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Indaial – 2019
LegisLação TrabaLhisTa, 
empresariaL e ConsumerisTa
Profª. Tatiana C. dos Reis Filagrana 
Profª. Sônia Adriana Weege 
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Profª. Tatiana C. dos Reis Filagrana
Profª. Sônia Adriana Weege
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
 F478l
 Filagrana, Tatiana Conceição dos Reis
Legislação trabalhista, empresarial e consumerista. / Tatiana Conceição 
dos Reis Filagrana; Sônia Adriana Weege. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 185 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0355-3
1. Legislação trabalhista. - Brasil. 2. Legislação empresarial. – Brasil. 3. 
Legislação consumerista. – Brasil. I. Weege, Sônia Adriana. II. Centro 
Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 342.14
III
apresenTação
Prezado acadêmico! O presente livro didático foi escrito para que 
você possa entender e se aperfeiçoar nas disciplinas de Direito Empresarial, 
Direito do Consumidor e Direito do Trabalho.
A Unidade 1 deste livro apresenta temas relevantes do Direito 
Empresarial, referentes aos fundamentos históricos e constitucionais, 
fontes, teorias, princípios e conceitos fundamentais, atividade empresarial. 
Trataremos também sobre conceito de empresa, empresário, estabelecimento, 
os registros dos comércios e os tipos de sociedades. 
A Unidade 2 apresenta temas referentes ao Direito do Consumidor, 
tendo como pontos centrais: base constitucional; princípios; conceitos 
básicos; direitos básicos do consumidor, responsabilidade pelo fato, do 
produto e do serviço; responsabilidade por vício do produto e do serviço; 
da desconsideração da personalidade jurídica; práticas comerciais; oferta. 
publicidade; as práticas abusivas; proteção comercial; cláusulas abusivas e 
contratos de adesão.
Por fim, na Unidade 3 deste livro iremos analisar temas de suma 
importância no Direito do Trabalho, tais como: conceito, origens e evolução; 
fontes e princípios do direito do trabalho; direito do trabalho e direitos 
fundamentais do trabalhador; relação de emprego; contrato de trabalho; 
empregado e empregador; jornada de trabalho, duração e intervalos; férias; 
alteração, suspensão e interrupção do contrato de trabalho e prescrição e 
decadência.
Temos certeza de que sua leitura será enriquecedora e satisfatória!
Boa leitura e bons estudos!
Tatiana C. dos Reis Filagrana
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – DIREITO EMPRESARIAL ......................................................................................... 1
TÓPICO 1– EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL ...................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL ......................................................... 5
2.1 CONCEITO DE DIREITO COMERCIAL (EMPRESARIAL) ..................................................... 8
3 TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO ............................................................................................. 11
4 TEORIA DA EMPRESA ...................................................................................................................... 14
5 FONTES FORMAIS DO DIREITO EMPRESARIAL ..................................................................... 17
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 19
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 20
TÓPICO 2 – CAPACIDADE DE SER EMPRESÁRIO ...................................................................... 21
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 21
2 O MENOR COMO EMPRESÁRIO ................................................................................................... 22
3 IMPEDIMENTOS E INCAPACIDADE ............................................................................................ 24
3.1 INCAPACIDADE SUPERVENIENTE .......................................................................................... 27
4 NOME EMPRESARIAL ....................................................................................................................... 27
4.1 FIRMA ............................................................................................................................................... 29
4.2. DENOMINAÇÃO ........................................................................................................................... 29
5 ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL ........................................................................................... 30
6 REGISTRO EMPRESARIAL .............................................................................................................. 31
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 33
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 34
TÓPICO 3 – SOCIEDADE ..................................................................................................................... 35
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35
2 HISTÓRICO ........................................................................................................................................... 36
3 CONCEITO ............................................................................................................................................ 37
4 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES .......................................................................................... 39
5 SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS ...................................................................................... 40
5.1 SOCIEDADE EM COMUM ............................................................................................................ 40
5.2 SOCIEDADE EM COMUM (IRREGULAR OU DE FATO) ........................................................ 41
6 LEGITIMIDADE PASSIVA E RESPONSABILIDADEDOS SÓCIOS ...................................... 43
7 A CAPACIDADE DE SER TITULAR DE DIREITOS E DEVERES DAS SOCIEDADES 
 DE FATO E A QUESTÃO DA LEGITIMIDADE PROCESSUAL ATIVA .................................. 44
8 SOCIEDADES EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO ......................................................................... 45
9 SOCIEDADES PERSONIFICADAS ................................................................................................. 46
9.1 SOCIEDADES SIMPLES ................................................................................................................. 46
9.1.1 Sociedades simples (em sentido estrito) .............................................................................. 47
9.1.2 Cooperativas ............................................................................................................................ 47
10 SOCIEDADES EMPRESÁRIAS ....................................................................................................... 50
11 SOCIEDADE EM NOME COLETIVO ........................................................................................... 50
sumário
VIII
12 SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES ................................................................................. 51
13 SOCIEDADES LIMITADAS ............................................................................................................ 52
14 SOCIEDADES POR AÇÕES ............................................................................................................. 53
15 SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES............................................................................ 53
16 SOCIEDADES ANÔNIMAS ............................................................................................................ 54
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 55
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 57
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 58
UNIDADE 2 – LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA ........................................................................... 59
TÓPICO 1 – CONCEITO: CONSUMIDOR, FORNECEDOR, ....................................................... 61
PRODUTOS E SERVIÇOS ..................................................................................................................... 61
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 61
2 DIFERENÇAS ENTRE OS SUJEITOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO ................................... 62
2.1 RELAÇÃO SOCIAL E RELAÇÃO JURÍDICA ............................................................................. 62
2.2 RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO ....................................................................................... 63
2.3 CONCEITO DE CONSUMIDOR ................................................................................................... 64
3 CONCEITO DE FORNECEDOR ....................................................................................................... 68
4 CONCEITO DE PRODUTOS E SERVIÇOS.................................................................................... 71
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 76
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 77
TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA................................................ 79
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 79
2 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ............................................................................................ 79
3 PROTEÇÃO À VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA ........................................................................... 82
4 PROTEÇÃO E NECESSIDADE ........................................................................................................ 82
5 TRANSPARÊNCIA ............................................................................................................................... 83
6 HARMONIA .......................................................................................................................................... 84
7 VULNERABILIDADE .......................................................................................................................... 84
8 INTERVENÇÃO DO ESTADO .......................................................................................................... 85
9 BOA-FÉ ................................................................................................................................................... 85
10 DEVER DE INFORMAR ................................................................................................................... 86
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 87
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 90
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 91
TÓPICO 3 – RESPONSABILIDADE NA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA ............................. 93
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 93
2 PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO ................................................................................ 94
3 POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO ..............................................................................100
4 OFERTA E PUBLICIDADE ...............................................................................................................103
5 OFERTA ...............................................................................................................................................104
6 PUBLICIDADE ....................................................................................................................................105
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................107
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................108
TÓPICO 4 – DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ................................109
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................109
2 TEORIAS: MAIOR E MENOR .........................................................................................................110
IX
3 PROTEÇÃO COMERCIAL ...............................................................................................................111
4 PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS .........................................................................................111
5 CLÁUSULAS ABUSIVAS .................................................................................................................113
6 CONTRATOS DE ADESÃO .............................................................................................................114
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................115
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................116UNIDADE 3 – LEGISLAÇÃO TRABALHISTA ...............................................................................117
TÓPICO 1 – CONCEITO: DIREITO DO TRABALHO E PRINCÍPIOS TRABALHISTAS ....119
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................119
2 CONCEITO E FUNÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO .........................................................120
3 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO ..............................................................................120
4 DISTINÇÃO DE TRABALHADOR E EMPREGADO ................................................................122
5 CONCEITO DE EMPREGADOR ....................................................................................................123
6 CRITÉRIOS DE CARACERIZAÇÃO DA RELAÇÃO EMPREGATÍCIA ................................124
7 MODALIDADES ESPECIAIS DE TRABALHO ...........................................................................126
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................128
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................129
TÓPICO 2 – CONTRATOS TRABALHISTAS .................................................................................131
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131
2 CARACTERÍSTICAS DO CONTRARO DE TRABALHO .........................................................131
2.1 CONTRATO POR TEMPO DETERMINADO ...........................................................................132
2.2 CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO.......................................................................132
2.3 CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO .........................................................................133
2.4 CONTRATO DE TRABALHO EVENTUAL ..............................................................................134
3 SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO .....................................135
3.1 INTERRUPAÇÃO ..........................................................................................................................135
3.2 SUSPENSÃO ...................................................................................................................................137
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................140
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................141
TÓPICO 3 – REMUNERAÇÃO X SALÁRIO ...................................................................................143
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................143
2 REMUNERAÇÃO ...............................................................................................................................144
3 SALÁRIO ..............................................................................................................................................144
3.1 SALÁRIO MÍNIMO .......................................................................................................................146
4 EQUIPARAÇÃO DE SALÁRIO .......................................................................................................150
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................151
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................152
TÓPICO 4 – VERBAS TRABALHISTAS ...........................................................................................153
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................153
2 FÉRIAS ..................................................................................................................................................154
2.1 PERÍODO AQUISITIVO ...............................................................................................................155
2.2 DA PERDA DO DIREITO ÀS FÉRIAS ........................................................................................155
2.3 PERÍODO CONCESSIVO .............................................................................................................156
2.4 DO PRAZO PARA PAGAMENTO ..............................................................................................157
2.5 DAS FÉRIAS COLETIVAS ............................................................................................................157
X
3 AVISO PRÉVIO ...................................................................................................................................158
3.1 AVISO PRÉVIO TRABALHADO.................................................................................................158
3.2 AVISO PRÉVIO INDENIZADO ...................................................................................................159
4 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO .....................................................................................................159
5 FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO – FGTS ..................................................160
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................167
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................172
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................173
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................175
1
UNIDADE 1
DIREITO EMPRESARIAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• ampliar a compreensão referente aos aspectos do Direito Empresarial;
• compreender a nova estrutura do Direito Empresarial, mediante as 
alterações jurídicas;
• adquirir uma visão geral a respeito dos temas do Direito Empresarial.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL
TÓPICO 2 – CAPACIDADE DE SER EMPRESÁRIO 
TÓPICO 3 – SOCIEDADE
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! No presente tópico será apresentada a evolução histórica 
do Direito Comercial. Traçaremos uma linha do tempo e analisaremos os motivos 
pelos quais o Direito que antes era denominado exclusivamente de Direito 
Comercial, passou a ser citado como Direito Empresarial.
Analisaremos as alterações da legislação empresarial, ao longo dos anos e 
suas peculiaridades, em decorrência desta “transformação” de nomenclaturas. É 
de suma importância que nós saibamos e tenhamos claro que não foram somente 
feitas alterações de nomenclaturas, mas também a forma como se passou a 
“negociar”, no âmbito comercial. 
Verificaremos que os atos comerciais praticados inicialmente eram através 
de escambo (troca de mercadorias) o que, muito tempo depois, com a criação da 
moeda, na Lídia (atualmente Turquia), passou a ser através de pecúnia.
Do mesmo modo, constataremos que, embora tenha havido uma alteração 
de parte do Código Comercial, através da edição da Lei nº 10.406/02, este ainda 
está em vigor, no que tange ao Direito Marítimo, contudo não visto mais como 
Código,mas sim, uma lei complementar que trata de tal assunto. 
Em relação ao terceiro livro do Código Comercial, Lei nº 556, de 1850, 
Das Quebras, esse foi derrogado pela primeira Lei Falimentar de 1890. Assim, se 
questionarmos hoje se existe um Código Comercial, podemos responder que sim, 
mas que ele não está unificado em um livro (objeto físico) somente, mas sim, 
esparso no Código Civil (Direito da Empresa) e Leis Extravagantes.
Em 1850, quando foi editado o Código Comercial, Lei nº 556, havia uma 
divisão clara entre o que eram considerados atos de natureza comercial, e os 
atos de natureza eminentemente civis. Esta divisão era em decorrência da Teoria 
dos Atos de Comércio, teoria esta reafirmada no Regulamento 737, editado no 
mesmo ano do Código Comercial Brasileiro, que em seu Art. 19, delineava quais 
seriam os atos especificamente comerciais. Esta Teoria dos Atos de Comércio foi 
trazida pelo Código Francês, de 1808, que serviu de influência ao nosso Código 
Comercial brasileiro.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
4
Porém, em decorrência da Teoria dos Atos de Comércio não abarcarem 
determinadas atividades negociais, com o passar dos anos, acaba tornando-
se obsoleta, não atendendo mais ao fim a que se destinava anteriormente, na 
edição do Código Comercial brasileiro. Essa teoria passa a ser questionada e 
insustentável, frente à nova realidade comercial que estava se abrindo junto à 
sociedade. Os juristas começam então a manifestarem-se a favor da unificação 
dos atos de comércio e civis, não os distinguindo mais, pois já não fazia mais 
sentido, esta distinção conceitual.
Mamede (2013, p. 3) faz referência a tal posicionamento jurídico:
Desde cedo surgiram juristas defendendo a reunificação do Direito 
Privado brasileiro; já em 1859, o grande professor baiano Teixeira de 
Freitas, a quem se pediu a elaboração de um projeto de Código Civil, 
afirmava que a distinção entre as duas disciplinas não se sustentava, 
pois, o ato civil e o ato comercial mantinham a mesma submissão à 
Parte Geral do Código Civil, ao Direito das Obrigações e Contratos. A 
distinção estava limitada aos costumes do comércio, que orientavam as 
práticas mercantis, mas não os atos civis. Não havia uma especialidade 
que justificasse a coexistência de duas disciplinas jurídicas, vez que o 
respeito aos costumes de cada área social é elemento comum de todas 
as disciplinas, orientando a atuação individual nos espaços em que não 
se tenha norma expressa. Muitas dessas práticas e dos institutos delas 
decorrentes, ademais, foram sendo assimiladas por não comerciantes, 
a exemplo da emissão de títulos de crédito.
 
Neste sentido, surge a necessidade dos atos negociais serem vistos sob 
outro ângulo e protegidos legalmente de forma diferente. Assim, com a alteração 
do Código Civil, pela Lei nº 10.406/02, os atos negociais passam a não ser 
diferenciados como atos de comércio ou atos civis, mas sim, atos que fazem parte 
do Direito Empresarial. O Código Civil, alterado, traz a Teoria da Empresa.
Com o advento da Teoria da Empresa tem-se uma visão mais ampla sobre 
atividades comerciais, que agora são denominadas de empresariais. O empresário 
passa a ser o centro das negociações, o objeto da legislação empresarial volta-se 
para a atividade empresarial em si, ou seja, a forma como o empresário lida com 
suas atividades e seus negócios.
O pilar principal da Teoria da Empresa, segundo Mamede (2013, p. 35), 
é a atividade, a ação organizada na esfera econômica, o que a doutrina 
convencionou chamar de empresarialidade ou elemento de empresa, 
que pode ser definida como sendo a organização racional dos fatores 
de produção. E a atividade assim desenvolvida, tenderá a não 
guardar vinculo de pessoalidade com seu titular, imprimindo certa 
impessoalidade ao seu exercício.
Assim, nesta Unidade 1 identificaremos o foco atual da legislação 
empresarial e as consequências desta alteração para o Direito Empresarial, antes 
denominado Direito Comercial.
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL
5
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL
Vamos analisar o que se passou com nossa legislação empresarial até os 
dias atuais? Embarque nesse túnel do tempo...
O Direito Empresarial, anteriormente denominado de Direito Comercial, 
passou por inúmeras transformações ao logo dos tempos, embora a propriedade 
e as atividades negociais sempre foram controladas juridicamente através das leis 
e regulamentos. 
No século XXV a.C. foi realizada uma reforma jurídica, onde se coibia 
a usura e os monopólios, na cidade de Lagash, na Suméria (Iraque), outrossim, 
temos como uma das legislações mais antigas e conhecidas, as Leis de Ur Nammu, 
século XXI a.C., que vigia na Suméria (que conhecemos atualmente como Iraque), 
na cidade de Ur, proibiam o cultivo em terras de propriedade alheia, limitavam 
juros e tabelavam os preços, no mesmo sentido, posteriormente, as Leis de Lipt 
Ishtar, século XX a.C., as Leis de Eshnunna e as Leis de Hamurábi, estas do século 
XVIII a.C.
Observamos que a atividade negocial passou por inúmeras alterações. 
Inicialmente, tínhamos a prática do escambo (troca de bens por outros bens) 
e, depois de muitos anos, com a criação da moeda, os bens passam a ser 
comercializados através de pecúnia.
FIGURA 1 - ESCAMBO
FONTE: <http://twixar.me/7fJ1>. Acesso em: 19 mar. 2019.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
6
FIGURA 2 - CRIAÇÃO DA MOEDA
FONTE: <http://twixar.me/qfJ1>. Acesso em: 19 mar. 2019.
“Surgem, então, no século VII a.C., as primeiras moedas com características das 
atuais: são pequenas peças de metal com peso e valor definidos e com a impressão do cunho 
oficial, isto é, a marca de quem as emitiu e garante o seu valor.
 As moedas refletem a mentalidade de um povo e de sua época. Nelas podem ser 
observados aspectos políticos, econômicos, tecnológicos e culturais. É pelas impressões 
encontradas nas moedas que conhecemos, hoje, a efígie de personalidades que viveram há 
muitos séculos. Provavelmente, a primeira figura histórica a ter sua efígie registrada numa 
moeda foi Alexandre, o Grande, da Macedônia, por volta do ano 330 a.C.” Disponível em: 
<http://portaldaeconomia.com.br/moedas/dinheironomundo.shtml>. Acesso em: 22 fev. 2019.
ATENCAO
Segundo Coelho (2013, p. 25), “Alguns povos da Antiguidade, como 
os fenícios, destacaram-se intensificando as trocas e, com isto, estimularam a 
produção de bens destinados à venda”.
Na Idade Média, temos duas situações: o feudalismo, caracterizado 
pela divisão das propriedades rurais em grandes estruturas políticas, atraindo 
uma atenção especial. E, o comércio que trazia uma força considerável para o 
crescimento das cidades que ali eram formadas. 
Nas cidades da Idade Média, considerando o crescimento considerável 
do comércio, começam a ser formadas as corporações de ofício de artesãos e 
comerciantes, com o intuito de proteger e regulamentar a atividade mercantil. 
Nessa fase ocorre a consolidação dos costumes, que passa a denominar-se de 
Consuetudos. 
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL
7
Gomes (2013, p. 34) ressalta que, 
nas antigas corporações de ofício existentes sobretudo na Europa 
Ocidental no final da Idade Média e início da Idade Moderna, as 
normas comerciais, representadas pelos regulamentos internos dessas 
corporações, aplicavam-se exclusivamente aos seus inscritos conforme 
as respetivas categorias profissionais, possuindo nítido caráter 
subjetivo.
De acordo com Mamede (2013, p. 2), “essas consolidações marcam o início 
do Direito Mercantil, na medida em que são as primeiras normas integralmente 
dedicadas ao comércio”.
As consolidações dos costumes foram de suma importância para o Direito 
Mercantil, tanto é assim que passaram a ser referências para o que denominamos 
hoje de Códigos Comerciais. Aponta-se que o Código Comercial francês, de 1808, 
foi o mais influente, sendo um marco para as demais legislações mercantis. 
NOTA
“Exemplos de normas dedicadas ao comércio provenientes dos Consuetudos:Consulato Del Mare (Espanha, século X), as Consuetudines (Gênova, 1056), O Constitutum 
usus (Pisa, 1161), o Liber consuetudinum (Milão, 2016), as decisões da Rota Genovesa sobre 
comércio marítimo, o Capitulare Nauticum (Veneza, 1255), a Tabula Amalfitana, também 
chamada de Capitula et Ordinationes Curiae Maritimae Nobilis Civilitatis Amalphe (Amalfi, 
século XIII), Ordinamenta et Consuetudo Maris Edita per Consules Civitatis Trani (Trani, século 
XIV) e Guidon de la Mer (Rouen, século XVI)” (MAMEDE, 2013, p. 2).
Observa-se que o comércio sempre esteve em posição de destaque perante 
as civilizações, tendo em vista que as atividades negociais serviram de crescimento 
econômico para as nações que estavam em formação.
Como menciona Gomes (2013, p. 29):
 [...] O comércio baseia-se na produção em excedente gerado para essa 
finalidade e assim denominado mercadoria, e que inicialmente era 
objeto de troca por outras mercadorias, em prática conhecida como 
escambo tendo sido posteriormente adotado um padrão objetivo de 
trocas – a moeda.
[...] por ser baseado na troca, o comércio é uma atividade tipicamente 
social, que exige a interação entre as partes envolvidas. Essa interação 
somente pode ser proporcionada pela vida em sociedade.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
8
IMPORTANT
E
Comércio é sinônimo de civilização e vida em sociedade (GOMES, 2013).
O Código Comercial francês, em 1808, trazia em seu escopo uma teoria que 
distingue os atos propriamente comerciais e os atos de natureza civil, selecionando 
assim, a legislação a ser utilizada em cada caso, ou seja, ao tratarmos de um ato 
negocial de natureza comercial, utilizaríamos o Código Comercial para dirimir 
eventuais litígios, se o ato tivesse natureza civil, a legislação civil seria utilizada, 
neste caso. Esta teoria serviu de base para o Código Comercial brasileiro, editado 
em 1850, por D. Pedro II, que deixou de ser aplicado, em 2003, quando entrou em 
vigor o Código Civil, alterado pela Lei nº 10.406/02.
Mamede (2013, p. 3) expõe:
Nos alvores do século XXI, com a edição da Lei 10.406/02, em 10 de 
janeiro de 2002, a unificação foi enfim concretizada. Reconheceu-
se que os atos jurídicos civis e comerciais têm a mesma natureza, 
estando submetidos à Parte Geral do Código Civil, bem como às 
regras ali dispostas sobre as Obrigações e os Contratos. Isso implicou 
a necessidade de se substituir a antiga teoria do ato de comércio por 
uma nova referência para as relações negociais. A opção escolhida foi 
a teoria da empresa.
Dessa forma, a Lei nº 10.406/02 unificou os atos de comércio e atos civis, 
pois chegou-se à conclusão de que ambas tinham a mesma natureza jurídica. 
Surgiu, então, a Teoria da Empresa.
2.1 CONCEITO DE DIREITO COMERCIAL (EMPRESARIAL)
Vamos analisar a questão conceitual e as características do Direito 
Empresarial?
Primeiramente, necessário explicarmos que o Direito antes era somente 
denominado Comercial, pois seu foco era nos atos comerciais, tanto é assim, que 
dividia estes atos dos atos civis, fundamentando tal distinção na Teoria dos Atos 
de Comércio.
Importante frisarmos que o Direito Comercial surge através dos usos e 
costumes e era aplicável aos membros de determinada corporação de comerciantes.
Coelho (2013, p. 27) ressalta:
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL
9
No início do século XIX, em Franca, Napoleão, com a ambição de 
regular a totalidade das relações sociais, patrocina a edição de dois 
monumentais diplomas jurídicos: o Código Civil (1804) e o Comercial 
(1808). [...] A delimitação do campo de incidência do Código Comercial 
era feita, no sistema francês, pela teoria dos atos de comércio. Sempre 
que alguém explorava atividade econômica que o direito considera 
ato de comércio (mercancia) submetia-se às obrigações do Código 
Comercial (escrituração de livros, por exemplo) e passava a usufruir 
da proteção por ele liberada (direito à prorrogação dos prazos 
de vencimento das obrigações em caso de necessidade, instituto 
denominado concordata). 
De acordo com o Código Comercial brasileiro de 1850, Lei nº 556, o objeto 
do Direito Comercial era o exercício efetivo do comércio, ou seja, a mercancia 
deveria ser a atividade fim daquela pessoa, tendo como seu fundamento a Teoria 
dos Atos de Comércio.
Referenciando o notável saber jurídico de Gomes (2013, p. 35), a respeito 
da Teoria dos Atos de Comércio, temos que:
Sob a vigência da Teoria dos Atos de Comércio, prevalecia o caráter 
objetivo do ato econômico em si, de modo que se a atividade econômica 
que constituía o objeto adotado pelo comerciante estivesse elencada 
no rol normativo dos atos de comércio, a sua inscrição no registro de 
comércio seria obrigatória e a sua submissão às normas do Direito 
Comercial, absoluta, sendo de pouca importância as proporções 
econômicas de seu negócio ou o modo como estivesse organizado.
E, mais, assinala Gomes (2013, p. 35):
Assim, constata-se que o comércio podia ser praticado por qualquer 
pessoa capaz, desde que não expressamente proibida por lei, fosse 
ela pessoa natural ou pessoa jurídica, e atendesse a certos requisitos 
legais de ordem objetiva. No primeiro caso, tínhamos o comerciante 
individual (que, como veremos adiante, foi substituído pelo empresário 
individual); no segundo, a sociedade comercial (que, em sentido 
genérico, foi substituída pela sociedade empresarial), tendo ainda e, 
posteriormente, surgido a empresa individual de responsabilidade 
limitada, não existente naquela ocasião.
 
Porém, observou-se uma fragilidade tangente ao conceito de comércio, 
sob a ótica da teoria dos atos de comércio, pois existiam práticas negociais 
que não estavam inseridas no Código Comercial, mas que, pela sua natureza 
deveriam estar inseridas: prestação de serviços, negociação de imóveis, 
agricultura ou extrativismo.
Assim, surge a Teoria da Empresa, normatizada no Código Civil brasileiro, 
alterado pela Lei 10.406/02, que altera o fundamento da atividade econômica e 
sua organização, este Direito passa a ser denominado de Direito Empresarial, 
onde o foco é a empresa que é mais abrangente que o objeto do Direito Comercial, 
nos moldes do Código Comercial brasileiro, Lei nº 556/1850.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
10
Mister transcrevermos o entendimento doutrinário de Gomes (2013, p. 35):
Conceitua-se empresa como toda atividade econômica, exercida de 
forma organizada, que visa à produção ou à circulação de bens ou de 
serviços, em uma mudança de foco em relação ao conceito tradicional 
de comércio, na medida em que a Teoria da Empresa abrange também 
parte da atividade de prestação de serviços, até então restrita ao 
âmbito do direito civil.
Temos que o Direito Empresarial se caracteriza por ser um ramo do direito 
privado, entretanto, impende salientarmos que o mesmo é autônomo em relação 
ao Direito Civil. Tem-se que o Direito Empresarial, como é visto atualmente, é 
uma especialização do Direito Civil, no sentido de que se dedica a regulamentar 
as relações comerciais e suas implicações jurídicas.
Cabe invocarmos a lição de Fran Martins (2001, p. 23):
Ramo do direito privado, apesar de conter certas normas do direito 
público (nas sociedades, na falência, no direito dos transportes), 
o direito comercial não se confunde com o civil, não obstante os 
números pontos de contato existentes entre ambos. Regulando as 
atividades profissionais do comerciante e os atos por lei considerados 
comerciais, ficam fora do âmbito do direito mercantil as relações 
jurídicas relativas à família, à sucessão e ao estado da pessoa, que são 
regidas pela lei civil. Afigura-se, assim, o direito comercial como um 
direito de tendências profissionais, enquanto o civil é de tendência 
individualista, procurando reger as relações jurídicas das pessoas 
como tais e não como profissionais.
Inicia-se uma nova fase no Direito Comercial, que passa a ser denominada 
Direito Empresarial, trazendo em seu escopo, a Teoria da Empresa.
ATENCAO
Evolução das Consolidações MercantisTeoria dos Atos de Comércio Teoria da Empresa
DICAS
Vídeo: Direito empresarial, direito comercial e direito de empresa, disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=evFAPNms8pU. Acesso em: 22 fev. 2019.
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL
11
3 TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO
Vamos analisar juntos quais as teorias que serviram de base para o Código 
Comercial brasileiro de 1850?
A Teoria dos Atos de Comércio, positivada no Código Comercial francês, 
de 1807, mencionava para que determinada pessoa fosse considerada comerciante 
teria que realizar a atividade negocial de forma habitual e profissional, o que se 
denominava de Mercancia.
Citamos o entendimento de Teixeira (2014, p. 30):
[...] atos de comércio ou mercancia pressupunham habitualidade, 
atuação contínua no exercício da atividade comercial. Conforme o art. 
19 do então vigente Decreto (Regulamento) nº 737/1850, considerava-
se mercancia: a compra e venda ou troca com o fim de revender por 
atacado ou a granel na mesma espécie ou manufaturados ou com o 
objetivo de alugar; as operações bancárias, de corretagem e de câmbio; 
as empresas de fábrica, de comissão, de depósito, de expedição, de 
consignação, de transportes de mercadorias e de espetáculos públicos; 
os seguros, fretamentos e demais contratos do comércio marítimo; 
armação e expedição de navios.
O objetivo do Direito Comercial era regulamentar a atividade dos 
comerciantes, as negociações de quem comprava para revender.
Gomes (2013, p. 34), assinala as determinações dos Atos de Comércio:
[...] a Teoria dos Atos de Comércio determinava a aplicação de normas 
comerciais aos atos legalmente definidos como atos de comércio, 
atribuindo assim, um caráter objetivo ao direito comercial. Desse modo, 
uma pessoa (natural ou jurídica) se encontrava submetida às regras 
do direito comercial pela Teoria dos Atos de Comércio se exercesse 
determinadas atividades específicas, no caso do Brasil, relacionadas 
no art. 19 do já revogado Regulamento 737/185, correspondendo à 
chamada Mercancia, que podia ser definida como a prática reiterada 
dos atos de comércio.
Assim, identificamos que os atos de comércio, também denominado de 
mercancia, eram aquelas negociações feitas de forma habitual e profissional. 
A Teoria dos Atos de Comércio, positivada de forma expressa pelo Código 
Comercial francês, em 1807, serviu de base para nosso Código Comercial, Lei nº 
556, editado em 1850.
O Código Comercial francês, em 1807, conceituava de forma expressa 
o que eram atos de comércio, em seu Art. 110-1 (TEIXEIRA, 2014): Art. 110-1, 
Código Comercial francês (1807): ato de comércio é a compra com intenção de 
revender.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
12
Posteriormente, o Decreto nº 737/1850, em seu art. 19, conceituou a 
mercancia: 
Art. 19. Considera-se mercancia:
§ 1º A compra e venda ou troca de efeitos moveis, ou semoventes para os 
vender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, 
ou para alugar o seu uso;
§ 2º As operações de câmbio, banco e corretagem;
§ 3º As empresas de fabricas; de comissões; de depósitos; de expedição, 
consignação, e transporte de mercadorias; de espetáculos públicos;
§ 4º Os seguros, fretamentos, risco, e quaisquer contratos relativos ao 
comércio marítimo;
§ 5º A armação e expedição de navios (BRASIL, 1850).
Cumpre citarmos que, doutrinariamente, os atos de comércio classificavam-
se em três grupos: atos de comércio por natureza; atos de comércio por força de lei 
e atos de comércio por conexão. Conceitualmente, nos explica Cometti (2013, p. 19),
Atos de comércio por natureza são aqueles que decorrem diretamente 
da atividade mercantil, por exemplo, a compra e venda.
Atos de comércio por força de lei são atos que não seriam de natureza 
comercial, mas, por imposição legal, são considerados atos de comércio. 
É o caso das operações de banco ou transporte de mercadoria, que 
consistem na prestação de serviços.
Os atos de comércio por conexão são atos não comerciais, mas por 
estarem relacionados a uma atividade comercial, são considerados 
comerciais.
Outrossim, o Código Comercial Brasileiro, de 1850, mencionava que, seria 
necessário que o comerciante tivesse efetuado sua matricula perante o Tribunal 
do Comércio para que pudesse ter uma proteção legal, considerando que a 
mercancia era sua profissão habitual (TEIXEIRA, 2014).
No mesmo sentido, conceitua Franco (2012, p. 40): “O ato de comércio é ato 
jurídico, qualificado pelo fato particular de consubstanciar aqueles destinados à 
criação e circulação da riqueza mobiliária e, como tal, conceitualmente voluntário 
e dirigido a produzir efeitos no âmbito regulado pelo direito comercial”.
Relevante registrarmos que, inicialmente o Direito Comercial era baseado 
nos usos e costumes dos povos. Conforme expõe Cometti (2013, p. 17): 
Nesta primeira fase, o direito comercial caracterizou-se como um 
direito: 
a) costumeiro, em que os usos e costumes geralmente observados 
pelos mercadores constituíam a sua principal fonte;
b) internacional, uma vez que os usos e costumes mercantis eram 
aplicados geralmente em toda Europa, nas grandes feiras; e
c) corporativo, pois suas normas eram aplicadas pelo tribunal das 
corporações (juízo consular) no julgamento de controvérsias 
existentes entre seus próprios membros. O direito comercial é, 
nesse momento, um direito de classe.
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL
13
IMPORTANT
E
O comerciante, de acordo com a definição tradicional, era toda pessoa que 
praticava – profissionalmente – atividades de produção de bens ou atos de intermediação na 
venda e compra de mercadorias, com intuito de lucro, ou seja, que executava atos definidos 
pela lei como atos de comércio (GOMES, 2013). 
Porém, ao passar dos anos, percebeu-se a insuficiência e fragilidade 
da Teoria dos Atos de Comércio, no sentido de que não se consegue distinguir 
claramente os atos de comércio e atos civis, como determinava a legislação 
francesa e, posteriormente, a legislação brasileira. Até porque surgem “novas 
formas” de comercialização, por exemplo a prestação de serviços. Impulsionando 
assim, uma nova teoria, a Teoria da Empresa.
Mencionamos o entendimento de Franco (2012, p. 37), a esse respeito:
No conjunto encontram-se outros atos e atividades que, embora 
pertencentes a setores econômicos distintos daqueles destinados ao 
comércio, pelo fato de concorrerem para a realização de operações 
comerciais, são assim considerados submetidos à normatividade 
especifica deste direito.
A debilidade da Teoria dos Atos de Comércio se encontra na classificação 
de tais atos. Mamede (2013, p. 4) exemplifica de forma muita concisa apontando 
o porquê desta teoria não ter sido reafirmada nas legislações posteriores sobre o 
assunto: 
Assim, quem montasse uma pequena birosca à beira mar para vender 
latinhas de cerveja e lucrar poucas centenas de reais por mês era 
comerciante e estava submetido ao Direito Comercial: compra e venda 
de efeitos moveis. Em contraste, uma grande imobiliária, que faturasse 
milhões por mês, não era considerada comerciante, pois sua atuação 
não estava incluída na relação do art. 19 do Regulamento.
Assim, com o surgimento da Teoria da Empresa, fundamento do Direito 
Empresarial, após a alteração do Código Civil, pela Lei nº 10.406/02, a empresa 
passa a ser vista sob um ângulo mais significativo e mais abrangente, pois abarca 
atividades negociais que antes não eram tratadas como tais, como por exemplo, 
a prestação de serviços.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
14
TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO: analisa-se os atos em si, a venda e revenda 
de mercadorias (mercancia), como pratica habitual e profissional.
 TEORIA DA EMPRESA: analisa-se a forma como os produtos são produzidos e 
colocados em circulação. A empresa dissocia-se da figura do empresário, há a impessoalidade.
ATENCAO
4 TEORIA DA EMPRESA
O que muda com a Teoria da Empresa?
A Teoria da Empresa surge na Itália, com o Código Civilde 1942 e, ao 
contrário da Teoria dos Atos de Comércio, onde o foco era o fato de exercer o 
comércio de forma habitual e profissional, esta teoria de origem italiana tem 
como fundamento regulamentar o Direito Comercial, que passa a denominar-se 
Direito Empresarial, através da atividade econômica organizada exercida pelas 
empresas. No Brasil, com a alteração do Código Civil, pela Lei nº 10.402/02, adota-
se a Teoria da Empresa, por influência do Código Civil italiano.
Importante frisar que, para a Teoria da Empresa não há um vínculo entre o 
empresário e sua atividade econômica. Existe uma separação, clara entre a pessoa 
do empresário e da atividade econômica que este exerce. De acordo com Gomes 
(2013, p.35), “Conceitua-se empresa como toda atividade econômica, exercida de 
forma organizada, que visa a produção ou à circulação de bens ou de serviços”.
Mamede (2013, p. 4) destaca, a respeito da empresa:
[...] enquanto isso, um novo fenômeno ganhava importância no mundo: 
a empresa, uma nova forma de atuação no mercado, suplantando o que 
antes se tinha por comércio, percebendo oportunidades, identificando 
demandas, organizando recursos diversos e, com isso, auferindo 
vantagens econômicas significativas.
Observamos que o art. 966 do Código Civil brasileiro conceitua empresário 
como aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para 
a produção de bens ou serviços.
Analisamos que há um contraste em relação ao objetivo da Teoria dos Atos 
de Comércio e da Teoria da Empresa, eis que, nesta última, o foco não é somente na 
venda e revenda de produtos, mas na produção e circulação de mercadorias. Na 
Teoria da Empresa, a forma que são produzidas e circulam as mercadorias é que 
merecem proteção e regulamentação por parte da legislação empresarial. Além 
disso, é de suma relevância citarmos que assegurar a continuidade da atividade 
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL
15
empresarial é o objetivo primordial para Teoria da Empresa, encontrando tal 
objetivo embasado no Princípio da Preservação da Empresa. Por este princípio, a 
atividade empresária não deve cessar, nem mesmo quando quem a fundou tenha 
se afastado ou sido afastado da empresa ou tenha morrido.
ESTUDOS FU
TUROS
A continuidade da empresa e a substituição de sócios será abordada na 
Unidade 3, no tópico referente à dissolução, liquidação e extinção das sociedades.
Identificamos que a atividade econômica e a forma como se dá a produção 
e circulação de mercadorias é que norteia a Teoria da Empresa. Como destaca 
Gomes (2013, p. 36): 
Está clara a inovação conceitual promovida pela Teoria da Empresa, 
na medida em que não se mais se considera o ato jurídico em si, se 
mercantil ou civil, como fator norteador da incidência das normas, 
respectivamente, do direito comercial ou do direito civil, mas a função 
ou atividade econômica desenvolvida pelo empresário e a própria 
organização dos meios de produção característica da empresa e 
atribuída pelo empresário aos meios de produção.
Para que pudéssemos compreender melhor a respeito da atividade 
empresarial, jurista italiano Alberto Asquini dividiu em quatro perfis o exercício 
desta atividade, analisando a empresa, perante o direito civil italiano, sob os 
seguintes aspectos: perfil subjetivo, perfil objetivo, perfil funcional e perfil 
corporativo.
Para Asquini (1996, p. 103) “empresa é um negócio econômico que se 
apresenta de diversas maneiras”.
Passamos a analisá-los:
a) Perfil subjetivo: a empresa é o empresário, sendo este titular de direitos e 
obrigações.
Cabe fazermos um apontamento a respeito da palavra empresário, 
conceituado no art. 966 do Código Civil, pois temos o empresário individual e o 
sócio quotista, que não se confunde com o conceito de empresário.
Transcrevemos as observações de Mamede (2013, p. 5) sobre tal assunto:
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
16
É preciso redobrado cuidado com a palavra empresário, colocada 
no artigo 966 do Código Civil, pois se aplica tanto àquele que, 
individualmente, se registra na junta comercial para o exercício de 
uma empresa, quanto à sociedade empresária, isto é, à pessoa jurídica 
que foi constituída para o exercício da empresa. No primeiro caso, 
é comum falar-se em empresário individual, expressão redundante 
que, todavia, afasta as dúvidas de que resultam do uso coloquial da 
palavra empresário, erroneamente identificado com a figura do sócio 
quotista ou acionista de uma sociedade. O sócio, no entanto, não é, 
juridicamente, um empresário; é apenas um titula de um direito 
pessoal com expressão patrimonial econômica: uma ou mais frações 
ideais do patrimônio social, frações essas que são chamadas de quotas, 
nas sociedades contratuais e na sociedade cooperativa, e de ações, nas 
sociedades anônimas e nas sociedades em comandita por ações.
De acordo com o Art. 966 do Código Civil (2002), considera-se empresário 
aquele profissional que, efetivamente exerce “atividade econômica organizada 
para a produção de bens ou de serviços”.
É importante citar o entendimento de Coelho (2013, p. 31-32) a respeito da 
atividade empresarial:
[...] A noção do exercício profissional de certa atividade é associada, 
na doutrina, a considerações de três ordens. A primeira diz respeito à 
habitualidade. Não se considera profissional quem realiza tarefas de 
modo esporádico. Não será empresário, por conseguinte, aquele que 
organizar episodicamente a produção de certa mercadoria, mesmo 
destinando-a à venda no mercado. Se está apenas fazendo um teste, 
com o objetivo de verificar se tem apreço ou desapreço pela vida 
empresarial ou para socorrer situação emergencial em suas finanças, 
e não se torna habitual o exercício da atividade, então ele não é 
empresário. O segundo aspecto do profissionalismo é a pessoalidade. 
O empresário, no exercício da atividade empresarial, deve contratar 
empregados. São estes que, materialmente falando, produzem ou 
fazem circular bens ou serviços. O requisito da pessoalidade explica 
porque não é o empregado considerado empresário. Enquanto este 
último, na condição de profissional, exerce atividade empresarial 
pessoalmente os empregados, quando produzem ou circulam bens ou 
serviços, fazem-no em nome do empregador.
Dessa forma, analisamos que o empresário é aquele que exerce suas 
atividades negociais de forma pessoal e profissional, frente à sua empresa, de 
forma organizada, sendo que o mesmo tem sua personalidade dissociada de 
tal empresa.
 b) Perfil objetivo: entende-se empresa como um conjunto de bens (estabelecimento 
comercial). Quando falamos de bens, devemos entender tanto os bens materiais 
como os imateriais, incorpóreos e corpóreos. 
Refere-se ao patrimônio, isto é o estabelecimento comercial, conceituado no 
Art.1142 da Lei nº 10.406/2002 do Código Civil Brasileiro (2002, s.p.): “Considera-
TÓPICO 1 | EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL
17
se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, 
por empresário, ou por sociedade empresária”.
c) Perfil funcional: a empresa é vista sob o ponto de vista da atividade que realiza 
(produção e circulação de bens e serviços). Teixeira (2014, p. 48), conceitua: “A 
empresa significa a atividade empresarial, sendo uma organização produtiva 
a partir da coordenação pelo empresário dos fatores de produção (capital, 
trabalho, matéria-prima e tecnologia) para alcançar sua finalidade (que é o 
lucro)”.
d) Perfil corporativo: analisa-se a empresa sob o aspecto institucional, formada 
por todos que compõem a empresa (empresário, colaboradores e prestadores 
de serviço).
 
Assim, consoante à Teoria da Empresa resta claro que as atividades 
consideradas e regulamentadas pela legislação empresarial são as que se referem 
a produção de bens, circulação de bens, sem esquecermos, da prestação de 
serviços. Por fim, temos, segundo entendimento de Teixeira (2014, p. 48) que:
 
[...] a palavra empresa significa atividade, que por sua vez é exercida 
pelo empresário. Essaatividade é o conjunto de atos coordenados 
pelo empresário. Mas, modernamente, a expressão empresa, como 
atividade econômica, contempla a soma de todos os perfis apontados 
por Asquini.
5 FONTES FORMAIS DO DIREITO EMPRESARIAL
As fontes são as bases do Direito, onde ele nasce, ou como aponta Teixeira 
(2014, p. 35): “Fontes do Direito são as maneiras pelas quais se estabelecem as 
regras jurídicas. [...] é a origem das normas jurídicas”.
Da mesma forma, definimos que as fontes formais do direito são aquelas 
que dão origem ao regramento jurídico (GOMES, 2013). As fontes formais do 
Direito Empresarial são divididas em primárias e secundárias, antes da alteração 
do Código Civil, pela Lei nº 10.406/02 (FRANCO, 2012):
a) Fontes primárias ou diretas: o Código Comercial brasileiro, as leis 
suplementares, regulamentos baixados pelo Poder Público e tratados e 
convenções internacionais.
b) Fontes subsidiárias, secundárias ou indiretas: leis civis, os usos comerciais e 
a jurisprudência. 
Após a revogação de grande parte do Código Comercial em decorrência 
da alteração do Código Civil, feita pela Lei nº 10.406/02, temos como fontes:
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
18
a) a Constituição Federal de 1988;
b) a Legislação Extravagante;
c) as Leis Civis, contudo estas deveram ser utilizadas de forma subsidiaria, 
conforme preconiza o Art. 291 do Código Comercial, ou seja, somente perante 
a omissão das leis comerciais, referente as matérias especificas;
d) a Jurisprudência;
e) a Analogia;
f) os Usos e práticas comerciais;
g) os princípios gerais de direito; 
h) os Tratados e Convenções Internacionais.
Os usos e costumes já foram a principal fonte do Direito Empresarial, aliás, esses 
foram a base para tal Direito.
ATENCAO
19
Neste tópico, você aprendeu que:
• As normas jurídicas de controle dos empreendimentos são tão antigas quanto 
o Direito.
• A legislaçao mais antiga conhecida: Leis de Ur Nanmu, século XXI a.C., vigentes 
na Suméria, na cidade de Ur. Trazem normas que proíbem o cultivo em terras 
de propriedade alheia, limitam juros e tabelam preços.
• Houve uma reforma jurídica realizada na cidade de Lagash, na Suméria (hoje 
Iraque), no século XXV a.C., na qual o soberano, chamado Ur Uinim Enmigina 
(Urukagina), limitava a usura e os monopólios. 
• A USURA está intimamente ligada à cobrança excessiva de juros.
• MONOPOLIO trata-se de uma única empresa deter o mercado de um 
determinado produto ou serviço, conseguindo portanto influenciar o preço do 
bem que comercializa.
• A moeda foi inventada pelos lídios. Lidia ficava onde hoje é o planalto central 
da Turquia.
• Na Idade Média, a atenção social voltou-se para o campo, onde a divisão da 
propriedade rural em grandes estruturas políticas caracterizou o feudalismo. 
• As cidades continuram a existir e o comércio também. Para a mútua proteção, 
artesãos e comerciantes organizaram-se em corporações de ofício. Elas tomaram 
para si a função de regulamentar a atividade mercantil, o que fizeram por meio 
de consolidação de costumes, chamadas de consuetudos.
• Essas consolidações marcaram o início do Direito Mercantil, pois foram as 
primeiras normas dedicadas ao comércio.
• Quando o feudalismo foi superado, tais normas serviram de base para os 
Códigos Comerciais.
RESUMO DO TÓPICO 1
20
1 Segundo o art. 966 do Código Civil, é considerado empresário:
a) ( ) Quem é sócio de sociedade empresária dotada de personalidade jurídica.
b) ( ) Quem é titular do controle de sociedade empresária dotada de 
personalidade jurídica.
c) ( ) Quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção ou a circulação de bens ou serviços.
d) ( ) Quem exerce profissão intelectual de natureza científica, literária ou 
artística.
e) ( ) Quem assume a função de administrador em sociedade limitada ou 
sociedade anônima.
2 Diferencie a Teoria da Empresa, adotada pelo Código Civil Brasileiro e a 
Teoria dos Atos de Comércio, adotada pelo Código comercial brasileiro.
3 Com relação ao estabelecimento empresarial, assinale a alternativa incorreta:
 
a) ( ) É o complexo de bens organizado para o exercício da empresa, por 
empresário ou por sociedade empresária.
b) ( ) Refere-se tão somente à sede física da sociedade empresária.
c) ( ) Desponta a noção de aviamento.
d) ( ) Inclui, também, bens incorpóreos, imateriais e intangíveis.
e) ( ) É integrado pela propriedade intelectual.
AUTOATIVIDADE
21
TÓPICO 2
CAPACIDADE DE SER EMPRESÁRIO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No presente tópico iremos analisar o que, de acordo com a legislação 
empresarial, denominados de empresário e o motivo de sua atividade ser 
observada sob outro ângulo.
O empresário, com a Teoria da Empresa, passa a ser visto em conjunto com 
a atividade que exerce. Observamos que, “o exercício de atividade econômica de 
forma organizada é que encerra toda a essência conceitual da empresa” (GOMES, 
2013, p. 41).
No mesmo sentido, iremos analisar a capacidade jurídica de ser 
empresário. E, assim, temos que, “o exercício da capacidade empresarial por 
pessoa natural, em seu próprio nome, como regra geral, exige que ela tenha 
capacidade civil plena e não esteja legalmente impedida, conforme art. 972, do 
CC/2002” (GOMES, 2013, p. 45 ).
Outro assunto importante a ser trabalhado neste tópico é a respeito do 
nome empresarial, como este é protegido, perante a legislação empresarial e as 
implicações dessas normas frente à atividade empresarial.
Em relação ao estabelecimento e registro da empresa iremos observar 
quanto esses aspectos são importantes, até mesmo no que se refere à definição 
do tipo societário e quais as obrigações intrínsecas a tais tipos societários. “A 
Constituição Federal assegura, de forma inequívoca, proteção ao empresário e à 
atividade empresarial, primeiramente por meio do disposto no art. 5º, XIII: É livre 
o exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer” (GOMES, 2013, p. 45).
Essas reflexões serão de suma importância para que possamos entender 
as alterações trazidas pela Lei nº 10.406/02, do Código Civil Brasileiro, que, 
revogando parte do Código Comercial, inseriu em um de seus livros, o Direito 
Empresarial.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
22
2 O MENOR COMO EMPRESÁRIO
E a capacidade para ser empresário? Todos temos? Os menores de idade 
podem ser empresários?
A capacidade empresarial está intrinsecamente ligada à capacidade civil, 
entretanto, existirão algumas exceções, que veremos neste tópico, que, mesmo não 
sendo plenamente capaz, determinada pessoa poderá ser empresário, seguindo 
algumas determinações legais. 
“Qualquer pessoa pode exercer a atividade empresarial, desde que esteja 
em pleno gozo da sua capacidade civil, e não esteja impedida por lei – art. 972 
do Código Civil” (TEIXEIRA, 2014, p. 68). “O Art. 966 do Código Civil brasileiro 
de 2002 é reflexo do Art. 2.082 do Código Civil italiano de 1942, que dispõe: 
“É empreendedor quem exerce profissionalmente uma atividade econômica 
organizada para o fim da produção ou da troca de bens e serviços” (TEIXEIRA, 
2014, p. 45). Portanto, podemos assinalar que, inclusive a Constituição Federal 
protege o empresário e sua empresa, contudo, ele deverá respeitar a legislação 
vigente a respeito, principalmente no que tange ao registro, tendo em vista ser 
uma atividade profissional e organizada.
“A Constituição Federal assegura, de forma inequívoca, proteção ao 
empresário e à atividade empresarial, primeiramente por meio do disposto no Art. 
5º, XIII: “É livre o exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer” (GOMES, 2013, p. 45).
O mesmo autor sintetiza: “[...] a atividade empresarial exige 
profissionalidade, representada pelo registro de empresário, da empresa 
individual de responsabilidade limitada e da sociedade empresária no Registro 
de Empresas” (GOMES, 2013, p. 45).
“[...] O empresário podeser tanto uma pessoa física, como também uma pessoa 
jurídica. Sendo uma pessoa física, o empresário é chamado de empresário individual; sendo 
uma pessoa jurídica, o empresário pode ser tanto uma empresa individual de responsabilidade 
limitada (EIRELI), como uma sociedade empresária” (COMETTI, 2013, p. 20).
ATENCAO
Ao tratar de capacidade civil temos, segundo Teixeira (2014, p. 55), 
“a capacidade civil ocorre quando a pessoa atinge a maioridade (18 anos) e a 
sanidade mental (interpretação dos arts. 1º a 5º do CC”.
TÓPICO 2 | CAPACIDADE DE SER EMPRESÁRIO
23
Assim, assinalamos que, em regra, para que possamos ser empresários, 
temos que ter alcançado a maioridade plena, “[...] o mesmo Código estabelece em 
seu art. 5º que a capacidade civil plena é adquirida, como regra geral, a parir dos 
dezoito anos completos” (GOMES, 2013, p. 45).
“[...] no caso de uma sociedade empresaria, sendo esta sempre uma pessoa 
jurídica, quem exerce a atividade é a própria sociedade, e não os sócios que a integram, daí o 
fato de não ser necessária a capacidade civil plena para tornar-se sócio, sendo-a exigida tão 
somente para o exercício da administração social” (GOMES, 2013, p. 45).
ATENCAO
Todavia, observando as citações referendadas acima sobre maioridade, 
temos que existem exceções, vejamos: 
“Uma exceção à maioridade, para efeitos de capacidade empresarial, 
está prevista no art. 5º, inc. V, do Código Civil (quando trata das 
hipóteses de emancipação), que apenas acontece quando menor, com 
16 anos completos, tiver um estabelecimento comercial/empresarial, 
com economia própria. Assim, a incapacidade do menor com 16 
anos cessará, pois será emancipado em razão do seu estabelecimento 
empresarial” (TEIXEIRA, 2014, p. 68).
IMPORTANT
E
“[...] se o menor tem autonomia econômica, o juiz deve reconhecer essa 
autonomia para que uma situação de fato passe a ser de direito, devendo assim ser levado a 
registro” (FERREIRA, 1962, p. 109-113, apud TEIXEIRA, 2014, p. 68).
Assim, apontamos que, mesmo menor, ele poderá ser empresário, tendo 
em vista a sua emancipação e também em outras hipóteses: 
[...] ou ainda: a) pela concessão dos pais, ou de um deles na falta 
do outro, mediante instrumento público, independentemente de 
homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se 
o menor tiver dezesseis anos completos; b) pelo casamento; c) pelo 
exercício de emprego público efetivo; d) pela colação de grau em curso 
de ensino superior (GOMES, 2013, p. 45).
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
24
Entretanto, havia uma preocupação em relação ao menor empresário 
pertinente ao de se este viesse a praticar atos negociais e, que, porventura 
prejudicasse terceiros. Neste sentido, o Código Civil estabeleceu que, se este 
menor tivesse sido autorizado por quem de direito pudesse autorizar, os atos 
deste menor seriam considerados.
Cuidar-se-ia aqui de incapacidade relativa (art. 4º do CC). Porém, 
se exercer a empresa com autorização do progenitor que estiver no 
exercício da guarda e do poder familiar, desde que provada por 
escritura pública, responderá integralmente pelos atos praticados (art. 
5º, parágrafo único, V, do CC), não podendo alegar, como se admitia 
antes, o benefício da restituição (FRANCO, 2012, p. 69).
E, ainda continua a autora :
“Da mesma forma, a par disto, se dolosamente ocultou sua idade, 
declarando-se maior, independentemente do fato de exercer ou não o comércio 
com economia própria, será responsabilizado (Art. 180 do Código Civil apud 
FRANCO, 2012, p. 69).
Neste sentido, temos que o menor poderá sim ser empresário, podendo 
inclusive sofrer as sanções previstas na legislação empresarial, sendo responsável 
por seus atos negociais, essa responsabilização ocorre tendo em vista ao Princípio 
da Boa Fé contratual que menciona que os terceiros devem ser resguardados, 
quando estes forem terceiros de boa-fé.
DICAS
Vídeo: Capacidade e Impedimentos do Empresário. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=dU5lzGBDlaM.
Vídeo: Direito Empresarial 1/5. Empresário - Caracterização e Inscrição. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=PnTeggqAwX8.
3 IMPEDIMENTOS E INCAPACIDADE
Os impedidos de exercer atividade empresarial diferem dos impedimentos 
civis, eis que uma pessoa poderá ser considerada plenamente capaz, mas não 
pode atuar frente às atividades empresariais. 
Vamos analisar quem são estas pessoas impedidas de exercer atividade 
empresarial, embora plenamente capazes?
TÓPICO 2 | CAPACIDADE DE SER EMPRESÁRIO
25
• falido não reabilitado;
• funcionário público;
• militar;
• devedor do INSS.
a) Falido não reabilitado: Lei nº 11.101/2005, Art. 102, caput, cc art. 181, § 1º
A decisão que decreta a falência já impossibilita o devedor de exercer 
qualquer atividade empresarial.
Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005
Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e 
da sociedade empresária.
Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade 
empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas 
obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei.
Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer 
ao juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu registro.
Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei:
I - a inabilitação para o exercício de atividade empresarial;
II - o impedimento para o exercício de cargo ou função em conselho de 
administração, diretoria ou gerência das sociedades sujeitas a esta Lei;
III - a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gestão de negócio.
§ 1º Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser 
motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cinco) anos após a 
extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal.
§ 2º Transitada em julgado a sentença penal condenatória, será notificado 
o Registro Público de Empresas para que tome as medidas necessárias para 
impedir novo registro em nome dos inabilitados.
Esse impedimento refere-se ao fato de que devem ser resguardados 
o patrimônio que o falido ainda tenha e que servirá para pagamento de suas 
dívidas.
b) Funcionário Público: Lei nº 8.112/90, Art. 117, inc. X.
RJU - Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, 
das autarquias e das fundações públicas federais.
Art. 117 Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº 2.225-45, de 
4.9.2001)
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, 
personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de 
acionista, cotista ou comanditário; (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008.
Esse impedimento advém para coibir os “favorecimentos” que poderiam 
ocorrer para a empresa deste funcionário público, em detrimento de outras 
empresas, porém o funcionário público poderá ser sócio quotista, desde que não 
exerça a administração da empresa.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
26
“[...] o funcionário público pode até ser acionista ou cotista de uma 
sociedade, mas não pode ser administrador (de sociedade com personalidade 
jurídica ou não), bem como não pode exercer atividade empresarial como 
empresário individual. Ou seja, não pode estar à frente do negócio” (TEIXEIRA, 
2014, p. 70).
c) Militar: Código Penal Militar – Decreto-lei nº 1.001/69, Art. 204
CPM – Decreto-lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969
Art. 204 Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na administração 
ou gerência de sociedade comercial, ou dela ser sócio ou participar, exceto como 
acionista ou cotista em sociedade anônima, ou por cotas de responsabilidade 
limitada:
Pena – suspensão do exercício do posto, de seis meses a dois anos, ou 
reforma.
Como podemos observar, caso um militar venha a exercer atividades 
empresariais, o mesmo incorrerá em crime, respondendo pela legislação atinente 
ao caso.
d) Devedor do INSS: Lei nº 8.212/91,Art. 95, § 2º, alínea d
LOSS - Lei nº 8.212 de 24 de Julho de 1991
Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano de 
Custeio, e dá outras providências.
Art. 95. Caput. Revogado. (Redação dada pela Lei nº 9.983, de 2000).
[...]
§ 2º A empresa que transgredir as normas desta Lei, além das outras 
sanções previstas, sujeitar-se-á, nas condições em que dispuser o regulamento:
[...]
e) à interdição para o exercício do comércio, se for sociedade mercantil ou 
comerciante individual.
Quanto aos devedores do INSS o impedimento ocorre na participação de 
licitações, bem como o encerramento da atividade empresarial, de forma legal.
IMPORTANT
E
“Os estrangeiros podem exercer atividade empresarial, salvo nos casos 
excepcionados pela Constituição Federal de 1988, que estabelece impedimentos. A 
Constituição Federal, por exemplo, fixa impedimentos aos estrangeiros quanto à exploração 
de recursos minerais (CF, Art. 176, § 1º) ou ser proprietário de empresa jornalística (CF, Art. 222). 
(TEIXEIRA, 2014, p. 71).
TÓPICO 2 | CAPACIDADE DE SER EMPRESÁRIO
27
3.1 INCAPACIDADE SUPERVENIENTE
A incapacidade abordada neste item refere-se àquela que, durante o 
exercício da atividade empresarial, o empresário passa a ser incapaz.
Este empresário poderá continuar no exercício de suas funções 
empresariais?
O empresário poderá continuar exercendo sim, suas atividades 
empresariais, mesmo passando a ser incapaz, cumprindo determinados requisitos 
legais, que se referem à sua representação.
Incapacidade superveniente do empresário (aquela que ocorre 
posteriormente ao início da atividade, pois até então ele era capaz) não 
impede a continuidade do exercício da empresa pelo agora incapaz. 
Para tanto, é necessária uma autorização judicial com a nomeação 
de um representante, no caso seus pais ou autor da herança (Código 
Civil, Art. 974, caput) (TEIXEIRA, 2014, p. 71).
“Quanto à incapacidade de sócio de uma sociedade empresária, a Junta 
Comercial deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva 
sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes requisitos: o sócio 
incapaz não pode exercer a administração da sociedade; o capital social deve ser totalmente 
integralizado; e o sócio relativamente incapaz deve ser assistido, se absolutamente incapaz, 
deve ser representado por seus representantes legais” (TEIXEIRA, 2014, p. 71).
ATENCAO
Porém, importante mencionarmos que, caso o representante ou 
assistente ficar impossibilitado de exercer a atividade empresarial para qual 
foi designado, poderá nomear um gerente para lhe substituir, com a aprovação 
judicial, sem que fique imune às suas responsabilidades, conforme Art. 975 CC, 
caput. (TEIXEIRA, 2014).
4 NOME EMPRESARIAL
O nome de uma empresa é sua identificação social e para tanto, precisa ser 
protegida, bem como, possui obrigações atinentes à sua atividade empresarial.
O empresário, seja pessoa física ou jurídica, tem um nome empresarial, 
que é aquele com que se apresenta nas relações de fundo econômico. 
Quando se trata de empresário individual, o nome empresarial pode 
não coincidir com o civil; e, mesmo, quando coincidentes, têm o nome 
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
28
civil e o empresarial naturezas diversas. A pessoa jurídica empresária, 
por sua vez, não tem outro nome além do empresarial. O Código Civil 
reconhece no nome, civil ou empresarial, a manifestação de um direito 
da personalidade da pessoa física ou jurídica (Artigos. 16, 52 e 1.164) 
(COELHO, 2013, p. 98).
IMPORTANT
E
 “Como elemento de identificação do empresário, o nome empresarial não 
se confunde com outros elementos identificadores que habitam o comércio e a empresa, 
os quais têm, também, proteção jurídica, assim a marca, o nome de domínio e o título de 
estabelecimento. Enquanto o nome empresarial identifica o sujeito que exerce a empresa, 
o empresário, a marca identifica, direta ou indiretamente, produtos ou serviços, o nome de 
domínio identifica a página na rede mundial de computadores e o título do estabelecimento, 
o ponto” (COELHO, 2013, p. 98).
O nome empresarial é protegido pela legislação empresarial, sendo que o 
mesmo deve ser único, não podendo haver duas ou mais empresas com o mesmo 
nome. Ademais, o nome identifica o tipo societário e o objeto social da empresa. 
“[...] é considerado crime de concorrência desleal usar indevidamente nome 
empresarial alheio (Lei nº 9.279/96, art. 195, inc. V)” (TEIXEIRA, 2014, p. 83).
E, ainda, para complementar: “[...] o nome empresarial não pode ser igual 
a outro já inscrito (CC, art. 1.163). Nos casos em que isso acontecer, será necessário 
realizar alguma alteração para se obter distinção” (TEIXEIRA, 2014, p. 83).
“Pela regra geral, a proteção ao nome empresarial é válida no território do 
Estado-membro em que foi registrado. Em casos excepcionais, previstos a legislação, a 
proteção ao nome empresarial pode ter caráter nacional e, inclusive, internacional (CC, Art. 
1.166 apud TEIXEIRA, 2014, p. 83).
ATENCAO
Dessa forma, vamos analisar as espécies de nomes empresariais: firma e 
denominação social.
TÓPICO 2 | CAPACIDADE DE SER EMPRESÁRIO
29
4.1 FIRMA
A firma é constituída pelo nome civil do empresário individual ou pelo 
nome dos sócios da empresa, ex.: João da Silva ME.
A firma tem por base o nome civil do empresário ou dos sócios da 
sociedade; aí falar-se em razão social, pois dá a conhecer, ao menos 
em parte, a composição societária. É o que ocorre com empresário, 
que deverá adotar firma individual baseada no seu nome civil, 
expressando uma razão empresarial. Também a firma social deverá 
expressar a razão social: deve refletir a realidade da composição 
societária, compondo-se do nome de um ou mais sócios responsáveis 
pela sociedade, no todo ou em parte, hipótese que deverá constar 
o patronímico (sobrenome). Trata-se do princípio da veracidade 
(MAMEDE, 2013, p. 53).
Importante mencionarmos que o nome da pessoa física deverá constar na 
inscrição, perante a Junta Comercial. E, ainda, a firma deverá ser utilizada por 
sócios de responsabilidade ilimitada, sempre constando o nome de pelo menos 
um deles.
4.2. DENOMINAÇÃO
A denominação é utilizada quando se quer identificar o objeto da empresa 
em seu nome empresarial. Ex.: Macedônia Indústria de Calçados Ltda. “[...] a 
denominação deve designar o objeto da empresa e pode adotar por base o nome 
civil ou qualquer outra expressão linguística (que a doutrina costuma chamar de 
elemento fantasia)” (COELHO, 2013, p. 99).
Dessa forma, verificamos que as funções da firma e denominação são 
diferentes, eis que a firma é utilizada em casos de empresa individual ou nome de 
dos sócios que compõem a empresa; já a denominação é utilizada para determinar 
o objeto social da empresa.
DICAS
Vídeo: Nome Empresarial: Denominação e Firma Social.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RjyRLTBBBus.
 Vídeo: Qual é a diferença entre Marca e Nome Empresarial?
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RsHKrtRp8tY.
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
30
5 ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
Como mencionamos e de acordo com o artigo 1.142 da Lei nº 10.406/02 
da legislação empresarial, “Considera-se estabelecimento todo complexo de 
bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade 
empresária” (Código Civil Brasileiro, 2002, s.p.)
Importante mencionarmos que os bens são divididos em corpóreos/
materiais e incorpóreos/imateriais.
IMPORTANT
E
“[...] o estabelecimento é o instrumento para o empresário exercer sua atividade; 
é a base física da empresa (mas pode ser virtual, ...). Normalmente, é o local onde os clientes 
do empresário se dirigem para realizar negócios (TEIXEIRA, 2014, p. 77).
Os bens corpóreos ou materiais são os bens tangíveis, ou como a doutrina 
menciona, corporificados. “Os bens materiais/corpóreos são aqueles que se 
caracterizam por ocupar espaço no mundo exterior, por exemplo, as mercadorias, 
as instalações, as máquinas, entre outros” (TEIXEIRA,2014, p. 77).
Pertinente aos bens incorpóreos ou imateriais são os bens de natureza 
abstrata, intangíveis.
“Os bens imateriais/incorpóreos são coisas que não ocupam lugar no 
mundo exterior, sendo resultado da elaboração abstrata humana, como os 
títulos dos estabelecimentos, as marcas, as patentes, os desenhos industriais etc.” 
(TEIXEIRA, 2014, p. 77).
“A empresa é uma atividade exercida pelo empresário. Para ele poder exercer sua 
atividade, é necessário um estabelecimento em que estarão conjugados bens na intenção 
de alcançar o lucro (mas pode-se dizer que, para o exercício de uma atividade intelectual, 
também se requer um estabelecimento)” (TEIXEIRA, 2014, p. 77).
ATENCAO
TÓPICO 2 | CAPACIDADE DE SER EMPRESÁRIO
31
DICAS
Leia o artigo: Estabelecimento Empresarial, de autoria de Emerson Souza 
Gomes. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_
artigos_leitura&artigo_id=5383.
6 REGISTRO EMPRESARIAL
Para que possamos considerar que uma empresa está atuando no mercado 
devidamente, necessário que a mesma esteja registrada nos órgãos competentes, 
dependendo do tipo societário.
Uma das obrigações elementares para o exercício da empresa é 
o registro do empresário (pessoa natural, física) ou da sociedade 
empresária (pessoa jurídica). Esse registro é regulado pelos artigos 
967 a 970 do Código Civil e pela Lei nº 8.934, de 18 de novembro 
de 1994, que disciplinam o chamado Registro Público de Empresas 
Mercantis, que está a cargo das Juntas Comerciais que atuam sob a 
supervisão, orientação e coordenação do Departamento Nacional do 
Registro do Comércio (DNRC), órgão integrante do Ministério do 
Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior, responsável pelo 
controle e pelas normas do Sistema Nacional de Registro de Empresas 
Mercantis (Sinrem) (MAMEDE, 2013, p. 8).
Para as empresas que possuem como objeto atividades eminentemente 
empresariais, o registro é feito na Junta Comercial. Já as empresas que se dedicam 
às atividades intelectuais, estas deverão ser registradas no Registro Civil de 
Pessoas Jurídicas (TEIXEIRA, 2014).
Colacionamos o Art. 1150, do Código Civil:
O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público 
de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade 
simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer 
às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar 
um dos tipos de sociedade empresária (BRASIL, 2002, s.p.).
IMPORTANT
E
“Quanto ao prazo, para apresentação dos documentos para a realização do 
registro deve ser feita em 30 dias a partir da assinatura do ato constitutivo, sob pena de 
responsabilidade por perdas e danos” (C.C, art. 1.151, §§ 1º e 3º apud TEIXEIRA, 2014, p. 73).
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
32
Compete às Juntas Comerciais, de acordo com o art. 8º, da Lei nº 8.934/94:
Art. 8º Às Juntas Comerciais incumbe:
I - executar os serviços previstos no art. 32 desta lei;
II - elaborar a tabela de preços de seus serviços, observadas as 
normas legais pertinentes;
III - processar a habilitação e a nomeação dos tradutores públicos e 
intérpretes comerciais;
IV - elaborar os respectivos Regimentos Internos e suas alterações, bem 
como as resoluções de caráter administrativo necessárias ao fiel 
cumprimento das normas legais, regulamentares e regimentais;
V - expedir carteiras de exercício profissional de pessoas legalmente 
inscritas no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades 
Afins;
VI - o assentamento dos usos e práticas mercantis.
Art. 9º A estrutura básica das juntas comerciais será integrada pelos 
seguintes órgãos:
I - a Presidência, como órgão diretivo e representativo;
II - o Plenário, como órgão deliberativo superior;
III - as Turmas, como órgãos deliberativos inferiores;
IV - a Secretaria-geral, como órgão administrativo;
V - a Procuradoria, como órgão de fiscalização e de consulta jurídica.
§ 1º As juntas comerciais poderão ter uma assessoria técnica, com a 
competência de preparar e relatar os documentos a serem submetidos 
à sua deliberação, cujos membros deverão ser bacharéis em Direito, 
Economistas, Contadores ou Administradores.
§ 2º As juntas comerciais, por seu plenário, poderão resolver pela 
criação de delegacias, órgãos locais do registro do comércio, nos 
termos da legislação estadual respectiva (BRASIL, 1994, s.p.).
Neste sentido, compete ao DNRC, fiscalizar, supervisionar, estabelecer 
normas, solucionar dúvidas, atuando Junto às Juntas Comerciais (TEIXEIRA, 
74). Outrossim, referente ao Registro Civil de Pessoas Jurídicas, este possui seu 
embasamento legal na Lei nº 6.015/73.
Art. 114 Lei nº 6.015/73: No Registro Civil de Pessoas Jurídicas serão 
inscritos: 
I - os contratos, os atos constitutivos, o estatuto ou compromissos das 
sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas ou literárias, 
bem como o das fundações e das associações de utilidade pública;
II - as sociedades civis que revestirem as formas estabelecidas nas leis 
comerciais, salvo as anônimas.
III - os atos constitutivos e os estatutos dos partidos políticos. (Incluído 
pela Lei nº 9.096, de 1995).
Parágrafo único. No mesmo cartório será feito o registro dos jornais, 
periódicos, oficinas impressoras, empresas de radiodifusão e agências 
de notícias a que se refere o art. 8º da Lei nº 5.250, de 9-2-1967 (BRASIL, 
1973, s.p.)
33
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• NOME EMPRESARIAL é o nome protegido por lei, é o nome sob o qual a 
empresa mercantil exerce sua atividade e se obriga nos atos a ela pertinentes, 
compreendendo os seguintes tipos:
 ° Firma ou razão social;
 ° Denominação social.
 
 Serve também para identificar o tipo jurídico da empresa.
 
• Para formar o nome empresarial, a sociedade por cotas de responsabilidade 
limitada poderá adotar RAZÃO SOCIAL ou DENOMINAÇÃO 
SOCIAL, sempre seguidas, qualquer delas, da expressão "limitada', por extenso 
ou abreviadamente.
• A RAZÃO SOCIAL é constituída pelo nome civil completo ou abreviado de 
um, de alguns – nesses casos acrescida a expressão "e companhia" ou "e Cia.", 
para indicar a existência de outros sócios –, ou de todos os sócios, além da 
palavra "limitada", por extenso ou abreviada.
• A DENOMINAÇÃO SOCIAL é formada por expressões de fantasia 
incomuns (termos criados) e/ou por palavras de uso comum ou 
vulgar livremente escolhidas pelo sócios, seguidas da palavra "limitada", 
abreviada ou por extenso. Omitida a palavra "limitada", os sócios passam a 
responder ilimitadamente pela empresa.
34
1 Quanto ao direito de empresa, assinale a alternativa correta:
a) ( ) A obrigatoriedade de inscrição do empresário no Registro Público de 
Empresas Mercantis da respectiva sede só se torna efetiva após o início 
de sua atividade.
b) ( ) A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao 
pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. 
Está excluído de tais benefícios o empresário rural.
c) ( ) Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços.
d) ( ) Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, 
ainda que tenham se casado no regime da comunhão universal de bens, 
ou no da separação obrigatória.
2 Assinale a alternativa correta no que se refere ao estabelecimento 
empresarial:
a) ( ) É definido como o local em que o empresário exerce seu comércio.
b) ( ) É sinônimo de fundo de comércio e se caracteriza como conjunto de 
bens de que se utiliza o empresário para exercer sua atividade.
c) ( ) É integrado por bens corpóreos e incorpóreos do patrimônio da empresa 
e de seus sócios;
d) ( ) Goza de proteção nacional, uma vez registrado no Instituto Nacional 
da Propriedade Intelectual.
e) ( ) É pessoa jurídica de direito privado, distinta da pessoa do comerciante 
individual.
AUTOATIVIDADE
35
TÓPICO 3
SOCIEDADE
UNIDADE1
1 INTRODUÇÃO
No presente tópico iremos analisar os tipos societários em si: suas 
semelhanças e diferenças. 
As sociedades diferem-se em relação às atividades e sua forma de 
constituição.
A sociedade simples é a pessoa jurídica que realiza atividade 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que 
com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício 
da profissão constituir elemento de empresa (§ único do artigo 966). 
Exemplo típico de sociedade econômica não-empresária é aquela 
constituída por profissionais do mesmo ramo como, por exemplo, a dos 
advogados, médicos ou engenheiros, configurando-se como sociedade 
simples (artigos 966 e 981) cujo contrato social é inscrito no Registro 
Civil das Pessoas Jurídicas, salvo quando se tratar de sociedade de 
advogados que se inscreve apenas na OAB (artigo 16 da Lei 8.906/94). 
E, ainda:
Cabe salientar que, nos termos do artigo 983, as sociedades simples, assim 
como as sociedades empresárias, poderão ser constituídas sob qualquer tipo 
societário (nome coletivo, comandita, limitada). 
No mesmo sentido, iremos analisar a forma como ocorre a desconsideração 
da personalidade jurídica de tais sociedades, com embasamento nas teorias, 
maior e menor, inclusive de forma inversa.
Por fim, iremos tratar a respeito da dissolução dos tipos societários frente 
ao Princípio da Preservação da Empresa.
36
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
2 HISTÓRICO
Mas, afinal, o que é sociedade perante a legislação empresarial atual?
Incialmente, faremos um breve apanhado histórico para entendermos 
as alterações trazidas pela legislação, comercial e empresarial. Temos que todos 
somos livres para nos “associarmos” a outrem para constituir uma “sociedade”, 
dentro dos limites legais, obviamente.
Entre nós vige o princípio da livre iniciativa: estamos livres para 
ações econômicas e jurídicas, respeitando os limites entre o que a lei 
proíbe (o que não se deve fazer) e o que a lei determina (o que se 
deve fazer). Assim, cotidianamente, estabelecemos relações jurídicas, 
designadamente contratos, constituindo vínculos jurídicos para com 
os quais estamos obrigados (MAMEDE, 2013, p. 30).
Mas será que foi sempre assim? Havia esse respeito ao Princípio da Livre 
Iniciativa? É o que veremos.
Historicamente, em Roma, quando o “pater familias” (pai: dono da família) 
falecia, não havia divisão de bens, mas os herdeiros reuniam-se para cuidar 
daqueles bens deixados.
[...] os primeiros documentos que tratam de sociedades podem ser 
encontrados na Antiguidade, sobretudo no direito romano, em que a 
morte do pater famílias não ocasionava necessariamente a divisão de 
seus bens entre seus herdeiros. Pelo contrário, os herdeiros se uniam e, 
em conjunto, passavam a administrar e explorar os bens do de cujus. 
Criavam, assim, a societas fratrum, que unia os herdeiros do pater 
famílias na exploração de seus bens, mas sem que esse contrato desse 
origem a uma pessoa jurídica. A societas romana vinculava somente 
seus sócios, não produzindo efeitos perante terceiros (COMETTI, 
2013, p. 62).
DICAS
Pater Familias: “Primitivamente, a vida familiar é dominada pela onipotência do 
pai que se exerce legalmente sobre os escravos da casa, e também sobre a mulher e os 
filhos. O pater familias pode, a seu bel-prazer, reconhecer os filhos que a mulher lhe dá (neste 
caso, no momento do nascimento, pega na criança e levanta-a num gesto que lhe confere 
legitimidade), ou expô-los fora de casa, abandonando-os a quem os queira, o que, na prática, 
equivalia a condená-los à morte ou, quando muito, à escravatura”. (Civilização romana/
Paterfamilias. Saiba mais, acessando: https://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o_
romana/Paterfamilias.
TÓPICO 3 | SOCIEDADE
37
A societas, formada pelos herdeiros de cujus, em romana, não era uma 
sociedade como conhecemos atualmente, mas era uma forma organizada de 
“comunhão” ou “copropriedade”.
Importante mencionar que a societas não possuía personalidade jurídica, 
por esse motivo, os sócios contratavam terceiros independentemente, sem que a 
responsabilidade por tais contratos fosse da sociedade. Até porque esse somente 
obrigava a esses sócios. 
A doutrina situa sua origem no consortium ercto non cito (forma de 
copropriedade comum indivisa) e em experiências associativas ligadas 
à práxis das relações internacionais da iurisdictio peregrina (século II 
a.C.) mediante recurso à iudicia bona fidei. Elemente essencial era 
a fraternitas, resultante do vínculo familiar. [...] este era “o consorcio 
que se instalava entre os herdeiros quando o pai falecia intestato e se 
apresentava como uma legitima natural sociedade (Gaio) (FRANCO, 
2012, p. 178).
Era uma “sociedade” baseada em colaboração, cooperação em busca de 
um fim comum: cuidar dos bens de cujus, sem grandes investimentos. Poderiam 
comprar ou alienar bens, mas, em caso de compra, estes eram mantidos para 
todos, em copropriedade.
Entretanto, com o passar dos anos, tal sociedade foi perdendo o sentido, 
pois já havia a necessidade de dividir aquele bem em quotas partes, para que 
também, cada um de seus herdeiros pudesse administrar sua parte, visando 
sempre a um bem comum. O foco não é mais o vínculo natural familiar, mas a 
affectio societatis.
Por fim, de suma importância sabermos que a primeira sociedade regular 
criada foi a sociedade anônima, que efetivamente, possuía e ainda possui 
personalidade jurídica. Ocorreu na Inglaterra, século XVIII, para empreendimentos 
de vulto (exploração de petróleo e a criação de ferrovias) (TEIXEIRA, 2014).
3 CONCEITO
Vamos analisar o conceito de sociedade? Podemos afirmar que sociedade 
nada mais é que uma união entre pessoas através de uma relação contratual, 
formando assim, um ente que possui personalidade jurídica, que é capaz de 
contratar com terceiros, sendo que traz uma demanda de responsabilidades 
e direitos. “Sociedade é um ente que tem natureza contratual, ou seja, é um 
contrato” (TEIXEIRA, 2014, p. 224).
Vamos distinguir pessoa física e jurídica, inicialmente:
38
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Pessoa física ou natural: sinteticamente, é o ser humano, detentor de 
direitos e deveres (personalidade jurídica). “Art. 2o Código Civil: A personalidade 
civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a 
concepção, os direitos do nascituro”.
Pessoa jurídica: denominada de pessoa moral ou coletiva (MONTEIRO 
apud GARCIA, 2015, p. 82). Esta pessoa também possui direitos e deveres, por ser 
imbuído de personalidade jurídica.
As pessoas jurídicas surgem com esse desiderato, de conjugação 
de esforços para realizar objetivos inatingíveis individualmente, 
decorrendo, ainda, da tendência natural do ser humano para o 
convívio em sociedade. Podem ser entendidas como entes formados 
para a realização de certos fins, sendo reconhecidas pelo ordenamento 
jurídico como sujeitos de direito (GARCIA, 2015, p. 82).
IMPORTANT
E
“[...] as pessoas jurídicas podem ser de direito pulico (interno e externo, por 
ex., União, Estados, Municípios, Autarquias, ONU etc.) e de direito privado (associações, 
fundações, partidos políticos entidades religiosas, empresas individuais de responsabilidade 
limitada, sociedades) (TEIXEIRA, 2014, p. 224).
E, pertinente ao contrato, este é um acordo de vontades entre duas ou 
mais pessoas (físicas ou jurídicas), com o objetivo de constituir uma relação 
jurídica. “Contrato significa o acordo (ato) de duas ou mais partes para constituir, 
regular ou extinguir entre elas uma relação jurídica de direito patrimonial” 
(TEIXEIRA, 2014, p. 225). E, ainda, de acordo com o art. 981 do Código Civil: “Art. 
981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam 
a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a 
partilha, entre si, dos resultados”.
“[...] quando trata da partilha dos resultados, está se referindo aos resultados 
decorrentes da exploração da atividade econômica. Esses resultadospodem ser lucros ou 
prejuízos” (TEIXEIRA, 2014, p. 225).
ATENCAO
TÓPICO 3 | SOCIEDADE
39
Dessa forma, podemos sintetizar que o contrato possui por finalidade 
auferir lucros entre os sócios que se obrigam perante o mesmo, para isso, as partes 
desenvolvem atividades específicas, devendo sempre ter um condão licito, para 
que possa ser um objeto aceito juridicamente.
4 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES
Neste tópico iremos analisar os tipos societários, como são formados, seus 
atos constitutivos, o comportamento dos sócios dessas sociedades, a divisão de 
suas cotas, nas sociedades: 
• sociedades em comum;
• sociedades em conta de participação;
• sociedades simples empresárias;
• sociedade em nome coletivo;
• sociedade em comandita simples;
• sociedades Limitadas;
• sociedades por ações.
Vamos aprimorar nossos conhecimentos obtidos até aqui?
TABELA 1 - ESQUEMA DE DIVISÃO DE SOCIEDADES
Sociedade 
Sem personalidade jurídica 
Sociedade Simples 
Personificada
Sociedade Empresária 
Contrato de Sociedade (em sentido estrito)
Sociedade em Comum
Sociedade em Conta de Participação
Sociedade Simples (em sentido estrito)
Sociedade em Nome Coletivo
Sociedade em Comandita Simples
Sociedade Limitada 
Sociedade Cooperativa
Sociedade em Nome Coletivo 
Sociedade em Comandita Simples
Sociedade Limitada
Sociedade Anônima
Sociedade em Comandita por Ações 
FONTE: Mamede (2013, p. 40)
40
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
5 SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS
As sociedades não personificadas são as sociedades que não possuem 
personalidade jurídica, tendo em vista que não foram registradas nos órgãos 
competentes. São elas: Sociedades em Comum e Sociedades em Conta de 
Participação.
5.1 SOCIEDADE EM COMUM
A Sociedade em comum refere-se ao início dos trâmites para que uma 
sociedade possa ser constituída, ou seja, é o período em que oficialmente, ainda 
não há sociedade (não possui registro, portanto, sem personalidade jurídica), mas 
que já há intenção das partes em formar uma sociedade.
A sociedade em comum foi pensada pelo legislador como um 
momento anterior à personificação da sociedade, pois, logo no início 
da norma, usa uma oração subordinada: enquanto não inscritos os atos 
constitutivos (artigo 986 do Código Civil). Portanto a aplicação dos 
artigos 986 e 990 aos contratos de sociedade que foram ajustados para 
existirem sem personificação, isto é, quando os contratantes não têm 
intenção imediata ou remota de constituírem pessoa jurídica, exige 
alguma cautela, evitando enganos: trata-se da interpretação analógica 
e extensiva, fora da situação especifica que foi visada pelo legislador 
(MAMEDE, 2013, p. 32).
IMPORTANT
E
“A contratação da sociedade antecede o registro. Desde quando as partes 
ajustaram entre si que irão constituir uma pessoa jurídica para explorar uma atividade 
negocial, já há um contrato de sociedade: a sociedade em comum” (MAMEDE, 2013, p. 32).
Dessa forma, temos que a sociedade em comum é a fase inicial do acordo 
de vontades entre as partes em querer efetivamente constituir uma sociedade, 
devidamente registrada nos órgãos competentes.
TÓPICO 3 | SOCIEDADE
41
NOTA
ESQUEMA DE ESTUDO:
SOCIEDADE EM COMUM: enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a 
sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto nestas regras, observadas, 
subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.
PROVA: Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar 
a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo.
PATRIMÔNIO: Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios 
são titulares em comum.
BENS SOCIAIS: Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer 
dos sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o 
terceiro que o conheça ou deva conhecer.
RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS: Na sociedade em comum, todos os sócios respondem 
solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto 
no Art. 1.024 do Código Civil, aquele que contratou pela sociedade.
Base: artigos 986 a 990 do Código Civil. Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/
guia/sociedade-em-comum.htm>. Acesso em: 25 fev. 2019.
5.2 SOCIEDADE EM COMUM (IRREGULAR OU DE FATO)
A partir do Art. 986 o Código Civil de 2002 passa a tratar, com outra 
denominação, da sociedade de fato ou sociedade irregular.
A questão terminológica não é totalmente tranquila, e talvez daí tenha 
vindo à preferência do legislador pelo termo sociedade em comum. Primeiro, 
poderíamos indagar o porquê de se falar em sociedades de fato e não em 
associações de fato. Será que também essas figuras sem personalidade, por falta 
de registro, não seriam irregulares ou de fato? Claro que sim. Vale dizer: a rigor, 
o termo sociedade aqui não é usado de forma técnica, e sim em seu sentido mais 
amplo ou genérico.
Ainda na mesma seara, há quem diferencie as sociedades de fato, nas 
quais não há contrato social, dos irregulares, onde existem os contratos, mas não 
o registro.
A distinção, porém, é despicienda. Mesmo sem contrato social pode haver 
uma reunião de pessoas trabalhando para a consecução de objetivos lícitos. Logo, 
o fator realmente importante para separar os dois momentos cruciais na existência 
desses entes é o registro. Sem ele, não há personalidade jurídica.
42
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Embora a existência jurídica não esteja plenamente reconhecida, a 
existência fática pode ser facilmente demonstrada pelos terceiros que se 
relacionarem com esses entes. Através de qualquer meio de prova – qualquer 
documento, ou mesmo por intermédio de testemunhas – o interessado poderá 
demonstrar a existência da sociedade em comum. Já para os sócios, nas relações 
internas e externas, a única prova admitida para o mesmo fim é a escrita (de 
acordo com o Art. 987).
A partir daqui, começamos a perceber que a lei não só reconhece a existência 
fática das sociedades em comum como pressupõe que elas irão se relacionar com 
terceiros, ou mesmo que haverá relações humanas – entre os sócios – em seu 
seio. Interessante, pois, avaliar qual o significado da já proclamada ausência de 
personalidade jurídica.
Com a revitalização do termo personalidade pelo NCC, inclusive com o 
destaque dos direitos da personalidade no Capítulo II do Código Civil, referente 
às pessoas naturais, a palavra precisa ser corretamente dimensionada em cada 
um de seus sentidos.
Tradicionalmente, personalidade jurídica vem sendo entendida como 
a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Para guardar similitude 
com o novo texto do art. 1º, melhor seria falar de uma possibilidade genérica 
de adquirir direitos e contrair deveres. Afinal, o termo obrigação tecnicamente 
é mais bem empregado com o significado de relação, nexo ou liame. 
Enfim, ter personalidade significa, resumidamente, poder ser sujeito de direitos; 
figurar no polo ativo ou passivo de uma relação obrigacional.. 
Noutro aspecto, entretanto, a personalidade está intimamente relacionada 
ao Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III, da CF), 
é que irão surgir os direitos da personalidade, ligados diretamente às pessoas 
naturais. Dentro desse segundo contexto é que o NCC inseriu o art. 52, mandando 
aplicar às pessoas jurídicas, no que couber, as normas protetivas do direito da 
personalidade.
Traçadas as duas vertentes principais atinentes ao sentido de personalidade 
jurídica, é de se perguntar se em algum dos dois aspectos as sociedades de 
fato são efetivamente atingidas por não terem registro. Ou, para esmiuçar 
o questionamento: as sociedades de fato são sujeitas de direitos e deveres? 
Podem gozar da proteção dada às pessoas jurídicas no tocante aos direitos de 
personalidade?
Para procurarmos responder a essas perguntas é necessária uma incursão 
no terreno da responsabilidade civil e mesmo no direitoprocessual. Vejamos.
TÓPICO 3 | SOCIEDADE
43
6 LEGITIMIDADE PASSIVA E RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS
Indubitavelmente, as sociedades comuns não personificadas possuem 
responsabilidade perante terceiros. Isso quer se trate de responsabilidade 
contratual ou de culpa aquiliana. Tal assertiva, até certo ponto óbvia, serve para 
destacar que o fato de não ter personalidade jurídica não afeta a possibilidade de 
as sociedades irregulares serem sujeitos de direito, ao menos no polo passivo. Em 
outras letras, ninguém questiona que elas são capazes de deveres, na ordem civil.
Para afastar qualquer dúvida quanto à responsabilidade desses entes nas 
relações consumeristas, a Lei nº 8.078/90, ao conceituar a figura do fornecedor, 
também os incluiu na norma do “caput”, do art. 3º.
Responderá pelos ilícitos civis, e de forma objetiva nas relações de consumo, 
o chamado patrimônio especial, a que faz menção o art. 988, do NCC. A correta 
exegese do artigo é aquela que entende como patrimônio especial o formado 
por uma “comunhão de interesses dos sócios, ou uma forma de propriedade 
condominial no que se refere a este patrimônio, de tal forma que os sócios se 
tornem proprietários condominiais de coisa comum”. Claro está, portanto, que 
o termo especial não significa autônomo em relação aos bens dos sócios. Ainda 
assim, temos a formação de uma universitas iuris, já que os bens em comum estão 
agregados por força de lei e são compostos da parte ativa e também do passivo.
Cabe, a esta altura, indagar se a responsabilidade dos sócios seria, além 
de ilimitada, subsidiária ou não. Invocava-se, como apoio legal a esta tese, o art. 
350 do Código Comercial, que trazia norma semelhante à do art. 1.024 do NCC.
O art. 990, também do Código de 2002, faz referência à norma do 1.024, não 
com a clareza que seria de se esperar. Pela atual redação, pode se dar a impressão 
de que apenas o sócio que contratou com a sociedade está impedido de invocar 
o benefício de ordem. Contudo, a parte inicial do art. 990 não deixa dúvida do 
contrário, “na medida em que sendo solidária e ilimitada a responsabilidade de 
todos os sócios, a todos os sócios deveria ser negado o benefício de ordem, e, não 
somente o que tenha representado a sociedade na transação com terceiros”. 
Desta feita, nada obstante a existência de um acervo de bens pertencente 
à sociedade de fato, claro está que os sócios não podem exigir que sejam eles 
excutidos antes de seus bens particulares. Afinal, não vigora aqui a distinção 
patrimonial típica das pessoas jurídicas. E pela falta de diferenciação entre o 
patrimônio particular dos sócios e o patrimônio especial, o fato é que todos os 
sócios devem responder de forma solidária, inclusive com bens particulares. 
Isso inclusive em nome dos princípios da socialidade e da boa-fé objetiva, que 
nortearam toda a codificação.
A crítica – de lege ferenda – aqui consignada é no sentido de se excluir a 
parte final da norma, a fim de eliminar qualquer confusão na sua exegese.
44
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
7 A CAPACIDADE DE SER TITULAR DE DIREITOS E DEVERES 
DAS SOCIEDADES DE FATO E A QUESTÃO DA LEGITIMIDADE 
PROCESSUAL ATIVA
Já deixamos firmada a possibilidade de as sociedades irregulares 
contraírem deveres, uma das facetas da personalidade enquanto aptidão para ser 
sujeito de relação jurídica.
Indaga-se, agora, se essas sociedades também podem figurar no polo 
ativo de uma relação jurídica obrigacional, ou seja, como titulares de direitos 
subjetivos, por exemplo, de um direito de crédito.
O questionamento aparece em função do § 2º, do art. 20, do Código de 
1916, não repetido no Código de 2002. A norma da legislação antiga trazia uma 
limitação ao exercício do direito de ação por parte das sociedades em comum e era 
assim comentada: “não estando registrada, a sociedade não tem personalidade 
jurídica, nem personalidade própria. E se não tem personalidade, como poderá 
figurar em juízo para acionar seus membros ou terceiros? Não é possível”. 
Ao aplicar o citado § 2º, estaríamos impedindo, por exemplo, que uma 
sociedade irregular pudesse acionar um fornecedor que descumprisse a entrega 
de determinado produto, ou um consumidor seu que não lhe pagasse.
A limitação não implicaria, de qualquer modo, a inexistência do direito 
subjetivo material. Por uma questão lógica, se as sociedades de fato podem ser 
sujeitos de relação jurídica, podem ocupar, em termos de relação obrigacional 
– decorrente da lei ou do contrato – qualquer um dos dois polos. Não é aqui, 
na definição de personalidade como aptidão de ser capaz de direitos e deveres, 
que a ausência de personalidade repercute. Tanto assim que nunca se cogitou 
na possibilidade de alguém retomar o que voluntariamente tivesse pago a uma 
sociedade irregular.
O ponto em que a norma revogada verdadeiramente atingia as 
sociedades em comum era naquele outrora previsto no art. 75 do Código de 
1916, também não repetido no Código atual. Portanto, partindo da premissa de 
que as sociedades de fato podiam ser titulares de direitos subjetivos, no caso 
de violação destes seus direitos surgiria, logicamente, a pretensão. Entretanto, 
por expressa vedação legal, elas estariam proibidas de obter a atuação do 
poder jurisdicional para deduzir sua pretensão em juízo. Em resumo: a falta de 
personalidade jurídica trazia uma limitação ao exercício do direito de ação, por 
expressa determinação legal.
Com o Código de Processo Civil de 1973, a questão ganhou outro 
contorno. Isso porque o seu art. 12, VII, fez referência à representação em juízo 
das sociedades sem personalidade jurídica, tanto na forma passiva como na forma 
ativa. Ora, tal dispositivo passou a contemplar de forma explícita a legitimidade 
ativa daquela espécie de sociedade para atuar em juízo.
TÓPICO 3 | SOCIEDADE
45
O aparente conflito de normas já era, outrora, solucionado em favor da 
legitimidade ativa:
O aludido art. 20 do Código Civil de 1916, hoje revogado, já não podia 
prevalecer diante do disposto no supracitado art. 12, inciso VII, do 
Código de Processo Civil, uma vez que ambos emanam de legislação 
ordinária e a lei posterior revoga a anterior quando seja com ela 
incompatível, conforme preceitua o art. 2º, § 1º, da Lei de Introdução 
ao Código Civil (BRASIL, 2016).
Pois bem, com a revogação do § 2º, do art. 20 do Código de 1916, não 
pode haver mais dúvida acerca da legitimidade ativa. Somente a lei pode limitar 
algum direito. Mesmo para aqueles que entediam que a norma limitativa de 
direito material havia subsistido em face da regra processual, hoje não existe mais 
motivo para se sustentar a impossibilidade de as sociedades de fato acionarem 
seus membros ou terceiros.
Afinal, como sujeitos de relação jurídica, embora não possuam 
personalidade, são titulares de direitos e deveres e, até mesmo por deferência 
constitucional (art. 5º, XXXV), têm o direito de invocar a proteção estatal quando 
do surgimento de uma pretensão.
Consequentemente, se a pretensão surgir pela violação de um direito 
de personalidade extensível às pessoas jurídicas – ofensa ao nome, v.g. – não 
haverá óbice ao ajuizamento de ação embasada no art. 52, do NCC. Vale dizer: as 
sociedades de fato também gozam, como as suas congêneres registradas, no que 
couber de proteção aos direitos da personalidade.
8 SOCIEDADES EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO
A Sociedade em Conta de Participação, assim como a sociedade em 
comum, também é um tipo societário que não possui personalidade jurídica, 
exonerando-se de responsabilidade, perante terceiros, em seu próprio nome. São 
pessoas que se unem para realizar um empreendimento comum.
Mas como é formada a Sociedade em Conta de Participação? Na 
Sociedade em Conta de Participação existem dois tipos de sócios: ostensivo e 
oculto (participante). O sócio ostensivo é quem efetivamente atua na sociedade, 
respondendo ilimitadamente perante as obrigações contraídas com terceiros, isso 
quer dizer, que seus bens respondem por quaisquer “danos” que esse tipo de 
atividadeprodutiva vier a causar.
Pertinente aos sócios participantes, estes somente respondem de forma 
limitada o ilimitadamente perante os sócios ostensivos, caso haja um acordo por 
escrito entre eles, e não em relação aos terceiros. A responsabilidade do sócio 
oculto ou participante é em relação ao sócio ostensivo.
46
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Outro ponto importante é que o contrato realizado entre sócio ostensivo 
e oculto não será registrado na Junta Comercial, eis que para esse tipo societário 
não há a caracterização de personalidade jurídica, contudo, as partes poderão 
registrá-lo no Registro de Títulos e Documentos, será uma garantia para os 
envolvidos.
IMPORTANT
E
“[...] a sociedade em conta de participação, disciplinada pelos 
arts.991 a 996 do CC/2002, destaca-se por não apresentar 
personalidade jurídica, traduzindo-se em uma típica “conta de 
participação”, destinada à realização de determinada atividade 
especifica a partir de recursos financeiros disponibilizados por 
um ou mais sócios capitalistas” (GOMES, 2013, p. 99).
9 SOCIEDADES PERSONIFICADAS
As sociedades personificadas são as sociedades que possuem personalidade 
jurídica, que advém do registro da sociedade nos órgãos responsáveis.
As sociedades personificadas dividem-se em sociedades simples e 
empresarias. Vamos analisar cada uma?
DICAS
Assista ao vídeo: Sociedades personificadas. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=mwl4_9GLDok>.
9.1 SOCIEDADES SIMPLES
A Sociedade Simples é o tipo societário que possui personalidade 
jurídica, entretanto não exerce atividade empresarial. “A sociedade simples é 
a espécie de sociedade personificada que explora sua atividade de modo não 
empresarial, não se submetendo ao regime jurídico do direito empresarial” 
(COMETTI, 2013, p. 76).
TÓPICO 3 | SOCIEDADE
47
9.1.1 Sociedades simples (em sentido estrito)
As sociedades simples em sentido estrito referem-se a um tipo societário 
onde profissionais se “associam” para desenvolverem atividades intelectuais de 
natureza cientifica, literária ou artística.
Nesse sentido conceitua o art. 966, § único do Código Civil (2002, s.p.): 
“Art. 966 [...] Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de 
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento 
de empresa”.
Assim, por não ter essa personalidade jurídica, também não possui o 
direito de requerer a recuperação de empresas, prevista na legislação empresarial.
IMPORTANT
E
“O vocábulo “simples” tem o sentido de ser uma sociedade 
menos complexa, haja vista seu objeto social estar relacionado 
à atividade intelectual (artística literária ou cientifica), portanto, 
negócios que envolveriam cifras menores. Isto é, seria um tipo 
societário simplificado, o que não é uma verdade absoluta tendo 
em vista que certas atividades intelectuais muitas vezes gozam 
de ampla estrutura organizacional e/ou com inúmeros sócios, 
como, por exemplo as sociedades de auditorias” (TEIXEIRA, 2014, 
p. 244).
9.1.2 Cooperativas
Outro tipo de sociedade simples são as cooperativas. As cooperativas 
visam satisfazer os interesses dos cooperados, os lucros são divididos entre os 
cooperados, buscando sempre proporcionar vantagens econômicas aos mesmos.
Uma associação de pessoas que se organizam com o propósito de se 
ajudarem mutuamente e que tem por finalidade a prestação de serviços 
a seus associados, de tal modo que possibilite o exercício de atividade 
econômica comum, que, na oferta de bens e serviços, minimize custos, 
elimine o intermediário etc. (VERÇOSA apud FRANCO, 2012, p. 238).
E, ainda, o mesmo autor afirma: “As cooperativas não têm objeto econômico 
próprio, pois são destinadas à viabilização das atividades de seus associados”, 
podendo “prestar-se tanto ao interesse dos produtores como dos consumidores 
(cooperativas de compra)” (VERÇOSA apud FRANCO, 2012, p. 238).
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UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
NOTA
ESQUEMA DE ESTUDO: COMO FUNCIONAM AS COOPERATIVAS?
Júlio César Zanluca
 As Sociedades Cooperativas estão reguladas pela Lei Nº 5.764, de 16 de dezembro 
de 1971, que definiu a Política Nacional de Cooperativismo e instituiu o regi me jurídico das 
Cooperativas.
 Cooperativa é uma associação de pessoas com interesses comuns, economicamente 
organizada de forma democrática, isto é, contan do com a participação livre de todos e 
respeitando direitos e deveres de cada um de seus cooperados, aos quais presta serviços, 
sem fins lucrativos.
 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA SOCIEDADE COOPERATIVA 
 A Sociedade Cooperativa apresenta os seguintes traços característicos: 
1) É uma sociedade de pessoas.
2) O objetivo principal é a prestação de serviços.
3) Pode ter um número ilimitado de cooperados.
4) O controle é democrático: uma pessoa = um voto.
5) Nas assembleias, o “quórum” é baseado no número de cooperados.
6) Não é permitida a transferência das quotas-par te a terceiros, estranhos à sociedade, ainda 
que por herança.
7) Retorno proporcional ao valor das operações.
8) Não está sujeita à falência.
9) Constitui-se por intermédio da assembleia dos fundadores ou por instrumento público, e 
seu atos constitutivos devem ser arquivados na Jun ta Comercial e publicados.
10) Deve ostentar a expressão “cooperativa” em sua denominação, sendo vedado o uso da 
expres são “banco”.
11) Neutralidade política e não discriminação religiosa, social e racial.
12) Indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da 
sociedade.
 Saliente-se que a cooperativa existe com o intuito de prestar serviços a seus 
associados, de tal forma que possibilite o exercício de uma atividade comum econômica, 
sem que tenha ela fito de lucro.
 FORMAÇÃO DO QUADRO SOCIAL E ASSOCIADOS 
 O ingresso nas Cooperativas é livre a todos que desejarem utilizar os serviços 
prestados pela mesma, desde que adiram aos propósitos sociais e preencham as condições 
estabelecidas no estatuto (art. 29 da Lei nº 5.764/71).
 CAPITAL SOCIAL 
 O capital social será fixado em estatuto e dividido em quotas-parte que serão 
integralizadas pelos associados, observado o seguinte: 
a) o valor das quotas-parte não poderá ser superior ao salário mínimo; 
b) o valor do capital é variável e pode ser consti tuído com bens e serviços; 
c) nenhum associado poderá subscrever mais de 1/3 (um terço) do total das quotas-parte, salvo 
nas sociedades em que a subscrição deva ser diretamente proporcional ao movimento 
finan ceiro do cooperado ou ao quantitativo dos produtos a serem comercializados, 
beneficiados ou transformados ou ainda, no caso de pessoas jurídicas de direito público 
nas Cooperativas de eletrificação, irrigação e telecomunicação; 
d) as quotas-parte não podem ser transferidas a terceiros estranhos à sociedade, ainda que 
por herança.
TÓPICO 3 | SOCIEDADE
49
 DENOMINAÇÃO SOCIAL 
 Neste tipo societário será sempre obrigatória a ado ção da expressão “Cooperativa” 
na denominação, sen do vedada a utilização da expressão “Banco”.
 ADMINISTRAÇÃO 
 A Sociedade Cooperativa será administrada por uma diretoria ou conselho de 
administração ou ainda outros órgãos necessários à administração previstos no esta tuto, 
composto exclusivamente de associados eleitos pela assembleia geral, com mandato nunca 
superior a quatro anos sendo obrigatória a renovação de, no míni mo, 1/3 do conselho de 
administração.
 FORMA CONSTITUTIVA 
 A Sociedade Cooperativa constitui-se por deliberação da assembleia geral dos 
fundadores, constantes da respectiva ata ou por instrumento público.
 OBRIGATORIEDADE DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL 
 As Normas Brasileiras de Contabilidade e a legislação determinam que a escrituração 
contábil é obrigatória, para qualquer tipo de cooperativa. Portanto, mesmo uma pequena 
cooperativa (por exemplo, uma cooperativa de pescadores), deve escriturar seu movimento 
econômico e financeiro.
 COOPERATIVA DE TRABALHO
 Considera-se Cooperativa de Trabalhoa sociedade constituída por trabalhadores para 
o exercício de suas atividades laborativas ou profissionais com proveito comum, autonomia e 
autogestão para obterem melhor qualificação, renda, situação socioeconômica e condições 
gerais de trabalho. A regulamentação das Cooperativas de Trabalhos é determinada pela Lei 
12.690/2012.
 COOPERATIVAS SOCIAIS 
 A Lei nº 9.867/1999 dispõe sobre a criação e o funcionamento de Cooperativas 
Sociais, constituídas com a finalidade de inserir as pessoas em desvantagem no mercado 
econômico, por meio do trabalho, fundamentadas no interesse geral da comunidade em 
promover a pessoa humana e a integração social dos cidadãos.
 COOPERATIVAS DE CRÉDITO 
 As Cooperativas de Crédito têm por objetivo fomentar as atividades do cooperado 
via assistência creditícia. É ato próprio de uma cooperativa de crédito a captação de recursos, a 
realização de empréstimos aos cooperados bem como a efetivação de aplicações financeiras 
no mercado, o que propicia melhores condições de financiamento aos associados.
 TRIBUTAÇÃO
 IRPJ
Os resultados (sobras) decorrentes dos atos cooperativos não são tributáveis pelo IRPJ, 
conforme Lei 5.764/71, art. 3.
 SOCIEDADES COOPERATIVAS DE CONSUMO – TRIBUTAÇÃO INTEGRAL DOS 
RESULTADOS 
 As Sociedades Cooperativas de consumo, que tenham por objeto a compra e 
fornecimento de bens aos consumidores, sujeitam-se, a partir de 1998, às mesmas normas 
de incidência dos impostos e contribuições de competência da União, aplicáveis às demais 
pessoas jurídicas, mesmo que suas vendas sejam efetuadas integralmente a associados (art. 
69 da Lei 9.532/97).
 COOPERATIVAS DE CRÉDITO – OPÇÃO OBRIGATÓRIA PELO LUCRO REAL
 As Cooperativas de Crédito, cuja atividade está sob controle do Banco Central do 
Brasil, são obrigatoriamente tributadas pelo Lucro Real, conforme Lei 9.718/98, art. 14.
Disponível em: http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/cooperativas.htm.
Acesso em: 25 fev. 2019.
50
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
10 SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
As sociedades empresárias são as que exercem atividade empresarial, de 
forma organizada, com fins lucrativos e profissionalismo.
A sociedade empresária, como espécie de sociedade personificada, 
adquirirá personalidade jurídica com a inscrição de seus atos 
constitutivos no Registro Público de Empresas Mercantis, isto é, 
na Junta Comercial de sua respectiva sede. Para ser constituída, a 
sociedade empresária deverá obrigatoriamente adotar um dos tipos 
societários regulados pelo Código Civil, nos arts. 1039 a 1092, com 
exceção da cooperativa (CC, art. 982, parágrafo único, apud COMETTI, 
2013, p. 77).
“[...] a sociedade será da espécie empresária sempre que explorar atividade com 
profissionalismo, fins lucrativos e de modo organizado” (COMETTI, 2013, p. 77).
ATENCAO
11 SOCIEDADE EM NOME COLETIVO
A Sociedade em Nome Coletivo está regulamentada no Código Civil, 
nos artigos 1039 a 1044, entretanto, poderão ser regulamentadas também pelas 
determinações legais das sociedades simples, na omissão dos artigos citados 
acima. Importante mencionar que esse tipo societário é um tanto quanto raro em 
nossa vida cotidiana. 
Os sócios respondem de forma solidaria e ilimitada perante terceiros 
com quem contratam, tangente às obrigações desse tipo societário. Outro ponto 
importante é que a administração somente poderá ser exercida por sócios. 
Pertinente ao nome empresarial, este será sempre vir acompanhado da 
expressão “e companhia”, conforme artigo 1157, do Código Civil (2002, s.p.)
Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade 
ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles 
poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a 
expressão "e companhia" ou sua abreviatura.
Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas 
obrigações contraídas sob a firma social aqueles que, por seus nomes, 
figurarem na firma da sociedade de que trata este artigo.
TÓPICO 3 | SOCIEDADE
51
IMPORTANT
E
Definição de Sociedade em Nome Coletivo
 Sociedade em nome coletivo é aquela em que todos os sócios devem ser, 
necessariamente, pessoas físicas e respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações 
sociais, entretanto, poderão estipular limites de responsabilidade pelas obrigações sociais 
entre si, mas que não terão qualquer eficácia perante credores.
 A administração da sociedade cabe exclusivamente aos sócios, sendo vedada a 
nomeação de terceiros para tal função.
 A sociedade em nome coletivo deve adotar firma social, não sendo permitido o uso 
de denominação social.
12 SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES
As sociedades em Comandita Simples estão regulamentadas nos artigos 
1045 a 1051 do Código Civil, entretanto, em caso de lacuna nestes artigos, as 
determinações a serem utilizadas deverão ser as mesmas da sociedade em nome 
coletivo.
Neste tipo societário, os sócios ao divididos em duas categorias: sócio 
comanditado e sócio comanditário. Mas qual a diferença entre eles?
Ao sócio comanditado caberá a responsabilidade subsidiaria, solidaria 
e ilimitada. Já ao sócio comanditário, a sua responsabilidade será subsidiária, 
limitada ao valor de suas quotas e solidaria. Podendo este ser pessoa física ou 
jurídica, ao contrário do sócio comanditado que poderá ser somente pessoa física 
(COMETTI, 2013).
De suma importância ressaltarmos que, quanto ao nome empresarial, 
este deverá ser firma ou razão social, composto apenas pelo nome civil dos 
sócios comanditários. “Artigo 1.047. Sem prejuízo da faculdade de participar das 
deliberações da sociedade e de lhe fiscalizar as operações, não pode o comanditário 
praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar 
sujeito às responsabilidades de sócio comanditado” (BRASIL, 2002, s.p.).
52
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Definição de Sociedade em Comandita Simples
 Sociedade em comandita simples é aquela constituída por sócios que possuem 
responsabilidade ilimitada e solidária pelas obrigações sociais e sócios que respondem apenas 
pela integralização de suas respectivas cotas, sendo estes denominados de comanditários e 
aqueles de comanditados.
 A sociedade deve ser administrada por sócio comanditado. Na ausência de sócio 
que detenha a qualidade de comanditado, os sócios comanditários deverão nomear um 
administrador provisório, que não assumirá a condição de sócio, para realizar os atos de 
administração, durante o prazo de cento e oitenta dias. O sócio comanditário que praticar 
atos de gestão e fizer uso da firma social estará sujeito às responsabilidades de sócio 
comanditário, ou seja, solidária e ilimitadamente.
ATENCAO
13 SOCIEDADES LIMITADAS
A Sociedade Limitada é a mais comum em nosso cotidiano. Anterior a 
alteração do Código \civil pela Lei nº 10.406, em 2002, esse tipo societário era 
conhecido como: “Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada”, 
conforme assim determinava o Decreto nº 3.708/19.
A expressão limitada nesse tipo societário refere-se ao fato de que os 
sócios possuem responsabilidade perante terceiros, de forma limitada ao valor de 
suas cotas, contudo, respondem de forma solidaria pela integralização do capital 
social. Art. 1.052, do Código Civil: “Na sociedade limitada, a responsabilidade de 
cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente 
pela integralização do capital social”.
IMPORTANT
E
“Alguns situam a origem mais remota das sociedades limitadas 
nas private companies do direito inglês, cuja origem data de 
meados dos 1800 (a partir de 1844). A característica básica 
destas companhias, reconhecidas como legais pelo Comapnies 
Act de 1.900 e regulamentada em seguida pelo Companies Act 
de 1.907 (em vigor a partir de 1908), a par de não terem aceso ao 
mercado de capitais era a de não poderem ultrapassar o número 
máximo de 50 (cinquenta) sócios. Porém, a modalidade nada 
mais era que uma sociedade anônima fechada, faltando-lhe a 
maleabilidade e a presença do affectio societatis,própria das 
sociedades limitadas” (FRANCO, 2012, p. 245).
TÓPICO 3 | SOCIEDADE
53
14 SOCIEDADES POR AÇÕES
As sociedades por ações são classificadas em: Sociedade em Comandita 
por Ações e Sociedades Anônimas. 
Independentemente de seu objeto, as sociedades por ações são sempre 
sociedades empresarias (art. 2º, § 1º, Lei 6.404/1976), sendo que tal 
classificação decorre da força de lei, não havendo nenhum respaldo 
quanto ao objeto social que possa ser invocado para amparar tal 
sistemática. Assim, uma sociedade que tenha por objeto a prestação de 
serviços (exceto as sociedades uni profissionais), desde que constituída 
sob a forma de sociedade anônima, terá a natureza de sociedade 
empresária, devendo, por conseguinte, seus atos constitutivos serem 
arquivados na Junta Comercial (GOMES, 2013, p. 140).
SOCIEDADE POR AÇÕES
 Trata-se de sociedade empresária que existe nas espécies anônimas e comandita por 
ações. Possui capital social dividido em ações, estando a responsabilidade de cada acionista 
(sócio) limitada ao preço de emissão da ação. Possui legislação especial (Lei nº 6.404/76) que 
trata de suas particularidades, como a constituição, requisitos, funcionamento etc.
Fundamentação:
• Artigo 982, parágrafo único, do Código Civil
• Lei nº 6.404/76
REFERÊNCIA: SANCHES, Alessandro. Prática jurídica empresarial. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 
2012.
ATENCAO
15 SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES 
A Sociedade em Comandita por Ações está prevista nos artigos 1090 à 
1092 do Código Civil e na Lei nº 6.404/76, nos artigos 280 a 284.
Nesse tipo societário a responsabilidade do gerente (acionista diretor) é 
ilimitada perante terceiros, tangente às obrigações assumidas pela sociedade. 
Pertinente ao nome empresarial, o artigo 1.161 do Código Civil (BRASIL, 
2002, s.p.) determina que esta sociedade poderá adotar firma ou denominação. 
Sendo que em caso de firma, o nome civil será do diretor acionista: “Art. 1.161. A 
sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação 
designativa do objeto social, aditada da expressão ‘comandita por ações". E, ainda:
54
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
Art. 1.091, Código Civil: Somente o acionista tem qualidade para 
administrar a sociedade e, como diretor, responde subsidiária e 
ilimitadamente pelas obrigações da sociedade.
§ 1º Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, 
depois de esgotados os bens sociais.
§ 2º Os diretores serão nomeados no ato constitutivo da sociedade, sem 
limitação de tempo, e somente poderão ser destituídos por deliberação 
de acionistas que representem no mínimo dois terços do capital social.
§ 3o O diretor destituído ou exonerado continua, durante dois anos, 
responsável pelas obrigações sociais contraídas sob sua administração”.
Art. 1.092, Código Civil: Nos contratos bilaterais, nenhum dos 
contraentes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o 
implemento da do outro.
Se, depois de concluído o contrato sobrevier a uma das partes 
contratantes diminuição em seu patrimônio, capaz de comprometer 
ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a parte, a 
quem incumbe fazer prestação em primeiro lugar, recusar-se a esta, 
até que a outra satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de 
satisfazê-la.
Parágrafo único. A parte lesada pelo inadimplemento pode requerer a 
rescisão do contrato com perdas e danos (BRASIL, 2002, s.p.).
16 SOCIEDADES ANÔNIMAS
As sociedades anônimas são regulamentadas por lei própria, Lei nº 
6.404/76, conhecida por Lei das S.A. Este tipo societário sempre será sociedade 
empresária.
A sociedade anônima é sempre empresária, mesmo que seu objeto seja 
atividade econômica civil (CC, art. 982, parágrafo único; LSA, art. 2º, 
§ 1º). Uma companhia constituída só por dentistas para a prestação de 
serviços de odontologia pelos próprios acionistas, embora tenha por 
objeto uma atividade não empresarial (CC, art. 966, parágrafo único), 
será empresária e estará sujeita ao regime jurídico-comercial, pela 
só adoção do tipo societário, o que, salvo no caso das cooperativas, 
não ocorre com as demais sociedades tipificadas em lei que podem, 
em função da natureza de sua atividade, ser simples ou empresárias 
(COELHO, 2013, p. 221).
IMPORTANT
E
“Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto 
social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou 
abreviadamente.
Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa 
que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa” (BRASIL, 2002, s.p.).
TÓPICO 3 | SOCIEDADE
55
LEITURA COMPLEMENTAR
SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
Angelo Mestriner
A Sociedade Empresária se caracteriza pela reunião de duas ou mais 
pessoas para exercer uma atividade econômica. Estas pessoas podem ser 
tanto físicas quanto jurídicas. Fábio Ulhoa nos alerta quanto à utilização da 
palavra “empresária”:
 
Sociedade empresária é a pessoa jurídica que explora uma empresa. 
Atente-se que o adjetivo “empresária” conota ser a própria sociedade 
(e não os seus sócios) a titular da atividade econômica. Não se trata, 
com efeito, de sociedade empresarial, correspondente à sociedade de 
empresários, mas da identificação da pessoa jurídica como o agente 
econômico organizador da empresa. Essa sutiliza terminológica, na 
verdade, justifica-se para o direito societário, em razão do princípio 
da autonomia da pessoa jurídica, o seu mais importante fundamento. 
Empresário, para todos os efeitos de direito, é a sociedade, e não 
os seus sócios. É incorreto considerar os integrantes da sociedade 
empresária como os titulares da empresa, porque essa qualidade é a 
da pessoa jurídica, e não dos seus membros (CURSO DE DIREITO 
EMPRESARIAL Vol. 2, 2010, p. 23).
 
No Direito Empresarial, é importante observar que o termo empresa refere-
se à atividade e o termo empresário refere-se a própria sociedade. Nas palavras de 
Fábio Ulhoa:
 A pessoa jurídica empresária é cotidianamente denominada 
"empresa", e os seus sócios são chamados "empresários". Em termos 
técnicos, contudo, empresa é a atividade, e não a pessoa que a explora; 
e empresário não é o sócio da sociedade empresarial, mas a própria 
sociedade. É necessário, assim, acentuar, de modo enfático, que o 
integrante de uma sociedade empresária (o sócio) não é empresário; 
não está, por conseguinte, sujeito às normas que definem os direitos 
e deveres do empresário Curso de Direito Comercial Vol. 1, 2006 (p. 
62-63).
 
A caracterização da pessoa do Empresário está prevista no art. 966 do 
Código Civil, que diz:
 Art. 966 - Considera-se empresário quem exerce profissionalmen te 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou 
de serviços.
 
A palavra PROFISSIONALISMO e ORGANIZADO do art. 966 
merece nossa atenção, pois, para ser considerado empresário é obrigatório 
UNIDADE 1 | DIREITO EMPRESARIAL
56
haver profissionalismo, ou seja, deve haver a perda da pessoalidade e a inclusão 
da habitualidade, pois, através dela, a atividade econômica é exercida de forma 
reiterada, constante. Por exemplo, o fato de eu ter um carro e querer vendê-
lo, não faz de mim a pessoa do Empresário, pois, não há habitualidade, nem 
profissionalismo neste ato, diferentemente de uma loja especializada em vender 
veículos usados, cuja principal função é vender carros no seu dia a dia, de forma 
reiterada e profissional.
Já a palavra organizada, refere-se à Atividade Organizada, que para 
o Direito Empresarial é aquela que conjuga quatro fatores de produção, a 
saber: capital, mão de obra, insumos e tecnologia.
O capital refere-se ao patrimônio da empresa. Hoje uma sociedade sem a 
formação do capital é inadmissível. A mão de obra caracteriza-se pela contratação 
dos empregados, são estes profissionais que vão exercer a atividade diretamente. 
Os insumos são tudo aquilo que é necessário para um processo produtivo, ou 
seja, tudo aquilo que eu emprego no exercício da atividadeeconômica para 
produzir alguma coisa é insumo. A tecnologia refere-se ao empresário, pois ele 
quem detém o monopólio das informações, os meios necessários para a produção 
de um produto ou serviço.
 
A sociedade empresária constitui seus próprios direitos e obrigações, e 
estes, diferem-se dos direitos e obrigações dos sócios. As sociedades empresárias 
são sempre personalizadas, no entanto, isso não significa que o sócio sempre 
responderá limitadamente, pois, em alguns casos, como por exemplo, a 
sociedade empresária em nome coletivo, os sócios respondem ilimitadamente 
pelas obrigações sociais. Já na sociedade empresária Limitada ou de Sociedade 
Anônima (SA), os sócios ou acionistas têm suas responsabilidades limitadas, salvo 
em casos excepcionais (responsabilização tributária do administrador de uma 
sociedade limitada). Então, se a sociedade empresária não pagar seus credores, 
eles deverão entrar com uma ação judicial contra a Pessoa Jurídica, será o nome 
dela que estará na petição inicial e dependendo do tipo de sociedade, os sócios 
poderão responder de forma limitada ou ilimitada.
[...]
FONTE: <http://eueodireito.blogspot.com/2013/02/direito-empresarial-sociedade.html>. Acesso 
em: 20 mar. 2019.
57
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Sociedade é um ente que tem natureza contratual, ou seja, é um contrato.
• A societas não possuíam personalidade jurídica, por esse motivo, os sócios 
contratavam com terceiros independentemente, sem que a responsabilidade 
por tais contratos fosse da sociedade.
• A finalidade deixa de ser aquela de gerir bens em regime de copropriedade, 
sendo substituída por aquela de atingir um objetivo ou uma finalidade em 
comum. O vínculo natural familiar “fraterno” dá lugar à affectio societatis, 
resultante da vontade de colaboração na realização de um objetivo comum 
(FRANCO, 2012, p. 179).
• “É um acordo de vontades entre duas ou mais pessoas (físicas ou jurídicas), 
com o objetivo de constituir uma relação jurídica. “Contrato significa o acordo 
(ato) de duas ou mais partes para constituir, regular ou extinguir entre elas 
uma relação jurídica de direito patrimonial” (TEIXEIRA, 2014, p. 225).
58
1 É correto afirmar que nas sociedades limitadas:
a) ( ) A responsabilidade da sociedade é limitada ao valor total do capital 
social.
b) ( ) Os sócios respondem solidariamente pelas dívidas da sociedade, ainda 
que o capital social esteja integralizado.
c) ( ) A sociedade simples que adotar a forma de limitada será considerada 
sociedade empresária.
d) ( ) A responsabilidade dos sócios é solidária e limitada ao valor das quotas 
não integralizadas.
e) ( ) A responsabilidade dos sócios é solidaria e limitada ao valor que faltar 
a ser integralizado no capital social.
2 Como surgiu a affectio societatis. Explique.
AUTOATIVIDADE
59
UNIDADE 2
LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender a base constitucional, os conceitos e direitos básicos do 
consumidor;
• analisar os princípios que norteiam a legislação consumerista, bem como 
sua aplicação perante o Código de Defesa do Consumidor;
• adquirir uma visão geral a respeito dos temas: responsabilidade pelo 
fato do produto e do serviço, responsabilidade por vício do produto e 
do serviço, desconsideração da personalidade jurídica, práticas comer-
ciais e cláusulas abusivas, proteção comercial, contratos de adesão, oferta 
e publicidade.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – CONCEITO: CONSUMIDOR, FORNECEDOR, PRODUTOS E 
SERVIÇOS
TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA 
TÓPICO 3 – RESPONSABILIDADE NA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
TÓPICO 4 – DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
60
61
TÓPICO 1
CONCEITO: CONSUMIDOR, FORNECEDOR, 
PRODUTOS E SERVIÇOS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Na presente Unidade 2 analisaremos os conceitos primordiais que 
perfazem a legislação consumerista, tais como: consumidor, fornecedor, produto 
e serviço. Serão apontadas a base constitucional que ensejou a promulgação do 
Código de Defesa do Consumidor.
Salutar mencionar que o conceito de consumidor passou por inúmeras 
mudanças através dos entendimentos legais e jurisprudenciais até a consolidação 
no Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. 
Assim, haverá relação jurídica de consumo sempre que se puder identificar num 
dos polos da relação ao consumidor, no outro, o fornecedor, ambos transacionado 
produtos e serviços (NUNES, 2015). 
No mesmo sentido, analisaremos os princípios que embasam a relação 
consumerista, sendo os principais: dignidade, proteção à vida, saúde e segurança, 
proteção e necessidade, transparência, harmonia, vulnerabilidade, liberdade 
de escolha, intervenção do estado, boa-fé, igualdade nas contratações, dever 
de informar, proteção contra publicidade enganosa ou abusiva, proibição de 
práticas abusivas e cláusulas abusivas, princípio da conservação, modificação 
de cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais, direito de revisão, 
prevenção e reparação dos danos materiais e morais e, acesso à justiça.
Outro assunto importante a ser trabalhado nesta unidade é a respeito 
da responsabilidade na legislação consumerista que, difere do entabulado pelo 
Código Civil, eis que, em regra, a responsabilidade é objetiva, como será visto no 
decorrer desta Unidade 2.
Outrossim, será abordada a desconsideração da personalidade jurídica, 
que sofreu inovações perante o Código de Processo Civil, alterado em 2015, mas 
que já vinha sendo este instituto aplicado pelo Código de Defesa do Consumidor, 
desde sua promulgação, em 1990.
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
62
Por fim, serão analisadas as questões referentes às abusividades contratuais, 
bem como os conceitos de oferta e publicidade e suas implicações legais. 
Essas reflexões serão de suma importância para que possamos entender o 
que preconiza o Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078, de 11 de setembro 
de 1990.
2 DIFERENÇAS ENTRE OS SUJEITOS DA RELAÇÃO DE 
CONSUMO
As relações de consumo são baseadas primordialmente no Princípio da 
Boa Fé, principio que norteia todos os ramos do Direito. Analisa-se que as relações 
de consumo têm o cunho profícuo de “circulação”, não somente de mercadorias, 
mas também serviços disponibilizados neste grande mercado de consumo.
Para tanto, é importante que saibamos as diferenças e as ligações existentes 
entre as pessoas que compõem as relações consumeristas, bem como, o que faz 
com que tais relações existam, quais sejam: consumidor, fornecedor, produto e 
serviço.
Passamos a estudar cada uma delas!
2.1 RELAÇÃO SOCIAL E RELAÇÃO JURÍDICA
O consumo em si, surge com força maior a partir da Revolução Industrial 
do aço e do carvão, eis que, a população passa a migrar da zona rural para urbana. 
E, sendo assim, residindo em centros urbanos maiores, as pessoas passam a ter 
“mais necessidades materiais”, consequentemente, consumindo mais.
Salienta-se que, anteriormente a grande preocupação era o aspecto 
quantitativo e, não qualitativo. 
“Ao vulnerável da relação apresentada cabe:
• aderir ao contrato previamente elaborado pelo fornecedor – contrato de adesão, ou
• adquirir produto confeccionado com material de origem e qualidade desconhecidas na 
maioria das vezes” (BOLZAN, 2015, p. 31).
ATENCAO
TÓPICO 1 | CONCEITO: CONSUMIDOR, FORNECEDOR, PRODUTOS E SERVIÇOS
63
Importante observar que o Direito Civil, anterior à edição do Código 
de Defesa do Consumidor não protegia o consumidor, eis que 
suas diretrizes eram: autonomia das vontades, pacta sunt servanda 
e responsabilidade subjetiva; entretanto, com o Código de Defesa 
do Consumidor, tem-se como base: normas de ordem pública e 
de interesse social, intervenção estatal e responsabilidade objetiva 
(BOLZAN, 2015, p. 31).
2.2 RELAÇÃOJURÍDICA DE CONSUMO 
Antes de iniciarmos nossos estudos pertinentes aos conceitos de 
consumidor, fornecedor, produtos e serviços é de suma importância que saibamos 
distinguir uma relação social e uma relação jurídica.
Tem-se que as relações sociais são as relações que não possuem implicações 
jurídicas. 
Para sua conceituação, parte-se da atividade social do homem. 
Vivendo em sociedade, necessariamente nos relacionamentos com 
nossos semelhantes, ensejando relações sociais. Muitas dessas relações 
são de natureza afetiva, cultural, religiosa, recreativa, vale dizer, 
sem relevância jurídica; outras, entretanto, têm natureza econômica, 
familiar, funcional, pública, etc., exigindo, pela relevância social, 
disciplina jurídica. As relações sociais reguladas pelo Direito tornam-
se relações jurídicas. [...] Podemos, então, conceituar relação jurídica 
como toda relação social disciplinada pelo Direito. Preferem outros 
defini-la como toda relação da vida social que produz consequências 
jurídicas (CAVALIERI FILHO, 2012, p. 57). 
Portanto, uma relação social apenas se tornará jurídica quando 
efetivamente gerar consequências jurídicas.
E, quanto às relações de consumo, como surgem?
As relações de consumo surgem a partir do momento em que os elementos 
formadores de tal relação estiverem presentes, quais sejam: consumidor e 
fornecedor (elementos subjetivos) visando a um objeto – aquisição de um produto 
ou serviço (elementos objetivos).
Assim, salutar mencionar que “consumidor e fornecedor, além de 
produto ou serviço, são conceitos relacionais e dependentes, ou seja, só existira 
um consumidor se também existir um fornecedor, bem como um produto ou 
serviço” (MIRAGEM, 2010, p. 84).
Dessa forma, tem-se que os elementos da relação de consumo concentram-
se nos sujeitos, ou seja, consumidor e fornecedor e; no objeto, quais sejam, 
produtos e serviços. Colaciona-se o entendimento de Denari (1996, p. 189-190) a 
respeito da elação jurídica de consumo
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
64
No polo ativo da relação jurídica de consumo figura o fornecedor, 
assim entendido o operador econômico, pessoa física ou jurídica, que 
participa do ciclo produtivo-distributivo, desenvolvendo atividade de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação 
de serviços (cf. art. 3º). No polo passivo da mesma relação se encontra 
o consumidor, pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto 
ou serviço como destinatário (cf. art. 2º). 
ESTUDOS FU
TUROS
Iremos estudar, no decorrer deste livro didático, a respeito da desconsideração 
da personalidade jurídica e suas implicações na legislação consumerista.
2.3 CONCEITO DE CONSUMIDOR
Até aqui analisamos os pilares que embasam a relação social, quando ela 
passa a interessar o “mundo jurídico”, transformando-a em relação jurídica e, por 
fim, como ocorre a relação de consumo.
Vejamos agora o que é consumidor para legislação. O Código de Defesa 
do Consumidor define consumidor, em seu art. 2º.
Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou 
utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, 
ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de 
consumo. 
Do conceito trazido pelo Código de Defesa do Consumidor temos que, 
incialmente, destacar alguns pontos, tais como: o que seria destinatário final e 
a diferença entre bens de consumo e bens de produção. E, por fim, quem são os 
consumidores equiparados.
“Os bens de consumo são adquiridos para o consumo final e os bens de 
produção integram a cadeia produtiva” (BOLZAN, 2015, p. 88). Assim, a legislação 
consumerista protege somente os direitos dos consumidores os que adquirem 
produtos ou utilizam serviços como destinatários finais, desde que sejam bens de 
consumo. E, tratando-se de aquisições de bens de produção, a legislação aplicada 
será o Código Civil.
TÓPICO 1 | CONCEITO: CONSUMIDOR, FORNECEDOR, PRODUTOS E SERVIÇOS
65
TEORIAS SOBRE O CONCEITO DE CONSUMIDOR
a) Teoria Finalista
 Pela teoria Finalista, o destinatário final é todo aquele que utiliza o bem como 
consumidor final fático e econômico.
 Consumidor final fático é quem adquire bem ou serviço para o seu uso pessoal; o 
aspecto econômico indica que o bem ou serviço adquirido não será utilizado em qualquer 
finalidade produtiva, tendo o seu ciclo econômico encerrado na pessoa do adquirente.
 Claudia Lima Marques e Antônio Herman V. Benjamim explicam a teoria finalista 
definindo o conceito de “destinatário final” do art. 2º do CDC:
 “O destinatário final é o consumidor final, o que retira o bem do mercado ao adquirir 
ou simplesmente utilizá-lo (destinatário final fático), aquele que coloca um fim na cadeia 
de produção (destinatário final econômico) e não aquele que utiliza o bem para continuar 
a produzir, pois ele não é consumidor final, ele está transformando o bem, utilizando o 
bem, incluindo o serviço contratado no seu, para oferecê-lo por sua vez ao seu cliente, seu 
consumidor, utilizando-o no seu serviço de construção, nos seus cálculos do preço, como 
insumo da sua produção.” (em, “comentários ao código de Defesa do Consumidor”, 2º Ed., 
São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2006, p. 83/84).
 Para os finalistas, consumidor seria apenas aquele que adquire o bem para utilizá-
lo em proveito próprio, satisfazendo uma necessidade pessoal e não para revenda ou então 
para acrescentá-lo à cadeia de produção.
 De tal modo, aquele que poderia ser considerado “fornecedor/produtor” pelo art. 
3º do CDC, também poderia ser considerado “consumidor”, quando da relação jurídica 
caracterizarem-se os elementos acima mencionados.
 Neste prisma, o conceito de “vulnerabilidade” cravado na lei consumerista não se 
aplica.
 A crítica a esta definição se dá em relação ao modo de aplicação ao Código quando 
o consumidor é pessoa jurídica.
 Embora este efetivamente seja destinatário final, acabaríamos desconsiderando 
o objetivo do lei consumerista, ou seja, a defesa da parte vulnerável, que se encontra em 
patamar de desvantagem diante das relações do mercado de consumo.
 A adoção da teoria finalista supõe entendimento que despreze o princípio de defesa 
à parte vulnerável (art. 4º, I, CDC).
b) Teoria Maximalista
 Pela teoria Maximalista, destinatário final é todo aquele consumidor que adquire o 
produto para o seu uso, independente de destinação econômica conferida ao mesmo.
 Tal teoria confere uma interpretação abrangente ao artigo 2º do CDC, podendo 
o consumidor ser tanto uma pessoa física que adquire o bem para o uso pessoal, quanto 
uma grande indústria, que pretende conferir ao bem desdobramentos econômicos, ou seja, 
utilizá-lo nas suas atividades produtivas.
 Com efeito, Jorge Alberto Quadros de Carvalho Silva ao tratar da corrente 
maximalista, apresenta as seguintes considerações:
 “Consumidor é quem adquire no mercado de consumo o produto ou serviço; 
aquele em razão de quem é interrompida a cadeia de produção e circulação de certos bens 
e serviços, para usufruir ele mesmo, ou terceiro a quem os ceda, das respectivas funções 
– ainda que esses bens e serviços possam ser empregados, indiretamente, no exercício de 
sua empresa ou profissão, isto é, ainda que venham a ser interligados, acessoriamente, à 
sua atividade produtiva ou profissional, coletiva ou individual, voltada ou não para o lucro 
(destinatário final fático)”.
 Se comparada com a teoria anteriormente explicada, percebemos que a Maximalista 
considera consumidor aquele que adquire produto ou serviço, ainda que sejam integrados 
em sua cadeia produtiva.
ATENCAO
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
66
 Cláudia Lima Marques faz importantes exemplificações em sua obra sobre a 
amplitude da teoria maximalista:
 “A definição do art. 2º (CDC) deve ser interpretada o mais extensamente possível, 
segundo esta corrente, para que as normas do CDC possam ser aplicadas a um númerocada vez maior de relações no mercado. Consideram que a definição do art. 2º é puramente 
objetiva, não importando se a pessoa física ou jurídica tem ou não fim de lucro quando 
adquire um produto ou utiliza um serviço. Destinatário final seria o destinatário fático do 
produto, aquele que retira do mercado e o utiliza, o consome, por exemplo, a fábrica de 
toalhas que compra algodão para transformar, a fábrica de celulose que compra carros para 
o transporte de visitantes, o advogado que compra uma máquina de escrever para seu 
escritório, ou mesmo o Estado quando adquire canetas para uso nas repartições e, é claro, a 
dona de casa que adquire produtos alimentícios para a família”.
 Neste trecho percebemos que para a autora, a interpretação do Artigo 2º do Código 
de Defesa do Consumidor deve ser para entender consumidor final, entendido como quem 
utiliza o produto adquirido para articulação dos seus meios de produção, seja qual for a 
modalidade.
 Entende-se que de tal modo haveria fim à cadeia de consumo daquele (bem ou 
serviço adquirido), sendo que o surgimento de um novo não representa continuidade.
 Ao que parece, a aquisição de produto para revenda no mercado de consumo é 
única hipótese que desclassificaria o sujeito da relação jurídica como consumidor para fins 
de aplicação da Lei aqui abordada.
 Nesta interpretação desconsidera-se também o conceito de vulnerabilidade.
 Atualmente há entendimento do STJ sobre quem é “Destinatário final fático” – 
conhecido como Teoria Finalista Mitigada – e o acesso é possível pelo: (Resp. 476.428, 3ª 
Turma e Resp. 660.026, 4ª Turma).
FONTE: GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor – 
comentado pelos autores do anteprojeto. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.
FIGURA 1 - ESTRUTURA DO CONCEITO DE CONSUMIDOR
Consumidor
* CORRENTES:
 * Finalista
 * Maximalista
Pessoa
Produto/Serviço
Física
Jurídica
Adquire
Utiliza
FONTE: <http://twixar.me/0My1>. Acesso em: 8 mar. 2019.
TÓPICO 1 | CONCEITO: CONSUMIDOR, FORNECEDOR, PRODUTOS E SERVIÇOS
67
IMPORTANT
E
 CONSUMIDOR
Paulo Cesar Pinto
O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 2º, define consumidor como toda pessoa 
física ou jurídica que adquire produto ou utiliza serviço como destinatário final.
O que é ser destinatário final?
É a pessoa que adquire o produto para consumo próprio ou de sua família.
Neste sentido, está excluída a pessoa que adquire produto como insumo para implementar 
em seu ramo de trabalho.
Exemplo 1 – “uma cabelereira que adquire um secador de cabelos para utilizar em seu salão 
de belezas não é considerada consumidora, pois ela não é destinatária final, o destinatário 
final será o cliente do salão, o secador não será para seu uso pessoal ou de sua família, mas 
sim para ser utilizado como ferramenta de seu trabalho”.
Exemplo 2 – “uma cabelereira que tendo seu secador no salão de beleza, adquire outro 
secador para seu uso pessoal ou de sua família, neste caso, como comprou o aparelho para 
uso pessoal, ela é consumidora, porque é destinatária final”. 
CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO
O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 2º parágrafo único, artigo 17 e artigo 29, 
prevê mais uma forma de consumidor, é o consumidor por equiparação. 
Consumidor por equiparação é toda coletividade, ainda que indetermináveis, que haja 
intervindo nas relações de consumo. Vamos exemplificar:
Exemplo 1 - “uma empresa de água não toma os cuidados necessários para garantir a 
qualidade do produto, pondo em risco toda a coletividade”.
 Não se sabe quantas pessoas foram atingidas, nem quem pode estar sendo lesado pela má 
qualidade da água, assim mesmo toda essa coletividade está amparada pelo código.
Exemplo 2 – “uma empregada doméstica que ao ligar o liquidificador da patroa (que é a 
consumidora) perde um dedo devido um acidente com o aparelho”.
A empregada neste caso também está protegida pelo CDC, pois, apesar de ter sido a patroa 
quem adquiriu o liquidificador o defeito do produto a atingiu, tornando-a consumidora por 
equiparação.
Exemplo 3 – “uma imobiliária de uma cidade litorânea anuncia pela imprensa a venda de um 
loteamento cujos lotes ficam de frente para o mar, mas na realidade somente alguns poucos 
lotes tem essa característica, pois os demais ficam de frente para um morro”.
Está claro que a imobiliária fez propaganda enganosa, assim, toda a coletividade é 
consumidora por equiparação, pois o número de pessoas atingidas por essa publicidade 
é indeterminável. Desta forma todos que ajuizarem ação contra a imobiliária estarão no 
exercício de um legítimo direito por serem consumidores por equiparação.
Exemplo 4 – “uma pessoa compra maionese, faz uma salada e serve para alguns amigos. A 
maionese estava estragada e todos passam mal”.
Todos os amigos são consumidores por equiparação, pois foram atingidos pelo defeito do 
produto.
Exemplo 5 - “uma pessoa compra uma televisão e a dá de presente a um amigo, este amigo, 
feliz da vida, recebe a televisão e a leva pra casa, porém ao ligar o aparelho este não funciona”.
Esse amigo que recebeu o aparelho de TV é consumidor por equiparação e pode pleitear 
junto ao fornecedor providências para que conserte o aparelho ou o substitua.
FONTE: <https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/7852/Relacoes-de-consumo>. Acesso 
em: 8 mar. 2019.
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
68
DICAS
LIVROS - Vamos ler um pouco mais sobre Direito do Consumidor!
3 CONCEITO DE FORNECEDOR
Consoante ao que estudamos até aqui, temos que o fornecedor é uma das 
partes de suma importância na relação consumerista, eis que ele tem o condão de 
compor tal relação. A análise que se faz para conceituarmos fornecedor, refere-se 
à atividade que ele exerce dentro da relação consumerista.
O art. 3º do Código de Defesa do Consumidor, conceitua fornecedor como:
Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, 
que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
No mesmo sentido, grandes doutrinadores conceituam fornecedor. 
Miragem (2009, p. 98) preleciona:
TÓPICO 1 | CONCEITO: CONSUMIDOR, FORNECEDOR, PRODUTOS E SERVIÇOS
69
Com relação ao elemento dinâmico da definição (desenvolvimento 
de atividade), o CDC buscou relacionar ampla gama de ações, com 
relação ao fornecimento de produtos e à prestação de serviços. Neste 
sentido, é correto indicar que são os fornecedores, para os efeitos 
do CDC, todos os membros da cadeia de fornecimento, o que será 
relevante ao definir-se a extensão de seus deveres jurídicos, sobretudo 
em matéria de responsabilidade civil.
E, ainda, Cavalieri Filho (2012, p. 73) menciona: “Fornecedor é gênero – 
quer no que respeita ao sujeito em si (pessoa física e jurídica; pública ou privada; 
nacional ou estrangeira), quer no que se refere às atividades que desenvolve – e 
não por acaso”.
Da mesma forma, um ícone no Direito do Consumidor, Marques (2002, 
p.103) aduz:
O art. 3º do CDC bem especifica que o sistema de proteção do 
consumidor considera como fornecedores todos os que participam da 
cadeia de fornecimento de produtos e da cadeia de fornecimento de 
serviços [...], não importando sua relação direta ou indireta, contratual 
e extracontratual, com o consumidor.
Verifica-se, em suma, que o fornecedor é aquele que fornece produtos e presta 
serviços a terceiros, sendo que nossos tribunais têm entendido que a finalidade de lucro está 
intrínseca. Disponível em: <https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI61403,61044-+consu
midor+e+o+fornecedor+no+Codigo+de+Defesa+do+Consumidor>. Acesso em: 8 mar. 2019.
ATENCAO
Importante ressaltar que o profissional liberal pode ser considerado 
fornecedor, eis que estão presentes os requisitos conceituais, quais sejam: pessoa 
que atua com habitualidade e possui finalidade de lucro. Ex.: prestador de serviço 
– encanador, eletricistaetc.
Da mesma forma, o CDC especificou as pessoas jurídicas que podem ser 
consideradas fornecedoras, isto é: pessoa jurídica privada, pessoa jurídica pública, 
pessoa jurídica nacional, pessoa jurídica estrangeira e entes despersonalizados.
Com relação aos entes despersonalizados, são aquelas sociedades que não 
possuem personalidade jurídica (pessoas jurídicas de fato), ou seja, aquelas que 
não possuem seus atos constitutivos registrados no cartório oficial competente. A 
lei não quis também afastar tais entidades, pois em não havendo personalidade 
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
70
jurídica, em regra, estas não poderiam ser sujeitos de direitos nem obrigações e, 
com isso, não poderiam ser demandadas em juízo no caso de futuros danos ao 
consumidor. O CDC afastou esse problema incluindo-as no rol de fornecedor 
(PORTAL DA EDUCAÇÃO, 20-?).
Assim, tem-se que, as pessoas físicas, desde eu sejam profissionais 
liberais também podem ser consideradas fornecedoras, bem como os entes 
despersonalizados, desde que estejam presentes os requisitos ensejadores desta 
relação (consumidor – fornecedor), ou seja, habitualidade e finalidade de obtenção 
de lucro. Além das pessoas jurídicas.
Por fim, não menos importante, temos que analisar a teoria criada por 
Leonardo Roscoe Bessa referente ao fornecedor equiparado.
Segundo Bessa (2011, p. 1024), “o CDC ao lado do conceito genérico de 
fornecedor (caput, art. 3º), indica e detalha, em outras passagens, atividades que 
estão sujeitas ao CDC. Talvez, o melhor exemplo seja o relativo aos bancos de 
dados e cadastros de consumidores (art. 43, CDC). E, exemplifica ainda, o mesmo 
autor, o anunciante no caso é um fornecedor equiparado e está sujeito, portanto, 
à disciplina do CDC”.
E, Marques (2010, p. 104) complementa definindo fornecedor equiparado 
como 
Aquele terceiro na relação de consumo, um terceiro apenas 
intermediário ou ajudante da relação de consumo principal, mas que 
atua frente a um consumidor (aquele que tem seus dados cadastrados 
como mau pagador e não efetuou sequer uma compra) ou a um grupo 
de consumidores (por exemplo, um grupo formado por uma relação 
de consumo principal, como a de seguro de vida em grupo organizado 
pelo empregador e pago por este), como se o fornecedor fosse 
(comunica o registro no banco de dados, comunica que é estipulante 
no seguro de vida em grupo etc.).
IMPORTANT
E
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) discorda dessa teoria. Entende que o veículo 
de comunicação que veicula publicidade enganosa ou abusiva e, nos termos da teoria em 
comento, seria um exemplo de fornecedor equiparado, não vem sendo responsabilizado, 
conforme entendimento expresso no REsp 1.157.228: “A responsabilidade pela qualidade 
do produto ou serviço anunciado ao consumidor é do fornecedor respectivo, assim 
conceituado nos termos do art. 3º da Lei n. 8.078/1990, não se estendendo à empresa de 
comunicação que veicula a propaganda por meio de apresentador durante programa de 
televisão, denominada ‘publicidade de palco’” (REsp. 1.157.228, Rel. Ministro Aldir Passarinho 
Junior, 4ª T., DJe 27-4-2011).
TÓPICO 1 | CONCEITO: CONSUMIDOR, FORNECEDOR, PRODUTOS E SERVIÇOS
71
4 CONCEITO DE PRODUTOS E SERVIÇOS
A relação jurídica de consumo é formada pelos elementos objetivo e 
subjetivo. Sendo o elemento subjetivo formado pelo consumidor e fornecedor e; 
o elemento objetivo, formado por produtos e serviços. “A ideia de produto está 
ligada aos bens, resultado da produção no mercado de consumo das sociedades 
capitalistas contemporâneas” (NUNES, 2015, p. 137). 
O Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990) preleciona em seu 
§1º, art. 3º que “Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”.
Outros grandes autores conceituaram de forma ampla e clara o que é 
produto e, por consequência, para elucidar melhor nosso estudo, devemos 
citá-los.
Na visão de Filomeno (2010, p. 52), “produto (entenda-se ‘bens’) é qualquer 
objeto de interesse em dada relação de consumo, e destinado a satisfazer uma 
necessidade do adquirente, como destinatário final”. Para Cavalieri Filho (2011, 
p. 74), “produto é utilizado em seu sentido econômico e universal, isto é, aquilo 
que resulta do processo de produção ou fabricação”.
E, para complementar, Marques (2010, p. 100) define produto como 
“qualquer bem, consumível fisicamente ou não, móvel ou imóvel, novo ou usado, 
material ou imaterial, fungível ou infungível, principal ou acessório”.
 Produto gratuito ou amostra grátis
 O recebimento, mesmo que autorizado da amostra grátis subordina o fornecedor 
tal qual em uma relação de consumo, pois este é um dos casos em que surge a figura do 
consumidor por equiparação, nos termos do art. 2º, parágrafo único, da citada lei: “Art. 2º […] 
Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja 
intervindo nas relações de consumo. ”
 Logo, a relação que se estabelece com o fornecedor por qualquer pessoa que 
recebeu uma amostra grátis, então, está sujeita às regras relativas aos vícios, defeitos, prazos de 
garantias e demais disposições da legislação consumerista em virtude do produto recebido.
FONTE: <https://jusday.jusbrasil.com.br/artigos/485608129/direito-do-consumidor-amostra-
gratis>. Acesso em: 8 mar. 2019.
ATENCAO
E, serviços, o que seria de acordo com o Código de Defesa do Consumidor?
Pertinente aos serviços, estes, em linhas gerais são definidos como qualquer 
atividade fornecida ou prestada no mercado de consumo (NUNES, 2015 p. 142).
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
72
O Código de Defesa do Consumidor conceitua serviços, em seu §2º, 
art. 3º, sendo “serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e 
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”. 
Devemos analisar o conceito de serviço sob três aspectos: exigência de 
remuneração, exclusão das relações trabalhistas e rol exemplificativo de serviços, 
com destaque para a inclusão dos serviços bancários. 
No que tange à remuneração, esta não necessariamente precisa ser de 
forma direta, mas também pode ser indiretamente. Ex.: estacionamento gratuito 
em shopping center (na verdade não é gratuito, pois sua remuneração está 
embutida nos diversos produtos vendidos nesses centros de compras).
O Superior Tribunal de Justiça também acolheu a tese da remuneração 
indireta como requisito suficiente para caracterizar o serviço objeto da relação de consumo, 
conforme posicionamento inserto no Recurso Especial 566.468, no qual entendeu que 
“para caracterização da relação de consumo, o serviço pode ser prestado pelo fornecedor 
mediante remuneração obtida de forma indireta” (Ministro Relator Jorge Scartezzini, 4ª T., DJ 
17-12-2004).
ATENCAO
Portanto, os serviços podem ser: remunerado diretamente; remunerado 
indiretamente e gratuito sem qualquer onerosidade. Um exemplo de serviço 
prestado de forma gratuita seria quando um “médico que atenda uma pessoa 
que está passando mal na rua e nada cobre por isso enquadra-se na hipótese legal 
de não recebimento de remuneração” (NUNES, 2000 p. 102).
E, o serviço público é ou não objeto da relação de consumo?
BOLZAN (2015, p. 103) enquadra a figura dos concessionários ou 
permissionários de serviços públicos no conceito de fornecedor.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, 
que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Ainda com base no artigo 3º, II do CDC, é possível enquadrar o serviço 
público no conceito de serviço: “Art. 3º § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida 
TÓPICO 1 | CONCEITO: CONSUMIDOR, FORNECEDOR, PRODUTOS E SERVIÇOS
73
no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza 
bancária,financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de 
caráter trabalhista”.
 Basicamente, exige ser um serviço remunerado, tal como é o serviço 
público.
 Partindo do artigo quarto do Código de Defesa do Consumidor, temos 
menções expressas da incidência do CDC aos serviços públicos:
 Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo 
o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à 
sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses 
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a 
transparência e harmonia das relações de consumo [...].
 Já o artigo sexto fala sobre os direitos básicos do consumidor:
 Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados 
por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados 
perigosos ou nocivos;
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Interação entre o Código de Defesa do Consumidor e a Lei 9.897:
Art. 22 Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, 
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são 
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto 
aos essenciais, contínuos.
 BOLZAN (2015, p. 105) explica que, por força do artigo 22 do Código 
de Defesa do Consumidor, doutrinadores consumeristas renomados entendem 
que o serviço público não pode ser interrompido. Porém, há um conflito quando 
comparados o artigo 22 do CDC e a Lei nº 9.897, sobre a prestação de serviços 
públicos.
A Lei nº 9.897/95 dispõe sobre o regime de concessão e permissão da 
prestação de serviços públicos, previsto no art. 175 da Constituição Federal.
 Seu artigo sexto contradiz o artigo 22 do CDC e admite a interrupção do 
serviço público em alguns casos, por exemplo:
Art. 6º § 3º - Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua 
interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das 
instalações;
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da 
coletividade.
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
74
Bolzan (2015, p. 105) diz que é muito comum, no nosso país, que os 
prestadores de serviço ignorem o artigo sexto no que diz respeito à descontinuidade 
do serviço sem aviso prévio, menciona o autor, que “O STJ, apesar de admitir a 
interrupção por força do inadimplemento, não admite em alguns casos, como por 
exemplo se afetar a dignidade da pessoa humana ou unidades públicas essenciais, 
como hospitais ou escolas”.
 O STJ também não admite a interrupção de serviços se essa afetar direitos 
inadiáveis da coletividade, como a segurança pública. “Há casos em que municípios 
não pagam a conta de energia e a operadora suspende a iluminação em determinado 
bairro, o que não é permitido pois afeta um direito inadiável da coletividade, como 
é o caso da segurança pública” exemplifica Bolzan (2015, p. 105).
 O professor Fabrício Bolzan (2015, p. 98) defende uma posição 
intermediária em seus livros ‘Direito do Consumidor Esquematizado’ e ‘Direito 
Administrativo para Concurso’. 
Apesar de já ter defendido que, por ser essencial o serviço público 
não poderia ser interrompido, passamos a analisar e perceber que 
nenhuma empresa se habilitaria a um procedimento licitatório para 
participar de uma concessão de serviço público se não tivesse esse 
poder de barganha, ou seja, poder interromper o serviço público como 
forma de forçar o pagamento daquela conta.
Cumpre observar que é importante que tenhamos claro, os direitos e 
deveres dos consumidores frente aos serviços públicos e a forma como são 
disponibilizados e cobrados.
O meio termo que nós defendemos é que o concessionário do serviço 
público não pode interromper o serviço até demonstrar que o número 
de inadimplentes foi tamanho que afetou o equilíbrio econômico-
financeiro do contrato, ou seja, quando a Lei 8.987 diz que é possível 
interromper o serviço por inadimplemento do usuário, ela fundamenta 
a interrupção considerado o interesse da coletividade. Então, na nossa 
visão, a partir do momento em que a empresa concessionária comprova 
que o número de inadimplentes foi tamanho a ponto de comprometer 
a boa prestação de serviço público para essa coletividade, aí sim é 
permitido interromper esse serviço do consumidor inadimplente. 
Antes disso, na nossa visão, não há fundamentação para interromper 
(BOLZAN, 2017, s.p.).
DICAS
VÍDEO: O Consumidor e Serviços Públicos – Serviços Públicos e CDC. Disponível 
em:<http://www.conteudojuridico.com.br/aula-em-video,o-consumidor-e-servicos-
publicos-servicos-publicos-e-cdc-lindonjon-bezerra-aula-3-saber-direito,39191.html>.
TÓPICO 1 | CONCEITO: CONSUMIDOR, FORNECEDOR, PRODUTOS E SERVIÇOS
75
IMPORTANT
E
O CONCEITO DE DESTINATÁRIO FINAL PARA FINS DE APLICAÇÃO DO CDC
Marcos Boechat
 O artigo 2º, "caput", do Código de Defesa do Consumidor dispõe que: "consumidor 
é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário 
final". Acerca da expressão "destinatário final" nesse conceito, formaram-se na doutrina duas 
teorias, quais sejam: a Maximalista e a Finalista.
 Pela Teoria Maximalista, destinatário final é todo aquele consumidor que adquire o 
produto para o seu uso, independente da destinação econômica conferida ao mesmo. Tal 
teoria confere uma interpretação abrangente ao artigo 2° do CDC, podendo o consumidor 
ser tanto uma pessoa física que adquire o bem para o seu uso pessoal quanto uma grande 
indústria, que pretende conferir ao bem adquirido desdobramento econômico, ou seja, 
utilizá-lo nas suas atividades produtivas.
 Pela Teoria Finalista (ou subjetivista), destinatário final é todo aquele que utiliza 
o bem como consumidor final, de fato e econômico. De fato, porque o bem será para o 
seu uso pessoal, consumidor final econômico porque o bem adquirido não será utilizado 
ou aplicado em qualquer finalidade produtiva, tendo o seu ciclo econômico encerrado na 
pessoa do adquirente.
 Cláudia Lima Marques e Antônio Herman V. Benjamim defendem a teoria finalista, 
definindo o conceito de "destinatário final" do art. 2º do CDC: "O destinatário final é o 
consumidor final, o que retira o bem do mercado ao adquirir ou simplesmente utilizá-lo 
(destinatário final fático), aquele que coloca um fim na cadeia de produção (destinatário 
final econômico) e não aquele que utiliza o bem para continuar a produzir, pois ele não 
é consumidor final, ele está transformando o bem, utilizando o bem, incluindo o serviço 
contratado no seu, para oferecê-lo por sua vez ao seu cliente, seu consumidor, utilizando-o 
no seu serviço de construção, nos seus cálculos do preço, como insumo da sua produção." 
(In: "Comentários ao Código de Defesa do Consumidor", 2. ed., São Paulo, Editora Revista do 
Tribunais, 2006, p. 83/84).
 Ambas as teorias, contudo, não são indenes de críticas. A teoria maximalista é 
criticada pela sua excessiva abrangência, uma vez que o CDC se destinaria à defesa dos 
consumidores hipossuficientes e vulneráveis, e a teoria finalista é atacada por ser muito 
restritiva, excluindo de sua incidência figuras da relação de consumo que também poderiam 
ser consideradas hipossuficientes, como a pequena empresa e o profissional liberal. 
 Neste aspecto, cumpre esclarecer que se define a vulnerabilidade analisando-se 
todos os aspectos da relação estabelecida e não somente o aspecto econômico. O adquirente 
do produto ou serviço pode ser vulnerável em relação ao fornecedor pela dependência 
do produto; pela natureza adesiva do contrato imposto; pelo monopólio da produção do 
bem ou sua qualidade insuperável; pela extremada necessidade do bem ou serviço; pelas 
exigências da modernidade atinentes à atividade, dentre vários outros fatores.
 O STJ, em geral, tem manifestado o entendimento pela Teoria Finalista Mitigada, 
ou seja, considera-se consumidor tanto a pessoa que adquire para o uso pessoal quanto os 
profissionaisliberais e os pequenos empreendimentos que conferem ao bem adquirido a 
participação no implemento de sua unidade produtiva, desde que, nesse caso, demonstrada 
a hipossuficiência, sob pena da relação estabelecida passar a ser regida pelo Código Civil.
 Logo, importa dizer que uma pessoa jurídica, para postular em juízo na qualidade 
de consumidora, deverá comprovar o seu estado de hipossuficiência e vulnerabilidade ao 
adquirir um bem ou serviço e desde que estes não tenham ligação direta com os insumos 
ou matérias-primas necessárias à efetivação de seus produtos, segundo a teoria finalista 
mitigada.
FONTE: <http://www.esinf.com.br/texto-de-apoio-detalhes/?id=5>. Acesso em: 8 mar. 2019.
76
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que: 
• Os conceitos e as diferenças entre os sujeitos da relação de consumo: 
Consumidor, fornecedor, produtos e serviços.
• As teorias a respeito do conceito de consumidor: Teoria Maximalista; Finalista 
e Mitigada.
• Diferenciamos Relação Social e Relação Jurídica.
• Observamos os conceitos de fornecedor equiparado. 
77
AUTOATIVIDADE
1 Pertinente ao conceito de consumidor, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final.
b) ( ) Consumidor é somente a pessoa jurídica que adquire produto ou 
serviço como destinatário final.
c) ( ) Consumidor é somente a pessoa física que adquire produto como 
destinatário, não necessariamente, final.
d) ( ) Consumidor é toda pessoa física ou pessoa jurídica que somente 
adquire produto , não incluindo os serviços.
2 De acordo com a legislação consumerista, como caracterizamos fornecedor 
por equiparação? Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Aquele que não está mencionado como parte na relação jurídica 
consumerista.
b) ( ) Aquele que efetivamente, de forma direta faz parte da relação jurídica 
consumerista.
c) ( ) Aquele terceiro na relação de consumo que atua frente a um consumidor 
ou a um grupo de consumidores, como se o fornecedor fosse.
d) ( ) Aquele que, mesmo sendo terceiro envolvido, assume toda 
responsabilidade.
78
79
TÓPICO 2
PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior mencionamos a respeito dos conceitos de consumidor, 
bem como analisamos as teorias que ensejaram este referido conceito, quais 
sejam: Teoria Maximalista, Finalista e Mitigada. 
Verificamos que a teoria utilizada pelo STJ é a Teoria Mitigada, que 
conceitua consumidor aquele que “[...] considerando que a pessoa jurídica ou 
pessoa empresária pode ser considerada consumidora, mesmo na hipótese de 
adquirir produto ou serviço e emprega-lo com insumo ou reemprega-lo no 
mercado de consumo, ou seja, sem ser destinatário final” (BELACHE, 2015, s.p.).
Observamos que, assim como existem consumidores por equiparação, 
temos também os fornecedores por equiparação.
E, por fim, analisamos as diferenças conceituais de produtos e serviços, de 
acordo com o Código de Defesa do Consumidor.
Nesse Tópico 2 vamos estudar a respeito dos princípios norteadores da 
legislação consumerista. Sendo importante ressaltar que, princípios são a base de 
todo e qualquer ramo do Direito e, assim, não poderíamos deixar de analisar tais 
princípios sob a ótica do Código de Defesa do Consumidor. 
2 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
A dignidade da pessoa humana, mais especificamente no âmbito da 
legislação consumerista, é um princípio que irradia para todos os ramos do 
Direito, tamanha é a sua importância. 
O princípio da dignidade, no Direito do Consumidor (BRASIL, 1990, s.p.), 
está elencado no art. 4º, do Código de Defesa do Consumidor. 
Colaciona-se:
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
80
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo 
o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à 
sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses 
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a 
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os 
seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de 
consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o 
consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações 
representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de 
qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.
O princípio da dignidade da pessoa humana foi sendo “construído” ao 
longo dos anos, eis que, na antiguidade, apenas as pessoas com o status social 
elevado é que seriam dignos, ou seja, a dignidade estava atrelada à comunidade 
a qual o cidadão estava inserido. Com o passar dos anos, este conceito foi sendo 
modificado, tornando-se a base da nossa Carta Magna, elencado no art. 1º, III.
O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana remonta à ideia de proteção, 
sendo a base atualmente, de todo o sistema constitucional brasileiro. Salutar 
mencionar que o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana está intrinsecamente 
ligado aos direitos fundamentais, tendo em vista que estes também conquistaram 
seu espaço de acordo com a evolução da sociedade e, consequentemente das leis.
Ressalta-se que a dignidade remonta um valor supremo do ser humano, 
ou seja, é a base para o Direito moderno.
Dworkin (1998, p. 307-310) ao tratar do conteúdo da dignidade da pessoa 
humana, menciona que o ser humano não poderá jamais ser tratado como objeto, isto é, 
como mero instrumento para realização dos fins alheios, eis que as pessoas nunca poderão 
ser tratadas de tal forma que se venha a negar a importância distintiva de suas próprias vidas.
ATENCAO
Assim, temos que a dignidade da pessoa humana, apesar de não existir 
um conceito definitivo, mas trata-se de um princípio que norteia todos os demais, 
eis que é a base, inclusive para nossa Constituição Federal de 1988.
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
81
UNI
 DIREITOS FUNDAMENTAIS
 Os direitos fundamentais foram sendo reconhecidos à medida em que o Estado 
também foi evoluindo, formando um Estado Democrático. A evolução dos direitos 
fundamentais seguiu alinhada ao reconhecimento da dignidade da pessoa humana.
 Sarlet (2015, p. 36-37) observa que as gerações (ou dimensões) passam a ser 
analisadas com uma maior relevância a partir da consagração dos direitos fundamentais pelas 
primeiras Constituições, tendo em vista às transformações geradas pelo reconhecimento de 
novas necessidades básicas, de modo especial em virtude da evolução do Estado Liberal 
(Estado formal de Direito) para o moderno Estado de Direito (Estado social e democrático 
[material] de Direito), bem como as mutações decorrentes do processo de industrialização 
e seus reflexos, pelo impacto tecnológico e científico, pelo processo de descolonização e 
tantos outros fatores direta ou indiretamente relevantes neste contexto e que poderiam ser 
considerados.
 Na tentativa de conceituar direitos fundamentais, Martínez (1995) leciona que os 
direitos fundamentais são representantes de um sistema de valores concreto, de um sistema 
cultural que deve orientar o sentido de uma vida estatal contida em uma Constituição.
 Nessa linha de raciocínio, Dimoulis e Martins (2007, p. 54) exprimem que, direitos 
fundamentais são direito público-subjetivos de pessoas (física ou jurídicas), contidos em 
dispositivos constitucionais e, portanto, que encerram caráter normativo supremo dentro 
do Estado, tendo como finalidade limitar o exercício do poder estatal em face da liberdade 
individual.
 Na Constituição Federal de 1988 são encontradas em diversas partes do texto 
constitucional, destacando-se o título II: “Dos direitos e garantias fundamentais”, que 
regulamenta direitos individuais, coletivos, sociais e políticos.
 Assim, tem-se que direitos fundamentais sãodireitos de suma importância para vida 
em sociedade, cabendo ao Estado respeitá-los e protegê-los.
 Conforme aponta Sarlet (2007, p. 56), os direitos fundamentais traduzem valores que 
o Estado deve respeitar, mas, acima de tudo, promover e proteger para que assim, alcance 
todo o ordenamento jurídico – público e privado – deixando de ser conceituados como 
sendo direitos subjetivos públicos, isto é, direitos oponíveis pelos seus titulares (particulares) 
apenas em relação ao Estado.
 Ressalta-se que, a religião e a filosofia do mundo antigo influenciaram no 
entendimento de que o homem possui direitos inalienáveis e naturais, tais como, os valores 
da dignidade da pessoa humana, da liberdade, da igualdade (SARLET, 2015, p. 38).
 A Reforma Protestante foi de suma importância no surgimento dos direitos 
fundamentais, eis que, a partir deste fato histórico houve a reivindicação da liberdade religiosa 
e de culto em diversos países da Europa.
FONTE: FILAGRANA, Tatiana C. dos Reis. O princípio da dignidade da pessoa humana frente 
aos direitos fundamentais elencados na Constituição Federal de 1988. Revista Humus, v. 7, 
n. 22, 2018.
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
82
3 PROTEÇÃO À VIDA, SAÚDE E SEGURANÇA 
A proteção à vida, saúde e segurança são direitos que emanam do 
Princípio da Dignidade. Salutar mencionarmos que o art. 4º do Código de Defesa 
do Consumidor assegura de forma expressa a sadia qualidade de vida com saúde 
do consumidor e sua segurança.
Importante citar Nunes (2017, p. 175), quando menciona, a respeito da 
legislação consumerista, vejamos:
Quando se refere à melhoria de qualidade de vida, está apontando não 
só o conforto material, resultado do direito de aquisição de produtos e 
serviços, especialmente os essenciais (serviços públicos de transporte, 
agua e eletricidade, gás, os medicamentos e mesmo imóveis etc.), mas 
também o desfrute de prazeres ligados ao lazer (garantido no texto 
constitucional – art. 6º, caput) e ao bem estar moral ou psicológico. 
IMPORTANT
E
“Tem-se dito que se a Lei nº 8.078/90 se tivesse limitado a seus primeiros sete 
artigos, ainda assim o consumidor poderia receber uma ampla proteção, pois eles refletem 
concretamente os princípios constitucionais de proteção ao consumidor e bastaria aos 
interpretes compreender seus significados. Isso é verdade e mais: ver-se-á que as normas 
posteriormente estipuladas no CDC concretizam mais ainda esses princípios e direitos 
básicos” (NUNES, 2017, p. 174).
4 PROTEÇÃO E NECESSIDADE 
A legislação consumerista surge exatamente para proteger o consumidor, 
sendo que o art. 1º contempla esse caráter protecionista e de interesse social. 
Transcrevemos: “Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e 
defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, 
inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições 
Transitórias” (BRASIL, 1990, s.p.).
A necessidade do consumidor ser protegido se dá em razão de que o 
Código Civil trata as relações contratuais como se todos estivessem no mesmo 
patamar, o que não condiz com a realidade, tendo em vista que o consumidor 
é vulnerável à vontade do fornecedor (lato sensu), sendo hipossuficiente nas 
relações consumeristas. Assim, surge a necessidade de proteção a essas pessoas 
para que consigam realizar seus contratos com segurança e de acordo com a lei. 
Exemplificamos:
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
83
Nos casos de medicamentos únicos para doenças graves, nos serviços 
públicos, no suprimento de alimentos básicos etc., justifica-se a 
intervenção direta para garantir o suprimento ao consumidor. Até no 
aumento exagerado de preços isso ode acontecer, desde que se trate de 
caso de necessidade (NUNES, 2017, p. 175).
“Esse princípio da garantia do suprimento das necessidades do consumidor está 
em consonância com o princípio maior básico que lhe dá sentido, que é o da liberdade 
de agir e escolher, garantido no texto constitucional (art. 1º, III, art. 3º, I, art. 5º, caput, entre 
outros)” (NUNES, 2017, p. 175).
ATENCAO
5 TRANSPARÊNCIA
O princípio da transparência interliga-se diretamente ao da informação, 
tendo em vista que é direito do consumidor conhecer os produtos e serviços que 
lhe são oferecidos.
Pelo princípio da transparência, positivado em nosso ordenamento 
jurídico no art. 6°, III, da Lei 8078/90, assegura-se ao consumidor a plena ciência 
da exata extensão das obrigações assumidas perante o fornecedor. Assim, deve 
o fornecedor transmitir efetivamente ao consumidor todas as informações 
indispensáveis à decisão de consumir ou não o produto ou serviço, de maneira 
clara, correta e precisa.
Elucida Coelho (1996, p. 55), “de acordo com o princípio da transparência, 
não basta ao empresário abster-se de falsear a verdade, deve ele transmitir ao 
consumidor em potencial todas as informações indispensáveis à decisão de 
consumir ou não o fornecimento”. 
O princípio da transparência é “inovação no sistema jurídico brasileiro”, 
especificamente no CDC, pois a parte ao negociar tem que demonstrar clareza, 
tendo o fornecedor ou prestadores de serviços, que exibir idoneidade nos negócios, 
e na capacitação técnica, ademais, a transparência deve integrar-se com outros 
princípios como a boa-fé, embora haja inibição na aplicação da transparência, 
o paradigma mercadológico deve ser a concorrência para melhor satisfação do 
consumidor (MARQUES, 2002).
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
84
6 HARMONIA
O princípio da harmonização encontra-se de forma explicita no art. 4º, 
III CDC, tendo como objetivo primordial a compatibilização dos interesses e 
direitos dos consumidores com o desenvolvimento econômico e tecnológico dos 
fornecedores.
IMPORTANT
E
“O que torna o referido princípio mais dinâmico e interessante é o fato de 
estar previsto no Capítulo atinente à Política Nacional das Relações de Consumo, a qual 
engloba todo o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, composto por Órgãos de 
defesa do Consumidor como o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor e os 
diversos PROCON estaduais e municipais. Isso significa que essas entidades devem observar, 
respeitar, implementar, promover e viabilizar a harmonização das relações de consumo entre 
consumidores e fornecedores” (GUBEISSI, 2011, s.p.).
Outrossim, importante observar que os princípios, por sua vez, são normas 
dotadas de alto grau de abstração e alta carga valorativa, regendo todo o sistema 
jurídico. A dinâmica de aplicação dos princípios é diferente da observada nas 
regras, pois havendo conflito entre princípios, um não excluirá o outro; apenas 
afastará sua incidência a fim de regular determinado caso concreto. Isso importa 
em dizer que um princípio apenas preponderará sobre o outro, sem, contudo, 
anulá-lo. (GUBEISSI, 2011).
7 VULNERABILIDADE
Consoante os princípios que estamos estudando, passamos a analisar um 
princípio de suma importância que é o da vulnerabilidade. A vulnerabilidade 
refere-se à fragilidade do consumidor, sendo tal fragilidade decorrente de dois 
aspectos: um de ordem técnica e outro de cunho econômico. Nunes (2015, p. 106) 
corrobora:
[...] o consumidor é a parte fraca da relação jurídica de consumo. Essa 
fraqueza, essa fragilidade, é real, concreta, e decorre de dois aspectos: 
um de ordem técnica e outro de cunho econômico. O primeiro está 
ligado aos meios de produção, cujo conhecimento é monopólio do 
fornecedor. E quando se fala em meios de produção não se está apenas 
referindo aos aspectos técnicos e administrativos para a fabricação de 
produtos e prestação de serviços que o fornecedor detém, mas também 
ao elemento fundamental da decisão: é o fornecedor que escolhe o 
que, quando e de que maneira produzir, de sorte que o consumidor 
está à mercê daquilo que é produzido. 
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
85
8 INTERVENÇÃO DO ESTADO
A intervenção do Estado se faz necessária, tendo em vista a proteção do 
consumidor para lhe asseguraro acesso aos produtos e serviços essenciais, mas 
garantir a qualidade e adequação de tais produtos e serviços. 
Está previsto nos artigos 5º, XXXII, e 170, ambos da Constituição Federal, 
que determina que o Estado tem o dever de promover a defesa do consumidor, e 
no artigo 4º, II, e alíneas do CDC. Com base neste princípio o Estado tem obrigação 
de atuar nas relações de consumo coma finalidade de proteger a parte mais fraca, 
a saber, o consumidor, por meios legislativos e administrativos, e para garantir o 
respeito aos interesses deste. 
“O Estado não pode, ao promulgar norma de caráter geral e abstrato, vedar, 
limitar ou dificultar o desenvolvimento da atividade econômica ou mesmo interferir na livre 
iniciativa sob o pretexto da proteção do consumidor. O ferir dos direitos dos consumidores 
não deve ser respeitado, entretanto a promulgação das leis não deve ser um obstáculo ao 
crescimento das sociedades empresariais. 
 A limitação do agir do Estado não significa que este vai deixar de atuar, ou mesmo 
que o consumidor vai ficar desprotegido, mas sim que outros princípios também devem ser 
observados pelo ente no momento que busca a proteção ou a preservação dos direitos”. 
FONTE: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php/principal.php?n_link=revista_
artigos_leitura&artigo_id=17716>. Acesso em: 8 mar. 2019.
ATENCAO
9 BOA-FÉ
O princípio da boa-fé, no Código de Defesa do Consumidor, previsto no art. 
4º, visa viabilizar os ditames constitucionais da ordem econômica equilibrando os 
interesses tangentes à proteção do consumidor e o desenvolvimento econômico 
e psicológico. 
Outro ponto importante, é distinguirmos boa-fé objetiva e subjetiva. Para 
Plínio Lacerda Martins (2002, p. 132), “a noção de boa-fé objetiva constitui novo 
princípio a conduta dos contraentes nos contratos atuais”, pois, não só no direito 
do consumidor, como em todo o direito obrigacional, são nesses instrumentos 
de negociação que se vislumbra com maior facilidade o desequilíbrio entre os 
contraentes. 
Em matéria consumerista, a aplicação desse princípio se torna ainda mais 
evidente, porquanto é inegável que a maioria das relações entre consumidores e 
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
86
fornecedores se firma através de contratos, e o Código de Defesa do Consumidor 
veio a consagrar o princípio da boa-fé objetiva, até mesmo antes do Novo Código 
Civil, como cláusula geral, visando a otimizar o comportamento contratual dos 
contraentes, principalmente o do fornecedor de produtos e serviços, que com o 
crescente desenvolvimento tecnológico, o crescimento da demanda do mercado de 
consumo e a falta de cultura jurídica da população de um modo geral, a cada dia se 
torna parte mais forte nesse tipo de relação, o que, via de consequência, resulta no 
desequilíbrio da relação jurídica que se forma (VILELA GUGLINSKI, 2011).
10 DEVER DE INFORMAR
Observamos que o princípio da informação reza que todas as informações 
a respeito dos produtos e serviços deverão ser prestadas ao consumidor de forma 
clara e precisa, conforme preconizado no art. 31, da legislação consumerista. 
Colaciona-se:
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem 
assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em 
língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, 
composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros 
dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança 
dos consumidores.
Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos 
refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma 
indelével (Incluído pela Lei nº 11.989, de 2009).
MARQUES (2006, p. 715) identifica o princípio da transparência, no art. 
4º, caput, do CDC. Define o mesmo como, “informação clara e correta sobre o 
produto a ser vendido, sobre o contrato a ser firmado. Trata-se de lealdade e 
respeito nas relações entre fornecedor e consumidor”. (Contratos no Código de 
Defesa do Consumidor: o novo regime das relações contratuais. 5 ed. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2006).
IMPORTANT
E
O dever de informação deve ser apreendido, antes de mais nada, como uma 
premissa principiológica da hermenêutica contratual brasileira. Aqui invoco a contribuição de 
José Reinaldo de Lima Lopes, para quem no art. 6º, II e III do CDC, temos direitos básicos. O 
inciso II, por exemplo, traz a educação como direito básico. A educação como direito básico, 
conforme o art. 6º, II, se constitui em um pressuposto de interpretação para a aplicação do 
direito. O inciso III traz o direito à informação. Pressupondo que o consumidor tem direito 
à educação e à informação, em caso de conflito deve-se indagar se o fornecedor lhe deu a 
educação/informação para o consumo.
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
87
LEITURA COMPLEMENTAR
A BOA-FÉ NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Vitor Vilela Guglinski
 
Prescreve o art. 4º do diploma consumerista in verbis:
“Art. 4º - A Política Nacional de Relações de Consumo tem por objetivo 
o atendimento das necessidades dos consumidores, a respeito à sua dignidade, 
saúde e segurança, a proteção de sua qualidade de vida, bem como a transferência 
e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo 
e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de 
desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios 
nos quais se funda a ordem econômica (art. 170 da Constituição Federal), 
sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e 
fornecedores.”
Da simples leitura do dispositivo legal supratranscrito, percebe-se, logo 
no inciso I, que o Código de Defesa do Consumidor consagrou o princípio da 
vulnerabilidade, reconhecendo o consumidor como a parte mais frágil na relação 
de consumo. Na verdade, isso ocorreu em conformidade com a Resolução 
da ONU 39/248 de 1985, que estabeleceu em seu art. 1º que o consumidor é a 
parte mais fraca, denotando, então, tal reconhecimento em âmbito mundial. A 
explicação para tanto se verifica no fato de que o consumidor é aquele que acaba 
por submeter-se ao poder de controle dos titulares dos bens de produção, ou seja, 
dos empresários, pois não tem, aquele, os conhecimentos técnicos necessários 
a elucidar quaisquer questões que envolvam o produto adquirido ou o serviço 
prestado, sejam elas referentes à produção, vícios, oferta, modo de execução do 
serviço etc., tendo em vista a especificidade que lhes é inerente. O que se objetivou 
com o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor foi, antes de qualquer 
coisa, a facilitação de sua defesa.
No tocante ao inciso III, nota-se que a preocupação primária do legislador 
foi a de harmonizar os interesses de consumidores e fornecedores, isso porque a 
harmonia e o equilíbrio são fatores indispensáveis para que haja a tão esperada 
justiça. Não há como negar que o Código Brasileiro de Defesa do Consumidor 
mostra-se altamente protecionista, se comparado à legislação consumerista 
francesa, por exemplo, que, aliás, lá possui a denominação de Código do 
Consumo (Code de la Consomation), pois tutela não somente os interesses 
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
88
dos consumidores, como também os interesses dos fornecedores. Da mesma 
forma, pode se notar que o legislador pátrio não se preocupou tão somente com 
os interesses dos consumidores, mas sim de todos os fatores que propiciam o 
desenvolvimento do mercado de consumo. Tal conclusão é no mínimo lógica, 
uma vez que, para que haja desenvolvimento econômico e tecnológico, é preciso 
que haja quem consuma, ou seja, quem diga se os produtos e serviços colocados 
no mercado de consumo estejam atendendo a demanda de forma satisfativa, 
ou seja, a crítica do consumidor aos produtos e serviços acaba por obrigar as 
empresas a investirem em novastécnicas de produção, técnicas de marketing, 
merchandising etc.. 
Todavia, como já foi visto anteriormente, a estática da lei codificada 
nem sempre permite que a justiça seja sentida. E é essa mentalidade que 
o nosso Código de Defesa do Consumidor procurou incorporar, pois a 
experiência pós-Revolução Industrial mostra que as transformações sociais 
se tornaram tão grandes e sequenciais que o Estado, em seu labor jurídico, 
acaba por quedar-se diante das mesmas, pois as demais ciências, que não a 
jurídica, pelo menos em sua devastadora maioria são despidas da burocracia, 
tão característica do direito.
Por isso é que a boa-fé objetiva veio, na lei consumerista brasileira, como 
cláusula geral, regra padrão de conduta, um princípio ao qual se pode socorrer na 
falta da lei, porquanto é ele maior que a norma, é um princípio, um mandamento 
nuclear, cujo respectivo desrespeito colocará todo um sistema em xeque, posto 
que lhe é o norteador.
Como já dito anteriormente, nos contratos é que se torna ainda mais 
evidente a aplicação desse princípio, pois a cláusula geral de boa-fé foi adotada 
pelo Código do Consumidor, implicitamente, devendo reputar-se inserida e 
existente em todas as relações jurídicas de consumo, mesmo que não inserida de 
forma expressa no contrato. Nesse sentido, vale aqui citar o art. 51, inciso IV do 
diploma legal acima referido, que diz in verbis:
“Art. 51 – São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais 
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o 
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a 
boa-fé ou a equidade.”
Segundo os autores do anteprojeto do código, a verificação da presença 
de boa-fé na conclusão do negócio jurídico cabe ao magistrado, no intuito 
de constatar se determinada cláusula contratual é ou não válida perante o 
dispositivo supra transcrito. Já no que diz respeito à equidade, esta constitui 
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
89
regra de julgamento apenas nos casos prescritos em lei, consoante prescrição 
do art. 127 do Código de Processo Civil. Sendo assim, nesses casos o juiz não 
julgará com base na equidade, mas tão somente observará o que está de acordo 
com a equidade e a boa-fé.
Traço interessante encontrado no Código de Defesa do Consumidor 
brasileiro, intimamente ligado ao princípio aqui estudado, diz respeito ao direito 
à informação previsto no artigo 6º, III do diploma legal acima citado. Nesse 
sentido, ensina Tereza Negreiros que “o mais típico dever acessório derivado do 
princípio da boa-fé é o dever de informar”. Na verdade isso se verifica porque em 
uma relação de consumo não só a obrigação principal é objeto de tutela, mas sim 
o interesse global, ou seja, ao adquirir um produto ou serviço o consumidor tem 
o direito de acesso a todas as informações acerca do que está adquirindo. 
90
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Analisamos os princípios basilares da relação de consumo:
° Dignidade.
° Proteção à vida, saúde e segurança.
° Proteção e necessidade.
° Transparência.
° Harmonia.
° Vulnerabilidade.
° Intervenção do Estado.
° Boa-fé.
° Dever de informar.
91
AUTOATIVIDADE
1 Considerando os princípios e direitos básicos que regem o Código de Defesa 
do Consumidor, assinale a alternativa correta: 
a) ( ) O conceito de hipossuficiência consumerista restringe-se a análise 
da situação socioeconômica do consumidor perante o fornecedor, 
permitindo, inclusive, a inversão do ônus probatório. 
b) ( ) A boa-fé objetiva é uma causa limitadora do exercício, antes lícito, hoje 
abusivo, dos direitos subjetivos, e, ainda caracteriza-se por ser fonte de 
deveres anexos contratuais. 
c) ( ) Por ser os princípios da hipossuficiência e da vulnerabilidade 
conceitos jurídicos pode-se afirmar que todo consumidor vulnerável é, 
logicamente, hipossuficiente. 
d) ( ) A regra do pacta sunt servanda se aplica as relações de consumo e 
encontra-se prevista expressamente no CDC.
2 Acerca das relações consumeristas, pode-se afirmar:
a) ( ) “Serviço", para o direito do consumidor, significa toda e qualquer 
atividade oferecida no mercado de consumo, mediante remuneração.
b) ( ) O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os 
tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como 
por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes 
da oferta ou mensagem publicitária.
c) ( ) O Código de Defesa do consumidor consagrou a teoria do risco integral 
para fundamentar a responsabilidade civil objetiva dos fornecedores 
pelos danos causados aos consumidores.
d) ( ) O consumidor dispõe de 7 (sete) dias para desistir ou trocar o produto 
comprado, desde que tenha ocorrido no estabelecimento físico do 
fornecedor.
e) ( ) A reparação por danos materiais por vício oculto do produto pelo 
fornecedor exclui, automaticamente, eventual reparação por dano 
moral.
92
93
TÓPICO 3
RESPONSABILIDADE NA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, convidamos você, acadêmico, a analisar todas as implicações 
jurídicas referentes à responsabilidade na legislação consumerista. 
Consoante o crescente consumo após a Revolução Industrial, quando se 
onde passou a priorizar a qualidade em detrimento da qualidade dos produtos 
e serviços fornecidos no mercado, surge a necessidade de definir um modelo de 
responsabilização do fornecedor. Assim, surge a responsabilidade objetiva na 
legislação consumerista, que independe de dolo ou culpa.
Filomeno (2010, p. 192-193) preleciona:
A eleição da responsabilidade objetiva como a regra no Código de 
Defesa do Consumidor deveu-se, em suma, aos seguintes fatores: a 
produção em massa; a vulnerabilidade do consumidor; a insuficiência 
da responsabilidade subjetiva; o fornecedor há de responder pelos 
riscos que seus produtos acarretam; em decorrência de antecedentes 
legislativos. 
IMPORTANT
E
“A responsabilidade pelo risco é uma imputação mais intensa desde o ponto de 
vista social a respeito de uma determinada esfera de riscos, de uma distribuição de riscos 
de danos inerentes a uma determinada atividade segundo os padrões ou medidas, não dá 
imputabilidade de culpa, senão da assunção de risco àquele que o cria ou domina, ainda que 
somente em geral” (LARENZ, 2011, p. 354).
94
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
2 PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO
A responsabilidade elo fato do produto encontra-se no art. 12, do Código 
de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990).
Segue:
Art. 12, CDC. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional 
ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, 
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou 
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
Importante ressaltarmos que a responsabilidade dos fornecedores é 
solidária, tendo em vista a cadeia de fornecedores que contribuiu para a ocorrência 
do dano.
Ademais, o art. 25, §1º do Código de Defesa do Consumidor preleciona essa 
responsabilidade solidária dos fornecedores: “Havendo mais de um responsável 
pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista 
nesta e nas seções anteriores” (BRASIL, 1990, s.p.).
Assim, destacamos que ao tratarmos de responsabilidade de fornecedores, 
havendo mais de um responsável pelo dano ocorrido ao consumidor, todos são 
responsáveis, de forma solidaria.
IMPORTANT
E
Exemplo: A montadora de veículos é responsável pelo carro que montou. 
Entretanto, se houver dúvida sobre quem inseriu indevidamente determinada peça no 
veículo adquirido – montadora ou concessionaria -, o consumidor que sofreu um acidente 
de consumo poderá acionar qualquer um dos dois fornecedores dessa cadeia ou atémesmo 
ambos, sob o fundamento do princípio da responsabilidade solidaria” (BOLZAN, 2015, p. 314).
O mesmo art. 12 (BRASIL, 1990, s.p.) define o que é produto defeituoso, 
vejamos:
§ 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele 
legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias 
relevantes, entre as quais:
I - sua apresentação;
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi colocado em circulação.
TÓPICO 3 | RESPONSABILIDADE NA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
95
Assim, temos que, defeito, para o Código de Defesa do Consumidor, 
refere-se à quando o produto não oferece a segurança esperada pelo mesmo. 
Circunstâncias relevantes do produto defeituoso: a apresentação; o uso e 
os riscos que razoavelmente dele se esperam; época em que foi colocado em circulação 
(BOLZAN, 2015, p. 315).
ATENCAO
DICAS
O Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), ao tratar da 
responsabilidade civil do fornecedor pelos defeitos de produtos (art. 12) e de serviços (art. 
14), prevê expressamente que a responsabilidade de reparação pelos danos causados aos 
consumidores, em face dos produtos ou serviços colocados no mercado de consumo, 
independe da existência de culpa, logo trata-se de responsabilidade objetiva. Para saber a 
respeito da reparação dos danos causados e dos excludentes de responsabilidade, leia o texto 
a seguir.
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE EM FACE DO CÓDIGO DE DEFESA
 DO CONSUMIDOR
Nehemias Domingos de Melo
[...]
Das excludentes expressamente previstas no Código
 Como expresso alhures, o Código de Defesa do Consumidor previu, de maneira 
expressa, as eximentes elencadas em seu corpo normativo (art. 12, § 3°, no que diz 
respeito produtos e art. 14, § 3°, no que diz respeito serviços). Em face desta expressa 
determinação legal, diversos doutrinadores entendem que não cabe perquirir sobre 
outras possíveis causas excludentes da responsabilidade do fornecedor. Outros defendem 
que não se pode ir além das eximentes expressamente tratadas na lei consumerista 
porque a responsabilidade civil definida pelo Código de Defesa do Consumidor abraçou 
a teoria do risco integral, com o que, com a devida vênia, não concordamos.
 De toda sorte, abordaremos cada uma das excludentes expressamente prevista 
no Código de Defesa do Consumidor, sua amplitude e compreensão dentro do contexto 
da moderna doutrina consumerista brasileira.
Não colocação do produto no mercado
 É importante destacar inicialmente que há uma presunção legal de que o 
produto colocado em circulação foi introduzido na cadeia de consumo pelo fornecedor, 
contudo, esta presunção pode ser ilidida pela contraprova.
96
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
 A toda evidência que, se o fornecedor enquanto fabricante, construtor, 
produtor ou importador, não introduziu no mercado de consumo o produto viciado ou 
defeituoso, não poderá ser responsabilizado pelos danos dele decorrente.
 Situações que podem ser excepcionadas são aquelas decorrentes de roubo 
ou furto de produto defeituoso, desde que não se possa culpar o fornecedor em 
virtude da culpa in vigilando ou in eligendo. Outra situação possível de exemplificar 
como excludente é a que se refere a produtos falsificados, em que marca e sinais são 
adulterados e colocados em produtos que são comercializados em detrimento, tanto 
do fornecedor quanto do consumidor.
 Ao fazer suas considerações sobre as causas de exclusão da responsabilidade 
ora em comento, Antônio Herman de Vasconcelos e Benjamin preleciona que “é 
até supérfluo dizer que inexiste responsabilidade quando os responsáveis legais não 
colocaram o produto no mercado”, porque não haveria nexo causal entre o prejuízo 
sofrido pelo consumidor e a atividade do fornecedor, concluindo ao depois, que esta 
regra fica mais evidente quando se trata de “produtos falsificados que trazem a marca 
do responsável legal ou, ainda, para os produtos que, por ato ilícito (roubo ou furto, por 
exemplo), foram lançados no mercado”.
 O magistrado Rizzatto Nunes considera que no primeiro exemplo não haveria 
excludente porquanto sempre seria possível enquadrar o fato na culpa in vigilando ou 
in eligendo, quando então, não caberia indagar sobre a culpa já que a responsabilidade 
é objetiva. Para aquele mestre, a única exceção é no que diz respeito aos produtos 
falsificados, até por tornar o fornecedor parte ilegítima para figurar no polo passivo, 
porquanto é o vendedor quem deve ser responsabilizado, tanto na órbita do direito 
penal quanto civil.
 Nosso entendimento segue na direção de que, se o fornecedor não colocou 
o produto no mercado de consumo, não poderá ser responsabilizado pelos eventuais 
danos causados a consumidores porquanto a lei é clara ao fixar que o fornecedor 
poderá ser exonerado se provar que “não colocou o produto no mercado” (art. 12, § 3°, 
I, da lei 8.078/90). Logo, se o produto foi colocado no mercado de consumo à revelia 
do fornecedor, seja por ter sido furtado ou roubado, seja por ser produto falsificado ou 
pirateado, e depois venha a causar danos à consumidores, a toda evidência, não haverá 
de ser responsabilizado o fornecedor que em nada contribuiu para o evento danoso 
que se procure reparar.
Inexistência do defeito apontado
 O dever de indenizar, quando falamos do fato do produto ou de serviço, tem 
como pressupostos a existência de um “defeito” e a ocorrência de um “dano” relacionado 
ao defeito apontado. Por conseguinte, se o produto não apresentar nenhum defeito 
que possa diminuir-lhe as qualidades ou quantidades, não causando nenhum dano ao 
consumidor, não se poderá falar em indenização.
 Preleciona o jovem desembargador Paulo de Tarso Vieira Sanseverino que 
“não basta que os danos sofridos pelo consumidor tenham sido causados por um 
determinado produto ou serviço. É fundamental ainda que esse produto ou serviço 
apresente um defeito, que seja a causa dos prejuízos sofridos pelo consumidor”, para 
depois concluir que “o defeito do produto ou do serviço aparece como um dos principais 
pressupostos da responsabilidade do fornecedor por acidentes de consumo”. 
 Conforme o escólio de Fábio Ulhoa Coelho, no caso de inexistência de 
defeitos, caberia ao “empresário demonstrar que o produto fornecido ao mercado não 
apresentava qualquer impropriedade, seja na concepção, execução ou comercialização”.
 Significa dizer que, à luz do Código de Defesa do Consumidor, principalmente 
em se tratando de fato do produto ou do serviço, a responsabilização do fornecedor 
é objetiva. Consequentemente, o consumidor, em ação de responsabilidade civil 
decorrente de acidente de consumo, somente precisará provar a existência do dano e 
o nexo causal que o liga ao produto ou serviço que adquiriu.
TÓPICO 3 | RESPONSABILIDADE NA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
97
Da culpa exclusiva da vítima ou de terceiro
 As hipóteses assinaladas no inciso III, § 3° do artigo 12, da Lei n° 8.078/90, assim 
como no inciso II, § 2° do artigo 14, exclui a responsabilidade do fornecedor, se ficar 
provado que o acidente de consumo se deu em razão da culpa exclusiva da vítima ou 
por ação exclusiva de terceiro, porquanto não haveria nexo de causalidade entre o dano 
sofrido pelo consumidor e a atividade do fornecedor do produto ou serviço.
 Neste caso o que o Código prevê é a possibilidade de exclusão de 
responsabilidade decorrente do uso inadequado de produto seja pelo próprio adquirente, 
seja por terceira pessoa. Mas não é somente o uso inadequado que poderá exonerar o 
fornecedor do dever de indenizar, pois poderão ocorrer também outras hipóteses, tais 
como: o consumidor ser negligente ao manusear o produto; não seguir as instruções de 
uso; entregar o produto para uso a pessoa não recomendada; consumir o produto com 
validade vencida, dentre outras.
 Conta-se que nos Estados Unidos da América, uma senhora, após dar banho 
em seu gatinho, o teria colocado para secar dentro do forno micro-ondas. Resultado 
da experiência: o gatinho teria explodido.Nestas circunstâncias, resta evidente a 
irresponsabilidade do fornecedor pelo ocorrido, que somente aconteceu em face do uso 
do produto para fins que não é recomendado.
 Com relação aos serviços vejamos a relação de transportes. A responsabilidade 
do transportador é objetiva, secundo o art. 734 do Código Civil. Além disso, a relação 
entre o transportado e o transportador é uma relação de consumo logo se aplica, 
subsidiariamente, o Código de Defesa do Consumidor que prevê que a responsabilidade 
é objetiva em face de danos ocorridos por falha na prestação dos serviços. Apesar de não 
haver dúvidas quanto ao fato da responsabilidade ser objetiva com relação às empresas 
de transportes, não se pode responsabilizar, por exemplo, as empresas ferroviárias pelos 
acidentes ocorridos com os chamados “surfistas ferroviários”.
 Nos dois exemplos apresentados é forçoso reconhecer que, se o usuário por 
moto próprio resolve exacerbar os riscos, expondo-se a acidentes que, em condições 
normais, o produto ou serviço não ofereceria, não se pode responsabilizar o responsável 
pela atividade na exata medida em que, tendo ocorrido acidente, o mesmo não decorreu 
dos riscos da atividade oferecida, mas sim em face do uso inadequado promovido pelo 
próprio acidentado.
 Já fizemos este alerta, porém cabe repetir: O Código de Defesa do Consumidor 
não proíbe o fornecimento ou comercialização de produtos ou serviços perigosos, 
apenas exige do fornecedor que sejam ofertadas ao consumidor, de forma clara, correta, 
ostensiva, precisa e em língua portuguesa, com todas as informações de uso adequado 
do produto ou serviço (art. 31 do CDC). Se o consumidor é negligente, não se pode 
premiar sua falta de diligência, responsabilizando que não contribuiu para o evento 
danoso.
 No que diz respeito ao terceiro, necessário se faz que seja pessoa estranha à 
relação de consumo, entabulada entre o consumidor e o fornecedor. Isto é, não pode ser 
enquadrado como terceiro o empregado, o preposto ou o representante autônomo; Da 
mesma forma o comerciante varejista ou atacadista de que trata o Código de Defesa do 
Consumidor (art. 13), não poderá ser considerado terceiro porque é parte integrante do 
ciclo de fornecimento do produto ou do serviço.
 Esclareça-se por fim que, pelo disposto no art. 34, do mesmo diploma legal, 
o fornecedor de produtos ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus 
prepostos ou representantes autônomos, assim como, a norma do art. 7°, § único e o art. 
25, § 1° estipula que, na eventualidade de mais de um causador do dano, todos deverão 
responder solidariamente. Assim, também por este prisma, o comerciante não pode ser 
considerado terceiro. 
FONTE: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?artigo_id=186&n_
link=revista_artigos_leitura>. Acesso em: 1 abr. 2019.
98
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
Pertinente à responsabilização dos fornecedores pelo fato do serviço, 
temos que o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, preconiza:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem 
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição 
e riscos (BRASIL, 1990).
O mesmo Art. 14 (BRASIL, 1990) define o que é serviço defeituoso, 
vejamos:
Art. 14, § 1º CDC: O serviço é defeituoso quando não fornece a 
segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em 
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
Assim, como o produto defeituoso, o serviço também defeituoso também 
está atrelado à falta de segurança que este deveria oferecer e não ofereceu.
Circunstâncias relevantes do serviço defeituoso: a apresentação; o uso e os 
riscos que razoavelmente dele se esperam; época em que foi colocado em circulação 
(BOLZAN, 2015, p. 334).
ATENCAO
Uma observação de suma importância é em relação as inovações 
tecnológicas, tendo em vista que ao serem utilizadas, os serviços não são 
considerados defeituosos. Como informado no Art. 14, § 2º da Lei nº 8.078, 
(BRASIL, 1990) “o serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas 
técnicas”.
Com relação às excludentes de responsabilidade, temos que:
Art. 14, § 3º CDC: O fornecedor de serviços só não será responsabilizado 
quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros.
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada 
mediante a verificação de culpa (BRASIL, 1990).
TÓPICO 3 | RESPONSABILIDADE NA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
99
DICAS
Sugerimos a leitura de “O fato do produto e do serviço e o acidente de consumo”, 
de Rizzatto Nunes, para avançarmos nossa compreensão a respeito do estabelecimento da 
responsabilidade de indenizar.
A BASE DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA NO CÓDIGO DE DEFESA DO 
CONSUMIDOR: O FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO E O ACIDENTE DE 
CONSUMO
Rizzatto Nunes
[...]
 Registro, por fim, e apenas corroborando tudo o que foi dito, que o CDC intitula 
a seção que cuida do tema como "Da responsabilidade pelo fato do produto e do 
serviço", porque a norma, dentro do regramento da responsabilidade objetiva, é dirigida 
mesmo ao fato do produto ou serviço em si.
 É o "fato" do produto e do serviço causadores do dano o que importa. 
Costuma-se também falar em “acidente de consumo” para referir ao fato do produto ou 
do serviço. Algumas observações são necessárias a respeito disso.
 A expressão "acidente de consumo", muito embora largamente utilizada, pode 
confundir, porque haverá casos de defeito em que a palavra "acidente" não fica muito 
adequada. Assim, por exemplo, fazer lançamento equivocado no cadastro de devedores 
do Serviço de Proteção ao Crédito é defeito do serviço, gerando responsabilidade pelo 
pagamento de indenização por danos materiais, morais e à imagem. Porém, não se 
assemelha em nada a um "acidente"; comer algum alimento e depois sofrer intoxicação 
por bactéria que lá estava gera, da mesma maneira, dano, mas ainda assim não se 
assemelha propriamente a acidente.
 De outro lado, a lei fala em "fato" do produto. A palavra fato permite uma conexão 
com a ideia de acontecimento, o que implica, portanto, qualquer acontecimento.
 Lembro, de todo modo, que se tem usado tanto "fato" do produto e do serviço 
quanto "acidente de consumo" para definir o defeito. Porém, o mais adequado é guardar 
a expressão "acidente de consumo" para as hipóteses em que tenha ocorrido mesmo 
um acidente: queda de avião, batida do veículo por falha do freio, quebra da roda-
gigante no parque de diversões, etc., e deixar fato ou defeito para as demais ocorrências 
danosas. Em qualquer hipótese, aplica-se a lei.
 O estabelecimento da responsabilidade de indenizar nasce, portanto, do nexo 
de causalidade existente entre o consumidor (lesado), o produto e/ou serviço e o dano 
efetivamente ocorrido. Fica, assim, demonstrada, a teoria — e a realidade — fundante 
da responsabilidade civil objetiva estatuída no CDC, assim como as amplas garantias 
indenizatórias em favor do consumidor que sofreu o dano — ou seus familiares ou, 
ainda, o consumidor equiparado e seus familiares. 
FONTE: <https://www.migalhas.com.br/ABCdoCDC/92,MI244495,51045-A+base+da+resp
onsabilidade+objetiva+no+Codigo+de+Defesa+do+Consumidor>. Acesso em: 1 abr. 2019.
100
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
3 POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO
Considerando tudo o que estudamos até aqui, iremos agora analisar a 
respeito do que o Código de Defesa do Consumidor considera vício do produto 
e serviço. 
Vamos lá, foco nos estudos!
A responsabilidade dos fornecedores pelo vício do produto ou serviço 
encontra-se no art. 18 do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990, s.p.). 
Segue:
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não 
duráveis respondemsolidariamente pelos vícios de qualidade ou 
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo 
a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles 
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, 
da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as 
variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir 
a substituição das partes viciadas.
Ressaltamos que, no vício do produto e serviços, a análise é feita sobre 
dois aspectos: a) vício de qualidade e; b) vício de quantidade.
Observa-se que os vícios de qualidade tornam impróprios ou inadequados 
os produtos.
IMPORTANT
E
VICIOS DE QUALIDADE:
• Tornar o produto impróprio para consumo.
• Tornar o produto inadequado ao consumo.
• Diminuir o valor do produto.
• Produto em desacordo com as informações da oferta.
Sendo produtos impróprios ao consumo, Art. 18, §6º CDC:
Art. 18, § 6º CDC: São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, 
falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, 
perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas 
regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao 
fim a que se destinam (BRASIL, 1990).
TÓPICO 3 | RESPONSABILIDADE NA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
101
Outro ponto importante é a respeito das opções concedidas pelo Código 
de Defesa do Consumidor, diante do vício de qualidade do produto, elencado no 
art. 18, §1º.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o 
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em 
perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo 
previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem 
superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula 
de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de 
manifestação expressa do consumidor.
§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º 
deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição 
das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características 
do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
§ 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 
1º deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá 
haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, 
mediante complementação ou restituição de eventual diferença de 
preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1º deste artigo 
(BRASIL, 1990).
Dispõe-se que, ao consumidor é facultado escolher quaisquer das opções 
mencionadas no Art. 18, §1º, sem que tenha que “obedecer” a uma ordem.
E, agora, vamos estudar sobre a responsabilidade pelos vícios no serviço. 
O Art. 20 do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990) elenca essa 
responsabilidade:
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade 
que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, 
assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações 
constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor 
exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
O §2º do art. 20 do Código de Defesa do Consumidor define o que é serviço 
improprio, sendo: 
§ 2º São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os 
fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não 
atendam as normas regulamentares de prestabilidade (BRASIL, 1990).
102
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
Da mesma forma que a responsabilidade pelo vício do produto é objetiva, 
assim também ocorre com os vícios dos serviços: “Art. 23 CDC. A ignorância do 
fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços 
não o exime de responsabilidade” (BRASIL, 1990, s.p.).
IMPORTANT
E
A RESPONSABILIDADE CIVIL DE SITES INTERMEDIADORES 
Mariana Antunes Vieira
[....]
 É muito comum, no contexto do e-commerce, a atuação de sites intermediadores, 
que se intitulam como meros aproximadores dos consumidores e fornecedores, facilitando 
a compra e venda virtual. Um site intermediador muito utilizado pelos brasileiros em suas 
negociações é o Mercado Livre.
De acordo com o conceito trazido pelo site wikipédia.org (2015) “o Mercado Livre é uma 
empresa de tecnologia que oferece soluções de comércio eletrônico para que pessoas e 
empresas possam comprar, vender, pagar, anunciar e enviar produtos por meio da Internet”, 
ou seja, ele atua possibilitando a compra e venda virtual em sua totalidade e em troca aufere 
lucro com a sua utilização como intermediador.
 Percebe-se que o site ocupa uma posição de intermediador, auxiliando tanto os 
consumidores quanto os fornecedores para que a relação de consumo seja efetivada.
Esses sites intermediadores, em tese, geram uma maior segurança aos consumidores 
e fornecedores, por se tratarem de sítios eletrônicos que submetem seus usuários à um 
processo mais burocrático de efetivação de cadastros.
 Entretanto, mesmo com os benefícios trazidos por esses tipos de site, são comuns 
as situações em que consumidores se acham lesados, enfrentando prejuízos como a não 
entrega dos produtos adquiridos ou o recebimento de algo diverso do ofertado, a demora e 
até mesmo a entrega de produtos ou serviços com vícios de qualidade ou quantidade.
Isto posto, é importante averiguar se a empresa intermediadora terá alguma responsabilidade 
por tais inconvenientes, e caso a resposta seja positiva, como se dará a responsabilização.
 Nos termos e condições gerais de uso do site Mercado Livre, é determinado que:
O Mercado Livre não é fornecedor de quaisquer produtos ou serviços anunciados no site […] O 
Mercado Livre não se responsabiliza, por conseguinte, pela existência, quantidade, qualidade, 
estado, integridade ou legitimidade dos produtos oferecidos, adquiridos ou alienados pelos 
Usuários, assim como pela capacidade para contratar dos Usuários ou pela veracidade dos 
dados pessoais por eles inseridos em seus cadastros.
 O termo tenta eximir o site de qualquer responsabilidade civil, no entanto, por 
se tratar de um contrato de adesão (os contratos eletrônicos interativos são contratos de 
adesão) não pode trazer cláusulas restritivas ou exclusivas de direito.
 O próprio Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 25 determina que é 
vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação 
de indenizar por vícios e fatos dos produtos ou serviços, sendo inadmissíveis as cláusulas que 
afirmam a não responsabilização do sítio eletrônico intermediador. Assim, fica evidente que 
a cláusula retratada não é válida, não tendo nenhuma aplicabilidade prática.
 É fácil perceber que os sites intermediadores, como o Mercado Livre, se enquadram 
perfeitamente no conceito de fornecedor de serviços e os seus usuários no de consumidores, 
ficando sujeitos às regras do CDC quanto á responsabilização pelos serviços prestados.
TÓPICO 3 | RESPONSABILIDADE NA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
103
 Com tudo isso, é evidente que o posicionamento majoritário recentemente 
adotado pelos tribunais superiores consiste em afirmar a legitimidade passiva dos sites 
intermediadores em ações de indenização por danos sofridos pelo consumidor, uma vez 
que são fornecedores de serviço, respondendo objetivamente segundo o Código de Defesa 
do Consumidor.
FONTE:<http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-responsabilidade-civil-e-o-comercio-eletronico,591157.html>. Acesso em: 1 abr. 2019.
4 OFERTA E PUBLICIDADE
Agora iremos analisar a respeito da oferta e da publicidade, ou seja, a 
ligação que existe entre elas. 
A oferta refere-se aos métodos utilizados para colocar os produtos ou 
serviços no comercio.
Benjamin (1991, p. 273) define a oferta como “sinônimo de marketing, 
significando todos os métodos, técnicas e instrumentos que aproximam o 
consumidor dos produtos e serviços colocados à sua disposição no mercado 
pelos fornecedores. Qualquer dessas técnicas, desde que suficientemente precisa, 
pode transformar-se em veículo eficiente de oferta vinculante”.
Rocha (1992, p. 55) menciona que a oferta poderá manifestar-se por 
algumas espécies:
a) Oferta determinada pode ser dirigida a uma única pessoa, 
chamada, então, de oferta individual, ou, a várias pessoas, 
facilmente identificadas por uma relação jurídica base (v.g., a todos 
os portadores de um determinado cartão de credito, ou a todos os 
professores de uma dada universidade), denominada de oferta 
coletiva.
b) Oferta indeterminada é aquela feita ao público e o seu traço 
característico é, justamente, a indeterminação dos destinatários. 
A oferta indeterminada interessa-nos mais do que outras espécies 
porque ela seria o principal ato pré-contratual nos contratos de 
consumo”.
A publicidade é a manifestação da oferta, com o objetivo precípuo de 
promover comercialmente os produtos e serviços disponibilizados no mercado 
de consumo.
Os elementos que definem a publicidade são: necessidade de veicular a 
informação e objetivo comercial da publicidade. 
Vamos estudar todos esses pontos?
104
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
5 OFERTA 
A oferta está elencada no Art. 30 do Código de Defesa do Consumidor 
(BRASIL, 1990, s.p.), sendo:
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, 
veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação 
a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor 
que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a 
ser celebrado.
Observa-se que o Art. 30 do CDC menciona que “a oferta poderá ser 
veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação” (BOLZAN, 2015, p. 444).
Assim, temos que os requisitos da oferta caracterizam-se pela precisão da 
informação ou publicidade e veiculação da oferta.
Um ponto de suma importância a ser analisado é quando afirmamos que 
a oferta vincula, ou seja, o que é exteriorizado através da publicidade, deverá ser 
cumprido, sob pena de sanção pela legislação consumerista.
Benjamin (1991, p. 2015) preleciona as maneiras que os produtos e serviços 
podem ser vinculados: “a) primeiro, obrigando o fornecedor, mesmo que se 
negue a contratar; b) segundo, introduzindo-se (e prevalecendo) em contrato 
eventualmente celebrado, inclusive quando seu texto o diga de modo diverso, 
pretendendo afastar o caráter vinculante”. 
No caso de descumprimento da oferta por parte do fornecedor, o consumidor 
tem as seguintes alternativas: I) exigir o seu cumprimento forçado; II) aceitar outro produto 
ou serviço equivalente; III) rescindir o contrato, com a devolução atualizada do que pagou 
com direito a perdas. Saiba mais, acessando: http://www.advogadosdosul.adv.br/site/index.
php/artigos-jornais/sobre-a-oferta-no-cdc.html. Acesso em: 5 abr. 2019.
ATENCAO
Pertinente à responsabilidade que norteará a oferta, temos que se trata da 
responsabilidade objetiva, respeitando-se primordialmente, o princípio da boa-
fé, por ser o regulamentador das relações de consumo. 
TÓPICO 3 | RESPONSABILIDADE NA LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA
105
6 PUBLICIDADE
A publicidade tem por objetivo primordial promover os produtos e 
serviços comercialmente. Sendo seus elementos: necessidade de veicular a 
informação e objetivo comercial da publicidade.
O Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990, s.p.) define 
publicidade em:
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o 
consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos 
ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos 
interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação 
à mensagem.
Publicidade e propaganda são institutos distintos que tem como única 
semelhança o fato de se utilizarem de meios de divulgação em massa, como televisão, rádio, 
jornais, revistas e portais de internet. Enquanto a propaganda teria como objetivo a difusão 
de uma ideia ou de uma ideologia a publicidade faz a divulgação comercial direta ou indireta 
de produtos ou serviços. 
FONTE:http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_
leitura&artigo_id=1082.
ATENCAO
Importante observarmos que a publicidade ilícita poderá ser dividida em: 
enganosa e abusiva.
O Art. 37, do Código de Defesa do Consumidor define tais tipos de 
publicidade:
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1º É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação 
de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por 
qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em 
erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, 
quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados 
sobre produtos e serviços. 
§ 2º É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer 
natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, 
se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, 
desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o 
consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua 
saúde ou segurança.
106
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
§ 3º Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão 
quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço 
(BRASIL, 1990).
Assim, temos que, de acordo com a legislação consumerista, publicidade 
enganosa por comissão é quando se afirma ou se mostra algo inexistente. E, 
publicidade enganosa por omissão é quando se deixa de informar dado essencial.
Em contrapartida, a publicidade abusiva é aquela que traz informações 
que ferem valores da coletividade. 
Segundo Nunes (2017, p. 482): “O caráter da abusividade não tem 
necessariamente relação direta com o produto ou serviço oferecido, mas sim com 
os efeitos da propaganda que possam causar algum mal ou constrangimento ao 
consumidor”.
Portanto, a publicidade abusiva é aquela que se realiza com fins 
contrários à ordem pública, ao direito, à ética e à moral. Ela procura aparentar 
obediência às normas tradicionais da comunicação social, mas, sob a sua 
camuflagem, é realmente prejudicial aos interesses dos consumidores e do 
meio social em que vivem.
DICAS
VÍDEO: PUBLICIDADE ENGANOSA E ABUSIVA NO CDC – Disponível em: http://
fatojuridico.com/2015-2/.
107
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• A importância primordial sobre a responsabilidade dos fornecedores pelo fato 
do produto e serviço.
• Definição de produtos e serviços impróprios.
• Responsabilidade solidaria dos fornecedores.
• A responsabilidade pelo vício do produto e serviço.
• Definição de vício diante do Código de Defesa do Consumidor.
• Responsabilidade objetiva dos fornecedores.
• Excludentes de responsabilidade dos fornecedores.
• Oferta.
• Vinculação da oferta.
• O que poderá ser exigido quando a oferta não é cumprida.
• Publicidade.
• Enganosa.
• Por comissão.
• Por omissão.
• Abusiva.
108
1 Em caso de vicio do produto, o consumidor poderá exigir sua substituição 
por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso, se o fornecedor 
não resolver o problema em:
a) ( ) 15 dias.
b) ( ) 30 dias.
c) ( ) 5 anos.
d) ( ) 10 anos.
2 Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A ignorância do comerciante sobre os vícios de qualidade por 
inadequação dos produtos o exime de reponsabilidade.
b) ( ) A garantia contratual de adequação do serviçodepende de termo 
expresso e deverá ter em destaque clausula limitativa da garantia legal.
c) ( ) O abuso de direito praticado em detrimento do consumidor é fundamento 
para que o juiz desconsidere a personalidade jurídica do fornecedor. 
d) ( ) Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de 
componentes e peças de reposição pelo período de cinco anos contados 
da data de fabricação do produto.
AUTOATIVIDADE
109
TÓPICO 4
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Importante observarmos que a pessoa jurídica é distinta da pessoa de seus 
sócios e, sendo assim, os bens da pessoa jurídica não devem confundir-se com os 
bens dos sócios.
A Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica (Disregard of Legal 
Entity), teve origem no direito alemão, sintetizada por Rolf Serick.
A doutrina define:
A teoria da desconsideração da personalidade jurídica legitima, 
portanto, a retirada do manto protetor que a personalidade de uma 
empresa possui para atingir o patrimônio do sócio fraudador em caso 
de eventual ação proposta em razão de prejuízos causados em nome 
da entidade “fraudadora (BOLZAN, 2015, p. 423).
Em nossa legislação, o Código de Defesa do Consumidor contempla tal 
desconsideração no Art. 28.
Vejamos:
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da 
sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de 
direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação 
dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será 
efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento 
ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração” 
(BRASIL, 1990, s.p.). 
E, no Código Civil, encontra-se no Art. 50:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado 
pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz 
decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe 
couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas 
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos 
administradores ou sócios da pessoa jurídica (BRASIL, 2002).
110
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
E, quais seriam os requisitos para requerermos a desconsideração da 
personalidade jurídica?
Vamos a eles:
• Abuso da personalidade jurídica, em decorrência do desvio de finalidade e 
confusão patrimonial.
• Requerimento da parte ou Ministério Público. 
Portanto, toda vez que a personalidade jurídica for obstáculo ao 
ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores, requeremos a 
desconsideração da personalidade jurídica.
2 TEORIAS: MAIOR E MENOR
As teorias maior e menor nos informam os aspectos do instituto da 
desconsideração da personalidade jurídica.
Doutrinadores definem as teorias maior e menor:
A teoria maior da desconsideração da personalidade jurídica possui 
duas formulações, a objetiva e a subjetiva. A primeira delas trata da 
confusão patrimonial, situação que possui maior facilidade de ser 
comprovada. Já a formulação subjetiva pressupõe a fraude e o abuso de 
direito, elementos estes com maior dificuldade de serem comprovados, 
pois a intenção que o sócio possui em frustrar os interesses do credor 
deve ser demonstrada. Para esta teoria, o simples inadimplemento de 
obrigações para com os credores não configura a desconsideração.
A teoria maior não pode ser aplicada com a mera demonstração de estar 
a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. 
Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a demonstração 
de desvio de finalidade, ou a demonstração de confusão patrimonial 
(NEVES, p. 145, 2015).
Em contrapartida, a definição de teoria menor:
A teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica é muito 
menos ordenada do que a teoria maior, pois a seu bom emprego 
pressupõe o simples inadimplemento para com os credores, sem ao 
menos analisar os reais motivos que levaram a sociedade a deixar de 
se obrigar perante terceiros.
Também é aplicada a teoria menor nos casos de insolvência ou 
falência da pessoa jurídica, pouco importando se o sócio utilizou 
fraudulentamente o instituto, se houve abuso de direito, tampouco se 
foi configurada a confusão patrimonial; a preocupação maior é não 
frustrar o credor da sociedade (AMARAL, 2016. p. 205).
TÓPICO 4 | DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
111
IMPORTANT
E
O Código Civil adotou a teoria maior da desconsideração nas modalidades 
subjetiva e objetiva, em seu art. 50.
 O Código de Defesa do Consumidor adotou a teoria menor, bastando a insolvência 
do fornecedor para legitimar a desconsideração da personalidade jurídica.
3 PROTEÇÃO COMERCIAL
As relações contratuais, anterior ao surgimento do Código de Defesa do 
Consumidor eram tuteladas pelo Código Civil, onde havia uma bilateralidade 
nas obrigações assumidas.
Com o consumismo crescente passaram a existir várias modalidades 
de contratos de consumo e, com isso a necessidade de uma maior proteção ao 
consumidor, surge assim, em 1990, o Código de Defesa do Consumidor.
4 PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS
As práticas comerciais abusivas referem-se ao comportamento que estiver 
em desacordo com a boa-fé.
Benjamim (1991, p. 375) define, como sendo “a desconformidade com os 
padrões mercadológicos de boa conduta em relação ao consumidor”. 
No mesmo sentido, Cavalieri Filho (2012, p. 149):
Práticas abusivas são ações ou condutas do fornecedor em 
desconformidade com os padrões de boa conduta nas relações de 
consumo. São práticas que, no exercício da atividade empresarial, 
excedem os limites dos bons costumes comerciais e, principalmente, 
da boa-fé, pelo que caracterizam o abuso do direito, considerando 
ilícito pelo art. 187 do código civil. Por isso são proibidas. 
O Código de Defesa do Consumidor, em seu Art. 39 preconiza:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras 
práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao 
fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, 
a limites quantitativos;
112
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata 
medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade 
com os usos e costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer 
produto, ou fornecer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo 
em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para 
impingir-lhe seus produtos ou serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e 
autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de 
práticas anteriores entre as partes;
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo 
consumidor no exercício de seus direitos;
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço 
em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais 
competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação 
Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo 
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade 
Industrial (Conmetro);
IX - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou 
deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério;
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente 
a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, 
ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; 
(Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
X - (Vetado).
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. (Incluído 
pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, 
transformado em inciso XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 
23.11.1999
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento desua obrigação ou 
deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. (Incluído 
pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou 
contratualmente estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999)
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de 
serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela 
autoridade administrativa como máximo. (Incluído pela Lei nº 13.425, 
de 2017) (BRASIL, 1990).
As práticas abusivas não estão disciplinadas somente no Art. 39 do CDC, mas 
em todo o código. São práticas abusivas: a colocação no mercado de produto ou serviço 
com alto grau de nocividade ou periculosidade (artigo 10); a falta de componentes e peças 
de reposição adequadas (artigo 21); a comercialização de produtos ou serviços impróprios 
(artigo 18, parágrafo 6º, e 20, parágrafo 2º); a cobrança irregular de dívidas de consumo 
(artigo 42); a utilização de cláusula contratual abusiva (artigo 51); dentre outras. 
FONTE: <https://www.conjur.com.br/2018-mai-12/julio-oliveira-relacao-cliente-fornecedor-
conceito-justa-causa>. Acesso em: 1 abr. 2019.
ATENCAO
TÓPICO 4 | DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
113
5 CLÁUSULAS ABUSIVAS
As cláusulas abusivas são aquelas clausulas que oneram de forma excessiva 
o consumidor e, por esse motivo devem ser declaradas nulas pelo magistrado.
O Art. 51 do Código de Defesa do Consumidor traz em seu escopo um rol 
exemplificativo de cláusulas abusivas:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais 
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do 
fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços 
ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações 
de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a 
indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, 
nos casos previstos neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que 
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam 
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
V - (Vetado);
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio 
jurídico pelo consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, 
embora obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do 
preço de maneira unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem 
que igual direito seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua 
obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo 
ou a qualidade do contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias 
necessárias (BRASIL, 1990, s.p.).
A doutrina preleciona:
São cláusulas abusivas as que caracterizam lesão enorme ou violação 
ao princípio da boa-fé objetiva, funcionando estes dois princípios 
como cláusulas gerais do Direito, a atingir situações não reguladas 
expressamente na lei ou no contrato. Norma de Direito Judicial impõe 
aos juízes torná-las operativas, fixando a cada caso a regra de conduta 
devida (AGUIAR JR, 1994, s.p.).
E, ainda:
No regime jurídico do CDC, as cláusulas abusivas são nulas de pleno 
direito porque contrariam a ordem pública de proteção ao consumidor. 
Isso quer dizer que as nulidades podem ser reconhecidas a qualquer 
tempo e grau de jurisdição, devendo o juiz ou tribunal pronunciá-las 
ex officio, porque normas de ordem pública insuscetíveis de preclusão 
(NERY JR, s.d., s.p.). 
114
UNIDADE 2 | LEGISLAÇÃO CONSUMEIRISTA
A legislação consumerista objetiva a proteção do consumidor em todas as fases 
da relação de consumo, expressamente garantindo a sua posição de vulnerabilidade perante 
o fornecedor. Nos contratos de consumo, a lei proíbe que ao consumidor sejam impostas 
cláusulas consideradas abusivas, que o coloquem em situação de desvantagem perante o 
fornecedor contratante. A abusividade decorre da afronta ao princípio da boa-fé objetiva, 
norma fundamental que permeia as relações firmadas entre consumidores e fornecedores.
FONTE:<http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_
id=11277&revista_caderno=10>. Acesso em: 1 abr. 2019.
ATENCAO
6 CONTRATOS DE ADESÃO
Salutar mencionarmos que o contrato de adesão é um instrumento 
cujas cláusulas são preestabelecidas unilateralmente pelo parceiro contratual 
economicamente mais forte, ou seja, o fornecedor. Não existe um “acordo de 
vontades”, por isso tais contratos tem uma atenção especial por parte da legislação 
consumerista.
Nos contratos de adesão não há espaço para negociação tangente 
aos termos do contrato. O fornecedor elabora o contrato como um todo, e o 
consumidor, representando a parte vulnerável do negócio, pode apenas aceitar 
este contrato ou não, sendo que o ato de aceitá-lo é representado através da sua 
adesão ao contrato. 
Os contratos de adesão estão elencados no Art. 54 do Código de Defesa 
do Consumidor.
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham 
sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas 
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que 
o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu 
conteúdo (BRASIL, 1990).
IMPORTANT
E
O Contrato de adesão pode se mostrar bastante perigoso, haja vista que, por 
inexistir discussão para elaboração do contrato, o fornecedor acaba que inserindo cláusulas 
manifestamente vantajosas ao seu favor e desvantajosas para o consumidor, por exemplo: 
cláusula que desonerem o fornecedor de uma responsabilidade pelo fato ou vício do produto 
ou serviço, cláusula de juros abusivos, cláusula de eleição de foro em favor do estipulante e 
dentre outros (MIRAGEM, 2009, p.122).
115
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que: 
• A desconsideração da personalidade jurídica surge no direito alemão. 
• O patrimônio da pessoa jurídica é distinto do patrimônio dos sócios.
• Em algumas situações requeremos a desconsideração da personalidade 
jurídica.
• Teorias que embasam o pedido de desconsideração da personalidade jurídica: 
teoria maior e menor.
° Proteção comercial.
° Práticas comerciais abusivas.
° Cláusulas abusivas.
° Contratos de adesão. 
116
1 São vedadas as práticas comerciais consideradas abusivas pelo art. 39 do 
CDC e as práticas previstas no artigo podem ser tanto contratuais, como 
pré-contratuais e pós contratuais.
a) ( ) Certo. 
b) ( ) Errado. 
2 No sistema protetivo do consumidor:
a) ( ) Os serviços públicos são excluídos, já que o objeto de leis próprias.
b) ( ) O acesso ao poder judiciário é sempre gratuito aos consumidores, para 
facilitação da defesa de seus interesses.
c) ( ) Haverá, sempre, a inversão do ônus probatório em benefício do 
consumidor, em face de sua presumida hipossuficiência, que é absoluta. 
d) ( ) As cláusulas de eleição de foro são tidas por inexistentes em qualquer 
hipótese, não gerando efeitos jurídicos.
e) ( ) É garantido o direito de modificação das cláusulas contratuais que 
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de 
fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas. 
3 Ao tratar da desconsideração da pessoa jurídica, o CDC estabelece que as 
sociedades integrantes dos grupos societários, as sociedades controladas e 
as consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações previstas 
no código. 
a) ( )Certo. 
b) ( ) Errado.
4 Acerca dos direitos do consumidor, julgue os itens seguintes:
Segundo a jurisprudência do STJ, a toeira menor da desconsideração da 
personalidade jurídica incide com a mera prova de insolvência da pessoa 
jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da 
existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.
a) ( ) Certo. 
b) ( ) Errado.
AUTOATIVIDADE
117
UNIDADE 3
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender a base constitucional, os conceitos e direitos básicos do 
direito do trabalho;
• analisar os princípios que norteiam a legislação trabalhista, bem como 
sua aplicação perante a Consolidação das Leis Trabalhistas;
• adquirir uma visão geral a respeito dos conceitos: empregado, empre-
gador, trabalhador, vínculo trabalhista, contrato de trabalho e direitos 
trabalhistas;
• conhecer as verbas rescisórias que o empregado tem direito ao ter seu 
contrato de trabalho rescindido.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – CONCEITO DO DIREITO DO TRABALHO E PRINCÍPIOS 
TRABALHISTAS
TÓPICO 2 – CONTRATOS TRABALHISTAS 
TÓPICO 3 – REMUNERAÇÃO x SALÁRIO
TÓPICO 4 – VERBAS TRABALHISTAS
118
119
TÓPICO 1
CONCEITO: DIREITO DO TRABALHO E PRINCÍPIOS 
TRABALHISTAS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
No presente tópico analisaremos os conceitos primordiais que perfazem a 
legislação trabalhista. Serão examinadas, também, a área do Direito em que ela se 
situa e a divisão interna que caracteriza o ramo justrabalhista.
O trabalho durante a evolução da humanidade foi caminhando para o 
que temos hoje. Antes um trabalho desonroso, sem qualquer benefício para o 
trabalhador, hoje regras de proteção para evitar que o trabalhador, sendo a parte 
mais fraca dessa relação, seja prejudicado.
O Direito do Trabalho, como sistema jurídico coordenado, tem na relação 
empregatícia sua categoria básica, a partir da qual se constroem os princípios, 
regras e institutos essenciais desse ramo jurídico especializado, demarcando 
sua característica própria e distintiva perante os ramos jurídicos correlatados” 
(DELGADO, 2017). 
Portanto, analisaremos, além do seu conceito, os princípios do Direito 
do Trabalho e sua natureza jurídica, que é um ramo jurídico especializado, que 
regula a relação laborativa da sociedade, é necessário que se tenha a compreensão 
de suas características essenciais.
Passamos a estudar!
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
120
2 CONCEITO E FUNÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO
A Justiça do Trabalho foi efetivamente criada no dia 1º de maio do ano de 
1941, pelo Decreto-lei nº 1.237. Antes disso, porém, já existiam no país as Juntas 
de Conciliação e Julgamento, criadas em 1932, porém foi apenas em 1946 que a 
Justiça do Trabalho passou a integrar o Poder Judiciário.
O Direito do Trabalho é ramo que cuida das relação trabalhistas, relações 
entre empregado e empregador. Não engloba todos os trabalhadores, por 
exemplo, os trabalhadores eventuais, estagiários, autônomos, além dos servidores 
públicos. Esses terão regras próprias.
“O direito do Trabalho visa à realização de valores sociais, não econômicos, 
com o objetivo de preservar um valor universal, que é a dignidade da pessoa 
humana” (GURGEL, 2010, s.p.), princípio previsto da nossa Constituição Federal.
A caracterização da relação empregatícia é, portanto, procedimento 
essencial ao Direito do Trabalho, à medida que propiciará o encontro 
da relação jurídica básica que deu origem e assegura desenvolvimento 
aos princípios, regras e institutos justrabalhistas e que é regulada por 
esse ramo jurídico especial (DELGADO, 2017, p. 289).
Porém, é preciso saber a diferença entre trabalhador e empregado, 
portanto, estudaremos adiante. Antes vamos analisar os princípios que regem o 
Direito do Trabalho.
3 PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO
Os princípios têm a ideia de começo, de onde vem algo. No direito, os 
princípios facilitam a interpretação das normas, auxiliando o legislador e o 
aplicador das normas postas.
O doutrinador Francisco de Amaral (2005, p .445) leciona que “os 
princípios são norteadores para uma regulamentação jurídica, isto é, são critérios 
para ação e, também, constituição de normas jurídicas, visando unificar o sistema 
de normas”. Em resumo, são diretrizes básicas a serem seguidas.
Os princípios têm natureza normativa, ou seja, são capazes de regular 
um caso concreto, servindo de base para uma decisão judicial. Entre 
uma norma e um princípio, este último deve prevalecer. A CLT, em 
sua ascendência visionária, já diz isso desde 1943, no parágrafo único 
do art. 8º. A moderna doutrina (pós-positivista) chega a classificar as 
normas em duas categorias: normas-princípio e normas-disposição 
(CISNEIROS, 2016, p. 25).
Temos diversos princípios que regem o Direito do Trabalho. Trataremos 
dos principais.
TÓPICO 1 | CONCEITO: DIREITO DO TRABALHO E PRINCÍPIOS TRABALHISTAS
121
a) PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO OPERÁRIO OU PRO MISERO
Sabemos que o empregado em relação ao empregador sempre será a parte 
mais fraca dessa relação. Portanto, esse princípio nos traz que, se houver alguma 
dúvida, a interpretação que deve prevalecer é a mais favorável ao empregado.
b) PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL
Amauri Mascaro (1977, p. 235, apud OLIVEIRA JÚNIOR, 2017, s.p.) revela 
que, 
ao contrário do direito comum, o direito do trabalho, quando houver 
muitas normas sobre a mesma matéria, a pirâmide para se chegar à 
conclusão de qual norma aplicar, não serão a Constituição Federal, 
leis federais, convenções coletivas ou regulamento da empresa, 
obrigatoriamente, mas, sim, aquela norma que forma mais favorável 
dentre as várias diferentes em vigor.
Mais uma vez o princípio busca beneficiar o empregado nas relações 
empregatícias, por ser a parte que é mais fraco nessa relação.
c) PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DAS GARANTIAS LEGAIS DO 
TRABALHADOR
Esse princípio afirma que o trabalhador não pode renunciar direitos 
durante o contrato de trabalho. Podemos citar como exemplo o direito às férias 
que está previsto na nossa legislação. O trabalhador não poderá renunciar a 
esse direito. “O empregado não pode, em regra, “negociar” individualmente a 
diminuição ou eliminação de um direito, tampouco “renunciar”. A negociação é 
fruto de uma transação (concessões recíprocas), enquanto que a renúncia deriva 
de um ato unilateral” (CISNEIROS, 2016, p. 30).
Para se ter garantia, o Ministério do Trabalho fiscaliza para que não haja 
coação por parte dos empregadores.
d) PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE SALARIAL
“O salário é alvo de garantias legais, que vão desde a impenhorabilidade 
(art. 833, IV, do CPC/2015, correspondente ao art. 649, IV, do CPC/1973 c/c OJ 
153 da SDI-2) e a proteção de descontos patronais (art. 462 da CLT), até a própria 
irredutibilidade (art. 7º, VI, da CF)” (CISNEIROS, 2016, p. 33).
Portanto, o empregador não pode reduzir o salário do empregado, por ser 
uma garantia constitucional. O salário tem caráter alimentar, assim o empregado 
não pode ter prejuízo caso venha ser diminuído o valor de seus rendimentos 
mensais.
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
122
e) PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO
Esse princípio busca proteger o contrato de trabalho, que em regra devem 
ser feitos por prazo indeterminado.
f) PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE
“O contrato de trabalho é um “contrato realidade” (expressão consagrada 
pelo saudoso Orlando Gomes), podendo ser pactuado expressa ou tacitamente – 
art. 442 da CLT. A sua existência não depende de forma específica. O princípio da 
primazia da realidade reina soberano no Direito do Trabalho, sempre na proteção 
do obreiro” (CISNEIROS, 2016, p. 34).
É a busca da verdade em benefício do empregado.
UNI
Um bom exemplo do princípio da primazia da realidade se encontrana Súmula 
437, IV, do TST, que trata dos empregados com jornada de 6 horas, mas que realizam horas 
extras. Ora, quem trabalha 6 horas tem direito a apenas 15 minutos de intervalo intrajornada, 
diferentemente daquele que labora mais de 6 horas, que tem direito a no mínimo 1 hora de 
intervalo. A concessão do intervalo, diz a referida Súmula, deve levar em conta a jornada real.
 ITEM IV DA SÚMULA 437 TST – Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas 
de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o 
empregador a remunerar o período para descanso e alimentação não usufruído como extra, 
acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT.
 Observe-se que empregador e empresa são conceitos que guardam entre si uma 
relação de gênero e espécie, uma vez que empregador é uma qualificação jurídica ampla, e 
empresa é uma das formas, a principal, dessa qualificação, ao lado de outras, que abrangem 
instituições sem fins lucrativos – evidentemente não empresariais – (CISNEIROS, 2016, p. 34).
4 DISTINÇÃO DE TRABALHADOR E EMPREGADO
Todo empregado é um trabalhador, mas nem todo trabalhador é um 
empregado, ou seja, o trabalhador somente será empregado quando preencher 
os quatro requisitos a saber: pessoalidade, não eventualidade, subordinação e 
remuneração, que será estudado no próximo tópico.
Com relação ao conceito de empregado, a Consolidação das Leis do 
Trabalho traz em seu artigo 3º, vejamos: "toda pessoa física que prestar serviços 
de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante 
salário", portanto, empregado é o trabalhador subordinado, que recebe ordens, 
é pessoa física que trabalha todos os dias ou periodicamente, ou seja, não é um 
TÓPICO 1 | CONCEITO: DIREITO DO TRABALHO E PRINCÍPIOS TRABALHISTAS
123
trabalhador que presta seus serviços apenas de vez em quando (esporadicamente) 
e é assalariado.
Desta forma, EMPREGADO é toda pessoa física que prestar serviços de 
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
Imaginemos uma fazenda (que passaremos a chamar de propriedade rural) 
em que um animal do rebanho bovino apresente certo comportamento indicando que 
possivelmente está com a saúde debilitada. 
 Para tentar resolver a situação, o proprietário contrata um médico-veterinário para 
examinar animal e fazer o diagnóstico e definir o tratamento. Sabendo que o tratamento 
durará alguns dias, o peão que trabalha na propriedade rural cuidará diariamente do animal 
conforme orientação do médico-veterinário.
 Este simples caso permite-nos visualizar a diferença entre trabalhador e empregado.
ATENCAO
Portanto, com o exemplo prático fica mais simples fazer a diferença 
entre os dois conceitos. Analisaremos agora os requisitos citados acima para ser 
enquadrado no termo “empregado”.
5 CONCEITO DE EMPREGADOR
A Consolidação das Leis do Trabalho dispõe que “considera-se 
empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da 
atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços” 
(art. 2º).
A empresa é comumente conceituada como uma atividade organizada para 
a produção ou circulação de bens ou serviços destinados ao mercado, com objetivo 
de lucro. No âmbito do Direito do Trabalho, a CLT expressamente estabelece a 
exigência de que ela assuma os riscos do negócio. Assim, a empresa deve assumir 
tanto os resultados positivos quanto os negativos do empreendimento, não 
podendo estes últimos serem transferidos ao empregado.
O conceito legal de empregador abarca, ainda, as autarquias que 
não estejam submetidas a regime próprio (art. 7º, alínea d, da CLT), 
as empresas públicas, as sociedades de economia mista e “outras 
entidades que explorem atividade econômica”, pessoas jurídicas de 
direito privado, mas com participação majoritária do Estado (art. 173, 
parágrafo 1º, da CF). Entre essas outras entidades enquadram-se as 
fundações públicas, inclusive de direito público, que adotam regime 
da Consolidação das Leis do Trabalho (CAMINO, 2004, p. 213).
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
124
ATENCAO
Temos ainda no parágrafo 1º do Art. 2º da CLT os equiparados aos 
empregadores, vejamos:
Art. 2º ...
§ 1º Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação 
de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, 
as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, 
que admitirem trabalhadores como empregados.
Portanto, não serão empregadores somente as empresas, mas também os 
profissionais liberais, associações, entidades etc. Todos esses poderão empregar. 
6 CRITÉRIOS DE CARACERIZAÇÃO DA RELAÇÃO 
EMPREGATÍCIA
Agora que já sabemos o conceito de empregado e empregador vamos 
aprender o que é uma relação de emprego. Romar (2018, p. 128) descreve muito 
bem esse conceito:
A relação de emprego é uma espécie de relação de trabalho, que se 
baseia no nexo entre empregador e empregado, caracterizado pela 
prestação pessoal de serviços, de forma não eventual e subordinada, 
mediante o pagamento de salário. É a relação jurídica que tem 
como fato social original o trabalho subordinado, prestado com 
pessoalidade, mediante remuneração, e que tem como disciplina 
jurídica o conjunto humano não eventual e de normas que compõem 
o Direito do Trabalho.
Para que fique claro o entendimento da relação de emprego devemos 
analisar primeiramente as suas características:
a) Pessoalidade
O trabalho prestado deve ser pessoal, ou seja, a própria pessoa deve 
desenvolver, não poderá terceirizar o serviço para que outro o execute. Assim, 
podemos afirmar que o que se contrata não é o serviço como resultado, mas o 
serviço prestado pessoalmente por alguém.
Observe-se que empregador e empresa são conceitos que guardam entre si 
uma relação de gênero e espécie, uma vez que empregador é uma qualificação jurídica 
ampla, e empresa é uma das formas, a principal, dessa qualificação, ao lado de outras, que 
abrangem instituições sem fins lucrativos –evidentemente não empresariais – (NASCIMENTO, 
NASCIMENTO, 2014, p. 504).
TÓPICO 1 | CONCEITO: DIREITO DO TRABALHO E PRINCÍPIOS TRABALHISTAS
125
b) A não eventualidade
O serviço prestado deve ser contínuo, não eventual. “As obrigações das 
partes se prolongam no tempo, com efeitos contínuos” (ROMAR, 2018, p. 131).
Importante esclarecer que o serviço não precisa ser prestado todos os dias. 
Apenas que ele tenha um caráter de permanência, não importando o tempo de 
duração, não podendo ser um trabalho esporádico.
c) A subordinação
A subordinação nada mais é do que “a sujeição do empregado às ordens 
do empregador, é o estado de dependência do trabalhador em relação ao seu 
empregador” (ROMAR, 2018, p. 133).
Após a entrada em vigor da Lei 12.551/2011, o legislador passou a reconhecer que 
não se distingue entre trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado 
no domicílio do empregado, e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os 
pressupostos da relação de emprego, prevendo que os meios telemáticos e informatizados 
de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos 
meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio (art. 6º, 
parágrafo único, CLT) (ROMAR, 2018, p. 134).
ATENCAO
d) Onerosidade (ou remuneração)
Todo trabalho prestado deve ser pago, não importando o quanto a ser 
pago, porém para caracterizar a relação de emprego é necessário que haja uma 
contraprestação. De um lado se tem o trabalho prestado e de outro o pagamento 
(remuneração).
Mauricio Delgado (2017, p. 322) acrescenta:
À medida que se sabe que o salário pode ser pago em dinheiro ou 
parcialmente em utilidades 9art. 458, CLT), pode ser pago por dia, 
semana, quinzena ou mês (art. 459, CLT), pode ser calculado segundo 
modalidade fica ou formula variável de computo (art. 483, “g”, CLT), 
à medida que, assim, a contraprestação econômica do empregador 
aoempregado pode assumir formas distintas e variadas na prática 
empregatícia concreta, percebe-se, que, do ponto de vista objetivo, a 
onerosidade dificilmente se oculta em uma dada relação de trabalho 
investigada: de uma forma ou de outra, a contraprestação onerosa 
despontará ao longo da prestação do trabalho.
Veja que o trabalho na relação de emprego, é de natureza produtiva, 
portanto, não há que se falar em gratuidade.
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
126
e) Alteridade
A alteridade nada mais é do que o risco pertencer apenas ao empregador. 
Muitos doutrinadores não consideram a alteridade como um requisito, porém 
de acordo com Renzeti Filho (2015, p. 22) “está previsto no caput do artigo 2º da 
CLT que determina que o empregador é aquele que assume os riscos da atividade 
econômica”.
7 MODALIDADES ESPECIAIS DE TRABALHO
Prezado acadêmico, está pronto para seguir adiante com nossos estudos 
acerca de legislação? Se sim, vamos lá! 
A seguir vamos estudar as modalidades de trabalho que não são 
considerados empregados pela nossa legislação, portanto, são apenas 
trabalhadores, mas não empregados.
a) TRABALHO AUTÔNOMO
O trabalhador autônomo não possui o critério de subordinação, que é um 
dos elementos essenciais para se estabelecer vínculo de emprego. “O prestador 
de serviços desenvolve o serviço ou obra contratada, de forma autônoma, com 
profissionalidade e habitualidade, atuando por conta e risco próprio, assumindo 
o risco da atividade desenvolvida” (RENZETTI, 2015, p. 24).
b) TRABALHO EVENTUAL
[...] podemos dizer que o trabalho eventual tem a ver com a necessidade 
ocasional da atividade do trabalhador para o empreendimento. 
Nesta hipótese, em regra, não há fixação do trabalhador para o 
empreendimento. Nesta hipótese, em regra, não há fixação do 
trabalhador a um único tomador, e a natureza do trabalho corresponde 
a eventos ocasionais, certos determinados e de curta duração 
(RENZETTI, 2015, p. 24).
c) TRABALHO AVULSO
“Com a intermediação do sindicato ou do Órgãos de Gestão de Mão de 
Obra (Ogmo), o trabalhador avulso presta serviços a diversos tomadores, sem 
se fixar especificamente a nenhum deles. O trabalhador avulso é comumente 
encontrado no setor portuário” (RENZETTI, 2015, p. 24).
Muito embora o inciso XXXIV do art. 7ª da CF/1988 assegure a igualdade de direitos 
entre trabalhador com vínculo permanente de emprego e o avulso, este não é empregado. A 
intenção do constituinte foi simplesmente assegurar ao avulso os mesmos direitos concedidos 
ao empregado com vínculo permanente de emprego” (RENZETTI, 2015, p. 24).
ATENCAO
TÓPICO 1 | CONCEITO: DIREITO DO TRABALHO E PRINCÍPIOS TRABALHISTAS
127
d) TRABALHO VOLUNTÁRIO
O trabalho voluntário possui uma legislação própria, a Lei nº 9.608/1988, 
que disciplina todas as garantias e direitos dos trabalhadores dessa categoria. 
Em 2016, alguns artigos sofreram alterações, dentre eles estão os três primeiros 
artigos que são de suma importância para o entendimento. Vejamos:
Art. 1º Considera-se serviço voluntário, para os fins desta Lei, a 
atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade 
pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não 
lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, 
científicos, recreativos ou de assistência à pessoa. 
Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, 
nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim.
Art. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de 
termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador 
do serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de 
seu exercício.
Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido 
pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das 
atividades voluntárias.
Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar 
expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço 
voluntário.
Portanto, o trabalhador dessa categoria não recebe remuneração por seus 
serviços, apenas pode ser ressarcido das despesas que eventualmente tenha. 
Dentre essas modalidade temos outras, como o estágio. Este também possui lei 
própria disciplinando (Lei nº 11.788/08) e nada mais é do que a preparação do 
estudante ao mercado de trabalho. “Somente são estagiários alunos matriculados 
em instituições ou de ensino público ou particular, podendo ser de nível superior 
ou nível médio (MINUCI, 2014, s.p.)”. O estágio deve ser compatível com o curso 
que o estudante está cursando, não podendo ser em áreas distintas. 
128
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que: 
• Empregados, empregadores e trabalhadores possuem conceitos diferentes.
• Temos vários princípios que norteiam o Direito do Trabalho.
• Existem alguns critérios para a caracterização da relação empregatícia.
• Ainda temos modalidades de trabalho que não estão dentro do conceito de 
empregado.
129
1 Os salários devem ser pagos ao empregado, independentemente de a 
empresa ter auferido lucros ou prejuízos, uma vez que os riscos da atividade 
econômica pertencem única e exclusivamente ao empregador. Tal assertiva 
baseia-se no requisito caracterizador da relação de emprego denominado:
a) ( ) Pessoalidade.
b) ( ) Alteridade.
c) ( ) Não eventualidade.
d) ( ) Onerosidade.
e) ( ) Subordinação.
2 A relação de trabalho é diversa da relação de emprego, visto que essa 
última deve conter requisitos previstos na legislação trabalhista para sua 
configuração. Segundo esses requisitos, haverá relação de emprego, na 
situação de:
a) ( ) Contrato de estágio.
b) ( ) Empreiteiro de construção civil autônomo.
c) ( ) Trabalho voluntário para instituição de caridade.
d) ( ) Acompanhante de idoso, remunerado e com trabalho diário.
e) ( ) Associado de cooperativa.
AUTOATIVIDADE
130
131
TÓPICO 2
CONTRATOS TRABALHISTAS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico. Seguiremos com nosso estudo acerca de legislação. 
No tópico anterior mencionamos os conceitos básicos do direito do trabalho, bem 
como os conceitos de empregado, empregador e as suas relações. 
Verificamos como se dá a relação entre empregado e empregador e ainda 
aprendemos o que são os princípios e quais são os principais no Direito do 
Trabalho. Neste Tópico 2 estudaremos os contratos de trabalho, de que forma 
devem ser confeccionados e quais as modalidade que a lei permite.
2 CARACTERÍSTICAS DO CONTRARO DE TRABALHO
O contrato de trabalho é o documento feito entre empresa e empregado que 
contém as regras e direitos trabalhistas. Nele se estipula a função do trabalhador, 
carga horária e demais direitos. O artigo 442 disciplina o conceito de contrato de 
trabalho:
Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, 
correspondente à relação de emprego.
O comportamento dos sujeitos dos contratos de trabalho deve respeitar 
um conjunto de deveres previstos pelo direito positivo, tanto o empregado como 
o empregador, e boa-fé, tanto no período pré-negocial como na constância de 
contratos e na fase da extinção dos contratos, e o comportamento que contrariar 
o princípio estará em desacordo com o direito.
Não é por outra razão que nos contratos individuais de trabalho é nulo todo 
ato destinado a desvirtuar, impedir ou fraudar as disposições da lei (CLT, art. 9º), 
nenhum interesse de classe ou particular deve prevalecer sobre o interesse público 
(CLT, art. 8º, parágrafo único), as relações contratuais de trabalho podem ser objeto 
de livre estipulação das partes em tudo que não contravenha às disposições de 
proteção ao trabalho (CLT, art. 444), e nos contratos individuais de trabalho só é 
lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, ainda assim 
132
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob 
pena de nulidade da cláusula infringente esta garantia (CLT, art. 468). É o motivo, 
também, pelo qual constitui justacausa para a rescisão justificada do contrato 
uma série de atos subjetivos do empregado (CLT, art. 482) e do empregador (CLT, 
art. 463)” (NASCIMENTO; NASCIMENTO, 2014, p. 440).
A legislação trabalhista prevê diversos tipos de contrato, e no momento 
da contratação a empresa deve analisar qual é a sua necessidade e escolher o que 
mais lhe convier.
Falaremos agora sobre os quatro tipos mais usados.
2.1 CONTRATO POR TEMPO DETERMINADO
Esse contrato de trabalho deve ser uma exceção à regra. O parágrafo 2º do 
artigo 443 traz as hipóteses em que esse contrato deve ser pactuado:
§ 2º O contrato por prazo determinado só será válido em se tratando
a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a 
predeterminação do prazo; 
b) de atividades empresariais de caráter transitório; 
c) de contrato de experiência. 
 
Ao lado desse conjunto específico, pode-se arrolar uma quarta hipótese 
normativa de pactuação, consistente nos contratos de duração prefixada 
tipificados por legislação extravagante à CLT, como ocorre com os contratos de 
atleta profissional de futebol, artista profissional e outros.
“A partir da Lei nº 9.601/98 surgiu uma quinta hipótese de pactuação a 
termo, abrangente de qualquer profissão ou categoria profissional e não submetida 
às restrições do art. 443 da CLT: trata-se do contrato provisório, dotado de direitos 
trabalhistas ainda mais restritos do que os característicos aos demais contratos a 
termo” (DELGADO, 2017, p. 613).
2.2 CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO
Nascimento e Nascimento (2014) afirma que o contrato por prazo 
indeterminado é o mais comum, sendo aquele em que o empregado comparece em 
dias e horários pré-determinados à empresa, até que ocorra a rescisão contratual. 
Ele pode, ainda, ser acordado sob a forma de regime de tempo parcial, que é o 
contrato em que a jornada de trabalho é reduzida.
Essa modalidade de contrato de trabalho deve prevalecer no ordenamento 
jurídico pelo princípio da continuidade de empregado que já falamos no tópico 
anterior. Portanto, sempre que possível, a empresa opta por essa modalidade.
TÓPICO 2 | CONTRATOS TRABALHISTAS
133
Prazo 
Indeterminado
Trata-se da modalidade contratual mais comum entre empregado e empregador. 
Nesse caso não existe evento previsível a pôr termo a relação contratual, 
facultando a qualquer uma delas mediante prévio aviso a rescisão do contrato
Prazo 
Determinado
CLT Lei 9.601/98 Temporário Experiência
2 anos 2 anos 3 meses 90 dias
Nos serviços 
cuja natureza ou 
transitoriedade 
justifiquem;
Atividades de 
caráter transitório.
Não necessita 
justificativa, 
salvo 
determinação em 
contrato coletivo 
de trabalho.
Necessidade 
transitória de 
substituição de 
pessoal regular 
e permanente;
Acréscimo 
extraordinário 
de serviço.
Não é 
necessário 
justificar a 
contratação.
Direta entre 
empregado e 
empregador
Direta entre 
empregado e 
empregador
Por meio 
de empresa 
interposta 
(terceirização)
Direta entre 
empregado e 
empregador
Uma prorrogação, 
desde que não 
ultrapasse 2 anos 
no total
Mais de uma 
prorrogação, 
desde que 
observado o 
limite de 2 anos
Uma 
prorrogação 
autorizada pelo 
TEM
 Uma 
prorrogação 
desde que não 
ultrapasse 90 
dias no total
Não há 
formalidade
Contrato escrito Contrato escrito Não há 
formalidade
FONTE: Rodrigues (2017, s.p.)
2.3 CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO
Os contratos de trabalho temporário são sempre feitos por uma empresa 
intermediária, portanto, temos nessa relação a empresa que está contratando, a 
empresa intermediadora e o trabalhador, diferente dos outros tipos de contrato.
O prazo normal do contrato pode ser de 180 dias, sendo eles 
consecutivos ou não. Mas, quando necessário também se pode 
prorrogar o contrato por no máximo mais 90 dias. Para ser feita a 
prorrogação, a empresa deve comprovar o motivo, e a se realmente é 
necessária essa prolongação (FERNANDES, 2019, s.p.).
Geralmente, esses contratos são efetuados em datas comemorativas, 
como Páscoa ou Natal em que o movimento de clientes aumenta e a empresa 
contrata para atender a essa demanda. Porém, nada impede que sejam feitos em 
outras datas.
QUADRO 1 - CONTRATO DE TRABALHO
134
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
2.4 CONTRATO DE TRABALHO EVENTUAL
Trabalho eventual é aquele que não possui caráter de permanência, sendo 
esporádico. Também chamado de ocasional, é exigido em caráter absolutamente 
temporário ou transitório, cujo exercício não se integra à finalidade da empresa.
A principal diferença do contrato de trabalho eventual para o temporário 
é que nesse último gera vínculo de emprego, ou seja, o trabalhador possui carteira 
profissional devidamente assinada pela empresa, já no trabalho eventual não 
gera vínculo de emprego. 
Como podemos verificar temos diversas modalidade de contrato de 
trabalho. Estudamos os mais usados pelos empregadores. Por fim, é importante 
sabermos ainda que a Reforma Trabalhista de 2017 incluiu mais alguns modelos 
de contratos como, por exemplo, o teletrabalho e o contrato intermitente.
Teletrabalho
 Uma prestação de serviços pode ser considerada teletrabalho quando, na maior 
parte do tempo, o trabalho é realizado num local diferente das dependências do empregador. 
Para isso, devem ser utilizadas tecnologias de informação e de comunicação (Skype, Google, 
Hangouts, Zoom, etc.) que não possam se caracterizar como trabalho externo.
 O comparecimento presencial ocorrido eventualmente, não descaracteriza o regime 
de teletrabalho. É comum que estes profissionais, uma vez ou outra, tenham a necessidade 
de participar de reuniões presenciais.
 A prestação de serviços em regime de teletrabalho deve constar expressamente no 
contrato individual de trabalho. Existindo acordo entre as partes, a alteração entre o regime 
presencial e o teletrabalho pode ocorrer, precisando ficar registrado em aditivo contratual. 
 Contrato de trabalho intermitente
 Existindo subordinação e quando a prestação de serviços não é contínua, o regime 
de trabalho é considerado intermitente. A alternância de períodos de trabalho e inatividade, 
podem ser determinados em horas, dias ou meses. Independentemente do tipo de atividade 
(com exceção para os aeronautas, que possuem legislação própria).
 Neste caso, é necessário ser especificado o valor da hora de trabalho no contrato de 
trabalho. Este valor não pode ser inferior ao valor hora do salário mínimo vigente ou ao valor 
hora do salário de empregados com a mesma função, em regime intermitente ou não.
 A convocação feita pelo empregador deve ser notificada com três dias de 
antecedência. O empregado tem um dia útil para responder. A ausência de resposta será 
considerada uma recusa.
 Além das formas comuns de rescisão, o contrato de trabalho intermitente pode 
ser rescindido caso não ocorram solicitações de prestação de serviço por um período de 12 
meses.
FONTE:<https://www.todacarreira.com/tipos-contratos-trabalho-modalidades-criadas-
alteracoes-reforma-trabalhista/ > Acesso em: 7 jun. 2017.
ATENCAO
TÓPICO 2 | CONTRATOS TRABALHISTAS
135
Acadêmico, agora que já conhecemos os principais tipos de contratos, 
passaremos a analisar de que forma o contrato pode ser suspenso ou interrompido.
3 SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
Por causa do princípio da continuidade do trabalho que vimos acima, 
existem determinadas vezes em que o contrato continua em vigor, porém não 
há prestação de serviços por parte do trabalhador. Nesses casos chamamos de 
interrupção ou suspensão.
Cisneiros (2016, p. 75), assim define: 
Suspensão – Durante a suspensão do contrato, as principais obrigações 
das partes ficam paralisadas, sustadas, sem efeito. O empregado não 
presta serviços, não se coloca à disposição do empregador. Este, por 
sua vez, não paga salário. 
Interrupção – Durante a interrupção do contrato, apenas a principal 
obrigação do empregado fica paralisada, sustada, sem efeito. O 
empregado não presta serviços, não se coloca à disposiçãodo 
empregador. Este, contudo, tem que pagar salário.
Veja que a principal diferença entre a suspensão e a interrupção do 
contrato de trabalho se dá em relação ao pagamento ou não do salário.
3.1 INTERRUPAÇÃO
Como já mencionado, no caso da interrupção, o trabalhador não presta 
serviço, mas recebe salário e o período conta como serviço prestado para fins de 
aposentadoria.
Cessado o motivo ensejador da interrupção, o empregado retornará 
ao serviço, de imediato, com a garantia de receber todas as vantagens 
que tenham sido atribuídas à sua categoria. Durante o período em que 
o contrato estiver interrompido, o empregador só poderá dispensar o 
empregado por justa causa, bastando que este pratique um ato faltoso 
(RENZETTI, 2015, p. 89). 
Sabendo como se dá a interrupção, precisamos saber agora em que casos 
isso poderá acontecer. Vejamos algumas hipóteses:
a) Hipóteses do art. 473 da CLT;
Art. 473 CLT.O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço 
sem prejuízo do salário: 
I- até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, 
ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua 
carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência 
econômica; 
136
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
II- até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento; 
III- por um dia, em caso de nascimento de filho no decorrer da primeira 
semana; 
IV- por um dia, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de 
doação voluntária de sangue devidamente comprovada; 
V- até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, 
nos têrmos da lei respectiva. 
VI- no período de tempo em que tiver de cumprir as exigências do 
Serviço Militar referidas na letra "c" do art. 65 da Lei nº 4.375, de 17 de 
agosto de 1964 (Lei do Serviço Militar). 
VII- nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de 
exame vestibular para ingresso em estabelecimento de ensino superior. 
VIII- pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer 
a juízo. 
IX- pelo tempo que se fizer necessário, quando, na qualidade de 
representante de entidade sindical, estiver participando de reunião 
oficial de organismo internacional do qual o Brasil seja membro. 
X- até 2 (dois) dias para acompanhar consultas médicas e exames 
complementares durante o período de gravidez de sua esposa ou 
companheira; 
XI- por 1 (um) dia por ano para acompanhar filho de até 6 (seis) anos 
em consulta médica. 
XII- até 3 (três) dias, em cada 12 (doze) meses de trabalho, em caso de 
realização de exames preventivos de câncer devidamente comprovada. 
b) licença paternidade;
NOTA
O art. 10, parágrafo 1º do ADCT dispõe que o prazo da licença paternidade é de 
cinco dias. Este prazo também se aplica nos casos de adoção (RENZETTI, 2015, p. 94).
c) encargos públicos, como por exemplo jurado, mesário...;
d) Art. 142 CLT;
Art. 142 CLT. O empregado perceberá, durante as férias, a remuneração 
que lhe for devida na data da sua concessão
§ 1º - Quando o salário for pago por hora com jornadas variáveis, 
apurar-se-á a média do período aquisitivo, aplicando-se o valor do 
salário na data da concessão das férias. 
§ 2º - Quando o salário for pago por tarefa tomar-se-á por base a média 
da produção no período aquisitivo do direito a férias, aplicando-se o 
valor da remuneração da tarefa na data da concessão das férias. 
§ 3º - Quando o salário for pago por percentagem, comissão ou viagem, 
apurar-se-á a média percebida pelo empregado nos 12 (doze) meses 
que precederem à concessão das férias. 
§ 4º - A parte do salário paga em utilidades será computada de acordo 
com a anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social
TÓPICO 2 | CONTRATOS TRABALHISTAS
137
§ 5º - Os adicionais por trabalho extraordinário, noturno, insalubre ou 
perigoso serão computados no salário que servirá de base ao cálculo 
da remuneração das férias. 
§ 6º - Se, no momento das férias, o empregado não estiver percebendo 
o mesmo adicional do período aquisitivo, ou quando o valor deste 
não tiver sido uniforme será computada a média duodecimal 
recebida naquele período, após a atualização das importâncias pagas, 
mediante incidência dos percentuais dos reajustamentos salariais 
supervenientes. (grifo nosso) 
e) repouso semanal remunerado, feriados civis e religiosos;
f) intervalos remunerados para repouso durante a jornada de trabalho;
g) licença concedida pelo empregador;
h) período em que não houver serviço, por culpa ou responsabilidade da empresa:
i) interrupção dos serviços na empresa, resultante de causas acidentais ou de 
força maior;
j) período de redução da jornada durante o aviso prévio;
k) tempo necessário para a gestante realizar consultas médicas;
l) licença maternidade;
m) aborto não criminoso;
n) acidente de trabalho ou doença nos primeiros 15 dias.
Importante percebermos que são hipóteses muito comuns no dia a dia do 
trabalhador, e na maioria das vezes são períodos curtos. Agora vejamos os casos 
de suspensão.
3.2 SUSPENSÃO
Renzetti (2016, p. 99) afirma que:
Durante a suspensão, praticamente todas as cláusulas perdem a 
eficácia, logo, não se prestam serviços, não se recebe salário, não 
de computa o tempo de serviço e não se efetuam o recolhimento 
relacionados ao contrato. Cessado o motivo ensejador da suspensão, 
o empregado deverá reapresentar-se ao empregador, sob pena de 
configurar abandono de emprego. Ao retornar, o empregado terá 
direito a todas as vantagens que tenham sido atribuídas à sua categoria.
Vamos agora a algumas das hipóteses mais comuns de suspensão do 
contrato de trabalho:
a) acidente de trabalho ou doença, a partir do 16º dia;
Art. 476 Em caso de seguro-doença ou auxílio-enfermidade, o 
empregado é considerado em licença não remunerada, durante o 
prazo desse benefício.
138
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
UNI
No caso acima apresentado, o trabalhador fará jus a dois benefícios 
regulamentado pelo Direito Previdenciário: o auxílio doença e o auxílio acidentário.
b) prestação de serviço militar obrigatório;
Art. 472 - O afastamento do empregado em virtude das exigências do 
serviço militar, ou de outro encargo público, não constituirá motivo 
para alteração ou rescisão do contrato de trabalho por parte do 
empregador.
c) greve;
d) eleição de empregado para o cargo de dirigente sindical;
Art. 543 O empregado eleito para cargo de administração sindical 
ou representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação 
coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem 
transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível 
o desempenho das suas atribuições sindicais.
§ 2º - Considera-se de licença não remunerada, salvo assentimento 
da empresa ou cláusula contratual, o tempo em que o empregado 
se ausentar do trabalho no desempenho das funções a que se refere 
este artigo.
e) prisão do empregado por ato não relacionado com seu trabalho;
UNI
Caso o empregado seja condenado por sentença com trânsito em julgado, 
permanecendo preso, poderá ser demitido por justa causas (RENZETTI, 2016, p. 98).
TÓPICO 2 | CONTRATOS TRABALHISTAS
139
f) faltas injustificadas;
g) participação em curso de qualificação profissional;
Art. 476-A. O contrato de trabalho poderá ser suspenso, por um período 
de dois a cinco meses, para participação do empregado em curso ou 
programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador, 
com duração equivalente à suspensão contratual, mediante previsão 
em convenção ou acordo coletivo de trabalho e aquiescência formal 
do empregado, observado o disposto no art. 471 desta Consolidação. 
h) aposentadoria por invalidez.
Para compreendermos bem a distinção entre a interrupção e a suspensão 
do contrato de trabalho segue o quadro:
QUADRO 2 – INTERRUPÇÃOE SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
INTERRUPÇÃO SUSPENSÃO
Sem trabalho/com salário Sem trabalho/ sem salário
Não há prestação de serviço Não há prestação de serviço
Há contagem de tempo de serviço Não há contagem de tempo de serviço
Há recolhimento do FGTS Não há recolhimento do FGTS
FONTE: Renzetti (2015, p. 90)
140
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que: 
• Existem diversos tipos de contrato de trabalho e conheceu mais a fundo os 
mais utilizados.
• Temos a suspensão e a interrupção do contrato de trabalho, termo utilizado 
quando o trabalhador não está desempenhando suas funções na empresa.
• Podemos suspender ou interromper o contrato de trabalho de formas diferentes.
141
AUTOATIVIDADE
1 Considere as seguintes hipóteses:
I- Falta ao serviço não justificada por cinco dias corridos em razão do 
matrimônio.
II- Falta ao serviço não justificada por até três dias consecutivos em razão do 
falecimento de irmão.
III- Gozo de férias.
IV- Licença de empregado para atuação como conciliador em Comissão de 
Conciliação Prévia.
Caracterizam hipóteses de interrupção do contrato de trabalho, as 
indicadas APENAS em:
a) ( ) I e II.
b) ( ) I, III e IV.
c) ( ) III e IV.
d) ( ) II e IV.
e) ( ) I, II e III.
2 Em algumas situações, os contratos de trabalho podem ser considerados 
interrompidos, em outras, suspensos. Haverá suspensão em se tratando de: 
a) ( ) Férias anuais.
b) ( ) Licença remunerada por duas semanas em caso de aborto criminoso.
c) ( ) Aposentadoria por invalidez.
d) ( ) Auxílio doença até o 15º dia.
e) ( ) Licença paternidade.
142
143
TÓPICO 3
REMUNERAÇÃO X SALÁRIO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Já sabemos os conceitos de empregado, empregador, trabalhador, bem 
como como se estabelece os vínculos entre eles. No tópico anterior estudamos 
os contratos, como eles se formam e de que forma podem der interrompidos ou 
suspensos. 
Agora no Tópico 3 vamos diferenciar salário de remuneração, que na 
verdade é a contraprestação que o empregado recebe do empregador pelos seus 
serviços prestados.
Ter um salário para prover às necessidades mínimas de subsistência 
é uma questão de dignidade do ser humano. O salário vital é um 
direito fundamental porque corresponde a uma renda mínima. 
Tendência, essa, necessária para que numa sociedade justa as pessoas 
desfavorecidas tenham um mínimo necessário que permita fazer 
frente aos gastos indispensáveis para a sua manutenção e da sua 
família (NASCIMENTO, NASCIMENTO, 2014, p. 612).
O artigo 457 da Consolidação das Leis Trabalhistas assim menciona: 
“Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos 
legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como 
contraprestação do serviço, as gorjetas que receber”. (grifo nosso)
Portanto, se faz necessário entender qual é a diferença entre salário e 
remuneração, o que estudaremos agora.
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
144
2 REMUNERAÇÃO
Sabendo agora o que significa salário, vamos analisar o que é a remuneração.
Remuneração é o conjunto de parcelas pagas ao empregado. A 
remuneração representa o somatório das parcelas contraprestativas 
pagas diretamente pelo empregador com as parcelas contraprestativas 
pagas diretamente por terceiros para o empregado. Essas parcelas 
pagas por terceiros possuem caráter estritamente remuneratório. 
O exemplo mais clássico de parcela remuneratória são as gorjetas 
(RENZETTI, 2015, p. 71).
O artigo 457, em seu parágrafo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho 
define o conceito de gorjeta, portanto, podemos afirmar que faz parte da 
remuneração. Vejamos a seguir:
Art. 457, § 3º CLT. Considera-se gorjeta não só a importância 
espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como também o 
valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer 
título, e destinado à distribuição aos empregados.
A distribuição das gorjetas se dá conforme critérios definidos em 
Acordo Coletivo de Trabalho e/ou Convenção Coletiva de Trabalho. 
Isso significa que sua distribuição aleatória é proibida. Ocorre, 
contudo, que, ausente instrumento coletivo, sua distribuição se dá 
conforme determinação da Assembleia Geral dos Trabalhadores 
(CAVALCANTI, 2017, p. 103).
3 SALÁRIO
Ter um salário é um direito fundamental instituído pela Constituição 
Federal, pois não há outra forma de subsistência para com o indivíduo. “Salário é o 
principal direito do empregado. É o conjunto de parcelas contraprestativas pagas 
diretamente pelo empregador ao empregado pelos serviços por ele prestado” 
(RENZETTI, 2015, p. 71). O parágrafo 1º do artigo 457 da CLT assim define: 
§ 1º Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações 
legais e as comissões pagas pelo empregador. 
Nesse ponto, importa frisar o seguinte: 
• ’importância fixa estipulada’ = salário contratual;
• ‘gratificações legais’ = diferentemente das gratificações ajustadas, as 
gratificações legais são aquelas disciplinadas na própria lei celetista, tais como 
adicionais, gratificação de função decorrente de promoção e outros;
• ‘comissões pagas pelo empregador’ = as comissões estão associadas ao conceito 
de salário tarefa, que é o salário percebido pelo empregado decorrente de sua 
produtividade. 
TÓPICO 3 | REMUNERAÇÃO X SALÁRIO
145
Assim, não integram salário: as ajudas de custo; o auxílio alimentação 
(desde que não pago em dinheiro); diárias para viagem (independentemente do 
valor); prêmios e abonos” (CAVALCANTE, 2017).
O salário é o valor fixo pago ao empregado, que normalmente se calcula 
com base no tempo trabalhado e no tipo de trabalho exercido por ele. Importante 
deixar claro que o salário pode ser variável, como é no caso dos vendedores e/ou 
representantes, que recebem apenas comissão pelo serviço prestado.
Como se vê, a adoção do conceito de salário é associada à noção de 
salário regular, normal, periódico, portanto a obrigação salarial 
principal... Se o adicional de horas extras é incluído no cálculo 
do salário-hora do empregado será salário, não diferente daquele 
que remunera horas normais apenas com um valor mais elevado 
(NASCIMENTO; NASCIMENTO, 2014, p. 615).
Importante ainda mencionarmos o artigo 462 da CLT que traz as proibições 
do empregador fazer qualquer desconto no salário do empregado. Vejamos:
Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos 
salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, 
de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.
§ 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, 
desde de que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência 
de dolo do empregado. 
§ 2º - É vedado à empresa que mantiver armazém para venda de 
mercadorias aos empregados ou serviços estimados a proporcionar-
lhes prestações "in natura" exercer qualquer coação ou induzimento 
no sentido de que os empregados se utilizem do armazém ou dos 
serviços
§ 3º - Sempre que não for possível o acesso dos empregados a 
armazéns ou serviços não mantidos pela Empresa, é lícito à autoridade 
competente determinar a adoção de medidas adequadas, visando a 
que as mercadorias sejam vendidas e os serviços prestados a preços 
razoáveis, sem intuito de lucro e sempre em benefício das empregados. 
§ 4º - Observado o disposto neste Capítulo, é vedado às empresas 
limitar, por qualquer forma, a liberdade dos empregados de dispor 
do seu salário. 
DICAS
Importante fazer a leitura dos artigos 457 ao 467 da CTL, pois estes trazem as 
regras da remuneração do empregado.
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
146
3.1 SALÁRIO MÍNIMO
O salário mínimo é uma base do que o empregado deve ganhar. Os valores 
são atualizados a cada ano e é definido por lei através de decreto. Atualmente, o 
salário foi instituído em R$ 998,00 (novecentos e noventa e oito reais). “O salário 
mínimo representa, para o direito do trabalho, uma ideia básica de intervenção 
jurídica na defesa de um nível de vida abaixo do qual seráimpossível ao homem 
que trabalha uma existência digna e compatível com as necessidades elementares 
de sobrevivência humana (NASCIMENTO; NASCIMENTO, 2014, p. 625).
O artigo 7º, VII da Constituição Federal (1988) assim transcreve: “garantia 
de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração 
variável”. E a CLT também vai nesse mesmo sentido no artigo 78. Veja que mesmo 
não recebendo todos os meses o mesmo valor, ainda assim o empregado deverá 
receber o mínimo instituído por lei.
Para ficar ainda mais completo o seu estudo trouxemos o que é salário in 
natura. Leia:
O que é salário in natura ou salário utilidade e quais benefícios 
o compõe?
Blog do RH
Segundo a legislação trabalhista, salário é o conjunto de vantagens 
devido pelo empregador ao trabalho prestado pelo empregado. De forma 
constitucional, a remuneração do empregado nunca pode ser inferior a um 
salário-mínimo e deve ser paga, primordialmente, em dinheiro. Contudo, 
a própria Lei contempla hipótese de pagamento de parcela do salário por 
outros meios que não o pecuniário, como acontece com o chamado salário 
in natura ou salário utilidade.
No texto de hoje, nós, da Metadados – empresa que desenvolve 
sistemas para a gestão de RH – vamos abordar do que se trata esse tipo de 
remuneração e quais benefícios entram nessa definição. Acompanhe:
Conceito
Salário in natura ou salário utilidade, como o próprio nome sugere, 
é a parcela do salário do empregado que a empresa paga por meio do 
fornecimento de bens ou utilidades diversas do dinheiro. Ou seja: é o 
pagamento feito por meio de outras coisas como alimentação, moradia, 
vestuário, e outras prestações in natura, como por exemplo a gorjeta.
Esse tipo de remuneração tem como objetivo solucionar alguns 
inconvenientes de empregados que prestam seu serviço em locais distantes 
TÓPICO 3 | REMUNERAÇÃO X SALÁRIO
147
ou de difícil acesso, dificultando a compra de bens, o aluguel de casas, 
dentre outras coisas essenciais.
A legislação permite que o empregador forneça algumas utilidades 
aos seus empregados e as compute como salário para todos os efeitos legais 
– acréscimo decorrente de férias, 13º salário, aviso prévio, etc. Assim, fala-se 
do salário in natura ou salário utilidade.
Características do salário in natura
Natureza retributiva
O Direito do Trabalho determina que, para que uma parcela 
remuneratória seja considerada salário, ela deve consistir na contraprestação 
de uma atividade realizada pelo empregado, destinando-se a recompensar 
o trabalho prestado.
Portanto, somente se considera salário a efetiva retribuição do trabalho 
executado, sendo uma parcela desvinculada de qualquer necessidade da 
empresa. Em outras palavras, o empregado recebe o seu salário por causa do 
trabalho prestado, e não para executar o seu trabalho. Se a utilidade fornecida 
pelo empregador se destinar a aperfeiçoar as tarefas a cargo do obreiro, não 
se trata de salário, mas sim de uma ferramenta de trabalho.
Parcela paga com regularidade
Outra característica necessária para que se fale em salário in natura é 
que essa remuneração seja paga ao trabalhador com habitualidade, ou seja, 
não pode consistir numa prestação eventual ou excepcional ocasionada por 
uma situação específica da empresa, como horas extras.
Não pode ser custeada pelo empregado
Outra observação importante a ser feita a respeito do salário in natura 
é o fato de que essas utilidades não podem ser custeadas pelo empregado. Se 
o trabalhador arcar com uma parcela — ainda que ínfima — das utilidades 
fornecidas pela empresa, elas perdem a característica de salário, não sendo 
computadas no cálculo de outros benefícios como férias, 13º, aviso prévio 
indenizado etc.
Utilidades que podem integrar o salário in natura
O artigo 458 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece 
como salário, além das prestações em dinheiro, algumas utilidades 
como habitação, alimentação, vestuário e outras parcelas in natura, que 
o empregador pode oferecer aos seus empregados por costume ou por 
previsão no contrato de trabalho.
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
148
A partir dessa previsão legal, os profissionais do Direito consideram 
que a lei permite o fornecimento de outras utilidades além das exemplificadas 
no citado artigo, desde que – como o próprio nome indica – sejam úteis ao 
trabalhador.
A CLT dispõe em seu artigo 82, que o empregador que fornecer 
parte do salário mínimo como salário utilidade ou in natura, terá esta parte 
limitada a 70% (setenta por cento), ou seja, será garantido ao empregado 
o pagamento em dinheiro de no mínimo 30% (trinta por cento) do salário 
mínimo.
Podemos concluir que tal regra deverá ser aplicada proporcionalmente 
aos empregados que tiverem salário contratual superior ao salário mínimo. 
Estão limitados a 20% e 25% do salário respectivamente, a alimentação e a 
habitação fornecidas como salário utilidade.
Para o trabalhador rural, o artigo 9º da Lei nº 5.889/73 estabelece que 
os descontos do salário utilidade terão como base o salário mínimo, sendo 
limitado em 20% pela ocupação de moradia e de 25% pelo fornecimento de 
alimentação, atendidos os preços vigentes na região.
Portanto, a lei não proíbe o pagamento do salário utilidade, mas 
limita este pagamento conforme demonstrado acima. Tais valores, deverão 
ser expressos em recibo de pagamento, bem como sofrerão todas as 
incidências trabalhistas e previdenciárias, resguardadas algumas exceções.
A lei proíbe ainda que, em caso de fornecimento de habitação coletiva 
aos empregados, mais de uma família resida na mesma unidade residencial, 
sob pena de a comodidade deixar de ser computada como salário utilidade.
Utilidades não consideradas como salário in natura
A Convenção nº 95 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, 
a lei nº 10.243 de 20 de junho de 2001 deu nova redação ao § 2º do artigo 458 
da CLT, não considerando como salário, desde que compreendido a todos 
os empregados, as seguintes utilidades:
- vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados 
e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço;
- educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, 
compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, 
livros e material didático;
- transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em 
percurso servido ou não por transporte público;
- assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou 
mediante seguro-saúde;
TÓPICO 3 | REMUNERAÇÃO X SALÁRIO
149
- seguros de vida e de acidentes pessoais;
- previdência privada;
- valor correspondente ao vale-cultura.
Com esta lei, o legislador procurou estimular o empregador a 
proporcionar melhores condições de trabalho ao empregado, desonerando 
vários itens que até então, eram considerados como salário utilidade.
Como já foi dito, o que caracteriza o salário in natura, além da 
essencialidade das prestações – alimentação, habitação, vestuário etc. –, é 
o fato de que ele é pago em razão do trabalho e não para que seja possível 
executá-lo.
Logo, verifica-se que a Lei foi coerente ao excluir da categoria do 
salário utilidade todas as prestações de interesse do empregador, necessárias 
para a execução dos serviços dos empregados, e das quais os trabalhadores 
e sua família não retirariam qualquer proveito pessoal, como Equipamento 
de Proteção Individual (EPI), transporte, fardamento etc.
Também não são considerados salário utilidade os benefícios 
fornecidos pelo empregador como forma de premiar seus funcionários 
ou motivá-los, e aqueles custeados pelo empregado, ainda que de forma 
parcial, como os benefícios de plano de saúde, previdência privada, gastos 
com educação etc.
Vedações legais
Mais recentemente, o Tribunal Superior do Trabalho editou o 
enunciado 367 da súmula de sua jurisprudência (julgados repetidos), 
reafirmando essa proibição e esclarecendo que a habitação, energia elétrica 
e veículo fornecidos ao empregado,quando indispensáveis à realização de 
suas atividades (mesmo que também seja usado em atividades particulares 
do empregado), não se caracterizam como salário.
Como foi visto, o salário in natura é um direito do empregado 
conquistado com o trabalho prestado. Logo, deve consistir numa comodidade 
para ele, e não numa utilidade para o empregador.
FONTE: <https://www.metadados.com.br/blog/o-que-e-salario-in-natura-ou-salario-
utilidade-e-quais-beneficios-o-compoe/>. Acesso em: 17 jun. 2019.
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
150
4 EQUIPARAÇÃO DE SALÁRIO
O artigo 461 da CLT trata da equiparação de salário, ou seja, quando os 
empregados possuem a mesma função e mesma carga horária, dentro de uma 
empresa não poderão receber remuneração diferente. 
Equiparação salarial é a figura jurídica mediante a qual se assegura 
ao trabalhador idêntico salário ao do colega perante o qual tenha 
exercido, simultaneamente, função idêntica, na mesma localidade, 
para o mesmo empregador. A esse colega comparado dá-se o nome de 
paradigma (ou espelho) e ao trabalhador interessado na equalização 
confere-se o epíteto de equiparando. Designam-se, ainda, ambos pelas 
expressões paragonados ou comparados (DELGADO, 2017, p. 926).
Podemos afirmar que temos quatro requisitos da equiparação salarial, “...
construídos pela comparação entre as situações empregatícias reais vivenciadas 
por equiparando e paradigma: identidade de função exercida; identidade de 
empregador; identidade de localidade de exercício das funções; simultaneidade 
nesse exercício” (DELGADO, 2017, p. 926). (grifo do autor)
Portanto, com isso concluímos o terceiro Tópico. Passaremos agora ao 
último conteúdo.
151
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que: 
• O conceito de salário e remuneração são diferentes.
• O salário mínimo é o que a Constituição Federal de 1988 prevê ser o mínimo 
para um trabalhador receber por seu trabalho desempenhado na empresa.
• A equiparação salarial é quando um trabalhador desempenha a mesma função 
de outro colega, porém recebe menos que este.
152
AUTOATIVIDADE
1 Considerando as disposições legais sobre salários e remuneração, assinale a 
alternativa CORRETA:
a) ( ) Ao empregador é vedado efetuar qualquer tipo de desconto nos salários 
do empregado, inclusive quando resultar de adiantamentos.
b) ( ) O pagamento de comissões e percentagens só é exigível depois de 
ultimada a transação a que se referem.
c) ( ) Haverá equiparação de salários em razão de trabalhos prestados com 
igual valor, com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica, 
entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não seja superior a três 
anos.
d) ( ) O pagamento de salário não deve ser estipulado por período superior 
a um mês, inclusive no que concerne a comissões, percentagens e 
gratificações.
e) ( ) As prestações “in natura” que o empregador fornece habitualmente 
ao empregado, mediante contrato, tais como alimentação, habitação, 
vestuário, entre outras, não se compreendem no salário para efeitos 
legais.
2 Nos termos da Consolidação das Leis do Trabalho, integram o salário do 
empregado
a) ( ) As diárias para viagem e os prêmios pagos habitualmente pelo 
empregador.
b) ( ) os prêmios e abonos pagos habitualmente pelo empregador.
c) ( ) As diárias que excedem a 50% da remuneração e os abonos pagos 
habitualmente pelo empregador.
d) ( ) Os abonos e as gratificações legais pagas com habitualidade pelo 
empregador.
e) ( ) As gratificações legais e as comissões pagas pelo empregador.
153
TÓPICO 4
VERBAS TRABALHISTAS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Já sabemos os conceitos de empregado, empregador, trabalhador, bem 
como se estabelecem os vínculos entre eles. Estudamos ainda os contratos, como 
eles se formam e de que forma podem der interrompidos ou suspensos. 
E no tópico anterior tratamos da diferença entre salário e remuneração. 
Agora no Tópico 4 trataremos das verbas trabalhistas, que são as que o empregado 
tem direito na vigência do contrato, e as rescisórias, que são as verbas de que o 
empregado tem direito de receber caso seu contrato de trabalho seja interrompido.
O empregado ao ser dispensado sem justa causa terá direito trabalhista 
as seguintes verbas rescisórias:
- Aviso prévio (que pode ser trabalhado ou indenizado quando a 
dispensa é imediata.
- 13º salário proporcional (correspondente aos meses trabalhados);
- Férias vencidas (quando houver);
- Férias proporcionais (contando-se sempre do mês que o empregado 
começou a trabalhar);
- Adicional de 1/3 sobre férias;
- Comissões, DSR, horas extras, prêmios, gratificações, adicionais, etc. 
(quando houver)
- Saldo de salários (correspondente aos dias trabalhados do mês);
- FGTS, 8% sobre os dias trabalhados e 13º salário;
- 40% sobre o total dos valores referentes ao F.G.T.S., inclusive os 
depositados no banco;
- TRCT na forma do código 01, para fins de liberação do FGTS.
- Fornecimento da Comunicação de Dispensa, preenchido e assinado 
pelo empregador para recebimento do Seguro Desemprego 
(RUGGIERO, 2019, s.p.).
Trataremos agora das principais verbas.
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
154
2 FÉRIAS
Todo empregado tem direito às férias a cada ano trabalhado. Esse direito 
está previsto em nossa Constituição Federal, portanto, não poderá ser suprimido. 
“Elas têm por objetivo que o empregado desfrute de um tempo de descanso para 
reestabelecer as suas energias físicas, o seu equilíbrio emocional, o seu convívio 
com a família, dentre outros aspectos” (RENZETTI, 2015, p. 101). 
Art. 7º, XVII, da CF/88: “gozo de férias anuais remuneradas com, pelo 
menos, um terço a mais do que o salário normal”.
O artigo 138 da CLT prevê: “Durante as férias, o empregado não poderá 
prestar serviços a outro empregador, salvo se estiver obrigado a fazê-lo em 
virtude de contrato de trabalho regularmente mantido com aquele”. Portanto o 
objetivo do legislador foi justamente fazer com que o empregado usufrua das 
férias para descansar e não para prestar serviço a outro empregador.
Lembrando que já mencionamos no tópico anterior que o período em que 
o empregado estiver de férias o contrato de trabalho fica interrompido.
As férias, em nosso ordenamento, classificam -se: a) quanto ao 
número de empregados, em individuais e coletivas; b) quanto ao 
vencimento do período aquisitivo, em férias vencidas e proporcionais; 
c) quanto à duração, em férias de 30, 24, 18 ou 12 dias, conforme o 
número de faltas injustificadas no período aquisitivo; d) quanto à 
remuneração, em simples ou em dobro; e) quanto à utilização, em 
integral e fracionada, esta quando dividida em mais de um período, 
um dos quais não poderá ser inferior a 10 dias; f) quanto ao regime 
jurídico, em geral, aplicável a todo empregado, e especial, aplicável 
a uma categoria (ex., marítimos); g) quanto ao direito de ação, em 
férias prescritas e não prescritas, aquelas as reclamadas após o prazo 
de 5 anos contados a partir do fim do período aquisitivo. Como se 
vê, há diversos aspectos a serem examinados no estudo das férias, 
cada qual apresentando ângulos de estudo dos mais interessantes 
(NASCIMENTO, NASCIMENTO, 2014, p. 604).
A duração das férias vai depender do número de faltas que o empregado 
tiver, faltas essas que devem ser injustificadas. Veja a seguir:
QUADRO 3 - EXEMPLIFICATIVO
Dias de férias Número de faltas injustificadas
30 dias Até 5
24 dias De 6 a 14
18 dias De 15 a 23
12 dias De 24 a 32
Não se concede férias A partir de 33
FONTE: Pereira (2017)
TÓPICO 4 | VERBAS TRABALHISTAS
155
2.1 PERÍODO AQUISITIVO
O período aquisitivo é o tempo que o empregado deve trabalhar para 
poder usufruir das férias, este corresponde a 12 meses de prestação de serviços.
Art. 130 CLT. Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do 
contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte 
proporção
I- 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais 
de 5 (cinco) vezes; 
II- 24 (vinte equatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 
14 (quatorze) faltas; 
III- 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 
(vinte e três) faltas; 
IV- 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) 
a 32 (trinta e duas) faltas;
§ 1º- É vedado descontar, do período de férias, as faltas do empregado 
ao serviço. 
§ 2º- O período das férias será computado, para todos os efeitos, como 
tempo de serviço.
Veja que o artigo em questão menciona casos em que o empregador perde 
o direito de usufruir integralmente das suas férias, ou seja, os trinta dias corridos. 
Vamos tratar agora das hipóteses em que o empregado perde esse direito.
2.2 DA PERDA DO DIREITO ÀS FÉRIAS
Iniciamos com o artigo que trata das hipóteses da perda do direito às 
férias:
Art. 133 - Não terá direito a férias o empregado que, no curso do 
período aquisitivo: 
I- deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60 (sessenta) dias 
subsequentes a sua saída; 
II- permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por 
mais de 30 (trinta) dias; 
III- deixar de trabalhar, com percepção do salário, por mais de 30 
(trinta) dias, em virtude de paralisação parcial ou total dos serviços 
da empresa; 
IV- tiver percebido da Previdência Social prestações de acidente de 
trabalho ou de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, embora 
descontínuos
§ 1º- A interrupção da prestação de serviços deverá ser anotada na 
Carteira de Trabalho e Previdência Social
§ 2º- Iniciar-se-á o decurso de novo período aquisitivo quando o 
empregado, após o implemento de qualquer das condições previstas 
neste artigo, retornar ao serviço. 
§ 3º - Para os fins previstos no inciso lIl deste artigo a empresa 
comunicará ao órgão local do Ministério do Trabalho, com antecedência 
mínima de 15 (quinze) dias, as datas de início e fim da paralisação total 
ou parcial dos serviços da empresa, e, em igual prazo, comunicará, nos 
mesmos termos, ao sindicato representativo da categoria profissional, 
bem como afixará aviso nos respectivos locais de trabalho.
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
156
Veja que mesmo sendo um direito garantido constitucionalmente, 
ainda assim o empregado pode perder esse direito. Agora trataremos do 
período concessivo.
2.3 PERÍODO CONCESSIVO
Após os doze meses trabalhado o empregado adquire o direito as férias, e 
nesse momento começa a fluir o prazo para o empregador conceder esse direito 
ao trabalhador.
Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do empregador, em um só 
período, nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado 
tiver adquirido o direito. 
§ 1º Desde que haja concordância do empregado, as férias poderão ser 
usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser 
inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores 
a cinco dias corridos, cada um
§ 3º É vedado o início das férias no período de dois dias que antecede 
feriado ou dia de repouso semanal remunerado.
Ou seja, após o empregado adquirir o direito a férias o empregador tem 
mais doze meses para conceder. Veja o esquema prático:
FIGURA 1 - PERÍODO DE FÉRIAS
Admissão
Início Período
Aquisitivo
12 Meses
Término Período 
Aquisitivo
12 Meses
Término Período 
Concessivo
12 Meses
Término do 2º
Período Aquisitivo
Início Período
Concessivo
Início do 2º
Período Aquisitivo
FONTE: Blog Guia Trabalhista (2016, s.p.)
Importante mencionar que após a Reforma Trabalhista de 2017, as férias 
podem ser fracionadas em até três períodos.
Veja o que diz o parágrafo primeiro do artigo 134: "§ 1º Desde que haja 
concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, 
sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais 
não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um".
TÓPICO 4 | VERBAS TRABALHISTAS
157
2.4 DO PRAZO PARA PAGAMENTO
Como mencionado acima, a Constituição Federal prevê o pagamento das 
férias com um acréscimo de 1/3 do salário. Esse valor deve ser pago ao empregado 
antes no início das férias.
Art. 145 - O pagamento da remuneração das férias e, se for o caso, o 
do abono referido no art. 143 serão efetuados até 2 (dois) dias antes do 
início do respectivo período. 
Parágrafo único - O empregado dará quitação do pagamento, com 
indicação do início e do termo das férias.
Portanto, se o pagamento não for efetuado no prazo correto o empregador 
deverá pagar em dobro.
Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de 
que trata o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva 
remuneração. 
Importante ainda mencionar que o empregado também terá direito às 
férias caso seu contrato seja extinto, tornando-a uma verba rescisória.
2.5 DAS FÉRIAS COLETIVAS
As férias que tratamos acima são chamadas de individuais, porém temos 
também as férias coletivas, que Martinez (2016, p. 740) assim define:
As férias coletivas, ao contrário das individuais, são impostas aos 
empregados, não por conta da necessidade de um descanso anual, 
mas por conveniência dos empregadores, notadamente nas situações 
em que seja evidenciado excesso de produção ou diminuição da 
demanda. Elas não respeitam o interstício de doze meses e podem, por 
isso, ser concedidas a empregados recém-contratados (MARTINEZ, 
2016, p. 740).
Portanto, as férias coletivas ficam a encargo do empregador concedê-las 
ou não.
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
158
“Os empregados contratados há menos de doze meses gozarão, na 
oportunidade, férias proporcionais, iniciando-se, então, novo período aquisitivo (vide o 
art. 140 da CLT). Em outras palavras, independentemente da dimensão (em dias) das férias 
proporcionais a que tenham direito, os empregados contratados há menos de doze meses 
gozarão das férias coletivas e, terminadas estas, iniciarão a contagem de novo período de 
aquisição de férias individuais. Veja-se o seguinte exemplo: Um empregado contratado há 
quatro meses pode ser compelido a gozar férias coletivas. Nesse caso, se o empregador 
entender que tais férias devem ter a dimensão correspondente a trinta dias, o referido 
empregado as fruirá, independentemente do fato de, em rigor, ter direito a apenas dez dias 
de férias (se for considerada a proporcionalidade dos meses de serviço). Observe-se que, 
nessa situação, o mencionado empregado receberá o salário correspondente aos trinta 
dias de paralisação dos serviços, uma vez que esta decorreu de iniciativa do empregador. O 
acréscimo constitucional de um terço sobre as férias, entretanto, somente lhe será atribuído 
em relação à proporcionalidade de dias de férias que efetivamente teria (1/3 sobre 10 dias de 
férias). O restante dos dias sem trabalho lhe será concedido como hipótese de interrupção 
contratual, observada a regra contida no art. 131, IV, da CLT” (MARTINEZ, 2016, p. 770).
ATENCAO
3 AVISO PRÉVIO
O aviso prévio é o tempo que um funcionário precisa trabalhar quando 
pede demissão, e que também é um direito dele ao ser mandado embora. Esse 
período corresponde a no mínimo 30 dias, e o empregado receberá o pagamento 
destes dias trabalhados em sua rescisão.
De acordo com o tipo de demissão, existem duas possibilidades: aviso 
prévio trabalhado ou aviso prévio indenizado. No geral, o que muda entre elas 
são os pagamentos a que você tem direito e a necessidade de trabalhar ou não nos 
30 dias seguintes à dispensa.
3.1 AVISO PRÉVIO TRABALHADO
Nesse caso o empregado trabalha por 30 dias após o pedido de demissão 
ou o demissão feita pela empresa. Pode trabalhar duas horas a menos por dia ou 
então trabalhar normalmente e ao final descontar sete dias, ou seja, trabalhar por 
23 dias e não 30.
Importante mencionar que o empregado receberá por esses trinta dias 
normalmente. A rescisão deve ocorrer no 1º dia subsequente ao término desseperíodo.
TÓPICO 4 | VERBAS TRABALHISTAS
159
3.2 AVISO PRÉVIO INDENIZADO
No aviso prévio indenizado o empregado não trabalha, mas recebe por 
esses 30 dias. Na verdade é uma escolha do empregador, e normalmente quando 
demite o funcionário prefere pagar sem que o empregado trabalhe.
O pagamento da rescisão, nesse caso, ocorre até 10 dias após a dispensa. 
A partir de outubro de 2011, os trabalhadores demitidos sem justa causa 
têm direito ao aviso prévio proporcional, que garante, além dos 30 dias de aviso, 
um acréscimo de três dias por cada ano completo trabalhado na empresa, limitado 
a 90 dias. Ou seja, o funcionário que completar um ano trabalhado, terá direito a 
mais três dias além dos 30 dias do aviso prévio.
4 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO
“O décimo terceiro, também conhecido como gratificação de Natal, foi 
instituído em 1962. Ele surgiu com o hábito que alguns empregadores tinham 
de pagar um salário a mais no final do ano como forma de recompensar os 
trabalhadores que prestaram um bom trabalho durante o ano. Depois de um 
tempo, o décimo terceiro salário passou a ser obrigatório, com a criação da 
Lei nº 4.090. Esse encargo é pago pela empresa ao funcionário com carteira 
assinada (CLT), com o valor corresponde a um salário a mais no final do ano.
Mais que uma forma de reforçar o orçamento das famílias em uma época 
repleta de comemorações especiais, esse dinheiro extra também representa 
um papel importante na economia do país. O valor extra movimenta grande 
quantidade de recursos, pois aumenta as vendas nos comércios, gera maior 
demanda nas indústrias e, ambos, também contribuem para a geração de novos 
empregos. Só em 2016, segundo o Departamento Intersindical de Estatística 
e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o pagamento do décimo terceiro foi 
responsável por injetar R$ 197 bilhões na economia, o que equivale a 3% do 
Produto Interno Bruto (PIB)” (TAFNER, 2018, s.p.).
Portanto, todo trabalhador tem direito ao 13º salário. O valor é pago 
geralmente no final do ano e em duas parcelas. Porém, a Lei nº 4.749 determina 
que a primeira parcela deve ser paga entre o dia 1º de fevereiro até o dia 30 de 
novembro, já a segunda parcela deve ser dada ao funcionário até o dia 20 de 
dezembro.
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
160
5 FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO – FGTS
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço consiste em recolhimentos 
pecuniários mensais, em conta bancária vinculada em nome do 
trabalhador, conforme parâmetro de cálculo estipulado legalmente, 
podendo ser sacado pelo obreiro em situações tipificadas pela ordem 
jurídica, sem prejuízo de acréscimo percentual condicionado ao tipo 
de rescisão de seu contrato laborativo, formando, porém, o conjunto 
global e indiferenciado de depósitos um fundo social de destinação 
legalmente especificada (DELGADO, 2017, p. 1440).
Portanto, é um direito do empregado enquanto estiver com seu contrato 
de trabalho ativo. No momento em que for dispensado ele saca esse valor, e o 
empregador deve pagar uma multa de 40% se a dispensa for sem justa causa.
“A chamada ‘demissão sem justa causa’ é uma modalidade de cessação do 
contrato de trabalho – por iniciativa do empregador – quando este não tem mais interesse 
na continuidade da prestação de serviços do empregado” (BORGES, 2017).
ATENCAO
Além do empregado poder sacar o FGTS quando for dispensado temos 
ainda mais algumas hipóteses em que poderá sacar sem ter sido dispensado. 
Vejamos quais são elas.
Essas condições especiais se resumem a emergências ou necessidades 
financeiras que o trabalhador pode apresentar em algum momento. Sendo 
assim, ele poderá sacar o FGTS desde que se qualifique nas seguintes condições 
(BORGES, 2017):
• desastre natural;
• após 3 anos sem registro em carteira;
• aposentadoria;
• idade igual ou superior a 70 anos;
• falecimento do trabalhador;
• doença grave ou em estágio terminal, câncer e portadores de HIV;
• financiamento de casa própria ou quitação de dívida imobiliária.
E, por fim, devemos ainda mencionar que o governo atual estuda uma 
forma de liberar o FGTS para os empregados mesmo não estando em nenhuma 
das condições acima, para poder movimentar a economia.
TÓPICO 4 | VERBAS TRABALHISTAS
161
Liberação do FGTS à vista? A queda de braço pelos bilhões dos 
trabalhadores
Governo estuda liberar o saque de dinheiro dos trabalhadores em 
contas do fundo para estimular economia; mas a medida funciona?
No dia em que foi divulgada a retração de 0,2% da economia brasileira 
no primeiro trimestre de 2019, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou 
que o governo estuda liberar o saque de dinheiro dos trabalhadores no Fundo 
de Garantia do Tempo de Serviço, o FGTS.
Também com a intenção de dar estímulo à economia, medida semelhante 
foi tomada no governo anterior: em dezembro de 2016, o então presidente 
Michel Temer anunciou liberação para saque de contas inativas, o que totalizou 
R$ 44 bilhões.
A discussão recorrente sobre o uso de recursos do fundo desperta não 
só o debate pontual sobre os reais efeitos desses saques "fora de época", mas 
também sobre o papel do FGTS, criado há mais de 50 anos, no contexto atual 
da economia brasileira.
Em 6 perguntas, a BBC News Brasil explica o que está em estudo pelo 
governo, quem é contra a liberação de recursos do fundo e como o FGTS 
funciona hoje:
1 Qual é o plano do governo?
O ministro Paulo Guedes declarou, no fim de maio, que o governo 
estuda liberar recursos do FGTS após a aprovação da reforma da Previdência, 
mas não deu detalhes sobre a medida.
A equipe do ministério trabalha com o cenário de uma liberação de 
pouco mais de R$ 20 bilhões. Ainda não está fechado, contudo, qual será o 
"desenho" - por exemplo, se a regra de liberação será para contas ativas 
(contratos em andamento), inativas (contratos que já terminaram), ou mesmo 
se terá algum tipo de limite.
Há inclusive quem defenda que a liberação poderia acontecer antes do 
fim da tramitação da reforma da Previdência no Congresso - que hoje está no 
início da tramitação na Câmara e também precisa de aprovação do Senado.
A avaliação da equipe de Guedes é que, no governo Temer, a medida 
foi bem-sucedida. O atual governo também vê com bons olhos a distribuição 
de 50% do lucro do fundo no ano anterior para os trabalhadores com contas no 
FGTS, prevista em lei sancionada por Temer em 2017.
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
162
Procurada, a assessoria de imprensa do Ministério da Economia 
informou apenas que o saque de contas do FGTS "está em estudo".
2 Liberar recursos do fundo ajuda a economia?
A injeção de recursos na economia por meio da liberação de recursos do 
FGTS pode ajudar a economia, mas apenas no curto prazo, dizem especialistas. 
A economista Vivian Almeida, professora do Ibmec, diz que a liberação de 
novos saques do FGTS tem efeito limitado se for pensada de forma isolada.
"Se você liberar (o saque do FGTS) sem junção com outras reformas, 
isso vai ter um efeito limitado, com renda transitória, que vai responder àquele 
momento, com aquelas demandas pontuais e isso não vai se refletir em aumento 
de renda permanente das famílias", diz.
O economista Pedro Fernando Nery, consultor do Senado, também diz 
que se trata de uma medida de curto prazo. "O essencial é que a gente saiba que 
não existe pote de ouro ao fim do arco-íris em qualquer lugar. O caminho para 
o crescimento é mesmo o caminho das reformas."
Professora do Curso de Ciências Contábeis da UnB, Lorena Campos 
explica que a ideia por trás dessa medida é a de que, com mais verba disponível, 
as famílias ficariam propensas a um consumo maior, o que geraria estímulo à 
produção e, como consequência, haveria o aumento de empregos e salários.
Ela lembra, no entanto, que não é possível ter certeza do que cada 
família fará com o dinheiro. "Uma vez que há a disponibilidade desse recurso 
para as famílias, acredita-se que a 'renda extra' seja destinada para consumo, 
pagamento de dívidas e investimento", diz.
Em 2017, durante o governo Temer,25,9 milhões de trabalhadores 
fizeram o saque de cerca de R$ 44 bilhões de contas inativas do FGTS.
Vivian Almeida aponta que a medida "foi responsável por um 
dinamismo maior no ano de 2017", mas que a experiência mostra que, com 
medidas muito pontuais, "os efeitos tendem a se dissipar muito rapidamente".
3 Quem é contra liberar o saque de contas do FGTS?
A principal voz contra a liberação de saques, que diminui a verba do 
FGTS, é o setor da construção civil, já que os recursos do fundo são usados para 
financiar programas de habitação - como o Minha Casa, Minha Vida -, além de 
saneamento e infraestrutura, com juros menores do que as taxas de mercado.
"O FGTS é uma fonte barata de crédito para quem pega os recursos 
emprestados. Em tese, isso deveria favorecer políticas de habitação e saneamento. 
Na prática, é como se o trabalhador financiasse empreiteiras", diz Nery.
TÓPICO 4 | VERBAS TRABALHISTAS
163
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção 
(CBIC), José Carlos Martins, transmite a posição do setor a respeito de uma 
nova liberação de saques: "Nós não concordamos e não é por corporativismo. 
Entendemos que foi uma medida que já na vez passada não foi boa."
Martins argumenta que os recursos do FGTS estão, na verdade, 
concentrados em poucas contas e, por isso, a medida não é eficiente para 
estimular o consumo da população. "Você pega um monte de dinheiro que 
está em poucas contas e aí não vai pro consumo, mas sim para a aplicação 
financeira. O que acontece é que não surte o efeito desejado, como não 
surtiu."
Segundo a CBIC, 45% do saldo das contas inativas do FGTS está 
concentrado em apenas 2% das contas, que têm valores acima de um salário 
mínimo. Os outros 98% das contas inativas têm até um salário mínimo cada. "O 
governo sempre acaba atacando o fundo de garantia", reclama Martins, para 
quem "o grande problema do FGTS é ser bem administrado".
Nery também aponta que também interessa à Caixa, por ser o agente 
operador do FGTS, que não haja uma grande diminuição nos recursos do fundo. 
"Como está, quem defende mesmo é o setor da construção civil e a Caixa, que 
tem o monopólio da administração dos recursos e cobra taxas altas para fazer 
isso. São centenas de milhões de contas."
Como agente operador do FGTS, a Caixa recebe taxa de administração 
de 1% do total do ativo do fundo no ano. É responsável por controlar as contas 
ativas e inativas, os saques, gerir aplicações financeiras, entre outros. Em 2017, 
o banco recebeu mais de R$ 4,9 bilhões para desempenhar essa função.
Por meio da assessoria de imprensa, a Caixa informou que "cumpre as 
determinações contidas na legislação, conforme o que lhe compete no papel de 
Agente Operador do FGTS", após questionamento sobre se o banco é favorável 
à liberação de novos saques de contas do fundo.
4 Por que o FGTS foi criado e como funciona hoje?
O FGTS foi criado em 1966, durante a ditadura militar, e hoje está 
previsto como um direito dos trabalhadores na Constituição Federal. O fundo 
foi criado como alternativa à chamada estabilidade decenal, que previa que o 
empregado com mais de 10 anos de serviço na mesma empresa não poderia 
ser despedido se não fosse por "falta grave ou circunstância de força maior, 
devidamente comprovadas".
A ideia era compensar a mudança nas regras que acabaram com 
essa estabilidade com uma proteção financeira ao trabalhador, criando essa 
poupança forçada para momentos de necessidade.
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
164
Com a criação do FGTS, as empresas passaram a pagar, mensalmente, o 
equivalente a 8% do valor do salário do trabalhador para a conta dele no fundo. 
A ideia é criar uma reserva para momentos de necessidade (leia na pergunta 5 
as situações em que o trabalhador pode sacar seus recursos).
A quantidade de contas supera 780 milhões e o total de ativos do FGTS 
somava R$ 496,85 bilhões no fim de 2017, segundo o relatório mais recente. De 
acordo com a Caixa, 84% das contas com saldo têm um valor de até um salário 
mínimo (R$ 998). O trabalhador tem uma conta para cada emprego formal que 
tem ou teve.
Como os recursos dos trabalhadores depositados no fundo são usados 
para financiar a juros baixos obras de habitação, saneamento e infraestrutura, o 
retorno também é menor que o de outras aplicações. O rendimento é de 3% ao 
ano, mais a Taxa Referencial (TR), calculada pelo Banco Central.
Além de ser operado pela Caixa, o fundo é administrado por um 
conselho tripartite - ou seja, composto por representantes dos trabalhadores, 
dos empregadores e representantes do governo federal.
5 Quando o trabalhador pode sacar o FGTS, segundo as regras atuais?
Os momentos mais conhecidos de saque do FGTS são a aposentadoria - 
quando o trabalhador pode tirar toda a verba que tem no fundo - e a demissão 
sem justa causa. Neste caso, o trabalhador recebe o valor que foi depositado por 
aquele empregador, com os rendimentos e uma multa de 40% sobre esse valor.
A reforma trabalhista sanciona por Michel Temer também criou a 
possibilidade de rescisão por acordo entre o trabalhador e a empresa. Nesse 
caso, ele tem direito de sacar 80% do saldo da conta do FGTS e a multa do 
empregador é de 20% sobre esse valor.
Outras situações em que é permitido o saque são: para compra de 
imóvel; quando o trabalhador fica afastado do regime do FGTS por três anos 
consecutivos; além de casos em que o trabalhador ou dependentes forem 
portadores do vírus HIV, de câncer ou quando estiverem em estágio terminal 
devido a uma doença grave.
6 As regras do FGTS podem mudar?
Pelo menos 165 projetos de lei propõem mudanças na Lei nº 8.036, de 
1990, que traz as regras para o FGTS, segundo levantamento feito por Nery. A 
maioria deles propõe permissão para que os trabalhadores usem os recursos 
do FGTS em outras situações.
TÓPICO 4 | VERBAS TRABALHISTAS
165
Entre as propostas, estão a execução de projeto de acessibilidade em 
imóvel próprio; custeio de despesas com educação e qualificação profissional; 
pagamento de cirurgias essenciais à saúde; casos de adoção ou nascimento de 
filho e mãe trabalhadora responsável pelo sustento da família.
Também estão entre as propostas levantadas o pagamento de 
dívidas inscritas em cadastros de inadimplentes; utilização na geração de 
energia elétrica com base em fontes renováveis; custeio de tratamento para 
infertilidade; mulher trabalhadora que estiver em situação de violência 
doméstica, entre outros.
Para que qualquer mudança entre vigor, precisa ser aprovada pelo 
Congresso e, depois, sancionada pelo presidente.
Além da possibilidade de mudanças mais pontuais, tem aumentado 
a discussão sobre a estrutura do FGTS. A equipe econômica do governo, 
inclusive, avalia a função do fundo para eventualmente propor mudanças -- e 
o atual governo, em geral, defende o discurso de que as pessoas devem ter mais 
liberdade para administrar o próprio dinheiro.
Pedro Nery diz que o FGTS "foi perdendo importância" como 
mecanismo de proteção nos últimos anos e que, quando foi criado, ainda não 
havia o seguro-desemprego. Ele diz que a baixa remuneração do fundo "gera 
uma série de problemas, como as tentativas de sacar os recursos antes que se 
desvalorizem (alta rotatividade)".
Para Vivian Almeida, uma eventual mudança significativa no modelo 
do FGTS é uma alteração na "lógica" do que o trabalhador brasileiro conhece. 
"A poupança mudar de mão é uma mudança de paradigma, porque é uma 
população acostumada a ter uma poupança forçada e de repente ela gerencia 
esse dinheiro", diz. "A gente pode ter impacto que não necessariamente dá para 
prever, porque estamos falando de um perfil que ainda não é o do trabalhador 
brasileiro." 
FONTE: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/06/14/liberacao-do-fgts-a-vista-a-queda-
de-braco-pelos-bilhoes-dos-trabalhadores.ghtml> Acesso em: 17 jun. 2019.
Por fim é importante mencionarmos ainda a Medida Provisória nº 889, 
de 24 de julho de 2019, que recentemente estabeleceu regras diferenciadas para o 
saquedo FGTS, conforme calendário anunciado pela Caixa Econômica Federal:
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
166
UNI
Calendário de saques para quem tem conta poupança da Caixa
Mês de nascimento Data de saque
janeiro, fevereiro, março e abril a partir de 13/09/2019 até 31/3/2020
maio, junho, julho e agosto a partir de 27/09/2019 até 31/3/2020
setembro, outubro, novembro e dezembro a partir de 09/10/2019 até 31/3/2020
Calendário para quem não tem conta poupança na Caixa
Data de nascimento Início do saque
Janeiro a partir de 18/10/2019 até 31/3/2020
Fevereiro a partir de 25/10/2019 até 31/3/2020
Março a partir de 08/11/2019 até 31/3/2020
Abril a partir de 22/11/2019 até 31/3/2020
Maio a partir de 06/12/2019 até 31/3/2020
Junho a partir de 18/12/2019 até 31/3/2020
Julho a partir de 10/01/2020 até 31/3/2020
Agosto a partir de 17/01/2020 até 31/3/2020
Setembro a partir de 24/01/2020 até 31/3/2020
Outubro a partir de 07/02/2020 até 31/3/2020
Novembro a partir de 14/02/2020 até 31/3/2020
Dezembro a partir de 06/03/2020 até 31/3/2020
FONTE: LIS (2019)
Com essa medida provisória o trabalhador poderá sacar até R$ 500,00 reais 
de suas contas ativas ou inativas junto ao FGTS. Além do que, poderá agendar um 
saque a cada ano nesse mesmo valor no mês de seu aniversário. Porém apenas 
para o trabalhador que tiver interesse. Vejamos: 
A mudança é opcional. Os interessados em migrar para a sistemática 
do saque aniversário poderão comunicar à Caixa, a partir de 1º de 
outubro de 2019, nos canais a serem divulgados pelo banco. Caso 
o titular de conta do FGTS não comunique ao banco o interesse em 
migrar, permanecerá na regra do saque rescisão (LIS, 2019).
Portanto, as regras do FSTS podem ser alteradas a qualquer momento, 
como foi no caso exposto acima.
Acadêmico, esperamos que você tenha compreendido um pouco mais 
sobre a legislação trabalhista e suas implicações. 
Ficamos à disposição para ajudá-lo no que for necessário. Um grande 
abraço. 
TÓPICO 4 | VERBAS TRABALHISTAS
167
LEITURA COMPLEMENTAR
Como complementação sugerimos a leitura do artigo “Mesmo com 
mudanças na CLT, aviso prévio e verbas rescisórias ainda lideram pedidos na 
Justiça do Trabalho”, de Marta Cavallini, para finalizarmos o tópico em questão. 
MESMO COM MUDANÇAS NA CLT, AVISO PRÉVIO E VERBAS 
RESCISÓRIAS AINDA LIDERAM PEDIDOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO
Ao contrário de 2016 e 2017, pedido de indenização por dano moral não 
apareceu entre os 20 temas mais recorrentes em 2018; nova lei trabalhista trouxe 
risco financeiro a quem entra ação e inibiu pedidos sem procedência.
Por Marta Cavallini
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) divulgou o balanço dos assuntos 
mais recorrentes nas Varas de Trabalho do país em 2018. Ou seja, os principais 
temas dos processos novos que chegam à 1ª instância da Justiça do Trabalho. 
Mesmo com a reforma trabalhista, que entrou em vigor em novembro de 2017, 
não houve grandes mudanças nos assuntos tratados nos processos, segundo 
advogados trabalhistas ouvidos pelo G1.
O aviso prévio figura em primeiro lugar nos últimos três anos. No aviso 
prévio, é definido se o funcionário terá de trabalhar por 30 dias ou se será 
indenizado pelo período em caso de pedir demissão ou ser demitido sem justa 
causa. A nova lei trabalhista trouxe a demissão por acordo entre empregador e 
empregado e, com ela, a possibilidade de o aviso prévio ser reduzido pela metade, 
ou seja, pago pelo período de 15 dias.
Nos últimos três anos, outros cinco assuntos ficaram no topo do ranking: 
multa de 40% do FGTS, férias proporcionais, 13º salário proporcional, multa do 
artigo 467 da CLT (50% de acréscimo sobre o valor das verbas rescisórias devidas 
e não pagas perante a Justiça) e multa do artigo 477 da CLT (pagamento do valor 
do salário em caso de o empregador não anotar a dispensa do empregado na 
Carteira de Trabalho nem pagar as verbas rescisórias no prazo).
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
168
Assuntos mais recorrentes nas Varas de Trabalho, em ordem decrescente
2018 2017 2016
Aviso prévio Aviso prévio Aviso prévio
Multa de 40% do FGTS Multa do artigo 477 da CLT Multa do artigo 477 da CLT
Multa do artigo 477 da CLT Multa de 40% do FGTS Multa de 40% do FGTS
Férias proporcionais Multa do artigo 467 da CLT Multa do artigo 467 da CLT
Multa do artigo 467 da CLT Férias proporcionais Férias proporcionais
13º salário proporcional 13º salário proporcional 13º salário proporcional
Horas extras/adicional de 
horas extras
Horas extras/adicional de horas 
extras
Intervalo intrajornada/
adicional de hora extra
Saldo de salário Intervalo intrajornada/adicional de hora extra Horas extras/reflexos
FGTS/depósito/diferença de 
recolhimento Adicional de insalubridade Horas extras
Intervalo intrajornada/
adicional de hora extra Horas extras/reflexos Adicional de insalubridade
Verbas rescisórias Saldo de salário Saldo de salário
Carteira de trabalho: anotação/
baixa/retificação Horas extras
Horas extras/adicional de 
horas extras
Adicional de insalubridade FGTS/depósito/diferença de recolhimento
FGTS/depósito/diferença de 
recolhimento
Horas extras/reflexos Carteira de trabalho: anotação/baixa/retificação
Carteira de trabalho: 
anotação/baixa/retificação
Indenização/dobra/terço 
constitucional Verbas rescisórias
Indenização/dobra/terço 
constitucional
Horas extras Indenização/dobra/terço constitucional Verbas rescisórias
FGTS Indenização por dano moral Indenização por dano moral
Rescisão de contrato/rescisão 
indireta FGTS
Sucumbência - honorários 
advocatícios
FGTS/levantamento/liberação Sucumbência - honorários advocatícios FGTS/levantamento/liberação
Honorários advocatícios/
contratuais FGTS/levantamento/liberação FGTS
Fonte: Tribunal Superior do Trabalho (TST)
TÓPICO 4 | VERBAS TRABALHISTAS
169
SAIBA MAIS SOBRE A NOVA LEI TRABALHISTA
O especialista em direito e processo do trabalho e sócio do Baraldi 
Mélega Advogados, Danilo Pieri Pereira, explica que a maioria das pessoas que 
ingressam na Justiça do Trabalho são ex-empregados demitidos sem justa causa. 
"Por isso, é natural que as parcelas ligadas à rescisão, como aviso prévio, férias e 
13º proporcionais e multa do artigo 477 da CLT, figurem como líderes, ao lado da 
multa do artigo 467", diz.
Para ele, a nova lei trabalhista mexeu em um ponto dentro do ranking. A 
indenização por dano moral não aparece entre os 20 temas mais recorrentes em 
2018. "Certamente deixou de ser tão reivindicada pois, com a reforma trabalhista, 
a litigância de má-fé passou a ser tratada com maior rigor, além do fato de os 
autores de ações infundadas virem a ser condenados a pagar honorários de 
sucumbência ao advogado da parte contrária em razão de pleitos infundados", 
explica.
Ou seja, se o juiz entender que o empregado agiu de má-fé, ele poderá ser 
multado e terá ainda de indenizar a empresa e pagar honorários do advogado 
da parte contrária. Antes esse risco financeiro não existia e o trabalhador poderia 
ganhar um valor ou nada, mas não tinha custos previstos.
A nova lei trabalhista estipula ainda tetos nas indenizações por danos 
morais, dependendo da gravidade das ofensas. O teto varia de 3 a 50 vezes o 
último salário contratual do ofendido.
Segundo Pereira, as empresas também podem vir a ser indenizadas por 
ofensas praticadas por seus funcionários, hipótese em que a indenização será 
calculada com base no salário recebido pelo empregado.
Para o professor da PUC-SP, Ricardo Pereira de Freitas Guimarães, os cinco 
primeiros pedidos possuem relação direta com direitos mínimos do trabalhador.
"As multas dos artigos 477 e 467 identificam o não pagamento de verbas 
rescisórias, e aviso prévio, férias e 13º salários são direitos mínimos constitucionais. 
Esse quadro demonstra que grande parte dos empregadores não paga verbas 
rescisórias do contrato de trabalho", diz.
"Seria necessário compreender o excesso de pedidos relacionados às 
verbas rescisórias, ou seja, garantias mínimas do contrato, para que se realizasse 
alterações legislativas que fossem deencontro aos pedidos das verbas rescisórias. 
O remédio chamado reforma trabalhista foi dado sem um diagnóstico”, completa.
Cai nº de processos recebidos
O balanço do TST mostra que houve redução de 34% no recebimento de 
processos em 2018 – foram 1,75 milhão de processos, contra 2,65 milhões em 2017. 
UNIDADE 3 | LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
170
E queda de 10,8% nos processos julgados – foram 2,44 milhões entre janeiro e 
dezembro de 2018 ante 2,74 milhões em 2017.
O total de processos pendentes de solução era de 1,18 milhão em 31 de 
dezembro, queda de 35% em relação a 2017.
Na fase de execução, foram iniciadas 798,9 mil execuções e encerradas 729,4 
mil. Estavam pendentes em 31 de dezembro de 2018, 2,7 milhões de execuções. As 
iniciadas tiveram uma redução de 5,3%, as encerradas, um aumento de 7,5%. Já 
as execuções pendentes tiveram um aumento de 0,8% em comparação ao mesmo 
período do ano anterior.
Movimentação 
Processual
1º Grau
Recebidos
1.748.074
Solucionados
2.446.389
Pendentes
de
Julgamento
1.180.773 
Iniciadas
798.910
Encerradas
729.437
Resíduos
2.700.965
Fase de
Conhecimento
Fase de
Execução
Movimentação processual no 1º Grau da Justiça do Trabalho, no período 
de janeiro a dezembro de 2018 – Foto: Reprodução
A nova lei trabalhista trouxe mudanças para o trabalhador que entra com 
ação na Justiça contra o empregador. Na prática, o processo pode ficar mais caro 
para o empregado e inibe pedidos sem procedência.
• Nova lei trabalhista traz mudanças para trabalhador que entrar na Justiça
• Número de ações judiciais dispara na véspera da mudança da lei trabalhista
Segundo Pereira, a diminuição dos processos provavelmente está 
relacionada à introdução de honorários de sucumbência no processo e pela maior 
restrição do benefício da Justiça gratuita.
TÓPICO 4 | VERBAS TRABALHISTAS
171
A nova lei estabelece que quem perder a ação terá de pagar entre 5% e 15% 
do valor da sentença para os advogados da parte vencedora, que são os chamados 
honorários de sucumbência. Além disso, para ter acesso à Justiça gratuita, o 
reclamante tem de provar que o salário dele equivale a 40% do limite máximo 
dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, que hoje corresponde a R$ 
5.645,80.
E, mesmo sendo beneficiário da Justiça gratuita, o reclamante deverá 
pagar as custas judiciais e honorários periciais caso receba créditos no processo 
capazes de suportar esses encargos.
Pereira explica que, com a diminuição de casos novos, a Justiça do Trabalho 
acabou concentrando o trabalho nas execuções, o que resultou no aumento dos 
encerramentos dos processos.
"Até que as cortes superiores firmem posicionamento sobre esses 
novos pontos da reforma, é natural que haja maior cautela antes de ingressar 
na Justiça do Trabalho, o que leva naturalmente a essa retração na quantidade 
de novos processos distribuídos”, diz. Para ele, conforme a jurisprudência for 
se consolidando e criando maior segurança jurídica, haverá estabilização nos 
números.
Para o advogado Erick Magalhães, sócio do escritório Magalhães & 
Moreno Advogados, a queda no número de ações ocorreu não somente por 
causa da reforma trabalhista, mas outros fatores podem ter influenciado, como 
o crescimento do desemprego no período de 2015 e 2017 e o "boom" de ações 
trabalhistas pouco antes da reforma, que entrou em vigor no dia 11 de novembro 
de 2017, para garantir a aplicação da legislação anterior.
Magalhães lembra que o trabalhador tem prazo até dois anos para entrar 
com processo contra o ex-empregador.
Para Ricardo Pereira de Freitas Guimarães, professor de direito do trabalho 
da PUC-SP, as razões para a queda no número de ações são que entre outubro 
e novembro de 2017 ocorreu um recorde de distribuições da ações devido ao 
temor pela nova interpretação da lei e o pagamento de honorários advocatícios 
ao empregador em caso de derrota na Justiça.
FONTE: <https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2019/02/22/mesmo-
com-mudancas-na-clt-aviso-previo-e-verbas-rescisorias-ainda-lideram-pedidos-na-justica-do-
trabalho.ghtml>. Acesso em: 11 ago. 2019.
172
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que: 
• As diversas verbas trabalhistas/rescisórias que a legislação prevê para o 
trabalhador que possui um contrato de trabalho com determinada empresa.
• As férias a que o trabalhador tem direito a usufruir, desde que cumpra certos 
requisitos.
• O aviso prévio a que o empregado tem direito ao término do seu contrato de 
trabalho poderá ser indenizado ou trabalhado.
173
AUTOATIVIDADE
1 Iris foi admitida na empresa Centurião Alado em 10/04/2008. No período 
aquisitivo das férias 2013/2014 ela ausentou-se por oito dias úteis para 
celebrar seu casamento e viagem de lua de mel; quatro dias úteis para 
doação voluntária de sangue, todas no ano de 2013; cinco dias úteis por luto 
em razão de falecimento do seu genitor, dois dias úteis para alistamento 
eleitoral e quatro dias sem nenhuma justificativa. No período concessivo 
respectivo das férias de 2013/2014, Iris poderá usufruir destas férias por
a) ( ) 30 dias corridos.
b) ( ) 24 dias corridos.
c) ( ) 18 dias corridos.
d) ( ) 12 dias corridos.
e) ( ) 7 dias corridos.
2 De acordo com o Regime Jurídico Único (RJU) e a Consolidação de Leis do 
Trabalho (CLT), julgue os itens subsequentes. O colaborador deve trabalhar 
doze meses consecutivos para ter direito a um período completo de férias, 
em condições normais de trabalho, conforme preveem tanto o RJU quanto a 
CLT.
( ) Certo.
( ) Errado.
174
175
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