoques reconhecem que a</p><p>criminalidade é um fenômeno complexo que pode ser influenciado por uma</p><p>variedade de fatores interconectados.</p><p>A integração de diferentes abordagens na criminologia permite uma com-</p><p>preensão mais abrangente e holística do comportamento criminoso, indo além</p><p>das explicações unilaterais ou limitadas. Alguns exemplos de enfoques integrados</p><p>na criminologia incluem:</p><p>INTEGRAÇÃO DE TEORIAS</p><p>esse enfoque envolve a combinação de múltiplas teorias criminológicas para expli-</p><p>car o comportamento criminoso. Por exemplo, a integração da Teoria da Associação</p><p>Diferencial de Edwin Sutherland com a Teoria do Controle Social de Travis Hirschi pode</p><p>fornecer uma explicação mais abrangente sobre como a influência social e a falta de</p><p>controle podem levar ao comportamento criminoso.</p><p>INTEGRAÇÃO DE MÉTODOS DE PESQUISA</p><p>Os enfoques integrados também podem envolver a combinação de diferentes mé-</p><p>todos de pesquisa, como métodos quantitativos e qualitativos, para obter uma com-</p><p>preensão mais completa dos fenômenos criminais. Isso pode incluir a utilização de</p><p>dados estatísticos para identificar padrões gerais de criminalidade, juntamente com</p><p>estudos de caso detalhados para entender os contextos e motivos por trás de</p><p>crimes específicos.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 9</p><p>INTEGRAÇÃO INTERDISCIPLINAR</p><p>A criminologia, frequentemente, se beneficia da integração com outras disciplinas,</p><p>como psicologia, sociologia, biologia, economia e ciência política. Essa abordagem</p><p>interdisciplinar permite uma compreensão mais ampla dos fatores individuais, sociais,</p><p>econômicos e biológicos que podem influenciar o comportamento criminoso.</p><p>INTEGRAÇÃO DE POLÍTICAS E PRÁTICAS</p><p>Além de abordagens teóricas e metodológicas, os enfoques integrados na criminologia</p><p>também podem se concentrar na integração de políticas e práticas de justiça criminal.</p><p>Isso envolve a coordenação de esforços entre agências governamentais, organizações</p><p>da sociedade civil e comunidades locais para desenvolver estratégias abrangentes de</p><p>prevenção do crime e intervenção com base em evidências.</p><p>Portanto, os enfoques integrados na criminologia buscam aproveitar o poten-</p><p>cial complementar de diversas teorias, métodos e disciplinas para promover</p><p>uma compreensão mais rica e completa do comportamento criminoso e de-</p><p>senvolver estratégias mais eficazes para lidar com esse fenômeno social.</p><p>Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este</p><p>tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de</p><p>aprendizagem .</p><p>EM FOCO</p><p>NOVOS DESAFIOS</p><p>No mercado de trabalho, a conexão entre teoria e prática é essencial para profis-</p><p>sionais da criminologia que desejam enfrentar os desafios complexos do mundo</p><p>real. Sob o enfoque integrado na criminologia, os profissionais são capacita-</p><p>dos a aplicar uma variedade de perspectivas teóricas e metodologias em suas</p><p>práticas diárias.</p><p>1</p><p>1</p><p>8</p><p>Por exemplo, ao lidar com questões de prevenção do crime em comunidades</p><p>urbanas, um profissional da criminologia pode integrar conceitos da Teoria da</p><p>Desorganização Social para entender os fatores ambientais que contribuem para</p><p>a criminalidade em determinadas áreas. Ao mesmo tempo, eles podem aplicar</p><p>princípios da Teoria do Controle Social para desenvolver estratégias de forta-</p><p>lecimento dos laços comunitários e promover alternativas construtivas para os</p><p>jovens em risco.</p><p>Além disso, no campo da justiça criminal, os profissionais podem utilizar</p><p>abordagens integradas para avaliar e implementar políticas e práticas mais efi-</p><p>cazes. Isso pode envolver a combinação de dados estatísticos com insights quali-</p><p>tativos de pesquisas acadêmicas para informar decisões relacionadas à aplicação</p><p>da lei, sistema prisional, programas de reabilitação e justiça restaurativa.</p><p>Ao adotar uma abordagem integrada, os profissionais da criminologia es-</p><p>tão melhor equipados para enfrentar os desafios dinâmicos e multifacetados do</p><p>campo. Eles são capazes de pensar de forma criativa e adaptar suas estratégias de</p><p>acordo com as necessidades específicas das comunidades e dos indivíduos com</p><p>quem trabalham.</p><p>Além disso, a integração entre teoria e prática na criminologia prepara os</p><p>profissionais para serem líderes inovadores em seus campos, capazes de respon-</p><p>der de forma proativa às mudanças sociais, tecnológicas e políticas. Eles estão</p><p>bem posicionados para influenciar políticas públicas, desenvolver programas</p><p>de intervenção eficazes e promover uma abordagem mais holística e centrada</p><p>na pessoa para lidar com questões de criminalidade e justiça social. Em última</p><p>análise, essa integração entre teoria e prática não apenas fortalece o profissiona-</p><p>lismo dos indivíduos, mas também contribui para uma sociedade mais segura,</p><p>justa e inclusiva.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>9</p><p>1. A compreensão dos fatores que contribuem para o comportamento criminoso é fundamen-</p><p>tal para o desenvolvimento de políticas e estratégias eficazes de prevenção e intervenção.</p><p>Nesse contexto, as teorias criminológicas desempenham um papel crucial ao fornecer</p><p>diferentes perspectivas e abordagens para explicar a complexidade desse fenômeno (GON-</p><p>ZAGA, 2023).</p><p>Identifique a alternativa que melhor caracteriza a Teoria Unitária na criminologia.</p><p>a) É uma abordagem que busca explicar o comportamento criminoso</p><p>por meio da</p><p>combinação de diversos fatores e perspectivas teóricas.</p><p>b) É uma teoria que enfatiza a influência de fatores socioeconômicos, como a pobreza e a</p><p>falta de oportunidades, como causas predominantes da criminalidade.</p><p>c) É uma abordagem que procura explicar o comportamento criminoso por meio de um</p><p>único conjunto de fatores ou uma causa principal.</p><p>d) É uma teoria que se concentra na análise dos processos de aprendizagem social e das</p><p>redes de influência como determinantes do comportamento criminoso.</p><p>e) É uma perspectiva que enfatiza a importância dos vínculos sociais e do controle social</p><p>informal como fatores centrais para prevenir o comportamento criminoso.</p><p>2. A criminologia é um campo multidisciplinar que busca compreender e lidar com o fenôme-</p><p>no da criminalidade. Ao longo dos anos, diversas teorias e abordagens foram desenvolvidas</p><p>para abordar essa complexa questão social (BARATTA, 2002).</p><p>Diante do exposto, analise as afirmativas a seguir:</p><p>I - Os enfoques integrados na criminologia buscam combinar diferentes teorias, métodos e</p><p>disciplinas para obter uma compreensão mais abrangente do comportamento criminoso.</p><p>II - Ao lidar com questões de prevenção do crime em comunidades urbanas, um profissional</p><p>da criminologia pode aplicar apenas a Teoria da Desorganização Social, desconsiderando</p><p>outras perspectivas.</p><p>III - No campo da justiça criminal, os profissionais podem utilizar abordagens integradas para</p><p>avaliar e implementar políticas e práticas mais eficazes, combinando dados estatísticos</p><p>e insights qualitativos.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1</p><p>8</p><p>1</p><p>Assinale a alternativa correta:</p><p>a) I, apenas.</p><p>b) III, apenas.</p><p>c) I e II, apenas.</p><p>d) II e III, apenas.</p><p>e) I, II e III.</p><p>3. A criminologia, como campo interdisciplinar, busca compreender os fatores que influen-</p><p>ciam o comportamento criminoso e desenvolver estratégias eficazes para lidar com esse</p><p>fenômeno complexo. Nesse contexto, os enfoques integrados ganham destaque por com-</p><p>binarem diferentes perspectivas teóricas e metodológicas (BARATTA, 2002).</p><p>Considerando os desafios enfrentados pelos profissionais da criminologia no mundo real,</p><p>qual das alternativas a seguir melhor descreve os benefícios de uma abordagem integrada</p><p>na prática profissional?</p><p>a) Permite a aplicação isolada de teorias específicas, como a Teoria da Desorganização</p><p>Social ou a Teoria do Controle Social, de acordo com a conveniência do profissional.</p><p>b) Possibilita a integração de conceitos teóricos com dados empíricos, como estatísticas e</p><p>insights qualitativos, para embasar decisões e práticas mais eficazes.</p><p>c) Restringe o profissional a uma única perspectiva teórica, impedindo a adaptação das</p><p>estratégias às necessidades específicas das comunidades e indivíduos.</p><p>d) Limita o profissional a abordagens puramente quantitativas, baseadas exclusivamente</p><p>em dados estatísticos, desconsiderando insights qualitativos.</p><p>e) Encoraja o profissional a adotar uma visão estática e inflexível, dificultando a resposta</p><p>proativa às mudanças sociais, tecnológicas e políticas.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1</p><p>8</p><p>1</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BARATTA, A. Criminologia crítica e crítica do Direito Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002.</p><p>GONZAGA, C. Manual de criminologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2023.</p><p>PRADO, L. R.; MAÍLLO, A. S. Criminologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.</p><p>ROSA, G. F.; CARVALHO, G. M. de; HENRIQUES, H. B. Direito Penal. Leme: Edijur, 2021.</p><p>1</p><p>8</p><p>1</p><p>1. Alternativa C. A Teoria Unitária na criminologia é definida como uma abordagem que procura</p><p>explicar o comportamento criminoso por meio de um único conjunto de fatores ou uma</p><p>causa principal.</p><p>2. Alternativa E. Os enfoques integrados na criminologia buscam aproveitar o potencial com-</p><p>plementar de diversas teorias, métodos e disciplinas para promover uma compreensão</p><p>mais rica e completa do comportamento criminoso e desenvolver estratégias mais eficazes</p><p>para lidar com esse fenômeno social. Isso confirma a primeira afirmativa como verdadeira.</p><p>A segunda afirmativa é falsa, pois o texto menciona que ao lidar com questões de prevenção</p><p>do crime em comunidades urbanas, um profissional da criminologia pode integrar conceitos</p><p>da Teoria da Desorganização Social para entender os fatores ambientais que contribuem</p><p>para a criminalidade em determinadas áreas. Ao mesmo tempo, eles podem aplicar princí-</p><p>pios da Teoria do Controle Social para desenvolver estratégias de fortalecimento dos laços</p><p>comunitários e promover alternativas construtivas para os jovens em risco.</p><p>A terceira afirmativa é verdadeira, conforme o trecho: além disso, no campo da justiça criminal,</p><p>os profissionais podem utilizar abordagens integradas para avaliar e implementar políticas e</p><p>práticas mais eficazes. Isso pode envolver a combinação de dados estatísticos com insights</p><p>qualitativos de pesquisas acadêmicas para informar decisões relacionadas à aplicação da</p><p>lei, sistema prisional, programas de reabilitação e justiça restaurativa.</p><p>3. Alternativa B. A alternativa correta é a b), pois o texto afirma que os profissionais podem utili-</p><p>zar abordagens integradas para avaliar e implementar políticas e práticas mais eficazes. Isso</p><p>pode envolver a combinação de dados estatísticos com insights qualitativos de pesquisas</p><p>acadêmicas para informar decisões relacionadas à aplicação da lei, sistema prisional, pro-</p><p>gramas de reabilitação e justiça restaurativa. Essa afirmação corrobora a ideia de que uma</p><p>abordagem integrada permite a combinação de conceitos teóricos com dados empíricos</p><p>para embasar decisões e práticas mais eficazes, como descrito na alternativa b).</p><p>GABARITO</p><p>1</p><p>8</p><p>1</p><p>MINHAS ANOTAÇÕES</p><p>1</p><p>8</p><p>4</p><p>unidade 1</p><p>A CRIMINOLOGIA COMO CIÊNCIA DO DELITO</p><p>O PARADIGMA SOCIOLÓGICO E A CONSTRUÇÃO DE TEORIAS UNITÁRIAS</p><p>TIPOLOGIAS E TEORIAS GERAIS</p><p>unidade 2</p><p>VARIÁVEIS E ORIENTAÇÕES BIOLÓGICAS</p><p>CRIMINOLOGIA NEOCLÁSSICA</p><p>TEORIAS DA APRENDIZAGEM SOCIAL, A TEORIA DA ANOMIA E A TEORIA DA FRUSTRAÇÃO</p><p>unidade 3</p><p>AS TEORIAS DO CONTROLE E DA DESORGANIZAÇÃO SOCIAL</p><p>ENFOQUE CRÍTICO</p><p>ENFOQUES INTEGRADOS</p><p>_n1wscggj9lib</p><p>_f9locxxv07nr</p><p>_nownropkkt9f</p><p>_h6x1fdilbd0w</p><p>_wtk2a1rjx3cq</p><p>Button 28:</p><p>Forms - Uniasselvi:</p><p>repercute também no</p><p>fenômeno criminal, de certo modo.</p><p>Esse fato traz consequências importantíssimas quando, ao considerar a mu-</p><p>lher como ser inferior, os discursos criminológicos acerca da delinquência femi-</p><p>nina se traduzem numa mulher quase invisível e de uma ideia reducionista da</p><p>mulher enquanto condição de inferioridade.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>9</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 1</p><p>Vejamos como Eduardo Viana (2020, p. 464) se refere a investigação crimi-</p><p>nológica sob o viés da criminalidade feminina:</p><p>“ Lombroso e Ferrero, firmes nessa convicção de deficiência do</p><p>“gênio” feminino, argumentam que elas cometem menos crimes</p><p>porque, para se tornarem criminosas, faltar-lhes-ia força física e</p><p>inteligência. Diante disso, o equivalente feminino à criminalida-</p><p>de masculina seria a prostituição: a criminosa nata feminina é, em</p><p>primeiro lugar, a prostituta nata; muito raramente ela seria uma</p><p>assassina. Com isso, desenvolveram a ideia de que a prostituição</p><p>era um sucedâneo do crime.</p><p>Precisamos considerar questões éticas cruciais, como a privacidade e os direitos</p><p>humanos. Francis Pakes, em Criminology, Social Theory and the Challenge of</p><p>Our Times (2004), nos desafia a encontrar o equilíbrio entre a busca pela segu-</p><p>rança e a proteção dos direitos individuais.</p><p>A definição do delito tem implicações práticas relevantes e que podem afetar</p><p>diretamente a sua vida, pois ela influencia a forma como os sistemas judiciais</p><p>processam casos criminais, determinam sentenças e políticas de justiça penal, e</p><p>também molda a sua percepção pública do crime e da punição. A definição do</p><p>que é ou não um delito pode variar de um país para outro, de uma cultura para</p><p>outra e ao longo do tempo.</p><p>Esse é um problema complexo e cheio de diferentes visões. Além do que,</p><p>obviamente, cada abordagem teórica oferece perspectivas variadas sobre o que</p><p>constitui um delito ou não. É fundamental que você, no contexto pessoal, pro-</p><p>fissional e acadêmico, continue a debater e refletir sobre essa questão, buscando</p><p>uma definição que seja justa, equitativa e contextualmente sensível.</p><p>O NASCIMENTO DA CRIMINOLOGIA CIENTÍFICA</p><p>Imagine-se voltando ao século XIX, quando a maioria das pessoas pensava no</p><p>crime de maneira muito diferente do que pensamos hoje. Antes desse período,</p><p>na fase pré-científica, as explicações para o crime geralmente se baseiam em</p><p>julgamentos morais, pessoais e crenças religiosas.</p><p>1</p><p>1</p><p>Nesse cenário, a criminologia científica surgiu como um ato revolucioná-</p><p>rio, mudando completamente a perspectiva sobre o crime. Ela trouxe a ciên-</p><p>cia para o foco principal, revolucionando a forma como a sociedade encarava</p><p>a criminalidade.</p><p>Já na fase científica, com métodos de pesquisas estruturados, localizam-se</p><p>os precursores científicos da criminologia moderna. É difícil especificar quando</p><p>iniciou a criminologia científica, porém a maior parte dos autores atribuem ao</p><p>positivismo criminológico do século XIX.</p><p>A ESCOLA CLÁSSICA</p><p>O início do estudo sistemático da criminalidade inicia no século XVIII, com os</p><p>pensadores da Escola Clássica. Um dos nomes mais importantes dessa época,</p><p>como vocês já sabem, foi Cesare Beccaria, autor de Dos delitos e das penas (1764).</p><p>Beccaria defendeu que a punição deve ser proporcional ao crime e que o sis-</p><p>tema legal deve ser transparente e justo. Ele enfatizou a ideia de que a prevenção</p><p>do crime é mais eficaz do que a punição severa. A Escola Clássica, portanto, des-</p><p>tacou o livre-arbítrio e a responsabilidade individual como elementos essenciais</p><p>na compreensão do comportamento criminoso.</p><p>Os clássicos compactuam de duas teorias distintas: o Jusnaturalismo (Di-</p><p>reito Natural, de Grócio), que falava acerca da natureza eterna e imutável do ser</p><p>humano, e o Contratualismo, em que o Estado surge a partir de um grande</p><p>pacto entre os homens, em que todos abrem mão de parte de seus direitos e da</p><p>sua liberdade, visando a segurança coletiva.</p><p>O contratualismo é uma corrente política e filosófica que parte do pressu-</p><p>posto de um pacto ou contrato social que visa transcender o estado de natureza</p><p>do ser humano, inserindo-o na convivência social com seus pares. Esse contrato</p><p>marca a transição do ser humano de sua condição natural para uma existência em</p><p>sociedade, na qual ele estabelece suas próprias normas, valores morais, costumes</p><p>e instituições, visando um convívio mais harmonioso.</p><p>Segundo Rousseau (2010), no estado de natureza (direito natural/puro), o</p><p>ser humano desfrutava de plena liberdade, desvinculado de qualquer amarra</p><p>institucional que pudesse restringir sua liberdade intrínseca. Nesse estado, ele</p><p>era destituído de moralidade, desconhecendo tanto o conceito de bem como o</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 1</p><p>de mal. A noção de maldade só emergiu quando o ser humano adquiriu pleno</p><p>discernimento entre o certo e o errado, o bem e o mal.</p><p>A escola clássica, posteriormente, foi perdendo credibilidade tendo em vista</p><p>que era mais construída em preceitos morais e pessoais do que na ciência e em</p><p>evidências.</p><p>A ESCOLA POSITIVA ITALIANA</p><p>O século XIX viveu uma mudança significativa no pensamento criminológi-</p><p>co com o surgimento da Criminologia Positiva, fundada por Lombroso, Ga-</p><p>rófalo e Ferri. Foi por meio desses autores que importantes conceitos, como</p><p>a vitimologia, medidas de segurança, suspensão condicional e livramento</p><p>condicional, surgiram.</p><p>A Escola Positiva italiana, liderada por Enrico Ferri e Raffaele Garofalo, ex-</p><p>pandiu as ideias de Lombroso. Eles foram mais profundos no estudo da crimi-</p><p>nalidade, considerando fatores sociais e econômicos.</p><p>Ferri (1996) argumentou que a criminalidade era influenciada por fatores</p><p>como pobreza e desigualdade social, defendeu também a ideia de que o siste-</p><p>ma de justiça criminal deveria ser reformado para levar em consideração esses</p><p>fatores. Garofalo, por sua vez, concentrou-se na psicologia do criminoso e na</p><p>importância de entender as motivações por trás do comportamento criminoso.</p><p>“ A mais acentuada distinção entre a Escola Clássica e a Escola Po-</p><p>sitiva não está tanto nas conclusões particulares, pelas quais, como</p><p>veremos em seguida, se pode estabelecer um acordo […]. A dife-</p><p>rença profunda e decisiva entre as duas escolas está, portanto, prin-</p><p>cipalmente, no método: dedutivo, de lógica abstrata, para a Escola</p><p>Clássica, – indutivo e de observação dos fatos para a Escola Positiva</p><p>(FERRI, 1999, p. 64).</p><p>As doutrinas de Lombroso, Garofalo e Ferri eram novas e constituíam oposição</p><p>à escola clássica. Entretanto, em determinado momento houve excessos da parte</p><p>da Escola Positiva, em que chegaram ao extremo de negar a essência do próprio</p><p>1</p><p>1</p><p>livre arbítrio. A escola positiva mudou muitas coisas na criminologia do passado</p><p>e nos tempos atuais.</p><p>Pensando nisso, segue uma indicação para você, estudante.</p><p>Para aqueles que desejem se aprofundar no tema Positivismo Criminológico, dei-</p><p>xamos a indicação de um artigo científico de grande valia para seus estudos.</p><p>O termo psicopatia, geralmente, denota uma condição psicológica caracterizada</p><p>pela ausência de empatia, manipulação, agressividade, impulsividade, egocen-</p><p>trismo, crueldade e tendências criminosas. Amplamente reconhecido pela co-</p><p>munidade científica, esse conceito é frequentemente empregado em contextos</p><p>jurídico-penais para justificar medidas punitivas. Uma das bases históricas desse</p><p>conceito remonta ao papel do “criminoso nato”, proposto por Lombroso. Esse estu-</p><p>do visa destacar como a concepção contemporânea de psicopatia se desenvolve</p><p>como uma evolução das ideias lombrosianas sobre o criminoso inato dentro do</p><p>estudo do positivismo criminológico. Acesse em:</p><p>https://www.scielo.br/j/pcp/a/tnkw4BFfScLxyhzNtnsqCzB/?lang=pt</p><p>EU INDICO</p><p>Acesse seu ambiente virtual de aprendizagem e confira a aula referente a este</p><p>tema. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de</p><p>aprendizagem .</p><p>EM FOCO</p><p>NOVOS DESAFIOS</p><p>A criminologia é uma disciplina fascinante que une teoria e prática de maneira</p><p>ímpar. Imagine-se como um detetive investigando os segredos do mundo do</p><p>crime. A teoria é sua bússola, apontando para direções a explorar, enquanto a</p><p>prática é o terreno onde você coloca suas descobertas em ação.</p><p>A teoria da criminologia é como uma caixa de ferramentas repleta de abor-</p><p>dagens diferentes. Sociedade, mente humana, economia e biologia, todas desem-</p><p>penham um papel intrigante no estudo do comportamento criminoso. É como</p><p>montar um quebra-cabeça complexo, com cada peça teórica nos ajudando a</p><p>entender as causas e motivações por trás dos crimes.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 1</p><p>Agora, quando passamos para a aplicação prática, a criminologia assume</p><p>um papel crucial na moldagem de políticas e estratégias. Imagine-se como um</p><p>arquiteto de um sistema de justiça mais justo e eficaz. A Teoria da Rotulagem, por</p><p>exemplo, influenciou a criação de políticas de justiça juvenil que visam proteger</p><p>jovens infratores de serem rotulados e estigmatizados para o resto de suas vidas.</p><p>No entanto, a criminologia vai além. Ela se envolve na intervenção e reabili-</p><p>tação de infratores, trabalhando incansavelmente para reduzir a reincidência e</p><p>dar uma segunda chance às pessoas em conflito com a lei. É como ser um guia,</p><p>ajudando aqueles que cometeram erros a encontrar o caminho certo.</p><p>E o mercado de trabalho na criminologia? Ah, ele é vasto e cheio de oportu-</p><p>nidades empolgantes. Você pode se ver como um membro valioso em equipes</p><p>de agências governamentais, como a polícia, o sistema penitenciário ou acolhi-</p><p>mentos de justiça juvenil. Talvez você se destaque como um analista de dados</p><p>criminais, auxiliando na tomada de decisões informadas.</p><p>Se preferir o setor privado, há uma porta aberta para você na segurança cor-</p><p>porativa, investigações internas e análise de riscos. E se seu coração bate pela</p><p>justiça social, ONGs oferecem um terreno fértil para suas habilidades, locais que</p><p>você pode trabalhar para prevenir crimes e reintegrar infratores na sociedade.</p><p>Alguns criminologistas até criam suas próprias empresas de consultoria, ofe-</p><p>recendo serviços de pesquisa e análise de dados para moldar políticas e estraté-</p><p>gias ainda mais eficazes.</p><p>A criminologia é como um quebra-cabeça emocionante com teoria e prática</p><p>se encaixando perfeitamente para criar um mundo mais seguro e justo. Qual peça</p><p>você gostaria de ser nessa jornada?</p><p>1</p><p>4</p><p>1. Falando um pouco sobre as principais teorias criminológicas, não podemos deixar de lado</p><p>Robert K. Merton, influenciado por Durkheim, que com sua teoria da Anomia, nos mostrará</p><p>como o crime ocorre quando metas culturais e meios disponíveis estão em desacordo. Ele</p><p>nos provocará com a ideia de que “o crime é uma resposta normal a uma situação anormal”.</p><p>Em sua essência, sua teoria pretende descobrir as razões pelas quais, em alguns casos, as</p><p>normas não são eficazes para orientar o comportamento das pessoas.</p><p>Teorias ecológicas ou ambientalistas têm por objeto a análise da criminalidade urbana e sua</p><p>distribuição no espaço. Adeptos dessa teoria analisam as condições de vida dos habitantes</p><p>de um determinado local e como as condições locais favoreciam ou não fenômenos de</p><p>desvio e desorganização social. A teoria da associação diferencial, criada por Sutherland,</p><p>alega que o delito é uma conduta que, como qualquer outra, se aprende, e esse aprendizado</p><p>ocorre mediante processos de interação social e comunicação entre as pessoas, em especial</p><p>dentro dos grupos sociais a que ela pertence.</p><p>Teorias das subculturas criminais são um conjunto de teorias, que argumentam que não é</p><p>possível se falar em um sistema único de valores, pois existem grupos diferentes de pessoas</p><p>com seus próprios valores e crenças, não compartilhados pelo restante da sociedade. Essa</p><p>teoria foi consagrada na literatura criminológica pela obra de Albert Cohen, denominada</p><p>Delinquent Boys (SCHAFER, 1969).</p><p>De acordo com o texto, assinale a alternativa que indica quais são as principais teorias</p><p>criminológicas:</p><p>a) Teoria da anomalia, teoria da associação livre e teorias ambientalistas.</p><p>b) Teoria da anomia, ecológicas ou ambientalistas, a teoria da associação diferencial, teorias</p><p>das subculturas criminais.</p><p>c) Teorias criminais culturais, teoria da livre associação e teoria ambientalista.</p><p>d) Teorias criminais gerais, teoria das culturas e teorias da anomia.</p><p>e) Teorias da criminalidade, ecológicas e ambientalistas.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1</p><p>5</p><p>2. A abordagem funcionalista considera o delito como um fenômeno social e busca entender</p><p>seu papel na sociedade. De acordo com essa abordagem, um delito é qualquer compor-</p><p>tamento que ameace ou prejudique a ordem social, a segurança ou o bem-estar público.</p><p>Essa abordagem é mais abrangente, mas também mais subjetiva, pois depende da inter-</p><p>pretação das normas sociais.</p><p>De acordo com o que estudamos sobre a abordagem funcionalista, analise as afirmativas:</p><p>I - O delito não é um comportamento que ameace ou prejudique a ordem social.</p><p>II - Considera o delito como um fenômeno social e busca entender seu papel na sociedade.</p><p>III - É uma abordagem mais abrangente e subjetiva.</p><p>Assinale a alternativa correta:</p><p>a) I, apenas.</p><p>b) III, apenas.</p><p>c) I e II, apenas</p><p>d) II e III, apenas.</p><p>e) I, II e III.</p><p>3. A abordagem legalista para definir o delito se baseia específica e diretamente nas leis e</p><p>códigos penais. Nessa perspectiva, um delito é qualquer ação que seja proibida por lei e</p><p>que esteja sujeita a punições legais. Convidamos você a refletir sobre o fato de que essa</p><p>abordagem pode ser limitada, pois não leva em consideração questões morais, éticas ou</p><p>contextuais.</p><p>Com relação à abordagem legalista, qual das alternativas apresenta a afirmativa correta?</p><p>a) Pode ser limitada, pois não leva em consideração questões morais, éticas ou contextuais.</p><p>b) É ilimitada em suas possibilidades, pois abrange todas as questões.</p><p>c) Se concentra na análise dos elementos constitutivos do delito.</p><p>d) Considera o delito como um fenômeno social e busca entender seu papel na sociedade.</p><p>e) Não existe uma abordagem chamada “legalista”.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1</p><p>1</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BECCARIA, C. B. M. di. Dos delitos e das penas. Trad. M. Teixeira. Rio de Janeiro: Editora Rio, 1979.</p><p>DURKHEIM, E. O suicídio: estudo sociológico. Lisboa: Presença, 1987.</p><p>FERRI, E. Princípios de direito criminal. Trad. de Paolo Capitanio. Campinas: Bookseller, 1996.</p><p>GAROFALO,R. Criminologia: estudo sobre o delito e a repressão penal. São Paulo: Teixeira &</p><p>Irmão, 1893.</p><p>LOMBROSO, C. O Homem delinquente. Trad. e seleção: Sebastião José Roque. São Paulo:</p><p>Ícone, 2016.</p><p>PAKES, F. Criminology, social theory and the challenge of our times. [s. l., s. n.], 2004.</p><p>ROUSSEAU, J. J. O Contrato social. Trad. e prefácio de Mário Franco de Sousa. Portugal: Editorial</p><p>Presença, 2010.</p><p>SCHAFER, S. Theories in criminology – Past present philosophies of the crime problem. New</p><p>York: Random House, 1969.</p><p>SUTHERLAND, E. H. A Criminalidade de colarinho branco. Revista Eletrônica de Direito Penal e</p><p>Política Criminal, [s. l.], v. 2, n. 2, p. 93-103, 2014.</p><p>VIANA, E. Criminologia. Salvador: Juspodivm, 2020.</p><p>1</p><p>1</p><p>https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:rede.virtual.bibliotecas:livro:1893;000038639</p><p>https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:rede.virtual.bibliotecas:livro:1893;000038639</p><p>https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:rede.virtual.bibliotecas:livro:1893;000038639</p><p>1. Alternativa B. Teoria da anomia, ecológicas ou ambientalistas, a teoria da associação dife-</p><p>rencial, teorias das subculturas criminais.</p><p>2. Alternativa D. A afirmativa I, está incorreta, pois o delito é um comportamento que ameaça</p><p>e prejudica a ordem social.</p><p>As afirmativas II e III estão corretas, pois a abordagem funcionalista considera o delito como</p><p>um fenômeno social e busca entender seu papel na sociedade. De acordo com essa abor-</p><p>dagem, um delito é qualquer comportamento que ameace ou prejudique a ordem social, a</p><p>segurança ou o bem-estar público. Essa abordagem é mais abrangente, mas também mais</p><p>subjetiva, pois depende da interpretação das normas sociais.</p><p>3. Alternativa A.</p><p>a) É a correta.</p><p>b) É o contrário da afirmação correta.</p><p>c) e d)</p><p>citaram outras abordagens.</p><p>e) É incorreta.</p><p>GABARITO</p><p>1</p><p>8</p><p>MINHAS ANOTAÇÕES</p><p>1</p><p>9</p><p>MINHAS METAS</p><p>O PARADIGMA SOCIOLÓGICO</p><p>E A CONSTRUÇÃO DE TEORIAS</p><p>UNITÁRIAS</p><p>Estudar a Sociologia e a construção de Teorias Unitárias.</p><p>Compreender o que foi a Escola de Chicago.</p><p>Aprofundar meus conhecimentos em Criminologia.</p><p>Desvendar as diferentes teorias e abordagens.</p><p>Conhecer o paradigma sociológico.</p><p>Analisar os movimentos críticos.</p><p>Avaliar os conhecimentos obtidos.</p><p>T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 2</p><p>1</p><p>1</p><p>INICIE SUA JORNADA</p><p>Já se indagou, estudante, sobre como a Sociologia, essa ciência que busca</p><p>decifrar a intricada trama das relações humanas, enfrenta o desafio de forjar</p><p>teorias que integrem conceitos aparentemente diversos? Esse ponto de partida</p><p>nos leva a explorar a construção de um paradigma sociológico unificado, capaz</p><p>de acomodar a complexidade da sociedade contemporânea. Como é possível</p><p>desenvolver teorias unificadoras em meio à multiplicidade de perspectivas,</p><p>culturas e contextos sociais?</p><p>A empreitada de forjar teorias unitárias na sociologia reveste-se de grande</p><p>importância, representando o esforço de decifrar as intrincadas teias de relações</p><p>sociais e individuais, desvelando conexões e padrões que frequentemente</p><p>passam despercebidos. Além disso, essa busca pela unidade carrega consigo o</p><p>potencial de estabelecer uma base sólida para análises e intervenções sociais</p><p>mais eficazes, transcendendo as barreiras das especializações e enriquecendo o</p><p>diálogo interdisciplinar.</p><p>Nesse contexto, a experimentação emerge como um processo constante</p><p>de tentativa e erro no qual os sociólogos se envolvem. Trata-se da busca por</p><p>formulações que expliquem a sociedade, testando hipóteses, adaptando modelos</p><p>teóricos e, ocasionalmente, descartando paradigmas inteiros. A experimentação</p><p>demanda coragem intelectual, uma mente aberta à incorporação de novas</p><p>perspectivas e a capacidade de aceitar que as teorias unitárias estão sempre</p><p>sujeitas a aprimoramentos.</p><p>Por fim, a reflexão atua como o motor propulsor da evolução do paradigma</p><p>sociológico. Os sociólogos, assim como todos nós, são desafiados a contemplar</p><p>as implicações de suas teorias para a sociedade, a ética e a justiça. A reflexão nos</p><p>leva a questionar as consequências de nossas escolhas teóricas e a reconhecer que</p><p>a busca por teorias unitárias é uma jornada sem fim. Ela nos convida a aceitar que</p><p>a diversidade social é uma riqueza e que, mesmo na busca pela unidade, devemos</p><p>abraçar a complexidade e a multiplicidade de perspectivas.</p><p>Assim, a construção de teorias unitárias no paradigma sociológico constitui</p><p>um desafio constante, permeado de significado, experimentação e reflexão.</p><p>Estudante, você também é convidado a fazer parte desse processo, questionando,</p><p>sugerindo e refletindo sobre como a sociologia pode contribuir para uma</p><p>compreensão mais profunda da sociedade em que vivemos.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 2</p><p>Gostaria de se aprofundar neste conteúdo de maneira mais leve e divertida? Você</p><p>pode acessar nosso podcast com o tema Controle Social: limites e impacto na in-</p><p>dividualidade. Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente</p><p>virtual de aprendizagem .</p><p>PLAY NO CONHECIMENTO</p><p>VAMOS RECORDAR?</p><p>Antes de seguirmos desbravando o mundo da sociologia, vale a pena recordarmos</p><p>o que estudamos sobre o positivismo criminológico de Enrico Ferri. Acesse em:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=5qzqpZfBz4s</p><p>DESENVOLVA SEU POTENCIAL</p><p>O PARADIGMA SOCIOLÓGICO E A CONSTRUÇÃO DE TEORIAS</p><p>UNITÁRIAS</p><p>Estudante, você já refletiu sobre como a Sociologia desempenha um papel essen-</p><p>cial na compreensão das intrincadas relações humanas e nas complexas estrutu-</p><p>ras sociais que nos cercam? Vamos viajar por esse fascinante universo!</p><p>A sociologia, como disciplina acadêmica, assemelha-se a um quebra-cabeça</p><p>gigantesco, em que cada peça representa um componente do nosso entendi-</p><p>mento acerca da sociedade. Para compor esse quebra-cabeça, contamos com</p><p>teorias sociológicas como guias. Vamos, portanto, investigar o desenvolvimento</p><p>e evolução dessas teorias.</p><p>Um ponto de partida crucial reside nos paradigmas sociológicos. Podemos</p><p>imaginá-los como lentes pelas quais os sociólogos observam o mundo. Tais pa-</p><p>radigmas são influenciados por uma multiplicidade de fatores, que vão desde</p><p>mudanças sociais até reviravoltas políticas e culturais. Compreender esses pa-</p><p>1</p><p>1</p><p>radigmas equivale a desvendar as regras de um jogo intelectual que orienta a</p><p>pesquisa e análise sociológica.</p><p>Um exemplo grandioso é o positivismo, criado pelo filósofo francês Auguste</p><p>Comte (2008), essa abordagem reforça a aplicação de métodos científicos na aná-</p><p>lise da sociedade, como se estivéssemos utilizando uma espécie de microscópio</p><p>social para aprofundar nosso entendimento sobre o mundo.</p><p>Outro paradigma de interesse é o funcionalismo, associado a Émile Dur-</p><p>kheim (2006), podemos concebê-lo a partir da observação da sociedade como</p><p>um vasto mecanismo, em que cada componente desempenha uma função fun-</p><p>damental para manter a harmonia e o funcionamento adequado.</p><p>Por outro lado, Karl Marx (2017) introduz o paradigma do conflito. Nessa</p><p>perspectiva, o foco recai nas disputas pelo poder e nas disparidades de classe,</p><p>como se estivéssem0os aplicando um microscópio às tensões e confrontos sociais.</p><p>A parte verdadeiramente cativante é a construção de teorias unificadoras.</p><p>Trata-se da integração dessas distintas lentes para criar uma visão abrangente</p><p>da sociedade. Sociólogos contemporâneos dedicam-se ao desenvolvimento de</p><p>teorias que amalgamam elementos do positivismo, funcionalismo, conflito, bem</p><p>como outras abordagens, na tentativa de capturar a completa complexidade da</p><p>sociedade em uma única imagem.</p><p>A ESCOLA DE CHICAGO</p><p>A Escola de Chicago, ou Escola de Sociologia de Chicago, foi um verdadeiro</p><p>divisor de águas no que diz respeito à sociologia urbana e análise da vida em</p><p>cidades. Teve seu início no começo do século XX, na universidade de Chicago.</p><p>Autores como Roberth E. Park, Ernest Burguess e Louir Wirth foram grandes</p><p>nomes dessa Escola.</p><p>Vejamos como Eduardo Viana (2020, p. 217) ensina sobre a Escola de Chicago:</p><p>“ Respeitável setor da doutrina considera a Escola de Chicago um dos</p><p>focos de expansão mais poderosos e influentes da Sociologia crimi-</p><p>nal. O seu núcleo de investigação está relacionado no modo como o</p><p>fator ambiental, notadamente o espaço urbano, pode desempenhar</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 2</p><p>um importante papel para o surgimento do comportamento des-</p><p>viante, daí porque é comum designar essa vertente criminológica</p><p>como ecologia criminal. No tocante a esse aspecto, Park, um dos</p><p>principais teóricos da escola, jornalista por formação, com vinte e</p><p>cinco anos de observação e coleta de dados, constatou que a popu-</p><p>lação de Chicago, entre os anos de 1860 e 1910, dobrava a cada dez</p><p>anos, com ondas de imigração. Evidente que um salto demográfico</p><p>dessa natureza, potencializado pela diversidade cultural, proporciona</p><p>uma série de problemas sociais, especialmente os de índole criminal.</p><p>O que a diferenciou das demais, foi o enfoque na observação direta e em pes-</p><p>quisas de campo, investigando de maneira minuciosa o ambiente urbano, per-</p><p>cebendo as cidades como organismos em constante evolução, que são moldadas</p><p>constantemente por processos culturais e sociais.</p><p>Descrição da Imagem: a figura</p><p>se trata de um prédio antigo,</p><p>aspecto de bloco no volume</p><p>do edifício e grandes áreas de</p><p>parede envidraçadas. Há tam-</p><p>bém várias pessoas andando</p><p>na rua ao redor do prédio. Fim</p><p>da descrição.</p><p>Figura 1 – Escola de Chicago</p><p>Fonte: https://pt.wikipedia.org/</p><p>wiki/Escola_de_Chicago_%28ar-</p><p>quitetura%29#/media/Ficheiro:-</p><p>2010-03-03_1856x2784_chica-</p><p>go_chicago_building.jpg. Acesso</p><p>em: 21 mar. 2024.</p><p>1</p><p>4</p><p>A principal contribuição da Escola de Chicago foi a introdução do conceito de</p><p>“ecologia humana”, que concebia a cidade como um ecossistema social em per-</p><p>manente mutação. Isso influenciou pesquisas sobre migração, segregação racial e</p><p>as interações das pessoas com o ambiente urbano. Um dos estudos mais famosos</p><p>foi O Crescimento da Cidade, publicado por Ernest Burgess em 1925, que des-</p><p>creveu o modelo da “teoria das zonas concêntricas”. Esse modelo explicou como</p><p>as cidades se expandem em camadas concêntricas, relacionando o espaço físico</p><p>com a estratificação social.</p><p>Vejamos como Eduardo Viana (2020, p. 221) refere a teoria das zonas con-</p><p>cêntricas:</p><p>“ O processo de crescimento descrito por Park foi apropriado</p><p>e sistematizado por Burgess, na famosa teoria das zonas</p><p>concêntricas. No trabalho de 1925 (A cidade), ambos em obra</p><p>que conta com a participação de McKenzie, explicavam que a</p><p>cidade se expande radialmente, de dentro para fora, em círculos</p><p>concêntricos, descritos como zonas. Os comportamentos delitivos</p><p>são uma consequência do desenvolvimento econômico e político</p><p>que essas zonas experimentam. Noutros termos: aqueles processos</p><p>da biologia (invasão, dominação e sucessão), que foram trasladados</p><p>para explicar o desenvolvimento das comunidades humanas, teriam</p><p>a sua expressão concreta na determinação do aparecimento de</p><p>zonas urbanas, cada uma das quais com a sua própria vida.</p><p>Outra obra fundamental foi A Cidade, de Robert E. Park e Ernest Burgess em</p><p>1925, que tratou a cidade como um palco onde diferentes grupos étnicos inte-</p><p>ragem, evoluem e estabelecem relações complexas. Louis Wirth, em seu livro A</p><p>Vida Urbana, de 1938, destacou a experiência única de viver na cidade, enfocan-</p><p>do o anonimato, a diversidade e o isolamento característicos das áreas urbanas.</p><p>As contribuições da Escola de Chicago não se restringiram aos Estados Uni-</p><p>dos, elas influenciaram estudos urbanos em todo o mundo. Alguns modelos</p><p>implantados por eles, como a pesquisa de campo e a aplicação de conceitos como</p><p>“comunidade”, “ecologia urbana” e “espaço social” continuam a ser relevantes na</p><p>sociologia urbana atual.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>5</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 2</p><p>A TEORIA DA DESORGANIZAÇÃO SOCIAL</p><p>Você já se indagou sobre o motivo pelo qual algumas áreas urbanas apresentam</p><p>taxas de criminalidade mais elevadas do que outras, mesmo quando as disparidades</p><p>socioeconômicas não são tão óbvias? Bem, a teoria da desorganização social é um</p><p>conceito intrigante que lança luz sobre essa questão. Vamos conhecê-la juntos!</p><p>No começo do século XX, dois sociólogos, Clifford R. Shaw e Henry D. McKay,</p><p>conduziram pesquisas em Chicago, estudando o impacto da estrutura social e da</p><p>coesão comunitária na criminalidade. Eles chegaram à conclusão de que áreas</p><p>com alta taxa de mobilidade da população e uma fraca coesão entre os membros</p><p>da comunidade tinham taxas de criminalidade mais elevadas. Com base em seus</p><p>estudos, eles criaram o livro intitulado Fatores Sociais na Delinquência Juvenil,</p><p>publicado em 1942, que serviu de base para a teoria da desorganização social.</p><p>Sua teoria demonstra que a violência nos bairros é influenciada por diversas</p><p>questões sociais, como o desemprego, mudanças na composição habitacional,</p><p>diversidade cultural, racial e de classe social.</p><p>O PARADIGMA SOCIOLÓGICO</p><p>Na sociologia, ocorrem debates constantes entre os diferentes paradigmas dos</p><p>sociólogos, refletindo a capacidade crítica dessa comunidade. Em contraste com</p><p>as ciências naturais, em que a perspectiva sobre um fenômeno social único pode</p><p>ser singular e mensurado com exatidão, na sociologia, uma multiplicidade de</p><p>pontos de vista é possível.</p><p>Os sociólogos, enquanto estudiosos da sociedade, assumem uma posição</p><p>com dualidade, sendo sujeitos e objetos de suas pesquisas. Além disso, a in-</p><p>terpretação dos fenômenos sociais é influenciada por seus próprios valores,</p><p>levantando ao questionamento da objetividade e fidedignidade dos estudos e</p><p>pesquisas do sociólogo.</p><p>1</p><p>1</p><p>A sociologia, como uma disciplina científica, está inevitavelmente ligada à</p><p>busca por respostas, e as perguntas desempenham um papel vital nesse processo.</p><p>Os objetivos centrais da sociologia são a exploração, compreensão e explicação</p><p>da realidade social, e essa busca por compreensão é caracterizada por uma di-</p><p>versidade de paradigmas.</p><p>A TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL</p><p>A teoria da associação diferencial foi desenvolvida e apresentada por Edwin H.</p><p>Sutherland (1940), sociólogo americano que apresentou a expressão “White Collar</p><p>Crimes”, que define o conjunto de crimes praticados por um público diferente da</p><p>sociedade, que são pessoas com excelentes posições sociais e independência finan-</p><p>ceira. Essas pessoas, se aproveitam desses papéis e cargos para cometerem crimes.</p><p>Os estudos sobre a Teoria da Associação Diferenciada, feitos por Suther-</p><p>land (1940), apresentaram um novo ponto de vista sobre formas de crimes e, ain-</p><p>da, sobre sua organização, pois entendeu-se que é necessário um procedimento</p><p>já preparado, união de forças e aprendizado para que haja sucesso na prática. O</p><p>primeiro paradigma quebrado foi o de pesquisas anteriores que apresentavam a</p><p>criminalidade ligada a questões genéticas ou associada a condições financeiras</p><p>e sociais menos favorecidas como única razão para o cometimento de crimes, o</p><p>que se provou não ser uma realidade.</p><p>Sutherland (1940) mostrou que o crime também está nos grupos elitizados</p><p>e de “alto escalão”, pessoas que possuem um grau mais elevado financeiramente</p><p>e socialmente e possuem acesso a situações privilegiadas. O autor afirma, ainda,</p><p>que condutas delituosas são assimiladas e não herdadas.</p><p>Os motivos pelos quais essas pessoas se agrupam nessas facções ainda são</p><p>estudados por diversos estudiosos. Para a Teoria da Associação Diferencial, uma</p><p>pessoa se converte em delinquente quando as definições favoráveis à violação da</p><p>lei superam as desfavoráveis, ou seja, quando por consequência de seus contatos</p><p>diferenciais, aprendeu mais modelos criminais do que de respeito do direito.</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 2</p><p>UMA TEORIA CLÁSSICA DA FRUSTRAÇÃO</p><p>As teorias que tentam explicar a agressão são diversas e, pelo menos superficial-</p><p>mente, lógicas. Hoje veremos a Teoria da Frustração-Agressão, uma das teorias</p><p>mais populares da história e base para outras teorias atuais.</p><p>Essa teoria foi proposta pelos psicólogos John Dollard e Neil Miller, ambos da</p><p>escola behaviorista, que queriam teorizar sobre as causas da agressão. Em 1939,</p><p>propuseram a teoria da frustração-agressão, na qual essa tendência behaviorista</p><p>mais uma vez reduziu um dos processos básicos do comportamento social ao es-</p><p>tímulo-resposta: a violência. A hipótese principal é que a agressão é sempre resul-</p><p>tado da frustração e vice-versa: a frustração sempre leva a algum tipo de agressão.</p><p>Usando essa suposição simples, Dollard (1939) e seus colegas tentaram pre-</p><p>ver quando as pessoas atacariam e contra quem. Nessa teoria, a frustração é</p><p>entendida como uma perturbação numa sequência de ações. Em outras palavras,</p><p>uma pessoa se sente decepcionada quando não consegue realizar seus desejos. A</p><p>teoria também sustenta que quanto maior a frustração, maior a agressão.</p><p>Muitas vezes, a frustração vai se acumulando e chega-se a um ponto em que</p><p>qualquer pequena frustração pode levar a uma agressão intensa, produto desse</p><p>acúmulo.</p><p>MOVIMENTOS CRÍTICOS</p><p>A criminologia radical ou crítica nasceu da rejeição do capitalismo, com base</p><p>no marxismo, e via os criminosos como vítimas da sociedade. A teoria sustenta</p><p>que, numa sociedade capitalista com uma ordem jurídica opressiva, o crime é</p><p>um problema. O caminho a seguir não será tratar o criminoso, mas mudar a</p><p>sociedade para a qual ele foi introduzido.</p><p>Os defensores da teoria crítica opõem-se ao modelo criminológico tradi-</p><p>cional e atacam a ordem jurídica estabelecida e o direito penal, o fenômeno do</p><p>crime será entendido em termos de condições econômicas e de marginalização</p><p>social. Para os adeptos desse movimento, o criminoso não é considerado um ser</p><p>irracional ou anormal, o criminoso deve ser investigado do seu ponto de vista.</p><p>1</p><p>8</p><p>Os críticos rejeitam qualquer intenção de socializar os criminosos, porque para</p><p>eles a sociedade penal deve ser transformada.</p><p>A marginalização social, estendendo-se à classe trabalhadora, é o alvo prio-</p><p>ritário do sistema penal, que visa criar medo da criminalização e do encarce-</p><p>ramento para manter a estabilidade da produção e da ordem. As principais</p><p>características do movimento crítico são: o conceito de conflito entre sociedade e</p><p>direito: o Direito Penal preocupa-se em proteger os interesses do grupo dominan-</p><p>te, requer uma compreensão do crime, duras críticas à Criminologia tradicional,</p><p>consideram o capitalismo como a base do crime, propõe reformas estruturais na</p><p>sociedade para reduzir a desigualdade e, assim, reduzir a criminalidade.</p><p>Vigiar e Punir</p><p>Para um mergulho mais profundo no estudo da criminologia,</p><p>recomendo o livro Vigiar e Punir, de Michel Foucault. Esse livro</p><p>representa um verdadeiro estudo filosófico e histórico da tortura</p><p>e da coerção, do surgimento das prisões e do castigo como</p><p>meio de disciplina e formação, sendo, por isso, sem dúvida,</p><p>muito útil no meio jurídico e social, especialmente no domínio</p><p>criminal. Revela os aspectos sociais e políticos da forma de</p><p>controle social aplicada no passado ao direito e à sociedade,</p><p>especialmente às sociedades em que as monarquias duraram</p><p>séculos.</p><p>INDICAÇÃO DE LIVRO</p><p>UNIASSELVI</p><p>1</p><p>9</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 2</p><p>A TEORIA DO CONTROLE SOCIAL</p><p>O controle social é entendido como um conjunto de mecanismos de interven-</p><p>ção que existem em cada sociedade ou grupo social e são utilizados como meio</p><p>para garantir a conformidade do comportamento dos indivíduos. Além disso,</p><p>esses mesmos mecanismos funcionam como forma de intervenção diante de</p><p>possíveis alterações que possam ocorrer no meio social. Nesse caso, os meios de</p><p>controle social convidam o sujeito a se adaptar à sua nova realidade, seja positiva</p><p>ou negativamente.</p><p>O filósofo político Noberto Bobbio (1998) distingue duas formas de controle</p><p>em sua definição de controle social: formas externas de controle e formas</p><p>internas de controle. A primeira forma de controle (externo) refere-se aos</p><p>meios diretos de intervenção, que são acionados quando o indivíduo não dese-</p><p>ja manter a uniformidade do comportamento geral. Nessa fase, são utilizadas</p><p>sanções, punições ou outras formas de intervenção para garantir que o objetivo</p><p>obedeça ao contexto. Um exemplo é a polícia e as leis que ela deve aplicar.</p><p>Nesse sentido, a polícia tem o dever legislativo estadual e o poder de garantir</p><p>que as ações dos indivíduos não ultrapassem os limites da lei. Considerando isso,</p><p>pode-se dizer que a polícia é apenas uma ferramenta para implementar mecanis-</p><p>mos de controle externo. Sanções e punições podem ser aplicadas, por exemplo,</p><p>pelo grupo social ou sociedade a que pertencemos.</p><p>A exclusão social é o exemplo mais óbvio de sanções que a sociedade pode</p><p>impor a alguém. Por exemplo, se não nos vestirmos de acordo com o que é acei-</p><p>tável, enfrentaremos julgamento e poderemos ser vistos como socialmente sub-</p><p>versivos. Além disso, a privação de direitos, as proibições físicas ou mesmo o</p><p>isolamento (prisão) são formas de controle externo.</p><p>Por outro lado, o campo do controle interno refere-se ao que o ambiente</p><p>social pode incutir, ou seja, criar uma ideia, um pensamento ou alguma outra</p><p>parte característica da consciência de um indivíduo. As normas e valores ca-</p><p>racterísticos desse meio social, considerados necessários à própria organização</p><p>social, são trazidos para o processo de construção da identidade do sujeito, que</p><p>passa a definir suas ações de acordo com esse conjunto de normas.</p><p>4</p><p>1</p><p>Entretanto, esse tipo de controle depende de um processo social bem</p><p>estruturado. Se essa socialização for suficientemente realizada, o indivíduo tor-</p><p>na-se guardião do seu próprio comportamento.</p><p>O filósofo e teórico social Michel Foucault dedicou sua obra Vigiar e Punir</p><p>(1999) à compreensão das formas externas e internas de controle social. Segundo</p><p>o autor, a construção de um sujeito aprendente, útil e submisso à ordem estabe-</p><p>lecida só é possível por meio de processos “disciplinares”, nos quais o corpo e a</p><p>mente do sujeito são formados de acordo com o que é exigido no meio social.</p><p>Para compreender esse fenômeno, Foucault (1999) recorreu à observação de</p><p>instituições disciplinares, como escolas e quartéis, onde vivem aqueles que ali</p><p>permanecem sob a supervisão da instituição. O resultado do processo, se bem</p><p>sucedido, seria uma substância de aprendizagem e “útil” no seu contexto social.</p><p>O controle social é, portanto, um conjunto de formas externas de intervenção</p><p>no comportamento de um sujeito desviante (como um criminoso preso pela</p><p>polícia) e no processo de construção de uma consciência orientada pelas regras</p><p>e normas da sociedade. Essas formas de controle afetam a nossa individualidade,</p><p>de modo que, quase sempre, limitamos as nossas ações de acordo com o que</p><p>aprendemos ser certo ou errado.</p><p>Estudante, quer saber mais informações a respeito do que discutimos ao longo</p><p>deste tema de aprendizagem? Acesse à videoaula que preparamos para você.</p><p>Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de</p><p>aprendizagem .</p><p>EM FOCO</p><p>NOVOS DESAFIOS</p><p>Hoje, a sociologia criminal desempenha um papel fundamental tanto na com-</p><p>preensão dos fenômenos criminais como no mercado de trabalho. O campo</p><p>evoluiu significativamente ao longo dos anos e continua relevante em nossa so-</p><p>ciedade em constante mudança.</p><p>UNIASSELVI</p><p>4</p><p>1</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 2</p><p>No contexto moderno, a sociologia criminal questiona as ideias tradicionais</p><p>sobre o crime e a criminalidade. Examinando não apenas o crime em si, mas</p><p>também as raízes sociais, econômicas e culturais que contribuem para o crime.</p><p>Em um mundo cada vez mais global e diversificado, a sociologia criminal é fun-</p><p>damental para compreender como os diferentes grupos sociais são despropor-</p><p>cionalmente afetados pelo sistema de justiça criminal.</p><p>No mercado de trabalho, a sociologia criminal oferece um amplo leque de</p><p>oportunidades profissionais e desempenha hoje um papel importante, proporcio-</p><p>nando uma análise crítica e detalhada dos problemas criminais numa sociedade</p><p>em constante evolução. Isso oferece oportunidades interessantes e impactantes</p><p>para o mercado de trabalho e permite que os profissionais tenham um impacto</p><p>positivo nas políticas públicas, na justiça criminal e na segurança da comunidade.</p><p>4</p><p>1</p><p>1. A Escola de Chicago, ou Escola de Sociologia de Chicago, foi um verdadeiro divisor de</p><p>águas no que diz respeito à sociologia urbana e análise da vida em cidades. Teve seu iní-</p><p>cio no começo do século XX, na universidade de Chicago. Autores como Roberth E. Park,</p><p>Ernest Burguess e Louir Wirth foram grandes nomes dessa escola. O que a diferenciou</p><p>das demais, foi o enfoque na observação direta e em pesquisas de campo, investigando</p><p>de maneira minuciosa o ambiente urbano, percebendo as cidades como organismos em</p><p>constante evolução, que são moldadas constantemente por processos culturais e sociais</p><p>(PARK; BURGESS, 1925).</p><p>A escola de Chicago foi considerada um divisor de águas na sociologia urbana . Seu prin-</p><p>cipal diferencial foi:</p><p>a) Diferente das demais, não focava na observação direta.</p><p>b) Foco na observação direta e pesquisa de campo.</p><p>c) Não focava tanto nas pesquisas de campo.</p><p>d) Observação indireta e contemplativa.</p><p>e) Desfoque em observação.</p><p>2. A principal contribuição da Escola de Chicago foi a introdução do conceito de “ecologia hu-</p><p>mana”, que concebia a cidade como um ecossistema social em permanente mutação. Isso</p><p>influenciou pesquisas sobre migração, segregação racial e as interações das pessoas com o</p><p>ambiente urbano. Um dos estudos mais famosos foi O Crescimento da Cidade, publicado por</p><p>Ernest Burgess em 1925, que descreveu o modelo da “teoria das zonas concêntricas”. Este</p><p>modelo explicou como as cidades se expandem em camadas concêntricas, relacionando</p><p>o espaço físico com a estratificação social (PARK; BURGESS, 1925).</p><p>Sobre o conceito de “ecologia humana”, analise as afirmativas a seguir:</p><p>I - A cidade era vista como um ecossistema social em permanente</p><p>mutação.</p><p>II - Um dos estudos mais famosos do tema é O crescimento da cidade.</p><p>III - O humano era visto de maneira ecológica.</p><p>É correto o que se afirma em:</p><p>a) I, apenas.</p><p>b) III, apenas.</p><p>c) I e II, apenas.</p><p>d) II e III, apenas.</p><p>e) I, II e III.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>4</p><p>1</p><p>3. A teoria da desorganização social é um conceito intrigante que lança luz sobre o motivo</p><p>pelo qual algumas áreas urbanas apresentam taxas de criminalidade mais elevadas do</p><p>que outras. No começo do século XX, dois sociólogos, Clifford R. Shaw e Henry D. McKay,</p><p>conduziram pesquisas em Chicago, estudando o impacto da estrutura social e da coesão</p><p>comunitária na criminalidade. Eles chegaram à conclusão de que áreas com alta taxa de</p><p>mobilidade da população e uma fraca coesão entre os membros da comunidade tinham</p><p>taxas de criminalidade mais elevadas. Com base em seus estudos, eles criaram o livro in-</p><p>titulado “Fatores Sociais na Delinquência Juvenil,” publicado em 1942, que serviu de base</p><p>para a teoria da desorganização social.</p><p>Sua teoria demonstra que a violência nos bairros é influenciada por diversas questões sociais,</p><p>como o desemprego, mudanças na composição habitacional, diversidade cultural, racial e</p><p>de classe social.</p><p>De acordo com a teoria da desorganização social, quais os fatores que influenciam a</p><p>violência nos bairros?</p><p>a) Mudanças de liderança local, biodiversidade, desemprego.</p><p>b) O desemprego e as classes sociais diferentes.</p><p>c) Mudanças na composição habitacional e a falta de diversidade local.</p><p>d) Desemprego, diversidade racial e mudança da liderança local.</p><p>e) O desemprego, mudanças na composição habitacional, diversidade cultural, racial e de</p><p>classe social.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>4</p><p>4</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BOBBIO, N. Dicionário de Política. 12. ed. Brasília: UnB, 1998.</p><p>COMTE, A. (1839). Curso de Filosofia Positiva. Brasília, DF: UnB, 2008.</p><p>DOLLARD, J. et al. Frustration and aggression. New Haven, Connecticut: Yale University Press,</p><p>1939.</p><p>DURKHEIM, É. (1893). Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 2006.</p><p>FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 34. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.</p><p>MARX, K. (1867). O Capital. São Paulo: Boitempo Editorial, 2017.</p><p>PARK, R. E.; BURGESS, E. W. A Cidade. University of Chicago Press, 1925.</p><p>SHAW, C. R.; MCKAY, H. D. Social Factors in Juvenile Delinquency. Chicago: University of Chi-</p><p>cago Press,1942.</p><p>SUTHERLAND, E . White-collar criminality. Chicago: American Sociological Review, 1940.</p><p>VIANA, E. Criminologia. Salvador: Juspodivm, 2020.</p><p>4</p><p>5</p><p>1. Alternativa B. A única alternativa correta é a letra B.</p><p>2. Alternativa C. Apenas a alternativa C está correta.</p><p>3. Alternativa E. Apenas a alternativa E está correta.</p><p>GABARITO</p><p>4</p><p>1</p><p>MINHAS ANOTAÇÕES</p><p>4</p><p>1</p><p>MINHAS METAS</p><p>TIPOLOGIAS E TEORIAS GERAIS</p><p>Entender as tipologias na criminologia contemporânea.</p><p>Discorrer sobre as tipologias e teorias gerais.</p><p>Descobrir novas informações sobre o enfoque tipológico na prevenção do delito e no</p><p>tratamento do delinquente.</p><p>Conhecer a teoria criminológica.</p><p>Compreender a relevância da teoria para a ciência criminológica.</p><p>Analisar as diferentes teorias.</p><p>Avaliar qual ou quais teorias se encaixam mais em minha perspectiva profissional.</p><p>T E M A D E A P R E N D I Z A G E M 3</p><p>4</p><p>8</p><p>INICIE SUA JORNADA</p><p>A criminologia é um campo interdisciplinar que estuda o crime, os seus perpe-</p><p>tradores e as suas causas, e desempenha um papel fundamental na compreen-</p><p>são das dinâmicas complexas que moldam os sistemas de justiça e segurança.</p><p>No entanto, muitos estudantes e leitores podem considerar a criminologia uma</p><p>disciplina complexa, muito distante da experiência cotidiana. Nesse contexto, a</p><p>primeira questão que se coloca é: como podemos tornar a criminologia signifi-</p><p>cativa e relevante para o nosso desenvolvimento profissional?</p><p>É importante conectar os conceitos teóricos com a realidade cotidiana. Ao</p><p>estudar as tipologias do crime e as teorias gerais da criminologia, você, estudante,</p><p>será capaz de compreender como esses conceitos aparecem na nossa sociedade.</p><p>Por exemplo, estudar a teoria do conflito social permite-nos analisar como a</p><p>desigualdade econômica afeta as taxas de criminalidade numa comunidade. Ao</p><p>observar os tipos de crimes violentos, você pode pensar nos fatores que causam</p><p>violência na sua área. Os experimentos são fundamentais para a compreensão da</p><p>criminologia. Isso significa aplicar as teorias e tipologias aprendidas em cenários</p><p>do mundo real.</p><p>Você pode realizar análises de dados criminais em sua área para identificar</p><p>tendências e padrões. Poderá também entrevistar especialistas em segurança</p><p>pública para entender como essas teorias influenciam as políticas e as práticas.</p><p>Por meio da experimentação, a criminologia torna-se mais do que apenas uma</p><p>coleção de teorias abstratas, mas uma ferramenta prática para compreender e</p><p>resolver problemas do mundo real. A reflexão é o passo final no caminho para o</p><p>desenvolvimento profissional em criminologia.</p><p>Depois de colocar questões, atribuir significados e experimentar teorias e</p><p>tipologias, é importante refletir sobre o que aprendeu e como pode aplicar esse</p><p>conhecimento à sua futura carreira. Considere como a teoria criminológica in-</p><p>fluencia decisões e ações na justiça criminal, na lei, na aplicação da lei ou em</p><p>áreas relacionadas. A reflexão contínua permite o desenvolvimento profissional</p><p>e a adaptação às mudanças complexas da sociedade e da criminologia.</p><p>UNIASSELVI</p><p>4</p><p>9</p><p>TEMA DE APRENDIZAGEM 3</p><p>Em meio a esta jornada de estudo, ouvimos muito falar sobre a escola positiva.</p><p>Pensando nisso, neste episódio do nosso podcast falaremos sobre essa famosa</p><p>escola, vamos ouvir?</p><p>Recursos de mídia disponíveis no conteúdo digital do ambiente virtual de</p><p>aprendizagem .</p><p>PLAY NO CONHECIMENTO</p><p>VAMOS RECORDAR?</p><p>Antes de prosseguirmos, deixo aqui a indicação de um artigo sobre a relação</p><p>de sociologia e criminologia para que você possa recordar o que estudamos</p><p>anteriormente. Acesse em:</p><p>https://www.scielo.br/j/ts/a/K7HHBqvBchTkKdwLVjybDwb/.</p><p>DESENVOLVA SEU POTENCIAL</p><p>AS TIPOLOGIAS NA CRIMINOLOGIA CONTEMPORÂNEA</p><p>Na criminologia não é incomum que a investigação empírica e os seus resultados,</p><p>devido à impossibilidade inerente às ciências sociais de especificar “leis naturais”,</p><p>tenham tendência a, constantemente, serem transmutados antecipadamente em</p><p>teoria, simplesmente generalizando as suas conclusões, alicerçado numa base</p><p>muito pequena do conhecimento teórico do fenômeno criminoso.</p><p>Isso não significa que as teorias sejam desnecessárias ou impossíveis na cri-</p><p>minologia, apenas entendemos que elas estão em um nível diferente e em um</p><p>campo diferente. Parece-nos que é, precisamente, a partir de certos conhecimen-</p><p>tos mais fundamentais, que podem ser estabelecidos a partir da fenomenologia</p><p>e das tipologias, que podemos chegar às teorias de médio alcance e trespassar</p><p>para teorias de maior alcance.</p><p>5</p><p>1</p><p>https://www.scielo.br/j/ts/a/K7HHBqvBchTkKdwLVjybDwb/</p><p>Em suma, de um ponto de vista empírico da</p><p>criminologia como ciência, apenas uma teoria pode explicar</p><p>eficazmente o crime mesmo que o possa fazer com base</p><p>em dados empíricos recolhidos pela fenomenologia e pelas</p><p>tipologias criminais. Essas relações parecem inevitáveis e</p><p>necessariamente complementares.</p><p>Mesmo entre as diferentes classes de conjecturas, os</p><p>criminologistas entendiam que “uma conjectura geral não</p><p>precisa ser tão ampla”, ou seja, não precisa explicar tudo</p><p>(MAÍLLO, 2004). Na verdade, admitia-se que a criminologia</p><p>talvez ainda não estivesse preparada para isso, e, por isso,</p><p>foram aceitas teorias de médio alcance, mais modestas e</p><p>ligadas à realidade ao que era imediatamente observável e</p><p>talvez mais útil. Essas teorias são, talvez, as que mais podem</p><p>beneficiar as investigações criminais, podendo também</p><p>contribuir para determinadas perspectivas investigativas.</p><p>Contudo, a ligação mais próxima entre o conhecimento</p><p>criminológico e o conhecimento forense encontra-se</p><p>definitivamente no campo da categorização Isso não pode ser</p><p>confundido com a teoria</p>por meio da combinação de diversos fatores e perspectivas teóricas. b) É uma teoria que enfatiza a influência de fatores socioeconômicos, como a pobreza e a falta de oportunidades, como causas predominantes da criminalidade. c) É uma abordagem que procura explicar o comportamento criminoso por meio de um único conjunto de fatores ou uma causa principal. d) É uma teoria que se concentra na análise dos processos de aprendizagem social e das redes de influência como determinantes do comportamento criminoso. e) É uma perspectiva que enfatiza a importância dos vínculos sociais e do controle social informal como fatores centrais para prevenir o comportamento criminoso. 2. A criminologia é um campo multidisciplinar que busca compreender e lidar com o fenôme- no da criminalidade. Ao longo dos anos, diversas teorias e abordagens foram desenvolvidas para abordar essa complexa questão social (BARATTA, 2002). Diante do exposto, analise as afirmativas a seguir: I - Os enfoques integrados na criminologia buscam combinar diferentes teorias, métodos e disciplinas para obter uma compreensão mais abrangente do comportamento criminoso. II - Ao lidar com questões de prevenção do crime em comunidades urbanas, um profissional da criminologia pode aplicar apenas a Teoria da Desorganização Social, desconsiderando outras perspectivas. III - No campo da justiça criminal, os profissionais podem utilizar abordagens integradas para avaliar e implementar políticas e práticas mais eficazes, combinando dados estatísticos e insights qualitativos. AUTOATIVIDADE 1 8 1 Assinale a alternativa correta: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 3. A criminologia, como campo interdisciplinar, busca compreender os fatores que influen- ciam o comportamento criminoso e desenvolver estratégias eficazes para lidar com esse fenômeno complexo. Nesse contexto, os enfoques integrados ganham destaque por com- binarem diferentes perspectivas teóricas e metodológicas (BARATTA, 2002). Considerando os desafios enfrentados pelos profissionais da criminologia no mundo real, qual das alternativas a seguir melhor descreve os benefícios de uma abordagem integrada na prática profissional? a) Permite a aplicação isolada de teorias específicas, como a Teoria da Desorganização Social ou a Teoria do Controle Social, de acordo com a conveniência do profissional. b) Possibilita a integração de conceitos teóricos com dados empíricos, como estatísticas e insights qualitativos, para embasar decisões e práticas mais eficazes. c) Restringe o profissional a uma única perspectiva teórica, impedindo a adaptação das estratégias às necessidades específicas das comunidades e indivíduos. d) Limita o profissional a abordagens puramente quantitativas, baseadas exclusivamente em dados estatísticos, desconsiderando insights qualitativos. e) Encoraja o profissional a adotar uma visão estática e inflexível, dificultando a resposta proativa às mudanças sociais, tecnológicas e políticas. AUTOATIVIDADE 1 8 1 REFERÊNCIAS BARATTA, A. Criminologia crítica e crítica do Direito Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002. GONZAGA, C. Manual de criminologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2023. PRADO, L. R.; MAÍLLO, A. S. Criminologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. ROSA, G. F.; CARVALHO, G. M. de; HENRIQUES, H. B. Direito Penal. Leme: Edijur, 2021. 1 8 1 1. Alternativa C. A Teoria Unitária na criminologia é definida como uma abordagem que procura explicar o comportamento criminoso por meio de um único conjunto de fatores ou uma causa principal. 2. Alternativa E. Os enfoques integrados na criminologia buscam aproveitar o potencial com- plementar de diversas teorias, métodos e disciplinas para promover uma compreensão mais rica e completa do comportamento criminoso e desenvolver estratégias mais eficazes para lidar com esse fenômeno social. Isso confirma a primeira afirmativa como verdadeira. A segunda afirmativa é falsa, pois o texto menciona que ao lidar com questões de prevenção do crime em comunidades urbanas, um profissional da criminologia pode integrar conceitos da Teoria da Desorganização Social para entender os fatores ambientais que contribuem para a criminalidade em determinadas áreas. Ao mesmo tempo, eles podem aplicar princí- pios da Teoria do Controle Social para desenvolver estratégias de fortalecimento dos laços comunitários e promover alternativas construtivas para os jovens em risco. A terceira afirmativa é verdadeira, conforme o trecho: além disso, no campo da justiça criminal, os profissionais podem utilizar abordagens integradas para avaliar e implementar políticas e práticas mais eficazes. Isso pode envolver a combinação de dados estatísticos com insights qualitativos de pesquisas acadêmicas para informar decisões relacionadas à aplicação da lei, sistema prisional, programas de reabilitação e justiça restaurativa. 3. Alternativa B. A alternativa correta é a b), pois o texto afirma que os profissionais podem utili- zar abordagens integradas para avaliar e implementar políticas e práticas mais eficazes. Isso pode envolver a combinação de dados estatísticos com insights qualitativos de pesquisas acadêmicas para informar decisões relacionadas à aplicação da lei, sistema prisional, pro- gramas de reabilitação e justiça restaurativa. Essa afirmação corrobora a ideia de que uma abordagem integrada permite a combinação de conceitos teóricos com dados empíricos para embasar decisões e práticas mais eficazes, como descrito na alternativa b). GABARITO 1 8 1 MINHAS ANOTAÇÕES 1 8 4 unidade 1 A CRIMINOLOGIA COMO CIÊNCIA DO DELITO O PARADIGMA SOCIOLÓGICO E A CONSTRUÇÃO DE TEORIAS UNITÁRIAS TIPOLOGIAS E TEORIAS GERAIS unidade 2 VARIÁVEIS E ORIENTAÇÕES BIOLÓGICAS CRIMINOLOGIA NEOCLÁSSICA TEORIAS DA APRENDIZAGEM SOCIAL, A TEORIA DA ANOMIA E A TEORIA DA FRUSTRAÇÃO unidade 3 AS TEORIAS DO CONTROLE E DA DESORGANIZAÇÃO SOCIAL ENFOQUE CRÍTICO ENFOQUES INTEGRADOS _n1wscggj9lib _f9locxxv07nr _nownropkkt9f _h6x1fdilbd0w _wtk2a1rjx3cq Button 28: Forms - Uniasselvi: