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<p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 1</p><p>1</p><p>Módulo básico do PNLD – EAD</p><p>1. Contextualização do tema lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo</p><p>A lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo constituem uma ameaça aos</p><p>Estados pelos eventuais efeitos macroeconômicos que podem causar, com a súbita</p><p>migração de capitais, e também por nutrir o submundo que, pelo crime, corrói e</p><p>desmoraliza as instituições democráticas.</p><p>A prevenção e o combate a esses crimes é o resultado de um enorme esforço</p><p>internacional de cooperação e tem ganhado relevância nos últimos anos como</p><p>ferramenta importante na luta não só contra a corrupção e o crime organizado, mas</p><p>também contra o terrorismo, cujas violentas ações ainda estão vivas na memória de</p><p>todos.</p><p>Nesse contexto, torna-se forçoso conceituar essas modalidades criminosas, entender</p><p>suas respectivas estruturas e dinâmicas, para se conseguir efetivamente eliminá-las.</p><p>Assim, é sempre útil entender, mesmo que de forma simples e objetiva, o que seriam</p><p>esses crimes.</p><p>A lavagem de dinheiro é, fundamentalmente, um conceito simples. Trata-se do</p><p>processo pelo qual os produtos de uma atividade criminosa são dissimulados para</p><p>ocultar a sua origem ilícita. Em suma, a lavagem de dinheiro envolve os produtos</p><p>derivados de bens obtidos de forma criminosa e não propriamente esses bens.</p><p>O financiamento do terrorismo também é um conceito fundamentalmente simples. É o</p><p>apoio financeiro, por qualquer meio, ao terrorismo ou àqueles que incentivam,</p><p>planeiam ou cometem atos de terrorismo. No entanto, é mais difícil definir o conceito</p><p>de terrorismo, pois o termo pode ter implicações importantes de natureza política,</p><p>religiosa e nacional de um país para outro. A lavagem de dinheiro e o financiamento</p><p>do terrorismo apresentam muitas vezes características operacionais semelhantes</p><p>relacionadas, na sua maioria, com a ocultação e a dissimulação.</p><p>Os lavadores de dinheiro enviam fundos ilícitos através de canais legais com o</p><p>objetivo de ocultar a sua origem criminosa, enquanto os financiadores do terrorismo</p><p>transferem fundos, que podem ter origem lícita ou ilícita, de modo a ocultar a sua</p><p>origem e uso final, que se traduz no apoio ao terrorismo. Mas o resultado é o mesmo</p><p>— a recompensa.</p><p>Quando os capitais são lavados, os criminosos lucram com as suas ações; são</p><p>recompensados ao ocultar o ato criminoso que gera os produtos ilícitos e ao dissimular</p><p>as origens do que aparentam serem produtos legítimos.</p><p>Da mesma forma, aqueles que financiam o terrorismo são recompensados ao ocultar</p><p>as origens dos seus fundos e ao dissimular o apoio financeiro à execução dos seus</p><p>planos e ataques terroristas.</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 2</p><p>2</p><p>1.4. Influência das Diretrizes Internacionais</p><p>O que é lavagem de dinheiro?</p><p>A lavagem de dinheiro pode ser definida de várias maneiras. A maioria dos países</p><p>partilha a definição adotada pela Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito</p><p>de Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas de 1988 (Convenção de Viena)1 e</p><p>pela Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada Transnacional</p><p>de 2000 (Convenção de Palermo)2. Em suma, lavagem de dinheiro seria:</p><p> A conversão ou a transferência de bens, quando o autor tem o conhecimento</p><p>de que esses bens são provenientes de qualquer infração ou infrações [de</p><p>tráfico de drogas] ou da participação nessa ou nessas infrações, com o objetivo</p><p>de ocultar ou dissimular a origem ilícita desses bens ou de ajudar qualquer</p><p>pessoa envolvida na prática dessa ou dessas infrações a furtar-se às</p><p>conseqüências jurídicas dos seus atos;</p><p> A ocultação ou a dissimulação da verdadeira natureza, origem, localização,</p><p>disposição, movimentação, propriedade de bens ou direitos a eles relativos,</p><p>com o conhecimento de que provêm de uma infração ou infrações ou da</p><p>participação nessa ou nessas infrações; e</p><p> A aquisição, a detenção ou a utilização de bens, com o conhecimento, no</p><p>momento da sua recepção, de que provêm de qualquer infração ou infrações</p><p>ou da participação nessa ou nessas infrações.</p><p>O Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do</p><p>Terrorismo (GAFI)3, reconhecido como a organização internacional que define os</p><p>padrões internacionais de prevenção e combate àqueles delitos define o conceito de</p><p>“lavagem de dinheiro” de forma concisa, como “a utilização e transformação de</p><p>produtos do crime para dissimular a sua origem ilícita” com o objetivo de “legitimar” os</p><p>proventos resultantes da atividade criminosa.</p><p>O crime antecedente da lavagem de dinheiro é a atividade criminosa a ela associada,</p><p>que gera os produtos, os quais, quando lavados, constituem o crime de lavagem de</p><p>dinheiro. Nos seus termos, a Convenção de Viena limita o crime antecedente ao tráfico</p><p>de drogas. Como conseqüência, os crimes não relacionados com o tráfico de drogas,</p><p>como por exemplo a fraude, o seqüestro e o furto, não constituem infrações de</p><p>lavagem de dinheiro nos termos da Convenção de Viena.</p><p>No entanto, com o passar do tempo, a comunidade internacional chegou à conclusão</p><p>de que os crimes antecedentes da lavagem de dinheiro deveriam ir mais além do que</p><p>somente o tráfico de drogas. Assim, o GAFI e outros organismos internacionais</p><p>ampliaram a definição de crimes antecedentes utilizada na Convenção de Viena,</p><p>incluindo outros crimes graves. A Convenção de Palermo, por sua vez, exige a todos</p><p>os Estados Partes a aplicação do crime de lavagem de dinheiro, conforme definido na</p><p>Convenção, ao “maior número possível de crimes antecedentes”.</p><p>1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0154.htm</p><p>2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5015.htm</p><p>3 http://www.fatf-gafi.org</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0154.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5015.htm</p><p>http://www.fatf-gafi.org/</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 3</p><p>3</p><p>Nas suas 40 Recomendações de prevenção e combate à lavagem de dinheiro (As</p><p>Quarenta Recomendações), o GAFI incluiu especificamente as definições técnicas e</p><p>jurídicas de lavagem de dinheiro, estabelecidas nas Convenções de Viena e Palermo,</p><p>e listou 20 categorias de infrações designadas que devem ser incluídas como crimes</p><p>antecedentes à lavagem de dinheiro.</p><p>O que é financiamento do terrorismo?</p><p>A Organização das Nações Unidas (ONU) realizou numerosos esforços, na sua</p><p>maioria na forma de tratados internacionais, para combater o terrorismo e os</p><p>mecanismos utilizados para o seu financiamento. Mesmo antes dos ataques de 11 de</p><p>Setembro de 2001 aos Estados Unidos, a ONU já havia adotado a Convenção</p><p>Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo (1999)4, a qual</p><p>estipula que:</p><p>1. Comete uma infração, nos termos daquela Convenção, quem, por quaisquer meios,</p><p>direta ou indiretamente, ilegal e deliberadamente, fornecer ou reunir fundos com a</p><p>intenção de que sejam utilizados ou sabendo que serão utilizados, total ou</p><p>parcialmente, tendo em vista a prática:</p><p>a) De um ato que constitua uma infração compreendida no âmbito de um</p><p>dos tratados enumerados pela ONU para definir atos terroristas; ou</p><p>b. De qualquer outro ato destinado a causar a morte ou ferimentos corporais</p><p>bancários devem assegurar-se de que os bancos dispõem de</p><p>políticas, práticas e procedimentos adequados, incluindo regras estritas de</p><p>“conheça o seu cliente (know your customer – KYC)”, que promovam padrões</p><p>elevados de ética e profissionalismo no sector financeiro e evitem que o banco</p><p>seja utilizado, intencionalmente ou não, por criminosos.</p><p> As políticas e os procedimentos de “conheça o seu cliente”, são uma</p><p>componente crucial de um sistema institucional ALD/CFT eficaz para todos os</p><p>países.</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 23</p><p>23</p><p>Além dos Princípios Fundamentais, o Comitê de Basiléia publicou em 1999 a</p><p>“Metodologia dos Princípios Fundamentais”, com 11 critérios específicos e cinco</p><p>critérios adicionais para ajudar a avaliar a suficiência das políticas e procedimentos de</p><p>KYC. Entre estes critérios adicionais figuram referências específicas ao cumprimento</p><p>das 40+9 Recomendações do GAFI.</p><p>Devida diligência ao cliente</p><p>Em Outubro de 2001, o Comitê de Basiléia publicou um documento detalhado sobre</p><p>os princípios de KYC intitulado Medidas de Devida Diligência dos Bancos ao Cliente</p><p>(Customer due diligence for Banks). Este documento foi publicado à luz das</p><p>deficiências observadas nos procedimentos de KYC em nível mundial. Essas normas</p><p>de KYC desenvolvem e oferecem informações mais específicas sobre a Declaração</p><p>sobre Prevenção e o Princípio Fundamental 15.</p><p>É importante observar que essas normas de KYC estabelecidas na Medidas de Devida</p><p>Diligência dos Bancos ao Cliente pretendem beneficiar os bancos para além do</p><p>combate à lavagem de dinheiro, protegendo a segurança e a solidez dos bancos e a</p><p>integridade dos sistemas bancários. Além disso, o Comitê de Basiléia apóia</p><p>firmemente nesse documento a “adoção e aplicação das Recomendações do GAFI,</p><p>especialmente das relacionadas com os bancos”, e pretende que as normas de Devida</p><p>Diligência dos Bancos ao Cliente “sejam consistentes com as Recomendações do</p><p>GAFI”.</p><p>Associação Internacional dos Supervisores de Seguros (IAIS)32</p><p>A Associação Internacional dos Supervisores de Seguros, criada em 1994, é uma</p><p>organização de supervisores de seguros de mais de 100 jurisdições diferentes.</p><p>Os seus objetivos principais são:</p><p>• Promover a cooperação entre os reguladores de seguros,</p><p>• Estabelecer normas internacionais para a supervisão de seguros,</p><p>• Oferecer formação aos seus membros, e</p><p>• Coordenar os trabalhos com reguladores de outros setores financeiros e das</p><p>instituições financeiras internacionais.</p><p>Além dos reguladores membros, a IAIS conta com mais de 60 membros observadores,</p><p>representando associações setoriais, associações profissionais, companhias de</p><p>seguros e de resseguros, consultores e instituições financeiras internacionais.</p><p>Além de tratar de uma vasta gama de temas, incluindo praticamente todas as áreas de</p><p>supervisão de seguros, a IAIS trata especificamente da lavagem de dinheiro num dos</p><p>seus documentos. Em Janeiro de 2002, a Associação aprovou o Documento de</p><p>Orientação N.° 5, Orientações sobre o Combate à Lavagem de Dinheiro para</p><p>Supervisores de Seguros e Entidades de Seguros (Anti-Money Laundering Guidance</p><p>32 http://www.iaisweb.org/</p><p>http://www.iaisweb.org/</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 24</p><p>24</p><p>Notes for Insurance Supervisors and Insurance Entities). Inclui uma análise</p><p>abrangente da lavagem de dinheiro no contexto do setor de seguros. Como outros</p><p>documentos internacionais similares, as Orientações antilavagem de dinheiro</p><p>deveriam ser aplicadas por cada país, levando-se em conta as companhias</p><p>seguradoras envolvidas, os produtos oferecidos no país e o sistema financeiro, a</p><p>economia, a constituição e o respectivo sistema jurídico.</p><p>As Orientações antilavagem de dinheiro incluem quatro princípios para as entidades</p><p>de seguros:</p><p> Cumprir as leis antilavagem de dinheiro;</p><p> Ter procedimentos de “conheça o seu cliente”;</p><p> Cooperar com todas as autoridades policiais; e</p><p> Ter políticas, procedimentos e programas de formação internos sobre</p><p>prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo</p><p>para os funcionários.</p><p>Estes quatro princípios são equivalentes aos quatro princípios da Declaração sobre</p><p>Prevenção do Comitê de Basiléia. As Orientações antilavagem de dinheiro são</p><p>completamente consistentes com as 40+9 Recomendações do GAFI, incluindo o</p><p>aspecto da comunicação de operações suspeitas e outros requisitos. Na realidade, as</p><p>40+9 Recomendações do GAFI estão incluídas num apêndice das Orientações</p><p>antilavagem de dinheiro da IAIS.</p><p>Organização Internacional das Comissões de Valores (IOSCO)33</p><p>A Organização Internacional das Comissões de Valores é uma organização de</p><p>supervisores e de administradores de valores mobiliários com responsabilidades sobre</p><p>o quotidiano da regulação dos valores mobiliários e da administração das leis dos</p><p>valores mobiliários nos respectivos países. Atualmente, a IOSCO conta com membros</p><p>de 105 países. Quando não existe nenhuma autoridade governamental encarregada</p><p>da administração das leis dos valores mobiliários num determinado país, um</p><p>organismo de auto-regulação do país, como uma bolsa de valores, reúne as condições</p><p>para ser admitido como membro, com direito a voto. A organização também conta com</p><p>membros associados, que são organizações internacionais, e membros afiliados, que</p><p>são organizações auto-reguladas; nenhuma destas duas categorias de membros tem</p><p>direito a voto.</p><p>A IOSCO tem três objetivos principais para a regulamentação dos valores mobiliários:</p><p>• Proteger os investidores;</p><p>• Assegurar a equidade, eficiência e transparência dos mercados; e</p><p>• Reduzir o risco sistêmico.</p><p>No que concerne à lavagem de dinheiro, a IOSCO aprovou uma “Resolução sobre a</p><p>Lavagem de Dinheiro” em 1992. Como outras organizações internacionais similares, a</p><p>33 http://www.iosco.org/</p><p>http://www.iosco.org/</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 25</p><p>25</p><p>IOSCO não tem competência para a aprovação de normas vinculativas. Como o</p><p>Comitê de Basiléia e a IAIS, a IOSCO também depende dos seus membros para</p><p>aplicar as suas recomendações nos respectivos países. A Resolução estabelece que</p><p>os membros da IOSCO devem considerar:</p><p>1. A quantidade de informações relativas à identificação dos clientes coletadas e</p><p>mantidas pelas instituições financeiras sob a sua supervisão, com o propósito de</p><p>aumentar a capacidade das autoridades competentes para identificar e punir</p><p>criminalmente os branqueadores de capitais;</p><p>2. O alcance e a suficiência dos requisitos de conservação de documentos, com o</p><p>intuito de fornecer instrumentos para a reconstrução das operações financeiras nos</p><p>mercados de valores e de futuros;</p><p>3. Encontrar juntamente com os reguladores nacionais encarregados dos</p><p>procedimentos judiciais das infrações de lavagem de dinheiro, a forma adequada para</p><p>lidar com a identificação e a comunicação de operações suspeitas;</p><p>4. Os procedimentos adotados para impedir os criminosos de obterem o controle das</p><p>empresas de valores mobiliários e de futuros, tendo em vista trabalhar em conjunto</p><p>com as congêneres estrangeiras para o intercâmbio dessa informação, quando</p><p>necessário;</p><p>5. A forma apropriada de assegurar a manutenção, pelas</p><p>sociedades de valores</p><p>mobiliários e de futuros, de procedimentos de acompanhamento e de cumprimento</p><p>das operações concebidos para impedir e detectar a lavagem de dinheiro e o</p><p>financiamento do terrorismo;</p><p>6. A utilização de numerário e seus equivalentes nas operações com valores</p><p>mobiliários e futuros, incluindo a adequação da documentação e a capacidade de</p><p>reconstituir qualquer dessas operações;</p><p>7. Os meios mais apropriados, considerando as suas capacidades e poder de trocar</p><p>informações para combater a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo.</p><p>Grupo Wolfsberg de Bancos34</p><p>O Grupo Wolfsberg é uma associação de 12 bancos internacionais, representando</p><p>principalmente preocupações internacionais relacionadas com o private banking. O</p><p>Grupo, assim chamado em homenagem ao Château Wolfsberg, no nordeste da Suíça,</p><p>onde foi criado, estabeleceu quatro conjuntos de princípios para o private banking.</p><p>Princípios Anti-Lavagem de dinheiro para o Private Banking</p><p>Esses princípios representam a ótica do Grupo quanto às orientações adequadas</p><p>ALD/CFT, para lidar com indivíduos possuidores de altos rendimentos líquidos e com</p><p>os departamentos de private banking das instituições financeiras.</p><p>Esses departamentos tratam da identificação do cliente, bem como do beneficiário</p><p>efetivo das contas e de situações que exigem uma diligência reforçada, tais como</p><p>operações não usuais ou suspeitas.</p><p>Os onze princípios envolvem:</p><p>34 http://www.wolfsberg-principles.com/index.html</p><p>http://www.wolfsberg-principles.com/index.html</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 26</p><p>26</p><p>1. Aceitação do cliente: orientações gerais</p><p>2. Aceitação do cliente: situações que exigem vigilância acrescida /atenção</p><p>3. Atualização da ficha do cliente</p><p>4. Procedimentos ao identificar atividades não usuais ou suspeitas</p><p>5. Acompanhamento</p><p>6. Responsabilidades de controle</p><p>7. Comunicação</p><p>8. Educação, formação e informação</p><p>9. Requisitos de conservação de documentos</p><p>10. Exceções e desvios</p><p>11. Organização ALD.</p><p>Declaração sobre a Supressão do Financiamento do Terrorismo</p><p>A Declaração de Wolfsberg sobre a Supressão do Financiamento do Terrorismo</p><p>descreve o papel que as instituições financeiras deveriam assumir no combate ao</p><p>financiamento do terrorismo, com o objetivo de intensificar a contribuição das</p><p>instituições financeiras para a resolução desse problema mundial. A declaração</p><p>destaca que as instituições financeiras devem auxiliar as autoridades competentes no</p><p>combate ao financiamento do terrorismo, através da prevenção, da detecção e da</p><p>troca de informações.</p><p>Essa declaração ressalta que deve haver um aprimoramento das políticas e dos</p><p>procedimentos de “conheça o seu cliente” (KYC), por meio da verificação de listas de</p><p>terroristas conhecidos ou suspeitos. Além disso, os bancos deveriam desempenhar</p><p>um papel ativo na ajuda aos governos, aplicando uma diligência reforçada sempre que</p><p>detectem atividades suspeitas ou irregulares. Uma diligência reforçada é</p><p>particularmente importante quando os clientes estão envolvidos em setores ou</p><p>atividades já identificados pelas autoridades competentes como tendo sido utilizados</p><p>para o financiamento do terrorismo. A declaração apóia o fortalecimento da</p><p>cooperação internacional e a aprovação das 9 Recomendações Especiais do GAFI.</p><p>Princípios Antilavagem de dinheiro para Bancos Correspondentes</p><p>O Grupo Wolfsberg adotou um conjunto de 14 princípios para reger o estabelecimento</p><p>e a manutenção de relações de correspondência bancária em nível global. Os</p><p>princípios proíbem os bancos internacionais de realizar negócios com “bancos de</p><p>fachada”. Além disso, os princípios utilizam uma estratégia de avaliação do risco no</p><p>estabelecimento de relações de correspondência bancária, elaborada com o propósito</p><p>de avaliar o nível adequado de diligência que um banco deve adotar em relação aos</p><p>bancos correspondentes que são seus clientes.</p><p>Ao avaliar os possíveis riscos, os princípios de Wolfsberg exigem que um banco</p><p>correspondente considere as seguintes informações relativas ao banco cliente:</p><p>• domicílio;</p><p>• titularidade e estrutura de gestão;</p><p>• carteira comercial, e</p><p>• base de clientes.</p><p>Esse perfil de riscos tem como objetivo ajudar os bancos a aplicar os procedimentos</p><p>de KYC, quando prestam serviços de banca correspondente. Os princípios também</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 27</p><p>27</p><p>especificam a identificação e o acompanhamento das operações ou atividades não</p><p>usuais ou suspeitas.</p><p>Os princípios para bancos correspondentes abrangem os seguintes temas:</p><p>1. Correspondência bancária</p><p>2. Responsabilidade e supervisão</p><p>3. Diligência baseada no risco</p><p>4. Normas de diligência</p><p>5. Diligência reforçada</p><p>6. Bancos de fachada</p><p>7. Bancos centrais e organizações supra-nacionais</p><p>8. Agências, sucursais e filiais</p><p>9. Aplicação à base de clientes</p><p>10. Atualização dos cadastros dos clientes</p><p>11. Acompanhamento e comunicação de operações suspeitas</p><p>12. Integração com o programa antilavagem de dinheiro</p><p>13. Recomendação de um Registro Internacional.</p><p>Monitoramento, verificação e busca</p><p>Esse conjunto de princípios identifica as questões que devem ser abordadas para que</p><p>as instituições financeiras possam desenvolver procedimentos adequados de</p><p>acompanhamento, de verificação e de busca, aplicando uma estratégia baseada no</p><p>perfil de risco. Os princípios reconhecem que o perfil de risco pode ser diferente para</p><p>uma instituição financeira, como um todo, e para as suas unidades individuais,</p><p>dependendo dos negócios realizados por uma determinada unidade (por exemplo</p><p>operações no varejo, private banking, correspondência bancária, corretagem, etc.). Os</p><p>princípios reconhecem ainda que qualquer procedimento de acompanhamento,</p><p>verificação ou busca deve limitar-se a detectar os clientes e as operações com</p><p>características identificáveis distintas das que caracterizam os comportamentos</p><p>aparentemente legítimos.</p><p>De acordo com esses princípios, as instituições financeiras devem criar procedimentos</p><p>adequados que permitam identificar atividades e padrões não usuais de atividade ou</p><p>operações. Como as operações, os padrões ou as atividades não usuais não têm de</p><p>ser suspeitos em todos os casos, as instituições financeiras devem ter a capacidade</p><p>de analisar e determinar se determinados padrões, atividades e operações são de</p><p>natureza suspeita em relação, entre outras hipóteses, a possível lavagem de dinheiro.</p><p>Os princípios incentivam a aplicação de uma estratégia baseada no risco para o</p><p>acompanhamento das atividades. Além disso, os princípios promovem a utilização de</p><p>verificações e filtros em tempo real, o que requer a análise da operação antes da sua</p><p>execução, sempre que houver uma interdição ou sanção em vigor. Encoraja-se a</p><p>realização de buscas retroativas, de acordo com a estratégia de risco adotada pela</p><p>instituição.</p><p>A maior parte do acompanhamento continuado de atividades não usuais e</p><p>potencialmente suspeitas deve ser realizada através do monitoramento das</p><p>operações. O acompanhamento das operações com base no risco, para a</p><p>identificação de possíveis atividades de lavagem de dinheiro, requer o</p><p>desenvolvimento de modelos de risco que identifiquem os potenciais riscos de</p><p>lavagem de dinheiro e forneçam meios para a classificação dos riscos, para os</p><p>comparar com as operações realizadas. Um procedimento adequado de</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r</p><p>e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 28</p><p>28</p><p>acompanhamento de operações deve comparar a informação sobre as operações com</p><p>os riscos identificados (tais como a localização geográfica da operação, o tipo de</p><p>produtos e serviços oferecidos e o tipo de cliente que realiza a operação), com base</p><p>nas diversas tipologias de lavagem de dinheiro e de outras atividades ilícitas, para</p><p>determinar se a operação é não usual ou suspeita.</p><p>Inserção do Brasil no contexto internacional de prevenção e combate à lavagem</p><p>de dinheiro e ao financiamento do terrorismo</p><p>O Brasil é um país que preza por manter a sua tradição em política externa e</p><p>diplomacia. Nesse contexto, o Brasil tem sido um país cooperativo e cumpridor de</p><p>Convenções, recomendações e outros padrões internacionais que tratam da</p><p>prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, bem</p><p>como de outros crimes conexos como o tráfico de drogas, o crime organizado, o</p><p>terrorismo, a corrupção e o suborno. É, portanto, um país que assinou e ratificou todas</p><p>as Convenções e Protocolos que tratam desses crimes, além de ser membro dos</p><p>principais organismos internacionais sobre a matéria, tendo assumido o compromisso</p><p>de participar ativamente de todos, seguir e implementar suas orientações e de se</p><p>submeter aos processos periódicos de avaliação de membros.</p><p>Além disso, o Brasil também atua como colaborador, compartilhando sua experiência</p><p>com países que necessitam de assistência técnica ou estão em um estágio mais</p><p>básico que o Brasil.</p><p>Fruto do reconhecimento internacional aos esforços que o Brasil tem implementado ao</p><p>longo dos anos e seus resultados práticos, foi o fato de que o Brasil teve atuação</p><p>destacada em todos os foros e organismos internacionais, exercendo inclusive a</p><p>presidência de vários desses organismos, nomeadamente a Presidência do GAFISUD</p><p>em 2006 e a Presidência do GAFI no período 2008-2009, além de participar de todos</p><p>os Comitês Executivos desses Grupos e do Grupo de Egmont. O Brasil também tem</p><p>sido um modelo de referência para outros países na área operacional da prevenção e</p><p>combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.</p><p>graves num civil ou em qualquer pessoa que não participe diretamente nas</p><p>hostilidades numa situação de conflito armado, sempre que o objetivo desse</p><p>ato, devido à sua natureza ou contexto, vise a intimidar uma população ou</p><p>obrigar um governo ou uma organização internacional a praticar ou a abster-</p><p>se de praticar qualquer ato.</p><p>2. Para que um ato constitua uma das infrações previstas no item 1 acima, não é</p><p>necessário que os fundos tenham sido efetivamente utilizados para cometer a infração</p><p>contemplada nos subitens a) ou b) do item 1. A dificuldade para certos países consiste</p><p>em definir o terrorismo. Nem todos os países que adotaram a Convenção estão</p><p>totalmente de acordo sobre quais os atos que devem ser considerados como</p><p>terrorismo. O significado de terrorismo não é aceito universalmente tendo em vista as</p><p>suas importantes implicações políticas, religiosas e nacionais, que diferem de um país</p><p>para o outro.</p><p>O GAFI não define especificamente o conceito “financiamento do terrorismo” nas suas</p><p>Nove Recomendações Especiais sobre o Financiamento do Terrorismo</p><p>(Recomendações Especiais), elaboradas após os acontecimentos de 11 de Setembro</p><p>de 2001. No entanto, o GAFI recomenda aos países que ratifiquem e apliquem a</p><p>Convenção Internacional das Nações Unidas para a Supressão do Financiamento do</p><p>Terrorismo de 1999. Assim, a definição acima mencionada é a que foi adotada pela</p><p>maioria dos países para definir o financiamento do terrorismo.</p><p>4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5640.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5640.htm</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 4</p><p>4</p><p>A ligação entre a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo</p><p>As técnicas utilizadas para lavar dinheiro são essencialmente as mesmas utilizadas</p><p>para ocultar as origens e os fins do financiamento do terrorismo.</p><p>Os fundos utilizados para apoiar o terrorismo podem ter origem em fontes legítimas,</p><p>em atividades criminosas ou em ambas. De qualquer forma, é importante dissimular a</p><p>fonte do financiamento do terrorismo, quer esta seja lícita quer seja ilícita. Se for</p><p>possível ocultar a fonte, esta continua disponível para atividades de financiamento do</p><p>terrorismo no futuro. Da mesma forma, para os terroristas, é igualmente importante</p><p>ocultar a utilização dos fundos, para que a atividade de financiamento continue sem</p><p>ser detectada.</p><p>Por estas razões, o GAFI recomendou que todos os países criminalizem o</p><p>financiamento do terrorismo, de atos terroristas e das organizações terroristas, e que</p><p>considerem tais condutas como crimes antecedentes da lavagem de dinheiro. Da</p><p>mesma forma, o GAFI determinou que as Nove Recomendações Especiais,</p><p>juntamente com as Quarenta Recomendações sobre a lavagem de dinheiro,</p><p>constituem a estrutura básica para a prevenção, detecção e combate à lavagem de</p><p>dinheiro e ao financiamento do terrorismo.</p><p>Para combater o financiamento do terrorismo, é necessário também que os países</p><p>considerem tornar mais abrangentes as respectivas estruturas antilavagem de</p><p>dinheiro, para incluir as organizações sem fins lucrativos, sobretudo as instituições de</p><p>caridade, para assegurar que estas organizações não sejam utilizadas, direta ou</p><p>indiretamente, para financiar ou apoiar o terrorismo. As iniciativas de combate ao</p><p>financiamento do terrorismo exigem também uma análise dos sistemas alternativos de</p><p>transferência ou de remessa de fundos, como os hawalas. Esse esforço deve incluir</p><p>uma análise das medidas a serem tomadas para impedir a utilização destas entidades</p><p>pelos lavadores de dinheiro ou pelos terroristas.</p><p>Como já mencionado, uma diferença significativa entre a lavagem de dinheiro e o</p><p>financiamento do terrorismo é que os fundos envolvidos podem ter origem legítima ou</p><p>ser provenientes de atividades criminosas. Entre as fontes legítimas podem figurar</p><p>doações ou contribuições monetárias ou de outros bens para fundações ou instituições</p><p>de caridade que, por sua vez, as utilizam para apoiar atividades ou organizações</p><p>terroristas. Conseqüentemente, essa diferença requer leis especiais para lidar com o</p><p>financiamento do terrorismo. Entretanto, quando os fundos utilizados para financiar o</p><p>terrorismo têm origem em fontes ilícitas, estes fundos podem já estar incluídos no</p><p>sistema antilavagem de dinheiro do país, dependendo do âmbito dos crimes</p><p>antecedentes da lavagem de dinheiro.</p><p>Organizações Internacionais e padrões normativos</p><p>Em resposta à crescente preocupação com a lavagem de dinheiro e com as atividades</p><p>terroristas, a comunidade internacional implementou medidas em várias frentes. A</p><p>reação internacional é, em grande medida, o reconhecimento do fato de que a</p><p>lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo tiram proveito dos velozes</p><p>mecanismos utilizados para as transferências eletrônicas internacionais, para alcançar</p><p>os seus propósitos. Assim, torna-se necessário que haja uma cooperação e</p><p>coordenação transnacional articulada e efetiva no sentido de suprimir as ações dos</p><p>criminosos e dos terroristas.</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 5</p><p>5</p><p>Os primeiros esforços internacionais vieram com o reconhecimento de que o tráfico de</p><p>drogas era um problema mundial e que só poderia ser enfrentado com eficácia de uma</p><p>forma multilateral. Dessa forma, a primeira convenção internacional que trata do tema</p><p>lavagem de dinheiro também estabeleceu que o tráfico de drogas seria o único crime</p><p>antecedente. Considerando que a comunidade internacional está atualmente</p><p>preocupada com vários tipos de crime, a maioria dos países passou a incluir uma</p><p>ampla gama de crimes graves na lista de crimes antecedentes da lavagem de</p><p>dinheiro.</p><p>Assim, torna-se extremamente relevante analisar as diversas organizações</p><p>internacionais que definem padrões nesta matéria, bem como descrever os</p><p>documentos e instrumentos criados para combater a lavagem de dinheiro e o</p><p>financiamento do terrorismo.</p><p>Organização das Nações Unidas - ONU</p><p>A Organização das Nações Unidas (ONU) foi a primeira organização internacional a</p><p>implementar ações significativas para lutar contra o lavagem de dinheiro em nível</p><p>verdadeiramente global. A ONU tem sido importante nessa matéria por diversas</p><p>razões. Em primeiro lugar, é a organização internacional com o maior número de</p><p>membros. Fundada em Outubro de 1945, com sede em Nova York, EUA, a ONU conta</p><p>hoje com mais de 190 Estados membros do mundo inteiro. Em segundo lugar, a ONU</p><p>dirige ativamente um programa de combate à lavagem de dinheiro, o Programa Global</p><p>contra a Lavagem de dinheiro (GPML). Em terceiro lugar, e talvez o aspecto mais</p><p>relevante, a ONU tem a capacidade de adotar tratados ou convenções internacionais</p><p>que têm força de lei num país sempre que este assine, ratifique e aplique a</p><p>convenção, de acordo com o seu sistema constitucional e ordenamento jurídico. Em</p><p>certos casos, o Conselho de Segurança da ONU tem autoridade para obrigar todos os</p><p>países membros por meio de uma Resolução, sem necessidade de qualquer outra</p><p>ação individual por parte de um país.</p><p>Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Estupefacientes e</p><p>Substâncias Psicotrópicas (Convenção de Viena)</p><p>Como resultado da crescente preocupação com a intensificação do tráfico</p><p>internacional de drogas e o enorme montante de capitais relacionados que entravam</p><p>no sistema bancário, a ONU promoveu um instrumento internacional para o combate</p><p>ao tráfico de drogas e à lavagem de dinheiro. Em 1988, essa iniciativa</p><p>resultou na</p><p>adoção da Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Estupefacientes e</p><p>de Substâncias Psicotrópicas (Convenção de Viena).</p><p>A Convenção de Viena, assim designada em homenagem à cidade em que foi</p><p>assinada, inclui, sobretudo, disposições para o combate ao comércio ilícito de drogas</p><p>e questões relacionadas com a aplicação da lei. Embora não use os termos “lavagem</p><p>de dinheiro”, a Convenção define o conceito e recomenda aos países criminalizar esta</p><p>atividade. No entanto, a Convenção de Viena é limitada somente ao crime de tráfico</p><p>de drogas como crime antecedente e não aborda os aspectos de prevenção da</p><p>lavagem de dinheiro. A Convenção entrou em vigor em 11 de Novembro de 1990.</p><p>Dentre as inovações que a Convenção de Viena traz, a mais importante é a definição</p><p>de lavagem de dinheiro, conforme Artigo 3 b) (i), in verbis:</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 6</p><p>6</p><p>“Cada uma das Partes adotará as medidas necessárias para caracterizar como</p><p>delitos penais em seu direito interno, quando cometidos internacionalmente:</p><p>a)...</p><p>b)</p><p>i) a conversão ou a transferência de bens, com conhecimento de que tais bens</p><p>são procedentes de algum ou alguns dos delitos estabelecidos no inciso a) deste</p><p>parágrafo, ou da prática do delito ou delitos em questão, com o objetivo de</p><p>ocultar ou encobrir a origem ilícita dos bens, ou de ajudar a qualquer pessoa que</p><p>participe na prática do delito ou delitos em questão, para fugir das</p><p>conseqüências jurídicas de seus atos;</p><p>ii) a ocultação ou o encobrimento, da natureza, origem, localização, destino,</p><p>movimentação ou propriedade verdadeira dos bens, sabendo que procedem de</p><p>algum ou alguns dos delitos mencionados no inciso a) deste parágrafo ou de</p><p>participação no delito ou delitos em questão;”</p><p>Outro ponto importante da Convenção diz respeito à coordenação entre as</p><p>autoridades nacionais e cooperação internacional para o intercâmbio de informações</p><p>no sentido de tornar as investigações e outras medidas repressivas mais ágeis e</p><p>efetivas. Assim diz o Artigo 9 da Convenção:</p><p>“As Partes colaborarão estreitamente entre si,em harmonia com seus</p><p>respectivos ordenamentos jurídicos e sua administração, com o objetivo de</p><p>aumentar a eficácia das medidas de detecção e repressão, visando à supressão</p><p>da prática de delitos estabelecidos no parágrafo 1 do Artigo 3. Deverão fazê-lo,</p><p>em particular, com base nos acordos ou ajustes bilaterais ou multilaterais:</p><p>a) estabelecer e manter canais de comunicação entre seus órgãos e serviços</p><p>competentes, a fim de facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informação</p><p>sobre todos os aspectos dos delitos estabelecidos de acordo com o parágrafo 1</p><p>do Artigo 3, inclusive, sempre que as Partes interessadas estimarem oportuno</p><p>sobre seus vínculos com outras atividades criminosas;”</p><p>Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada</p><p>Transnacional (Convenção de Palermo)</p><p>Com vistas a intensificar os esforços de combate à criminalidade organizada</p><p>internacional, a ONU adotou, em 2000, a Convenção Internacional contra a</p><p>Criminalidade Organizada Transnacional (Convenção de Palermo). Essa Convenção</p><p>contém uma ampla gama de disposições para o combate à criminalidade organizada,</p><p>comprometendo-se os países que a ratificam a aplicar as suas disposições, por meio</p><p>da aprovação de leis internas. No que concerne à lavagem de dinheiro, os países que</p><p>ratificarem a Convenção de Palermo ficam especificamente obrigados a:</p><p> Definir e criminalizar a delinqüência organizada; (Artigos 2º e 6º)</p><p> Criminalizar a lavagem de dinheiro e ampliar o rol de crimes antecedentes da</p><p>lavagem de dinheiro, incluindo todos os crimes graves nesse rol, quer tenham</p><p>sido cometidos dentro ou fora do país, e permitir que o elemento intencional</p><p>seja deduzido a partir de circunstâncias factuais objetivas; (Artigo 6º)</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 7</p><p>7</p><p> Estabelecer um regime completo de regulação, fiscalização e controle</p><p>preventivos dos bancos, instituições financeiras não bancárias e, quando se for</p><p>o caso, de outros setores especialmente susceptíveis de serem utilizados para</p><p>a lavagem de dinheiro, a fim de prevenir e detectar qualquer forma de lavagem</p><p>de dinheiro, sendo nesse regime enfatizados os requisitos relativos à</p><p>identificação do cliente, ao registro das operações e à comunicação de</p><p>operações suspeitas; (Artigo 7º)</p><p> Garantir a mais ampla cooperação para a troca de informações entre</p><p>autoridades administrativas, de regulação, de aplicação da lei e de outras</p><p>áreas, em âmbito nacional e internacional, e, para esse fim, considerar a</p><p>criação de uma unidade de informação financeira que funcione como centro</p><p>nacional para receber, analisar e disseminar informações relativas a possíveis</p><p>atividades de lavagem de dinheiro; (Artigo 7º)</p><p> Considerar a possibilidade de aplicar medidas efetivas para detectar e controlar</p><p>o movimento transfronteiriço de numerário e de títulos negociáveis, respeitando</p><p>as garantias relativas à legítima utilização da informação e sem restringir a</p><p>circulação de capitais lícitos. Essas medidas incluem a exigência de que as</p><p>pessoas físicas ou jurídicas informem às autoridades competentes quando</p><p>estiverem portando quantias elevadas em numerário ou títulos negociáveis;</p><p>(Artigo 7º) e</p><p> Promover a cooperação internacional. (Artigo 7º)</p><p>A Convenção de Palermo é importante, pois as suas disposições antilavagem de</p><p>dinheiro levam em consideração a mesma estratégia previamente definida pelo Grupo</p><p>de Ação Financeira contra a Lavagem de dinheiro e o Financiamento do Terrorismo</p><p>(GAFI) nas suas Recomendações.</p><p>Convenção Internacional para a Supressão do Financiamento do Terrorismo</p><p>O financiamento do terrorismo já era uma preocupação internacional antes dos</p><p>ataques aos Estados Unidos em 11 de Setembro de 2001. Em resposta a essa</p><p>preocupação, a ONU adotou a Convenção Internacional para a Supressão do</p><p>Financiamento do Terrorismo (1999). Essa Convenção entrou em vigor em 10 de Abril</p><p>de 2002 e impõe aos Estados signatários a criminalização do financiamento do</p><p>terrorismo, das organizações terroristas e dos atos terroristas. Nos termos da</p><p>Convenção, deve ser crime quando uma pessoa fornecer ou recolher fundos com: (i)</p><p>a intenção de que os fundos sejam utilizados ou; (ii) o conhecimento de que os fundos</p><p>serão utilizados para a execução de qualquer dos atos de terrorismo definidos nas</p><p>outras convenções especificadas pelas ONU para definir atos terroristas, quais sejam:</p><p> Convenção para a Repressão da Captura Ilícita de Aeronaves, assinada em</p><p>Haia em 16 de Dezembro de 19705.</p><p> Convenção para a Repressão de Atos Ilícitos contra a Segurança da Aviação</p><p>Civil, assinada em Montreal em 23 de Setembro de 19716.</p><p>5 http://www2.mre.gov.br/dai/aeronaves.htm</p><p>6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D72383.htm</p><p>http://www2.mre.gov.br/dai/aeronaves.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D72383.htm</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 8</p><p>8</p><p> Convenção sobre a Prevenção e Repressão de Infrações contra Pessoas que</p><p>gozam de Proteção Internacional, incluindo Agentes Diplomáticos, adotada</p><p>pela Assembléia Geral da ONU em 14 de Dezembro de 19737.</p><p> Convenção Internacional contra a Tomada de Reféns,</p><p>adotada pela</p><p>Assembléia Geral da ONU em 17 de Dezembro de 19798.</p><p> Convenção sobre a Proteção Física dos Materiais Nucleares, adotada em</p><p>Viena em 3 de Março de 19809.</p><p> Protocolo para a Repressão de Atos Ilícitos de Violência nos Aeroportos a</p><p>Serviço da Aviação Civil Internacional, complementar à Convenção para a</p><p>Repressão de Atos Ilícitos contra a Segurança da Aviação Civil, assinada em</p><p>Montreal em 24 de Fevereiro de 198810.</p><p> Convenção para a Supressão de Atos Ilícitos contra a Segurança da</p><p>Navegação Marítima, assinada em Roma em 10 de Março de 198811.</p><p> Protocolo para a Supressão de Atos Ilícitos contra a Segurança das</p><p>Plataformas Fixas localizadas na Plataforma Continental, assinada em Roma</p><p>em 10 de Março de 198812.</p><p> Convenção Internacional para a Repressão de Atentados Terroristas a Bomba,</p><p>adotada pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas em 15 de</p><p>Dezembro de 199713.</p><p>Resolução 1373 do Conselho de Segurança14</p><p>Ao contrário de uma convenção internacional, que requer a assinatura, a ratificação e</p><p>a aplicação por um país membro da ONU para ter força de lei nesse país, uma</p><p>Resolução aprovada pelo Conselho de Segurança, em resposta a uma ameaça à paz</p><p>e à segurança internacional, nos termos do Capítulo VII da Carta da ONU, é vinculante</p><p>para todos os países membros da ONU. Em 28 de Setembro de 2001, o Conselho de</p><p>Segurança da ONU adotou a Resolução 1373, que obriga os países a:</p><p> rejeitar todas as formas de apoio a grupos terroristas;</p><p> eliminar a concessão de refúgio ou apoio a terroristas, bem como congelar os</p><p>fundos ou bens das pessoas, organizações ou entidades envolvidas em atos</p><p>terroristas;</p><p> proibir a prestação de auxílio ativo ou passivo a terroristas;</p><p>7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3167.htm</p><p>8 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3517.htm</p><p>9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0095.htm</p><p>10 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2611.htm</p><p>11 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6136.htm</p><p>12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6136.htm</p><p>13 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4394.htm</p><p>14 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3976.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3167.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3517.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0095.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2611.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6136.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6136.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4394.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3976.htm</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 9</p><p>9</p><p> cooperar com outros países em investigações penais e trocar informações</p><p>sobre planos de atos terroristas.</p><p> prevenir e reprimir o financiamento de atos terroristas;</p><p> criminalizar o fornecimento ou captação deliberados de fundos por seus</p><p>nacionais ou em seus territórios, por quaisquer meios, diretos ou indiretos, com</p><p>a intenção de serem usados ou com o conhecimento de que serão usados para</p><p>praticar atos terroristas;</p><p> congelar, sem demora, fundos e outros ativos financeiros ou recursos</p><p>econômicos de pessoas que perpetram, ou intentam perpetrar, atos terroristas,</p><p>ou participam em ou facilitam o cometimento desses atos. Devem também ser</p><p>congelados os ativos de entidades pertencentes ou controladas, direta ou</p><p>indiretamente, por essas pessoas, bem como os ativos de pessoas e entidades</p><p>atuando em seu nome ou sob seu comando, inclusive fundos advindos ou</p><p>gerados por bens pertencentes ou controlados, direta ou indiretamente, por tais</p><p>pessoas e por seus sócios e entidades;</p><p> proibir seus nacionais ou quaisquer pessoas e entidades em seus territórios de</p><p>disponibilizar quaisquer fundos, ativos financeiros ou recursos econômicos ou</p><p>financeiros ou outros serviços financeiros correlatos, direta ou indiretamente,</p><p>em benefício de pessoas que perpetram, ou intentam perpetrar, facilitam ou</p><p>participam da execução desses atos; em benefício de entidades pertencentes</p><p>ou controladas, direta ou indiretamente, por tais pessoas; em benefício de</p><p>pessoas e entidades atuando em seu nome ou sob seu comando.</p><p>Resolução 1267 do Conselho de Segurança e Resoluções que se sucederam</p><p>O Conselho de Segurança da ONU também tomou medidas nos termos do Capítulo</p><p>VII da Carta da ONU, exigindo que os Estados membros congelem os bens dos</p><p>Talibãs, de Osama Bin Laden, da Al-Qaeda e de entidades de que são proprietários ou</p><p>por eles controladas, conforme designados pelo “Comitê de Sanções” (agora</p><p>denominado Comitê 1267). A Resolução 126715, de 15 de Outubro de 1999, era</p><p>relativa aos Talibãs e foi seguida da Resolução 133316, de 19 de Dezembro de 2000,</p><p>relativa a Osama bin Laden e à Al-Qaeda.</p><p>Resoluções posteriores criaram mecanismos de monitoramento (Resolução 1363, de</p><p>30 de Julho de 2001), combinaram as listas anteriores (Resolução 139017, de 16 de</p><p>Janeiro de 2002), estabeleceram algumas exclusões (Resolução 1452, de 20 de</p><p>Dezembro de 2002) e adotaram medidas para melhorar a aplicação (Resolução</p><p>145518, de 17 de Janeiro de 2003).</p><p>O Comitê 1267 emite a lista de indivíduos e entidades cujos bens deverão ser</p><p>congelados, tendo adotado procedimentos para fazer aditamentos ou exclusões à</p><p>lista, com base em pedidos dos Estados membros. A lista mais recente está sempre</p><p>disponível na página eletrônica do Comitê 1267.</p><p>15 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3267.htm</p><p>16 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3755.htm</p><p>17 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4150.htm</p><p>18 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/D4599.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3267.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3755.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4150.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/D4599.htm</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 10</p><p>10</p><p>Programa Global contra a Lavagem de dinheiro19</p><p>O Programa Global contra a Lavagem de dinheiro (GPML), no âmbito do Escritório das</p><p>Nações Unidas contra as Drogas e Crime (UNODC), é um projeto de investigação e</p><p>assistência, que tem como objetivo aumentar a efetividade da ação internacional</p><p>contra a lavagem de dinheiro, oferecendo informações técnicas especializadas,</p><p>formação e conselhos a pedido dos países membros. Os seus esforços enfocam as</p><p>seguintes áreas:</p><p> Aumentar o nível de conscientização das autoridades chave dos Estados</p><p>membros da ONU;</p><p> Auxiliar na criação de sistemas jurídicos com o apoio de modelos de legislação</p><p>quer para países com direito consuetudinário quer para os de tradição romano-</p><p>germânica;</p><p> Desenvolver a capacidade institucional, especialmente com a criação de</p><p>unidades de inteligência financeira;</p><p> Prover formação para reguladores jurídicos, judiciais e policiais, e para os</p><p>setores financeiros privados;</p><p> Promover uma abordagem regional para a resolução de problemas;</p><p>desenvolver e manter relações estratégicas com outras organizações; e</p><p> Manter uma base de dados e realizar análises das informações relevantes.</p><p>Assim sendo, o GPML é uma fonte de informação, de conhecimentos especializados e</p><p>de assistência técnica para a criação ou o aperfeiçoamento</p><p>da infra-estrutura</p><p>antilavagem de dinheiro de um país.</p><p>Comitê Contra o Terrorismo (CTC)20</p><p>Como mencionado anteriormente, o Conselho de Segurança da ONU adotou a</p><p>Resolução 1373 em resposta direta aos acontecimentos de 11 de Setembro de 2001.</p><p>Esta Resolução obrigou todos os países membros a tomar medidas específicas para</p><p>combater o terrorismo. A Resolução, que é vinculativa para todos os países membros,</p><p>também criou o Comitê Contra o Terrorismo (CTC), incumbindo-o de monitorar o</p><p>desempenho dos países membros no desenvolvimento de uma capacidade mundial</p><p>de combate ao terrorismo. O CTC, composto pelos 15 membros do Conselho de</p><p>Segurança, não é uma entidade responsável pela aplicação da lei; não aplica sanções</p><p>nem se encarrega do procedimento penal ou sanciona países específicos. Ao</p><p>contrário, o Comitê procura estabelecer um diálogo entre o Conselho de Segurança e</p><p>os países membros sobre a melhor forma de se alcançar os objetivos da Resolução</p><p>1373.</p><p>A Resolução 1373 insta todos os países a submeter um relatório ao CTC, sobre as</p><p>iniciativas tomadas para aplicar as medidas da Resolução, e a apresentar</p><p>regularmente relatórios de progresso. Neste sentido, o CTC solicitou que todos os</p><p>19 http://www.unodc.org/unodc/en/money-laundering/index.html?ref=menuside</p><p>20 http://www.un.org/en/sc/ctc/</p><p>http://www.unodc.org/unodc/en/money-laundering/index.html?ref=menuside</p><p>http://www.un.org/en/sc/ctc/</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 11</p><p>11</p><p>países efetuassem uma auto-avaliação da legislação vigente e dos mecanismos</p><p>existentes para combater o terrorismo, de acordo com as obrigações da Resolução</p><p>1373. O CTC identifica as áreas em que um determinado país necessita reforçar as</p><p>suas bases e estruturas jurídicas e presta assistência aos países, embora o próprio</p><p>CTC não faça de forma direta.</p><p>O CTC mantém uma página eletrônica com um diretório para os países que procuram</p><p>assistência para melhorar as suas estruturas de combate ao terrorismo. O diretório</p><p>contém modelos de legislação e outras informações úteis.</p><p>Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (Convenção de Mérida)21</p><p>A corrupção não é um fenômeno que ocorre de forma isolada em um único país. Com</p><p>a intensificação das relações internacionais e o fortalecimento da globalização, o</p><p>problema atingiu escala mundial. Diante disso, para maximizar as ações de prevenção</p><p>e combate à corrupção e acompanhar a evolução da sociedade internacional no</p><p>combate a esse mal, a ONU adotou, em 2003, a Convenção contra a Corrupção.</p><p>Dada a preocupação com as ameaças decorrentes da corrupção, para a estabilidade e</p><p>a segurança das sociedades, ao enfraquecer as instituições e os valores da</p><p>democracia, da ética e da justiça e ao comprometer o desenvolvimento sustentável e o</p><p>Estado de Direito, além de outras formas de delinqüência, em particular o crime</p><p>organizado e a corrupção econômica, incluindo a lavagem de dinheiro, os Estados</p><p>membros, ao implementarem a Convenção de Mérida, comprometeram-se a:</p><p> Criminalizar as diversas práticas de corrupção, incluindo-as como crimes</p><p>antecedentes da lavagem de dinheiro;</p><p> Estabelecer as bases para a recuperação dos ativos desviados para o exterior;</p><p> Considerar a criação e a efetiva operacionalização de uma unidade de</p><p>inteligência financeira; e</p><p> Fortalecer e sistematizar o uso das técnicas especiais de investigação.</p><p>Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)22</p><p>A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma</p><p>organização internacional, com sede em Paris, França, que agrupa os países mais</p><p>industrializados da economia do mercado. Na OCDE, os representantes dos países</p><p>membros se reúnem para trocar informações e definir políticas com o objetivo de</p><p>maximizar o crescimento econômico e o desenvolvimento dos países membros.</p><p>Os objetivos da OCDE são:</p><p> Realizar a maior expansão possível da economia, do emprego e do progresso</p><p>da qualidade de vida dos países membros, mantendo a estabilidade financeira</p><p>e contribuindo assim com o desenvolvimento da economia mundial;</p><p>21 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5687.htm</p><p>22 http://www.oecd.org/home/0,2987,en_2649_201185_1_1_1_1_1,00.html</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5687.htm</p><p>http://www.oecd.org/home/0,2987,en_2649_201185_1_1_1_1_1,00.html</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 12</p><p>12</p><p> Contribuir com uma expansão econômica saudável nos países membros,</p><p>assim como nos países não membros</p><p> Favorecer a expansão do comércio mundial sobre uma base multilateral e não</p><p>discriminatória, conforme as obrigações internacionais.</p><p>Convenção da OCDE sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos</p><p>Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais23</p><p>O combate à corrupção internacional e à concorrência desleal em um contexto de</p><p>globalização crescente foi um dos principais fatores que subsidiou a elaboração da</p><p>Convenção da OCDE contra o suborno. A criminalização do suborno de funcionários</p><p>públicos estrangeiros foi um trabalho inicialmente conduzido pelo Grupo de Trabalho</p><p>da OCDE sobre Suborno em Transações Comerciais Internacionais. O trabalho desse</p><p>Grupo resultou no primeiro acordo multilateral relacionado ao combate do suborno de</p><p>servidores estrangeiros.</p><p>Em 1995, a OCDE adotou a Recomendação sobre a Dedução de Impostos de</p><p>Subornos de Funcionários Públicos Estrangeiros. Em 17 de dezembro de 1997, a</p><p>Convenção sobre o Combate à Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em</p><p>Transações Comerciais Internacionais foi firmada pelos Estados membros da OCDE,</p><p>juntamente à Argentina, Brasil, Bulgária, Chile e República Eslovaca.</p><p>Nessa Convenção, os países signatários comprometeram-se a:</p><p> Criminalizar a conduta de todo aquele que intencionalmente oferecer, prometer</p><p>ou dar qualquer vantagem pecuniária indevida ou de outra natureza, seja</p><p>diretamente ou por intermediários, a um funcionário público estrangeiro, para</p><p>esse funcionário ou para terceiros, causando a ação ou a omissão do</p><p>funcionário no desempenho de suas funções oficiais, com a finalidade de</p><p>realizar ou dificultar transações ou obter outra vantagem ilícita na condução de</p><p>negócios internacionais.</p><p> Penalizar a corrupção de um funcionário público estrangeiro no mesmo nível</p><p>que as penas aplicadas à corrupção do próprio funcionário público;</p><p> Incluir a corrupção de um funcionário público estrangeiro como crime</p><p>antecedente da lavagem de dinheiro nos mesmos termos da corrupção de seu</p><p>próprio funcionário público.</p><p>Organização dos Estados Americanos (OEA)24</p><p>A Organização dos Estados Americanos (OEA) é uma organização internacional</p><p>criada em 1948, com sede em Washington, EUA, e cujos membros são as 35 nações</p><p>independentes do continente americano. A OEA é um dos organismos regionais mais</p><p>antigos do mundo, sendo fundada três anos após a criação da ONU. Os países</p><p>membros se comprometem a defender os interesses do continente americano,</p><p>buscando soluções pacíficas para o desenvolvimento econômico, social e cultural.</p><p>23 http://www.planalto.gov.br/ccivil/decreto/D3678.htm</p><p>24 http://www.oas.org/pt/default.asp</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_internacional</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/1948</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9ricas</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/ONU</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil/decreto/D3678.htm</p><p>http://www.oas.org/pt/default.asp</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 13</p><p>13</p><p>Em 11 de setembro de 2001 foi assinada a Carta Democrática Interamericana entre</p><p>todos os países membros da OEA. Este documento visa a fortalecer o</p><p>estabelecimento de democracias representativas no continente. A partir de 1990, os</p><p>países membros definiram como prioridade dos seus trabalhos o fortalecimento da</p><p>democracia e assuntos relacionados com o comércio e integração econômica, controle</p><p>de entorpecentes, repressão ao terrorismo, à corrupção e à lavagem de dinheiro e</p><p>questões ambientais.</p><p>Comissão Interamericana contra o Abuso de Drogas (CICAD/OEA)25</p><p>Com o objetivo principal de desenvolver uma estratégia hemisférica de combate ao</p><p>narcotráfico, a OEA criou a Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de</p><p>Drogas (CICAD). A missão central da CICAD é fortalecer as capacidades humanas e</p><p>institucionais, bem como controlar a energia coletiva de seus estados membros para</p><p>reduzir a produção, o tráfico, o uso e o abuso de drogas nas Américas. Além disso, a</p><p>CICAD procura implementar, em âmbito hemisférico, planos e programas capazes de</p><p>fortalecer os esforços nacionais no combate às práticas criminosas ligadas ao tráfico</p><p>de drogas, entre as quais a lavagem de dinheiro, tema esse incluído no mandato da</p><p>CICAD, a partir de 1994.</p><p>Elaborado pela CICAD em 1992, o "Regulamento Modelo sobre Delitos de Lavagem</p><p>Relacionados com o Tráfico Ilícito de Drogas e Outros Delitos Graves" é o principal</p><p>instrumento recomendatório para o continente americano, buscando a harmonização</p><p>das legislações nacionais referentes ao combate à lavagem de dinheiro. O</p><p>Regulamento Modelo trata da repressão e da prevenção do crime de lavagem e da</p><p>criação de um órgão central para combatê-lo em cada país.</p><p>Além disso, os países membros decidiram estabelecer um procedimento de avaliação</p><p>único, objetivo, de caráter governamental, com vistas a dar seguimento ao progresso</p><p>individual e coletivo dos esforços hemisféricos contra as diversas manifestações do</p><p>problema das drogas. Esse procedimento recebeu o nome de "Mecanismo de</p><p>Avaliação Multilateral" – MEM, que contempla os indicadores definidos com base no</p><p>Regulamento Modelo e que tratam do combate ao tráfico e ao consumo de drogas, à</p><p>proliferação de substâncias químicas e precursores de drogas, ao tráfico de armas e à</p><p>lavagem de dinheiro, sob a ótica da redução da oferta, bem como dos programas de</p><p>conscientização e recuperação de usuários de drogas, sob a ótica da redução da</p><p>demanda.</p><p>Comitê Interamericano contra o Terrorismo (CICTE/OEA)26</p><p>O Comitê Interamericano contra o Terrorismo é uma entidade criada no âmbito da</p><p>OEA com o propósito de desenvolver a cooperação a fim de prevenir, combater e</p><p>eliminar os atos e atividades terroristas. O Comitê é constituído pelas autoridades</p><p>nacionais competentes de todos os Estados membros da OEA.</p><p>O CICTE orientará seus trabalhos com base nas convenções internacionais sobre a</p><p>matéria; nos princípios e objetivos da Declaração de Lima para Prevenir, Combater e</p><p>Eliminar o Terrorismo e do Plano de Ação de Lima sobre Cooperação Hemisférica</p><p>25 http://www.cicad.oas.org/Main/default_SPA.asp</p><p>26 http://www.cicte.oas.org/rev/es/</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/11_de_setembro</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/2001</p><p>http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Carta_Democr%C3%A1tica_Interamericana&action=edit&redlink=1</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/1990</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Integra%C3%A7%C3%A3o_econ%C3%B4mica</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Entorpecente</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Terrorismo</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Corrup%C3%A7%C3%A3o</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Lavagem_de_dinheiro</p><p>http://pt.wikipedia.org/wiki/Impacto_ambiental</p><p>http://www.cicad.oas.org/Main/default_SPA.asp</p><p>http://www.cicte.oas.org/rev/es/</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 14</p><p>14</p><p>para Prevenir, Combater e Eliminar o Terrorismo); e no Compromisso de Mar del</p><p>Plata.</p><p>Seu plano de trabalho está pautado nas seguintes ações:</p><p>a) Criar uma rede interamericana de compilação e transmissão de dados por</p><p>intermédio das autoridades nacionais competentes, orientada ao intercâmbio</p><p>de informações e experiências sobre as atividades de pessoas, grupos,</p><p>organizações e movimentos vinculados a atos terroristas, bem como com</p><p>relação aos métodos, fontes de financiamento, entidades das quais recebam</p><p>proteção ou apoio, de forma direta ou indireta, e sua eventual vinculação na</p><p>perpetração de outros delitos, bem como criar um banco de dados</p><p>interamericano sobre questões de terrorismo, que estará à disposição dos</p><p>Estados membros;</p><p>b) Compilar as normas legislativas e regulamentares para a prevenção, combate</p><p>e eliminação do terrorismo, vigentes nos Estados membros;</p><p>c) Compilar os tratados e os acordos bilaterais, sub-regionais, regionais ou</p><p>multilaterais assinados pelos Estados membros para a prevenção, combate e</p><p>eliminação do terrorismo;</p><p>d) Estudar os mecanismos apropriados para tornar mais eficaz a aplicação das</p><p>normas de</p><p>e) Direito Internacional na matéria, em particular as normas e procedimentos</p><p>previstos nas convenções contra o terrorismo vigentes entre os Estados Partes</p><p>dessas convenções;</p><p>f) Formular propostas com vistas a assistir os Estados que o solicitarem na</p><p>formulação de legislações nacionais antiterroristas;</p><p>g) Desenvolver mecanismos de cooperação para a detecção de documentação</p><p>de identidade falsificada;</p><p>h) Desenvolver mecanismos de cooperação entre as autoridades migratórias</p><p>competentes; e</p><p>i) Elaborar programas e atividades de cooperação técnica destinados a capacitar</p><p>o pessoal encarregado das tarefas de prevenção, combate e eliminação do</p><p>terrorismo em cada um dos Estados membros que o solicitarem.</p><p>Convenção Interamericana contra o Terrorismo27</p><p>Com o intuito de adotar medidas eficazes para prevenir, combater, punir e eliminar o</p><p>terrorismo no hemisfério americano mediante a mais ampla cooperação, os Estados</p><p>membros da OEA firmaram a Convenção Interamericana contra o Terrorismo. Essa</p><p>Convenção inclui como definição de terrorismo ou atos terroristas aquelas condutas</p><p>previstas nas Convenções das Nações Unidas acima descritas.</p><p>Essa Convenção orienta os Estados membros a estabelecerem um regime jurídico e</p><p>administrativo para prevenir, combater e erradicar o financiamento do terrorismo e</p><p>lograr uma cooperação internacional eficaz a respeito, a qual deve incluir:</p><p>27 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5639.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5639.htm</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 15</p><p>15</p><p>a) Um amplo regime interno normativo e de supervisão de bancos, outras</p><p>instituições financeiras e outras entidades consideradas particularmente</p><p>suscetíveis de ser utilizadas para financiar atividades terroristas. Este regime</p><p>destacará os requisitos relativos à identificação de clientes, conservação de</p><p>registros e comunicação de transações suspeitas ou incomuns.</p><p>b) Medidas de detecção e vigilância de movimentos transfronteiriços de dinheiro</p><p>em efetivo, instrumentos negociáveis ao portador e outros</p><p>movimentos</p><p>relevantes de valores. Estas medidas estarão sujeitas a salvaguardas para</p><p>garantir o devido uso da informação e não deverão impedir o movimento</p><p>legítimo de capitais.</p><p>c) Medidas que assegurem que as autoridades competentes dedicadas ao</p><p>combate dos atos terroristas tenham a capacidade de cooperar e intercambiar</p><p>informações nos planos nacional e internacional, em conformidade com as</p><p>condições prescritas no direito interno. Com essa finalidade, cada Estado Parte</p><p>deverá estabelecer e manter uma unidade de inteligência financeira.</p><p>A Convenção também estabelece que os Estados membros devem tomar as medidas</p><p>necessárias para assegurar que sua legislação penal relativa à lavagem de dinheiro</p><p>inclua como os atos terroristas como crimes antecedentes da lavagem.</p><p>Convenção Interamericana contra a Corrupção28</p><p>A Convenção Interamericana contra a Corrupção tem o objetivo de promover e</p><p>fortalecer a cooperação entre os Estados membros e seus mecanismos para prevenir,</p><p>detectar e punir a corrupção no exercício das funções públicas, bem como os atos de</p><p>corrupção especificamente vinculados a seu exercício.</p><p>De acordo com essa Convenção, os Estados devem adotar de medidas preventivas,</p><p>em seus próprios sistemas institucionais, que contribuam para a eficácia da</p><p>Convenção, entre as quais destacam-se:</p><p> o estabelecimento de normas de conduta para o íntegro exercício das funções</p><p>públicas;</p><p> a criação de mecanismos que assegurem o cumprimento destas normas;</p><p> o fortalecimento dos órgãos de controle do Estado;</p><p> a instituição de sistemas de arrecadação fiscal que impeçam ou dificultem a</p><p>prática de corrupção;</p><p> o estímulo à participação da sociedade civil e de organizações não</p><p>governamentais na prevenção à corrupção.</p><p>28 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4410.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4410.htm</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 16</p><p>16</p><p>Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do</p><p>Terrorismo (GAFI)</p><p>O Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro – GAFI (Financial Action</p><p>Task Force on Money Laundering – FATF) foi criado em 1989 G-7 no âmbito da</p><p>Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com a</p><p>finalidade de examinar, desenvolver e promover políticas de combate à lavagem de</p><p>dinheiro. Essas políticas têm por objetivo impedir que os produtos dos crimes de</p><p>tráfico de drogas e outros delitos graves sejam utilizados em futuras atividades</p><p>criminosas e afetem as atividades econômicas legais dos países.</p><p>Esse Grupo é um organismo intergovernamental e é composto de 34 membros plenos</p><p>e mais de 40 observadores, com sede em Paris, França, onde funciona sua Secretaria</p><p>Executiva. Nesse contexto, o GAFI não pretende aumentar o número de membro, não</p><p>sendo aberto a novas admissões. Sua estratégia de ação se dá pela regionalização da</p><p>influência , isto é, estimulando núcleos regionais independentes, porém com estrutura</p><p>funcional similar que atuam como disseminadores e implementadores regionais das</p><p>40+9 Recomendações. Não é de se surpreender que o GAFI tem estrategicamente</p><p>dentre seus membros países com influência regional em cada um dos continentes do</p><p>mundo. O GAFI é também um órgão multidisciplinar que atua nas áreas jurídico-</p><p>normativa, financeiro-preventiva, investigativa/aplicação das leis e de cooperação</p><p>nacional e internacional.</p><p>Em 1990, o GAFI publicou as "40 Recomendações" contra a lavagem de dinheiro com</p><p>o intuito de estabelecer ações a serem seguidas pelos países imbuídos do propósito</p><p>de combater o crime de lavagem de dinheiro. Suas metas principais são fornecer</p><p>instrumentos para o desenvolvimento de um plano de ação completo de combate à</p><p>lavagem de dinheiro e discutir ações ligadas à cooperação internacional. As 40</p><p>Recomendações foram revisadas em 1996 e em 2003, a fim de que pudessem refletir</p><p>as tendências atuais e potenciais ameaças futuras. As 40+9 Recomendações do GAFI</p><p>são reconhecidas pela ONU como o documento padrão internacional sobre prevenção</p><p>e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo e, portanto,</p><p>seguidas por mais de 180 países ao redor do mundo.</p><p>Em 2001, após os atentados terroristas de 11 de setembro aos Estados Unidos, o</p><p>GAFI incluiu em seu mandato o desenvolvimento de padrões internacionais para o</p><p>combate ao financiamento do terrorismo. Assim, nesse mesmo ano publico as “8</p><p>Recomendações Especiais” contra o financiamento do terrorismo. Em 2004, o GAFI</p><p>aprovou e incluiu mais uma Recomendação Especial. Com isso, o GAFI passou então</p><p>a ter “40 Recomendações” contra a lavagem de dinheiro e “9 Recomendações</p><p>Especiais” contra o financiamento do terrorismo. Essas recomendações são também</p><p>comumente chamadas de “40+9 Recomendações” do GAFI.</p><p>Pode-se dizer que a maior prioridade do GAFI é garantir uma ação global de combate</p><p>à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, bem como a implementação</p><p>concreta das suas 40+9 Recomendações por todo o mundo. A começar pelos seus</p><p>próprios membros e utilizando-se do mecanismo de Avaliação Mútua (pressão dos</p><p>pares), o GAFI: (i) monitora o progresso dos países na implementação de medidas</p><p>antilavagem de dinheiro e de combate ao financiamento do terrorismo; (ii) discute e</p><p>revisa métodos, técnicas e tendências de lavagem de dinheiro e financiamento do</p><p>terrorismo e a consequente implementação de contra-medidas e; (iii) promove a</p><p>adoção e aplicação das 40+9 Recomendações globalmente.</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 17</p><p>17</p><p>A estrutura funcional do GAFI é composta da seguinte forma:</p><p> Plenário;</p><p> Presidência;</p><p> Comitê Dirigente;</p><p> Secretaria Executiva; e</p><p> Grupos de Trabalho Temáticos.</p><p>Processo de Avaliação Mútua</p><p>O processo de Avaliação Mútua do GAFI é um mecanismo de verificação do nível de</p><p>adequação de toda a estrutura jurídica e institucional antilavagem de dinheiro e de</p><p>combate ao financiamento do terrorismo de um país frente, refletido no grau de</p><p>cumprimento daquela estrutura frente às 40+9 Recomendações do GAFI. Esse</p><p>processo baseia-se no princípio da pressão dos pares (peer pressure), onde os países</p><p>avaliam-se uns aos outros com base em uma metodologia definida pelo GAFI.</p><p>Para se tornar membro do GAFI, o país deve assumir o compromisso de</p><p>periodicamente submeter-se ao processo de avaliação mútua. Esse processo envolve</p><p>três etapas: i) resposta a um questionário, apresentando informações legislativas,</p><p>institucionais e operacionais do sistema de prevenção e combate à lavagem de</p><p>dinheiro e ao financiamento do terrorismo; ii) recebimento de missão de avaliadores e;</p><p>iii) discussão e aprovação do relatório final que contempla as percepções e conclusões</p><p>sobre a efetividade das medidas implementadas para enfrentar aqueles crimes.</p><p>Organismos Regionais ao estilo GAFI</p><p>Além do GAFI que define padrões internacionais de prevenção e combate à lavagem</p><p>de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, existem outros organismos</p><p>internacionais que também desempenham um papel essencial na prevenção e no</p><p>combate a esses crimes. Estes grupos tendem a organizar-se numa base regional ou</p><p>de acordo com os fins específicos do organismo.</p><p>Os grupos regionais do GAFI ou os organismos regionais ao estilo GAFI (FATF-style</p><p>Regional Bodies – FSRBs) são muito importantes para a promoção e aplicação das</p><p>normas antilavagem de dinheiro e de combate ao financiamento do terrorismo nas</p><p>respectivas regiões. Os FSRBs são,</p><p>para as suas regiões, o que o GAFI representa</p><p>para o mundo.</p><p>Seguem o modelo do GAFI e, tal como esse Grupo, o seu único objetivo são as</p><p>iniciativas de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.</p><p>Incentivam a aplicação e observação das 40+9 Recomendações do GAFI. Realizam</p><p>também avaliações mútuas dos seus membros, destinadas a identificar as respectivas</p><p>deficiências, para que esses possam tomar medidas corretivas. Finalmente, os FSRBs</p><p>facultam informação aos seus membros sobre as tendências, as técnicas e outros</p><p>métodos de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, em seus exercícios de</p><p>tipologias, elaborados geralmente numa base anual.</p><p>Os FSRBs são organismos voluntários e cooperantes. A adesão é aberta a qualquer</p><p>país ou jurisdição da respectiva região geográfica, que esteja disposto a cumprir as</p><p>regras e os objetivos do organismo. Alguns membros do GAFI também são membros</p><p>dos FSRBs. Além dos membros plenos, esses Grupos também admitem jurisdições e</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 18</p><p>18</p><p>organismos que desejem participar nas atividades do organismo com status de</p><p>observadores.</p><p>Os FSRBs atualmente reconhecidos pelo GAFI são:</p><p> GAFISUD – América do Sul</p><p> GAFIC – América Central e Caribe</p><p> MONEYVAL – Leste Europeu</p><p> APG – Ásia e Pacífico</p><p> ESAAMLG – Sudeste da África</p><p> EAG - Eurásia</p><p> MENAFATF – Oriente Médio e Norte da África</p><p> GIABA – África Ocidental</p><p>Alguns FSRBs estabeleceram as suas próprias convenções ou instrumentos. Por</p><p>exemplo, em 1990, o GAFIC publicou as suas “Recomendações de Aruba”, que são</p><p>19 recomendações relativas à lavagem de dinheiro na perspectiva regional do Caribe</p><p>e complementam 40 Recomendações do GAFI. Da mesma forma, o Conselho da</p><p>Europa adotou, em 1990, a sua “Convenção Relativa à Lavagem, Detecção,</p><p>Apreensão e Perda dos Produtos do Crime” (Convenção de Estrasburgo). Esses são</p><p>instrumentos importantes para a aplicação das normas antilavagem de dinheiro nas</p><p>respectivas regiões.</p><p>Grupo de Ação Financeira da América do Sul contra a Lavagem de Dinheiro e o</p><p>Financiamento do Terrorismo (GAFISUD)29</p><p>Com vistas a concretizar o compromisso assumido pelos Ministros de Finanças das</p><p>Américas, na Reunião de Cancún, em fevereiro de 2000, reuniram-se em Brasília, em</p><p>agosto de 2000, os representantes de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia,</p><p>Paraguai e Uruguai para discutir as bases de criação de um grupo regional na América</p><p>do Sul contra a lavagem de dinheiro nos moldes do GAFI.</p><p>Os referidos representantes elaboraram um texto como proposta de Memorando de</p><p>Entendimento, que foi encaminhado à apreciação na Reunião dos Chefes de Estado e</p><p>de Governo dos países da América do Sul, realizada em Brasília em setembro de</p><p>2000.</p><p>No documento consolidado na reunião dos Chefes de Estado e de Governo, intitulado</p><p>“Comunicado de Brasília”, foi reiterado, em seu parágrafo 51, o interesse de todos na</p><p>criação do grupo regional contra a lavagem do dinheiro. Além de apoiarem os</p><p>entendimentos a que haviam chegado os responsáveis nacionais na reunião dos dias</p><p>16 e 17 de agosto, eles também reforçaram a necessidade de participação de todos os</p><p>países da América do Sul no GAFISUD, bem como a criação de uma Secretaria</p><p>Executiva para o Grupo Regional.</p><p>A primeira Reunião Plenária do GAFISUD foi realizada na cidade de Cartagena de</p><p>Índias, Colômbia, em dezembro de 2000, onde foi assinado o Memorando de</p><p>Entendimento para a criação do GAFISUD, resultado do quanto foi acordado na</p><p>reunião de Brasília, em agosto do mesmo ano. Esse documento foi assinado pelas</p><p>29 http://www.gafisud.org</p><p>http://www.gafisud.org/</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 19</p><p>19</p><p>autoridades responsáveis pela temática da lavagem de dinheiro nos respectivos</p><p>países membros do Grupo.</p><p>Porém, mesmo antes dessas reuniões, o Brasil e a Argentina, quando convidados a se</p><p>tornarem membros do GAFI em 1999, assumiram o compromisso de liderarem o</p><p>processo de criação do Grupo regional para a América do Sul. Para tanto, o Brasil</p><p>coordenou e a Argentina participou ativamente do Grupo de Trabalho ad hoc das</p><p>Américas que tinha como mandato exatamente propor e estimular a implementação</p><p>das medidas necessárias para a criação do Grupo regional e apresentá-las ao GAFI</p><p>que, por sua vez, prestou o mais amplo apoio a essa missão.</p><p>O GAFISUD é um organismo intergovernamental de base regional para combater a</p><p>lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo através do compromisso de</p><p>aperfeiçoamento contínuo das políticas nacionais e o aprofundamento nos diferentes</p><p>mecanismos dos países membros. Sua sede é em Buenos Aires, Argentina, onde</p><p>funciona a Secretaria Executiva do organismo. Seus membros plenos são: Argentina,</p><p>Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Paraguai,</p><p>Peru e Uruguai. Tem também diversos países e organismos observadores.</p><p>Tem personalidade jurídica e status diplomático na Argentina, país onde tem sede a</p><p>Secretaria. Os seus órgãos de funcionamento são:</p><p> Pleno de Representantes;</p><p> Conselho de Autoridades;</p><p> Secretaria Executiva; e</p><p> Grupos de Trabalho temáticos.</p><p>O grupo foi criado à semelhança do GAFI aderindo às 40+9 Recomendações do GAFI</p><p>como padrão internacional contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do</p><p>terrorismo e prevendo o desenvolvimento de Recomendações próprias de</p><p>melhoramento das políticas nacionais para lutar contra este crime de legitimação de</p><p>fundos.</p><p>O compromisso do GAFISUD de implementar as diretrizes contidas nas 40+9</p><p>Recomendações do GAFI, supõe a vocação de obter os instrumentos necessários</p><p>para uma política global completa para combater aqueles crimes. Dessa forma, o</p><p>Grupo busca uma atuação integradora de todos os aspectos legais, financeiros e</p><p>operacionais e de todas as instâncias públicas responsáveis por essas áreas.</p><p>Grupo de Egmont para Unidades de Inteligência Financeira30</p><p>Como parte dos esforços de combate à lavagem de dinheiro, os países se</p><p>comprometeram a criar organismos especializados que funcionassem como centros</p><p>nacionais para o recebimento, análise e disseminação de informações, principalmente</p><p>aquelas apresentadas por entidades e pessoas abrangidas pela obrigação de</p><p>comunicação de transações suspeitas de atividade de lavagem de dinheiro. Tais</p><p>organismos são geralmente conhecidos como Unidades de Inteligência Financeira</p><p>(UIFs).</p><p>30 http://www.egmontgroup.org/</p><p>http://www.egmontgroup.org/</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 20</p><p>20</p><p>Essas Unidades servem também como centros de coordenação para os programas</p><p>nacionais antilavagem de dinheiro, porque facilitam a troca de informação entre as</p><p>instituições financeiras e as autoridades policiais. Como a lavagem de dinheiro é</p><p>praticada em escala mundial, também existe a necessidade de trocar informação a</p><p>nível internacional.</p><p>Em 1995, várias UIFs começaram a trabalhar em conjunto e formaram o Grupo de</p><p>Egmont para Unidades de Inteligência Financeira (assim chamado em homenagem ao</p><p>local da sua primeira reunião, no Palácio de Egmont-Arenberg, na Bélgica). O objetivo</p><p>do Grupo é promover um foro onde as UIFs encontrem soluções para ampliar o apoio</p><p>a seus respectivos programas nacionais</p><p>de combate à lavagem de dinheiro. Esse</p><p>apoio inclui a expansão e a sistematização do intercâmbio de informações financeiras,</p><p>a ampliação dos programas de capacitação de funcionários das FIU, o</p><p>aperfeiçoamento de uma melhor comunicação entre as FIU através da aplicação de</p><p>tecnologia e assistência à criação de novas UIFs no mundo inteiro.</p><p>A missão do Grupo Egmont foi ampliada em 2004, para incluir especificamente a</p><p>informação financeira sobre o financiamento do terrorismo. Para aderir ao Grupo de</p><p>Egmont, a UIF de um país deve primeiramente enquadrar-se na definição de UIF:</p><p>“uma agência nacional central responsável para receber (e, se permitido, requerer ),</p><p>analisar e transmitir às autoridades competentes informações financeiras: (i)</p><p>respeitantes a produtos suspeitos do crime e ao potencial financiamento do terrorismo,</p><p>ou (ii) exigidas pela legislação nacional para combater o lavagem de dinheiro e o</p><p>financiamento do terrorismo”.</p><p>Um membro do Grupo de Egmont deve também se comprometer a atuar em</p><p>conformidade com os Princípios para a Troca de Informações entre Unidades de</p><p>Inteligência Financeira do Grupo Egmont. Esses princípios incluem as condições para</p><p>a troca de informações, limitações à utilização dessas informações e regras de</p><p>confidencialidade.</p><p>Os principais pontos dos Princípios para a Troca de Informações entre Unidades de</p><p>Inteligência Financeira do Grupo Egmont são:</p><p> As informações trocadas entre as UIFs são geralmente para fins de</p><p>inteligência;</p><p> Ao enviar um pedido, a UIF requerente deve sempre descrever</p><p>detalhadamente a relação entre as pessoas, empresas e operações do pedido</p><p>com o país para o qual ela está enviando o pedido;</p><p> A UIF requerente deve sempre fazer uma descrição detalhada do caso,</p><p>apresentando informações como os indícios do crime de lavagem de dinheiro,</p><p>financiamento do terrorismo ou dos crimes antecedentes, bem como o modus</p><p>operandi utilizado pelo agente;</p><p> As informações recebidas por uma UIF estão sempre sujeitas às restrições</p><p>legais de uso impostas pela UIF que as forneceu;</p><p> Deve haver sempre a mais ampla confidencialidade e proteção às informações</p><p>trocadas entre as UIFs;</p><p> É estimulado o envio espontâneo de informações.</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 21</p><p>21</p><p>Atualmente o Grupo Egmont possui 120 membros. Esses membros têm acesso a uma</p><p>rede segura, não disponível ao público, para a troca de informações, chamada de</p><p>Rede de Segurança Egmont (Egmont Secure Web – ESW). A sede do Grupo de</p><p>Egmont é em Toronto, no Canadá, onde funciona a sua Secretaria Executiva. Sua</p><p>estrutura é a seguinte:</p><p> Plenária;</p><p> Chefes de UIF;</p><p> Comitê Executivo;</p><p> Grupos de Trabalho; e</p><p> Secretaria Executiva.</p><p>Comitê de Basiléia de Supervisão Bancária31</p><p>O Comitê de Basiléia de Supervisão Bancária (Comitê de Basiléia) foi criado em 1974</p><p>pelos chefes dos bancos centrais de 28 países. Cada país é representado pelo seu</p><p>banco central ou pela respectiva autoridade com responsabilidade formal pela</p><p>supervisão prudencial do setor bancário, quando essa autoridade não é o banco</p><p>central. O Comitê não tem nenhuma autoridade formal de supervisão internacional</p><p>nem força da lei. O seu papel é o de formular padrões e orientações amplas de</p><p>supervisão e fazer declarações de melhores práticas com recomendações sobre um</p><p>amplo conjunto de questões de supervisão bancária.</p><p>Estas normas e orientações são adotadas na expectativa de que as autoridades</p><p>competentes de cada país dêem todos os passos necessários para a respectiva</p><p>aplicação, através das medidas estatutárias, regulamentares ou de outra natureza,</p><p>mais adequadas ao sistema nacional. Três dos padrões de supervisão e orientações</p><p>do Comitê de Basiléia referem-se a questões de lavagem de dinheiro.</p><p>Declaração de Princípios sobre a Lavagem de dinheiro</p><p>Em 1988, o Comitê de Basiléia publicou a sua Declaração sobre Prevenção do Uso</p><p>Criminoso do Sistema Bancário para Fins de Lavagem de dinheiro (Declaração sobre</p><p>Prevenção). A Declaração sobre Prevenção resume as políticas e os procedimentos</p><p>básicos que os bancos, por meio de suas diretorias e áreas pertinentes, devem aplicar</p><p>para ajudar a eliminar a lavagem de dinheiro através do sistema bancário, tanto em</p><p>nível nacional quanto internacional. A declaração refere que os bancos podem ser</p><p>utilizados “involuntariamente” como intermediários pelos criminosos.</p><p>Assim, o Comitê considera que a primeira e mais importante salvaguarda contra o</p><p>lavagem de dinheiro é “a integridade das próprias diretorias dos bancos e a sua atitude</p><p>diligente para impedir que as suas instituições se tornem associadas dos criminosos</p><p>ou sejam utilizadas como um meio para a lavagem de dinheiro.”</p><p>A Declaração sobre Prevenção contém essencialmente quatro princípios:</p><p>• A devida identificação do cliente;</p><p>• Padrões éticos elevados e cumprimento das leis;</p><p>31 http://www.bis.org/bcbs/</p><p>http://www.bis.org/bcbs/</p><p>C u r s o d e A l i n h a m e n t o C o n c e i t u a l d o P N L D</p><p>P r o g r a m a N a c i o n a l d e C a p a c i t a ç ã o e T r e i n a m e n t o n o</p><p>c o m b a t e à C o r r u ç ã o e à L a v a g e m d e D i n h e i r o | 22</p><p>22</p><p>• Cooperação com as autoridades policiais; e</p><p>• Políticas e procedimentos destinados à observância da Declaração.</p><p>Em primeiro lugar, os bancos devem implementar medidas efetivas para conhecer a</p><p>verdadeira identidade de todos os clientes que solicitam os serviços da instituição. Os</p><p>bancos devem seguir uma política explícita de não realização de operações</p><p>comerciais significativas com clientes que não apresentem provas da sua identidade.</p><p>Em segundo lugar, os bancos devem assegurar-se de que os seus negócios são</p><p>realizados em conformidade com padrões éticos elevados e de acordo com as leis e</p><p>os regulamentos aplicáveis às operações financeiras. Assim, os bancos não devem</p><p>oferecer serviços ou prestar assistência ativa quanto à realização de operações</p><p>quando tenham bons motivos para acreditar que aquelas operações estão associadas</p><p>à lavagem de dinheiro.</p><p>Em terceiro lugar, os bancos devem cooperar plenamente com as autoridades policiais</p><p>nacionais, tanto quanto lhes permitam as leis e os regulamentos locais relacionados</p><p>com a confidencialidade do cliente. Não deve ser facultado nenhum apoio ou</p><p>assistência aos clientes que tentem iludir as autoridades policiais com informações</p><p>alteradas, incompletas ou falsas. Quando um banco tiver motivos razoáveis para</p><p>presumir que os fundos depositados são de origem criminosa ou que as operações</p><p>realizadas têm fins criminosos, deve tomar as medidas adequadas, incluindo recusar-</p><p>se a prestar assistência, encerrar o relacionamento com o cliente e fechar ou congelar</p><p>a conta.</p><p>Em quarto lugar, os bancos devem adotar políticas formais consistentes com a</p><p>Declaração sobre Prevenção. Além disso, os bancos devem assegurar-se de que</p><p>todos os seus funcionários conhecem as políticas e recebem o devido treinamento</p><p>relativo às questões abrangidas por essas políticas. Entre as políticas, um banco deve</p><p>adotar procedimentos específicos para a identificação do cliente. Finalmente, a função</p><p>de auditoria interna da instituição deve criar um mecanismo eficaz de verificação do</p><p>cumprimento dessas políticas.</p><p>Princípios Fundamentais para Bancos</p><p>Em 1997, o Comitê de Basiléia publicou os seus Princípios Fundamentais de</p><p>Supervisão Bancária Efetiva (Princípios Fundamentais) que oferecem um programa</p><p>abrangente para um sistema de supervisão bancária efetiva e abarcam uma ampla</p><p>variedade de temas. Do total de 25 Princípios Fundamentais, um deles, o Princípio</p><p>Fundamental 15, trata da lavagem de dinheiro, estabelecendo que:</p><p> Os supervisores</p>