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<p>Teoria Geral do Processo</p><p>O brocardo “Ubi societas ibi jus” concretiza o entendimento de que a sociedade só existe com o</p><p>Direito e vice-versa.</p><p>Não basta ao Estado traçar normas de conduta e impô-las aos particulares.</p><p>Segundo Theodoro Júnior:</p><p>“Diante da complexidade com que se travam as relações sociais, é impossível evitar conflitos de interesse</p><p>entre os cidadãos, ou entre estes e o próprio Estado, a respeito da interpretação dos direitos subjetivos e da</p><p>fiel aplicação do direito objetivo aos casos concretos.”</p><p>Partindo desta necessidade de normatização da sociedade, o Estado divide suas funções em 03 esferas</p><p>de atuação:</p><p>Administrativa: na qual se incluem atividades de cunho organizacional e gestão de serviços públicos,</p><p>realizada pelo Poder Executivo</p><p>Legislativa: seara onde são formuladas as normas de forma genérica e abstrata, que formam o direito</p><p>objetivo, realizada pelo Poder Legislativo;</p><p>Jurisdicional: realizada pelo Poder Judiciário, é a esfera responsável pela solução dos conflitos através da</p><p>aplicação da norma abstrata ao caso em concreto, objetivando pacificar as relações particulares e manter a</p><p>harmonia social.</p><p>Segundo Ada Pelegrinni, ao exercer a função legislativa o Estado “estabelece normas que, segundo a</p><p>consciência dominante, devem reger as mais variadas relações, dizendo o que é lícito e o que é ilícito,</p><p>atribuindo direitos, poderes, faculdades, obrigações; são normas de caráter genérico e abstrato, sem</p><p>nenhuma destinação particular a nenhuma pessoa e a nenhuma situação concreta, são verdadeiros tipos, ou</p><p>modelos de conduta (desejada ou reprovada), acompanhados ordinariamente dos efeitos que seguirão à</p><p>ocorrência de fatos que se adaptem às previsões”</p><p>Para o exercício da jurisdição, o Estado cria normas instrumentais que possibilitam a regulação da sua</p><p>atuação, garantindo que todos os particulares tenham um tratamento justo e dentro das previsões legais, ao</p><p>buscarem o Estado para solução de conflitos.</p><p>Buscando novamente a conceituação de Ada Pelegrinni, temos que com a jurisdição “cuida o Estado</p><p>de buscar a realização prática daquelas normas em caso de conflito de pessoas – declarando, segundo o</p><p>modelo contido nelas, qual é o preceito pertinente ao caso concreto (processo de conhecimento) e</p><p>desenvolvendo medidas para que esse preceito seja realmente efetivado (processo de execução)”</p><p>São essas normas instrumentais (ou formais) que compõem o Direito Processual Civil.</p><p>Introdução ao Direito Processual Civil</p><p>Noções Gerais de Direito Processual Civil</p><p>Considerando tratar-se de um Direito Formal ou Instrumental, uma vez que dá forma ou</p><p>instrumentaliza a atuação da vontade das leis materiais (ou substanciais) ao caso em concreto, entende-se</p><p>que na sua essência o Direito Processual é um só.</p><p>Entretanto, objetivando a atuação prática de forma mais conveniente, o legislador agrupou cada grupo</p><p>de normas processuais de acordo com o direito material que elas instrumentalizam, daí as denominações</p><p>específicas: Direito Processual Civil, Penal, Trabalhista, etc.</p><p>Diante desta praticidade legislativa, apresentamos o conceito de Humberto Thoedoro Júnior, que</p><p>denomina de Direito Processual Civil como sendo “o ramo da ciência jurídica que trata do complexo das</p><p>normas reguladoras do exercício da jurisdição civil.”</p><p>É importante destacar que as normas reguladoras do Processo Civil atendem à aplicação de outros ramos do</p><p>Direito, como o Comercial por exemplo, e tantos outros que não disponham de instrumentalidade</p><p>específica.</p><p>Trata-se, pois, de um Direito autônomo, e não adjetivo ao Direito Material como se defendeu durante</p><p>muito tempo, por possuir natureza e objetivos diversos daquele.</p><p>“Enquanto o direito material cuida de estabelecer as normas que regulam as relações jurídicas entre as</p><p>pessoas, o processual visa a regulamentar uma função pública estatal. Seus princípios, todos ligados ao</p><p>direito público a que pertence, são totalmente diferentes, portanto, daqueles outros que inspiram o direito</p><p>material, quase sempre de ordem privada.” (THEODORO, H. 2018)</p><p>Natureza</p><p>A natureza do Direito Processual Civil é pública.</p><p>Embora esteja disponível para a solução de conflitos entre todos os entes que compõem à sociedade,</p><p>regulando o Poder Jurisdicional muitas vezes entre partes privadas, a sua natureza se dá em função dos seus</p><p>objetivos primordiais: a manutenção da harmonia social e do império da ordem jurídica, havendo portanto,</p><p>independente das partes que compõem a lide, um interesse público em jogo.</p><p>Relação com o Direito Constitucional</p><p>Por se tratar de um ramo do Direito Público, o direito processual tem suas linhas fundamentais traçadas</p><p>pelo Direito Constitucional. O processo, no Estado Democrático de Direito, está, no campo de seus</p><p>fundamentos e de sua macro-estrutura, totalmente constitucionalizado.</p><p>Essa conexão natural é enfatizada pela doutrina moderna, quando adota a análise da ordem processual à luz</p><p>do Direito Constitucional, apresentando o Direito Processual Constitucional como uma tendência a ser</p><p>adotada sem retorno, garantindo a tutela constitucional do processo, ou seja, a Constituição cerca o sistema</p><p>processual de princípios e garantias e o sistema processual serve de campo de atuação para os preceitos</p><p>constitucionais.</p><p>Conceito</p><p>Segundo Fredie Didier Junior (2005, p. 25), a análise moderna do sistema processual à luz da Constituição</p><p>teve grande impulso com a Constituição Federal de 1988, tendo em vista que foram incluídos dispositivos</p><p>de natureza processual no rol de direitos e garantias constitucionais.</p><p>Essa tendência foi reafirmada pelo Novo CPC, que em seu artigo primeiro traz expressa a dependência</p><p>entre os dois ramos do Direito:</p><p>“Art. 1º - O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas</p><p>fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições</p><p>deste Código.”</p><p>De forma conclusiva, podemos dizer que a Constituição Federal traça regra sobre direitos individuais que</p><p>repercutem e guiam de forma inevitável as normas processuais, a exemplo de:</p><p>“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e</p><p>aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e</p><p>à propriedade, nos termos seguintes:</p><p>I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;</p><p>LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;</p><p>XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.”</p><p>Norma Processual no Tempo</p><p>Decreto Lei nº 4.657/42 - Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro</p><p>Art. 1ᵒ Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de</p><p>oficialmente publicada.</p><p>Vigência:</p><p>Art. 2ᵒ Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.</p><p>Não há que se falar em perda da vigência por desuso ou em razão de costume.</p><p>Aplicabilidade</p><p>CPC, Art. 14. “A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em</p><p>curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da</p><p>norma revogada.”</p><p>Princípio da Aplicação Imediata da Norma Processual</p><p>“Na verdade, a lei que se aplica em questões processuais é a que vigora no momento da prática do ato</p><p>formal, e não a do tempo em que o ato material se deu.”</p><p>Humberto Theodoro Jr.</p><p>A norma processual respeita o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (CF, art. 5o,</p><p>XXXVI, e Lei de Introdução, art. 6º).</p><p>“Mesmo quando a lei nova atinge um processo em andamento, nenhum efeito tem sobre os fatos ou atos</p><p>ocorridos sob o império da lei revogada. Alcança o processo no estado em que se achava no momento de</p><p>sua entrada em vigor, mas respeita os efeitos dos atos já praticados, que continuam regulados pela lei do</p><p>tempo em que foram consumados.” Theodoro</p><p>Jr.</p><p>Deve-se, pois, distinguir, para aplicação da lei processual nova, quanto aos processos:</p><p>a) exauridos: nenhuma influência sofrem;</p><p>b) pendentes: são atingidos, mas respeita-se o efeito dos atos já praticados;</p><p>c) futuros: seguem totalmente a lei nova.</p><p>“Art 13: A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições</p><p>específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.”</p><p>Exceção: Lei de Introdução, Art. 13: ”A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que</p><p>nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que</p><p>a lei brasileira desconheça.”</p><p>Interpretação da norma processual</p><p>Regra:</p><p>“Na verdade e em regra geral, as normas processuais devem ser havidas como absolutas e imperativas, não</p><p>cabendo às partes a faculdade de renunciar livremente aos procedimentos, garantias e benefícios legais.</p><p>Como regra, portanto, os procedimentos traçados em lei hão de ser obedecidos rigorosamente, pois não é</p><p>dado nem às partes nem aos órgãos judiciais criar ritos ou procedimentos não previstos em lei, ou</p><p>desprezar, sem razão relevante, os trâmites legais.” (Humberto Theodoro Jr., 2015)</p><p>Exceções:</p><p>“Art. 283. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam ser</p><p>aproveitados, devendo ser praticados os que forem necessários a fim de se observarem as prescrições legais.</p><p>Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que não resulte prejuízo à defesa de</p><p>qualquer parte.”</p><p>Essa e as outras exceções presente no capítulo das nulidades do CPC, se baseiam no art. 5º da Lei de</p><p>Introdução, que dispõe:</p><p>Norma Processual no espaço</p><p>Princípio da Territorialidade</p><p>“Art. 5ᵒ Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem</p><p>comum.”</p><p>Normas Fundamentais (Princípios) do Direito Processual Civil</p><p>"São as normas básicas que organizam o sistema jurídico à medida que estabelecem os fins a serem</p><p>atingidos. São, pois, normas dotadas de uma abstração maior.” (Barros, F.)</p><p>Funções dos Princípios</p><p>"a) Interpretativa: as normas devem ser interpretadas consoante os fins visados pelos princípios.</p><p>b) Integrativa: os casos não regulados por lei são solucionados pela aplicação direta dos princípios. Assim, os</p><p>princípios podem ser aplicados diretamente no caso concreto (eficácia direta do princípio), além de</p><p>servirem de apoio para a aplicação da norma que regula especificamente o caso concreto (eficácia indireta</p><p>do princípio).</p><p>c) Bloqueadora: os princípios impedem a aplicação das normas que se revelam incompatíveis com as</p><p>diretrizes por eles traçadas. Assim, na colisão entre normas, o juiz deve aplicar o critério da ponderação e</p><p>afastar, de forma fundamentada, a norma que colide com os fins dos princípios (art.489, §2º, do CPC).</p><p>Modernamente, o juiz não é mais um mero aplicador da lei e, sim, o aplicador do direito.”</p><p>“Violar um princípio é muito mais grave do que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica</p><p>ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais</p><p>grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque</p><p>representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais (…).”</p><p>Celso Bandeira de Mello</p><p>São regras de Direito QUALIFICADAS, em torno das quais se localizam as normas jurídicas de grau</p><p>inferior e que possuem força normativa necessária para servir de fundamento para a decisão judicial no caso</p><p>concreto.</p><p>Dentre todos os princípios que regem o Processo Civil, dois deles destacam-se por possuírem</p><p>características de supra princípios:</p><p>“São Tomás de Aquino defende o conceito de que a pessoa é uma substância individual de natureza</p><p>racional, centro da criação pelo fato ser imagem e semelhança de Deus. Logo, o intelecto e a semelhança</p><p>com Deus geram a dignidade que é inerente ao homem, como espécie.” (Renner, 2016)</p><p>Immanuel Kant reforça essa ideia ao estabelecer o paralelo entre dignidade e preço: “Kant baseava-se</p><p>na ideia de que cada ser humano é um fim em si mesmo e de que o valor humanista deveria ser o</p><p>fundamento indiscutível do Estado. Assim, tudo tem um preço ou uma dignidade: aquilo que tem um</p><p>Princípios fundamentais do Processo Civil</p><p>O que são?</p><p>1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana</p><p>2. Princípio do Devido Processo Legal</p><p>Contexto História</p><p>preço é substituível e tem equivalente; já aquilo que não admite equivalente, possui uma dignidade. Assim,</p><p>as coisas possuem preço; os indivíduos possuem dignidade.” (Renner, 2016)</p><p>Dignidade violada = Pessoa tratada como coisa</p><p>DIGNIDADE</p><p>CONCESSÃO DO ORDAMENTO? RECONHECIMENTO DO ORDAMENTO?</p><p>Porque ele é um dos mais... mais?</p><p>Quando saiu da filosofia para o Direito?</p><p>Segundo Bobbio:</p><p>“Somente depois da 2ª. Guerra Mundial é que esse problema passou da esfera nacional para a internacional,</p><p>envolvendo – pela primeira vez na história – todos os povos” (BOBBIO, 2004).</p><p>Viena – 1993</p><p>Conferência Mundial sobre Direitos Humanos</p><p>CF/88 - Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e</p><p>Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:</p><p>I - a soberania;</p><p>II - a cidadania;</p><p>III - a dignidade da pessoa humana;</p><p>IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;</p><p>V - o pluralismo político.</p><p>Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou</p><p>diretamente, nos termos desta Constituição</p><p>“Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do</p><p>qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual</p><p>deva decidir de ofício.”</p><p>Materialização da autodeterminação e liberdade de escolha.</p><p>Ex: Sistema MultiPortas (Art 165, CPC);</p><p>Motivos:</p><p>Populações dizimadas;</p><p>Barbárie legal promovida pelos nazistas e facistas demonstrou que o Direito era indiferente aos</p><p>valores éticos e humanos.</p><p>Data de Nascimento dos Direitos Humanos?</p><p>Aprovação unânime da Declaração dos Direitos Humanos 10 de dezembro de 1948</p><p>Reafirmação:</p><p>Tá... mas em que consiste esse princípio na prática?</p><p>O princípio da dignidade da pessoa humana, torna-se o elemento referencial para a interpretação e</p><p>aplicação das normas jurídicas!!!!!!</p><p>E processualmente falando?</p><p>Valorização da atuação das partes:</p><p>Princípio do Devido Processo Legal</p><p>Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e</p><p>aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e</p><p>à propriedade, nos termos seguintes:</p><p>(...)</p><p>LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;</p><p>“O conjunto de garantias constitucionais que, de um lado, asseguram às partes o exercício de suas</p><p>faculdades e poderes processuais e, do outro, são indispensáveis ao correto exercício da jurisdição.”</p><p>Supra princípio: Princípios:</p><p>Devido Processo Legal x Estado Democrático de Direito</p><p>O devido processo legal, no Estado Democrático de Direito, jamais poderá ser visto como simples</p><p>procedimento desenvolvido em juízo. Seu papel é o de atuar sobre os mecanismos procedimentais de modo</p><p>a preparar e proporcionar provimento jurisdicional compatível com a supremacia da Constituição e a</p><p>garantia de efetividade dos direitos fundamentais.</p><p>Princípio da Primazia do Julgamento do Mérito</p><p>Conceito</p><p>Particularidades</p><p>Decisões Fundamentadas</p><p>Contraditório</p><p>Ampla Defesa</p><p>Publicidade dos atos</p><p>Isonomia</p><p>Durabilidade Razoável do Processo</p><p>CPC - Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral</p><p>do mérito, incluída a</p><p>atividade satisfativa.</p><p>“O CPC consagra o princípio da primazia da decisão de mérito. De acordo com esse princípio, deve o</p><p>órgão julgador priorizar a decisão de mérito, tê-la como objetivo e fazer o possível para que ocorra. A</p><p>demanda deve ser julgada – seja ela a demanda principal (veiculada pela petição inicial), seja um recurso,</p><p>seja uma demanda incidental.” (DIDIER, 2015)</p><p>Exemplos práticos</p><p>Emenda da Petição Inicial</p><p>Art. 321.</p><p>O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta</p><p>defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo</p><p>de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou</p><p>completado.</p><p>Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.</p><p>Comprovação de Recolhimento de Preparo</p><p>Art. 1007.</p><p>No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o</p><p>respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.</p><p>(...)</p><p>§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo,</p><p>inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o</p><p>recolhimento em dobro, sob pena de deserção.</p><p>“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e</p><p>aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e</p><p>à propriedade, nos termos seguintes:</p><p>(...)</p><p>LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o</p><p>contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”</p><p>Princípios Processuais</p><p>Princípio do Contraditório</p><p>Previsão Constitucional:</p><p>“Art. 8ᵒ Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum,</p><p>resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a</p><p>razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.</p><p>Art. 9ᵒ Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. (Exceções no</p><p>próprio artigo – Inaudita altera parte)</p><p>Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do</p><p>qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual</p><p>deva decidir de ofício.”</p><p>Afirma o caráter dialético do processo ao assegurar aos litigantes oportunidades iguais, paritárias e bilaterais</p><p>de manifestação, produção de provas, ciência dos atos processuais e impugnação de peças.</p><p>Originariamente, o contraditório era resumido no binômio:</p><p>Informação - Reação</p><p>Com a evolução observada nas normas processuais, o contraditório passou a ser retratado na doutrina</p><p>como pelo trinômio:</p><p>Informação – Reação - Participação</p><p>Dimensões do Contraditório</p><p>FORMAL SUBSTANCIAL</p><p>Garantias: Garantias:</p><p>Ser ouvido Influenciar no processo</p><p>Ser comunicado Argumentar</p><p>Poder falar no processo Apresentar ideias</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE DESPEJO C.C. COBRANÇA – Locação – Desocupação</p><p>voluntária do imóvel – Conversão de ofício, pelo Magistrado, da ação de conhecimento em execução –</p><p>Descabimento – Violação ao art. 10 do CPC – Prejuízo às partes constatado – Anulação da decisão</p><p>agravada – Recurso provido. (Relator(a): Hugo Crepaldi; Comarca: São Paulo; Órgão julgador: 25ª Câmara</p><p>de Direito Privado; Data do julgamento: 20/04/2017; Data de registro: 20/4/2017)"</p><p>Previsão no CPC</p><p>Vedação da Decisão Surpresa</p><p>Princípio da Ampla Defesa</p><p>Assim como o contraditório, trata-se de uma consequência do Devido Processo Legal, inerente ao</p><p>exercício do direito de ação, que compreende a possibilidade de efetivar sua defesa através do uso de todas</p><p>estratégias e fundamentos legais disponíveis.</p><p>A previsão constitucional apresenta a ampla defesa como par do contraditório, e não por acaso: os</p><p>princípios se complementam e se apresentam de forma conexa, havendo entendimento pacífico na doutrina</p><p>de que não existe contraditório sem ampla defesa, nem defesa sem contraditório.</p><p>Didier Jr. defende que com o desenvolvimento da dimensão substancial do contraditório, esses princípios</p><p>se fundiram.</p><p>Segundo Marinela, são necessários alguns requisitos para o exercício da ampla defesa:</p><p>1 – Caráter prévio da defesa: “para que essa regra seja efetivamente implementada, os procedimentos e as</p><p>possíveis penalidades aplicadas ao caso devem estar predeterminados, e essa normatização deve anteceder o</p><p>exercício da defesa.”</p><p>2 – Direito à informação: “é fundamental o conhecimento do conteúdo do processo, seus documentos,</p><p>decisões e provas.” Dele decorre o direito de vistas, a fim de obter informações e elementos que sirvam para</p><p>sua defesa e o direito de cópias dos autos.</p><p>3 – Direito à produção de provas: compreende o direito de produzir provas, não só em sentido formal, mas</p><p>que elas tenham o poder de interferir no convencimento do juiz. Ressalvadas as provas com finalidades</p><p>procrastinatórias, abusivas ou ilícitas, que não são aceitas.</p><p>Do princípio da ampla defesa decorre a necessidade da citação real, sendo necessário sempre a</p><p>nomeação de um curador especial em casos de citação ficta.</p><p>Também dele decorre a exigência da defesa técnica no processo, o que exige a representação por</p><p>advogado para a validação dos processos, exceto os casos previstos em lei.</p><p>Todos os atos processuais hão de ser públicos!</p><p>Esse direito fundamental possui duas funções básicas:</p><p>1 – proteger as partes contra juízos arbitrários e secretos;</p><p>2 – permitir o controle público da atuação jurisdicional, inclusive no que atine aos serviços judiciais.</p><p>Possui duas dimensões:</p><p>Interna – ampla e irrestrita, ocorrida entre as partes, em razão da garantia ao devido processo legal,</p><p>contraditório e ampla defesa.</p><p>Externa – publicidade para terceiros, alheios ao processo, que em alguns casos pode ser restrita.</p><p>“A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse</p><p>social o exigirem" (art. 5°, LX, CF/1 988).</p><p>Pincípio da Publicidade</p><p>CPC - Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:</p><p>I - em que o exija o interesse público ou social;</p><p>II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos</p><p>e guarda de crianças e adolescentes;</p><p>III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;</p><p>IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a</p><p>confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.</p><p>§ 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de</p><p>seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.</p><p>§ 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença,</p><p>bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.</p><p>Importância da publicidade para o sistema de precedentes;</p><p>Publicidade Processual na Rede Mundial de Computadores:</p><p>Resolução n. 121/2010 - CNJ</p><p>Art. 2° Os dados básicos do processo de livre acesso são:</p><p>I - número, classe e assuntos do processo;</p><p>II - nome das partes e de seus advogados;</p><p>III - movimentação processual;</p><p>IV - inteiro teor das decisões, sentenças, votos e acórdãos.</p><p>Foi alçado à condição de Princípio Constitucional através da Emenda 45/2004, que o incluiu no rol do art.</p><p>5º:</p><p>Art. 5º</p><p>(...)</p><p>LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e</p><p>os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de</p><p>2004)</p><p>Características</p><p>Princípio</p><p>da Razoável Duração do Processo</p><p>Assegura a razoável duração do processo;</p><p>Disponibiliza os meios que garantam a celeridade;</p><p>Histórico</p><p>Não há nada pior que a injustiça célere, que é a pior forma de denegação de justiça, como bem atesta</p><p>Miguel Reale Jr.</p><p>Por outro lado, o excesso de tempo na prestação jurisdicional pode-se tornar até mesmo injustiça; como</p><p>ensina Rui Barbosa, a justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta.</p><p>Portanto, o destaque é dado à RAZOABILIDADE no corpo do princípio.</p><p>Motivações</p><p>A respeitabilidade e confiabilidade no Poder Judiciário estão ligadas a uma resposta rápida e eficaz em</p><p>resposta à provocação do Poder Jurisdicional.</p><p>“O processo tem, sobretudo, função política no Estado Social de Direito. Deve ser, destarte, organizado,</p><p>entendido e aplicado como instrumento de efetivação de uma garantia constitucional, assegurando a todos</p><p>o pleno acesso à tutela jurisdicional, que há de se manifestar sempre como atributo de uma tutela justa.”</p><p>Humberto Theodoro Júnior</p><p>Exemplo Negativo: Liminar em Habeas Corpus</p><p>2. O conceito de tempestividade, na nova ordem processual, deve se aplicar também ao Estado-Juiz.</p><p>“O direito de acesso à justiça exige que o Estado preste a adequada tutela jurisdicional que, significa,</p><p>também, a tutela estatal tempestiva e efetiva".</p><p>“Há tutela adequada quando, para determinado caso concreto, há procedimento que pode ser dito</p><p>adequado, porque hábil para atender determinada situação concreta, que é peculiar ou não a uma situação</p><p>de direito material"</p><p>Luis Marinoni</p><p>Garante que a celeridade não afetará a segurança jurídica nem ferirá os demais princípios, com</p><p>destaque para o contraditório e a ampla defesa.</p><p>Magna Carta Libertatum (1215)</p><p>Petition of Rights (1628);</p><p>Habeas Corpus Amendment Act (1679);</p><p>Corpo de Liberdades de Massachusetts (1641);</p><p>Forma de Governo da Pensilvânia (1682);</p><p>Bill of Rights (1689);</p><p>Declaração de direitos do bom povo da Virgínia (12/06/1776);</p><p>Declaração de Independência dos Estados Unidos (04/07/1776);</p><p>Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Assembleia Constituinte Francesa,</p><p>26/08/1789);</p><p>Carta das Nações Unidas (26/06/1945);</p><p>Declaração Universal dos Direitos do Homem (10/12/48).</p><p>3 – A utilidade da prestação jurisdicional deve ser concreta nas decisões judiciais.</p><p>“Vale dizer que o direito ao processo significa direito a um processo cujo resultado seja útil em relação à</p><p>realidade dos fatos. Não se trata, é claro, de um processo fantasioso, que não desemboque numa efetiva</p><p>prestação do serviço tutelar jurisdicional. O processo sem efetividade desrespeita o princípio do due</p><p>processo of law”</p><p>Luiz Wambier</p><p>CPC - Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo</p><p>razoável, decisão de mérito justa e efetiva.</p><p>CPC - Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as</p><p>exceções previstas em lei.</p><p>Art. 139 (...) V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de</p><p>conciliadores e mediadores judiciais;</p><p>CPC - Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo</p><p>razoável, decisão de mérito justa e efetiva.</p><p>CPC - Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as</p><p>exceções previstas em lei.</p><p>Art. 139 (...) V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de</p><p>conciliadores e mediadores judiciais;</p><p>Aos tribunais no âmbito da construção e manutenção de um sistema de precedentes, compete:</p><p>o dever de uniformizar sua jurisprudência;</p><p>o dever de manter essa jurisprudência estável;</p><p>o dever de integridade; e</p><p>o dever de coerência.</p><p>O respeito aos precedentes envolve o ato de segui-los, distingui-los ou revogá-los, jamais ignorá-los.</p><p>Princípio da Cooperação</p><p>Princípio do autorregramento da vontade das partes</p><p>Princípio da Cooperação</p><p>Princípio do autorregramento da vontade das partes</p><p>Princípio do respeito aos precedentes</p><p>Jurisdição</p><p>Conceito</p><p>Função estatal de resolver os conflitos que a ele sejam dirigidos, em substituição às partes, com eficácia</p><p>vinculativa plena, através da declaração do direito em concreto.</p><p>Quanto à matéria: Penal, Civil ou Especial (Trabalhista, Eleitoral, Militar, etc.)</p><p>Quanto aos órgãos: Comum e Especial</p><p>Quanto à hierarquia dos órgãos: Inferior e Superior</p><p>Contenciosa: é a jurisdição propriamente dita, onde está presente o conflito, estabelecido através da lide, e a</p><p>produção de coisa julgada.</p><p>Voluntária: trata-se de uma forma especial de atividade do Estado-Juiz, onde faz-se necessária a</p><p>manifestação judicial para a produção de efeitos. Também se denomina jurisdição graciosa ou</p><p>administrativa, e objetiva revestir de força pública um interesse privado. Ex.: Casamento</p><p>Jurídico:</p><p>a) Adequar ao caso concreto a vontade da lei;</p><p>b) Social: promoção do bem comum pela pacificação dos conflitos;</p><p>c) Político: afirmação do poder Estatal, da participação democrática e da tutela das liberdades privadas.</p><p>Trata-se de atividade Estatal:</p><p>a) Secundária;</p><p>b) Instrumental;</p><p>c) Declarativa;</p><p>d) Desinteressada; e</p><p>e) Provocada</p><p>Inércia – Só pode surgir quando provocada pela parte que entenda existir resistência à sua pretensão;</p><p>Investidura: o juiz precisa ser concursado e seguir as exigências determinadas na CF;</p><p>Classificação</p><p>Tipos</p><p>Poderes da Jurisdição</p><p>1. Decisão: poder de conhecer a lide, colher provas e decidir;</p><p>2. Coerção: poder de compelir o vencido ao cumprimento da decisão;</p><p>3. Documentação: poder de documentar por escrito todos os atos processuais.</p><p>Objetivos da jurisdição</p><p>Características da jurisdição</p><p>Princípios que regem a jurisdição</p><p>Territorialidade: deve se reger pelos limites territoriais;</p><p>Indelegabilidade: a função não pode ser delegada para terceiros;</p><p>Inafastabilidade: não pode haver negativa por parte do juiz na recepção da lide na esfera judicial;</p><p>Inevitabilidade: não pode deixar de decidir, ainda que sem julgamento do mérito;</p><p>Juiz Natural: deve haver regras específicas de competência jurisdicional, não podendo haver tribunal de</p><p>exceção.</p><p>Entende-se por competência a delimitação da jurisdição, ou seja, o espaço em que cada jurisdição vai ser</p><p>aplicada. É o alcance do poder do juiz distribuído por lei.</p><p>Exemplo: Um juiz que atua na vara cível possui jurisdição, mas somente para julgar questões cíveis. Não</p><p>lhe é permitido julgar homicídios (p. ex.), pois é de competência criminal. (art. 42, CPC).</p><p>CPC Art. 43: “Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial,</p><p>sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando</p><p>suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.”</p><p>Classifica-se a competência em: absoluta- e relativa</p><p>A competência absoluta estabelece regras de competência para atender o interesse público e, por isso, não</p><p>pode ser modificada por vontade das partes. Quando fixada em razão da matéria, da pessoa ou da função,</p><p>via de regra, a competência é absoluta.</p><p>A competência relativa fixa regras de competência para atender o interesse particular. Quando fixada em</p><p>razão do território e do valor da causa, via de regra, a competência é relativa, podendo ser modificada por</p><p>vontade das partes.</p><p>Em razão da matéria:</p><p>Leva em consideração os elementos (da ação) pedido e causa de pedir. Fixa-se a competência em razão da</p><p>natureza jurídica da pretensão da parte. É o caso de um processo de divórcio. Dada a pretensão específica</p><p>da parte de se divorciar, a ação deve ser ajuizada perante uma vara de família.</p><p>Em razão da pessoa:</p><p>Leva em consideração o elemento (da ação) parte. Fixa-se a competência em razão da qualidade da parte</p><p>envolvida na relação processual. É o caso das ações envolvendo a Administração Pública, que devem</p><p>Competência</p><p>Conceito</p><p>Regra Geral</p><p>Classificação</p><p>Absoluta (MPF)</p><p>tramitar nas varas de Fazenda Pública ou ainda em ações envolvendo autoridades com foro de prerrogativa</p><p>de função, cuja competência processual é definida pela Constituição Federal.</p><p>Em razão da função:</p><p>Leva em consideração as atribuições que o magistrado exerce no processo, podendo variar de acordo com a</p><p>hierarquia funcional ou com as fases do processo. É o caso da distinção entre competência originária e</p><p>recursal. Por exemplo, se estamos tratando de um processo de divórcio, a regra é o ajuizamento da ação na</p><p>primeira instância, que tem competência originária. Havendo inconformidade das partes em relação à</p><p>sentença, a competência passa a ser do juízo recursal.</p><p>Em razão do território:</p><p>Leva em consideração a circunscrição territorial (comarca) competente para julgar o processo.</p><p>Por exemplo, levando-se em consideração a matéria ou as partes, sabemos que o processo é de competência</p><p>de uma vara de família ou de uma vara da Fazenda. Mas, além disso, em que Estado e dentro do Estado, em</p><p>que comarca a ação deve correr?</p><p>Em razão do valor da causa:</p><p>Leva em consideração o objeto discutido em juízo. Embora tenhamos a possibilidade de a discussão</p><p>envolver diversos tipos de pedidos (pagar quantia em dinheiro, entregar um bem, prestar um serviço), será</p><p>necessário atribuir um valor a todos eles. Por exemplo, em causas que envolvam valor menor que 40</p><p>salários-mínimos, o processo pode tramitar nos Juizados Especiais.</p><p>Hipóteses de modificação de competência</p><p>Supressão de órgão judiciário (Art. 43)</p><p>Ocorre quando o órgão judiciário em que o processo se encontrava é extinto. Por exemplo, se em uma</p><p>comarca, percebe-se a desnecessidade da existência de duas varas cíveis, pela redução da demanda</p><p>processual, pode haver uma alteração da lei de organização judiciária do Estado para agregar uma vara à</p><p>outra. Se isso ocorrer, as ações ajuizadas perante a vara agregada passam automaticamente para a vara que se</p><p>manteve. Há, portanto, modificação de competência já fixada.</p><p>2) Alteração de competência absoluta (Art. 43)</p><p>A alteração de competência absoluta (fixada em razão da matéria, pessoa ou função) ocorre quando, por</p><p>exemplo, cria-se uma vara especializada em direito empresarial em determinada comarca, fazendo com que</p><p>todos os processos de matéria empresarial, que antes eram de competência da vara cível, concentrem-se na</p><p>vara especializada, mesmo que estejam em curso. Isso altera a competência anteriormente fixada.</p><p>Conexão e continência (Art. 54 e seguintes)</p><p>Trata-se da reunião de processo pela identidade de alguns de seus elementos, com a finalidade de</p><p>uniformizar a decisão e aproveitar as provas.</p><p>A) Conexão:</p><p>Relativa (TV)</p><p>Ocorre quando existem dois processos com o mesmo pedido ou a mesma causa de pedir. Verificada a</p><p>conexão, se nenhum dos processos tiver sido sentenciado, estes serão reunidos no juízo prevento para</p><p>decisão conjunta.</p><p>B) Continência:</p><p>Ocorre quando existem dois processos com as mesmas partes e a mesma causa de pedir, mas o pedido de</p><p>um é mais amplo que do outro. A ação com o pedido mais amplo é chamada continente e a com o pedido</p><p>mais restrito é chamada contida. É o caso da existência de uma ação que visa anulação de uma cláusula de</p><p>determinado contrato (ação contida) e uma ação que visa anulação do contrato todo (ação continente).</p><p>Nesse caso, a primeira ação está contida na segunda.</p><p>O que pode ocorrer?</p><p>Ação continente ajuizada primeiro: a ação contida será extinta sem julgamento do mérito por</p><p>litispendência.</p><p>Ação contida ajuizada primeiro: haverá reunião do processo junto ao juízo em que tramita a ação contida,</p><p>por ser o prevento.</p><p>A incompetência diz respeito às ações propostas em violação às regras de competência do Código de</p><p>Processo Civil.</p><p>A incompetência do juízo deve ser alegada pelo -réu em preliminar de contestação- e, ouvido o autor, o</p><p>juiz decidirá pelo acolhimento ou não da alegação. Acolhendo-a, os autos são remetidos ao juízo</p><p>competente, conservando-se os efeitos das decisões proferidas pelo juízo incompetente até que outra seja</p><p>proferida. Esta regra só não será aplicada caso o juiz competente emane uma decisão anulando tudo que foi</p><p>decidido pelo juiz anterior.</p><p>A incompetência pode ser de duas ordens:</p><p>i) Incompetência absoluta:</p><p>A incompetência é absoluta quando tratamos de violação de regras de fixação de competência em razão da</p><p>matéria, da pessoa ou da função. Nesses casos, por dizer respeito a normas de ordem pública, a violação não</p><p>será admitida, nem pode ser relevada.</p><p>Mesmo que a incompetência absoluta não seja alegada pelo réu em preliminar de contestação, ela pode ser</p><p>reconhecida de ofício pelo juiz ou alegada em qualquer outro momento pelas partes. Se o processo correr</p><p>no juízo incompetente até o trânsito em julgado, este é nulo, sendo cabível a ação rescisória.</p><p>ii) Incompetência relativa:</p><p>A incompetência é relativa quando tratamos da violação de regras de fixação de competência em razão do</p><p>território ou do valor da causa. Nesses casos, como estamos tratando de interesse das partes, admite-se certa</p><p>flexibilização e o juízo que era incompetente pode tornar-se competente.</p><p>Incompetência</p><p>Se a incompetência relativa não for alegada pelo réu em preliminar de contestação, ocorre a preclusão desse</p><p>direito, e há a prorrogação da competência, de forma que o juízo anteriormente incompetente, passa a ser</p><p>competente para o julgamento da causa. Ao contrário da incompetência absoluta, a incompetência relativa</p><p>não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, mas pode ser alegada pelo MP nas causas em que atuar.</p>