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<p>1. Lei 10.826/2003 spectivos territórios, bem como manter cadastro atualizado para consulta. Estatuto do Desarmamento Parágrafo único. As disposições deste artigo não al- cançam as armas de fogo das Forças Armadas e Aux- 0 estatuto do desarmamento, editado em 2003, veio para iliares, bem como as demais que constem dos seus regulamentar registro, posse e comercialização de armas de fogo registros próprios. e munição, sobre 0 Sistema Nacional de Armas Sinarm. 0 pri- Outro ponto importante é que a competência para a de- meiro ponto fundamental é saber se a competência é federal ou struição das armas apreendidas não é de competência da Polí- estadual. cia Federal e sim do Exército, como prevê 0 Art. 25, da lei: Em regra, a competência da lei é da Justiça Estadual, Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elabo- mesmo sendo regulamentado pela Polícia Federal. Contudo, ração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando se houver interesse direto da União, será da Justica Federal. não mais interessarem à persecução penal serão en- Podemos citar, como exemplo, crime cometido por um policial caminhadas pelo juiz competente ao Comando do Ex- federal ou policial rodoviário federal. ército, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, Devemos lembrar que se 0 crime for de tráfico internacio- para destruição ou doação aos órgãos de segurança nal de arma de fogo, a competência será da Justica Federal. pública ou às Forças Armadas, na forma do regula- Se 0 crime atingir interesse genérico e indireto da União, a mento desta Lei. competência é da Justica Estadual. Posição Jurisprudencial: cabe ao Juiz do processo definir Sendo interesse direto e específico da União, a competên- para onde as armas seriam doadas e cabe ao Comando do cia é federal. Exército definir quais unidades poderiam receber as doações. 0 Art. da Lei 10.826/2003 prevê a competência do Sinarm. Devemos nos atentar e não confundirmos as competên- Do Registro cias da Polícia Federal com as do Sinarm. A Polícia Federal expe- Outro ponto importante é registro das armas. 0 Art. de 0 registro de arma de fogo, mediante autorização do Sinarm. prevê que as armas de fogo de uso restrito serão registradas Assim: no Comando do Exército. Já 0 Art. prevê que 0 interessa- São competências do Sinarm: do deverá, além de declarar a necessidade, apresentar os se- I. as características e a propriedade de guintes requisitos para compra, sendo a que autorização será armas de fogo, mediante cadastro. concedida ou recusada, com da devida fundamentação, no II. Cadastrar as armas de fogo produzidas, impor- prazo de 30 dias úteis a contar da data do requerimento. tadas e vendidas no I. Comprovação de idoneidade, com a apresen- III. Cadastran as autorizações de porte de arma de tação de certidões negativas de antecedentes fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal. criminais fornecidas pela Federal, Estad- IV. as transferências de propriedade, ex- ual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis a inquérito policial ou a processo criminal, que de alterar os dados cadastrais, inclusive as decor- poderão ser fornecidas por meios eletrônicos. rentes de fechamento de empresas de segurança II. Apresentação de documento comprobatório de privada e de transporte de valores. ocupação lícita e de residência certa. V. Identificar as modificações que alterem as carac- III. Comprovação de capacidade técnica e de ap- terísticas ou funcionamento de arma de fogo. tidão psicológica para 0 manuseio de arma de VI. Integrar no cadastro acervos policiais já ex- fogo, atestadas na forma disposta no regulamento istentes. desta Lei. VII. as apreensões de armas de fogo, Observação: esses requisitos deverão ser comprovados inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e periodicamente, em período não inferior a 3 (três) anos, na judiciais. conformidade do estabelecido no regulamento desta Lei, para VIII. armeiros em atividade no País, a renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo. bem como conceder licença para exercer a atividade. Do Porte IX. mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importa- 0 Art. 6° prevê quem possui 0 porte de arma: dores autorizados de armas de fogo, acessórios e I. Os integrantes das Forças Armadas. munições. II. Os integrantes de órgãos referidos nos incisos do X. Cadastrar a identificação do cano da arma, as caput do Art. 144 da Constituição Federal; trata-se características das impressões de raiamento e de dos integrantes da segurança pública. microestriamento de projétil disparado, conforme III. Os integrantes das guardas municipais das capitais marcação e testes obrigatoriamente realizados dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 pelo fabricante. (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabele- XI. Informar às Secretarias de Segurança Pública cidas no regulamento desta Lei. dos Estados e do Distrito Federal os registros e IV. Os integrantes das guardas municipais dos autorizações de porte de armas de fogo nos re- Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil)</p><p>e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, forme 0 caso, por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo quando em serviço. de uso permitido. V. Os agentes operacionais da Agência Brasileira 0 Art. § traz a responsabilidade do proprietário ou di- de Inteligência e os agentes do Departamento de retor responsável de empresa de segurança privada e de trans- Segurança do Gabinete de Segurança Institucional porte de valores, que responderá pelo crime previsto no parágrafo da Presidência da República. único do Art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais sanções ad- VI. Os integrantes dos órgãos policiais referidos ministrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência policial e de no Art. 51, IV, e no Art. 52, XIII, da Constituição comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas Federal; ou seja, polícia da Câmara e polícia do de extravio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam Senado. sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas, depois de VII. Os integrantes do quadro efetivo dos agentes ocorrido 0 fato. e guardas prisionais, os integrantes das escoltas Art. § As instituições de que trata este artigo de presos e as guardas portuárias. são obrigadas a registrar ocorrência policial e a comu- VIII. As empresas de segurança privada e de trans- nicar à Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou porte de valores constituídas, nos termos desta Lei. outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e IX. Para os integrantes das entidades de desporto, munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 legalmente constituídas, cujas atividades esportivas (vinte e quatro) horas depois de ocorrido fato. demandem 0 uso de armas de fogo, na forma do 0 Art. traz como competência do Ministério da a regulamento desta Lei, observando-se, no que cou- autorização do porte de arma para os responsáveis pela segu- ber, a legislação ambiental. rança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, X. Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, 0 registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes XI. Os tribunais do Poder Judiciário descritos no Art. estrangeiros em competição internacional oficial de tiro, realiza- 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da da no território nacional. União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores 0 Art. 10 traz a competência para a autorização para 0 porte de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no de arma de fogo de uso permitido, em todo 0 território nacional, exercício de funções de segurança, na forma de regula- que é de competência da Polícia Federal e somente será concedi- mento a ser emitido pelo Conselho Nacional de da após autorização do Sinarm. A autorização poderá ser conce- CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público dida com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de CNMP. atos regulamentares, e dependerá do requerente. 0 § 1°-B foi incluído pela Lei n° 12.993, de 17 de junho de 0 Art. 10, § traz a forma de perda da autorização de 2014 e permitiu com alguns pré-requisitos porte de arma porte de arma de fogo, que será dada automaticamente em de fogo para os agentes penitenciários e guardas prisionais. caso de 0 portador dela ser detido ou abordado em estado § Os integrantes do quadro efetivo de agentes e de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou alu- guardas prisionais poderão portar arma de fogo de pro- cinógenas. priedade particular ou fornecida pela respectiva corpo- Devemos lembrar que a autorização para compra de arma é ração ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que de natureza intransferível. Outro ponto importante da lei é que estejam: a comercialização entre pessoas físicas deve ser antecedida de I. Submetidos a regime de dedicação exclusiva. autorização do Sinarm. II. Sujeitos à formação funcional, nos termos do 0 certificado de registro de arma de fogo será expedido regulamento. pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm. III. Subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno. Dos Crimes e das Penas 0 Art. § prevê que a autorização para 0 porte de Estamos no capítulo IV da lei, com toda certeza 0 mais arma de fogo das guardas municipais está condicionada à for- cobrado nas provas de concursos. Assim, vamos, em primeiro mação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de plano, explicar 0 que é porte e 0 que é posse ilegal de arma ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de de fogo. fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a supervisão do Coman- 0 Art. 12 versa sobre a posse irregular de arma de fogo de do do Exército. uso permitido, enquanto 0 porte está previsto no Art. 14 da lei. Assim: 0 Art. § faz menção ao porte para os que residem em áreas 0 porte concedido pela Polícia Federal após A posse se dá na residência do infrator ou dependência autorização do Sinarm somente pode ser dado a maiores de 25 desta e no local de trabalho, desde que seja 0 proprietário ou (vinte e cinco) anos que comprovem depender do emprego de responsável pelo local. Já 0 porte ilegal se dá em todos os lu- arma de fogo para prover sua subsistência alimentar. 0 caçador gares. para subsistência, que der outro uso à sua arma de fogo, inde- Já 0 porte ilegal se dá em todos os lugares fora da residên- pendentemente de outras tipificações penais, responderá, con- cia do infrator ou dependências desta.</p><p>Posse Irregular de Arma de Caso 0 proprietário esteja com arma em sua residência, mas com 0 documento vencido, responde pela posse irregular Fogo de Uso Permitido de arma de fogo. Atenção para fato de que 0 registro deve Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de estar no prazo de validade, para não constituir crime. No mes- fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em mo caso, se 0 indivíduo sair com a arma na rua, será crime do desacordo com determinação legal ou regulamentar, Art. 14, ou seja, porte ilegal de arma de fogo. no interior de sua residência ou dependência desta, Porte llegal de Arma de ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja titular ou 0 responsável legal do estabelecimento ou Fogo de Uso Permitido Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em Pena detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, 0 delito em questão possui as condutas de possuir ou emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou manter sob sua guarda armas de fogo de uso permitido. Con- ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso per- tudo, se a arma for de uso restrito, 0 crime é do Art. 16 da lei. mitido, sem autorização e em desacordo com determi- 0 objeto material do crime é, além da arma de fogo, tam- nação legal ou regulamentar: bém acessórios ou munições. Assim, qualquer dos três já tip- Parágrafo único. 0 crime previsto neste artigo é ina- ifica 0 crime. fiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registra- 0 crime é uma norma penal em branco, uma vez que pede da em nome do agente. (Esse parágrafo foi declarado complementação do que seria arma de uso permitido, assim inconstitucional pelo STF.) como 0 Art. 14 da lei. Esse crime é de porte ilegal de arma de fogo de uso per- Esse crime não admite a forma tentada mitido e só pode se cometido se 0 agente não estiver nos lo- Atenção! Vamos considerar como acessório aquele que cais descritos no Art. 12 (posse irregular). Assim, se 0 agente estiver em sua casa, responde pelo crime de posse irregular, modifica 0 aspecto visual ou a eficiência (desempenho da mas, se sair de sua casa com a arma, responde por porte ilegal. arma), por exemplo, mira-laser, silenciador. Parte da arma, por STJ considera que, se 0 agente "enterrar" em seu terreno exemplo, é 0 cano de arma. Neste caso, 0 cano não e consid- a arma de fogo, deverá ele responder por porte ilegal, já que erado acessório, e sim parte, assim não responde pelo crime verbo aqui é ocultar, previsto no Art. 14 e não no Art. 12. em tela. Contudo, se a arma estiver desmontada e com todas as peças, 0 autor responderá pelo crime, mas se a arma estiver E se a arma de fogo for encontrada jogada no quintal da residência (e não enterrada)? Nesse caso, haverá posse ilegal incompleta, 0 autor não responderá, assim como 0 coldre da de arma de fogo e não porte, porque quintal é considerado arma, pois não é considerado um acessório. como dependência. Se houver munição com 0 agente, ele responde. Aqui temos 0 crime de posse de munição de arma de fogo de uso Diferença entre a Posse Irregular (Art. 12) e permitido, pois está previsto no próprio 0 Porte llegal de Arma de Fogo (Art. 14) Como diferenciarmos a posse e 0 porte de uso permitido Responde por posse irregular de arma de fogo agente (Art. 12 e Art. 16)? que possui arma no interior de sua residência, se esta não es- Posse Porte tiver registrada. Já no porte ilegal, responde 0 agente que possuindo a Residência do Infrator arma registrada, retira-a de sua residência para levá-la consi- Local de Trabalho Todos os lugares go, sem a autorização da autoridade competente. Aqui temos Tem de ser proprietário ou responsável 0 crime do Art. 14 da lei. Ex.: gerente de uma padaria possui arma de uso per- Abolitio Criminis Temporária mitido, guardada em armário no interior da padaria. No mesmo contexto, padeiro dessa padaria também É sinônimo de Vacatio Legis indireta ou descriminação possui uma outra arma de uso permitido no seu armário, temporária. Esse fenômeno ocorreu com 0 Art. 12 do estatuto no interior do mesmo estabelecimento. Por qual ou por do desarmamento. Assim, quando 0 diploma legal foi editado, quais crimes respondem os autores? a eficácia do Art. 12 ficou suspensa para que as pessoas pudes- 0 gerente da padaria é considerado responsável pelo es- sem entregar os armamentos. tabelecimento. Assim, de acordo com 0 Art. 12, ele responde Esse entendimento foi regulamentado assim pelo STJ: pela posse irregular de arma de fogo de uso restrito. Já 0 pa- Súm. 513, STJ/2014. A "abolitio criminis" temporária previs- deiro, como está portando arma de fogo fora de sua residên- ta na Lei n° 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de cia ou local de trabalho (desde que não seja 0 proprietário ou arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou responsável pelo local) responderá pelo Art. 14 da lei, ou seja, qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005. Posse Legal de Arma de Fogo Assim, é claro ver que até 23/10/2005 a posse de arma de fogo de uso permitido, mesmo que raspada, não iria configurar É fato atípico, não confundir, em provas, com posse ilegal. crime. Contudo, após essa data, a abolitio criminis temporária Depende de autorização do Sinarm e deve ser expedida não será aplicada à conduta de portar ilegalmente e possuir pela Polícia Federal. arma de fogo com a numeração raspada.</p><p>Omissão de Cautela Aqui a lei passou a considerar crime a figura de transportar munição ou acessório (lembrando que partes de armas não Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias são acessórios, assim, será crime se estivermos frente à arma para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pes- desmontada com todas as peças, não sendo crime 0 trans- soa portadora de deficiência mental se apodere de porte do cano, pois não configura acessório). arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade. Contudo, será necessário comprovar em exame pericial a eficácia da munição ou do acessório. Caso sejam consid- 0 crime em tela pune os sujeitos ativos que se omitirem erados imprestáveis, não colocando em risco bem jurídico e forem os proprietários ou possuidores que, por negligência, não impedirem menores de 18 anos ou doentes mentais não tutelado, não podem configurar crime. englobando os físicos que se apoderarem de arma de fogo. A posse de munição, sem que a arma esteja presente se- Aqui respondem tanto se as armas forem de uso per- gundo STF configura crime, pois há previsão no próprio mitido ou de uso restrito e não responderão por munição ou tipo penal. acessório, pois esses não fazem parte do Art. 13 do Estatuto A arma quebrada se for totalmente (absolutamente) do Desarmamento. inapta não pode configurar crime, pois aqui temos crime 0 crime só se consuma com 0 apoderamento do menor impossível previsto no Art. 17 do código penal. Contudo, se a ou do doente mental, por isso é chamado de crime omissivo arma for relativamente capaz, teremos 0 crime configurado. condicionado. Vale lembrar que se a arma for absolutamente incapaz (total- 0 crime não admite tentativa, pois trata-se de um crime mente inapta) mas estiver com munição, responderá 0 autor omissivo culposo e crimes culposos não admitem a forma ten- pelo crime, em razão da munição. tada. Segundo precedentes do STJ, 0 crime de manter sob É também classificado como crime omissivo próprio. Crime guarda munição de uso permitido e de uso proibido não omissivo próprio é aquele que se consuma com a mera omissão configura concurso formal, mas crime único, desde que, do agente. Desta forma, não há necessidade de ocorrência de no caso concreto, haja uma única ação, com lesão de um resultado algum. único bem jurídico. Ex.: Pai esquece a arma de fogo de uso permitido em 0 entendimento firmado pelo STJ dá-se no sentido de que cima da mesa, filho de 22 anos doente físico a encontra a posse de armas sem ordem legal, bem como de uso proibido, e fica brincando com a arma de fogo. Fique atento, pois não configura concurso formal de crimes, devendo, na espécie, nessa situação não teremos 0 crime do Art. 13, pois a lei ser reconhecida a existência de delito único. não se refere a doente físico. A figura típica é "doente Já no caso de homicídio, se a arma for utilizada exclu- mental". sivamente para 0 crime, teremos um crime único. Diferente Art. 13, parágrafo único omissão de comunicação. situação será se 0 porte já for anterior à conduta, assim, não Parágrafo único. Nas mesmas penas, incorrem pro- devemos considerá-lo como exclusivo. prietário ou diretor responsável de empresa de se- gurança e de transporte de valores que deixarem de Disparo de Arma de Fogo registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de ex- Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em travio de arma de fogo, acessório ou munição, que es- lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública tejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha horas depois de ocorrido fato. como finalidade a prática de outro crime: 0 sujeito ativo aqui é proprietário ou diretor de empre- Pena reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. sa responsável pela empresa de segurança de transporte de Parágrafo único. 0 crime previsto neste artigo é in- valores. Diferentemente do crime previsto no caput do Art. 13 afiançável. (Esse parágrafo foi declarado inconsti- desta Lei, que somente se refere a "arma de fogo", a infração tucional pelo STF) penal descrita no parágrafo único abrange "arma de fogo, acessório ou munição. As condutas aqui são disparar arma de fogo ou acionar mu- nição. É chamado delito subsidiário expresso, pois próprio As condutas típicas são: deixar de comunicar a ocorrência tipo diz que responderá somente se não configurar crime mais policial e de comunicar à Polícia Federal sobre perda, furto ou grave. Se ocorrer 0 crime mais grave, responderá agente pelo roubo de arma de fogo, acessório ou munição. mais grave. Crime a prazo: são crimes que exigem 0 preenchimento de um lapso temporal para se consumarem. Na infração penal Somente pode ser cometido em lugar habitado ou ad- em tela, a consumação somente ocorre 24 horas após 0 agente jacências ou em via pública ou direção a ela. Fora disso, esse tomar conhecimento da perda, do furto ou do roubo. crime torna-se atípico. Ex.: local totalmente inabitado. Questões potenciais de prova: De acordo com 0 STF, a arma desmuniciada configurará Esse crime admite a tentativa, mas que dificilmente possa crime previsto na Lei 10.826/2003. Assim, 0 fato de agen- ocorrer na prática. te trazer a arma desmuniciada e desmontada (se estiver com Questões importantes: todas as peças) já caracteriza a conduta incriminada ou seja, Disparo + lesão leve: nesse caso responde pela lesão leve, transportar, possuir e manter sob guarda. porque essa é a finalidade do agente.</p><p>Disparo + lesão grave ou gravíssima (Art. 129, § e Re- IV. Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer sponde pela lesão, porque essa é a finalidade do agente. arma de fogo com numeração, marca ou qualquer Disparo + homicídio (Art. 121): responde somente pelo outro sinal de identificação raspado, suprimido ou homicídio, porque essa é a finalidade do agente. adulterado. Disparo + perigo para a vida ou saúde de outrem (Art. V. Vender, entregar ou fornecer, ainda que gra- 132): responde pelo disparo. tuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou a adolescente. Concurso de crimes 0 que vai prevalecer Aqui, as condutas são dolosas e direcionadas à venda, à Disparo + lesão leve Disparo entrega e ao fornecimento de arma, acessório ou explosivo a Disparo + homicídio Homicídio criança ou a adolescente. Vale aqui a diferenciação para 0 ECA Disparo + lesão grave/gravíssima Lesão grave/gravíssima (Estatuto da Criança e do Adolescente). Esse inciso V derrogou 0 Art. 242 do ECA, que ficou restrito às armas brancas. Disparo + Perigo a vida/saúde Disparo Assim, se for arma de fogo, responde pelo Estatuto do De- Posse ou Porte de Arma sarmamento, no Art. 16, V. Sendo arma branca, responde pelo Art. 242 do ECA: de Fogo de Uso Restrito Art. 242. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adoles- ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuita- cente arma, munição ou explosivo: mente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua Pena reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição VI. Produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desa- legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou cordo com determinação legal ou regulamentar: explosivo. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: Temos que ter cuidado na reciclagem da munição. Por ex- Estamos diante do uso restrito ou proibido. 0 uso dessas emplo, comete esse crime aquele que "usa" munição fora da armas só pode ser efetuado por certos órgãos, como é 0 exem- validade de uso. plo da Polícia Federal. Devemos lembrar que a posse e 0 porte de arma de uso permitido constitui dois crimes distintos, já a Comércio de Arma de Fogo posse ou 0 porte ilegal de uso restrito constituem um crime Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, único, previsto no 16. ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, Temos aqui vários verbos, como, por exemplo possuir, de- adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer for- ter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, trans- ma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício portar, ceder, emprestar, remeter, ocultar. Todos esses verbos, de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, quando efetuados mais de um vez, no mesmo contexto, irão acessório ou munição, sem autorização ou em desa- configurar crime único. cordo com determinação legal ou regulamentar: Fato importante é 0 objeto material do parágrafo único, que Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou diz respeito também ao uso de calibre permitido e vai equiparar industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de ao uso restrito. Certas condutas de uso permitido serão equi- prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular paradas ao Art. 16. ou clandestino, inclusive exercido em residência. I. Suprimir ou alterar marca, numeração ou Neste caso, 0 sujeito ativo é 0 comerciante, podendo ser qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou agente que exerce atividade comercial ou industrial, ou ainda artefato. aquele que exerce comércio irregular ou clandestino. Seja ele Aqui, tanto faz se é restrito ou permitido, 0 importante é legal ou ilegal. Imagina 0 comerciante que tem autorização estar com a numeração "raspada". para vender certa arma e vende um calibre não permitido para II. Modificar as características de arma de fogo, de ele. Isso engloba também 0 vendedor ilegal forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso Imagine a seguinte situação hipotética: "A" tem uma arma proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou, de e vende essa arma, responde ele por esse crime? qualquer modo, induzir a erro autoridade policial, Resposta: não, porque se for praticado de forma eventual, perito ou juiz. não existe 0 Art. 17, podendo responder pelo porte de uso per- 0 agente pega uma arma de uso permitido e a torna de uso mitido (Art. 14) ou mesmo de uso restrito ou proibido (Art. 16). restrito. Por exemplo, pega uma pistola calibre e modifica a Doutrinariamente, exige-se que a ação criminosa seja real- arma para calibre 9 milímetros. izada de forma habitual para 0 delito se aperfeiçoar. Entra aqui também quem modifica a arma para enganar a autoridade, a fim de induzir a erro, alterando calibre proibido Tráfico Internacional de Arma de Fogo para parecer de uso permitido. Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saí- III. Possuir, detiver, ou empregar artefato da do território nacional, a qualquer título, de arma de explosivo ou incendiário, sem autorização ou em de- fogo, acessório ou munição, sem autorização da auto- sacordo com determinação legal ou regulamentar. ridade competente.</p><p>Considerações finais sobre os crimes: no crime de comércio ilegal de arma de fogo (Art. 17) e tráfico internacional de arma de fogo (Art. 18), a pena será aumentada da metade, se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restri- to. Esses crimes, assim como crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (Art. 16), são insuscetíveis de liberdade provisória. As condutas são importar ou exportar, assim, esse crime é de competência da Justiça Federal. Importar ou exportar arma de fogo prevalece sobre 0 crime de contrabando ou descamin- ho, do Código Penal, pois a norma penal especial prevalece sobre a geral, princípio da especialidade. Assim, se "A" vai ao Paraguai e traz arma ilegal, não responderá pelo contrabando ou descaminho, bem como agente público que facilitar a entrada de arma ilegal não responderá pela facilitação do contrabando, mas sim por tráfico internacional de arma de fogo, nos dois casos men- cionados. Temos aumento de pena nos Arts. 17 e 18, caso a arma de fogo, e/ou acessório forem de uso restrito ou proibido. Aqui, aumenta-se da metade. Por fim, temos nos Arts. 16, 17 e 18, a vedação da liber- dade provisória. Contudo, segundo STF, essa vedação é inconstitucional. Desta forma, atualmente, todos os crimes do Estatuto do Desarmamento admitem, em tese, a liberdade provisória, inclusive fiança. No STF, a maioria dos ministros considerou que 0 dispositi- (Art. 21) viola os princípios da presunção de inocência e do devido processo legal (ampla defesa e contraditório).</p>

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