Prévia do material em texto
LOGÍSTICA EMPRESARIAL Prof. ME. Henrique Lacerda Nieddermeyer 005 Aula 01: 015 Aula 02: 025 Aula 03: 033 Aula 04: 041 Aula 05: 049 Aula 06: 056 Aula 07: 063 Aula 08: 072 Aula 09: 080 Aula 10: 088 Aula 11: 095 Aula 12: 103 Aula 13: 114 Aula 14: 121 Aula 15: 127 Aula 16: Fundamentos da Logística Empresarial Fundamentos do Transporte O Modal Rodoviário O Modal Ferroviário O Modal Aquaviário O Modal Dutoviário O Modal Aeroviário Fundamentos de Distribuição Fundamentos de Armazenagem Fundamentos de Estoques A Cadeia de Suprimentos Logística A Função Compras Tecnologias Aplicadas à Logística Fundamentos de Logística Reversa Perfil do Profissional de Logística O Nível de Serviço Logístico Introdução Caro(a) aluno(a), este material foi produzido com a intenção de transmitir, além da teoria, alguns aspectos práticos, do cotidiano das organizações que atuam no setor logístico. Você verá importantes conceitos e fundamentos que nortearão sua vida acadêmica e sua visão profissional. Iniciamos nossos estudos pelos fundamentos da logística empresarial, como termos e definições próprias dessa importante área que certamente serão esclarecedoras na sua busca por conhecimento. Os fundamentos do transporte deixarão claras algumas situações atuais pelas quais passamos em nosso cotidiano, como exemplo, altos custos de fretes e pedágios, além da infraestrutura logística do país. Na sequência, abordaremos as características e peculiaridades dos cinco modais de transporte com foco nas principais vantagens e desvantagens de cada um deles, dando subsídio teórico para eventuais tomadas de decisão quanto à escolha do melhor tipo de transporte. Também destacaremos duas áreas consideradas pilares da logística: a distribuição e a armazenagem. Não menos importante são os fundamentos de estoques, que nos dão uma noção bastante clara dos desafios enfrentados pelo gestor quanto à manutenção ou não de estoques em suas empresas, e abordaremos as dúvidas em se manter estoque ou optar pela filosofia Just in Time (somente o necessário). Estudaremos sobre a cadeia de suprimentos logística e as atividades a ela inerentes, como por exemplo, o compartilhamento de informações entre os diversos atores do canal logístico de modo a obtenção de vantagens competitivas e consequentemente a satisfação do cliente pela rapidez na entrega e redução de custos. Veremos ainda as complexidades do setor de compras ou aquisições das empresas modernas, bem como as tecnologias utilizadas para controle de todas as atividades da cadeia de suprimentos. Estudaremos também sobre a logística reversa e os motivos que levam os empresários a adotá-la, além da legislação pertinente e face ao dinâmico cenário da logística e suas características específicas, veremos ainda o perfil do profissional de logística, com foco nas características e da necessidade de aprimoramento constante. 3 Finalizando nossos estudos, abordaremos o nível de serviço logístico, que se refere àquilo que o cliente percebe, além do produto ou serviço ele adquire. Veremos a importância dos profissionais e empresas do setor em cumprir a missão logística, que é entregar o produto certo, no prazo certo, dentro das condições estabelecidas ao menor custo para o cliente! Bons estudos! 4 01 Fundamentos da Logística Empresarial 5 Prezado(a) aluno(a), é muito comum quando perguntamos a uma pessoa que não é da área sobre o que ela entende por logística, e a resposta mais comum é aquela relacionada a caminhões. É impressionante o quanto essa associação é recorrente! E você? Se tivesse que, de súbito, apresentar um conceito de logística, qual seria a sua resposta? É muito provável que não seria tão diferente dos demais. Voltemos então à época que precedeu a Revolução Industrial, quando a maioria dos produtos era fabricada de forma artesanal, unitária e exclusiva. Um artesão primeiramente recebia o pedido, demorava um certo tempo na produção do item, envolvia o uso de recursos dos mais variados e quando pronto, o comprador vinha retirar o produto comprado. Podemos notar, nesse processo simples, que havia pouca concorrência e que o artesão poderia demorar o tempo necessário para produzir o item, a�nal, o comprador não teria outra opção de compra. Se considerarmos que, entre esse período narrado e os tempos atuais tivemos algumas revoluções industriais, perceberemos que o cenário mudou radicalmente. O mundo está globalizado, aproximando o comércio de todos os países do planeta. Nesse sentido, é impossível imaginar qualquer atividade produtiva sem o apoio da logística. Mas, a�nal, o que signi�ca logística? 6 Hoje, é muito comum ouvirmos e lermos sobre o desvirtuamento do conceito de logística. É frequente em reuniões familiares discutir a logística da família durante a semana, e um proprietário que estampa na porta do veículo o termo “logística”. De acordo com Dias (2010, p. 3), “existe um grande interesse pela administração logística, que inclusive atualmente virou um termo cabalístico que de�ne qualquer coisa, tudo virou logística e serve para tudo”. Mas quais motivos explicam esse interesse e modismo pela utilização constante do termo logística? Nesse sentido, Dias (2010, p. 3) destaca que tal interesse pode ser explicado por seis razões importantes: 1. rápido e elevado crescimento dos custos, particularmente concentrado nos serviços de transporte, armazenagem e infraestrutura; 2. desenvolvimento de técnicas matemáticas, de equipamentos e de software com sistemas capazes de tratar e�cientemente a massa de dados normalmente necessária para a análise de um problema logística; 3. complexidade crescente em prazos, fornecedores e custos da administração de materiais e da distribuição física, tornando necessários sistemas mais complexos; 4. disponibilidade de maior gama de serviços e provedores logísticos; 5. mudanças rápidas de mercado e de canais de distribuição, especialmente para bens de consumo; 6. tendência dos varejistas e atacadista transferirem as responsabilidades de gestão dos estoques para os fabricantes. Para dar continuidade a nossa conceituação de logística, é importante veri�car que o comércio mundial está sempre em movimento, 24 horas por dia e sete dias por semana. É importante salientar que a origem do termo logística é do meio militar, conforme destaca Ballou (2010, p. 27), “logística é o ramo da ciência militar que lida com a obtenção, manutenção e transporte de material, pessoal e instalações”. O autor também destaca uma de�nição que engloba a essência da gestão da logística empresarial, promulgada pelo Council of Logistics Management (CLM): 7 Logística é o processo de planejamento, implantação e controle do �uxo e�ciente e e�caz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender às exigências dos clientes (BALLOU, 2010, p. 27) Acesse o link: Disponível aqui Agora, que você está conhecendo o cenário dinâmico da logística, não seria interessante a sua participação na maior rede global de pro�ssionais de logística? Basta clicar no link abaixo, conhecer, explorar e �car atento às novas práticas da logística a nível mundial: Nesse contexto, de modo complementar, Bowersox e Closs (2011, p. 20, grifo meu) apresentam um conceito mais amplo da logística: A logística envolve a integração de informações, transporte, estoque, armazenamento, manuseio de materiais e embalagem. Todas essas áreas que envolvem o trabalho logístico oferecem variedade de tarefas estimulantes. Combinadas, essas tarefas tornam o gerenciamento integrado da logística uma pro�ssão desa�ante e compensadora. Já Pires (2012, p. 41) apresenta a seguinte de�nição de logística, integrando-a no contexto da cadeia de suprimentos: 8 https://www.cscmp.com.br/ Figura 1 – A cadeia de suprimentos logística A CADEIA DE SUPRIMENTOS LOGÍSTICA FORNECEDORES COMPRAS/AQUISIÇÕES PRODUÇÃO Logística reversa Logística inbound Logística outbound novo pedido ESTOQUE DISTRIBUIÇÃO CLIENTEFINAL Fonte: O autor Logística é a parte dos processos da cadeia de suprimentos (SC) que planeja, implementa e controla o �uxo e estocagem de bens, serviços e informações correlatas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender as necessidades dos clientes. A de�nição que considera a logística um processo é bastante interessante, pois retrata a responsabilidade por diversas etapas do produto, desde a aquisição de sua matéria-prima até a entrega do produto acabado ao cliente �nal, implicando inclusive a a�rmação de que a logística é parte do processo da cadeia de suprimentos, também conhecida como gerenciamento da cadeia de suprimentos. Por meio da Figura 1, é possível a melhor compreensão do conceito de cadeia de suprimentos logística: A �gura 1 retrata a movimentação do produto, de forma planejada e ordenada, desde a aquisição de sua matéria-prima, sua transformação até a chegada ao cliente �nal. Este, por sua vez, estando satisfeito, faz um novo pedido e realimenta o ciclo logístico. 9 Nesse contexto, é importante destacar a missão da logística, que segundo Ballou (2001, p. 21) “é dispor a mercadoria ou o serviço certo, no lugar certo, no tempo certo e nas condições desejadas, ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuição à empresa”. Em outros termos, a missão da logística é entregar o produto ao cliente a um custo razoável e que traga lucro para a empresa. Complementando o conceito de missão da logística, Bowersox e Closs (2011, p. 23, grifo meu) destacam: A logística existe para satisfazer às necessidades do cliente, facilitando as operações relevantes de produção e marketing. Do ponto de vista estratégico, os executivos de logística procuram atingir uma qualidade prede�nida de serviço ao cliente por meio de uma competência operacional que represente o estado-da-arte. O desa�o é equilibrar as expectativas de serviços e os gastos de modo a alcançar os objetivos do negócio. 10 Ballou (2010, p. 27) destaca que “a logística é parte do processo da cadeia de suprimentos, e não do processo inteiro”. Desta forma, o que signi�ca o processo da cadeia de suprimentos ou gestão da cadeia de suprimentos? O gerenciamento da cadeia de suprimentos é um termo surgido mais recentemente e que capta a essência da logística integrada e inclusive a ultrapassa. O gerenciamento da cadeia de suprimentos destaca as interações logísticas que ocorrem entre as funções de marketing, logística e produção no âmbito de uma empresa, e dessas mesmas interações entre as empresas legalmente separadas no âmbito do canal de �uxo de produtos. Dentro desse contexto, Pires (2012, p. 41) apresenta um conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM) bastante conciso: SCM é a integração dos processos de negócios desde o usuário �nal até os fornecedores originais (primários) que providenciam produtos, serviços e informações que adicionam valor para os clientes e stakeholders. Prezado(a) aluno(a), inserimos, na �gura 1, dois conceitos importantes de logística que compõem a cadeia de suprimentos, que precisam ser explicitados e conhecidos conforme a aplicação prática no meio logístico. Enquanto à logística inbound (inbound signi�ca entrada) competem os esforços e atividades de abastecimento, ou seja, compras e aquisições, à logística outbound (outbound signi�ca saída) competem os esforços de distribuição, ou seja, entregar os produtos ao cliente �nal ao menor custo possível (o autor). 11 É muito importante para todos que militam no ambiente da logística conhecer a diferenciação entre logística inbound e logística outbound. Nesse sentido, é importante fazer uma pesquisa mais ampla e buscar exemplos práticos da aplicação desses termos no cotidiano das empresas. Por meio do desenho e identi�cação de todos os atores de uma determinada cadeia de suprimentos, é possível criar oportunidades para melhoria dos custos e prestação de serviços aos consumidores, mediante coordenação e colaboração entre todos os integrantes do canal logístico nos pontos em que algumas das atividades essenciais da cadeia de suprimentos (transporte, armazenagem e distribuição) podem não estar sob o controle direto dos especialistas em logística (BALLOU, 2010). Em outros termos, o gerenciamento da cadeia de suprimentos tem como principal objetivo a coordenação do �uxo de produtos ao longo do canal logístico para a geração de vantagem competitiva e lucratividade para os integrantes dessa cadeia. Por meio da Figura 2, é possível a visualização do �uxo de atividades no âmbito da cadeia de suprimentos: 12 Figura 2 – Um modelo do gerenciamento da cadeia de suprimentos A CADEIA DE SUPRIMENTOS O ambiente global Fluxos da cadeia de suprimentos Satisfação do cliente/ valor/ lucratividade/ vantagem competitiva Coordenação intercorporações (intercâmbio funcional, fornecedores terceirizados, gestão de relacionamentos, estruturas de cadeia de suprimentos) Coordenação interfuncional (confiança, compromisso, risco, dependência, comportamentos) Marketing Vendas Pesquisa e desenvolvimento Previsão Produção Compras Logística Sistemas de informação Finanças Serviços ao Cliente Fornecedor do fornecedor Fornecedor Firma focal Cliente do cliente Cliente Produtos Serviços Informação Recursos Financeiros Demanda Previsões Fonte: Ballou (2010, p. 28) [Adaptado] Prezado(a) aluno(a), ao �nalizarmos esta aula, espero que você possa ter não só compreendido os conceitos dessa importante área, que é a logística empresarial, mas também seja capaz de diferenciá-la do conceito de cadeia de suprimentos. 13 Fonte: O autor Se você está interessado na área, iniciando suas atividades na área logística ou já é um pro�ssional, não se preocupe muito em decorar os termos usualmente utilizados na área, mas sim em entendê-los. Embora a logística seja uma área que surgiu na esfera militar, os seus termos mudam ou se transformam constantemente. A�nal, o objetivo da logística é propiciar o menor custo para a empresa e para o cliente. A logística é mais que uma área, é uma necessidade! Portanto, nesse contexto, cabe aqui relatar o resultado de uma pesquisa que realizei com meus alunos do curso de logística. Na fase �nal do curso, solicitei a todos que realizassem uma pesquisa nas 80 empresas de logística instalada na cidade com uma pergunta direcionada ao principal gestor da empresa: “Qual atributo que você mais valoriza no momento da contratação de um novo funcionário da área de logística?” Na pesquisa, não deixamos opções para marcar um X, mas sim um vasto campo em branco, que de forma propositada, era para que o gestor logístico escrevesse o que bem quisesse. E a resposta geral foi surpreendente! Como professor de logística e coordenador da consultoria júnior de logística, �quei impressionado. Cerca de 80% dos entrevistados responderam que o principal atributo para um novo colaborador na área de logística era o comprometimento! Isso mesmo! Comprometimento! Em outros termos, o gestor logístico quer um pro�ssional que esteja com ele nos tempos bons e também nos ruins, ou seja, que não pule do barco! Por meio dessa pesquisa, é possível inferir que os conhecimentos da área são importantíssimos, e que não basta apenas conhecer a teoria. É importante que você já comece a se preocupar e a se envolver com a prática. 14 02 Fundamentos do Transporte 15 Prezado(a) acadêmico(a), a essência da logística é o transporte de cargas, a�nal, o que se produz precisa chegar ao consumidor �nal no menor tempo possível. Nesse contexto, ao analisarmos a Figura 1, podemos a�rmar que a logística empresarial tem três pilares: transporte, armazenagem e distribuição. A decisão de transportar a mercadoria é estratégica. Isso importar dizer que vários parâmetros precisam ser analisados, principalmente aqueles que se referem a custos. É possível que você já tenha adquirido algum produto pela internet e tenha considerado o preço atrativo. No entanto, ao �nalizar a compra o preço do frete tenha feito você pensar em outraalternativa. Sempre que nos referirmos a transporte, tenha em mente que esse termo está intrinsecamente relacionado a custo. Hoje não se opera o transporte sem planejamento estratégico e sem considerar as características que in�uenciam os custos. Nesse contexto, Bowersox e Closs (2011, p. 303) destacam que “para desenvolver uma estratégia logística e�caz e negociar com sucesso de transporte, é necessário compreender os aspectos econômicos da atividade”. Ainda segundo os autores, a abordagem da economia e da formação de preço de transporte cobre necessariamente três tópicos: 16 Primeiramente, estão os fatores que afetam a economia de transporte. Em segundo lugar as estruturas de custo que decorrem da apropriação de despesas. Finalmente, existem as estruturas de frete, que são fundamentais para os preços cobrados aos clientes [...] (BOWERSOX e CLOSS, 2011, p. 303, grifo meu). Os tópicos que afetam a formação de preço do transporte, principalmente no Brasil, já são conhecidos e noticiados nos principais veículos de comunicação como, por exemplo, o preço do combustível, as condições de nossas estradas, a falta de investimentos em ferrovias, a legislação trabalhista, en�m, o custo Brasil. Em transporte, nem sempre a melhor decisão é a que implica menor custo. Quer um exemplo? Muitos caminhões bitrens transportam soja de Rondonópolis, MT ao porto de Santos, SP e retornam vazios. Aparentemente a decisão de voltar vazio signi�ca um prejuízo ou deixar de ganhar um valor a mais pelo frete, correto? Os transportadores justi�cam a decisão pelo fato de só haver frete de retorno para o transporte de fertilizantes, cujos contratantes pagam um valor muito baixo pela tonelada transportada. Nesse sentido, convém voltar vazio e economizar combustível com o caminhão bem mais leve. A Figura 1 apresenta as principais estratégias adotadas na gestão de transporte visando sempre à satisfação do cliente: 17 Figura 1 – Fundamentos do Transporte Objetivos dos serviços ao cliente Estratégia de Estoque • Previsão • Decisões sobre estoque • Decisões de compra e programação dos suprimentos • Fundamentos de estocagem • Decisões de estocagem Estratégia de Localização • Decisões sobre a localização • O processo de planejamento de rede Estratégia de Estoque • Fundamentos de Transporte • Decisões de Transporte - O produto - Serviço Logístico - Processo de Pedidos e Sistemas de informação PL AN EJ AM EN TO O RG AN IZ AÇ ÃO CO N TR O LE Fonte: Ballou (2010, p. 149) Como vimos na Figura 1, o processo de entregar o produto ao consumidor �nal envolve um planejamento estratégico, cuja utilização ainda é pouco comum aos gestores logísticos. Nesse contexto, Bertaglia (2009) aponta que os principais fatores que exigem planejamento estratégico por parte das empresas são: a intensa competição, novos concorrentes, participação de mercado, regras governamentais, problemas �nanceiros e visão de futuro. Os desa�os e complexidades que envolvem o transporte de cargas são muitos e variados. Para facilitar nosso entendimento, Bertaglia (2009, p. 46) assim de�ne planejamento estratégico: Planejamento estratégico é um esforço para produzir decisões que orientarão as ações da organização. Deve ser simples e claro, e contar com a missão, os princípios, as metas e os objetivos da empresa, se baseando nas premissas e variáveis internas e externas. Hoje, não se admite mais no meio de transporte a prática do “achismo” ou do amadorismo. Todas as decisões devem ser tomadas com base em uma régua de custos, pois a empresa que trabalha de forma diferente acaba “pagando para 18 trabalhar”. Os dois principais critérios que in�uenciam as atividades de transporte são a distância e o tempo. Nesse sentido, Bertaglia (2009, p. 292, grifo meu) esclarece: A distância corresponde ao trajeto percorrido entre os pontos de produção e de consumo; e tempo, ao tempo necessário para se percorrer a distância e disponibilizar o produto para o consumo. O parâmetro tempo, totalmente dependente da distância, é muito importante em logística, uma vez que é determinante para a formação dos estoques, para o nível de serviço e, por conseguinte, para os custos derivados desses fatores. A urgência na produção e na entrega da mercadoria está atrelada à necessidade do cliente, que é o agente determinante do tempo. Por essa razão, as empresas têm negociado o preço �nal de seus produtos aos prazos de entrega e às formas de pagamento. Quanto mais urgente for o pedido, maior é o preço a ser cobrado. Atualmente, o maior custo logístico das empresas é o transporte, o qual está associado diretamente a custo. A função primordial de um gestor de transporte ou gestor logístico de uma empresa é analisar e conciliar três itens importantes: custo, 19 prazo e qualidade do atendimento (satisfação do cliente). No tocante à obtenção de vantagem competitiva na aplicação desses três itens, Dias (2010, pp. 335-336) aponta as argumentações: 1. Custos: ao termo de valores de custos de transporte superiores às médias de mercado, aumentarão nossas di�culdades de concorrência no mesmo. 2. Prazos: para determinados produtos os prazos de entrega são tão importantes que, devido à vida do produto ser extremamente curta, poderemos ao estender seu prazo de entrega, prejudicar inclusive vendas futuras [...]. 3. Qualidade: em determinados casos, principalmente no transporte de matérias-primas mais so�sticadas, poderá vir a onerar os custos de transporte. Um fator primordial para a qualidade do transporte é a embalagem do produto transportado. Desde o carregamento, ele está sujeito a riscos de avarias devido à própria operação, e, se a embalagem não for correta para a modalidade de transporte, certamente o material será avariado [...]. A partir da sua fabricação, o produto, mesmo ainda dentro da empresa, está sujeito a avarias devido à movimentação interna, manuseio e transporte até o seu destino �nal. São vários os fatores e condições que impactam no custo e no preço �nal do transporte. Bowersox e Closs (2011, p. 303, grifo meu) consideram que é necessária a análise de três pontos importantes para a formação de preço de transporte: Primeiramente, estão os fatores que afetam a economia de transporte. Em segundo lugar, as estruturas de custos que decorrem da apropriação de despesas. Finalmente, existem as estruturas de taxas de frete, que são fundamentais para os preços cobrados aos clientes. Para exempli�car os fatores econômicos de transporte que compõem o frete, Bowersox e Closs (2011, p. 303) destacam os fatores considerados para base de cálculo: “distância, volume, densidade, facilidade de acondicionamento, facilidade de manuseio, responsabilidade e mercado”. A seguir, são apresentados os demais fatores que afetam o frete são descritos: 20 Quadro 1 – Fatores especí�cos que compõem o frete: Fonte: Bowersox e Closs (2011, pp. 304-306). 1. distância: é um dos principais fatores no custo de transporte, porque afeta diretamente os custos variáveis, como combustível, a manutenção e, algumas vezes, a mão de obra. 2. volume: o segundo fator é o volume de carga. O custo de transporte por unidade de peso diminui à medida que o volume de carga aumenta [...]. 3. densidade: a densidade de carga é a relação entre peso e espaço. É importante porque o custo de transporte e normalmente cotado por unidade de peso, por tonelada ou por quilograma. No tocante a peso e espaço, geralmente um veículo tem mais limitações de espaço do que de peso. Uma vez lotado o veículo, não é possível aumentar a quantidade a ser transportada, ainda que a carga seja leve. 4. facilidade de acondicionamento: a facilidade de acondicionamento depende das dimensões das unidades de carga e da forma como elas afetam a utilização do espaço no veículo (vagão, carreta ou contêiner). Formas e tamanhos estranhos, bem como peso ou comprimentos excessivos, não se acomodam bem, e geralmente causam desperdício de espaço. 5. facilidade de manuseio: para carregar e descarregar caminhões, carretas ou navios, pode sernecessário equipamento especial de manuseio. A maneira pela qual as mercadorias são agrupadas �sicamente (por exemplo, amarradas, encaixotadas, paletizadas) para transporte e armazenagem também afeta o custo de manuseio. 6. responsabilidade: o grau de responsabilidade inclui 6 características, relacionadas com a carga, que afetam principalmente o risco de danos e a incidência de reclamações. Essas características são: suscetibilidade de dano, dano ocasionado elo veículo, possibilidade de deterioração, suscetibilidade de roubo, suscetibilidade de combustão espontânea ou de explosão e valor por unidade de peso. 7. mercado: por último, os fatores de mercado, como intensidade e facilidade de tráfego, afetam o custo de transporte. Uma rota de transporte é um itinerário entre os pontos de origem e destino. Como os veículos e seus motoristas têm de retornar à origem, é necessário conseguir uma carga de retorno, para evitar que o veículo volte vazio batendo lata. 21 Acesse o link: Disponível aqui Quando nos referimos aos diversos custos que incidem no transporte de cargas no Brasil, citamos necessariamente o “Custo Brasil” (denominação genérica a uma série de custos de produção que di�cultam a exportação do produto brasileiro no mercado externo). Além de a nossa infraestrutura ser precária, ainda lidamos com o pagamento exagerado de impostos. Nesse sentido, veri�que o impostômetro, que afere o quanto pagamos de impostos ao ano: O fator custo está sempre presente nas decisões empresariais que lidam com transporte, a ponto de in�uenciar a escolha do meio de transporte a ser utilizado. Embora o modal rodoviário seja a solução mais rápida, existem outros que, dependendo da quantidade a ser transportada e do tempo, pode se tornar a opção mais viável. Nesse aspecto, Bertaglia (2009, p. 296, grifo meu) enfatiza: As decisões estratégicas tomadas para de�nir qual a modalidade de transporte podem ser utilizadas levando-se em conta vários fatores ou características. As modalidades estão vinculadas ao desempenho de cada tipo de transporte no que se relaciona a preço, volume de carga, capacidade, �exibilidade, tempo de demora, terminais de carga e descarga, legislação e regras governamentais, etc. 22 https://impostometro.com.br/ Figura 2 – A matriz de transporte de cargas no Brasil 62,8% 3,6% 12,6% 21,0% Rodoviário Ferroviário Aquaviário Dutoviário Fonte: Fonte: ILOS - Instituto de Logística e Supply Chain Disponível aqui É interessante conhecer os critérios do gestor logístico para decidir qual o melhor meio de transporte a ser utilizado. Aprimore seus estudos e faça uma pesquisa, por exemplo, acerca das regras governamentais que afetam o custo do transporte rodoviário no Brasil. A modalidade de transporte se refere ao modo utilizado para transporte da carga: rodoviário, ferroviário, aquaviário, dutoviário e aéreo. Veja, caro(a) aluno(a), a participação de cada modal por meio da análise de nossa matriz de transporte: 23 https://www.ilos.com.br/web/tag/matriz-de-transportes Fonte: O autor Serviço de Consultoria em uma empresa de transporte de grãos Como citei anteriormente, como professor universitário de uma grande instituição de ensino superior, fui convidado para ser o coordenador da consultoria júnior de gestão. Nesse modelo de empreendimento, todos os serviços desenvolvidos deveriam obrigatoriamente envolver alunos. Em determinado tempo, recebemos um telefone de um gestor de uma frota de 15 caminhões bitrens para fazer uma consultoria a �m de apurar o lucro da empresa, uma vez que o gestor relatou que no �nal do mês sobravam para ele apenas R$ 500,00. A primeira conta é simples: um gestor que adquiriu 15 caminhões bitrens, com valor de R$ 500.000,00 cada, só receber R$ 500,00 por mês de lucro. Era algo inadmissível. O primeiro passo foi mergulhar nos relatórios �nanceiros mensais por três meses. Feito isso, apuramos elevada despesa de manutenção e também alto consumo de combustível nas diversas viagens realizadas por sua equipe de motoristas. A primeira ação efetiva foi obrigar cada um dos motoristas a passar por uma reciclagem na concessionária de caminhões, em que reaprenderam a dirigir seguindo à risca as orientações dos manuais do fabricante. Na sequência foi realizado um ranking dos motoristas com apenas dois parâmetros: produtividade e consumo de combustível. Em seguida, esse ranking foi colocado em um quadro branco imenso, na sala do gestor da frota. Nenhum motorista foi advertido ou criticado. Cada motorista que entrasse para fazer sua prestação de contas tinha acesso ao ranking. A primeira reação dos motoristas foi a de que os dois últimos seriam demitidos (eles mesmos imaginaram essa situação). Nos 30 dias próximos, já houve uma reação impactante, pois o lucro apurado do gestor da frota subiu de R$ 500,00 para R$ 15.000,00. Tudo isso apenas com a prática da gestão à vista e com maior controle dos custos! 24 03 O Modal Rodoviário 25 Caro(a) aluno(a), como vimos na matriz de transporte brasileira, o modal rodoviário é o absurdamente mais utilizado para transportar cargas no país. A partir dessa informação você já deve estar se perguntando o porquê dessa situação, não é mesmo? O transporte rodoviário já até parece, de certa forma, fazer parte da cultura do brasileiro. Se �zermos uma rápida análise de nossos familiares e parentes, perceberemos, com raríssimas exceções, que temos algum caminhoneiro na família. Eu, por exemplo, tive um avô que era caminhoneiro e um irmão que ainda é. No entanto, existem diversas justi�cativas para esse cenário liderado pelo modal rodoviário: 1. política de investimentos que favoreceu sobremaneira a construção de rodovias. 2. implantação das indústrias automobilísticas. 3. a criação do Parque Nacional de Re�nação de Petróleo. 4. a vasta extensão geográ�ca do país torna a maioria dos municípios inacessíveis por outros meios de transporte. Dos 5.564 municípios, apenas 1.180 são servidos através da ferrovia (DIAS, 2010, pp. 336-337). No Brasil, assistimos constantemente a um número de rodovias sendo privatizadas com o objetivo de tornar esse modal mais competitivo com a redução do combustível consumido e também na redução dos gastos com manutenção dos veículos, proporcionando ainda maior �uidez das cargas transportadas. No entanto, com a privatização, surge um novo custo: o pedágio. O Brasil tem proporções continentais e um grande número de estradas federais, estaduais e municipais. 26 Figura 1 - Figura 1 – Mapa das rodovias federais do Brasil Fonte: Ministério da Infraestrutura, 2019 Disponível aqui O modal rodoviário é o principal responsável pelo abastecimento de produtos em todo o país. Nesse contexto, Bertaglia (2009, p. 297) enfatiza: O transporte rodoviário de cargas é o mais independente dos transportes, uma vez que possibilita movimentar uma grande variedade de materiais para qualquer destino, devido à sua �exibilidade, sendo utilizado para pequenas encomendas, e curtas, médias ou longas distâncias, por meio de coletas e entregas ponto a ponto. Ele faz a conexão entre os diferentes modos de transporte e os seus respectivos pontos de embarque e desembarque. 27 http://www.infraestrutura.gov.br/images/2019/Documentos/08-Mapa_Rodovi%C3%A1rio_Federal.pdf http://www.infraestrutura.gov.br/images/2019/Documentos/08-Mapa_Rodovi%C3%A1rio_Federal.pdf Uma vez que concentramos o transporte de cargas em um só modal, não há competitividade e, por consequência, o custo continua sendo alto. No entanto, há aproximadamente 35 anos não temos investimentos em outros modais. Se a concentração de cargas no meio rodoviário tem consequências danosas à economia, porque então insistimos nessa equação? Há uma corrente de comentários e discussões no meio logístico de que existe um lobby do segmento de transportes junto ao poder central para di�cultar a evolução dos investimentos em outros modais. Porém, são conjecturas para justi�car a insistência na utilização em massa do transporte rodoviário, mesmo implicando em excessivos custos. No tocanteaos prejuízos decorrentes por falhas no transporte, Francischini e Gurgel (2002, p. 251) a�rmam: o custo do transporte pode assumir de 3% a 8% da receita da empresa, mas maior despesa ocorre quanto o produto não chega ao cliente na hora certa e em condições. Não podemos destruir, nos canais de distribuição, o que se fabrica nas linhas de montagem com muito cuidado. O enorme esforço de elevação da produtividade da fábrica poderá ser comprometido pela ine�ciência do transporte. Os custos da ine�ciência do transporte, além de comprometer os padrões de produtividade da fábrica, podem ter implicações ainda maiores. Como exemplo, considere se um dos clientes afetados resolve expor a sua insatisfação por meio das mídias digitais. Todo o esforço de construção da marca pode ser comprometido de igual forma, trazendo danos à reputação da empresa. Desta forma, é possível inferir que o transporte passa a ser um produto, cuja qualidade pode ser exposta e divulgada pela empresa fabricante. Nesses termos, Francischini e Gurgel (2020, p. 251) a�rmam que “o produto transporte poderá ser caracterizado pela carga transportada e pela distância percorrida, sendo que a máquina que produz o transporte rodoviário é o caminhão”. 28 Para garantir a qualidade do transporte, as empresas do meio logístico devem atentar de forma permanente para algumas variáveis: Grau de ocupação da frota; Índice e gravidade das varias de carga; Disponibilidade de veículos da frota; Regularidade dessa disponibilidade; Rastreabilidade proporcionada pelo sistema de controle; Segurança contra furtos, desvios de cargas e acidentes no trânsito (FRANCISCHINI e GURGEL, 2002, p. 252). Só para termos um noção do impacto causado pela não entrega ou atrasos na entrega de produtos vendidos, tomemos o exemplo de uma senhora que adquire um aparelho de televisão em uma grande loja de varejo. A loja pratica um atendimento de excelência, dentro das condições �nanceiras da cliente e promete entregar o produto em determinada data. A partir daí se criou uma expectativa e a cliente aguarda o produto adquirido. Com o atraso ou a não entrega, quebra-se o ciclo da qualidade. A cliente começa a pensar que não fez um bom negócio e que a opção da concorrência poderia ter sido melhor. 29 Para conferir se o transporte atingiu os parâmetros da qualidade interna desejada, a empresa estabelece alguns objetivos: • entregar a carga intacta e com as embalagens sem deformações; • entregá-la no local de destino e de maneira cômoda, para que possa ser descarregada com facilidade pelo cliente; • entregar as mercadorias dentro do prazo combinado; • aprimorar continuamente a organização para encurtar cada vez mais os prazos; • aprimorar o sistema para oferecer os serviços de transporte a um custo competitivo (FRANCISCHINI e GURGEL, 2002, p. 252). O gerenciamento do transporte rodoviário é uma atividade desa�adora e complexa, pois a�nal, são várias as decisões afetadas pelo controle rigoroso de custos, entre as quais: • determinação da hora de renovar a frota; • decisões entre comprar e alugar equipamentos; • seleção de peças de reposição de maior durabilidade; • avaliação da e�ciência da mão-de-obra de o�cina; • avaliação da rentabilidade da frota; • reajustes de tarifas, pela comprovação de aumentos ocorridos; • análise da situação real da empresa e elaboração de estratégias para combater a concorrência; • determinação dos padrões de desempenho e produtividade necessários ao diagnóstico de causas de elevação de custos (DIAS, 2010, p. 362). 30 Acesse o link: Disponível aqui Conheça o Portal Tabela de Frete e calcule o frete de uma determinada carga apenas inserindo os dados. Para se aprofundar ainda mais, faça o download da planilha para cálculo de frete. Veri�que que não precisa ser um especialista para calcular esses custos! Hoje, a palavra-chave para a redução de custos de transporte é a e�ciência. Não basta aos gestores simplesmente o controle inerente à manutenção e ao consumo de combustível. É preciso um olhar atento à infraestrutura de transporte, às necessidades do cliente e muita noção geográ�ca, a�nal o foco é na produtividade. Mas se o modal rodoviário apresenta custos elevados e implica uma gestão implacável de custos, o que justi�ca sua crescente adoção pelos transportadores? A resposta está na análise de suas vantagens e desvantagens. No processo decisório do gestor logístico para de�nir a melhor opção de modal para transporte do seu produto, as vantagens devem ser maiores que as desvantagens. Nesse aspecto, são listadas, por meio do quadro 1, as principais vantagens e desvantagens do modal rodoviário: 31 https://www.tabelasdefrete.com.br/ Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do modal rodoviário Fonte: Adaptado de Bertaglia (2009) e Ballou (2010) Vantagens do modal rodoviário Desvantagens do modal rodoviário possui rotas �exíveis; maior controle da rota e estruturação do itinerário; facilidade para chegar a qualquer ponto de entrega; o transporte em curtas distâncias pode ser feito mais rapidamente; na maioria dos casos, utiliza-se somente um modal; rapidez no tempo de carga e descarga; disponibilidade; o veículo se adapta facilmente ao transporte de variados produtos. custo elevado de transporte; depende da �uidez do trânsito; risco de acidentes de trânsito; risco de furtos e roubos; limitação da capacidade de carga. É importantíssimo para o processo decisório o conhecimento sobre as principais vantagens e desvantagens sobre a utilização do modal rodoviário. Além da lista do Quadro 1, procure por meio de pesquisas bibliográ�cas, buscar outras vantagens e desvantagens, de modo a aprimorar ainda mais o seu conhecimento. 32 04 O Modal Ferroviário 33 Prezado(a) acadêmico(a), em função do estado precário e do abandono, na década de 1990 o Brasil praticamente privatizou suas ferrovias, passando às mãos das concessionárias, objetivando a modernização do setor e a melhoria da competitividade no transporte de cargas. Quanto à fase embrionária das ferrovias no Brasil, Morais (2015, p. 74) esclarece: No Brasil, foi introduzida pela iniciativa do então Barão de Mauá, na década de 1850, ligando o Rio de Janeiro a Petrópolis, tendo a ferrovia sido inaugurada pelo imperador Dom Pedro II. Em seguida iniciou-se a construção da ferrovia Santos-Jundiaí, terminada pelos ingleses, com o objetivo de transportar a produção cafeeira do interior Paulista, o principal produto de exportação brasileiro na época, para o Porto de Santos. Além da baixa velocidade, o tempo de carga e descarga por esse meio implica uma longa demora, sendo indicado para grandes quantidades de carga. Por meio da Figura 1, é possível visualizar a extensão das ferrovias no Brasil, com forte concentração nas regiões sul e sudeste. 34 Figura 1 – O mapa ferroviário brasileiro Fonte: Valec Disponível aqui De acordo com Ballou (2010), a ferrovia é um meio de transporte de longo curso e de baixa velocidade para matérias-primas (carvão, madeira, produtos químicos) e para produtos manufaturados de baixo custo (alimentos, papel e produtos �orestais), e prefere mover cargas completas. A velocidade de transporte é baixa, chegando a aproximadamente 60 km/hora. Vimos que a matriz de transporte brasileira é desequilibrada, com o escoamento de cargas ganhando a preferência do modal rodoviário. Mas em que ponto é vantajoso o transporte pelas ferrovias? A pesquisa CNT (2013a) destaca os ganhos derivados da extensão e frequência dos serviços do transporte ferroviário: 35 http://www.valec.gov.br/ferrovias http://www.valec.gov.br/ferrovias Economias de rede: a interação entre os diferentes pontos de carga e descarga irão de�nir o padrão da rentabilidade e dos retornos de escala da atividade. Economias de densidade: os custos unitários do serviço decrescem com o aumento da densidade populacional. Serviços de transporte ferroviário de passageiros em áreas densamente populosas apresentam custos unitários inferiores. Economias de escopo: a situação em que a produção conjunta de produtosou serviços é mais vantajosa (incorre em menores custos) do que uma produção dissociada. No caso, pode ser vantajoso uma mesma empresa operar e fornecer a infraestrutura de transporte ou uma mesma operadora atender diferentes linhas ferroviárias (Adaptado de CNT, 2013a, p. 10). Características do sistema ferroviário brasileiro Na década de 1960, o Brasil chegou a ter aproximadamente 40.000 km de ferrovias, incluindo trens urbanos de passageiros. No entanto, com o constante crescimento de estradas e da frota de veículos de carga, houve um grande abandono desse importante modal, chegando à desativação de 8.000 km de ferrovias. Por meio da Figura 2 podemos identi�car os principais produtos transportados por trilhos no país: 36 Figura 2 – Composição da carga do modo ferroviário Minério/ Carvão mineral 76,61% Agronegócio 11,51% Produtos Siderúrgicos 3,77% Derivados de petróleo e álcool 2,79% Insumos construção civil e cimento 1,41% Outros 3,91% Fonte: CNT (2012 apud Morais, 2015, p. 75) De uma malha ferroviária sucateada e obsoleta até a década da privatização, as ferrovias se transformaram e apontam para um cenário otimista de criação de novas oportunidades e competitividade. Dentre os principais projetos de ferrovias, está o da Ferrovia Norte-Sul, com um projeto ambicioso de interligar o Porto de Itaqui no Maranhão ao Rio Grande do Sul. Acesse o link: Disponível aqui Saiba mais sobre a Ferrovia Norte-Sul, considerada a espinha dorsal do transporte ferroviário brasileiro, e seus principais ramais, assistindo a um vídeo da VALEC – Estatal vinculada ao Ministério da Infraestrutura. 37 https://www.youtube.com/watch?v=DLIfYBPiyDA Grá�co 1 – Redução do número de acidentes em ferrovias Fonte: CNT (2013a, p. 29) Grá�co 2 – Evolução da produção das concessionárias ferroviárias Fonte: CNT (2013a, p. 29) Com a privatização, houve um ganho de e�ciência notável, o qual pode ser aferido pelos Grá�cos 1, 2 e 3: 38 Grá�co 3 – Evolução dos investimentos públicos e privados em ferrovias Fonte: CNT (2013a, p. 29) Para efeito de tomada de decisão, é importante conhecermos as principais vantagens e desvantagens do modal ferroviário, dispostas no Quadro 1: Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do modal ferroviário Fonte: Ballou (2010); Morais (2015) Vantagens Baixo custo operacional. Índice de acidentes reduzido. Índice de furtos e roubos reduzido. Grande capacidade de carga. Desvantagens Dependência de outros modais. Itinerário �xo e in�exível. Velocidade reduzida. Maior tempo de carga e descarga. Invasão das faixas de domínio. Diferenças de bitolas entre estados. 39 É importantíssimo para o processo decisório conhecer as principais vantagens e desvantagens sobre a utilização do modal ferroviário. Além da lista do Quadro 1, procure, por meio de pesquisas bibliográ�cas, buscar outras vantagens e desvantagens, de modo a aprimorar ainda mais o seu conhecimento. 40 05 O Modal Aquaviário 41 Prezado(a) aluno(a), o transporte aquaviário consiste, obviamente, na movimentação de cargas em vias aquáticas. É o meio de transporte mais antigo, caracterizado pela utilização de veleiros, os quais, ao longo do tempo, foram gradativamente substituídos por barcos a vapor. De acordo com Dias (2010, p. 432), “é dividido em: transporte marítimo, transporte �uvial e transporte lacustre”. Uma outra maneira de classi�car o transporte aquaviário, leva em conta o tipo de percurso que as embarcações realizam: a) Cabotagem – É a navegação realizada entre portos ou pontos, acompanhando o traçado do litoral de um país ou região. b) Navegação interior – É realizada em hidrovias interiores ou lagos, em percursos nacionais ou internacionais. c) Navegação de longo curso – É realizada em alto-mar. O Brasil dispõe de enorme costa marítima, concentrando suas atividades econômicas nos portos das cidades do litoral, além das condições favoráveis ao desenvolvimento do transporte aquaviário. Embora tenham ocorrido investimentos signi�cativos no setor após a privatização da grande maioria dos portos, esse potencial não tem sido devidamente aproveitado e explorado pelo segmento do transporte de cargas, cuja característica é de uma matriz desbalanceada, principalmente no tocante à cabotagem (CNT, 2013b, p. 11). É importante destacar que a navegação de cabotagem ocorre no litoral brasileiro até 12 milhas da costa. Por meio da Figura 1, é possível visualizarmos os principais portos da navegação de cabotagem no Brasil: 42 Figura 1 – Portos da navegação de cabotagem Fonte: CNT (2017, p. 32) 43 Acesse o link: Disponível aqui Acompanhe em tempo real a movimentação de navios em um dos principais portos do país: o porto de Paranaguá, PR. Você pode aprofundar seus estudos, acessando outros portos internacionais em tempo real e comparando a movimentação. Embora o comércio internacional também seja atrativo para os negócios, a cabotagem mostra um enorme potencial de crescimento, com um volume de cargas que incentiva a exploração do setor por novas empresas. A navegação de cabotagem brasileira enfrenta grandes obstáculos e desa�os para o seu crescimento, entre os quais podemos destacar: encargos sociais, burocracia pública, falta de navios e contêineres, custo do combustível, elevado tempo de espera nos portos e falta de integração com outros modais, entre outros. Apesar de toda a di�culdade encontrada, o setor ainda cresce, mostrando a potencialidade desse tipo de navegação. O Grá�co 1, exempli�ca o crescimento desse volume de cargas transportadas: 44 http://www.portosdoparana.pr.gov.br/Pagina/Tempo-Real Grá�co 1 – Volume de cargas da cabotagem (em milhões de toneladas) Fonte: CNT (2013b, p. 20) Figura 2 – Capacidade de carga – comparação entre modais Fonte: CNT (2013b, p. 29) Considerando que a concentração no transporte de cargas no Brasil está no modal rodoviário, maiores investimentos que possibilitem ampla utilização da cabotagem, reduziria signi�cativamente a quantidade de caminhões nas rodovias, e consequentemente menor desgaste da malha rodoviária, contribuindo para diminuir o custo total do frete dos produtos movimentados no país. Por meio da Figura 2, podemos aferir a enorme vantagem da utilização da cabotagem: 45 Tanto na cabotagem quanto na navegação em alto-mar a variação do tipo de embarcações é mínima. Morais (2015) nos apresenta, por meio do Quadro 1, uma lista dos tipos de embarcações, conforme suas características, comumente utilizadas: Quadro 1 – Principais tipos de embarcações Fonte: Morais (2015, pp. 80-81) a. Full container ship ou porta-contêineres – É exclusivo para o transporte de contêineres, que são alocados por meio de encaixes perfeitos. É o principal tipo de embarcação no comércio internacional. b. Navios-cargueiros – São o meio convencional para o transporte de carga geral, com seus porões divididos de forma a atender a diferentes tipos de carga. c. Navios-tanques – Destinam ao transporte de granéis líquidos, como petróleo. d. Navios-graneleiros – Visam ao transporte de granéis sólidos, como grãos e minérios, geralmente têm baixo custo operacional. e. Navios roll-on/roll-o� (ro-ro) – Apropriados para o transporte de veículos, que são embarcados e desembarcados, por meio de rampas, com os seus próprios movimentos. Podem propiciar a conjugação com o transporte terrestre, ao carregarem a própria carreta ou o contêiner sobre rodas (boogies) f. Barcaças – Têm um fundo achatado e reforçado, e são usadas em vias �uviais para transportar grandes quantidades de cargas, como cimento, carvão, toras, óleo, areia e açúcar. Algumas barcaças são empurradas ou puxadas por rebocadores. O Brasil perde muito em competitividade pela falta de estrutura em seus principais portos, que carecem de investimentos em equipamentos, rodovias de acesso além da eliminação de grande parte da burocracia, elevando o tempo de permanência das mercadorias no local. A seguir, são listados os principais portos e TUPs (Terminais de Uso Privativo) brasileiros pela sua capacidade de movimentação de cargas:46 Tabela 1 – Portos e TUPs com maior movimentação Fonte: Morais (2015, pp. 83-84) Porto Carga (t) % do Total Porto Carga (t) % do Total Santos (SP) 85.995.109 9,71 CVRD Tubarão – (ES) 110.143.415 12,43 Itaguaí/Sepetiba 58.131.045 6,56 Ponta da Madeira (MA) 102.260.814 11,54 Paranaguá (PR) 37.418.523 4,22 Almirante Barros – (SP) 46.694.696 5,61 Rio Grande (RS) 17.933.213 2,22 Almirante Maximiando da Fonseca (RJ) 38.783.547 4,38 Vila do Conde (PA) 16.614.022 1,88 MBR (RJ) 37.526.187 4,24 Itaqui (MA) 13.913.818 1,57 Ponta de Umbu (ES) 23.703.579 2,68 Suape (PE) 11.004.193 1,24 Madre de Deus (BA) 20.701.120 2,34 São Francisco do Sul (SC) 10.089.511 1,14 Porto Trombetas (PA) 17.893.462 2,02 Vitória (ES) 8.112.748 0,92 Alumar (MA) 12.717.959 1,44 Rio de Janeiro (RJ) 7.706.623 0,87 Almirante Tamandaré – Ilha D´água (RJ) 11.813.191 1,33 De acordo com Ballou (2010), os custos decorrentes de perdas e danos no transporte aquaviário são considerados baixos em comparação com outros modais, a�nal, o dano não é a maior das preocupações quando se trata de produtos de alto volume e reduzido preço, e as perdas derivadas de atrasos não são tão sérias, pois normalmente os compradores mantêm estoques altos do produto. Quando se trata de transporte aquaviário, em geral, os compradores têm certa dose de paciência, pois consideram as características do modal. Por meio do Quadro 2, listamos as principais vantagens e desvantagens do modal aquaviário: 47 Quadro 2 – Vantagens e desvantagens do modal aquaviário Fonte: Adaptado de Morais (2015); Ballou (2010) Vantagens: Transporta qualquer tipo de carga. Apresenta o menor custo entre os modais. Transporta grandes volumes de cargas. Percorre grandes distâncias. Possuem trajetos exclusivos. Desvantagens: Pouca �exibilidade de cargas. Velocidade de transporte reduzida. Maior tempo de carga e descarga nos portos. Distância dos portos em relação aos centros de produção. Maior possibilidade de danos e avarias. Além de conhecer e memorizar os principais portos brasileiros, é importante que você saiba identi�car as principais vantagens e desvantagens do modal aquaviário. 48 06 O Modal Dutoviário 49 Caro(a) aluno(a), o modal dutoviário é caracterizado pelo transporte de produtos por meio de tubulações. Essas tubulações podem ser subterrâneas ou suspensas e transportam essencialmente petróleo e seus derivados, que são impulsionados por meio de bombeamento. Quanto ao surgimento dos primeiros modais que se tem notícia, Morais (2015, p. 85) descreve: Há cerca de 2.500 anos, os chineses já utilizavam sistemas dutoviários construídos de varas de bambu para canalizar gás de poços rasos (até 1.000 metros de profundidade) e queimavam o gás em caldeiras para evaporar a água do mar e obter sal. Por outro lado, os romanos construíram diversos aquedutos na Europa, no norte da África e no Oriente Médio, para garantir o abastecimento de água de suas cidades entre os séculos II a.C e IV d.C. O primeiro oleoduto de longa distância (com 8 km de comprimento e 5 cm de diâmetro) foi construído na Pensilvânia, nos Estados Unidos, em 1872, expandindo então a nascente indústria petrolífera. Considerando a in�exibilidade do transporte dutoviário, por transportar apenas um tipo de produto, Ballou (2015, p. 157) enfatiza algumas possíveis evoluções para tornar esse modal mais competitivo: Estão em marcha, no entanto, algumas experiências visando à movimentação de produtos sólidos suspensos em um líquido, um tipo de pasta �uida, ou contidos em cilindros que se moveriam numa camada líquida no interior do duto. Se inovações como essas se mostrarem economicamente viáveis, sem dúvida o serviço dutoviário passará por uma grande expansão. Como você já deve perceber, as di�culdades e obstáculos para a implantação de um determinado modal acabam por incentivar o uso cada vez maior do modal rodoviário. No modal dutoviário, a situação não é diferente! Nesse contexto, Dias (2010, p. 442) descreve as principais características desse modal como: “elevados investimentos iniciais, elevados custos de capital e baixos custos operacionais”. Os elevados investimentos iniciais são assim listados: 50 1. Estudos e custos intangíveis. 2. Tubos. 3. Lançamentos da tubulação. 4. Estações de bombeamento. 5. Tancagem. 6. Outros custos, tais como acessórios de linha, controle, etc. (DIAS, 2010, p. 442). De acordo com Dias (2010), os tubos são considerados itens importantes no investimento inicial, pois seu custo é proporcional ao peso, e o peso dos tubos aumenta mais rapidamente do que o diâmetro, uma vez que a espessura deverá ser maior para uma mesma taxa de trabalho. A estrutura de imobilização na Europa possui o seguinte aspecto na estrutura de custos: Estudos e custos intangíveis 08 a 12% Tubos 25 a 50% Lançamento 25 a 50% Estações de bombeamento 12 a 15% Tancagem 10 a 15% Outros custos 05 a 10% (DIAS, 2010, p. 443). 51 Além dos elevados investimentos relacionados, é importante considerar todo o planejamento e estudo de impacto ambiental para lançamento de uma linha de dutos. Em termos de custos operacionais, o modal dutoviário só �ca atrás do modal aquaviário. O custo total anual de uma linha dutoviária pode ser decomposto em dois itens principais: Custos de Capital (75%): - Depreciação - Custos Financeiros - Remuneração do capital Custos Operacionais (25%): - Custo de energia (20%) - Custo de manutenção e custos administrativos (5%) (DIAS, 2010, p. 443). A natureza de uma linha de dutos é singular se comparada aos demais modais, pois esse tipo de transporte opera 24 horas por dia, sete dias por semana, com restrições de funcionamento somente na mudança do produto transportado ou durante a manutenção. Nos dutos, o transporte é feito utilizando a força da gravidade ou pressão mecânica (bombas ou compressores), enquanto o modal permanece estático. Morais (2015, p. 85) destaca que: É um transporte não poluente, não sujeito a congestionamentos e relativamente barato por unidade transportada. É indicado para grandes volumes, principalmente de óleo, gás natural e derivados de petróleo. Diferente de outros modais, não há frete de retorno. O modal dutoviário apresenta o maior custo �xo e o menor custo variável entre todos os tipos de modais. O seu alto custo �xo é resultante do direito de acesso, da construção e da necessidade de controle das estações, além da capacidade de bombeamento (BALLOU, 2010). Por meio da Figura 1, é possível visualizar a malha dutoviária do Brasil: 52 Imagem 1 – Mapa dutoviário brasileiro Fonte: Disponível aqui Acesse o link: Disponível aqui Assista por meio de um vídeo o processo de limpeza de um duto e o dispositivo utilizado para tal. Caro(a) aluno(a), os dutos, haja vista suas peculiaridades, são construídos para �ns especí�cos para transportar produtos únicos. Nesse contexto, Morais (2015, p. 86) destaca os tipos de dutos existentes no país: 53 http://infraestrutura.gov.br/images/bit/Tabelas_Anu%C3%A1rio_Estat%C3%ADstico_de_Transportes/10_Mapas/MapaDutoviario.pdf http://infraestrutura.gov.br/images/bit/Tabelas_Anu%C3%A1rio_Estat%C3%ADstico_de_Transportes/10_Mapas/MapaDutoviario.pdf https://www.youtube.com/watch?v=zi5Tf8W9AP4 a) Oleodutos – Os produtos transportados são, em sua grande maioria, petróleo, óleo combustível, gasolina, diesel, álcool, gás liquefeito de petróleo (GLP), querosene, nafta. b) Minerodutos – Os produtos transportados são sal-gema, minério de ferro e concentrado fosfático. c) Gasodutos – O produto transportado é o gás natural, exemplo mais conhecido, no Brasil, é o gasoduto Brasil-Bolívia. d) Outros – Transportam produtos diversos, como água. Caro(a) acadêmico(a), a extensão total da malha dutoviária é de cerca de 21 mil km, mais da metade a extensão (54,7%) é utilizada para movimentação de gás; 37,5% para combustíveis e 7,9% para minérios. Complementando os tipos existentes de dutos, há no Rio Grande do Sul, na cidade de Bento Gonçalves o vinhoduto. Trata-sede uma tubulação que leva o vinho do local de produção até a vinícola. Há ainda na cidade de Barcelona, na Espanha, o “lixoduto”. Trata-se de um sistema de tubulações que leva o lixo da residência do usuário até o local de reciclagem. Por meio do Quadro 1, são listadas as principais vantagens e desvantagens quanto à utilização do modal dutoviário: Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do modal dutoviário Fonte: Adaptado de Ballou (2010); Morais (2015) Vantagens: Operam 24 horas por dia. Dispensam armazenamento. Simplicidade na carga e descarga. Melhoria da qualidade do ar. Baixo custo operacional. Apresenta grande con�abilidade na entrega. Desvantagens: A movimentação do produto é lenta. Pouca �exibilidade. Apresenta restrição quanto aos tipos de produtos transportados. Alto custo �xo (implantação). 54 Procure identi�car as principais características, vantagens e desvantagens do modal dutoviário. São informações importantes que devem estar na “ponta da língua”, a�nal, faz parte do processo de tomada de decisão de um gestor logístico. 55 07 O Modal Aeroviário 56 Caro(a) aluno(a), dentre todas as opções disponíveis de transporte de cargas, sem dúvida o aéreo é o de mais alto custo e, por essa razão, o menos utilizado. No entanto, sua grande vantagem é a rapidez da entrega. No tocante a custos do transporte aéreo, Ballou (2010, p. 155) faz algumas considerações: O transporte aéreo passa a ser levado em consideração por um número crescente de embarcadores como o serviço regular, embora suas taxas sejam duas vezes superiores as do transporte rodoviário e 16 vezes mais caras que as do transporte ferroviário. O grande atrativo do transporte aéreo é a sua inigualável rapidez origem- destino, principalmente em grandes distâncias. Embora o modal aéreo seja considerado o mais rápido, é preciso analisar o tempo de coleta e entrega, além do tempo que envolve as manobras em terra. É importante ponderar também esse tempo no cômputo. Somente a título de exemplo, pense que para você se deslocar de uma cidade a outra, é necessário chegar pelo menos com uma hora de antecedência no aeroporto. De acordo com Dias (2010), as diferenças no transporte de cargas nacionais e internacionais ocorrem devido às condições típicas regionais, entretanto, são sempre semelhantes nos conceitos básicos de segurança e operacionalidade. As reservas podem ser realizadas para um espaço na aeronave, para transporte de certo tipo de carga ou para o espaço total, ou ainda para afretamento de aviões cargueiros destinados a tal �nalidade, sendo realizadas pelos expedidores diretamente com a companhia aérea ou através de um agente de cargas. Por ser de alto custo, o transporte aéreo somente é utilizado pelas empresas em caso de extrema urgência ou necessidade. Nesse aspecto, Bowersox e Closs (2011, p.289) enfatiza: O alto custo do transporte aéreo, porém, torna-o um meio de transporte extremamente caro; entretanto, esse aspecto pode ser compensado pela grande rapidez, que permite que o custo de outros elementos do projeto logístico, como armazenagem ou estoque, sejam reduzido ou eliminado. O transporte aéreo ainda permanece mais como uma possível oportunidade do que uma realidade. 57 Figura 1 – Mapa aeroviário do Brasil Fonte: CNT (2019) Disponível aqui As poucas empresas que operam o transporte de cargas trabalham sob o regime de concessão. O órgão responsável pela �scalização do setor é a ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil. A crescente privatização de aeroportos tem propiciado melhorias no tocante à qualidade dos serviços prestados. Por meio da Figura 1, é possível visualizar as principais rotas aéreas do Brasil e seus respectivos aeroportos. Os mecanismos de �scalização das aeronaves são bastante rigorosos e impedem que aeronaves irregulares realizem o transporte de cargas e passageiros. Nesse sentido, Dias (2010, p. 447) apresenta os principais órgãos do Governo Federal, �scalizadores do transporte aéreo: 58 https://uploads-ssl.webflow.com/5e43fb543db02a3b8139b354/5e5142b92c16e868ad09ba27_a07-img-mapaaeroviario.pdf https://atlas.cnt.org.br/ Ministério da aeronáutica: é responsável máximo pelo transporte aéreo e aeroportos no país, ditando as normas a serem seguidas pelo setor. Anac (Agência Nacional de Aviação Civil): agência governamental ligada ao Ministério da Defesa que controla a aviação nacional e internacional no país, regulamentando e instrumentalizando as normas internacionais dos acordos da aviação civil internacional. Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária): empresa responsável pela administração e construção de aeroportos no Brasil, controle de armazéns de carga nas exportações e importações nos terminais aeroportuários brasileiros, bem como dos terminais de passageiros nos respectivos aeroportos. Caro(a) aluno(a), sempre quando nos referimos a custo, pensamos naquele diretamente relacionado ao usuário, ou seja, o custo de operação. No entanto, há que ser considerado o custo de implantação (custo �xo) que se refere, por exemplo, à construção de uma estrada, de um porto, de um navio ou à aquisição de uma aeronave. Nesse contexto, Bowersox e Closs (2014, p. 289) enfatizam: O custo �xo do transporte aéreo é baixo se comparado ao dos transportes ferroviário, aquaviário e dutoviário. Na verdade, o transporte aéreo ocupa o segundo lugar no que diz respeito a baixo custo �xo, perdendo apenas para o transporte rodoviário. As vias aéreas e aeroportos são normalmente mantidos por fundos públicos. Os terminais são geralmente mantidos por comunidades locais. Os custos �xos do transporte aéreo são representados pela compra de aeronaves e pela necessidade de sistemas de manutenção especializados, bem como por contêineres de carga. No tocante aos tipos de aeronaves comumente utilizadas no transporte de cargas, Dias (2010, p. 450) descreve que são vários os modelos de aviões utilizados, classi�cados em três tipos quanto à sua con�guração e utilização: • All Cargo (Full Cargo): são aeronaves especí�cas, con�guradas apenas para o transporte de carga, não transportando passageiros. • Combi: aeronave mista, utilizada para o transporte de passageiros e de cargas; 59 • Full Pax: avião de passageiros, porém onde o deck inferior é destinado unicamente a cargas. Acesse o link: Disponível aqui Conheça o maior avião de cargas do mundo, o Antonov AN – 225, com capacidade para transportar mais de 200 toneladas de cargas. Prezado(a) aluno(a), para um melhor entendimento sobre a forma do transporte de mercadorias por via aérea, a �gura 2 ilustra o modelo de contêiner próprio para esse �m: 60 https://www.youtube.com/watch?v=tlaihnIVfd8 Provavelmente você já deve ter notado o ambiente dinâmico dos bastidores de aeroportos. É uma correria imensa, colaboradores transitando para todos os lados, porém, todos de forma organizada e síncrona. Para ilustrar essa movimentação, observe, por meio do Quadro 2, a lista dos 7 aeroportos mais movimentados do país: Figura 2 – Os aeroportos mais movimentados do país Fonte: Disponível aqui Ranking Aeroporto Localização 1 Aeroporto Internacional de Guarulhos São Paulo – Guarulhos 2 Aeroporto de Congonhas São Paulo – SP 3 Aeroporto Internacional de Brasília Brasília – DF 4 Aeroporto Internacional do Galeão Rio de Janeiro – RJ 5 Aeroporto Santos Dumont Rio de Janeiro – RJ 6 Aeroporto Internacional de Viracopos Campinas – SP 7 Aeroporto Internacional de Con�ns Belo Horizonte – MG Por meio do Quadro 1, podemos veri�car as principais vantagens e desvantagens do modal aeroviário: 61 https://www.decea.gov.br/ Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do modal aeroviário Fonte: : adaptado de Ballou (2010); Morais (2015); Dias (2010) Vantagens: rapidez na entrega. localização estratégica dos aeroportos (próximos aos centros de produção). o seguro do transporte aéreo é mais baixo em relação ao marítimo, dependendo da mercadoria, quantidade, local e origem. maior segurança no transporte de pequenos volumes. redução de custos de embalagem. redução de estoques.maior competitividade do exportador pelo fato da entrega rápida. rastreio de carga. acesso a áreas remotas. Desvantagens: existência de diversas restrições a determinados produtos. alto custo. transporte de volumes pequenos. Fique atento! É importante conhecer as principais vantagens e desvantagens desse importante modal. Faça comparações com os demais modais! 62 08 Fundamentos de Distribuição 63 Prezado(a) aluno(a), a distribuição, um dos três pilares da logística, é responsável pela movimentação dos produtos até o cliente. Esse cliente não necessariamente precisa ser o cliente �nal, mas pode ser um representante, um distribuidor ou um atacadista. Como exemplo, um fábrica de chocolates pode vender seus produtos diretamente ao consumidor �nal por meio de uma loja da fábrica, ou pode vender a seu distribuidor ou um atacadista regional que posteriormente revende ao consumidor �nal. O processo de distribuição física tem início após as compras das matérias-primas e componentes necessários para iniciar o processo produtivo. É importante entender o que signi�cam os termos armazenagem e distribuição. Neste contexto, Silva et al (2009) de�ne distribuição como: Essa é a função responsável pela disponibilização dos itens de material necessários às operações de uma organização. Ela está presente em todos os níveis de uma cadeia de suprimentos, assim como outra função logística, certamente a mais onerosa: o transporte (SILVA et al, 2009, p. 132). De acordo com Ballou (1993), a distribuição física é o ramo da logística que trata da movimentação, estocagem e processamento de pedidos dos produtos �nais de uma empresa. Fique atento! É importante conhecer o conceito de distribuição física e identi�car em que fase da cadeia de suprimentos ela inicia. Hoje não basta simplesmente vender o produto: é necessário garantir a entrega dentro do prazo estipulado e conforme as especi�cações constantes no pedido inicial. Não basta somente garantir a qualidade do produto, mas sim de todo o processo. 64 Tudo isso porque a competitividade do mercado é intensa e, se por algum momento o cliente se sentir desprestigiado, a concorrência ganha mercado. De acordo com Russo (2009, p. 166), as principais atribuições da gestão da distribuição física são “selecionar rotas e meios de transportes; negociar fretes e administrar os relacionamentos com fornecedores e consumidores imediatos”. O modelo de distribuição A escolha do modelo de distribuição visa eleger as melhores condições para a entrega dos produtos ao cliente �nal. Nesse aspecto, algumas perguntas devem ser respondidas: Onde e quando o produto precisa estar disponível? O produto pode ser vendido diretamente aos varejistas? O produto precisa ser distribuído por atacadistas? Quantos níveis intermediários são precisos no canal de distribuição? A distribuição será exclusiva, seletiva ou generalista? Canais de distribuição Os canais de distribuição são os meios utilizados para que o produto chegue até o consumidor �nal. De maneira geral, os canais de distribuição constituem-se de: Centros de Distribuição (CD); Distribuidores; Atacadistas; Varejistas; Representantes; Mala direta; Telefone; Internet (e-commerce). 65 Acesse o link: Disponível aqui A BRASPRESS, operadora logística, entre outras funções, atua na distribuição para vários clientes contratantes. Conheça a sede da empresa e sua so�sticada tecnologia: Na distribuição física, toda a atenção deve recair sobre a função transporte, logo, as estratégias são adotadas para fazer chegar o produto o mais rapidamente possível e ao menor custo. Em função das necessidades de cada cliente, a estrutura de distribuição pode sofrer adaptações ou mudanças. Nesse sentido, Shigunov Neto e Gomes (2016, p. 143) destacam os as principais estruturas utilizadas: • Canais de distribuição vertical • Canais de distribuição híbridos • Canais de distribuição múltiplos • Canais de distribuição reversos Por meio da Figura 1, os autores ilustram a estrutura dos canais de distribuição vertical: 66 https://www.youtube.com/watch?v=QmBuXjmgnN0 Figura 1 – Canais de distribuição vertical Fonte: Sperotto (2014 apud Shigunov Neto e Gomes, 2016, p. 143). Caro(a) aluno(a), os canais de distribuição vertical são aqueles em que as estruturas de distribuição seguem uma sequência lógica rígida de responsabilidade de um segmento a outro. Percebemos na Figura 1, que, após �nalizar o processo de produção, a empresa carrega o caminhão, transporta seus produtos até o armazém do atacadista, que por sua vez recebe esses produtos e os revende aos varejistas, os quais revendem às lojas e consumidores �nais. Por meio da Figura 2, Shigunov Neto e Gomes (2016) ilustram a estrutura dos canais de distribuição múltiplos: 67 Figura 2 – Canais de distribuição múltiplos Fonte: Sperotto (2014 apud Shigunov Neto e Gomes, 2016, p. 144). Os canais de distribução múltiplos são outra forma de estrutura que permite melhorar o gerenciamento da cadeia de distribuição. Nesse exemplo, é possível perceber que a indústria despacha os produtos para o atacadista e para a loja. Nessa situação, o consumidor pode adquirir o produto diretamente do atacadista ou do varejista. Por meio da Figura 3, Shigunov Neto e Gomes (2016) ilustram a estrutura dos canais de distribuição híbridos: 68 Figura 3 – Canais de distribuição híbridos Fonte: Sperotto (2014 apud Shigunov Neto e Gomes, 2016, p. 145). O canal de distribuição híbrido é caracterizado pelo fato de a empresa utilizar intermediários, porém, assumindo parte do processo de contato com seus clientes. Um exemplo típico ocorre quando a empresa divulga diretamente seus produtos indicando os distribuidores autorizados a fazer a venda física. Por meio da Figura 4, Shigunov Neto e Gomes (2016) ilustram a estrutura dos canais de distribuição reversos: 69 Figura 4 – Canais de distribuição reversos Fonte: Sperotto (2014 apud Shigunov Neto e Gomes, 2016, p. 145). Prezado(a) aluno(a), se considerarmos a amplitude do território de atuação da empresa, a distribuição deve ser pensada e planejada de forma estratégica. As empresas se utilizam de parcerias para fazer com que o seu produto chegue até as mãos de seus clientes dentro dos prazos e condições estabelecidos em contrato. Um estratégia comumente utilizada é a de formação de redes, alianças e terceirizações. Para a realização de uma distribuição e�caz, é fundamental que haja o equilíbrio de três componentes: estrutura da rede, automação e operações. De acordo com Giacomelli e Pires (2016, p. 88), as etapas para manter a distribuição otimizada com os três componentes que incluem as principais decisões e premissas são: 1. Estruturar e otimizar a rede: determinar quantas localizações, onde e quanto espaço é necessário para entregar aos clientes: assumir uma previsão, parâmetros-chave sobre cada produto e sobre a distribuição demográ�ca. 2. Projetar e automatizar os processos: projetar e simpli�car os processos e implementar tecnologias de informação e de manuseio de materiais para automatizar as atividades do armazém: presumir a de�nição de necessidades para automação. 3. Operar os processos e a rede: desenvolver e gerenciar os 70 processos de negócio e as operações físicas dos centros de distribuição e da logística. Quanto mais estruturada a rede de distribuição, por meio de suas diretrizes e políticas, mais contínua e crescente é a melhoria no nível de serviço oferecido ao cliente, o que evita falhas na formação de estoques e consequentemente falta de produtos. 71 09 Fundamentos de Armazenagem 72 Prezado(a) aluno(a), a armazenagem constitui um importante pilar da logística, a�nal, os produtos não são consumidos imediatamente após sua produção. Há necessidade de guardá-los em um ambiente propício até sua venda ou consumo. Como exemplo, imagine você fazendo as compras do mês em um supermercado. Ao chegar em casa, cada produto é guardado em um ambiente especí�co até ser consumido. Carnes, verduras e frutas provavelmente vão para a geladeira,produtos de limpeza são guardados na lavanderia e produtos não perecíveis provavelmente são acondicionados em um armário. Na armazenagem não é diferente! A produção em larga escala exige armazenagem. É importante entendermos o que signi�ca armazenagem e distribuição. Neste aspecto, Silva et al. (2009) de�ne distribuição como: Essa é a função responsável pela disponibilização dos itens de material necessários às operações de uma organização. Ela está presente em todos os níveis de uma cadeia de suprimentos, assim como outra função logística, certamente a mais onerosa: o transporte (SILVA et al., 2009, p. 132). É importante conhecermos a principal diferença entre dois termos muito usuais: armazenagem e estocagem. Enquanto a armazenagem é voltada para a guarda de materiais no longo prazo, a estocagem se refere à guarda dos materiais no curto prazo. É conveniente sabermos que a armazenagem é uma função logística geradora de custos. Mas se a armazenagem é geradora de custos, por que armazenamos? Acontece que as empresas precisam de uma reserva estratégica para que seus produtos não faltem no mercado. De acordo com Russo (2013, p. 20), a armazenagem ocorre, “entre outras razões, para melhorar o atendimento aos consumidores, reduzir custos de fretes e otimizar custos de produção”. A atividade de armazenagem normalmente se segue às tarefas de recebimento e tem como �nalidade a manutenção de determinados volumes de mercadorias para consumo da organização ao longo do tempo. 73 O planejamento é de fundamental importância quando a empresa resolve produzir grandes quantidades. A�nal, a necessidade de armazenagem surge a partir da falta de informações quali�cadas a respeito de demandas futuras. Assim, quanto menor o nosso controle sobre a variação dessas demandas, maior será a necessidade de armazenagem (RUSSO, 2009). As empresas buscam cada vez mais reduzir seus estoques e consequentemente seus custos, com a utilização de diferentes e variadas técnicas, entre as quais se destaca o JIT – Just in time, constante acurácia dos estoques e a disponibilização de informações em tempo real. A ideia geral é a de um maior controle para a melhoria na tomada de decisão. No entanto, os principais objetivos de um bom armazenamento são elencados por Russo (2013, p. 21): Controlar a quantidade estocada; Conservar a qualidade dos materiais, mantendo inalteradas as suas características; Permitir e manter clara a identi�cação dos materiais; Racionalizar adequadamente a classi�cação dos materiais, identi�cando aqueles sem movimentação, os iguais porém estocados com nomes diferentes, os materiais inúteis e os materiais com estoques excessivos; Reduzir custos relativos à armazenagem dos itens; Sistematizar informações sobre os materiais estocados de forma rápida e e�caz; Reduzir progressivamente a área de armazenagem Um exemplo bem atual de armazenagem são os silos das grandes propriedades produtivas ou de cooperativas. Quando a cotação da soja ou do milho, por exemplo, não é favorável à venda, a função do silo é justamente guardar o produto para ser comercializado no futuro, preservando a sua característica original. 74 A armazenagem se transformou em mais um desa�o para os gestores logísticos, pois a responsabilidade pela guarda e conservação dos produtos é grande, no qual o principal inimigo é o tempo. Um produto pode �car por instantes no armazém ou por um tempo indeterminado, comprometendo a sua validade e representando perda signi�cativa para a empresa. Nesse aspecto, são destacados os principais desa�os da função armazenagem: 1. Maximização do uso do espaço: para a maximização do espaço do armazém é utilizado o comprimento, a largura e a altura. 2. Aproveitamento e�caz dos recursos humanos e equipamentos: Esse conceito, tão importante em qualquer atividade, ganha destaque especial na armazenagem, uma vez que mão de obra e equipamentos são utilizados em atividades que, normalmente, não agregam valor ao produto. 3. Facilidade de acesso aos itens estocados: por mais óbvio que pareça, permitir fácil acesso ao estoque é, se não a primeira, uma das principais metas da armazenagem. Para que um item possa ser encontrado rapidamente, é fundamental um layout apropriado e um sistema planejado de localização, com identi�cação e codi�cação inteligentes. 4. Qualidade na armazenagem: a qualidade da armazenagem começa com a preocupação da administração em planejar as operações e o ambiente. A boa iluminação dos corredores, a limpeza do piso e a segurança nos procedimentos são fatores fundamentais para uma estocagem ordenada e e�ciente. 75 5. Proteção total dos itens: uma das principais preocupações em relação à estocagem é manter a integridade dos itens estocados, que devem ser devolvidos nas mesmas condições em que se encontravam quando foram armazenados. Isso exige procedimentos seguros, para evitar deterioração, perdas ou danos. 6. E�ciência na movimentação dos itens: a simples movimentação de materiais não agrega valor ao produto, mas agrega custos. Mesmo assim, é uma das mais importantes atividades em uma área de estocagem, empenhando signi�cativamente a mão de obra e os equipamentos disponíveis. Todos os esforços devem ser feitos na direção de garantir as movimentações e�cientes e seguras, sejam elas manuais, sejam elas mecanizadas (RUSSO, 2013, p 22-23). A atividade de armazenagem, embora siga instruções comuns por várias organizações do setor, não é um procedimento rígido como uma imposição. Alguns aspectos, inclusive denominações e nomenclaturas podem variar de empresa para empresa. O que vale é o objetivo �nal, ou seja, a armazenagem deve cumprir sua �nalidade com o menor custo e com a máxima e�ciência possível. As funcionalidades de um armazém são dependentes dos objetivos de cada empresa. Nesse sentido, Seleme e De Paula (2019, p. 61) destacam as principais funções da armazenagem: Armazenagem propriamente dita: em que se deve prover a guarda do material/produto pelo tempo necessário, com layout adequado e equipamentos de manuseio adequados. Consolidação: consiste no agrupamento de mercadoria em embalagens maiores, que permitirão o transporte e o manuseio de forma otimizada e entregas regionalizadas. Desconsolidação: caracterizada pelo desmembramento de carregamentos maiores em pequenos lotes para o envio a destinos diferentes. Um armazém pode receber produtos em pequena quantidade e aglomerá-los de modo que a saída seja em grande quantidade, ou ainda, receber grandes quantidades e transformá-las em lotes pequenos. Um armazém pode ainda nem receber produtos, apenas desembarcando-os e reembarcando-os em outra unidade de transporte. Como vimos, tudo depende do objetivo e da estratégia da empresa responsável pela importante função de armazenagem. 76 Figura 1 – Funções da armazenagem Fonte: Seleme e De Paula (2019, p. 62) De acordo com Seleme e De Paula (2019, p. 61), uma outra classi�cação considera quatro funções primárias para a armazenagem: 1. Manutenção: suas características assemelham-se à armazenagem no sentido de manter estocados os itens no armazém. 2. Consolidação: caracterizada pelo recebimento de cargas menores e diversas, agrupando-as em lotes diversi�cados para entrega ao cliente. 3. Fracionamento de volumes: idealmente comparativo à desconsolidação. 4. Combinação: agrupamento de produtos com recebimentos diversos, que, a partir de um pedido, passam ser combinados para ser entregues ao cliente [...]. Por meio da Figura 1, Seleme e De Paula (2019, p. 62) ilustram as principais funções da armazenagem: Dentro do armazém são desenvolvidas e praticadas várias funções. Dentre essas funções, as mais comuns executadas no armazém são descritas a seguir: 77 Funções comuns executadas nos armazéns Ponto de formação de estoques: associado com o conceito de ponto de desacoplamento, pode envolver a criação e manutenção de grandes volumes de estoques. Centro de consolidação: os clientes, muitas vezes, encomendam um número de linhas de produtos em vez de apenas uma e, normalmente, preferema entrega em conjunto. O armazém executa a função de agrupá-los a partir de seu recebimento, pois os produtos podem ser oriundos do estoque controlado pelo próprio armazém ou de qualquer outra parte da cadeia de suprimentos, além de encaminhá-los para os locais indicados. Centro de cross-docking: se as mercadorias são recebidas de outro lugar na cadeia de fornecimento (por exemplo, diretamente de fabricantes ou de outros armazéns) e devem satisfazer, especi�camente, um pedido de um cliente, elas podem ser embarcadas imediatamente. Signi�ca que as mercadorias recebidas podem ser transferidas diretamente do veículo de entrada para o veículo de saída, sem precisar ser colocadas no armazém, e encaminhadas ao cliente. Centro de separação/classi�cação: essa é, basicamente, uma atividade transversal às atividades do armazém, mas é utilizada em depósitos de suporte de encomendas, onde os produtos são levados ao armazém especi�camente para ordenação e encaminhamento a uma região ou a um cliente. Operação semelhante ocorre no caso de produtos que estão sendo enviados às lojas e passam pelo armazém com a �nalidade de ser classi�cado dentro das cargas nos veículos. Linha de montagem: adotada quando há a necessidade ou a decisão estratégica de adiar a produção tanto quanto possível na cadeia de abastecimento, a �m de minimizar os estoques. O depósito pode, assim, ser utilizado como o ponto de montagem �nal do produto, que envolve atividades como montagem de kits, realização de testes, execução de corte e de rotulagem. Ponto de transbordo: geralmente, é utilizado para servir às regiões mais afastadas em países de grande extensão territorial ou que concentram poucas atividades de produção. Em um cenário normal, os pedidos seriam recebidos em um centro de distribuição nacional e transportados para um depósito de transbordo (depósitos menores), onde as mercadorias são separadas, classi�cadas e despachadas em cargas para veículos menores que fazem a entrega imediata aos clientes. Esses depósitos de 78 transbordo podem ser pequenos armazéns, usados apenas para �ns de triagem, ou a operação pode ser executada em pátios, com equipamentos de desconsolidação e transporte para que veículos menores possam entregar diretamente aos clientes. Centro de mercadorias devolvidas: a movimentação de mercadorias devolvidas é cada vez mais importante, impulsionada tanto pela legislação ambiental (por exemplo, envelhecimento da embalagem e recuperação dos materiais provenientes de itens elétricos/eletrônicos) quanto pelo uso crescente de compras via internet (associada com maiores percentagens de mercadorias devolvidas em relação à loja física). Fonte: Seleme e De Paula (2019, pp. 63-65) 79 10 Fundamentos de Estoques 80 Caro(a) aluno(a), quando nos referimos a estoque, a primeira imagem que vem à mente são os produtos disponibilizados em gôndolas ou prateleiras, não é mesmo? Em nossas residências, provavelmente todos tenhamos algum tipo de estoque. A�nal, determinado item não pode faltar. Os homens deixam algumas latas de cerveja escondidas na geladeira, pois nunca sabemos quando determinados amigos nos visitam. As mulheres sempre têm algum tipo de estoque para garantir um lanche, almoço ou até mesmo um jantar. Na esfera organizacional, todas as empresas precisam manter estoques, embora a �loso�a just in time nos diga o contrário. Os estoques, na contabilidade, integram o ativo circulante, ou seja, é possível “fazer dinheiro” com ele em curto prazo. Dentro de uma empresa, quando o nível de estoque está alto, é sinal de dinheiro parado e quando está baixo nos indica um possível problema na produção. Podemos presumir então que estoques são todos os bens materiais mantidos por uma organização para suprir demanda futura. Para facilitar nosso entendimento, Barbieri e Machline (2009, p. 35) nos apresentam uma de�nição de estoques: [...] são constituídos por todos os itens de materiais destinados à venda, ao processamento interno e ao consumo concernentes às atividades �ns da organização. Esses materiais fazem parte do Ativo Circulante e passam a integrar o custo do serviço quando consumidos para a realização das atividades �ns da organização. Mas você pode estar se perguntando como as empresas garantem os estoques para fazer frente às necessidades dos clientes? A resposta passa por uma rigorosa previsão de demanda de estoques para determinados períodos. Mesmo com a realização de previsões, ainda é muito comum a empresa incorrer em erros e o produto faltar na prateleira. Desta forma, podemos deduzir que o estoque seria então uma forma de a organização proteger-se da imprevisibilidade dos processos internos e externos dos quais depende. Em nível empresarial, é inadmissível a falta de um produto. É como o gestor logístico assinar um atestado de incompetência. Para evitar ao máximo que ocorra a ruptura no estoque, é importante uma boa administração de estoques, que, segundo Arnold (2006, p. 265), tem a seguinte responsabilidade: 81 A administração de estoques é responsável pelo planejamento e controle do estoque, desde o estágio de matéria-prima até o produto acabado entregue aos clientes. Como o estoque resulta da produção ou a apoia, os dois não podem ser administrados separadamente e, portanto, devem ser coordenados. As razões que justi�cam manter estoques em um canal de suprimentos são as mais variadas, no entanto, devido aos altos custos de sua guarda, sua manutenção recebe críticas diversas. Não há um consenso entre os gestores sobre a manutenção de estoques ou sua eliminação. Segundo Francischini e Gurgel (2002, p. 81), de�ne-se estoque como “quaisquer quantidades de bens físicos que sejam conservados, de forma improdutiva, por algum intervalo de tempo”. São quatro, os principais tipos de estoques mantidos nas organizações: Estoques de matérias-primas: materiais e componentes comprados de fornecedores, armazenados na empresa compradora e que não sofreram nenhum tipo de processamento; Estoques de materiais em processo: materiais e componentes que sofreram pelo menos um processamento no processo produtivo da empresa compradora e aguardam utilização posterior; Estoque de produtos auxiliares: peças de reposição, materiais de limpeza, materiais de escritório; Estoque de produtos acabados: produtos prontos para comercialização (FRANCISCHINI e GURGEL, 2002, p. 81, grifo nosso). A situação ideal seria que as mais diversas empresas se localizassem bem ao lado dos seus fornecedores, de modo que, quando precisassem comprar, fosse atendida rapidamente pelo fornecedor ao seu lado. Os estoques constituem uma conta importante do ativo circulante no balanço das empresas e in�uem diretamente na liquidez, o que determina a manutenção de seus valores em níveis adequados e compatíveis com as disponibilidades �nanceiras. Em outros termos, estoque alto é sinônimo de dinheiro parado. É muito mais fácil defender-se das críticas pela manutenção de estoque em excesso do que ser apanhado, uma vez que seja, com estoque esgotado. A maior parte dos custos de manutenção de estoques é custo de oportunidade e, portanto, deixa de ser identi�cados nos relatórios normais de contabilidade. Levando-se em conta que os níveis de estoques têm sido altos demais para serem 82 justi�cados como suporte razoável às operações, essa crítica é talvez justi�cada. (BALLOU, 2006, p.273). A tendência é que as empresas diminuam ao máximo seus estoques, porém, sem eliminá-los. O gestor logístico ainda enxerga a existência de estoques como uma margem de segurança, visando garantir abastecimento futuro eventual. No tocante à manutenção ou não de estoques, qualquer que seja a resposta, nunca agradaremos a todos. Porém, Silva et al. (2009) apresenta um posicionamento esclarecedor: A situação ideal seria aquela que não houvesse a necessidade de formar estoques, que representam imobilização de capital circulante. Entretanto, o mercado fornecedor, na grande maioria das vezes, não pode atender de forma imediata às necessidades de seus clientes. Assim, amanutenção em estoque dos materiais necessários ao atendimento das demandas é imprescindível para evitar paralisações das atividades operacionais que gerem prejuízos ou comprometam a segurança das pessoas e do meio ambiente (SILVA et al., 2009, p. 58). 83 Existindo ou não estoque na empresa, é preciso fazer a sua gestão. Essa gestão é muito complexa devido às diferenças de cada item guardado. Nesse contexto, Ching (2010, p. 14) enfatiza que “há certas características que são comuns a todos os problemas de controle de estoque, não importando se são matérias-primas, material em processo ou produtos acabados”. Imagine um grande armazém com milhares de produtos estocados. Como controlar a quantidade, a conservação e o prazo de validade de cada um deles? É uma tarefa bastante complexa e requer atenção especial do seu gestor. É importante lembrar que um estoque alto representa dinheiro parado e também gera custos para a organização. Um estoque baixo, de igual forma, pode representar custo para a empresa. Percebe o tamanho do problemas de controle de estoques? Por meio do Quadro 1, Ching (2010) apresenta as características comuns a todos os problemas de controle de estoques: 84 Quadro 1 – Características comuns a todos os problemas de controle de estoque A. Custos associados a estoques : Excluindo o custo de aquisição da mercadoria, os custos associados aos estoques podem ser divididos em três categorias: 1. Custo de pedir: incluem os custos �xos administrativos associados ao processo de aquisição de quantidades requeridas para reposição do estoque – custo de preencher o pedido de compra, processar o serviço burocrático, na contabilidade e no almoxarifado, e de receber o pedido e veri�cação contra a nota e a quantidade física. Os custos de pedir são de�nidos em termos monetários por pedido; 2. Custo de manter estoque : estão associados a todos os custos necessários para manter certa quantidade de mercadorias por um período. São geralmente de�nidos em termos monetários por unidade, por período. Os custos de manter estoque incluem componentes como custos de armazenagem, custo de seguro, custo de deterioração e obsolescência e custo de oportunidade de empregar dinheiro em estoque; 3. Custo total: É de�nido como a soma dos custos de aquisição e de manter estoque. Os custos totais são importantes no modelo do lote econômico, pois o objetivo deste é determinar a quantidade do pedido que os minimiza (CHING, 2010). B. Objetivos do estoque : Qualquer que seja a razão para manter estoques, ela pode ser eliminada por meio de um trabalho de inteligência e técnico. Desta forma, o ideal seria e empresa manter o estoque zero. O problema é que o custo para manter estoque zero pode ser maior do que o custo de manutenção do estoque. 1. Objetivos de custo : Estabelecer os níveis de estoque e sua localização é apenas uma parte do problema do controle de estoque. Considerando esse objetivo mais amplo, uma questão crítica é balancear os custos de manter e de pedir estoque, porque esses custos têm comportamentos con�itantes. Quanto maiores as quantidades estocadas, maiores serão os custos de manutenção. Quanto maior for a quantidade do pedido, maior será o estoque médio e maior o custo de mantê-lo. No entanto, se maiores quantidades forem solicitadas, menos pedidos e suas consequentes entregas ocorrerão e, por consequência, menores custos de aquisição (CHING, 2010). 2. Objetivos de nível de serviço : Às vezes, a di�culdade em estimar os custos de faltas leva ao estabelecimento de um objetivo ligeiramente diferente para o controle de estoque. Ao �xar a disponibilidade conforme a política de que, por exemplo, “98% dos pedidos de um item qualquer devem ser atendidos 85 Fonte: Ching (2010, pp. 14-15). em 48 horas”, devem ajustar-se os custos de manter e de pedir de modo que sua soma seja minimizada. Deve-se ter grande cautela para �xar o nível de serviço de estoque desta forma. Deve-se obter o maior equilíbrio possível entre a produção e o custo total de estoque, de um lado, e o nível de serviço prestado aos clientes, de outro lado. C. Previsão das incertezas : contratar o nível de estoque tem seus riscos associados. Di�cilmente teremos a certeza da quantidade a ser solicitada pelos clientes e da quantidade a ser enviada para armazenagem. Um fato complicador é não ser possível prever com exatidão quando chegarão os suprimentos para iniciar a produção ou prestar os serviços e abastecer os estoques. Para minimizar as incertezas as empresas estabelecem parcerias com fornecedores, onde prevalece a relação de con�ança. No entanto, a empresa deve mapear com exatidão, fornecedor a fornecedor, o tempo que cada um necessita para processar o pedido, programar a produção, se necessário, produzir, e o tempo de despacho do material. Caro(a) aluno(a), você provavelmente já observou o interior de alguns armazéns ou depósitos e certamente percebeu que, independente do lugar e do tamanho, todos os locais seguem uma determinada regra ou princípios, não é mesmo? Nesse aspecto, para organizar um setor de controle de estoques, inicialmente deveremos descrever seus objetivos principais, que são: determinar “o que” deve permanecer em estoque: número de itens; determinar “quando” se devem reabastecer os estoques: periodicidade; determinar “quanto” de estoque será necessário para um período predeterminado: quantidade de compra; acionar o departamento de compras para executar aquisição de estoque: solicitação de compras; receber, armazenar e guardar os materiais estocados de acordo com as necessidades; Controlar os estoques em termos de quantidade e valor; fornecer informações sobre a posição do estoque; Manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estados dos materiais estocados; Identi�car e retirar do estoque os itens obsoletos e dani�cados (DIAS, 2010, p. 21). 86 Nada na gestão de estoques ocorre por acaso e tudo é estrategicamente planejado. Algumas diretrizes associadas à razão de ser da atividade de gestão de estoques devem ser observadas no processo de planejamento: Manter níveis de estoques compatíveis com a política de suprimento estabelecida para a organização; Assegurar o suprimento de material com o conhecimento dos riscos de falta julgados adequados às operações; Controlar os níveis de estoques e promover o ressuprimento de forma e�ciente (ao menor custo) e e�caz (atendimento no menor tempo possível); Analisar sistematicamente o comportamento dos estoques e promover o aproveitamento ou a destinação dos itens considerados inativos, inservíveis ou obsoletos para os interesses da organização; Gerenciar os estoques utilizando critérios de seletividade (regra 80/20 ou método ABC/Pareto); Manter um sistema de informação que atenda à gestão de estoques e todas as suas interfaces; Avaliar de forma objetiva, de preferência por meio de indicadores, a contribuição da gestão de estoques para os objetivos da empresa (SILVA et al., 2009, p. 62). Prezado(a) aluno(a), o gerenciamento de estoques é uma atividade estratégica, pois dele depende a sobrevivência da empresa. Estoque é um ativo circulante e representa dinheiro parado e custos. Por essa razão, essa importante área merece um olhar atento do gestor logístico, o qual se utiliza além de conhecimentos especí�cos, de muita tecnologia para um controle rigoroso de tudo que entra e sai de um armazém. 87 11 A Cadeia de Suprimentos Logística 88 A cadeia de suprimentos logística (conhecida como supply chain) consiste na interligação entre todos os departamentos da empresa com seus fornecedores e prestadores de serviços, resultando em grandes impactos nos resultados e processos. A função de uma logística e�caz é a de articular recursos humanos, materiais e tecnológicos para possibilitar que equipamentos, materiais, produtos e mercadorias estejam sempre disponíveis no tempo, quantidade e local necessários, de forma segura e com custo adequado. A gestão da cadeia de suprimentos, ou supply chain Management (SCM), consiste na colaboração entre empresas paraimpulsionar o posicionamento estratégico, abrangendo todas as atividades relacionadas com o �uxo e a transformação de mercadorias, desde o estágio de matéria-prima até o usuário �nal. Neste contexto, Bertaglia (2009, p. 5) conceitua cadeia de abastecimento: A cadeia de abastecimento corresponde ao conjunto de processos requeridos para obter materiais, agregar-lhes valor de acordo com a concepção dos clientes e consumidores e disponibilizar os produtos para o lugar (onde) e para a data (quando) que os clientes e consumidores desejarem. Além de ser um processo bastante extenso, a cadeia apresenta modelos que variam de acordo com as características do negócio, do produto e das estratégias utilizadas pelas empresas para fazer com que o bem chegue às mãos dos clientes e consumidores. A tarefa do gerenciamento da cadeia de suprimentos é sincronizar as necessidades dos clientes com a administração dos �uxos de materiais, a partir dos fornecedores, reduzindo o investimento e os custos desses serviços, gerando vantagem competitiva e valor para a cadeia de suprimentos. Cadeia de suprimentos é um termo surgido mais recentemente e que capta a essência da logística integrada e inclusive ultrapassa. Desta forma, Mentzer et al. (2001 apud Ballou 2010, p. 28, grifo meu) de�ne SCM: O gerenciamento da cadeia de suprimentos é de�nido como a coordenação estratégica e sistemática das tradicionais funções de negócios e das táticas ao longo dessas funções de negócios no âmbito de uma determinada empresa e ao longo dos negócios no âmbito da cadeia de suprimentos, com o objetivo de aperfeiçoar o desempenho 89 em longo prazo das empresas isoladamente e da cadeia de suprimentos como um todo. Na verdade, não é fácil a diferenciação de logística empresarial e do gerenciamento da cadeia de suprimentos. As duas têm a mesma missão, que é colocar os produtos ou serviços certos, no lugar certo, no momento certo, e nas condições desejadas, dando ao mesmo tempo a melhor contribuição possível para a empresa. A Gestão da Cadeia de Suprimentos pode ser considerada como uma estratégia para a melhoria do desenvolvimento de produtos, das metas de qualidade e de entrega, da eliminação do desperdício, do aumento e da satisfação do cliente, da redução de custos e da obtenção da vantagem competitiva para a organização individualmente e para cadeia como um todo. De forma mais sucinta, Francischini e Gurgel (2002, p. 262) de�nem Cadeia de Suprimentos ou supply chain como: Integração dos processos que formam determinado negócio, desde os fornecedores originais até o usuário �nal, proporcionando produtos, serviços e informações que agregam valor para o cliente (FRANCISCHINI e GURGEL, 2002, p. 262). 90 Figura 1 – A evolução da logística para a cadeia de suprimentos Fonte: Ballou (2010, p. 30) Complementando o conceito, de acordo com Ballou (2010, p. 29) “a logística/cadeia de suprimentos é um conjunto de atividades funcionais (transportes, controle de estoques, etc.) que se repetem inúmeras vezes ao longo do canal pelo qual matérias- primas vão sendo convertidas em produtos acabados, aos quais se agrega valor ao consumidor”. A �gura 1 apresenta as teorias que, de acordo com Ballou (2010), precederam à Gestão da Cadeia de Suprimentos três momentos históricos: até 1960 como atividades fragmentadas de suprimentos; entre 1960 e 2000 como período de integração dos processos de logística; e pós 2000, em que a logística se integra às 25 funções de planejamento, informação, marketing e �nanças para compor a Gestão da Cadeia de Suprimentos: Caro(a) aluno(a), você deve estar se perguntando: qual a relação da logística/cadeia de suprimentos com uma empresa? Se considerarmos que o poder aquisitivo das empresas e dos indivíduos diminuiu consideravelmente nos últimos anos deduzimos que uma organização que pratica preços elevados perderá boa parte dos seus 91 clientes. No mercado atual, face à concorrência cada vez maior, há a necessidade constante de redução de custos para a prática de um preço justo, atrativo e competitivo. Ao abordarmos a redução de custos, nos referimos à redução em toda a cadeia de suprimentos, ou seja, com mão de obra, redução de estoques, assertividade em compras, pesquisa de fornecedores, racionalização e padronização de processos, combate ao desperdício, às perdas, extravios, retrabalho, en�m, uma análise minuciosa de todos os geradores de custos. O gerenciamento da cadeia de suprimentos surge como uma resposta à obtenção da vantagem competitiva, permitindo que a unidade hospitalar, por meio de uma gestão sustentável, aumente sua lucratividade, sem aumentar os preços, mas diminuindo seus custos. Neste sentido, Porter (1985, p. 62) conceitua vantagem competitiva: Vantagem competitiva advém do valor que a empresa cria para seus clientes em oposição ao custo que tem para criá-la, portanto, a formulação de uma estratégia competitiva é essencial para a empresa, pois esta di�cilmente poderá criar condições ao mesmo tempo, para responder a todas as necessidades de todos os segmentos de mercado atendido, proporcionando à empresa, desta forma, criar uma posição única e valiosa (PORTER, 1985, p. 62). Devido à variedade de tarefas que devem ser realizadas para satisfazer às necessidades logísticas, não é de surpreender que inúmeras empresas combinem competências, para criar uma estrutura de canal. Somente por meio da cooperação no âmbito de todo o canal podem ser plenamente satisfeitas as necessidades logísticas e de marketing para uma distribuição bem-sucedida. Neste sentido, Bowersox e Closs (2004, p. 99) destacam a importância da integração da cadeia de suprimentos: O princípio básico do gerenciamento da cadeia de suprimento está fundamentado na convicção de que a e�ciência pode ser aprimorada por meio do compartilhamento de informação e do planejamento conjunto. [...] O amplo entendimento de que a cooperação é, além de permitida, incentivada, estimulou o interesse na formação de relacionamentos de cooperação na cadeia de suprimento. 92 É importante destacar que o objetivo da formação de relacionamentos de cooperação na cadeia de suprimentos (também conhecido como parceria), é aumentar a competitividade do canal. Para alcançar um elevado grau de cooperação é necessário que os atores desta cadeia compartilhem ao máximo as informações, de modo que as empresas possam planejar em conjunto os melhores meios e maneiras de satisfazer às necessidades, fazendo o que é certo de maneira mais rápida e e�ciente. De acordo com Bowersox e Closs (2004, p. 43), “a logística integrada é vista como a competência que vincula a empresa a seus clientes e fornecedores, onde as informações �uem pela empresa na forma de atividades de vendas, previsões e pedidos”. Neste processo, as informações são �ltradas em planos especí�cos de compras e de produção. No momento do suprimento de produtos e materiais, é iniciado um �uxo de bens de valor agregado que resulta, por �m, na transferência de propriedade de produtos acabados aos clientes. O conceito de logística integrada é ilustrado na área sombreada da �gura 2: 93 Figura 2 – A integração logística Fonte: Bowersox e Closs (2004, p. 44) Por meio da Figura 2 é ilustrado o trajeto do pedido do cliente, cabendo à empresa �ltrar as informações essenciais para a distribuição aos setores que planejam a compra de materiais com os fornecedores. A utilização de tecnologia possibilita maior rapidez no �uxo de informações cliente-empresa bem como do �uxo da organização em relação aos fornecedores. O emprego da logística de uma forma integrada, como uma nova estratégia capaz de criar dentro das empresas uma sincronização entre os seus departamentos e �liais, é ainda uma prática recente no Brasil. A logística integrada permite uma redução de custos em toda a cadeia de suprimentos e, com isso, um melhor nível de serviço, o “algo mais” buscando o encantamento do cliente. Uma vez concretizada a venda de um produto, assinado um contrato de serviços, é importante analisarmos de que forma entregaremoseste produto ou serviço, através de qual modal de transporte, qual o custo decorrente de uma decisão tomada inerente à movimentação. 94 12 A Função Compras 95 Caro(a) aluno(a), para que uma empresa possa produzir seus itens e satisfazer às necessidades do consumidor, é necessário que ela obtenha matéria-prima para fazer frente a essa produção. A�nal, ninguém produz algo sem ter os insumos necessários, não é mesmo? As empresas compram, e compram muito! Mas o que vem a ser essa função tão importante e complexa? De acordo com Dias (2010), qualquer atividade industrial precisa de insumos, componentes, equipamentos e serviços para que possa entrar em operação. No ciclo de processo de fabricação, antes de iniciar a primeira operação, os materiais e insumos devem estar disponíveis, mantendo-se, com certo grau de certeza, a continuidade de seu abastecimento de modo a atender às necessidades durante determinado espaço de tempo. Assim, a quantidade de materiais e a sua qualidade devem ser compatíveis com o processo produtivo. A função compras também é conhecida como área de suprimentos ou aquisições, ou ainda aprovisionamento, procurement ou obtenção. Nesse contexto, vejamos os conceitos da função de compras de uma organização, por autores distintos: O departamento de compras desempenha um papel fundamental na realização de objetivos da empresa. Sua missão é perceber as necessidades competitivas dos produtos e serviços, tornando-se responsável pela entrega no momento certo, pelos custos, qualidade e outros elementos na estratégia de operações (CAXITO, 2011, p. 176). A função compras é um segmento essencial do Departamento de Materiais ou Suprimentos, que tem por �nalidade suprir as necessidades de materiais ou serviços, planejá-las quantitativamente e satisfazê-las no momento certo com as quantidades corretas, veri�car se recebeu efetivamente o que foi comprado e providenciar armazenamento. Compras é, portanto, uma operação da área de materiais, muito importante entre as que compõem o processo de suprimento (DIAS, 2010, p. 271). O setor de compras ocupa uma posição importante na maioria das organizações, pois peças, componentes e suprimentos comprados representam, em geral, de 40 a 60% do valor �nal das vendas de qualquer produto. Isso signi�ca que reduções de custos relativamente baixas conquistadas no processo de aquisição de materiais podem ter um impacto bem maior sobre os lucros do que aperfeiçoamentos semelhantes em outras áreas de custos e vendas da organização. A isso se dá o nome de princípio de alavancagem (BALLOU, 2010, p. 357). 96 Comprar não signi�ca tão somente adquirir os itens solicitados pelos demais departamentos da empresa, é muito mais que isso! A função compras requer planejamento e previsão. Nesse sentido, Ballou (2010, p. 356) destaca as principais atividades associadas a compras: Selecionar e quali�car fornecedores Avaliar desempenho dos fornecedores Negociar contratos Comparar preço, qualidade e serviço Pesquisar bens e serviços Programar as compras Estabelecer os termos das vendas Avaliar o valor recebido Mensurar a qualidade recebida, quando esta não estiver incluída entre as responsabilidades do controle de qualidade Prever mudanças de preços, serviços e, às vezes, da demanda. 97 a. Obter um �uxo contínuo de suprimentos a �m de atender aos programas de produção. b. Coordenar esse �uxo de maneira que seja aplicado um mínimo de investimento que afete a operacionalidade da empresa. c. Comprar materiais e insumos aos menores preços, obedecendo a padrões de quantidade e qualidade de�nidos. d. Procurar sempre dentro de uma negociação justa e honesta as melhores condições para a empresa, principalmente em condições de pagamento. No século passado, quem desempenhava todas as funções gerenciais era o dono da empresa, que assumia as principais responsabilidades: produção, �nanças e vendas. Com o crescimento do volume de negócios, tornou-se necessária a contratação de pro�ssionais para o desempenho dessas funções. O proprietário então �cou responsável por determinar as diretrizes de cada setor e a execução de responsabilidade do contratado. Por meio do Quadro 1, Dias (2010) ilustra a organização de compras da maioria das organizações empresariais: Dada a importância das aquisições para a organização empresarial, Dias (2010, p. 272) identi�ca os objetivos básicos de um setor de compras: 98 Quadro 1 – Organização de compras Independente do porte da empresa, os princípios da organização de compras constituem-se de normas fundamentais assim consideradas: autoridade para compra; registro de compra; registro de preços; registro de estoques e consumo; registro de fornecedores; arquivos e especi�cações; arquivos de catálogos. Completando a organização, podemos incluir como atividades típicas da seção de Compras: a) Pesquisa de fornecedores estudo de mercado; estudo dos materiais; análise dos custos; investigação das fontes de fornecimento; inspeção das fábricas dos fornecedores; desenvolvimento de fontes de fornecimento; desenvolvimento de fontes de materiais alternativos. b) Aquisição conferência de requisições; análise das cotações; decidir comprar por meios de contratos ou mercado aberto; entrevistar vendedores; negociar contratos; efetuar encomendas de compras; acompanhar o recebimento de materiais. c) Administração manutenção de estoques mínimos; transferência de materiais; evitar excessos e obsolescência de estoque; padronizar o que for possível. d)Diversos fazer estimativa de custo; dispor de materiais desnecessários, obsoletos ou excedentes; cuidar das relações comerciais recíprocas. Fonte: Dias (2010, pp. 273-274) 99 Fonte: Dias (2010, p. 275) A estrutura do setor de compras varia de empresa para empresa e, em alguns casos, de acordo com a visão e importância atribuída a esse setor. Em um supermercado, por exemplo, a estrutura é bastante complexa e muitas vezes dividida por itens e grupo de itens de compras. Já em uma empresa de pequeno porte, o setor de compras está centrado no dono da empresa ou em um funcionário especí co. O setor de compras, além de adquirir o item necessário ao processo produtivo, também deve se preocupar com a qualidade do item comprado, com o prazo de entrega, com as condições de pagamento e pela qualidade do fornecedor escolhido. Por esse rol de responsabilidades, é fundamental que esse pro ssional tenha uma estrutura física mínima para desempenhar suas atividades. Nesse contexto, Dias (2010, p. 275) apresenta um organograma de uma seção de compras: Figura 1 – Organograma da seção de compras 100 É fundamental considerar que a urgência é inimiga do setor de compras. E o motivo é muito simples: à medida que não temos o tempo necessário para elaborar o processo de compras a vantagem passa para o fornecedor. Uma vez percebida a urgência pela outra parte, a tendência é que os preços aumentem signi�cativamente. Tudo que é às pressas sai mais caro! Mas a�nal, o que vem a ser o processo de compras? De acordo com Caxito (2011, p. 178), “o processo de compras refere-se a todas as partes necessárias para dar andamento ao processo de aquisição de materiais, tanto para compras de recursos materiais quanto de recursos patrimoniais”. As fases do processo de compras são assim elencadas por Caxito (2011, p. 178): Preparação e planejamento: compreendem os recebimentos das informações, como informações técnicas e elaborações de condições gerais do produto a ser adquirido. Seleção de fornecedores: a seleção de fornecedor é uma das atividades mais importantes na aquisição, pois é quando a produção começa. E um programa de aquisição não terá sucesso ao menos que relacionamentos cooperativos de fornecedor/cliente sejam estabelecidos e mantidos. Alguns critérios são aplicados nos processos de seleção de fornecedores independentemente do setor de atuação, como solicitação de certi�cações de sistemas de gestão, especialmente quando a relação comercial se dá no âmbito internacional. Normas como a ISO 9001 (gestão da qualidade),ISO 14001 (gestão ambiental) e OHSAS 18001 (gestão de segurança e saúde ocupacional) são referências utilizadas tanto para seleção quanto para auditorias em fornecedores. Cotações, preços e acompanhamentos: nesta fase, o comprador tem todas as características necessárias para desenvolver e solicitar cotações, preços e prazos. Após receber as cotações e de�nir em qual fornecedor comprar, o acompanhamento do pedido (follow-up) deve ser bem criterioso. O cumprimento desse prazo determinará as próximas ações nas organizações e fechará esta etapa do processo. Tendo em vista a grande importância do setor de compras, é de se presumir que todos os departamentos funcionais dentro de uma empresa geram informações para o sistema de compras, ou requerem algum tipo de informação do mesmo. Dias (2010) descreve a relação entre as diversas áreas com o setor de compras: 101 1.Produção: a relação entre ambos deverá ser considerada mais do ponto de vista do seu objetivo comum, que é contribuir efetivamente para o benefício geral da empresa. Desse ponto de vista, há uma excelente razão para que nem um nem outro predomine em suas funções. 2.Engenharia: A cooperação entre Compras e Engenharia concentra-se principalmente ao redor dos assuntos referentes ao projeto, planejamento e especi�cações preliminares às exigências de produção. 3.Contabilidade: Cada compra efetuada representa um dispêndio, ou um compromisso dos fundos da empresa. Essa compra põe em ação uma série de operações de contabilidade. A relação entre Compras e Contabilidade é, portanto, de vital importância e é, frequentemente, iniciada antes que a compra seja realmente realizada. 4.Vendas: O departamento de Vendas deve manter o de Compras informado quanto às cotas de vendas e quanto às expectativas das mesmas, que servem como um índice de prováveis quantidades de materiais necessários. Nas empresas industriais esse relacionamento já está transferindo-se para o PCP, que �ca responsável por essas informações. 5.PCP: A relação existente entre Compras e o PCP é tão estreita e tão fundamental que ambos se encontram combinados em mais da metade das organizações industriais. Do ponto de vista funcional, o efeito almejado por esta estreita colaboração é estender a responsabilidade pelos materiais, desde o momento de aquisição até ao de entrega e utilização. 6.Controle de Qualidade: a primeira responsabilidade das Compras para com o Controle de Qualidade é adquirir materiais e produtos que satisfaçam às especi�cações. O Controle de Qualidade geralmente faz testes de aceitação de materiais comprados. Nesse caso, deve-se esclarecer a Seção de Compras e, por intermédio desta, o fornecedor sobre quais métodos de teste serão aplicados e qual será o critério adotado para a sua aceitabilidade (DIAS, 2010, pp. 276-277). 102 13 Tecnologias Aplicadas à Logística 103 Caro(a) aluno(a), o gerenciamento das atividades logísticas requer, além de preparo técnico-profissional, a utilização de recursos tecnológicos que permitam facilitar o controle dos fluxos de materiais e de informações. Dentre as tecnologias mais utilizadas na área operacional pelas organizações empresariais estão o código de barras, o RFID (radio frequency identification), o WMS, o TMS, entre outros. O cenário logístico sofre mudanças constantes com a tecnologia cada vez mais avançada. Nesse contexto, as organizações que desejam permanecer no mercado deve acompanhar essa evolução de forma a controlar todo o processo logístico com o menor esforço e com maior rapidez. O desenvolvimento tecnológico influi diariamente no cotidiano de todas as atividades humanas, e nesse sentido, a distribuição e o transporte não ficaram à parte dessa inovação. Os modernos recursos de informática permitem a gestão de operações complexas, facilitando a administração JIT (Just in Time) e aumentando a tendência a manter estoques cada vez menores, assim como a distribuição cross-docking. É fundamental a integração desses elementos por meio dos sistemas de informação, de forma a gerir a cadeia de suprimentos de maneira eficaz e econômica (RUSSO, 2009). O apoio da informática ao sistema logístico permite, por exemplo, identificar simultaneamente a localização de uma carga em trânsito e agilizar as decisões sobre o acompanhamento e eventuais redirecionamentos. O relacionamento entre operadores e clientes, decorrentes do avanço da informática, permite receber e confirmar os requisitos de transporte e notificar o estado atual da entrega, além de atualizar em tempo real os níveis de estoque e sua disponibilidade. 104 A palavra de ordem na logística é a máxima rapidez e a informação em tempo real. Nesse sentido, Russo (2009, p. 196) destaca que o “rastreamento por satélite, a comunicação via satélite, o intercâmbio eletrônico de dados e a internet possibilitam a integração da cadeia de suprimentos da unidade produtiva até o ponto de venda”. Cada vez mais a utilização desses recursos tecnológicos se faz presente no cotidiano das organizações, com a colocação de pedidos via computador e adoção de sistemas automatizados de reabastecimento, tudo com informações em tempo real, melhorando a eficiência e a rentabilidade ao longo da cadeia de abastecimento. A seguir, listamos as principais tecnologias comumente utilizadas no controle das diversas atividades logísticas: 1) O Código de Barras A primeira ferramenta significativa dessa revolução tecnológica na gestão logística foi o código de barras, que nos últimos anos desempenhou importante função no processo de informatização de produção e de logística. O gargalo (obstáculo) no processamento de dados ocorre na entrada dos mesmos. Segundo Silva et al. (2009, p. 138), “digitar dados consome tempo e recursos, além de ser fonte de erros, exigindo mais recursos para a correção”. A utilização do código de barras reduziu consideravelmente o tempo despendido com tal operação. 105 A utilização mais conhecida do código de barras temos visto nos supermercados, onde antes da introdução desta tecnologia, as filas nos caixas eram grandes e lentas. Atualmente, quando o código de barras de um produto é lido ao passar pelo caixa, a informação é transferida em tempo real para um banco de dados. Na sequência, os subsistemas (compras, estoques, armazenagem, distribuição, etc.) são atualizados em tempo real, obtendo-se um ganho considerável de produtividade. Devido ao seu custo reduzido o código de barras ganhou a preferência das empresas para ser utilizado, que o torna insuperável para o que se destina. O tipo de código de barras mais conhecido é o EAN, utilizado no comércio. Na indústria e serviços são empregados outros padrões, como o 39 ou o 2 em 5. Outro tipo de código é o bidimensional, capaz de armazenar maior quantidade de dados que o código de barras comuns (unidimensionais). Enquanto um código de barras comum é capaz de armazenar algo em torno de 50 bytes, os tipos bidimensionais podem armazenar mais de mil bytes (SILVA et al., 2009). O código de barras refere-se a um método de codificação de dados alfanuméricos para leitura óptica precisa e rápida. De acordo com Razzolini Filho (2012), é constituído por: Uma sequência de barras e espaços alternados [sic] impressos ou estampados em produtos, etiquetas ou outra forma de fixação, representando informações codificadas que podem ser reconhecidas por leitores eletrônicos, utilizados para facilitar a entrada de dados em sistemas de processamento de dados (RAZZOLINI FILHO, 2012, p. 211). A figura 1 ilustra os componentes do código de barras EAN – 13, que permitem facilitar sua identificação e utilização: 106 Figura 1 – Estrutura do código de barras EAN-13 Fonte: Disponível aqui De acordo com a tabela de países, o prefixo para o Brasil sempre deve começar com a sequência "789", de acordo com o Decreto n.º 90.595, de 29 de novembro de 1984. Essa é a regra básica para todos os produtos identificados no Brasil. Os números internacionais de identificação são compostos por 13 dígitos. Isso permite fazer um conjunto de combinações,suficientemente variadas, com o intuito de criar uma identificação exclusiva para cada produto. Outro código EAN empregado em gestão logística é o EAN-DUN 14, que serve para identificar materiais unitizados, como caixas, fardos, contêineres e semelhantes. Como a denominação indica, tem 14 dígitos e é formado a partir do EAN-13. O usuário deve apenas adicionar um dígito (de zero a nove), chamado variante logística (VL). 107 http://www.ean13.com.br/ Figura 2 – Código de Barras EAN – DUN – 14 (com a variante logística VL) Fonte: Adaptado de Silva et al. (2009, p. 141). Esse dígito é colocado antes do prefixo do país (no caso do Brasil, antes do 789) e serve para indicar características específicas de interesse do usuário. A figura 2 ilustra os componentes do EAN – DUN 14, onde o primeiro dígito (1) que precede o código do Brasil (789) indica que o produto é unitizado: 2) Código Bidimensional Refere-se a um modelo de código mais recente, criado nos anos 1990, cuja principal característica é a capacidade de acumular uma grande quantidade de informações, podendo-se considerá-lo um banco de dados. É muito útil para agilizar a entrada de dados complexos, como notas fiscais de fornecedores. Devido à popularização do EDI, tecnologia utilizada para transmitir dados de notas fiscais e/ou listagem de remessas, e com a introdução das etiquetas inteligentes, o uso do código de barras bidimensional tende a diminuir. Uma das principais razões para isso, além da maior rapidez das novas tecnologias, é que sua leitura exige um equipamento especial, mais sofisticado do que os empregados para ler códigos unidimensionais. Mesmo assim, para muitas aplicações, o código de barras bidimensional ainda é recurso menos dispendioso do que os chips (SILVA et al., 2009). Na figura 3, é apresentado o formato do código de barras bidimensional: 108 Figura 3 – Código de Barras Bidimensional Fonte: Silva et al. (2009, p. 143). 3) Etiquetas Inteligentes RFID, EPC, Chips Mais modernos que os código de barras, esses recursos são conhecidos pelas siglas RFID (radio frequency identification) ou EPC (eletronic product code). O sistema RFID constitui-se de um microchip com uma antena e um leitor, também provido de antena. Seu tamanho é tão reduzido que ele pode ser adicionado a cartões, etiquetas, rótulos ou outros meios que possibilitem a leitura eletrônica e, portanto, a localização e o rastreamento. Esse recurso tecnológico serve igualmente para identificar, localizar e rastrear pessoas, animais ou qualquer outro elemento móvel. Nos seres vivos inclusive os humanos, pode ser introduzido sob a pele, passando a fazer parte do corpo, com reduzido risco de rejeição (SILVA et al., 2009). Os chips, na realidade, são como minúsculos computadores alimentados de forma indutiva pela energia produzida pelos equipamentos de leitura. No entanto, a capacidade de processamento de dados e de armazenamento é reduzida, algo como 1 KB (kilobyte). Com os constantes avanços da nanotecnologia, é de se esperar que tal capacidade aumente consideravelmente. Por meio da Figura 4 é ilustrado um modelo de controle de acesso de pessoas com a utilização do RFID: 109 Figura 4 – Tecnologia RFID para o controle de pessoas Fonte: Disponível aqui No cenário logístico, a tendência é que o uso da tecnologia RFID – radio frequency identification ou identificação por rádio frequência – cresça consideravelmente devido à sua contribuição para redução dos custos relacionados aos estoques e movimentação de produtos. No setor bancário essa tecnologia já é bastante utilizada em cartões de crédito e débito, objetivando tornar mais seguro o seu uso pelos clientes. O principal entrave quanto à maior utilização da tecnologia RFID é o seu custo, cerca de US$ 1,00 por etiqueta. Nesse sentido, Silva et al. (2009) aponta um exemplo de uso por uma grande rede mundial: Em 2005, a cadeia de supermercados Wal-Mart, maior empresa do mundo, anunciou para o início de 2006 a introdução, nos seus centros de distribuição, das etiquetas inteligentes para os paletes e caixas recebidos de seus principais fornecedores. Foi uma iniciativa meio unilateral de um grupo poderoso, que podia impor tal procedimento, sabendo que os fornecedores perceberiam os ganhos a longo prazo e, também, que essa seria a forma de continuarem trabalhando com um comprador tão grande. A expectativa da direção do Wal-Mart é de que, em breve, a RFID terá um custo da ordem de 10 centavos de dólar (SILVA et al., 2009, p. 144). 110 https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rfid-scanner.jpg A obtenção de vantagens da rede Wal-Mart com a utilização da tecnologia RFID foram várias, entre as quais se destacam a rapidez na realização do inventário de estoques em termos de tempo e custo e o rastreamento de cada item. Nesse sentido, é possível afirmar que o emprego de etiquetas inteligentes nos casos em que o custo do sistema compensa, é uma realidade irreversível. Devido à enorme quantidade de recursos tecnológicos disponíveis, a logística tornou- se mais complexa, com maiores custos envolvidos. Os processos logísticos relacionados ao transporte das mercadorias utilizam cada vez mais recursos de TI empregando satélites e a internet, possibilitando o rastreamento de veículos e cargas. Embora a tecnologia RFID tenha algumas funções semelhantes às do código de barras, comprova-se cada vez mais que o RFID, com as etiquetas inteligentes (tags), complementa o código de barras. A expectativa dos profissionais de logística é de uma grande revolução na gestão da cadeia de suprimentos, ocasionada por meio da adoção em larga escala da RFID, fornecendo informações e, num tempo real para o seu gerenciamento. A adoção dessa tecnologia terá como contrapartida um ganho substancial em rapidez e redução de custos. 4) Os Sistemas Integrados de Gestão (ERP/SIG) A constante busca de vantagem competitiva e sustentabilidade no mercado, aliada à necessidade de uma maior organização das informações, contribuíram substancialmente para a transformação dos sistemas funcionais em sistemas integrados, haja vista a percepção de que as atividades das empresas estavam inter- relacionadas. De acordo com Dias (2012), os sistemas integrados de gestão são sistemas que conseguem agrupar todos os processos da empresa em uma única arquitetura de software. Mais conhecido como ERP (Enterprise Resource Planning ou planejamento de recursos empresariais) quando adquirido sob a forma de pacote comercial, os sistemas integrados objetivam integrar todos os departamentos e funções da empresa. Os ERPs têm como ponto chave a integração, a qual pode ser entendida como a comunicação entre alguns sistemas proporcionando à empresa uma maior agilidade nas transações e informações, além de uniformização dos dados. Os principais benefícios da integração de sistemas são: redução de custos operacionais, melhoria na gestão, melhoria na qualidade da informação, padronização, entre 111 outros. A utilização do ERP pode proporcionar uma redução de estoques e desperdícios, além de promover agilidade nas ações, inclusive no atendimento aos pedidos dos clientes. Dias (2012) descreve as principais tecnologias empregadas no meio logístico: Permite gerir a entrada da mercadoria, controle de remessas, estoques, gestão de lotes e rastreabilidade do fabricanteao ponto de venda. Assim, é possível traçar o caminho, história, aplicação, usoe localização de uma mercadoria ou de uma carga em tempo real. TMS – Transportation Management System: é um software utilizado para a melhoria da qualidade e produtividade de todo o processo de transporte e distribuição; é também um roteirizador. Planeja a viagem, com localização, distância e trajeto entre as cidades e bairros. Esse sistema permite controlar toda a operação e gestão de transportes de forma integrada. O sistema é desenvolvido em módulos que podem ser adquiridos pelo cliente, em função de suas necessidades. Seu objetivo é coordenar a programação, planejar, executar, monitorar e controlar as atividades do transporte. Os principaisbenefícios e facilidades proporcionadas pelo TMS são: redução dos custos de transportes e melhoria do serviço; melhor utilização dos serviços de transportes; consolidação de cargas e definição de rotas; redução do tempo para programar a distribuição e preparação de embarques; informação dos custos de transporte por cliente e por produto; análise da evolução dos custos com transportes; disponibilidade de informações on-line; indicadores de desempenho para aferir a gestão de transportes. ERP – Enterprise Resource Planning: Ou SIGE (Sistemas Integrados de Gestão Empresarial) é uma plataforma de informação que integra todos os dados e processos em um único sistema. A integração pode ser vista sob a perspectiva funcional (finanças, contabilidade, recursos humanos, fabricação, marketing, vendas, compras, etc.) e sistêmica (processamento de transações, emissão de nota fiscal, sistemas de informações gerenciais, de apoio à decisão). 112 IMS – Inventory Management System: é um sistema exclusivamente para gerenciamento de estoques. Sistema de Gerenciamento de Inventário, que desempenha diversas atividades, das quais se destacam as operações de estoque, gestão do inventário, com informações de entrada, saída, valor de compra, valor de estoque médio e por FIFO e LIFO, saldos de pedido por fornecedor, controle de itens críticos do estoque e também controle de perdas e avarias. 113 14 Fundamentos de Logística Reversa 114 Caro(a) aluno(a), cada vez mais a preocupação ambiental se torna um fator decisivo no ambiente empresarial. Hoje não basta apenas fazer o que é previsto legalmente, mas sim, além de fazer a sua parte, a empresa precisa provar que é sustentável! Em outros termos, é necessário e fundamental demonstrar ao público-alvo que a empresa não agride o meio ambiente, e ainda, realiza ações para preservá-lo. A logística reversa é uma área da logística que trata do retorno de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo. Em outros termos, o reaproveitamento ou reciclagem de produtos já fabricados. Porém, há pelo menos três grandes motivações para que empresários adotem a logística reversa em suas organizações: preocupação ambiental, interesse econômico e preocupação com a preferência do consumidor. Por incrível que pareça, ainda existem empresários realmente preocupados com o meio ambiente e com a sustentabilidade do planeta. Eles se esforçam para que suas empresas prosperem sem devastar o meio ambiente. Há também empresários que agem por interesse econômico, pois as atividades de reaproveitamento e reciclagem se tornaram lucrativas. E há aqueles que adotam a logística reversa fortemente preocupados com a preferência do consumidor, haja vista que as empresas ecologicamente corretas são bem vistas por grande parte dos consumidores. 115 Essas três razões para a adoção da logística reversa por grande parte dos empresários são reforçadas por uma Lei bastante rigorosa, a Lei 12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos). Acesse o link: Disponível aqui Conheça, com riqueza de detalhes, a Lei 12.305/2010 (A Política Nacional de Resíduos Sólidos). Prezado(a) aluno(a), a Lei n.º 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é muito atual, contendo instrumentos essenciais para permitir o avanço necessário ao País, de modo a enfrentar os principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos. Essa legislação contempla aspectos de prevenção e a redução na geração de resíduos, cuja proposta é a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para proporcionar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado). Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens pós-venda e pós-consumo. Para facilitar nosso entendimento, são apresentadas definições de logística reversa por autores distintos: A parte do processo da cadeia de suprimento que planeja, implementa e controla de modo eficiente e eficaz o fluxo direto e reverso e o estoque de bens, serviços e informação entre o ponto de origem e o ponto de consumo com o propósito de atender aos 116 http://www.agricultura.gov.br/assuntos/vigilancia-agropecuaria/ivegetal/bebidas-arquivos/lei-no-12-305-de-02-de-agosto-de-2010.pdf/view requisitos dos clientes (CAXITO, 2011, p. 253). A logística reversa pode ser entendida como a área da logística empresarial responsável pelo planejamento, operação e controle do fluxo e das informações logísticas correspondentes, e pelo retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valores de diversas naturezas: econômico, de prestação de serviços, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros (IZIDORO, 2015, p. 13). Há preocupação crescente dos empresários com relação aos impactos causados no meio ambiente por suas empresas. A consciência ambiental da população tem crescido com o passar do tempo e os consumidores estão cada vez mais exigentes em suas preferências de compra. Mas qual a diferença de logística reversa de pós-venda e de pós-consumo? (Caxito, 2011, p. 255) descreve: A logística reversa de pós-venda ocupa-se da operacionalização do fluxo físico e das informações logísticas correspondentes de bens de pós-venda, sem uso ou com pouco uso, que por diferentes motivos retornam aos diferentes elos da cadeia de distribuição direta. Seu objetivo estratégico é agregar valor a um produto logístico que é devolvido por razões comerciais ou legais (legislação ambiental), erros nos processamentos dos pedidos, garantia dada pelo fabricante, defeitos, falhas de funcionamento no produto, avarias no transporte, entre outros motivos. A logística reversa de pós-consumo igualmente operacionaliza o fluxo físico e as informações correspondentes de bens de consumo descartados pela sociedade, em fim de vida útil ou usados com possibilidade de utilização e resíduos industriais, que retornam ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo pelos canais de distribuição reversos específicos. Seu objetivo estratégico é agregar valor a um produto logístico constituído por bens inservíveis ao proprietário original, ou que ainda possuam condições de utilização, por produtos descartados por terem atingido o fim da vida útil e por resíduos industriais. Por meio de uma comparação entre a Figura 1 e a Figura 2, é possível a diferenciação do fluxo da logística empresarial e o fluxo da logística reversa: 117 Figura 1 – Áreas de atuação da logística empresarial Fonte: Leite (2009, p. 9 apud Izidoro, 2015, p. 6). Figura 2 – Canais de distribuição diretos e reversos Fonte: Leite (2009 apud Izidoro, 2015, p. 6). 118 Caxito (2011) descreve os principais fatores identificados como críticos e que contribuem para o desempenho do sistema de logística reversa nas empresas: Bons controles de entrada: é necessário identificar corretamente o estado dos materiais que serão reciclados e as causas dos retornos para planejar o fluxo reverso correto ou mesmo impedir que materiais que não devam entrar no fluxo o façam. Tempo de ciclo reduzido: tempo de ciclo refere-se ao tempo entre a identificação da necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de produtos ao seu efetivo processamento. Tempos de ciclos longos adicionam custos desnecessários porque atrasam a geração de caixa (pela venda de sucata, por exemplo) e ocupam espaço, dentre outros aspectos. Processos padronizados e mapeados: uma das maiores dificuldades na logística reversa é que ela é tratada como um processo esporádico, contingencial e não como um processo regular.Efetuar corretamente o mapeamento do processo e o estabelecimento de procedimentos formalizados são condições fundamentais para se obter controle e a melhor performance do projeto. Sistemas de informação: a capacidade de rastreamento de retornos, medição de tempos de ciclo de medição do desempenho de fornecedores (avarias nos produtos, por exemplo) permitem obter informação crucial para negociação, melhoria de desempenho e identificação de abusos no retorno de produtos. Rede logística ampliada: ao contrário da logística normal, cuja filosofia é consolidar os centros de distribuição, a logística reversa tem de ampliar a rede de coleta e ter capilaridade, porque essa é a essência da logística reversa. A implementação de processos logísticos reversos requer a definição de uma infraestrutura logística adequada para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e fluxos de saída de materiais processados. Relações colaborativas: um tópico a ser explorado na fase de projeto de logística reversa é a utilização de prestadores de serviço e de estabelecimento de parcerias ou alianças com outras organizações envolvidas em programas ambientais e/ou de logística reversa. Com esta é uma atividade em que a economia de escala é fator relevante e na qual os volumes do fluxo reverso são normalmente menores, uma opção viável é a terceirização e alianças. Desse modo, a concepção de um projeto eficiente de logística reversa deve levar em consideração os seguintes pontos: viabilidade, coleta, processamento e reutilização. Fonte: Adaptado de Caxito (2011, pp. 259-261). 119 Caro(a) aluno(a), o foco das organizações empresariais atualmente é a adequação do crescimento econômico com as variáveis ambientais. Nesse contexto, um dos conceitos mais importantes é o de desenvolvimento sustentável, o qual é descrito por Izidoro (2015, p. 19) da seguinte forma: O conceito de desenvolvimento sustentável defende que o crescimento econômico deve ocorrer associado a uma minimização dos impactos ambientais. Baseia-se na ideia de atender às necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras. O crescimento econômico a qualquer custo, predatório por essência, é coisa do passado. Outro princípio de proteção ambiental de igual importância é o EPR (extended product responsability – responsabilidade estendida ao produto), cuja base é a ideia de que a cadeia industrial produtora ou o próprio produto deve se responsabilizar por seu produto até depois que tenha sido utilizado pelo consumidor. Em outros termos, o retorno do bem por meio de canais de distribuição reversos. Nesse contexto, Izidoro (2015) descreve alguns exemplos de EPR: • A Sony Electronics anunciou no ano 2000 um programa de coleta de seus produtos após o uso, sem ônus para o consumidor. • A IBM e a Toshiba criaram nos Estados Unidos um serviço que permite ao consumidor retornar os produtos usados por meio da empresa de logística UPS (United Parcel Service). • A Dell Computer e a Hewlett Packard (HP) modificaram seus projetos de computadores visando facilitar a desmontagem desses equipamentos (IZIDORO, 2015, p. 20). Prezado(a) acadêmico(a), como você percebe, não há mais espaço para empresas que agridem o meio ambiente. A palavra de ordem é o desenvolvimento sustentável e quem não aderir a esse padrão estará fora do mercado! 120 15 Perfil do Profissional de Logística 121 Prezado(a) aluno(a), considerando a competição acirrada do ambiente logístico, a tarefa de descrever o perfil ideal do profissional de logística é bastante difícil, afinal, são inúmeras as características necessárias para o correto preenchimento do cargo. Como professor da disciplina de logística em três turmas em um importante Centro Universitário, tive a oportunidade de desenvolver uma pesquisa junto a 80 empresas da cidade. Na pesquisa havia um questionário, no qual o proprietário da empresa deveria apontar o principal atributo para contratar um recém-formado na área. O atributo até me surpreendeu em um primeiro momento, porém, compreendi mais tarde, analisando a realidade e movimentação dos recém-contratados na área. A resposta de praticamente oitenta porcento dos entrevistados apontou o atributo “comprometimento” como o mais importante na hora da contratação. Posteriormente, conversando com alguns gestores a resposta foi justificada da seguinte forma: “- nós contratamos a pessoa sem experiência, treinamos interna e externamente, investimos recursos e tempo para a pessoa se adequar à empresa e, assim que ela pensa que adquiriu experiência, vai para outra empresa”. As atribuições de um profissional de logística é bastante complexa, como conhecer as tecnologias empregadas em armazenagem e transporte, gerir pessoas nas diversas atividades da área, controlar o fluxo de mercadorias no seu elo da cadeia de suprimentos, aferir resultados em tempo real, entre outras. Por meio do Quadro 1, o Portal Inteligência de Riscos descreve o novo perfil do profissional de logística. 122 Quadro 1 – O novo perfil do profissional de logística O NOVO PERFIL DO PROFISSIONAL DE LOGÍSTICA Encontrar um bom profissional nessa área tem sido um desafio cada vez maior, isso porque a velocidade com a qual novos desafios surgem no mercado requer o constante investimento em atualização profissional e desenvolvimento de competências. Sendo uma área extremamente dinâmica, a logística trabalha com questões que exigem uma resposta rápida e necessita de profissionais que saibam lidar com adversidades e sejam capazes de lidar com as pressões por resultados, uma vez que as urgências e demandas inesperadas são fatores comuns nesse setor. As funções dentro da logística não se limitam a rotinas fixas de tarefas. Surpresas e situações não planejadas fazem parte do dia a dia do setor que, para conseguir manter a produtividade e o alcance de resultados buscam profissionais cada vez mais dinâmicos, flexíveis e que estejam dispostos a saírem de sua zona de conforto e inovar a cada dia. Com novas tecnologias aparecendo o tempo todo, bem como as diferentes situações vividas pela equipe de logística, ter um profissional com boa habilidade de comunicação e que consiga transmitir suas ideias de forma clara e objetiva fará toda a diferença para o sucesso logístico. Afinal, é a equipe de logística quem está em constante contato com clientes, parceiros, fornecedores, bem como com os outros setores da empresa. A proatividade, apesar de ser uma característica necessária a qualquer área profissional, é ainda mais relevante quando se fala em logística. É muito importante que o profissional tenha senso de liderança e saiba resolver situações sem estar obrigatoriamente sob o comando de um gestor, e isso só se concretiza quando ele compreende a rotina de outras áreas que afetam seu desempenho, podendo assim antecipar soluções, inovações e sugestões às demandas que forem surgindo. Enfim, o profissional da área de logística, sendo o responsável pela gestão de materiais e recursos da organização, precisa ter uma visão mais integrada de todo o processo, não ficando restrito apenas a seu elo da cadeia de suprimentos, e sim enxergando a todos os participantes da cadeia. Fonte: Disponível aqui 123 https://www.inteligenciaderiscos.com.br/o-perfil-do-novo-profissional-do-setor-logistico/ Quadro 2 – Áreas de atuação e qualificação do profissional de logística Fonte: Disponível aqui As principais áreas de atuação profissional na logística empresarial incluem a gestão de: Planejamento; Materiais; Distribuição; Armazéns; Estoques; Transportes; Informações. Qualificação básica do profissional de logística A qualificação básica para um profissional de logística de nível gerencial deve incluir: Conhecimento conceitual abrangente sobre logística empresarial e cadeia de abastecimento (supply chain) e a administração correspondente; Visão de mercado e entendimento da importância do bom atendimento ao cliente; Discernimento, vontade e coragem para introduzir mudanças; Criatividade; Vivência; Ter conhecimentosem vários tipos de transportes; Dominar inglês (idioma). O profissional da área de logística, ou de supply chain, é o responsável pelo fluxo de materiais, otimização de recursos objetivando sempre reduzir os custos, aumentando a qualidade dos serviços. Deve possuir conhecimento técnico em sua área de atuação e também alguns atributos adicionais visando um desempenho cada vez melhor. Se 124 https://www.inteligenciaderiscos.com.br/o-perfil-do-novo-profissional-do-setor-logistico/ https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/administracao/o-perfil-do-profissional-de-logistica/31608 existe hoje uma ferramenta administrativa estratégica para a empresa esta é a logística, em que já existe investimento na formação de novos profissionais, em todos os níveis da cadeia de suprimentos (PAURA, 2012). O cotidiano das atividades desse profissional aponta para outras importantes características que auxiliam na resolução de problemas e transposição de obstáculos para se atingir a eficácia organizacional, dentre as quais podemos citar: resiliência, proatividade, criatividade e empatia. Paura (2012) lista alguns importantes atributos para um bom desempenho do profissional da área: a) Capacidade de liderança: O líder na logística tem papel de destaque na organização de negócio, passa a ser o profissional responsável pelos fornecedores, clientes e empresas terceirizadas na otimização de serviços e redução de custos. Nesta situação, o desenvolvimento da liderança é essencial para obter resultados satisfatórios. b) Visão estratégica: Os custos logísticos representam cada vez mais fator estratégico importante para as empresas. A logística está muito além de ser um setor operacional uma vez que através dela se conseguem diferenciais competitivos. Em alguns casos, vislumbrando oportunidades, o profissional que estiver apto a encarar os desafios, conhecendo o plano estratégico da organização, tem tudo para ser um profissional de sucesso. c) Visão globalizada: Hoje as oportunidades estão em todas as partes, espalhadas pelo mundo afora. Empresas grandes ou pequenas estão buscando mercados internacionais para distribuir seus produtos acabados ou mesmo adquirir matéria- prima mais barata, ou mesmo aquelas que não existam no Brasil. O movimento de materiais através de diferentes países cresce exponencialmente, aliado com uma grande facilidade de comunicação que não existia antes. Um dos principais diferenciais de um profissional logístico é saber o idioma inglês, pois o mundo globalizado se comunica neste idioma. Qualquer empresa que esteja apta a operar internacionalmente tem um funcionário com o domínio deste idioma. Conhecer outros idiomas, entender e respeitar outras culturas, e acompanhar os acontecimentos mundiais são alguns dos diferenciais para o desempenho do profissional que atua na cadeia de suprimentos globais. 125 d) Conhecimento gerencial e organizacional: Os processos logísticos estão completamente interligados com outras áreas da empresa. A otimização dos processos e a adequação do serviço pela logística a outros setores só ocorrerá com uma visão gerencial e organizada. Um processo pode parecer adequado, mas quando for inserido no contexto da cadeia de suprimentos, onde vários processos atuam com total interdependência, podemos observar que não foi tão adequado assim. Por isso, o profissional deve ter um conhecimento gerencial mais amplo investindo em um treinamento que aborde as questões de conhecimento de organização empresarial. e) Interesse tecnológico: A presença da tecnologia nos processos da cadeia de suprimento está cada vez mais forte, e também se tornou um diferencial competitivo para muitas empresas. Com ela se obtém uma produtividade nunca antes imaginada, obtendo a redução de custos, agilidade na movimentação de materiais, e informações estratégicas para a organização. O profissional inserido neste cenário não pode ficar atrás da tecnologia. Fonte: Paura (2012, pp. 91-93) 126 16 O Nível de Serviço Logístico 127 Figura 1 – Atividades primárias e de apoio e o nível de serviço visado Fonte: Ballou (2007, p. 26). Prezado(a) aluno(a), o nível de serviço logístico é a qualidade final que se espera das inúmeras atividades desempenhadas. Normalmente, esse nível de serviço logístico é definido pela empresa como um alvo, ou uma meta a se alcançar, estando atrelado à satisfação do cliente. O nível de serviço logístico é aquilo que o cliente percebe além do produto/serviço que adquiriu. Para facilitar o entendimento, imagine que você adquiriu um automóvel em uma concessionária. Pagou à vista e saiu dirigindo seu novo carro, ainda sem placas, pela cidade. Em determinado momento o carro apresenta um defeito e para de funcionar, deixando-o literalmente na rua. O que se espera da concessionária nessa ocasião? Que apresente um serviço de guincho, leve o carro para a concessionária e sane o defeito. E se nesse caso, os serviços da concessionária te surpreendam? Que ela te busque no local onde o carro ficou parado e, chegando na concessionária você possa escolher outro veículo sem custo algum? Esse é o nível de serviço que esperamos sempre, ou seja, a excelência no atendimento às nossas expectativas! Por meio da Figura 1, Ballou (2007) ilustra as atividades primárias e as secundárias, com foco no nível de serviço desejado: 128 Para identificar a lista de atividades desenvolvidas na logística é necessário conhecer os conceitos e o fluxo percorrido pelo material, ou seja, ter competência logística. É fundamental também, destacar que a competência logística é alcançada pela coordenação de um projeto de rede, de informação, do transporte, do estoque e armazenagem, do manuseio de materiais e embalagem. De acordo com Bowersox e Closs (2004, p. 37), “o desafio está em gerenciar o trabalho relacionado a essas áreas funcionais de maneira orquestrada, com o objetivo de gerar a capacidade necessária ao atendimento das exigências logísticas”. Por meio de uma rápida análise da Figura 1, podemos notar que a logística empresarial está interligada a múltiplas atividades da organização e atualmente, uma análise holística da cadeia de suprimentos é extremamente necessária para a atividade econômica, sendo uma exigência ao profissional de gestão, a compreensão quanto à importância do nível de serviço logístico. Prezado(a) aluno(a), o sucesso ou o fracasso de qualquer empresa do setor logístico será determinado pelo nível de valor que ela oferece para o cliente/paciente em seu atendimento ofertado. O que essa empresa oferece de diferente que faça ser preferido no processo decisório do cliente? O valor do cliente pode ser definido simplesmente como a diferença entre a percepção dos benefícios que fluem de uma compra ou de uma relação e os custos totais incorridos. 129 Figura 2 – Nível de Serviço Logístico Fonte: Ballou (2007, p. 75). O custo total de propriedade, em vez de preços, é usado aqui porque na maioria das transações haverá outros custos envolvidos além do preço de compra. Por exemplo, custos de manutenção de estoques, de manutenção, custos operacionais, de descarte, de devolução etc. De acordo com Christopher (2012, p. 35), “em mercados business to business, particularmente, uma vez que compradores se tornam mais sofisticados, o custo total de propriedade pode ser um elemento crucial na decisão de compra”. Para complementar nosso entendimento, Christopher (2012) destaca por meio do Quadro 1, os componentes do nível de serviço: 130 Quadro 1 – Os componentes do nível de serviço Fonte: Christopher (2012, p. 149). Elementos pré-transacionais (antes da venda) Política escrita de atendimento ao cliente: o cliente tem todas as informações sobre o processo de compra e as políticas da empresa? Acessibilidade: É fácil entrar em contato com a empresa? Estrutura da organização: Qual o nível de controle que a empresa tem sobre o processo de atendimento? Flexibilidade do sistema: Podemos adaptar nossos serviços para atender à demanda de um cliente? Elementos transacionais (durantea venda) Tempo de ciclo do pedido: Qual o tempo decorrido desde o pedido até a entrega? Disponibilidade de estoque: Quando anunciamos um produto temos a certeza de termos a quantidade suficiente no estoque? Taxa de cumprimento de pedidos: Qual o indicador que nos mostra o total de pedidos cumpridos em relação aos feitos pelo cliente? Informações de status do pedido: Quanto tempo levamos para responder a uma pergunta com as informações necessárias? Elementos pós-transacionais Disponibilidade de peças sobressalentes: Temos a quantidade necessária? Tempo de chamada: Quanto tempo leva para que o engenheiro chegue e qual a taxa de correção na primeira chamada? Rastreamento/garantia de produto: Ofertamos isso ao cliente? Reclamações de clientes: Como lidamos com as reclamações de nossos clientes? O serviço ao cliente pode ter um significado para as pessoas e outro diferente para as empresas. Na verdade, as diferentes expectativas quanto ao serviço ao cliente, resultam em conflitos e podem afetar o relacionamento. Então, qual é uma definição 131 adequada de serviço ao cliente, especialmente no quesito logística? “É aquilo que o cliente percebe além do produto ou serviço adquirido”. Uma definição de nível de serviço empregada, sob o ponto de vista do processo, é dada por Grant (2013, p. 21): [...] um processo que ocorre entre o comprador, vendedor e um terceiro. O processo resulta em um valor agregado ao produto ou serviço nessa troca. Esse valor agregado no processo de troca pode ser de curto prazo, por exemplo, em uma única transação, ou de prazo mais longo, como em um relacionamento contratual. O valor agregado é também compartilhado para que os participantes da transação ou contrato fiquem em melhor situação ao término da transação ou contrato do que estavam antes. Assim, do ponto de vista de processo: serviço ao cliente é um processo para prover benefícios de valor agregado significativos à cadeia de suprimento de um modo efetivo em custo. Caro(a) aluno(a), as empresas, de modo geral, têm sido afetadas por mudanças drásticas, as quais modificam o modo de se fazer negócios na cadeia global. As grandes forças de mercado, como a “globalização”, a criação de “blocos econômicos” e a “comoditização” de produtos e serviços e a consequente diminuição das margens de lucro têm desafiado as empresas quanto à retenção de clientes e simultaneamente ao aumento de receitas. A concorrência é implacável e foca suas ações nas debilidades alheias. Nesse contexto, há uma necessidade crescente de que os gestores logísticos revejam seus conceitos acerca do nível de serviço desejado, e passem a investir em capacitação de pessoas na organização e em processos, de modo a buscar ao máximo o contato com o cliente final. 132 É comum encontrarmos formas diferentes na prática do nível de serviço logístico oferecido por diversas empresas, pois cada qual tem suas características distintas e peculiares. Neste sentido, Ballou (2007, p. 73) apresenta conceitos de nível de serviço logístico: Nível de serviço logístico é a qualidade com que o fluxo de bens e serviços é gerenciado. É o resultado líquido de todos os esforços logísticos da firma. É o desempenho oferecido pelos fornecedores aos seus clientes no atendimento do pedido. O nível de serviço logístico é fator-chave do conjunto de valores logísticos que as empresas oferecem a seus clientes para assegurar sua fidelidade. Para a sobrevivência de uma empresa neste mercado altamente voraz e competitivo faz-se necessária uma rápida adaptação a este ambiente dinâmico e em constante transformação. Os serviços devem ser entregues de modo a produzir um nível superior de satisfação e produtos devem apresentar qualidade impecável, ou seja, precisamos encantar o cliente. Uma unidade de saúde que não se atenta à necessidade de constantes mudanças de modo à obtenção de um nível de serviço competitivo, está fadada a trabalhar sempre no vermelho e até mesmo, a fechar suas portas. 133 O nível de serviço é uma medida de qualidade e consiste em um conjunto de elementos quantitativos e representativos da qualidade do serviço prestado, podendo ser graduado em uma escala. De acordo com Ballou (2007), o nível de serviço deve atender a alguns requisitos entre os quais podemos destacar: a. deve ser orientado para o cliente e não para a produção; b. deve ter foco na prestação de serviços; c. deve ser específico de determinado serviço; e d. deve permitir ser quantificável por um observador independente. Caro(a) acadêmico(a), é importante o estabelecimento de um nível de serviço logístico ao cliente, pois desta forma, a empresa obtém importante vantagem competitiva e ganha a preferência do cliente. Nesse sentido, o nível de serviço logístico deixa de ser apenas uma ferramenta de gestão e se torna imprescindível para prolongar ao máximo a existência da empresa no mercado, afinal, clientes insatisfeitos migram para a concorrência! 134 Conclusão Caro(a) aluno(a), vimos neste material de estudo importantes fundamentos acerca do cotidiano da logística e da cadeia de suprimentos, também conhecida como supply chain. Ao seguirmos o fluxo da logística, perceberemos que a sequência é muito próxima do material elaborado e dos assuntos discutidos. Vimos que os pilares da logística são o transporte, a armazenagem e a distribuição e, com base nos conceitos e definições apresentados, buscamos facilitar a sua compreensão acerca da teoria e da prática dos setores. Identificamos cada um dos modais de transporte, com suas características, peculiaridades e suas vantagens e desvantagens. Desse modo, o processo decisório do gestor fica facilitado, de forma a minimizar eventuais erros. Abordamos sobre o constante conflito entre manter estoques, dispormos também de uma margem de segurança para evitar a falta de itens nas prateleiras e, consequentemente, a satisfação do consumidor. Identificamos o enorme abismo entre a filosofia Just in Time praticada no Japão e as condições de nossa infraestrutura logística, profundamente desbalanceada. Procuramos compreender os conceitos de cadeia de suprimentos, considerando a necessidade de integração entre seus elos e principalmente o compartilhamento de informações, condições essenciais para o cumprimento da missão logística, que é entregar o produto certo, no local certo, em condições ideais e a um custo razoável para o cliente. Vimos ainda a importância da função compras e da adoção cada vez maior, pelos empresários, dos princípios da logística reversa. Operar uma empresa dentro das condições de sustentabilidade é um caminho sem volta, quem não aderir à preservação do meio ambiente estará inevitavelmente fora do mercado. Finalizando nossos estudos, abordamos sobre o perfil do profissional de logística, um ser cada vez mais escasso no atual cenário. As condições peculiares da logística acabam por exigir um profissional cada vez mais qualificado e, consequentemente, com os maiores salários do mercado. A busca incessante pela qualidade na prestação de serviços logísticos implica no estabelecimento de um nível de serviço logístico à altura das pretensões da empresa. Para finalizar, é importante destacar que esse ambiente dinâmico da logística é bastante atrativo para aqueles que gostam de adrenalina, de emoção! 135 Material Complementar Livro Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial Autor: Ronald H. Ballou Editora: Bookman Sinopse: Esta importante obra apresenta com clareza os aspectos operacionais, táticos e estratégicos da cadeia de suprimentos logística empresarial. Com uma linguagem didática e acadêmica o autor ilustra os aspectos inerentes à cadeia de suprimentos e áreas afins. Filme Bee Movie Ano: 2007 Sinopse: O filme conta a história de Barry, uma abelha que se forma na faculdade e fica insatisfeita com a sua condição ter apenas uma escolha de carreira: fabricar mel. Barry observa o mundo externo e descobre que as pessoas consomem o mel que as abelhas batalham para fabricar e decide processar a raça humana por roubaro mel das abelhas. Como resultado, homens e abelhas passam a se relacionar de forma diferente, uns acusando os outros, Barry se vê no meio da confusão e terá de resolver alguns problemas bem fora do comum. Web Assista a um vídeo que apresenta o resultado de quando o trabalho não é executado por profissionais de logística. Acesse o link 136 https://www.youtube.com/watch?v=qkSbJBa8kxU ARNOLD, J. R. T. Administração de Materiais. 1ª ed., São Paulo: Atlas, 2006. BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: Transporte, Administração de Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 1993. BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. 4ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. ___________ Logística empresarial: transportes, administração de materiais, distribuição física. São Paulo: Atlas, 2007. ___________ Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. BARBIERI, J.; MACHLINE, C. Logística Hospitalar: Teoria e Prática. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2004. _____________ Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2011. CAXITO, F. Logística: Um enfoque prático. São Paulo: Saraiva, 2011. CHING, H. Y. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada: supply chain. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE. O sistema ferroviário brasileiro. Brasília: CNT, 2013 a. 58 p. Disponível em: <http://cms.cnt.org.br/Imagens%20CNT/Site%202015/Pesquisas%20PDF/Transporte%2 %20%E2%80%93%20O%20Sistema%20Ferrovi%C3%A1rio%20Brasileiro.pdf>. Acesso em 24 jan. 2020. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE. Pesquisa CNT do transporte aquaviário - cabotagem. Brasília: CNT, 2013b. 116p. Disponível em: <http://cms.cnt.org.br/Imagens%20CNT/PDFs%20CNT/Pesquisa%20Cabotagem%20201 %20CNT%20do%20Transporte%20Aquavi%C3%A1rio%20- %20Cabotagem%202013.pdf>. Acesso em 24 jan. 2020. CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimento. São Paulo: CengageLeraning, 2012. Referências 137 DIAS, M. A. Administração de materiais: uma abordagem logística. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. DIAS, M. A. Logística, transporte e infraestrutura: armazenagem, operador logístico, gestão via TI, multimodal. São Paulo: Atlas, 2012. FRANCISCHINI, P. G.; GURGEL, F. A. Administração de materiais e do patrimônio. São Paulo: Pioneira Thompson, 2002. GIACOMELLI, G.; PIRES, M. R. S. Logística e distribuição [recurso eletrônico]. Porto Alegre: SAGAH, 2016. GRANT, D. Gestão de logística e cadeia de suprimentos. São Paulo: Saraiva, 2013. IZIDORO, C. Logística reversa. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. MORAIS, R. R. Logística empresarial. 1ª ed. Curitiba: Editora Intersaberes, 2015. PAURA, G. L. Fundamentos de logística. Curitiba: IFPR, 2012. PIRES, S. R. I. Gestão da cadeia de suprimentos: conceitos, estratégias, práticas e casos. São Paulo: Editora Atlas. 2012. PORTAL EDUCAÇÃO. Área de atuação e qualificação do profissional de logística. Disponível em: <https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/administracao/o-perfil- do-profissional-de-logistica/31608>. Acesso em 25 fev. 2020. PORTAL INTELIGÊNCIA DE RISCOS. O novo perfil do profissional de logística. Disponível em: <https://www.inteligenciaderiscos.com.br/o-perfil-do-novo- profissional-do-setor-logistico/>. Acesso em 24 fev. 2020. Porter, M. Competitive advantage. New York: The Free Press. 1985. RAZZOLINI FILHO, E. Administração de material e patrimônio. Curitiba: IESDE, 2012. RUSSO, C. P. Armazenagem, controle e distribuição. Curitiba: Ibpex, 2009. ___________Curitiba: Ibpex, 2013. SELEME, R.; DE PAULA, A. Logística: armazenagem e materiais. [livro eletrônico]. Curitiba: Editora Intersaberes, 2019. SHIGUNOV NETO, A.; GOMES, R. M. Introdução ao estudo da distribuição física. Curitiba: Editora Intersaberes, 2016. SILVA, Renaud B. Logística em organizações de saúde. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010. 138 Fundamentos da Logística Empresarial Fundamentos do Transporte O modal Rodoviário O modal Ferroviário O Modal Aquaviário O Modal Dutoviário O Modal Aeroviário Fundamentos de Distribuição Fundamentos de Armazenagem Fundamentos de Estoques A Cadeia de Suprimentos Logística A função Compras Tecnologias Aplicadas à Logística Fundamentos de Logística Reversa Perfil do Profissional de Logística O Nível de Serviço Logístico