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<p>FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E</p><p>FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO</p><p>Prof. Me. Flávio Donizete Batista</p><p>Diretor Geral</p><p>Gilmar de Oliveira</p><p>Diretor de Ensino e Pós-graduação</p><p>Daniel de Lima</p><p>Diretor Administrativo</p><p>Eduardo Santini</p><p>Coordenador NEAD - Núcleo</p><p>de Educação a Distância</p><p>Jorge Van Dal</p><p>Coordenador do Núcleo de Pesquisa</p><p>Victor Biazon</p><p>Secretário Acadêmico</p><p>Tiago Pereira da Silva</p><p>Projeto Gráfico e Editoração</p><p>Douglas Crivelli</p><p>Revisão Textual</p><p>Leandro Vieira</p><p>Web Designer</p><p>Thiago Azenha</p><p>FATECIE Unidade 1</p><p>Rua Getúlio Vargas, 333,</p><p>Centro, Paranavaí-PR</p><p>(44) 3045 9898</p><p>FATECIE Unidade 2</p><p>Rua Candido Berthier</p><p>Fortes, 2177, Centro</p><p>Paranavaí-PR</p><p>(44) 3045 9898</p><p>FATECIE Unidade 3</p><p>Rua Pernambuco, 1.169,</p><p>Centro, Paranavaí-PR</p><p>(44) 3045 9898</p><p>FATECIE Unidade 4</p><p>BR-376 , km 102,</p><p>Saída para Nova Londrina</p><p>Paranavaí-PR</p><p>(44) 3045 9898</p><p>www.fatecie.edu.br</p><p>FICHA CATALOGRÁFICA</p><p>FACULDADE DE TECNOLOGIA E</p><p>CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ.</p><p>Fundamentos Históricos e</p><p>Filosóficos da Educação.</p><p>Flávio Donizete Batista</p><p>Paranavaí - PR.: Fatecie, 2018. 185 p.</p><p>Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária</p><p>Zineide Pereira da Silva.</p><p>As imagens utilizadas neste</p><p>livro foram obtidas a partir</p><p>do site ShutterStock e</p><p>Freepik.com</p><p>PALAVRA DA DIREÇÃO</p><p>Prezado Acadêmico(a),</p><p>É com muita satisfação que inauguramos um novo mundo de oportunidades e</p><p>expansão de nossa instituição que estrapolam os limites físicos e permite por</p><p>meio da tecnolgias digitais que o processo ensino educação ocorra de formas</p><p>ainda mais dinâmicas e em consonância com o estilo de vida da sociedade</p><p>contemporânea.</p><p>Empregamos agora no Ensino a Distância toda a dedicação e recursos para</p><p>oferecer a você a mesma qualidade e excelência que virou a marca de nosso</p><p>grupo educanional ao longo de nossa história.</p><p>Queremos lembrar a você querido aluno, que a Faculdade Fatecie nasceu do</p><p>sonho de um grupo de professores em contribuir com a sociedade por meio da</p><p>educação. Motivados pelo desafio de empreender, tornaram o sonho realidade</p><p>com a autorização da faculdade fatecie no ano de 2007. Desde o princípio a</p><p>fatecie parte da crença no sonho coletivo de construção de uma sociedade</p><p>mais democrática e com oportunidades para todos, onde a educação prepara</p><p>para a cidadania de qualidade.</p><p>Toda dedicação que a comunidade acadêmica teve ao longo de nossa história</p><p>foi reconhecido ao conquistarmos por duas vezes consecutivas o título de</p><p>Faculdade Número 1 do Paraná. Um feito inédito para paranavaí e toda</p><p>região noroeste. No ranking, divulgado pelo mec em 2014 e 2015, a Fatecie</p><p>foi destaque como a faculdade melhor avaliada em todo o estado. Posição</p><p>veiculada em nível nacional pela Revista Exame e Folha de São paulo,</p><p>apontando a Fatecie como a 1ª colocada no Paraná.</p><p>Essas e outras conquistas que obtivemos ao longo dos nossos 10 anos de</p><p>história tem como base a proposta global da faculdade fatecie, que consiste</p><p>em criar um ambiente voltado para uma abordagem multidisciplinar, crítica e</p><p>reflexiva, onde se desenvolvem as atividades ensino, pesquisa e extensão.</p><p>Para isso, a Fatecie conta com um corpo docente composto, em sua maioria,</p><p>por professores com mestrado e doutorado e com ampla experiência</p><p>profissional nas mais diversas áreas do mercado e da educação.</p><p>Seja bem-vindo!</p><p>Direção</p><p>Faculdade Fatecie</p><p>A</p><p>U</p><p>T</p><p>O</p><p>R</p><p>Prof. Me. Flávio Donizete Batista</p><p>O Professor Flávio Donizete Batista possui graduação em</p><p>Filosofia pela Universidade do Sagrado Coração (1999),</p><p>graduação em Pedagogia pelo Centro Universitário</p><p>Internacional UNINTER (2017), e mestrado em Educação pela</p><p>Universidade Estadual de Londrina (2003).</p><p>Atualmente é Coordenador Auxiliar do Curso de Pedagogia</p><p>da FATECIE - Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte</p><p>do Paraná e professor na área de Filosofia nos cursos de</p><p>Pedagogia, Psicologia, Administração e Ciências Contábeis.</p><p>Professor efetivo da Secretaria de Estado da Educação do</p><p>Estado do Paraná, tendo aprovação em dois concursos</p><p>públicos.</p><p>Tem experiência na área de Educação, com ênfase em</p><p>Educação e Filosofia, atuando principalmente nos seguintes</p><p>temas: educação, ética, docência, ensino-aprendizagem e</p><p>relação pedagógica.</p><p>Lattes: http://lattes.cnpq.br/4266799322940706</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Seja bem vindo prezado aluno, prezada aluna!</p><p>Iniciamos o estudo da disciplina de Fundamentos Históricos e Filosóficos</p><p>da Educação, envolvendo as relações entre as áreas da História, Filosofia e</p><p>Educação.</p><p>O estudo desses fundamentos nos ajudará a perceber que a</p><p>educação não é um fenômeno neutro, mas sim o contrário, possuindo uma</p><p>intencionalidade. Poderemos identificar diferentes conceitos de educação</p><p>e ainda, compreender que a educação não é uma prerrogativa da escola,</p><p>e que ela ocorre em diferentes espaços sociais. Trata-se de um estudo com</p><p>necessária atitude crítica, filosófica.</p><p>Queremos, ao final do estudo, compreender a educação como uma</p><p>atividade humana implicada em concepções teóricas e compreendida como</p><p>uma prática social, totalmente integrada àquilo que a sociedade deseja e</p><p>espera de seu presente e de seu futuro.</p><p>Mãos à obra. Um excelente estudo para todos!</p><p>SUMÁRIO</p><p>CAPÍTULO 1</p><p>07 | Fundamentos da Educação</p><p>CAPÍTULO 2</p><p>16 | Educação e Sociedade</p><p>CAPÍTULO 3</p><p>24 | Breve Apresentação da Educação na Antiguidade Grega e na</p><p>Iade Média</p><p>CAPÍTULO 4</p><p>33 | Breve Apresentação da Educação a Partir da Modernidade</p><p>PÁGINA 7</p><p>CAPÍTULO</p><p>1 FUNDAMENTOS</p><p>DA EDUCAÇÃO</p><p>Objetivos da aprendizagem:</p><p>• Estabelecer conceitos de história, filosofia e educação.</p><p>• Apresentar a relação entre educação, história e filosofia.</p><p>• Compreender a importância da reflexão sobre os fundamentos da</p><p>educação.</p><p>Plano de Estudo:</p><p>• Na busca de conceitos.</p><p>• Educação e processo histórico.</p><p>• Relação entre educação e filosofia.</p><p>PÁGINA 8</p><p>INTRODUÇÃO DA UNIDADE</p><p>Estudar os Fundamentos da Educação é fazer uma análise dos</p><p>pressupostos que nos ajudarão a compreender o campo educacional, tendo</p><p>por referência os conhecimentos históricos e filosóficos produzidos em</p><p>diferentes contextos.</p><p>A relação entre Educação, História e Filosofia precisa ser significada,</p><p>atitude essa que deve ser crítica, filosófica. Ou seja, que nos perguntemos</p><p>sobre as maneiras pelas quais nos relacionamos com coisas, pessoas</p><p>e situações em nossa vida, assumindo uma postura indagadora e</p><p>problematizadora, que não se limite ao senso comum, ultrapassando aquela</p><p>aceitação tácita de evidências sobre as quais nunca perguntamos porque nos</p><p>parecem naturais, óbvias (CHAUÍ, 2000, p. 8).</p><p>1. Na busca dos conceitos</p><p>Os fundamentos filosóficos e históricos da educação nos ajudam</p><p>a compreender o fenômeno da educação na sociedade moderna em que</p><p>vivemos, encontrando relações entre os diferentes períodos históricos e</p><p>concepções de pensamento e a realidade em que estamos inseridos.</p><p>No estudo dos fundamentos, precisamos inicialmente discutir os</p><p>conceitos de educação, história e filosofia da educação. E para isso, podemos</p><p>começar a pensar a respeito fazendo uma análise etimológica dessas palavras.</p><p>Educação é uma palavra que apresenta diferentes significados.</p><p>Etimologicamente, de origem latina, vem dos termos educare, que significa</p><p>amamentar, criar, alimentar, e educere, que significa conduzir para fora,</p><p>direcionar para fora, fazer sair, modificar, tirar de. Temos assim duas</p><p>possibilidades de entender a educação: de um lado, a ideia de conduzir,</p><p>encaminhar, direcionar, preparar; por outro lado, a ideia de ofertar,</p><p>disponibilizar a, alimentar, ajudar crescer.</p><p>Em todo caso, a educação não pode ser pensada como um</p><p>simples processo de transmissão das heranças dos antepassados, pois</p><p>os processos humanos são dinâmicos e variáveis, através dos quais são</p><p>criadas possibilidades de gestar o novo, romper com o velho, de acordo</p><p>com a organização e funcionamento das sociedades. Não se limitando a</p><p>mera transmissão de conhecimentos, a educação precisa ser compreendida</p><p>como um instrumento de crítica de valores, crenças e concepções existentes</p><p>(ARANHA, 1996).</p><p>Para entender a noção de história e sua relação com</p><p>a educação,</p><p>é importante trazer a origem do termo história, que tem relação com o</p><p>grego historie, que significa conhecer pela investigação. História pode ser</p><p>compreendida então como a ciência que investiga os fatos e processos</p><p>ocorridos no passado da humanidade, em vistas à compreensão do presente.</p><p>E quando falamos de história da educação, entendemos o estudo de como os</p><p>PÁGINA 9</p><p>indivíduos e sociedades organizaram a ação de educar, nas diferentes épocas</p><p>e lugares.</p><p>Procuramos conceituar educação e história. Cabe-nos agora apresentar</p><p>uma definição de filosofia que nos ajude a relacioná-la com os fundamentos</p><p>da educação. Diz Luckesi que, sendo a educação uma prática humana</p><p>direcionada por uma determinada concepção teórica, esta prática está</p><p>articulada com uma pedagogia, que nada mais é do que uma concepção</p><p>filosófica da educação. “Tal concepção ordena os elementos que direcionam</p><p>a prática educacional” (LUCKESI, 2001, p. 21). Temos aqui um indicativo de</p><p>uma definição de filosofia que, mesmo partindo dele, vai além de seu sentido</p><p>etimológico (filo: amizade, amor a; sofia: sabedoria). Ou seja, o amigo da</p><p>sabedoria, o filósofo, é aquele que busca o sentido da própria existência. E em</p><p>nossa reflexão, busca o sentido da própria educação.</p><p>2. Educação e processo histórico</p><p>O senso comum permeia nossa forma de compreender o mundo em que</p><p>estamos inseridos. Num primeiro momento não buscamos fazer uma reflexão</p><p>mais aprofundada sobre os porquês de pensarmos e agirmos de determinadas</p><p>maneiras. Temos a crença de que as coisas acontecem ou por si mesmas, ou</p><p>porque seguem um plano superior pré-estabelecido. Assim, não estabelecemos</p><p>conexões que podem explicar quem somos e como somos.</p><p>Precisamos superar essa forma acrítica de compreender a realidade,</p><p>indo além de uma atitude de mera absorção das ideias dominantes e</p><p>alicerçadas pelo senso comum. Buscando através da reflexão filosófica</p><p>a apreensão de sua realidade, participando inclusive da construção do</p><p>conhecimento que alicerce esta reflexão seremos sujeitos de nossa própria</p><p>existência.</p><p>Isso somente será possível se entendermos que o ser humano se</p><p>constrói a partir de sua própria existência no decorrer da história. A própria</p><p>concepção de história não pode ser a de um amontoado de fatos de um</p><p>passado distante, mas precisa configurar-se como um processo em constante</p><p>transformação, no qual o passado, o presente e o futuro estão intimamente</p><p>imbricados e referenciados.</p><p>O ser humano é um ser social que não vive e sobrevive sozinho no</p><p>mundo e isolado em sua individualidade. Pelo contrário, é somente através</p><p>das diferentes interações, abrangentes ou nem tanto, com os outros seres que</p><p>ele consegue sobreviver. Desde o início dos primeiros agrupamentos simples</p><p>até as comunidades atuais complexas, os homens constroem relações entre</p><p>si que possam garantir a sua existência material. São estabelecidas relações</p><p>econômicas, sociais e culturais, no qual o trabalho é a fonte produtora dos</p><p>recursos materiais necessários para a sobrevivência humana.</p><p>PÁGINA 10</p><p>3. Relação entre educação e filosofia</p><p>A filosofia, segundo Luckesi (2001, p. 22), é um corpo de conhecimento</p><p>constituído a partir do esforço humano de compreender seu mundo e dar-</p><p>lhe um sentido, um significado compreensivo. O homem tem um conjunto de</p><p>coerente e organizado de entendimentos sobre a realidade, que expressam o</p><p>entendimento de se tem do mundo, a partir de desejos, anseios e aspirações.</p><p>A educação é uma atividade humana caracterizada fundamentalmente</p><p>por uma preocupação, por uma finalidade a ser atingida. Segundo Luckesi,</p><p>temos:</p><p>A educação dentro de uma sociedade não se manifesta</p><p>como um fim em si mesma, mas sim como um instrumento</p><p>de manutenção ou transformação social. Assim sendo, ela</p><p>necessita de pressupostos, de conceitos que fundamentem e</p><p>orientem os seus caminhos. A sociedade dentro da qual ela</p><p>está deve possuir alguns valores norteadores de sua prática.</p><p>Não é nem pode ser a prática educacional que estabelece os</p><p>seus fins. Quem o faz é a reflexão filosófica sobre a educação</p><p>dentro de uma dada sociedade (2001, p. 30).</p><p>As relações entre Educação e Filosofia são indissociáveis: a educação</p><p>trabalha com o desenvolvimento das crianças e das novas gerações de</p><p>uma sociedade, e a filosofia é a reflexão sobre o que e como devem ser ou</p><p>desenvolver estas crianças e esta sociedade. Filosofia e educação são dois</p><p>fenômenos que estão presentes nas sociedades. Uma como interpretação</p><p>teórica das aspirações, desejos e anseios de um grupo humano, a outra como</p><p>instrumento de veiculação dessa interpretação (LUCKESI, 2001, p. 31-32).</p><p>A filosofia fornece à educação uma reflexão sobre a sociedade na qual</p><p>está situada, sobre o educando, o educador e para onde esses elementos</p><p>podem caminhar. Não há como se processar uma ação pedagógica sem uma</p><p>correspondente reflexão filosófica. Quando não se reflete sobre a educação,</p><p>ela se processa dentro de uma cultura cristalizada e perenizada, como se nada</p><p>mais pudesse ser descoberto em termos de interpretação do mundo. E essa</p><p>interpretação passa a ser a única possível, que vamos aceitar sem questionar,</p><p>sem buscar novos sentidos e novas interpretações de acordo com os novos</p><p>anseios que possam ser detectados no seio da vida humana (LUCKESI, 2001,</p><p>p. 32-33).</p><p>A reflexão filosófica sobre a educação é que dá o tom à pedagogia,</p><p>garantindo-lhe a compreensão dos valores que, hoje, direcionam a prática</p><p>educacional e dos valores que deverão orientá-las para o futuro. Assim, não</p><p>há como se ter uma proposta pedagógica sem pressuposições (no sentido de</p><p>fundamentos) e proposições filosóficas, desde que tudo o mais depende desse</p><p>direcionamento.</p><p>PÁGINA 11</p><p>#SaibaMais</p><p>Pequeno vocabulário etimológico (quase todas as referências são latinas):</p><p>- Aluno – alumnus: criança nutrida no peito. Daí pupilo, discípulo.</p><p>- Aprender – apprehendere: agarrar, apanhar, segurar, apoderar-se. Daí tomar</p><p>conhecimento de, prender na memória.</p><p>- Educar – a) educare: criar, amamentar; b) educere: levar para fora, fazer sair,</p><p>tirar de; dar à luz, produzir. Daí conduzir de um estado a outro, modificar.</p><p>- Ensinar – insignire: assinalar, distinguir, colocar um sinal, mostra, indicar. Daí</p><p>indicar o caminho para aprender.</p><p>- Instrução – instructio: construção, edificação.</p><p>- Mestre – magister: o que comanda, dirige, conduz.</p><p>- Pedagogo – do grego paidagogós (pai, paidos: criança e agogós: guia,</p><p>condutor): escravo que acompanhava as crianças à escola; depois, mestre,</p><p>preceptor.</p><p>- Saber – sapere: ter sabor, agradar a paladar; saber, conhecer, aprender.</p><p>- Texto – textum: tecido, pano; obra formada por várias partes reunidas.</p><p>(ARANHA, 1996).</p><p>REFLITA</p><p>Discutimos sobre a importância da história e da filosofia na compreensão</p><p>da educação. Pense em que o estudo lhe ajudou a mudar o modo como você</p><p>vê a história e a filosofia. Como você encarava a história e a filosofia e qual</p><p>sua visão agora? Analise como você e as pessoas de sua convivência falam da</p><p>filosofia e da história.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Apresentadas as primeiras considerações sobre os Fundamentos da</p><p>Educação, e discutindo a importância da história e da filosofia na compreensão</p><p>da educação, pudemos perceber que a educação poderá ser melhor entendida</p><p>se buscarmos identificar seus pressupostos e encontrarmos aqueles que são</p><p>seus fundamentos, uma vez que a educação está vinculada no tempo e no</p><p>espaço.</p><p>Vamos agora prosseguir nosso estudo, abordando a educação como</p><p>uma prática fundamental da existência histórico-cultural dos homens. Este será</p><p>o tema de nossa próxima unidade. Vamos lá.</p><p>PÁGINA 12</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO</p><p>Dermeval Saviani</p><p>No que diz respeito à História da Educação, verifica-se fenômeno</p><p>semelhante: a História, por obra da hipertrofia da primeira palavra da locução,</p><p>acaba por não ser compreendida, o seu significado acaba por não ser</p><p>explicitado claramente; assim, a História acaba sendo absorvida no sentido</p><p>tradicional de sequência de fatos ou sequência</p><p>de ideias, resumindo-se a uma</p><p>mera cronologia.</p><p>Ao se reduzir a História a uma sequência de fatos ou de ideias, ocorre</p><p>aí um agravante maior: tais fatos (ou ideias) acabam por se resumir naquilo</p><p>que eu chamaria de “fatos de supra-estrutura”, isto é, aqueles fatos que se</p><p>evidenciam mas que não explicam o processo histórico concreto, sendo, ao</p><p>contrário, explicados pelo processo histórico concreto. Em consequência,</p><p>o ensino da História, em lugar de explicitar o mencionado processo, apenas</p><p>expõe os fatos de supra-estrutura, resultando, daí, o caráter insípido de que</p><p>se reveste esse tipo de ensino. E a História, à semelhança da Filosofia, acaba</p><p>por se tornar, também ela, uma disciplina “chata”, uma vez que será necessário</p><p>reter uma série grande de fatos (ou de ideias) geralmente desprovidos de</p><p>sentido; assim, a memorização acaba sendo o recurso de que o aluno (e por</p><p>vezes o professor) lança mão para se situar em face do problema da História.</p><p>Usando de uma imagem, poderíamos descrever o processo histórico por</p><p>analogia como teatro.</p><p>No cenário da História temos os atores e os autores da História, do</p><p>mesmo modo que numa peça teatral temos os atores e o autor da peça. O</p><p>autor não aparece; no entanto, a obra é sua e os atores representam aquele</p><p>papel que lhes foi designado na trama da peça, trama essa que é obra do autor</p><p>da peça. Para os espectadores, os atores estão em evidência e são por vezes</p><p>cultuados, surgindo como ídolos. Em contrapartida, os autores estão ocultos</p><p>nos bastidores, ficando, geralmente, na penumbra, quando não são totalmente</p><p>esquecidos.</p><p>Na Historiografia temos, pois, o seguinte fenômeno: os fatos de</p><p>bastidores que são os fundamentais, dado que nos permitiriam compreender</p><p>o que está acontecendo, tais fatos não são explorados suficientemente,</p><p>enquanto que os fatos de supra-estrutura (ligados à imagem dos atores) são</p><p>mencionados numa sequência cronológica sem que se entenda bem porque</p><p>em determinado momento quem esteve em evidência foi este ator e não</p><p>outro e que papel representava este ator; quer dizer, que forças ele estava</p><p>representando, forças essas que nos permitiriam compreender qual a matriz</p><p>básica daquele momento histórico. Dessa forma, a Historiografia tende a se</p><p>resumir na apresentação de uma série de nomes, fatos e datas e o recurso</p><p>para se reter esses dados terá que ser a memorização mecânica, uma vez que</p><p>a compreensão da trama da História se perde.</p><p>PÁGINA 13</p><p>Ora, a compreensão da trama da História só será garantida se</p><p>forem levados em conta os “dados de bastidores”, vale dizer, se se examina</p><p>a base material da sociedade cuja história está sendo reconstituída. Tal</p><p>procedimento supõe um processo de investigação que não se limita àquilo</p><p>que convencionalmente é chamado de História da Educação, mas implica</p><p>investigações de ordem econômica, política e social do país em cujo seio se</p><p>desenvolve o fenômeno educativo que se quer compreender, uma vez que é</p><p>esse processo de investigação que fará emergir a problemática educacional</p><p>concreta.</p><p>Na medida em que nós, professores de História da Educação,</p><p>assumimos essa atitude de investigação; na medida em que nós, em face dos</p><p>alunos, estimulamos esta mesma atitude, eis como estaremos contribuindo</p><p>efetivamente para o avanço do campo do conhecimento que constitui a História</p><p>da Educação e, no nosso caso específico, para o desenvolvimento da História</p><p>da Educação Brasileira.</p><p>SAVIANI, Dermeval.</p><p>Educação: do senso comum à consciência filosófica.</p><p>São Paulo: Cortez, 1980, p. 37-38.</p><p>PÁGINA 14</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>Título: Introdução ao Pensar</p><p>Autor: Arcângelo R. Buzzi.</p><p>Editora: Vozes.</p><p>Sinopse: Este livro é um convite e</p><p>estímulo ao pensamento, partindo de</p><p>temas comuns da filosofia. Ilustrado</p><p>com citações de muitos pensadores,</p><p>leva o leitor a pensar os fenômenos</p><p>do dia-a-dia.</p><p>FILME</p><p>Título:</p><p>O Show de Truman – O Show da Vida</p><p>Ano: 1998.</p><p>Sinopse:</p><p>No filme, o personagem Truman</p><p>participa de um reality show e não</p><p>sabe. Ele nem imagina que está sendo</p><p>televisionado e que tudo na sua vida é</p><p>ilusório.</p><p>Temas: Ideologia e alienação.</p><p>Ajuda na reflexão sobre o sentido da</p><p>vida e da realidade em que estamos</p><p>inseridos.</p><p>PÁGINA 15</p><p>WEB</p><p>Portal Brasileiro de Filosofia: http://filosofia.pro.br</p><p>Há muitas produções acadêmicas com foco na temática Filosofia e História</p><p>da Educação que podem ser encontradas no repositório das reuniões da</p><p>Associação nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPED).</p><p>Acesse endereço e descubra: htpp://www.anped.org.br</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2.ed. São Paulo:</p><p>Moderna, 1996.</p><p>ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. História da Educação. 2.ed. São Paulo:</p><p>Moderna, 1996.</p><p>CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 3.ed. São Paulo: Ática, 2000.</p><p>LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. 16.Reimp. São Paulo:</p><p>Cortez, 2001.</p><p>SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica.</p><p>São Paulo: Cortez, 1980.</p><p>PÁGINA 16</p><p>CAPÍTULO</p><p>EDUCAÇÃO E</p><p>SOCIEDADE2</p><p>Objetivos de Aprendizagem:</p><p>• Discutir a relação entre educação e sociedade, mostrando sua</p><p>indissociabilidade.</p><p>• Discutir o papel da educação como redentora, reprodutora e transformadora.</p><p>Plano de Estudo:</p><p>• Cultura, trabalho e educação.</p><p>• Educação e sociedade.</p><p>PÁGINA 17</p><p>NTRODUÇÃO DA UNIDADE</p><p>Olá, prezado aluno. Olá, prezada aluna.</p><p>Na unidade anterior estudamos alguns conceitos e apresentamos a</p><p>relação entre história, filosofia e educação, mostrando o quanto estas áreas</p><p>são indissociáveis. Vamos agora avançar um pouco mais, nos perguntando:</p><p>qual o sentido da educação como um todo, dentro de nossa sociedade? Sendo</p><p>a educação marcada por conceitos, valores e finalidades que a norteiam,</p><p>precisamos saber sobre seu sentido e valor na e para a sociedade.</p><p>Perguntar sobre o sentido e valor da educação nos ajudará a perceber</p><p>que ela é uma prática fundamental da existência histórico-cultural da</p><p>humanidade, e é nesse contexto que ela precisa ser abordada. Sentido e valor</p><p>estão intimamente relacionados com os elementos históricos e culturais do</p><p>ambiente em que a educação se realiza.</p><p>Entender o que é cultura apresenta-se como uma necessidade</p><p>importante nesse momento.</p><p>1. Cultura, trabalho e educação</p><p>Podemos definir cultura como o resultado de tudo o que o homem</p><p>produz para construir sua existência. Antropologicamente, cultura é tudo o que</p><p>o homem faz, seja material ou espiritual, seja pensamento ou ação. A cultura</p><p>exprime as variadas formas pelas quais os homens e mulheres estabelecem</p><p>relações entre si e com a natureza: construções, atividades, técnicas, leis,</p><p>costumes, punições e crenças.</p><p>A ação do homem sobre a natureza e sobre si mesmo é totalmente</p><p>diversa, por exemplo, daquilo que o animal faz: sua atividade está totalmente</p><p>determinada pelo seu biológico, que lhe permite adaptar-se ao meio em que</p><p>vive, não sendo livre para agir diferente daquilo que está em sua própria</p><p>natureza. O homem, por sua vez, mesmo reproduzindo técnicas usadas</p><p>por outros homens e inventando outras, é capaz de realizar uma verdadeira</p><p>experiência humana, pela qual sua vivência do aqui e do agora pode ser</p><p>superada, passando a existir no tempo.</p><p>A transformação que o homem faz na natureza chama-se trabalho, que</p><p>tem por características ser uma atividade transformadora, intencional e dirigida</p><p>por finalidades conscientes. A cultura, por sua vez, é o que resulta do trabalho</p><p>humano. A transformação realizada pelos instrumentos, as ideias que tornam</p><p>possível essa transformação e os produtos que dela são resultantes: tudo isso</p><p>é cultura.</p><p>Vale lembrar que essa ação humana transformadora não é solitária. Mas</p><p>social, uma vez que os homens e mulheres, ao se relacionarem para produzir</p><p>sua própria existência, desenvolvem condutas sociais, a fim de atender às</p><p>necessidades do grupo (ARANHA, 1996, p.16).</p><p>A natureza modificada pelo trabalho humano não é apenas a do mundo</p><p>PÁGINA 18</p><p>exterior, mas também a da individualidade humana, pois nesse processo o</p><p>homem se autoproduz, isto é, faz a si mesmo homem.</p><p>O humano se faz, por um lado, com a sociedade exercendo sobre ele</p><p>um efeito modelador, a partir do qual é construída uma determinada visão de</p><p>mundo; e por outro, cada um elaborando e interpretando a herança recebida na</p><p>sua perspectiva individual, modificando-a. Nenhuma sociedade é imutável: em</p><p>maior ou menor grau, a mudança acontece, numa dinâmica entre a tradição, a</p><p>ruptura, a herança e a renovação.</p><p>Toda essa dinâmica só é possível através da transmissão dos</p><p>conhecimentos adquiridos de uma geração para outra, permitindo a</p><p>assimilação dos modelos de comportamentos valorizados por uma determinada</p><p>sociedade. É a educação que mantém viva a memória de um povo e dá as</p><p>condições para sua sobrevivência material e espiritual.</p><p>A educação é, portanto, fundamental para a socialização do homem</p><p>e sua humanização. Trata-se de um processo que dura a vida toda e não se</p><p>restringe à mera continuidade da tradição, pois supõe a possibilidade de</p><p>rupturas pelas quais a cultura se renova e o homem faz história.</p><p>2. Educação e sociedade</p><p>Retomemos as duas questões apresentadas na introdução desta</p><p>unidade: qual o sentido da educação como um todo, dentro de nossa</p><p>sociedade? Sendo a educação marcada por conceitos, valores e finalidades</p><p>que a norteiam, precisamos saber sobre seu sentido e valor na e para a</p><p>sociedade. As respostas a essas perguntas nos ajudarão a compreender a</p><p>educação e seu direcionamento.</p><p>Uma resposta possível é que a educação é responsável pela direção da</p><p>sociedade, uma vez que ela é capaz de conduzir a vida social, salvando-a da</p><p>situação em que se encontra. Outra resposta aponta para a educação como</p><p>reprodutora da sociedade como ela está. Há ainda uma terceira resposta que</p><p>afirma a educação ser uma instância mediadora de uma forma de entender</p><p>e viver a sociedade: a educação nem salva nem reproduz a sociedade, mas</p><p>pode servir de meio para alcançar uma nova concepção de sociedade.</p><p>Tais respostas podem ser expressas nos seguintes conceitos: educação</p><p>como redenção; educação como reprodução; e educação como meio para</p><p>transformar a sociedade (LUCKESI, 2001, p. 37). Saviani (1994) nomeia esses</p><p>conceitos de outra forma, na mesma ordem: teorias não-críticas da educação;</p><p>teorias crítico-reprodutivistas da educação; e teorias críticas da educação.</p><p>A educação como redenção da sociedade ou teorias não-críticas da</p><p>educação trata-se de uma concepção que vê a sociedade como um conjunto</p><p>de seres humanos que forma um todo orgânico e harmonioso, em que os</p><p>desvios apresentados por grupos ou indivíduos são posicionados à margem</p><p>desse todo. A educação está fora da sociedade, com a função de manter a</p><p>ordem e o equilíbrio, promovendo a coesão social (LUCKESI, 2001, p. 38).</p><p>PÁGINA 19</p><p>A segunda tendência de interpretação, a da educação como reprodução</p><p>da sociedade, ou teorias crítico-reprodutivistas, afirma que a educação faz,</p><p>integralmente, parte da sociedade e a reproduz. A educação está a serviço</p><p>da sociedade, não corrigindo suas falhas, mas reproduzindo-a no seu modo</p><p>vigente, perpetuando-a, se for possível. A diferença entre essas tendências é</p><p>que, enquanto a primeira atua sobre a sociedade como uma instância corretora</p><p>dos seus desvios, tornando-a melhor e mais próxima do modelo de perfeição</p><p>e harmonia idealizado, a segunda entende a educação como um elemento da</p><p>própria sociedade, determinada por seus condicionantes econômicos, sociais e</p><p>políticos, ou seja, a serviço dessa mesma sociedade e de seus condicionantes</p><p>(LUCKESI, 2001, p. 41).</p><p>A terceira tendência apresenta a educação como um meio de</p><p>transformar a sociedade, ou teoria crítica. A educação seria como mediação de</p><p>um projeto social. Ela nem redime nem reproduz a sociedade, mas serve de</p><p>meio, ao lado de outros meios, para realizar um projeto de sociedade; projeto</p><p>que pode ser conservador ou transformador. Essa tendência não coloca a</p><p>educação a serviço da conservação, mas pretende demonstrar que é possível</p><p>compreender a educação dentro da sociedade, com os seus condicionantes,</p><p>mas com a possibilidade de trabalhar pela sua democratização (LUCKESI,</p><p>2001, p. 48).</p><p>Podemos perceber que cada tendência tem sua disposição diante da</p><p>educação. Luckesi escreve:</p><p>A tendência redentora é otimista em relação ao poder da</p><p>educação sobre a sociedade, a tendência reprodutivista é</p><p>pessimista, no sentido de que sempre será uma instância</p><p>a serviço do modelo dominante da sociedade. [...] Uma</p><p>reconhece que a educação é a instância que corrige os desvios</p><p>do modelo social; outra reconhece que a educação reproduz o</p><p>modelo social. [...] Assim sendo, esta terceira tendência poderá</p><p>ser denominada de “crítica” tanto na medida em que não cede</p><p>ao ilusório otimismo, quando na medida em que interpreta a</p><p>educação dimensionada dentro dos determinantes sociais, com</p><p>possibilidades de agir estrategicamente (2001, p. 49).</p><p>As três tendências filosóficas de interpretação da educação redundam</p><p>em formas de agir, politicamente, no contexto da prática pedagógica. A</p><p>tendência redentora propõe uma ação pedagógica otimista, do ponto de vista</p><p>político, acreditando que a educação tem poderes quase que absolutos sobre</p><p>a sociedade. A tendência reprodutivista é crítica em relação à compreensão</p><p>da educação na sociedade, porém pessimista, não vendo qualquer saída</p><p>para ela, a não ser submeter-se aos seus condicionantes. Por último, a</p><p>tendência transformadora, que é crítica, recusa-se tanto ao otimismo ilusório,</p><p>quanto ao pessimismo imobilizador. Por isso, propõe-se compreender a</p><p>educação dentro de seus condicionantes e agir estrategicamente para sua</p><p>transformação. Propõe-se desvendar e utilizar-se das próprias contradições da</p><p>PÁGINA 20</p><p>sociedade, para trabalhar realisticamente (criticamente) pela sua transformação</p><p>(LUCKESI, 2001, p. 51).</p><p>#SaibaMais</p><p>Um exemplo de entendimento da educação como redentora da</p><p>sociedade encontra-se na obra Didática Magna: tratado da Arte Universal de</p><p>Ensinar Tudo a Todos, de Comênio, publicada em 1657.</p><p>Diversos pensadores desenvolveram a perspectiva pessimista da</p><p>educação, tendo destaque as ideias de Louis Althusser, no livro Ideologia</p><p>e aparelhos ideológicos do Estado. Nessa obra, a partir de pressupostos</p><p>marxistas, o autor empreende um estudo sobre o papel da escola como um dos</p><p>aparelhos do Estado, como uma das instâncias da sociedade que veicula a sua</p><p>ideologia dominante, para reproduzi-la.</p><p>O pedagogo francês Georges Snyders (1916) foi o primeiro a usar</p><p>a expressão pedagogia progressista, título de um livro no qual se propôs</p><p>a pensar uma teoria que superasse a escola tradicional e a escola nova.</p><p>Dentro de uma perspectiva dialética, são negados os aspectos conservadores</p><p>da escola tradicional, bem como os excessos da escola nova, sendo depois</p><p>recuperados em nível superior (ARANHA, 1996, p. 214).</p><p>REFLITA</p><p>Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses</p><p>sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la</p><p>e o seu trabalho pode criar um mundo próprio, seu Eu e as suas circunstâncias.</p><p>Paulo Freire, no livro Educação e Mudança, publicado pela Paz e Terra,</p><p>em 1983, no Rio de Janeiro.</p><p>PÁGINA 21</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Vimos nesta unidade a relação existente entre educação e sociedade,</p><p>ficando muito claro que a educação está contextualizada dentro de uma</p><p>determinada realidade histórica e cultural, sendo profundamente influenciada</p><p>por ela.</p><p>E diante dessa compreensão de que a educação está na sociedade,</p><p>precisamos ter sempre clara qual sua finalidade e direcionamento. Daí nossa</p><p>discussão sobre as tendências que buscam interpretar o papel da educação na</p><p>sociedade, com uma perspectiva otimista, pessimista e transformadora desse</p><p>seu papel.</p><p>A nós, tendo compreendido essas tendências, cabe, filosoficamente</p><p>(criticamente), descobrir qual a tendência que orientará nosso trabalho na</p><p>educação. O que não podemos é ficar sem nenhuma delas, pois quando não</p><p>pensamos, outros pensam por nós e nos dirigem.</p><p>PÁGINA 22</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>• Título: Pedagogia do Oprimido</p><p>• Autor: Paulo Freire</p><p>• Editora: Paz e Terra</p><p>• Sinopse:</p><p>Pedagogia do Oprimido é um dos mais</p><p>conhecidos trabalhos do educador e filósofo</p><p>brasileiro Paulo Freire. O livro propõe</p><p>uma pedagogia com uma nova forma de</p><p>relacionamento entre professor, estudante, e</p><p>sociedade.</p><p>FILME</p><p>• Título: O Sorriso de Mona Lisa</p><p>• Ano: 2003.</p><p>• Sinopse:</p><p>Katherine Watson é uma recém-formanda</p><p>da UCLA que foi contratada, em 1953, para</p><p>lecionar História da Arte na prestigiosa</p><p>Wellesley College, uma escola só para</p><p>mulheres. Determinada a confrontar valores</p><p>ultrapassados da sociedade e da instituição,</p><p>Katherine inspira suas alunas tradicionais,</p><p>incluindo Betty e Joan, a mudarem a vida</p><p>das pessoas como futuras líderes que serão</p><p>WEB</p><p>Revista Educação & Sociedade: um dos mais importantes periódicos</p><p>editados hoje na área da Educação no país. Publicada desde 1978, a revista</p><p>tem periodicidade trimestral. Além disso, um número especial temático tem</p><p>sido organizado a cada ano, desde 1995, transformando a revista em uma</p><p>publicação trimestral.</p><p>Link: http://www.scielo.br/scielo.php/script_sci_serial/pid_0101-7330/lng_pt/</p><p>nrm_iso</p><p>PÁGINA 23</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2.ed. São Paulo:</p><p>Moderna, 1996.</p><p>LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. 16.Reimp. São Paulo:</p><p>Cortez, 2001.</p><p>SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 30. ed. Campinas: Autores</p><p>Associados, 1994.</p><p>PÁGINA 24</p><p>CAPÍTULO</p><p>BREVE APRESENTAÇÃO</p><p>DA EDUCAÇÃO NA</p><p>ANTIGUIDADE GREGA</p><p>E NA IDADE MÉDIA</p><p>3</p><p>Objetivos de Aprendizagem:</p><p>• Apresentar a educação nos contextos históricos da antiguidade (grega) e</p><p>medievalidade.</p><p>• Destacar as principais características pedagógicas da educação no período</p><p>delimitado.</p><p>• Contribuir com a compreensão da educação como um fenômeno enraizado</p><p>na história humana.</p><p>Plano de Estudo:</p><p>• Antiguidade grega e a paidéia.</p><p>• A educação na idade média.</p><p>PÁGINA 25</p><p>INTRODUÇÃO DA UNIDADE</p><p>Daquilo que estudamos até o momento, fica cada vez mais evidente</p><p>que não podemos pretender analisar a educação de forma abstrata,</p><p>descontextualizada de suas contradições e antagonismos de classes. Isso</p><p>não nos permitirá uma real compreensão de seu significado, e poderemos</p><p>atribuir-lhe um caráter incompleto, seja redentor, seja pessimista, como vimos</p><p>anteriormente.</p><p>Há diferentes formas de educação historicamente enraizadas; não é</p><p>possível falar de educação abstratamente, nem desconsiderar seu ambiente e</p><p>sua época histórica. Isso porque as finalidades com que se educa não são as</p><p>mesmas em todas as épocas, lugares e sociedades.</p><p>A educação não é um fenômeno que se entenda fora de uma</p><p>determinada sociedade. A compreensão daquela passa necessariamente</p><p>pela compreensão desta. Cada sociedade tem seus espaços próprios para a</p><p>socialização, que não se reduzem ao espaço escolar. Por isso, para entender</p><p>o papel da educação na socialização, precisamos discutir a transmissão da</p><p>cultura dentro e fora da escola.</p><p>O que queremos nesse estudo dos fundamentos históricos não é</p><p>apresentar uma relação de fatos e acontecimentos de cada período, mas sim</p><p>perceber como se deu e continua acontecendo esse processo educacional,</p><p>dentro das diferentes realidades históricas das sociedades.</p><p>Um excelente estudo a todos, caros alunos e alunas.</p><p>PÁGINA 26</p><p>1. Antiguidade grega e a paidéia</p><p>Os povos da antiguidade oriental não dispunham de uma reflexão</p><p>especialmente voltada para a educação, uma vez que essa prática encontra-</p><p>se vinculada às tradições religiosas recebidas dos antepassados. O saber do</p><p>passado é transmitido de forma rígida às novas gerações, em um contexto</p><p>teocrático onde a educação não se separa da religião, onde escriba e</p><p>sacerdote são os responsáveis pelos valores da sociedade (ARANHA, 1996,</p><p>p.41).</p><p>Mas na Grécia clássica há a substituição das explicações religiosas pela</p><p>utilização da razão autônoma. Segundo Aranha:</p><p>Surge a necessidade de elaborar teoricamente o ideal</p><p>de formação, não do herói, submetido ao destino, mas</p><p>do cidadão. Este deixa de ser depositário do saber da</p><p>comunidade, para se tornar o que elabora a cultura da cidade.</p><p>A ênfase no passado é deslocada para o futuro: o homem não</p><p>está preso a um destino traçado, mas é capaz de projeto, de</p><p>utopia (1996, p.41).</p><p>Nesse contexto surge a palavra paidéia, significando inicialmente</p><p>criação dos meninos (pais, paidós, “criança”), mas que assumirá nuanças que</p><p>a tornarão um termo complexo. Pode significar expressões modernas como</p><p>civilização, cultura, tradição, literatura ou educação; mas na verdade, seu</p><p>significado entre os gregos é o de um projeto de formação do homem em todas</p><p>as suas dimensões.</p><p>O ideal grego de educação vai passar por muitas mudanças. Ora</p><p>associado ao corpo, ora à ênfase na habilidade militar do guerreiro, passando</p><p>ainda pela formação do cidadão que nas praças (ágoras) vai utilizar a palavra</p><p>no exercício da vida política, mas sempre vinculado ao uso da razão crítica</p><p>da condição humana. Segundo Platão, a educação é o instrumento para</p><p>desenvolver no homem tudo o que implica sua participação na realidade ideal,</p><p>tudo o que define sua essência verdadeira, embora asfixiada por sua existência</p><p>material. Também segundo Aristóteles, a educação é um processo que auxilia</p><p>na transformação do homem naquilo que é sua finalidade como realização</p><p>enquanto pessoa.</p><p>2. A educação na idade média</p><p>A educação na idade média esteve sob a responsabilidade da Igreja,</p><p>devido à sua hegemonia diante da sociedade como um todo. Existiam no</p><p>período escolas que funcionavam junto às catedrais ou escolas monásticas</p><p>que funcionavam nos mosteiros. Dessa forma, a Igreja assumiu o papel de</p><p>disseminar a educação e a cultura no medievo, o que foi preponderante para o</p><p>legado educacional do Ocidente.</p><p>PÁGINA 27</p><p>Historicamente, a idade média iniciou no século V com a queda</p><p>do império romano do ocidente, que foi tomado pelos povos chamados</p><p>bárbaros que viviam além das fronteiras e não falavam latim. Com a invasão</p><p>dos bárbaros, houve grande alteração no mapa político da Europa. Há o</p><p>desenvolvimento do feudalismo, com a distribuição de terras para os nobres,</p><p>para toda a vida, com todos direitos de uso sobre a área por toda vida.</p><p>O cristianismo estava se desenvolvendo e muitos reinos bárbaros foram</p><p>convertidos. O poder dos nobres foi aumentando e a figura do rei torna-</p><p>se fraca. O clero da Igreja Católica dava o apoio necessário à estabilidade</p><p>do sistema. A nobreza era hereditária, o filho mais velho herdava o título de</p><p>nobreza do pai e irmão não herdeiros ingressavam para os quadros da Igreja,</p><p>tornando-se bispos, papas etc., chamados de alto clero. Os servos da gleba</p><p>pertenciam ao feudo e, se o feudo passasse para outras pessoas, a eles o</p><p>acompanharia.</p><p>A nobreza não tinha qualquer interesse pelo conhecimento, que ficava</p><p>sob a tutela da Igreja, enquanto os servos não tinham qualquer acesso.</p><p>Com a invasão dos bárbaros e a destruição das instituições romanas,</p><p>a Igreja foi-se afirmando e passou a desempenhar funções de destaque,</p><p>inclusive cristianizando os bárbaros. Os mosteiros tornaram-se centros</p><p>únicos de educação e cultura. Entre as ordens religiosas, os beneditinos se</p><p>espalharam por quase toda a Europa.</p><p>A sociedade medieval é organizada por estamentos, ou estados: a</p><p>nobreza, o clero e os servos. Cada estamento recebia um tipo de educação</p><p>diferenciada. O clero era preparado principalmente com ensinamentos</p><p>filosóficos e teológicos, disciplinados e enquadrados nos parâmetros das</p><p>ordens religiosas. A nobreza recebia outro tipo de educação, sendo preparada</p><p>para a guerra, principalmente na arma de cavalaria, para as boas maneiras,</p><p>lealdade ao seu senhor, moral e cívica, lançamento de dardos, flechas,</p><p>corridas, natação etc. A educação de um nobre começava com uma fase de</p><p>escudeiro, quando recebia os ensinamentos de um cavaleiro, acompanhando-</p><p>os nos campos de batalha. Os servos da gleba eram instruídos pelos familiares</p><p>e por iguais, dentro dos</p><p>limites do feudo. Esses ensinamentos não abarcavam</p><p>ler, escrever e contar, apenas sobre a prática agrícola levada a efeito.</p><p>A partir do século X a marca principal na idade Média quando se fala</p><p>em educação é a criação das universidades. Eram locais onde ser formavam</p><p>grupos de estudos, com uma cultura superior, de acordo com as condições</p><p>locais. A primeira universidade da Europa ocidental de que se tem notícias é</p><p>a Escola de Medicina de Salermo, na Itália, com algumas influências árabes.</p><p>Depois ocorreu a fundação da Universidade de Bolonha, considerada, por</p><p>muitos estudiosos, como a primeira direcionada aos estudos do Direito. No</p><p>século XIII, surgiu a Universidade de paris, originária da Escola Catedral de</p><p>Notre Dame e serviu de modelo às universidade europeias por no mínimo dois</p><p>séculos. Surgiram no século XIV, Oxford e Salamanca, depois muitas outras.</p><p>No final da Idade Média, os habitantes dos burgos ou cidades firmaram-</p><p>se como uma classe social. Foram os burgueses, organizados em corporações</p><p>PÁGINA 28</p><p>e grêmios, fundando escolas de diferentes profissões. Com o crescimento</p><p>das cidades, criaram-se escolas municipais, independentes das catedrais. A</p><p>maioria tinha o caráter prático, mas algumas se dedicaram a ensinar literatura,</p><p>geografia, história e outras disciplinas consideradas humanísticas. O ensino era</p><p>promovido em língua local e já existiam diretores e até supervisores da própria</p><p>organização. Havia mestres ambulantes que circulavam por muitos lugares ou</p><p>até países, contratados temporariamente e que tinham de passar por exames</p><p>criteriosos. Foi o embrião da escola pública, durante a ascensão do capitalismo</p><p>comercial.</p><p>Por fim, vale ressaltar que durante a Idade Média, devido ao</p><p>protagonismo da Igreja Católica, muitos religiosos dedicaram-se à educação.</p><p>Os primeiros representavam a Patrística, filosofia e pedagogia exercidas</p><p>pelos padres, seguindo os ensinamentos principalmente de Santo Agostinho</p><p>(354-430). Na segunda metade da idade Média, os filósofos e educadores</p><p>pertenciam à Escolástica, seguindo, principalmente, as orientações de Santo</p><p>Tomás de Aquino (1225-1274).</p><p>#SaibaMais</p><p>Para muitos autores, além da importância da Patrística e da Escolástica para</p><p>a educação cristã, houve um primeiro período, de igual importância, chamada</p><p>Apostólico, correspondendo à atuação de Jesus de Nazaré e seus apóstolos,</p><p>durante os primeiros anos do Cristianismo, chegando até o quarto século,</p><p>com outros seguidores. Esses ensinamentos foram anteriores à invasão</p><p>dos bárbaros e tiveram continuidade com a Patrística. Alguns educadores se</p><p>destacaram nessa época como, por exemplo, Clemente de Alexandria (160-</p><p>220), que foi diretor da escola de Alexandria, divulgador dos ideais cristãos e</p><p>grande pedagogo.</p><p>REFLITA</p><p>“A Filosofia surge, portanto, quando alguns gregos, admirados e espantados</p><p>com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera,</p><p>começaram a fazer perguntas para elas, demonstrando que o mundo</p><p>e os seres humanos, os acontecimentos e as coisas da natureza, os</p><p>acontecimentos e as ações humanas podem ser conhecidos pela razão</p><p>humana, e que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma” (CHAUÍ,</p><p>2000, p. 24).</p><p>De que maneira a admiração e o espanto podem ser hoje, o início de um</p><p>processo de reflexão filosófica acerca da realidade, como foi com os gregos?</p><p>PÁGINA 29</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Ao apresentarmos algumas informações sobre a educação na</p><p>antiguidade grega e na Idade Média, não tivemos a pretensão de fazer uma</p><p>abordagem exaustiva com descrição minuciosa dos elementos próprios dos</p><p>períodos. Nosso objetivo foi mostrar as principais características, evidenciado</p><p>que a educação sempre está enraizada com um projeto de sociedade, seja</p><p>ele qual for. Na Grécia, a formação de um homem integral, com habilidades</p><p>para a política. Na idade Média, um homem que fosse obediente a Deus e que</p><p>pautasse sua vida pela religião cristã.</p><p>Na continuação de nosso estudo, veremos que nos períodos seguintes</p><p>– Moderno e Contemporâneo – a educação também estará enraizada em seu</p><p>contexto histórico e cultural, evidenciando seu caráter intencional de prática</p><p>social.</p><p>Um abraço e até lá.</p><p>PÁGINA 30</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO E SOCIEDADE AO LONGO DA HISTÓRIA</p><p>Fabíola Langaro</p><p>Em todos os períodos da história da humanidade, o processo</p><p>educacional esteve relacionado à necessidade social, instrumentalizado</p><p>pelo sistema econômico. Nas sociedades primitivas, o sistema econômico</p><p>estava baseado na agricultura, assim como na Roma Arcaica a necessidade</p><p>econômica estava relacionada à expansão agrícola. Nesses sistemas, a</p><p>identidade do sujeito passava pela ideia de que ele deveria ser preparado para</p><p>ser um guerreiro. Neles, a instituição responsável pelo processo de educação</p><p>era a família e o papel valorizado pela sociedade e pela cultura era o papel</p><p>social do guerreiro. Dessa forma, a preparação dos meninos para a guerra</p><p>passava pela utilização dos jogos que simulavam as situações vividas na</p><p>realidade.</p><p>Na Idade Média, os filhos passaram a sair de suas casas para serem</p><p>educados nas casas de outras famílias. Naquela época, acreditava-se que</p><p>o afeto poderia interferir de modo negativo no processo educacional e a</p><p>educação passou a ser feita à distância para que o aspecto emocional não</p><p>comprometesse a preparação dos guerreiros. Os jovens aprendiam, assim,</p><p>tanto a realizarem os afazeres domésticos quanto sobre as próprias relações</p><p>de produção da sociedade. A religião, na figura da Igreja, era a instituição que</p><p>controlava as normais sociais, ditava as regras da moral e da educação.</p><p>Na Idade Moderna, com o advento da Revolução Industrial, houve um</p><p>processo de ruptura do processo artesanal com a chegada das máquinas.</p><p>Ocorreu uma crise social e a consequente ida de muitas famílias para as ruas.</p><p>Criaram-se, as workhouses para recolher essas pessoas e formar membros</p><p>úteis ao Estado. A necessidade pedagógica era a de homens que trabalhassem</p><p>sem pensar. A busca pela moral do indivíduo foi substituída pelo ideal da</p><p>disciplina. Era preciso domar o caráter dos indivíduos, através da educação</p><p>de seu corpo, com a finalidade de fornecer ao sistema econômico indivíduos</p><p>disciplinados e, portanto, produtivos. Da mesma forma, as crianças eram</p><p>cobiçadas como mão-de-obra barata e necessitavam ser disciplinadas para</p><p>que suportassem longas horas de jornadas de trabalho. O instrumento idôneo</p><p>que estava à disposição desse sistema era a escola, que assumiu essa função</p><p>social de disciplina. Passou-se, assim, de um sistema social de auto-instrução</p><p>através da família para a escolarização, com o controle do Estado.</p><p>Quanto ainda carregamos desta história, considerando que somos frutos</p><p>dela?</p><p>Quais são os desafios que hoje enfrentamos considerando que não</p><p>é possível alterar o passado, mas, ao mesmo tempo, necessário construir o</p><p>futuro?</p><p>Fonte: https://apeoc.org.br/relacao-entre-educacao-e-sociedade-ao-</p><p>longo-da-historia/</p><p>PÁGINA 31</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO (OBRIGATÓRIO)</p><p>• Título: Paidéia.</p><p>• Autor. Werner Jaeger</p><p>• Editora: Martins Fontes</p><p>• Sinopse: Esta obra famosa de Werner</p><p>Jaeger, um dos marcos da cultura do</p><p>nosso tempo, é o estudo mais profundo</p><p>e completo sobre os ideais de educação</p><p>da Grécia antiga. Jaeger estudou a</p><p>interação entre o processo histórico</p><p>da formação do homem grego e o</p><p>processo espiritual através do qual os</p><p>gregos chegaram a elaborar seu ideal de</p><p>humanidade. A partir da solução desta</p><p>profunda questão histórica e espiritual,</p><p>foi possível chegar ao entendimento</p><p>da criação educativa sem par de onde</p><p>se irradia a imorredoura influência dos</p><p>gregos sobre todos os séculos.</p><p>FILME (OBRIGATÓRIO)</p><p>• Título: O nome da Rosa.</p><p>• Ano: 1986.</p><p>• Sinopse:</p><p>Na última semana de</p><p>novembro de 1327,</p><p>num mosteiro na Itália medieval,</p><p>a morte, em circunstâncias insólitas,</p><p>de sete monges em sete dias e</p><p>noites é o motor responsável pelo</p><p>desenvolvimento da ação.</p><p>Um monge franciscano é chamado</p><p>para solucionar o mistério e cai nas</p><p>malhas de</p><p>uma trama diabólica.</p><p>Na forma de uma crítica, as violências</p><p>sexuais, os conflitos no seio</p><p>dos movimentos heréticos do século</p><p>XIV, a luta contra a mistificação, o</p><p>poder, o esvaziamento dos valores</p><p>pela demagogia, constroem uma</p><p>reconstituição livre dos fatos históricos</p><p>da época aos olhos do espectador.</p><p>PÁGINA 32</p><p>WEB (OBRIGATÓRIO)</p><p>A Revista Brasileira de História da Educação (RBHE) é a publicação oficial</p><p>da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE). Sediada atualmente</p><p>na Universidade Estadual de Maringá e publicada trimestralmente, a RBHE</p><p>tem o objetivo de divulgar a produção científica nacional e internacional</p><p>sobre História e Historiografia da Educação, que se revele de interesse para</p><p>as grandes áreas de pesquisa em Educação e em História, abrindo novos</p><p>horizontes de discussão e estimulando debates interdisciplinares.</p><p>• Link do site: http://rbhe.sbhe.org.br/index.php/rbhe</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2.ed. São Paulo:</p><p>Moderna, 1996.</p><p>ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. História da Educação. 2.ed. São Paulo:</p><p>Moderna, 1996.</p><p>CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 3.ed. São Paulo: Ática, 2000.</p><p>PÁGINA 33</p><p>CAPÍTULO</p><p>BREVE APRESENTAÇÃO DA</p><p>EDUCAÇÃO A PARTIR DA</p><p>MODERNIDADE</p><p>4</p><p>Objetivos de Aprendizagem:</p><p>• Apresentar a educação nos contextos históricos da modernidade e</p><p>contemporaneidade.</p><p>• Destacar as principais características pedagógicas da educação no período</p><p>delimitado.</p><p>• Contribuir com a compreensão da educação como um fenômeno enraizado</p><p>na história humana.</p><p>Plano de Estudo:</p><p>• A modernidade, a razão e o sujeito.</p><p>• A modernidade e o nascimento da noção de infância.</p><p>• Desafios da educação na pós-modernidade.</p><p>PÁGINA 34</p><p>INTRODUÇÃO DA UNIDADE</p><p>Nesta unidade, apresentaremos a educação e suas grandes</p><p>transformações a partir da Modernidade, quando são construídas as principais</p><p>noções que dispomos de sociedade, sujeito, escola e infância.</p><p>Na Modernidade, um período de amplas e profundas transformações, a</p><p>razão e o capitalismo são os referenciais que nos ajudam a compreender com</p><p>a vida se organiza na sociedade dita moderna. Além disso, a noção de sujeito</p><p>construída no mundo moderno nos apontará para a centralidade que o homem</p><p>passa a ter, bem como o lugar da educação na formação desse sujeito racional</p><p>ativo, responsável pela transformação social.</p><p>Um excelente estudo para todos.</p><p>1. A modernidade, a razão e o sujeito.</p><p>Algumas mudanças de ordem social, científica, filosófica e religiosa</p><p>permitem considerar o desenvolvimento de uma nova mentalidade a partir dos</p><p>séculos XV e XVI, com características bem peculiares. As guerras de religião,</p><p>a era dos descobrimentos, o surgimento de novos modelos de conhecimento,</p><p>além de outros fatores, levarão a buscar outras visões de mundo.</p><p>Uma forte característica desses novos tempos foi a maior facilidade</p><p>com que circulavam as informações de todo tipo. A invenção da imprensa,</p><p>por João Gutemberg (1398-1468), compõe um quadro novo na disseminação</p><p>do conhecimento. Obviamente não foi algo rápido e imediato, sendo</p><p>necessários muitos séculos até que o hábito de ter livros em casa se tornasse</p><p>amplamente difundido. No entanto, comparando a fabricação dos livros pela</p><p>máquina inventada por Gutemberg (a prensa) com as técnicas anteriores</p><p>(os manuscritos ou cópias à mão em pergaminhos de pele de animal ou em</p><p>papel caseiro), temos uma noção clara desse grande volume de circulação de</p><p>informações nos séculos XV e XVI.</p><p>Esses fatores permitiram considerar os séculos XV e XVI como um</p><p>período de ampliação de horizontes para os europeus, bem como do aumento</p><p>de informações sobre os autores antigos, intensificando seu estudo não só na</p><p>filosofia e na teologia, mas também na literatura, ciências e artes. Podemos</p><p>falar de um “Renascimento”, que está ligado à maior divulgação do patrimônio</p><p>cultural antigo.</p><p>Com o Renascimento é idealizado o humanismo, que consiste em uma</p><p>visão de mundo centrada no ser humano e com medidas humanas. Há uma</p><p>ênfase num modelo de ser humano universal, que não se limita às diferenças</p><p>culturais e ao mesmo tempo, que defende o valor de cada indivíduo.</p><p>Os pensadores modernos viviam um misto de admiração pelas</p><p>novidades, principalmente as ciências, concebidas segundo o modelo</p><p>renascentista, e o descontentamento com as explicações tradicionais.</p><p>Acontecia a busca de formas mais seguras de conhecimento e de ação, para</p><p>PÁGINA 35</p><p>o que contribuía enormemente a herança dos filósofos renascentistas e a nova</p><p>concepção de conhecimento científico baseada em modelos matemáticos. Uma</p><p>refundação da filosofia estava em curso.</p><p>Com todas as inovações que os tempos modernos traziam, os filósofos</p><p>apostaram em um “projeto” que se ocupasse primeiramente daquilo que, acima</p><p>de qualquer dúvida, caracterizava a experiência humana: o uso da razão. E a</p><p>principal atividade da razão passa a ser também, a principal preocupação: o</p><p>conhecimento. Era necessário “conhecer o conhecimento”, investigar quais as</p><p>reais possibilidades de conhecer e os reais métodos para pôr essa atividade</p><p>em prática. O conhecimento é a principal marca da filosofia moderna, e isso</p><p>trará implicações em todas as áreas humanas.</p><p>A ênfase na luz da razão fez com que as filosofias produzidas no século</p><p>XVIII recebessem o nome de Iluminismo. Trata-se de uma confiança irrestrita</p><p>no poder da razão para explicar a experiência humana. Chegou-se mesmo a</p><p>crer que o ser humano pode se aperfeiçoar pela razão a ponto de progredir</p><p>sempre e encontrar a felicidade ética e política. A crença num progresso sem</p><p>fim ou na perfectibilidade do ser humano levou também à distinção entre</p><p>Natureza e Cultura: a Natureza ou o mundo físico-químico-biológico seria o</p><p>campo da necessidade, das leis fixas; a Cultura ou a civilização seria o campo</p><p>propriamente humano, lugar da auto-construção e da liberdade.</p><p>Podemos afirmar que é Moderna uma forma muito particular de se</p><p>conceber o sujeito humano, apresentado de forma unificada e com uma</p><p>identidade racional. É na sociedade moderna que o sujeito se liberta de</p><p>estruturas e tradições teocêntricas que não podiam ser mudadas, passando</p><p>a ter uma condição de soberano, algo antes impensável. Isso agora torna-</p><p>se possível, diante de mudanças no pensamento e na cultura do ocidente,</p><p>trazendo a emergência do sujeito, próprias da modernidade:</p><p>a) A libertação da consciência individual dos dogmas religiosos com a Reforma</p><p>e o Protestantismo;</p><p>b) O posicionamento do homem no centro do mundo a partir do pensamento</p><p>humanista renascentista;</p><p>c) O maior domínio sobre a natureza possibilitado pelas revoluções científicas;</p><p>d) A racionalização, o caráter científico, a libertação de dogmas e a intolerância</p><p>da imagem do homem a partir do Iluminismo.</p><p>Essas mudanças estão em uma dinâmica de transformações que</p><p>também implicarão na educação, trazendo novas abordagens. Uma delas é</p><p>sobre a concepção de infância que passa a se desenvolver nesse contexto da</p><p>modernidade. Vejamos a seguir.</p><p>PÁGINA 36</p><p>2. A modernidade e o nascimento da noção de infância</p><p>Criança sempre existiu, mas a infância não. O mundo pré-moderno</p><p>não conheceu propriamente, a noção de infância da forma como a temos</p><p>hoje. Não havia uma construção da criança a partir de uma literatura infantil, a</p><p>partir da definição de um lugar próprio onde para as crianças viverem e serem</p><p>educadas etc. Podemos perceber isso nas obras de arte que representavam</p><p>a criança não como criança, mas como um adulto em miniatura. Todo esse</p><p>cenário, no entanto, aproximadamente a partir do século XV, começou a mudar</p><p>radicalmente.</p><p>A partir do contexto dos novos tempos da modernidade, os intelectuais</p><p>começaram a dizer que as crianças deveriam ser tratadas diferente dos</p><p>adultos, por serem diferentes dos adultos. Um novo sentimento em relação às</p><p>crianças passa ser construído, um sentimento de cuidado, de cultivo da vida</p><p>da criança. A infância passa a ser vista como uma fase natural e necessária à</p><p>vida do ser humano; uma fase que, para o bem do ser humano, deve</p><p>ocorrer.</p><p>A infância surge como uma época especial da vida dos homens e mulheres</p><p>– uma fase natural à existência humana, mas que precisa de um ambiente</p><p>histórico-social para se realizar. Para que a infância acontecesse, as crianças</p><p>deveriam ser postas em um lugar especial: a escola. Uma ligação especial</p><p>passou a ser criada: entre a criança e um determinado adulto: o professor. Este</p><p>deveria, na escola e pela escola, garantir a infância às crianças.</p><p>Na sua gênese, a noção de infância se apresentou oscilando entre duas</p><p>configurações básicas. Essas configurações determinaram as características</p><p>dos professores e do ambiente escolar e, de certo modo, com a ajuda da</p><p>filosofia, impuseram ou pelos menos regraram as finalidades da educação.</p><p>Em uma primeira configuração, a infância é vista como uma fase</p><p>negativa. Que deve ocorrer sim, mas que deve passar, dando espaço ao</p><p>aparecimento do adulto enquanto a antítese da criança. A infância é a</p><p>época da rebeldia e por isso a criança deve ser conduzida da heteronomia à</p><p>autonomia por meio de regras exteriores, postas pelo adulto. A autonomia</p><p>e a individualidade nascem “de fora para dentro”. Nesse caso, o professor é</p><p>um disciplinador no sentido tradicional da palavra. A escola, um ambiente de</p><p>formação e conformação. A finalidade da educação é fazer com que a fase</p><p>negativa da infância passe brevemente e possibilite ao homem surgir a partir</p><p>das regras do homem (adulto) sobre o homem (criança) – ou seja, que o</p><p>homem possa vir a surgir da criança, negando-a.</p><p>Em uma segunda configuração, a infância é vista como uma fase</p><p>positiva, que deve não só ocorrer mas também ser prolongada, de modo a</p><p>poder contaminar o homem que dela deve surgir. A infância é criatividade e</p><p>pureza, e se a disciplina deve aparecer, deve vir como autonomia tirada “de</p><p>dentro para fora”. O professor, nesse caso, é companheiro de viagem. A escola,</p><p>um ambiente natural propiciador das melhores experiências. A finalidade da</p><p>educação é fazer com que a fase positiva da infância permaneça ao longo da</p><p>vida adulta, no que ela tem de bom, ou seja, que o homem (adulto) venha a</p><p>PÁGINA 37</p><p>materializar-se a partir do interior do homem (criança), mantendo em seu íntimo</p><p>o verdadeiro humano que existia na criança.</p><p>3. Desafios da educação na pós-modernidade</p><p>Não pretendemos realizar uma discussão exaustiva sobre o conceito de</p><p>pós-modernidade, uma vez que ainda se trata de algo em grande discussão e</p><p>que integra fortes polêmicas, não havendo consenso sobre seu significado.</p><p>Em nosso estudo, queremos pontuar a pós-modernidade como o</p><p>momento seguinte ao das grandes transformações e organização da vida</p><p>Moderna, quando novas configurações ocorrem. Por exemplo, o capitalismo,</p><p>com sua marca mercantilista e imperialista, que atinge seu auge no século XIX,</p><p>continua existindo, mas em uma configuração de globalização ou capitalismo</p><p>multinacional, com grande flexibilidade na produção e no mercado. Esta</p><p>acumulação flexível implica na flexibilização dos processos de trabalho, de</p><p>produção e de padrões de consumo, com novos setores de produção sendo</p><p>criados para atender às exigências do mercado, como novas formas de</p><p>organização e de relações de trabalho.</p><p>Ao mesmo tempo, a pós-modernidade também é caracterizada por toda</p><p>uma contestação a esse modelo instaurado, com reivindicação por liberdade,</p><p>consciência e pluralidade cultural.</p><p>A escola, e sua prática pedagógica, é influenciada por toda essa</p><p>discussão, sendo cobrada dela, de modo velado ou nem tanto, que ofereça</p><p>uma formação que atenda aos interesses dos grupos hegemônicos. Mas</p><p>nessa mesma escola, podemos ver que o questionamento dessas bases</p><p>hegemônicas capitalistas encontra seu espaço para se espalhar e se</p><p>desenvolver.</p><p>Relembrando a discussão que fizemos sobre o papel da escola na</p><p>sociedade e as concepções da educação como redentora, reprodutora e</p><p>transformadora da sociedade, podemos afirmar que a partir da colocação da</p><p>educação como direito de todos, direito nem sempre garantido, diga-se de</p><p>passagem, muitas foram as teorias pedagógicas que emergiram, em sua</p><p>maioria para a legitimação e perpetuação do status quo do grupo hegemônico.</p><p>Os educadores sendo apresentados como missionários, neutros, defensores</p><p>de um conhecimento sistematizado que deve ser transmitido mecanicamente,</p><p>sem nenhuma reflexão crítica.</p><p>Um dos grandes desafios postos no atual momento histórico é a</p><p>necessidade dos educadores e educadoras reverem sua prática pela via da</p><p>concepção política, buscando atender aos interesses das classes que sofrem</p><p>diferentes formas de opressão: econômica, cultural, social. Não adianta</p><p>estar rodeado de modernas tecnologias se não houver também uma prática</p><p>educacional que desperte a criticidade, na busca de melhores condições de</p><p>vida para professores e alunos.</p><p>A escola, portanto, precisa cada vez mais se aproximar das discussões</p><p>PÁGINA 38</p><p>atuais sobre o ponto de vista da consciência e da clareza da própria prática</p><p>educacional. A escola não pode ficar desinformada das discussões teóricas,</p><p>para que não haja um afastamento daquilo que está acontecendo na sociedade</p><p>contemporânea e as relações travadas no interior da escola.</p><p>Isso seria muito grave, uma vez que é fundamental que a escola</p><p>participe do debate realizado na sociedade contemporânea, pois destas</p><p>discussões é que sairá a escolha do projeto pedagógico escolar e qual a</p><p>formação oferecida aos educandos e educandas mais adequada para realizar</p><p>esse mesmo projeto.</p><p>#SaibaMais</p><p>Sobre a relação Família e Escola, na Modernidade:</p><p>Duas instituições educativas, em particular, sofrem uma profunda redefinição</p><p>e reorganização na Modernidade: a família e a escola, que se tornam cada</p><p>vez mais centrais na experiência formativa dos indivíduos e na própria</p><p>reprodução (cultural, ideológica e profissional) da sociedade. A ambas é</p><p>delegado um papel cada vez mais definido e mais incisivo, de tal modo que</p><p>elas se carregam cada vez mais de uma identidade educativa, de uma função</p><p>não só ligada ao cuidado e ao crescimento do sujeito em idade evolutiva ou à</p><p>instrução formal, mas também à formação pessoal e social ao mesmo tempo.</p><p>As duas instituições chegam a cobrir todo o arco da infância-adolescência,</p><p>como “locais” destinados à formação das jovens gerações, segundo um modelo</p><p>socialmente aprovado e definido (CAMBI, 1999, p. 203-204).</p><p>REFLITA</p><p>“É nesse momento que começa haver certa demarcação da infância como</p><p>uma fase do desenvolvimento do homem que vai do nascimento a certa idade,</p><p>caracterizada por um conjunto de disposições naturais e de faculdades que</p><p>diferem das do adulto, secundarizando o sentido etimológico dessa expressão</p><p>como sendo o da ausência de fala ou de linguagem articulada”. (PAGNI, 2010,</p><p>p. 102).</p><p>PÁGINA 39</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Nesta unidade apresentamos a educação a partir da modernidade, com</p><p>as grandes transformações ocorridas e ainda em plena realização. Vimos que o</p><p>sujeito gestado na modernidade é aquele capaz de conhecer por conta própria</p><p>com o uso da razão e que precisa se desenvolver cada vez mais com liberdade</p><p>e consciência.</p><p>A modernidade trata-se de uma tarefa que não terminou, mas que deve</p><p>nos desafiar constantemente na construção de uma sociedade melhor para</p><p>todos. E a educação é fundamental nesse processo.</p><p>PÁGINA 40</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>Uma Visão Filosófica da Pós-Modernidade: a Escola de Frankurf</p><p>Júlia Eugênia Gonçalves</p><p>O pós-modernismo chega à filosofia como uma tentativa de desconstruir</p><p>o discurso filosófico ocidental a partir do próprio discurso, tal qual foi elaborado</p><p>desde a antiguidade clássica.</p><p>O prefixo “pós” indica o que vem depois, o que sucede à modernidade,</p><p>significando um corte, uma ruptura não apenas no âmbito da política e</p><p>da economia mas, sobretudo, no pensamento das pessoas, as quais</p><p>compreendem que estão vivendo uma fase de grandes transformações que</p><p>afetam a todos direta ou indiretamente e que é necessário compreender seu</p><p>significado no contexto da sociedade como um todo.</p><p>Há então um afastamento</p><p>em relação ao “moderno” no sentido de</p><p>que a filosofia pós-moderna vai reivindicar uma posição amadurecida frente</p><p>ao modelo positivista, característico do que se convencionou chamar de</p><p>“modernidade”.</p><p>A chamada Escola Filosófica de Frankfurt representada por Horkheimer,</p><p>Adorno e Habermas, dentre outros, vai ser a pioneira na reflexão sobre as</p><p>mudanças sofridas na sociedade ocidental do pós-guerra. Tendo sido fundada</p><p>com o objetivo de realizar estudos aprofundados sobre o marxismo, sua</p><p>orientação de estudos e pesquisas inicialmente teve ênfase econômica, mas</p><p>ganha impulso filosófico a partir do momento em que Horkheimer assume</p><p>a direção do Instituto de Investigação Social, vinculado à Universidade de</p><p>Frankfurt.</p><p>A Escola de Frankfurt passa então a refletir sobre o destino do homem</p><p>que é membro de uma comunidade, que vive em uma sociedade. Isso</p><p>leva necessariamente a uma articulação entre conhecimentos filosóficos,</p><p>sociológicos, econômicos e antropológicos, estreitando, desta forma, os laços</p><p>entre a Filosofia e a Ciência, na medida em que esta se baseia em dados</p><p>empíricos, diminuindo a dicotomia entre estes dois campos do conhecimento</p><p>humano.</p><p>Estas propostas ensejam trabalhos de natureza interdisciplinar, pois a</p><p>compreensão da vida humana no contexto social exigia a conexão entre vários</p><p>campos científicos e entre estes e a Filosofia, que não podia mais partir de uma</p><p>compreensão abstrata dos indivíduos, fora de seu contexto.</p><p>(Trecho do artigo “A Pós-Modernidade e os Desafios da Educação</p><p>na Atualidade”, publicado pela autora no endereço: http://revista.</p><p>fundacaoaprender.org.br/?p=35</p><p>PÁGINA 41</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>LIVRO</p><p>• Título: Modernidade Líquida</p><p>• Autor: Zygmunt Bauman</p><p>• Editora: Zahar</p><p>• Sinopse:</p><p>A modernidade imediata é ‘leve’,</p><p>‘líquida’, ‘fluida’ e mais dinâmica que</p><p>a modernidade ‘sólida’ que suplantou.</p><p>A passagem de uma a outra acarretou</p><p>mudanças em todos os aspectos da</p><p>vida humana. Nesta obra, o autor</p><p>procura esclarecer como se deu essa</p><p>transição e auxiliar o leitor a repensar</p><p>os conceitos e esquemas cognitivos</p><p>usados para descrever a experiência</p><p>individual humana e sua história</p><p>conjunta, fazendo uma análise das</p><p>condições cambiantes da vida social</p><p>e política.</p><p>FILME</p><p>• Título: Tempos Modernos.</p><p>• Ano: 1936.</p><p>• Sinopse:</p><p>O icónico Vagabundo está</p><p>empregado em uma fábrica,</p><p>onde as máquinas inevitável e</p><p>completamente o dominam e</p><p>vários percalços o levam para</p><p>a prisão. Entre suas passagens</p><p>pela prisão, ele conhece e faz</p><p>amizade com uma garota órfã.</p><p>Ambos, juntos e separados,</p><p>tentam lidar com as dificuldades</p><p>da vida moderna, o Vagabundo</p><p>trabalhando como garçom e,</p><p>eventualmente, um artista.</p><p>PÁGINA 42</p><p>WEB:</p><p>Produções acadêmicas com foco na temática Educação de crianças podem</p><p>ser encontradas no repositório das reuniões da Associação Nacional de Pós-</p><p>Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) – GT07 – Educação de Crianças</p><p>de 0 a 6 anos.</p><p>Link: http://www.anped.org.br/</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. 2.ed. São Paulo:</p><p>Moderna, 1996.</p><p>ARANHA, MARIA Lúcia de Arruda. História da Educação. 2.ed. São Paulo:</p><p>Moderna, 1996.</p><p>CAMBI, Franco. História da pedagogia. Tradução de Álvaro Lorencini. São</p><p>Paulo: FEU, 1999.</p><p>PAGNI, Pedro Angelo. Infância, Arte de Governo Pedagógica e Cuidado de Si.</p><p>Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 35, n. 3, p. 99-123, set./dez., 2010.</p><p>PÁGINA 43</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Estamos concluindo nossa disciplina de Fundamentos Históricos e</p><p>Filosóficos da Educação, onde procuramos apresentar a relação indissociável</p><p>existente entre a educação, história e filosofia. Esperamos que a busca por</p><p>compreender os fundamentos da educação tenha nos ajudado a tornar mais</p><p>consciente nossa concepção de educação, bem como avaliar melhor os</p><p>objetivos com nossa prática pedagógica.</p><p>Vimos que a educação não acontece de forma abstrata e separada da</p><p>sociedade. Ela influencia e é influenciada pelas relações históricas e culturais,</p><p>fazendo parte da grande correlação de força dos grupos sociais.</p><p>A ainda que breve apresentação da educação em seus períodos</p><p>históricos nos ajudou a perceber essa “encarnação” da educação na vida</p><p>concreta da sociedade e nos apontou par os desafios atuais que temos que dar</p><p>conta, para que a educação possa nos ajudar a tornar nossa sociedade mais</p><p>justa e igual para todos.</p><p>Sabemos que este estudo não termina por aqui. Há muito mais pela</p><p>frente. Que cada aluno, cada aluna, se anime a continuar estudando, uma vez</p><p>que nossa jornada acadêmica é longa e desafiadora.</p><p>Um grande abraço a todos.</p>