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<p>pág. 1</p><p>• Rito Residual (comum)</p><p>• Arrolamentos:</p><p>Comum (até 1.000 salários-mínimos – art. 664);</p><p>Sumário (maiores e capazes com acordo – art. 659);</p><p>Ritos do Inventário</p><p>Procedimento do inventário residual</p><p>1º Pedido de abertura</p><p>• Prazo 2 meses (art. 611, CPC), caso seja ajuiza-</p><p>do após esse prazo poderá haver a incidência</p><p>de multa no ITCD.</p><p>• Em relação ao foro (art. 48 CPC), deve ser</p><p>aberto no último domicílio do falecido. Toda-</p><p>via, como se trata de regra de competência re-</p><p>lativa, se for aberto em outro local e ninguém</p><p>se insurgir, a competência será prorrogada;</p><p>• A legitimidade para a abertura será dos her-</p><p>deiros ou outros interessados, como credores</p><p>dos herdeiros ou do de cujus, art. 615 CPC.</p><p>• Em relação aos documentos necessários,</p><p>basta procuração e o atestado de óbito para</p><p>pág. 2</p><p>ajuizar a ação de inventário. É importante sa-</p><p>ber disso, pois mesmo que você não tenha to-</p><p>dos os documentos, como matrícula de imó-</p><p>veis, dados dos demais herdeiros, etc, ajuíze</p><p>a ação mesmo assim, para evitar a incidência</p><p>de multa por atraso na abertura. Se o clien-</p><p>te já disponibilizou procuração e atestado de</p><p>óbito, ele pode te responsabilizar pela multa</p><p>caso não seja aberto o inventário no prazo de</p><p>2 meses.</p><p>• Valor da causa será uma estimativa real e</p><p>correta dos bens, não havendo necessidade</p><p>de ter certeza sobre o valor real dos bens, pois</p><p>quando necessário poderá ser realizada a ava-</p><p>liação judicial. Nesse caso, o juiz poderá deter-</p><p>minar a retificação do valor da causa com o</p><p>recolhimento de custas complementares.</p><p>2º Despacho inicial (art. 617):</p><p>• Ao receber a inicial, o juiz determinará a aber-</p><p>tura do inventário, nomeará o inventariante,</p><p>determinará a sua intimação para assinatura</p><p>do termo e apresentação das primeiras decla-</p><p>rações.</p><p>pág. 3</p><p>3º Expedição e assinatura do termo (§ único,</p><p>art. 617)</p><p>• Recebidos os autos do juiz, o cartório irá lavrar</p><p>o termo de inventariante e em seguida pro-</p><p>cederá a intimação do nomeado para a res-</p><p>pectiva assinatura, em 5 dias. Esse termo irá</p><p>legitimar o inventariante para o exercício de</p><p>sua função. Esse documento poderá inclusive</p><p>ser assinado pelo advogado, caso tenha pro-</p><p>curação com poderes específicos.</p><p>4º Primeiras declarações (art. 620)</p><p>• Nas primeiras declarações serão apresenta-</p><p>dos, se houver, o testamento, relação e qualifi-</p><p>cação dos herdeiros, o cônjuge e possível exis-</p><p>tência de meação, relação de discriminação</p><p>dos bens, relação das dívidas e créditos. Será</p><p>apresentado um panorama geral informando</p><p>ao juízo tudo sobre o inventariado, seus her-</p><p>deiros, bens e relações jurídicas.</p><p>5º Citação interessados (art. 626)</p><p>• Os interessados são os herdeiros, cônjuge, fa-</p><p>zenda pública, se tiver menor será intimado o</p><p>MP.</p><p>pág. 4</p><p>6º Manifestação dos interessados (art. 627)</p><p>• O prazo para manifestação sobre as primei-</p><p>ras declarações será de 15 dias. Esse será</p><p>o momento de apontar o que há de errado,</p><p>bem como o que deverá ser ajustado. Tam-</p><p>bém cabe aos interessados alegar questões</p><p>quanto a nomeação do inventariante e inclu-</p><p>são de herdeiros.</p><p>• Atenção para as questões de alta indaga-</p><p>ção: São as matérias que precisam de dilação</p><p>probatória e que o juiz remeterá para as vias</p><p>ordinárias. Exemplo: os herdeiros impugna-</p><p>ram a condição de herdeira da companheira</p><p>(união estável com o de cujus), caso a possível</p><p>companheira não tenha prova constituída, o</p><p>juízo do inventário não irá decidir essa ques-</p><p>tão, remetendo as partes para a discussão do</p><p>tema em ação própria, no caso, ação de reco-</p><p>nhecimento de união estável. Nessa situação,</p><p>como regra, não há suspensão do processo,</p><p>cabendo ao juízo do inventário reservar o qui-</p><p>nhão até que seja resolvido essa questão (§3º,</p><p>art. 627, CPC).</p><p>• O herdeiro preterido no inventário deverá</p><p>requerer sua habilitação durante o curso do</p><p>pág. 5</p><p>processo, inclusão essa que deverá ocorrer até</p><p>a partilha (art. 628 CPC). Caso já tenha sido fi-</p><p>nalizado o inventário deverá o mesmo ajui-</p><p>zar Ação de Petição de Herança para reivin-</p><p>dicar seu direito (art. 1.824/1.828, CC).</p><p>7º Avaliação dos bens (art. 630, CPC)</p><p>• A avaliação dos bens só será necessária se o</p><p>valor indicado nas primeiras declarações for</p><p>impugnado. A avaliação irá gerar custos, por</p><p>isso, as vezes melhor evitar a realização desse</p><p>ato.</p><p>• A avalição dos bens é importante para que</p><p>seja realizado o recolhimento do ITCD e divi-</p><p>são dos quinhões, art. 634 do CPC.</p><p>• Cabe lembrar que haverá oitiva das partes</p><p>em 15 dias.</p><p>8º Últimas declarações (art. 636, CPC)</p><p>• As últimas declarações têm como base as</p><p>primeiras declarações. Logo, você apenas irá</p><p>adequar e fazer os ajustes decorrentes das im-</p><p>pugnações acolhidas pelo juízo. Ou seja, você</p><p>vai emendar, aditar e complementar as pri-</p><p>meiras declarações.</p><p>pág. 6</p><p>• Recomendo que você apresente junto com</p><p>essa peça, o esboço de partilha para acelerar</p><p>o andamento do processo, se estiver atuando</p><p>pelo inventariante.</p><p>• Após a apresentação, as partes serão intima-</p><p>das a se manifestar, em 15 dias (art. 637, CPC).</p><p>9º Cálculo e pagamento do ITCD e das dívidas,</p><p>art. 638 CPC.</p><p>• Apresentadas as primeiras declarações e ou-</p><p>vidas as partes, passa-se à apuração e paga-</p><p>mento do ITCD, bem como de eventuais dívi-</p><p>das.</p><p>10º Pedido de quinhão pelos herdeiros, art. 647</p><p>CPC.</p><p>• Recolhido o ITCD, o juiz intimará os herdeiros</p><p>para que formulem pedido de quinhão. Tra-</p><p>ta-se de uma simples petição informando ao</p><p>juiz sobre quais bens o seu cliente tem inte-</p><p>resse. É o momento de conversar com o clien-</p><p>te, informar qual será o valor do quinhão que</p><p>ele terá direito e discutir quais seriam os bens</p><p>que poderiam ser utilizados como forma de</p><p>pagamento desse quinhão.</p><p>pág. 7</p><p>11º Decisão de deliberação da partilha com re-</p><p>messa ao partidor para esboço.</p><p>• Apresentados os pedidos de quinhão, o juiz</p><p>irá proferir a decisão de deliberação da parti-</p><p>lha e remeter o processo ao partidor para que</p><p>ele realize uma minuta de partilha no qual irá</p><p>descrever o que caberá a cada um dos herdei-</p><p>ros.</p><p>12º Manifestação dos interessados</p><p>• Após realizado o esboço de partilha (pelo par-</p><p>tidor ou pelo inventariante) o juiz determinará</p><p>que os herdeiros se manifestem, no prazo de</p><p>15 dias, conforme previsão do art. 652 do CPC.</p><p>13º Sentença de partilha</p><p>• Caso não haja divergência sobre o esboço de</p><p>partilha ou resolvidas as questões impugna-</p><p>das, o juiz proferirá sentença de partilha, con-</p><p>forme arts. 652 e 654 do CPC.</p><p>14º Expedição dos formais de partilha</p><p>• Transitada em julgada a sentença de partilha</p><p>serão expedidos os formais de partilha (vários</p><p>herdeiros) ou, quando se tratar de herdeiro</p><p>pág. 8</p><p>único, será expedido uma carta de adjudica-</p><p>ção. Esse será o documento que deverá ser</p><p>utilizado pelos herdeiros para transferir for-</p><p>malmente a propriedade dos bens inventaria-</p><p>dos para seus respectivos nomes.</p><p>• A composição do formal de partilha está pre-</p><p>vista no art. 655 do CPC:</p><p>Art. 655. Transitada em julgado a</p><p>sentença mencionada no art. 654 , re-</p><p>ceberá o herdeiro os bens que lhe to-</p><p>carem e um formal de partilha, do qual</p><p>constarão as seguintes peças:</p><p>I - termo de inventariante e título de</p><p>herdeiros;</p><p>II - avaliação dos bens que constituí-</p><p>ram o quinhão do herdeiro;</p><p>III - pagamento do quinhão heredi-</p><p>tário;</p><p>IV - quitação dos impostos;</p><p>V - sentença.</p><p>Atenção:</p><p>Após recolher o imposto, os herdeiros irão so-</p><p>licitar o pedido de quinhão. Se você estiver ad-</p><p>vogando para o inventariante, recomendo que</p><p>apresente o esboço de partilha. Nesse caso o juiz</p><p>poderá acolher seu esboço e com base nele deci-</p><p>pág. 9</p><p>dir eventuais impugnações. Essa atitude irá evi-</p><p>tar que o esboço seja realizado pelo partidor, ou</p><p>economizando tempo.</p><p>Outra opção prática que pode ser adotada é</p><p>cumular as últimas declarações com o esboço</p><p>de partilha. Nesse caso o juiz irá solicitar a ma-</p><p>nifestação dos herdeiros e eventualmente pedir</p><p>alguma retificação que será realizada pelo</p><p>inven-</p><p>tariante. Isso evita que o inventário vá ao partidor,</p><p>gerando economia de tempo.</p><p>Partilha</p><p>A partilha é o ato pelo qual o juiz realiza a divisão</p><p>dos bens deixados, atribuindo a cada um dos her-</p><p>deiros os bens que compõe o monte partível. As re-</p><p>gras básicas envolvendo a partilha são encontradas</p><p>no art. 648 do CPC:</p><p>Art. 648. Na partilha, serão observa-</p><p>das as seguintes regras:</p><p>I - a máxima igualdade possível</p><p>quanto ao valor, à natureza e à qualida-</p><p>de dos bens;</p><p>II - a prevenção de litígios futuros;</p><p>III - a máxima comodidade dos coer-</p><p>deiros, do cônjuge ou do companheiro,</p><p>se for o caso.</p><p>pág. 10</p><p>O primeiro pressuposto para a realização da par-</p><p>tilha é a definição exata dos bens e herdeiros. So-</p><p>mente quando esses dois pontos estão definidos o</p><p>juiz tem condições de proferir sentença de partilha.</p><p>Definidos os bens e herdeiros, o juiz fará o cál-</p><p>culo de qual o valor do quinhão de cada herdeiro.</p><p>Basicamente ele irá considerar o valor dos bens de-</p><p>finidos em avaliação e dividirá pela quantidade de</p><p>herdeiros, obedecidas as regras de divisão analisa-</p><p>das na aula 2.</p><p>Veja um exemplo.</p><p>Se João falece e deixa como herdeiros 3 filhos e</p><p>esposa, o juiz irá dividir o valor dos bens inventa-</p><p>riados em 4 partes para determinar o montante do</p><p>quinhão de cada um. Se após o pagamento das dí-</p><p>vidas e meação sobrou bens avaliados em 1 milhão</p><p>de reais, conclui-se que o quinhão de cada herdeiro</p><p>será de 250 mil. É como se cada herdeiro fosse cre-</p><p>dor desse valor.</p><p>O próximo passo será “pagar” esse crédito aos</p><p>herdeiros. Aqui é onde se encontra a maior dificul-</p><p>dade prática.</p><p>O juiz deverá pagar o quinhão de cada herdeiro</p><p>atribuindo bens que se encaixem no valor total do</p><p>quinhão, pois não pode haver diferença.</p><p>pág. 11</p><p>Voltando ao exemplo anterior, imagine que o va-</p><p>lor de 1 milhão deixado pelo falecido seja composto</p><p>por 2 imóveis, 3 veículos e saldo em conta. Um imó-</p><p>vel foi avaliado em 200 mil e outro em 350 mil. Um</p><p>veículo foi avaliado em 90 mil, outro 50 mil e outro</p><p>100 mil. O saldo bancário é de 210 mil.</p><p>Como partilhar esses bens se cada um possui</p><p>valor distinto dos demais?</p><p>Você tem que dar a cada herdeiro bens que so-</p><p>mem 250 mil. Essa é a tarefa da partilha.</p><p>Vamos dar um exemplo de como poderia ser re-</p><p>alizada essa partilha.</p><p>• Caberá ao filho A: imóvel de 200 mil e o carro</p><p>de 50 mil. Total: 250 mil.</p><p>• Caberá ao filho B: 50% do imóvel de 350 mil</p><p>mais 75 mil do saldo bancário. Total: 250 mil.</p><p>• Caberá ao filho C: 50% do imóvel de 350 mil</p><p>mais 75 mil do saldo bancário. Total: 250 mil.</p><p>• Caberá a esposa: Veículos de 90 e 100 mil,</p><p>mais 60 mil do saldo bancário. Total: 250 mil.</p><p>Perceba que todo o patrimônio deixado foi divido</p><p>de forma igualitária, de modo que cada herdeiro, ao</p><p>final, ficou com bens no valor de 250 mil, que foi o</p><p>pág. 12</p><p>montante definido para cada quinhão.</p><p>Essa, inclusive, poderia ser uma boa proposta de</p><p>partilha amigável que os advogados fariam.</p><p>Na prática, os juízes não costumam tentar fazer</p><p>esse tipo de ajuste para evitar a formação de con-</p><p>domínio entre os herdeiros. Por isso é importan-</p><p>te alertar ao cliente sobre a necessidade de fazer</p><p>acordo sobre a partilha. No exemplo acima, poderia</p><p>o magistrado simplesmente deixar todos os bens</p><p>em condomínio, determinando uma partilha da se-</p><p>guinte maneira:</p><p>• Caberá ao filho A: ¼ dos imóveis, ¼ dos veí-</p><p>culos, e ¼ do saldo bancário. Total: 250 mil.</p><p>• Caberá ao filho B: ¼ dos imóveis, ¼ dos veí-</p><p>culos, e ¼ do saldo bancário. Total: 250 mil.</p><p>• Caberá ao filho C: ¼ dos imóveis, ¼ dos veí-</p><p>culos, e ¼ do saldo bancário. Total: 250 mil.</p><p>• Caberá a esposa: ¼ dos imóveis, ¼ dos veícu-</p><p>los, e ¼ do saldo bancário. Total: 250 mil.</p><p>Isso seria desastroso, pois todos os bens ficariam</p><p>em condomínio e qualquer herdeiro poderia ajui-</p><p>zar ação de dissolução, para que fosse realizada a</p><p>venda e partilha do valor arrecadado.</p><p>Por isso, precisamos sempre explicar ao cliente</p><p>pág. 13</p><p>as vantagens de se realizar uma partilha amigável.</p><p>Talvez ele não fique exatamente com os bens que</p><p>gostaria, mas ao menos não ficará em condomínio</p><p>com os demais herdeiros e precisará ajuizar outra</p><p>ação para receber efetivamente o que lhe é de di-</p><p>reito.</p><p>Veja que esse foi apenas um exemplo simples</p><p>de partilha para que você entenda qual a lógica da</p><p>divisão. Aplicando o conhecimento das aulas 1 e 2,</p><p>e essa lógica da partilha, você é capaz de realizar</p><p>qualquer tipo de partilha. Basta definir quem são</p><p>os herdeiros, a cota de cada um e o valor dos bens.</p><p>pág. 14</p><p>Aula 4 - Caso prático</p><p>João, casado com Maria pelo regime da separa-</p><p>ção convencional falece. Deixa os filhos Paulo, fruto</p><p>do seu primeiro casamento e Pedro e Marcos filhos</p><p>comuns com Maria.</p><p>O monte partível apurado é de 1 milhão de reais,</p><p>composto pelos seguintes bens:</p><p>a) Imóvel A, avaliado em R$200.000,00;</p><p>b) Imóvel B, avaliado em R$ 350.000,00;</p><p>c) Veículo A, avaliado em R$90.000,00;</p><p>d) Veículo B, avaliado em R$50.000,00;</p><p>e) Veículo C, avaliado em R$100.000,00;</p><p>f) Saldo bancário de R$210.000,00;</p><p>Perguntas:</p><p>1) Qual o valor do quinhão dos herdeiros?</p><p>pág. 15</p><p>2) Como você faria a partilha desses bens?</p><p>pág. 16</p><p>@prof.roberto.ribeiro</p><p>Prof. Roberto Ribeiro</p><p>https://www.instagram.com/prof.roberto.ribeiro/</p><p>https://www.youtube.com/@ProfRobertoRibeiro</p>