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<p>Página 1</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>1. UEPB 2013</p><p>Da imagem, que foi capa da Revista Veja em 20 de agosto de 2008, pode-se compreender:</p><p>a. O registro do modelo de ensino representado pelo uso ultrapassado da tecnologia do giz.</p><p>b. Uma constatação de que os alunos não precisam escrever à mão.</p><p>c. Um apelo de aluno para que melhore o ensino.</p><p>d. Uma crítica irônica em relação à situação do ensino na escola brasileira.</p><p>e. Uma afirmação de que a relação entre ler e escrever não é explorada na escola.</p><p>2. ENEM 2013</p><p>A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para fins de interação e de informação. Tal</p><p>posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de uma atitude</p><p>a. crítica, expressa pelas ironias.</p><p>b. resignada, expressa pelas enumerações.</p><p>c. indignada, expressa pelos discursos diretos.</p><p>d. agressiva, expressa pela contra-argumentação.</p><p>e. alienada, expressa pela negação da realidade.</p><p>Página 2</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>3. IFCE 2014</p><p>A linguagem pode ser empregada no sentido literal, real, chamado de denotativo ou no sentido figurativo, não estritamente real,</p><p>chamado de conotativo. Dentre as figuras de linguagem conotativas, tem-se a hipérbole, que consiste no exagero, na exacerbação</p><p>de um pensamento a ponto de tornar a imagem criada impossível, improvável de ser factual, portanto, uma figuração conotativa.</p><p>Dentre as sentenças abaixo, não corresponde a uma hipérbole:</p><p>a. A mãe de Pedrinho anunciou o almoço, o garoto veio voando do quintal.</p><p>b. Vai fazer mil anos que estou neste ponto e não passa nenhum ônibus.</p><p>c. Estou com tanta sede, que poderia beber toda a água do Rio Amazonas.</p><p>d. Neste ano, o campeonato cearense atingiu recorde de público, milhares de pessoas lotaram o estádio Castelão.</p><p>e. Não sei mais o que fazer, já lhe disse um bilhão de vezes que não o amo mais.</p><p>4. UERJ 2015</p><p>SEPARAÇÃO</p><p>Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediavel. 1No íntimo, preferia</p><p>não té-Io feito; mas ao chegar à porta 2sentiu que 14nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história</p><p>do amor, que é a história do mundo. 10Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo , 15como a</p><p>pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.</p><p>(...)</p><p>Seus olhares 4fulguraram por um instante um contra o outro, depois se 5acariciaram temamente e, finalmente, se disseram que não</p><p>havia nada a fazer. 6Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de secionar</p><p>aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas 16o brusco movimento de fechar prendera-Ihe entre as folhas de madeira o espesso</p><p>tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, 11sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em</p><p>busca de espaço, como um rio que nasce.</p><p>17Fechou os olhos, tentando adiantar-se a agonia do momento, mas o fato de sabê-Ia ali ao lado, e dele separada por imperativos</p><p>categóricos de suas vidas, 12não lhe dava forças para desprender-se dela. 8Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara</p><p>desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro</p><p>passo que desse colocaria em movimento sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas,</p><p>9distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. 18E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era</p><p>nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele 7abençoara com os seus beijos e agasalhara nos</p><p>instantes do amor de seus corpos. Tentou 3imaginá-Ia em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas</p><p>cogitações próprias - um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas.</p><p>13De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde...</p><p>MORAIS, Vinícius de. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1986.</p><p>A hipérbole é uma figura empregada na crônica de Vinicius de Morais para caracterizar o estado de ânimo do personagem. Essa</p><p>figura esta exemplificada em:</p><p>a. Ela o olhava com um olhar intenso, (ref. 10)</p><p>b. sentindo o pranto tornar-se muito longe em seu íntimo (ref. 11)</p><p>c. não lhe dava forças para desprender-se dela. (ref. 12)</p><p>d. De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, (ref. 13)</p><p>Página 3</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>5. UNESP 2015</p><p>Agente Honório Cota</p><p>Quando o coronel João Capistrano Honório Cota mandou erguer o sobrado, tinha pouco mais de trinta anos. Mas já era homem</p><p>sério de velho, reservado, cumpridor. Cuidava muito dos trajes, da sua aparência medida. O jaquetão de casimira inglesa, o colete de</p><p>linho atravessado pela grossa corrente de ouro do relógio; a calça é que era como a de todos na cidade — de brim, a não ser em</p><p>certas ocasiões (batizado, morte, casamento — então era parelho mesmo, por igual), mas sempre muito bem passada, o vinco</p><p>perfeito. Dava gosto ver:</p><p>O passo vagaroso de quem não tem pressa — o mundo podia esperar por ele, o peito magro estufado, os gestos lentos, a voz</p><p>pausada e grave, descia a rua da Igreja cumprimentando cerimoniosamente, nobremente, os que por ele passavam ou os que</p><p>chegavam na janela muitas vezes só para vê-lo passar.</p><p>Desde longe a gente adivinhava ele vindo: alto, magro, descarnado, como uma ave pernalta de grande porte. Sendo assim tão</p><p>descomunal, podia ser desajeitado: não era, dava sempre a impressão de uma grande e ponderada figura. Não jogava as pernas</p><p>para os lados nem as trazia abertas, esticava-as feito medisse os passos, quebrando os joelhos em reto.</p><p>Quando montado, indo para a sua Fazenda da Pedra Menina, no cavalo branco ajaezado de couro trabalhado e prata, aí então sim</p><p>era a grande, imponente figura, que enchia as vistas. Parecia um daqueles cavaleiros antigos, fugidos do Amadis de Gaula ou do</p><p>Palmeirim, quando iam para a guerra armados cavaleiros.</p><p>Ópera dos mortos, 1970.</p><p>No terceiro parágrafo, a comparação do coronel com uma ave pernalta representa</p><p>a. um recurso expressivo para ilustrar sua aparência e sua presença física.</p><p>b. uma figura de retórica sem grande significado descritivo.</p><p>c. uma imagem visual de seu temperamento amável, mas perigoso.</p><p>d. uma imagem que busca representar sua impressionante beleza.</p><p>e. um modo de chamar atenção para o ambiente rústico em que vivia.</p><p>6. UCS 2012</p><p>O texto literário caracteriza-se por uma multiplicidade de sentidos, originada do trabalho artístico realizado com a linguagem. Entre os</p><p>recursos que a literatura utiliza, na produção dos textos, estão as figuras de linguagem.</p><p>Leia os fragmentos de poemas, apresentados na COLUNA A, e relacione-os às figuras de linguagem neles predominantes,</p><p>elencadas na COLUNA B.</p><p>Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para baixo.</p><p>a. 3, 4, 2, 1</p><p>b. 1, 2, 3, 4</p><p>c. 3, 2, 1, 4</p><p>Página 4</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>d. 2, 3, 4, 1</p><p>e. 3, 1, 4, 2</p><p>7. UERJ 2015</p><p>BEM NO FUNDO</p><p>1no fundo, no fundo,</p><p>bem lá no fundo,</p><p>2a gente gostaria</p><p>de ver 3nossos problemas</p><p>resolvidos por decreto</p><p>a partir desta data,</p><p>aquela mágoa sem remédio</p><p>é considerada nula</p><p>e sobre ela - silêncio perpétuo</p><p>extinto por lei todo o remorso,</p><p>maldito seja quem olhar pra trás,</p><p>lá pra trás não há nada,</p><p>e nada mais</p><p>mas problemas não se resolvem,</p><p>problemas têm família grande,</p><p>e aos domingos saem todos a passear</p><p>o problema, sua senhora</p><p>e outros pequenos probleminhas</p><p>LEMINSKI, Paulo. Toda poesia. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.</p><p>no fundo,</p><p>no fundo, bem lá no fundo, (ref. 1) Nesses versos iniciais do poema, a repetição de palavras e o emprego do vocábulo</p><p>"bem" produzem um efeito de:</p><p>a. ênfase</p><p>b. eufemismo</p><p>c. enumeração</p><p>d. ambiguidade</p><p>8. ENEM 2017</p><p>Acho que educar é como catar piolho na cabeça de criança.</p><p>Épreciso ter confiança, perseverança e um certo despojamento.</p><p>É preciso, também, conquistar a confiança de quem se quer educar, para fazê-lo deitar no colo e ouvir histórias.</p><p>MUNDURUKU, D. Disponível em: http://caravanamekukradja.blogspot.com.br.</p><p>Acesso em: 5 dez. 2012.</p><p>Página 5</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>Concorrem para a estruturação e para a progressão das ideias no texto os seguintes recursos:</p><p>a. Comparação e enumeração.</p><p>b. Hiperonímia e antonímia.</p><p>c. Argumentação e citação.</p><p>d. Narração e retomada.</p><p>e. Pontuação e hipérbole.</p><p>9. UECE 2014</p><p>PORTÃO</p><p>O portão fica bocejando, aberto</p><p>para os alunos retardatários.</p><p>Não há pressa em viver</p><p>nem nas ladeiras duras de subir,</p><p>1quanto mais para estudar a insípida cartilha.</p><p>Mas se o pai do menino é da oposição,</p><p>à 2ilustríssima autoridade municipal,</p><p>prima por sua vez da 3sacratíssima</p><p>autoridade nacional,</p><p>4ah, isso não: o vagabundo</p><p>ficará mofando lá fora</p><p>e leva no boletim uma galáxia de zeros.</p><p>A gente aprende muito no portão</p><p>fechado.</p><p>ANDRADE. Carlos Drummond de. In: Canos Drummond de Andrade: Poesia e Prosa. Editora Nova Aguilan 1988. p. 506-507.</p><p>Os dois superlativos (ref. 2 e 3) emprestam ao poema um tom de</p><p>a. ironia.</p><p>b. seriedade.</p><p>c. respeito.</p><p>d. espiritualidade.</p><p>10. UERJ 2016</p><p>A EDUCAÇÃO PELA SEDA</p><p>Vestidos muito justos são vulgares. Revelar formas é vulgar. Toda revelação é de uma vulgaridade abominável.</p><p>Os conceitos a vestiram como uma segunda pele, e pode-se adivinhar a norma que lhe rege a vida ao primeiro olhar.</p><p>Rosa Amanda Strausz</p><p>Mínimo múltiplo comum: contos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990.</p><p>Os conceitos a vestiram como uma segunda pele,</p><p>O vocábulo a é comumente utilizado para substituir termos já enunciados. No texto, entretanto, ele tem um uso incomum, já que</p><p>Página 6</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>permite subentender um termo não enunciado.</p><p>Esse uso indica um recurso assim denominado:</p><p>a. elipse</p><p>b. catáfora</p><p>c. designação</p><p>d. modalização</p><p>11. UERJ 2015</p><p>Medo e vergonha</p><p>3O medo é um evento poderoso que toma o nosso corpo, nos põe em xeque, paralisa alguns e atiça a criatividade de outros. Uma</p><p>pessoa em estado de pavor é dona de uma energia extra paz de feitos incríveis.</p><p>Um amigo nosso, quando era adolescente, aproveitou a viagem dos pais da namorada para ficar na casa dela. Os pais voltaram mais</p><p>cedo e, pego em flagrante, nosso Romeu teve a brilhante ideia de pular, pelado, do segundo andar. Está vivo. Tem hoje essa incrível</p><p>história pra contar, mas deve se lembrar muito bem da vergonha.</p><p>4Me lembrei dessa história por conta de outra completamente diferente, mas na qual também vi meu medo me deixar em maus</p><p>lençóis.</p><p>Estava caminhando pelo bairro quando resolvi explorar umas ruas mais desertas. 5De repente, vejo um menino encostado num muro.</p><p>Parecia um menino de ma, tinha seus 15, 16 anos e, quando me viu, fixou o olhar e apertou o passo na minha direção. Não</p><p>pestanejei. Saí correndo. Correndo mesmo, na mais alta performance de minhas pernas.</p><p>No meio da corrida, comecei a pensar se ele iria mesmo me assaltar. Uma onda de vergonha foi me invadindo. O rapaz estava me</p><p>vendo correr. E se eu tivesse me enganado? E se ele não fosse fazer nada? Mesmo que fosse. Ter sido flagrada no meu medo e</p><p>preconceito daquela forma já me deixava numa desvantagem fulminante.</p><p>Não sou uma pessoa medrosa por excelência, mas, naquele dia, o olhar, o gesto, alguma coisa no rapaz acionou imediatamente o</p><p>motor de minhas pernas e, quando me dei conta, já estava em disparada.</p><p>Fui chegando ofegante a uma esquina, os motoristas de um ponto de táxi me perguntaram o que tinha acontecido e eu, um tanto</p><p>constrangida, disse que tinha ficado com medo. Me contaram que ele vivia por ali, tomando conta dos carros. Fervi de vergonha.</p><p>O menino passou do outro lado da rua e, percebendo que eu olhava, imitou minha corridinha, fazendo um gesto de desprezo. Tive</p><p>vontade de sentar na 1guia e chorar. Ele só tinha me olhado, e o resto tinha sido produto legítimo do meu preconceito.</p><p>Fui atrás dele. Não consegui carregar tamanha 2bigorna pra casa. 'Ei!' Ele demorou a virar. Se eu pensava que ele assaltava, 6ele</p><p>também não podia imaginar que eu pedisse desculpas. Insisti: "Desculpa!" Ele virou. 7Seu olhar agora não era mais de ladrão, e sim</p><p>de professor. Me perdoou com um sinal de positivo ainda cheio de desprezo. Fui pra casa pelada, igual ao Romeu suicida.</p><p>Denise Fraga folha.uol.com.br, 08/01/2013</p><p>1 guia - meio-fio da calçada</p><p>2 bigorna - bloco de ferro para confecção de instrumentos</p><p>Na última frase da crônica, a autora correlaciona dois episódios. Em ambos, aparece o atributo 'pelado(a)'. No entanto, esse atributo</p><p>tem significado diferente em cada um dos episódios. No texto, o significado de cada termo se caracteriza por ser, respectivamente:</p><p>a. literal e flgurado</p><p>b. geral e particular</p><p>c. descritivo e irônico</p><p>d. ambíguo e polissêmico</p><p>12. FGV 2015</p><p>Página 7</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>Uma tia-avó</p><p>Fico abismada de ver de quanta coisa não me lembro. Aliás, não me lembro de nada.</p><p>Por exemplo, 1as férias em que eu ia para uma cidade do interior de Minas, acho que nem cidade era, era uma rua, e passava por</p><p>Belo Horizonte, 2onde tinha uma tia-avó.</p><p>Não poderia repetir o rosto dela, sei que muito magra, vestido até o chão, 3fantasma em cinzentos, levemente muda, deslizando por</p><p>4corredores de portas muito altas.</p><p>O clima da casa era de passado 5embrulhado em papel de seda amarfanhado, e posto no canto para que não se atrevesse a voltar à</p><p>tona. Nem um riso, 6um barulho de copos tinindo. Quem estava ali sabia que quanto menos se mexesse menor o perigo de sofrer.</p><p>Afinal o mundo era um 7vale de lágrimas.</p><p>8A casa dava para a rua, não tinha jardim, a não ser que você se aventurasse a subir uma escada de cimento, lateral, que te levava</p><p>aos 9jardins suspensos da Babilônia.</p><p>Nem precisava ser sensível para sentir a secura, 10a geometria esturricada dos canteiros 11sob o céu de anil de Minas. Nada, nem</p><p>uma flor, só coisas que espetavam e 12buxinhos com formatos rígidos e duras palmas e os 13urubus rodando alto, em cima,</p><p>esperando… O quê? 14Segredos enterrados, medo, sentia eu 15destrambelhando escada abaixo.</p><p>16Na sala, uma cristaleira antiga com um 17cacho enorme de uvas enroladas em papel brilhante azul.</p><p>Para mim, pareciam 18uvas de chocolate, recheadas de bebida, mas não tinha coragem de pedir, estavam lá ano após ano,</p><p>intocadas. A avó, baixinho, permitia, “Quer, pode pegar”, com voz neutra, mas eu declinava, 19doida de desejo.</p><p>Das comidas comuns da casa, não me lembro de uma couvinha que fosse, não me lembro de empregadas, cozinheiras, sala de</p><p>jantar, nada.</p><p>Enfim, Belo Horizonte para mim era uma terra triste, de 20mulheres desesperadas e mudas enterradas no tempo, 21chocolates</p><p>sedutores e proibidos. Só valia como passagem para a 22roça brilhante de sol que me esperava.</p><p>Nina Horta, Folha de S. Paulo, 17/07/2013. Adaptado.</p><p>Embora tenha sido publicado em jornal, o texto contém recursos mais comuns na linguagem literária do que na jornalística.</p><p>Exemplificam tais recursos a hipérbole e a metáfora, que ocorrem, respectivamente, nos seguintes trechos:</p><p>a. “corredores de portas muito altas” (ref. 4); “fantasma em cinzentos” (ref. 3).</p><p>b. “vale de lágrimas” (ref.7); “passado embrulhado em papel de seda” (ref. 5).</p><p>c. “doida de desejo” (ref. 19); “um barulho de copos tinindo” (ref. 6).</p><p>d. “mulheres desesperadas” (ref. 20); “sob o céu de anil de Minas” (ref.11).</p><p>e. “roça brilhante de sol” (ref. 22); “chocolates</p><p>sedutores e proibidos” (ref. 21).</p><p>13. INSPER 2014</p><p>Lentes da história</p><p>O que aconteceu com o sonho do fim da segregação racial que, há 50 anos, Martin Luther King anunciava para 250 mil pessoas na</p><p>Marcha sobre Washington? Ele está perto de materializar-se ou continua uma esperança para o futuro?</p><p>A resposta depende dos óculos que vestimos. Se apanharmos a lente dos séculos e milênios, a "longue durée" de que falam os</p><p>historiadores, há motivos para regozijo. A instituição da escravidão, especialmente cruel com os negros, foi abolida de todas as</p><p>legislações do planeta. É verdade que, na Mauritânia, isso ocorreu apenas em 1981, mas o fato é que essa chaga que acompanhava</p><p>a humanidade desde o surgimento da agricultura, 11 mil anos atrás, se tornou universalmente ilegal.</p><p>Apenas 50 anos atrás, vários Estados americanos tinham leis (Jim Crow laws) que proibiam negros até de frequentar os mesmos</p><p>espaços que brancos. Na África do Sul, a segregação "de jure" chegou até os anos 90. Hoje, disposições dessa natureza são não só</p><p>impensáveis como despertam vívida repulsa moral.</p><p>Em 2008, numa espécie de clímax, o negro Barack Obama foi eleito presidente dos EUA, o que levou alguns analistas a falar em era</p><p>pós-racial.</p><p>Basta, porém, apanhar a lente das décadas e passear pelos principais indicadores demográficos para verificar que eles ainda</p><p>carregam as marcas do racismo. Negros continuam significativamente mais pobres e menos instruídos que a média do país. São</p><p>mandados para a cadeia num ritmo seis vezes maior que o dos brancos. As Jim Crow laws foram declaradas nulas, mas alguns</p><p>Estados mantêm regras que, na prática, reduzem a participação de negros em eleições.</p><p>Página 8</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>É um caso clássico de copo meio cheio e meio vazio. Do ponto de vista da "longue durée", estamos bem. Dá até para acreditar em</p><p>progresso moral da humanidade. Só que não vivemos na escala dos milênios, mas na das décadas, na qual a segregação teima em</p><p>continuar existindo.</p><p>(Hélio Schwartsman, Folha de S. Paulo, 28/08/2013)</p><p>Para reforçar seu ponto de vista acerca do tema abordado em seu artigo, o jornalista emprega a linguagem conotativa como</p><p>estratégia persuasiva. Em “A resposta depende dos óculos que vestimos”, o autor recorre à/ao</p><p>a. antítese</p><p>b. eufemismo</p><p>c. aliteração</p><p>d. metáfora</p><p>e. paradoxo</p><p>14. UERJ 2016</p><p>DICIONÁRIO FEITO POR CRIANÇAS REVELA UM MUNDO QUE OS ADULTOS NÃO ENXERGAM MAIS</p><p>Em abril, aconteceu a Feira do Livro de Bogotá, e um dos maiores sucessos foi um livro chamado Casa das estrelas: o universo</p><p>contado pelas crianças. Nele, há um dicionário com mais de 500 definições para 133 palavras, de A a Z, feitas por crianças.</p><p>1O curioso deste “dicionário infantil” é como as crianças definem o mundo através daquilo que os adultos já não conseguem perceber.</p><p>O autor do livro é o professor Javier Naranjo, que compilou informações ao longo de dez anos durante as aulas. Ele conta que a ideia</p><p>surgiu quando ele pediu aos seus alunos para definirem a palavra “criança”, e uma das respostas que lhe chamou atenção foi: 2“uma</p><p>criança é um amigo que tem o cabelo curtinho, não toma rum e vai dormir cedo”.</p><p>Veja outros verbetes do livro e as idades das crianças que os definiram:</p><p>- 3Adulto: pessoa que, em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma. (Andrés, 8 anos)</p><p>- Água: transparência que se pode tomar. (Tatiana, 7 anos)</p><p>- 4Branco: o branco é uma cor que não pinta. (Jonathan, 11 anos)</p><p>- 5Camponês: um camponês não tem casa, nem dinheiro, somente seus filhos. (Luis, 8 anos)</p><p>- 6Céu: de onde sai o dia. (Duván, 8 anos)</p><p>- Dinheiro: coisa de interesse para os outros com a qual se faz amigos e, sem ela, se faz inimigos. (Ana María, 12 anos)</p><p>- 7Escuridão: é como o frescor da noite. (Ana Cristina, 8 anos)</p><p>- 8Guerra: gente que se mata por um pedaço de terra ou de paz. (Juan Carlos, 11 anos)</p><p>- Inveja: atirar pedras nos amigos. (Alejandro, 7 anos)</p><p>- 9Mãe: mãe entende e depois vai dormir. (Juan, 6 anos)</p><p>- 10Paz: quando a pessoa se perdoa. (Juan Camilo, 8 anos)</p><p>- Solidão: tristeza que dá na pessoa às vezes. (Iván, 10 anos)</p><p>- Tempo: coisa que passa para lembrar. (Jorge, 8 anos)</p><p>- 11Universo: casa das estrelas. (Carlos, 12 anos)</p><p>André Fantin</p><p>Adaptado de repertoriocriativo.com.br, 22/05/2013.</p><p>Uma afirmação paradoxal contém alguma contradição interna.</p><p>Um exemplo de afirmação paradoxal é identificado em:</p><p>a. Adulto: pessoa que, em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma. (ref. 3)</p><p>b. Guerra: gente que se mata por um pedaço de terra ou de paz. (ref. 8)</p><p>c. Mãe: mãe entende e depois vai dormir. (ref. 9)</p><p>d. Paz: quando a pessoa se perdoa. (ref. 10)</p><p>Página 9</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>15. UERJ 2014</p><p>O tempo em que o mundo tinha a nossa idade</p><p>5Nesse entretempo, ele nos chamava para escutarmos seus imprevistos improvisos. 1As estórias dele faziam o nosso lugarzinho</p><p>crescer até ficar maior que o mundo. Nenhuma narração tinha fim, o sono lhe apagava a boca antes do desfecho. 9Éramos nós que</p><p>recolhíamos seu corpo dorminhoso. 6Não lhe deitávamos dentro da casa: ele sempre recusara cama feita. 10Seu conceito era que a</p><p>morte nos apanha deitados sobre a moleza de uma esteira. Leito dele era o puro chão, lugar onde a chuva também gosta de deitar.</p><p>Nós simplesmente lhe encostávamos na parede da casa. Ali ficava até de manhã. Lhe encontrávamos coberto de formigas. Parece</p><p>que os insectos gostavam do suor docicado do velho Taímo. 7Ele nem sentia o corrupio do formigueiro em sua pele.</p><p>− Chiças: transpiro mais que palmeira!</p><p>Proferia tontices enquanto ia acordando. 8Nós lhe sacudíamos os infatigáveis bichos. Taímo nos sacudia a nós, incomodado por lhe</p><p>dedicarmos cuidados.</p><p>2Meu pai sofria de sonhos, saía pela noite de olhos transabertos. Como dormia fora, nem dávamos conta. Minha mãe, manhã</p><p>seguinte, é que nos convocava:</p><p>− Venham: papá teve um sonho!</p><p>3E nos juntávamos, todos completos, para escutar as verdades que lhe tinham sido reveladas. Taímo recebia notícia do futuro por via</p><p>dos antepassados. Dizia tantas previsões que nem havia tempo de provar nenhuma. Eu me perguntava sobre a verdade daquelas</p><p>visões do velho, estorinhador como ele era.</p><p>− Nem duvidem, avisava mamã, suspeitando-nos.</p><p>E assim seguia nossa criancice, tempos afora. 4Nesses anos ainda tudo tinha sentido: a razão deste mundo estava num outro mundo</p><p>inexplicável. 11Os mais velhos faziam a ponte entre esses dois mundos. (...)</p><p>Mia Couto</p><p>Terra sonâmbula. São Paulo, Cia das Letras, 2007.</p><p>Um elemento importante na organização do texto é o uso de algumas personificações.</p><p>Uma dessas personificações encontra-se em:</p><p>a. Éramos nós que recolhíamos seu corpo dorminhoso. (ref. 9)</p><p>b. Seu conceito era que a morte nos apanha deitados sobre a moleza de uma esteira. (ref. 10)</p><p>c. Nós lhe sacudíamos os infatigáveis bichos. (ref. 8)</p><p>d. Os mais velhos faziam a ponte entre esses dois mundos. (ref. 11)</p><p>16. UERJ 2015</p><p>CANÇÃO DO VER</p><p>Fomos rever o poste.</p><p>O mesmo poste de quando a gente brincava de pique</p><p>e de esconder.</p><p>1Agora ele estava tão verdinho!</p><p>O corpo recoberto de Iimo e borboletas.</p><p>Eu quis filmar o abandono do poste.</p><p>O seu estar parado.</p><p>O seu não ter voz.</p><p>O seu não ter sequer mãos para se pronunciar com</p><p>as mãos.</p><p>Penso que a natureza o adotara em árvore.</p><p>Porque eu bem cheguei de ouvir arrulos de passarinhos</p><p>Página 10</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>que um dia teriam cantado entre as suas folhas.</p><p>Tentei transcrever para flauta a ternura dos arrulos.</p><p>Mas o mato era mudo.</p><p>Agora o poste se inclina para o chão - como alguém</p><p>que procurasse o chão para repouso.</p><p>Tivemos saudades de nós.</p><p>Manoel de Barros Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.</p><p>1 arrulos - canto ou gemido de rolas e pombas</p><p>No poema, o poste é associado à própria vida do eu poético.</p><p>Nessa associação, a imagem do poste se constrói pelo seguinte recurso</p><p>da linguagem:</p><p>a. anáfora</p><p>b. metáfora</p><p>c. sinonímia</p><p>d. hipérbole</p><p>17. UERJ 2016</p><p>A PRESSA DE ACABAR</p><p>Evidentemente nós sofremos agora em todo o mundo de uma dolorosa moléstia: a pressa de acabar. Os nossos avós nunca tinham</p><p>pressa. Ao contrário. Adiar, aumentar, era para eles a suprema delícia. Como os relógios, nesses tempos remotos, não eram</p><p>maravilhas de precisão, os 1homens mediam os dias com todo o cuidado da atenção.</p><p>Sim! Em tudo, 2essa estranha pressa de acabar se ostenta como a marca do século. Não há mais livros definitivos, quadros</p><p>destinados a não morrer, ideias imortais. Trabalha-se muito mais, pensa-se muito mais, ama-se mesmo muito mais, apenas sem</p><p>fazer a digestão e sem ter tempo de a fazer.</p><p>Antigamente as horas eram entidades que os homens conheciam imperfeitamente. Calcular a passagem das horas era tão</p><p>complicado como calcular a passagem dos dias. 3Inventavam-se relógios de todos os moldes e formas.</p><p>4Hoje, nós somos escravos das horas, dessas senhoras inexoráveis* que não cedem nunca e cortam o dia da gente numa triste</p><p>migalharia de minutos e segundos. Cada hora é para nós distinta, pessoal, característica, porque cada hora representa para nós o</p><p>acúmulo de várias coisas que nós temos pressa de acabar. O relógio era um objeto de luxo. Hoje até os mendigos usam um</p><p>marcador de horas, porque têm pressa, pressa de acabar.</p><p>O homem mesmo será classificado, afirmo eu já com pressa, como o Homus cinematographicus. 5Nós somos uma delirante sucessão</p><p>de fitas cinematográficas. Em meia hora de sessão tem-se um espetáculo multiforme e assustador cujo título geral é: Precisamos</p><p>acabar depressa.</p><p>6O homem de agora é como a multidão: ativo e imediato. Não pensa, faz; não pergunta, obra; não reflete, julga.</p><p>7O homem cinematográfico resolveu a suprema insanidade: encher o tempo, atopetar o tempo, abarrotar o tempo, paralisar o tempo</p><p>para chegar antes dele. Todos os dias (dias em que ele não vê a beleza do sol ou do céu e a doçura das árvores porque não tem</p><p>tempo, diariamente, nesse número de horas retalhadas em minutos e segundos que uma população de relógios marca, registra e</p><p>desfia), o pobre diabo 8sua, labuta, desespera com os olhos fitos nesse hipotético poste de chegada que é a miragem da ilusão.</p><p>Uns acabam pensando que encheram o tempo, que o mataram de vez. Outros desesperados vão para o hospício ou para os</p><p>cemitérios. A corrida continua. E o Tempo também, o Tempo insensível e incomensurável, o Tempo infinito para o qual todo o esforço</p><p>é inútil, o Tempo que não acaba nunca! É satanicamente doloroso. Mas que fazer?</p><p>RIO, João do. Adaptado de Cinematógrafo: crônicas cariocas. Rio de Janeiro: ABL, 2009.</p><p>* inexoráveis − que não cedem, implacáveis</p><p>Hoje, nós somos escravos das horas, dessas senhoras inexoráveis que não cedem nunca (ref. 4)</p><p>Neste fragmento, o autor emprega uma figura de linguagem para expressar o embate entre o homem e o tempo.</p><p>Página 11</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>Essa figura de linguagem é conhecida como:</p><p>a. ironia</p><p>b. hipérbole</p><p>c. eufemismo</p><p>d. personificação</p><p>18. UNESP 2014</p><p>São Paulo, 10 de março de 1867.</p><p>Estamos em plena quaresma.</p><p>A população paulista azafama-se a preparar-se para a lavagem geral das consciências nas águas lustrais do confessionário e do</p><p>jejum.</p><p>A cambuquira* e o bacalhau afidalgam-se no mercado.</p><p>A carne, mísera condenada pelos santos concílios, fica reduzida aos pouquíssimos dentes acatólicos da população, e desce quase a</p><p>zero na pauta dos preços.</p><p>O que não sobe nem desce na escala dos fatos normais é a vilania, a usura, o egoísmo, a estatística dos crimes e o montão de fatos</p><p>vergonhosos, perversos, ruins e feios que precedem todas as contrições oficiais do confessionário, e que depois delas continuam</p><p>com imperturbável regularidade.</p><p>É o caso de desejar-se mais obras e menos palavras.</p><p>E se não, de que é que serve o jejum, as macerações, o arrependimento, a contrição e quejandas religiosidades?</p><p>O que é a religião sem o aperfeiçoamento moral da consciência?</p><p>O que vale a perturbação das funções gastronômicas do estômago sem consciência livre, ilustrada, honesta e virtuosa?</p><p>Seja como for, o fato é que a quaresma toma as rédeas do governo social, e tudo entristece, e tudo esfria com o exercício de seus</p><p>místicos preceitos de silêncio e meditação.</p><p>De que é que vale a meditação por ofício, a meditação hipócrita e obrigada, que consiste unicamente na aparência?</p><p>Pois o que é que constitui a virtude? É a forma ou é o fundo? É a intenção do ato, ou sua feição ostensiva?</p><p>Neste sentido, aconselhamos aos bons leitores que comutem sem o menor escrúpulo os jejuns, as confissões e rezas em boas e</p><p>santas ações, em esmolas aos pobres.</p><p>(Ângelo Agostini, Américo de Campos e Antônio Manoel dos Reis. Cabrião, 10.03.1867. Adaptado.)</p><p>* Iguaria constituída de brotos de abóbora guisados, geralmente servida como acompanhamento de assados.</p><p>[...] fica reduzida aos pouquíssimos dentes acatólicos da população.</p><p>Na expressão dentes acatólicos, a palavra “dentes” é empregada em lugar de “pessoas”, segundo uma relação semântica de</p><p>a. símbolo pela coisa significada.</p><p>b. parte pelo todo.</p><p>c. continente pelo conteúdo.</p><p>d. causa pelo efeito.</p><p>e. todo pela parte.</p><p>19. ESPM 2014</p><p>Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um estilo tão empeçado¹, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um</p><p>estilo tão encontrado toda a arte e a toda a natureza? Boa razão é também essa. O estilo há de ser muito fácil e muito natural. Por</p><p>isso Cristo comparou o pregar ao semear, porque o semear é uma arte que tem mais de natureza que de arte (...) Não fez Deus o céu</p><p>Página 12</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se uma parte está branco, da outra há de estar</p><p>negro (...) Como hão de ser as palavras? Como as estrelas. As estrelas são muito distintas e muito claras. Assim há de ser o estilo da</p><p>pregação, muito distinto e muito claro.</p><p>(Sermão da Sexagésima, Pe. Antonio Vieira)</p><p>¹empeçado: com obstáculo, com empecilho.</p><p>A repetição da expressão “um estilo tão” e o uso da expressão “xadrez de palavras” compõem respectivamente as figuras de</p><p>linguagem:</p><p>a. anáfora e metáfora</p><p>b. polissíndeto e metonímia</p><p>c. pleonasmo e anacoluto</p><p>d. metáfora e prosopopeia</p><p>e. antonomásia e catacrese</p><p>20. INSPER 2013</p><p>O "gilete" dos tablets</p><p>Num mundo capitalista como este em que vivemos, onde as empresas concorrem para posicionar suas marcas e fixar logotipos e</p><p>slogans na cabeça dos consumidores, a síndrome do "Gillette" pode ser decisiva para a perpetuação de um produto. É isso que</p><p>preocupa a concorrência do iPad, tablet da Apple.</p><p>Assim como a marca de lâminas de barbear tornou-se sinônimo de toda a categoria de barbeadores, eclipsando o nome das marcas</p><p>que ofereciam produtos similares, o mesmo pode estar acontecendo com o tablet lançado por Steve Jobs. O maior temor do mercado</p><p>é que as pessoas passem a se referir aos tablets como "iPad" em geral, dizendo "iPad da Samsumg" ou "iPad da Motorola", e assim</p><p>por diante.</p><p>(http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-edgard/o-gilete-dos-tablets-260395-1.asp)</p><p>No campo da estilística, a figura de linguagem abordada na matéria acima recebe o nome de</p><p>a. metáfora, por haver uma comparação subentendida entre a marca e o produto.</p><p>b. hipérbole, por haver exagero dos consumidores na associação do produto com a marca.</p><p>c. catacrese, por haver um empréstimo linguístico na referência à marca do produto famoso.</p><p>d. metonímia, por haver substituição do produto pela marca, numa relação de semelhança.</p><p>e. perífrase, por haver a designação de um objeto através de seus atributos ou de um fato que o celebrizou.</p><p>21. UERJ 2015</p><p>Página 13</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA -</p><p>EPP - Todos os direitos reservados</p><p>O ARRASTÃO</p><p>Estarrecedor, nefando, inominavel, infame. Gasto logo os adjetivos porque eles fracassam em dizer o sentimento que os fatos</p><p>impõem. Uma trabalhadora brasileira, descendente de escravos, como tantos, que cuida de quatro filhos e quatro sobrinhos, que</p><p>parte para o trabalho às quatro e meia das manhãs de todas as semanas, que administra com o marido um ganho de mil e seiscentos</p><p>reais, que paga pontualmente seus carnês, como milhões de trabalhadores brasileiros, é baleada em circunstâncias não esclarecidas</p><p>no Morro da Congonha e, levada como carga no porta-malas de um carro policial a pretexto de ser atendida, é arrastada à morte, a</p><p>céu aberto, pelo asfalto do Rio.</p><p>Não vou me deter nas versões apresentadas pelos advogados dos policiais.7Todas as vozes terão que ser ouvidas, e com muita</p><p>atenção à voz daqueles que nunca são ouvidos. Mas, antes das versões, o fato é que esse porta-malas, ao se abrir fora do script,</p><p>escancarou um real que esta acostumado a existir na sombra.</p><p>O marido de Cláudia Silva Ferreira disse que, se o porta-malas não se abrisse como abriu (por obra do acaso, dos deuses, do diabo),</p><p>esse seria apenas "mais um caso". 8Ele está dizendo: seria uma morte anônima, 1aplainada pela surdez da 2praxe, pela invisibilidade,</p><p>uma morte não questionada, como tantas outras.</p><p>9É uma imagem verdadeiramente surreal, não porque esteja fora da realidade, mas porque destampa, por um "acaso objetivo" (a</p><p>expressão era usada pelos 3surrealistas), uma cena 4recalcada da consciência nacional, com tudo o que tem de violência</p><p>naturalizada e oorriqueira, tratamento degradante dado aos pobres, estupidez elevada ao cúmulo, ignorância bruta transformada em</p><p>trapalhada 5transcendental, além de um índice grotesco de métodos de camuflagem e desaparição de pessoas. 10Pois assim como</p><p>6Amarildo é aquele que desapareceu das vistas, e não faz muito tempo, Cláudia é aquela que subitamente salta à vista, e ambos</p><p>soam, queira-se ou não, como o verso e o reverso do mesmo.</p><p>O acaso da queda de Cláudia dá a ver algo do que não pudemos ver no caso do desaparecimento de Amarildo. A sua passagem</p><p>meteórica pela tela é um desfile do carnaval de horror que escondemos. 11Aquele carro é o carro alegórico de um Brasil, de um certo</p><p>Brasil que temos que lutar para que não se transforme no carro alegórico do Brasil.</p><p>José Miguel Wisnik</p><p>Adaptado de oglobo.globo.com, 22/03/ 2014.</p><p>1 aplainada - nivelada</p><p>2 praxe - prática, hábito</p><p>3 surrealistas - participantes de movimento artístico do século 20 que enfatiza o papel do inconsciente</p><p>4 recalcada - fortemente reprimida</p><p>5 transcendental - que supera todos os limites</p><p>6 Amarildo - pedreiro desaparecido na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, em 2013, depois de ser detido por policiais</p><p>Pois assim como Amarildo é aquele que desapareceu das vistas, e não faz muito tempo, Cláudia é aquela que subitamente salta a</p><p>vista, e ambos soam, queira-se ou não, como o verso e o reverso do mesmo (ref. 10) Neste trecho, para aproximar dois casos</p><p>recentemente noticiados na imprensa, o autor emprega um recurso de linguagem denominado:</p><p>a. antítese</p><p>b. negação</p><p>c. metonímia</p><p>d. personiñcação</p><p>22. INSPER 2012</p><p>Recentemente, diversos jornais divulgaram a notícia de que o Ministério Público Federal entrou com uma ação judicial para retirar de</p><p>circulação o dicionário Houaiss, alegando que a obra contém "referências preconceituosas" e "racistas" contra ciganos. Sobre essa</p><p>medida, o jornalista Sérgio Rodrigues escreveu no Blog da revista Veja:</p><p>Supor que dicionários inventem os sentidos das palavras, em vez de simplesmente registrar com o maior rigor possível os usos</p><p>decididos coletivamente por uma comunidade de falantes ao longo de sua história, é uma crença obscurantista e autoritária. Sua</p><p>origem deve ser buscada no cruzamento entre a velha ignorância e uma doença intelectual mais recente: a ilusão politicamente</p><p>correta de que, para consertar as injustiças do mundo, basta submeter a linguagem à censura prévia.</p><p>A ação partiu de Uberlândia, no Triângulo Mineiro (...) Não deve ficar nisso. O Brasil é um país vasto, e, como se sabe, tem poucos</p><p>Página 14</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>problemas verdadeiros, o que deixa ao MPF tempo de sobra para garimpar outros verbetes insultuosos no melhor, mais completo e</p><p>mais rigoroso dicionário da língua portuguesa.</p><p>Disponível em:</p><p>http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/curiosidades-etimologicas/ciganos-x-houaiss-depois-virao-judeus-baianos-japoneses/</p><p>Quanto ao processo judicial envolvendo o verbete “cigano” no dicionário, o blogueiro expressa uma reação irônica no trecho</p><p>a. “em vez de simplesmente registrar com o maior rigor possível os usos decididos coletivamente por uma comunidade”</p><p>b. “Sua origem deve ser buscada no cruzamento entre a velha ignorância e uma doença intelectual”</p><p>c. “para consertar as injustiças do mundo, basta submeter a linguagem à censura prévia”</p><p>d. “O Brasil é um país vasto, e, como se sabe, tem poucos problemas verdadeiros”</p><p>e. “no melhor, mais completo e mais rigoroso dicionário da língua portuguesa”</p><p>23. UECE 2014</p><p>O texto a seguir é um excerto retirado do primeiro parágrafo do artigo de opinião “Com um braço só”, escrito por J. R. Guzzo, que</p><p>trata da corrupção na política.</p><p>1Um dos aspectos menos atraentes da personalidade humana é a tendência de muitas pessoas de só condenar os vícios que não</p><p>praticam, ou pelos quais não se sentem atraídas. Um caloteiro que não fuma, não bebe e não joga, por exemplo, é frequentemente a</p><p>voz que mais grita contra o cigarro, a bebida e os cassinos, mas fecha a boca, os ouvidos e os olhos, como 6os três prudentes</p><p>macaquinhos orientais, quando o assunto é honestidade no pagamento de dívidas pessoais. É a velha história: 2o mal está 4sempre</p><p>na alma dos outros. Pode até ser verdade, 5infelizmente, quando se trata da política brasileira, em que continua valendo, mais do que</p><p>nunca, a máxima popular do 3“pega um, pega geral”.</p><p>Extraído do artigo ”Com um braço só”, de J.R. Guzzo. VEJA. 21/08/2013.</p><p>O articulista inicia o texto com a expressão:</p><p>“Um dos aspectos menos atraentes da personalidade humana”.</p><p>Assinale a opção que expressa uma afirmação correta sobre esse começo de texto.</p><p>a. A linguagem é figurada, portanto direta e sem subterfúgios, de modo a preparar o leitor para o tom contundente do texto.</p><p>b. A linguagem é simples, sem elementos apelativos ou argumentativos. Predomina nela a função fática da linguagem.</p><p>c. A linguagem é eufemística, demonstrando uma intenção do enunciador: preparar o leitor para o teor pesado do texto.</p><p>d. O início do texto manteria a mesma força argumentativa se fosse reescrito da seguinte maneira: Um dos aspectos mais repulsivos</p><p>da personalidade humana [...].</p><p>24. FGV-RJ 2015</p><p>Argumento</p><p>(Paulinho da Viola)</p><p>Tá legal</p><p>Eu aceito o argumento</p><p>Mas não me altere o samba tanto assim</p><p>Olha que a rapaziada está sentindo a falta</p><p>De um cavaco, de um pandeiro</p><p>Ou de um tamborim.</p><p>Página 15</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>Sem preconceito</p><p>Ou mania de passado</p><p>Sem querer ficar do lado</p><p>De quem não quer navegar</p><p>Faça como um velho marinheiro</p><p>Que durante o nevoeiro</p><p>Leva o barco devagar.Argu</p><p>Ao empregar, na letra da canção, o verbo “navegar” em sentido metafórico e desdobrar esse sentido nos versos seguintes, o</p><p>compositor recorre ao seguinte recurso expressivo:</p><p>a. alegoria.</p><p>b. personificação.</p><p>c. hipérbole.</p><p>d. eufemismo.</p><p>e. pleonasmo.</p><p>25. UNIFESP 2015</p><p>Então começou a minha vida de milionário. Deixei bem depressa a casa de Madame Marques – 1que, desde que me sabia rico, me</p><p>tratava todos os dias a arroz-doce, 2e ela mesma me servia, com o seu vestido de seda dos domingos. Comprei, habitei o palacete</p><p>amarelo, ao Loreto: as magnificências da minha instalação são bem conhecidas pelas gravuras indiscretas da Ilustração Francesa.</p><p>Tornou-se famoso na Europa o meu leito, de um gosto exuberante e bárbaro, com a barra recoberta de lâminas de ouro lavrado e</p><p>cortinado de um raro brocado negro onde ondeiam, bordados a pérolas, versos eróticos de Catulo; uma lâmpada, suspensa no</p><p>interior, 5derrama ali a claridade láctea e amorosa de um luar de Verão.</p><p>[...]</p><p>Entretanto Lisboa rojava-se aos meus pés. O pátio do palacete estava constantemente invadido por uma turba: 3olhando-a</p><p>enfastiado das janelas da galeria, eu via lá branquejar os peitilhos da Aristocracia, negrejar a sotaina do Clero, e luzir o suor da Plebe:</p><p>todos vinham suplicar,</p><p>de lábio abjeto, a honra do meu sorriso e uma participação no meu ouro. Às vezes consentia em receber algum velho de título</p><p>histórico: – ele adiantava-se pela sala, quase roçando o tapete com os cabelos brancos, tartamudeando adulações; e imediatamente,</p><p>espalmando sobre o peito a mão de fortes veias onde corria um sangue de três séculos, oferecia-me uma filha bem-amada para</p><p>esposa ou para concubina.</p><p>Todos os cidadãos me traziam presentes como a um ídolo sobre o altar – uns odes votivas, outros o meu monograma bordado a</p><p>cabelo, alguns chinelas ou boquilhas, cada um a sua consciência. Se o meu olhar amortecido fixava, por acaso, na rua, uma mulher –</p><p>4era logo ao outro dia uma carta em que a criatura, esposa ou prostituta, me ofertava a sua nudez, o seu amor, e todas as</p><p>complacências da lascívia.</p><p>Os jornalistas esporeavam a imaginação para achar adjetivos dignos da minha grandeza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei a ser o</p><p>celeste Sr. Teodoro; então, desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste Sr. Teodoro! Diante de mim, nenhuma</p><p>cabeça ficou jamais coberta – ou usasse a coroa ou o coco. Todos os dias me era oferecida uma presidência de Ministério ou uma</p><p>direção de confraria. Recusei sempre, com nojo.</p><p>(Eça de Queirós. O mandarim, s/d.)</p><p>“Os jornalistas esporeavam a imaginação para achar adjetivos dignos da minha grandeza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei a ser o</p><p>celeste Sr. Teodoro; então, desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste Sr. Teodoro!”</p><p>Nesta passagem do último parágrafo, identifica-se uma</p><p>a. hipérbole, por meio da qual o narrador enfatiza a intensidade de atenção recebida da imprensa portuguesa.</p><p>b. gradação, por meio da qual o narrador reforça a ideia de bajulação posta em prática pelos jornais portugueses.</p><p>Página 16</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>c. ironia, por meio da qual o narrador refuta o tratamento que lhe dispensavam os jornalistas portugueses.</p><p>d. redundância, por meio da qual o narrador deixa entrever o modo como as pessoas lhe especulavam a vida.</p><p>e. antítese, por meio da qual o narrador explica as contradições dos jornais portugueses ao tomarem-no como assunto.</p><p>26. Espcex (Aman) 2014</p><p>Assinale a única alternativa que contém a figura de linguagem presente no trecho sublinhado:</p><p>As armas e os barões assinalados,</p><p>Que da ocidental praia lusitana</p><p>Por mares nunca dantes navegados,</p><p>Passaram ainda além da Taprobana,</p><p>a. metonímia</p><p>b. eufemismo</p><p>c. ironia</p><p>d. anacoluto</p><p>e. polissíndeto</p><p>27. UEA 2014</p><p>Tapuia</p><p>As florestas ergueram braços peludos para esconder-te</p><p>com ciúmes do sol.</p><p>E a tua carne triste se desabotoa nos seios,</p><p>recém-chegados do fundo das selvas.</p><p>Pararam no teu olhar as noites da Amazônia, mornas e imensas.</p><p>No teu corpo longo</p><p>ficou dormindo a sombra das cinco estrelas do Cruzeiro.</p><p>O mato acorda no teu sangue</p><p>sonhos de tribos desaparecidas</p><p>– filha de raças anônimas</p><p>que se misturaram em grandes adultérios!</p><p>E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio,</p><p>que teus antepassados te deixaram de herança.</p><p>O vento desarruma os teus cabelos soltos</p><p>e modela um vestido na intimidade do teu corpo exato.</p><p>À noite o rio te chama</p><p>e então te entregas à água preguiçosamente,</p><p>como uma flor selvagem</p><p>ante a curiosidade das estrelas.</p><p>(Raul Bopp apud Mário da Silva Brito. “Tapuia”. In: Poesia do Modernismo, 1968.)</p><p>Página 17</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>A metáfora é uma figura de linguagem em que um termo substitui outro, em vista de uma relação de semelhança entre os elementos</p><p>designados por tais termos. Essa figura ocorre no verso:</p><p>a. que se misturaram em grandes adultérios!</p><p>b. O vento desarruma os teus cabelos soltos</p><p>c. As florestas ergueram braços peludos para esconder-te</p><p>d. e então te entregas à água preguiçosamente,</p><p>e. E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio,</p><p>28. INSPER 2012</p><p>Ah, Scarlett, mulher sinestesia, seu nome tem o som da cor dos seus lábios: Scarlett, scarlet, escarlate.</p><p>(Álvaro Pereira Júnior, em referência à atriz Scarlett Johansson. Folha de São Paulo, 17/09/2011)</p><p>O que melhor explica o aposto “mulher sinestesia” atribuído à atriz é o(a)</p><p>a. jogo de palavras com apelo sonoro ao final do período.</p><p>b. enumeração ascendente que intensifica a ideia relacionada à cor vermelha.</p><p>c. junção de planos sensoriais diferentes numa só impressão.</p><p>d. modo exagerado e dramático como o autor se refere à beleza da atriz.</p><p>e. personificação dos lábios da mulher, atribuindo-lhe vida própria.</p><p>29. CEFET-MG 2013</p><p>SONETO DE SEPARAÇÃO</p><p>De repente do riso fez-se o pranto</p><p>Silencioso e branco como a bruma</p><p>E das bocas unidas fez-se a espuma</p><p>E das mãos espalmadas fez-se o espanto.</p><p>De repente da calma fez-se o vento</p><p>Que dos olhos desfez a última chama</p><p>E da paixão fez-se o pressentimento</p><p>E do momento imóvel fez-se o drama.</p><p>De repente, não mais que de repente</p><p>Fez-se de triste o que se fez amante</p><p>E de sozinho o que se fez contente.</p><p>Fez-se do amigo próximo o distante</p><p>Fez-se da vida uma aventura errante</p><p>De repente, não mais que de repente.</p><p>Oceano Atlântico, a bordo do Highland Patriot, a caminho da Inglaterra, setembro de 1938.</p><p>Sobre os recursos de linguagem empregados na construção do poema, afirma-se:</p><p>I. As semelhanças sonoras entre palavras como “espalmadas” e “espanto”, “branco” e “bruma” exemplificam o uso de aliterações no</p><p>texto.</p><p>Página 18</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>II. A repetição, ao longo do poema, da expressão “de repente”, acentua a ideia do espanto trazido pela separação.</p><p>III. O uso de algumas antíteses no texto demonstra o contraste entre os momentos antes e depois da separação.</p><p>IV. No primeiro verso da segunda estrofe, a palavra “vento” metaforiza a tranquilidade anterior à separação.</p><p>Estão corretas apenas as afirmativas:</p><p>a. I e II.</p><p>b. I e IV.</p><p>c. III e IV.</p><p>d. I, II e III.</p><p>e. II, III e IV.</p><p>30. ENEM 2015</p><p>Exmº Sr. Governador:</p><p>Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados</p><p>pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928.</p><p>[…]</p><p>ADMINISTRAÇÃO</p><p>Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda</p><p>aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no arame. proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as</p><p>datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou</p><p>a Bastilha – um telegrama; porque se deitou pedra na rua – um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela – um telegrama.</p><p>Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.</p><p>GRACILlANO RAMOS RAMOS, G.</p><p>Viventes das Alagoas .</p><p>São Paulo: Martins Fontes, 1962.</p><p>O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de</p><p>Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor</p><p>a. emprega sinais de pontuação em excesso.</p><p>b. recorre a termos e expressões em desuso no português.</p><p>c. apresenta-se na primeira pessoa do singular, para conotar intimidade com o destinatário.</p><p>d. privilegia o uso de termos técnicos, para demonstrar conhecimento especializado.</p><p>e. expressa-se em linguagem</p><p>mais subjetiva, com forte carga emocional.</p><p>Página 19</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>31. CEFET-MG 2015</p><p>A passagem em que NÃO há a figura de linguagem indicada é:</p><p>a. “... éramos também paisagem, e, enquanto isso, as plantações davam voltas em torno de nós.” (METÁFORA)</p><p>b. “... a realidade como uma lava, vazava espessa e rija, petrificando suas lembranças” (METONÍMIA)</p><p>c. “... a chuva logo se encolheu, fechou-se igual um zíper ...” (COMPARAÇÃO)</p><p>d. “... no vento que fervia a cabeleira do capim gordura” (PROSOPOPEIA)</p><p>e. “... o silêncio ecoava no mormaço da tarde” (PARADOXO)</p><p>32. UEPB 2014</p><p>Em “Juntos, grudados, colados/dois, duas/Mais um/Mais três! Mais[...]”, pode-se afirmar que há um caso de:</p><p>( ) Gradação, tendo em vista a progressão temática ocasionada por termos que garantem a continuidade de sentidos do texto.</p><p>( ) Repetição de ideias de um mesmo campo semântico, estabelecendo relações discursivas.</p><p>( ) Sequenciação de termos, por meio de marcas linguísticas de um mesmo item lexical.</p><p>Analise as proposições e assinale ( V ) para as verdadeiras e ( F ) para as falsas. Marque a alternativa correta.</p><p>a. F – V – F</p><p>b. V – V – F</p><p>c. V – F – F</p><p>Página 20</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>d. F – F – V</p><p>e. V – F – V</p><p>33. UERJ 2016</p><p>A ARTE DE ENGANAR</p><p>Em seu livro Pernas pro ar, Eduardo Galeano recorda que, na era vitoriana, era proibido mencionar “calças” na presença de uma</p><p>jovem. Hoje em dia, diz ele, não cai bem utilizar certas expressões perante a opinião pública: “O capitalismo exibe o nome artístico de</p><p>economia de mercado; imperialismo se chama globalização; suas vítimas se chamam países em via de desenvolvimento;</p><p>oportunismo se chama pragmatismo; 1despedir sem indenização nem explicação se chama flexibilização laboral” etc.</p><p>A lista é longa. Acrescento os inúmeros preconceitos que carregamos: ladrão é sonegador; lobista é consultor; 2fracasso é crise;</p><p>especulação é derivativo; latifúndio é agronegócio; desmatamento é investimento rural; lavanderia de dinheiro escuso é paraíso fiscal;</p><p>3acumulação privada de riqueza é democracia; socialização de bens é ditadura; governar a favor da maioria é populismo; tortura é</p><p>constrangimento ilegal; invasão é intervenção; 4peste é pandemia; 5magricela é anoréxica.</p><p>Eufemismo é a arte de dizer uma coisa e acreditar que o público escuta ou lê outra. É um jeitinho de escamotear significados. De</p><p>tentar encobrir verdades e realidades.</p><p>Posso admitir que pertenço à terceira idade, embora esteja na cara: sou velho. 6Ora, poderia dizer que sou seminovo! Como carros</p><p>em revendedoras de veículos. Todos velhos! Mas o adjetivo seminovo os torna mais vendáveis.</p><p>Coitadas das palavras! Elas 7são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permaneça como está. Não conseguem, contudo,</p><p>escapar da luta de classes: pobre é ladrão, 8rico é corrupto.</p><p>Pobre é viciado, rico é dependente químico.</p><p>Em suma, eufemismo é um truque semântico para tentar amenizar os fatos.</p><p>Frei Betto</p><p>Adaptado de O Dia, 21/03/2015.</p><p>Em sua origem grega, o termo “eufemismo” significa “palavra de bom agouro” ou “palavra que deseja o bem”. Como figura de</p><p>linguagem, indica um recurso que suaviza alguma ideia ou expressão mais chocante.</p><p>Na crônica, o autor enfatiza o aspecto negativo dos eufemismos, que serviriam para distorcer a realidade.</p><p>De acordo com o autor, o eufemismo camufla a desigualdade social no seguinte exemplo:</p><p>a. fracasso é crise (ref. 2)</p><p>b. peste é pandemia (ref. 4)</p><p>c. magricela é anoréxica (ref. 5)</p><p>d. rico é corrupto (ref. 8)</p><p>34. UEMA 2015</p><p>O texto a seguir faz parte do conto Verde Lagarto Amarelo, de Lygia Fagundes Telles. O episódio abaixo reproduz o diálogo entre</p><p>dois irmãos, Rodolfo e Eduardo. Leia-o, com atenção, a fim de responder à questão.</p><p>Ele entrou no seu passo macio, sem ruído, não chegava a ser felino: apenas um andar discreto. Polido.</p><p>■ Rodolfo! Onde está você?... Dormindo? — perguntou quando me viu levantar da poltrona e vestir a camisa. Baixou o tom de voz.</p><p>– Está sozinho?</p><p>Ele sabe muito bem que estou sozinho, ele sabe que sempre estou sozinho.</p><p>■ Estava lendo.</p><p>■ Dostoiévski?</p><p>Fechei o livro e não pude deixar de sorrir. Nada lhe escapava.</p><p>■ Queria lembrar uma certa passagem... Só que está quente demais, acho que este é o dia mais quente desde que começou o</p><p>verão.</p><p>Página 21</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>Ele deixou a pasta na cadeira e abriu o pacote de uvas roxas.</p><p>■ Estavam tão maduras, olha só que beleza – disse tirando um cacho e balançando-o no ar como um pêndulo. – Prova! Uma</p><p>delícia.</p><p>(...)</p><p>■ Vou fazer um café – anunciei.</p><p>■ Só se for para você, tomei há pouco na esquina. Era mentira. O bar da esquina era imundo e para ele o café fazia parte de um</p><p>ritual nobre, limpo. (...)</p><p>Fonte: TELLES, Lygia Fagundes. Melhores contos de Lygia Fagundes Telles / Seleção de Eduardo Portella. 12. ed. Coleção</p><p>melhores contos. São Paulo: Global, 2003.</p><p>No fragmento a seguir, há ocorrência de um recurso linguístico que aproxima sensações de planos sensoriais diferentes, conhecido</p><p>como sinestesia.</p><p>“Ele entrou no seu passo macio, sem ruído, não chegava a ser felino: apenas um andar discreto. Polido.</p><p>¯ Rodolfo! Onde está você?... Dormindo? — perguntou quando me viu levantar da poltrona e vestir a camisa. Baixou o tom de voz. –</p><p>Está sozinho?”</p><p>O trecho que apresenta recurso sinestésico, a exemplo do fragmento anterior, é</p><p>a. “A vaia amarela dos papagaios / rompe o silêncio da despedida.” (Carlos Drummond de Andrade).</p><p>b. “Duro é o pão que nós comemos. Dura é a cama que dormimos.” (Carolina Maria de Jesus).</p><p>c. “O cabelo louro, a pele bronzeada de sol, as mãos de estátua.” (Lygia Fagundes Telles).</p><p>d. “... Eu durmi. E tive um sonho maravilhoso. Sonhei que eu era um anjo.” (Carolina Maria de Jesus).</p><p>e. “No meio do caminho tinha uma pedra...” (Carlos Drummond de Andrade).</p><p>35. INSPER 2013</p><p>POÇAS D’ÁGUA</p><p>As poças d´água são um mundo mágico</p><p>Um céu quebrado no chão</p><p>Onde em vez de tristes estrelas</p><p>Brilham os letreiros de gás Néon.</p><p>(Mario Quintana, Preparativos de viagem, São Paulo, Globo, 1994.)</p><p>Levando-se em conta o texto como um todo, é correto afirmar que a metáfora presente no primeiro verso se justifica porque as poças</p><p>a. estimulam a imaginação.</p><p>b. permitem ver as estrelas.</p><p>c. são iluminadas pelo Néon.</p><p>d. se opõem à tristeza das estrelas.</p><p>e. revelam a realidade como espelhos.</p><p>36. UEPA 2014</p><p>Assinale a alternativa que contém o trecho em que Machado de Assis utiliza, como recurso literário de comunicação, a prosopopeia.</p><p>Página 22</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>a. - (...) Olhe a pamonha da Beatriz; não foi agora para a roça só porque o marido implicou com um inglés que costumava passar a</p><p>cavalo de tarde? (Capítulo dos Chapéus).</p><p>b. Duas ou trés amigas, nutridas de aritmética, continuavam a dizer que ela perdera a conta dos anos. (Uma Senhora).</p><p>c. Tinha toda a vida nos olhos; a boca meio aberta, parecia beber as palavras da sobrinha, ansiosamente, como um cordial*. (D.</p><p>Paula).</p><p>* medicamento que fortalece.</p><p>d. Mariana aceitou; um certo demónio soprava nela as fúrias da vingança. (Capítulo dos Chapéus).</p><p>e. Nunca encontro esta senhora que me não lembre a profecia de uma lagartixa ao poeta Heine subindo os Apeninos: "Dia virá em</p><p>que as pedras serão plantas, as plantas animais, os animais homens e os homens deuses." (Urna Senhora).</p><p>37. ENEM 2013</p><p>Capítulo LIV — A pêndula</p><p>Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estireime na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite.</p><p>Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tiquetaque soturno, vagaroso e seco parecia</p><p>dizer a cada golpe que</p><p>eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o</p><p>da morte, e a contá-las assim:</p><p>— Outra de menos...</p><p>— Outra de menos...</p><p>— Outra de menos...</p><p>— Outra de menos...</p><p>O mais singular é que, se o relógio parava, eu davalhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos</p><p>os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e</p><p>perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que</p><p>morre.</p><p>Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavam-me cá dentro, vinham</p><p>umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes</p><p>perdidos, mas os minutos ganhados.</p><p>ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).</p><p>O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgília, casada com Lobo Neves. Nesse</p><p>contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticos, porque</p><p>a. o narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros.</p><p>b. como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo.</p><p>c. na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas.</p><p>d. o relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas.</p><p>e. o narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio.</p><p>38. FUVEST 2014</p><p>Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de um produto alimentício:</p><p>Página 23</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ TRABALHAMOS COM O MELHOR DA NATUREZA</p><p>Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a sua casa. Porque faz parte da natureza dos nossos consumidores</p><p>querer produtos saborosos, nutritivos e, acima de tudo, confiáveis.</p><p>www.destakjornal.com.br, 13/05/ 201 3. Adaptado.</p><p>Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor</p><p>a. serve-se do procedimento textual da sinonímia.</p><p>b. recorre à reiteração de vocábulos homônimos.</p><p>c. explora o caráter polissêmico das palavras.</p><p>d. mescla as linguagens científica e jomalística.</p><p>e. emprega vocábulos iguais na forma, mas de sentidos contrários.</p><p>39. IFSP 2013</p><p>Leia o texto abaixo.</p><p>Sem vós, ninfas do Tejo e do Mondego,</p><p>Por caminho tão árduo, longo e vário!</p><p>Vosso favor invoco, que navego</p><p>Por alto mar, com vento tão contrário</p><p>Que, se não me ajudais, hei grande medo</p><p>Que o meu fraco batel se alague cedo.</p><p>(www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000162.pdf. Acesso em: 04.12.2012.)</p><p>A estrofe acima pertence ao canto VII d’Os lusíadas, de Luís Vaz de Camões. Nele, observamos a figura de linguagem denominada</p><p>anástrofe, que consiste na mudança da ordem direta dos termos da oração. Assinale a alternativa em que se observa essa</p><p>ocorrência.</p><p>a. vós, ninfas do Tejo e do Mondego</p><p>b. Por caminho tão árduo, longo e vário!</p><p>c. Vosso favor invoco</p><p>d. que navego / Por alto mar</p><p>e. com vento tão contrário / Que, se não me ajudais</p><p>40. ENEM 2012</p><p>Labaredas nas trevas</p><p>Fragmentos do diário secreto de Teodor Konrad Nalecz Korzeniowski</p><p>20 DE JULHO [1912]</p><p>Peter Sumerville pede-me que escreva um artigo sobre Crane. Envio-lhe uma carta: “Acredite-me, prezado senhor, nenhum jornal ou</p><p>revista se interessaria por qualquer coisa que eu, ou outra pessoa, escrevesse sobre Stephen Crane. Ririam da sugestão. [...]</p><p>Dificilmente encontro alguém, agora, que saiba quem é Stephen Crane ou lembre-se de algo dele. Para os jovens escritores que</p><p>estão surgindo ele simplesmente não existe.”</p><p>Página 24</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>20 DE DEZEMBRO [1919]</p><p>Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal. Sou reconhecido como o maior escritor vivo da língua inglesa. Já se passaram</p><p>dezenove anos desde que Crane morreu, mas eu não o esqueço. E parece que outros também não. The London Mercury resolveu</p><p>celebrar os vinte e cinco anos de publicação de um livro que, segundo eles, foi “um fenômeno hoje esquecido” e me pediram um</p><p>artigo.</p><p>FONSECA, R. Romance negro e outras histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 1992 (fragmento).</p><p>Na construção de textos literários, os autores recorrem com frequência a expressões metafóricas. Ao empregar o enunciado</p><p>metafórico “Muito peixe foi embrulhado pelas folhas de jornal”, pretendeu-se estabelecer, entre os dois fragmentos do texto em</p><p>questão, uma relação semântica de</p><p>a. causalidade, segundo a qual se relacionam as partes de um texto, em que uma contém a causa e a outra, a consequência.</p><p>b. temporalidade, segundo a qual se articulam as partes de um texto, situando no tempo o que é relatado nas partes em questão.</p><p>c. condicionalidade, segundo a qual se combinam duas partes de um texto, em que uma resulta ou depende de circunstâncias</p><p>apresentadas na outra.</p><p>d. adversidade, segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta uma orientação argumentativa distinta e</p><p>oposta à outra.</p><p>e. finalidade, segundo a qual se articulam duas partes de um texto em que uma apresenta o meio, por exemplo, para uma ação e a</p><p>outra, o desfecho da mesma.</p><p>41. ENEM 2013</p><p>Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu da Itália em</p><p>1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o</p><p>francês grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os</p><p>homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo</p><p>violento como o vírus se apossa do organismo infectado.</p><p>RODRIGUES, S. Sobre palavras.Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.</p><p>Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse</p><p>texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em</p><p>que há coesão por elipse do sujeito é:</p><p>a. “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”</p><p>b. “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...]”.</p><p>c. “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos astros sobre os homens’.”</p><p>d. “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper [...]”.</p><p>e. “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.”</p><p>42. UNESP 2016</p><p>A invasão</p><p>A divisão ciência/humanismo se reflete na maneira como as pessoas, hoje, encaram o computador. Resiste-se ao computador, e a</p><p>toda a cultura cibernética, como uma forma de ser fiel ao livro e à palavra impressa. Mas o computador não eliminará o papel. Ao</p><p>contrário do que se pensava há alguns anos, o computador não salvará as florestas. Aumentou o uso do papel em todo o mundo, e</p><p>não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada no mercado corresponde um manual de instrução, sem falar numa</p><p>embalagem de papelão e num embrulho para presente. O computador estimula as pessoas a escreverem e imprimirem o que</p><p>Página 25</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>escrevem. Como hoje qualquer um pode ser seu próprio editor, paginador e ilustrador sem largar o mouse, a tentação de passar sua</p><p>obra para o papel é quase irresistível.</p><p>Desconfio que o que salvará o livro será o supérfluo, o que não tem nada a ver com conteúdo ou conveniência. Até que lancem</p><p>computadores com cheiro sintetizado, nada substituirá o cheiro de papel e tinta nas suas duas categorias</p><p>inimitáveis, livro novo e livro</p><p>velho. E nenhuma coleção de gravações ornamentará uma sala com o calor e a dignidade de uma estante de livros. A tudo que falta</p><p>ao admirável mundo da informática, da cibernética, do virtual e do instantâneo acrescente-se isso: falta lombada. No fim, o livro</p><p>deverá sua sobrevida à decoração de interiores.</p><p>(O Estado de S. Paulo, 31.05.2015.)</p><p>Em “falta lombada” (2º parágrafo), o cronista se utiliza, estilisticamente, de uma figura de linguagem que</p><p>a. representa uma imagem exagerada do que se quer exprimir.</p><p>b. se baseia numa analogia ou semelhança.</p><p>c. emprega a palavra que indica a parte pelo todo.</p><p>d. emprega a palavra que indica o todo pela parte.</p><p>e. se baseia na simultaneidade de impressões sensoriais.</p><p>43. EPCAR (AFA) 2015</p><p>MULHER BOAZINHA</p><p>(Martha Medeiros)</p><p>Qual o elogio que uma mulher adora receber 1?</p><p>2Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns setecentos: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou</p><p>morais.</p><p>Diga que ela é uma mulher inteligente3, 4e ela irá com a sua cara.</p><p>Diga que ela tem um ótimo caráter e um corpo que é uma provocação, e ela decorará o seu número.</p><p>Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela</p><p>achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa.</p><p>5Mas não pense que o jogo está ganho6: manter o cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa</p><p>mulher poderosa, absoluta.</p><p>7Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que 8ela é um avião no</p><p>mundo dos negócios.</p><p>Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical.</p><p>Agora 9quer ver o mundo cair 10?</p><p>Diga que ela é muito boazinha.</p><p>Descreva aí uma mulher boazinha.</p><p>Voz fina, roupas pastel, calçados rente ao chão.</p><p>Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana.</p><p>Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor.</p><p>11Nunca teve um chilique.</p><p>12Nunca colocou os pés num show de rock.</p><p>É queridinha.</p><p>Pequeninha.</p><p>Educadinha.</p><p>13Enfim, uma mulher boazinha.</p><p>Fomos boazinhas por séculos.</p><p>Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas.</p><p>Vivíamos no nosso mundinho, 14rodeadas de panelinhas e nenezinhos.</p><p>A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho.</p><p>Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa.</p><p>15Quietinhas, mas inquietas.</p><p>Página 26</p><p>Copyright (c) 2013 - 2018 Stoodi Ensino e Treinamento a Distância LTDA - EPP - Todos os direitos reservados</p><p>16Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas.</p><p>Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais.</p><p>Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen.</p><p>Ser chamada de patricinha é ofensa mortal.</p><p>Pitchulinha é coisa de retardada.</p><p>Quem gosta de diminutivos, definha.</p><p>Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa.</p><p>17Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo.</p><p>As boazinhas não têm defeitos.</p><p>Não têm atitude.</p><p>Conformam-se com a coadjuvância.</p><p>PH neutro.</p><p>Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.</p><p>Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é 18isso que somos hoje.</p><p>Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos.</p><p>As “inhas” não moram mais aqui.</p><p>Foram para o espaço, sozinhas.</p><p>(Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/NTc1ODIy/ acesso em 28/03/14)</p><p>Assinale a alternativa que analisa de maneira adequada a figura de linguagem utilizada.</p><p>a. “Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos.” - Assonância.</p><p>b. “... que ela é um avião no mundo dos negócios.” - Hipérbole.</p><p>c. “Mas não pense que o jogo está ganho: manter o cargo vai depender de sua perspicácia...” - Metáfora.</p><p>d. “Vivíamos em nosso mundinho, rodeadas de panelinhas e nenezinhos.” - Eufemismo.</p><p>GABARITO: 1) d, 2) a, 3) d, 4) d, 5) a, 6) c, 7) a, 8) a, 9) a, 10) a, 11) a, 12) b, 13) d, 14) b, 15) b, 16) b, 17) d, 18) b, 19) a, 20) d, 21) a, 22) d, 23) c, 24) a, 25) b, 26) a, 27)</p><p>c, 28) c, 29) d, 30) e, 31) b, 32) b, 33) d, 34) a, 35) a, 36) e, 37) d, 38) c, 39) c, 40) b, 41) e, 42) c, 43) c,</p>