Prévia do material em texto
<p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25456</p><p>Desenvolvimento Sustentável para empresas brasileiras: a nova proposta da</p><p>Economia Hipocarbônica como estratégia de obtenção de lucros através dos</p><p>créditos de carbono</p><p>Sustainable Development for Brazilian companies: the new proposal of the Low</p><p>Carbon Economy as a strategy for obtaining profits through carbon credits</p><p>DOI:10.34117/bjdv6n5-121</p><p>Recebimento dos originais: 19/04/2020</p><p>Aceitação para publicação: 08/05/2020</p><p>Eliana Leal Hellvig</p><p>Departamento de Engenharia Mecânica (PGMEC)</p><p>Endereço: Universidade Federal do Paraná - Centro Politécnico</p><p>Endereço: Avenida Coronel Francisco H. dos Santos, 100, Jardim das Américas, Curitiba - PR,</p><p>81530-000</p><p>Email: elianalealf@yahoo.com.br</p><p>Thais Helena Sydenstricker Flores-Sahagun</p><p>Departamento de Engenharia Mecânica (PGMEC),</p><p>Endereço: Universidade Federal do Paraná - Centro Politécnico</p><p>Endereço: Avenida Coronel Francisco H. dos Santos, 100, Jardim das Américas, Curitiba - PR,</p><p>81530-000</p><p>Email: tsydenstricker@gmail.com</p><p>RESUMO</p><p>Este trabalho discutirá de que forma empresas brasileiras grandes ou pequenas pode obter lucros</p><p>com créditos de carbono através do desenvolvimento de MDL’s e ao mesmo tempo, contribuir para</p><p>o Desenvolvimento Sustentável. Outro aspecto estudado e discutido nessa trabalho se refere ao</p><p>processo de transparência aos relatórios de inventário de emissões de GEE, os quais devem seguir</p><p>os preceitos da compliance conforme acordado pela LOX e que atualmente apresenta uma</p><p>fiscalização precária por parte das instituições designadas no Sistema Financeiro Nacional. Para</p><p>esse trabalho, baseado na única empresa mundial BRASKEM, que produz polímeros verdes a partir</p><p>do uso de eteno produzido a partir da cana de açúcar, foi analisado o INDICE ICO2 da B3. Esse</p><p>ranking mostra as empresas que participam com os ativos verde, contudo, a discussão versou a</p><p>respeito dos ativos verdes, pois para ser verde é necessário que a empresa apresente o MDL que</p><p>gerou o RCE (Certificado de Crédito de Carbono) e isso não é apresentado pela B3. Assim, foi feita</p><p>uma pesquisa no site da B3 e foi mostrado uma nova proposta de codificação e modernização do</p><p>Sistema Financeiro Nacional chamada de Economia Hipocarbônica para os ativos verdes.</p><p>Palavra-chave: Crédito de Carbono, MDL, Economia Hipocarbônica.</p><p>ABSTRACT</p><p>This paper will discuss how large or small Brazilian companies can profit from carbon credits</p><p>through the development of CDM’s and, at the same time, contribute to Sustainable Development.</p><p>Another aspect studied and discussed in this work refers to the transparency process for GHG</p><p>emissions inventory reports, which must follow compliance precepts as agreed by LOX and which</p><p>currently presents a precarious inspection by the institutions designated in the National Financial</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25457</p><p>System . For this work, based on the only worldwide company BRASKEM, which produces green</p><p>polymers from the use of ethylene produced from sugar cane, the B3 INDEX ICO2 was analyzed.</p><p>This ranking shows the companies that participate with green assets, however, the discussion was</p><p>about green assets, because to be green it is necessary for the company to present the CDM that</p><p>generated the RCE (Carbon Credit Certificate) and this is not presented by B3. Thus, a survey was</p><p>carried out on the B3 website and a new proposal for codification and modernization of the</p><p>National Financial System called the Low Carbon Economy for green assets was shown.</p><p>Keyword: Carbon Credit, CDM, Low Carbon Economy.</p><p>1.INTRODUÇÃO</p><p>O Brasil, dentre os países do Mercosul (PORTAL G1, 2019) possui uma posição</p><p>privilegiada em relação à possibilidade de desenvolver Mecanismos de Desenvolvimento Limpo</p><p>(MDL's) devido à sua extensão, clima e características peculiares. Segundo o Ministério do meio</p><p>Ambiente (2019), um MDL é um dos mecanismos de flexibilização criados pelo Protocolo de</p><p>Kyoto para auxiliar o processo de redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE) ou de</p><p>captura de carbono por parte dos países signatários que ratificaram o Protocolo de Kyoto. e discutir</p><p>a Economia Hipocarbônica, empresas brasileiras grandes ou pequenas pode obter lucros com</p><p>créditos de carbono através do desenvolvimento de MDL’s e ao mesmo tempo, contribuir para o</p><p>Desenvolvimento Sustentável. Empresas de qualquer porte e de vários setores da economia, como</p><p>o setor primário (Agronegócios), o setor secundário (Indústrias) e o setor terciário (serviços)</p><p>obterão lucros investindo no meio ambiente através do lançamento de produtos verdes, ou de</p><p>projetos do escopo dos MDL’s.As consequências para a sociedade brasileira são ganhos</p><p>ambientais, sociais e econômicos com a geração de emprego, renda e trabalho (KEYNES, 1996).</p><p>Os agentes econômicos são os causadores dos agentes poluentes, mas também são esses mesmos</p><p>agentes econômicos (consumidores, empresas e governo) que podem adotar medidas capazes de</p><p>reduzir a poluição ambiental e promover a sustentabilidade ambiental, econômica e social.O</p><p>mercado está se adequando à MP 881 (medida provisória, 2019) que resultou na Lei de Liberdade</p><p>Econômica sancionada em 20 de setembro de 2019 a Lei 13.874. Esta lei amplia a participação das</p><p>empresas no mercado financeiro de capital aberto e não define valores mínimos de capital para</p><p>abertura de capital. Até antes desta lei apenas grandes empresas que atendem as exigências</p><p>estabelecidas pelo mercado financeiro brasileiro, Bolsa de Valores (B3) em especial no que se</p><p>refere ao capital mínimo exigido para a abertura da empresa, o qual segundo ASSAF NETO (2012)</p><p>é de 500 milhões de reais por ano, com isso somente as grandes empresas conseguem realizar o</p><p>processo de abertura de capital eter seus ativos negociados na bolsa de valores.</p><p>Outra questão importante a ser ressaltada e discutida nesse artigo é que para receber os</p><p>Certificados de Créditos de Carbono (RCE’s) e negociar os ativos “verdes” na B3, uma empresa</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25458</p><p>grande em linhas gerais, já apresenta dentro de seus valores e de sua missão, a boa governança</p><p>(compliance), o que agiliza o processo de certificação e apresentação dos relatórios de inventários</p><p>de emissão. No entanto, é questinável a transparência dos relatórios de inventários de emissões</p><p>dos gases e dos projetos de MDL’s que foram certificados, uma vez que para participar da obtenção</p><p>de RCEs e negociar ativos verdes na B3, é obrigatório seguir a Lei Sarbanes-Oxley-Sox (ASSAF</p><p>NETO, 2012), como a bolsa de New York determina a transparência na divulgação dos MDL’s que</p><p>geraram os RCE’s.</p><p>A SOx, sancionada nos EUA em 2002 e aplicada no Brasil desde 2007, reestruturação da</p><p>bolsa de valores de São Paulo (BOVESPA, 2018), determina que todas as empresas que participam</p><p>do mercado financeiro adotem boas práticas de governança corporativa e o BACEN tem com papel</p><p>principal ser o órgão fiscalizador máximo do Sistema Financeiro Nacional, Portanto, cabe ao</p><p>BACEN fiscalizar e autuar se for necessário em caso de irregularidades. A SOx obriga empresas a</p><p>reestruturarem seus processos com os objetivos de aumentar controles, transparência e segurança na</p><p>condução de negócios, administração financeira, escrituração contábeis e gestão e divulgação das</p><p>informações. O objetivo da SOX é o de identificar, combater e prevenir fraudes que impactam no</p><p>desempenho financeiro das organizações, garantindo o compliance (boa governança). O não</p><p>cumprimento da SOx pode levar ao pagamento de multas e prisões dos envolvidos (ASSAF</p><p>NETO,</p><p>2012), entretanto a presença de grandes doleiros e lobistas em nosso meio financeiro é uma</p><p>realidade que torna difícil a fiscalização.</p><p>No entanto, no Brasil, somente grandes empresas de capital aberto negociam ativos verdes</p><p>na Bolsa de Valores inclusive lucros extraordinários, mesmo sem a transparência exigida pela Lei</p><p>SOx. Contabilmente, o lucro significa que as receitas foram maiores do que as despesas, já o lucro</p><p>extraordinário, implica em dizer que as receitas apresentadas pela empresa são muito maiores do</p><p>que as despesas, e o excedente, não é reinvestido na empresa, portanto, lucro extraordinário dos</p><p>sócios está sendo usado para o aumento da riqueza em vez de uma boa parte ser destinado à</p><p>preservação ambiental através do desenvolvimento de MDL’s.</p><p>A situação atual no Brasil ao processo de obtenção dos Certificados de Créditos de Carbono</p><p>(RCE's) uma denominada de Economia Hipocarbônica (EH), a qual busca incentivar as empresas a</p><p>desenvolver MDL's obter os RCE's de forma transparente para o mercado conforme determina a</p><p>LOX. questões relacionadas à modernização do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e integração</p><p>das instituições governamentais e não governamentais para o desenvolvimento de políticas públicas</p><p>que incentivem a sustentabilidade ambiental, econômica e social.</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25459</p><p>2. MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO - MDL</p><p>O conceito de MDL os países desenvolvidos acordaram em reduzir as emissões de CO2 do</p><p>planeta, gases do efeito estufa (GEE)de meta de redução estabelecida na última e discussão em</p><p>2015.</p><p>Países em desenvolvimento podem implementar projetos que contribuam para a</p><p>sustentabilidade, com ações que resultem na redução ou captura de emissões de GEE. A</p><p>sustentabilidade deve estar pautada no tripé Econômico, Social e Ambiental, uma vez que a</p><p>proposta de transformar uma "commoditie tradicional" em "commoditie ambiental" aufere ganhos</p><p>para toda a sociedade (FERREIRA, 2019).</p><p>Para incentivar a participação dos países nesse acordo, criou-se um mercado transacionável</p><p>para a redução, conhecido como Créditos de Carbono. Muitos autores ao discutir o tema créditos de</p><p>carbono adotam o Protocolo de Kyoto datado em 1995 (MCTI, 2019), entretanto, as diretrizes</p><p>traçadas no protocolo não coseguem ser alcançadas uma vez que cada país tem a sua soberania</p><p>nacional em adotar ou não as medidas para o desenvolvimento do MDL, e no caso do Brasil,</p><p>precisaríamos de toda um contextualização legal e política para que o processo de certificação,</p><p>desenvolvimento do MDL pudessem ser executados, o que atualmente não é possível, pois esse</p><p>mecanismo está parado na Câmara do Deputados desde 2012 e pouco tem evoluído ano longo dos</p><p>anos.</p><p>Falando sobre a certificação, esta é e os países desenvolvidos podem comprar de países em</p><p>desenvolvimento, estimulando o investimento em tecnologias mais limpas e mais sustentáveis em</p><p>especial no que se refere à energia e à combustíveis. , países em desenvolvimento recebem</p><p>investimentos e incentivos para realizar e desenvolver as práticas de tecnologias mais limpas e mais</p><p>sustentáveis, con o direito de emitir certificado de crédito de carbono RCE e nesse contexto,</p><p>empresas e a sociedade podem ganhar em conjunto. Entretanto, é necessáriesse mercado pois na</p><p>prática, o que se observa empresas obtendo lucros extraordinários com os ativos "verdes", mesmo</p><p>a origem detalhada desses ativos e sem a divulgação de qual ou quais os MDL’s desenvolvidos para</p><p>obter o direito de emitir os RCE's. Atualmente, apenas os sócios ou os investidores que compram</p><p>ativos das empresas listadas na B3 podem ter acesso aos relatórios de inventários, os quais</p><p>descrevem de forma detalhada em qual ou em quais escopos dos MDL’s as empresas estão</p><p>participando e, qual o montante de créditos de carbono negociados pelas empresas durante o</p><p>período (últimos 12 meses). As empresas que negociam “os ativos verdes” na Bolsa de Valores de</p><p>São Paulo - B3 divulgam para a B3 os Resultados do Exercício (DRE) em média, semestralmente.</p><p>A B3 repassa ao mercado as informações divulgadas, e a mesma se respalda legalmente nessas</p><p>informações. E, não respeita a LOXs, tualmente não existe um órgão exigência de transparência</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25460</p><p>das atividades relacionadas aos ativos verdes que lucros extraordinários. (Lei 13784, FERREIRA,</p><p>2019 & BOVESPA 2018).</p><p>O protocolo de Kyoto prevê três formas para o mercado de créditos de carbono, comércio de</p><p>emissões (ECI), implementação conjunta (IC) e mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL),</p><p>sendo este último aplicado a países em desenvolvimento como o Brasil, foco de discussão neste</p><p>estudo.</p><p>No Brasil, os créditos de carbono são obtidos na forma de RCE's, os quais são certificadas</p><p>por empresas designadas pelo MCTI (Ministério de Ciência ,Tecnologia e Inovação, 2012). No</p><p>entanto esse processo não é fiscalizado monitorado com eficiência.</p><p>Projetos de MDL's devem ser enviados à Secretaria Executiva da Comissão Interministerial</p><p>de Mudança Global do Clima, é necessário que o órgão ambiental local analise o projeto e atribua</p><p>as licenças pertinentes tais como: Licença Ambiental prévia (LP), Licença Ambiental de Instalação</p><p>(LI) ou a Licença Ambiental de Operação (LO). No entanto na prática isso não ocorre no Brasil,</p><p>existe falhas estruturais na fiscalização, acompanhamento e monitoramento dos órgãos</p><p>competentes, que não interagem entre si.</p><p>2.1 NEGOCIAÇÃO DO CAP AN TRADE NO BRASIL</p><p>A negociação no Cap and Trade qualquer ativo de empresas que estejam interessadas em</p><p>abrir o seu capital, não sofrem interferência direta do governo. O Cap and Trade é uma plataforma</p><p>de negociação de ativos, quaisquer ativos. Essa plataforma na verdade é um sistema facilitador, o</p><p>qual realiza a interface entre o comprador e o vendedor de ativos quando da abertura do pregão,</p><p>lembrando que o Cap significa o limite de negociação de um ativo e o Trade significa o valor do</p><p>fechamento da negociação, ou seja, em outras palavras, qualquer ativo terá sempre no seu pregão de</p><p>negociação um valor mínimo e máximo de negociações (ASSAF NETO, 2016).</p><p>No caso dos créditos de carbono, que são tratados como ativos verdes, o governo federal</p><p>autorizou somente no ano de 2012 a abertura de pregão para negociação do Cap and Trade na B3.</p><p>Nesse ano, o modelo utilizado para a negociação no mercado financeiro foi:</p><p>A) O governo estabelece um valor de negociação de ativos (CAP);</p><p>B) Nesse valor de negociação de ativos, empresas compram e vendem;</p><p>C) Nesse processo entende-se que há o direito de poluição entre as empresas e as entidades</p><p>pois ocorrerá uma compensação em créditos de carbono. Segundo GOULARTE (2011), um agente</p><p>poluidor, seguindo o protocolo de Kyoto, é o agente que pode comprar créditos de carbono de um</p><p>agente “menos poluidor”, aquele que gerou crédito de carbono e assim pode vende-lo no mercado</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25461</p><p>financeiro. Desta forma, o que está sendo negociado é o “direito de poluir” e não a despoluição do</p><p>meio ambiente.</p><p>D) Por fim, não menos importante, as empresas que emitem os RCE's precisam mostrar os</p><p>MDL's nos setores que foram abordados pelo escopo (indústria, energia e transporte) e geraram os</p><p>créditos de carbono. Algumas empresas como: NATIONAL CLIMATIC DATA CENTER, THE</p><p>CANADIAN GHG CLEAN START REGISTR. devido ao importante trabalho apresentado nessa</p><p>área, podem certificar empresas que geraram créditos de carbono conforme os escopo definido no</p><p>protocolo de Kyoto.</p><p>De acordo com as informações</p><p>divulgadas pela B3, indicador conhecido com ICO2,</p><p>composto pelas ações das companhias que participam da iniciativa de adotar práticas transparentes</p><p>com relação às suas emissões de GEE. No entanto, ao se fazer a busca dos MDL’s que teriam que</p><p>ser apresentados pela B3, essa informação não é encontrada no sítio de procura da B3, o que</p><p>contraria a LOX. A priori o indicador ICO2 leva em consideração, para ponderação das ações das</p><p>empresas componentes, seu grau de eficiência de emissões de GEE, além do free float (total de</p><p>ações em circulação) de cada uma delas. O que chama a atenção desse modelo é ausência de um</p><p>órgão fiscalizador quanto à veracidade das informações fornecidas pelas empresas a respeito das</p><p>totalidades dos RCE's.</p><p>O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é dividido em órgão normativo, órgão de supervisão e</p><p>órgão de operação; nesse contexto, o Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão normativo</p><p>máximo responsável por dar as diretrizes de toda a política econômica do Brasil (ASSAF, 2012). A</p><p>Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem a finalidade de disciplinar e fiscalizar o mercado de</p><p>valores mobiliários aplicando punições àqueles que descumprem as regras estabelecidas. No</p><p>entanto, em relação à negociação dos ativos verdes na B3 com geração de créditos de carbono, a</p><p>CVM não tem competência direta ficando a cargo da B3.</p><p>O Banco Central (BACEN, 2019)) é o órgão supervisor máximo responsável fiscaliza</p><p>todas as diretrizes determinads pelo CMN, e a Bolsa de Valores (B3) um dos órgãos operacionais</p><p>responsáveis por fomentar o mercado financeiro, realizando as atividades de compra e venda dos</p><p>ativos financeiro. O BACEN apresenta falhas estruturais não processo de fiscalização e não tem</p><p>realizado esta tarefa de forma incisiva a ponto de verificar que a B3 não tem dado total</p><p>transparência dos ativos conforme determina a LOX, pois atualmente participam da B3 mais de 300</p><p>companhias, precisamente 376 empresas (B3, 2019).</p><p>No Sistema Financeiro Nacional, o BACEN que compõem a esfera normativa, tem a</p><p>finalidade de fiscalizar o mercado financeiro, e assim, determina que a B3 e o BNDES instruam as</p><p>empresas a divulgarem os seus relatórios de emissões (RCE’s) (BACEN, 2019). A B3 e o BNDES</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25462</p><p>devem cumprir as determinações do BACEN dentre elas, instruir e incentivar as empresas</p><p>emissoras a aferir, divulgar e monitorar suas emissões de GEE, preparando-se, dessa forma, para</p><p>atuar em uma economia chamada de “baixo carbono”.</p><p>Atualmente na B3 é realizado um ranking do ICO2, conforme mostrado na figura 1,</p><p>empresas que aparecem no ranking ICO2 como a B3, o Bradesco, o Banco do Brasil, a Braskem, o</p><p>BRF S.A, dentre outras, não apresentam os MDL's verdes certificados, a plataforma da B3, não é</p><p>possível verificar as informações detalhadas às ranquiadas com clareza e transparência. No site da</p><p>B3, no item ranking do ICO2 não é possível obter informações completas sobre as empresas que</p><p>justifiquem a classificação para o ranking, o que reforça a negligência do órgão operacional. Por</p><p>outro lado, no ranquing da figura 1, apenas a empresa BRASKEM de fato produz produtos verdes</p><p>que são os polietilenos verdes (Polietileno de Alta Densidade - PEAD, e Polietileno Linear de baixa</p><p>Densidade - PELBD), e o EVA - verde. Apesar do conteúdo renovável desses polímeros estarem</p><p>certificados pela empresa Vinçotte, que atestou a utilização de eteno verde na síntese, o MDL do</p><p>ciclo completo desde a plantação da cana-de-açúcar até a produção do eteno verde não foi</p><p>considerado. É necessário que a obtenção do eteno verde a partir da desidratação do etanol da cana</p><p>de açúcar, tenha todas as etapas do processo de produção contabilizados no cálculo dos créditos de</p><p>carbono. Assim é necessário incluir as etapas de plantação, colheita, transporte e distribuição para</p><p>que a diferença da etapa de fotossíntese e as etapas que geram CO2 de fato se tornem um RCE.</p><p>FIGURA 01: ÍNDICE ICO2</p><p>CÓDIGO</p><p>AÇÃO</p><p>TIPO</p><p>QTDE TEORICA</p><p>EM RCE</p><p>PART (%) NO</p><p>PORTIFÓLIO</p><p>B3SA3 B3 ON ED</p><p>NM</p><p>2.384.560.994 8,441</p><p>BBAS3 BRASIL ON NM 1.567.657.357 7,269</p><p>BBDC3 BRADESCO ON N1 1.519.097.479 4,607</p><p>BBDC4 BRADESCO PN N1 4.204.045.773 14,245</p><p>BRAP4 BRADESPAR PN N1 222.108.601 0,648</p><p>BRFS3 BRF SA ON NM 993.929.469 2,974</p><p>BRKM5 BRASKEM PN N1 125.676.894 0,41</p><p>BRML3 BR MALLS PAR ON NM 1.197.176.564 1,588</p><p>CCRO3 CCR SA ON NM 1.966.533.925 2,639</p><p>CIEL3 CIELO ON NM 1.098.787.374 0,708</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25463</p><p>CMIG4 CEMIG PN N1 1.399.771.608 1,887</p><p>GOLL4 GOL PN N2 68.258.581 0,238</p><p>ITSA4 ITAU SA PN N1 920.874.649 1,068</p><p>ITUB4 ITAUUNIBANC</p><p>O</p><p>PN N1 5.067.524.143 16,475</p><p>JBSS3 JBS ON NM 1.209.820.124 2,573</p><p>KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 586.452.334 0,868</p><p>LAME4 LOJAS AMERIC PN N1 1.398.443.897 2,121</p><p>LREN3 LOJAS RENNER ON NM 649.180.999 2,752</p><p>MULT3 MULTIPLAN ON N2 259.438.763 0,656</p><p>NATU3 NATURA ON NM 378.488.887 1,859</p><p>PCAR4 PACUCAR-CBD PN N1 265.594.066 2,225</p><p>PETR3 PETROBRAS ON N2 1.470.185.373 4,129</p><p>PETR4 PETROBRAS PN N2 2.351.399.558 5,982</p><p>SANB11 SANTANDER</p><p>BR</p><p>UNT EJ 6.33.787.312 2,602</p><p>SUZB3 SUZANO S.A ON NM 751.848.759 2,146</p><p>TIMP3 TIM PART S/A ON NM 675.858.061 0,729</p><p>UGPA3 ULTRAPAR ON NM 1.460.923.873 2,668</p><p>VIVT4 TELEF BRASIL PN 659.103.797 3,061</p><p>WEGE3 WEG ON NM 1.180.288.790 2,431</p><p>Fonte: Bolsa de Valores de São Paulo (2019)</p><p>No ranqueamento da B3, as empresas conhecidas em nosso país como bancos são as que</p><p>mais aparecem no ranking ICO2 apesar de não haver informações sobre os MDL's, ou seja, sobre</p><p>quais as atividades desenvolvidas que dão o direito a essas empresas para emissão de RCE's. A</p><p>coluna de participação teórica do portifólio, mostra a quantidade de RCE's que cada empresa</p><p>apresenta teoricamente à B3, embora não seja possível hoje com as regras atuais verificar os</p><p>inventários de emissão que geraram os RCE's. Pode ser verificado na coluna de participação em</p><p>percentil do portifólio que o banco Itau, possui a maior participação, enquanto a BRASKEM com</p><p>seu ativo BRKM5 fica em penúltimo lugar. No entanto, a BRASKEM pode ser considerada a</p><p>empresa mais importante desse ranking pois, é a única da lista que de fato produz uma commoditie</p><p>ambiental que são os polímeros verdes. A B3 é responsável em gerar o ICO2 e "ranquear" as</p><p>empresas que participam desta carteira (portfólio de ativos) e cada empresa está representada por</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25464</p><p>uma sigla, chamada de "código" o qual é referente ao ativo que está sendo negociado, ou seja, a</p><p>participação em percentil no ranking da B3.</p><p>A importância dos dados da figura 1 é que a B3 destaca as empresas mais atuantes em</p><p>termos de ativos verdes e isso deve ser valorizado para a possibilidade de maiores ganhos de</p><p>empresas que investem no meio ambiente. Hoje, a negociação (trade) é realizado no mercado</p><p>primário sem a separação de portifólio verde dos não verdes. Se esses mercados fossem separados</p><p>seria possível ao investidor selecionar empresas que de fato investem em boas práticas</p><p>(Compliance) e não somente no capital. Essas empresas formam uma estrutura de mercado</p><p>oligopolista, a qual apresenta elevadas barreiras de entrada, pois o montante de capital necessário</p><p>para entrar nesse mercado é muito elevado, provocando um modelo de cartel, o qual visa o lucro</p><p>extraordinário (FERREIRA, 2019). É sabido que para a sociedade o lucro extraordinário é muito</p><p>danoso, pois o investimento em capital de acordo com a Teoria Geral (KEYNES, 1996) não</p><p>promove a formação bruta do capital fixo. Toda vez que o empresário não</p><p>reinveste seu dinheiro em</p><p>máquinas, equipamento e não gera emprego e renda, ignora o tripé da sustentabilidade (econômica,</p><p>social e ambiental).</p><p>A figura1 as principais empresas ranqueadas no índice ICO2, são bancos, e não</p><p>demonstraram em momento algum seus escopos de MDL’s para que de fato possa ser observado de</p><p>que forma estão ajudando o meio ambiente, de que forma estão vendendo seus créditos de carbono.</p><p>, não é possível afirmar quais são os ativos verdes dessas empresas, uma vez que não é possível ter</p><p>acesso aos relatórios de inventários das emissões de GEE. Apenas os acionistas tem acesso ao</p><p>relatório de emissão, mesmo com a LOX determinando que é necessário dar transparência de todas</p><p>informações referente à empresa que negocia seus ativos em bolsa de valores. Assim, como</p><p>mostrado, o índice de ICO2 cotados pela B3 favorece um nicho de grandes empresas do mercado</p><p>pois lhes confere o valioso marketing de “sustentabilidade”, sem no entanto se de fato a empresa</p><p>adota práticas transparentes com relação às suas emissões de gases efeito estufa e como esses</p><p>resultados foram obtidos.</p><p>3. ECONOMIA HIPOCABÔNICA: PROPOSTA DE MODERNIZAÇÃO AO</p><p>SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL</p><p>A proposta de Economia Hipocarbônica envolve a modernização do Sistema Financeiro</p><p>Nacional (SFN) no que tange às atividades do Banco Central (BACEN), Bolsa de Valores (B3) e da</p><p>Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Vale ressaltar que a CVM é composta pelas Sociedades</p><p>Distribuidoras e Corretoras de Valores mobiliários (SDVM e SCVDM) , apresenta um importante</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25465</p><p>papel fiscalizador dos papéis e ativos que estão em seu poder, limita e verifica fraudes e lavagem</p><p>de dinheiro.</p><p>Com a Economia Hipocarbônica (EH), uma das propostas, é rediscutir, e apresentar o papel</p><p>das instituições que compõe no SFN sobre a obrigação de fiscalizar, regular e monitorar os ativos</p><p>verdes de créditos de carbono sob a legalidade e publicidade dos atos a todo o processo de Leilão e</p><p>negociação de ativos verdes no mercado primário, até a colocação dos ativos a disposição dos</p><p>investidores/compradores (ASSAF NETO, 2012).</p><p>A regra da proposta EH, é que primeiro o MDL precisa ser certificado pelo MCTI os</p><p>projetos de MDL's devem seguir as determinações do BACEN, dentre elas a resolução nº 4.327/14,</p><p>que define as diretrizes para que as empresas desenvolvam e implementem a Política de</p><p>Responsabilidade Socioambiental (PRSA), instituições financeiras e demais instituições</p><p>autorizadas a funcionar pelo BACEN. A Política de Responsabilidade Socioambiental estabelece</p><p>diretrizes para que as instituições elaborem o plano de ação para a implantação do PRSA, bem</p><p>como o plano de ação para o Risco Ambiental.</p><p>Diferentemente do que foi realizado em 2012, no Cap and Trade, no modelo de Economia</p><p>Hipocarbônica, as empresas só receberão seus RCE's após o cumprimento das diretrizes</p><p>estabelecidas pela resolução do BACEN nº 4.327/14 e pelo órgão regulamentador.</p><p>O desenvolvimento desta proposta trará maior transparência ao mercado financeiro dos</p><p>ativos verdes, onde os leilões de créditos de carbono e de ativos verdes poderão ocorrer buscando</p><p>um novo mercado de investimentos e de investidores. Ao mesmo tempo, a EH pode permitir que</p><p>empresas de menor capital possam entrar nesse mercado. Atualmente participam do mercado</p><p>financeiro grandes grupos econômicos e uma barreira de entrada é o capital social mínimo</p><p>declarado, R$ 500.000,00 (BOVESPA, 2019). Nessa proposta, empresas menores, com um capital</p><p>social menor, que apresentarem o PRSA e o interesse na sustentabilidade ambiental e econômica,</p><p>poderão participar das negociações e obter lucros. A Economia Hipocarbônica exigirá a</p><p>apresentação de MDL's para participação de negociações no mercado financeiro junto à B3 e</p><p>dependendo da atividade econômica, empresas menores poderão abrir o seu capital para participar</p><p>da EH.</p><p>Hoje, todos os ativos negociados na B3, verdes e não verdes, têm códigos semelhantes não</p><p>sendo possível fazer a diferenciação entre ativos verdes e não verdes. Apesar da B3 fazer um</p><p>raqueamento das empresas que possuem ativos verdes (figura 1), quando é feito a negociação</p><p>(pregão) no mercado financeiro o portifólio verde é misturado as demais ativos. Assim, a EH vai</p><p>funcionar de acordo com a LOX dando transparência, não apenas no que se refere à apresentação</p><p>dos MDL’s e obtenção dos RCE’s mas também destacando quais ativos são verdes. Assim, será</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25466</p><p>necessário codificar de forma distinta os ativos verdes, a sigla e o lote da empresa fornecido pela</p><p>B3, seguido do código CCO2EH - que significa Crédito de Carbono Economia Hipocarbônica.</p><p>Alternativamente é possível também codificar as ações: se preferencial ou ordinária, nominativa ou</p><p>endossada, se o ativo tem direito de subscrição ou não (GONÇALVES, 2018). O quadro1 poderá</p><p>ser usada na EH para esclarecimento do ativo. Por exemplo, para a empresa Braskem, seu ativo</p><p>verde BRKM5, o código na proposta de EH seria BRKM5CCO2EH que diferenciaria o seu ativo</p><p>verde de seus outros ativos não verdes que são BRKM3 e BRKM6. É interessante salientar que os</p><p>ativos verdes apesar de apresentar uma menor participação no mercado financeiro, são os ativos que</p><p>apresentar atualmente melhor precificação.</p><p>QUADRO 1- ESQUEMA DE NEGOCIAÇÃO DE ATIVO VERDE</p><p>Fonte: Elaborado pela autora (2019)</p><p>O quadro 1 mostra a participação das instituições fiscalizadoras (BACEN) e operadoras (B3</p><p>e CVM) do Sistema Financeiro Nacional, o exemplo do ativo verde codificado seguindo a proposta</p><p>EH, BRKM5CCO2EH, e a disponibilização do lote no mercado primário através dos "delears" (</p><p>corretores autorizados e certificados pela B3) para compra e venda dos investidores.</p><p>Com a implantação da Economia Hipocarbônica, os projetos de MDL's certificados irão</p><p>gerar uma "commodity EH" em vez de uma "commodity tradicional".</p><p>O gráfico 1 mostra como funciona o modelo atual e como foi a negociação do lote de ativo</p><p>verde em 2012, que é a quantidade de ativos verdes em toneladas de CO2 disposto no eixo x, e o</p><p>quanto as empresas geraram de descarbonização para as empresas que poluem.</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25467</p><p>GRÁFICO 1- MODELO CAP AND TRADE ATUAL (2012)</p><p>Fonte: Elaborado pela autora (2019)</p><p>*A curva é meramente ilustrativa, lembrando que o Open Market inicia as atividades às 10</p><p>horas da manhã, encerrando às 17 horas de segunda a sexta-feira.A própria autora (2019)</p><p>No gráfico 1, organizado na B3 e cujos valores (limite) mínimos e máximos foram</p><p>autorizados pelo governo federal, a negociação ocorreu entre uma empresa que gerou créditos de</p><p>carbono sem a certificação do seu MDL, com outra empresa que poluiu e poderá continuar</p><p>poluindo. Portanto a mercadoria negociada é a "poluição".</p><p>No gráfico 2, a proposta EH a empresa precisa apresentar o MDL que gerou o RCE, o qual</p><p>poderá ser negociado.</p><p>GRÁFICO 2 - MODELO-PROPOSTA</p><p>Fonte: Elaborado pela autora (2019)</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25468</p><p>*A curva é meramente ilustrativa, lembrando que o Open Market inicia as atividades às 10</p><p>horas da manhã, encerrando às 17 horas de segunda a sexta-feira.</p><p>A quantidade de ativos verdes em toneladas de CO2 disposto no eixo x do gráfico 2 mostra</p><p>quanto as empresas geraram de descarbonização, ou seja, apresentaram MDL’s certificados pelo</p><p>RCE’s. Essas empresas podem vender créditos</p><p>de carbono para as empresas interessadas em</p><p>despoluir. Nesse modelo, os preços mínimos e máximos dos ativos verdes são definidos pelo</p><p>mercado de acordo com os interesses dos investidores no desenvolvimento de MDL’s e por</p><p>consequência, na preservação ambiental. No eixo y, o EH$ significa preço do ativo em Economia</p><p>Hipocarbônica. Nesse modelo, ao final do exercício, não é possível atingir lucros extraordinários,</p><p>pois os futuros investidores do mercado EH terão que reinvestir seus lucros excedentes em novos</p><p>MDL’s,</p><p>Ainda de acordo com a proposta EH, o quadro 2 mostra as diferenças entre a commodity</p><p>tradicional e Economia Hipocarbônica, ressaltando a importância do título negociável em RCE's.</p><p>QUADRO 2: Commoditie Tradicional X Commoditie EH</p><p>Fonte: Elaborado pela autora (2019)</p><p>O quadro 2, explica as diferenças entre as commodity tradicional e a commodity ambiental.</p><p>A principal diferença entre a commodity tradicional, atualmente negociada, e a ambiental, proposta</p><p>da EH, é que o ativo será “verdadeiramente verde” ou seja, para se tornar um crédito</p><p>comercializável, a empresa terá que apresentar um MDL certificado, o qual gerou um RCE, e</p><p>poderá negociá-lo, promovendo total transparência do “mercado verde”.</p><p>Com disso, de acordo como o QUADRO 02, duas condições devem ser atendidas pelos</p><p>MDL's:</p><p>1- Controle de emissão de poluentes gerando a Commoditie EH;</p><p>2- MDL certificado = geração de emprego, renda e preservação ambiental.</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25469</p><p>O controle de emissão do poluente é importante sob dois vértices principais, o primeiro no</p><p>que tange ao acordo assinado pelos países signatários do Protocolo de Kyoto, e o segundo, sob a</p><p>égide do cumprimento legal da LOX no que tange ao respeito da transparência total dos ativos que</p><p>são negociados e transacionados no mercado financeiros, para que de fato se crie e fomente o</p><p>"mercado financeiro verde".</p><p>Em relação à geração de emprego, renda e preservação ambiental, dar-se-á sob o foco de</p><p>que, um mercado regulado, regulamentado e fiscalizado, todas as empresas participantes deverão se</p><p>adequar. Outro aspecto importante é a respeito da Lei 13.784 sobre a Liberdade Econômica, pois</p><p>mais empresas de menor capital social poderão entrar no mercado financeiro e assim, essas</p><p>empresas poderão se adequar às regras e trabalhar em Economia Verde, o que formará um novo</p><p>mercado de trabalho em torno da Economia Hipocarbônica, gerando novos postos de trabalho, mais</p><p>emprego, mais renda e, com o cumprimento das determinações legais, ocorrerá consequentemente a</p><p>preservação ambiental. Do ponto de vista macroeconômico, para o Brasil, a implantação da EH</p><p>poderá auferir ganhos elevados ao país e projetar mundialmente o ativo verde, tendo em vista a</p><p>nossa geoestrutura , clima e a biodiversidade.</p><p>4 CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>O ativo verde descrito e discutido no modelo proposto não existe hoje pois atualmente esse</p><p>tipo de ativo não é fiscalizado e portanto, o modelo EH trata-se de uma proposta inovadora, com o</p><p>propósito de modernizar o SFN, atrair novos investidores e investimentos, fomentar o mercado</p><p>financeiro de ativos verdes e principalmente, promover a Economia de baixo carbono destacando a</p><p>posição brasileira nesse mercado. A promoção da Economia Hipocarbônica, e não da economia da</p><p>poluição é muito mais vantajosa pois em vez da venda da poluição, como se faz hoje, serão</p><p>vendidas alternativas de tecnologias mais limpas e mais sustentáveis que trazem grandes benefícios</p><p>à preservação do planeta e ao mesmo tempo geram renda na forma de ativos verdes.</p><p>Se for aplicada a teoria de Marshall (que toda oferta gera sua própria demanda) na proposta</p><p>formulada, ocorrendo uma oferta muito grande de ativos verdes no mercado financeiro isso</p><p>provocará, no curto prazo, a queda dos preços desses ativos, e dessa forma, poderá provocar uma</p><p>redução do interesse dos agentes econômicos. No entanto, o mercado irá buscar um novo equilíbrio,</p><p>ajustando os preços de acordo com o interesse dos agentes econômicos (empresas, governo e</p><p>sociedade), e a longo prazo, o interesse desses agentes tende a subir.</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25470</p><p>O desenvolvimento de políticas públicas que incentivem a Economia Hipocarbônica pode</p><p>gerar o lucro econômico promovendo a geração de emprego, renda, a redução de tributação para</p><p>quem compra e para quem vende um ativo verde.</p><p>Os grandes investidores atuais que detêm lucros extraordinários em atividades "ditas verdes"</p><p>terão que se adequar às regras da proposta de Economia Hipocarbônica, privilegiando a sociedade,</p><p>forçando o investimento em MDL's e portanto ganhos ambientais</p><p>A exemplo da empresa BRASKEM que hoje pelo ranking da B3 é a única empresa que</p><p>produz produtos verdes (PEAD, PELBD e EVA verdes) e que possui ativos verdes decorrentes</p><p>dessa atividade, com a implantação da EH, outras empresas que participarem no ICO2 e produzirem</p><p>produtos ecologicamente sustentáveis, baseado em tecnologias limpas terão também um destaque</p><p>no mercado.</p><p>Por fim, a regulação, a regulamentação, o monitoramento e a fiscalização do mercado de</p><p>ativos verdes, trará maior transparência dos projetos de MDL's, favorecendo a entrada de</p><p>investidores externos no país tornarão a captação de recursos viável e uma alternativa importante</p><p>como fonte de financiamento das empresas e das instituições públicas e privadas brasileiras.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ASSAF, Alexandre Neto. Mercado Financeiro. 12ª edição. São Paulo. Editora: Atlas, 2012.</p><p>BACEN- Resolução 4.327/2014 - Disponível em Acessado em 10 de Jul de 2019 as 13h.</p><p>BACEN. Banco Central do Brasil. Disponível em Acessado em 02 de out de 2019 as 10</p><p>h.</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25471</p><p>Bolsa de Valores de São Paulo - B3: Índice de Sustentabilidade. Disponível em Acessado</p><p>em 13 de Jul de 2019 as 13 horas.</p><p>CONSELHO EMPRESARIAL BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>– CEBDS. Produção mais limpa. Disponível em: . Acesso em: jul.2019 as 20h</p><p>CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Comunicação Nacional Inicial do Brasil à Convenção-Quadro das</p><p>Nações Unidas sobre Mudança do Clima. 2004. Disponível em:</p><p>. Acesso em: jul.2019 22h.</p><p>GONÇALVES, R. Robson. Sistema Financeiro Nacional.Rio de Janeiro. Editoa: FGV, 2018.</p><p>CVM. Comissão de Valores Mobiliário. Disponível em Acessado em 01 de</p><p>out de 2019 as 10h.</p><p>FERREIRA, L. Eliana. Estudo sobre a inovação, patentes concedidas de polipropileno e</p><p>polietilenos verdes no período de 1999 a 2017 e sua relação com a descarbonização do meio</p><p>ambiente: o caso BRASKEM. Tese de Doutorado - UFPR, 2019.</p><p>GOULARTE, S. Bruno. etal. A comercialização de créditos de carbono e seu impacto</p><p>econômico e social. 1º edição. Porto Alegre, Revista Acadêmica FACE, v. 22, p. 72-88, jan/jun</p><p>2011.</p><p>Portal G1: Acordo entre Mercosul e União Européia - Disponível em</p><p>Acessado em 28 de jun de 2019 as 22h.</p><p>MCTIC- Ministério de Ciência e Tecnologia, Inovação e Comunicação: Protocolo de Kyoto.</p><p>Disponível em Acessado em 12 de jun</p><p>de 2019 as 14h.</p><p>http://www.cvm.gov.br/menu/acessoinformacao/institucional/sobre/cvm.html</p><p>Brazilian Journal of Development</p><p>Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 5, p. 25456-25472, may. 2020. ISSN 2525-8761</p><p>25472</p><p>MCTIC- Ministério de Ciência e Tecnologia, Inovação e Comunicação: Projetos de</p><p>Mecanismos de Desenvolvimento limpo. Disponível em. Acessado em 14 de set 2019 as 15h.</p><p>KEYNES, M. Jhon. A teoria geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936). Editora Nova</p><p>Cultura, LTDA, Edição 1996. São Paulo.</p><p>POINT CARBON. Globally carbon markets gain onepercent in value from 2009 to 2010. Jan.</p><p>2010. Disponível em:</p><p>. Acesso em 29 de set</p><p>de 2019 as 14 h.</p><p>https://www.mctic.gov.br/mctic/opencms/ciencia/SEPED/clima/index.html</p><p>http://mudancasclimaticas.cptec.inpe.br/~rmclima/pdfs/Protocolo_Quioto.pdf.%2010/09/2019</p>