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<p>NOÇÕES DE GESTÃO</p><p>PÚBLICA</p><p>UNIDADE 1</p><p>1. ORIGENS E ESTRUTURA DO ESTADO</p><p>1.1 O ESTADO</p><p>A sociedade humana, após tentar inúmeras formas de regular seu relacionamento, desenvolveu</p><p>a figura do Estado, um ser abstrato, porém com maiores poderes do que qualquer indivíduo.</p><p>Delimitado em um território, formado por um povo, e politicamente organizado como um</p><p>governo, o Estado é figura instituída na história recente da humanidade, que promete manter-se no tempo,</p><p>haja vista ser a forma mais eficiente que a civilização encontrou para possibilitar a convivência em sociedade.</p><p>A despeito da existência do germe do Estado nas cidades-estados dos sumérios, egípcios e gregos,</p><p>o termo “Estado” apenas aparece como unidade de soberania na obra clássica de Niccolo Machiavelli, em</p><p>1513, denominada de “O Príncipe”.</p><p>A ele, o Estado, incumbiu a tarefa de manter a ordem social e empenhar esforços para a melhoria</p><p>do bem comum. Para tanto, foi-lhe outorgado o poder de exigir o cumprimento das regras formuladas por</p><p>seus representantes, mesmo que para isto seja necessário o uso da força.</p><p>Nessa vertente, Arthur Machado Paupério (1992, p.32) reforça em seu livro intitulado,</p><p>Introdução ao Estudo do Direito que: “O Estado é a maior e a mais importante das sociedades de ordem</p><p>temporal, abarcando todos os outros grupos naturais, cujos interesses, subordinados ao bem comum,</p><p>procura defender e promover”.</p><p>Por sua vez, José Roberto Dromi, citado na obra de José Carlos de Oliveira (1997, p.41),</p><p>Concessões e Permissões de Serviços Públicos, assevera: “[...] a noção de serviço público está intimamente</p><p>ligada com a razão de ser do Estado: a persecução do bem comum”.</p><p>Aliás, a promoção do bem comum tem previsão legal na própria Constituição da República</p><p>Federativa do Brasil (1988), no inciso IV, do artigo 3º, estando entre os princípios fundamentais, com o</p><p>seguinte texto legal:</p><p>Constituição da República Federativa do Brasil (1988), inciso IV, do artigo 3º</p><p>Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:</p><p>[...]</p><p>IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,</p><p>idade e quaisquer outras formas de discriminação; [...]</p><p>Entretanto, Jean Jaques Rousseau (2002, p.99) em seu manuscrito, Do Contrato Social, no</p><p>decorrer do século XVIII (1757), já declarava:</p><p>Enquanto muitos homens reunidos se consideram como um só corpo, sua</p><p>vontade é uma, a conservação comum e o bem de todos; as molas do Estado são</p><p>vigorosa e simples, seus ditames, claros e luminosos, não há interesses</p><p>intrincados e contraditórios, evidente se mostra em toda parte o bem comum.</p><p>Por sua vez, o filósofo clássico Aristóteles (2002, p.191) em sua obra clássica, “A Política”,</p><p>abordou sobre os governantes, ponderando que desses não exigiam:</p><p>[...] uma virtude superior às humanas, nem a uma educação que requeira</p><p>aptidões e recursos especiais, nem a uma constituição política formada a gosto,</p><p>por assim dizer, porém a uma maneira de viver que possa ser a da maioria.</p><p>Como visto, cabe ao Estado, por meio de seus administradores, nos três poderes (Executivo,</p><p>Legislativo e Judiciário), o poder-dever de atuar em defesa dos direitos d</p><p>e seu povo, de forma individual e coletivamente, visando o cumprimento efetivo de seu papel.</p><p>1.2 OS TRÊS PODERES</p><p>A Constituição Federal da República Federativa do Brasil (1988) declara, no artigo 2º, que são</p><p>poderes da União: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.</p><p>Entretanto, Montesquieu, citado na obra de Petrônio Braz (1999, p.49), assevera que: “[...] o</p><p>poder do Estado é exercido através das funções legislativa, administrativa (executiva) e jurisdicional”.</p><p>Essa divisão de poderes possui como objetivo maior a manutenção da ordem social, e o</p><p>desenvolvimento do Estado em busca do bem de seu povo.</p><p>Todavia, embora em funções diferenciadas e independentes, esses três poderes (Executivo,</p><p>Legislativo e Judiciário) precisam estar harmônicos, completando-se mutuamente nas responsabilidades</p><p>sociais.</p><p>Nesse sentido, cada um possui também atribuições administrativas, prestando serviços públicos.</p><p>Assim, os três poderes se relacionam com os cidadãos por meio de seus órgãos, de contato direto ou indireto,</p><p>para a consecução de seus objetivos.</p><p>E, segundo a visão de Lafayette Pondé (1995, p.214): “[...] toda discussão relativa ao poder se</p><p>associa a um debate sobre seu controle”.</p><p>1.3 OS ENTES DA FEDERAÇÃO</p><p>De outro tanto, há de se relevar que no caso do Brasil, o Estado Nacional é formado por uma</p><p>República Federativa (União), com a junção de vários Estados-membros e do Distrito Federal (conforme</p><p>dispõe o art. 1º da CF)</p><p>Nos territórios dos Estados-membros, por suas vezes, existe o desmembramento em Municípios,</p><p>o que faz com que as ações desses poderes sejam descentralizadas.</p><p>Assim, União, Estados-membros e Municípios, podem ser chamados de Entidades Estatais, ou</p><p>simplesmente entes da Federação, sendo organismos maiores por meio dos quais ageo governo ou o poder</p><p>político.</p><p>1.4 A DESCENTRALIZAÇÃO DAS ENTIDADES ESTATAIS</p><p>ENTES UNIÃO ESTADOS - MEMBROS DISTRITO FEDERAL MUNÍCIPIOS</p><p>ENTIDADES</p><p>ESTATAIS</p><p>PODER EXECUTIVO</p><p>Governo Federal</p><p>(Presidente da</p><p>República)</p><p>Governo Estadual</p><p>(Governador)</p><p>Governo Distrital</p><p>(Governador)</p><p>Governo Municipal</p><p>(Prefeitos)</p><p>ENTIDADES</p><p>ESTATAIS PODER</p><p>LEGISLATIVO</p><p>Senado</p><p>(Senadores) e</p><p>Câmara dos</p><p>Deputados</p><p>(Deputados</p><p>Federais)</p><p>Assembleia Legislativa</p><p>(Deputados Estaduais)</p><p>Câmara Legislativa</p><p>(Deputados</p><p>Distritais)</p><p>Câmara Municipal</p><p>(Vereadores)</p><p>ENTIDADES</p><p>ESTATAIS PODER</p><p>JUDICIÁRIO</p><p>Tribunais</p><p>Superiores STF,</p><p>STJ, TSE, STM e</p><p>TST</p><p>(Ministros)</p><p>Tribunais de Justiça</p><p>dos</p><p>Estados</p><p>(Desembargadores)</p><p>Tribunal do Distrito</p><p>Federal</p><p>(Desembargadores)</p><p>Fórum da Justiça Local</p><p>(Juízes de Direito)</p><p>Porém, o Município</p><p>não possui</p><p>competência sobre o</p><p>Judiciário</p><p>1.5 ÓRGÃOS PÚBLICOS PROPRIAMENTE DITOS</p><p>Entendem-se como Órgãos Públicos, propriamente ditos, as divisões das entidades estatais,</p><p>como: Ministérios, Secretarias, Departamentos, Diretorias, dentre outros.</p><p>O Estado, de extensão territorial ampla e de competência complexa, necessita materializar- se</p><p>em instituições de efetiva ação, para alcançar, de fato, o cidadão-membro. Por isto, cria formas reais de</p><p>relacionamento, propiciando o atendimento das inúmeras demandas sociais, sempre almejando o contato</p><p>material de seus mantenedores (contribuintes) com a estrutura estatal.</p><p>Assim, a exemplo das instituições relacionadas na pesquisa preambularmente demonstrada, o</p><p>Órgão Público é o estabelecimento que o cidadão-membro busca recursos detidos pelo Estado, os quais lhe</p><p>proporcionem soluções de menor ou maior escala, sempre em prol do bem comum.</p><p>Dessa forma, Hely Lopes Meirelles, citado por Petrônio Braz (1999, p.133) em seus escritos no</p><p>Manual de Direito Administrativo, define o órgão público como sendo: “[...] todo centro de competência,</p><p>para desempenho de funções, através de um ou vários agentes, cuja atuação é sempre imputada à pessoa</p><p>jurídica a que pertence”.</p><p>Nesse prisma, verificamos que nos órgãos públicos efetivamente acontecem à execução e oferta</p><p>dos serviços públicos.</p><p>2. O ESTADO A SERVIÇO DOS CIDADÃOS</p><p>2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS</p><p>Considerando-se que a principal finalidade do Estado é zelar pelo bem comum e pela ordem social, é</p><p>de se concluir por óbvio que a melhor atuação estatal é aquela que atende aos anseios coletivos e ao interesse</p><p>público.</p><p>E para materializar essa atuação estatal, ele presta serviços públicos em todas as áreas, que</p><p>clamarem pela sua iniciativa ou intervenção.</p><p>2.2 SERVIÇOS PÚBLICOS</p><p>Conceito</p><p>Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello (1997, p.6), em seu livro Curso de Direito</p><p>Administrativo, define: “Serviço Público é toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade</p><p>O crédito tributário, oriundo de obrigações lançadas pelo Estado e não adimplidas pelo</p><p>contribuinte, deve ser inscrito em dívida ativa fiscal, após terem se esgotado todos os prazos fixados para o</p><p>seu pagamento pela lei ou por decisão final prolatada em processo regular.</p><p>Figura 2 - GARCIA, Rosangela. .O que é crédito tributário? Disponível em:</p><p>< http://pt.slideshare.net/RosangelaGarcia/suspenso-da-exigibilidade-do-crdito-tributrio-ibet>.Acesso em: 17 nov.2016.</p><p>A certidão de inscrição da dívida ativa fiscal é considerada como título de crédito, dando ao</p><p>ente respectivo o direito de cobrar judicialmente o montante, pela ação denominada execução fiscal.</p><p>3 PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO - PPA – LDO - LOA</p><p>3.1 NOÇÕES DE PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO</p><p>Planejar as finanças é um princípio aplicável tanto à iniciativa privada quanto ao setor público.</p><p>Na verdade, a partir das finanças pessoais, é aconselhável que se planeje, sob pena de acontecer</p><p>descontrole e descompasso entre os recebimentos e gastos.</p><p>Na Gestão Pública, tem ainda a questão da efetividade e resolutividade, pois mesmo que o</p><p>administrador público atue com probidade e eficiência nas realizações, tais realizações precisam alcançar o</p><p>interesse público.</p><p>É a população quem sustenta o governo e suas ações, por meio dos tributos e outras formas de</p><p>arrecadação pública, para receberem o bem estar social.</p><p>Ou seja:</p><p>Além de gastar bem, o setor público deve observar se aquele gasto é o mais adequado dentre</p><p>todos os imaginados, para o fim específico. E analisar, também, se aquele fim específico é relevante e</p><p>prioritário.</p><p>Pensando assim, o legislador foi evoluindo nas regras obrigatórias aos gestores públicos, para</p><p>exigir-lhes o planejamento das receitas e despesas, vinculadas a um orçamento prévio. Por isto, como dito</p><p>anteriormente, a Administração Pública está vinculada ao “Princípio do Planejamento”. E esse</p><p>planejamento deverá ser prévio, de um ano para o outro. De cada gasto, centavo por centavo.</p><p>E para planejar os gastos, por óbvio que deverá iniciar com o planejamento das entradas</p><p>financeiras (arrecadação-receita), mensurando como e quanto irá arrecadar no exercício seguinte.</p><p>Com isso, a espinha dorsal do orçamento público, ou seja, a sustentação principal do</p><p>planejamento orçamentário é formada pelo binômio, denominado receita-despesa.</p><p>Atualmente no Brasil, os 4 (quatro) entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e</p><p>Municípios) estão submetidos orçamentariamente ao trio de leis específicas, que vinculam de onde virão e</p><p>para onde vão as entradas financeiras, e a aplicação dos recursos financeiros públicos.</p><p>E seguindo as regras contábeis, cada ente da federação elabora um desmembramento no</p><p>orçamento próprio, para a manutenção dos 03 (três) poderes naquela esfera: Executivo, Legislativo e</p><p>Judiciário.</p><p>Definindo igualmente, o volume da arrecadação e dos gastos, tanto na forma geral quanto na</p><p>forma específica (individual) a cada tipo.</p><p>São eles:</p><p>O Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual</p><p>(LOA). Cada uma delas possui forma própria, mas todos estão entrelaçados, de maneira a completar-se.</p><p>O PPA é o planejamento de 04 (quatro) anos; a LDO e a LOA apontam os rumos sempre para o</p><p>próximo exercício (por ano).</p><p>A fundamentação jurídica (base legal) para a legislação orçamentária está na Lei 4.320/64 (arts.</p><p>2º a 8º e 22 a 33), na Constituição Federal de 1988 (art. 57 e do 165 a 169), na LRF - Lei de</p><p>Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000, art. 4º e 48), no Estatuto das Cidades (Lei nº 10.257/2001, art. 44),</p><p>na NBCT 16 - Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, e na Legislação de cada ente</p><p>federativo.</p><p>PPA – Plano Plurianual</p><p>O próprio nome já indica que se trata de um plano que atravessa o período de um ano:</p><p>plurianual. É o chamado planejamento em médio prazo. É a primeira das leis orçamentárias, aprovada no</p><p>primeiro ano do mandato do Executivo, para viger a partir do segundo ano, por um período de 04 (quatro)</p><p>anos.</p><p>Ou seja:</p><p>No início do mandato (no 1º exercício), o gestor eleito para a chefia do Poder Executivo</p><p>(prefeito, nos municípios) está obrigado a cumprir o PPA aprovado no mandato an- terior. A partir do</p><p>segundo ano do mandato, o ente passa a cumprir o PPA renovado, até finalizar seu mandato. Mas o</p><p>próximo gestor dará continuidade naquele mesmo PPA por mais um ano..., e assim sucessivamente.</p><p>As duas principais razões são:</p><p>a) Planejar por um período maior que um ano, para melhor viabilizar asrealizações.</p><p>b) Evitar que no início de outro mandato, sejam interrompidos projetos e obras planejadas</p><p>pelo antecessor.</p><p>E os objetivos do Plano Plurianual são:</p><p>• Definir a orientação estratégica do governo, metas, prioridades e resultados esperados;</p><p>• Organizar as ações em programas;</p><p>• Estabelecer relação entre os Programas e a orientação estratégica de governo;</p><p>• Nortear a alocação de recursos nos orçamentos anuais;</p><p>• Definir responsabilidades para o gerenciamento e monitoramento dos programas – avaliar</p><p>resultados obtidos;</p><p>• Integrar ações desenvolvidas pela União, Estado e Município;</p><p>• Estimular parcerias público-privadas (fontes de recursos);</p><p>• Dar transparência à aplicação dos recursos e resultados obtidos.</p><p>LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias</p><p>Por certo que o planejamento orçamentário expresso no PPA, não detalha com minúcias a</p><p>execução, mas apenas estabelece metas, objetivos e diretrizes.</p><p>É como se na vida particular das famílias, fossem definidas as finanças, resolvendo-se, por</p><p>exemplo, entre elas, a meta de aplicar parte das entradas em alimentação, nos próximos 04 (quatro) anos.</p><p>Sem se discriminar em quais e quantos itens, em cada um dosanos.</p><p>Resumindo, o PPA serve de vetor para as demais leis orçamentárias (LDO e LOA). Com isso, a</p><p>próxima na ordem de aprovação é a LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias, que ampliará a discussão</p><p>sobre a aplicabilidade do PPA, distribuindo as metas, objetivos e diretrizes em cada um dos exercícios.</p><p>Exemplo: Se no PPA foi escolhido como meta construir uma escola (nos próximos 04 anos), a</p><p>LDO de um dos exercícios abrangidos por ele definirá quando deverá ser implementada aquela ação: no 1º,</p><p>2º, 3º ou 4º ano. Sendo assim, a LDO funciona como um instrumento norteador da elaboração e execução</p><p>do orçamento (LOA-Lei Orçamentária Anual). Ela indica, inclusive, a metodologia que se utilizará na</p><p>elaboração da proposta orçamentária anual (LOA), apontando para que se observe a satisfação das</p><p>necessidades públicas e o equilíbrio entre a receita e a despesa.</p><p>Nela, na LDO, deverão estar contidas as Metas e os Riscos Fiscais, com advertências formais</p><p>sobre situações capazes de afetar as contas públicas, e respectivas providências a serem tomadas.</p><p>Em suma, a LDO compreenderá:</p><p>• As metas e prioridades da administração pública, incluindo as despesas de capital para o</p><p>exercício financeiro subsequente;</p><p>• Orientações para elaboração da lei orçamentária anual;</p><p>• As disposi��ões relativas às despesas do ente público com pessoal e encargossociais;</p><p>• A organização e a estrutura dos orçamentos;</p><p>• As disposições sobre as alterações na Legislação Tributária própria;</p><p>• As disposições sobre o equilíbrio entre receitas e despesas;</p><p>• As disposições sobre o critério e forma de limitação de empenhos;</p><p>• Deverá estabelecer independentemente de outras disposições legais, condições e</p><p>exigências específicas para transferências de recursos a entidades públicas eprivadas;</p><p>• As normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas</p><p>financiados com os recursos dos orçamentos;</p><p>• Os demonstrativos de Metas Fiscais e de Riscos Fiscais;</p><p>• As disposições gerais.</p><p>LOA – Lei Orçamentária Anual</p><p>Por outro lado, a LOA – Lei Orçamentária Anual deverá conter um planejamento</p><p>detalhado,</p><p>prevendo a arrecadação e os gastos por itens contábeis, denominados de rubricas. Com isso, abre-se a</p><p>chamada dotação orçamentária, indicando o registro pormenorizado de cada valor arrecadado e cada</p><p>despesa realizada, de forma individualizada.</p><p>A Lei Orçamentária Anual verifica as metas previstas no PPA e na LDO, aplicáveis para aquele</p><p>determinado exercício financeiro, e esmiúça as informações, apontando “de onde vem e para onde vai “os</p><p>valores financeiros geridos pelo ente público respectivo”“.</p><p>Voltando aos exemplos práticos comparativos com as despesas pessoais ou familiares, pode-se</p><p>dizer que o PPA previu gasto de R$1.000,00 com alimentação; a LDO decidiu gastar R$300,00 no próximo</p><p>ano; e a LOA distribuiu esse valor nos itens que se gastaria: R$50,00 de arroz, R$50,00 de feijão, R$20,00</p><p>de macarrão, R$10 de óleo de cozinha, R$5,00 com sal, dentre outros.</p><p>A LOA divide-se em 3 orçamentos:</p><p>Orçamento fiscal: gastos com pessoal, custeio da máquina pública, planejamento e execução</p><p>de obras, aquisição de equipamentos, material permanente, dentre outros.</p><p>Orçamento de investimentos: indicado no inciso II, §5º, art. 165 da Constituição Federal como</p><p>sendo para “o investimento das empresas em que a União direta ou indretamente, detenha a maioria do</p><p>capital social com direito a voto”, é também aplicado pelos outros entes federativos na finalidade de</p><p>construção de obras, por exemplo.</p><p>Orçamento de seguridade social: abrange a previdência social, a assistência social e a saúde</p><p>pública.</p><p>Acesse : https://www.youtube.com/watch?v=z0PoLMrvcjQ</p><p>Na elaboração da Lei Orçamentária, é importante observar as seguintes premissas:</p><p>• Orçamento visto como instrumento de viabilização do planejamento do governo;</p><p>• Acompanhamento das despesas que constituem obrigações constitucionais e legais, nos</p><p>termos do art. 9º, § 2º, da LRF;</p><p>• Ênfase na análise da finalidade do gasto da Administração Pública, transformando o</p><p>orçamento em instrumento efetivo de programação, de modo a possibilitar a implantação da avaliação das</p><p>ações;</p><p>• Atualização das projeções de receita e de execução das despesas e de elaboração da</p><p>proposta orçamentária, com o intuito de se atingir as metas fiscais fixadas naLDO;</p><p>• Elaboração do projeto e execução da LOA, realizadas de modo a evidenciar a transparência</p><p>da gestão fiscal, permitindo o amplo acesso da sociedade;</p><p>• Avaliação da execução orçamentária com o objetivo de subsidiar a elaboração da proposta</p><p>orçamentária, com base em relatórios gerenciais, conferindo racionalidade ao processo;</p><p>• Ciclo orçamentário desenvolvido como processo contínuo de análise e decisão ao longo de</p><p>todo o exercício.</p><p>Por regra, o projeto de lei da proposta orçamentária é desenvolvido pelo Poder Executivo, no</p><p>âmbito dos setores de Planejamento e de Finanças, mas com relevante envolvimento dos demais setores</p><p>de gestão, articulando-se as tarefas por cronogramas e etapas.</p><p>E por obediência aos ditames constitucionais, as leis orçamentárias devem nascer por meio do</p><p>processo legislativo, por aprovação dos parlamentares.</p><p>4. GESTÃO DE RECURSOS FINANCEIROS</p><p>4.1 A GESTÃO FINANCEIRA</p><p>Os recursos financeiros administrados pelos governos brasileiros nos entes federativos são de</p><p>elevado vulto. Para se ter uma ideia, somente a União administrou mais de 4 (quatro) trilhões de reais em</p><p>2019 (vide http://www.portaltransparencia.gov.br/orcamento), resultantes, é claro, das receitas</p><p>arrecadadas, tanto tributárias quanto não tributárias. Juntando com os demais entes (26 estados, DF e</p><p>5.568 municípios), imaginemos o tamanho dos gastos.</p><p>Em princípio, vale ressaltar que cada ente federativo e cada um dos 3 poderes, possuem</p><p>autonomia e independência para gerir suas próprias verbas (receitas).</p><p>Obedecendo, por lógico, as regras aplicáveis individualmente tanto para entrada (receita)</p><p>quanto para a saída (despesa) desses recursos.</p><p>Pode se afirmar que a gestão financeira no setor público brasileiro está fundamentada na Lei</p><p>da Contabilidade Pública (4.320/64) e na LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000).</p><p>Num emaranhado de regramentos, a gestão financeira tem seu início com a verificação da</p><p>existência de dotação orçamentária. Isto é obrigatório para recebimento de recursos e para saída de</p><p>recursos. Cada centavo que sai do erário (tesouro público: o dinheiro que o governo possui para gastar)</p><p>precisa estar previsto desde o exercício (do ano civil) anterior, na respectiva lei orçamentária.</p><p>Os procedimentos orçamentários, aplicáveis à gestão financeira, possuem a seguinte estrutura:</p><p>planejamento, controle, transparência e responsabilização (SCARPIN; SLOMSKI, 2005, p.23-39).</p><p>E ainda, perseguirem a eficiência e eficácia na utilização dos recursos públicos (AMARAL, P. F.;</p><p>MARINO JUNIOR, J.; BONACIM, C. A. G.,2008, p.1-15)</p><p>Segundo a doutrina sobre o tema, a gestão financeira controla e opera o ciclo que vai do</p><p>orçamento, passa pela contabilidade, chegando à auditoria (fiscalização, prestação de contas...).</p><p>E para organização, registro e controle dos gastos (saídas), a gestão financeira está</p><p>condicionada a cumprir etapas da despesa, nesses procedimentos abaixo, conforme explicação detalhada</p><p>no capítulo específico sobre a Contabilidade Pública.</p><p>• Fixação;</p><p>• Programação;</p><p>• Licitação;</p><p>• Empenho;</p><p>• Liquidação;</p><p>• Suprimento;</p><p>• Pagamento.</p><p>Para fechar o ciclo geral da gestão financeira no setor público, ela está submetida à prestação</p><p>de contas aos órgãos competentes do controle externo.</p><p>Seguindo a evolução social humana, sobretudo após a identificação da figura do estado</p><p>moderno (povo, território, governo e soberania), a exigência de os governantes ou particulares dar</p><p>satisfação aos contribuintes sobre o uso e aplicação dos recursos públicos (financeiros e de bens) tem</p><p>crescido mais e mais.</p><p>Já na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada e aceita por muitos povos na</p><p>era da Revolução Francesa (1789), consta essa exigência: “Art. 15 – A Sociedade tem o Direito de pedir</p><p>conta a todo agente público de sua administração.”</p><p>E a Constituição Federal do Brasil de 1988 determina que:</p><p>Art. 70...</p><p>[...]</p><p>Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica,</p><p>pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre</p><p>dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou</p><p>que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.</p><p>Todavia, com o avanço da democracia, a transparência pública atualmente possibilita o</p><p>acompanhamento da gestão financeira pública pela população, pelos meios modernos e eficientes de</p><p>comunicação.</p><p>É de se considerar que a Constituição Federal prevê desde 1988 o direito à informação nos</p><p>órgãos públicos (art.5º, XXXIII) e publicidade como princípio básico da Administração Pública (art. 37,</p><p>caput).</p><p>pública:</p><p>Entretanto, apenas com o advento da Lei da Transparência (LC 131/2009) e da Lei de</p><p>Acesso à Informação (12.527/2011), foi de fato que se conseguiu os 2 tipos de transparência</p><p>• Ativa (o poder público é obrigado a divulgar); e</p><p>• Passiva (o cidadão pode pedir o que for de seu interesse pessoal ou de interesse coletivo).</p><p>Após a verificação de compatibilidade orçamentária, vem o planejamento individualizado da</p><p>despesa. Esta, tão criticada pela população, haja vista que em muitos momentos a ação do Estado</p><p>(governo) não coincide com o bom resultado, faltando eficácia e efetividade dos gastos e custos aplicados.</p><p>Nesse planejamento, entendemos que, além dos instrumentos usuais (pesquisas, estudos, projetos, dentre</p><p>outros), o sistema de informações de custos possa ser excelente ferramenta para a boa gestão financeira</p><p>nos órgãos públicos, tratado no item a seguir.</p><p>4.2 A ADMINISTRAÇÃO DE GASTOS</p><p>Por certo que esse elevado volume financeiro ainda não é o suficiente para cobrir todos os</p><p>gastos públicos, forçando</p><p>os gestores a não realizar certos atos, ações, serviços ou obras. Em alguns casos,</p><p>o exercício financeiro (um ano civil, de 1º de janeiro a 31 de dezembro, conforme indica a Lei 4.320/64, no</p><p>art. 34) deixa restos a pagar ou déficit, demonstrando a insuficiência de recursos no período, para</p><p>satisfazer as despesas realizadas.</p><p>Além da Lei da Contabilidade Pública (nº 4.320/64), a LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal (LC</p><p>101/2000), também pune os responsáveis, em regra, quando ocorrem gastos maiores do que a</p><p>arrecadação. No entanto, o controle dos gastos continua sendo um grande desafio para os</p><p>administradores públicos, por ser o caminho mais apontado, como</p><p>solução para diversos entraves no país. Além da eliminação das irregularidades e desvios de</p><p>verbas, uma gestão eficiente poderá promover melhores resultados em benefício da população, e ainda</p><p>possibilitar a redução da carga tributária.</p><p>Por certo que outras atitudes e medidas devem também ser tomadas, como por exemplo, a</p><p>redução do tamanho do Estado, que assumiu nos últimos tempos muita responsabilidade social e</p><p>encargos, que por óbvio exigem cada vez mais recursos financeiros para implementação.</p><p>Para se ter uma ideia, a Portaria 42, de 14 de abril de 1999, do então Ministério do Orçamento</p><p>e Gestão (MOG) do Governo Federal, estabeleceu 28 funções de governo que devem ser utilizadas para</p><p>classificar o gasto público.</p><p>Quadro 1: As vinte e oito funções de governo que devem ser utilizadas para classificar o gasto</p><p>público.</p><p>Fonte: Próprio autor</p><p>Ademais, em cada área desta, ampliam-se rapidamente as demandas por novos atendimentos</p><p>e cuidados do Estado, em razão da escalada de novidades sociais e globais.</p><p>Como é o caso da educação e saúde, que embora possuam indicações constitucionais para os</p><p>gastos mínimos de cada ente federativo, exigem mais investimentos, expandindo assustadoramente esses</p><p>limites, especialmente no âmbito dos Municípios.</p><p>Mas é totalmente cabível, relevante e viável, a luta pela melhoria na administração dos gastos</p><p>públicos. Inclusive, numa recente inovação na contabilidade pública, está sendo implantada em todas as</p><p>esferas de governo a gestão de custos, que é o começo da estrada para a eficiente gerencia dos gastos</p><p>públicos.</p><p>A despeito de estar prevista desde 1964 na Lei da Contabilidade Pública (art. 85 da Lei nº</p><p>4.320/64), até então, a gestão de custos não é realidade na maioria dos órgãos públicos. Porém, pelo que</p><p>se imagina, em muito breve ela estará integralmente implementada, pois os órgãos de controle da</p><p>administração pública (interno: dentro do próprio órgão, para controle preventivo; externo: legislativo,</p><p>tribunais de contas, ministério público e judiciário) estão exigindo implantação e funcionamento.</p><p>A base legal está também na LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar</p><p>101/2000) que determinou a implantação de um sistema de custos que permita a avaliação de resultados,</p><p>de desempenhos e o acompanhamento das gestões orçamentária, financeira e patrimonial (art. 50, § 3º).</p><p>Exigiu ainda, que a LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias deverá dispor sobre “[...] normas</p><p>relativas ao controle de custos e à avaliação de resultados dos programas financiados com recursos dos</p><p>orçamentos” (art. 4, Inciso I, letra “e”).</p><p>E mais recentemente, o CFC - Conselho Federal de Contabilidade editou a Resolução nº</p><p>1.366/11, aprovando a NBC – Norma Brasileira de Contabilidade T 16.11 e exigindo a implantação do</p><p>Sistema de Informações de Custos do Setor Públicos.</p><p>Na gestão de custos, o órgão público planeja seus gastos, analisando a mais eficiente e</p><p>econômica medida para sanar aquela necessidade, uma a uma. Com isso, imagina-se que muito se</p><p>avançará na gestão de gastos. Mas além dela, outras iniciativas estão sendo implantadas para igualmente</p><p>aprimorar a aplicação dos recursos públicos.</p><p>O satisfatório funcionamento das instituições de controle interno e externo, verdadeiros</p><p>vetores de prevenção, eficiente fiscalização e exemplar responsabilização, purifica o desvio do dinheiro</p><p>público (por falhas ou má-fé), resultando no correto direcionamento do gasto. A participação do povo nos</p><p>atos de governo são, de idêntica forma, elementar instrumento de otimização dos gastos.</p><p>UNIDADE 3</p><p>4</p><p>1. CONTABILIDADE PÚBLICA E LRF</p><p>1.1 CONTABILIDADE PÚBLICA</p><p>A administração pública brasileira (em todos os niveis) tem sido desafiada a adequar seus</p><p>processos e controles, além de estabelecer e implantar melhores práticas contábeis e de gestão com a</p><p>finalidade da convergência das práticas contábeis vigentes aos padrões internacionais de contabilidade</p><p>aplicada ao setor público e consequente adoção das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao</p><p>Setor Público – NBCASP, publicadas pelo Conselho Federal de Contabilidade - CFC.</p><p>Nesse contexto, o Ministério da Fazenda, por meio da Portaria MF nº 184/2008, definiu que a</p><p>Secretaria do Tesouro Nacional – STN é o órgão regulador do processo de convergência no Brasil. Dentre</p><p>outras atribuições, a STN estabelece normas e procedimentos contábeis mediante a elaboração, discussão,</p><p>aprovação e publicação do Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público – MCASP, que representa</p><p>um avanço nos ultimos vinte anos da ciencia contábil.</p><p>No sentido de padronizar os procedimentos contábeis entre os entes da Federação (União,</p><p>Estados, DF e Municípios), a STN desenvolveu o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público - PCASP e as</p><p>Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público - DCASP, visando o alto nível de qualidade e</p><p>transparência das informações e a consolidação das contas públicas.</p><p>Por diversas razões a Contabilidade Aplicada ao Setor Público encontra inúmeras barreiras para</p><p>ser implantada na totalidade, especialmente nos pequenos municípios brasileiros. Dentre elas está da falta</p><p>de qualificação técnica dos servidores envolvidos no processo. As ações de planejamento necessariamente</p><p>passam pelas peças orçamentárias, que podem ser definidas como projetos, atividades ou operações</p><p>especiais.</p><p>5</p><p>As atividades e projetos devem estar associados a um produto – que é um bem ou um serviço</p><p>ofertado pelo setor público. Esse produto deve ser quantificado fisicamente por intermédio da “meta da</p><p>ação” que por sua vez obrigatoriamente define meta física e financeira.</p><p>Segundo Medeiros (2001), baseado na metodologia de elaboração do PPA, a consistência da</p><p>construção de um programa será garantida se atender os seguintes requisitos:</p><p>Conter objetivo claro e preciso, que esteja alinhado estrategicamente aos objetivos do Governo</p><p>e aos objetivos setoriais. Referir-se expressamente ao problema ou demanda que se quer solucionar ou</p><p>atender. Ser passível de mensuração por um ou mais indicadores. Ser compatível com os recursos</p><p>disponíveis. Atender a uma relação consistente entre causa e o efeito, entre o problema a resolver e o</p><p>objetivo do programa e entre as metas das ações e a evolução esperada dos indicadores. Possuir escala e</p><p>complexidade passíveis de gerenciamento eficaz.</p><p>6</p><p>2. ESTRUTURA PROGRAMÁTICA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>2.1 PROGRAMA</p><p>Para atender à necessidade de organizar todas as ações do Governo e diante da</p><p>impossibilidade, de se alocar determinadas despesas aos programas finalísticos, quatro tipos de programa:</p><p>Programas Finalísticos</p><p>São programas que resultam em bens e serviços ofertados diretamente à sociedade. Seus</p><p>atributos básicos são: denominação, objetivo, público-alvo, indicador (es), fórmulas de cálculo do índice,</p><p>órgão (s), unidades orçamentárias e unidade responsável pelo programa. O indicador quantifica a situação</p><p>que o programa tenha por fim modificar, de modo a explicitar o impacto das ações sobre o público alvo.</p><p>Programas de Gestão de Políticas Públicas</p><p>Os Programas de Gestão de Políticas Públicas abrangem</p><p>as ações de gestão de Governo e serão</p><p>compostos de atividades de planejamento, orçamento, controle interno, sistemas de informação e</p><p>diagnóstico de suporte à formulação, coordenação, supervisão, avaliação e divulgação de políticas públicas.</p><p>As ações deverão assumir as peculiaridades de cada órgão gestor setoriais.</p><p>Os programas de gestão de políticas públicas assumirão denominação específica de acordo com</p><p>a missão institucional de cada órgão. Exemplo: “Gestão da Política de Saúde”. Seus atributos básicos são:</p><p>denominação, objetivo, órgão (s), unidades orçamentárias e unidade responsável pelo programa.</p><p>Programas de Serviços ao Estado</p><p>Programas de Serviços ao Estado são os que resultam em bens e serviços ofertados</p><p>diretamente ao Estado por instituições criadas para esse fim específico. Seus atributos básicos são os</p><p>mesmos dos programas finalísticos, com a diferença que o público-alvo é o próprio setor público.</p><p>Programa de Apoio Administrativo</p><p>O conceito inicial, quando da reforma gerencial do planejamento e orçamento, ocorrida em</p><p>2000, deste tipo de Programa é que ele agregaria as despesas de natureza tipicamente administrativa e</p><p>outras que, embora colaborem indiretamente para a consecução dos objetivos dos programas finalísticos,</p><p>não são passíveis de apropriação a esses programas.</p><p>7</p><p>2.2 ATIVIDADES E PROJETOS</p><p>Os projetos e as atividades são os instrumentos orçamentários de viabilização dos programas,</p><p>aos quais está associada ideia de produto (bens ou serviços). O Orçamento por programas pressupõe um</p><p>ciclo produtivo bem definido que está sendo objeto de orçamentação. Assim, tanto a atividade quanto o</p><p>projeto, conceitualmente, envolvem um conjunto de operações que têm como resultado um produto:</p><p>Projeto</p><p>Instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um</p><p>conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão</p><p>ou aperfeiçoamento da ação do Governo.</p><p>Atividade</p><p>Instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um</p><p>conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto</p><p>necessário à manutenção da ação de Governo. A distinção entre projetos e atividades pressupõe a</p><p>mensuração da capacidade de atendimento em bens e serviços. Sem essa mensuração, a distinção entre</p><p>projetos e atividades perde o sentido. É preciso conhecer o nível de atendimento quantitativo atual</p><p>(atividade) para diferenciar o que é agregado (projeto).</p><p>2.3 OPERAÇÕES ESPECIAIS</p><p>São despesas que não contribuem para a manutenção, expansão ou aperfeiçoamento das</p><p>ações de governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta sob a forma de</p><p>bens ou serviços. Porém, um grupo importante de ações com a natureza de operações especiais quando</p><p>associadas a programas finalísticos, podem apresentar uma medição correspondente ao volume ou carga</p><p>de trabalho. A ausência de produto, no caso das operações especiais, deve ser caracterizada em relação ao</p><p>ciclo produtivo objeto da orçamentação. Particularizando o orçamento da União, estaremos diante de</p><p>operação especial quando o seu gestor (ou gestores) não combina fator de produção nem se responsabiliza</p><p>pela geração do produto, que se materializa em um outro ciclo orçamentário.</p><p>São despesas passíveis de enquadramento nesta ação: amortizações e encargos, aquisição de</p><p>títulos, pagamento de sentenças judiciais, transferências a qualquer título, fundos de participação,</p><p>operações de financiamento, ressarcimentos de toda ordem, indenizações, pagamento de inativos,</p><p>participações acionárias, contribuição a organismos nacionais e internacionais, compensações financeiras.</p><p>8</p><p>3. CLASSIFICAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS</p><p>As classificações orçamentárias assumem papel preponderante na elaboração do orçamento</p><p>público. Conforme nos informa a melhor doutrina, “as classificações orçamentárias de receitas e despesas</p><p>são de fundamental importância para a transparência das operações constantes de um orçamento.</p><p>Toda a informação orçamentária é organizada e veiculada segundo um tipo de classificação”.</p><p>Com base nesta ideia, fica fácil perceber como as classificações orçamentárias assumem a</p><p>condição de protocolo no trânsito das informações contidas em uma peça orçamentária.</p><p>As indagações que surgem da leitura dessa peça costumam se dissipar ao interpretar-se o</p><p>classificador.</p><p>Isso fica bastante claro na seguinte explanação:</p><p>No tocante à despesa, as classificações, basicamente, respondem as principais</p><p>indagações que habitualmente surgem quando o assunto é gasto</p><p>orçamentário. A cada uma dessas indagações, corresponde um tipo de</p><p>classificação. Ou seja: quando a pergunta é “para que” serão gastos os</p><p>recursos alocados, a resposta será encontrada na classificação programática</p><p>ou , mais adequadamente, de acordo com a portaria n° 42/99,na estrutura</p><p>programática; “em que” serão gastos os recursos, a resposta consta da</p><p>classificação funcional; “o que” será adquirido ou “o que” será pago, na</p><p>classificação por elemento de despesa; “quem” é o responsável pela</p><p>programação a ser realizada, a resposta é encontrada na classificação</p><p>institucional (órgão e unidade orçamentária); “qual o efeito econômico da</p><p>realização da despesa”, na classificação por categoria econômica; e “qual a</p><p>origem dos recursos”, na classificação por fonte de recursos.</p><p>9</p><p>Você sabia que as classificações orçamentárias podem indicar o estágio de avanço da técnica</p><p>orçamentária adotada?</p><p>Veja-se, a respeito, a ideia seguinte sobre essa questão:</p><p>Ainda com base nas classificações utilizadas em um determinado processo</p><p>orçamentário, é possível identificar o estágio da técnica adotada. Assim, um</p><p>orçamento que se estrutura apenas com a informação de elemento de despesa</p><p>ou objeto de gasto (o que será gasto ou adquirido), além, naturalmente, do</p><p>aspecto institucional, caracteriza um orçamento tradicional ou clássico. Por</p><p>apresentar somente uma dimensão, isto é, o objeto de gasto, também é</p><p>conhecido como um orçamento unidimensional; já o orçamento em que, além</p><p>do objeto de gasto, encontra-se presente a explicitação do programa de</p><p>trabalho, representado pelas ações desenvolvidas (em que serão gastos os</p><p>recursos),corresponderia a um orçamento bidimensional, também conhecido</p><p>como orçamento de desempenho ou funcional; e o orçamento tridimensional</p><p>seria aquele que agregaria ao tipo anterior uma outra dimensão, que seria o</p><p>objetivo da ação governamental (para que serão gastos os recursos), o que</p><p>tipifica um orçamento-programa.</p><p>As despesas e receitas públicas podem ser classificadas de acordo com vários aspectos. O</p><p>propósito destas classificações, como indicado até aqui, é facilitar sua avaliação, antes, durante e depois da</p><p>sua execução/realização. Ao mesmo tempo em que permitem certa padronização, as classificações da</p><p>despesa propiciam a obtenção de informações que são fundamentais à análise do gasto público. De forma</p><p>semelhante, as classificações da receita contribuem para sua compreensão, tornando mais clara sua</p><p>procedência e sua destinação, facilitando também a sua previsão. A seguir, vamos apresentar algumas das</p><p>classificações mais úteis na elaboração dos orçamentos públicos, especialmente para o da União.</p><p>3.1. CLASSIFICAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS DA DESPESA</p><p>A partir de agora serão abordadas a estrutura programática e as classificações orçamentárias</p><p>da despesa: classificação institucional, classificação funcional, classificação por natureza da despesa,</p><p>classificação por fontes de recurso, identificador de uso, esfera orçamentária e identificador de resultado</p><p>primário.</p><p>10</p><p>Estrutura Programática</p><p>Algumas modificações foram estabelecidas na classificação da despesa até então vigente. A</p><p>chamada Reforma Gerencial do Orçamento trouxe algumas práticas simplificadoras e descentralizadoras</p><p>que</p><p>foram adotadas com a finalidade de privilegiar o aspecto gerencial dos orçamentos.</p><p>A reforma em questão prevê que cada nível de governo passará a ter a sua estrutura</p><p>programática própria, adequada à solução dos seus problemas, e originária do seu plano plurianual. Assim,</p><p>não há mais sentido falar-se em classificação programática, mas sim em estruturas programáticas</p><p>diferenciadas de acordo com as peculiaridades locais. Como já foi visto, os programas servem de ligação</p><p>entre o planejamento e o orçamento, evidenciando, por intermédio das ações que o constituem, os bens e</p><p>serviços que dele resultam.</p><p>Classificação Institucional</p><p>Esta classificação permite identificar o programa de trabalho do Governo segundo os Poderes,</p><p>Órgãos e Unidades Orçamentárias - UO. A ideia principal do classificador é identificar a responsabilidade</p><p>institucional pelo gasto. A classificação institucional está presente nos documentos orçamentários e nos</p><p>atos relativos à execução da despesa. O Plano de Contas é a peça fundamental para identificar todos os</p><p>códigos atualizados.</p><p>Classificação Funcional</p><p>O modelo atual de classificação funcional foi também introduzido pela reforma gerencial do</p><p>orçamento, no ano de 2000. Seu escopo principal é a identificação das áreas sem que as despesas ocorrem.</p><p>Em sua lógica, há uma matricialidade, ou seja, as subfunções poderão ser combinadas com funções</p><p>diferentes daquelas a que estejam vinculadas. A classificação funcional (por funções e subfunções) serve</p><p>como um agregador dos gastos do Governo, evidenciando a programação a partir de grandes áreas de</p><p>atuação governamental.</p><p>Por ser de uso comum e obrigatório para todas as esferas de governo, este classificador</p><p>permite a consolidação nacional dos gastos do setor público. Neste mesmo sentido, podem-se formular</p><p>estatísticas que evidenciem as linhas gerais na destinação dos recursos públicos. A partir destas</p><p>informações, pode-se ficar sabendo qual o nível de gastos com a função cultura ou segurança por exemplo,</p><p>ou o nível de gastos com a subfunção meteorologia ou habitação rural.</p><p>11</p><p>Também é possível levantar estas informações associadas a um determinado espaço</p><p>administrativo (região, estado ou município), de modo obter-se conclusões relevantes, como o nível de</p><p>gastos com a subfunção Educação de Jovens e Adultos na Região Norte. A classificação funcional está</p><p>representada em 5 dígitos.</p><p>Os dois primeiros dizem respeito à função, que pode ser traduzida como o maior nível de</p><p>agregação dos diversos espaços de atuação do setor público. A função guarda relação com a missão</p><p>institucional do órgão. Já os três dígitos seguintes, referem-se à subfunção. Esta pode ser entendida como</p><p>uma partição da função, não se restringindo à área de atuação do órgão, ficando associada à própria</p><p>característica da ação, isto é, ao seu espaço de contribuição.</p><p>Esta independência de conceitos entre a função e subfunção produz uma dinâmica interessante</p><p>na classificação funcional. Embora sejam possíveis estas combinações, de um modo geral as subfunções</p><p>combinam-se com as funções típicas de sua área ou setor. Veja-se a tabela de funções e subfunções:</p><p>Figura 1. Funções e subfunções</p><p>Classificação por Natureza da Despesa</p><p>A classificação por natureza da despesa tem por finalidade possibilitar a obtenção de</p><p>informações macroeconômicas sobre os efeitos dos gastos do setor público na economia. Além disso,</p><p>facilita o controle contábil do gasto;</p><p>Para Burkhead, um estudioso do orçamento público, este tipo de classificação pode</p><p>proporcionar informe acerca da contribuição do Governo à renda nacional e se essa contribuição está</p><p>aumentando ou diminuindo. Pode indicar, também, a parcela relativa da formação de capital de uma</p><p>nação, propiciada através do setor governamental.</p><p>12</p><p>Ela pode indicar, através da comparação de períodos fiscais, se o governo está contribuindo</p><p>para criar pressões inflacionárias, em virtude de suas atividades aumentarem a procura ou se as atividades</p><p>governamentais têm caráter deflacionário.</p><p>Este tipo de classificação pode ainda informar acerca da forma pela qual o impacto das</p><p>atividades governamentais é transmitido – se por meio de transferências ou pelo uso direto de recursos.</p><p>Conforme a Portaria Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001, a classificação por natureza</p><p>da despesa compõe-se de:</p><p>I - categoria econômica;</p><p>II - grupo de natureza da despesa;</p><p>III - elemento de despesa;</p><p>Em seu art.6º, a Portaria 163 dispõe:</p><p>“Na lei orçamentária, a discriminação da despesa, quanto à sua natureza, far-</p><p>se-á, no mínimo, por categoria econômica, grupo de natureza de despesa e</p><p>modalidade de aplicação.”</p><p>Note que o elemento da despesa e demais desdobramentos não constam necessariamente da</p><p>LOA, podendo sofrer alteração durante a execução dos orçamentos sem a necessidade de processo</p><p>legislativo. No entanto, a natureza da despesa será complementada pela informação gerencial denominada</p><p>“modalidade de aplicação”, a qual tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados diretamente por</p><p>órgãos ou entidades no âmbito da mesma esfera de Governo ou por outro ente da Federação e suas</p><p>respectivas entidades, e objetiva, precipuamente, possibilitar a eliminação da dupla contagem dos recursos</p><p>transferidos ou descentralizados;</p><p>Ainda segundo a Portaria:</p><p>A categoria econômica é composta por despesas correntes50 e despesas de</p><p>capital51. Por seu turno, os grupos de natureza de despesa representam a</p><p>agregação de elementos de despesa que apresentam as mesmas</p><p>características quanto ao objeto de gasto. Em relação ao elemento de despesa,</p><p>este tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e</p><p>vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros</p><p>prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações,</p><p>equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e outros de que a</p><p>administração pública se serve para a consecução de seus fins;</p><p>13</p><p>Os esquemas seguintes ilustram a questão das classificações quanto à natureza da despesa.</p><p>Figura 2. Ilustração sobre a classificação orçamentária (continua)</p><p>14</p><p>Figura 3. Ilustrações sobre a classificação orçamentária (continua)</p><p>Figura 4. Ilustração sobre a classificação orçamentária (continuação)</p><p>15</p><p>4. EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA</p><p>Como se viu, por intermédio da elaboração orçamentária estima-se a receita e fixa-se a despesa</p><p>para um determinado exercício. Depois de elaborada, consolidada, aprovada, sancionada e publicada, a</p><p>LOA permite que os recursos nela previstos sejam aplicados com vistas ao alcance dos objetivos e metas</p><p>definidos na fase de programação. A partir daí, começa a fase de execução dos orçamentos.</p><p>A execução dos orçamentos requer uma série de providências de natureza orçamentária e</p><p>financeira. Pode-se dizer que essas providências são atos de maior ou menor formalidade que ocorrem</p><p>durante a Execução Orçamentária e Financeira. Neste tópico, serão apresentados os principais aspectos da</p><p>Execução Orçamentária da Execução Financeira, além de seus termos de integração.</p><p>4.1. EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA</p><p>Pode-se definir a Execução Orçamentária como sendo a utilização dos créditos consignados no</p><p>orçamento. Já a execução Financeira, representa a utilização dos recursos financeiros, visando atender a</p><p>realização das ações orçamentárias atribuídas a cada unidade. No contexto da técnica orçamentária, os</p><p>termos Crédito e Recurso têm significados distintos. Crédito designa o lado orçamentário, representando a</p><p>dotação ou autorização de gasto. Já Recurso, refere-se ao lado financeiro, indicando dinheiro ou saldo</p><p>financeiro. Neste sentido, diz-se que ambas são as faces de uma mesma moeda.</p><p>Créditos adicionais</p><p>Durante a execução do orçamento, os créditos inicialmente aprovados pela LOA podem revelar-</p><p>se</p><p>insuficientes para realização dos programas de trabalho, ou pode ocorrer a necessidade da realização de</p><p>despesa não autorizada inicialmente. Assim, a LOA poderá ser alterada no decorrer de sua execução por</p><p>meio de créditos adicionais. Os créditos adicionais são autorizações de despesa não computadas ou</p><p>insuficientemente dotadas na lei do Orçamento, e apresentam-se em três espécies: especiais,</p><p>extraordinários e suplementares.</p><p>16</p><p>Créditos especiais</p><p>São os destinados a despesas, para as quais não haja dotação orçamentária específica, devendo</p><p>ser autorizados por lei, sendo que sua abertura depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer</p><p>à despesa precedida de exposição justificada.</p><p>Os créditos especiais não poderão ter vigência além do exercício em que forem autorizados,</p><p>salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que,</p><p>reaberto nos limites dos seus saldos, poderão viger até o término do exercício financeiro subsequente. O</p><p>ato que abrir crédito especial indicará a importância e a classificação da despesa, até onde for possível.</p><p>Créditos extraordinários</p><p>São os destinados a despesas urgentes e imprevistas, como em caso de guerra ou calamidade</p><p>pública, conforme art. 16763 CF/88.Serão abertos por Medida Provisória, no caso federal, e por decreto do</p><p>Poder Executivo para os demais entes, dando imediato conhecimento deles ao Poder Legislativo. Os</p><p>créditos extraordinários não poderão ter vigência além do exercício em que forem autorizados, salvo se o</p><p>ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que, reabertos</p><p>nos limites dos seus saldos, poderão viger até o término do exercício financeiro subsequente.</p><p>Créditos suplementares</p><p>São os destinados a reforço de dotação orçamentária. A LOA poderá conter autorização ao</p><p>Poder Executivo para abertura de créditos suplementares, até determinada importância ou percentual,</p><p>sem a necessidade de submissão do crédito ao Poder Legislativo. Os créditos suplementares terão vigência</p><p>adstrita ao exercício em que forem abertos. O ato que abrir crédito suplementar indicará a importância e a</p><p>classificação da despesa, até onde for possível.</p><p>4.2. ESTÁGIOS DA DESPESA</p><p>Após o recebimento do crédito orçamentário, as UGs estão em condições de efetuara</p><p>realização da despesa, que obedece aos seguintes estágios: planejamento, empenho, liquidação e</p><p>pagamento (este último está vinculado à execução financeira).</p><p>O empenho é o primeiro estágio da despesa e precede sua realização, estando restrito ao limite</p><p>do crédito orçamentário. A formalização do empenho dá-se com a emissão da Nota de Empenho - NE,</p><p>comprometendo dessa forma os créditos orçamentários e tornando-os indisponíveis para nova utilização.</p><p>17</p><p>O SIAFI dispõe, ainda, da figura do pré-empenho, que permite reservar parte do crédito</p><p>orçamentário a ser utilizado após a conclusão do processo licitatório, quando for o caso.</p><p>A liquidação é o estágio que consiste na verificação do direito adquirido pelo credor com base</p><p>nos títulos e documentos devidamente atestados, que comprovem a entrega do material ou a prestação do</p><p>serviço. A formalização da liquidação dá-se com a emissão da Nota de Lançamento - NL.</p><p>4.3. EXECUÇÃO FINANCEIRA</p><p>A execução financeira representa a utilização dos recursos financeiros, com vistas ao</p><p>atendimento e a realização das ações orçamentárias atribuídas a cada unidade. Como providência inicial da</p><p>execução financeira tem-se a Programação Financeira - PF.</p><p>4.4. RESTOS A PAGAR</p><p>Consideram-se Restos a Pagar, ou resíduos passivos, consoante o art. 36 da Lei nº. 4.320/64, as</p><p>despesas empenhadas mas não pagas dentro do exercício financeiro, ou seja, até 31 de dezembro (arts. 35</p><p>e 67 do Decreto nº 93.872/86). Conforme Hélio Kohama, em Contabilidade Pública, Atlas 1991, restos a</p><p>pagar são as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro, distinguindo-se as</p><p>processadas das não-processadas. Portanto, uma vez empenhada a despesa e não sendo paga até o dia 31</p><p>de dezembro, será considerada como restos a pagar, para efeito do encerramento do exercício financeiro.</p><p>Em outras palavras, uma vez empenhada a despesa, ela pertence ao exercício financeiro, onerando as</p><p>dotações orçamentárias daquele exercício.</p><p>A limites e Condições para Inscrição em Restos a Pagar</p><p>A regra geral é que as despesas inscritas em restos a pagar a serem liquidadas no exercício</p><p>seguinte deverão contar com disponibilidade de caixa para a sua cobertura, conforme previsto na Lei de</p><p>Responsabilidade Fiscal. A norma prevê ainda que nos dois últimos quadrimestres do último ano da</p><p>legislatura e do mandato do chefe do Poder Executivo não poderá ser assumida obrigação cuja despesa</p><p>não possa ser paga no mesmo exercício, a menos que haja igual ou superior disponibilidade de caixa. De</p><p>acordo com Lei de Crimes Fiscais (Lei n° 10.028/2000), que introduz no Código Penal o art. 359-C, tal</p><p>conduta constitui crime sujeito à reclusão de um a quatro anos.</p><p>18</p><p>O inciso II do art. 59 da Lei Complementar nº. 101, de 04 de maio de 2000, dispõe que é</p><p>responsabilidade do Controle Interno a fiscalização dos limites e condições a inscrição em Restos a Pagar.</p><p>Em análise simples ao dispositivo da lei, podemos contatar o seguinte:</p><p> condições para inscrever em restos a pagar = despesa empenhada;</p><p> limites para inscrição em restos a pagar = existência de disponibilidade financeira por fonte</p><p>de recursos</p><p>Desta forma a Controladoria Geral, deverá regulamentar por meio de Instrução Normativa as</p><p>regras para inscrição de restos a pagar por fonte de recurso como segue o anexo abaixo:</p><p>19</p><p>Anulação e Cancelamento de Restos a Pagar</p><p>A princípio podemos afirmar que a anulação se aplica mais ao rompimento do compromisso</p><p>assumido (rescisão contratual), quando ao cancelamento se dá por ato da administração, como, por</p><p>exemplo, a insuficiência de recursos.</p><p>Assim, o cancelamento dos empenhos ou sua anulação envolve o cancelamento do negócio, aí</p><p>sendo necessária a análise dos fundamentos jurídicos e da formalização do ato rescisório, nas hipóteses em</p><p>que coubesse.</p><p>Caso não estivessem empenhados, não há cogitar-se qualquer hipótese de anulação ou</p><p>cancelamento. Também é regra que empenhos processados (liquidados) não caberiam o cancelamento,</p><p>somente a anulação caso o produto não atender os padrões contratados (isso verificado depois da</p><p>liquidação) e for devolvido.</p><p>O cancelamento ou baixas de restos a pagar ocorrem pelas seguintes razões: pagamento,</p><p>prescrição, conversão em dívida fundada ou outras razões apuradas em processo formal.</p><p>Por Decreto do Chefe do Executivo deverá ser determinado à instauração de processo</p><p>administrativo para anulação do montante dos saldos de empenhos de exercícios anteriores, inscritos em</p><p>restos a pagar, que ainda não foram liquidados ou reclamados. Deverão ser cancelados os empenhos</p><p>emitidos a partir de 01 de maio do exercício anterior, não liquidados, caso não houver disponibilidade</p><p>financeira na fonte específica, com exceção dos empenhos destinados ao atendimento de obrigações de</p><p>natureza constitucional.</p><p>Dentre as medidas a serem adotadas deverá ser asuspensão de todos pedidos e recebimento</p><p>de materiais, medições de obras e de prestação de serviços sem a manifestação formal da Secretaria da</p><p>Fazenda certificando a disponibilidade financeira para liquidação e quitação da despesa, a partir do início</p><p>dos 180 dias que encerrará o mandato. Excluindo dessa regra somente as despesas de caráter</p><p>imprescindível e necessárias à continuidade das ações governamentais.</p><p>Como já mencionado as inscrições de restos a pagar estão limitadas a disponibilidades</p><p>financeiras e deverão ser evidenciadas por fonte de recursos e os empenhos processados e não</p><p>processados. Entende-se como restos a pagar processados aqueles em que a despesa orçamentária</p><p>percorreu</p><p>os estágios de empenho e liquidação, restando pendente apenas o estágio do pagamento.</p><p>20</p><p>Já os restos a pagar não processados são as despesas não liquidadas quando o serviço ou</p><p>material contratado não tenha sido prestado ou entregue e que se encontre, em 31 de dezembro do</p><p>exercício financeiro, em fase de verificação do direito adquirido pelo credor ou quando o prazo para</p><p>cumprimento da obrigação assumida pelo credor estiver vigente.</p><p>Os empenhos processados não deverão ser cancelados, quando provado que o fornecedor de</p><p>bens/serviços cumpriu com a obrigação, sendo computada culpa ao Secretário Municipal da Fazenda por</p><p>ter autorizado ato de despesa sem a comprovada disponibilidade financeira. Todas as despesas inscritas</p><p>em restos a pagar serão segregadas entre as processadas e não pagas e as não processadas.</p><p>Os restos a pagar inscritos na condição de não processados e não liquidados terão validade</p><p>definidas no ato de regulamento de gastos em final de mandato.</p><p>Devendo permanecer válidos, após a data estabelecida, os restos a pagar não processados que:</p><p> às despesas executadas mediante transferência de convênios, contrato de repasses ou</p><p>programas de descentralização;</p><p> sejam relativos às despesas do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, do Ministério</p><p>da Saúde e do Ministério da Educação.</p><p>O pagamento que vier a ser reclamado em decorrência dos cancelamentos efetuados poderá</p><p>ser atendido à conta de dotação denominada “despesas de exercício anterior”, no exercício que ocorrer o</p><p>reconhecimento da dívida, mediante processo administrativo interno ou determinação judicial.</p><p>Despesas de Exercícios Anteriores</p><p>As despesas não pagas até 31 de dezembro, cujo empenho não foi emitido em favor do credor,</p><p>que por sua vez forneceu o material ou prestou o serviço, e a despesa foi considerada liquidada por ter</p><p>sido cumprido o terceiro estágio correspondente à liquidação, estando na fase de pagamento, não</p><p>podendo ser inscrita em restos a pagar por não ter sido empenhada ou por insuficiência de disponibilidade</p><p>financeira, será classificada como despesas de exercício anterior. No entanto, requer um procedimento</p><p>administrativo, justificável a sua legalidade e legitimidade para que seja processado o empenho no</p><p>exercício corrente.</p><p>As despesas de exercícios anteriores são originadas de compromissos gerados em exercício</p><p>financeiro anterior àquele em que deva ocorrer o pagamento, para o qual o orçamento continha crédito</p><p>próprio com suficiente saldo orçamentário, mas que não tenham sido processados naquele momento.</p><p>21</p><p>Existem três tipos de despesas orçamentárias podem ser enquadradas como Despesas de</p><p>Exercícios Anteriores.</p><p> A primeira seria a despesa que possuía dotação orçamentária em exercício já encerrado, mas</p><p>que, por algum motivo, não foi empenhada na época própria.</p><p> a segunda diz respeito aos Restos a Pagar que foram cancelados, mas que permanece o</p><p>direito do credor em razão de o fornecedor já ter entregado o bem ou serviço, entre outros.</p><p> a terceira faz referência aos compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício</p><p>financeiro correspondente.</p><p>A contabilização das despesas de exercícios anteriores deve ser reconhecida pelo ordenador de</p><p>despesa, identificando o nome do favorecido, a importância a ser paga, a data de vencimento do</p><p>compromisso, a justificativa do fato de a mesma não ter cumprido o ritual de execução orçamentária</p><p>(empenho e liquidação) na época própria e o objeto da despesa (bem ou serviço).</p><p>ização para pagamento das despesas de exercícios anteriores deve ser dada no próprio</p><p>processo de reconhecimento da dívida, registrando que apenas as despesas processadas (entrega do bem</p><p>ou serviço confirmada) podem ser reconhecidas como DEA. As dívidas que dependem de requerimento do</p><p>favorecido para reconhecimento do direito do credor prescreverão em cinco anos, contados da data do ato</p><p>ou fato que tiver dado origem ao respectivo direito.</p><p>Comprovada a existência da dotação orçamentária específica e o respectivo reconhecimento do</p><p>ordenador de despesa, as despesas de exercícios anteriores, devem cumprir o ritual da execução</p><p>orçamentária de qualquer despesa do exercício com a identificação apenas do elemento próprio: 92 –</p><p>Despesas de Exercícios Anteriores. O reconhecimento da obrigação de pagamento das despesas com</p><p>exercício anterior cabe à autoridade competente para empenhar a despesa, mediante processo</p><p>administrativo interno, conduzido pela Controladoria Geral ou Unidade no órgão.</p><p>Diferentemente dos Restos a Pagar, cuja execução orçamentária já aconteceu, as despesas de</p><p>exercícios anteriores sequer foram empenhadas, ou, se foram, tiveram seus empenhados anulados ou</p><p>cancelados.Uma condição fundamental para que uma despesa seja reconhecida como Despesas de</p><p>Exercícios Anteriores é a existência de crédito específico na Lei Orçamentária Anual ou em crédito</p><p>adicional. A autorização para pagamento das Despesas de Exercícios Anteriores deve ser dada no próprio</p><p>processo de reconhecimento da dívida, registrando que apenas as despesas processadas (entrega do bem</p><p>ou serviço confirmada) podem ser reconhecidas como Despesas de Exercícios Anteriores.</p><p>22</p><p>5. REFERENCIAL TEÓRICO</p><p>A avaliação e a mensuração do fenômeno patrimonial pode de certo modo influenciar a</p><p>caracterização do patrimônio e apresentar distorções nas demonstrações contábeis. Dessa forma, é</p><p>importante que o processo de mensuração e avaliação seja realizado de modo que represente com máxima</p><p>fidedignidade aquilo que se pretende.</p><p>Nesse sentido, pode-se afirmar que:</p><p>O tratamento contábil para ativos imobilizados impacta o modo que os</p><p>usuários das demonstrações contábeis veem as informações sobre o</p><p>investimento e as mutações nos ativos imobilizados. A avaliação e mensuração</p><p>dos ativos constituem aspectos relevantes para as informações que a</p><p>contabilidade deve prestar a seus usuários, pois conhecer o valor dos bens</p><p>públicos deve servir não apenas para que se tenha um registro confiável do</p><p>patrimônio, mas para ajudar a tomar decisões políticas. O que torna a correta</p><p>avaliação e mensuração dos ativos imprescindível.</p><p>Ainda que a contabilidade pública no Brasil atribua maior enfoque para o orçamento, se faz</p><p>necessário que esta busque mecanismo para melhor evidenciar o patrimônio, como busca a convergência</p><p>às normas internacionais. Assim, as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público vêm</p><p>orientar as práticas contábeis para as entidades públicas.</p><p>23</p><p>6. LRF - LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL</p><p>6.1. FUNDAMENTOS DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL</p><p>A Lei Complementar nº 101/2000 representa o mais avançado instrumento legislativo da</p><p>história brasileira para controle dos orçamentos. Uma das características da Constituição Federal de 88 é</p><p>dedicar extensa regulação principiológica aos orçamentos, impondo regramento infraconstitucional através</p><p>de veículo complementar. O artigo 163 da C.F. apresenta os pontos de relevância a serem cuidados pelo</p><p>diploma inferior, tendo a seguinte dicção: Lei Complementar disporá sobre:</p><p>I. finanças públicas; II. dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e</p><p>demais entidades controladas pelo Poder Público; III. concessão de garantias pelas entidades públicas;</p><p>IV. emissão e resgate de títulos da dívida pública; V. fiscalização das instituições financeiras; VI.</p><p>operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos</p><p>Municípios; VII. compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as</p><p>características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.</p><p>O artigo 164, de rigor, depende de outra lei complementar a ser produzida para regular o</p><p>sistema financeiro, conforme determina o artigo 192, devendo uma única lei normal tanto o artigo 164,</p><p>quanto o</p><p>192 da C.F., na inteligência da Suprema Corte (ADIN nº. 4/88) 2. E os artigos 165 a 169 cuidam</p><p>dos 3 orçamentos (plano plurianual, lei de diretrizes e lei orçamentária), assim como das 3 vertentes de lei</p><p>orçamentária (orçamento fiscal, da Seguridade e dos Estados).</p><p>No sistema de governo brasileiro, vários esquemas foram desenvolvidos para organizar tanto a</p><p>parte política quanto a econômica do país. Visando melhorias em todos os estados, além de uma</p><p>administração eficiente das partes financeira e política do Brasil, leis foram elaboradas em todas as áreas</p><p>para trabalhar com a gestão coordenada de nossa sociedade. Nas leis complementares elaboradas na</p><p>política brasileira, uma condiz sobre a arrecadação de tributos e o controle de gastos do Setor Público</p><p>brasileiro, se referendo à gestão fiscal de nossas finanças.</p><p>A chamada Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que promove a transparência dos gastos</p><p>públicos, se envolve nas contas e na contabilidade pública do país, trabalhando a partir de metas fiscais.</p><p>Com controle de custos, programas de previsão e várias análises constantes de nosso meio financeiro, a lei</p><p>impõe maior direcionamento aos fins do dinheiro público.</p><p>24</p><p>6.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL</p><p>Essa lei complementar, de número 101, foi oficializada em quatro de maio de 2000, propondo</p><p>diferentes focos. Além de cuidar das finanças publicas a partir do trabalho do Poder Executivo, a lei</p><p>também envolve a prestação de contas dos poderes Legislativo e Judiciário, referindo todos os três à</p><p>mesma norma. Cuidando da contabilidade pública e da execução do orçamento público, a lei introduz</p><p>limites de gastos tanto para despesas de exercício quanto para graus de endividamento.</p><p>6.3. O PAPEL DAS METAS FISCAIS</p><p>As metas fiscais que são justamente estes limites de gastos são a forma mais clara para</p><p>planejamento de receitas e despesas. Sua ação dentro das normas da lei complementar nº 101 voltam-</p><p>se sobre a gestão fiscal, considerando uma ação transparente, prevenção de riscos fiscais, correção de</p><p>desvios, imposição de limites e condições que tangem a seguridade social, entre outros. Suas funções</p><p>dentro da responsabilidade fiscal objetivam o equilíbrio orçamentário, garantindo maior organização em</p><p>níveis municipais, estaduais, distritais e até da União.</p><p>6.4 OBJETIVOS DA METAFISCAL</p><p>A limitação fiscal tem como principal objetivo controlar os gastos dos gestores públicos da</p><p>União, Estados e Municípios brasileiros, promovendo a economia de recursos, livre de desperdícios</p><p>públicos. Em busca do equilíbrio orçamentário e da administração coerente do gasto público, a meta fiscal</p><p>limita valores apontando a necessidade de uma gestão responsável na receita do país, coordenando o</p><p>serviço fiscal para dispor de total segurança e estabilidade ao governo brasileiro e ao cidadão, que é</p><p>fortemente impactado pela estrutura fiscal de seu país.</p><p>6.5 RISCOS FISCAIS</p><p>Riscos Fiscais é a possibilidade da ocorrência de eventos que venham a impactar</p><p>negativamente nas contas públicas. Os Riscos Fiscais são classificados em dois grupos:</p><p>Os Riscos Orçamentários referem-se à possibilidade de as receitas e despesas previstas não</p><p>se realizarem durante a execução do Orçamento.</p><p>25</p><p>Nos casos de Riscos Orçamentários podemos citar:</p><p> Arrecadação de Tributos menor do que a prevista no Orçamento – Frustração na</p><p>arrecadação, devido a fatos ocorridos posteriormente à elaboração da peça orçamentária e/ou</p><p>restituição de determinado tributo não previsto constituem exemplos de riscos orçamentários</p><p>relevantes.</p><p> Restituição de tributos a maior que a prevista noOrçamento.</p><p> Nível de Atividade Econômica, Taxa de Inflação e Taxa de Câmbio – São variáveis que</p><p>também podem vir a influenciar no montante de recursos arrecadados sempre que houver desvios entre</p><p>as projeções destas variáveis quando da elaboração do orçamento e os valores observados durante a</p><p>execução orçamentária, assim como os coeficientes que relacionam os parâmetros aos valores</p><p>estimados.</p><p>Os Riscos de Dívida referem-se a possíveis ocorrências, externas à administração, que em se</p><p>efetivando resultarão em aumento do estoque da dívida pública.</p><p>São verificados, principalmente, a partir de dois tipos deeventos.</p><p>Um deles é relacionado com a administração da dívida, ou seja, decorre de fatos como a</p><p>variação das taxas de juros e de câmbio em títulos vincendos.</p><p>O segundo tipo são os passivos contingentes que representam dívidas cuja existência</p><p>depende de fatores imprevisíveis, tais como resultados dos julgamentos de processos judiciais.</p><p>Por se tratarem de passivos “efetivos” e não de passivos contingentes, os precatórios não se</p><p>enquadram no conceito de Risco Fiscal, pois, conforme estabelecido pelo art. 100, § 1º da Constituição</p><p>Federal, “É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao</p><p>pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios</p><p>judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte,</p><p>quando terão seus valores atualizados monetariamente.”</p><p>26</p><p>6.6 PLANO DE CONTAS CONTÁBIL</p><p>Com o objetivo de uniformizar as práticas contábeis, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN),</p><p>em conjunto com o Grupo Técnico de Procedimentos Contábeis (GTCON), elaborou o Plano de Contas</p><p>Aplicado ao Setor Público (PCASP), adequado aos dispositivos legais vigentes, às Normas Brasileiras de</p><p>Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC T SP), aos padrões internacionais de Contabilidade do</p><p>Setor Público e às regras e procedimentos de Estatísticas de Finanças Públicas reconhecidas por</p><p>organismos internacionais.</p><p>Formado por uma relação padronizada de contas apresentada em conjunto com atributos</p><p>conceituais, o PCASP permite a consolidação das Contas Públicas Nacionais, conforme determinação da</p><p>Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).</p><p>O PCASP é atualizado anualmente e publicado exclusivamente na Internet para uso</p><p>obrigatório no exercício seguinte. Adicionalmente, a STN disponibiliza o "PCASP Estendido" (constante do</p><p>Anexo III da IPC 00), de adoção facultativa, para os entes que precisem de uma referência para</p><p>desenvolvimento de suas rotinas e sistemas.</p><p>6.7 RESULTADO PRIMÁRIO</p><p>O Resultado Primário indica se níveis de gastos orçamentários do Estado, são compatíveis</p><p>com sua arrecadação. O seu resultado é obtido pela diferença entre as Receitas Primárias e as Despesas</p><p>Primárias. Quando o valor das receitas supera o valor das despesas dizemos que houve um Superávit</p><p>Primário. Quando ocorre o oposto, temos um Déficit Primário.</p><p>É um indicativo da capacidade dos governos em gerar receitas em volume suficiente para</p><p>pagar suas contas usuais, sem que seja comprometida sua capacidade de administrar a dívida existente.</p><p>Resultado Primário de acordo com Manual de Demonstrativos Fiscais:</p><p>Resultado primário representa a diferença entre as receitas e as despesas primárias (não-</p><p>financeiras)</p><p>Obrigatoriedade Legal Lei de Responsabilidade Fiscal nº 101/00 art. 53. Acompanharão o</p><p>Relatório - Resumido demonstrativos relativos a: [...] III - resultados nominal e primário; Periodicidade</p><p>até 30 (trinta dias) após o encerramento de cada bimestre. Responsabilidade de Publicação. O poder</p><p>Executivo de cada ente da federação. Objetivo. Dar transparência para uma melhor avaliação do impacto</p><p>da política fiscal em execução pelo ente da Federação.</p><p>Fonte Primária ou Não Financeira: É qualquer receita que o governo obtenha e não amplie sua</p><p>dívida ou não diminua seus ativos.</p><p>Fonte Não Primária ou Financeira: É a receita que o governo obtém por meio do</p><p>endividamento público ou da diminuição do Ativo Imobilizado.</p><p>Despesa Primária / Não Financeira: É o conjunto de gastos que possibilita a oferta de serviços</p><p>públicos à sociedade, deduzidas às despesas financeiras.</p><p>Despesa</p><p>Não Primária / Financeira: É o conjunto com operações financeiro tais como:</p><p>concessão de empréstimos, amortizações e juros passivos.</p><p>6.8 RESULTADO NOMINAL</p><p>O resultado nominal é o balanço entre as receitas totais e as despesas totais, e corresponde à</p><p>necessidade de financiamento do setor público (NFSP). Pelo método abaixo da linha, o resultado nominal</p><p>equivale à variação total da dívida fiscal líquida no período.</p><p>De acordo com Manual de Demonstrativos Fiscais: O objetivo da apuração do Resultado</p><p>Nominal é medir a evolução da Dívida Fiscal Líquida.</p><p>Obrigatoriedade Legal - Lei de Responsabilidade Fiscal nº 101/00 Art. 53. Acompanharão o</p><p>Relatório- Resumido demonstrativos relativos a:[ ...] III - resultados nominal e primário; Periodicidade até</p><p>30 (trinta dias) após o encerramento de cada bimestre. Responsabilidade de Publicação. O Poder Executivo</p><p>de cada ente da Federação.</p><p>UNIDADE 4</p><p>NOÇÕES DE GESTÃO</p><p>PÚBLICA</p><p>1</p><p>ÍNDICE</p><p>TÓPICO PÁGINA</p><p>01. DIFERENÇAS ENTRE AS LEIS 8666/93 E LEI 14.133/2021 E AS PRINCIPAIS</p><p>NOVIDADES DO NOVO DIPLOMA NORMATIVO DE LICITAÇÕES.</p><p>01</p><p>1.1. Princípios 01</p><p>1.2. Definições Pertinentes 02</p><p>1.3. Gestão por Competências e Segregação de Funções 02</p><p>1.4. Ampliação de Vedações ao Nepotismo 03</p><p>1.5. Inversão de Fases e Procedimento Ordinário Preferencialmente Eletrônico 05</p><p>1.6. Possibilidade de Exigência e Comparação com Amostras Fornecidas 06</p><p>1.7. A Necessidade de Elaboração do Plano Anual de Contratações Públicas 07</p><p>1.8. O Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) 07</p><p>1.9. Meios de Divulgação do Edital e Prazos Mínimos 08</p><p>1.10. Dispensa de Licitação 09</p><p>1.11. Inexigibilidade de Contratação de Artista de Renome Nacional 11</p><p>1.12. Extinção de Modalidades de Licitação e Incorporação do Diálogo Competitivo 12</p><p>1.13. Critérios de Julgamento (Novas) 14</p><p>1.14. Pesquisa de Preço e Matriz de Risco 15</p><p>1.15. Modelagem BIM 17</p><p>1.16. Possibilidade de Utilização e Rejeição de Marcas 17</p><p>1.17. Aspectos Penais 20</p><p>02. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 21</p><p>2.1. Nova Lei dos Contratos Administrativos (14.133/2021) 21</p><p>2.2. Conceito 21</p><p>2.3. Tipos de Contratos Aplicáveis à Gestão Pública 22</p><p>2.4. Características do Contrato Administrativo 22</p><p>2.5. Possibilidade de Subcontratação 22</p><p>2.6. Formalidades do Contrato Administrativo 23</p><p>2.7. Cláusulas Contratuais 23</p><p>03. BIBLIOGRAFIA 24</p><p>1</p><p>01. DIFERENÇAS ENTRE AS LEIS 8666/93 E LEI 14.133/2021 E AS PRINCIPAIS</p><p>NOVIDADES DO NOVO DIPLOMA NORMATIVO DE LICITAÇÕES.</p><p>A Lei 8666/93 está com os dias contados. Com a entrada em vigor do novo diploma normativo,</p><p>Lei 14.133/2021, os entes federativos terão até o dia 1º de abril de 2023 para se adequar as novas</p><p>regras do procedimento licitatório.</p><p>Muitas foram as mudanças trazidas pelo novo regramento, que aglutinou procedimentos como</p><p>o pregão (Lei nº 10.520/2002), o Regime Diferenciado de Contratações – RDC (Lei nº 12.462/2011) e do</p><p>Credenciamento (cuja origem foi devidamente debatida pelo Tribunal de Contas da União1).</p><p>Houve também diversas modificações dos procedimentos estabelecidos na licitação, inclusão</p><p>de novas modalidades e incremento dos critérios de julgamento para avaliação das melhores propostas.</p><p>Para facilitar o estudo e a pesquisa dessas inovações, mostraremos a seguir, as principais</p><p>novidades trazidas pela Lei nº 14.133/2021, em comparação com a Lei nº 8666/93 e demais diplomas</p><p>legais.</p><p>1.1. PRINCÍPIOS</p><p>A nova lei traz, no art. 5º, um rol exemplificativo de princípios muito mais robusto que a Lei nº</p><p>8666/93, que disciplinava esse tema no art. 3º.</p><p>Ainda, há disposição expressa, ao final do art. 5º da Nova lei, sobre a utilização das disposições</p><p>do Decreto Lei nº 4.657/1942 (Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro - LINDB).</p><p>Apesar de ser um tema que damos pouca atenção, é importante saber sobre a principiologia</p><p>aplicada aos diplomas legais, a fim de conhecer as bases e premissas, o conteúdo, a extensão e o</p><p>alcance das normas. Eles também auxiliam o intérprete na aplicação e operacionalização da lei.</p><p>Igualmente importante se faz a menção expressa da LINDB. Apesar de ter sido editada na</p><p>década de 40, foi recepcionada pelo atual ordenamento jurídico e, atualmente, sua relevância se mostra</p><p>para administração pública nos art. 20 e seguintes, incluídos pela Lei n 13.655/2018.</p><p>1 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 642/DF – Distrito Federal. Relator: Walton Alencar Rodrigues. Pesquisa de</p><p>Jurisprudência. Processos, 26 maio de 2004. Disponível em:</p><p><https://contas.tcu.gov.br/pesquisaJurisprudencia/#/detalhamento/11/1748120022.PROC/PROC%253A01748120022%2520</p><p>ANOPROCESSO%253A2002/DTRELEVANCIA%2520desc%252C%2520NU MACORDAOINT%2520desc/false/1/false>. Acesso em</p><p>14 de setembro de 2022.</p><p>2</p><p>Essa inclusão trouxe para a LINDB disposições sobre segurança jurídica e eficiência na criação e</p><p>na aplicação do direito público, de grande valor para a gestão público e para o papel do ordenador de</p><p>despesa.</p><p>1.2. DEFINIÇÕES PERTINENTES</p><p>A antiga lei de licitações trazia, no art. 6º, um modesto rol de definições sobre os institutos da</p><p>lei. Eram, ao todo, vinte incisos que tratavam sobre a conceituação de, por exemplo, obras, serviços,</p><p>execução direta, projeto executivo e serviços nacionais.</p><p>Na nova lei esse rol foi expandido, tendo ao todo sessenta incisos, se traduzindo em um</p><p>verdadeiro “glossário” presente no art. 6º. Essa conceituação e explanação sobre a natureza dos</p><p>institutos da nova lei facilita, em muito, a operacionalização do diploma legal. As margens para dúvidas</p><p>se tornam menores, trazendo mais clareza aos envolvidos no processo licitatório.</p><p>1.3. GESTÃO POR COMPETÊNCIAS E SEGREGAÇÃO DE FUNÇÕES</p><p>A governança e gestão se mostram presentes com a edição da Lei nº 14.133/2021, contendo</p><p>mecanismos de estratégia, operação e controle durante todo o texto legal, direcionando a</p><p>administração contratante para aquisições e hábitos que agregam valor e minimizam falhas.</p><p>Para isso, o aperfeiçoamento e capacitação dos profissionais que estão envolvidos no iter</p><p>licitatório é indispensável, bem como a escolha de tais agentes pautada na moralidade, probidade,</p><p>impessoalidade, capacidade técnica, habilidades comportamentais e aptidão para as funções. Embora</p><p>isso seja de suma importância para o bom andamento das compras públicas, não havia dispositivo que</p><p>tratava sobre esse tema na antiga lei de licitações.</p><p>O legislador se preocupou no novel diploma em trazer medidas de integridade para os agentes</p><p>públicos (art. 7, inciso III), a gestão por competências (art. 7º, incisos I e II), responsabilização (art. 8º) e</p><p>segregação de funções (art. 7º, §1º). Sem contar, ainda, a capacitação dos servidores, presentes no art.</p><p>18, §1º, inciso X, no art. 169, §3º, inciso I e no art. 173.</p><p>Essa preocupação com os recursos humanos presentes na licitação se reflete também na</p><p>escolha de profissionais que tenham vínculo permanente com a instituição, sejam eles efetivos ou</p><p>3</p><p>empregados públicos (art.7º, inciso I), o que afasta a rotatividade de profissionais e tende a criar uma</p><p>cultura de trabalho dentro da administração.</p><p>Ressaltamos, por fim, que a expressa vedação de “designação do mesmo agente público para</p><p>atuação simultânea em funções mais suscetíveis a riscos”, que não estava presente na Lei nº 8666/93. A</p><p>pulverização de funções, necessária para o andamento das compras públicas visa mitigar erros e falhas</p><p>nas deliberações e na atuação dos agentes públicos. É claro, que tal segregação é bem-vinda em grandes</p><p>administrações, que tenham um corpo de servidores volumoso, sendo precário ainda em instituições</p><p>mais enxutas, que tenham poucos servidores.</p><p>1.4. AMPLIAÇÃO DE VEDAÇÕES AO NEPOTISMO</p><p>Embora presente no Decreto nº 7.213/2010 (que veda o nepotismo no âmbito da</p><p>administração pública</p><p>federal) e na Súmula Vinculante 13, editada pelo STF2, a prática do nepotismo</p><p>ainda se mostra presente na cultura brasileira.</p><p>Para evitar essa prática tão nociva aos interesses públicos, a nova lei traz alguns dispositivos</p><p>que barram a escolha de cônjuges, parentes ou pessoas que tenham vínculos com os envolvidos na</p><p>licitação.</p><p>As vedações, como veremos a seguir, se estendem desde a escolha dos agentes públicos até a</p><p>fiscalização do contrato. A primeira vedação está no art.7º inciso III:</p><p>Art. 7º Caberá à autoridade máxima do órgão ou da entidade, ou a quem as normas de</p><p>organização administrativa indicarem, promover gestão por competências e designar agentes</p><p>públicos para o desempenho das funções essenciais à execução desta Lei que preencham os</p><p>seguintes requisitos:</p><p>(...)</p><p>2 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante 13 de 2008. A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em</p><p>linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa</p><p>jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança,</p><p>ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados,</p><p>do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.</p><p>Disponível em: <https://portal.stf.jus.br/>. Acesso em 14 de setembro de 2022.</p><p>4</p><p>III - não sejam cônjuge ou companheiro de licitantes ou contratados habituais da Administração</p><p>nem tenham com eles vínculo de parentesco, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, ou</p><p>de natureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista e civil.</p><p>Não podem ser escolhidos, portanto, agentes públicos para compor as funções essenciais da</p><p>licitação, aqueles que sejam parentes, cônjuges ou que mantenham vínculo, ainda que comercial ou</p><p>civil, com os contratados habituais da administração.</p><p>A frente, no art. 14, inciso IV, consta a vedação de disputar a licitação ou, ainda, de participar</p><p>da execução do contrato aquele que mantenha vínculo (seja de parentesco, comercial, civil,</p><p>trabalhista...), com agente público que participe da licitação, que desempenhe fiscalização ou gestão do</p><p>contrato.</p><p>In verbis:</p><p>Art. 14. Não poderão disputar licitação ou participar da execução de contrato, direta ou</p><p>indiretamente:</p><p>(...)</p><p>IV - aquele que mantenha vínculo de natureza técnica, comercial, econômica, financeira,</p><p>trabalhista ou civil com dirigente do órgão ou entidade contratante ou com agente público que</p><p>desempenhe função na licitação ou atue na fiscalização ou na gestão do contrato, ou que deles</p><p>seja cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro</p><p>grau, devendo essa proibição constar expressamente do edital de licitação;</p><p>A contratação de serviços terceirizados não foge à regra de vedação ao nepotismo. A empresa</p><p>contratada não pode contratar, para o desempenho dos serviços terceirizados cônjuge, companheiro ou</p><p>parente do dirigente do órgão ou agente público que desempenhe função na licitação ou fiscalização do</p><p>contrato.</p><p>A vedação fica clara com a leitura do art. 48, caput e parágrafo único:</p><p>Art. 48. Poderão ser objeto de execução por terceiros as atividades materiais acessórias,</p><p>instrumentais ou complementares aos assuntos que constituam área de competência legal do</p><p>órgão ou da entidade, vedado à Administração ou a seus agentes, na contratação do serviço</p><p>terceirizado:</p><p>(...)</p><p>Parágrafo único. Durante a vigência do contrato, é vedado ao contratado contratar cônjuge,</p><p>companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, de</p><p>5</p><p>dirigente do órgão ou entidade contratante ou de agente público que desempenhe função na</p><p>licitação ou atue na fiscalização ou na gestão do contrato, devendo essa proibição constar</p><p>expressamente do edital de licitação.</p><p>Por fim, mas não menos importante, fica vedado o nepotismo na subcontratação de partes de</p><p>obras e serviços:</p><p>Art. 122. Na execução do contrato e sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, o</p><p>contratado poderá subcontratar partes da obra, do serviço ou do fornecimento até o limite</p><p>autorizado, em cada caso, pela Administração.</p><p>(...)</p><p>§ 3º Será vedada a subcontratação de pessoa física ou jurídica, se aquela ou os dirigentes desta</p><p>mantiverem vínculo de natureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista ou civil</p><p>com dirigente do órgão ou entidade contratante ou com agente público que desempenhe função</p><p>na licitação ou atue na fiscalização ou na gestão do contrato, ou se deles forem cônjuge,</p><p>companheiro ou parente em linha reta, colateral, ou por afinidade, até o terceiro grau, devendo</p><p>essa proibição constar expressamente do edital de licitação.</p><p>Um detalhe que chama atenção em todos os dispositivos analisados é a ampliação de vedação</p><p>da contratação, excluindo aqueles que não tenham somente vínculo de parentesco ou casamento, mas</p><p>também todo e qualquer “vínculo de natureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista ou</p><p>civil”. Essa restrição se mostra mais ampla que o nepotismo propriamente dito, em uma clara intenção</p><p>do legislador em evitar quaisquer tipos de influência ou favorecimento para as contratações públicas.</p><p>Mostra-se aqui, mais uma vez, a influência da gestão e da governança nas licitações públicas, sempre</p><p>direcionadas para probidade e impessoalidade.</p><p>1.5. INVERSÃO DE FASES E PROCEDIMENTO ORDINÁRIO PREFERENCIALMENTE ELETRÔNICO</p><p>O art. 17 estabelece o denominado rito ordinário das licitações, ou seja, como as licitações vão</p><p>ocorrer e em quais etapas.</p><p>O que nos chama a atenção é, primeiramente, a inversão de fases em relação a Lei nº 8.666/93.</p><p>Na antiga lei, no momento de abertura da licitação, primeiramente havia a habilitação dos interessados,</p><p>6</p><p>após havia a fase de recursos contra eventuais inabilitações e só depois se iniciava a fase de abertura de</p><p>propostas, com a subsequente fase de recursos em face de propostas inexequíveis ou fora do edital</p><p>O atual diploma legal estabelece que, primeiro, haverá a abertura de propostas ou fase de</p><p>lances e após a sua conclusão haverá a habilitação dos interessados, sem que haja qualquer recurso</p><p>entre as fases. Pelo contrário, a nova lei determina que todos os recursos serão realizados ao final do</p><p>processo, em uma fase uni recursal.</p><p>Se analisarmos, a atual lei de licitações estabelece como padrão o rito muito semelhante ao do</p><p>Pregão (Lei nº 10.520/2002), que se será substituído também com a total vigência da Lei nº</p><p>14.133/2002.</p><p>Continuando a leitura o art. 17, é possível verificar que a administração, de forma</p><p>fundamentada, pode realizar primeiro a habilitação e posteriormente a fases de lances ou propostas.</p><p>Um bom exemplo de possibilidade de inversão de fases ocorre em obras e serviços de engenharia, nos</p><p>quais a administração pode habilitar primeiramente as empresas que se encaixam no perfil de</p><p>fornecedores e, posteriormente, entre os qualificados, verificar o melhor preço.</p><p>Outro ponto que chama atenção é o art. 17, §2º e §5º, no qual vislumbra a execução da</p><p>licitação na modalidade preferencialmente eletrônica e, caso assim deseje a administração, a</p><p>possibilidade de realização da licitação na modalidade presencial com a respectiva lavratura de ata e</p><p>gravação da sessão em áudio e vídeo. Não havia dispositivo semelhante na Lei nº 8.666/93, presumindo</p><p>que as licitações eram obrigatoriamente presenciais. A modalidade eletrônica só foi estabelecida para o</p><p>pregão, com o advento da Lei nº 10520/2002.</p><p>1.6. POSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA E COMPARAÇÃO COM AMOSTRAS FORNECIDAS</p><p>Outra diferença bastante relevante para a administração está na apresentação das amostras,</p><p>exame de conformidade e prova conceito, presente no art. 17,</p><p>material fruível diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ou por quem lhe faça às vezes, sob</p><p>um regime de direito público”.</p><p>Nesta mesma vertente, José Cretela Junior em sua obra Tratado de Direito Administrativo (1997,</p><p>p.6), define serviço público como sendo: “[...] toda atividade que as pessoas jurídicas exercem, direta e</p><p>indiretamente, para a satisfação das necessidades coletivas mediante procedimentos peculiares ao direito</p><p>público”.</p><p>Por sua vez, Marçal Justen Filho em seus registros denominado Curso de Direito Administrativo</p><p>(2005, p.479) constatou: “O serviço público é a satisfação concreta de necessidades”.</p><p>Com essas definições e outras de bom conceito, pode-se constatar que o serviço para ser</p><p>considerado público precisa, a princípio, ser prestado pela Administração Pública, ou por uma delegação desta e</p><p>estar submisso às normas e controles estatais, visando à satisfação de necessidades essenciais e até secundárias</p><p>da coletividade, e/ou conveniência do Estado. Desta forma, a Carta Cidadã de 1988 (conforme a ela se referia o</p><p>saudoso Ulisses Guimarães), relacionou exemplos de serviços públicos quando tratou das competências dos</p><p>entes da federação (União, Estados, Municípios e Distrito Federal), nos artigos 21, 23, 25, 30 e 32.</p><p>Entretanto, deve-se entender, que tais indicações são de caráter exemplificativo e,</p><p>não,exaustivo, como segue:</p><p>Serviço Público pode ser compreendido no sentido estrito, como aquele prestado de forma</p><p>obrigatória e direta pela Administração, ou no sentido de Serviço de Utilidade Pública, como aquele</p><p>oferecido de forma facultativa pelo Estado, e/ou aquele de prestação indireta, por meio de autarquias,</p><p>paraestatais, concessionárias, permissionárias, dentre outros.</p><p>Serviços essenciais</p><p>Muito se tem discutido, especialmente no Judiciário, acerca de serviços públicos essenciais,</p><p>estando pacificado que esses tipos de serviços não podem ser interrompidos.</p><p>Contudo, há de se discordar do conceito de essencialidade aplicado pela maioria, pois do ponto</p><p>de vista do indivíduo, não se pode medir a importância de determinado serviço apenas por sua relevância</p><p>coletiva. Ou seja, mesmo não fazendo parte do rol de serviços essenciais definidos pelas fontes do direito,</p><p>todos os demais serviços operados pelos órgãos públicos podem ser essenciais ao cidadão em determinado</p><p>momento.</p><p>A não obtenção de uma certidão, de uma autorização, ou qualquer outra chancela do poder</p><p>público, por exemplo, pode resultar em prejuízo à pessoa. Prejuízo não só de ordem material, mas, acima de</p><p>tudo, transtornos emocionais e psíquicos, de valores inestimáveis.</p><p>A organização dos Serviços Públicos</p><p>Alguns poderes específicos são atribuídos aos administradores da coisa pública. Dentre eles, o</p><p>de organizar o funcionamento de seus órgãos.</p><p>A ação do agente público, inclusive, pode ser manifestada por intermédio de dois tipos de Poder:</p><p>o vinculado e o discricionário. O Poder Vinculado, como o próprio termo sugere, obriga o ato à obediência à</p><p>lei, enquanto que o Poder Discricionário dá maior margem de liberdade ao administrador.</p><p>É certo que ao Administrador Público, e à autoridade do Legislativo ou Judiciário nas funções</p><p>administrativas, é dado o poder de agir pela conveniência do ato, tratando-se, neste caso, do Poder</p><p>Discricionário.</p><p>Todavia, neste caso, não significa que a autoridade terá integral liberdade de agir, pois terá que</p><p>se limitar ao atendimento da conveniência e oportunidade, sem ferir os princípios basilares da</p><p>Administração.</p><p>Entretanto, reprisem-se, tais agentes não podem infringir dispositivos e princípios constituídos,</p><p>sobretudo aqueles agasalhados pelo manto da Carta Magna.</p><p>Por sua vez, Petrônio Braz, em seu Manual de Direito Administrativo (1999, p.197), pondera: “O</p><p>ato administrativo será discricionário quando a Administração dispõe, para editá-lo, de liberdade de escolha</p><p>da oportunidade da conveniência, dentro dos limites dalei”.</p><p>Segundo Maximilianus Cláudio Américo Fuhrer e Maximiliano Roberto Ernesto Fuhrer, em</p><p>Resumo de Direito Administrativo (1998, p.30) afirmam: “A discricionaridade não se confunde com a</p><p>arbitrariedade. Esta se caracteriza quando a autoridade age fora do interesse público, sem competência, ou</p><p>de forma ilegal”.</p><p>Nesse sentido, Celso Antônio Bandeira de Mello, no livro Curso de Direito Administrativo (1994),</p><p>complementa: “Ao agir arbitrariamente, o agente estará agredindo a ordem jurídica, pois terá se</p><p>comportado fora do que lhe permite a lei”.</p><p>Por seu turno, o Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luiz Fux, ao relatar O Recurso Especial</p><p>nº 575998/MG (2003/0135074-8), da 1ª Turma, em 07.10.2004, afirmou que o poder discricionário do</p><p>Administrador Público é menor que o poder dos princípios constitucionais, pelo que deve submeter-se a</p><p>estes.</p><p>asseverou:</p><p>Os usuários dos Serviços Públicos</p><p>Previsão constitucional</p><p>Luiz Carlos Bresser Pereira (2001, p.146), escrevendo a obra Reforma do Estado para A Cidadania</p><p>[...] a crença na possibilidade do planejamento e do controle central dos serviços</p><p>do Estado por uma burocracia racional diminui a cada dia, en- quanto aumenta</p><p>a confiança de que, no nível local, cada vez mais, é e se- rá possível controlar o</p><p>Estado e a sua burocracia.</p><p>O controle da atuação do Estado, pelos cidadãos, possui vários alicerces na Constituição Federal</p><p>de 1988, em especial, no art. 37, §3º.</p><p>Na versão original, este dispositivo previa que:</p><p>“As reclamações relativas à prestação de serviços públicos serão disciplinadas em lei.”</p><p>Por ser previsão tão vaga e subjetiva a Emenda Constitucional nº 19, de 05 de junho de 1998,</p><p>felizmente modificou o parágrafo 3º do artigo 37 da Constituição Federal (1988), lançando uma fagulha de</p><p>esperança sobre a proteção dos direitos dos usuários dos serviços públicos, remetendo a questão a ser</p><p>disciplinada por meio de lei complementar.</p><p>Na nova versão, assim foi firmado:</p><p>“Art. 37...</p><p>...</p><p>§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração</p><p>pública direta e indireta, regulando especialmente:</p><p>I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral,</p><p>asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação</p><p>periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços;</p><p>II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos</p><p>de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII;</p><p>III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de</p><p>cargo, emprego ou função na administração pública.”</p><p>Segundo o entendimento de Adriana da Costa Ricardo Schier (2002, p.8) a modificação do</p><p>§3º o art. 37 da Constituição Federal (1998) significa: “[...] o fundamento de validade e</p><p>legitimidade do direito pátrio, portanto, está novamente calcado nos alicerces da democracia e da justiça</p><p>social”.</p><p>Afirma ainda a autora:</p><p>Com efeito, alarga-se as possibilidades do cidadão controlar os serviços públicos.</p><p>Eles podem ser prestados através de um regime mais flexível, pois seus</p><p>resultados serão apreciados por aqueles a quem devem atender: os usuários ou</p><p>cidadãos-clientes, na terminologia adotada com a reforma (SCHIER, 2002, p.</p><p>216-217).</p><p>parágrafo.</p><p>E vale comemorar que, da Emenda 19 (1998) pra cá, houveram grandes avanços.</p><p>Três leis trataram, em momentos diferentes, desses três assuntos. Não exatamente na ordem do</p><p>Vejamos:</p><p>Direito de Acesso à Informação (inciso II)</p><p>Primeiro, foi o inciso II, que assegura o acesso dos usuários a registros administrativos e a</p><p>informações sobre atos de governo.</p><p>A Lei Federal 12.527/2011, denominada popularmente de LAI – Lei de Acesso à Informação,</p><p>garantiu detalhadamente este direito, definindo formas e critérios.</p><p>Direito dos Usuários dos Serviços Públicos (inciso I)</p><p>Na sequência, para regular o inciso I, veio a Lei Federal 13.460/2017, apelidada de Código de</p><p>Defesa</p><p>§3º:</p><p>§ 3º Desde que previsto no edital, na fase a que se refere o inciso IV (julgamento) do caput deste</p><p>artigo, o órgão ou entidade licitante poderá, em relação ao licitante provisoriamente vencedor,</p><p>realizar análise e avaliação da conformidade da proposta, mediante homologação de amostras,</p><p>exame de conformidade e prova de conceito, entre outros testes de interesse da Administração,</p><p>7</p><p>de modo a comprovar sua aderência às especificações definidas no termo de referência ou no</p><p>projeto básico.</p><p>Anteriormente inexistia dispositivo na Lei nº 10.520/2002 e na Lei 8.666/1993 que</p><p>regulamentava a exigência de amostra, porém tal prática se desenvolveu nas compras governamentais,</p><p>com a finalidade de comparar as amostrar fornecidas com a exigência da administração e com o</p><p>produto entregue pelo fornecedor.</p><p>1.7. A NECESSIDADE DE ELABORAÇÃO DO PLANO ANUAL DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS</p><p>Era muito comum a Administração Pública realizar as contratações públicas e as licitações de</p><p>acordo com a necessidade imediata de aquisição de bens ou serviços. Raros eram os casos em que os</p><p>entes federativos planejavam as contratações, estipulando prazos ou previsões.</p><p>Com a tendencia gerencial trazida pela Nova Lei, se impôs ao gestor público a elaboração do</p><p>Plano de Contratação Anual que terá por objetivo racionalizar as contratações dos órgãos e entidades</p><p>sob sua competência, garantir o alinhamento com o seu planejamento estratégico e subsidiar a</p><p>elaboração das respectivas leis orçamentárias (art. 12, inciso VII).</p><p>A confecção do Plano deverá estar de acordo com as respectivas leis orçamentárias, abordando</p><p>todas as considerações técnicas, mercadológicas e de gestão que podem interferir na contratação (vide</p><p>art. 18 da Lei nº 14.133/2021).</p><p>Ficou estabelecido também que o Plano está disponível em sítio eletrônico oficial (art. 12, §1º),</p><p>devendo ser público e inclusive, deverá ser publicado no Portal Nacional de Contratações Públicas.</p><p>1.8. O PORTAL NACIONAL DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS (PNCP)</p><p>Com a finalidade de centralizar as publicações das compras governamentais, bem como os</p><p>contratos, notas fiscais, impedimentos e outras informações relevantes, foi criado pelo art. 174 da Nova</p><p>Lei, o Portal Nacional de Contratações Públicas (https://www.gov.br/pncp/pt-br), que é gerido pelo</p><p>Comitê Gestor da Rede Nacional da Contratações Públicas.</p><p>A centralização das informações se mostrou necessária, visto que cada ente federativo</p><p>publicava seus editais e respectivos contratos administrativos em seus Diários Oficiais, dificultando a</p><p>busca e procura por licitações abertas pelos contratantes. Dente as publicações necessárias no Portal</p><p>https://www.gov.br/pncp/pt-br</p><p>8</p><p>estão o Plano de Contatação Anual que deverá ser disponibilizado por cada ente público; Catálogos</p><p>eletrônicos de padronização; editais de licitação, credenciamento e pré-qualificação; as atas de registros</p><p>de preços formalizadas pelos entes públicos; os respectivos contratos e termos aditivos e as notas fiscais</p><p>(quando for o caso).</p><p>Além de servir como um grande mural de publicações de compras governamentais, o Portal</p><p>ainda servirá para armazenar registros cadastrais, painéis de consulta de preços, banco de preços de</p><p>saúde e banco de notas fiscais eletrônicas o que auxiliará na cotação de preços (art. 23). Contará ainda,</p><p>por exemplo, com um sistema eletrônico de sessões públicas, acesso e integração com Cadastro</p><p>Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (Ceis) e com Cadastro Nacional de Empresas Punidas</p><p>(Cnep) e sistema informatizado de acompanhamento de obras.</p><p>Não se pode esquecer ainda que os contatos administrativos só terão eficácia após a devia</p><p>divulgação no PNCP, conforme art. 94:</p><p>Art. 94. A divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é condição</p><p>indispensável para a eficácia do contrato e de seus aditamentos e deverá ocorrer nos seguintes</p><p>prazos, contados da data de sua assinatura:</p><p>I - 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação;</p><p>II - 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta.</p><p>Toda essa integração demanda tempo e ainda não está plenamente finalizada, mas</p><p>acreditamos que, quando o Portal se tornar 100% funcional, será uma ferramenta útil às empresas</p><p>licitantes e ao controle social, facilitando o acesso e informação a população.</p><p>Por fim, as obras também foram incluídas nessa publicidade alargada com a novidade trazida</p><p>pelo art. 94, §3º da lei. Com o advento da Lei nº 14.133/2021, a administração deverá divulgar em sítio</p><p>eletrônico oficial, em até 25 dias úteis após a assinatura do contrato, os quantitativos e os preços</p><p>unitários e totais que contratar e, em até 45 dias úteis após a conclusão do contrato, os quantitativos</p><p>executados e os preços praticados. Esse dispositivo traz mais uma ferramenta de transparência e</p><p>controle social, informando o cidadão e órgãos de controle sobre as parcelas e preços a contratar.</p><p>9</p><p>1.9. MEIOS DE DIVULGAÇÃO DO EDITAL E PRAZOS MÍNIMOS</p><p>Além da divulgação no PNCP, o art. 54, §1º, disciplina que é obrigatória a publicação no extrato</p><p>do Edital no Diário Oficial da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, ou, no caso de</p><p>consórcio público, do ente de maior nível entre eles, bem como em jornal diário de grande circulação.</p><p>Diferente da obrigatoriedade de publicação, o art. 54, §2º deixa explícito que é facultativa a</p><p>divulgação adicional e a manutenção do inteiro teor do edital e de seus anexos em sítio eletrônico oficial</p><p>do ente federativo do órgão ou entidade responsável pela licitação. Uma regra que é cobrada por</p><p>diversos Tribunais de Contas pelo país.</p><p>Outro ponto que muda é o prazo mínimo para publicação de editais. De acordo com o art. 55,</p><p>os prazos variam entre 8 (oito) e 60 (sessenta) dias úteis, a depender da contratação e do critério de</p><p>julgamento adotado pelo órgão público.</p><p>Para facilitar o estudo e a compreensão do art. 55, segue tabela:</p><p>Aquisição de bens (inciso I) 8 (oito) dias úteis, quando adotados os critérios de</p><p>julgamento de menor preço ou de maior desconto;</p><p>15 (quinze) dias úteis, nas demais hipóteses</p><p>Serviços e obras (inciso II) 10 (dez) dias úteis, quando adotados os critérios de</p><p>julgamento de menor preço ou de maior desconto, no caso de</p><p>serviços comuns e de obras e serviços comuns de engenharia;</p><p>25 (vinte e cinco) dias úteis, quando adotados os critérios de</p><p>julgamento de menor preço ou de maior desconto, no caso de</p><p>serviços especiais e de obras e serviços especiais de</p><p>engenharia;</p><p>60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de execução for de</p><p>contratação integrada;</p><p>35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de execução for</p><p>o de contratação semi-integrada ou nas hipóteses não</p><p>abrangidas anteriormente</p><p>Licitação com maior lance (inciso III) 15 (quinze) dias úteis;</p><p>licitação em que se adote o critério</p><p>de julgamento de técnica e preço ou</p><p>de melhor técnica ou conteúdo</p><p>artístico (inciso IV)</p><p>35 (trinta e cinco) dias úteis;</p><p>Diálogo competitivo (art. 32 da Lei</p><p>14.133)</p><p>25 (vinte e cinco) dias úteis para manifestação de interesse;</p><p>60 (sessenta) dias úteis para propostas.</p><p>10</p><p>1.10. DISPENSA DE LICITAÇÃO</p><p>Além de um novo rol de prazos para a publicação das licitações, houve expressivas mudanças</p><p>nas hipóteses da dispensa de licitação. O rol da dispensa de licitação conta com 26 incisos, senso</p><p>considerado taxativo (não admite outras hipóteses não elencas na lei e não comporta interpretação</p><p>extensiva). Em uma breve análise de alguns desses incisos, percebemos que algumas mudanças foram</p><p>significativas.</p><p>Começamos com as contrações de baixo valor, que na Lei 8.666/933 eram de:</p><p>• R$ 33.000,00 para obras e serviços de engenharia e</p><p>• R$ 17.600,00 para compras e outros serviços.</p><p>Na nova lei, art. 75, incisos I e II os valores são4:</p><p>• de R$ 108.040,82, no caso de obras e serviços de engenharia ou de serviços de</p><p>manutenção</p><p>de veículos automotores;</p><p>• R$ 54.020,41 para compras e outros serviços.</p><p>A devida atenção deve ser dada ao art. 182 da Lei nº 14.133/2021, o qual estabelece que os</p><p>valores fixados na lei de acordo com o IPCA-E ou outro índice oficial, e os novos valores serão publicados</p><p>no PNCP. Essa disposição, apesar de parecer simples, auxilia em muito os entes contratantes, visto que</p><p>durante quase vinte e cinco anos os valores da Lei nº 8666/93 não foram atualizados, mantendo um</p><p>valor defasado em relação ao mercado no que toca a dispensa de licitação.</p><p>As novidades não param por aí, além dos valores que são expressivamente maiores, a nova lei</p><p>trouxe também a necessidade de publicação em sítio eletrônico oficial, pelo prazo de 3 dias uteis, o</p><p>aviso de dispensa de licitação. In verbis:</p><p>3 Valores atualizados de acordo com o Decreto nº 9.412/2018</p><p>4 Valores atualizados pelo Decreto nº 10.922/2021</p><p>11</p><p>Art. 75 (...)</p><p>§ 3º As contratações de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo serão preferencialmente</p><p>precedidas de divulgação de aviso em sítio eletrônico oficial, pelo prazo mínimo de 3 (três) dias</p><p>úteis, com a especificação do objeto pretendido e com a manifestação de interesse da</p><p>Administração em obter propostas adicionais de eventuais interessados, devendo ser</p><p>selecionada a proposta mais vantajosa.</p><p>Essa publicação busca dar maior transparência para os atos da administração e, também, tenta</p><p>alcançar fornecedores com propostas mais vantajosas5.</p><p>Além dos valores, merece destaque a dispensa de licitação para a compra de medicamentos</p><p>destinados exclusivamente ao tratamento de doenças raras definidas pelo Ministério da Saúde (art. 75,</p><p>inciso IV, alínea “m”), que não encontrava dispositivo semelhante na antiga lei.</p><p>Igualmente para contratação de profissionais para compor a comissão de avaliação de critérios</p><p>de técnica, quando se tratar de profissional técnico de notória especialização é caso de dispensa de</p><p>licitação, elencada no art. 75, inciso XII e que não encontra equivalente na Lei nº 8666/93.</p><p>1.11. INEXIGIBILIDADE DE CONTRATAÇÃO DE ARTISTA DE RENOME NACIONAL</p><p>A inexigibilidade de contratação está elencada no art. 74 e é um rol exemplificativo, ou seja,</p><p>admite outras hipóteses análogas e interpretação extensiva, ao contrário do que ocorre nas hipóteses</p><p>de dispensa.</p><p>A principal novidade da dispensa de licitação é a contratação de profissional do setor artístico,</p><p>diretamente ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou</p><p>pela opinião pública. Na lei 8.666/93 não havia qualquer especificação sobre o que seria um empresário</p><p>exclusivo, muito menos sobre o campo de atuação desse empresário, deixando margem para diversos</p><p>tipos de interpretação.</p><p>O art. 75, §2º sanou essa lacuna, dispondo que é “empresário exclusivo a pessoa física ou</p><p>jurídica que possua contrato, declaração, carta ou outro documento que ateste a exclusividade</p><p>5 Sobre a dispensa de licitação, na modalidade eletrônica, recomendamos a leitura da INSTRUÇÃO NORMATIVA SEGES/ME Nº</p><p>67, DE 8 DE JULHO DE 2021, disponível em: <https://www.gov.br/compras/pt-br/acesso-a-informacao/legislacao/instrucoes-</p><p>normativas/instrucao-normativa-seges-me-no-67-de-8-de-julho-de-2021>. Acesso em 20 de setembro de 2022.</p><p>12</p><p>permanente e contínua de representação, no País ou em Estado específico, do profissional do setor</p><p>artístico, afastada a possibilidade de contratação direta por inexigibilidade por meio de empresário</p><p>com representação restrita a evento ou local específico”. Ou seja, a representação deve ser nacional ou</p><p>estadual do artista, sendo devidamente comprovada por meios documentais.</p><p>Aproveitando o gancho com outro dispositivo relacionado a contratação de profissional do</p><p>setor artístico, temos a novidade do art. 94, §2º que estabelece de maneira pormenorizada os itens que</p><p>devem compor a publicação dessa contratação:</p><p>Art. 94. A divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é condição</p><p>indispensável para a eficácia do contrato e de seus aditamentos e deverá ocorrer nos seguintes</p><p>prazos, contados da data de sua assinatura:</p><p>(...)</p><p>§ 2º A divulgação de que trata o caput deste artigo, quando referente à contratação de</p><p>profissional do setor artístico por inexigibilidade, deverá identificar os custos do cachê do artista,</p><p>dos músicos ou da banda, quando houver, do transporte, da hospedagem, da infraestrutura, da</p><p>logística do evento e das demais despesas específicas.</p><p>Pela redação do artigo, podemos verificar que publicação fará discriminação dos custos do</p><p>cachê do artista, do músico, da banda e outras despesas. Tal obrigatoriedade não constava</p><p>expressamente na lei antiga, trazendo mais uma vez o diretriz da transparência para as contratações</p><p>públicas.</p><p>1.12. EXTINÇÃO DE MODALIDADES DE LICITAÇÃO E INCORPORAÇÃO DO DIÁLOGO COMPETITIVO</p><p>A tomada de preços, a carta convite e o Regime Diferenciado de Contratação (Lei nº</p><p>12.462/2011) não estão mais entre as modalidades de licitação elencadas na nova lei.</p><p>Inicialmente, no art. 22 da Lei nº 8.666/93, definíamos tomada de preço como a modalidade de</p><p>licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas</p><p>para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a</p><p>necessária qualificação.</p><p>13</p><p>Já o convite, ocorria entre os interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou</p><p>não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará,</p><p>em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na</p><p>correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e</p><p>quatro) horas da apresentação das propostas.</p><p>O RDC, travava de um ramo específico de licitações, relacionadas a obras do Programa de</p><p>aceleração do crescimento, segurança pública, aeroportos e obras do SUS, por exemplo.</p><p>Veja-se que por mais que essas modalidades estejam extintas, alguns dos seus institutos</p><p>sobrevivem na nova de Licitações, é o caso, por exemplo, da “contratação integrada”, presente no RDC.</p><p>Ela foi incorporada pela presente na Lei nº 14.133/2021, sendo definida como o “regime de</p><p>contratação de obras e serviços de engenharia em que o contratado é responsável por elaborar e</p><p>desenvolver os projetos básico e executivo, executar obras e serviços de engenharia, fornecer bens ou</p><p>prestar serviços especiais e realizar montagem, teste, pré-operação e as demais operações necessárias e</p><p>suficientes para a entrega final do objeto.”</p><p>Por óbvio o legislador se aproveitou de um meio de contratação mais célere para obras e</p><p>serviços, garantindo agilidade para o poder público. Adicionou também, como uma novidade, a</p><p>contratação semi-integrada, que se assemelha muito com a contratação integrada, mas que não estava</p><p>presente em nenhum outro instrumento normativo, possibilitando mais um meio de contratação e</p><p>execução célere de obras.</p><p>Voltando a abordar as modalidades de licitação em si, presentes no art. 28 da Lei 14.133/2021,</p><p>mantivemos a concorrência, o concurso, o leilão e o pregão, sendo o diálogo competitivo a nova estrela</p><p>a brilhar na lei.</p><p>Idealizada na Europa, o Diálogo concorrencial, como é chamado em Portugal, surgiu em 2004,</p><p>com a Diretiva 2004/18/CE. Em 2014, foi editada nova diretiva, Diretiva 2014/24/UE, que manteve o</p><p>diálogo concorrencial nos mesmos moldes originais.</p><p>Quase dezessete anos depois, esse instituto chega ao Brasil como uma forma de flexibilizar o</p><p>rito licitatório, possibilitando maior abertura para que os particulares ofereçam soluções e inovações</p><p>para contratações complexas.</p><p>Ela está conceituada no art. 6º, inciso XLII, como sendo pertinente para a contratação de obras,</p><p>serviços e compras com licitantes previamente selecionados de acordo com critérios</p><p>objetivos, visando</p><p>14</p><p>desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender as necessidades governamentais, havendo</p><p>apresentação de proposta ao final dos diálogos.</p><p>Mais à frente, no art. 32, temos um detalhamento específico sobre essa modalidade, sendo</p><p>dois grupos específicos para incidência dessa nova modalidade. Começando pelo objeto que envolva</p><p>inovação tecnológica ou técnica; impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita</p><p>sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e impossibilidade de as especificações técnicas</p><p>serem definidas com precisão suficiente pela Administração.</p><p>O segundo grupo trata de definir e identificar os meios e as alternativas que possam satisfazer</p><p>suas necessidades, com destaque para a solução técnica mais adequada; os requisitos técnicos aptos a</p><p>concretizar a solução já definida; e a estrutura jurídica ou financeira do contrato.</p><p>Uma peculiaridade, já tratada dessa modalidade, são os dois editais, um para a manifestação de</p><p>interesse (art. 32, §1º, inciso I) e outro para a fase competitiva (art. 32, §1º, inciso VIII). Outro ponto</p><p>peculiar é que o agente de contratação nessa modalidade é obrigatoriamente uma comissão composta</p><p>por servidores efetivos (art. 32, §1º, inciso XI)</p><p>1.13. CRITÉRIOS DE JULGAMENTO (NOVAS)</p><p>Outra mudança é a extinção da nomenclatura “tipos de licitação”, que passa a chamar, agora,</p><p>“critérios de julgamento”. Antes, na Lei nº 8666/93, tínhamos no art. 45, os tipos: menor preço; melhor</p><p>técnica; técnica e preço; e maior lance ou oferta.</p><p>Na nova lei (art. 33), temos os seguintes critérios de julgamento: menor preço; maior</p><p>desconto; melhor técnica ou conteúdo artístico; técnica e preço; maior lance, no caso de leilão; maior</p><p>retorno econômico.</p><p>Alguns desses critérios, como o maior desconto, já estava presente no RDC por exemplo, mas</p><p>com o advento da nova lei esse critério deixa de ser restrito apenas a algumas contratações, podendo</p><p>agora ser utilizado em uma ampla gama de licitações.</p><p>Outra observação pertinente é que “melhor técnica ou conteúdo artístico” não se confunde</p><p>com o tipo “melhor técnica” da Lei 8.666/1993. Primeiramente porque no critério de “melhor técnica ou</p><p>conteúdo artístico” não há qualquer consideração sobre o preço a ser pago, ao passo que a lei antiga</p><p>levava em conta o valor da contratação. Segundo, porque esse critério de contratação “melhor técnica</p><p>15</p><p>ou conteúdo artístico” pode ser utilizado para a modalidade de concurso, enquanto na lei antiga não</p><p>havia essa possibilidade.</p><p>O julgamento por maior retorno econômico, apenas para fins de esclarecimento, é utilizado</p><p>exclusivamente para os contratos de eficiência, conforme a redação do art. 39:</p><p>Art. 39. O julgamento por maior retorno econômico, utilizado exclusivamente para a celebração</p><p>de contrato de eficiência, considerará a maior economia para a Administração, e a remuneração</p><p>deverá ser fixada em percentual que incidirá de forma proporcional à economia efetivamente</p><p>obtida na execução do contrato.</p><p>A título de curiosidade, os contratos de eficiência, conceituados no art. 6º, inciso LIII, o objeto</p><p>principal é a prestação de serviço, podendo incluir também a realização e obras e fornecimento de bens,</p><p>sendo que o principal escopo dessa contratação é a redução de despesas, cabendo a remuneração do</p><p>contratado com base no percentual da economia gerada.</p><p>Por fim, cabe lembrar que o julgamento por melhor técnica ou conteúdo artístico, apenas de</p><p>não levar em conta o valor da contratação, deverá estabelecer no edital um prêmio ou uma</p><p>remuneração aos vencedores, nos termos do art. 35, sendo que esse critério poderá ser utilizado nas</p><p>escolhas e contratações de projetos e trabalhos de natureza técnica, científica ou artística.</p><p>1.14. PESQUISA DE PREÇO E MATRIZ DE RISCO</p><p>Para realizar a estimativa máxima de preço de uma contratação, a administração deve proceder</p><p>pesquisa de preços de mercado, mas muitas dúvidas pairavam na Lei 8.666/93 sobre esse tema. Não</p><p>havia uma diretriz clara para a pesquisa de preço.</p><p>A nova lei, no art. 23, elenca de forma detalhada a maneira como o poder público realizará a</p><p>pesquise de preço. No §1º do art. 23 ficam estabelecidos os parâmetros para a pesquisa de preço de</p><p>mercado relativa a aquisição de bens e contratação de serviços, que podem ser utilizados de forma</p><p>combinada ou não. São eles:</p><p>a) banco de preços em saúde disponíveis no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP);</p><p>b) contratações similares feitas pela Administração Pública (limite de um ano da conclusão),</p><p>incluindo registro de preços;</p><p>16</p><p>c) mídia especializada, tabela de referência, sítios eletrônicos especializados;</p><p>d) pesquisa direta com no mínimo 3 (três) fornecedores (prazo de validade de seis meses);</p><p>e) base nacional de notas fiscais eletrônicas;</p><p>Já para obras e serviços de engenharia, o valor estimado deve ser definido por parâmetros</p><p>seguindo a ordem: a) Sicro e Sinapi; b) mídia especializada, tabela de referência, sítios eletrônicos</p><p>especializados; c) contratações similares feitas pela Administração Pública (limite de um ano da</p><p>conclusão), incluindo registro de preços; d) base nacional de notas fiscais eletrônicas. Deve-se somar ao</p><p>valor estimado os percentuais de BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) e dos Encargos Sociais (ES)</p><p>cabíveis.</p><p>Atualmente, o governo Federal dispõe da Instrução Normativa SEGES /ME Nº 65, de 7 de julho</p><p>de 2021, que trata especificamente da pesquisa de preço para administração pública federal direta,</p><p>autárquica e fundacional e que, por força do art. 187 da Nova de Licitações pode ser utilizada pelo</p><p>demais entes da Federação:</p><p>Art. 187. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão aplicar os regulamentos editados</p><p>pela União para execução desta Lei.</p><p>Como vimos, os custos sempre foram um ponto chave nas contratações públicas, além de</p><p>definir os preços de mercado, os parâmetros financeiros para a licitação, o poder público também deve</p><p>se atentar sobre os riscos e responsabilidades atinentes as contratações.</p><p>Sempre que ocorre um imprevisto, quem arca com o ônus? Sempre que algo onera o contrato,</p><p>quem deve responder? Essas dúvidas sempre foram latentes na cabeça do gestor público.</p><p>Para minimizar essa insegurança sobre os ônus contratuais, o legislador definiu um novo</p><p>instituto, a matriz de risco, que nada mais é do que uma cláusula definidora de riscos e</p><p>responsabilidades das partes, principalmente no que toca o equilíbrio econômico-financeiro do contrato</p><p>decorrentes de fatos supervenientes da contratação.</p><p>17</p><p>Essa cláusula, estabelecida no art. 6º, inciso XXVII, deve trazer ainda as seguintes informações:</p><p>Art. 6º (...)</p><p>XXVII – (...)</p><p>a) listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura do contrato que possam causar</p><p>impacto em seu equilíbrio econômico-financeiro e previsão de eventual necessidade de prolação</p><p>de termo aditivo por ocasião de sua ocorrência;</p><p>b) no caso de obrigações de resultado, estabelecimento das frações do objeto com relação às</p><p>quais haverá liberdade para os contratados inovarem em soluções metodológicas ou</p><p>tecnológicas, em termos de modificação das soluções previamente delineadas no anteprojeto ou</p><p>no projeto básico;</p><p>c) no caso de obrigações de meio, estabelecimento preciso das frações do objeto com relação às</p><p>quais não haverá liberdade para os contratados inovarem em soluções metodológicas ou</p><p>tecnológicas, devendo haver obrigação de aderência entre a execução e a solução predefinida no</p><p>anteprojeto ou no projeto básico, consideradas as características do regime de execução no caso</p><p>de obras e serviços de engenharia;</p><p>Na antiga legislação não havia qualquer exigência de uma cláusula parecida como essa, sendo</p><p>que o ente público apenas se preocupava com os fatos supervenientes quando estes efetivamente</p><p>aconteciam.</p><p>1.15. MODELAGEM</p><p>BIM</p><p>Outro instituto que não tinha correspondência equivalente na Lei 8666/93 se trata da</p><p>modelagem BIM (Building Information Modelling), em licitações que tratam de obras e serviços de</p><p>engenharia e arquitetura (art. 19, §3º):</p><p>Art. 19. (...)</p><p>§ 3º Nas licitações de obras e serviços de engenharia e arquitetura, sempre que adequada ao</p><p>objeto da licitação, será preferencialmente adotada a Modelagem da Informação da Construção</p><p>(Building Information Modelling – BIM) ou tecnologias e processos integrados similares ou mais</p><p>avançados que venham a substituí-la.</p><p>18</p><p>O BIM é uma modelagem que permite o gerenciamento de todas as informações de um</p><p>projeto, em representações gráficas em 3D, no qual os elementos são pertinentes a informações do</p><p>projeto.</p><p>Essa espécie de modelagem em obras é amplamente utilizada no setor privado, já no setor</p><p>público essa nova forma de concepção contribuirá com a melhor estruturação técnica, auxiliando em</p><p>eventuais alterações da sua execução, minimizando custos e aprimorando o planejamento.</p><p>Isso também significa que a utilização do BIM influenciará diretamente o controle quantitativo</p><p>de materiais e os aditivos contratuais, tanto no que toca ao acréscimo de serviço como na alteração do</p><p>projeto em si.</p><p>1.16. POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO E REJEIÇÃO DE MARCAS</p><p>Durante a vigência da Lei nº 8.666/93, muitas vezes a administração pública encontrava</p><p>dificuldades para aquisição de produtos de alta qualidade ou que fossem efetivamente aptos a</p><p>satisfazer as necessidades governamentais.</p><p>A antiga lei ainda não recomendava a utilização ou indicação de marcas em diversos</p><p>dispositivos. Iniciamos pelo art. 7º, §5º</p><p>Art. 7º As licitações para a execução de obras e para a prestação de serviços obedecerão ao</p><p>disposto neste artigo e, em particular, à seguinte seqüência:</p><p>(...)</p><p>§ 5o É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de</p><p>marcas, características e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamente</p><p>justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime de</p><p>administração contratada, previsto e discriminado no ato convocatório.</p><p>Observa-se que o legislador não recomenda a utilização de especificas ou marcas, salvo quando</p><p>for devidamente justificável.</p><p>A frente, no art. 15, §7º, I, há a determinação que, em caso de compras, não haverá indicação</p><p>de marcas:</p><p>19</p><p>Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:</p><p>(...)</p><p>§ 7o Nas compras deverão ser observadas, ainda:</p><p>I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indicação de marca;</p><p>Por fim, quando a antiga lei tratava de inexigibilidade, havia a vedação expressa na preferência</p><p>por marcas:</p><p>Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:</p><p>I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por</p><p>produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca,</p><p>devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de</p><p>registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo</p><p>Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; [grifos</p><p>nossos]</p><p>Com o passar dos anos, os tribunais de contas passaram a admitir a utilização de marcas como</p><p>referências para a aquisição de produtos. Como aconteceu no Estado do Paraná, no Acórdão nº</p><p>2854/13, no qual foi definido que “é lícito à municipalidade a adoção do procedimento de pré-</p><p>qualificação do objeto, facultando-se a eventual indicação de marca do objeto, desde que isso atenda à</p><p>economicidade, eficiência e racionalização da atividade administrativa6”</p><p>O Tribunal de Contas da União também já se manifestou sobre o tema, como no Acórdão</p><p>113/16 – Plenário, no qual ficou estabelecido que “a indicação de marca no edital deve estar amparada</p><p>em razões de ordem técnica, de forma motivada e documentada, que demonstrem ser aquela marca</p><p>específica a única capaz de satisfazer o interesse público.7”. Igualmente, a título de curiosidade, também</p><p>há a Súmula 270 da mesma corte de contas, que possibilita a indicação de marcas, desde que seja</p><p>estritamente necessária para atender exigências de padronização, por exemplo.</p><p>6 BRASIL. Tribunal de Contas do Estado do Paraná. Acórdão nº 2854/2013. Relator Conselheiro Durval Amaral. Disponível em:</p><p>< https://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2014/2/pdf/00255684.pdf > Acesso em 22 de setembro de 2022.</p><p>7BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 113/2016. Relator Bruno Dantas. Disponível em: <</p><p>https://contas.tcu.gov.br/sagas/SvlVisualizarRelVotoAcRtf?codFiltro=SAGAS-SESSAO-</p><p>ENCERRADA&seOcultaPagina=S&item0=548500>. Acesso em 22 de setembro de 2022.</p><p>20</p><p>Com o advento da Nova Lei, o regramento sobre a utilização das marcas ganhou uma nova</p><p>perspectiva. Ficou estabelecido, no art. 41, que em licitações de fornecimento de bens, pode a</p><p>administração indicar marcas e modelos de forma excepcional, desde que seja:</p><p>Para a padronização do objeto;</p><p>Para manter compatibilidade de plataformas e padrões;</p><p>Quando a marca ou modelo for o único capaz de atender as necessidades do órgão público;</p><p>Quando a descrição do objeto a ser licitado for melhor compreendido com a indicação de marca</p><p>ou modelo de referência.</p><p>Outra novidade na Lei nº 14.133/2021, consiste na possibilidade da administração pública</p><p>vedar a contração de marca ou produto, quando esse se mostra ineficiente ou inconsistente com as</p><p>necessidades governamentais. Essa vedação deve ser realizada por administrativo, respeitando o</p><p>contraditório e a ampla defesa. In verbis o dispositivo em questão:</p><p>Art. 41. No caso de licitação que envolva o fornecimento de bens, a Administração poderá</p><p>excepcionalmente:</p><p>(...)</p><p>III - vedar a contratação de marca ou produto, quando, mediante processo administrativo, restar</p><p>comprovado que produtos adquiridos e utilizados anteriormente pela Administração não</p><p>atendem a requisitos indispensáveis ao pleno adimplemento da obrigação contratual;</p><p>Excluir a contratação de marcas ou produtos específicas se traduz em uma ferramenta de</p><p>governabilidade, exigindo dos fornecedores a entrega de bens que sejam efetivamente condizentes com</p><p>as exigências da administração, que tenham certa qualidade e durabilidade.</p><p>A longo prazo, acreditamos que a aplicação desse dispositivo gerará economia para os cofres</p><p>públicos que, ao adquirirem um produto referenciado por uma marca, ou excluírem produtos inferiores,</p><p>terão as compras otimizadas no que toca a durabilidade e eficiência.</p><p>21</p><p>1.17. ASPECTOS PENAIS</p><p>Por derradeiro, mas não menos importante, estão as disposições penais relativas as licitações</p><p>públicas.</p><p>Apesar de poucas novidades na redação dos dispositivos, sem mudanças significativas nas</p><p>tipificações das ações, as disposições que antes estavam elencadas na Lei nº8666/93, agora integram o</p><p>Código Penal, estando no art. 337-E e seguintes. Com atenção especial de que as disposições penais já</p><p>passaram a valer com a edição da nova lei, não havendo qualquer benesse do prazo de dois anos,</p><p>conforme no art. 193, I:</p><p>Art. 193. Revogam-se:</p><p>I - os arts. 89 a 108 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, na data de publicação desta Lei;</p><p>As penas de praticamente todos os crimes foram aumentadas, demonstrando que o legislador</p><p>está tentando proteger mais incisivamente os bens públicos e, é claro, não podemos esquecer as</p><p>normas penais também servem como instrumento de prevenção geral negativa, desestimulando o</p><p>cometimento de crimes por parte dos particulares.</p><p>02. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS</p><p>2.1. NOVA LEI DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS (14.133/2021)</p><p>Conforme dito antes, no capítulo sobre as Licitações Públicas, a chegada da Lei Federal nº 14.133/2021</p><p>trouxe novidades para as contratações no Setor Público.</p><p>Todavia, como a previsão do art. 191 dela fixa o prazo de 2 (dois) anos para a revogação das Leis</p><p>8.666/1993, 10.520/2002 e 12.462/2011, e considerando que a Lei Nova obriga a regulamentação pelos</p><p>entes federados em vários pontos (46 na verdade), vamos nos ater aqui à orientação atinente aos</p><p>Contratos Administrativos sob a vigência da Lei 8.666/93.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm#art89</p><p>22</p><p>Porém, à guisa de estudo paralelo (sem avaliação), disponibilizamos a seguir uma videoaula sobre a</p><p>aplicabilidade da Nova Lei nos Contratos Administrativos, para que você vá tendo conhecimentos</p><p>básicos sobre o assunto.</p><p>Recomendamos, inclusive, que se vá realizando estudos complementares, para a absorção dessa</p><p>novidade que será implementada.</p><p>Agentes Licitadores – Prof. Jonias Oliveira https://youtu.be/H0Yuaum5uTw</p><p>É preciso ter noção do todo – Prof. Jonias Oliveira https://youtu.be/2BJHdKxjo1A</p><p>A Evolução da Nova Lei Licitatória – Prof. Jonias Oliveira https://youtu.be/wJiFwuIvlvg</p><p>2.2. CONCEITO</p><p>Contrato administrativo é, segundo o art. 2°, parágrafo único da Lei 8.666/93 “todo e qualquer ajuste</p><p>entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontades</p><p>para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação</p><p>utilizada”.</p><p>Fernanda Marinela (2016, p.375) conceitua o contrato administrativo, em síntese, como sendo uma</p><p>convenção que constitui relação jurídica patrimonial, regida pelo regime de direito público e com</p><p>participação obrigatória do poder público (no caso, a Administração), a serviço do interesse coletivo.</p><p>2.3. TIPOS DE CONTRATOS APLICÁVEIS À GESTÃO PÚBLICA</p><p>A doutrina diferencia contrato da Administração de contrato administrativo, sendo o primeiro, aquele</p><p>contrato em que ela participa, mas suas regras estão sujeitas ao regime privado e, o segundo, aquele em</p><p>que a Administração Pública atua fundada na supremacia do interesse público, que se revela no poder</p><p>de estipular cláusulas exorbitantes.</p><p>https://youtu.be/H0Yuaum5uTw</p><p>https://youtu.be/2BJHdKxjo1A</p><p>https://youtu.be/wJiFwuIvlvg</p><p>23</p><p>As cláusulas exorbitantes são disposições contratuais que asseguram à Administração poderes</p><p>excepcionais – prerrogativas - voltados a promover a satisfação do interesse público. Estas conferem</p><p>vantagens à Administração em detrimento dos direitos dos particulares, alicerçadas na satisfação do</p><p>interesse público, e configuram o regime jurídico administrativo.</p><p>2.4. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO ADMINISTRATIVO</p><p>A Administração sempre está presente na relação jurídica;</p><p>Contrato formal – há algumas formalidades específicas;</p><p>Contrato consensual - aperfeiçoa-se com a manifestação de vontade;</p><p>Contrato comutativo – equivalência entre prestação e contraprestação;</p><p>Contrato de adesão - o aderente não tem possibilidade de discutir as cláusulas contratuais, o</p><p>contrato é estabelecido pela Administração e a outra parte deve decidir se aceita ou não.</p><p>Contrato personalíssimo - é aquele que leva em consideração as qualidades do contratado.</p><p>2.5. POSSIBILIDADE DE SUBCONTRATAÇÃO</p><p>Em alguns casos é possível (art. 72 da lei 8.666/93), desde que prevista em edital e com anuência da</p><p>Administração, sob pena de rescisão (art. 78, inciso VI). Em outros, é obrigatória, como é o caso da</p><p>subcontratação de pequena e microempresa (Lei Complementar n°123/2006).</p><p>Em qualquer das situações, deve ser feita a habilitação da contratada. O objetivo das limitações é evitar</p><p>a fraude à licitação do contrato e a violação ao princípio da isonomia.</p><p>2.6. FORMALIDADES DO CONTRATO ADMINISTRATIVO</p><p>Os contratos administrativos estão sujeitos a algumas formalidades, sendo a licitação prévia, a primeira</p><p>delas. Já no caso de dispensa ou inexigibilidade de licitação, a primeira formalidade do procedimento é a</p><p>justificação (art. 26 da lei de licitações). Ademais, o contrato administrativo deve ser escrito, admitida,</p><p>apenas de modo excepcional, na Lei de Licitações, o contrato e verbal, nos termos do art. 60, parágrafo</p><p>único.</p><p>A publicação do contrato, prevista no art. 61, parágrafo único, que não precisa ser na íntegra (mero</p><p>resumo ou extrato do contrato), também integra a formalidade e é condição de sua eficácia.</p><p>24</p><p>2.7. CLÁUSULAS CONTRATUAIS</p><p>A Lei de Licitações prevê algumas cláusulas como necessárias que devem constar em todo e qualquer</p><p>contrato, conforme art. 55 Lei 8666/93, dentre as quais se destacam:</p><p>A descrição do objeto;</p><p>O regime de execução ou forma de fornecimento;</p><p>O preço, condições de pagamento e critérios de reajuste;</p><p>Os prazos (de início, conclusão, entrega etc.);</p><p>O crédito pelo qual correrá a despesa;</p><p>Os direitos, obrigações, responsabilidade, casos de rescisão e sanções;</p><p>A obrigação de manutenção das condições de habilitação durante a execução do contrato;</p><p>A de indicação do fiscal do contrato.</p><p>As cláusulas exorbitantes estão previstas no art. 58 da Lei 8.666/93 e conferem à Administração Pública</p><p>as prerrogativas de:</p><p>Alteração unilateral do contrato;</p><p>Rescisão unilateral do contrato;</p><p>Fiscalização da execução;</p><p>Aplicação de sanções por descumprimento das avenças, dentre outras.</p><p>Outra importante prerrogativa da Administração Pública é a aplicação da Exceptio non adimpleti</p><p>contractus de forma mitigada. Desse modo, ainda que a Administração não cumpra sua parte no ajuste,</p><p>o contratado não poderá paralisar sumariamente a execução do contrato, sob a alegação de que não</p><p>houve cumprimento das obrigações da Administração.</p><p>Com efeito, o contratado somente poderá pleitear, posteriormente, indenização ou até a rescisão por</p><p>culpa da Administração, em especial em caso de atraso nos pagamentos pagamento de obras, serviços</p><p>ou fornecimento já realizado (art. 78, XV), por mais de 90 dias, mas não poderá se recusar a executar</p><p>suas obrigações.</p><p>25</p><p>A Lei de Licitações contempla casos em que a Administração deve seguir as regras dos contratos</p><p>privados, não existindo supremacia ou cláusula exorbitante nessa relação contratual. A tais contratos –</p><p>chamado de contratos privados da Administração, por alguns doutrinadores -, conforme disposto no art.</p><p>62, § 3º da Lei 8.666/93 serão aplicáveis as disposições dos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei.</p><p>Assim, por exemplo, uma seguradora particular não pode ser constrangida a manter um contrato de</p><p>seguro em caso de ampliação do objeto segurado ou os riscos incidentes, sendo-lhe facultado atender</p><p>ou não ao pleito e, em caso de recusa, a contratação poderá ser extinta.</p><p>03. BIBLIOGRAFIA</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil.33. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.</p><p>BRASIL. Lei 5.172, de 25 de outubro de 1996. Dispõe sobre o Sistema Tributário nacional</p><p>BRASIL. Lei nº 12.462, de 04 de agosto de 2011. Institui o Regime Diferenciado de Contratações Públicas</p><p>- RDC. Brasília, DF, 2011. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-</p><p>2014/2011/lei/l12462.htm>. Acesso em 15 de setembro de 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Brasília, DF,</p><p>2021. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.133-de-1-de-abril-de-2021-</p><p>311876884#:~:text=Art.%201%C2%BA%20Esta%20Lei%20estabelece,e%20dos%20Munic%C3%ADpios%</p><p>2C%20e%20abrange%3A&text=II%20%2D%20os%20fundos%20especiais%20e,ou%20indiretamente%20</p><p>pela%20Administra%C3%A7%C3%A3o%20P%C3%BAblica>. Acesso em 15 de setembro de 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,</p><p>institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Brasília,</p><p>DF, 1993. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm>. Acesso em 15 de</p><p>setembro de 2022.</p><p>BRASIL. Ministério da Economia.</p><p>Instrução Normativa SEGES /ME Nº Nº 67, DE 8 DE JULHO DE 2021.</p><p>Disponível em: <https://www.gov.br/compras/pt-br/acesso-a-informacao/legislacao/instrucoes-</p><p>26</p><p>normativas/instrucao-normativa-seges-me-no-67-de-8-de-julho-de-2021>. Acesso em 20 de setembro</p><p>de 2022.</p><p>BRASIL. Ministério da Economia. Instrução Normativa SEGES /ME Nº 65, DE 7 DE JULHO DE 2021.</p><p>Disponível em: < https://www.gov.br/plataformamaisbrasil/pt-br/legislacao-geral/instrucoes-</p><p>normativas/instrucao-normativa-seges-me-no-65-de-7-de-julho-de-2021>. Acesso em 21 de setembro</p><p>de 2022.</p><p>BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante 13 de 2008. Disponível em:</p><p><https://portal.stf.jus.br/>. Acesso em 14 de setembro de 2022.</p><p>BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 113/2016. Relator Bruno Dantas. Disponível em: <</p><p>https://contas.tcu.gov.br/sagas/SvlVisualizarRelVotoAcRtf?codFiltro=SAGAS-SESSAO-</p><p>ENCERRADA&seOcultaPagina=S&item0=548500>. Acesso em 22 de setembro de 2022.</p><p>BRASIL. Tribunal de Contas do Estado do Paraná. Acórdão nº 2854/2013. Relator Conselheiro Durval</p><p>Amaral. Disponível em: < https://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2014/2/pdf/00255684.pdf > Acesso</p><p>em 22 de setembro de 2022.</p><p>BRAZ, Petrônio. Manual de direito administrativo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lumen, 1999.</p><p>CARVALHO NETO, José Rodrigues de. Ao encontro da lei. São Paulo: Editado pela Imprensa Oficial</p><p>da Academia Paulista de Magistrados, 2003.</p><p>COHEN. Isadora. Diálogo Competitivo já nasce com a efetividade questionada. Disponível em:</p><p>https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/infra/dialogo-competitivo-ja-nasce-com-a-efetividade-</p><p>questionada-26032021. Acesso em 15 de setembro de 2022.</p><p>da nova Lei de Licitações. MT: Olhar Jurídico, 2022. Disponível em:</p><p><https://www.olharjuridico.com.br/artigos/exibir.asp?id=1143&artigo=principais-mudancas-da-nova-</p><p>lei-de-</p><p>licitacoes#:~:text=As%20novidades%20da%20nova%20lei,art%C3%ADstico%20e%20maior%20retorno%</p><p>20econ%C3%B4mico.&text=O%20novo%20regulamento%2C%20prev%C3%AA%2005,novidade%20criad</p><p>a%20na%20nova%20le>i. Acesso em 21 de setembro de 2022.</p><p>DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo: Atlas, 2005.</p><p>27</p><p>Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp64.htm>. Acesso em: 25 out.</p><p>DROMI, José Roberto. Concessões e permissões de serviços públicos. São Paulo: Edipro,1997.</p><p>e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: <</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm>. Acesso em: 25 out.2016.</p><p>EUROPA. Parlamento Europeu e Conselho. Diretiva 2014/24/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho,</p><p>de 26 de fevereiro de 2014. Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/legal-</p><p>content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:32014L0024&from=PT>. Acesso em 21 de setembro de 2022.</p><p>FORTINI, Cristiana. FAJARDO, Gabriel. O avanço do diálogo competitivo no substitutivo apresentado ao</p><p>PL 6.814/17. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-mai-24/interesse-publico-oavanco-</p><p>dialogo-competitivo-substitutivo-pl681417> Acesso em 18 de setembro de 2022.</p><p>FREITAS, Alexandre Mattos de; PRADO, Felipe Orsetti; ALEXANDRE, Pedro Leonardo Tonaco; CARMONA,</p><p>Miguel Frederico Félix. Nova lei de licitações e contratos administrativos: comentários a Lei nº</p><p>14.133/2021. Brasília: Ed. dos Autores, 2021. 182 p. E-book. Disponível em:</p><p><https://www2.senado.gov.br/bdsf/handle/id/588204>. Acesso em 21 de setembro de 2022.</p><p>FUHRER , Maximilianus Cláudio Américo; FUHRER, Maximiliano Roberto Ernesto.</p><p>GROTTI, Dinorá Adelaide e Musetti. O serviço público e a constituição brasileira de 1988. São Paulo:</p><p>Malheiros, 2003.</p><p>GUIMARÃES, Torrieri. Aristóteles - A política. São Paulo: Martin Claret, 2002. JUSTEN FILHO, Marçal.</p><p>Curso de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 2005.</p><p>JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratações Administrativas: Lei</p><p>14.133/2021. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021.</p><p>Lei compementar nº 64, de 18 de maio de 1990. Estabelece, de acordo com o art.14§ 9º da</p><p>Constituição Federal, casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina outras providências.</p><p>Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e</p><p>controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito</p><p>Federal.Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm>.Acesso em: 25 out.</p><p>2016.</p><p>28</p><p>Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras</p><p>providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 25</p><p>out.2016.</p><p>Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação</p><p>de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências. Disponível</p><p>em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8987cons.htm>. Acesso em: 25 out.2016.</p><p>Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995.Dispõe sobre partidos políticos, regulamenta os arts.17 e</p><p>14, e o § 3º, inciso V, da Constituição Federal. Disponível em:</p><p>MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 31. ed.São Paulo: Malheiros, 2015.</p><p>MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 5.ed.São Paulo: Malheiros,</p><p>MIRANDA, A. C. de O.; MATOS, C. R. Potencial uso do BIM na fiscalização de obras públicas. Revista do</p><p>TCU. 2015. n.133. jun 2015. Disponível em: <</p><p>https://revista.tcu.gov.br/ojs/index.php/RTCU/article/view/1302>. Acesso em 21 de setembro de 2022.</p><p>NIEBUHR, Joel de Menezes (Coord.) Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 2. ed. Curitiba:</p><p>Zênite, 2021. Disponível em: <https://www.zenite.com.br/books/nova-lei-de-</p><p>licitacoes/nova_lei_de_licitacoes_e_contratos_administrativos.pdf.>. Acesso em 20 de setembro de</p><p>2022.</p><p>nova Lei de Licitações, 2021. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2021-out-</p><p>OLIVEIRA, José Carlos de. Concessões e permissões de serviços públicos. São Paulo: Edipro,</p><p>OLIVEIRA, Juarez de. Código civil. 43. ed. São Paulo:Saraiva,1993.</p><p>PEIXINHO, Manoel Messias. Os princípios da Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Lúmen Júris,</p><p>PEREIRA, Carlos Alexandre; CORREIRA, José Fernandes. Principais mudanças</p><p>PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Reforma do estado para a cidadania. São Paulo: Editora 34,1998</p><p>(Reimpressão – 2002).</p><p>PETRÔNIO BRAZ. Manual de direito administrativo. 2.ed.Rio de Janeiro: De Direito, 2005.</p><p>29</p><p>REVISTA BRASILEIRA DE POLÍTICAS PÚBLICAS, UNICEUB, dez. 2021. Dossiê especial Nova Lei de</p><p>Licitações e Contratos Administrativos. Disponível em:</p><p><https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/RBPP/issue/view/Novos%20institutos%20jur%C3%AD</p><p>dicos%20de%20licita%C3%A7%C3%B5es%20e%20contratos/showToc>. Acesso em 20 de setembro de</p><p>2022.</p><p>ROUSSEAU, Jean-Jaques. Do contrato social. Tradução de Pietro Nassetti.São Paulo: Martin Claret,</p><p>2002.</p><p>SCHIER, Adriana da Costa Ricardo. A participação popular na administração pública: o direito de</p><p>reclamação. São Paulo: Renovar, 2002.</p><p>TOLEDO, Fernanda de Almeida. Algumas das principais mudanças trazidas pela</p><p>dos Direitos dos Usuários dos Serviços Públicos, para afirmar a legitimidade de manifestações em</p><p>forma de reclamações, denúncias, sugestões, elogios e demais pronunciamentos de usuários que tenham</p><p>como objeto a prestação de serviços públicos e a conduta de agentes públicos na prestação e fiscalização de</p><p>tais serviços.</p><p>Representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na</p><p>administração pública (inciso III)</p><p>A princípio, é de se citar o surgimento da Lei 13.869/2019, denominada de “Lei do Abuso de</p><p>Autoridade que, apesar das controvérsias, foi finalizada e publicada no Diário Oficial da União no dia</p><p>27.09.2019.</p><p>Nela, tratou-se específicamente do abuso de autoridade enquanto crime, esclarecendo a mesma</p><p>que os casos de responsabilizações de agentes públicos por atos da esfera civil e/ou administrativa, serão</p><p>tratados independentemente.</p><p>Ou seja: dependerão de outra legislação.</p><p>Portanto, vale convir que parte do objetivo previsto nesse dispositivo (inciso III, do §3º, do art.</p><p>37, da Constituição Federal) foi regulado por essa lei, no que tange ao abuso de autoridade criminoso.</p><p>Lembrando ainda que, sobre a negligência ou ato abusivo de agente público, de caráter</p><p>administrativo (funcional) praticamente todo ente/poder público possui sua regulamentação própria, sendo</p><p>na legislação referente ao Regime Jurídico Único ou até por aplicação da CLT – Consolidação das Leis do</p><p>Trabalho. À exemplo da União Federal, que tem como base fundamental de acatamento da representação</p><p>administrativa, e julgamento de agente público negligente ou omisso, a Lei 8.112/90 (Estatuto dos</p><p>Servidores Federais).</p><p>Além dessas, por certo que outras apurações poderão ocorrer, no âmbito de Ação Civil Pública</p><p>de Improbidade Administrativa, por ação ou omissão, assim como, em sede de ações de ressarcimento ao</p><p>erário (direta ou regressiva), e até de cobrança</p><p>Portanto, os avanços aconteceram e certamente outras regulações ocorrerão, para assegurar</p><p>que os serviços públicos ocorram dentro do que se espera de um Estado/governo na era contemporânea.</p><p>Ademais, democrático como o é o Brasil!</p><p>Aplicação do Código de Defesa do Consumidor</p><p>Atualmente, há uma predominância da teoria de que não se aplica ao caso os princípios do</p><p>Direito do Consumidor, por não se tratar de relação de consumo. Alega-se que no assunto em discussão,</p><p>serviço público, aparece o Estado e o Contribuinte e não o Empresário e o Consumidor.</p><p>Claro que uma outra corrente, até jurisprudencial, admite a aplicação do CDC, especialmente se</p><p>se tratar de serviços públicos permitidos ou concedidos à iniciativa privada.</p><p>Portanto, caso a caso se deverá averiguar a questão.</p><p>E a discussão sempre se estaca nas igualdades/diferenças da natureza desses dois elementos:</p><p>usuário e consumidor.</p><p>Mas vale convir que o relacionamento em muito se assemelha, pois em ambos os casos existem</p><p>aquele que paga, e aquele que fornece ou presta o serviço.</p><p>Aliás, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), editado pela Lei n 8.078/90, equiparou o</p><p>prestador de serviços públicos a fornecedor e o serviço a produto, mas continua a controvérsia.</p><p>Porém, o que mais afronta a cidadania, é a diferença com que é tratado o Contribuinte, em</p><p>comparação com o Consumidor. Enquanto este negocia valores, escolhe qualidades e é recebido com</p><p>cortesia e empenho, aquele é submetido ao descaso, à arrogância, à imposição, sem poder esboçar reação,</p><p>já que não possui o poder de escolher o órgão que melhor lhe atenda, mas fica sujeito às determinações do</p><p>Estado.</p><p>Ou seja: no relacionamento entre Estado e Contribuinte, inexiste a figura da concorrência,o que</p><p>resulta em liberdade plena de atos, por parte deste.</p><p>3. FUNDAMENTOS, PRINCÍPIOS E ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>3.1 FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>A Administração Pública é a materialização dos atos do Estado, atuando na promoção do bem</p><p>comum e na manutenção da ordem social, utilizando-se da estrutura daquele, para a realização de serviços de</p><p>interesse público.</p><p>Sua existência está fundamentada na existência do próprio Estado, e sua atuação se vê subordinada</p><p>à lei do Estado e aos princípios que lhe são aplicáveis.</p><p>Com isso, pode-se constatar que o fundamento da Administração Pública oriunda do surgimento e</p><p>organização estatal, sendo regulada pelos instrumentos do direito público e, em situações excepcionais, do</p><p>direito privado.</p><p>3.2 PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS (ART.37)</p><p>I- Legalidade</p><p>No Brasil, "[...] ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude</p><p>de lei", dispõe o inciso II, do art. 5º, da Constituição Federal Brasileira de 1988. Isto vale para todo cidadão</p><p>brasileiro!</p><p>No entanto, tratando-se da Administração Pública, a regra é ainda mais rigorosa. O administrador</p><p>público deverá estar sempre submisso à lei.</p><p>A ex-primeira ministra da Inglaterra Margaret Tatcher de 1979 a 1990, denominada de “Dama de</p><p>Ferro”, afirmava: “A Autoridade está abaixo da lei e a lei está abaixo deDeus”.</p><p>Assim, nos ensinamentos de Di Pietro, “[...] a administração pública não pode por simples ato</p><p>administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor obrigações aos</p><p>administrados; para tanto ela depende da lei”.</p><p>Nesta vertente, Hely Lopes Meirelles (2006), menciona:</p><p>Na administração pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na</p><p>administração particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe, na</p><p>Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o</p><p>particular significa „pode fazer assim‟, para o administrador público significa</p><p>deve fazer assim.</p><p>II - Impessoalidade</p><p>O administrador não poderá satisfazer interesse privado, de um ou de outro, mas visar sempre</p><p>o bem comum; a coletividade; o interesse público.</p><p>É o clássico princípio da finalidade.</p><p>O fim legal é aquele que a lei estabelece, tendo sempre um objetivo, que é o interesse público.</p><p>Esse princípio também deverá ser entendido para se excluir a promoção pessoal de autoridades</p><p>ou servidores públicos sobre suas realizações administrativas, conforme dispõe o artigo 37, § 1º da</p><p>Constituição da República Federativa do Brasil (1988):</p><p>A publicação dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos</p><p>públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela</p><p>não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizam promoção</p><p>pessoal de autoridades ou servidores públicos.</p><p>Qualquer ato administrativo que não atender ao interesse público estará sujeito, à anulação por</p><p>desvio de finalidade. Observe que o desvio de finalidade por parte dos agentes públicos constitui modalidade</p><p>de abuso de poder.</p><p>É em decorrência deste princípio que temos o concurso e a licitação.</p><p>É um princípio ligado ao da isonomia (igualdade de direitos para todos).</p><p>III - Moralidade</p><p>É atuar com ética, com honestidade, com integridade de caráter e boa conduta.</p><p>O ato administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética da</p><p>própria instituição, porque nem tudo que é legal é honesto, como já diziam os romanos: non omne quod licet</p><p>honestum est (DI PIETRO, 2001).</p><p>IV - Publicidade</p><p>É a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início de seus efeitos externos. Um ato,</p><p>mesmo regular, precisa da publicação para produzir efeitos no mundo jurídico.</p><p>É um princípio que visa não somente a divulgação oficial dos seus atos, mas, também, propicia o</p><p>conhecimento da conduta interna de seus agentes. Além de dar efeito aos atos administrativos, assegura</p><p>efeitos externos, pois leva ao conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral,</p><p>através de meios constitucionais, como ação popular, mandado de segurança, direitodepetição, habeasdata.</p><p>V - Eficiência</p><p>Surgiu na Constituição Federal Brasileira (1988) pela</p><p>Emenda de 19 de junho de 1998, e foi</p><p>inserida no art. 5º do texto legal.</p><p>Por esse princípio, a Administração Pública deverá investir na qualidade dos serviços públicos,</p><p>escolhendo bem e capacitando seus servidores, para exigir deles a realização com competência de suas</p><p>atribuições, para melhor aplicação do dinheiro público e melhores atendimentos à população</p><p>(contribuintes).</p><p>3.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>A Reforma Administrativa de 1967 em seu artigo 6º do Decreto-Lei 200/67 estabelece os princípios</p><p>fundamentais de planejamento, coordenação, delegação de competência, controle, descentralização da</p><p>Administração Federal.</p><p>Planejamento</p><p>A Administração Pública deve realizar o planejamento, e indicar diretrizes e metas que deverão</p><p>orientar a ação governamental.</p><p>Para os demais entes da Federação (Estados, Distrito Federal e Municípios), mesmo não se</p><p>submetendo a esse Decreto-Lei, deverá se submeter às normas gerais de Planejamento, que são a Lei</p><p>Orçamentária Anual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, e o Plano Plurianual de Investimento.</p><p>O Planejamento básico da Administração está previsto na Constituição Federal (1988) em seus</p><p>artigos 165 a 169, na Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), e na Lei nº 4.320/64 (Lei</p><p>da Contabilidade Pública).</p><p>Coordenação</p><p>O princípio da coordenação visa entrosar as atividades da Administração Pública. O objetivo é</p><p>harmonizar todas as atividades da Administração Pública, submetendo-as ao que foi planejado.</p><p>De aplicação permanente, a coordenação impõe-se a todos os níveis da Administração Pública,</p><p>por meio das chefias individuais, de reuniões de que participem as chefias subor- dinadas e de comissões de</p><p>coordenação em cada nível administrativo.</p><p>Delegação de Competência</p><p>Nesse princípio, as autoridades da Administração Pública transferem atribuições decisórias a seus</p><p>subordinados.</p><p>Controle</p><p>O controle das atividades administrativas da Administração Pública é um dos meios pelos quais</p><p>se exercita o poder hierárquico.</p><p>Desta forma, temos um órgão superior controlando um órgão inferior.</p><p>Descentralização</p><p>No sentido jurídico-administrativo, descentralizar significa repassar para a outrem poderes da</p><p>Administração.</p><p>É a existência de uma pessoa distinta do Estado, a qual, investida nos necessários poderes de</p><p>administração, exercita atividade pública ou de utilidade pública.</p><p>O ente ou entidade descentralizada age por outorga ou por delegação. Exemplos: convênios,</p><p>concessões, permissões e autorizações.</p><p>3.3.1 PRINCÍPIOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Privado</p><p>Na visão de Marçal Justen Filho (2005): “[...] a supremacia do interesse público significa sua</p><p>superioridade sobre os demais interesses existentes na sociedade. Os interesses privados não podem</p><p>prevalecer sobre o interesse público”.</p><p>Assim, quando a Administração desapropria um bem, está agindo em defesa do interesse</p><p>público, mesmo que para isso esteja ignorando o interesse privado.</p><p>Dessa forma, quando alguém é impedido em uma porta giratória de banco, por exemplo,os seus</p><p>direitos individuais (ir e vir, privacidade) são menores que o direito de segurança pública, que abrangerá a</p><p>muitos.</p><p>Princípio da Razoabilidade (Parâmetro de Equilíbrio; Racionalismo).</p><p>O administrador deverá pesar suas ações e decisões, para não agir com excessos e cometer</p><p>injustiças ou prejuízos desnecessários.</p><p>Princípio da Proporcionalidad</p><p>O administrador deverá medir sempre a proporção entre seus atos, e respectivas razões e</p><p>consequências. O uso da força pelo Estado é denominado de COERÇÃO.</p><p>Não confundir com COAÇÃO, que é o constrangimento físico ou moral para alguém praticar</p><p>algum ato.</p><p>de poder.</p><p>No entanto, a COERÇÃO deverá ser proporcional a cada caso.</p><p>A desproporção nos atos do administrador poderá gerar, entre outras irregularidades, a do abuso</p><p>Princípio da Motivação</p><p>É o dever que a Administração tem de justificar seus atos.</p><p>O administrador só poderá acionar a máquina pública, desde que exista motivo legal para tanto.</p><p>Princípio do Devido Processo Legal e a Ampla Defesa</p><p>A atual Constituição Federal promulgada em 05/10/1988 consagrou no art. 5º, inciso LIV, da CF:</p><p>“[...] ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo</p><p>legal”.</p><p>Por sua vez, preconiza o art. 5º, inciso LV, da CF/98:</p><p>“[...] aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em</p><p>geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos</p><p>a ela inerentes”.</p><p>Princípio do Controle Judicial dos Atos Administrativos</p><p>Considerando que os atos do administrador poderão ter, eventualmente, algum defeito ou</p><p>ilegalidade, o Poder Judiciário poderá anular atos administrativos.</p><p>No entanto, a própria administração poderá REVOGAR ou ANULAR um ato administrativo, se</p><p>detectar que ele é contrário ao interesse público, ou à conveniência administrativa. No caso de revogação</p><p>ou anulação, poderá ser declarado o efeito do ato:</p><p> Ex nunc (o efeito não retroage, e mantém o direito até ali (presentedata).</p><p> Ex tunc (retroage, e anula os direitos dali).</p><p>Princípio da Responsabilidade do Estado por Atos Administrativos</p><p>A Constituição Federal (1988) estabelece no art. 37, parágrafo sexto, prescrevendo que:</p><p>As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos</p><p>responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem danos a terceiros, assegurado o direito de</p><p>regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.</p><p>Assim, caso alguém se sinta prejudicado por ato de algum agente do Estado, poderá optar em</p><p>acionar apenas este, já que o agente estava aos seus serviços. Exemplo: Uma ambulância da prefeitura bate</p><p>em seu veículo; se a culpa não foi sua, você poderá buscar (administrativa ou judicialmente) o ressarcimento</p><p>do dano diretamente contra o respectivo Município (Poder Executivo).</p><p>É claro que essa é uma opção do prejudicado, já que ele poderá escolher apenas um, ou mesmo,</p><p>os dois (agente e município, ou um ou outro).Em caso de se provar que o agente agiu com culpa e o Estado</p><p>(Município) foi responsabilizado, este poderá (deverá) exigir o ressarcimento daquele.</p><p>Presunção de Legitimidade</p><p>Os atos da Administração Pública presumem-se legítimos até que se prove o contrário.</p><p>Especialidade</p><p>Está associado à descentralização administrativa e à criação de entidades da administração</p><p>indireta: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas.</p><p>Indireta.</p><p>Tutela</p><p>É o controle feito pela Administração Pública Direta sobre as entidades da Administração Pública</p><p>Autotutela</p><p>É o poder da Administração Pública de revogar ou anular seus próprios atos.</p><p>Continuação do Serviço Público</p><p>O serviço público é essencial para a sociedade e não poderá parar.</p><p>Princípio cuja previsão poderá ser encontrada nas Leis Federais nº 8.987/95 (das concessões) e</p><p>nº 8.078/90 (CDC), por analogia, bem como pela consagração doutrinária e jurisprudencial.</p><p>As interrupções, suspensões, ou prestação de forma reduzida, têm sido condenadas pelos mais</p><p>ilustres doutrinadores de nossa pátria.</p><p>Serviços Públicos oferecidos de maneira alternada, retardada ou falha é, segundo o mestre Hely Lopes</p><p>Meirelles (2005, p.323) afronta do Estado ao direito do usuário, eis que este, por arcar com o ônus desses</p><p>serviços, merece ser tratado com apreço econsideração.</p><p>3.4 A ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃOPÚBLICA</p><p>Competência dos entes federativos</p><p>Conforme previsão do art. 1º da CF/88, a República Federativa do Brasil é formada pela UNIÃO</p><p>dos Estados, Municípios e Distrito Federal. E, para explicar a divisão administrativa do país, o art. 18 da</p><p>Constituição Federal define que: “A organização político-administrativa da República Federativa</p><p>do Brasil</p><p>compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta</p><p>Constituição”.</p><p>Portanto, os entes federados possuem autonomia para atuar. Mas esta, é apenas no campo</p><p>político-administrativo.</p><p>É que a mesma Constituição (a de 1988 e em vigor), separa as competências exclusivas ou</p><p>concorrentes de cada um dos entes, outorgando-lhes iniciativas próprias ou que podem ser tomadas por</p><p>mais de um.</p><p>Em capítulos específicos, ou em dispositivos avulsos, no Carta Maior fixou o que o ente federado</p><p>pode e o que não pode, pra evitar obviamente os conflitos no campo da feitura e validade das leis.</p><p>O art. 21, por exemplo, prevê a competência da União.</p><p>Já o §1º do art. 25 informa que:</p><p>“São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por</p><p>esta Constituição.”</p><p>Enquanto que o art. 30 aponta quais as competências dos Municípios, destacando que eles</p><p>poderão “suplementar a legislação federal e a estadual no que couber” (inciso II).</p><p>Vale convir que em outros dispositivos avulsos da Constituição Federal, pode-se identificar</p><p>competências que sejam exclusivas de apenas um dos entes, de forma direta ou por interpretações</p><p>jurisprudenciais.</p><p>Ressalte-se porém, que a Constituição Federal alertou a todos os entes, do que lhes é proibido:</p><p>“Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o</p><p>funcionamento ou manter relações de dependência ou aliança com eles ou seus</p><p>representantes, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;</p><p>II - recusar fé aos documentos públicos;</p><p>III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.”</p><p>Estas, são as chamadas cláusulas pétreas.</p><p>Administração direta e indireta</p><p>Embora ocorra uma identificação maior do Poder Executivo como Administração Pública, o certo</p><p>é que os três poderes podem realizá-la.</p><p>Segundo o renomado doutrinador Hely Lopes Meirelles (2005): “Administração Pública é todo o</p><p>aparelhamento do Estado, preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades</p><p>coletivas.”</p><p>Para Oswaldo Aranha Bandeira de Mello (2009, p.36) assevera: “Administrar é gerir os serviços</p><p>públicos; significa não só prestar serviço e executá-lo, como também, dirigir, governar, exercer a vontade</p><p>com o objetivo de obter um resultado útil”.</p><p>Assim, todas as vezes que os outros poderes distintos do Executivo estão atuando na prestação</p><p>de serviços públicos, serão caracterizados como Administração Pública.</p><p>O doutrinador Celso Antônio Bandeira de Mello (2008, p.36), por sua vez, explica que a função</p><p>administrativa pode ser exercida “[...] normalmente pelo Poder Executivo e seus sujeitos auxiliares e,</p><p>atipicamente, por órgãos de outros Poderes”.</p><p>E na sua atuação (tipicamente no Poder Executivo), a Administração Pública poderá utilizar a</p><p>administração direta (Executivo e seus órgãos), mas poderá possuir entidades de administração indireta,</p><p>para descentralização das competências (autarquias, fundações públicas, empresas públicas ou de economia</p><p>mista, agências reguladoras e agências executivas).</p><p>Diferenciando que a Administração Pública Direta é caracterizada por ser um conjunto de órgãos,</p><p>com capacidade administrativa, política e financeira, mas desprovidos de personalidade jurídica.</p><p>Enquanto que a Administração Indireta, sob o controle e mantença do setor público, visando</p><p>realizar serviços de interesse público, nasce com o surgimento de uma pessoa jurídica específica. Será de</p><p>direito público ou privado, de acordo com sua criação e finalidade.</p><p>Toda forma, tanto a criação de órgão para a Administração Pública Direta quanto a</p><p>pessoajurídica com natureza de Administração Indireta, estão constitucionalmente submetidas à autorização do</p><p>Poder Legislativo. A iniciativa é do Poder Público respectivo (Executivo, Legislativo e Judiciário), mas a validade</p><p>na criação só acontecerá se for por Lei.</p><p>Estrutura funcional</p><p>Como dito antes, a Administração Pública Direta possui em sua estrutura organizacional, os órgãos</p><p>responsáveis pela sua atuação.</p><p>Tais órgãos, instituídos com nomenclaturas diversas mas seguindo a técnica recomendada, realizam</p><p>tanto atividades-meio quanto as atividades-fins daquele ente, em conformidade com as demandas de cada época.</p><p>São os Ministérios, Secretarias, Departamentos, Coordenações, Gerencias, Diretorias, Divisões, Serviços, Setores,</p><p>etc.</p><p>Os próprios órgãos também poderão ser definidos como de meios, quando oferecem condições à</p><p>Administração Pública para ela agir em operações, planejamento, instrumentalização e definição das ações a</p><p>serem realizadas.</p><p>Ou como órgão de fins, se atuar na realização das ações.</p><p>Para realizar suas ações, a Administração Pública utiliza trabalhadores denominados Servidores</p><p>(efetivos, comissionados e temporários), ou terceiros, investidos em funções de agentes públicos designados</p><p>(como os Conselheiros) ou contratados (como motistas, vigilantes, zeladores, etc.).</p><p>Utilizando também, a estrura dos bens públicos e suas rendas. Destas, as rendas, trataremos mais</p><p>adiante.</p><p>Concernentemente aos bens, conceituando-se-lhes de forma simples e inteligível, pode-se afirmar</p><p>que são eles que servem de instrumento para a concecussão do fim buscado: interesse público.</p><p>Tais bens são materiais ou imateriais, utilizados na promoção das atividades, como por exemplo, o</p><p>veículo automóvel que serve como ambulância, ou o edifício onde se localiza o posto de saúde.</p><p>Na primeira divisão, eles são os bens públicos móveis e os imóveis.</p><p>Os bens públicos móveis são em grande número de itens, tipos e formas. Vão desde a caneta até o</p><p>avião. Enquanto que os bens públicos imóveis, estão assim divididos:</p><p> DE USO ESPECIAL: um dos próprios da Administração, como uma escola</p><p> DE USO COMUM DO POVO: tais como estradas municipais, ruas, parques</p><p> DOMINIAIS: propriedade pública sem uso, sem destinação, disponível</p><p>UNIDADE 2</p><p>1. ESTRUTURA DO SISTEMA POLÍTICOBRASILEIRO</p><p>1.1 DIREITOS POLÍTICOS</p><p>Obviamente que a história dos direitos políticos no mundo possui uma gama de alterações,</p><p>com variados tipos, formas e sistemas, numa crescente evolução de tempos em tempos.</p><p>Aqui no Brasil, pode-se afirmar que o formato atual foi alcançado com sangue, suor e lágrimas</p><p>(parafraseando Winston Churchil).</p><p>O que se tem no momento, é fundamentado no estado democrático de direito previsto no art.</p><p>1º da Constituição Federal vigente, visando à manutenção da soberania popular.</p><p>Vejamos o texto fundamental, constante dos arts. 14, 15 e 16 da Constituição Federal de 1988:</p><p>Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto</p><p>direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:</p><p>I - plebiscito;</p><p>II - referendo;</p><p>III - iniciativa popular.</p><p>§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:</p><p>I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;</p><p>II II - facultativos para:</p><p>a) os analfabetos;</p><p>b) os maiores de setenta anos;</p><p>c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.</p><p>§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o</p><p>período do serviço militar obrigatório, os conscritos.</p><p>§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:</p><p>I - a nacionalidade brasileira;</p><p>III - o pleno exercício dos direitos políticos;</p><p>III - o alistamento eleitoral;</p><p>IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;</p><p>V - a filiação partidária;</p><p>VI - a idade mínima de:</p><p>a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e</p><p>Senador;</p><p>b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito</p><p>Federal;</p><p>c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,</p><p>Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;</p><p>d) dezoito anos para Vereador.</p><p>§ 4º -</p><p>São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.</p><p>§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito</p><p>Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos</p><p>mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.</p><p>§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os</p><p>Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar</p><p>aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.</p><p>§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os</p><p>parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do</p><p>Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito</p><p>Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses</p><p>anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à</p><p>reeleição.</p><p>§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:</p><p>I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;</p><p>II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade</p><p>superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a</p><p>inatividade.</p><p>§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos</p><p>de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade</p><p>para exercício de mandato considerado vida pregressa do candidato, e a</p><p>normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder</p><p>econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na</p><p>administração direta ou indireta.</p><p>§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no</p><p>prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de</p><p>abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.</p><p>§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça,</p><p>respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. Art.</p><p>15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se</p><p>dará nos casos de:</p><p>I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II -</p><p>incapacidade civil absoluta;</p><p>III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus</p><p>efeitos;</p><p>IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos</p><p>termos do art. 5º, VIII;</p><p>V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.</p><p>Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua</p><p>publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua</p><p>vigência.</p><p>E deste capítulo sobre os direitos políticos na CF, podemos extrair as seguintes conclusões:</p><p>INSTRUMENTOS POLÍTICOS</p><p>1º VOTO:</p><p>- Direito (o povo escolhe sem intermediário...).</p><p>- Secreto (é sigiloso, ninguém sabe em quem).</p><p>- Universal (para ricos, pobres, mulheres...)</p><p>- Periódico (de tempo em tempo...vitalício não).</p><p>Obs: Cláusula pétrea – Art. 60, §4º, II, da CF (não pode ser retirado da Constituição Federal):</p><p>2º PLEBISCITO:</p><p>- Iniciativa do Congresso Nacional.</p><p>- Forma e Sistema de Governo.</p><p>- Pergunta para o povo e, se houver concordância, faz a LEI.</p><p>3º REFERENDO:</p><p>- Iniciativa do Congresso Nacional.</p><p>- Exemplo: Desarmamento.</p><p>- Faz a lei, depois pergunta para o povo se concorda com sua aplicação.</p><p>4º INICIATIVA POPULAR:</p><p>- O povo poderá propor a criação de leis.</p><p>Previsto no art. 14 da Constituição Federal (inciso III), a Iniciativa Popular é estendida aos</p><p>Municípios, pelo inciso XIII, do art. 29:</p><p>"[...] iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município,</p><p>da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por</p><p>cento do eleitorado"</p><p>No entanto, atualmente tem se discutido a possibilidade da Iniciativa Popular em Projetos de</p><p>Emendas à Lei Orgânica Municipal. A matéria é desafiadora e suscitacontrovérsias.</p><p>Dependerá de análise da LOM, se existe previsão definida, sobre a lista de matérias de</p><p>iniciativa exclusiva e indelegável do Poder Legislativo local.</p><p>Contudo, a doutrina e a jurisprudência são conflitantes nos seguintes pontos:</p><p>• Se aplicado o princípio da simetria, não poderá haver iniciativa popular em projeto de</p><p>emenda à lei orgânica, pois na esfera federal isso não é permitido. Aliás, nem a Carta Magna previu</p><p>participação popular em projetos de Emenda à Lei Orgânica Municipal, mas limitou-a aos projetos de lei.</p><p>Vejamos o inciso XIII, do art. 29:</p><p>"[...] iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município,</p><p>da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por</p><p>cento do eleitorado"</p><p>• Se a iniciativa popular pode apresentar projeto com matéria de iniciativa reservada.</p><p>Quem pode ser votado? (Condições de Elegibilidade: art. 14, §3º)</p><p>• A nacionalidade brasileira (cargos que possam assumir a presidência da República);</p><p>• O pleno exercício dos direitos políticos;</p><p>• O alistamento eleitoral;</p><p>• Odomicílio eleitoral na circunscrição;</p><p>• A filiação partidária;</p><p>• A idade mínima de:</p><p>– Trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;</p><p>– Trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;</p><p>– Vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-</p><p>Prefeito e juiz de paz;</p><p>– Dezoito anos para Vereador.</p><p>Quem não pode ser votado? (Inelegibilidade)</p><p>Conforme preconiza o art. 14...</p><p>[...]</p><p>§ 4º - São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.</p><p>[...]</p><p>§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os</p><p>Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar</p><p>aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.</p><p>§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os</p><p>parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do</p><p>Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito</p><p>Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses</p><p>anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à</p><p>reeleição.</p><p>§ 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:</p><p>I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;</p><p>§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos</p><p>de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade</p><p>para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a</p><p>normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder</p><p>econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na</p><p>administração direta ou indireta.</p><p>Ressaltando que a Lei Complementar 64/90 (Lei das Inelegibilidades) atendeu essa</p><p>determinação constitucional, fixando outros casos que levam à inelegibilidade, que é a condição impeditiva</p><p>de ser votado.</p><p>Direito à Reeleição</p><p>Conforme dispõe o art. 14...</p><p>[...]</p><p>§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito</p><p>Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos</p><p>mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente.</p><p>1.2 PARTIDOS POLÍTICOS</p><p>Conceito de Partido Político</p><p>A expressão se refere à: “Um partido político é um grupo organizado formal e legalmente</p><p>constituído, com base em formas voluntárias de participação, em uma associação orientada para</p><p>influenciar ou ocupar o poder político em um país determinado [grifos nossos]” (VIANA,2003).</p><p>Ainda inexistem partidos políticos organizados a nível mundial.</p><p>Origem</p><p>Na Grécia e Roma antigas, dava-se o nome de partido a um grupo de seguidores de uma ideia,</p><p>doutrina ou pessoa. Mas foi só na Inglaterra, no século XVIII, que se criaram pela primeira vez, instituições</p><p>de direito privado, com o objetivo de congregar partidários de uma ideia política: o partido Whig e o</p><p>partido Tory.</p><p>De fato, a ideia de organizar</p><p>e dividir os políticos em partidos se alastrou muito, no mundo</p><p>todo, a partir da segunda metade do século XVIII, e, sobretudo, depois da revolução francesa e da</p><p>independência dos Estados Unidos.</p><p>Até porque, a partir daí, a própria percepção da natureza da comunidade política se transforma</p><p>dramaticamente.</p><p>Partidos Políticos no Brasil</p><p>Oficialmente, os partidos políticos já existem no Brasil há mais de cento e sessenta anos. Nesse</p><p>tempo, surgiram mais de duzentos.</p><p>Porém, muitos deles não durarammuito...</p><p>No Brasil, não existem partidos centenários, como é comum, por exemplo, nos Estados Unidos,</p><p>onde os democratas (desde 1790) e os republicanos (desde 1837) alternam-se no poder.</p><p>Motivo: inconstância da vida política brasileira (mudança de regimes-revoluções, dentre</p><p>outros).</p><p>Mudanças bruscas</p><p>- Implantação da República, em 1889, que sepultou os partidos monarquistas;</p><p>- Revolução de 1930, que desativou os partidos republicanos“carcomidos”;</p><p>- Estado Novo (1937-1945) o qual vedou a existência de partidos;</p><p>- Regime Militar de 1964 que confinou os partidos num quadro deferro.</p><p>Partidos no império</p><p>O historiador José Murilo de Carvalho foi enfático em dizer que “até 1837 não se podia falar em</p><p>partidos políticos no Brasil”.</p><p>O primeiro programa partidário foi redigido em 1864 (pelo Partido Progressista).</p><p>Partidos na República Velha</p><p>Assinado por Quintino Bocaiúva, do Manifesto Republicano em Itú, São Paulo, em 03 de</p><p>dezembro de 1870, surgiu o PRP (Partido Republicano Paulista).</p><p>Após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, surgiram partidos regionais</p><p>(Partido Republicano Paulista, Partido Republicano Mineiro, e assim por diante) e federais (os Partidos</p><p>Republicanos Federais/ Liberais e Conservadores).</p><p>Com a ascensão do coronelismo e suas práticas, as eleições passaram a refletir o poder do</p><p>caciquismo, sendo que a maioria delas resultava de manipulações ou de arranjos pré- vios feitos entre os</p><p>chefes políticos de cada estado.</p><p>Como eram os funcionários do governo que controlavam os procedimentos eleitorais e faziam</p><p>à contagem dos votos, em cada estado brasileiro uma máquina político-eleitoral - composta pelo coronel,</p><p>pelo cabo-eleitoral e pelo curral eleitoral - foi montada com a função básica de garantir resultados</p><p>satisfatórios ao grupo governante. Esta prática feria o principio básico do sistema republicano que se</p><p>assenta no princípio da rotatividade dos cargos e das funções, visto que as oposições estavam impedidas,</p><p>pelo processo eleitoral legal, de substituírem o grupo dominante.</p><p>Daí explodir a violência política (caso do Movimento Tenentista, de 1922-1927, da Revolução de</p><p>1923 no Rio Grande do Sul, ou o da Revolta da Princesa na Paraíba, em 1928).</p><p>Partidos ideológicos</p><p>Depois da Primeira Guerra Mundial, ficou a influencia do comunismo (sociedade igualitária, sem</p><p>divisão de classes, propriedades e produção são comuns a todos) e o fascismo (comando por grupos</p><p>autoritários).</p><p>Em 1922, foi fundado o Partido Comunista Brasileiro (PCB), liderado por Luís Carlos Prestes. Dez</p><p>anos depois, em 1932, foi à vez da fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), inspirada no Movimento</p><p>Fascista italiano e no Movimento da Falange espanhola, comandada pelo chefe Plínio Salgado.</p><p>Ambos os partidos, em momentos diferentes, tentaram depor o regime de Getúlio Vargas por</p><p>meio de um golpe. O PCB foi o principal articulador da frente denominada ANL (Aliança Nacional</p><p>Libertadora).</p><p>A ANL foi responsável pela fracassada Intentona Comunista, de 27 de novembro de 1935. A ABI</p><p>assaltou o Palácio da Guanabara, em 12 de maio de 1938, para derrubar o governo do Estado Novo que os</p><p>excluíra do poder. Colocados na ilegalidade pelo decreto de 02 de dezembro de 1937, somente retornaram</p><p>à vida política ao final da Segunda Guerra Mundial. O PCB ainda teve uma pálida atuação no Governo</p><p>Goulart (1961-64), e os ex-integralistas, acobertados pela sigla do PRP (Partido da Representação Popular),</p><p>fizeram sua última aparição na ditadura do Presidente Médici (1969-1973).</p><p>Os partidos da república redemocratizada (1945- 1965)</p><p>Totalmente proibidos durante o Estado Novo (1937-1945), os partidos políticos somente foram</p><p>novamente legalizados em 1945. É certo dizer que a vida política brasileira entre 1945 e 1964, foi</p><p>polarizada entre os partidos getulistas (PSD e PTB) e o principal partido antigetulista (a UDN).</p><p>Por conseguinte, mesmo depois da morte de Vargas, em 24 de agosto de 1954, a sua</p><p>personalidade continuou pairando sobre a sociedade brasileira por mais dez anos.</p><p>PSD (Partido Social-Democrático), formado por lideranças rurais e por altos funcionários</p><p>estatais.</p><p>PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), lideranças sindicais e os operários fabris em geral. UDN</p><p>(União Democrática Nacional), burguesia e a classe média urbana, favorável ao capital estrangeiro e à</p><p>iniciativa privada.</p><p>Coube à UDN o papel de ser a principal promotora das impugnações das vitórias eleitorais da</p><p>coligação PSD-PTB (1950, 1955), bem como a maior instigadora das tentativas de golpes militares que se</p><p>sucederam até a vitória em 1964.</p><p>O bipartidarismo no regime militar</p><p>Destruído o sistema partidário democrático existente desde 1945, o regime militar, a partir de</p><p>1965, com o Ato I-2, somente permitiram a existência de duas associações políticas nacionais, nenhuma</p><p>delas podendo usar a palavra “partido”.</p><p>ARENA (Aliança Renovadora Nacional), base de sustentação civil do regime militar, formada</p><p>majoritariamente pela UDN e egressos do PSD, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), com a</p><p>função de fazer uma oposição bem-comportada que fosse tolerável ao regime.</p><p>Da mesma forma, que na República Velha recorria-se à Comissão de Verificação dos Poderes do</p><p>Congresso para afastar opositores inconvenientes, o regime militar adotou o sistema de cassações de</p><p>mandatos para livrar-se dos seus adversários (foram 4.682 os que perderam seus direitos políticos).</p><p>O Multipartidarismo da Nova República</p><p>Em 1974, a oposição teve relevante vitória eleitoral, e começou a forçar a política da “abertura</p><p>lenta e gradual”. Em 1984, aconteceu a Campanha das Diretas-Já. Toda a oposição se uniu.</p><p>No lugar da extinta ARENA surgiram o PFL (Partido da Frente Liberal) e PPB (Partido Popular</p><p>Brasileiro). Do MDB emergiram o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) o PSDB (Partido</p><p>Social-Democrático Brasileiro), o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), o PDT (Partido Democrático</p><p>Trabalhista), e o PT (Partido dos Trabalhadores).</p><p>Outros partidos foram criados (multipartidarismo), existindo atualmente mais de 30 (trinta)</p><p>partidos ativos no país, segundo registros do TSE-Tribunal Superior Eleitoral.</p><p>Vide tabela de partidos registrados atualmente no Brasil:</p><p>https://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos/registrados-no-tse</p><p>Partidos Políticos: Representação e Governabilidade</p><p>Representação:</p><p>• Levar ao poder as vontades das classes representadas;</p><p>• Programas políticos;</p><p>• Ideias e ideais;</p><p>• Princípios.</p><p>Governabilidade:</p><p>• Estabilidade política;</p><p>• Bom governo das coisas;</p><p>• Desígnios de governo;</p><p>• Administração pública.</p><p>Muitos governantes abriram (e abrem) mão da representatividade, para manter a</p><p>governabilidade. Essa estratégia de sobrevivência adotada por muitos políticos de vulto, de evitar crises</p><p>políticas graves que pudessem enfraquecer de modo irreparável o poder das elites. Por isto, os partidos</p><p>políticos passaram a ter pouca confiança por parte da população brasileira em geral. Daí, haver uma</p><p>preferência dos eleitores por indivíduos, por homens confiáveis, por “salvadores”, mas não por programas</p><p>partidários ou ideológicos.</p><p>Regras partidárias</p><p>A Constituição Federal de 1988 rege sobre os partidos, anunciando a liberdade de criação e</p><p>funcionamento, porém, impondo regras e critérios em consonância com a legislação pátria,</p><p>para que eles</p><p>existam dentro de parâmetros que não firam demais direitos eliberdades:</p><p>“Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,</p><p>resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo,</p><p>os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes</p><p>preceitos:</p><p>I - caráter nacional;</p><p>II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo</p><p>estrangeiros ou de subordinação a estes;</p><p>III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;</p><p>IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.</p><p>§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura</p><p>interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos</p><p>permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para</p><p>adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições</p><p>majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem</p><p>obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional,</p><p>estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de</p><p>disciplina e fidelidade partidária.</p><p>§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da</p><p>lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.</p><p>§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao</p><p>rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que</p><p>alternativamente:</p><p>I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três</p><p>por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das</p><p>unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos</p><p>válidos em cada uma delas; ou</p><p>II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo</p><p>menos um terço das unidades da Federação.</p><p>§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.</p><p>§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º</p><p>deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do</p><p>mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação</p><p>considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de</p><p>acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão.”</p><p>E para as minúcias regulamentares, o Legislativo Federal aprovou a Lei nº 9.096 (Lei dos</p><p>Partidos Políticos), em 1995, definindo, entre outros, os seguintes rumos:</p><p>Art. 1º O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a</p><p>assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema</p><p>representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na Constituição</p><p>Federal.</p><p>Parágrafo único. O partido político não se equipara às entidades para estatais.</p><p>(incluído pela Lei nº 13.488, de 2017)</p><p>[...]</p><p>Art. 3º É assegurada, ao partido político, autonomia para definir sua estrutura</p><p>interna, organização e funcionamento.</p><p>§ 1º. É assegurada aos candidatos, partidos políticos e coligações autonomia</p><p>para definir o cronograma das atividades eleitorais de campanha e executá-lo</p><p>em qualquer dia e horário, observados os limites estabelecidos em lei.</p><p>(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.831, de 2019)</p><p>§ 2º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir o prazo de</p><p>duração dos mandatos dos membros dos seus órgãos partidários permanentes</p><p>ou provisórios.</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019)</p><p>§ 3º O prazo de vigência dos órgãos provisórios dos partidos políticos poderá</p><p>ser de até 8 (oito) anos.</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019)</p><p>§ 4º Exaurido o prazo de vigência de um órgão partidário, ficam vedados a</p><p>extinção automática do órgão e o cancelamento de sua inscrição no Cadastro</p><p>Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ).</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.831, de 2019)</p><p>Art. 4º Os filiados de um partido político têm iguais direitos e deveres.</p><p>[...]</p><p>Art. 7º O partido político, após adquirir personalidade jurídica na forma da lei</p><p>civil, registra seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral.</p><p>[...]</p><p>Art. 13º. Tem direito a funcionamento parlamentar, em todas as Casas</p><p>Legislativas para as quais tenha elegido representante, o partido que, em cada</p><p>eleição para a Câmara dos Deputados obtenha o apoio de, no mínimo, cinco por</p><p>cento dos votos apurados, não computados os brancos e os nulos, distribuídos</p><p>em, pelo menos, um terço dos Estados, com um mínimo de dois por cento do</p><p>total de cada um deles. (Vide Adins nºs 1.351-3 e 1.354-8)</p><p>[...]</p><p>Art. 18º. Para concorrer a cargo eletivo, o eleitor deverá estar filiado ao</p><p>respectivo partido pelo menos um ano antes da data fixada para as eleições,</p><p>majoritárias ou proporcionais.</p><p>[...]</p><p>Art. 24º. Na Casa Legislativa, o integrante da bancada de partido deve</p><p>subordinar sua ação parlamentar aos princípios doutrinários e programáticos e</p><p>às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção partidários, na forma do</p><p>estatuto.</p><p>[...]</p><p>Art. 26º. Perde automaticamente a função ou cargo que exerça, na respectiva</p><p>Casa Legislativa, em virtude da proporção partidária, o parlamentar que deixar</p><p>o partido sob cuja legenda tenha sido eleito.</p><p>[...]</p><p>Art. 38º. O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos</p><p>(Fundo Partidário) é constituído por:</p><p>I - multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos termos do Código Eleitoral</p><p>e leis conexas;</p><p>II - recursos financeiros que lhe forem destinados por lei, em caráter</p><p>permanente ou eventual;</p><p>III - doações de pessoa física ou jurídica, efetuadas por intermédio de depósitos</p><p>bancários diretamente na conta do Fundo Partidário;</p><p>IV - dotações orçamentárias da União em valor nunca inferior, cada ano, ao</p><p>número de eleitores inscritos em 31 de dezembro do ano anterior ao da</p><p>proposta orçamentária, multiplicados por trinta e cinco centavos de real, em</p><p>valores de agosto de 1995.</p><p>[...]</p><p>Art. 41-A. Do total do Fundo Partidário:</p><p>I - 5% (cinco por cento) serão destacados para entrega, em partes iguais, a</p><p>todos os partidos que atendam aos requisitos constitucionais de acesso aos</p><p>recursos do Fundo Partidário; e (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)</p><p>II - 95% (noventa e cinco por cento) serão distribuídos aos partidos na</p><p>proporção dos votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos</p><p>Deputados. (Incluído pela Lei nº 12.875, de 2013) (Vide ADI-5105)</p><p>Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II, serão desconsideradas as</p><p>mudanças de filiação partidária em quaisquer hipóteses.</p><p>2. ARRECADAÇÃO PÚBLICA</p><p>2.1 A ARRECADAÇÃO/RECEITA PÚBLICA</p><p>Por certo que o Estado depende de recursos financeiros, para o seu próprio funcionamento e para</p><p>a oferta de serviços públicos à população. Com isso, arrecada de diversas formas, nos termos da lei.</p><p>A principal fonte de arrecadação (receita) do setor público é o recebimento de obrigações</p><p>tributárias impostas à sociedade, cujas espécies e demais regras serão esclarecidas na sequência.</p><p>Todavia, arrecada recursos financeiros de outras fontes, além dos tributos.</p><p>No sentido técnico contábil, a arrecadação no setor público é denominada como receita. E no</p><p>sentido amplo, receita tem como sinônimos entrada ou ingresso.</p><p>Porém, no Manual de Procedimentos Aplicado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios</p><p>(2005), elaborado e publicado pelos Ministérios da Fazenda, o conceito de receita pública é explicado</p><p>como sendo:</p><p>[...] todos os ingressos de caráter não devolutivo auferidas pelo poder</p><p>público, em qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura</p><p>das despesas públicas. Dessa forma, todo o ingresso orçamentário</p><p>constitui uma receita pública, pois tem como finalidade atender às</p><p>despesas públicas.</p><p>Por sua vez, a Lei 4.320/64, que regula a Contabilidade Pública, divide a receita em dois tipos</p><p>distintos:</p><p>Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas:</p><p>Receitas Correntes e Receitas de Capital.</p><p>§ 1º - São Receitas</p><p>Correntes as receitas - tributária, de contribuições,</p><p>patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as</p><p>provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de</p><p>direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas</p><p>classificáveis em Despesas Correntes.</p><p>§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos</p><p>financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie,</p><p>de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito</p><p>público ou privado, destinado a atender despesas classificáveis em</p><p>Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente.</p><p>Pode ser classificada também como receita orçamentária e extra orçamentária (cauções,</p><p>fianças, depósitos para garantia, consignações em folha de pagamento, retenções na fonte, salários não</p><p>reclamados, operações de crédito por antecipação de receita-ARO e outras operações assemelhadas).</p><p>Figura 1 - MUZY, Leonardo. Noções de orçamento público. Disponível em:< http://slideplayer.com.br/</p><p>slide/3198889/>. Acesso em: 17 nov.2017.</p><p>A realização da receita pública possui estágios: previsão, lançamento, arrecadação e</p><p>recolhimento.</p><p>E na contabilização da receita pública aplica-se a forma analítica e sintética.</p><p>2.1 A ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA</p><p>Principal fonte de receita pública atualmente é a arrecadação tributária, que possui complexo</p><p>regramento legal e regulamentar.</p><p>Segundo preconiza Ricardo Alexandre (2009): “Tributo é a obrigação imposta às pessoas físicas</p><p>e pessoas jurídicas de recolher valores ao Estado, ou entidades equivalentes.”</p><p>Por sua vez, dispõe o Código Tributário Nacional – CTN (Lei 5.172/66): “Art. 3º - Tributo é toda</p><p>prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua</p><p>sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.</p><p>Resumindo, uma das precípuas funções do Estado é a prestação de serviços públicos; tal</p><p>prestação exige recursos humanos e materiais; isso implica que o Estado precisa e deve conseguir dinheiro</p><p>para pagar por estes recursos.</p><p>Tributo é vulgarmente chamado por imposto, embora tecnicamente este seja mera espécie</p><p>dentre as modalidades de tributos. Ou seja, tributo é o gênero, enquanto que imposto é uma de suas</p><p>espécies.</p><p>se em:</p><p>Tributo é o nome que se dá para vários tipos de exigência estatal em dinheiro, desmembrando-</p><p>Imposto - são os tributos que compreendem a contribuição monetária, que os poderes</p><p>públicos exigem da sociedade para atendimento de serviços não específicos. É a modalidade de tributo</p><p>cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica,</p><p>relativamente ao contribuinte.</p><p>Taxas - é o tributo cobrado pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos</p><p>Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, tendo como fato gerador o exercício regular do</p><p>poder de polícia ou a utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível, prestado ao</p><p>contribuinte ou posto à sua disposição.</p><p>Contribuições - desmembradas em 2 tipos basicamente, podem ser cobradas em contrapartida</p><p>a um investimento do Estado e sentido diretamente pelo contribuinte (melhorias, iluminação) ou para uma</p><p>atuação genérica mas com destinação exclusiva para a área que ela se fundamentou (social, intervenção</p><p>no domínio econômico, interesse de categorias profissionais).</p><p>Empréstimo Compulsório (só a União) - Sua criação, cobrança e arrecadação têm previsão</p><p>constitucional nos arts. 145 e 156, só pode ocorrer em situações excepcionais, e serve atender às despesas</p><p>extraordinárias decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência.</p><p>E ainda é possível que o Estado (União Estados Membros, Distrito Federal e Municípios) possa</p><p>arrecadar recursos não tributários, como heranças, alienações, aluguéis, indenizações, dentre outros.</p><p>Aliás, estão excluídas do conceito de tributo todas as obrigações que resultem de aplicação de</p><p>pena ou sanção (multa de trânsito, por exemplo).</p><p>Desta forma, os tributos sempre são obrigações que resultam de um fato regular ocorrido (fato</p><p>gerador).</p><p>O sujeito ativo do direito tributário é o Estado, por meio de seus entes (União, Estados,</p><p>Municípios e DF), e o sujeito passivo é toda pessoa física ou jurídica que tenha obrigação de pagar tributos</p><p>(Contribuinte).</p><p>Por certo que enquanto área estatal e ramo do direito, as regras tributárias são fundamentadas</p><p>em princípios insculpidos pela Constituição Federal.</p><p>2.2.1 PRINCÍPIOS DA ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA</p><p>Os Princípios são os vetores das normas, desmembrando-se em:</p><p>Princípio da legalidade: art. 5º, II e art. 150, I, da CF - ninguém será obrigado a fazer ou deixar</p><p>de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei.</p><p>Princípio da Anterioridade: art. 150, III, b, da CF - a lei que cria ou aumenta tributo, ao entrar</p><p>em vigor, fica com sua eficácia suspensa até o início do próximo exercício financeiro,</p><p>quando incidirá e produzirá todos os seus efeitos no mundo jurídico (não adia a cobrança e sim</p><p>suspende a eficácia, não há incidência).</p><p>Princípio da Segurança Jurídica (ou irretroatividade): art. 150, III, a, da CF - só produzem</p><p>efeitos para o futuro, salvo se para beneficiar o contribuinte.</p><p>Princípio da Isonomia: art. 150, II, da CF - tratamento igual a contribuintes que se encontrem</p><p>em situação equivalente.</p><p>Princípio da Capacidade Contributiva: art. 145, § 1º, da CF - tratar os desiguais de modo</p><p>desigual, exigindo o tributo de acordo com as possibilidades de cada um.</p><p>Princípio da Vedação de Efeitos Confiscatórios: art. 150, IV, da CF - o tributo deve ser razoável,</p><p>não podendo ser tão oneroso que chegue a representar um verdadeiro confisco.</p><p>Princípio da Imunidade Recíproca das Esferas Públicas: art. 150 VI, a, da CF - União, Estados,</p><p>Distrito Federal e Municípios não podem instituir impostos sobre o patrimônio, renda ou serviço, uns dos</p><p>outros.</p><p>Princípio da Imunidade de Tráfego: art. 150, V, da CF e art. 9º, III, do CTN - proibição de limitar</p><p>o tráfego interestadual ou intermunicipal de pessoas ou bens (com exceção do pedágio de via conservada</p><p>pelo poder público).</p><p>Princípio da Uniformidade Nacional: art. 151, I, da CF - o tributo da União deve ser igual em</p><p>todo território nacional, sem distinção entre os Entesfederativos.</p><p>Princípio da Vedação de Distinção em razão de procedência ou destino: art. 152, da CF -</p><p>Estados, DF e Município estão proibidos de estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de</p><p>qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.</p><p>Princípio da Não-cumulatividade: princípio aplicável no IPI e ICMS, para compensação em</p><p>operações atuais com anteriores.</p><p>Princípio da Tipicidade: o tributo só incide no caso de fato ou situação típica que esteja</p><p>descrita em lei.</p><p>No sistema de arrecadação tributária formalizada na Constituição Federal do Brasil, existe o</p><p>que se chama de repartição das receitas tributárias, pela qual os entes federativos (União,</p><p>Estados, Distrito Federal e Municípios) entrelaçam legitimidades e competências para a</p><p>instituição, fiscalização e arrecadação dos tributos.</p><p>Entretanto, para tornar mais prática à arrecadação, bem como, para propiciar a distribuição</p><p>proporcional dos recursos arrecadados entre os entes, a Carta Maior brasileira fixou formas e regras para</p><p>a repartição do resultado.</p><p>Utilizando-se o exemplo do Imposto de Renda, apesar dele ser um tributo arrecadado pela</p><p>União Federal, o montante é distribuído com os Estados, Municípios e Distrito Federal, pois é no território</p><p>de cada um deles que o contribuinte gerou a renda, e será em cada um deles que o cidadão exigirá</p><p>serviços públicos.</p><p>Ficando com uma cota obviamente, para a União, para a manutenção e sustentáculo de suas</p><p>obrigações nacionais.</p>

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