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<p>Sara Kislany Oliveira Cardoso</p><p>De Alê da Candelária à o sequestro do 171</p><p>14 de abril de 2020</p><p>Este é um resumo da vida de Sandro Barbosa do nascimento que teve sua história retratada no documentário “ônibus 174” de José Padilha e posteriormente o Filme “última parada 174” de Bruno Barreto, no qual se baseia a análise feita nesse texto.</p><p>Nascido no Rio de Janeiro no dia junho de 1978, sobrevivente da Chacina na Candelária ocorrido no dia 23 de junho de 1993 e posteriormente o protagonista de um crime intitulado como o sequestro do ônibus 174 ocorrido no dia 12 de junho do ano 2000. Sandro inicialmente como tímido, retraído e com dificuldades de aprendizado foi um menino de vida conturbada que teve sua história marcada por trágicos acontecimentos e acima de tudo uma negligência alarmante.</p><p>“DO DIREITO A VIDA E A SAÚDE”</p><p>Nascido de família pobre na favela conhecida por Rato molhado em São Gonçalo no Rio de Janeiro, Sandro deparou-se logo ao nascer com o primeiro trauma, sua mãe Larice Rosa Do Nascimento foi abandonada no 8 mês de gestação por seu pai biológico (de identidade não revelada) , Aos 8 anos de idade Sandro presenciou o assassinato de sua mãe, dando início assim a uma desenfreada busca pela sobrevivência em meio as mazelas socias que persistiram em sua vida.</p><p>“DO DIREITO A CONVIVÊCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA”</p><p>Em uma tentativa de resguardar aquela criança, sua tia Julieta do nascimento o abrigou em sua casa, apesar do pouco suporte que poderia lhe oferecer. Com pouca renda financeira, uma bebê recém nascido, e poucos recursos a adaptação de Sandro a uma escola, Sua tia enfrentou dificuldades nesse suporte ao sobrinho.</p><p>Porém Sandro não se adaptou a nova vida e após uma semana fugiu de casa passando assim a viver uma nova realidade: a de “menino de rua”.</p><p>“DO DIREITO A LIBERDADE, AO RESPEITO E A DIGNIDADE”</p><p>O CONANDA (lei n Lei nº 8.242, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente ) Criado em 1991 pela Lei nº 8.242, foi previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente como o principal órgão do sistema de garantia de direitos. Por meio da gestão compartilhada, governo e sociedade civil definem, no âmbito do Conselho, as diretrizes para a Política Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes.</p><p>Segundo pesquisa realizada pela instituição há estimativa é que 23.973 crianças e adolescentes encontram-se em situação de rua atualmente. Realidade na qual Yvonne de Melo (doutora em filosofia e linguística) encontrou a Sandro e as demais crianças que sobreviviam a dura realidade da rua ao redor da Igreja da candelária .O menino a esta altura era usuário de drogas e praticante de assaltos para sustentar o vício.</p><p>“ Da Prevenção”</p><p>É fácil perceber até então o contínuo modelo de violência e degradação de direitos no qual Sandro foi envolvido desde seu nascimento. Mas nada superaria o ocorrido no dia 23 de julho de 1993. Onde estavam ele e os demais moradores do local já dormindo quando quatro homens armados chegaram ao local e disparando contra, em sua grande maioria, as crianças e adolescentes que estavam ali deixando um total de 8 mortos: 6 menores e 2 maiores.</p><p>Amparados por Yvonne, que resgatou os sobreviventes e os levou a um lugar seguro. Ela foi a responsável por chamar as</p><p>Sandro passou então a ser conhecido também por “Alê da Candelária”. Virando o símbolo de um crime cruel e nos expondo mais uma vez a mazela social tão massacrante existente em nossa configuração atual de sociedade.</p><p>Não há registros de suporte do estado ou das políticas públicas após o ocorrido, além das investigações feitas pela polícia para resolução do caso.</p><p>Sendo aparado por Yvonne, incansável defensora dos direitos das crianças em situação de rua, Yvone iniciava seu projeto social hoje intitulado por “projeto Urerê”. Fazendo o possível para resguardar e educar Sandro percebendo inclusive seu talento com o rap e as rimas improvisadas. Durante entrevista a o programa A LIGA Yvonne afirmou que “ Sandro é o retrato do que se faz com crianças no Brasil</p><p>A esta altura, Sandro tornava-se adulto e distanciou-se de Yvonne permanecendo em sua vida de assaltos e recaídas a droga. Sendo esta a realidade da maioria dos que vivem na rua. Segundo o site Tribunarj : “Em São Gonçalo, dos 1.304 moradores em situação de rua, a maioria é de homens, negros, com idades entre 18 e 59 anos, que fazem uso de alguma substância psicoativa, de acordo com o Serviço de Abordagem Social da Prefeitura.”</p><p>Atualmente São Gonçalo possui 9 abrigos para crianças e adolescentes e o Rio possui Políticas de Prevenção as drogas sendo aprimoradas.</p><p>“Sequestro do ônibus 174”</p><p>Foi em uma tarde de 12 de junho de 2000 quando Sandro decidi entrar em um ônibus da Linha 174 ( central- Gávea) as 14:20 p.m. permanecendo até as aproximadamente ás 19:00 pm. No bairro Jardim Botânico.</p><p>Sob porte de um revólver calibre 38, Sandro encontra no interior do ônibus inicialmente 5 pessoas, entre elas a Professora Geisa Firmo Gonçalves grávida de dois meses e posteriormente vítima mortal desse crime. Logo após o inicio do sequestro a mídia e a população teve acesso irrestrito ao local.</p><p>Em busca de imagens exclusivas alguns repórteres ficaram bastante próximos ao ônibus e podiam ouvir o que ele falava.</p><p>Sandro a todo momento repetia frases emblemáticas como por exemplo : “ isso não é ficção não! Isso é vida real” e a relembrava a chacina da candelária onde ele afirmava ter perdido seus “irmãozinhos”. “(…) Não mataram os meus irmãozinhos da Candelária? Eu tava lá. Junto com a tia Yvonne”. (forma como ele chamava os meninos que vivam com ele no local).</p><p>Sandro apresentava bastante agressividade frente aos expectadores e a imprensa do local. Mas sua intenção inicialmente era a de não ferir as vítimas de forma letal, Segundo Luana uma das vítimas de Sandro. ele contou sua história de vida e em momentos confiava a ela o cuidado das outras vítimas que estavam extremamente nervosas.</p><p>Após intensas horas de negociações e chantagens por parte de Sandro, os reféns pouco a pouco foram libertos, restando apenas Geisa que serviu de “escudo "para o rapaz.</p><p>Após suas exigências não serem atendidas, Sandro resolve deixar o ônibus, carregando Geisa em sua frente. Ao descer o policial do Bope Marcelo Oliveira dos Santos parte por trás do homem atirando contra ele, posteriormente soube-se que a bala atingiu de raspão a Geisa. Em uma intenção de proteger-se Sandro usa a mulher, cai com ela e atira em suas costas por 3 vezes mais. A Vítima morreu no local. E por último, Sandro sai em meio a população que já o linchava e é colocado na viatura junto aos policiais onde ele é acidentalmente asfixiado por eles.</p><p>Sandro teve sua vida retratada no filme, porém com algumas alterações no enredo. Ao contrário do que visto no filme, Sandro não teve um reencontro com uma figura materna, não teve reencontros com uma família, apesar de poucas vezes ter visitado sua Tia. Sandro foi um a criança negligenciada, violada em seus direitos desde seu nascimento, e que futuramente tomou uma decisão drástica que custou uma vida e sua própria.</p><p>“Sandro é o retrato do que se faz com crianças no Brasil” - Yvonne De Melo.</p>