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AULA 2 
AUDITORIA CONTÁBIL 
Prof. Luiz Eduardo Croesy Jenkins 
 
 
2 
TEMA 1 – PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 00: ESTRUTURA CONCEITUAL 
PARA RELATÓRIO FINANCEIRO 
As demonstrações contábeis são a principal matéria-prima a ser utilizada 
nos trabalhos de asseguração executados pelos auditores externos ou 
independentes. A análise de registros contábeis, dispostos nos respectivos livros 
contábeis e fiscais que serviram de suporte evidencial para elaboração das 
demonstrações contábeis, busca salvaguardar a opinião dos auditores quanto à 
sua adequação aos aspectos formais e normativos, na atuação da contabilidade 
como unidade agregadora e geradora de informações. 
Contudo, dado o extenso volume de transações e, consequentemente, de 
registros contábeis dos quais uma empresa faz uso, é impraticável imaginar que 
os auditores planejem a sua atuação e auditem todos os registros, informações, 
documentos e transações que serviram de base para a preparação das 
demonstrações contábeis. O trabalho é realizado em uma abordagem top-down, 
partindo do macro para o micro, ou seja: o trabalho dos auditores externos é 
iniciado por uma revisão analítica sobre as variações identificadas nas 
demonstrações contábeis, entre a data-base do exercício em que a auditoria está 
sendo executada e o exercício imediatamente anterior. Outro ponto analisado 
pelos auditores externos diz respeito aos aspectos de formalidade e apresentação 
das demonstrações contábeis. As normas, entre as quais o Pronunciamento 
Técnico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) 00 (R2), estabelecem 
regras e elementos mínimos a serem apresentados na divulgação das 
demonstrações contábeis (CPC, 2019). 
As entidades obrigadas a divulgar demonstrações contábeis devem, por 
isso, apresentar um conjunto básico de informativos, composto por: balanço 
patrimonial (BP); demonstração do resultado (DR); fluxo de caixa (FC); 
demonstração da mutação do patrimônio líquido (DMPL); demonstração do valor 
adicionado; notas explicativas; relatório da administração; parecer do conselho 
fiscal e parecer dos auditores independentes. 
Nesse sentido, o CPC 00 (R2) apresenta-se como um pronunciamento 
direcionador àqueles que elaboram as demonstrações contábeis como também 
àqueles que as utilizam em seu processo de tomada de decisões. Ele destaca que 
as demonstrações contábeis, além de disporem de características quantitativas, 
dispõem de algumas de natureza qualitativa, que são classificadas em 
 
 
3 
fundamentais e de melhoria. Essas características são necessárias para se definir 
que informações financeiras são úteis para fins de representação, nas 
demonstrações contábeis (CPC, 2019). Essa utilidade se expressa por meio da 
condição, dessas informações financeiras, de proverem comparabilidade, de 
poderem ser verificáveis, tempestivas, compreendidas pelos usuários das 
demonstrações contábeis. 
A seguir, apresentamos as principais características qualitativas que 
devem estar dispostas nas demonstrações contábeis. 
1.1 Características qualitativas fundamentais das demonstrações contábeis 
As características fundamentais das demonstrações contábeis são 
classificadas em: de relevância e de representação fidedigna. A relevância é um 
aspecto relacionado à condição de ela ser decisiva para a tomada de decisões, 
considerando-se essa condição como uma das premissas das informações 
geridas pela contabilidade. 
A norma que temos como referência – CPC 00 (R2) – traz no seu texto a 
expressão fazer diferença, o que significa que o fato ou evento deverá satisfazer 
as condições de que seu valor seja preditivo e tenha a possibilidade de ser 
confirmado (CPC, 2019). Ser preditivo significa que o valor registrado pode ser 
utilizado para prever processos futuros, com base na informação gerada. A 
natureza de valor confirmatório consiste na condição de se checar a sua 
existência, seja internamente, seja externamente. A representação fidedigna 
consiste na condição de confiabilidade e veracidade daquilo que está 
representado nas demonstrações contábeis. 
Para que uma informação seja considerada como de representação 
fidedigna, é necessário que ela tenha pelo menos as seguintes características: 
ser completa, neutra e isenta de erros. Ser completa significa que a demonstração 
contábil possui as informações mínimas e necessárias para que o seu usuário 
consiga compreender os fenômenos que influenciam as informações que estão ali 
representadas. A neutralidade é o caráter de isenção, não se permitindo que 
sejam feitas escolhas em relação aos fatos e eventos que serão registrados nas 
demonstrações, a fim de se querer apresentar um resultado financeiro melhor ou 
pior do que o originalmente existente. Todos os eventos que deram subsídio para 
os registros contábeis são evidenciados. A isenção de erros é uma condição 
relativa, já que a própria norma CPC 00 (R2) reconhece ser quase impossível 
 
 
4 
obter a perfeição na precisão das informações (CPC, 2019). Assim, a ideia de a 
demonstração ser isenta de erros é que a organização não incorra em omissões 
ou erros que possam modificar a opinião do auditor por aqueles não terem sido 
registrados, já que o reconhecimento de estimativas contábeis já estabelece que 
o seu grau de precisão não será máximo, dado que as estimativas poderão variar 
para mais ou para menos e que não existe ainda uma definição clara do seu valor 
final, como ocorre, por exemplo, nas provisões passivas de ações judiciais. 
1.2 Características qualitativas de melhoria das demonstrações contábeis 
Os atributos relacionados aos aspectos qualitativos de melhoria das 
demonstrações contábeis são: comparabilidade, capacidade de verificação, 
tempestividade e compreensibilidade. 
A comparabilidade é a capacidade de a situação econômico-financeira de 
uma entidade ser avaliada em relação à de outras entidades, em relação aos 
elementos dispostos nas demonstrações contábeis. A norma em que nos 
baseamos (CPC, 2019) ressalta, todavia, que comparabilidade não é 
uniformidade. Comparabilidade é permitir que informações que sejam 
semelhantes possam ser comparadas. 
A capacidade de verificação diz respeito à condição em que mais de um 
usuário, todos independentes entre si e dispondo da mesma base informacional, 
poderão chegar a um consenso em grande parte dos aspectos das 
demonstrações contábeis. O CPC (2019) descreve duas formas de verificação, a 
direta e a indireta. A verificação direta é quando essa se aplica à técnica da 
observação direta, como no caso de contagem física ou inventário físico. A 
verificação indireta ocorre quando se aplicam técnicas ou procedimentos para se 
certificar que um valor de entrada ou saída está correto, como nos procedimentos 
de recálculo. 
A tempestividade significa dispor das demonstrações contábeis em tempo 
hábil para a tomada de decisões. As informações devem estar prontamente à 
disposição. A tempestividade é um caráter temporal das demonstrações. 
Apresentar informações seis meses depois da data-base não contemplará, por 
exemplo, o objetivo que se espera para fins de tomada de decisão. 
A compreensibilidade, conforme disposto no CPC 00 (R2), destaca que o 
processo de classificação, caracterização e apresentação das informações ocorra 
de forma clara e seja compreensível aos usuários das demonstrações contábeis. 
 
 
5 
TEMA 2 – BALANÇO PATRIMONIAL E DISCUSSÕES PARA A AUDITORIA 
O BP se apresenta como a principal demonstração contábil a ser analisada 
pela equipe de auditoria. Nessa demonstração contábil estão registrados os ativos 
e passivos, além das informações que compõem o patrimônio líquido da empresa. 
2.1 Estrutura básica e elementos 
O BP apresenta a estrutura patrimonial dos bens, direitos e obrigações 
próprias e de terceiros, em face da organização. Esses elementos são 
classificados em função dos seus prazos de realização, segregados entre ativos 
(bens e direitos)de curto (circulante) e longo prazo (não circulante). Os ativos são 
classificados por ordem de liquidez, ou seja, em função da sua possibilidade de 
transformação em recursos de disponibilização imediata. Diante disso, os ativos 
circulantes são classificados em: disponibilidades (caixa e bancos), contas a 
receber, estoques, impostos recuperáveis (tributos com direito a crédito fiscal) e 
outras contas a receber (elementos não classificados nos itens anteriores). 
Os ativos não circulantes são classificados em: bens permanentes 
imobilizados, bens permanentes diferidos, investimentos não circulantes (de longo 
prazo). As obrigações são representadas pelos passivos, classificados em 
circulantes e não circulantes. Os passivos são classificados por ordem de 
realização, ou seja, levam em consideração a chance de sua ocorrência. Para 
tanto, as obrigações categorizadas como passivos circulantes são aquelas que 
possuem a sua expectativa de realização (pagamento) até o final do exercício 
seguinte. Os passivos classificados como circulantes são: obrigações trabalhistas, 
fornecedores, obrigações tributárias, mais contas a pagar, empréstimos e 
financiamentos de curto prazo (ou parcelas de empréstimo de longo prazo que 
vencem até o próximo exercício) e provisões que têm expectativa de serem 
realizadas até o final do próximo exercício. No grupo das provisões estão 
enquadradas as demandas judiciais nas quais a empresa encontra-se como polo 
passivo (seja ré). Os passivos não circulantes são: fornecedores de longo prazo, 
empréstimos e financiamentos de longo prazo, obrigações tributárias 
renegociadas cujas parcelas vencerão após o final do próximo exercício e 
provisões cuja expectativa de realização é de que ocorram após o final do 
exercício seguinte. Como nos passivos circulantes, as provisões classificadas 
 
 
6 
como não circulantes compreendem também as reclamatórias judiciais em todas 
as esferas da Justiça. 
A estrutura do BP possui ainda o grupo do patrimônio líquido, que 
concentra as obrigações da organização para com os seus sócios e acionistas. 
São classificados aqui o capital social, os lucros acumulados e as reservas. O 
capital social compreende o registro e classificação dos recursos financeiros e não 
financeiros que foram integralizados (ou possuem expectativa de integralização) 
por parte de sócios e acionistas. Os lucros acumulados correspondem aos 
resultados positivos apurados pela empresa e que não tiveram destinação 
específica, sejam as distribuições aos acionistas, seja a constituição das reservas. 
Reservas são os recursos oriundos de lucros ou de fontes externas (de 
capital), estabelecidas em contas contábeis específicas a fim de manterem a 
integridade do capital e propiciarem a realização de investimentos nos exercícios 
futuros, podendo ainda ser utilizadas para fins de compensação de prejuízos 
acumulados ou para aumento do capital social. As reservas estão diretamente 
relacionadas ao princípio contábil da continuidade, já que a premissa para o 
estabelecimento de reservas de lucros está baseada no princípio de que a 
entidade continuará a existir, sem prazo específico para encerrar suas atividades 
e, para ela atingir esse objetivo, é fundamental guardar recursos para serem 
aplicados futuramente em novos imobilizados, investimento em tecnologia, 
recursos de capacitação e treinamento, incorporação de outras empresas, 
desenvolvimento de novos produtos e novos fornecedores. 
A seguir, apresentamos um modelo de BP. 
Tabela 1 – Balanço patrimonial 
 
2.2 Principais considerações a serem observadas pela equipe de auditoria 
na análise do balanço patrimonial 
 
 
7 
Compreendidas as principais características que envolvem as contas 
contábeis patrimoniais, que formam a estrutura do BP, passamos a discorrer 
sobre os principais pontos de atenção aos quais as equipes de auditoria devem 
se atentar a fim de poderem emitir uma opinião acerca das demonstrações 
contábeis. 
2.2.1 Segregação entre registros contábeis circulantes e não circulantes 
A contabilidade e as expressões que ela produz, por meio das 
demonstrações contábeis, se prestam ao papel de auxiliar as organizações no 
processo de tomada de decisões. Para tanto, é fundamental que os eventos 
estejam classificados e, por consequência, registrados de forma adequada, 
respeitando o prazo de vencimento, sejam para a sua realização (ativos), seja 
para a sua quitação (passivos), permitindo que os indicadores de liquidez, 
endividamento e demais indicadores utilizados para tomada de decisões sirvam 
aos propósitos a que se destinem. A correta segregação entre registros 
circulantes e não circulantes auxilia o controle do FC e o planejamento financeiro 
da organização, identificando valores sobre que se tem expectativa de 
recebimento ou pagamento em curto prazo ou se sabe que serão valores 
realizáveis em períodos futuros. 
2.2.2 Perspectiva de realização dos ativos 
Um dos principais pressupostos que torna um item ativo, capaz de ser 
reconhecido contabilmente, é a sua capacidade de realização, ou seja, a sua 
condição de gerar utilidade. Essa utilidade pode se dar em função da 
transformação de ativos em valores monetários, por exemplo, o recebimento de 
vendas contabilizadas a prazo, a geração de riqueza, a produção de bens e 
serviços com a utilização de máquinas e equipamentos ou ainda a compensação 
de créditos existentes com passivos de natureza semelhante, como os tributos a 
compensar. 
2.2.3 Capacidade de liquidação de passivos 
Atenção especial deverá ser dada pelos auditores à capacidade da 
organização de honrar seus compromissos, visto que atrasos no pagamento de 
obrigações podem gerar o acréscimo financeiro de juros e multas e acarretar 
 
 
8 
sanções ou penalidades, no caso de atraso de salários e obrigações tributárias, 
por exemplo. A fim de avaliar se os riscos decorrentes do não cumprimento de 
obrigações passivas podem impactar as demonstrações contábeis da empresa, 
os auditores verificam se os compromissos estão sendo cumpridos 
tempestivamente pela organização. A não quitação de obrigações pela empresa 
poderá sinalizar aos auditores externos evidências de auditoria de que a empresa 
possa estar passando por problemas financeiros relativos ao seu FC ou de que a 
sua estrutura organizacional possa se encontrar desorganizada, a ponto de, 
mesmo ela tendo recursos financeiros disponíveis, ainda assim atrasar seus 
compromissos. 
2.2.4 Base para mensuração de estimativas contábeis 
As estimativas contábeis são transações nas quais a organização não 
dispõe da certeza em relação à sua realização ou pagamento, bem como os 
montantes do fato que não são totalmente conhecidos, deles se sabendo apenas 
um valor estimado na data-base de apresentação das demonstrações contábeis. 
Um dos exemplos clássicos de provisões são as decorrentes de ações judiciais, 
nas quais a empresa figura como polo passivo e poderá perder o processo, tendo 
que arcar com os valores requeridos pela parte autora. Sendo esse um valor 
estimado e não fixo, há que se proceder a avaliações periódicas quanto à 
suficiência dos montantes provisionados, a fim de que façam frente às 
expectativas de concretização dos fatos, seja a necessidade de pagamento, seja 
a de recebimento de recursos. 
2.2.5 Superavaliação de ativos 
Entre os princípios adotados pela contabilidade está o da prudência, que 
destaca a necessidade de se avaliar ativos pelo seu menor valor de realização, 
quando existe a possibilidade de avaliá-lo por mais de um critério, apresentando-
se uma posição mais conservadora em relação aos seus bens e direitos. Como 
exemplo, uma empresa possui um valor a receber, que está atrelado a um 
contrato, que estabelece em uma das cláusulas a possibilidade de ajuste periódico 
dos valores. O índice de correção não ficou claramente estabelecido no contrato. 
Caberá à contabilidade efetuar o ajusteadotando um índice menor e, até que se 
obtenha o acordo com a outra parte, manter o índice que representa uma menor 
 
 
9 
expectativa de ajuste de contas a receber. Portanto, caberá ao auditor analisar se 
a base de mensuração de um ativo impactou de forma a superestimar o valor 
esperado para a sua realização. 
2.2.6 Subavaliação de passivos 
O princípio da prudência também se aplica a obrigações classificadas no 
passivo da empresa. Entretanto, no caso do passivo, a posição conservadora é 
de que, existindo mais de uma forma de mensurar a avaliação de um passivo, a 
empresa deverá optar por aquela que represente o maior valor para a transação. 
Em função de erros interpretativos ou buscando manipular informações para 
atender a desejos de acionistas ou gestores, apresentando resultados diferentes 
dos que realmente deveriam ter ocorrido, caso a empresa adotasse uma postura 
mais conservadora em termos de resultados financeiros, os auditores deverão 
avaliar a base de mensuração adotada para registro e atualização dos passivos 
das empresas auditadas, verificando se foram utilizados critérios que realmente 
mensuraram os possíveis valores, quando da sua realização, seja mediante 
pagamento de um passivo, seja por transferência, para outrem, de algo sob a sua 
responsabilidade, seja, ainda, pela atualização monetária de obrigações em seu 
poder. Em ambos os casos, em se tratando de ativos ou passivos, a atenção dos 
auditores independentes deve estar voltada para a possibilidade de a empresa 
auditada estar subavaliando seus passivos ou superestimando o registro de ativos 
sob a sua propriedade. 
2.2.7 Fatos não registrados 
Para que as demonstrações contábeis reflitam adequadamente a situação 
patrimonial da entidade na data-base em que estão aquelas sendo apresentadas, 
todos os fatos e transações que possam modificar a sua estrutura devem ser 
registrados tempestivamente. Mesmo fatos que ainda não possuem 
documentações oficiais que dão base para registro devem ser considerados, 
quando do seu conhecimento por parte da empresa. 
TEMA 3 – AUDITORIA CONTÁBIL E A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO 
A DR é a parte integrante do conjunto das demonstrações contábeis que 
representa o resumo das operações financeiras de uma organização durante um 
 
 
10 
exercício. É um documento elaborado em conjunto com o BP e reflete as 
transações ocorridas no decorrer de determinado período e que impactaram a 
apuração dos lucros ou prejuízos da empresa naquele exercício. 
A DR é a materialização econômico-financeira das transações realizadas 
pela empresa em um determinado período e também é utilizada para demonstrar 
a base para cálculo dos impostos sobre a renda. Essa demonstração segrega as 
operações em relação à natureza das transações, classificadas em operacionais 
e não operacionais. As transações operacionais são a base para apuração dos 
custos e consequente demonstração do resultado operacional bruto (ROB) da 
companhia. Em termos materiais, a DR apresenta os valores mais relevantes para 
fins de auditoria tendo em vista que o grupo de receitas operacionais representa 
individualmente um dos maiores grupos de contas para fins de análise. 
3.1 Estrutura básica e elementos 
A DR do exercício é composta basicamente de três grupos: receitas, custos 
e despesas. Cada um dos grupos possui subclassificações com a disposição das 
rubricas em função da natureza das transações. A estrutura da DR está 
classificada de forma dedutiva, com base nas informações da receita, em que 
depois são apresentados os tributos incidentes sobre as vendas, os custos 
relacionados às vendas efetuadas e aos serviços prestados. Em seguida, 
aparecem as deduções sobre a receita bruta relativa às despesas, classificadas 
por natureza, como as comerciais, as administrativas, as financeiras e as demais 
despesas. Depois, é apurado o resultado antes do Imposto de Renda e da 
contribuição social. Na sequência, são calculados os tributos sobre a renda, o 
Imposto de Renda e a contribuição social. Por fim, são calculadas as destinações, 
sobre o lucro, de valores para debenturistas, empregados, dirigentes e partes 
beneficiárias. 
A seguir, apresentamos um exemplo hipotético de uma DR. 
 
 
 
11 
Tabela 2 – Exemplo de DR 
 
3.2 Principais considerações a serem observadas pela equipe de auditoria 
na análise da demonstração de resultados 
Após analisar a estrutura básica conceitual da DR, com a apresentação da 
sua estrutura, passamos a discorrer sobre determinados pontos de observação 
aos quais o auditor deverá ater-se para realizar exames de auditoria nos 
resultados do exercício. 
3.2.1 Reconhecimento de receitas 
Um dos aspectos mais importantes aos quais o auditor deve se atentar é 
ao adequado reconhecimento de receitas no resultado do exercício. Algumas 
operações de venda não estão atreladas necessariamente à emissão de um 
documento de faturamento, como uma nota fiscal, e esse fato pode ensejar que a 
empresa não tenha reconhecido o resultado dessas operações. Algumas 
transações de venda a longo prazo, como construções navais, imobiliárias, e 
outros bens vendidos, de alta complexidade e em prazos estendidos, são 
 
 
12 
exemplos de transações que podem requerer uma necessidade de avaliação mais 
criteriosa, por parte dos auditores. 
Pelas normas internacionais de contabilidade, uma receita não deve ser 
reconhecida somente no recebimento de valores ou na emissão de um 
documento, mas sim quando a propriedade de um bem é transferida para outrem 
e os riscos daquele bem passam a ser arcados pelos seus compradores. Algumas 
operações de comércio exterior podem ter as condições de entrega e 
transferência de reponsabilidade diferente das usuais condições de custo, seguro 
e frete (CIF) e de livre a bordo (FOB) e, por conta disso, requerem maior atenção, 
para certificação de que as receitas foram efetivamente reconhecidas nos 
períodos corretos. 
3.2.2 Respeito ao princípio da competência 
Uma das principais diferenças entre a DR e o FC é que as transações 
apresentadas no FC adotam o regime de caixa, enquanto a DR apresenta as 
transações que adotam o regime de competência, ou seja, estão dispostos na DR 
todas as transações que causaram impacto aos resultados da empresa, 
independentemente de terem sido pagas ou recebidas. Cabe ao auditor, durante 
o processo de verificação da adequação dos registros e transações realizadas nas 
contas de resultado, ou seja, de reconhecer se esses registros ocorrem 
independentemente de pagamento ou recebimento pelas transações. Pelo 
princípio da competência, no ato da transação os fatos deverão ser registrados na 
contabilidade. 
3.2.3 Segregação entre atividades operacionais e não operacionais 
Essa observação da segregação entre atividades operacionais e não 
operacionais afeta sobretudo os gastos da organização. A principal diferença 
entre custos e despesas é que as primeiras são gastos relacionados com a 
atividade-fim da empresa, com os processos que envolvem diretamente a 
fabricação, revenda ou prestação de serviços, enquanto as despesas 
correspondem aos demais gastos que não estão diretamente relacionados com a 
atividade operacional da empresa. 
A correta classificação de valores como custos ou despesas impacta 
diretamente a base de formação dos preços de vendas dos produtos e serviços, 
 
 
13 
sendo o valor do custo utilizado para esse fim. A apuração incorreta do custo de 
um produto pode levar a empresa a adotar um preço de venda que não atenda às 
suas expectativas de margem de lucro ou mesmo que seja insuficiente para cobrir 
os custos de produção ou de prestação de serviço, tornando a operação 
deficitária. Esse fato, sendo prolongado, pode levar a problemas de geração de 
caixa e mesmo de continuidade da empresa. 
3.2.4 Não reconhecimento de despesas no resultado 
Um dos riscos a que está exposta a preparação e a apresentação da DR éa ausência de registro de transações de despesas, que afetam negativamente o 
resultado. Os auditores externos deverão estar atentos a problemas relacionados 
à interpretação e capacitação dos funcionários tanto da contabilidade como de 
outros setores envolvidos nas rotinas da empresa, que podem acarretar a 
ausência de registro de fatos contábeis que impacte o reconhecimento de 
despesas. Existem, ainda, classes de passivos que são classificados como tais e 
cuja contrapartida em resultado ocorre em momentos futuros, como os juros a 
incorrer. Nesses casos, a empresa deverá estar atenta a, periodicamente, efetuar 
o reconhecimento dos valores como despesas financeiras. 
Os auditores ainda poderão se deparar com um ambiente organizacional 
propenso à manipulação de informações, com vistas ao alisamento de resultados, 
expediente utilizado para aplicar interpretações equivocadas (distorcidas) a fim de 
apresentar resultados incompatíveis com a verdadeira situação econômico-
financeira da organização. Diante desses riscos, o tema do reconhecimento das 
despesas de forma tempestiva é extremamente relevante no processo de 
avaliação, por parte dos auditores. 
TEMA 4 – NOTAS EXPLICATIVAS PARA A AUDITORIA 
As demonstrações contábeis apresentam, em grande parte, informações 
de natureza quantitativa, expressas em valores monetários. As notas explicativas 
(NE) se apresentam como informações adicionais às apresentadas no BP, na DR, 
na DMPL, na demonstração de lucros ou prejuízos acumulados (DLPA) e na 
demonstração do fluxo de caixa (DFC). 
 As NE fornecem descrições narrativas e detalhes de itens apresentados 
nessas demonstrações e informações acerca de itens que não se qualificam para 
 
 
14 
reconhecimento, nessas demonstrações. As NE auxiliam o usuário do conjunto 
das demonstrações contábeis a entender as variações apresentadas, a natureza 
dos grupos contábeis apresentados, a composição dos valores mais relevantes. 
4.1 Estrutura básica e elementos 
As informações mínimas que devem constar nas NE são: o contexto 
operacional, a base normativa para apresentação do conjunto de demonstrações 
contábeis, as principais práticas contábeis, a composição e explicação dos saldos 
mais relevantes apresentados no BP e na DR, os riscos para a continuidade do 
negócio e os eventos subsequentes. Em função das características da 
organização e da natureza de suas operações, outros elementos poderão ser 
requeridos ou apresentados na elaboração das NE. 
4.1.1 Contexto operacional 
No contexto operacional encontram-se informações básicas sobre a 
companhia, a sua forma de constituição (limitada, sociedade anônima etc.), o seu 
endereço, o seu objeto social e também um espaço para apresentação de 
informações relacionadas com as atividades executadas pela organização, 
situações envolvendo as operações no exercício findo, ou seja, um contexto 
econômico do período, no tocante àquela organização. 
4.1.2 Base normativa para apresentação das demonstrações contábeis 
A base normativa compreende as normas e princípios adotados pela 
companhia para a preparação das demonstrações contábeis, por exemplo, as 
normas internacionais de contabilidade e os princípios de contabilidade aceitos no 
Brasil. 
4.1.3 Principais práticas contábeis 
Entre as principais práticas contábeis encontram-se os critérios contábeis 
adotados para fins de mensuração, registro, reconhecimento dos fatos que deram 
origem ao registro das transações. Como exemplo, está a forma como as 
aplicações financeiras são registradas: a valor de custo da aplicação, acrescida 
de rendimentos auferidos até a data-base das demonstrações; a forma de 
contabilização dos estoques, pelo custo de aquisição, reduzido dos impostos 
 
 
15 
recuperáveis; pelos ativos imobilizados, registrados pelo custo de aquisição, 
deduzidos também os impostos recuperáveis e a depreciação acumulada, 
informando-se as taxas de depreciação adotadas pela empresa. 
4.1.4 Composição dos saldos e natureza dos grupos contábeis 
A composição dos saldos é apresentada de forma sintética nas 
demonstrações para os grupos de contas mais relevantes em termos monetários, 
inclusive para que o usuário das demonstrações possa ter conhecimento a 
respeito do que se demonstra registrado como determinado bem, direito ou 
obrigação. A apresentação da natureza das contas auxilia investidores e demais 
usuários das demonstrações a compreenderem o comportamento de um saldo, 
explica o que a frieza dos números muitas vezes não consegue transmitir. Por 
exemplo, ao nos depararmos com o BP, vemos que, no ativo, há a conta 
Disponível ou Disponibilidades. Mas o que há efetivamente ali? Nas NE, é possível 
identificar se existem recursos apenas em bancos, ou também em aplicações 
financeiras. Igualmente em relação aos estoques, a conta se apresenta de forma 
sintética no BP. E, nas NE, observa-se o montante referente à matéria-prima, aos 
produtos em elaboração e aos produtos acabados. 
4.1.5 Riscos de continuidade 
Quando da realização dos exames de auditoria, a equipe de auditores deve 
estar atenta a qualquer fato que possa afetar a continuidade operacional da 
entidade. Esses fatos deverão ser comunicados aos líderes da equipe de auditoria 
e, posteriormente, também à alta administração do cliente, para avaliação 
conjunta. Se, de fato, após a realização de testes adicionais, se constatarem 
riscos em relação à condição de existência da empresa, eles deverão ser 
reportados nas NE, de forma transparente. A cada exercício, tanto a empresa 
como a equipe de auditoria deverão avaliar, em conjunto ou separadamente, se 
existem situações que possam afetar a continuidade da companhia. 
4.1.6 Eventos subsequentes 
Eventos subsequentes são fatos ocorridos após a data de encerramento 
do exercício e que podem afetar a situação patrimonial ou financeira das 
demonstrações contábeis da empresa ou os seus exercícios futuros. Importa 
 
 
16 
ressaltar que, mesmo que um evento ocorra após a finalização do exercício, ainda 
assim, sendo algo que poderá afetar a realização de bens, direitos e obrigações, 
ele deverá ser considerado. Como exemplo, uma dada empresa possui no seu 
grupo contábil de clientes o registro de valores a receber de um determinado 
cliente que decretou ou teve decretada a sua falência de forma judicial. Há uma 
forte evidência de que os valores a receber pelo cliente auditado sofrerão 
consequências em face da condição falimentar e, obviamente, esse fato deverá 
ser reportado, já que impactará a realização de ativos registrados como valores a 
receber. 
TEMA 5 – APLICAÇÃO DAS PRINCIPAIS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
5.1 Apresentação de caso prático 
O aluno deverá obter as demonstrações contábeis de uma empresa listada 
na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), nos exercícios de 2020 e 2019, e, após 
análise dos principais aspectos discorridos nesta etapa, informar os seguintes 
elementos identificados nas NE daquelas demonstrações. 
• Contexto operacional. 
• Base normativa para apresentação das demonstrações contábeis. 
• Principais práticas contábeis. 
• Composição e explicação dos saldos de: disponibilidades, clientes, 
estoques, imobilizados, empréstimos e financiamentos circulantes e não 
circulantes, obrigações tributárias. 
• Riscos para a continuidade reportados. 
• Eventos subsequentes. 
5.2 Solução sugerida: empresa Magazine Luiza 
• Contexto operacional: a empresa atua, preponderantemente, no 
comércio varejista, por meio de lojas físicas, e-commerce e seu SuperApp, 
que é um aplicativo que oferece produtos e serviços do Magazine Luiza, de 
suas controladas e, por meio de plataforma de marketplace, de seus 
parceiros comerciais (sellers). Suas controladas oferecem serviços de 
operações de empréstimos, financiamentos e seguros aos seus clientes. 
Sua sede social está localizada na cidade de Franca, Estado de São Paulo, 
 
 
17 
Brasil. Sua controladora e holdingé a LTD Administração e Participação 
S.A. Em 31 de dezembro de 2021, a companhia possuía 1.481 lojas e 26 
centros de distribuição localizados em todas as regiões do país, além de 
sua atuação em sites de comércio eletrônico. 
• Base normativa para apresentação das demonstrações contábeis: as 
demonstrações contábeis da empresa foram elaboradas tomando como 
base as práticas contábeis adotadas no Brasil, que compreendem as 
disposições da legislação societária, previstas na Lei n. 6.404/1976 (Brasil, 
1976) e suas alterações posteriores, nas normas internacionais de 
contabilidade (IFRS) emitidas pelo International Accounting Standards 
Board (Iasb) e nas interpretações emitidas pelo International Financial 
Reporting Interpretations Committee (Ifric), implantadas no Brasil por meio 
do CPC e suas interpretações técnicas (ICPC) e orientações (OCPC), 
devidamente aprovados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 
• Principais práticas contábeis: 
a. Transações e atualizações monetárias de direitos e obrigações. 
b. Critérios para redução ao valor líquido recuperável de ativos (impairment). 
c. Ajustes a valor presente. 
d. Provisões. 
e. Benefícios a empregados. 
f. Demonstrações do valor adicionado (DVA). 
g. Mensuração do valor justo. 
h. Novas normas e interpretações ainda não efetivas. 
• Composição e explicação dos saldos: 
a. Disponibilidades: caixa e equivalente de caixa; aplicações em Certificado 
de Depósito Bancário (CDB) e Certificado de Depósito Interbancário (CDI); 
apresentação das taxas de remuneração; aplicações em títulos e valores 
mobiliários (TVM), com as suas devidas taxas de remuneração. 
b. Clientes: contas a receber apresentadas por tipos de transação efetuada 
(cartão de crédito, cartão de débito, crediário próprio, venda de garantia 
estendida, valores a receber decorrentes de operações logísticas); critérios 
de mensuração das provisões para crédito de liquidação duvidosa; 
apresentação de saldos por idade de vencimento (aging list). 
c. Estoques: classificação e apresentação por tipo de estoque (material para 
revenda, material de consumo e provisões para perdas em estoque). 
 
 
18 
d. Imobilizados: são registrados ao custo de aquisição, deduzidos da 
depreciação acumulada; apresentam-se os critérios de redução ao valor 
recuperável do ativo imobilizado. 
e. Empréstimos e financiamentos circulante e não circulante: apresentação 
dos tipos de operação, taxas de juros e encargos e vencimento final das 
operações. 
f. Riscos para a continuidade reportados: riscos não informados. 
g. Eventos subsequentes: divulgação de fato relevante; incorporação 
societária de controladas. 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, 
Brasília, 17 dez. 1976. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm>. Acesso em: 31 mar. 
2022. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 
00 (R2): estrutura conceitual para relatório financeiro. Brasília, 10 dez. 2019. 
Disponível em: 
<http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/573_CPC00(R2).pdf>. Acesso em: 
31 mar. 2022.

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