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<p>RELATO DE CASO: TÉTANO EM BEZERRA HOLANDESA NA</p><p>REGIÃO CELEIRO DO RIO GRANDE DO SUL</p><p>Autor(es): Fernanda Matias Antunes, Jaqueline</p><p>Tenedini, Kevilin Gabriel.</p><p>Orientador(es): Deivid Guareschi Fagundes, Aires</p><p>Santana Rumpel, Jefferson Da Silva Pires.</p><p>O presente trabalho tem como objetivo relatar a ocorrência de tétano em uma bezerra de 4</p><p>meses, da raça holandesa, com aproximadamente 130 kg, ocorrida na região celeiro do Rio</p><p>Grande do Sul, através do agrupamento dos sinais clínicos relatados pelo proprietário e</p><p>abordagem e manejo terapêutico adotados pela Médica Veterinária responsável pelo</p><p>atendimento. O tétano é uma doença infecciosa não contagiosa, altamente letal, causada pela</p><p>inoculação de esporos do bacilo anaeróbico estrito Clostridium tetani. O esporo é inoculado</p><p>em feridas, com consequente multiplicação e produção de uma potente neurotoxina, a</p><p>tetanospasmina, responsável pelas alterações clínicas. Este esporo resiste ainda a condições</p><p>adversas, dificultando a eliminação do ambiente. A proprietária relatou que o bovino</p><p>apresentou abscesso em membro torácico esquerdo cerca de 10 dias antes do início dos sinais,</p><p>onde a proprietária realizou uma pequena incisão para drenagem do conteúdo purulento e</p><p>higienizou com solução fisiológica, estando cicatrizando no momento dos sinais de tetania. A</p><p>evolução dos sinais ocorreu em 24 horas, sendo notado inicialmente o decúbito lateral</p><p>esquerdo com extensão de membros, ao posicionar o animal em estação, ele permaneceu nesta</p><p>posição. Os sinais clínicos apresentados foram andar rígido, dificuldade de flexão dos</p><p>membros, estendidos e afastados (paralisia espástica), lagoftalmia (dificuldade em fechar</p><p>pálpebras), orelhas eretas, trismo mandibular, espuma na cavidade oral, espasmos musculares</p><p>e rotação ocular. O animal não era vacinado e havia relatos de casos semelhantes nos</p><p>arredores da propriedade no passado. Após a identificação dos sinais característicos de</p><p>tetania, foi orientado abrigar o animal em local fechado, seco, escuro e silencioso para melhor</p><p>conforto devido à fotofobia. Foi administrado soro antitetânico, sendo 100.000 UI intravenoso</p><p>de forma lenta, com aplicação de mais 5.000UI em 12 horas. Foi realizada fluidoterapia com</p><p>Ringer com Lactato, sendo 12 frascos de 1000 ml, divididos em 6 a cada 12 horas, assim</p><p>como solução de glicose 50% (100ml a cada 12 horas). A aplicação de Cloridrato de xilazina</p><p>2% (0,35ml) para auxiliar no relaxamento muscular e analgesia. Constatou-se aumento da</p><p>temperatura retal, sendo aplicado dose única de Flunixin Meglumine 1,1 mg/ml (3ml),</p><p>intravenoso, que possui efeito antipirético, anti-inflamatório e anti-endotóxico, além disso foi</p><p>administrado Pentabiótico® 6.000.000 UI (Benzilpenicilina benzatina, Benzilpenicilina</p><p>procaína, Benzilpenicilina potássica, Diidroestreptomicina base, Estreptomicina) 15 ml, via</p><p>intramuscular profunda. Foi realizado o debridamento da ferida que estava cicatrizando e</p><p>lavagem com peróxido de hidrogênio 3%, foi orientada a limpeza da ferida ao menos uma vez</p><p>ao dia para evitar a formação de espaço anaeróbio. O quadro teve progressão com a extensão</p><p>de cabeça, aumento dos espasmos musculares, cianose e óbito após 18 horas do início do</p><p>tratamento. O tétano é uma doença de notificação mensal obrigatória dos casos confirmados.</p><p>Reforça-se que embora o manejo com o soro antitetânico seja realizado assim que os sinais</p><p>aparecem, o tratamento do Tétano em bovinos é desafiador, tendo grande taxa de mortalidade,</p><p>devendo redobrar a atenção para animais com feridas expostas em locais com anterior</p><p>contaminação pelo patógeno.</p><p>Palavras-chave: Clostridium tetani, neurotoxinas, bovino de leite, tétano.</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em</p><p>Saúde: volume único. 3a ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 741 p.</p><p>BRASIL. Portaria nº 063, de 03 de Abril de 2014. Dispõe sobre a adoção de medidas de</p><p>defesa sanitária animal no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul. Secretaria Estadual da</p><p>Agricultura, Pecuária e Agronegócio.</p><p>CONSTABLE, P. D. et al. Clínica veterinária: Um tratado de doenças de bovinos, ovinos,</p><p>suínos e caprinos. 11° Ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 10 de dezembro de 2020.</p><p>DUARTE, M. L., et al. Mecanismos neurofisiológicos do tétano em animais domésticos.</p><p>UNICRUZ, 2021. Disponível em: https://revistaanais.unicruz.edu.br › download/</p><p>POPOFF, MR. Tetanus in animals. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation. Vol. 32, p.</p><p>184-191, fev, 2020. Disponível em:</p><p>https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7081504/#</p><p>QUEVEDO, P. S. Clostridioses em ruminantes – revisão. FAEF. Garça, SP. ISSN:1679-7353,</p><p>ano XIII, n. 25, 2015. Disponível em:</p><p>https://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/QGgxD8TcRCPq1wy_2015-1</p><p>1-27-12-22-54.pdf</p><p>QUEVEDO, P. S. et al. Tétano em bovinos no sul do Rio Grande do Sul: estudo de 24 surtos.</p><p>Pesq. Vet. Bras. Pelotas. v. 31, p. 1066-1070, 2011. Disponível em:</p><p>https://www.scielo.br/j/pvb/a/ycQhN59T4mBhFxfg9jjHHJP/?lang=pt.</p><p>RISSI, D. R. et al. Abordagem diagnóstica das principais doenças do sistema nervoso de</p><p>ruminantes e equinos no Brasil. Pesq. Vet. Bras. v. 30, p.958-967, 2010. Disponível em:</p><p>https://doi.org/10.1590/S0100-736X2010001100010</p><p>SOUZA, V. F. Informativo técnico: Vacinação, a Importância das Boas Práticas e a Prevenção</p><p>de Doenças de Interesse em Bovinocultura. EMBRAPA, Campo Grande, MS. ISSN</p><p>1983-9731, 2009. Disponível em:</p><p>https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/853366/1/Vacinacaoaimportan</p><p>ciadasboaspraticaseaprevencao.pdf</p><p>YOUNGJUN, K. et al. Successful treatment of idiopathic tetanus using metronidazole,</p><p>magnesium, and acepromazine in Hanwoo (Korean indigenous cattle) yearling bull.. Front.</p><p>Vet. Sci. Coréia do Sul, v. 10, 2022. Disponível em:</p><p>https://www.frontiersin.org/journals/veterinary-science/articles/10.3389/fvets.2023.1142316/f</p><p>ull.</p><p>https://www.scielo.br/j/pvb/a/ycQhN59T4mBhFxfg9jjHHJP/?lang=pt</p><p>https://www.frontiersin.org/journals/veterinary-science/articles/10.3389/fvets.2023.1142316/full</p><p>https://www.frontiersin.org/journals/veterinary-science/articles/10.3389/fvets.2023.1142316/full</p>