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<p>UNIVERSIDADE PAULISTA</p><p>CURSO DE DIREITO</p><p>PAULA DA SILVA SANTOS</p><p>FEMINICÍDIO NO BRASIL</p><p>SÃO PAULO</p><p>2024</p><p>PAULA DA SILVA SANTOS</p><p>FEMINICÍDIO NO BRASIL</p><p>Monografia apresentada à faculdade de</p><p>Direito de São Paulo como parte dos</p><p>requisitos para conclusão de curso</p><p>em: / /2024</p><p>Professor Orientador: Dr. Ricardo</p><p>Andreucci</p><p>SÃO PAULO</p><p>2024</p><p>CIP - Catalogação na Publicação</p><p>Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Universidade Paulista</p><p>com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).</p><p>Santos, Paula da Silva</p><p>FEMINICÍDIO NO BRASIL / Paula da Silva Santos. - 2024.</p><p>3000 f.</p><p>Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Instituto</p><p>de Ciência Jurídicas da Universidade Paulista, São Paulo, 2024.</p><p>Área de Concentração: Direito Penal.</p><p>Orientador: Prof. Me. Marcio Andreucci.</p><p>1. Feminicídio no Brasil . I. Andreucci, Marcio (orientador). II. Título.</p><p>PAULA DA SILVA SANTOS</p><p>FEMINICÍDIO NO BRASIL</p><p>Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)</p><p>apresentado a Banca Examinadora da</p><p>Universidade Paulista (UNIP), como</p><p>parte dos requisitos necessários à</p><p>obtenção do título de Bacharel em</p><p>Direito.</p><p>São Paulo,</p><p>de 2024.</p><p>Aprovada em: / /</p><p>BANCA EXAMINADORA</p><p>/ /</p><p>Dr. Ricardo Andreucci</p><p>(Orientador-Unip) Universidade Paulista –UNIP</p><p>/ /</p><p>Prof. Universidade Paulista – UNIP</p><p>/ /</p><p>Prof. Universidade Paulista – UNIP</p><p>‘ A justiça não se estabelece sob o</p><p>discurso falacioso de que todos são</p><p>iguais perante a lei, mas sim na</p><p>comprovação de que a lei venha a ser</p><p>igual perante todos!’</p><p>Reinaldo Ribeiro – O Poeta do Amor</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>Agradeço, primeiramente a Deus, que me deu discernimento e sabedoria para</p><p>chegar até o presente momento;</p><p>Aos meus pais que batalharam comigo em toda minha trajetória;</p><p>Aos meus irmãos que tornaram esse processo mais leve.</p><p>RESUMO</p><p>A presente monografia, é um Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, na qual tem o</p><p>tema: '' Feminicídio no Brasil'', é explanado o conceito de feminicídio no Brasil, a</p><p>sua evolução histórica, as primeiras leis e artigos que tutelam a mulher, quem é o</p><p>sujeito passivo e ativo no crime de feminicídio, a diferença de violência doméstica e</p><p>violência contra a mulher, quais os tipos de violência contra a mulher e como o</p><p>Estado pode adotar medidas para prevenir a violência contra a mulher e o</p><p>feminicídio, este trabalho tem uma grande utilidade pública, pois é um tema de</p><p>grande repercussão e conhecimento.</p><p>Palavras-Chave: Feminicídio. Violência Doméstica. Legislação.</p><p>ABSTRACT</p><p>This monograph is a Course Conclusion Paper - TCC, which has the theme:</p><p>''Femicide in Brazil'', the concept of femicide in Brazil is explained, its historical</p><p>evolution, the first laws and articles that protect women, who is the passive and</p><p>active subject in the crime of femicide, the difference between domestic violence</p><p>and violence against women, what are the types of violence against women and</p><p>how the State can adopt measures to prevent violence against women and</p><p>femicide, this work has great public utility, as it is a topic of great repercussion and</p><p>knowledge.</p><p>Keywords: Femicide. Domestic Violence. Legislation.</p><p>SUMÁRIO</p><p>INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10</p><p>1 FEMINICÍDIO. ................................................................................................... 11</p><p>1.1 Origem/Conceito ...................................................................................... 11</p><p>1.2 Evolução Histórica ................................................................................... 18</p><p>1.3 Primeiras leis e artigos referente ao feminicídio ....................................... 21</p><p>1.4 Sujeito ativo e Sujeito passivo................................................................... 23</p><p>2 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ............................................................................ 24</p><p>2.1 Violência doméstica X Violência contra mulher ....................................... 24</p><p>2.2 Tipos de Violência contra a mulher .......................................................... 25</p><p>3 PREVENÇÃO AO FEMINICÍDIO. ................................................................ 26</p><p>3.1 Atitudes de prevenção do Estado ............................................................ 26</p><p>4 CONCLUSÃO. ............................................................................................... 29</p><p>5 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 30</p><p>10</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Neste Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, aborda o tema: ‘ O Feminicídio no</p><p>Brasil’’, tema polêmico, pois o Brasil lidera mundialmente o ranking de violência</p><p>contra a mulher em quinto lugar no mundo, ou seja, em solo nacional muitas</p><p>mulheres morrem vítimas da violência por simplesmente nascerem mulheres, neste</p><p>trabalho é abordado o conceito de feminicídio conforme diversos doutrinadores e</p><p>jurisprudências, além da evolução do crime e a base normativa.</p><p>No capítulo 1, refere-se a origem e o conceito do feminicídio conforme Guilherme</p><p>de Souza Nucci, Cleber Masson entre outros doutrinadores, com a análise</p><p>normativa da lei e análise das qualificadoras.</p><p>No capítulo 2, trata-se da violência doméstica e da violência contra mulher, neste</p><p>capítulo é conceituado o que é a violência doméstica e a violência contra mulher e</p><p>no capítulo seguinte é abordado a evolução histórica da violência contra a mulher,</p><p>sendo algo intrínseco na nossa sociedade desde os tempos antigos.</p><p>No capítulo 3, aborda-se a prevenção ao Feminícidio, qual o posicionamento e as</p><p>atitudes que o Estado deve adotar para evitar e abaixar os altos índices deste crime</p><p>na nossa sociedade.</p><p>No penúltimo e no último capítulo, trata-se da conclusão e bibliografia, na qual é</p><p>analisado toda a extensa pesquisa da presente monografia e todo o conhecimento</p><p>adquirido, na bibliografia tem todas as fontes de todos os livros e sites.</p><p>A metodologia utilizada nesta monografia é de pesquisa bibliográfica, e todos os</p><p>tipos documentação indireta e livros.</p><p>11</p><p>1 FEMINICÍDIO</p><p>Neste capítulo será abordado a origem e o conceito do feminicídio, como ocorreu a</p><p>sua evolução histórica, quais foram as primeiras leis e artigos e qual é o sujeito ativo</p><p>e passivo do crime.</p><p>1.1 Origem/Conceito</p><p>Guilherme de Souza Nucci leciona: ‘A morte da mulher sempre foi tutelada pelo</p><p>direito penal, no homicídio. Em verdade, não significa o termo “homicídio”1. O</p><p>feminicídio é derivado do Homicídio e visa não só eliminar a vida sexual do</p><p>homem/mulher, mas também a vida humana. Diversas normas foram editadas para</p><p>proteger a mulher, em face da opressão que enfrenta quando convive com alguém</p><p>do sexo masculino. É comum culturamente em várias partes do mundo, a mulher</p><p>ser inferiorizada sob diversos aspectos.</p><p>Segundo Cleber masson : Feminicídio é o homicídio doloso cometido contra a</p><p>mulher por razões da condição de sexo feminino. O legislador não foi feliz na</p><p>redação do tipo penal. No lugar de “razões da condição de sexo feminino” deveria</p><p>ter utilizado a expressão “razões de gênero”, seguindo o exemplo bem-sucedido</p><p>da Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha. A propósito, o Projeto de Lei</p><p>8.305/2014, que culminou na Lei 13.104/2015, adotava a terminologia “razões de</p><p>gênero”, mas esta foi substituída em decorrência de manobras políticas da</p><p>bancada “conservadora” do Congresso Nacional, com a finalidade</p><p>de excluir os</p><p>transexuais da tutela do feminicídio. E o que são “razões da condição de sexo</p><p>feminino”? O § 2.º-A do art. 121 do Código Penal contém uma norma penal</p><p>explicativa, assim redigida:</p><p>§ 2.º-A. Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o</p><p>crime envolve:</p><p>I – violência doméstica e familiar;</p><p>II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher.</p><p>Portanto, somente nessas duas hipóteses é que o homicídio doloso pode configurar</p><p>o feminicídio. Nesse ponto, é importante destacar que feminicídio e femicídio não</p><p>se confundem. Ambos caracterizam homicídio, mas, enquanto aquele se baseia em</p><p>razões da condição de sexo feminino, este consiste em qualquer homicídio contra a</p><p>mulher. Exemplificativamente, se uma mulher matar outra mulher no contexto de</p><p>uma briga de trânsito, estará configurado o femicídio, mas não o feminicídio. Foi</p><p>aprovada a Lei Federal n. 13.104 de 09/03/2015, na qual é intitulada uma nova</p><p>modalidade qualificadora, o chamado feminicídio. Segundo o art. 121, § 2º, VI, tem-</p><p>se que é qualificado o homicídio praticado contra a mulher por razões da condição</p><p>de sexo feminino. A explicação dada pela lei para tal inclusão, dada no art. 121, §</p><p>2º-A, é, no mínimo, curiosa. Afirma-se, assim:</p><p>1 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal, Vol 2 . Ed 8. Editora Forense. São Paulo.</p><p>2024.</p><p>2 MASSON, Cleber. Direito Penal, Parte Especial (Arts. 121 a 212). Ed 17. Editora Método. São</p><p>Paulo. 2024.</p><p>12</p><p>“considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime</p><p>envolve: violência doméstica e familiar” ou “menosprezo ou discriminação à</p><p>condição de mulher”.</p><p>Miguel Reale Júnior, ET AL, leciona: Inúmeras razões motivaram a inovação</p><p>legislativa, em especial a percepção de uma crescente violência em razão de</p><p>gênero. Entretanto, e em que pese certa racionalidade desse grau de proteção, a</p><p>nova disposição legislativa acaba por determinar, na prática, certa confusão entre</p><p>um aspecto objetivo (quando o crime envolve violência doméstica e familiar) e</p><p>um subjetivo (pois a qualificadora deveria se justificar em razão do menosprezo</p><p>ou discriminação à condição de mulher). Com isso, o que se pode constatar é</p><p>que um crime de homicídio praticado contra mulher, ainda quando não se dê em</p><p>função de violência doméstica ou em menosprezo à sua condição, acabe por ser</p><p>considerado, sim, qualificado, como se a mulher, per se, já fosse dotada de maior</p><p>proteção. Cumpre mencionar que o Superior Tribunal de Justiça entende ser o</p><p>feminicídio uma qualificadora de natureza objetiva (STJ, HC 430.222/MG, rel.</p><p>Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, j. 15-3-2018, DJe 22-3-2018)3.</p><p>Segundo Guilherme de Souza Nucci: Constitucionalmente, todos são iguais perante</p><p>a lei. Essa afirmação normativa não bastava, tendo em vista que as mulheres</p><p>continuavam a sofrer dentro de seus lares (principalmente) inúmeras formas de</p><p>violência física e psicológica. Adveio a Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)</p><p>contendo normas explicativas, programáticas e determinadas, com o fito de tutelar,</p><p>de maneira mais eficiente, a condição do sexo feminino, em particular nos</p><p>relacionamentos domésticos e familiares. O feminicídio4 é uma continuidade dessa</p><p>tutela especial, considerando homicídio qualificado e hediondo a conduta de matar a</p><p>mulher, valendo-se de sua condição de sexo feminino (vide tópico a seguir).</p><p>“Radford definia o feminicídio como o assassinato de mulheres cometido por</p><p>homens, como uma forma de violência sexual, aclarando que o conceito abarcava</p><p>algo mais que a sua definição legal de assassinato, levando a situações nas quais</p><p>as mulheres morrem como resultados de atitudes misóginas ou de práticas sociais.”</p><p>As Nações Unidas definem a violência contra as mulheres como "qualquer ato</p><p>de violência de gênero que resulte ou possa resultar em danos ou sofrimentos</p><p>físicos, sexuais ou mentais para as mulheres, inclusive ameaças de tais atos,</p><p>coação ou privação arbitrária de liberdade, seja em vida pública ou privada"3.</p><p>Conforme leciona Mauricio Schaun Jalil e Vicente Greco Filho: O feminicídio é</p><p>descrito como um crime cometido por homens contra mulheres, individualmente ou</p><p>em grupos, e tem características misóginas, de repulsa contra as mulheres. É o</p><p>assassinato de uma mulher pelo fato de ser mulher. Geralmente, acontece na</p><p>intimidade dos relacionamentos e, com frequência, é caracterizado por formas</p><p>extremas de violência e barbárie. Entretanto com a modernização o feminicídio hoje</p><p>em dia é criminalizado moralmente e legislativamente, diferente de antigamente7.</p><p>3 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Violência contra as mulheres. Dísponivel em:</p><p>https://www.paho.org/pt/topics/violence-against-</p><p>women#:~:text=As%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas%20definem%20a%20viol%C3%AAncia%</p><p>20contra,liberdade%2C%20seja%20em%20vida%20p%C3%BAblica%20ou%20privada%22. Acesso</p><p>em: 29 de agosto de 2024.</p><p>https://www.paho.org/pt/topics/violence-against-women#%3A~%3Atext%3DAs%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas%20definem%20a%20viol%C3%AAncia%20contra%2Cliberdade%2C%20seja%20em%20vida%20p%C3%BAblica%20ou%20privada%22</p><p>https://www.paho.org/pt/topics/violence-against-women#%3A~%3Atext%3DAs%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas%20definem%20a%20viol%C3%AAncia%20contra%2Cliberdade%2C%20seja%20em%20vida%20p%C3%BAblica%20ou%20privada%22</p><p>https://www.paho.org/pt/topics/violence-against-women#%3A~%3Atext%3DAs%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas%20definem%20a%20viol%C3%AAncia%20contra%2Cliberdade%2C%20seja%20em%20vida%20p%C3%BAblica%20ou%20privada%22</p><p>13</p><p>É um crime que é ignorado, praticado sem distinção de lugar, cultura, raça ou</p><p>classe, além de ser a expressão perversa de um tipo de dominação masculina que</p><p>ainda está fortemente presente na cultura brasileira, os números demonstram as</p><p>altas taxas de feminícidio. Planejado por homens contra mulheres, seus motivos são</p><p>o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda da propriedade sobre elas,</p><p>objetificando a mulher como coisa, e não ser humano6.</p><p>O § 7º do art. 121, do Código Penal, também inserido pela Lei n. 13.104/2015,</p><p>estabelece que a pena do feminicídio será aumentada de 1/3 até a metade se o</p><p>crime for praticado:</p><p>I – durante a gestação ou nos três meses posteriores ao parto;</p><p>O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que não há bis</p><p>in idem: “Caso que o Tribunal de origem afastou da pronúncia o crime de</p><p>provocação ao aborto (art. 125 do CP) ao entendimento de que a admissibilidade</p><p>simultânea da majorante do feminicídio perpetrado durante a gestação da vítima</p><p>(art. 121, § 7º, I, do CP) acarretaria indevido bis in idem.</p><p>2. A jurisprudência desta Corte vem sufragando o entendimento de que, enquanto</p><p>o art. 125 do CP tutela o feto enquanto bem jurídico, o crime de homicídio</p><p>praticado contra gestante, agravado pelo art. 61, II, h, do Código Penal protege a</p><p>pessoa em maior grau de vulnerabilidade, raciocínio aplicável ao caso dos autos,</p><p>em que se imputou ao acusado o art. 121, § 7º, I, do CP, tendo em vista a</p><p>identidade de bens jurídicos protegidos pela agravante genérica e pela</p><p>qualificadora em referência. 3. Recurso especial provido6”</p><p>II – contra pessoa maior de 60 anos ou com deficiência ou portadora de doenças</p><p>degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou</p><p>mental;</p><p>Esse dispositivo foi alterado pela Lei n. 14.344/2021, que retirou a majorante</p><p>relativa a vítimas menores de 14 anos, na medida em que a mesma lei inseriu tal</p><p>hipótese como qualificadora autônoma do homicídio.</p><p>III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;</p><p>IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos</p><p>incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei</p><p>Maria da Penha),</p><p>De acordo com o referido art. 22, constatada a prática de violência doméstica e</p><p>familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato,</p><p>ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de</p><p>urgência,</p><p>entre outras:</p><p>I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao</p><p>órgão competente;</p><p>II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;</p><p>III – proibição de determinadas condutas, entre as quais:</p><p>a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o</p><p>limite mínimo de distância entre estes e o agressor;</p><p>b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de</p><p>comunicação;</p><p>4 JUNIOR, Miguel Reale, Et Al. Código Penal Comentado. Ed 8. Editora Saraiva jur. São Paulo.</p><p>2023.</p><p>5 Alguns defendem que o correto é “femicídio”, porém os dicionários, em geral, apontam ambos os</p><p>termos como sinônimos. Alguns até se referem ao termo “femicídio” como uma palavra</p><p>morfologicamente deficiente. Sobre a origem do termo, consultar Elena Laporta Hernández,</p><p>Evolución del concepto. Um anglicismo que se desarolló en América Latina. In: Graciela Atencio,</p><p>Feminicidio, p. 63-87.</p><p>6 Gustavo A. Arocena e José D. Cesano, El delito de femicidio, p. 15, traduzimos.</p><p>7 JALIL, Mauricio Schaun, FILHO, Vicente Greco. Código Penal Comentado: Doutrina e</p><p>Jurisprudência. Ed 6a . Editora Manole. São Paulo. 2023.</p><p>14</p><p>c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e</p><p>psicológica da ofendida.</p><p>IV – restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a</p><p>equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;</p><p>V – prestação de alimentos provisionais ou provisórios;</p><p>VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e</p><p>VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento</p><p>individual e/ou em grupo de apoio.</p><p>2. A jurisprudência desta Corte vem sufragando o entendimento de que, enquanto</p><p>o art. 125 do CP tutela o feto enquanto bem jurídico, o crime de homicídio</p><p>praticado contra gestante, agravado pelo art. 61, II, h, do Código Penal protege a</p><p>pessoa em maior grau de vulnerabilidade, raciocínio aplicável ao caso dos autos,</p><p>em que se imputou ao acusado o art. 121, § 7º, I, do CP, tendo em vista a</p><p>identidade de bens jurídicos protegidos pela agravante genérica e pela</p><p>qualificadora em referência. 3. Recurso especial provido6”</p><p>II – contra pessoa maior de 60 anos ou com deficiência ou portadora de doenças</p><p>degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou</p><p>mental;</p><p>Esse dispositivo foi alterado pela Lei n. 14.344/2021, que retirou a majorante</p><p>relativa a vítimas menores de 14 anos, na medida em que a mesma lei inseriu tal</p><p>hipótese como qualificadora autônoma do homicídio.</p><p>III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;</p><p>IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos</p><p>incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei</p><p>Maria da Penha),</p><p>De acordo com o referido art. 22, constatada a prática de violência doméstica e</p><p>familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato,</p><p>ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de</p><p>urgência, entre outras:</p><p>I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao</p><p>órgão competente;</p><p>II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;</p><p>III – proibição de determinadas condutas, entre as quais:</p><p>a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o</p><p>limite mínimo de distância entre estes e o agressor;</p><p>b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de</p><p>comunicação;</p><p>c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e</p><p>psicológica da ofendida.</p><p>IV – restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a</p><p>equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;</p><p>V – prestação de alimentos provisionais ou provisórios;</p><p>VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e</p><p>VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento</p><p>individual e/ou em grupo de apoio8.</p><p>Como resultado, a majorante exige que uma das medidas protetivas mencionadas</p><p>acima tenha sido previamente aplicada e que o agente que comete o feminicídio</p><p>descumprindo a restrição imposta a ele. Ex.: O juiz da Vara da Violência Doméstica</p><p>contra Mulher ordenou o afastamento do marido do lar devido a uma agressão</p><p>anterior; no entanto, ele posteriormente invade o lar e mata a esposa. A resposta ao</p><p>feminicídio é uma punição agravada. A Lei incluiu esse dispositivo no Código</p><p>Penal. 13.771/2018. Por se tratar de uma majorante específica do crime de</p><p>feminicídio, parece-nos impossível punir o mesmo crime pelo art. 24. A Lei Maria da</p><p>Penha prevê prisão de três meses a dois anos para quem descumprir a</p><p>determinação judicial que tenha imposto medida protetiva de urgência.</p><p>8 REsp 1860829/RJ, Rel. Ministro Nefi Cordeiro, 6ª Turma, julgado em 15-9-2020, DJe 23-9-2020.</p><p>15</p><p>Vale ressaltar que no cenário brasileiro tivemos diversos feminicidas tais como:</p><p>Francisco de Assis Pereira (‘Maníaco do Parque’), caso Mércia Nakashima, Caso</p><p>Mônica Granuzzo, Maria Bueno, entre tantos outros. Há diversas espécies de</p><p>feminicídio, adinate vamos explanar cada uma delas: Femicídio íntimo: São crimes</p><p>cometidos por homens com os quais a vítima tem ou teve uma relação íntima,</p><p>familiar, de convivência ou afins. Incluem os crimes cometidos por parceiros sexuais</p><p>ou homens com quem tiveram outras relações interpessoais, por exemplo: maridos,</p><p>companheiros, namorados, seja em relações atuais ou passadas.</p><p>Femicídio não íntimo: São crimes cometidos por homens com os quais a vítima não</p><p>tinha relações íntimas, familiares ou de convivência, mas com os quais havia uma</p><p>relação de confiança, hierarquia ou amizade, por exemplo: amigos ou colegas de</p><p>trabalho, trabalhadores da saúde, empregadores. Os crimes classificados nesse</p><p>grupo podem ser classificados em dois subgrupos, segundo tenha ocorrido a prática</p><p>de violência sexual ou não, que seria o Abuso Sexual seguido de morte9.</p><p>Femicídio por conexão: crimes em que as mulheres foram assassinadas porque se</p><p>encontravam na “linha de fogo” de um homem que tentava matar outra mulher, ou</p><p>seja, são casos em que as mulheres adultas ou meninas tentam intervir para</p><p>impedir a prática de um crime contra outra mulher e acabam morrendo. Independem</p><p>do tipo de vínculo entre a vítima e o agressor, que pode inclusive ser desconhecido.</p><p>(“Femicídios e as mortes de mulheres no Brasil”, Cadernos Pagu (37), jul.-dez.</p><p>2011, p. 219-46)10.</p><p>O feminicídio é uma qualificadora do crime de homicídio, conforme entendimento do</p><p>STJ, é uma qualificadora de caráter objetivo, conforme o julgado abaixo:</p><p>“A jurisprudência desta Corte de Justiça firmou o entendimento</p><p>segundo o qual o feminicídio possui natureza objetiva, pois incide</p><p>nos crimes praticados contra a mulher por razão do seu gênero</p><p>feminino e/ou sempre que o crime estiver atrelado à violência</p><p>doméstica e familiar propriamente dita, assim o animus do agente</p><p>não é objeto de análisex.</p><p>“Nos termos do art. 121, § 2º-A, I, do CP, é devida a incidência da</p><p>qualificadora do feminicídio nos casos em que o delito é praticado</p><p>contra mulher em situação de violência doméstica e familiar,</p><p>possuindo, portanto, natureza de ordem objetiva, o que dispensa a</p><p>análise do ‘animus’ do agente. Assim, não há se falar em ocorrência</p><p>de bis in idem no reconhecimento das qualificadoras do motivo torpe</p><p>e do feminicídio, porquanto, a primeira tem natureza subjetiva e a</p><p>segunda objetiva”</p><p>9 (AgRg no REsp n. 1.741.418/SP, Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, DJe 15-6-2018)” 9</p><p>10 AgRg no AREsp 1.454.781/SP — Rel. Min. Sebastião Reis Junior — 6ª Turma — j. em 17-12-</p><p>2019, DJe 19-12-2019.</p><p>11 HC 433.898/RS — Rel. Min. Nefi Cordeiro — 6ª Turma — j. em 24-4-2018, DJe 11-5-2018</p><p>16</p><p>“As qualificadoras do motivo torpe e do feminicídio não possuem a</p><p>mesma natureza, sendo certo que a primeira tem caráter subjetivo,</p><p>ao passo que a segunda é objetiva, não havendo, assim, qualquer</p><p>óbice à sua imputação simultânea. Doutrina. Precedentes12”</p><p>Conforme Nestor Sampaio Penteado Filho e Eron Veríssimo Gimenes: A palavra</p><p>“feminicídio” é usada para conceituar o homicídio de mulheres em função do gênero</p><p>significa a violência extrema contra a mulher. Fala-se também em uxoricídio, do</p><p>latim ‘uxor’ (esposa, mulher casada), e ‘caedere’ (matar), que significa o homicídio</p><p>da mulher casada, tipificando tal crime com a necessária condição de</p><p>marido/convivente do sujeito ativo13.</p><p>Tanto um quanto outro resultam geralmente de uma escalada da violência contra a</p><p>mulher/esposa: ofensas, vias de fato, lesões corporais, até o ato maior de violência</p><p>Os números absurdos de feminicídios no país, no Estado de São Paulo, de janeiro a</p><p>novembro de 2019, foram registrados 155 casos, entretanto é apenas aqueles cujos</p><p>boletins de ocorrência mencionaram a circunstância da violência de gênero,</p><p>havendo a probabilidade de existir subnotificação ou cifra negra pelo registro de</p><p>mortes de mulheres como homicídio14.</p><p>Os dados estatísticos revelam que a causa da morte na imensa maioria dos</p><p>feminicídios é decorrente de lesões por arma de fogo. No entanto, em muitos casos</p><p>há outros métodos que exigem contato direto do agressor com a vítima, como o uso</p><p>de objetos cortantes (faca, estiletes etc.), perfurantes (punhal, picador de gelo,</p><p>tesoura etc.), contundentes (pedra, pedaço de madeira, cano etc.) e sufocação</p><p>(esganadura com as mãos, pés, joelhos no pescoço da vítima, uso de travesseiros</p><p>para impedir a respiração etc.), para consecução do delito.</p><p>Muitas vezes o contato direto do agressor com a vítima vem aliado a torturas</p><p>precedentes, lesões nos órgãos genitais, estupro e lesões faciais, indicadores de</p><p>crime passional. Não é incomum o agressor alegar que a vítima seja culpada de sua</p><p>morte, quer implicando com a forma pela qual ela se veste, quer pela sua postura</p><p>de mulher independente ou ainda por negar-lhe uma nova chance em reatar a</p><p>relação de matrimônio, namoro etc. É imperioso anotar que a violência contra as</p><p>mulheres assume grave problema para além da questão da segurança pública:</p><p>cuida-se de sério problema de saúde pública, com contornos epidemiológicos.</p><p>12 HC 430.222/MG — Rel. Min. Jorge Mussi — 5ª Turma — j. em 15-3-2018, DJe 22-3-2018</p><p>13 FILHO, Nestor Sampaio Penteado; GIMENES, Eron Veríssimo. Criminologia. 14 Ed. Saraiva</p><p>Jur. 2018.</p><p>14 Fonte: CAP/SSP/SP. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 16 set. 2024.</p><p>http://www.ssp.sp.gov.br/Estatistica/ViolenciaMulher.aspx</p><p>17</p><p>A violência praticada pelo companheiro (marido, namorado etc.) contra as mulheres</p><p>revela um crescimento nos atendimentos no sistema único de saúde, inclusive com</p><p>transtornos psiquiátricos como pânico, agorafobia e Transtorno de Estresse Pós-</p><p>Traumático (TEPT).</p><p>Como analisar a condição de sexo feminino no feminicídio?</p><p>Para Guilherme de Sousa Nucci: A inserção dessa expressão trata-se de uma nova</p><p>motivação para matar, razão pela qual a qualificadora introduzida no inciso VI do §</p><p>2.º, do art. 121 seria subjetiva. Assim sendo, não conviveria com as qualificadoras</p><p>dos incisos I, II e V. Essa expressão diz respeito ao fundamento de criação do</p><p>feminicídio. Seria simples demais colocar no inciso V I apenas contra a mulher.</p><p>Afinal, o caput (matar alguém) já previa isso. O termo “alguém” envolve o homem e</p><p>a mulher, pouco importando a sua condição sexual, idade, posição social etc15.</p><p>O legislador conduzido a fundamentar a opção normativa de uma nova qualificadora</p><p>com o objetivo de conferir maior proteção à mulher, por ser do sexo feminino, a</p><p>pessoa que, em virtude de sua inferioridade de força física, de sua subjugação</p><p>cultural, de sua dependência econômica, de sua redução à condição de serviçal do</p><p>homem (seja marido, companheiro, namorado), é a parte fraca do relacionamento</p><p>doméstico ou familiar. Esse é o prisma do feminicídio: matar a mulher por razões da</p><p>condição de sexo feminino. O homem mata ou lesiona a mulher porque se sente (e</p><p>é, na maioria imensa dos casos) mais forte. Mas seu motivo não é esse: mata</p><p>porque acha que ela o traiu; mata porque quer livrar-se do relacionamento; mata</p><p>porque é extremamente ciumento; mata até porque foi injustamente provocado. O</p><p>agente (sujeito ativo), pode ser outra mulher, num relacionamento homossexual; ao</p><p>matar a outra mulher, porque ela é a parte fraca da relação, também responde por</p><p>feminicídio. A mulher mais forte, que mata a mais fraca, não o faz porque ela é do</p><p>sexo feminino, mas porque tem ciúme e o relacionamento deteriorou-se.</p><p>Assim, a qualificadora “contra a mulher por razões de condição de sexo feminino” é</p><p>o fiel espelho, em continuidade, da Lei Maria da Penha. Confere-se maior tutela à</p><p>mulher porque ela é o sexo fragilizado nas relações domésticas e familiares.</p><p>Imagine-se que o agente mate a mulher, porque é misógino. O motivo pode ser</p><p>considerado torpe (ódio às mulheres) e ainda é aplicável a qualificadora de eliminar</p><p>a vida da mulher, porque ela é o sexo frágil, física e culturalmente frágil.</p><p>15 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal – Volume único. 19 Ed. Gen Jurídico.</p><p>São Paulo. 2023.</p><p>18</p><p>Esse foi um dos focos de debate da Lei 11.340/2006, considerada inconstitucional,</p><p>pois confere maior proteção à mulher que ao homem? Chegou-se, majoritariamente,</p><p>à conclusão negativa, pois se está tutelando desigualmente os desiguais. É o</p><p>fundamento de várias outras leis, que protegem deficientes físicos ou mentais,</p><p>tutelam pessoas em virtude de raça, religião etc. Por certo, a lei não é constituída de</p><p>exceções, mas de regras gerais. Quando se idealizou a agravante de crime</p><p>praticado contra criança, enfermo, mulher grávida ou idoso, é explanada a maioria</p><p>esmagadora das hipóteses de evidente covardia do agente (mais forte) em face de</p><p>pessoas com dificuldade de defesa. Imagine-se um crime de estelionato praticado</p><p>contra mulher grávida, no início da gravidez. A mulher ainda está trabalhando</p><p>normalmente e é ludibriada pelo estelionatário, que pode até saber de sua</p><p>gestação. Não há nenhum nexo causal entre o crime e a condição física da</p><p>gestante, razão pela qual inexiste motivo para aplicar a agravante. O mesmo pode</p><p>ocorrer no cenário do feminicídio, desde que se prove que a vítima (mulher) não se</p><p>encontrava em condição de inferioridade, sob nenhum prisma. Afinal, as</p><p>qualificadoras objetivas também comportam debate e controvérsia (desferir 40</p><p>facadas na vítima é um meio cruel? Depende do caso concreto, somente para dar</p><p>um exemplo). O mesmo raciocínio se aplica ao feminicídio. Confira-se, também, a</p><p>respeito o parágrafo abaixo ‘ in verbis ‘: é de caráter objetivo</p><p>§ 2.º-A inserido no art. 121: “considera-se que há razões de condição de sexo</p><p>feminino quando o crime envolve: I – violência doméstica e familiar; II –</p><p>menosprezo ou discriminação à condição de mulher”.</p><p>1.2 Evolução Histórica</p><p>Conforme Victor Eduardo Rios Gonçalves: ‘A presente figura delituosa foi</p><p>introduzida no Código Penal pela Lei n. 13.104/2015. Não obstante a</p><p>denominação específica contida no texto legal – feminicídio –, cuida-se, em</p><p>verdade, de nova forma qualificada do crime de homicídio’.</p><p>A tipificação legal do feminicídio nas legislações ao redor do mundo, é fato recente</p><p>na história. No entanto, desde a Bíblia encontramos relatos de morte de mulheres,</p><p>verdadeiro feminicídio, apesar de o conceito de violência de gênero e de</p><p>feminicídio, serem relativamente recentes. O primeiro feminicídio que se tem notícia</p><p>registrado inclusive na Bíblia, é a tentativa de “apedrejamento da mulher”, episódio</p><p>descrito no Evangelho de São João (8, 1-11). Em tal passagem bíblica, Jesus está</p><p>no Templo pregando, quando aparecem os escribas e os fariseus, trazendo consigo</p><p>uma mulher que praticou adultério. Eles a colocam no meio da roda, entre</p><p>Jesus e</p><p>o povo. Conforme a lei da época, esta mulher deveria ser apedrejada até a morte.</p><p>Assim, eles perguntam a Jesus a sua opinião16.</p><p>16 JALIL, Mauricio Schaun, FILHO, Vicente Greco. Código Penal Comentado: Doutrina e</p><p>Jurisprudência. Ed 6a . Editora Manole. São Paulo. 2023.</p><p>19</p><p>Assim, a mulher que a princípio era considerada culpada, até mesmo pelas leis da</p><p>época e merecedora da pena capital, em frente de Jesus, foi absolvida, redimida e</p><p>dignificada. Jesus absolveu e protegeu a mulher adúltera, numas das primeiras</p><p>tentativas de feminicídio ou morte de mulher relatada na Bíblia, e de que temos</p><p>notícia na história. Desde a Bíblia via-se a exclusão da mulher, considerando-a</p><p>inapta para a vida pública, deixando-a reservada somente para a função de esposa</p><p>e mãe. Apesar da lei prever a morte do casal adúltero, somente a mulher era</p><p>apedrejada. Assim, a mulher desde então era culpabilizada, pela própria má sorte,</p><p>se um crime era praticado contra ela, no caso, a tentativa de feminicídio, tal só tinha</p><p>ocorrido, porque ela tinha dado causa. E a defesa da honra do homem, justificava</p><p>até mesmo a morte de quem na verdade, era vítima, do crime e da cultura</p><p>patriarcal.</p><p>Com o advento da história, melhor sorte não ocorreu às mulheres. Passamos ao</p><p>caso de Ângela Diniz, assassinada pelo companheiro Doca Street, em 30 de</p><p>dezembro de 1976, em Búzios, no litoral do Rio de Janeiro. Doca Street matou</p><p>Ângela Diniz com três tiros desferidos contra o seu rosto e mais um tiro na nuca,</p><p>deixando-a desfigurada. A vítima era conhecida por sua beleza, sendo chamada de</p><p>“Pantera de Minas”, sendo que ao decidir expulsar de casa seu atroz, o mesmo</p><p>após sair do local, retornou em seguida e efetuou os disparos fatais. Em seu</p><p>primeiro julgamento, Doca Street recebeu uma pena de apenas dois anos de</p><p>reclusão com direito a sursis processual, sendo que não precisaria sequer cumprir</p><p>a pena, tendo no julgamento seu advogado, Evandro Lins e Silva, alegado legítima</p><p>defesa da honra.</p><p>Com tal discussão, a sociedade que havia apoiado ‘Doca Street’ no primeiro</p><p>julgamento, recebendo-o com aplausos na entrada do fórum e com cartazes</p><p>dizendo que Cabo Frio estava ao lado do réu, passou no segundo julgamento a</p><p>mudar a sua postura, a partir do entendimento de que não se poderia atribuir ao</p><p>amor, a morte de uma mulher pelo seu companheiro, simplesmente porque esta</p><p>não queria mais o relacionamento amoroso. No entanto, ainda prevalece em nossa</p><p>sociedade atual, o pensamento na sociedade, ainda imputando às vítimas a</p><p>responsabilidade pelo crime sofrido, isto é, pelo feminicídio. Se o autor do crime a</p><p>matou, foi porque a vítima contribuiu para o crime: não sendo uma boa mãe, uma</p><p>boa esposa, tendo comportamento sexual condenável, entre outras falsas</p><p>justificativas, com o único fim de reforçar uma legítima defesa da honra, ainda que</p><p>tal não esteja sequer disciplinada atualmente na legislação do nosso país, tratando-</p><p>se de mera construção jurisprudencial.</p><p>20</p><p>As condições estruturais dessas mortes também enfatizam que são resultados da</p><p>desigualdade de poder que caracteriza as relações entre homens e mulheres nas</p><p>sociedades, contrapondo-se a explicações amplamente aceitas de que se tratam de</p><p>crimes passionais, motivados por razões de foro íntimo ou numa abordagem</p><p>patologizante, como resultado de distúrbios psíquicos.</p><p>Conforme mencionado nas Diretrizes Nacionais para investigar, processar e julgar</p><p>com perspectiva de gênero – Feminicídio, as mortes violentas de mulheres por</p><p>razões de gênero ocorrem em todos os países do planeta, seja em tempos de</p><p>guerra ou paz, e em muitas dessas mortes há a tolerância da sociedade e dos</p><p>governos, justificadas por costumes, tradições, aceitas com naturalidade e</p><p>normalidade, atribuindo e dando direito aos homens de punir as mulheres da</p><p>família: Pouco se sabe sobre as mortes, inclusive sobre o número exato de sua</p><p>ocorrência, mas é possível afirmar que ano após ano muitas mulheres morrem em</p><p>razão de seu gênero, ou seja, em decorrência da desigualdade de poder que</p><p>coloca mulheres e meninas em situação de maior vulnerabilidade e risco social nas</p><p>diferentes relações de que participam nos espaços público e privado. Desta forma,</p><p>é importante analisar a evolução do conceito de feminicídio, bem como, as demais</p><p>causas que são apontadas como causas da perpetuação do problema, dentre elas,</p><p>a cultura e a mídia, para se conseguir verificar os motivos de feminicídios</p><p>continuarem a ocorrer no tempo17.</p><p>17 Diretrizes Nacionais Feminicídio, 2015, p. 13, apud ONU MULHERES, 2012.</p><p>21</p><p>1.3 Primeiras leis e artigos referente ao feminicídio</p><p>Em relação ao inciso I (homicídio contra mulher motivado por razões do sexo</p><p>feminino por envolver violência doméstica ou familiar) é necessário fazer uma</p><p>análise com o art. 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), que conceitua</p><p>violência doméstica ou familiar como:</p><p>“qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,</p><p>sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”, no âmbito</p><p>da unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto.</p><p>A denúncia alegou violação aos artigos 1, 8, 24 e 25 da Convenção Americana de</p><p>Direitos Humanos e aos artigos 3, 4 “a” a “g”, 5 e 7 da Convenção Interamericana</p><p>para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (Convenção de Belém</p><p>do Pará)18.</p><p>Para ocorrer a tipificação da violência doméstica ou familiar caracterizadora do</p><p>feminicídio, é imprescindivel que a agressão tenha como fator determinante o</p><p>gênero feminino, não bastando que a vítima seja a esposa, a companheira, ou</p><p>qualquer ser do sexo feminino etc. Caso o marido mata a esposa porque ela não</p><p>quis manter relação sexual ou porque não acatou suas ordens, ou, ainda, porque</p><p>pediu o divórcio, configura-se o feminicídio. Entretanto, se ele mata a esposa com o</p><p>objetivo de receber o seguro de vida por ela contratado, não há tipificação, e sim</p><p>homicídio qualificado por motivo torpe. Este também é o entendimento de Rogério</p><p>Sanches Cunha18 e Ronaldo Batista Pinto18 e de Cezar Roberto Bitencourt19. Em</p><p>sentido contrário, argumentando que o feminicídio, nesta modalidade do inciso I, é</p><p>de caráter objetivo, temos a opinião de Guilherme de Souza Nucci, segundo o qual</p><p>o crime é qualificado pelo fato de a vítima ser mulher, o fato da vítima ser mulher é</p><p>uma condição objetiva, Quando alguém mata em razão de ter flagrado cônjuge ou</p><p>companheiro em ato de adultério, é possível o reconhecimento do privilégio, pois é</p><p>inegável que a situação do flagrante provoca violenta emoção e que o adultério é</p><p>considerado ato de injusta provocação. Não se trata aqui de morte baseada em</p><p>mero ciúme, e sim de violenta emoção decorrente do flagrante de adultério. No</p><p>passado alguns homens que cometeram crimes em tal situação foram absolvidos</p><p>por legítima defesa da honra. Os Tribunais, todavia, há muitos anos, rechaçaram tal</p><p>possibilidade de absolvição, alegando que existe completa desproporção entre o</p><p>homicídio e o ato de adultério, o que inviabiliza a absolvição por legítima defesa20.</p><p>18 Violência doméstica: Lei Maria da Penha comentada artigo por artigo. 6. ed. São Paulo: RT,</p><p>2015, p. 84.</p><p>19 Cezar Roberto Bitencourt. Curso de direito penal. Parte Especial. Rio de Janeiro: Forense,</p><p>2017, v. 2, p. 46-47.</p><p>20 Disponível em: . Acesso em: 29 de agosto de 2024.</p><p>http://www.cezarbitencourt.adv.br/index.php/artigos/34-homicídio-discriminatorio-por-</p><p>22</p><p>A Corte Suprema, inclusive, no julgamento da Arguição de Descumprimento de</p><p>Preceito Fundamental (ADPF) n. 779, em 12 de março de 2021, vedou a utilização,</p><p>no Plenário do Tribunal do Júri, da tese da legítima defesa da honra conforme a</p><p>decisão abaixo:</p><p>Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou</p><p>integralmente</p><p>procedente o pedido formulado na presente arguição</p><p>de descumprimento de preceito fundamental para: (i) firmar o</p><p>entendimento de que a tese da legítima defesa da honra é</p><p>inconstitucional, por contrariar os princípios constitucionais da</p><p>dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF), da proteção à vida</p><p>e da igualdade de gênero (art. 5º, caput, da CF); (ii) conferir</p><p>interpretação conforme à Constituição aos arts. 23, inciso II, e 25,</p><p>caput e parágrafo único, do Código Penal e ao art. 65 do Código de</p><p>Processo Penal, de modo a excluir a legítima defesa da honra do</p><p>âmbito do instituto da legítima defesa e, por consequência, (iii)</p><p>obstar à defesa, à acusação, à autoridade policial e ao juízo que</p><p>utilizem, direta ou indiretamente, a tese de legítima defesa da honra</p><p>(ou qualquer argumento que induza à tese) nas fases pré-</p><p>processual ou processual penais, bem como durante o julgamento</p><p>perante o tribunal do júri, sob pena de nulidade do ato e do</p><p>julgamento; (iv) diante da impossibilidade de o acusado beneficiar-</p><p>se da própria torpeza, fica vedado o reconhecimento da nulidade,</p><p>na hipótese de a defesa ter-se utilizado da tese com esta finalidade.</p><p>Por fim, julgou procedente também o pedido sucessivo apresentado</p><p>pelo requerente, de forma a conferir interpretação conforme à</p><p>Constituição ao art. 483, III, § 2º, do Código de Processo Penal,</p><p>para entender que não fere a soberania dos vereditos do Tribunal</p><p>do Júri o provimento de apelação que anule a absolvição fundada</p><p>em quesito genérico, quando, de algum modo, possa implicar a</p><p>repristinação da odiosa tese da legítima defesa da honra. Tudo nos</p><p>termos do voto reajustado do Relator. Presidência da Ministra Rosa</p><p>Weber. Plenário, 1º.8.202321.</p><p>Nota-se, por consequência, que, para o reconhecimento do privilégio, não é</p><p>necessário que a vítima tenha tido a específica intenção de provocar, bastando que</p><p>o agente se sinta provocado. No caso do adultério, por exemplo, o cônjuge traidor</p><p>sequer pretendia que o outro tomasse conhecimento disso. A lei do feminicídio foi</p><p>sancionada em março de 2015 e, de modo que é somente a partir de 2016 que</p><p>temos os dados disponíveis do período de janeiro a dezembro de cada ano. Mesmo</p><p>considerando a subnotificação de casos nos primeiros anos de vigência da</p><p>legislação, ao menos 10.655 mulheres foram vítimas de feminicídio entre 2015 e</p><p>2023.</p><p>21 ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. Disponível em:</p><p>https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6081690. Acesso em: 24 de set de 2024.</p><p>https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6081690</p><p>23</p><p>1.4 Sujeito ativo e Sujeito passivo</p><p>Somente as mulheres podem ser sujeito passivo do crime de feminicídio. Mulheres</p><p>transx podem ser vítima deste delito. Homens, homossexuais do gênero masculino</p><p>ou travestis não podem figurar como sujeito passivo do delito. O homicídio de um</p><p>travesti cometido por preconceito constitui homicídio qualificado pelo motivo torpe.</p><p>Já o sujeito ativo, pode ser qualquer pessoa, sendo o crime classificado por ser um</p><p>crime comum.</p><p>Conforme Cleber Mason: O feminicidio trata-se de crime comum ou geral: pode ser</p><p>cometido por qualquer pessoa. Em princípio, não se admite o concurso de pessoas,</p><p>pois o feminicídio é circunstância pessoal ou subjetiva (CP, art. 30)22. Muitas vezes</p><p>as vítimas de feminicidio são esposas/namoradas/amiga, no caso abaixo, conforme</p><p>o relator Luis Soares de Melo: ‘ Consta da denúncia que o acusado e a vítima</p><p>mantêm relacionamento amoroso, mas que a ofendida se relaciona também com</p><p>outras pessoas, o que incomoda o réu, que, no entanto, mantém o relacionamento</p><p>com a ofendida’.</p><p>EMENTA: Recurso em sentido estrito. Pronúncia por homicídio</p><p>praticado por motivo fútil e emprego que dificultou a defesa da</p><p>vítima (art. 121, § 2º, II e IV, do Código Penal). Requisitos de</p><p>materialidade e autoria bem caracterizados nos autos. Evidências</p><p>mais que suficientes a mandar a causa a julgamento popular pelo</p><p>Tribunal do Júri, foro apropriado para tanto. Qualificadora de</p><p>feminicídio que deve ser mantida. Homicídio praticado em contexto</p><p>de relacionamento amoroso, que pode caracterizar a tipicidade</p><p>prevista no art. 121, § 2º, III e VI, na forma do § 2-A, I, do Código</p><p>Penal. Matéria a ser analisada em Plenário23. Indícios de autoria</p><p>suficientes à pronúncia. Insuficiência probatória não caracterizada.</p><p>Prisão preventiva necessária. Recurso defensivo improvido, provido</p><p>o ministerial24.</p><p>22 MASSON, Cleber. Direito Penal, Parte Especial (Arts. 121 a 212). Ed 17. Editora Método. São</p><p>Paulo. 2024.</p><p>23 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Recurso Em</p><p>Sentido Estrito nº 1525275-88.2021.8.26.0114 -Voto nº 67.229 2 Voto nº 67.229 Recurso em Sentido</p><p>Estrito nº 1525275-88.2021.8.26.0114 Comarca: Campinas (Vara do Júri) Juiz: Dr. Claudio Juliano</p><p>Filho Recorrentes/Recorridos: Ricardo Henrique Ramos e Ministério Público (Dr. Alberto Cerqueira</p><p>Freitas Filho). Disponível em:</p><p>https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=18359537&cdForo=0. Acesso em: 24 de set de</p><p>2024.</p><p>24 O Plenário do Supremo Tribunal Federal deu provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 670.422,</p><p>com repercussão geral reconhecida, para autorizar a alteração do registro civil de pessoa</p><p>trans-gênero, diretamente pela via administrativa, independentemente da realização de procedimento</p><p>cirúrgico de redesignação de sexo, ou pela via judicial.</p><p>https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=18359537&cdForo=0</p><p>24</p><p>2.0 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA</p><p>Neste capítulo é abordado a Violência doméstica e a violência contra a mulher e</p><p>quais os tipos de violência.</p><p>2.1 Violência doméstica X Violência contra mulher</p><p>Uma das razões para a condição de gênero feminino (§ 2o-A, I) é a ocorrência de</p><p>violência doméstica e familiar. É importante destacar que a qualificadora do</p><p>feminicídio é objetiva, uma vez que a condição de ser mulher é a principal</p><p>responsável por grande parte da violência doméstica e familiar, devido à covardia</p><p>do agente. Não é uma razão para agredir a mulher, mas o companheiro o faz</p><p>porque ela é mais fraca. Os motivos podem variar dos mais simples aos mais</p><p>relevantes para o agressor, mas, para se configurar violência doméstica ou familiar,</p><p>de acordo com a Lei Maria da Penha, o motivo do ataque é irrelevante.</p><p>Disciplina o tema o art. 5.º da Lei 11.340/2006 (denominada Lei Maria da Penha),</p><p>nos seguintes termos: “para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e</p><p>familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe</p><p>cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou</p><p>patrimonial: I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de</p><p>convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as</p><p>esporadicamente agregadas; II – no âmbito da família, compreendida como a</p><p>comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos</p><p>por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III – em qualquer relação</p><p>íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,</p><p>independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais</p><p>enunciadas neste artigo independem de orientação sexual” (grifamos). De acordo</p><p>com uma análise do sistema legal, torna-se possível definir violência doméstica e</p><p>familiar de acordo com a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) como "qualquer ato ou</p><p>negligência motivados pelo gênero que resultem em morte, lesões, dor física, sexual</p><p>ou psicológica, além de danos morais ou patrimoniais". Portanto, torna-se essencial</p><p>avaliar se a violência ocorrida tem como base o gênero ou não.</p><p>O caso da Maria da Penha, vítima de violência doméstica, foi o que impulsionou a</p><p>edição da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), como parte de uma agenda estatal</p><p>para a prevenção e repressão à violência doméstica e familiar contra a mulher,</p><p>consistindo em um exitoso</p><p>exemplo da articulação entre Estado e sociedade na</p><p>promoção dos direitos da cidadania25.</p><p>No parágrafo supracitado é explanado que apenas existiu a Lei Maria da Penha, por</p><p>conta do excesso de mulheres falecendo de feminicídio.</p><p>25 SANTOS, de Castro ; CALHEIROS, Maria Clara da Cunha, MESSA, Ana Flávia. Violência contra</p><p>a mulher. Ed única. Almedina. São Paulo. 2023.</p><p>25</p><p>A partir de uma denúncia pública feita pela vítima, após sofrer, no contexto de uma</p><p>violência reiterada, duas tentativas de homicídio por seu companheiro em 1983,</p><p>sem que, 15 anos depois, ele tivesse sido devidamente responsabilizado, o Comitê</p><p>Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM) e o</p><p>Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) apresentaram uma denúncia à</p><p>Comissão Interamericana de Direitos Humanos, recebida em 20 de agosto de 1998.</p><p>2.2 Tipos de Violência contra a mulher</p><p>A violência contra a mulher pode ser: F i ́s i ca, sexual, p si c ol ó gica, moral e</p><p>patrimonial. A norma atendeu à recomenda ção da Conven ça ̃o de Belé m do Pará .</p><p>Ela quebra a regra, na legisla ça ̃o penal brasileira, de que a lei, quando menciona</p><p>somente violê ncia, sem se referir à grave ameaça, indica somente a f i ́si ca. Assim,</p><p>para fins de adequa ça ̃o dos tipos realizados no â mbito domé stico ou familiar, a ex-</p><p>pressão “ vi o l ê ncia” abrange, alé m de outras, as duas formas, quais sejam, a f i ́sica e</p><p>a moral (grave ameaça).</p><p>Lei n. 11.340/2006, art. 5o I – no â mbito da unidade domé stica, compreendida como</p><p>o espaço de conv i ́vi o permanente de pessoas, com ou sem v i ́ncul o familiar,</p><p>inclusive as esporadicamente agregadas;</p><p>Relacionamento domé stico</p><p>Concernente ao lar. Lei n. 11.340/2006, art. 5º II – no â mbito da fam i ́l i a ,</p><p>compreendida como a comunidade formada por indiv i ́duos que são ou se</p><p>consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade</p><p>expressa;</p><p>Violê ncia familiar: A violê ncia pode t a mb é m ser cometida no â mbito familiar, consis-</p><p>tente na comunidade integrada por parentes ou pessoas que assim se con-</p><p>sideram, ligados por liames naturais, afinidade ou vontade expressa.</p><p>Fam i ́l i a substituta também pode estar incluída no núcleo do tipo. A maioria das</p><p>pessoas não imaginam mais o feminicídio e a violência contra a mulher pode</p><p>ocorrer de mulher contra mulher, ou seja em relações de Homossexualismo</p><p>feminino</p><p>A fam i ́l i a pode ser formada por um casal de lé sbicas (homossexuais femininas) que</p><p>se consideram unidas por vontade expressa. Alé m disso, de ver-se que o inciso III</p><p>concede rel ev â ncia ao afeto na conceitua ção da famíl ia.</p><p>26</p><p>3.2 Atitudes de prevenção do Estado</p><p>No ano de 2023, 1.463 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil, taxa de</p><p>1,4 mulheres mortas para cada grupo de 100 mil, crescimento de 1,6%</p><p>comparado ao mesmo período do ano anterior, e o maior número já registrado</p><p>desde a tipificação da leix.</p><p>Conforme o Ministério da Justiça e Segurança Pública, há dois Estados</p><p>empatados em segundo lugar, os estados mais violentos para mulheres foram</p><p>Acre, Rondônia e Tocantins, com taxa de 2,4 mortes por 100 mil. Enquanto Acre</p><p>e Tocantins tiveram crescimento de, respectivamente, 11,1% e 28,6%, Rondônia</p><p>conseguiu reduzir em 20,8% a taxa de feminicídios. Na terceira posição aparece o</p><p>Distrito Federal, cuja taxa foi de 2,3 por 100 mil mulheres, variação de 78,9%</p><p>entre 2022 e 2023. O total de mulheres mortas por razões de gênero passou de</p><p>19 vítimas em 2022 para 34 vítimas no ano passado26.</p><p>Há um número crescente de estudos bem desenvolvidos que analisam a eficácia</p><p>dos programas de prevenção e resposta. São necessários mais recursos para</p><p>fortalecer a prevenção e a resposta à violência por parte do parceiro e à violência</p><p>sexual, incluindo a prevenção primária, ou seja, impedindo que isso chegue a</p><p>ocorrer.</p><p>Em relação à prevenção primária, há evidências de países de alta renda que</p><p>mostram a eficácia de programas escolares para prevenir a violência em</p><p>relacionamentos. No entanto, estes ainda não foram avaliados para serem usados</p><p>em contextos com poucos recursos.</p><p>Outras estratégias de prevenção primária que têm se revelado promissoras, mas</p><p>que deveriam ser avaliadas mais a fundo, são, por exemplo, as que combinam o</p><p>empoderamento econômico da mulher à formação em igualdade de gênero, as que</p><p>fomentam a comunicação e as relações interpessoais dentro da comunidade, as</p><p>que reduzem o acesso ao álcool e seu uso nocivo e as que mudam as normas</p><p>culturais em matéria de gênero26.</p><p>Para propiciar uma mudança duradoura, é importante promulgar leis e formular</p><p>políticas que:</p><p> Abordem a discriminação contra as mulheres;</p><p> Promovam a igualdade de gênero;</p><p> Apoiem as mulheres;</p><p> Ajudem a adotar normas culturais mais pacíficas.</p><p>26 Os dados aqui apresentados têm como fonte os boletins de ocorrência registrados pelas Polícias</p><p>Civis dos estados e do Distrito Federal, e, portanto, são preliminares e podem ser alterados no curso</p><p>da investigação ou quando tornarem-se processos.</p><p>27 Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e foram consultados no painel de Dados</p><p>Nacionais de Segurança Pública do Sinesp em 04/03/2024, disponível no link:</p><p>https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiYThmMDBkNTYtOGU0Zi00MjUxLWJiMzAtZjFlMmYzYTgwO</p><p>TBlIiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9. Acesso em</p><p>19 de set de 2024.</p><p>https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiYThmMDBkNTYtOGU0Zi00MjUxLWJiMzAtZjFlMmYzYTgwOTBlIiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9</p><p>https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiYThmMDBkNTYtOGU0Zi00MjUxLWJiMzAtZjFlMmYzYTgwOTBlIiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9</p><p>27</p><p>Uma resposta adequada do setor da saúde pode desempenhar um papel</p><p>importante na prevenção da violência. A sensibilização e educação em saúde e</p><p>de outros prestadores de serviços é, portanto, outra estratégia importante . É</p><p>preciso uma resposta multisetorial para resolver plenamente as consequências</p><p>da violência e as necessidades das vítimas/sobreviventes.</p><p>Conforme explana Willie e Elaine Oliver: "Famílias que praticam o respeito, a</p><p>empatia e o amor têm maior probabilidade de superar desafios e crises. O papel</p><p>dos pais é crucial na criação de um ambiente onde o diálogo seja constante e</p><p>onde cada membro da família se sinta valorizado e amado28."</p><p>A Defensoria Pública do Estado de São Paulo enfatiza o papel fundamental da</p><p>instituição no apoio às vítimas de violência doméstica e familiar, especialmente no</p><p>âmbito legal.</p><p>Exemplo de citação: "A Defensoria Pública desempenha um papel crucial na</p><p>proteção das mulheres vítimas de violência doméstica" O que é o NUDEM? O</p><p>NUDEM é o Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos das</p><p>Mulheres e tem como principal atribuição atuar na efetivação do princípio da</p><p>igualdade entre homens e mulheres e dar suporte às Defensoras e Defensores</p><p>Públicos na atuação em defesa dos direitos das mulheres. Cumpre ainda ao</p><p>NUDEM garantir a aplicação da Maria da Penha que prevê medidas de prevenção</p><p>e repressão à violência doméstica e familiar contra a mulher e determina uma série</p><p>de políticas públicas para garantir a igualdade de gênero.</p><p>Há também o GEVID – Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à violência</p><p>doméstica do Ministério Público</p><p>Para informações sobre contato do Ministério Público acessar:</p><p>www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/GEVID ou através do telefone (11) 3429-</p><p>6474/6475 4)</p><p>Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – JVD Para obter</p><p>informações sobre os Juizados de Violência Doméstica e Familiar acesse:</p><p>https://www.tjsp.jus.br/Comesp ou através dos telefones: (11) 2171- 4807 e (11)</p><p>3104-5521.</p><p>5) Atendimento urgente– 190 É o número de telefone da Polícia Militar que deve</p><p>ser acionado em casos de necessidade imediata ou socorro rápido.</p><p>28 WILLIE;</p><p>OLIVER Elaine. Esperança para a família, o caminho para um final feliz. São</p><p>Paulo. 2019.</p><p>http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/GEVID</p><p>http://www.tjsp.jus.br/Comesp</p><p>http://www.tjsp.jus.br/Comesp</p><p>28</p><p>6) Central de atendimento à mulher – 180 Atendimento que funciona por 24 horas e</p><p>presta acolhimento, orientações e encaminhamentos para os serviços da rede de</p><p>atendimento em todo o território nacional.</p><p>Leciona Nestor Sampaio Penteado Filho e Eron Veríssimo Gimenes: a política</p><p>pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher mais uma</p><p>vez adveio através dos órgãos de segurança pública, in casu, pela Secretaria da</p><p>Segurança do Estado de São Paulo, que consiste em atendimento especializado,</p><p>com capacitação técnica de seus agentes e preferencialmente realizado por</p><p>policiais civis femininas, com o objetivo de mitigar as consequências do crime</p><p>para as vítimas de violência doméstica. Nesse passo, a Resolução SSP n. 2/2017</p><p>(publicada no DOE de 13-1-2017) instituiu o “Protocolo Único de Atendimento”, a</p><p>ser observado nas ocorrências de violência doméstica e familiar contra a mulherx:</p><p>O Secretário da Segurança Pública, resolve:</p><p>Art. 1º Fica instituído no âmbito desta Secretaria da Segurança Pública, o</p><p>“Protocolo Único de Atendimento” de ocorrências relacionadas às infrações</p><p>previstas na Lei n. 11.340/2006, nos termos que seguem, sem prejuízo das</p><p>normas regulamentares já existentes.</p><p>Art. 2º A autoridade policial que atender ocorrência referente à Lei n. 11.340/2006</p><p>deverá, sempre que possível:</p><p>I – proceder à oitiva imediata da vítima e realizar a fotografação das lesões</p><p>aparentes, se houver, mediante prévia autorização;</p><p>II – orientar a vítima quanto à necessidade de representação ou requerimento</p><p>para instauração de inquérito policial, bem como sobre as medidas protetivas;</p><p>III – encaminhar a vítima à rede de proteção local existente;</p><p>IV – colher os depoimentos das testemunhas presentes, diretas ou indiretas;</p><p>V – informar eventuais ocorrências criminais anteriores envolvendo o agressor;</p><p>VI – requisitar perícia, especificando tratar-se de crime de violência doméstica e</p><p>familiar contra a mulher, indicando o endereço eletrônico para remessa do laudo;</p><p>VII – instruir o auto de prisão em flagrante ou a representação para medidas</p><p>protetivas com indicações dos fatores de risco, notadamente os constantes do</p><p>Anexo.</p><p>§ 1º Se a testemunha não estiver presente no momento da notícia do crime, a</p><p>vítima será cientificada a apresentar rol testemunhal com nomes e endereços, no</p><p>prazo máximo de cinco dias, o que constará do histórico do boletim de ocorrência.</p><p>§ 2º Os registros e diligências emergenciais deverão ser realizados</p><p>independentemente de a vítima estar munida de documento de identidade, cuja</p><p>apresentação poderá ocorrer posteriormente, valendo-se a autoridade policial dos</p><p>meios disponíveis e imediatos para obter a identificação da ofendida.</p><p>Art. 3º Caso o laudo de exame de corpo de delito não seja encaminhado à</p><p>delegacia no prazo previsto no inciso II do art. 5º desta Resolução, a autoridade</p><p>policial deverá requisitá-lo, valendo-se dos meios disponíveis.</p><p>Art. 4º A Polícia Militar deverá:</p><p>I – preservar o local do crime, observando os termos da Resolução SSP 57, de 8-</p><p>5-2015;</p><p>II – verificar, quando possível, se há incidência de medida protetiva em face do</p><p>agressor, adotando as providências legais cabíveis29.</p><p>29 FILHO, Nestor Sampaio Penteado; GIMENES, Eron Veríssimo. Criminologia. 14 Ed. Saraiva Jur.</p><p>2018.</p><p>29</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Concluo que o Feminicídio no Brasil é um tema polêmico, mais ao mesmo tempo</p><p>delicado pois ocorre a morte da vítima mais fraca fisicamente a mulher. A violência</p><p>de gênero é um fator determinante no país, sendo um papel importante na</p><p>sociedade, dependendo da cultura do país ele pode ter um nível mais alto ou baixo</p><p>de violência doméstica. Conforme foi pesquisado na presente mongrafia há vários</p><p>tipos de violência doméstica: psicológica, física, moral, sexual, é um ciclo de</p><p>violência, na qual as mulheres saem mortas.</p><p>Por conta da repercussão internacional no mundo, o Brasil Foi obrigado a criar uma</p><p>norma de proteção à mulher, é necessário assegurar todos os direitos humanos</p><p>das mulheres. Houve a apresentação da proposta de tipificação do crime de</p><p>feminicídio, que foi uma iniciativa da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da</p><p>Violência contra a Mulher. E após houve uma análise da qualificadora penal em</p><p>seus aspectos mais relevantes e seus requisitos típicos. A implementação da figura</p><p>do feminicídio, tem o obejtivo de buscar o equilíbrio da situação das mulheres na</p><p>sociedade, nitidamente em uma sociedade desigual, é necessário igualar as</p><p>desisgualdades. Portanto, a ampliação promovida pela implementação da</p><p>qualificadora da figura do homicídio, tem apresentado diversos cenários de</p><p>violência pautados na discriminação de gênero. O recente diploma legal não</p><p>resolverá o problema de desigualdade estrutural na nossa atual sociedade, pois é</p><p>uma construção histórica e cultural no Brasil, que ainda prejudica a mulher e viola</p><p>os direitos femininos nos mais diversos níveis.</p><p>A lei se trata de importante instrumento de defesa e proteção, que criminaliza</p><p>condutas contra o bem mais precioso, a vida, O estado tem o dever de auxiliar no</p><p>combate a violência de gênero, e é capaz de gerar políticas públicas no combate à</p><p>violência de gênero.</p><p>30</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. Disponível</p><p>em: https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6081690. Acesso em:</p><p>24 de set de 2024.</p><p>Cezar Roberto Bitencourt. Curso de direito penal. Parte Especial. Rio de Janeiro:</p><p>Forense, 2017, v. 2, p. 46-47.</p><p>Disponível em: . Acesso em: 29 de agosto de 2024.</p><p>Diretrizes Nacionais Feminicídio, 2015, p. 13, apud ONU MULHERES, 2012</p><p>Feminicídios em 2023. Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Disponível em:</p><p>https://apidspace.forumseguranca.org.br/server/api/core/bitstreams/eca3a94f-2981-</p><p>488c-af29-572a73c8a9bf/content. Acesso em: 19 de set de 2024.</p><p>FILHO, Nestor Sampaio Penteado; GIMENES, Eron Veríssimo. Criminologia. 14</p><p>Ed. Saraiva Jur. 2018.</p><p>Fonte: CAP/SSP/SP. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 16 jan.</p><p>2020.</p><p>Revista Direitos sociais e políticas públicas. FEMINICÍDIO: EVOLUÇÃO</p><p>HISTÓRICA DO CONCEITO, UMA ANÁLISE CULTURAL, A LUZ DOS DIREITOS</p><p>HUMANOS. Disponível em:</p><p>file:///C:/Users/GAMER%2012K%202022/Downloads/1145-Texto%20do%20Artigo-</p><p>3545-1-10-20221206.pdf. Acesso: 24 de set de 2024.</p><p>Gustavo A. Arocena e José D. Cesano, El delito de femicidio, p. 15, traduzimos.</p><p>JALIL, Mauricio Schaun, FILHO, Vicente Greco. Código Penal Comentado:</p><p>Doutrina e Jurisprudência. Ed 6a . Editora Manole. São Paulo. 2023.</p><p>JUNIOR, Miguel Reale, Et Al. Código Penal Comentado. Ed 8. Editora Saraiva jur.</p><p>São Paulo. 2023.</p><p>MASSON, Cleber. Direito Penal, Parte Especial (Arts. 121 a 212). Ed 17. Editora</p><p>Método. São Paulo. 2024.</p><p>Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e foram consultados no painel</p><p>de Dados Nacionais de Segurança Pública do Sinesp em 04/03/2024, disponível no</p><p>link:</p><p>https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6081690</p><p>http://www.cezarbitencourt.adv.br/index.php/artigos/34-homicídio-</p><p>https://apidspace.forumseguranca.org.br/server/api/core/bitstreams/eca3a94f-2981-488c-af29-572a73c8a9bf/content</p><p>https://apidspace.forumseguranca.org.br/server/api/core/bitstreams/eca3a94f-2981-488c-af29-572a73c8a9bf/content</p><p>http://www.ssp.sp.gov.br/Estatistica/ViolenciaMulher.aspx</p><p>file:///C:/Users/GAMER%2012K%202022/Downloads/1145-Texto%20do%20Artigo-3545-1-10-20221206.pdf</p><p>file:///C:/Users/GAMER%2012K%202022/Downloads/1145-Texto%20do%20Artigo-3545-1-10-20221206.pdf</p><p>31</p><p>https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiYThmMDBkNTYtOGU0Zi00MjUxLWJiMzAtZ</p><p>jFlMmYzYTgwOTBlIiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGR</p><p>hNmJmZThlMSJ9. Acesso em 19 de set de 2024.</p><p>NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal, Vol 2. Ed 8. Editora</p><p>Forense. São Paulo. 2024.</p><p>NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal – Volume único. 19 Ed.</p><p>Gen Jurídico. São Paulo. 2023.</p><p>SANTOS, de Castro ; CALHEIROS, Maria Clara da Cunha, MESSA, Ana Flávia.</p><p>Violência contra a mulher. Ed única. Almedina. São Paulo. 2023.</p><p>PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO</p><p>Recurso Em Sentido Estrito nº 1525275-88.2021.8.26.0114 -Voto nº 67.229 2</p><p>Voto nº 67.229 Recurso em Sentido Estrito nº 1525275-88.2021.8.26.0114</p><p>Comarca: Campinas (Vara do Júri) Juiz: Dr. Claudio Juliano Filho</p><p>Recorrentes/Recorridos: Ricardo Henrique Ramos e Ministério Público (Dr. Alberto</p><p>Cerqueira Freitas Filho). Disponível em:</p><p>https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=18359537&cdForo=0. Acesso</p><p>em: 24 de set de 2024.</p><p>Violência doméstica: Lei Maria da Penha comentada artigo por artigo. 6. ed. São</p><p>Paulo: RT, 2015, p. 84.</p><p>ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Violência contra as mulheres. Dísponivel</p><p>em: https://www.paho.org/pt/topics/violence-against-</p><p>women#:~:text=As%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas%20definem%20a%20vi</p><p>ol%C3%AAncia%20contra,liberdade%2C%20seja%20em%20vida%20p%C3%BAbli</p><p>ca%20ou%20privada%22. Acesso em: 29 de agosto de 2024.</p><p>WILLIE; OLIVER Elaine. Esperança para a família, o caminho para um final feliz.</p><p>São Paulo. 2019</p><p>https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiYThmMDBkNTYtOGU0Zi00MjUxLWJiMzAtZjFlMmYzYTgwOTBlIiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9</p><p>https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiYThmMDBkNTYtOGU0Zi00MjUxLWJiMzAtZjFlMmYzYTgwOTBlIiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9</p><p>https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiYThmMDBkNTYtOGU0Zi00MjUxLWJiMzAtZjFlMmYzYTgwOTBlIiwidCI6ImViMDkwNDIwLTQ0NGMtNDNmNy05MWYyLTRiOGRhNmJmZThlMSJ9</p><p>https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=18359537&cdForo=0</p><p>https://www.paho.org/pt/topics/violence-against-women#%3A~%3Atext%3DAs%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas%20definem%20a%20viol%C3%AAncia%20contra%2Cliberdade%2C%20seja%20em%20vida%20p%C3%BAblica%20ou%20privada%22</p><p>https://www.paho.org/pt/topics/violence-against-women#%3A~%3Atext%3DAs%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas%20definem%20a%20viol%C3%AAncia%20contra%2Cliberdade%2C%20seja%20em%20vida%20p%C3%BAblica%20ou%20privada%22</p><p>https://www.paho.org/pt/topics/violence-against-women#%3A~%3Atext%3DAs%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas%20definem%20a%20viol%C3%AAncia%20contra%2Cliberdade%2C%20seja%20em%20vida%20p%C3%BAblica%20ou%20privada%22</p><p>https://www.paho.org/pt/topics/violence-against-women#%3A~%3Atext%3DAs%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas%20definem%20a%20viol%C3%AAncia%20contra%2Cliberdade%2C%20seja%20em%20vida%20p%C3%BAblica%20ou%20privada%22</p><p>BANCA EXAMINADORA</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>ABSTRACT</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>1 FEMINICÍDIO</p><p>2.0 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA</p><p>CONCLUSÃO</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO</p>