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<p>AULA 2 – MOD 8 – COLONIZAÇÃO DO BRASIL</p><p>Professor: ME. WESLEY DARTAGNAN SALLES</p><p>SUMÁRIO</p><p>1. Introdução</p><p>2. O Período Pré-Colonial (1500 - 1532).</p><p>3. O Período Colonial (1532 - 1822).</p><p>O Período Pré-Colonial (1500 - 1532).</p><p>O Brasil foi descoberto. Nas discussões que culminaram o tratado de Tordesilhas tinha ficado implícito que os portugueses sabiam ou imaginavam um território a oeste do Atlântico. Não existe nenhuma referência nos documentos da viagem de Cabral sobre tempestades ou que tenha se perdido. Além do mais, como observamos em aula anterior, os navegantes, com a ajuda do Astrolábio, conseguiam se orientar de maneira a, em caso de tempestades, se reorientar em sua rota. Uma viagem de Portugal ao Brasil durava meses. Sendo assim, o Brasil foi “achado”. Foi achado porque era procurado.</p><p>Quando Pero Vaz de Caminha escreveu a primeira carta no Brasil o chamou de “Terra de Vera Cruz”; D. Manuel chama de “Terra de Santa Cruz” em carta aos reis da Espanha. No Regimento da terceira armada vinda ao Brasil em 1501 entregue ao capitão João da Nova, o Brasil foi chamado de Ilha da Cruz. O Brasil foi chamado de Terra dos Papagaios, de Vera Cruz, de Santa Cruz e, logo, convencionou se chamar de Brasil. Assim, desde pelo menos 1504, por influência dos piratas franceses, que chama a terra de “bresil” que os portugueses traduziram e convencionaram chamar o território de terra do brasil, em abreviação de terra do pau brasil (PEIXOTO, 1944, p. 38).</p><p>O nome que foi dado ao território representa, assim, a marca inicial do primeiro contato dos portugueses com o território, a extração de pau-brasil. A propósito, “brasileiro” era aquele que realizava o comércio de pau-brasil. Os que passaram a nascer e viver no brasil foram chamados de “brasílicos”, “brasilianos”, “brasilienses” e nunca brasileiro. O brasileiro surgiu posteriormente no contexto da construção do Brasil como estado nação do século XIX. Em outras palavras, o Brasil era chamado de Terra do Brasil e, algumas vezes, de Brasil, em referência às suas características naturais, ao negócio que marcou o período pré-colonial e até mesmo as primeiras décadas de colonização. Não obstante, o Brasil não existia, ele foi construído territorialmente ao longo dos anos de colonização e, sobretudo, no século XIX no projeto de nação do IHGB posteriormente à independência. Portanto, o Brasil enquanto nação não existia até o século XIX.</p><p>Os Grupos Indígenas e o Trabalho</p><p>Quando os portugueses acharam o Brasil, ele era um território habitado por diversos povos, cujas relações com a terra e com o mundo era totalmente distinta da portuguesa. Em primeiro lugar, destacamos a concepção do trabalho. Os grupos indígenas que conviviam na faixa litoral do território americano não trabalhavam com a finalidade de construir reservas, em outras palavras, não acumulavam riquezas materiais. Embora os portugueses, nesse contexto, não pensassem de maneira capitalista, não na concepção moderna, eles tinham como elemento central explicativo a perspectiva de adquirir riquezas materiais em suas viagens para compensar os riscos. A compreensão sobre o trabalho indígena estava pautada pelo contexto em que viviam. Enquanto os portugueses e os europeus, de uma maneira geral, tinham uma história milenar de carência alimentar, os grupos indígenas brasileiros não tinham.</p><p>Os estudos sobre os povos indígenas pré-Cabralinos demonstram que não havia uma história pacífica, que a guerra era constante, mas, que não existiram surtos de fome responsáveis por influenciar uma mentalidade coletiva de acumulação. Dessa maneira, a relação dos indígenas com a natureza estava pautada no uso coletivo e afetuoso. A natureza é a base da vida coletiva indígena. Seria equívoco tratar todos os grupos indígenas de maneira linear, cada grupo indígena tinha a sua cosmogonia e agiam, portanto, de maneira específica com o mundo e a natureza, mas, todos eles viviam em equilíbrio com seu ecossistema.</p><p>Basicamente existem 3 hipóteses que explicam o povoamento da América pelo homem. Também não existe um consenso sobre o período que isso aconteceu, 50, 35, 20 e até 12 mil anos atrás. A hipótese mais aceita é a da passagem pelo estreito de Bering, quando há 12 mil anos o oceano Glacial Ártico congelou e assim, os homens conseguiram passar do continente asiático até a América pelos 85 km de extensão do mar, a chamada teoria da cultura de Clóvis.  Em oposição a essa tese, encontram-se os estudos no sítio arqueológico da Lagoa Santa, sobretudo, com o encontro de “Luzia”, crânio com características negroides encontrado na América do Sul com cerca de 13 mil anos. Artefatos encontrados por Niède Guidon demonstram artefatos encontrados na Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no Piauí, que demonstrariam a presença do homem há mais de 55 mil anos. Tais descobertas implicaram na hipótese de mais de uma vertente migratória. A terceira hipótese é a de ondas migratórias pelas ilhas da Polinésia e Oceania, por meio de embarcações pequenas.</p><p>Primeiras Formas de Exploração do Território e das Riquezas Naturais.</p><p>A ocupação da América portuguesa ocorreu paulatinamente no início do século XVI. Os primeiros 30 anos após as descobertas foram marcados pelo pouco interesse da Coroa de Portugal pelo território. Nesse momento, o comércio com as índias e com o continente africano se mostravam superior às incertezas do Brasil.</p><p>Por isso, as primeiras relações se deram no âmbito de expedições de descoberta com o intuito de conhecer o território, a língua local e procurar metais preciosos. A primeira delas foi realizada por Gaspar de Lemos e Gonçalo Coelho em 1503. A extração do pau-brasil, entretanto, foi o nervo central do comércio nesses primeiros anos e logo se tornou monopólio da Coroa. Todo o trabalho era realizado pelos indígenas que recebiam em troca do seu trabalho alguns produtos manufaturados portugueses por meio do escambo.</p><p>Entre 1516 e 1526 em função de algumas incursões francesas em território americano, surgiu a necessidade de enviar algumas “expedições guarda costas”. Entre elas as organizadas por Cristóvão Jacques se sobressaem. Entretanto a ameaça estrangeira era algo que preocupava os portugueses, pois, o território praticamente não contava com a presença dos lusitanos. Para se ter uma ideia, se tem registro de apenas duas feitorias erigidas nos primeiros anos, em 1504 em Cabo Frio e uma em 1516 em Pernambuco. A Coroa primou por deixar que particulares realizassem o processo de conquista do território e como não havia nenhum atrativo para os portugueses a imigração não existia.</p><p>Martim Afonso de Souza, na expedição organizada por Dom João III, de reconhecimento: do Rio do Prata até o Maranhão acabou fundando um núcleo populacional chamado de São Vicente, em 1532. Por isso, a colonização efetiva começou neste ano. A história do Brasil Colônia tem o marco cronológico iniciado em 1532 e não em 1500.</p><p>Os Franceses no Brasil</p><p>Nos primeiros anos o território brasileiro não era exclusivamente dos portugueses, pois, não havia um plano sistemático de colonização, não havia condições financeiras e, tampouco, interesse em ocupar o território. Outras nações se sentiram prejudicadas no Tratado de Tordesilhas e começaram a se fazer presente no litoral por meio da pirataria. Os franceses frequentavam o litoral com a mesma frequência que os portugueses.</p><p>Entre 1555 e 1557 os franceses, no contexto das perseguições religiosas contra os huguenotes, encontraram um local para fundar uma colônia. A baía da Guanabara tinha condições ideais para estabelecer a colonização, pois os franceses marcavam presença ali desde a década de 1530. Com a fundação da França Antártica, os portugueses passaram a cuidar melhor do processo de colonização e mudaram os rumos da colonização.</p><p>Abaixo há um trecho da carta de Pero Vaz de Caminha, a primeira escrita no Brasil. Pensando em uma situação de aula, leia aos alunos de reflita sobre os aspectos eurocêntrico da visão europeia sobre os indígenas.</p><p>“Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados. Não</p><p>quiseram comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora. Trouxeram-lhes vinho numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes a água em uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram fora” (carta de Pero Vaz de Caminha).</p><p>ACESSAR</p><p>O Período Colonial (1532 - 1822).</p><p>A história do Brasil colonial se inicia em 1532 e se encerra oficialmente em 7 de setembro de 1822. Entretanto, alguns aspectos devem ser ressaltados. Em primeiro lugar, em 1808, como veremos em capítulo a frente, com a “Abertura dos portos às nações amigas”, houve o fim do pacto colonial que dava aos portugueses o monopólio sobre o comércio com o Brasil. Em segundo lugar, devemos ter em consideração que não houve um projeto de colonização feito pelos portugueses, a colonização foi sendo realizada na base do aprendizado. Em terceiro lugar, em quase 300 anos de colonização, percebemos muitas mudanças no processo de colonização e, portanto, seria equívoco tratar de maneira linear a história da Colônia. O século XVI foi um período de avanço sobre o território, de expansão da colonização. Até 1620, por exemplo, com o avanço da economia açucareira, nota-se intensa evolução. No século XVII nota-se um período de crise econômica e de estagnação na colonização. Com a descoberta do ouro, observa-se forte incremento na colonização, dinamizando todo o processo. No final do XVIII a colonização entrou em crise.</p><p>O Tripé da Colonização: Religião, Economia e Política</p><p>A colonização do Brasil não pode ser vista apenas do ponto de vista econômico, ou seja, mesmo que os aspectos relacionados à exploração colonial se sobressaiam. Devemos compreender a colonização a partir de um tripé, de uma colonização que era voltada igualmente para a evangelização, exploração econômica e pela incorporação de cargos políticos, dentro da perspectiva do contexto do Antigo Regime. Ainda não devemos desprezar o papel evangelizador da metrópole sobre a colônia, dos jesuítas sobre os indígenas e dos africanos dentro do contexto da contrarreforma católica. Por fim, e não menos importante, a colonização não pode ser vista de maneira a compreender apenas a hegemonia portuguesa sobre a cultura colônia. A resistência sobre a dominação política, cultural, econômica, e religiosa sempre esteve presente na história da colonização.</p><p>Foi muita informação por hoje? Pois volte e releia quando quiser, e nos falamos na próxima aula!</p><p>2</p><p>image1.png</p><p>image2.jpeg</p>

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