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<p>43</p><p>Capítulo 3</p><p>Aspectos especiais</p><p>da governança</p><p>corporativa</p><p>Neste capítulo, alguns aspectos particulares da governança corpo-</p><p>rativa serão ampliados para abarcar outros entendimentos relaciona-</p><p>dos ao tema, como a Nova Economia Institucional, definições sobre de-</p><p>senvolvimento sustentável, além de algumas premissas básicas sobre</p><p>governança corporativa em organizações não empresariais. Aspectos</p><p>relevantes, como o conceito de stakeholders e sua importância na ado-</p><p>ção de boas práticas de governança também serão abordados para um</p><p>conhecimento mais amplo sobre o alcance que os mecanismos de go-</p><p>vernança corporativa podem ter.</p><p>44 Governança corporativa e responsabilidade socioambiental M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.1 Nova Economia Institucional e a</p><p>governança corporativa</p><p>A governança corporativa tem relação direta com a Nova Economia</p><p>Institucional (NEI), uma vez que a NEI enfoca alguns temas que contri-</p><p>buem para o entendimento da GC, por exemplo: custos de transação,</p><p>direito de propriedade, instituições e organizações. A Nova Economia</p><p>Institucional é um ramo das Ciências Econômicas caracterizado pela in-</p><p>terdisciplinaridade, isto é, por englobar diferentes áreas além da econo-</p><p>mia. A NEI contempla temas ligados ao direito, à administração, à sociolo-</p><p>gia, às ciências políticas, à história, à geografia, e até mesmo à psicologia.</p><p>IMPORTANTE</p><p>O objetivo da NEI é compreender o comportamento humano e seu re-</p><p>lacionamento com as instituições, tanto sociais quanto empresarias e</p><p>políticas, dentro de uma sociedade.</p><p>Por meio do entendimento da Nova Economia Institucional é possí-</p><p>vel analisar os processos existentes dentro de uma empresa, avaliando</p><p>a eficiência de diferentes estruturas de governança e levando em consi-</p><p>deração as particularidades locais, como as características políticas e</p><p>de regulação de uma sociedade (ZYLBERSZTAJN; SZTAJN, 2002).</p><p>1.1 Instituições e organizações</p><p>Segundo a Nova Economia Institucional, os resultados econômicos</p><p>ineficientes são consequentes da existência de instituições falhas e da</p><p>má definição dos direitos de propriedade. Douglass North (1990) define</p><p>as regras que sustentam o mercado como ambiente institucional como</p><p>regras formais (obrigatórias e determinadas pelo poder legítimo, como</p><p>45Aspectos especiais de governança corporativa</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>as leis e contratos) e regras informais (normas consequentes dos cos-</p><p>tumes, da herança cultural e das tradições).</p><p>Para North (2005) o aprendizado também é muito relevante, e é re-</p><p>sultado do ambiente vivenciado e da sociedade, sendo traduzido em co-</p><p>nhecimento tácito. Isso significa que o aprendizado pode ser adquirido</p><p>por meio da experimentação, em um processo de tentativa e erro. Essa</p><p>definição de conhecimento tácito está ligada com o aprimoramento da</p><p>governança corporativa dentro de uma empresa, que pode ser alcança-</p><p>do por meio de eficiência adaptativa. Em outras palavras, uma melhoria</p><p>da governança empresarial pode ser resultante de um processo evo-</p><p>lutivo com novas oportunidades de trazer soluções para as falhas de</p><p>governança (MACHADO FILHO, 2011).</p><p>Douglass North (1990) define ainda as instituições como as “regras</p><p>do jogo’”, e as organizações como os “jogadores”. As instituições deter-</p><p>minam o quadro geral, o conjunto de oportunidades em uma sociedade,</p><p>os tipos de organizações que existirão e como essas organizações se-</p><p>rão governadas. Já as organizações são definidas como um grupo de</p><p>indivíduos com interesse comum e que são amparadas por um aparato</p><p>institucional. As organizações e as instituições fornecem a base para que</p><p>os mercados econômicos se estabeleçam e as transações aconteçam.</p><p>1.2 Custos de transação e direito de propriedade</p><p>Na teoria da Nova Economia Institucional, o direito de propriedade</p><p>é entendido como o conjunto de leis que determina o que os indivídu-</p><p>os e as corporações podem fazer com suas respectivas propriedades</p><p>(COASE, 1960). E se esses direitos de propriedade são adequadamen-</p><p>te determinados, isso garante aos proprietários os direitos sobre seus</p><p>ativos, permitindo usá-los, trocá-los e adquirir retorno sobre eles. No</p><p>entanto, o que pode ocorrer em um mercado de trocas é a assimetria</p><p>de informações, ou seja, uns sabem mais que os outros, e, quando isso</p><p>46 Governança corporativa e responsabilidade socioambiental M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.ocorre, surgem novos custos, chamados custos de transação (CT). Os</p><p>custos de transação podem ser divididos em: custos de elaboração</p><p>de contratos; custo de barganha; custo para conseguir informações</p><p>sobre o produto e concorrentes; custo de negociação; e custo de mo-</p><p>nitoramento do processo.</p><p>O Teorema de Coase aponta que caso não haja custos de transação,</p><p>a distribuição dos direitos de propriedade ocorre de forma natural entre</p><p>as partes negociantes por meio das negociações de trocas dos bens.</p><p>Neste caso, o livre mercado regula a economia, e o equilíbrio de mer-</p><p>cado é atingido, contanto que os direitos de propriedade (que definem</p><p>quem detém o direito sobre bem) sejam bem definidos e que os custos</p><p>de transação sejam muito reduzidos (COASE, 1960; NORTH, 1990).</p><p>Os custos de transação são os custos além dos custos de produção</p><p>de um produto, e podem ser separados em: custos ex-ante, resultan-</p><p>tes da coleta e do processamento de informações, além dos custos de</p><p>negociação; e os custos ex-post, que são os custos de adaptações às</p><p>cláusulas contratuais iniciais, de renegociação, de monitoramento e de</p><p>adaptações a novas situações (WILLIAMSON, 1985). Uma boa gover-</p><p>nança corporativa procura reduzir os custos de transação por meio de</p><p>uma gestão adequada.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Para melhor entendimento sobre custos de transação, tomemos como</p><p>exemplo uma situação em que uma fábrica de produção de plástico de-</p><p>seje reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE). Em primei-</p><p>ro lugar, a empresa deve procurar quem está disposto a financiar seu</p><p>projeto e levantar quais os custos de se fazer as alterações na fábrica,</p><p>obtendo o máximo de dados possível para fazer um bom negócio. Toda</p><p>essa procura de informações requer tempo, além de custos propriamen-</p><p>te ditos, que se traduzem em custos de transação.</p><p>Depois de implantado o projeto de redução de emissões, é necessário</p><p>que essa redução de GEE seja monitorada para verificar o que realmen-</p><p>47Aspectos especiais de governança corporativa</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>te ocorreu. Para tanto, é importante contratar uma auditoria, cujo valor</p><p>seria outro tipo de custo de transação.</p><p>Mais um exemplo de custo de transação é o referente à adaptação de</p><p>um contrato. Neste exemplo, digamos que se tenha negociado que o</p><p>financiador faria um aporte de capital no valor de 1 milhão de reais, po-</p><p>rém ele muda de ideia no meio do projeto, estando disposto a diminuir o</p><p>valor acordado inicialmente, além de solicitar outras alterações</p><p>na fábri-</p><p>ca para que ele continue com o financiamento. Neste caso, o contrato</p><p>terá que ser reformulado, com novas cláusulas e acordos, demandando</p><p>gastos com advogados e custos resultantes do gasto de tempo. Pode-</p><p>-se classificar esse tipo de custo como custo de transação referente à</p><p>renegociação de contrato. Estes são alguns exemplos de tipos de custo</p><p>de transação que podem surgir em uma negociação.</p><p>Os instrumentos de governança corporativa têm o objetivo de contri-</p><p>buir para que haja retorno dos investimentos, e funcionam como baliza-</p><p>dores para que os interesses dos acionistas, dos gestores e dos demais</p><p>participantes de um negócio empresarial sejam garantidos, diminuindo,</p><p>assim, os custos de transação. A estrutura de governança dispõe de</p><p>mecanismos para garantir o equilíbrio entre os interesses, como: incen-</p><p>tivos monetários e de controle; e regras e planos formais de divisão do</p><p>trabalho (JARDIM et al., 2012; TACHIZAWA, 2007).</p><p>IMPORTANTE</p><p>Alguns exemplos de instrumentos de governança dentro das empresas</p><p>são: políticas de remuneração; determinações dos conselhos de admi-</p><p>nistração e fiscal; programas de controle de qualidade dos produtos;</p><p>modelos de relatório de divulgação de informações.</p><p>Os mecanismos de governança corporativa ainda podem ser utiliza-</p><p>dos como forças de controle, visando minimizar os conflitos entre os in-</p><p>teresses internos das empresas e os interesses da sociedade, e podem</p><p>48 Governança corporativa e responsabilidade socioambiental M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.ser separados em: externos (mercados de capital, político-legal e regu-</p><p>latório) e internos (controle dos conselhos e sistemas de remuneração).</p><p>As ferramentas de mercado de capitais se referem às relações en-</p><p>tre acionistas e gestores, e podem ser utilizadas por meio de compra</p><p>e venda de ações e abertura de capitais, com o objetivo de aumento</p><p>de recursos para as empresas. O ambiente legal que uma empresa vi-</p><p>vencia depende das particularidades sociais, econômicas e culturais do</p><p>local e é determinado pelas leis de conduta ou mecanismos de proteção</p><p>aos mercados de capitais, por exemplo (OLIVEIRA, 2015; ROSSETTI;</p><p>ANDRADE, 2014).</p><p>Os conselhos administrativos e fiscais são outros instrumentos de</p><p>GC, e têm o papel de monitorar e garantir os interesses dos gestores e</p><p>dos acionistas. Os conselhos são instrumentos diretos de que os acio-</p><p>nistas dispõem para exercer poder sobre os gestores, podendo monito-</p><p>rar de perto e influenciar suas atividades. Em alguns casos, o conselho</p><p>de administração pode sugerir propostas de gestão dentro da empresa</p><p>(TACHIZAWA, 2007).</p><p>2 Desenvolvimento sustentável</p><p>A partir da década de 1960, as preocupações com o meio ambiente</p><p>ultrapassaram os limites da ecologia e passaram a fazer parte de discus-</p><p>sões de diferentes áreas. Nesse período, o trabalho da bióloga americana</p><p>Rachel Carson (2013) enfatizou as consequências indesejáveis do uso</p><p>indiscriminado de produtos químicos, como os pesticidas. Outro acon-</p><p>tecimento relevante foi a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio</p><p>Ambiente Humano, em Estocolmo, em 1972, na qual foram definidos cri-</p><p>térios distintos de sustentabilidade: ecológico, cultural, social, territorial,</p><p>ambiental, econômico, político nacional e internacional. A partir dessa</p><p>época, o termo desenvolvimento sustentável passou a cada vez mais fa-</p><p>zer parte das discussões políticas, econômicas e sociais das nações.</p><p>49Aspectos especiais de governança corporativa</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>Dentro do ambiente corporativo, os temas sobre desenvolvimento</p><p>sustentável e problemas ambientais passaram a ganhar cada vez mais</p><p>importância, e a partir da relevância desses assuntos o Clube de Roma</p><p>encomendou um estudo sobre os efeitos da ação antrópica sobre o</p><p>meio ambiente. O resultado desse estudo foi um relatório, denominado</p><p>“Limites do crescimento” e publicado em 1972, cuja conclusão foi de</p><p>que se as pessoas não mudassem o modo de vida, o mundo entraria</p><p>em colapso em 2070.</p><p>PARA SABER MAIS</p><p>Em 1968 Alexander King e Aurelio Peccei, presidente da Fiat, fundaram</p><p>um grupo que discutiria sobre o futuro do homem, levando em consi-</p><p>deração o meio ambiente, o crescimento econômico e populacional,</p><p>e a situação política e social do momento. A primeira reunião aconte-</p><p>ceu em Roma, e, hoje em dia, o Clube se tornou uma organização não</p><p>governamental (ONG)1. Seus membros são empresários, cientistas,</p><p>acadêmicos, políticos, entre outros, e o grupo ficou conhecido como</p><p>o Clube de Roma.</p><p>A expressão “desenvolvimento sustentável” foi usado pela primeira</p><p>vez em 1980, no documento “World conservation strategy”, publicado</p><p>pela World Wildlife Fund (WWF), pelo Programa das Nações Unidas para</p><p>o Meio Ambiente (Pnuma) e pela União Internacional para Conservação</p><p>da Natureza (UICN). Este relatório apresentou um ponto importante ao</p><p>definir o que seria desenvolvimento sustentável: aquele desenvolvimen-</p><p>to que inclui as variáveis econômicas, ecológicas e políticas, em uma</p><p>visão de longo e curto prazo.</p><p>1 ONG é um termo muito utilizado, porém academicamente o mais adotado é OSC: organização da</p><p>sociedade civil.</p><p>50 Governança corporativa e responsabilidade socioambiental M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.IMPORTANTE</p><p>Segundo o relatório “World conservation strategy”, para ser sustentá-</p><p>vel, o desenvolvimento deve levar em consideração fatores ecológicos</p><p>e sociais, além dos econômicos, incluindo as vantagens de uma ação</p><p>alternativa a longo e a curto prazo.</p><p>Porém, como dito anteriormente, a definição de desenvolvimento</p><p>sustentável mais conhecida nos dias de hoje foi dada em 1987, no rela-</p><p>tório “Nosso futuro comum”, também chamado de relatório Brundtland.</p><p>Este documento afirma que desenvolvimento sustentável é “um desen-</p><p>volvimento que responda às necessidades do presente sem comprome-</p><p>ter a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias</p><p>necessidades” (CMMAD, 1987).</p><p>Já em 1994, John Elkington (1999) afirma que as empresas não de-</p><p>veriam acompanhar somente o bottom line (o lucro líquido), ou seja, a</p><p>última linha da demonstração de resultados. Os executivos deveriam</p><p>incluir em suas preocupações de crescimento os resultados ambientais</p><p>e sociais decorrentes de suas atividades. Segundo o autor, é importante</p><p>mensurar o desempenho sustentável das empresas incluindo os três pi-</p><p>lares: social, econômico e ambiental. Surge então o termo “triple bottom</p><p>line”, cuja definição envolve a noção de que uma empresa deve ser so-</p><p>cialmente justa, economicamente viável e ecologicamente correta (figu-</p><p>ra 1) (ELKINGTON, 1999).</p><p>51Aspectos especiais de governança corporativa</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>Figura 1 – Os três pilares da sustentabilidade</p><p>Sustentabilidade</p><p>Ecologicamente</p><p>correto</p><p>Economicamente</p><p>viável</p><p>Socialmente</p><p>justo</p><p>Fonte: adaptado de Nascimento e Vianna (2007) e Tachizawa (2007).</p><p>Durante a década</p><p>de 1990, o secretário-geral da Organização das</p><p>Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, incentivou que as empresas assi-</p><p>nassem o chamado Pacto Global, por meio do qual as empresas se</p><p>comprometeriam a promover o desenvolvimento sustentável em seus</p><p>negócios. Este documento apresentava dez princípios separados em</p><p>quatro seções: práticas laborais, direitos humanos, corrupção e prote-</p><p>ção ambiental. O Pacto Global foi assinado por 160 países, possui 13</p><p>mil membros e apresenta instrumentos importantes que auxiliam os</p><p>empresários a cumprirem as metas globais de sustentabilidade por</p><p>meio de estratégias empresariais.</p><p>Outro acontecimento importante se deu no ano 2000, quando foram</p><p>estabelecidos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), com</p><p>a intenção de que os governantes mundiais assumissem o compro-</p><p>misso de atingir oito objetivos direcionados ao combate à pobreza, em</p><p>52 Governança corporativa e responsabilidade socioambiental M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.congruência com o cumprimento das premissas do desenvolvimento</p><p>sustentável, até 2015. Com base nos ODM, em 2015 foram propos-</p><p>tas outras dezessete metas para o desenvolvimento sustentável, os</p><p>Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Essas metas devem</p><p>ser cumpridas até o ano de 2030, seguindo o plano de ação da Agenda</p><p>2030 (CURI; GODOY, 2021).</p><p>3 Sustentabilidade e os stakeholders</p><p>O termo stakeholder foi definido em 1963, em um memorando in-</p><p>terno do Stanford Research Institute, como um grupo de indivíduos ne-</p><p>cessários para a existência da empresa, o que inclui funcionários, acio-</p><p>nistas, clientes, credores, fornecedores e a sociedade em geral. Neste</p><p>sentido, uma boa gestão deve considerar os interesses dos stakehol-</p><p>ders e entender seus objetivos, adequando-os aos interesses particu-</p><p>lares da empresa da melhor forma possível (DONALDSON; PRESTON,</p><p>1995 apud BOAVENTURA et al., 2008; ROSSETTI; ANDRADE, 2014).</p><p>Os stakeholders podem apresentar diferentes interesses, resultantes</p><p>das várias partes envolvidas e do entendimento sobre a importância de</p><p>sua ligação às práticas de governança corporativa adotadas pela em-</p><p>presa. A empresa deve incluir os interesses dos diferentes stakeholders</p><p>como prática de boa governança corporativa, sendo que isso pode in-</p><p>cluir os interesses ambientais e sociais, além do econômico. Na década</p><p>de 1990, como resposta aos stakeholders, o ambientalismo corporativo</p><p>passou a tomar importância e as empresas desenvolveram cada vez</p><p>mais estratégias que abrangessem a problemática ambiental e social</p><p>em suas atividades (BORGERTH, 2011; NASCIMENTO; VIANNA, 2007;</p><p>ROSSETTI; ANDRADE, 2014). Sendo assim, stakeholders, crescimento</p><p>econômico e sustentabilidade passam a fazer cada vez mais parte do</p><p>dia a dia das empresas.</p><p>53Aspectos especiais de governança corporativa</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>4 Desenvolvimento sustentável e os</p><p>relatórios de sustentabilidade</p><p>Os relatórios sociais, originados na década de 1970, são os precur-</p><p>sores dos relatórios de sustentabilidade, e são direcionados aos aspec-</p><p>tos sociais das atividades das organizações. No fim dos anos 1980, os</p><p>relatórios ambientais começaram a ser criados, e eram especificamen-</p><p>te direcionados às questões ligadas ao meio ambiente, porém a partir</p><p>dos anos 1990 esses materiais começaram a ser mais detalhados e</p><p>publicados anualmente, incluindo dados éticos e sociais. A elaboração</p><p>e divulgação dos relatórios de sustentabilidade ajudam os dirigentes</p><p>empresariais a determinar estratégias com base na mensuração dos</p><p>impactos socioambientais.</p><p>Nos países europeus, EUA e Japão, esse tipo de material é bastan-</p><p>te utilizado, e também no Brasil os relatórios de sustentabilidade estão</p><p>cada vez mais presentes, uma vez que a divulgação desses documen-</p><p>tos traz mais transparência sobre o desempenho de sustentabilidade</p><p>nas organizações. O objetivo das diretrizes dos relatórios de sustentabi-</p><p>lidade é padronizar diferentes sistemas de informações, apresentando</p><p>indicadores quantitativos e/ou qualitativos. Esses relatórios podem ser</p><p>elaborados por cada empresa, utilizando seu próprio modelo, ou com</p><p>base em um padrão existente no mercado, como o Global Reporting</p><p>Initiative (GRI).</p><p>Criado em 1997, o GRI trata-se de uma organização holandesa sem</p><p>fins lucrativos que surgiu de uma iniciativa da Coalition for Environmentally</p><p>Responsible Economies (Ceres) e do Programa das Nações Unidas para</p><p>o Meio Ambiente (Pnuma). A organização disponibiliza um modelo de</p><p>relatório utilizado no mundo todo, sendo o relatório mais utilizado atual-</p><p>mente; ele define uma padronização do preenchimento de informações</p><p>(figura 2), e a estrutura dos relatórios que disponibiliza foi baseada em</p><p>diferentes acordos e normas internacionais. A principal função desses</p><p>54 Governança corporativa e responsabilidade socioambiental M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.documentos é aumentar a transparência das empresas e facilitar a com-</p><p>paração entre elas em relação ao desempenho ambiental (GRI, 2017).</p><p>Figura 2 – Estrutura de relatórios da GRI</p><p>Pro</p><p>to</p><p>co</p><p>lo</p><p>s</p><p>Prin</p><p>cípios e orientações</p><p>Conteúdo do relatório</p><p>Suplem</p><p>entos setoriais</p><p>Como relatar</p><p>O que relatar</p><p>Estrutura de</p><p>relatórios</p><p>Fonte: adaptado de GRI (2006).</p><p>5 Governança em organizações não</p><p>empresariais</p><p>O conceito de governança corporativa está ligado a como promover</p><p>práticas de gestão e de como estruturar uma empresa. Assim, a GC</p><p>traz um conjunto de procedimentos que ajudam o gestor a monitorar e</p><p>dirigir as empresas. Como apresentado nos capítulos anteriores, a GC</p><p>abarca diferentes áreas, buscando assegurar os interesses dos sócios,</p><p>55Aspectos especiais de governança corporativa</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>da diretoria, dos conselhos e das demais partes. Não só é importan-</p><p>te adotar as práticas de GC em qualquer porte de empresa, como é pos-</p><p>sível utilizar os princípios básicos de governança em organizações não</p><p>empresariais, como as do terceiro setor, empresas familiares de peque-</p><p>no porte, cooperativas ou organizações não governamentais (ONGs).</p><p>Desse modo, qualquer tipo de organização pode adotar certos pa-</p><p>drões gerais de comportamento e incluir as preocupações ambientais</p><p>e sociais em suas atividades, seguindo princípios da GC como equida-</p><p>de, transparência, prestação de contas e conformidade2 (NASCIMENTO;</p><p>VIANNA, 2007; ROSSETTI; ANDRADE, 2014; TACHIZAWA, 2007). No en-</p><p>tanto, não existe um padrão único de GC adotado em organizações não</p><p>empresariais, uma vez que nem sempre existem as figuras dos sócios,</p><p>conselhos, acionistas ou auditorias, por exemplo, mas ainda assim é</p><p>possível utilizar seus ensinamentos para ajudar na gestão destes esta-</p><p>belecimentos. Para melhor entendimento, nos tópicos seguintes estão</p><p>descritas algumas definições básicas sobre as organizações não em-</p><p>presariais e especificidades referentes à GC.</p><p>5.1 Terceiro setor</p><p>Terceiro setor pode ser definido como</p><p>um conjunto de organizações</p><p>sem vínculos diretos nem com o primeiro setor, que são os órgãos públi-</p><p>cos, nem com o segundo setor, ou seja, com as empresas privadas. As</p><p>ONGs fazem parte do terceiro setor, em sua maioria são organizações</p><p>da sociedade civil sem fins lucrativos e seus integrantes são, principal-</p><p>mente, voluntários. Além das ONGs, outras organizações também se</p><p>incluem no terceiro setor, como as organizações filantrópicas, as orga-</p><p>nizações da sociedade civil de interesse público, além de outras que não</p><p>tenham fins lucrativos.</p><p>2 Para mais detalhes sobre esses princípios, verificar o capítulo 1 deste livro.</p><p>56 Governança corporativa e responsabilidade socioambiental M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.Existem algumas outras características que diferenciam as orga-</p><p>nizações do terceiro setor das demais empresas, afetando sua estru-</p><p>tura interna e consequentemente suas regras de governança corpo-</p><p>rativa, tais como:</p><p>1. participantes voluntários, não remunerados;</p><p>2. organização formalmente constituída, por meio de alguma forma</p><p>de institucionalização, legal ou não, com regras formais que ga-</p><p>rantam o seu funcionamento;</p><p>3. estrutura não governamental (privadas);</p><p>4. não há distribuição de dividendos aos dirigentes;</p><p>5. gestão própria e controlada internamente;</p><p>6. apesar de não visarem ao lucro, quando as atividades forem lu-</p><p>crativas, os valores recebidos devem ser reinvestidos na organi-</p><p>zação (SALAMON; ANHEIER, 1992).</p><p>5.2 Cooperativas</p><p>Outro modelo de organização não empresarial que pode seguir os</p><p>princípios básicos de governança são as cooperativas, caracterizadas</p><p>por serem um conjunto de pessoas associadas, criadas para prestar</p><p>serviços aos seus participantes. Os direitos políticos dentro das coope-</p><p>rativas são associados apenas a seus integrantes, e a distribuição de</p><p>resultados é atrelada ao grau de atuação do associado na cooperativa,</p><p>semelhante ao que ocorre nas empresas privadas. A GC também pode</p><p>prover ferramentas necessárias para este tipo de organização, para que</p><p>os gestores atendam aos interesses de seus funcionários, administra-</p><p>dores, cooperados e da sociedade em geral (IBGC, [s. d.]).</p><p>57Aspectos especiais de governança corporativa</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>5.3 Empresas familiares</p><p>As empresas familiares possuem estruturas internas mais simples</p><p>que as das grandes corporações privadas. Em geral, possuem um nú-</p><p>mero reduzido de funcionários, com administração informal e poder</p><p>centralizado nos familiares, que são também os proprietários. Neste</p><p>tipo de organização, as ferramentas de GC podem ajudar a empresa a</p><p>superar problemas como os de gestão, que surgem em razão da dificul-</p><p>dade de diferenciar propriedade e gestão do negócio; das dificuldades</p><p>de planejamento estratégico, como as incertezas sobre a sucessão da</p><p>gestão e da propriedade da empresa; e dos problemas de relação entre</p><p>os sócios e proprietários, incluindo a definição de suas funções.</p><p>Uma das dificuldades enfrentadas pelas empresas familiares é que</p><p>nem sempre há transparência na condução dos negócios. Nesse mo-</p><p>delo de negócio a prática de governança corporativa pode auxiliar na</p><p>redução dos conflitos entre os interesses particulares familiares e da</p><p>empresa em geral, a partir do momento que estabelece instrumentos de</p><p>discussões e determina um padrão de conduta entre gestores e demais</p><p>funcionários. Adotando as práticas de GC, empresas familiares podem</p><p>formalizar mecanismos de controle e de prestação de contas, contri-</p><p>buindo para o aumento de confiança e transparência das informações</p><p>prestadas (ENDERLE, 2015).</p><p>Considerações finais</p><p>Os stakeholders são grupos ou indivíduos particulares que podem</p><p>beneficiar ou prejudicar as empresas, e cabe ao gestor promover o equi-</p><p>líbrio entre os interessados e a melhor governança corporativa dentro</p><p>de sua empresa. Alguns exemplos de stakeholders são os gestores, pro-</p><p>prietários, funcionários, fornecedores, concorrentes, clientes, o Estado,</p><p>sindicatos e diversas outras partes que afetam as empresas.</p><p>58 Governança corporativa e responsabilidade socioambiental M</p><p>at</p><p>er</p><p>ia</p><p>l p</p><p>ar</p><p>a</p><p>us</p><p>o</p><p>ex</p><p>cl</p><p>us</p><p>ivo</p><p>d</p><p>e</p><p>al</p><p>un</p><p>o</p><p>m</p><p>at</p><p>ric</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o</p><p>em</p><p>c</p><p>ur</p><p>so</p><p>d</p><p>e</p><p>Ed</p><p>uc</p><p>aç</p><p>ão</p><p>a</p><p>D</p><p>is</p><p>tâ</p><p>nc</p><p>ia</p><p>d</p><p>a</p><p>Re</p><p>de</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>E</p><p>AD</p><p>, d</p><p>a</p><p>di</p><p>sc</p><p>ip</p><p>lin</p><p>a</p><p>co</p><p>rre</p><p>sp</p><p>on</p><p>de</p><p>nt</p><p>e.</p><p>P</p><p>ro</p><p>ib</p><p>id</p><p>a</p><p>a</p><p>re</p><p>pr</p><p>od</p><p>uç</p><p>ão</p><p>e</p><p>o</p><p>c</p><p>om</p><p>pa</p><p>rti</p><p>lh</p><p>am</p><p>en</p><p>to</p><p>d</p><p>ig</p><p>ita</p><p>l, s</p><p>ob</p><p>a</p><p>s</p><p>pe</p><p>na</p><p>s</p><p>da</p><p>L</p><p>ei</p><p>. ©</p><p>E</p><p>di</p><p>to</p><p>ra</p><p>S</p><p>en</p><p>ac</p><p>S</p><p>ão</p><p>P</p><p>au</p><p>lo</p><p>.Os arranjos institucionais abarcam, além das empresas privadas de</p><p>grande porte, as cooperativas, o terceiro setor e empresas familiares.</p><p>Os princípios da governança corporativa, apesar de terem sido primei-</p><p>ramente desenvolvidos para as empresas de grande porte do setor pri-</p><p>vado, podem ser ampliados para outros tipos de organizações, como</p><p>as mencionadas anteriormente. As boas práticas de governança devem</p><p>ser adotadas por diferentes tipos de estabelecimentos organizacionais,</p><p>para determinar as bases dos arranjos institucionais a fim de satisfazer</p><p>os diferentes interesses que afetam o comportamento de uma empresa.</p><p>Outras teorias e entendimentos podem auxiliar na compreensão dos</p><p>instrumentos de governança corporativa. A Nova Economia Institucional</p><p>emerge com definições sobre regras formais e informais e com instru-</p><p>mentos importantes que influenciam a governança corporativa e a ado-</p><p>ção das melhores práticas de gestão dentro de uma empresa. Por fim, a</p><p>ideia de desenvolvimento sustentável, cada vez mais em evidência nos</p><p>dias de hoje, também deve estar contida nas preocupações empresa-</p><p>riais, além dos interesses estritamente econômicos.</p><p>Referências</p><p>BOAVENTURA, J. M. G. et al. Teoria dos stakeholders e teoria da firma: um</p><p>estudo sobre a hierarquização das funções-objetivo em empresas brasileiras.</p><p>ENCONTRO DA ANPAD, 32., 2008, Rio de Janeiro, RJ. Resumo [...]. Rio de</p><p>Janeiro: ANPAD, 2008. Disponível em: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/</p><p>FIN-B1387.pdf. Acesso em: 13 out 2022.</p><p>BORGERTH, V. M. da C. SOX: entendendo a Lei Sarbanes-Oxley: um caminho</p><p>para a informação transparente. São Paulo: Cengage Learning, 2011.</p><p>CARSON, R. Primavera silenciosa. São Paulo: Editora Gaia, 2013.</p><p>COASE, R. H. The problem of social cost. Journal of Law and Economics, v. 3,</p><p>p. 1- 44, 1960.</p><p>59Aspectos especiais de governança corporativa</p><p>M</p><p>aterial para uso exclusivo de aluno m</p><p>atriculado em</p><p>curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com</p><p>partilham</p><p>ento digital, sob as penas da Lei. ©</p><p>Editora Senac São Paulo.</p><p>COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO</p><p>(CMMAD). Relatório Brundtland: nosso futuro comum. [S. l.]: CMMAD, 1987.</p><p>Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/12906958/Relatorio-Brundtland-</p><p>Nosso-Futuro-Comum-Em-Portugues. Acesso: 12 out. de 2022.</p><p>CURI, D.; GODOY, S. G. M. Sustentabilidade e ambiente corporativo no século</p><p>XXI. In: CONEJERO, M. A.; OLIVEIRA, M. A.; ABDALLA, M. M. Administração:</p><p>conceitos, teoria e prática aplicados à realidade brasileira. São Paulo: Atlas,</p><p>2021. cap. 17, p. 367-391.</p><p>ELKINGTON, J. Cannibals with forks: the triple bottom line of 21st century</p><p>business. Minnesota: Capstone Publishing, 1999.</p><p>ENDERLE, R. X. As questões-chave da governança corporativa em empresas</p><p>familiares. Rural Centro, 7 jul. 2015. Disponível em: https://ruralcentro.com.</p><p>br/noticas/as-questoes-chave-da-governanca-corporativa-em-empresas-</p><p>familiares/80737.</p><p>Acesso em: 14 nov. 2022.</p><p>GLOBAL REPORTING INITIATIVE (GRI). Diretrizes para a elaboração de relatórios</p><p>de sustentabilidade. GRI, 2006. Disponível em: https://www.globalreporting.</p><p>org/resourcelibrary/Portuguese-G3-Reporting-Guidelines.pdf. Acesso em: 15</p><p>set. 2022.</p><p>GLOBAL REPORTING INITIATIVE (GRI). Relatórios de sustentabilidade da</p><p>GRI: Quanto vale essa jornada? [s. l.]: GRI, 2017. Disponível em: https://www.</p><p>globalreporting.org/resourcelibrary/Portuquese-Starting-Points-2-G3.1.pdf.</p><p>Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (IBGC). Governança</p><p>em organizações não empresariais. IBGC, [s. d.]. Disponível em: http://www.ibgc.</p><p>org.br/index.php/governanca/governanca-em-organizacoes-nao-empresariais.</p><p>Acesso em: 9 out. 2022.</p><p>JARDIM, G. F. et al. Estruturas de governança e a capacidade de inovação em</p><p>pequenas empresas: caso da indústria brasileira de torrefação e moagem de</p><p>café. 2012. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade de São</p><p>Paulo, São Paulo, 2012.</p><p>MACHADO FILHO, C P. Responsabilidade social e governança: o debate e as</p><p>implicações. 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