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<p>Desenvolvimento</p><p>Social e Econômico</p><p>EMENTA</p><p>• Desenvolvimento social e econômico: um panorama introdutório;</p><p>• Interfaces entre desenvolvimento social e econômico;</p><p>• Desenvolvimento social e econômico e suas expressões contemporâneas;</p><p>• Possibilidades de deslocamentos na noção de desenvolvimento e mudança</p><p>social</p><p>OBJETIVOS</p><p>• Abordar os aspectos conceituais sobre desenvolvimento social e econômico a</p><p>partir da obra de Celso Furtado;</p><p>• Apresentar os ciclos de desenvolvimento do Brasil em sua relação com o</p><p>Estado e as políticas sociais;</p><p>• Discorrer sobre o desenvolvimento social e econômico na contemporaneidade;</p><p>• Identificar possibilidades de ações que atuem frente ao modelo de</p><p>desenvolvimento de reprodução de desigualdades.</p><p>Desenvolvimento social e</p><p>econômico: um panorama</p><p>introdutório</p><p>DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO: UM PANORAMA</p><p>INTRODUTÓRIO</p><p>● No Brasil, as teorias sobre desenvolvimento é parte de um debate antigo e de um campo</p><p>multidisciplinar;</p><p>● Interfaces com os estudos sobre formação social, política e econômica brasileira;</p><p>● Centralidade do debate, sobretudo a partir da década de 30 com o desenvolvimentismo de Getúlio</p><p>Vargas, por parte de autores como: Celso Furtado, Darcy Ribeiro, Fernando Henrique Cardoso,</p><p>Ignácio Rangel, Josué de Castro, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Milton Santos, entre outros.</p><p>● Para as interlocuções da disciplina, utilizaremos a ideia de desenvolvimento como um projeto de</p><p>autotransformação de uma sociedade:</p><p>O desenvolvimento não é uma simples questão de aumento de oferta de bens ou de acumulação de</p><p>capital, possui ele um sentido, é um conjunto de respostas a um projeto de autotransformação de uma</p><p>coletividade humana; quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida dessa</p><p>população, o crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento. (Furtado, 1968, p. 19)</p><p>CELSO FURTADO</p><p>Desenvolvimento como um projeto de</p><p>autotransformação de uma sociedade</p><p>A MISSÃO DE UMA VIDA</p><p>● Nordestino, brasileiro e latino-americano.</p><p>● Pensador original, ousado, criativo, rigoroso.</p><p>● Escreve por 60 anos, atravessa o século XX, sempre atento contexto</p><p>histórico e aos problemas impostos pela realidade.</p><p>● Além de analisar, desdobra agenda de políticas.</p><p>● Marca de Furtado: teoria aliada à ação!</p><p>● Mas não a qualquer ação: a ação que provoca transformação.</p><p>● O sonho furtadiano: um país verdadeiramente desenvolvido</p><p>BREVE NOTAS BIOGRÁFICAS</p><p>● Economista brasileiro nascido em Pombal, Paraíba (1920-2004).</p><p>● Estudou Direito na Universidade do Brasil.</p><p>● Em 1948, doutorou-se em Economia na Universidade de Paris.</p><p>● Tese: A Economia colonial no Brasil nos séculos XVI e XVII</p><p>● Candidata-se à seleção de economistas aberta pela recém criada CEPAL (Comissão</p><p>Econômica para a América Latina e o Caribe)</p><p>● Em fevereiro de 1949, muda-se para o Chile.</p><p>● Diretor da Divisão de Desenvolvimento Econômico da CEPAL (1949-1957).</p><p>● 1953/1955: presidiu o grupo misto Cepal - BNDE, cujo trabalho serviu de base para o Plano de</p><p>Metas de JK.</p><p>● Criador e primeiro superintendente da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do</p><p>Nordeste) 1958-1964.</p><p>● Primeiro Ministro do Planejamento do Brasil (1962-3), mentor do Plano Trienal.</p><p>● Em 1964 foi exilado.</p><p>● Foi professor da Universidade de Paris por cerca de 20 anos-professor de Economia do</p><p>Desenvolvimento e Economia da América Latina.</p><p>● Lecionou também nas universidades de Columbia e Cambridge</p><p>BREVE NOTAS BIOGRÁFICAS</p><p>O QUE É DESENVOLVIMENTO?</p><p>● Desenvolvimento (como conceito) não pode ser discutido apartado do contexto</p><p>histórico.</p><p>● O mesmo vale para as estratégias para alcança-lo.</p><p>● Questão central da obra de Furtado:</p><p>"a ideia de desenvolvimento está no centro da visão do mundo</p><p>que prevalece em nossa época. Nela se funda o processo de</p><p>invenção cultural que permite ver o homem como um agente</p><p>transformador do mundo" (Introdução ao Desenvolvimento</p><p>Económico, 2000, p. 7).</p><p>A ABRANGÊNCIA DE TEMAS</p><p>● A obra de Furtado apresentou elementos diversos para a discussão conceitual (e</p><p>estratégica) do desenvolvimento.</p><p>● Além de fatores ditos econômicos, abarcou questões sociais, políticas, culturais e</p><p>ambientais/ecológicas.</p><p>● Sua reflexão norteou-se pela interpretação e diagnóstico da condição de</p><p>subdesenvolvimento.</p><p>● Permanece atual e por isso merece ser sempre revisitada para nos inspirar prospectar um</p><p>devir diferente.</p><p>A ABRANGÊNCIA DE TEMAS</p><p>Celso Furtado lançou luz sobre a dinâmica do desenvolvimento e subdesenvolvimento</p><p>econômico, identificando a proposição do subdesenvolvimento como uma situação particular</p><p>histórica, que caracterizava uma dependência econômica e cultural. Esta dependência, que se</p><p>configurava em obstáculo para o desenvolvimento e para a consequente redução das</p><p>desigualdades sociais, gerava uma situação de submissão nas estruturas econômicas</p><p>subdesenvolvidas em que o crescimento econômico não determinava, necessariamente, o</p><p>desenvolvimento.</p><p>DESENVOLVIMENTO COMO MITO?</p><p>● Se o desenvolvimento era confundido com a reprodução do estilo de vida dos países mais</p><p>avançados da civilização industrial, ele se configurava em um mito.</p><p>"Cabe, portanto, afirmar que a ideia de desenvolvimento e um</p><p>simples mito. Graça a ela tem sido possível desviar as atenções da</p><p>tarefa básica de identificação das necessidades fundamentais da</p><p>coletividade e das possibilidades que abre ao homem o avanço da</p><p>ciência, para concentrá-las em objetivos abstratos como são os</p><p>investimentos, as exportações e o crescimento" (Furtado, 1974, p.</p><p>75-76).</p><p>● Conforme problematiza Furtado, na medida em que a capacidade inventiva e criatividade humanas</p><p>foram subordinadas aos objetivos da acumulação, não alcançaremos um verdadeiro</p><p>desenvolvimento.</p><p>● “atrofiaram-se os vínculos de criatividade com a vida humana</p><p>concebida como um fim em si mesma, e hipertrofiarem-se suas</p><p>ligações com os instrumentos que utiliza o homem para</p><p>transformar o mundo" (Furtado, 1978, p. 75)</p><p>● Seria possível fazer diferente, e inverter as prioridades do desenvolvimento na direção de outros</p><p>valores substantivos? Furtado apontava dois eixos para superação do subdesenvolvimento:</p><p>1. Um Estado nacional comprometido com os anseios populares brasileiros;</p><p>2. Um processo de industrialização acelerado, que tiraria o país da condição de exportador de produtos primários.</p><p>DESENVOLVIMENTO COMO MITO?</p><p>● Furtado se demonstrava inquieto frente as incertezas relativas aos aumentos de produtividade e ao</p><p>repasse destes para a renda das famílias.</p><p>● O grande desafio se apresentava na realização do esforço necessário para uma distribuição de</p><p>renda mais igualitária, o que só poderia ser alcançado com a atuação coordenada do Estado, por</p><p>meio de políticas de promoção do desenvolvimento.</p><p>● A teoria do desenvolvimento de Furtado revela uma teoria do desenvolvimento social que</p><p>contempla as implicações da distribuição da renda no processo de crescimento econômico, suas</p><p>repercussões na renda do trabalhador, além do poder de influência das opções políticas na</p><p>condução de ações econômicas para as condições sociais</p><p>Um Estado nacional comprometido com os anseios populares brasileiros</p><p>A INDUSTRIALIZAÇÃO COMO PARTE DO CAMINHO...</p><p>● Para Furtado, seria o setor com maior poder germinativo - capacidade de engendrar</p><p>transformações no sistema econômico.</p><p>● Traria, em tese, a chave da libertação da dependência das nações periféricas.</p><p>● Para promover as transformações fazia-se necessária a contrapartida de realização de um nível</p><p>adequado de investimentos no conjunto de toda a economia.</p><p>● Seu pensamento aponta a necessidade de um processo de transformação estrutural da base de</p><p>oferta de mercadorias. Era preciso uma indústria forte, para que a economia não seguisse refém</p><p>das trocas desiguais do mercado interno ou dos ciclos econômicos.</p><p>UMA MIRADA NOS CICLOS DE DESENVOLVIMENTO DO</p><p>BRASIL</p><p>Luiz Carlos Bresser-Pereira (2012a) apresenta sua interpretação em três grandes</p><p>ciclos de desenvolvimento:</p><p>● Ciclo Estado e Integração Territorial;</p><p>● Ciclo Nação e Desenvolvimento;</p><p>● Ciclo Democracia e Justiça Social</p><p>➢ A disputa ideológica sobre o modelo de desenvolvimento econômico;</p><p>➢ A ampliação dos atores interessados no desenvolvimento;</p><p>➢ A ampliação do significado do desenvolvimento;</p><p>➢ O surgimento do debate ambientalista.</p><p>Uma mirada nos ciclos de desenvolvimento do brasil</p><p>Um resgate ao retrato da construção social do Brasil e formação da classe Trabalhadora - “RETORNAR</p><p>AO PASSADO PARA RESSIGNIFICAR O PRESENTE E CONSTRUIR O FUTURO": O fundamento</p><p>racial para compreensão da classe trabalhadora no Brasil (LIMA, 2020)</p><p>● O processo de estruturação da formação social brasileira inicia-se com a exploração dos</p><p>negros e indígenas escravizados na terra recém encontrada.</p><p>● Em meados de 1530 os africanos sequestrados de sua terra já se encontravam no Brasil para</p><p>desempenhar o papel de força de trabalho. Em 1535 o comércio de escravos já estava</p><p>organizado e a tendência era aumento em grande escala (NASCIMENTO, 1978).</p><p>● O regime escravista será o marco que desenhará a estrutura econômica, social e política do</p><p>país.</p><p>● A estruturação da base econômica que tinha na economia açucareira sua principal fonte de</p><p>riqueza, só foi possível pela exploração de mão de obra africana</p><p>Um resgate ao retrato da construção social do Brasil e formação da classe</p><p>trabalhadora</p><p>O papel do negro escravo foi decisivo para o começo da história econômica de um país fundado, como era o</p><p>caso do Brasil, sob o signo do parasitismo imperialista. Sem o escravo a estrutura econômica do país jamais</p><p>teria existido. O africano escravizado construiu as fundações da nova sociedade com a nexão e a quebra da sua</p><p>espinha dorsal, quando ao mesmo tempo seu trabalho significava a própria espinha dorsal daquela colônia</p><p>(NASCIMENTO, 1978, p. 49).</p><p>Diante disso, observa-se que o desenvolvimento do país foi resultado do sangue</p><p>e suor negro, resultante da exploração e desumanização desses corpos, visto</p><p>apenas como uma mera mão de obra da qual precisavam explorar em diversos</p><p>níveis para compensar o dinheiro que foi gasto na compra, onde sua função na</p><p>sociedade era apenas de ordem econômica.</p><p>Um resgate ao retrato da construção social do Brasil e formação da classe trabalhadora</p><p>A transição do trabalho escravo para o trabalho livre não significou rupturas reais com lógica</p><p>colonial presente no país. Ocorreu uma reatualização conservando os elementos que foram</p><p>fundamentais para a construção do Brasil colônia em outrora. Os atores sociais continuaram</p><p>vestidos dos mesmos Personagens: os senhores converteram-se nos fazendeiros e suas</p><p>propriedades de terra que emergiam com o adensamento do capitalismo e a população negra na</p><p>condição de escravos recém libertos, no proletariado.</p><p>Por ser o ex-escravo considerado excedente no novo campo de oportunidades que se abria, não houve nenhuma política</p><p>de readaptação,integração ou assimilação dele ao sistema que se criava. Quando surgiu o trabalho assalariado no Brasil,</p><p>como forma de produção, o ex-escravo, que até antes da abolição se encontrava no seu centro, recebeu imediatamente,o</p><p>impacto oriundo de outra corrente populacional que vinha para o Brasil vender a sua força de trabalho: o imigrante. Esse</p><p>fluxo migratório, ao entrar no mercado de trabalho deslocava o ex-escravo do centro do sistema de produção para a sua</p><p>periferia, criando as premissas econômicas da sua marginalização (MOURA, 1977, p.30).</p><p>Uma mirada nos ciclos de desenvolvimento do brasil</p><p>1 - Ciclo Estado e Integração Territorial</p><p>● Ciclo que abrange o Império, desde a independência até a transição da Velha</p><p>República, e que é marcado pela integração e pela preservação nacional,</p><p>mantendo e expandindo o território do país;</p><p>● Formação de um Estado Republicano no Brasil, porém sem um sentido nacional</p><p>forte, uma vez que a aristocracia brasileira ainda estava muito ligada à França, à</p><p>Inglaterra e também ao emergente Estados Unidos.</p><p>● Abolição da escravidão no Brasil;</p><p>● Ampliação do trabalho assalariado, ainda que precário, e pelo início de uma nova</p><p>onda de migração asiática e europeia;</p><p>● Ressalta-se a ausência de política afirmativa de inclusão das populações negras à</p><p>sociedade brasileira.</p><p>Uma mirada nos ciclos de desenvolvimento do brasil</p><p>2 - Ciclo Nação e Desenvolvimento</p><p>● Ciclo que teve início a partir dos anos 1930, com a construção inicial da fase</p><p>nacionalista brasileira, onde uma tentativa de construção de uma nação foi</p><p>experimentada, em paralelo a um esforço de crescimento econômico focado</p><p>na industrialização, na substituição de importações e no surgimento de novas</p><p>classes sociais no país, em especial a burguesia industrial e a classe</p><p>trabalhadora assalariada.</p><p>● Surgimento da Política Social brasileira representando uma estratégia de</p><p>gestão social da força de trabalho.</p><p>➢ Estratégias de Biopoder e Governamentalidade (FOUCAULT,</p><p>2000/FOUCAULT, 2003)</p><p>Uma mirada nos ciclos de desenvolvimento do brasil</p><p>2 - Ciclo Nação e Desenvolvimento – alguns marcadores sociais</p><p>● 1923 criação da Lei Eloi Chaves - uma legislação precursora de um sistema público de</p><p>proteção social com as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs).</p><p>● Em 1930 a questão social se inscreve no pensamento dominante como legítima, expressando</p><p>o processo de “formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário</p><p>político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e</p><p>do Estado”</p><p>● A Constituição de 1937 vai criar uma dualização entre atenção previdenciária para os</p><p>trabalhadores formais, predominantemente os trabalhadores da indústria, que “são</p><p>transformados em sujeitos coletivos pelo sindicato e os informais que são enquadrados como</p><p>pobres, dependentes das instituições sociais, dissolvidos em atenções individualizadas e não</p><p>organizadas.”</p><p>Uma mirada nos ciclos de desenvolvimento do brasil</p><p>2 - Ciclo Nação e Desenvolvimento – alguns marcadores sociais</p><p>● Para o trabalhador pobre, sem carteira assinada ou desempregado restam as</p><p>obras sociais e filantrópicas que mantêm-se responsáveis pela assistência e</p><p>segregação dos mais pobres. A atenção para esses segmentos vai basear-se</p><p>numa lógica de benemerência, dependente de critérios de mérito e</p><p>caracterizada pela insuficiência e precariedade, moldando a cultura de que</p><p>“para os pobres qualquer coisa basta”.</p><p>● Em 1942 o governo brasileiro criou a Legião Brasileira de Assistência – LBA, a</p><p>primeira instituição de abrangência nacional de Assistência Social, para</p><p>atender às famílias dos expedicionários brasileiros.</p><p>Uma mirada nos ciclos de desenvolvimento do brasil</p><p>2 - Ciclo Nação e Desenvolvimento</p><p>● Dois pactos políticos ditatoriais são observados ao longo deste ciclo:</p><p>➢ o “pacto nacional-popular de 1930”</p><p>➢ o “pacto autoritário-modernizante de 1964”</p><p>● Desgaste do modelo desenvolvimentista:</p><p>➢ Regimes ditatoriais que marcaram fortemente certo descompromisso democrático</p><p>desse modelo.</p><p>➢ A alta concentração de renda e acúmulo de dívida externa gerada pelo pacto</p><p>autoritário-modernizando de 1964,</p><p>➢ Ineficácia de política social que atuasse frente a concentração de renda ou contra a</p><p>pobreza e a desigualdade.</p><p>Uma mirada nos ciclos de desenvolvimento do brasil</p><p>3 - Ciclo Democracia e Justiça Social</p><p>● Surgimento de uma sociedade civil vibrante no Brasil dos anos 1970 com uma</p><p>clara agenda de democracia e de justiça social para o país;</p><p>● Período de redemocratização e das lutas e avanços no campo dos direitos e</p><p>nas políticas redistributivas do crescimento econômico;</p><p>● Influência de intelectuais brasileiros pela Teoria Social Crítica;</p><p>Uma mirada nos ciclos de desenvolvimento do brasil</p><p>3 - Ciclo Democracia e Justiça Social</p><p>● Três grandes pactos sociopolíticos podem ser observados nesse período, segundo</p><p>Bresser-Pereira (2012a)</p><p>1. o “pacto democrático-popular de 1977” que começa a ganhar forma com o</p><p>desmantelamento do anterior pacto autoritário-modernizante de 1964 e que</p><p>perdura ao longo dos anos 1980 com a redemocratização de 1984-1985 e a</p><p>Constituinte de 1987-1988.</p><p>2. o “pacto liberal-dependente dos anos 1990”, quando o país por fim estabilizou a</p><p>moeda e enfrentou a onda de políticas neoliberais internacionais.</p><p>3. o “pacto democrático-popular” a partir dos anos 2000, com a consolidação e o</p><p>avanço, em vários aspectos, das políticas de justiça social no país, a partir de um</p><p>crescente, mas desafiador, sistema de democracia participativa e da expansão da</p><p>imagem e dos interesses do país perante ao mundo.</p><p>Uma mirada nos ciclos de desenvolvimento do brasil</p><p>Notas sobre o “Pacto democrático popular”</p><p>● Nos anos 80 com a ampliação da desigualdade na distribuição de renda a pobreza vai se converter</p><p>em tema central na agenda social, quer por sua crescente visibilidade, quer pelas pressões de</p><p>democratização que caracterizaram a transição.</p><p>● Constituição de 1988 define um sistema Seguridade Social para o país, colocando-se como desafio a</p><p>construção de uma Seguridade Social universal, solidária, democrática e sob a primazia da</p><p>responsabilidade do Estado.</p><p>● A Seguridade Social brasileira por definição constitucional é integrada pelas políticas de Saúde,</p><p>Previdência Social e Assistência Social.</p><p>Notas sobre Estado e Políticas Sociais (YAZBEK, 2008)</p><p>● O Estado brasileiro, como outros na América Latina, se construiu como um</p><p>importante aliado da burguesia, atendendo à lógica de expansão do capitalismo e</p><p>nesse sentido, as emergentes Políticas Sociais no país, devem ser apreendidas no</p><p>movimento geral e nas configurações particulares desse Estado.</p><p>“as teorias explicativas sobre a política social não dissociam em sua análise a forma como se constitui a</p><p>sociedade capitalista e os conflitos e contradições que decorrem do processo de acumulação, nem as formas</p><p>pelas quais as sociedades organizaram respostas para enfrentar as questões geradas pelas desigualdades</p><p>sociais, econômicas, culturais e políticas.”</p><p>● Modalidade de intervenção do Estado no âmbito do atendimento das necessidades</p><p>sociais básicas dos cidadãos, respondendo a interesses diversos, ou seja, a</p><p>Política Social expressa relações, conflitos e contradições que resultam da</p><p>desigualdade estrutural do capitalismo.</p><p>Notas sobre Estado e Políticas Sociais (YAZBEK, 2008)</p><p>● As políticas sociais públicas só podem ser pensadas politicamente, sempre referidas a</p><p>relações sociais concretas e como parte das respostas que o Estado oferece às</p><p>expressões da “questão social”, situando-se no confronto de interesses de grupos e</p><p>classes sociais.</p><p>● A Política Social Pública permite aos cidadãos acessar recursos, bens e serviços sociais</p><p>necessários, sob múltiplos aspectos e dimensões da vida: social, econômico, cultural,</p><p>político, ambiental entre outros. É nesse sentido que as políticas públicas devem estar</p><p>voltadas para a realização de direitos, necessidades e potencialidades dos cidadãos de</p><p>um Estado.</p><p>Interfaces entre</p><p>desenvolvimento social</p><p>e econômico</p><p>Interfaces entre desenvolvimento social e econômico</p><p>A partir dos anos 1980 o debate sobre desenvolvimento no Brasil passou a abordar novas questões, nos</p><p>campos do desenvolvimento local, da economia popular e solidária, da gestão pública, da gestão social,</p><p>da justiça social e da sustentabilidade ambiental.</p><p>A uma ampliação dos atores sociais interessados nos rumos do desenvolvimento do país. Antes</p><p>concentrados especialmente em setores das elites de então, se pode notar o fortalecimento da sociedade</p><p>civil organizada no Brasil, com a expansão das ONGs (organizações não governamentais) e dos novos</p><p>movimentos sociais.</p><p>surgimento e ao crescimento paulatino do debate ambientalista dentro do desenvolvimento.</p><p>O desenvolvimento, antes predominantemente econômico, agora também já divide o debate com o</p><p>social, o político e o ambiental.</p><p>Uma transformação na agenda do desenvolvimento</p><p>Surgimento da Marcha das Margaridas</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=mW883YU8QGA</p><p>Surgimento do Terceiro Setor como ferramenta para minimizar as</p><p>desigualdades sociais</p><p>Surgimento do Terceiro Setor como ferramenta para minimizar as</p><p>desigualdades sociais</p><p>● Estratégia política de enfrentamento às mazelas da questão social.</p><p>● A expressão “terceiro setor” é uma tradução do termo em inglês third sector (ALBUQUERQUE,</p><p>2006). Este termo foi cunhado nos Estados Unidos, em 1978, por John Rockefeller III, para designar</p><p>o espaço de atuação da sociedade civil: igrejas, hospitais, museus, bibliotecas, universidades e</p><p>organizações de assistência social de diversos tipos (MONTAÑO, 2002 apud MONTE, 2003).</p><p>● Conjunto de associações e organizações livres, nem do Estado nem econômicas, mas que</p><p>desenvolvem deveres dos dois (ALBUQUERQUE, 2006).</p><p>● Ações como promoção da saúde pública, educação, assistência social (deveres do Estado) e</p><p>geração de emprego, auxílio no desenvolvimento profissional (deveres dos agentes econômicos),</p><p>são exemplos de atuação do terceiro setor (FISCHER, 1998 apud MONTE, 2003).</p><p>● Exemplo: Aldeias Infantis SOS - uma organização humanitária internacional que luta pelo direito das</p><p>crianças a viverem em família.</p><p>A Assistência Social brasileira no âmbito da Seguridade Social como</p><p>estratégia para minimizar as expressões da Questão Social</p><p>● Com a Constituição de 1988, tem início o processo de construção de uma nova matriz para a</p><p>Assistência Social brasileira. Incluída no âmbito da Seguridade Social e regulamentada pela</p><p>LOAS em dezembro de 1993, como política social pública, a assistência social inicia seu</p><p>trânsito para um campo novo: o campo dos direitos, da universalização dos acessos e da</p><p>responsabilidade estatal.</p><p>● A assistência social configura-se como possibilidade de reconhecimento público da</p><p>legitimidade das demandas de seus usuários, espaço de seu protagonismo e exige que as</p><p>provisões assistenciais sejam prioritariamente pensadas no âmbito das garantias de</p><p>cidadania sob vigilância do Estado, cabendo a este a universalização da cobertura e garantia</p><p>de direitos e de acesso para os serviços, programas e projetos sob sua responsabilidade.</p><p>A Assistência Social brasileira no âmbito da Seguridade Social como</p><p>estratégia para minimizar as expressões da Questão Social</p><p>● Como política de Estado passa a ser um espaço para a defesa e atenção dos interesses e</p><p>necessidades sociais dos segmentos mais empobrecidos da sociedade, configurando-se</p><p>também, como estratégia fundamental no combate à pobreza, à discriminação e à</p><p>subalternidade econômica, cultural e política em que vive grande parte da população</p><p>brasileira.</p><p>● A Assistência Social como campo de efetivação de direitos é, (ou deveria ser) política</p><p>estratégica, não contributiva, voltada para a construção e provimento de mínimos sociais de</p><p>inclusão e para a universalização de direitos, buscando romper com a tradição clientelista e</p><p>assistencialista que historicamente permeia a área onde sempre foi vista como prática</p><p>secundária, em geral adstrita às atividades do plantão social, de atenções em emergências e</p><p>distribuição de auxílios financeiros.</p><p>A Assistência Social brasileira no âmbito da Seguridade Social como</p><p>estratégia para minimizar as expressões da Questão Social</p><p>● Em outubro de 2004, atendendo ao cumprimento das deliberações da IV Conferência</p><p>Nacional de Assistência, realizada em Brasília em dezembro de 2003, o CNAS – Conselho</p><p>Nacional de Assistência Social aprovou, após amplo debate coletivo, a Política Nacional de</p><p>Assistência Social em vigor, que apresenta o (re) desenho desta política, na perspectiva de</p><p>implementação do SUAS – Sistema Único de Assistência Social.</p><p>● O SUAS é constituído pelo conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios no âmbito</p><p>da assistência social prestados diretamente – ou através de convênios com organizações sem</p><p>fins lucrativos –, por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais da</p><p>administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder público.</p><p>A Assistência Social brasileira no âmbito da Seguridade Social como</p><p>estratégia para minimizar as expressões da Questão Social</p><p>● Cabem ao SUAS:</p><p>1- Ações de Proteção</p><p>Básica: - na perspectiva de prevenção de situações de risco por meio do desenvolvimento de</p><p>potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. A população alvo do SUAS é</p><p>constituída por famílias e indivíduos que vivem em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação</p><p>(ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou fragilização de vínculos afetivos-</p><p>relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras).Os</p><p>serviços de proteção social básica serão executados de forma direta nos CRAS Centros de Referência da A. S. ou de</p><p>forma indireta nas entidades e organizações de A. S. da área de abrangência dos CRAS.</p><p>2 - Ações de Proteção Especial: - atenção assistencial destinada a indivíduos que se encontram em situação de alta</p><p>vulnerabilidade pessoal e social. São vulnerabilidades decorrentes do abandono, privação, perda de vínculos, exploração,</p><p>violência, etc. Essas ações destinam-se ao enfrentamento de situações de risco em famílias e indivíduos cujos direitos</p><p>tenham sido violados e, ou, em situações nas quais já tenha ocorrido o rompimento dos laços familiares e comunitários.</p><p>Podem ser:</p><p>- de média complexidade: famílias e indivíduos com seus direitos violados, mas cujos vínculos familiares e comunitários</p><p>não foram rompidos.</p><p>- de alta complexidade: famílias e indivíduos com seus direitos violados, que se encontram sem referência, e, ou, em</p><p>situação de ameaça, necessitando ser retirados de seu núcleo familiar e, ou, comunitário.</p><p>Uma mirada na ideia de Desenvolvimento Sustentável:</p><p>• O termo desenvolvimento sustentável foi cunhado em 1987 por uma comissão sobre meio</p><p>ambiente e desenvolvimento mundial da ONU, construindo a ideia de que as dimensões ambiental,</p><p>social e econômica devem ser consideradas de forma complementar e interdependente nos</p><p>processos de desenvolvimento.</p><p>• Fruto de um crescente debate internacional sobre o impacto das revoluções industriais no meio</p><p>ambiente.</p><p>▪ Questionamento do modelo de desenvolvimento em curso, por basearem seu desenvolvimento no</p><p>mesmo modelo industrialista, cego ao impacto ambiental.</p><p>▪ Ex.: a cidade de Cubatão dos anos 1980, no estado de São Paulo, cidade símbolo do</p><p>desenvolvimento industrial a qualquer custo ambiental.</p><p>Surgimento do debate ambientalista</p><p>Uma mirada na ideia de Desenvolvimento Sustentável:</p><p>A expressão desenvolvimento sustentável (DS) significa uma nova forma de ver o</p><p>desenvolvimento e a sociedade, ciente dos prejuízos causados ao meio ambiente pelo</p><p>desenvolvimento econômico atual, busca conciliar a continuação do processo de</p><p>desenvolvimento de nossa sociedade com a manutenção do equilíbrio ambiental</p><p>planetário. De um lado, o desenvolvimento das sociedades visa satisfazer às</p><p>necessidades e às aspirações humanas, de outro, visa proteger a qualidade de vida e do</p><p>meio ambiente, que têm se mostrado totalmente interdependentes e sensíveis às</p><p>mudanças antrópicas. (MILANEZ, 2003, p. 76)</p><p>Surgimento do debate ambientalista</p><p>Responsabilidade Social e ambiental:</p><p>Responsabilidade social é quando as empresas decidem, voluntariamente, contribuir para uma sociedade</p><p>mais justa e para um ambiente mais limpo.</p><p>O conceito de responsabilidade social pode ser compreendido em dois níveis: o nível interno relaciona-se</p><p>com os trabalhadores e, a todas as partes afetadas pela empresa e que, podem influenciar no alcance de</p><p>seus resultados. O nível externo são as consequências das ações de uma organização sobre o meio</p><p>ambiente, os seus parceiros de negócio e o meio em que estão inseridos.</p><p>A responsabilidade social implica a noção de que uma empresa não tem apenas o objetivo de fazer lucro e</p><p>além de trazer benefício financeiro às pessoas que trabalham na empresa, também deve contribuir</p><p>socialmente para o seu meio envolvente. Desta forma, a responsabilidade social muitas vezes envolve</p><p>medidas que trazem cultura e boas condições para a sociedade.</p><p>Surgimento do debate ambientalista</p><p>Existem diversos fatores que originaram o conceito de responsabilidade social, em um contexto da globalização</p><p>e das mudanças nas indústrias, surgiram novas preocupações e expectativas dos cidadãos, dos consumidores,</p><p>das autoridades públicas e dos investidores em relação as organizações. Os indivíduos e as instituições, como</p><p>consumidores e investidores, começaram a condenar os danos causados ao ambiente pelas atividades</p><p>econômicas e também a pressionar as empresas para a observância de requisitos ambientais e exigindo à</p><p>entidades reguladoras, legislativas e governamentais a produção de quadros legais apropriados e a vigilância</p><p>da sua aplicação.</p><p>Os primeiros estudos que tratam da responsabilidade social tiveram início nos Estados Unidos, na década de</p><p>50, e na Europa, nos anos 60.</p><p>● Responsabilidade Social Corporativa</p><p>Existe também a responsabilidade social corporativa, que é o conjunto de ações que beneficiam a</p><p>sociedade e as corporações que são tomadas pelas empresas, levando em consideração a economia,</p><p>educação, meio-ambiente, saúde, transporte, moradia, atividade locais e governo.</p><p>Geralmente, as organizações criam programas sociais, o que acaba gerando benefícios mútuos entre a</p><p>empresa e a comunidade, melhorando a qualidade de vida dos funcionários, e da própria população.</p><p>● Responsabilidade Social Empresarial</p><p>Responsabilidade Social Empresarial está intimamente ligada a uma gestão ética e transparente que a</p><p>organização deve ter com suas partes interessadas, para minimizar seus impactos negativos no meio</p><p>ambiente e na comunidade. As empresas de hoje em dia têm cada vez mais uma consciência social, o</p><p>que é traduzido pela responsabilidade social demonstrada.</p><p>Exemplos de empresas-modelo em responsabilidade socioambiental</p><p>➢ Alcoa busca a sustentabilidade no setor de mineração</p><p>A maior fabricante de alumínio do mundo, a americana Alcoa, tem se destacado, também, quando o assunto é</p><p>sustentabilidade no mundo dos negócios. Preocupada em conciliar desenvolvimento econômico e preservação do</p><p>meio ambiente, ela explora uma mina de bauxita no município de Juriti, no coração da Floresta Amazônica, com</p><p>técnicas que minimizam os impactos ambientais. O objetivo da empresa é transformar Juriti em referência de</p><p>atuação socioambiental no setor de mineração. Para isso, a empresa criou um conselho especial para discutir com</p><p>as comunidades locais e o poder público o desenvolvimento do município, além de um fundo de financiamento de</p><p>ações sociais na região. Com essas frentes de diálogo, a Alcoa consegue reduzir seu impacto no meio ambiente e</p><p>garantir benefícios sociais duradouros nas regiões onde atua.</p><p>➢ Amanco investe em materiais de menor impacto ambiental</p><p>Em busca de matérias-primas menos poluentes, a fabricante de tubos e conexões Amanco inovou na formulação</p><p>de seus produtos com o uso de tecnologias mais limpas. Um destaque da empresa foi a substituição do solvente</p><p>tolueno, que pode causar dependência nos trabalhadores que inalam seu vapor, por outro de menor impacto para a</p><p>saúde e para o meio ambiente. Pela iniciativa, a empresa ganhou em 2009 o selo Sustentax, que certifica produtos</p><p>sustentáveis. De lá pra cá, num esforço de engenharia de materiais, a empresa também alternou a fórmula de</p><p>outros de seus produtos, como os estabilizantes, que deixaram de levar chumbo em sua composição, eliminando</p><p>riscos de intoxicação pelo metal entre seus funcionários.</p><p>Exemplos de empresas-modelo em responsabilidade socioambiental</p><p>➢ Bradesco leva educação financeira à população carente</p><p>Bradesco lançou com exclusividade no Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, um serviço que antes era privilégio</p><p>apenas dos moradores do asfalto: o seguro residencial. Os preços da apólice popular começam em R$ 9,90 e as</p><p>indenizações chegam a R$10 mil. Dentro de suas ações de responsabilidade socioambiental, o Banco também</p><p>investiu, em 2009, R$380 milhões em projetos e, em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável, já</p><p>contribuiu</p><p>para a preservação de 16,4 milhões de hectares de mata.</p><p>➢ Natura educa trabalhadores para extração de óleos vegetais</p><p>O óleo de murumuru, usado em cosmétcos, é extraído de uma planta amazônica de difícil manejo, e que muitas</p><p>vezes leva à prática de queimadas. Com uma ação educativa promovida pela Natura, 400 famílias que fornecem a</p><p>matéria-prima à empresa fora orientadas a não empregar mais esta técnica. A ação resultou na preservação de</p><p>mais de três mil palmeiras das quais o óleo é extraído. Desde o lançamento da sua linha de produtos Ekos, a</p><p>Natura mantém uma rede de fornecedores formada por 26 comunidades em todo o Brasil.</p><p>Desenvolvimento social e</p><p>econômico e suas</p><p>expressões</p><p>contemporâneas</p><p>VIDA MARIA</p><p>Curta-metragem lançado no ano de 2006, produzido pelo animador gráfico Márcio Ramos</p><p>Políticas de desenvolvimento social e econômico: interfaces entre</p><p>desenvolvimento social, direitos e política social no Brasil</p><p>● Podemos observar que a principal disputa ideológica no campo econômico ao longo do ciclo</p><p>democracia e justiça social tem se baseado, por um lado, na adoção de políticas econômicas mais</p><p>liberais ou mais keynesianas, bem como também priorização das políticas sociais redistributivas,</p><p>pró-Estado de bem-estar social, em especial as de transferência de renda e de combate à pobreza.</p><p>● Elaine Rossetti Behring (2016), ao analisar a condição atual do desenvolvimento social no Brasil,</p><p>aponta que em 2015, já avistávamos no Brasil um ajuste fiscal de grandes proporções e impactos</p><p>sobre o emprego e a renda, com enormes cortes de recursos para a política social, com destaque</p><p>para a saúde e a educação. Segundo a revista Carta Capital, de 22/05/2015, “os ministérios das</p><p>Cidades, da Saúde e da Educação lideraram os cortes no Orçamento Geral da União de 2015.</p><p>Juntas, as três pastas concentraram 54,9% do contingenciamento (bloqueio) de R$ 69,946 bilhões</p><p>de verbas da união</p><p>Políticas de desenvolvimento social e econômico: interfaces entre</p><p>desenvolvimento social, direitos e política social no Brasil</p><p>interferências do desenvolvimento desigual e combinado no Brasil</p><p>sistema mundial capitalista é fundamentalmente uma unidade diferenciada onde se articulam, ao menos, duas formas</p><p>de capitalismo: o desenvolvido e o dependente. Estas formas de capitalismo conformam uma unidade ao operar de</p><p>maneira integrada e articulada de acordo com a lógica do capital e com busca por uma apropriação crescente de lucros.</p><p>Mas o fazem de formas diferenciadas, em função de uma divisão de formas de capitalismo. Esta divisão não é outra</p><p>coisa que a articulação de formas de reprodução de capital que impulsionam e permitem o desenvolvimento de umas</p><p>economias, enquanto impulsionam o subdesenvolvimento de outras. No interior destas formas de capitalismo há uma</p><p>diversidade de graus, seja de capitalismo desenvolvido, seja de capitalismo dependente. (OSORIO, 2016, p. 528).</p><p>● Dessa forma, o Brasil se estabelece nessa divisão de formas de capitalismo, enquanto país de economia</p><p>dependente diante os centros mundiais capitalistas. Isso significa que, as crises que recaem sobre a</p><p>sociedade brasileira e os níveis de subdesenvolvimento, são, portanto, aporte para o desenvolvimento de</p><p>países cuja economia é dominante.</p><p>Políticas de desenvolvimento social e econômico: interfaces entre</p><p>desenvolvimento social, direitos e política social no Brasil</p><p>O avalanche neoliberal</p><p>Como resultado disso, o sistema capitalista passa por uma reestruturação que transforma o seu padrão de</p><p>acumulação na tentativa de conter a crise, e a tendencial queda da taxa de lucro, a partir de um novo modelo</p><p>econômico e social: o neoliberalismo. Modelo esse que é baseado no livre mercado, defesa do Estado</p><p>mínimo com o corte das políticas públicas e sociais, ataque direto aos movimentos sociais e a classe</p><p>trabalhadora, privatização em massa dos setores públicos, intensificação da superexploração do trabalho,</p><p>como também a apropriação do fundo público para financeirização da riqueza.</p><p>O processo de reestruturação capitalista e do seu corolário, o neoliberalismo, que necessita modificar a forma</p><p>de responder às refrações da “questão social”, desresponsabilizando o Estado e repassando esta tarefa para</p><p>a sociedade civil através das “parcerias”, da disseminação de princípios de “autoajuda” ou “ajuda mútua”, do</p><p>voluntariado, do solidarismo e da filantropia (CORREIA, 2007, p.5)</p><p>Nesse sentido, o neoliberalismo se constitui enquanto mudança estrutural no sistema capitalista, com novas</p><p>formas de relação sociais cujas ações estão voltadas para fim do Estado interventor.</p><p>Políticas de desenvolvimento social e econômico: interfaces entre</p><p>desenvolvimento social, direitos e política social no Brasil</p><p>O avalanche neoliberal</p><p>A partir da gestão Lula, o modelo econômico passou a ser menos neoliberal, porém ainda com a</p><p>dialética da continuidade de várias políticas econômicas de Cardoso (Oliveira, 2003), como, por</p><p>exemplo, a continuidade das elevadas taxas de juros no país e o laissez-faire da taxa cambial.</p><p>Entretanto, se pode observar no governo Lula o fortalecimento dos programas sociais</p><p>Com a chegada do governo Dilma Rousseff em 2011, algumas mudanças iniciais na política</p><p>econômica, mais ao estilo keynesiano, já puderam ser observadas, dentre elas a redução do Imposto</p><p>sobre Produtos Industrializados (IPI), o controle mais próximo da taxa cambial, as estratégias de corte</p><p>nas taxas de juros oficial e bancárias e o aumento do crédito para ampliação do consumo (Rousseff,</p><p>2012). Entretanto, ainda é cedo para se avaliar a continuidade do efeito do debate sobre o modelo</p><p>econômico no governo da presidenta Rousseff.</p><p>Uma síntese do macrodebate sobre desenvolvimento no Brasil contemporâneo por</p><p>Rui Mesquita Cordeiro (2014)</p><p>Nova geração de desigualdades no desenvolvimento humano</p><p>O mundo alcançou ganhos substanciais nos níveis básicos de saúde, educação e padrão de vida. No</p><p>entanto, as necessidades de muitas pessoas permanecem não atendidas e, paralelamente, uma</p><p>próxima geração de desigualdades se inicia, colocando os ricos à frente no desenvolvimento.</p><p>É o que aponta o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em seu Relatório de</p><p>Desenvolvimento Humano de 2019, intitulado "Além da renda, além das médias, além do hoje:</p><p>desigualdades no desenvolvimento humano no século XXI".</p><p>O relatório analisa a desigualdade em três aspectos: além da renda, além das médias e além do hoje,</p><p>propondo diversas recomendações de políticas públicas para superá-la.</p><p>"Propomos que as políticas de combate à desigualdade devem ir além da renda, focalizando também</p><p>em intervenções ao longo da vida, em esferas como saúde e educação, e começando antes mesmo do</p><p>nascimento", declara a Representante Residente do PNUD no Brasil, Katyna Argueta.</p><p>Nova geração de desigualdades no desenvolvimento humano</p><p>Para o PNUD, as desigualdades entre os grupos populacionais, em diferente locais e ao longo do</p><p>tempo, também devem ser observadas. As desigualdades atuais e as novas deverão interagir no futuro</p><p>com as principais forças sociais, econômicas e ambientais para determinar a vida dos jovens de hoje e</p><p>das futuras gerações.</p><p>Segundo o relatório, as condições de partida podem determinar os avanços que uma pessoa consegue</p><p>alcançar ao longo de sua vida. As desigualdades nas capacidades básicas – ligadas às privações mais</p><p>extremas – estão diminuindo. Ao mesmo tempo, as desigualdades estão aumentando em capacidades</p><p>avançadas – refletindo aspectos da vida que provavelmente se tornarão mais importantes no futuro,</p><p>porque serão mais empoderadores. (Ex. Desemprego estrutural e aumento do trabalho informal)</p><p>A proporção da população adulta com ensino superior, por exemplo, está crescendo seis vezes mais</p><p>rápido em países com desenvolvimento humano muito alto que em países com baixo desenvolvimento</p><p>humano. As assinaturas de banda larga fixa estão crescendo 15 vezes mais rápido nos países de</p><p>desenvolvimento humano muito alto, enquanto para os países</p><p>de baixo desenvolvimento este serviço</p><p>não chega a atender 1% da população.</p><p>Nova geração de desigualdades no desenvolvimento humano</p><p>Os desafios da mudança do clima e das transformações tecnológicas são duas forças que moldarão o</p><p>desenvolvimento humano na atualidade. Os mais pobres estão mais vulneráveis aos impactos da</p><p>mudança do clima e terão mais dificuldades para superá-los. Ao mesmo tempo, os avanços</p><p>tecnológicos não estão favorecendo a sociedade igualitariamente. Pessoas com capacidades</p><p>avançadas se beneficiam mais dos progressos tecnológicos, e isso pode lançar os ricos ainda mais à</p><p>frente no futuro.</p><p>No acesso à tecnologia, por exemplo, os países em desenvolvimento possuem 67 assinaturas de</p><p>telefonia móvel por 100 habitantes, metade do número em países de desenvolvimento humano muito</p><p>alto. Investimentos em pesquisa e tecnologia têm elevado impacto na produtividade e no crescimento</p><p>econômico.</p><p>Possibilidades de</p><p>deslocamentos na noção</p><p>de desenvolvimento e</p><p>mudança social</p><p>IDH do Brasil mantém tendência de avanço, mas desigualdades permanecem</p><p>Índice de Desenvolvimento Humano é um indicador que vai de zero a um. Quanto mais próximo de um, maior o</p><p>desenvolvimento humano. O índice mede o progresso de uma nação a partir de três dimensões: renda, saúde</p><p>e educação.</p><p>Entre 1990 e 2018, o país apresenta aumento consistente do seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),</p><p>um crescimento de 24%.</p><p>Em relação a 2017, o Brasil apresentou leve crescimento de 0,001 no seu IDH, passando de 0,760 para 0,761.</p><p>Esse resultado mantém o Brasil no grupo de países com Alto Desenvolvimento Humano. Sua posição no</p><p>ranking de 189 países é a 79ª, juntamente com a Colômbia.</p><p>Na América do Sul, o Brasil é o 4º país com maior IDH. Chile, Argentina e Uruguai aparecem na frente. Teve o</p><p>quinto maior crescimento no IDH na região entre 2010 e 2018.</p><p>No entanto, quando o valor do IDH do Brasil tem descontada a desigualdade, ele apresenta uma perda de</p><p>24,5%. A parcela dos 10% mais ricos do Brasil concentram cerca de 42% da renda total do país.</p><p>Fonte: Relatórios de Desenvolvimento Humano, 2020. (PNUD)</p><p>● Segundo o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Brasil ocupa</p><p>a 84ª posição no ranking do IDH 2020. Índice 0,765</p><p>A ATUAL AGENDA PÚBLICA PARA PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO</p><p>SOCIAL</p><p>Ministério da Cidadania – Secretaria de Desenvolvimento Social:</p><p>https://www.gov.br/cidadania/pt-br/composicao/orgaos-especificos/desenvolvimento-social</p><p>A Secretaria Especial do Desenvolvimento Social integra a estrutura do Ministério da Cidadania, órgão</p><p>responsável por políticas executadas pelos extintos ministérios do Desenvolvimento Social e do</p><p>Esporte e instituído por meio do Decreto nº 9.674/2019, no dia 2 de janeiro de 2019 e Decreto nº</p><p>10.357/2020, no dia 20 de maio de 2020.</p><p>Compete à secretaria assessorar o Ministro da Cidadania na formulação e coordenação de políticas,</p><p>programas e ações voltados à renda de cidadania, assistência social, inclusão social e produtiva nos</p><p>âmbitos rural e urbano, atenção à primeira infância e cuidados e prevenção às drogas.</p><p>Os programas Criança Feliz e Bolsa Família, o Cadastro Único para Programas Sociais, o Sistema</p><p>Único de Assistência Social (Suas) e as Políticas Nacionais de Assistência Social e de Segurança</p><p>Alimentar e Nutricional compõem parte das atribuições desta secretaria especial.</p><p>Programas Sociais</p><p>No âmbito das políticas de renda de cidadania está o Programa Bolsa Família, responsável por beneficiar</p><p>milhões de famílias em todo o país por meio de transferência direta de renda, além de reforçar o acesso dos</p><p>beneficiários a direitos de educação e à saúde. O programa tem ainda capacidade de integrar e articular várias</p><p>políticas sociais no intuito de estimular o desenvolvimento das famílias, contribuindo para elas superarem a</p><p>situação de vulnerabilidade e de pobreza.</p><p>Na atenção à primeira infância o programa Criança Feliz consiste numa importante inciativa para que famílias</p><p>com crianças entre zero e seis anos ofereçam a elas ferramentas para promover seu desenvolvimento</p><p>integral. Trata-se de uma estratégia alinhada ao Marco legal da Primeira Infância que traz diretrizes para a</p><p>formulação e a implementação de políticas públicas em atenção à especificidade e à relevância dos primeiros</p><p>anos de vida no desenvolvimento infantil.</p><p>Já as políticas de inclusão social e produtiva se dividem em rural e urbana. No contexto rural estão as ações de</p><p>promoção da alimentação saudável, aquisição de alimentos da agricultura familiar e acesso água. A área</p><p>urbana conta com iniciativas para o fortalecimento de empreendimentos econômicos solidário e a qualificação</p><p>profissional básica e continuada bem como acesso à microcrédito orientado por parte dos beneficiários do</p><p>Bolsa Família.</p><p>A Secretaria Especial é responsável ainda pelas políticas voltadas aos cuidados e prevenção às drogas e pelo</p><p>o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, principal instrumento do Estado brasileiro para</p><p>a seleção e a inclusão de famílias de baixa renda em programas federais.</p><p>SECRETARIAS NACIONAIS</p><p>● Assistência Social</p><p>● Renda de Cidadania</p><p>● Atenção à Primeira Infância</p><p>● Inclusão Social e Produtiva</p><p>● Prevenção às Drogas</p><p>AÇÕES E PROGRAMAS DO</p><p>MINISTÉRIO DA CIDADANIA:</p><p>● Auxílio Brasil</p><p>● Brasil Fraterno</p><p>● Cadastro único</p><p>● Criança Feliz</p><p>● Bolsa Atleta</p><p>● Inclusão Produtiva Rural</p><p>● Inclusão Produtiva Urbana</p><p>O que é o Auxílio Brasil?</p><p>Braço social do Governo Federal, o Auxílio Brasil integra em um só</p><p>programa várias políticas públicas de assistência social, saúde, educação,</p><p>emprego e renda.</p><p>O novo programa social de transferência direta e indireta de renda é</p><p>destinado às famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em</p><p>todo o país.</p><p>Além de garantir uma renda básica a essas famílias, o programa busca</p><p>simplificar a cesta de benefícios e estimular a emancipação dessas</p><p>famílias para que alcancem autonomia e superem situações de</p><p>vulnerabilidade social.</p><p>O Auxílio Brasil é coordenado pelo Ministério da Cidadania, que é</p><p>responsável por gerenciar os benefícios do Programa e o envio de</p><p>recursos para pagamento.</p><p>Quais os objetivos do programa?</p><p>● Promover a cidadania com garantia de renda e apoiar, por meio dos benefícios ofertados pelo Sistema</p><p>Único de Assistência Social (SUAS), a articulação de políticas voltadas aos beneficiários;</p><p>● Promover, prioritariamente, o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, por meio de apoio</p><p>financeiro a gestantes, nutrizes, crianças e adolescentes em situação de pobreza ou extrema pobreza;</p><p>● Promover o desenvolvimento das crianças na primeira infância, com foco na saúde e nos estímulos às</p><p>habilidades físicas, cognitivas, linguísticas e socioafetivas, de acordo com o disposto na Lei nº 13.257, de 8</p><p>de março de 2016;</p><p>● Ampliar a oferta do atendimento das crianças em creches;</p><p>● Estimular crianças, adolescentes e jovens a terem desempenho científico e tecnológico de excelência; e</p><p>● Estimular a emancipação das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza.</p><p>Quem tem direito?</p><p>● Famílias em situação de extrema pobreza;</p><p>● Famílias em situação de pobreza; e</p><p>● Famílias em regra de emancipação.</p><p>● As famílias em situação de extrema pobreza são aquelas que possuem renda familiar mensal per capita de</p><p>até R$ 105,00, e as em situação de pobreza renda familiar mensal per capita entre R$ 105,01 e R$ 210,00.</p><p>Como receber?</p><p>Os benefícios poderão ser pagos por meio das contas:</p><p>● Poupança Social Digital;</p><p>● Conta Corrente de Depósito à vista;</p><p>● Conta Especial de Depósito à vista; e</p><p>● Conta Contábil (plataforma social do Programa)</p><p>O crédito dos benefícios financeiros será realizado na conta contábil apenas quando: o beneficiário</p><p>não possuir nenhuma das outras modalidades de contas bancárias; no caso de, mesmo possuindo,</p><p>optar por receber o crédito por meio da conta contábil; ou quando o crédito não for realizado por</p><p>impedimentos técnicos, operacionais ou normativos, como bloqueio, suspensão inativação ou</p><p>encerramento</p><p>Tecnologia como agente de transformação social</p><p>(https://instagram.com/eu.developer?utm_medium=copy_link)</p><p>O FUTURO DESENVOLVIMENTO: UMA AGENDA</p><p>FURTADIANA</p><p>Pensando em 2021, o que nos diria Furtado diante do processo</p><p>recentemente observado de desindustrialização precoce, reprimarização</p><p>da pauta exportadora e recrudescimento das desigualdades?</p><p>O FUTURO DESENVOLVIMENTO: UMA AGENDA</p><p>FURTADIANA</p><p>● Desenvolvimento não é algo instantâneo ou que possa ser buscado individualmente.</p><p>■ Demanda reflexão democrática, ampla participação popular e planejamento.</p><p>● Necessitamos planejar nosso desenvolvimento, precisamos de um Estado forte e democrático, com</p><p>instrumentos de alcance, para:</p><p>■ Requalificar nossa matriz produtiva e nosso padrão de inserção externa, de modo a implicar melhor</p><p>aproveitamento de mão de obra e menor impacto ambiental;</p><p>■ Enfrentar nossas desigualdades, e permitir melhor distribuição do excedente gerado;</p><p>■ Fortalecer nossas instituições democráticas.</p><p>● O desenvolvimento requer um reencontro com o potencial criativo de nossa cultura.</p><p>■ Pode parecer utópico, mas o utópico muitas vezes é fruto da percepção de dimensões secretas da</p><p>realidade, um afloramento de energias contidas que antecipa a ampliação do horizonte de</p><p>possibilidades aberto a uma sociedade (Furtado, 2002, p. 371.)</p><p>PENSAR PARA TRANSFORMAR: A LUTA É UMA CONSTANTE</p><p>"Esses elementos se manifestam na forma de ideias-força, que enquadram meu</p><p>comportamento na ação e também minha atividade intelectual criadora. A primeira dessas</p><p>ideias é a de que a arbitrariedade e a violência tendem a dominar no mundo dos homens.</p><p>A segunda é de que a luta contra esse estado de coisas exige algo mais que simples</p><p>esquemas racionais. A terceira é a de que a luta é como um rio que passa: traz sempre</p><p>águas novas, ninguém a ganha propriamente e nenhuma derrota é definitiva"</p><p>(Furtado, 1973, p. 38).</p><p>PENSAR PARA TRANSFORMAR: A LUTA É UMA CONSTANTE</p><p>● Sim, nós somos subdesenvolvidos: dependência tecnológica, padrão de inserção externa periférico,</p><p>estrutura produtiva repleta de gargalos, heterogeneidade estrutural, desigualdades em diversos níveis.</p><p>● As mudanças requeridas não são poucas, e envolvem disputas políticas históricas.</p><p>● "Quando o consenso se impõe a uma sociedade, é porque ela atravessa uma era pouco criativa (2002, p.</p><p>81).</p><p>● Não romper consensos significa, para nós, nos mantermos presos à armadilha do</p><p>subdesenvolvimento.</p><p>● Onde estamos, senão presos a um consenso (agenda de austeridade, curto-prazista) que nos</p><p>retira meios de transformar nosso futuro?</p><p>● Porém, "não basta armar-se de instrumentos eficazes para alcançar esse objetivo. Atuar de forma</p><p>consistente no plano político, portanto, assumir a responsabilidade de interferir num processo histórico,</p><p>impõe ter compromissos éticos" (2002, p. 74).</p><p>PENSAR PARA TRANSFORMAR: A LUTA É UMA CONSTANTE</p><p>● Ingredientes de Furtado (2002): imaginação e coragem para arriscar na busca do incerto.</p><p>● Pensar fora da curva exige coragem e criatividade: coragem para não se deixar convencer por consensos</p><p>de política que não necessariamente nos dizem respeito; e criatividade para desenvolver teorias e</p><p>interpretações fora da curva que sejam mais adequadas ao nosso contexto e que delas se possam</p><p>desdobram políticas transformadoras.</p><p>● Faz-se necessário o desenvolvimento/aprimoramento de métodos, paradigmas, visões que permitam</p><p>explicar, por exemplo, a origem das desigualdades que obstaculizam o alçamento ao desenvolvimento.</p><p>■ E, também, que tragam elementos para combate-las.</p><p>● Que sociedade queremos construir?</p><p>▪ Furtado é certamente um farol!</p><p>PENSAR PARA TRANSFORMAR: A LUTA É UMA CONSTANTE</p><p>"só haverá verdadeiro desenvolvimento (...) ali onde existir um</p><p>projeto social subjacente. É só quando prevalecem as forças que</p><p>lutam pela efetiva melhoria das condições de vida da população que</p><p>o crescimento se transforma em desenvolvimento" (Furtado, 2004,</p><p>p. 108).</p><p>Pessoas como donas de seus próprios destinos; mas não como um passe de mágica, mas</p><p>porque as condições/estruturas socioeconômicas lhes dão condições para tal.</p><p>Bibliografia</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa. Câmara dos Deputados. 27ª edição, 2007.</p><p>BEHRING, Elaine. SER Social, Brasília, v. 18, n. 38, p. 13-29, jan.-jun./2016.</p><p>Bresser-Pereira, Luiz Carlos. (2000). “Da Política de Elites à Democracia de Sociedade Civil”. In: João Paulo dos Reis</p><p>Velloso, org. (2000) Brasil 500 Anos Futuro, Presente, Passado. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 2000: 517-538.</p><p>BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. (2003). “Desenvolvimento e Crise no Brasil: História, Economia e Política de Getúlio</p><p>Vargas a Lula”. 5ª Edição. São Paulo: Editora 34. 1ª Edição de 1968.</p><p>BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. (2012a). “Os três ciclos da sociedade e do estado”. Texto para Discussão da</p><p>EAESP/Fundação Getulio Vargas No. 308. São Paulo, abril de 2012.</p><p>BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. (2012b). “Brasil, sociedade nacional-dependente”. São Paulo, Versão de 5 de março de</p><p>2012. Disponível em www.bresserpereira.org.br/view.asp?cod=4955 [13/junho/2021].</p><p>CORDEIRO, Rui. Revista de Economia Política, vol. 34, nº 2 (135), pp. 230-248, abril-junho/2014</p><p>FOUCAULT, Michel. Aula de 17 de março de 1976. In. Foucault, M. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes,</p><p>2000.</p><p>FOUCAULT, Michel. “Governamentalidade”(4ª. Aula de “Segurança, Território e População”) In: Ditos e Escritos IV:</p><p>Estratégia, Poder-Saber. Rio de Janeiro, Editora Forense Universitária, 2003.</p><p>FURTADO, Celso. (1968). Um Projeto para o Brasil. Rio de Janeiro: Saga.</p><p>FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003.</p><p>IPEA. Pobreza e crise econômica: o que há de novo no Brasil metropolitano, 21mai/2009.</p><p>IPEA/PNUD. Programas de transferências de renda no Brasil: Impactos sobre a desigualdade. Fabio Veras Soares,</p><p>Marcelo Medeiros; Rafael G. Osório – Centro Internacional de Pobreza IPEA/PNUD e Sergei Soares – DISOC/IPEA, 2008.</p><p>Bibliografia</p><p>FURTADO, Celso. Um Projeto para o Brasil. Rio de Janeiro: Saga, 1968.</p><p>FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003.</p><p>____________O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.</p><p>_______A economia latino-americana –formação, história e problemas contemporâneos. Companhia</p><p>Editora Nacional. São Paulo, 1978.</p><p>_______Teoria e Política do desenvolvimento Econômico. Série Os Economistas. São Paulo: Abril</p><p>Cultural, 1983.</p><p>_______Brasil: a construção interrompida, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.</p><p>_______Introdução ao desenvolvimento: enfoque histórico-estrutural. 3. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,</p><p>2000a. 126p.</p><p>_______Raízes do subdesenvolvimento. Civilização Brasileira, 2003.</p><p>LIMA, Luciele. “RETORNAR AO PASSADO PARA RESSIGNIFICAR O PRESENTE E CONSTRUIR O FUTURO": O</p><p>fundamento racial para compreensão da classe trabalhadora no Brasil. 2020. TCC. Graduação em Serviço Social. Recife,</p><p>2020.</p><p>NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Editora</p><p>Perspectiva, 2016.</p><p>MOURA, Clóvis. Escravismo, colonialismo, imperialismo e racismo. Afro-Ásia, Bahia, n.14, p. 124-137,1983.</p><p>PNUD. Ranking do Índice de Desenvolvimento Humano de 177 países e territórios. Relatório de 2007/2008. Site</p><p>www.pnud.org.br</p><p>YAZBEK, Maria Carmelita. Estado e Políticas Sociais. Praia Vermelha (UFRJ), v. 18, p. 72-94, 2008.</p>Tecnologia como agente de transformação social (https://instagram.com/eu.developer?utm_medium=copy_link) O FUTURO DESENVOLVIMENTO: UMA AGENDA FURTADIANA Pensando em 2021, o que nos diria Furtado diante do processo recentemente observado de desindustrialização precoce, reprimarização da pauta exportadora e recrudescimento das desigualdades? O FUTURO DESENVOLVIMENTO: UMA AGENDA FURTADIANA ● Desenvolvimento não é algo instantâneo ou que possa ser buscado individualmente. ■ Demanda reflexão democrática, ampla participação popular e planejamento. ● Necessitamos planejar nosso desenvolvimento, precisamos de um Estado forte e democrático, com instrumentos de alcance, para: ■ Requalificar nossa matriz produtiva e nosso padrão de inserção externa, de modo a implicar melhor aproveitamento de mão de obra e menor impacto ambiental; ■ Enfrentar nossas desigualdades, e permitir melhor distribuição do excedente gerado; ■ Fortalecer nossas instituições democráticas. ● O desenvolvimento requer um reencontro com o potencial criativo de nossa cultura. ■ Pode parecer utópico, mas o utópico muitas vezes é fruto da percepção de dimensões secretas da realidade, um afloramento de energias contidas que antecipa a ampliação do horizonte de possibilidades aberto a uma sociedade (Furtado, 2002, p. 371.) PENSAR PARA TRANSFORMAR: A LUTA É UMA CONSTANTE "Esses elementos se manifestam na forma de ideias-força, que enquadram meu comportamento na ação e também minha atividade intelectual criadora. A primeira dessas ideias é a de que a arbitrariedade e a violência tendem a dominar no mundo dos homens. A segunda é de que a luta contra esse estado de coisas exige algo mais que simples esquemas racionais. A terceira é a de que a luta é como um rio que passa: traz sempre águas novas, ninguém a ganha propriamente e nenhuma derrota é definitiva" (Furtado, 1973, p. 38). PENSAR PARA TRANSFORMAR: A LUTA É UMA CONSTANTE ● Sim, nós somos subdesenvolvidos: dependência tecnológica, padrão de inserção externa periférico, estrutura produtiva repleta de gargalos, heterogeneidade estrutural, desigualdades em diversos níveis. ● As mudanças requeridas não são poucas, e envolvem disputas políticas históricas. ● "Quando o consenso se impõe a uma sociedade, é porque ela atravessa uma era pouco criativa (2002, p. 81). ● Não romper consensos significa, para nós, nos mantermos presos à armadilha do subdesenvolvimento. ● Onde estamos, senão presos a um consenso (agenda de austeridade, curto-prazista) que nos retira meios de transformar nosso futuro? ● Porém, "não basta armar-se de instrumentos eficazes para alcançar esse objetivo. Atuar de forma consistente no plano político, portanto, assumir a responsabilidade de interferir num processo histórico, impõe ter compromissos éticos" (2002, p. 74). PENSAR PARA TRANSFORMAR: A LUTA É UMA CONSTANTE ● Ingredientes de Furtado (2002): imaginação e coragem para arriscar na busca do incerto. ● Pensar fora da curva exige coragem e criatividade: coragem para não se deixar convencer por consensos de política que não necessariamente nos dizem respeito; e criatividade para desenvolver teorias e interpretações fora da curva que sejam mais adequadas ao nosso contexto e que delas se possam desdobram políticas transformadoras. ● Faz-se necessário o desenvolvimento/aprimoramento de métodos, paradigmas, visões que permitam explicar, por exemplo, a origem das desigualdades que obstaculizam o alçamento ao desenvolvimento. ■ E, também, que tragam elementos para combate-las. ● Que sociedade queremos construir? ▪ Furtado é certamente um farol! PENSAR PARA TRANSFORMAR: A LUTA É UMA CONSTANTE "só haverá verdadeiro desenvolvimento (...) ali onde existir um projeto social subjacente. É só quando prevalecem as forças que lutam pela efetiva melhoria das condições de vida da população que o crescimento se transforma em desenvolvimento" (Furtado, 2004, p. 108). Pessoas como donas de seus próprios destinos; mas não como um passe de mágica, mas porque as condições/estruturas socioeconômicas lhes dão condições para tal. Bibliografia BRASIL. Constituição da República Federativa. Câmara dos Deputados. 27ª edição, 2007. BEHRING, Elaine. SER Social, Brasília, v. 18, n. 38, p. 13-29, jan.-jun./2016. Bresser-Pereira, Luiz Carlos. (2000). “Da Política de Elites à Democracia de Sociedade Civil”. In: João Paulo dos Reis Velloso, org. (2000) Brasil 500 Anos Futuro, Presente, Passado. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 2000: 517-538. BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. (2003). “Desenvolvimento e Crise no Brasil: História, Economia e Política de Getúlio Vargas a Lula”. 5ª Edição. São Paulo: Editora 34. 1ª Edição de 1968. BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. (2012a). “Os três ciclos da sociedade e do estado”. Texto para Discussão da EAESP/Fundação Getulio Vargas No. 308. São Paulo, abril de 2012. BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. (2012b). “Brasil, sociedade nacional-dependente”. São Paulo, Versão de 5 de março de 2012. Disponível em www.bresserpereira.org.br/view.asp?cod=4955 [13/junho/2021]. CORDEIRO, Rui. Revista de Economia Política, vol. 34, nº 2 (135), pp. 230-248, abril-junho/2014 FOUCAULT, Michel. Aula de 17 de março de 1976. In. Foucault, M. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2000. FOUCAULT, Michel. “Governamentalidade”(4ª. Aula de “Segurança, Território e População”) In: Ditos e Escritos IV: Estratégia, Poder-Saber. Rio de Janeiro, Editora Forense Universitária, 2003. FURTADO, Celso. (1968). Um Projeto para o Brasil. Rio de Janeiro: Saga. FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003. IPEA. Pobreza e crise econômica: o que há de novo no Brasil metropolitano, 21mai/2009. IPEA/PNUD. Programas de transferências de renda no Brasil: Impactos sobre a desigualdade. Fabio Veras Soares, Marcelo Medeiros; Rafael G. Osório – Centro Internacional de Pobreza IPEA/PNUD e Sergei Soares – DISOC/IPEA, 2008. Bibliografia FURTADO, Celso. Um Projeto para o Brasil. Rio de Janeiro: Saga, 1968. FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003. ____________O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974. _______A economia latino-americana –formação, história e problemas contemporâneos. Companhia Editora Nacional. São Paulo, 1978. _______Teoria e Política do desenvolvimento Econômico. Série Os Economistas. São Paulo: Abril Cultural, 1983. _______Brasil: a construção interrompida, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. _______Introdução ao desenvolvimento: enfoque histórico-estrutural. 3. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000a. 126p. _______Raízes do subdesenvolvimento. Civilização Brasileira, 2003. LIMA, Luciele. “RETORNAR AO PASSADO PARA RESSIGNIFICAR O PRESENTE E CONSTRUIR O FUTURO": O fundamento racial para compreensão da classe trabalhadora no Brasil. 2020. TCC. Graduação em Serviço Social. Recife, 2020. NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Editora Perspectiva, 2016. MOURA, Clóvis. Escravismo, colonialismo, imperialismo e racismo. Afro-Ásia, Bahia, n.14, p. 124-137,1983. PNUD. Ranking do Índice de Desenvolvimento Humano de 177 países e territórios. Relatório de 2007/2008. Site www.pnud.org.br YAZBEK, Maria Carmelita. Estado e Políticas Sociais. Praia Vermelha (UFRJ), v. 18, p. 72-94, 2008.