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<p>UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE</p><p>CENTRO DE BIOCIÊNCIAS</p><p>CURSO DE BIOMEDICINA</p><p>YGOR DE OLIVEIRA PESSOA</p><p>PROBIÓTICOS PARA A PELE: O FUTURO DA COSMETOLOGIA?</p><p>Natal</p><p>2023</p><p>1</p><p>Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN</p><p>Sistema de Bibliotecas - SISBI</p><p>Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - -Centro de Biociências - CB</p><p>Pessoa, Ygor de Oliveira.</p><p>Probióticos para a pele: o futuro da cosmetologia? / Ygor de</p><p>Oliveira Pessoa. - 2023.</p><p>52 f.: il.</p><p>Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande</p><p>do Norte, Centro de Biociências, Curso de Biomedicina. Natal,</p><p>RN, 2023.</p><p>Orientador: Prof. Dr. Rafael Wesley Bastos.</p><p>1. Bifidobacterium - Monografia. 2. Cutânea - Monografia. 3.</p><p>Estética - Monografia. 4. Lactobacillus - Monografia. 5.</p><p>Microbiota - Monografia. I. Bastos, Rafael Wesley. II. Título.</p><p>RN/UF/BSCB CDU 616-008.87</p><p>Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351</p><p>2</p><p>PROBIÓTICOS PARA A PELE: O FUTURO DA COSMETOLOGIA?</p><p>por</p><p>YGOR DE OLIVEIRA PESSOA</p><p>Monografia apresentada à</p><p>Coordenação do Curso de</p><p>Biomedicina da Universidade Federal</p><p>do Rio Grande do Norte, como</p><p>Requisito Parcial à Obtenção do Título</p><p>de Bacharel em Biomedicina.</p><p>Orientador: Rafael W. Bastos</p><p>Natal</p><p>2023</p><p>3</p><p>UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE</p><p>CENTRO DE BIOCIÊNCIAS</p><p>CURSO DE BIOMEDICINA</p><p>YGOR DE OLIVEIRA PESSOA</p><p>PROBIÓTICOS PARA PELE: O FUTURO DA COSMETOLOGIA?</p><p>Trabalho de conclusão de curso aprovado em de de 20 , pela</p><p>banca examinadora constituída pelos seguintes membros:</p><p>Prof. Dr. Rafael Wesley Bastos</p><p>Universidade Federal do</p><p>Rio Grande do Norte</p><p>Profa. M.sc. Amanda Maria Pereira Borges</p><p>Pitágoras Contagem</p><p>Membro da Banca Examinadora</p><p>Profa. Dra. Maria Celeste Nunes de Melo</p><p>Universidade Federal do Rio Grande do Norte</p><p>Membro da Banca Examinadora</p><p>Natal</p><p>2023</p><p>4</p><p>.</p><p>À minha mãe, Denise Francisca de Oliveira.</p><p>5</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>Agradeço a minha mãe, Denise Francisca de Oliveira, por ter me estendido a</p><p>mão até os últimos momentos, me dado apoio e por mais que fosse difícil, ter</p><p>tentado me proteger da maldade do mundo. E como diria aquela frase:</p><p>“Quando vocês acham que as pessoas morrem? Elas morrem... quando são</p><p>esquecidas” e eu nunca vou te esquecer!</p><p>Aos meus amigos: Gerson de Souza Lima; Ladismilly Oliveira Garcia; Estefânia</p><p>Lins Secundo; Beatriz de Araujo Cruz e Jean Carlos Andrade Ferreira.</p><p>Obrigado por estarem comigo nessa caminhada difícil que é a vida e</p><p>compartilhar momentos únicos.</p><p>Edna Marluce, sei que um agradecimento em um artigo não paga o que a</p><p>senhora tem feito por mim, mas sou profundamente grato por tudo!</p><p>E por fim, agradeço ao meu orientador, Rafael Wesley Bastos. Muito obrigado</p><p>por toda a paciência, os momentos que precisei desabafar e por ter sido muito</p><p>mais que um orientador. Obrigado por ter me feito enxergar a microbiologia de</p><p>uma forma que eu nunca imaginei e me fazer repensar meus passos futuros.</p><p>6</p><p>“O êxito da vida não se mede pelo caminho que você conquistou,</p><p>mas sim pelas dificuldades que superou no caminho”</p><p>(Abraham Lincoln)</p><p>7</p><p>LISTA DE FIGURAS</p><p>Pág.</p><p>Figura 1. Áreas do corpo com microbiota e seus diversos tipos.</p><p>………………………………….…………………………………….</p><p>13</p><p>Figura 2. Representação das camadas da pele: Epiderme, derme e hipoderme</p><p>……………………………………………………………………...…</p><p>.</p><p>22</p><p>Figura 3. Representação das camadas da epiderme: córnea, granulosa, espinhosa</p><p>e basal. …………………………………………………………………</p><p>22</p><p>Figura 4. Representação do manto líquido protetor na camada epidérmica.</p><p>………………………………………………………………………….</p><p>23</p><p>Figura 5. Microbiota da pele ……………………………………………………..</p><p>………………………………………………………………………….</p><p>29</p><p>8</p><p>LISTA DE TABELA</p><p>Pág.</p><p>Tabela 1. Principais produtos alimentícios e farmacêuticos</p><p>……………………..……………………………………………….</p><p>34</p><p>Tabela 2. Produtos probióticos e seus “benefícios”</p><p>……..………………………………………………………………….</p><p>44</p><p>9</p><p>RESUMO</p><p>Probióticos são micro-organismos vivos que, quando administrados em quantidades</p><p>adequadas, fornecem benefícios à saúde. Eles são comumente encontrados em alimentos</p><p>fermentados, como iogurte e outros produtos lácteos em geral, e também em forma de</p><p>suplementos e preparações farmacêuticas. Atualmente, têm-se, também, cremes com</p><p>alegações probióticas para a pele. Os produtos probióticos mais comuns incluem bactérias dos</p><p>gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium, embora outros tipos de bactérias, como Bacillus</p><p>clausii e Escherichia coli, e até leveduras (Saccharomyces cerevisiae), possam ser encontradas</p><p>em tais produtos. Esses micro-organismos podem trazer vários benefícios para o hospedeiro,</p><p>principalmente para o ambiente intestinal. Ao consumir probióticos, eles podem colonizar o</p><p>intestino e interagir com as células locais, desempenhando um importante papel na</p><p>manutenção do equilíbrio microbiano, fortalecendo a barreira intestinal, auxiliando na</p><p>digestão e absorção de nutrientes, além da modulação do sistema imunológico local e</p><p>sistêmico. Embora os efeitos dos probióticos sejam principalmente observados no intestino,</p><p>eles também podem ter efeitos em todo o corpo, incluindo a pele. A microbiota cutânea tem</p><p>sido objeto de estudos recentes, e tem-se explorado o potencial do uso de probióticos com</p><p>alegações benéficas para a saúde da pele. Esses probióticos podem ser utilizados na forma de</p><p>cremes tópicos ou na forma de suplementos para ingestão ou mesmo fazendo parte dos</p><p>produtos fermentados. Acredita-se que esses produtos probióticos também possam oferecer</p><p>benefícios estéticos e melhorar a saúde geral da pele, mas muito ainda é especulativo e carece</p><p>de comprovação científica. Dessa forma, esse trabalho visa analisar os artigos científicos</p><p>existentes nessa área específica, abordando os efeitos dos probióticos na microbiota da pele</p><p>e discutindo suas possíveis aplicações no campo da estética e cuidados com a pele.</p><p>Palavras-chave: Bifidobacterium; Cutânea; Estética; Lactobacillus; Microbiota.</p><p>10</p><p>ABSTRACT</p><p>Probiotics are live microorganisms that, when administered in adequate amounts, provide</p><p>health benefits. They are commonly found in fermented foods such as yogurt and other dairy</p><p>products in general, and also in the form of supplements and pharmaceutical preparations.</p><p>Currently, there are also creams with probiotic claims for the skin. The most common probiotic</p><p>products include bacteria from the genera Lactobacillus and Bifidobacterium, although other</p><p>types of bacteria, such as Bacillus clausii and Escherichia coli, and even yeasts (Saccharomyces</p><p>cerevisiae), can be found in such products. These microorganisms can provide several benefits</p><p>to the host, mainly to the intestinal environment. By consuming probiotics, they can colonize</p><p>the intestine and interact with local cells, playing an important role in maintaining microbial</p><p>balance, strengthening the intestinal barrier, aiding in the digestion and absorption of</p><p>nutrients, in addition to modulating the local and systemic immune system. While the effects</p><p>of probiotics are primarily seen in the gut, they can also have effects throughout the entire</p><p>body, including the skin. The cutaneous microbiota has been the subject of recent studies, and</p><p>the potential</p><p>Scientific Association for Probiotics and Prebiotics</p><p>consensus statement on the scope and appropriate use of the term probiotic. Nature</p><p>Reviews Gastroenterology & Hepatology, v. 11, n. 8, p. 506–514, 10 ago. 2014.</p><p>HUMAN MICROBIOME PROJECT CONSORTIUM. Structure, function and diversity of the</p><p>healthy human microbiome. Nature, v. 486, n. 7402, p. 207–214, 13 jun. 2012.</p><p>IM, A.-R. et al. Potential for tyndalized Lactobacillus acidophilus as an effective component in</p><p>moisturizing skin and anti-wrinkle products. Experimental and Therapeutic Medicine, v. 12,</p><p>n. 2, p. 759–764, ago. 2016.</p><p>JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.Histologia básica.13ª edição.Rio de Janeiro - RJ:</p><p>Guanabara Koogan, 2017</p><p>KARUNAKARAN, G. et al. 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Impacts of Gut Bacteria on Human Health and Diseases. International</p><p>Journal of Molecular Sciences, v. 16, n.</p><p>12, p. 7493–7519, 2 abr. 2015.</p><p>ZHENG, J. et al. A taxonomic note on the genus Lactobacillus: Description of 23 novel</p><p>genera, emended description of the genus Lactobacillus Beijerinck 1901, and union of</p><p>Lactobacillaceae and Leuconostocaceae. International Journal of Systematic and</p><p>Evolutionary Microbiology, v. 70, n. 4, p. 2782–2858, 1 abr. 2020.</p><p>of using probiotics with beneficial claims for skin health has been explored. These</p><p>probiotics can be used in the form of topical creams or in the form of supplements for</p><p>ingestion or even as part of fermented products. It is believed that these probiotic products</p><p>may also offer cosmetic benefits and improve overall skin health, but much is still speculative</p><p>and lacks scientific evidence. Thus, this work aims to analyze existing scientific articles in this</p><p>specific area, addressing the effects of probiotics on the skin microbiota and discussing their</p><p>possible applications in the field of aesthetics and skin care.</p><p>Keywords: Aesthetic; Cutaneous; Bifidobacterium; Lactobacillus; Microbiota.</p><p>11</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>A pele é o maior órgão do corpo humano e cumpre um papel importante na</p><p>proteção do organismo contra a invasão de micro-organismos e agentes externos. A</p><p>microbiota cutânea, que consiste em uma comunidade de micro-organismos que</p><p>residem na superfície da pele, é considerada por Metchnikoff como um “órgão vital”, e</p><p>tem um papel fundamental na manutenção da integridade e saúde da pele. A disbiose</p><p>ou desequilíbrio na microbiota cutânea tem sido associada a diversas condições</p><p>dermatológicas, como acne, rosácea e dermatite atópica (METCHNIKOFF, 1910).</p><p>Nos últimos anos, tem havido um crescente interesse na utilização de</p><p>probióticos na estética, em particular para a saúde da pele. Probióticos são micro-</p><p>organismos vivos que quando administrados em quantidades adequadas, conferem</p><p>benefícios à saúde do hospedeiro. Eles podem ser administrados por via oral ou tópica</p><p>e têm sido utilizados para melhorar a saúde e beleza da pele.</p><p>As evidências sugerem que os micro-organismos utilizados em produtos</p><p>probióticos têm um papel importante na manutenção da saúde da pele e podem ser</p><p>benéficos para prevenir e tratar condições dermatológicas. Dessa forma, este trabalho</p><p>tem como objetivo revisar os estudos recentes sobre o uso de probióticos para a pele,</p><p>discutir seus benefícios e limitações, e fornecer insights sobre o seu uso e uma</p><p>discussão crítica sobre sua inserção na estética/cosmetologia.</p><p>12</p><p>2- Referencial Teórico</p><p>2- Microbiota Humana</p><p>2.1 - Conceitos e composição</p><p>O corpo humano é habitado por uma enorme quantidade de micro-organismos</p><p>que, se somados, são superiores, na taxa de 10 vezes, à quantidade de células</p><p>humanas. Dessa forma, considerando que o corpo humano contenha cerca de 10</p><p>trilhões de células, pressupõe-se que exista aproximadamente 100 trilhões de</p><p>bactérias, vírus, arqueas, fungos e protozoários formando o que se chama de</p><p>microbiota humana (SENDER; FUCHS; MILO, 2016) (JENKINSON; LAMONT, 2005).</p><p>Logo, e de forma simplificada, a microbiota humana é o conjunto de micro-organismos</p><p>que habita o organismo humano em um determinado nicho (LOZUPONE et al., 2012).</p><p>Entre as bactérias, apenas um pequeno número pode ser cultivada pelos</p><p>métodos e condições de cultivos conhecidos. Isso significa que a maioria da microbiota</p><p>bacteriana é "incultivável". Por isso, a grande parte dos dados que se tem sobre a</p><p>microbiota é advinda de métodos independentes de cultivo, como o sequenciamento</p><p>do DNA microbiano. Nesse contexto, o termo microbioma humano é empregado em</p><p>referência ao termo "genoma humano", para representar todos os genes que</p><p>constituem o genoma dos micro-organismos presentes no corpo humano. Apesar dos</p><p>termos serem diferentes, microbiota e microbioma humano, na maioria das vezes, são</p><p>empregados com o mesmo sentido, já que microbioma pode se referir ao bioma</p><p>formado por micro-organismos no hospedeiro também (BAQUERO; NOMBELA, 2012;</p><p>RACKAITYTE; LYNCH, 2020).</p><p>Levando em consideração a pluralidade de micro-organismo e a partir do</p><p>interesse de se compreender a diversidade das comunidades microbianas nos</p><p>diferentes ambientes do corpo humano, assim como sua relação com a saúde, o</p><p>13</p><p>Projeto Microbioma Humano (PMH) foi criado pelo National Institutes of Health (NIH),</p><p>em 2007. Este projeto teve como objetivo principal caracterizar e identificar as</p><p>comunidades microbianas encontradas em diferentes sítios do corpo humano por meio</p><p>da metagenômica, o sequenciamento do genoma microbiano encontrado em um</p><p>determinado local sem a necessidade de cultivo dos micro-organismos. O PMH</p><p>também pretendia elucidar a relação entre a doença e as mudanças no microbioma</p><p>humano, servindo como ferramenta para o diagnóstico médico e terapêutico e</p><p>contribuindo para a saúde do indivíduo. Esse último objetivo, contudo, não foi</p><p>totalmente contemplado, já que a relação entre saúde-doença-microbiota é complexa</p><p>e mais estudos são necessários para desvendá-la (HUMAN MICROBIOME PROJECT</p><p>CONSORTIUM, 2012).</p><p>Os micro-organismos que vivem no corpo humano colonizam todas as</p><p>superfícies expostas ao ambiente externo, tais como a pele e as mucosas. Apesar</p><p>disso, a maior parte da colonização (cerca de 70%) ocorre no trato gastrointestinal.</p><p>Assim, existem micro-organismos habitando a boca, o estômago, o intestino, os</p><p>órgãos genitais, a bexiga, o trato respiratório superior e inferior, os olhos, a pele, etc</p><p>(ANTUNES, 2014) (Figura 1). Mesmo locais anteriormente pensados serem ausentes</p><p>de microbiota, como os pulmões, bexiga e útero, hoje já é reconhecido que são</p><p>colonizados por micro-organismos (COSTA et al., 2018).</p><p>14</p><p>Figura 1 - Áreas do corpo com microbiota e seus diversos tipos. Adaptada de Marsland and</p><p>Gollwitze, 2014</p><p>A microbiota intestinal é a mais diversa e densa, podendo alcançar 1011-1012</p><p>Unidades Formadoras de Colônias (UFC)/ g de conteúdo do cólon. Ela é composta</p><p>por mais de 1000 espécies, distribuídas em quatro filos principais (SANDERS et al.,</p><p>2013). Os filos Bacteroidetes e Firmicutes são os mais prevalentes, sendo que 90%</p><p>das bactérias presentes no intestino grosso pertencem a ele, seguidos pelos filos</p><p>Proteobacteria e Actinobacteria. O restante das bactérias está incluído nos filos</p><p>Fusobacteria, Tenericutes, e Verrucomicrobia, e outros (JETHWANI; GROVER, 2019)</p><p>15</p><p>As principais bactérias que compõem a microbiota entérica são benéficas,</p><p>comensais ou potencialmente nocivas para o ser humano. Como exemplo de</p><p>benéficas, têm-se Bifidobacterium spp. e os Lactobacillus spp., e para as</p><p>potencialmente patogênicas podem ser citadas a Enterobacteriacales e alguns grupos</p><p>de Clostridium/Clostridioides spp. São encontrados também na microbiota entérica:</p><p>Eubacterium spp., Fusobacterium spp., Peptostreptococcus spp., Ruminococcus e</p><p>outros (SANTOS; VARAVALHO, 2011).</p><p>Embora exista toda essa diversidade de micro-organismos habitando o ser</p><p>humano, se manter no organismo é uma tarefa difícil. As bactérias necessitam resistir</p><p>a mecanismos fisiológicos, a barreiras anatômicas e à imunidade do hospedeiro, que</p><p>podem removê-las mecanicamente ou destruí-las. Essas estratégias incluem a</p><p>capacidade de adesão; resistência aos fluidos corpóreos, como a saliva e os ácidos</p><p>graxos; ocupação de nichos menos expostos a resposta imune, como sulco gengival</p><p>e células M do intestino; e a capacidade de formar biofilme, por meio de um</p><p>aglomerado de bactérias envolvidas por uma matriz polimérica que as protege</p><p>(PAVÃO et al., 2021). Além disso, tanto bactérias como o organismo humano co-</p><p>evoluíram a ponto de que o corpo humano consiga distinguir entre aquelas que fazem</p><p>parte da microbiota daquelas que não fazem ou que são potencialmente patogênicas</p><p>(CARDOSO, 2015).</p><p>Existem vários fatores que podem alterar a composição e função da microbiota.</p><p>Entre estes fatores estão: a genética do hospedeiro, dieta, idade e o esti lo de vida</p><p>(SATOH et al., 2015), além do uso de antibióticos e outros medicamentos (HASAN;</p><p>YANG, 2019).</p><p>A dieta é vista como um fator determinante das características da colonização</p><p>intestinal. Esta é altamente influenciada pelos hábitos alimentares a longo prazo e por</p><p>16</p><p>fenótipos</p><p>do hospedeiro, não sendo abruptamente alterada por intervenções a curto</p><p>prazo. Há importantes lacunas no conhecimento, no entanto, sobre como a</p><p>alimentação e outros hábitos de vida poderiam alterar a composição da microbiota e</p><p>como esta última ajudaria a modular positiva ou negativamente o balanço energético</p><p>(DE MORAES et al., 2014).</p><p>A composição da microbiota do adulto é bastante influenciada por</p><p>acontecimentos do início da vida, incluindo o tipo de parto, o tipo de aleitamento</p><p>(materno ou por fórmula), higiene nos anos iniciais da vida, dieta e uso de antibióticos</p><p>(MELE et al., 2019).</p><p>2.2 - Desenvolvimento da microbiota humana</p><p>Antigamente, imaginava-se que o feto no ventre da mãe era estéril, desprovido</p><p>de micro-organismos. Contudo, novos estudos já isolaram micro-organismos do útero</p><p>e da placenta da mãe, colocando essa teoria em dúvida. De qualquer maneira, mesmo</p><p>que o feto tenha contato com algum micro-organismo, ele nasce com poucos deles</p><p>fazendo parte de sua microbiota (BARRETO et al., 2021).</p><p>O tipo de parto é um dos grandes fatores que influenciam a composição e o</p><p>desenvolvimento da microbiota do recém-nascido. A microbiota intestinal de recém-</p><p>nascidos nascidos por cesariana é menos diversa em termos de espécies de bactérias</p><p>do que a microbiota de bebês nascidos por via vaginal. Os recém-nascidos de</p><p>cesariana adquirem bactérias derivadas do ambiente hospitalar e da pele da mãe:</p><p>Staphylococcus, Corynebacterium, Cutibacterium spp.. As espécies de Escherichia e</p><p>Bacteroides estão sub-representadas em bebês nascidos por cesariana e isso pode</p><p>ter efeito sob a maturação do sistema imune da criança e do adulto. De fato, o parto</p><p>por cesariana tem sido associado a um risco aumentado de distúrbios imunológicos</p><p>17</p><p>crônicos, como asma, distúrbios sistêmicos do tecido conjuntivo, artrite juvenil, doença</p><p>inflamatória intestinal e obesidade (RINNINELLA et al., 2019).</p><p>Já no parto normal, a passagem pelo canal vaginal influencia a colonização do</p><p>trato gastrointestinal do recém-nascido, já que esse local é rico em Lactobacillus e</p><p>bactérias similares a microbiota intestinal da mãe. De fato, uma análise do mecônio</p><p>de recém-nascidos revelou uma forte correlação entre a microbiota do trato digestivo</p><p>do recém-nascido e as comunidades microbianas da vagina da mãe: Lactobacillus,</p><p>Prevotella e Sneathia. Outros grupos importantes que estão enriquecido nos recém-</p><p>nascidos de parto normal são os anaeróbios estritos, como Bifidobacterium longum,</p><p>Bifidobacterium catenulatum, Bacteroides fragilis, espécies anaeróbias facultativas,</p><p>como Escherichia coli, Staphylococcus, e anaeróbios aerotolerantes como</p><p>Streptococcus spp. (RINNINELLA et al., 2019).</p><p>Durante o período pós-natal, o tipo e a duração da amamentação também são</p><p>de grande importância. Em comparação à microbiota intestinal adulta, os bebês</p><p>apresentam maior variabilidade da composição microbiana, abrigando espécies com</p><p>menor estabilidade. A alimentação láctea, uso de antibióticos, hospitalização e o local</p><p>de moradia são fatores que afetam a composição da microbiota infantil. A partir de 2</p><p>e 3 anos de idade, o ecossistema passa a ser estável e comparável a de um adulto,</p><p>dominado pelos filos Bacteroidetes e Firmicutes. Por haver uma mudança na</p><p>alimentação, sendo promovida por outros açúcares e polissacarídeos, os Firmicutes</p><p>acabam se fazendo presentes. A alimentação posteriormente feita a partir de purês de</p><p>vegetais que possuem uma infinidade de polissacarídeos auxilia na colonização de</p><p>Bacteroidetes. A alimentação com carnes, ovos e peixes gradualmente contribui para</p><p>a colonização de Escherichia coli e por tornar a dieta regular e constante, com</p><p>alimentos que são encontrados na mesa de um adulto, estabelecendo, assim, uma</p><p>18</p><p>microbiota madura. A dieta é uma etapa importante para tornar a microbiota estável,</p><p>porém, durante a vida do indivíduo, pequenas variações na composição da microbiota</p><p>podem ocorrer (LEEMING et al., 2019).</p><p>Os adultos podem ter variações na proporção das bactérias em consequência</p><p>de alterações ambientais ou de estados patológicos. Com o envelhecimento, observa-</p><p>se redução na população de Bacteroides, Bifidobacterium e menor produção de ácidos</p><p>graxos de cadeia curta, assim como o aumento de anaeróbios facultativos e de</p><p>bactérias com maior atividade proteolítica, como Fusobacteria, Clostrídios e</p><p>Eubacteria. Essas variações parecem estar relacionadas a perda de paladar, olfato e</p><p>menor ingestão alimentar (DE MORAES et al., 2014).</p><p>As alterações da composição da microbiota intestinal, sejam elas naturais</p><p>(relacionadas ao desenvolvimento) ou não (uso de antibióticos, estilo de vida, dieta),</p><p>influenciam na saúde do hospedeiro, uma vez que os micro-organismos exercem</p><p>várias funções no organismo humano (RINNINELLA et al., 2019).</p><p>2.3 - Funções da Microbiota</p><p>As bactérias que vivem no organismo humano possuem diversas funções que</p><p>beneficiam o organismo, sendo as bactérias intestinais as mais conhecidas e</p><p>estudadas. De maneira geral, a microbiota entérica possui três funções:</p><p>imunomodulação, resistência à colonização e função metabólica/nutricional (LIU;</p><p>WANG; WU, 2022; WALL et al., 2009).</p><p>A imuno-modulação possibilita a ativação e o controle das defesas</p><p>imunológicas. A ativação do sistema imunológico ocorre por meio da resposta</p><p>antigênica que mantém o sistema imune do corpo, principalmente, do intestino, pronto</p><p>para uma resposta ágil caso ocorra a invasão de bactérias patogênicas.</p><p>19</p><p>Aproximadamente 80% de todas as células imunológicas ativas do corpo humano</p><p>localizam-se no TGI e por isso a microbiota intestinal é importante não apenas para a</p><p>saúde local, mas como para todo o organismo. (WALL et al., 2009; ANDRADE, 2010).</p><p>Em contrapartida, a microbiota normal também estimula células e mecanismos</p><p>repressores da resposta imune, tendo em vista que uma resposta imune exacerbada</p><p>ou desnecessária, contra antígenos próprios, por exemplo, pode ser tão maléfica como</p><p>a ausência de resposta. Assim, a microbiota age tanto treinando o sistema imune,</p><p>deixando-o em alerta para possíveis ataques, como influência na diminuição da</p><p>resposta a antígenos próprios e microbianos, culminando na "imuno aceitação da</p><p>própria microbiota" (PAIXÃO; CASTRO, 2016).</p><p>A proteção anti-infecciosa é traduzida como resistência à colonização por</p><p>micro-organismos exógenos. Isso ocorre de várias formas: impedindo a adesão e</p><p>formando, assim, uma barreira mecânica por meio da ocupação dos sítios de adesão</p><p>celulares da mucosa; pela produção de substâncias antagonistas (bacteriocinas,</p><p>ácidos orgânicos); pela competição por nutrientes, etc. O efeito barreira deve-se à</p><p>facilidade que determinadas bactérias da microbiota têm de sobreviver às substâncias</p><p>antimicrobianas, que bloqueiam a proliferação de bactérias patogênicas, e de se</p><p>destacarem na competição por nutrientes e espaço ecológico, ganhando, dessa forma,</p><p>maior estabilidade na mucosa intestinal (PAIXÃO; CASTRO, 2016).</p><p>Por fim, a microbiota intestinal tem grande contribuição nutricional, resultante</p><p>das interações locais e dos metabólitos por ela produzidos. Oferecendo fontes</p><p>energéticas e de vitaminas ( K e do complexo B), permitindo que haja um melhor</p><p>desempenho nutricional (ALMEIDA; NADER; MALLET, 2021).</p><p>O papel da microbiota não se limita apenas ao ambiente intestinal. E, apesar</p><p>de menos conhecida, a microbiota de outros sítios fornece, também, benefícios locais</p><p>20</p><p>e sistêmicos ao hospedeiro, e não deve ser negligenciada. Como exemplo, tem-se a</p><p>microbiota cutânea, que tem funções para a saúde da pele e, consequentemente,</p><p>pode afetar o desenvolvimento de doenças. Nesse contexto, novas pesquisas têm</p><p>demonstrado que a modulação dessa microbiota pode ser usada na prática</p><p>cosmetológica.</p><p>2.4 - A pele e sua microbiota</p><p>2.4.1 - A pele</p><p>A pele é o maior órgão do corpo humano. Ela é composta por três camadas</p><p>principais:</p><p>epiderme, derme e hipoderme (Figura 2). A camada mais externa e</p><p>protetora é a epiderme, sendo coberta por uma emulsão de água e lipídios (gorduras)</p><p>conhecida como camada hidrolipídica. Esta camada, mantida pelas secreções das</p><p>glândulas sebáceas e sudoríparas, ajuda a manter a pele flexível e age como uma</p><p>barreira contra bactérias e fungos. A epiderme é constituída de um epitélio</p><p>estratificado pavimentoso queratinizado e pode ser subdividida em cinco partes</p><p>distintas: a camada basal (estrato germinativo), a camada espinhosa, a camada</p><p>granulosa, o estrato lúcido e a camada córnea (JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2017)</p><p>(Figura 3). As informações sobre essas camadas estão descritas em detalhe abaixo:</p><p>● Camada basal – constituída por células prismáticas ou cubóides,</p><p>basófilas conectadas à lâmina basal através de junções célula-matriz</p><p>promovidas por integrinas, constituindo hemidesmossomas e contatos</p><p>focais que se conectam, respectivamente, aos filamentos de queratina</p><p>e de actina, separando a epiderme da derme. As células prismáticas</p><p>são responsáveis pela intensa renovação do epitélio, promovendo</p><p>uma constante atividade mitótica. Na camada basal também</p><p>21</p><p>encontram-se células-tronco responsáveis pela contínua renovação</p><p>do epitélio epidérmico e pela formação dos queratinócitos.</p><p>● Camada espinhosa – formada por queratinócitos cubóides ou</p><p>ligeiramente achatados, os quais se mantêm unidos através de</p><p>junções célula-célula moduladas por interações homofílicas via E-</p><p>caderinas e desmossomas que se conectam, respectivamente, aos</p><p>filamentos de actina e de queratina, dando à célula um aspecto</p><p>espinhoso. Os desmossomos têm importante papel na manutenção</p><p>da coesão entre as células da epiderme e na resistência ao atrito.</p><p>● Camada granulosa – formada por queratinócitos poligonais</p><p>achatados, núcleo central e citoplasma granuloso e basófilo. Essas</p><p>células apresentam grânulos lamelares que secretam corpos</p><p>lamelares, uma substância fosfolipídica associada a</p><p>glicosaminoglicanas, que se espalham pelo espaço intercelular. Ao</p><p>secretar essa substância consegue vedar essa camada de células,</p><p>impedindo a passagem de compostos e servindo como barreira</p><p>impermeável.</p><p>● Camada lúcida – mais evidente na pele espessa e constituída por uma</p><p>delgada camada de queratinócitos dispostos de forma achatada e</p><p>compactados paralelamente a superfície da pele, cujos núcleos e</p><p>organelas citoplasmáticas foram digeridos por enzimas lisossomais</p><p>levando ao seu desaparecimento.</p><p>● Camada córnea – apresenta espessura variável e é constituída por</p><p>queratinócitos achatados, mortos, sem núcleo e sem organelas, cujo</p><p>citoplasma apresenta-se repleto de queratina. Representa o último</p><p>22</p><p>estágio de diferenciação dos queratinócitos, os quais foram</p><p>transformados em células sem vida e que descamam continuamente,</p><p>sendo removidos no processo natural de descamação da pele. As</p><p>células na camada córnea ligam-se através dos lipídios epidérmicos e</p><p>são essenciais para a saúde da pele. Sendo responsáveis por criar</p><p>uma barreira protetora e fixar a umidade. Na ausência dos lipídios</p><p>epidérmicos, a pele pode tornar-se seca, áspera e esticada</p><p>(JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2017) (Figura 3).</p><p>Figura 2 - Representação das camadas da pele: Epiderme, derme e hipoderme. Adaptada:</p><p>Eucerin, 2023</p><p>23</p><p>Figura 3 - Representação das camadas da epiderme: córnea, granulosa, espinhosa e basal.</p><p>Fonte: Eucerin, 2023</p><p>A epiderme apresenta ainda outros três tipos celulares distintos: os</p><p>melanócitos, que são encontrados na junção da derme com a epiderme e são os</p><p>responsáveis pela produção do pigmento de cor marrom conhecido como melanina;</p><p>as células de langerhans, que são monócitos diferenciados e são capazes de capturar</p><p>antígenos, processá-los e apresentá-los aos linfócitos T; e as células de Merkel, que</p><p>são encontradas em sua maioria na pele espessa da palma das mãos e na planta dos</p><p>pés. Essas células são responsáveis pela sensibilidade tátil, pois são</p><p>mecanorreceptores. Também há algumas evidências que mostram que essas células</p><p>participam do sistema neuroendócrino difuso (JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2017).</p><p>A epiderme também possui uma parte líquida na camada que é conhecida</p><p>como o manto ácido protetor (Figura 4). Nela, encontra-se: ácido láctico e vários</p><p>aminoácidos de suor; ácidos gordurosos livres de sebo; aminoácidos, ácido</p><p>pirrolidona-carboxílico e outros fatores hidratantes naturais (FHN), que são</p><p>24</p><p>principalmente produtos secundários do processo de queratinização (MELO;</p><p>ROSVAILER; CARVALHO, 2020).</p><p>Este manto ácido protetor proporciona à pele saudável seu pH ligeiramente</p><p>ácido, entre 5,4 e 5,9. Ele proporciona um ambiente ideal para: presença de micro-</p><p>organismos que fazem parte da microbiota da pele e um ambiente nocivo para micro-</p><p>organismos patogênicos; formação de lipídios epidérmicos; produção de enzimas que</p><p>conduzem o processo de descamação; e capacidade da camada córnea de auto-</p><p>reparação quando danificada (MELO; ROSVAILER; CARVALHO, 2020).</p><p>Figura 4 - Representação do manto líquido protetor na camada epidérmica. Fonte: Eucerin,</p><p>2023</p><p>A segunda camada da pele, a derme, é composta por tecido conjuntivo denso</p><p>e é responsável por unir a pele ao tecido subcutâneo ou hipoderme (Figura 2). É uma</p><p>camada que possui espessura variável a depender da região observada e dispõe de</p><p>uma superfície externa irregular devido às papilas dérmicas. Por meio das suas</p><p>reentrâncias, as papilas dérmicas aumentam a área de contato da derme com a</p><p>epiderme, tornando as duas camadas mais fortes (ALVES; LIMA; ROCHA, 2016).</p><p>25</p><p>A derme possui duas camadas que podem ser distinguidas histologicamente:</p><p>papilar, que é superficial; e a reticular, mais profunda. A camada papilar é delgada,</p><p>constituída por tecido conjuntivo frouxo que forma as papilas dérmicas. Nesta camada</p><p>são encontradas fibrilas especiais de colágeno, que unem as duas camadas: a derme</p><p>à epiderme, sendo inserida por um lado na membrana basal e pelo outro penetrando</p><p>profundamente a derme. A camada reticular é mais espessa, constituída por tecido</p><p>conjuntivo denso. Ambas as camadas contêm muitas fibras do sistema elástico,</p><p>responsáveis, em parte, pela elasticidade da pele. Além dos vasos sanguíneos e</p><p>linfáticos, e dos nervos, também são encontradas na derme as seguintes estruturas,</p><p>derivadas da epiderme: folículos pilosos e glândulas sebáceas e sudoríparas. Os</p><p>folículos pilosos são uma invaginação por onde se origina o pelo; já as glândulas</p><p>sebáceas secretam uma mistura complexa de lipídios que contém triglicerídeos,</p><p>ácidos graxos livres, colesterol e ésteres de colesterol, após amadurecerem e serem</p><p>estimulados pelos hormônios sexuais. As glândulas sudoríparas, por sua vez, são</p><p>encontradas por toda extensão da pele e participam da excreção das substâncias que</p><p>seriam inúteis para o corpo. O suor secretado por essa glândula é inodoro, mas pode</p><p>adquirir um odor característico a partir da ação das bactérias encontradas na pele</p><p>(JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2017).</p><p>A hipoderme é formada por tecido conjuntivo frouxo, que une de maneira pouco</p><p>firme a derme aos órgãos subjacentes (Figura 2). É uma camada rica em adipócitos,</p><p>que são células que armazenam lipídios (principalmente triglicerídeos) e que servem</p><p>como a principal reserva energética e proteção contra o frio (CHAMBERS;</p><p>VUKMANOVIC‐STEJIC, 2020).</p><p>A hipoderme é a camada responsável pelo deslizamento da pele sobre as</p><p>estruturas de suporte. A depender da região e do grau de nutrição do organismo, a</p><p>26</p><p>hipoderme pode ter uma camada variável de tecido adiposo que, quando</p><p>desenvolvida, constitui o panículo adiposo. Os panículos adiposos, além de modelar</p><p>o corpo, servem também como uma espécie de depósito de calorias. Além disso, são</p><p>encontradas fibras especiais de colágeno (septos tissulares) que são tecidos</p><p>conjuntivos soltos e esponjosos responsáveis por manter as células adiposas</p><p>unidas</p><p>(JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2017).</p><p>A morfo-fisiologia da pele pode variar significativamente de um local para outro</p><p>do corpo humano, o que influencia a composição da microbiota presente em cada</p><p>região. Por exemplo, a pele do rosto é mais fina e delicada do que a pele das costas,</p><p>que é mais espessa e menos sensível. A pele das mãos e dos pés possui a camada</p><p>córnea que são encontradas células mortas, o que a torna mais resistente (Alves et</p><p>al., 2016). A presença de glândulas sebáceas e sudoríparas em diferentes áreas da</p><p>pele também pode influenciar a composição da microbiota, tendo em vista que as</p><p>secreções produzidas pelas glândulas sudoríparas são nutritivas para o</p><p>desenvolvimento de bactérias em cada região do corpo (SWANEY et al., 2023).</p><p>Cada região da pele tem um pH característico que é determinado por fatores</p><p>como a atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas, a presença de bactérias e a</p><p>exposição a fatores ambientais. O pH da pele pode variar de região para região e isso</p><p>também pode influenciar a composição da microbiota (MELO; CAMPOS, 2016).</p><p>Alguns outros fatores como presença ou ausência de pelos, ambiente, umidade</p><p>e exposição à luz solar podem também afetar a composição da microbiota em</p><p>diferentes áreas da pele (KONG; SEGRE, 2012). O conhecimento dessas diferenças</p><p>é imprescindível para entender a dinâmica da microbiota cutânea e como isso afeta a</p><p>saúde da pele.</p><p>27</p><p>2.4.2 - Microbiota da pele</p><p>2.4.2.1 - Função e composição</p><p>A microbiota da pele varia em número e composição a depender do ambiente</p><p>que está hospedada. De forma geral, esses micro-organismos podem ser divididos em</p><p>dois grupos: micro-organismos residentes e os transitórios. Os micro-organismos</p><p>transitórios ainda são divididos em comensais ou patogênicos. Os micro-organismos</p><p>residentes, por sua vez, são formados por grupos relativamente fixos (resistência), e,</p><p>caso haja uma perturbação, o seu restabelecimento (resiliência) acontece</p><p>rapidamente (SIVIERI, 2021). Por serem capazes de estabelecer uma relação sem</p><p>prejuízos ao hospedeiro, os micro-organismos que colonizam a pele são considerados</p><p>comensais. Além disso, eles podem ser responsáveis por alguns benefícios para o</p><p>hospedeiro, tais como: inibição de espécies patogênicas, por meio da produção de</p><p>ácidos graxos (ácido sapiênico) e competição por nutrientes e sítios de ligação e</p><p>imunomodulação dos tecidos cutâneos (TANNOCK; LIU, 2020).</p><p>Em contrapartida, os micro-organismos transitórios possuem a capacidade</p><p>reduzida de crescimento e reprodução na superfície cutânea, visto que não são</p><p>residentes originais da pele. Resultam do ambiente em que o hospedeiro se insere</p><p>com intuito de persistir na pele em período intermitente (KONG; SEGRE, 2012).</p><p>Ao longo da pele existem diversas possibilidades de colonização bacteriana,</p><p>pois as regiões cutâneas variam consideravelmente de acordo com a densidade e</p><p>variedade de glândulas e folículos pilosos. A face e o tronco, regiões sebáceas, são</p><p>colonizados por bactérias dos gêneros Cutibacterium e Staphylococcus. Por outro</p><p>lado, as mãos, nádegas e antebraço, regiões mais secas, são frequentemente</p><p>colonizadas por bactérias que representam os filos Actinobacteria, Bacteroidetes,</p><p>Firmicutes e Proteobacteria. De maneira oposta às regiões mais sebáceas, as áreas</p><p>28</p><p>úmidas, como axilas, joelhos e dobras do cotovelo, possuem uma microbiota bastante</p><p>diversificada, caracterizada pelo predomínio de Corynebacterium spp e</p><p>Staphylococcus spp (GRICE; SEGRE, 2011).</p><p>Recentemente, um estudo mostrou como a composição da microbiota da pele</p><p>pode variar de acordo com as características de cada região: seca, úmida, sebácea</p><p>(SWANEY et al., 2023). Nesse estudo, os pesquisadores mimetizaram os constituintes</p><p>do suor e do sebo e avaliaram o crescimento de várias bactérias isoladas de diferentes</p><p>regiões da pele de diferentes indivíduos saudáveis. Eles mostraram que o suor é um</p><p>fator importante para o crescimento das bactérias, capaz de proporcionar a</p><p>proliferação de um número maior de micro-organismos quando comparado com o</p><p>sebo. Entretanto, foi visto que o sebo serve como um meio de enriquecimento para</p><p>alguns micro-organismos, principalmente os auxotróficos, aqueles que não</p><p>conseguem produzir vias envolvidas com produção de lipídeos (SWANEY et al.,</p><p>2023). O sebo é composto quase em sua totalidade por lipídeos, principalmente</p><p>triglicerídeos e ésteres de ácidos graxos (FUCHS, 2016) e tem como função principal</p><p>a proteção da pele quanto à perda de água transepidermal, além de ter ação</p><p>antifúngica e antibacteriana. Apesar de haver ação antimicrobiana, algumas bactérias</p><p>como Cutibacterium acnes têm a capacidade de hidrolisar triglicerídeos presentes no</p><p>sebo, promovendo a adesão bacteriana (KONG; SEGRE, 2012).</p><p>Apesar de existir uma extensa variedade bacteriana colonizando nichos</p><p>distintos da pele, as principais espécies que compõem a microbiota cutânea são as</p><p>bactérias Gram positivas. O Staphylococcus epidermidis e Cutibacterium acnes são</p><p>responsáveis por colonizar em torno de 6% da superfície da pele da maioria dos</p><p>indivíduos (KRUTMANN, 2012). Em contrapartida, os Staphylococcus aureus</p><p>representam 25% dos micro-organismos que fazem parte da superfície cutânea dos</p><p>29</p><p>indivíduos, podendo ser encontrados, em sua maioria, nas áreas úmidas da pele</p><p>(CHEN; FISCHBACH; BELKAID, 2018). Algumas outras espécies também são</p><p>encontradas em menores quantidades, sendo responsáveis por colonizar variadas</p><p>regiões como: Clostridium, Micrococcus do filo Actinobacteria e Streptococcus. Além</p><p>disso, fungos também são encontrados colonizando indivíduos, tais como Candida</p><p>spp. e Malassezia spp. (MURRAY, 2021) (Figura 5).</p><p>Figura 5 - Microbiota da pele. Adaptada de Byrd, 2018</p><p>Alguns fatores determinantes como: propriedades químicas, fatores</p><p>microbianos e dos hospedeiros são responsáveis por influenciar a composição</p><p>bacteriana encontrada na pele. Exemplificando: uma cepa idêntica de Cutibacterium</p><p>acnes pode ser encontrada em regiões distintas do corpo de um mesmo indivíduo.</p><p>Entretanto, não é possível ocorrer o mesmo com Staphylococcus epidermidis, pois</p><p>essas espécies se diferem de acordo com os sítios do corpo do hospedeiro. Em</p><p>contrapartida, acabam sendo semelhantes em indivíduos diferentes quando analisado</p><p>o mesmo sítio, a exemplo das axilas (SCHOLZ; KILIAN, 2016).</p><p>30</p><p>A microbiota cutânea, como supracitado, possui diversas funções benéficas</p><p>para o hospedeiro e isso está intimamente relacionado com sua composição e</p><p>densidade. Além disso, fatores do hospedeiro podem interferir nas populações</p><p>microbianas, tais como: a resposta imune, as condições da integridade da barreira</p><p>protetora da pele e as condições de higiene. Em caso de perturbação de forma</p><p>significativa de algum desses fatores, um desequilíbrio na microbiota cutânea pode</p><p>ocorrer, fenômeno conhecido como disbiose. A disbiose não é conhecida como uma</p><p>doença, entretanto, é uma condição clínica que necessita de cuidados, pois a pele e</p><p>o hospedeiro ficam suscetíveis a doenças infecciosas ou de outra etiologia (ZHANG</p><p>et al., 2015). A exemplo disso, o Staphylococcus epidermidis, apesar de ser uma</p><p>espécie comensal na pele, em casos de desordem são capazes de causar infecções</p><p>variadas como: bacteremias, infecção de válvulas cardíacas, osteomielites, infecções</p><p>do trato urinário entre outras (CHEN; FISCHBACH; BELKAID, 2018).</p><p>2.4.2.2 - Disbiose cutânea e seus efeitos</p><p>Quando a microbiota cutânea é perturbada, pode ocorrer uma condição</p><p>conhecida como disbiose. Isso ocorre quando há um desequilíbrio na composição ou</p><p>quantidade de micro-organismos presentes na pele. A disbiose pode ser causada por</p><p>vários fatores, incluindo uso excessivo de antibióticos, higiene inadequada ou doenças</p><p>de pele. O estado da barreira da pele é fundamental para uma defesa eficiente e na</p><p>manutenção do equilíbrio imune (SWAMY et al., 2010, LEE; KIM,</p><p>2022).</p><p>A disbiose pode levar a várias doenças de pele, incluindo acne, rosácea e</p><p>dermatite atópica, pois estão associadas a algum dano na barreira da pele( BOWE;</p><p>LOGAN, 2011; LEE; KIM, 2022; MUIZZUDDIN et al., 2012). Acredita-se que isso</p><p>ocorra porque certas bactérias podem desencadear inflamação na pele, enquanto</p><p>31</p><p>outras bactérias podem ser protetoras, induzindo um efeito "anti-inflamatório". Quando</p><p>há um desequilíbrio na composição da microbiota cutânea, as bactérias que induzem</p><p>processos inflamatórios podem superar as bactérias protetoras, levando a uma</p><p>inflamação crônica (BERI, 2018).</p><p>Além disso, a disbiose pode contribuir para o desenvolvimento de infecções</p><p>cutâneas, como impetigo e celulite. Isso ocorre porque a pele é menos capaz de se</p><p>defender contra patógenos invasores quando a microbiota cutânea está</p><p>desequilibrada (CARVALHO et al., 2018).</p><p>Portanto, é importante manter uma boa higiene pessoal e evitar o uso excessivo</p><p>de antibióticos para manter a saúde da microbiota cutânea, manter uma boa dieta e</p><p>fazer ingestão de probióticos para prevenir a disbiose (YU et al., 2019).</p><p>2.5 - Probióticos</p><p>2.5.1. - Conceito e mecanismo de ação</p><p>Os probióticos inicialmente eram definidos como suplementos alimentares à</p><p>base de micro-organismos vivos, que afetam beneficamente o animal hospedeiro,</p><p>promovendo o balanço de sua microbiota intestinal (AFRC, 1989). Com o passar dos</p><p>anos, muitas definições a respeito do tema surgiram. Entretanto, a definição</p><p>atualmente aceita é que eles são "micro-organismos vivos que quando administrados</p><p>em quantidades adequadas conferem benefícios à saúde do hospedeiro" (FAO, 2001).</p><p>Para que haja a eficácia de um produto probiótico é necessário que seja feito</p><p>um armazenamento correto e que nele tenha uma quantidade mínima de micro-</p><p>organismos no ato do consumo (SANTOS, 2011). Muitos micro-organismos têm sido</p><p>utilizados pela sua ação probiótica (benéfica), alguns deles são as bactérias ácido-</p><p>32</p><p>lácticas (Lactobacillus e Bifidobacterium), bactérias não ácido-láticas (Bacillus clausii,</p><p>Escherichia coli) e leveduras (Saccharomyces boulardii) (SANTOS, 2011).</p><p>Os Lactobacilos e as Bifidobactérias produzem compostos orgânicos</p><p>decorrentes da atividade fermentativa, que aumentam a acidez do intestino, impedindo</p><p>a multiplicação de bactérias patogênicas nesse ambiente (FOOKS; GIBSON, 2002).</p><p>Uma importante ação atribuída aos probióticos é a capacidade de adesão a alguns</p><p>tipos de receptores encontrados na mucosa intestinal, evitando que os movimentos</p><p>peristálticos os eliminem. Ao promover a adesão, eles impedem que bactérias com</p><p>caráter patogênicas, como Salmonella Typhimurium e linhagens patogênicas de</p><p>Escherichia coli, desempenhem funções enteropatogênicas (MARCO; PAVAN;</p><p>KLEEREBEZEM, 2006). Por exemplo, o Lactobacillus plantarum é capaz de sintetizar</p><p>adesinas para receptores intestinais que possuem manose. Promovendo, então, uma</p><p>competição com os sorotipos de Escherichia coli, que precisam fazer ligação com as</p><p>células intestinais por meio dos receptores para que haja uma atividade</p><p>enteropatogênica (OLIVEIRA, 2016).</p><p>Os principais mecanismos de ação dos probióticos segundo (BERNARDO et</p><p>al., 2013) são:</p><p>(i) aumento da resistência da barreira intestinal contra o trânsito de</p><p>bactérias e suas toxinas; (ii) modulação da resposta do hospedeiro em</p><p>relação aos produtos microbianos; (iii) aumento da resposta das mucosas</p><p>à IgA; (iv) produção de substâncias bactericidas ( bacteriocinas, ácidos</p><p>orgânicos); (v) excluem competitivamente os patógenos em potencial.</p><p>Em geral, os probióticos não são recomendados para pacientes tratados com</p><p>quimioterapia ou radioterapia com a imunidade deficiente devido às condições</p><p>debilitantes desses indivíduos e ao risco de os micro-organismos administrados</p><p>causarem problemas, como a translocação microbiana. Entretanto, a suplementação</p><p>33</p><p>probiótica se torna uma opção benéfica para pacientes que estão com a imunidade</p><p>regulada (CESARO et al., 2000; LEITE, 2017). Alguns probióticos e potenciais</p><p>probióticos têm alguns efeitos benéficos na saúde do hospedeiro, mesmo quando</p><p>usados de forma inativa e, portanto, podem ser usados com mais segurança.</p><p>(ADAMS, 2010; BASTOS et al., 2016; GENEROSO et al., 2010; TIAGO et al., 2012).</p><p>2.5.2. - Produtos probióticos</p><p>A escolha dos micro-organismos probióticos utilizadas pela indústria baseia-se</p><p>nos critérios dos principais mecanismos de ação descritos acima, como: aumentar a</p><p>resistência da barreira intestinal contra o trânsito de bactérias e suas toxinas; modificar</p><p>a resposta do hospedeiro em relação aos produtos microbianos; aumentar a resposta</p><p>das mucosas à IgA; produzir substâncias bactericidas e excluir competitivamente os</p><p>patógenos em potencial (BERNARDO et al., 2013). Além disso, o micro-organismo</p><p>não pode ser patogênico e nem possuir genes de resistência que possam ser</p><p>transferidos para outras bactérias (ALENCAR, 2016).</p><p>A principal indústria responsável pelos produtos contendo culturas probióticas</p><p>é a alimentícia, mais precisamente na produção de leite. Os produtos podem ser</p><p>adicionados separadamente ou associados com outras bactérias láticas durante ou</p><p>após a fermentação, ou até mesmo adicionados a produtos frescos no ato da</p><p>comercialização (CLAUDINEZ DOS SANTOS; CAMPOLINA CANÇADO, 2009).</p><p>Muitos fabricantes conseguiram desenvolver e patentear bactérias probióticas para o</p><p>uso próprio, como Lactobacillus johnsonii (Nestlé), Lacticel (Danone), L. casei Shirota</p><p>(Yakult), L. paracasei (Chamyto), Bifidobacterium animalis CNCM I-2494 (Activia), etc</p><p>(VIEIRA; TEIXEIRA; MARTINS, 2013).</p><p>34</p><p>A Tabela 1 mostra os principais produtos alimentícios e farmacêuticos com</p><p>micro-organismos probióticos encontrados no Brasil. Foram listados os grandes</p><p>grupos e os micro-organismos contidos em cada produto.</p><p>Tabela 1 - Principais produtos alimentícios e farmacêuticos. Adaptado: Oliveira, 2002 e</p><p>Viveira, Teixeira e Martins, 2013</p><p>2.5.2. 1 . - Produtos probióticos em culturas lácticas</p><p>No início do século XX o microbiologista e zoólogo russo Ellie Metchnikoff</p><p>iniciou os estudos a respeito desse assunto. O cientista percebeu que os búlgaros</p><p>viviam em média mais tempo do que o restante da Europa e conectou essa</p><p>observação ao alto consumo de coalhada pelos búlgaros. O pesquisador então</p><p>propôs que o processo de envelhecimento seria proveniente da putrefação</p><p>microbiana (atividade proteolítica), sendo responsável pela produção de substâncias</p><p>tóxicas no intestino grosso (World Gastroenterology Organisation, 2017).</p><p>35</p><p>Bactérias proteolíticas, como os clostridios, fazem parte da microbiota</p><p>intestinal e produzem substâncias tóxicas a partir da digestão de proteínas, incluindo</p><p>indóis, amônia e fenóis. Para Metchnikoff, estes compostos foram responsáveis pelo</p><p>que ele chama de "auto-intoxicação intestinal". Sendo encarregado de causar</p><p>mudanças ao corpo associadas à velhice. Com esse apanhado de informações, o</p><p>zoólogo deduziu que os micro-organismos encontrados na coalhada seriam de</p><p>importância na saúde humana e dedicou-se a promover o uso de alimentos</p><p>fermentados (SANDERS et al., 2013).</p><p>Os laticínios servem de ajuda para manter a sobrevivência dos probióticos até chegar</p><p>ao suco gástrico, por possuírem um efeito tamponante e protetor (ROSS et al., 2005).</p><p>Por isso, a quantidade de produtos lácteos probióticos encontrados comercialmente é</p><p>em larga escala, sendo uma indústria que só tem a possibilidade de ampliação cada</p><p>vez mais (CHAMPAGNE; GARDNER; ROY, 2005).</p><p>2.5.2.2 - Preparações farmacêuticas probióticas</p><p>A indústria farmacêutica também tem um grande interesse em produzir</p><p>produtos probióticos. Esses produtos precisam garantir as mesmas propriedades já</p><p>descritas acima. Contudo, o desafio de manter a viabilidade desses micro-</p><p>organismos e em altas concentrações é grande (SILVA et al., 2013).</p><p>Para a produção de preparações</p><p>farmacêuticas probióticas, os seguintes</p><p>passos devem ser seguidos (AMARAL, 2014):</p><p>● Seleção e caracterização das estirpes com propriedades terapêuticas</p><p>comprovadas;</p><p>● Seleção dos excipientes adequados;</p><p>● Escolha do processo de produção que permita a produção em larga escala;</p><p>36</p><p>● Avaliação da segurança e eficácia dos produtos finais, por meio de testes</p><p>laboratoriais (in vitro e ex vivo), em modelos animais e em humanos.</p><p>Atualmente, existe uma extensa variedade de preparações farmacêuticas</p><p>probióticas (Tabela 1), que podem ser utilizadas para diversas circunstâncias. Esses</p><p>produtos são comercializados na forma de pós, cápsulas, comprimidos, óvulos,</p><p>outras formas de dosagem contendo probióticos na forma liofilizada e até em cremes</p><p>para a pele (AMARAL, 2014).</p><p>2.5.3 - Probióticos com efeito na pele</p><p>Em 1907, Ellie Metchnikoff postulava que a saúde e longevidade estão</p><p>intimamente ligados à microbiota intestinal. A microbiota intestinal é considerada pelo</p><p>autor como um “orgão vital” e é responsável por um enorme impacto imunológico e</p><p>uma capacidade metabólica que pode afetar outros órgãos importantes, como a pele</p><p>(O’NEILL et al., 2016). Portanto, pode-se afirmar que a microbiota intestinal é o centro</p><p>entre o eixo intestino-pele.</p><p>Um recente estudo em camundongos apoia esta hipótese: O grupo de</p><p>pesquisadores conseguiu demonstrar que a adição da bactéria probiótica,</p><p>Lactobacillus reuteri, à água potável de camundongos foi capaz de resultar em</p><p>diversas mudanças benéficas para o sistema tegumentar do animal. Camundongos</p><p>que receberam L. reuteri tiveram aumento da espessura dérmica, aumento da</p><p>foliculogênese, pH mais ácido da pele e aumento da produção de sebócitos:</p><p>consequentemente um pelo mais lustroso, quando comparado aos animais que</p><p>receberam apenas água. O sistema imune é a grande chave da questão, sendo um</p><p>apoio para todas essas mudanças benéficas. Ao administrar produtos probióticos aos</p><p>37</p><p>camundongos, houveram resultados significativos como: aumento nos níveis séricos</p><p>da citocina anti-inflamatória IL(interleucina)-10, e diminuição dos níveis séricos da</p><p>citocina pró-inflamatória IL-17. De forma geral, os pelos dos camundongos do grupo</p><p>que recebeu o probiótico ficaram mais brilhantes e grossos em comparação a</p><p>camundongos não suplementados com L. reuteri. Além disso, ao realizar a tricotomia</p><p>do dorso dos animais, os que receberam a bactéria tiveram seus pelos crescidos mais</p><p>rapidamente do que o grupo que não recebeu o probiótico (LEVKOVICH et al., 2013).</p><p>Nesse trabalho, os pesquisadores confirmaram como a saúde da microbiota intestinal</p><p>e a suplementação com probióticos pode gerar efeitos benéficos na pele.</p><p>Em um outro estudo, Poutahidis e colaboradores (2014) perceberam que o uso</p><p>de probióticos poderia ter ação além do intestino, sendo capaz de manter os níveis</p><p>séricos de testosterona em camundongos desde a fase jovem até idoso sem causar a</p><p>perda gradativa do hormônio (POUTAHIDIS et al., 2014). Porém, em um estudo</p><p>adjacente com objetivo de analisar a literatura sobre o uso de probióticos capazes de</p><p>auxiliar na rapidez do processo de cicatrização de feridas na pele, foi incapaz de</p><p>chegar a uma conclusão a respeito dos benefícios. Segundo os pesquisadores, foram</p><p>encontrados poucos estudos que investigaram a relação entre terapia probiótica e</p><p>cicatrização de feridas. Além disso, nesse estudo foi observada uma grande variedade</p><p>de cepas probióticas utilizadas nos artigos analisados por eles, os tipos de feridas e</p><p>populações-alvo, os impedindo de tirar conclusões claras sobre a eficácia da terapia</p><p>probiótica na cicatrização de feridas (TOGO et al., 2021).</p><p>Estudos científicos têm investigado o uso de bactérias probióticas no processo de</p><p>cicatrização de feridas, na tentativa de melhorar a regeneração dos tecidos. No</p><p>entanto, alguns estudos mostraram resultados inconsistentes ou mesmo a falta de</p><p>benefícios significativos. Isso pode ser atribuído a diversos fatores, como a</p><p>38</p><p>complexidade do ambiente da ferida, a interação com outras bactérias presentes e a</p><p>resposta individual do organismo (TOGO et al., 2021). Por outro lado, existem</p><p>pesquisas que apontam para as bactérias probióticas com efeitos benéficos para a</p><p>pele. Essas bactérias podem ajudar a manter o equilíbrio do microbioma cutâneo,</p><p>fortalecer a barreira protetora da pele, reduzir a inflamação e melhorar a hidratação.</p><p>2.5.3.1 - Bactérias probióticas com efeito benéfico para a pele</p><p>Alguns estudos já vêm demonstrando que alguns gêneros, espécies e/ou</p><p>linhagens específicas de bactérias possuem efeitos benéficos para a pele.</p><p>Lactobacillus</p><p>Atualmente o gênero Lactobacillus foi dividido em 23 gêneros (ZHENG et al.,</p><p>2020), mas nesse trabalho a nomenclatura antiga e comercialmente consagrada será</p><p>utilizada. Dentre as bactérias láticas, o Lactobacillus é o gênero com maior</p><p>diversidade, sendo encontrado em inúmeras pesquisas e sendo capaz de</p><p>desempenhar múltiplas funções (SUN et al., 2015).</p><p>Existem pesquisas mostrando que os produtos contendo Lactobacillus vivos</p><p>(probióticos) ou mortos (pósbióticos) possuem efeito benéficos na pele. Blanchet-</p><p>Rethoré e colaboradores (2017) avaliaram por 21 dias uma loção hidratante de uso</p><p>diário que possuía 0,3% de Lactobacillus johnsonii inativada por tratamento térmico</p><p>em pacientes com dermatite atópica. Lactobacillus johnsonii é um membro dos</p><p>lactobacilos intestinais com propriedades probióticas que incluem inibição de</p><p>patógenos, fixação de células epiteliais e imunomodulação. Durante os experimentos,</p><p>foi possível comprovar que o micro-organismo era capaz de aderir a queratinócitos,</p><p>39</p><p>reduzindo a fixação de S. aureus a essas células. A loção hidratante utilizada pelo</p><p>estudo conseguiu demonstrar uma diminuição de 54% na adesão de S. aureus. Além</p><p>disso, o uso da loção também confirmou ser capaz de aumentar a expressão gênica</p><p>e a síntese proteica de certos peptídeos antimicrobianos, até mesmo a β-defensina-2,</p><p>que é reconhecida por estar modificada na dermatite atópica e ser um elemento crucial</p><p>da imunidade inata. Todas essas observações sugerem que não apenas probióticos</p><p>orais funcionam, como também formulação tópica; sendo capaz de reduzir</p><p>Staphylococcus aureus de pacientes com dermatite atópica (BLANCHET-RÉTHORÉ</p><p>et al., 2017)</p><p>Outro estudo demonstrou que algumas cepas de Lactobacillus paracasei são</p><p>capazes de inibir a inflamação da pele induzida pela substância P (neuromodulador</p><p>que facilita processos inflamatórios), acelerando a recuperação da função da barreira</p><p>in vitro (GUENICHE et al., 2010). Um estudo randomizado, provou que um suplemento</p><p>probiótico contendo Lactobacillus rhamnosus é capaz de normalizar a expressão de</p><p>genes de insulina cutânea, levando a uma visível melhora nas acnes dos pacientes</p><p>(FABBROCINI et al., 2016). Foi visto também, em um estudo feito com camundongos</p><p>sem pelos, que o Lactobacillus acidophilus, após passar por um processo de</p><p>esterilização parcial por meio do calor, tornando-se tindalizado, pôde ser utilizado</p><p>como um produto oral capaz de inibir a formação de rugas induzidas por irradiação</p><p>UVB (IM et al., 2016).</p><p>No entanto, é importante ressaltar que mais pesquisas são necessárias para</p><p>avaliar os efeitos específicos dos Lactobacillus em diferentes condições de pele e para</p><p>determinar as doses e formulações mais eficazes para tratamentos dermatológicos.</p><p>Além disso, a maioria das formulações testadas usam bactérias mortas, fugindo, assim</p><p>do conceito de produto probiótico.</p><p>40</p><p>Nitrobacter</p><p>Nitrobacter é um bacilo Gram Negativo do filo Proteobacteria, capaz de</p><p>transformar o nitrito (NO2-) em nitrato (NO3), que, por sua vez, é um composto capaz</p><p>de causar diversos efeitos benéficos para o corpo humano, incluindo para a pele. A</p><p>capacidade do Nitrobacter de produzir nitrato também demonstrou ser capaz de</p><p>proteger as células da pele de danos ocasionados pela</p><p>exposição à radiação UV por</p><p>inibir a morte celular desencadeada pela radiação (OPLÄNDER; SUSCHEK, 2012).</p><p>Em suma, a maioria dos estudos que avaliam o potencial de uso de Nitrobacter como</p><p>probiótico é realizada em animais de produção e em ambientes controlados. É de</p><p>grande importância que sejam feitas mais pesquisas para avaliar os benefícios de seu</p><p>uso em humanos, incluindo outras aplicações médicas ou estéticas.</p><p>Bifidobacterium</p><p>Bifidobacterium é um grupo de bactérias anaeróbicas estritas, Gram positivas</p><p>e do filo Actinobacteria, que são amplamente utilizadas na composição de probióticos.</p><p>As espécies de Bifidobacterium são naturalmente encontradas no intestino humano e</p><p>desempenham um papel importante na saúde intestinal e na regulação do sistema</p><p>imunológico (GAMARRA et al., 2014).</p><p>Guéniche et al., (2009) avaliaram os efeitos de probiótico contendo</p><p>Bifidobacterium longum inicialmente in vitro e em seguida, em um ensaio clínico. Este</p><p>experimento foi capaz de demonstrar melhora na sensibilidade física (calor e frio) e</p><p>química (produtos tópicos aplicados) da pele em ambos os ensaios realizados. Para</p><p>a avaliação inicial, foi utilizado modelo in vitro: amostras de pele humana obtidas em</p><p>cirurgias plásticas. Nesta primeira fase do teste, foram utilizadas culturas de células</p><p>41</p><p>nervosas in vitro, e incubadas por 6 horas com 0,3% a 1% do lisado de Bifidobacterium</p><p>longum em meio de cultura. Eles perceberam que a capsaicina (substância com ação</p><p>anti-oxidante, anti-inflamatória e analgésica encontrada em pimentas) conseguia inibir</p><p>a liberação de CGRP (potente vasodilatador peptídico que atua na transmissão da</p><p>nocicepção, ou seja, envia sinais de dor ao cérebro) pelos neurônios. A partir disso,</p><p>foram encontradas melhoras significativas em diversos parâmetros relacionados a</p><p>inflamação neurogênica como: diminuição na vasodilatação, edema, liberação de</p><p>TNF-alfa e degranulação de mastócitos. Em seguida, foi desenvolvido um creme</p><p>tópico contendo o extrato ativo para ser testado em um estudo randomizado, duplo-</p><p>cego, controlado por placebo. O creme foi testado em 66 pacientes, aplicando-o no</p><p>rosto, braços e pernas duas vezes ao dia durante dois meses. A sensibilidade da pele</p><p>foi avaliada pelo que os autores chamam de “stinging test”, um teste da picada. Os</p><p>resultados demonstraram que os voluntários que aplicaram o creme contendo o</p><p>extrato de Bifidobacterium longum tiveram diminuição significativa da sensibilidade</p><p>cutânea ao final do tratamento. Além disso, notou-se uma diminuição significativa no</p><p>ressecamento da pele e aumento da resistência cutânea contra agressões físicas e</p><p>químicas em relação ao grupo de voluntários que aplicaram apenas o creme controle</p><p>(GUÉNICHE et al., 2009).</p><p>Em um outro estudo, foi testado o efeito da ingestão da bactéria Bifidobacterium</p><p>breve B-3 na pele de camundongos irradiados com ultravioleta (UV). A ingestão de</p><p>Bifidobacterium breve B-3 foi capaz de prevenir danos na pele, impedindo a</p><p>deslocalização e perda de colágeno IV e laminina na membrana basal e diminuindo o</p><p>espessamento da epiderme induzido pela irradiação ultravioleta crônica. A ingestão</p><p>do probiótico diminuiu, também, a perda de água da pele e melhorou a sua hidratação</p><p>quando comparado aos controles em modelo de irradiação por UV imediata e na</p><p>42</p><p>irradiação ultravioleta crônica (a longo prazo). Esse estudo foi pioneiro a demonstrar</p><p>a ação protetora fotoprotetora de bactérias probióticas (SATOH et al., 2015).</p><p>Bifidobacterium, assim como outras bactérias probióticas, podem ser benéficas</p><p>para a saúde da pele promovendo a hidratação, a redução da dermatite e muitos</p><p>outros benefícios. Essas propriedades podem ajudar a melhorar a aparência da pele</p><p>e reduzir o risco de danos celulares (TSAI et al., 2021).</p><p>Dessa forma, a indústria de cosméticos e o mercado de estética tem se</p><p>interessado cada vez mais pela incorporação de probióticos/pósbióticos em seus</p><p>produtos para cuidados com a pele, com o objetivo de oferecer benefícios adicionais</p><p>e complementares aos produtos tradicionais (HILL et al., 2014).</p><p>Além disso, a utilização de probióticos como Bifidobacterium pode estar</p><p>alinhada com a crescente preocupação dos consumidores com a utilização de</p><p>ingredientes naturais e sustentáveis em produtos de beleza e cuidados pessoais</p><p>(PUEBLA-BARRAGAN; REID, 2021).</p><p>2.5.4 - Probiótico e estética</p><p>No momento, o que se sabe a respeito do uso de probióticos na estética e,</p><p>principalmente, o que é cientificamente comprovado, é mínimo quando comparado ao</p><p>uso dos probióticos em outras áreas. Apesar disso, tem havido um grande aumento</p><p>no desenvolvimento desses produtos, sendo a América do Norte o maior condutor de</p><p>pesquisas, com expectativa de crescimento desse mercado em até 12% nos próximos</p><p>dez anos (PUEBLA-BARRAGAN; REID, 2021)</p><p>Segundo Korpasch e colaboradores (2022), os micro-organismos probióticos</p><p>mais utilizados são os Lactobacillus e Bifidobacterium. Os micro-organismos em sua</p><p>maioria são inseridos nos produtos durante o processo de fermentação, com objetivo</p><p>43</p><p>de potencializar os efeitos provenientes do produto (KORPASCH; HILACHUK;</p><p>PAULA, 2022).</p><p>A partir da análise de artigos publicados entre 2010 e 2020, Korpasch et al.,</p><p>(2022), perceberam que os principais efeitos observados pelos estudos mostram</p><p>resultados com efeitos antioxidantes, antimicrobianos e antienvelhecimento. Durante</p><p>a análise, o autor percebeu que as publicações a respeito desse conteúdo cresceram</p><p>1% ao ano durante o intervalo dos anos de 2010-2016. Porém, houve uma súbita</p><p>alavancagem desde então. Para os autores, o mercado dos cosméticos é amplamente</p><p>influenciado por questões econômicas, demográficas e sociais. Além de haver um</p><p>crescimento exorbitante graças aos avanços das mídias sociais que proporcionam um</p><p>engajamento a partir dos “influenciados digitais”, facilitando o acesso de consumidores</p><p>de produtos cosméticos de todo o mundo através do comércio eletrônico</p><p>(KORPASCH; HILACHUK; PAULA, 2022).</p><p>Na tabela 2 é possível visualizar alguns produtos probióticos tópicos que</p><p>prometem benefícios para a saúde da pele, mas que não seguem todos os parâmetros</p><p>necessários:</p><p>44</p><p>Tabela 2 - Produtos probióticos e seus “benefícios”. Fonte: Elaboração própria</p><p>Atualmente, o mercado tem usado estrategicamente a grande procura deste</p><p>tipo de produto para ganhar vantagem. Oferece os efeitos principais dos produtos,</p><p>porém, sem o resultado prometido/desejado. Alguns dos produtos citados acima</p><p>(tabela 2) não possuem nenhum artigo que comprovem seu benefício ou não chegam</p><p>a citar ao menos o micro-organismo probiótico utilizado em sua formulação, sendo</p><p>sustentado apenas pela estratégia de marketing e visando o lucro.</p><p>No estudo desenvolvido por Valpaços e pesquisadores (2023), foi utilizado o</p><p>produto Mineral 89® e uma combinação com protetor solar FPS 50+ por 38 mulheres</p><p>que fizeram uso do gel por 84 dias. A análise foi feita através de um questionário de</p><p>autoavaliação e alguns aspectos como: níveis de hidratação da pele, biomarcadores</p><p>inflamatórios e de estresse oxidativo foram analisados por ensaio imunológico. Os</p><p>benefícios citados pelos autores são muitos como: melhora nas linhas finas; tom da</p><p>45</p><p>pele; brilho; aparência dos poros; hidratação; ressecamento; queimação; coceira e as</p><p>sensações de ardor, porém em nenhum momento é informado qual o micro-organismo</p><p>probiótico utilizado na composição do produto (VALPAÇOS et al., 2023). Uma das</p><p>principais falhas desse artigo é a ausência de uma diferenciação adequada entre o</p><p>papel do produto probiótico e dos outros componentes como o fotoprotetor, ainda mais</p><p>por haver um grupo que não fez uso de do Mineral 89® (grupo placebo). Embora o</p><p>título sugira que os efeitos benéficos são atribuídos ao probiótico, não há uma análise</p><p>detalhada dos efeitos individuais de cada componente e nem uma avaliação do</p><p>possível sinergismo entre eles.</p><p>Um outro ponto importante e que não pode ser negligenciado, é que muitos</p><p>estudos que usam micro-organismos para pele, usam lisados dos mesmos ou a</p><p>bactéria morta (MAJEED et al., 2023). Nesses casos, esses produtos não podem ser</p><p>chamados de probióticos, já que o conceito clássico diz que as bactérias precisam de</p><p>estar vivas (FAO, 2002). A maioria dos produtos comerciais encontrados alegando ter</p><p>probióticos (tabela 2), não relata sequer qual bactéria o produto contém, e muito</p><p>menos se a mesma está viva e a sua quantidade. Sendo assim, não se sabe, ao certo,</p><p>se esses produtos podem ser considerados probióticos pela falta de informações.</p><p>Dessa forma, é fundamental que a indústria e a mídia sigam critérios éticos e</p><p>científicos rigorosos na divulgação de produtos com alegações probióticas, para</p><p>garantir que os consumidores sejam informados de forma precisa e confiável sobre os</p><p>benefícios e limitações desses ingredientes na pele (HILL et al., 2014; PUEBLA-</p><p>BARRAGAN; REID, 2021).</p><p>46</p><p>3- Conclusão</p><p>Os probióticos são uma opção promissora para a melhoria da saúde e beleza</p><p>da pele, especialmente em relação a questões como acne, rosácea e envelhecimento.</p><p>Embora a pesquisa sobre probióticos e sua aplicação na cosmetologia ainda esteja</p><p>em seus estágios iniciais, as evidências sugerem que o uso tópico de produtos</p><p>probióticos pode melhorar a microbiota bacteriana da pele, fortalecer a barreira</p><p>cutânea e aumentar a hidratação e elasticidade da mesma. No entanto, é importante</p><p>lembrar que nem todos os micro-organismos probióticos são iguais e que a qualidade</p><p>e a quantidade de cepas bacterianas são fundamentais para obter os melhores</p><p>resultados. Em geral, os probióticos são uma adição interessante para a rotina de</p><p>cuidados com a pele, e é provável que vejamos mais pesquisas e produtos probióticos</p><p>surgindo no mercado nos próximos anos.</p><p>A indústria e a mídia têm impulsionado muito o uso de probióticos nos últimos</p><p>anos, especialmente na área de cuidados com a pele e cosméticos. No entanto, é</p><p>importante ressaltar que a utilização desses ingredientes deve seguir critérios</p><p>rigorosos para garantir sua segurança e eficácia.</p><p>É importante que os consumidores estejam cientes e sejam críticos em relação</p><p>às alegações de produtos com probióticos. É recomendável que busquem produtos</p><p>de marcas confiáveis, que apresentem evidências científicas para comprovar a</p><p>eficácia e segurança dos ingredientes utilizados.</p><p>47</p><p>4- Referências:</p><p>ADAMS, C. A. The probiotic paradox: live and dead cells are biological response modifiers.</p><p>Nutrition Research Reviews, v. 23, n. 1, p. 37–46, 20 jun. 2010.</p><p>AFRC, R. F. Probiotics in man and animals. Journal of Applied Bacteriology, v. 66, n. 5, p.</p><p>365–378, maio 1989.</p><p>ALENCAR, W. AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES PROBIÓTICAS DE CEPAS DE</p><p>LACTOBACILLUS ISOLADAS DE SUBPRODUTOS DO PROCESSAMENTO DE FRUTAS</p><p>. Monografia—João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2016.</p><p>ALMEIDA, J. M. DE; NADER, R. G. DE M.; MALLET, A. C. T. Microbiota intestinal nos</p><p>primeiros mil dias de vida e sua relação com a disbiose. Research, Society and</p><p>Development, v. 10, n. 2, p. e35910212687, 19 fev. 2021.</p><p>ALVES, D.; LIMA, D.; ROCHA, S. 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