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<p>Direito Empresarial e do Consumid�</p><p>Tema 2: Direito Empresarial, S�ciedades Regulamentadas no</p><p>Código Civil</p><p>Módulo 1: ATIVIDADE EMPRESARIAL</p><p>Do caixeiro viajante ao empresário</p><p>O DIREITO é um conjunto de normas destinadas a regular a atuação dos indivíduos em sociedade</p><p>e estipula as regras de como as atividades produtivas devem ser desenvolvidas.</p><p>A estrutura do sistema jurídico brasileiro está formatada para o modelo do sistema Capitalista de</p><p>Produção, existem normas que promovem e incentivam o desenvolvimento das atividades</p><p>econômicas.</p><p>As NORMAS buscam, de um modo equilibrado, proteger, ao mesmo tempo, as atividades</p><p>econômicas, as sociedades empresárias, os trabalhadores e consumidores, que estão envolvidos no</p><p>processo de geração de riqueza.</p><p>As NORMAS de direito empresarial trata precisamente de como devem se organizar os entes que</p><p>desenvolvem atividades econômicas. Essa organização é necessária, uma vez que o exercício da</p><p>atividade empresarial conjuga uma série de fatores e elementos produtivos que dependem dessa</p><p>coordenação.</p><p>A busca pela ampliação de mercados para a troca de excedentes foi um dos motivos que levaram</p><p>à expansão do Império Romano. Da mesma forma, a Companhia das Índias Ocidentais, que</p><p>resultou na invasão holandesa ao Brasil, também buscava expandir seus mercados.</p><p>Alguns autores chegam a configurá-la como uma sociedade anônima, em razão de sua</p><p>organização.</p><p>Inúmeros eventos históricos se relacionam como exercício da atividade comercial pelo homem:</p><p>- Mercantilismo;</p><p>- Revolução Industrial;</p><p>- Globalização.</p><p>Todos foram motivados pelo exercício de práticas comerciais e, para poder realizá-las com</p><p>segurança, foi necessária a criação de regras específicas para esse ramo de atividades.</p><p>Algumas mudanças realizadas para o exercício de práticas comerciais no Brasil:</p><p>O antigo Código Comercial foi todo recortado e apenas a parte relacionada ao comércio marítimo</p><p>ainda permanece em vigor.</p><p>Conteúdos referentes ao direito empresarial estão no Código Civil, não mais no Código Comercial.</p><p>O fundamento do antigo direito comercial estava centralizado na figura do comerciante, que</p><p>sempre foi o responsável pelas obrigações assumidas nas trocas comerciais ao longo do</p><p>desenvolvimento histórico da atividade comercial.</p><p>A razão para este destaque ao comerciante é simples: ele era o elemento que executava os atos do</p><p>comércio, ou seja, as trocas comerciais.</p><p>A antiga teoria dos atos de comércio servia para proteger o comerciante, aquele que realizava e</p><p>praticava atos de comércio reconhecidos como tais.</p><p>A mudança nesse raciocínio veio com a construção da teoria da empresa, em oposição à teoria</p><p>dos atos de comércio.</p><p>Essa nova teoria identificava a empresa, e não mais o comerciante, como o fundamento do direito</p><p>comercial.</p><p>Resumindo</p><p>A partir da mudança do antigo Código Comercial pelo Código Civil de 2002, a figura jurídica da</p><p>empresa passou a ser o elemento central a ser protegido e fomentado por meio do conjunto de</p><p>normas jurídicas, que passou a ser reconhecido como direito empresarial, não mais direito</p><p>comercial.</p><p>Elementos do direito empresarial e a teoria da empresa</p><p>Quando falamos de direito empresarial, estamos nos referindo não apenas à teoria da empresa,</p><p>mas também às normas incorporadas pelo Código Civil.</p><p>Atualmente, existem projetos de lei tramitando no Congresso com o objetivo de reativar e atualizar</p><p>o Código Comercial, extrair o conteúdo do direito empresarial de dentro do Código Civil e</p><p>restabelecer a autonomia do direito comercial.</p><p>Tanto a teoria dos atos de comércio quanto a teoria da empresa nunca definiram de modo preciso</p><p>quem deveria ser identificado como comerciante ou como empresário. A razão é bem simples: o</p><p>ato de comerciar ou empresariar não é taxativo. As mudanças nos mercados, na economia e na</p><p>vida contemporânea não permitem uma categorização específica, sob pena de deixar de fora</p><p>inovações que possam ocorrer.</p><p>Para não correr o risco de inviabilizar inovações, tanto as normas do Código Comercial quanto as</p><p>do Código Civil tomam um caminho indireto: elas indicam quais atividades são consideradas</p><p>empresariais e quais não são. Portanto, os empresários são os que desenvolvem as atividades</p><p>empresariais.</p><p>A partir da edição do Código Civil de 2002, com a incorporação da teoria da empresa, surge a</p><p>necessidade de considerar algumas definições técnicas em relação aos termos:</p><p>- Empresa;</p><p>- Empresário;</p><p>- Sociedade Empresária.</p><p>DEFINIÇÃO DE EMPRESÁRIO</p><p>A partir do Código Civil de 2002: A referência primordial para a aplicação de regras, princípios e</p><p>normas inerentes ao direito empresarial está concentrada na figura do empresário.</p><p>MAS QUEM É O EMPRESÁRIO</p><p>Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a</p><p>produção ou a circulação de bens ou de serviços. - Art. 966º do Código Civil.</p><p>DEFINIÇÃO DE EMPRESA</p><p>É uma atividade, um conjunto de atos organizados, profissionais, com escopo lucrativo e com</p><p>habitualidade voltada para a produção ou circulação de bens e serviços.</p><p>ORGANIZAÇÃO</p><p>É a diferenciação dada pelo empreendedor ou empresário, na organização, na administração dos</p><p>fatores de produção como objetivo de produzir ou circular bens e serviços dentro da economia.</p><p>“Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou</p><p>artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão</p><p>constituir elemento de empresa” - Art. 966º do Código Civil.</p><p>Temos: a regra geral, a exceção e a exceção da exceção:</p><p>REGRA GERAL</p><p>Atividade empresária como atividade econômica, organizada e profissional, voltada para produção</p><p>e circulação de bens e serviços.</p><p>EXCEÇÃO</p><p>Profissão intelectual, artística, científica e literária, mesmo com auxílio de colaboradores de</p><p>produção, não corresponderá a atividade empresária.</p><p>EXCEÇÃO DA EXCEÇÃO</p><p>Salvo se constituírem como elemento de empresa.</p><p>Atividade empresariais</p><p>EMPRESA</p><p>É a atividade organizada pelo empresário para a circulação de bens e serviços, visando à</p><p>obtenção de lucro. A expressão deixou de ser utilizada exclusivamente para designar a entidade</p><p>organizada para exploração de fins econômicos. Ela se tornou reconhecida como atividade</p><p>econômica, abrangendo a ação, o processo e o ato de empreender.</p><p>EMPRESÁRIO</p><p>É aquele que organiza os elementos de produção para efetivar o negócio, liderando e gerenciando</p><p>a atividade econômica organizada.</p><p>SOCIEDADE EMPRESÁRIA</p><p>É a entidade organizada pela atividade de circulação de bens e serviços, visando à obtenção de</p><p>lucro, ou seja, aquela que realiza os atos de empresa.</p><p>Considerando a Lei nº 10.406/02 (Código Civil), podemos distinguir as definições técnicas dos</p><p>termos a seguir.</p><p>Os meios de atuação de um empresário e de um profissional liberal são muito distintos, a começar</p><p>pelo seu acesso.</p><p>Para distinguir uma atividade empresária de uma atividade não empresária, além do elemento</p><p>intelectual que se exclui da primeira, é necessário observar:</p><p>- Se a atividade está sendo desenvolvida de modo organizado, demonstrando uma lógica nas</p><p>etapas de produção;</p><p>- Se a atividade está sendo desenvolvida com profissionalidade e habitualidade, não sendo</p><p>algo esporádico;</p><p>- Se existe o objetivo de lucro, de gerar renda por meio do desempenho daquela atividade.</p><p>Impedimentos Legais</p><p>Essa determinação está prevista no art. 972 do Código Civil que diz que: “[...] podem exercer a</p><p>atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem</p><p>legalmente impedidos”.</p><p>A restrição relacionada à capacidade civil deve-se ao fato de que menores não podem ser</p><p>empresários. Porém, isso não significa que menores não podem ser sócios.</p><p>Profissionais que estão impedidos legalmente de exercerem a atuação empresarial:</p><p>- Militares da ativa, integrantes das forças militares nacionais.</p><p>- Servidores públicos civis, de todas as esferas da administração (Federal, Estadual e</p><p>Nacional).</p><p>- Juízes, em razão da incompatibilidade ética com o desempenho de suas atribuições e</p><p>funções.</p><p>- Médicos, em relação às farmácias, drogarias,</p><p>óticas ou aos laboratórios de análises clínicas,</p><p>por uma questão de concorrência desleal.</p><p>- Corretores e leiloeiros, em razão de vedação legal.</p><p>- Empresários que já faliram e ainda não foram reabilitados.</p><p>- Estrangeiros que não tenham residência no Brasil, sendo ainda vedados: o exercício da</p><p>atividade empresarial dedicada à pesquisa e à lavra de recursos minerais e ao</p><p>aproveitamento do potencial de energia hidráulica (por determinação constitucional, em</p><p>razão da natureza estratégica de tais mercados); o estrangeiro não naturalizado e o</p><p>naturalizado há menos de dez anos, para explorar empresa jornalística, de radiodifusão</p><p>sonora e de sons e imagens.</p><p>- Agentes políticos, com limitações em razão de não poderem participar de sociedade que</p><p>tenham negócios com o Estado, por uma questão de conflito de interesses.</p><p>Tipos de Empresários Individuais</p><p>EMPRESÁRIO INDIVIDUAL</p><p>Quem exerce atividades de empresa organizando insumos, matéria-prima, fatores de produção, de</p><p>modo profissional e com habilidade, com objetivo de promover a circulação de riqueza com bens</p><p>ou serviços economicamente valoráveis. Esse empresário individual responde com todos os seus</p><p>bens perante as obrigações assumidas em decorrência de suas atividades empresariais.</p><p>MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)</p><p>São uma categoria de empresários com restrições quanto às atividades permitidas, detalhadas no</p><p>Portal do Empreendedor. Há também um limite de faturamento anual de 81 mil reais por ano.</p><p>Muitos MEI estão envolvidos em uma prática chamada “pejotização” disfarçada, na qual o</p><p>empregador encoraja o empregado a abrir um CNPJ para reduzir custos indiretos e evitar</p><p>responsabilidades trabalhistas.</p><p>SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL (SLU)</p><p>Também conhecida como Ltda. unipessoal, não há a exigência de um capital social mínimo. Com a</p><p>promulgação da Lei de Liberdade Econômica (Lei nº 13.874/19), foi oficializada no Brasil a</p><p>possibilidade de uma “sociedade de um”. Isso implica que o empresário não precisa mais procurar</p><p>um sócio apenas por formalidade para abrir uma sociedade. A partir dessa lei, ele pode</p><p>estabelecer uma sociedade limitada com o capital social indicado e operar por meio dela sem a</p><p>necessidade de envolver terceiros.</p><p>Exercícios</p><p>1. No sistema jurídico nacional, não existe uma conceituação direta para a identificação da</p><p>figura do empresário. Essa conceituação é feita por meio das atividades que ele pratica.</p><p>Nesse sentido, podemos dizer que empresário é aquele que obtém lucro com o</p><p>desenvolvimento de sua atividade profissional?</p><p>a) Sim, porque o que diferencia a atuação do empresário é a obtenção de lucros, em</p><p>oposição às atividades sem fins lucrativos, que não são empresárias.</p><p>b) Não, porque existem atividades profissionais que também geram lucro, mas que não</p><p>podem ser consideradas como atividades empresariais, por determinação legal.</p><p>c) Sim, porque a geração do lucro é o elemento central na definição de sociedade</p><p>empresária.</p><p>d) Não, porque é necessário o elemento habitualidade no desempenho da atividade</p><p>profissional para que se caracterize como atividade empresária.</p><p>e) Sim, porque sem a geração de lucro há a descaracterização da atividade empresária.</p><p>A alternativa b está correta.</p><p>Existem atividades que não são consideradas empresárias pela legislação brasileira e, com</p><p>isso, não podemos reputar como empresários os indivíduos que exploram economicamente</p><p>a atividade intelectual.</p><p>2. A família Doremi passou os últimos dois anos com problemas financeiros, em decorrência</p><p>da demissão do marido e da chegada de mais um irmão para os três filhos que já tinham</p><p>em casa. Pensando em alternativas para sair da crise, a mãe começou a fabricar bolos e</p><p>doces para vender na vizinhança e na feira que era realizada todo domingo. Seus doces</p><p>começaram a fazer muito sucesso e se tornaram a principal fonte de renda da família. A</p><p>sra. Doremi decidiu formalizar a sua atividade para emitir nota fiscal e vender seus produtos</p><p>para restaurantes.</p>