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SIMULADO1 Língua Portuguesa para Oficial (PMMA-CBMMA) 2023

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Prévia do material em texto

201) 
Língua Portuguesa para Oficial (PMMA/CBMMA) 2023
https://www.tecconcursos.com.br/s/Q2uvzX
Ordenação: Por Matéria e Assunto (data)
www.tecconcursos.com.br/questoes/2043542
IME - CFG (IME)/IME/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
APÓS A LEITURA DOS TEXTOS A SEGUIR APRESENTADOS, RESPONDA A QUESTÃO.
A primeira publicação do conto O Alienista, de Machado de Assis, ocorreu como folhetim na revista
carioca A Estação, entre os anos de 1881 e 1882. Nessa mesma época, uma grande reforma educacional
efetuou-se no Brasil, criando, dentre outras, a cadeira de Clínica Psiquiátrica. É nesse contexto de uma
psiquiatria ainda embrionária que Machado propõe sua crítica ácida, reveladora da escassez de
conhecimento científico e da abundância de vaidades, concomitantemente. A obra deixa ver as relações
promíscuas entre o poder médico que se pretendia baluarte da ciência e o poder político tal como era
exercido em Itaguaí, então uma vila, distante apenas alguns quilômetros da capital Rio de Janeiro. O
conto se desenvolve em treze breves capítulos, ao longo dos quais o alienista vai fazendo suas
experimentações cientificistas até que ele mesmo conclua pela necessidade de seu isolamento, visto que
reconhece em si mesmo a única pessoa cujas faculdades mentais encontram-se equilibradas, sendo ele,
portanto, aquele que destoa dos demais, devendo, por isso, alienar-se.
 
Texto 1
Capítulo IV
UMA TEORIA NOVA
 
Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha buscando o Rio de Janeiro, Simão Bacamarte estudava por
todos os lados uma certa ideia arrojada e nova, própria a alargar as bases da psicologia. Todo o tempo
que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde era pouco para andar na rua, ou de casa em casa,
conversando as gentes, sobre trinta mil assuntos, e virgulando as falas de um olhar que metia medo aos
mais heroicos.
 
Um dia de manhã, – eram passadas três semanas, – estando Crispim Soares ocupado em temperar um
medicamento, vieram dizer-lhe que o alienista o mandava chamar.
 
– Tratava-se de negócio importante, segundo ele me disse, acrescentou o portador.
 
Crispim empalideceu. Que negócio importante podia ser, se não alguma notícia da comitiva, e
especialmente da mulher? Porque este tópico deve ficar claramente definido, visto insistirem nele os
cronistas; Crispim amava a mulher, e, desde trinta anos, nunca estiveram separados um só dia. Assim se
explicam os monólogos que fazia agora, e que os fâmulos lhe ouviam muita vez: – “Anda, bem feito,
quem te mandou consentir na viagem de Cesária? Bajulador, torpe bajulador! Só para adular ao Dr
Bacamarte. Pois agora aguenta-te; anda; aguenta-te, alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável. Dizes
amém a tudo, não é? Aí tens o lucro, biltre!”. – E muitos outros nomes feios, que um homem não deve
dizer aos outros, quanto mais a si mesmo. Daqui a imaginar o efeito do recado é um nada. Tão depressa
ele recebeu como abriu mão das drogas e voou à Casa Verde.
 
Simão Bacamarte recebeu-o com a alegria própria de um sábio, uma alegria abotoada de circunspeção
até o pescoço.
 
– Estou muito contente, disse ele.
 
– Notícias do nosso povo?, perguntou o boticário com a voz trêmula.
https://www.tecconcursos.com.br/s/Q2uvzX
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2043542
 
O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu:
 
– Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência científica. Digo experiência, porque não me
atrevo a assegurar desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares, senão uma
investigação constante. Trata-se, pois, de uma experiência, mas uma experiência que vai mudar a face
da terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão;
começo a suspeitar que é um continente.
 
Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário. Depois explicou compridamente a sua ideia.
No conceito dele a insânia abrangia uma vasta superfície de cérebros; e desenvolveu isto com grande
cópia de raciocínios, de textos, de exemplos. Os exemplos achou-os na história e em Itaguaí mas, como
um raro espírito que era, reconheceu o perigo de citar todos os casos de Itaguaí e refugiou-se na
história. Assim, apontou com especialidade alguns célebres, Sócrates, que tinha um demônio familiar,
Pascal, que via um abismo à esquerda, Maomé, Caracala, Domiciano, Calígula etc., uma enfiada de casos
e pessoas, em que de mistura vinham entidades odiosas, e entidades ridículas. E porque o boticário se
admirasse de uma tal promiscuidade, o alienista disse-lhe que era tudo a mesma coisa, e até acrescentou
sentenciosamente:
 
– A ferocidade, Sr. Soares, é o grotesco a sério.
 
– Gracioso, muito gracioso!, exclamou Crispim Soares levantando as mãos ao céu.
 
Quanto à ideia de ampliar o território da loucura, achou-a o boticário extravagante; mas a modéstia,
principal adorno de seu espírito, não lhe sofreu confessar outra coisa além de um nobre entusiasmo;
declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou que era “caso de matraca”. Esta expressão não tem
equivalente no estilo moderno. Naquele tempo, Itaguaí, que como as demais vilas, arraiais e povoações
da colônia, não dispunha de imprensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia: ou por meio de
cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e da matriz; – ou por meio de matraca.
 
Eis em que consistia este segundo uso. Contratava-se um homem, por um ou mais dias, para andar as
ruas do povoado, com uma matraca na mão.
 
De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe incumbiam, – um
remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor tesoura da
vila, o mais belo discurso do ano etc. O sistema tinha inconvenientes para a paz pública; mas era
conservado pela grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos vereadores, – aquele
justamente que mais se opusera à criação da Casa Verde, – desfrutava a reputação de perfeito educador
de cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses bichos; mas, tinha o cuidado de fazer
trabalhar a matraca todos os meses. E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam ter visto
cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta
confiança no sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo regime mereciam o
desprezo do nosso século.
 
– Há melhor do que anunciar a minha ideia, é praticá-la, respondeu o alienista à insinuação do boticário.
 
E o boticário, não divergindo sensivelmente deste modo de ver, disse-lhe que sim, que era melhor
começar pela execução.
 
– Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele.
 
Simão Bacamarte refletiu ainda um instante, e disse:
 
– Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair a pérola,
que é a razão; por outros termos, demarquemos definitivamente os limites da razão e da loucura. A
razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia.
 
O Vigário Lopes, a quem ele confiou a nova teoria, declarou lisamente que não chegava a entendê-la,
que era uma obra absurda, e, se não era absurda, era de tal modo colossal que não merecia princípio de
execução.
 
– Com a definição atual, que é a de todos os tempos, acrescentou, a loucura e a razão estão
perfeitamente delimitadas. Sabe-se onde uma acaba e onde a outra começa. Para que transpor a cerca?
 
Sobre o lábio fino e discreto do alienista roçou a vaga sombra de uma intenção de riso, em que o
desdém vinha casado à comiseração; mas nenhuma palavra saiu de suas egrégias entranhas.
 
A ciência contentou-se em estender a mão à teologia, – com tal segurança, que a teologia não soube
enfim se devia crer em si ou na outra. Itaguaí e o universo à beira de uma revolução.
 
ASSIS, Machado de. O Alienista. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro / USP. Disponível em: <http://
www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1939>. Acesso em:
12/08/2019.
 
 _____________________________________
 
O soneto XIIIde Via-Láctea, coleção publicada em 1888 no livro Poesias, é o texto mais famoso da
antologia, obra de estreia do poeta Olavo Bilac. O texto, cuidadosamente ritmado, suas rimas e a escolha
da forma fixa revelam rigor formal e estilístico caros ao movimento parnasiano; o tema do poema, no
entanto, entra em colisão com o tema da literatura típica do movimento, tal como concebido no
continente europeu.
 
Texto 2
 
XIII
 
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
 
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
 
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
 
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
 
BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55. Via-Láctea. Disponível em: <http://www.
dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>. Acesso em: 19/08/2019.
 
A palavra “pois”, usada em “Pois só quem ama pode ter ouvido” (Texto 2, verso 13),
a) exprime a consequência dos hábitos cotidianos do poeta de ouvir e entender estrelas.
b) tem uma função de justificação das razões pelas quais o poeta é capaz de ouvir e entender
estrelas.
c) traz em si uma ideia de contraponto ao enlevo poético descrito no poema.
d) expressa a ideia da finalidade primeira do poeta enamorado, que é ouvir e entender estrelas.
e) estabelece a ideia de alternância, mas sem relação de equivalência nos versos do texto.
202) 
203) 
www.tecconcursos.com.br/questoes/2333149
COPEPS UEMG - Vest (UEMG)/UEMG/Educação a Distância (EAD)/28.04
Tarde/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
Considere as seguintes frases:
 
1. Saímos de casa ................................ amanheceu.
 
2. Compraremos o apartamento ............................. vendermos o carro.
 
3. Prefiro não me envolver ................................. concorde com a decisão tomada.
 
4. Não assinamos o contrato .............................. discordávamos de algumas cláusulas.
 
As lacunas das frases devem ser preenchidas, respectivamente, pelas palavras
a) porque, caso, pois, mas.
b) quando, se, ainda que, porque.
c) logo que, quando, embora, como.
d) se, mesmo que, ainda que, quando.
www.tecconcursos.com.br/questoes/1124129
Instituto Consulplan - Vest (UNIFACIG)/UNIFACIG/Medicina/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
A saúde em pedaços: os determinantes
sociais da saúde (DSS)
A redução da saúde à sua dimensão biológica se constitui em um dos maiores dilemas da área. Isso
porque essa visão estreita fundamenta práticas de pouco alcance quando se trata de saúde coletiva(A),
porquanto prioriza a assistência individual e curativa(B), constituindo-se em uma espiral em torno das
doenças e que, exatamente por isso, ajuda a reproduzi-las. Porém, essa concepção, embora hegemônica,
não existe sem ser tensionada.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda na primeira metade do século XX(D), tentou destacar que
saúde não é só a ausência de doença. Todavia, pouco explica o porquê disso, uma vez que, como diria
Ana Lúcia Magela de Rezende, na sua “Dialética da Saúde”, cai na tautologia de definir a saúde como
sendo o completo bem-estar físico, psíquico e social. Ora, dizer que saúde é bem-estar é o mesmo que
dizer que seis é meia dúzia. O que é o bem-estar?
Na formulação da OMS essa questão permanece vaga. O uso do termo completo junto a bem-estar torna
o conceito ainda mais problemático, tendo em vista seu caráter absolutista e, logo, inalcançável nestes
termos.
Foi o campo da Saúde do Trabalhador e, posteriormente, com maior precisão, a Saúde Coletiva(C) (com
origens na Medicina Social Latino-Americana) que superaram as dicotomias entre saúde e doença, social
e biológico, e individual e coletivo ao formularem a concepção de saúde enquanto processo.
Considerando tal processualidade, nem estamos absolutamente doentes nem absolutamente sãos, mas
em contínuo movimento entre essas condições. Saúde e doença são dois momentos de um mesmo
processo, coexistem, uma explicando a existência da outra.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2333149
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1124129
204) 
O predomínio de uma ou de outra depende do recorte e/ou ângulo de análise em cada momento e
contexto. Essa forma de entender a saúde rompe com o pragmatismo biologicista, mas sem negar que a
dimensão biológica é parte relevante do processo saúde-doença.
Possui o mérito (com autores como Berlinguer, Donnangelo, Laurell, Arouca, Tambellini, Breilh, Nogueira,
entre outros) de demonstrar que, embora a saúde se manifeste individual e biologicamente, ela é fruto
de um processo de determinação social. Processo esse que é histórico e dinâmico, uno mas heterogêneo.
Na verdade, só pode ser processo por causa dessas características. Ele nem pode ser considerado
estaticamente ou como algo imutável ou imune às transformações sociais, nem pode ser considerado
como um conjunto de fragmentos ou fatores quase que autônomos uns dos outros ou, muito menos,
como uma massa homogênea e amorfa.
(Diego de Oliveira Souza. Doutor em Serviço
Social/UERJ. Professor do PPGSSUFAL/Maceió e da graduação em Enfermagem/UFAL/Arapiraca.
Disponível em:https://docs.wixstatic.com/ugd/15557d_eae93514d26e4 aecb5e50ab81243343f.pdf.
Acesso em agosto de 2019. Adaptado.)
Pode-se considerar que os fragmentos a seguir são constituídos por termo(s) e/ou expressão(ões) que
denotam efeito de sentido temporal, com EXCEÇÃO de:
a) “quando se trata de saúde coletiva”
b) “porquanto prioriza a assistência individual e curativa”
c) “e, posteriormente, com maior precisão, a Saúde Coletiva”
d) “A Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda na primeira metade do século XX”
www.tecconcursos.com.br/questoes/1125337
Instituto Consulplan - Vest (UNIFAGOC)/UNIFAGOC/Medicina/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
Principais ameaças à saúde em 2019
 
Rio – Na semana passada, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou uma lista com as principais
ameaças à saúde para 2019. Como esperado, a lista fala de doenças perigosas como Ebola, Influenza e
Dengue, mas também de temas que, embora não estritamente médicos, têm relação direta com a saúde
de populações inteiras, como a qualidade dos sistemas de saúde e contextos de extrema vulnerabilidade.
 
Outro item que chamou atenção foi o movimento antivacinas, um dos fatores por trás do ressurgimento
de doenças como sarampo em países onde já estava controlado. A relutância a vacinar normalmente
ocorre em países onde há acesso a vacinas.
 
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) atua no outro extremo, em locais onde faltam vacinas e é
um desafio diário levá-las até as pessoas. Nesses contextos nossas equipes observam tanto o efeito
devastador de doenças que podem ser prevenidas como a grande esperança e alegria em torno de uma
campanha de vacinação.
 
Vacinas são uma importante ferramenta em crises humanitárias, como a crise migratória do
Mediterrâneo, que pode ser encarada como o que a OMS chama de “contexto vulnerável”. Nessa crise,
tal como em outros contextos, a pneumonia é a principal causa de morte entre as crianças.
 
Desde 2016, MSF busca ampliar a vacinação contra a pneumonia na Grécia, mas um dos obstáculos foi o
preço da vacina, de U$ 210 por criança. Foi preciso uma campanha internacional para convencer os
fabricantes a reduzirem o preço para organizações como MSF, que atuam em crises humanitárias. No
final de 2018 avançou uma negociação para que MSF adquira a vacina na Grécia por U$ 9 por criança, o
que vai permitir a vacinação de mais de 2 mil crianças nos próximos meses.
 
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1125337
205) 
Superar a barreira dos preços é um esforço árduo, mas necessário. A cobertura da vacina de pneumonia
ainda é inaceitavelmentebaixa no mundo e muitos países já afirmaram que o preço é um dos motivos.
Caso a vacinação chegasse para todos, haveria uma significativa redução no uso de antibióticos para
tratar a pneumonia. Essa seria uma grande contribuição para enfrentar outra ameaça apontada pela
OMS: a resistência a antibióticos, que surge em parte devido ao uso inadequado.
 
Mas para fazer com que as vacinas cheguem aonde precisam, não basta uma mudança na forma como
os preços são definidos, é preciso também mudar o fato de que os investimentos em pesquisa se
concentram em doenças que afetam países ricos. Em 2014 e 2015, por exemplo, o mundo assistiu em
choque a uma devastadora epidemia de Ebola na África Ocidental. MSF estava na linha de frente do
combate à doença, mas nossas equipes se viram de mãos vazias, pois não haviam vacinas e tratamentos
a serem usados. Vacinas promissoras estavam em fase de pesquisa, mas a falta de interesse fez com que
não fosse possível desenvolvê-las a tempo para enfrentar a epidemia. Sem contar que é bastante
frequente vacinas serem desenvolvidas sem levar em conta as condições climáticas e infraestruturais dos
países em desenvolvimento. A maioria das vacinas por exemplo não pode ser exposta ao calor, o que
gera dificuldades enormes para organizações como MSF que realizam vacinação em áreas remotas e sem
eletricidade.
 
As vacinas serão importantes para lidar com vários desafios apontados pela OMS, mas elas precisam ser
desenvolvidas e distribuídas com foco em quem mais precisa. Muitos países apresentam recuo da
cobertura vacinal, inclusive o Brasil, e as ameaças comportamentais, econômicas e políticas por trás
desses dados precisam ser igualmente enfrentadas, lembrando sempre que nenhuma ameaça é
insuperável se formos capazes de superar a indiferença com o sofrimento do outro.
 
(Felipe Carvalho, coordenador no Brasil da Campanha de Acesso de
Médicos Sem Fronteiras. Disponível em:
https://odia.ig.com.br/opiniao/2019/01/5616700-felipe-carvalho--
principais-ameacas-a-saude-em-2019.html#foto=1.)
 
Tendo em vista a produção de sentido do termo destacado em “embora não estritamente médicos” pode-
se afirmar que seu emprego
a) demonstra a expressão de um fato necessário para a realização de outro.
b) estabelece uma relação hipotética acrescentando uma ideia a ser discutida.
c) exprime o efeito da declaração anterior acrescentando uma nova informação.
d) une orações estabelecendo uma ideia de contraste, uma quebra de expectativa.
www.tecconcursos.com.br/questoes/1270097
FUNDATEC - Vest (ESE)/ESE/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
Instrução: A questão pode referir-se ao texto abaixo; consulte-o, quando necessário. Os
destaques ao longo do texto estão citados nas questões.
Empreendedores e suas bolinhas de gude
Por Romero Rodrigues
Outro dia me perguntaram se as startups iriam matar as grandes corporações, os incumbentes. Não sou
grande fã de profecias radicais e apocalípticas. A provocação ia ainda mais longe: será que as
corporações, ao se tornarem cada vez mais ágeis, vão competir de igual para igual com as startups?
O que vai, de fato, acontecer? Como será o futuro? Quem morre e quem predomina?
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1270097
Quando olho para trás e faço uma retrospectiva, racionalizando sobre o que aconteceu até hoje, fica
claro para mim que a dinâmica não vai mudar. A grande vantagem competitiva da startup em relação 
grande corporação é como numa referência à Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin: a sua
adaptabilidade. A corporação é mais forte (do ponto de vista econômico) e mais inteligente (quando
consideramos todo o seu capital humano); portanto, a startup deve se adaptar mais rápido. Não
importa quão rápida e grande a corporação se torne, sempre existirá espaço para a inovação se
manifestar no ecossistema de startups.
Como não nego meu passado de engenheiro, vou me permitir fazer uma analogia para descrever essa
dinâmica entre startups e corporações: visualize uma sala quadrada e com pé direito alto. Imagine
quatro esferas grandes ocupam toda sala, sendo que cada uma delas encosta na outra e todas
encostam no chão, no teto e nas paredes, ocupando todo espaço. Repare que as esferas se encostam
umas nas outras, num único ponto. É também num único ponto que as esferas tocam as paredes, o teto
e o chão.
Digamos que essa sala seja um grande mercado, um mercado qualquer que você queira escolher, o
mercado financeiro ou de comércio eletrônico, por exemplo. As esferas são as grandes empresas desse
mercado, as corporações, os incumbentes, os big players.
Você diria que nesse mercado existe espaço para crescer? Sob o olhar dos céticos, com certeza não. Os
céticos têm seus olhos exatamente na metade da altura da sala. A única coisa que eles enxergam é uma
esfera tocando a outra e não há um vão sequer entre elas. O mercado está quase todo tomado.
Já os empreendedores estão deitados no chão da sala, brincando com suas bolinhas de gude. Da
perspectiva deles, é possível visualizar as quatro esferas, só tocam o chão em quatro pequeninos
pontos. Para eles, o mercado é completamente inexplorado, virgem, um oceano azul.
As empresas que estão montando são, por enquanto, pequenas bolas de gude, soltas no chão dessa
sala. Elas têm muito espaço para rolar, experimentar e descobrir. A corporação, já grande e disputando
market share com outras corporações, dispõe de muito menos liberdade. Além de mais liberdade para
experimentar, a startup também tem muita oportunidade gerada pela sombra das quatro grandes esferas
que estão lá no alto.
 
A startup ainda vai ter muito espaço para crescer antes de começar a incomodar as esferas que estão
acima dela. Num determinado momento, já grande o suficiente, a esfera da startup finalmente toca a
esfera da corporação. A startup começa, então, a empurrar as demais esferas. Nesse momento, há
alguns caminhos alternativos: a sala (mercado) cresce para acomodar o crescimento da nova esfera;
alguma das outras esferas diminui de tamanho, perdendo espaço, ou uma das esferas grandes adquire a
esfera que a está incomodando.
A verdade é que não importa quão grande seja o mercado ou quão grande sejam as grandes empresas.
As startups sempre estarão mais próximas do problema, em contato mais próximo com o cliente e com
maior velocidade para se adaptar. A startup é desenhada para continuar experimentando, para ter uma
estrutura organizacional rasa, para testar hipóteses de forma despretensiosa e repetitiva.
(Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br – 25/09/19 – texto adaptado)
“Quando” e “portanto” estabelecem, nos respectivos contextos de ocorrência, ideia de:
a) Tempo – conclusão.
b) Proporção – adição.
c) Consequência – adição.
d) Tempo – explicação.
e) Possibilidade – oposição.
206) 
www.tecconcursos.com.br/questoes/1595374
CMR - CA (CMR)/CMR/1º Ano do Ensino Médio/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
TEXTO 05: Uso das novas tecnologias em sala de aula
 
Em um mundo tecnológico, integrar novas tecnologias à sala de aula a inda é pouco frequente e um
desafio para docentes. Em muitos casos, a formação não considera essas tecnologias, e se restringe ao
teórico(a), ou seja, o professor precisa buscar esse conhecimento em outros espaços. Isso nem sempre
funciona, pois frequentar cursos de poucas horas nem sempre garante ao professor segurança e domínio
dessas tecnologias.
 
Embora alguns ainda se sintam inseguros e despreparados(b), muitos educadores já perceberam o
potencial dessas ferramentas e procuram levar novidades para a sala de aula, seja com uma atividade
prática no computador, com videogame, tablets e até mesmo com o celular.
 
O fato é que o uso dessas tecnologias pode aproximar alunos e professores(c), além de ser útil na
exploração dos conteúdos de forma mais interativa. O aluno passa de mero receptor, que só observa e
nem sempre compreende, para um sujeito mais ativo e participativo. O ideal seria testar as novas
tecnologias e identificar quais se enquadram na realidadeda escola e dos alunos. Uma das dificuldades é
a falta de infraestrutura de algumas escolas e a falta de formação de qualidade para os professores
quanto ao uso dessas novas tecnologias.
 
A tecnologia também auxilia o professor na busca por conteúdos a serem trabalhados(d). O Google, por
exemplo, criou um espaço próprio para a educação, o Google Play for Education - que será lançado no
segundo semestre, sendo a versão em português ainda sem data de lançamento. A finalidade é auxiliar
professores que buscam atividades educacionais com tecnologia. O programa faz uma peneira por
disciplina e série para sugerir aplicativos educacionais específicos para tablets. O professor pode, por
exemplo, criar um grupo da sala em que todos os alunos poderão acessar o aplicativo, facilitando a
participação.
 
Hoje, com todos os avanços, existe a necessidade de adequação, de abertura para o novo, a fim de
tornar as aulas mais atraentes, participativas e eficientes(e). A ideia não é abandonar o quadro negro,
mas usar das novas tecnologias em sala de aula.
 
Disponivel em: https://www.gazetadopovo.com. br
/vozes/educacao-e-midia/uso-das-novas-tecnologias-em-sala-deaula/ Copyright © 201 9, Gazeta do Povo. Acesso:
21 /05/2013 13.
 
Dois trechos do texto 05 trazem, respectivamente, uma conjunção subordinativa de concessão e uma
coordenativa de alternância. Em que alternativa isso ocorre?
a) " ... e se restringe ao teórico," / " ... pois frequentar cursos de poucas horas nem sempre garante
ao professor segurança e domínio dessas tecnologias."
b) "Embora alguns ainda se sintam inseguros e despreparados," / " ... seja com uma atividade
prática no computador,"
c) "O fato é que o uso dessas tecnologias pode aproximar alunos e professores,"/ " ... além de ser
útil na exploração dos conteúdos de forma mais interativa."
d) "A tecnologia também auxilia o professor na busca por conteúdos a serem trabalhados." / " ...
sendo a versão em português ainda sem data de lançamento."
e) " ... com todos os avanços, existe a necessidade de adequação, de abertura para o novo, a fim de
tornar as aulas mais atraentes, participativas e eficientes." / "A ideia não é abandonar o quadro
negro, mas usar das novas tecnologias em sala de aula."
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1595374
207) 
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Instituto Consulplan - Vest (FMO)/FMO/Medicina/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
Reflexões sobre o filme “Extraordinário”
Após assistir ao filme Extraordinário ouvi alguns comentários de amigos que me chamaram a atenção.
Me disseram que ficaram com medo, que sentiam pena, ou que a imagem do menino no cartaz do filme
era muito impressionante. Todas essas observações vieram de adultos que se sentiam impactados pela
imagem, que vivenciavam um estranhamento e permaneciam nele. Senti então uma vontade de escrever
e refletir aqui sobre as questões às quais o filme nos convoca.
Auggie Pullman é um garoto de 10 anos que carrega no rosto as marcas de sua história. Desde que
nasceu sua família se dedica aos seus cuidados, buscando suprir suas necessidades afetivas, de saúde e
escolares, mas também, protege-o dos olhares de estranhamento dos outros.
Chega então a hora dele encarar a vida fora do universo protegido da sua família e de suas fantasias, e ir
para a escola se relacionar com as crianças, professores e todo o universo escolar. É momento de ele
estar entre seus pares, de aprender a lidar com o olhar, as perguntas e a curiosidade dos outros. De
estar mais perto, mesmo que a distância pareça intransponível.
Não dá para não se emocionar com o olhar aflito daquela mãe ao entregá-lo ao mundo. Todos naquela
família precisam dar um grande passo no escuro, apostando que são capazes de sustentar as
dificuldades, incertezas e o real limite: ele será quase sempre olhado primeiro pela sua diferença.
É um filme que encanta e emociona, que fala das relações e dos encontros. Encontro com o outro e com
nós mesmos, encontro com as diferenças, tão humanas. Um filme que escancara a diferença, a diferença
que existe entre todos nós e que tanto nos assusta e também nos fascina. Um filme que toca na ferida
narcísica de todos os pais, do medo de gerar um filho que não seja perfeito, à sua imagem e
semelhança, que necessite de cuidados especiais e, principalmente, que sofra bullying e tenha
dificuldade para ser aceito. Um filme que dialoga com as crianças, as que possuem amigos e as que não
possuem, e as que vivenciam alguma dificuldade, pois, em algum grau, todo mundo já sentiu o que
aquele menino e sua família sentem no filme, medo de estarem “aprisionados” em uma condição física,
social ou emocional.
O melhor do filme, na minha opinião, é a oportunidade que ele nos traz de olharmos através da
perspectiva de vários dos personagens. Ali são contadas algumas histórias, todas carregam dores,
aprendizados e superações. O filme é um grande exercício de empatia; ele desperta a capacidade de
sentirmos o que o outro vivencia, fazendo mover as sensações para além do estranhamento e do medo.
Abre espaço para que possam surgir identificações com os outros, ou simplesmente um encontro
humano.
(Reflexões sobre o filme “Extraordinário”. Talita Pryngler, psicanalista. Estadão, 20/12/2017.
Disponível em: https://bora.ai/blog/reflexoes-sobre-ofilme- extraordinario. Adaptado.)
 
“Abre espaço para que possam surgir identificações com os outros, ou simplesmente um encontro
humano.”O trecho destacado anteriormente demonstra uma relação de sentido pretendida pelo
enunciador a partir do emprego da conjunção “ou” que
a) indica a importância de duas situações advindas da ação de “abrir espaço” expressa
anteriormente.
b) demonstra a existência de um contraste entre duas situações diferentes que são resultados de
uma ação anterior.
c) possibilita um questionamento acerca da validade da ação expressa a partir do filme em análise,
“Extraordinário”.
d) de forma explícita, demonstra a possibilidade de que haja uma alternância entre duas situações
ou duas possibilidades.
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208) 
209) 
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2018
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
Leia o soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, do poeta Gregório de Matos (1636-
1696), para responder a questão.
 
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
 
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
 
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
 
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
 
(Poemas escolhidos, 2010.)
 
Em “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1ª estrofe), a conjunção aditiva “e” assume valor
a) causal.
b) alternativo.
c) conclusivo.
d) adversativo.
e) explicativo.
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DSEA UERJ - Vest (UERJ)/UERJ/2018
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
O DNA do racismo
 
Proponho ao leitor um simples experimento. Dirija-se a um local bastante movimentado e observe
cuidadosamente as pessoas ao redor. Deverá logo saltar aos olhos que somos todos muito parecidos e,
ao mesmo tempo, muito diferentes.
 
Realmente, podemos ver grandes similaridades no plano corporal, na postura ereta, na pele fina e na
falta relativa de pelos, características da espécie humana que nos distinguem dos outros primatas. Por
outro lado, serão evidentes as extraordinárias variações morfológicas entre as diferentes pessoas: sexo,
idade, altura, peso, massa muscular, cor e textura dos cabelos, cor e formato dos olhos, cor da pele etc.
A priori, não existe absolutamente nenhuma razão para valorizar mais uma ou outra dessas
características no exercício de investigação.
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Nem todos esses traços têm a mesma relevância. Há características que podem nos fornecer informações
sobre a origem geográfica ancestral das pessoas: uma pele negra pode nos levar a inferir que a pessoa
tem ancestrais africanos, olhos puxados evocam ancestralidade oriental etc. E isso é tudo: não há
absolutamente mais nada que possamos captar à flor da pele. Pense bem. O que têm a pigmentação da
pele, o formato e a cor dos olhos ou a textura do cabelo a ver com as qualidades humanas singulares
que definam uma individualidade existencial?
 
Em nítido contraste com as conclusões do experimento de observação empírica acima, está a rigidez da
classificação da humanidade feita pelo naturalista sueco Carl Linnaeus, em 1767.
 
Ele apresentou, pela primeira vez na esfera científica, uma categorização da espécie humana,
distinguindo quatro raças principais e qualificando-as de acordo com o que ele considerava suas
características principais:
 
 
Carl Linnaeus (1707-1778)
 
∙ Homo sapiens europaeus: branco, sério, forte;
 
∙ Homo sapiens asiaticus: amarelo, melancólico, avaro;
 
∙ Homo sapiens afer: negro, impassível, preguiçoso;
 
∙ Homo sapiens americanus: vermelho, mal-humorado, violento.
 
Observe o leitor que as raças de Linnaeus continham traços peculiares fixos, ou seja, havia a expectativa
de todos os europeus serem “brancos, sérios e fortes”. Assim, teríamos de esperar que as pessoas negras
ao redor de nós tivessem tendências “impassíveis e preguiçosas”, e que as de olhos puxados fossem
predispostas a “melancolia e avareza”.
 
Esse é um exemplo do absurdo da perspectiva essencialista ou tipológica de raças humanas.
 
Nesse paradigma, o indivíduo não pode simplesmente ter a pele mais ou menos pigmentada, ou o cabelo
mais ou menos crespo – ele tem de ser definido como “negro” ou “branco”, rótulo determinante de sua
identidade.
 
Esse tipo de associação fixa de características físicas e psicológicas, que incrivelmente ainda persiste na
atualidade, não faz absolutamente nenhum sentido do ponto de vista genético e biológico! O genoma
humano tem cerca de 20 mil genes e sabemos que poucas dúzias deles controlam a pigmentação da pele
e a aparência física dos humanos. Está 100% estabelecido que esses genes não têm nenhuma influência
sobre qualquer traço comportamental ou intelectual.
 
SÉRGIO DANILO PENA Adaptado de cienciahoje.org.br, 11/07/2008.
 
Está 100% estabelecido que esses genes não têm nenhuma influência sobre qualquer traço
comportamental ou intelectual.
 
210) 
Para introduzir a frase acima, mantendo a coerência com a que a precede, pode ser utilizada a seguinte
expressão:
a) ou seja
b) além disso
c) em resumo
d) por exemplo
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IME - CFG (IME)/IME/2018
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
APÓS A LEITURA ATENTA DOS TEXTOS A SEGUIR APRESENTADOS, RESPONDA A QUESTÃO.
 
Texto 1
 
BECOS DE GOIÁS
 
Beco da minha terra...
Amo tua paisagem triste ausente e suja.
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia,
e semeia polmes dourados no teu lixo pobre,
calçando de ouro a sandália velha
jogada no teu monturo.
 
Amo a prantina silenciosa do teu fio de água
descendo de quintais escusos
sem pressa,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano
Amo a avenca delicada que renasce
na frincha de teus muros empenados,
e a plantinha desvalida, de caule mole
que se defende, viceja e floresce
no agasalho de tua sombra úmida e calada.
 
Amo esses burros-de-lenha
que passam pelos becos antigos. Burrinhos dos morros,
secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados.
Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a sombra
no range-range das cangalhas.
 
E aquele menino, lenheiro ele, salvo seja.
Sem infância, sem idade.
Franzino, maltrapilho,
pequeno para ser homem,
forte para ser criança
Ser indefeso, indefinido, que só se vê na minha cidade.
 
Amo e canto com ternura
todo o errado da minha terra.
Becos da minha terra,
discriminados e humildes,
lembrando passadas eras...
 
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Beco do Cisco.
Beco do Cotovelo.
Beco do Antônio Gomes.
Beco das Taquaras.
Beco do Seminário.
Bequinho da Escola.
Beco do Ouro Fino.
Beco da Cachoeira Grande.
Beco da Calabrote.
Beco do Mingu.
Beco da Vila Rica...
 
Conto a estória dos becos,
dos becos da minha terra,
suspeitos... mal afamados
onde família de conceito não passava
“Lugar de gentinha” - diziam, virando a cara.
De gente do pote d’água.
De gente de pé no chão.
Becos de mulher perdida.
Becos de mulheres da vida.
Renegadas, confinadas
na sombra triste do beco.
Quarto de porta e janela.
Prostituta anemiada,
solitária, hética, engalicada,
tossindo, escarrando sangue
na umidade suja do beco.
 
Becos mal assombrados.
Becos de assombração...
Altas horas, mortas horas...
Capitão-mor - alma penada,
terror dos soldados, castigado nas armas.
Capitão-mor, alma penada
num cavalo ferrado,
chispando fogo,
descendo e subindo o beco,
comandando o quadrado - feixe de varas...
Arrastando espada, tinindo esporas...
 
Mulher-dama. Mulheres da vida,
perdidas,
começavam em boas casas, depois,
baixavam pra o beco.
Queriam alegria. Faziam bailaricos.
- Baile Sifilítico- era ele assim chamado.
O delegado-chefe de Polícia - brabeza -
dava em cima...
Mandava sem dó, na peia.
No dia seguinte, coitadas,
cabeça raspada a navalha,
obrigadas a capinar o Largo do Chafariz,
na frente da Cadeia.
 
Becos da minha terra...
Becos de assombração.
Românticos, pecaminosos...
Têm poesia e têm drama.
O drama da mulher da vida, antiga,
humilhada, malsinada.
Meretriz venérea,
desprezada, mesentérica, exangue.
Cabeça raspada a navalha,
castigada a palmatória,
capinando o largo,
chorando. Golfando sangue.
 
(ÚLTIMO ATO)
 
Um irmão vicentinocomparece.
Traz uma entrada grátis do São Pedro de Alcântara.
Uma passagem de terceira no grande coletivo de São Vicente.
Uma estação permanente de repouso - no aprazível São Miguel.
 
Cai o pano.
 
CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. 21ª ed. - São Paulo: Global Editora, 2006.
 
 
Texto 2
 
O ELEFANTE
 
Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
 
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
 
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
 
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
 
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
 
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
sedesmancham no pó.
211) 
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
 
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Elefante. 9ª ed. - São Paulo: Editora Record, 1983.
 
A conjunção “mas” que se repete nas estrofes do texto 2 nos versos 41, 58, 59, 77 e 83
a) exprime consequência de uma árdua tarefa dada ao elefante que, de tanto pesquisar,
ficou exausto.
b) tem na verdade uma função aditiva: embora sua forma seja a de uma adversativa, apenas liga as
ideias dando continuidade e sequência ao texto.
c) traz em si uma ideia de compensação como na oração “não era bonito, mas esbanjava simpatia”.
d) dá forma ao contraste entre a expectativa inicial e a volta para casa: o homem não se
deixa receber a ternura que o elefante carrega.
e) é a conjunção mais comumente utilizada entre as adversativas, não exercendo, no
entanto, relação de contraste nos versos do texto.
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STRIX - Vest (EBMSP)/EBMSP/Saúde/2017
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
A cultura e a civilização
Elas que se danem, ou não
 
Somente me interessam
Contanto que me deixem meu licor de jenipapo
O papo das noites de São João
 
Somente me interessam
Contanto que me deixem meu cabelo belo
Meu cabelo belo como a juba de um leão
 
Contanto que me deixem ficar na minha
Contanto que me deixem ficar com minha vida na mão
Minha vida na mão, minha vida
 
A cultura e a civilização
Elas que se danem, ou não
 
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212) 
Eu gosto mesmo é de comer com coentro
Eu gosto mesmo é de ficar por dentro
Como eu estive algum tempo na barriga de Claudina
Uma velha baiana cem por cento
 
A cultura e a civilização
Elas que se danem, ou não
 
GIL, Gilberto (compositor). Cultura e Civilização. Disponível em: <http://www.letras.com.br/gilberto-gil/culturae-
civilizacao>. Acesso em: mar. 2017
 
Na letra dessa música de Gilberto Gil, a locução conjuntiva “Contanto que”
a) evidencia uma condição que acaba por revelar a valorização das idiossincrasias pelo eu poético e a
hibridização da cultura universal com a local.
b) apresenta uma concessão, na medida em que considera as manifestações culturais da civilização
global mais importantes que as de sua própria experiência.
c) introduz uma possibilidade de unir saberes, hábitos ou crenças individuais, que o sujeito poético
considera inexpressáveis culturalmente, com as tradições e os valores intelectuais e artísticos
impessoais, validados pela sociedade.
d) expressa uma obrigatoriedade de se legitimar apenas o que for geral e comum a todos, uma vez
que, para a voz autoral, os interesses pessoais são efêmeros e transitórios.
e) explicita uma consequência, resultante da postura de se engrandecer apenas o que é particular e
pessoal.
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DSEA UERJ - Vest (UERJ)/UERJ/2017
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
COM O OUTRO NO CORPO, O ESPELHO PARTIDO
 
O que acontece com o sentimento de identidade de uma pessoa que se depara, diante do espelho, com
um rosto que não é seu? Como é possível manter a convicção razoavelmente estável que nos acompanha
pela vida, a respeito do nosso ser, no caso de sofrermos uma alteração radical em nossa imagem?
Perguntas como essas provocaram intenso debate a respeito da ética médica depois do transplante de
parte da face em uma mulher que teve o rosto desfigurado por seu cachorro em Amiens, na França.
 
Nosso sentimento de permanência e unidade se estabelece diante do espelho, a despeito de todas as
mudanças que o corpo sofre ao longo da vida. A criança humana, em um determinado estágio de
maturação, identifica-se com sua imagem no espelho. Nesse caso, um transplante (ainda que parcial)
que altera tanto os traços fenotípicos quanto as marcas da história de vida inscritas na face destruiria
para sempre o sentimento de identidade do transplantado? Talvez não. Ocorre que o poder do espelho –
esse de vidro e aço pendurado na parede – não é tão absoluto: o espelho que importa, para o humano, é
o olhar de um outro humano. A cultura contemporânea do narcisismo*, ao remeter as pessoas a buscar
continuamente o testemunho do espelhoA), não considera que o espelho do humano é, antes de mais
nada, o olhar do semelhante.
 
É o reconhecimento do outro que nos confirma que existimos e que somos (mais ou menos) os mesmos
ao longo da vida, na medida em que as pessoas próximas continuam a nos devolver nossa “identidade”.
O rosto é a sede do olhar que reconhece e que também busca reconhecimento. É que o rosto não se
reduz à dimensão da imagem: ele é a própria presentificação de um ser humano, em sua singularidade
irrecusável. Além disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que faz apelo ao outroB). A parte
que se comunica, expressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda amorC).
 
A literatura pode nos ajudar a amenizar o drama da paciente francesa. O personagem Robinson Crusoé
do livro Sexta-feira ou os limbos do Pacífico, de Michel Tournier, perde a noção de sua identidade e
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213) 
enlouquece, na falta do olhar de um semelhante que lhe confirme que ele é um ser humano. No início do
romance, o náufrago solitário tenta fazer da natureza seu espelho. Faz do estranho, familiar, trabalhando
para “civilizar” a ilha e representando diante de si mesmo o papel de senhor sem escravos, mestre sem
discípulos. Mas depois de algum tempo o isolamento degrada sua humanidade.
 
A paciente francesa, que agradeceu aos médicos a recomposição de uma face humana, ainda que não
seja a “sua”D), vai agora depender de um esforço de tolerância e generosidade por parte dos que lhe são
próximos. Parentes e amigos terão de superar o desconforto de olhar para ela e não encontrar a mesma
de antes. Diante de um rosto outro, deverão ainda assim confirmar que ela continua sendo ela. E amar a
mulher estranha a si mesma que renasceu daquela operação.
 
MARIA RITA KEHL
Adaptado de folha.uol.com.br, 11/12/2005.
 
*narcisismo − amor do indivíduo por sua própria imagem
 
o espelho do humano é, antes de mais nada, o olhar do semelhante.
 
No trecho, a expressão sublinhada enfatiza uma ideia, tal como se observa em:
a) A cultura contemporânea do narcisismo, ao remeter as pessoas a buscar continuamente o
testemunho do espelho,
b) Além disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que faz apelo ao outro.
c) A parte que se comunica, expressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda amor.
d) A paciente francesa, que agradeceu aos médicos a recomposição de uma face humana, ainda que
não seja a “sua”,
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FCC - Vest (IBMEC)/IBMEC/Administração/2018
Língua Portuguesa (Português) - Interjeição
Ventilação
São pequeninos mistérios, que não deveriam ocupar nosso tempo num mundo cheio de mistérios
grandes. Mas eu me deparo a cada instante com calças jeans estrategicamente rasgadas ou cortadas,
deixando ver nacos de coxa, joelhos, canelas – em estilo vagamente franciscano* exposto com certo ar
de moda elegante. Será um protesto dos jovens contra os conservadores dominantes que insistem em
vestir retóricas roupas inteiriças? Será uma senha de novos trapistas anunciando o fim do capitalismo?
Será “tipo assim” um simples ingresso num bem formado grupo de “parças”? Ou se trata de uma simples
estratégia de ventilação, bem-vinda em nossa terra tropical?
Aí me lembro que na minha remota juventude a gente primeiro esfregava bastante a novíssima e
caríssima calça jeans, que vinha dos States, pra logo ficar desbotada, e tempos depois passava a
comprar a peso de ouro calças jeans feitas no país com desbotamento já industrial. Ah, esse mercado,
ah, essas modas...
Moral da história: não faça pouco hoje do que você praticou ontem, no consumo, no comportamento, na
política.* franciscano: relativo a são Francisco de Assis, humilde. (Alceu Villar, inédito)
 
No frase Ah, esse mercado, ah, essas modas, o emprego repetido da interjeição Ah faz ver, no contexto,
que o autor está
a) lamentando a precariedade econômica e a efemeridade dos fenômenos ligados à moda.
b) estabelecendo uma relação de causa e efeito entre a qualidade do mercado e a qualidade da
moda.
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214) 
c) constatando, como em desabafo, a sujeição das pessoas ao oportunismo do mercado e ao da
moda.
d) acusando a moda de determinar, de uma vez por todas, as leis que devem vigorar no mercado.
e) exclamando sua frustração pelo fato de a moda e mercado não conciliarem seus respectivos
interesses.
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IME - CFG (IME)/IME/2022
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Classe de Palavras
Texto 1
 
Erico Verissimo (1905 – 1975), nascido em Cruz Alta (RS), foi um dos escritores mais populares da
chamada segunda fase modernista, que começou na década de 1930. Sua obra mais conhecida é o
“Tempo e o Vento”, uma trilogia de romances, na qual ele narra a história de um clã familiar, os Terra
Cambarás, de 1745 até 1945, tendo como contexto a formação da fronteira nacional na região sul. O
espaço central desses romances é a cidade fictícia de Santa Fé, situada no noroeste do Rio Grande do
Sul. O texto “O Sobrado”, que integra o romance “O Continente”, versa sobre o chefe do clã, Licurgo
Cambará, que resiste em casa ao cerco dos inimigos pertencentes ao clã oposto, dos Amaral. Na obra, é
abordado um episódio da Revolução Federalista (1893 – 1895), uma guerra civil entre dois grupos de
ideias opostas: um que desejava aumentar os poderes do presidente da República e outro que desejava
uma maior autonomia aos estados.
 
O SOBRADO
 
Era uma noite fria de lua cheia. As estrelas cintilavam sobre a cidade de Santa Fé , que de tão quieta e
deserta parecia um cemitério abandonado. Era tanto o silêncio e tão leve o ar, que se alguém aguçasse o
ouvido talvez pudesse até escutar o sereno na solidão.
 
Agachado atrás dum muro, José Lírio preparava-se para a última corrida. Quantos passos dali até a
igreja? Talvez uns dez ou doze, bem puxados. Recebera ordens para revezar o companheiro que estava
de vigia no alto duma das torres da Matriz. “Tenente Liroca”, dissera-lhe o coronel, havia poucos minutos,
“suba pro alto do campanário e fique de olho firme no quintal do Sobrado. Se alguém aparecer pra tirar
´agua do poço, faça fogo sem piedade.”
 
José Lírio olhava a rua. Dez passos até a igreja. Mas quantos passos até a morte? Talvez cinco... ou dois.
Havia um atirador infernal na água-furtada do Sobrado, à espreita dos imprudentes que se aventurassem
a cruzar a praça ou alguma rua a descoberto.
 
Os segundos passavam. Era preciso cumprir a ordem. Liroca não queria que ninguém percebesse que ele
hesitava, que era um covarde. Sim, covarde. Podia enganar os outros, mas não conseguia iludir-se a si
mesmo. Estava metido naquela revolução porque era federalista e tinha vergonha na cara. Mas não se
habituava nunca ao perigo. Sentira medo desde o primeiro dia, desde a primeira hora — um medo que
lhe vinha de baixo, das tripas, e lhe subia pelo estômago até a goela, como uma geada, amolecendo-lhe
as pernas, os braços, a vontade. Medo é doença; medo é febre.
 
Engraçado. A noite estava fria mas o suor escorria-lhe pela cara barbuda e entrava-lhe na boca, com
gosto de salmoura.
 
O tiroteio cessara ao entardecer. Talvez a munição da gente do Sobrado tivesse acabado. Ele podia
atravessar a rua devagarinho, assobiando e acendendo um cigarro. Seria até uma provocação bonita.
Vamos, Liroca, honra o lenço encarnado. Mas qual! Lá estava aquela sensação fria de vazio e enjoo na
boca do estômago, o minuano gelado nos miúdos.
 
Donde lhe vinha tanto medo? Decerto do sangue da mãe, pois as gentes do lado paterno eram
corajosas.
 
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O avô de Liroca fora um bravo em 35. O pai lhe morrera naquela mesma revolução, havia pouco mais
dum ano tombara estripado numa carga de lança, mas lutando até o último momento.
 
“Lírio é macho”, murmurou Liroca para si mesmo. “Lírio é macho.” Sempre que ia entrar num combate,
repetia estas palavras: “Lírio é macho”.
 
Levantou-se devagarinho, apertando a carabina com ambas as mãos. Sentia o corpo dorido, a garganta
seca. Tornou a olhar para a igreja. Dez passos. 30 Podia percorrê-los nuns cinco segundos, quando
muito. Era só um upa e estava tudo terminado. Fez avançar cautelosamente a cabeça e, com a quina do
muro a tocar-lhe o meio da testa e a ponta do nariz, fechou o olho direito e com o esquerdo ficou
espiando o Sobrado que lá estava, do outro lado da praça, com sua fachada branca, a dupla fileira de
janelas, a sacada de ferro e os altos muros de fortaleza. Havia no casar˜ao algo de terrivelmente
humano que fez o coração de José Lírio pulsar com mais força.
 
Os federalistas tinham tomado a cidade havia quase uma semana, mas Licurgo Cambará, o intendente e
chefe político republicano do município, encastelara-se em sua casa com toda a família e um grupo de
correligionários, e de lá ainda oferecia resistência. Enquanto o Sobrado não capitulasse, os
revolucionários não poderiam considerar-se senhores de Santa Fé, pois os atiradores da água-furtada
praticamente dominavam a praça e as ruas em derredor.
 
Por alguns instantes José Lírio ficou a mirar a fachada do casarão, e de repente a lembrança de que
Maria Valéria estava lá dentro lhe varou o peito como um pontaço de lança. Soltou um suspiro fundo e
entrecortado, que foi quase um soluço. De novo se encolheu atrás do muro e tornou a olhar para a
igreja. Se conseguisse chegar a salvo até a parede lateral, ficaria fora do alcance do atirador do Sobrado,
e poderia entrar no campanário pela porta da sacristia.
 
Vamos, Liroca, só uma corrida. Que te pode acontecer? O homem te enxerga, faz pontaria, atira e
acerta. Uma bala na cabeça. Pronto! Cais de cara no chão e está tudo liquidado. Acaba-se a agonia.
Dizem que quando a bala entra no corpo da gente, no primeiro momento não dói. Depois é que vem a
ardência, como se ela fosse de ferro em brasa. Mas quando o ferimento é mortal não se sente nada. O
pior é arma branca. Vamos, Liroca. Dez passos. Cinco segundos. Lírio é macho, Lírio é macho.
 
José Lírio continuava imóvel, olhando a rua. Ainda ontem um companheiro seu ousara atravessar aquele
trecho à luz do dia, num momento em que o tiroteio cessara. Ia cantando e fanfarronando. Viu-se de
repente na água-furtada do sobrado um clarão acompanhado dum estampido, e o homem tombou. O
sangue começou a borbotar-lhe do peito e a empapar a terra.
 
“Vamos, menino!” Quem falava agora nos pensamentos de Liroca era seu pai, o velho Maneco Lírio. Sua
voz áspera como lixa vinha de longe, de um certo dia da infância em que Liroca faltara à escola e ao
chegar a casa encontrara o pai atrás da porta com um rebenque na mão. “Agora tu me pagas,
salafrário!” Liroca saíra a correr como um doido na direção do fundo do quintal. “Espera, poltrão!” E de
repente o que o velho Maneco tinha nas mãos não era mais o chicote, e sim as próprias vísceras, que lhe
escorriam moles e visguentas da ferida do ventre. “Vamos, covarde!”
 
De súbito, como tomado dum demônio, Liroca ergueu-se, apertou a carabina contra o peito e deitou a
correr na direção da igreja. Seus passos soaram fofos na terra. Deu cinco passadas e a meio caminho,
sem olhar para o Sobrado, numa voz frenética de quem pede socorro, gritou: “Pica-paus do inferno! Sou
homem!”. Continuou a correr e, ao chegar ao ponto morto atrás da parede lateral da igreja, rojou-se ao
solo e ali ficou, arquejante, com o peito colado à terra, o coração a bater acelerado, e sentindo entrar-lhe
na boca e nas narinas talos de grama úmida de sereno. “A la fresca!”, murmurou ele. “A la fresca!”
 
Estava inteiro, estava salvo. Fechou os olhos e deixou-se quedar onde estava, babujando a terra com sua
saliva grossa, a garganta aarder, e o corpo todo amolentado por uma fraqueza que lhe dava um trêmulo
desejo de chorar.
 
VERISSIMO, Erico. O tempo e o vento, parte I: O Continente. 4ª ed. S˜ao Paulo: Companhia das Letras, 2013, p.
17- 19 (texto adaptado).
 
215) 
Os vocábulos em destaque nos segmentos do texto 1:
 
“Medo é doença”
 
“O pior é arma branca”
 
Apresentam, respectivamente, valores de:
a) substantivo / adjetivo
b) adjetivo / advérbio
c) adjetivo / substantivo
d) substantivo / substantivo
e) substantivo / advérbio
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2022
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Classe de Palavras
Leia o soneto “Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia”, do poeta Gregório de Matos
(1636-1696), para responder a questão.
 
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
 
Em cada porta um bem frequente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
 
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres¹,
Posta nas palmas toda a picardia,
 
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
 
(Gregório de Matos. Poemas escolhidos, 2010.)
 
1 Trazidos sob os pés os homens nobres: na visão de Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam com
esperteza os verdadeiros “homens nobres”.
 
No soneto, verifica-se rima entre palavras de classes gramaticais diferentes
a) em “vizinha”/“esquadrinha” (2a estrofe) e em “nobres”/ “pobres” (3ª / 4ª estrofes).
b) em “vinha”/“cozinha” (1a estrofe) e em “olheiro”/“terreiro” (2ª estrofe).
c) em “conselheiro”/“inteiro” (1a estrofe) e em “olheiro”/ “terreiro” (2ª estrofe).
d) em “conselheiro”/“inteiro” (1a estrofe) e em “vizinha”/ “esquadrinha” (2ª estrofe).
e) em “desavergonhados”/“mercados” (3a / 4a estrofes) e em “nobres”/“pobres” (3ª / 4ª estrofes).
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216) 
217) 
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FCC - Vest (UNILUS)/UNILUS/Medicina/2022
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Classe de Palavras
Atenção: Leia a fábula “O cão que carregava um pedação de carne”, de Esopo, para responder à
questão.
 
Um cão atravessava um rio com um pedaço de carne na boca. Ao ver sua própria sombra no fundo da
água, ele pensou se tratar de outro cão carregando um pedaço de carne maior ainda.
 
Então deixou sua caça cair e saltou para pegar a do outro animal. Evidentemente, ficou sem nenhum dos
dois pedaços de carne: um não existia, e o outro tinha sido levado pela correnteza.
(Esopo. Fábulas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013)
 
É invariável quanto a gênero e a número o termo sublinhado em:
a) o outro tinha sido levado pela correnteza.
b) Ao ver sua própria sombra no fundo da água.
c) Então deixou sua caça cair.
d) Ao ver sua própria sombra no fundo da água.
e) Então deixou sua caça cair.
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Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Classe de Palavras
Texto
 
Atalhos
 
Quanto tempo a gente perde na vida? Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos
inteiros. Depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar, aí mais tarde .demora pra
entender certas coisas, demora pra dar o braço a torcer. Viramos adolescentes teimosos e dramáticos.
Levamos um século para aceitar o fim de uma relação, e outro século para abrir a guarda para um novo
amor, e já adultos demoramos para dizer a alguém o que sentimos, demoramos para perdoar um amigo,
demoramos para tomar uma decisão. Até que um dia a gente faz aniversário. 37 anos. Ou 41. Talvez 48.
Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto. E a gente descobre que o tempo não pode continuar
sendo desperdiçado. Fazendo uma analogia com o futebol, é como se a gente estivesse com o jogo
empatado no segundo tempo e ainda se desse ao luxo de atrasar a bola pro goleiro ou fazer tabelas
desnecessárias. Que esbanjamento. Não falta muito pro jogo acabar. É preciso encontrar logo o caminho
do gol.
 
Sem muita frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso. Tudo o que a gente quer, depois de uma
certa idade, é ir direto ao assunto. Excetuando-se nos momentos de afeto, pra todo o resto é melhor
atalhar. E isso a gente só alcança com alguma vivência e maturidade.
 
Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando, não esperam sentados, não ficam dando voltas e
voltas, não necessitam percorrer todos os estágios. Queimam etapas. Não desperdiçam mais nada.
 
Uma pessoa é sempre bruta com você? Não é obrigatório conviver com ela.
 
O cara está enrolando muito? Beije-o primeiro.
 
A resposta do emprego ainda não veio? Procure outro enquanto espera.
 
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218) 
Paciência só para o que importa de verdade. Paciência para ver a tarde cair. Paciência para sorver um
cálice de vinho. Paciência para a música e para os livros. Paciência para escutar um amigo. Paciência
para aquilo que vale nossa dedicação. Pra enrolação, atalho.
 
MEDEIROS, Martha. Atalhos, 2004.{adaptado)
 
Considere as palavras em destaque na seguinte passagem do texto: "[ ... ] e já adultos demoramos para
dizer a alguém o que sentimos." (1º§). Elas se classificam, respectivamente, como:
a) advérbio - preposição - pronome demonstrativo.
b) conjunção - artigo definido - pronome obliquo.
c) advérbio - pronome obliquo - artigo definido.
d) conjunção - preposição - pronome demonstrativo.
e) interjeição - artigo definido - pronome obliquo.
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Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Classe de Palavras
TEXTO II
 
Leia abaixo o fragmento do livro O Cão e o Curumim, escrito por Cristino Wapichana, e responda o que
se pede:
 
- No mundo temos de compreender a importância do existir, meu neto. Não vivemos apenas para nós
mesmos. Existimos quando o outro existe e nos complementamos quando nos doamos, como esta
árvore, que se deixa ferir para curar os outros. Só existimos juntos – concluiu.
 
Depois daquele momento mágico, retornamos pra casa. Vovó não me deixou levar a bolsa nem a panela
que abrigava as brasas e o maruai, que desfazendo-se em fumaça com cheiro e cor, cobria o caminho de
volta.
 
Aquele lugar passou a ser ainda mais encantador e acolhedor. O melhor é que ficava a menos de três
tiros de flecha da minha casa. Quando eu estava lá, o mundo se resumia àquele pedaço. Havia sempre
frutos maduros exibindo-se para ser degustados. Bastava escolher, colher, descascar e comer.
 
Fonte: WAPICHANA, Cristino. O Cão e o Curumin, 2018, p. 15.
 
No fragmento do texto II: “No mundo temos de compreender a importância do existir, meu neto.
Não vivemos apenas para nós mesmos. Existimos quando o outro existe e nos complementamos quando
nos doamos, como esta árvore, que se deixa ferir para curar os outros. Só existimos juntos – concluiu”,
as palavras sublinhadas podem ser classificadas, respectivamente, como:
a) Verbo; substantivo; pronome; substantivo; verbo;
b) Verbo; adjetivo; conjunção; substantivo; verbo;
c) Advérbio; adjetivo; pronome; adjetivo; verbo;
d) Advérbio; substantivo; conjunção; substantivo; advérbio;
e) Verbo, substantivo; pronome; substantivo; advérbio.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2022
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
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219) 
220) 
Texto
 
Paciência
 
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara
 
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciênciaO mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
 
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara, tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não
A vida não para não.
 
Letra de Lenine/ Dudu Falcão - álbum: Na pressão /1999.
 
No verso "Eu me recuso faço hora vou na valsa"(v.5), é também correta, de acordo com a norma padrão
brasileira, a colocação enclítica do pronome "me". Assinale a opção em que também ocorre essa dupla
possibilidade - próclise e ênclise - na colocação do pronome destacado.
a) Ninguém nos convidou para o evento.
b) José me emprestou este telefone.
c) Ontem o vi no trânsito a caminho do trabalho.
d) Certamente lhes mostrei todos os quartos do hotel.
e) Prefiro que me entregue o material amanhã.
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Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Texto referente a questão.
 
Texto I
 
Precisamos falar sobre fake news
 
Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de pessoas no mundo, faz uso frequente do celular. É com ele
que, conversando por voz ou por vídeo, diariamente, vence a distância e a saudade dos netos e netas.
 
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Mas, para ela, assim como para milhares e milhares de pessoas, o celular pode ser também uma fonte de
engano. De vez em quando, por acreditar no que chega por meio de amigos no seu WhatsApp, me envia
uma ou outra mensagem contendo uma fake news. A última foi sobre um suposto problema com a
vacina da gripe que, por um momento, diferente de anos anteriores, a fez desistir de se vacinar.
 
Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, não nascemos na era digital. Nesta sociedade somos os
chamados migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera um certo estranhamento (e até
constrangimento), embora nos fascine e facilite a vida.
 
Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos preparou para essas mudanças que revolucionaram a
comunicação. Pior: é difícil destrinchar o que é verdade em tempo de fake news.
 
Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias falsas na internet, publicado ano passado na
revista “Science”, foi realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês),
dos Estados Unidos, e concluiu que as notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e
alcançam muito mais gente.
 
Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas, polêmicos, sensacionalistas, com destaque para
notícias atreladas a temas de saúde, seguidas de informações mentirosas sobre tudo. Até pouco tempo
atrás, a imprensa era a detentora do que chamamos de produção de notícias, E os fatos obedeciam a
critérios de apuração e checagem.
 
O problema é que hoje mantemos essa mesma crença, quase que religiosa, junto a mensagens das quais
não identificamos sequer a origem, boa parte delas disseminada em redes sociais. Confia-se a ponto de
compartilhar, sem questionar.
 
O impacto disso é preocupante. Partindo de pesquisas que mostram que notícias e seus enquadramentos
influenciam opiniões e constroem leituras da realidade, a disseminação das notícias falsas tem criado
versões alternativas do mundo, da História, das Ciências “ao gosto do cliente”, como dizem por aí.
 
Os problemas gerados estão em todos os campos. No âmbito familiar, por exemplo, vai de pais que
deixam de vacinar seus filhos a ponto de criar um grave problema de saúde pública de impacto mundial.
E passa por jovens vítimas de violência virtual e física.
 
No mundo corporativo, estabelecimentos comerciais fecham portas, profissionais perdem suas
reputações e produtos são desacreditados como resultado de uma foto descontextualizada, uma imagem
alterada ou uma legenda falsa.
 
A democracia também se fragiliza. O processo democrático corre o risco de ter sua força e credibilidade
afetadas por boatos. Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas iniciativas
fragmentadas já sinalizam que ela está em risco.
 
Estamos em um novo momento cultural e social, que deve ser entendido para encontrarmos um caminho
seguro de convivência com as novas formas e ferramentas de comunicação.
 
No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse sentido, que precisam ser amplamente
debatidas, com a participação de especialistas e representantes da sociedade civil.
 
O problema das fake news certamente passa pelo domínio das novas tecnologias, com instrumentos de
combate ao crime, mas, também, pela pedagogia do esclarecimento.
 
O que posso afirmar, é que, embora não saibamos ainda o antidoto que usaremos contra a disseminação
de notícias falsas em escala industrial, não passa pela cabeça de ninguém aceitar a utilização de
qualquer tipo de controle que não seja democrático.
 
D.A., O Globo, em 10 de julho de 2019.
 
221) 
Em qual opção a colocação do pronome oblíquo NÃO está de acordo com a modalidade padrão da
lingua?
a) Já me enviaram uma ou outra mensagem contendo notícias falsas ou mentirosas.
b) Se o mundo corporativo despreocupar-se com as fake news, fechará as portas para o mercado.
c) Confia-se nas mensagens a ponto de compartilhá-las, sem questionar suas origens.
d) Atualmente, convivemos com uma tecnologia que nos fascina e facilita muito a vida.
e) Nada nem ninguém nos preparou para as mudanças tecnológicas que vivemos hoje,
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Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Redes sociais: o reino encantado da intimidade de faz de conta
 
Recebi, por e-mail, um convite para um evento literário. Aceitei, e logo a moça que me convidou pediu
meu número de Whatsapp para agilizar algumas informações. No dia seguinte, nossa formalidade havia
evoluído para emojis de coraçãozinho. No terceiro dia, ela iniciou a mensagem com um "bom dia,
amiga". Quando eu fizer aniversário, acho que vou convidá-Ia pra festa.
 
Postei no Instagram a foto de um cartaz de cinema, e uma leitora deixou um comentário no Direct. Disse
que vem passando por um drama parecido como do filme; algo tão pessoal, que ela só quis contar para
mim, em quem confia 100%. Como não chamá-Ia para a próxima ceia de Natal aqui em casa?
 
Fotos de recém-nascidos me são enviadas por mulheres que eu nem sabia que estavam grávidas. Mando
condolências pela morte do avô de alguém que mal cumprimento quando encontro num bar. Acompanho
a dieta alimentar de estranhos. Fico sabendo que o amigo de uma conhecida troca, todos os dias, as
fraldas de sua mãe velhinha, mas que não faria isso pelo pai, que sempre foi seco e frio com ele - e me
comovo; sinto como se estivesse sentada a seu lado no sofá, enxugando suas lágrimas.
 
Mas não estou sentada a seu lado no sofá e nem mesmo sei quem ele é; apenas li um comentário
deixado numa postagem do Facebook, entre outras milhares de postagens diárias que não são pra mim,
mas que estão ao alcance dos meus olhos. É o reino encantado das confidências instantâneas e das
distâncias suprimidas: nunca fomos tão Intimas de todos.
 
Pena que esse mundo fofo é de faz de conta. Intimidade, pra valer, exige paciência e convivência, tudo o
que,' infelizmente, tornou-se sinônimo de perda de tempo. Mais vale a aproximação ilusória: as pessoas
amam você, mesmo sem conhecê-Ia de verdade. É como disse, certa vez, o ator Daniel Dantas em
entrevista à Marilia Gabriela: "Eu gostaria de ser a pessoa que meu cachorro pensa que eu sou".
 
Genial. Um cachorro começa a seguir você na rua e, se você der atenção e o levar pra casa, ganha um
amigo na hora. O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer. E/e não
está nem ai para suas fraquezas, para suas esquisitices, para a pessoa que você realmente é: basta que
você o adote.
 
A comparação é meio forçada, mas tem alguma relação com o que acontece nas redes. Farejamos uns
aos outros, ofertamos umlike e, de imediato, ganhamos um amigo que não sabe nada de profundo
sobre nós, e provavelmente nunca saberá. A diferença - a favor do cachorro - é que este está realmente
por perto, todos os dias, e é sensível aos nossos estados de ânimo, tornando-se Intimo a seu modo. Já
alguns seres humanos seguem outros seres humanos sem que jamais venham a pertencer à vida um do
outro, inaugurando uma nova intimidade: a que não existe de modo nenhum.
 
Martha Medeiros - http://www.revistaversar.com.br/redes-sociais-Intimidade/::(com adaptações) 
 
Assinale a opção na qual a colocação do pronome em destaque NÃO obedece á modalidade padrão.
a) "O cachorro vai achá-IQ o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer". (6°§)
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222) 
b) "Aceitei, e logo a moça que me convidou pediu meu número de Whatsapp [ ... ]". (1°§)
c) ''[. .. ], se você der atenção e Q levar pra casa, ganha um amigo na hora." (6°§)
d) "Como não chamá-§ para a próxima ceia de Natal aqui em casa? " (2° §)
e) "Quando eu fizer aniversário, acho que vou convidá- § pra festa." (1°§)
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CMR - CA (CMR)/CMR/1º Ano do Ensino Médio/2019
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
TEXTO 02: Mártir Tiradentes
 
Hoje se comemora o Dia de Tiradentes,
Um dia muito especial,
O Brasil queria ser independente
Do rei de Portugal.
 
O Brasil sempre foi uma terra rica
E Portugal sempre quis colonizar,
Tiradentes, homem de Justiça,
Quis então libertar
 
O Brasil do rei de Portugal.
Organizou em Minas Gerais
Um movimento ideal
Que foi bom até demais.
 
O nome do movimento
Foi Confidência Mineira,
Ele trazia no pensamento
A liberdade brasileira.
 
Mas o movimento não foi avante
Porque prenderam Tiradentes,
Mas foi muito importante
Para toda esta gente.
 
Tiradentes foi enforcado
No Estado carioca,
Hoje Tiradentes é considerado
O maior patriota.
 
No dia vinte e um de abril
De mil setecentos e noventa e dois,
Mataram Tiradentes no Brasil.
Por isso se comemora hoje, amanhã e depois.
 
Tiradentes não viu a Independência
Deste povo tão querido,
Mas valeu a sua benevolência
Pelos seus melhores amigos.
 
Muito obrigado mártir Tiradentes,
Por ter amado assim o Brasil
E também toda esta gente
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223) 
224) 
Que sua morte sentiu.
 
Deus te guarde no Céu!
 
(POETA - MÁRIO QUERINO,Pindobaçu,
Bahia) Fonte: http://poetamarioquerino.blogspot.com/201 1/10/martir-tiradentes.html Acesso em 27/07/2019
(Adaptado)
 
Quanto à colocação dos pronomes oblíquos átonos no texto acima, segue-se a seguinte lógica sintática:
a) Busca-se, por parte do autor, na maioria dos casos, uma posição enclítica, dotando a linguagem de
leveza e fluência.
b) Emprega-se uma sintaxe ao gosto lusitano, com recorrência à mesóclise e à ênclise.
c) Não atende à próclise por atração, pois se trata de um texto de linguagem popular, a qual dispensa
o rigor das convenções gramaticais.
d) Atende às regras de próclise, já que há a presença de elementos gramaticais que exigem tal
posicionamento dos pronomes oblíquos átonos.
e) Observa-se que o autor não fez uso de pronomes oblíquos átonos, preferindo destacar o nome do
mártir, retomando-o com sinônimos.
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Instituto AOCP - Vest (FCN)/FCN/2019
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Assinale a alternativa que reescreve corretamente o excerto “Lembro-me de um jovem que amava
a solidão”, ao substituir o termo em destaque por um pronome.
a) Lembro-me de um jovem que lhe amava.
b) Lembro-me de um jovem que a amava.
c) Lembro-me de um jovem que amava-me.
d) Lembro-me de um jovem que amava ela.
e) Lembro-me de um jovem que amava-na.
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CPV UFRR - Tec Agr (EAGRO)/EAGRO UFRR/Subsequente ao Ensino Médio/2019
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
TEXTO 2
 
Passarinhos – Emicida
 
Despencados de voos cansativos
Complicados e pensativos
Machucados após tantos crivos
Blindados com nossos motivos
Amuados, reflexivos
 
E dá-lhe antidepressivos
Acanhados entre discos e livros
Inofensivos
 
Será que o sol sai pra um voo melhor
Eu vou esperar, talvez na primavera
O céu clareia e vem calor vê só
O que sobrou de nós e o que já era
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225) 
Em colapso o planeta gira, tanta mentira
Aumenta a ira de quem sofre mudo
A página vira, o são delira, então a gente pira
E no meio disso tudo
Tamo tipo
 
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
 
A Babilônia é cinza e neon, eu sei
Meu melhor amigo tem sido o som, ok
Tanto carma lembra Armagedon, orei
Busco vida nova tipo ultrassom, achei
Cidades são aldeias mortas, desafio nonsense
Competição em vão, que ninguém vence
Pense num formigueiro, vai mal
Quando pessoas viram coisas, cabeças viram degraus
 
No pé que as coisas vão, Jão
Doidera, daqui a pouco, resta madeira nem pro caixão
Era neblina, hoje é poluição
Asfalto quente queima os pés no chão
Carros em profusão, confusão
Água em escassez, bem na nossa vez
Assim não resta nem as barata
Injustos fazem leis e o que resta pro ceis?
Escolher qual veneno te mata
(...)
 
Em: “E dá-lhe antidepressivos”, a posição do pronome em relação ao verbo constitui um caso de:
a) oxítona.
b) próclise.
c) mesóclise.
d) monossílaba.
e) ênclise.
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CPV UFRR - Tec Agr (EAGRO)/EAGRO UFRR/Subsequente ao Ensino Médio/2017
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Leia o texto para responder a questão:
 
FURTO DE FLOR
 
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
 
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-
se a beber e flor não é para ser bebida.
 
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226) 
Passei-a para o vaso e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas
novidades há numa flor se a contemplarmos bem.
 
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor
empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico de flores.
Eu a furtara, eu a via morrer.
 
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde
desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me:
 
– Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
 
Carlos Drummond de Andrade. Contos plausíveis. RJ, José Olympio, 1985. p. 80
 
Na questão anterior, segundo critérios da gramática normativa, os pronomes foram colocados após o
verbo porque:
a) na primeira pessoa do pretérito perfeito do indicativo exige-se o pronome após o verbo.
b) os adjuntos adverbiais, logo após os verbos, atraem os pronomes.
c) a supressão do pronome pessoal do caso reto “eu” antes dos verbos obriga a utilização dos
pronomes oblíquos após esses verbos.
d) é apenas uma questão estilística de uso opcional.
e) não se pode iniciar frases com pronomes oblíquos átonos.
www.tecconcursos.com.br/questoes/1477517
VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2017
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Para responder à questão a seguir, leia a crônica “Seu ‘Afredo’”, de Vinicius de Moraes (1913-1980),
publicada originalmente em setembro de 1953.
 
Seu Afredo (ele sempre subtraía o “l” do nome, ao se apresentar com uma ligeira curvatura: “Afredo
Paiva, um seu criado...”) tornou-se inesquecível à minha infância porque tratava-se muito mais de um
linguista que de um encerador. Como encerador, não ia muito lá das pernas. Lembro-me que, sempre
depois de seu trabalho, minha mãe ficava passeando pela sala com uma flanelinha debaixo de cada pé,
para melhorar o lustro. Mas, como linguista, cultor do vernáculo1 e aplicador de sutilezas

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