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APOSTILA_PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM SEGURANÇA PÚBLICA

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João Rocha

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<p>PROFESSORA</p><p>Esp. Vanessa Carnieto</p><p>Planejamento</p><p>Estratégico</p><p>em Segurança</p><p>Pública</p><p>ACESSE AQUI O SEU</p><p>LIVRO NA VERSÃO</p><p>DIGITAL!</p><p>EXPEDIENTE</p><p>Coordenador(a) de Conteúdo</p><p>Renata Cristina de Souza Chatalov</p><p>Projeto Gráfico e Capa</p><p>André Morais, Arthur Cantareli e</p><p>Matheus Silva</p><p>Editoração</p><p>Adrian Marçareli dos Santos</p><p>Design Educacional</p><p>Amanda Peçanha</p><p>Curadoria</p><p>Fernanda Brito</p><p>Revisão Textual</p><p>Nágela Neves da Costa</p><p>Ilustração</p><p>Geison Ferreira da Silva,</p><p>Eduardo Aparecido Alves</p><p>Fotos</p><p>Shutterstock</p><p>DIREÇÃO UNICESUMAR</p><p>NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia</p><p>Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de</p><p>Design Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas</p><p>Thuinie M.Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de Oliveira Mello Gerência de</p><p>Planejamento Jislaine C. da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman Gerência de Tecnologia</p><p>Educacional Marcio A. Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo R. Garcia</p><p>Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame</p><p>Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de</p><p>Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino</p><p>de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi</p><p>NEAD - Núcleo de Educação a Distância</p><p>Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná</p><p>www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360</p><p>Impresso por:</p><p>Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679</p><p>C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.</p><p>Núcleo de Educação a Distância. CARNIETO, Vanessa.</p><p>Planejamento Estratégico em Segurança Pública.</p><p>Vanessa Carnieto. Maringá - PR: Unicesumar, 2022.</p><p>Reimpresso em 2024.</p><p>200 p.</p><p>ISBN 978-65-5615-893-8</p><p>“Graduação - EaD”.</p><p>1. Segurança Pública: Origem e Conceitos 2. Segurança</p><p>Pública e a Ordem Constitucional 3. Gestão Estratégica em</p><p>Segurança Pública. 4. O Município e a Segurança Pública.</p><p>CDD - 22 ed. 341.413</p><p>FICHA CATALOGRÁFICA</p><p>02511199</p><p>Vanessa Carnieto</p><p>Dois passatempos que eu sempre gostei, mas que não</p><p>têm a ver diretamente com o meu trabalho, são: viajar e</p><p>atividade física. Sempre que posso, viajo para um lugar</p><p>diferente. Adoro conhecer culturas, costumes e idiomas</p><p>diferentes. Viajar, realmente, enriquece a alma.A atividade</p><p>física, sempre, fez parte da minha vida, mas há 10 anos eu</p><p>me encontrei nas artes marciais. Sou grau preto de muay</p><p>thai e faixa preta de kickboxing. Treinei jiu jitsu por dois</p><p>anos para aprender defesas básicas em decorrência da</p><p>minha profissão e, também, porque pretendia competir</p><p>na modalidade MMA, o que não chegou a acontecer. Fui</p><p>atleta de kickboxing e muay thai durante anos, conquis-</p><p>tando diversos títulos, dentre eles: vice-campeã paname-</p><p>ricana de kickboxing, tricampeã brasileira de kickboxing,</p><p>tricampeã dos jogos abertos do Paraná. Atualmente, apo-</p><p>sentei-me dos ringues, mas vivo minha arte diariamente,</p><p>treinando e dando aulas. Depois que parei de competir</p><p>no kickboxing e muaythai, identifiquei-me com crossfit,</p><p>coloquei na cabeça que vou competir, vamos ver no que</p><p>isso vai dar. Eu sou completamente dependente da ativi-</p><p>dade física, não vivo sem. Treino duas vezes por dia, seis</p><p>vezes por semana, e concilio isso com o meu trabalho na</p><p>Polícia Militar do Paraná e minha vida acadêmica. Gosto</p><p>de pensar nos meus passatempos como uma forma de</p><p>me conhecer e me cuidar melhor, estes hábitos me fazem</p><p>bem física e psicologicamente.</p><p>http://lattes.cnpq.br/6672614839856139</p><p>http://lattes.cnpq.br/6672614839856139</p><p>http://lattes.cnpq.br/6672614839856139</p><p>A segurança pública evoluiu, paulatinamente, em nosso país, ganhando destaque nos</p><p>debates e pautas nacionais, sendo atualmente um dos principais desafios do Estado</p><p>de Direito no Brasil. O Estado, porém, tem atuado corretamente para garantir o direito</p><p>fundamental à segurança pública que o cidadão tem? Os órgãos de segurança pública</p><p>são devidamente capacitados para lidarem com a criminalidade que só cresce no Brasil?</p><p>Qual a importância da iniciativa privada na capacitação destes profissionais?</p><p>Entender a estrutura do sistema de segurança pública é importante para pensar</p><p>ações e estratégias para a contenção dos números estarrecedores que a segurança</p><p>pública apresenta, ano após ano. É primordial para uma sociedade desenvolvida e preo-</p><p>cupada com o bem-estar dos seus cidadãos que a segurança pública seja analisada e de-</p><p>batida e, principalmente, faça parte da agenda de prioridades nacionais. Nesse sentido,</p><p>o papel de profissionais habilitados no entendimento dessas problemáticas é essencial.</p><p>A atuação dos agentes, na gestão da segurança pública, é um tema que tem ga-</p><p>nhado cada vez mais destaque. Atualmente, busca-se a preparação profissional para</p><p>criação e supervisão de ações de segurança pública, sendo que cada uma das diferen-</p><p>tes corporações que integram a segurança pública realizam um conjunto de ações de</p><p>capacitação. Podemos citar, entre elas, a realização da formação inicial, de educação</p><p>continuada, de aperfeiçoamento e de especialização.</p><p>Estes cursos objetivam, de maneira geral, aprimorar ainda mais a atuação dos profis-</p><p>sionais de todos os segmentos. Nesse sentido, as secretarias de segurança pública, nacio-</p><p>nal, estaduais e municipais desenvolvem atividades temáticas voltadas para a atualização</p><p>e conhecimento de atividades operacionais, administrativas, de inteligência e tecnologia</p><p>aplicada à área, entre outras. A iniciativa privada, também, tem investido na capacitação</p><p>dos profissionais de segurança pública, buscando o aprimoramento de suas funções e,</p><p>consequentemente, o aumento do sentimento de segurança por parte de todos nós.</p><p>Diante da importância da capacitação dos profissionais de segurança pública, inicialmen-</p><p>te, faça uma análise se o seu curso de formação o(a) preparou para entender o ciclo com-</p><p>pleto da gestão em segurança pública, desde o planejamento da ação até a sua execução.</p><p>PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM SEGURANÇA</p><p>PÚBLICA</p><p>Diante do que discutimos inicialmente, convido você, profissional de segurança pú-</p><p>blica, a refletir sobre a importância deste curso em sua carreira, anotando suas primei-</p><p>ras impressões até o momento. Escreva os resultados de sua análise e observe se você</p><p>considera que o seu curso de formação é suficiente para sua atuação, ou se aprimorar</p><p>seus conhecimentos por meio deste curso o(a) fará um profissional mais capacitado.</p><p>O setor de segurança pública foi estruturado no período do Brasil Império, mas</p><p>somente com o advento da República que os governos passaram a ter responsabili-</p><p>dade pela manutenção da ordem e da segurança pública e pela defesa e garantia da</p><p>liberdade e dos direitos dos cidadãos. Ocorre que tais mudanças não foram suficientes,</p><p>pois temos um sistema de segurança pública com estruturas e culturas policiais que</p><p>foram criadas no século XIX, e que o período republicano não deu conta de altera; pelo</p><p>contrário, o modelo foi reforçado nos períodos autoritários da República.</p><p>É preciso citar, também, que as estruturas e relações sociais criadas no Brasil têm</p><p>como base os mais de 350 anos de escravidão e que os negros libertos, após a tardia</p><p>abolição, foram colocados à margem da sociedade. Foi criado no país o estereótipo</p><p>perverso de que o negro é sinônimo de marginal. Fato que reflete, até hoje, nos altos</p><p>índices de mortes violentas intencionais da população negra e na população carcerária</p><p>do país, composta majoritariamente por negros.</p><p>Infelizmente, a transição democrática no Brasil não estabeleceu um sistema de se-</p><p>gurança pública democrático, cidadão e antirracista, apesar</p><p>dos direitos</p><p>fundamentais. Desse modo, instrumentaliza-se a aplicação jurídica dos direitos</p><p>fundamentais, no sentido de que eles funcionem como o eixo interpretativo dos</p><p>valores superiores que orbitam dentro do sistema jurídico (MORAES, 2010).</p><p>Os direitos à prestação exigem que o Estado aja para atender às desigualdades, estabele-</p><p>cendo moldes para o futuro da sociedade. Partem da premissa de que o Estado deve agir</p><p>para suprir as necessidades dos indivíduos, a fim de se promover a igualdade entre todos.</p><p>Enquanto os direitos de defesa asseguram as liberdades, os direitos à prestação buscam</p><p>condições materiais essenciais para que o indivíduo desfrute das liberdades.</p><p>Fonte: adaptado de Mendes, Coelho e Branco (2002).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988</p><p>49</p><p>A doutrina classifica os direitos fundamentais como de primeira, segunda,</p><p>terceira, quarta e de quinta dimensão.</p><p>• Primeira dimensão: os direitos fundamentais de primeira geração ou</p><p>dimensão são os direitos individuais com conotação negativa, por exigir</p><p>uma abstenção estatal, seu principal destinatário. Relaciona-se aos direi-</p><p>tos civis e políticos, dos quais são titulares os indivíduos que podem se</p><p>opor ao Estado. Alguns exemplos de direitos fundamentais de primeira</p><p>geração são: o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à liberdade de</p><p>expressão, à participação política e religiosa, à inviolabilidade de domi-</p><p>cílio, à liberdade de reunião, entre outros.</p><p>• Segunda dimensão: são os direitos sociais, culturais e econômicos que</p><p>se relacionam aos direitos de igualdade. Ao contrário dos direitos de pri-</p><p>meira geração, em que o Estado não deve intervir, nos direitos de segunda</p><p>geração o Estado tem responsabilidade para a concretização de um ideal</p><p>de vida digno na sociedade. Desta forma, trata-se de direito com cono-</p><p>tação positiva, por exigir uma atuação do Estado.</p><p>• Terceira dimensão: são os direitos de natureza transindividual, aqueles</p><p>que ultrapassam o interesse de uma pessoa e visam à coletividade, como</p><p>o direito ao desenvolvimento, à paz e ao meio ambiente. Fundam-se na</p><p>solidariedade e na fraternidade.</p><p>• Quarta dimensão: os direitos fundamentais de quarta geração são im-</p><p>portantíssimos, pois compreendem os direitos da democracia, da infor-</p><p>mação e do pluralismo. São decorrentes da globalização política.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 2</p><p>50</p><p>GERAÇÕES OU DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>Primeira</p><p>dimensão</p><p>- individuais</p><p>Segunda</p><p>dimensão</p><p>- Sociais</p><p>Terceira</p><p>dimensão</p><p>- Fraternais</p><p>Quarta</p><p>dimensão</p><p>- Universais</p><p>Descrição da Imagem: a imagem apresenta fluxograma com 4 (quatro) círculos, um envolvendo o outro.</p><p>Ao centro do fluxograma, temos o círculo menor (na cor verde claro) que corresponde à primeira dimensão</p><p>dos direitos fundamentais. Envolvendo este círculo menor, temos o segundo círculo, um pouco maior (na</p><p>cor verde folha), que corresponde à segunda dimensão dos direitos fundamentais. O terceiro círculo, ainda</p><p>maior, envolve o primeiro e o segundo (na cor verde bandeira opaco) e corresponde à terceira dimensão</p><p>de direitos fundamentais. O maior e último círculo, que envolve todos os outros (cor cinza), corresponde</p><p>à quarta dimensão. Cada círculo representa uma dimensão dos direitos fundamentais, que, conforme</p><p>surgiram, complementaram os demais.</p><p>Pedro Lenza (2017) ensina que a quinta dimensão trata do direito à paz e, por-</p><p>tanto, direito supremo da humanidade. A segurança pública engloba as várias</p><p>dimensões dos direitos fundamentais, mas pode ser caracterizada pela dimensão</p><p>que trata do direito à paz, por ser este o fim buscado pela segurança pública.</p><p>Figura 1 - Gerações dos direitos fundamentais / Fonte: adaptada de Alencar (2010).</p><p>51</p><p>Desse modo, a segurança pública é supremo direito da humanidade e direito</p><p>fundamental de terceira dimensão (LENZA, 2017).</p><p>Há uma discussão doutrinária no sentido de que a segurança pública seria um</p><p>direito fundamental de quinta geração e que os direitos sociais seriam enquadrados</p><p>na segunda geração. Ao tratar da fundamentalidade dos direitos sociais, é necessário</p><p>mencionar os direitos fundamentais de segunda geração, aqueles em que o Estado deve</p><p>ter uma prestação positiva (dever agir) no sentido de buscar a igualdade entre os desi-</p><p>guais, reduzindo as desigualdades da sociedade (DEGRAF; SANTIN, COSTA, 2020).</p><p>Não há como falar de segurança pública e direito social sem mencionar o direito</p><p>fundamental da paz, o autor sustenta a ideia de que a segurança pública em conexão</p><p>com o direito de paz, como direito fundamental, seria um direito de quinta geração</p><p>(BONAVIDES, 2013). Em termos diferentes, Santin (2013) verifica a segurança públi-</p><p>ca presente em todas as gerações de direito, não apena em uma, pela sua formatação</p><p>de manutenção da paz social, presente na sociedade em todos os momentos históri-</p><p>cos. A segurança pública, pensada como direito fundamental social, reveste-se mais</p><p>claramente de uma concepção de coletividade, de preponderância de interesse difuso.</p><p>Sendo a segurança um direito individual e também social, “não há como desas-</p><p>sociá-las, já que não há como existir segurança da comunidade sem que haja segu-</p><p>rança individual” (DONIZETTI, 2011, p. 58). Independentemente da classificação</p><p>da segurança dentro das gerações de direitos, trata-se de um direito almejado por</p><p>todos os povos, seja na relação externa entre Estados diversos, seja na possibilidade</p><p>de uma vida dentro de seu próprio Estado, com as garantias mínimas de poder</p><p>exercer seus demais direitos, sem que a insegurança os impeçam de ter uma vida</p><p>com o mínimo de tranquilidade desejado (DEGRAF; SANTIN; COSTA, 2020).</p><p>“ Em vista do rol de direitos e garantias fundamentais, bem como</p><p>os direitos sociais, é possível afirmar que a Constituição traz um</p><p>plexo de direitos voltados para a segurança pública e individual,</p><p>de forma que seja possível ao estado preservar a ordem pública,</p><p>sem, no entanto, massacrar aqueles que a violam quando praticam</p><p>crimes. Busca-se um ponto de equilíbrio entre o direito à segurança</p><p>pública e os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos de bem e</p><p>daqueles que praticam crimes e venham a responder criminalmente</p><p>e serem presos, em vista da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III,</p><p>da CF FOUREAUX, 2019, p. 19).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 2</p><p>52</p><p>O Estado como ente personalizado deve atuar de forma que a supremacia</p><p>pública, ou seja, o interesse coletivo esteja sempre presente na sua atuação.</p><p>Para isso, é dotado de mecanismos peculiares e sujeições positivados pela</p><p>legislação, ou seja, possui meios para assegurar o exercício de suas ativida-</p><p>des, sendo a atuação administrativa exercida em benefício dos direitos dos</p><p>cidadãos (PIETRO, 2006). Um dos mecanismos utilizados pelo Estado para</p><p>garantir o interesse coletivo é o poder de polícia, que apesar de ser norteado</p><p>pelo direito administrativo, é assegurador do interesse público.</p><p>O profissional da segurança pública pode ser definido como um agente que</p><p>garante o direito dos cidadãos; e, como tal, sua formação deve refletir esta verdade</p><p>para que, no exercício de sua atividade, este profissional possa servir ao cidadão</p><p>e ao Estado da melhor forma possível. Para que este objetivo seja alcançado, é</p><p>mister que o conceito de poder de polícia seja compreendido em sua plenitude,</p><p>pois, no exercício deste poder, o policial caminha sobre uma tênue linha que o</p><p>separa de um lado da boa aplicação da lei e do outro, o abuso de autoridade e,</p><p>consequentemente, do crime (AMARAL, 2003).</p><p>53</p><p>De acordo com o art. 78 do Código Tributário Nacional: considera se poder de</p><p>polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito,</p><p>interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de</p><p>interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à dis-</p><p>ciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas depen-</p><p>dentes de concessão</p><p>ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou</p><p>ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos (BRASIL, 1966).</p><p>Esse conceito dado pela legislação, entretanto, é considerado por alguns autores</p><p>uma dificuldade para o entendimento do que realmente é o poder de polícia, já que “o</p><p>texto legal, demasiado extenso, dificulta a apreensão do seu conteúdo” (ALEXANDRI-</p><p>NO; PAULO, 2011, p. 291). Por conta disso, vários autores tentam simplificar o texto</p><p>legal e seguem a linha de que o poder de polícia é o assegurador do interesse público.</p><p>O conceito clássico compreendia o poder de polícia como atividade estatal que limitava o</p><p>exercício dos direitos individuais em benefício da segurança. Já o conceito moderno considera</p><p>o poder de polícia como limitação dos direitos individuais para garantia do interesse público.</p><p>Fonte: adaptado de Pietro (2006).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>“ O poder de polícia é fundamentado na norma constitucional e nas</p><p>normas de ordem pública, onde estão definidas expressamente ou</p><p>implicitamente faculdades para a autoridade pública fiscalizar,</p><p>controlar e restringir o uso de bens ou exercício de direitos e ativi-</p><p>dades individuais em benefício da coletividade e a cada restrição</p><p>de direito individual corresponde equivalente poder de polícia</p><p>administrativa à Administração Pública, para torná-la efetiva e fa-</p><p>zê-la obedecida, pois a razão da existência do poder de polícia é o</p><p>interesse social (GONÇALVES, 2004, p. 4).</p><p>Além do conceito de poder de polícia, é importante diferenciar o poder de polícia</p><p>administrativo e poder de polícia judiciário, já que esses poderes incidem em duas</p><p>atuações da administração pública, e possui cada uma função distinta. A polícia ad-</p><p>ministrativa, também denominada polícia preventiva, tem como objetivo impedir</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 2</p><p>54</p><p>as infrações das leis e sustentar a ordem pública. Sua atuação deve evitar o cometi-</p><p>mento de crimes. Pode atuar em dois sentidos, representando a atividade destinada</p><p>a prevenir e reprimir os comportamentos danosos à sociedade, ou incidir sobre</p><p>bens, direitos e atividades. Sua atuação se irradia por toda a administração pública.</p><p>A polícia administrativa tem como objetivo impedir ou paralisar atividades an-</p><p>tissociais, incidindo sobre bens, direitos ou atividades dos particulares. Incide sobre</p><p>ilícito puramente administrativo, sendo regida pelo direito administrativo. “Essa</p><p>polícia pode ser fiscalizadora, preventiva ou repressiva, sendo que, em nenhum caso,</p><p>haverá aplicação de penalidade pelo poder judiciário” (MARINELA, 2013, p. 231).</p><p>É importante que você saiba que a polícia administrativa é exercida pelos</p><p>mais variados órgãos da Administração Pública, incluindo a polícia militar e a</p><p>polícia rodoviária federal, ao passo que o exercício da polícia judiciária é pri-</p><p>vativo de certo e determinado órgão (secretaria de segurança), conforme está</p><p>previsto e disciplinado no art. 4º do Código de Processo Penal, que diz respeito</p><p>ao Inquérito Policial. Em seu art. 4º, a polícia judiciária será exercida pelas auto-</p><p>ridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá, por fim,</p><p>a apuração das infrações penais e da sua autoria (BRASIL, 1941).</p><p>Vamos visualizar, na prática, a atuação da polícia administrativa</p><p>Na área da saúde/vigilância sanitária (VISA), o poder de polícia administrativa</p><p>é exercido por um agente que determina a retirada de água parada de uma</p><p>residência para evitar a disseminação do mosquito da dengue. Temos outro</p><p>exemplo prático na área do trabalho, em que o poder de polícia administrativa</p><p>é exercido por um fiscal que aplica multa a uma empresa que deixa de fornecer</p><p>os equipamentos de segurança aos empregados.</p><p>A Polícia Militar, também, exerce o poder de polícia administrativa por</p><p>meio de sua competência constitucional de polícia ostensiva, responsável pela</p><p>preservação da ordem pública, pois deve coibir os comportamentos indivi-</p><p>duais contra as normas legais. Como você pode verificar, o poder de polícia</p><p>existe nas mais diversas áreas da administração pública; como exemplo de</p><p>polícia administrativa, podemos citar a polícia edilícia, de tráfego e trânsito, de</p><p>logradouros públicos, além da polícia sanitária, de medicamentos, entre mui-</p><p>tas outras. Já a polícia judiciária, também conhecida como polícia repressiva,</p><p>tem como foco a proteção da ordem pública, com a devida responsabilização</p><p>55</p><p>de seus infratores, incidindo sobre pessoas. É regida pela legislação penal e</p><p>processual penal, além das disposições constitucionais pertinentes.</p><p>A Polícia Judiciária funciona como auxiliar do Poder Judiciário na procura</p><p>de provas dos crimes e contravenções e na busca por seus autores. Tal caráter a</p><p>torna essencialmente repressiva. Desta forma, a principal diferença que se costu-</p><p>ma apontar entre as duas está no caráter preventivo da polícia administrativa e</p><p>no repressivo da polícia judiciária. A primeira tem por objetivo impedir as ações</p><p>antissociais, e a segunda, punir de acordo com lei penal. Essa diferença, porém,</p><p>não é considerada absoluta, visto que a polícia administrativa pode agir tanto</p><p>preventivamente como repressivamente em situações em que o comportamento</p><p>individual venha a prejudicar a coletividade (PIETRO, 2006).</p><p>A polícia administrativa, também, exerce atividade repressiva ao impor, por</p><p>exemplo, multas, advertências e suspender atividades. Por outro lado, a polícia ju-</p><p>diciária pode exercer atividades preventivas, por exemplo, inibir crimes. Podemos</p><p>verificar uma hipótese dessa imprecisão em diferenciar polícia administrativa de</p><p>polícia judiciária no art. 144, § 1º, II da CF/88 (BRASIL, 1988), que preconiza que</p><p>cabe à polícia federal atuar na prevenção ao tráfico de entorpecentes.</p><p>Em suma, a polícia administrativa é atividade da administração que se exaure</p><p>em si mesma, ou seja, inicia e se completa no âmbito da função administrativa;</p><p>já a polícia judiciária, embora seja atividade administrativa, prepara a atuação da</p><p>função jurisdicional penal, o que faz regulada pelo Código de Processo Penal e</p><p>executada por órgãos de segurança (CARVALHO FILHO, 2012).</p><p>UNICESUMAR</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10673132/artigo-144-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10672871/par%C3%A1grafo-1-artigo-144-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988</p><p>UNIDADE 2</p><p>56</p><p>Agora que você já aprendeu o que é o poder de polícia, passaremos para o fun-</p><p>cionamento, execução e diretrizes básicas dos órgãos de segurança pública, que</p><p>são embasados pelo principal dispositivo da Constituição Federal. No que diz</p><p>respeito à segurança pública, o artigo 144 estabelece que a preservação da ordem</p><p>pública da incolumidade das pessoas e do patrimônio será exercida por meio da</p><p>Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Ferroviária Federal, das</p><p>Polícias Civis, das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares.</p><p>“ Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsa-</p><p>bilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública</p><p>e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos se-</p><p>guintes órgãos:I - polícia federal;II - polícia rodoviária federal;III</p><p>- polícia ferroviária federal;IV - polícias civis;V - polícias militares</p><p>e corpos de bombeiros militares.VI - polícias penais federal, esta-</p><p>duais e distrital. § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão</p><p>permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em</p><p>carreira, destina-se a: I - apurar infrações penais contra a ordem</p><p>OLHAR CONCEITUAL</p><p>57</p><p>política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da</p><p>União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim</p><p>como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual</p><p>ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser</p><p>em lei;II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito</p><p>de entorpecentes e</p><p>drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação</p><p>fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de</p><p>competência;III - exercer as funções de polícia marítima, aeropor-</p><p>tuária e de fronteiras; IV - exercer, com exclusividade, as funções</p><p>de polícia judiciária da União.§ 2º A polícia rodoviária federal,</p><p>órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado</p><p>em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento osten-</p><p>sivo das rodovias federais. § 3º A polícia ferroviária federal, órgão</p><p>permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em</p><p>carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo</p><p>das ferrovias federais. § 4º Às polícias civis, dirigidas por delega-</p><p>dos de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da</p><p>União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações</p><p>penais, exceto as militares.§ 5º Às polícias militares cabem a polícia</p><p>ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bom-</p><p>beiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a</p><p>execução de atividades de defesa civil.§ 5º-A. Às polícias penais,</p><p>vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade</p><p>federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimen-</p><p>tos penais. § 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros</p><p>militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se,</p><p>juntamente com as polícias civis e as polícias penais estaduais e</p><p>distrital, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos</p><p>Territórios. § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamen-</p><p>to dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a</p><p>garantir a eficiência de suas atividades.§ 8º Os Municípios poderão</p><p>constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,</p><p>serviços e instalações, conforme dispuser a lei.§ 9º A remuneração</p><p>dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste</p><p>artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39.§ 10. A segurança</p><p>viária, exercida para a preservação da ordem pública e da inco-</p><p>lumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: I -</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 2</p><p>58</p><p>compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além</p><p>de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o</p><p>direito à mobilidade urbana eficiente; e II - compete, no âmbito</p><p>dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos</p><p>órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estrutu-</p><p>rados em Carreira, na forma da lei (BRASIL, 1988, on-line).</p><p>Não há dúvida de que, no art. 144, da Constituição Federal, tem-se o tema da</p><p>segurança pública, referindo-se aos órgãos encarregados de assegurar à so-</p><p>ciedade essa paz e bem-estar, que todos merecem no Estado Democrático de</p><p>Direito. “Pode-se sustentar que grande parte do enfoque da segurança</p><p>pública destina-se a prevenir a ocorrência das infrações penais, mas, ainda</p><p>insistindo, não é somente isso” (NUCCI, 2016, p. 40).</p><p>O dispositivo referenciado expressa o dever do Estado de promover a Se-</p><p>gurança Pública, estabelecendo em seus incisos os órgãos de que poderá dispor</p><p>o Estado para o exercício de seu dever. Você pode verificar que o sistema de</p><p>segurança pública é responsabilidade da União e dos Estados-membros, ca-</p><p>bendo a eles estabelecerem suas ações de forma coordenada entre os diferentes</p><p>órgãos e políticas públicas de cada Ente da Federação.</p><p>Não estão incluídos no sistema de segurança os municípios, sendo faculta-</p><p>da a constituição de guardas municipais, que serão responsáveis pela proteção</p><p>de bens, serviços e instalações municipais, conforme dispõe o § 8º do art. 144</p><p>(BRASIL, 1988). A seguir, você verá, detalhadamente, cada um dos órgãos que,</p><p>constitucionalmente, compõem a segurança pública do Brasil.</p><p>a) Polícia Federal:</p><p>59</p><p>A polícia federal é uma instituição permanente do Ministério da Justiça, organizada</p><p>e mantida pela União, e tem como função primordial exercer, com exclusividade,</p><p>as funções de polícia judiciária da União. Atua na apuração de infrações penais</p><p>contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da</p><p>União, de suas entidades autárquicas e suas empresas públicas. Também, trabalha</p><p>com crimes de dimensões interestaduais ou internacionais, os quais exigem investi-</p><p>gação coordenada e uniforme, assim como na repressão do tráfico ilícito de entorpe-</p><p>centes e drogas afins, contrabando e descaminho. Atua, ainda, como polícia marítima,</p><p>de fronteira e aeroportuária, conforme dispõe o art. 144, § 1º da CF (BRASIL, 1998).</p><p>A polícia federal destina-se a:</p><p>1. Apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimen-</p><p>to de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárqui-</p><p>cas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha</p><p>repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme,</p><p>segundo se dispuser em lei.</p><p>2. Prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o</p><p>contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros</p><p>órgãos públicos nas respectivas áreas de competência.</p><p>3. Exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras.</p><p>4. Exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.</p><p>A polícia federal é estruturada em carreiras, sendo composta por delegados de</p><p>polícia federal, peritos criminais federais, escrivães de polícia federal, agentes</p><p>federais e papiloscopistas policiais federais.</p><p>b) Polícia Rodoviária Federal</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 2</p><p>60</p><p>Trata-se de um órgão permanente, organizado e mantido pela União e estru-</p><p>turado em carreira. Exerce função de polícia administrativa e tem como</p><p>objetivo o patrulhamento ostensivo das rodovias federais, buscando comba-</p><p>ter e reprimir os ilícitos que ocorrem nessas vias, conforme dispõe o § 2º do</p><p>art. 144 da CF (BRASIL, 1988). Suas competências, além daquelas definidas</p><p>pela Constituição Federal, são dadas pela Lei nº 9503, de 23 de setembro de</p><p>1997 (Código de Trânsito Brasileiro). Compete à Polícia Rodoviária Federal,</p><p>no âmbito das rodovias e estradas federais:</p><p>“ I - cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no</p><p>âmbito de suas atribuições;II - realizar o patrulhamento ostensivo,</p><p>executando operações relacionadas com a segurança pública, com</p><p>o objetivo de preservar a ordem, incolumidade das pessoas, o pa-</p><p>trimônio da União e o de terceiros;III - executar a fiscalização de</p><p>trânsito, aplicar as penalidades de advertência por escrito e multa e</p><p>as medidas administrativas cabíveis, com a notificação dos infrato-</p><p>res e a arrecadação das multas aplicadas e dos valores provenientes</p><p>de estadia e remoção de veículos, objetos e animais e de escolta de</p><p>veículos de cargas superdimensionadas ou perigosas; IV - efetuar</p><p>levantamento dos locais de acidentes de trânsito e dos serviços de</p><p>atendimento, socorro e salvamento de vítimas;V - credenciar os ser-</p><p>viços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de segurança relativas</p><p>aos serviços de remoção de veículos, escolta e transporte de carga</p><p>indivisível;VI - assegurar a livre circulação nas rodovias federais,</p><p>podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção de medidas emer-</p><p>genciais, e zelar pelo cumprimento das normas legais relativas ao</p><p>direito de vizinhança, promovendo a interdição de construções e</p><p>instalações não autorizadas;VII - coletar dados estatísticos e elabo-</p><p>rar estudos sobre acidentes de trânsito e suas causas, adotando ou</p><p>indicando medidas operacionais preventivas e encaminhando-os ao</p><p>órgão rodoviário federal;VIII - implementar as medidas da Política</p><p>Nacional de Segurança e Educação de Trânsito;IX - promover e par-</p><p>ticipar de projetos e programas de educação e segurança, de acordo</p><p>com as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN;X - integrar-se a</p><p>outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito para fins</p><p>de arrecadação e compensação de multas impostas na área de sua</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91797/c%C3%B3digo-de-tr%C3%A2nsito-brasileiro-lei-9503-97</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91797/c%C3%B3digo-de-tr%C3%A2nsito-brasileiro-lei-9503-97</p><p>61</p><p>competência, com vistas à unificação do licenciamento, à simplifica-</p><p>ção e à celeridade das transferências de veículos e de prontuários de</p><p>condutores de uma para outra unidade da Federação;XI - fiscalizar</p><p>o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veículos</p><p>automotores ou pela sua carga, de acordo com o estabelecido no art.</p><p>66, além de dar apoio, quando solicitado, às ações específicas dos</p><p>órgãos ambientais.XII - aplicar a penalidade de suspensão do di-</p><p>reito de dirigir, quando prevista de forma específica para a infração</p><p>cometida, e comunicar a aplicação da penalidade ao órgão máximo</p><p>executivo de trânsito da União (BRASIL, 1997, on-line).</p><p>O plano de carreira na Polícia Rodoviária Federal foi criado pela Lei 9654, em 2</p><p>de junho de 1998. A carreira de que trata esta Lei é composta do cargo de Policial</p><p>Rodoviário Federal, de nível intermediário, estruturada nas classes de Inspetor,</p><p>Agente Especial, Agente Operacional e Agente (BRASIL, 1998).</p><p>As atribuições gerais das classes do cargo de Policial Rodoviário Federal são as seguintes:</p><p>• I - classe de Inspetor: atividades de natureza policial e administrativa, envolvendo</p><p>direção, planejamento, coordenação, supervisão, controle e avaliação administrativa</p><p>e operacional, coordenação e direção das atividades de corregedoria, inteligência e</p><p>ensino, bem como a articulação e o intercâmbio com outras organizações e corpora-</p><p>ções policiais, em âmbito nacional e internacional, além das atribuições da classe de</p><p>Agente Especial;</p><p>• II - classe de Agente Especial: atividades de natureza policial, envolvendo planeja-</p><p>mento, coordenação, capacitação, controle e execução administrativa e operacional,</p><p>bem como articulação e intercâmbio com outras organizações policiais, em âmbito</p><p>nacional, além das atribuições da classe de Agente Operacional;</p><p>• III - classe de Agente Operacional: atividades de natureza policial envolvendo a execu-</p><p>ção e controle administrativo e operacional das atividades inerentes ao cargo, além</p><p>das atribuições da classe de Agente; e</p><p>• IV - classe de Agente: atividades de natureza policial envolvendo a fiscalização, patru-</p><p>lhamento e policiamento ostensivo, atendimento e socorro às vítimas de acidentes</p><p>rodoviários e demais atribuições relacionadas com a área operacional do Departa-</p><p>mento de Polícia Rodoviária Federal.</p><p>Fonte: Brasil (1998, on-line).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 2</p><p>62</p><p>c) Polícia Ferroviária Federal</p><p>Órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira,</p><p>como as demais polícias federais. Destina-se ao patrulhamento ostensivo das</p><p>ferrovias federais, conforme dispõe o § 3º art. 144, da CF (BRASIL, 1988). Não</p><p>foi regulamentada, apesar de sua previsão constitucional. Aponta-se como causa</p><p>de sua não implementação a falência do sistema ferroviário nacional, a partir da</p><p>década de 50, quando o país optou por um modelo rodoviário de transporte pelo</p><p>território, legando às ferrovias o abandono e sucateamento (GALVÃO, 2014).</p><p>d) Polícia Civil</p><p>As polícias civis subordinam-se aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal</p><p>e dos Territórios. São dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem,</p><p>ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração</p><p>de infrações penais, exceto as militares, conforme dispõe o § 4º do art. 144, da CF.</p><p>63</p><p>Os planos de carreira das polícias civis são instituídos pelos Entes Federativos.</p><p>Desta forma, cada Estado possui seu plano de carreira, com suas respectivas ca-</p><p>racterísticas. São funções institucionais da Polícia Civil:</p><p>“ I - exercer, com exclusividade e ressalvada a competência da União,</p><p>as funções de polícia judiciária e a apuração das infrações penais,</p><p>exceto as militares; II - planejar, coordenar, dirigir e executar as ações</p><p>de polícia judiciária e de apuração das infrações penais, consistentes</p><p>na elaboração de inquérito policial e de outros atos formais de in-</p><p>vestigações; III - cumprir mandados de prisão, de busca domiciliar e</p><p>outros, expedidos pela autoridade judiciária competente, no âmbito</p><p>de suas atribuições constitucionais; IV - preservar locais de infra-</p><p>ção penal, apreender instrumentos e produtos de crime, realizar ou</p><p>requisitar perícia oficial e exames complementares; V – organizar e</p><p>executar os serviços de identificação civil e criminal; VI - organizar</p><p>e realizar ações de inteligência, destinadas à instrumentalização do</p><p>exercício de polícia judiciária e de apuração de infrações penais, na</p><p>esfera de suas atribuições; VII - realizar correições e inspeções, em</p><p>caráter permanente ou extraordinário, na esfera de sua competência;</p><p>VIII - organizar e realizar pesquisas técnico-científicas relacionadas</p><p>com as atividades de polícia judiciária e de apuração das infrações</p><p>penais; X - organizar estatísticas e cadastros de pessoas, bens e ce-</p><p>nários de criminalidade e de antecedentes criminais indispensáveis</p><p>ao exercício de suas funções; XI - promover interações entre os ban-</p><p>cos de dados existentes nos órgãos do Sistema Único de Segurança</p><p>Pública; XII - zelar pela preservação da ordem e segurança públi-</p><p>cas, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, promovendo ou</p><p>participando de medidas de proteção à sociedade e às pessoas; e</p><p>Com a promulgação da Lei nº 13.491, de 13 de outubro de 2017, os crimes militares são</p><p>atrelados às circunstâncias previstas nas alíneas do inciso II do artigo 9º do Código Penal</p><p>Militar, em especial: o militar estadual estar em serviço ou de folga, atuando em razão da</p><p>função (em qualquer local), ou, ainda, de folga, mas dentro de local sujeito à administra-</p><p>ção militar, será competência da Justiça Militar.</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 2</p><p>64</p><p>XIII - manter, no exercício de apuração das infrações penais, o sigilo</p><p>necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da socie-</p><p>dade (BRASIL, 2000, on-line).</p><p>e) Polícias e Bombeiros Militares</p><p>Às polícias militares cabem o policiamento ostensivo e a preservação da ordem</p><p>pública nos Estados brasileiros e no Distrito Federal, conforme estabelece o § 5º</p><p>do art. 144, da CF (BRASIL, 1988). Aqui, a preservação abrange tanto a prevenção</p><p>quanto a restauração da ordem pública. Devido a seu caráter preventivo, exerce a</p><p>função de polícia administrativa. A polícia militar tem seus quadros compostos</p><p>por praças e oficiais e realizam o patrulhamento ostensivo por meio de policiais</p><p>fardados e viaturas caracterizadas, com o objetivo de mostrar a presença policial</p><p>nas ruas e inibir ou reprimir a prática criminosa.</p><p>Subordinam-se, juntamente com as polícias civis estaduais, aos governado-</p><p>res. São forças auxiliares e reserva do Exército Brasileiro. Cada Polícia Militar é</p><p>comandada, em seus respectivos Estados, por um oficial superior do posto de co-</p><p>ronel, chamado de comandante-geral. Cada unidade federativa possui sua própria</p><p>65</p><p>legislação, que deve ser pautada pela ordem constitucional. Compete à Polícia</p><p>Militar, além de outras atribuições estabelecidas em leis peculiares ou específicas:</p><p>“ I - exercer com exclusividade a polícia ostensiva, fardada, planeja-</p><p>da pela autoridade policial-militar competente, ressalvadas a com-</p><p>petência das Forças Armadas, a fim de assegurar o cumprimento</p><p>da lei, a preservação da ordem pública e o exercício dos poderes</p><p>constituídos;II - atuar preventivamente, como força de dissuasão, e</p><p>repressivamente, em caso de perturbação da ordem, precedendo o</p><p>eventual emprego das Forças Armadas;III - atender à convocação,</p><p>inclusive mobilização, do Governo Federal;IV - realizar serviços</p><p>de busca, salvamento, prevenção e combate a incêndio;V - exe-</p><p>cutar as atividades de defesa civil;VI - exercer a polícia judiciária</p><p>militar estadual;VII - fornecer, mediante solicitação ou ordem ju-</p><p>dicial, força policial-militar, em apoio ao Ministério Público</p><p>e ao</p><p>Poder Judiciário;VIII - garantir o exercício do poder de polícia dos</p><p>órgãos e entidades públicas, na forma da lei;IX - executar missões</p><p>de honra, guarda, assistência militar, segurança e transporte de</p><p>dignitários;X - estabelecer normas relativas à atividade de polícia</p><p>ostensiva (PARANÁ, 2010, on-line).</p><p>Aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incum-</p><p>be a execução de atividades de defesa civil. O Corpo de Bombeiros foi, inicialmen-</p><p>te, constituído com a função de combater incêndios. Suas funções, no entanto,</p><p>foram ampliadas de modo a atender praticamente todas as áreas de proteção à</p><p>vida. Por isso, atualmente, fazem parte dos órgãos que compõem a segurança</p><p>pública no nosso país. Suas principais atribuições são (PRINCIPAIS..., [2022]):</p><p>• Combate a incêndios de qualquer natureza.</p><p>• Resgates diversos; salvamento aquático.</p><p>• Desencarceramento em acidentes rodoviários e ferroviários.</p><p>• Intervenções em acidentes elétricos, hidráulicos, redes de gás e ma-</p><p>teriais perigosos.</p><p>• Corte de árvores com risco iminente de queda.</p><p>• Captura de animais que ofereçam risco à sociedade, entre outras funções.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 2</p><p>66</p><p>As polícias penais, recentemente incluídas no rol de órgãos da segurança públi-</p><p>ca, por meio da Emenda Constitucional (EC), nº 104/2019, são vinculadas ao</p><p>órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que pertencem,</p><p>incumbindo-lhes a segurança dos estabelecimentos penais, conforme estabelece</p><p>a Constituição Federal, no art. 144, § 5º-A (BRASIL, 1988).</p><p>“ A Polícia Penal, como o seu próprio nome deixa claro, tem como</p><p>competência todas as atividades de execução penal, tais como, po-</p><p>liciamento das unidades prisionais, policiamento de prisão domici-</p><p>liar, policiamento de monitoração eletrônica, policiamento de me-</p><p>didas restritivas da lei Maria da Penha, policiamento de quaisquer</p><p>outras medidas cautelares diversas da prisão, assim como, atividades</p><p>de inteligência e investigação de crimes que envolvam diretamente</p><p>ou indiretamente as unidades prisionais (VICENTE, [2022], p. 2).</p><p>Veja todas as funções da Polícia Penal, de acordo com a Fenaspen, que é a entidade</p><p>nacional da classe (VOCÊ..., [2022], on-line).</p><p>f) Polícias Penais</p><p>67</p><p>“ I. Planejar, coordenar, executar e controlar a administração</p><p>dos estabelecimentos penais, unidades administrativas corre-</p><p>latas da polícia penal, bem como policiamentos, atividades</p><p>de atendimentos, serviços de vigilâncias, custódias, escoltas,</p><p>revistas pessoais, em objetos, guarda, assistências e orienta-</p><p>ções a pessoas recolhidas na Polícia Penal;II. Planejar, coor-</p><p>denar, executar, controlar e participar de operações policiais</p><p>em consonância com o caput do artigo 144 e nos termos do</p><p>seu § 6º- da Constituição Federal;III. Incursões em áreas de</p><p>alto risco, em apoio aos outros órgãos de Segurança Pública</p><p>ou de atividades de policiamento preventivo especializado;IV.</p><p>Apurar as infrações cometidas dentro dos estabelecimentos</p><p>penais e outras correlacionadas, ressalvada as competências</p><p>das polícias judiciária;V. Comunicar ao Poder Judiciário, ao</p><p>Ministério Público e à Defensoria Pública sobre infrações e</p><p>crimes praticadas em Unidades Penais;VI. Lavrar termo cir-</p><p>cunstanciado de ocorrência no âmbito de atuação da Polícia</p><p>Penal e nas hipóteses previstas em lei, encaminhando-o à au-</p><p>toridade competente;VII. Realizar a proteção do perímetro</p><p>de todas as dependências prisionais, ou em locais público ou</p><p>privado, no interesse público, onde haja custodiado de forma</p><p>transitória ou permanente, sob égide da Polícia Penal, poden-</p><p>do, ainda, revistar pessoas, ou vistoriar veículos;VIII. Atuar em</p><p>ocorrências de fuga iminente e imediata, no planejamento de</p><p>recaptura de foragidos das unidades penais, custodiado em</p><p>geral e correlatas.IX. Planejar, coordenar, executar e contro-</p><p>lar recapturas ou capturas de foragidos da justiça no âmbito</p><p>da Polícia Penal;X. Dirigir e atuar em Núcleo de Informação</p><p>e Inteligência Policial, visando à prevenção de crimes e ou-</p><p>tros sinistros relacionados ao sistema penal ou correlatos;XI.</p><p>Atuar e dirigir Unidade Policial de Monitoração Eletrônica</p><p>de presos, fiscalizando a aplicação de sanção imposta ao mo-</p><p>nitorado;XII. Planejar, organizar, coordenar e gerir política</p><p>sociais voltada para o sistema prisional;XIII. Diligenciar e atuar</p><p>na instauração e condução de processos, oriundos de faltas disci-</p><p>plinares durante a execução da pena;XIV. Coordenar os sistemas</p><p>informatizados de rede e bancos de dados próprios, com apoio de</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 2</p><p>68</p><p>outras instituições quando necessário, controlando os acessos de</p><p>servidores da Polícia Penal no interesse do serviço policial;XV. Exe-</p><p>cutar operações de transporte, custódia e escolta de presos em mo-</p><p>vimentações de transferências interestaduais;XVI. Acompanhar e</p><p>realizar a segurança de autoridades judiciárias e outras que exercem</p><p>funções essenciais ao poder judiciário, quando em visitas correcio-</p><p>nais aos estabelecimentos penais;XVII. Exercer de forma privativa</p><p>o gerenciamento e negociação em eventos que envolva rebeliões</p><p>com reféns, motins, fugas, e outros distúrbios prisionais, solicitan-</p><p>do — quando necessário — auxílio de outras forças policiais que</p><p>compõem a segurança pública;XVIII. Patrulhar áreas externas que</p><p>estejam sob a circunscrição da Polícia Penal;XIX. Colher e inven-</p><p>tariar elementos informativos durante apurações e intervenções</p><p>no âmbito da Polícia Penal;XX. Conduzir viaturas, embarcações</p><p>e aeronaves conforme habilitação específica;XXI. Selecionar, for-</p><p>mar, treinar, capacitar, especializar e aperfeiçoar o seu pessoal e,</p><p>mediante convênio ou termo de cooperação, o pessoal de outras</p><p>instituições;XXII. Realizar a segurança de autoridades judiciárias</p><p>e outras que exercem funções essenciais à justiça criminal, quando</p><p>solicitado;XXIII. Apurar e punir, na forma da lei, as infrações admi-</p><p>nistrativas de seus servidores;XXIV. Desempenhar outras atividades</p><p>que se enquadrem no âmbito de suas atribuições.</p><p>69</p><p>g) Guardas Municipais</p><p>UNICESUMAR</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11547</p><p>UNIDADE 2</p><p>70</p><p>Apesar de as Guardas Municipais não comporem o rol de órgãos responsáveis</p><p>pela segurança pública, são órgãos facultativos ao ente municipal, responsáveis</p><p>por proteger os bens, os serviços e as instalações do município, conforme disposto</p><p>na Constituição, em seu art. 144, § 8º (BRASIL, 1988). Certamente, esta é uma</p><p>área da segurança pública, pois busca assegurar a incolumidade do patrimônio</p><p>municipal e envolve bem de uso comum do povo, bens de uso especial e bens</p><p>patrimoniais, mas não é de polícia ostensiva, que é função da polícia militar (SIL-</p><p>VA, 2020). Uma pergunta recorrente é sobre a legalidade das guardas municipais</p><p>serem dotadas de poder de polícia e realizarem fiscalizações de trânsito.</p><p>Você acha que as guardas municipais podem realizar esse tipo de fiscalização? A resposta</p><p>é sim! As guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm competência</p><p>para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor multas. O Supremo</p><p>Tribunal Federal (STF) definiu a tese de que é constitucional a atribuição às guardas muni-</p><p>cipais do exercício do poder de polícia de trânsito, inclusive para a imposição de sanções</p><p>administrativas legalmente previstas (ex.: multas de trânsito).</p><p>PENSANDO JUNTOS</p><p>O poder de polícia não se confunde com segurança pública. O exercício do poder de</p><p>polícia não é prerrogativa exclusiva das entidades policiais, a quem a CF outorgou</p><p>com exclusividade apenas as funções de promoção da segurança pública (STF, 2015).</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988</p><p>71</p><p>DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PODER DE POLÍCIA. IMPOSIÇÃO</p><p>DE MULTA DE TRÂNSITO. GUARDA MUNICIPAL. CONSTITUCIONALIDADE.</p><p>1. Poder de polícia não se confunde com segurança pública. O exercício do primeiro não</p><p>é prerrogativa exclusiva das entidades</p><p>policiais, a quem a Constituição outorgou, com</p><p>exclusividade, no art. 144, apenas as funções de promoção da segurança pública.</p><p>2. A fiscalização do trânsito, com aplicação das sanções administrativas legalmente pre-</p><p>vistas, embora possa se dar ostensivamente, constitui mero exercício de poder de</p><p>polícia, não havendo, portanto, óbice ao seu exercício por entidades não policiais.</p><p>3. O Código de Trânsito Brasileiro, observando os parâmetros constitucionais, estabe-</p><p>leceu a competência comum dos entes da federação para o exercício da fiscalização</p><p>de trânsito.</p><p>4. Dentro de sua esfera de atuação, delimitada pelo CTB, os Municípios podem deter-</p><p>minar que o poder de polícia que lhe compete seja exercido pela guarda municipal.</p><p>5. O art. 144, § 8º, da CF, não impede que a guarda municipal exerça funções adicionais</p><p>à de proteção dos bens, serviços e instalações do Município. Até mesmo instituições</p><p>policiais podem cumular funções típicas de segurança pública com exercício de poder</p><p>de polícia. Entendimento que não foi alterado pelo advento da EC nº 82/2014.</p><p>6. Desprovimento do recurso extraordinário e fixação, em repercussão geral, da seguin-</p><p>te tese: é constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício de poder de</p><p>polícia de trânsito, inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente</p><p>previstas.</p><p>Fonte: STF (2015, on-line).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>A fiscalização do trânsito, com aplicação das sanções administrativas (multas),</p><p>embora possa se dar ostensivamente, constitui mero exercício de poder de polícia,</p><p>não havendo, portanto, proibição de que seja exercida por entidades não policiais</p><p>(como é o caso das guardas municipais). Sendo órgão do Município constitucio-</p><p>nalmente dotado de poder de polícia, a Guarda Municipal deve contribuir na</p><p>prevenção, por meio de ações de vigilância constante, circulando, exibindo sua</p><p>presença de forma ostensiva, como forma de coibir, de inibir, de desencorajar</p><p>eventual infrator. Deve também desenvolver ações de controle e fiscalização sobre</p><p>determinados serviços públicos contratados, concedidos, permitidos, cedidos</p><p>etc.: segurança, higiene, ordem pública, costumes, diversões, lazer público, ativi-</p><p>dades econômicas dependentes de autorização do Poder Público etc.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 2</p><p>72</p><p>Como você viu, a segurança pública é um dos principais serviços públicos</p><p>prestados pelo Estado, contudo essa responsabilidade não é exclusiva do ente</p><p>jurídico. A Constituição Federal trouxe uma inovação terminológica no que tange</p><p>à responsabilidade pela segurança pública, incluiu componentes de participação</p><p>social de todos os indivíduos, de modo que a garantia e continuidade da presta-</p><p>ção estatal mencionada não deve ser vista apenas como uma retribuição es-</p><p>tatal, mas também como uma construção coletiva de toda a sociedade brasileira.</p><p>Temos disposto no caput artigo 144 da Constituição Federal que: Art. 144.</p><p>“A segurança pública, dever do Estado, direito e RESPONSABILIDADE DE</p><p>TODOS, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das</p><p>pessoas e do patrimônio [...]” (BRASIL, 1988, on-line).</p><p>“ Ao positivar a possibilidade da participação popular na</p><p>segurança pública, o constituinte retirou a atuação exclusiva do</p><p>Estado; de modo a dividir o encargo com a sociedade visando</p><p>atender as necessidades primárias a que se destina o serviço pú-</p><p>blico essencial citado. No entanto, cabe ressaltar que esta consti-</p><p>tucionalização da responsabilidade de todos, por si só, não tem o</p><p>escopo de integrar o cidadão nas atividades de segurança pública</p><p>propriamente dita, mas sim podendo atuar como fiscal dos agentes</p><p>e dos órgãos integrantes do sistema de segurança pública (DE-</p><p>GRAF; SANTIN; COSTA, 2020, p. 33).</p><p>“ Há várias formas da participação popular na segurança públi-</p><p>ca, como o Disque-Denúncia, cuja identidade do denunciante é</p><p>mantida no anonimato; projetos de polícia comunitária, como a</p><p>rede de vizinhos protegidos; reuniões comunitárias; Programa</p><p>Educacional de Resistência às Drogas e à Violência-</p><p>-PROERD; Programa Jovens Construindo a Cidadania–JCC,</p><p>dentre outros (FOUREAUX, 2019, p. 22).</p><p>Inclusive, a lei infra nos dá respaldo para darmos maior efetividade no com-</p><p>bate à violência, como você pode ver a seguir no texto do nosso Código de</p><p>Processo Penal (CPP): Art. 301. “Qualquer do povo poderá e as autoridades</p><p>policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em</p><p>flagrante delito” (BRASIL, 1941, on-line).</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10673132/artigo-144-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10653461/artigo-301-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941</p><p>73</p><p>Sabemos que, na prática, muitas vezes, não é possível que o cidadão prenda</p><p>alguém em flagrante delito, no entanto ele pode levar ao conhecimento da auto-</p><p>ridade policial a prática de qualquer delito, materializando o ato com filmagens,</p><p>quando possível ou outros meios disponíveis, tudo isso em nome do supremo</p><p>interesse público, em busca da efetivação da segurança pública.</p><p>“ Assim sendo, a participação do cidadão, que não é operador da se-</p><p>gurança pública, evidentemente será diversa dos mencionados; pois</p><p>o cidadão não possui a formação policial, nem as técnicas necessá-</p><p>rias para o enfrentamento da criminalidade, a qual constantemente</p><p>se aperfeiçoa. Da mesma forma, percebe-se que o cidadão além de</p><p>não possuir treinamento policial para agir diante de um criminoso,</p><p>também não possui equipamentos e materiais para este enfrenta-</p><p>mento (DEGRAF; SANTIN; COSTA, 2020, p. 34).</p><p>Nesse sentido, revelam-se primordiais os programas de policiamento comunitário,</p><p>que estreitam as relações entre a polícia e a comunidade e incentivam uma política</p><p>de segurança preventiva. Por meio desta interação, o policial se torna mais acessível</p><p>à população, gerando a confiança mútua essencial ao combate à criminalidade.</p><p>“ De modo que a participação da sociedade pode ser mais efetiva</p><p>no planejamento e na elaboração de políticas públicas ligadas ao</p><p>policiamento comunitário, onde através do diagnóstico local se pos-</p><p>sibilite atacar as principais causas da criminalidade. Aproximando</p><p>assim os representantes da comunidade local junto dos operadores</p><p>da segurança pública para traçar objetivos realmente realizáveis,</p><p>e não apenas utopias (DEGRAF; SANTIN; COSTA, 2020, p. 34).</p><p>Também, é necessário o engajamento da população nos Conselhos de Segu-</p><p>rança Comunitários, pois se verifica a real possibilidade de discussão entre</p><p>a comunidade e os agentes de segurança acerca dos problemas locais. Por</p><p>meio dessa atividade, há a viabilização da mediação de conflitos, a proposta</p><p>de soluções por quem mais conhece as dificuldades quotidianas, o monito-</p><p>ramento das atividades policiais bem como a elaboração conjunta da política</p><p>de segurança e de prevenção do crime.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 2</p><p>74</p><p>É importante, também, que sejam registradas as ocorrências, pois os órgãos de</p><p>prevenção e repressão ao crime trabalham com informações e estatísticas. Além dis-</p><p>so, a elaboração de políticas públicas é baseada nestes dados, e se os crimes não forem</p><p>registrados, consequentemente as medidas de prevenção e repressão terão lacunas.</p><p>Quanto à natureza jurídica, a segurança pública tem características</p><p>predominantes de interesse difuso, por ser de natureza transindividual, in-</p><p>divisível, de titularidade dispersa entre pessoas indeterminadas e ligadas</p><p>por circunstâncias de fato no interesse geral de recebimento de proteção</p><p>fornecida pelo Estado na preservação da ordem pública e da in-</p><p>columidade das pessoas e do patrimônio (SANTIN, 2005).</p><p>Interesses ou direitos difusos são direitos e interesses os transindividuais, de natureza indi-</p><p>visível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato.</p><p>Fonte:</p><p>Brasil (1990, on-line).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>“ O direito à segurança não é individualmente endereçado, mas voltado</p><p>para toda a coletividade, garantido não somente aos cidadãos brasilei-</p><p>ros, mas a todos os seres humanos que estão em território brasileiro.</p><p>Eis a abrangência do mesmo, o qual deve ser prestado a todo ser huma-</p><p>no sem qualquer outra condição. Direitos Humanos e Segurança Pú-</p><p>blica possuem uma relação de proximidade, e ambos devem caminhar</p><p>juntos para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e</p><p>menos desigual (DEGRAF; SANTIN; COSTA, 2020, p. 32).</p><p>É evidente a necessidade da consciência da declaração constitucional no tocante</p><p>à responsabilidade de todos para o alcance da segurança pública.</p><p>“ Partindo desta construção, parece que a palavra “todos”, men-</p><p>cionada no artigo 144 da Constituição Federal, dentro de uma</p><p>interpretação constitucional, indica o desejo do constituinte de</p><p>que a participação popular na gestão da segurança pública se</p><p>efetive, de forma integrada, entre a sociedade civil e os operado-</p><p>res da segurança pública. Espera-se assim, uma atitude diferente</p><p>de toda a população brasileira, deixando de lado a mera passivi-</p><p>75</p><p>dade em relação à temática da segurança pública, e buscando a</p><p>construção coletiva e permanente de um ambiente de paz social</p><p>(DEGRAF; SANTIN; COSTA, 2020, p. 34).</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Título: Controle Judicial de Segurança Pública: eficiência do serviço</p><p>na prevenção e repressão ao crime</p><p>Autor: Valter Foleto Santin</p><p>Editora: Verbatim</p><p>Sinopse: A obra analisa o controle judicial do serviço de segurança pública e das</p><p>políticas públicas, a eficiência da prevenção e repressão aos crimes, a segurança</p><p>pública, a polícia, a participação da sociedade do Ministério Público, a valoração</p><p>e os instrumentos de controle de qualidade e eficiência do serviço de segurança</p><p>pública. São estudados, ainda, os óbices ao controle judicial, a discricionarieda-</p><p>de administrativa, a separação e harmonia entre os poderes, o controle político</p><p>e administrativo, a ação civil pública, os limites do controle das políticas públicas</p><p>e da discricionariedade administrativa. Também, a instrução e o ônus da prova,</p><p>a decisão judicial e as medidas administrativas para melhoria da eficiência do</p><p>serviço de segurança pública. A maior pretensão do autor é fornecer subsídios</p><p>para a discussão do assunto, na esperança que a sua contribuição estimule o</p><p>aumento do debate, tão necessário para a comunidade jurídica.</p><p>Conforme você verificou nesta unidade, a Constituição Federal é a legislação</p><p>suprema, que rege a segurança pública e tantos outros direitos fundamentais do</p><p>cidadão. É a Carta Constitucional que disciplina a organização e o funcionamento</p><p>dos órgãos responsáveis pela segurança pública e cria os mecanismos para as-</p><p>segurar o exercício dessas atividades, como o Poder de Polícia, que foi discutido</p><p>nesta unidade, ainda, que, superficialmente, para que você tivesse contato com</p><p>esse mecanismo que é assegurador do interesse público.</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Texto curto do Ilustre autor Guilherme Nucci, livre-docente em Direito</p><p>Penal, Doutor e Mestre em Direito Processual Penal, Desembargador na</p><p>Seção Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, explana brevemente</p><p>sobre a Segurança Pública ser um dever de todos.</p><p>UNICESUMAR</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13316</p><p>UNIDADE 2</p><p>76</p><p>Você pôde verificar, também, que a participação popular na segurança pública</p><p>é estabelecida na Constituição Federal, e é ponto fundamental que evidencia o</p><p>exercício da cidadania popular. É muito importante para a garantir a continui-</p><p>dade da prestação estatal que promove a segurança pública, e não deve ser vista</p><p>apenas como uma obrigação estatal, mas também como uma construção coletiva</p><p>de toda a sociedade brasileira.</p><p>77</p><p>1. Como você verificou nesta unidade, os Direitos Fundamentais são os direitos bási-</p><p>cos individuais, sociais, políticos, fraternais, jurídicos e universais que são previstos</p><p>na Constituição Federal de uma nação. Por meio deles, há a garantia da liberdade,</p><p>da vida, da igualdade, da educação, da segurança, dentre outros direitos. Sobre os</p><p>direitos fundamentais, assinale a alternativa correta:</p><p>a) Os direitos fundamentais de primeira dimensão são os direitos sociais, culturais</p><p>e econômicos.</p><p>b) Relaciona-se aos direitos civis e políticos os direitos fundamentais de primeira</p><p>dimensão.</p><p>c) A segunda dimensão dos direitos fundamentais corresponde aos direitos de</p><p>natureza transindividuais, como o direito à paz e ao meio ambiente.</p><p>d) A terceira dimensão relaciona-se aos direitos da democracia, da informação e</p><p>do pluralismo.</p><p>e) A quarta dimensão trata do direito à paz, o supremo direito da humanidade.</p><p>2. Assinale a alternativa que melhor interpreta o enunciado: o artigo 144 da Constitui-</p><p>ção Federal (BRASIL, 1988, on-line) determina que “a segurança pública, dever do</p><p>Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem</p><p>pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio [...]”, quer dizer que:</p><p>a) No Brasil, segurança pública é uma obrigação do Estado e deve ser garantida a</p><p>todas as pessoas, indistintamente, sendo direito da sociedade exigir e cobrar dos</p><p>governantes somente o aumento do efetivo policial, visando coibir a criminalidade.</p><p>b) Embora a segurança pública seja um direito garantido não somente aos cidadãos</p><p>brasileiros, mas a todos os seres humanos que estão em território brasileiro, sen-</p><p>do obrigação do Estado sua oferta e garantia ao povo, somente podem exercer o</p><p>direito de cobrança junto aos Governos os parlamentares (Deputados Federais,</p><p>Estaduais, Senadores e vereadores).</p><p>c) Cabe ao Estado Brasileiro garantir a segurança de todos, sendo um direito e</p><p>também uma responsabilidade do cidadão, nascido no Brasil, contribuir para que</p><p>sejam desenvolvidas políticas públicas adequadas para a diminuição da violência</p><p>e o fomento de uma cultura de cidadania.</p><p>d) Segurança pública no Brasil é dever dos Governos Estaduais, não cabendo ne-</p><p>nhuma atribuição ao Governo Federal e aos municípios.</p><p>e) É dever do Estado Brasileiro garantir a segurança de todos, sendo um direito e</p><p>também uma responsabilidade da sociedade, contribuir para que a gestão da</p><p>78</p><p>segurança pública se efetive, buscando a redução da violência e o fomento de</p><p>uma cultura de cidadania.</p><p>3. Poder de polícia é a faculdade da administração pública que limita ou disciplina</p><p>direito, interesse ou liberdade, e regula a prática de atos ou a abstenção, em razão</p><p>do interesse público. Destina-se a assegurar o bem-estar geral, por meio de ordens,</p><p>proibições e apreensões, impedindo o exercício antissocial dos direitos individuais,</p><p>o uso abusivo da propriedade, ou a prática de atividades prejudiciais à coletividade.</p><p>A respeito do poder de polícia, assinale a alternativa incorreta:</p><p>a) Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que limita ou</p><p>disciplina direito.</p><p>b) Regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público.</p><p>c) O poder de polícia é o poder exercido apenas pelos órgãos que compõem a</p><p>segurança pública.</p><p>d) O poder de polícia é concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes,</p><p>à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas</p><p>dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade</p><p>pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.</p><p>e) É constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício de poder de polícia</p><p>de trânsito, inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente previstas.</p><p>4. O poder de polícia é a atividade da Administração Pública que impõe limites ao exercício</p><p>de direitos e liberdades, em prol do interesse coletivo. É o mecanismo de frenagem</p><p>de que dispõe a Administração Pública para conter os abusos. Com base no conteúdo</p><p>desta unidade, marque a opção correta.</p><p>a) A polícia administrativa, ao contrário da judiciária, atua exclusivamente no campo</p><p>preventivo.</p><p>b) A polícia</p><p>judiciária é repressiva e está adstrita aos órgãos e agentes do Poder Ju-</p><p>diciário, enquanto a polícia administrativa é preventiva e está disseminada pelos</p><p>órgãos da administração pública.</p><p>c) Sobre poderes administrativos, pode-se afirmar que: a polícia judiciária incide</p><p>sobre bens, direitos e atividades, enquanto que a polícia administrativa atua sobre</p><p>as pessoas.</p><p>79</p><p>d) Enquanto a polícia judiciária é exercida dentro de um núcleo jurídico penal, in-</p><p>cidindo por força disso sobre a pessoa e apresentando caráter eminentemente</p><p>repressivo, a polícia administrativa, que ostenta natureza predominantemente</p><p>preventiva, tem espaço diante do ilícito administrativo, incidindo sobre bens,</p><p>direitos e atividades.</p><p>e) A polícia administrativa pode ser exercida por diversos órgãos da administração</p><p>pública, exceto por aqueles encarregados da saúde, educação, trabalho e previ-</p><p>dência social.</p><p>5. Conforme estabelece o art. 144 da Constituição Federal, a segurança pública é pre-</p><p>servada por meio dos seguintes órgãos: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal,</p><p>Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros</p><p>Militares e Polícias Penais. Este dispositivo estabelece também a organização e o</p><p>funcionamento desses órgãos. Considerando as disposições constitucionais relativas</p><p>à Segurança Pública, assinale a opção correta.</p><p>a) A polícia federal detém competência para exercer, com exclusividade, as funções</p><p>de polícia judiciária da União.</p><p>b) As polícias penais, as polícias militares e os corpos de bombeiros militares são</p><p>forças auxiliares e reserva do Exército e subordinam-se aos Governadores dos</p><p>Estados.</p><p>c) Compete às polícias civis, ressalvada a competência da União, as funções de</p><p>polícia judiciária e a apuração de infrações penais, inclusive as militares.</p><p>d) Estão incluídos no sistema de segurança os municípios, sendo obrigatória a cons-</p><p>tituição de guardas municipais.</p><p>e) As polícias penais sempre fizeram parte do rol de órgãos da segurança pública.</p><p>6. Policiamento ostensivo é uma modalidade de exercício da atividade policial, caracte-</p><p>rizada pela evidência do trabalho da polícia à população, por meio do uso, por exem-</p><p>plo, de viaturas caracterizadas, uniformes, equipamentos ou, até mesmo, distintivos</p><p>capazes de tornar os agentes policiais identificáveis. Tem por objetivo principal atingir</p><p>a visibilidade da população, proporcionando o desestímulo da prática de ilícitos e a</p><p>sensação de segurança, buscando a manutenção ou regulação da ordem pública.</p><p>De acordo com a Constituição Federal, o policiamento ostensivo e a preservação da</p><p>ordem pública são atribuições de qual Polícia?</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10673132/artigo-144-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Autom%C3%B3vel</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Uniforme</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o</p><p>https://pt.wikipedia.org/wiki/Seguran%C3%A7a</p><p>80</p><p>a) Civil.</p><p>b) Militar.</p><p>c) Federal.</p><p>d) Penal.</p><p>e) Rodoviária Federal.</p><p>3Gestão</p><p>Estratégica</p><p>em Segurança</p><p>Pública</p><p>Esp. Vanessa Carnieto</p><p>Esta unidade será essencial para que você entenda que a segu-</p><p>rança pública envolve um conjunto de atividades, composto tanto</p><p>por profissionais que estão na linha de frente, atuando operacio-</p><p>nalmente, como por aqueles que atuam no gerenciamento e pla-</p><p>nejamento da instituição. A Gestão Estratégica é o gerenciamento</p><p>de todos os recursos de uma instituição para alcançar objetivos</p><p>e metas. Como o nome sugere, representa uma maneira de gerir</p><p>uma organização, com foco em planos estratégicos, que passam</p><p>por toda a estrutura organizacional. Envolve identificação dos pro-</p><p>blemas/demandas, a escolha dos indicadores que serão utilizados,</p><p>definição de objetivos, dos programas/políticas públicas, monito-</p><p>ramento, avaliação e aperfeiçoamento destas políticas.</p><p>UNIDADE 3</p><p>82</p><p>É natural para você, profissional de segurança pública, que, na maioria das vezes,</p><p>trabalha na linha de frente, não ter contato com a gestão de sua instituição. Mas</p><p>é extremamente importante que você saiba a dimensão e a importância de uma</p><p>gestão estratégica. Você acha que, apenas, a atuação operacional é suficiente para</p><p>garantir bons resultados na segurança pública? Durante um bom tempo, eu atuei</p><p>na linha de frente e não tinha noção da importância e complexidade da gestão</p><p>estratégica em segurança pública. Você sabia que gestão estratégica envolve a</p><p>identificação dos problemas/demandas, a escolha dos indicadores que serão uti-</p><p>lizados, definição de objetivos, dos programas/políticas públicas, monitoramento,</p><p>avaliação e aperfeiçoamento destas políticas? E que essa etapa é essencial para</p><p>garantir mais efetividade, sobretudo, na prática?</p><p>83</p><p>Ao propor essas questões, pretendo estimular a sua reflexão crítica sobre a im-</p><p>portância da gestão estratégica em segurança pública. Nos dias atuais, uma das</p><p>principais ferramentas utilizadas na gestão pública é a produção da informação e</p><p>do conhecimento, como subsídio ao processo de formulação de políticas públicas</p><p>mais adequadas. O aprofundamento no debate sobre indicadores e a construção</p><p>de mecanismos mais eficazes para a compreensão e a administração de demandas</p><p>relativas à segurança pública, à avaliação das suas instituições e de seus profissio-</p><p>nais, assim como de questões conexas à prevenção da violência e da criminalidade</p><p>são imprescindíveis para a garantia de bons resultados.</p><p>Nesse sentido, o conteúdo apresentado no QR Code, produzido para a Revista</p><p>Segurança, Justiça e Cidadania, é composto por vários artigos que</p><p>apresentam estudos e pesquisas aplicadas aos temas da Segurança</p><p>Pública e da Justiça Criminal que contribuirão para a sua aprendiza-</p><p>gem sobre o desenvolvimento das atividades de gestão das políticas</p><p>públicas e das instituições de segurança pública.Acesse o Qr Code.</p><p>Como você pôde observar, a gestão pública de qualidade de qualquer ins-</p><p>tituição passa pelo uso de indicadores de desempenho. Não existe método de</p><p>administração eficiente, sem a utilização de instrumentos objetivos e cartesianos</p><p>de controle de gestão. Uma das principais ferramentas utilizadas na gestão públi-</p><p>ca é a produção da informação e do conhecimento como subsídio ao processo</p><p>de formulação de políticas públicas mais adequadas. O controle estatístico pode</p><p>ajudar não só no resultado, mas também nos processos internos.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>84</p><p>Agora que você já aprendeu sobre a gestão estratégica e a importância da pro-</p><p>dução de informações e utilização de indicadores, faça um levantamento, obser-</p><p>vando se a instituição em que você atua conta com dados estatísticos ligados à</p><p>gestão, tais como locais de crime, índice de violência, crimes mais recorrentes, e</p><p>se há um monitoramento desses dados. Verifique, também, qual a importância</p><p>desses dados para a gestão de qualidade da sua organização.</p><p>Diante de tudo isso que vimos até o momento, convido você, profissional</p><p>de segurança pública, a fazer seus apontamentos em um Diário de Bordo a fim</p><p>de anotar suas primeiras impressões até o momento. Escreva os resultados de</p><p>sua pesquisa e reflita se conseguiu compreender a importância de uma gestão</p><p>de qualidade. Descreva quais instrumentos e mecanismos você acha essencial</p><p>para o desempenho de uma boa gestão. Verifique, também, o que você acha da</p><p>produção de informação e da alimentação do sistema da sua instituição para a</p><p>produção de dados estatísticos. Após essas reflexões, anote suas dificuldades e</p><p>quais pontos são necessários melhorar. Faça essa análise!</p><p>85</p><p>A Gestão Pública representa um desenvolvimento, na teoria e prática da admi-</p><p>nistração pública, introduzido pela Reforma do Aparelho do Estado do primeiro</p><p>mandato do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998),</p><p>concebido e</p><p>executado pelo então Ministro da Administração Federal e da Reforma do Esta-</p><p>do, Luiz Carlos Bresser-Pereira. De acordo com o Plano Diretor da Reforma do</p><p>Estado (BRASIL, 1995), a principal inovação da mudança diz respeito à forma de</p><p>controle, não mais baseado em processos, mas sim em resultados (NASSUNO,</p><p>2011). Segundo o Plano Diretor, documento que fundamenta o processo de re-</p><p>forma, na administração pública gerencial, a estratégia volta-se para:</p><p>1 - Definição precisa dos objetivos que devem ser alcançados pelas uni-</p><p>dades.</p><p>2 - Garantia de autonomia de gestão de recursos humanos, financeiros</p><p>e materiais ao administrador da unidade de forma que possa realizar os</p><p>objetivos definidos.</p><p>3 - Controle de resultados a posteriori e prestação de contas (BRASIL, 1995).</p><p>Em 2018, houve um importante avanço no âmbito da Segurança Pública no país,</p><p>com a aprovação pelo Congresso Nacional da Política Nacional de Segurança</p><p>Pública e Defesa Social (PNSP) e da instituição do Sistema Único de Segurança</p><p>Pública, sistema bastante debatido na nossa primeira unidade. O PNSP foi pu-</p><p>blicado, em 11 de junho de 2018, e apresentou, à luz da Lei nº 13.675 (BRASIL,</p><p>2018) um esperado alento à população brasileira, trazendo um conjunto não</p><p>exaustivo de objetivos, programas e ferramentas de governança para fornecer à</p><p>nação melhores condições de segurança e acesso a direitos.</p><p>O Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social 2021-2030 prevê</p><p>um sistema de governança composto por mecanismos de liderança, estratégia e</p><p>controle, por meio de um Comitê de Governança Estratégica, objetivando ava-</p><p>liar, direcionar e monitorar a gestão e a condução da política pública, conforme</p><p>diretrizes do Governo Federal. O PNSP é, portanto, elemento-chave para o pleno</p><p>funcionamento da gestão em segurança pública. Todavia sua implementação é</p><p>complexa, principalmente porque União, Estados, Distrito Federal e Municípios</p><p>são autônomos, conforme previsto no art. 18 da Constituição Federal de 1988</p><p>(BRASIL, 1988). Desta forma, compete ao Ministério da Justiça e Segurança</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>86</p><p>Pública, por meio de um sistema de governança compartilhado, exercer a coorde-</p><p>nação e garantir a articulação, a cooperação e a integração de todos os envolvidos.</p><p>Essa governança será exercida de forma prática nas três instâncias de execu-</p><p>ção do Plano (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Não só o PNSP em</p><p>si, como também seus mecanismos de governança, precisam de gestão alinhada</p><p>em todos os níveis. Os Planos Estaduais e os Planos Municipais de Segurança</p><p>Pública são peças essenciais no contexto da efetiva implementação da Política</p><p>Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, assim como do funcionamento</p><p>eficaz de todo o Sistema Único de Segurança Pública. Para isso, é importante que</p><p>os planos dos entes federativos estejam alinhados, tanto ao Plano Nacional de</p><p>Segurança Pública e Defesa Social 2021-2030 quanto aos objetivos da PNSPDS.</p><p>Apenas, assim, será possível a integração dos esforços da União, dos estados e dos</p><p>municípios no sentido de cumprir o preceito constitucional, quanto à competên-</p><p>cia acerca da Segurança Pública no Brasil (TORRES, 2021).</p><p>Para saber mais sobre o Plano Nacional de Segurança Públi-</p><p>ca e Defesa Social 2021-2030, que, pela primeira vez, esta-</p><p>belece prazos, indicadores, priorização e coordenação para</p><p>cumprir as metas estabelecidas, convido você a ouvir este</p><p>Podcast. O plano conta com 13 metas principais que incluem</p><p>a redução dos índices de mortes violentas, da violência con-</p><p>tra mulher e priorizam a atenção aos profissionais de segu-</p><p>rança pública. A atualização teve ampla participação da so-</p><p>ciedade, das instituições e representa mais um passo dado</p><p>pelo Governo Federal rumo à transformação da segurança</p><p>pública do país (TORRES, 2021).</p><p>Como você já viu nas unidades anteriores, o sistema de segurança pública bra-</p><p>sileiro atual é baseado na Constituição Federal, de 1988, que demonstra ter um</p><p>compromisso legal com a segurança individual e coletiva. O cumprimento deste</p><p>pacto constitucional é dever dos agentes políticos, o que implica zelar pelo res-</p><p>peito à legalidade vigente. A função de elaborar e mudar as leis é dos legisladores</p><p>eleitos, a responsabilidade pelo cumprimento é do governante, particularmente</p><p>dos gestores da segurança pública, aos quais não cabem decisões sobre quais leis</p><p>devem ou não ser cumpridas, mas podem elaborar programas que auxiliem no</p><p>cumprimento das legislações (SOARES, 2003). Importante salientar que deve</p><p>haver um entrosamento dos vários órgãos que são responsáveis pela segurança</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11548</p><p>87</p><p>pública e o setor judiciário e legislativo. Neste sentido, é importante que estes</p><p>órgãos públicos de segurança estejam adequadamente comprometidos e unidos</p><p>para criar leis coerentes com a realidade (ROSA, 2015).</p><p>A construção de uma sociedade mais desenvolvida, menos desigual, com</p><p>maior bem-estar, depende, em boa parte, da capacidade de Planejamento nas</p><p>diversas instâncias do setor público: no governo federal, nos estados, nas prefei-</p><p>turas, nas secretarias e órgãos públicos. Um bom governo deve dispor, além de</p><p>um projeto político viável, de meios e recursos que assegurem sua governabili-</p><p>dade e de capacidade técnica de planejamento, gestão e adequação das atividades</p><p>programadas para construção do projeto almejado (TONI, 2009).</p><p>Sem dúvidas, os problemas relacionados à segurança pública podem ser con-</p><p>siderados um dos mais importantes da gestão pública brasileira, na atualidade.</p><p>Diante da tamanha importância, vários aspectos devem ser considerados para a</p><p>elaboração da gestão estratégica da segurança pública. O enfoque não deve ser</p><p>apenas na meta de baixar o índice de criminalidade, é importante identificar os</p><p>problemas do setor e gerenciar todo o processo, e não apenas visar aos resultados</p><p>estatísticos de violência.</p><p>Uma vez adotada a prática do planejamento estratégico, as entidades go-</p><p>vernamentais ganham inúmeros benefícios, quando este é coerente, aceitável e</p><p>incorporado ao dia a dia das instituições. Planejamento Estratégico é o processo</p><p>contínuo de, sistematicamente, com o maior conhecimento possível do futuro</p><p>contido, tomar decisões atuais que envolvem riscos; organizar sistematicamente</p><p>as atividades necessárias à execução dessas decisões e, por meio de uma retroa-</p><p>limentação organizada e sistemática, medir o resultado dessas decisões em con-</p><p>fronto com as expectativas alimentadas (OLIVEIRA, 2017).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>88</p><p>Um governo deve dispor de um projeto político viável e de meios para sua</p><p>execução e administração, além de capacidade técnica de planejamento,</p><p>gestão e adequação das atividades programadas para construção do projeto</p><p>almejado (JANUZZI, 2011).</p><p>“ Assim, planejamento é palavra fundamental, porém, não mais numa</p><p>lógica tecnocrata e centralizadora, apartada da realidade concreta.</p><p>O planejamento na gestão pública precisa, necessariamente, consi-</p><p>derar o caráter dinâmico e complexo da realidade da sociedade e do</p><p>Estado e, em razão disso, apresentar soluções igualmente dinâmicas</p><p>para obter efetividade nas ações (TORRES, 2021, p. 08).</p><p>89</p><p>A essência do bom planejamento em gestão pública diz respeito à sua capacidade</p><p>de adaptar-se ao cenário concreto que se coloca pela realidade cotidiana. Você,</p><p>agente de segurança pública bem sabe que, de modo geral, no contexto brasilei-</p><p>ro, as causas gerais da criminalidade, geralmente, estão envolvidas com os altos</p><p>níveis de pobreza e desigualdade, que são apontados como os principais condi-</p><p>cionantes da criminalidade do país. Considerando este contexto intersubjetivo</p><p>e diversificado da criminalidade brasileira, é evidente que há a necessidade do</p><p>desenvolvimento de políticas de segurança pública eficazes e capazes de amenizar</p><p>as diversas frentes criminais da sociedade (SOARES, 2006).</p><p>Ter um conhecimento estruturado da realidade sociodemográfica, das po-</p><p>tencialidades e fragilidades da economia, da dinâmica conjuntural</p><p>do empre-</p><p>go, das restrições e condicionantes ambientais de um município, região ou</p><p>estado é um bom ponto de partida para assegurar que os programas e outras</p><p>ações públicas estejam mais ajustadas às necessidades de seus públicos-alvo</p><p>e ao contexto da intervenção social, ampliando as chances de sucesso e de</p><p>efetividade das Políticas Públicas no país (JANUZZI, 2001).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>90</p><p>Essa multiplicidade de enfoques possíveis sobre</p><p>a segurança pública situa-a, dentre outros campos,</p><p>na Economia, na Gestão da Informação, na Admi-</p><p>nistração Pública, na Gestão do Conhecimento, na</p><p>Epistemologia, na Antropologia, Sociologia, Direi-</p><p>to, Criminologia, Administração e ciências afins,</p><p>dentre outros estudos e áreas do conhecimento.</p><p>Disso resulta, naturalmente, a coexistência de for-</p><p>tes diferenças de opinião, todas elas procedentes e</p><p>dignas de atenção (PROTÁSIO, 2011).</p><p>O Brasil apresenta um contexto muito com-</p><p>plexo em relação ao mundo criminal, devido à</p><p>variedade de tipos de violência, e este fator exige</p><p>também que o Estado seja capaz de desenvolver</p><p>políticas eficientes para conseguir lidar com estes</p><p>problemas sociais (ADORNO, 1996).</p><p>Claro que identificar as principais causas para a</p><p>violência e o crime em um país inteiro, tão grande</p><p>como o Brasil, não é tarefa fácil,</p><p>principalmente porque a crimi-</p><p>nalidade envolve uma diversidade</p><p>ampla de tipos de crimes, associa-</p><p>da a dinâmicas sociais muito dife-</p><p>rentes, peculiares de cada região.</p><p>Portanto, é importante entender</p><p>que identificar uma causa espe-</p><p>cífica que sintetize o complexo</p><p>universo heterogêneo da crimi-</p><p>nalidade é uma utopia.</p><p>Por isso, não existem mode-</p><p>los únicos e gerais que abranjam</p><p>todas as cidades e possam ser</p><p>aplicados em todo o país. Mas</p><p>há parâmetros que podem ser</p><p>tomados sob uma perspectiva</p><p>91</p><p>geral do problema da criminalidade, possibilitando</p><p>a criação de políticas de segurança mais eficientes. O</p><p>principal parâmetro é, justamente, ter muito cuidado</p><p>com as generalizações.</p><p>Independentemente de qual seja o diagnóstico</p><p>local sobre a dinâmica da criminalidade, é sempre</p><p>importante que se faça o reconhecimento minucioso</p><p>a respeito da multiplicidade de dimensões envolvi-</p><p>das: aspectos econômicos, estrutura familiar de cada</p><p>localidade, condições habitacionais da região, aces-</p><p>so ao lazer social, oportunidades de emprego, perfil</p><p>psicológico dos cidadãos, as tendências regionais,</p><p>movimentos sociais, dentre outros. Portanto, devi-</p><p>do à diversidade de aspectos envolvidos no processo</p><p>de diagnóstico da criminalidade, deve-se evitar uma</p><p>visão genérica e abstrata, porém baseada em estatísti-</p><p>cas e estudos condizentes com a realidade específica</p><p>de cada região (SOARES, 2006).</p><p>A qualidade da gestão relacionada à segurança</p><p>pública está, diretamente, ligada à consistência de</p><p>cada um dos programas propostos, assim como de-</p><p>pende da qualidade de cada projeto e da eficácia de</p><p>cada ação empreendida pela gestão. Esta consistência</p><p>e eficiência dependem diretamente do conhecimento</p><p>das particularidades de cada localidade.</p><p>Essas abordagens mais modernas de Planejamento</p><p>Público, com foco mais estratégico e situacional, as-</p><p>sentam-se em um processo de trabalho de cinco con-</p><p>junto de atividades, iniciando-se com a definição da</p><p>Agenda de Prioridades da ação governamental — do</p><p>órgão setorial, prefeitura, governo estadual ou federal</p><p>— passando pela elaboração da Análise Retrospectiva,</p><p>da Análise Prospectiva, da Análise de Potencialidade</p><p>e Fragilidades internas e terminando com a sistema-</p><p>tização de informações para as escolhas de estratégias C</p><p>R</p><p>IM</p><p>IN</p><p>A</p><p>L</p><p>ID</p><p>A</p><p>D</p><p>E</p><p>C</p><p>R</p><p>IM</p><p>IN</p><p>A</p><p>L</p><p>ID</p><p>A</p><p>D</p><p>E</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>92</p><p>a seguir na formulação do Plano de Médio e Longo Prazo. Em todas as etapas,</p><p>demanda-se um conjunto específico de informações de natureza mais estruturada</p><p>ou semiestruturada, mais gerais ou mais específicas (JANUZZI, 2011).</p><p>Na etapa de formação da Agenda prioritária, é necessário dispor de infor-</p><p>mações sobre as principais demandas — problemas e avanços — da área setorial</p><p>objeto do planejamento. Alguns instrumentos indispensáveis para essa análise</p><p>são os anuários estatísticos, audiências públicas, revisão de planos de governo e</p><p>levantamento da legislação que regulamenta e orienta as ações do poder público,</p><p>Estatuto da Cidade, bem como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Após a</p><p>definição da agenda prioritária de ação pública, passa-se ao detalhamento do</p><p>diagnóstico socioeconômico para formulação das Políticas, programas e projetos.</p><p>Tão importante quanto conhecer de forma mais estruturada a realidade pas-</p><p>sada, é dispor de informações acerca do futuro no médio prazo, em termos das</p><p>perspectivas de expansão da demanda populacional por bens e serviços públicos,</p><p>os prognósticos de desenvolvimento econômico regional e possíveis impactos</p><p>tecnológicos e das políticas públicas sobre a realidade analisada. Conhecer os</p><p>pontos fortes e fracos do governo municipal, estadual ou do órgão setorial em</p><p>termos de recursos humanos, recursos financeiros e de equipamentos sociais é</p><p>outra etapa relevante para que, dimensionados os problemas e conhecidos os</p><p>desafios a enfrentar, sejam escolhidas as estratégias mais viáveis dentre as formu-</p><p>ladas para solucionar as questões compromissadas na agenda (JANUZZI, 2011).</p><p>93</p><p>1- Formação da Agenda</p><p>de Políticas e Programas:</p><p>2- Elaboração do</p><p>Diagnóstico</p><p>Socioeconômico (Análise</p><p>retrospectiva do Contexto)</p><p>3- Elaboração de Cenários</p><p>Futuros (Análise</p><p>prospectiva do Contexto)</p><p>4- Identi�cação de</p><p>potencialidades e</p><p>fragilidades internas</p><p>5- Escolhas estratégicas</p><p>para orientar a formulação</p><p>do Plano</p><p>-Relatórios de Gestões</p><p>anteriores;</p><p>-Levantamento de</p><p>Compromissos assumidos;</p><p>-Identi�cação de demandas</p><p>sociais verbalizadas por</p><p>diferentes atores sociais;</p><p>-Levantamento de Estudos de</p><p>Condições Vida e Relatórios de</p><p>Indicadores Sociais;</p><p>-Levantamento da Legislação e</p><p>Normas que instituem</p><p>obrigações e programas</p><p>públicos.</p><p>-Análise do público-alvo;</p><p>-Análise do contexto</p><p>econômico;</p><p>-Análise dos</p><p>condicionantes ambientais;</p><p>-Análise da Capacidade de</p><p>Gestão;</p><p>-Análise da Participação</p><p>Social.</p><p>-Projeções de demanda</p><p>Futura;</p><p>-Perspectivas de</p><p>Investimentos;</p><p>-Impactos de novas</p><p>tecnologias;</p><p>-Impactos de mudanças</p><p>culturais;</p><p>-Impactos das Políticas</p><p>Públicas.</p><p>-Recursos Humanos</p><p>Gestores e capacidade de</p><p>gestão;</p><p>-Pessoal técnico para</p><p>atividades-meio;</p><p>-Pessoal técnico para</p><p>atividades-�m;</p><p>-Infraestrutura física e</p><p>organizacional;</p><p>-Recursos �nanceiros para</p><p>custeio e investimentos;</p><p>-Recursos tecnológicos</p><p>e informática.</p><p>Etapas e atividades do planejamento estratégico do Setor Público:</p><p>OLHAR CONCEITUAL</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>94</p><p>A primeira etapa diz respeito ao levantamento de informações e do conheci-</p><p>mento como subsídio ao processo de formulação, que é uma das principais</p><p>ferramentas utilizadas para a formação de políticas públicas mais adequa-</p><p>das. Nesse sentido, a utilização de indicadores no âmbito do diagnóstico de</p><p>realidades sociais bem como no desenho, na implementação e na avaliação</p><p>de políticas públicas, possibilita ao gestor realizar a sua tomada de decisão</p><p>de modo mais qualificado e segundo o retrato da realidade que os dados re-</p><p>velarem. Por isso, o uso de indicadores como subsídio ao processo decisório</p><p>na administração pública brasileira mostra-se fundamental para aprimorar</p><p>e melhorar a qualidade de sua gestão (JANUZZI, 2001).</p><p>Um indicador social é uma medida, em geral, quantitativa, dotada de significado social</p><p>substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abs-</p><p>trato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação</p><p>de políticas). É um recurso metodológico, empiricamente referido, que informa algo sobre</p><p>um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se processando. Em uma</p><p>perspectiva programática, o indicador social é um instrumento operacional para monito-</p><p>ramento da realidade social para fins de formulação e reformulação de políticas públicas.</p><p>Fonte:</p><p>de alguns avanços, como</p><p>as leis que instituíram o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRO-</p><p>NASCI) e a que criou o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).</p><p>Lamentavelmente, também, nunca houve uma preocupação com a humanização</p><p>do profissional de segurança pública, tão pouco com a sua capacitação. Passamos por</p><p>períodos sombrios em que a preocupação era única e exclusivamente a de “eliminar</p><p>o inimigo". Uma verdadeira política de guerra foi instaurada em nosso país, junto dela</p><p>o autoritarismo, a censura e a violência, resquícios de uma evolução histórica pautada</p><p>em guerra, e um período ditatorial que durou 21 anos em nosso país.</p><p>Para estabelecer um amplo debate que vise a reformas estruturais no sistema de</p><p>segurança pública, na perspectiva de construir uma polícia democrática, cidadã e antir-</p><p>racista, temos necessariamente que incluir os profissionais de segurança pública neste</p><p>debate. As bases de nossas polícias são muito desvalorizadas. O suicídio policial é uma</p><p>das principais causas de morte de policiais. Nenhum ente federado garante programa</p><p>de saúde mental aos seus policiais do início ao fim da carreira. Muitos estados sequer</p><p>têm um programa paliativo.</p><p>Em termos gerais, faltam não apenas maior carga horária nos cursos de formação</p><p>de policiais, como também uma mudança nos currículos. Além dessa discrepância de</p><p>objetivos, os treinamentos são conhecidos pelo curto tempo de duração. Normalmente,</p><p>no Brasil, a formação de um policial varia de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Faltam condi-</p><p>ções melhores para os cursos de formação de policiais. O treinamento é deficiente. Sem</p><p>dúvidas, um dos problemas principais da segurança pública é a falta de capacitação</p><p>profissional e a desvalorização da categoria. Nossa profissão não é atrativa, os salários</p><p>são baixos e os riscos altos.</p><p>Como você pôde verificar, a Segurança Pública é um dos desafios mais importan-</p><p>tes a serem enfrentados pela administração pública, pois, além de ser uma questão</p><p>prioritária para o cidadão, demanda recursos substanciais por parte dos órgãos com-</p><p>petentes, incluindo a capacitação dos agentes de segurança pública. Para uma atuação</p><p>de qualidade, os profissionais deste setor precisam ser devidamente capacitados e</p><p>valorizados. É preciso que você, profissional da segurança pública, primeiramente,</p><p>entenda a importância de sua formação profissional e da educação continuada. En-</p><p>tender como funcionam os órgãos e instituições que compõem a Segurança Pública,</p><p>além de conhecer as legislações e as principais políticas de Segurança Pública do Brasil,</p><p>fará de você um agente qualificado e capacitado. Todos os profissionais que atuam na</p><p>promoção de segurança pública precisam saber orientar e intervir pela manutenção</p><p>da ordem pública e defesa da população.</p><p>IMERSÃO</p><p>RECURSOS DE</p><p>Ao longo do livro, você será convida-</p><p>do(a) a refletir, questionar e trans-</p><p>formar. Aproveite este momento.</p><p>PENSANDO JUNTOS</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Enquanto estuda, você pode aces-</p><p>sar conteúdos online que amplia-</p><p>ram a discussão sobre os assuntos</p><p>de maneira interativa usando a tec-</p><p>nologia a seu favor.</p><p>Sempre que encontrar esse ícone,</p><p>esteja conectado à internet e inicie</p><p>o aplicativo Unicesumar Experien-</p><p>ce. Aproxime seu dispositivo móvel</p><p>da página indicada e veja os recur-</p><p>sos em Realidade Aumentada. Ex-</p><p>plore as ferramentas do App para</p><p>saber das possibilidades de intera-</p><p>ção de cada objeto.</p><p>REALIDADE AUMENTADA</p><p>Uma dose extra de conhecimento</p><p>é sempre bem-vinda. Posicionando</p><p>seu leitor de QRCode sobre o códi-</p><p>go, você terá acesso aos vídeos que</p><p>complementam o assunto discutido.</p><p>PÍLULA DE APRENDIZAGEM</p><p>OLHAR CONCEITUAL</p><p>Neste elemento, você encontrará di-</p><p>versas informações que serão apre-</p><p>sentadas na forma de infográficos,</p><p>esquemas e fluxogramas os quais te</p><p>ajudarão no entendimento do con-</p><p>teúdo de forma rápida e clara</p><p>Professores especialistas e convi-</p><p>dados, ampliando as discussões</p><p>sobre os temas.</p><p>RODA DE CONVERSA</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>Com este elemento, você terá a</p><p>oportunidade de explorar termos</p><p>e palavras-chave do assunto discu-</p><p>tido, de forma mais objetiva.</p><p>Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar</p><p>Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do</p><p>aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881</p><p>APRENDIZAGEM</p><p>CAMINHOS DE</p><p>1 2</p><p>3 4</p><p>5</p><p>SEGURANÇA</p><p>PÚBLICA:</p><p>ORIGEM E</p><p>CONCEITOS</p><p>11</p><p>SEGURANÇA</p><p>PÚBLICA</p><p>E A ORDEM</p><p>CONSTITUCIONAL</p><p>45</p><p>81</p><p>GESTÃO</p><p>ESTRATÉGICA</p><p>EM SEGURANÇA</p><p>PÚBLICA</p><p>113</p><p>O MUNICÍPIO E</p><p>A SEGURANÇA</p><p>PÚBLICA</p><p>145</p><p>UM DIAGNÓSTICO</p><p>DA SEGURANÇA</p><p>PÚBLICA</p><p>1Segurança</p><p>Pública: Origem e</p><p>Conceitos</p><p>Esp. Vanessa Carnieto</p><p>Esta unidade será essencial para sua trajetória, como profissional</p><p>na área de segurança pública. Por meio dela, você se apropriará dos</p><p>principais aspectos históricos da Segurança Pública no Brasil, desde</p><p>o Brasil Colônia à atual República Democrática, além de conceitos e</p><p>definições importantes referentes ao tema.</p><p>UNIDADE 1</p><p>12</p><p>Você, profissional da segurança pública, sabe como e quando surgiu o conceito</p><p>de segurança pública, no Brasil? Durante o Brasil colônia, a única preocupação</p><p>do Estado era a segurança do território. E a população? Como a ausência de</p><p>Segurança Pública refletia no cotidiano da sociedade? Você já pensou em como</p><p>seria a vida em sociedade se não houvesse a segurança pública? Você sabe quais os</p><p>órgãos responsáveis pela criação de mecanismos e estratégias de controle social</p><p>e enfrentamento da violência e da criminalidade?</p><p>13</p><p>Todas as perguntas anteriores parecem questionamentos óbvios, as quais todo</p><p>profissional da segurança pública deveria saber. Você, porém, sabe que nos cursos</p><p>de formação de profissionais da segurança pública (em qualquer esfera), esses</p><p>temas dificilmente são abordados; por isso, você atua sem saber a real importân-</p><p>cia da evolução da Segurança Pública no país e como isso reflete na sociedade. É</p><p>comum nos depararmos com profissionais da Segurança Pública cujo conheci-</p><p>mento não se estende ao fato de que houve a fusão entre o Ministério da Justiça</p><p>e Segurança Pública. Com este conteúdo, você poderá se atualizar e aprofundar</p><p>seu conhecimento para o melhor desempenho da sua atividade. Desse modo,</p><p>convido você a fazer a leitura dos artigos, a seguir:</p><p>Este artigo faz uma análise da evolução histórica da segurança</p><p>pública no país.</p><p>Por meio deste artigo, você fará uma reflexão sobre o histórico</p><p>das políticas de segurança no país, desde a ditadura até os dias</p><p>atuais. Isso o(a) ajudará a compreender melhor a dinâmica da</p><p>segurança pública no Brasil.</p><p>Como você pode observar, a dinâmica das políticas de segurança, no Brasil,</p><p>varia de acordo com o contexto histórico. A segurança pública nem sempre</p><p>foi prioridade em nosso país. Durante um longo período, a preocupação era</p><p>apenas a segurança do território.</p><p>Agora que você já aprendeu sobre a historicidade da segurança pública no</p><p>Brasil, faça um breve comparativo entre as dinâmicas da segurança nacional e</p><p>segurança pública, que se fortaleceu com a promulgação da Constituição de 1988.</p><p>Aponte, também, os objetivos e os papéis do Estado e dos indivíduos.</p><p>Diante de tudo isso que discutimos até o momento, convido você, profissio-</p><p>nal de Segurança Pública, a fazer seus apontamentos em um Diário de Bordo, a</p><p>fim de anotar suas primeiras impressões. Escreva os resultados de sua pesquisa</p><p>e observe se você conseguiu diferenciar segurança nacional e segurança pública.</p><p>Você notou que a segurança nacional consiste na defesa da integridade do Ter-</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>14</p><p>ritório e a preservação dos interesses nacionais, e a segurança pública é garantia</p><p>dada ao cidadão de desfrutar dos seus direitos previstos na Constituição? Após</p><p>essa reflexão, anote as dificuldades que percebeu e os pontos a melhorar. Faça</p><p>essa análise!</p><p>15</p><p>Para falarmos de Segurança Pública no Brasil, antes de tudo, é preciso considerar os</p><p>diversos períodos políticos</p><p>adaptado de Nascimento (2018).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>A escolha de Indicadores Sociais para uso no processo de formulação e ava-</p><p>liação de Políticas Públicas deve ser pautada em um conjunto de propriedades</p><p>desejáveis, sendo elas: a relevância, validade e confiabilidade.</p><p>• Relevância: enquanto propriedade desejável de um indicador social</p><p>para a Agenda Político-Social, diz respeito à pertinência desse indicador</p><p>para a tomada de decisão acerca dos problemas sociais. Ex.: Indicado-</p><p>res de desempenho educacional (como o Exame Nacional do Ensino</p><p>Médio - ENEM) são exemplos de indicadores relevantes para a agenda</p><p>de Políticas Públicas, no Brasil Contemporâneo.</p><p>• Validade: corresponde ao grau de proximidade entre o conceito e a</p><p>medida, ou seja, sua capacidade de refletir, de fato, o conceito abstrato</p><p>que o indicador se propõe a “operacionalizar” ou “substituir”. Ex.: em</p><p>95</p><p>um programa de combate à fome, indicadores antropométricos —</p><p>peso, altura — ou referidos ao padrão de consumo familiar de alimen-</p><p>tos, certamente, gozam de maior validade que uma medida baseada</p><p>na renda disponível, como a proporção de indigentes.</p><p>• Confiabilidade: é outra propriedade importante para legitimar o uso</p><p>do indicador. Diz respeito à qualidade do levantamento dos dados</p><p>usados na estimação do indicador. Na avaliação do nível de violência</p><p>em uma comunidade, por exemplo, indicadores baseados nos regis-</p><p>tros de ocorrências policiais ou mesmo de mortalidade por causas</p><p>violentas tendem a ser menos confiáveis (e menos válidos) que aqueles</p><p>passíveis de serem obtidos a partir de pesquisas de vitimização, em</p><p>que se questionam os indivíduos acerca de agravos sofridos-roubos,</p><p>agressões etc., em determinado período, como a realizada em 2010,</p><p>pelo Ministério da Justiça e, também, pelo IBGE (JANUZZI, 2011).</p><p>Por isso, a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) tem investido es-</p><p>forços para que a coleta, a análise e a divulgação de dados referentes a este campo</p><p>temático seja cada vez mais abrangente, rigorosa e transparente. Nesse sentido,</p><p>é de suma importância a elaboração adequada de indicadores no campo da se-</p><p>gurança pública e a sua disseminação, de modo que possam ser utilizados pelas</p><p>instituições, gestores e profissionais deste ramo para o melhor desenvolvimento</p><p>das suas atividades. Uma das ferramentas fundamentais para o trabalho do gestor</p><p>público na condução de suas atividades de planejamento são os indicadores para</p><p>elaboração de diagnósticos setoriais (JANUZZI, 2001).</p><p>Para que um diagnóstico socioeconômico seja útil e afirmativo para Po-</p><p>líticas Públicas, deve se fundamentar em no estudo da situação de uma de-</p><p>terminada população e sua região, com indicadores específicos sobre vários</p><p>aspectos da realidade local e regional.</p><p>“ Vencido o desafio de escolher os indicadores sociais relevantes para deli-</p><p>near um retrato das condições de vida de uma região, é preciso buscá-los</p><p>nas fontes de dados e pesquisas indicadas ou, se necessário, computá-los.</p><p>Tal tarefa, a construção de indicadores a partir da combinação de dados</p><p>e estatísticas provenientes de diferentes fontes e pesquisas, pode não ser</p><p>tão simples como pode parecer à primeira vista (JANUZZI, 2011, p. 20).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>96</p><p>Várias são as instituições de pesquisa que coletam e divulgam, sistematicamente,</p><p>informações sobre temas centrais para o país, por exemplo, o Instituto Brasileiro</p><p>de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas</p><p>Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplica-</p><p>da (IPEA). Outras se ocupam na produção de indicadores e índices para melhor</p><p>compreender e avaliar a realidade social, como a Fundação Getúlio Vargas (FGV),</p><p>o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (DIEESE) e a</p><p>Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA), apenas para dar alguns</p><p>exemplos. Além das áreas de educação, saúde, trabalho e emprego, renda, dentre</p><p>outros temas mais conhecidos e disseminados no campo das políticas sociais, são</p><p>fundamentais a elaboração e o uso de indicadores de monitoramento e avaliação</p><p>das políticas públicas de segurança cujas características e especificidades fazem</p><p>com que alguns de seus fenômenos sejam de complexa apreensão (MIKI, 2011).</p><p>FONTE SÍTIO CONTEÚDO</p><p>IBGE www.ibge.gov.br</p><p>Síntese de Indicadores Sociais.</p><p>Brasil em Números.</p><p>Perfil dos Municípios Brasileiros.</p><p>Comitê de Estatísticas Sociais.</p><p>IPEA www.ipea.gov.br</p><p>IPEADATA.</p><p>Relatório de Acompanhamento dos ODM.</p><p>Boletim de Conjuntura.</p><p>ANIPES</p><p>www.anipes.</p><p>org.br</p><p>Acesso aos sites de mais de 25 institui-</p><p>ções subnacionais que compilam dados</p><p>e indicadores sociais e econômicos, além</p><p>de estudos para subsidiar o Planejamento</p><p>Governamental.</p><p>PNUD</p><p>www.pnud.org.</p><p>br</p><p>Aplicativo Atlas do Desenvolvimento Hu-</p><p>mano.</p><p>Relatório do Desenvolvimento Humano.</p><p>Ministério da</p><p>Justiça</p><p>www.mj.gov.br</p><p>Ocorrências policiais efetivas e gastos em</p><p>Segurança Pública.</p><p>97</p><p>FONTE SÍTIO CONTEÚDO</p><p>Ministério da</p><p>Saúde</p><p>www.datasus.</p><p>gov.br</p><p>Indicadores e dados básicos.</p><p>Cadernos de Informações Municipais.</p><p>Painel Situacional.</p><p>Ministério das</p><p>Cidades</p><p>www.cidades.</p><p>gov.br</p><p>Sistema Nacional de Informações sobre</p><p>Cidades.</p><p>Ministério da</p><p>Educação</p><p>www.inep.gov.br</p><p>Edudata Brasil.</p><p>Sistema de Consulta ao IDEB.</p><p>Ministério da</p><p>Previdência</p><p>www.previdên-</p><p>cia.gov.br</p><p>Infologo Anuário da Previdência Social.</p><p>Ministério do</p><p>Trabalho</p><p>www.mte.gov.br</p><p>Perfil do Município.</p><p>Acesso online à RAIS e CAGED.</p><p>Ministério do</p><p>Desenvolvimento</p><p>Social</p><p>www.mds.gov.br Matriz de Informações Sociais Censo CRAS.</p><p>Quadro 1 - Algumas das principais ferramentas e publicações de indicadores</p><p>Fonte: adaptado de Januzzi (2011).</p><p>Agora que você sabe a importância na escolha dos indicadores que delinea-</p><p>rão a realidade social e auxiliarão na identificação da agenda prioritária de</p><p>ação pública, passemos para o Ciclo de Gestão que toda organização pública</p><p>deve seguir. O Ciclo é composto por 6 (seis) etapas:</p><p>1. Baseia-se na verificação da demanda da sociedade.</p><p>2. É a etapa em que ocorre o planejamento de um programa ou política</p><p>pública que intervenha sobre o problema.</p><p>3. Executa o programa ou política pública.</p><p>4. Monitora o programa.</p><p>5. Avalia o programa.</p><p>6. Analisa os resultados da avaliação e do monitoramento com o objetivo</p><p>de reorganizar o programa de maneira que este seja mais eficiente, eficaz</p><p>e efetivo (DURANTE; BORGES, 2011).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>98</p><p>Para um controle de qualidade da gestão é imprescindível que o respectivo</p><p>ciclo seja respeitado, usando-se as técnicas adequadas para identificar os</p><p>problemas do setor e gerenciar todo o processo, desde o levantamento das</p><p>demandas até a revisão dos programas. Dessa forma, as organizações públicas</p><p>devem ser sistematicamente avaliadas, de maneira a provocar um processo</p><p>de retroalimentação que permitirá à organização rever estratégias e métodos</p><p>de trabalho. A avaliação do produto final de uma organização ou do trabalho</p><p>necessário a produzi-lo é uma função estratégica nas organizações modernas</p><p>(DURANTE; BORGES, 2011). É, por intermédio da avaliação do que é pro-</p><p>duzido, que a organização consegue se reciclar e reorganizar suas estratégias</p><p>diante de situações mutáveis (GUIMARÃES, 1998).</p><p>Impacto na</p><p>Sociedade</p><p>Problema ou</p><p>Demanda da</p><p>Sociedade</p><p>Planejamento</p><p>expresso em Programas</p><p>Monitoramento</p><p>Avaliação</p><p>Revisão dos</p><p>programas</p><p>Execução</p><p>dos Programas</p><p>Descrição da Imagem: : a imagem apresenta um fluxograma em espiral, composto por setas, que re-</p><p>presentam o ciclo da gestão estratégica, dividido em quatro etapas sequenciadas por setas, que seguem</p><p>no sentido anti-horário. Ao centro do fluxograma, está escrito "Impacto na Sociedade". Antecedendo o</p><p>espiral está escrito “Problema ou Demanda da Sociedade”, a seguir destacam-se as divisões elencadas</p><p>da seguinte forma: 1 Planejamento expresso em Programas (na cor preta); 2 Execução dos Programas</p><p>(na cor cinza escuro); 3 Monitoramento (cor cinza médio); 4 Avaliação (cor cinza claro) e no fim na</p><p>seta 4</p><p>temos a etapa de revisão dos programas.</p><p>Figura 1 - Ciclo de gestão estratégica/ Fonte: adaptada de Brasil (2020).</p><p>99</p><p>“ As avaliações são fundamentais para a introdução da correção de</p><p>rumos no decorrer do processo de implementação de projetos e</p><p>programas sociais, planejamento estratégico e políticas públicas.</p><p>Avaliar é atribuir valor, medir grau de eficácia, eficiência, efetividade</p><p>das ações. Assim compreendida, a avaliação identifica processos e</p><p>resultados, quantifica e qualifica dados de desempenho, compara,</p><p>analisa, informa e propõe, permitindo o aprimoramento das ativida-</p><p>des desenvolvidas do projeto ou programa estudado (DURANTE;</p><p>BORGES, 2011, p. 65).</p><p>Avaliar o desempenho “significa julgá-lo ou atribuir-lhe um conceito diante</p><p>de expectativas preestabelecidas” (PEREIRA, 2001, p.197). Desta forma, a</p><p>avaliação de desempenho é um instrumento que possibilita ao gestor co-</p><p>nhecer os resultados e impactos da ação de uma organização ou instituição;</p><p>visa estabelecer, periodicamente, contratos com os agentes ligados ao projeto</p><p>ou política avaliada acerca dos resultados que são esperados da organização;</p><p>e busca “acompanhar os desafios propostos, corrigindo os rumos quando</p><p>necessário, e avaliar os resultados alcançados” (PONTES, 2002, p. 24). Os</p><p>resultados alcançados derivam do planejamento estratégico definido pelos</p><p>gestores da organização ou departamento avaliado.</p><p>De forma geral, um dos principais objetivos da avaliação de desempenho é</p><p>disponibilizar uma informação fidedigna a respeito do desempenho da institui-</p><p>ção, a fim de que esta possa apoiar a tomada de decisão nos diversos subsistemas</p><p>e gerenciamentos. Além disso, a avaliação de desempenho permite um controle</p><p>sobre os resultados que ela exerce, contribuindo para o planejamento organiza-</p><p>cional, que, consequentemente, pode possibilitar o aumento da produtividade</p><p>das ações realizadas (DURANTE; BORGES, 2011).</p><p>A avaliação de desempenho, nas instituições públicas, é extremamente im-</p><p>portante, principalmente na área da segurança pública, pois traz a possibilidade</p><p>de atingirem seus objetivos a partir da implementação de estratégias adotadas</p><p>dentro do seu processo de planejamento. Esse desempenho deve ser medido e</p><p>avaliado para que as instituições públicas, seus departamentos ou, até mesmo,</p><p>suas ações sejam aperfeiçoadas.</p><p>Uma ferramenta essencial para realizar a avaliação de desempenho dos pro-</p><p>gramas são os chamados indicadores de desempenho. A criação de um sistema</p><p>de indicadores de desempenho pode ser um instrumento para avaliação das ins-</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>100</p><p>tituições de segurança pública e autocontrole dos resultados do seu desempenho.</p><p>Possibilita, também, a comparação do desempenho da instituição gestora com</p><p>outras similares, além de destacar os pontos fortes e fracos dos diferentes setores</p><p>das entidades gestoras, de maneira que sejam adotadas medidas corretivas para</p><p>a melhoria da produtividade, dos procedimentos e das rotinas de trabalho. Por</p><p>fim, permite a monitorização dos resultados das decisões dos gestores, facilitan-</p><p>do a implementação de um sistema de gestão da qualidade. Os indicadores de</p><p>desempenho devem proporcionar informações no que diz respeito aos objetivos</p><p>das instituições e facilitar as tomadas de decisão bem como o redirecionamento</p><p>de ações que são desenvolvidas (DURANTE; BORGES, 2011).</p><p>É importante que você não confunda os indicadores de desempenho com</p><p>indicadores sociais que estudamos anteriormente. Indicadores de desempenho</p><p>são métricas utilizadas para avaliar a eficiência de uma estratégia, política pública</p><p>ou programa, por exemplo. É uma forma de acompanhar de perto os resultados</p><p>que uma ação conseguiu gerar. Funcionam como um instrumento de organização</p><p>e modernização da gestão pública. Esse instrumento delimita o campo observável</p><p>da ação a ser desenvolvida, facilitando a identificação dos objetivos e metas a</p><p>serem perseguidos pela instituição.</p><p>“ Indicadores de Desempenho em Segurança Pública – traz em seu</p><p>conteúdo uma importante contribuição para os estudos voltados</p><p>para a produção e aplicação de indicadores de gestão nas políticas</p><p>públicas de segurança, com especial atenção aos instrumentos de</p><p>monitoramento e avaliação das ações implementadas pelas diversas</p><p>instituições de segurança pública e de seus profissionais. Sem dúvida</p><p>alguma, o uso de indicadores em qualquer processo decisório re-</p><p>presenta um salto qualitativo na administração pública e contribuiu</p><p>significativamente para melhorar e aprimorar a qualidade da gestão</p><p>dos recursos públicos (MIKI, 2011, p. 5).</p><p>A escolha dos indicadores de desempenho em um programa ocorre em fun-</p><p>ção dos ângulos que se pretende avaliar, podendo ser indicadores de eficácia, de</p><p>eficiência ou de efetividade. Talvez, você confunda os conceitos e até pense que</p><p>possuem a mesma classificação; por isso, nós os detalharemos a seguir:</p><p>101</p><p>Eficácia</p><p>É a medida do grau em que as metas fixadas para um determinado projeto ou</p><p>política pública foram alcançadas, em termos do trabalho executado. É a dimen-</p><p>são do desempenho expressa pelo alcance dos objetivos ou metas, independen-</p><p>temente dos custos implicados. Possui foco externo e refere-se aos resultados.</p><p>O objetivo de qualquer instituição de segurança pública é prover a segurança</p><p>e a qualidade de vida da população, ou seja, reduzir a incidência de crimes, aci-</p><p>dentes de trânsito e atos de desordem, procurando manter a ordem na sociedade.</p><p>Quando a eficácia das instituições de segurança pública é medida, é possível</p><p>verificar se a intervenção de alguma política ou programa alcançou as metas</p><p>estabelecidas ou cumpriu os objetivos predeterminados em termos do trabalho</p><p>executado (DURANTE; BORGES, 2011).</p><p>Vamos entender de maneira prática. Supomos que, no plano plurianual e no</p><p>orçamento anual de um município, foi prevista a construção de um hospital. Se</p><p>o hospital foi efetivamente construído, ou seja, se o planejado foi executado con-</p><p>forme a previsão, pode-se considerar que o gestor público municipal foi eficaz.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>102</p><p>Eficiência</p><p>Melhor relação custo versus produto/serviço entre os recursos, efetivamente,</p><p>utilizados para a realização de uma meta em um projeto ou política pública</p><p>frente a padrões estabelecidos. Diz respeito à otimização de resultados, ou seja,</p><p>esse indicador verifica se foi possível realizar uma atividade com uma quan-</p><p>tidade menor de recursos ou em menos tempo do que o estabelecido. Assim,</p><p>possui foco interno e refere-se aos custos envolvidos.</p><p>Graças aos indicadores de eficiência, tomamos ciência de que não podemos</p><p>aceitar a disposição que predominou na gestão das ações de segurança pública</p><p>nas últimas décadas, traduzida pela seguinte expressão: “reduzir a violência e</p><p>criminalidade a qualquer custo”. Verificamos que é necessário, além de mensurar</p><p>o impacto das ações, avaliar também o modo como esses resultados foram alcan-</p><p>çados, ou seja, avaliar se os órgãos de segurança pública executam as ações, obe-</p><p>decendo aos requisitos básicos necessários para alcançar os melhores resultados.</p><p>Assim, os indicadores de eficiência constituem uma poderosa ferramenta</p><p>no auxílio à tomada de decisão, uma vez que reflete o desempenho interno de</p><p>produtividade da organização e quão bem os recursos são utilizados. A utilização</p><p>deste tipo de indicadores pode ajudar os gestores a minimizarem os custos de</p><p>aquisição dos recursos utilizados na consecução de uma ação, sem comprometer</p><p>a qualidade desejada (DURANTE; BORGES, 2011).</p><p>Seguindo a mesma linha do exemplo de eficácia, como exemplo de eficiên-</p><p>cia, podemos mencionar a construção de um hospital público, em dois distritos</p><p>diferentes de um mesmo município, ambos com os mesmos custos de insumos.</p><p>Considera-se que o gestor público municipal é auxiliado por dois gestores públi-</p><p>cos distritais, cada um deles atua em um distrito diferente. O produto seria o hos-</p><p>pital construído funcionando. No distrito A, o hospital construído funcionando</p><p>custou R$ 400 mil, e no distrito B, onde</p><p>o gestor público conseguiu obter alguns</p><p>descontos com fornecedores de insumos, o mesmo hospital custou R$ 350 mil.</p><p>Desta forma, tem-se que o gestor público do distrito B foi mais eficiente do que o</p><p>gestor público do distrito A, tendo em vista que o hospital do distrito B teve um</p><p>custo de construção inferior ao do seu congênere do distrito A.</p><p>103</p><p>Efetividade</p><p>O grau em que o projeto ou política pública alcança os resultados e os im-</p><p>pactos pretendidos, junto ao seu público-alvo, bem como sobre o problema</p><p>social abordado. É a dimensão do desempenho que representa a relação entre</p><p>os resultados alcançados e as transformações ocorridas. Possui foco externo</p><p>e refere-se aos impactos. O objetivo dos indicadores de efetividade se rela-</p><p>ciona, entre outras coisas, com a avaliação acerca de como uma organização</p><p>cumpre sua missão, alcança seus propósitos e se adapta a novas e constantes</p><p>mudanças no ambiente (DURANTE; BORGES, 2011).</p><p>Para analisar a questão da efetividade, que mede o impacto real da gestão</p><p>pública na população da sociedade, suponhamos que o índice de mortalidade</p><p>infantil, no distrito A, tenha sido reduzido em 10%, e que o percentual de redução</p><p>da mortalidade infantil, no distrito B, tenha sido de 15%. Desta forma, temos que</p><p>o gestor público distrital de B foi mais efetivo do que o gestor público distrital de</p><p>A (ALVERGA, 2013). Quando falamos de indicadores de desempenho de segu-</p><p>rança pública, é necessário o uso de informações confiáveis. É muito importante,</p><p>também, verificar os resultados finais obtidos pela instituição avaliada, e não</p><p>apenas os esforços para consegui-los. De nada adiantaria ter um maior efetivo</p><p>se este não consegue diminuir a insegurança da população.</p><p>Para produção de bons resultados na área de segurança pública, além da</p><p>avaliação dos indicadores de desempenho das políticas públicas, é necessário</p><p>que os órgãos que compõem a segurança pública sejam avaliados. Essa análise</p><p>deve considerar vários âmbitos, como o desempenho individual de cada profis-</p><p>sional de segurança pública. Este ponto é de grande utilidade gerencial para que</p><p>os gestores das organizações de segurança pública decidam sobre quais agentes</p><p>exercerão cada atividade. É importante, também, que todas as inovações ope-</p><p>racionais sejam avaliadas para conhecer os seus resultados e limites. E, por fim,</p><p>a qualidade da organização da instituição e seu conjunto deve ser avaliado. É</p><p>preciso que os gestores se questionem se suas instituições são boas e como elas</p><p>podem ser melhores. Este é o mais difícil dos três tipos de avaliação, uma vez que</p><p>precisa de uma multiplicidade de dimensões, abordagens e indicadores, ademais,</p><p>é importante considerar as limitações dos dados existentes.</p><p>Outra instituição que auxilia no monitoramento da qualidade dos serviços</p><p>prestados pelos órgãos de segurança pública são as Ouvidorias de Polícia. Estas</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>104</p><p>têm como objetivo principal receber denúncias, reclamações e sugestões da po-</p><p>pulação sobre o funcionamento dos serviços policiais, produzir e publicar infor-</p><p>mações e estatísticas sobre a conduta dos policiais, além de propor ao governo a</p><p>adoção de medidas que visem melhorar a segurança pública e aperfeiçoar os ser-</p><p>viços prestados à população. Esta instituição parece compor o rol de mecanismos</p><p>de controle horizontal dentro do regime democrático brasileiro (CUNHA, 2009).</p><p>Ademais, outras fontes de dados muito valiosas para o desenvolvimento de</p><p>indicadores de desempenho de segurança pública são aquelas oriundas dos in-</p><p>quéritos policiais, processos judiciais e denúncias encaminhadas ao Ministério</p><p>Público. Além dessas, existem o SAIH (Sistema de Autorização de Internações</p><p>Hospitalares), que traz indicações de crimes para os que estão sendo internados,</p><p>o INFOPEN (Sistema de Informações do DEPEN) que possui informações sobre</p><p>a população do sistema prisional e o Sistema de Estatísticas da Justiça que possui</p><p>algumas informações sobre os processos (DURANTE; BORGES, 2011).</p><p>Em decorrência do caráter público dessas organizações que compõem a se-</p><p>gurança pública, a legislação, na maioria das vezes, determina a execução de</p><p>processo ou atividade, no entanto não define como isso deve ser feito. Desta</p><p>forma, cada corporação tem suas próprias metodologias para gestão de qua-</p><p>lidade, ficando a cargo do servidor que, naquele momento, exerce a função de</p><p>gestor escolher os instrumentos de qualidade que serão utilizados.</p><p>105</p><p>Lamentavelmente, não raras vezes, o modelo de gestão é interrompido por</p><p>trocas de comando, governos ou diretores e não completa o ciclo de monitora-</p><p>mento e avaliação. Por isso, é imprescindível que os programas sejam definidos</p><p>por meio de índices e mecanismos legais que permitam a continuidade da pro-</p><p>posta e não sejam apenas uma iniciativa que termina com o fim de uma gestão</p><p>(BANASZESKI, 2021). Existe uma variedade de mecanismos muito ampla que</p><p>o gestor público pode fazer uso para promover um planejamento estratégico</p><p>efetivo. Nesse sentido, é imprescindível que haja comprometimento do servidor</p><p>com a gestão estratégica de segurança pública.</p><p>Comprometer-se com a gestão é torná-la parte das rotinas das organizações,</p><p>devendo os gestores adotar uma gestão pautada em processos e controles de</p><p>qualidades, desenvolvida por meio de dados objetivos; buscar sempre melhorias</p><p>e medir a qualidade dos serviços prestados e dos programas propostos para que</p><p>seja possível identificar e eliminar as falhas (BANASZESKI, 2021).</p><p>Importante ressaltar que os administradores não têm uma autonomia absolu-</p><p>ta, seus atos giram em torno das legislações, políticas e pela própria burocracia</p><p>existente no poder público. Mesmo projetos que envolvem mudanças e aprimo-</p><p>ramentos devem ser justificados. O planejamento estratégico para estas orga-</p><p>nizações passa a ser essencial; embora não possuam fins lucrativos, os recursos</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>106</p><p>geralmente são limitados e precisam ser utilizados de maneira racional, pois são</p><p>determinantes para o tamanho das despesas (OLIVEIRA, 2017).</p><p>Desta forma, os órgãos responsáveis pela segurança pública dependem</p><p>de orçamento prévio para implantações ou mudanças no modelo de gestão.</p><p>Por isso, é essencial que as demandas da segurança pública entrem como</p><p>prioridades no Plano Plurianual do Governo para que haja recursos e es-</p><p>tratégias para uma gestão de qualidade.</p><p>O processo de elaboração do orçamento público, no Brasil, obedece a um ciclo</p><p>integrado ao planejamento de ações, que, de acordo com a Constituição Federal</p><p>de 1988, compreende o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias</p><p>(LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).</p><p>Como se vê na figura seguinte, há relação descendente entre o Plano Plurianual</p><p>(PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).</p><p>Lei Orçamentária Anual</p><p>SISTEMA ORÇAMENTÁRIO</p><p>PPA</p><p>Plano Plurianual</p><p>LDO</p><p>Lei de diretrizes orçamentárias</p><p>LOA</p><p>Figura 2 - Ciclo orçamentário no Brasil / Fonte: adaptada de Oliveira (2008) .</p><p>Descrição da Imagem: a imagem apresenta um fluxograma em formato de tabela que representa a</p><p>relação descendente entre o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei</p><p>Orçamentária Anual (LOA). Na primeira linha (cor preta), no topo da tabela, está escrito "Sistema</p><p>Orçamentário". Na segunda linha (na cor cinza escuro) está escrito “PPA - Plano Plurianual”. Na</p><p>terceira linha (cor cinza médio) está escrito “LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias''. E, por fim, na</p><p>quarta e última linha (cor cinza claro), está escrito “LOA - Lei Orçamentária Anual”. As linhas são</p><p>sequenciadas por setas, que ordenam a relação descendente.</p><p>107</p><p>O Sistema Orçamentário Público é composto por PPA, LDO e LOA, previstos no art.</p><p>165 da Constituição Federal, as quais se interligam com o objetivo de criar um processo</p><p>de planejamento orçamentário de médio e curto prazo. Sem dúvida, do ponto de vista</p><p>institucional, a introdução da obrigatoriedade da elaboração de Planos Plurianuais</p><p>(PPA), a cada quatro</p><p>anos, nos três entes federados, a necessidade de especificação de</p><p>ajustes e adequações a cada ano, por meio da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)</p><p>e da Lei Orçamentária Anual (LOA), constituem bases importantes para fomentar a</p><p>cultura de planejamento de médio e longo prazos, no Brasil, e superação dos vieses</p><p>que, de longa data, acometem os técnicos da área (DURANTE; BORGES, 2011).</p><p>O Plano Plurianual (PPA): é o documento que define as prioridades do Governo para o</p><p>período de quatro anos, podendo ser revisado a cada ano. Nele, consta o planejamento</p><p>de como serão executadas as políticas públicas para alcançar os resultados esperados ao</p><p>bem-estar da população, nas diversas áreas.</p><p>A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): estabelece quais serão as metas e priorida-</p><p>des para o ano seguinte. Para isso, fixa o montante de recursos que o governo pretende</p><p>economizar; traça regras, vedações e limites para as despesas dos Poderes; autoriza o</p><p>aumento das despesas com pessoal; regulamenta as transferências a entes públicos e</p><p>privados; disciplina o equilíbrio entre as receitas e as despesas; indica prioridades para os</p><p>financiamentos pelos bancos públicos.</p><p>Lei Orçamentária Anual (LOA): o Orçamento da União é um planejamento que indica</p><p>quanto e onde gastar o dinheiro público federal no período de um ano, com base no valor</p><p>total arrecadado pelos impostos. O Poder Executivo é o autor da proposta, e o Poder Le-</p><p>gislativo precisa transformá-la em lei.</p><p>Fonte: adaptado de Brasil (2020; [2022]a; [2022]b).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>Para tornar a gestão orçamentária mais eficiente, o Ministério da Justiça e Seguran-</p><p>ça Pública (MJSP) instituiu, em 28 de maio de 2020, por meio do Decreto nº 10.379,</p><p>a Secretaria de Gestão e Ensino em Segurança Pública (SEGEN). O objetivo é fazer</p><p>com que os recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) sejam mais</p><p>bem aproveitados, principalmente em relação às licitações e contratações.</p><p>A SEGEN foi criada para conduzir e priorizar assuntos ligados à segurança</p><p>pública, como administração e gestão orçamentária dos recursos do Fundo Na-</p><p>cional de Segurança Pública (FNSP), licitações e contratações relativas à segu-</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 3</p><p>108</p><p>rança pública, demanda prioritária da pasta, o Ministério da Justiça e Segurança</p><p>Pública (MJSP). A expectativa do ministério é que a atuação da nova secretaria</p><p>resulte em mais efetividade e rapidez na execução orçamentária, buscando re-</p><p>formular e simplificar os procedimentos que já vinham sendo adotados e abrir</p><p>espaço para que a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) possa</p><p>se dedicar a temas, como formulação e avaliação das políticas públicas. Entre as</p><p>principais competências da Secretaria, destacam-se:</p><p>• Coordenar as atividades relacionadas à gestão dos recursos de segurança</p><p>pública.</p><p>• Promover e fomentar a modernização e o reaparelhamento dos órgãos</p><p>de segurança pública.</p><p>• Promover a valorização, o ensino e a capacitação dos profissionais de</p><p>segurança pública.</p><p>• Representar o Ministério no Comitê Gestor do Fundo Nacional de Se-</p><p>gurança Pública.</p><p>Este não é um estudo sobre o processo orçamentário brasileiro, da União</p><p>ou de qualquer dos seus entes, mas é importante que você conheça o ciclo</p><p>orçamentário. Este é um meio de identificação do vínculo de negociações</p><p>entre o Executivo e o Legislativo, para fins de evidenciar que, no contexto de</p><p>qualquer desses entes, o Poder incumbido da proposta de lei sobre o PPA, a</p><p>LDO e a LOA há necessidade de negociações.</p><p>109</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Título: Princípios de qualidade aplicados à gestão da segurança pública</p><p>Autor: Célio Luiz Banaszeski</p><p>Editora: Intersaberes</p><p>Sinopse: no Brasil, há diversos órgãos de segurança pública com di-</p><p>ferentes obrigações legais. Nessa esfera, costuma haver uma variedade de</p><p>metodologias e processos administrativos destinados à gestão, muitas vezes</p><p>determinada por legislação específica. Embora pareça difícil à primeira vista,</p><p>a gestão da qualidade não é algo tão complexo, mesmo quando aplicada ao</p><p>setor público. Sua eficiência depende de comprometimento para garantir</p><p>um processo contínuo, que possa efetivar melhorias. Tendo isso em vista,</p><p>nesta obra, apresentam-se as principais metodologias e ferramentas da</p><p>qualidade que podem ser aplicadas a órgãos de segurança pública, tanto</p><p>civis quanto militares.</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Título: Tropa de Elite 2: o inimigo agora é outro</p><p>Ano: 2010</p><p>Sinopse: (Sinopse Oficial – 2010). Nascimento enfrenta um novo</p><p>inimigo: as milícias. Ao bater de frente com o sistema que domina</p><p>o Rio de Janeiro, ele descobre que o problema é muito maior do que imaginava. Ele</p><p>precisa equilibrar o desafio de pacificar uma cidade ocupada pelo crime e as constantes</p><p>preocupações com o filho adolescente. Quando o universo pessoal e profissional de</p><p>Nascimento se encontram, o resultado é explosivo.</p><p>Comentário: O filme tem enfoque principal no “sistema”, termo utilizado para se referir</p><p>à gestão de Segurança Pública, pelo personagem principal “Capitão Nascimento”, subse-</p><p>cretário de segurança do Rio de Janeiro. O roteiro traz uma forte crítica contra às políticas</p><p>de segurança pública e, consequentemente, à gestão. Apesar de ser uma ficção, o filme</p><p>relata uma realidade da sociedade brasileira, que envolve diversos setores, como o polí-</p><p>tico e o de segurança pública. De uma forma descontraída, você perceberá que a gestão</p><p>em segurança pública é complexa e necessita de um sistema eficiente para geri-la.</p><p>WEB: Webnário de Gestão e Integração das Informações de Segurança Pú-</p><p>blica Sistema (SINESP) discute sobre a importância das ferramentas de inte-</p><p>gração disponibilizadas no Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP)</p><p>e como elas auxiliam os profissionais de Segurança Pública no combate à</p><p>criminalidade.</p><p>UNICESUMAR</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13317</p><p>UNIDADE 3</p><p>110</p><p>Você pôde perceber que a Gestão Estratégica na segurança pública nada mais</p><p>é que o gerenciamento consciente, fundamentado e bem elaborado de todos os</p><p>recursos de uma organização (humanos, financeiros, físicos etc.) para a conquista</p><p>de objetivos e o cumprimento de metas, que refletirão nos bons resultados dos</p><p>serviços prestados e, consequentemente, na qualidade da segurança pública. Essa</p><p>é uma etapa primordial para garantir mais efetividade, sobretudo, na prática.</p><p>Desta forma, capacitar e atualizar os profissionais de Segurança Pública, no</p><p>tocante à familiarização com as metodologias do planejamento estratégico, é uma</p><p>importante contribuição para os diversos atores interessados neste campo, sejam</p><p>eles gestores públicos, sejam profissionais das instituições de segurança pública,</p><p>ainda que atuem no serviço operacional. Essa atualização é essencial para que</p><p>todos tenham melhores condições de colaborar com o planejamento estratégico</p><p>de sua instituição. Você, profissional da segurança pública, devidamente capaci-</p><p>tado, poderá também se especializar nesta área e atuar como professor.</p><p>A seguir, as questões para criar o Mapa da Empatia:</p><p>• Após estudar esta unidade que tratamos sobre a Gestão estratégica da Se-</p><p>gurança Pública, qual a importância do conteúdo abordado para o exercício</p><p>da sua profissão?</p><p>• Você já tinha tido contato com a gestão de sua instituição? Sabe quais indi-</p><p>cadores são utilizados por ela?</p><p>• O que você achou do conteúdo abordado até o momento? Faz sentido um</p><p>profissional da segurança pública estudar a Gestão estratégica da Seguran-</p><p>ça Pública, mesmo atuando na linha de frente?</p><p>• Quais são as suas maiores dificuldades até o momento?</p><p>• O que você acha que tem que estudar para entender esta área de atuação?</p><p>• Você consegue entender como a gestão estratégica é importante para o</p><p>bom funcionamento das instituições responsáveis pela segurança pública?</p><p>Acha importante que os processos de formação incluam disciplinas ligadas</p><p>à qualidade da gestão, independentemente se a escola de formação ser de</p><p>soldado, de agente, de guarda, um oficial ou delegado?</p><p>• Como você acha que uma gestão estratégica de qualidade</p><p>pode contribuir</p><p>para as organizações de segurança?</p><p>Vamos supor que você será o próximo gestor de sua instituição. Desenvolva aqui</p><p>um Mapa Mental, por meio de palavras-chave, que sintetize a sequência das</p><p>ações que você tomará para formar sua gestão estratégica. Tente sintetizar as</p><p>suas prioridades e quais passos seguirá para desenvolver uma gestão de quali-</p><p>dade, conforme o exemplo seguinte.</p><p>GESTÃO ESTRATÉGICA DE QUALIDADE</p><p>ESTATÍTICAS DE CRIMINALIDADE INDICADORES SOCIAIS</p><p>DEMANDAS/PROBLEMAS</p><p>SOCIAIS</p><p>CONDIÇÃO SOCIAL DA</p><p>SOCIEDADE ANALISADA</p><p>PROPOR PROGRAMAS/AÇÕES</p><p>MONITORAR</p><p>RESULTADOS AVALIAR IMPACTOS</p><p>O QUE DEVE SER MANTIDO REVISÃO DOS PROGRAMAS/AÇÕES ALTERAÇÕES NECESSÁRIAS</p><p>4O Município e</p><p>a Segurança</p><p>Pública</p><p>Esp. Vanessa Carnieto</p><p>Esta unidade é essencial para você aprender as ações integradas das</p><p>três esferas federativas, no controle e na prevenção do crime, e, princi-</p><p>palmente, qual é o papel exclusivo do município na segurança pública.</p><p>Você entenderá a implementação de políticas públicas locais, em que a</p><p>premissa básica para tal intervenção é conhecer a fundo o fenômeno</p><p>com o qual se quer trabalhar. É necessário que seja feita uma leitura</p><p>da realidade, baseada na complexidade e diversidade dos fenômenos</p><p>locais, respeitando a peculiaridade de cada região para que, assim,</p><p>sejam criados diagnósticos reais e desenvolvidas iniciativas, tanto re-</p><p>pressivas quanto preventivas, por parte dos municípios, na seara da</p><p>segurança pública.</p><p>UNIDADE 4</p><p>114</p><p>De acordo com a Constituição Brasileira, de 1988, cada município é autônomo,</p><p>sendo responsável pela sua própria organização, administração e arrecadação de</p><p>impostos. Aos prefeitos cabe a administração dos serviços públicos municipais</p><p>nas áreas da saúde, educação, transporte, segurança e cultura. Neste contexto, com</p><p>a identificação do Município, como ente federativo, e a sua autonomia expandida</p><p>na Constituição de 1988, qual deve ser a participação dos municípios na preser-</p><p>vação da paz social? Você sabe qual a autonomia municipal no que diz respeito</p><p>à segurança pública? Sabia que existem competências comuns, competências</p><p>concorrentes e competên-</p><p>cias exclusivas aos entes</p><p>federativos?</p><p>A autonomia política</p><p>compreende os poderes</p><p>de auto-organização, de</p><p>autogoverno e normativo.</p><p>O primeiro corresponde</p><p>à capacidade de elaborar</p><p>sua própria lei orgânica,</p><p>conforme autorização do</p><p>artigo 29, da Constituição</p><p>brasileira (BRASIL, 1988).</p><p>A lei orgânica municipal</p><p>equivale à Constituição</p><p>Municipal, sendo conside-</p><p>rada a lei mais importante</p><p>que rege os municípios e o</p><p>Distrito Federal. Cada mu-</p><p>nicípio brasileiro pode de-</p><p>terminar as suas próprias</p><p>leis orgânicas, contanto</p><p>que estas não infrinjam a</p><p>constituição e as leis fede-</p><p>rais e estaduais. Já ouviu</p><p>falar sobre a Lei Orgânica</p><p>municipal?</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637957/artigo-29-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988</p><p>http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988</p><p>115</p><p>Os questionamentos anteriores são</p><p>importantes para que você compreenda</p><p>a real dimensão das responsabilidades</p><p>do governo municipal, no que tange à se-</p><p>gurança pública. É importante que você</p><p>reflita sobre o combate e a prevenção à</p><p>violência na esfera municipal, qual a auto-</p><p>nomia do município para atuar nesta área.</p><p>Investigue, aqui, esses assuntos e reflita so-</p><p>bre as ações dos gestores públicos no que</p><p>diz respeito à defesa social nos municípios.</p><p>O artigo seguinte, publicado pela</p><p>Revista Brasileira de Segurança Pública,</p><p>fala sobre os Municípios e a Segurança</p><p>Pública no Brasil, fazendo uma análise</p><p>de como e quando o município con-</p><p>quistou status de unidade da federação,</p><p>passando a gozar de autonomia admi-</p><p>nistrativa, orçamentária e fi-</p><p>nanceira, e os reflexos deste</p><p>processo no financiamento</p><p>da segurança pública.</p><p>Você verificou que, a</p><p>partir da Constituição de 1988, os</p><p>municípios passaram a ter status de</p><p>ente federativo, com autonomia para</p><p>atuar junto às esferas estaduais e fe-</p><p>derais, na área da segurança pública.</p><p>Por meio da Lei Orgânica Munici-</p><p>pal, o município deverá criar meca-</p><p>nismos para a preservação da defesa</p><p>social e garantir a segurança pública</p><p>municipal.</p><p>Agora que você já aprendeu que o</p><p>município deve ser administrado com</p><p>UNICESUMAR</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13130</p><p>UNIDADE 4</p><p>116</p><p>base na Lei Orgânica, escolha a Lei Orgânica de algum município e analise quais</p><p>mecanismos ela estabelece para garantia da segurança pública municipal. Veri-</p><p>fique quais artigos dispõe sobre a segurança pública, se há previsão de guarda</p><p>municipal e, se houver, analise qual a sua incumbência naquele município.</p><p>Diante de tudo que vimos até o momento, convido você, profissional de segu-</p><p>rança pública, a fazer seus apontamentos a fim de anotar suas primeiras impres-</p><p>sões. Escreva os resultados de sua pesquisa e reflita se conseguiu compreender a</p><p>autonomia dos municípios na gestão de segurança pública. Pontue as competên-</p><p>cias exclusivas do ente municipal e quais foram os mecanismos criados pelo Mu-</p><p>nicípio escolhido para colaborar com a segurança pública local. Faça essa análise!</p><p>117</p><p>A Constituição Federal, de 1988, trouxe expressivas mudanças nos arranjos ins-</p><p>titucionais, políticos e administrativos, então vigentes no Brasil. Elaborada após</p><p>o término do regime militar, sua redação reflete os anseios da sociedade por um</p><p>governo democrático e com atuação mais efetiva na área social (CARNEIRO;</p><p>BRASIL, 2010). Com a sua promulgação, os municípios resgataram sua autono-</p><p>mia e foram elevados ao status de entidade de terceiro grau, ou de forma mais</p><p>clara, ente federativo, ocupando local de destaque, ao lado da União, dos Estados</p><p>e do Distrito Federal (MEIRELLES, 2006).</p><p>“ Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união</p><p>indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons-</p><p>titui-se em Estado Democrático de Direito e tem como funda-</p><p>mentos:I - a soberania;II - a cidadania;III - a dignidade da pessoa</p><p>humana;IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;</p><p>(Vide Lei nº 13.874, de 2019)V - o pluralismo político.Parágrafo</p><p>único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de</p><p>representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Consti-</p><p>tuição (BRASIL, 1988, on-line).</p><p>A forma federativa de Estado definida, no art. 1º, trata-se de cláusula pétrea,</p><p>ou seja, a forma federativa não pode ser alterada, assim podemos afirmar que os</p><p>municípios gozam de uma autonomia perene.</p><p>“ Em relação à organização político-administrativa da nação, a União,</p><p>os Estados, o Distrito Federal e os municípios compõem a Repú-</p><p>blica Federativa do Brasil e devem atuar de forma integrada para</p><p>gerir efetivamente os interesses da população, em que pesem as</p><p>competências exclusivas, privativas, concorrentes, remanescentes,</p><p>residuais, cumulativas, suplementares e comuns dos entes federados</p><p>(CARVALHO, 2020, [s. p.]).</p><p>“Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Bra-</p><p>sil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos</p><p>autônomos, nos termos desta Constituição” (BRASIL, 1988, on-line). Visando</p><p>a manter a autonomia alcançada pelos municípios contra uma possível inter-</p><p>ferência estatal, foram inseridos mecanismos de defesa na Constituição Fede-</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 4</p><p>118</p><p>ral, consignando, assim, a previsão legal da possibilidade de intervenção federal,</p><p>caso seja necessário manter ou restaurar a autonomia de determinado município</p><p>(CARVALHO, 2020).</p><p>Os Entes Federativos possuem competências comuns descritas no art. 23 da</p><p>Constituição Federal, que determinam que os seus respectivos gestores, de forma</p><p>isolada ou integrada com outros entes federados, promovam o cumprimento</p><p>dos mandamentos constitucionais. É o poder que tanto uma esfera como a outra</p><p>podem exercer. São áreas em que deve haver cooperação e trabalho conjunto. Por</p><p>exemplo, a política ambiental é de competência das três esferas que, geralmente,</p><p>atuam em conjunto para preservar florestas, fauna etc. (TEIXEIRA, 2002).</p><p>“ Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e dos Municípios:I - zelar pela guarda da Constituição, das</p><p>leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio públi-</p><p>co;II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia</p><p>das pessoas portadoras de deficiência; III - proteger os documen-</p><p>tos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural,</p><p>os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueo-</p><p>lógicos;IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização</p><p>de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou</p><p>cultural;V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação,</p><p>à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;VI - proteger o meio</p><p>ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;VII -</p><p>preservar as florestas, a fauna e a flora;VIII - fomentar a produção</p><p>agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;IX - promover</p><p>programas de construção de moradias e a melhoria das condições</p><p>habitacionais e de saneamento básico; X - combater as causas da</p><p>pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração</p><p>social dos setores desfavorecidos;XI - registrar, acompanhar e fisca-</p><p>lizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos</p><p>hídricos e minerais em seus territórios;XII - estabelecer e implantar</p><p>política de educação para a segurança do trânsito.Parágrafo úni-</p><p>co. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre</p><p>a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em</p><p>vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito</p><p>nacional (BRASIL, 1988, on-line).</p><p>119</p><p>As competências comuns descritas, no art. 23, têm por objetivo manter a</p><p>independência dos entes federados, mas, ainda, assim, permitir e incentivar</p><p>ações de defesa social, isoladas ou em conjunto, buscando proporcionar</p><p>maior segurança na qualidade de vida da população. Já a competência con-</p><p>corrente é quando dois ou mais entes federativos têm competência comum</p><p>sobre a mesma matéria. Essa competência é simultânea e a hierarquia das</p><p>leis deve ser respeitada. Está disposta no art. 24 da Constituição Federal:</p><p>“ Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar</p><p>concorrentemente sobre:I - direito tributário, financeiro, peniten-</p><p>ciário, econômico e urbanístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)II - or-</p><p>çamento;III - juntas comerciais;IV - custas dos serviços forenses;V</p><p>- produção e consumo;VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação</p><p>da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do</p><p>meio ambiente e controle da poluição;VII - proteção ao patrimônio</p><p>histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;VIII - respon-</p><p>sabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e</p><p>direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagísti-</p><p>co;IX - educação, cultura, ensino e desporto;IX - educação, cultura,</p><p>ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento</p><p>e inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de</p><p>2015)X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas</p><p>causas;XI - procedimentos em matéria processual;XII - previdência</p><p>social, proteção e defesa da saúde; (Vide ADPF 672)XIII - assistência</p><p>jurídica e Defensoria pública;XIV - proteção e integração social das</p><p>pessoas portadoras de deficiência;XV - proteção à infância e à ju-</p><p>ventude;XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias</p><p>civis.§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da</p><p>União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874,</p><p>de 2019)§ 2º A competência da União para legislar sobre normas</p><p>gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei</p><p>nº 13.874, de 2019)§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais,</p><p>os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender</p><p>a suas peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)§ 4º A superve-</p><p>niência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei</p><p>estadual, no que lhe for contrário (BRASIL, 1988, on-line).</p><p>UNICESUMAR</p><p>http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&documento=&s1=672&numProcesso=672</p><p>UNIDADE 4</p><p>120</p><p>A competência concorrente prevê a possibilidade de disposição sobre o mes-</p><p>mo assunto ou matéria, por mais de uma entidade federativa (União, Estados</p><p>e Municípios), porém com primazia da união. Um exemplo de Normas Gerais</p><p>é a Lei de diretrizes básicas da educação, que prevê padrões para o ente que</p><p>legisla sobre educação, por exemplo; o qual deve seguir o estabelecido na re-</p><p>ferida lei (Norma Geral) (BORGES, 2012).</p><p>Por fim, falaremos da competência exclusiva, que só pode ser exercida</p><p>pelo ente a que foi atribuída. É indelegável, irrenunciável. O art. 21 da Cons-</p><p>tituição Federal prevê a competência exclusiva da União, no entanto nos</p><p>ateremos apenas às competências exclusivas dos municípios, dispostas no</p><p>art. 30 da CF, que podem ser agrupadas em Legislativa, Tributária, Finan-</p><p>ceira, Administrativa e Políticas Públicas Municipais.</p><p>Legislativa: legislar sobre assuntos de interesse local, além de suplementar a legislação</p><p>federal e estadual no que couber, adaptando aos interesses locais. Exemplos: desapro-</p><p>priação de imóveis, licitação e contratos, seguridade social.</p><p>Tributária: elaborar e aprovar a legislação específica e, principalmente, arrecadar os im-</p><p>postos, taxas e contribuições.</p><p>Financeira: gestão de recursos públicos: patrimônio, rendas e tributos. A aplicação des-</p><p>tes recursos exige previsão no Processo Orçamentário (Plano Plurianual — PPA, Lei de</p><p>Diretrizes Orçamentárias — LDO, Lei Orçamentária — LO).</p><p>Administrativa: administrar de forma autônoma os bens e serviços municipais. Para</p><p>isso, é preciso regulamentação. Muitas das atividades desenvolvidas na competência le-</p><p>gislativa e financeira são traduzidas em medidas concretas por meio desta competência.</p><p>Elaboração e execução de políticas públicas e serviços municipais: políticas públicas</p><p>envolvem diretrizes, objetivos, orientações sobre a prestação dos serviços. Compete ao</p><p>município elaborar e executar: política de educação; política de saúde; política urbana;</p><p>política de Saneamento; política de renda e emprego; política agrícola; política e política</p><p>ambiental.</p><p>Fonte: adaptado de Teixeira (2002).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>121</p><p>São competências exclusivas dos municípios:</p><p>“ Art. 30. Compete aos Municípios:I - legislar sobre assuntos de inte-</p><p>resse local;II - suplementar a legislação federal e a estadual no que</p><p>couber;III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem</p><p>como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar</p><p>contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;IV - criar, or-</p><p>ganizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;V - orga-</p><p>nizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permis-</p><p>são, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte</p><p>coletivo, que tem caráter essencial;VI - manter, com a cooperação</p><p>técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação</p><p>infantil e de ensino fundamental; VII - prestar, com a cooperação</p><p>técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento</p><p>à saúde da população;VIII - promover, no que couber, adequado</p><p>ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso,</p><p>do parcelamento e da ocupação do solo urbano;IX - promover a pro-</p><p>teção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação</p><p>e a ação fiscalizadora federal e estadual (BRASIL, 1998, on-line).</p><p>Na competência exclusiva, somente aquela esfera (União, estado e município) pode</p><p>exercê-la. Logo, a competência exclusiva da União só pode ser exercida pela União,</p><p>se é exclusiva do município, nem o estado nem a União podem exercê-la, servindo</p><p>esta norma para todas as demais competências privativas. No caso do município,</p><p>são competências exclusivas aquelas que se referem ao interesse local, detalhadas</p><p>na Lei Orgânica Municipal: limpeza urbana, cemitérios, abatedouros, licença para</p><p>localização e funcionamento de estabelecimentos, captura de animais, estradas</p><p>vicinais, estacionamentos, organização de seus serviços (TEIXEIRA, 2002).</p><p>Detalharemos os itens anteriores, pois refletem de maneira direta na defesa</p><p>social do município e, em especial, na segurança pública municipal.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 4</p><p>122</p><p>No inciso I, temos a competência do município de legislar sobre assuntos de</p><p>interesse local. O ente municipal, nesse aspecto, pode e deve agir de maneira a</p><p>trazer maior equilíbrio social, legislando sobre condições que possam garantir</p><p>os direitos dos cidadãos. Segundo o inciso II, os municípios podem legislar de</p><p>forma suplementar em outros assuntos que não lhe couberem e não forem ex-</p><p>clusivamente de interesse local, mas que seja fundamental para a municipalidade.</p><p>O inciso V, por sua vez, estabelece que o município pode, além de legislar, pres-</p><p>tar serviço público sob forma de competência exclusiva em assuntos de interesse</p><p>local. Caso seja necessário, o município pode firmar parcerias, concedendo ou per-</p><p>mitindo a prestação de serviços por outros entes, públicos ou privados, respeitando</p><p>legislação específica. Por fim, no inciso IX, temos que compete ao município, exclu-</p><p>sivamente, a proteção do patrimônio histórico cultural, respeitando as legislações</p><p>estaduais e federais. A consolidação da autonomia dos municípios foi, efetivamente,</p><p>a grande inovação, com a inserção da expressão “interesse local”. Esta consagra o</p><p>direito do município, por meio de seus poderes Executivo e Legislativo, podendo</p><p>a partir de então realmente representar os interesses da sua municipalidade. Desse</p><p>modo, tem plenos poderes na elaboração de leis, na organização, na administração</p><p>e na prestação de serviços públicos municipais (CARVALHO, 2020).</p><p>Para estruturar a sua intervenção na seara da segurança pública, o município</p><p>deve compreender qual é a dinâmica da criminalidade na cidade, pois, apenas en-</p><p>tendendo quais fatores estão relacionados ao crime, é possível pensar quais ações</p><p>serão necessárias para diminuir a sua incidência (RIBEIRO, 2013). O município</p><p>pode gerar informações fundamentais para orientar e fomentar políticas públicas.</p><p>Dados sobre diferentes fatores de risco, oriundos de diferentes secretarias munici-</p><p>pais e órgãos vinculados ao município — como educação, saúde, assistência social</p><p>A Defesa Social é considerada a alternativa contemporânea ao antigo conceito de segu-</p><p>rança nacional (art. 91 CF). Em um conceito de Defesa Social, a defesa do Estado é si-</p><p>multânea à defesa das instituições democráticas, disciplinando a Constituição (art. 136</p><p>e seguintes) à condição mais radical de intervenção do Estado para preservar ou pronta-</p><p>mente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social</p><p>ameaçada por grave e iminente instabilidade institucional ou ameaçadas por calamidades</p><p>de grandes proporções da natureza.</p><p>Fonte: Camara (2010, on-line).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>123</p><p>e conselho tutelar —, quando analisados conjuntamente, podem gerar um impor-</p><p>tante sistema de inteligência para o desenvolvimento de políticas de prevenção.</p><p>Com o diagnóstico realizado, as informações serão utilizadas como base</p><p>para a elaboração de um Plano Municipal de Segurança Pública, cujas ações</p><p>podem ser operacionalizadas por uma Secretaria Municipal de Segurança</p><p>Pública ou, até mesmo, por uma Coordenadoria de Ordem Pública. A cria-</p><p>ção de instâncias como essas tem o objetivo de viabilizar o planejamento,</p><p>implementação, monitoramento e avaliação de ações, projetos e programas</p><p>que tenham como objetivo a prevenção do crime e a redução do sentimento</p><p>de insegurança no âmbito municipal.</p><p>PLANO</p><p>MUNICIPAL</p><p>SEGURANÇA</p><p>PÚBLICAIdenti�cação dos</p><p>focos de violência</p><p>e criminalidade</p><p>Mapa de</p><p>Violência e</p><p>Criminalidade</p><p>Diagnóstico</p><p>Desenvolver ações/</p><p>políticas públicas -</p><p>prevenção/</p><p>combate</p><p>Instrumentalizar</p><p>o Município -</p><p>aquisição verbas</p><p>Operação e</p><p>Manutenção</p><p>Prestação</p><p>de Contas</p><p>Avaliação</p><p>Monitoramento</p><p>Implantação</p><p>Discutir e</p><p>aprovar Diagnóstico</p><p>junto à Sociedade</p><p>Projeto &</p><p>Documentação</p><p>para Obtenção</p><p>de Recursos</p><p>Projeto</p><p>Tecnológico</p><p>1° FASE</p><p>2° FASE</p><p>3° FASE</p><p>OLHAR CONCEITUAL</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 4</p><p>124</p><p>A Constituição Federal prevê em seu art. 144 que “A segurança pública, dever do</p><p>Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem</p><p>pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio [...] ” (BRASIL, 1988, on-li-</p><p>ne). Isso explicita que os municípios têm responsabilidade no tocante à segurança</p><p>municipal. Seguindo esse entendimento, temos no § 8º do referido artigo que “Os</p><p>Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus</p><p>bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei” (BRASIL, 1988, on-line).</p><p>Se o governo municipal decide por criá-la, deve fazê-lo obrigatoriamente por</p><p>lei; criar o órgão em si e os cargos com as respectivas atribuições, observando os</p><p>princípios e preceitos do processo legislativo e a limitação material estabelecida</p><p>constitucionalmente. Não pode ser criada por decreto ou medida provisória, nem</p><p>extrapolar o âmbito das atribuições constitucionalmente estabelecidas, a saber, a pro-</p><p>teção de bens, serviços e instalações municipais, sob pena de inconstitucionalidade.</p><p>“ Entendemos aqui que o constituinte deixou que esta regulamenta-</p><p>ção fosse feita tanto por lei municipal, respeitando assim o princípio</p><p>da autonomia municipal estabelecido nos artigos 20 e 30 da CRFB</p><p>em que traz a possibilidade da municipalidade em auto-organizar</p><p>os seus serviços públicos, quanto por Lei Ordinária uma vez que</p><p>o Brasil possui cerca de 5.556 Municípios e seria necessário a edi-</p><p>ção de Leis Federal para regulamentar essa matéria a nível Federal</p><p>(MELO, 2021, p. 31-32).</p><p>Concomitantemente com o disposto na Norma Constitucional, foi criada a</p><p>Lei 13.022, em 8 de agosto de 2014, intitulada de Estatuto Geral das Guar-</p><p>das Municipais, a fim de regulamentar e padronizar a atuação das guardas</p><p>municipais, uma vez que cada Município tem suas especificidades locais.</p><p>Com a edição dessa norma, foram estabelecidas diretrizes; por exemplo, uma</p><p>matriz curricular comum para a formação de seus agentes, a padronização</p><p>dos uniformes utilizados pela instituição, requisitos comuns para ingresso</p><p>de pessoal no quadro de efetivo pessoal das instituições bem como regula-</p><p>mentou as competências gerais e específicas das Guardas Municipais, em</p><p>consonância com o do artigo 144, § 8º do texto constitucional.</p><p>O art. 4º do Estatuto estabelece que é competência geral das guardas mu-</p><p>nicipais a proteção de bens, serviços, logradouros públicos municipais e ins-</p><p>125</p><p>talações do Município. Os bens mencionados abrangem os de uso comum,</p><p>os de uso especial e os dominiais (BRASIL, 2014a).</p><p>Os bens de uso comum são os bens que todos podem utilizar, por exemplo, ruas, praças.</p><p>Bens de uso especial são destinados às instalações e aos serviços públicos, como os pré-</p><p>dios das repartições ou escolas públicas. Os bens dominicais são os bens do patrimônio</p><p>disponível da administração, não possuem uma destinação pública específica. Em razão</p><p>dessa particularidade, o Poder Público pode dispor deles para qualquer fim, inclusive alie-</p><p>ná-los se houver interesse da Administração Pública, temos como exemplo as terras de-</p><p>volutas, prédios públicos desativados e os terrenos de marinha.</p><p>Fonte: Castro (2014, on-line).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>Dentre as competências gerais estabelecida no Estatuto Geral das Guardas Mu-</p><p>nicipais, pode-se observar que a lei não inovou ao estabelecer que é de dever</p><p>da instituição a proteção de</p><p>bens, serviços e instalações do Município, a norma</p><p>seguiu o mandamento constitucional do artigo 144, § 8, não invadindo, assim, as</p><p>competências estaduais e federais (MELO, 2021).</p><p>Ao descrever as atribuições das Guardas Municipais, o texto constitucional</p><p>e o Estatuto Geral estabeleceram a competência privativa deste organismo de</p><p>proteger os bens, serviços e instalações municipais, não excluindo, contudo,</p><p>as competências comuns, concorrentes, remanescentes, residuais, cumulati-</p><p>vas e as suplementares (CARVALHO, 2020). Já as competências gerais estão</p><p>descritas no art. 5º, conforme disposto a seguir:</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 4</p><p>126</p><p>São competências específicas das guardas municipais, respeitadas as compe-</p><p>tências dos órgãos federais e estaduais:</p><p>I - zelar pelos bens, equipamentos e prédios públicos do Município;</p><p>II - prevenir e inibir, pela presença e vigilância, bem como coibir, infrações</p><p>penais ou administrativas e atos infracionais que atentem contra os bens,</p><p>serviços e instalações municipais;</p><p>III - atuar, preventiva e permanentemente, no território do Município, para</p><p>a proteção sistêmica da população que utiliza os bens, serviços e insta-</p><p>lações municipais;</p><p>IV - colaborar, de forma integrada com os órgãos de segurança pública, em</p><p>ações conjuntas que contribuam com a paz social;</p><p>V - colaborar com a pacificação de conflitos que seus integrantes presencia-</p><p>rem, atentando para o respeito aos direitos fundamentais das pessoas;</p><p>VI - exercer as competências de trânsito que lhes forem conferidas, nas vias e</p><p>logradouros municipais, nos termos da Lei nº 9.503, de 23 de setembro</p><p>de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), ou de forma concorrente, me-</p><p>diante convênio celebrado com órgão de trânsito estadual ou municipal;</p><p>VII - proteger o patrimônio ecológico, histórico, cultural, arquitetônico e</p><p>ambiental do Município, inclusive adotando medidas educativas e pre-</p><p>ventivas;</p><p>VIII - cooperar com os demais órgãos de defesa civil em suas atividades;</p><p>IX - interagir com a sociedade civil para discussão de soluções de problemas</p><p>e projetos locais voltados à melhoria das condições de segurança das</p><p>comunidades;</p><p>X - estabelecer parcerias com os órgãos estaduais e da União, ou de Municí-</p><p>pios vizinhos, por meio da celebração de convênios ou consórcios, com</p><p>vistas ao desenvolvimento de ações preventivas integradas;</p><p>XI - articular-se com os órgãos municipais de políticas sociais, visando à</p><p>adoção de ações interdisciplinares de segurança no Município;</p><p>XII - integrar-se com os demais órgãos de poder de polícia administrativa,</p><p>visando a contribuir para a normatização e a fiscalização das posturas e</p><p>ordenamento urbano municipal;</p><p>XIII - garantir o atendimento de ocorrências emergenciais, ou prestá-lo direta</p><p>e imediatamente quando deparar-se com elas;</p><p>127</p><p>XIV - encaminhar ao delegado de polícia, diante de flagrante delito, o autor</p><p>da infração, preservando o local do crime, quando possível e sempre</p><p>que necessário;</p><p>XV - contribuir no estudo de impacto na segurança local, conforme plano</p><p>diretor municipal, por ocasião da construção de empreendimentos de</p><p>grande porte;</p><p>XVI - desenvolver ações de prevenção primária à violência, isoladamente ou</p><p>em conjunto com os demais órgãos da própria municipalidade, de outros</p><p>Municípios ou das esferas estadual e federal;</p><p>XVII - auxiliar na segurança de grandes eventos e na proteção de autoridades</p><p>e dignatários; e</p><p>XVII - atuar mediante ações preventivas na segurança escolar, zelando pelo</p><p>entorno e participando de ações educativas com o corpo discente e do-</p><p>cente das unidades de ensino municipal, de forma a colaborar com a</p><p>implantação da cultura de paz na comunidade local.</p><p>Parágrafo único. No exercício de suas competências, a guarda municipal</p><p>poderá colaborar ou atuar conjuntamente com órgãos de segurança pública</p><p>da União, dos Estados e do Distrito Federal ou de congêneres de Municípios</p><p>vizinhos e, nas hipóteses previstas nos incisos XIII e XIV deste artigo, diante</p><p>do comparecimento de órgão descrito nos incisos do caput do art. 144 da</p><p>Constituição Federal , deverá a guarda municipal prestar todo o apoio à</p><p>continuidade do atendimento (BRASIL, 2014a, on-line).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 4</p><p>128</p><p>Não houve inovação, também, no texto normativo que define as competências</p><p>gerais, descrevendo que as Guardas Municipais devem cuidar dos bens, equipa-</p><p>mentos e prédios públicos municipais; atuar de forma a evitar o cometimento</p><p>de crimes, infrações administrativas bem como ato infracional que atente contra</p><p>os bens públicos, serviços e instalações municipais, atuando de forma preventiva</p><p>para a proteção dos usuários dos serviços e equipamentos municipais.</p><p>Podemos entender, aqui, que a Guarda Municipal atua, também, para</p><p>garantir a proteção dos Direitos Humanos Fundamentais elencados no ar-</p><p>tigo 5º da Constituição Federal, zelando para que todo munícipe tenha es-</p><p>ses direitos respeitados. Nesse sentido, a guarda municipal exerce poder de</p><p>polícia no limite das suas atribuições e destinação constitucional, que não</p><p>é a de investigar crimes nem de preservação da ordem pública, mas a de</p><p>proteção de bens, serviços e instalações públicos municipais, diferente das</p><p>atribuições de polícia de segurança pública, próprias dos órgãos enumerados</p><p>taxativamente pelo art. 144, caput, da Constituição Federal.</p><p>Afinal, as guardas municipais podem efetuar prisão em flagrante? O entendimento juris-</p><p>prudencial é pacífico no sentido que não há ilegalidade na prisão em flagrante efetuada</p><p>por guardas municipais. O fundamento da legalidade desse ato decorre do art. 301 do</p><p>Código de Processo Penal, o qual permite que qualquer pessoa — particular ou servidor</p><p>público — prenda quem estiver em flagrante delito.</p><p>(Supremo Tribunal Federal)</p><p>PENSANDO JUNTOS</p><p>Podemos concluir que as Guardas Municipais, órgãos operacionais do Sistema</p><p>Único de Segurança Pública (SUSP), conforme Lei 13.675, de 11 de junho de</p><p>2018, por meio de seus agentes, deve atuar no policiamento ostensivo e preven-</p><p>tivo nos municípios, sem que essa ação configure usurpação pública. A Guarda</p><p>Municipal é o único órgão de prestação de serviço público municipal a constar</p><p>na Constituição Federal. De acordo com o Estatuto, as guardas municipais, insti-</p><p>tuições de caráter civil, uniformizadas e armadas, conforme previsto em lei, têm a</p><p>função de proteção municipal preventiva, ressalvadas as competências da União,</p><p>dos Estados e do Distrito Federal (BRASIL, 2014a). O art. 3º da Lei 13.022 dispõe</p><p>sobre os princípios de atuação das guardas municipais:</p><p>129</p><p>“ Art. 3º São princípios mínimos de atuação das guardas municipais:I</p><p>- proteção dos direitos humanos fundamentais, do exercício da ci-</p><p>dadania e das liberdades públicas;II - preservação da vida, redução</p><p>do sofrimento e diminuição das perdas;III - patrulhamento pre-</p><p>ventivo;IV - compromisso com a evolução social da comunidade;</p><p>eV - uso progressivo da força (BRASIL, 2014a, on-line).</p><p>Quanto ao porte de arma de fogo das Guardas Municipais, temos disposto</p><p>na Lei 10.826/2003 que:</p><p>“ Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo o território</p><p>nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria</p><p>e para:[...] III – os integrantes das guardas municipais das</p><p>capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000</p><p>(quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no</p><p>regulamento desta Lei; IV - os integrantes das guardas mu-</p><p>nicipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil)</p><p>e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em</p><p>serviço; [...]§ 7o Aos integrantes das guardas municipais dos</p><p>Municípios que integram regiões metropolitanas será auto-</p><p>rizado porte de arma de fogo, quando em serviço (BRASIL,</p><p>2003, on-line).</p><p>Dessa forma, o porte funcional de arma de fogo deve ser conferido a todos os</p><p>servidores das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com</p><p>mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, dos municípios com mais de 50.000</p><p>(cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes,</p><p>quando em</p><p>serviço, e aos integrantes das guardas municipais dos Municípios que integram</p><p>regiões metropolitanas, quando em serviço, será autorizado porte de arma de fogo.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 4</p><p>130</p><p>As guardas municipais com população inferior a 50.000 (cinquenta mil) habitan-</p><p>tes e que não integrem regiões metropolitanas, portanto, não têm direito ao porte</p><p>funcional de arma de fogo. Questão que deve ser revista, uma vez que o índice</p><p>de criminalidade não está diretamente ligado à quantidade populacional (CAR-</p><p>VALHO, 2020). A capacidade técnica e a aptidão psicológica para o manuseio de</p><p>armas de fogo para os integrantes das guardas municipais poderão ser atestadas</p><p>por profissionais da própria instituição ou por instrutores de armamento e tiro</p><p>credenciados, depois de cumpridos os requisitos técnicos e psicológicos esta-</p><p>belecidos pela Polícia Federal (BRASIL, 2019). O efetivo da guarda municipal,</p><p>também, dependerá da quantidade populacional, de acordo com o art. 7º do</p><p>Estatuto Geral das Guardas Municipais:</p><p>“ Art. 7º As guardas municipais não poderão ter efetivo superior a:I</p><p>- 0,4% (quatro décimos por cento) da população, em Municípios</p><p>com até 50.000 (cinquenta mil) habitantes;II - 0,3% (três décimos</p><p>por cento) da população, em Municípios com mais de 50.000 (cin-</p><p>quenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, des-</p><p>de que o efetivo não seja inferior ao disposto no inciso I;III - 0,2%</p><p>(dois décimos por cento) da população, em Municípios com mais</p><p>de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, desde que o efetivo não seja</p><p>inferior ao disposto no inciso II.Parágrafo único. Se houver redução</p><p>da população referida em censo ou estimativa oficial da Fundação</p><p>Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é garantida a</p><p>preservação do efetivo existente, o qual deverá ser ajustado à variação</p><p>populacional, nos termos da lei municipal (BRASIL, 2019, on-line).</p><p>Com relação ao controle do trânsito nas cidades, com a Lei nº 9.503, de 23 de</p><p>setembro de 1997, Código de Trânsito Brasileiro, os municípios passaram a ter</p><p>mais uma competência, assumindo a possibilidade direta relacionada à fiscali-</p><p>zação e ao controle de tráfego veicular municipal, vejamos:</p><p>“ Art. 5º O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos e en-</p><p>tidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios</p><p>que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamen-</p><p>to, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamen-</p><p>to de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores,</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.503-1997?OpenDocument</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.503-1997?OpenDocument</p><p>131</p><p>educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento,</p><p>fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de</p><p>penalidades (BRASIL, 1997, on-line).</p><p>O art. 7º do CTB outorga essa competência para os municípios, inserindo-os no</p><p>Sistema Nacional de Trânsito e atribuindo-lhes, em outras, a função de realizar</p><p>o policiamento e a fiscalização das vias públicas das cidades (BRASIL, 1997).</p><p>“ Art. 7º. Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes</p><p>órgãos e entidades:I - o Conselho Nacional de Trânsito - CON-</p><p>TRAN, coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e</p><p>consultivo;II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e</p><p>o Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRANDIFE,</p><p>órgãos normativos, consultivos e coordenadores; III - os órgãos e</p><p>entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito</p><p>Federal e dos Municípios;IV - os órgãos e entidades executivos</p><p>rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-</p><p>nicípios;V - a Polícia Rodoviária Federal;VI - as Polícias Militares</p><p>dos Estados e do Distrito Federal; eVII - as Juntas Administrativas</p><p>de Recursos de Infrações - JARI (BRASIL, 1997, on-line).</p><p>Desta forma, as guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal,</p><p>têm competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito</p><p>e impor multas. O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu a tese de que é</p><p>constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício do poder de</p><p>polícia de trânsito, inclusive para a imposição de sanções administrativas</p><p>legalmente previstas (ex.: multas de trânsito). Cabe a cada município optar</p><p>ou não por empregar o efetivo da guarda municipal como agentes de trân-</p><p>sito, de forma parcial ou total. Na cidade Maringá, por exemplo, temos a Lei</p><p>complementar nº 1.150/2019 que dispõe sobre a competência da guarda</p><p>municipal em exercer atividades de fiscalização no trânsito.</p><p>“ Art. 7º. São competências específicas da Guarda Municipal, res-</p><p>peitadas as competências dos órgãos federais e estaduais:[...]VI</p><p>- exercer as competências de trânsito que lhes forem conferi-</p><p>das, nas vias e logradouros municipais, nos termos do Código</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 4</p><p>132</p><p>de Trânsito Brasileiro, de forma concorrente com os agentes</p><p>de trânsito municipais e, mediante convênio, com o órgão de</p><p>trânsito estadual;[...] (MARINGÁ, 2019a, on-line).</p><p>A Emenda Constitucional nº 82, de 16 de junho de 2014, incluiu no art. 144,</p><p>da Constituição Federal, o parágrafo 10 e os seus incisos, que tratam de ma-</p><p>neira objetiva da competência dos municípios em relação à segurança viária,</p><p>a qual deve ser exercida a fim de preservar a incolumidade das pessoas e do</p><p>seu patrimônio nas vias públicas.</p><p>“ [...].§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem</p><p>pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias</p><p>públicas:I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de</p><p>trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem</p><p>ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; eII - compete, no</p><p>âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos res-</p><p>pectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito,</p><p>estruturados em Carreira, na forma da lei (BRASIL, 2014b, on-line).</p><p>Observamos, portanto, o progresso legislativo no reconhecimento da atividade</p><p>de agente de trânsito como essencial para a segurança viária municipal e na</p><p>inclusão do município no papel do efetivo policiamento e na fiscalização das</p><p>vias urbanas e rurais (CARVALHO, 2020).</p><p>Escute o podcast desta unidade e aprenda mais um</p><p>pouco sobre a estrutura da Guarda Civil Municipal, pois,</p><p>aqui, falaremos a respeito dos atendimentos em serviços</p><p>segmentados, como a Patrulha Maria da Penha, a Patrulha</p><p>Escolar e a guarda patrimonial.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc82.htm</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11549</p><p>133</p><p>Importante enfatizarmos que compete ao município legislar sobre assuntos de in-</p><p>teresse local e que a segurança pública é, sem dúvidas, um dos mais importantes</p><p>assuntos de interesse dos municípios. Desta forma, respeitando as limitações dos</p><p>entes federados, todos têm competência em relação à segurança pública; não podem</p><p>os municípios permanecerem na inércia, devendo assumir a missão em conjunto</p><p>com os demais órgãos de segurança pública de implantar programas e desenvolver</p><p>ações voltadas ao combate da criminalidade e insegurança dos municípios.</p><p>O município deve ser administrado, seguindo sua Lei orgânica, que equivale à</p><p>Constituição Federal e à Constituição Estadual, ela somente pode ser promulgada</p><p>após seguir o rito próprio para sua aprovação, desde que seu conteúdo respeite</p><p>os princípios constitucionais, estabelecidos no art. 29 da Constituição Federal.</p><p>“ Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois</p><p>turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois</p><p>terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, aten-</p><p>didos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constitui-</p><p>ção do respectivo Estado [...] (BRASIL, 1988, on-line).</p><p>Lamentavelmente, alguns municípios, na elaboração de sua lei orgânica, ao</p><p>tratar da segurança pública, discorrem sobre o assunto de forma superficial,</p><p>quase ignoram a verdadeira importância da defesa social para a municipali-</p><p>dade (CARVALHO, 2020). Vejamos, na sequência, a Lei Orgânica da cidade</p><p>de Maringá, que disciplina sobre a instituição da guarda municipal e suas</p><p>incumbências, quais sejam: a preservação da ordem pública e a proteção dos</p><p>bens, serviços e instalações municipais bem como da integridade física dos</p><p>cidadãos; tem, também, a incumbência de exercer a vigilância e a proteção</p><p>das áreas de preservação ambiental, especialmente as definidas nesta Lei.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 4</p><p>134</p><p>DA COMPETÊNCIA MUNICIPAL</p><p>Art. 6º Compete ao Município, dentre outras, as seguintes atribuições:</p><p>[...]</p><p>X - instituir a Guarda Municipal, destinada à preservação da ordem pública e à</p><p>proteção de seus bens, serviços e instalações, bem como da integridade física</p><p>dos cidadãos, observada, no que couber, a legislação federal; (Redação dada</p><p>pela Emenda à Lei Orgânica nº 56/2014).</p><p>[...]</p><p>Art. 13 A Guarda Municipal, criada e regulamentada por lei, será instalada no</p><p>prazo de cento e vinte (120) dias, a contar da promulgação desta lei.</p><p>DAS ATRIBUIÇÕES DO PREFEITO</p><p>Art. 50. Ao Prefeito compete defender os interesses do Município, adotando,</p><p>de acordo com a lei, todas as medidas necessárias a esse fim, e em especial:</p><p>[...]</p><p>XVI - Solicitar o auxílio das forças policiais para garantir o cumprimento de seus</p><p>atos e fazer uso da Guarda Municipal que for criada, na forma da lei;</p><p>[...]</p><p>DA SEGURANÇA PÚBLICA</p><p>Art. 184 O Município manterá a Guarda Municipal, corporação uniformizada</p><p>destinada à preservação da ordem pública e à proteção de seus bens, servi-</p><p>ços e instalações, bem como da integridade física dos cidadãos, obedecendo</p><p>aos preceitos da lei.</p><p>§ 1º A Guarda Municipal terá também a incumbência de, exercer a vigilância</p><p>e a proteção das áreas de preservação ambiental, especialmente as definidas</p><p>nesta Lei.</p><p>\§ 2º Os guardas municipais só poderão desempenhar suas funções após</p><p>treinamento, que inclua conhecimentos básicos de psicologia, sociologia e</p><p>direitos humanos, sendo que se utilizarão de arma de fogo quando estiverem</p><p>em serviço apenas após o treinamento adequado e a aprovação em avaliação</p><p>técnica e psicológica.</p><p>§ 3º A Guarda Municipal terá caráter eminentemente preventivo, sendo que</p><p>os guardas municipais estarão necessariamente armados e uniformizados</p><p>quando estiverem em serviço.</p><p>§ 4º O Executivo Municipal, para a consecução dos objetivos da Guarda Muni-</p><p>cipal, poderá celebrar convênios com o Estado e a União. (Redação dada pela</p><p>Emenda à Lei Orgânica nº 56/2014) (MARINGÁ, 2019b, on-line).</p><p>https://leismunicipais.com.br/a/pr/m/maringa/emenda-a-lei-organica/2014/5/56/emenda-a-lei-organica-n-56-2014-altera-a-redacao-dos-artigos-6-inciso-x-e-184-da-lei-organica-do-municipio</p><p>https://leismunicipais.com.br/a/pr/m/maringa/emenda-a-lei-organica/2014/5/56/emenda-a-lei-organica-n-56-2014-altera-a-redacao-dos-artigos-6-inciso-x-e-184-da-lei-organica-do-municipio</p><p>135</p><p>Observamos que há uma preocupação do município em relação aos aspectos</p><p>de defesa social, que criou mecanismos próprios de ação nesse sentido. Os</p><p>municípios dentro de sua esfera de competência, podem e devem atuar nas</p><p>questões relativas à segurança pública, podendo usar como ponto de partida</p><p>a Lei nº 13.675, de 11 de junho de 2018, regulamento que disciplina a orga-</p><p>nização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública</p><p>(CARVALHO, 2020). A fim de proporcionar uma interlocução permanente</p><p>entre os entes federativos, o governo federal com a implantação do SUSP</p><p>instituiu o Gabinete de Gestão Integrada (GGI).</p><p>“ Os Gabinetes de Gestão Integrada foram criados no bojo do II</p><p>Plano Nacional de Segurança Pública - PNSP (2003-2006), tendo</p><p>sido implantados nos estados brasileiros durante o processo de ins-</p><p>titucionalização do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP),</p><p>uma vez que este arranjo organizacional seria uma das engenharias</p><p>institucionais que viabilizaria a maior articulação entre as distintas</p><p>instituições do sistema de segurança pública e justiça criminal que</p><p>atuam em âmbito municipal. Logo, o GGI viabilizaria a reunião</p><p>mensal das seguintes instituições: Guarda Municipal e Conse-</p><p>lho Comunitário de Segurança Pública (quando esses existirem),</p><p>polícias (Militar e Civil); Defensoria Pública; Ministério Público;</p><p>Judiciário; Sistema Prisional e Sistema destinado à execução de</p><p>Medidas Socioeducativas (RIBEIRO, 2013, p. 4).</p><p>Por meio dessa interação, as prefeituras podem atuar, também, no sentido de</p><p>instituir instâncias que viabilizem o desenvolvimento de ações integradas de</p><p>prevenção e repressão ao crime. Com isso, as polícias, o judiciário, o Minis-</p><p>tério Público, o sistema de cumprimento de penas privativas de liberdade e</p><p>medidas socioeducativas podem, em conjunto: discutir a dinâmica da cri-</p><p>minalidade; analisar a responsabilidade de cada uma das organizações no</p><p>gerenciamento do fenômeno e elaborar planos de ação integrados, que, ao</p><p>racionalizar os esforços, maximizam os resultados. Por fim, o GGI permite</p><p>que tais organizações avaliem os êxitos e os fracassos dos planos de ação</p><p>executados, reformulando estratégias e definindo novas intervenções.</p><p>A instalação do Gabinete de Gestão Integrada possui a finalidade de mini-</p><p>mizar a criminalidade. A partir dele, as forças de segurança estaduais, federais e</p><p>UNICESUMAR</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.675-2018?OpenDocument</p><p>UNIDADE 4</p><p>136</p><p>municipais poderão, de forma conjunta, trabalhar diretamente no foco do pro-</p><p>blema para coibir o crime na região (PENTEADO, 2021).</p><p>Art. 3º São diretrizes dos GGI:</p><p>I - a promoção da integração, em sua respectiva área de atuação, dos órgãos</p><p>de segurança pública federais, estaduais, distritais e municipais, bem como</p><p>os que operam outras políticas públicas que contribuem com a segurança</p><p>pública;</p><p>II - o compartilhamento das ações dos órgãos envolvidos com a segurança</p><p>pública;</p><p>III - a contribuição para a integração e harmonização dos órgãos do sistema</p><p>de justiça criminal, na execução de diagnósticos, planejamentos, implementa-</p><p>ção e monitoramento de Políticas de Segurança Pública;</p><p>IV - a interação com os demais órgãos públicos estabelecendo uma perma-</p><p>nente e sistemática articulação com entidades e instituições que operam as</p><p>políticas sociais básicas, visando expandir a participação de outros atores no</p><p>desenvolvimento e execução de programas e ações de prevenção à violência;</p><p>V - o respeito às autonomias institucionais de cada órgão integrante do GGI;</p><p>VI - a atuação em rede com outros GGI (municipais, estaduais, distrital e de</p><p>fronteira);</p><p>VII - a publicidade das informações relativas às políticas desenvolvidas no</p><p>âmbito do GGI, sempre que possível, e desde que não comprometa o sigilo</p><p>necessário às operações de segurança pública (BRASIL, 2014c, on-line).</p><p>Poderão ser instituídos Gabinetes de Gestão Integrada Municipais, de acordo</p><p>com o interesse público, respeitadas suas competências e atribuições e serão</p><p>compostos pelos representantes dos seguintes órgãos:</p><p>137</p><p>I - Prefeito Municipal, que o presidirá;</p><p>II - Secretário Municipal de Segurança Pública;</p><p>III - Secretário Municipal de Transporte ou Mobilidade Urbana;</p><p>IV - Secretário Municipal de Obras e Infraestrutura;</p><p>V - Secretário Municipal de Direitos Humanos;</p><p>VI - Secretário Municipal de Políticas para as Mulheres;</p><p>VII - Secretário Municipal de Políticas para Juventude;</p><p>VIII - Diretor da Guarda Municipal, quando existente no Município (BRASIL,</p><p>2014c, on-line).</p><p>Para auxiliar os gestores, foi criado — em 8 de abril de 2015 — o InfoGGI, siste-</p><p>ma online alimentado para que os governadores e os prefeitos aprimorem suas</p><p>políticas locais de segurança pública e venham a integrar planejamentos e ações</p><p>nas esferas federal, estadual e municipal (CARVALHO, 2020). A gestão integrada</p><p>feita de maneira correta, respeitando a individualidade de cada órgão, é uma nova</p><p>forma de conceber política pública. Por meio dessa integração, é possível que o</p><p>Poder Público possa atuar mais na causa</p><p>que o país atravessou. Desse modo, iniciamos no Brasil</p><p>Colônia, passamos pelo período Imperial, períodos ditatoriais até chegarmos à atual</p><p>República Democrática. Conforme o Estado evoluiu, os contextos de segurança se</p><p>modificaram. A Segurança Pública atual é reflexo do desenvolvimento do Estado.</p><p>Com o advento da colonização portuguesa (século XVI), ocorreu uma</p><p>emergente miscigenação e concentração de renda. Não houve uma preocu-</p><p>pação com o social, mas, sim, a criação de inúmeras instituições, deixando</p><p>de lado a reforma agrária, o saneamento básico, a cultura, a educação e,</p><p>consequentemente, a segurança pública. Naquela época, a discussão sobre</p><p>segurança pública, ainda, era totalmente ausente.</p><p>Enquanto o Brasil foi uma colônia de Portugal, os serviços de justiça e polí-</p><p>cia formavam um sistema unificado de administração da segurança e tinha por</p><p>embasamento as Ordenações Filipinas e as Leis do Reino de Portugal (SOUZA;</p><p>ALBUQUERQUE, 2017). Anteriormente à chegada da Família Real, o Brasil era</p><p>somente para extração e exploração de bens naturais e matéria prima; por esse</p><p>motivo, não existiam ordenamentos sociais. A preocupação maior dos coloni-</p><p>zadores era com a defesa do território.</p><p>Em 1570, instituiu-se, no Brasil colônia, os Corpos de Ordenanças, a primeira</p><p>organização militar que se tem notícias no país, criados sob os termos da Carta</p><p>Régia de 1559. Eram organizados nas cidades, vilas e povoados. Comandados</p><p>por Capitães mores, que juntamente com os Alferes, Sargentos e Cabo, tinham</p><p>como objetivo proteger o território de invasões estrangeiras, e, por isso, passaram</p><p>a constituir importante fator de ordem e manutenção da hierarquia da vida social.</p><p>Possuíam um sistema de recrutamento universal, todos os homens (vassalos)</p><p>entre os 18 e 60 anos, e capazes de combater, eram obrigados a se alistarem para o</p><p>serviço militar não remunerado. Foram extintos, porém, em 22 de março de 1766.</p><p>Outra organização militar de grande importância na sociedade colonial —</p><p>também, encarregada da prestação de serviços gratuitos nas várias Capitanias do</p><p>Estado do Brasil — refere-se às tropas de Auxiliares (MELLO, 2006). As Orde-</p><p>nanças e as Tropas Auxiliares eram instituições voltadas para defesa territorial e</p><p>controladas pelo governo, mas eram organizações de caráter privado.</p><p>Em 1719, surgem as primeiras Companhias de Dragões, tropas remune-</p><p>radas que faziam o patrulhamento, a ronda, a condução de presos e a guarda</p><p>de cadeias. Essas instituições evitavam as desordens e estavam subordinadas</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>16</p><p>aos governadores das províncias. Em 1775, foram organizados, nas provín-</p><p>cias mais desenvolvidas, os Regimentos Regulares de Cavalaria, também</p><p>formados por tropas remuneradas, um dos quais pertenceu o Alferes Joa-</p><p>quim José da Silva Xavier — popularmente, conhecido como Tiradentes —,</p><p>na província de Minas Gerais. Aqueles regimentos tinham a finalidade de</p><p>proteger a exploração de ouro e diamantes e o transporte dos metais e mi-</p><p>nerais preciosos à sede do vice-reino no Rio de Janeiro, para serem, então,</p><p>embarcados a Portugal (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).</p><p>17</p><p>Com a vinda da família real e da nobreza portuguesa para o Brasil, ocorreram</p><p>transformações relevantes na segurança e na polícia. Foi criada a Intendência</p><p>Geral da Polícia da Corte e do Estado do Brasil, no Rio de Janeiro, no dia 7 de</p><p>março de 1808. Delegada a zelar pela manutenção da ordem, estabelecia puni-</p><p>ções e fiscalizava o seu cumprimento. Além disso, era responsável pelos serviços</p><p>públicos da Capital (Rio de Janeiro), como abastecimento de água, obras urbanas,</p><p>iluminação e outros serviços urbanos da cidade. Paulo Fernandes Viana, foi o 1º</p><p>Intendente Geral de Polícia, função que exerceu até 1821.</p><p>Eram, também, funções da Intendência a fiscalização dos corregedores e mi-</p><p>nistros criminais, a prevenção e a repressão da delinquência criminal, além da</p><p>superintendência do controle da população móvel e de estrangeiros. A essas fun-</p><p>ções acrescentavam-se, ainda, a proteção da pessoa do soberano e da sua família,</p><p>a vigilância quanto à ação de espiões e o combate às ideias liberais consideradas</p><p>subversivas (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).</p><p>No ano seguinte, por meio do decreto de 13 de maio de 1809, foi criada a</p><p>Divisão Militar da Guarda Real de Polícia. Era subordinada ao Ministério da</p><p>Guerra e à Intendência de Polícia. Suas atribuições eram capturar os escravos,</p><p>desordeiros e criminosos e coibir a desordem e o contrabando. “Essas caracte-</p><p>rísticas eram definidas pela Corte Real e ligadas àqueles que não concordassem</p><p>com o que lhes era determinado. Neste momento, ainda não se tinha noção a</p><p>respeito da segurança pública, nem referências a essa questão” (CRUZ, 2013, p. 2).</p><p>A Divisão Militar da Guarda Real da Polícia do Rio de Janeiro é considerada</p><p>a primeira Polícia Militar do Brasil. Hoje, tanto a Polícia Militar do Distrito Fe-</p><p>deral (Brasília) quanto a do Estado do Rio de Janeiro ostentam essa data como</p><p>a de sua criação. Pode, também, ser considerada a primeira Guarda Municipal</p><p>do Brasil, devido à sua abrangência, na cidade do Rio de Janeiro, naquela época,</p><p>capital federal (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).</p><p>Quanto à criação das Polícias Civis, alguns doutrinadores defendem que a</p><p>existência desse órgão remontaria ao século XVII, com a figura dos alcaides.</p><p>Outros asseguram que o embrião das Polícias Civis foi a Intendência Geral de</p><p>Polícia da Corte e do Estado do Brasil, sob o comando de Paulo Fernandes Viana,</p><p>criada em 1808. Alguns Estados, como o Paraná, no entanto, consideram que o</p><p>órgão foi instituído no dia 28 de setembro de 1853, com a assinatura de Dom</p><p>Pedro II, no decreto imperial n° 1237.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>18</p><p>Como você pôde observar, as duas principais instituições policiais que se</p><p>conhecem hoje no Estado — a Polícia Civil e a Polícia Militar — surgiram antes</p><p>mesmo da independência do Brasil. Esse processo de criação das forças policiais</p><p>foi condicionado pelas disputas políticas entre o poder central e as lideranças</p><p>locais bem como pela realidade social e econômica da época, marcada por uma</p><p>sociedade conservadora de base escravocrata (HOLLOWAY, 1997).</p><p>No ano de 1822, ocorreu a proclamação da Independência do Brasil, no en-</p><p>tanto não houve nenhuma mudança significativa no que diz respeito à Segurança</p><p>Pública. A segurança do indivíduo, ainda, era confundida com a segurança do</p><p>país. Durante aquele período, o país entrou em conflitos internos e externos, e a</p><p>Guarda Real atuou no espaço da defesa interna e da segurança nacional, agindo</p><p>conjuntamente com o Exército Brasileiro, criado em 1648.</p><p>19</p><p>A Divisão Militar teve participação decisiva em momentos importantes da</p><p>história brasileira, por exemplo, na Independência do país. No início de 1822,</p><p>com o retorno de D. João VI à Portugal, começaram as articulações para tor-</p><p>nar o Brasil um país independente. A Guarda Real, ao lado da princesa D.</p><p>Leopoldina e o Ministro José Bonifácio de Andrade e Silva, manteve a ordem</p><p>pública na cidade, de forma coesa e fiel ao então príncipe D. Pedro, enquanto</p><p>esse viajava às terras do atual estado de São Paulo (CARVALHO, 2015).</p><p>Durante o Período Regencial, especificamente em 1831, a Guarda Real foi</p><p>extinta. Devido à ineficiência no gerenciamento das crises da época, seus oficiais</p><p>foram redistribuídos pelas unidades do Exército; e as praças dispensadas do ser-</p><p>viço. Em seu lugar, criou-se, por meio da Carta Lei, de 10 de outubro de 1831,</p><p>o Corpo de Guardas Municipais Voluntários, também chamados de Corpo de</p><p>Guarda Permanentes, que tinha como finalidade enfrentar a agitação inerente à</p><p>época (BRASIL, 1831). Ainda, em 1831, foi criada a Guarda Nacional, uma orga-</p><p>nização paramilitar, com a atribuição de defender a Constituição, a integridade,</p><p>a liberdade e a independência do Império Brasileiro. Além disso, seus membros</p><p>deveriam zelar pela tranquilidade e a ordem pública.</p><p>Dia 19 de abril de 1648, teve início a Batalha dos Guararapes, quando os holandeses ten-</p><p>taram invadir as terras brasileiras.</p><p>e não apenas no efeito, dialogando e</p><p>centrando sua atenção em ações preventivas.</p><p>Quanto à defesa civil — que também faz parte da segurança pública —, to-</p><p>dos os estados da federação possuem um órgão responsável pelo desenvolvi-</p><p>mento das atividades de proteção e da defesa civil: a Coordenadoria Estadual</p><p>de Proteção e Defesa Civil. Os municípios, por sua vez, têm constituído suas</p><p>Coordenadorias Municipais de Proteção e Defesa Civil, responsáveis pela</p><p>execução, coordenação e mobilização de todas as ações de proteção e defesa</p><p>civil no município (CARVALHO, 2020). A Lei nº 12.608, de 10 de abril de</p><p>2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC),</p><p>define em seu art. 8 as competências dos municípios:</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 4</p><p>138</p><p>Art. 8º Compete aos Municípios:</p><p>I - executar a PNPDEC em âmbito local;</p><p>II - coordenar as ações do SINPDEC no âmbito local, em articulação com a União e</p><p>os Estados;</p><p>III - incorporar as ações de proteção e defesa civil no planejamento municipal;</p><p>IV - identificar e mapear as áreas de risco de desastres;</p><p>V - promover a fiscalização das áreas de risco de desastre e vedar novas ocupa-</p><p>ções nessas áreas;</p><p>VI - declarar situação de emergência e estado de calamidade pública;</p><p>VII - vistoriar edificações e áreas de risco e promover, quando for o caso, a inter-</p><p>venção preventiva e a evacuação da população das áreas de alto risco ou das</p><p>edificações vulneráveis;</p><p>VIII - organizar e administrar abrigos provisórios para assistência à população em</p><p>situação de desastre, em condições adequadas de higiene e segurança;</p><p>IX - manter a população informada sobre áreas de risco e ocorrência de eventos</p><p>extremos, bem como sobre protocolos de prevenção e alerta e sobre as ações</p><p>emergenciais em circunstâncias de desastres;</p><p>X - mobilizar e capacitar os radioamadores para atuação na ocorrência de desas-</p><p>tre;</p><p>XI - realizar regularmente exercícios simulados, conforme Plano de Contingência</p><p>de Proteção e Defesa Civil;</p><p>XII - promover a coleta, a distribuição e o controle de suprimentos em situações</p><p>de desastre;</p><p>XIII - proceder à avaliação de danos e prejuízos das áreas atingidas por desastres;</p><p>XIV - manter a União e o Estado informados sobre a ocorrência de desastres e as</p><p>atividades de proteção civil no Município;</p><p>XV - estimular a participação de entidades privadas, associações de voluntários,</p><p>clubes de serviços, organizações não governamentais e associações de classe e</p><p>comunitárias nas ações do SINPDEC e promover o treinamento de associações de</p><p>voluntários para atuação conjunta com as comunidades apoiadas; e</p><p>XVI - prover solução de moradia temporária às famílias atingidas por desastres</p><p>(BRASIL, 2012, on-line).</p><p>Esse órgão tem as atribuições de conhecer e identificar os riscos de desastres no</p><p>município, focado em ações de prevenção e integrado com a comunidade local,</p><p>contribuindo para minimizar os riscos e preparada para agir, em caso de neces-</p><p>sidade (CARVALHO, 2020). Importante ressaltar no Estatuto Geral das Guar-</p><p>das Municipais: “Art. 5º São competências específicas das guardas municipais,</p><p>139</p><p>respeitadas as competências dos órgãos federais e estaduais: [...]; VIII - cooperar</p><p>com os demais órgãos de defesa civil em suas atividades; [...]” (BRASIL, 2014a,</p><p>on-line). Isso deixa claro que as guardas municipais, assim como as polícias e os</p><p>bombeiros militares, são agentes de proteção da defesa civil, considerados força</p><p>operacional em situações de anormalidade e, via de regra, disponibilizam seu</p><p>efetivo para pronto emprego nas ações de defesa civil.</p><p>Outro ponto de inestimável contribuição que o município pode oferecer à</p><p>produção da segurança pública refere-se à composição, focalização e ao geren-</p><p>ciamento de suas políticas de assistência social. Políticas públicas voltadas para a</p><p>educação integral, geração de renda e emprego bem como criação de programas</p><p>de profissionalização e lazer, programas direcionados aos menores infratores</p><p>para diminuir a chance de reincidência, tratamento de dependentes químicos e</p><p>alcoolistas e programas e interlocuções que incentivem a participação popular,</p><p>conforme estabelece a Constituição Federal.</p><p>Uma forma de envolver a sociedade civil na discussão dos problemas sobre</p><p>segurança pública é por meio do Conselho de Segurança Pública (CONSEG),</p><p>uma importante entidade de apoio à promoção de segurança pública local. A</p><p>principal vantagem dos conselhos é conhecer os problemas de cada localidade</p><p>pela ótica dos moradores. O diagnóstico dos problemas, com mais precisão e</p><p>construído por moradores e gestores, permite um melhor desenvolvimento de</p><p>ações voltadas para o controle da violência e da criminalidade.</p><p>O CONSEG realiza suas atividades com a supervisão da Secretaria de Segu-</p><p>rança Pública do Estado e possui como membros natos o Delegado de Polícia,</p><p>o Comandante da Polícia Militar do bairro ou município e o Diretor da Guarda</p><p>Municipal, quando houver no município. A participação proativa da população</p><p>nas atividades do CONSEG é uma forma de respeitar uma das principais ca-</p><p>racterísticas da polícia comunitária, a parceria entre a população e os órgãos da</p><p>segurança pública.</p><p>Essa iniciativa foi muito importante para tratar das políticas de segurança</p><p>pública, de forma integrada com a comunidade local, porém foram necessárias</p><p>quase duas décadas para que o Poder Público estadual viesse a assumir essa ideia</p><p>e incorporar suas ações (CARVALHO, 2020). Para que os CONSEGs alcancem</p><p>resultados importantes no resgate da sensação de segurança da comunidade e na</p><p>prevenção dos delitos e da desordem urbana, é indispensável envolver diferentes</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 4</p><p>140</p><p>atores sociais que possam, direta ou indiretamente, contribuir com a resolução</p><p>dos problemas locais:</p><p>• Polícia: compreende as forças de segurança pública local, como as Polí-</p><p>cias Militar e Civil, a Guarda Municipal bem como as demais instituições</p><p>integrantes do Sistema de Segurança Pública e Defesa Social, como o</p><p>Corpo de Bombeiros Militar, o Departamento Penitenciário ou mesmo</p><p>as Polícias Federal e Rodoviária Federal.</p><p>• Comunidade: inclui todos os cidadãos que atuam, moram, trabalham</p><p>e estudam no bairro. Todas as pessoas devem ser envolvidas e compro-</p><p>metidas.</p><p>• Autoridades cívicas eleitas: quando pensamos em nível local, destaca-</p><p>mos a importância dos prefeitos, administradores das cidades e os verea-</p><p>dores eleitos. Mas, em muitos casos, o envolvimento e apoio de deputados</p><p>estaduais e federais serão decisivos para o futuro da polícia comunitária.</p><p>• Comunidade de negócios: engloba os empresários e comerciantes lo-</p><p>cais, independentemente do tamanho de seus empreendimentos.</p><p>• Outras instituições: além das instituições públicas (justiça, saúde, edu-</p><p>cação, assistência social etc.), entram nesse contexto as instituições sem</p><p>fins lucrativos, como ONGs, igrejas, associação de moradores, clubes de</p><p>serviços, entre outras.</p><p>• Mídia: engloba todos os tipos de mídias, digital ou não, a exemplo das</p><p>redes de televisão, rádios, jornais etc. (PARANÁ, [2021]).</p><p>Uma das mudanças de paradigma dessa Nova Era é a alteração da ideia de desen-</p><p>volvimento. Sendo assim, “o novo modelo de desenvolvimento passou a contem-</p><p>plar não apenas o crescimento da produção nacional, mas também a realização de</p><p>avanços na qualidade de vida, na equidade, na democratização, na participação</p><p>cidadã e ao meio ambiente” (COSTA; CUNHA, 2004, p. 70). Diante dessa neces-</p><p>sidade de garantir o acesso da população a níveis mais elevados de qualidade de</p><p>vida, surgiu a valorização do poder local, “viver localmente torna-se a base de</p><p>um novo modo de representar o mundo social” (COSTA; CUNHA, 2004, p. 74).</p><p>Desta forma, motivar as ações do município para que venham atuar de forma</p><p>http://www.conseg.pr.gov.br/</p><p>141</p><p>ordeira e disciplinada na segurança municipal é função primordial da União, dos</p><p>Estados, Distrito Federal e dos próprios municípios, devendo criar mecanismos</p><p>de prevenção, de controle e padrões de atuação fundamentais para que tenhamos</p><p>sucesso na implementação de políticas públicas</p><p>na segurança municipal.</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Título: A evolução da segurança pública municipal no Brasil</p><p>Autor: Cláudio Frederico de Carvalho</p><p>Editora: Intersaberes</p><p>Sinopse: o livro discute acerca de quais dimensões da segurança públi-</p><p>ca a esfera municipal se relaciona. Discrimina os tipos de autonomias dos en-</p><p>tes federados, inclusive a autonomia municipal. O autor analisa, também, as</p><p>competências comuns, concorrentes e exclusivas dos municípios. É estudado,</p><p>ainda, a participação dos municípios na luta contra o crime e na manutenção</p><p>da paz social. A obra ajudará você a compreender a real dimensão das respon-</p><p>sabilidades do governo municipal no que tange à segurança pública.</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Título: Direito Municipal Brasileiro</p><p>Autor: Hely Lopes Meirelles</p><p>Editora: Juspodivm</p><p>Sinopse: Excelente manual de consulta e estudo das normas que re-</p><p>gem a gestão municipal. Um clássico do mestre Hely Lopes Meirelles atuali-</p><p>zado em matéria de legislação e jurisprudência com bastante competência.</p><p>Linguagem clara e objetiva, sem ser raso.</p><p>Comentário: Trata-se de uma leitura mais aprofundada e jurídica. É um livro</p><p>voltado para orientação e estudo dos especialistas e dos aplicadores do Di-</p><p>reito. Trata-se de um verdadeiro “manual” para uso diário e obrigatório pela</p><p>Administração Municipal e pelos seus administrados, e um autêntico “trata-</p><p>do” de Direito Municipal, especialização do Direito Administrativo.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 4</p><p>142</p><p>Conforme vimos nesta unidade, a Constituição Federal de 1988 foi o marco</p><p>normativo que regulamenta a autonomia municipal para atuar junto às esferas</p><p>estaduais e federais na área da segurança pública. A legislação suprema trouxe ex-</p><p>pressivas mudanças nos arranjos institucionais, políticos e administrativos. Outro</p><p>marco normativo importante foi a criação do Estatuto das Guardas Municipais</p><p>que regulamenta e padroniza a atuação das guardas municipais, organização</p><p>que tem um papel fundamental na segurança pública municipal. Você aprendeu,</p><p>também, a criação dos Gabinetes de Gestão Integrada, um marco institucional</p><p>muito importante para a integração dos entes federativos no combate à violência.</p><p>A conquista da autonomia municipal foi expressiva e importante, conside-</p><p>rando o aumento substancial da taxa de criminalidade e o estrangulamento do</p><p>sistema prisional nas cidades. O ente municipal, por meio de sua autonomia, con-</p><p>segue criar políticas públicas locais, fundamentadas por diagnósticos específicos</p><p>de uma determinada região. Desta forma, a atuação municipal deve significar a</p><p>implementação de ações factíveis, coerentes e adequadas à realidade diagnosti-</p><p>cada, compondo, assim, um plano sistemático de intervenção.</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Webinário que discute temas relevantes acerca da participação do município</p><p>na segurança pública como integrante estratégico do Sistema Único de Se-</p><p>gurança Pública. O pesquisador Túlio Kahn trouxe uma exposição de expe-</p><p>riências exitosas para redução da violência no âmbito municipal, enquanto</p><p>a Prefeita Paula Mascarenhas, de Pelotas-RS, apresentou o programa "Pacto</p><p>Pelotas Pela Paz", com drástica redução nos indicadores de homicídios.</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13318</p><p>143</p><p>1. Sabendo que as guardas municipais são instituições de caráter civil, uniformizadas</p><p>e armadas conforme previsto em lei, que tem a função de proteção municipal pre-</p><p>ventiva, ressalvadas as competências da União, dos Estados e do Distrito Federal,</p><p>assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas da frase a seguir:</p><p>Os municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus</p><p>________, ________ e _____________, conforme dispuser a lei.</p><p>a) Prédios, serviços, instalações.</p><p>b) Bens, serviços, patrimônio.</p><p>c) Bens, serviços, instalações.</p><p>d) Bens, produtos, propriedades.</p><p>e) Prédios, serviços, patrimônio.</p><p>2. A competência exclusiva só pode ser exercida por um determinado ente federativo.</p><p>De acordo com o que dispõe a Constituição Federal sobre as competências muni-</p><p>cipais, assinale a alternativa incorreta. São competências exclusivas dos municípios:</p><p>a) Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.</p><p>b) Legislar sobre assuntos de interesse local.</p><p>c) Criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual.</p><p>d) Cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas poqr-</p><p>tadoras de deficiência.</p><p>e) Instituir e arrecadar os tributos de sua competência bem como aplicar suas ren-</p><p>das, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes</p><p>nos prazos fixados em lei.</p><p>3. Considerando que os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas</p><p>à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispõe o § 8º da CF/88.</p><p>As guardas municipais deverão ser criadas por meio de:</p><p>a) Lei Municipal.</p><p>b) Decreto.</p><p>c) Medida provisória.</p><p>d) Lei Estadual.</p><p>e) Lei Federal.</p><p>144</p><p>4. Os conselhos comunitários de segurança pública são entidades de apoio às forças</p><p>policiais, que representam grupos de pessoas de uma mesma comunidade, que se</p><p>reúnem para discutir, planejar, analisar e acompanhar as soluções dos problemas</p><p>que refletem na segurança e na qualidade de vida local. São membros natos dos</p><p>CONSEGs:</p><p>a) Todos os policiais militares e civis.</p><p>b) Presidentes de bairros.</p><p>c) Prefeito.</p><p>d) Delegado de polícia, comandante da polícia militar e diretor/supervisor da guarda.</p><p>e) Autoridades cívicas eleitas.</p><p>5Um Diagnóstico</p><p>da Segurança</p><p>Pública</p><p>Esp. Vanessa Carnieto</p><p>Nossa última unidade será importante para você compreender o diag-</p><p>nóstico atual da segurança pública em nosso país, baseado no Anuário</p><p>Brasileiro de Segurança Pública, uma ferramenta importante para a</p><p>promoção da transparência e da prestação de contas na área, contri-</p><p>buindo para a melhoria da qualidade dos dados.</p><p>UNIDADE 5</p><p>146</p><p>Ao considerarmos os índices de criminalidade no Brasil, podemos levantar algu-</p><p>mas questões: quais seriam as possíveis causas que remetem ao estado de insegu-</p><p>rança pública? Como os organismos estatais se comportam para solucionar esta</p><p>situação? Estas medidas apresentam resultados? Sistemas de segurança pública</p><p>que proporcionem um alto nível de integração entre as diferentes plataformas e</p><p>bases de dados existentes para o registro de ocorrências e ações de combate ao</p><p>crime são fundamentais na prevenção, no planejamento e na execução de ope-</p><p>rações, no entanto, no Brasil, não temos tal integração.</p><p>Afinal, é necessária a integração nacional dos sistemas de prevenção e de in-</p><p>vestigação criminal? Você profissional da segurança pública acha importante me-</p><p>lhorar o desempenho das polícias no Brasil? Quais as medidas necessárias para</p><p>essa melhora? Uma forma de amenizar esse problema seria a nomeação de bons</p><p>gestores, a maioria dos gestores de segurança pública, porém, são escolhidos sem</p><p>critérios de ordem técnica, você acredita que isso prejudica uma gestão eficiente?</p><p>147</p><p>Os questionamentos são essenciais para que você, profissional da segurança públi-</p><p>ca, entenda que o problema da segurança não pode mais estar, apenas, adstrito ao</p><p>repertório tradicional do direito e das instituições da justiça, particularmente, da</p><p>justiça criminal, presídios e polícia. As soluções devem passar pelo fortalecimento</p><p>da capacidade do Estado em gerir a violência, pela retomada da capacidade geren-</p><p>cial no âmbito das políticas públicas de segurança. Os gestores da segurança pública</p><p>(não apenas os órgãos policiais) devem enfrentar estes desafios, primeiramente,</p><p>refletindo sobre a causa do problema, bem como estimular o amplo debate nacional</p><p>sobre o tema, para que haja um real controle sobre as políticas de segurança pública</p><p>e, mais ainda, estimule a parceria entre órgãos do poder público e sociedade civil</p><p>na luta por segurança e qualidade de vida dos cidadãos brasileiros.</p><p>Por meio desse conteúdo, você poderá se contextualizar e aprofundar seu</p><p>conhecimento para um melhor desempenho da sua atividade. Para isso, convido</p><p>você a fazer a leitura do artigo a seguir:</p><p>O artigo</p><p>analisa como</p><p>as políticas de segurança</p><p>pública são implantadas</p><p>nas cidades brasileiras</p><p>para a manutenção da</p><p>segurança. Para tanto,</p><p>verifica os resultados</p><p>obtidos nos últimos anos</p><p>bem como discute as</p><p>possíveis causas da inse-</p><p>gurança generalizada no</p><p>âmbito nacional.</p><p>UNICESUMAR</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13484</p><p>UNIDADE 5</p><p>148</p><p>Como você pôde observar, a</p><p>segurança pública, ou a ausên-</p><p>cia dela, tornou-se um tema</p><p>permanente nos mais diversos</p><p>campos da sociedade brasilei-</p><p>ra, que clama por mais segu-</p><p>rança. O diagnóstico atual é</p><p>preocupante, a cada 10 (dez)</p><p>minutos, uma pessoa é morta</p><p>no Brasil; houve um aumen-</p><p>to de 4% no índice de mortes</p><p>violentas intencionais, entre</p><p>os anos de 2019 e 2020, além</p><p>dos altos índices de letalidade</p><p>e vitimização policial.</p><p>Considerando que o Distri-</p><p>to Federal e dez estados tiveram</p><p>redução das mortes violentas</p><p>intencionais, e as demais uni-</p><p>dades federativas tiveram cres-</p><p>cimento da violência letal no</p><p>último ano, pesquise o índice</p><p>de mortes violentas no estado</p><p>em que você atua, analisando</p><p>se houve aumento ou redução</p><p>de mortes violentas intencio-</p><p>nais. Aproveite que utilizará o</p><p>sistema do órgão ao qual você</p><p>pertence e verifique se há uma</p><p>integração estadual entre os ór-</p><p>gãos de segurança pública bem</p><p>como se há uma integração in-</p><p>terestatal dos sistemas que você</p><p>utiliza no seu dia a dia.</p><p>149</p><p>Diante de tudo que abordamos até o momento, convido você, profissional de</p><p>segurança pública, a fazer seus apontamentos a fim de anotar suas primeiras im-</p><p>pressões até o momento. Escreva os resultados de sua pesquisa e, depois, analise se</p><p>você conseguiu observar a importância de uma integração nacional dos sistemas</p><p>de prevenção e de investigação criminal. Após essa reflexão, anote as dificuldades</p><p>que percebeu e os pontos a melhorar. Faça essa análise!</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 5</p><p>150</p><p>O debate sobre segurança pública ocupa posição destacada dentre as principais</p><p>questões nacionais, essa questão se apresenta em um arco de problemas graves,</p><p>complexos e interligados que precisam ser enfrentados pontualmente, de acordo</p><p>com suas especificidades, sem, no entanto, perder de vista a visão de conjunto.</p><p>Como você já viu no decorrer de todas as unidades, a segurança é um direito so-</p><p>cial, fundamental e inviolável de todo cidadão brasileiro. A Constituição Federal</p><p>equipara esse direito ao direito à vida, à liberdade e à igualdade, sendo, assim,</p><p>condição basilar para o exercício da cidadania.</p><p>“ Não existe cidadania sem segurança pública. Essa é uma verdade</p><p>que tem sido confirmada no cotidiano dos brasileiros de todas as</p><p>idades e classes sociais, em todas as regiões do país. Apesar de al-</p><p>gumas áreas serem mais afetadas que outras pela criminalidade, o</p><p>fato é que a sensação de insegurança atingiu níveis estarrecedores,</p><p>colocando o Brasil num estado de alerta permanente (CÂMARA</p><p>DOS DEPUTADOS, 2018, p. 15).</p><p>Na última década, a questão da segurança pública passou a ser considerada um</p><p>problema fundamental e um dos principais desafios do estado de direito, no</p><p>Brasil. A segurança ganhou enorme visibilidade pública e está presente nos de-</p><p>bates tanto de especialistas como do público em geral. Atualmente, é impossível</p><p>negligenciar a importância da segurança pública dentro dos debates na esfera</p><p>pública no Brasil. Os problemas relacionados com o aumento das taxas de cri-</p><p>minalidade, o aumento da sensação de insegurança — sobretudo nos grandes</p><p>centros urbanos —, as dificuldades relacionadas à reforma das instituições da</p><p>administração da justiça criminal, a violência policial, a ineficiência preventiva</p><p>de nossas instituições, a superpopulação nos presídios, corrupção, aumento dos</p><p>custos operacionais do sistema, problemas relacionados à gestão e morosidade</p><p>judicial, entre tantos outros, representam desafios para o sucesso do processo de</p><p>consolidação política da democracia no Brasil.</p><p>As taxas de criminalidade, no Brasil, são tão alarmantes que, em uma pesquisa,</p><p>realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, chegou-se à conclusão de que</p><p>76% dos brasileiros têm medo de morrer assassinados (FÓRUM BRASILEIRO DE</p><p>SEGURANÇA PÚBLICA, 2016). O direito de ir e vir parece ser cada vez mais utó-</p><p>pico diante de tamanha violência que acomete os municípios e estados brasileiros.</p><p>151</p><p>As pessoas vivem com uma sensação constante de insegurança, medo e opressão.</p><p>Só no ano de 2020, registraram-se mais de 50 mil mortes violentas intencionais.</p><p>Os dados compilados indicam a predominância dos homens como as</p><p>principais vítimas, em todos os tipos de mortes violentas intencionais, o que</p><p>não é uma novidade em relação aos fatos referentes a 2019 e ao que, siste-</p><p>maticamente, é divulgado pelas principais publicações da área. Os homens</p><p>representam 93,1% das vítimas de homicídio doloso, 90,4% dos crimes de</p><p>latrocínio e 89,6% dos registros de lesão corporal seguida de morte (FÓRUM</p><p>BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>Um fator caracterizador das mortes violentas intencionais, no país, que se</p><p>tornou um consenso nos estudos da área é a cor/raça das vítimas. Em 2020,</p><p>esse fator, praticamente, não se alterou na comparação com o período ante-</p><p>rior. No caso dos homicídios dolosos (englobando feminicídios), 75,8% das</p><p>vítimas eram negras e 23,8% brancas, proporção praticamente igual àquela</p><p>verificada, em 2019, quando a proporção foi de 74,4% para 25,3% (FÓRUM</p><p>BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>A idade, também, é uma variável no banco de microdados construído, que</p><p>auxilia a responder “quem é a vítima” das mortes violentas no país. Em 2020,</p><p>a faixa etária com maior percentual em relação ao conjunto de mortes vio-</p><p>lentas intencionais foi aquela que compreende as idades entre 18 e 24 anos,</p><p>correspondendo a 29,8% do total de vítimas. A segunda maior frequência</p><p>ficou na faixa seguinte, entre os que possuem de 25 a 29 anos, representando</p><p>17,7% dos óbitos por violência. Assim, agregadas, as duas faixas representam</p><p>47,3% do total de vítimas; isso nos permite reafirmar, com convicção, que a</p><p>juventude é a principal vítima das mortes violentas no país (FÓRUM BRA-</p><p>SILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>Por fim, quando se analisa o sexo das vítimas, verifica-se que a maior parte</p><p>delas, em todas as faixas etárias, é do sexo masculino. Das mais de 50 mil mortes</p><p>registradas, 3.913 foram de mulheres, dos quais 1.350 foram registrados como</p><p>feminicídios, média de 34,5% do total de assassinatos. Os feminicídios apresen-</p><p>taram variação de 0,7% entre as taxas de 2019 e 2020, ou seja, manteve-se está-</p><p>vel em 1,2 mortes por grupo de 100 mil pessoas. Em números absolutos, 1.350</p><p>mulheres foram assassinadas por sua condição de gênero, ou seja, morreram por</p><p>serem mulheres (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 5</p><p>152</p><p>Mesmo apresentando estabilidade,</p><p>o número de feminicídios ganha rele-</p><p>vância na análise do cenário nacional,</p><p>quando verificamos a relação entre au-</p><p>tor e vítima nos boletins de ocorrência.</p><p>Ainda que este dado seja parcial, vis-</p><p>to que, em muitos casos, a polícia não</p><p>sabe indicar a autoria, no momento do</p><p>registro, sabemos que a maioria dos fe-</p><p>minicídios, no Brasil, são perpetrados</p><p>pelo parceiro íntimo da vítima, compa-</p><p>nheiro ou ex-companheiro.</p><p>Os dados de feminicídio indicam</p><p>que 81,5% das vítimas foram mortas</p><p>pelo parceiro ou ex-parceiro íntimo, e se</p><p>considerarmos também demais vínculos</p><p>de parentesco temos que 9 em cada 10</p><p>mulheres vítimas de feminicídio mor-</p><p>reram por ação do companheiro ou de</p><p>algum parente (FÓRUM BRASILEIRO</p><p>DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>A diferença mais significativa na</p><p>comparação entre os feminicídios e os</p><p>demais assassinatos de mulheres se dá</p><p>em relação ao instrumento empregado.</p><p>Enquanto armas de fogo respondem por</p><p>64% de todos os demais assassinatos de</p><p>mulheres, semelhante à média nacio-</p><p>nal, a maioria dos crimes de feminicí-</p><p>dio ocorrem com a utilização de armas</p><p>brancas, como facas, tesouras, canivetes,</p><p>pedaços de madeira e outros instrumen-</p><p>tos (55,1%) que podem ser</p><p>utilizados</p><p>pelo agressor (FÓRUM BRASILEIRO</p><p>DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>153</p><p>Do número absoluto de mortes violentas intencionais, 121 vítimas perten-</p><p>ciam à população LGBTQI+. Os dados oficiais expressam aumento nos registros</p><p>de homicídio de 24,7% (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA,</p><p>2021). Já os dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais sinalizam</p><p>para um aumento significativo (41%) no número absoluto de mortes de pessoas</p><p>trans auferido pela organização, que saltou de 124, em 2019, para 175, em 2020</p><p>(BENEVIDES; NOGUEIRA, 2021).</p><p>Concomitantemente, dados do Grupo Gay da Bahia indicam redução do nú-</p><p>mero absoluto de mortes no espectro LGBTQI+, de 320, em 2019, para 237, em</p><p>2020, redução de 26% (GASTALDI et al., 2021). O Relatório Anual de Mortes Vio-</p><p>lentas de LGBT, no Brasil, realizado há 41 anos pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), é</p><p>a única pesquisa nacional que inclui todos os segmentos dessa comunidade.</p><p>A falta de políticas públicas de promoção de direitos LGBTQI+ contribui para</p><p>o quadro de mortalidade violenta intencional incontida da classe no Brasil. A baixa</p><p>qualidade dos registros não permite afirmar com precisão se o aumento dos regis-</p><p>tros é de fato um aumento do número de casos ou um aumento na capacidade e nos</p><p>esforços de identificação e notificação. As contagens realizadas por organizações da</p><p>sociedade civil buscam preencher esse vácuo deixado pelo Estado, mas precisam</p><p>recorrer a métodos menos abrangentes de contabilizar os casos.</p><p>No ano de 2017, o Brasil chegou no ápice de Mortes Violentas Intencionais,</p><p>quando a taxa chegou a 30,9 para cada grupo de 100 mil habitantes; nos anos</p><p>de 2018 e 2019, tivemos reduções sucessivas dessas mortes. Todavia, em 2020, a</p><p>tendência de queda foi revertida e houve um crescimento de 4% em relação ao</p><p>ano anterior, atingindo a taxa de 23,6 mortes por 100 mil habitantes, categoria que</p><p>soma homicídios dolosos (83% do total da categoria em 2020), latrocínios (2,9%</p><p>da categoria em 2020), lesões corporais seguidas de morte (1,3% da categoria</p><p>em 2020) e mortes decorrentes de intervenções policiais (12,8% da categoria em</p><p>2020) (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>No cômputo geral, o Distrito Federal e dez estados tiveram redução das</p><p>mortes violentas intencionais. As demais unidades federativas, 16 no total,</p><p>tiveram crescimento da violência letal no último ano. O Amapá foi o estado</p><p>com a maior redução na taxa de mortalidade (23,6%), e o Ceará com o maior</p><p>aumento, foram preocupantes 75,1% números a mais de vítimas (FÓRUM</p><p>BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 5</p><p>154</p><p>Crimes contra o patrimônio são aqueles que atentam diretamente contra o patrimô-</p><p>nio de uma pessoa ou organização. Considera-se patrimônio de uma pessoa física ou</p><p>organização os seus bens, o poderio econômico e, entre outros, a universalidade de</p><p>direitos que tenham expressão econômica para seu proprietário.</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>Figura 1 - Variação da taxa de mortes violentas intencionais por Unidade Federativa 2019 – 2020 /</p><p>Fonte: adaptada de Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2021).</p><p>Descrição da Imagem: a figura traz um gráfico com a variação da taxa de mortes violentas intencionais por estado,</p><p>entre os anos de 2019 e 2020. O gráfico, em formato de colunas (na cor roxa), mostra inicialmente a variação da</p><p>taxa de mortes violentas intencionais no Brasil, que foi de +4,0%. Em seguida, temos as colunas dos estados que</p><p>tiveram a maior redução até chegar no que teve o maior aumento, sendo esta ordem disposta: abaixo do eixo</p><p>0, estão representados os estados que apresentaram redução, sendo o Amapá com a maior taxa de redução,</p><p>com -23,6%, seguido do Pará com -20,1%, Roraima com -19,4%, Rio de Janeiro com -18,4%, Distrito Federal -7,3%,</p><p>Amazonas -6,2%, Minas Gerais -5,7%, Goiás -5,0%, Santa Catarina -2,2%, Acre -2,1% e Rio Grande do Sul -0,3%. As</p><p>colunas dos estados que apresentaram aumento estão posicionadas acima do eixo 0, começando por São Paulo</p><p>que teve 1,2% de aumento, empatado com Mato do Grosso do Sul e Sergipe que vem nas colunas subsequentes.</p><p>Em seguida, temos Rondônia aumento de 1,9%, Rio Grande do Norte +5,5%, Pernambuco +7,2%, Mato Grosso</p><p>+7,2%, Tocantins +10,3%, Paraná +11,2%, Bahia +11,2%, Espírito Santo +12,3%, Alagoas +13,8%, Piauí +20,1, Pa-</p><p>raíba +23,1%, Maranhão +30,2% e, por fim, a coluna do Ceará que teve o maior aumento, totalizando +75,1%.</p><p>Para alguns analistas, o aumento dos homicídios, em 2020, nesses estados,</p><p>possivelmente, está vinculado às dinâmicas de grupos criminosos organiza-</p><p>dos, dada a redução da circulação de pessoas e a redução dos crimes contra</p><p>o patrimônio no país todo. Tivemos uma redução de 27,6% dos roubos de</p><p>veículos, 25,1% nos furtos de veículo, 27,2% roubos a estabelecimentos co-</p><p>merciais, 19,1% roubos a residência e 37,9% roubo a transeunte (FÓRUM</p><p>BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>155</p><p>Os crimes contra o patrimônio, que são um dos principais responsáveis pela</p><p>sensação de insegurança da população, tiveram uma redução, no ano de 2020, no</p><p>entanto essa queda se dá principalmente pela redução da circulação de pessoas,</p><p>fechamento dos comércios, além de as residências estarem sempre ocupadas em</p><p>decorrência da pandemia. Ou seja, não se pode atribuir a redução dos crimes</p><p>contra o patrimônio à eficiência da segurança pública.</p><p>Outro dado que merece ser analisado é a violência contra mulheres, que con-</p><p>figura situação pungente de ordem social no Brasil. Teoricamente, os registros</p><p>de lesão corporal em decorrência de violência doméstica, também, caíram 7,4%,</p><p>passando da taxa de 229,7 crimes por grupo de 100 mil mulheres para uma taxa de</p><p>212,7 por 100 mil. Mesmo diante desta redução, os números, ainda, impressionam</p><p>por sua magnitude: 230.160 mulheres denunciaram um caso de violência domés-</p><p>tica, em 26 estados. Seguindo a tendência verificada nos registros de violência</p><p>doméstica, caíram também os registros de ameaça (-11,8%), de estupro e estupro de</p><p>vulnerável (-14,1%) (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>Alguns tipos de crimes de violência de gênero, no entanto, parecem ter ob-</p><p>servado um aumento na subnotificação, tendo em vista a maior dificuldade de</p><p>registros por parte das mulheres em situação de violência doméstica durante a</p><p>vigência das medidas de distanciamento social (MARQUES; BARROS, 2020).</p><p>Subnotificação: ato ou efeito de subnotificar ou de, notificar menos do que seria</p><p>Fonte: Subnotificação ([2022], on-line).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>A ampla subnotificação da violência de gênero, que já era um problema evidencia-</p><p>do, ganha contornos ainda mais dramáticos, devido às circunstâncias pandêmicas</p><p>atuais, pois há limitações no acesso de mulheres e meninas a telefones e linhas de</p><p>ajuda; isso interrompe serviços públicos, como polícia, justiça e serviços sociais.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 5</p><p>156</p><p>Não</p><p>Se</p><p>Cale</p><p>157</p><p>Neste contexto, ainda, é cedo para avaliar se estamos diante da redução dos níveis</p><p>de violência doméstica e sexual, ou se a queda seria apenas dos registros em um</p><p>período em que a pandemia começava a se espalhar, as medidas de isolamento</p><p>social foram mais respeitadas pela população e muitos serviços públicos esta-</p><p>vam, ainda, adequando-se para garantir o atendimento não presencial. “Apesar</p><p>da redução verificada nos registros policiais, o número de Medidas Protetivas</p><p>de Urgência concedidas cresceu, passando de 281.941, em 2019 para 294.440</p><p>em 2020, crescimento de 4,4% no total de MPU concedidas pelos Tribunais de</p><p>Justiça”. (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021, p. 94).</p><p>Contrariando a lógica da redução de casos de violência doméstica, os dados de</p><p>chamadas de violência doméstica às Polícias Militares, no 190, indicaram cresci-</p><p>mento, com 16,3% mais chamadas no último ano. Foram ao menos 694.131 ligações</p><p>relativas à violência doméstica. Isso significa que a cada minuto de 2020, 1,3 chama-</p><p>dos foram de vítimas ou de terceiros, pedindo ajuda em função de um episódio de</p><p>violência doméstica (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA,</p><p>2021).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 5</p><p>158</p><p>A população LGBTQI+ é outro grupo vulnerável, alvo de inúmeras violações de</p><p>direitos humanos. Além dos homicídios, a classe em 2019 teve 967 vítimas de</p><p>lesão corporal dolosa; em 2020, esse número aumentou para 1169, 20,9% a mais</p><p>que no ano anterior. Constatou-se, também, aumento nas vítimas de estupro,</p><p>sendo registrados 73 casos, em 2019, e 88 casos, ano de 2020, um aumento de</p><p>20,5% (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021). Importante</p><p>ressaltar que a violência vivida pela população LGBTQIA+ não é apenas física</p><p>e sexual, mas também psicológica e moral, caracterizada pela ausência de aco-</p><p>lhimento em diversos âmbitos e pelo preconceito enraizado na nossa sociedade.</p><p>A criminalização de atos LGBTfóbicos consolidou-se, em 2019, com o julgamento da</p><p>Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão nº 26/DF, pelo Supremo Tribunal Fe-</p><p>deral, determinando seu enquadramento como crime de racismo, nos moldes da Lei nº</p><p>7.716/89, até que seja promulgada lei específica para criminalização desta conduta pelo</p><p>Congresso Nacional (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, 2019). Ademais, o STF determinou</p><p>que, em casos de homicídio doloso, a identificação de LGBTfobia deve ser considerada</p><p>circunstância qualificadora do crime, por configurar motivo torpe.</p><p>Fonte: adaptado de Brasil (2021).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>159</p><p>Outro ponto que merece ser debatido são os altos índices de letalidade e de viti-</p><p>mização policial no Brasil. Em 2020, o país atingiu o maior número de mortes em</p><p>decorrência de intervenções policiais, com 6.416 vítimas fatais de intervenções de</p><p>policiais civis e militares da ativa, em serviço ou fora. As polícias estaduais pro-</p><p>duziram, em média, 17,6 mortes por dia. Desde 2013, primeiro ano monitorado</p><p>pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o crescimento é da ordem de 190%</p><p>(FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>Empiricamente, tende-se a definir como letalidade policial todas as mortes decorrentes</p><p>de intervenções praticadas por agentes policiais, motivadas única e exclusivamente pelo</p><p>exercício das prerrogativas e diretrizes que sustentam o mandato policial. Em sentido</p><p>contrário, classificam-se como vitimização policial todos os episódios em que houve a</p><p>morte violenta de um agente policial, em decorrência única e exclusiva do exercício con-</p><p>creto, ou mesmo potencial, das prerrogativas e diretrizes que sustentam a função e o</p><p>mandato policial (incluindo casos em que os agentes são assassinados tão somente por</p><p>terem sido identificados como policiais). É, por isso, que, tradicionalmente, a maioria dos</p><p>estudos sobre o tema trabalha com ocorrências que envolvam tanto os policiais em suas</p><p>escalas normais de serviço quanto agentes que estavam de folga ou fora de serviço.</p><p>Fonte: Cano (1997); Loche (2010).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>Quando falamos de letalidade policial, há uma série de variáveis que precisam</p><p>ser analisadas. Sem dúvidas, o primeiro passo é considerar as variações regio-</p><p>nais do fenômeno, tendo em vista que os problemas mais graves parecem estar</p><p>concentrados nas polícias de alguns estados e não podem ser generalizados</p><p>à totalidade do país (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA,</p><p>2021). Das 6.416 mortes em decorrência de intervenções policiais, registradas</p><p>em 2020, no país, foi possível identificar que 50 cidades concentram 55,8% das</p><p>mortes. Neste mesmo grupo de cidades, concentra-se 25% da população. Estes</p><p>cinquenta municípios estão distribuídos em 16 estados (AC, AL, AM, AP, BA,</p><p>CE, GO, MA, MT, PA, PI, PR, RJ, RN, SE e SP), incluindo suas 16 capitais. O es-</p><p>tado do Rio de Janeiro se destaca com 15 municípios na lista, São Paulo e Bahia</p><p>possuem 7 municípios cada, Pará tem 5 municípios, Paraná vem em seguida</p><p>com 4, Sergipe possui 2 e temos outras 10 unidades federativas com 1 município</p><p>na lista (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 5</p><p>160</p><p>Outro fator central de vulnerabilização à violência é a faixa etária. 76% das víti-</p><p>mas de intervenções policiais com resultado morte possuíam entre 0 e 29 anos, com</p><p>maior prevalência entre jovens de 18 a 24 anos (44,5%). Por fim, outro aspecto impor-</p><p>tante para a compreensão do fenômeno é o perfil das vítimas de mortes decorrentes</p><p>de intervenções policiais. A maioria das vítimas da letalidade policial é constituída</p><p>de homens, apenas 1,6% eram mulheres, sendo que do total de vítimas 78,9% negras,</p><p>em 2020 (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>02</p><p>98,4</p><p>0,1</p><p>0,0</p><p>20,9</p><p>78,9</p><p>Feminino</p><p>Masculino</p><p>Amarela Branca</p><p>Indígena Negra</p><p>Figura 2 (a) - Raça/cor das vítimas de intervenções policiais com resultado morte no Brasil (2020);</p><p>Figura 2 (b) - Sexo das vítimas de intervenções policiais com resultado morte no Brasil (2020)</p><p>Fonte: adaptada de Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2021).</p><p>Descrição da Imagem: temos, na Figura 2, duas imagens que representam os aspetos raça/cor e sexo das</p><p>vítimas de intervenções policiais com resultado morte no Brasil no ano de 2020. A imagem da esquerda</p><p>(Figura 2 (a)) ilustra o fator raça/cor, representado por um gráfico circular, em formato pizza, composto</p><p>por duas cores, sendo a parte maior (na cor amarela) representando a população negra vítima de inter-</p><p>venções policiais, correspondente a um total de 78,9%; e a parte menor (na cor alaranjado), representando</p><p>a população branca, um total de 20,9% das vítimas. Abaixo do gráfico, na legenda temos além das cores</p><p>amarelo, representando a população negra e alaranjado, representando a população branca, a cor roxa,</p><p>representando a população amarela e a cor lilás, representando a população indígena. No entanto nenhu-</p><p>ma das duas últimas cores citadas tem representação no gráfico, pois não existiram vítimas pertencentes</p><p>a essas raças. Na segunda imagem (Figura 2 (b)), à direita, temos outro gráfico circular, em formato pizza,</p><p>representando o fator sexo das vítimas de intervenções policiais com resultado morte no Brasil, no ano de</p><p>2020, sendo o sexo masculino representado pela cor alaranjada, que preenche grande parte do gráfico e</p><p>representa 98% das vítimas, e uma pequena parte preenchida na cor roxa, representado o sexo feminino,</p><p>representando 2% das vítimas.</p><p>161</p><p>Em decorrência dessas intervenções fatais, o padrão operacional das polícias</p><p>e a falta de diretrizes claras sobre como conduzir ações específicas (aborda-</p><p>gem, prisão por drogas, uso da força etc.) são, veementemente, debatidos. É</p><p>fato que a essência do mandato policial reside na possibilidade de uso da</p><p>força, inclusive a letal, quando necessário, no entanto isto não deve ser visto</p><p>como uma total discricionariedade aos agentes policiais. Evidentemente, não</p><p>é correto afirmar que toda ação policial que resultou em morte é ilegal ou</p><p>ilegítima. O índice, porém, apresentado é alarmante.</p><p>Apesar da dificuldade de estabelecer o grau aceitável de uso da força</p><p>letal pela polícia, o Federal Bureau of Investigation (FBI) trabalha com a</p><p>proporção de 12 civis mortos para cada policial morto (LOCHE, 2010).</p><p>Chevigny (1991) sugere que, quando essa proporção é maior do que 151,</p><p>então, a polícia está abusando do uso da força letal.</p><p>A que, porém, deve-se esse aumento?</p><p>Várias são as questões que refletem nos índices atuais: desenhos institucionais e aparatos</p><p>policiais anacrônicos, que são reflexos do período ditatorial; formação policial baseada</p><p>em truculência e humilhação; ausência de diretrizes; problema estrutural relacionado à</p><p>política do uso da força; crescimento no número de grupos armados em regiões peri-</p><p>féricas, em especial nas comunidades, favelas; territórios mais violentos, com maiores</p><p>índices de homicídios e outros crimes contra a vida, onde os policiais se veem mais fre-</p><p>quentemente em situações de alto risco; flexibilização do porte e posse de arma de fogo.</p><p>A situação da segurança pública atual é preocupante e demonstra que é urgente aperfei-</p><p>çoar o controle da atividade policial, sendo necessárias as transformações de natureza</p><p>administrativa e procedimental.</p><p>PENSANDO JUNTOS</p><p>Entre os preditores</p><p>da letalidade, não é possível esquecer o crescimento expressivo</p><p>do número de armas em circulação. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública,</p><p>de 2021, estima que teríamos 1.840.822 armas nas mãos de cidadãos comuns do</p><p>Brasil, em 2020. Apenas no SINARM (Sistema Nacional de Armas), o registro de</p><p>posse de armas cresceu 100,6%, desde 2017; os dados do Exército, também, mos-</p><p>tram crescimento de 29,6% no número de registros de CAC (caçadores, atiradores</p><p>e colecionadores) (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 5</p><p>162</p><p>Os registros de armas cresceram 97,1% apenas de 2019 para 2020, com</p><p>186.071 novas armas no sistema da Polícia Federal. Duplicaram-se, também, as</p><p>autorizações para importação de armas longas, chegando a 7.625 novas armas,</p><p>apenas, em 2020. Os números de armas que entraram em circulação nas mãos</p><p>de particulares chamam atenção tanto pelo aumento expressivo que aconteceu</p><p>como pela flagrante deterioração dos mecanismos de controle de armas ilegais.</p><p>Em outras palavras, enquanto alguns segmentos da população brasileira se ar-</p><p>mam de modo acelerado, o Estado vem diminuindo sua capacidade de mitigar os</p><p>efeitos nocivos destas mesmas armas, gerando toda sorte de violências (FÓRUM</p><p>BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>Com a publicação do Decreto 9.847/2019, o Presidente da</p><p>República alterou diversos dispositivos que regulamentam</p><p>os requisitos para a aquisição e registro de armas de fogo.</p><p>Convido, então, você a ouvir o podcast desta unidade, no</p><p>qual serão feitos comentários sobre esse novo ato nor-</p><p>mativo. Serão discutidas, também, as principais alterações</p><p>promovidas e os erros comuns incorridos, ao interpretar o</p><p>decreto. Trata-se de um tema que se encontra cercado de</p><p>fake news e que merece ser debatido.</p><p>Neste cenário, 2020 registrou também o agravamento daquela que é uma das</p><p>consequências mais deletérias dos problemas da segurança pública no Brasil: a</p><p>vitimização policial. As mortes de policiais civis e militares em decorrência de</p><p>Crimes Violentos Letais Intencionais, em serviço e fora dele, aumentaram 12,8%,</p><p>em 2020, em relação ao ano anterior. Foram mortos 194 policiais, ante 172 em</p><p>2019. As vítimas, em 98,4% dos casos, eram do sexo masculino (FÓRUM BRA-</p><p>SILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11550</p><p>163</p><p>O perfil dos policiais mortos em 2020 permaneceu o mesmo em relação a anos</p><p>anteriores: morrem mais homens negros com idades entre 35 e 39 anos (21,8%),</p><p>vitimados por arma de fogo (85,2%) (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA</p><p>PÚBLICA, 2021). Para se ter uma ideia da grave situação pela qual passam os</p><p>policiais, é importante citar alguns dados da pesquisa de vitimização e percepção</p><p>de risco entre profissionais do sistema de segurança pública, apresentada no 9º</p><p>Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Foram ouvidos 10.323 agen-</p><p>tes de segurança pública (policiais militares, civis, guardas municipais, bombeiros,</p><p>policiais federais e rodoviários federais), os quais responderam perguntas sobre</p><p>hábitos, percepção de risco, fatores de insegurança, entre outras.</p><p>Quando perguntados sobre seus hábitos, revelaram que: a) 68% evitam</p><p>usar transporte coletivo; b) 44,3% escondem a farda ou o distintivo no trajeto</p><p>entre a casa e o trabalho; c) 39,1% declararam que limitam o círculo de ami-</p><p>zade e convívio aos colegas de trabalho e d) 35,2% escondem de conhecidos</p><p>o fato de que são policiais/guardas. Quando questionados sobre os fatores</p><p>de insegurança na atuação profissional, foram citados os seguintes 185 itens:</p><p>a) impunidade (64,5%); b) falta de apoio da sociedade (59,7%); c) falta de</p><p>apoio do comando (55,1%) e d) falta de equipamentos pessoais de proteção</p><p>(54,5%) (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2018).</p><p>Por um lado, a percepção pública de que as forças policiais, sistematicamen-</p><p>te, extrapolam suas prerrogativas legais de uso da força fomenta baixos níveis</p><p>de confiança no trabalho realizado pelas corporações e coloca em xeque sua</p><p>própria legitimidade, enquanto instituições de controle social. Por outro lado, a</p><p>constatação de que os agentes policiais brasileiros se encontram submetidos a</p><p>altíssimas taxas de vitimização também contribui para consolidar uma “cultura</p><p>da guerra”, que constitui apelo constante a formas extrajudiciais de resolução de</p><p>conflitos e cuja expressão mais aguda são as próprias altas taxas de letalidade das</p><p>ações policiais observadas no país (SOUZA; MINAYO, 2005).</p><p>A letalidade e a vitimização policial constituem, hoje, dois dos maiores</p><p>problemas de segurança pública do Brasil, não apenas pelo grande contingen-</p><p>te de perdas humanas que acarretam, mas também porque projetam efeitos</p><p>deletérios sobre os processos de consolidação das instituições e da própria</p><p>democracia no país (ZILLI, 2018). Na outra ponta do problema, temos a crise</p><p>da segurança pública com o sistema carcerário brasileiro. No ano de 2020, a</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 5</p><p>164</p><p>população carcerária do país atingiu a marca de 759.518 mil presos, com déficit</p><p>de 242.561 vagas (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>Atualmente, o Brasil é o terceiro país, no mundo, com a maior população car-</p><p>cerária, totalizando 759.518mil presos, incluindo os regimes aberto, semiaberto,</p><p>provisório, tratamento ambulatorial e medida de segurança (estando atrás somen-</p><p>te dos Estados Unidos e da China) (INFOPEN, 2021). Segundo estudo publicado</p><p>pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Aplicada (IPEA), as estatísticas apresentam</p><p>dados alarmantes quanto à população carcerária do país, nas últimas décadas. Até</p><p>o ano de 2016, o número de indivíduos encarcerados chegou a mais de 720 mil.</p><p>Se compararmos a dados apresentados no ano de 2009, pelo Fórum Brasileiro de</p><p>Segurança Pública, a quantidade de presos duplicou em menos de uma década;</p><p>em 2009, a população encarcerada era calculada em 312 mil (JURR, 2018).</p><p>Observando os números de homens e mulheres no sistema prisional estadual</p><p>e federal, percebe-se uma quase estabilidade no caso das mulheres, de 36.929,</p><p>em 2019, para 36.999, em 2020, enquanto a população de homens no sistema</p><p>cresceu, passando de 711.080 para 716.967. No agregado histórico, a população</p><p>do sistema prisional, entre homens e mulheres, aumentou 330,9% de 2000 a 2020,</p><p>isso comprova que, apesar de iniciativas pontuais, a política de encarceramento,</p><p>ainda, é uma realidade consolidada no país. A notícia que deve ser comemorada</p><p>é que, em mais um ano, houve diminuição do número de pessoas custodiadas</p><p>em delegacias de polícia, ocorrendo uma queda de 23,6%; em 2019, eram 7.265</p><p>nessa situação precária; em 2020, chegou-se a um total de apenas 5.552 custodia-</p><p>dos pelas polícias (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>A Segurança Pública, no Brasil, apresenta falhas que estão relacionadas</p><p>diretamente com o caos no sistema carcerário. É evidente a ineficácia do</p><p>sistema prisional brasileiro. Há uma quantidade altíssima de apreensões</p><p>todos os dias, mas, na contramão, esse fator não tem diminuído em nada a</p><p>criminalidade no país. Ou seja, um primeiro diagnóstico já mostra que o</p><p>sistema de segurança, ainda, é falho, por não conseguir prevenir os crimes e</p><p>por não ter condições de dar aplicabilidade à lei penal ou o fazê-lo por meio</p><p>de um sistema penitenciário precário e sucateado.</p><p>165</p><p>OLHAR CONCEITUAL</p><p>2019 2020</p><p>47.742 50.033</p><p>Mortes violentas</p><p>intencionais</p><p>Aumento</p><p>4%</p><p>2019 2020</p><p>47.742 50.033</p><p>Mortes violentas</p><p>intencionais</p><p>Aumento</p><p>4%</p><p>2019 2020</p><p>1.330 1.350</p><p>Feminicídio</p><p>Aumento</p><p>0,7%</p><p>2019 2020</p><p>1.330 1.350</p><p>Aumento</p><p>0,7%</p><p>2019 2020</p><p>97 121</p><p>Homicídio</p><p>contra LGBTQI+</p><p>Aumento</p><p>24,7%</p><p>2019 2020</p><p>97 121</p><p>Homicídio</p><p>contra LGBTQI+</p><p>Aumento</p><p>24,7%</p><p>2019 2020</p><p>47.742 50.033</p><p>Lesão corporal</p><p>dolosa -</p><p>violência</p><p>doméstica</p><p>Redução</p><p>-7,4%</p><p>2019 2020</p><p>246.664 230.160</p><p>2019 2020</p><p>1.330 1.350</p><p>Ligações ao 190</p><p>registradas -</p><p>Violência doméstica</p><p>Aumento</p><p>16,3%</p><p>2019 2020</p><p>596.721 694.131</p><p>Aumento</p><p>2019 2020</p><p>97 121</p><p>Estupro e Estupro</p><p>de Vulnerável -</p><p>vítimas</p><p>mulheres</p><p>Redução</p><p>-13,5%</p><p>2019 2020</p><p>61.347 53.453</p><p>2019 2020</p><p>47.742 50.033</p><p>Lesão corporal</p><p>dolosa contra</p><p>LGBTQI+</p><p>Aumento</p><p>20,9%</p><p>2019 2020</p><p>967 1169</p><p>2019 2020</p><p>1.330 1.350</p><p>Estupro contra</p><p>LGBTQI+</p><p>Aumento</p><p>20,5%</p><p>2019 2020</p><p>73 88 121</p><p>2019 2020</p><p>97</p><p>Letalidade</p><p>Policial</p><p>Aumento</p><p>0,3%</p><p>2019 2020</p><p>6.351 6.416</p><p>2019 2020</p><p>47.742 50.033</p><p>Vitimização</p><p>Policial</p><p>Aumento</p><p>12,8%</p><p>2019 2020</p><p>172 194</p><p>Roubo</p><p>2019 2020Tipos</p><p>Veículos</p><p>Residência</p><p>Transeunte</p><p>189.122 142.451</p><p>38.376 32.268</p><p>626.056 519.568</p><p>Redução</p><p>-26,9%</p><p>-16,6%</p><p>-36,2%</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 5</p><p>166</p><p>Há quem aponte que o problema está na ineficácia das instâncias do Poder</p><p>Judiciário cuja morosidade na prestação jurisdicional estimula a ilicitude,</p><p>pela sensação de impunidade. Outros suscitam a inefetividade do Poder Le-</p><p>gislativo, alegando uma incapacidade de cumprir seu mister de aprimorar</p><p>o ordenamento jurídico ou fiscalizar a execução das políticas públicas do</p><p>Poder Executivo. Por fim, existem aqueles que atribuem a situação de crise</p><p>na segurança pública ao modelo policial brasileiro, devido à sua estrutura</p><p>— que seria ultrapassada — e aos meios humanos e materiais que lhe são</p><p>disponibilizados (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2018).</p><p>A morosidade do sistema judiciário se dá devido a vários fatores, quer se-</p><p>jam estruturais, devido ao quadro de funcionários, falta de orçamento e excesso</p><p>de processos em curso, sendo ajuizados diariamente; quer seja pela legislação</p><p>burocrática, com inúmeros recursos que resultam na soltura do acusado bem</p><p>como com instrumentos legais que permitem que o processo se arraste por</p><p>anos, até a prescrição do crime. Isso gera uma sensação de impunidade para a</p><p>vítima, para o autor do delito e para os demais infratores.</p><p>Há uma extensa relação de temas, estes envolvem o diagnóstico atual de</p><p>segurança pública. As justificativas mais recorrentes para a dificuldade de</p><p>equacionamento da insegurança pública são a falta de recursos, tanto ma-</p><p>teriais como humanos, e a ausência de uma gestão centralizada que permita</p><p>integração no sistema de segurança pública.</p><p>Diante deste cenário de múltiplas questões, fica evidente que o Brasil pre-</p><p>cisa de um sistema integrado de segurança pública, capaz de tornar eficientes</p><p>as ações realizadas no âmbito de cada ente da federação, de acordo com me-</p><p>todologias e procedimentos sujeitos à supervisão e avaliação permanentes.</p><p>Qualquer que seja, o novo modelo deverá ser necessariamente pactuado entre</p><p>os diferentes atores participantes da segurança pública nacional, considerando</p><p>três pontos de partida estruturantes: o financiamento, a integração entre as</p><p>polícias e a gestão do sistema (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2018).</p><p>a) Financiamento: grande parte dos especialistas, gestores, policiais</p><p>e estudiosos atribuíram a falta de eficiência da segurança pública à</p><p>carência de recursos que possa, entre outras medidas, promover a</p><p>melhoria de programas de prevenção, de recursos humanos, equipa-</p><p>mentos e instalações físicas das forças policiais e instituições envol-</p><p>vidas na proteção dos cidadãos.</p><p>167</p><p>Sabe-se das tentativas do governo federal em auxiliar os demais entes da fe-</p><p>deração com a criação de diversos fundos e programas: o Fundo Nacional</p><p>Antidrogas (Funad), criado pela Lei nº 7.560/1986 (BRASIL, 1986), o Fundo</p><p>Penitenciário Nacional (Funpen), instituído pela Lei Complementar nº 79/1994</p><p>(BRASIL, 1994); o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), criado pela</p><p>Lei nº 10.201/2001 (BRASIL, 2001) e o Programa Nacional de Segurança Públi-</p><p>ca com Cidadania (Pronasci), criado pela Lei nº 11.530/2007 (BRASIL, 2007).</p><p>No entanto, como já visto, esses fundos e programas apresentam uma série de</p><p>condicionantes para liberação de recursos e estão, frequentemente, sujeitos a</p><p>contingenciamentos por parte do Poder Executivo.</p><p>O ano de 2020 foi marcado pela redução de 1,7% das despesas referentes às</p><p>políticas de segurança pública, que totalizaram R$96 bilhões, quando somados</p><p>os gastos de União, Estados, DF e municípios. A maior redução se deu no nível</p><p>municipal, cujo corte chegou a 29,7%. As despesas municipais com segurança,</p><p>que tinham atingido o maior valor da série histórica, em 2019, com R$6,5 bilhões,</p><p>voltaram ao patamar de uma década atrás, com R$4,6 bilhões. Esse recuo está</p><p>bastante associado ao enfrentamento da pandemia de Covid-19, que implicou</p><p>um aumento expressivo dos esforços municipais em saúde, em especial, porque</p><p>são estes entes os responsáveis pela atenção básica, isto é, pela porta de entrada no</p><p>SUS, e houve importante aumento desse serviço em complemento à assistência</p><p>hospitalar (FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>Entre os Estados e DF houve redução menor nas despesas com segurança, um</p><p>total de 2,4% observada em 17 UF das cinco regiões (AC, AM, BA, ES, GO, MA,</p><p>MS, MG, PR, PE, PI, RJ, RN, RS, SP, SE e TO). A União, por sua vez, apresentou</p><p>crescimento de 18,1% no total de despesas com a função segurança pública, que</p><p>chegou a R$ 13,2 bilhões, em 2020. Esse crescimento se deu, basicamente, pelo</p><p>aumento dos recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública, que chegou a</p><p>R$ 2 bilhões em valores empenhados (R$1,5 bilhões em valor liquidado). Este</p><p>recurso só foi possível graças à Medida Provisória 841, de 2018 (BRASIL, 2018),</p><p>que foi convertida na lei 13.756 de 12 dezembro de 2018 (BRASIL, 2018), pelo ex-</p><p>-presidente Michel Temer, e garantiu recursos permanentes oriundos das verbas</p><p>das loterias geridas pela Caixa Econômica Federal (CEF) para o Fundo Nacional</p><p>de Segurança Pública e para o Fundo Penitenciário Nacional. Dados extraídos do</p><p>relatório de Repasses Sociais da Caixa indicam a transferência de valores de R$1.5</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 5</p><p>168</p><p>bilhões para o FNSP e de R$170 milhões para o Fundo Penitenciário Nacional</p><p>(FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2021).</p><p>b) Integração: a ausência de integração entre os agentes de segurança pú-</p><p>blica é um dos fatores problemáticos no aumento da criminalidade. Ape-</p><p>nas para se ter uma ideia do desarranjo institucional no Brasil, existem,</p><p>atualmente, três polícias de nível federal (Federal, Rodoviária Federal e</p><p>Ferroviária Federal), 54 polícias estaduais (Civis e Militares) e 1.081 Guar-</p><p>das Municipais, e não há um sistema nacional de integração entre eles</p><p>(FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA, 2015).</p><p>Não há padronização na formação dos policiais; não há padronização de proce-</p><p>dimentos operacionais; não há padronização de vestimenta; não há padronização</p><p>na forma de registro de ocorrências e colheita de dados. Falta, portanto, um “siste-</p><p>ma de segurança pública” que proporcione integração, padronização e comparti-</p><p>lhamento de dados e informações. Não obstante, também, não há integração nos</p><p>sistemas de Justiça Criminal. Tenho certeza que você, profissional de segurança</p><p>pública, já se deparou diversas vezes com situações em que o indivíduo suspeito</p><p>possuía Registro Geral emitido em outro estado, não sendo possível a consulta</p><p>de seus antecedentes criminais. Por vezes, você está diante de um criminoso de</p><p>alta periculosidade, mas, em decorrência da falta de integração dos sistemas, não</p><p>consegue saber, ou demora para levantar a informação.</p><p>Por que que é tão difícil integrar? Vários são os argumentos. O mais comum é o de que a</p><p>União pode pouco em relação ao tema de segurança pública. Uma tentativa mais asserti-</p><p>va no caminho da padronização e na obrigatoriedade de compartilhamento de informa-</p><p>ções, geralmente, encontra óbices no chamado princípio federativo, segundo o qual os</p><p>estados possuem autonomia administrativa.</p><p>(Câmara dos Deputados)</p><p>PENSANDO JUNTOS</p><p>Um bom exemplo dessa dificuldade é a implantação do Sinesp, instituído pela Lei</p><p>nº 12.618/2012 (BRASIL, 2012), que, até hoje, não conseguiu completude no seu</p><p>levantamento de dados, justamente pela falta de colaboração de alguns estados,</p><p>os quais, sob o argumento da prevalência do princípio federativo, alegam não</p><p>169</p><p>serem obrigados a repassar informações ao governo federal. Outro bom exemplo</p><p>foi a edição da Lei nº 13.022, de 8 de agosto de 2014 (Estatuto Geral das Guardas</p><p>Municipais) (BRASIL, 2014), uma tentativa</p><p>de instituir normas gerais para as</p><p>Guardas Municipais de todo o país. O estatuto, embora vigente, é objeto de Ação</p><p>Direta de Inconstitucionalidade (ADI nº 5.156) no Supremo Tribunal Federal</p><p>(STF), sob o argumento de que a União não poderia legislar sobre o assunto.</p><p>c) Gestão: especialistas apontam sérios problemas na gestão da segurança.</p><p>Além dos casos de nomeação de secretários de segurança pública sem</p><p>critérios de ordem técnica, há outros pontos que prejudicam uma gestão</p><p>eficiente, como a falta de recursos e a carência legislativa em relação às</p><p>leis orgânicas das corporações.</p><p>“ A eficiência da segurança pública no estado depende muito do em-</p><p>penho do governador em tratar da matéria. Ou seja, se o governador</p><p>prioriza a segurança, haverá mais investimentos, e as políticas públi-</p><p>cas de prevenção e repressão serão mais efetivas. Ora, a segurança</p><p>pública deve ser tratada como política de Estado e não de governo.</p><p>Uma forma de amenizar esse problema seria a nomeação de bons</p><p>gestores, aliada à criação de um fundo constitucional de segurança</p><p>pública, com a obrigatoriedade de aplicação de percentuais míni-</p><p>mos da arrecadação na área, sob pena de intervenção federal, assim</p><p>como ocorre nos campos da saúde e da educação (CÂMARA DOS</p><p>DEPUTADOS, 2018, p. 180).</p><p>Via de regra, os gestores da segurança pública, no Brasil, são pessoas que pouco</p><p>ou nada sabem sobre o tema e que, não raro, administram suas pastas com inte-</p><p>resses eleitorais. Os governantes, por sua vez, quando pensam nos resultados em</p><p>segurança pública, apostam em projetos que permitam a capitalização política em</p><p>curto prazo, desprezando todas as iniciativas que demandem um tempo maior</p><p>de maturação. Na maior parte das vezes, autorizam as políticas na área sem que</p><p>estas tenham sido selecionadas, a partir de um diagnóstico competente e sem</p><p>que elas próprias sejam um momento coerente dentro de um plano racional de</p><p>segurança. Como tais iniciativas não são avaliadas, não é possível afirmar nada a</p><p>respeito da sua eficácia. Os eventuais resultados serão, sempre, aqueles que seus</p><p>proponentes divulgarem como peças de marketing (ROLIM, 2007).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 5</p><p>170</p><p>Por fim, destaca-se que uma boa gestão, também, faz-se com um arcabouço</p><p>jurídico forte que atenda à maioria das situações de dificuldade. Neste ponto,</p><p>destaca-se a paralisia do Poder Legislativo em aprovar as leis orgânicas das</p><p>instituições policiais. Segundo o art. 22, XXI, da Constituição, compete privati-</p><p>vamente à União legislar sobre “normas gerais de organização, efetivos, material</p><p>bélico, garantias, convocação e mobilização das Polícias Militares e Corpos de</p><p>Bombeiros Militares” e, de acordo com o art. 24, XVI, compete à União, aos</p><p>estados e ao Distrito Federal legislar, concorrentemente, sobre “organização,</p><p>garantias, direitos e deveres das Polícias Civis” (BRASIL, 1988).</p><p>Esses dispositivos nunca foram regulamentados. Há, no entanto, propostas</p><p>nesse sentido, em tramitação na Câmara dos Deputados: PL nº 6.690/2002 e</p><p>seus apensados e subapensados (PL nos 4.371/1993, 3.274/2000, 4.363/2001,</p><p>6.312/2002, 1.949/2007 e 6.440/2009). Todas essas proposições estão prontas para</p><p>votação em plenário, mas há anos aguardam serem pautadas. Vale mencionar,</p><p>também, que não existe uma lei orgânica da Polícia Federal. Há proposta nesse</p><p>sentido, mas que tramita, desde 2009, na Câmara dos Deputados, sem conclusão</p><p>até o momento (PL nº 6.493/2009) (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2018).</p><p>Conclui-se, portanto, que a falta de financiamento adequado, a ausência de</p><p>integração entre os agentes de segurança pública e a má gestão podem causar danos</p><p>irreversíveis na segurança pública. As altas taxas de criminalidade são uma con-</p><p>sequência disso e têm amedrontado a população que clama por mais segurança.</p><p>O problema da Segurança Pública não pode ser atribuído ao indivíduo</p><p>policial, nem de um grupo determinado de policiais, ao contrário, o problema</p><p>é sistemático, histórico e estrutural (GOMES, 2012). A ineficácia da seguran-</p><p>ça pública nos é exposta, por meio dos dados. No Brasil, estima-se que há um</p><p>policial para cada 304 habitantes. Entretanto, como podemos diagnosticar,</p><p>existem dificuldades logísticas e operacionais.</p><p>Discutir segurança pública e almejar uma diminuição da criminalidade</p><p>com a aposição de puro policiamento ostensivo, apenas, produzirá estatísticas</p><p>de política criminal simbólica, mas não enfrentará a evolução do crime de</p><p>maneira substancial, visto que as ações policiais não irão atingir o âmago da</p><p>questão, qual seja: a estrutura criminosa (FERNANDES, 2019). A violência</p><p>tem relação direta com a falta de escolas, empregos, infraestrutura urbana,</p><p>hospitais públicos e concentração de renda.</p><p>171</p><p>Felizmente, o estudo da criminalidade e da violência na sociedade brasileira</p><p>avançou muito nos últimos anos. O conhecimento acumulado nesse período nos</p><p>permite ter uma noção mais aguçada das características do fenômeno criminoso,</p><p>de seus atores, de suas vítimas e dos impactos na qualidade de vida da população.</p><p>Estamos mais municiados de análises teóricas e evidências empíricas que possi-</p><p>bilitam a compreensão com relativa confiabilidade (SAPORI, 2012).</p><p>Por meio deste diagnóstico, constata-se que, evidentemente, a segurança pú-</p><p>blica brasileira não consegue enfrentar o problema da violência de forma satis-</p><p>fatória, mesmo possuindo informações concretas. Apesar de algumas unidades</p><p>da Federação terem obtido um bom resultado na avaliação de qualidade dos</p><p>dados de homicídios; e alguns crimes terem apresentado queda em seus índices,</p><p>é possível concluir que, ainda, é necessário muito investimento nas políticas pú-</p><p>blicas de prevenção e redução da criminalidade para que consigamos obter um</p><p>nível de segurança pública coerente com o que estabelece a Constituição Federal.</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Título: Segurança Pública no Brasil: desafios e perspectivas.</p><p>Autor: Luís Flávio Sapori</p><p>Editora: FGV</p><p>Sinopse: qual a causa da deterioração da ordem pública nas cidades?</p><p>Por que as políticas de segurança pública são tão pouco eficazes no combate</p><p>à criminalidade? Políticas públicas relacionadas à provisão dos serviços de</p><p>educação, saúde, habitação e emprego são capazes de reduzir a criminalida-</p><p>de? Por que democracia e violência têm caminhado juntas na história recen-</p><p>te da sociedade brasileira? Neste livro, Luís Flávio Sapori afirma ser possível</p><p>implementar ações governamentais mais eficientes no controle da violência.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 5</p><p>172</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Título: Segurança Pública no Brasil: desafios e perspectivas.</p><p>Autor: Luís Flávio Sapori</p><p>Editora: FGV</p><p>Sinopse: qual a causa da deterioração da ordem pública nas cidades?</p><p>Por que as políticas de segurança pública são tão pouco eficazes no combate</p><p>à criminalidade? Políticas públicas relacionadas à provisão dos serviços de</p><p>educação, saúde, habitação e emprego são capazes de reduzir a criminalida-</p><p>de? Por que democracia e violência têm caminhado juntas na história recen-</p><p>te da sociedade brasileira? Neste livro, Luís Flávio Sapori afirma ser possível</p><p>implementar ações governamentais mais eficientes no controle da violência.</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Título: Cidade de Deus</p><p>Ano: 2002</p><p>Sinopse: Rio de Janeiro, ano de 1970. Buscapé (Alexandre Rodrigues) é</p><p>um jovem pobre que cresce na Cidade de Deus, a favela mais violenta</p><p>da cidade. Com medo de que seu único destino seja virar bandido, ele encon-</p><p>tra na fotografia uma maneira de escapar dele. Com seu talento, ele passa a</p><p>registrar o dia a dia da comunidade. Dirigido por Fernando Meirelles e indicado</p><p>a quatro Oscars, incluindo os de Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado.</p><p>Comentário: no Brasil, o tema “violência” começou a ser tratado de forma</p><p>mais elaborada no cinema, a partir de 2002, com o sucesso de Cidade de</p><p>Deus. O cinema brasileiro tem um papel simbólico político importante a</p><p>cumprir, ao retratar uma sociedade marcada pela forte divisão de classes e</p><p>pela violência exercida sobre os mais pobres, sistematicamente excluídos da</p><p>cidadania. No entanto não</p><p>se pode reduzir a produção do cinema brasileiro</p><p>a um denominador comum. O filme, mesmo depois de 20 anos de seu lança-</p><p>mento, continua impactante e um tanto atual.</p><p>173</p><p>Você pôde perceber, que a segurança pública, no Brasil, não apresenta resultados</p><p>satisfatórios. Para que você, profissional da segurança pública, desempenhe um</p><p>bom trabalho, é preciso que saiba da importância da Segurança Pública para a</p><p>sociedade e que a falta dela implica diretamente no direito de cidadania do indiví-</p><p>duo. A sensação de insegurança atingiu níveis estarrecedores, colocando o Brasil</p><p>em um estado de alerta permanente, sendo necessário que todos que atuam direta</p><p>ou indiretamente na promoção de segurança pública reflitam sobre o diagnóstico</p><p>atual. Para mudar a atual realidade da segurança pública brasileira, é necessário</p><p>um conjunto de ações como provisão dos serviços de educação, saúde, habitação</p><p>e emprego, implementação de ações governamentais mais eficientes no controle</p><p>da violência, investir na formação e capacitação policial, integração dos sistemas</p><p>nacional dos sistemas de prevenção e de investigação criminal, dentre outras. Se</p><p>você chegou até aqui, sem dúvidas, poderá contribuir para essa melhora.</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>O Anuário Brasileiro de Segurança Pública se baseia em informações forne-</p><p>cidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias civil,</p><p>militar e federal, entre outras fontes oficiais da Segurança Pública. A publi-</p><p>cação é uma ferramenta importante para a promoção da transparência e da</p><p>prestação de contas na área, contribuindo para a melhoria da qualidade dos</p><p>dados. Além disso, produz conhecimento, incentiva a avaliação de políticas</p><p>públicas e promove o debate de novos temas na agenda do setor. Trata-se</p><p>do mais amplo retrato da segurança pública brasileira.</p><p>UNICESUMAR</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13485</p><p>Imagine retirar os sentimentos e impressões que você teve durante esta unidade</p><p>do plano das ideias e transcrevê-los no papel, dividindo-os em categorias, como:</p><p>o que você pensa? Qual a importância do conteúdo? Quais as suas dificuldades</p><p>de compreensão. A ideia é detalhar sua reflexão para melhor compreendê-la.</p><p>Depois de estudar a</p><p>unidade 5 que tratamos</p><p>sobre o diagnóstico da</p><p>segurança pública no Brasil,</p><p>o que você pensa sobre a</p><p>situação atual da segurança</p><p>em nosso país?</p><p>Qual a importância do</p><p>conteúdo abordado para o</p><p>exercício da sua pro�ssão?</p><p>Você já tinha estudado sobre</p><p>os índices de criminalidade</p><p>em nosso país? Já havia</p><p>re�etido sobre o conjunto</p><p>de ações que são necessárias</p><p>para a promoção de</p><p>segurança pública?</p><p>O que você achou do</p><p>conteúdo abordado até o</p><p>momento? Faz sentido um</p><p>pro�ssional da segurança</p><p>pública analisar os índices</p><p>atinentes a esse tema?</p><p>Você teve alguma di�culda-</p><p>de de compreensão nesta</p><p>unidade? O que você acha</p><p>que tem que estudar para</p><p>entender melhor a sua área</p><p>de atuação?</p><p>Você consegue entender</p><p>como a análise dos</p><p>resultados da segurança</p><p>pública são essenciais para a</p><p>sua compreensão sobre o</p><p>que deve ser melhorado?</p><p>SEGURANÇA PÚBLICA</p><p>175</p><p>1. A violência doméstica pode ser moral, psicológica, patrimonial, sexual ou física, po-</p><p>dendo resultar, em casos mais graves, em feminicídio. No Brasil, observamos que,</p><p>no ano de 2020, houve uma redução nos índices de violência doméstica. Levando</p><p>em consideração sua vivência como profissional da segurança pública e os dados</p><p>obtidos nesta unidade, descreva o seu posicionamento, se acredita que realmente</p><p>houve uma redução nos registros de casos de violência doméstica e a que isto está</p><p>atrelado, ou se você entende que não houve redução, apenas um aumento das</p><p>subnotificações. Fundamente.</p><p>2. O homicídio, no Brasil, é um problema que está relacionado à raça, ao sexo, à idade e</p><p>ao território. Nas últimas décadas, as principais vítimas e autores de assassinatos foram</p><p>homens, jovens, negros, moradores de bairros com pouca infraestrutura urbana dos</p><p>grandes centros metropolitanos. Esses territórios possuem uma grande quantidade de</p><p>armas, são marcados pela desordem, com frágil presença policial, vulneráveis à ação</p><p>daqueles que estão dispostos a tentar exercer o domínio pela violência.</p><p>De acordo com o texto acima e os dados apresentados nesta unidade, qual a alter-</p><p>nativa coerente com a situação das mortes violentas intencionais no Brasil?</p><p>a) No Brasil, as mortes violentas afetam indistintamente a população negra e branca,</p><p>já que se trata apenas de um problema geográfico e não racial.</p><p>b) Considerando os casos de feminicídio e de homicídios com vítimas mulheres,</p><p>as mulheres são as principais vítimas de mortes violentas intencionais no Brasil.</p><p>c) O homicídio é um crime vinculado ao território, portanto, não pode ser combatido</p><p>por meio de políticas públicas de segurança ou de planejamento urbano.</p><p>d) A ausência de infraestrutura urbana, escolas, empregos e a concentração de</p><p>renda não têm relevância, quando a questão é o número de homicídios.</p><p>e) A juventude é a principal vítima das mortes violentas intencionais no país.</p><p>176</p><p>3. Segundo o INFOPEN 2021, atualmente, o Brasil é o terceiro país no mundo com a</p><p>maior população carcerária, totalizando 759.518 mil presos, incluindo os regimes</p><p>aberto, semiaberto, provisório, tratamento ambulatorial e medida de segurança.</p><p>Observando os números de homens e mulheres no sistema prisional estadual e</p><p>federal, percebe-se que 36.999 presas são mulheres, sendo que 68% delas são</p><p>negras, enquanto a população de homens no sistema é de 716.967. Do total de</p><p>presos, temos uma quantidade majoritariamente de negros encarcerados (66,3%</p><p>contra 32,5% de brancos). Esses dados não correspondem à proporção de negros</p><p>e brancos da população brasileira. Com base na pesquisa, incorreto afirmar que:</p><p>a) Não existe distinção de raças na população carcerária no Brasil.</p><p>b) A proporção de pessoas negras no sistema prisional supera a de pessoas brancas.</p><p>c) No Brasil, quase dois terços da população carcerária é negra.</p><p>d) Há um maior índice de encarceramento de homens.</p><p>e) A população carcerária do Brasil é composta minoritariamente por mulheres</p><p>brancas.</p><p>177</p><p>UNIDADE 1</p><p>BATTIBUGLI, T. Polícia, democracia e política em São Paulo (1946-1964). São Paulo: Huma-</p><p>nitas, 2010.</p><p>BRASIL. Lei de 10 de outubro de 1831. Autoriza a criação de corpos de guardas municipais vo-</p><p>luntários nesta cidade e províncias. Brasília: Câmara dos Deputados, 1831. Disponível em: ht-</p><p>tps://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-37586-10-outubro-1831-564553-pu-</p><p>blicacaooriginal-88479-pl.html. Acesso em: 2 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Decreto nº 1, de 15 de novembro de 1889. Proclama provisoriamente e decreta como</p><p>forma de governo da Nação Brasileira a República Federativa, e estabelece as normas pelas</p><p>quais se devem reger os Estados Federais. Brasília: Presidência da República, 1889. Disponí-</p><p>vel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/D0001.htm. Acesso em: 2 fev.</p><p>2022.</p><p>BRASIL. Decreto nº 18.323, de 24 de Julho de 1928. Aprova o regulamento para a circulação in-</p><p>ternacional de automóveis, no território brasileiro e para a sinalização, segurança do transito e</p><p>policia das estradas de rodagem. Brasília: Câmera dos Deputados, 1928. Disponível em: https://</p><p>www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/decreto-18323-24-julho-1928-516789-publi-</p><p>cacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 2 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Decreto nº 20.348, de 29 de agosto de 1931. Institui conselhos consultivos nos Esta-</p><p>dos, no Distrito Federal e nos municípios e estabelece normas, sobre a administração local.</p><p>Brasília: Câmera dos Deputados, 1931. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/</p><p>decret/1930-1939/decreto-20348-29-agosto-1931-517916-publicacaooriginal-1-pe.html. Aces-</p><p>so em: 2 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Constituição da república dos Estados Unidos do Brasil (de 16 de julho de 1934).</p><p>Nós, os representantes do povo brasileiro, pondo a nossa confiança em Deus, reunidos em As-</p><p>sembleia Nacional Constituinte para organizar um regime democrático, que assegure à Nação</p><p>a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico, decretamos e promulgamos</p><p>a seguinte. Brasília: Presidência da República, 1934. Disponível em: http://www.planalto.gov.</p><p>br/ccivil_03/constituicao/Constituicao34.htm. Acesso em: 2 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 192, de 17 de janeiro de 1936. Reorganiza, pelos Estados e pela União, as</p><p>Policias Militares sendo consideradas reservas do Exército. Brasília: Presidência da República,</p><p>1936. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1930-1949/L192.htm. Acesso</p><p>em: 2 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 6.378, de 28 de março de 1944. Transforma a Polícia Civil do Distrito Fe-</p><p>deral em Departamento Federal de Segurança Pública e dá outras providências. Brasília: Câmara</p><p>dos Deputados, 1944. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/</p><p>decreto-lei-6378-28-marco-1944-389489-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 2 fev. 2022.</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/D0001.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1851-1899/D0001.htm</p><p>https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/decreto-18323-24-julho-1928-516789-publicacaooriginal-1-pe.html</p><p>https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/decreto-18323-24-julho-1928-516789-publicacaooriginal-1-pe.html</p><p>https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/decreto-18323-24-julho-1928-516789-publicacaooriginal-1-pe.html</p><p>https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1920-1929/decreto-18323-24-julho-1928-516789-publicacaooriginal-1-pe.html</p><p>https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-20348-29-agosto-1931-517916-publicacaooriginal-1-pe.html</p><p>https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-20348-29-agosto-1931-517916-publicacaooriginal-1-pe.html</p><p>https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-20348-29-agosto-1931-517916-publicacaooriginal-1-pe.html</p><p>https://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/viwTodos/362641da8a5bde02032569fa00742174?OpenDocument&Highlight=1,&AutoFramed</p><p>https://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/viwTodos/362641da8a5bde02032569fa00742174?OpenDocument&Highlight=1,&AutoFramed</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao34.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao34.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao34.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1930-1949/L192.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1930-1949/L192.htm</p><p>https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-6378-28-marco-1944-389489-publicacaooriginal-1-pe.html</p><p>https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-6378-28-marco-1944-389489-publicacaooriginal-1-pe.html</p><p>https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-6378-28-marco-1944-389489-publicacaooriginal-1-pe.html</p><p>178</p><p>BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil (de 18 de setembro de 1946). A Mesa da</p><p>Assembleia Constituinte promulga a Constituição dos Estados Unidos do Brasil e o Ato das Dis-</p><p>posições Constitucionais Transitórias, nos termos dos seus arts. 218 e 36, respectivamente, e</p><p>manda a todas as autoridades, às quais couber o conhecimento e a execução desses atos, que</p><p>os executem e façam executar e observar fiel e inteiramente como neles se contêm. Brasília:</p><p>Presidência da República, 1946. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constitui-</p><p>cao/Constituicao46.htm. Acesso em: 2 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da Ad-</p><p>ministração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras provi-</p><p>dências. Brasília: Presidência da República, 1967. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/</p><p>ccivil_03/decreto-lei/Del0200.htm. Acesso em: 2 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasí-</p><p>lia: Senado Federal, 1988.</p><p>BRASIL. Decreto nº 2.315, de 4 de setembro de 1997.</p><p>Altera dispositivos do Decreto nº 1.796, de 24 de janeiro de 1996, que aprova a Estrutura Regi-</p><p>mental do Ministério da Justiça. Brasília: Presidência da República, 1997. Disponível em: http://</p><p>www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1997/D2315.htm. Acesso em: 2 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania. Ministério da Justiça e Se-</p><p>gurança Pública, Brasília, 2007. Disponível em: https://www.novo.justica.gov.br/sua-seguran-</p><p>ca-2/seguranca-publica/analise-e-pesquisa/download/outras_publicacoes/pagina-3/pronas-</p><p>ci_manual_de_aprendizagem.pdf. Acesso em: 2 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Decreto nº 6.061, de 15 de março de 2007. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro</p><p>Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministério da Justiça, e</p><p>dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2007. Disponível em: http://www.</p><p>planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6061.htm. Acesso em: 3 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Proposta cria Sistema Único de Segurança Pública. Agência Câmara de Notícias, Bra-</p><p>sília, 2012. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/384694-proposta-cria-sistema-</p><p>-unico-de-seguranca-publica/. Acesso em: 2 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.675, de 11 de junho de 2018. Disciplina a organização e o funcionamento</p><p>dos órgãos responsáveis pela segurança pública, nos termos do § 7º do art. 144 da Constitui-</p><p>ção Federal; cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS); institui o</p><p>Sistema Único de Segurança Pública (Susp) [...]. Brasília: Presidência da República, 2018a. Dis-</p><p>ponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13675.htm. Acesso</p><p>em: 2 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Plano e Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social: SUSP — Sistema Único</p><p>de Segurança Pública. Brasília: Ministério da Segurança Pública, 2018b. Disponível em: https://www.</p><p>gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-seguranca/seguranca-publica/pro-vida/Plano%20e%20Politica%20</p><p>Nacional%20de%20Seguranca%20Publica%20e%20Defesa%20Social. Acesso em: 2 fev. 2022.</p><p>https://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/viwTodos/c44c4a59ad7cbc37032569fa007421ec?OpenDocument&Highlight=1,&AutoFramed</p><p>https://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/viwTodos/c44c4a59ad7cbc37032569fa007421ec?OpenDocument&Highlight=1,&AutoFramed</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao46.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao46.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao46.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0200.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0200.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0200.htm</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/dec%202.315-1997?OpenDocument</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/dec%202.315-1997?OpenDocument</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1997/D2315.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1997/D2315.htm</p><p>https://www.novo.justica.gov.br/sua-seguranca-2/seguranca-publica/analise-e-pesquisa/download/outras_publicacoes/pagina-3/pronasci_manual_de_aprendizagem.pdf</p><p>https://www.novo.justica.gov.br/sua-seguranca-2/seguranca-publica/analise-e-pesquisa/download/outras_publicacoes/pagina-3/pronasci_manual_de_aprendizagem.pdf</p><p>https://www.novo.justica.gov.br/sua-seguranca-2/seguranca-publica/analise-e-pesquisa/download/outras_publicacoes/pagina-3/pronasci_manual_de_aprendizagem.pdf</p><p>https://www.novo.justica.gov.br/sua-seguranca-2/seguranca-publica/analise-e-pesquisa/download/outras_publicacoes/pagina-3/pronasci_manual_de_aprendizagem.pdf</p><p>https://www.novo.justica.gov.br/sua-seguranca-2/seguranca-publica/analise-e-pesquisa/download/outras_publicacoes/pagina-3/pronasci_manual_de_aprendizagem.pdf</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6061.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6061.htm</p><p>https://www.camara.leg.br/noticias/384694-proposta-cria-sistema-unico-de-seguranca-publica/</p><p>Uma força de defesa formada por brasileiros (brancos,</p><p>negros, índios) participou na defesa do nosso território. Este evento deu origem à data</p><p>simbólica da constituição das 3 forças armadas nacionais: Exército, Marinha e Aeronáutica.</p><p>Fonte: Conheça... (2018, on-line).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>20</p><p>Além da garantia da ordem, assegurava também às elites o direito de escolher os</p><p>majores e os coronéis da Guarda Nacional. Tratava-se de uma força de segun-</p><p>da linha do Exército que persistiu na Primeira República, amparada pela Carta</p><p>Magna de 1891, e que tinha como função secundar a força terrestre no conflito</p><p>externo e nos casos de grave perturbação da ordem (SOUZA; ALBUQUERQUE,</p><p>2017). Em 1835, as Guardas Municipais Permanentes foram extintas, dando lugar</p><p>aos Corpos Policiais, ligados à Presidência das Províncias.</p><p>A criação dos Corpos Policiais se deu pelo decreto de 9 de dezembro de 1835,</p><p>cujo parágrafo 11° dispunha que outra instituição de suma vantagem seria a orga-</p><p>nização de um corpo policial. Pelo decreto, notamos a importância que a criação</p><p>dessa instituição teve para as províncias. O corpo policial era composto por pessoas</p><p>excluídas da Guarda Nacional e tinha como função guardar as cadeias, prestar auxílio</p><p>à justiça e servir as autoridades no expediente dos negócios públicos (LINO, 2011).</p><p>Os Corpos Policiais foram esvaziados pela Guerra do Paraguai (1864-1870),</p><p>mas — de alguma forma — acabou por fortalecê-los, ao dar unidade às forças</p><p>provinciais e aproximá-las do Exército Brasileiro, por sua participação entre os</p><p>Voluntários da Pátria, apesar da carência de recursos financeiros. O Corpo de</p><p>Polícia foi transformado, em 1873, em Brigada Policial e, em 1920, em Polícia</p><p>Militar do Distrito Federal, conforme registra, em seu histórico, a Polícia Militar</p><p>do Estado do Rio de Janeiro (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).</p><p>21</p><p>Como consequência da Guerra do Paraguai, criou-se uma nova organização</p><p>policial, a Guarda Civil. Em 1866, por meio do decreto n° 3.598, de 27 de janeiro de</p><p>1866, institui-se a Guarda Urbana, precursora do Corpo Civil da Polícia: uma força</p><p>não militarizada com atividades de ronda. Ela foi criada com objetivo de auxiliar o</p><p>Corpo de Guardas Municipais Voluntários. A Corte passou, então, a ser composta</p><p>por uma força policial militar (Corpo de Guardas Municipais Permanentes) e outra</p><p>civil (Guarda Urbana); a primeira se tornou força aquartelada, com operações de</p><p>grande porte, e a segunda ficou com a atribuição da vigilância contínua da cidade.</p><p>Antes da Constituição Provisória da República, o governo determinou a</p><p>dissolução da Guarda Urbana, por meio do decreto n. 9.395, de 7 de março de</p><p>1885, em decorrência do funcionamento muito aquém do esperado (HOL-</p><p>LOWAY, 1997). Mais tarde, porém, recriada em 1904, sob o nome de Guarda</p><p>Civil, que foi novamente extinta pelo Decreto-Lei n° 1.072, de 30 de dezembro</p><p>de 1969. Seus efetivos foram incorporados às polícias militares ou às polícias</p><p>civis (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).</p><p>Em 1889, quando proclamada a República, inaugurou-se uma nova ordem po-</p><p>lítica no Brasil, ocorrendo uma reorganização do aparato repressivo estatal. Ficou</p><p>definida, por meio do Decreto nº 1, de 15 de novembro de 1889, em seu art. 5º, a</p><p>responsabilização dos governos estaduais pela manutenção da ordem e segurança pú-</p><p>blica e pela defesa e garantia da liberdade e dos direitos dos cidadãos (BRASIL, 1889).</p><p>Durante o período sob o regime representativo, a atribuição para legislar</p><p>sobre a polícia era privativa do Congresso Nacional. Na Constituição Fede-</p><p>ral de 1891, o Estado brasileiro inseriu expressões como polícia, segurança</p><p>interna, segurança individual, segurança da propriedade, inviolabilidade de</p><p>direitos e estado de sítio. Essas expressões demonstravam, já naquela épo-</p><p>ca, a preocupação social com os conflitos internos e externos que estavam</p><p>presentes em nosso país (FERNANDES, 2020).</p><p>Embora a segurança pública já estivesse referenciada na Constituição, no</p><p>entanto, ainda, não era prioridade no país, pois os direitos e a liberdade dos ci-</p><p>dadãos eram desrespeitados pelos senhores, que muitas vezes contavam com o</p><p>apoio da polícia e da justiça, que nada faziam para reprimir tais arbitrariedades.</p><p>A primeira organização policial foi institucionalizada no Brasil, por meio da Lei</p><p>n° 947, de 29 de dezembro de 1902, que reorganizou a polícia do Distrito Federal,</p><p>dividindo-a em civil e militar, criando circunscrições policiais e uma Guarda Civil</p><p>(ROCHA, 1995 apud SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017.)</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>22</p><p>Já a primeira polícia civil foi criada, oficialmente, em 1905, no Estado de</p><p>São Paulo, fruto da especialização e da necessidade de uma tropa auxiliar para o</p><p>judiciário (MINGARDI, 1992). Na década de 20, observa-se que a Organização</p><p>Policial, chamada também de Forças Públicas, em razão de colaborar com as</p><p>Forças Armadas, passou a adotar regulamentos desta última. Diante disso, eram</p><p>consideradas como reserva do Exército. Face a tais valores, a ideologia que nor-</p><p>teava a polícia era a dominante/repressora, pois atuava na defesa da nação e dos</p><p>estados, em conjunto com as Forças Armadas (CRUZ, 2013).</p><p>Em 1928, em decorrência da instituição do primeiro Código Nacional de</p><p>Trânsito, por meio do Decreto nº 18.323, criou-se a Polícia Rodoviária Federal,</p><p>denominada inicialmente de Polícias das Estradas. Em 1935, nomeou-se o pri-</p><p>meiro Patrulheiro Rodoviário Federal, Inspetor Antônio Félix Filho. No mesmo</p><p>ano, criou-se o Departamento Nacional de Estradas e Rodagens, ano em que a</p><p>Polícia Rodoviária Federal recebeu seu nome atual, ficando subordinada a esse</p><p>departamento. Com a inclusão no sistema nacional de segurança pública, pela</p><p>Constituição de 1988, a corporação passou a integrar a estrutura do Ministério</p><p>da Justiça, em 1990.</p><p>Na década de 30, inicia-se a Era Vargas, marcada por muitos conflitos e opres-</p><p>sões. De um lado, a sociedade que clamava pela democracia participativa e pela</p><p>construção de uma nova Constituição; do outro, havia um governo com receio de</p><p>ser contraposto, que, por isso, passa a ter um maior controle das Forças Públicas.</p><p>Preocupado com uma possível rearticulação das polícias militares, o governo de</p><p>Getúlio Vargas legislou para limitar e reduzir o poder militar e de manobra das</p><p>forças estaduais. O resultado disso foi o Decreto n° 20.348/1931:</p><p>“ Art. 24 - O Estado não poderá gastar mais de 10% de despesa ordi-</p><p>nária com os serviços de polícia militar.§ 1° Salvo em circunstân-</p><p>cias excepcionais, e mediante autorizaçãodo governo provisório:a)</p><p>é vedado às polícias estaduais dispor de artilharia e aviação;b) a</p><p>dotação de armas automáticas e munições de cada corpo de ca-</p><p>valaria ou infantaria, das polícias estaduais, não pode exceder à</p><p>dotação regulamentar das unidades similares do Exército.§ 2° Os</p><p>interventores farão entrega ao Ministério da Guerra da munição</p><p>e armamento excedentes às dotações previstas no parágrafo an-</p><p>23</p><p>terior, sendo os governos estaduais indenizados da importância</p><p>das respectivas diferenças, em encontro de contas com o Governo</p><p>Federal (BRASIL, 1931, on-line).</p><p>Assim, o processo histórico fez com que a Força Pública voltasse à sua ori-</p><p>gem de prestadora de serviços. Criada para a preservação da ordem públi-</p><p>ca e executora do policiamento ostensivo como missão principal, voltou-se,</p><p>por circunstâncias históricas, para a missão secundária de Força de Defesa</p><p>Territorial (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017). Por meio da Constituição da</p><p>República dos Estados Unidos do Brasil, de 1934, a Força Pública tornou-se</p><p>Força Reserva de Primeira Linha do Exército e é considerada a organização</p><p>embrionária da Polícia Militar, tendo sua primeira referência nos arts. 5º e</p><p>167º. O art. 5º fazia menção às competências da União, como a de organizar a</p><p>defesa externa, a polícia e a segurança, além de promover os serviços de polícia</p><p>marinha e portuária e legislar sobre o direito penal. Já o artigo 167º estabelecia</p><p>que as polícias militares eram reservas do Exército e, portanto, gozavam</p><p>https://www.camara.leg.br/noticias/384694-proposta-cria-sistema-unico-de-seguranca-publica/</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.675-2018?OpenDocument</p><p>http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.675-2018?OpenDocument</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13675.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13675.htm</p><p>https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-seguranca/seguranca-publica/pro-vida/Plano%20e%20Politica%20Nacional%20de%20Seguranca%20Publica%20e%20Defesa%20Social</p><p>https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-seguranca/seguranca-publica/pro-vida/Plano%20e%20Politica%20Nacional%20de%20Seguranca%20Publica%20e%20Defesa%20Social</p><p>https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-seguranca/seguranca-publica/pro-vida/Plano%20e%20Politica%20Nacional%20de%20Seguranca%20Publica%20e%20Defesa%20Social</p><p>179</p><p>BRASIL. Emenda Constitucional nº 104, de 4 de dezembro de 2019. Altera o inciso XIV do</p><p>caput do art. 21, o § 4º do art. 32 e o art. 144 da Constituição Federal, para criar as polícias</p><p>penais federal, estaduais e distrital. Brasília: Presidência da República, 2019. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc104.htm. Acesso em: 2</p><p>fev. 2022.</p><p>BRETAS, M. L.; ROSEMBERG, A. A história da polícia no Brasil: balanço e perspectivas. Topoi, Rio</p><p>de Janeiro, v. 14, n. 26, jan./jul. 2013.</p><p>CARVALHO, A. de. Brasil Mais Seguro capacita mais de 1700 profissionais de segurança públi-</p><p>ca. Ministério da Justiça e Segurança Pública, Brasília, 2014. Disponível em: https://www.</p><p>gov.br/mj/pt-br/assuntos/noticias/brasil-mais-seguro-capacita-mais-de-1700-profissionais-de-</p><p>-seguranca-publica. Acesso em: 2 fev. 2022.</p><p>CARVALHO, C. F. de. Breve histórico da guarda municipal no Brasil. 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Acesso em: 11 fev. 2022.</p><p>MEIRELLES, H. L. Direito Municipal Brasileiro. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.</p><p>MELO, C. B. de. A constitucionalidade da atuação do município na segurança pública: o</p><p>papel dos Municípios em sua atuação na Segurança Pública diante da inserção das Guardas</p><p>Municipais no artigo 144, § 8º da CRFB/88. 2021. 42 f. Monografia (Bacharelado em Direito) -</p><p>Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2021.</p><p>PENTEADO, C. J. R. A. Estado instala Gabinete de Gestão Integrada de Segurança Pública</p><p>no Litoral. Secretaria de Segurança Pública, Curitiba, 2021. Disponível em: https://www.segu-</p><p>ranca.pr.gov.br/Noticia/Estado-instala-Gabinete-de-Gestao-Integrada-de-Seguranca-Publica-</p><p>-no-Litoral. Acesso em: 11 fev. 2022.</p><p>RIBEIRO, L. Afinal, qual é o papel que o município pode ter na segurança pública? Carta Capi-</p><p>tal, São Paulo, 2012. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/afinal-qual-e-o-</p><p>-papel-que-o-municipio-pode-ter-na-seguranca-publica/. Acesso em: 11 fev. 2022.</p><p>https://marcusbacalhau.blogspot.com/2010/02/defesa-social-e-seguranca-publica.html</p><p>https://marcusbacalhau.blogspot.com/2010/02/defesa-social-e-seguranca-publica.html</p><p>http://www.fumec.br/revistas/index.php/facesp/article/view/183/180</p><p>https://tc88.jusbrasil.com.br/artigos/152105792/bens-publicos-da-uniao</p><p>https://tc88.jusbrasil.com.br/artigos/152105792/bens-publicos-da-uniao</p><p>https://tc88.jusbrasil.com.br/artigos/152105792/bens-publicos-da-uniao</p><p>http://www.conseg.pr.gov.br/Pagina/O-QUE-SAO-OS-CONSEGS</p><p>http://www.conseg.pr.gov.br/Pagina/O-QUE-SAO-OS-CONSEGS</p><p>https://leismunicipais.com.br/lei-organica-maringa-pr</p><p>https://www.travessa.com.br/Malheiros/editora/5841d787-37f8-4f3a-8041-665831b7057d</p><p>https://www.seguranca.pr.gov.br/Noticia/Estado-instala-Gabinete-de-Gestao-Integrada-de-Seguranca-Publica-no-Litoral</p><p>https://www.seguranca.pr.gov.br/Noticia/Estado-instala-Gabinete-de-Gestao-Integrada-de-Seguranca-Publica-no-Litoral</p><p>https://www.seguranca.pr.gov.br/Noticia/Estado-instala-Gabinete-de-Gestao-Integrada-de-Seguranca-Publica-no-Litoral</p><p>https://www.cartacapital.com.br/politica/afinal-qual-e-o-papel-que-o-municipio-pode-ter-na-seguranca-publica/</p><p>https://www.cartacapital.com.br/politica/afinal-qual-e-o-papel-que-o-municipio-pode-ter-na-seguranca-publica/</p><p>188</p><p>RIBEIRO, L. Gabinetes de Gestão Integrada no Brasil: à guisa de institucionalização? São Pau-</p><p>lo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2013. Disponível em: https://www.bibliotecadesegu-</p><p>ranca.com.br/wp-content/uploads/2020/03/gestao-e-disseminacao-de-dados-na-politica-na-</p><p>cional-de-seguranca-publica.pdf. Acesso em: 11 fev. 2022.</p><p>TEIXEIRA, E. C. Competências dos municípios. Revista Educação Pública, Rio de Janei-</p><p>ro, jan. 2002. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/2/1/compete-</p><p>circncias-dos-municiacutepios#:~:text=Elenaldo%20Celso%20Teixeira%20O%20que%20</p><p>%C3%A9%20compet%C3%AAncia%20Entende-se,das%20esferas%20de%20poder%3A%20</p><p>munic%C3%ADpio%2C%20estado%20e%20Uni%C3%A3o. Acesso em: 11 fev. 2022.</p><p>UNIDADE 5</p><p>BRASIL. Lei nº 7.560, de 19 de dezembro de 1986. Cria o Fundo de Prevenção, Recuperação e</p><p>de Combate às Drogas de Abuso, dispõe sobre bens apreendidos e adquiridos com produtos</p><p>do tráfico ilícito de drogas ou atividades correlatas, e dá outras providências. Brasília: Presidên-</p><p>cia da República, 1986. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7560.htm.</p><p>Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Bra-</p><p>sília: Senado Federal, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/</p><p>Constituicao.htm. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Lei complementar nº 79, de 07 de janeiro de 1994. Cria o Fundo Penitenciário Na-</p><p>cional - FUNPEN, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1994. Disponível</p><p>em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp79.htm. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 10.201, de 12 de fevereiro de 2001. Institui o Fundo Nacional de Segurança Pú-</p><p>blica, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2001. Disponível em: http://</p><p>www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10201.htm. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Projeto de Lei 6690/2002. Estabelece normas gerais relativas ao funcionamento das</p><p>polícias estaduais e do Distrito Federal, e dos corpos de bombeiros, e dá outras providências.</p><p>Brasília: Câmara dos Deputados, 2002. https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichade-</p><p>tramitacao?idProposicao=50759. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007. Institui o Programa Nacional de Segurança</p><p>Pública com Cidadania – PRONASCI e dá outras providências. Brasília: Presidência da Repúbli-</p><p>ca, 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11530.</p><p>htm. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Projeto de Lei 6493/2009. Modifica a Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, obrigando as</p><p>operadoras de telefonia fixa e móvel a oferecer aparelho terminal que mantenha registro das</p><p>ligações efetuadas. Brasília: Câmara dos Deputados, 2009. Disponível em: https://www.cama-</p><p>ra.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=46154. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>https://www.bibliotecadeseguranca.com.br/wp-content/uploads/2020/03/gestao-e-disseminacao-de-dados-na-politica-nacional-de-seguranca-publica.pdf</p><p>https://www.bibliotecadeseguranca.com.br/wp-content/uploads/2020/03/gestao-e-disseminacao-de-dados-na-politica-nacional-de-seguranca-publica.pdf</p><p>https://www.bibliotecadeseguranca.com.br/wp-content/uploads/2020/03/gestao-e-disseminacao-de-dados-na-politica-nacional-de-seguranca-publica.pdf</p><p>189</p><p>BRASIL. Lei nº 12.618, de 30 de abril de 2012. Institui o regime de previdência complemen-</p><p>tar para os servidores públicos federais titulares de cargo efetivo, inclusive os membros dos</p><p>órgãos que menciona; [...] e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 2012.</p><p>Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12618.htm.</p><p>Acesso em: Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.022, de 8 de agosto de 2014. Dispõe sobre o Estatuto Geral das Guardas</p><p>Municipais. Brasília: Presidência da República, 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.</p><p>br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13022.htm. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Medida Provisória n° 841, de 2018. Recursos para o Fundo Nacional de Segurança Pú-</p><p>blica. Dispõe sobre o Fundo Nacional de Segurança Pública e sobre a destinação do produto da</p><p>arrecadação das loterias. Brasília: Congresso Nacional, 2018. Disponível em: https://www.con-</p><p>gressonacional.leg.br/materias/medidas-provisorias/-/mpv/133594. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.756, de 12 de dezembro de 2018. Dispõe sobre o Fundo Nacional de Seguran-</p><p>ça Pública (FNSP), sobre a destinação do produto da arrecadação das loterias e sobre a promoção</p><p>comercial e a modalidade lotérica denominada apostas de quota fixa; [...]. Brasília: Congresso Na-</p><p>cional, 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13756.</p><p>htm. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO nº 26. Relator Min. Celso de</p><p>Mello. Brasília: Supremo Tribunal Federal, 2019. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/</p><p>detalhe.asp?incidente=4515053. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>BRASIL. Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Câmara dos Deputados, Brasília, 2021. 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Disponível em: https://www.bibliotecadeseguranca.com.br/wp-content/</p><p>uploads/2021/07/anuario-brasileiro-de-seguranca-publica-2021.pdf. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>GASTALDI, A. B. F. et al. Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+ no Brasil — 2020: Re-</p><p>latório da Acontece Arte e Política LGBTI+ e Grupo Gay da Bahia. 1. ed. Florianópolis: Acontece</p><p>Arte e Política LGBTI+, 2021.</p><p>GOMES, L. F. Nova Polí(cia)tica de Segurança. Jusbrasil, [S. l.], 2012. Disponível em: https://</p><p>professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/121930678/nova-poli-cia-tica-de-seguranca. Acesso em:</p><p>16 fev. 2022.</p><p>INFOPEN. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Ministério da Justiça e Se-</p><p>gurança Pública, Brasília, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/depen/pt-br/servicos/sis-</p><p>depen. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>JURR. Segurança Pública: desafios e perspectivas. Escola de Poder Judiciário de Roraima,</p><p>Boa Vista, 2018. Disponível em: http://ejurr.tjrr.jus.br/index.php/artigos1/artigos-pos-gradua-</p><p>cao/313-seguranca-publica-desafios-e-perspectivas. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>LOCHE, A. A. A letalidade da ação policial: parâmetros para análise. Revista Tomo, São Cristóvão,</p><p>n. 17, jul./dez. 2010.</p><p>MARQUES, D. M.; BARROS, B. W. B. O impacto da pandemia no crime e na violência no Brasil</p><p>– análise do primeiro semestre de 2020. In: FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA.</p><p>Anuário Brasileiro de Segurança Pública. São Paulo, 2020. Disponível em: https://forumseguran-</p><p>ca.org.br/wp-content/uploads/2020/10/anuario-14-2020-v1-interativo.pdf. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>ROLIM, Marcos. Caminhos para a inovação em segurança pública no Brasil. Revista Brasileira de</p><p>Segurança Pública, [S. l.], ano 1, edição 1, p. 32-47, 2007. Disponível em: https://doczz.com.br/</p><p>doc/160188/01---marcos-rolim. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>SAPORI, L. F. Segurança Pública no Brasil: desafios e perspectivas. São Paulo: FGV, 2012.</p><p>SOUZA, E. R. de; MINAYO M. C. de S. Policial, risco como profissão: morbimortalidade vinculada</p><p>ao trabalho. Revista Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, dez. 2005.</p><p>SUBNOTIFICAÇÃO. In: DICIONÁRIO Priberam da Língua Portuguesa, [S. l.: s. n.], [2022]. Disponí-</p><p>vel em: https://dicionario.priberam.org/subnotifica%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 17 fev. 2022.</p><p>191</p><p>SUMARIVA, P. Crimes contra o patrimônio. LFG, [S. l.], 2017. Disponível em: https://www.lfg.</p><p>com.br/conteudos/artigos/geral/crimes-contra-o-patrimonio. Acesso em: 16 fev. 2022.</p><p>ZILLI, L. F. Letalidade e Vitimização Policial: características gerais do fenômeno em três estados</p><p>brasileiros. Boletim de Análise Político-Institucional, [S. l.], n. 17, dez. 2018. Disponível em:</p><p>http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8873/1/bapi_17_cap_10.pdf#:~:text=de%20</p><p>%E2%80%9Cvitimiza%C3%A7%C3%A3o%20policial%E2%80%9D%20todos%20os%20epis%-</p><p>C3%B3dios%20em%20que,casos%20em%20que%20os%20agentes%20s%C3%A3o%20assas-</p><p>sinados%20t%C3%A3o. Acesso em: 03 jan. 2022.</p><p>192</p><p>UNIDADE 2</p><p>1. B. O reconhecimento de direitos individuais civis e políticos faz parte da primeira</p><p>geração de direitos. Surgiram, ainda, no século XVIII, a partir da Revolução Francesa,</p><p>e foi paradigma do Estado liberal voltado para assegurar um mínimo intransponível</p><p>de liberdade do indivíduo em face do Estado. A primeira geração, como o próprio</p><p>nome já diz, foi a primeira dimensão de direitos criada a fim de garantir a liberdade,</p><p>propriedade, segurança etc. e, consequentemente, a participação política do cidadão</p><p>na vida do Estado.</p><p>2. E. A segurança pública é garantia de todos no Brasil. O artigo 5º caput da Constituição</p><p>Federal, institui a segurança pública como status de direito fundamental, assegurando</p><p>aos brasileiros e estrangeiros o direito à vida, liberdade, igualdade, propriedade e se-</p><p>gurança (BRASIL, 1988). Desta forma, a população pode atuar junto aos entes estatais</p><p>e cobrar dos governantes a promoção da segurança pública, direito fundamental de</p><p>todos. Desse modo, a alternativa “a” está incorreta, pois o direito da sociedade não se</p><p>limita apenas a exigir e cobrar dos governantes somente o aumento do efetivo policial,</p><p>visando a coibir a criminalidade. A participação popular é muito mais abrangente.</p><p>De igual modo, a alternativa “b” está incorreta, pois o direito de cobrança junto aos</p><p>Governos não pode ser exercido apenas pelos parlamentares (Deputados Federais,</p><p>Estaduais, Senadores e vereadores). A alternativa “c” está errada,</p><p>ao afirmar que segu-</p><p>rança é um direito apenas do cidadão nascido no Brasil. A alternativa “d” está incorreta,</p><p>pois, de acordo com o art. 2º da Constituição Federal, a segurança pública é dever do</p><p>Estado e responsabilidade de todos, compreendendo a União, os Estados, o Distrito</p><p>Federal e os Municípios, no âmbito das competências e atribuições legais de cada um.</p><p>3. C. A única alternativa que contém erro é a “c”, pois o poder de polícia pode ser exercido</p><p>pelos mais variados órgãos da Administração Pública. O poder de polícia judiciária sim</p><p>é privativo dos órgãos que compõem a segurança pública, conforme está previsto e</p><p>disciplinado no art. 4º do Código de Processo Penal.</p><p>4. D. A alternativa “a” está incorreta, pois a polícia administrativa e a judiciária não atuam</p><p>exclusivamente em um campo. A polícia administrativa tem atuação predominante-</p><p>mente no campo preventivo, e a judiciária predominantemente no campo repres-</p><p>sivo, no entanto essa noção não pode ser tomada de forma absoluta. As atividades</p><p>de polícia podem ser tomadas sob o aspecto de sua predominância, ora repressiva,</p><p>ora preventiva, mas isto não lhes atribui um aspecto diferenciador definitivo e iso-</p><p>lado. A alternativa “b” está incorreta ao afirmar que a polícia judiciária é repressiva</p><p>e está adstrita aos órgãos e agentes do Poder Judiciário, pois ela está ligada aos</p><p>órgãos que compõem a segurança pública. A alternativa “c” está errada, pois a polícia</p><p>judiciária atua sobre as pessoas, e a polícia administrativa incide sobre bens,</p><p>direitos e atividades. A alternativa “d” está correta, pois a polícia judiciária é exer-</p><p>193</p><p>cida dentro de um núcleo jurídico penal, incidindo por força disso sobre a pessoa e</p><p>apresentando caráter eminentemente repressivo, enquanto a polícia administrativa,</p><p>que ostenta natureza predominantemente preventiva, tem espaço diante do ilícito</p><p>administrativo, incidindo sobre bens, direitos e atividades. A alternativa “e”, por sua</p><p>vez, está incorreta, pois a polícia administrativa pode ser exercida por diversos órgãos</p><p>da administração pública, inclusive por aqueles encarregados da saúde, educação,</p><p>trabalho e previdência social.</p><p>5. A. A alternativa “a” está correta, pois conforme estabelece o art. 144, § 1º, inciso IV</p><p>da Constituição Federal, a polícia federal detém competência para exercer, com ex-</p><p>clusividade, as funções de polícia judiciária da União. A alternativa “b” está incorreta,</p><p>pois as polícias penais não são forças auxiliares e reserva do Exército. A alternativa</p><p>“c” está incorreta, pois não compete às polícias civis a apuração de infrações penais</p><p>militares. A alternativa “d” está incorreta, pois não é obrigatória a constituição de</p><p>guardas municipais, e facultativo aos municípios criá-las, conforme estabelece o art.</p><p>144, § 8º. A alternativa “e” está incorreta, pois as polícias penais passaram a fazer</p><p>parte do rol de órgãos da segurança pública apenas em 2019, por meio da Emenda</p><p>Constitucional nº 104.</p><p>6. B. O policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública são atribuições da</p><p>Polícia Militar. Apesar de o art. 144, § 2º da CF estabelecer que o patrulhamento os-</p><p>tensivo das rodovias federais compete à Polícia Rodoviária Federal, a preservação da</p><p>ordem é competência constitucional das Polícias Militares, conforme estabelece o §</p><p>5º do mesmo dispositivo legal.</p><p>UNIDADE 4</p><p>1. C. Nesta questão você deve se orientar pelo texto constitucional disposto no art. 144,</p><p>§8º da CF, que estabelece as atribuições das guardas municipais.</p><p>2. D. Esta questão, também, encontra fundamento no texto constitucional, especifica-</p><p>mente no art. 30. É importante que você tenha conhecimento do que estabelece nossa</p><p>Carta Magna a respeito das competências municipais. Cuidar da saúde e assistência</p><p>pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência é competência</p><p>comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, conforme esta-</p><p>belece o art. 23, II da CF.</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10673132/artigo-144-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10673132/artigo-144-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10673132/artigo-144-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988</p><p>194</p><p>3. A. Você encontrará embasamento para responder essa questão no art. 6º da Lei</p><p>13.022/2014 — Estatuto Geral das Guardas Municipais. Esta estabelece que a Guarda</p><p>Municipal deve ser criada por Lei e não por decreto ou medida provisória. O texto</p><p>não expressa que se trata de lei municipal, mas, conforme estabelece a constituição</p><p>federal no art. 144, § 8º, as guardas municipais serão constituídas pelos municípios.</p><p>4. Para a contribuição da resolução dos problemas de segurança locais, é necessário</p><p>o envolvimento de diversos atores, como: órgãos da segurança pública (polícias civil</p><p>e militar e guarda municipal); comunidade; autoridades cívicas eleitas; empresários:</p><p>(independentemente do tamanho de seus empreendimentos) e outras instituições</p><p>públicas e as sem fins lucrativos, além da mídia. Os membros natos do CONSEG, no</p><p>entanto, de acordo com o Estatuto Estadual, são apenas o Delegado de Polícia, o Co-</p><p>mandante da Polícia Militar do bairro ou município e o Diretor da Guarda Municipal,</p><p>quando houver no município.</p><p>UNIDADE 5</p><p>1. Não existe resposta correta, pois, ainda, é muito cedo para avaliarmos o que realmente</p><p>aconteceu, no entanto esse é o meu entendimento baseado nos dados disponibilizados</p><p>pelo anuário brasileiro de segurança pública e no meu cotidiano como profissional</p><p>da segurança pública. Com o surgimento do novo coronavírus (covid-19), o mundo</p><p>se viu obrigado a fechar suas portas, de modo a diminuir a taxa de contágio e con-</p><p>trolar a pandemia alastrada globalmente. Com isso, as famílias tiveram de se isolar</p><p>dentro de suas respectivas casas, uma medida necessária, mas que trouxe outro</p><p>perigo mortal. Antes, o agressor saía de casa, o que dava oportunidade para a vítima</p><p>denunciar ou pedir ajuda, porém com a presença mais intensa dos agressores nos</p><p>lares, monitorando as mulheres, ocorreu consequentemente um constrangimento</p><p>da vítima em realizar ligações telefônicas ou, até mesmo, dirigir-se às autoridades</p><p>competentes para comunicar o ocorrido. Na contramão da redução de registros de</p><p>casos de violência doméstica, visualizamos um crescimento de 16,3% no número de</p><p>denúncias no país bem como um aumento de 4% no número de Medidas Protetivas</p><p>de Urgência concedidas. Desta forma, entendo que contrariando os dados, o que</p><p>ocorreu foi uma invisibilidade crescente da violência contra as mulheres, reflexo da</p><p>subnotificação que aumentou em decorrência da situação pandêmica.</p><p>195</p><p>2. E. A resposta correta é a E, pois a faixa etária com maior percentual em relação às</p><p>mortes violentas intencionais é aquela que compreende as idades entre 18 e 24 anos,</p><p>correspondendo a 29,8% do total de vítimas. A segunda maior frequência ficou na faixa</p><p>seguinte, entre os que possuem de 25 a 29 anos, representando 17,7% dos óbitos por</p><p>violência. Assim, agregadas, as duas faixas representam 47,3% do total de vítimas, o</p><p>que nos permite reafirmar com convicção que é a juventude a principal vítima das</p><p>mortes violentas no país. A alternativa A está incorreta, pois a população negra é a</p><p>mais afetada, 75,8% das vítimas de mortes violentas intencionais são negras. A alter-</p><p>nativa B, por sua vez, está incorreta, pois das 50.033 mortes violentas intencionais</p><p>registradas, apenas 3.913 eram de mulheres, dos quais 1.350 foram registrados como</p><p>feminicídios. Já a alternativa C está incorreta, pois a melhor forma de se combater os</p><p>índices de criminalidade no país é por meio de políticas públicas de segurança. Por</p><p>fim, a alternativa D está incorreta, pois a ausência de infraestrutura urbana, a falta</p><p>de escolas, empregos, hospitais públicos e concentração de renda tem relação direta</p><p>com</p><p>os índices de criminalidade.</p><p>3. A. O próprio enunciado e o gráfico apresentam fundamentos para as respostas. A</p><p>alternativa A está incorreta e, consequentemente, é a resposta certa, pois existe uma</p><p>evidente distinção de raça/cor na população carcerária que corresponde a quase</p><p>dois terços da população carcerária no Brasil. Desta forma, as alternativas B e C são</p><p>afirmações corretas, e não é a resposta que procuramos. A alternativa D e E são</p><p>verdadeiras, visto que 716.967 presos são homens e, apenas, 36.999 são mulheres,</p><p>sendo 68% delas negras.</p><p>Segurança Pública: Origem e Conceitos</p><p>Segurança Pública e a Ordem Constitucional</p><p>Gestão Estratégica em Segurança Pública</p><p>O município e a Segurança Pública</p><p>Um diagnóstico da Segurança Pública</p><p>_GoBack</p><p>_fg95ozahj07u</p><p>_678o6yyn0p0a</p><p>_kek99lz1c6t9</p><p>_rslwfk2kjbde</p><p>_42fi9ecsuk1j</p><p>_5s03lgkemtg0</p><p>_g66ylu47wobr</p><p>_67joirstzkut</p><p>_7t8136osyvqm</p><p>_oo1v8tqonkvz</p><p>_Hlk95855087</p><p>_tkdxumm06vmn</p><p>_vnog29lkj2b2</p><p>_o137ypdmwvi1</p><p>_m32h7ntqj53p</p><p>_m968ey8wpj0o</p><p>_vobu5sczq3ar</p><p>_8haqakj0xgkq</p><p>_yxg70iwymytp</p><p>_GoBack</p><p>Button 14:</p><p>Button 25:</p><p>Button 15:</p><p>Página 8:</p><p>Botão 22:</p><p>Botão 21:</p><p>Botão 23:</p><p>das</p><p>mesmas vantagens a ele atribuídas, quando mobilizadas ou a serviço da União</p><p>(BRASIL, 1934). Com a Constituição de 1934, a atribuição para legislar sobre a</p><p>polícia passa a ser privativa da União, juntamente com a organização da defesa</p><p>externa, de fronteiras e a organização das forças armadas.</p><p>No mesmo ano, a partir do Decreto n° 24.531, de 2 de junho de 1934, foi</p><p>implementada uma ampla reforma na estrutura da Polícia. Além de redefinir</p><p>funções e responsabilidades dos quadros, ampliou-se o poder do Chefe de</p><p>Polícia e se expandiu a estrutura policial. Como resultado dessas reformas,</p><p>a chefia de Polícia suplantou a estrutura do Ministério da Justiça e exerceu</p><p>poder direto sobre os órgãos de repressão federais e estaduais (COSTA,</p><p>2004). Em 1936, por meio da Lei n° 192, ficou definida a missão da Polícia</p><p>Militar, a qual estabelecia em seu art. 2º que:</p><p>“ Art. 2º. Compete às Polícias Militares:a) exercer as funções de vigi-</p><p>lância e garantia da ordem pública, de acordo com as leis vigentes;b)</p><p>garantir o cumprimento da lei, a segurança das instituições e o exer-</p><p>cício dos poderes constituídos;c) atender à convocação do Governo</p><p>Federal em grave comoção intestina, segundo a lei de mobilização</p><p>(BRASIL, 1936, on-line).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>24</p><p>A Constituição da ditadura de Getúlio Vargas, em 1937, manteve a competência</p><p>privativa da União para legislar sobre os aspectos referentes à segurança, prin-</p><p>cipalmente a segurança interna e a defesa do Estado. Inclusive, por meio do De-</p><p>creto-Lei n° 1.202, de 8 de abril de 1939, o presidente ampliou esse poder, ao</p><p>estabelecer que toda legislação estadual que tratasse sobre ordem, tranquilidade</p><p>e segurança pública, somente, teria validade depois de aprovada por ele (SOU-</p><p>ZA; ALBUQUERQUE, 2017). A preocupação era com um inimigo interno, e o</p><p>controle social era realizado pelas Forças Armadas juntamente com as polícias.</p><p>A Constituição de 1937 apresentava, em seus argumentos iniciais, aspectos</p><p>fundamentais para a compreensão das circunstâncias da época e seus reflexos</p><p>nos textos constitucionais seguintes, no que se refere à Segurança Pública e às</p><p>polícias. Aqui, o termo “segurança pública”, ainda, referia-se ao pretexto garantidor</p><p>da segurança nacional ou do Estado e não do cidadão.</p><p>Estudos que apontam para a relação entre a polícia e a sociedade durante</p><p>a Era Vargas (1930 a 1945), ainda, são escassos. De acordo com a maioria das</p><p>pesquisas, esse período da história brasileira se concentra nas atividades da po-</p><p>lícia política, esta ganhou força, ao final da República Velha, e teve como foco a</p><p>repressão aos comunistas, anarquistas e sindicalistas que se organizavam politi-</p><p>camente no Brasil (BRETAS; ROSEMBERG, 2013).</p><p>25</p><p>Getúlio Vargas, por meio do Decreto-Lei nº 6.378, de 28 de março de 1944, trans-</p><p>forma a Polícia Civil do Distrito Federal em Departamento Federal de Segurança</p><p>Pública, estabelecendo em seu art. 2º, como atribuição deste Departamento os</p><p>serviços de polícia e segurança pública do Distrito Federal e, no território nacio-</p><p>nal, os de polícia marítima, aérea e segurança de fronteiras, prestando apoio aos</p><p>serviços de polícias estaduais, especialmente quando interessadas à segurança</p><p>do Estado e à estrutura das instituições (BRASIL, 1944).</p><p>No art. 210 do Decreto-Lei 200, de 25 de fevereiro de 1967, o Departamento</p><p>Federal de Segurança Pública passou a ser denominado Departamento de Polícia</p><p>Federal (BRASIL, 1967). No site da Polícia Federal, consta que a instituição surgiu</p><p>em 1808, tendo origem na Intendência-Geral de Polícia da Corte e do Estado do</p><p>Brasil. No entanto a Polícia Federal, como a conhecemos, somente se consolidou</p><p>no período do regime militar (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).</p><p>Após a ditadura da Era Vargas, consolidou-se no Brasil um período democrá-</p><p>tico, entre os anos de 1946 e 1964. A Constituição de 1946 estabelece, no capítulo</p><p>“Das Forças Armadas”, as atribuições das polícias militares, caracterizando-as</p><p>como força auxiliar e reserva do Exército, instituída para segurança interna e ma-</p><p>nutenção da ordem nos estados. O art. 5º da respectiva Constituição estabelecia</p><p>as competências da União e o art. 183 fixava as competências da polícia militar.</p><p>“ Art. 5° - Compete à União:[...]IV - organizar as forças armadas, a</p><p>segurança das fronteiras e a defesa externa;[...]VII - superintender,</p><p>em todo o território nacional, os serviços de polícia marítima, aérea</p><p>e de fronteiras;[...] XV - Legislar sobre:[...]f) organização, instrução,</p><p>justiça e garantias das polícias militares e condições gerais de sua</p><p>utilização pelo Governo Federal, nos casos de mobilização ou de</p><p>guerra (BRASIL, 1946, on-line).</p><p>“ Art. 183 - As polícias militares instituídas para a segurança interna</p><p>e a manutenção da ordem nos Estados, nos Territórios e no Distrito</p><p>Federal, são consideradas, como forças auxiliares, reservas do Exér-</p><p>cito. Parágrafo Único - Quando mobilizado a serviço da União em</p><p>tempo de guerra externa ou civil, o seu pessoal gozará das mesmas</p><p>vantagens atribuídas ao pessoal do Exército(1946, on-line).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>26</p><p>A Constituição de 1946 foi a presença constitucional mais abundante, em que</p><p>foram fixados os campos de atuação dos organismos policiais militares. Ficou</p><p>estabelecida a missão das polícias militares como a manutenção da ordem pública</p><p>e a atuação na segurança interna (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017). Apesar de</p><p>algumas mudanças rumo à democracia, a relação entre sociedade e polícia era</p><p>de tensões semelhantes aos séculos anteriores. A época foi fortemente marcada</p><p>por traços de continuidade da Era Varguista. A atuação policial era reflexo das</p><p>limitações democráticas impostas, sendo comuns as denúncias de abuso policial,</p><p>envolvendo principalmente a prática de tortura nesse período.</p><p>Havia um conflito na atuação da polícia, ora se pautava por ideias e ações</p><p>condizentes com um estado de direito, ora por condutas características de perío-</p><p>dos ditatoriais. Apesar de alguns secretários da Secretaria de Segurança Pública</p><p>(SSP) serem contra a violência policial nas investigações, as práticas de tortura</p><p>e abuso permaneceram,</p><p>apontando para o dis-</p><p>tanciamento entre as</p><p>diretrizes e a conduta</p><p>real da organização. A</p><p>democracia começava</p><p>a se firmar, mas a tra-</p><p>dição autoritária não</p><p>fora superada (BATTI-</p><p>BUGLI, 2010).</p><p>27</p><p>Ditadura</p><p>Militar</p><p>Você pode notar que há um distanciamento gritante entre a política formal de</p><p>segurança pública e a cultura policial da época. Fato decorrente da conservação</p><p>da autonomia policial de atuação nas ruas, independentemente da instituciona-</p><p>lização (BRETAS; ROSEMBERG, 2013). Em 31 de março de 1964, foi deflagrado</p><p>o Golpe Militar. Após a instauração do Governo Militar, tratou-se de adaptar a</p><p>Constituição de 1946 às exigências do modelo militar-tecnocrático implantado</p><p>pelo golpe de 1964. O Congresso, por sua vez, reagiu contra essa iniciativa do</p><p>governo (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>28</p><p>O Brasil passou a ter novamente momentos de conflitos políticos e sociais, vi-</p><p>vendo em um regime de restrição da liberdade. Tal período foi caracterizado pela</p><p>falta de democracia, censura e perseguição política aos que eram contra a dita-</p><p>dura militar. O controle sobre o efetivo das Polícias Militares e a centralização da</p><p>segurança nas Forças Armadas tinham como particularidade a repressão, como</p><p>meio de preservar a ordem e os objetivos nacionais, restringindo os governadores</p><p>a organizarem as corporações estaduais (CRUZ, 2013).</p><p>No dia 7 de dezembro de 1966, o Ato Institucional nº 4 convocou o Con-</p><p>gresso para discutir, votar e promulgar o projeto da nova Constituição que</p><p>substituiria a Carta Magna de 1946, aumentando ainda mais o poder do Exe-</p><p>cutivo. Na Constituição da República de 1967, as Polícias Militares passaram a</p><p>ser comandadas por oficiais do Exército, que imprimiram à corporação valores</p><p>das Forças Armadas. Portanto, o Brasil adquiriu, nesse momento, uma polícia</p><p>repressora que priorizava a segurança nacional, desfavorecendo a segurança</p><p>pública e se inserindo em um contexto negativo, diante da sociedade brasilei-</p><p>ra. Típica do regime ditatorial, a ideologia militarista baseava-se no combate</p><p>e eliminação de um inimigo que perturbasse a ordem pública (CRUZ, 2013).</p><p>29</p><p>O conceito de Segurança Nacional estava, intimamente, associado à defesa do</p><p>Estado, e este princípio foi expresso na Constituição 1967, a primeira promul-</p><p>gada pelo regime militar (FREIRE, 2009). Comparando as Constituições de</p><p>46 e 67, verificamos que houve uma modificação na estrutura da missão das</p><p>Polícias Militares, além da inclusão dos Corpos de Bombeiros Militares. Para</p><p>os Constituintes de 1946, a missão mais importante talvez, é por isso colocada</p><p>à frente, era a de “segurança interna”; os Constituintes de 1967 inverteram as</p><p>posições, colocando à frente a missão de “manutenção da ordem” (KROEFF,</p><p>1986 apud SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).</p><p>Em 17 de outubro de 1969, foi outorgada a Emenda Constitucional n° 1,</p><p>que reformulou totalmente a Constituição de 1967. O texto constitucional</p><p>passou a conter um teor muito mais autoritário do que o contido na Carta de</p><p>1967, a qual, ainda, preservava certos direitos e garantias individuais. Tornou-</p><p>-se, então, patente o conflito entre o poder e a sociedade.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>30</p><p>As polícias militares, cujos comandantes foram substituídos por oficiais do</p><p>Exército, tiveram participação ativa na consolidação dessas medidas. Os organis-</p><p>mos de segurança pública, principalmente a polícia militar, foram, ao mesmo tem-</p><p>po, vítimas e instrumentos repressores a serviço da instalação e manutenção do</p><p>regime ditatorial no Brasil, pós-golpe de 1964 (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).</p><p>Em 1983, entrou em vigor um novo regulamento para as polícias militares e para</p><p>os corpos de bombeiros militares, chamado R 200. Por força do Decreto n° 88.777,</p><p>modificou os conceitos de grave perturbação ou subversão da ordem, de pertur-</p><p>bação da ordem e de policiamento ostensivo. Além disso, foram acrescentados os</p><p>conceitos de manutenção da ordem pública e de ordem pública (ROCHA, 1995).</p><p>Após o período ditatorial, em 1988, uma nova Constituição foi promul-</p><p>gada, definindo — de maneira parcialmente inovadora — o conceito de Se-</p><p>gurança Pública, prescrita no título dos Direitos e Garantias Fundamentais.</p><p>Ela estabelece, em seu artigo sexto, os direitos sociais: a educação, a saúde, o</p><p>trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à</p><p>maternidade e à infância e a assistência aos desamparados. Portanto, com a</p><p>nova Constituição Federal, a Segurança Pública passa a estar inserida no rol</p><p>dos direitos sociais e é reconhecida como um direito fundamental.</p><p>Foi somente com a promulgação da nossa atual Constituição que os direitos</p><p>fundamentais foram efetivamente reconhecidos. Já, em seu preâmbulo, que não</p><p>tem força normativa, mas se situa no domínio da política e reflete a posição</p><p>ideológica do constituinte, menciona que o Estado Democrático é destinado a</p><p>assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança,</p><p>o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos</p><p>de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia</p><p>social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica</p><p>das controvérsias (FOUREAUX, 2019).</p><p>A atual Constituição foi, também, a primeira a dedicar um capítulo ao</p><p>tema Segurança pública. Reservou o Capítulo III, do Título V, que se refere à</p><p>Defesa do Estado e das Instituições Democráticas, para tratar da Segurança</p><p>Pública e estabelece, em seu artigo 144, que a segurança pública é dever do</p><p>Estado, direito e responsabilidade de todos e visa à preservação da ordem pú-</p><p>blica, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio dos seguintes</p><p>órgãos: polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária federal;</p><p>31</p><p>polícias civis; polícias militares; corpos de bombeiros militares e polícias</p><p>penais federal, estadual e distrital (BRASIL, 1988).</p><p>As polícias penais foram criadas e incluídas na redação, recentemente, por</p><p>meio da Emenda Constitucional nº 104, de 2019. Às guardas municipais compete a</p><p>proteção dos bens, serviços e instalações dos Municípios, conforme dispõe o artigo</p><p>144, §8 da Constituição Federal, de 1988. A atual Constituição expressa, ainda, em</p><p>seu artigo 142, o papel das Forças Armadas, destacando sua responsabilidade pela</p><p>defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem.</p><p>Apesar da lista de responsáveis pela Segurança Pública mencionar, apenas, as</p><p>instituições policiais, há uma relação intergovernamental que foi reorganizada,</p><p>após a Constituição de 1988, para promoção da segurança pública. Isso porque,</p><p>ao mesmo tempo, o Governo Federal tomou para si a responsabilidade de zelar</p><p>pela segurança pública e garantir os direitos fundamentais bem como estimulou</p><p>a descentralização de programas específicos.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>32</p><p>Dentro da nova perspectiva de Segurança Pública, o controle da violência e a</p><p>garantia da ordem pública não é mais atribuição exclusiva das polícias, abrangen-</p><p>do também a sociedade civil e as agências de políticas sociais. Essa perspectiva</p><p>inovadora, além de ter caráter intersetorial, busca ultrapassar o viés repressivo/</p><p>punitivo, priorizando ações preventivas e a participação social.</p><p>O Estado democrático, fundamentalmente, a partir da Constituição de 1988,</p><p>vem tomando diversas medidas na área da segurança pública, ao longo dos suces-</p><p>sivos governos. Essa nova fase tem alguns marcos representativos, sendo o primei-</p><p>ro deles a criação da Secretaria de Planejamento de Ações Nacionais de Segurança</p><p>Pública (SEPLANSEG), instituída no Governo Fernando Henrique Cardoso, por</p><p>meio da Medida Provisória 813, de 1º de janeiro de 1995; mais tarde Lei nº 9.649,</p><p>de 27 de maio de 1998, e, posteriormente, transformada na Secretaria Nacional de</p><p>Segurança Pública (SENASP), com o Decreto nº 2.315, de 4 de setembro de 1997.</p><p>33</p><p>Lançado no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, no ano de 2000,</p><p>o Primeiro Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP) coloca a segurança</p><p>como tema central do país e do governo, tratando o assunto de forma diferente.</p><p>O PNSP contém os objetivos, metas e estratégias que devem ser observados e</p><p>atendidos pelos entes federados. É o principal instrumento legal de implemen-</p><p>tação da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social.</p><p>O caso fatídico que influenciou diretamente no anúncio do primeiro Plano Na-</p><p>cional de Segurança Pública foi o sequestro do ônibus 174, ocorrido no Rio de Janei-</p><p>ro, em junho de 2000. O crime expôs a calamidade da segurança pública brasileira.</p><p>Competências da Secretaria Nacional de Segurança Pública:</p><p>I. Assessorar o Ministro de Estado na definição, implementação e acompanhamento</p><p>da Política Nacional de Segurança Pública e dos Programas Federais de Prevenção</p><p>Social e Controle da Violência e Criminalidade;</p><p>II. Planejar, acompanhar e avaliar a implementação de programas do Governo Fede-</p><p>ral para a área de segurança pública;</p><p>III. Elaborar propostas de legislação e regulamentação em assuntos de segurança pú-</p><p>blica, referentes ao setor público e ao setor privado;</p><p>IV. Promover a integraçãxo dos órgãos de segurança pública;</p><p>V. Estimular a modernização e o reaparelhamento dos órgãos de segurança pública;</p><p>VI. Promover a interface de ações com organismos governamentais e não-governa-</p><p>mentais, de âmbito nacional e internacional;</p><p>VII. Realizar e fomentar estudos e pesquisas voltados para a redução da criminalidade</p><p>e da violência;</p><p>VIII. Estimular e propor aos órgãos estaduais e municipais a elaboração de planos e</p><p>programas integrados de segurança pública, objetivando controlar ações de orga-</p><p>nizações criminosas ou fatores específicos geradores de criminalidade e violência,</p><p>bem como estimular ações sociais de prevenção da violência e da criminalidade;</p><p>IX. Exercer, por seu titular, as funções de Ouvidor-Geral das Polícias Federais;</p><p>X. Implementar, manter e modernizar</p><p>o sistema nacional de informações de justiça</p><p>e segurança pública - INFOSEG;</p><p>XI. Promover e coordenar as reuniões do Conselho Nacional de Segurança Pública;</p><p>XII. Incentivar e acompanhar a atuação dos Conselhos Regionais de Segurança Pública; e</p><p>XIII. Coordenar as atividades da Força Nacional de Segurança Pública.</p><p>Fonte: Brasil (2007, on-line).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>34</p><p>Na trágica situação, uma refém, grávida, foi morta pela polícia. O sequestrador foi</p><p>morto asfixiado, no camburão, por policiais. Na semana seguinte, o ministro da Jus-</p><p>tiça, José Gregori, anunciou o lançamento do Plano Nacional de Segurança Pública.</p><p>O Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP) estabelecia iniciativas no lon-</p><p>go prazo, de caráter preventivo, e em médio e curto prazo, que se direcionavam às</p><p>instituições de Segurança Pública. Pela primeira vez, havia o reconhecimento de</p><p>que medidas repressivas implementadas pelas instituições tradicionais de combate</p><p>ao crime — polícia, justiça, sistema carcerário — demonstraram-se pouco eficazes</p><p>para inibir o crescimento da criminalidade, tanto no Brasil quanto no mundo.</p><p>Entende-se que a visão penal-repressiva, quando a ela se limita nossa compreensão</p><p>da realidade, permite apenas uma leitura descontextualizada e individualizada de</p><p>conflitos sociais. Essa repressão isolada não produz segurança, não tranquiliza e</p><p>apenas pune indivíduos por um mal social (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).</p><p>Em paralelo, também foi criado o Plano de Integração e Acompanhamento</p><p>dos Programas Sociais de Prevenção à Violência (PIAPS). Por meio deste plano,</p><p>a segurança pública passa ao lugar central, deixando de apenas permanecer</p><p>nas agendas de discussões. A partir daí, a delegação da responsabilidade da</p><p>segurança deixa de ser somente para os Estados e suas respectivas polícias.</p><p>Passou-se a articular os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, Ministério</p><p>Público, governos estaduais, municipais e demais setores da sociedade na rea-</p><p>lização de uma ação integrada no combate à violência no país.</p><p>O objetivo definido para esse plano foi o de aperfeiçoar o sistema de segu-</p><p>rança pública brasileiro, por meio de propostas que abrangessem políticas de</p><p>segurança, políticas sociais e ações comunitárias, de forma a prevenir e a reprimir</p><p>o crime e reduzir a impunidade, aumentando a segurança dos cidadãos.</p><p>No mesmo ano, foi criado o Fundo Nacional de Segurança Pública</p><p>(FNSP), instituído no âmbito do Ministério da Justiça. Criado pela Lei n°</p><p>10.201, de 14 de fevereiro de 2001, o FNSP foi a alternativa encontrada para</p><p>aumentar os investimentos na área, tendo como objetivo apoiar projetos na</p><p>área de segurança pública e prevenção à violência, enquadrados nas diretri-</p><p>zes do plano de segurança pública do Governo Federal.</p><p>Em 2004, criou-se, pelo governo federal, a Força Nacional de Segurança Pú-</p><p>blica (FNSP), formada por policiais federais e estaduais (art. 4°, parágrafo 2° do</p><p>Decreto 5.289 de 2004). Elaborada para atender às necessidades emergenciais dos</p><p>estados, em questões nas quais se fizerem necessárias a interferência maior do</p><p>35</p><p>poder público ou for detectada a urgência de reforço na área de segurança. Ela é</p><p>formada por policiais e bombeiros dos grupos de elite dos Estados, que passam</p><p>por um rigoroso treinamento na Academia Nacional de Polícia (da Polícia Fe-</p><p>deral), em Brasília, que vai desde especialização em crises até direitos humanos.</p><p>Constitui uma força tarefa, em que os estados se apoiam, quando ocorrem difi-</p><p>culdades momentâneas (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).</p><p>No segundo mandato do Presidente Lula, especificamente em 2007, o Go-</p><p>verno Federal, por intermédio do Ministério da Justiça/SENASP, cria o Progra-</p><p>ma Nacional de Segurança com Cidadania (PRONASCI), que prioriza ações</p><p>de prevenção, controle e repressão da violência, atuando no enfrentamento da</p><p>criminalidade, em nosso país, e articula políticas de segurança com ações sociais.</p><p>O PRONASCI marca uma iniciativa inédita no combate à criminalidade no</p><p>país. O projeto articula as políticas de segurança com ações sociais; prioriza a pre-</p><p>venção e busca atingir as causas que levam à violência, sem abrir mão das estraté-</p><p>gias de ordenamento social e repressão qualificadas. Entre os principais eixos do</p><p>Pronasci, destacam-se a formação e a valorização dos profissionais de segurança</p><p>pública; a reestruturação do sistema penitenciário; o combate à corrupção policial</p><p>e o envolvimento da comunidade na prevenção da violência (PRONASCI, 2007).</p><p>Em junho de 2012, desenvolveu-se o Programa Brasil Mais Seguro. Trata-se</p><p>de um programa do Governo Federal criado com o objetivo de reduzir os índi-</p><p>ces de criminalidade violenta, por meio de ações em cooperação da União com</p><p>Estados, Distrito Federal e Municípios. Entre as finalidades do programa estão: a</p><p>redução da impunidade, o aumento da sensação de segurança da população e o</p><p>maior controle de armas. O alcance dessas metas, por sua vez, só é possível com</p><p>a qualificação dos que atuam na segurança pública (CARVALHO, 2014).</p><p>Ainda, em 2012, durante o governo de Dilma Rousseff, foi criado o Sistema</p><p>Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade</p><p>de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (SINESP),</p><p>uma plataforma de informações integrada, com a finalidade de armazenar, tra-</p><p>tar e integrar dados e informações para auxiliar na formulação, implementação,</p><p>execução, acompanhamento e avaliação das políticas relacionadas à segurança</p><p>pública, ao sistema prisional e execução penal e o enfrentamento do tráfico</p><p>de drogas ilícitas. Possibilita consultas operacionais, investigativas e estratégicas</p><p>sobre segurança pública, implementado em parceria com os entes federados.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>36</p><p>O projeto, que cria o Sistema Unificado de Segurança Pública (SUSP), teve</p><p>origem no Projeto de Lei 1937/07, enviado pelo Executivo, em 2007, e des-</p><p>membrado em duas propostas, a pedido da Comissão de Educação e Cultura</p><p>da Câmara. O segundo texto (PL 3734/12) institui o Sistema Nacional de Es-</p><p>tatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal (SINESP) (BRASIL, 2012).</p><p>Recentemente, a Lei 13.675, sancionada em 11 de junho de 2018 (BRASIL,</p><p>2018a), revogou dispositivos da Lei 12.681/12, que criou o SINESP e instituiu</p><p>o Sistema Unificado de Segurança Pública (SUSP) (BRASIL, 2018b).</p><p>Aprovado pelo Congresso Nacional, depois de anos de estudo, o SUSP</p><p>é um primeiro e largo passo para o resgate do imenso passivo que o país</p><p>construiu por mais de um século na segurança pública. Sem atribuições</p><p>constitucionais em todas as nossas Cartas — desde a primeira, em 1824, até</p><p>a mais recente, em 1988 —, o governo central jamais teve mandato e recursos</p><p>compatíveis com a dimensão das necessidades da segurança pública, reflexo</p><p>da conta imposta aos estados, que arcaram, em 2016, com 85% dos gastos na</p><p>área, em contraste com 9% do Governo Federal (BRASIL, 2018b).</p><p>Por meio do SUSP, criou-se uma arquitetura uniforme para a segurança</p><p>pública, em âmbito nacional, a partir de ações de compartilhamento de dados,</p><p>operações integradas e colaborações nas estruturas de segurança pública fede-</p><p>ral, estadual e municipal. O objetivo é integrar os órgãos de segurança pública,</p><p>para que atuem de forma cooperativa, sistêmica e harmônica.</p><p>Para saber mais sobre esse Sistema que foi implantado</p><p>para preencher um vácuo de quase dois séculos e trouxe</p><p>a real possibilidade de, finalmente, contarmos com uma</p><p>Política Nacional de Segurança Pública, convido você a</p><p>ouvir o Podcast desta unidade.</p><p>O Ministério da Justiça e Segurança Pública é o órgão da administração pública</p><p>federal direta que tem a competência de coordenar o Sistema Único de Segurança</p><p>Pública. O Brasil possui Ministério da Justiça próprio, desde o Decreto de 3 de julho</p><p>de 1822, do Príncipe-Regente D. Pedro de Bragança, criando a Secretaria de Estado</p><p>dos Negócios da Justiça. A Lei nº 23, de 30 de outubro de 1891, mudou a denomi-</p><p>http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/25212052/do1-2018-06-12-lei-n-13-675-de-11-de-junho-de-2018-25211917</p><p>https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11546</p><p>37</p><p>nação para Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Pelo Decreto-Lei nº 200, de</p><p>25 de fevereiro de 1967, passou a denominar-se simplesmente Ministério da Justiça.</p><p>Em 2018, por meio da medida provisória 821, que alterou a Lei nº 13.502, de</p><p>1º de novembro de 2017, a qual versava sobre organização básica da Presidência</p><p>da República e dos Ministérios, instituiu-se o Ministério Extraordinário da Segu-</p><p>rança Pública, a medida provisória foi convertida na Lei nº 13.690, fazendo a fusão</p><p>do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que atualmente é o responsável por</p><p>coordenar o SUSP, promover a ordem jurídica, os direitos políticos e as garantias</p><p>constitucionais. Além de atuar no combate ao tráfico de drogas e crimes conexos.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>38</p><p>É importante ressaltar que a segurança pública é estabelecida em diversos tratados e</p><p>convenções internacionais, que impõe que seus signatários respeitem e cumpram o</p><p>que foi firmado por meio dos tratados, sob pena de serem acionados na esfera judicial</p><p>internacional, seja na Corte Internacional de Justiça, seja nos Tribunais Regionais.</p><p>No ano de 1993, ocorreu a Conferência Mundial de Direitos Humanos, rea-</p><p>lizada em Viena. O resultado desse evento para o Brasil veio em 1996, com a</p><p>implantação do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), lançado em</p><p>13 de maio e aperfeiçoado em 2000, com a instituição do II Programa Nacional</p><p>de Direitos Humanos, consequência da IV Conferência Nacional de Direitos</p><p>Humanos, de 1999 (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).</p><p>A Declaração Universal dos Direitos Humanos, um dos documentos responsá-</p><p>veis pela inserção do indivíduo como sujeito de direitos na Ordem Internacional,</p><p>reuniu em seu art. 3º, direitos decisivos e fundamentais, ao estabelecer que “todo</p><p>indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal” (UNESCO, 1998, on-</p><p>-line). Apesar de ser apresentada apenas como recomendação, é referência para todas</p><p>as normas nacionais e internacionais de direitos humanos (RODRIGUES, 2009).</p><p>Não há de se olvidar que a Ordem Pública engloba a segurança pública, sa-</p><p>lubridade, tranquilidade e a dignidade da pessoa humana. Sob esse contexto, o</p><p>artigo 29, inciso II, da Declaração dos Universal dos Direitos do Humanos, dis-</p><p>põe sobre o dever de o Estado respeitar os direitos fundamentais para alcançar</p><p>o bem-estar social e garantir a ordem pública (UNESCO, 1998).</p><p>Como exemplos relevantes dos avanços na área de direitos humanos que im-</p><p>pactam a segurança pública, podemos citar: o policiamento voltado ao cidadão, a</p><p>prevalência da mediação nos conflitos interpessoais e sociais, o policiamento comu-</p><p>nitário, a justiça mais próxima do cidadão, com a efetivação dos juizados especiais,</p><p>inclusive, em causas contra o Estado. Essa prevalência tem seu ápice na reforma do</p><p>judiciário de 2004, cuja emenda 45 possibilita status constitucional a tratados de</p><p>direitos humanos, após aprovação do legislativo (SOUZA; ALBUQUERQUE, 2017).</p><p>Analisando essa trajetória, você pode observar que a partir da década de 90,</p><p>após a constituição de 1988, destaque-se o período Fernando Henrique Cardoso</p><p>(1995-2003), houve uma virada positiva, democrática e progressista, modernizado-</p><p>ra e racionalizadora, à medida em que conferiu à questão da segurança um status</p><p>político superior, reconhecendo sua importância, a gravidade da situação e a neces-</p><p>sidade de que o governo federal assumisse as responsabilidades sobre a Segurança</p><p>Pública do país. Firmou, ainda, compromisso político com a agenda dos direitos</p><p>39</p><p>humanos, mais especificamente, na área da Segurança Pública, com uma pauta</p><p>virtuosa (prevenção; integração intersetorial e intergovernamental; valorização</p><p>da experiência local; qualificação policial; estímulo ao policiamento comunitário;</p><p>apoio ao programa de proteção às testemunhas e à criação de ouvidorias). As movi-</p><p>mentações do governo FHC, apesar de tímidas, foram inaugurais (SOARES, 2007).</p><p>No novo contexto democrático, as polícias e suas práticas deixaram de ser, ex-</p><p>clusivamente, voltadas para a segurança do Estado, direcionando-se para a defesa</p><p>dos cidadãos e a proteção de seus direitos. Ante o exposto, você pode visualizar,</p><p>de forma panorâmica, a formação dos órgãos que originaram as instituições e</p><p>formam o atual sistema nacional de segurança pública no Brasil. Observando</p><p>desta forma, a Segurança Pública foi se instituindo paulatinamente no Brasil.</p><p>De início, durante os períodos Colonial, Imperial e República, confundia-se</p><p>com a defesa do próprio território. Nos períodos ditatoriais, a preocupação era</p><p>com a Segurança Nacional, priorizando a defesa do Estado e a ordem política.</p><p>Com a promulgação da Constituição de 1988, passou a ser tratada como direito</p><p>fundamental, tendo como principal objetivo a preservação da ordem pública e</p><p>da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Apenas com a promulgação da</p><p>Constituição de 1988, a Segurança Pública foi reconhecida como direito funda-</p><p>mental, sendo dever do Estado e responsabilidade de todos.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>40</p><p>A perspectiva da Segurança Pública desloca o papel de prevenção e controle</p><p>da violência, realizado pelas Forças Armadas, para as instituições policiais. Nesse</p><p>sentido, no paradigma da Segurança Pública, cabe primordialmente às instituições</p><p>policiais a responsabilidade pelo controle e prevenção da violência (FREIRE, 2009).</p><p>A segurança pública, porém, vai muito além do controle realizado pelas ins-</p><p>tituições policiais. Trata-se de um direito fundamental, individual e coletivo que</p><p>deve ser garantido pelo Estado; precisa ter uma atuação positiva; assegurar a plena</p><p>e efetiva condição do exercício dos direitos sociais e, também, uma atuação ne-</p><p>gativa, consistente em não violar os direitos e garantias fundamentais inerentes a</p><p>todo ser humano. Eventuais restrições devem ocorrer de forma limitada (teoria</p><p>dos limites), visando assegurar os direitos fundamentais e dar a maior eficácia à</p><p>norma, de forma que os direitos fundamentais sejam observados em sua plenitude.</p><p>A teoria dos limites estabelece a possibilidade dos direitos e garantias fundamentais so-</p><p>frerem limitações ou restrições, quando gerarem conflitos com outros direitos estabeleci-</p><p>dos pela Constituição Federal, devendo-se observar, nesses casos, o princípio da razoabi-</p><p>lidade. Os direitos fundamentais não são absolutos, todos eles são relativos.</p><p>Fonte: Machado (2020, on-line).</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>Portanto, temos que a segurança pública é o conjunto de medidas e garan-</p><p>tias que asseguram a manutenção da ordem pública, traduzindo-se em um</p><p>convívio pacífico e harmônico entre os membros da sociedade. Consiste em</p><p>uma situação de preservação ou restabelecimento da convivência social, que</p><p>permite a todos gozarem de seus direitos e exercerem suas atividades sem per-</p><p>turbação de outrem, salvo nos limites de gozo e reivindicação de seus próprios</p><p>direitos e defesa de seus legítimos interesses.</p><p>A segurança é preambular, assecuratória do bem-estar e da consecução dos</p><p>demais objetivos nacionais. Trata-se de um direito fundamental e está intrinse-</p><p>camente ligado à garantia de outros direitos fundamentais, pois, por meio dela,</p><p>é assegurado o gozo de muitos outros, como a vida, a liberdade e a propriedade.</p><p>41</p><p>Segurança do Território: defesa do território brasileiro contra possíveis ataques e inva-</p><p>sões estrangeiras, por meio de organizações de caráter privado.</p><p>Segurança Nacional: proteção dos interesses nacionais, soberania e ordem pública, por</p><p>meio das Forças Armadas.</p><p>Segurança Pública: preservação da incolumidade pública, integridade das pessoas e do</p><p>patrimônio, promovida pelas instituições policiais e políticas públicas.</p><p>EXPLORANDO IDEIAS</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Título: A segurança Pública: histórico, realidade e desafios</p><p>Autor: Cesar Alberto Souza e Marinson Luiz Albuquerque</p><p>Editora: Intersaberes</p><p>Sinopse: Todos sabemos que a falta de segurança pública é tema de</p><p>preocupação no Brasil. Por meio de uma abordagem histórica e cultural do</p><p>desenvolvimento</p><p>e da atuação das instituições que compõem o sistema de</p><p>segurança pública no Brasil, vamos juntos nesta obra refletir sobre como</p><p>tem se dado o funcionamento e a organização dos planos e dos modelos de</p><p>segurança pública em nosso país.</p><p>NOVAS DESCOBERTAS</p><p>Título: Última parada 174</p><p>Ano: 2008</p><p>Sinopse: O filme retrata a história do assaltante Sandro, que por 5</p><p>horas dominou os passageiros do ônibus 174. Aborda a história de</p><p>vida do assaltante, morador de uma favela, que presenciou o assassinato de</p><p>sua mãe. Após alguns dias morando com sua tia, resolve morar nas ruas. Ele</p><p>foi morar na Candelária e tornou-se um dos sobreviventes, porque se fingiu</p><p>de morto, da chacina que ocorreu. Entre tantos dissabores da vida, teve um</p><p>dia muito ruim, entrou em um ônibus somente para se deslocar de um lugar</p><p>para o outro, mas um mal-entendido o levou a virar o sequestrador do ôni-</p><p>bus, assassino e, em seguida, assassinado.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 1</p><p>42</p><p>Você pôde perceber que a área da segurança pública está em constante evolução</p><p>e requer que você se mantenha atualizado. Para uma atuação de qualidade, é</p><p>preciso que você primeiramente saiba da importância da Segurança Pública para</p><p>a sociedade. É essencial, também, saber quais são e como funcionam os órgãos</p><p>e instituições que atuam na promoção da Segurança Pública, além de saber suas</p><p>obrigações e deveres. Desta forma, você poderá atuar como agente qualificado</p><p>e capacitado, além de gestor na área de segurança pública, podendo inclusive se</p><p>especializar nessa área e, também, atuar como professor.</p><p>Aqui, o estudante fará sua autoavaliação, como se fosse um checklist, mas em um</p><p>formato mais divertido. Abaixo segue as questões para criar o Mapa da Empatia:</p><p>Depois de estudar a Unidade 1, na qual tratamos da evolução histórica e alguns</p><p>conceitos acerca da Segurança Pública, o que você pensa sobre a evolução da</p><p>segurança em nosso país? Qual a importância do conteúdo abordado para o</p><p>exercício da sua profissão?</p><p>Você já tinha estudado o desenvolvimento da segurança pública em nosso país?</p><p>Sabia que ela foi se instaurando paulatinamente em nosso Estado?</p><p>O que você achou do conteúdo abordado até o momento? Faz sentido um pro-</p><p>fissional da segurança pública estudar a evolução histórica e alguns conceitos</p><p>atinentes a esse tema?</p><p>Quais são as suas maiores dificuldades até o momento?</p><p>O que você acha que tem de estudar para entender melhor a sua área de atuação?</p><p>Você consegue entender como a análise da evolução, alguns conceitos e exemplos</p><p>são essenciais para a sua compreensão?</p><p>2Segurança</p><p>Pública e a Ordem</p><p>Constitucional</p><p>Esp. Vanessa Carnieto</p><p>Esta unidade será muito importante para sua compreensão acerca</p><p>da ordem constitucional e como ela organiza a segurança pública.</p><p>Você aprenderá que a nossa atual Constituição Federal — o estatuto</p><p>jurídico que rege e constitui o Estado de Direito —, além de estabele-</p><p>cer os órgãos que compõem a segurança pública, regulamenta suas</p><p>atividades. Para sua trajetória como profissional na área de segurança</p><p>pública, é essencial que você conheça o que estabelece a nossa Carta</p><p>Magna para que, sempre, exerça suas atividades, pautando-se na le-</p><p>galidade. É de suma importância, também, que você compreenda que</p><p>a segurança pública é a garantia da proteção dos direitos individuais</p><p>de cada cidadão, fazendo com que ele exerça seu direito de cidadania.</p><p>UNIDADE 2</p><p>46</p><p>A segurança pública é um direito fundamental, essencial à preservação da</p><p>vida e à garantia de direitos. Quem, porém, tem o dever de assegurar à socie-</p><p>dade o direito de viver em segurança? Você, profissional da segurança públi-</p><p>ca, já teve a impressão de que a segurança pública é um problema da polícia?</p><p>Que apenas os órgãos pertencentes à Secretaria de Segurança possuem com-</p><p>petência para lidar com os problemas do crime e da insegurança? Quando</p><p>você fizer uma leitura aprofundada do texto constitucional perceberá que,</p><p>embora a segurança pública seja dever do Estado, ela é responsabilidade de</p><p>todos. E quem melhor que o próprio cidadão para conhecer as questões de</p><p>segurança pública de sua região e, até mesmo, indicar as soluções?</p><p>Eu imagino que os questionamentos anteriores o(a) fazem refletir sobre a</p><p>importância da tutela difusa da segurança pública, a qual busca uma atuação de</p><p>forma multidisciplinar, preventiva e integrada com diversos órgãos da segurança</p><p>pública e a interação com a sociedade, a fim de garantir o pleno gozo</p><p>do direito fundamental que é a segurança pública. Por meio deste</p><p>conteúdo, você poderá se contextualizar e aprofundar seu conheci-</p><p>mento para o melhor desempenho de sua atividade. Para isso, convido</p><p>você a fazer a leitura a seguir:(Qr Code).</p><p>O documento, elaborado pelo Ministério Público de Santa Catarina, é uma</p><p>cartilha explicativa da Tutela Difusa da Segurança Pública elaborada para o Esta-</p><p>do, que busca incrementar a colaboração com os órgãos públicos e a aproximação</p><p>com a sociedade para o aprofundamento da análise e solução dos problemas</p><p>sociais, sobretudo aqueles relacionados à segurança pública.</p><p>Como você verificou, a segurança pública, no Brasil, é um direito social, dis-</p><p>posto no art. 6º da CF, e um direito fundamental, elencado no art. 144, da CF, a</p><p>qual estabelece que a segurança pública é dever do Estado e responsabilidade de</p><p>todos. Agora que você já aprendeu sobre esses direitos, faça uma breve diferen-</p><p>ciação entre o direito social (e o que ele abrange) e o direito fundamental.</p><p>Analisando tudo que abordamos nesta unidade, convido você, profissional</p><p>de segurança pública, a fazer os apontamentos em seu Diário de Bordo, com o</p><p>objetivo de anotar suas primeiras impressões, até o momento, e refletir sobre o</p><p>tema. Escreva os resultados de sua pesquisa e observe se você conseguiu entender</p><p>o que é um direito social e o que é um direito fundamental. Depois, de acordo</p><p>com suas reflexões, aponte qual geração/dimensão de direitos você enquadraria a</p><p>segurança pública. Não se preocupe; aqui, não existe certo ou errado, apenas uma</p><p>47</p><p>análise pessoal sobre qual geração você entende ser mais adequada, uma vez que</p><p>a doutrina não tende a classificar, objetivamente, esse direito no arrolamento dos</p><p>paradigmas. A seguir, você pode fazer sua categorização e refletir.</p><p>UNICESUMAR</p><p>UNIDADE 2</p><p>48</p><p>Como você já viu na Unidade 1, a Constituição de 1988 foi a primeira a dedicar um</p><p>capítulo ao tema da segurança pública e a tratá-la como direito social e fundamental.</p><p>O direito à segurança pública, em sua atual dimensão, tem previsão ex-</p><p>pressa na Constituição Federal do Brasil (preâmbulo, arts. 5º, 6º e 144) e</p><p>decorre do Estado Democrático de Direito (cidadania e dignidade da pes-</p><p>soa humana, art. 1º, II e III, CF) e dos objetivos fundamentais da república</p><p>(sociedade livre, justa e solidária e bem de todos, art. 3º, I e IV). A segurança</p><p>pública é considerada dever do Estado, direito e responsabilidade de todos,</p><p>destinada à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e</p><p>do patrimônio, os quais implicam em um meio de garantir a inviolabilida-</p><p>de do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,</p><p>direitos e garantias fundamentais do cidadão (SATIN, 2013).</p><p>A colocação do serviço público como direito fundamental é um mecanismo</p><p>de ação afirmativa, de prestígio e destaque dessa função pública, um fator im-</p><p>portante para a melhoria da prestação de serviço público ao povo, com inegável</p><p>capacidade de transformação social, redução das desigualdades, melhor atendi-</p><p>mento pelos órgãos públicos e instrumento importante para a efetivação dos</p><p>direitos sociais e do mínimo existencial (SANTIN, 2019).</p><p>Os direitos fundamentais são divididos em dois grandes grupos: direitos de</p><p>defesa e direitos a prestações. Aqui, o direito à segurança será visto pelos dois</p><p>aspectos, pois, quando individual, de defesa; quando social, prestacional. O que</p><p>se busca — isto, sim, é pensar que as categorias básicas da Teoria do Direito são</p><p>formadas por um conjunto normativo — tendente à máxima garantia</p>

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