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A AGRESSÃO E PROTEÇÃO POSSESSÓRIA ARNALDINO DOS SANTOS DIAS JUNIOR Professora: Daniela Rocha Teixeira. . 1. DIREITO DAS COISAS Vêm dizer-nos de que forma se estabelece uma “relação” entre os sujeitos e as coisas, como é que a lei autoriza a sua utilização sem intervenção de qualquer terceiro, como é que os sujeitos se apropriam das coisas. 2. Posse É o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade (art. 1.196, CC), é a exteriorização da propriedade. - Ex: locatário, comodatário. A teoria adotada é a objetiva de Ihering – basta conduta de dono (não são necessários corpus e animus – apreensão e vontade de dono - Savigny). Corpus - Consiste no domínio de fato sobre a coisa, e é no exercício efetivo de poderes materiais sobre ela ou na possibilidade física desse exercício. Existe corpus quer esses poderes sejam poderes de detenção - alguém guarda a coisa em seu poder, não sendo necessário um permanente contato físico com a coisa, ou seja, basta que esta esteja virtualmente dentro do âmbito do poder de fato do possuidor – quer sejam poderes de fruição (recolha das vantagens econômicas da coisa), sendo que, neste caso, o contacto com a coisa não tem de se verificar em nenhum momento, podendo ser, inclusive, uma posse por intermédio de outrem. Animus - Consiste na intenção de exercer sobre a coisa, como seu titular, o direito correspondente àquele domínio de fato. Esta intenção não tem de ser necessariamente um “animus possidendi”, bastando que se traduza num “animus domini”: isto porque pode haver posse fora da propriedade, ou seja, não é necessário que o possuidor se comporte como um proprietário se não for esse o direito correspondente aos atos praticados. Ou seja, posse, para o nosso ordenamento jurídico, é o exercício de poderes de fato sobre uma coisa nos termos do direito real correspondente a esse exercício. Detenção é aquela situação em que alguém conserva a posse em nome de outro e em cumprimento às suas ordens e instruções. Ex: caseiro Posse e mera detenção são realidades diferentes: são meros detentores aqueles que detêm a coisa por título jurídico (mandatários ou representantes), aqueles que se aproveitam da tolerância do titular do direito (ex, o que passa por um prédio alheio porque o dono deste o tolera), aqueles que exercem poderes de fato sem intenção de agir como beneficiários do direito. 2.1 EFEITOS DA POSSE São os direitos ou obrigações do possuidor que tiver perdido a posse são os seguintes: a) indenização por benfeitorias Boa-fé: possuidor será indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis (valor atual); e poderá levantar as voluptuárias. Má-fé: possuidor só será ressarcido pelas benfeitorias necessárias. b) direito de retenção da coisa enquanto não indenizado por benfeitorias: Só o possuidor de boa-fé tem esse direito, até ser indenizado. Deve requerer na contestação da ação para a retomada da coisa. c) direito aos frutos: Boa-fé: possuidor tem direito aos frutos percebidos no momento certo, enquanto de boa-fé. Má-fé: possuidor indenizará os frutos percebidos e os que deixou de perceber por sua culpa; mas tem direito às despesas de produção. d) responsabilidade por deterioração da coisa: Possuidor de boa-fé não responde; mas o de má-fé sim, salvo se demonstrar que o fato ocorreria de qualquer maneira. e) direito à usucapião f) direito à proteção possessória 3. PROTEÇÃO POSSESSÓRIA É um direito do possuidor de defender sua posse contra ameaças ou intervenções provocadas por terceiro. 3.1 ESPECÍES a) autoproteção: promovida pelo próprio possuidor Legítima defesa da posse, em caso de perturbação. Desforço imediato, em caso de esbulho; nesse caso o prejudicado deve “agir logo”, ou seja, fazê-lo no calor dos acontecimentos; se ausente, deve fazê-lo logo que tomar conhecimento. b) heteroproteção: promovida pelo Judiciário, a pedido do possuidor. 3.2 CARACTERISTICAS DOS INTERDITOS POSSESSÓRIOS a) fungibilidade: juiz pode outorgar comando diferente do pedido. b) cumulação de pedidos: possessório + perdas e danos + cominação de pena + desfazimento. c) caráter dúplice: o réu pode pedir proteção possessória na contestação. d) impossibilidade de discussão de domínio: art. 1.210, § 2º, CC e 923 do CPC; ganha a ação quem provar que detinha a posse anteriormente. - exceção: quando ambos disputam a posse sob alegação de domínio (Súmula 487 do STF). 3.3 ESPÉCIES DE INTEDITOS POSSESSÓRIOS a) interdito proibitório: ação cominatória para impedir agressões iminentes; ação preventiva. - Juiz fixa pena para o caso de descumprimento da ordem. b) manutenção de posse: ação destinada a reprimir turbação da posse. - Turbação: todo ato que “embaraça” o livre exercício da posse; ex: vizinho colhe frutos do imóvel do outro. - Expede-se mandado para a manutenção da posse. c) reintegração de posse: ação destinada a reprimir esbulho. Ação de força espoliativa, com as seguintes regras: Requisitos: prova da posse, do esbulho, da data do esbulho e da perda da posse. Legitimidade ativa: do possuidor, que pode agir sozinho, se houver outros possuidores; não se exige autorização do cônjuge. Legitimidade passiva: é do autor do esbulho; se, se trata de terceiro que não sabe do esbulho, melhor é a reivindicatória (domínio). Ordem judicial: de reintegração; outras ordens dependem de pedido específico (pena, perdas e danos, desfazimento). Liminar: se ação for promovida dentro de ano e dia do esbulho, o rito é especial e o juiz dará liminar independentemente de periculum in mora; se após ano e dia, o rito é ordinário e cabe tutela antecipada. 3. REINVINDICATÓRIA Ação de natureza real promovida pelo proprietário da coisa para retomá-la de quem injustamente a possua. 3.1 PRESSUPOSTOS a) titularidade do domínio: há de existir registro na matrícula; compromissário comprador só pode ajuizar se mostrar que compromisso era irrevogável e que pagou tudo. b) individuação da coisa: descrição atualizada do bem (limites, confrontações). c) demonstração de posse injusta do réu: não é necessário demonstrar esbulho; basta demonstrar posse sem causa jurídica. d) impossibilidade de ser movida na constância de ação possessória 3.2 OUTRAS CARACTERÍSTICAS a) é imprescritível. b) é improcedente se houver usucapião (Súmula 237 do STF admite alegação de usucapião em defesa); aliás, o Estatuto da Cidade, no art. 10, dispõe que se o juiz reconhecer a usucapião especial urbana alegada na defesa, pode determinar diretamente o registro no Registro de Imóveis. c) é indispensável autorização do cônjuge (art. 10 do CPC). d) cada condômino pode reivindicar individualmente (art. 1.314 do CC). Referências DIREITO DAS COISAS. Luciano de Camargo Penteado. – 2° Ed. Rev e atual. – Rio de Janeiro, Editora Revista dos Tribunais, 2011. MANUAL DE DIREITO CIVIL. Flavio Tartuce. – volume unico. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2011. DIREITO CIVIL BRASILEIRO. Carlos Roberto Gonçalves. – Vol. 5- Direito das Coisas – 8° Ed. 2013 – Editora Saraiva. http://entendeudireito.blogspot.com.br/search/label/A%C3%87%C3%95ES%20POSSESS%C3%93RIAS �
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