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<p>BIOSSEGURANÇA</p><p>Procedimentos Laboratoriais e</p><p>BIOSSEGURANÇA</p><p>Procedimentos Laboratoriais e</p><p>Universidade La Salle Canoas | Av. Victor Barreto, 2288 | Canoas - RS</p><p>CEP: 92010-000 | 0800 541 8500 | eadproducao@unilasalle.edu.br</p><p>UNIVERSIDADE LA SALLE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO</p><p>Reitor</p><p>Prof. Dr. Cledes Casagrande - Fsc</p><p>Vice-Reitor</p><p>Prof. Me. Ir. Eucledes Fábio Casagrande</p><p>Pró-Reitor de Administração</p><p>Vitor Benites</p><p>© 2023 por Universidade La Salle</p><p>Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer meio,</p><p>eletrônico ou mecânico (fotocópia, gravação), ou qualquer tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização</p><p>por escrito da Universidade La Salle.</p><p>Equipe de Produção de Conteúdo</p><p>Arthur Menezes de Jesus</p><p>Bruno Giordani Faccio</p><p>Daniele Balbinot</p><p>Fabio Adriano Teixeira dos Santos</p><p>Gabriel Esteves de Castro</p><p>Ingrid Rais da Silva</p><p>João Henrique Mattos dos Santos</p><p>Jorge Fabiano Mendez</p><p>Patrícia Menna Barreto</p><p>Sidnei Menezes Martins</p><p>Projeto Gráfico, Editoração, Revisão e Produção</p><p>Equipe de Produção de Conteúdo Universidade La Salle - Canoas, RS</p><p>1ª Edição</p><p>Atualizada em:</p><p>Agosto de 2023</p><p>Prezado estudante,</p><p>A equipe da EaD La Salle sente-se honrada em entregar a você este material didático. Ele</p><p>foi produzido com muito cuidado para que cada Unidade de estudos possa contribuir com seu</p><p>aprendizado da maneira mais adequada possível à modalidade que você escolheu para estudar: a</p><p>modalidade a distância. Temos certeza de que o conteúdo apresentado será uma excelente base</p><p>para o seu conhecimento e para sua formação. Por isso, indicamos que, conforme as orientações de</p><p>seus professores e tutores, você reserve tempo semanalmente para realizar a leitura detalhada dos</p><p>textos deste livro, buscando sempre realizar as atividades com esmero a fim de alcançar o melhor</p><p>resultado possível em seus estudos. Destacamos também a importância de questionar, de participar</p><p>de todas as atividades propostas no ambiente virtual e de buscar, para além de todo o conteúdo aqui</p><p>disponibilizado, o conhecimento relacionado a esta disciplina que está disponível por meio de outras</p><p>bibliografias e por meio da navegação online.</p><p>Desejamos a você um excelente módulo e um produtivo ano letivo. Bons estudos!</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Sumário</p><p>UNIDADE 1</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações .............................................................................................7</p><p>Objetivo Geral ............................................................................................................................................................7</p><p>Parte 1</p><p>Princípios Gerais, Conceito e Histórico da Biossegurança ....................................................................................................9</p><p>Parte 2</p><p>Introdução à Biossegurança .............................................................................................................................................19</p><p>Parte 3</p><p>Aspectos Regulamentares sobre Biossegurança ...............................................................................................................29</p><p>Parte 4</p><p>Biossegurança e Bioética .................................................................................................................................................41</p><p>UNIDADE 2</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios ........................................................................................................55</p><p>Objetivo Geral ..........................................................................................................................................................55</p><p>Parte 1</p><p>Biossegurança em Laboratórios .......................................................................................................................................57</p><p>Parte 2</p><p>Métodos de Limpeza, Desinfecção e Esterilização de Materiais Laboratoriais e Hospitalares.............................................69</p><p>Parte 3</p><p>Conceitos Básicos de Segurança Laboratorial ...................................................................................................................81</p><p>Parte 4</p><p>Segurança no Laboratório e Primeiros Socorros ...............................................................................................................99</p><p>UNIDADE 3</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia ...............................................................................119</p><p>Objetivo Geral ........................................................................................................................................................119</p><p>Parte 1</p><p>Equipamentos Gerais do Laboratório, Vidrarias e Descartáveis ........................................................................................121</p><p>Parte 2</p><p>Vidrarias e Introdução às Técnicas de Laboratório ...........................................................................................................143</p><p>Parte 3</p><p>Técnicas e Processamento em Microscopia Óptica e Microscopia Eletrônica de Transmissão .........................................163</p><p>UNIDADE 4</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais ........................................................................................................181</p><p>Objetivo Geral ........................................................................................................................................................181</p><p>Parte 1</p><p>Cálculos de Laboratório e Preparo de Reagentes ............................................................................................................183</p><p>Parte 2</p><p>Água, pH e Tampões .......................................................................................................................................................199</p><p>Biossegurança: Conceitos</p><p>Gerais e Regulamentações</p><p>Prezado estudante,</p><p>Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com</p><p>cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto</p><p>possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você,</p><p>com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.</p><p>Objetivo Geral</p><p>Identificar os principais conceitos e regulamentações em biossegurança.</p><p>.</p><p>unidade</p><p>1</p><p>V.1 | 2023</p><p>Parte 1</p><p>Princípios Gerais, Conceito</p><p>e Histórico da Biossegurança</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>é disponibilizado</p><p>por SAGAH.</p><p>unidade</p><p>1</p><p>V.1 | 2023</p><p>10 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Princípios gerais, conceito e</p><p>histórico da biossegurança</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> De� nir biossegurança.</p><p> Descrever como a biossegurança surgiu e como as regulamentações</p><p>mudaram com o tempo.</p><p> Identi� car os princípios gerais de biossegurança.</p><p>Introdução</p><p>A biossegurança tem um papel muito importante na vida do profissional</p><p>da saúde. Ela consiste em um conjunto de normas cujo objetivo é garantir</p><p>a segurança do trabalhador, dos pacientes e do meio ambiente. Até pouco</p><p>tempo atrás, essas normas não existiam, e os riscos de contaminação eram</p><p>muito maiores. Com o surgimento do conhecimento sobre doenças como</p><p>a AIDS e a hepatite B e seus métodos de transmissão, a preocupação com</p><p>a saúde do profissional da saúde aumentou, levando à criação de normas</p><p>e regulamentações sobre o trabalho na área da saúde. Assim, na prática</p><p>profissional, uma série de princípios de biossegurança são aplicados com</p><p>o objetivo de haver uma prática profissional mais segura para todos.</p><p>Neste capítulo, você verá os conceitos de biossegurança, como novas</p><p>regulamentações na área foram surgindo com o tempo e quais são os</p><p>princípios gerais da biossegurança que devem ser observados no dia a</p><p>dia de um profissional da saúde.</p><p>U3_C10_Bioetica e biossegurança.indd 1 29/09/2017 14:18:51</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações</p><p>janeiro de</p><p>1995): aborda os processos envolvendo organismos geneticamente</p><p>modificados (OGMs).</p><p> Lei nº. 11.105, de 24 de março de 2005: regulamenta os incisos II, IV e</p><p>V, parágrafo 1º, artigo 225, da Constituição Federal e estabelece normas</p><p>de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam</p><p>organismos geneticamente modificados e derivados. Criou o Conselho</p><p>Nacional de Biossegurança (CNBS), reestruturou a Comissão Técnica</p><p>Nacional de Biossegurança (CTNBio) e dispõe sobre a Política Nacional</p><p>de Biossegurança (PNB).</p><p> Decreto nº. 5.591, de 22 de novembro de 2005: regulamenta a Lei</p><p>nº. 11.105/2005.</p><p>Os princípios gerais da biossegurança englobam (STAPENHORST et al.,</p><p>2017):</p><p> a análise dos riscos;</p><p> o uso de equipamentos de segurança;</p><p> as técnicas e práticas laboratoriais;</p><p> a estrutura física dos ambientes de trabalho;</p><p> o descarte correto de resíduos;</p><p> a gestão administrativa dos locais de trabalho em saúde.</p><p>Tipos de riscos</p><p>A identifi cação dos riscos de um local de trabalho é parte essencial a partir</p><p>da biossegurança e é a partir dela que é possível analisar as medidas de bios-</p><p>segurança cabíveis (STAPENHORST et al., 2017). Podemos denominar como</p><p>agente de risco qualquer componente de natureza física, química ou biológica</p><p>que tenha potencial de comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio</p><p>ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Para implementar de</p><p>modo correto a biossegurança, é imprescindível avaliar esses riscos (BRUNO,</p><p>2015), que podem ser categorizados como:</p><p> Riscos químicos: podem ser causados pela exposição a agentes como</p><p>solventes, medicamentos, produtos químicos, corantes, entre outros.</p><p> Riscos físicos: podem ser causados pela exposição a fatores como</p><p>temperaturas extremas, radiações, ruídos, vibrações, pressões anormais,</p><p>entre outros.</p><p>Biossegurança e bioética6</p><p>48 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p> Riscos ergonômicos: podem ser causados por alterações psicofisiológicas</p><p>no trabalhador, causando-lhe desconforto ou interferindo em sua saúde,</p><p>como levantamento e transporte manual de peso, ritmo excessivo de</p><p>trabalho, repetitividade, postura inadequada de trabalho, entre outros.</p><p> Risco de acidentes: são considerados quando ocorre um evento indese-</p><p>jado que resulte em lesão pessoal ou dano material, como queimaduras,</p><p>cortes e perfurações.</p><p> Riscos biológicos: podem ser causados pela presença de microorganis-</p><p>mos que podem gerar graves doenças nos seres humanos.</p><p>Os agentes biológicos são classificados em classes de risco de 1 a 4, consi-</p><p>derando o risco que representam para a saúde do trabalhador, sua capacidade</p><p>de propagação acerca do coletivo e da existência ou não de profilaxia, bem</p><p>como tratamento (SCHWANKE, 2013), conforme demonstra o Quadro 2.</p><p>Fonte: Adaptado de Brasil (2008) apud Schwanke (2013).</p><p>Classe</p><p>de risco Risco individual1</p><p>Risco de</p><p>propagação à</p><p>coletividade</p><p>Profilaxia ou</p><p>tratamento eficaz</p><p>1 Baixo Baixo –</p><p>2 Moderado Baixo Existem</p><p>3 Elevado Moderado Nem sempre existem</p><p>4 Elevado Elevado Atualmente não existem</p><p>1O risco individual relaciona-se com a probabilidade de o trabalhador contrair</p><p>a doença e com a gravidade dos danos à saúde que essa possa ocasionar.</p><p>Quadro 2. Classes de riscos dos agentes biológicos</p><p>A respeito dessas medidas, destacam-se os equipamentos de segurança, que</p><p>agem como barreiras de contenção primárias de microrganismos, propiciando</p><p>uma barreira entre o profissional e o paciente e objetivando a proteção de ambos.</p><p>Os equipamentos são classificados como equipamentos de proteção individual</p><p>(EPI) e equipamentos de proteção coletiva (EPC). Os EPIs objetivam proteger</p><p>a saúde do trabalhador e sua utilização é indicada durante o atendimento aos</p><p>pacientes, enquanto o profissional estiver no seu local de trabalho. Alguns</p><p>EPIs são: luvas, jalecos, máscaras, toucas, propé, óculos de proteção. Já entre</p><p>7Biossegurança e bioética</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Biossegurança e Bioética | PARTE 4 49</p><p>os EPCs, pode-se citar: estufas, autoclaves, kit de primeiros socorros, extintor</p><p>de incêndio, incluindo caixas amarelas para perfurocortantes, capelas de</p><p>exaustão química (STAPENHORST et al., 2017).</p><p>As barreiras de contenção secundárias se referem às medidas externas</p><p>adotadas nos laboratórios, desde o seu projeto de construção até a combinação</p><p>do projeto e do desenvolvimento das práticas operacionais. Cabe salientar</p><p>que os laboratórios que trabalham com os agentes de riscos que vão de 1 a 4</p><p>necessitam aplicar normas para o trabalho em contenção, cujo nível é deter-</p><p>minado pelo agente da maior classe de risco presente no ambiente. Considera-</p><p>-se que existem quatro níveis de biossegurança: NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4</p><p>(SCHWANKE, 2013).</p><p> Nível de biossegurança 1 (NB-1): é aplicado aos laboratórios que</p><p>utilizam agentes biológicos de classe 1. São laboratórios apropriados</p><p>para treinamento educacional e devem prezar por todas as boas práticas</p><p>laboratoriais, avaliando o uso de capela de segurança química e capelas</p><p>de segurança biológica.</p><p> Nível de biossegurança 2 (NB-2): é aplicado aos laboratórios que</p><p>utilizam agentes biológicos de classe 2. São laboratórios de análises</p><p>clínicas e clínicas-escolas, os quais utilizam sangue humano, líquidos</p><p>corporais, tecidos ou linhagens celulares. Os agentes infecciosos são</p><p>de magnitude de gravidade moderada, para a comunidade, e gravidade</p><p>variável, para uma patologia humana. O uso de autoclave é necessário</p><p>nesse tipo de laboratório, considerando que é preciso descontaminar</p><p>todos os materiais e resíduos gerados no NB-2.</p><p> Nível de biossegurança 3 (NB-3): é aplicado aos laboratórios que</p><p>desenvolvem trabalhos com agentes de classe de risco 3 e a serviços</p><p>de diagnóstico especializados e pesquisas. Esse laboratório deve ser</p><p>registrado junto às autoridades sanitárias brasileiras. Esse nível de</p><p>biossegurança também exige uma construção específica, em que todos</p><p>os procedimentos sejam realizados em cabines de segurança biológi-</p><p>cas, utilizando EPIs e EPCs específicos. Também deve-se considerar</p><p>o uso de máscaras de proteção respiratória e de ar. O controle rígido</p><p>das operações, inspeções e manutenções de equipamentos deve ser</p><p>mantido. O trabalhador deve receber treinamento específico para os</p><p>procedimentos de segurança para manipular esses agentes.</p><p> Nível de biossegurança 4 (NB-4): é aplicado aos laboratórios que</p><p>necessitam de edificações construídas separadamente, em zonas comple-</p><p>tamente isoladas, apresentando características de projeto e sistemas de</p><p>Biossegurança e bioética8</p><p>50 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>engenharia voltados para prevenção da disseminação de agentes no meio</p><p>ambiente. Por manipular agentes de alta patogenicidade e perigosos,</p><p>esses laboratórios só devem funcionar com autorização e fiscalização</p><p>das respectivas autoridades sanitárias. Os laboratórios NB-3 E NB-4</p><p>do tipo “cabine” ou de “vestimentas de pressão positiva” devem conter</p><p>as instalações de autoclaves para descontaminação dos EPIs e de outros</p><p>materiais a serem reutilizados, assim como uma autoclave específica</p><p>para o pré-tratamento de resíduos provenientes dessas instalações.</p><p>Assim, esses materiais serão descartados e encaminhados para uma</p><p>área de armazenamento temporário e serão mantidos até o transporte</p><p>para uma estação de tratamento e disposição final. Nesse nível de bios-</p><p>segurança, deve adotar-se vestimentas de pressão negativa e macacões</p><p>ventilados com sistema de respiração auxiliar conectados a sistemas</p><p>de emergência sempre que os agentes biológicos de classe de risco 4</p><p>forem manipulados fora das cabines de seguranças biológicas classe III.</p><p>Quando clinicamente é revelado que um problema provavelmente é tratável e quando</p><p>o raciocínio de risco/benefício tendência em direção a uma intervenção, os princípios</p><p>de bene�cência e não male�cência necessitam de uma aplicação médica coerente.</p><p>Bioética na biotecnologia</p><p>Com o desenvolvimento</p><p>exponencial da biotecnologia, várias preocupações</p><p>dos pesquisadores e da sociedade em geral surgiram. Dentre elas, pode-se</p><p>enfatizar a necessidade de se educar cientifi camente a sociedade para dar-lhe</p><p>condições de se posicionar acerca das demandas científi co-tecnológicas atuais</p><p>(BONIS; COSTA, 2009).</p><p>A ideia de manipular o genoma tornou real a possibilidade de o homem,</p><p>laboratorialmente, interferir na natureza, deixando de ser apenas uma ficção</p><p>futurista, pois a clonagem de animais, por exemplo, já é feita em laboratórios.</p><p>A engenharia genética, tendencialmente, apresenta um progresso rápido e, com</p><p>ele, maior será sua condição de manipular a espécie humana. Logo, o progresso</p><p>nas pesquisas acerca da manipulação das características humanas apresenta</p><p>dois lados; sob um panorama, poderá fornecer benefícios fantásticos, como a</p><p>9Biossegurança e bioética</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Biossegurança e Bioética | PARTE 4 51</p><p>cura das doenças genéticas, porém, como todas as técnicas, há a possibilidade</p><p>seus usos indevidos, como, por exemplo, o da energia atômica (RASKIN, 1995).</p><p>Antigamente, reformadores sociais progressistas apresentavam uma visão</p><p>obcecada pela eugenia em um senso errôneo embasado no desejo de melhorar</p><p>a raça humana por meio da reprodução seletiva. O que funcionava bem com</p><p>animais mostra-se como um pensamento falho para nós, seres humanos, em</p><p>selecionar a partir dos melhores espécimes. Esse pensamento deve ser refletido</p><p>em relação ao uso indevido da manipulação de características humanas, pois,</p><p>quando nos deparamos com a intolerância em torno da variabilidade humana</p><p>natural, muitos questionamentos vêm à tona (RACHELS, 2014).</p><p>No Brasil, a fertilização in vitro e a manipulação do genoma já estão em</p><p>progresso no sentido da prevenção de doenças genéticas. Os pesquisadores em</p><p>reprodução humana e genética médica acreditam que, no futuro, as técnicas</p><p>serão utilizadas para além do diagnóstico, atuando na prevenção e na cura</p><p>dessas patologias (RASKIN, 1995).</p><p>Valorizar a biossegurança e a bioética é essencial no contexto nacional</p><p>e deve ocorrer de forma efetiva e consistente, considerando que essas áreas</p><p>devem ser classificadas como estratégicas na educação científica (BONIS;</p><p>COSTA, 2009).</p><p>A Resolução nº. 21, de 15 de junho de 2018, dispõe sobre normas para atividades de</p><p>uso comercial de microorganismos geneticamente modificados e seus derivados. Para</p><p>saber mais, acesse o link a seguir.</p><p>https://goo.gl/ubL9je</p><p>Os laboratórios que trabalham com agentes de riscos de 1 a 4 necessitam aplicar</p><p>normas para o trabalho em contenção, e o nível é determinado pelo agente da maior</p><p>classe de risco presente. Por exemplo, em um laboratório em que são manipulados</p><p>agentes das classes de risco 2 e 3, o nível de contenção que deve ser adotado deverá</p><p>ser o nível de contenção 3.</p><p>Biossegurança e bioética10</p><p>52 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>BONIS, M.; COSTA, M. A. F. Educação em biossegurança e bioética: articulação necessária</p><p>em biotecnologia. Ciência e saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 6, p. 2107-2114, dez.</p><p>2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-</p><p>-81232009000600017&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 19 out. 2018.</p><p>BRUNO, A. N. (Org.). Biotecnologia I: princípios e métodos. Porto Alegre: Artmed, 2015.</p><p>CRISOSTOMO, A. L. et al. Ética. Porto Alegre: SAGAH, 2018.</p><p>ESTRELA, C. Metodologia científica: ciência, ensino, pesquisa. 3. ed. Porto Alegre: Artes</p><p>Médicas, 2018.</p><p>GRAY, D. E. Pesquisa no mundo real. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2012.</p><p>RACHELS, J. A coisa certa a fazer: leituras básicas sobre filosofia moral. 6. ed. Porto</p><p>Alegre: Artmed, 2014.</p><p>RASKIN, S. Ética e genética. Educar em revista, Curitiba, n. 11, p. 27-32, dez. 1995.</p><p>Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-</p><p>-40601995000100005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 19 out. 2018.</p><p>ROVIDA, T. A. S.; GARBIN, C. A. S. Noções de odontologia legal e bioética. Porto Alegre:</p><p>Artes Médicas, 2013.</p><p>SCHWANKE, C. Ambiente: conhecimentos e práticas. Porto Alegre: Bookman, 2013.</p><p>STAPENHORST, F. F. et al. Bioética e biossegurança aplicada. Porto Alegre: SAGAH, 2017.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>BRASIL. Lei nº. 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o</p><p>do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos</p><p>de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados</p><p>– OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestru-</p><p>tura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política</p><p>Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei nº. 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a</p><p>Medida Provisória nº. 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e</p><p>16 da Lei nº. 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Brasília, DF,</p><p>2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/</p><p>L11105.htm>. Acesso em: 19 out. 2018.</p><p>JONSEN, A. R.; SIEGLER, M.S.; WINSLADE, W. J. Ética clínica: abordagem prática para</p><p>decisões éticas na medicina clínica. 7. ed. Porto Alegre: Penso, 2012.</p><p>RODRIGUES, W. G. et al. Ética geral e jurídica. Porto Alegre: SAGAH, 2018.</p><p>11Biossegurança e bioética</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Biossegurança e Bioética | PARTE 4 53</p><p>ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO</p><p>PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.</p><p>PREZADO ESTUDANTE</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Segurança no laboratório e primeiros socorros18</p><p>Conceitos de Biossegurança</p><p>em Laboratórios</p><p>Prezado estudante,</p><p>Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com</p><p>cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto</p><p>possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você,</p><p>com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.</p><p>Objetivo Geral</p><p>Compreender as condutas de biossegurança em laboratórios.</p><p>unidade</p><p>2</p><p>V.1 | 2023</p><p>Parte 1</p><p>Biossegurança em Laboratórios</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>é disponibilizado</p><p>por SAGAH.</p><p>unidade</p><p>2</p><p>V.1 | 2023</p><p>58 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Biossegurança em</p><p>laboratórios</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Conceituar biossegurança e os seus objetivos.</p><p> Reconhecer a importância da biossegurança nas práticas laboratoriais.</p><p> Conhecer os procedimentos de Boas Práticas em Laboratórios.</p><p>Introdução</p><p>Prevenir a transmissão de agentes infecciosos, dentre outros produtos</p><p>nocivos à saúde humana, é o grande problema de segurança laborato-</p><p>rial. A Biossegurança é um conjunto de ações voltadas para prevenção,</p><p>minimização e eliminação de riscos para a saúde, ajuda na proteção do</p><p>meio ambiente contra resíduos e na conscientização do profissional da</p><p>saúde. Para isso, estabelecem as condições seguras para a manipulação</p><p>e a contenção de agentes biológicos, incluindo: os equipamentos de</p><p>segurança, as técnicas e práticas de laboratório, a estrutura física dos</p><p>laboratórios, além da gestão administrativa.</p><p>Neste capítulo, você vai conhecer procedimentos voltados a Biosse-</p><p>gurança, incluindo a higienização correta das mãos e o gerenciamento</p><p>de resíduos e verificar a importância dessas ações na prática laboratorial.</p><p>Biossegurança</p><p>A biossegurança é um conjunto de medidas voltadas para a prevenção, o</p><p>controle, a minimização ou a eliminação dos riscos presentes</p><p>nas atividades</p><p>de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de</p><p>serviços que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, além da</p><p>preservação do meio ambiente e/ou da qualidade dos trabalhos desenvolvidos.</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Biossegurança em Laboratórios | PARTE 1 59</p><p>A biossegurança tem papel fundamental na promoção da saúde, uma vez</p><p>que aborda medidas de controle de infecção para a proteção dos funcionários</p><p>que atuam na rede laboratorial, além de colaborar para a preservação do meio</p><p>ambiente, no que se refere ao descarte de resíduos proveniente desse ambiente,</p><p>contribuindo para a redução de riscos à saúde.</p><p>Os procedimentos de biossegurança visam diminuir os riscos, melhorando,</p><p>dessa forma, as condições de trabalho com o intuito de prevenir os acidentes.</p><p>O cumprimento das boas práticas no ambiente de trabalho, o empenho da</p><p>equipe de segurança, associado às instalações adequadas, é essencial para a</p><p>redução de eventos indesejáveis nos ambientes de trabalho.</p><p>O comportamento dos usuários de um laboratório é determinante para o</p><p>sucesso dos procedimentos nele desenvolvidos. As boas práticas em laboratório</p><p>são apresentadas como forma de minimizar os riscos e aumentar a segurança</p><p>dos colaboradores, dos professores e dos alunos que utilizam os laboratórios</p><p>e devem ser observadas e seguidas por todos. Vejamos algumas:</p><p> Permanecer no laboratório somente com uso de avental branco devi-</p><p>damente abotoado, sapatos fechados e calça comprida.</p><p> Não levar nada à boca, nariz ou olhos.</p><p> Não inspirar (cheirar) nenhuma substância ou material exposto.</p><p> Ter um comportamento adequado para evitar danos e/ou acidentes</p><p>dentro do laboratório.</p><p> Manter os cabelos longos presos durante os trabalhos.</p><p> Manter as unhas limpas e curtas, não ultrapassando a ponta dos dedos.</p><p> Usar o mínimo possível de joias e adereços. Não são usados anéis que</p><p>contenham reentrâncias, incrustações de pedras, assim como não se</p><p>usa pulseiras e colares que possam tocar as superfícies de trabalho,</p><p>vidrarias ou pacientes.</p><p> Não fumar, não comer e não beber no local de trabalho onde há qualquer</p><p>agente patogênico.</p><p> Não estocar comida ou bebida no laboratório.</p><p> Ao sair do laboratório, verificar se tudo está em ordem. Caso for o último</p><p>a sair, desligar os equipamentos e as luzes, exceto quando indicado</p><p>pelas normas do laboratório.</p><p> Retirar o jaleco ou avental antes de sair do laboratório. Aventais devem</p><p>ter seu uso restrito ao laboratório.</p><p> Usar óculos de segurança, visores ou outros equipamentos de proteção</p><p>facial sempre que houver risco de espirrar material infectante ou de</p><p>contusão com algum objeto.</p><p>Biossegurança em laboratórios208</p><p>60 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>As luvas devem ser usadas em todos os procedimentos que envolverem o</p><p>contato direto da pele com toxinas, sangue, materiais infecciosos ou animais</p><p>infectados. As luvas devem ser removidas com cuidado para evitar a formação</p><p>de aerossóis:</p><p> trocar de luvas ao trocar de material;</p><p> não tocar o rosto com as luvas de trabalho;</p><p> não tocar com as luvas de trabalho em nada que possa ser manipulado</p><p>sem proteção, tais como maçanetas, interruptores, etc.;</p><p> não descartar luvas em lixeiras de áreas administrativas, banheiros, etc.</p><p>Higienização das mãos</p><p>O método de higienização das mãos também pode ser chamado de antissepsia,</p><p>a qual, por meio de agentes antimicrobianos, visa eliminar microrganismos.</p><p>O ato de lavar as mãos com água e sabão, pela técnica adequada, objetiva</p><p>remover mecanicamente a sujidade e a maioria da flora transitória da pele, além</p><p>de prevenir contra a infecção cruzada, que é desencadeada pela vinculação</p><p>de microrganismos de um paciente para outro, de paciente para profissional</p><p>e também de utensílios e objetos para o profissional ou cliente.</p><p>Quando lavar as mãos:</p><p>1. Ao iniciar o turno de trabalho;</p><p>2. Sempre depois de ir ao banheiro;</p><p>3. Antes e após o uso de luvas;</p><p>4. Antes de beber e comer;</p><p>5. Após a manipulação de material biológico e químico;</p><p>6. Ao final das atividades, antes de deixar o laboratório.</p><p>É importante ressaltar que o uso das luvas não dispensa a lavagem das</p><p>mãos antes e depois de realizar procedimentos. Após a lavagem das mãos</p><p>utiliza-se o álcool a 70% (Figura 1).</p><p>209Biossegurança em laboratórios</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Biossegurança em Laboratórios | PARTE 1 61</p><p>Gerenciamento de resíduos</p><p>O gerenciamento de resíduos, de acordo com a RDC 306, constitui-se por ser</p><p>um conjunto de normas, condutas e técnicas com o intuito de minimizar a</p><p>produção de resíduos, proporcionando um encaminhamento seguro, com isso,</p><p>protegendo a saúde pública, dos trabalhadores e do meio ambiente.</p><p>Tipos de resíduos</p><p>Grupo A – Infectantes</p><p>De acordo com a Resolução nº 306, de 07 de dezembro de 2004, da Agên-</p><p>cia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e a Resolução do Conselho</p><p>Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 358, de 29 de abril de 2005, que</p><p>dispõe sobre o tratamento e a disposição fi nal de resíduos de serviços de saúde</p><p>e dá outras providências, o Grupo A é classifi cado como: resíduo biológico –</p><p>infectante, que são “resíduos com a possível presença de agentes biológicos</p><p>Figura 1. Lavagem correta das mãos.</p><p>Fonte: Chaves (2016, p. 16).</p><p>Biossegurança em laboratórios210</p><p>62 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>que, por suas características de maior virulência ou concentração, possam</p><p>apresentar risco de infecção”.</p><p>Os resíduos devem ser acondicionados em sacos brancos, contendo o</p><p>símbolo universal de risco biológico de tamanho compatível com a quantidade.</p><p>Há um lacre próprio para o fechamento, sendo terminantemente proibido</p><p>esvaziar ou reaproveitar os sacos.</p><p>Exemplos de resíduos tipo A: luvas, toucas, algodão, gases, lençóis des-</p><p>cartáveis contaminados com material biológico.</p><p>Grupo B – Químicos</p><p>Resíduos químicos são aqueles que contêm substâncias químicas que podem</p><p>apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas</p><p>características de infl amabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.</p><p>Enquadram-se nessa categoria os seguintes grupos de compostos: ácidos</p><p>esfoliantes e suas respectivas embalagens, acetona,</p><p>Resíduos químicos líquidos não perigosos e soluções aquosas de sais</p><p>inorgânicos de metais alcalinos e alcalinos terrosos: NaCl, KCl, CaCl2, MgCl2,</p><p>Na2SO4, MgSO4 e tampões PO4</p><p>3-, não contaminados com outros produtos,</p><p>podem ser descartados diretamente na rede de esgoto, respeitando-se os limites</p><p>estabelecidos nos decretos estaduais nº 8.468/1976 e nº 10.755/1997. Resíduos</p><p>químicos líquidos perigosos são materiais que não foram misturados com outras</p><p>substâncias e devem ser mantidos nas embalagens originais. Na impossibilidade</p><p>da utilização da embalagem original e para acondicionar misturas, deverão</p><p>ser usados galões e bombonas de plástico rígido, resistentes e estanques, com</p><p>tampa rosqueada e vedante fornecidos aos laboratórios.</p><p>Grupo D – Comuns</p><p>Resíduos comuns são aqueles que não apresentam risco biológico, químico</p><p>ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos</p><p>resíduos domiciliares. Exemplos: plásticos, papel, papelão e metais que não</p><p>contenham sujidade biológica.</p><p>O lixo comum, como o das copas, dos escritórios e também dos laboratórios,</p><p>desde que não estejam contaminados por produtos químicos, radioativos ou</p><p>materiais infectantes, devem ser acondicionados em sacos pretos, identificados</p><p>com etiqueta para resíduo comum.</p><p>211Biossegurança em laboratórios</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Biossegurança em Laboratórios | PARTE 1 63</p><p>Grupo E – Perfurocortantes</p><p>São materiais perfurocortantes ou escarifi cantes, tais como: lâminas de bar-</p><p>bear, agulhas, seringas com agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas,</p><p>lâminas de bisturi e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório.</p><p>Todos os materiais, limpos</p><p>ou contaminados por resíduo infectante, deverão</p><p>ser acondicionados em recipientes com tampa, rígidos e resistentes à punctura,</p><p>ruptura e vazamento.</p><p>Em geral, são utilizadas caixas tipo descartex e descarpack.</p><p>Conforme orientação da ANVISA, RDC n° 306, de 07 de dezembro de</p><p>2004, não é recomendado reencapar nem desacoplar agulhas da seringa para</p><p>descarte.</p><p>Estrutura física do laboratório:</p><p> O laboratório deve ser amplo para permitir o trabalho com segurança</p><p>e para facilitar a limpeza e a manutenção.</p><p> Paredes, tetos e chão devem ser fáceis de limpar, impermeáveis a lí-</p><p>quidos e resistentes aos agentes químicos propostos para sua limpeza</p><p>e desinfecção.</p><p> Cada laboratório deverá conter uma pia para lavagem das mãos que fun-</p><p>cione automaticamente ou que seja acionada com o pé ou com o joelho.</p><p> É recomendável que a superfície das bancadas seja impermeável à água</p><p>e resistente ao calor moderado.</p><p> Os móveis do laboratório deverão ser capazes de suportar cargas e</p><p>usos previstos. As cadeiras e os outros móveis utilizados devem ser</p><p>cobertos com material que não seja tecido e que possa ser facilmente</p><p>descontaminado.</p><p> Mesa auxiliar (carrinho) com superfície lisa e lavável para acomodar</p><p>bandeja forrada com papel toalha para os materiais de uso.</p><p> Macas com superfície lisa ou lavável, forrada de lençol TNT ou papel</p><p>branco (resistente). Todos os materiais descartáveis devem ser trocados</p><p>a cada cliente.</p><p> Iluminação deve ser adequada para todas as atividades.</p><p> As áreas do ambiente de laboratório devem ser adequadamente sina-</p><p>lizadas de forma a facilitar a orientação dos usuários, advertir quanto</p><p>aos riscos existentes e restringir o acesso de pessoas não autorizadas.</p><p>Biossegurança em laboratórios212</p><p>64 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Segurança com produtos químicos:</p><p> Antes de manusear um produto químico, é necessário conhecer suas</p><p>propriedades e o grau de risco a que se está exposto.</p><p> Ler o rótulo no recipiente ou na embalagem, observando a classificação</p><p>quanto ao tipo de risco que oferece.</p><p> Nunca deixar frascos contendo solventes orgânicos próximos à chama,</p><p>como, por exemplo, álcool, acetona, éter, etc.</p><p> Evitar contato de qualquer substância com a pele.</p><p> Ser cuidadoso ao manusear as substâncias corrosivas.</p><p> Não jogar nas pias os materiais sólidos ou os líquidos que possam</p><p>contaminar o meio ambiente. Usar o sistema de gerenciamento de</p><p>resíduos químicos.</p><p> Realizar o manuseio e o transporte de vidrarias e de outros materiais</p><p>de forma segura.</p><p> Manipular as substâncias inflamáveis com extremo cuidado, evitando-</p><p>-se a proximidade de equipamentos e fontes geradoras de calor. O uso</p><p>de equipamentos de proteção individual, como óculos de proteção,</p><p>máscara facial, luvas, aventais e outros durante o manuseio de produtos</p><p>químicos, é obrigatório.</p><p> Nunca cheirar diretamente e nem provar qualquer substância utilizada</p><p>ou produzida nos tubos de ensaios.</p><p>Procedimento de higienização de materiais:</p><p> Limpeza – processo em que a remoção das sujidades das superfícies e</p><p>dos objetos é realizada com aplicação de água, detergente e ação me-</p><p>cânica, realizada obrigatoriamente antes da desinfecção e esterilização</p><p>afim de se obter melhor eficácia dos processos.</p><p> Desinfecção – processo pelo qual a maioria dos microrganismos são</p><p>destruídos, com exceção dos esporos bacterianos, sendo realizada após</p><p>a limpeza. Para essa etapa, podem ser utilizados o hipoclorito, o álcool</p><p>70%, o formaldeído e os fenóis pro meio da fricção deste na superfície.</p><p> Esterilização – processo de destruição de todas as formas de vida</p><p>microbiana diante da aplicação de agentes químicos ou físicos. Um</p><p>método bastante utilizado e de grande eficácia na destruição dos mi-</p><p>crorganismos é a esterilização por temperatura realizada em autoclave.</p><p>213Biossegurança em laboratórios</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Biossegurança em Laboratórios | PARTE 1 65</p><p>São princípios que norteiam qualquer procedimento de higienização eficaz:</p><p> limpar no sentido da área mais limpa para a mais suja;</p><p> limpar da área menos contaminada para a mais contaminada;</p><p> limpar de cima para baixo (ação da gravidade);</p><p> remover as sujidades sempre no mesmo sentido e direção.</p><p>O Ministério da Saúde classifica como artigos críticos os instrumentos de</p><p>natureza perfurocortante (alicates de cutículas, brincos, agulhas de tatuagem,</p><p>piercing, navalhas, entre outros) que podem ocasionar a penetração por meio</p><p>da pele e das mucosas e, portanto, necessitam de esterilização após o uso para</p><p>se tornarem livres de quaisquer microrganismos capazes de transmitir doença.</p><p>Os artigos não críticos de uso permanente, como tigelas de vidro, plástico</p><p>ou de aço inox, usadas para colocar água destinada ao amolecimento de</p><p>cutículas das unhas das mãos ou pés, devem ser lavadas com água e sabão a</p><p>cada atendimento e fazer uso de protetores plásticos, descartáveis, para cada</p><p>cliente. Caso não utilize o protetor plástico descartável, esses utensílios devem</p><p>ser desinfetados.</p><p>Cuidados básicos:</p><p> Antes de atender novo cliente, a esteticista deve realizar a assepsia dos</p><p>equipamentos e acessórios, conforme orientação do fabricante.</p><p> Para instrumentos que tenham contato com sangue ou secreções, como</p><p>cureta ou pinça, é preciso fazer a descontaminação.</p><p>Para os procedimentos denominados não invasivos, como limpeza de</p><p>pele, drenagem linfática, estimulação russa e bronzeamento artificial a jato,</p><p>é imprescindível:</p><p> Ser realizado por esteticista, devendo estar afixado em local visível no</p><p>estabelecimento o certificado de qualificação.</p><p> Utilizar produtos que contenham no rótulo: nome do produto; marca;</p><p>nº do lote; prazo de validade; conteúdo; país de origem; fabricante/</p><p>importador; composição; finalidade de uso; e nº de registro no órgão</p><p>competente do Ministério da Saúde.</p><p>Biossegurança em laboratórios214</p><p>66 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p> Utilizar produtos manipulados em farmácias somente quando for de-</p><p>vidamente prescrito por médico.</p><p> Possuir manual de instrução dos aparelhos, notificação de isenção de</p><p>registro no órgão competente do Ministério da Saúde e registro de</p><p>manutenção preventiva e corretiva do aparelho, conforme orientação</p><p>do fabricante.</p><p>Equipamentos</p><p>Todos os equipamentos devem possuir registro no órgão competente do Minis-</p><p>tério da Saúde, sendo observadas suas restrições de uso. Além disso, é preciso</p><p>dispor de programa de manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos,</p><p>mantendo os registros atualizados.</p><p>A higienização dos equipamentos de ventilação artificial deve atender às</p><p>orientações do fabricante.</p><p>215Biossegurança em laboratórios</p><p>BRASIL. Agência Nacional de vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 306, de 7 de dezem-</p><p>bro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos</p><p>de serviços de saúde. Brasília, DF, 2004. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/</p><p>documents/33880/2568070/res0306_07_12_2004.pdf/95eac678-d441-4033-a5ab-</p><p>f0276d56aaa6>. Acesso em: 09 out. 2017.</p><p>BRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº 358, de 29 de abril de 2005.</p><p>Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e</p><p>dá outras providências. Brasília, DF, 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/</p><p>port/conama/res/res05/res35805.pdf>. Acesso em: 09 out. 2017.</p><p>CHAVES, M. J. F. Manual de biossegurança e boas práticas laboratoriais. fev. 2016. Dis-</p><p>ponível em: <https://genetica.incor.usp.br/wp-content/uploads/2014/12/Manual-</p><p>-de-biosseguran%C3%A7a-e-Boas-Pr%C3%A1ticas-Laboratoriais1.pdf>. Acesso em:</p><p>09 out. 2017.</p><p>SÃO PAULO. Governo do Estado. Decreto nº 8.468, de 08 de setembro de 1976. São Paulo,</p><p>1976. Disponível em: <http://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/legislacao/estadual/</p><p>decretos/1976_Dec_Est_8468.pdf>. Acesso em: 09 out. 2017.</p><p>SÃO PAULO. Governo do Estado. Decreto nº 10.755, de 22 de novembro de 1977. São</p><p>Paulo, 1977. Disponível em: <http://www.sigrh.sp.gov.br/arquivos/enquadramento/</p><p>Dec_Est_10755.pdf>. Acesso em: 09 out. 2017.</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Biossegurança em Laboratórios | PARTE 1 67</p><p>ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO</p><p>PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.</p><p>PREZADO ESTUDANTE</p><p>PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA 68</p><p>Parte 2</p><p>Métodos de Limpeza, Desinfecção</p><p>e Esterilização de Materiais</p><p>Laboratoriais e Hospitalares</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>é disponibilizado</p><p>por SAGAH.</p><p>unidade</p><p>2</p><p>V.1 | 2023</p><p>70 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Métodos de limpeza,</p><p>desinfecção e esterilização</p><p>de materiais laboratoriais</p><p>e hospitalares</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Descrever os processos de limpeza de ambientes laboratoriais e</p><p>hospitalares.</p><p> Diferenciar os tipos de técnicas de desinfecção de materiais.</p><p> Identificar os diferentes tipos de técnicas de esterilização.</p><p>Introdução</p><p>As técnicas de limpeza e esterilização são imprescindíveis para o controle</p><p>de infecções, pois é pelo seu uso que garantimos a completa eliminação</p><p>dos agentes biológicos que podem contaminar produtos e materiais.</p><p>Os procedimentos realizados no ambiente de serviços de saúde, na sua</p><p>maior parte, necessitam de instrumentos que entram em contato direto</p><p>com vários pacientes e fluidos corporais.</p><p>Neste capítulo, você vai estudar a importância da limpeza e da de-</p><p>sinfecção do ambiente, as técnicas de desinfecção de materiais e os</p><p>processos de esterilização.</p><p>Processos de limpeza de ambientes</p><p>laboratoriais e hospitalares</p><p>Os ambientes que prestam serviços à saúde, sejam eles hospitais, laboratórios</p><p>clínicos ou experimentais e clínicas particulares, concentram, no mesmo local,</p><p>pessoas, equipamentos, livros, vidrarias e inúmeros outros materiais. Sendo</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Métodos de Limpeza, Desinfecção e Esterilização de Materiais Laboratoriais e Hospitalares | PARTE 2 71</p><p>Métodos de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais laboratoriais e hospitalares</p><p>assim, a limpeza e a higienização devem ser executadas rigorosamente e com</p><p>cuidados especiais.</p><p>De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a</p><p>limpeza e a higienização do ambiente fazem parte dos critérios mínimos para</p><p>a qualidade e o funcionamento adequado dos locais que oferecem atendimento</p><p>à saúde. Um dos principais fatores que justificam tamanha importância das</p><p>técnicas de limpeza e higienização desses ambientes é a grande rotatividade de</p><p>pessoas, o que, claramente, acontece em inúmeros locais, desde lojas, shoppings</p><p>e restaurantes, porém, os indivíduos que fazem uso do serviço ali prestado</p><p>geralmente estão doentes, sendo assim, há, constantemente, a manipulação</p><p>de fluidos orgânicos potencialmente contaminados .</p><p>Os ambientes de saúde também são classificados de acordo com o risco.</p><p>Os ambientes críticos são aqueles com maior número de pacientes graves e</p><p>os que realizam procedimentos invasivos e análises de materiais orgânicos</p><p>potencialmente contaminados, tais como os centros cirúrgicos, os centros de</p><p>terapia intensiva (CTI), os centros de esterilização, os centros de hemodiálise</p><p>e os laboratórios clínicos.</p><p>As áreas semicríticas são aquelas onde os pacientes internados estão e</p><p>onde o risco de infecção é menor, como, por exemplo, enfermarias quartos,</p><p>ambulâncias e ambulatórios. Por fim, são consideradas como áreas não críticas</p><p>todos os setores onde não existe risco de contaminação, como salas de reuniões</p><p>e refeitórios, por exemplo.</p><p>Durante o processo de limpeza do ambiente, o profissional deve utilizar</p><p>os equipamentos de proteção individual (EPIs) e coletiva (EPCs). Os EPIs</p><p>necessários são as luvas, as máscaras, os protetores oculares, o avental e os</p><p>sapatos fechados. O principal EPC que deve ser utilizado durante os procedi-</p><p>mentos de limpeza são as placas sinalizadoras (piso molhado/escorregadio).</p><p>Os processos de limpeza de superfícies em serviços de saúde envolvem</p><p>a limpeza concorrente (diária) e limpeza terminal. A limpeza concorrente é</p><p>aquela que deve ser realizada diariamente, com a finalidade de limpar e orga-</p><p>nizar o ambiente de trabalho, repor os insumos de consumo diário e separar e</p><p>organizar os materiais que serão processados para a esterilização. A limpeza</p><p>concorrente deve ser realizada em todas as superfícies horizontais de móveis</p><p>e equipamentos, portas, maçanetas, piso e instalações sanitárias. A limpeza</p><p>terminal não é muito utilizada fora de ambientes hospitalares e Unidades de</p><p>Pronto Atendimento (UPAs), pois é feita com máquinas de lavar piso e com</p><p>produtos químicos mais fortes.</p><p>2</p><p>72 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Métodos de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais laboratoriais e hospitalares</p><p>A limpeza dos pisos deve ser realizada diariamente e, sempre que ne-</p><p>cessário, primeiramente varrendo os resíduos existentes. Utilize um pano</p><p>embebido em água e sabão e sempre faça uso de dois baldes com água: um</p><p>contendo água limpa e produto e o outro com água apenas para o enxague</p><p>do pano, removendo, assim, o excesso de sujidade. Posteriormente, o produto</p><p>desinfetante, geralmente hipoclorito de sódio, deve ser aplicado em toda a</p><p>superfície do piso, fazendo uso de um pano limpo.</p><p>As bancadas devem ser higienizadas várias vezes ao dia, ao iniciar o turno</p><p>de trabalho, entre um paciente e outro e no final do dia. A limpeza profunda</p><p>das bancadas também é feita com o uso de água e sabão, seguida pela aplicação</p><p>de produto desinfetante, tal como uma solução alcoólica 70% ou hipoclorito</p><p>de sódio 1%. A maca e a mesa auxiliar utilizadas durante determinados pro-</p><p>cedimentos também devem ser devidamente desinfetadas no início do turno</p><p>de trabalho, entre um paciente e outro e no fim do dia. Essa desinfecção pode</p><p>ser realizada com a aplicação de solução alcoólica 70%, utilizando compressa</p><p>estéril ou gaze, sempre do local mais contaminado para o menos contaminado.</p><p>A limpeza do ambiente – piso, bancadas e equipamentos – deve ser realizada</p><p>de acordo com as normas de biossegurança adequadas. A limpeza sempre</p><p>deve ser realizada no sentido da área mais limpa em direção à mais suja e/ou</p><p>da mais contaminada para a menos contaminada. O movimento deve ser o</p><p>mesmo, sempre de cima para baixo e no mesmo sentido e direção, ou seja, se</p><p>você começar pelo lado superior esquerdo da área, o movimento será de trás</p><p>para frente e deve ser repetido na área adjacente àquela que foi higienizada.</p><p>Os movimentos circulares ou de vai e vem apenas espalham mais a sujeira,</p><p>portanto, evite utilizá-los durante a higienização do local.</p><p>Por fim, para contextualizar todas as informações abordadas neste capí-</p><p>tulo, recomenda-se que todo estabelecimento elabore e deixe disponível para</p><p>todos os funcionários um Manual de Rotinas e Procedimentos. Assim, todos</p><p>os procedimentos de limpeza, esterilização e outras recomendações estarão</p><p>padronizados e descritos passo a passo, melhorando a qualidade do serviço</p><p>prestado e reduzindo os riscos de biossegurança.</p><p>A escolha do processo de descontaminação deve se basear nas condições do estabe-</p><p>lecimento e na classificação do material que está sendo processado para esterilização.</p><p>3</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Métodos de Limpeza, Desinfecção e Esterilização de Materiais Laboratoriais e Hospitalares | PARTE 2 73</p><p>Métodos de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais laboratoriais e hospitalares</p><p>Métodos de desinfecção</p><p>O processo de esterilização de materiais tem grande impacto sobre o controle</p><p>de infecções nos ambientes de prestação de serviços de saúde. A exposição</p><p>contínua dos profi ssionais da saúde a agentes biológicos identifi cados já foi</p><p>amplamente descrita, entretanto, atualmente, é possível observar um relevante</p><p>aumento de patógenos resistentes a terapias convencionais.</p><p>Inicialmente, precisamos definir os termos que serão utilizados no texto a</p><p>seguir.</p><p>Quando falamos em assepsia, estamos referenciando o uso de produtos</p><p>químicos na pele ou em outros tecidos corporais, os quais têm como principal</p><p>objetivo a neutralização ou a eliminação de microrganismos potencialmente</p><p>contaminantes, mas sem ação esporicida (eliminação de esporos). Já o processo</p><p>de desinfecção se refere ao uso de métodos físicos ou de produtos químicos que</p><p>são capazes de destruir a maior parte dos microrganismos, entretanto esporos</p><p>bacterianos, fungos e vírus ainda podem resistir ao processo de desinfecção.</p><p>Sendo assim, o processo de desinfecção foi dividido em três categorias de</p><p>eficácia: alta, intermediária e baixa.</p><p>O processo de desinfecção de alta eficiência ocorre pela aplicação de</p><p>soluções germicidas capazes de eliminar todos os microrganismos, exceto os</p><p>esporos bacterianos maiores. A desinfecção intermediária também é realizada</p><p>com um agente germicida, o qual elimina todos os microrganismos, exceto</p><p>os endósporos bacterianos. A desinfecção de baixa eficácia é realizada com</p><p>agente germicida fraco que tem a capacidade de eliminar quase todas as</p><p>bactérias e todos os vírus envelopados.</p><p>O processo de esterilização é realizado com métodos físicos ou químicos</p><p>que eliminam todos os tipos de agentes biológicos, sejam eles bactérias, mi-</p><p>crobactérias, vírus não envelopados e fungos, juntamente com seus esporos.</p><p>O Sistema de Classificação de Spaulding, elaborado em 1972, categorizou</p><p>os equipamentos e os instrumentos que devem ser esterilizados ou desinfe-</p><p>tados de acordo com o risco de infecção para o paciente. A Classificação de</p><p>Spaulding é composta por três categorias de risco e ainda é utilizada para</p><p>determinar qual método deve ser escolhido e empregado.</p><p>De acordo com a Classificação de Spaulding (Figura 1), os objetos críticos</p><p>são aqueles que entram em contato direto com a corrente sanguínea ou outros</p><p>locais estéreis do corpo, tais como instrumentos cirúrgicos, cateteres, agulhas</p><p>e implantes. Esses materiais devem, obrigatoriamente, passar pelo processo</p><p>de esterilização.</p><p>4</p><p>74 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Métodos de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais laboratoriais e hospitalares</p><p>Já os objetos semicríticos são aqueles que entram em contato com mucosas</p><p>intactas, sem perfuração cutânea, tais como endoscópios e tubos endotraqueais.</p><p>Esses materiais devem ser esterilizados ou altamente desinfetados. Por fim,</p><p>os objetos não críticos são aqueles que não entram em contato com o paciente</p><p>ou entram em contato apenas com a pele íntegra. Os materiais não críticos</p><p>podem ser higienizados e desinfetados com soluções germicidas intermediárias</p><p>ou apenas com água e sabão. Garrotes para coleta de sangue e mobília são</p><p>classificados como objetos não críticos.</p><p>Conforme quase todos os procedimentos laboratoriais, as técnicas de este-</p><p>rilização também necessitam que o profissional tome precauções específicas</p><p>antes de iniciar o processo. Essas precauções garantem que as técnicas de</p><p>esterilização sejam realizadas corretamente, aumentando, dessa forma, a sua</p><p>eficácia. O uso de EPIs é obrigatório, independentemente da classificação do</p><p>material que seja esterilizado ou desinfetado. Portanto, você deve sempre con-</p><p>siderar que o material está contaminado, estando ele visivelmente sujo ou não.</p><p>Todos os materiais devem ser lavados com água corrente, fazendo uso</p><p>de fricção mecânica e de uma esponja ou pano com sabão. Somente após</p><p>esse processo de lavagem o material pode ser enviado para esterilização ou</p><p>desinfecção. A padronização da técnica com Protocolos Operacionais Padrão</p><p>(POPs) é recomendada, principalmente em relação ao local onde o material</p><p> Objetos que não entram em contato direto com o paciente ou</p><p>apenas entram em contato com a pele íntegra.</p><p> Garrotes para coleta de sangue, termômetros, móveis.Não-críticos</p><p> Objetos que entram em contato com mucosas intactas, sem</p><p>pergurar a pele.</p><p> Endoscópios e tubos endotraqueais.Semi-críticos</p><p> Diretamente introduzidos na corrente sanguínea ou outras regiões</p><p>estéreis do corpo.</p><p> Instrumentos cirúrgicos, cateteres e implantes.Críticos</p><p>Figura 1. Esquema da classificação de Spaulding.</p><p>5</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Métodos de Limpeza, Desinfecção e Esterilização de Materiais Laboratoriais e Hospitalares | PARTE 2 75</p><p>Métodos de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais laboratoriais e hospitalares</p><p>será lavado, ou seja, em uma pia específica para essa tarefa ou dentro de algum</p><p>recipiente apropriado. Também é possível utilizar máquinas de limpeza com</p><p>jatos de água quente ou máquinas de ultrassom com detergentes em vez de</p><p>fricção mecânica, porém, essas técnicas de limpeza geralmente ficam restritas</p><p>ao ambiente hospitalar.</p><p>O processo de descontaminação pode ser realizado de várias maneiras</p><p>diferentes, desde fricção mecânica com produtos específicos, imersão completa</p><p>em água em ebulição durante 30 minutos ou até mesmo autoclavagem prévia</p><p>do material ainda contaminado.</p><p>Após a limpeza e/ou a descontaminação, o material deve ser enxaguado</p><p>em água corrente e seco com um pano limpo, secadora de ar ou estufas.</p><p>Ao término de todas essas etapas, você então classificará o material como</p><p>crítico, semicrítico ou não crítico e, posteriormente, iniciará o processo de</p><p>esterilização propriamente dito.</p><p>Precauções e recomendações sobre o uso do aparelho de autoclave:</p><p> O carregamento de materiais no autoclave não deve ultrapassar 2/3 da capacidade</p><p>do cesto.</p><p> A distribuição dos cestos deve ser feita de forma a garantir a circulação do vapor.</p><p> A autoclavação perde a eficiência se o vapor não atingir todos os materiais.</p><p> Não coloque hipoclorito de sódio no autoclave. Esse tipo de desinfetante é altamente</p><p>oxidante e sua associação com material orgânico em autoclave pode ser explosiva.</p><p>Técnicas de esterilização</p><p>Os ambientes laboratoriais precisam de procedimentos padronizados que</p><p>visem a garantir a segurança dos profi ssionais e de outras pessoas presentes</p><p>no ambiente. Recomenda-se que a higienização dos materiais tenha um POP</p><p>elaborado e disponível para todos os funcionários do local, permitindo, assim,</p><p>que o material seja sempre higienizado e esterilizado da mesma maneira.</p><p>Todos os objetos que entraram em contato direto com pacientes ou fl uidos</p><p>corporais necessitam, obrigatoriamente, da realização dos processos de limpeza</p><p>e esterilização.</p><p>6</p><p>76 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Métodos de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais laboratoriais e hospitalares</p><p>Os materiais podem ser esterilizados com as seguintes técnicas:</p><p> Técnicas de esterilização química;</p><p> Técnicas de esterilização física.</p><p>Técnicas de esterilização química</p><p>A esterilização química é realizada com soluções esterilizantes, geralmente</p><p>com a imersão do material contaminado dentro da solução. Tendo em vista que</p><p>produtos químicos fortes são utilizados durante o processo de esterilização</p><p>química, o profi ssional deve ser mais cuidadoso em relação ao manuseio do</p><p>material e jamais esquecer que colocar os EPIs adequados.</p><p>Ademais, a esterilização química requer cuidados prévios com o material</p><p>que será submetido ao processo. Isso se faz necessário devido ao fato de que</p><p>os objetos são devidamente esterilizados após a exposição ao produto químico,</p><p>portanto, as peças devem ser lavadas e secas rigorosamente para evitar que a</p><p>água presente na superfície do objeto altere a concentração do produto químico.</p><p>O material deve ser completamente imerso no agente químico e o recipiente</p><p>deve ficar fechado durante o tempo que o material ficará em contato com a</p><p>solução. É importante anotar a hora de início e de término do processo de</p><p>esterilização e, ao retirar o material da solução química, sempre utilizar luvas</p><p>estéreis. Após a remoção do material, este deve ser enxaguado com água</p><p>destilada ou deionizada, pois o contato com água corrente, ou até mesmo com</p><p>o soro fisiológico, pode oxidar o objeto. Por fim, deve-se</p><p>usar uma compressa</p><p>estéril para secar o material e o utilizar imediatamente.</p><p>Vários tipos de soluções químicas são utilizados no processo de este-</p><p>rilização, como o glutaraldeído, o ácido peracético (0,2%), o formaldeído,</p><p>entre outros, por exemplo, e podem ser citados. Entretanto, esses produtos</p><p>são altamente tóxicos, de difícil acesso, caros e exigem um longo período de</p><p>imersão para que o material seja corretamente esterilizado.</p><p>A desinfecção dos materiais é, geralmente, realizada com soluções alco-</p><p>ólicas ou com hipoclorito de sódio (1%), que são produtos de fácil acesso e</p><p>baratos. Porém, é importante citar que esses dois produtos agem apenas como</p><p>desinfetantes de baixa eficácia, sendo assim, utilizar apenas essas soluções</p><p>não garante a total esterilização dos materiais.</p><p>7</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Métodos de Limpeza, Desinfecção e Esterilização de Materiais Laboratoriais e Hospitalares | PARTE 2 77</p><p>Métodos de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais laboratoriais e hospitalares</p><p>Técnicas de esterilização física</p><p>As técnicas de esterilização física são aquelas que utilizam o calor em dife-</p><p>rentes formas ou alguns tipos de radiação durante o processo de esterilização</p><p>dos materiais.</p><p>Os materiais podem ser esterilizados com calor seco, ou seja, com uma</p><p>estufa (ou forno de Pasteur) pela exposição dos objetos a temperaturas de</p><p>170 °C durante 120 minutos. Os microrganismos presentes nos materiais são</p><p>eliminados pela sua oxidação e sua desidratação. Recomenda-se o calor seco</p><p>na esterilização de vidrarias, metais, óleos e substâncias em pó, uma vez que</p><p>são resistentes a altas temperaturas ou então poderiam oxidar caso fossem</p><p>esterilizados com o calor úmido. Os materiais cortantes não podem passar pelo</p><p>processo de esterilização com calor úmido, tendo que vista que, ao entrarem</p><p>em contato com o vapor, oxidariam e perderiam o fio.</p><p>Os materiais mais sensíveis, tais como produtos têxteis, plásticos ou em-</p><p>borrachados, não devem ser submetidos à esterilização com calor seco devido</p><p>à alta temperatura necessária. Além disso, esse processo requer maior tempo</p><p>de exposição do material à alta temperatura, pois age lentamente quando</p><p>comparado com o calor úmido.</p><p>A técnica de esterilização com calor úmido, também conhecida como</p><p>autoclavagem, é recomendada como tratamento para materiais classificados</p><p>como críticos, os quais são resistentes a altas temperaturas. Os materiais</p><p>semicríticos, quando sabidamente resistentes, também podem ser submetidos</p><p>ao processo de autoclavagem, tendo em vista que esta é uma técnica de baixo</p><p>custo e rápida.</p><p>Os equipamentos de autoclave esterilizam os materiais devido à presença</p><p>de vapor saturado sob pressão dentro da câmara do aparelho, o que consegue</p><p>desnaturar e coagular as proteínas dos microrganismos presentes nos objetos.</p><p>Durante essa técnica, o material fica exposto ao vapor sob pressão, a 121°C,</p><p>durante 15 minutos. Além do vapor saturado sob pressão, a presença de água</p><p>é um fator chave para a eliminação de todos os microrganismos, pois ela au-</p><p>xilia na destruição das membranas e das enzimas dos microrganismos, além</p><p>realizar a quebra das pontes de hidrogênio entre as moléculas orgânicas. Todos</p><p>esses fatores supracitados demonstram o porquê a técnica de autoclavagem é</p><p>o método mais eficaz para a esterilização completa dos materiais.</p><p>Depois de lavar e secar os materiais, eles devem ser acondicionados em</p><p>embalagens adequadas à técnica, e estas devem ser fechadas e estéreis, garan-</p><p>tindo, dessa forma, que o material continue esterilizado até o momento do uso.</p><p>No caso das autoclaves, a embalagem (invólucro) comumente utilizada é um</p><p>8</p><p>78 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Métodos de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais laboratoriais e hospitalares</p><p>filme de poliamida e papel kraft com pH de 5 a 8. Outros tipos de embalagens</p><p>também podem ser utilizadas, porém, são de baixo custo benefício ou têm</p><p>menor eficácia na manutenção da esterilidade do material.</p><p>Acesse o link a seguir e veja, passo a passo, como utilizar adequadamente um equi-</p><p>pamento de autoclave.</p><p>https://goo.gl/HbfMSh</p><p>1. Selecione a alternativa que</p><p>corresponde ao processo utilizado</p><p>para destruir todas as formas de</p><p>vida microbiana, por meio do uso</p><p>de agentes físicos e químicos.</p><p>a) Descontaminação.</p><p>b) Desinfecção.</p><p>c) Esterilização.</p><p>d) Fricção.</p><p>e) Limpeza.</p><p>2. Qual das alternativas a seguir é a</p><p>técnica física ou química que elimina</p><p>todos os microrganismos, com</p><p>exceção dos esporos bacterianos?</p><p>a) Degermação.</p><p>b) Oxidação.</p><p>c) Limpeza.</p><p>d) Esterilização.</p><p>e) Desinfecção.</p><p>3. Os procedimentos cujos materiais</p><p>contêm presença de saliva após seu</p><p>uso devem ser classificados como:</p><p>a) materiais ultracríticos.</p><p>b) materiais críticos.</p><p>c) materiais pouco críticos.</p><p>d) materiais não críticos.</p><p>e) materiais semicríticos.</p><p>4. Os materiais classificados</p><p>como críticos, ou seja, aqueles</p><p>que penetram na pele, nas</p><p>mucosas e nos tecidos devem</p><p>passar por qual processo?</p><p>a) Limpeza com água e sabão</p><p>seguida de solução alcoólica.</p><p>b) Esterilização apenas quando</p><p>houver evidência da presença de</p><p>microrganismos contagiosos.</p><p>c) Desinfecção de alta eficiência</p><p>ou esterilização devido ao risco</p><p>de transmissão de infecção.</p><p>d) Esterilização.</p><p>e) Lavagem com água e sabão e,</p><p>depois disso, serem colocados</p><p>em estufa para secar.</p><p>9</p><p>Métodos de limpeza, desinfecção e esterilização de materiais laboratoriais e hospitalares</p><p>BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Biossegurança. Revista Saúde Pública,</p><p>v. 39, n. 6, p. 989-991, dez. 2005.</p><p>BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Segurança do paciente em serviços de</p><p>saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Brasília, DF: Anvisa, 2010.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação-Geral</p><p>das Unidades Hospitalares Próprias do Rio de Janeiro. Orientações gerais para a Central</p><p>de Esterilização. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2001.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar. Pro-</p><p>cessamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde. 2. ed. Brasília, DF:</p><p>Ministério da Saúde, 1994. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publica-</p><p>coes/superficie.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2018.</p><p>HIRATA, M. H.; MANCINI-FILHO, J. M. Manual de biossegurança. 2. ed. São Paulo: Ma-</p><p>nole, 2012.</p><p>MASTROENI, M. F. Biossegurança aplicada a laboratórios e serviços de saúde. 2. ed. São</p><p>Paulo: Atheneu, 2005.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>5. A limpeza do ambiente de trabalho</p><p>tem como objetivo a remoção do</p><p>excesso de sujidade e/ou matéria</p><p>orgânica, reduzindo, assim,o número</p><p>de microrganismos presentes.</p><p>Qual medida é fundamental para a</p><p>limpeza do ambiente de trabalho?</p><p>a) Usar água e sabão.</p><p>b) Não realizar movimentos</p><p>circulares.</p><p>c) Iniciar a limpeza pelo chão</p><p>e depois pelas paredes.</p><p>d) Usar escovas em vez de panos.</p><p>e) Limpar da área menos</p><p>contaminada para a</p><p>mais contaminada.</p><p>10</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Métodos de Limpeza, Desinfecção e Esterilização de Materiais Laboratoriais e Hospitalares | PARTE 2 79</p><p>ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO</p><p>PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.</p><p>PREZADO ESTUDANTE</p><p>PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA 80</p><p>Parte 3</p><p>Conceitos Básicos de</p><p>Segurança Laboratorial</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>é disponibilizado</p><p>por SAGAH.</p><p>unidade</p><p>2</p><p>V.1 | 2023</p><p>82 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>> Descrever o conceito e as características de segurança do trabalho labo-</p><p>ratorial.</p><p>> Identificar as boas práticas e as normas de uso dos laboratórios.</p><p>> Reconhecer a importância das práticas de limpeza e de descontaminação</p><p>do laboratório.</p><p>Introdução</p><p>Laboratórios são considerados locais de risco porque expõem os pesquisado-</p><p>res, os técnicos e as demais pessoas que neles trabalham a diferentes agentes</p><p>potenciais causadores de danos à saúde, como produtos químicos, ruídos</p><p>e va-</p><p>por de substâncias que podem ser tóxicas, além de microrganismos que podem</p><p>apresentar algum grau de patogenicidade. Nesse contexto, conhecer os preceitos</p><p>de segurança laboratorial é imprescindível para evitar qualquer acidente e/ou</p><p>doença ocupacional que possa vir a ocorrer. De fato, a chance de ocorrência de</p><p>acidentes, na maioria dos casos, pode ser minimizada ou, até mesmo, eliminada</p><p>quando as medidas preventivas corretas são tomadas.</p><p>Neste capítulo, vamos apresentar as características da segurança laboratorial.</p><p>Especificamente, vamos tratar das boas práticas e das normas que precisam</p><p>ser seguidas, bem como dos procedimentos de higienização e descontaminação</p><p>Conceitos básicos</p><p>de segurança</p><p>laboratorial</p><p>Laís de Carvalho Vicente</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>> Descrever o conceito e as características de segurança do trabalho labo-</p><p>ratorial.</p><p>> Identificar as boas práticas e as normas de uso dos laboratórios.</p><p>> Reconhecer a importância das práticas de limpeza e de descontaminação</p><p>do laboratório.</p><p>Introdução</p><p>Laboratórios são considerados locais de risco porque expõem os pesquisado-</p><p>res, os técnicos e as demais pessoas que neles trabalham a diferentes agentes</p><p>potenciais causadores de danos à saúde, como produtos químicos, ruídos e va-</p><p>por de substâncias que podem ser tóxicas, além de microrganismos que podem</p><p>apresentar algum grau de patogenicidade. Nesse contexto, conhecer os preceitos</p><p>de segurança laboratorial é imprescindível para evitar qualquer acidente e/ou</p><p>doença ocupacional que possa vir a ocorrer. De fato, a chance de ocorrência de</p><p>acidentes, na maioria dos casos, pode ser minimizada ou, até mesmo, eliminada</p><p>quando as medidas preventivas corretas são tomadas.</p><p>Neste capítulo, vamos apresentar as características da segurança laboratorial.</p><p>Especificamente, vamos tratar das boas práticas e das normas que precisam</p><p>ser seguidas, bem como dos procedimentos de higienização e descontaminação</p><p>Conceitos básicos</p><p>de segurança</p><p>laboratorial</p><p>Laís de Carvalho Vicente</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Conceitos Básicos de Segurança Laboratorial | PARTE 3 83</p><p>que precisam ser realizados para garantir a segurança de quem trabalha nesse</p><p>ambiente.</p><p>Segurança do trabalho laboratorial</p><p>Em diferentes estabelecimentos ou empreendimentos, seja em universidades</p><p>ou indústrias, os laboratórios são locais de importância indiscutível, visto</p><p>que, neles, são realizadas análises fundamentais para o desenvolvimento de</p><p>pesquisas e de avaliações de matérias-primas ou de produtos. No entanto, há</p><p>uma série de riscos associados a esse ambiente de trabalho, sobretudo pela</p><p>exposição excessiva a agentes tóxicos causadores de doenças ocupacionais</p><p>e pelos agentes causadores de queimaduras e incêndios.</p><p>A maioria dos acidentes, porém, ocorre por falta de conhecimento, por ne-</p><p>gligência ou por imprudência do colaborador que está utilizando o laboratório</p><p>(AZZI, 2011). Dessa forma, é imprescindível conhecer os riscos e os perigos</p><p>inerentes ao trabalho em laboratório, bem como as medidas mitigatórias</p><p>que podem ser adotadas para garantir a segurança dos colaboradores que</p><p>nele atuam.</p><p>Riscos e perigos</p><p>Antes de mais nada, precisamos diferenciar risco de perigo. Apesar de serem,</p><p>muitas vezes, tratados como sinônimos, esses termos indicam condições</p><p>distintas (VIEIRA; SANTOS; MARTINS, 2008). Risco pode ser definido como a</p><p>chance de um efeito adverso trazer consequências ou danos, como lesão ou</p><p>morte — ou seja, indica uma probabilidade de ocorrência. Outra definição de</p><p>risco seria um resultado do efeito do perigo. Perigo é a condição que apresenta</p><p>potencial de causar ou promover algum tipo de lesão, dano ou levar à morte.</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial2</p><p>84 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Um bom exemplo para explicar risco e perigo no ambiente laboratorial</p><p>seria um reagente químico. O reagente consiste no perigo, visto</p><p>que, guardado em um armário no laboratório, não tem condição de provocar</p><p>qualquer tipo de dano à saúde. No entanto, a exposição de um colaborador a</p><p>esse reagente químico pode trazer riscos a sua saúde. Ou seja, o risco é o contato</p><p>ou longos períodos de exposição do colaborador ao reagente químico. Consiste</p><p>em um risco porque apresenta a chance de trazer consequências, como doença</p><p>ocupacional, por exemplo.</p><p>Entretanto, é necessário observar que o exemplo do reagente como perigo</p><p>só se aplica a reagentes que são armazenados adequadamente. Dependendo</p><p>do reagente, o acondicionamento incorreto pode torná-lo um risco iminente, a</p><p>exemplo de ácidos e de produtos inflamáveis.</p><p>Segundo a Norma Regulamentadora (NR) nº 9 (BRASIL, 1978), existem três</p><p>tipos de riscos ambientais:</p><p>1. físicos, como ruído, iluminação/cores, temperatura/umidade,</p><p>ventilação;</p><p>2. biológicos, que são os microrganismos em geral (bactérias, fungos,</p><p>vírus, bacilos, protozoários, parasitas);</p><p>3. químicos, reagentes, produtos químicos, produtos de limpeza.</p><p>Esses riscos podem trazer danos à saúde do trabalhador em função de</p><p>sua natureza, de sua concentração/intensidade e do tempo de exposição. No</p><p>entanto, no ambiente laboratorial, há os riscos listados na NR nº 9 somados</p><p>aos seguintes riscos (VIEIRA; SANTOS; MARTINS, 2008):</p><p>1. situacionais, como instalações, ferramentas, utensílios, máquinas,</p><p>equipamentos, operações;</p><p>2. ergonômicos, como postura inadequada, repetitividade, imposição de</p><p>rotina intensa e longos períodos em uma mesma posição;</p><p>3. humano e comportamental, decorrentes de falha humana, de</p><p>negligência.</p><p>Medidas de controle ou mitigatórias</p><p>Como os perigos e os riscos são inúmeros no ambiente laboratorial, é im-</p><p>prescindível conhecer as medidas necessárias para conter ou mitigar as</p><p>consequências danosas à saúde. Além disso, as atividades que são realizadas</p><p>demandam que o profissional tenha uma série de cuidados e boas práticas.</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial 3</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Conceitos Básicos de Segurança Laboratorial | PARTE 3 85</p><p>Nesse contexto, as medidas de controle ou mitigatórias devem ser rea-</p><p>lizadas tanto para proteção individual quanto coletiva. Os equipamentos</p><p>de proteção individual (EPIs) incluem jaleco ou avental, luvas, calçados de</p><p>segurança, protetores para a cabeça, máscaras e óculos (Figura 1). Já os equi-</p><p>pamentos de proteção coletiva (EPCs) incluem capela de segurança química,</p><p>cabines de segurança biológica, lava-olhos, salas com isolamento acústico,</p><p>chuveiro de emergência e extintores (Figura 2) (ESPÍRITO SANTO, 2019; UNIDADE</p><p>DE SAÚDE OCUPACIONAL E ACESSIBILIDADE [USOA], 2015).</p><p>Figura 1. Profissional em laboratório fazendo uso de diversos EPIs, como luvas, jaleco,</p><p>máscara, óculos e touca.</p><p>Fonte: Pressmaster/Shutterstock.com.</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial4</p><p>86 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Figura 2. Alguns EPCs utilizados em laboratório: (a) lava-olhos, (b) cabine de segurança com</p><p>exaustor e (c) cabine de segurança biológica.</p><p>Fonte: (a) mr.1/Freepick.com.; (b) Capela... (c2019, documento on-line); (c) SLBIIA2… ([2020?], do-</p><p>cumento on-line).</p><p>(a)</p><p>(b) (c)</p><p>Além disso, todas as medidas devem ser alinhadas e determinadas desde o</p><p>início da organização do trabalho, perfazendo todas as atividades realizadas</p><p>no ambiente laboratorial, até a parte de higiene e conforto. Portanto, as me-</p><p>didas a serem tomadas vão depender da natureza do risco, mas geralmente</p><p>incluem as seguintes (FONSECA, 2012).</p><p>� Substituição por matéria-prima, insumos ou reagentes que promovam</p><p>menos danos à saúde do colaborador, como reagentes menos tóxicos ou</p><p>voláteis, evitando-se reagentes com cromo, cádmio ou organoclorados.</p><p>� Isolamento do risco, como isolar acusticamente equipamentos ruidosos.</p><p>� Investimento em tecnologias, equipamentos e utensílios que promovam</p><p>a redução dos ricos associados.</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial 5</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Conceitos Básicos</p><p>de Segurança Laboratorial | PARTE 3 87</p><p>� Utilização de todos os equipamentos adequados para o manuseio de</p><p>componentes biológicos e químicos, como, por exemplo, cabines de</p><p>segurança com exaustor (Figura 2b).</p><p>� Opção sempre pela utilização de equipamentos que não promovam</p><p>dispersão de riscos ambientais ou contaminantes no ambiente labo-</p><p>ratorial, como a cabine de segurança biológica, a capela (Figura 2c), e</p><p>a cabine de segurança com exaustor (Figura 2b).</p><p>� Respeito aos requisitos ergonômicos para os diferentes tipos de tra-</p><p>balhos laboratoriais, como olhar no microscópio (Figura 3).</p><p>Figura 3. Postura correta para a utilização do microscópio no ambiente laboratorial visando</p><p>evitar problemas ergonômicos.</p><p>Fonte: Leica Microsystems.</p><p>� Fomento de ambientes mais cooperativos e mais conscientes sobre</p><p>a segurança no ambiente laboratorial, ou seja, de ambientes com</p><p>colaboradores que trabalham juntos tanto nas análises quanto nas</p><p>boas práticas e normas, sempre colocando a segurança de todos em</p><p>primeiro lugar.</p><p>� Ajustes na estrutura organizacional e nas jornadas de trabalho, visando</p><p>à adequação a à capacidade laboral do colaborador, ajustando tanto o</p><p>ambiente, em relação às disposição de bancadas e de equipamentos,</p><p>quanto o tempo de realização das atividades, visto que longas jornadas</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial6</p><p>88 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>de trabalho trazem inúmeros malefícios à saúde (como, por exemplo,</p><p>lesões por esforço repetitivo).</p><p>� Redução do tempo durante o qual os colaboradores ficam expostos aos</p><p>riscos, promovendo sistemas de escalas e rodízios sempre que possível.</p><p>Segundo a NR nº 6 do Ministério do Trabalho (BRASIL, 1978), que trata</p><p>sobre os EPIs e dá outras providências, a utilização de EPI é uma importante</p><p>medida de prevenção. Seu uso contribui para mitigar as chances de danos à</p><p>saúde, como a contaminação por material biológico, queimaduras por contato</p><p>com reagentes ou equipamentos de chamas e a inalação de qualquer tipo de</p><p>produto químico. No entanto, os EPIs não são capazes de eliminar os riscos.</p><p>Portanto, as medidas de controle ou mitigatórias visando proteger o indivíduo</p><p>são indicadas, obrigatoriamente, quando (FONSECA, 2012):</p><p>� a proteção coletiva não for suficiente ou viável (como, por exemplo,</p><p>trabalho realizado em bancada do laboratório);</p><p>� houver necessidade de complementação e de aumento da proteção</p><p>do indivíduo (ex.: casos de manuseio de material tóxico ou infectante);</p><p>� em trabalhos que demandam pouco tempo de realização.</p><p>O ideal é que os laboratórios tenham manuais de segurança, identificando</p><p>os riscos e os procedimentos e práticas indicadas para os mitigar ou eliminar,</p><p>se possível, assim como as medidas de controle a serem adotadas em caso</p><p>de acidentes. Nesses manuais, devem constar as instruções, as normas e</p><p>regras gerais, bem como condutas a serem adotadas, além de instruções</p><p>para uso de EPIs e EPCs. O uso desses equipamentos deve ser constante, e</p><p>os colaboradores devem ser orientados a respeito de sua correta utilização,</p><p>visando evitar acidentes, visto que a falta de conhecimento pode colocar a</p><p>vida de todos em risco (BRASIL, 1978; OLIVEIRA; SILVA, 2020).</p><p>Boas práticas e normas gerais</p><p>As boas práticas em laboratório (BPL) podem ser definidas como o conjunto</p><p>de ações realizadas visando promover a redução dos riscos inerentes ao</p><p>trabalho em laboratório. As boas práticas gerais incluem as seguintes (AZZI,</p><p>2011; FERREIRA et al., 2017; HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA</p><p>DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO [HC-FMUSP], 2015).</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial 7</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Conceitos Básicos de Segurança Laboratorial | PARTE 3 89</p><p>1. Todos os produtos químicos devem estar devidamente identificados</p><p>e armazenados (Figura 4).</p><p>2. Os EPIs devem ser utilizados apenas dentro do laboratório.</p><p>3. Os objetos pessoais devem ser guardados em armários próprios para</p><p>esse fim, não misturados com os demais materiais, equipamentos e</p><p>utensílios do laboratório.</p><p>4. Deve-se identificar todas as tomadas com a voltagem.</p><p>5. Deve-se evitar a circulação de pessoas estranhas, que não têm conhe-</p><p>cimento sobre as práticas de segurança laboratoriais.</p><p>6. Deve-se evitar o uso de celulares, de aparelhos de som, de televisão</p><p>ou de qualquer outro equipamento que possa desviar a atenção do</p><p>colaborador da tarefa a ser realizada.</p><p>7. Equipamentos de risco (como autoclaves, por exemplo) devem ser</p><p>acondicionados em locais seguros (Figura 5).</p><p>8. Deve-se utilizar corretamente os equipamentos e utensílios. Se não</p><p>souber manusear, leia o manual antes ou procure um colaborador</p><p>para auxílio.</p><p>9. É estritamente proibido fumar dentro do ambiente laboratorial, con-</p><p>forme legislação vigente.</p><p>Figura 4. Produtos químicos devidamente identificados e armazenados.</p><p>Fonte: Organização... (2017, documento on-line).</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial8</p><p>90 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Figura 5. Autoclave: equipamento de risco.</p><p>Fonte: Autoclave... ([2020?], documento on-line).</p><p>Além das boas práticas gerais, é importante frisar que as BPL englobam,</p><p>também, as boas práticas em higiene pessoal do colaborador que atua no</p><p>ambiente laboratorial (HC-FMUSP, 2015).</p><p>Boas práticas e normas de higiene</p><p>Boas práticas em higiene são imprescindíveis para todos os estabelecimentos,</p><p>incluindo os laboratórios. Nesse contexto, como boas práticas e normas</p><p>relativas à higiene, podemos citar as seguintes (OLIVEIRA; SILVA, 2020).</p><p>1. Optar sempre por sapatos fechados e cabelos presos (se necessário,</p><p>usar touca) (Figura 1).</p><p>2. Não comer, beber ou utilizar qualquer tipo de cosmético no ambiente</p><p>laboratorial.</p><p>3. Evitar adornos, como pulseiras, anéis, brincos, colares e relógios.</p><p>4. Evitar levar as mãos à boca ou aos olhos quando estiver manipulando</p><p>qualquer tipo de produto.</p><p>5. Manter sempre as unhas curtas e limpas.</p><p>6. Sempre higienizar as mãos antes de entrar no laboratório e após a</p><p>finalização da manipulação dos materiais, seguindo as normas de</p><p>biossegurança (Figura 6).</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial 9</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Conceitos Básicos de Segurança Laboratorial | PARTE 3 91</p><p>Figura 6. Higienização adequada seguindo as normas de biossegurança.</p><p>Fonte: HC-FMUSP (2015).</p><p>Boas práticas e normas na área analítica</p><p>Assim como para higiene pessoal, existem boas práticas para a realização das</p><p>análises nos laboratórios. Entre elas, podemos citar as seguintes (FERREIRA</p><p>et al., 2017; OLIVEIRA; SILVA, 2020).</p><p>1. Não colocar vidrarias quentes sobre bancadas ou estruturas frias.</p><p>2. Não tocar em maçanetas, utensílios de uso comum ou telefones quando</p><p>estiver de luvas.</p><p>3. Utilizar pipetador (Figura 7) apropriado para a análise. Nunca, em</p><p>hipótese alguma, utilizar a boca.</p><p>4. Nunca agitar produtos químicos voláteis com o recipiente voltado</p><p>para si.</p><p>5. Jamais sair com o jaleco ou avental para áreas comuns (sala de aula,</p><p>refeitório, escritório, etc.).</p><p>6. Usar carrinhos adequados (Figura 8) para o transporte de materiais</p><p>que possam oferecer algum risco.</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial10</p><p>92 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Figura 7. Exemplos de pipetadores: (a) pipetador manual e (b) automático.</p><p>Fonte: (a) Nana_studio/Shutterstock.com; (b) PHATCHARADA DUEANDAO/Shutterstock.com.</p><p>(a) (b)</p><p>Todas essas boas práticas e normas devem ser seguidas no ambiente</p><p>laboratorial para evitar que os riscos existentes tragam qualquer tipo de lesão</p><p>ou dano à saúde dos colaboradores que atuam nesse ambiente de trabalho.</p><p>Limpeza e descontaminação do laboratório</p><p>O processo de limpeza e de descontaminação do laboratório visa remover os</p><p>agentes de risco e seus efeitos adversos. Em outras palavras, a limpeza e a</p><p>descontaminação propiciam inúmeros benefícios à saúde e à segurança dos</p><p>Figura 8. Exemplo de carrinho para transporte de material.</p><p>Fonte: Carrinho…</p><p>([2020?], documento on-line).</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial 11</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Conceitos Básicos de Segurança Laboratorial | PARTE 3 93</p><p>colaboradores que trabalham no ambiente laboratorial, contribuindo para a</p><p>produtividade e a qualidade dos trabalhos e análises realizados (FERREIRA</p><p>et al., 2017).</p><p>O processo de limpeza e de descontaminação deve ser realizado sempre</p><p>seguindo as seguintes orientações (ESPÍRITO SANTO, 2019; FERREIRA et al.,</p><p>2017; OLIVEIRA; SILVA, 2020).</p><p>� Superfícies das bancadas: limpar utilizando álcool 70%. Quando? An-</p><p>tes de iniciar o trabalho, após a finalização do trabalho e sempre</p><p>que houver algum respingo ou derramamento de produto químico ou</p><p>material biológico.</p><p>� Equipamentos: limpar com álcool 70%. Quando? Antes de iniciar o</p><p>trabalho, todo o equipamento deve ser limpo e desinfetado, seguindo</p><p>sempre os procedimentos e/ou manuais.</p><p>� Utensílios não descartáveis (como vidrarias): lavar com água e sabão</p><p>ou álcool 70%. Quando? Ao final do trabalho. Dependendo do material</p><p>que foi analisado e se for vidraria, pode-se optar pela higienização</p><p>com hipoclorito.</p><p>� Pisos, portas, corredores, áreas comuns do laboratório: podem ser</p><p>limpas com álcool 70%, desinfetante ou água e sabão. Quando? De</p><p>preferência, pelo menos de duas a três vezes por semana.</p><p>A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 11, de 2012, dispõe sobre a</p><p>necessidade de que instalações laboratoriais sejam projetadas, construídas e</p><p>adaptadas em condições adequadas para facilitar a limpeza e a desinfestação,</p><p>no intuito de que as atividades realizadas estejam em consonância com a</p><p>proteção da saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).</p><p>Gestão de resíduos no laboratório</p><p>Todos os resíduos gerados devem ser recolhidos e acondicionados em reci-</p><p>pientes adequados, conforme a legislação vigente (como a Lei nº 12.305, de</p><p>2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos) e</p><p>as recomendações da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).</p><p>Para cada tipo de material (biológico, perfurocortante ou químico), há um</p><p>determinado procedimento de descarte (Quadro 1).</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial12</p><p>94 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Quadro 1. Tipos de materiais e procedimentos adequados de descarte</p><p>Material Procedimentos</p><p>Biológico � Resíduo contaminado: colocar em saco plástico branco,</p><p>com capacidade máxima de 100 L.</p><p>� Os sacos plásticos devem ser totalmente vedados, para</p><p>que não haja vazamentos ou derramamentos.</p><p>� Se houver qualquer tipo de vazamento, o resíduo deve</p><p>ser limpo com solução desinfetante, sendo realizada</p><p>uma lavagem do local logo após.</p><p>� Os sacos devem ser devidamente identificados</p><p>(laboratório, sala, pessoa responsável pelo descarte e</p><p>data).</p><p>� Lixeiras para esse resíduo: devem ter tampa e</p><p>acionamento para abertura com os pés (Figura 9a). Elas</p><p>devem ser higienizadas, no mínimo, uma vez por semana,</p><p>ou sempre que ocorrer um vazamento.</p><p>Perfurocortante � São resíduos com potencial risco de acidentes (acidentes</p><p>físicos ou contaminação).</p><p>� O descarte deve ser realizado em recipientes adequados,</p><p>de material rígido e com tampa (Figura 9b).</p><p>� As caixas de descarte devem ficar próximas ao local de</p><p>utilização dos materiais perfurocortantes.</p><p>� As caixas devem estar devidamente identificadas.</p><p>� Se houver tratamento dos resíduos para</p><p>descontaminação, os materiais podem ser</p><p>acondicionados em sacos adequados para esse tipo de</p><p>material e descartados como perfurocortantes, a partir</p><p>do descarte adequado, conforme indicação da Anvisa e</p><p>dos órgãos ambientais de fiscalização e controle.</p><p>� Dependendo do material, pode ser incinerado.</p><p>Químico � Para o descarte, é necessário avaliar o nível de</p><p>toxicidade do resíduo.</p><p>� Nunca misturar resíduos de diferentes naturezas</p><p>químicas e/ou composições.</p><p>� Antes do descarte, esses resíduos devem ser tratados.</p><p>� Todas as informações necessárias para o descarte</p><p>constam na Ficha de Informação de Segurança do</p><p>Produto Químico (FISPQs) e devem ser seguidas.</p><p>� Sempre prestar atenção se houver necessidade</p><p>de armazenamento antes do descarte: pode haver</p><p>incompatibilidade entre os produtos químicos.</p><p>Fonte: Adaptado de HC-FMUSP (2015).</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial 13</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Conceitos Básicos de Segurança Laboratorial | PARTE 3 95</p><p>Figura 9. Locais adequados de descarte de materiais: (a) lixo com material contaminado e</p><p>(b) lixo proveniente de materiais perfurocortantes.</p><p>Fonte: (a) Lixeira... (2020, documento on-line); (b) Resíduos… (2019, documento on-line).</p><p>(a) (b)</p><p>Segundo o Ministério da Saúde (2018), todos os resíduos devem ser se-</p><p>gregados, tratados e/ou armazenados e, por fim, destinados para a etapa</p><p>final. Os recipientes nos quais são acondicionados os resíduos devem ser</p><p>identificados de acordo as normas e legislação vigentes, para facilitar a</p><p>visualização e evitar misturas de materiais.</p><p>A incompatibilidade entre produtos químicos, se não for observada,</p><p>pode acarretar inúmeros danos. Para evitar possíveis acidentes, é</p><p>necessário verificar a incompatibilidade. Acesse seu motor de busca preferido</p><p>e busque pelos termos “Lista de substâncias incompatíveis” para verificar a</p><p>incompatibilidade entre produtos químicos.</p><p>A retirada dos resíduos deve ocorrer com frequência, para que os agen-</p><p>tes de riscos a eles associados sejam totalmente eliminados do ambiente</p><p>laboratorial. Assim, evita-se quaisquer eventuais acidentes provenientes do</p><p>contato dos usuários do laboratório com esses resíduos.</p><p>Neste capítulo, verificamos a importância de todo o processo de limpeza,</p><p>desinfecção, descontaminação e gestão de resíduos para a segurança labora-</p><p>torial. Se as normas e procedimentos não forem realizados, há um aumento</p><p>na probabilidade de acidentes em decorrência dos riscos associados.</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial14</p><p>96 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Referências</p><p>AUTOCLAVE do laboratório. In: Coordenadoria do Campus de São Carlos (CCSC) —</p><p>Universidade de São Paulo, Laboratório de Resíduos Químicos. São Paulo, [2020?].</p><p>Disponível em: http://www.ccsc.usp.br/residuos/laboratorio/autoclave.html. Acesso</p><p>em: 25 nov. 2020.</p><p>AZZI, G. L. Manual de procedimentos de segurança do trabalho para os laboratórios</p><p>de pesquisa do CBPF. Brasília, DF: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 2011.</p><p>BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos</p><p>Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.</p><p>Brasília, DF: Presidência da República, 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.</p><p>br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 25 nov. 2020.</p><p>BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria nº 3.214, de 08 de junho de 1978. Aprova as</p><p>Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do</p><p>Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Brasília, DF: Presidência da</p><p>República, 1978. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mo</p><p>strarintegra;jsessionid=9CFA236F73433A3AA30822052EF011F8.proposicoesWebExterno1</p><p>?codteor=309173&filename=LegislacaoCitada+-INC+5298/2005. Acesso em: 25 nov. 2020.</p><p>CAPELA de exaustão de gases para laboratório SP60N. In: HIPPERQUÍMICA. Iperó,</p><p>c2019. Disponível em: https://hipperquimica.com.br/capela-de-exaustao-de-gases/.</p><p>Acesso em: 25 nov. 2020.</p><p>CARRINHO de laboratório. In: ZHIHAO LABORATORY FURNITURE LTD. Guangdong, [2020?].</p><p>Disponível em: http://pt.supplierslab.com/lab-furniture/lab-cart.html. Acesso em:</p><p>25 nov. 2020.</p><p>ESPÍRITO SANTO. Secretaria de Estado da Saúde. Manual de biossegurança. Vitória:</p><p>Laboratório Central do Espírito Santo (LACEN), 2019.</p><p>FERREIRA, A. B. R. F. et al. Manual de boas práticas e segurança em laboratórios da</p><p>Embrapa gado de corte. Brasília, DF: Embrapa, 2017.</p><p>FONSECA, C. S. Biossegurança em laboratórios de análises clínicas: o</p><p>| UNIDADE 1</p><p>Princípios Gerais, Conceito e Histórico da Biossegurança | PARTE 1 11</p><p>Conceito de biossegurança</p><p>A área da saúde é uma área que muitas vezes pode apresentar riscos para o</p><p>trabalhador. A preocupação com esses riscos vem crescendo nos últimos anos,</p><p>devido ao aumento do conhecimento sobre contaminações microbiológicas,</p><p>além da descoberta da AIDS e da hepatite e dos seus métodos de transmissão.</p><p>Com isso, foram sendo criadas novas normas e métodos de regulamentação</p><p>no sentido de proteger a saúde do trabalhador.</p><p>Assim, de acordo com Teixeira (1996), biossegurança pode ser entendida</p><p>como uma série de ações, procedimentos, técnicas, metodologias e dispositivos</p><p>com o objetivo de prevenir, minimizar ou eliminar riscos envolvidos na pes-</p><p>quisa, na produção, no ensino, no desenvolvimento tecnológico e na prestação</p><p>de serviços, os quais podem comprometer a saúde do ser humano, dos animais</p><p>e do meio ambiente, bem como a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Ainda,</p><p>para Costa (1998), é necessário um “estado de biossegurança”, que ele define</p><p>como a harmonia entre o homem, os processos de trabalho, a instituição e a</p><p>sociedade na área da saúde. Nessa área, devido à transmissão microbiológica,</p><p>o acidente de trabalho tem um caráter grave, visto que pode envolver não</p><p>apenas o trabalhador, mas também os pacientes, os visitantes e as instalações</p><p>em que essas pessoas irão passar (Figura 1). Dessa forma, a biossegurança</p><p>tem um papel de extrema importância na promoção da saúde, tendo em vista</p><p>que envolve o controle de infecções para a proteção dos trabalhadores, dos</p><p>pacientes e do meio ambiente, de forma a reduzir os riscos à saúde.</p><p>Nesse sentido, o risco pode ser entendido como uma condição de natureza</p><p>biológica, química ou física que pode apresentar dano ao trabalhador, ao pa-</p><p>ciente ou ao ambiente. Na área de atendimento à saúde, os agentes biológicos</p><p>são os maiores fatores de risco ocupacional e constituem uma parte importante</p><p>das normas de biossegurança. Essas normas dizem respeito a procedimentos</p><p>de armazenamento, de esterilização e de proteção individual e coletiva.</p><p>Princípios gerais, conceito e histórico da biossegurança 2</p><p>U3_C10_Bioetica e biossegurança.indd 2 29/09/2017 14:18:51</p><p>12 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Figura 1. Símbolo muito utilizado na biossegurança, que diz respeito ao risco biológico.</p><p>Fonte: Biological... (2016).</p><p>Ainda, no Brasil, existe uma segunda vertente da biossegurança. Diferen-</p><p>temente do conceito de biossegurança que discutimos até agora, conhecida</p><p>como biossegurança praticada, existe também a biossegurança legal, que diz</p><p>respeito à manipulação de organismos geneticamente modificados (OGMs) e</p><p>de células tronco. A biossegurança praticada é regulamentada pelas normas</p><p>do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), pelas Resoluções da Agência</p><p>Nacional de Vigilância em Saúde (ANVISA) e pelo Conselho Nacional do</p><p>Meio Ambiente (CONAMA), entre outras, ao passo que a biossegurança legal</p><p>é regulamentada pela Lei nº 11.105/05 (BRASIL, 2005).</p><p>Histórico</p><p>Desde a descoberta de Pasteur sobre os microrganismos, quando ele elaborou</p><p>a teoria microbiana das doenças em 1862, começou-se a ter uma preocupação</p><p>sobre os cuidados que as pessoas deveriam ter em ambientes hospitalares,</p><p>visto que sua teoria postulava que as doenças tinham origem na transmissão</p><p>de microrganismos. Entretanto, o conceito de biossegurança só começou a</p><p>ser abordado na década de 1970, com o surgimento da engenharia genética.</p><p>Na época, foi realizado um experimento pioneiro na área, em que foi inserido</p><p>um gene da produção de insulina na bactéria E. coli. Devido à repercussão</p><p>que esse experimento causou, foi realizada a Conferência de Asilomar, na</p><p>Califórnia, para debater os riscos da engenharia genética e a segurança dos</p><p>laboratórios, quando também foi debatida a necessidade de contenção para</p><p>diminuir os riscos aos trabalhadores.</p><p>3Princípios gerais, conceito e histórico da biossegurança</p><p>U3_C10_Bioetica e biossegurança.indd 3 29/09/2017 14:18:52</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Princípios Gerais, Conceito e Histórico da Biossegurança | PARTE 1 13</p><p>A partir dessa conferência, a comunidade científica foi alertada para a</p><p>importância da biossegurança no uso dessas técnicas e se viu a necessidade de</p><p>criar normas de biossegurança, bem como legislações e regulamentações para</p><p>tais atividades. Nessa época, foi detectada uma série de doenças, como tuber-</p><p>culose e hepatite B, em profissionais da saúde na Inglaterra e na Dinamarca,</p><p>reforçando ainda mais a importância da biossegurança. Devido ao aumento</p><p>da circulação de pessoas e mercadorias com o advento da globalização e da</p><p>possibilidade do uso de armas biológicas, como vírus e bactérias em atentados</p><p>terroristas, a preocupação com a biossegurança vem crescendo cada vez mais</p><p>e passando as barreiras de laboratórios e hospitais.</p><p>Em 1981, com o surgimento da aids e o primeiro registro de contágio aciden-</p><p>tal em um profissional da saúde, surgiu, novamente, uma maior preocupação</p><p>com a biossegurança. Assim, em 1987, foram estabelecidas as precauções</p><p>universais, recomendadas pelo Centers for Disease Control and Prevention</p><p>(CDC), de modo a difundir medidas que devem ser tomadas para evitar o</p><p>contágio pelos vírus do HIV e da hepatite B.</p><p>O primeiro caso de contaminação acidental de HIV em um trabalhador no Brasil foi</p><p>em 1994, em São Paulo, quando um auxiliar de enfermagem sofreu um acidente</p><p>ocupacional com uma agulha contaminada pelo sangue de um paciente soropositivo.</p><p>No Brasil, a primeira legislação sobre biossegurança surgiu com a Resolu-</p><p>ção nº 1 do Conselho Nacional de Saúde, em 1988, quando foram aprovadas</p><p>normas em pesquisa e saúde (BRASIL, 1988). Entretanto, somente em 1995</p><p>essa resolução foi formatada legalmente, com a Lei nº 8.974 e o Decreto de Lei</p><p>nº 1.752. Essa lei diz respeito à minimização de riscos em relação a OGMs e à</p><p>promoção da saúde no ambiente de trabalho, no meio ambiente e na comuni-</p><p>dade. Com essa lei, foi criada a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança</p><p>(CTNBio), que trata da saúde do trabalhador, bem como do meio ambiente e da</p><p>biotecnologia. Com isso, o Brasil mostrou uma preocupação com a segurança</p><p>dos laboratórios e com a saúde dos trabalhadores, os quais apresentam uma</p><p>maior exposição a agentes químicos e biológicos.</p><p>Princípios gerais, conceito e histórico da biossegurança 4</p><p>U3_C10_Bioetica e biossegurança.indd 4 29/09/2017 14:18:52</p><p>14 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Antes disso, em 1992, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre</p><p>Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em que os chefes de</p><p>estado de 178 países se reuniram para debater medidas sobre a diminuição</p><p>da degradação ambiental. Nessa conferência, foi estabelecido o Protocolo de</p><p>Cartagena de Biossegurança, o qual entrou em vigor somente em 2003. Esse</p><p>protocolo é um acordo internacional, cujo objetivo é estabelecer normas e</p><p>diretrizes sobre a movimentação de Organismos Vivos Modificados (OVM)</p><p>por meio de fronteiras, de forma a estabelecer um melhor nível de proteção e</p><p>segurança à diversidade biológica e à saúde humana.</p><p>Em 2005, no Brasil, a Lei nº 8.974, de 1995, foi revogada pela Lei nº</p><p>11.105/05, a qual institui normas de segurança e métodos de fiscalização</p><p>referentes a atividades envolvendo OGMs e derivados, visando ao resguardo</p><p>à saúde humana, animal e vegetal, além da proteção do meio ambiente. Com</p><p>essa lei, foi criado o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) e se impõe</p><p>a criação da Comissão Interna de Biossegurança (CIBio) nas entidades de</p><p>ensino, na pesquisa científica, no desenvolvimento tecnológico e na produção</p><p>industrial que utiliza técnicas de engenharia genética ou nas pesquisas com</p><p>OGMs. Além disso, a Lei nº 11.105/05 reestruturou a CTNBio e apresentou</p><p>algumas disposições sobe a Política Nacional de Biossegurança (PNB).</p><p>Assim, ao CNBS ficou estabelecida a responsabilidade</p><p>estudo de caso</p><p>do laboratório de análises clínicas Biocenter de Pato Branco/PR. 2012. 92 f. Trabalho</p><p>de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) — Universidade Federal</p><p>de Santa Catarina, Florianópolis, 2012.</p><p>HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO</p><p>(HC-FMUSP). Guia de boas práticas laboratoriais. São Paulo: HC-FMUSP, 2015.</p><p>LIXEIRA hospitalar com pedal 16 litros com adesivo infectante. In: MARFIMETAL. São</p><p>Paulo, c2020. Disponível em: https://www.marfimetal.com.br/produto/lixeira-hospi-</p><p>talar-com-pedal-16-litros-com-adesivo-infectante/. Acesso em: 25 nov. 2020.</p><p>MINISTÉRIO DA SAÚDE. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). RDC nº 11, de</p><p>16 de fevereiro de 2012. Dispõe sobre o funcionamento de laboratórios analíticos que</p><p>realizam análises em produtos sujeitos à Vigilância Sanitária e dá outras providências.</p><p>Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/</p><p>saudelegis/anvisa/2012/res0011_16_02_2012.html. Acesso em: 25 nov. 2020.</p><p>MINISTÉRIO DA SAÚDE. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). RDC nº</p><p>222, de 28 de março de 2018. Regulamenta as boas práticas de gerenciamento dos</p><p>resíduos de serviços de saúde e dá outras providências. Brasília, DF: Ministério da</p><p>Saúde, 2018. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2018/</p><p>rdc0222_28_03_2018.pdf. Acesso em: 25 nov. 2020.</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial 15</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Conceitos Básicos de Segurança Laboratorial | PARTE 3 97</p><p>OLIVEIRA, M. B. L.; SILVA, E. A. C. O. Guia de biossegurança e boas práticas laboratoriais.</p><p>Petrolina, PE: HU-UNIVASF, 2020.</p><p>ORGANIZAÇÃO e catalogação — Armário do LADEQ. In: PIBID Química – Universidade</p><p>Federal da Grande Dourados. Dourados, 2017. Disponível em: http://pibid-quimufgd.</p><p>blogspot.com/2017/05/organizacao-e-catalogacao-armarios-do.html. Acesso em: 25</p><p>nov. 2020.</p><p>RESÍDUOS hospitalares são descartados de forma adequada. In: PREFEITURA do mu-</p><p>nicípio de Jahu. Jahu, 2019. Disponível em: http://www.jau.sp.gov.br/noticia/7808/</p><p>residuos-hospitalares-sao-descartados-de-forma-adequada. Acesso em: 25 nov. 2020.</p><p>SLBIIA2 — Cabine de segurança biológica classe II A2. In: SOLAB. Piracicaba, [2020?].</p><p>Disponível em: https://www.solabcientifica.com.br/equipamentos/capelas-e-cabines/</p><p>slbiia2-cabine-de-seguranca-biologica-classe-ii-a2. Acesso em: 25 nov. 2020.</p><p>UNIDADE DE SAÚDE OCUPACIONAL E ACESSIBILIDADE (USOA). Prevenção de acidentes</p><p>em laboratório. Jandaia do Sul: Universidade Federal do Paraná, 2015.</p><p>VIEIRA, R. G. L.; SANTOS, B. M. O.; MARTINS, C. H. H. Riscos físicos e químicos em labo-</p><p>ratório de análises clínicas de uma universidade. Medicina, Ribeirão Preto, v. 41, n. 4,</p><p>p. 508-515, 2008.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos</p><p>testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da</p><p>publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas</p><p>páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores</p><p>declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou</p><p>integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Conceitos básicos de segurança laboratorial16</p><p>Os resíduos de serviço de saúde e seus impactos</p><p>ambientais: uma revisão bibliográfica.</p><p>Disponível em: http://gg.gg/148mri.</p><p>MATERIAL COMPLEMENTAR</p><p>98 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO</p><p>PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.</p><p>PREZADO ESTUDANTE</p><p>Parte 4</p><p>Segurança no Laboratório</p><p>e Primeiros Socorros</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>é disponibilizado</p><p>por SAGAH.</p><p>unidade</p><p>2</p><p>V.1 | 2023</p><p>100 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Segurança no laboratório</p><p>e primeiros socorros</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>� Identificar os riscos químicos, físicos e biológicos em laboratórios.</p><p>� Listar os equipamentos de proteção individual e coletiva e suas</p><p>funções.</p><p>� Analisar as medidas de primeiros socorros associadas aos principais</p><p>acidentes em laboratório.</p><p>Introdução</p><p>O profissional de laboratório é, rotineiramente, exposto a riscos bio-</p><p>lógicos, físicos e químicos. Além dos procedimentos padrões, muitos</p><p>procedimentos laboratoriais necessitam de instruções específicas, que</p><p>devem ser seguidas à risca para a manutenção da saúde e a diminuição</p><p>de exposição a agentes patogênicos. Por isso, a adoção de boas práticas</p><p>laboratoriais é fundamental.</p><p>Neste capítulo, você vai estudar os diferentes tipos de risco associados</p><p>aos acidentes ocupacionais em laboratórios. Também vai conhecer os</p><p>equipamentos de proteção individual e coletiva utilizados em ambientes</p><p>laboratoriais e as medidas de primeiros socorros associadas aos principais</p><p>acidentes em laboratório.</p><p>Riscos químicos, físicos e biológicos</p><p>em laboratórios</p><p>Riscos químicos</p><p>O trabalho com vários reagentes e solventes é rotineiro em laboratórios.</p><p>Os agentes químicos são substâncias que podem entrar em contato direto</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Segurança no Laboratório e Primeiros Socorros | PARTE 4 101</p><p>com a pele, ou serem ingeridos e, ainda, penetrar pela via respiratória em</p><p>diferentes configurações, como poeira, gases ou vapores, neblina, névoa.</p><p>Assim, a identificação das propriedades dos produtos químicos e dos riscos</p><p>associados a eles é essencial.</p><p>Em um laboratório podemos observar diferentes riscos químicos e clas-</p><p>sificar um resíduo líquido ou gasoso, levando em consideração as seguintes</p><p>características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.</p><p>A inflamabilidade de um produto químico é a sua capacidade de com-</p><p>bustão. Os produtos químicos que apresentam o ponto de fulgor — a tempe-</p><p>ratura mais baixa que um produto deve atingir para evaporar e formar uma</p><p>mistura inflamável, quando em contato com uma fonte de calor, como uma</p><p>chama — mais baixo são os mais perigosos. A manipulação de substâncias</p><p>que produzam vapores deve ser feita em capela. Algumas das substâncias</p><p>inflamáveis utilizadas em laboratórios são: metais alcalinos, hidretos metálicos</p><p>e compostos organometálicos.</p><p>Poucos líquidos inflamáveis são armazenados em laboratório. Quando são, seu estoque</p><p>é feito em uma sala específica para o armazenamento dessas substâncias, em armários</p><p>de metal.</p><p>A corrosividade é a capacidade de um produto químico de ocasionar</p><p>irritação e deterioração por meio de seu contato com metais, polímeros ou</p><p>tecidos. Essas substâncias oferecem risco, principalmente, pelo contato com</p><p>pele e olhos ou pela sua ingestão, por isso os produtos corrosivos merecem</p><p>especial atenção. Além dos produtos corrosivos, algumas substâncias apre-</p><p>sentam alta toxicidade, e, dependendo do período de exposição, podem levar</p><p>a efeitos agudos ou crônicos, ou até mesmo à morte. Os produtos químicos</p><p>tóxicos podem causar danos físicos devido ao seu contato com a pele ou com</p><p>os olhos, ou por inalação ou por ingestão. Alguns resíduos, em decorrência</p><p>de suas propriedades oxidantes ou redutoras, podem ter alta reatividade,</p><p>reagindo entre si; por essa razão, devem ser armazenados separadamente.</p><p>Segurança no laboratório e primeiros socorros2</p><p>102 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Com relação ao armazenamento das substâncias químicas, deve ser mantida</p><p>uma lista dos produtos estocados em laboratório. Todos os frascos devem ser</p><p>rotulados e conter a data de vencimento (CIENFUEGOS, 2001; MINOZZO,</p><p>2004).</p><p>Riscos físicos</p><p>Os riscos físicos são decorrentes da presença de agentes físicos como tempe-</p><p>raturas extremas (calor ou frio intenso), radiações ionizantes e não ionizantes,</p><p>ruídos, vibrações, pressões anormais, iluminação e umidade.</p><p>Com relação às temperaturas extremas, o calor é o risco mais comum</p><p>dentro de um laboratório, pois é empregado em incubadoras, no preparo de</p><p>soluções e em procedimentos de limpeza, desinfecção e esterilização. O pro-</p><p>fissional exposto por um longo período de tempo ou a grandes quantidades</p><p>de calor pode desenvolver efeitos como fadiga, edema, inchaços, catarata,</p><p>doenças cardiovasculares e prostração térmica.</p><p>As radiações podem ser divididas em ionizantes e não ionizantes.</p><p>As radiações ionizantes podem se originar como fonte natural (carbono-14,</p><p>urânio-238, por exemplo) ou artificial, ou seja, produzida pelo homem.</p><p>As radiações ionizantes artificiais são produzidas para atender às necessida-</p><p>des de algumas áreas específicas, como o radiodiagnóstico e a radioterapia.</p><p>As radiações não ionizantes mais comuns em laboratórios são: infravermelha,</p><p>ultravioleta e laser. Quando há exposição acima do permitido, o profissional</p><p>pode ter lesões graves, levando a doenças sérias.</p><p>A radiação infravermelha é conhecida como calor radiante e pode pro-</p><p>vocar lesões na retina, catarata ou até mesmo queimaduras. A radiação ultra-</p><p>violeta é dividida em faixas de espectro: luz negra (400–350 nm), eritemática</p><p>(350–270 nm), germicida (270–230 nm) e ozona (230–150 nm). Os principais</p><p>efeitos de exposição excessiva são queimaduras e conjuntivite. A radiação</p><p>a laser é amplamente utilizada na destruição de tumores, em tratamento</p><p>cirúrgicos e em equipamentos analíticos. A exposição exacerbada à radiação</p><p>a laser pode levar a danos nos olhos e a queimaduras.</p><p>3Segurança no laboratório e primeiros socorros</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Segurança no Laboratório e Primeiros Socorros | PARTE 4 103</p><p>As radiações produzem efeitos deletérios para o organismo, como lesões nas células</p><p>germinativas, transmitindo as alterações para os descendentes (efeito hereditário), ou</p><p>nas células somáticas do próprio indivíduo (efeito somático).</p><p>Outro risco físico muito predominante em laboratórios são os ruídos.</p><p>Os profissionais são expostos a este risco, principalmente, no manuseio de</p><p>equipamentos como autoclaves, centrífugas e exaustores. Os principais efei-</p><p>tos deletérios estão relacionados a perdas auditivas e, dependendo do grau,</p><p>da intensidade e do tempo de exposição, além do tipo de ruído, as pertur-</p><p>bações podem ser reversíveis, irreversíveis, temporárias ou permanentes.</p><p>O ruído também pode provocar fadiga, irritabilidade, prejuízo na comunicação</p><p>e alterações no sistema nervoso central (SNC), cardiovascular e digestivo</p><p>(MASTROENI, 2006).</p><p>Riscos biológicos</p><p>Os riscos biológicos têm origem na exposição dos profissionais a microrga-</p><p>nismos, a agentes do reino animal e vegetal. Os principais agentes de risco</p><p>biológico são as bactérias, os fungos, os protozoários e os vírus. As fontes</p><p>básicas para a presença deste risco são os instrumentais, a água, a cultura</p><p>celular, as amostras (de sangue, urina, escarro, entre outras) e os aerossóis.</p><p>O Ministério da Saúde (BRASIL, 2021, documento on-line) classifica os riscos</p><p>dos agentes biológicos em quatro grandes classes, de acordo com o prejuízo</p><p>que podem causar ao ser humano, aos animais ou à comunidade:</p><p>– Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a comunidade): agentes</p><p>biológicos que não causam doenças no ser humano ou nos animais. Exemplos:</p><p>Lactobacillus spp. e Bacillus subtilis.</p><p>– Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a co-</p><p>munidade): agentes biológicos que causam infecções no ser humano ou nos</p><p>animais, com potencial de propagação na comunidade e de disseminação</p><p>no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas profiláticas e</p><p>terapêuticas conhecidas eficazes. Exemplos: Schistosoma mansoni e vírus</p><p>da rubéola.</p><p>– Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade):</p><p>agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão, em especial por</p><p>via respiratória, e que causam doenças potencialmente letais em humanos</p><p>Segurança no laboratório e primeiros socorros4</p><p>104 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>ou animais, e para os quais existem, usualmente, medidas profiláticas e</p><p>terapêuticas. São agentes biológicos que representam risco se disseminados</p><p>na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa.</p><p>Exemplos: Bacillus anthracis e vírus da imunodeficiência humana (HIV).</p><p>– Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): agentes biológi-</p><p>cos com grande poder de transmissibilidade, em especial por via respiratória,</p><p>ou de transmissão desconhecida. Até o momento, não há nenhuma medida</p><p>profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por esses agentes</p><p>biológicos. Eles causam doenças de alta gravidade em humanos e animais,</p><p>tendo uma grande capacidade de disseminação na comunidade e no meio</p><p>ambiente. Essa classe inclui, principalmente, os vírus. Exemplos: vírus do</p><p>ebola e vírus da varíola.</p><p>No link a seguir você encontra um vídeo que traz mais</p><p>informações relevantes sobre a classificação de risco dos</p><p>agentes biológicos.</p><p>https://qrgo.page.link/MNhn3</p><p>Com relação às infecções bacterianas, algumas bactérias têm importância</p><p>clínica. Vejamos exemplos:</p><p>� Bacilus anthracis: dependendo da forma de contaminação, pode acar-</p><p>retar formação de vesícula e posterior escara e septicemia, dispneia,</p><p>cianose, sudorese. O contato pode acorrer em acidentes associados à</p><p>manipulação de perfurocortantes, a equipamentos geradores de aerossóis</p><p>e ao descarte de materiais.</p><p>� Staphylococcus aureus: pode causar osteomelite e endocardite. Aciden-</p><p>tes estão associados com o contato com a enterotoxina estafilocócica</p><p>ativa em amostras clínicas, fluidos de lesões e secreções respiratórias.</p><p>� Mycobacterium tuberculosis: ocasiona a tuberculose.</p><p>As infecções por fungos podem ser divididas em superficial, subcutânea</p><p>e sistêmica. A superficial é limitada a pele, unhas e couro cabeludo. A sub-</p><p>cutânea pode afetar a derme, o tecido subcutâneo e os ossos, ocasionando</p><p>doenças crônicas. A sistêmica pode se disseminar por diferentes órgãos e</p><p>5Segurança no laboratório e primeiros socorros</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Segurança no Laboratório e Primeiros Socorros | PARTE 4 105</p><p>serem causadas por microrganismos patogênicos, como Blastomyces der-</p><p>matitidis, Histoplasma capsulatum e Coccidioides immitis, ou oportunistas,</p><p>como Aspergillus fumigatus.</p><p>As infecções ocasionadas por Leishmania spp., Toxoplasma spp. ou</p><p>Tripanossoma cruzi são decorrentes de acidentes com manipulação de vetores</p><p>infectados ou de agulhas contaminadas, além do manuseio de amostras e</p><p>culturas.</p><p>As infecções por contaminação com vírus ocorrem em função da trans-</p><p>missão por via aérea ou contaminação por material biológico, ou em acidentes</p><p>com agulhas e material perfurocortantes contaminados com vírus da hepatite</p><p>B (HBV) e C (HCV) e com o vírus da imunodeficiência humana (HIV).</p><p>Equipamentos de proteção individual e coletiva</p><p>Protocolos devem ser seguidos para a diminuição de acidentes e de contami-</p><p>nações associados ao laboratório, para a proteção de professores, estudantes e</p><p>funcionários. Os equipamentos de proteção individual (EPIs) e os equipamentos</p><p>de proteção coletiva (EPCs) visam a minimizar ou, até mesmo, a eliminar a</p><p>exposição a agentes perigosos, quando manipulados. A escolha de EPIs e EPCs</p><p>é baseada na avaliação do risco, que determina os níveis de biossegurança</p><p>a serem seguidos para os equipamentos, instalações e práticas. Dois fatores</p><p>são fundamentais e deverão ser concomitantes para a proteção individual e</p><p>do meio ambiente:</p><p>1. A correta designação dos equipamentos de acordo com a sua função.</p><p>2. As boas práticas laboratoriais vinculadas à utilização desses</p><p>equipamentos.</p><p>Equipamentos de proteção individual</p><p>De acordo com Minozzo (2004), um EPI é qualquer dispositivo de uso indi-</p><p>vidual que seja destinado a proteger a saúde e a integridade física de quem o</p><p>usa. Um dos principais EPIs utilizados em laboratórios são as luvas. As luvas</p><p>têm a função de proteger os profissionais que trabalham com a manipulação</p><p>de agentes patogênicos e de animais experimentais. Também são essenciais</p><p>em procedimentos</p><p>de coleta de amostras, manuseio e lavagem de vidrarias,</p><p>transporte e armazenamento de produtos químicos, além de procedimentos</p><p>de esterilização e manejo com materiais em altas e baixas temperaturas.</p><p>Segurança no laboratório e primeiros socorros6</p><p>106 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Para o uso das luvas, as mãos devem estar limpas e secas. Caso haja algum</p><p>ferimento nas mãos, é necessário o uso de curativos ou gazes, para proteger</p><p>a lesão das luvas. As luvas devem ser utilizadas apenas na área laboratorial e</p><p>nunca reutilizadas, se descartáveis. No contato com pacientes, como na coleta</p><p>de amostras, a troca do par é obrigatória no momento da assistência a diferentes</p><p>indivíduos. Nunca se deve atender o telefone ou tocar em maçanetas com luvas.</p><p>Existem diferentes tipos de luvas, adequados a diferentes riscos ao que</p><p>trabalhador está exposto. Vejamos as de uso mais comum:</p><p>� Luvas de látex: adequadas para o manuseio de materiais com potencial</p><p>infectante, a limpeza de utensílios e a manipulação de álcoois, bases,</p><p>aldeídos e cetonas.</p><p>� Luvas butílicas: adequadas para o manuseio de cetonas e ésteres.</p><p>� Luvas de neoprene: adequadas para o manuseio de solventes leves,</p><p>ácidos, álcalis, ácidos, oxidantes, fenóis, anilinas e éter glicólico.</p><p>� Luvas nitrílicas: adequadas para o manuseio e transporte de substâncias</p><p>químicas perigosas.</p><p>� Luvas de PVA (álcool polivinílico): adequadas para a manipulação</p><p>de substância orgânicas.</p><p>� Luvas de PVC (policloreto de vinil): adequadas para a manipulação</p><p>de ácidos e bases fortes, além de sais, álcoois e soluções a base de água.</p><p>� Luvas de vinil: substituem as luvas de látex para profissionais alérgicos</p><p>à proteína natural do látex.</p><p>As roupas de proteção, como os jalecos, têm a função de eliminar ou</p><p>minimizar o contato da pele com agentes danosos que possam originar uma</p><p>lesão, uma intoxicação ou uma doença. Devem ser confortáveis e permitir</p><p>mobilidade, podendo ser reutilizáveis ou descartáveis, dependendo da sua</p><p>confecção. O jaleco é obrigatório em todos os procedimentos que envolvam</p><p>contato direto com substâncias químicas ou infectantes e com animais e com</p><p>a manipulação, limpeza e esterilização de materiais de uso laboratorial, como</p><p>vidrarias. É obrigatório que o jaleco tenha mangas compridas, que cubra o</p><p>dorso, as costas e as pernas acima do joelho, e tenha fechamento frontal.</p><p>O jaleco deve ser usado fechado, sem mangas arregaçadas, e sua utilização é</p><p>permitida somente no ambiente laboratorial. A sua limpeza deve ser periódica,</p><p>se reutilizáveis.</p><p>7Segurança no laboratório e primeiros socorros</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Segurança no Laboratório e Primeiros Socorros | PARTE 4 107</p><p>Os calçados são EPIs destinados à proteção contra danos ocasionados</p><p>por derramamentos de substâncias biológicas ou químicas ou por impacto</p><p>de objetos de vidro ou perfurocortantes. Também protegem o profissional de</p><p>solventes e líquidos solventes. Os calçados requeridos para os procedimentos</p><p>laboratoriais devem ser fechados, confortáveis, que evitem o suor excessivo e,</p><p>se possível, antiderrapantes, evitando possíveis quedas. É proibida a utilização</p><p>de chinelos, tamancos e sandálias, incompatíveis com o ambiente laboratorial.</p><p>O uso de sapatilhas estéreis é adequado para ambientes que requerem esta</p><p>especificidade. Em biotérios é interessante a utilização de sapatilhas não</p><p>estéreis, com o intuito de evitar o carreamento de partículas como poeira ou</p><p>sujeira para o ambiente de manipulação de animais.</p><p>Os óculos de proteção protegem os olhos de possíveis respingos de subs-</p><p>tâncias químicas ou biológicas. Também protegem de procedimentos que se</p><p>utilizem de radiações infravermelha e ultravioleta. Este EPI deve proteger</p><p>integralmente os olhos, ser confortável, leve, resistente, sem comprometer</p><p>o campo de visão. Pode ser utilizado em conjunto com outros EPIs, como</p><p>máscara e respirador. Existem diferentes tipos de óculos, dependendo de sua</p><p>aplicação e do risco a que o profissional está exposto, como óculos de proteção</p><p>contra aerossóis, gases e vapores, produtos químicos e radiação ultravioleta.</p><p>Além dos óculos de proteção, existem os protetores faciais que protegem</p><p>contra respingos de material biológico ou químico e vapores de substâncias</p><p>químicas. Para a proteção dos cabelos contra a poeira e contaminantes, são</p><p>utilizadas toucas ou gorros. As toucas também têm a função de proteger um</p><p>ambiente ou uma amostra estéril.</p><p>O protetor auditivo é utilizado para a proteção contra ruídos de longa</p><p>duração ou que sejam danosos em um tempo mínimo, como em protocolos</p><p>que usam banho de ultrassom. Existem dois tipos de protetores auditivos,</p><p>o protetor do tipo concha (circum-auriculares) e o de inserção, mais comu-</p><p>mente utilizado (MASTROENI, 2006).</p><p>Segurança no laboratório e primeiros socorros8</p><p>108 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>A Figura 1 mostra exemplos de EPIs.</p><p>Figura 1. Nesta imagem podemos observar a utilização de cinco EPIs pela laboratorista</p><p>— touca, óculos de proteção, máscara, luvas e jaleco.</p><p>Fonte: SeventyFour/Shutterstock.com</p><p>Equipamentos de proteção coletiva</p><p>De acordo com Mastroeni (2006), os EPCs protegem o meio ambiente, a saúde</p><p>e a integridade dos usuários de uma área, diminuindo ou eliminando os riscos</p><p>provocados pelo manuseio de produtos químicos, principalmente tóxicos e</p><p>inflamáveis, além de agentes microbiológicos e biológicos. Os EPCs são utili-</p><p>zados rotineiramente ou em situações de emergência, por isso, os profissionais</p><p>devem ser treinados para sua utilização, e os equipamentos devem passar por</p><p>inspeções periódicas para o controle de qualidade de seu funcionamento.</p><p>A cabine de segurança biológica (CSB) é um equipamento indispensável</p><p>no laboratório, usado para várias análises, como a manipulação de substâncias</p><p>químicas ou particuladas. Ela tem um sistema de exaustão e possui diferentes</p><p>níveis, separados em classes, dependendo da periculosidade do microrganismo</p><p>manipulado:</p><p>9Segurança no laboratório e primeiros socorros</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Segurança no Laboratório e Primeiros Socorros | PARTE 4 109</p><p>� Classe I: adequada para o manuseio de meios e amostras que podem</p><p>gerar aerossóis contendo agentes infecciosos. Protege o profissional.</p><p>� Classe II: adequada para a manipulação de agentes dos grupos de risco</p><p>2 e 3. Protege o profissional e o interior da cabine de contaminações</p><p>externas.</p><p>� Classe III: adequada para a manipulação de agentes biológicos do</p><p>grupo de risco 4, proporcionando maior proteção para o profissional.</p><p>A manipulação na cabine de Classe III é realizada por meio de luvas</p><p>grossas de neoprene, presas na parte frontal da cabine. Protege o pro-</p><p>fissional, o ambiente e a amostra.</p><p>O chuveiro de emergência é um EPC designado para a lavagem da pele</p><p>e das vestimentas dos profissionais que entraram em contato direto com uma</p><p>quantidade elevada de agentes químicos ou biológicos. Em caso de incêndio,</p><p>caso as roupas dos profissionais estejam em chamas, este EPC também é</p><p>empregado. Quando acionado, o chuveiro de emergência expulsa água potável,</p><p>com jato único, sem dispersão, e com vazão e pressão adequados para retirar</p><p>de imediato o contaminante da roupa e da pele da vítima. O equipamento deve</p><p>ser testado periodicamente e, caso não esteja funcionando, medidas corretivas</p><p>devem ser tomadas imediatamente.</p><p>O lava-olhos é um EPC com a função de lavagem dos olhos em situações</p><p>de contato acidental com materiais químicos ou biológico. Este equipamento,</p><p>assim como o chuveiro de emergência, deve ser testado periodicamente.</p><p>O lava-olhos pode ser do tipo pisseta ou vir acoplado ao chuveiro de emergência,</p><p>sendo acionado de maneira manual ou automática.</p><p>Em casos de incêndio, outros equipamentos são requeridos, como chuveiros</p><p>automáticos e extintores de incêndio. Os chuveiros automáticos são dispo-</p><p>sitivos acionados pela elevação de temperatura, e têm a função de projetar</p><p>água em forma</p><p>de chuva. Os extintores são divididos em diferentes tipos,</p><p>rotulados de acordo com a classe de incêndio: água, espuma, gás carbônico,</p><p>gases halogenados e pó químico seco. É fundamental que os profissionais</p><p>escolham adequadamente o extintor a ser utilizado, pois a escolha errada</p><p>pode levar ao efeito contrário, com aumento das chamas.</p><p>Em casos de início de incêndio, extintores portáteis dever ser empregados,</p><p>pois são os mais indicados para essa situação, mesmo na presença de chuveiros</p><p>automáticos. Os locais de instalação dos extintores devem ser de fácil acesso e</p><p>de visualização nítida — nada pode estar obstruindo a passagem ou bloqueando</p><p>o acesso a esse equipamento (HIRATA, M.; HIRATA, R.; MANCINI FILHO,</p><p>2012; MINOZZO, 2004).</p><p>Segurança no laboratório e primeiros socorros10</p><p>110 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Acompanhe alguns exemplos de EPCs na Figura 2.</p><p>Figura 2. (a) Unidade de lavagem ocular (1) acoplada a um chuveiro de emergência (2).</p><p>(b) Utilização da cabine de fluxo laminar pelo laboratorista.</p><p>Fonte: (a) Mohd Nasri Bin Mohd Zain/Shutterstock.com; (b) Anamaria Mejia/Shutterstock.com</p><p>(a) (b)</p><p>2</p><p>1</p><p>Medidas de primeiros socorros associadas aos</p><p>principais acidentes em laboratório</p><p>Os acidentes em laboratórios são causados, em sua grande maioria, pelo</p><p>uso inapropriado dos equipamentos laboratoriais e pelo manuseio incorreto</p><p>dos reagentes. Muitas vezes, a falta de treinamento e de instruções sobre os</p><p>procedimentos a serem seguidos levam a um aumento no risco de ocorrência</p><p>de acidentes. Os principais acidentes dentro do ambiente de laboratório são</p><p>choques, incêndios, intoxicações e queimaduras.</p><p>Antes de verificar se o acidentado tem algum ferimento, queimadura,</p><p>hemorragia, fratura, envenenamento ou está em parada cardiorrespiratória,</p><p>é essencial que o socorrista permaneça calmo, evitando pânico. Em seguida,</p><p>deve-se manter o acidentado deitado para investigação da gravidade da le-</p><p>são. A avaliação da gravidade da vítima é feita por meio da observância de</p><p>algumas etapas.</p><p>11Segurança no laboratório e primeiros socorros</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Segurança no Laboratório e Primeiros Socorros | PARTE 4 111</p><p>Primeiramente, deve-se verificar se o indivíduo está acordado ou incons-</p><p>ciente, se está conversando, se respira ou não, se tem pulso radial ou na carótida,</p><p>se a pele está com uma aparência rosada, avermelhada, pálida ou cianótica e,</p><p>por fim, se existem ferimentos ou hemorragias. Casos de grandes hemorra-</p><p>gias, paradas cardiorrespiratórias, queimaduras, envenenamentos, choque e</p><p>inconsciência são prioridade, e seu atendimento deve ser imediato.</p><p>A chamada do médico e da ambulância deve ser feita o mais rapidamente</p><p>possível e, sempre que os primeiros socorros forem fornecidos pelos profis-</p><p>sionais do laboratório, as informações devem ser passadas aos profissionais</p><p>que cuidarão da vítima de acidente. O incidente deve ser comunicado ao órgão</p><p>de segurança da unidade e as ações profiláticas, providenciadas.</p><p>Choque</p><p>O estado de choque pode ser em decorrência de um choque elétrico, de uma</p><p>queimadura, de envenenamento ou de ferimentos. Este estado deve-se a uma</p><p>insuficiência circulatória, decorrente de uma oxigenação carente. A vítima</p><p>pode estar consciente ou não, e os principais sintomas do estado de choque</p><p>podem incluir: pele pálida, fria e pegajosa; pulso fraco e rápido; respiração</p><p>curta, rápida e irregular; transpiração exacerbada; pressão arterial baixa;</p><p>tonturas; cefaleia; vômitos; fraqueza; perturbação visual; tremores; náuseas;</p><p>suores frios.</p><p>Constatado o estado de choque, o primeiro passo a seguir é a prevenção</p><p>da causa do choque, sempre mantendo a vítima o mais calma possível. Caso</p><p>não exista qualquer tipo de fratura na vítima, coloque travesseiros, levantando</p><p>suas pernas. É importante manter a vítima deitada, confortável e com as roupas</p><p>frouxas. Nunca dê qualquer tipo de líquido e mantenha a temperatura corporal</p><p>da vítima, agasalhando-a. Retire da boca da vítima dentaduras ou secreção,</p><p>para evitar o engasgue. Enquanto as providências estão sendo tomadas, chame</p><p>a emergência médica (CIENFUEGOS, 2001; MINOZZO, 2004).</p><p>Segurança no laboratório e primeiros socorros12</p><p>112 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Ferimentos</p><p>O tratamento de ferimentos com perfurocortantes (cortes e perfurações) deve</p><p>ser imediato, pois o rompimento e a penetração da pele podem levar a infec-</p><p>ções. Os utensílios responsáveis pelo ferimento em laboratórios de análises</p><p>clínicas, como agulhas, lâminas de bisturi e vidros, devem ser considerados</p><p>como contaminados e devem ser manuseados com os EPIs necessários. Outros</p><p>causadores de ferimentos são mordidas de animais, como ratos e camundongos,</p><p>em laboratórios de pesquisa. Profissionais de laboratório sempre são norteados</p><p>a realizar a sua imunização por meio da vacinação contra hepatite B, tétano e</p><p>meningite, pois podem estar expostos aos microrganismos em questão.</p><p>Antes de iniciar o socorro da vítima, lave as mãos, prosseguindo com a</p><p>lavagem do ferimento com água corrente e detergente. Posteriormente, aplique</p><p>uma solução antisséptica como álcool 70%, clorexidina ou polivinilpirrolidona</p><p>(PVP-I). Caso verifique a exposição das mucosas, use água boricada ou soro</p><p>fisiológico no ferimento. Partículas de vidro não devem ser retiradas, a menos</p><p>que saiam facilmente, pois podem piorar a lesão, ocasionando até mesmo</p><p>hemorragia. Em casos de hemorragia, pressione o local para que ocorra a</p><p>coagulação do sangue. A pressão deve ser feita com gazes ou panos limpos</p><p>(se possível, estéreis), com uma pressão moderada, sem prejudicar a circulação.</p><p>Se o ferimento for em algum dos membros, é correto erguer o membro afetado</p><p>acima da altura do coração, para diminuir o fluxo sanguíneo.</p><p>Em casos de ferimentos graves, no abdômen, tórax e na cabeça, deixe a vítima em</p><p>repouso e faça um curativo protetor da região afetada. Feridas na cabeça com sangra-</p><p>mento pelo nariz e ouvido podem ser indicativos de fratura no crânio (CIENFUEGOS,</p><p>2001; MASTROENI, 2006).</p><p>13Segurança no laboratório e primeiros socorros</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Segurança no Laboratório e Primeiros Socorros | PARTE 4 113</p><p>Parada cardiorrespiratória</p><p>A parada cardiorrespiratória ou cardiopulmonar é uma situação de extrema</p><p>gravidade em que o sangue oxigenado não chega ao cérebro. Pode ser oca-</p><p>sionada por choque elétrico, insuficiência respiratória ou envenenamento.</p><p>O socorrista, primeiramente, deve identificar se a parada está acontecendo,</p><p>verificando se o indivíduo está consciente, se respira e se tem pulso palpável.</p><p>Constatada a parada, as manobras de ressuscitação devem iniciar. De acordo</p><p>com Mastroeni (2006), as seguintes manobras devem ser realizadas:</p><p>� Colocar a vítima deitada de costas sobre uma superfície dura.</p><p>� Abrir a via aérea, posicionando a cabeça com hipertensão do pescoço;</p><p>esta manobra somente deve ser realizada caso não haja fratura da coluna.</p><p>� Verificar se há algum corpo estranho obstruindo a via área, como</p><p>sangue, prótese dentária ou alimento, e retirá-lo, se possível.</p><p>� Realizar a ventilação com respiração boca a boca ou com uso de</p><p>máscara–bolsa.</p><p>� Fazer a massagem cardíaca.</p><p>� Verificar a responsividade da vítima, com perguntas simples, gritando</p><p>ou sacudindo a vítima com cuidado.</p><p>� Verificar a ventilação, observando, ouvindo e sentindo a respiração.</p><p>� Solicitar auxílio imediato.</p><p>� Com ausência de respiração, realizar duas ventilações.</p><p>� Se não houver reversão da parada, realizar nova ventilação. Repetir</p><p>quantas vezes for necessário.</p><p>� Com ausência de pulso, iniciar imediatamente a massagem cardíaca</p><p>(circulação).</p><p>As manobras realizadas por apenas uma pessoa devem ser feitas com</p><p>alternância da ventilação com a circulação. Caso haja dois socorristas, um deve</p><p>fazer a ventilação e o outro a circulação. As manobras devem ser mantidas</p><p>em ritmo de aproximadamente 100 compressões por minuto, em uma taxa de</p><p>15 compressões para 2 ventilações (15:2).</p><p>Segurança no laboratório e primeiros socorros14</p><p>114 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Veja na Figura 3 uma ilustração das manobras de ventilação e circulação,</p><p>que devem ser realizadas em casos de parada cardiorrespiratória.</p><p>Figura 3. Manobras de ventilação e circulação realizadas como primeiros socorros em</p><p>casos de parada cardiorrespiratória.</p><p>Fonte: Adaptada de Mastroeni (2006).</p><p>Pressione para</p><p>baixo com a base</p><p>da palma da mão</p><p>Veri�que se</p><p>há movimento</p><p>no tórax</p><p>15Segurança no laboratório e primeiros socorros</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Segurança no Laboratório e Primeiros Socorros | PARTE 4 115</p><p>Intoxicação e contato com mucosas</p><p>As intoxicações em laboratórios ocorrem devido à ingestão ou aspiração de</p><p>substâncias tóxicas, como produtos químicos e de limpeza, além de gases</p><p>tóxicos. Os principais sintomas das intoxicações são cansaço, tonturas, dor</p><p>de cabeça, náuseas, diarreia, perda de memória e coordenação motora, inca-</p><p>pacidade de concentração e perda de consciência.</p><p>Em casos de intoxicação por gases ou vapores, a vítima deve ser retirada</p><p>prontamente do local de exposição e ser levada para local arejado. É de extrema</p><p>importância que o socorrista esteja equipado com os EPIs obrigatórios nesta</p><p>situação. Sempre afrouxe as roupas da vítima intoxicada, desobstruindo as</p><p>vias aéreas.</p><p>Em casos de ingestão oral de agentes químicos, é aconselhável fazer a</p><p>vítima beber água. Não é aconselhável a indução do vômito, pois isso pode</p><p>ocasionar a perfuração de algum órgão ou mucosa. Não tente neutralizar o</p><p>agente tóxico. É essencial chamar ajuda médica de imediato e ter disponível</p><p>a Ficha de Informação da Segurança do Produto (FISP) para a resolução de</p><p>dúvidas quanto ao agente químico.</p><p>Em casos em que há contato do agente tóxico com a pele ou os olhos, en-</p><p>xague prontamente a região com água; tome banho no chuveiro de laboratório</p><p>e lave os olhos com o lava-olhos (MASTROENI, 2006).</p><p>Queimadura</p><p>As queimaduras podem ser superficiais, parciais ou profundas, de origem</p><p>térmica ou química. As vítimas de queimadura são consideradas em estado</p><p>grave e o socorrista deve estar atendo a potenciais riscos, como explosões,</p><p>vapores tóxicos, fogo e perigo associado a corrente elétrica. O socorrista</p><p>sempre deve observar a causalidade e o quão extensa e profunda é a lesão, pois</p><p>uma lesão mais profunda e extensa é potencialmente grave. As queimaduras</p><p>podem ser ocasionadas por:</p><p>� Altas temperaturas: objetos quentes ou fogo, bico de Bunsen, líquidos</p><p>superaquecidos.</p><p>� Temperaturas baixas: oxigênio ou nitrogênio líquido.</p><p>� Substâncias químicas corrosivas: ácidos (ácido sulfúrico, por exemplo)</p><p>e bases (hidróxido de sódio, por exemplo).</p><p>� Eletricidade: descargas elétricas.</p><p>Segurança no laboratório e primeiros socorros16</p><p>116 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Segurança no laboratório e primeiros socorros18</p><p>� Radiação: fontes radioativas, como luz ultravioleta da capela de fluxo</p><p>laminar.</p><p>Em casos de comprometimento das vias respiratórias, o socorrista deve</p><p>estar atento à fuligem em volta da boca e do nariz, chamuscamento nos pelos</p><p>do nariz, lesões ou feridas na pele e lesão na língua, como inchaço ou quei-</p><p>madura. Em casos mais graves, nos quais a vítima não consegue respirar,</p><p>deve-se iniciar o procedimento de reanimação.</p><p>Quando identificada a queimadura, deve-se proceder com o resfriamento do</p><p>local com água contínua durante 10 minutos. A área afetada deve ser coberta</p><p>com pano limpo (se possível, estéril), umedecido com soro fisiológico. Nunca</p><p>use esparadrapos sobre a pele queimada, ate-os sobre sacos plásticos limpos. As</p><p>roupas devem ser retiradas apenas nos casos em que não estejam grudadas à pele</p><p>queimada. A remoção cuidadosa de objetos pessoais, como cintos, anéis e sapatos</p><p>é indicada, pois a área lesionada provavelmente ficará passível de inchaço. Em</p><p>nenhuma hipótese deve-se tocar ou passar qualquer produto na lesão ou furar</p><p>bolhas. A ajuda médica somente é desnecessária em casos de queimaduras muito</p><p>superficiais e de uma extensão muito pequena; nos demais, chame a emergência.</p><p>Em situações de incêndio em que o indivíduo possui chamas, evite que</p><p>o mesmo saia correndo; deite-o com a área queimada virada para cima e</p><p>apague a chama com água abundante. Outra alternativa é o envolvimento</p><p>do indivíduo com um cobertor, tapete ou cortina, de tecidos que não tenham</p><p>origem sintética (MASTROENI, 2006; MINOZZO, 2004).</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 3.398, de 7 de dezembro</p><p>de 2021. Classificação de Risco dos Agentes Biológicos. Brasília: MS, 2021. Disponível</p><p>em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-3.398-de-7-de-dezembro-</p><p>-de-2021-370619275. Acesso em: 13 jun. 2022.</p><p>CIENFUEGOS, F. Segurança no laboratório. Rio de Janeiro: Interciência, 2001.</p><p>HIRATA, M. H.; HIRATA, R. D. C.; MANCINI FILHO, J. Manual de biossegurança. 2. ed.</p><p>Barueri, SP: Manole, 2012.</p><p>MASTROENI, M. F. Biossegurança: aplicada a laboratórios e serviços de saúde. 2. ed.</p><p>São Paulo: Atheneu, 2006.</p><p>MINOZZO, R. Manual de biossegurança. Novo Hamburgo, RS: Ed. da Feevale, 2004.</p><p>17Segurança no laboratório e primeiros socorros</p><p>Conceitos de Biossegurança em Laboratórios | UNIDADE 2</p><p>Segurança no Laboratório e Primeiros Socorros | PARTE 4 117</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Segurança no laboratório e primeiros socorros18</p><p>ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO</p><p>PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.</p><p>PREZADO ESTUDANTE</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Segurança no laboratório e primeiros socorros18</p><p>PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA 118</p><p>Introdução aos Procedimentos</p><p>Laboratoriais e Microscopia</p><p>Prezado estudante,</p><p>Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com</p><p>cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto</p><p>possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você,</p><p>com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.</p><p>Objetivo Geral</p><p>Conhecer os principais equipamentos e vidrarias de laboratório e as técnicas microscópicas.</p><p>unidade</p><p>3</p><p>V.1 | 2023</p><p>Parte 1</p><p>Equipamentos Gerais do Laboratório,</p><p>Vidrarias e Descartáveis</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>é disponibilizado</p><p>por SAGAH.</p><p>unidade</p><p>3</p><p>V.1 | 2023</p><p>122 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Equipamentos gerais do</p><p>laboratório, vidrarias</p><p>e descartáveis</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>� Identificar os equipamentos de uso geral em laboratórios, suas carac-</p><p>terísticas e suas funções.</p><p>� Descrever as principais vidrarias de uso laboratorial e suas funções.</p><p>� Analisar o instrumental descartável</p><p>utilizado em laboratórios.</p><p>Introdução</p><p>Neste capítulo, você vai compreender que o total conhecimento do fun-</p><p>cionamento e também da aplicação de equipamentos como microscópio,</p><p>centrífuga e pipetas, está diretamente relacionado à realização de exames</p><p>com confiabilidade analítica e a resultados fidedignos. Fatores importantes</p><p>como a correta lavagem das vidrarias, assim como o descarte adequado</p><p>de resíduos descartáveis são fundamentais para um bom gerenciamento</p><p>de laboratório, em suas mais diversas áreas.</p><p>Equipamentos de uso geral em laboratórios</p><p>Ao entrar em um laboratório pela primeira vez, é possível observar um am-</p><p>biente com inúmeros equipamentos e vidrarias dispostos tanto em bancadas,</p><p>em armários e em prateleiras quanto no chão e, muitas vezes, até mesmo nos</p><p>corredores. Com o passar do tempo, esse ambiente se torna totalmente familiar;</p><p>no entanto, para o planejamento dos experimentos científicos, para a identi-</p><p>ficação de agentes patogênicos em exames clínicos e para o entendimento de</p><p>como algumas falhas no processo mecânico podem induzir a algum erro nos</p><p>resultados obtidos é essencial conhecer o funcionamento de cada equipamento.</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Equipamentos Gerais do Laboratório, Vidrarias e Descartáveis | PARTE 1 123</p><p>Para o bom funcionamento do laboratório deve existir uma organização</p><p>dos espaços em comum, utilizados tanto por você quanto por seus colegas.</p><p>As bancadas são, de modo geral, ambientes públicos e, assim, utensílios</p><p>como pipetas e caixas de ponteiras, por exemplo, devem ser colocados em</p><p>seu devido lugar após o uso.</p><p>É importante que, antes da utilização de qualquer equipamento, você acom-</p><p>panhe alguém que saiba utilizá-lo e que você leia o procedimento operacional</p><p>padrão (POP). Nos laboratórios, o emprego dos POPs é corriqueiro para cada</p><p>equipamento. Nesse documento, são detalhadas informações relevantes para</p><p>a utilização dos equipamentos, assim como as suas características gerais, a</p><p>descrição de seus componentes, as instruções de uso, além da calibração, da</p><p>manutenção e da conservação.</p><p>Em uma típica bancada de laboratório, podemos encontrar pequenos</p><p>equipamentos como o vórtex, a chapa quente, o agitador, o banho-maria e o</p><p>ultrassom, entre outros. O banho-maria é muito utilizado para o aquecimento</p><p>de líquidos, como o meio de cultivo, ou soluções de tripsina, assim como</p><p>para o descongelamento de soro fetal bovino (SFB); além de ser amplamente</p><p>utilizado em laboratórios de análise bioquímica para incubação de reações.</p><p>Em laboratórios de microbiologia, outro equipamento encontrado sobre as</p><p>bancadas é o bico de Bunsen; um bico de gás muito utilizado para a assepsia</p><p>de alças e da boca de frascos.</p><p>Câmaras de contagem de células</p><p>A câmara de contagem ou hemocitômetro é um método manual para con-</p><p>tagem de células, utilizado para a estimativa da quantidade de eritrócitos,</p><p>de leucócitos, de bactérias, de esporos e de fungos em aplicações biológicas</p><p>(urina, sangue, sêmen, líquido cefalorraquidiano, líquido sinovial e líquidos</p><p>cavitários). Existem diferentes tipos de câmaras de contagem, mas a Neubauer</p><p>é a mais utilizada. A câmara de Neubauer é a escolha para a contagem de</p><p>células, de bactérias ou de fungos em altas ou baixas concentrações. Por outro</p><p>lado, a câmara de Fuchs Rosenthal é escolha para a contagem em líquidos</p><p>com pouco celularidade, como o líquido cefalorraquidiano. A contagem de</p><p>eritrócitos em sangue total é feita pela contagem automatizada.</p><p>Para a correta contagem muitos laboratórios utilizam a técnica de zigue-</p><p>-zague (Figura 1A), para não haver repetição do quadrante, e a técnica do “L”</p><p>(Figura 1B), para que não ocorra a contagem da mesma célula que se encontra</p><p>na intersecção de dois quadrantes.</p><p>Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis2</p><p>124 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Figura 1. Contagens em zigue-zague (A) e em “L” (B).</p><p>(a) (b)</p><p>Para a contagem de leucócitos são utilizados os quadrantes nos cantos A,</p><p>B, C e D (Veja a Figura 2). Cada quadrante tem um volume de 1/10 mm3 ou</p><p>0,1 mm3.</p><p>Figura 2. Retículo da Neubauer com quadrantes para contagem celular</p><p>e vista lateral da câmara.</p><p>Fonte: Mcpherson e Pincus (2013, p. 541).</p><p>3Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Equipamentos Gerais do Laboratório, Vidrarias e Descartáveis | PARTE 1 125</p><p>A seguinte fórmula pode ser aplicada para a contagem de leucócitos:</p><p>A superfície contada corresponde à área dos quadrantes onde avaliamos as</p><p>“células contadas” (em mm2) e a profundidade da câmara equivale a 0,1 mm.</p><p>A escolha da diluição é baseada na análise visual do líquido biológico, quanto</p><p>mais células (mais turvo) maior será o fator de diluição. Assim, quanto menos</p><p>células (translúcido) menor será a diluição aplicada.</p><p>Veja, a seguir, um exemplo de cálculo da contagem de leucócitos.</p><p>Células contadas: 30 leucócitos</p><p>Quadrantes utilizados: A, B, C e D = 4</p><p>Superfície: 4 × 1 mm2</p><p>Profundidade: 0,1 mm</p><p>Diluição: 1:200</p><p>Microscópio</p><p>O microscópio proporciona imagens com alta resolução e a ampliação de</p><p>estruturas microscópicas, como bactérias, fungos, parasitas, células ou es-</p><p>truturas internas das células. Existem diversos modelos de microscópios com</p><p>aplicações em inúmeras áreas, mas um dos mais utilizados é o microscópio</p><p>ótico, utilizado, por exemplo, para verificar o cultivo celular. Esse aparelho,</p><p>em especial, é muito utilizado em laboratórios de análises clínicas na hema-</p><p>tologia, na microbiologia, na parasitologia, na uroanálise, principalmente nos</p><p>seguintes procedimentos:</p><p>Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis4</p><p>126 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>� exame diferencial de células sanguíneas;</p><p>� observação de elementos presentes no sedimento urinário ou de para-</p><p>sitas nas fezes;</p><p>� visualização de bactérias no exame bacterioscópico.</p><p>Enquanto o microscópio óptico tem como princípio a refração da luz, o</p><p>microscópio eletrônico utiliza feixes de elétrons. O microscópio óptico possui</p><p>as lentes oculares (10 ×) e as lentes objetivas de menor aumento (4 × e 10 ×),</p><p>maior aumento (40 ×) e de imersão (100 ×). Esta última necessita do óleo de</p><p>imersão, que tem a finalidade de impedir a dispersão dos raios luminosos,</p><p>aumentando a resolução da imagem. Essa refração da luminosidade ocorre em</p><p>razão do espaço de ar existente entre a objetiva e a lâmina. O óleo de imersão</p><p>possui um índice de refração próximo ao do vidro da lâmina, o que diminui</p><p>a dispersão da luz. Para saber a potência de ampliação do material analisado</p><p>é preciso multiplicar a ampliação das duas lentes, da objetiva e da ocular</p><p>utilizadas. Por exemplo, se estivermos usando uma lente ocular com aumento</p><p>de 10 × e uma lente objetiva com aumento de 40 ×, a potência de ampliação</p><p>é de 400 ×. Entre os diferentes elementos que compõem o microscópio ótico</p><p>temos os itens listados a seguir.</p><p>� Revólver — peça que comporta as objetivas e permite a troca da objetiva</p><p>por movimento giratório;</p><p>� tubo — peça que comporta as oculares;</p><p>� condensador — concentra os raios luminosos incidentes;</p><p>� platina — suporte para a lâmina, que pode ser regulada com o macro</p><p>e o micrométrico para cima ou para baixo para ajuste de foco;</p><p>� macrométrico — possui a função de regular a altura da platina para</p><p>um ajuste grosseiro;</p><p>� micrométrico — permite um ajuste fino do foco;</p><p>� charriot — permite o movimento da lâmina sobre a platina;</p><p>� fonte de luz — pode ser uma lâmpada ou um espelho que reflete a luz;</p><p>� diafragma — regula a intensidade de luz que chega até a lâmina a ser</p><p>observada.</p><p>5Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Equipamentos Gerais do Laboratório, Vidrarias e Descartáveis | PARTE 1 127</p><p>Na Figura 3, estão descritos os componentes do microscópio ótico.</p><p>Figura 3. Componentes</p><p>do microscópio ótico.</p><p>Fonte: Adaptada de RTimages/Shutterstock.com.</p><p>Oculares</p><p>Tubo</p><p>Revólver</p><p>Condensador</p><p>Fonte de luz</p><p>Macrométrico</p><p>Micrométrico</p><p>Platina</p><p>Objetivas</p><p>A escolha do microscópio a ser utilizado depende do tipo de amostra a ser</p><p>analisada e do que se deseja analisar. A seguir, podemos observar os principais</p><p>tipos de microscopia e suas indicações:</p><p>� de campo claro — observação de células e tecidos, amostras vivas</p><p>ou fixadas;</p><p>� de campo escuro — visualização de amostras com pouco contraste,</p><p>como espiroquetas;</p><p>� de contraste de fase — em razão das diferenças de densidade conver-</p><p>tidas em visibilidade, esse tipo de microscopia permite a observação</p><p>de microrganismos transparentes, células e tecidos sem corante; além</p><p>da sua utilização na sedimentoscopia urinária com visualização de</p><p>elementos na urina, como eritrócitos dismórficos (alterados morfolo-</p><p>gicamente) e cilindros;</p><p>� de fluorescência — com a utilização de uma molécula fluorescente</p><p>que emite luz, é capaz de marcar partes específicas de uma célula ou</p><p>bactéria; muito utilizada para a detecção de antígenos e anticorpos;</p><p>Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis6</p><p>128 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>� de luz polarizada — especialmente importantes para a identificação</p><p>de cristais e gotículas de gordura em elementos presentes na urina;</p><p>� confocal — essa microscopia busca o aumento do contraste da imagem,</p><p>construindo, assim, imagens tridimensionais;</p><p>� eletrônica de varredura — empregada para a observação de estruturas</p><p>externas na superfície da amostra, como o contato entre espermatozoide</p><p>e óvulo; são obtidas imagens tridimensionais;</p><p>� eletrônica de transmissão — por ter uma resolução maior do que a</p><p>microscopia eletrônica de varredura, permite a observação de estruturas</p><p>internas celulares, como organelas.</p><p>Para o seu perfeito funcionamento, o microscópio precisa de manutenção</p><p>e limpeza rotineiras. O manuseio do equipamento deve seguir algumas regras</p><p>básicas, as quais veremos a seguir.</p><p>� Colocar a objetiva de menor aumento e posicionar a platina para baixo,</p><p>prendendo a lâmina sobre ela para iniciar a análise de uma lâmina.</p><p>� Iniciar a observação com a objetiva de menor aumento e a focalização</p><p>com a utilização do micrométrico.</p><p>� Passar para a próxima objetiva de maior aumento e focalizar com a</p><p>utilização do micrométrico, quando o foco estiver alinhado. Esse passo</p><p>deve ser seguido até atingir o foco desejado.</p><p>� Utilizar o óleo de imersão de forma criteriosa, uma pequena gota é</p><p>suficiente.</p><p>� Cobrir o microscópio com a sua capa após o uso.</p><p>� Utilizar papel de óptica ou papel de filtro para a limpeza das objetivas</p><p>após a utilização de óleo de imersão. A limpeza com esses papeis es-</p><p>peciais deve ser feita de forma suave. O xilol ou o álcool-cetona podem</p><p>ser utilizados para remoção do óleo de imersão que pode ter secado na</p><p>objetiva. As substâncias utilizadas para a remoção do óleo de imersão</p><p>não devem ser utilizadas para limpeza da superfície do microscópio.</p><p>Para isso, deve ser utilizado apenas um pano umedecido com água.</p><p>� Manter a platina limpa e seca.</p><p>� Limpar as lentes oculares com papel de óptica umedecido com água</p><p>destilada e, posteriormente, secá-las com algodão. Nunca deve-se passar</p><p>os dedos sobre as lentes.</p><p>7Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Equipamentos Gerais do Laboratório, Vidrarias e Descartáveis | PARTE 1 129</p><p>Centrífuga</p><p>Um dos equipamentos mais utilizados em laboratório é a centrífuga, in-</p><p>clusive, poucas são as metodologias que não utilizam de, pelo menos, uma</p><p>centrifugação. Esse aparelho tem como função a separação de substâncias</p><p>(células, DNA ou organelas), a concentração de proteínas e a lavagem de pellets.</p><p>Funciona por meio da força centrífuga, caracterizada por ocorrer do centro</p><p>para fora do equipamento, em razão da rotação do rotor contido no interior</p><p>do equipamento. A separação das substâncias se dá pelo giro em velocidade</p><p>alta do rotor com as amostras.</p><p>Antes de iniciar qualquer experimento com a centrífuga, é primordial que</p><p>se saiba detalhes a serem utilizados na metodologia, como o tubo, o tempo, a</p><p>temperatura e as rotações por minuto (RPM). Os parâmetros de rotação são</p><p>identificados por RPM ou força centrífuga relativa (RCF), em que o número</p><p>de giros está relacionado ao raio do rotor em milímetros.</p><p>A centrífuga é um equipamento fabricado para suportar altas rotações.</p><p>No mercado, existem diferentes tipos de centrífugas, desde as mais simples</p><p>até as mais robustas, que possuem refrigeração e permitem a troca de rotor,</p><p>específicas para microtubos ou tubos Falcons. As centrífugas de bancadas</p><p>de laboratórios de análises clínicas, em geral, alcançam até 6.000 rpm. Em</p><p>contrapartida, ultracentrífugas utilizadas para a separação de componentes</p><p>celulares chegam até 150.000 rpm. Existem também as citocentrífugas, uti-</p><p>lizadas em laboratórios para concentrar células de líquidos biológicos, como</p><p>o líquido cefalorraquidiano. Esse tipo de centrífuga concentra as células em</p><p>um único ponto em uma lâmina, e é amplamente utilizado para a preparação</p><p>de lâminas para a diferenciação celular em líquidos com baixa celularidade,</p><p>em laboratórios de citologia, urologia, microbiologia e hematologia.</p><p>Com relação aos rotores, existem dois mais comumente utilizados em</p><p>laboratórios: o rotor de ângulo fixo e o rotor horizontal. Para a utilização</p><p>desse aparelho, de forma inicial, as amostras devem ser colocadas no rotor aos</p><p>pares, assim a centrífuga balanceia em razão de os tubos com o mesmo peso</p><p>estarem alocados em lados opostos do rotor. A maioria das centrífugas possui</p><p>uma trava de segurança na tampa, que impede a sua abertura caso o rotor</p><p>ainda esteja funcionando. A Figura 4 apresenta uma centrífuga com rotor fixo.</p><p>Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis8</p><p>130 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Figura 4. Centrífuga laboratorial com rotor fixo e balanceamento. Alocação dos tubos com</p><p>mesmo peso em lados opostos.</p><p>Fonte: ArtPanupat/Shutterstock.com.</p><p>Micropipetas</p><p>As micropipetas são de grande valia para o preparo de amostras e reagen-</p><p>tes que precisam de medidas exatas, para isso, esse instrumento deve estar</p><p>devidamente calibrado para se obter uma pipetagem fidedigna. O princípio</p><p>de seu funcionamento se baseia no deslocamento de ar, muito semelhante ao</p><p>de uma seringa. As micropipetas servem para transferência ou pipetagem de</p><p>pequenos volumes, como microlitros ou mililitros (10, 50, 100, 1000 µl, etc.).</p><p>Existem dois tipos de micropipetas, que são os seguintes:</p><p>� micropipetas de volume fixo — pipetam um volume específico;</p><p>� micropipetas de volume ajustável — possuem um volume mínimo e</p><p>máximo para a sua utilização, em que podem ser pipetados diferentes</p><p>volumes desse intervalo. Essas especificações devem ser respeitadas</p><p>para uma pipetagem precisa.</p><p>9Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Equipamentos Gerais do Laboratório, Vidrarias e Descartáveis | PARTE 1 131</p><p>Para a pipetagem, são empregadas ponteiras descartáveis que impedem</p><p>o contato do líquido aspirado com a parte interna da micropipeta, evitando a</p><p>descalibração do instrumento. Para evitar esse problema, também podem ser</p><p>utilizadas ponteiras com barreira.</p><p>Para utilizar as micropipetas é preciso entender o seu funcionamento. Elas</p><p>possuem dois estágios: a aspiração do líquido e a ejeção dele. A Figura 5,</p><p>apresenta os estágios para a realização da pipetagem.</p><p>Figura 5. Estágios para pipetagem com micropipetas. De forma inicial, deve-se segurar a</p><p>pipeta em uma posição quase vertical. Na posição 1, pressionar o êmbolo suavemente até</p><p>o primeiro estágio. Na posição 2, mergulhar a ponteira da pipeta no líquido e permitir que</p><p>o êmbolo suba devagar até a posição de descanso. Na posição 3, colocar</p><p>a ponteira em</p><p>um ângulo de 10° a 45° contra a parede interna do recipiente e pressionar o êmbolo com</p><p>cuidado para o primeiro estágio. Na posição 4, aguardar 1 segundo e pressionar o êmbolo</p><p>para o segundo estágio, removendo qualquer amostra restante da ponteira. Finalizar o</p><p>processo removendo a ponteira da pipeta da parede lateral, deslizando-a para cima na</p><p>parede. Na posição 5, deixar o êmbolo subir para a posição de repouso.</p><p>Fonte: Gilson (2015, documento on-line).</p><p>Posição de descanso</p><p>1º estágio</p><p>2º estágio</p><p>1 2 3 4 5</p><p>Para que não ocorra a formação de bolhas, a aspiração deve ser lenta e</p><p>contínua e, para um bom funcionamento da micropipeta, é imprescindível que</p><p>as pipetagens sejam feitas em temperatura ambiente e que os instrumentos</p><p>com o líquido nunca sejam colocados em posição horizontal. Além disso,</p><p>a profundidade de imersão da ponteira no líquido a ser aspirado deve ser</p><p>verificar para que a pipetagem seja eficiente. Quando maior for o volume</p><p>Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis10</p><p>132 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>aspirado maior será a profundidade de imersão da ponteira e, quanto menor</p><p>for o volume menor será a profundidade, por exemplo:</p><p>� pipetagem de 1 a 100 µL — imersão de 2–3 mm;</p><p>� pipetagem de 100 a 1000 µL — imersão de 2–4 mm;</p><p>� pipetagem de 1000 a 10000 µL — imersão de 2–5 mm.</p><p>Na aspiração, a micropipeta deve estar na posição vertical com a ponteira</p><p>imersa no líquido, sem encostar na parede do tubo, enquanto que para a ejeção,</p><p>a micropipeta deve estar levemente inclinada e com a ponteira encostada na</p><p>parede do tubo.</p><p>Existem diferentes tipos de micropipetas, além da micropipeta monoca-</p><p>nal, que incorpora apenas uma ponteira, existe a micropipeta multicanal,</p><p>que incorpora várias ponteiras e é altamente funcional para protocolos com</p><p>pipetagem de um mesmo volume em diversos poços, de forma simultânea</p><p>(Figura 6).</p><p>Figura 6. Micropipeta monocanal acolhe uma ponteira por vez (a) e micropipeta multicanal</p><p>acolhe múltiplas ponteiras por vez (b).</p><p>Fonte: (a) Dmytro Zinkevych/Shutterstock.com; (b) angellodeco/Shutterstock.com.</p><p>(a) (b)</p><p>Ainda, as micropipetas podem ser mecânicas ou eletrônicas, estas últimas</p><p>determinam digitalmente a quantidade da amostra a ser aspirada. A maioria</p><p>das micropipetas tem seu funcionamento por deslocamento de ar, mas para</p><p>amostras muito voláteis ou viscosas, as pipetas de deslocamento positivo que</p><p>possuem êmbolo e capilar intermutáveis são as mais indicadas.</p><p>11Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Equipamentos Gerais do Laboratório, Vidrarias e Descartáveis | PARTE 1 133</p><p>Autoclave</p><p>A autoclace tem por função a esterilização sob pressão de vidrarias de dife-</p><p>rentes meios de cultivo e tampões por meio do vapor saturado. Esse aparelho</p><p>também é utilizado para esterilizar resíduos antes de seu descarte. É importante</p><p>que seja realizado um treinamento prévio à utilização, pois a manipulação</p><p>incorreta da autoclave pode acarretar em queimaduras após a exposição ao</p><p>vapor oriundo de seu interior.</p><p>Existem alternativas ao uso da autoclave, por exemplo, os meios e tampões</p><p>podem ser filtrados e os instrumentais podem sofrer tratamento por radiação;</p><p>no entanto, a autoclavagem ainda é o método mais comumente utilizado para</p><p>a esterilização de uma ampla gama de materiais e substâncias. Em casos</p><p>específicos, a filtração é a metodologia mais indicada, como na preparação de</p><p>meios com ácido 2-[4-(2-hidroxietil)-1-piperazinil]-etanosulfônico (HEPES)</p><p>(um agente tamponante) e de tampões com dodecil sulfato de sódio (SDS)</p><p>(um detergente). A autoclave também não é recomendada para ingredientes</p><p>termolábeis, como antibióticos, proteínas e SFB. Outra possibilidade para</p><p>os agentes termolábeis é a sua adição às soluções previamente autoclavadas.</p><p>Antes de colocar os materiais na autoclave, é essencial verificar se as</p><p>vidrarias são de vidro borosilicado e se os instrumentais plásticos são autocla-</p><p>váveis, para evitar possíveis perdas por quebra ou derretimento de utensílios,</p><p>em razão das altas temperaturas e pressão requeridas para a esterilização.</p><p>Na preparação dos materiais para a autoclavagem, é preciso lembrar de</p><p>afrouxar as tampas dos frascos (garrafas, tubos Falcons, criotubos) de forma</p><p>a impedir uma pressão elevada no interior do instrumental. É imprescindível a</p><p>colagem de um pequeno pedaço de fita de autoclave nos pacotes e nos frascos</p><p>a serem esterilizados. Essa fita demonstrará que o material está estéril por</p><p>mudança na sua cor ou desenho.</p><p>O tempo do ciclo de esterilização é dependente do volume do meio a ser</p><p>autoclavado. Grandes volumes, 2 litros de meio, por exemplo, requerem um</p><p>ciclo de 30 minutos de esterilização, enquanto que o tempo de autoclavagem</p><p>de vidrarias é de 20 minutos. Para a abertura do equipamento, o profissional</p><p>deve certificar-se que o indicador da pressão esteja no mínimo, prevenindo,</p><p>assim, que o vapor saia e possa ocasionar alguma queimadura.</p><p>No momento da retirada dos materiais, o profissional deve estar equipado</p><p>com luvas especiais, grossas, grandes e termorresistentes. Luvas de procedi-</p><p>mento ou nitrílicas são sensíveis a altas temperaturas e não devem ser utilizadas</p><p>nesse procedimento. As tampas dos frascos devem ser fechadas antes da sua</p><p>Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis12</p><p>134 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>retirada da autoclave, ou imediatamente após a retirada para colocação em</p><p>estufa de secagem.</p><p>Acesse o link a seguir e conheça informações referentes à correta utilização da autoclave,</p><p>como a temperatura e o tempo desejáveis para a esterilização dos materiais.</p><p>https://qrgo.page.link/LVi3g</p><p>Balança analítica</p><p>A pesagem é um procedimento simples e corriqueiro no laboratório. Durante</p><p>esse procedimento, é obrigatória a utilização de luvas, tanto para a proteção</p><p>do profissional quanto do recipiente que está sendo utilizado para a pesagem.</p><p>Contudo, se o pó a ser pesado for tóxico, é imprescindível o uso de máscara</p><p>ou, até mesmo, de luvas mais grossas e óculos. Antes do uso, a balança deve</p><p>ser limpa e nivelada. O material nunca deve ser pesado diretamente sobre</p><p>o prato de pesagem; para isso, utiliza-se um recipiente (béquer ou prato de</p><p>pesagem) ou um papel alumínio. O recipiente deve ser tarado (ter descontado</p><p>o seu peso) e, posteriormente, com o auxílio de uma espátula, o material pode</p><p>ser pesado. Caso o peso ultrapasse o valor desejado, pode-se devolver o pó para</p><p>o pote de estocagem do material. Entretanto, se o material for higroscópico,</p><p>ou seja, absorver umidade, esse material nunca deve ser devolvido para o pote</p><p>do material. É muito importante que os materiais e a balança sejam limpos</p><p>antes e após a sua utilização.</p><p>As balanças semianalíticas são utilizadas para a pesagem de grandes</p><p>volumes para o preparo de reagentes, com uma precisão de 0,001 g. Já as</p><p>balanças analíticas, são mais delicadas e possuem uma precisão de 0,0001</p><p>g, permitindo a pesagem de pequenos volumes.</p><p>Medidor de pH</p><p>O medidor de pH, também conhecido como pHmetro, tem a função de medir</p><p>a concentração de prótons (H+) por meio de um eletrodo. A medição do pH</p><p>das soluções e dos tampões é de extrema importância e deve ser feita antes</p><p>13Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Equipamentos Gerais do Laboratório, Vidrarias e Descartáveis | PARTE 1 135</p><p>da filtragem ou da autoclavagem. Quando o eletrodo é colocado dentro da</p><p>solução, é essencial que se tenha a precaução de não batê-lo na vidraria (béquer</p><p>e bastão de vidro) ou nas barras magnéticas utilizadas para a mistura. Quando</p><p>não está sendo utilizado, o eletrodo deve ser mantido submerso em tampão</p><p>neutro (cloreto de potássio 3M).</p><p>A calibração desse equipamento deve ser feita diariamente, pois a deter-</p><p>minação das medições da solução em</p><p>questão é dependente dessa regulação</p><p>e sempre são utilizados dois tampões com valores de pH diferentes (pH 4,</p><p>pH 7 e pH 10). Não há a necessidade de calibrar antes de cada nova medição</p><p>no mesmo dia, somente se há a suspeita de desajuste por mau uso do pHmetro.</p><p>A escolha dos dois tampões para esse processo de ajuste é feita levando-se em</p><p>consideração o pH que será medido na solução em questão. Para a calibração</p><p>e a medição do pH de determinada solução é necessário que a temperatura da</p><p>solução e do tampão de calibração estejam na mesma temperatura em que a</p><p>solução será utilizada durante o experimento, pois o valor de pH é totalmente</p><p>dependente da temperatura.</p><p>Para a utilização do equipamento devem ser seguidos alguns passos que</p><p>são descritos a seguir.</p><p>� Realizar a calibração com a medição do pH dos dois padrões de escolha</p><p>e, em seguida determinar o pH da solução em questão. Tanto para</p><p>a medição quanto para a calibração, o eletrodo deve ser retirado do</p><p>tampão neutro e lavado com delicadeza e com auxílio de uma pisseta</p><p>com água destilada.</p><p>� Secar o eletrodo suavemente com um lenço de papel ou com papel</p><p>higiênico para retirar o excesso. Nesse momento, o aparelho está na</p><p>função stand by.</p><p>� Colocar o eletrodo na solução em que será medido o pH e esperar que</p><p>a leitura estabilize. Caso seja necessário, pode-se ajustar o pH com a</p><p>utilização de uma solução contendo base (NaOH) ou ácido (HCl), para</p><p>ajuste de pH baixo ou pH alto, respectivamente.</p><p>� Retirar o eletrodo da solução quando o pH estiver aferido, lavar nova-</p><p>mente com água destilada e secá-lo.</p><p>� Colocar o eletrodo no tampão neutro e desligar o aparelho.</p><p>Assim como o pHmetro possui um eletrodo de íon seletivo para o hidro-</p><p>gênio, em laboratórios de análises clínicas, são encontrados eletrodos seleti-</p><p>vos de íons (específicos para sódio, potássio, cálcio iônico, lítio), utilizados</p><p>amplamente na clínica.</p><p>Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis14</p><p>136 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Vidrarias de uso laboratorial</p><p>Diferentes utensílios específicos, chamadas vidrarias, são utilizados em labo-</p><p>ratórios, em especial para o preparo de soluções e tampões. Existem diferentes</p><p>tipos de vidrarias, como béqueres, balões volumétricos, provetas, frascos de</p><p>Erlenmeyer, pipetas e garrafas. Os laboratórios, em sua maioria, utilizam</p><p>tanto utensílios plásticos quanto de vidro. As vidrarias possuem a vantagem</p><p>de reutilização, já que a maioria dos reagentes podem ser removidos com a</p><p>limpeza do recipiente, além de serem preferíveis aos materiais plásticos, por</p><p>raramente reagirem com os compostos a que são expostas e, por consequência,</p><p>não alteram as propriedades das substâncias. Além disso, o plástico contém</p><p>microporos que podem reter resíduos nocivos ou tóxicos. Contudo, materiais</p><p>de vidro são passíveis de quebra e exigem um maior cuidado no seu manuseio.</p><p>Neste item, detalharemos os cuidados, as características e as funções das</p><p>principais vidrarias.</p><p>As vidrarias necessitam de cuidados especiais, como uma limpeza</p><p>adequada e um local apropriado para o armazenamento do material limpo.</p><p>A limpeza é realizada de acordo com protocolos restritos de cada laboratório;</p><p>contudo, os protocolos mais utilizados podem ser conferidos a seguir.</p><p>� Lavagem com água e detergente específico para vidrarias com a função</p><p>de eliminação de gordura.</p><p>� Lavagem com água destilada ou deionizada para a retirada de possíveis</p><p>sais impregnados nas vidrarias.</p><p>� Desinfecção com agentes químicos, como álcool isopropílico, etanol,</p><p>em casos em que a sujeira é mais profunda.</p><p>� Desinfecção com hipoclorito de sódio a 1%, caso o material esteja</p><p>contaminado. Limpeza comumente empregada para materiais para</p><p>uso em cultivo celular.</p><p>� Esterilização em autoclave para materiais que requerem total descon-</p><p>taminação, livres de qualquer microrganismo. Essa limpeza, em geral,</p><p>é empregada para materiais de uso em cultivo celular.</p><p>15Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Equipamentos Gerais do Laboratório, Vidrarias e Descartáveis | PARTE 1 137</p><p>Os laboratórios realizam a lavagem com detergente por um período de</p><p>24 horas, em que os materiais ficam totalmente imersos até a remoção total dos</p><p>agentes contaminantes. Para instrumentos como pipetas, provetas e buretas, a</p><p>escova de vidraria é de grande valia, pois chega a locais sem o alcance manual.</p><p>Para a remoção de detergentes, a descontaminação com lavagem em água</p><p>destilada pode ser realizada, para remoção de íons, possíveis interferentes</p><p>em muitas reações bioquímicas.</p><p>Após a limpeza, a secagem das vidrarias pode ser feita em temperatura</p><p>ambiente ou em estufa de secagem. Posteriormente, os materiais devem ser</p><p>armazenados em local fechado, como armários com portas, evitando, por</p><p>consequência, a poeira.</p><p>Grande parte das vidrarias é produzida com vidro borossilicato, um</p><p>material com propriedades que as torna altamente resistentes à altas tempe-</p><p>raturas e à quebra mecânica. É interessante ressaltar que mesmo os vidros de</p><p>borossilicato se expandem ou dilatam com o aumento da temperatura, mas</p><p>essa expansão somente terá importância analítica para trabalhos que exigem</p><p>muita exatidão.</p><p>Em laboratórios também podemos encontrar vidrarias como frascos âmbar,</p><p>com uso para o armazenamento de soluções sensíveis à luz. Frascos de Erlen-</p><p>meyer, béqueres e balões volumétricos são utilizados com frequência para a</p><p>mistura de sólidos com solventes. Os béqueres, por exemplo, servem para a</p><p>mistura de meios de cultivo celular, o preparo de tampões ou o aquecimento</p><p>de soluções. Esse utensílio é colocado sob um agitador magnético para a</p><p>dissolução de soluções; barras magnéticas ou bastões de vidro também podem</p><p>ser uma segunda opção para agitar a mistura; no entanto, não é indicado para</p><p>medições precisas de volumes. As provetas graduadas são utilizadas para</p><p>medições de líquidos, mas não são resistentes a temperaturas elevadas, assim,</p><p>não devem ser aquecidas. As provetas possuem volumes variáveis, de 5 mL a</p><p>2.000 mL. É importante ressaltar que o aquecimento de vidrarias volumétricas</p><p>pode levar à sua descalibração.</p><p>O balão volumétrico é amplamente destinado à mistura de duas substâncias</p><p>com volumes precisos. Por apresentar um traço de aferição no seu gargalo,</p><p>essa vidraria é direcionada para concentrações previamente estabelecidas.</p><p>A mistura da solução se faz por meio de movimentos manuais circulares.</p><p>Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis16</p><p>138 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>As pipetas volumétricas e graduadas são instrumentos requeridos para</p><p>a medição e a transferência de líquidos. Enquanto as pipetas volumétricas</p><p>possuem um valor fixo de medição, as pipetas graduadas permitem a trans-</p><p>ferência de volumes variáveis, podendo ser de 5 ml, 10 ml, etc.</p><p>Em procedimentos de filtração, a vidraria mais indicada para a transfe-</p><p>rência de volume são os funis de vidro, com a associação de papel filtro para</p><p>a retenção de partículas.</p><p>As garrafas de vidro com tampas coloridas são utilizadas para estoque</p><p>de meios de cultura ou de tampões. Em laboratórios de cultura celular, essas</p><p>garrafas são previamente autoclavadas e, posteriormente, utilizadas para</p><p>armazenamento de meio de cultura filtrados. Em adição, em laboratórios</p><p>de microbiologia, essas garrafas podem ser autoclavadas juntamente com os</p><p>meios de crescimento ou de isolamento bacteriano.</p><p>Em laboratórios de química, um utensílio muito utilizado para transfe-</p><p>rência de volumes e titulação de soluções que necessitam de volumes exatos</p><p>é a bureta. Em laboratórios, de maneira geral, o dessecador é comumente</p><p>utilizado para manter substâncias com baixo teor de umidade. É um recipiente</p><p>que possui um agente dessecante, o sílica gel, e é lubrificado com silicone e</p><p>fechado hermeticamente.</p><p>A Figura 7 apresenta as principais vidrarias utilizadas em laboratórios.</p><p>Figura</p><p>7. Vidrarias. Da esquerda para a direita: balão de fundo redondo, béquer, balão de</p><p>fundo chato, tubo de ensaio, balão volumétrico e frasco de Erlenmeyer.</p><p>Fonte: Ivan Feoktistov/Shutterstock.com.</p><p>17Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Equipamentos Gerais do Laboratório, Vidrarias e Descartáveis | PARTE 1 139</p><p>Manejo do instrumental descartável</p><p>de uso laboratorial</p><p>O grande interesse pela implementação de programas de biossegurança em</p><p>laboratórios surgiu em decorrência de vários acidentes ocorridos pela ma-</p><p>nipulação inadequada de material biológico e pelo descarte incorreto dos</p><p>resíduos gerados. Nos anos de 1949 a 1985, nos Estados Unidos e na Inglaterra,</p><p>analistas contraíram infecções associadas com Brucella spp., Chlamydia spp.</p><p>e Mycobacterium spp. Além disso, o aparecimento da tuberculose, com maior</p><p>intensidade, e da epidemia de aids no início da década de 1980, levou a novos</p><p>indícios de que a biossegurança não estava sendo uma prioridade. Apenas no</p><p>final da década de 1980, houve uma preocupação maciça para a normatização</p><p>do descarte correto e seguro desses resíduos. Todos os instrumentos, como</p><p>ponteiras, seringas, tubos de armazenamento sanguíneo, de urina ou de fezes,</p><p>agulhas, entre outros, que entraram em contato com agentes biológicos, ra-</p><p>dioativos e/ou químicos, têm um destino específico, um lugar apropriado para</p><p>o seu descarte e que deve estar de acordo com as regras do departamento de</p><p>segurança da instituição em questão. Para a manipulação desses instrumen-</p><p>tais é obrigatória a utilização de luvas e, em casos específicos, dos demais</p><p>equipamentos de proteção individual (EPIs).</p><p>Antes de iniciar qualquer metodologia, é essencial conhecer a composição</p><p>do material e saber se ele possui risco biológico, se é perfurocortante e se</p><p>pode ser caracterizado como lixo reciclável. Todo profissional de laboratório</p><p>tem a responsabilidade de conhecer os instrumentais com os quais trabalha,</p><p>o seu manuseio e acondicionamento. O lixo laboratorial, quando manipulado</p><p>da maneira correta, reduz o risco de acidentes sérios, evitando até mesmo a</p><p>contaminação com diferentes agentes, como o vírus da hepatite e do HIV.</p><p>O gerenciamento dos resíduos de laboratório possui várias etapas e aqui</p><p>destacaremos a caracterização, a segregação e o acondicionamento de resíduos</p><p>biológicos ou infectantes, químicos e perfurocortantes, classificados como</p><p>Grupo A, Grupo B e Grupo E, respectivamente. Os resíduos biológicos ou</p><p>infectantes são classificados no Grupo A, ou seja, que apresentam risco po-</p><p>tencial à saúde pública ou ao meio ambiente. Essa classificação foi disposta</p><p>pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 306, de dezembro de 2004,</p><p>da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (BRASIL, 2004).</p><p>De nosso interesse, dentro do Grupo A, temos os instrumentais usados tanto</p><p>para a transferência quanto para a inoculação ou a dissolução de culturas, assim</p><p>como materiais contendo ou não amostras de sangue ou líquidos corpóreos</p><p>de forma livre. Entre esses instrumentais estão os seguintes:</p><p>Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis18</p><p>140 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>� placas e garrafas de cultivo;</p><p>� ponteiras;</p><p>� placas de Petri;</p><p>� pipetas Pasteur;</p><p>� pipetas volumétricas descartáveis.</p><p>O descarte é feito por meio da segregação realizada durante a geração dos</p><p>resíduos. O acondicionamento deve ser feito em sacos brancos identificados</p><p>com o símbolo de risco biológico, com o nome da instituição, do departamento,</p><p>do responsável e da data do descarte. O saco branco deve ser posteriormente</p><p>lacrado e substituído, quando a sua capacidade máxima for atingida, ou seja,</p><p>dois terços da capacidade. É importante destacar que esse saco nunca poderá</p><p>ser reaproveitado e, caso ocorra algum vazamento ou ruptura dele, uma segunda</p><p>embalagem pode ser adicionada.</p><p>Posteriormente, o material para descarte deverá ser autoclavado e destinado</p><p>aos aterros sanitários licenciados, ou incinerados. Os materiais que entraram</p><p>em contato com microrganismos receberão tratamento (inativação microbiana)</p><p>antes de sua saída do laboratório. Por outro lado, instrumentais contaminados</p><p>como bolsas transfusionais vazias ou amostras humanas não necessitam de</p><p>tratamento prévio.</p><p>Os resíduos do Grupo B são substâncias químicas que podem apresentar</p><p>risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características</p><p>de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade, de acordo com a</p><p>Anvisa. Em laboratórios de pesquisa, todos os recipientes ou instrumentais</p><p>que tenham sido contaminados por reagentes de laboratório ou por agentes</p><p>químicos de média periculosidade, como desinfetantes e metais pesados, ou</p><p>de alta periculosidade, como brometo de etídio, fenol clorofórmio, diami-</p><p>nobenzidina (DAB) e trizol, fazem parte dos resíduos sólidos do Grupo B.</p><p>Nesse caso, materiais como perfurocortantes (seringas, agulhas, recipientes</p><p>quebrados, lâminas de bisturi ou de vidro, termômetros de mercúrio), assim</p><p>como frascos e ponteiras de plástico ou de vidro, que entraram em contato com</p><p>algum resíduo químico terão seu acondicionamento em embalagens rígidas,</p><p>para descarte de perfurocortantes, devidamente identificadas como “resíduos</p><p>químicos sólidos perfurocortantes”. Os resíduos sólidos, posteriormente, serão</p><p>destinados aos aterros sanitários licenciados ou incinerados.</p><p>Os resíduos do Grupo E podem acarretar risco potencial à saúde e ao</p><p>meio ambiente. Nesse grupo, materiais perfurocortantes ou escarificantes,</p><p>limpos ou contaminados, são definidos como resíduos do Grupo E. Dentro do</p><p>grupo encontramos lâminas e lamínulas, ponteiras, tubos capilares, ampolas</p><p>19Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Equipamentos Gerais do Laboratório, Vidrarias e Descartáveis | PARTE 1 141</p><p>BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 306, de 7 de dezem-</p><p>bro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos</p><p>de serviços de saúde. Brasília, DF, 2004. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/</p><p>documents/33880/2568070/res0306_07_12_2004.pdf/95eac678-d441-4033-a5ab-</p><p>f0276d56aaa6. Acesso em: 25 set. 2019.</p><p>GILSON. Gilson guide to pipetting. 3rd ed. Middleton: Gilson, 2015. Disponível em: https://</p><p>splice-bio.com/wp-content/uploads/2015/10/Gilson-Guide-to-Pipetting-2015_SPRE-</p><p>ADS.pdf. Acesso em: 30 set. 2019.</p><p>MCPHERSON, R. A.; PINCUS, M. R. (ed.). Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos</p><p>laboratorais de Henry. 21. ed. Barueri, SP: Manole, 2013.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>SPLABOR. Micropipeta: conheça todos os tipos de micropipetas e suas diferenças. Brasil,</p><p>2018. Disponível em: http://www.splabor.com.br/blog/micropipeta-2/micropipeta-</p><p>-saiba-mais/. Acesso em: 18 set. 2019.</p><p>UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Faculdade de Medicina. Cartilha de orientação de des-</p><p>carte de resíduo no sistema FMUSP-HC. São Paulo, [201-?]. Disponível em: http://www.</p><p>biot.fm.usp.br/pdf/cibio_Cartilha_descarte_de_residuo_FMUSPHC.pdf. Acesso em:</p><p>18 set. 2019.</p><p>UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Gestão de resíduos sólidos. Tratamento</p><p>prévio e acondicionamento. Florianópolis, 2019. Disponível em: http://gestaoderesiduos.</p><p>ufsc.br/acondicionamento/. Acesso em: 18 set. 2019.</p><p>ELEUTÉRIO, J. P. L.; HAMADA, J.; PADIM, A. F. Gerenciamento eficaz no tratamento</p><p>dos resíduos de serviços de saúde - estudo de duas tecnologias térmicas. In: EN-</p><p>CONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 28., 2008, Rio de Janeiro. Anais</p><p>eletrônicos... Disponível em: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2008_TN_</p><p>STP_069_490_11445.pdf. Acesso em: 18 set. 2019.</p><p>ESTRIDGE, B. H.; REYNOLDS, A. P. Técnicas básicas de laboratório clínico. 5. ed. Porto</p><p>Alegre: Artmed, 2011.</p><p>de vidro, agulhas, seringas com agulhas, lâminas de bisturi e lancetas, além</p><p>de instrumentais</p><p>pela PNB, o es-</p><p>tabelecimento de diretrizes e o poder de decisão em última instância, bem</p><p>como a decisão sobre a conveniência e oportunidade de algum OGM. Por</p><p>outro lado, a CTNBio ficou encarregada do estabelecimento de normas, da</p><p>emissão de decisões técnicas, da análise da avaliação de risco, da autorização</p><p>de pesquisas e da decisão sobre a necessidade de licenciamento ambiental.</p><p>A nova lei faz referência ao Princípio de Precaução, de forma a se alinhar</p><p>com a Declaração do Rio de 1992 e com o Protocolo de Cartagena, os quais</p><p>também mencionam tal princípio. O Princípio da Precaução preconiza que</p><p>a falta de comprovação científica não deve ser motivo para adiar medidas</p><p>preventivas cabíveis no sentido de evitar danos à saúde humana e ao meio</p><p>ambiente. Assim, as políticas de saúde e ambientais devem ter como objetivo</p><p>a predição, a prevenção e a mitigação de danos, tendo em mente a menor</p><p>degradação ambiental.</p><p>5Princípios gerais, conceito e histórico da biossegurança</p><p>U3_C10_Bioetica e biossegurança.indd 5 29/09/2017 14:18:52</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Princípios Gerais, Conceito e Histórico da Biossegurança | PARTE 1 15</p><p>Cuidado para não confundir a CTNBio, a CNBS e a CIBio!</p><p>A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) é uma comissão técnica</p><p>de biossegurança, formada por especialistas de diversas áreas que a biotecnologia</p><p>abrange. Essa comissão controla as pesquisas realizadas com organismos geneticamente</p><p>modificados, avaliando a segurança e os riscos de tais OGMs.</p><p>O CNBS (Conselho Nacional de Biossegurança) é a comissão que, após a avaliação</p><p>da CTNBio, julga se esse OGM é interessante economicamente e favorável ao país.</p><p>A CIBio (Comissão Interna de Biossegurança) é uma comissão que deve ser criada</p><p>por qualquer entidade que utilize métodos de engenharia genética. Tem a responsa-</p><p>bilidade de elaborar e divulgar normas e tomar decisões sobre assuntos específicos</p><p>no âmbito da instituição em procedimentos de segurança, sempre em consonância</p><p>com as normas da CTNBio.</p><p>Princípios da biossegurança</p><p>Conforme conceituamos anteriormente, a biossegurança diz respeito a um</p><p>conjunto de normas técnicas e equipamentos que visam à prevenção da expo-</p><p>sição dos profi ssionais da saúde, dos laboratórios e do meio ambiente a agentes</p><p>químicos e biológicos. Assim, os princípios gerais da biossegurança envolvem:</p><p> análise de riscos;</p><p> uso de equipamentos de segurança;</p><p> técnicas e práticas de laboratório;</p><p> estrutura física dos ambientes de trabalho;</p><p> descarte apropriado de resíduos;</p><p> gestão administrativa dos locais de trabalho em saúde.</p><p>Nesse contexto, a análise de riscos é um aspecto fundamental da biosse-</p><p>gurança, de forma que apenas depois de se analisar os riscos que a prática</p><p>clínica de um estabelecimento pode oferecer será possível pensar nas medidas</p><p>de biossegurança que devem ser adotadas. Os tipos de risco se dividem em</p><p>biológicos, bioquímicos, químicos, físicos, acidentais e ergonômicos.</p><p>Em uma clínica de estética, os riscos biológicos dizem respeito a microrga-</p><p>nismos como bactérias, leveduras, fungos e parasitas, os quais podem ser trans-</p><p>Princípios gerais, conceito e histórico da biossegurança 6</p><p>U3_C10_Bioetica e biossegurança.indd 6 29/09/2017 14:18:52</p><p>16 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>mitidos pelos materiais usados pelos profissionais, como alicates, espátulas,</p><p>entre outros. Os riscos químicos e bioquímicos desse tipo de estabelecimento</p><p>ocorrem ao manusear produtos químicos que podem ser prejudiciais à saúde,</p><p>ao passo que riscos físicos acidentais envolvem o manuseio de equipamentos</p><p>e máquinas, bem como questões relacionadas à infraestrutura do local, onde</p><p>o profissional pode estar exposto a temperaturas excessivas, à radiação, à</p><p>eletricidade, etc. Por fim, os riscos ergonômicos dizem respeito ao esforço</p><p>físico, à postura inadequada, entre outros.</p><p>A partir da identificação dos riscos apresentados no local de trabalho,</p><p>pode-se analisar as medidas de biossegurança cabíveis. Entre essas medidas,</p><p>os equipamentos de segurança agem como barreiras primárias de contenção</p><p>de microrganismos, promovendo uma barreira entre o profissional e o pa-</p><p>ciente, visando à proteção de ambos. Esses equipamentos são classificados</p><p>como equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC). Os EPIs</p><p>visam à proteção da saúde do trabalhador e sua utilização é indicada durante</p><p>o atendimento aos pacientes, enquanto o profissional estiver em seu local</p><p>de trabalho. Alguns exemplos de EPIs são: luvas, jalecos, máscaras, toucas,</p><p>lençóis descartáveis, propé e óculos de proteção. No caso dos EPCs, temos</p><p>esterilizadores, estufas, autoclaves, kit de primeiros socorros, extintor de</p><p>incêndio, material para descarte, incluindo caixas amarelas para perfurocor-</p><p>tantes, capelas de exaustão química, entre outros.</p><p>O princípio de técnicas e práticas de laboratório diz respeito ao treinamento</p><p>que os profissionais daquele local devem receber em relação às técnicas de</p><p>biossegurança. De acordo com o Manual de Orientação para Instalação e</p><p>Funcionamento de Institutos de Beleza sem Responsabilidade Médica do estado</p><p>de São Paulo, todo estabelecimento deve possuir um Manual de Rotinas e</p><p>Procedimentos, o qual deve abordar as rotinas de trabalho e as recomendações</p><p>sobre as atividades executadas. Nesse sentido, é recomendado que o manual</p><p>aborde questões como a higienização dos ambientes, as recomendações sobre</p><p>os produtos utilizados e as orientações sobre os processos de esterilização</p><p>que devem ser feitos.</p><p>No caso da estrutura física do local de trabalho, devem ser seguidas uma</p><p>série de normas sobre o ambiente de trabalho, em que a estrutura do estabe-</p><p>lecimento deve ser elaborada com a participação de especialistas, de forma a</p><p>garantir a segurança dos trabalhadores e dos pacientes. A Anvisa possui um</p><p>manual com diversas recomendações sobre a estrutura de um local de serviços</p><p>de estética, que abordam as instalações elétricas e sanitárias, bem como as</p><p>instalações de água e esgoto e as normas sobre os diversos ambientes no local.</p><p>7Princípios gerais, conceito e histórico da biossegurança</p><p>U3_C10_Bioetica e biossegurança.indd 7 29/09/2017 14:18:53</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Princípios Gerais, Conceito e Histórico da Biossegurança | PARTE 1 17</p><p>O descarte de resíduos é de extrema importância quando se trata de produtos</p><p>químicos e materiais biológicos que podem contaminar o meio ambiente. As-</p><p>sim, o descarte apropriado deve seguir normas com bases científicas, técnicas,</p><p>normativas e legais no sentido de minimizar o risco de contaminação local e</p><p>do meio ambiente, bem como no sentido de diminuir a produção de resíduos.</p><p>No Brasil, devido às condições precárias do gerenciamento de resíduos,</p><p>são causados diversos problemas, como contaminação da água, do solo e da</p><p>atmosfera, que acabam afetando a saúde da população e dos profissionais de</p><p>saúde. Os resíduos gerados pelo serviço em saúde devem ser devidamente</p><p>encaminhados, coletados e transportados até o local de finalização, respei-</p><p>tando a classificação adequada de acordo com a Anvisa e com o Conama, em</p><p>que o uso de latas de lixos e sacos plásticos apropriados são imprescindíveis.</p><p>Dessa forma, o estabelecimento deve apresentar um Plano de Gerenciamento</p><p>dos Resíduos dos Serviços de Saúde (PGRSS), o qual deve incluir medidas</p><p>de separação, armazenamento, identificação, transporte, coleta, entre outras.</p><p>Por fim, a gestão administrativa dos locais de saúde é fundamental para</p><p>que os princípios citados acima sejam cumpridos. Esse setor é responsável</p><p>pelo levantamento dos agentes químicos e biológicos manipulados no estabe-</p><p>lecimento, bem como das rotinas e técnicas utilizadas, do gerenciamento de</p><p>resíduos e da infraestrutura do local. A gestão administrativa também deve</p><p>identificar os riscos que o serviço apresenta e avaliar o nível de contenção e</p><p>as ações de biossegurança que devem ser</p><p>de vidro quebrados. Esses resíduos são acondicionados em</p><p>caixas rígidas e resistentes e identificadas como resíduos infectantes perfuro-</p><p>cortantes. Quando a caixa rígida tiver atingido dois terços de sua capacidade</p><p>máxima, deve ser encaminhada ao setor de esterilização e, após, aos aterros</p><p>sanitários licenciados ou incinerada.</p><p>Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis20</p><p>142 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>SOARES, J. L. M. F. et al. Métodos diagnósticos. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. (Série</p><p>consulta rápida).</p><p>XAVIER, R. M.; DORA, J. M.; BARROS, E. (org.). Laboratório na prática clínica. 3. ed. Porto</p><p>Alegre: Artmed, 2016. (Série consulta rápida).</p><p>BARKER, K. Na bancada: manual de iniciação científica em laboratórios de pesquisas</p><p>biomédicas. Porto Alegre: Artmed, 2002.</p><p>MASTROENI, M. F. Biossegurança aplicada a laboratórios e serviços de saúde. 2. ed. São</p><p>Paulo: Atheneu, 2006.</p><p>STRASINGER, S. K.; DI LORENZO, M. S. Uroanálise e fluídos biológicos. 3. ed. São Paulo:</p><p>Premier, 2000.</p><p>21Equipamentos gerais do laboratório, vidrarias e descartáveis</p><p>LABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA: TIPOS DE VIDRARIA</p><p>Disponível em: http://gg.gg/14b01c.</p><p>ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO</p><p>PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.</p><p>PREZADO ESTUDANTE</p><p>OBJETOS 3D</p><p>Parte 2</p><p>Vidrarias e Introdução às Técnicas</p><p>de Laboratório</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>é disponibilizado</p><p>por SAGAH.</p><p>unidade</p><p>3</p><p>V.1 | 2023</p><p>144 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Vidrarias e introdução às</p><p>técnicas de laboratório</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>� Explicar os diferentes tipos de vidrarias de laboratório químico.</p><p>� Identificar as boas práticas de manipulação das vidrarias.</p><p>� Descrever as principais técnicas de laboratório de química.</p><p>Introdução</p><p>Os laboratórios são ambientes preparados para a realização de atividades</p><p>experimentais, desde os experimentos mais complexos, que dão origem</p><p>a teorias inovadoras, até as mais simples, que fazem parte da aprendi-</p><p>zagem de estudantes em instituições de ensino. Porém, você já parou</p><p>para pensar como é um ambiente de um laboratório de química? Quais</p><p>são os principais materiais e ferramentas utilizados para a realização de</p><p>pesquisas científicas? Será que os pesquisadores realmente são pessoas</p><p>que trabalham apenas com materiais de manuseio difícil? Essas e outras</p><p>respostas você encontra no decorrer do estudo deste capítulo.</p><p>Neste texto, você vai estudar sobre o ambiente de um laboratório</p><p>de química. Vai se familiarizar com a descrição de algumas operações</p><p>básicas de laboratório e reconhecer materiais e vidrarias mais comumente</p><p>utilizados na realização de experimentos.</p><p>Diferentes tipos de vidrarias</p><p>de laboratório químico</p><p>A realização de pesquisas nos mais diversos campos de investigação, como quí-</p><p>mica, física, biologia, entre outros, trabalha com a investigação da matéria e suas</p><p>transformações, podendo ser transformações físicas ou químicas. As pesquisas</p><p>que envolvem o estudo das transformações químicas da matéria são caracterizadas</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Vidrarias e Introdução às Técnicas de Laboratório | PARTE 2 145</p><p>pela presença de reações químicas, em que uma substância é transformada em</p><p>outra substância quimicamente diferente da inicial (ATKINS; JONES, 2011).</p><p>A experimentação é o meio mais tradicional para construção dos conceitos</p><p>científicos na química e possibilita, ainda, fazer correlação entre os diversos</p><p>conhecimentos das ciências. Em um experimento químico, é possível observar</p><p>na prática a transformação química da matéria. A realização de experimentos</p><p>químicos requere ambientes que forneçam uma estrutura material e de segu-</p><p>rança adequada. O laboratório é o ambiente mais adequado para realização</p><p>de experimentos químicos e tem materiais como vidrarias e equipamentos</p><p>que viabilizam a realização das práticas investigativas.</p><p>A realização de um experimento envolve a utilização de vários equipamen-</p><p>tos de laboratório e vidrarias muito simples, entretanto, com fins específicos. Os</p><p>objetivos específicos e as condições em que serão realizados os experimentos</p><p>determinam a escolha de determinado material ou equipamento. Dessa forma,</p><p>antes de realizar experimentos, é importante conhecer as vidrarias mais utili-</p><p>zadas em laboratório que facilitam a realização das atividades. A seguir, são</p><p>apresentadas as principais vidrarias e suas finalidades.</p><p>Tipos de vidrarias e suas funções</p><p>Em laboratórios, a grande maioria das vidrarias ou utensílios utilizados é de vi-</p><p>dro comum, pirex ou de quartzo fundido (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA</p><p>FEDERAL DO PARANÁ, 2015). Entretanto, dependendo das características</p><p>dos materiais e das condições experimentais, podem ser utilizados materiais</p><p>plásticos. As vidrarias e outros materiais mais frequentes em laboratório estão</p><p>apresentadas no Quadro 1.</p><p>Tubo de ensaio Utilizado em reações químicas em pequena escala.</p><p>Béquer Recipiente com ou sem graduação, utilizado</p><p>em reações químicas, para o preparo de</p><p>soluções não exatas, aquecimento de</p><p>líquidos, recristalizações, entre outros.</p><p>Erlenmeyer Frasco utilizado para efetuar titulações,</p><p>na dissolução de substâncias, nas reações</p><p>químicas ou no aquecimento de líquidos.</p><p>Quadro 1. Vidrarias e materiais básicos utilizados em laboratório</p><p>(Continua)</p><p>Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório2</p><p>146 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Quadro 1. Vidrarias e materiais básicos utilizados em laboratório</p><p>Kitassato Frasco de paredes espessas, com saída</p><p>lateral. É utilizado em filtrações sob sucção,</p><p>ou com a utilização de vácuo.</p><p>Balão de fundo</p><p>chato ou de Florence</p><p>É empregado no aquecimento de líquidos</p><p>puros ou soluções. Pode ser utilizado também</p><p>para efetuar reações que produzem gases e no</p><p>armazenamento de soluções ou substâncias líquidas.</p><p>Balão volumétrico Tem colo longo, com um traço de aferição situado</p><p>no gargalo chamado de menisco. É um recipiente</p><p>calibrado, de precisão destinado a conter um</p><p>determinado líquido, a uma dada temperatura. Utilizado</p><p>para o preparo de soluções de concentrações definidas.</p><p>Proveta ou cilindro</p><p>graduado</p><p>Frasco com graduações, para medidas</p><p>aproximadas de volumes de líquidos.</p><p>Bureta Consiste em um tubo cilíndrico graduado,</p><p>geralmente em centímetros cúbicos e apresenta</p><p>na parte inferior uma torneira controladora de</p><p>vazão. Equipamento calibrado para medida precisa</p><p>de volume de líquidos. Permite o escoamento</p><p>de líquidos e é muito utilizada para titulação.</p><p>Funil Utilizado para transferir um líquido de um</p><p>frasco para outro, ou para fazer filtrações.</p><p>Bastão de vidro Usado para agitar e transferir líquidos.</p><p>Pipeta graduada Utilizada para escoar e medir volumes</p><p>variáveis de líquidos.</p><p>Pipeta volumétrica Utilizada para escoar volumes fixos de líquidos.</p><p>Pipetador</p><p>automático</p><p>Equipamento automático que tem uma ponteira</p><p>removível. Utilizado para medir pequenos</p><p>volumes variáveis e fixos de líquidos.</p><p>Dessecador Utilizado no armazenamento de substâncias</p><p>quando se necessita de uma atmosfera com baixo</p><p>teor de unidade. Também pode ser utilizada para</p><p>manter as substâncias sob pressão reduzida.</p><p>Vidro relógio Usado geralmente para cobrir béqueres</p><p>contendo soluções e outras finalidades.</p><p>(Continua)</p><p>(Continuação)</p><p>3Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Vidrarias e Introdução às Técnicas de Laboratório | PARTE 2 147</p><p>Quadro 1. Vidrarias e materiais básicos utilizados em laboratório</p><p>Condensador Equipamento destinado à condensação de vapores,</p><p>em destilações ou aquecimento sob refluxo.</p><p>Funil de separação Equipamento para separar líquidos não miscíveis</p><p>(sistemas heterogêneos). Tem em sua extremidade</p><p>inferior uma torneira para controlar a vazão.</p><p>Placas de petri É um recipiente cilíndrico, achatado, utilizado</p><p>para a cultura de microrganismos.</p><p>Lâminas Utilizadas</p><p>para analisar materiais em microscópio.</p><p>Funil de Büchner Utilizado em filtrações por sucção, devendo</p><p>ser acoplado a um kitassato.</p><p>Cadinho Usada para a calcinação de substâncias.</p><p>Almofariz e pistilo Destinados à pulverização de sólidos. Além de</p><p>porcelana, podem ser feitos de ágata, vidro ou metal.</p><p>Cápsula Usada para efetuar evaporação de líquidos.</p><p>Triangulo de ferro</p><p>com porcelana</p><p>Usado principalmente como suporte</p><p>em aquecimentos de cadinhos.</p><p>Agitador magnético</p><p>(peixinho)</p><p>Utilizado principalmente para agitar</p><p>soluções sobre uma chapa magnética.</p><p>Suporte e garra</p><p>metalica</p><p>Utilizado para segurar vidrarias.</p><p>Pinça Utilizada para segurar objetos aquecidos</p><p>Tela de amianto Tela metálica, contendo amianto, utilizada para</p><p>distribuir o calor durante o aquecimento de</p><p>recipientes de vidro a uma chama de vidro.</p><p>Tripé Usado como suporte, principalmente</p><p>de telas e triângulos.</p><p>Bico de Bunsen Fonte de calor destinada ao aquecimento</p><p>de materiais não inflamáveis.</p><p>Suporte e Argolas Usada como suporte para funil de</p><p>vidro ou tela metálica.</p><p>Espátulas Utilizadas para transferir substâncias sólidas.</p><p>(Continua)</p><p>(Continuação)</p><p>Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório4</p><p>148 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Fonte: Adaptado de Rosa, Gauto e Gonçalves (2013).</p><p>Quadro 1. Vidrarias e materiais básicos utilizados em laboratório</p><p>Pisseta Frasco geralmente contendo água destilada,</p><p>álcool ou outros solventes utilizado para</p><p>efetuar lavagem de recipientes ou materiais</p><p>com jatos do líquido nele contido.</p><p>Pera de sucção Material de borracha utilizado para transporte de</p><p>líquidos em pipetas. Funções: aspirar, liberar e soprar.</p><p>Suporte para</p><p>tubos de ensaio</p><p>-</p><p>Pipeta de Pasteur Utilizado para transferir pequenas</p><p>quantidade de líquidos não exatos.</p><p>(Continuação)</p><p>Os materiais apresentados são os mais básicos encontrados em laboratório</p><p>de química. Porém, cada área da ciência pode ter vidrarias específicas de</p><p>utilização em determinadas técnicas.</p><p>Boas práticas de manipulação das vidrarias</p><p>As atividades realizadas em laboratório devem sempre ser realizadas com</p><p>atenção e cuidados redobrados, a fim de evitar acidentes e possíveis danos</p><p>aos materiais e vidrarias. Alguns cuidados devem ser observados quando</p><p>realizamos atividades experimentais utilizando vidrarias. Você vai conhecer</p><p>agora alguns aspectos importantes sobre a manipulação de vidrarias que devem</p><p>ser considerados na realização de experimentos em laboratório.</p><p>Antes de iniciar as atividades de laboratório, prepare protocolos que devem</p><p>ser seguidos durante o experimento. Utilize perguntas como: O que vou fazer?</p><p>Qual o objetivo? Quais são os princípios químicos envolvido nas transforma-</p><p>ções? Quais são os cuidados que devo ter? Leia todas as instruções relacionadas</p><p>à pratica que realizará para compreender o protocolo experimental antes de</p><p>executar (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013).</p><p>Quando for trabalhar com vidrarias, organize os materiais que serão uti-</p><p>lizados e, se necessário, lave-os para eliminar qualquer resíduo que possa</p><p>existir. A seguir, são elencadas atitudes corretas quando utilizamos materiais</p><p>volumétricos.</p><p>5Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Vidrarias e Introdução às Técnicas de Laboratório | PARTE 2 149</p><p>� Ao utilizar pipetas, ou outro equipamento volumétrico para medida</p><p>e transferência de líquidos ou soluções, deixe-a sempre à direita do</p><p>frasco estoque para que sempre seja utilizada a mesma, sem misturar</p><p>os reagentes.</p><p>� Não pipete aspirando pela boca, use a pera de segurança. A Figura 1</p><p>representa esquematicamente a forma correta de utilização da pera de</p><p>sucção.</p><p>Figura 1. Representação da pera de sucção e a forma correta de utilização em pipetas.</p><p>Fonte: Adaptada de Ladislau (2016, documento on-line).</p><p>a b c</p><p>de</p><p>Como visto na Figura 1 anterior, inicialmente, retire o ar da pera (Figura 1a),</p><p>apertando simultaneamente a válvula representada pela letra A e o bulbo maior,</p><p>como representado na Figura 1b. Em seguida, insira a pipeta a ser usada na</p><p>abertura inferior da pera, abaixo da válvula representada pela letra S (Figura 1c).</p><p>Para succionar/ou aspirar o líquido a ser pipetado, mantenha a ponta da pipeta</p><p>imersa no líquido e aperte a válvula representada pela letra S (Figura 1d) até</p><p>que o volume a ser pipetado seja atingido. Para liberar o líquido da pipeta,</p><p>é necessário apenas apertar a válvula representada pela letra E (Figura 1e)</p><p>(BRUNO, 2014).</p><p>� Repare nas indicações das pipetas: nas pipetas calibradas, que contém</p><p>apenas um traço, não é necessário retirar a última gota que fica no</p><p>interior da pipeta, pois ela já foi descontada na calibração. Nas pipetas</p><p>Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório6</p><p>150 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>que são de transferência total, que contém dois traços na parte superior,</p><p>retire até a última gota do líquido contido nela (Figura 2).</p><p>� Não utilize a mesma pipeta para medir soluções diferentes.</p><p>� Ao utilizar uma solução de trabalho ou sólidos, transfira a quantidade</p><p>aproximada do recipiente estoque para um recipiente menor, como para</p><p>um béquer, quando for líquido, e vidro de relógio, para sólidos, sempre</p><p>identificando-os e deixando à direita do estoque correspondente.</p><p>� Não transporte soluções em recipientes de vidro de boca larga ou reci-</p><p>pientes estoque por longas distâncias. Se precisar realizar essa manobra,</p><p>triplique a atenção durante o percurso.</p><p>� Atente para as características das substâncias quando for armazenar</p><p>soluções em recipientes de vidro. Dependendo da solução formada, o</p><p>armazenamento deverá ser em recipiente plástico, pois pode ocorrer a</p><p>interação da solução estoque com o vidro, causando corrosão do vidro.</p><p>� Nuca utilize vidrarias trincadas, quebradas ou com arestas cortantes.</p><p>Figura 2. Representação de pipeta de transferência total e calibrada.</p><p>Fonte: Adaptada de chromatos/Shutterstock.com.</p><p>Traços</p><p>de indicação</p><p>Ao final da realização dos experimentos, as vidrarias devem ser recolhidas</p><p>e os resíduos, ou sobras de reagentes, devem ser descartados em locais apro-</p><p>priados para posterior correta destinação. Nuca descarte sólidos, líquidos ou</p><p>7Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Vidrarias e Introdução às Técnicas de Laboratório | PARTE 2 151</p><p>soluções na pia, pois as estações de tratamento tradicionais (esgoto) não são</p><p>preparadas para tratar esse tipo de material. Sedo assim, sempre descarte os</p><p>resíduos em local apropriado, seguindo as regras do laboratório. Caso contrário,</p><p>poderá causar grandes impactos ambientais.</p><p>Para realizar a limpeza de vidrarias, devem ser consideradas as carac-</p><p>terísticas de cada material. As vidrarias não volumétricas, como frascos,</p><p>béqueres, bastão de vidro, vidro de relógio, entre outros, devem ser limpas</p><p>com uma escova e uma solução morna de detergente, enxaguando com água</p><p>corrente e ao final, com pelo menos duas passagens em água pura (destilada</p><p>ou deionizada). A secagem pode ser realizada em estufa aquecida.</p><p>Muita atenção quando for realizar a limpeza de materiais volumétricos</p><p>(pipetas, buretas, entre outros). Devem ter a superfície interna bem limpa</p><p>para que o líquido em seu interior não fique aderido em algumas partes e se</p><p>desfaça em gotas e manchas. O seu interior deve apresentar aparência lisa</p><p>e uniforme. Para a limpeza, utiliza-se soluções de lavagem que podem ser:</p><p>� Soluções sulfocrônicas: solução a 10% de dicromato de potássio em</p><p>ácido sulfúrico concentrado. Essa solução é guardada em frascos de</p><p>vidro e pode ser utilizada repetidamente, enquanto mantiver a coloração</p><p>marrom avermelhada. É utilizada para retirar resíduos orgânicos.</p><p>� Soluções alcoólicas de hidróxido de potássio 50%: é utilizada para</p><p>eliminar substâncias gordurosas ou carbonizadas. Não deixe em con-</p><p>tato com material volumétrico por mais de cinco minutos, pois ataca</p><p>lentamente o vidro.</p><p>� Solução sulfopermangânica: solução a 4% de permanganato de potás-</p><p>sio levemente acidulada em ácido sulfúrico. É muito eficaz para retirar</p><p>resíduo de gordura, porém é perigosa.</p><p>A secagem dos materiais volumétricos deve ser por evaporação natural</p><p>ou temperatura ambiente. Não utilize estudas aquecidas ou ar comprimido</p><p>para secar vidrarias volumétricas, isso danifica a calibração volumétrica,</p><p>modificando sua estrutura sólida e, assim, sua condição de exatidão de medida</p><p>necessária.</p><p>A realização de experimentos em laboratório é um momento sério, por isso,</p><p>evite sua distração e de seus colegas com brincadeiras. A responsabilidade</p><p>para que não ocorram acidentes é de cada indivíduo que está participando da</p><p>Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório8</p><p>152 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>realização do experimento. Por isso, cada um deve cuidar de si e do grupo,</p><p>quando for o caso, evitando acidentes de trabalho. Quando observar situações</p><p>amomais ou tiver dúvida sobre a realização de alguma prática no laboratório,</p><p>não hesite em solicitar ajuda do professor ou de algum profissional responsável</p><p>pelo laboratório, pois eles saberão como proceder corretamente.</p><p>Medidas de segurança em laboratórios</p><p>As regras de segurança em laboratório resultam de vários anos de esforços</p><p>de entidades e pessoas preocupadas em tornar o trabalho no laboratório uma</p><p>atividade segura. Para tirar o máximo de proveito delas, é necessário que</p><p>todos os usuários as conheçam e as pratiquem, desde o primeiro instante que</p><p>pretendem permanecer em um laboratório.</p><p>Vamos conhecer alguns equipamentos de proteção individuais (EPIs) e</p><p>coletivos (EPCs) (UTFPR, 2015), lembrando, sempre, que a segurança de</p><p>todos depende do comportamento individual.</p><p>Veja os EPIs:</p><p>� Avental ou guarda-pó (jaleco): protege as roupas contra borrifos</p><p>químicos ou biológicos e também é uma proteção adicional ao corpo.</p><p>Deve ter fios de algodão, cobrir de preferência até os joelhos, ter mangas</p><p>compridas e ser abotoado nos momentos da realização das atividades.</p><p>� Luvas de proteção: oferecem proteção contra queimaduras químicas,</p><p>riscos biológicos, calor ou frio excessivos e outros riscos físicos. De-</p><p>vem apresentar as seguintes características: baixa permeabilidade, alta</p><p>resistência e boa flexibilidade.</p><p>� Óculos de segunda e protetores faciais: são utilizados para evitar</p><p>impactos, penetração de materiais estranhos, reagentes químicos, cul-</p><p>turas microbianas, material biológico, emissão de fagulhas de vidro,</p><p>emissão de vapores, ocorrência de refluxos, radiações, entre outros,</p><p>com os olhos e a face.</p><p>� Máscaras de proteção respiratória: utilizadas em operações que</p><p>envolvem a geração de vapores tóxicos.</p><p>� Sapato fechado: protege os pés e devem ser de couro ou assemelhado.</p><p>Veja os EPCs:</p><p>9Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Vidrarias e Introdução às Técnicas de Laboratório | PARTE 2 153</p><p>� Chuveiro de emergência: utilizado quando ácidos, bases ou quaisquer</p><p>outras substâncias tóxicas entrarem em contato com a pele do indivíduo.</p><p>Sua localização deve permitir fácil acesso.</p><p>� Lavador de olhos: utilizado quando ocorrem respingos no rosto e nos</p><p>olhos durante operações laboratoriais. Realizar a lavagem dos olhos</p><p>bem abertos.</p><p>� Extintores de incêndio: utilizados quando para extinguir ou controlar</p><p>princípios de incêndios em casos de emergência. Os principais são:</p><p>■ Água pressurizada: indicado para classe de incêndio tipo A (papel,</p><p>madeira ou plástico). Dentro do cilindro existe gás junto com a</p><p>água sobre pressão. Quando acionado o gatilho, a água é expelida,</p><p>resfriando o material, tornando a temperatura inferior ao ponto de</p><p>ignição.</p><p>■ Gás carbônico (CO2): indicado para classes de incêndio tipo C</p><p>(equipamentos elétricos), mas também pode ser utilizado para em</p><p>incêndios tipo B. Dentro do cilindro contém dióxido de carbono, um</p><p>agente extintor não tóxico, não condutor de eletricidade, de baixíssima</p><p>temperatura, que recobre o fogo em forma de uma camada gasosa,</p><p>deslocando o oxigênio indispensável à combustão, extinguindo o</p><p>fogo por abafamento.</p><p>■ Pó químico seco: indicado para classe de incêndio B (gasolina e</p><p>vapores de solvente), mas pode ser utilizado em incêndio tipo C.</p><p>Dentro do cilindro existe um composto químico em pó, normalmente</p><p>bicarbonato de sódio, com um gás propulsor, normalmente dióxido de</p><p>carbono ou nitrogênio. Ao entrar em contato com as chamas, o pó se</p><p>decompõe, produzindo CO2, que desloca o oxigênio e extingue o fogo.</p><p>Medidas exatas e precisas</p><p>As medidas de volume e massa em laboratórios podem ser exatas ou precisas. Você</p><p>vai entender agora a diferença entre medidas exatas e verdadeiras.</p><p>É chamada de valor verdadeiro a grandeza física de medida que se tem por objetivo</p><p>ao final do processo de medição. Nas atividades de laboratórios, essas grandezas</p><p>podem ser a medida de volume de solução ou a massa de soluto.</p><p>Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório10</p><p>154 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Uma forma de verificar a qualidade da medida é por meio do conceito de exatidão.</p><p>A exatidão refere-se ao grau de concordância de uma medida com seu valor-alvo.</p><p>Ou seja, quanto mais próxima do valor verdadeiro correspondente, mais exata é a</p><p>medida. Entretanto, pode-se considerar também o grau de precisão da medida, que</p><p>se refere somente ao grau de dispersão da medida quando repetida sob as mesmas</p><p>condições. Em outras palavras, uma medida é precisa se, repetida diversas vezes,</p><p>apresentar resultados semelhantes.</p><p>Vamos utilizar para exemplificar a analogia do tiro ao alvo.</p><p>1 2 3 4</p><p>Fonte: Adaptada de MisterEmil/Shutterstock.com.</p><p>No primeiro alvo, as marcações foram exatas, mas não precisas. Isso quer dizer que,</p><p>apesar de as marcações estarem perto do alvo central, as marcações estão distantes</p><p>umas das outras. Para o segundo alvo, os pontos estão precisos, mas não exatos. Isso</p><p>porque os pontos estão perto entre si, mas distantes do alvo central. Na situação do</p><p>terceiro alvo, as marcações são precisas e exatas, ou seja, os pontos encontram-se perto</p><p>uns dos outros e no alvo central. Por último, os pontos não estão exatos nem precisos.</p><p>Principais técnicas de laboratório de química</p><p>O ambiente de laboratório permite realizar muitas atividades. Estas podem</p><p>ser de caráter experimental para descobertas de novas substâncias ou apenas</p><p>de observação do comportamento dos materiais em reações químicas e mi-</p><p>crobiológicas, que estudam os microrganismos, análises clínicas e biológicas,</p><p>que realizam investigações de patologias, entre outros. Em todas as atividades</p><p>realizadas podemos destacar algumas técnicas principais que não são espe-</p><p>cíficas de uma só área, mas são utilizadas em todas elas. Para a realização</p><p>delas, certifique-se da utilização dos EPIs.</p><p>Vamos conhecer algumas dessas técnicas utilizadas em laboratório.</p><p>11Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Vidrarias e Introdução às Técnicas de Laboratório | PARTE 2 155</p><p>Medidas de massa</p><p>As medidas de massa de um material são realizadas utilizando balanças se-</p><p>mianalíticas, que apresentam a massa em divisões de 0,01 g, e analíticas, em</p><p>que é necessária maior exatidão e apresentam divisões de 0,0001 g (ROSA;</p><p>GAUTO; GONÇALVES, 2013) (Figura 3).</p><p>Figura 3. Balanças analítica e semianalítica.</p><p>Fonte: Balanças analíticas (c2014, documento on-line).</p><p>As medidas são realizadas com auxílio de um objeto para acondicionar a</p><p>substância a ser medida, podendo ser um vidro de relógio, um béquer, entre</p><p>outras. A medida é realizada de forma direta, bastando colocar o objeto na</p><p>balança e destacar o peso dele. Em seguida, ir colocando a substância a ser</p><p>medida no objeto até atingir a quantidade desejada, com auxílio de uma espátula</p><p>para realizar a transferência. Caso a quantidade de substância ultrapasse</p><p>a</p><p>quantidade desejada, deve-se retirar a quantidade em excesso.</p><p>As balanças são materiais bastante sensíveis e, em alguns casos, de alto valor</p><p>financeiro. Por isso, a utilização de balanças requer alguns cuidados, como:</p><p>� Não remova os pratos nem os troque com os de outras balanças. Man-</p><p>tenha a balança em seu lugar.</p><p>Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório12</p><p>156 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>� Não utilize a balança para pesar substâncias que não estejam em tem-</p><p>peratura ambiente.</p><p>� Mantenha a balança em superfícies firmes e que não ocorram vibrações,</p><p>mudanças bruscas de temperaturas ou de umidade e que o movimento</p><p>do ar seja mínimo.</p><p>� Conserve a balança sempre limpa, retirando, com auxílio de um pincel</p><p>e com movimentos suaves, qualquer respingo, partícula ou poeira de</p><p>seus pratos.</p><p>� Nunca coloque substâncias diretamente sobre a balança. Utilize um</p><p>recipiente para acondiciona-los na hora da pesagem.</p><p>� Toda transferência de substância ou medida de massa deve ser feita</p><p>somente quando os pratos estiverem travados.</p><p>� Execute todas as operações com movimentos suaves e cuidadosos.</p><p>� Use pinças e espátulas; nunca use os dedos para manusear os objetos</p><p>e as substâncias que estão sendo pesadas.</p><p>� Ao terminar seu trabalho, remova todos os pesos e objetos da balança.</p><p>Mantenha-a coberta ou fechada. No caso de balanças elétricas, tenha</p><p>a certeza de que ela esteja desligada ao encerrar as atividades (ROSA;</p><p>GAUTO; GONÇALVES, 2013).</p><p>Medida de volume e transferência de líquidos</p><p>Na realização de medidas volumétricas utilizando pipetas volumétricas ou</p><p>graduadas, a utilização da pera de sucção é obrigatória, pois evita o contato</p><p>das mãos e/ou da boca com as substâncias líquidas que estão sendo transfe-</p><p>ridas. De forma geral, para a realização de medidas aproximadas de volumes</p><p>de líquidos, são utilizados provetas graduadas e béqueres. Já para medidas</p><p>precisas, são utilizados pipetas, buretas e balões volumétricos, que constituem</p><p>o chamado material volumétrico.</p><p>As medidas de volume de um líquido são realizadas comparando-se o nível</p><p>dele com os traços marcados na parede do recipiente. Esse nível é chamado</p><p>de menisco. O menisco é a curvatura côncava (para baixo) ou convexa (para</p><p>cima) do líquido que se forma na parte superior do recipiente (BRUNO, 2014).</p><p>A leitura do nível para líquidos transparentes deve ser feita considerando a</p><p>parte inferior do menisco (Figura 4a), estando este na linha de visão do analista</p><p>perpendicular à escala graduada (Figura 4b).</p><p>13Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Vidrarias e Introdução às Técnicas de Laboratório | PARTE 2 157</p><p>Figura 4. Representação da leitura do nível de água (menisco) em uma proveta.</p><p>Fonte: Bruno (2014, p. 18).</p><p>Parte de trás</p><p>da marca</p><p>Parte frontal</p><p>da marca</p><p>Acerto do</p><p>menisco</p><p>a) b)</p><p>Soluções incolores</p><p>Ao realizar a transferência de líquidos observe alguns cuidados que devem</p><p>ser considerados. A Figura 5 representa o esquema que mostra as formas</p><p>corretas de transferência de líquidos.</p><p>Figura 5. Representação da transferência de líquidos.</p><p>Fonte: Rosa, Gauto e Gonçalves (2013, p. 28).</p><p>Nunca coloque a</p><p>tampa do frasco</p><p>virada para baixo</p><p>Utilize o bastão de vidro</p><p>para transferir o líquido</p><p>Quando for transferir um</p><p>líquido de um béquer, você</p><p>pode proceder desta maneira</p><p>Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório14</p><p>158 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Ao transferir o líquido de um frasco para outro, procure fazer sempre pelo</p><p>lado oposto ao rótulo, pois isso evita um possível dano nele, dificultando a</p><p>identificação da substância. Ao abrir o frasco, busque não deixar a tampa sobre</p><p>a bancada com o lado aberto encostando nela, evitando a contaminação tanto</p><p>da substância quanto da superfície da bancada. Ainda, não retorne líquidos</p><p>retirados para o recipiente original sem ter certeza de que eles não estão</p><p>contaminados (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013).</p><p>Essas observações realizadas para substâncias líquidas são recomendadas</p><p>também para substâncias sólidas. A forma de transferência dessas substâncias</p><p>deve seguir como ilustrado na Figura 6.</p><p>Figura 6. Representação de transferência de sólidos.</p><p>Fonte: Rosa, Gauto e Gonçalves (2013, p. 29).</p><p>1. Pegue uma pequena quantidade</p><p>de sólido com uma espátula</p><p>2. Retique da espátula a</p><p>quantidade desejada</p><p>Incline o frasco até a</p><p>quantidade desejada</p><p>cair no recipiente</p><p>(só para grandes</p><p>quantidades)</p><p>Aquecimento</p><p>Aquecimento de substâncias em laboratório é muito comum e pode ser reali-</p><p>zado por meio da utilização de bico de gás (bico de Bunsen), aquecedores com</p><p>agitação magnética, mantas elétricas, fornos, banho de água (banho-maria),</p><p>lâmpadas, dentre outras formas. Vamos conhecer as duas formas mais comum</p><p>de aquecimento, com utilização de bico de gás e banho de água.</p><p>15Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Vidrarias e Introdução às Técnicas de Laboratório | PARTE 2 159</p><p>O aquecimento com a utilização de bico de gás é realizado com o emprego</p><p>do bico de Bulsen. Este é utilizado para quase todos os aquecimentos efetuados</p><p>em laboratório, desde os de misturas ou soluções de alguns graus acima da</p><p>temperatura ambiente, até as calcinações feitas em cadinhos, que exigem</p><p>temperaturas de cerca de 600 ºC (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013).</p><p>Seu funcionamento é com a utilização de gás, que chega ao bico por meio</p><p>de um tubo de borracha ligado à torneira existente na mesa do laboratório e</p><p>penetra pela entrada de gás. O ar entra pelos orifícios distribuídos em torno</p><p>do anel e que compõem a base do tubo. O ar e o gás se misturam no tubo.</p><p>Acende-se a mistura de ar e gás por meio de uma chama que se aproxima do</p><p>topo do tubo de ignição. A Figura 7 representa um bico de Bulsen.</p><p>Figura 7. Bico de Bunsen.</p><p>Fonte: Adaptada de Rosa, Gauto e Gonçalves (2013, p. 22).</p><p>Chama</p><p>Tubo com mistura</p><p>de ar e gás</p><p>Anel com entrada de ar</p><p>Tubo de borracha</p><p>Base</p><p>O método apropriado para acender o bico é fechar a entrada de ar, abrir</p><p>e acender. A chama será larga e amarela. Gradualmente, abre-se a entrada</p><p>de ar até que a chama tome a coloração azul. Na mistura ideal de ar e gás,</p><p>distingue-se dois cones: o cone interior com chama azul e o outro mais externo</p><p>na cor violeta. O ponto mais quente da chama é justamente o topo do cone</p><p>azul, com temperatura aproximada de 1560 °C. As demais regiões apresentam</p><p>temperaturas menores (ROSA; GAUTO; GONÇALVES, 2013).</p><p>Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório16</p><p>160 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>O banho de água, ou mais conhecido como banho-maria, é utilizado para</p><p>aquecer substâncias em temperaturas abaixo do ponto de ebulição da água.</p><p>Dependendo da região considerada, a temperatura não chega a 100 °C. Caso</p><p>seja necessário realizar aquecimento em banho que atinjam temperaturas</p><p>maiores, deve-se substituir a água por óleos minerais, glicerina ou ainda outras</p><p>substâncias não voláteis que têm alta temperatura de ebulição.</p><p>A composição de um sistema de banho-maria é simples e consiste em</p><p>um béquer com água, aquecido por meio de uma chama. Entretanto, existe o</p><p>banho-maria eletricamente aquecido, que mantém automaticamente o controle</p><p>da temperatura e o nível de água do recipiente. A forma convencional de</p><p>banho-maria é utilizada para aquecer substâncias não voláteis, enquanto a</p><p>forma eletrônica é empregada para aquecer substâncias voláteis. A Figura 8</p><p>representa um banho aquecido eletronicamente.</p><p>Figura 8. Banho-maria elétrico.</p><p>Fonte: Adaptada de Rosa, Gauto e Gonçalves (2013, p. 25).</p><p>17Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Vidrarias e Introdução às Técnicas de Laboratório | PARTE 2 161</p><p>ATKINS, P. W.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio</p><p>ambiente. 5. ed. Porto Alegre:</p><p>Bookman, 2011.</p><p>BALANÇAS ANALÍTICAS. Balança analítica e semi analítica, saiba a diferença. c2014.</p><p>Disponível em: <http://www.balancas-analiticas.com.br/home/balanca-analitica-e-</p><p>semi-analitica-saiba-a-diferenca/>. Acesso em: 01 out. 2018.</p><p>BRUNO, A. N. (Org.). Biotecnologia I: princípios e métodos. Porto Alegre: Artmed, 2014.</p><p>LADISLAU, M. T. F. Pera de sucção. 2016. Disponível em: <http://atomizandoifam.wixsite.</p><p>com/atomizando/pera-de-succao>. Acesso em: 08 ago. 2018.</p><p>ROSA, G.; GAUTO, M.; GONÇALVES, F. Química analítica: práticas de laboratório. Porto</p><p>Alegre: Bookman, 2013.</p><p>UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR). Manual de boas práticas</p><p>e segurança para utilização dos laboratórios de ensino, pesquisa e extensão da UTFPR —</p><p>Câmpus Francisco Beltrão. Francisco Beltrão, PR: UTFPR, 2015. Disponível em: <http://</p><p>www.utfpr.edu.br/franciscobeltrao/estrutura-universitaria/diretorias/dirgrad/coexp/</p><p>manual-de-boas-praticas-e-seguranca-para-utilizacao-dos-laboratorios-1/manual-</p><p>de-boas-praticas-e-seguranca-para-utilizacao-dos-laboratorios/view>. Acesso em:</p><p>09 ago. 2018.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>BRAZ, D. C.; FONTELES, C. A. L.; BRANDIM, A. S. Calibração de vidrarias volumétricas</p><p>com suas respectivas incertezas expandidas calculadas. In: CONGRESSO DE PESQUISA</p><p>E INOVAÇÃO, 2., 2007. Anais... João Pessoa, PB: CONNEPI, 2007. Disponível em: <https://</p><p>crispassinato.files.wordpress.com/2008/06/20080221_095045_quim-008.pdf>. Acesso</p><p>em: 01 out. 2018.</p><p>TQLABORATORIOS. Disponível em: <https://tqlaboratorios.com/producto/pera-pipe-</p><p>teadora-de-3-vias/>. Acesso em: 08 ago. 2018.</p><p>Vidrarias e introdução às técnicas de laboratório18</p><p>162 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO</p><p>PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.</p><p>PREZADO ESTUDANTE</p><p>Parte 3</p><p>Técnicas e Processamento em</p><p>Microscopia Óptica e Microscopia</p><p>Eletrônica de Transmissão</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>é disponibilizado</p><p>por SAGAH.</p><p>unidade</p><p>3</p><p>V.1 | 2023</p><p>164 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>> Diferenciar microscopia eletrônica e microscopia óptica.</p><p>> Descrever o processamento da amostra em microscopia eletrônica.</p><p>> Identificar situações de uso da microscopia eletrônica na histotecnologia</p><p>clínica.</p><p>Introdução</p><p>A microscopia possibilita a visualização de objetos ou organismos com o auxílio</p><p>de lentes de aumento que nos permitem observar detalhes não visíveis a</p><p>olho nu. O desenvolvimento da microscopia possibilitou o início e avanço de</p><p>diferentes áreas da ciência. Na histologia, por exemplo, a análise da morfologia</p><p>e das alterações teciduais se dá com estudos de lâminas histológicas. Desde a</p><p>Técnicas e</p><p>processamento</p><p>em microscopia</p><p>óptica e microscopia</p><p>eletrônica de</p><p>transmissão</p><p>Aline Dias Valério</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>> Diferenciar microscopia eletrônica e microscopia óptica.</p><p>> Descrever o processamento da amostra em microscopia eletrônica.</p><p>> Identificar situações de uso da microscopia eletrônica na histotecnologia</p><p>clínica.</p><p>Introdução</p><p>A microscopia possibilita a visualização de objetos ou organismos com o auxílio</p><p>de lentes de aumento que nos permitem observar detalhes não visíveis a</p><p>olho nu. O desenvolvimento da microscopia possibilitou o início e avanço de</p><p>diferentes áreas da ciência. Na histologia, por exemplo, a análise da morfologia</p><p>e das alterações teciduais se dá com estudos de lâminas histológicas. Desde a</p><p>Técnicas e</p><p>processamento</p><p>em microscopia</p><p>óptica e microscopia</p><p>eletrônica de</p><p>transmissão</p><p>Aline Dias Valério</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Técnicas e Processamento em Microscopia Óptica e Microscopia Eletrônica de Transmissão | PARTE 3 165</p><p>invenção do primeiro microscópio, diversas modificações e inovações foram</p><p>implantadas na estrutura desse aparelho.</p><p>Neste capítulo, você vai estudar a microscopia, conhecendo as características</p><p>e diferenças entre as microscopias mais difundidas nos estudos da ciência bio-</p><p>médica: a eletrônica e a óptica. Você vai acompanhar o histórico de sua invenção,</p><p>os diferentes tipos de microscópios disponíveis e o preparo de materiais para</p><p>avaliação nesses aparelhos. Vai, por fim, conferir como a microscopia é utilizada</p><p>na histotecnologia clínica.</p><p>Microscopia: técnicas e conceitos</p><p>A necessidade de ampliar objetos é sentida desde muito tempo. Datam dos</p><p>anos 721 a.C. os primeiros relatos do uso de lentes para aumento de objetos.</p><p>Diferentes civilizações empregaram lupas para a ampliação de diferentes</p><p>materiais, mas foi só após a criação dos óculos, em 1280, que o avanço da</p><p>microscopia ocorreu. Zacharias e Hans Janssen foram os responsáveis pela</p><p>criação do primeiro microscópio composto e, posteriormente, Anton van</p><p>Leeuwenhoek foi a primeira pessoa a desenvolver um microscópio capaz</p><p>de ampliar microrganismos (Figura 1). Com o passar do tempo e os avanços</p><p>tecnológicos, a microscopia evoluiu, e diferentes microscópios com diversas</p><p>aplicações foram desenvolvidos (KHODAVIRDIPOUR et al., 2019; RIDLEY, 2018).</p><p>Figura 1. Réplica do microscópio de van Leeuwenhoek.</p><p>Fonte: 17 de setembro é o Dia Internacional do Microrganismo (2020, documento on-line).</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica...2</p><p>166 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>A microscopia está diretamente ligada aos conceitos de magnificação,</p><p>resolução e foco. A magnificação de um microscópio corresponde ao grau de</p><p>aumento que esse aparelho é capaz de realizar em comparação ao tamanho</p><p>real da amostra avaliada. Já a resolução é a menor distância entre dois pontos</p><p>que podem ser diferenciados na amostra analisada. O foco está relacionado</p><p>à distância da lente em que os raios luminosos se convergem. É importante</p><p>para que a imagem final gerada tenha uma forma definida (TELES; ANDREANI;</p><p>VALADARES, 2017).</p><p>A seguir, vamos estudar as principais técnicas de microscopia e suas</p><p>aplicações.</p><p>Microscopia óptica</p><p>A microscopia óptica, ou de luz, é a mais difundida e utilizada no mundo.</p><p>No microscópio óptico, a imagem é gerada por ondas luminosas, que são</p><p>refratadas por um conjunto de lentes. Quando a luz incide sobre o material</p><p>observado, ocorre a difração. Nesse processo, ao incidir com o material ob-</p><p>servado, a luz forma diferentes ondas luminosas. Essas ondas luminosas se</p><p>apresentam com ângulos e intensidades diferentes de acordo com a iteração</p><p>com as estruturas presentes na amostra avaliada. Após atravessar a amostra,</p><p>essas ondas luminosas chegam ao conjunto de lentes do microscópio e, ao</p><p>atravessá-las, a imagem final da amostra é projetada (GIANFRANCESCO, 2016;</p><p>KHODAVIRDIPOUR et al., 2019; TELES; ANDREANI; VALADARES, 2017).</p><p>Um microscópio óptico é composto basicamente por três grupos de com-</p><p>ponentes: mecânicos, de iluminação e de magnificação (TELES; ANDREANI;</p><p>VALADARES, 2017). Os componentes mecânicos de um microscópio têm função</p><p>estrutural e dão suporte ao sistema de iluminação desse aparelho, a exemplo</p><p>da estativa, também conhecida como “braço”. Confira na Figura 2 todos os</p><p>componentes mecânicos de um microscópio óptico.</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica... 3</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Técnicas e Processamento em Microscopia Óptica e Microscopia Eletrônica de Transmissão | PARTE 3 167</p><p>Figura 2. Componentes de um microscópio óptico.</p><p>Fonte: Você sabe manusear um microscópio corretamente? (2017, documento on-line).</p><p>OCULAR</p><p>REVOLVER</p><p>PLATINA</p><p>CONDENSADOR</p><p>ILUMINAÇÃO/LÂMPADA</p><p>OBJETIVA</p><p>PRESILHAS/PINÇA</p><p>COAXIAIS</p><p>SUPORTE/BASE</p><p>É a estativa que sustenta a platina, o condensador e os parafusos macro e</p><p>micrométricos. A platina, ou mesa, é outro componente mecânico, que serve</p><p>para a colocação das lâminas de vidro com amostras que serão avaliadas no</p><p>microscópio. Já o charriout, que fica localizado sobre a platina, tem a função</p><p>de movimentar a lâmina de vidro, posicionando a amostra para o campo de</p><p>observação</p><p>desejado. O tubo ocular é a estrutura mecânica em que se loca-</p><p>lizam as lentes oculares do aparelho. Essa estrutura pode ser monocular ou</p><p>binocular. Outros elementos mecânicos presentes na estrutura do microscópio</p><p>óptico são os parafusos micro e macrométricos. Ambos são responsáveis pela</p><p>focalização da amostra, porém o primeiro é responsável por um ajuste mais</p><p>limitado, e o segundo propicia um ajuste mais grosseiro do foco da amostra. O</p><p>revólver, ou tambor, é a estrutura em que estão localizadas as lentes objetivas</p><p>do microscópio. Essa estrutura é móvel e proporciona a movimentação e a</p><p>troca das lentes objetivas (TELES; ANDREANI; VALADARES, 2017).</p><p>O sistema de iluminação de um microscópio óptico tem como objetivo for-</p><p>necer a luz e a intensidade adequadas para a visualização da amostra. A fonte</p><p>de luz geralmente é proporcionada por uma lâmpada incandescente, porém</p><p>outros sistemas de iluminação, como led, UV e lasers podem ser empregados.</p><p>Outro componente do sistema de iluminação é a lente condensadora, que</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica...4</p><p>168 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>tem por objetivo condensar o feixe de luz para que a intensidade luminosa</p><p>aumente e seja aplicada uniformemente sobre a amostra (ABRAMOWITZ;</p><p>DAVIDSON, 2022; TELES; ANDREANI; VALADARES, 2017).</p><p>O sistema de magnificação do microscópio tem como função ampliar a</p><p>amostra avaliada. Compõem o sistema de magnificação as lentes objetivas,</p><p>responsáveis pela ampliação da imagem das amostras, e as lentes oculares,</p><p>responsáveis pelo aumento da imagem fornecida pelas lentes objetivas.</p><p>O limite da resolução de um microscópio óptico está ligado aos efeitos da</p><p>difração que incidem sobre a amostra analisada, mas geralmente esse tipo</p><p>de aparelho é capaz de proporcionar um limite de aumento de cerca de 2 mil</p><p>vezes (ABRAMOWITZ; DAVIDSON, 2022; TELES; ANDREANI; VALADARES, 2017).</p><p>Além da forma básica do microscópio óptico, derivações desse aparelho</p><p>proporcionam melhorias na avaliação das amostras. O microscópio de con-</p><p>traste de fase, de fluorescência e de polarização são variações do microscópio</p><p>de luz e serão abordados mais detalhadamente nos tópicos a seguir.</p><p>Microscópio de contraste de fase</p><p>O microscópio de contraste de fase foi desenvolvido pelo físico holandês Frits</p><p>Zernike na década de 1950. Esse microscópio é aplicado na rotina geralmente</p><p>para avaliação de espécimes não corados. A visualização de amostras não</p><p>coradas se dá pelo conjunto de lentes do aparelho que capta as diferenças</p><p>nos índices de refração geradas após a passagem da luz. Essa diferença de</p><p>refração acontece em razão das diferenças de densidade na amostra. Assim,</p><p>a imagem final visualizada pelo microscopista no contraste de fase faz com</p><p>que as partes mais densas das amostras fiquem mais escuras, e as partes</p><p>menos densas fiquem mais claras. Esse microscópio pode ser aplicado na</p><p>avaliação de células e tecidos não corados, microrganismos, células vivas</p><p>em cultura celular e em diversas outras áreas da ciência (LOURENÇO, 2021).</p><p>Microscópio de fluorescência</p><p>A fluorescência é a capacidade de um espécime emitir luz visível após expo-</p><p>sição à luz ultravioleta. A microscopia de fluorescência utiliza a capacidade</p><p>de algumas amostras emitirem fluorescência após serem excitadas com luz</p><p>ultravioleta. Além da fluorescência natural, as amostras podem ser tratadas</p><p>com fluoróforos artificiais para evidenciar algumas estruturas e facilitar a</p><p>visualização no microscópio de fluorescência (MASTERS, 2010; STOCKERT;</p><p>BLÁZQUEZ-CASTRO, 2017). Na Figura 3, é possível observar a imagem obtida</p><p>em microscopia de fluorescência de células da pele humana.</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica... 5</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Técnicas e Processamento em Microscopia Óptica e Microscopia Eletrônica de Transmissão | PARTE 3 169</p><p>Figura 3. Células da pele humana em cultura celular observadas em microscopia de</p><p>fluorescência.</p><p>Fonte: Vshivkova/Shutterstock.com.</p><p>O microscópio de fluorescência é composto por um conjunto de filtros</p><p>ópticos. O filtro de excitação seleciona o comprimento de onda adequado</p><p>para excitar o marcador fluorescente presente na amostra analisada. O filtro</p><p>de emissão controla a passagem do comprimento de onda, permitindo apenas</p><p>aqueles emitidos pelo fluoróforo presentes na amostra. O espelho dicroico</p><p>reflete a luz visível e, simultaneamente, permite a passagem de luz na faixa</p><p>invisível. Resumidamente, esse conjunto de filtros que compõem o micros-</p><p>cópio de fluorescência controla a emissão e a excitação de luz das moléculas</p><p>fluorescentes presentes na amostra, resultando na formação de uma imagem</p><p>com cor e contraste. A microscopia de fluorescência é aplicada em diversos</p><p>campos da ciência, como imuno-histoquímica, neurobiologia, histologia e</p><p>patologia (MASTERS, 2010; RENZ, 2013; STOCKERT; BLÁZQUEZ-CASTRO, 2017).</p><p>Microscópio de polarização</p><p>O microscópio de polarização também é uma adaptação do microscópio óp-</p><p>tico. Nesse caso, um polarizador é acoplado entre a fonte de luz e a amostra,</p><p>e um segundo fica localizado entre a objetiva e a ocular. A interação entre</p><p>a luz polarizada e a luz birrefringente propicia o contraste da imagem da</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica...6</p><p>170 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>amostra. Esse tipo de microscópio foi primeiramente aplicado na análise de</p><p>materiais, mas atualmente é empregado em vários campos da ciência, como</p><p>no estudo de paredes celulares, DNA e detecção de minerais em diferentes</p><p>tecidos (LOURENÇO, 2021).</p><p>Microscopia eletrônica</p><p>A microscopia eletrônica baseia-se no emprego de feixes de elétrons sobre uma</p><p>amostra para obter sua amostra. Essa interação dos feixes de elétrons com a</p><p>amostra gera sinais, que são captados por detectores, formando a imagem.</p><p>O comprimento de onda do feixe de elétrons é muito menor do que o da luz</p><p>visível. Por isso, o poder de resolução de um microscópio eletrônico é melhor.</p><p>Na microscopia óptica, o limite de resolução atinge 0,2 µm. Já na microscopia</p><p>eletrônica, esse limite atinge 0,2 nm (MOHAMMED; ABDULLAH, 2018; NELLIST, 2019;</p><p>TELES; ANDREANI; VALADARES, 2017). Confira na Figura 4 um esquema das partes</p><p>de um microscópio eletrônico e sua comparação com um microscópio óptico.</p><p>Figura 4. Componentes do microscópio óptico e eletrônico.</p><p>Fonte: Teles, Andreani e Valadares (2017, documento on-line).</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica... 7</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Técnicas e Processamento em Microscopia Óptica e Microscopia Eletrônica de Transmissão | PARTE 3 171</p><p>O poder de penetração do feixe de elétrons é inferior ao da luz visível. Por</p><p>isso, as amostras avaliadas na microscopia eletrônica devem ser extremamente</p><p>finas. Confira a seguir os componentes da estrutura básica de um microscópio</p><p>eletrônico (MOHAMMED; ABDULLAH, 2018; TELES; ANDREANI; VALADARES, 2017).</p><p>� Canhão eletromagnético: responsável pela geração dos feixes de</p><p>elétrons.</p><p>� Lentes magnéticas: são atravessadas pelos feixes eletromagnéticos e</p><p>têm função de direcioná-los para a amostra.</p><p>� Charriot: permite a movimentação e o posicionamento da amostra.</p><p>� Anteparo fluorescente: responsável por tornar o feixe eletrônico visível</p><p>durante a interação com a amostra.</p><p>� Sistema de vácuo: impede o choque entre os elétrons e moléculas de</p><p>gases.</p><p>� Tanque de alta tensão: é responsável pela geração de diferença de</p><p>potencial no canhão eletromagnético.</p><p>A microscopia eletrônica é dividida em duas categorias. Na microscopia</p><p>eletrônica de transmissão, o feixe de elétrons é captado na parte inferior</p><p>da amostra, e as frações dos feixes de elétrons que atravessam a amostra</p><p>são os sinais que formarão a imagem final. Já na microscopia eletrônica de</p><p>varredura, a coleta dos feixes de elétrons se dá</p><p>na parte superior da amostra,</p><p>o que favorece a análise de materiais mais espessos, em relação à microscopia</p><p>eletrônica de transmissão (NELLIST, 2019; TELES; ANDREANI; VALADARES, 2017).</p><p>Para saber mais sobre as diferentes técnicas de microscopia, acesse</p><p>o site do Centro Multiusuário para Análise de Fenômenos Biomédicos</p><p>da Universidade do Estado do Amazonas.</p><p>No Quadro 1, encontra-se um resumo das técnicas de microscopia óptica</p><p>e eletrônica.</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica...8</p><p>172 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Quadro 1. Resumo das técnicas de microscopia óptica e eletrônica</p><p>Microscopia óptica</p><p>Microscópio Características Aplicação</p><p>Óptico simples Proporciona a formação</p><p>da imagem por ondas</p><p>luminosas, que são</p><p>refratadas por um conjunto</p><p>de lentes. Limite de</p><p>resolução de 0,2 µm.</p><p>Utilizado na rotina</p><p>laboratorial para</p><p>análise de lâminas</p><p>histológicas,</p><p>microrganismos e</p><p>outros espécimes.</p><p>Contraste de fase Funciona com um conjunto</p><p>de lentes do aparelho que</p><p>capta as diferenças nos</p><p>índices de refração geradas</p><p>após a passagem da luz.</p><p>Indicado para</p><p>visualização de</p><p>espécimes não corados,</p><p>como células em</p><p>cultura, microrganismos</p><p>e tecidos não corados.</p><p>Fluorescência Utiliza luz ultravioleta</p><p>para iluminar as amostras,</p><p>que, naturalmente ou</p><p>por tratamento com</p><p>fluoróforos, emitem</p><p>fluorescência.</p><p>Indicado para</p><p>avaliações em</p><p>imuno-histoquímica,</p><p>neurobiologia,</p><p>histologia e patologia.</p><p>Polarização Utiliza um sistema</p><p>polarizador que interage</p><p>com a luz birrefringente</p><p>e propicia o contraste da</p><p>imagem da amostra.</p><p>Utilizado no estudo de</p><p>paredes celulares, DNA</p><p>e detecção de minerais</p><p>em diferentes tecidos.</p><p>Microscopia eletrônica</p><p>Eletrônico Baseado no uso de um</p><p>feixe de elétrons que</p><p>incide sobre a amostra e</p><p>proporciona a formação da</p><p>imagem. Tem um limite de</p><p>resolução de 0,2 nm.</p><p>Utilizado na observação</p><p>de organelas e outras</p><p>estruturas celulares.</p><p>Eletrônico de</p><p>transmissão</p><p>Utilizado na observação de</p><p>detalhes da estrutura da</p><p>amostra. A amostra deve</p><p>ser preparada em cortes</p><p>finos.</p><p>Utilizado</p><p>principalmente</p><p>para observação de</p><p>organelas e outras</p><p>inclusões celulares.</p><p>(Continua)</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica... 9</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Técnicas e Processamento em Microscopia Óptica e Microscopia Eletrônica de Transmissão | PARTE 3 173</p><p>Microscopia eletrônica</p><p>Microscópio Características Aplicação</p><p>Eletrônico de</p><p>varredura</p><p>Utilizado para observação</p><p>de detalhes da estrutura</p><p>superficial da amostra.</p><p>Necessário metalizar a</p><p>amostra.</p><p>Utilizado para</p><p>observação da</p><p>estrutura superficial</p><p>de células,</p><p>microrganismos,</p><p>minerais, polímeros.</p><p>Fonte: Adaptado de Lourenço (2021), Nellist (2019), Stockert e Blázquez-Castro (2017), Teles,</p><p>Andreani e Valadares (2017).</p><p>Preparo de amostras para microscopia</p><p>eletrônica</p><p>Amostras biológicas de diferentes origens podem ser avaliadas por meio da</p><p>microscopia eletrônica. Com essas análises, os detalhes das amostras podem</p><p>ser avaliados com resolução superior à observada na microscopia óptica.</p><p>Amostras biológicas avaliadas pela microscopia eletrônica passam por um</p><p>processamento de diversas etapas. Esse processo garante que a amostra</p><p>mantenha sua integridade e fique resistente ao bombeamento de elétrons</p><p>que receberá durante a análise na microscopia eletrônica.</p><p>Os materiais biológicos avaliados na microscopia eletrônica de trans-</p><p>missão precisam passar pelas etapas de fixação, desidratação, inclusão,</p><p>ultramicrotomia e contrastação. A fixação visa a manter a integridade da</p><p>amostra, evitando a autólise. Endurece a amostra, preparando-a para as</p><p>etapas posteriores. A fixação pode ser física, usando calor, congelamento ou</p><p>química, com soluções fixadoras. Na microscopia eletrônica, um dos fixadores</p><p>químicos mais utilizados é o glutaraldeído 2,5%. Após a fixação, o material é</p><p>lavado e segue para a desidratação, que substitui a água presente na amostra,</p><p>(Continuação)</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica...10</p><p>174 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>expondo-a a concentrações crescentes de álcool etílico ou acetona. Depois,</p><p>a amostra passa pela inclusão, que a recobre com uma resina, favorecendo</p><p>seu endurecimento e facilitando os cortes histológicos. Após a inclusão, a</p><p>amostra precisa ser cortada em porções extremamente finas para que a</p><p>observação em microscopia eletrônica de transmissão seja de qualidade.</p><p>Para isso, utiliza-se um aparelho chamado ultramicrótomo, que consegue</p><p>seccionar esse material em porções extremamente finas, chegando a 1 mm</p><p>de espessura. Na ultramicrotomia, coloca-se a amostra em uma grade, que</p><p>geralmente é de cobre e servirá de apoio para a visualização microscópio.</p><p>A etapa final é a contrastação, necessária porque amostras biológicas ge-</p><p>ralmente têm baixa capacidade de espalhar os elétrons expostos durante a</p><p>microscopia eletrônica. Para mudar isso, as amostras passam por tratamento</p><p>em soluções compostas por metais pesados, como citrato de chumbo. As</p><p>grades contendo as amostras são mergulhadas nessas soluções por alguns</p><p>minutos e, posteriormente, ficam prontas para a análise (NGUYEN; HARBISON,</p><p>2017; TELES; ANDREANI; VALADARES, 2017; UL-HAMID, 2018).</p><p>Já as amostras observadas em microscopia eletrônica de varredura, não</p><p>passam pela etapa de inclusão, porque esse tipo de microscopia avalia a</p><p>morfologia do material, e uma camada de resina dificultaria essa análise.</p><p>Após a desidratação, as amostras passam por uma etapa chamada secagem</p><p>ao ponto crítico. Nessa etapa, todo o álcool/acetona utilizado na etapa de</p><p>desidratação é removido e substituído por dióxido de carbono. Posterior-</p><p>mente, para que apresente uma boa condutividade elétrica, essa amostra é</p><p>montada em uma base chamada stub e recoberta por uma fina camada de</p><p>algum metal, geralmente ouro. Após esse processo, a amostra está pronta</p><p>para a visualização em um microscópio eletrônico de varredura (NGUYEN;</p><p>HARBISON, 2017; TELES; ANDREANI; VALADARES, 2017; UL-HAMID, 2018). Confira</p><p>na Figura 5, um esquema resumido da preparação da amostra para microscopia</p><p>eletrônica de varredura.</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica... 11</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Técnicas e Processamento em Microscopia Óptica e Microscopia Eletrônica de Transmissão | PARTE 3 175</p><p>Figura 5. Etapas de processamento de amostras para microscopia eletrônica de varredura.</p><p>Fonte: Adaptada de Castro (2002).</p><p>Amostra não biológica Amostra biológica</p><p>Bactérias, fungos, etc.</p><p>CentrifugaçãoEstruturas sólidas</p><p>Ac. ósmio Glutaraldeido</p><p>Fixação</p><p>25% 50%75% 95% 100%</p><p>Ethanol</p><p>Desidratação</p><p>Criofratura</p><p>CO2</p><p>Amostra</p><p>Secagem em ponto crítico</p><p>Montagem em stub</p><p>Amostras condutivas</p><p>Amostras não condutivas</p><p>Metalização (Sputter)</p><p>Visualização no MEV</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica...12</p><p>176 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Microscopia eletrônica na histotecnologia</p><p>clínica</p><p>Na rotina da histotecnologia clínica, normalmente são empregadas variações</p><p>da microscopia óptica na análise de cortes histológicos. No entanto, com o</p><p>avanço da microscopia, as técnicas de microscopia eletrônica têm sido em-</p><p>pregadas nos estudos relacionados à histotecnologia clínica para avaliação</p><p>de estruturas teciduais e no diagnóstico de patologias.</p><p>É uma importante ferramenta no estudo da etiologia de tumores, doenças</p><p>renais, distúrbios cardíacos e do músculo esquelético, distúrbios neurológicos,</p><p>disfunção ciliar, avaliação de distúrbios genéticos e identificação de agentes</p><p>infecciosos (HYAMS; MAM; KILLINGSWORTH, 2020). No diagnóstico de doenças</p><p>renais, por exemplo, alterações glomerulares e identificação de complexos</p><p>imunes, que podem ser observados como áreas de densidade eletrônica,</p><p>podem ser vistas durante análises em microscopia eletrônica. Além</p><p>disso,</p><p>essa microscopia pode ser empregada para avaliação de biópsias na busca</p><p>por disfunções renais após transplantes (CAMLAR et al., 2019).</p><p>Para auxiliar o diagnóstico de neuropatias membranosas, com a micros-</p><p>copia eletrônica, pode ser avaliado, por exemplo, o acúmulo de material</p><p>eletrodenso em depósitos subepiteliais, além de monitorar o estágio da</p><p>doença, pois, com seu avanço, esse acúmulo se estende a toda membrana</p><p>basal. Essas neuropatias podem ser encontradas em pacientes com lúpus, e</p><p>seu diagnóstico precoce pode influenciar o prognóstico do paciente (HORINO</p><p>et al., 2018; WEIS et al., 2021).</p><p>Alterações a nível celular e tecidual no coração podem ser indícios</p><p>de diferentes cardiopatias. Essas alterações nem sempre são visua-</p><p>lizadas em análises em microscopia óptica. Por isso, o emprego da microscopia</p><p>eletrônica é essencial nessas avaliações (ARACKAL; ALSAYOURI, 2022).</p><p>A avaliação de biópsias cardíacas por microscopia eletrônica pode ser uma</p><p>importante ferramenta no diagnóstico de doença de Fabry, mixoma cardíaco,</p><p>cardiomiopatia e amiloidose. Análises de biópsias tumorais também podem</p><p>ser aprimoradas com o emprego da microscopia eletrônica. Diagnóstico</p><p>precoce de tumores que não podem ser observados em estágios iniciais na</p><p>microscopia convencional pode ser realizado com análises da microscopia</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica... 13</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Técnicas e Processamento em Microscopia Óptica e Microscopia Eletrônica de Transmissão | PARTE 3 177</p><p>eletrônica (ARACKAL; ALSAYOURI, 2022; NIU et al., 2019). Confira na Figura 6,</p><p>a biópsia de um glicossarcoma observado em microscopia óptica e em mi-</p><p>croscópio eletrônico.</p><p>Figura 6. Glicossarcoma observado em microscopia de luz (imagem corada) e microscopia</p><p>eletrônica (imagem em preto e branco).</p><p>Fonte: Adaptada de Gliossarcoma congênito frontal E.: 3. microscopia eletrônica (2022).</p><p>Núcleos das</p><p>células neoplásicas</p><p>Fibras</p><p>colágenas</p><p>Prolongamentos</p><p>citoplasmáticos</p><p>Diversas alterações teciduais e celulares em processos tumorais</p><p>podem ser detectadas pela análise da microscopia eletrônica, o que</p><p>pode ser empregado no diagnóstico, sendo importante no direcionamento do</p><p>tratamento. Mais recentemente, a microscopia eletrônica tem sido empregada</p><p>na análise tecidual de diversos órgãos afetados durante a infecção por coro-</p><p>navírus. Os histopatologistas estão buscando entender as alterações causadas</p><p>por essa infecção viral e as manifestações encontradas não só em órgãos do</p><p>sistema respiratório, mas também em outros tecidos afetados (HOPFER et al.,</p><p>2021; MARTINES et al., 2020).</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica...14</p><p>178 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>O emprego de técnicas de microscopia como ferramenta proporcionou um</p><p>avanço no diagnóstico de diversas doenças. Entre as técnicas mais difundi-</p><p>das nos estudos da ciência biomédica, estão a microscopia eletrônica e a</p><p>microscopia óptica. A microscopia óptica forma a imagem por meio de ondas</p><p>luminosas, refratadas por uma série de lentes, com um limite de resolução</p><p>de 0,2 µm e é usada para analisar lâminas histológicas, microrganismos e</p><p>outros espécimes. Suas variações são as microscopias de contraste de fase,</p><p>de fluorescência e de polarização. Diferentemente da microscopia óptica, a</p><p>microscopia eletrônica forma a imagem por um feixe de elétrons e tem uma</p><p>resolução máxima de 0,2 nm, podendo ser por transmissão ou varredura. A</p><p>microscopia eletrônica, portanto, proporciona mais detalhes para análise de</p><p>diversos tipos de amostras biológicas. Para que as amostras se mantenham</p><p>íntegras durante essas análises, elas passam por um processo de cinco eta-</p><p>pas: fixação, desidratação, inclusão, ultramicrotomia e contrastação. Por</p><p>esse nível de detalhes que proporciona, a microscopia eletrônica é usada na</p><p>histotecnologia clínica para analisar estruturas teciduais e fazer o diagnós-</p><p>tico de patologias, como tumores, doenças renais, distúrbios cardíacos e do</p><p>músculo esquelético, distúrbios neurológicos, disfunção ciliar, avaliação de</p><p>distúrbios genéticos e identificação de agentes infecciosos. Por isso, o pro-</p><p>fissional habilitado em histotecnologia clínica deve estar sempre atualizado</p><p>sobre os avanços no campo da microscopia, já que é a principal ferramenta</p><p>que o auxiliará em uma avaliação tecidual de qualidade, contribuindo com</p><p>resultados precisos.</p><p>Referências</p><p>17 DE SETEMBRO é o Dia Internacional do Microrganismo. Mas por que dia 17 de setembro?</p><p>Fems, 21 set. 2020. Disponível em: https://fems-microbiology.org/femsmicroblog-17-</p><p>-de-setembro-e-o-dia-internacional-do-microrganismo-mas-por-que-dia-17-de-</p><p>-setembro/. Acesso em: 12 maio 2022.</p><p>ABRAMOWITZ, M.; DAVIDSON, M. W. Anatomy of a microscope. Evident, 2022. Disponível</p><p>em: https://www.olympus-lifescience.com/pt/microscope-resource/primer/anatomy/</p><p>anatomy/. Acesso em: 12 maio 2022.</p><p>ARACKAL, A.; ALSAYOURI, K. Histology, heart. Treasure Island: StatPearls, 2022.</p><p>CAMLAR, S. A. et al. Contribution of electron microscopy to the clinicopathologic</p><p>diagnosis in childhood glomerular renal diseases. Fetal and Pediatric Pathology, v.</p><p>38, n. 4, p. 299-306, 2019.</p><p>CASTRO, L. A. S. Processamento de amostras para microscopia eletrônica de varredura.</p><p>Pelotas: Embrapa, 2002. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bits-</p><p>tream/item/32390/1/documento-93.pdf. Acesso em: 12 maio 2022.</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica... 15</p><p>Introdução aos Procedimentos Laboratoriais e Microscopia | UNIDADE 3</p><p>Técnicas e Processamento em Microscopia Óptica e Microscopia Eletrônica de Transmissão | PARTE 3 179</p><p>GIANFRANCESCO, A. Technologies for chemical analyses, microstructural and inspection</p><p>investigations. In: GIANFRANCESCO, A. Materials for ultra-supercritical and advanced</p><p>ultra-supercritical power plants. Amsterdam: Elsevier, 2016. p. 197-245.</p><p>GLIOSSARCOMA congênito frontal E.: 3. microscopia eletrônica. FCM-Unicamp, 2022.</p><p>Disponível em: https://anatpat.unicamp.br/nptgliossarcoma2c.html. Acesso em: 12</p><p>maio 2022.</p><p>HOPFER, H. et al. Hunting coronavirus by transmission electron microscopy: a guide to</p><p>SARS‐CoV‐2‐associated ultrastructural pathology in COVID‐19 tissues. Histopathology,</p><p>v. 78, n. 3, p. 358-370, 2021.</p><p>HORINO, T. et al. A case of neuronal intranuclear inclusion disease associated with</p><p>lupus nephritis: like nephropathy. eNeurologicalSci, v. 10, p. 28-30, 2018.</p><p>HYAMS, T. C.; MAM, K.; KILLINGSWORTH, M. C. Scanning electron microscopy as a new</p><p>tool for diagnostic pathology and cell biology. Micron, v. 130, 2020.</p><p>KHODAVIRDIPOUR, A. et al. Microscopy and its application in microbiology and me-</p><p>dicine from light to quantum microscopy: a mini-review. Avicenna Journal of Clinical</p><p>Microbiology and Infection, v. 6, n. 4, p. 133-137, 2019.</p><p>LOURENÇO, D. A. Microscopia e biologia parte I: conhecendo os microscópios ópticos</p><p>e suas aplicações. Biotecnologia, v. 8, 2021.</p><p>MARTINES, R. B. et al. Pathology and pathogenesis of SARS-CoV-2 associated with</p><p>fatal coronavirus disease, United States. Emerging Infectious Diseases, v. 26, n. 9, p.</p><p>2005-2015, 2020.</p><p>MASTERS, B. R. The development of fluorescence microscopy. Hoboken: John Wiley &</p><p>Sons, 2010.</p><p>MOHAMMED, A.; ABDULLAH, A. Scanning electron microscopy (SEM): a review. In: IN-</p><p>TERNATIONAL CONFERENCE ON HYDRAULICS AND PNEUMATICS, 2018, Băile Govora.</p><p>Proceedings [...]. Băile Govora: HERVEX, 2018.</p><p>NELLIST, P. D. Scanning transmission electron microscopy. In: HAWKES, P. W.; SPENCE,</p><p>J. C. H. (ed.). Springer handbook of microscopy. Cham: Springer, 2019. p. 49-99.</p><p>NGUYEN, J. N. T.; HARBISON, A. M. Scanning electron microscopy sample preparation</p><p>and imaging. Methods in Molecular Biology, v. 1606, p. 71-84, 2017.</p><p>NIU, L. et al. Tumor-derived exosomal proteins as diagnostic biomarkers in non-small</p><p>cell lung cancer. Cancer Science, v. 110, n. 1, p. 433-442, 2019.</p><p>RENZ, M. Fluorescence microscopy: a historical and technical perspective. Cytometry</p><p>Part A, v. 83, n. 9, p. 767-779, 2013.</p><p>RIDLEY, J. W. Microscope use and care. In: RIDLEY, J. W. (ed.). Fundamentals of the study</p><p>of urine and body fluids. Cham: Springer, 2018. p. 365-375.</p><p>STOCKERT, J. C.; BLÁZQUEZ-CASTRO, A. Fluorescence microscopy in life sciences. Sharjah:</p><p>Bentham Books, 2017.</p><p>TELES, V. C.; ANDREANI, L.; VALADARES, L. F. Uso de microscopia de luz e eletrônica como</p><p>técnicas de análise morfológica. Brasília, DF: Embrapa, 2017. Disponível em: https://</p><p>www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1085307/1/CIT15CNPAE.pdf.</p><p>Acesso em: 12 maio 2022.</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica...16</p><p>180 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>UL-HAMID, A. Sample preparation. In: UL-HAMID, A. (ed.). A beginners’ guide to scanning</p><p>electron microscopy. Cham: Springer, 2018. p. 309-359.</p><p>VOCÊ sabe manusear um microscópio corretamente? Kasvi, 10 mar. 2017. Disponível em:</p><p>https://kasvi.com.br/manuseio-microscopio/. Acesso em: 12 maio 2022.</p><p>WEIS, J. et al. Techniques for the standard histological and ultrastructural assessment</p><p>of nerve biopsies. Journal of the Peripheral Nervous System, v. 26, 2021.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos</p><p>testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da</p><p>publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas</p><p>páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os edito-</p><p>res declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou</p><p>integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Técnicas e processamento em microscopia óptica e microscopia eletrônica... 17</p><p>ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO</p><p>PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.</p><p>PREZADO ESTUDANTE</p><p>MICROSCÓPIO</p><p>Disponível em: http://gg.gg/14b01s.</p><p>OBJETOS 3D</p><p>Reações Químicas e</p><p>Técnicas Laboratoriais</p><p>Prezado estudante,</p><p>Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com</p><p>cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto</p><p>possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você,</p><p>com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.</p><p>Objetivo Geral</p><p>Compreender os cálculos e preparo de soluções e reagentes laboratoriais.</p><p>unidade</p><p>4</p><p>V.1 | 2023</p><p>Parte 1</p><p>Cálculos de Laboratório e Preparo</p><p>de Reagentes</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>é disponibilizado</p><p>por SAGAH.</p><p>unidade</p><p>4</p><p>V.1 | 2023</p><p>184 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Cálculos de laboratório e</p><p>preparo de reagentes</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>� Interpretar os cálculos associados às soluções utilizadas em laboratórios.</p><p>� Determinar quais são os procedimentos associados à preparação de</p><p>reagentes laboratoriais.</p><p>� Especificar as principais unidades de resultados laboratoriais.</p><p>Introdução</p><p>Neste capítulo, você vai estudar os principais cálculos utilizados na rotina</p><p>laboratorial, assim como o cálculo da molaridade e a diluição de soluções</p><p>estoque. Também vai estudar como se realizam as diluições seriadas e o</p><p>fator de diluição e quais são as unidades e as grandezas mais utilizadas</p><p>em laboratório.</p><p>Descrever concentrações exatas é primordial para resultados confi-</p><p>áveis no diagnóstico de doenças e no acompanhamento da eficácia de</p><p>tratamentos. Um protocolo de análises clínicas seguido rigorosamente,</p><p>com cálculos e medições exatos e acurácia no manuseio dos reagentes,</p><p>permite a identificação, o isolamento e a quantificação de determinada</p><p>amostra.</p><p>Cálculos associados às soluções utilizadas</p><p>em laboratório</p><p>O preparo de soluções e reagentes exige o conhecimento prévio de conceitos</p><p>como concentração, diluição, soluto, solvente e solução. Vejamos mais sobre</p><p>eles.</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais | UNIDADE 4</p><p>Cálculos de Laboratório e Preparo de Reagentes | PARTE 1 185</p><p>O soluto é uma substância que será dissolvida em uma solução e que se</p><p>distribui no interior de outra substância, o solvente. Já o solvente é a subs-</p><p>tância dispersante, ou seja, que permite a dissolução do soluto no seu interior.</p><p>A mistura do soluto com o solvente chama-se solução. O exemplo mais co-</p><p>mum para compreendermos o que é uma solução é a mistura do sal com a</p><p>água. Quando o sal é adicionado à água, percebemos que ele se distribui e</p><p>seus cristais desaparecem. Neste caso, o sal é o soluto e a água é o solvente.</p><p>No laboratório a maioria das soluções são armazenadas em soluções es-</p><p>toque, que nada mais são do que soluções concentradas. A solução estoque,</p><p>ou solução “mãe”, pode ser diluída para soluções de menor concentração,</p><p>quando necessário para qualquer procedimento analítico. O termo diluição</p><p>se refere à diminuição da concentração do soluto pelo acréscimo do solvente.</p><p>A concentração é a relação entre a quantidade dos dois componentes, soluto</p><p>e solvente, em uma dada solução.</p><p>Na Figura 1 vemos uma ilustração de como uma solução é formada.</p><p>Figura 1. A solução é a mistura homogênea do soluto com o solvente.</p><p>Fonte: Adaptada de Nasky/Shutterstock.com</p><p>Solvente</p><p>Soluto</p><p>Solução Solução</p><p>A concentração pode ser expressa em porcentagem ou molaridade.</p><p>A concentração em porcentagem pode ser expressa em peso por volume (p/v),</p><p>volume por volume (v/v) ou peso por peso (p/p). Na porcentagem p/v deve-se</p><p>considerar gramas de soluto por 100 mL do solvente; na porcentagem por</p><p>volume (v/v) consideramos mililitros de solvente por 100 mL de solução; na</p><p>Cálculos de laboratório e preparo de reagentes2</p><p>186 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>porcentagem por peso (p/p), consideramos gramas de soluto por 100 gramas</p><p>de solvente (BARKER, 2002).</p><p>Exemplo de porcentagem p/v: para uma solução de persulfato de amônia ((NH4)2S2O8)</p><p>10%, para um volume final de 100 mL, dissolva 10 g de (NH4)2S2O8 em 100 mL de água</p><p>(H2O). Para uma solução de (NH4)2S2O8 10%, para um volume final de 10 mL, dissolva</p><p>1 g de (NH4)2S2O8 em 10 mL de água.</p><p>Exemplo de porcentagem v/v: para uma solução de albumina sérica bovina (BSA)</p><p>1%, para um volume final de 100 mL, dilua a solução estoque de BSA 10% em 1:10,</p><p>acrescentando 10 mL de BSA 10% em 90 mL de tampão fosfato-salino (PBS). Para uma</p><p>solução de BSA 1%, para um volume final de 50 mL, dilua a solução estoque de BSA</p><p>10% em 1:10, acrescentando 5 ml de BSA 10% em 45 mL de PBS.</p><p>Exemplo de porcentagem p/p: para uma solução de sulfato de magnésio (MgSO4)</p><p>30%, para uma massa final de 100 g, pese 30 g de MgSO4 e acrescente 70 g de água</p><p>de injeção. Para uma solução de MgSO4 30%, para uma massa final de 50 g, pese 15 g</p><p>de MgSO4 e acrescente 35 g de água de injeção. É válido ressaltar que 1 mL de água</p><p>equivale a 1 g. Então, 35 g de água é igual a 35 mL de água.</p><p>Para o cálculo da concentração em molaridade (M), ou em mol/L, primei-</p><p>ramente, vamos entender o que é molaridade, de acordo com Barker (2002):</p><p>Molaridade é o número do peso molecular em gramas (moles) por litro</p><p>de solvente.</p><p>A normalidade (N) se diferencia da molaridade, pois leva em consideração</p><p>o número de moléculas de hidrogênio ionizáveis, para ácidos, e o número</p><p>de hidróxidos, para bases, presentes em determinada substância. Assim, a</p><p>normalidade é equivalente à sua concentração em mol/L (molaridade) multi-</p><p>plicada pelo número de moléculas de hidrogênios ionizáveis (para ácidos) ou</p><p>pelo número de hidróxidos (para bases). Ainda, de acordo com Barker (2002),</p><p>normalidade é definida assim:</p><p>Normalidade é peso molecular, em gramas, de uma substância dissolvida,</p><p>dividido pelos hidrogênios equivalentes por litro de solução.</p><p>3Cálculos de laboratório e preparo de reagentes</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais | UNIDADE 4</p><p>Cálculos de Laboratório e Preparo de Reagentes | PARTE 1 187</p><p>Geralmente, as substâncias apresentarão o mesmo valor, tanto para a</p><p>molaridade quanto para a normalidade. Mas, quando se trata de compostos</p><p>divalentes e trivalentes, a normalidade terá um valor diferente da molaridade.</p><p>Exemplo 1: uma solução 1 M de ácido fosfórico (H3PO4) é equivalente a uma solução</p><p>H3PO4 – 3 N.</p><p>Exemplo 2: uma solução 5M de H3PO4 é equivalente a uma solução H3PO4 – 15 N.</p><p>Exemplo 3: uma solução 1 M de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) é equivalente a uma</p><p>solução Ca(OH)2 – 2 N.</p><p>Exemplo 4: uma solução 5 M de Ca(OH)2 é equivalente a uma solução Ca(OH)2 – 10 N.</p><p>Para o cálculo da concentração em molaridade, ou em mol/L, você precisa</p><p>ter duas importantes informações:</p><p>1. Peso molecular da substância.</p><p>2. Volume final necessário.</p><p>O peso molecular, geralmente, vem descrito no rótulo do reagente, e ele</p><p>é equivalente ao valor em gramas em 1 mol por 1 litro. Caso o valor não</p><p>esteja descrito no rótulo, ou esteja ilegível, é necessário procurar o valor no</p><p>catálogo, com o número de referência do reagente. O peso molecular de uma</p><p>dada substância também pode ser determinado com a utilização da tabela</p><p>periódica, onde observamos a massa molar das substâncias.</p><p>O peso molecular do hidróxido de sódio (NaOH) é calculado a partir da sua massa</p><p>molar. A massa molar é a massa de 1 mol de substância, determinada em g/mol,</p><p>assim, a massa molar do NaOH é igual à soma da massa molar de cada componente</p><p>da fórmula (Na + O + H) = 39,997 g/mol.</p><p>Cálculos de laboratório e preparo de reagentes4</p><p>188 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Em alguns casos, algumas substâncias apresentam quantidade a mais de</p><p>água em seu material, ou seja, são hidratadas. Nesses casos, deve-se adicionar</p><p>a água ao cálculo, pois ela faz parte do peso da fórmula. Para o cálculo de peso</p><p>molecular da molécula de água (H2O), levamos em consideração que existem</p><p>dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio; assim, multiplicamos a massa</p><p>molar do hidrogênio com o seu número de átomos e somamos com a massa</p><p>molar do oxigênio, desta forma: (2 × 1) + 16 = 18 g/mol.</p><p>Após encontrar o peso molecular (PM) da substância em questão, aplicamos</p><p>a seguinte regra de três:</p><p>Peso molecular (PM) → 1 M</p><p>x → Molaridade desejada</p><p>Com essa fórmula, você irá multiplicar o peso molecular em g/mol da</p><p>sua substância pela molaridade que deseja para a solução final e dividir pela</p><p>molaridade conhecida (1 M). Vejamos dois exemplos.</p><p>Exemplo 1: prepare uma solução de NaOH 3 M para um volume final de 1 L.</p><p>39,997 g → 1 M (1 L)</p><p>x → 3 M</p><p>x = 120 g</p><p>Você precisará pesar 120 g de NaOH para 1 litro (1000 mL) de uma solução</p><p>3 M.</p><p>Exemplo 2: prepare uma solução de NaOH 0,5 M para um volume final de</p><p>600 mL:</p><p>39,997 g → 1 M (1 L)</p><p>x → 0,05 M</p><p>x = 20 g</p><p>e</p><p>20 g → 1000 mL</p><p>x → 600 mL</p><p>x = 12 g</p><p>Você precisará pesar 12 g de NaOH para 600 mL de uma solução 0,5 M.</p><p>5Cálculos de laboratório e preparo de reagentes</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais | UNIDADE 4</p><p>Cálculos de Laboratório e Preparo de Reagentes | PARTE 1 189</p><p>Diluições</p><p>Para a diluição das soluções estoque em soluções de trabalho, aquelas que</p><p>você utilizará em seus procedimentos laboratoriais, é necessário utilizar a</p><p>seguinte fórmula:</p><p>C1 × V1 = C2 × V2</p><p>onde:</p><p>C1 = concentração da solução estoque antes da diluição.</p><p>V1 = volume da solução estoque antes da diluição.</p><p>C2 = concentração da solução após a diluição da solução estoque.</p><p>V2 = volume da solução após a diluição da solução estoque.</p><p>Exemplo 1: prepare 300 mL de uma solução de NaOH 2 M a partir de uma</p><p>solução estoque de NaOH 7 M:</p><p>7 M × V1 = 2 M × 300 mL</p><p>7 M × V1 = 600 mL</p><p>V1 = 600 mL / 7 M</p><p>V1 = 85,7 mL</p><p>Você precisará pegar um volume de 85,7 mL da solução estoque de</p><p>NaOH 7 M e completar para um volume final de 300 mL, ou seja, diluir em</p><p>214,3 mL de solvente. Essa é uma solução de NaOH 2 M.</p><p>Diluições seriadas</p><p>A diluição seriada é utilizada para o preparo de soluções muito diluídas, para</p><p>soluções que precisam de curva de concentração com uma escala exponencial</p><p>ou logarítmica. Esse tipo de diluição é bastante usado para a curva padrão no</p><p>ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA, em laboratórios de imunologia)</p><p>e para screening de compostos de origem vegetal ou sintética sobre algum</p><p>microrganismo (em laboratórios de pesquisa). É amplamente utilizada em</p><p>análises clínicas para os testes de VDRL (venereal disease research labora-</p><p>tory), Coombs indireto, ASO (Antiestreptolisina O), PCR (proteína C reativa) e</p><p>Fator Reumatoide (aglutinação em látex) (VAZ et al., 2018; TURGEON, 2013).</p><p>Essa técnica é feita com o uso de diluições progressivas e sucessivas,</p><p>iniciando com uma solução mais concentrada e finalizando com uma solução</p><p>Cálculos de laboratório e preparo de reagentes6</p><p>190 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>menos concentrada. A diminuição da concentração é inversamente propor-</p><p>cional à amplificação do fator de diluição. Dessa maneira, para a realização</p><p>da diluição seriada, um fator de diluição deve ser escolhido. Essa escolha se</p><p>baseia na finalidade do experimento. Por exemplo, para verificar a eficácia</p><p>de uma dada concentração, o fator de diluição mais requerido é de 1:2; para</p><p>avaliação de um efeito, o fator escolhido será de 1:100, por exemplo.</p><p>A diluição 1:100 significa que há 1 unidade de volume do material a ser</p><p>diluído em 99 unidades de volume do solvente. O mesmo fator de diluição é</p><p>aplicado para todas as diluições seriadas. A diluição da amostra é dependente</p><p>da diluição anterior e assim por diante. Na diluição de 1:100, o fator de diluição</p><p>será de 100, e por consequência, as diluições seguintes serão multiplicadas</p><p>pelo mesmo fator de diluição, 100, ou seja,</p><p>1:100 × 100 = 1:10.000</p><p>1:10.000 × 100 = 1:1.000.000</p><p>… e assim por diante.</p><p>Visualize a lógica da diluição seriada na Figura 2.</p><p>Figura 2. Diluição seriada. Para a obtenção de 10 mL de solução, deve ser adicio-</p><p>nado 1 mL do concentrado mais 9 mL do diluente.</p><p>Fonte: Fouad A. Saad/Shutterstock.com</p><p>9 mL = Água destilada</p><p>1 mL = Solução estoque</p><p>1 mL 1 mL 1 mL 1 mL</p><p>1 mL1 mL1 mL1 mL</p><p>9 mL 9 mL 9 mL</p><p>1/10</p><p>Diluição</p><p>1/100</p><p>Diluição</p><p>1/1000</p><p>Diluição</p><p>1/10000</p><p>Diluição</p><p>7Cálculos de laboratório e preparo de reagentes</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais | UNIDADE 4</p><p>Cálculos de Laboratório e Preparo de Reagentes | PARTE 1 191</p><p>No link a seguir você encontra informações sobre como</p><p>fazer uma diluição seriada com 11 pontos na curva.</p><p>https://qrgo.page.link/mjT7R</p><p>Procedimentos associados à preparação</p><p>de reagentes laboratoriais</p><p>Um fator fundamental para as análises é o preparo de reagentes. Antes de</p><p>iniciar qualquer experimento, alguns passos são importantes para que um</p><p>reagente de qualidade seja preparado. Para o preparo de determinada solução,</p><p>você deve (BARKER, 2002):</p><p>� Observar se as substâncias para o preparo estão disponíveis no labo-</p><p>ratório ou se é necessário fazer a sua compra.</p><p>� Estudar os reagentes antes, verificando sua estabilidade e se são ou não</p><p>instáveis, se o seu preparo deve ser o mínimo necessário para apenas</p><p>um único experimento.</p><p>� Conhecer a quantidade de solução que precisa preparar. Para isto você</p><p>deve saber se usará a solução na rotina laboratorial ou se a solução</p><p>será utilizada esporadicamente, visto que isto influenciará no volume</p><p>escolhido.</p><p>� Verificar a necessidade do preparo de uma solução pura ou concentrada.</p><p>As soluções estoque são preparadas em concentrações altas e arma-</p><p>zenadas em temperatura ambiente. Contudo, algumas vezes, os sais</p><p>poderão precipitar e, por consequência, a solução deverá ser aquecida</p><p>para a dissolução dos sais.</p><p>� Seguir o protocolo determinado previamente, com informações da con-</p><p>centração a ser usada, do pH da solução. Sempre fazer essas anotações</p><p>no “caderno de laboratório”.</p><p>� Preparar a bancada com os utensílios plásticos e vidrarias para preparar</p><p>os reagentes e as soluções.</p><p>Cálculos de laboratório e preparo de reagentes8</p><p>192 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>A seguir serão descritas algumas etapas importantes para o preparo de</p><p>reagentes.</p><p>Como trabalhar com segurança</p><p>realizadas.</p><p>Princípios gerais, conceito e histórico da biossegurança 8</p><p>U3_C10_Bioetica e biossegurança.indd 8 29/09/2017 14:18:53</p><p>18 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA 9Princípios gerais, conceito e histórico da biossegurança</p><p>U3_C10_Bioetica e biossegurança.indd 9 29/09/2017 14:18:53</p><p>BIOLOGICAL HAZARD. In: WIKIPEDIA. 2016. Disponível em: <https://simple.wikipedia.</p><p>org/wiki/Biological_hazard>. Acesso em: 26 set. 2017.</p><p>BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 001, de 1988. Brasília, DF, 1988.</p><p>BRASIL. Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Brasília, DF, 2005. Disponível em: <http://</p><p>www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm>. Acesso em: 27</p><p>set. 2017.</p><p>COSTA, M. A. F. Biossegurança e qualidade: uma necessidade de integração. Revista</p><p>Biotecnologia, São Paulo, n. 4, p. 32-33, jan./fev. 1998.</p><p>TEIXEIRA, P.; VALLE, S. Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro:</p><p>Fiocruz, 1996.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Referência técnica para o funciona-</p><p>mento dos serviços de estética e embelezamento sem responsabilidade médica. Brasília,</p><p>DF: ANVISA, 2009. Disponível em: <https://goo.gl/LTRXc5>. Acesso em: 26. set. 2017.</p><p>GARCIA, L. P.; ZANETTI-RAMOS, B. G. Gerenciamento dos resíduos de serviços de</p><p>saúde: uma questão de biossegurança. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.</p><p>20, n. 3, p. 744-752, 2004.</p><p>MOURA, M. E. B. et al. Aspectos históricos, conceituais, legislativos e normativos da</p><p>biossegurança. Revista de Enfermagem da UFPI, Teresina, v. 1, n. 1, p. 64-70 jan./abr. 2012.</p><p>PENNA, P. M. M. et al. Biossegurança: uma revisão. Arquivos do Instituto Biológico, São</p><p>Paulo, v. 77, n. 3, p. 555-465, jul./set. 2010.</p><p>PEREIRA, F. et al. Manual de orientação para instalação e funcionamento de institutos</p><p>de beleza sem responsabilidade médica. São Paulo: Centro de Vigilância do Estado de</p><p>São Paulo, 2012.</p><p>ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO</p><p>PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.</p><p>PREZADO ESTUDANTE</p><p>Parte 2</p><p>Introdução à Biossegurança</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>é disponibilizado</p><p>por SAGAH.</p><p>unidade</p><p>1</p><p>V.1 | 2023</p><p>20 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Introdução à biossegurança</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Descrever os principais conceitos e definições aplicados à bios segurança.</p><p> Reconhecer a classificação de risco biológico e os níveis de bios segurança.</p><p> Diferenciar barreiras primárias e secundárias de biossegurança.</p><p>Introdução</p><p>A construção e a manutenção de ambientes seguros é um dos principais</p><p>objetivos da biossegurança. As ações necessárias para atingir esse objetivo</p><p>são bastante diversas e se aplicam a diferentes ambientes de saúde. As-</p><p>segurar o cumprimento dos princípios de biossegurança é fundamental,</p><p>não apenas para os profissionais da saúde, mas para os pacientes, o meio</p><p>ambiente e todas as pessoas que convivem socialmente, estejam elas</p><p>envolvidas ou não com as atividades de saúde.</p><p>Neste capítulo, vamos compreender os aspectos básicos da</p><p>biossegurança.</p><p>Conceitos e definições sobre biossegurança</p><p>A biossegurança compreende um conjunto de procedimentos, ações, técnicas,</p><p>metodologias, equipamentos e dispositivos capazes de eliminar ou minimizar</p><p>riscos inerentes que podem comprometer a saúde do homem.</p><p>Ela tem o papel fundamental na promoção à saúde, uma vez que aborda</p><p>medidas de controle de infecção para proteção dos trabalhadores da área da</p><p>saúde, além de colaborar para a preservação do meio ambiente, no que se</p><p>refere ao descarte de resíduos provenientes desse ambiente, contribuindo,</p><p>dessa forma, para a redução de riscos à saúde de todos (CHAVES, 2016).</p><p>O objetivo principal da biossegurança é criar um ambiente de trabalho onde</p><p>se promova a contenção do risco de exposição a agentes potencialmente nocivos</p><p>ao trabalhador, aos pacientes e ao meio ambiente, de modo que esse risco seja</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Introdução à Biossegurança | PARTE 2 21</p><p>minimizado ou eliminado. Essas definições mostram que a biossegurança</p><p>envolve as relações tecnologia/risco/homem, e que o controle dos riscos na</p><p>área da saúde inclui o desenvolvimento e a divulgação de informações, além</p><p>da adoção de procedimentos relacionados às boas práticas de segurança para</p><p>profissionais, pacientes e meio ambiente, de forma a controlar e minimizar os</p><p>riscos operacionais das atividades de saúde (DAVID et al., 2012).</p><p>A avaliação de risco incorpora ações que objetivam o reconhecimento ou</p><p>a identificação dos agentes biológicos e a probabilidade do dano proveniente</p><p>destes, por vários critérios, que dizem respeito não só ao agente biológico</p><p>manipulado, mas também ao tipo de ensaio realizado e ao próprio trabalhador.</p><p>Assim, os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas</p><p>são distribuídos em classes de risco, que são definidos como o grau de risco</p><p>associado ao agente biológico manipulado.</p><p>De acordo com as Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com</p><p>Material Biológico, elaborado em 2004 pela Comissão de Biossegurança</p><p>em Saúde (CBS), do Ministério da Saúde, os tipos de agentes biológicos são</p><p>classificados em 5 classes, sendo elas:</p><p>Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a coletividade): inclui</p><p>os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou</p><p>animais adultos sadios. Exemplo: Lactobacillus sp.</p><p>Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comu-</p><p>nidade): inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou</p><p>nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação</p><p>no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e</p><p>profi láticas efi cazes. Exemplo: Schistosoma mansoni.</p><p>Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comuni-</p><p>dade): inclui os agentes biológicos que têm capacidade de transmissão por via</p><p>respiratória e causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais,</p><p>para as quais existem, usualmente, medidas de tratamento e/ou de prevenção.</p><p>Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente,</p><p>podendo se propagar de pessoa para pessoa. Exemplo: Bacillus anthracis.</p><p>Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os</p><p>agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória</p><p>ou de transmissão desconhecida. Até o momento, não há nenhuma medida</p><p>profi lática ou terapêutica efi caz contra infecções ocasionadas por estes. Causam</p><p>Introdução à biossegurança 2</p><p>22 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de dissemi-</p><p>nação na comunidade e no meio ambiente. Essa classe inclui, principalmente,</p><p>os vírus. Exemplo: Vírus Ebola.</p><p>Classe de risco especial (alto risco de causar doença animal grave e de</p><p>disseminação no meio ambiente): inclui agentes biológicos de doença animal</p><p>não existente no país e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de</p><p>importância para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e/ou na</p><p>produção de alimentos. Exemplo: Achantina fulica (caramujo-gigante-africano</p><p>trazido para o Brasil para produção e comercialização de escargot) (BRASIL,</p><p>2006; ARAÚJO et al., 2009).</p><p>Dessa forma, para a manipulação dos microrganismos pertencentes a cada</p><p>uma das classes, devem ser atendidos os requisitos de segurança, conforme o</p><p>nível de contenção necessário, que são denominados Níveis de Biossegurança.</p><p>Assim, de acordo com suas características e sua capacitação para manipular</p><p>microrganismos de risco 1, 2, 3 ou 4, os laboratórios são designados como nível</p><p>1 de biossegurança ou proteção básica (P1), nível 2 de biossegurança básica</p><p>(P2), nível 3 de biossegurança de contenção (P3) e nível 4 de biossegurança</p><p>de contenção máxima (P4), respectivamente (SANTA CATARINA, 2000).</p><p>Os quatro níveis de biossegurança (NB-1, NB-2, NB-3 e</p><p>Para trabalhar com reagentes e soluções você deve sempre presumir que pode</p><p>haver algum risco associado ao material. Antes da manipulação de qualquer</p><p>substância, você deve saber a composição e as propriedades dela. Os produtos</p><p>químicos vêm acompanhados com a ficha de segurança e, em seu rótulo, está</p><p>descrita a classificação de risco, que contém informações essenciais sobre o</p><p>material ou, ainda, se existe algum tipo de advertência.</p><p>Os reagentes perigosos devem ser manipulados com cautela e segurança.</p><p>As luvas de látex e policloreto de vinila (PVC) são utilizadas amplamente</p><p>para reagentes em pó. A exceção é o fenol (C6H5OH), um solvente orgânico,</p><p>que deve ser manuseado com luvas de borracha ou neoprene, que são mais</p><p>resistentes. Os óculos de proteção devem ser usados para evitar respingos e</p><p>aerossóis. Soluções voláteis requerem a utilização de máscaras respiratórias</p><p>e capela de exaustão. Para agentes que possam danificar a mucosa nasal,</p><p>como o SDS (dodecil sulfato de sódio), sempre utilizar máscara simples ou</p><p>cirúrgica. Outros reagentes perigosos e altamente tóxicos que necessitam de</p><p>maior cuidado em seu manuseio são a acrilamida (C3H5NO), o brometo de etídio</p><p>(C21H20BrN3) e o fluoreto de fenilmetil sulfonado (PMSF) (BARKER, 2002).</p><p>Escolha da água apropriada e dos utensílios</p><p>necessários para o preparo do reagente</p><p>A escolha correta da água para o preparo do reagente é essencial para uma</p><p>análise confiável. A escolha da água se baseia no seu grau de pureza, no pH</p><p>e na sua composição. Quanto mais pura a água, mais livre de interferentes</p><p>estará a sua solução (lembre-se de que interferentes podem ocasionar inibição</p><p>enzimática). O grau de pureza da água é determinado pelo método de purifi-</p><p>cação da água, que pode ser a destilação, a osmose reversa combinada com a</p><p>deionização, a ultrafiltração, a adsorção e a oxidação ultravioleta.</p><p>Para o preparo de reagentes, deve ser escolhida a água com grau de labo-</p><p>ratório, com alto grau de pureza, que tenha passado pelos procedimentos de</p><p>destilação ou deionização.</p><p>9Cálculos de laboratório e preparo de reagentes</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais | UNIDADE 4</p><p>Cálculos de Laboratório e Preparo de Reagentes | PARTE 1 193</p><p>A água destilada é livre de sais, de íons e de partículas orgânicas.</p><p>É produzida pelo processo de evaporação ou condensação da água comum e é</p><p>utilizada para o preparo de soluções tampão ou para o enxague de vidrarias,</p><p>após desinfecção com hipoclorito de sódio (NaClO) e lavagem com água da</p><p>torneira. Uma de suas principais características é o seu pH neutro, em torno de</p><p>7,0. O seu armazenamento em recipientes fechados permite a manutenção de</p><p>seu pH neutro, evitando que os gases presentes no ar alterem esse parâmetro.</p><p>A água deionizada é requerida para o preparo de tampões para reações</p><p>enzimáticas. Como o próprio nome diz, é uma água livre de íons. Essa água</p><p>é produzida por meio de um sistema de resinas trocadoras de íons, que retira</p><p>os cátions e íons da água comum.</p><p>A ultrafiltração é um processo requerido para análises que necessitem</p><p>de uma água ultrapura, sem endotoxinas (componente da parece celular de</p><p>bactérias).</p><p>Principais unidades de resultados laboratoriais</p><p>O Sistema Internacional de Unidades (SI) se desenvolveu a partir da criação do</p><p>Sistema Métrico Decimal, em 1795, em Paris. No documento sancionado pela</p><p>Convenção da Revolução Francesa, ficou estipulado que o metro se tornaria a</p><p>unidade de comprimento e a base do novo sistema métrico. O decreto teve por</p><p>objetivo unificar o sistema de medidas, pois cada país tinha regras próprias.</p><p>O sistema foi composto, inicialmente, por três unidades básicas, o metro, o</p><p>litro e o quilograma. Posteriormente, em 1960, o Sistema Métrico Decimal foi</p><p>trocado pelo SI, que abrange não somente as unidades básicas, mas também</p><p>unidades derivadas, compreendendo várias grandezas e possibilitando medi-</p><p>ções mais complexas e precisas nas áreas de ciência e tecnologia. As unidades</p><p>de medidas são usadas para a medição de diferentes grandezas — capacidade,</p><p>comprimento, massa, tempo e volume, entre outras (TAYLOR, 2008).</p><p>Como dito, o Sistema Internacional de Unidades (SI) classifica as unidades</p><p>de medidas como unidade de base ou unidade derivada. As unidades base são</p><p>subdivididas em sete unidades definidas e independentes dimensionalmente.</p><p>Por exemplo, a unidade da massa é o grama (g) e a unidade do volume é o litro</p><p>(L) ou o metro cúbico (m3). O Quadro 1 descreve as unidades de grandeza</p><p>base do SI, acompanhe.</p><p>Cálculos de laboratório e preparo de reagentes10</p><p>194 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Fonte: Adaptado de McPherson e Pincus (2013).</p><p>Quantidade Nome da unidade Símbolo da unidade</p><p>Comprimento metro m</p><p>Massa quilograma kg</p><p>Tempo segundo s</p><p>Corrente elétrica ampère A</p><p>Temperatura termodinâmica kelvin K</p><p>Intensidade luminosa candela cd</p><p>Quantidade de substância mol mol</p><p>Quadro 1. Unidades de base do SI</p><p>Por outro lado, as unidades derivadas são expressas a partir das unidades de</p><p>base e dependem delas. No Quadro 2 estão descritas as unidades de grandeza</p><p>derivadas do SI.</p><p>Quantidade Nome da unidade Símbolo da unidade</p><p>Área metro quadrado* m2</p><p>Volume metro cúbico*</p><p>litro**</p><p>m3</p><p>L = dm3***</p><p>Concentração</p><p>Massa</p><p>Substância</p><p>quilograma/litro**</p><p>mol/litro**</p><p>kg/L</p><p>mol/L</p><p>Molalidade mol/quilograma mol/kg</p><p>Densidade quilograma/litro** kg/L</p><p>Fração de massa quilograma/quilograma kg/kg</p><p>Fração de mol mol/mol mol/mol</p><p>Quadro 2. Unidades derivadas do SI</p><p>(Continua)</p><p>11Cálculos de laboratório e preparo de reagentes</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais | UNIDADE 4</p><p>Cálculos de Laboratório e Preparo de Reagentes | PARTE 1 195</p><p>Fonte: Adaptado de McPherson e Pincus (2013).</p><p>Quadro 2. Unidades derivadas do SI</p><p>Quantidade Nome da unidade Símbolo da unidade</p><p>Concentração numérica número/litro L−1</p><p>Temperatura grau celsius* °C = °K – 273,15</p><p>Pressão pascal* Pa = kg/m2</p><p>Frequência hertz* Hz = 1 ciclo/s</p><p>Depuração litro/segundo** L/s</p><p>Potencial elétrico volt* V = kg m2/s3A</p><p>Energia joule* J = kg m2/s2</p><p>* Unidade derivada coerente.</p><p>** Unidade derivada não coerente.</p><p>*** Tanto “L” quanto “l” são símbolos para “litro”.</p><p>Dentro do SI, temos algumas unidades que são amplamente utilizadas para</p><p>a expressão de resultados de exames laboratoriais, e que são apresentadas no</p><p>Quadro 3.</p><p>Fator Prefixo Símbolo Metro (m) Grama (g) Litro (L)</p><p>10–1 deci d dm dg dL</p><p>10–2 centi c cm cg cL</p><p>10–3 mili m mm mg mL</p><p>10–6 micro µ µm µg µL</p><p>10–9 nano n nm ng nL</p><p>10–12 pico p pm pg pL</p><p>Quadro 3. Unidades de medida com importância laboratorial</p><p>(Continuação)</p><p>Cálculos de laboratório e preparo de reagentes12</p><p>196 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Como pode ser visto no Quadro 3, a primeira coluna corresponde ao fator</p><p>multiplicador. O fator 10−3, por exemplo, indica que 1 mg corresponde a 0,001 g</p><p>ou 10−3 g; o fator de 10−6 indica que 1 µL corresponde a 0,000001 L ou 10−6 L.</p><p>É importante destacar que os símbolos são acompanhados de prefixos, que</p><p>se correlacionam à grandeza de cada unidade. Dessa maneira, para a medida</p><p>de massa, 1 grama (g) equivale a 1000 miligramas (mg), onde a miligrama</p><p>é a milésima parte da grama. Para a medida de litro, o litro equivale a 1000</p><p>mililitros e, para a medida de comprimento, o metro equivale a 1000 milímetros.</p><p>Em análises clínicas, podemos observar as unidades de medida rotineira-</p><p>mente. Acompanhe estes exemplos:</p><p>� Hematologia clínica: os índices hematimétricos são dados relativos</p><p>do peso, da espessura e do diâmetro de hemácias, além do peso e da</p><p>concentração de hemoglobina. O volume corpuscular médio (VCM) é</p><p>expresso em fentolitros (fL = 10–15 L); a hemoglobina corpuscular média</p><p>(HCM) em picogramas (pg = 10–12 g); a concentração de hemoglobina</p><p>corpuscular média (CHCM) em decilitros (dL = 10–1 L). Outras medi-</p><p>ções também utilizam essas unidades: hemácias, plaquetas e leucócitos</p><p>totais em milhões/mm3 e hemoglobina em g/dL (KEOHANE; SMITH;</p><p>WALENGA, 2015).</p><p>� Bioquímica clínica: na dosagem de</p><p>enzimas como creatinina fosfo-</p><p>transferase (CPK), colinesterase, alanina amino-transferase (ALT),</p><p>transaminase glutâmico pirúvica (TGP), lactato desidrogenase (LD),</p><p>aldolase, amilase, lipase, os valores são expressos em unidades/litro</p><p>(U/L), onde U é correspondente à Unidade Internacional. Também há</p><p>a determinação do perfil lipídico em mg/dL (PINTO, 2017).</p><p>� Uroanálise: creatinina, corpos cetônicos, glicose, proteína, bilirrubina</p><p>e urobilinogênio em mg/dL (VALLADA, 1999; STRASINGER; DI</p><p>LORENZO, 2009).</p><p>� Imunologia: PCR em mg/L ou mg/dL e fator reumatoide e ASO em</p><p>U/mL (VAZ et al., 2018; TURGEON, 2013).</p><p>� Microbiologia: a unidade formadora de colônias (UFC) é uma unidade</p><p>de medida usada para estimativa do número de bactérias ou de fungos</p><p>que se multiplicam em condições controladas. A contagem de colônias</p><p>é expressa em UFC/mL ou UFC/g (OPLUSTIL et al., 2010).</p><p>13Cálculos de laboratório e preparo de reagentes</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais | UNIDADE 4</p><p>Cálculos de Laboratório e Preparo de Reagentes | PARTE 1 197</p><p>Dentro de suas funções padronizar as unidades de medida, o SI também</p><p>criou algumas diretrizes para converter as unidades convencionais em unidades</p><p>recomendadas pelo SI. Os fatores de conversão foram publicados pelo Con-</p><p>selho Métrico Norte-Americano, com embasamento nos fatores da Comissão</p><p>Métrica do Canadá. Uma das diretrizes demonstra a seguinte fórmula para</p><p>a conversão em unidades recomendadas (MCPHERSON; PINCUS, 2013):</p><p>Número das unidades (SI) recomendadas = número em unidades × fator</p><p>Outra diretriz importante dispõe que os fatores são calculados em relação</p><p>à unidade de base para o volume de 1 L (MCPHERSON; PINCUS, 2013).</p><p>No Quadro 4 há exemplos de conversões que seguem as diretrizes do SI</p><p>(MCPHERSON; PINCUS, 2013):</p><p>Fonte: Adaptado de McPherson e Pincus (2013).</p><p>Análise de</p><p>Número em unidades</p><p>convencionais</p><p>Fator</p><p>Número em unidades</p><p>recomendadas</p><p>Albumina,</p><p>eletroforese,</p><p>soro</p><p>3,2–5,6 g/dL 10 32–56 g/L</p><p>Creatina,</p><p>mulheres,</p><p>soro ou</p><p>plasma</p><p>0,2–0,7 mg/dL 76,25 15–53 µmol/L</p><p>Glicose,</p><p>jejum,</p><p>sangue total</p><p>60–100 mg/dL 0,05551 3,3–5,6 mmol/L</p><p>Quadro 4. Exemplos de conversão em unidades recomendadas</p><p>BARKER, K. Na bancada: manual de iniciação científica em laboratórios de pesquisas</p><p>biomédicas. Porto Alegre: Artmed, 2002.</p><p>Cálculos de laboratório e preparo de reagentes14</p><p>198 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>KEOHANE, E. M.; SMITH, L. J.; WALENGA, J. M. Rodak's hematology: clinical principles</p><p>and applications. 5. ed. New York: Saunders, 2015.</p><p>MCPHERSON, R. A.; PINCUS, M. R. (ed.). Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos</p><p>laboratorais de Henry. 21. ed. Barueri, SP: Manole, 2013.</p><p>OPLUSTIL, C. P. et al. Procedimentos básicos em microbiologia. 3. ed. São Paulo: Sarvier, 2010.</p><p>PINTO, W. de J. Bioquímica clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.</p><p>STRASINGER, S. K.; DI LORENZO, M. S. Uroanálise e fluídos corpóreos. 5. ed. [S. l.]: LMP, 2009.</p><p>TURGEON, M. L. Immunology & serology in laboratory medicine. 5. ed. United States:</p><p>Mosby, 2013.</p><p>VALLADA, E. Manual de exame de urina. São Paulo: Atheneu, 1999.</p><p>VAZ, A. J. et al. Imunoensaios: fundamentos e aplicações. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara</p><p>Koogan, 2018. (Ciências farmacêuticas).</p><p>Leituras recomendadas</p><p>BARRY, N. T.; THOMPSON, A. (ed.). The international system of units. United States, 2008.</p><p>NIST Special Publication 330. Disponível em: https://www.nist.gov/sites/default/files/</p><p>documents/2016/12/07/sp330.pdf. Acesso em: 25 set. 2019.</p><p>INTERNATIONAL System of Units. [S. l.: s. n., [201-?]. 1 vídeo (4 min). Publicado pelo</p><p>canal Laboratoire national de métrologie et d'essais. Disponível em: https://youtu.be/</p><p>Xpn9eTNZiCs. Acesso em: 25 set. 19.</p><p>15Cálculos de laboratório e preparo de reagentes</p><p>ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO</p><p>PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.</p><p>PREZADO ESTUDANTE</p><p>Parte 2</p><p>Água, pH e Tampões</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>é disponibilizado</p><p>por SAGAH.</p><p>unidade</p><p>4</p><p>V.1 | 2023</p><p>200 METODOLOGIA DO ENSINO DAS LUTAS</p><p>Água, pH e tampões</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Identificar as propriedades da água.</p><p> Descrever a relação do pH com a acidez e a alcalinidade.</p><p> Explicar qual é a função e como agem os tampões.</p><p>Introdução</p><p>A água é o principal constituinte dos organismos vivos e tem diversas</p><p>funções importantes para a manutenção da vida. Ela está envolvida</p><p>em praticamente todas as reações químicas da célula e tem ainda a</p><p>capacidade de influenciar as interações entre as moléculas hidrofóbicas.</p><p>A dissociação da água serve como base para entendermos os conceitos</p><p>relacionados ao pH e à sua manutenção por soluções tampão.</p><p>Neste capítulo, você vai estudar as propriedades da água, o cálculo</p><p>do pH de uma solução e sua relação com acidez e alcalinidade. Além</p><p>disso, você vai aprender como funcionam as soluções tampão e qual a</p><p>sua importância.</p><p>Propriedades da água</p><p>A água é a substância mais abundante nos organismos vivos, compondo apro-</p><p>ximadamente 70% da massa da maioria deles. Todos os aspectos de estrutura</p><p>e função das células estão adaptados às propriedades físicas e químicas da</p><p>água. À temperatura e pressão ambiente, ela é um líquido que não apresenta</p><p>sabor, cheiro e cor. Em temperaturas abaixo de 0 ºC ela solidifi ca, e acima de</p><p>100 ºC ela passa para o estado gasoso.</p><p>A molécula de água é formada por dois átomos de hidrogênio e um de</p><p>oxigênio. As propriedades especiais que a água apresenta existem devido à</p><p>maneira como estes átomos se ligam uns aos outros para formar uma molécula,</p><p>e à maneira como estas moléculas interagem. Os átomos de hidrogênio e de</p><p>03124_Bioquimica_Humana_Livro.indb 29 23/05/2018 17:43:00</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais | UNIDADE 4</p><p>Água, pH e Tampões | PARTE 2 201</p><p>oxigênio estão ligados formando uma estrutura parecida com a de um tetraedro</p><p>(ângulo de 104,5° entre os dois hidrogênios). O átomo de oxigênio forma uma</p><p>ligação covalente com cada um dos átomos de hidrogênio, compartilhando</p><p>com cada um deles um par de elétrons. Há ainda nessa estrutura um par de</p><p>elétrons que não é compartilhado e que fica próximo ao oxigênio (Figura</p><p>1A). O resultado dessa distribuição desigual de elétrons é que o átomo de</p><p>oxigênio possui uma carga negativa parcial, e cada átomo de hidrogênio, uma</p><p>carga positiva parcial. A água é, portanto, uma molécula polar. As atrações</p><p>eletrostáticas entre as cargas negativas do átomo de oxigênio de uma molécula</p><p>com as cargas positivas dos átomos de hidrogênio de outra molécula de água</p><p>formam interações entre as moléculas, denominadas ligações de hidrogênio</p><p>(Figura 1B). Esse tipo de interação acontece quando um hidrogênio com</p><p>carga parcial positiva é atraído por um átomo eletronegativo (p. ex., F, O, N).</p><p>A natureza polar das moléculas de água e a forma como interagem com</p><p>outras moléculas de água por ligações de hidrogênio são responsáveis pelas</p><p>características incomuns da água. Apesar de as ligações de hidrogênio forma-</p><p>rem interações relativamente fracas quando comparadas às ligações covalentes,</p><p>elas ocorrem em grande quantidade na água. Essas ligações de hidrogênio</p><p>formadas entre as moléculas de água são constantemente rompidas, com novas</p><p>interações sendo formadas entre outras moléculas. Entretanto, em uma amostra</p><p>de água na forma líquida, a maioria das moléculas estará sempre interagindo</p><p>com outras por estas ligações. Isso é o que dá à água a propriedade de coesão,</p><p>quando as ligações de hidrogênio mantêm as moléculas muito próximas umas</p><p>das outras. Devido à sua polaridade, a água também tem como propriedade</p><p>a adesão, que é a capacidade de formar ligações de hidrogênio com outras</p><p>moléculas polares e não interagir com moléculas apolares. Por exemplo, sobre</p><p>uma superfície encerada, a água não se distribui igualmente e forma gotículas</p><p>separadas, pois a cera é apolar.</p><p>As temperaturas de fusão e ebulição relativamente altas da água também</p><p>são consequências</p><p>dessas interações entre moléculas. Elas são resultantes</p><p>da grande quantidade de energia térmica necessária para romper as ligações</p><p>de hidrogênio. Além disso, a água possui um alto calor específico, que é a</p><p>quantidade de calor necessária por unidade de massa para elevar sua tempe-</p><p>ratura em 1º C. A energia necessária para aumentar a temperatura da água em</p><p>1 ºC é de 4,2 joules por grama (ou 1,0 cal/g. °C). A água também apresenta</p><p>calor de vaporização elevado, o que significa que ela suporta grande quan-</p><p>tidade de calor sem que sua temperatura se eleve muito rapidamente. Essas</p><p>características são importantes para os ecossistemas que vivem na água. Se a</p><p>água congelasse ou entrasse em ebulição muito rápido, as mudanças no meio</p><p>Água, pH e tampões30</p><p>03124_Bioquimica_Humana_Livro.indb 30 23/05/2018 17:43:00</p><p>202 METODOLOGIA DO ENSINO DAS LUTAS</p><p>ambiente seriam drásticas e, em oceanos ou lagos, todos os organismos que</p><p>ali habitam morreriam. É também por causa do calor de vaporização elevado</p><p>que o suor é capaz de resfriar nossos corpos.</p><p>A alta tensão superficial também é uma propriedade da água que é con-</p><p>sequência da sua polaridade e das ligações de hidrogênio. As moléculas de</p><p>água na superfície de um líquido interagem com outras, e essas interações são</p><p>tão fortes que conseguem suportar até objetos leves sem se desfazer. Alguns</p><p>insetos conseguem caminhar sobre a água devido a essa tensão superficial. É</p><p>isso que também faz pequenas quantidades de água permanecerem em gotas</p><p>sobre uma superfície, em vez de se espalharem em finas camadas. Essas</p><p>mesmas características dão à água outra de suas propriedades, a capilaridade.</p><p>Ela permite que a água se mova dentro de raízes e galhos de plantas, e dentro</p><p>de capilares muito finos. Isso acontece porque quando uma molécula de água</p><p>se move para dentro das raízes, galhos ou capilares, ela “puxa” as outras que</p><p>estão ligadas em sequência.</p><p>Outra característica muito importante da água é a dissolução, a capacidade</p><p>de dissolver outros compostos polares ou iônicos para formar soluções aquosas.</p><p>As ligações de hidrogênio não se formam somente entre moléculas de água,</p><p>mas também com outras moléculas. Os íons negativos de uma substância</p><p>em solução aquosa atraem as extremidades positivas das moléculas de água</p><p>vizinhas, assim como os íons positivos atraem as extremidades negativas.</p><p>Essas interações fazem com que os íons fiquem circundados por moléculas</p><p>de água ligadas a eles, formando uma solução muito estável. Assim, as forças</p><p>existentes entre os cátions e ânions do soluto (e que os mantêm associados em</p><p>redes cristalinas) são substituídas pelas ligações de hidrogênio com a água,</p><p>ocasionando a dissolução.</p><p>O comportamento da água ao trocar de estado físico também é inco-</p><p>mum. Em geral as substâncias, incluindo a água, tornam-se menos densas</p><p>quando são aquecidas e mais densas quando são resfriadas. Então, se a água</p><p>é resfriada, torna-se mais densa e forma gelo. Entretanto, a água é uma das</p><p>poucas substâncias cujo estado sólido pode flutuar no seu estado líquido. Isso</p><p>acontece porque ela se torna cada vez mais densa até chegar a 4 °C; depois de</p><p>atingir 4 °C, torna-se menos densa. Ao congelar, suas moléculas começam a</p><p>se mover mais devagar, facilitando a formação de ligações de hidrogênio e,</p><p>eventualmente, se organizam em uma estrutura hexagonal cristalina aberta.</p><p>Devido a esta estrutura aberta, à medida que as moléculas de água estão sendo</p><p>separadas, seu volume aumenta cerca de 9%. Portanto, a água é mais densa</p><p>em estado líquido do que em estado sólido. Em estado gasoso as ligações de</p><p>hidrogênio são rompidas e a densidade diminui (Figura 1).</p><p>31Água, pH e tampões</p><p>03124_Bioquimica_Humana_Livro.indb 31 23/05/2018 17:43:00</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais | UNIDADE 4</p><p>Água, pH e Tampões | PARTE 2 203</p><p>Figura 1. Representações da molécula de água. A água é representada em modelo de esfera</p><p>e bastão: os átomos são representados por esferas ligadas por bastões, que representam as</p><p>ligações covalentes entre os átomos. As linhas tracejadas representam os orbitais não ligantes.</p><p>A: existe um arranjo quase tetraédrico dos pares de elétrons mais externos da camada ao</p><p>redor do átomo de oxigênio; os dois átomos de hidrogênio têm cargas parciais positivas</p><p>localizadas, e o átomo de oxigênio tem carga parcial negativa. B: duas moléculas de H2O</p><p>unidas por ligação de hidrogênio (indicada por três linhas) entre o átomo de oxigênio de</p><p>uma molécula e um átomo de hidrogênio da outra.</p><p>Fonte: Nelson e Cox (2014).</p><p>As propriedades da água permitem que organismos sobrevivam em condições climá-</p><p>ticas muito diferentes. O gelo congela à medida que se expande, o que faz com que</p><p>ele flutue na água líquida. Durante o inverno, quando os lagos começam a congelar,</p><p>a superfície da água congela primeiro e expande. Isso explica por que as pessoas</p><p>podem patinar sobre um lago congelado ou cair dentro dele. Se a água tivesse o</p><p>comportamento de outras substâncias, o lago congelaria de baixo para cima, matando</p><p>todos os ecossistemas que vivem no lago. No entanto, como isso não acontece, os</p><p>peixes podem sobreviver sob a superfície do gelo durante o inverno. A superfície do</p><p>gelo também protege os lagos da temperatura mais fria de fora e isola a água debaixo</p><p>dele, permitindo que o lago sob o gelo congelado permaneça líquido e mantenha</p><p>uma temperatura adequada para os ecossistemas que vivem nele.</p><p>Água, pH e tampões32</p><p>03124_Bioquimica_Humana_Livro.indb 32 23/05/2018 17:43:00</p><p>204 METODOLOGIA DO ENSINO DAS LUTAS</p><p>A relação do pH com a acidez e a alcalinidade</p><p>Para entender como se determina o pH de uma substância e qual a sua relação</p><p>com acidez ou alcalinidade, precisamos primeiro entender alguns cálculos que</p><p>são utilizados para determinar características de reações químicas. Passado</p><p>algum tempo do início de uma reação química, ela normalmente chega a um</p><p>equilíbrio, em que reagentes e produtos são formados na mesma velocidade e</p><p>se encontram na mesma proporção. A posição de equilíbrio de qualquer reação</p><p>química é determinada pela sua constante de equilíbrio (Keq). Para a reação</p><p>genérica A + B ⇋ C + D, a Keq é defi nida pelas concentrações dos reagentes</p><p>(A e B) e produtos (C e D) presentes no equilíbrio, conforme a equação:</p><p>A Keq define a composição de uma mistura em equilíbrio, independente</p><p>das quantidades iniciais de reagentes e produtos. Ela é fixa e específica para</p><p>cada reação química a uma determinada temperatura.</p><p>A reação de ionização da água (H2O) é representada por H2O ⇋ H+ + OH−.</p><p>As moléculas de água se ionizam reversivelmente produzindo um íon hidro-</p><p>gênio (próton H+) e um íon hidroxila (OH−). Portanto, a Keq para a ionização</p><p>reversível da água é:</p><p>Em água pura a 25 ºC e 1 atm, a concentração da água é 55,5M, e é cons-</p><p>tante em relação à concentração de íons H+ e OH-, que é extremamente baixa</p><p>(aproximadamente 1x10-7M). Assim, essa concentração pode ser substituída</p><p>na equação:</p><p>Rearranjada, a equação passa a ser:</p><p>(55,5M) (Keq) = [H+][OH-] = Kw</p><p>33Água, pH e tampões</p><p>03124_Bioquimica_Humana_Livro.indb 33 23/05/2018 17:43:01</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais | UNIDADE 4</p><p>Água, pH e Tampões | PARTE 2 205</p><p>Kw designa o produto iônico da água a 25 °C. O valor de Keq é conhecido</p><p>e determinado por medidas de condutividade elétrica da água pura, e é 1,8x10-</p><p>-16M. Assim, ele pode ser substituído na equação:</p><p>Kw = [H+][OH-] = (55,5M) (1,8x10-16M) = 1x10-14M2</p><p>Dessa forma, o produto [H+][OH-] em soluções aquosas a 25 ºC é sempre igual</p><p>a 1x10-14M2. A temperatura precisa ser especificada porque é capaz de alterar a</p><p>quantidade de íons no meio. Se ela for aumentada, por exemplo, a energia das</p><p>partículas também aumentará, o que resultará em uma maior quantidade de íons</p><p>sendo formados. Quando as concentrações de H+ e OH- são iguais, como na água</p><p>pura, o pH da solução é considerado neutro. Portanto, em pH neutro, as concentra-</p><p>ções de H+ e OH- são iguais entre si e são iguais a 1x10-7M,</p><p>conforme a equação:</p><p>O produto iônico da água Kw é a base utilizada para determinarmos a escala</p><p>de pH (Figura 2). Por meio dela podemos identificar a concentração de H+ e,</p><p>consequentemente, de OH-, em qualquer solução aquosa que tenha no mínimo</p><p>1,0M de H+ ou OH-. Devido à dificuldade de trabalharmos com números muito</p><p>pequenos, tanto para expressarmos concentrações molares como constantes</p><p>de equilíbrio, os cálculos são feitos em escala logarítmica, em que p(x) = − log</p><p>x. Portanto, o pH de uma solução é definido pela expressão:</p><p>pH = − log H+</p><p>Para uma solução aquosa neutra a 25 ºC, a concentração de H+ é de 1x10-</p><p>-7M, e o pH pode ser definido por:</p><p>pH = − log (1x10-7) = log (1x107) = log 1 + log 107 = 0 + 7 = 7</p><p>Portanto, soluções neutras, que possuem as mesmas concentrações de H+</p><p>e OH-, têm pH = 7. As soluções com pH maior que 7 têm maior concentração</p><p>Água, pH e tampões34</p><p>03124_Bioquimica_Humana_Livro.indb 34 23/05/2018 17:43:01</p><p>206 METODOLOGIA DO ENSINO DAS LUTAS</p><p>de OH- em relação a H+, e são classificadas como alcalinas ou básicas. Já as</p><p>soluções que têm concentração de H+ maior que a de OH- são soluções ácidas,</p><p>e têm pH menor que 7 (Figura 2).</p><p>É importante ressaltar que a escala de pH é logarítmica, e não aritmética.</p><p>Portanto, quando duas soluções diferem em uma unidade na escala de pH,</p><p>significa que uma delas tem concentração de H+ 10 vezes maior que a outra.</p><p>Por exemplo, o suco de limão, que tem pH aproximadamente igual a 2, tem</p><p>concentração de H+ mil vezes maior que o café preto, que tem pH de aproxi-</p><p>madamente 5.</p><p>Determinar o pH de soluções é um dos procedimentos mais importantes</p><p>em bioquímica. A maioria das reações biológicas depende de um pH ótimo</p><p>para acontecer e é extremamente afetada quando este está alterado. Altera-</p><p>ções de pH alteram a estrutura e função de macromoléculas. Por exemplo, a</p><p>atividade catalítica de enzimas é fortemente dependente de pH. Os fluidos</p><p>biológicos, como sangue e urina, também têm pH ideal, e sua medida é uma</p><p>prática rotineira em laboratórios de análises clínicas. O pH ideal do sangue</p><p>é 7,4, e sua medida é importante para diagnosticar patologias. Quando está</p><p>menor que esse valor, caracteriza uma acidose, condição que é comum em</p><p>pessoas com diabetes. Quando está aumentado, indica uma condição clínica</p><p>conhecida por alcalose.</p><p>Figura 2. Relação entre as concentrações de H3O e OH- na escala de pH.</p><p>Fonte: Robin Atzeni/Shutterstock.com.</p><p>Ácido</p><p>Neutro</p><p>Alcalino</p><p>Escala de pH</p><p>35Água, pH e tampões</p><p>03124_Bioquimica_Humana_Livro.indb 35 23/05/2018 17:43:01</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais | UNIDADE 4</p><p>Água, pH e Tampões | PARTE 2 207</p><p>O ácido clorídrico é uma solução aquosa de cloreto de hidrogênio (HCl), não inflamável e</p><p>tóxica, obtida como subproduto da cloração do benzeno ou de outros hidrocarbonetos.</p><p>Esse ácido é muito utilizado na indústria e é um dos reagentes de vários produtos de</p><p>limpeza de pisos. Encontre o pH de uma solução 0,03 M de ácido clorídrico. Solução:</p><p>O ácido clorídrico é um ácido forte que se dissocia de acordo com uma razão molar</p><p>1 : 1 em hidrogênio e cloreto. Assim, a concentração de íons de hidrogênio é exatamente</p><p>a mesma que a concentração da solução ácida.</p><p>O que fazem os tampões e como eles atuam</p><p>A maioria dos processos biológicos é muito sensível a variações no pH. As</p><p>células e organismos precisam manter um pH constante e específi co, de apro-</p><p>ximadamente 7,0, para manter íntegras as biomoléculas que as compõem. Os</p><p>responsáveis por essa regulação do pH nos organismos vivos são os tampões</p><p>biológicos. Tampões também são utilizados em laboratório para manter o pH</p><p>de soluções que serão utilizadas para análises ou experimentos com material</p><p>biológico e para estudar reações químicas.</p><p>Tampões são soluções aquosas que consistem geralmente em uma mistura</p><p>de um ácido fraco (doador de prótons H+) e sua base conjugada (aceptor de</p><p>prótons), ou de uma base fraca e seu ácido conjugado. Eles são capazes de</p><p>resistir a alterações em seu pH quando quantidades pequenas de ácidos ou bases</p><p>fortes são adicionadas a eles. São os responsáveis por manter o pH constante</p><p>em uma grande variedade de reações químicas. Isso acontece devido à manu-</p><p>tenção de um equilíbrio entre seus dois componentes principais (ácido e base).</p><p>Os ácidos têm tendência a doar prótons em solução aquosa e formar sua</p><p>base conjugada, conforme a reação HA ⇋ H+ + A−. Para esta reação, a constante</p><p>de equilíbrio (Keq) é:</p><p>Água, pH e tampões36</p><p>03124_Bioquimica_Humana_Livro.indb 36 23/05/2018 17:43:02</p><p>208 METODOLOGIA DO ENSINO DAS LUTAS</p><p>Em reações de ionização, as constantes de equilíbrio são também chamadas</p><p>de constantes de dissociação (Ka). Ácidos mais fortes têm maior tendência a</p><p>doar prótons ([H+] e [A−] aumentam, [HA] diminui) e, portanto, têm Ka maiores</p><p>que ácidos fracos. Devido à dificuldade de se trabalhar com números muito</p><p>pequenos, os valores dos cálculos de Ka são feitos em escala logarítmica, em</p><p>que p(x) = − log x. Neste caso, pKa é análogo ao pH e é definido pela equação</p><p>pKa = − log Ka. Portanto, quanto mais forte for um ácido, maior a tendência</p><p>de doar um próton, e menor o seu pKa.</p><p>Os ácidos que funcionam como tampão são ácidos fracos, que têm menor</p><p>tendência a doar prótons. O tamponamento é o resultado de uma reação</p><p>química reversível que tem quantidades quase iguais de um doador e de seu</p><p>aceptor de prótons conjugado. Quando H+ ou OH- é adicionado a uma solução</p><p>tampão, o equilíbrio da reação é desviado para o lado oposto. Ocorre uma</p><p>variação pequena das concentrações relativas do ácido fraco e de seu ânion</p><p>e, assim, uma variação também pequena no pH da solução. Dessa forma, o</p><p>que varia é apenas a relação entre os componentes da solução, e não a soma</p><p>da sua concentração.</p><p>Esse efeito pode ser exemplificado pelo tampão acetato. Ele é composto</p><p>de ácido acético (H3CCOOH) e acetato de sódio (H3CCOONa). O acetato</p><p>de sódio é um sal e, portanto, se dissocia totalmente em água, gerando íons</p><p>sódio e íons acetato, que é a base conjugada do ácido acético. A reação de</p><p>dissociação do sal em solução aquosa é a seguinte:</p><p>H3CCOONa + H2O → Na+ + H3CCOO−</p><p>A reação de ionização do ácido em solução aquosa é a seguinte:</p><p>H3CCOOH + H2O ⇋ H3CCOO− + H3O</p><p>+</p><p>Quando adicionamos a essa solução uma pequena quantidade de um ácido</p><p>forte, a concentração de H+ aumenta. Como o ânion acetato tem grande afi-</p><p>nidade por H+, a reação é desviada no sentido de formação do ácido acético,</p><p>e o pH do meio praticamente não sofre alteração. Entretanto, se o ácido forte</p><p>continuar sendo adicionado, chegará o momento em que todo o acetato será</p><p>consumido e o efeito tampão cessará. Quando uma base forte é adicionada</p><p>a essa solução, a concentração de íons OH- aumenta. Esses íons são então</p><p>neutralizados pelos íons H3O</p><p>+ liberados na ionização do ácido acético. Com a</p><p>diminuição dos íons H3O</p><p>+, há o deslocamento da reação no sentido de ionização</p><p>do ácido acético, o que causará uma variação de pH muito pequena. Nesse</p><p>37Água, pH e tampões</p><p>03124_Bioquimica_Humana_Livro.indb 37 23/05/2018 17:43:02</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais | UNIDADE 4</p><p>Água, pH e Tampões | PARTE 2 209</p><p>caso também há um limite para adição de base sem alteração significativa do</p><p>pH. Se mais base for adicionada, a reação será cada vez mais deslocada no</p><p>sentido de sua ionização, até que todo o ácido seja consumido.</p><p>Cada par ácido-base tem uma zona específica e característica de pH na</p><p>qual ele consegue atuar como tampão. A Figura 3 representa as curvas de</p><p>distribuição do ácido acético e do íon acetato. No ponto de encontro das duas</p><p>curvas, a solução tem concentrações iguais de ácido acético e íon acetato. Seu</p><p>pH médio é 4,75, e a curva de titulação dessa reação se estende de maneira</p><p>relativamente pouco inclinada por uma unidade em ambos os lados de seu pH</p><p>médio. Essa zona é a região de tamponamento da solução ácido acético-acetato.</p><p>Se forem adicionadas nessa região pequenas quantidades de H+ ou OH-, o</p><p>pH</p><p>da solução será pouco alterado. Em outras palavras, no ponto de encontro das</p><p>duas curvas, local em que a concentração do doador de prótons se iguala à do</p><p>aceptor, a capacidade tamponante do sistema é máxima e o pH é igual ao</p><p>pKa. Se a mesma quantidade de H+ ou OH- fosse adicionada à água pura ou a</p><p>uma solução não tamponante, a variação de pH seria muito mais significativa.</p><p>Figura 3. Curvas de distribuição do ácido acético e do íon acetato. A fração</p><p>das substâncias presentes na solução é dada pela razão das concentrações de</p><p>CH3COOH ou CH3COO- em relação à concentração total desses dois compos-</p><p>tos. A faixa de tamponamento efetivo está indicada pela região sombreada.</p><p>Fonte: Voet e Voet (2013).</p><p>Água, pH e tampões38</p><p>03124_Bioquimica_Humana_Livro.indb 38 23/05/2018 17:43:02</p><p>210 METODOLOGIA DO ENSINO DAS LUTAS</p><p>O plasma sanguíneo é um meio onde ocorrem inúmeras reações metabólicas essenciais à</p><p>vida, e, portanto, deve ter seu pH muito bem regulado. O sistema tampão bicarbonato-ácido</p><p>carbônico é o principal responsável por essa regulação. Ele é formado por ácido carbônico</p><p>(H2CO3) e pelo sal desse ácido, o bicarbonato de sódio (NaHCO3).</p><p>Quando íons H+ são liberados no sangue como resultado das inúmeras reações químicas</p><p>que ocorrem nesse meio, o bicarbonato do tampão prontamente reage a ele. Essa reação</p><p>resulta em um sal, formado com o sódio do bicarbonato, e em ácido carbônico. O ácido</p><p>carbônico produzido pela reação do bicarbonato se dissocia em CO2 e H2O. O CO2 é então</p><p>eliminado na respiração, e a relação da equação é recomposta. Quando íons OH- são</p><p>liberados no sangue, o ácido carbônico reage a eles produzindo bicarbonato e água. Assim,</p><p>a concentração de ácido carbônico diminui. Há aumento da liberação de bicarbonato em</p><p>vez do íon hidrogênio pelos rins, reduzindo a quantidade de bicarbonato no plasma e</p><p>preservando assim a relação da equação.</p><p>39Água, pH e tampões</p><p>03124_Bioquimica_Humana_Livro.indb 39 23/05/2018 17:43:02</p><p>NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre:</p><p>Artmed, 2014.</p><p>VOET, D.; VOET, J. G. Bioquímica. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 5. ed. Porto Alegre; Artmed, 2011.</p><p>RODWELL, V. W. et al. Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.</p><p>Reações Químicas e Técnicas Laboratoriais | UNIDADE 4</p><p>Água, pH e Tampões | PARTE 2 211</p><p>ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO</p><p>PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.</p><p>PREZADO ESTUDANTE</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Segurança no laboratório e primeiros socorros18</p><p>Se você encontrar algum problema neste material, entre em</p><p>contato pelo email eadproducao@unilasalle.edu.br. Descreva o</p><p>que você encontrou e indique a página.</p><p>Lembre-se: a boa educação se faz com a contribuição de todos!</p><p>CONTRIBUA COM A QUALIDADE DO SEU CURSO</p><p>214 METODOLOGIA DO ENSINO DAS LUTAS</p><p>Av. Victor Barreto, 2288 | Canoas - RS</p><p>CEP: 92010-000 | 0800 541 8500</p><p>eadproducao@unilasalle.edu.br</p><p>NB-4) estão em</p><p>ordem crescente conforme o maior grau de contenção e complexidade do</p><p>nível de proteção.</p><p>NB- 1: Nível de Biossegurança 1</p><p>Requer procedimentos para o trabalho com microrganismos (classe de risco</p><p>1), que, normalmente, não causam doenças em seres humanos ou em animais</p><p>de laboratório:</p><p> trabalho que envolva agentes bem caracterizados e conhecidos por não</p><p>provocarem doenças;</p><p> trabalho em bancadas abertas;</p><p> o laboratório não fica separado das demais dependências do edifício;</p><p> é necessário o uso de EPIs (equipamento de proteção individual): jaleco,</p><p>óculos e luvas.</p><p>3Introdução à biossegurança</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Introdução à Biossegurança | PARTE 2 23</p><p>NB- 2: Nível de Biossegurança 2</p><p>Requer procedimentos para o trabalho com microrganismos (classe de risco</p><p>2) que sejam capazes de causar doenças em seres humanos ou em animais de</p><p>laboratório, sem apresentar risco grave aos trabalhadores, à comunidade ou</p><p>ao ambiente. Trata-se de agentes não transmissíveis pelo ar. Há tratamento</p><p>efetivo e medidas preventivas disponíveis, dessa forma, o risco de contami-</p><p>nação é pequeno.</p><p>Especificações estabelecidas para o NB-1 e mais:</p><p> fazer uso de autoclave;</p><p> trabalhar em cabine de segurança biológica;</p><p> restringir o acesso ao laboratório, pois este deve ser limitado durante</p><p>os procedimentos operacionais;</p><p> usar proteção facial, aventais e luvas.</p><p>NB- 3: Nível de Biossegurança 3</p><p>Requer procedimentos para o trabalho com microrganismos (classe de risco 3)</p><p>que geralmente causam doenças em seres humanos, ou em animais, e podem</p><p>representar risco se forem disseminados na comunidade, mas, usualmente,</p><p>existem medidas de tratamento e prevenção:</p><p> é necessário que haja contenção para impedir a transmissão pelo ar;</p><p> toda manipulação deverá ser realizada em cabine de segurança;</p><p> todos os resíduos e outros materiais devem ser descontaminados ou</p><p>autoclavados antes de sair do laboratório;</p><p> o acesso ao espaço é controlado;</p><p> é importante ter sistemas de ventilação.</p><p>NB- 4: Nível de Biossegurança 4</p><p>Requer procedimentos para o trabalho com microrganismos (classe de risco</p><p>4) que causam doenças graves ou letais para seres humanos e animais, que</p><p>são de fácil transmissão por contato individual casual. Não existem medidas</p><p>preventivas e de tratamento para esses agentes:</p><p>Introdução à biossegurança 4</p><p>24 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p> deve haver nível máximo de segurança;</p><p> a instalação precisa ser construída em um prédio separado ou em uma</p><p>zona completamente isolada;</p><p> ter cabines de segurança biológica ou com um macacão individual</p><p>suprido com pressão de ar positivo;</p><p> controlar, de forma rigorosa, o acesso ao local.</p><p>Elementos de contenção</p><p>O objetivo da contenção no ambiente laboratorial é reduzir ou eliminar a</p><p>exposição da equipe de um laboratório, de outras pessoas e do meio ambiente</p><p>em geral aos agentes potencialmente perigosos.</p><p>Há três elementos de contenção:</p><p> práticas e técnicas laboratoriais;</p><p> equipamentos de segurança;</p><p> projeto de instalação.</p><p>Esses elementos são divididos em contenção primária e contenção</p><p>secundária.</p><p>A contenção primária é proporcionada por técnicas de biossegurança,</p><p>nas quais os indivíduos necessitam receber treinamento em relação a elas.</p><p>Cada unidade do estabelecimento deve desenvolver seu próprio manual de</p><p>biossegurança, identificando os riscos e os procedimentos operacionais de</p><p>trabalho, o qual deverá ficar à disposição de todos os usuários do local.</p><p>As boas práticas laboratoriais constituem um conjunto de normas, proce-</p><p>dimentos e atitudes de segurança, as quais visam a minimizar os acidentes</p><p>que envolvem as atividades desempenhadas pelos laboratoristas, bem como</p><p>incrementam a produtividade, asseguram a melhoria da qualidade dos serviços</p><p>desenvolvidos nos laboratórios de ensino de microbiologia e parasitologia e,</p><p>ainda, ajudam a manter o ambiente seguro.</p><p>5Introdução à biossegurança</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Introdução à Biossegurança | PARTE 2 25</p><p>Os equipamentos de segurança também são considerados como barreiras</p><p>primárias de contenção e, juntamente com as boas práticas em laboratório,</p><p>visam à proteção dos indivíduos e dos próprios laboratórios, sendo classificados</p><p>como EPI e EPC (equipamento de proteção coletiva).</p><p>EPI é todo o dispositivo de uso individual, destinado a proteger a saúde</p><p>e a integridade física do trabalhador. A sua regulamentação está descrita na</p><p>Norma Regulamentadora n° 06 (NR-06) do Ministério do Trabalho e Emprego</p><p>(MTE). O EPC, por sua vez, é todo o dispositivo que proporciona proteção a</p><p>todos os profissionais expostos a riscos no ambiente laboral (BRASIL, 1978).</p><p>Um exemplo de barreira de contenção bastante utilizada em laboratórios</p><p>é a cabine de segurança biológica, que é o dispositivo principal utilizado para</p><p>proporcionar a contenção de borrifos ou aerossóis infecciosos provocados por</p><p>inúmeros procedimentos microbiológicos.</p><p>Há três tipos de cabines de segurança biológica (Classe I, II e III) normal-</p><p>mente utilizados. As cabines de segurança biológica Classe I e II, que possuem</p><p>a frente aberta, são barreiras primárias que oferecem níveis significativos de</p><p>proteção para a equipe do laboratório e para o meio ambiente, quando utilizadas</p><p>com boas técnicas microbiológicas. A cabine de segurança biológica Classe</p><p>II também fornece uma proteção contra a contaminação externa de materiais</p><p>(p. ex., cultura de células, estoque microbiológico) que serão manipulados</p><p>dentro das cabines. A cabine de segurança biológica Classe III é hermética</p><p>e impermeável aos gases e proporciona o mais alto nível de proteção aos</p><p>funcionários e ao meio ambiente.</p><p>Além desses elementos citados, a imunização da equipe também faz parte da con-</p><p>tenção primária.</p><p>Já a contenção secundária diz respeito ao planejamento e à construção das</p><p>instalações do laboratório, de forma a contribuir para a proteção da equipe de</p><p>trabalho, das pessoas que se encontram fora do laboratório, da comunidade</p><p>e do meio ambiente contra agentes infecciosos que podem ser liberados aci-</p><p>dentalmente do laboratório.</p><p>Introdução à biossegurança 6</p><p>26 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>As barreiras secundárias incluem, tanto o projeto, como a construção</p><p>das instalações e da infraestrutura do laboratório. Essas características do</p><p>projeto incluem:</p><p> sistemas de ventilação especializados em assegurar o fluxo de ar</p><p>unidirecionado;</p><p> sistemas de tratamento de ar para a descontaminação ou a remoção</p><p>do ar liberado;</p><p> zonas de acesso controlado;</p><p> câmaras pressurizadas com entradas separadas para o laboratório ou</p><p>módulos para isolamento do laboratório.</p><p>A estrutura física laboratorial deve ser elaborada e/ou adaptada mediante</p><p>a participação conjunta de especialistas, incluindo pesquisadores, técnicos</p><p>do laboratório, arquitetos e engenheiros, de modo a estabelecer padrões e</p><p>normas para garantir as condições específicas de segurança de cada laboratório</p><p>(SANTA CATARINA, 2000; SANGIONI et al., 2010).</p><p>7Introdução à biossegurança</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Introdução à Biossegurança | PARTE 2 27</p><p>ARAÚJO, A. S. D. et al. Manual de biossegurança: boas práticas nos laboratórios de</p><p>aulas práticas da área básica das Ciências Biológicas e da Saúde. Vitória: Universi-</p><p>dade Potiguar, 2009. Disponível em: <http://www.unp.br/arquivos/pdf/institucional/</p><p>docinstitucionais/manuais/manualdebiosseguranca.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2018.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Classificação de risco dos agentes biológicos. Brasília, DF:</p><p>Ministério da Saúde, 2006. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).</p><p>BRASIL. NR 6: Equipamento de Proteção Individual – EPI. Diário Oficial da União, Brasília,</p><p>DF, 06 jul. 1978. Atualizada em 07 jun. 2017. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/</p><p>images/Documentos/SST/NR/NR6.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2018.</p><p>CHAVES, M. J. F.</p><p>Manual de biossegurança e boas práticas laboratoriais. 2016. Dispo-</p><p>nível em: <https://genetica.incor.usp.br/wp-content/uploads/2014/12/Manual-de-</p><p>biosseguran%C3%A7a-e-Boas-Pr%C3%A1ticas-Laboratoriais1.pdf>. Acesso em: 24</p><p>fev. 2018.</p><p>DAVID, C. L. et al. Biossegurança para laboratórios de ensino e pesquisa. Salvador: IMS/</p><p>CAT-UFBA, 2012. Disponível em: <http://www.ims.ufba.br/wp-content/uploads/</p><p>downloads/2012/09/Livro-biosseguranca-IMS1.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2018.</p><p>SANGIONI, L. A. et al. Princípios de Biossegurança aplicados aos laboratórios de ensino</p><p>universitário de microbiologia e parasitologia. Ciência Rural, Santa Maria, [online],</p><p>2010. Disponível em: <https://cesmac.edu.br/admin/wp-content/uploads/2015/09/</p><p>Artigo-de-biosseguranca.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2018.</p><p>SANTA CATARINA. Sistema Único de Saúde. Laboratório Central de Saúde Pública.</p><p>Manual de biossegurança. Florianópolis: LACEN, 2000. Disponível em: <http://lacen.</p><p>saude.sc.gov.br/arquivos/MBS01.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2018.</p><p>Introdução à biossegurança 10</p><p>28 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO</p><p>PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.</p><p>PREZADO ESTUDANTE</p><p>Parte 3</p><p>Aspectos Regulamentares</p><p>sobre Biossegurança</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>é disponibilizado</p><p>por SAGAH.</p><p>unidade</p><p>1</p><p>V.1 | 2023</p><p>30 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Aspectos regulamentares</p><p>sobre biossegurança</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>� Reconhecer as principais legislações sobre biossegurança no Brasil.</p><p>� Identificar os requisitos gerais de biossegurança aplicados a</p><p>laboratórios.</p><p>� Definir a classificação dos laboratórios segundo o nível de biossegurança.</p><p>Introdução</p><p>A legislação brasileira sobre biossegurança é relativamente recente, pois as</p><p>primeiras ações específicas voltadas a essa área iniciaram nos anos 1980.</p><p>Somente em 1995 foi publicada a Primeira Lei de Biossegurança no país</p><p>e essa lei foi revogada pela Segunda Lei de Biossegurança, publicada</p><p>em 2005.</p><p>Neste capítulo, iremos estudar mais sobre os aspectos legais relacio-</p><p>nados à biossegurança, bem como as interfaces relativas à aplicação da</p><p>biossegurança na prática laboratorial.</p><p>Principais legislações sobre biossegurança</p><p>O conceito de biossegurança começou a ser mais fortemente construído no</p><p>início da década de 1970, após o surgimento da engenharia genética. Na década</p><p>de 1980, a Organização Mundial de Saúde (OMS) conceituou a biossegurança</p><p>como sendo as práticas de prevenção para o trabalho em laboratório com</p><p>agentes patogênicos e, além disso, classificou os riscos como biológicos,</p><p>químicos, físicos, radioativos e ergonômicos. Na década seguinte, observou-</p><p>-se a inclusão de temas como ética em pesquisa, meio ambiente, animais e</p><p>processos envolvendo tecnologia de DNA recombinante em programas de</p><p>biossegurança (PENNA et al., 2010).</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Aspectos Regulamentares sobre Biossegurança | PARTE 3 31</p><p>Os dispositivos legais sobre biossegurança no Brasil passaram por avanços</p><p>bastante significativos. Inicialmente, a Lei nº 8.974 – Lei de Biossegurança –,</p><p>de 5 de janeiro de 1995, estabelece as diretrizes para o controle das atividades</p><p>e dos produtos originados pela moderna biotecnologia – a tecnologia do DNA</p><p>recombinante (BRASIL, 1995).</p><p>A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) é definida pela</p><p>lei como o órgão responsável pelo controle dessa tecnologia no Brasil. Entre</p><p>as competências da CTNBio está a emissão de parecer técnico sobre qualquer</p><p>liberação de organismo geneticamente modificado (OGM) no meio ambiente</p><p>e o acompanhamento do desenvolvimento e do progresso técnico e científico,</p><p>na biossegurança e áreas afins, objetivando a segurança dos consumidores</p><p>e da população em geral, com permanente cuidado com a proteção do meio</p><p>ambiente.</p><p>Será considerado como OGM de Grupo I aquele não patogênico, sendo</p><p>classificado como classe de risco 1. Aqueles organismos que, dentro do critério</p><p>de patogenicidade, forem resultantes de organismo classificado como classe</p><p>de risco 2, 3, ou 4 serão considerados como OGM de Grupo II (PENNA et</p><p>al., 2010).</p><p>No Brasil, a legislação de biossegurança, Lei nº 8.974/95, foi uma adaptação</p><p>da legislação europeia às necessidades da realidade nacional, estabelecendo as</p><p>normas de segurança e os mecanismos de fiscalização do uso das técnicas de</p><p>engenharia genética na construção, no cultivo, na manipulação, no transporte,</p><p>na comercialização, no consumo, na liberação e no descarte dos OGMs e de</p><p>seus derivados (BRASIL, 1995).</p><p>Em 19 de fevereiro de 2002, foi criada a Comissão de Biossegurança</p><p>em Saúde (CBS) no âmbito do Ministério da Saúde. A CBS trabalha com o</p><p>objetivo de definir estratégias de atuação, avaliação e acompanhamento das</p><p>ações de biossegurança, procurando sempre o melhor entendimento entre o</p><p>Ministério da Saúde e as instituições que lidam com os temas. Depois de 10</p><p>anos, essa lei foi substituída por uma nova, a Lei de Biossegurança nº 11.105/05,</p><p>que atualizou os termos da regulação de OGM no Brasil, incluindo pesquisa</p><p>em contenção, experimentação em campo, transporte, importação, produção,</p><p>armazenamento e comercialização (BRASIL, 2005). A Lei nº 11.105/2005</p><p>revogou a Lei nº 8.974/95.</p><p>Antes de ser sancionado, esse projeto de lei tramitou no Congresso Nacional</p><p>por 2 anos, sob o nº 2.401/03, e foi amplamente discutido por toda a sociedade</p><p>civil, incluindo cientistas, membros de organizações não governamentais</p><p>(ONGs), do Governo Federal e do Ministério Público, entre outros. Ao longo</p><p>desse processo, ocorreram várias audiências públicas, quando foram ouvidas</p><p>Aspectos regulamentares sobre biossegurança2</p><p>32 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>as observações de todas as representações. Após o período de debates, em</p><p>2005, o projeto foi convertido definitivamente na Lei de Biossegurança, que</p><p>atualmente regula o uso da biotecnologia no país (CONSELHO DE INFOR-</p><p>MAÇÕES SOBRE BIOTECNOLOGIA, 2016).</p><p>A Lei de Biossegurança estabelece que compete aos órgãos de fiscalização</p><p>do Ministério da Saúde, do Ministério da Agricultura e do Ministério do Meio</p><p>Ambiente a fiscalização e a monitorização das atividades com OGMs, no</p><p>âmbito de suas competências, bem como a emissão de registro de produtos</p><p>contendo OGMs ou derivados a serem comercializados ou liberados no meio</p><p>ambiente. Dessa forma, além do controle habitual que sofrem os produtos</p><p>produzidos por outras tecnologias, os produtos geneticamente modificados</p><p>(transgênicos) estarão sujeitos a um controle adicional feito pela CTNBio,</p><p>sob o aspecto da biossegurança. Esses procedimentos garantirão que, ao</p><p>serem colocados no mercado, os produtos em questão tenham as mesmas</p><p>características de segurança, inocuidade e eficácia exigidas também para os</p><p>produtos convencionais.</p><p>Além de garantir o respeito ao direito do consumidor, essa legislação abre</p><p>a discussão para vários outros pontos importantes relacionados à padroniza-</p><p>ção de aspectos de segurança. Assim, a legislação da biossegurança foi um</p><p>importante marco para a padronização dos procedimentos de segurança e</p><p>para a prevenção de riscos.</p><p>Normativas da CTNBio</p><p>Nº 01 – Dispõe sobre o requerimento e a emissão do Certificado de Qualidade</p><p>em Biossegurança e a instalação e o funcionamento das Comissões Internas</p><p>de Biossegurança.</p><p>Nº 01 – Ministério da Agricultura – Normas para importação de material</p><p>destinado à pesquisa científica.</p><p>Nº 02 – Normas provisórias para importação de vegetais geneticamente</p><p>modificados destinados à pesquisa.</p><p>Nº 02 – Ministério da Agricultura – Aprova modelos de Termo de Fiscali-</p><p>zação e Auto de Infração para estabelecimentos que operam com organismos</p><p>geneticamente modificados.</p><p>Nº 03 – Normas para a liberação planejada no meio ambiente de organismos</p><p>geneticamente modificados.</p><p>Nº 04 – Normas para o transporte de organismos geneticamente modificados.</p><p>3Aspectos regulamentares</p><p>sobre biossegurança</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Aspectos Regulamentares sobre Biossegurança | PARTE 3 33</p><p>Nº 05 – Vincula as análises das solicitações de importação de vegetais</p><p>geneticamente modificados destinados à liberação planejada no meio ambiente</p><p>ao parecer favorável dos revisores da referida proposta.</p><p>Nº 06 – Normas sobre classificação dos experimentos com vegetais gene-</p><p>ticamente modificados quanto aos níveis de risco e contenção.</p><p>Nº 07 – Normas para o trabalho em contenção com organismos genetica-</p><p>mente modificados.</p><p>Nº 08 – Dispõe sobre a manipulação genética e sobre a clonagem em seres</p><p>humanos.</p><p>Nº 09 – Normas sobre intervenção genética em seres humanos.</p><p>Nº 10 – Normas simplificadas para a liberação planejada no meio ambiente</p><p>de vegetais geneticamente modificados que já tenham sido anteriormente</p><p>aprovados pela CTNBio.</p><p>Nº 11 – Normas para importação de microrganismos geneticamente mo-</p><p>dificados para uso em trabalho em contenção.</p><p>Nº 12 – Normas para trabalho em contenção com animais geneticamente</p><p>modificados.</p><p>Nº 13 – Normas para importação de animais geneticamente modificados</p><p>para uso em trabalho em contenção.</p><p>Nº 14 – Dispõe sobre o prazo de caducidade de solicitação de Certificado</p><p>de Qualidade em Biossegurança.</p><p>Nº 15 – Normas para o trabalho em contenção com animais não genetica-</p><p>mente modificados, em que os organismos geneticamente modificados são</p><p>manipulados.</p><p>Nº 16 – Normas para elaboração de mapas e croquis.</p><p>Nº 17 – Normas que regulamentam as atividades de importação, comer-</p><p>cialização, transporte, armazenamento, manipulação, consumo, liberação e</p><p>descarte de produtos derivados de OGM.</p><p>Nº 18 – Liberação planejada no meio ambiente e comercial da soja Roundup</p><p>Ready.</p><p>Nº 19 – Audiências públicas de caráter técnico-científico.</p><p>Além das normativas supracitadas, outras foram publicadas com o intuito</p><p>de acompanhar a evolução das pesquisas em âmbito nacional. Todas as normas</p><p>de biossegurança podem ser encontradas, na íntegra, no site do Ministério da</p><p>Ciência e Tecnologia.</p><p>Aspectos regulamentares sobre biossegurança4</p><p>34 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Princípios gerais de biossegurança aplicados a</p><p>laboratórios</p><p>As boas práticas de laboratório (BPL) têm como finalidade avaliar o potencial</p><p>Equipamentos Profissionais envolvidos</p><p>� Geladeiras do laboratório devem</p><p>ser usadas apenas para armazenar</p><p>amostras, soluções e reagentes,</p><p>nunca para alimentos;</p><p>� Uso de EPIs como luvas, jaleco,</p><p>calçado fechado, óculos, máscara,</p><p>touca, entre outros, adequados a</p><p>cada procedimento;</p><p>� Equipamentos devem ser</p><p>configurados regularmente e estar</p><p>em locais apropriados.</p><p>� É proibido o preparo e o consumo</p><p>de alimentos no ambiente</p><p>laboratorial;</p><p>� Profissionais não devem usar</p><p>maquiagem;</p><p>� Pipetar com a boca é</p><p>imperiosamente proibido;</p><p>� Profissionais devem ter atenção</p><p>especial à lavagem das mãos,</p><p>cuidados com as unhas, cabelos,</p><p>barba e roupas, a fim de evitar</p><p>contaminações cruzadas;</p><p>� Devem ser utilizadas roupas</p><p>adequadas às substâncias</p><p>manuseadas no laboratório;</p><p>� Mãos enluvadas não devem tocar</p><p>áreas limpas, tais como teclados,</p><p>telefones e maçanetas;</p><p>� Acidentes ocorridos devem ser</p><p>documentados e avaliados para</p><p>correções e prevenções;</p><p>� Os trabalhadores devem ser</p><p>devidamente treinados e</p><p>informados.</p><p>Quadro 1. Exemplos de boas práticas em laboratórios.</p><p>(Continua)</p><p>5Aspectos regulamentares sobre biossegurança</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Aspectos Regulamentares sobre Biossegurança | PARTE 3 35</p><p>Quadro 1. Exemplos de boas práticas em laboratórios.</p><p>de riscos e toxicidade de produtos, objetivando a proteção da saúde humana,</p><p>animal e do meio ambiente. Outro objetivo é promover a qualidade e a validação</p><p>dos resultados de pesquisa por meio de um sistema de qualidade aplicado a</p><p>laboratórios que desenvolvem estudos e pesquisas que necessitam da concessão</p><p>de registros para comercializar seus produtos e também do monitoramento</p><p>do meio ambiente e da saúde humana (CHAVES, 2016). O Quadro 1 mostra</p><p>algumas das BPLs.</p><p>Além das práticas seguras, é fundamental conhecer em profundidade os</p><p>equipamentos de trabalho, investindo em treinamento e aperfeiçoamento de</p><p>pessoal. Genericamente, podem ser considerados equipamentos de proteção</p><p>Fonte: Lewis (1997).</p><p>Material Ambiente</p><p>� Os frascos devem conter rótulos</p><p>com as informações principais do</p><p>seu conteúdo;</p><p>� O descarte do material</p><p>perfurocortante deve ser realizado</p><p>em recipiente de paredes rígidas,</p><p>com tampa e devidamente</p><p>identificado;</p><p>� No descarte, as agulhas usadas não</p><p>devem ser dobradas, quebradas,</p><p>reutilizadas, recapeadas, removidas</p><p>das seringas ou manipuladas antes</p><p>de descartadas. Seu descarte deve</p><p>ser feito em recipiente adequado a</p><p>material perfurocortante.</p><p>� Visitas ao ambiente laboratorial</p><p>devem ser reduzidas e é</p><p>desaconselhável a presença de</p><p>crianças;</p><p>� Não é recomendado que haja</p><p>plantas no interior do laboratório;</p><p>� Os procedimentos de limpezas</p><p>dos laboratórios devem ser os</p><p>mais rigorosos possíveis, sendo</p><p>realizadas técnicas de desinfecção;</p><p>� O descarte de resíduos deve</p><p>ser feito de maneira que não</p><p>comprometa a saúde dos</p><p>profissionais do meio ambiente;</p><p>� O ambiente deve ser devidamente</p><p>sinalizado de forma clara e</p><p>objetiva;</p><p>� A bancada de trabalho deve ser</p><p>descontaminada ao final de cada</p><p>turno de trabalho e sempre que</p><p>ocorrer derramamento de agente</p><p>biológico;</p><p>� Deve ser mantida uma rotina de</p><p>controle de artrópode e roedores.</p><p>(Continuação)</p><p>Aspectos regulamentares sobre biossegurança6</p><p>36 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>individual (EPI) todos os objetos cuja função seja prevenir ou limitar o contato</p><p>entre o operador e o material infectante. Esses equipamentos, se bem utilizados,</p><p>oferecem segurança ao funcionário, abrangendo desde objetos simples, como</p><p>as luvas descartáveis, os mais elaborados como, os fluxos laminares.</p><p>Embora seja obrigação legal da empresa a aquisição e a fiscalização do</p><p>correto e constante uso dos EPIs, uma prática organizacional de incentivo</p><p>é fundamental, mas isso de nada adiantará se o funcionário não tiver plena</p><p>consciência de que esses equipamentos são de sua responsabilidade. O uso</p><p>de determinados EPIs está condicionado à conscientização e à adesão dos</p><p>funcionários às normas de biossegurança, uma vez que ele deve usá-los.</p><p>Como EPIs, podem ser citados as luvas, as máscaras, os aventais, os visores, os óculos</p><p>de proteção, entre outros. Estes, se usados adequadamente, promovem também</p><p>uma contenção da dispersão de agentes infecciosos no ambiente, facilitando, dessa</p><p>maneira, a preservação da limpeza do laboratório (DAVID et al., 2012).</p><p>Classificação dos laboratórios segundo o nível</p><p>de biossegurança</p><p>A biossegurança em laboratórios também é abordada na RDC nº 50, por</p><p>meio de um conjunto de práticas, equipamentos e instalações voltados para a</p><p>prevenção, a minimização ou a eliminação de riscos inerentes às atividades</p><p>de prestação de serviços, pesquisas, produção e ensino, visando à saúde dos</p><p>7Aspectos regulamentares sobre biossegurança</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Aspectos Regulamentares sobre Biossegurança | PARTE 3 37</p><p>NB</p><p>Agentes</p><p>biológicos</p><p>Procedimentos</p><p>Equipamentos</p><p>de seguran-</p><p>ça (barreira</p><p>primária)</p><p>Infraes-</p><p>trutura</p><p>(barreira</p><p>secundária)</p><p>NB-1 Menor</p><p>potencial</p><p>patogênico</p><p>para adul-</p><p>tos sadios,</p><p>incluindo</p><p>os não</p><p>zoonóticos</p><p>Boas práticas</p><p>laboratoriais</p><p>(BPL) básicas</p><p>são requeridas</p><p>Usar EPIs</p><p>conforme a</p><p>atividade a ser</p><p>desenvolvida</p><p>Bancada</p><p>aberta</p><p>NB-2 Infecções</p><p>no homem,</p><p>existindo</p><p>o risco de</p><p>ingestão e</p><p>inoculação</p><p>percutânea e</p><p>mucosa em</p><p>laboratoristas</p><p>BPLs básicas,</p><p>o acesso ao</p><p>recinto deve ser</p><p>limitado; sinali-</p><p>zar as áreas de</p><p>risco biológico;</p><p>descontaminar</p><p>o lixo e resíduos;</p><p>instituir protoco-</p><p>los para primei-</p><p>ros socorros</p><p>Cabines de</p><p>segurança bio-</p><p>lógica (CSB) de</p><p>classe I</p><p>e II para</p><p>manipular os</p><p>vírus e tudo que</p><p>produzir aeros-</p><p>sóis e derrama-</p><p>mentos; usar</p><p>jalecos, luvas,</p><p>proteção facial,</p><p>dependendo</p><p>da atividade</p><p>Assim como</p><p>em NB-1 e</p><p>autoclave</p><p>NB-3 Exóticos ou</p><p>selvagens</p><p>com po-</p><p>tencial de</p><p>transmissão</p><p>por aerossóis</p><p>e de provo-</p><p>car enfermi-</p><p>dade severa</p><p>e/ou fatal</p><p>Todas as BPLs</p><p>adotadas no</p><p>NB-2 e o acesso</p><p>ao recinto deve</p><p>ser controlado;</p><p>descontaminar</p><p>o lixo e resíduos,</p><p>bem como as</p><p>roupas usadas</p><p>no laboratório</p><p>antes da lava-</p><p>gem; coletar</p><p>periodicamente</p><p>o soro dos profis-</p><p>sionais e utilizar</p><p>CSB de classes II</p><p>e III para mani-</p><p>pular os vírus e</p><p>tudo que pro-</p><p>duzir aerossóis e</p><p>derramamentos;</p><p>trajar roupas</p><p>específicas para</p><p>uso restrito no</p><p>laboratório; EPIs</p><p>de acordo com</p><p>a atividade a ser</p><p>desempenhada,</p><p>assim como uso</p><p>NB-2 e</p><p>separação</p><p>física dos</p><p>corredores</p><p>e das áreas</p><p>de circula-</p><p>ção, portas</p><p>duplas com</p><p>fechamento</p><p>automati-</p><p>zado, fluxo</p><p>de ar direcio-</p><p>nal e pressão</p><p>negativa</p><p>Quadro 2. Resumo das características dos laboratórios de microbiologia e parasitologia</p><p>de acordo com os níveis de biossegurança.</p><p>(Continua)</p><p>Aspectos regulamentares sobre biossegurança8</p><p>38 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Quadro 2. Resumo das características dos laboratórios de microbiologia e parasitologia</p><p>de acordo com os níveis de biossegurança.</p><p>homens, à preservação do ambiente e à qualidade dos resultados. Existem</p><p>quatro níveis de biossegurança: NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4.</p><p>A fim de atender às exigências reunidas nas resoluções e instruções norma-</p><p>ti vas estabelecidas pela CTNBio, e com base na Lei Nacional de Biosseguran ça</p><p>NB</p><p>Agentes</p><p>biológicos</p><p>Procedimentos</p><p>Equipamentos</p><p>de seguran-</p><p>ça (barreira</p><p>primária)</p><p>Infraes-</p><p>trutura</p><p>(barreira</p><p>secundária)</p><p>os imunoprofilá-</p><p>ticos disponíveis</p><p>de proteção</p><p>respiratória</p><p>nos recintos,</p><p>sistema para</p><p>filtrar ar HEPA</p><p>(High Effi-</p><p>ciency</p><p>Particu-</p><p>late Air)</p><p>NB-4 Altamente</p><p>perigosos</p><p>ou exóticos,</p><p>transmitidos</p><p>por aeros-</p><p>sóis, apre-</p><p>sentando</p><p>grande risco</p><p>de causar</p><p>morte. Ainda</p><p>não comple-</p><p>tamente ca-</p><p>racterizados</p><p>BPL empregadas</p><p>no NB-3 e: trocar</p><p>de roupas antes</p><p>de entrar nas</p><p>áreas de risco</p><p>biológico; banho</p><p>antes da saída</p><p>do laboratório;</p><p>todo material</p><p>deve ser descon-</p><p>taminado antes</p><p>da remoção</p><p>Todos os equi-</p><p>pamentos do</p><p>NB-3, e: CSB III e/</p><p>ou vestimentas</p><p>(macacão) com</p><p>pressão positiva</p><p>em associação</p><p>com CSB II</p><p>NB-3 e</p><p>prédio</p><p>separado ou</p><p>área isolada</p><p>com entrada</p><p>e saída de ar</p><p>controlada,</p><p>sistema de</p><p>filtros HEPA,</p><p>pressão</p><p>negativa,</p><p>sistema de</p><p>desconta-</p><p>minação</p><p>controlado,</p><p>autoclaves</p><p>com dupla</p><p>abertura e os</p><p>resíduos de-</p><p>positados em</p><p>containers</p><p>específicos</p><p>Fonte: Adaptado de Sangioni et al. (2010).</p><p>(Continuação)</p><p>9Aspectos regulamentares sobre biossegurança</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Aspectos Regulamentares sobre Biossegurança | PARTE 3 39</p><p>(BRASIL, 2005), as dependências e as características dos laboratórios deve-</p><p>rão estar de acordo com os níveis de biossegurança, conforme o Quadro 2</p><p>(BRASIL, 2008).</p><p>Assim, para que as ações de biossegurança sejam efetivas, é necessário</p><p>que todos os envolvidos em atividades de risco estejam devidamente infor-</p><p>mados acerca das diretrizes atuais, bem como aptos a colocá-las em prática</p><p>de maneira correta.</p><p>BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Noções gerais para boas práticas em</p><p>microbiologia clínica. 2008. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/</p><p>controle/rede_rm/cursos/boas_praticas/modulo1/barreiras2.htm>. Acesso em: 31</p><p>jan. 2018.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.974, de 05 de janeiro de 1995. Brasília, DF, 1995. Disponível em: <http://</p><p>www.camara.gov.br/sileg/integras/275482.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2018.</p><p>BRASIL. Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Brasília, DF, 2005. Disponível em: <http://</p><p>www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm>. Acesso em: 31</p><p>jan. 2018.</p><p>CHAVES, M. J. F. Manual de biossegurança e boas práticas laboratoriais. 2016. Dispo-</p><p>nível em: <https://genetica.incor.usp.br/wp-content/uploads/2014/12/Manual-de-</p><p>-biosseguran%C3%A7a-e-Boas-Pr%C3%A1ticas-Laboratoriais1.pdf>. Acesso em: 24</p><p>fev. 2018.</p><p>CONSELHO DE INFORMAÇÕES SOBRE BIOTECNOLOGIA (CIB). 2016. Disponível em:</p><p><http://cib.org.br/>. Acesso em: 31 jan. 2018.</p><p>DAVID, C. L. et al. Biossegurança para laboratórios de ensino e pesquisa. Salvador: IMS/</p><p>CAT-UFBA, 2012. Disponível em: <http://www.ims.ufba.br/wp-content/uploads/</p><p>downloads/2012/09/Livro-biosseguranca-IMS1.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2018.</p><p>PENNA, P. M. M. et al. Biossegurança: uma revisão. Arquivos do Instituto Biológico, São</p><p>Paulo, v. 77, n. 3, p. 555-565, jul./set. 2010.</p><p>SANGIONI, L. A. et al. Princípios de Biossegurança aplicados aos laboratórios de ensino</p><p>universitário de microbiologia e parasitologia. Ciência Rural, Santa Maria, [online],</p><p>2010. Disponível em: <https://cesmac.edu.br/admin/wp-content/uploads/2015/09/</p><p>Artigo-de-biosseguranca.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2018.</p><p>Aspectos regulamentares sobre biossegurança10</p><p>40 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>ENCERRA AQUI O TRECHO DO LIVRO DISPONIBILIZADO</p><p>PELA SAGAH PARA ESTA PARTE DA UNIDADE.</p><p>PREZADO ESTUDANTE</p><p>Parte 4</p><p>Biossegurança e Bioética</p><p>O conteúdo deste livro</p><p>é disponibilizado</p><p>por SAGAH.</p><p>unidade</p><p>1</p><p>V.1 | 2023</p><p>42 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>Biossegurança e bioética</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Conceituar bioética.</p><p> Identificar os procedimentos de biossegurança aplicada à biotecnologia.</p><p> Aplicar os princípios da bioética no campo da biotecnologia.</p><p>Introdução</p><p>A biotecnologia, sendo uma área extremamente impactante, trazendo e</p><p>propiciando novas tecnologias, abre uma série de debates sobre a biosse-</p><p>gurança e a bioética de maneira coerente e racional. Os questionamentos</p><p>populacionais estão voltados para temas atuais, como transgenia, clonagem,</p><p>terapia gênica, questões que estão vinculadas diretamente à biotecnologia.</p><p>A construção de um pensamento crítico assertivo é muito importante</p><p>nos dias atuais. Enquanto os pesquisadores enxergam a forma positivista</p><p>das novas tecnologias, a população ainda tem alguns questionamentos, de</p><p>modo que é preciso formar cidadãos cientificamente coerentes e esclarecidos.</p><p>Neste capítulo, você vai compreender o conceito de bioética, identificar</p><p>os procedimentos de biossegurança aplicada à biotecnologia e entender a</p><p>aplicabilidade dos princípios da bioética no campo da biotecnologia.</p><p>Bioética</p><p>A bioética surge no âmbito científi co com a proposta de ser um espaço refl exivo</p><p>sobre o desenvolvimento, o uso e a contribuição impactante das tecnologias</p><p>sobre a natureza e a vida humana (STAPENHORST et al., 2017).</p><p>Conforme o progresso biológico foi acontecendo, situações conflitantes</p><p>nas áreas científica e popular foram surgindo e impulsionando o pensamento</p><p>humano para o desenvolvimento de uma ciência nova, a bioética. Essa área</p><p>se importa-se com a moralidade e a racionalidade da conduta humana no</p><p>campo amplo que são as ciências biológicas e da saúde, principalmente no</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Biossegurança e Bioética | PARTE 4 43</p><p>que se refere à experimentação envolvendo seres humanos, seja ela indireta</p><p>ou direta (ESTRELA, 2018).</p><p>Produzir conhecimento por meio de pesquisas representa uma das formas</p><p>do desenvolvimento de uma nação. Pesquisas que envolvam seres huma-</p><p>nos exigem que os objetivos tratem de inovação ou, no mínimo, devam</p><p>ser justificáveis e que sua metodologia seja apropriada e bem conduzida</p><p>(ESTRELA, 2018).</p><p>O nascimento da bioética, segundo a literatura, deu-se a partir do Código</p><p>de Nuremberg, no ano 1947, quando findou a Segunda Guerra Mundial e foram</p><p>encerradas as barbáries nazistas contra os seres humanos. Composto por 10</p><p>itens, o Código de Nuremberg deu importância à relação risco/benefício, ao</p><p>consentimento informado e à pesquisa, sendo o documento pioneiro envolvendo</p><p>ética na pesquisa com</p><p>seres humanos (Quadro 1). Foi salientada a liberdade ao</p><p>sujeito da pesquisa de, a qualquer momento, usufruir de sua autonomia para</p><p>desistir do experimento, instituindo-se a condição de liberdade e soberania</p><p>do ser humano (ROVIDA; GARBIN, 2013).</p><p>1. O consentimento voluntário dos sujeitos humanos é absolutamente essencial.</p><p>2. O experimento deve ser tal que produza resultados vantajosos para</p><p>a sociedade, os quais não possam ser buscados por outros métodos de</p><p>estudo, mas não podem ser feitos de maneia aleatória ou desnecessária.</p><p>3. O experimento deve ser desenhado e baseado em um</p><p>conhecimento do problema em estudo, de modo que os</p><p>resultados previstos justifiquem sua realização.</p><p>4. O experimento deve ser realizado de forma a evitar todo</p><p>sofrimento e dano mental e físico desnecessário.</p><p>5. Nenhum experimento deve ser realizado se houver uma razão</p><p>a priori para se acreditar que ocorrerá morte ou danos.</p><p>6. O grau de risco a ser assumido nunca deve exceder aquele determinado</p><p>pela importância humanitária do problema a ser resolvido pelo experimento.</p><p>7. Devem ser feitas as preparações adequadas e providenciadas as devidas</p><p>instalações para proteger o sujeto do experimento contra possibilidades,</p><p>mesmo que remotas, de haver dano, deficiências ou morte.</p><p>8. O experimento deve ser realizado apenas por</p><p>pessoas cientificamente qualificadas.</p><p>Quadro 1. Resumo dos 10 pontos do Código de Nuremberg sobre experimentação humana</p><p>(Continua)</p><p>Biossegurança e bioética2</p><p>44 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p>O Código de Nuremberg teve tanta relevância que, em 1948, a Organização</p><p>das Nações Unidas (ONU) estabeleceu a Declaração Universal dos Direitos</p><p>Humanos. A Declaração de Helsinque, posteriormente, surgiu da revisão e da</p><p>transformação do Código de Nuremberg e foi sucessivamente atualizada por</p><p>assembleias médicas mundiais em locais distintos (ROVIDA; GARBIN, 2013).</p><p>A Declaração passou por diversas revisões — a última, no ano de 2008 — e</p><p>foi categorizada como um guia para os pesquisadores do mundo. Essa decla-</p><p>ração é considerada o primeiro padrão internacional de pesquisa biomédica</p><p>(STAPENHORST et al., 2017).</p><p>Tanto o Código de Nuremberg quanto a Declaração de Helsinque deram</p><p>base para o Relatório Belmont, que inspirou Beauchamp e Childress, no ano</p><p>de 1979, a publicarem “Princípios da ética biomédica”, dando origem à prin-</p><p>cipal fundamentação teórica do novo campo da ética biomédica (ROVIDA;</p><p>GARBIN, 2013). O Relatório Belmont tem como base norteadora os quatro</p><p>princípios bioéticos: autonomia, beneficência, não maleficência e justiça, os</p><p>quais serão discutidos detalhadamente a seguir.</p><p>Princípio da autonomia</p><p>O princípio da autonomia defi ne e explicita a capacidade de autoescolha do</p><p>ser humano, ou seja, a possibilidade de tomada de decisões. As pessoas são,</p><p>então, classifi cadas como entes capazes de tomar suas próprias decisões,</p><p>primando a prévia e devida informação acerca dos procedimentos, riscos e</p><p>suas consequências (STAPENHORST et al., 2017).</p><p>Fonte: Adaptado de National Institutes of Health (2008) apud Gray (2012).</p><p>9. No decorrer do experimento, o sujeito humano deve ter</p><p>liberdade de interrompê-lo se tiver chegado a um estado mental</p><p>ou físico no qual a continuação lhe pareça impossível.</p><p>10. No decorrer do experimento, o pesquisador deve estar</p><p>preparado para encerrá-lo a qualquer momento, se tiver razões</p><p>para acreditar que sua continuação provavelmente resultará em</p><p>danos, deficiências ou morte do sujeito experimental.</p><p>Quadro 1. Resumo dos 10 pontos do Código de Nuremberg sobre experimentação humana</p><p>(Continuação)</p><p>3Biossegurança e bioética</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Biossegurança e Bioética | PARTE 4 45</p><p>Princípio da beneficência</p><p>O princípio da benefi cência refl ete em uma dupla obrigação: o ato de não</p><p>causar danos e o de ser capaz de maximizar os benefícios e minimizar os</p><p>danos (STAPENHORST et al., 2017).</p><p>Princípio da não maleficência</p><p>Beauchamp e Childress, em seu livro intitulado “Princípios da ética biomédica”,</p><p>incorporaram o princípio da não maleficência, talvez pelo fato de que a ideia de</p><p>ser benefi cente seja simplista no olhar da ética aplicada moderna. A definição</p><p>de não maleficência remonta à latina primum nom nocere, que significa “em</p><p>primeiro lugar, não causar dano”, ou seja, garantir que danos possam ser</p><p>evitados quando previsíveis. A pesquisa em seres humanos deve trazer um</p><p>mínimo de danos às pessoas submetidas ao experimento (ESTRELA, 2018).</p><p>Princípio da justiça</p><p>O princípio da justiça preza pelo dever da imparcialidade acerca da distribuição</p><p>dos riscos e dos benefícios referentes à pesquisa, enfatizando o tratamento</p><p>com equidade (STAPENHORST et al., 2017).</p><p>Bioética no Brasil</p><p>Até o ano de 1988, nosso país não dispunha de normas específi cas, e as pes-</p><p>quisas envolvendo seres humanos eram orientadas com base nos documentos</p><p>internacionais. No ano de 1987, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) analisou</p><p>essa questão e, no ano seguinte, publicou a Resolução nº. 01/1998, que continha</p><p>questões relacionadas a vigilância sanitária, biossegurança e ética. No ano de</p><p>1996, essa resolução foi revisada e, então, foi criada a Resolução nº. 196/1996,</p><p>que abrange normas e diretrizes de pesquisas envolvendo seres humanos, tra-</p><p>zendo questões que vão desde a parte inicial do projeto de pesquisa até a sua</p><p>operacionalização (STAPENHORST et al., 2017). Além disso (ESTRELA, 2018):</p><p> cria a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), vinculada</p><p>ao CNS — Ministério da Saúde;</p><p> define as áreas temáticas especiais, cujos projetos devem ser apreciados</p><p>pela CONEP;</p><p> institui o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE);</p><p>Biossegurança e bioética4</p><p>46 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS E BIOSSEGURANÇA</p><p> amplia a formação dos Comitês de Ética em Pesquisa (CEP), com par-</p><p>ticipação pluralista e comunitária.</p><p>Atualmente, a terminologia bioética faz referência à ética existente nas</p><p>relações médicas, biotecnologia, ciências da vida, engenharia genética, em-</p><p>briologia, ecologia e tecnociências, e também é responsável por mediar temas</p><p>éticos considerados polêmicos, tais como: clonagem humana, aborto, eutanásia</p><p>dentre outros (CRISOSTOMO et al., 2018).</p><p>A Norma Regulamentadora nº. 5 (NR5) estabelece a obrigatoriedade de um mapa de</p><p>risco para ambientes laboratoriais.</p><p>Biossegurança em biotecnologia</p><p>O conceito de biossegurança foi inicialmente abordado na década de 1970,</p><p>quando surgiu a engenharia genética. Um experimento pioneiro na área, que</p><p>se tratava de um gene da produção de insulina que foi inserido na bactéria E.</p><p>coli, teve uma extensa repercussão; a partir daí, foi realizada a Conferência de</p><p>Asilomar, na Califórnia, para debates sobre os riscos da engenharia genética e</p><p>a segurança dos laboratórios, sendo também discutida a necessidade de conten-</p><p>ção para diminuir os riscos aos trabalhadores (STAPENHORST et al., 2017).</p><p>Desde então, a comunidade científica foi instruída sobre a importância da</p><p>biossegurança no uso dessas técnicas e se percebeu a necessidade de desen-</p><p>volver normas de biossegurança, legislações e regulamentações para essas</p><p>atividades (STAPENHORST et al., 2017).</p><p>A área da biossegurança engloba diversos campos de conhecimento, como</p><p>biologia, biotecnologia, saúde, ecologia, sociologia e bioética. Sua premissa</p><p>básica é prevenir, minimizar ou eliminar riscos às atividades de pesquisa,</p><p>produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços —</p><p>riscos que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio</p><p>ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos (SCHWANKE, 2013).</p><p>O Brasil deu início ao processo de discussão da biossegurança a partir de</p><p>1995, por meio de leis, decretos e resolução, entre as quais se pode destacar</p><p>(SCHWANKE, 2013):</p><p>5Biossegurança e bioética</p><p>Biossegurança: Conceitos Gerais e Regulamentações | UNIDADE 1</p><p>Biossegurança e Bioética | PARTE 4 47</p><p> Lei de Biossegurança Brasileira (Lei nº. 8.974, de 05 de</p>