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<p>A origem da música: entenda como surgiu essa arte</p><p>Você já se perguntou qual a origem da música? Por que essa arte tem esse nome? Como ela surgiu na</p><p>história? Quais são seus simbolismos e significados?</p><p>Pois é, são inúmeras perguntas para uma só arte, não é mesmo? Porém, na história da música ocidental, seu</p><p>surgimento começa lá no Olimpo com as musas da Grécia Antiga. Por outro lado, é bastante complicado</p><p>estabelecer de fato como, quando e onde a música surgiu, já que ela se faz presente em todos os povos há</p><p>milênios.</p><p>Sendo assim, esse post vai dissertar sobre a origem da palavra música dentro da história ocidental e suas raízes</p><p>na mitologia grega.</p><p>A criação das 9 musas</p><p>Era uma vez na Grécia antiga, os deuses estavam, finalmente, comemorando a derrota contra os Titãs e</p><p>decidiram falar com Zeus, o deus dos deuses: “E aí seu Zeus, será que dá pra criar umas divindades que cantam</p><p>pra gente comemorar nossa vitória?” E Zeus respondeu: “hum…vou alí dá um rolê com Mnemósine e já</p><p>resolvo isso”! Foi assim que tudo aconteceu…</p><p>Resumidamente, na mitologia grega, Zeus e Mnemósine (Deusa da Memória) passam 9 noites juntos e, com</p><p>isso, dão origem as 9 musas. Todas essas musas são o próprio cantar e, assim, elas cantam a memória.</p><p>O canto das musas</p><p>Bem, essa memória que as musas cantam é a memória dos deuses: suas glórias, a origem do mundo, seus</p><p>habitantes, os feitos dos heróis. Por isso, o canto das musas é o canto do não esquecimento.</p><p>Segundo os gregos antigos, todos os homens, antes de virem a esse mundo, precisam beber a água do Rio Lete,</p><p>o rio do esquecimento. Por causa disso, não se lembram de sua origem. Sendo assim, as musas foram criadas</p><p>para ajudar esses homens a se lembrarem de tudo através do canto: da história, da comédia, da tragédia, da</p><p>astronomia, da dança, entre outros.</p><p>Portanto, era comum na Grécia Antiga acreditar que o talento ou a criatividade não era proveniente dos poetas e</p><p>artistas, mas sim das musas. Assim, esses homens seriam possuídos, ou melhor, inspirados por essas musas e,</p><p>através delas, eram capazes de criar grandes feitos.</p><p>Clio, Euterpe et Thalia de Eustache Le Sueur (1616-1655). Museu do Louvre.</p><p>E qual a origem da música?</p><p>Talvez você esteja se perguntando: mas se todas as musas cantam, existe a musa da música? A resposta seria:</p><p>sim e não. Exatamente pelo fato de todas as musas cantarem isso já seria, no mundo atual, considerado música.</p><p>Lembrando que, para os gregos antigos, música e poesia eram uma coisa só: toda poesia era cantada.</p><p>https://amzn.to/2GR7SBd</p><p>https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-ouca-reconstrucao-de-antiga-musica-grega-de-cerca-de-2-mil-anos.phtml</p><p>Por outro lado, existe sim a musa da música que é a Euterpe. Ela representaria a ciência da música em si e</p><p>significa aquela que dá júbilo, sendo representada com a flauta (o aulos).</p><p>Sendo assim, a origem da palavra música vem do grego “mousiké”, a atividade que provém das musas. Já o</p><p>templo das musas era chamado de “mouseion”, que significa museu.</p><p>Mas se você quiser entender melhor o que é música, suas funções e como ela mudou ao longo do tempo, leia</p><p>nosso outro artigo aqui no blog sobre esse assunto.</p><p>Parnassus de Anton Raphael Mengs (1761).</p><p>Quem são as 9 musas?</p><p>Basicamente, a quantidade e a função de cada musa mudam conforme o autor. Porém, Hesíodo (c.750-650</p><p>a.C.), poeta grego, foi o primeiro a dar o nome a cada uma das 9 musas em Teogonia.</p><p>Hesíodo conta que estava caminhando e encontrou com as musas. Elas, portanto, contaram para ele a origem de</p><p>tudo e o fizeram poeta. Por isso, ele sabia sobre os deuses e escreveu sobre isso.</p><p>Além disso, as musas residiam no Monte Hélicon e eram acompanhadas de Apolo, o deus da música, cantando</p><p>e dançando. Além disso, são ligadas à inspiração dos artistas, como falei anteriormente: poetas, filósofos e</p><p>músicos. Por isso, era comum que esses artistas evocassem as musas em busca de inspiração.</p><p>Musa, invoco-te e peço que te aproximes / Para derramar com ternura sobre os lábios vermelho / O orvalho da</p><p>palavra formosa e sábia / para cantar a verde sempre e sem ansiedade / Musa, invoco-te e peço que te</p><p>aproximes / Para encher minha voz com sons verdadeiros e belos / para fazer florescer nossas almas com</p><p>entusiasmo / para fazer vivo o fogo e a luz celestial / Musa, chamo-te e pelo que te aproximes / Para cantar</p><p>sobre o que se passou entre Céu e Terra / Porque queremos seguir teus passos amáveis / Como teus filho aqui,</p><p>obedecendo tua lei.</p><p>– Walter Gutdeutsch</p><p>https://musicalidades.com.br/o-que-e-musica-2/</p><p>As influências das musas ao longo da história</p><p>Essa história da inspiração das musas nos artistas vai se perpetuar por uns bons longos anos. As musas estão</p><p>presentes em praticamente toda a cultura ocidental desde a Idade Média até os dias atuais.</p><p>As musas governavam as 7 artes liberais: o Trivium (gramática, retórica e dialética) e</p><p>o Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). Essa divisão, herdada da antiguidade clássica, tem</p><p>enorme influência durante a Idade Média, por exemplo.</p><p>As sete artes liberais</p><p>No período da renascença, as musas eram representadas corriqueiramente em poesias, em que os artistas</p><p>recorrem às musas para escreverem, esculturas e pinturas. Aliás, se você quiser saber mais sobre isso, a</p><p>professora Carin Zwilling publicou um artigo, Em busca da inspiração das musas, que investiga a representação</p><p>delas na iconografia musical da renascença italiana. Vale muito a pena a leitura!</p><p>Na poesia camoniana, por exemplo, encontramos o eu-lírico invocando em Os Lusíadas a inspiração das musas</p><p>para criar sua poesia: “Agora tu, Calíope, me ensina / O que contou ao Rei o ilustre Gama: / Inspira imortal</p><p>canto e voz divina / Neste peito mortal, que tanto te ama”.</p><p>Ainda durante a Renascença, de certo modo, esse pensamento passa também para a doutrina religiosa, pois a</p><p>música também é vista como um presente divino e por isso deveria ser usada para seu louvor.</p><p>Apollo and the Muses de Maerten de Vos (1570).</p><p>Se você parar para pensar, essa ideia do artista como um gênio que ainda temos hoje (que tem suas origens lá</p><p>no séc. XIX), com aquele estereótipo de uma pessoa excêntrica, também vem dessa mesma corrente de</p><p>pensamento. É comum enxergar o artista como se não fosse ele mesmo, mas sim estivesse inspirado por forças</p><p>sobrenaturais.</p><p>Assim, surgem as ideias de talento, inspiração e dom da arte que temos até hoje. Como se o artista nascesse</p><p>com um dom que não pertence a esse mundo. Sobre esse assunto, temos um artigo aqui no blog sobre talento e</p><p>música.</p><p>Enfim, essas histórias das musas influenciaram significativamente nossa cultura. Quem nunca falou ou escutou</p><p>algo como “minha musa inspiradora”? Mesmo nas músicas mais contemporâneas, vemos essa figura da musa</p><p>sendo representada.</p><p>https://www.academia.edu/12454328/In_search_of_the_Muses_inspiration_-_Researches_on_the_Muses_in_16th_century_Italian_musical_iconography</p><p>https://musicalidades.com.br/pontos-fortes-na-musica/</p><p>https://musicalidades.com.br/pontos-fortes-na-musica/</p>