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PSICOPEDAGOGIA - ASPECTOS

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<p>PSICOPEDAGOGIA - ASPECTOS</p><p>PSICONEUROLOGICO E FONOAUDIOLOGICOS</p><p>1</p><p>Sumário</p><p>PARTE 1 A PSICOPEDAGOGIA PARA APRENDIZAGEM ............................... 3</p><p>A AÇÃO PSICOPEDAGOGICA E A APRENDIZAGEM ..................................... 4</p><p>PRÁTICAS EDUCATIVAS.................................................................................. 5</p><p>ÁREAS DO CONHECIMENTO .......................................................................... 6</p><p>A FORMAÇÃO E TRABALHO DO PSICOPEDAGOGO .................................... 8</p><p>PARTE 2 ASPECTOS FONOUAUDIOLOGICOS ............................................ 12</p><p>ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NAS ESCOLAS ......................................... 12</p><p>FONOAUDIOLOGIA E PSICOPEDAGOGIA .................................................... 12</p><p>DIAGNÓSTICOS FONOAUDIOLÓGICOS DOS DISTÚRBIOS DE LEITURA E</p><p>ESCRITA .......................................................................................................... 14</p><p>AS DIFICULDADES E DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM............................ 15</p><p>ALTERAÇÕES VOCAIS NO ALUNO ............................................................... 29</p><p>OS DISTÚRBIOS DE COMPORTAMENTO NO RESPIRADOR ORAL ........... 33</p><p>PARTE 3 ASPECTOS PSICONEUROLOGICOS ............................................. 39</p><p>A NEUROEDUCAÇÃO E ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS</p><p>CONTEMPORÂNEAS ...................................................................................... 39</p><p>A NEUROEDUCAÇÃO COMO INTERVENÇÃO .............................................. 42</p><p>EDUCAÇÃO PSICOMOTORA ......................................................................... 48</p><p>REFERENCIAS ................................................................................................ 56</p><p>2</p><p>FACUMINAS</p><p>A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um</p><p>grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos</p><p>de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como</p><p>entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.</p><p>A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de</p><p>conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a</p><p>participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua</p><p>formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,</p><p>científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o</p><p>saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.</p><p>A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma</p><p>confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base</p><p>profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições</p><p>modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,</p><p>excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.</p><p>3</p><p>PARTE 1 A PSICOPEDAGOGIA PARA</p><p>APRENDIZAGEM</p><p>Um recurso envolvente na psicopedagogia para a</p><p>aprendizagem</p><p>"O Psicopedagogo, como um terapeuta comprometido com o ato</p><p>de aprender, ocupa um papel importante, nessa rede de complexidade</p><p>que envolve e que é também constitutiva do sujeito, por poder interferir</p><p>na relação do sujeito com a aprendizagem, indispensável, para a</p><p>existência humana”.</p><p>(Ana M. Zenicola)</p><p>A educação psicomotora é, sobretudo, a educação da criança através de</p><p>seu corpo e de seu movimento. A criança é vista na sua totalidade e nas</p><p>possibilidades que apresenta em relação ao meio ambiente.</p><p>Comprovar a importância do desenvolvimento da psicomotricidade no</p><p>contexto escolar é valorizar o ser uno e total, indivisíveis em suas ações e</p><p>pensamentos.</p><p>Considerando a relevância da psicomotricidade no desenvolvimento</p><p>integral da criança, justifica-se este estudo, sobretudo pela construção de um</p><p>novo pensamento voltado a educação infantil e o papel da psicopedagogia no</p><p>processo ensino/aprendizagem educacional.</p><p>Com base nos pressupostos teóricos que norteiam este trabalho faz-se o</p><p>seguinte questionamento: o professor de educação infantil é capaz de entender</p><p>a psicomotricidade, como meio de envolver os indivíduos em suas capacidades,</p><p>físicas, cognitivas, afetivas e intelectuais e sociais?</p><p>Salienta-se que o objetivo desta pesquisa é adquirir e aprofundar</p><p>conhecimentos sobre os diversos significados que se pode ter da</p><p>4</p><p>psicomotricidade e a psicopedagogia para as crianças, na educação infantil. Para</p><p>que o professor através do aprimoramento do conhecimento e técnicas possa</p><p>incorporar, o jogo, o lúdico, o prazer e a alegria no conjunto da vida escolar, como</p><p>dimensões indissociáveis do ser humano.</p><p>A metodologia aplicada caracterizou-se de forma bibliográfica descritiva,</p><p>pois procurou explicar o tema abordado com base nas referências teóricas</p><p>publicadas em documentos, exigindo dados comprovados extraídos de estudos</p><p>bibliográficos.</p><p>O estudo de interesse do profissional da área de educação, pedagogos,</p><p>professores de educação infantil e séries iniciais, comprometidos com o processo</p><p>de desenvolvimento psicomotor e o trabalho psicopedagógico na educação</p><p>infantil.</p><p>A AÇÃO PSICOPEDAGOGICA E A APRENDIZAGEM</p><p>A aprendizagem humana é um processo contínuo de transformação e o</p><p>educador colabora para o desenvolvimento dos seres humanos que vivem num</p><p>mundo de mudanças intensas e rápidas, apontando caminhos voltados ao</p><p>diálogo constante entre os sujeitos e conhecimento, na busca de transformações,</p><p>levando-nos a refletir sobre a grande contribuição das reflexões</p><p>psicopedagógicas para a compreensão do processo de aprendizagem, levando</p><p>em consideração a importância de ensinar, ao educando o controle de seus</p><p>próprios impulsos, bem como o respeito mútuo e a autodisciplina.</p><p>Na tentativa de compreensão integradora do processo de aprendizagem</p><p>surge a psicopedagogia que recorre ao conhecimento de várias áreas</p><p>(psicologia, pedagogia, sociologia, antropologia, linguística, neurologia e outras),</p><p>tendo como foco de estudo e análise o fato educativo e suas articulações.</p><p>De acordo com Scoz (1994), esta nova visão oferecida pela</p><p>psicopedagogia vem ganhando espaço nos meios educacionais brasileiros e</p><p>5</p><p>despertando cada vez mais, o interesse dos profissionais que atuam nas escolas.</p><p>Embora a psicopedagogia tenha nascido com o objetivo de promover uma</p><p>reeducação das crianças com problemas de aprendizagem, hoje ela se preocupa</p><p>principalmente com a prevenção do fracasso escolar.</p><p>Para Piaget (1987), a construção do conhecimento e a inteligência dizem</p><p>respeito a uma forma de adaptação superior que o ser humano desenvolveu na</p><p>busca de sua sobrevivência. Através de suas pesquisas, mostrou os</p><p>mecanismos mentais que o ser humano utiliza nas diferentes etapas de sua vida</p><p>para poder entender o mundo e, assim, adaptar-se ao mesmo, embora sua</p><p>preocupação central, na realidade, tenha sido elaborar uma teoria do</p><p>conhecimento, que explique como o organismo conhece o mundo.</p><p>PRÁTICAS EDUCATIVAS</p><p>Toda e qualquer ação que tenhamos pressupõe certa visão de homem e</p><p>de mundo. Nesse sentido, dentro da educação infantil, é fundamental refletir,</p><p>problematizar e desvelar o conteúdo que permeia nossas relações e concepções</p><p>acerca deste assunto.</p><p>O ser humano aprende nas relações que estabelece com os outros.</p><p>Quando ele age, transforma o seu meio, ao mesmo tempo em que este meio já</p><p>está transformado. A criança é um agente construtor do seu próprio saber, na</p><p>medida em que é ativa e questionadora frente ao mesmo. O educador deve ser</p><p>um incentivador deste processo de descobrimento do mundo, reforçando</p><p>atitudes de autonomia, iniciativa, espírito crítico e democrático (MISHNE, 1999)</p><p>E assim respectivamente, em relação à aprendizagem, Kamii</p><p>acrescenta,</p><p>[...] gostaríamos que as crianças fossem alertas, curiosas,</p><p>críticas e confiantes na sua habilidade de resolver questões</p><p>das práticas educacionais,</p><p>tanto para que a aprendizagem fosse de fato efetiva dentro das salas de aula,</p><p>como para preparar estes alunos para as transformações dentro da</p><p>contemporaneidade.</p><p>42</p><p>A psicologia foi uma das ciências que começou a contribuir para o</p><p>processo educacional de aprendizagem, trazendo seu rico arcabouço teórico</p><p>sobre o comportamento humano, aspectos motivacionais, emocionais, afetivos,</p><p>e a importância da formação de vínculos, entre outros processos envolvidos na</p><p>aprendizagem.</p><p>Quando a psicologia estabeleceu pontes com as neurociências, trazendo</p><p>abordagens diferenciadas, tanto a pedagogia, como as outras áreas envolvidas</p><p>no processo educacional, percebendo a necessidade de reanalisar os processos</p><p>educacionais, começaram a pensar no ser humano a partir de um olhar</p><p>sistêmico. As áreas que antes agiam independentes uma das outras,</p><p>começaram a fazer ricas interlocuções, formando uma interdisciplinaridade que</p><p>mais tarde adquiriu o nome de neuroeducação.</p><p>A Neuroeducação começa a ganhar corpo, se caracterizando como um</p><p>campo multi e interdisciplinar, que oferece novas possibilidades tanto a</p><p>docência, como a pesquisa educacional com a finalidade de abordar o</p><p>conhecimento e a inteligência, integrando três áreas: a Psicologia, a Educação</p><p>e as Neurociências, incluindo as áreas que se formaram com a junção dos</p><p>campos, como a: Neuropsicopedagogia, Neuropsicologia e Psicopedagogia.</p><p>A NEUROEDUCAÇÃO COMO INTERVENÇÃO</p><p>A compreensão de como se dá o processo de construção do</p><p>conhecimento oferece a possibilidade de ações que promovam o</p><p>desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Entender todos os mecanismos</p><p>envolvidos neste processo, significa se implicar em uma tarefa que por vezes,</p><p>não é fácil, mas produtiva e gratificante. Para que a aprendizagem seja possível,</p><p>é necessário ter bem estabelecidos e estimulados mecanismos de atenção,</p><p>memória e esquecimento, linguagem, ter uma boa alimentação e sono de</p><p>qualidade, entre outros, esse movimento leva em consideração todos os</p><p>aspectos do indivíduo, o biológico, social, psicológico, cognitivo. A psicologia</p><p>cognitiva desde seus primórdios vem tratando destes conceitos, avançando em</p><p>43</p><p>pesquisas que investigam suas variações e como podem ser estimuladas. A</p><p>compreensão dos mecanismos do cérebro que estão na base da aprendizagem</p><p>e da memória, e dos efeitos da genética, do ambiente, das emoções e da idade</p><p>em que se aprende, pode ser transformada em estratégias educacionais</p><p>(BLAKEMORE; FRITH, 2009, p. 11).</p><p>[...] enquanto milhares de estudos foram devotados para explicar</p><p>vários aspectos da neurociência (como animais, incluindo</p><p>humanos, aprendem), apenas uns poucos estudos</p><p>neurocientíficos tentaram explicar como os humanos deveriam</p><p>ser ensinados, para maximizar o aprendizado. (...) das centenas</p><p>de dissertações devotadas ao ‘ensino baseado no cérebro’, ou</p><p>‘métodos neurocientíficos de aprendizado’, nos últimos cinco</p><p>anos, a maioria documentou a aplicação destas técnicas, ao</p><p>invés de justificá-las” (ESPINOSA, 2008, p. 117).</p><p>São postulados por Espinosa (2008) 14 princípios da neuroeducação, nos</p><p>quais articulariam diretrizes das respectivas áreas estruturadoras, psicologia,</p><p>neurociências e educação:</p><p>[...] estudantes aprendem melhor quando são altamente</p><p>motivados do que quando não têm motivação; stress impacta</p><p>aprendizado; ansiedade bloqueia oportunidades de</p><p>aprendizado; estados depressivos podem impedir aprendizado;</p><p>o tom de voz de outras pessoas é rapidamente julgado no</p><p>cérebro como ameaçador ou não-ameaçador; as faces das</p><p>pessoas são julgadas quase que instantaneamente (i.e.,</p><p>intenções boas ou más); feedback é importante para o</p><p>aprendizado; emoções têm papel-chave no aprendizado;</p><p>movimento pode potencializar o aprendizado; humor pode</p><p>potencializar as oportunidades de aprendizado; nutrição impacta</p><p>o aprendizado; sono impacta consolidação de memória; estilos</p><p>de aprendizado (preferências cognitivas) são devidas à estrutura</p><p>única do cérebro de cada indivíduo; diferenciação nas práticas</p><p>de sala de aula são justificadas pelas diferentes inteligências</p><p>dos alunos (ESPINOSA, 2008, p. 78).</p><p>Para Seixas (2014) uma clarificação sobre os processos, fases,</p><p>mecanismos de como realmente acontece o desenvolvimento cerebral e os</p><p>processos diretamente envolvidos na aprendizagem, ou seja, as descrições dos</p><p>principais estágios de desenvolvimento cerebral, incluindo as fases da formação</p><p>44</p><p>(neogênese) e migração neuronal, da proliferação dos axónios e dendritos, da</p><p>sinaptogênese (que permite a comunicação entre neurónios), da mielinização</p><p>(que permite agilizar a comunicação entre os neurónios), da poda sináptica</p><p>(onde, face ao excesso de sinapses inicial, as sinapses inúteis são,</p><p>posteriormente, “podadas”) e, por fim, da apoptose (conhecida como morte</p><p>celular), se fazem imprescindíveis (SEIXAS, 2004). Guerra (2011) centrada nos</p><p>desafios e possibilidades de articulação entre as neurociências e a educação, e</p><p>realçando os avanços na produção de conhecimento ao nível do funcionamento</p><p>do sistema nervoso, defende que uma prática pedagógica que respeita a forma</p><p>como o cérebro funciona, se evidencia mais eficiente.</p><p>A partir dos estudos pôde-se tomar conhecimento do que passou a ser</p><p>chamados períodos sensíveis, ou janelas de oportunidades, ou seja, são épocas</p><p>em que o cérebro está orientado para aprendizagem, há um favorecimento para</p><p>o estabelecimento de conexões entre as distintas áreas cerebrais, imbricadas</p><p>nos processos cognitivos. O conhecimento destes períodos e exploração de</p><p>suas respectivas habilidades podem ter resultados surpreendentes a curto,</p><p>médio e longo prazo.</p><p>Bartoszeck (2009) ressalta que o termo janelas de oportunidades em muitas</p><p>mídias tem aparecido de maneira inadequada, sendo consideradas janelas que</p><p>poderiam se fechar caso não fossem tomadas medidas urgentes nestes</p><p>períodos ou que não haveria mais possibilidade de ocorrer o aprendizado. Esse</p><p>período ao qual foi disseminada a ideia errônea em que o cérebro só poderia ser</p><p>estimulado naquela fase de vida, era denominado período crítico do</p><p>desenvolvimento. Quando a habilidade não é estimulada no período sensível,</p><p>não significa dizer que isso não será mais possível, mas sim que será necessário</p><p>mais empenho para o desenvolvimento da respectiva capacidade.</p><p>O cérebro adulto não tem a mesma capacidade que o cérebro das</p><p>crianças, no entanto, o estudo da plasticidade neural demonstrou que mesmo</p><p>diminuída, a capacidade de aprendizagem se mantém pela vida inteira</p><p>45</p><p>(CONSENZA E GUERRA, 2011). Bartoszeck (2007), pautado nos estudos de</p><p>Doherty (1997), apresenta as seguintes funções que podem ser estimuladas em</p><p>determinadas faixas etárias:</p><p>Visão (0-6 anos); Controle emocional (9 meses – 6 anos); Forma</p><p>comuns de reação (6meses- 6anos); Símbolos (18meses- 6anos);</p><p>linguagem (9meses – 8anos); habilidades sociais (4anos-8anos);</p><p>Quantidades relativas (5anos – 8anos); música (4anos – 11anos).</p><p>Peruzzolo e Costa (2015) destacam como algumas estratégias essenciais</p><p>a serem alcançadas nos períodos sensíveis são:</p><p>A representação de entretenimentos e jogos que promovam a</p><p>motivação e interesse da criança a participar de forma ativa;</p><p>conter elementos de diferenciação que possam prender a</p><p>atenção da criança durante o processo; possibilitar a</p><p>estimulação das áreas mais comprometidas da criança,</p><p>utilizando-se das mais desenvolvidas a fim de tornar a</p><p>intervenção mais completa possível; eliminação de fatores</p><p>inibitórios que possam bloquear a estimulação programada</p><p>(PERUZZOLO; COSTA, 2015, p.7).</p><p>Estratégias que promovam em sala de aula atividades que desenvolvam</p><p>o Sistema nervoso central, por meio de estímulos externos, a fim de facilitar as</p><p>sinapses como o uso de jogos e de músicas em sala de aula, que estimulem</p><p>várias funções mentais, frisando que atividades</p><p>prazerosas, lúdicas e</p><p>desafiadoras também fortalecem as sinapses.</p><p>Existem ainda alguns empasses no que concerne a uma boa interlocução</p><p>entre os campos que integram a neuroeducação, ou seja, as neurociências e a</p><p>educação, e um dos problemas que impedem a comunicação das distintas áreas</p><p>é a linguagem utilizada por ambas Seixas (2014, p. 51) afirma, “enquanto que a</p><p>teoria e os dados da educação se referem à esfera comportamental, os dados e</p><p>a teoria das neurociências assumem diferentes características, condicionadas</p><p>pela própria natureza do sistema nervoso (elétrica, química, espacial, temporal,</p><p>etc.)”.</p><p>Por fim, tem se visto cada vez mais a necessidade de renovação das</p><p>práticas pedagógicas, pesquisas e mais pesquisas revelando a dificuldade de</p><p>46</p><p>aprendizagem dos alunos. Educadores que frequentemente tem resultados</p><p>negativos em relação as suas práticas em sala, o que se constata imprescindível</p><p>conhecer o funcionamento cerebral normal, para que assim seja possível</p><p>entender o que está acontecendo com o cérebro lesado, assim como,</p><p>aperfeiçoar as técnicas para com o cérebro saudável, observando as formas e o</p><p>momento mais pertinente de estimulação.</p><p>Dentro de todo o contexto mencionado ressalta-se a importância do</p><p>respeito da singularidade de cada indivíduo, sua respectiva forma de aprender,</p><p>levando em consideração suas condições neuroanatômicas, fisiológicas,</p><p>emocionas e cognitivas, que indicarão o melhor e mais adequado caminho a ser</p><p>trilhado, o que permite ver o indivíduo ali presente como único, e que mesmo</p><p>com uma dinâmica de funcionamento diferente, seu aprendizado se faz possível</p><p>com formas alternativas e mais adequadas de abordagem.</p><p>Sendo assim, percebe-se que a neuroeducação pode trazer variadas</p><p>contribuições para educação, por exemplo: a formulação e aplicação de</p><p>programas educacionais como a implementação de atividades e demais projetos</p><p>de intervenção mais efetivos, na medida em que se demonstram mais focais e</p><p>interventivos naquilo em que se propõem; provisões para indivíduos com</p><p>necessidades educacionais especiais de natureza física e/ou sensorial,</p><p>oferecendo possibilidades de intervenções precoces que visem o</p><p>desenvolvimento pleno das capacidades cognitivas e emocionais; orientações e</p><p>entendimento do papel da alimentação no sucesso educacional, orientando</p><p>como uma nutrição adequada aumenta o potencial de nossa capacidade</p><p>cognitiva, e como uma inadequada traz limitações e até prejuízos cognitivos;</p><p>esclarecimento quanto aos neuromitos disseminados pela mídia e demais meios</p><p>de comunicação, que são equívocos quanto aos conhecimentos das</p><p>neurociências, informações errôneas que infelizmente ainda circulam</p><p>constantemente dentro da sociedade e frequentemente no próprio âmbito</p><p>educacional; prescrições para indivíduos com necessidades educacionais</p><p>especiais de natureza comportamental e/ou emocional e a investigação inicial</p><p>47</p><p>para apontar problemas de aprendizagem; a apreensão de técnicas de</p><p>reforçamento para alunos “difíceis de lidar”, cuja aprendizagem se faz</p><p>comprometida; o entendimento dos processos motivacionais envolvidos dentro</p><p>do ensino-aprendizagem, o que está diretamente ligado a liberação de</p><p>neurotransmissores, a sistemas específicos como o de recompensa e límbico e</p><p>regiões hipocampais.</p><p>O surgimento deste campo de conhecimento traz consigo um leque</p><p>imenso de possibilidades, principalmente quando se fala em educação inclusiva,</p><p>e que por vezes não é tão inclusiva quanto se fala. Não se trata de afirmar que</p><p>tudo estará “salvo” a partir disso, mas é o começo de um novo tempo em que</p><p>caminhos alternativos poderão ser tomados com base científica de efetividade,</p><p>crianças que possuem empasses em sua constituição cognitiva poderão ter as</p><p>chances de alcançar níveis intelectuais que até então não era possível se</p><p>chegar, segundo Cosenza e Guerra (2011, p.139):</p><p>As neurociências não propõem uma nova pedagogia e nem</p><p>prometem solução para as dificuldades da aprendizagem, mas</p><p>ajudam a fundamentar a prática pedagógica que já se realiza</p><p>com sucesso e orientam ideias para intervenções,</p><p>demonstrando que estratégias de ensino que respeitam a forma</p><p>como o cérebro funciona tendem a ser mais eficientes.</p><p>Algumas pesquisas afirmam sobre uma grande receptividade por parte</p><p>dos educadores quanto a inserção dos conhecimentos neurocientíficos, e a</p><p>implementação de suas intervenções, no entanto é necessária uma estruturação</p><p>mais concreta para que estas práticas sejam inseridas desde a formação do</p><p>educador, onde o mesmo será capaz de considerar o aluno em sua</p><p>individualidade, percebendo suas dificuldades, a causa delas e como agir sobre</p><p>elas. Neste sentido Cosenza (2011, p. 136) aponta que:</p><p>Os avanços das neurociências possibilitam uma abordagem</p><p>mais científica do processo ensino-aprendizagem,</p><p>fundamentada na compreensão dos processos cognitivos</p><p>envolvidos. Devemos ser cautelosos, ainda que otimistas em</p><p>relação às contribuições recíprocas entre neurociências e</p><p>educação[...]descobertas em neurociências não autorizam sua</p><p>48</p><p>aplicação direta e imediata no contexto escolar, pois é preciso</p><p>lembrar que o conhecimento neurocientífico contribui com</p><p>apenas parte do contexto em que ocorre a aprendizagem.</p><p>Embora ele seja muito importante, é mais um fator em uma</p><p>conjuntura cultural bem mais ampla.</p><p>Ainda se sabe que o caminho para a perfeição está longe, e talvez nunca</p><p>chegue, mas o essencial é a persistência e engajamento para que “voos”</p><p>maiores sejam alcançados.</p><p>A principal finalidade da Educação é o pleno desenvolvimento</p><p>do ser humano em sua dimensão social. Define-se como sendo</p><p>o veículo das culturas e dos valores, como construção de um</p><p>espaço de socialização e consolidador de um projeto comum. A</p><p>educação tem como missão permitir a todos, sem exceção, a</p><p>frutificação dos talentos e da capacidade de criação, o que</p><p>implica a responsabilização individual por si mesmo e a</p><p>realização de seu próprio projeto pessoal (DELORS, 1996, apud</p><p>ZABALA & ARNAU,</p><p>2010, p.60).</p><p>Diante de tudo o que foi mencionado, abraçar as possibilidades de avanço</p><p>é fundamental para que a educação na contemporaneidade se torne cada</p><p>vez mais produtiva e digna de orgulho na sociedade.</p><p>EDUCAÇÃO PSICOMOTORA</p><p>A função motora está presente desde a concepção e durante toda a vida</p><p>do ser humano. O movimento é a manifestação fundamental de desenvolvimento</p><p>do homem e possibilita o relacionamento com o mundo e com os demais. O</p><p>homem não nasce pronto, assim como seu corpo, ambos se constroem na sua</p><p>relação com o outro.</p><p>A psicomotricidade tem o objetivo de trabalhar o indivíduo com toda sua</p><p>história de vida: social, política e econômica. Essa história se retrata no seu</p><p>corpo. Trabalha, também, o afeto e o desafeto do corpo, desenvolve o seu</p><p>aspecto comunicativo, dando-lhe a possibilidade de dominá-lo, economizar sua</p><p>energia, de pensar seus gestos, a fim de trabalhar a estética de aperfeiçoar o</p><p>seu equilíbrio. Psicomotricidade é o corpo em movimento, considerando o ser</p><p>em sua totalidade. Engloba várias outras áreas: educacionais, pedagógicas e de</p><p>saúde, por ter o homem como objeto de estudo (ALVES, 2007).</p><p>49</p><p>É importante ressaltar que a educação psicomotora, baseada na</p><p>psicomotricidade, é uma técnica pedagógica necessária a toda a criança, seja</p><p>ela normal ou deficiente, e está hoje incorporada nas correntes atuais da</p><p>psicopedagogia (VAYER, 1982).</p><p>Nessa perspectiva a educação se faz em três campos de igual importância</p><p>para a formação de um adulto saudável, ajustado e produtivo: o cognitivo, o</p><p>psicomotor e o afetivo. Destes é o psicomotor que permite mais precocemente a</p><p>aplicação de uma educação formal.</p><p>A educação psicomotora, antes de ser um método definitivo é um</p><p>instrumental no contesto educativo, para questionar os problemas da educação</p><p>da criança pequena, de uma forma mais</p><p>ampla.</p><p>Rocha tece considerações sobre a base da emoção e da afetividade,</p><p>psicologia e psicomotricidade acrescentando:</p><p>A psicologia é uma ciência que tem como objeto de estudo</p><p>o comportamento humano. Tal comportamento poderá ser</p><p>determinado por sua emoção, desencadeando assim um ato</p><p>motor voluntário. Assim podemos perceber a importância da</p><p>interferência do psicológico nos movimentos motores, que</p><p>poderão ser considerados adequados ou inadequados aos olhos</p><p>da psicomotricidade (2007, p.52).</p><p>Na percepção da referida autora, a psicomotricidade é uma ciência que</p><p>tem por objetivo o estudo da relação entre o pensamento e a ação, envolvendo</p><p>a emoção, atende a todas as áreas que trabalham com o corpo e com a mente</p><p>do ser humano.</p><p>Os elementos básicos ou “pré-requisitos”, condições mínimas necessárias</p><p>para uma boa aprendizagem constituem a estrutura da educação psicomotora.</p><p>O ser humano se desenvolve através da evolução autogenética de vários</p><p>aspectos: físico-motor, afetivo-social e cognitivo-intelectual.</p><p>Piaget (1987), estudando as estruturas cognitivas, descreve a importância</p><p>do período sensório motor e da motricidade, principalmente antes da aquisição</p><p>50</p><p>da linguagem, no desenvolvimento da inteligência. O desenvolvimento mental se</p><p>constrói paulatinamente: é uma equilibração progressiva, uma passagem</p><p>contínua de um estado de menor equilíbrio para ele, significa uma compensação,</p><p>uma atividade, uma resposta ao sujeito, frente às perturbações exteriores ou</p><p>interiores. Quando dizemos que houve o máximo de equilíbrio, devemos</p><p>entender que houve o máximo de atividades compensatórias.</p><p>Para Capon (1987), o equilíbrio se aprende pelo desequilíbrio. Colocada</p><p>em situação de desequilíbrio, a criança ajusta seu centro de gravidade para obter</p><p>equilíbrio total.</p><p>O equilíbrio envolve quatro sentidos: táctil, cinestésico, visual e vestibular.</p><p>Pode ser continuamente melhorado, fazendo as crianças realizarem diversas</p><p>atividades de equilíbrio diferente, ou seja, progressivamente mais difíceis. As</p><p>atividades devem estar em uma ordem de progressão constante. Cada nova</p><p>habilidade se baseia em uma habilidade anterior.</p><p>Ainda segundo o autor, acima citado, o método principal da educação</p><p>motora é o da exploração e solução de problemas em resposta a um desafio</p><p>verbal. Os desafios verbais estimulam o desenvolvimento da linguagem,</p><p>pensamento e criatividade no planejamento de movimentos corporais básicos.</p><p>Cada desafio comporta variações criativas pela criança e, portanto, permite a</p><p>qualquer criança algum grau de sucesso. É de responsabilidade do professor</p><p>cuidar para que a criança experimente o sucesso e sentimentos de realização ao</p><p>resolver os problemas de percepção motora apresentados pelo desafio verbal.</p><p>A educação psicomotora é indispensável nas aprendizagens escolares, e</p><p>por esta razão deve ser proposta desde a escola maternal e não pode ser</p><p>desprezado durante a primeira série. Ajuda a criança a organizar-se, propicia-lhe</p><p>melhores possibilidades de resolver atividades educativas, propostas como</p><p>exercícios de análise, lógica, relações etc.</p><p>É pela psicomotricidade e pela visão que a criança</p><p>descobre o mundo dos objetos, e é manipulando-os que ela</p><p>51</p><p>redescobre o mundo: porém esta descoberta a partir dos objetos</p><p>só será verdadeiramente frutífera quando a criança for capaz de</p><p>segurar e de largar, quando ela tiver adquirido a noção de</p><p>distância entre ela e o objeto que ela manipula, quando o objeto</p><p>não fizer mais parte de sua simples atividade corporal</p><p>indiferenciada (OLIVEIRA, 1997, p.34).</p><p>Psicomotricidade é, portanto, a relação entre pensamento e a ação, e</p><p>envolve, também, as emoções.</p><p>Considerando a educação psicomotora uma modalidade educativa global</p><p>e necessária a toda criança, vê-se a importância das atividades físicas. Através</p><p>delas se busca educar o movimento, ao mesmo tempo em que se desenvolvem</p><p>as funções da inteligência.</p><p>Alguns autores que se dedicam ao estudo do assunto, tais como: Vayer</p><p>(1982), Le Boulch (1982), entre outros, entendem que a educação psicomotora</p><p>antes de ser um método definitivo é um instrumento no contexto educativo, para</p><p>questionar os problemas da educação da criança pequena, de uma forma mais</p><p>ampla.</p><p>O desenvolvimento psicomotor se processa de acordo com</p><p>a maturação do sistema nervoso central, assim a ação do brincar</p><p>não deve ser considerada vazia e abstrata, pois é dessa forma</p><p>que a criança capacita o organismo a responder aos estímulos</p><p>oferecidos pelo ato de brincar, manipular a situação será uma</p><p>maneira eficiente da criança ordenar os pensamentos e elaborar</p><p>atos motores adequados a requisição (VELASCO, 1996, p.27).</p><p>Em diferentes práticas pedagógicas observa-se que o uso dos jogos na</p><p>Educação Infantil quase sempre se fundamenta nos estudos sobre seu papel no</p><p>desenvolvimento infantil. Talvez este fato já possa ser considerado suficiente</p><p>para justificar a importância da atividade lúdica na aprendizagem, como recurso</p><p>psicopedagógico. Como diz Santos</p><p>A escola pode ensinar a psicopedagogia cuidar dos</p><p>problemas de aprendizagem, a psicologia pode resolver</p><p>problemas emocionais, a família pode educar, mas há a</p><p>necessidade de se preservar um espaço para a criatividade, para</p><p>a vida afetiva, para o cultivo da sensibilidade; um espaço para</p><p>nutrição da alma deste ser humano criança que preserve sua</p><p>52</p><p>integridade, através do exercício do respeito à sua condição de</p><p>ser em formação (2000, p.21).</p><p>É preciso valorizar a ação da criança que brinca, é preciso transcender o</p><p>visível e pressentir a seriedade do fenômeno.</p><p>O lúdico estimula e desenvolve a socialização, que influi diretamente no</p><p>aspecto sócio afetivo, daí sua importância na sala de aula.</p><p>Dentro desta perspectiva, teremos o brinquedo sendo utilizado como</p><p>lúdico e como educativo. Conforme afirma Kishimoto,</p><p>Os brinquedos são sempre suportes de brincadeiras, sua</p><p>utilização deveria criar momentos lúdicos de livre exploração,</p><p>nos quais prevalece a incerteza do ato e não se buscam</p><p>resultados. Porém, se os mesmos objetos servem como auxiliar</p><p>da ação docente buscam-se resultados em relação à</p><p>aprendizagem de conceitos e noções ou, mesmo, ao</p><p>desenvolvimento de algumas habilidades. Neste caso, o objeto</p><p>conhecido como brinquedo não realiza sua função lúdica, deixa</p><p>de ser brinquedo para se tornar material pedagógico (1998,</p><p>p.14).</p><p>Acredita-se que o jogo dentro da expectativa lúdica ou educativa, pode</p><p>em momentos diferentes, exercer ambas as funções, talvez neste contexto</p><p>esteja sua inserção na prática pedagógica em sala de aula, visto que as crianças</p><p>enquanto seres vivos dotados de movimentos necessitam de espaço na escola,</p><p>que lhe dê satisfação e prazer, mesmo quando isso não for sinônimo de</p><p>ludicidade.</p><p>Cabe ao professor tornar a sala de aula um espaço de vida, de alegria,</p><p>de curiosidade e criatividade, através do diálogo, do desafio, da problematização,</p><p>soluções e produção.</p><p>Aprender brincando é realidade quando a escola constrói este conceito e</p><p>o vivência no cotidiano, levando em conta os demais elementos que compõem o</p><p>universo escolar. A inserção do lúdico é uma relação à pedagogia da imposição</p><p>resgatando o prazer. Como afirma Huizinga:</p><p>53</p><p>[...] é, eu gostaria que nossos currículos fossem parecidos</p><p>com a Banda, que faz todo mundo marchar, sem mandar,</p><p>simplesmente por falar as coisas do amor. Gostaria que eles se</p><p>organizassem nas linhas do prazer: que fossem as coisas belas,</p><p>que ensinassem física com as estrelas, pipas, os piões e as</p><p>bolinhas de gude, a Química com a culinária, a Biologia com as</p><p>ostras e os aquários [...] (1999, p.24).</p><p>É no brincar, e somente no brincar, que a criança pode ser criativa e utilizar</p><p>sua personalidade integral: é somente sendo criativa que a criança descobre o</p><p>eu.</p><p>Como comenta Santos “O brincar é um ato indispensável à saúde</p><p>física,</p><p>emocional e intelectual do indivíduo, sempre esteve presente em qualquer povo</p><p>desde os mais remotos tempos. Através dele a criança desenvolve a linguagem,</p><p>o pensamento, a socialização, a iniciativa e autoestima” (2000, p.135).</p><p>O lúdico e o brincar no desenvolvimento da aprendizagem incluem o jogo</p><p>como fator importante no processo da psicomotricidade e na psicopedagogia</p><p>escolar.</p><p>A esse respeito Civita (1978) tece algumas considerações afirmando que</p><p>com o tempo, acredita-se que os jogos passaram, também, a assumir uma</p><p>função educativa, auxiliando no desenvolvimento de habilidades, sejam elas</p><p>mentais ou físicas.</p><p>Entre as várias funções, os jogos sempre foram</p><p>instrumentos de ensino e aprendizado e, também uma forma de</p><p>linguagem usada para a transmissão das conquistas da</p><p>sociedade em vários campos do conhecimento. Ao ensinarem</p><p>um jogo, os membros mais velhos de um grupo transmitiam, e</p><p>ainda transmite aos jovens e às crianças uma série de</p><p>conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural do grupo.</p><p>Ou seja, ao ensinarem um jogo, estão ensinando a própria vida</p><p>(CIVITA, 1978, p. introdução).</p><p>Por meio de jogo e brincadeiras, uma criança aprende a cultivar os</p><p>valores, costumes e crenças da cultura a qual pertence e é desse modo que ela</p><p>54</p><p>se prepara para a vida e amadurece para tornar-se um adulto em seu meio</p><p>social.</p><p>Para Mello (1989) o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, onde</p><p>o real e a fantasia se encontram, podendo possuir características competitivas,</p><p>ocorrendo num espaço físico e de tempo determinados, sendo as regras</p><p>estabelecidas e aceitas pelo grupo de participantes, e envolvem em geral,</p><p>habilidades físicas, desempenho intelectual e sorte muitas vezes.</p><p>Entende-se que o jogo é uma maneira correta da criança buscar e</p><p>construir seus próprios conhecimentos, de forma recreativa, mas plenamente</p><p>objetiva e resultante, principalmente pelas características socializadoras, onde a</p><p>criança procura sempre adaptar-se as dificuldades proporcionadas pelo jogo,</p><p>superando-as, e consequentemente, solidificando a sua autoconfiança.</p><p>O início da formação das memórias se dá na fase conhecida por</p><p>aquisição e que consiste na chegada das informações aos sistemas sensoriais</p><p>(visual, tátil, auditivo, olfativo e gustativo) na forma de estímulos. Os dados que</p><p>chegam ao cérebro são, então, processados em diferentes regiões e resultam</p><p>em memórias. Assim, o homem constrói sua história, por meio dos</p><p>conhecimentos vividos, adquiridos e experimentados, pela memória (ALVES,</p><p>2007).</p><p>Nesta concepção do desenvolvimento da pessoa, a inteligência ocupa</p><p>lugar de meio, de instrumento colocado à disposição da ampliação daquela (LA</p><p>TAILLE, 1992).</p><p>Construindo-se mutuamente, sujeito e objeto, afetividade e inteligência</p><p>alteram-se na predominância do consumo de energia psicogenética. Na primeira</p><p>etapa corresponde ao primeiro ano de vida, dominam as relações emocionais</p><p>com o ambiente e o acabamento da embriogênese: trata-se nitidamente de uma</p><p>fase de construção do sujeito, onde o trabalho cognitivo está latente e ainda</p><p>indiferenciado da atividade afetiva.</p><p>55</p><p>Ele consiste essencialmente na percepção das condições sensório-</p><p>motoras, que permitirão, ao longo do segundo ano de vida, a exploração intensa</p><p>e sistemática do ambiente. De acordo com La Taille, já citado, este sim, será o</p><p>momento em que a inteligência poderá dedicar-se a construção da realidade,</p><p>tendo obtido uma certa diferenciação tornar-se-á aquilo que Walon chamou de</p><p>inteligência prática ou das situações, e cuja extrema visibilidade a tornou tão bem</p><p>conhecida com o nome de sensório-motora.</p><p>A psicomotricidade é o controle mental sobre a expressão motora.</p><p>Objetiva obter uma organização em que pode atender de forma consciente e</p><p>constante as necessidades do corpo. Esse tipo de educação é justificado quando</p><p>qualquer defeito localiza o indivíduo à margem das normas mentais, fisiológicas,</p><p>neurológicas ou afetivas. É também, a percepção de um estímulo, interpretação</p><p>deste e elaboração de uma resposta adequada (SKINNER, 1978).</p><p>A psicomotricidade é a ciência da educação que educa o movimento, ao</p><p>mesmo tempo em que põem em jogo as funções da inteligência. A partir desta</p><p>posição pode-se ver a relação intrínseca das funções motoras cognitivas e que,</p><p>também pela atividade encaminha o movimento. Movimento é o deslocamento</p><p>de qualquer objeto e na psicomotricidade o importante não é o movimento do</p><p>corpo como o de qualquer outro objeto é na ação corporal em si, a unidade bio-</p><p>psicomotora em ação.</p><p>A psicomotricidade está associada à afetividade e personalidade, porque</p><p>o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que sente, e uma pessoa com</p><p>problemas motores passa a ter problemas de expressão.</p><p>O professor frequentemente tem valorizado a inteligência, esquecendo-</p><p>se de que ela é apenas um elemento entre vários que asseguram o sucesso e a</p><p>integração da criança ao meio ambiente.</p><p>Souza (1969) considera a inteligência como sendo a capacidade para</p><p>inferir relações, raciocinar e formular generalizações, abstraindo conceitos.</p><p>56</p><p>Outros acrescentam ainda esta capacidade a de encontrar soluções também no</p><p>campo social.</p><p>Porém, o importante para o professor é saber como se manifesta a</p><p>inteligência na criança, pois em psicopedagogia todo trabalho é orientado para a</p><p>adaptação do indivíduo a vida e, consequentemente, para levá-lo a uma atuação</p><p>correta na sociedade. Nessa perspectiva a inteligência nada mais é do que um</p><p>elemento na determinação dos valores de cada um. Borges referindo-se ao</p><p>desenvolvimento da criança e os objetivos da educação pré-escolar acrescenta:</p><p>O principal objetivo da educação é criar homens capazes</p><p>de fazer coisas novas e não repetir, simplesmente, o que as</p><p>outras gerações fizeram – homens criativos, inventivos e</p><p>descobridores. O segundo objetivo da educação é formar</p><p>espíritos capazes de criticar, de verificar e de não aceitar tudo o</p><p>que se lhes propõe (2002, p.109).</p><p>Nesse sentido, a educação desde a pré-escola deve primar pelo</p><p>desenvolvimento, na criança, de uma personalidade autônoma, tanto no domínio</p><p>intelectual como no domínio sócio afetivo. Na relação de aprendizagem, o</p><p>intelectual e o afetivo são indissociáveis.</p><p>REFERENCIAS</p><p>BARTOSZECK, A. B.; BARTOSZECK, F. K. Percepção do professor</p><p>sobre neurociência aplicada à educação. 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Gostaríamos também que</p><p>tivessem iniciativa, levantassem idéias, problemas e questões</p><p>6</p><p>interessantes e colocassem e relação umas com as outras</p><p>(1991, p.26).</p><p>ÁREAS DO CONHECIMENTO</p><p>Dentro da proposta pedagógica, as áreas de conhecimento são</p><p>compreendidas e trabalhadas de forma interdisciplinar, de forma que seja criado</p><p>um espaço onde haja uma integração dos cuidados com a educação. Podemos,</p><p>por exemplo, buscar explicações e fundamentação nas ciências naturais e</p><p>sociais para modificar práticas diárias ligadas à saúde, higiene e alimentação. As</p><p>áreas de conhecimentos, nesta proposta, ficam assim divididas:</p><p>linguagem, ciências naturais e pensamento lógico matemático. Neste</p><p>artigo, enfoca-se especificamente o aspecto da linguagem, pois quando a</p><p>criança desenvolve a linguagem ela adquire o desenvolvimento motor.</p><p>As crianças aprendem e se expressam no mundo através das vivências</p><p>corporais, das experiências rítmicas, gestuais e sonoras. Essas ideias e</p><p>impressões não são inatas, mas sim construídas nas interações com o seu meio</p><p>sociocultural (MISHNE, 1999).</p><p>Para Alves (2007) a linguagem é todo o sistema de signos que serve como</p><p>meio de comunicação entre indivíduos, e que pode ser percebido pelos órgãos</p><p>dos sentidos. Cada povo, em cada época, teve uma linguagem característica,</p><p>própria sua. A comunicação pode ser dada por meio de gestos, de movimentos,</p><p>de olhares, de sons, da expressão de emoção, do silêncio, da fala, do meio de</p><p>expressão da linguagem interior e, por meio dela, da aquisição da leitura e da</p><p>escrita.</p><p>A linguagem, como aspecto do processo evolutivo do indivíduo, está</p><p>diretamente ligada aos desenvolvimentos: neurológico, da inteligência, da</p><p>afetividade, da motricidade e da socialização. Na aprendizagem da linguagem,</p><p>devem ser considerados os níveis de maturação, as experiências anteriores, a</p><p>motivação, as diferenças individuais e a socialização das crianças.</p><p>7</p><p>A aquisição da linguagem desempenha um papel decisivo na</p><p>compreensão do mundo e na transmissão de valores pessoais e culturais. A</p><p>criança utiliza o código da linguagem para formular seus sentimentos e</p><p>pensamentos a fim de transmitir e receber informações. A qualidade deste</p><p>aprendizado vai depender do meio em que está inserida, de seus contatos</p><p>sociais, de sua exercitação e treino.</p><p>Ainda segundo Alves (2007), a linguagem permite a afirmação do eu em</p><p>relação ao outro. Possibilita a formação da consciência social, assegurando aos</p><p>membros da comunidade sua adaptação à realidade exterior, particularmente</p><p>pelo uso da língua.</p><p>De acordo com Mishne (1999) a linguagem escrita aparece como</p><p>predominante em relação às outras em nosso meio. A criança tenta reproduzir</p><p>um comportamento sociocultural, imitando o ato de escrever, a autora afirma</p><p>ainda que é através do jogo simbólico, do jogo dramático e do teatro que todas</p><p>as linguagens se entrelaçam.</p><p>CIÊNCIAS</p><p>As ciências naturais e sociais servem para que a criança passe a</p><p>confrontar o que já sabe – o conhecimento espontâneo – com a forma de</p><p>conhecimento sistemático, estabelecendo relações entre os fenômenos que se</p><p>mostram no seu meio, reconstruindo e dando um novo significado a eles.</p><p>O trabalho com as ciências se dá basicamente a partir da observação,</p><p>manipulação e experimentação de diferentes materiais e situações. Temáticas</p><p>sociais podem ser trabalhadas desde a infância, colocando a criança frente às</p><p>situações de degradação ambiental, por exemplo, o que permite superar uma</p><p>visão antropocêntrica.</p><p>O trabalho com as ciências sociais permite que a criança questione e</p><p>desvende as contradições sociais presentes no seu meio. Porém, para isto o</p><p>8</p><p>educador deve possuir uma postura indagativa, colocando-se a disposição para</p><p>ouvir de forma atenta as teorias explicativas das crianças.</p><p>PENSAMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO</p><p>O pensamento lógico-matemático é formado a partir da relação que a</p><p>pessoa estabelece com o outro. É necessário que as crianças interajam, social</p><p>e intelectualmente, com outras crianças e com os adultos para descentrarem e</p><p>coordenar diferentes pontos de vista.</p><p>A ação da criança, que inicialmente se apóia na percepção, vai aos</p><p>poucos se organizando e formando a sua vida mental.</p><p>O papel do educador é incentivar as crianças a mostrar suas hipóteses,</p><p>percebendo em suas ações a lógica usada, problematizando os eventos e</p><p>desafiando-a a continuar. É fundamental que ele planeje previamente atividades</p><p>dentro do contesto e que sejam significativas no mundo infantil.</p><p>A FORMAÇÃO E TRABALHO DO PSICOPEDAGOGO</p><p>A formação do Psicopedagogo se dá por meio da integração da teoria e</p><p>da prática, através de um processo dialético, possibilitando a aquisição de um</p><p>perfil de atuação que integre os conhecimentos teóricos a uma mudança de</p><p>postura profissional, que o instrumentaliza para a atuação tanto clínica quanto</p><p>institucional, também da multidisciplinaridade que envolve o trabalho</p><p>psicopedagógico.</p><p>Como é sabido, a psicopedagogia surgiu da inquietação e insatisfação de</p><p>profissionais que tratavam das dificuldades de aprendizagem e da compreensão</p><p>dos múltiplos aspectos que envolvem o processo de aprender, de ensinar, de</p><p>interagir e de construir o conhecimento humano. O desempenho dos alunos</p><p>remete-nos diretamente à necessidade de se considerarem aspectos relativos à</p><p>formação do professor.</p><p>9</p><p>Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, além de uma formação</p><p>consistente é preciso um investimento educativo contínuo e sistemático para que</p><p>o professor se desenvolva como profissional de educação. O conteúdo e a</p><p>metodologia para essa formação precisam ser revistos para que haja</p><p>possibilidade de melhoria do ensino. A formação não pode ser tratada como um</p><p>acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um processo reflexivo e crítico</p><p>sobre a prática educativa. Investir no desenvolvimento profissional dos</p><p>professores é também intervir em suas reais condições de trabalho (BRASIL,</p><p>1997).</p><p>De um modo geral o estudo sobre aprendizagem é feito na disciplina</p><p>Psicologia Educacional, cujo conteúdo abarca: Teorias do Desenvolvimento,</p><p>Teorias de Aprendizagem, Metodologia de Pesquisa nessa área; Aspectos e</p><p>Condições de Aprendizagem; Experiências pedagógicas de diferentes enfoques.</p><p>A Psicologia Educacional propicia, assim, conhecimentos teóricos e informa</p><p>sobre aplicações das teorias em pesquisa ou ensino, porém deixa a descoberta</p><p>do processo de aprendizagem do aluno em sala de aula.</p><p>Na prática, o professor utiliza os conhecimentos adquiridos em Psicologia</p><p>Educacional, para fundamentar seu plano de aula e sua didática. Esse</p><p>procedimento subentende de um lado uma identificação do ensino com a</p><p>aprendizagem, isto é, acredita-se que ao fornecer condições de ensino já está</p><p>ocorrendo a aprendizagem. De outro lado, fica implícita a noção de que o</p><p>aprender decorre linearmente do ensinar. Dissocia-se assim o plano de aula do</p><p>contexto humano das relações de classe, sem considerar, portanto, que há dois</p><p>lados envolvidos: o do ser que ensina e o do que é ensinado, o daquele que</p><p>propicia condições de aprendizagem e o daquele que aprende (MASINI, 1993).</p><p>Para a referida autora, o preparo para lidar com o processo de</p><p>aprendizagem e as possíveis dificuldades que venham a ocorrer constitui, pois</p><p>em lacunas na formação do professor. Essas lacunas são as que requerem a</p><p>10</p><p>presença da psicopedagogia e delineiam uma função que tem estado descoberta</p><p>na escola.</p><p>A concepção de prática pedagógica é outro pressuposto da formação de</p><p>professores, uma vez que a dinâmica da escola, em grande parte, é fruto de sua</p><p>atuação. Podemos defini-la como uma prática social específica de caráter</p><p>histórico e cultural. Ela vai além da prática docente, de atividades didáticas</p><p>dentro da sala de aula, abrangendo os diferentes aspectos do projeto</p><p>pedagógico</p><p>da escola e as relações desta com a comunidade e a sociedade.</p><p>A instituição educativa, em suas diferentes modalidades - creche, pré-</p><p>escola, escola de 1º, 2º e 3º graus -, cumpre um papel central na sociedade: o</p><p>de mediadora no processo de inserção da criança e do adolescente na cultura.</p><p>Para isso é necessário que ela se estruture e se instrumentalize de forma a</p><p>responder às exigências propostas por este objetivo, tão amplo e complexo. Um</p><p>dos aspectos principais dessa estruturação diz respeito à formação e</p><p>qualificação de equipes de trabalho, capazes de desenvolver projetos</p><p>pedagógicos compatíveis com a natureza e os objetivos dessa instituição. Nesse</p><p>processo o psicopedagogo depara-se como uma das mais difíceis e instigantes</p><p>de suas funções na instituição educativa: a de orientar e coordenar a formação</p><p>e o funcionamento da equipe de trabalho, considerando o contexto institucional.</p><p>Cabe ressaltar que</p><p>A psicopedagogia implica também, uma metodologia</p><p>específica de trabalho. Essa metodologia precisa levar em conta,</p><p>necessariamente o contexto em que se encontra a ação</p><p>pedagógica: família, escola, comunidade. No caso da instituição</p><p>de educação infantil, é preciso levar em conta não apenas as</p><p>características dos educadores e da própria instituição (SISTO,</p><p>1996, p.209).</p><p>Esta particularidade do trabalho psicopedagógico em instituições obriga</p><p>o psicopedagogo a situar-se numa perspectiva interdisciplinar, para poder</p><p>compreender os problemas que se apresentam. Obriga-o, também, a integrar-se</p><p>11</p><p>num trabalho de equipe, no qual seu papel define-se em íntima sintonia com os</p><p>demais membros da equipe, exigindo, na maior parte das vezes, um trabalho de</p><p>articulação e coordenação de papeis.</p><p>Outra dimensão significativa do trabalho psicopedagógico na instituição</p><p>de educação infantil é o seu caráter preventivo. Na perspectiva preventiva,</p><p>pensar a escola à luz da psicopedagogia “implica nos debruçarmos,</p><p>especialmente, sobre a formação do professor” (BOSSA, 1994).</p><p>Desta forma, a busca de alternativas para a formação dos educadores de</p><p>creches/pré-escolas é uma das tarefas mais importantes do psicopedagogo</p><p>preocupado com o caráter preventivo de sua prática nessas instituições.</p><p>Investigar, analisar e por em prática novas propostas para uma formação de</p><p>educadores que os habilite a estabelecer relações mais maduras e conscientes</p><p>com as crianças e com a equipe escolar apresenta-se, então, como um dos mais</p><p>fortes desafios ao psicopedagogo comprometido com a educação infantil em</p><p>instituições.</p><p>12</p><p>PARTE 2 ASPECTOS FONOUAUDIOLOGICOS</p><p>ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NAS ESCOLAS</p><p>A escola sempre foi campo fértil para a Fonoaudiologia. Quando</p><p>pensamos em atuação fonoaudiológica no ambiente escolar, não conseguimos</p><p>pensar em um profissional especialista, pois somente alguém com uma visão</p><p>generalista, porém profunda, da Fonoaudiologia, pode atuar com tão diferentes</p><p>demandas. É na escola que o profissional fonoaudiólogo se depara com todas</p><p>as áreas de competência da ciência fonoaudiológica, ou seja, comunicação oral</p><p>e escrita, voz, fala, audição e outras. Ali ele pode realizar trabalhos de prevenção,</p><p>de detecção de problemas fonoaudiológicos que interferem no processo de</p><p>ensino-aprendizagem, pode realizar orientações, encaminhamentos, pesquisa e</p><p>outras ações inerentes à sua atuação.</p><p>Neste capítulo abordaremos questões práticas e legais que abrangem o</p><p>tema, apontando as possibilidades de atuação para fonoaudiólogos que</p><p>possuem interesse em trabalhar neste campo: a escola.</p><p>FONOAUDIOLOGIA E PSICOPEDAGOGIA</p><p>Um assunto que é recorrente no meio fonoaudiológico atualmente,</p><p>principalmente em nível dos Conselhos, é a atuação do psicopedagogo.</p><p>De início era uma especialização, cursada com a finalidade de</p><p>aprimoramento profissional por quem está envolvido com o processo de ensino</p><p>aprendizagem (fonoaudiólogos, psicólogos e pedagogos).</p><p>Hoje, está na iminência de ser aprovada a Lei que regulamenta a profissão</p><p>de psicopedagogo no Brasil. O projeto de lei 3.512/08, que tramita nas Casas</p><p>Legislativas em Brasília, prevê que o psicopedagogo poderá exercer atividades</p><p>no que se refere à pesquisa, prevenção, diagnóstico e intervenção relacionados</p><p>aos problemas de aprendizagem. Quando lemos o projeto de lei, que está</p><p>13</p><p>disponível em www.camara.gov.br, verificamos que o texto é muito similar ao da</p><p>Lei 6965, que reconheceu a Fonoaudiologia como profissão em 1981. Desta</p><p>forma, é de se supor, que caberia ao profissional fonoaudiólogo atuar na</p><p>prevenção, avaliação, diagnóstico e tratamento dos problemas de linguagem</p><p>escrita, conforme descreve o artigo 4 da referida Lei.</p><p>O que aconteceu?</p><p>Por quê há necessidade do reconhecimento de uma outra profissão para</p><p>atuar onde já existem profissionais habilitados e com competência para tal?</p><p>Tentando responder a este questionamento e visando subsidiar as ações</p><p>do Conselho Federal de Fonoaudiologia no que se refere ao PL 3512/08, o CRFa</p><p>3a encaminhou a todos os fonoaudiólogos dos estados do Paraná e Santa</p><p>Catarina, uma correspondência solicitando dados acerca de sua atuação</p><p>profissional. Foram postados 2.802 ofícios, sendo que até abril de 2009, data</p><p>limite para o envio dos dados ao Federal, retornaram ao Conselho 781 respostas,</p><p>ou seja, 27% da amostra. Destes respondentes, 26 (3,3%) fonoaudiólogos</p><p>informaram possuir especialização em psicopedagogia; 8 (1%) informaram atuar</p><p>no ensino superior e 16 (2%) informaram atuar na área de leitura/escrita.</p><p>Concluiu-se que estes dados são importantes, na medida em que</p><p>demonstram o pouco envolvimento do profissional fonoaudiólogo na área escolar</p><p>ou da linguagem escrita, o que acarreta uma grande procura da comunidade por</p><p>profissionais especializados em psicopedagogia.</p><p>É possível reverter este quadro, basta o fonoaudiólogo compreender que</p><p>a área escolar necessita da sua atuação profissional, e se apresentar como</p><p>aquele que é competente para atuar nas questões que dizem respeito à saúde</p><p>dos agentes escolares.</p><p>14</p><p>DIAGNÓSTICOS FONOAUDIOLÓGICOS DOS DISTÚRBIOS DE</p><p>LEITURA E ESCRITA</p><p>Na literatura sobre aprendizagem, muito se tem discutido sobre distúrbio</p><p>versus dificuldade de aprendizagem, ficando claro que não são sinônimos. Falar</p><p>de dificuldade de aprendizagem tornou-se fato comum tanto nas escolas como</p><p>nas clínicas de acompanhamento fonoaudiológico e psicopedagógico. O número</p><p>de nomenclaturas para explicar porque uma criança não aprende é crescente e,</p><p>termos como distúrbios, desordens, déficits, entre tantos outros, são facilmente</p><p>utilizados.</p><p>As dificuldades de aprendizagem constituem, talvez, área das mais</p><p>difíceis de conceituar. Há muitas teorias, modelos e definições para esclarecer</p><p>esse problema. De acordo com ide (2002) o termo “dificuldades de</p><p>aprendizagem” começou a ser usado mais freqüentemente no século passado,</p><p>década de 60, para descrever uma série de incapacidades relacionadas com o</p><p>insucesso escolar, as quais não tinham uma causa definida. A mesma autora</p><p>ainda ressalta que o aparecimento deste termo surgiu para justificar aos</p><p>educadores e pais a convicção de que algumas crianças possuíam problemas</p><p>em relação à aprendizagem e tais problemas não poderiam ser enquadrados nas</p><p>classificações já existentes. Porém, não havia consenso quanto à sua</p><p>conceituação, etiologia, prevalência e aos tipos de intervenção apropriados.</p><p>No Brasil, foi Lefèvre (1975) que introduziu o termo distúrbio de</p><p>aprendizagem como sendo:</p><p>“Síndrome que se refere à criança de inteligência próxima à média, média ou</p><p>superior à média, com problemas de aprendizagem e/ou certos distúrbios do</p><p>comportamento de grau leve a severo, associados a discretos desvios de funcionamento</p><p>do Sistema Nervoso Central (SNC), que podem ser caracterizados por várias</p><p>combinações de déficit na percepção, conceituação, linguagem, memória, atenção</p><p>e na</p><p>função motora”.</p><p>15</p><p>Atualmente, nos defrontamos com dois termos para o diagnóstico</p><p>fonoaudiológico com relação às questões que envolvem a leitura e a escrita: o</p><p>primeiro, Dificuldade Aprendizagem e o segundo, Distúrbio de Aprendizagem.</p><p>Entretanto, do que falamos especificamente. Cabe aqui, esclarecer a diferença</p><p>básica entre dificuldade e distúrbio, que segundo o dicionário Aurélio da Língua</p><p>Portuguesa quer dizer:</p><p>“Dificuldades - s.f. Qualidade do que é difícil. / Impedimento, obstáculo. /</p><p>Apuro, aperto.”</p><p>“Distúrbios - s.m. Agitação tumultuosa. / Desinteligência, desunião. /</p><p>Inquietude, agitação produzida por emoção. / Anomalia funcional de um órgão</p><p>ou de um sistema. / &151; S.m. pl. Sublevação popular; rebelião.”</p><p>AS DIFICULDADES E DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM</p><p>A partir da definição acima, fica claro que o termo Distúrbio, está mais</p><p>próximo de um diagnóstico fonoaudiológico. Porém, a confusão terminológica,</p><p>ainda é latente entre os profissionais da área. Esta confusão aumenta, quando</p><p>incluímos no rol de diagnóstico fonoaudiológico o termo Dislexia. Capellini et al.</p><p>(2008) destacam os estudos de Johnson, Myklebust (1967), Rebello (1993),</p><p>Fonseca (1995), Ciasca e Rossini (2000) e Guerra (2002), os quais relatam que</p><p>o distúrbio de aprendizagem não deve ser utilizado como sinônimo de dificuldade</p><p>de aprendizagem, sendo a dificuldade um termo mais global com causas</p><p>envolvendo questões como: conteúdo pedagógico, ao professor, aos métodos</p><p>de ensino, ao ambiente físico e social da escola. Já o Distúrbio está relacionado</p><p>a um grupo de dificuldades que são mais específicas e pontuais, caracterizada</p><p>pela presença de uma disfunção neurológica.</p><p>De acordo com Capellini et al. (2008), o diagnóstico dos problemas</p><p>relacionados à aprendizagem, exige do fonoaudiólogo um conhecimento</p><p>detalhado dos aspectos biológicos, sociais e educacionais, pois existe um</p><p>número significativo de escolares com problemas no aprendizado não sendo</p><p>16</p><p>necessariamente um transtorno específico como por exemplo, a Dislexia ou o</p><p>Distúrbio de Aprendizagem.</p><p>Collares e Moysés (1992 e 1993) referem que o uso do termo Distúrbio de</p><p>Aprendizagem está sendo utilizado pelos professores de uma forma</p><p>indiscriminada, e que este fato é preocupante, pois mostra uma tendência à</p><p>patologização da aprendizagem.</p><p>Neste mesmo contexto, Saravali (2005) destaca que, embora a própria</p><p>definição do termo dificuldades de aprendizagem seja conceitualmente ainda</p><p>confusa com uma grande variabilidade entre os autores, é importante ressaltar</p><p>que normalmente a culpados recai, na grande maioria das vezes, no próprio</p><p>aprendiz. Ou seja, independentemente de qualquer fato ou histórico do aluno, é</p><p>ele que deve procurar mudar, se adequando aos métodos e técnicas do</p><p>professor.</p><p>Ainda tentando conceituar os termos dificuldade e distúrbio, Jardini (2003)</p><p>define que o termo “dificuldade” está mais relacionado aos problemas de ordem</p><p>psicopedagógica e/ou sócio-culturais, ou seja, o problema não está somente no</p><p>aprendiz. A autora destaca que problemas como baixo desempenho escolar por</p><p>falta de interesse, inadequação metodológica não pode ser considerados como</p><p>patológicos. Já, o termo “Distúrbio” ou Transtorno de Aprendizagem” está</p><p>relacionado aos problemas intrínsicos do aprendiz, como na presença de</p><p>comprometimentos neurológicos.</p><p>Ciasca e Rossini (2000) defendem que a dificuldade de aprendizagem é</p><p>um déficit específico da atividade acadêmica, enquanto o distúrbio de</p><p>aprendizagem é uma disfunção intrínseca da criança relacionada aos fatores</p><p>neurológicos.</p><p>Com base no exposto acima, delimitamos a área do diagnóstico</p><p>fonoaudiológico entre Dificuldade de Aprendizagem e Distúrbio de</p><p>Aprendizagem. Doravante, este capítulo tem como objetivo tratar</p><p>17</p><p>especificamente dos Distúrbios de Aprendizagem ligados à Leitura e Escrita, com</p><p>especial destaque para a Dislexia.</p><p>Jardini (2003) define que o Distúrbio de Aprendizagem é um termo</p><p>genérico para caracterizar as alterações de leitura e escrita, podendo apresentar-</p><p>se de muitas formas, como: Distúrbio do Déficit de Atenção e Hiperatividade,</p><p>Distúrbios da Escrita como a Disgrafia, Distúrbios do Comportamento, limítrofes</p><p>ou deficiência mental leve e Dislexia.</p><p>Entretanto, Zorzi (2004) postula que o Distúrbio de Aprendizagem afeta o</p><p>modo pelo qual crianças com inteligência média, ou acima da média, recebem,</p><p>processam ou expressam informações e que se mantém por toda a vida. Isto</p><p>prejudica a habilidade para aprender habilidades básicas em leitura, escrita ou</p><p>matemática. Já, Capellini et al. (2008) asseveram que a função cognitiva pode</p><p>ou não estar alterada, ou seja, o déficit cognitivo pode fazer parte do quadro dos</p><p>Distúrbios de Aprendizagem.</p><p>Zorzi (2004) destaca ainda, o que o Distúrbio de Aprendizagem não é:</p><p>• Déficit de atenção, tal como o Transtorno do Déficit de Atenção/</p><p>Hiperatividade (TDAH). Podem ocorrer ao mesmo tempo, porém não são a</p><p>mesma coisa;</p><p>• Deficiência ou retardo mental, autismo, deficiência auditiva ou visual,</p><p>distúrbio emocional ou o processo normal de aquisição de uma segunda</p><p>língua;</p><p>• Problemas de aprendizagem desencadeados por falta de oportunidade</p><p>educacional, falhas no ensino de habilidades básicas ou qualquer outro fator</p><p>extrínseco à aprendizagem.</p><p>A seguir, relacionaremos as principais características do Distúrbio de</p><p>Aprendizagem na visão de Zorzi (2004):</p><p>Definição</p><p>Modo pelo qual crianças com inteligência média, ou acima da média,</p><p>recebem, processam ou expressam informações e que se mantém por toda a</p><p>18</p><p>vida. Isto prejudica a habilidade para aprender habilidades básicas em leitura,</p><p>escrita ou matemática.</p><p>Características</p><p>Fase pré-escolar</p><p> Atraso de aquisição da linguagem;</p><p> Dificuldades na utilização de palavras adequadas</p><p>ao contexto;</p><p> Dificuldades para nomeação rápida dentro da mesma</p><p>categoria;</p><p> Dificuldades com rimas;</p><p> Dificuldades na aprendizagem do alfabeto;</p><p> Comportamento agitado e distraído;</p><p> Dificuldades para seguir ordens e rotinas.</p><p>Fase escolar inicial</p><p> Dificuldades em aprender a relação fonema/grafema;</p><p> Dificuldades na sintetização dos sons e formação de palavras;</p><p> Presença de erros consistentes de leitura e de ortografia;</p><p> Dificuldades para relembrar sequências e para dizer as horas</p><p> Lentidão para aprender novas habilidades</p><p> Dificuldades em termos de planejamento</p><p>Ainda de acordo com o mesmo autor, encontram-se incluídas nas</p><p>categorias dos Distúrbios de Aprendizagem, as Dislexias denominadas também,</p><p>como distúrbios específicos da linguagem escrita: “... dificuldades significativas</p><p>na aquisição e uso de habilidades para... ler, escrever...” (Joint Comittee of</p><p>Learning Disabilities).</p><p>Neste sentido, o autor explica que existem tentativas de diferenciar os</p><p>Distúrbios de Aprendizagem dos Distúrbios específicos da leitura e da escrita, ou</p><p>19</p><p>Dislexias. Um dos critérios estabelecidos para realizar tal distinção é o histórico</p><p>da criança, como por exemplo: quando surgiu o problema (antes da</p><p>escolarização ou só na fase escolar), perfil comunicativo (presença de atraso de</p><p>linguagem ou distúrbio fonológico).</p><p>Zorzi (2004) reúne os estudos de Giacheti (2002) e Cappellini e Salgado,</p><p>(2003) para diferenciar os Distúrbios de Aprendizagem do Distúrbio específico</p><p>da leitura e da escrita, ou Dislexia. Estas características para o diagnóstico</p><p>diferencial estão dispostas a seguir:</p><p>Distúrbio de Aprendizagem</p><p> Problemática mais específica, associada à presença de uma</p><p>disfunção neurológica.</p><p> Apresenta integridade cognitiva (ZORZI, 2004) / Função cognitiva</p><p>pode ou não estar alterada (CAPELLINI et al., 2008).</p><p> Histórico de atraso de linguagem anterior à escolarização e</p><p>presença de Distúrbio fonológico;</p><p> Falhas em habilidades sintáticas, semânticas e pragmáticas;</p><p> Comprometimento da habilidade de narrar</p><p>fatos ou contar e</p><p>recontar histórias;</p><p> Falhas nas funções receptivas e ou expressivas;</p><p> Alteração no processamento de informações auditivas e visuais;</p><p> Histórico de comprometimento do desenvolvimento da</p><p>aprendizagem desde os primeiros anos de vida, manifestando-se</p><p>principalmente na linguagem;</p><p> As dificuldades antecedentes á alfabetização, irão afetar</p><p>diretamente o aprendizado da leitura, da escrita e da aritmética,</p><p>podendo comprometer o desempenho acadêmico como um todo;</p><p> Dificuldades nas relações espaço temporais;</p><p> Problemas na aquisição de estratégias para aprender;</p><p> Falta de organização e utilização de funções metacognitivas.</p><p>20</p><p>Dislexia</p><p>O processo de desenvolvimento inicial da criança não revela alterações.</p><p>Dificuldades significativas começarão a surgir no aprendizado da leitura e</p><p>escrita, no início do processo de alfabetização.</p><p> Apresenta integridade cognitiva.</p><p> Dificuldades na correspondência fonema/grafema;</p><p> Nível de leitura abaixo da média para a escolaridade;</p><p> Ausência de problemas neurológicos, cognitivos, sensoriais,</p><p>emocionais e educacionais primários que possam justificar as</p><p>dificuldades;</p><p> Preservação das habilidades orais para narração de fatos,</p><p>vocabulário e organização da sintaxe;</p><p>Entretanto, há prejuízo das habilidades fonológicas,</p><p>elaboração de narrativas;</p><p>A função expressiva e o processamento de informações podem</p><p>apresentar comprometimentos como os observados nos distúrbios de</p><p>aprendizagem.</p><p>Divergências na nomenclatura</p><p>Acerca dessa questão, podemos observar uma divergência de opiniões</p><p>entre os autores. No início deste capítulo, teorizamos sobre a conceituação dos</p><p>termos dificuldade e distúrbio. Chegamos a um consenso de que o distúrbio está</p><p>relacionado a problemas intrínsecos à criança. Agora temos um novo impasse.</p><p>O que podemos considerar um distúrbio de aprendizagem? Se os problemas</p><p>secundários ao TDAH em relação à escolarização não podem ser considerados</p><p>como tal, então de que maneira vamos classificar os problemas escolares</p><p>21</p><p>encontrados nessas crianças? E no caso de limitações cognitivas leves ou</p><p>limítrofes?</p><p>É evidente que essas crianças não podem ser enquadradas no rol das</p><p>Dificuldades de Aprendizagem. Agindo assim, estaríamos na contra-mão do que</p><p>foi discutido anteriormente, pois as dificuldades acadêmicas apresentadas por</p><p>essas crianças (TDAH, limítrofes, distúrbios de comportamento) são decorrentes</p><p>de fatores intrínsecos e não extrínsecos, como: conteúdo pedagógico</p><p>inadequado, professor despreparado, métodos de ensino, ambiente físico e</p><p>social da escola, entre outros importantes aspectos externos, mas alheios à</p><p>natureza da criança. Entretanto, e apesar de algumas ressalvas, concordamos</p><p>com a distinção feita por Zorzi (2004) no que o autor refere como de Distúrbio de</p><p>Aprendizagem e Dislexia. É preciso ter cuidado no diagnóstico. Porém, além da</p><p>lacuna na nomenclatura dessa distinção, também não há uma concordância em</p><p>relação à questão cognitiva nos Distúrbios de Aprendizagem, já que Zorzi (2004)</p><p>defende que essas crianças apresentam inteligência na média ou até acima dela,</p><p>e Capellini et al. (2008), asseveram que tal função pode ou não estar alterada.</p><p>Seguindo no mesmo tema, Cavadas (2003) faz a distinção entre Dislexia</p><p>(Distúrbio específico de leitura) e Distúrbio de Leitura e Escrita (DLE), sugerindo</p><p>as mesmas características apresentadas por Zorzi (2004) só que com outro</p><p>nome. Para a autora, Dislexia é um transtorno específico e DLE um transtorno</p><p>global.</p><p>O que Zorzi (2004) considera como Distúrbio de aprendizagem, Cavadas</p><p>(2003) denominou um Distúrbio de Leitura e Escrita (DLE). Neste sentido,</p><p>ressaltamos o conceito de DLE dado por Santos e Navas (2002):</p><p>“Embora a manifestação seja mais evidente durante o aprendizado da leitura e</p><p>da escrita, alguns sinais de dificuldades mais amplas de linguagem podem</p><p>aparecer já nos anos pré-escolares, como vocabulário pobre, uso inadequado da</p><p>gramática e problemas no processamento fonológico. Nas séries iniciais da</p><p>escolaridade, além dificuldades em reconhecer palavras e compreender a leitura,</p><p>22</p><p>podem demonstrar problemas de compreensão auditiva e de discurso, assim</p><p>como na produção de narrativa” (Santos & Navas, 2002).</p><p>Portanto, parece mais esclarecedor para nortear tanto a avaliação, quanto</p><p>o diagnóstico fonoaudiológico, a divisão citada por Jardini (2003), que separa os</p><p>Distúrbios de Aprendizagem de acordo com sua patologia primária, e usar a</p><p>nomenclatura proposta por cavadas (2003), fazendo a distinção entre Dislexia e</p><p>DLE.</p><p>É oportuno observar, no quadro abaixo, o breve resumo das principais</p><p>características de cada patologia descritas por Jardini (2003):</p><p>1. Distúrbio do Déficit de Atenção e Hiperatividade</p><p>Patologia de etiologia neuroquímica, mais comumente conhecida como</p><p>hiperatividade ou disfunção cerebral mínima. Inteligência normal, dificuldades de</p><p>leitura e escrita não são consistentes, apesar de comprometer a continuidade</p><p>escolar. Quanto aos sintomas, são quatro tipos definidos:</p><p>Tipo desatento – negligência em detalhes, erros por falta de cuidado,</p><p>dificuldade em manter a atenção, dificuldades na organização ou tarefas que</p><p>exigem esforço mental, distraídos;</p><p>Tipo hiperativo/impulsivo – bastante agitado desde pequeno, dificuldade</p><p>em manter-se quieto ou assistir TV, muito falante, mas sem conseguir manter o</p><p>tópico, sem dar continuidade ao assunto. Hiperativa no pensamento e na ação;</p><p>Tipo combinado – apresenta os dois critérios apresentados nos</p><p>anteriores;</p><p>Tipo específico – apresenta apenas algumas características, porém em</p><p>número insuficiente para um diagnóstico definido. Entretanto, esses sintomas</p><p>causam prejuízo à sua vida escolar.</p><p>2. Distúrbios da escrita</p><p>23</p><p>Distúrbios neurológicos que afetam especificamente a produção da</p><p>escrita e podem aparecer de maneira isolada ou combinados a outras patologias.</p><p>O tipo mais conhecido é a Disgrafia. Apresenta letra irregular e ininteligível,</p><p>dificuldades com a lateralidade, orientação espacial e alterações na</p><p>coordenação motora fina, porém, sem prejuízo da função cognitiva.</p><p>3. Distúrbios do Comportamento</p><p>Distúrbios emocionais que podem ou não estarem associados a</p><p>alterações neurológicas, apresentados em diferentes fases do processo de</p><p>aprendizagem. Comportamento perturbado em consequência de uma disfunção</p><p>cerebral, muitas vezes neuroquímica. Podem apresentar de forma inconstante</p><p>os seguintes sinais: agressividade, apatia, desinteresse, flutuação do humor,</p><p>inconstância no aprendizado, agitação, trocas de letras na escrita de forma</p><p>aleatória, confusão de sentimentos, períodos de extrema afetividade alternados</p><p>com choros sem causa aparente. Causam muita perturbação familiar, e neste</p><p>caso é imprescindível uma avaliação com o psicólogo e psiquiatra. São crianças</p><p>de inteligência normal ou rebaixada, quando o distúrbio estiver associado à</p><p>alterações neurológicas.</p><p>4. Limítrofes ou deficiência mental leve</p><p>Distúrbios neurológicos associados ao aspecto cognitivo, sequelas de</p><p>uma patologia já definida. Apresenta como principais características: raciocínio</p><p>lento e impreciso de maneira global, falhas de atenção e concentração, atraso</p><p>ou alterações na fala, contaminações de ideias e vocabulário não compatível</p><p>com sua idade cronológica. A inteligência está levemente abaixo do normal com</p><p>limitações em cálculos e lógica.</p><p>5. Dislexia</p><p>24</p><p>“Alterações resultantes de limitações sensoriais discretas ou de anomalias</p><p>na organização dinâmica dos circuitos cerebrais responsáveis pela coordenação</p><p>visuo-audiomotora. Os indivíduos acometidos são portadores de diferenças de</p><p>aprendizagem específicas, não se tratando de uma patologia e sim de um modo</p><p>diferente de pensar, não uma incapacidade.” (SMYTLE, 2000 apud JARDINI,</p><p>2003). Trata-se de um distúrbio de origem neurológica congênita e hereditária,</p><p>com prevalência para o sexo masculino. Apresenta em seu quadro clínico os</p><p>seguintes fatores: eletroencefalograma normal, exame neurológico normal,</p><p>tomografia computadorizada encefálica normal, possíveis atrasos ou alterações</p><p>de fala, dificuldades de aprendizagem, acuidade auditiva e visual normal,</p><p>alterações de Processamento Auditivo Central, PETSCAN alterado, ressonância</p><p>nuclear magnética por imagem com volumes cerebrais homogêneos, ausência</p><p>de assimetria cerebral e inteligência normal ou acima da média.</p><p>A dislexia: sem medo do diagnóstico</p><p>Seguindo a divisão feita por Jardini (2003), a Dislexia faz parte do grupo</p><p>de Distúrbios de aprendizagem, com características próprias e peculiares e que</p><p>pode também ser chamada de Distúrbio específico da leitura e da escrita.</p><p>De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD) a Dislexia é</p><p>definida como “um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita</p><p>e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Pesquisas</p><p>realizadas em vários países mostram que entre 05% e 17% da população mundial é</p><p>disléxica.”</p><p>Segundo a ABD, e ao contrário do que uma grande maioria pensa, a</p><p>dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação,</p><p>condição socioeconômica ou baixa inteligência. Trata-se de uma condição</p><p>hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão</p><p>neurológico.</p><p>É importante ressaltar que a pessoas são disléxicas e não estão</p><p>disléxicas, esta é uma condição natural, pessoas nascem disléxicas ou não-</p><p>disléxicas, e assim permanecem por toda a vida.</p><p>25</p><p>Capellini e Navas (2008) ressaltam a importância da investigação familial.</p><p>De acordo com as autoras a Dislexia é decorrente de uma herança familiar e</p><p>hereditária, colocando a história familial como um dos mais importantes fatores</p><p>na identificação da Dislexia.</p><p>Seguindo este critério, a possibilidade de detecção precoce do risco para</p><p>a Dislexia aumentaria, e com isso as escolas poderiam adotar medidas</p><p>preventivas, as quais minimizariam os problemas relacionados à aprendizagem</p><p>nessas crianças.</p><p>Normalmente, o diagnóstico de Dislexia é dado por volta dos 8 a 9 anos</p><p>de idade, quando a criança já passou pelo período de alfabetização. Entretanto,</p><p>sabemos que determinados métodos de alfabetização não são indicados para</p><p>crianças com Dislexia, contribuindo para aumentar uma dificuldade já existente.</p><p>Os primeiros anos escolares são os mais importantes para o desenvolvimento</p><p>da autoestima da criança e o favorecimento de um bom ambiente escolar.</p><p>Capovilla (s/d) ressalta que o fator ambiental que influencia a dislexia é o</p><p>tipo de instruções para a alfabetização que a criança recebe. Para a autora são</p><p>dois os métodos de alfabetização especialmente indicados para os indivíduos</p><p>disléxicos: o método multissensorial e o método fônico. Capovilla (s/d) refere que</p><p>o método multissensorial é mais indicado para crianças mais velhas, aquelas que</p><p>já possuem histórico de fracasso escolar, e o método fônico é indicado para</p><p>crianças mais jovens e deve ser introduzido logo no início da alfabetização.</p><p>É muito difícil encontrar uma criança iniciante do processo ensino/</p><p>aprendizagem que não goste da escola. Com raras exceções, o ambiente escolar</p><p>é o sonho da maioria das crianças, em que o brincar e aprender estão sempre</p><p>juntos. Desta forma, o desenvolvimento de práticas pedagógicas adequadas ao</p><p>disléxico, ou melhor dizendo, ao grupo de risco para a Dislexia favoreceriam a</p><p>aquisição da leitura e escrita nas séries iniciais. O sistema escolar atual é</p><p>desenvolvido para a maioria, que é não disléxica. Os disléxicos ficam à margem</p><p>de um sistema educacional que os exclui e os aprisiona.</p><p>26</p><p>Um outro aspecto que deve ser evidenciado com relação ao diagnóstico</p><p>da Dislexia é o fato de que é dado por exclusão. Os fatores que são exclusivos</p><p>no diagnóstico do disléxico são os seguintes: presença de integridade cognitiva</p><p>normal ou até superior, presença de integridade auditiva e visual, métodos de</p><p>alfabetização adequados, ter acesso à escolarização ou qualquer outra causa</p><p>que não seja intrínseca à criança. Portanto, apesar de o aluno ter todas as</p><p>condições necessárias para aprender ainda falha em adquirir a leitura e a escrita,</p><p>aí estamos com um possível quadro de Dislexia.</p><p>Capellini et al. (2008) asseveram que, pelo fato de o diagnóstico da</p><p>Dislexia ser realizado por exclusão, é indispensável a participação de uma</p><p>equipe multidisciplinar, e que, o fonoaudiólogo é parte fundamental desta equipe.</p><p>Os autores ainda referem que houve aumento no número de escolares com</p><p>problemas de aprendizagem devido às falhas no processo de alfabetização, e</p><p>que o diagnóstico deve ser dado com cuidado.</p><p>Algumas considerações sobre a política educacional</p><p>brasileira</p><p>Analisando o exposto acima, sem a intenção de patologizar, porém, se</p><p>considerarmos a realidade educacional brasileira podemos falhar no diagnóstico</p><p>por exclusão. Principalmente se o escolar for de um nível socioeconômico</p><p>desfavorável. Não é mais suficiente apenas o conhecimento do que é patológico</p><p>em comparação aos dados de aquisição normal. É necessário tomar</p><p>conhecimento das Políticas Públicas Educacionais e a sua relação com</p><p>Fonoaudiologia.</p><p>De acordo Zorzi (2003), estima-se que 40% dos alunos brasileiros estão</p><p>tendo dificuldades de aprendizagem, e os demais estudantes estão</p><p>apresentando baixo rendimento escolar. Em 2003, os resultados do Programa</p><p>Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) demonstram fraca atuação dos</p><p>estudantes brasileiros em leitura.</p><p>27</p><p>De acordo com os dados divulgados pelo Sistema Nacional de Avaliação</p><p>da Educação Básica (SAEB), 55% dos estudantes de 4ª série e 23% dos de 8ª</p><p>série apresentam rendimento baixo de aproveitamento em Língua Portuguesa.</p><p>Com a possibilidade de maior acesso ao Ensino Fundamental alguns</p><p>problemas da educação brasileira tornaram-se mais evidentes, sobretudo, os</p><p>relativos à alfabetização. De acordo com Charlot (2005, p.77) é comum o</p><p>professor justificar o fracasso escolar a vários fatores, menos ao trabalho</p><p>pedagógico.</p><p>De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Educação com</p><p>relação à revisão dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação</p><p>Básica (IDEB) em 2008, apenas 2% das escolas (1.188) mudaram de conceito.</p><p>Entre os municípios, 59 dos 5.553 que participaram da avaliação alteraram sua</p><p>posição. Desses, 17 ficaram com IDEB mais baixo do que antes. Ou seja,</p><p>estamos diante de um verdadeiro caos educacional.</p><p>Bernadete Gatti (2008) apresentou durante a Semana da Educação, os</p><p>dados de uma pesquisa sobre formação inicial dos professores encomendada</p><p>pela Fundação Victor Civita. Os resultados foram alarmantes. A pesquisa</p><p>analisou os currículos e ementas dos cursos brasileiros de Licenciatura em</p><p>Pedagogia, Letras, Ciências Biológicas e Matemática, verificou a ausência de</p><p>foco na capacitação dos futuros docentes. A conclusão da pesquisadora foi que</p><p>os nossos professores saem de instrumentalizados.</p><p>Diante do quadro educacional apresentado, como diagnosticar uma criança</p><p>com Dislexia? Não podemos considerar a Dislexia como um distúrbio de elite.</p><p>Como já foi falado anteriormente, estima-se que no Brasil cerca de 40%</p><p>dos estudantes sofrem algum tipo de dificuldade ou distúrbio de aprendizagem.</p><p>De acordo com a ABD, a Dislexia é a de maior incidência merecendo uma</p><p>atenção especial dos gestores de política educacional, pois segundo a (ABD) de</p><p>10 a 15%da população brasileira sofre com o distúrbio de aprendizagem.</p><p>28</p><p>Portanto, os educadores devem ficar atentos com os alunos que apresentam</p><p>qualquer sinal de dificuldade acadêmica.</p><p>Quanto mais cedo identificar o problema, menor será o prejuízo escolar.</p><p>Segundo a Associação Brasileira de Dislexia, uma das medidas mais indicadas</p><p>após a identificação do problema de rendimento</p><p>escolar, os quais podem ser</p><p>percebidos na escola ou até mesmo em casa, a criança deve ser encaminhada</p><p>a um serviço especializado. Reforça ainda, a importância da avaliação</p><p>multidisciplinar e de exclusão antes de concluir diagnóstico da Dislexia.</p><p>Uma das formas de tentar amenizar tal situação seria identificar as</p><p>crianças de risco já na pré-escola, oportunizando assim o método de</p><p>alfabetização adequado, neste caso, o fônico. Este trabalho de identificação do</p><p>risco pode ser realizado pela professora, desde que ela esteja orientada por um</p><p>profissional habilitado, neste caso o fonoaudiólogo, para a realização do</p><p>procedimento. O primeiro passo é a realização de uma anamnese, com o objetivo</p><p>de levantar fatores de risco para a aprendizagem, e especificamente no caso da</p><p>Dislexia, o histórico familiar.</p><p>O diagnóstico precoce é imprescindível para a continuidade escolar das</p><p>crianças disléxicas. Reconhecer as características é o primeiro passo para evitar</p><p>o fracasso escolar, que poderá levar ao desinteresse pela escola e a tudo o que</p><p>está em torno dela, chegando a desenvolver um medo extremo em relação às</p><p>tarefas que exijam a leitura e a escrita. Qualquer criança que apresente uma</p><p>dificuldade escolar, independentemente de sua origem, necessita de</p><p>acompanhamento educacional diferenciado para que possam desenvolver suas</p><p>habilidades, e quanto mais cedo for detectado o problema, melhores serão os</p><p>resultados.</p><p>Este acompanhamento educacional diferenciado é amparado por lei. De</p><p>acordo com a Resolução CNE/CEB nº 2/2001, de 11 de setembro de 2001, que</p><p>institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, o</p><p>29</p><p>disléxico é considerado um aluno com necessidades especiais, e como tal, têm</p><p>seu direito garantido e deve ser respeitado.</p><p>Pensando nisto, reunimos uma série de informações sobre os riscos de</p><p>uma criança disléxica e elaboramos um protocolo para sondagem da Dislexia.</p><p>Este material está no anexo 1, pode ser utilizado tanto por fonoaudiólogos como</p><p>por professores, pois o objetivo é a identificação de grupos de risco para Dislexia,</p><p>ou até mesmo para outros Distúrbios de Aprendizagem.</p><p>Finalizando, o fonoaudiólogo deve estar atento às políticas nacionais de</p><p>educação, para que possa compreender melhor os Distúrbios de Aprendizagem</p><p>e assim conduzir com maior propriedade sua prática clínica.</p><p>ALTERAÇÕES VOCAIS NO ALUNO</p><p>Falamos anteriormente das alterações vocais do professor, mas não é</p><p>somente esse que apresenta patologias vocais na escola. Os crescentes casos</p><p>de crianças e adolescentes nos consultórios otorrinolaringológicos e</p><p>fonoaudiológicos denuncia o excesso de ruído nas escolas. A competição sonora</p><p>entre alunos, entre alunos e professores e entre alunos, professores e os ruídos</p><p>externos só faz aumentar os casos de disfonias nesta faixa etária.</p><p>A competição sonora é um hábito que frequentemente causa alterações</p><p>vocais. É comum a tentativa de manter a conversação em ambientes ruidosos e</p><p>com isso aumentar a intensidade vocal.</p><p>No ambiente escolar, as crianças intercalam momentos de grande euforia,</p><p>como no recreio ou educação física e diálogos sussurrados ou cochichados,</p><p>onde um esforço maior que o necessário é realizado.</p><p>Entre as principais causas das disfonias infantis, temos os abusos vocais</p><p>causando distúrbios laríngeos, quadros sistêmicos, deficiência auditiva,</p><p>distúrbios neurológicos e causas hormonais.</p><p>30</p><p>Segundo PINHO (2001), a incidência de nódulos vocais na infância é</p><p>maior entre os cinco e dez anos de idade, e mais frequentemente no sexo</p><p>masculino.</p><p>O aumento das brincadeiras agressivas, que são típicas dessa idade,</p><p>justifica esse dado. Além disso, as crianças que apresentam disfonia, na maioria</p><p>dos casos são mais agitadas, líderes e muitas vezes agressivas e ansiosas. Em</p><p>contrapartida temos as crianças tímidas que por terem uma comunicação contida</p><p>também desenvolvem a disfonia.</p><p>Partindo do ponto que rouquidão nunca é normal, precisamos avaliar em</p><p>nossa rotina fonoaudiológica, do consultório ou da fonoaudiologia escolar os</p><p>aspectos fisiológicos, acústicos e psicológicos da voz.</p><p>No ambiente escolar o termo saúde vocal mostra-se adequado para o</p><p>trabalho preventivo. Segundo BEHLAU & (2001), este é um conceito que engloba</p><p>vários aspectos, tais como: voz limpa e clara, emitida sem esforço e agradável</p><p>ao ouvinte. Além disso, uma voz apresenta-se saudável quando o indivíduo</p><p>consegue variá-la em qualidade, frequência intensidade e modulação, de acordo</p><p>com o ambiente, a situação e o contexto da comunicação.</p><p>Observa-se nessa faixa-etária, que quando a professora tem uma</p><p>intensidade vocal aumentada, como consequência seus alunos também falam</p><p>mais alto. Esse ciclo vicioso se repete diariamente até que o mau hábito se</p><p>instala.</p><p>De acordo com o metabolismo de cada indivíduo tem-se uma resistência</p><p>vocal diferenciada. Por esse motivo alguns alunos podem apresentar patologias</p><p>vocais, enquanto outros não, mesmo estando no mesmo ambiente e possuindo</p><p>hábitos parecidos.</p><p>O trabalho de saúde vocal deve iniciar na educação infantil, onde os</p><p>hábitos são internalizados com maior facilidade. Esta é uma área de atuação da</p><p>31</p><p>fonoaudiologia. A resolução do CFFa, nº 309 de 1 de abril de 2009 regulamenta</p><p>que:</p><p>Art. 1º - Cabe ao fonoaudiólogo, desenvolver ações, em parceria com os</p><p>educadores, que contribuam para a promoção, aprimoramento, e prevenção de</p><p>alterações dos aspectos relacionados à audição, linguagem (oral e escrita),</p><p>motricidade oral e voz e que favoreçam e otimizem o processo de ensino e</p><p>aprendizagem, o que poderá ser feito por meio de:</p><p>a) Capacitação e assessoria, podendo ser realizadas por meio de</p><p>b) esclarecimentos, palestras, orientação, estudo de casos entre outros; b)</p><p>Planejamento, desenvolvimento e execução de programas fonoaudiológicos;</p><p>c) Orientações quanto ao uso da linguagem, motricidade oral, audição e voz;</p><p>d) Observações e triagens fonoaudiológicas, com posterior devolutiva e</p><p>orientação aos pais, professores e equipe técnica, sendo esta realizada como</p><p>instrumento complementar e de auxílio para o levantamento e caracterização</p><p>do perfil da comunidade escolar e acompanhamento da efetividade das ações</p><p>realizadas e não como forma de captação de clientes.</p><p>e) Ações no ambiente que favoreçam as condições adequadas para o processo</p><p>de ensino e aprendizagem;</p><p>f) Contribuições na realização do planejamento e das práticas pedagógicas da</p><p>instituição.</p><p>O barulho excessivo e a competição sonora em uma escola de Educação</p><p>Infantil de Santa Catarina levantaram a necessidade de se intervir precocemente</p><p>na saúde vocal dos alunos e professores.</p><p>Num primeiro momento as educadoras receberam informações sobre</p><p>higiene vocal, como a importância da ingestão de água, alimentos favoráveis e</p><p>desfavoráveis e intensidade vocal. A importância do modelo saudável de voz</p><p>também foi enfatizada.</p><p>32</p><p>Em seguida foi a vez dos alunos receberem as orientações. Mostrou-se,</p><p>através de desenhos como funciona nosso aparelho fonador, a respiração, a</p><p>velocidade do ar no momento de um grito. Em seguida os pequenos também</p><p>puderam ver uma prega vocal já com alteração pelo excesso de esforço vocal.</p><p>Desenhos das pregas vocais foram realizados pelos alunos. Cada um desenhou</p><p>a prega vocal como achava que era a sua própria. Alguns já colocaram os “calos”,</p><p>dizendo que como gritavam muito a sua devia ser assim.</p><p>Os desenhos ficaram colados no mural da sala e todos os dias a</p><p>professora mostrava e perguntava como estava a voz de cada um. Quando as</p><p>crianças gritavam, ela referia o esforço que estavam fazendo e a consequência</p><p>disso.</p><p>A cada semana a fonoaudióloga perguntava como estava a saúde vocal</p><p>de cada sala e aos poucos os desenhos foram mudando. Inclusive o das</p><p>professoras. As pregas vocais estavam mais “saudáveis” e sem nódulos nos</p><p>desenhos expostos.</p><p>Esse trabalho</p><p>de conscientização não pode ser desenvolvido e desejado</p><p>a curto prazo. Deve-se levar em conta que o exemplo do adulto (professor ou</p><p>pais) é sempre o mais importante. Alterando o abuso vocal do adulto, estaremos</p><p>educando e impondo um novo modelo para os alunos.</p><p>Essa proposta também deve ser encaminhada, através de informativos ou</p><p>palestras, aos pais. Eles devem participar ativamente desta reeducação. O</p><p>modelo em casa não é menos importante do que o da escola.</p><p>Para PINHO (2001), a base de todo tratamento consiste na orientação</p><p>familiar alterando o comportamento dos pais em relação à criança. Este trabalho</p><p>conjunto, entre escola e família é que trará bons resultados a saúde vocal dos</p><p>pequenos.</p><p>As normas de higiene vocal são simples e fáceis de serem seguidas.</p><p>Alterações vocais apresentadas pelos alunos, persistindo por mais de quinze</p><p>33</p><p>dias, apresentando dor ao falar ou fadiga vocal devem ser investigadas. Quanto</p><p>mais precocemente for detectada alteração, maiores as chances de reabilitação</p><p>rápida.</p><p>Os resultados do trabalho na escola citada foram colhidos a longo prazo.</p><p>Todo início do ano, professoras e pais são orientados e ao longo deste, as</p><p>crianças vão recebendo orientações. É um trabalho contínuo, mas que trás um</p><p>ótimo resultado em nível preventivo. Hoje temos um ambiente mais saudável</p><p>acusticamente com menos problemas vocais entre professores e alunos.</p><p>OS DISTÚRBIOS DE COMPORTAMENTO NO RESPIRADOR</p><p>ORAL</p><p>Desde o nascimento até 6º mês de vida a respiração do bebê é</p><p>exclusivamente nasal, a língua é grande para a cavidade oral, ocupando quase</p><p>todo o espaço da boca, por este motivo ele respira pelo nariz. Durante o</p><p>aleitamento materno, a pressão do dorso da língua contra o palato duro</p><p>proporciona um vedamento, evitando que o ar passe para a via respiratória,</p><p>evitando o engasgo. Este mecanismo dificulta a respiração oral.</p><p>Se observarmos mais atentamente, hoje no nosso cotidiano encontramos</p><p>muitas pessoas, principalmente crianças, que são respiradores orais. Vários</p><p>fatores podem contribuir para esta alteração: desvio de septo, alimentação,</p><p>alergia, poluição atmosférica, estresse, hipertrofia das vegetações adenoidianas</p><p>e/ou das amígdalas, dentre outros.</p><p>A pessoa que respira pela boca apresenta alterações craniofaciais,</p><p>problemas oclusais, posturais e mau funcionamento do sistema</p><p>estomatognático.</p><p>Apresenta consequências como:</p><p> Insuficiência respiratória,</p><p> Falta de ar,</p><p>34</p><p> Indisposição nas atividades físicas,</p><p> Postura corporal inadequada,</p><p> Dor nas costas e na musculatura do pescoço,</p><p> Diminuição do olfato e do paladar, halitose,</p><p> Boca seca e aberta para conseguir respirar melhor,</p><p> Lábios ressecados e feridos,</p><p> Interposição lingual,</p><p> Baba noturna,</p><p> Acorda muito durante a noite,</p><p> Tem muito sono durante o dia porque dorme mal,</p><p> Olheiras,</p><p> Cansa-se facilmente,</p><p> Não consegue fixar atenção, tendo dificuldade em organizar a</p><p>informação recebida.</p><p>A mordida aberta anterior é uma alteração ortodôntica frequente nos</p><p>respiradores orais.</p><p>As crianças que apresentam problemas respiratórios graves, além das</p><p>questões biológicas, orgânicas, físicas e sociais, demonstram também</p><p>problemas pedagógicos associados como consequência da respiração oral.</p><p>Respirando bem, os níveis de oxigenação ficam mais elevados, facilitando</p><p>a aprendizagem. Então respirando mal, temos problemas na fala, diminuição de</p><p>audição e consequentemente prejuízo na aprendizagem, quando estes</p><p>problemas se transferem para a escrita. Apresenta problemas de fluência e</p><p>interpretação de texto, ansiedade e dificuldade em relatar suas experiências,</p><p>percebendo assim problemas no desenvolvimento de um modo geral.</p><p>Quando nos sentimos sufocados, reagimos com impulsividade,</p><p>ansiedade, agitação, cansaço, impaciência, desânimo, apresentando dificuldade</p><p>de atenção e concentração gerando problemas escolares. É assim que o</p><p>35</p><p>respirador oral se sente a maior parte do tempo, como não consegue dormir bem,</p><p>tem pesadelos, vai dormir tarde, levanta cedo cansado, não presta atenção nas</p><p>aulas, porque tem muito sono e fica agitado e inquieto, tornando um círculo</p><p>vicioso. Está sempre cansado, deprimido, demonstrando uma estreita relação</p><p>entre a respiração e o psicológico.</p><p>A criança respiradora oral apresenta enurese noturna e às vezes chega a</p><p>“cair da cama”. Geralmente suga o polegar, chupetas e a própria língua ou ainda</p><p>rói unhas (CARVALHO, 2003).</p><p>Os dois extremos referentes à alimentação são encontrados nos</p><p>respiradores orais: ou comem muito e ansiosamente e, em virtude disso, são</p><p>muito gordos, ou comem pouco, muito devagar e são magros (CARVALHO,</p><p>2003).</p><p>O cansaço provocado pela congestão nasal é um fator responsável pelo</p><p>baixo rendimento escolar e qualidade de vida, causando alterações</p><p>comportamentais, problemas cognitivos, de memória e relações interpessoais.</p><p>Crianças que não dormem bem são muito agitadas ou sonolentas, com</p><p>sobrepeso ou peso baixo.</p><p>Geralmente crianças com problemas para respirar, apresentam falhas na</p><p>alfabetização, dificuldade para se concentrar, agressividade e hiperatividade,</p><p>sendo facilmente confundidas com síndrome do déficit de atenção.</p><p>Segundo CARVALHO (2003), quando altera a postura da cabeça, o</p><p>respirador oral se desorganiza, desequilibra e sofre, além da postura</p><p>desconfortável, muitas dores. Parece estranho que esse paciente que precisa</p><p>tanto de ar gire o ombro para a frente, comprima o tórax e dificulte, ainda mais,</p><p>as possibilidades de expansão do tórax e consequentemente dos pulmões. Todo</p><p>quadro é de uma busca de compensações para atingir novo equilíbrio. Os</p><p>movimentos defeituosos, incorretos na caixa torácica, terminam por modificar o</p><p>equilíbrio da escápula. Isso ocorre por causa de uma vulnerabilidade da ligação</p><p>36</p><p>cartilaginosa que prende a cintura escapular ao tronco, na junção da primeira</p><p>costela ao esterno. Todo padrão inadequado do ombro tem como consequência</p><p>escápulas aladas que denunciam uma cintura escapular desajustada em virtude</p><p>de uma postura alterada.</p><p>A maioria das pessoas com obstrução nasal crônica pode tornar-se um</p><p>respirador oral, levando a uma alteração na face durante a fase de crescimento.</p><p>São várias as causas da obstrução, como a hipertrofia das adenoides, desvio de</p><p>septo, rinite alérgica, hipertrofia de tonsilas palatinas e amígdalas e pólipos</p><p>nasais.</p><p>Alterações de comportamento, linguagem, oclusais e deformidades da</p><p>face, inclusive flacidez dos músculos faciais e mastigatórios, que podem levar a</p><p>boca a se abrir, podendo prejudicar o desempenho escolar, estas alterações</p><p>trazem para o indivíduo, diversos prejuízos, necessitando de um diagnóstico e</p><p>tratamento.</p><p>Angle diz que “das mais variadas causas das mal oclusões, a respiração</p><p>oral é a mais potente, constante e variada em seus resultados causando</p><p>desenvolvimento assimétrico dos músculos, como dos ossos do nariz, maxila e</p><p>mandíbula, e uma desorganização das funções exercidas pelos lábios,</p><p>bochechas e língua. Os efeitos da respiração oral são sempre manifestados na</p><p>face. O nariz é pequeno, curto, com as asas retas: as bochechas ficam pálidas</p><p>e baixas: a boca fica constantemente aberta, o lábio superior é curto, a</p><p>mandíbula fica posicionada para trás e tem falta de desenvolvimento, sendo</p><p>geralmente menor que o normal em seu comprimento, provavelmente devido a</p><p>pressões não equilibradas dos músculos”.</p><p>A baixa no rendimento escolar no respirador oral, não ocorre por</p><p>problemas intelectuais, mas porque, como o sono não é reparador, a atenção</p><p>fica rebaixada e consequentemente a concentração também, dificultando a</p><p>aprendizagem.</p><p>37</p><p>O diagnóstico precoce e o tratamento, evitará problemas difíceis de serem</p><p>resolvidos.</p><p>“Hoje em dia é apontada como causa da rinite a escolaridade com pouca</p><p>idade, pois as crianças ainda não têm, seu sistema imunológico</p><p>pronto, e entram</p><p>em contato muito próximo com outras crianças nem sempre saudáveis. As</p><p>escolas de natação também são apontadas como causadoras de rinites. Isto</p><p>ocorre pelo grande uso de produtos químicos colocados na água. A poluição e a</p><p>alimentação na primeira infância, contendo produtos inadequados para a idade,</p><p>podem também ser apontadas como causadoras deste problema, causando</p><p>alergias” (MARCHESAN,1998).</p><p>O rendimento escolar prejudicado no respirador oral, não é por problemas</p><p>intelectuais, mas porque dorme mal e a atenção e concentração no momento</p><p>das atividades escolares diminuem, dificultando o aprendizado.</p><p>Características encontradas no respirador oral:</p><p> Dificuldade em manter a atenção</p><p> Impulsividade</p><p> Hiperatividade</p><p> Cansa-se facilmente</p><p> Dificuldade em captar estímulos</p><p> Dorme muito tarde e tem sono agitado</p><p> Baba e ronco noturno</p><p> Não se interessa por esportes</p><p> Não respeita limites</p><p> Sonolência</p><p>Aspecto de pessoa deprimida</p><p>Problemas visíveis que podemos encontrar no respirador oral:</p><p> Narinas estreitas ou mal desenvolvidas</p><p>38</p><p> Lábios curtos</p><p> Eversão de lábio inferior</p><p> Hipotonia de lábio inferior</p><p> Lábios entreabertos</p><p> Lábios ressecados</p><p> Dificuldade em respirar pelo nariz</p><p> Alterações oclusais</p><p> Aumento das adenoides e tonsilas palatinas</p><p> Língua hipotônica</p><p> Hipertensão do músculo mentoniano</p><p> Hipofunção do lábio superior</p><p> Protrusão dos dentes anteriores</p><p> Mordida aberta anterior</p><p> Mordida aberta bilateral</p><p> Mordida aberta unilateral</p><p> Flacidez da musculatura orofacial</p><p> Fala com excesso de saliva e sigmatismo anterior ou lateral</p><p>Resolução CFFa nº 309, de 01 de abril de 2005</p><p>Em 01 de abril de 2005 o Conselho Federal de Fonoaudiologia publica a</p><p>Resolução nº 309, a qual dispõe sobre a atuação do Fonoaudiólogo na educação</p><p>infantil, ensino fundamental, médio, especial e superior. De acordo com a</p><p>resolução, artigo 1º o Fonoaudiólogo é o profissional habilitado para desenvolver</p><p>ações, em parcerias com educadores, que contribuam para a promoção,</p><p>aprimoramento, e prevenção de alterações dos aspectos relacionados à audição,</p><p>linguagem (oral e escrita), motricidade orofacial e voz e que favoreçam e</p><p>otimizem o processo de ensino e aprendizagem. Sendo por capacitação e</p><p>assessoria, podendo ser realizada por meio de esclarecimentos, palestras,</p><p>orientação, estudo de casos. Como por observações e triagens</p><p>fonoaudiológicas, com posterior devolutiva e orientação aos pais, professores e</p><p>39</p><p>equipe técnica, sendo esta realizada como instrumento complementar e de</p><p>auxílio e ações no ambiente que favoreçam as condições adequadas para o</p><p>processo de ensino e aprendizagem.</p><p>Biossegurança e Fonoaudiologia</p><p>Biossegurança é o conjunto de medidas voltadas para a prevenção,</p><p>minimização dos riscos inerentes às atividades que possam comprometer a</p><p>saúde do homem.</p><p>Os profissionais Fonoaudiólogos que atuam na área de Motricidade</p><p>Orofacial estão em contato com riscos ocupacionais biológicos, por estarem em</p><p>contato com pacientes e materiais infectados e com pacientes.</p><p>As infecções transmitidas pela manipulação oral podem ser virais,</p><p>bacterianas e fúngicas. As medidas de precauções devem ser realizadas por</p><p>meio de equipamentos de proteção individual, lavagem das mãos e imunização.</p><p>Os EPIs são as luvas que devem ser utilizadas com troca a cada paciente,</p><p>aventais, óculos de proteção e máscaras. A lavagem das mãos deve ser</p><p>realizada antes e após cada atendimento ou se a mão for contaminada. A</p><p>imunização é realizada pela vacinação, sendo que as exigidas para os</p><p>profissionais da área da saúde são: anti-hepatite B; Tríplice-viral / MMR</p><p>(sarampo/rubéola/caxumba); anti-varicela; anti-influenza e BCG.</p><p>PARTE 3 ASPECTOS PSICONEUROLOGICOS</p><p>A NEUROEDUCAÇÃO E ÀS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS</p><p>CONTEMPORÂNEAS</p><p>A tarefa de educar dentro da modernidade tem exigido de seus</p><p>educadores cada vez mais esforços para atender a demanda que lhe é proposta,</p><p>desde uma boa preparação teórica, ou seja, sua formação, até a incessante</p><p>busca de atualização profissional e dedicação ao seu respectivo trabalho.</p><p>40</p><p>O processo de aprendizagem é imprescindível em qualquer etapa na vida</p><p>do ser humano, bem como, vem se desenvolvendo desde os primórdios de sua</p><p>vida. A neurociência tem demonstrado o quão promissora pode ser uma parceria</p><p>com a educação, trazendo todo o seu conjunto de saberes sobre o Sistema</p><p>Nervoso Central, local onde tudo acontece, desde os comportamentos,</p><p>pensamentos, emoções e movimentos, e é a partir dos conhecimentos desta</p><p>área que a educação pode ter um salto quando se fala em efetividade e eficácia,</p><p>levando em consideração que a partir do surgimento e avanço da neurociência</p><p>foi possível fornecer melhorias na qualidade de vida da sociedade atual,</p><p>disponibilizando tratamentos efetivos para variados distúrbios neurológicos, ou</p><p>seja, contribuiu e tem contribuído significativamente para o desenvolvimento de</p><p>soluções de diversos transtornos e doenças, incluindo os problemas</p><p>educacionais.</p><p>Diante dos avanços tecnológicos e o aumento das pesquisas em</p><p>neurociência cognitiva, os pesquisadores têm feito descobertas promissoras de</p><p>como são feitas as conexões neurais que possibilitam o processo de</p><p>aprendizagem, trazendo também conceitos de plasticidade cerebral que é</p><p>inerente a este processo, como afirma Rotta (2007), a aprendizagem modifica o</p><p>sistema nervoso central, e isso nos faz pensar em plasticidade cerebral que é</p><p>um processo adaptativo dando ao indivíduo possibilidades de aprender, mesmo</p><p>frente às novas situações ambientais; o que, além disso, tem trazido</p><p>contribuições de como a mesma pode ser estimulada de forma mais efetiva</p><p>dentro da educação.</p><p>Em suma, o princípio básico que rege o neurocientista é a compreensão</p><p>da maneira como se desenvolvem, a partir de estímulos externos, os</p><p>mecanismos cerebrais, provendo o desenvolvimento de novas potencialidades.</p><p>Em geral, esse profissional investiga a dinâmica de integração do sujeito ao</p><p>ambiente externo, observando e detectando os processos bioquímicos e</p><p>moleculares internos resultantes desta relação, e as respostas decorrentes disto.</p><p>41</p><p>Mediante a emergência da neuroeducação na atualidade, o estudo foi</p><p>realizado como meio de constatar se a mesma pode direcionar de forma eficaz</p><p>a aprendizagem infantil, tendo também em vista a necessidade de refletir sobre</p><p>a urgência de disseminar suas potencialidades, fundamentando a pesquisa</p><p>educacional baseada em metodologia científica. Objetivou-se apontar quais</p><p>contribuições que a neuroeducação pode oferecer para os processos de ensino-</p><p>aprendizagem, não como uma forma mágica de acabar com todos os problemas</p><p>relacionados a educação, mas como uma ferramenta útil que traga o</p><p>embasamento teórico-científico que possa melhorar o aprendizado, assim como,</p><p>estimular de forma adequada e diferenciada as potencialidades da criança que</p><p>cada dia se transforma dentro da modernidade a qual está inserida.</p><p>A pesquisa foi realizada a partir de uma análise sistemática de livros e</p><p>periódicos publicados na base de dados Scielo com as palavras chaves:</p><p>neuroeducação, neurociências e psicologia educacional, sendo de caráter</p><p>qualitativo, pois acreditamos que através da análise e compreensão dos estudos</p><p>realizados em livros e periódicos que tratam deste tema, proporcionaremos um</p><p>esclarecimento maior sobre a questão, de modo a oferecer melhorias no</p><p>desempenho profissional.</p><p>FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA</p><p>Com as transformações percebidas ao longo dos anos, como a</p><p>diversidade de alunos com diferentes crenças e etnias; as mudanças culturais;</p><p>os avanços tecnológicos; as mudanças na estrutura familiar, as quais podem</p><p>promover ou não para um bom desempenho cognitivo, poder-se-ia perceber</p><p>desde então os reflexos dessas transformações dentro do âmbito escolar, e</p><p>consequentemente a necessidade de atualização</p>

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