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<p>Universidade Federal de Minas Gerais</p><p>Faculdade de Direito – Direito Noturno – Turma C</p><p>Direito Processual Civil I</p><p>Professor (a): Tereza Cristina Sorice Baracho Thibau</p><p>5ª Atividade Avaliativa - INTERVENÇÃO DE TERCEIROS</p><p>Alunos: Joseane Viana Silva, Priscila Marylin de Almeida, Caio Esteves Medeiros e</p><p>Vinícius Caillaux Silveira</p><p>1 – Introdução</p><p>O Novo Código de Processo Civil (CPC/2015) dispõe no Titulo III, Livro III da</p><p>sua parte Geral, sobre a Intervenção de Terceiros. Mas afinal qual a definição de</p><p>terceiros?</p><p>Pfutz (2018) cita os conceitos mais simples de terceiro, sendo por Luiz</p><p>Rodrigues Wambier (2013): “terceiro é quem não é parte” e Pedro Lenza (2013), que</p><p>afirma que são terceiros aqueles que não configuram como partes, que são os autores</p><p>e réus. Assim, pode-se conceituar terceiro como aquele (sujeito) estranho à relação</p><p>processual inicial, que não é parte no processo (não figura como sujeito em nenhum</p><p>dos pólos da relação Jurídica processual – demandante/demandado, autor/réu).</p><p>Permite a lei que um terceiro possa intervir em uma relação processual.</p><p>Segundo Theodoro Junior (2017, p. 446), “Ocorre o fenômeno processual chamado</p><p>intervenção de terceiro quando alguém ingressa, como parte ou coadjuvante da parte,</p><p>em processo pendente entre outras partes”.</p><p>A Intervenção de Terceiros tem como propósitos a economia processual (evitar</p><p>a repetição de atos processuais, promover a celeridade processual) e a harmonização</p><p>dos julgados (evitar decisões contraditórias) (PFUTZ, 2018), objetivando efetivar</p><p>princípios constitucionais (duração razoável do processo, contraditório, etc.).</p><p>São modalidades de intervenção de terceiros: a) assistência; b) denunciação</p><p>da lide; c) chamamento ao processo; d) incidente de desconsideração da</p><p>personalidade jurídica; e) amicus curiae.</p><p>O presente trabalho tem por finalidade demonstrar o instituto da intervenção de</p><p>terceiros disciplinado no Código de Processo Civil de 2015. Ao longo do trabalho,</p><p>serão apresentadas as espécies (modalidades) de intervenção detalhando as</p><p>hipóteses em que ocorrem, seus pressupostos e efeitos, cabimento, procedimento,</p><p>trazendo as informações possíveis sobre o tema.</p><p>2 - Espécie de Intervenção de Terceiros:</p><p>Como citado, a intervenção de terceiros nada mais é que um incidente</p><p>processual, autorizado por lei, por meio do qual um terceiro estranho à relação</p><p>processual ingressa no processo (que já estava em andamento), para atuar, como</p><p>parte ou como assistente, na defesa de interesses jurídicos próprios que possam ser</p><p>prejudicados pela sentença. (PFUTZ, 2018).</p><p>Segundo Theodoro Júnior (2017) a intervenção de terceiros é sempre</p><p>voluntária. A lei não obriga o estranho a ingressar e atuar no processo. Geralmente o</p><p>que acontece é a provocação de uma das partes do processo pendente para que o</p><p>terceiro venha a integrar a relação processual. Não pode o juiz obrigar, trazer por sua</p><p>vontade o terceiro a juízo. O que lhe é autorizado fazer, por exemplo, é determinar a</p><p>uma das partes que cite terceiros (litisconsortes necessários), se quiser a decisão de</p><p>mérito, caso contrário o processo será trancado sem ela (art.155, Parágrafo único</p><p>CPC/2015). A coação legal recai sobre a parte. O terceiro é livre para intervir ou não.</p><p>E no caso de não intervir, deve suportar os efeitos da sentença.</p><p>Destaque-se que a intervenção é facultativa para o terceiro e só poderá ocorrer</p><p>nas hipóteses previstas em lei.</p><p>A doutrina classifica as Intervenções conforme a iniciativa da medida, em:</p><p>- Espontâneas: aquelas de iniciativa de um terceiro. Exemplos: assistência,</p><p>Amicus Curiae.</p><p>- Provocadas: aquelas que, embora voluntária a medida adotada pelo terceiro,</p><p>ocorrem quando uma parte chama um terceiro (por citação) à integrar o</p><p>processo. Ocorre por exemplo na Denunciação da Lide, Chamamento ao</p><p>processo, etc.</p><p>Também classifica-se a intervenção conforme o terceiro vise ampliar ou</p><p>modificar subjetivamente a relação processual, podendo ser: a) Ad coadiuvandum</p><p>(quando o terceiro procura prestar cooperação a uma das partes, como na</p><p>assistência); b) Ad excludendum (quando o terceiro procura excluir uma ou ambas as</p><p>partes primitivas, como na oposição (está última suprimida pelo CPC/2015)).</p><p>(THEODORO JUNIOR, 2017, p. 447)</p><p>A intervenção de terceiros está disposta no Título III, Livro III, da Parte Geral</p><p>do Novo CPC, nos artigos 119 a 138, da seguinte forma:</p><p>- DA ASSISTÊNCIA (arts.119 a 124);</p><p>- DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE (arts. 125 a 129);</p><p>- DO CHAMAMENTO AO PROCESSO (arts. 130 a 132);</p><p>- DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA</p><p>(133 a 137);</p><p>- DO AMICUS CURIAE ( art. 138).</p><p>Importante assinalar que o CPC/1973 previa ainda outras duas modalidades de</p><p>intervenção de Terceiros: a nomeação à autoria e a oposição. O CPC/2015 suprimiu</p><p>as referidas modalidades sem abolir os institutos. (THEODORO JÚNIOR, 2017).</p><p>Outro fato importante é que diferentemente do Código de 1973, o Novo Código</p><p>de Processo Civil de 2015, permite que a intervenção de terceiros seja aplicável a</p><p>todos os procedimentos. O CPC/1973, admitia a Intervenção apenas no processo de</p><p>conhecimento de procedimento comum ordinário, havendo restrições no</p><p>procedimento comum sumário, nos procedimentos especiais e na execução</p><p>(MARTINS, 2016).</p><p>2.1 Assistência</p><p>2.1.1 Conceito e finalidade</p><p>A Assistência é uma modalidade de intervenção voluntária, promovida por</p><p>terceiro interessado, em prol de uma das partes, para que a sentença seja favorável</p><p>a ela. É uma modalidade de Intervenção, cuja finalidade é que um terceiro o qual não</p><p>é parte na relação processual (pelo menos na qualidade de assistência simples)</p><p>auxilie a parte em uma causa na qual tenha interesse jurídico (THEODORO JÚNIOR,</p><p>2017). A finalidade da assistência consiste assim em melhorar o resultado a ser obtido</p><p>no processo. Destaque-se que o terceiro não defende interesse próprio, participa</p><p>como coadjuvante defendendo o interesse de outrem.</p><p>2.1.2 Pressupostos</p><p>No art. 119 do CPC/2015 estão dispostos os pressupostos de admissibilidade</p><p>da assistência que são: i) a existência de uma relação jurídica entre uma das partes</p><p>do processo (assistido) e o terceiro (assistente); e ii) a possibilidade de a sentença</p><p>influir na relação jurídica.</p><p>Tais pressupostos para essa modalidade de intervenção, segundo Theodoro</p><p>Júnior (2017, p. 450-451), surge quando uma situação resultante da sentença para</p><p>uma das partes, tem consequências sobre outras relações jurídicas existentes entre</p><p>a parte e terceiro(s). Mesmo que essas relações não sejam objeto de discussão no</p><p>processo, ao terceiro interessa que a solução seja favorável de forma a não prejudicar</p><p>sua posição jurídica frente a uma das partes.</p><p>Afirma o citado autor que a intervenção do terceiro como assistente, pressupõe</p><p>um interesse na preservação/obtenção de uma situação jurídica de outrem (a parte)</p><p>que possa influir positivamente na relação jurídica existente entre ele, e a parte. Ou</p><p>seja, o interesse do assistente há de ser jurídico, deve relacionar-se com um vínculo</p><p>jurídico do terceiro com uma das partes.</p><p>2.1.3 Espécies (Modalidades)</p><p>Conforme disposição legal, a assistência poderá ser simples (art. 121 a 123</p><p>CPC/2015) ou litisconsorcial (art. 124 CPC/2015). O ordenamento brasileiro distingue</p><p>as duas modalidades de assistência previstas. A diferença basilar delas está no</p><p>interesse Jurídico do assistente.</p><p>Para Lopes Júnior (2020, p.101) “o traço identificador da assistência simples</p><p>está no interesse jurídico alegado pelo terceiro. Nessa modalidade, o terceiro afirma</p><p>ter uma relação jurídica com uma das partes e conexa com a relação jurídica discutida</p><p>no processo. A decisão a ser proferida no processo atingirá reflexamente a esfera</p><p>jurídica do terceiro-assistente”</p><p>Assim, quando o interesse do assistente for indireto (intervém tão somente</p><p>para coadjuvar uma das partes a obter sentença favorável,</p><p>sem defender direito</p><p>próprio), não vinculado diretamente ao litígio, trata-se de assistência simples (ou</p><p>adesiva). O interesse que justifica a intervenção é decorrente de uma relação jurídica</p><p>entre o terceiro e uma das partes do processo pendente. Os efeitos do processo,</p><p>para autorizar a assistência simples, são apenas indiretos ou reflexos, posto que a</p><p>relação material invocada pelo interveniente não será objeto de julgamento, por não</p><p>integrar o objeto litigioso (THEODORO JÚNIOR, 2017, p. 450-451).</p><p>Pelo disposto no art. 121 do CPC/2015, Donizetti (2016), explica que</p><p>“Na assistência simples, o assistente atuará como legitimado</p><p>extraordinário subordinado, ou seja, em nome próprio, auxiliará na</p><p>defesa de direito alheio. A legitimação é subordinada, pois se faz</p><p>imprescindível a presença do titular da relação jurídica controvertida</p><p>(assistido). O assistente simples trata-se de mero coadjuvante do</p><p>assistido; sua atuação é meramente complementar, não podendo ir</p><p>de encontro à opção processual deste”.</p><p>Na assistência litisconsorcial, o terceiro assume a posição de assistente na</p><p>defesa direta de direito próprio contra uma das partes.</p><p>Theodoro Junior (2017) ressalta que devem ser observados dois requisitos</p><p>para que a assistência seja qualificada como litisconsorcial: há de haver uma relação</p><p>jurídica entre o Interveniente e o adversário do assistido; e essa relação há de ser</p><p>normada pela Sentença. É o que dispõe o art. 124 do CPC: “Considera-se</p><p>litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na</p><p>relação jurídica entre ele e o adversário do assistido”.</p><p>Na assistência litisconsorcial, o assistente entra num processo no qual a</p><p>relação material que o envolve já está disputada em juízo. A demanda foi proposta</p><p>sem sua participação. O Assistente não figurou como litisconsorte na origem do</p><p>processo. Também o assistente litisconsorcial é titular do direito discutido e que tem</p><p>interesse Jurídico qualificado, a lei lhe dá o papel de litisconsorte da parte principal</p><p>a que presta assistência. Estabelece-se assim um litisconsórcio facultativo entre</p><p>assistente e assistido, visto que a relação Jurídica em disputa é uma só.</p><p>(THEODORO JÚNIOR, 2017)</p><p>Explica Donizetti, (2016) que na assistência litisconsorcial por possuir</p><p>interesse direto na demanda, o assistente é considerado litigante diverso do</p><p>assistido e não fica sujeito à atuação deste. Poderá então o assistente praticar atos</p><p>processuais sem estar subordinado aos atos praticados pelo assistido. Tem o</p><p>assistente poderes para recorrer, impugnar ou executar a sentença, por exemplo,</p><p>independentemente dos atos praticados pelo assistido, mesmo que em sentido</p><p>contrário.</p><p>Ressalta Theodoro Júnior (2017, p. 451) que o pressuposto da assistência</p><p>litisconsorcial, em regra, é a substituição processual: alguém está em juízo</p><p>defendendo, em nome próprio, direito alheio (art. 18 CPC). Embora o terceiro seja</p><p>titular do direito litigioso, em juízo, sua defesa, por autorização da lei, está sendo</p><p>promovida por outrem. Mesmo não sendo parte processualmente, a coisa julgada o</p><p>atingirá. Os efeitos da sentença não são apenas reflexos, pois incidem diretamente</p><p>sobre a situação jurídica do substituído, tendo ele participado ou não do processo.</p><p>Pelo disposto, pode-se afirmar que a grande diferença entre o assistente</p><p>simples (coadjuvante) e o assistente litisconsorte se configura por o assistente</p><p>simples não poder assumir, em face do pedido, posição diversa da do assistido, e o</p><p>assistente litisconsorcial, pode fazê-lo.</p><p>2.1.4 Hipóteses e Efeitos</p><p>As hipóteses nas quais o ordenamento legal permite a intervenção de</p><p>terceiros na modalidade assistência, estão previstas no CPC/2015 nos arts. 119</p><p>(Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado</p><p>em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-</p><p>la), 121 (trata do assistente simples) e 124 (trata do litisconsorte da parte principal</p><p>/assistente litisconsorcial).</p><p>Observados os termos do art. 119, para que seja admitida a assistência, deve</p><p>haver: a) um processo pendente; b) um terceiro estranho a relação processual; e c)</p><p>interesse jurídico do terceiro (a sentença a ser proferida no processo poder atingi-lo</p><p>direta ou reflexamente.</p><p>Dispõe o parágrafo único do art. 119 do CPC/2015 “A assistência será</p><p>admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o</p><p>assistente o processo no estado em que se encontre”.</p><p>Theodoro Junior (2017, p. 453) explica que enquanto não há coisa julgada, é</p><p>possível a intervenção do assistente, mesmo que já exista sentença e a causa esteja</p><p>em grau de recurso. Mas o assistente recebe o processo no estado em que se</p><p>encontra, sem direito a renovar os atos já praticados pelas partes porque a</p><p>intervenção é facultativa e dela não depende a eficácia da sentença.</p><p>No processo de conhecimento é permitido a assistência em qualquer tipo de</p><p>procedimento mas no de processo execução não, visto que a execução forçada não</p><p>se destina a uma sentença, mas a realização material do direito do credor. Em outro</p><p>caso, quando a execução for embargada, pelo devedor ou por terceiro, será</p><p>admissível a assistência, porque os embargos são ação incidental que se</p><p>desenvolve em busca de uma sentença. (THEODORO JÚNIOR, 2017).</p><p>O texto legal dispõe que a assistência deve ser requerida. O terceiro por</p><p>petição, requer o seu ingresso na qualidade de assistente de uma das partes nos</p><p>autos do processo em andamento. Verificado pelo juiz que há interesse Jurídico,</p><p>intimará as partes para que se manifestem quanto ao pedido de assistência no prazo</p><p>de 15 dias. O pedido poderá ser impugnado por qualquer das partes em quinze dias,</p><p>contados da intimação. Caso houver impugnação, esta devera referir-se à falta de</p><p>interesse jurídico do terceiro para intervir (art. 120, parágrafo único). O juiz rejeitará</p><p>liminarmente o pedido se verificado a ausência de interesse (jurídico) do terceiro (art.</p><p>120). Da impugnação, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo (art.</p><p>120, parágrafo único). O julgamento do incidente provocado pelo pedido de</p><p>assistência configura decisão interlocutória e, como tal cabe recurso de agravo de</p><p>instrumento (CPC/2015 art. 1.015, IX).</p><p>Dispõe o art. 121 CPC/2015 “O assistente simples atuará como auxiliar da parte</p><p>principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais</p><p>que o assistido”. A disposição desse artigo aplica-se tanto para a assistência simples</p><p>quanto para a litisconsorcial. Assim, pode o assistente praticar atos do processo pois</p><p>a lei lhe dá liberdade para isso. Todavia, do mesmo modo que a lei lhe dá poderes,</p><p>dá também encargos. Ao assistente recai ônus e/ou encargos que sobrevierem ao</p><p>assistido.</p><p>Destaca Theodoro Júnior (2017) que o disposto no Parágrafo Único do art.</p><p>119, aplica-se tanto a Assistência simples quanto a litisconsorcial: ambas tem lugar</p><p>em qualquer tipo de procedimento e pode ocorrer em qualquer grau de jurisdição,</p><p>recebendo o assistente “o processo no estado em que se encontre”. Refere-se essa</p><p>última parte a que enquanto não transitada em julgado a sentença de extinção do</p><p>processo, é viável a intervenção do assistente. Ao assistente (simples e litisconsorcial)</p><p>não é autorizado alterar o objeto da demanda ou as estratégias da defesa, fixados</p><p>pelo assistido.</p><p>Nos termos do art. 121, Parágrafo único “Sendo revel ou, de qualquer outro</p><p>modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual”.</p><p>Significa isso que os prazos que para o revel, correriam independentemente de</p><p>intimação, passarão a depender então, da ciência a ser dada ao assistente, como</p><p>substituto processual do assistido. (THEODORO JÚNIOR, 2017, p. 455). Destaque-</p><p>se que as disposições desse parágrafo não se aplicam ao assistente litisconsorcial.</p><p>Também não se aplica ao assistente</p><p>litisconsorcial o art. 122 CPC/2015 que</p><p>dispõe: “a assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a</p><p>procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a</p><p>ação ou transija sobre direitos controvertidos”. As limitações desse artigo se aplicam</p><p>a assistência simples. Ao assistente litisconsorcial é permitido prosseguir na ação,</p><p>pois também é titular da relação jurídica discutida. Isso porque no caso de assistência</p><p>litisconsorcial (art. 124 CPC/2015), assumindo o assistente a qualidade de</p><p>litisconsorte, a ele é lícito prosseguir na defesa de seu direito, ainda que tenha ocorrido</p><p>todas as situações descritas no art. 122 (desistência da ação, renuncia, etc.). Porém</p><p>deve-se frisar que o assistente litisconsorcial não pode formular pedido novo, pois o</p><p>que lhe é permitido é simplesmente aderir aos pedidos já formulados pela parte à qual</p><p>está ligado.</p><p>Destaque-se que sendo o assistente litisconsorcial também parte do processo,</p><p>terá sempre a faculdade de interpor recursos, ainda quando o assistido não o faça</p><p>(THEODORO JÚNIOR, 2017, p. 456).</p><p>Ao conferir ao assistente a qualidade de substituto processual, o CPC/2015</p><p>ampliou a participação do assistente que passa a atuar, em nome próprio, mas na</p><p>defesa de interesses do assistido. O novo código permite a substituição processual</p><p>em relação aos direitos e interesses da parte não apenas no caso de revelia do</p><p>assistido bem como no caso deste ser omisso. A legislação ampliou assim a esfera</p><p>de atuação do assistente simples.</p><p>Com referência à coisa julgada, o Assistente litisconsorcial é parte do processo</p><p>e como tal, sujeitase, normalmente, à eficácia da coisa julgada, frente à sentença que</p><p>decidir a causa. (THEODORO JÚNIOR, 2017, p. 458). Impõe o CPC,/2015, ao</p><p>assistente simples uma restrição que consiste no impedido de voltar a discutir, em</p><p>outros processos, sobre “a justiça da decisão”. No entanto prevê o código duas</p><p>exceções, as quais permitem ao assistente simples a reabertura de discussão em</p><p>torno do que foi decidido contra o assistido. Para tanto deve O assistente alegar e</p><p>provar que (art. 123 CPC/2015):</p><p>“I – pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos</p><p>do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;</p><p>II – desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido,</p><p>por dolo ou culpa, não se valeu”</p><p>Theodoro Junior (2017, p. 458) destaca que o art. 123 impede em realidade,</p><p>diante de eventuais efeitos externos da sentença prejudiciais à relação jurídica do</p><p>terceiro (aquela que justificou a assistência), venha ele a reabrir a discussão fundada</p><p>em má apreciação dos fatos e provas examinados e julgados em sua presença. Esse</p><p>quadro não poderá voltar à discussão por iniciativa do assistente, em futuro processo.</p><p>É assegurado pelo art. 996 CPC/2015 à parte vencida e também ao terceiro</p><p>prejudicado, o direito de recorrer. Resume Theodoro Júnior (2017, p. 463) que o</p><p>recurso de terceiro prejudicado é uma forma de intervenção de terceiro em grau de</p><p>recurso ou, mais propriamente, uma assistência na fase recursal, porque, no mérito,</p><p>o recorrente jamais pleiteará decisão a seu favor, não podendo ir além do pleito em</p><p>benefício de uma das partes do processo.</p><p>2.2 Da denunciação à lide.</p><p>2.2.1 Conceito e finalidade</p><p>A denunciação à lide é uma ferramenta processual que possibilita, por meio da</p><p>denúncia seja do autor ou do réu, a intervenção de terceiro em uma mesma demanda.</p><p>Este instrumento têm a finalidade de proteção do direito de regresso, assim permitindo</p><p>que a busca por esse direito seja facilitada ao ser integrada ao mesmo processo.</p><p>Assim, são processadas conjuntamente duas relações jurídicas materiais e</p><p>processuais distintas: a primeira, estabelecida entre o autor e o denunciante; a</p><p>segunda (denunciação), entre o denunciante e o denunciado. Além disso, como diz</p><p>Marcelo Abelha Rodrigues (2003): “A denunciação da lide é espécie de intervenção</p><p>de terceiro provocada, que possui natureza jurídica de ação condenatória eventual. É</p><p>eventual porque só será julgada se, e somente se, o responsável pela denunciação</p><p>(denunciante) for vencido pelo mérito na ação principal.”</p><p>2.2.2 Pressupostos</p><p>Trata-se de ação própria e, portanto, deve responder aos pressupostos</p><p>processuais e condições da ação que lhe são inerentes. Logo, é importante que tais</p><p>requisitos sejam preenchidos para que, satisfeitos os pressupostos, haja cabimento a</p><p>denunciação à lide.</p><p>Sobre isso, o procurador federal Cássio Mota de Sabóia ,em seu artigo sobre</p><p>esse tema, elucida excepcionalmente o seguinte: “Desta feita, hão de ser indeferidos</p><p>os pedidos de denunciação quando, por exemplo, carecerem de possibilidade jurídica.</p><p>Seria o caso da denunciação pretendida em hipótese vedada por lei (v.g. art. 13,</p><p>parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor), ou diante da existência de</p><p>cláusula contratual excluindo expressamente o denunciado da obrigação.</p><p>O mesmo se infere quando de sua formulação pelo réu que argua,</p><p>simultaneamente, na ação principal, sua ilegitimidade passiva ad causam. Com efeito,</p><p>se o denunciante réu se diz parte ilegítima na contestação, não pode pretender</p><p>exercer um direito de regresso através da denunciação, tendo em vista a</p><p>incompatibilidade entre sua defesa e a pretensão regressiva.</p><p>De igual forma se procede no tocante à causa de pedir da denunciação, que</p><p>deve conter relação com a causa de pedir da ação movida contra o denunciante.</p><p>Assim, não sendo preenchidos os requisitos de admissibilidade, deve a denunciação</p><p>da lide ser liminarmente indeferida pelo órgão julgador.”</p><p>2.2.3 Hipóteses</p><p>São as hipóteses de denunciação à lide, nos termos do art.125 do CPC, as</p><p>seguintes:</p><p>I- ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido</p><p>ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;</p><p>II- àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação</p><p>regressiva, o prejuízo do que for vencido no processo.</p><p>Quanto ao inciso I, se trata de denunciação da lide ao alienante imediato, para</p><p>garantir o adquirente dos riscos da evicção. Além disso, essa redação deixa clara a</p><p>impossibilidade de denunciação per saltum ao determinar que a intervenção só pode</p><p>se dar quanto ao alienante imediato. Assim como, também comunica com o art. 125,</p><p>§ 2º o qual ressalva que só será permitida uma denunciação sucessiva, visando maior</p><p>celeridade processual.</p><p>Quanto ao inciso II, este versa sobre a garantia de regresso e é imperativo tanto</p><p>na redação quanto pacífico na jurisprudência o seguinte: para que se defira a</p><p>denunciação da lide, é necessário que o litisdenunciado esteja obrigado, pela lei ou</p><p>pelo contrato, a indenizar a parte autora, em ação regressiva. Esse inciso também</p><p>comunica com o art. 125, § 1º que expressa claramente que quando a denunciação</p><p>da lide for impossibilitada o direito regressivo será exercido por ação autônoma.</p><p>2.2.4 Procedimento</p><p>No propósito de descrever o procedimento que decorre da denunciação à lide</p><p>me valerei da extensa redação já escrita por Elpídio Donizetti que servirá</p><p>perfeitamente nesse objetivo: “A denunciação feita pelo autor será requerida na</p><p>própria petição inicial (art. 126, 1ª parte). Nesse caso, cita-se primeiro o denunciado,</p><p>a fim de que ele possa se defender quanto à ação regressiva e aditar a petição inicial,</p><p>assumindo a posição de litisconsorte do denunciante, ou permanecer inerte, caso em</p><p>que será reputado revel na demanda regressiva (art. 127). Somente após transcorrer</p><p>o prazo para contestar a ação regressiva e aditar a inicial é que o réu será citado.</p><p>Quando o denunciante for o réu, a denunciação será requerida no prazo para</p><p>contestar (art. 126). A citação do denunciado deve ser promovida no prazo de 30</p><p>(trinta) dias, sob pena de se tornar sem efeito a denunciação (art. 126, parte</p><p>final, c/c</p><p>art. 131). Caso o denunciado resida em outra comarca, seção ou subseção judiciárias,</p><p>ou, ainda, em lugar incerto, o prazo para a citação será de dois meses. Frise-se que</p><p>a demora na citação por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça não tem o condão</p><p>de gerar qualquer prejuízo para o denunciante que providenciou a citação dentro do</p><p>prazo.</p><p>O juiz pode indeferir o pedido se entender não ser caso de denunciação,</p><p>decisão essa que enseja agravo de instrumento (art. 1.015, IX). Aceitando a</p><p>denunciação, a lide principal e a secundária tramitarão de forma simultânea e serão</p><p>decididas em uma única sentença.</p><p>Feita a citação do denunciado, este poderá adotar as seguintes posturas (art.</p><p>128): contestar o pedido do autor e atuar ao lado do denunciante, como litisconsorte</p><p>(art. 128, I); permanecer inerte, hipótese em que o denunciante poderá deixar de</p><p>prosseguir em sua defesa, restringindo a sua atuação à ação regressiva (art. 128, II);</p><p>confessar os fatos alegados pelo autor, podendo o denunciante prosseguir em sua</p><p>defesa ou aderir ao reconhecimento e requerer apenas a procedência da ação</p><p>regressiva (art. 128, III).</p><p>Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o</p><p>cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação</p><p>deste na ação regressiva (art. 128, IV).</p><p>2.3 Chamamento ao Processo</p><p>2.3.1 Conceito e finalidade</p><p>O chamamento ao processo é mais uma forma de intervenção de terceiros</p><p>prevista no novo CPC disciplinada pelos arts.130 a 132 que se entende como uma</p><p>faculdade dos réus para que eles chamem ao feito como litisconsortes passivos os</p><p>outros coobrigados junto ao credor comum.</p><p>Dessa forma, a finalidade deste instrumento se revela como “... a inclusão do</p><p>devedor principal ou dos coobrigados pela dívida para integrarem o polo passivo da</p><p>relação já existente, a fim de que o juiz declare, na mesma sentença, a</p><p>responsabilidade de cada um.” (DONIZETTI, 2016). De modo que essa possibilidade</p><p>privilegia o devedor solidário que paga a integralidade da dívida, evitando que ele</p><p>tenha que ajuizar outra ação para receber o que pagou (ou o que pagou além da sua</p><p>cota parte, quando se tratar de um devedor principal).</p><p>2.2.2 Pressupostos</p><p>Nesta breve seção dos pressupostos do chamamento ao processo é</p><p>imprescindível ceder o espaço ao renomado jurista Athos Gusmão Carneiro que</p><p>esclarece:</p><p>“Dois os pressupostos para o exercício, pelo demandado, da faculdade do</p><p>chamamento ao processo: Em primeiro lugar, a relação de direito “material” deve pôr</p><p>o chamado também como devedor (em caráter principal, ou em caráter subsidiário)</p><p>ao mesmo credor, o qual na demanda figura como autor. Em segundo lugar, é</p><p>necessário que, em face da relação de direito “material” deduzida em juízo, o</p><p>pagamento da dívida pelo “chamante” ao autor, em cumprimento da sentença</p><p>condenatória, confira ao chamante o direito de, no mesmo processo, exigir seu</p><p>reembolso (total ou parcial) pelo chamado.” CARNEIRO, Athos Gusmão. Op. Cit., p.</p><p>167 (grifos do autor).</p><p>2.2.3 Hipóteses</p><p>Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:</p><p>I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;</p><p>II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;</p><p>III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de</p><p>alguns o pagamento da dívida comum.</p><p>Daí estão as hipóteses do chamamento ao processo, o texto do instituto é claro</p><p>e prevê três hipóteses simples, inconfundíveis e ordinárias da prática jurídica se</p><p>conformando nas situações de fiança ou dívida solidária.</p><p>Assim, também vale ressaltar que se trata de uma forma de intervenção de</p><p>terceiros exclusiva do réu que chama ao processo, seja em razão de fiança ou dívida</p><p>de solidariedade, os coobrigados para que respondam diretamente ao autor da ação.</p><p>Além disso, caso o devedor ou fiador não promova o chamamento, ou então, o</p><p>fizer, mas o chamado não se manifestar e for condenado a pagar a dívida em favor</p><p>do autor, ficará sub-rogado nos direitos de credor, podendo exigir dos demais as</p><p>respectivas quotas partes. (DONIZETTI, 2016). Exemplos:</p><p>-Na ação promovida pelo credor diretamente contra o fiador, este poderá</p><p>exercitar o benefício de ordem previsto no art. 827 do CC e chamar ao processo o</p><p>devedor principal da obrigação (hipótese do inciso I, art. 130, CPC/2015). Ressalte-se</p><p>que o contrário não pode acontecer: se acionado o devedor principal da obrigação,</p><p>este não poderá chamar o fiador para integrar a lide como litisconsorte; ou seja, o</p><p>devedor não chama o fiador.</p><p>-Na ação promovida pelo credor para cobrança de débito afiançado de forma</p><p>conjunta, sendo a demanda proposta apenas contra um dos fiadores, os demais</p><p>(cofiadores solidários – art. 829, CC) poderão ser chamados ao processo (hipótese</p><p>do inciso II, art. 130, CPC/2015).</p><p>-Na ação proposta pelo credor contra um dos devedores solidários (art. 275,</p><p>CC), aquele que foi demandado individualmente poderá chamar os demais devedores</p><p>(hipótese do inciso III, art. 130, CPC/2015).</p><p>Diante disso, conclui-se que:</p><p>Em qualquer hipótese, aquele que satisfizer a dívida – caso a demanda seja</p><p>procedente ao credor – poderá exigi-la por inteiro do devedor principal, ou de cada um</p><p>dos codevedores a sua respectiva quota, na proporção que lhes tocar. Isso ocorre</p><p>porque a sentença de procedência valerá como título executivo (art. 132), garantindo</p><p>a quem pagou a dívida por inteiro o direito de ser ressarcido. (DONIZETTI, 2016)</p><p>2.2.4 Procedimento</p><p>Quanto ao procedimento, primeiramente deve-se ressaltar que essa</p><p>modalidade de intervenção de terceiros só é cabível no processo de conhecimento.</p><p>Não se admite chamamento ao processo em execução. Isto tendo sido superado,</p><p>quem melhor descreve o procedimento desse instrumento é Elpídio Donizetti (2016)</p><p>que redige o seguinte:</p><p>O réu deve requerer, no prazo para contestar, a citação do(s) chamado (s), que</p><p>irão figurar como litisconsortes passivos na demanda (art. 131). Se o juiz deferir o</p><p>pedido, a citação deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de se</p><p>tornar sem efeito o chamamento. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou</p><p>subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de dois meses (mesma regra</p><p>aplicável à denunciação da lide).</p><p>Feita a citação do chamado, este poderá contestar o pedido contido na lide</p><p>secundária, hipótese em que passará a ocupar o polo passivo da demanda (ampliação</p><p>subjetiva da lide). Caso o chamado mantenha-se inerte, a demanda prosseguirá entre</p><p>o autor e réu. Ressalte-se que, assim como nas demais modalidades de intervenção</p><p>de terceiro, o recurso cabível contra o deferimento ou o indeferimento do pedido de</p><p>chamamento é o agravo de instrumento (art. 1.015, IX).</p><p>Se a demanda for julgada procedente para o autor (credor), a sentença valerá</p><p>como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida. A regra é a mesma do</p><p>art. 80 do CPC/73. Se, no entanto, a demanda for julgada improcedente, o autor ficará</p><p>responsável pelas verbas de sucumbência em favor do chamante (réu originário), que,</p><p>por sua vez, arcará com a sucumbência em favor do chamado.</p><p>As grandes novidades trazidas pelo CPC/2015 com relação ao chamamento ao</p><p>processo foram:</p><p>· O CPC/2015 não prevê mais a suspensão do processo enquanto estiver</p><p>pendente a citação do denunciado ou do chamado (art. 79, CPC/73);</p><p>· O CPC/2015 ampliou os prazos para se efetivar a citação: a regra geral passa</p><p>a ser de 30 dias; quando o denunciado ou o chamado residir em outra comarca, seção</p><p>ou subseção judiciárias, o prazo será ampliado para dois meses (art. 131, parágrafo</p><p>único, CPC/2015).</p><p>2.4 Do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica</p><p>A desconsideração da personalidade jurídica é um instituto próprio do direito</p><p>civil, disposto no artigo 50 do CC. O novo CPC criou um procedimento para um</p><p>incidente de desconsideração dentro</p><p>do processo civil, disposto entre os artigos 133</p><p>e 137.</p><p>No campo do direito civil, a pessoa jurídica é diferente da pessoa física dos</p><p>seus sócios. Sendo assim, via de regra, o patrimônio da pessoa jurídica não se mistura</p><p>com o patrimônio das pessoas físicas. Desse modo, o patrimônio da pessoa física não</p><p>pode ser utilizado para pagar dívidas da pessoa jurídica. No entanto, há casos em que</p><p>a pessoa jurídica é utilizada como instrumento de fraude pela pessoa física, de forma</p><p>que torna-se possível atingir o patrimônio da pessoa física do sócio a fim de quitar</p><p>eventuais dívidas da pessoa jurídica. Assim, tem-se a figura da desconsideração da</p><p>personalidade jurídica. Para que ocorra a desconsideração da personalidade jurídica</p><p>é necessário que sejam respeitados aqueles requisitos impostos pelo direito material.</p><p>O Código Civil estabelece quando é cabível a desconsideração. Existem basicamente</p><p>duas modalidades de desconsideração da personalidade jurídica no direito civil:</p><p>1) Desconsideração em sentido strito: aquela que ocorre quando se atinge o</p><p>patrimônio do sócio a partir da desconsideração da pessoa jurídica.</p><p>2) Desconsideração inversa da personalidade jurídica: aquela que se dá quando se</p><p>atinge o patrimônio da sociedade para responder pelas dívidas do sócio (pessoa</p><p>física).</p><p>O incidente amplia o objeto do processo e traz mais um sujeito para essa</p><p>relação jurídica processual, sendo aplicado em casos de desvio de finalidade e</p><p>confusão patrimonial. O novo CPC exige dois requisitos para o incidente, sendo um</p><p>deles objetivo e outro subjetivo. O requisito objetivo é a insuficiência patrimonial do</p><p>devedor, quando o devedor não possui patrimônio suficiente para honrar com suas</p><p>dívidas. Já o requisito subjetivo é o requisito do abuso de direito, quando há desvio de</p><p>finalidade ou fraude. No ordenamento jurídico brasileiro, a regra é a Teoria da Maior</p><p>Desconsideração, que exige a presença dos dois requisitos.</p><p>O artigo 133 do CPC estabelece que o incidente é uma modalidade provocada,</p><p>podendo ser requerido pela parte ou pelo MP, não sendo possível que o juiz aja de</p><p>ofício, enquanto o artigo 134 dispõe que essa modalidade é cabível em todas as fases</p><p>do processo (processo de conhecimento; processo de execução ou cumprimento de</p><p>sentença; processo de execução por título extrajudicial), sendo válido ressaltar que</p><p>nos juizados especiais cíveis é proibida qualquer forma de intervenção de terceiros,</p><p>exceto a desconsideração da personalidade jurídica. O artigo 135 dispõe que, sendo</p><p>recebido o incidente, haverá a citação do terceiro por ser uma ação nova, visto que se</p><p>tem a suspensão do andamento do processo principal. Instaurado o incidente, o juiz</p><p>deve determinar que o sócio ou a pessoa jurídica sejam citados para se manifestarem</p><p>no prazo de 15 dias. Haverá instrução probatória, ou seja, o terceiro, citado para se</p><p>manifestar, irá poder produzir provas, assim como a parte que requereu a</p><p>desconsideração. O próprio juiz pode determinar a produção de provas que ele</p><p>entenda que sejam relevantes para o caso. Caso o autor já requeira a</p><p>desconsideração da personalidade jurídica na petição inicial, o incidente não precisará</p><p>ser instaurado.</p><p>Como disposto no artigo 136 do CPC, no primeiro grau, o julgamento se dá por</p><p>decisão interlocutória e, dessa decisão, caberá agravo de instrumento. Pode ser</p><p>também que se requeira, na segunda instância, a desconsideração da personalidade</p><p>jurídica. Nesses casos, quem decidirá sobre a desconsideração será o relator do</p><p>recurso, por meio de uma decisão monocrática. Dessa decisão do relator caberá o</p><p>recurso de agravo interno. Por último, o artigo 137 dispõe sobre a fraude em execução,</p><p>visto que somente após desconsiderada a personalidade jurídica, a oneração ou</p><p>alienação de bens do sócio será ineficaz em relação ao requerente.</p><p>A finalidade desse incidente é de, por meios processuais, atingir o patrimônio</p><p>da pessoa física, que se utilizou da pessoa jurídica para praticar atos danosos ao</p><p>patrimônio de outras pessoas. Na prática, em determinadas ações entre um credor e</p><p>uma pessoa jurídica detentora de dívidas, caso se perceba que essa pessoa jurídica</p><p>foi utilizada pelos seus sócios para praticar atos de fraude contra o credor, é possível</p><p>desconsiderar a personalidade jurídica da pessoa jurídica e adentrar no patrimônio</p><p>dos sócios. Os sócios, por meio desse incidente, que abrirá uma nova demanda</p><p>incidental, vão passar a compor o polo passivo dessa nova demanda incidental. Como</p><p>se trata de uma nova demanda, ainda que seja incidental, ou seja, que acontece no</p><p>decorrer de um processo que já está em curso, o pedido deve conter todos aqueles</p><p>elementos básicos que identificam uma ação (identificação das partes, causa de pedir</p><p>e pedido).</p><p>Além disso, o instituto contempla também a Desconsideração Inversa, em que</p><p>se imputa ao patrimônio da sociedade o cumprimento de obrigações pessoais do</p><p>sócio. Um exemplo dessa outra modalidade seria o caso de um dos sócios precisar</p><p>realizar uma despesa de caráter urgente e extraordinário em favor da sociedade, sem</p><p>que estivesse com o cartão corporativo ou outro método de pagamento da empresa</p><p>no momento da aquisição do serviço ou produto, e acabasse por se utilizar de recursos</p><p>próprios. Nessa situação, caso não seja devidamente ressarcido através de meios</p><p>amigáveis, pode suscitar a desconsideração em eventual litígio contra a sociedade.</p><p>Vale ressaltar que a decisão pela desconsideração tem efeitos apenas dentro</p><p>do processo pelo qual foi proferida, visando atingir o objetivo daquele processo e a</p><p>quitação de uma eventual dívida. Dessa forma, a desconsideração não é ampla ou</p><p>genérica, ou seja, não significa que, depois daquele momento, a pessoa jurídica deixe</p><p>de existir para suas outras obrigações.</p><p>2.5 Amicus Curiae</p><p>Derivado do latim, o termo simboliza o amigo da corte, uma terceira entidade,</p><p>sem interesse jurídico, apenas institucional, que instrui o poder judiciário para que sua</p><p>decisão seja melhor motivada e mais qualificada, contribuindo para um aumento da</p><p>qualidade das decisões judiciais. Como modalidade de intervenção de terceiros, pode</p><p>ser tanto espontânea, quando o próprio terceiro tem a iniciativa de entrar no processo,</p><p>quanto provocada. Sendo assim, o juiz pode tomar essa decisão de ofício ou a</p><p>requerimento da(s) parte(s), ou mesmo da própria pessoa ou entidade que atuar como</p><p>amicus curiae naquele caso.</p><p>Esta modalidade pode ser admitida em qualquer fase processual, bem como</p><p>em todas as instâncias de julgamento, tanto em procedimentos especiais quanto em</p><p>procedimento comum, e está expressa no artigo 138 do CPC/15:</p><p>Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a</p><p>especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da</p><p>controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a</p><p>requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar</p><p>ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou</p><p>entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo</p><p>de 15 (quinze) dias de sua intimação.</p><p>§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de</p><p>competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a</p><p>oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º.</p><p>§ 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a</p><p>intervenção, definir os poderes do amicus curiae .</p><p>§ 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente</p><p>de resolução de demandas repetitivas.</p><p>Cabe destacar que o caput do artigo indica a não utilização dessa modalidade</p><p>de intervenção em demandas que discorram sobre quaisquer assuntos, sendo cabível</p><p>sua aplicação em temas de ampla repercussão social, indicando uma grande</p><p>relevância para a matéria. Além disso, como disciplinada no artigo, essa classificação,</p><p>defendendo uma posição institucional, qualifica o contraditório, de forma a trazer mais</p><p>subsídios para a decisão judicial.</p><p>Outro ponto interessante na disciplina dessa figura é a necessidade de que o</p><p>amigo da corte detenha conhecimento típico da matéria abordada na lide, devendo</p><p>manifestar uma representatividade adequada, como bem aponta Daniel Amorim:</p><p>"A pessoa jurídica deve ter credibilidade e tradição de atuação</p><p>concernentes à matéria que se discute, enquanto da pessoa natural se</p><p>espera conhecimento técnico sobre a matéria. Ainda que sejam</p><p>conceitos indeterminados, dependentes de grande dose de</p><p>subjetivismo, são requisitos que se mostram importantes para evitar a</p><p>admissão de terceiros sem efetivas condições de contribuir com a</p><p>qualidade da prestação jurisdicional." (AMORIM, p.560).</p><p>Tratando-se do processo, quando houver o requerimento para o ingresso do</p><p>amicus curiae, o juiz deverá analisar naquele caso se o terceiro possui o interesse</p><p>institucional. Caso não tenha, o pedido será indeferido pelo juiz. Caso o pedido seja</p><p>deferido, o terceiro terá o prazo de 15 dias para apresentar sua manifestação de</p><p>caráter opinativo. Fora a manifestação, o amicus curiae tem atuação restrita no</p><p>processo, não podendo praticar atos processuais além dos delimitados pelo juiz. Além</p><p>disso, o juiz não é obrigado a seguir a manifestação do amicus curiae, não podendo</p><p>este recorrer da decisão, com exceção dos casos delimitados pelo art. 138, §1º e art.</p><p>138, §3º do CPC.</p><p>Dispõe-se ainda que, caso o juiz opte por admitir ou inadmitir o amicus curiae,</p><p>não haverá interposição de recurso contra essa decisão. As únicas exceções servem</p><p>para os casos de resolução de demandas repetitivas e embargos de declaração, que</p><p>se prestam justamente a melhorar a qualidade das decisões judiciais, bem como a</p><p>modalidade em questão. À vista disso, o amicus curiae possui legitimidade e interesse</p><p>para opor embargos de declaração.</p><p>Desta forma, o amicus curiae se mostrou um instrumento com aplicabilidade</p><p>prática no campo do processo civil, sendo importante para assistir o magistrado a</p><p>tomar decisões mais bem qualificadas tecnicamente, oferecendo subsídios e</p><p>enriquecendo a discussão com dados acerca do tema retratado em questões de</p><p>interesse coletivo e impacto social, sem prejudicar nenhuma das partes de forma</p><p>injusta.</p><p>3. CONCLUSÃO</p><p>Como visto, a intervenção de terceiros é qualificada pela introdução de um</p><p>sujeito que primariamente não fazia parte da relação processual da lide, podendo ser</p><p>categorizada no grupo da intervenção espontânea ou provocada. Na espontânea o</p><p>próprio terceiro tem iniciativa de entrar no processo, isso ocorre pela assistência, onde</p><p>o terceiro auxilia a parte em uma causa em que tenha interesse jurídico, se o pedido</p><p>de ingresso for deferido, o assistente entrará no processo no estado em que se</p><p>encontra, ou seja não haverá prática de atos realizados antes da sua participação;</p><p>essa modalidade pode ocorrer em todos os procedimentos em todos os graus da</p><p>jurisdição e consegue se dar na forma simples ou na forma litisconsorcial.</p><p>Ocorre a intervenção provocada quando uma parte do processo chama um</p><p>terceiro estranho à relação para integrá-la. Nesta modalidade temos a denunciação</p><p>da lide que é uma ação de regresso incidente ao processo já existente, independente</p><p>desta modalidade ser autônoma, ela é dependente da relação principal e neste caso</p><p>somente será julgado a denunciação caso a principal seja julgada contra o</p><p>denunciante. Outra categoria deste grupo é o chamamento ao processo, que é o</p><p>direito dado ao réu de chamar no polo passivo da demanda os responsáveis por</p><p>determinada obrigação, esta convocação deve ser realizado pelo réu no ato da</p><p>contestação sob pena de preclusão; em caso de sucumbência não ocorrendo o pedido</p><p>na contestação será necessário ajuizar uma nova ação contra os responsáveis. O</p><p>contraste entre estas duas modalidades da intervenção provocada é que na</p><p>denunciação da lide existe a ação de regresso e deve ser demonstrado que o</p><p>denunciado é quem deverá responder pela condenação, ao passo que no</p><p>chamamento a condenação é automática.</p><p>A última modalidade provocada recebe o nome de incidente de</p><p>desconsideração da personalidade jurídica, sendo um instituto que autoriza imputar</p><p>ao patrimônio particular dos sócios, obrigações assumidas pela sociedade quando e</p><p>se a pessoa jurídica houver sido utilizada abusivamente, além disso o instituto</p><p>contempla também a desconsideração inversa em que se realiza o contrário do que</p><p>foi expresso antes, ou seja neste caso imputar ao patrimônio da sociedade o</p><p>cumprimento de obrigações pessoais do sócio.</p><p>A espécie que completa a intervenção de terceiros compreende-se entre a</p><p>modalidade espontânea ou provocada é o amicus curiae (amigo da corte), em que</p><p>um terceiro apenas com interesse institucional instrui o poder judiciário para que sua</p><p>decisão seja mais qualificada e motivada. Esta posição institucional irá qualificar o</p><p>contraditório trazendo mais subsídios para a decisão do juiz.</p><p>Portanto, é demonstrado que a justiça brasileira conhecendo que intervenção</p><p>de terceiros é essencial as sentenças proferidas no ordenamento jurídico e que essas</p><p>impactam diretamente na vida dos cidadãos, assim, se busca cada vez mais</p><p>transparência e celeridade nos processos com maior aproveitamento e a facilitação</p><p>da rotina forense.</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Código de Processo Civil. Lei 13.105, de 16 de março de 2015. 1ª Edição.</p><p>Novo CPC. São Paulo: Editora Saraiva, 2015. (Legislação brasileira).</p><p>BRASIL. Lei 13.105 de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível</p><p>em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso</p><p>em jan. 2022.</p><p>DONIZETTI, Elpídio. Assistência (arts. 119 a 124, CPC/2015). Publicado em [2016].</p><p>Disponível em: https://portalied.jusbrasil.com.br/artigos/340942335/assistencia-arts-</p><p>119-a-124-cpc-2015. Acesso em jan. 2022.</p><p>DONIZETTI, Elpídio. Denunciação da lide (arts. 125 a 129). Publicado em [2016].</p><p>Disponível em: https://portalied.jusbrasil.com.br/artigos/343377286/denunciacao-da-</p><p>lide-arts-125-a-129 . Acesso em jan. 2022.</p><p>DONIZETTI, Elpídio. O chamamento ao processo no NCPC, CC e no CDC (arts. 130</p><p>a 132). Publicado em [2016]. Disponível em:</p><p>https://portalied.jusbrasil.com.br/artigos/348176584/o-chamamento-ao-processo-no-</p><p>ncpc-cc-e-no-cdc-arts-130-a-132 . Acesso em jan. 2022.</p><p>LOPES JÚNIOR, Jaylton. Intervenção de Terceiros. In: LOPES JÚNIOR, Jaylton;</p><p>CUNHA, Maurício; PINHEIRO, Rodrigo. Direito Processual Civil. Brasília: CP Iuris,</p><p>2020. Coleção Carreiras Jurídicas. (ebook).</p><p>MARTINS, Renan BUhnemann. A intervenção de terceiros no novo CPC. Publicado</p><p>em 02/2016. Disponível em: https://jus.com.br/amp/artigos/46652/a-intervencao-de-</p><p>terceiros-no-novo-cpc. Acesso em: jan.2022</p><p>NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Salvador:</p><p>Editora Jus Podivm, 2016.</p><p>PFUTZ, Maximiliano Dullius. A intervenção de Terceiros no novo CPC – o amicus</p><p>curiae. Publicado em 19/12/2018. disponível em:</p><p>https://www.migalhas.com.br/amp/depeso/293092/a-intervencao-de-terceiros-no-</p><p>novo-cpc---o-amicus-curiae. Acesso em: jan. 2022.</p><p>ROMANO, Rogério Tadeu. Chamamento ao processo . Revista Jus Navigandi, ISSN</p><p>1518-4862, Teresina, ano 21, n. 4606, 10 fev. 2016. Disponível em:</p><p>https://jus.com.br/artigos/46330. Acesso em: 30 jan. 2022.</p><p>SABÓIA, Cássio Mota de. Breves comentários acerca do instituto processual da</p><p>denunciação da lide. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 17, n.</p><p>3453, 14 dez. 2012. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/23226. 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