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<p>FARMACOLOGIA</p><p>APLICADA À</p><p>ODONTOLOGIA</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>> Explicar o que é um paciente especial.</p><p>> Aplicar o tratamento odontológico em pacientes gestantes e lactantes.</p><p>> Avaliar os principais riscos para pacientes gestantes e lactantes.</p><p>Introdução</p><p>A gestação é um período magnífico e ao mesmo tempo complexo que envolve</p><p>a mulher e a criança que está sendo gerada. Diversas alterações de natureza</p><p>fisiológica e psicológica afetam o organismo da gestante, levando-a muitas vezes</p><p>a temer o tratamento odontológico pré-natal. Além disso, o temor estende-se</p><p>frequentemente até o período de lactação, dificultando o acesso dessas mulheres</p><p>ao tratamento odontológico.</p><p>Muitos profissionais na área da odontologia têm se preocupado em promover</p><p>informações confiáveis em relação aos mitos que envolvem a preocupação popular</p><p>nesse âmbito. No entanto, pode haver alguns profissionais que compartilham do</p><p>temor dos pacientes e acreditam em mitos não comprovados cientificamente,</p><p>recusando-se a prestar assistência odontológica a gestantes e lactantes.</p><p>Atendimento</p><p>odontológico</p><p>a gestantes e</p><p>lactantes</p><p>Denise Diedrich</p><p>Neste capítulo, você verá como caracterizar um paciente especial e como</p><p>realizar seu tratamento de forma segura e eficaz, identificando os riscos envol-</p><p>vidos. Além disso, verá alguns mitos envolvidos no tratamento odontológico de</p><p>gestantes e lactantes serem desmistificados.</p><p>Pacientes especiais na odontologia</p><p>A odontologia pautada em bases científicas tem buscado aplicar uma aborda-</p><p>gem ampla e integrada para pacientes especiais. Dessa forma, é essencial que</p><p>durante a formação acadêmica, e também de forma continuada, o cirurgião-</p><p>-dentista busque uma formação voltada a proporcionar um atendimento ideal</p><p>para esses pacientes (SANTOS; HORA, 2014).</p><p>Um paciente especial para odontologia, segundo a Organização Mundial</p><p>de Saúde (OMS), é aquele que apresenta desvios dos padrões normais, iden-</p><p>tificados ou não, que exijam um atendimento diferenciado, que seja durante</p><p>apenas um período ou ao longo de toda a vida por parte da equipe de saúde,</p><p>incluindo o cirurgião-dentista (SANTOS; HORA, 2014).</p><p>Em função de suas limitações físicas, mentais, sociais ou fisiológicas, os</p><p>pacientes especiais na odontologia apresentam maior tendência ao compro-</p><p>metimento da saúde bucal. Dessa forma, tais pacientes requerem atenção</p><p>odontológica diferenciada, com cuidados personalizados de acordo com cada</p><p>caso clínico, dificultando a prática de um tratamento odontológico convencional.</p><p>As causas das necessidades especiais são inúmeras, desde doenças ge-</p><p>néticas ou hereditárias até patologias que se desenvolvem ao longo da vida,</p><p>como doenças crônicas, envelhecimento e alterações comportamentais.</p><p>Muitas vezes, pacientes especiais têm dificuldade de promover a higiene</p><p>bucal de forma satisfatória, ou suas complicações e alterações fisiológicas</p><p>promovem esse papel de agravo nas condições de saúde bucal. De acordo</p><p>com a literatura, as classificações dos pacientes especiais podem levar em</p><p>consideração a área afetada pela patologia, doenças crônicas ou estados</p><p>fisiológicos especiais como pacientes geriátricos, gravidez e lactação (LA-</p><p>WRENCE et al., 2014; MOURA et al., 2020).</p><p>A gestação é um fenômeno fisiológico complexo que evolui para a geração</p><p>de um novo ser, fazendo com que a mãe passe por diversas transformações</p><p>fisiológicas, psíquicas e sociais. Algumas dessas mudanças fisiológicas podem</p><p>afetar sistematicamente a cavidade bucal da gestante, em que podem ser</p><p>notadas alterações que facilitam o desenvolvimento de algumas doenças</p><p>orais, como alterações no sistema imunológico e sua correlação com doença</p><p>periodontal, conforme ilustra a Figura 1.</p><p>Atendimento odontológico a gestantes e lactantes2</p><p>Figura 1. Alterações no sistema imunológico características da gravidez e sua correlação com</p><p>a ocorrência da doença periodontal.</p><p>Fonte: Adaptada de Oliveira e Haddad (2018).</p><p>Além das alterações imunológicas, a gestante também apresenta alte-</p><p>rações na composição da saliva, provocando variações no pH, nos níveis de</p><p>peroxidases e na capacidade tamponante. Essas alterações aumentam as</p><p>chances de cárie em gestantes em comparação com as mulheres em geral.</p><p>O controle reduzido do biofilme dental e a diminuição da capacidade fisio-</p><p>lógica do estômago fazem com que as gestantes tenham maior frequência</p><p>de ingestão de alimentos, maior apetite por alimentos açucarados e, como</p><p>consequência, mais chances de desenvolver problemas orais como a cárie</p><p>(OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>As náuseas e vômitos que são comuns durante a gravidez, em especial no</p><p>primeiro trimestre, podem colaborar com a erosão dental e com a dificuldade</p><p>de realizar a higiene oral de forma adequada. Outra reclamação das gestantes</p><p>é a xerostomia, em especial no período noturno, que, além de desconfortável,</p><p>eleva o risco de doenças dentárias.</p><p>Além de todos esses fatores fisiológicos, alterações ou preconcepções</p><p>culturais levam a gestante a evitar ou a temer os atendimentos odontológicos</p><p>ao longo da gravidez, trazendo um risco ainda maior de desenvolvimento</p><p>de doenças orais em função da falta de orientação pré-natal e tratamento</p><p>adequado quando necessário. As doenças orais mais comuns em gestantes e</p><p>puérperas são as doenças periodontais como gengivite, hiperplasia gengival e</p><p>Atendimento odontológico a gestantes e lactantes 3</p><p>granuloma piogênico. Além disso, podem ocorrem alterações na saliva, como</p><p>fluxo alterado e capacidade de tampão. O aumento da incidência de cáries</p><p>nas gestantes e puérperas também é motivo de haver maior orientação e</p><p>cuidado dessas pacientes. Outras alterações faciais podem ocorrer, como a</p><p>formação de melasmas na face da paciente, o que gera desconforto estético</p><p>e pode levar a problemas psicossociais (OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>Existe uma correlação positiva entre doença periodontal e prematuri-</p><p>dade/baixo peso do recém-nascido. Além disso, para a pré-eclâmpsia,</p><p>a presença de periodontite em gestantes é considerada um possível fator de</p><p>risco. É importante observar, porém, que mesmo havendo uma correlação</p><p>positiva entre as complicações obstétricas e doenças periodontais, o risco</p><p>dessas complicações não diminui com o tratamento dessas doenças ao longo</p><p>da gestação. Conforme Oliveira e Haddad (2018), ainda não está claro se esse</p><p>tratamento durante a gestação tem impacto sobre as complicações obstétricas,</p><p>e mais estudos ainda são necessários para um posicionamento conclusivo.</p><p>O aleitamento materno, por sua vez, é uma prática muito importante para</p><p>a saúde do bebê e de sua mãe, devendo ser incentivada sempre que possível.</p><p>Durante o período pós-parto e durante todo o período de lactação, a nutriz</p><p>deve estar orientada quantos aos cuidados na administração de fármacos e</p><p>tratamentos odontológicos. Da mesma forma, é importante que o cirurgião-</p><p>-dentista esteja preparado para realizar os tratamentos odontológicos ne-</p><p>cessários no lactente de forma segura e eficaz, sem causar prejuízos (SILVA,</p><p>2017; OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>Nesse contexto, é essencial que o cirurgião-dentista aproveite a apro-</p><p>ximação natural que as gestantes desenvolvem com os serviços de saúde</p><p>ao longo da gravidez, para estabelecer um vínculo saudável de educação e</p><p>promoção da saúde bucal dessas pacientes e seus bebês.</p><p>Gestantes e lactantes no consultório</p><p>odontológico</p><p>Segundo o Ministério da Saúde, nas Diretrizes da Política Nacional de Saúde</p><p>Bucal, o papel da mãe é essencial para moldar os padrões de comportamento</p><p>adquiridos na primeira infância. Desse modo, ações de educação e prevenção</p><p>no âmbito da saúde bucal junto às gestantes e lactantes são essenciais para</p><p>promover qualidade de vida e introduzir hábitos saudáveis tanto para a mãe</p><p>quanto para seu bebê (BRASIL, 2004; MARTINS et al., 2013).</p><p>Atendimento odontológico a gestantes e lactantes4</p><p>Na consulta odontológica durante o pré-natal, o cirurgião-dentista deve</p><p>orientar a gestante e familiares sobre a possibilidade de atendimento odon-</p><p>tológico seguro durante</p><p>a gravidez. Nesse âmbito, pode realizar exames de</p><p>tecidos moles, identificando possíveis riscos à saúde da gestante ou do</p><p>bebê, diagnosticar lesões de cárie e a necessidade de tratamento curativo,</p><p>diagnosticar gengivites e doenças periodontais crônicas e sua necessidade</p><p>de tratamento. Além disso o profissional da odontologia pode orientar a</p><p>gestante sobre hábitos alimentares corretos, como diminuir a ingestão de</p><p>alimentos açucarados e também fazer a higiene bucal adequada, evitando</p><p>diversas doenças e complicações na cavidade oral durante a gravidez. É</p><p>importante ressaltar, no entanto, que em nenhum momento a assistência</p><p>odontológica à gestante deve ser compulsória, respeitando suas escolhas</p><p>de tratamento ou não aderência ao atendimento odontológico (BRASIL, 2004;</p><p>MARTINS et al., 2013).</p><p>Seja como for, o pré-natal odontológico faz parte de um programa de</p><p>cuidado e atenção à saúde da gestante, principalmente na rede pública,</p><p>em que o cirurgião-dentista deve orientá-la sobre a importância tanto da</p><p>sua própria saúde bucal quanto do bebê. No entanto, fatores como a falta</p><p>de consultórios nas unidades de saúde, o temor dos odontólogos de serem</p><p>responsabilizados por qualquer fatalidade que possa ocorrer com a criança</p><p>e ainda a insegurança ou falta de conhecimento sobre os cuidados neces-</p><p>sários e as mudanças fisiológicas da gestação fazem com que o pré-natal</p><p>odontológico seja muitas vezes deixado de lado. Além disso, há diversos</p><p>estudos demonstrando insegurança e desconhecimento também por parte</p><p>das mães e familiares em relação à assistência odontológica na gravidez,</p><p>dificultando ainda mais a aderência ao tratamento das gestantes (BRASIL,</p><p>2004; OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>Assim, o cirurgião-dentista, além de prestar a assistência odontológica</p><p>habitual às gestantes, também deve atuar como agente educador e promotor</p><p>da educação em saúde das gestantes e da comunidade em geral. Para isso, o</p><p>profissional deve estar em constante busca por conhecimentos sólidos e com</p><p>respaldo científico em relação aos procedimentos que podem ser realizados</p><p>de forma segura ao longo da gestação (OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>Quanto ao atendimento propriamente dito, o cirurgião-dentista não apenas</p><p>pode como deve questionar suas pacientes sobre a possibilidade de gravidez</p><p>durante a anamnese, pois muitas vezes, devido à dificuldade de identificação</p><p>da gestação no primeiro trimestre, podem ser administrados medicamentos</p><p>e realizados procedimentos inadequados a esse período gestacional. Assim,</p><p>a anamnese da paciente é uma etapa essencial para garantir o tratamento</p><p>Atendimento odontológico a gestantes e lactantes 5</p><p>seguro e eficaz, seja na identificação da gestação, lactação ou outras alte-</p><p>rações fisiológicas como de doenças crônicas que merecem uma abordagem</p><p>diferenciada no consultório odontológico (OLIVEIRA et al., 2014).</p><p>Durante a gravidez, quase todos os procedimentos odontológicos podem</p><p>ser realizados, mas é preciso ter atenção especial com o período de duração</p><p>das consultas. De todo modo, é recomendado fazer anamnese completa</p><p>para adequar o tratamento às necessidades da paciente, com atenção ao</p><p>melhor período gestacional para o tratamento, além da escolha criteriosa do</p><p>tratamento adotado, se necessário. Além disso, tratamentos odontológicos</p><p>durante a gestação devem ter as dosagens farmacológicas ajustadas, os</p><p>procedimentos radiológicos realizados com atenção e a adoção de cuidados</p><p>específicos, assim como diminuição das influências ambientais (MOREIRA et</p><p>al., 2015; MATSUBARA; DEMETRIO, 2017; OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>Náuseas e vômitos são muitos comuns nas gestantes, com prevalência</p><p>de 70 a 85% delas, especialmente no primeiro trimestre, tornando sua</p><p>saliva mais ácida e podendo aumentar a probabilidade de desmineralização do</p><p>esmalte dental por erosão. Dessa forma, a hiperêmese pode levar à erosão den-</p><p>tária e à hipersensibilidade local. Para aliviar seu desconforto e evitar a erosão</p><p>dentária, as gestantes devem receber informações seguras de como utilizar um</p><p>colutório com flúor, além de fazer bochechos com água e bicarbonato de sódio</p><p>após o vômito na intenção de neutralizar a acidez bucal. Os dentes não devem</p><p>ser escovados imediatamente após o vômito e é recomendado utilizar escovas</p><p>macias para evitar danos ainda maiores ao esmalte (OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>É recomendado que as consultas sejam curtas, assim como os procedimen-</p><p>tos odontológicos, evitando o período mais frequente de náuseas e enjoos</p><p>de cada gestante, e orientando as pacientes a estarem bem alimentadas</p><p>para diminuir o risco de hipoglicemia. Em qualquer período gestacional,</p><p>consultas longas são contraindicadas, pois podem levar a ocorrência de</p><p>hipotensão na gestante. Além disso, a posição da cadeira e da gestante são</p><p>muito importantes, sendo recomendado evitar a posição de decúbito dorsal,</p><p>dando-se preferência ao decúbito lateral, para evitar hipotensão na gestante,</p><p>taquicardia e prejuízos na circulação útero–placenta (MOREIRA et al., 2015;</p><p>MATSUBARA; DEMETRIO, 2017; OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>O período gestacional é um fator importante a ser observado quanto à</p><p>escolha do tratamento odontológico, pois em cada trimestre gestacional a</p><p>partir da concepção temos características distintas de desenvolvimento do</p><p>bebê e das alterações no corpo da mãe. A seguir são listadas as principais</p><p>Atendimento odontológico a gestantes e lactantes6</p><p>características dos estágios gestacionais e seu impacto no atendimento</p><p>odontológico (MOREIRA et al., 2015; MATSUBARA; DEMETRIO, 2017; OLIVEIRA;</p><p>HADDAD, 2018).</p><p>� Primeiro trimestre: principais transformações embriológicas estão</p><p>acontecendo com o bebê.</p><p>� Segundo trimestre: período mais estável.</p><p>� Terceiro trimestre: maior risco de formação de cálculos para a mãe.</p><p>Maior frequência urinária e desconforto na posição de decúbito dorsal.</p><p>Desse modo, o período gestacional considerado ideal ou mais seguro</p><p>para realizar tratamentos odontológicos é o segundo trimestre da gestação.</p><p>Porém, se a gestante necessitar de tratamento odontológico de urgência e</p><p>emergência, tal tratamento deve ser prestado em qualquer período pelo</p><p>dentista, se possível contactando o médico responsável pela paciente.</p><p>Procedimentos como exodontias não complicadas, tratamento endodôn-</p><p>tico e periodontal, restauração dentária e instalação de próteses podem ser</p><p>feitas no segundo trimestre. Por sua vez, raspagem supragengival, controle</p><p>de placas com higiene bucal aumentada, além de orientações quanto a ali-</p><p>mentação e higiene em geral podem ser realizados em qualquer período</p><p>gestacional. Quando possível, procedimentos mais invasivos ou eletivos,</p><p>como reabilitação bucal extensa ou cirurgias, devem ser adiados para o pe-</p><p>ríodo posterior ao nascimento da criança (MOREIRA et al., 2015; MATSUBARA;</p><p>DEMETRIO, 2017; OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>O primeiro trimestre gestacional é o mais delicado para tratamento odon-</p><p>tológico, em função das alterações embrionárias que estão acontecendo no</p><p>desenvolvimento do feto. Nesse período, podem ser introduzidas práticas</p><p>educacionais de saúde bucal e orientações quanto a higiene correta, dieta</p><p>adequada, aleitamento materno e doenças que podem ocorrer na cavidade</p><p>oral em função de má escovação e limpeza.</p><p>O terceiro trimestre gestacional é o momento em que há maior risco</p><p>de anemia, hipertensão e síncope. Além disso, nesse período deve ser</p><p>redobrada a atenção com a posição da cadeira odontológica, e o tempo de</p><p>consulta da gestante que deve ser preferencialmente curto. Nesse sentido,</p><p>é preciso atentar ao risco de hipotensão postural e compressão da veia</p><p>cava em função do posicionamento da gestante na cadeira ao longo do</p><p>atendimento odontológico (MOREIRA et al., 2015; MATSUBARA; DEMETRIO,</p><p>2017; OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>Atendimento odontológico a gestantes e lactantes 7</p><p>Riscos do tratamento odontológico para</p><p>pacientes gestantes e lactantes</p><p>Desde os lamentáveis eventos ocorridos com a talidomida na década de</p><p>1960, um fármaco amplamente utilizado para tratar</p><p>enjoos em gestantes, os</p><p>cuidados com a administração de medicamentos e procedimentos médicos</p><p>junto a gestantes e lactantes se tornaram muito mais estritos. No tratamento</p><p>odontológico não é diferente, e muitos profissionais e pacientes tem receio em</p><p>realizar certos procedimentos odontológicos ou fazer uso de medicamentos</p><p>quando necessários (VASCONCELOS, 2012; MORO; INVERNIZZI, 2017).</p><p>O uso indiscriminado de medicamentos e a automedicação durante o</p><p>período de gestação e lactação não são recomendados pelos profissionais de</p><p>saúde e órgãos regulamentadores, por questões de segurança e racionalidade.</p><p>Durante o tratamento odontológico, no entanto, muitas vezes é inevitável</p><p>prescrever medicamentos, assim como realizar exames de imagem para</p><p>prestar a assistência odontológica ao longo da gestação e lactação. Essas</p><p>abordagens diagnósticas e terapêuticas podem ser feitas com segurança e</p><p>tranquilidade, desde que sejam seguidas algumas recomendações e cuidados</p><p>junto às pacientes gestantes e lactantes.</p><p>Nenhuma estratégia terapêutica ou diagnóstica está isenta de riscos ao</p><p>longo da clínica odontológica, mas quando o profissional tem conhecimento,</p><p>preparo e segurança sobre a escolha terapêutica ou diagnóstica a ser utili-</p><p>zada, os riscos envolvidos nesses processos diminuem significativamente.</p><p>Uma relação custo-benefício sempre deve ser levada em conta quando</p><p>o profissional está fazendo sua escolha terapêutica. Além da análise do</p><p>que é melhor para a paciente e seu bebê, o consentimento do tratamento</p><p>escolhido é essencial para que a conduta seja ética. Embora existam muitos</p><p>mitos que exageram os riscos envolvidos no tratamento odontológico da</p><p>gestante, os benefícios da assistência odontológica pré-natal são muitos</p><p>para mãe e para o bebê.</p><p>A segurança na prescrição de medicamentos anestésicos, anti-inflamató-</p><p>rios, analgésicos, antibióticos e ansiolíticos é uma preocupação constante dos</p><p>cirurgiões-dentistas quando se trata de uma paciente gestante ou lactante.</p><p>Dessa forma, é importante conhecer os fármacos a serem prescritos, sua</p><p>farmacocinética e sua farmacodinâmica materna e fetal. A Food and Drug</p><p>Administration (FDA), órgão regulamentador norte-americano semelhante</p><p>à Anvisa no Brasil e que estabelece normas e fiscaliza a utilização segura</p><p>de medicamentos nos Estados Unidos, criou uma classificação que divide</p><p>os fármacos em cinco categorias quanto a riscos à gestação: A, B, C, D e X,</p><p>Atendimento odontológico a gestantes e lactantes8</p><p>sendo a categoria A a mais segura e a categoria X a mais perigosa. Assim, é</p><p>essencial que o odontólogo conheça a segurança dos fármacos ou consulte</p><p>as bulas e compêndios oficiais para assegurar a indicação ou contraindicação</p><p>de cada prescrição na gravidez e lactação (MOREIRA et al., 2015; MATSUBARA;</p><p>DEMETRIO, 2017; OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>Já os anestésicos locais, bastante utilizados em procedimento odontológi-</p><p>cos, podem facilmente atravessar a barreira placentária, e são classificados</p><p>nas categorias B e C segundo a FDA. O uso de vasoconstritor nas formulações</p><p>anestésicas é indicado, pois retarda a absorção, aumenta o tempo de duração</p><p>da anestesia local e tem ação hemostática, reduzindo o risco de toxicidade</p><p>para a mãe e a criança.</p><p>A solução anestésica local mais segura para gestantes é a lidocaína 2%</p><p>com o vasoconstritor adrenalina 1:100.000 na solução, utilizando no máximo</p><p>dois tubetes anestésicos (3,6 mL) por sessão, através de injeção lenta e com</p><p>aspiração prévia, diminuindo o risco de injeções intravasculares acidentais</p><p>(MOREIRA et al., 2015; MATSUBARA; DEMETRIO, 2017; OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>A partir de uma análise de custo-benefício, entre os fármacos analgésicos</p><p>o paracetamol é o mais utilizado para dores leves a moderadas em qualquer</p><p>período gestacional, nas concentrações entre 500 e 750 mg, a cada 6 a 8</p><p>horas de intervalo mínimo. Já a dipirona sódica é um fármaco de segunda</p><p>escolha, não sendo recomendada no primeiro trimestre da gestação. Além</p><p>disso, oferece riscos de agranulocitose e de complicações perinatais asso-</p><p>ciadas à agregação plaquetária. Por sua vez, os anestésicos opioides, como</p><p>codeína e tramadol, classificados nas categorias C ou D pela FAD, não devem</p><p>ser utilizados se possível, pois seu uso prolongado ou em altas doses pode</p><p>provocar má-formação congênita e depressão respiratória.</p><p>O uso de anti-inflamatórios, como o ácido acetilsalicílico, não é indicado</p><p>na gestação, em especial no último trimestre, pois tais fármacos podem</p><p>causar sangramentos da mãe e do feto, contração uterina insuficiente no</p><p>parto e fechamento prematuro dos canais das artérias do feto. Além disso,</p><p>podem levar ao prolongamento do trabalho de parto, pois inibem a síntese</p><p>de prostaglandinas envolvidas nas contrações uterinas. Se realmente for</p><p>necessário utilizar anti-inflamatórios, é recomendada a prescrição daqueles</p><p>de núcleo esteroidal, como dexametasona ou betametasona em dose única,</p><p>se não houver contraindicação.</p><p>Por sua vez, os antibióticos são uma classe farmacológica muito utilizada</p><p>pelos dentistas, mas quando se trata de gestantes e lactantes as penicilinas</p><p>são os antimicrobianos de primeira escolha, como a amoxicilina e ampicilina.</p><p>Em casos de pacientes alérgicas às penicilinas, pode-se utilizar o estearato</p><p>Atendimento odontológico a gestantes e lactantes 9</p><p>de eritromicina. Fármacos macrolídeos, cefalosporinas, azólicos e tetraci-</p><p>clinas são menos indicados às gestantes e lactantes (MOREIRA et al., 2015;</p><p>MATSUBARA; DEMETRIO, 2017; OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>Ademais, os ansiolíticos são frequentemente administrados no consultório</p><p>odontológico para promover uma sedação leve, mas no caso das gestantes</p><p>os benzodiazepínicos como bromazepam, diazepam, clonazepam e lorazepam</p><p>não são indicados, pois apresentam risco considerável de teratogênese.</p><p>Outra dúvida frequente é sobre a possibilidade de realização de exames</p><p>radiológicos na gestante por solicitação de cirurgiões-dentistas. Esses exames</p><p>podem ser realizados se as medidas de proteção forem tomadas adequa-</p><p>damente, incluindo o uso de avental de chumbo de qualidade na gestante e</p><p>filmes ultrarrápidos no equipamento, que diminuem o tempo de exposição</p><p>à radiação ionizante. É importante ressaltar que a exposição radiológica</p><p>sofrida durante a radiografia odontológica é muito inferior à necessária para</p><p>causar más formações congênitas, mas, de todo modo, tomografias não têm</p><p>indicação durante a gravidez (MOREIRA et al., 2015; MATSUBARA; DEMETRIO,</p><p>2017; OLIVEIRA; HADDAD, 2018)</p><p>Mais uma prática odontológica que promove dúvidas é a utilização de</p><p>fluoretos. Como seu benefício é essencialmente local, auxiliando nos pro-</p><p>cessos de desmineralização do esmalte dentário, não há evidências que</p><p>justifiquem o efeito sistêmico da suplementação de flúor. Dessa forma, é</p><p>contraindicada a suplementação pré-natal de flúor (MOREIRA et al., 2015;</p><p>MATSUBARA; DEMETRIO, 2017; OLIVEIRA; HADDAD, 2018).</p><p>Sara é uma mulher de 26 anos que está grávida do seu primeiro</p><p>filho. Ela procurou atendimento odontológico após perceber que</p><p>alguns de seus dentes parecem estar ficando mais “finos” e apresentam muita</p><p>sensibilidade às variações de temperatura. Ao receber Sara em seu consul-</p><p>tório, você realizou o acolhimento e anamnese completa, verificando que a</p><p>paciente tem sofrido com hiperêmese gravídica. Nessa condição relacionada</p><p>à gestação, os vômitos frequentes podem fazer com que o pH da mucosa oral</p><p>fique diminuído, favorecendo as desmineralizações do esmalte e o surgimento</p><p>de sensibilidade térmica. Assim, você orientou Sara quanto aos cuidados na</p><p>alimentação, indicando inclusive a consulta médica e com um nutricionista.</p><p>Além disso, sugeriu a não escovação imediata após o vômito, mas sim um</p><p>bochecho com água e bicarbonato para alcalinizar levemente o pH. Também</p><p>recomendou o uso de escova com cerdas macias, para diminuir o desgaste do</p><p>esmalte e evitar complicações periodontais. Sara ficou feliz em ser orientada</p><p>e seguiu adequadamente as orientações, usufruindo de melhora</p><p>significativa</p><p>na sensibilidade e desgaste do esmalte.</p><p>Atendimento odontológico a gestantes e lactantes10</p><p>O aleitamento materno é uma prática muito recomendada e com diversos</p><p>benefícios para a criança e para a mãe. Muitas vezes, durante o tratamento</p><p>odontológico ocorre o abandono do aleitamento ou ainda a não assistência</p><p>odontológica pelo temor aos riscos da exposição medicamentosa dos lacten-</p><p>tes. Nesse sentido, cabe salientar a importância da constante revisão científica</p><p>em busca de informações confiáveis nessa área, apesar de muitas vezes essas</p><p>informações serem escassas. Levando-se em consideração os fármacos que</p><p>são rotineiramente utilizados na prática odontológica (anestésicos locais,</p><p>ansiolíticos ou sedativos, analgésicos, anti-inflamatórios e antimicrobianos),</p><p>de maneira geral as classificações de segurança atribuídas para o período de</p><p>gestação também são aplicáveis para o período de lactação (ANDRADE, 2014).</p><p>O uso de analgésicos como dipirona sódica e paracetamol pode ser feito,</p><p>evitando-se o uso de ácido acetilsalicílico. Já os anti-inflamatórios — ibupro-</p><p>feno, diclofenaco, cetorolaco e corticosteroides — podem ser prescritos para</p><p>lactantes, respeitando-se as doses terapêuticas. Por sua vez, os antibióticos</p><p>mais utilizados na odontologia, incluindo as penicilinas, são pouco excretados</p><p>no leite materno, sendo seu uso compatível com o aleitamento. Além disso, é</p><p>importante prestar atenção para possíveis alterações na microbiota bucal da</p><p>criança, que podem predispor a candidíase, diarreia, alergias ou alterações</p><p>em resultados de exames.</p><p>O cuidado no uso das doses terapêuticas (anestésicos locais, por exemplo),</p><p>o diálogo multiprofissional com o médico pediatra para avaliação do risco-</p><p>-benefício (no uso de benzodiazepínicos, por exemplo) e o conhecimento de</p><p>quais fármacos são indicados ou não é essencial para garantir a segurança</p><p>da criança e tratamento adequado à mãe. De modo breve e didático, alguns</p><p>princípios fundamentais para prescrição de medicamentos para lactantes</p><p>estão dispostos a seguir (ANDRADE, 2014).</p><p>� Avaliar a real necessidade da prescrição, cogitando ajustar a dose e</p><p>trocar informações com o pediatra.</p><p>� Dar preferência a medicamentos cuja segurança foi bem comprovada</p><p>para crianças e que sejam pouco excretados no leite materno. Exemplos</p><p>incluem a preferência de paracetamol no lugar de ácido acetilsalicílico</p><p>e de penicilinas no lugar de quinolonas.</p><p>� Preferir formas puras dos medicamentos em detrimento de associações</p><p>(tal como paracetamol em vez de paracetamol + ácido acetilsalicílico</p><p>+ cafeína).</p><p>� Evitar medicamentos de ação prolongada, dificultando a excreção</p><p>pelo lactente. Para sedação mínima por via oral, por exemplo, optar</p><p>Atendimento odontológico a gestantes e lactantes 11</p><p>por midazolam no lugar de diazepam, e na anestesia local optar por</p><p>lidocaína no lugar de bupivacaína.</p><p>� Prescrever um horário de administração de medicamento à mãe para</p><p>que seu período de máxima concentração não coincida com o horário</p><p>normal de amamentação. Em geral, a exposição do lactente a um me-</p><p>dicamento pode ser diminuída quando a mãe o ingere imediatamente</p><p>antes ou depois de amamentar.</p><p>� Orientar a mãe para que fique atenta a qualquer efeito colateral da</p><p>medicação na criança, incluindo alterações no seu padrão alimentar</p><p>ou nos seus hábitos de sono, bem como problemas gastrointestinais.</p><p>� Desde que sob supervisão médica, orientar a mãe a coletar seu leite com</p><p>antecedência e estocá-lo no congelador (por até duas semanas), a fim</p><p>de alimentar o bebê em caso de interrupção temporária da lactação.</p><p>Por fim, é importante ressaltar a necessidade de uma formação constante</p><p>por parte do cirurgião-dentista, buscando se atualizar frente às últimas des-</p><p>cobertas científicas relacionadas à assistência odontológica para gestantes</p><p>e lactantes. Dessa forma, os profissionais poderão realizar um atendimento</p><p>pré-natal à gestante de forma segura, desmistificando informações equivoca-</p><p>das e promovendo uma tão necessária educação em saúde às pacientes — e</p><p>muitas vezes aos próprios colegas de profissão.</p><p>Referências</p><p>ANDRADE, E. D. (org.). Terapêutica medicamentosa em odontologia. 3. ed. São Paulo:</p><p>Artes Médicas, 2014.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes da política</p><p>nacional de saúde bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: https://</p><p>bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_brasil_sorridente.htm. Acesso</p><p>em: 5 fev. 2022.</p><p>LAWRENCE, H. et al. Acesso à saúde bucal pública pelo paciente especial: a ótica do</p><p>cirurgião-dentista. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, v. 27, n. 2, p. 190-197, 2014.</p><p>Disponível em: https://doi.org/10.5020/2620. Acesso em: 5 fev. 2022.</p><p>MARTINS, L. O. et al. 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