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201)
Língua Portuguesa para Oficial (PMMA/CBMMA) 2023
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IME - CFG (IME)/IME/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
APÓS A LEITURA DOS TEXTOS A SEGUIR APRESENTADOS, RESPONDA A QUESTÃO.
A primeira publicação do conto O Alienista, de Machado de Assis, ocorreu como folhetim na revista
carioca A Estação, entre os anos de 1881 e 1882. Nessa mesma época, uma grande reforma educacional
efetuou-se no Brasil, criando, dentre outras, a cadeira de Clínica Psiquiátrica. É nesse contexto de uma
psiquiatria ainda embrionária que Machado propõe sua crítica ácida, reveladora da escassez de
conhecimento científico e da abundância de vaidades, concomitantemente. A obra deixa ver as relações
promíscuas entre o poder médico que se pretendia baluarte da ciência e o poder político tal como era
exercido em Itaguaí, então uma vila, distante apenas alguns quilômetros da capital Rio de Janeiro. O
conto se desenvolve em treze breves capítulos, ao longo dos quais o alienista vai fazendo suas
experimentações cientificistas até que ele mesmo conclua pela necessidade de seu isolamento, visto que
reconhece em si mesmo a única pessoa cujas faculdades mentais encontram-se equilibradas, sendo ele,
portanto, aquele que destoa dos demais, devendo, por isso, alienar-se.
Texto 1
Capítulo IV
UMA TEORIA NOVA
Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha buscando o Rio de Janeiro, Simão Bacamarte estudava por
todos os lados uma certa ideia arrojada e nova, própria a alargar as bases da psicologia. Todo o tempo
que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde era pouco para andar na rua, ou de casa em casa,
conversando as gentes, sobre trinta mil assuntos, e virgulando as falas de um olhar que metia medo aos
mais heroicos.
Um dia de manhã, – eram passadas três semanas, – estando Crispim Soares ocupado em temperar um
medicamento, vieram dizer-lhe que o alienista o mandava chamar.
– Tratava-se de negócio importante, segundo ele me disse, acrescentou o portador.
Crispim empalideceu. Que negócio importante podia ser, se não alguma notícia da comitiva, e
especialmente da mulher? Porque este tópico deve ficar claramente definido, visto insistirem nele os
cronistas; Crispim amava a mulher, e, desde trinta anos, nunca estiveram separados um só dia. Assim se
explicam os monólogos que fazia agora, e que os fâmulos lhe ouviam muita vez: – “Anda, bem feito,
quem te mandou consentir na viagem de Cesária? Bajulador, torpe bajulador! Só para adular ao Dr
Bacamarte. Pois agora aguenta-te; anda; aguenta-te, alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável. Dizes
amém a tudo, não é? Aí tens o lucro, biltre!”. – E muitos outros nomes feios, que um homem não deve
dizer aos outros, quanto mais a si mesmo. Daqui a imaginar o efeito do recado é um nada. Tão depressa
ele recebeu como abriu mão das drogas e voou à Casa Verde.
Simão Bacamarte recebeu-o com a alegria própria de um sábio, uma alegria abotoada de circunspeção
até o pescoço.
– Estou muito contente, disse ele.
– Notícias do nosso povo?, perguntou o boticário com a voz trêmula.
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O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu:
– Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência científica. Digo experiência, porque não me
atrevo a assegurar desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares, senão uma
investigação constante. Trata-se, pois, de uma experiência, mas uma experiência que vai mudar a face
da terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão;
começo a suspeitar que é um continente.
Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário. Depois explicou compridamente a sua ideia.
No conceito dele a insânia abrangia uma vasta superfície de cérebros; e desenvolveu isto com grande
cópia de raciocínios, de textos, de exemplos. Os exemplos achou-os na história e em Itaguaí mas, como
um raro espírito que era, reconheceu o perigo de citar todos os casos de Itaguaí e refugiou-se na
história. Assim, apontou com especialidade alguns célebres, Sócrates, que tinha um demônio familiar,
Pascal, que via um abismo à esquerda, Maomé, Caracala, Domiciano, Calígula etc., uma enfiada de casos
e pessoas, em que de mistura vinham entidades odiosas, e entidades ridículas. E porque o boticário se
admirasse de uma tal promiscuidade, o alienista disse-lhe que era tudo a mesma coisa, e até acrescentou
sentenciosamente:
– A ferocidade, Sr. Soares, é o grotesco a sério.
– Gracioso, muito gracioso!, exclamou Crispim Soares levantando as mãos ao céu.
Quanto à ideia de ampliar o território da loucura, achou-a o boticário extravagante; mas a modéstia,
principal adorno de seu espírito, não lhe sofreu confessar outra coisa além de um nobre entusiasmo;
declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou que era “caso de matraca”. Esta expressão não tem
equivalente no estilo moderno. Naquele tempo, Itaguaí, que como as demais vilas, arraiais e povoações
da colônia, não dispunha de imprensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia: ou por meio de
cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e da matriz; – ou por meio de matraca.
Eis em que consistia este segundo uso. Contratava-se um homem, por um ou mais dias, para andar as
ruas do povoado, com uma matraca na mão.
De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe incumbiam, – um
remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor tesoura da
vila, o mais belo discurso do ano etc. O sistema tinha inconvenientes para a paz pública; mas era
conservado pela grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos vereadores, – aquele
justamente que mais se opusera à criação da Casa Verde, – desfrutava a reputação de perfeito educador
de cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses bichos; mas, tinha o cuidado de fazer
trabalhar a matraca todos os meses. E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam ter visto
cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta
confiança no sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo regime mereciam o
desprezo do nosso século.
– Há melhor do que anunciar a minha ideia, é praticá-la, respondeu o alienista à insinuação do boticário.
E o boticário, não divergindo sensivelmente deste modo de ver, disse-lhe que sim, que era melhor
começar pela execução.
– Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele.
Simão Bacamarte refletiu ainda um instante, e disse:
– Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair a pérola,
que é a razão; por outros termos, demarquemos definitivamente os limites da razão e da loucura. A
razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia.
O Vigário Lopes, a quem ele confiou a nova teoria, declarou lisamente que não chegava a entendê-la,
que era uma obra absurda, e, se não era absurda, era de tal modo colossal que não merecia princípio de
execução.
– Com a definição atual, que é a de todos os tempos, acrescentou, a loucura e a razão estão
perfeitamente delimitadas. Sabe-se onde uma acaba e onde a outra começa. Para que transpor a cerca?
Sobre o lábio fino e discreto do alienista roçou a vaga sombra de uma intenção de riso, em que o
desdém vinha casado à comiseração; mas nenhuma palavra saiu de suas egrégias entranhas.
A ciência contentou-se em estender a mão à teologia, – com tal segurança, que a teologia não soube
enfim se devia crer em si ou na outra. Itaguaí e o universo à beira de uma revolução.
ASSIS, Machado de. O Alienista. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro / USP. Disponível em: <http://
www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1939>. Acesso em:
12/08/2019.
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O soneto XIIIde Via-Láctea, coleção publicada em 1888 no livro Poesias, é o texto mais famoso da
antologia, obra de estreia do poeta Olavo Bilac. O texto, cuidadosamente ritmado, suas rimas e a escolha
da forma fixa revelam rigor formal e estilístico caros ao movimento parnasiano; o tema do poema, no
entanto, entra em colisão com o tema da literatura típica do movimento, tal como concebido no
continente europeu.
Texto 2
XIII
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55. Via-Láctea. Disponível em: <http://www.
dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>. Acesso em: 19/08/2019.
A palavra “pois”, usada em “Pois só quem ama pode ter ouvido” (Texto 2, verso 13),
a) exprime a consequência dos hábitos cotidianos do poeta de ouvir e entender estrelas.
b) tem uma função de justificação das razões pelas quais o poeta é capaz de ouvir e entender
estrelas.
c) traz em si uma ideia de contraponto ao enlevo poético descrito no poema.
d) expressa a ideia da finalidade primeira do poeta enamorado, que é ouvir e entender estrelas.
e) estabelece a ideia de alternância, mas sem relação de equivalência nos versos do texto.
202)
203)
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COPEPS UEMG - Vest (UEMG)/UEMG/Educação a Distância (EAD)/28.04
Tarde/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
Considere as seguintes frases:
1. Saímos de casa ................................ amanheceu.
2. Compraremos o apartamento ............................. vendermos o carro.
3. Prefiro não me envolver ................................. concorde com a decisão tomada.
4. Não assinamos o contrato .............................. discordávamos de algumas cláusulas.
As lacunas das frases devem ser preenchidas, respectivamente, pelas palavras
a) porque, caso, pois, mas.
b) quando, se, ainda que, porque.
c) logo que, quando, embora, como.
d) se, mesmo que, ainda que, quando.
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Instituto Consulplan - Vest (UNIFACIG)/UNIFACIG/Medicina/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
A saúde em pedaços: os determinantes
sociais da saúde (DSS)
A redução da saúde à sua dimensão biológica se constitui em um dos maiores dilemas da área. Isso
porque essa visão estreita fundamenta práticas de pouco alcance quando se trata de saúde coletiva(A),
porquanto prioriza a assistência individual e curativa(B), constituindo-se em uma espiral em torno das
doenças e que, exatamente por isso, ajuda a reproduzi-las. Porém, essa concepção, embora hegemônica,
não existe sem ser tensionada.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda na primeira metade do século XX(D), tentou destacar que
saúde não é só a ausência de doença. Todavia, pouco explica o porquê disso, uma vez que, como diria
Ana Lúcia Magela de Rezende, na sua “Dialética da Saúde”, cai na tautologia de definir a saúde como
sendo o completo bem-estar físico, psíquico e social. Ora, dizer que saúde é bem-estar é o mesmo que
dizer que seis é meia dúzia. O que é o bem-estar?
Na formulação da OMS essa questão permanece vaga. O uso do termo completo junto a bem-estar torna
o conceito ainda mais problemático, tendo em vista seu caráter absolutista e, logo, inalcançável nestes
termos.
Foi o campo da Saúde do Trabalhador e, posteriormente, com maior precisão, a Saúde Coletiva(C) (com
origens na Medicina Social Latino-Americana) que superaram as dicotomias entre saúde e doença, social
e biológico, e individual e coletivo ao formularem a concepção de saúde enquanto processo.
Considerando tal processualidade, nem estamos absolutamente doentes nem absolutamente sãos, mas
em contínuo movimento entre essas condições. Saúde e doença são dois momentos de um mesmo
processo, coexistem, uma explicando a existência da outra.
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O predomínio de uma ou de outra depende do recorte e/ou ângulo de análise em cada momento e
contexto. Essa forma de entender a saúde rompe com o pragmatismo biologicista, mas sem negar que a
dimensão biológica é parte relevante do processo saúde-doença.
Possui o mérito (com autores como Berlinguer, Donnangelo, Laurell, Arouca, Tambellini, Breilh, Nogueira,
entre outros) de demonstrar que, embora a saúde se manifeste individual e biologicamente, ela é fruto
de um processo de determinação social. Processo esse que é histórico e dinâmico, uno mas heterogêneo.
Na verdade, só pode ser processo por causa dessas características. Ele nem pode ser considerado
estaticamente ou como algo imutável ou imune às transformações sociais, nem pode ser considerado
como um conjunto de fragmentos ou fatores quase que autônomos uns dos outros ou, muito menos,
como uma massa homogênea e amorfa.
(Diego de Oliveira Souza. Doutor em Serviço
Social/UERJ. Professor do PPGSSUFAL/Maceió e da graduação em Enfermagem/UFAL/Arapiraca.
Disponível em:https://docs.wixstatic.com/ugd/15557d_eae93514d26e4 aecb5e50ab81243343f.pdf.
Acesso em agosto de 2019. Adaptado.)
Pode-se considerar que os fragmentos a seguir são constituídos por termo(s) e/ou expressão(ões) que
denotam efeito de sentido temporal, com EXCEÇÃO de:
a) “quando se trata de saúde coletiva”
b) “porquanto prioriza a assistência individual e curativa”
c) “e, posteriormente, com maior precisão, a Saúde Coletiva”
d) “A Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda na primeira metade do século XX”
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Instituto Consulplan - Vest (UNIFAGOC)/UNIFAGOC/Medicina/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
Principais ameaças à saúde em 2019
Rio – Na semana passada, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou uma lista com as principais
ameaças à saúde para 2019. Como esperado, a lista fala de doenças perigosas como Ebola, Influenza e
Dengue, mas também de temas que, embora não estritamente médicos, têm relação direta com a saúde
de populações inteiras, como a qualidade dos sistemas de saúde e contextos de extrema vulnerabilidade.
Outro item que chamou atenção foi o movimento antivacinas, um dos fatores por trás do ressurgimento
de doenças como sarampo em países onde já estava controlado. A relutância a vacinar normalmente
ocorre em países onde há acesso a vacinas.
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) atua no outro extremo, em locais onde faltam vacinas e é
um desafio diário levá-las até as pessoas. Nesses contextos nossas equipes observam tanto o efeito
devastador de doenças que podem ser prevenidas como a grande esperança e alegria em torno de uma
campanha de vacinação.
Vacinas são uma importante ferramenta em crises humanitárias, como a crise migratória do
Mediterrâneo, que pode ser encarada como o que a OMS chama de “contexto vulnerável”. Nessa crise,
tal como em outros contextos, a pneumonia é a principal causa de morte entre as crianças.
Desde 2016, MSF busca ampliar a vacinação contra a pneumonia na Grécia, mas um dos obstáculos foi o
preço da vacina, de U$ 210 por criança. Foi preciso uma campanha internacional para convencer os
fabricantes a reduzirem o preço para organizações como MSF, que atuam em crises humanitárias. No
final de 2018 avançou uma negociação para que MSF adquira a vacina na Grécia por U$ 9 por criança, o
que vai permitir a vacinação de mais de 2 mil crianças nos próximos meses.
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205)
Superar a barreira dos preços é um esforço árduo, mas necessário. A cobertura da vacina de pneumonia
ainda é inaceitavelmentebaixa no mundo e muitos países já afirmaram que o preço é um dos motivos.
Caso a vacinação chegasse para todos, haveria uma significativa redução no uso de antibióticos para
tratar a pneumonia. Essa seria uma grande contribuição para enfrentar outra ameaça apontada pela
OMS: a resistência a antibióticos, que surge em parte devido ao uso inadequado.
Mas para fazer com que as vacinas cheguem aonde precisam, não basta uma mudança na forma como
os preços são definidos, é preciso também mudar o fato de que os investimentos em pesquisa se
concentram em doenças que afetam países ricos. Em 2014 e 2015, por exemplo, o mundo assistiu em
choque a uma devastadora epidemia de Ebola na África Ocidental. MSF estava na linha de frente do
combate à doença, mas nossas equipes se viram de mãos vazias, pois não haviam vacinas e tratamentos
a serem usados. Vacinas promissoras estavam em fase de pesquisa, mas a falta de interesse fez com que
não fosse possível desenvolvê-las a tempo para enfrentar a epidemia. Sem contar que é bastante
frequente vacinas serem desenvolvidas sem levar em conta as condições climáticas e infraestruturais dos
países em desenvolvimento. A maioria das vacinas por exemplo não pode ser exposta ao calor, o que
gera dificuldades enormes para organizações como MSF que realizam vacinação em áreas remotas e sem
eletricidade.
As vacinas serão importantes para lidar com vários desafios apontados pela OMS, mas elas precisam ser
desenvolvidas e distribuídas com foco em quem mais precisa. Muitos países apresentam recuo da
cobertura vacinal, inclusive o Brasil, e as ameaças comportamentais, econômicas e políticas por trás
desses dados precisam ser igualmente enfrentadas, lembrando sempre que nenhuma ameaça é
insuperável se formos capazes de superar a indiferença com o sofrimento do outro.
(Felipe Carvalho, coordenador no Brasil da Campanha de Acesso de
Médicos Sem Fronteiras. Disponível em:
https://odia.ig.com.br/opiniao/2019/01/5616700-felipe-carvalho--
principais-ameacas-a-saude-em-2019.html#foto=1.)
Tendo em vista a produção de sentido do termo destacado em “embora não estritamente médicos” pode-
se afirmar que seu emprego
a) demonstra a expressão de um fato necessário para a realização de outro.
b) estabelece uma relação hipotética acrescentando uma ideia a ser discutida.
c) exprime o efeito da declaração anterior acrescentando uma nova informação.
d) une orações estabelecendo uma ideia de contraste, uma quebra de expectativa.
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FUNDATEC - Vest (ESE)/ESE/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
Instrução: A questão pode referir-se ao texto abaixo; consulte-o, quando necessário. Os
destaques ao longo do texto estão citados nas questões.
Empreendedores e suas bolinhas de gude
Por Romero Rodrigues
Outro dia me perguntaram se as startups iriam matar as grandes corporações, os incumbentes. Não sou
grande fã de profecias radicais e apocalípticas. A provocação ia ainda mais longe: será que as
corporações, ao se tornarem cada vez mais ágeis, vão competir de igual para igual com as startups?
O que vai, de fato, acontecer? Como será o futuro? Quem morre e quem predomina?
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Quando olho para trás e faço uma retrospectiva, racionalizando sobre o que aconteceu até hoje, fica
claro para mim que a dinâmica não vai mudar. A grande vantagem competitiva da startup em relação
grande corporação é como numa referência à Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin: a sua
adaptabilidade. A corporação é mais forte (do ponto de vista econômico) e mais inteligente (quando
consideramos todo o seu capital humano); portanto, a startup deve se adaptar mais rápido. Não
importa quão rápida e grande a corporação se torne, sempre existirá espaço para a inovação se
manifestar no ecossistema de startups.
Como não nego meu passado de engenheiro, vou me permitir fazer uma analogia para descrever essa
dinâmica entre startups e corporações: visualize uma sala quadrada e com pé direito alto. Imagine
quatro esferas grandes ocupam toda sala, sendo que cada uma delas encosta na outra e todas
encostam no chão, no teto e nas paredes, ocupando todo espaço. Repare que as esferas se encostam
umas nas outras, num único ponto. É também num único ponto que as esferas tocam as paredes, o teto
e o chão.
Digamos que essa sala seja um grande mercado, um mercado qualquer que você queira escolher, o
mercado financeiro ou de comércio eletrônico, por exemplo. As esferas são as grandes empresas desse
mercado, as corporações, os incumbentes, os big players.
Você diria que nesse mercado existe espaço para crescer? Sob o olhar dos céticos, com certeza não. Os
céticos têm seus olhos exatamente na metade da altura da sala. A única coisa que eles enxergam é uma
esfera tocando a outra e não há um vão sequer entre elas. O mercado está quase todo tomado.
Já os empreendedores estão deitados no chão da sala, brincando com suas bolinhas de gude. Da
perspectiva deles, é possível visualizar as quatro esferas, só tocam o chão em quatro pequeninos
pontos. Para eles, o mercado é completamente inexplorado, virgem, um oceano azul.
As empresas que estão montando são, por enquanto, pequenas bolas de gude, soltas no chão dessa
sala. Elas têm muito espaço para rolar, experimentar e descobrir. A corporação, já grande e disputando
market share com outras corporações, dispõe de muito menos liberdade. Além de mais liberdade para
experimentar, a startup também tem muita oportunidade gerada pela sombra das quatro grandes esferas
que estão lá no alto.
A startup ainda vai ter muito espaço para crescer antes de começar a incomodar as esferas que estão
acima dela. Num determinado momento, já grande o suficiente, a esfera da startup finalmente toca a
esfera da corporação. A startup começa, então, a empurrar as demais esferas. Nesse momento, há
alguns caminhos alternativos: a sala (mercado) cresce para acomodar o crescimento da nova esfera;
alguma das outras esferas diminui de tamanho, perdendo espaço, ou uma das esferas grandes adquire a
esfera que a está incomodando.
A verdade é que não importa quão grande seja o mercado ou quão grande sejam as grandes empresas.
As startups sempre estarão mais próximas do problema, em contato mais próximo com o cliente e com
maior velocidade para se adaptar. A startup é desenhada para continuar experimentando, para ter uma
estrutura organizacional rasa, para testar hipóteses de forma despretensiosa e repetitiva.
(Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br – 25/09/19 – texto adaptado)
“Quando” e “portanto” estabelecem, nos respectivos contextos de ocorrência, ideia de:
a) Tempo – conclusão.
b) Proporção – adição.
c) Consequência – adição.
d) Tempo – explicação.
e) Possibilidade – oposição.
206)
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CMR - CA (CMR)/CMR/1º Ano do Ensino Médio/2019
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
TEXTO 05: Uso das novas tecnologias em sala de aula
Em um mundo tecnológico, integrar novas tecnologias à sala de aula a inda é pouco frequente e um
desafio para docentes. Em muitos casos, a formação não considera essas tecnologias, e se restringe ao
teórico(a), ou seja, o professor precisa buscar esse conhecimento em outros espaços. Isso nem sempre
funciona, pois frequentar cursos de poucas horas nem sempre garante ao professor segurança e domínio
dessas tecnologias.
Embora alguns ainda se sintam inseguros e despreparados(b), muitos educadores já perceberam o
potencial dessas ferramentas e procuram levar novidades para a sala de aula, seja com uma atividade
prática no computador, com videogame, tablets e até mesmo com o celular.
O fato é que o uso dessas tecnologias pode aproximar alunos e professores(c), além de ser útil na
exploração dos conteúdos de forma mais interativa. O aluno passa de mero receptor, que só observa e
nem sempre compreende, para um sujeito mais ativo e participativo. O ideal seria testar as novas
tecnologias e identificar quais se enquadram na realidadeda escola e dos alunos. Uma das dificuldades é
a falta de infraestrutura de algumas escolas e a falta de formação de qualidade para os professores
quanto ao uso dessas novas tecnologias.
A tecnologia também auxilia o professor na busca por conteúdos a serem trabalhados(d). O Google, por
exemplo, criou um espaço próprio para a educação, o Google Play for Education - que será lançado no
segundo semestre, sendo a versão em português ainda sem data de lançamento. A finalidade é auxiliar
professores que buscam atividades educacionais com tecnologia. O programa faz uma peneira por
disciplina e série para sugerir aplicativos educacionais específicos para tablets. O professor pode, por
exemplo, criar um grupo da sala em que todos os alunos poderão acessar o aplicativo, facilitando a
participação.
Hoje, com todos os avanços, existe a necessidade de adequação, de abertura para o novo, a fim de
tornar as aulas mais atraentes, participativas e eficientes(e). A ideia não é abandonar o quadro negro,
mas usar das novas tecnologias em sala de aula.
Disponivel em: https://www.gazetadopovo.com. br
/vozes/educacao-e-midia/uso-das-novas-tecnologias-em-sala-deaula/ Copyright © 201 9, Gazeta do Povo. Acesso:
21 /05/2013 13.
Dois trechos do texto 05 trazem, respectivamente, uma conjunção subordinativa de concessão e uma
coordenativa de alternância. Em que alternativa isso ocorre?
a) " ... e se restringe ao teórico," / " ... pois frequentar cursos de poucas horas nem sempre garante
ao professor segurança e domínio dessas tecnologias."
b) "Embora alguns ainda se sintam inseguros e despreparados," / " ... seja com uma atividade
prática no computador,"
c) "O fato é que o uso dessas tecnologias pode aproximar alunos e professores,"/ " ... além de ser
útil na exploração dos conteúdos de forma mais interativa."
d) "A tecnologia também auxilia o professor na busca por conteúdos a serem trabalhados." / " ...
sendo a versão em português ainda sem data de lançamento."
e) " ... com todos os avanços, existe a necessidade de adequação, de abertura para o novo, a fim de
tornar as aulas mais atraentes, participativas e eficientes." / "A ideia não é abandonar o quadro
negro, mas usar das novas tecnologias em sala de aula."
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Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
Reflexões sobre o filme “Extraordinário”
Após assistir ao filme Extraordinário ouvi alguns comentários de amigos que me chamaram a atenção.
Me disseram que ficaram com medo, que sentiam pena, ou que a imagem do menino no cartaz do filme
era muito impressionante. Todas essas observações vieram de adultos que se sentiam impactados pela
imagem, que vivenciavam um estranhamento e permaneciam nele. Senti então uma vontade de escrever
e refletir aqui sobre as questões às quais o filme nos convoca.
Auggie Pullman é um garoto de 10 anos que carrega no rosto as marcas de sua história. Desde que
nasceu sua família se dedica aos seus cuidados, buscando suprir suas necessidades afetivas, de saúde e
escolares, mas também, protege-o dos olhares de estranhamento dos outros.
Chega então a hora dele encarar a vida fora do universo protegido da sua família e de suas fantasias, e ir
para a escola se relacionar com as crianças, professores e todo o universo escolar. É momento de ele
estar entre seus pares, de aprender a lidar com o olhar, as perguntas e a curiosidade dos outros. De
estar mais perto, mesmo que a distância pareça intransponível.
Não dá para não se emocionar com o olhar aflito daquela mãe ao entregá-lo ao mundo. Todos naquela
família precisam dar um grande passo no escuro, apostando que são capazes de sustentar as
dificuldades, incertezas e o real limite: ele será quase sempre olhado primeiro pela sua diferença.
É um filme que encanta e emociona, que fala das relações e dos encontros. Encontro com o outro e com
nós mesmos, encontro com as diferenças, tão humanas. Um filme que escancara a diferença, a diferença
que existe entre todos nós e que tanto nos assusta e também nos fascina. Um filme que toca na ferida
narcísica de todos os pais, do medo de gerar um filho que não seja perfeito, à sua imagem e
semelhança, que necessite de cuidados especiais e, principalmente, que sofra bullying e tenha
dificuldade para ser aceito. Um filme que dialoga com as crianças, as que possuem amigos e as que não
possuem, e as que vivenciam alguma dificuldade, pois, em algum grau, todo mundo já sentiu o que
aquele menino e sua família sentem no filme, medo de estarem “aprisionados” em uma condição física,
social ou emocional.
O melhor do filme, na minha opinião, é a oportunidade que ele nos traz de olharmos através da
perspectiva de vários dos personagens. Ali são contadas algumas histórias, todas carregam dores,
aprendizados e superações. O filme é um grande exercício de empatia; ele desperta a capacidade de
sentirmos o que o outro vivencia, fazendo mover as sensações para além do estranhamento e do medo.
Abre espaço para que possam surgir identificações com os outros, ou simplesmente um encontro
humano.
(Reflexões sobre o filme “Extraordinário”. Talita Pryngler, psicanalista. Estadão, 20/12/2017.
Disponível em: https://bora.ai/blog/reflexoes-sobre-ofilme- extraordinario. Adaptado.)
“Abre espaço para que possam surgir identificações com os outros, ou simplesmente um encontro
humano.”O trecho destacado anteriormente demonstra uma relação de sentido pretendida pelo
enunciador a partir do emprego da conjunção “ou” que
a) indica a importância de duas situações advindas da ação de “abrir espaço” expressa
anteriormente.
b) demonstra a existência de um contraste entre duas situações diferentes que são resultados de
uma ação anterior.
c) possibilita um questionamento acerca da validade da ação expressa a partir do filme em análise,
“Extraordinário”.
d) de forma explícita, demonstra a possibilidade de que haja uma alternância entre duas situações
ou duas possibilidades.
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208)
209)
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2018
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
Leia o soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, do poeta Gregório de Matos (1636-
1696), para responder a questão.
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(Poemas escolhidos, 2010.)
Em “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1ª estrofe), a conjunção aditiva “e” assume valor
a) causal.
b) alternativo.
c) conclusivo.
d) adversativo.
e) explicativo.
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DSEA UERJ - Vest (UERJ)/UERJ/2018
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
O DNA do racismo
Proponho ao leitor um simples experimento. Dirija-se a um local bastante movimentado e observe
cuidadosamente as pessoas ao redor. Deverá logo saltar aos olhos que somos todos muito parecidos e,
ao mesmo tempo, muito diferentes.
Realmente, podemos ver grandes similaridades no plano corporal, na postura ereta, na pele fina e na
falta relativa de pelos, características da espécie humana que nos distinguem dos outros primatas. Por
outro lado, serão evidentes as extraordinárias variações morfológicas entre as diferentes pessoas: sexo,
idade, altura, peso, massa muscular, cor e textura dos cabelos, cor e formato dos olhos, cor da pele etc.
A priori, não existe absolutamente nenhuma razão para valorizar mais uma ou outra dessas
características no exercício de investigação.
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Nem todos esses traços têm a mesma relevância. Há características que podem nos fornecer informações
sobre a origem geográfica ancestral das pessoas: uma pele negra pode nos levar a inferir que a pessoa
tem ancestrais africanos, olhos puxados evocam ancestralidade oriental etc. E isso é tudo: não há
absolutamente mais nada que possamos captar à flor da pele. Pense bem. O que têm a pigmentação da
pele, o formato e a cor dos olhos ou a textura do cabelo a ver com as qualidades humanas singulares
que definam uma individualidade existencial?
Em nítido contraste com as conclusões do experimento de observação empírica acima, está a rigidez da
classificação da humanidade feita pelo naturalista sueco Carl Linnaeus, em 1767.
Ele apresentou, pela primeira vez na esfera científica, uma categorização da espécie humana,
distinguindo quatro raças principais e qualificando-as de acordo com o que ele considerava suas
características principais:
Carl Linnaeus (1707-1778)
∙ Homo sapiens europaeus: branco, sério, forte;
∙ Homo sapiens asiaticus: amarelo, melancólico, avaro;
∙ Homo sapiens afer: negro, impassível, preguiçoso;
∙ Homo sapiens americanus: vermelho, mal-humorado, violento.
Observe o leitor que as raças de Linnaeus continham traços peculiares fixos, ou seja, havia a expectativa
de todos os europeus serem “brancos, sérios e fortes”. Assim, teríamos de esperar que as pessoas negras
ao redor de nós tivessem tendências “impassíveis e preguiçosas”, e que as de olhos puxados fossem
predispostas a “melancolia e avareza”.
Esse é um exemplo do absurdo da perspectiva essencialista ou tipológica de raças humanas.
Nesse paradigma, o indivíduo não pode simplesmente ter a pele mais ou menos pigmentada, ou o cabelo
mais ou menos crespo – ele tem de ser definido como “negro” ou “branco”, rótulo determinante de sua
identidade.
Esse tipo de associação fixa de características físicas e psicológicas, que incrivelmente ainda persiste na
atualidade, não faz absolutamente nenhum sentido do ponto de vista genético e biológico! O genoma
humano tem cerca de 20 mil genes e sabemos que poucas dúzias deles controlam a pigmentação da pele
e a aparência física dos humanos. Está 100% estabelecido que esses genes não têm nenhuma influência
sobre qualquer traço comportamental ou intelectual.
SÉRGIO DANILO PENA Adaptado de cienciahoje.org.br, 11/07/2008.
Está 100% estabelecido que esses genes não têm nenhuma influência sobre qualquer traço
comportamental ou intelectual.
210)
Para introduzir a frase acima, mantendo a coerência com a que a precede, pode ser utilizada a seguinte
expressão:
a) ou seja
b) além disso
c) em resumo
d) por exemplo
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Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
APÓS A LEITURA ATENTA DOS TEXTOS A SEGUIR APRESENTADOS, RESPONDA A QUESTÃO.
Texto 1
BECOS DE GOIÁS
Beco da minha terra...
Amo tua paisagem triste ausente e suja.
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia,
e semeia polmes dourados no teu lixo pobre,
calçando de ouro a sandália velha
jogada no teu monturo.
Amo a prantina silenciosa do teu fio de água
descendo de quintais escusos
sem pressa,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano
Amo a avenca delicada que renasce
na frincha de teus muros empenados,
e a plantinha desvalida, de caule mole
que se defende, viceja e floresce
no agasalho de tua sombra úmida e calada.
Amo esses burros-de-lenha
que passam pelos becos antigos. Burrinhos dos morros,
secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados.
Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a sombra
no range-range das cangalhas.
E aquele menino, lenheiro ele, salvo seja.
Sem infância, sem idade.
Franzino, maltrapilho,
pequeno para ser homem,
forte para ser criança
Ser indefeso, indefinido, que só se vê na minha cidade.
Amo e canto com ternura
todo o errado da minha terra.
Becos da minha terra,
discriminados e humildes,
lembrando passadas eras...
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Beco do Cisco.
Beco do Cotovelo.
Beco do Antônio Gomes.
Beco das Taquaras.
Beco do Seminário.
Bequinho da Escola.
Beco do Ouro Fino.
Beco da Cachoeira Grande.
Beco da Calabrote.
Beco do Mingu.
Beco da Vila Rica...
Conto a estória dos becos,
dos becos da minha terra,
suspeitos... mal afamados
onde família de conceito não passava
“Lugar de gentinha” - diziam, virando a cara.
De gente do pote d’água.
De gente de pé no chão.
Becos de mulher perdida.
Becos de mulheres da vida.
Renegadas, confinadas
na sombra triste do beco.
Quarto de porta e janela.
Prostituta anemiada,
solitária, hética, engalicada,
tossindo, escarrando sangue
na umidade suja do beco.
Becos mal assombrados.
Becos de assombração...
Altas horas, mortas horas...
Capitão-mor - alma penada,
terror dos soldados, castigado nas armas.
Capitão-mor, alma penada
num cavalo ferrado,
chispando fogo,
descendo e subindo o beco,
comandando o quadrado - feixe de varas...
Arrastando espada, tinindo esporas...
Mulher-dama. Mulheres da vida,
perdidas,
começavam em boas casas, depois,
baixavam pra o beco.
Queriam alegria. Faziam bailaricos.
- Baile Sifilítico- era ele assim chamado.
O delegado-chefe de Polícia - brabeza -
dava em cima...
Mandava sem dó, na peia.
No dia seguinte, coitadas,
cabeça raspada a navalha,
obrigadas a capinar o Largo do Chafariz,
na frente da Cadeia.
Becos da minha terra...
Becos de assombração.
Românticos, pecaminosos...
Têm poesia e têm drama.
O drama da mulher da vida, antiga,
humilhada, malsinada.
Meretriz venérea,
desprezada, mesentérica, exangue.
Cabeça raspada a navalha,
castigada a palmatória,
capinando o largo,
chorando. Golfando sangue.
(ÚLTIMO ATO)
Um irmão vicentinocomparece.
Traz uma entrada grátis do São Pedro de Alcântara.
Uma passagem de terceira no grande coletivo de São Vicente.
Uma estação permanente de repouso - no aprazível São Miguel.
Cai o pano.
CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. 21ª ed. - São Paulo: Global Editora, 2006.
Texto 2
O ELEFANTE
Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
sedesmancham no pó.
211)
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Elefante. 9ª ed. - São Paulo: Editora Record, 1983.
A conjunção “mas” que se repete nas estrofes do texto 2 nos versos 41, 58, 59, 77 e 83
a) exprime consequência de uma árdua tarefa dada ao elefante que, de tanto pesquisar,
ficou exausto.
b) tem na verdade uma função aditiva: embora sua forma seja a de uma adversativa, apenas liga as
ideias dando continuidade e sequência ao texto.
c) traz em si uma ideia de compensação como na oração “não era bonito, mas esbanjava simpatia”.
d) dá forma ao contraste entre a expectativa inicial e a volta para casa: o homem não se
deixa receber a ternura que o elefante carrega.
e) é a conjunção mais comumente utilizada entre as adversativas, não exercendo, no
entanto, relação de contraste nos versos do texto.
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STRIX - Vest (EBMSP)/EBMSP/Saúde/2017
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
A cultura e a civilização
Elas que se danem, ou não
Somente me interessam
Contanto que me deixem meu licor de jenipapo
O papo das noites de São João
Somente me interessam
Contanto que me deixem meu cabelo belo
Meu cabelo belo como a juba de um leão
Contanto que me deixem ficar na minha
Contanto que me deixem ficar com minha vida na mão
Minha vida na mão, minha vida
A cultura e a civilização
Elas que se danem, ou não
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212)
Eu gosto mesmo é de comer com coentro
Eu gosto mesmo é de ficar por dentro
Como eu estive algum tempo na barriga de Claudina
Uma velha baiana cem por cento
A cultura e a civilização
Elas que se danem, ou não
GIL, Gilberto (compositor). Cultura e Civilização. Disponível em: <http://www.letras.com.br/gilberto-gil/culturae-
civilizacao>. Acesso em: mar. 2017
Na letra dessa música de Gilberto Gil, a locução conjuntiva “Contanto que”
a) evidencia uma condição que acaba por revelar a valorização das idiossincrasias pelo eu poético e a
hibridização da cultura universal com a local.
b) apresenta uma concessão, na medida em que considera as manifestações culturais da civilização
global mais importantes que as de sua própria experiência.
c) introduz uma possibilidade de unir saberes, hábitos ou crenças individuais, que o sujeito poético
considera inexpressáveis culturalmente, com as tradições e os valores intelectuais e artísticos
impessoais, validados pela sociedade.
d) expressa uma obrigatoriedade de se legitimar apenas o que for geral e comum a todos, uma vez
que, para a voz autoral, os interesses pessoais são efêmeros e transitórios.
e) explicita uma consequência, resultante da postura de se engrandecer apenas o que é particular e
pessoal.
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DSEA UERJ - Vest (UERJ)/UERJ/2017
Língua Portuguesa (Português) - Conjunção
COM O OUTRO NO CORPO, O ESPELHO PARTIDO
O que acontece com o sentimento de identidade de uma pessoa que se depara, diante do espelho, com
um rosto que não é seu? Como é possível manter a convicção razoavelmente estável que nos acompanha
pela vida, a respeito do nosso ser, no caso de sofrermos uma alteração radical em nossa imagem?
Perguntas como essas provocaram intenso debate a respeito da ética médica depois do transplante de
parte da face em uma mulher que teve o rosto desfigurado por seu cachorro em Amiens, na França.
Nosso sentimento de permanência e unidade se estabelece diante do espelho, a despeito de todas as
mudanças que o corpo sofre ao longo da vida. A criança humana, em um determinado estágio de
maturação, identifica-se com sua imagem no espelho. Nesse caso, um transplante (ainda que parcial)
que altera tanto os traços fenotípicos quanto as marcas da história de vida inscritas na face destruiria
para sempre o sentimento de identidade do transplantado? Talvez não. Ocorre que o poder do espelho –
esse de vidro e aço pendurado na parede – não é tão absoluto: o espelho que importa, para o humano, é
o olhar de um outro humano. A cultura contemporânea do narcisismo*, ao remeter as pessoas a buscar
continuamente o testemunho do espelhoA), não considera que o espelho do humano é, antes de mais
nada, o olhar do semelhante.
É o reconhecimento do outro que nos confirma que existimos e que somos (mais ou menos) os mesmos
ao longo da vida, na medida em que as pessoas próximas continuam a nos devolver nossa “identidade”.
O rosto é a sede do olhar que reconhece e que também busca reconhecimento. É que o rosto não se
reduz à dimensão da imagem: ele é a própria presentificação de um ser humano, em sua singularidade
irrecusável. Além disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que faz apelo ao outroB). A parte
que se comunica, expressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda amorC).
A literatura pode nos ajudar a amenizar o drama da paciente francesa. O personagem Robinson Crusoé
do livro Sexta-feira ou os limbos do Pacífico, de Michel Tournier, perde a noção de sua identidade e
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213)
enlouquece, na falta do olhar de um semelhante que lhe confirme que ele é um ser humano. No início do
romance, o náufrago solitário tenta fazer da natureza seu espelho. Faz do estranho, familiar, trabalhando
para “civilizar” a ilha e representando diante de si mesmo o papel de senhor sem escravos, mestre sem
discípulos. Mas depois de algum tempo o isolamento degrada sua humanidade.
A paciente francesa, que agradeceu aos médicos a recomposição de uma face humana, ainda que não
seja a “sua”D), vai agora depender de um esforço de tolerância e generosidade por parte dos que lhe são
próximos. Parentes e amigos terão de superar o desconforto de olhar para ela e não encontrar a mesma
de antes. Diante de um rosto outro, deverão ainda assim confirmar que ela continua sendo ela. E amar a
mulher estranha a si mesma que renasceu daquela operação.
MARIA RITA KEHL
Adaptado de folha.uol.com.br, 11/12/2005.
*narcisismo − amor do indivíduo por sua própria imagem
o espelho do humano é, antes de mais nada, o olhar do semelhante.
No trecho, a expressão sublinhada enfatiza uma ideia, tal como se observa em:
a) A cultura contemporânea do narcisismo, ao remeter as pessoas a buscar continuamente o
testemunho do espelho,
b) Além disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que faz apelo ao outro.
c) A parte que se comunica, expressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda amor.
d) A paciente francesa, que agradeceu aos médicos a recomposição de uma face humana, ainda que
não seja a “sua”,
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FCC - Vest (IBMEC)/IBMEC/Administração/2018
Língua Portuguesa (Português) - Interjeição
Ventilação
São pequeninos mistérios, que não deveriam ocupar nosso tempo num mundo cheio de mistérios
grandes. Mas eu me deparo a cada instante com calças jeans estrategicamente rasgadas ou cortadas,
deixando ver nacos de coxa, joelhos, canelas – em estilo vagamente franciscano* exposto com certo ar
de moda elegante. Será um protesto dos jovens contra os conservadores dominantes que insistem em
vestir retóricas roupas inteiriças? Será uma senha de novos trapistas anunciando o fim do capitalismo?
Será “tipo assim” um simples ingresso num bem formado grupo de “parças”? Ou se trata de uma simples
estratégia de ventilação, bem-vinda em nossa terra tropical?
Aí me lembro que na minha remota juventude a gente primeiro esfregava bastante a novíssima e
caríssima calça jeans, que vinha dos States, pra logo ficar desbotada, e tempos depois passava a
comprar a peso de ouro calças jeans feitas no país com desbotamento já industrial. Ah, esse mercado,
ah, essas modas...
Moral da história: não faça pouco hoje do que você praticou ontem, no consumo, no comportamento, na
política.* franciscano: relativo a são Francisco de Assis, humilde. (Alceu Villar, inédito)
No frase Ah, esse mercado, ah, essas modas, o emprego repetido da interjeição Ah faz ver, no contexto,
que o autor está
a) lamentando a precariedade econômica e a efemeridade dos fenômenos ligados à moda.
b) estabelecendo uma relação de causa e efeito entre a qualidade do mercado e a qualidade da
moda.
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214)
c) constatando, como em desabafo, a sujeição das pessoas ao oportunismo do mercado e ao da
moda.
d) acusando a moda de determinar, de uma vez por todas, as leis que devem vigorar no mercado.
e) exclamando sua frustração pelo fato de a moda e mercado não conciliarem seus respectivos
interesses.
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IME - CFG (IME)/IME/2022
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Classe de Palavras
Texto 1
Erico Verissimo (1905 – 1975), nascido em Cruz Alta (RS), foi um dos escritores mais populares da
chamada segunda fase modernista, que começou na década de 1930. Sua obra mais conhecida é o
“Tempo e o Vento”, uma trilogia de romances, na qual ele narra a história de um clã familiar, os Terra
Cambarás, de 1745 até 1945, tendo como contexto a formação da fronteira nacional na região sul. O
espaço central desses romances é a cidade fictícia de Santa Fé, situada no noroeste do Rio Grande do
Sul. O texto “O Sobrado”, que integra o romance “O Continente”, versa sobre o chefe do clã, Licurgo
Cambará, que resiste em casa ao cerco dos inimigos pertencentes ao clã oposto, dos Amaral. Na obra, é
abordado um episódio da Revolução Federalista (1893 – 1895), uma guerra civil entre dois grupos de
ideias opostas: um que desejava aumentar os poderes do presidente da República e outro que desejava
uma maior autonomia aos estados.
O SOBRADO
Era uma noite fria de lua cheia. As estrelas cintilavam sobre a cidade de Santa Fé , que de tão quieta e
deserta parecia um cemitério abandonado. Era tanto o silêncio e tão leve o ar, que se alguém aguçasse o
ouvido talvez pudesse até escutar o sereno na solidão.
Agachado atrás dum muro, José Lírio preparava-se para a última corrida. Quantos passos dali até a
igreja? Talvez uns dez ou doze, bem puxados. Recebera ordens para revezar o companheiro que estava
de vigia no alto duma das torres da Matriz. “Tenente Liroca”, dissera-lhe o coronel, havia poucos minutos,
“suba pro alto do campanário e fique de olho firme no quintal do Sobrado. Se alguém aparecer pra tirar
´agua do poço, faça fogo sem piedade.”
José Lírio olhava a rua. Dez passos até a igreja. Mas quantos passos até a morte? Talvez cinco... ou dois.
Havia um atirador infernal na água-furtada do Sobrado, à espreita dos imprudentes que se aventurassem
a cruzar a praça ou alguma rua a descoberto.
Os segundos passavam. Era preciso cumprir a ordem. Liroca não queria que ninguém percebesse que ele
hesitava, que era um covarde. Sim, covarde. Podia enganar os outros, mas não conseguia iludir-se a si
mesmo. Estava metido naquela revolução porque era federalista e tinha vergonha na cara. Mas não se
habituava nunca ao perigo. Sentira medo desde o primeiro dia, desde a primeira hora — um medo que
lhe vinha de baixo, das tripas, e lhe subia pelo estômago até a goela, como uma geada, amolecendo-lhe
as pernas, os braços, a vontade. Medo é doença; medo é febre.
Engraçado. A noite estava fria mas o suor escorria-lhe pela cara barbuda e entrava-lhe na boca, com
gosto de salmoura.
O tiroteio cessara ao entardecer. Talvez a munição da gente do Sobrado tivesse acabado. Ele podia
atravessar a rua devagarinho, assobiando e acendendo um cigarro. Seria até uma provocação bonita.
Vamos, Liroca, honra o lenço encarnado. Mas qual! Lá estava aquela sensação fria de vazio e enjoo na
boca do estômago, o minuano gelado nos miúdos.
Donde lhe vinha tanto medo? Decerto do sangue da mãe, pois as gentes do lado paterno eram
corajosas.
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O avô de Liroca fora um bravo em 35. O pai lhe morrera naquela mesma revolução, havia pouco mais
dum ano tombara estripado numa carga de lança, mas lutando até o último momento.
“Lírio é macho”, murmurou Liroca para si mesmo. “Lírio é macho.” Sempre que ia entrar num combate,
repetia estas palavras: “Lírio é macho”.
Levantou-se devagarinho, apertando a carabina com ambas as mãos. Sentia o corpo dorido, a garganta
seca. Tornou a olhar para a igreja. Dez passos. 30 Podia percorrê-los nuns cinco segundos, quando
muito. Era só um upa e estava tudo terminado. Fez avançar cautelosamente a cabeça e, com a quina do
muro a tocar-lhe o meio da testa e a ponta do nariz, fechou o olho direito e com o esquerdo ficou
espiando o Sobrado que lá estava, do outro lado da praça, com sua fachada branca, a dupla fileira de
janelas, a sacada de ferro e os altos muros de fortaleza. Havia no casar˜ao algo de terrivelmente
humano que fez o coração de José Lírio pulsar com mais força.
Os federalistas tinham tomado a cidade havia quase uma semana, mas Licurgo Cambará, o intendente e
chefe político republicano do município, encastelara-se em sua casa com toda a família e um grupo de
correligionários, e de lá ainda oferecia resistência. Enquanto o Sobrado não capitulasse, os
revolucionários não poderiam considerar-se senhores de Santa Fé, pois os atiradores da água-furtada
praticamente dominavam a praça e as ruas em derredor.
Por alguns instantes José Lírio ficou a mirar a fachada do casarão, e de repente a lembrança de que
Maria Valéria estava lá dentro lhe varou o peito como um pontaço de lança. Soltou um suspiro fundo e
entrecortado, que foi quase um soluço. De novo se encolheu atrás do muro e tornou a olhar para a
igreja. Se conseguisse chegar a salvo até a parede lateral, ficaria fora do alcance do atirador do Sobrado,
e poderia entrar no campanário pela porta da sacristia.
Vamos, Liroca, só uma corrida. Que te pode acontecer? O homem te enxerga, faz pontaria, atira e
acerta. Uma bala na cabeça. Pronto! Cais de cara no chão e está tudo liquidado. Acaba-se a agonia.
Dizem que quando a bala entra no corpo da gente, no primeiro momento não dói. Depois é que vem a
ardência, como se ela fosse de ferro em brasa. Mas quando o ferimento é mortal não se sente nada. O
pior é arma branca. Vamos, Liroca. Dez passos. Cinco segundos. Lírio é macho, Lírio é macho.
José Lírio continuava imóvel, olhando a rua. Ainda ontem um companheiro seu ousara atravessar aquele
trecho à luz do dia, num momento em que o tiroteio cessara. Ia cantando e fanfarronando. Viu-se de
repente na água-furtada do sobrado um clarão acompanhado dum estampido, e o homem tombou. O
sangue começou a borbotar-lhe do peito e a empapar a terra.
“Vamos, menino!” Quem falava agora nos pensamentos de Liroca era seu pai, o velho Maneco Lírio. Sua
voz áspera como lixa vinha de longe, de um certo dia da infância em que Liroca faltara à escola e ao
chegar a casa encontrara o pai atrás da porta com um rebenque na mão. “Agora tu me pagas,
salafrário!” Liroca saíra a correr como um doido na direção do fundo do quintal. “Espera, poltrão!” E de
repente o que o velho Maneco tinha nas mãos não era mais o chicote, e sim as próprias vísceras, que lhe
escorriam moles e visguentas da ferida do ventre. “Vamos, covarde!”
De súbito, como tomado dum demônio, Liroca ergueu-se, apertou a carabina contra o peito e deitou a
correr na direção da igreja. Seus passos soaram fofos na terra. Deu cinco passadas e a meio caminho,
sem olhar para o Sobrado, numa voz frenética de quem pede socorro, gritou: “Pica-paus do inferno! Sou
homem!”. Continuou a correr e, ao chegar ao ponto morto atrás da parede lateral da igreja, rojou-se ao
solo e ali ficou, arquejante, com o peito colado à terra, o coração a bater acelerado, e sentindo entrar-lhe
na boca e nas narinas talos de grama úmida de sereno. “A la fresca!”, murmurou ele. “A la fresca!”
Estava inteiro, estava salvo. Fechou os olhos e deixou-se quedar onde estava, babujando a terra com sua
saliva grossa, a garganta aarder, e o corpo todo amolentado por uma fraqueza que lhe dava um trêmulo
desejo de chorar.
VERISSIMO, Erico. O tempo e o vento, parte I: O Continente. 4ª ed. S˜ao Paulo: Companhia das Letras, 2013, p.
17- 19 (texto adaptado).
215)
Os vocábulos em destaque nos segmentos do texto 1:
“Medo é doença”
“O pior é arma branca”
Apresentam, respectivamente, valores de:
a) substantivo / adjetivo
b) adjetivo / advérbio
c) adjetivo / substantivo
d) substantivo / substantivo
e) substantivo / advérbio
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2022
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Classe de Palavras
Leia o soneto “Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia”, do poeta Gregório de Matos
(1636-1696), para responder a questão.
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem frequente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres¹,
Posta nas palmas toda a picardia,
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
(Gregório de Matos. Poemas escolhidos, 2010.)
1 Trazidos sob os pés os homens nobres: na visão de Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam com
esperteza os verdadeiros “homens nobres”.
No soneto, verifica-se rima entre palavras de classes gramaticais diferentes
a) em “vizinha”/“esquadrinha” (2a estrofe) e em “nobres”/ “pobres” (3ª / 4ª estrofes).
b) em “vinha”/“cozinha” (1a estrofe) e em “olheiro”/“terreiro” (2ª estrofe).
c) em “conselheiro”/“inteiro” (1a estrofe) e em “olheiro”/ “terreiro” (2ª estrofe).
d) em “conselheiro”/“inteiro” (1a estrofe) e em “vizinha”/ “esquadrinha” (2ª estrofe).
e) em “desavergonhados”/“mercados” (3a / 4a estrofes) e em “nobres”/“pobres” (3ª / 4ª estrofes).
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216)
217)
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FCC - Vest (UNILUS)/UNILUS/Medicina/2022
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Classe de Palavras
Atenção: Leia a fábula “O cão que carregava um pedação de carne”, de Esopo, para responder à
questão.
Um cão atravessava um rio com um pedaço de carne na boca. Ao ver sua própria sombra no fundo da
água, ele pensou se tratar de outro cão carregando um pedaço de carne maior ainda.
Então deixou sua caça cair e saltou para pegar a do outro animal. Evidentemente, ficou sem nenhum dos
dois pedaços de carne: um não existia, e o outro tinha sido levado pela correnteza.
(Esopo. Fábulas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013)
É invariável quanto a gênero e a número o termo sublinhado em:
a) o outro tinha sido levado pela correnteza.
b) Ao ver sua própria sombra no fundo da água.
c) Então deixou sua caça cair.
d) Ao ver sua própria sombra no fundo da água.
e) Então deixou sua caça cair.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2022
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Classe de Palavras
Texto
Atalhos
Quanto tempo a gente perde na vida? Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos
inteiros. Depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar, aí mais tarde .demora pra
entender certas coisas, demora pra dar o braço a torcer. Viramos adolescentes teimosos e dramáticos.
Levamos um século para aceitar o fim de uma relação, e outro século para abrir a guarda para um novo
amor, e já adultos demoramos para dizer a alguém o que sentimos, demoramos para perdoar um amigo,
demoramos para tomar uma decisão. Até que um dia a gente faz aniversário. 37 anos. Ou 41. Talvez 48.
Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto. E a gente descobre que o tempo não pode continuar
sendo desperdiçado. Fazendo uma analogia com o futebol, é como se a gente estivesse com o jogo
empatado no segundo tempo e ainda se desse ao luxo de atrasar a bola pro goleiro ou fazer tabelas
desnecessárias. Que esbanjamento. Não falta muito pro jogo acabar. É preciso encontrar logo o caminho
do gol.
Sem muita frescura, sem muito desgaste, sem muito discurso. Tudo o que a gente quer, depois de uma
certa idade, é ir direto ao assunto. Excetuando-se nos momentos de afeto, pra todo o resto é melhor
atalhar. E isso a gente só alcança com alguma vivência e maturidade.
Pessoas experientes já não cozinham em fogo brando, não esperam sentados, não ficam dando voltas e
voltas, não necessitam percorrer todos os estágios. Queimam etapas. Não desperdiçam mais nada.
Uma pessoa é sempre bruta com você? Não é obrigatório conviver com ela.
O cara está enrolando muito? Beije-o primeiro.
A resposta do emprego ainda não veio? Procure outro enquanto espera.
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218)
Paciência só para o que importa de verdade. Paciência para ver a tarde cair. Paciência para sorver um
cálice de vinho. Paciência para a música e para os livros. Paciência para escutar um amigo. Paciência
para aquilo que vale nossa dedicação. Pra enrolação, atalho.
MEDEIROS, Martha. Atalhos, 2004.{adaptado)
Considere as palavras em destaque na seguinte passagem do texto: "[ ... ] e já adultos demoramos para
dizer a alguém o que sentimos." (1º§). Elas se classificam, respectivamente, como:
a) advérbio - preposição - pronome demonstrativo.
b) conjunção - artigo definido - pronome obliquo.
c) advérbio - pronome obliquo - artigo definido.
d) conjunção - preposição - pronome demonstrativo.
e) interjeição - artigo definido - pronome obliquo.
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CPV UFRR - Vest (UFRR)/UFRR/Indígena/2021
Língua Portuguesa (Português) - Questões Variadas de Classe de Palavras
TEXTO II
Leia abaixo o fragmento do livro O Cão e o Curumim, escrito por Cristino Wapichana, e responda o que
se pede:
- No mundo temos de compreender a importância do existir, meu neto. Não vivemos apenas para nós
mesmos. Existimos quando o outro existe e nos complementamos quando nos doamos, como esta
árvore, que se deixa ferir para curar os outros. Só existimos juntos – concluiu.
Depois daquele momento mágico, retornamos pra casa. Vovó não me deixou levar a bolsa nem a panela
que abrigava as brasas e o maruai, que desfazendo-se em fumaça com cheiro e cor, cobria o caminho de
volta.
Aquele lugar passou a ser ainda mais encantador e acolhedor. O melhor é que ficava a menos de três
tiros de flecha da minha casa. Quando eu estava lá, o mundo se resumia àquele pedaço. Havia sempre
frutos maduros exibindo-se para ser degustados. Bastava escolher, colher, descascar e comer.
Fonte: WAPICHANA, Cristino. O Cão e o Curumin, 2018, p. 15.
No fragmento do texto II: “No mundo temos de compreender a importância do existir, meu neto.
Não vivemos apenas para nós mesmos. Existimos quando o outro existe e nos complementamos quando
nos doamos, como esta árvore, que se deixa ferir para curar os outros. Só existimos juntos – concluiu”,
as palavras sublinhadas podem ser classificadas, respectivamente, como:
a) Verbo; substantivo; pronome; substantivo; verbo;
b) Verbo; adjetivo; conjunção; substantivo; verbo;
c) Advérbio; adjetivo; pronome; adjetivo; verbo;
d) Advérbio; substantivo; conjunção; substantivo; advérbio;
e) Verbo, substantivo; pronome; substantivo; advérbio.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2022
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
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https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2228546
219)
220)
Texto
Paciência
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciênciaO mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara, tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não
A vida não para não.
Letra de Lenine/ Dudu Falcão - álbum: Na pressão /1999.
No verso "Eu me recuso faço hora vou na valsa"(v.5), é também correta, de acordo com a norma padrão
brasileira, a colocação enclítica do pronome "me". Assinale a opção em que também ocorre essa dupla
possibilidade - próclise e ênclise - na colocação do pronome destacado.
a) Ninguém nos convidou para o evento.
b) José me emprestou este telefone.
c) Ontem o vi no trânsito a caminho do trabalho.
d) Certamente lhes mostrei todos os quartos do hotel.
e) Prefiro que me entregue o material amanhã.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2020
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Texto referente a questão.
Texto I
Precisamos falar sobre fake news
Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de pessoas no mundo, faz uso frequente do celular. É com ele
que, conversando por voz ou por vídeo, diariamente, vence a distância e a saudade dos netos e netas.
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Mas, para ela, assim como para milhares e milhares de pessoas, o celular pode ser também uma fonte de
engano. De vez em quando, por acreditar no que chega por meio de amigos no seu WhatsApp, me envia
uma ou outra mensagem contendo uma fake news. A última foi sobre um suposto problema com a
vacina da gripe que, por um momento, diferente de anos anteriores, a fez desistir de se vacinar.
Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, não nascemos na era digital. Nesta sociedade somos os
chamados migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera um certo estranhamento (e até
constrangimento), embora nos fascine e facilite a vida.
Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos preparou para essas mudanças que revolucionaram a
comunicação. Pior: é difícil destrinchar o que é verdade em tempo de fake news.
Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias falsas na internet, publicado ano passado na
revista “Science”, foi realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês),
dos Estados Unidos, e concluiu que as notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e
alcançam muito mais gente.
Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas, polêmicos, sensacionalistas, com destaque para
notícias atreladas a temas de saúde, seguidas de informações mentirosas sobre tudo. Até pouco tempo
atrás, a imprensa era a detentora do que chamamos de produção de notícias, E os fatos obedeciam a
critérios de apuração e checagem.
O problema é que hoje mantemos essa mesma crença, quase que religiosa, junto a mensagens das quais
não identificamos sequer a origem, boa parte delas disseminada em redes sociais. Confia-se a ponto de
compartilhar, sem questionar.
O impacto disso é preocupante. Partindo de pesquisas que mostram que notícias e seus enquadramentos
influenciam opiniões e constroem leituras da realidade, a disseminação das notícias falsas tem criado
versões alternativas do mundo, da História, das Ciências “ao gosto do cliente”, como dizem por aí.
Os problemas gerados estão em todos os campos. No âmbito familiar, por exemplo, vai de pais que
deixam de vacinar seus filhos a ponto de criar um grave problema de saúde pública de impacto mundial.
E passa por jovens vítimas de violência virtual e física.
No mundo corporativo, estabelecimentos comerciais fecham portas, profissionais perdem suas
reputações e produtos são desacreditados como resultado de uma foto descontextualizada, uma imagem
alterada ou uma legenda falsa.
A democracia também se fragiliza. O processo democrático corre o risco de ter sua força e credibilidade
afetadas por boatos. Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas iniciativas
fragmentadas já sinalizam que ela está em risco.
Estamos em um novo momento cultural e social, que deve ser entendido para encontrarmos um caminho
seguro de convivência com as novas formas e ferramentas de comunicação.
No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse sentido, que precisam ser amplamente
debatidas, com a participação de especialistas e representantes da sociedade civil.
O problema das fake news certamente passa pelo domínio das novas tecnologias, com instrumentos de
combate ao crime, mas, também, pela pedagogia do esclarecimento.
O que posso afirmar, é que, embora não saibamos ainda o antidoto que usaremos contra a disseminação
de notícias falsas em escala industrial, não passa pela cabeça de ninguém aceitar a utilização de
qualquer tipo de controle que não seja democrático.
D.A., O Globo, em 10 de julho de 2019.
221)
Em qual opção a colocação do pronome oblíquo NÃO está de acordo com a modalidade padrão da
lingua?
a) Já me enviaram uma ou outra mensagem contendo notícias falsas ou mentirosas.
b) Se o mundo corporativo despreocupar-se com as fake news, fechará as portas para o mercado.
c) Confia-se nas mensagens a ponto de compartilhá-las, sem questionar suas origens.
d) Atualmente, convivemos com uma tecnologia que nos fascina e facilita muito a vida.
e) Nada nem ninguém nos preparou para as mudanças tecnológicas que vivemos hoje,
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Marinha - Alun (CN)/CN/2019
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Redes sociais: o reino encantado da intimidade de faz de conta
Recebi, por e-mail, um convite para um evento literário. Aceitei, e logo a moça que me convidou pediu
meu número de Whatsapp para agilizar algumas informações. No dia seguinte, nossa formalidade havia
evoluído para emojis de coraçãozinho. No terceiro dia, ela iniciou a mensagem com um "bom dia,
amiga". Quando eu fizer aniversário, acho que vou convidá-Ia pra festa.
Postei no Instagram a foto de um cartaz de cinema, e uma leitora deixou um comentário no Direct. Disse
que vem passando por um drama parecido como do filme; algo tão pessoal, que ela só quis contar para
mim, em quem confia 100%. Como não chamá-Ia para a próxima ceia de Natal aqui em casa?
Fotos de recém-nascidos me são enviadas por mulheres que eu nem sabia que estavam grávidas. Mando
condolências pela morte do avô de alguém que mal cumprimento quando encontro num bar. Acompanho
a dieta alimentar de estranhos. Fico sabendo que o amigo de uma conhecida troca, todos os dias, as
fraldas de sua mãe velhinha, mas que não faria isso pelo pai, que sempre foi seco e frio com ele - e me
comovo; sinto como se estivesse sentada a seu lado no sofá, enxugando suas lágrimas.
Mas não estou sentada a seu lado no sofá e nem mesmo sei quem ele é; apenas li um comentário
deixado numa postagem do Facebook, entre outras milhares de postagens diárias que não são pra mim,
mas que estão ao alcance dos meus olhos. É o reino encantado das confidências instantâneas e das
distâncias suprimidas: nunca fomos tão Intimas de todos.
Pena que esse mundo fofo é de faz de conta. Intimidade, pra valer, exige paciência e convivência, tudo o
que,' infelizmente, tornou-se sinônimo de perda de tempo. Mais vale a aproximação ilusória: as pessoas
amam você, mesmo sem conhecê-Ia de verdade. É como disse, certa vez, o ator Daniel Dantas em
entrevista à Marilia Gabriela: "Eu gostaria de ser a pessoa que meu cachorro pensa que eu sou".
Genial. Um cachorro começa a seguir você na rua e, se você der atenção e o levar pra casa, ganha um
amigo na hora. O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer. E/e não
está nem ai para suas fraquezas, para suas esquisitices, para a pessoa que você realmente é: basta que
você o adote.
A comparação é meio forçada, mas tem alguma relação com o que acontece nas redes. Farejamos uns
aos outros, ofertamos umlike e, de imediato, ganhamos um amigo que não sabe nada de profundo
sobre nós, e provavelmente nunca saberá. A diferença - a favor do cachorro - é que este está realmente
por perto, todos os dias, e é sensível aos nossos estados de ânimo, tornando-se Intimo a seu modo. Já
alguns seres humanos seguem outros seres humanos sem que jamais venham a pertencer à vida um do
outro, inaugurando uma nova intimidade: a que não existe de modo nenhum.
Martha Medeiros - http://www.revistaversar.com.br/redes-sociais-Intimidade/::(com adaptações)
Assinale a opção na qual a colocação do pronome em destaque NÃO obedece á modalidade padrão.
a) "O cachorro vai achá-IQ o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer". (6°§)
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222)
b) "Aceitei, e logo a moça que me convidou pediu meu número de Whatsapp [ ... ]". (1°§)
c) ''[. .. ], se você der atenção e Q levar pra casa, ganha um amigo na hora." (6°§)
d) "Como não chamá-§ para a próxima ceia de Natal aqui em casa? " (2° §)
e) "Quando eu fizer aniversário, acho que vou convidá- § pra festa." (1°§)
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CMR - CA (CMR)/CMR/1º Ano do Ensino Médio/2019
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
TEXTO 02: Mártir Tiradentes
Hoje se comemora o Dia de Tiradentes,
Um dia muito especial,
O Brasil queria ser independente
Do rei de Portugal.
O Brasil sempre foi uma terra rica
E Portugal sempre quis colonizar,
Tiradentes, homem de Justiça,
Quis então libertar
O Brasil do rei de Portugal.
Organizou em Minas Gerais
Um movimento ideal
Que foi bom até demais.
O nome do movimento
Foi Confidência Mineira,
Ele trazia no pensamento
A liberdade brasileira.
Mas o movimento não foi avante
Porque prenderam Tiradentes,
Mas foi muito importante
Para toda esta gente.
Tiradentes foi enforcado
No Estado carioca,
Hoje Tiradentes é considerado
O maior patriota.
No dia vinte e um de abril
De mil setecentos e noventa e dois,
Mataram Tiradentes no Brasil.
Por isso se comemora hoje, amanhã e depois.
Tiradentes não viu a Independência
Deste povo tão querido,
Mas valeu a sua benevolência
Pelos seus melhores amigos.
Muito obrigado mártir Tiradentes,
Por ter amado assim o Brasil
E também toda esta gente
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1595300
223)
224)
Que sua morte sentiu.
Deus te guarde no Céu!
(POETA - MÁRIO QUERINO,Pindobaçu,
Bahia) Fonte: http://poetamarioquerino.blogspot.com/201 1/10/martir-tiradentes.html Acesso em 27/07/2019
(Adaptado)
Quanto à colocação dos pronomes oblíquos átonos no texto acima, segue-se a seguinte lógica sintática:
a) Busca-se, por parte do autor, na maioria dos casos, uma posição enclítica, dotando a linguagem de
leveza e fluência.
b) Emprega-se uma sintaxe ao gosto lusitano, com recorrência à mesóclise e à ênclise.
c) Não atende à próclise por atração, pois se trata de um texto de linguagem popular, a qual dispensa
o rigor das convenções gramaticais.
d) Atende às regras de próclise, já que há a presença de elementos gramaticais que exigem tal
posicionamento dos pronomes oblíquos átonos.
e) Observa-se que o autor não fez uso de pronomes oblíquos átonos, preferindo destacar o nome do
mártir, retomando-o com sinônimos.
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Instituto AOCP - Vest (FCN)/FCN/2019
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Assinale a alternativa que reescreve corretamente o excerto “Lembro-me de um jovem que amava
a solidão”, ao substituir o termo em destaque por um pronome.
a) Lembro-me de um jovem que lhe amava.
b) Lembro-me de um jovem que a amava.
c) Lembro-me de um jovem que amava-me.
d) Lembro-me de um jovem que amava ela.
e) Lembro-me de um jovem que amava-na.
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CPV UFRR - Tec Agr (EAGRO)/EAGRO UFRR/Subsequente ao Ensino Médio/2019
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
TEXTO 2
Passarinhos – Emicida
Despencados de voos cansativos
Complicados e pensativos
Machucados após tantos crivos
Blindados com nossos motivos
Amuados, reflexivos
E dá-lhe antidepressivos
Acanhados entre discos e livros
Inofensivos
Será que o sol sai pra um voo melhor
Eu vou esperar, talvez na primavera
O céu clareia e vem calor vê só
O que sobrou de nós e o que já era
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1116662
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2243966
225)
Em colapso o planeta gira, tanta mentira
Aumenta a ira de quem sofre mudo
A página vira, o são delira, então a gente pira
E no meio disso tudo
Tamo tipo
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
A Babilônia é cinza e neon, eu sei
Meu melhor amigo tem sido o som, ok
Tanto carma lembra Armagedon, orei
Busco vida nova tipo ultrassom, achei
Cidades são aldeias mortas, desafio nonsense
Competição em vão, que ninguém vence
Pense num formigueiro, vai mal
Quando pessoas viram coisas, cabeças viram degraus
No pé que as coisas vão, Jão
Doidera, daqui a pouco, resta madeira nem pro caixão
Era neblina, hoje é poluição
Asfalto quente queima os pés no chão
Carros em profusão, confusão
Água em escassez, bem na nossa vez
Assim não resta nem as barata
Injustos fazem leis e o que resta pro ceis?
Escolher qual veneno te mata
(...)
Em: “E dá-lhe antidepressivos”, a posição do pronome em relação ao verbo constitui um caso de:
a) oxítona.
b) próclise.
c) mesóclise.
d) monossílaba.
e) ênclise.
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CPV UFRR - Tec Agr (EAGRO)/EAGRO UFRR/Subsequente ao Ensino Médio/2017
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Leia o texto para responder a questão:
FURTO DE FLOR
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-
se a beber e flor não é para ser bebida.
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226)
Passei-a para o vaso e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas
novidades há numa flor se a contemplarmos bem.
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor
empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico de flores.
Eu a furtara, eu a via morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde
desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me:
– Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
Carlos Drummond de Andrade. Contos plausíveis. RJ, José Olympio, 1985. p. 80
Na questão anterior, segundo critérios da gramática normativa, os pronomes foram colocados após o
verbo porque:
a) na primeira pessoa do pretérito perfeito do indicativo exige-se o pronome após o verbo.
b) os adjuntos adverbiais, logo após os verbos, atraem os pronomes.
c) a supressão do pronome pessoal do caso reto “eu” antes dos verbos obriga a utilização dos
pronomes oblíquos após esses verbos.
d) é apenas uma questão estilística de uso opcional.
e) não se pode iniciar frases com pronomes oblíquos átonos.
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2017
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Para responder à questão a seguir, leia a crônica “Seu ‘Afredo’”, de Vinicius de Moraes (1913-1980),
publicada originalmente em setembro de 1953.
Seu Afredo (ele sempre subtraía o “l” do nome, ao se apresentar com uma ligeira curvatura: “Afredo
Paiva, um seu criado...”) tornou-se inesquecível à minha infância porque tratava-se muito mais de um
linguista que de um encerador. Como encerador, não ia muito lá das pernas. Lembro-me que, sempre
depois de seu trabalho, minha mãe ficava passeando pela sala com uma flanelinha debaixo de cada pé,
para melhorar o lustro. Mas, como linguista, cultor do vernáculo1 e aplicador de sutilezasgramaticais,
seu Afredo estava sozinho.
Tratava-se de um mulato quarentão, ultrarrespeitador, mas em quem a preocupação linguística
perturbava às vezes a colocação pronominal. Um dia, numa fila de ônibus, minha mãe ficou ligeiramente
ressabiada2 quando seu Afredo, casualmente de passagem, parou junto a ela e perguntou-lhe à queima-
roupa, na segunda do singular:
– Onde vais assim tão elegante?
Nós lhe dávamos uma bruta corda. Ele falava horas a fio, no ritmo do trabalho, fazendo os mais
deliciosos pedantismos que já me foi dado ouvir. Uma vez, minha mãe, em meio à lide3 caseira, queixou-
se do fatigante ramerrão4 do trabalho doméstico. Seu Afredo virou-se para ela e disse:
– Dona Lídia, o que a senhora precisa fazer é ir a um médico e tomar a sua quilometragem. Diz que é
muito bão.
De outra feita, minha tia Graziela, recém-chegada de fora, cantarolava ao piano enquanto seu Afredo,
acocorado perto dela, esfregava cera no soalho. Seu Afredo nunca tinha visto minha tia mais gorda. Pois
bem: chegou-se a ela e perguntou-lhe:
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227)
– Cantas?
Minha tia, meio surpresa, respondeu com um riso amarelo:
– É, canto às vezes, de brincadeira...
Mas, um tanto formalizada, foi queixar-se a minha mãe, que lhe explicou o temperamento do nosso
encerador:
– Não, ele é assim mesmo. Isso não é falta de respeito, não. É excesso de... gramática.
Conta ela que seu Afredo, mal viu minha tia sair, chegou- -se a ela com ar disfarçado e falou:
– Olhe aqui, dona Lídia, não leve a mal, mas essa menina, sua irmã, se ela pensa que pode cantar no
rádio com essa voz, ‘tá redondamente enganada. Nem em programa de calouro!
E, a seguir, ponderou:
– Agora, piano é diferente. Pianista ela é!
E acrescentou:
– Eximinista pianista!
(Para uma menina com uma flor, 2009.)
1 vernáculo: a língua própria de um país; língua nacional.
2 ressabiado: desconfiado.
3 lide: trabalho penoso, labuta.
4 ramerrão: rotina.
Observa-se no texto um desvio quanto às normas gramaticais referentes à colocação pronominal em:
a) “Lembro-me que, sempre depois de seu trabalho, minha mãe ficava passeando pela sala com uma
flanelinha debaixo de cada pé, para melhorar o lustro.” (1º parágrafo)
b) “Seu Afredo [...] tornou-se inesquecível à minha infância porque tratava-se muito mais de um
linguista que de um encerador.” (1º parágrafo)
c) “Tratava-se de um mulato quarentão, ultrarrespeitador, mas em quem a preocupação linguística
perturbava às vezes a colocação pronominal.” (2º parágrafo)
d) “[...] seu Afredo, casualmente de passagem, parou junto a ela e perguntou-lhe à queima-roupa,
na segunda do singular [...].” (2º parágrafo)
e) “Seu Afredo virou-se para ela e disse: [...].” (4º parágrafo)
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CPV UFRR - Tec Agr (EAGRO)/EAGRO UFRR/Subsequente ao Ensino Médio/2017
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Leia o texto para responder a questão:
FURTO DE FLOR
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-
se a beber e flor não é para ser bebida.
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228)
229)
Passei-a para o vaso e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas
novidades há numa flor se a contemplarmos bem.
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor
empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico de flores.
Eu a furtara, eu a via morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde
desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me:
– Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
Carlos Drummond de Andrade. Contos plausíveis. RJ, José Olympio, 1985. p. 80
Na frase: “Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água.” os pronomes foram colocados após o
verbo. Temos, então, um caso de:
a) próclise
b) mesóclise
c) apóstrofe
d) elipse
e) ênclise
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Marinha - Alun (CN)/CN/2017
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Em que opção a colocação pronominal está de acordo com a modalidade padrão?
a) Quando o casal chegou ao restaurante, se calou por motivos bem diferentes.
b) Os pais distrai-lo-iam com novas tecnologias, embora o pediatra condenasse.
c) Por que a mulher questionou-os sobre o silêncio que pairava no restaurante?
d) Por favor, solicitamos que entreguem-nos os celulares antes da hora da prova.
e) O homem usava a Internet, e o garçom não interrompeu-o para servir a comida.
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CMR - CA (CMR)/CMR/1º Ano do Ensino Médio/2017
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
TEXTO II: A BRIGA NA PROCISSÃO
Quando Palmeira das Antas
Pertencia ao capitão
Justino Bento da Cruz
Nunca faltou diversão.
Vaquejada, cantoria,
Procissão e romaria
Sexta-feira da Paixão.
Na Quinta-feira Maior
Dona Maria das Dores
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No salão paroquial
Reunia os moradores
Depois duma Preleção
Ao lado do capitão
Escalava a seleção
De atrizes e atores.
O Papel de cada um
O Capitão escolhia,
A roupa e a maquiagem
Eram com dona Maria
O resto era discutido
Aprovado e resolvido
Na sala da sacristia.
Todo ano era um Jesus
Um Caifás e um Pilatos,
Só não mudavam a cruz
O verdugo e os maltratos.
O Cristo daquele ano
Foi o Quincas Beija-flor,
Caifás foi o Cipriano
Pilatos foi Nicanor.
Duas cordas paralelas
Separavam a multidão
Pra que pudesse entre elas
Caminhar a procissão.
Cristo conduzindo a cruz
Foi não foi advertia
O centurião perverso
Que com força lhe batia
Era pra bater maneiro
Mas ele não entendia.
Devido um grande pifão
Que bebeu naquele dia
Do vinho que o capelão
Guardava na sacristia.
Cristo dizia: "Oh" Rapaz ...
Vê se bate divagar
Já tô todo encalombado
Assim não vou aguentar,
Tá cá gota pá doer
Ou tu para de bater
Ou a gente vai brigar.
Jogo já essa cruz fora
Tô ficando revoltado
Vou morrer antes da hora
De ficar cruxificado."
O pior é o que o malvado
Fingia que não ouvia
Além de bater com força
Ainda se divertia
Espiava pra Jesus
Fazia pouco e dizia:
"Qui Cristo frouxo é você
Qui chora na procissão?
Jesus, pelo qui se sabe
Num era mole assim não.
Eu to batendo com pena,
Tu vai vê o qui é bom
Na subida da ladeira
Da venda de Finelon
O couro vai ser dobrado,
Até chegar no mercado
A cuíca muda o tom."
Naquele momento ouviu-se
Um grito na multidão,
Era Quincas que com raiva
Sacudiu a cruz no chão
E partiu feito um maluco
Pra cima de Bastião.
Se travaram no tabefe
Ponta-pé e cabeçada
Madalena levou queda,
Pilatos levou pancada,
Deram um bofete em Caifás
Que até hoje não faz
Nem sente gosto de nada.
Desmancharam a procissão,
O cacete foi pesado
São Tomé levou um tranco
Que ficou desacordado
Na careca de Timote
Que até hoje é aluado.
Até mesmo São José
Que não é de confusão
Na ânsia de defender
Seu filho de criação
Aproveitou a garapa
Pra dar um monte de tapa
Na cara do bom ladrão.
A briga só terminou
Quando o doutor delegado
Interveio e separou
Cada santo pro seu lado
Desde que o mundo se fez
Foi esta a primeira vez
Que Cristo foi pró xadrez
Mas não foi crucificado.
(Disponível em: htttp://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasil/paraiba/chico_pedrosa - Acesso em: 25/09/2017
A posição dos pronomes oblíquos átonos, nas frases de textos brasileiros, tem se adaptado mais à
graciosidade de nosso linguajar e aos níveis de linguagem, tornando a leitura mais fluida e mais natural.
Nas duas estrofes abaixo destacadas, Chico Pedrosa recorreu, respectivamente, às seguintes posições
dos pronomes oblíquos átono:
230)
Naquele momento ouviu-se
Um grito na multidão,
Era Quincas que com raiva
Sacudiu a cruz no chão
E partiu feito um maluco
Pra cima de Bastião.Se travaram no tabefe
Ponta-pé e cabeçada
Madalena levou queda,
Pilatos levou pancada,
Deram um bofete em Caifás
Que até hoje não faz
Nem sente gosto de nada.
a) próclise e ênclise
b) ênclise e próclise
c) mesóclise e ênclise
d) próclise e próclise
e) próclise e mesóclise
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CMR - CA (CMR)/CMR/1º Ano do Ensino Médio/2016
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
TEXTO VI: Dia, Lugar e Hora (Luan Santana)
Fonte:https:www.letras.mus.br/luan-santana/eu-voce-o-mar--e-ela#radio:luan-santana Acesso:05/11/2016
Se a moça do café não demorasse tanto
Pra me dar o troco
Se eu não tivesse discutido na calçada
Com aquele cara louco
E ó que eu nem sou de rolo
Se eu não tivesse atravessado
Aquela hora do sinal vermelho
Se eu não parasse bem na hora do almoço
Pra cortar o cabelo
E ó que eu nem sou vaidoso
Eu não teria te encontrado
Eu não teria me apaixonado
Mas aconteceu
Foi mais forte que eu e você
Aí eu disse
Quer que eu faça um café?
Ou faça minha vida
Se encaixar na sua?
Aqui mesmo na rua
Era pra ser agora
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231)
Quando é pra acontecer
Tem dia, lugar e tem hora
Se eu não tivesse atravessado
Aquela hora no sinal vermelho
Se eu não parasse bem na hora do almoço
Pra cortar o cabelo
E ó eu nem sou vaidoso
Eu não teria te encontrado
Eu não teria me apaixonado
Mas aconteceu
Foi mais forte que eu e você
Aí eu disse
Quer que eu faça um café?
Ou faça minha vida
Se encaixar na sua?
Aqui mesmo na rua
Era pra ser agora
Quando é pra acontecer
Tem dia, lugar e tem hora
Eu disse
Quer que eu faça um cafe?
Ou faça minha vida
Se encaixar na sua?
Aqui mesmo na rua
Era pra ser agora
Quando é pra acontecer
Tem dia, lugar e tem hora
Se a moça do café não demorasse tanto
A letra desta música tem um registro coloquial da linguagem e em uma das alternativas o pronome em
próclise no início do verso confirma esse direcionamento coloquial. Marque a alternativa em que isso
ocorre.
a) Pra me dar o troco
b) Quer que eu faça um café?
c) Se encaixar na sua?
d) Se a moça do café não demorasse tanto
e) Quando é pra acontecer
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CPV UFRR - Tec Agr (EAGRO)/EAGRO UFRR/Subsequente ao Ensino Médio/2016
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Leia a tirinha para responder a questão:
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232)
Willtirando. Disponível em: <http://www.willtirando.com.br/category/pior-namorado-do-mundo/page/2/> Acesso
em 05.11.2016.
Segundo a gramática, os verbos “amar” e “respeitar”, no primeiro quadrinho, devem ser seguidos do
pronome “-te” obrigatoriamente porque
a) a próclise é atraída por palavras negativas.
b) a ênclise é obrigatória quando o verbo estiver no infinitivo impessoal.
c) a mesóclise deve ser usada nos verbos terminados em “-ar”.
d) a ênclise é obrigatória em verbos de primeira conjugação.
e) a próclise deve ser utilizada em verbos no futuro do presente.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2016
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
O desaparecimento dos livros na vida cotidiana e a diminuição da leitura é preocupante quando
sabemos que os livros são dispositivos fundamentais na formação subjetiva das pessoas. Nos
perguntamos sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da televisão ao computador, dos
brinquedos ao telefone celular, somos formados por objetos e aparelhos.
Se em nossa época a leitura diminui vertiginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da ignorância,
nossa velha conhecida. Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância em relação às quais os livros são
potentes ou impotentes. Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha na ironia do
"sei-que-nada-sei". Aquele que não sabe e quer saber pode procurar os livros, esses objetos que
guardam tantas informações, tantos conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas e,
até mesmo, respostas. A outra é a ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de
"burrice". Pela burrice, essa forma cognitiva impotente e, contudo, muito prepotente, alguém transforma
o não saber em suposto saber, a resposta pronta é transformada em verdade. Nesse caso, os livros são
esquecidos. Eles são desnecessários corno "meios para o saber". Cancelada a curiosidade, como sinal de
um desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis. Assim, a ignorância que nos permite saber se
opõe à que nos deforma por estagnação. A primeira gosta dos livros, a segunda os detesta.
[ ... ]
Para aprender a perguntar, porque o pensamento dependa formal, mas porque ler é um precisamos
aprender a ler. Não da gramática ou da língua tipo de experiência que nos ensina a desenvolver
raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir e a falar para compreender. Nos ensina a interpretar. Nos
ajuda, portanto, a elaborar questões, a fazer perguntas. Perguntas que nos ajudam a dialogar, ou seja, a
entrar em contato com o outro. Nem que este outro seja, em um primeiro momento, apenas cada um de
nós mesmos.
Pensar, esse muitas vezes em simples e ao lamentável que cultura em que ato que está faltando entre
nós, começa aí, silêncio, quando nos dedicamos a esse gesto mesmo tempo complexo que é ler um livro.
É as pessoas sucumbam ao clima programado da ler é proibido. Os meios tecnológicos de comunicação
são insidiosos nesse momento, pois prometem uma completude que o ato de ler um livro nunca
prometeu. É que o ato da leitura nunca nos engana. Por isso, também, muitos afastam-se dele. Muitos
que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem. Mas há quem tenha
descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem - compreensão e
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233)
diálogo - que sempre está ofertada em um livro. Certamente para essas pessoas, o mundo todo - e ela
mesma - é algo bem diferente.
(TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma filosofia política da leitura. Disponível em
https://resvitacultural.uol.com.br - 31 de jan. 2016 - com adaptações)
Em "Nos ajuda, portanto, a elaborar questões [ ... ] " (3°§), há um desvio da modalidade padrão da
língua na colocação do pronome destacado. Em que opção isso também ocorre?
a) "[ ... ] aquela em que Sócrates se expunha [ ... ] " (2°§)
b) "[ ... ] os livros tornam-se inúteis." (2°§)
c) "[ ... ] também, muitos afastam-se dele." (4°§)
d) "[ ... ] é um tipo de experiência que nos ensina[ ... ] " (3 ° §)
e) "[ ... ] O ato da leitura nunca nos engana." (4°§)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2014
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Aumenta o número de adultos que não consegue focar sua atenção em uma única coisa por muito
tempo. São tantos os estímulos e tanta a pressão para que o entorno seja completamente desvendado
que aprendemos a ver e/ou fazer várias coisas ao mesmo tempo. Nós nos tornamos, à semelhança dos
computadores, pessoas multitarefa, não é verdade?
Vamos tomar como exemplo uma pessoa dirigindo. Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm atrás,
ao lado e à frente, à velocidade média dos carros por onde trafega, às orientações do GPS ou de
programas que sinalizam o trânsito em tempo real, às informações de alguma emissora de rádio que
comenta o trânsito, ao planejamento mental feito e refeito várias vezes do trajeto que deve fazer para
chegar ao seu destino, aos semáforos, faixas de pedestres etc.
Quando me vejo em tal situação, eu me lembro que dirigir, após um dia de intenso trabalho no retorno
para casa, já foi uma atividade prazerosa e desestressante.
o uso da internet ajudou a transformar nossa maneira de olhar para o mundo. Não mais observamos os
detalhes, por causa de nossa ganância em relação a novas e diferentes informações. Quantas vezes
sentei em frente ao computador para buscar textos sobre um tema e, de repente, me dei conta de que
estava em temas que em nada se relacionavamcom meu tema primeiro.
Aliás, a leitura também sofreu transformações pelo nosso costume de ler na internet. Sofremos de uma
tentação permanente de pular palavras e frases inteiras, apenas para irmos direto ao ponto. O problema
é que alguns textos exigem a leitura atenta de palavra por palavra, de frase por frase, para que faça
sentido. Aliás, não é a combinação e a sucessão das palavras que dá sentido e beleza a um texto?
Se está difícil para nós, adultos, focar nossa atenção, imagine, caro leitor, para as crianças. Elas já
nasceram neste mundo de profusão de estímulos de todos os tipos; elas são exigidas, desde o início da
vida, a dar conta de várias coisas ao mesmo tempo; elas são estimuladas com diferentes objetos, sons,
imagens etc.
Ai, um belo dia elas vão para a escola. Professores e pais, a partir de então, querem que as crianças
prestem atenção em uma única coisa por muito tempo. E quando elas não conseguem, reclamamos,
levamos ao médico, arriscamos hipóteses de que sejam portadoras de síndromes que exigem tratamento
etc.
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234)
A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim. Elas já sabem usar programas complexos em
seus aparelhos eletrônicos, brincam com jogos desafiantes que exigem atenção constante aos detalhes
e, se deixarmos, passam horas em uma única atividade de que gostam.
Mas, nos estudos, queremos que elas prestem atenção no que é preciso, e não no que gostam. E isso,
caro leitor, exige a árdua aprendizagem da autodisciplina. Que leva tempo, é bom lembrar.
As crianças precisam de nós, pais e professores, para começar a aprender isso. Aliás, boa parte desse
trabalho é nosso, e não delas.
Não basta mandarmos que elas prestem atenção: isso de nada as ajuda. O que pode ajudar, por
exemplo, é analisarmos o contexto em que estão quando precisam focar a atenção e organizá-lo para
que seja favorável a tal exigência. E é preciso lembrar que não se pode esperar toda a atenção delas por
muito tempo: o ensino desse quesito no mundo de hoje é um processo lento e gradual.
SAYÃO, Rosely. Profusão de estímulos. Folha de São Paulo, 11 fev. 2014 - adaptado
Em qual opção ocorre um desvio da norma padrão da língua na colocação do pronome destacado?
a) "Quando me vejo em tal situação, [ ... ] " (3°§)
b) "Nós nos tornamos, à semelhança dos computadores, [ ... ] ." (1 ° §)
c) "[ ... ] e, de repente, me dei conta de que estava [ ... ] . " (4°§)
d) "[ ... ] temas que em nada se relacionavam [ ... ]." (4°§)
e) "[ ... ] analisarmos o contexto [ ... ] e organizá-lo" [ ... ] (11º §)
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Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
TEXTO I
Campeonato do desperdício
No campeonato do desperdício, somos campeões em várias modalidades. Algumas de que nos
orgulhamos e outras de que nem tanto. Meu amigo Adamastor, antropólogo das horas vagas, não me
deu as causas primeiras de nossa primazia, mas forneceu-me uma lista em que somos imbatíveis. Claro,
das modalidades que "nem tanto".
Vocês já ouviram falar em lixo rico? Somos os campeões. Nosso lixo faria a fartura de um Haiti. Com o
que jogamos fora e que poderia ser aproveitado, poder-se-ia alimentar muito mais do que a população
do Haiti. Há pesquisas do assunto e cálculos exatos que "nem tanto". Somos um país pobre com mania
de rico. E nosso lixo é mais rico do que o lixo dos países ricos. Meu falecido pai costumava dizer: rico
raspa o queijo com as costas da faca; remediado corta uma casca bem fininha; pobre, contudo, arranca
uma lasca imensa do queijo. Meu pai dizia, e tenho a impressão que meu pai era um homem
preconceituoso, mas em termos de manuseio dos alimentos nacionais, arrancamos uma lasca imensa do
queijo, ah, sim, arrancamos.
Outra modalidade em que somos campeões absolutos, o desperdício do transporte. Ninguém no mundo
consegue, tanto quanto nós, jogar grãos nas estradas. Não viajo pouco e me considero testemunha
ocular. A Anhanguera, por exemplo, tem verdadeiras plantações de soja em suas margens. Quando pego
uma traseira de caminhão e aquela chuva de grãos me assusta, penso rápido e fico calmo: faz parte da
competição e temos de ser campeões.
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235)
Na construção civil o desperdício chega a ser escandaloso. Um dia o Adamastor, antropólogo das horas
vagas, me veio com uma folha de jornal onde se liam estatísticas indecentes. Com o que se joga fora de
material (do mais bruto ao mais sofisticado), o Brasil poderia construir todos os estádios que a FIFA
exige e ainda poderia exportar cidades para o mundo.
Antigamente, este que vos atormenta, levava um litro lavado para trocar por outro cheio de leite. Você,
caro leitor, talvez nem tenha notícia disso. Mas era assim. Agora, compra-se o leite e sua embalagem
internamente aluminizada para jogá-la no lixo. Quanto de nosso petróleo vai para o lixo em forma de
sacos plásticos? Vocês já ouviram falar que o petróleo é um recurso inesgotável? Claro que não! Mas
sente algum remorso ao jogar os sacos trazidos do supermercado no lixo? Claro que não. Nossa cultura
de mosaico nos tirou a capacidade de ligar os fenômenos entre si.
E o que desperdiçamos de talentos, de esforço educacional? São advogados atendendo em balcão de
banco, engenheiros vendendo cachorro-quente nas avenidas de São Paulo, são gênios que se
desperdiçam diariamente como se fossem recursos, eles também, inesgotáveis. No dia em que a gente
precisar, vai lá e pega. No dia em que a gente precisar, pode não existir mais. Não importa, vivemos no
melhor dos mundos, segundo a opinião do Adamastor, o gigante, plagiando um tal de Dr. pangloss, que
ironizava um tal de Leibniz.
BRAFF, Menalton. Em www.cartacapital.com.br - Acesso em 14 jan., 2013
- adaptado.
Dr.Pangloss - personagem de Cândido, de Voltaire. Caracteriza-se pelo extremo otimismo.
Leibniz - Autor da teoria de que nada acontece ao acaso. Estamos no melhor dos mundos possíveis, o ser
só é, só existe, porque é o melhor possível.
Adamastor, o gigante - personificação do Cabo das Tormentas, em Os Lusíadas, do escritor português
Luiz Vaz de Camões.
Em que opção o verbo destacado também permite o uso da ênclise, segundo a modalidade padrão da
língua?
a) "Algumas de que nos orgulhamos e outras de que nem tanto."(1°§)
b) "Meu amigo Adamastor, [ ... ], não me deu as causas[ ... ]." (1°§)
c) "Com o que jogamos fora[ ... ], poder-se-ia alimentar [ ... ]." (2°§)
d) "Nossa cultura de mosaico nos tirou a capacidade[ ... ]." (5°§)
e) "[ ... ] jornal onde se liam estatísticas indecentes." (4°§)
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INEP (ENEM) - Part (ENEM)/ENEM/PPL (Pessoa Privada de Liberdade)/2012
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
A colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase
em relação ao verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes,
nos e vos. Esses pronomes podem assumir três posições na oração em relação ao verbo. Próclise,
quando o pronome é colocado antes do verbo, devido a partículas atrativas, como o pronome relativo.
Ênclise, quando o pronome é colocado depois do verbo, o que acontece quando este estiver no
imperativo afirmativo ou no infinitivo impessoal regido da preposição “a” ou quando o verbo estiver no
gerúndio. Mesóclise, usada quando o verbo estiver flexionado no futuro do presente ou no futuro do
pretérito.
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236)
237)
A mesóclise é um tipo de colocação pronominal raro no uso coloquial da língua portuguesa. No entanto,
ainda é encontrada em contextos mais formais, como se observa em:
a) Não lhe negou que era um improviso.
b) Faz muito tempo que lhe falei essas coisas.
c) Nunca um homem se achou em mais apertado lance.
d) Referia-se à D. Evarista ou tê-la-ia encontrado em algum outro autor?
e) Acabou de chegar dizendo-lhe que precisava retornar ao serviço imediatamente.www.tecconcursos.com.br/questoes/1281996
Marinha - Alun (CN)/CN/2011
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Em qual opção está correta a colocação pronominal, segundo a norma escrita padrão?
a) Eles já haviam questionado-se sobre a realização pessoal e profissional.
b) Sobre os jovens da Geração Y, não mais justifica-se a acusação de egoístas.
c) A Geração Y tem comportado-se de maneira bem diferente das outras gerações.
d) Estes jovens procuram sujeitar-se a um ritmo próprio de trabalho.
e) Poderia-se dizer que a Geração Y procura priorizar o aprendizado e as relações humanas.
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Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Quando a rede vira um vício
Com o título "Preciso de ajuda", fez-se um desabafo aos integrantes da comunidade Viciados em Internet
Anônimos: "Estou muito dependente da web. Não consigo mais viver normalmente. Isso é muito sério".
Logo obteve resposta de um colega da rede. "Estou na mesma situação. Hoje, praticamente vivo em
frente ao computador. Preciso de ajuda". O diálogo dá a dimensão do tormento provocado pela
dependência em Internet, um mal que começa a ganhar relevo estatístico, à medida que o uso da
própria rede se dissemina. Segundo pesquisas recém-conduzidas pelo Centro de Recuperação para
Dependência de Internet, nos Estados Unidos, a parcela de viciados representa, nos vários países
estudados, de 5% (como no Brasil) a 10% dos que usam a web – com concentração na faixa dos 15 aos
29 anos. Os estragos são enormes. Como ocorre com um viciado em álcool ou em drogas, o doente
desenvolve uma tolerância que, nesse caso, o faz ficar on-line por uma eternidade sem se dar conta do
exagero. Ele também sofre de constantes crises de abstinência quando está desconectado, e seu
desempenho nas tarefas de natureza intelectual despenca. Diante da tela do computador, vive, aí sim,
momentos de rara euforia. Conclui uma psicóloga americana: "O viciado em internet vai, aos poucos,
perdendo os elos com o mundo real até desembocar num universo paralelo – e completamente virtual".
Não é fácil detectar o momento em que alguém deixa de fazer uso saudável e produtivo da rede para
estabelecer com ela uma relação doentia, como a que se revela nas histórias relatadas ao longo desta
reportagem. Em todos os casos, a internet era apenas "útil" ou "divertida" e foi ganhando um espaço
central, a ponto de a vida longe da rede ser descrita agora como sem sentido. Mudança tão drástica se
deu sem que os pais atentassem para a gravidade do que ocorria. " Como a internet faz parte do dia a
dia dos adolescentes e o isolamento é um comportamento típico dessa fase da vida, a família raramente
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1281996
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1308049
238)
detecta o problema antes de ele ter fugido ao controle", diz um psiquiatra. A ciência, por sua vez, já tem
mapeados os primeiros sintomas da doença. De saída, o tempo na internet aumenta – até culminar,
pasme-se, numa rotina de catorze horas diárias, de acordo com o estudo americano. As situações vividas
na rede passam, então, a habitar mais e mais as conversas. É típico o aparecimento de olheiras
profundas e ainda um ganho de peso relevante, resultado da frequente troca de refeições por
sanduíches – que prescindem de talheres e liberam uma das mãos para o teclado. Gradativamente, a
vida social vai se extinguindo. Alerta outra psicóloga: " Se a pessoa começa a ter mais amigos na rede do
que fora dela, é um sinal claro de que as coisas não vão bem".
Os jovens são, de longe, os mais propensos a extrapolar o uso da internet. Há uma razão estatística para
isso – eles respondem por até 90% dos que navegam na rede, a maior fatia –, mas pesa também uma
explicação de fundo mais psicológico, à qual uma recente pesquisa lança luz. Algo como 10% dos
entrevistados (viciados ou não) chegam a atribuir à internet uma maneira de "aliviar os sentimentos
negativos", tão típicos de uma etapa em que afloram tantas angústias e conflitos. Na rede, os
adolescentes sentem-se ainda mais à vontade para expor suas ideias. Diz um outro psiquiatra: "Num
momento em que a própria personalidade está por se definir, a internet proporciona um ambiente
favorável para que eles se expressem livremente". No perfil daquela minoria que, mais tarde, resvala no
vício se vê, em geral, uma combinação de baixa autoestima com intolerância à frustração. Cerca de 50%
deles, inclusive, sofrem de depressão, fobia social ou algum transtorno de ansiedade. É nesse cenário
que os múltiplos usos da rede ganham um valor distorcido. Entre os que já têm o vício, a maior adoração
é pelas redes de relacionamento e pelos jogos on-line, sobretudo por aqueles em que não existe noção
de começo, meio ou fim.
Desde 1996, quando se consolidou o primeiro estudo de relevo sobre o tema, nos Estados Unidos, a
dependência em internet é reconhecida – e tratada – como uma doença. Surgiram grupos especializados
por toda parte. "Muita gente que procura ajuda ainda resiste à ideia de que essa é uma doença", conta
um psicólogo. O prognóstico é bom: em dezoito semanas de sessões individuais e em grupo, 80%
voltam a níveis aceitáveis de uso da internet. Não seria factível, tampouco desejável, que se
mantivessem totalmente distantes dela, como se espera, por exemplo, de um alcoólatra em relação à
bebida. Com a rede, afinal, descortina-se uma nova dimensão de acesso às informações, à produção de
conhecimento e ao próprio lazer, dos quais, em sociedades modernas, não faz sentido se privar. Toda a
questão gira em torno da dose ideal, sobre a qual já existe um consenso acerca do razoável: até duas
horas diárias, o caso de crianças e adolescentes. Quanto antes a ideia do limite for sedimentada, melhor.
Na avaliação de uma das psicólogas, "Os pais não devem temer o computador, mas, sim, orientar os
filhos sobre como usá-lo de forma útil e saudável". Desse modo, reduz-se drasticamente a possibilidade
de que, no futuro, eles enfrentem o drama vivido hoje pelos jovens viciados.
Silvia Rogar e João Figueiredo, Veja, 24 de março de 2010. Adaptado.
Assinale a opção em que, segundo a variedade padrão, pode ocorrer ênclise.
a) "[...] como a que se revela nas histórias relatadas [...] (2º §)
b) "Gradativamente, a vida social vai se extinguindo." (2º §)
c) "Desde 1996, quando se consolidou o primeiro estudo de relevo sobre o tema [...]" (4º §)
d) "Não seria factível, tampouco desejável, que se mantivessem totalmente [...]" (4º §)
e) [...] como se espera, por exemplo, de um alcoólatra em relação à bebida." (4º §)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2010
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Quando a rede vira um vício
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Com o título "Preciso de ajuda", fez-se um desabafo aos integrantes da comunidade Viciados em Internet
Anônimos: "Estou muito dependente da web. Não consigo mais viver normalmente. Isso é muito sério".
Logo obteve resposta de um colega da rede. "Estou na mesma situação. Hoje, praticamente vivo em
frente ao computador. Preciso de ajuda". O diálogo dá a dimensão do tormento provocado pela
dependência em Internet, um mal que começa a ganhar relevo estatístico, à medida que o uso da
própria rede se dissemina. Segundo pesquisas recém-conduzidas pelo Centro de Recuperação para
Dependência de Internet, nos Estados Unidos, a parcela de viciados representa, nos vários países
estudados, de 5% (como no Brasil) a 10% dos que usam a web – com concentração na faixa dos 15 aos
29 anos. Os estragos são enormes. Como ocorre com um viciado em álcool ou em drogas, o doente
desenvolve uma tolerância que, nesse caso, o faz ficar on-line por uma eternidade sem se dar conta do
exagero. Ele também sofre de constantes crises de abstinência quando está desconectado, e seu
desempenho nas tarefas de natureza intelectual despenca. Diante da tela do computador, vive, aí sim,
momentos de rara euforia. Concluiuma psicóloga americana: "O viciado em internet vai, aos poucos,
perdendo os elos com o mundo real até desembocar num universo paralelo – e completamente virtual".
Não é fácil detectar o momento em que alguém deixa de fazer uso saudável e produtivo da rede para
estabelecer com ela uma relação doentia, como a que se revela nas histórias relatadas ao longo desta
reportagem. Em todos os casos, a internet era apenas "útil" ou "divertida" e foi ganhando um espaço
central, a ponto de a vida longe da rede ser descrita agora como sem sentido. Mudança tão drástica se
deu sem que os pais atentassem para a gravidade do que ocorria. " Como a internet faz parte do dia a
dia dos adolescentes e o isolamento é um comportamento típico dessa fase da vida, a família raramente
detecta o problema antes de ele ter fugido ao controle", diz um psiquiatra. A ciência, por sua vez, já tem
mapeados os primeiros sintomas da doença. De saída, o tempo na internet aumenta – até culminar,
pasme-se, numa rotina de catorze horas diárias, de acordo com o estudo americano. As situações vividas
na rede passam, então, a habitar mais e mais as conversas. É típico o aparecimento de olheiras
profundas e ainda um ganho de peso relevante, resultado da frequente troca de refeições por
sanduíches – que prescindem de talheres e liberam uma das mãos para o teclado. Gradativamente, a
vida social vai se extinguindo. Alerta outra psicóloga: " Se a pessoa começa a ter mais amigos na rede do
que fora dela, é um sinal claro de que as coisas não vão bem".
Os jovens são, de longe, os mais propensos a extrapolar o uso da internet. Há uma razão estatística para
isso – eles respondem por até 90% dos que navegam na rede, a maior fatia –, mas pesa também uma
explicação de fundo mais psicológico, à qual uma recente pesquisa lança luz. Algo como 10% dos
entrevistados (viciados ou não) chegam a atribuir à internet uma maneira de "aliviar os sentimentos
negativos", tão típicos de uma etapa em que afloram tantas angústias e conflitos. Na rede, os
adolescentes sentem-se ainda mais à vontade para expor suas ideias. Diz um outro psiquiatra: "Num
momento em que a própria personalidade está por se definir, a internet proporciona um ambiente
favorável para que eles se expressem livremente". No perfil daquela minoria que, mais tarde, resvala no
vício se vê, em geral, uma combinação de baixa autoestima com intolerância à frustração. Cerca de 50%
deles, inclusive, sofrem de depressão, fobia social ou algum transtorno de ansiedade. É nesse cenário
que os múltiplos usos da rede ganham um valor distorcido. Entre os que já têm o vício, a maior adoração
é pelas redes de relacionamento e pelos jogos on-line, sobretudo por aqueles em que não existe noção
de começo, meio ou fim.
Desde 1996, quando se consolidou o primeiro estudo de relevo sobre o tema, nos Estados Unidos, a
dependência em internet é reconhecida – e tratada – como uma doença. Surgiram grupos especializados
por toda parte. "Muita gente que procura ajuda ainda resiste à ideia de que essa é uma doença", conta
um psicólogo. O prognóstico é bom: em dezoito semanas de sessões individuais e em grupo, 80%
voltam a níveis aceitáveis de uso da internet. Não seria factível, tampouco desejável, que se
mantivessem totalmente distantes dela, como se espera, por exemplo, de um alcoólatra em relação à
bebida. Com a rede, afinal, descortina-se uma nova dimensão de acesso às informações, à produção de
conhecimento e ao próprio lazer, dos quais, em sociedades modernas, não faz sentido se privar. Toda a
questão gira em torno da dose ideal, sobre a qual já existe um consenso acerca do razoável: até duas
horas diárias, o caso de crianças e adolescentes. Quanto antes a ideia do limite for sedimentada, melhor.
Na avaliação de uma das psicólogas, "Os pais não devem temer o computador, mas, sim, orientar os
filhos sobre como usá-lo de forma útil e saudável". Desse modo, reduz-se drasticamente a possibilidade
de que, no futuro, eles enfrentem o drama vivido hoje pelos jovens viciados.
239)
Silvia Rogar e João Figueiredo, Veja, 24 de março de 2010. Adaptado.
Assinale a opção em que está correto o emprego do pronome pessoal.
a) Os viciados em Web são reais. Precisamos ajudar-lhes.
b) Podemos ter relacionamentos virtuais, mas não devemos priorizá-los.
c) A Internet é útil e pode ser produtiva. Não devemos atribuí- la a culpa pelo uso exagerado.
d) Os filhos mais jovens costumam extrapolar o limite de horas na internet. Por isso, os pais devem
orientar-lhes.
e) Os estragos para os jovens que não sabem tirar proveito da Web são enormes. Usam-a
compulsivamente, a ponto de perderem os elos com o mundo real.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2009
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Eles blogam. E você?
Após o surgimento da rede mundial de computadores, no início da década de 1990, testemunhamos uma
revolução nas tecnologias de comunicação instantânea. Nós, que nascemos em um mundo anterior à
Internet, aprendemos a viver no universo constituído por coisas palpáveis: casas, máquinas, roupas etc.
O contato se estabelecia entre seres humanos reais por meios "físicos": cartas, telefonemas, encontros.
Em um mundo concreto, a escola não poderia ser diferente: livros, giz, carteiras, quadro-negro, mural.
Esse espaço é ainda hoje definido por uma série de símbolos de um tempo passado e tem se mantido
relativamente inalterado desde o século XIX. Os alunos atuais, porém, são nativos digitais. Em outras
palavras: nasceram em um mundo no qual já existiam computadores, Internet, telefone celular,
tocadores de MP3, videogames, programas de comunicação instantânea (MSN, Google Talk etc.) e muitas
outras ferramentas da era digital. Seu mundo é definido por coisas imateriais: imagens, dados e sons que
trafegam e são armazenados no espaço virtual.
Um dos aspectos mais sedutores do ciberespaço é o seu poder de articulação social. Foi no fim da
década de 1990 que os usuários da Internet descobriram uma ferramenta facilitadora da interação
escrita entre diferentes pessoas conectadas em uma rede virtual: os weblogs, que logo ficaram
conhecidos como blogs. O termo é formado pelas palavras web (rede, em inglês) e log (registro,
anotação diária ) A velocidade de reprodução da blogosfera é assustadora: 120 mil novos blogs por dia,
1,4 blog por semana.
O blog se caracteriza por apresentar as observações pessoais de seu "dono" (o criador do blog) sobre
temas que variam de acordo com os interesses do blogueiro e também de acordo com o tipo de blog. As
possibilidades são infinitas: há blogs pessoais, políticos, culturais, esportivos, jornalísticos, de humor etc.
Os textos que o blogueiro insere no blog são chamados de posts. Em português, o termo já deu origem a
um verbo, "postar", que significa "escrever uma entrada em um blog". Os posts são cronológicos, porém
apresentados em ordem inversa: sempre do mais recente para o mais antigo. Os internautas que visitam
um blog podem fazer comentários aos posts.
Justamente porque facilitam a comunicação e permitem a interação entre usuários de todas as partes, os
blogs são interessantes ferramentas pedagógicas. Se a escola é o espaço preferencial para a construção
do conhecimento, nada mais lógico do que levar os blogs para a sala de aula, porque eles têm como
vocação a produção de conteúdo. Por que não criar um blog de uma turma, do qual participem todos os
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240)
alunos, para comentar temas atuais, para debater questões polêmicas, para criar um contexto real em
que o texto escrito surja como algo natural?
Na blogosfera, informação é poder. E os jovens sabem disso, porque conhecem o ciberespaço. O
entusiasmo pela criação de um blog coletivo certamente será acompanhado pelo desejo de transformá-lo
em ponto de parada obrigatória para os leitores que vagam no universo virtual. E esse desejo será um
motivador muito importante. Para conquistar leitores, os autores de um blog precisam não só ter oque
dizer, mas também saber como dizer o que querem, escolher imagens instigantes, criar títulos
provocadores.
Uma vez criado o blog da turma, as possibilidades pedagógicas a ele associadas multiplicam-se. Para
gerar conteúdo consistente é necessário pesquisar, considerar diferentes pontos de vista sobre temas
polêmicos, avaliar a necessidade de ilustrar determinados conceitos com imagens, definir critérios para a
moderação dos comentários, escolher os temas preferenciais a serem abordados etc. Todos esses
procedimentos estão na base da construção de conhecimento. Outro aspecto muito importante é que os
jovens, em uma situação rara no espaço escolar, vão constatar que, nesse caso, quem domina o
conhecimento são eles. Pela primeira vez não precisarão virar "analógicos" para se adaptar ao universo
da sala de aula. Eu blogo. Eles blogam. E você?
Maria Luiza Abaurre, in Revista Carta na Escola. (adaptado)
Assinale a opção em que a mudança de posição proclítica para enclítica, ou vice-versa, constitui um
desvio à língua padrão.
a) "O contato se estabelecia entre seres humanos ... "(1°§)
b) "Esse espaço é ainda hoje definido por uma série de símbolos ... se mantido ... " (2°§)
c) "O blog se caracteriza por apresentar as observações pessoais de seu 'dono' (o criador do blog) ...
" (4"§)
d) "Uma vez criado o blog da turma, as possibilidades pedagógicas a ele associadas multiplicam-se."
(8°§)
e) "Pela primeira vez não precisarão virar 'analógicos' para se adaptar ao universo da sala de aula."
(9°§)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2008
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
As lições de outros escritores
Pode parecer um lugar comum, mas é verdade verdadeira: a única arma que se pode usar para aprender
a escrever melhor, é ler, ler muito. As lições que se tiram dos textos dos escritores que vieram antes de
nós são inúmeras e valem a pena.
O escritor iniciante, por mais talento que tenha, se depara com obstáculos que parecem intransponíveis.
Até mais do que no futebol, a inexperiência torna os movimentos desarticulados, faz o praticante gastar
esforços inúteis, deixa-o sem diante dos problemas.
Muito disso pode ser evitado com o uso recorrente da leitura. [...] Ler, ler muito, ensina alguns truques
do ofício de escritor. Por isso é que todo escritor profissional já revelou que lê muito. [...]
Num mundo marcado pela correria, algumas pessoas acham que a leitura é uma ocupação ultrapassada,
que demanda tempo demais. É besteira, claro. Ainda mais quem deseja escrever para ser lido.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1278629
[...] A primeira pergunta que se faz é: tudo bem, deve se ler, mas o quê? A resposta é fácil: leia o que,
gosta. Devemos deixar de lado os livros que podem chatear, por importante que sejam. Se já se tem um
gênero planejado, melhor ainda. Digamos que alguém queria escrever romances de fundo social. Leiam-
se, então livros do gênero que se pretende explorar, verificando nele o que funciona e o não funciona.
Precisa-se analisar o autor, a forma com que ele escreve, como ele desenvolve a ação, constrói os
personagens, arma os diálogos, usa o cenário e o tempo, sobretudo como ele transmite sua mensagem.
Todo mundo precisa ler, mas os escritores devem ler. Sobretudo os livros certos. [ ... ] O enfrentamento e
a absorção de um livro são coisas extremamente subjetivas. Assim, se um amigo recomendar
determinado romance que, além de tudo, está nas listas de best-sellers, talvez seja muito chato para
nós. Da mesma forma, se um clássico como Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, se impõe
à nossa leitura como um clássico unânime, pode-se achar impossível se interessar por esse mundo e por
esses personagens. Não se deve envergonhar. Deixemo-lo de lado e partamos para outro livro. Algum dia
se descobrirão os encantos de Guimarães Rosa. E nem sempre o que é clássico incontestável é o livro
indicado para o momento. Pode acontecer também que se descubra, meio por acaso, outro clássico:
começamos a lê-lo e nos empolgamos, descobrindo o prazer que há em avançar por ele, um livro que
nunca abordamos, porque era venerado pela crítica e nos deixava um tanto receosos de enfrentá-lo. [ ...
]
Como escritor em processo, tem-se de ler de um modo diferente. Há quem goste de sublinhar frases ou
trechos significativos. É útil também para destacar metáforas ou comparações espertas. Ou ainda para
realçar idéias que admiramos, detestamos ou imaginamos que merecem uma reflexão posterior. Como
artesão da escrita, deve-se ler e procurar sempre no dicionário uma palavra que não se conheça,
incorporando-a em nosso repertório. Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum;
queremos entender como o escritor fez aquilo. Às vezes, apenas sublinhar não basta. O comentário que
surgiu na sua mente deve ser escrito, para não ser esquecida essa primeira 60 impressão.
Se o texto nos impressionou e se ele se ajusta ao que pretendemos escrever, façamos mais um esforço.
Leia-lo de novo, depois de saber o que vai acontecer na ação ou quais idéias serão discutidas. Perceber-
se-ão com mais clareza os métodos do escritor e, se for o caso, entenderemos melhor o que ficou
confuso na primeira leitura. Na ficção, ainda se pode ver melhor nessa segunda leitura se o personagem
tem coerência, ou se poderia ser dispensado da trama.
A leitura estimula o pensamento e pode nos tornar mais sensíveis ao que vamos escrever. Com o
primeiro rascunho pronto, começa-se a editar. Ou seja, deve-se ler e reler cada palavra e ver se ela está
encaixando no todo, até mesmo se está escrita corretamente. Começa-se a encarar melhor o texto, como
se fosse escrito por outra pessoa. E se houver dificuldades em entender alguma coisa ou em achar lógico
um ou outro desenvolvimento do texto, lembremo-nos de que outras pessoas - os nossos leitores -
também terão.
Geraldo Galvão 111, N°28, 2008 Ferraz, in Revista Língua Portuguesa - Ano - com adaptações.
Assinale a opção em que, segundo a variedade padrão da Língua Portuguesa, seria possível ocorrer
ênclise.
a) " ... a única arma que se pode usar para aprender a escrever melhor ... " (1° §)
b) "Se já se tem um gênero planejado, melhor ainda." (4° §)
c) "Não se deve envergonhar." (5° §)
d) "Perceber-se-ão com mais ... " (7° §)
e) " ... e pode nos tornar ... " (8º §)
241)
242)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2008
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
Assinale a opção correta, de acordo com a variedade padrão da língua, em relação ao emprego do
pronome oblíquo átono.
a) Ele sempre lê aquilo que lhe interessa.
b) Ele sempre lê aquilo que o interessa.
c) Ele sempre lê aquilo de que lhe interessa.
d) Ele sempre lê aquilo em que o interessa.
e) Ele sempre lê aquilo quanto o interessa.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2006
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
O amigo da onça
A Onça, que é bicho valente - mas nem sempre atilado, como se pensa -, estava quietinha no seu canto,
quando lhe apareceu o compadre Lobo e lhe foi dizendo:
- Saiba de uma coisa, comadre Onça: você - com perdão da palavra não é, como supõe, o bicho mais
valente e destemido que existe no mundo, nem também o Leão, com toda a sua prosa de rei dos
animais.
- Como assim! - gritou a Onça, enfurecida. Então, como é isso, grande pedaço de idiota? Haverá bicho
mais valente e poderoso do que eu?
O Lobo, adoçando a voz, respondeu:
- Ó comadre, me perdoe (a. Estou arrependido de dizer tal coisa ... Mas a minha intenção foi preveni la
contra um bicho terrível (b que apareceu nesta paragem. Uma pessoa prevenida vale por duas.
- Sim, não deixa você de ter alguma razão acudiu a Onça mais acomodada. Mas sempre quero saber o
nome desse bicho. Como se chama?
Esse bicho, comadre, chama-se homem, conforme me disse o amigo papagaio. Nunca vi em minha vida
animal de mais perigosa valentia. Ele sim, e ninguém mais, é o que me pareceser mesmo o verdadeiro
rei dos animais. Basta dizer que, de longe, o vi matar, com dois espirros, nada menos do que um leão e
uma hiena. Ih! Comadre, com o estrondo dos espirros parecia que tudo ia pelos ares. Deus nos livre! ( c
- Oh! Compadre, não me diga!
- É como lhe conto. E o que mais admira é ser o bicho-homem de pequeno porte. Parece até fraco, e é
muito mal servido de unhas e dentes. Deve ser um bicho misterioso e encantado.
- Pois queira ou não queira, tem de mostrar-se o bicho, ou então, agora mesmo perderá a vida.
- Lá por isso não seja - disse o Lobo amedrontado.
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https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1278364
243)
- Iremos. Mas havemos de tomar todas as precauções. Eu - com a sua licença - posso correr mais do que
a comadre. Assim, levaremos uma embira daquelas que não arrebentam nunca. Amarro uma das pontas
no pescoço da comadre e a outra em minha cintura. Em caso de perigo, se for preciso fugir, a comadre e
eu corremos.
Fugir! Veja lá o que diz! Você já viu, seu podrela, alguma vez onça fugir?
- Não me expliquei bem ( e. Eu é que fugirei. A comadre será apenas arrastada por mim. Isso não é fugir.
Está certo?
- Está bem. Faremos como propõe.
E partiram. A Onça com a embira atada ao pescoço, e o Lobo, muito respeitoso e tímido, a puxá-la.
Quando chegaram ao destino, o bicho-homem, surpreendido ao avistá-los, tirou da cinta a garrucha e,
atarantado, bateu fogo, isto é, espirrou, uma, duas vezes, que foi mesmo um estrondo de todos os
diabos.
O Lobo então mais que depressa disparou numa corrida desabalada, redobrando quanto podia as forças
para arrastar a Onça pela forte embira que tinha atado no pescoço dela.
De repente, já muito distante, o Lobo sentiu que a Onça estava mais pesada. Parou então e contemplou
a companheira estendida no chão, com os dentes arreganhados, sem o mais leve movimento.
O Lobo, sem perceber que a Onça havia morrido enforcada no laço da embira - antes pensando que
estivesse apenas cansada - , disse-lhe, tremendo como varas verdes:
- He lá, comadre! Não ri não que o negócio é sério!
(GOMES, Lindolfo. IN: literatura universal. Janeiro: Ediouro, 2001, Os 100 melhores contos de humor da Org. Flávio
Moreira da Costa. Rio de p. 522-3.)
Assinale a opção que apresenta a passagem em que o pronome destacado poderia assumir outra posição
na oração.
a) "Ó comadre, me perdoe."
b) "Mas a minha intenção foi preveni-la contra um bicho terrível ... "
c) "Deus nos livre!"
d) "... lugar onde se encontra tão estranho animal."
e) "- Não me expliquei bem."
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Marinha - Alun (CN)/CN/2005
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
O importante é escrever
o importante é escrever. Quem escreve é levado a isolar-se da agitação, a pensar, a refletir. Aí está o
mérito da redação. Quem escreve concentra-se, analisa, raciocina, critica, apresenta soluções próprias.
Quem escreve dá valor a si mesmo, aprende a ver em profundidade, descobre o mérito relativo das
coisas e põe às claras os enganos e os sofismas dos que nos pretendem ludibriar. Escrever é o mais
adequado meio para a formação de nossa personalidade, como seres livres, independentes, realizados
intimamente. Escrever é lutar contra os que nos impingem idéias prontas, frases feitas para substituir
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244)
nossos pensamentos e nossa linguagem. Pensemos nisso. Dediquemo-nos à redação, principalmente por
esses motivos. A redação faz-nos meditar sobre a vida, sobre os homens e sobre nós mesmos. Leva-nos
a ser mais humanos, a amar nosso semelhante, a respeitá lo, a comunicar-nos com ele mais
freqüentemente.
(In RIBEIRO, Manoel Pinto. Gramática aplicada da Língua Portuguesa. Ed. Metáfora, 2003.)
Na oração "Leva-nos a ser mais humanos, ", foi feita a colocação pronominal corretamente. Assinale a
opção INCORRETA em relação ao posicionamento do pronome na oração.
a) Nunca se viu tanta violência como atualmente.
b) Os alunos se tinham levantado.
c) Foi bastante olharem-se e logo se compreenderam.
d) Espero que atenda-me sem demora.
e) Aqui se aprende a defender a Pátria.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2004
Língua Portuguesa (Português) - Colocação pronominal
O PORTUGUÊS DE PORTUGAL
(BAHIA,1964 - LÍNGUA PORTUGUESA )
Em Lisboa disseram a Luiz Forjaz Trigueiros que na Bahia o calor, além de tórrido, é constante, jamais faz
frio. Luiz viaja ao Brasil em missão cultural, pede a Maria Helena que coloque na mala apenas roupas
leves, as 5 mais leves. Assim desembarcou desvestido com elegância para o verão feroz.
Ora, em lugar de calor senegalês, uma onda abateu-se sobre a cidade, frio ainda mais difícil de suportar
devido à umidade, o escritor sentiu-se enregelar. Dado 10 que o inverno se manteve, não lhe coube
opção senão ir à compra de agasalho. Luiz se informou, rumou para a rua Chile, a de comércio fino e
caro de prendas de vestir cavalheiros e senhoras. Deteve-se ante uma loja: ali se 15 exibia a peça exata
que buscava para com ela resguardar o peito, evitar o resfriado, a gripe, a pneumonia: Luiz Forjaz
pretende-se chegado a enfermidades nos brônquios e pulmões, o perigo de gripe o horroriza. De lã,
chique, discreta, na cor preferida, estava à sua espera. Luiz 20 adentrou o estabelecimento, o vendedor
acorreu solícito, colocou-se a seu serviço.
- Desejo comprar uma camisola - informou o literato luso, sorrindo com a delicadeza que o caracteriza.
Não menos delicado o balconista:
- O cavalheiro se enganou, aqui só vendemos artigos masculinos, mas na loja em frente, de artigos para
senhoras, o senhor encontrará variado estoque de camisolas ...
Não tenho entendido, algum engano havia, Luiz insistiu:
Eu disse camisola ...
- Já lhe disse que não temos. - O caixeiro elevou a voz desconfiado que o simpático freguês fosse surdo
de nascença.
- Como não tem, se acabo de ver na montra uma camisola castanha na medida própria.
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245)
- Onde disse ter visto camisola?
O balconista sentiu-se perdido, além de surdo o freguês falava língua desconhecida, nem espanhol, nem
francês, 40 menos ainda inglês, dialetos que o rapaz identificava, familiar de sotaques e pronúncias. Não
sabendo o que dizer, riu e coçou a cabeça. Um parvo, persuadiu-se Luiz Trigueiros, e, sem mais
delongas, tomando-o gentilmente.
pelo braço - aos parvos deve-se tratar com firmeza sem no entanto abandonar a cortesia -, levou-o até a
porta de onde, triunfante, mostrou-lhe na montra a camisola castanha:
- Ali está ela,a camisola, quanto vale?
A risada do rapaz não era mal-educada, mas continha uma ponta de deboche:
- Ilustre cavalheiro, fique sabendo que em bom português o senhor quer comprar um pulôver marrom
igual ao que está na vitrine, não é isso? Por que não disse logo? Um suéter porreta e o preço é de
arrasar ...
Encontrei Luiz no hotel envergando a camisola castanha, ou seja, o pulôver marrom, não sendo ainda o
brasileiro competente que viria a ser anos depois devido aos azares da política, o escritor estava
indignado:
- O gajo diz-me duas palavras em francês, uma em inglês e afirma estar falando em português, em bom
português.
Em nosso bom português, Luiz, o do Brasil.
Hoje Luiz Forjaz Trigueiros traça na maciota nosso misturado português de mestiços, mas para escrever
sua prosa escorreita, forte, tenra e colorida, conserva-se fiel ao português de Portugal, à língua de
Camões.
(Navegação de cabotagem)
No período "Já lhe disse que não temos", observou-se o uso da norma culta da língua no que diz respeito
à colocação pronominal. Assinale a opção em que acontece o mesmo.
a) Eu tenho falado-lhe sempre a mesma coisa.
b) Eu lhe estou falando o que é verdade.
c) Ninguém disse-lhe a verdade.
d) Quem explicar-me-á a razão dessa diferença?
e) Sempre recebiam-me bem naquela casa.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2021Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
Texto 1
Nunca imaginei um dia
Até alguns anos atrás, eu costumava dizer frases como "eu jamais vou fazer isso" ou "nem morta eu faço
aquilo", limitando minhas possibilidades de descoberta e emoção. Não é fácil libertar-se do manual de
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1867866
instruções que nos autoimpomos. As vezes, leva-se uma vida inteira, e nem assim conseguimos viabilizar
esse projeto. Por sorte, minha ficha caiu há tempo.
Começou quando iniciei um relacionamento com alguém completamente diferente de mim, diferente a
um ponto radical mesmo: ele, por si só, foi meu primeiro "nunca imaginei um dia". Feitos para ficarem a
dois planetas de distância um do outro. Mas o amor não respeita a lógica, e eu, que sempre me senti tão
confortável num mundo planejado, inaugurei a instabilidade emocional na minha vida. Prendi a
respiração e dei um belo mergulho.
A partir daí, comecei a fazer coisas que nunca havia feito. Mergulhar, aliás, foi uma delas. Sempre
respeitosa com o mar e chata para molhar os cabelos afundei em busca de tartarugas gigantes e peixes
coloridos no mar de Fernando de Noronha. Traumatizada com cavalos (por causa de um equino que
quase me levou ao chão quando eu tinha oito anos), participei da minha primeira cavalgada depois dos
40, em São Francisco de Paula: Roqueira convicta e avessa a pagode, assisti a um show: do Zeca
Pagodinho na Lapa. Para ver o Ronaldo Fenômeno jogar ao vivo, me infiltrei na torcida do Olímpico num
jogo entre Grêmio e Corinthians, mesmo sendo colorada.
Meu paladar deixou de ser monótono: comecei a provar alimentos que nunca havia provado antes. E
muitas outras coisas vetadas por causa do "medo do ridículo" receberam alvará de soltura. O ridículo
deixou de existir na minha vida.
Não deixei de ser eu. Apenas abri o leque me permitindo ser um "eu" mais amplo. E sinto que é um
caminho sem volta.
Um mês atrás participei de outro capítulo da série "Nunca imaginei um dia". Viajei numa excursão, eu
que sempre rejeitei essa modalidade turística. Sigo preferindo viajar a dois ou sozinha, mas foi uma
experiência fascinante, ainda mais que a viagem não tinha como destino um pais do circuito Elizabeth
Arden (Paris-Londres-Nova York), mas um pais africano, muçulmano e desértico. Aliás, o deserto de
Atacama, no Chile, será meu provável "nunca imaginei um dia" do próximo ano.
E agora cometi a loucura jamais pensada, a insanidade que nunca me permiti, o ato que me faria
merecer uma camisa-de-força: eu, que nunca me comovi com bichos de estimação, adotei um gato de
rua.
Pode colocar a culpa no espírito natalino: trouxe um bichano de três meses pra casa, surpreendendo
minhas filhas, que já haviam se acostumado com a ideia de ter uma mãe sem coração. E o que mais me
estarrece: estou apaixonada por ele.
Ainda há muitas experiências a conferir: fazer compras pela internet, andar num balão cozinhar
dignamente, me tatuar, ler livros pelo kindle, viajar de navio e mais umas 400 coisas que nunca imaginei
fazer um dia, mas que já não duvido. Pois tem essa também: deixei de ser tão cética.
Já que é improvável que o próximo ano seja diferente de qualquer outro, que a novidade sejamos nós.
Medeiros, Martha. Nunca imaginei um dia. 2009. Disponível em:
http://alagoinhaipaumirim.blogspot.com/2009/12/nuncaimaginei- um-dia-martha-medeiros.html. Acesso em: 10 fev.
2021.
Assinale a opção em que o sinônimo indicado para o termo sublinhado NÃO mantém o mesmo sentido
daquele apresentado no texto.
a) "[ ... ] e nem assim conseguimos viabilizar esse projeto." (1º§) - oportunizar
b) "Meu paladar deixou de ser monótono: [ ... ]." (4º§) - gosto
c) "[ ... ] a insanidade que nunca me permiti, [ ... ]". (7º§) - desvario
d) "E o que mais me estarrece:[ ... ]". (8º§) - espanta
e) "[ ... ] deixei de ser tão cética." (9º§) - inflexível
246)
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2021
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
Para responder a questão, leia o texto extraído da primeira parte, intitulada “A terra”, da obra Os
sertões, de Euclides da Cunha. A obra resultou da cobertura jornalística da Guerra de Canudos, realizada
por Euclides da Cunha para o jornal O Estado de S.Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada
apenas em 1902.
Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de 1897], as cercanias de Canudos, fugindo à monotonia
de um canhoneio1 frouxo de tiros espaçados e soturnos, encontramos, no descer de uma encosta,
anfiteatro irregular, onde as colinas se dispunham circulando um vale único. Pequenos arbustos,
icozeiros2 virentes viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de flores rutilantes, davam ao lugar a
aparência exata de algum velho jardim em abandono. Ao lado uma árvore única, uma quixabeira alta,
sobranceando a vegetação franzina.
O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão e protegido por ela — braços largamente abertos,
face volvida para os céus — um soldado descansava.
Descansava... havia três meses.
Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A coronha da Mannlicher 4 estrondada, o cinturão e o boné
jogados a uma banda, e a farda em tiras, diziam que sucumbira em luta corpo a corpo com adversário
possante. Caíra, certo, derreando- -se à violenta pancada que lhe sulcara a fronte, manchada de uma
escara preta. E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora percebido. Não compartira, por isto, a
vala comum de menos de um côvado de fundo em que eram jogados, formando pela última vez juntos,
os companheiros abatidos na batalha. O destino que o removera do lar desprotegido fizera-lhe afinal uma
concessão: livrara-o da promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e deixara-o ali há três meses –
braços largamente abertos, rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes, para os luares claros, para
as estrelas fulgurantes...
E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara conservando os traços fisionômicos, de modo a incutir a
ilusão exata de um lutador cansado, retemperando-se em tranquilo sono, à sombra daquela árvore
benfazeja. Nem um verme — o mais vulgar dos trágicos analistas da matéria — lhe maculara os tecidos.
Volvia ao turbilhão da vida sem decomposição repugnante, numa exaustão imperceptível. Era um
aparelho revelando de modo absoluto, mas sugestivo, a secura extrema dos ares.
(Os sertões, 2016.)
1 canhoneio: descarga de canhões.
2 icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, flores de tom verde-pálido e frutos bacáceos.
3 palmatória: planta da família das cactáceas, de flores amarelo-esverdeadas, com a parte inferior
vermelha, ou róseas, e bagas vermelhas.
4 Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ritter von Mannlicher.
Considerando-se o contexto, o termo que qualifica o substantivo na expressão “adversário possante” (4º
parágrafo) tem sentido oposto ao termo que qualifica o substantivo em
a) “violenta pancada” (4º parágrafo).
b) “tranquilo sono” (5º parágrafo).
c) “anfiteatro irregular” (1º parágrafo).
d) “fosso repugnante” (4º parágrafo).
e) “vegetação franzina” (1ºparágrafo).
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247)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2020
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
Texto referente a questão.
Texto I
Precisamos falar sobre fake news
Minha mãe tem 74 anos e, como milhões de pessoas no mundo, faz uso frequente do celular. É com ele
que, conversando por voz ou por vídeo, diariamente, vence a distância e a saudade dos netos e netas.
Mas, para ela, assim como para milhares e milhares de pessoas, o celular pode ser também uma fonte de
engano. De vez em quando, por acreditar no que chega por meio de amigos no seu WhatsApp, me envia
uma ou outra mensagem contendo uma fake news. A última foi sobre um suposto problema com a
vacina da gripe que, por um momento, diferente de anos anteriores, a fez desistir de se vacinar.
Eu e minha mãe, como boa parte dos brasileiros, não nascemos na era digital. Nesta sociedadesomos os
chamados migrantes e, como tais, a tecnologia nos gera um certo estranhamento (e até
constrangimento), embora nos fascine e facilite a vida.
Sejamos sinceros. Nada nem ninguém nos preparou para essas mudanças que revolucionaram a
comunicação. Pior: é difícil destrinchar o que é verdade em tempo de fake news.
Um dos maiores estudos sobre a disseminação de notícias falsas na internet, publicado ano passado na
revista “Science”, foi realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês),
dos Estados Unidos, e concluiu que as notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e
alcançam muito mais gente.
Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas, polêmicos, sensacionalistas, com destaque para
notícias atreladas a temas de saúde, seguidas de informações mentirosas sobre tudo. Até pouco tempo
atrás, a imprensa era a detentora do que chamamos de produção de notícias, E os fatos obedeciam a
critérios de apuração e checagem.
O problema é que hoje mantemos essa mesma crença, quase que religiosa, junto a mensagens das quais
não identificamos sequer a origem, boa parte delas disseminada em redes sociais. Confia-se a ponto de
compartilhar, sem questionar.
O impacto disso é preocupante. Partindo de pesquisas que mostram que notícias e seus enquadramentos
influenciam opiniões e constroem leituras da realidade, a disseminação das notícias falsas tem criado
versões alternativas do mundo, da História, das Ciências “ao gosto do cliente”, como dizem por aí.
Os problemas gerados estão em todos os campos. No âmbito familiar, por exemplo, vai de pais que
deixam de vacinar seus filhos a ponto de criar um grave problema de saúde pública de impacto mundial.
E passa por jovens vítimas de violência virtual e física.
No mundo corporativo, estabelecimentos comerciais fecham portas, profissionais perdem suas
reputações e produtos são desacreditados como resultado de uma foto descontextualizada, uma imagem
alterada ou uma legenda falsa.
A democracia também se fragiliza. O processo democrático corre o risco de ter sua força e credibilidade
afetadas por boatos. Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas iniciativas
fragmentadas já sinalizam que ela está em risco.
Estamos em um novo momento cultural e social, que deve ser entendido para encontrarmos um caminho
seguro de convivência com as novas formas e ferramentas de comunicação.
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248)
No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse sentido, que precisam ser amplamente
debatidas, com a participação de especialistas e representantes da sociedade civil.
O problema das fake news certamente passa pelo domínio das novas tecnologias, com instrumentos de
combate ao crime, mas, também, pela pedagogia do esclarecimento.
O que posso afirmar, é que, embora não saibamos ainda o antidoto que usaremos contra a disseminação
de notícias falsas em escala industrial, não passa pela cabeça de ninguém aceitar a utilização de
qualquer tipo de controle que não seja democrático.
D.A., O Globo, em 10 de julho de 2019.
Assinale a opção na qual o antônimo do vocábulo em destaque está correto, observando-se o contexto.
a) “[...] que deve ser entendido para encontrarmos um caminho seguro de convivência com as novas
formas e ferramentas de comunicação.” (12º§) (amizade)
b) "No Congresso Nacional, tramitam várias iniciativas nesse sentido, que precisam ser amplamente
debatidas, [...]' (13º§) (surgem)
c) “Pior: é difícil destrinchar o que é verdade em tempo de fake news.” (4º§) (agrupar)
d) “Não há um estudo capaz de mensurar os danos causados, mas iniciativas fragmentadas já
sinalizam que ela está em risco.” (11º§) (remediar)
e) “Isso porque as fake news se valem de textos alarmistas, polêmicos, sensacionalistas, com
destaque para notícias atreladas a temas de saúde, [...]" (6ª§) (desconexas)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2019
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
Redes sociais: o reino encantado da intimidade de faz de conta
Recebi, por e-mail, um convite para um evento literário. Aceitei, e logo a moça que me convidou pediu
meu número de Whatsapp para agilizar algumas informações. No dia seguinte, nossa formalidade havia
evoluído para emojis de coraçãozinho. No terceiro dia, ela iniciou a mensagem com um "bom dia,
amiga". Quando eu fizer aniversário, acho que vou convidá-Ia pra festa.
Postei no Instagram a foto de um cartaz de cinema, e uma leitora deixou um comentário no Direct. Disse
que vem passando por um drama parecido como do filme; algo tão pessoal, que ela só quis contar para
mim, em quem confia 100%. Como não chamá-Ia para a próxima ceia de Natal aqui em casa?
Fotos de recém-nascidos me são enviadas por mulheres que eu nem sabia que estavam grávidas. Mando
condolências pela morte do avô de alguém que mal cumprimento quando encontro num bar. Acompanho
a dieta alimentar de estranhos. Fico sabendo que o amigo de uma conhecida troca, todos os dias, as
fraldas de sua mãe velhinha, mas que não faria isso pelo pai, que sempre foi seco e frio com ele - e me
comovo; sinto como se estivesse sentada a seu lado no sofá, enxugando suas lágrimas.
Mas não estou sentada a seu lado no sofá e nem mesmo sei quem ele é; apenas li um comentário
deixado numa postagem do Facebook, entre outras milhares de postagens diárias que não são pra mim,
mas que estão ao alcance dos meus olhos. É o reino encantado das confidências instantâneas e das
distâncias suprimidas: nunca fomos tão Intimas de todos.
Pena que esse mundo fofo é de faz de conta. Intimidade, pra valer, exige paciência e convivência, tudo o
que,' infelizmente, tornou-se sinônimo de perda de tempo. Mais vale a aproximação ilusória: as pessoas
amam você, mesmo sem conhecê-Ia de verdade. É como disse, certa vez, o ator Daniel Dantas em
entrevista à Marilia Gabriela: "Eu gostaria de ser a pessoa que meu cachorro pensa que eu sou".
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249)
Genial. Um cachorro começa a seguir você na rua e, se você der atenção e o levar pra casa, ganha um
amigo na hora. O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer. E/e não
está nem ai para suas fraquezas, para suas esquisitices, para a pessoa que você realmente é: basta que
você o adote.
A comparação é meio forçada, mas tem alguma relação com o que acontece nas redes. Farejamos uns
aos outros, ofertamos um like e, de imediato, ganhamos um amigo que não sabe nada de profundo
sobre nós, e provavelmente nunca saberá. A diferença - a favor do cachorro - é que este está realmente
por perto, todos os dias, e é sensível aos nossos estados de ânimo, tornando-se Intimo a seu modo. Já
alguns seres humanos seguem outros seres humanos sem que jamais venham a pertencer à vida um do
outro, inaugurando uma nova intimidade: a que não existe de modo nenhum.
Martha Medeiros - http://www.revistaversar.com.br/redes-sociais-Intimidade/::(com adaptações)
Em que opção ambas as palavras têm significados equivalentes?
a) Parecido (2°§) - congênere.
b) Suprimidas (4°§) - restauradas.
c) Formalidade (1°§) - concretude.
d) Condolências (3°§) - intimações.
e) Instantâneas (4°§) - simultâneas.
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FCC - Vest (IBMEC)/IBMEC/Administração/2018
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
Ventilação
São pequeninos mistérios, que não deveriam ocupar nosso tempo num mundo cheio de mistérios
grandes. Mas eu me deparo a cada instante com calças jeans estrategicamente rasgadas ou cortadas,
deixando ver nacos de coxa, joelhos, canelas – em estilo vagamente franciscano* exposto com certo ar
de moda elegante. Será um protesto dos jovens contra os conservadores dominantes que insistem em
vestir retóricas roupas inteiriças? Será uma senha de novos trapistas anunciando o fim do capitalismo?
Será “tipo assim” um simples ingresso num bem formado grupo de “parças”? Ou se trata de uma simples
estratégiade ventilação, bem-vinda em nossa terra tropical?
Aí me lembro que na minha remota juventude a gente primeiro esfregava bastante a novíssima e
caríssima calça jeans, que vinha dos States, pra logo ficar desbotada, e tempos depois passava a
comprar a peso de ouro calças jeans feitas no país com desbotamento já industrial. Ah, esse mercado,
ah, essas modas...
Moral da história: não faça pouco hoje do que você praticou ontem, no consumo, no comportamento, na
política.
* franciscano: relativo a são Francisco de Assis, humilde. (Alceu Villar, inédito)
No contexto dado, é paradoxal ou contraditória a relação estabelecida entre os seguintes elementos:
a) pequeninos mistérios / não deveriam ocupar nosso tempo.
b) estilo vagamente franciscano / certo ar de moda elegante.
c) conservadores dominantes / retóricas roupas inteiriças.
d) simples estratégia de ventilação / nossa terra tropical.
e) Aí me lembro / na minha remota juventude.
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250)
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CMR - CA (CMR)/CMR/6º Ano do Ensino Fundamental/2017
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
Texto IV
No texto IV, Mafalda atribui à palavra "inquilino" um novo significado. Marque a alternativa que apresenta
um sinônimo mais adequado ao sentido dado por Mafalda.
a) Amigo
b) Alma
c) Consciência
d) Coração
e) Vontade
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FADURPE - Vest (CESMAC)/CESMAC/Medicina/2017
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
TEXTO 2
Aspectos relevantes para a observação
da relação fala e escrita
1. Na tradição filosófica ocidental, nos acostumamos a distinguir entre natureza e cultura, atribuindo à
cultura tudo aquilo que não se dá naturalmente. No entanto, hoje, esta distinção está cada vez mais
difícil de ser mantida, como, de resto, acontece em todas as dicotomias. O certo é que a cultura é um
dado que torna o ser humano especial no contexto dos seres vivos. Mas, o que o torna ainda mais
especial é o fato de ele dispor de uma linguagem simbólica articulada que é muito mais do que um
sistema de classificação, pois é também uma prática que permite que estabeleçamos crenças e pontos
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https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1163845
252)
de vista diversos ou coincidentes sobre as mesmas coisas. Daí ser a língua um ponto de apoio e de
emergência de consenso e dissenso, de harmonia e luta. Não importa se na modalidade escrita ou
falada.
2. Nessa perspectiva, seria útil ter presente que, assim como a fala não apresenta propriedades
intrínsecas negativas, também a escrita não tem propriedades intrínsecas privilegiadas. São modos de
representação cognitiva e social que se revelam em práticas específicas. Postular algum tipo
de supremacia ou superioridade de alguma das duas modalidades seria uma visão equivocada, pois não
se pode afirmar que a fala é superior à escrita ou vice-versa. Em primeiro lugar, deve-se considerar o
aspecto que se está comparando e, em segundo, deve-se considerar que esta relação não é homogênea
nem constante.
3. Do ponto de vista cronológico, a fala tem grande precedência sobre a escrita, mas do ponto de vista
do prestígio social, a escrita é vista como mais prestigiada que a fala. Não se trata, porém, de algum
critério intrínseco nem de parâmetros linguísticos e sim de postura ideológica. Por outro lado, há culturas
em que a fala é mais prestigiada que a escrita.
4. Mesmo considerando a enorme e inegável importância que a escrita tem nos povos e nas civilizações
letradas, continuamos povos orais. A oralidade jamais desaparecerá e sempre será, ao lado da escrita, o
grande meio de expressão e de atividade comunicativa. A oralidade enquanto prática social é inerente ao
ser humano e não será substituída por nenhuma tecnologia. Ela será sempre a porta de nossa iniciação à
racionalidade e fator de identidade social, regional, grupal dos indivíduos.
(Luís Antônio Marcuschi. Da fala para a escrita. São Paulo: Editora
Contexto, 2001, p. 35-36)
Avaliando as relações de sentido entre algumas palavras do Texto 2, podemos admitir que entre as
palavras ou expressões:
a) ‘seres vivos’ e ‘ser humano’, existe uma relação de sinonímia.
b) ‘natureza’ e ‘cultura’, existe uma relação de hiperonímia.
c) ‘consenso’ e ‘dissenso’; ‘harmonia’ e ‘luta’, existe uma relação de antonímia.
d) ‘propriedades intrínsecas’ e ‘bens inerentes’, existem sentidos antagônicos.
e) ‘meio de expressão’ e ‘atividade comunicativa’, existe uma relação de homonímia.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2017
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
Encontros e desencontros
Hoje, jantando num pequeno restaurante aqui perto de casa, pude presenciar, ao vivo, uma cena que já
me tinham descrito. Um casal de meia idade se senta à mesa vizinha da minha. Feitos os pedidos ao
garçom, o homem, bem depressinha, tira o celular do bolso, e não mais o deixa, a merecer sua atenção
exclusiva. A mulher, certamente de saber feito, não se faz de rogada e apanha um livro que trazia junto à
bolsa. Começa a lê-lo a partir da página assinalada por um marcador. Espichando o meu pescoço
inconveniente (nem tanto, afinal as mesas eram coladinhas) deu para ver que era uma obra da Martha
Medeiros.
Desse modo, os dois iam usufruindo suas gulodices, sem comentários, com algumas reações dele, rindo
com ele mesmo com postagens que certamente ocorriam em seu celular. Até dois estranhos, postos
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nessa situação, talvez acabassem por falar alguma coisa. Pensei: devem estar juntos há algum tempo,
sem ter mais o que conversar. Cada um sabia tudo do outro, nada a acrescentar, nada de novo ou
surpreendente. E assim caminhava, decerto, a vida daquele casal.
O que me choca, mesmo observando esta situação, como outras que o dia a dia me oferece, é a
ausência de conversa. Sem conversa eu não vivo, sem sua força agregadora para trocar ideias, para
convencer ou ser convencido pelo outro, para manifestar humor, para desabafar sobre o que angustia a
alma, em suma, para falar e para ouvir. A conversa não é a base da terapia? Sei não, mas, atualmente,
contar com um amigo para jogar conversa fora ou para confessar aquele temor que lhe está roubando o
sossego talvez não seja fácil. O tempo também, nesta vida corre-corre, tem lá outras prioridades. Mia
Couto é contundente: "Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi tão
dramática a nossa solidão." Até se fala muito, mas ouvir o outro? Falo de conversas entre pessoas no
mundo real. Vive-se hoje, parece, mais no mundo digital. Nele, até que se conversa muito; porém, é tão
diferente, mesmo quando um está vendo o outro. O compartilhamento do mesmo espaço, diria, é que
nos proporciona a abrangência do outro, a captação do seu respirar, as batidas de seu coração, o seu
cheiro, o seu humor ...
Desse diálogo é que tanta gente está sentindo falta. Até por telefone as pessoas conversam, atualmente,
bem menos. Pelo whatsApp fica mais fácil, alega-se. Rapidinho, rapidinho. Mas e a conversa? Conversa-
se, sim, replicam. Será? Ou se trocam algumas palavras? Quando falo em conversa, refiro-me àquelas
que se esticam, sem tempo marcado, sem caminho reto, a pularem de assunto em assunto. O whatsApp
é de graça, proclamam. Talvez um argumento que pode ser robusto, como se diz hoje, a favor da
utilização desse instrumento moderno.
Mas será apenas por isso? Um amigo me lembra: nos whatsApps se trocam mensagens por escrito. Eu
sei. Entretanto, língua escrita é outra modalidade, outro modo de ativar a linguagem, a começar pela não
copresença física dos interlocutores. No telefone, não há essa copresença física, mas esse meio de
comunicação não é impeditivo de falante e ouvinte, a cada passo, trocarem de papéis e até mesmo de
falarem ao mesmo tempo, configurando, pois, características próprias da modalidade oral. Contudo, não
se respira o mesmoar, ainda que já se possa ver o outro. As pessoas passaram a valer-se menos do
telefone, e as conversas também vão, por isso, tornado-se menos frequentes.
Gosto, mesmo, é de conversas, de preferência com poucos companheiros, sem pauta, sem temas
censurados, sem se ter de esmerar na linguagem. Conversa sem compromisso, a não ser o de evitar a
chatice. Com suas contundências, conflitos de opiniões e momentos de solidariedade. Conversa que é
vida, que retrata a vida no seu dia a dia. No grupo maior, há de tudo: o louco, o filósofo, o depressivo, o
conquistador de garganta, o saudosista ... Nem sempre, é verdade, estou motivado para participar
desses grupos. Porém, passado um tempo, a saudade me bate.
Aqueles bate-papos intimistas com um amigo de tantas afinidades, merecedores que nos tornamos da
confiança um do outro, esses não têm nada igual. A apreensão abrangente do amigo, de seu psiquismo,
dos seus sentimentos, das dificuldades mais íntimas por que passa, faz-nos sentir, fortemente, a nossa
natureza humana, a maior valia da vida.
Esses momentos vão se tornando, assim me parece, uma cena menos habitual nestes tempos digitais. A
pressa, os problemas a se multiplicarem, as tarefas a se diversificarem, como encontrar uma brecha para
aquela conversa, que é entrega, confiança, despojamento? Conversa que exige respeito: um local
calminho, sem gritos, vozes esganiçadas, garçons serenos. Sim, umas tulipas estourando de geladas e
uns tira-gostos de nosso paladar a exigirem nova pedida. Não queria perder esses encontros. Afinal, a
vida está passando tão depressa ...
Adaptado de: UCHOA, Carlos Eduardo. Disponível em: ht!p:/Icarlos.eduardouchoa.com.br/blog/
Em que opção o sinônimo indicado para o termo sublinhado NÃO mantém o mesmo sentido daquele
apresentado, no texto, pelo trecho destacado?
a) "Espichando o meu pescoço inconveniente[ ... ]."(1'§) - esticando.
253)
b) "A apreensão abrangente do amigo,[ ... ]." (7'§) - aflição.
c) "Conversa-se, sim, replicam." (4'§) - respondem.
d) '[ .. ] os dois iam usufruindo suas gulodices, [ ... ]." (2'§) - guloseimas.
e) '[ .. ] confessar aquele temor que lhe está roubando[ ... ]." (3'§) - medo.
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2017
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
“Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira (1608-1697),
Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia; e
como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o
muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu
assim: “Basta, Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma
armada, sois imperador?”. Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com
pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as
qualidades, e interpretar as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] Se o rei de
Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o
mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.
Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um filósofo estoico se atrevesse a escrever
uma tal sentença em Roma, reinando nela Nero; o que mais me admirou, e quase envergonhou, foi que
os nossos oradores evangélicos em tempo de príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela,
não preguem a mesma doutrina. Saibam estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis com o que
calam que com o que disserem; porque a confiança com que isto se diz é sinal que lhes não toca, e que
se não podem ofender; e a cautela com que se cala é argumento de que se ofenderão, porque lhes pode
tocar. [...]
Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e
vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma sua miséria ou escusa ou alivia o
seu pecado [...]. O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas
levam, de que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...]. Não são só ladrões, diz
o santo [São Basílio Magno], os que cortam bolsas, ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher
a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis
encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os
quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem,
estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os
outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam.
(Essencial, 2011.)
Em um trecho do “Sermão da Sexagésima”, Antônio Vieira critica o chamado estilo cultista de alguns
oradores sacros de sua época nos seguintes termos: “Basta que não havemos de ver num sermão duas
palavras em paz? Todas hão de estar sempre em fronteira com o seu contrário?” Palavras “em fronteira
com o seu contrário”, contudo, também foram empregadas por Vieira, conforme se verifica na expressão
destacada em:
a) “Navegava Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia”
(1o parágrafo)
b) “O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de
que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera” (3o parágrafo)
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254)
c) “Saibam estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis com o que calam que com o que
disserem” (2o parágrafo)
d) “Quando li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um filósofo estoico se atrevesse a
escrever uma tal sentença em Roma, reinando nela Nero” (2o parágrafo)
e) “Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos” (3o parágrafo)
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IBGP - Vest (UNIVAÇO)/UNIVAÇO/Medicina/2015
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
Leia o texto abaixo para responder a questão.
É preciso prever o imprevisível
Gustavo Cerbasi
Orçamento doméstico? Para muitos, é o conjunto de previsões de uso de nosso dinheiro que, por mais
que nos esforcemos, sempre dá errado! Parece incrível, mas, na prática, fazer um orçamento é relacionar
os gastos com os quais nos comprometemos, somá-los e, se houver espaço, decidir por novos gastos ou
investimentos. É matemática simples, não deveria falhar.
Sempre temos um culpado para o erro: o tal do imprevisto. Quando falta dinheiro, é porque ocorreu algo
que não estava nos planos. Às vezes, um incidente. Às vezes, um aumento ou correção de preço. Muitas
outras vezes, um esquecimento. A maioria das situações de erro no orçamento tem a ver com a
insistência em acreditar que imprevistos não ocorrem.
Isso poderia ser chamado de otimismo, quando se trata de acidentes e problemas de saúde. Mas, na
verdade, os maiores erros ao planejar um orçamento acontecem por puro pessimismo. Se você
perguntar, hoje, por que as pessoas fecharam o mês de março no vermelho, a maioria dirá que a causa
foi o gasto excessivo no Carnaval. No próximo mês, dirão que os ovos de Páscoa estavam muito caros.
No mês seguinte, culpa do presente de Dia das Mães, depois do Dia dos Namorados. Em agosto,
choradeira por causa das férias escolares. O tal do imprevisto não é tão imprevisível assim. O Carnaval
foi inventado agora? Não. Jura que não está pensando em presentear sua mãe ou a pessoa que você
ama? É pessimismo, pois o brasileiro acredita que celebrar não faz parte de seus planos.
Se houvesse o hábito de planejar o orçamento não com base no que queremos gastar, mas sim com
base no que gastamos no ano anterior, menos brasileiros estariam no vermelho. É errado ocupar todo
nosso orçamento com prestações de alimentação, saúde, transporte e moradia, sem margem para
imprevistos. É natural que ocorram gastos fora do padrão, todos os meses. Senão acontecerem, é
porque sua vida está burocrática demais, sem margens para novas experiências, sem convívio social ou
planos de última hora.
Acredite: imprevistos acontecerão, para o bem ou para o mal. Você terá de cancelar gastos planejados
para poder cobrir os imprevistos. Aparecerão convites de última hora para uma festa, um bom amigo
pode convidá-lo para ser seu padrinho, você desejará pagar uma atração não planejada nas próximas
férias.
Esse tipo de gasto é tratado de duas maneiras: com boas reservas para emergências ou com um
orçamento que tenha menos prestações acumuladas. Compre menos a prazo, poupe mais, reserve
verbas regulares para imprevistos. Se eles não acontecerem, use esse dinheiro para celebrar com sua
família.
Disponível em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/gustavo-cerbasi/noticia/2015/05/epreciso- prever-o-
imprevisivel.html> Acesso em: 20 out. 2015
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255)
O vocábulo, destacado em “Se não acontecerem, é porque sua vida está burocrática demais [...]”, em
relação à intenção do articulista, foi MELHOR interpretado em:
a) autônoma
b) monótona.
c) prudente.
d) segura.
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IBGP - Vest (UNIVAÇO)/UNIVAÇO/Medicina/2015
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
O paradoxo do ‘pau de selfie’
Quando cunhou a expressão "década do eu" para definir os anos 1970 nos EUA, o escritor Tom Wolfe
não imaginava que, 40 anos depois, a febre global do "pau de selfie" colocaria o individualismo daquela
geração no chinelo. Para quem ainda consegue ignorar: "selfie stick", que em português ganhou essa
genial tradução, descreve um bastão extensor que acomoda, em sua extremidade, um smartphone ou
câmera fotográfica. Serve para ampliar o enquadramento de autorretratos – ou selfies.
Poderia ser mais um acessório tecnológico banal, mas ganhou vida própria. Listado como uma das
melhores invenções de 2014 pela revista "Time", protagonista de metade das chacotas postadas na
internet e objeto de extensas reportagens e análises, o "pau de selfie" é o gadget mais falado, usado,
discutido e ridicularizado da vida real e digital.
Chamado de "pochete tecnológica" por sua suposta cafonice, ou de "narcisstick", algo como "basto
narcísico", o acessório já foi debatido por seus efeitos no turismo (viajantes já obcecados por registrar a
própria imagem agora o fariam de maneira mais explícita e às vezes desrespeitosa, com o basto esticado
na cara de alguém), nas relações sociais (seria o fim do "tira uma foto pra mim?"), na psique coletiva
(estaríamos levando o narcisismo às últimas consequências) e, por fim, na segurança pública (seu uso foi
proibido em estádios de futebol no Reino Unido e no Ceará).
De tão controverso tornou-se popular ou de tão popular tornou-se controverso?
Arrisco outra hipótese. O que o bastão trouxe de novo, já que selfies povoam o mundo há algum tempo,
foi escancarar nossa vaidade e permanente necessidade de aprovação. É mais difícil ficar indiferente ao
ato de empunhar uma vareta do que ao simples "autoclique" com o celular.
O estardalhaço da cena incomoda não só porque é "ridícula", como resumem os críticos, mas também
talvez porque nos lembre de nossa própria carência de admiração, atenção, pertencimento.
E não adianta dizer "comigo não". Do prêmio Nobel ao "like" no Instagram, é a busca por
reconhecimento que move a maior parte de nossas conquistas.
Há maneiras muito distintas de fazê-lo, verdade. Mas seria ingenuidade (ou hipocrisia) achar que só
aquele fulano sorridente a disparar flashes sobre si mesmo quer ser querido, validado pelos outros.
As distorções que levaram exacerbação desse sentimento são outro capítulo. Mas rir do grupinho
amontoado diante da câmera talvez diga mais sobre nós mesmos do que sobre eles.
Antes de compartilhar a próxima piada sobre "pau de selfie", talvez seja melhor se lembrar de que
estamos todos juntos nessa foto.
MACEDO, Lulie. Folha de S. Paulo, 23 jan. 2015.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao
/2015/01/1579145-lulie-macedo-o-paradoxo-do-pau-deselfie. shtml.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2165147
256)
Acesso em: 23 fev. 2015
São termos que podem substituir a palavra paradoxo, sem alteração de sentido do título do texto,
EXCETO:
a) Contradição.
b) Contrassenso.
c) Desacerto.
d) Disparate.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2015
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
Texto 01
Quando se pergunta à população brasileira, em uma pesquisa de opinião, qual seria o problema
fundamental dos Brasil, a maioria indica a precariedade da educação. Os entrevistados costumam
apontar que o sistema educacional brasileiro não é capaz de preparar os jovens para a compreensão de
textos simples, elaboração de cálculos aritméticos de operações básicas, conhecimento elementar de
física e química, e outros fornecidos pelas escolas fundamentais.
[...]
Certa vez, participava de uma reunião de pais e professores em uma escola privada brasileira de
destaque e notei que muitos pais expressavam o desejo de ter bons professores, salas de aula com
poucos alunos, mas não se sentiam responsáveis para participarem ativamente das atividades
educacionais, inclusive custeando os seus serviços. Se os pais não conseguiam entender que esta
aritmética não fecha e que a sua aspiração estaria no campo do milagre, parece difícil que consigam
transmitir aos seus filhos o mínimo de educação.
Para eles, a educação dos filhos não se baseia no aprendizado dos exemplos dados pelos pais.
Que esta educação seja prioritária e ajude a resolver os outros problemas de uma sociedade como a
brasileira parece lógico. No entanto, não se pode pensar que a sua deficiência depende somente das
autoridades. Ela começa com os próprios pais, que não podem simplesmente terceirizar essa
responsabilidade.
Para que haja uma mudança neste quadro é preciso que a sociedade como um todo esteja convencida
de que todos precisam contribuir para tanto, inclusive elegendo representantes que partilhem desta
convicção e não estejam pensando somente nos seus benefícios pessoais.
Sobre a educação formal, aquela que pode ser conseguida nos muitos cursos que estão se tornando
disponíveis no Brasil, nota-se que muitos estão se convencendo de que eles ajudam na sua ascensão
social, mesmo sendo precários. O número daqueles que trabalham para obter o seu sustento e ajudar a
sua família, e ao mesmo tempo se dispõe a fazer um sacrifício adicional frequentando cursos até
noturnos, parece estar aumentando.
A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades para o bom exercício da profissão está em
alta. É tratada como prioridade tanto no governo como em instituições representativas das empresas. O
mercado observa a carência de pessoa qualificado para elevar a eficiência do trabalho.
Muitos reconhecem que o Brasil é um dos países emergentes que estão melhorando, a duras penas, a
sua distribuição de renda. Mas, para que este processo de melhoria do bem-estar da população seja
sustentável, há que se conseguir um aumento da produtividade do trabalho, que permita, também, o
aumento da parcela da renda destinada à poupança, que vai sustentar os investimentos indispensáveis.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1282775
257)
A população que deseja melhores serviços das autoridades precisa ter a consciência de que uma boa
educação, não necessariamente formal, é fundamental para atender melhor as suas aspirações.
(YOKOTA, Paulo. Os problemas a educação no Brasil. Em http://www.cartacapital.com.br/educacao/os-problemas-
da-educacao-no-brasil-657.html-Com adaptações)
Assinale a opção na qual a palavra entre parênteses tem valor sinônimo àquela destacada.
a) "Que esta educação seja prioritária e ajude a resolver os outros problemas de uma sociedade
[...]." (4º§) (inicial)
b) " [...] nota-se que muitos estão se convencendo de que eles ajudam na sua ascensão social, [...]."
(6º§) (crescimento)c) " [...] representantes que partilham desta convicção e não estejam pensando somente nos seus
benefícios [...]." (5º§) (prática)
d) " A demanda por cursos técnicos que elevam suas habilidades para o bom exercício da profissão
está em alta." (7º§) ( busca)
e) " [...] uma boa educação, não necessariamente formal, é fundamental para atender melhor as
suas aspirações." (9º§) (lutas)
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Marinha - Alun (CN)/CN/2014
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
Aumenta o número de adultos que não consegue focar sua atenção em uma única coisa por muito
tempo. São tantos os estímulos e tanta a pressão para que o entorno seja completamente desvendado
que aprendemos a ver e/ou fazer várias coisas ao mesmo tempo. Nós nos tornamos, à semelhança dos
computadores, pessoas multitarefa, não é verdade?
Vamos tomar como exemplo uma pessoa dirigindo. Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm atrás,
ao lado e à frente, à velocidade média dos carros por onde trafega, às orientações do GPS ou de
programas que sinalizam o trânsito em tempo real, às informações de alguma emissora de rádio que
comenta o trânsito, ao planejamento mental feito e refeito várias vezes do trajeto que deve fazer para
chegar ao seu destino, aos semáforos, faixas de pedestres etc.
Quando me vejo em tal situação, eu me lembro que dirigir, após um dia de intenso trabalho no retorno
para casa, já foi uma atividade prazerosa e desestressante.
o uso da internet ajudou a transformar nossa maneira de olhar para o mundo. Não mais observamos os
detalhes, por causa de nossa ganância em relação a novas e diferentes informações. Quantas vezes
sentei em frente ao computador para buscar textos sobre um tema e, de repente, me dei conta de que
estava em temas que em nada se relacionavam com meu tema primeiro.
Aliás, a leitura também sofreu transformações pelo nosso costume de ler na internet. Sofremos de uma
tentação permanente de pular palavras e frases inteiras, apenas para irmos direto ao ponto. O problema
é que alguns textos exigem a leitura atenta de palavra por palavra, de frase por frase, para que faça
sentido. Aliás, não é a combinação e a sucessão das palavras que dá sentido e beleza a um texto?
Se está difícil para nós, adultos, focar nossa atenção, imagine, caro leitor, para as crianças. Elas já
nasceram neste mundo de profusão de estímulos de todos os tipos; elas são exigidas, desde o início da
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1285615
258)
vida, a dar conta de várias coisas ao mesmo tempo; elas são estimuladas com diferentes objetos, sons,
imagens etc.
Ai, um belo dia elas vão para a escola. Professores e pais, a partir de então, querem que as crianças
prestem atenção em uma única coisa por muito tempo. E quando elas não conseguem, reclamamos,
levamos ao médico, arriscamos hipóteses de que sejam portadoras de síndromes que exigem tratamento
etc.
A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim. Elas já sabem usar programas complexos em
seus aparelhos eletrônicos, brincam com jogos desafiantes que exigem atenção constante aos detalhes
e, se deixarmos, passam horas em uma única atividade de que gostam.
Mas, nos estudos, queremos que elas prestem atenção no que é preciso, e não no que gostam. E isso,
caro leitor, exige a árdua aprendizagem da autodisciplina. Que leva tempo, é bom lembrar.
As crianças precisam de nós, pais e professores, para começar a aprender isso. Aliás, boa parte desse
trabalho é nosso, e não delas.
Não basta mandarmos que elas prestem atenção: isso de nada as ajuda. O que pode ajudar, por
exemplo, é analisarmos o contexto em que estão quando precisam focar a atenção e organizá-lo para
que seja favorável a tal exigência. E é preciso lembrar que não se pode esperar toda a atenção delas por
muito tempo: o ensino desse quesito no mundo de hoje é um processo lento e gradual.
SAYÃO, Rosely. Profusão de estímulos. Folha de São Paulo, 11 fev. 2014 - adaptado.
Considerando os termos grifados em "[ ... ] por causa de nossa ganância em relação a novas e diferentes
informações." (4°§) e "Elas já nasceram neste mundo de profusão de estímulos de todos os tipos [ ... ]."
(6°§), a antonímia dos termos grifados foi indicada de forma correta, respectivamente, em qual opção?
a) Avidez, insuficiência.
b) Abnegação, exuberância.
c) Desapego, escassez.
d) Altruísmo, afluência.
e) Concupiscência, falha.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2012
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
TEXTO I
Felicidade suprema
Às vezes vale a pena pensar sobre a vida. Não sobre o que temos ou não consumido, tampouco a
respeito do que fizemos ou deixamos de fazer. São aspectos factuais que, mais do que ajudar em uma
reflexão mais profunda, tornam-se barreiras ao pensamento abstrato, aquele em que vamos encontrar as
verdadeiras significações. Chegamos quase à ideia de Platão, mas aí já o terreno é extremamente
perigoso e podemos nos enredar.
Tentar entender o que é a felicidade talvez seja um dos caminhos para se chegar ao sentido da vida. É
um assunto para o qual não há dona de álbum de pensamentos que não tenha uma resposta pronta: a
felicidade não existe. Existem momentos felizes. Essa é uma verdade chocantemente inofensiva, pois não
chega a pensar o que seja a felicidade como também não esclarece o que são tais momentos felizes.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1278471
259)
Pois bem, o assunto me ocorre ao me lembrar de que vivemos em uma sociedade excessivamente
consumista, sociedade em que a maioria considera-se feliz se pode comprar. Assim é o capitalismo:
entranha-se em nossa consciência essa aparência de verdade fazendo parecer que os interesses de
alguns sejam verdades inquestionáveis. O que é bom para mim tem de ser bom para todos. Isso tem o
nome de ideologia, palavra tão surrada quão pouco entendida. E haja propaganda para que a máquina
continue girando. Não sou contra o consumo, declaro desde já, mas contra o consumismo. Elevar o
consumo de bens materiais (principalmente) como o bem supremo de um ser humano é tirar-lhe toda a
humanidade.
[ ... ]
Schopenhauer, filósofo do século XIX, já vislumbrava nossa época, a sociedade do consumismo
desenfreado. Ele afirmava que o desejo é a regência do mundo. E que desejamos o que não temos.
Portanto, somos infelizes. E se o desejo é satisfeito com a obtenção de seu objeto, novos objetos surgem
em seu caminho. Esta insaciabilidade do ser humano é que o vai manter preso à infelicidade.
Bem, e a que chegamos? Enquanto alguém que circule melhor do que eu pela filosofia, que mal
tangencio como curioso, vou continuar pensando que a vida não tem sentido, apenas existência. E isso,
um pouco à maneira do Alberto Caeiro, para quem pensar é estar doente.
Menalton Braff, em www.cartacapital.com.br - acesso em 22
fev. 2012. (adaptado)
TEXTO II
Assinale a opção em que, no contexto, o sinônimo indicado entre parênteses para a palavra destacada
está correto.
a) "Esta insaciabilidade (avidez)do ser humano [ ... ]." (4°§ - texto I)
b) "[ ... ] que mal tangencio (critico) como curioso [ ... ] . " (5°§ - texto I)
c) " Schopenhauer , filósofo do século XIX, já vislumbrava (iluminava) nossa época [ ... ]." (4°§ -
texto I)
d) "são aspectos factuais (questionáveis) que, mais do que ajudar [ ... ]." (1°§ - texto I)
e) "[ ... ] já vislumbrava nossa época, a sociedade do consumo desenfreado (desacelarado) ." (4°§ -
texto I)
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2012
Língua Portuguesa (Português) - Sinônimos e Antônimos
A vírgula no vestibular de português
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“Mas, esta, não é suficiente.”
“Porque, as respostas, não satisfazem.”
“E por isso, surgem as guerras.”
“E muitas vezes, ele não se adapta ao meio em que vive.”
“Pois, o homem é um ser social.”
“Muitos porém, se esquecem que...”
“A sociedade deve pois, lutar pela justiça social.”
Que é que você acha dequem virgula assim?
Você vai dizer que não aprendeu nada de pontuação quem semeia assim as vírgulas. Nem poderá dizer
outra coisa.
Ou não lhe ensinaram, ou ensinaram e ele não aprendeu.
O certo é que ele se formou no curso secundário. Lepidamente, sem maiores dificuldades. Mas a vírgula
é um “objeto não identificado”, para ele.
Para ele? Para eles. Para muitos eles, uma legião. Amanhã serão doutores, e a vírgula continuará sendo
um objeto não identificado. Sim, porque os três ou quatro mil menos fracos ultrapassam o vestíbulo...
Com vírgula ou sem vírgula. Que a vírgula, convenhamos, até que é um obstáculo meio frágil, um
risquinho. Objeto não identificado? Não, objeto invisível a olho nu. Pode passar despercebido até a muito
olho de lince de examinador...
— A vírgula, ora, direis, a vírgula...
Mas é justamente essa miúda coisa, esse risquinho, que maior informação nos dá sobre as qualidades do
ensino da língua escrita. Sobre o ensino do cerne mesmo da língua: a frase, sua estrutura, composição e
decomposição.
Da virgulação é que se pode depreender a consciência, o grau de consciência que tem, quem escreve, do
pensamento e de sua expressão, do ir-e-vir do raciocínio, das hesitações, das interpenetrações de ideias,
das sequências e interdependências, e, linguisticamente, da frase e sua constituição.
As vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental, a indisciplina do espírito, o mau domínio
das ideias e do fraseado.
Na minha carreira de professor, fiz muitos testes de pontuação. E sempre ficou clara a relação entre a
maneira de pontuar e o grau de cociente intelectual.
Conclusão que tirei: os exercícios de pontuação constituem um excelente treino para desenvolver a
capacidade de raciocinar e construir frases lógicas e equilibradas.
Quem ensina ou estuda a sintaxe — que é a teoria da frase (ou o “tratado da construção”, como diziam
os gramáticos antigos) — forçosamente acaba na importância das pausas, cortes, incidências, nexos,
etc., elementos que vão se espelhar na pontuação, quando a mensagem é escrita.
Pontuar bem é ter visão clara da estrutura do pensamento e da frase. Pontuar bem é governar as rédeas
da frase. Pontuar bem é ter ordem, no pensar e na expressão.
Sim, porque os três ou quatro mil menos fracos ultrapassam o vestíbulo...
As vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental, a indisciplina do espírito, o mau
domínio das ideias e do fraseado.
As quatro palavras destacadas nesta frase, se substituídas, na ordem adequada, pelas palavras da
relação abaixo, produzem outra frase, de sentido oposto:
260)
I. disciplina.
II. organização.
III. bom.
IV. corretas.
Aponte a alternativa que indica a ordem em que se deve fazer a substituição:
a) I, II, III, IV.
b) II, III, IV, I.
c) IV, II, I, III.
d) III, I, II, IV.
e) IV, I, III, II.
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STRIX - Vest (EBMSP)/EBMSP/Medicina/2021
Língua Portuguesa (Português) - Homônimos e Parônimos
Na resposta dada pelo mestre ao questionamento de seu discípulo, o termo “próximo” aparece duas
vezes e, nesse contexto, trata-se de vocábulos que
a) constituem exemplos de parônimos.
b) pertencem ao mesmo campo semântico.
c) fazem parte da mesma classe morfológica.
d) são denominados de homônimos perfeitos.
e) podem flexionar-se em gênero, número e grau.
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STRIX - Vest (EBMSP)/EBMSP/Medicina/2019
Língua Portuguesa (Português) - Homônimos e Parônimos
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1864722
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1870990
261)
262)
CABRAL, Ivan. Charge. Disponível em: <https://www.eosconsultores.com.br>.
Acesso em: nov. 2019.
Os termos em destaque, presentes nas falas das personagens, são classificados como
a) antônimos, pois, além de diversos na forma, são opostos quanto ao sentido.
b) sinônimos, porque são grafados de modo diferente, mas semanticamente são iguais.
c) polissêmicos, visto que assumem acepções distintas a depender de sua utilização em dado
contexto.
d) parônimos, por serem muito parecidos na escrita e na pronúncia, mas não apresentarem a mesma
significação.
e) homônimos homófonos, por divergirem na grafia e no significado, embora sejam pronunciados da
mesma maneira.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2016
Língua Portuguesa (Português) - Homônimos e Parônimos
O desaparecimento dos livros na vida cotidiana e a diminuição da leitura é preocupante quando
sabemos que os livros são dispositivos fundamentais na formação subjetiva das pessoas. Nos
perguntamos sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da televisão ao computador, dos
brinquedos ao telefone celular, somos formados por objetos e aparelhos.
Se em nossa época a leitura diminui vertiginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da ignorância,
nossa velha conhecida. Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância em relação às quais os livros são
potentes ou impotentes. Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha na ironia do
"sei-que-nada-sei". Aquele que não sabe e quer saber pode procurar os livros, esses objetos que
guardam tantas informações, tantos conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas e,
até mesmo, respostas. A outra é a ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de
"burrice". Pela burrice, essa forma cognitiva impotente e, contudo, muito prepotente, alguém transforma
o não saber em suposto saber, a resposta pronta é transformada em verdade. Nesse caso, os livros são
esquecidos. Eles são desnecessários corno "meios para o saber". Cancelada a curiosidade, como sinal de
um desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis. Assim, a ignorância que nos permite saber se
opõe à que nos deforma por estagnação. A primeira gosta dos livros, a segunda os detesta.
[ ... ]
Para aprender a perguntar, porque o pensamento dependa formal, mas porque ler é um precisamos
aprender a ler. Não da gramática ou da língua tipo de experiência que nos ensina a desenvolver
raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir e a falar para compreender. Nos ensina a interpretar. Nos
ajuda, portanto, a elaborar questões, a fazer perguntas. Perguntas que nos ajudam a dialogar, ou seja, a
entrar em contato com o outro. Nem que este outro seja, em um primeiro momento, apenas cada um de
nós mesmos.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1284024
263)
Pensar, esse muitas vezes em simples e ao lamentável que cultura em que ato que está faltando entre
nós, começa aí, silêncio, quando nos dedicamos a esse gesto mesmo tempo complexo que é ler um livro.
É as pessoas sucumbam ao clima programado da ler é proibido. Os meios tecnológicos de comunicação
são insidiosos nesse momento, pois prometem uma completude que o ato de ler um livro nunca
prometeu. É que o ato da leitura nunca nos engana. Por isso, também, muitos afastam-se dele. Muitos
que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem. Mas há quem tenha
descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem - compreensão e
diálogo - que sempre está ofertada em um livro. Certamente para essas pessoas, o mundo todo - e ela
mesma - é algo bem diferente.
(TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma filosofia política da leitura. Disponível em
https://resvitacultural.uol.com.br - 31 de jan. 2016 - com adaptações)
Assinale a opção na qual o vocábulo destacado foi corretamente empregado.
a) Segundo o técnico, o atleta apresentou uma despensa média pouco detalhada.
b) Imergindo nas questões do texto, o bom leitor absorve melhor as ideias explanadas.
c) Quem infligir as normas internas será desligado do time escalado para o campeonato.
d) Diante da eminência do final do concurso, os candidatos estavam bastante nervosos.
e) Muitos foram os fragrantes mostrados durante as gravações apresentadas naquela reportagem.
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IME - CFG (IME)/IME/2008
Língua Portuguesa (Português) - Homônimose Parônimos
Texto I
Imigração Japonesa no Brasil
A abolição da escravatura no Brasil em 1888 dá novo impulso à vinda de imigrantes europeus, cujo início
se deu com os alemães em 1824. Em 1895 é assinado o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação
entre o Brasil e o Japão.
Com 781 japoneses a bordo, o navio Kasato-maru aporta em Santos. De lá eles são transportados para a
hospedaria dos imigrantes, em São Paulo.
Na cafeicultura, a imigração começa com péssimos resultados. Um ano após a chegada ao Brasil, dos
781 imigrantes, apenas 191 permaneceram nos locais de trabalho. A maioria estava em São Paulo,
Santos e Argentina. Apesar disso, a imigração continua com a chegada da segunda leva de imigrantes
em 1910.
Em 1952 é assinado o Tratado de Paz entre o Brasil e o Japão. Nova leva de imigrantes chega ao Brasil
para trabalhar nas fazendas administradas pelos japoneses. Grupo de jovens que imigra através da
Cooperativa de Cotia recebe o nome de Cotia Seinen. O primeiro grupo chega em 1955.
O crescimento industrial no Japão e o período que foi chamado de “milagre econômico brasileiro” dão
origem a grandes investimentos japoneses no Brasil. Os nisseis acabam sendo uma ponte entre os novos
japoneses e os brasileiros.
As famílias agrícolas estabelecidas no Brasil passaram a procurar novas oportunidades e buscavam novos
espaços para seus filhos. O grande esforço familiar para o estudo de seus filhos faz com que grande
número de nisseis ocupe vagas nas melhores universidades do país.
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Mais tarde, com o rápido crescimento econômico no Japão, as indústrias japonesas foram obrigadas a
contratar mão-de-obra estrangeira para os trabalhos mais pesados ou repetitivos. Disso, resultou o
movimento “dekassegui” por volta de 1985, que foi aumentando, no Brasil, à medida que os planos
econômicos fracassavam. Parte da família, cujos ascendentes eram japoneses, deixava o Brasil como
“dekassegui”, enquanto a outra permanecia para prosseguir os estudos ou administrar os negócios. Isso
ocasionou problemas sociais, tanto por parte daqueles que não se adaptaram à nova realidade, como
daqueles que foram abandonados pelos seus entes e até perderam contato.
Com o passar dos anos, surgiram muitas empresas especializadas em agenciar os “dekasseguis”, como
também firmas comerciais no Japão que visaram especificamente o público brasileiro. Em algumas
cidades japonesas formaram-se verdadeiras colônias de brasileiros.
Disponível em: www.culturajaponesa.com.br ( texto adaptado). Acesso em: 29 ago 2008.
Texto II
Rio: uma cidade plural já em 1808
As mulheres se sentavam no chão, com as pernas cruzadas. Nas ruas o dinheiro corria no maior
entreposto de escravos da colônia.
SANDRA MOREYRA Jornal O Globo- 28/11/2007 (adaptado)
Uma cidade que era um grande porto, com gente de todas as colônias e feitorias portuguesas da África e
da Ásia. O Rio era uma cidade quase oriental em 1808. As mulheres se sentavam no chão, com as
pernas cruzadas. À mesa, os homens usavam a mesma faca que traziam presa à cintura, para se
defender de um inimigo, para descascar frutas ou partir a carne. Nas ruas o dinheiro corria no maior
entreposto de escravos da colônia. Corriam também dejetos nas ruas e valas. Negros escravos ou libertos
eram dois terços da população e se vestiam ainda de acordo com sua nação de origem. Não só pelo tipo
físico bem diferente, como pelas roupas, era possível saber quem vinha do Congo, de Angola ou do Mali;
quem era muçulmano, quem vinha da nobreza africana.
Nesta cidade, que já era plural, mas que não tinha infra-estrutura, onde havia assaltos e comércio ilegal
nas ruas, chegou um aviso em janeiro de 1808. A corte estava em pleno mar, escapara de Napoleão e
estava a caminho do Brasil.
O vice-rei começou a fazer os preparativos e saiu desalojando os maiores comerciantes locais de suas
casas, para cedê-las aos novos moradores. Eram pintadas nas portas das casas requisitadas para a Corte
as iniciais “PR”, de Príncipe Regente, que viraram “prédio roubado” ou “ponha-se na rua”. Era o jeito que
herdamos do sangue lusitano de rir de nossas próprias mazelas.
Quando as naus com a família real chegaram por aqui, em março de 1808, já haviam passado pela Bahia
e permanecido por um mês em Salvador.
Aqui a festa foi imensa e o relato mais divertido e detalhado é o do Padre Luis Gonçalves dos Santos, o
Padre Perereca. O padre que vivia no Brasil era um admirador incondicional da monarquia, dos ritos da
corte, da etiqueta. Quando descobre que a Corte está chegando, fica assanhadíssimo porque vai ver de
perto “Sua Alteza Real D. João Nosso Senhor”, como chamava o regente.
É ele quem conta que a chegada dos Bragança por aqui foi acompanhada de luzes, fogos de artifício,
badalar de sinos, aplausos e cânticos. Perereca diz que parecia que o sol não havia se posto, tamanha a
quantidade de tochas e velas que iluminavam as casas, o largo do Paço e as ruas do centro.
O Rio tinha 46 ruas naquela época. D João se dirigiu à Sé – provisoriamente instalada na Igreja do
Rosário dos Homens Pretos, porque a Igreja do Carmo, a Sé oficial, estava em obras. Houve uma
determinação de que os homens pretos e também os mestiços não deveriam comparecer à cerimônia, na
Igreja deles, porque o Príncipe poderia ficar assustado com a quantidade de negros na cidade. Eles se
264)
esconderam numa esquina e quando o cortejo chegou à Igreja, entraram batucando e cantando e todos
se misturaram. Assim era o Rio. Assim era o Brasil.
“A imigração na cafeicultura começa com péssimos resultados”. (Texto 1, linha 6)
Imigração- Estabelecimento de indivíduos em país estranho Emigração- Saída voluntária da pátria, para
se estabelecer em outro país.
São parônimos os vocábulos de pronuncia e grafia semelhantes, mas que possuem significados
diferentes. O item em que o vocábulo parônimo destacado está de acordo com o significado apresentado
entre parênteses é:
a) Alguns políticos pretendem discriminar o aborto. (inocentar)
b) Cassaram o mandato do presidente daquela empresa. (anular)
c) Resolveram retificar o seu visto de entrada em nosso país. (confirmar)
d) O caso foi resolvido logo em primeira estância. (jurisdição)
e) Infligir leis de trânsito pode acarretar a prisão do veículo e do condutor. (desrespeitar)
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VUNESP - Vest (FICSAE)/FICSAE/2022
Língua Portuguesa (Português) - Denotação e Conotação
Para responder à questão, leia um trecho do prefácio “Um gênero tipicamente brasileiro”, do
escritor Humberto Werneck, publicado na antologia Boa companhia: crônicas.
Fernando Sabino e Rubem Braga, por longos anos obrigados a desovar crônicas diárias, não se
limitavam, nas horas de aperto, a requentar seus requintados escritos — chegaram a permutar, na moita,
velhos recortes, na suposição de que os textos, de tão antigos, já se houvessem apagado da memória do
leitor de jornal, recuperando assim a virgindade tipográfica. O troca-troca, contado por Fernando Sabino
na crônica “O estranho ofício de escrever”, merece ser aqui reproduzido:
Éramos três condenados à crônica diária: Rubem no Diário de Notícias, Paulo no Diário Carioca e eu no O
Jornal. Não raro um caso ou uma ideia, surgidos na mesa do bar, servia de tema para mais de um de
nós. Às vezes para os três. Quando caiu um edifício no bairro Peixoto, por exemplo, três crônicas foram
por coincidência publicadas no dia seguinte, intituladas respectivamente: “Mas não cai?”, “Vai cair” e
“Caiu”.
Até que um dia, numa hora de aperto, Rubem perdeu a cerimônia:
— Será que você teria aí uma crônica pequenininha para me emprestar?
Procurei nos meus guardados e encontrei uma que talvez servisse: sobre um menino que me pediu um
cruzeiro para tomar uma sopa, foi seguido por mim até uma miserável casa de pasto da Lapa: a sopa
existia mesmo, e por aquele preço. Chamava-se “O preço da sopa”. Rubem deu uma melhorada na
história, trocou “casa de pasto” por “restaurante”, elevou o preço para cinco cruzeiros,pôs o título mais
simples de “A sopa”.
Tempos mais tarde chegou a minha vez — nada como se valer de um amigo nas horas difíceis:
— Uma crônica usada, de que você não precisa mais, qualquer uma serve.
— Vou ver o que posso fazer — prometeu ele.
Acabou me dando de volta a da sopa.
— Logo esta? — protestei.
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265)
266)
— As outras estão muito gastas.
Sou pobre mas não sou soberbo. Ajeitei a crônica como pude, toquei-lhe uns remendos, atualizei o preço
para dez cruzeiros e liquidei de vez com ela, sob o título: “Esta sopa vai acabar”.
Eternamente deleitável ou imediatamente deletável — depende menos do tema do que das artes do
autor —, a crônica pode não ser um “gênero de primeira necessidade, a não ser talvez para os escritores
que a praticam”, como sustentava Luís Martins — um dos recordistas brasileiros nesse ramo de
escreveção. Um subgênero, há quem desdenhe. “Literatura em mangas de camisa”, diz-se em Portugal.
Mas, para o crítico Wilson Martins, trata-se de uma “espécie literária” que de jornalístico “só tem o fato
todo circunstancial de aparecer em periódicos.”
(Humberto Werneck (org.). Boa companhia: crônicas, 2005. Adaptado.)
Está empregado em sentido figurado o termo sublinhado em:
a) “chegaram a permutar, na moita, velhos recortes”.
b) “Quando caiu um edifício no bairro Peixoto”.
c) “nada como se valer de um amigo nas horas difíceis”.
d) “por longos anos obrigados a desovar crônicas diárias”.
e) “o fato todo circunstancial de aparecer em periódicos”.
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CPV UFRR - Vest (UFRR)/UFRR/Prova Integral (PI)/2022
Língua Portuguesa (Português) - Denotação e Conotação
No enunciado “as Terras Indígenas aparecem como verdadeiros oásis de florestas”, extraído de
WAPICHANA, Cristino. A Boca da Noite. Rio de Janeiro: ZIT, 2016 (1ªedição), verificamos o uso do
sentido figurado, por meio da construção de uma figura de linguagem bastante produtiva – metáfora -
que:
a) apresenta ideias antagônicas, em conflito: oásis X florestas.
b) atenua os malefícios da exploração do homem sobre as vastas extensões de terras devastadas.
c) aproxima ideias de campos semânticos não relacionados: oásis (lugar de bem estar) e florestas
(lugar de presença de vasta vegetação verde).
d) exagera a importância e o valor das florestas porque estas se transformam em oásis.
e) apresenta de maneira gradativa o progresso das florestas que se transformam em oásis.
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2021
Língua Portuguesa (Português) - Denotação e Conotação
Para responder à questão abaixo, leia o trecho do drama Macário, de Álvares de Azevedo.
MACÁRIO (chega à janela): Ó mulher da casa! olá! ó de casa!
UMA VOZ (de fora): Senhor!
MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e tragam-ma aqui...
A VOZ: O burro?
MACÁRIO: A mala, burro!
A VOZ: A mala com o burro?
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MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na cerca.
A VOZ: O senhor é o moço que chegou primeiro?
MACÁRIO: Sim. Mas vai ver o burro.
A VOZ: Um moço que parece estudante?
MACÁRIO: Sim. Mas anda com a mala.
A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer que vá a pé?
MACÁRIO: Esse diabo é doido! Vai a pé, ou monta numa vassoura como tua mãe!
A VOZ: Descanse, moço. O burro há de aparecer. Quando madrugar iremos procurar.
OUTRA VOZ: Havia de ir pelo caminho do Nhô Quito. Eu conheço o burro...
MACÁRIO: E minha mala?
A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!...
MACÁRIO (fecha a janela): Malditos! (atira com uma cadeira no chão)
O DESCONHECIDO: Que tendes, companheiro?
MACÁRIO: Não vedes? O burro fugiu...
O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras que o chamareis...
MACÁRIO: Porém a raiva...
[...]
O DESCONHECIDO: A mala não pareceu-me muito cheia. Senti alguma coisa sacolejar dentro. Alguma
garrafa de vinho?
MACÁRIO: Não! não! mil vezes não! Não concebeis, uma perda imensa, irreparável... era o meu
cachimbo...
O DESCONHECIDO: Fumais?
MACÁRIO: Perguntai de que serve o tinteiro sem tinta, a viola sem cordas, o copo sem vinho, a noite
sem mulher – não me pergunteis se fumo!
O DESCONHECIDO (dá-lhe um cachimbo): Eis aí um cachimbo primoroso.
[...]
MACÁRIO: E vós?
O DESCONHECIDO: Não vos importeis comigo. (tira outro cachimbo e fuma)
MACÁRIO: Sois um perfeito companheiro de viagem. Vosso nome?
O DESCONHECIDO: Perguntei-vos o vosso?
267)
MACÁRIO: O caso é que é preciso que eu pergunte primeiro. Pois eu sou um estudante. Vadio ou
estudioso, talentoso ou estúpido, pouco importa. Duas palavras só: amo o fumo e odeio o Direito
Romano. Amo as mulheres e odeio o romantismo.
O DESCONHECIDO: Tocai! Sois um digno rapaz. (apertam a mão)
MACÁRIO: Gosto mais de uma garrafa de vinho que de um poema, mais de um beijo que do soneto mais
harmonioso. Quanto ao canto dos passarinhos, ao luar sonolento, às noites límpidas, acho isso
sumamente insípido. Os passarinhos sabem só uma cantiga. O luar é sempre o mesmo. Esse mundo é
monótono a fazer morrer de sono.
O DESCONHECIDO: E a poesia?
MACÁRIO: Enquanto era a moeda de ouro que corria só pela mão do rico, ia muito bem. Hoje trocou-se
em moeda de cobre; não há mendigo, nem caixeiro de taverna que não tenha esse vintém azinhavrado1.
Entendeis-me?
O DESCONHECIDO: Entendo. A poesia, de popular tornou- se vulgar e comum. Antigamente faziam-na
para o povo; hoje o povo fá-la... para ninguém...
(Álvares de Azevedo. Macário/Noite na taverna, 2002.)
1 azinhavrado: coberto de azinhavre (camada de cor verde que se forma na superfície dos objetos de cobre ou
latão, resultante da corrosão destes quando expostos ao ar úmido).
Observa-se expressão empregada em sentido figurado na seguinte fala:
a) “MACÁRIO: Não vedes? O burro fugiu…”
b) “A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!…”
c) “A VOZ: Descanse, moço. O burro há de aparecer. Quando madrugar iremos procurar.”
d) “O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras que o chamareis…”
e) “A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer que vá a pé?”
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Língua Portuguesa (Português) - Denotação e Conotação
Leia o trecho do ensaio “As mutações do poder e os limites do humano”, de Newton Bignotto, para
responder a questão.
A modernidade se construiu a partir do Renascimento à luz da famosa asserção do filósofo italiano Pico
della Mirandola em seu Discurso sobre a dignidade do homem (1486), segundo o qual fomos criados
livres e com o poder de escolher o que desejamos ser. Diferentemente dos outros seres, o homem pode
constituir a própria face e transitar pelos caminhos mais elevados, ou degenerar até o nível inferior das
bestas.
Para Pico della Mirandola, o homem é um ser autoconstruído, e, por isso, não podemos atribuir a forças
transcendentes nem os sucessos nem os fracassos. A liberdade para forjar sua própria natureza é um
dom que implica riscos. Se com frequência preferimos olhar apenas para a força de uma vontade, que
decidiu explorar o mundo com as ferramentas da razão, desde a era do Barroco sabemos que o real
comporta um lado escuro, que não pode ser simplesmente esquecido. Ao lado do racionalismo triunfante,
sempre houve um grito de alerta quanto às trevas que rondavam as sociedades modernas.
O século XX viu essas trevas ocuparem o centro da cena mundial e enterrou para sempre a ideia de que
o progresso da civilização iria nos livrar de nossas fraquezas e defeitos. O século da técnica e dos
avanços espetaculares da ciência foi também o século dos massacres e do aparecimento da morte em
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268)
escala industrial. Tudo se passa como se a partir de agora não pudéssemos mais esquecer da besta, que
Pico della Mirandola via como uma das possibilidades de nossa natureza. O monstro, que rondava a
razão, e que por tanto tempo pareceu poder ser por ela derrotado, aproveitou-sede muitas de suas
conquistas para criar uma nova identidade, que nos obriga a conviver com a barbárie no seio mesmo de
sociedades que tanto contribuíram para criar a imagem iluminada do Ocidente.
(Adauto Novaes (org.). Mutações, 2008. Adaptado.)
Está empregado em sentido figurado o termo que qualifica o substantivo na expressão
a) “sociedades modernas” (2º parágrafo).
b) “lado escuro” (2º parágrafo).
c) “escala industrial” (3º parágrafo).
d) “famosa asserção” (1º parágrafo).
e) “forças transcendentes” (2º parágrafo).
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FCC - Vest (UNIPAR)/UNIPAR/Medicina/2019
Língua Portuguesa (Português) - Denotação e Conotação
Os últimos 500 anos testemunharam uma série de revoluções de tirar o fôlego. A Terra foi unida
em uma única esfera histórica e ecológica. A ciência e a Revolução Industrial deram à humanidade
poderes sobre-humanos e energia praticamente sem limites. Mas somos mais felizes?
Embora poucos tenham estudado a história da felicidade no longo prazo, quase todos os estudiosos e
leigos têm alguma ideia vaga preconcebida a respeito. Considerando que os humanos usam suas
capacidades para aliviar sofrimentos e satisfazer aspirações, decorre que devemos ser mais felizes que
nossos ancestrais medievais e que eles devem ter sido mais felizes que os caçadores da Idade da Pedra.
Mas esse relato progressista não convence. Novas aptidões, comportamentos e habilidades não
necessariamente contribuem para uma vida melhor. Quando os humanos aprenderam a lavrar a terra,
sua capacidade coletiva de moldar seu ambiente aumentou, mas o destino de muitos indivíduos humanos
se tornou mais cruel. Os camponeses tinham de trabalhar mais para obter alimentos menos variados e
nutritivos. De maneira similar, a disseminação dos impérios europeus aumentou enormemente o poder
coletivo da humanidade, fazendo circular ideias, tecnologias e sementes e abrindo novas rotas de
comércio. Mas isso esteve longe de ser uma boa ideia para os milhões de africanos, índios americanos e
aborígenes australianos. Considerando a comprovada propensão humana para fazer mau uso do poder,
parece ingênuo acreditar que quanto mais influência as pessoas tiverem, mais felizes serão.
(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens − uma breve história da humanidade. Trad.
Janaína Marcoantonio. 38. ed. Porto Alegre: L&PM, 2018, p. 386/388, passim)
Há exemplo de expressão com sentido conotativo na seguinte frase:
a) ... os humanos usam suas capacidades para aliviar sofrimentos ...
b) Mas esse relato progressista não convence.
c) Novas aptidões, comportamentos e habilidades não necessariamente contribuem para uma vida
melhor.
d) ... parece ingênuo acreditar que quanto mais influência as pessoas tiverem, mais felizes serão.
e) Os últimos 500 anos testemunharam uma série de revoluções de tirar o fôlego.
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269)
270)
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2019
Língua Portuguesa (Português) - Denotação e Conotação
Para responder às questões de 15 a 17, leia o trecho de uma fala do personagem Quincas Borba,
extraída do romance Quincas Borba, de Machado de Assis, publicado originalmente em 1891.
— […] O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão
de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é condição da
sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter
conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas
apenas chegam
para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente,
onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não
chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é
a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos,
aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse
isso, tais demonstrações não
chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou
vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói.
Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas. [...] Aparentemente, há nada mais contristador
que uma dessas terríveis pestes que devastam um ponto do globo? E, todavia, esse suposto mal é um
benefício, não só porque elimina os organismos fracos, incapazes de resistência, como porque dá lugar à
observação, à descoberta da droga curativa. A higiene é filha de podridões seculares; devemo-la a
milhões de corrompidos e infectos. Nada se perde, tudo é ganho.
(Quincas Borba, 2016.)
Está empregado em sentido figurado o termo sublinhado em:
a) “nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói”.
b) “a supressão de uma é condição da sobrevivência da outra”.
c) “Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos”.
d) “Daí o caráter conservador e benéfico da guerra”.
e) “não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição”.
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FCC - Vest (IBMEC)/IBMEC/Arquitetura e Urbanismo/2018
Língua Portuguesa (Português) - Denotação e Conotação
[Arte e alta tecnologia]
As artes tornaram-se redundantes com o progresso tecnológico. A primeira tarefa da crítica deve ser
descobrir como isso se deu e o que, precisamente, as vem substituindo. Até agora a maior parte dos que
praticam as artes ou escrevem sobre elas temrelutado em encarar francamente essa situação, um pouco
porque tem a desculpa de que romances ainda não são escritos por computadores, mas sobretudo
porque nenhuma classe de gente tem muito entusiasmo por escrever o próprio obituário.
O escritor de livros profissional está na situação do tear manual depois da intervenção do tear elétrico.
Como qualquer agente e editor de publicidade sabe, é o fotógrafo e não o “artista” que hoje recebe os
altos salários. A revolução industrial que ocorreu nas produções da mente, como a das produções
materiais, tem duas causas: o progresso técnico, que substitui as habilidades manuais, ea demanda de
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271)
massa, que as torna inadequadas. As artes visuais foram alteradas pela fotografia, parada ou em
movimento; a músicamais recentemente entrou no domínio do som artificial; apenas a escrita ainda
resiste à mecanização genuína, apesar da busca intensiva de efetivas máquinas de traduzir pelos
cientistas.
(Adaptado de: HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados. Trad. de Berilo Vargas. São Paulo: Companhia das Letras,
2013, p. 300-301)
O autor, para tornar mais expressivo um argumento, lança mão de linguagem figurada quando
a) equipara o escritor profissional a um tear manual.
b) aponta duas causas para o que ocorreu com as artes.
c) se vale da expressão substitui as habilidades manuais.
d) se refere à busca intensiva de efetivas máquinas de traduzir.
e) afirma que a massa já não demanda a arte convencional.
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FUNTEF - Vest (IF PR)/IF PR/Nível Superior/2018
Língua Portuguesa (Português) - Denotação e Conotação
O TEXTO A SEGUIR SERVIRÁ DE BASE PARA A QUESTÃO ABAIXO.
Em texto publicado no New York Times, Neal Gabler, da Universidade do Sul da Califórnia, argumenta
que vivemos em uma sociedade na qual ter informações tornou-se mais importante do que pensar: uma
era pós-ideias(...). Seu ponto de partida é uma constatação desconcertante: vivemos em uma
sociedade vazia de grandes ideias, leia-se, conceitos e teorias influentes, capazes de mudar nossa
maneira de ver o mundo. (...) Não somos menos inteligentes do que nossos ancestrais. A razão para a
esqualidez de nossas ideias, segundo o autor, é que vivemos em um mundo no qual ideias que não
podem ser rapidamente transformadasem negócios, lucros, são relegadas às margens. Tal condição é
acompanhada pelo declínio dos ideais iluministas – o primado da razão, da ciência e da lógica – e
a ascensão da superstição, da fé e da ortodoxia. (...)
O autor aponta que a principal causa da debilidade das nossas ideias é o excesso de informações. Hoje,
graças à internet, temos acesso facilitado a qualquer informação, de qualquer fonte, em qualquer parte
do planeta. Colocamos a informação acima do conhecimento. Temos acesso a tantas informações que
não temos tempo para processá-las. (...) Saber, ou possuir informação, tornou-se mais importante do
que conhecer; mais importante porque tem mais valor, porque nos mantêm à tona, conectados em
nossas infinitas redes de pseudorrelações.
As novas gerações estão adotando maciçamente as mídias sociais, fazendo delas sua forma primária de
comunicação. Para Glaber, tais mídias fomentam hábitos mentais que são opostos àqueles
necessários para gerar ideias. Elas substituem raciocínios lógicos e argumentos por fragmentos de
comunicação e opiniões descompromissadas.
O mesmo fenômeno atinge as gerações mais velhas. Nas empresas, muitos executivos passam parte
considerável de seu tempo captando fragmentos de notícias sobre mercados, concorrentes e clientes.
(...) Vivem a colher informações e distribuí-las, sem vontade ou tempo para analisá-las. Tornam-se
máquinas de captação e reprodução. À noite, em casa, repetem o comportamento nas mídias sociais.
Seguem a vida dos amigos e dos amigos dos amigos; comunicam-se por uma orgia de imagens e
frases curtas, signos cheios de significado e vazios de sentido. (Carta Capital, 16/10/2011)
O autor utiliza, reiteradamente, o sentido conotativo das palavras, em busca da melhor e mais expressiva
construção do texto. Analise as assertivas (negritadas no texto e transcritas abaixo), em que esse recurso
está presente.
I) “Seu ponto de partida é uma constatação desconcertante...”
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272)
II) “A razão para a esqualidez de nossas ideias...”
III) “Tal condição é acompanhada pelo declínio dos ideais iluministas...”
IV) “Saber, ou possuir informação (...) tem mais valor, porque nos mantêm à tona.”
V) “... tais mídias fomentam hábitos mentais que são opostos àqueles necessários para gerar ideias.”
VI) “... comunicam-se por uma orgia de imagens e frases curtas...”
Estão corretas apenas:
a) II, IV e VI.
b) III, V e VI.
c) I, II e V.
d) I, II e IV.
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INEP (ENEM) - Part (ENEM)/ENEM/Regular/2013
Língua Portuguesa (Português) - Denotação e Conotação
O que a internet esconde de você
Sites de busca manipulam resultados. Redes sociais decidem quem vai ser seu amigo — e descartam
as pessoas sem avisar. E, para cada site que você pode acessar, há 400 outros invisíveis. Prepare-se
para conhecer o lado oculto da internet.
GRAVATÁ, A. Superinteressante, São Paulo, ed. 297, nov. 2011 (adaptado).
Analisando-se as informações verbais e a imagem associada a uma cabeça humana, compreende-se que
a venda
a) representa a amplitude de informações que compõem a internet, às quais temos acesso em redes
sociais e sites de busca.
b) faz uma denúncia quanto às informações que são omitidas dos usuários da rede, sendo
empregada no sentido conotativo.
c) diz respeito a um buraco negro digital, onde estão escondidas as informações buscadas pelo
usuário nos sites que acessa.
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273)
d) está associada a um conjunto de restrições sociais presentes na vida daqueles que estão sempre
conectados à internet.
e) remete às bases de dados da web, protegidas por senhas ou assinaturas e às quais o navegador
não tem acesso.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2008
Língua Portuguesa (Português) - Denotação e Conotação
As lições de outros escritores
Pode parecer um lugar comum, mas é verdade verdadeira: a única arma que se pode usar para aprender
a escrever melhor, é ler, ler muito. As lições que se tiram dos textos dos escritores que vieram antes de
nós são inúmeras e valem a pena.
O escritor iniciante, por mais talento que tenha, se depara com obstáculos que parecem intransponíveis.
Até mais do que no futebol, a inexperiência torna os movimentos desarticulados, faz o praticante gastar
esforços inúteis, deixa-o sem diante dos problemas.
Muito disso pode ser evitado com o uso recorrente da leitura. [...] Ler, ler muito, ensina alguns truques
do ofício de escritor. Por isso é que todo escritor profissional já revelou que lê muito. [...]
Num mundo marcado pela correria, algumas pessoas acham que a leitura é uma ocupação ultrapassada,
que demanda tempo demais. É besteira, claro. Ainda mais quem deseja escrever para ser lido.
[...] A primeira pergunta que se faz é: tudo bem, deve se ler, mas o quê? A resposta é fácil: leia o que,
gosta. Devemos deixar de lado os livros que podem chatear, por importante que sejam. Se já se tem um
gênero planejado, melhor ainda. Digamos que alguém queria escrever romances de fundo social. Leiam-
se, então livros do gênero que se pretende explorar, verificando nele o que funciona e o não funciona.
Precisa-se analisar o autor, a forma com que ele escreve, como ele desenvolve a ação, constrói os
personagens, arma os diálogos, usa o cenário e o tempo, sobretudo como ele transmite sua mensagem.
Todo mundo precisa ler, mas os escritores devem ler. Sobretudo os livros certos. [ ... ] O enfrentamento e
a absorção de um livro são coisas extremamente subjetivas. Assim, se um amigo recomendar
determinado romance que, além de tudo, está nas listas de best-sellers, talvez seja muito chato para
nós. Da mesma forma, se um clássico como Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, se impõe
à nossa leitura como um clássico unânime, pode-se achar impossível se interessar por esse mundo e por
esses personagens. Não se deve envergonhar. Deixemo-lo de lado e partamos para outro livro. Algum dia
se descobrirão os encantos de Guimarães Rosa. E nem sempre o que é clássico incontestável é o livro
indicado para o momento. Pode acontecer também que se descubra, meio por acaso, outro clássico:
começamos a lê-lo e nos empolgamos, descobrindo o prazer que há em avançar por ele, um livro que
nunca abordamos, porque era venerado pela crítica e nos deixava um tanto receosos de enfrentá-lo. [ ...
]
Como escritor em processo, tem-se de ler de um modo diferente. Há quem goste de sublinhar frases ou
trechos significativos. É útil também para destacar metáforas ou comparações espertas. Ou ainda para
realçar idéias que admiramos, detestamos ou imaginamos que merecem uma reflexão posterior. Como
artesão da escrita, deve-se ler e procurar sempre no dicionário uma palavra que não se conheça,
incorporando-a em nosso repertório. Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum;
queremos entender como o escritor fez aquilo. Às vezes, apenas sublinhar não basta. O comentário que
surgiu na sua mente deve ser escrito, para não ser esquecida essa primeira 60 impressão.
Se o texto nos impressionou e se ele se ajusta ao que pretendemos escrever, façamos mais um esforço.
Leia-lo de novo, depois de saber o que vai acontecer na ação ou quais idéias serão discutidas. Perceber-
se-ão com mais clareza os métodos do escritor e, se for o caso, entenderemos melhor o que ficou
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274)
275)
confuso na primeira leitura. Na ficção, ainda se pode ver melhor nessa segunda leitura se o personagem
tem coerência, ou se poderia ser dispensado da trama.
A leitura estimula o pensamento e pode nos tornar mais sensíveis ao que vamos escrever. Com o
primeiro rascunho pronto, começa-se a editar. Ou seja, deve-se ler e reler cada palavra e ver se ela está
encaixando no todo, até mesmo se está escrita corretamente. Começa-se a encarar melhor o texto, como
se fosse escrito por outra pessoa. E se houver dificuldades em entender alguma coisa ou em achar lógico
um ououtro desenvolvimento do texto, lembremo-nos de que outras pessoas - os nossos leitores -
também terão.
Geraldo Galvão 111, N°28, 2008 Ferraz, in Revista Língua Portuguesa - Ano - com adaptações.
Assinale a opção na qual, em todo o trecho transcrito, só ocorre sentido literal.
a) " ... a única arma que se pode usar para aprender a escrever é ler, ler muito." (1° §)
b) " ... a forma com que ele escreve, como ele desenvolve a ação, constrói os personagens, arma os
diálogos ... " (4 ° §)
c) " . . um livro que nunca abordamos, porque era venerado pela crítica e nos deixava um tanto
receosos de enfrentá-lo." (5° §)
d) "Como artesão da escrita, deve-se ler e procurar sempre no dicionário uma palavra que não se
conheça ... " (6° §)
e) " .. . ver melhor nessa segunda leitura se o personagem tem coerência, ou se poderia ser
dispensado da trama." (7° §)
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FUVEST - Vest (USP)/USP/2021
Língua Portuguesa (Português) - Polissemia
Mafalda, Quino.
O efeito de humor presente nas falas das personagens decorre
a) da quebra de expectativa gerada pela polissemia.
b) da ambiguidade causada pela antonímia.
c) do contraste provocado pela fonética.
d) do contraste introduzido pela neologia.
e) do estranhamento devido à morfologia.
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Marinha - Alun (CN)/CN/2008
Língua Portuguesa (Português) - Polissemia
As lições de outros escritores
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Pode parecer um lugar comum, mas é verdade verdadeira: a única arma que se pode usar para aprender
a escrever melhor, é ler, ler muito. As lições que se tiram dos textos dos escritores que vieram antes de
nós são inúmeras e valem a pena.
O escritor iniciante, por mais talento que tenha, se depara com obstáculos que parecem intransponíveis.
Até mais do que no futebol, a inexperiência torna os movimentos desarticulados, faz o praticante gastar
esforços inúteis, deixa-o sem diante dos problemas.
Muito disso pode ser evitado com o uso recorrente da leitura. [...] Ler, ler muito, ensina alguns truques
do ofício de escritor. Por isso é que todo escritor profissional já revelou que lê muito. [...]
Num mundo marcado pela correria, algumas pessoas acham que a leitura é uma ocupação ultrapassada,
que demanda tempo demais. É besteira, claro. Ainda mais quem deseja escrever para ser lido.
[...] A primeira pergunta que se faz é: tudo bem, deve se ler, mas o quê? A resposta é fácil: leia o que,
gosta. Devemos deixar de lado os livros que podem chatear, por importante que sejam. Se já se tem um
gênero planejado, melhor ainda. Digamos que alguém queria escrever romances de fundo social. Leiam-
se, então livros do gênero que se pretende explorar, verificando nele o que funciona e o não funciona.
Precisa-se analisar o autor, a forma com que ele escreve, como ele desenvolve a ação, constrói os
personagens, arma os diálogos, usa o cenário e o tempo, sobretudo como ele transmite sua mensagem.
Todo mundo precisa ler, mas os escritores devem ler. Sobretudo os livros certos. [ ... ] O enfrentamento e
a absorção de um livro são coisas extremamente subjetivas. Assim, se um amigo recomendar
determinado romance que, além de tudo, está nas listas de best-sellers, talvez seja muito chato para
nós. Da mesma forma, se um clássico como Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, se impõe
à nossa leitura como um clássico unânime, pode-se achar impossível se interessar por esse mundo e por
esses personagens. Não se deve envergonhar. Deixemo-lo de lado e partamos para outro livro. Algum dia
se descobrirão os encantos de Guimarães Rosa. E nem sempre o que é clássico incontestável é o livro
indicado para o momento. Pode acontecer também que se descubra, meio por acaso, outro clássico:
começamos a lê-lo e nos empolgamos, descobrindo o prazer que há em avançar por ele, um livro que
nunca abordamos, porque era venerado pela crítica e nos deixava um tanto receosos de enfrentá-lo. [ ...
]
Como escritor em processo, tem-se de ler de um modo diferente. Há quem goste de sublinhar frases ou
trechos significativos. É útil também para destacar metáforas ou comparações espertas. Ou ainda para
realçar idéias que admiramos, detestamos ou imaginamos que merecem uma reflexão posterior. Como
artesão da escrita, deve-se ler e procurar sempre no dicionário uma palavra que não se conheça,
incorporando-a em nosso repertório. Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum;
queremos entender como o escritor fez aquilo. Às vezes, apenas sublinhar não basta. O comentário que
surgiu na sua mente deve ser escrito, para não ser esquecida essa primeira 60 impressão.
Se o texto nos impressionou e se ele se ajusta ao que pretendemos escrever, façamos mais um esforço.
Leia-lo de novo, depois de saber o que vai acontecer na ação ou quais idéias serão discutidas. Perceber-
se-ão com mais clareza os métodos do escritor e, se for o caso, entenderemos melhor o que ficou
confuso na primeira leitura. Na ficção, ainda se pode ver melhor nessa segunda leitura se o personagem
tem coerência, ou se poderia ser dispensado da trama.
A leitura estimula o pensamento e pode nos tornar mais sensíveis ao que vamos escrever. Com o
primeiro rascunho pronto, começa-se a editar. Ou seja, deve-se ler e reler cada palavra e ver se ela está
encaixando no todo, até mesmo se está escrita corretamente. Começa-se a encarar melhor o texto, como
se fosse escrito por outra pessoa. E se houver dificuldades em entender alguma coisa ou em achar lógico
um ou outro desenvolvimento do texto, lembremo-nos de que outras pessoas - os nossos leitores -
também terão.
Geraldo Galvão 111, N°28, 2008 Ferraz, in Revista Língua Portuguesa - Ano - com adaptações.
Assinale a opção em que a palavra melhor possui significação diferente das demais.
276)
277)
a) " ... arma que se pode usar para aprender a escrever melhor, é ler, ler muito." (1° §)
b) "Se já se tem um gênero planejado, melhor ainda." (4° §)
c) " ... entenderemos melhor o que ficou confuso ... " (7° §)
d) " ... ainda se pode ver melhor nessa segunda ... " (7° §)
e) . "Começa-se a encarar melhor o texto ... " (8º §)
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SUCONS UEMA - Vest (UEMA)/UEMA/PSS UEMA 60+/2023
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Leia um trecho de um artigo do historiador Luís Costa sobre Darcy Ribeiro, antropólogo, ex-
ministro da educação no ano de 1963, para responder à questão.
Darcy Ribeiro orgulhava-se de seus fracassos – e, na sua própria conta, não foram poucos. Não salvou os
indígenas, não escolarizou as crianças pobres, não fez a reforma agrária.
A utopia darcyniana projetou um Brasil em que os povos originários teriam direito à terra e à preservação
de seus modos de existência, em que todos os brasileiros teriam acesso à escola e à civilização letrada.
Seu legado – seus fazimentos e sua produção teórica – continua como exemplo arquetípico de quem
pensa e insiste em fazer do Brasil um país possível.
Revista Cult, nº 286, ano 25, outubro de 2022. (Adaptado).
O autor fala da “utopia darcyniana”. A palavra utopia, no contexto, corresponde a
a) apego.
b) inteligência.
c) exagero.
d) sonho.
e) vaidade.
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SUCONS UEMA - Vest (UEMA)/UEMA/PSS UEMA 60+/2023
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Texto
A mãe terra nos cobra que sejamos mais humanos.
A pandemia do Coronavírus nos obriga a todos a pensar: o que conta, verdadeiramente, a vida ou os
bens materiais? O individualismo de cada um para si, de costas para os outros, ou a solidariedade de uns
para com os outros? Podemos continuar explorando, sem qualquer consideração, os bens e serviços
naturais para vivermos cada vez melhor ou cuidar da natureza, da vitalidade da Mãe Terra e do bem-
viver que é a harmonia entre todos e com os seres da natureza?
Adiantou alguma coisa as potências amantes da guerraacumularem cada vez mais armas de destruição
em massa que agora têm que se pôr de joelhos diante de um vírus invisível, evidenciando como todo
esse aparato de morte é ineficaz? [...]
São perguntas que não podem ser obviadas.
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278)
BOFF, Leonardo. A mãe-terra contra-ataca a Humanidade: advertências da pandemia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2020.
No trecho “o que conta, verdadeiramente, a vida ou os bens materiais?”, a palavra “conta” pode
corresponder, sem mudança de sentido, no contexto, a
a) relata.
b) frustra.
c) acomoda.
d) intimida.
e) importa.
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SUCONS UEMA - Vest (UEMA)/UEMA/PSS UEMA 60+/2023
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Leia um trecho de um artigo do historiador Luís Costa sobre Darcy Ribeiro, antropólogo, ex-
ministro da educação no ano de 1963, para responder à questão.
Darcy Ribeiro orgulhava-se de seus fracassos – e, na sua própria conta, não foram poucos. Não salvou os
indígenas, não escolarizou as crianças pobres, não fez a reforma agrária.
A utopia darcyniana projetou um Brasil em que os povos originários teriam direito à terra e à preservação
de seus modos de existência, em que todos os brasileiros teriam acesso à escola e à civilização letrada.
Seu legado – seus fazimentos e sua produção teórica – continua como exemplo arquetípico de quem
pensa e insiste em fazer do Brasil um país possível.
Revista Cult, nº 286, ano 25, outubro de 2022. (Adaptado).
O autor do artigo, ao usar o termo “arquetípico”, evidencia o antropólogo Darcy Ribeiro como um
a) modelo de dedicação ao país.
b) tradicionalista reacionário.
c) anárquico em seus ideais.
d) intelectual conservador
e) revolucionário excêntrico.
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CEBRASPE (CESPE) - Vest (UnB)/UnB/Regular/2022
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
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279)
280)
Levando em consideração os sentidos e os aspectos linguísticos do texto precedente, assinale a opção
correta.
A palavra “capciosos”, no trecho “Adjetivos demais podem estar camuflando objetivos capciosos”, tem o
mesmo sentido de
a) perversos.
b) perigosos.
c) assombrosos.
d) ardilosos.
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VUNESP - Vest (FICSAE)/FICSAE/2022
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Para responder à questão, leia um trecho do prefácio “Um gênero tipicamente brasileiro”, do
escritor Humberto Werneck, publicado na antologia Boa companhia: crônicas.
Fernando Sabino e Rubem Braga, por longos anos obrigados a desovar crônicas diárias, não se
limitavam, nas horas de aperto, a requentar seus requintados escritos — chegaram a permutar, na moita,
velhos recortes, na suposição de que os textos, de tão antigos, já se houvessem apagado da memória do
leitor de jornal, recuperando assim a virgindade tipográfica. O troca-troca, contado por Fernando Sabino
na crônica “O estranho ofício de escrever”, merece ser aqui reproduzido:
Éramos três condenados à crônica diária: Rubem no Diário de Notícias, Paulo no Diário Carioca e eu no O
Jornal. Não raro um caso ou uma ideia, surgidos na mesa do bar, servia de tema para mais de um de
nós. Às vezes para os três. Quando caiu um edifício no bairro Peixoto, por exemplo, três crônicas foram
por coincidência publicadas no dia seguinte, intituladas respectivamente: “Mas não cai?”, “Vai cair” e
“Caiu”.
Até que um dia, numa hora de aperto, Rubem perdeu a cerimônia:
— Será que você teria aí uma crônica pequenininha para me emprestar?
Procurei nos meus guardados e encontrei uma que talvez servisse: sobre um menino que me pediu um
cruzeiro para tomar uma sopa, foi seguido por mim até uma miserável casa de pasto da Lapa: a sopa
existia mesmo, e por aquele preço. Chamava-se “O preço da sopa”. Rubem deu uma melhorada na
história, trocou “casa de pasto” por “restaurante”, elevou o preço para cinco cruzeiros, pôs o título mais
simples de “A sopa”.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2213690
281)
Tempos mais tarde chegou a minha vez — nada como se valer de um amigo nas horas difíceis:
— Uma crônica usada, de que você não precisa mais, qualquer uma serve.
— Vou ver o que posso fazer — prometeu ele.
Acabou me dando de volta a da sopa.
— Logo esta? — protestei.
— As outras estão muito gastas.
Sou pobre mas não sou soberbo. Ajeitei a crônica como pude, toquei-lhe uns remendos, atualizei o preço
para dez cruzeiros e liquidei de vez com ela, sob o título: “Esta sopa vai acabar”.
Eternamente deleitável ou imediatamente deletável — depende menos do tema do que das artes do
autor —, a crônica pode não ser um “gênero de primeira necessidade, a não ser talvez para os escritores
que a praticam”, como sustentava Luís Martins — um dos recordistas brasileiros nesse ramo de
escreveção. Um subgênero, há quem desdenhe. “Literatura em mangas de camisa”, diz-se em Portugal.
Mas, para o crítico Wilson Martins, trata-se de uma “espécie literária” que de jornalístico “só tem o fato
todo circunstancial de aparecer em periódicos.”
(Humberto Werneck (org.). Boa companhia: crônicas, 2005. Adaptado.)
Em “Até que um dia, numa hora de aperto, Rubem perdeu a cerimônia”, a expressão sublinhada tem o
sentido de
a) foi excessivamente sentimental.
b) rendeu-se a um desejo obscuro.
c) quebrou uma regra social implícita.
d) falou com mais sinceridade.
e) expressou-se com enorme dificuldade.
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2022
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Para responder a questão, leia o trecho do conto “A menina, as aves e o sangue”, do escritor
moçambicano Mia Couto (1955- ).
Aconteceu, certa vez, uma menina a quem o coração batia só de quando em enquantos. A mãe sabia
que o sangue estava parado pelo roxo dos lábios, palidez nas unhas. Se o coração estancava por
demasia de tempo a menina começava a esfriar e se cansava muito. A mãe, então, se afligia: roía o dedo
e deixava a unha intacta. Até que o peito da filha voltava a dar sinal:
— Mãe, venha ouvir: está a bater!
A mãe acorria, debruçando a orelha sobre o peito estreito que soletrava pulsação. E pareciam, as duas,
presenciando pingo de água em pleno deserto. Depois, o sangue dela voltava a calar, resina empurrando
a arrastosa vida.
Até que, certa noite, a mulher ganhou para o susto. Foi quando ela escutou os pássaros. Sentou na
cama: não eram só piares, chilreinações. Eram rumores de asas, brancos drapejos de plumas. A mãe se
ergueu, pé descalço pelo corredor. Foi ao quarto da menina e joelhou-se junto ao leito. Sentiu a
transpiração, reconheceu o seu próprio cheiro. Quando lhe ia tocar na fronte a menina despertou:
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— Mãe, que bom, me acordou! Eu estava sonhar pássaros.
A mãe sortiu-se de medo, aconchegou o lençol como se protegesse a filha de uma maldição. Ao tocar no
lençol uma pena se desprendeu e subiu, levinha, volteando pelo ar. A menina suspirou e a pluma,
algodão em asa, de novo se ergueu, rodopiando por alturas do tecto. A mãe tentou apanhar a errante
plumagem. Em vão, a pena saiu voando pela janela. A senhora ficou espreitando a noite, na ilusão de
escutar a voz de um pássaro. Depois, retirou-se, adentrando-se na solidão do seu quarto. Dos pássaros
selou-se o segredo, só entre as duas.[...]
Com o tempo, porém, cada vez menos o coração se fazia frequente. Quase deixou de dar sinais à vida.
Até que essa imobilidade se prolongou por consecutivas demoras. A menina falecera? Não se
vislumbravam sinais dessa derradeiragem. Pois ela seguia praticando vivências, brincando, sempre
cansadinha, resfriorenta. Uma só diferença se contava. Já à noite a mãe não escutava os piares.
— Agora não sonha, filha?
— Ai mãe, está tão escuro no meu sonho!Só então a mãe arrepiou decisão e foi à cidade:
— Doutor, lhe respeito a permissão: queria saber a saúde de minha única. É seu peito... nunca mais deu
sinal.
O médico corrigiu os óculos como se entendesse rectificar a própria visão. Clareou a voz, para melhor se
autorizar. E disse:
— Senhora, vou dizer: a sua menina já morreu.
— Morta, a minha menina? Mas, assim...?
— Esta é a sua maneira de estar morta.
A senhora escutou, mãos juntas, na educação do colo. Anuindo com o queixo, ia esbugolhando o médico.
Todo seu corpo dizia sim, mas ela, dentro do seu centro, duvidava. Pode-se morrer assim com tanta
leveza, que nem se nota a retirada da vida? E o médico, lhe amparando, já na porta:
— Não se entristonhe, a morte é o fim sem finalidade.
A mãe regressou à casa e encontrou a filha entoando danças, cantarolando canções que nem existem.
Se chegou a ela, tocou-lhe como se a miúda inexistisse. A sua pele não desprendia calor.
— Então, minha querida não escutou nada?
Ela negou. A mãe percorreu o quarto, vasculhou recantos. Buscava uma pena, o sinal de um pássaro.
Mas nada não encontrou. E assim, ficou sendo, então e adiante.
Cada vez mais fria, a moça brinca, se aquece na torreira do sol. Quando acorda, manhã alta, encontra
flores que a mãe depositou ao pé da cama. Ao fim da tarde, as duas, mãe e filha, passeiam pela praça e
os velhos descobrem a cabeça em sinal de respeito.
E o caso se vai seguindo, estória sem história. Uma única, silenciosa, sombra se instalou: de noite, a mãe
deixou de dormir. Horas a fio a sua cabeça anda em serviço de escutar, a ver se regressam as vozearias
das aves.
(Mia Couto. A menina sem palavra, 2013.)
“E pareciam, as duas, presenciando pingo de água em pleno deserto.” (3º parágrafo) No contexto do
conto, “pingo de água” e “pleno deserto” referem- se, metaforicamente,
a) à pulsação da filha e ao peito da filha, respectivamente.
282)
283)
b) à filha e à mãe, respectivamente.
c) ao peito da filha e à pulsação da filha, respectivamente.
d) à orelha da mãe e ao peito da filha, respectivamente.
e) à mãe e à filha, respectivamente.
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CMCG - CA (CMCG)/CMCG/6º Ano do Ensino Fundamental/2021
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Leia o conto escrito por Lygia Fagundes Teles, para responder ao item.
A DISCIPLINA DO AMOR
Foi na França, durante a Segunda Grande Guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias,
pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde.
Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e na maior alegria acompanhava-o com seu passinho
saltitante de volta à casa.
A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia,
chegava até a correr todo animado atrás dos mais íntimos. Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar
sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe.
Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de
esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar naquele único ponto, a orelha em pé,
atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele
voltava para casa e levava sua v ida normal de cachorro, até chegar o dia seguinte. Então,
disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao posto de espera.
O jovem morreu num bombardeio, mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança.
Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando aquela hora, ele disparava para o
compromisso assumido, todos os dias. Todos os dias.
Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado
que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os
amigos para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a
esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, "mas quem esse cachorro está esperando?". Uma
tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho sempre voltado para "aquela" direção.
TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 99-100. Adaptado.
A expressão "relógio preso à pata" sugere que
a) o cachorro sempre perdia a hora.
b) há sinal afetivo entre o cão e seu cuidador.
c) o cão tinha um jeito singular para encontrar o dono.
d) o cachorro realizava a ação sempre no mesmo horário.
e) o animal tinha um relógio, literalmente, em sua pata.
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COMVEST UNICAMP - Vest (UNICAMP)/UNICAMP/Vestibular Unicamp (VU)/2021
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê?
Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e
sem compostura. Acha que pode tudo. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok.
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284)
Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas. O cafona
fura filas, canta pneus e passa sermões. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que
ele. O cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer bajular o poderoso e debochar do
necessitado. Quer andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Unidos, os cafonas fazem passeatas de
apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos. Existe algo mais brega do que
um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar,
apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país.
(Adaptado de Fernanda Young, Bando de cafonas. Publicado em https: //oglobo.globo.com/cultura/em-sua-ultima-
coluna-fernanda-young-sent enciacafonice- detesta-arte-23903168. Acessado em 27/05/2020.)
*cafona: quem tem ou revela mau gosto (roupa cafona); que revela gosto ou atitude vulgares.
(Adaptado de aulete.com.br.)
Essa releitura do significado de “cafona” salienta
a) a importância das atitudes de determinado grupo de pessoas em relação aos problemas que o
país de fato enfrenta.
b) o controle do poder político nas mãos de pessoas desprovidas de ética e educação nas formas
como se relacionam com o meio ambiente.
c) a incorporação de padrões de comportamento e de convivência social baseada na vulnerabilidade
das classes minoritárias.
d) o privilégio de uma parcela da sociedade em relação a outras e a forma como isso determina os
dilemas enfrentados pelo país.
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FGV - Vest (FEMPAR)/FEMPAR/Medicina/2021
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
TEXTO II
A pandemia do novo Coronavírus e o isolamento social trouxeram um novo problema de saúde pública: a
miopia precoce (dificuldade em enxergar para longe). Estudo realizado na China com mais de 120 mil
crianças mostrou que os casos de miopia entre crianças de 6 anos aumentaram 400% nos cinco
primeiros meses de lockdown de 2020, em comparação aos anos anteriores. A pesquisa foi publicada
este mês na JAMA Ophthalmology, revista científica com maior fator de impacto dentro do campo da
oftalmologia.
O estudo é coordenado pelo professor do Departamento de Oftalmologia da Universidade dos Estados
Unidos, Jiaxing Wang, e vem sendo realizado desde 2015 com crianças entre 6 e 13 anos de idade. Os
dados revelam ainda que entre os participantes com 7 anos o aumento foi de 200% nos casos de miopia,
e aos 8 anos a alta foi de 40%.
Bem Paraná, 29/01/2021.
“A pesquisa foi publicada este mês na JAMA Ophthalmology, revista científica com maior fator de impacto
dentro do campo da oftalmologia.”
Segundo o dicionário, a oftalmologia é “o ramo da medicina que estuda os olhos em todos os aspectos”.
Assinale a opção que apresenta o termoque tem seu objeto de estudo identificado incorretamente.
a) Endocrinologia: as glândulas de secreção interna.
b) Ginecologia: as doenças privativas das mulheres.
c) Andrologia: as doenças privativas dos homens.
d) Pneumologia: as doenças da pele.
e) Neurologia: o sistema nervoso.
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285)
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IME - CFG (IME)/IME/2021
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Texto 3
Lima Barreto (1881-1922) viveu em um período de intensas transformações sociais no País, marcado
pela abolição da escravatura (1888), advento da ordem republicana (1889) e urbanização crescente.
Filho de pais negros (o pai era tipógrafo e a mãe, professora), Lima Barreto abordou principalmente os
temas e os personagens típicos dos subúrbios cariocas, cruzando os limites da realidade e da ficção.
Nessa perspectiva, o conto A nova Califórnia, publicado em 1916, faz uma alusão à Corrida do ouro, nos
Estados Unidos, da primeira metade do século XIX, para condenar ironicamente a ganância e a busca do
enriquecimento fácil.
Sinopse do conto
Raimundo Flamel, um químico, chega à pequena cidade de Tubiacanga, no Rio de Janeiro. Anos depois,
ele encontra uma fórmula secreta capaz de transformar ossos humanos em ouro, o que transformaria
profundamente a cidade, até então, ordeira e tranquila. Depois de revelar a sua descoberta, Flamel some
misteriosamente. A partir daí, o cemitério é profanado, ocorrendo vários roubos de cadáveres.
A NOVA CALIFÓRNIA
Ninguém sabia donde viera aquele homem. O agente do Correio pudera apenas informar que acudia ao
nome de Raimundo Flamel, pois assim era subscrita a correspondência que recebia. E era grande. Quase
diariamente, o carteiro lá ia a um dos extremos da cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um
maço alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas revistas em línguas arrevesadas, livros,
pacotes...
Quando Fabrício, o pedreiro, voltou de um serviço em casa do novo habitante, todos na venda
perguntaram-lhe que trabalho lhe tinha sido determinado.
– Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar.
Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao saber de tão extravagante construção: um
forno na sala de jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrício pôde contar que vira balões de vidros, facas sem
corte, copos como os da farmácia – um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas mesas e prateleiras
como utensílios de uma bateria de cozinha em que o próprio diabo cozinhasse. O alarme se fez na vila.
Para uns, os mais adiantados, era um fabricante de moeda falsa; para outros, os crentes e simples, um
tipo que tinha parte com o tinhoso.
Chico da Tirana, o carreiro, quando passava em frente da casa do homem misterioso, ao lado do carro a
chiar, e olhava a chaminé da sala de jantar a fumegar, não deixava de persignar-se e rezar um “credo”
em voz baixa; e, não fora a intervenção do farmacêutico, o subdelegado teria ido dar um cerco à casa
daquele indivíduo suspeito, que inquietava a imaginação de toda uma população.
Tomando em consideração as informações de Fabrício, o boticário Bastos concluíra que o desconhecido
devia ser um sábio, um grande químico, refugiado ali para mais sossegadamente levar avante os seus
trabalhos científicos.
Homem formado e respeitado na cidade, vereador, médico também, porque o doutor Jerônimo não
gostava de receitar e se fizera sócio da farmácia para mais em paz viver, a opinião de Bastos levou
tranquilidade a todas as consciências e fez com que a população cercasse de uma silenciosa admiração a
pessoa do grande químico, que viera habitar a cidade.
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De tarde, se o viam a passear pela margem do Tubiacanga, sentando-se aqui e ali, olhando
perdidamente as águas claras do riacho, cismando diante da penetrante melancolia do crepúsculo, todos
se descobriam e não era raro que às “boas noites” acrescentassem “doutor”. E tocava muito o coração
daquela gente a profunda simpatia com que ele tratava as crianças, a maneira pela qual as contemplava,
parecendo apiedar-se de que elas tivessem nascido para sofrer e morrer.
Na verdade, era de ver-se, sob a doçura suave da tarde, a bondade de Messias com que ele afagava
aquelas crianças pretas, tão lisas de pele e tão tristes de modos, mergulhadas no seu cativeiro moral, e
também as brancas, de pele baça, gretada e áspera, vivendo amparadas na necessária caquexia dos
trópicos. Por vezes, vinha-lhe vontade de pensar qual a razão de ter Bernardin de Saint-Pierre gasto toda
a sua ternura com Paulo e Virgínia e esquecer-se dos escravos que os cercavam...
Em poucos dias a admiração pelo sábio era quase geral, e não o era unicamente porque havia alguém
que não tinha em grande conta os méritos do novo habitante. Capitão Pelino, mestre-escola e redator da
Gazeta de Tubiacanga, órgão local e filiado ao partido situacionista, embirrava com o sábio. “Vocês hão
de ver, dizia ele, quem é esse tipo... Um caloteiro, um aventureiro ou talvez um ladrão fugido do Rio.”
A sua opinião em nada se baseava, ou antes, baseava-se no seu oculto despeito vendo na terra um rival
para a fama de sábio de que gozava. Não que Pelino fosse químico, longe disso; mas era sábio, era
gramático. Ninguém escrevia em Tubiacanga que não levasse bordoada do capitão Pelino, e mesmo
quando se falava em algum homem notável lá no Rio, ele não deixava de dizer: “Não há dúvida! O
homem tem talento, mas escreve: ‘um outro’, ‘de resto’... ”. E contraía os lábios como se tivesse engolido
alguma coisa amarga.
Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respeitar o solene Pelino, que corrigia e emendava as maiores
glórias nacionais. Um sábio...
Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero, o Cândido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de ter
passado mais uma vez a tintura nos cabelos, o velho mestre-escola saía vagarosamente de casa, muito
abotoado no seu paletó de brim mineiro, e encaminhava-se para a botica do Bastos a dar dois dedos de
prosa. Conversar é um modo de dizer, porque era Pelino avaro de palavras, limitando-se tão somente a
ouvir. Quando, porém, dos lábios de alguém escapava a menor incorreção de linguagem, intervinha e
emendava. “Eu asseguro, dizia o agente do Correio, que... ” Por aí, o mestre-escola intervinha com
mansuetude evangélica: “Não diga ‘asseguro’, senhor Bernardes; em português é garanto”.
E a conversa continuava depois da emenda, para ser de novo interrompida por uma outra. Por essas e
outras, houve muitos palestradores que se afastaram, mas Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres,
continuava o seu apostolado de vernaculismo. A chegada do sábio veio distraí-lo um pouco da sua
missão. Todo o seu esforço voltava-se agora para combater aquele rival, que surgia tão inopinadamente.
Foram vãs as suas palavras e a sua eloquência: não só Raimundo Flamel pagava em dia as suas contas,
como era generoso – pai da pobreza – e o farmacêutico vira numa revista de específicos seu nome citado
como químico de valor.
BARRETO, Lima. A nova Califórnia e outros contos. São Paulo: Unesp, 2012, p. 11-23 (texto adaptado).
Leia atentamente o excerto do texto 3:
“Na verdade, era de ver-se, sob a doçura suave da tarde, a bondade de Messias com que ele afagava
aquelas crianças pretas, tão lisas de pele e tão tristes de modos, mergulhadas no seu cativeiro moral, e
também as brancas, de pele baça, gretada e áspera, vivendo amparadas na necessária caquexia dos
trópicos.” No texto, a expressão “caquexia dos trópicos”, típica de uma visão determinista e evolucionista,
a) exprime a convicção do narrador nas potencialidades do povo brasileiro em relação ao progresso
da nação.
b) expressa a ideia de que se trata de um traço inelutável, próprio de um grupo social em uma
região geográfica determinada.
c) significa que os habitantes de Tubiacanga se caracterizam pela ignorância e tacanhez.
286)
287)
d) refere-se sobretudo às crianças pretas, “lisas de pele e tão tristesde modos, mergulhadas no seu
cativeiro moral”.
e) inclui as crianças pretas e brancas, que partilhavam idênticas condições de vida e de educação.
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FUVEST - Vest (USP)/USP/2021
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
A taxação de livros tem um efeito cascata que acaba custando caro não apenas ao leitor, como
também ao mercado editorial – que há anos não anda bem das pernas – e, em última instância, ao
desenvolvimento econômico do país. A gente explica. Taxar um produto significa, quase sempre, um
aumento no valor do produto final. Isso porque ao menos uma parte desse imposto será repassada ao
consumidor, especialmente se considerarmos que as editoras e livrarias enfrentam há anos uma crise
que agora está intensificada pela pandemia e não poderiam retirar o valor desse imposto de seu já
apertado lucro. Livros mais caros também resultam em queda de vendas, que, por sua vez, enfraquece
ainda mais editoras e as impede de investir em novas publicações – especialmente aquelas de menor
apelo comercial, mas igualmente importantes para a pluralidade de ideias. Já deu para perceber a
confusão, não é? Mas, além disso, qual seria o custo de uma sociedade com menos leitores e menos
livros?
Taís Ilhéu. “Por que taxar os livros pode gerar retrocesso social e econômico
no país”. Guia do Estudante. Setembro/2020. Adaptado.
De acordo com o texto, os eventos sequenciais aos quais alude a expressão “efeito cascata” são:
a) livros mais caros, decréscimo de vendas, estímulo às editoras, supressão de investimento em
novas publicações.
b) aumento do valor do produto final, queda de vendas, encolhimento das editoras, aumento do
investimento em novas obras.
c) livros mais caros, instabilidade nas vendas, enfraquecimento das editoras, expansão das
publicações.
d) aumento do valor do produto final, contração nas vendas, esgotamento das editoras, falta de
investimento em novas publicações.
e) livros mais caros, equilíbrio nas vendas, diminuição das editoras, carência de investimento em
novas publicações.
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2021
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Para responder a questão, leia a crônica “A obra-prima”, de Lima Barreto, publicada na revista
Careta em 25.09.1915.
Marco Aurélio de Jesus, dono de um grande talento e senhor de um sólido saber, resolveu certa vez
escrever uma obra sobre filologia.
Seria, certo, a obra-prima ansiosamente esperada e que daria ao espírito inculto dos brasileiros as
noções exatas da língua portuguesa. Trabalhou durante três anos, com esforço e sabiamente. Tinha
preparado o seu livro que viria trazer à confusão, à dificuldade de hoje, o saber de amanhã. Era uma
obra-prima pelas generalizações e pelos exemplos.
A quem dedicá-la? Como dedicá-la? E o prefácio?
E Marco Aurélio resolve meditar. Ao fim de igual tempo havia resolvido o difícil problema.
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288)
A obra seria, segundo o velho hábito, precedida de “duas palavras ao leitor” e levaria, como
demonstração de sua submissão intelectual, uma dedicatória.
Mas “duas palavras”, quando seriam centenas as que escreveria? Não. E Marco Aurélio contou as “duas
palavras” uma a uma. Eram duzentas e uma e, em um lance único, genial, destacou em relevo, ao alto
da página “duzentas e uma palavras ao leitor”.
E a dedicatória? A dedicatória, como todas as dedicatórias, seria a “pálida homenagem” de seu talento
ao espírito amigo que lhe ensinara a pensar…
Mas “pálida homenagem”… Professor, autor de um livro de filologia, cair na vulgaridade da expressão
comum: “pálida homenagem”? Não. E pensou. E de sua grave meditação, de seu profundo pensamento,
saiu a frase límpida, a grande frase que definia a sua ideia da expressão e, num gesto, sulcou o alto da
página de oferta com a frase sublime: “lívida homenagem do autor”…
Está aí como um grande gramático faz uma obra-prima. Leiam-na e verão como a coisa é bela.
(Sátiras e outras subversões, 2016.)
Em “Professor, autor de um livro de filologia, cair na vulgaridade da expressão comum: ‘pálida
homenagem’?” (8º parágrafo), o termo sublinhado está empregado na acepção de
a) “lançar-se rapidamente; atirar-se, jogar-se”, como em “ela caiu no colo da mãe”.
b) “incorrer em erro, falta; incidir”, como em “durante o depoimento, caiu em contradição”.
c) “deixar-se enganar, ser vítima de logro”, como em “ele caiu no conto do vigário”.
d) “criticar severamente; acusar”, como em “a imprensa caiu em cima dos corruptos”.
e) “entrar em determinado estado ou situação”, como em “durante o filme, caiu no sono”.
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CMCG - CA (CMCG)/CMCG/6º Ano do Ensino Fundamental/2021
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Leia os textos I e II para responder ao item.
TEXTO I
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ADOTE UMA VIDA. Disponível em: https://cm-Sintra.pt. Acesso em: 27 de JUN de 2021. Adaptado.
TEXTO II
Disponível em: https: / /www.petinabag.com. br/post/qua is-os-benef%C3%ADcios-de-ter-um-animal-de-
estima%C3%A 7%C3%A3o Acesso em: 27 de JUN de 2021
Observe o excerto a seguir:
" Razões para adotar um cão. Adote uma vida!"
O vocábulo "um" pode ser compreendido como
a) apenas um cão.
b) um cão específico.
c) somente cães sem raça definida.
d) qualquer cão que esteja para adoção.
e) um dos cães que está com a fotografia no cartaz.
289)
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2021
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Para responder a questão, leia o texto extraído da primeira parte, intitulada “A terra”, da obra Os
sertões, de Euclides da Cunha. A obra resultou da cobertura jornalística da Guerra de Canudos, realizada
por Euclides da Cunha para o jornal O Estado de S.Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada
apenas em 1902.
Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de 1897], as cercanias de Canudos, fugindo à monotonia
de um canhoneio1 frouxo de tiros espaçados e soturnos, encontramos, no descer de uma encosta,
anfiteatro irregular, onde as colinas se dispunham circulando um vale único. Pequenos arbustos,
icozeiros2 virentes viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de flores rutilantes, davam ao lugar a
aparência exata de algum velho jardim em abandono. Ao lado uma árvore única, uma quixabeira alta,
sobranceando a vegetação franzina.
O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão e protegido por ela — braços largamente abertos,
face volvida para os céus — um soldado descansava.
Descansava... havia três meses.
Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A coronha da Mannlicher 4 estrondada, o cinturão e o boné
jogados a uma banda, e a farda em tiras, diziam que sucumbira em luta corpo a corpo com adversário
possante. Caíra, certo, derreando- -se à violenta pancada que lhe sulcara a fronte, manchada de uma
escara preta. E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora percebido. Não compartira, por isto, a
vala comum de menos de um côvado de fundo em que eram jogados, formando pela última vez juntos,
os companheiros abatidos na batalha. O destino que o removera do lar desprotegido fizera-lhe afinal uma
concessão: livrara-o da promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e deixara-o ali há três meses –
braços largamente abertos, rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes, para os luares claros, para
as estrelas fulgurantes...
E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara conservando os traços fisionômicos, de modo a incutir a
ilusão exata de um lutador cansado, retemperando-se em tranquilo sono, à sombra daquela árvore
benfazeja. Nem um verme — o mais vulgar dos trágicos analistas da matéria — lhe maculara os tecidos.
Volvia ao turbilhão da vida sem decomposição repugnante, numa exaustão imperceptível. Era um
aparelho revelandode modo absoluto, mas sugestivo, a secura extrema dos ares.
(Os sertões, 2016.)
1 canhoneio: descarga de canhões.
2 icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, flores de tom verde-pálido e frutos bacáceos.
3 palmatória: planta da família das cactáceas, de flores amarelo-esverdeadas, com a parte inferior
vermelha, ou róseas, e bagas vermelhas.
4 Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ritter von Mannlicher.
A linguagem do texto pode ser caracterizada como
a) erudita e lacônica.
b) rebuscada e técnica.
c) coloquial e prolixa.
d) subjetiva e informal.
e) hermética e impessoal.
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290)
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IME - CFG (IME)/IME/2021
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Texto 2
Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos mais importantes poetas da literatura portuguesa. Criou uma
obra de natureza filosófica sobre a consciência e as suas mais profundas inquietações existenciais.
Expressou uma personalidade estética multifacetada por meio dos heterônimos, os quais consistiam em
várias identidades que detinham biografia e características psicológicas distintas: Alberto Caeiro, Ricardo
Reis, Bernardo Soares e Álvaro de Campos, um engenheiro naval, a quem se deve a “Ode triunfal”. Esse
heterônimo apresenta uma personalidade estética marcada pelas concepções futuristas e pela intenção
de assimilar ao eu lírico a realidade exterior, considerada em suas manifestações mais prosaicas, ao
mesmo tempo em que aquele se projeta no mundo.
ODE TRIUNFAL
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical —
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força —
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão,
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,
Átomos que hão-de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,
Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes,
Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
Fazendo-me um acesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!III)
Fraternidade com todas as dinâmicas!
Promíscua fúria de ser parte-agente
Do rodar férreo e cosmopolita
Dos comboios estrênuos,
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2090463
291)
Da faina transportadora-de-cargas dos navios,
Do giro lúbrico e lento dos guindastes,
Do tumulto disciplinado das fábricas,
E do quase-silêncio ciciante e monótono das correias de transmissão!
Horas europeias, produtoras, entaladas
Entre maquinismos e afazeres úteis!
Grandes cidades paradas nos cafés,
Nos cafés — oásis de inutilidades ruidosas
Onde se cristalizam e se precipitam
Os rumores e os gestos do Útil
E as rodas, e as rodas-dentadas e as chumaceiras do Progressivo!
Nova Minerva sem-alma dos cais e das gares!
Novos entusiasmos de estatura do Momento!
PESSOA, Fernando. Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993), p. 144 (texto adaptado).
“Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!”
Quanto ao segmento do texto 2 apresentado, considere as seguintes afirmações:
I. No segmento em destaque, tomado por sensações vertiginosas, o poeta modernista evidencia um
sentimento de fascínio pelas máquinas, assim como o seu desejo de fusão e integração.
II. Em consonância com uma estética romântica tardia, o vocábulo “flora” foi empregado no intuito
de postular uma possível reconversão do mundo das máquinas a uma natureza pujante, então
vilipendiada.
III. No verso “Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável” , a palavra “estupenda” apresenta
uma relação de sinonímia com o vocábulo “abundante”.
Está(ão) correta(s) a(s) assertiva(s):
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e III, apenas.
e) II e III, apenas.
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CMR - CA (CMR)/CMR/6º Ano do Ensino Fundamental/2021
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Texto
Se as coisas fossem Mães
Sylvia Orthof
Se a lua fosse mãe, seria mãe das estrelas,
o céu seria sua casa, casa das estrelas belas.
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292)
Se a sereia fosse mãe, seria mãe dos peixinhos,
o mar seria um jardim e os barcos seus caminhos.
(...)
Se a terra fosse mãe, seria mãe das sementes,
pois mãe é tudo que abraça, acha graça e ama a gente.
Se uma fada fosse mãe, seria a mãe da alegria.
Toda mãe é um pouco fada... Nossa mãe fada seria.
(...)
Se a chaleira fosse mãe, seria a mãe da água fervida,
faria chá e remédio para as doenças da vida.
Se a mesa fosse mãe,
as filhas, sendo cadeiras,
sentariam comportadas,
teriam "boas maneiras".
Cada mãe é diferente: mãe verdadeira, ou postiça,
mãe-vovó, mãe titia, Maria, Filó, Francisca,
Gertrudes, Malvina, Alice.
Toda mãe é como eu disse.
Dona Mamãe ralha e beija,
Erra, acerta, arruma a mesa,
cozinha, escreve, trabalha fora,
Ri, esquece, lembra e chora,
traz remédio e sobremesa.
Tem até pai que é "tipo mãe"...
Esse, então, é uma beleza!
Casimiro de Abreu ... [et al.]; organização e apresentação Ana Maria Machado; ilustrações Thais Linhares. - 1. Ed. -
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003. (Literatura em minha casa - 4ª série; v.1. Poesia).
Nos versos, "Se a chaleira fosse mãe, seria a mãe da água fervida/ faria chá e remédio para as doenças
da vida", a expressão destacada não apresenta o mesmo sentido em
a) enfermidades.
b) tristezas.
c) ansiedades.
d) angústias.
e) alacridades.
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Instituto Consulplan - Vest (UNIFAGOC)/UNIFAGOC/Medicina/2020
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Primeira impressão
Emoção e memória coordenadas influenciam encontro
social
A primeira impressão é a que fica, já diz o jargão popular sobre o primeiro encontro entre duas pessoas
desconhecidas. Buscar as razões pelas quais isso acontece foi o objetivo de cientistas da Universidade de
Haifa, em Israel, a partir de um experimento com ratos de laboratório. Entre os achados, verificou-se que
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1974519
293)
emoção social e memória social estão intimamente ligadas nesse processo, e trabalham de forma
coordenada.
Testando os ratos, os pesquisadores verificaram que a emoção do encontro social com um rato estranho
criou um alto nível de atividade rítmica sincronizada no cérebro, fator que parece facilitar a formação de
memória social. Uma vez que os ratos estavam familiarizados uns com os outros, a excitação diminuía, e
as áreas distintas do cérebro passavam a trabalhar de forma menos coordenada.
Os cientistas também procuraraminvestigar se outras emoções em particular geravam essa sincronização
de atividades cerebrais, mas isso não aconteceu. Emoções negativas como medo e mesmo emoções
positivas, mas relacionadas a um ser inanimado, não provocam as mesmas reações. Os especialistas
sugerem que o experimento seja repetido em humanos para que se confirme ser essa atividade
sincronizada no cérebro o fator que nos faz lembrar mais fortemente dos primeiros momentos que
tivemos com alguém.
(Psique, Ciência e Vida. Número 117 – ano IX.)
Após a leitura do texto, pode-se afirmar que o termo “coordenadas” em “Emoção e memória
coordenadas influenciam encontro social” tem seu sentido relacionado à:
a) Equidade.
b) Similaridade.
c) Generalidade.
d) Simultaneidade.
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CMCG - CA (CMCG)/CMCG/6º Ano do Ensino Fundamental/2020
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Leia o texto IV para responder a questão.
TEXTO IV
SETE FAMÍLIAS
O jogo das 7 famílias, ou apenas 7 famílias, é um jogo infantil de domínio público¹. Observe as
informações.
Número de jogadores: de dois a seis.
Objetivo: formar o maior número de famílias.
Regras:
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1. No início são distribuídas cinco cartas para cada jogador e o restante compõe o monte, que deverá
ficar no meio da mesa e com as ilustrações viradas para baixo.
2. O primeiro jogador pede para qualquer um dos outros uma das cartas de uma família que ele gostaria
de completar em suas mãos. Por exemplo:
“— Na família Mato Fino, eu quero o pai!”
Atenção: a carta pedida deverá corresponder a uma família da qual o jogador já possui, pelo menos,
uma carta.
3. Ao pedir a carta, duas situações podem se apresentar:
3.1 Se a pessoa possuir a carta, deverá entregá-la ao jogador que solicitou e este ainda ganha o direito
de pedir outra carta, inclusive, a qualquer um dos jogadores.
3.2. Caso o oponente não tenha a carta requisitada2, quem requisitou compra uma carta e encerra sua
jogada. Caso o jogador compre a carta que tinha requisitado antes, ele deverá mostrar a todos, para
poder continuar jogando.
4. Uma vez que uma família esteja completa com as cinco cartas (pai, mãe, filha, filho e avós), então
essa família é anunciada a todos e deixada em aberto, mas isso não encerra o jogo.
5. Quando as cartas da pilha acabarem, todos jogam com o que tiverem na mão. A partida acaba com
todas as famílias completas à mesa, e quem tiver mais famílias ganha.
Pontos positivos:
– Jogo simples e direto, perfeito para os pequenos.
– Fácil aprendizagem e ensina a lidar principalmente com a honestidade.
Considerações finais:
– Sete famílias é um jogo infantil. A mecânica3 de colecionar componentes é simples o suficiente para
uma criança entender e, considerando que saiba ler, pode jogar sem problema algum.
– Algo interessante no jogo é que ele trabalha o conceito de honestidade, considerando que as mãos de
cartas de todos os jogadores estão fechadas e o “chamado” das cartas deve ser respondido
honestamente para que o jogo seja divertido para todos.
– O jogo é absurdamente simples, mas também muito divertido para os pequenos.
(DEUS, Rodrigo. Sete famílias. Disponível em: <https://meepledivino.blog.br>. Acesso em: 06 ago. 2020.
Adaptado.)
GLOSSÁRIO:
¹Domínio público: diz-se daquilo que está livre dos direitos de autor, podendo ser visto e utilizado livremente.
2Requisitar: solicitar.
3Mecânica: maneira de operar.
No fragmento “O jogo é absurdamente simples [...]”, última linha do texto, ao utilizar o vocábulo
destacado, o autor
a) intensifica a qualidade “simples”.
b) classifica o “jogo” como muito ruim.
c) atribui ao jogo um nível difícil.
d) critica o criador do “Sete famílias”.
e) identifica o espanto de um jogador.
294)
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Instituto Consulplan - Vest (FIMCA)/FIMCA/Medicina/2019
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
O que é prevenção de suicídio, afinal?
Dia mundial de prevenção de suicídio, 10 de setembro.
De um tempo para cá todo ano voltamos ao tema. Mas ainda estamos encontrando o tom.
Após uma vida inteira ignorando o assunto os meios de comunicação resolveram finalmente abordá-lo.
Mas, presos aos modelos de campanhas de conscientização habituais focaram-se nos números, taxas de
crescimento, histórias individuais, entrevistas com pessoas afetadas pela questão. Tudo muito importante
para que a sociedade fique mais esclarecida sobre o panorama local, nacional e até mundial sobre o
suicídio. Mas inócuo para prevenção de fato.
O que é prevenção, afinal? A prevenção em saúde se dá em três níveis:
Prevenção primária: estratégias para evitar o adoecimento, retirando fatores de risco.
Prevenção secundária: detecção precoce de pessoas acometidas por um problema, se possível antes de
ele se manifestar.
Prevenção terciária: intervenções para evitar sequelas depois que o problema acontece.
De trás para frente, quando se fala em suicídio, não é possível fazer prevenção terciária, a não ser tratar
das feridas emocionais de quem ficou (na chamada pósvenção).
E o que seria a prevenção secundária nesses casos? Evitar que pessoas já com intenções ou planos
suicidas cometam o ato. Tal situação normalmente se dá quando existe um transtorno mental que agrava
uma situação de crise – por estar doente ela não vê outra saída que não a morte. É preciso então
dissuadi-las disso, mostrando que o ser humano consegue superar qualquer coisa se tiver ajuda
suficiente e se suas emoções não estiverem adoecidas. Não adianta apresentar números, contar histórias
tristes. Ninguém nessa situação vai pensar “Puxa, quanta gente já se matou, né? Melhor eu não fazer
isso”. Ao contrário, tais dados podem até normalizar para elas esse comportamento. Faremos prevenção
se ensinarmos todo mundo a detectar sintomas de depressão, a diferenciar uso e dependência de
substâncias; se combatermos o preconceito com psiquiatria, psicologia, estimulando em quem precisa a
busca de ajuda e apresentando caminhos para atendimento em crises (como o CVV – fone 188). Se a
sociedade inteira compreender que essas são formas eficazes de se buscar saídas para situações
aparentemente insolúveis e insuportáveis, poderemos prevenir alguns casos.
Evidentemente o ideal é que a gente não chegue a ponto de considerar seriamente o suicídio. Como já
vimos que isso normalmente ocorre quando crises parecem insuportáveis e insolúveis em função do
adoecimento emocional, esse último deveria ser o alvo da prevenção primária. É ingênuo achar ser
possível prevenir crises. Mas evitar o adoecimento é um alvo a ser perseguido com afinco. Atividade física
regular, sono de qualidade, alimentação saudável, desenvolvimento de vínculos afetivos, criação de uma
rede de suporte, tudo isso – de preferência ao mesmo tempo – oferece boa proteção ao adoecimento ou
ao agravamento dos transtornos mentais. Falar disso – que aparentemente nada tem a ver com o
suicídio – talvez seja uma das formas mais importantes de prevenir novos casos.
Ah, e apesar de óbvio, vale a pena lembrar: não adianta voltarmos a esses temas apenas ano que vem,
ok?
Já percebeu como diante das mesmas situações – mesmo as dramáticas – tem gente que desmorona,
outros sofrem por um tempo mas seguem em frente, e ainda há quem não se abale? Isso mostra que
boa parte do problema diante de eventos negativos não está neles, mas em nós – como nossa história,
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295)
296)
nossos pensamentos, pressupostos e crenças interferem na forma com que lidamos com as
adversidades. Em O poder da resiliência (Sextante, 2019) o psicólogo Rick Hanson se uniu ao consultor
Forrest Hanson para mostrar, baseado em pesquisas científicas e exemplos práticos, como resiliência vai
além da capacidade de absorver os golpes e ficar em pé (o que já é bastante). Ela também coopera para
termos mais qualidade de vida e um bem-estar efetivo. Habilidades que vêm muito a calhar tanto para
prevençãoprimária como para secundária e pósvenção.
(Daniel Martins de Barros, 10/09/2019. Disponível em:
https://emais.estadao.com.br/blogs/daniel-martins-de-barros/o-que-eprevencao- de-suicidio-
afinal/.)
De acordo com o contexto, o elemento destacado em “Mas inócuo para prevenção de fato.” tem o seu
significado corretamente expresso em:
a) Prejudicial à prevenção proposta.
b) Desagradável para o fim pretendido.
c) Fato não acatado diante do proposto.
d) Motivação contrária ao fato proposto.
e) Incapaz de produzir o efeito pretendido.
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COMVEST UNICAMP - Vest (UNICAMP)/UNICAMP/Vestibular Unicamp (VU)/2019
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
“(...) as palavras tomam significados distintos daqueles utilizados no cotidiano. Por exemplo, utiliza-
se, com frequência, nas aulas sobre frações, a frase reduzir ao mesmo denominador." (Edi Jussara
Candido Lorensatti, Linguagem matemática e Língua Portuguesa: diálogo necessário na resolução de
problemas matemáticos. Conjectura: Filosofia e Educação. Caxias do Sul, v. 14, n. 2, p. 91, maio/ago.
2009.) Cada ciência usa uma linguagem própria e com um grau de precisão terminológica necessário
para o seu exercício. Tendo em vista os significados distintos que as palavras assumem nas situações
concretas em que são empregadas, o verbo “reduzir”, no uso cotidiano, significa
a) limitar alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática é sinônimo de restringir.
b) moderar alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática implica aumentar as relações
entre os números.
c) eliminar alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática implica reverter as relações entre
os números.
d) diminuir alguma coisa, ao passo que na linguagem matemática é sinônimo de converter.
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Instituto Consulplan - Vest (UNIFACIG)/UNIFACIG/Medicina/2019
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
A saúde em pedaços: os determinantes
sociais da saúde (DSS)
A redução da saúde à sua dimensão biológica se constitui em um dos maiores dilemas da área. Isso
porque essa visão estreita fundamenta práticas de pouco alcance quando se trata de saúde coletiva,
porquanto prioriza a assistência individual e curativa, constituindo-se em uma espiral em torno das
doenças e que, exatamente por isso, ajuda a reproduzi-las. Porém, essa concepção, embora hegemônica,
não existe sem ser tensionada.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda na primeira metade do século XX, tentou destacar que
saúde não é só a ausência de doença. Todavia, pouco explica o porquê disso, uma vez que, como diria
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Ana Lúcia Magela de Rezende, na sua “Dialética da Saúde”, cai na tautologia de definir a saúde como
sendo o completo bem-estar físico, psíquico e social. Ora, dizer que saúde é bem-estar é o mesmo que
dizer que seis é meia dúzia. O que é o bem-estar?
Na formulação da OMS essa questão permanece vaga. O uso do termo completo junto a bem-estar torna
o conceito ainda mais problemático, tendo em vista seu caráter absolutista e, logo, inalcançável nestes
termos.
Foi o campo da Saúde do Trabalhador e, posteriormente, com maior precisão, a Saúde Coletiva (com
origens na Medicina Social Latino-Americana) que superaram as dicotomias entre saúde e doença, social
e biológico, e individual e coletivo ao formularem a concepção de saúde enquanto processo.
Considerando tal processualidade, nem estamos absolutamente doentes nem absolutamente sãos, mas
em contínuo movimento entre essas condições. Saúde e doença são dois momentos de um mesmo
processo, coexistem, uma explicando a existência da outra.
O predomínio de uma ou de outra depende do recorte e/ou ângulo de análise em cada momento e
contexto. Essa forma de entender a saúde rompe com o pragmatismo biologicista, mas sem negar que a
dimensão biológica é parte relevante do processo saúde-doença.
Possui o mérito (com autores como Berlinguer, Donnangelo, Laurell, Arouca, Tambellini, Breilh, Nogueira,
entre outros) de demonstrar que, embora a saúde se manifeste individual e biologicamente, ela é fruto
de um processo de determinação social. Processo esse que é histórico e dinâmico, uno mas heterogêneo.
Na verdade, só pode ser processo por causa dessas características. Ele nem pode ser considerado
estaticamente ou como algo imutável ou imune às transformações sociais, nem pode ser considerado
como um conjunto de fragmentos ou fatores quase que autônomos uns dos outros ou, muito menos,
como uma massa homogênea e amorfa.
(Diego de Oliveira Souza. Doutor em Serviço
Social/UERJ. Professor do PPGSSUFAL/Maceió e da graduação em Enfermagem/UFAL/Arapiraca.
Disponível em:https://docs.wixstatic.com/ugd/15557d_eae93514d26e4 aecb5e50ab81243343f.pdf.
Acesso em agosto de 2019. Adaptado.)
Texto para responder à questão.
Entre 2000 e 2012, 49,4% dos 172 países da Organização Mundial da Saúde (OMS) registraram quedas
superiores a 10% nas taxas de suicídio. Na contramão dessa tendência, no Brasil houve um aumento de
10,4%, com crescimento significativo entre a população jovem. Estatísticas mais recentes do Ministério
da Saúde indicam que as mortes autoprovocadas na faixa etária de 10 a 14 anos subiram 40% entre os
meninos e 30% entre as meninas, entre 1997 e 2015. “Conflitos psíquicos, abuso de álcool e drogas,
exposição à violência, além da escassez de políticas públicas integradas para a prevenção de
comportamentos suicidas são algumas hipóteses para esse panorama”, analisa a antropóloga Sandra
Garcia, coordenadora do Núcleo de População e Sociedade do Centro Brasileiro de Análise e
Planejamento (Cebrap), que desde o ano passado pesquisa o fenômeno no Brasil.
Anualmente são registrados 1 milhão de suicídios no mundo e, para cada morte, informa Garcia, estima-
se a ocorrência de pelo menos 20 tentativas sem êxito. A partir da análise de dados do Ministério da
Saúde, pesquisadores do Cebrap e do Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” (Nepo) da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificaram que, no Brasil, o suicídio foi a quarta causa
de morte entre indivíduos de 15 a 29 anos, entre 2011 e 2016, com números quatro vezes superiores
para os homens (9 mortes por 100 mil habitantes) em relação às mulheres (2,4 mortes por 100 mil
habitantes). À exceção do grupo etário de 15 a 19 anos do Centro-Oeste, em todas as regiões do país as
mulheres tentam mais vezes acabar com a vida do que os homens. “Entre meninas de 10 a 14 anos da
região Nordeste a incidência de casos de automutilação chega a 39,7%”, informa Garcia.
A pesquisadora também chama a atenção para o aumento entre os indígenas. “Entre essa população, a
proporção de mortes por suicídio para cada 100 mil habitantes é de 12, o dobro da média nacional (5,7)”,
diz. Segundo a pesquisadora, historicamente, o Sul do Brasil registra a maior quantidade de suicídios,
297)
com 12 mortes por 100 mil habitantes ao ano. “Há 10 anos, na região Norte do país esse valor era de 7.
Agora também chegou a 12 suicídios por 100 mil habitantes, crescimento que foi motivado pelo aumento
do suicídio indígena”, analisa. Em relação ao panorama global, a antropóloga observa que, nos países de
alta renda, a mortalidade por suicídio é 3,5 vezes maior entre os homens. Por outro lado, a incidência de
ideias suicidas é maior entre as mulheres. Apesar da tendência de crescimento, no Brasil a prevalência de
suicídio segue subestimada devido à baixa notificação de casos ou erros de classificação. Algumas mortes
são consideradas “acidentais” ou registradas como “causa indeterminada”, seja por conta de erros de
notificação ou mesmo por omissão da própria família, relata Garcia.
(Christina Queiroz. Revista Pesquisa Fapesp, Edição 280, jun. 2019. Adaptado.)
Em “Segundo a pesquisadora”, o termo destacado apresenta, na frase, uma ideia de:
a) Enumeração.
b) Circunstância.
c) Ordenamento.
d) Conformidade.
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Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Leia o trecho inicial do texto “O futuro da saúde”, de Cilene Pereira, para responder à questão.
Eles começam a mudar tudo na saúde. Para citar algumas das transformações: tornam o diagnóstico
preciso, ajudam a desenhar tratamentos para cada paciente, a levar o cuidado a regiões distantes e a
encontrar remédios eficazes em tempo recorde. Na saúde, assim como em outras áreas da vida
contemporânea, os robôs revolucionam. “Seu uso é um ponto de virada na medicina”, afirma o médico
Gregg Meyer, do Massachusetts General Hospital, da Universidade Harvard (EUA), e um dos mais
respeitados estudiosos do assunto. Na edição deste ano do Fórum de Inovação Médica Mundial, realizada
recentemente em Boston, o tema foi um dos destaques, reunindo 1,5 mil pessoas só para debatê-lo.
Robô é o nome palatável encontrado para definir os complexos sistemas de algoritmos que baseiam a
inteligência artificial. Em linhas gerais, trata-se da utilização do maior número possível de dados
disponível sobre determinado assunto, seu cruzamento e, como consequência, a identificação de
padrões. Na saúde, as informações geradas no processo esclarecem ou confirmam suspeitas diagnósticas
e indicam a resposta do paciente ao tratamento. Além dos ganhos médicos, reduzem os custos ao evitar
gastos em terapias desnecessárias.
(https://istoe.com.br, 25.05.2018.)
Assinale a alternativa que apresenta uma palavra que expressa adequadamente o sentido daquela que
está sublinhada na passagem do texto.
a) “Robô é o nome palatável encontrado para definir os complexos sistemas de algoritmos” (2º
parágrafo) – científico
b) “Para citar algumas das transformações: tornam o diagnóstico preciso” (1º parágrafo) –
necessário
c) “reduzem os custos ao evitar gastos em terapias desnecessárias” (2º parágrafo) – interrompem
d) “as informações geradas no processo esclarecem ou confirmam suspeitas diagnósticas” (2º
parágrafo) – elucidam
e) “ajudam a desenhar tratamentos para cada paciente” (1º parágrafo) – agilizar
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298)
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2018
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Leia o trecho do livro Em casa, de Bill Bryson, para responder a questão.
Quase nada, no século XVII, escapava à astúcia dos que adulteravam alimentos. O açúcar e outros
ingredientes caros muitas vezes eram aumentados com gesso, areia e poeira. A manteiga tinha o volume
aumentado com sebo e banha. Quem tomasse chá, segundo autoridades da época, poderia ingerir, sem
querer, uma série de coisas, desde serragem até esterco de carneiro pulverizado. Um carregamento
inspecionado, relata Judith Flanders, demonstrou conter apenas a metade de chá; o resto era composto
de areia e sujeira. Acrescentava-se ácido sulfúrico ao vinagre para dar mais acidez; giz ao leite;
terebintina 1 ao gim. O arsenito de cobre era usado para tornar os vegetais mais verdes, ou para fazer a
geleia brilhar. O cromato de chumbo dava um brilho dourado aos pães e também à mostarda. O acetato
de chumbo era
adicionado às bebidas como adoçante, e o chumbo avermelhado deixava o queijo Gloucester, se não
mais seguro para comer, mais belo para olhar.
Não havia praticamente nenhum gênero que não pudesse ser melhorado ou tornado mais econômico
para o varejista por meio de um pouquinho de manipulação e engodo. Até as cerejas, como relata Tobias
Smollett, ganhavam novo brilho depois de roladas, delicadamente, na boca do vendedor antes de serem
colocadas em exposição. Quantas damas inocentes, perguntava ele, tinham saboreado um prato de
deliciosas cerejas que haviam sido “umedecidas e roladas entre os maxilares imundos e, talvez, ulcerados
de um mascate de Saint Giles”?
O pão era particularmente atingido. Em seu romance de 1771, The expedition of Humphry Clinker,
Smollett definiu o pão de Londres como um composto tóxico de “giz, alume 2 e cinzas de ossos, insípido
ao paladar e destrutivo para a constituição”; mas acusações assim já eram comuns na época. A primeira
acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um livro chamado
Poison detected: or frightful truths, escrito anonimamente em 1757, que revelou segundo “uma
autoridade altamente confiável” que “sacos de ossos velhos são usados por alguns padeiros, não
infrequentemente”, e que “os ossuários dos mortos são revolvidos para adicionar imundícies ao alimento
dos vivos”.
(Em casa, 2011. Adaptado.)
1 terebintina: resina extraída de uma planta e usada na fabricação de vernizes, diluição de tintas etc.
2 alume: designação dos sulfatos duplos de alumínio e metais alcalinos, com propriedades adstringentes, usado na
fabricação de corantes, papel, porcelana, na purificação de água, na clarificação de açúcar etc.
Em “Não havia praticamente nenhum gênero que não pudesse ser melhorado ou tornado mais
econômico para o varejista por meio de um pouquinho de manipulação e engodo” (2º parágrafo), o
termo sublinhado está empregado em sentido similar ao do termo sublinhado em:
a) “Smollett definiu o pão de Londres como um composto tóxico de ‘giz, alume e cinzas de ossos,
insípido ao paladar e destrutivo para a constituição’” (3º parágrafo).
b) “A primeira acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um
livro” (3º parágrafo).
c) “os ossuários dos mortos são revolvidos para adicionar imundícies ao alimento dos vivos” (3º
parágrafo).
d) “Smollett definiu o pão de Londres como um composto tóxico de ‘giz, alume e cinzas de ossos,
insípido ao paladar e destrutivo para a constituição’” (3º parágrafo).
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1444444
299)
e) “A primeira acusação formal já encontrada sobre a adulteração generalizada do pão está em um
livro” (3º parágrafo).
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Marinha - Alun (CN)/CN/2018
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
Texto para a questão.
Correndo risco de vida
Em uma de suas histórias geniais, Monteiro Lobato nos apresenta o reformador da natureza, Américo
Pisca-Pisca. Questionando o perfeito equilíbrio do mundo natural, Américo Pisca-Pisca apontava um
desequilíbrio flagrante no fato de uma enorme árvore, como a jabuticabeira, sustentar frutos tão
pequeninos, enquanto a colossal abóbora é sustentada pelo caule fino de uma planta rasteira. Satisfeito
com sua grande descoberta, Américo deita-se sob a sombra de uma das jabuticabeiras e adormece. Lá
pelas tantas, uma frutinha lhe cai bem na ponta do seu nariz. Aturdido, o reformador se dá conta de sua
lógica.
Se os reformadores da natureza, como Américo Pisca-Pisca, já caíram no ridículo, os reformadores da
língua ainda gozam de muito prestígio. Durante muito tempo era possível usar a expressão "fulano não
corre mais risco de vida". Qualquer falante normal decodificava a expressão "risco de vida" como "ter a
vida em risco". E tudo ia muito bem, até que um desses reformadores da língua sentenciou, do alto da
sua vã inteligência: "'não é risco de vida, é risco de morte". Quer dizer que só ele teve essa brilhante
percepção, todos os outros falantes da língua não passavam de obtusos irrecuperáveis. É: o tipo de
sujeito que acredita ter inventado a roda. E impressiona a fortuna crítica de tal asneira. Desde então,
todos os jornais propalam "o grande Iíder sicrano ainda corre o risco de morte". E me desculpem, mas
risco de morte é muito pernóstico.
Assim como o reformador da natureza não entende nada da dinâmica do mundo natural, esses
gramáticos que pretendem reformar o uso linguístico invocando sua pretensa racionalidade não
percebem coisa alguma da lógica de funcionamento da língua. Como bem ensinou Saussure, fundador da
linguística moderna, tudo na língua é convenção. A expressão "risco de vida", estava consagrada pelo
uso e não se criava problemas na comunicação, porque nenhum falante, ao ouvir tal expressão,pensava
que o sujeito corra risco de viver.
A relação entre as formas linguísticas e o seu conteúdo é arbitrária e convencionada socialmente. Em
Japonês, por exemplo, o objeto precede o verbo. Diz-se "João o bolo comeu" em vez de "João comeu o
bolo", como em português. Se o nosso reformador da língua baixasse por lá, tentaria convencer os
japoneses de que o verbo preceder o seu objeto é muito mais lógico!
Mas os ingênuos poderiam argumentar: o nosso oráculo gramatical não melhorou a língua tornando-a
mais lógica? Não, meus caros, ele a empobreceu. Pois, ao lado da expressão mais trivial "correr o risco
de cair do cavalo", a língua tem uma expressão mais sofisticada: correr risco de vida. Tal construção
dissonante amplia as possibilidades expressivas da língua, criando um veio que pode vir a ser explorado
por poetas e demais criadores da língua. "Corrigir" risco de vida por risco de morte é substituir uma
expressão mais sutil e sofisticada por sua versão mais imediata, trivial e óbvia. E um recurso expressivo
passou a correr risco de vida pela ação nefanda dos fariseus no templo democrático da língua.
LUCCHESI, Dante, Correndo risco de vida. A Tarde, 17 set.2006, p.3, Opinião - adaptado.
Na sentença "Lá pelas tantas, uma frutinha lhe cai bem na ponta do teu nariz." (§1°), a sequência
destacada significa:
a) muito sutilmente.
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300)
b) muito perto.
c) muito longe.
d) bem mais tarde.
e) bem mais cedo.
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IME - CFG (IME)/IME/2018
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
APÓS A LEITURA ATENTA DOS TEXTOS A SEGUIR APRESENTADOS, RESPONDA A QUESTÃO.
Texto 1
BECOS DE GOIÁS
Beco da minha terra...
Amo tua paisagem triste (a ) , ausente e suja.
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia,
e semeia polmes dourados no teu lixo pobre,
calçando de ouro a sandália velha (b ) ,
jogada no teu monturo.
Amo a prantina silenciosa do teu fio de água
descendo de quintais escusos
sem pressa,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano ( c ) .
Amo a avenca delicada que renasce
na frincha de teus muros empenados,
e a plantinha desvalida, de caule mole
que se defende, viceja e floresce
no agasalho de tua sombra úmida e calada.
Amo esses burros-de-lenha
que passam pelos becos antigos. Burrinhos dos morros,
secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados.
Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a sombra
no range-range das cangalhas.
E aquele menino, lenheiro ele, salvo seja.
Sem infância, sem idade.
Franzino, maltrapilho,
pequeno para ser homem,
forte para ser criança
Ser indefeso, indefinido, que só se vê na minha cidade.
Amo e canto com ternura
todo o errado da minha terra.
Becos da minha terra,
discriminados e humildes,
lembrando passadas eras...
Beco do Cisco.
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Beco do Cotovelo.
Beco do Antônio Gomes.
Beco das Taquaras.
Beco do Seminário.
Bequinho da Escola.
Beco do Ouro Fino.
Beco da Cachoeira Grande.
Beco da Calabrote.
Beco do Mingu.
Beco da Vila Rica...
Conto a estória dos becos,
dos becos da minha terra,
suspeitos... mal afamados
onde família de conceito não passava
“Lugar de gentinha” - diziam, virando a cara.
De gente do pote d’água.
De gente de pé no chão.
Becos de mulher perdida.
Becos de mulheres da vida.
Renegadas, confinadas
na sombra triste do beco.
Quarto de porta e janela.
Prostituta anemiada,
solitária, hética, engalicada,
tossindo, escarrando sangue
na umidade suja do beco.
Becos mal assombrados.
Becos de assombração...
Altas horas, mortas horas...
Capitão-mor - alma penada,
terror dos soldados, castigado nas armas.
Capitão-mor, alma penada
num cavalo ferrado,
chispando fogo,
descendo e subindo o beco,
comandando o quadrado - feixe de varas...
Arrastando espada, tinindo esporas...
Mulher-dama. Mulheres da vida,
perdidas,
começavam em boas casas, depois,
baixavam pra o beco.
Queriam alegria. Faziam bailaricos.
- Baile Sifilítico (d ) - era ele assim chamado.
O delegado-chefe de Polícia - brabeza -
dava em cima...
Mandava sem dó, na peia.
No dia seguinte, coitadas,
cabeça raspada a navalha,
obrigadas a capinar o Largo do Chafariz,
na frente da Cadeia.
Becos da minha terra...
Becos de assombração.
Românticos, pecaminosos...
Têm poesia e têm drama.
O drama da mulher da vida, antiga,
humilhada, malsinada.
Meretriz venérea,
desprezada, mesentérica, exangue.
Cabeça raspada a navalha,
castigada a palmatória,
capinando o largo,
chorando. Golfando sangue.
(ÚLTIMO ATO)
Um irmão vicentino ( e ) comparece.
Traz uma entrada grátis do São Pedro de Alcântara.
Uma passagem de terceira no grande coletivo de São Vicente.
Uma estação permanente de repouso - no aprazível São Miguel.
Cai o pano.
CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. 21ª ed. - São Paulo: Global Editora, 2006.
Texto 2
O ELEFANTE
Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
301)
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Elefante. 9ª ed. - São Paulo: Editora Record, 1983.
O valor semântico do vocábulo “errado”, exaltado pela autora no texto 1 em
“Amo e canto com ternura todo o errado da minha terra.” (versos 29 e 30)
não se aplica a
a) paisagem triste (verso 2).
b) sandália velha (verso 7).
c) velho cano (verso 12).
d) Baile Sifilítico (verso 77).
e) irmão vicentino (verso 98).
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IME - CFG (IME)/IME/2018
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
APÓS A LEITURA ATENTA DOS TEXTOS A SEGUIR APRESENTADOS, RESPONDA A QUESTÃO.
Texto 1
BECOS DE GOIÁS
Beco da minha terra...
Amo tua paisagem triste ausente e suja.
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
E a réstia de sol que ao meio-diadesce, fugidia,
e semeia polmes dourados no teu lixo pobre,
calçando de ouro a sandália velha
jogada no teu monturo.
Amo a prantina silenciosa do teu fio de água
descendo de quintais escusos
sem pressa,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano
Amo a avenca delicada que renasce
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na frincha de teus muros empenados,
e a plantinha desvalida, de caule mole
que se defende, viceja e floresce
no agasalho de tua sombra úmida e calada.
Amo esses burros-de-lenha
que passam pelos becos antigos. Burrinhos dos morros,
secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados.
Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a sombra
no range-range das cangalhas.
E aquele menino, lenheiro ele, salvo seja.
Sem infância, sem idade.
Franzino, maltrapilho,
pequeno para ser homem,
forte para ser criança
Ser indefeso, indefinido, que só se vê na minha cidade.
Amo e canto com ternura
todo o errado da minha terra.
Becos da minha terra,
discriminados e humildes,
lembrando passadas eras...
Beco do Cisco.
Beco do Cotovelo.
Beco do Antônio Gomes.
Beco das Taquaras.
Beco do Seminário.
Bequinho da Escola.
Beco do Ouro Fino.
Beco da Cachoeira Grande.
Beco da Calabrote.
Beco do Mingu.
Beco da Vila Rica...
Conto a estória dos becos,
dos becos da minha terra,
suspeitos... mal afamados
onde família de conceito não passava
“Lugar de gentinha” - diziam, virando a cara.
De gente do pote d’água.
De gente de pé no chão.
Becos de mulher perdida.
Becos de mulheres da vida.
Renegadas, confinadas
na sombra triste do beco.
Quarto de porta e janela.
Prostituta anemiada,
solitária, hética, engalicada,
tossindo, escarrando sangue
na umidade suja do beco.
Becos mal assombrados.
Becos de assombração...
Altas horas, mortas horas...
Capitão-mor - alma penada,
terror dos soldados, castigado nas armas.
Capitão-mor, alma penada
num cavalo ferrado,
chispando fogo,
descendo e subindo o beco,
comandando o quadrado - feixe de varas...
Arrastando espada, tinindo esporas...
Mulher-dama. Mulheres da vida,
perdidas,
começavam em boas casas, depois,
baixavam pra o beco.
Queriam alegria. Faziam bailaricos.
- Baile Sifilítico- era ele assim chamado.
O delegado-chefe de Polícia - brabeza -
dava em cima...
Mandava sem dó, na peia.
No dia seguinte, coitadas,
cabeça raspada a navalha,
obrigadas a capinar o Largo do Chafariz,
na frente da Cadeia.
Becos da minha terra...
Becos de assombração.
Românticos, pecaminosos...
Têm poesia e têm drama.
O drama da mulher da vida, antiga,
humilhada, malsinada.
Meretriz venérea,
desprezada, mesentérica, exangue.
Cabeça raspada a navalha,
castigada a palmatória,
capinando o largo,
chorando. Golfando sangue.
(ÚLTIMO ATO)
Um irmão vicentinocomparece.
Traz uma entrada grátis do São Pedro de Alcântara.
Uma passagem de terceira no grande coletivo de São Vicente.
Uma estação permanente de repouso - no aprazível São Miguel.
Cai o pano.
CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. 21ª ed. - São Paulo: Global Editora, 2006.
Texto 2
O ELEFANTE
Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Elefante. 9ª ed. - São Paulo: Editora Record, 1983.
O vocábulo estranho ao campo morfossemântico da palavra “hética” (texto 1, verso 58) é
a) magra.
b) consumida.
c) confinada.
d) franzina.
e) definhada.
302)
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IME - CFG (IME)/IME/2018
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
APÓS A LEITURA ATENTA DOS TEXTOS A SEGUIR APRESENTADOS, RESPONDA A QUESTÃO.
Texto 1
BECOS DE GOIÁS
Beco da minha terra...
Amo tua paisagem triste ausente e suja.
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.
E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia,
e semeia polmes dourados no teu lixo pobre,
calçando de ouro a sandália velha
jogada no teu monturo.
Amo a prantina silenciosa do teu fio de água
descendo de quintais escusos
sem pressa,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano
Amo a avenca delicada que renasce
na frincha de teus muros empenados,
e a plantinha desvalida, de caule mole
que se defende, viceja e floresce
no agasalho de tua sombra úmida e calada.
Amo esses burros-de-lenha
que passam pelos becos antigos. Burrinhos dos morros,
secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados.
Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a sombra
no range-range das cangalhas.
E aquele menino, lenheiro ele, salvo seja.
Sem infância, sem idade.
Franzino, maltrapilho,
pequeno para ser homem,
forte para ser criança
Ser indefeso, indefinido, que só se vê na minha cidade.
Amo e canto com ternura
todo o errado da minha terra.
Becos da minha terra,
discriminados e humildes,
lembrando passadas eras...
Beco do Cisco.
Beco do Cotovelo.
Beco do Antônio Gomes.
Beco das Taquaras.
Beco do Seminário.
Bequinho da Escola.
Beco do Ouro Fino.
Beco da Cachoeira Grande.
Beco da Calabrote.
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Beco do Mingu.
Beco da Vila Rica...
Conto a estória dos becos,
dos becos da minha terra,
suspeitos... mal afamados
onde família de conceito não passava
“Lugar de gentinha” - diziam, virando a cara.
De gente do pote d’água.
De gente de pé no chão.
Becos de mulher perdida.
Becos de mulheres da vida.
Renegadas, confinadas
na sombra triste do beco.
Quarto de porta e janela.
Prostituta anemiada,
solitária, hética, engalicada,
tossindo, escarrando sangue
na umidade suja do beco.
Becos mal assombrados.
Becos de assombração...
Altas horas, mortas horas...
Capitão-mor - alma penada,
terror dos soldados, castigado nas armas.
Capitão-mor, alma penada
num cavalo ferrado,
chispando fogo,
descendo e subindo o beco,
comandando o quadrado - feixe de varas...
Arrastando espada, tinindo esporas...
Mulher-dama. Mulheres da vida,
perdidas,
começavam em boas casas, depois,
baixavampra o beco.
Queriam alegria. Faziam bailaricos.
- Baile Sifilítico- era ele assim chamado.
O delegado-chefe de Polícia - brabeza -
dava em cima...
Mandava sem dó, na peia.
No dia seguinte, coitadas,
cabeça raspada a navalha,
obrigadas a capinar o Largo do Chafariz,
na frente da Cadeia.
Becos da minha terra...
Becos de assombração.
Românticos, pecaminosos...
Têm poesia e têm drama.
O drama da mulher da vida, antiga,
humilhada, malsinada.
Meretriz venérea,
desprezada, mesentérica, exangue.
Cabeça raspada a navalha,
castigada a palmatória,
capinando o largo,
chorando. Golfando sangue.
(ÚLTIMO ATO)
Um irmão vicentinocomparece.
Traz uma entrada grátis do São Pedro de Alcântara.
Uma passagem de terceira no grande coletivo de São Vicente.
Uma estação permanente de repouso - no aprazível São Miguel.
Cai o pano.
CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. 21ª ed. - São Paulo: Global Editora, 2006.
Texto 2
O ELEFANTE
Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
303)
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Elefante. 9ª ed. - São Paulo: Editora Record, 1983.
A respeito do uso do vocábulo “sabidos” (texto 1, verso 21), pode-se afirmar que
a) indica a “esperteza” dos “burrinhos dos morros” ao optarem por ter suas cargas arrochadas.
b) confere valor semântico positivo à expressão “burrinhos dos morros”.
c) compara a escolha dos “burrinhos dos morros” pelas cangalhas à imundície dos “becos antigos”.
d) estabelece uma ideia contraditória e pejorativa à expressão “burrinhos dos morros”.
e) reforça o sentido de animal maltratado por seus donos: uma atitude distinta daquela conferida
pela voz poética que aparece no primeiro verso da estrofe em questão.
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FADURPE - Vest (CESMAC)/CESMAC/Medicina/2017
Língua Portuguesa (Português) - Significação de vocábulo e expressões
TEXTO 1
Ciência e aquecimento global
1. O que até recentemente parecia ficção tomou forma na realidade como desafio que exige – se não
solução imediata, algo bem provável – ao menos encaminhamento promissor.
2. O aquecimento global, como consequência da liberação crescente na atmosfera de gases de efeito
estufa, é o maior impacto ambiental da história da civilização, o que não significa que aponte para o final
dos tempos. (...)
3. O conhecimento científico tem participação ampla e profunda tanto no processo de aquecimento da
Terra como nos encaminhamentos para evitar uma tragédia de proporções inéditas para a humanidade.
Foram avanços de natureza científica – particularmente na termodinâmica, o estudo das transformações
da energia – que permitiram a substituição de músculos humanos e animais pelas engrenagens das
máquinas. Este mesmo conhecimento advertiu, já no século XIX, para o praticamente inevitável
aquecimento futuro da atmosfera por elementos tão insuspeitos quanto vapor d’água e dióxido de
carbono.
4. As manchetes dos jornais, anunciando a identificação do aquecimento global a partir de atividades
humanas, fizeram do dióxido de carbono um vilão quase indefensável ao longo dos últimos meses. A
verdade, no entanto, é que este gás é imprescindível para a vida como a conhecemos e, além disso, atua
como cobertor químico, para fazer da Terra o mundo aconchegante que ela é.
5. Quais as possibilidades de o atual conhecimento científico permitir uma reversão deste processo, ainda
que nem tudo volte a ser como antes?
6. A identificação do aquecimento global como de origem antrópica, devidamente separada de causas
naturais que já foram responsáveis por esta ocorrência mais de uma vez na história da Terra, certamente
não deve passar despercebida. Assim, o obstáculo maior, ao que tudo indica, não está no estoque de
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1163824
304)
conhecimentos – promissores ainda que não ilimitados – mas na necessidade de mudança de hábitos,
pela primeira vez na história da civilização, de toda a humanidade.
(Ponto de Vista. Scientific American Brasil, São Paulo: Ed.
Especial, dez. 2003, p. 7)
No segmento: “A identificação do aquecimento global como de origem antrópica”, a palavra em negrito
significa que ‘este tipo de aquecimento’:
a) não prevê, por enquanto, soluções fáceis.
b) provém de causas desconhecidas.
c) é anterior às descobertas modernas.
d) é resultado de atividades humanas.
e) supõe fases de desenvolvimento regular.
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SUCONS UEMA - Vest (UEMA)/UEMA/Educação a Distância (EAD)/2022
Língua Portuguesa (Português) - Outras questões de semântica
Leia o texto para responder à questão.
A Raça Superior
A espécie humana acredita ser a única inteligente. Puro engano. Há tempos imemoriais nós, os humanos,
fomos derrotados por uma raça superior, muito mais esperta. Mais que derrotados, fomos domesticados.
Pelos cachorros.
De fato, sob qualquer índice de avaliação, a raça canina se mostra superior. Quem convive com um cão
gosta de dizer que é “dono”. Como acreditar, se tudo prova que o cachorro é dono do homem? Na
questão da alimentação, por exemplo.
Qualquer pessoa gasta dinheiro e tempo para comprar ração. Analisa os vários tipos e até experimenta
uns pedacinhos para avaliar o sabor. Corre atrás de ossos para proporcionar tardes de degustação ao
cachorro. Compra imitações de borracha. Indústrias pesquisam novas rações nutritivas.
[...]
Toca a procurar terapeuta. Horas e horas dedicadas a analisar a pura vontade de buscar amor! Revistas
dedicam quilômetros de papel a práticas de sedução. Como olhar de lado, como sorrir, como se oferecer
sem dar na vista.
Mais: como ter coragem de expressar os sentimentos. Cachorro, não. Abana o rabo e pronto. Muitas
vezes, com ciúme, já tive vontade de morder alguém. Ao contrário, sorri simpaticamente enquanto o
sangue fervia. Cães não possuem esse tipo de constrangimento. Atiram-se em cima do rival. Mordem a
mão de quem acaricia. Até conseguirem seu quinhãode afeto. Mas também não guardam raiva.
Depois de rosnarem um para o outro, dois cães saem pulando e brincando juntos.
Sento-me na varanda e meu cachorro se aproxima: Sem nenhuma preocupação na vida. Deita-se aos
meus pés e prepara-se para receber sua dose cotidiana de carinho. Eu me submeto. Raça superior é isso
aí.
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2506876
305)
306)
https://www.refletirpararefletir.com.br/4-cronicas-do-walcyr-carrasco
As expressões “De fato” (2º §), “Qualquer” (3º §) e “Mais” (5º §) estabelecem relações de sentido entre
os parágrafos. O escritor utilizou tais expressões para introduzir, respectivamente, ideia de
a) afirmação, condição, acréscimo.
b) confirmação, indeterminação, adição.
c) aceitação, negação, exemplificação
d) comprovação, conformidade, comparação.
e) aprovação, indefinição, condição.
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VUNESP - Vest (UNESP)/UNESP/2022
Língua Portuguesa (Português) - Outras questões de semântica
Para responder a questão, leia o capítulo CXVII do romance Quincas Borba, de Machado de Assis.
A história do casamento de Maria Benedita é curta; e, posto Sofia a ache vulgar, vale a pena dizê-la.
Fique desde já admitido que, se não fosse a epidemia das Alagoas, talvez não chegasse a haver
casamento; donde se conclui que as catástrofes são úteis, e até necessárias. Sobejam exemplos; mas
basta um contozinho que ouvi em criança, e que aqui lhes dou em duas linhas. Era uma vez uma
choupana que ardia na estrada; a dona, — um triste molambo de mulher, — chorava o seu desastre, a
poucos passos, sentada no chão. Senão quando, indo a passar um homem ébrio, viu o incêndio, viu a
mulher, perguntou-lhe se a casa era dela.
— É minha, sim, meu senhor; é tudo o que eu possuía neste mundo.
— Dá-me então licença que acenda ali o meu charuto? O padre que me contou isto certamente emendou
o texto original; não é preciso estar embriagado para acender um charuto nas misérias alheias. Bom
padre Chagas! — Chamava-se Chagas. — Padre mais que bom, que assim me incutiste por muitos anos
essa ideia consoladora, de que ninguém, em seu juízo, faz render o mal dos outros; não contando o
respeito que aquele bêbado tinha ao princípio da propriedade, — a ponto de não acender o charuto sem
pedir licença à dona das ruínas. Tudo ideias consoladoras. Bom padre Chagas!
(Quincas Borba, 2012.)
“A história do casamento de Maria Benedita é curta; e, posto Sofia a ache vulgar, vale a pena dizê-la.”
(1º parágrafo)
No contexto em que se insere, a oração sublinhada expressa ideia de
a) finalidade.
b) consequência.
c) condição.
d) concessão.
e) conclusão.
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IME - CFG (IME)/IME/2021
Língua Portuguesa (Português) - Outras questões de semântica
Texto 1
ENGENHEIROS DA VITÓRIA
Solução de problemas na história
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2342903
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/2093927
[...] Quando se fala na eficiência em conseguir equipamentos de combate e transferir combatentes de A
para B, os britânicos são campeões; certamente isso não foi por causa de alguma inteligência especial,
mas pela ampla experiência em organização e senso crítico depois de enfrentar chances adversas em
1940, juntamente com a perspectiva de derrota. Aqui a necessidade foi a mãe da invenção. Eles tinham
que defender suas cidades, transportar tropas até o Egito, apoiar os gregos, proteger as fronteiras da
Índia, trazer os Estados Unidos para a guerra e depois levar aquele imenso potencial americano para a
área da Europa. Era mais um problema a ser resolvido. Como foi possível fazer com que 2 milhões de
soldados americanos, depois de chegar às bases de Clyde, fossem para bases no sul da Inglaterra
preparando-se para o ataque à Normandia, quando a maior parte das ferrovias britânicas estava ocupada
em transportar vagões de carvão para as fábricas de ferro e aço que não podiam parar de produzir?
Como se viu, uma organização composta por pessoas que cresceram decorando os horários da estrada
de ferro de Bradshaw como passatempo pode fazer isso, enquanto os altos comandantes consideravam
que tudo estava garantido porque confiavam na capacidade de seus administradores de nível médio.
Churchill acreditava que o melhor era não se preocupar demais com os problemas, pois tudo se
resolveria, isto é, uma maneira havia de ser encontrada, passo a passo.
Há uma outra forma de pensar sobre essa história de soluções de problemas, e ela vem de um exemplo
bem contemporâneo. Em novembro de 2011, enquanto o genial líder da Apple, Steve Jobs, recebia
inúmeras homenagens póstumas, um artigo intrigante foi publicado na revista New Yorker. Nele o autor,
Malcom Gladwell, argumentava que Jobs não era o inventor de uma máquina ou de uma ideia que
mudou o mundo; poucos seres o são (exceto talvez Leonardo da Vinci e Thomas Edison). Na verdade,
seu brilhantismo estava em adotar invenções alheias que não deram certo, a partir das quais construía,
modificava e fazia aperfeiçoamentos constantes. Para usar uma linguagem atual, ele era um tweaker, e
sua genialidade impulsionou como nunca o aumento de eficiência dos produtos de sua companhia.
A história do sucesso de Steve Jobs, contudo, não era nova. A chegada da Revolução Industrial do
século XVIII na Grã-Bretanha – muito provavelmente a maior revolução para explicar a ascensão do
Ocidente – ocorreu porque o país possuía uma imensa coleção de tweakers em sua cultura que
encorajaram o progresso [...]
A história da evolução do tanque T-34 soviético, de um grande pedaço de metal mal projetado e fraco
para uma arma de guerra mortífera, segura e de grande mobilidade, não foi uma história contínua de
tweaking? Não foi esse também o caso do grande bombardeiro americano, o B-29, que no início estava
tão mergulhado em dificuldades que chegou a se propor seu cancelamento até que as equipes da Boeing
resolveram os problemas? E as miraculosas histórias do P-51 Mustang, dos tanques de Percy Hobart e de
um poderoso sistema de radar tão pequeno que poderia ser inserido no nariz de um avião patrulha de
longa distância e virar a maré na Batalha do Atlântico? Depois que se unem os diversos pedaços
espalhados, tudo se encaixa. Mas todos esses projetos exigiram tempo e apoio.
Na verdade, os administradores de grandes companhias mundiais provavelmente se surpreendam diante,
digamos, do planejamento e orquestração do almirante Ramsay nos cincos desembarques simultâneos
no Dia D e gostariam de poder realizar um décimo do que ele fez.
Em suma, a vitória em grandes guerras sempre requer organização superior, o que, por sua vez, exige
pessoas que possam dirigir essas organizações, não com um interesse apenas moderado, mas da
maneira mais competente possível e com estilo que permitirá às pessoas de fora propor ideias novas na
busca da vitória. Os chefes não podem fazer isso tudo sozinhos, por mais que sejam criativos e dotados
de energia. É necessário haver um sistema de apoio, uma cultura de encorajamento, feedbacks
eficientes, uma capacidade de aprender com os revezes, uma habilidade de fazer as coisas acontecerem.
E tudo isto tem de ser feito de uma maneira que seja melhor do que aquela do inimigo. É assim que as
guerras são vencidas. [...]
O mesmo reconhecimento merecem, por certo, os militares de nível médio que mudaram a Segunda
Guerra Mundial, transformando as agressões do Eixo em 1942 em avanços irreversíveis dos Aliados em
1943-44, e finalmente destruindo a Alemanha e o Japão. É verdade, alguns desses indivíduos,
armamentos e organizações são reconhecidos, mas em geral de uma forma fragmentada e popularizada.
É raro que esses fios isolados sejam tecidos em conjunto para mostrar como os avanços afetaram as
muitas campanhas, fazendo a balança pender para o lado dos Aliados durante o conflito global. Mais raro
ainda é a compreensão de como o trabalho desses vários solucionadores de problemas também precisa
ser incluído numa importante “cultura do encorajamento” para garantir que simplesdeclarações e
intenções estratégicas de grandes líderes se tornem realidade e não murchem nas tempestades da
guerra. Se isso é o que acontece, então vivemos com uma grande lacuna em nossa compreensão de
como a Segunda Guerra Mundial foi vencida em seus anos cruciais.
KENNEDY, Paul. Engenheiros da Vitória: Os responsáveis pela reviravolta na Segunda Guerra Mundial. 1ª ed. São
Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 407- 428 (texto adaptado).
Texto 2
Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos mais importantes poetas da literatura portuguesa. Criou uma
obra de natureza filosófica sobre a consciência e as suas mais profundas inquietações existenciais.
Expressou uma personalidade estética multifacetada por meio dos heterônimos, os quais consistiam em
várias identidades que detinham biografia e características psicológicas distintas: Alberto Caeiro, Ricardo
Reis, Bernardo Soares e Álvaro de Campos, um engenheiro naval, a quem se deve a “Ode triunfal”. Esse
heterônimo apresenta uma personalidade estética marcada pelas concepções futuristas e pela intenção
de assimilar ao eu lírico a realidade exterior, considerada em suas manifestações mais prosaicas, ao
mesmo tempo em que aquele se projeta no mundo.
ODE TRIUNFAL
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical —
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força —
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão,
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,
Átomos que hão-de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,
Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes,
Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
Fazendo-me um acesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
307)
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!
Fraternidade com todas as dinâmicas!
Promíscua fúria de ser parte-agente
Do rodar férreo e cosmopolita
Dos comboios estrênuos,
Da faina transportadora-de-cargas dos navios,
Do giro lúbrico e lento dos guindastes,
Do tumulto disciplinado das fábricas,
E do quase-silêncio ciciante e monótono das correias de transmissão!
Horas europeias, produtoras, entaladas
Entre maquinismos e afazeres úteis!
Grandes cidades paradas nos cafés,
Nos cafés — oásis de inutilidades ruidosas
Onde se cristalizam e se precipitam
Os rumores e os gestos do Útil
E as rodas, e as rodas-dentadas e as chumaceiras do Progressivo!
Nova Minerva sem-alma dos cais e das gares!
Novos entusiasmos de estatura do Momento!
PESSOA, Fernando. Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993), p. 144 (texto adaptado).
Leia atentamente o texto abaixo:
“[...] quando a maior parte das ferrovias britânicas estava ocupada em transportar vagões de carvão
para as fábricas de ferro e aço [...]”.
“Dos comboios estrênuos,”
Nos excertos dos Textos 1 e 2, o par de palavras destacadas estabelece, respectivamente, as relações
semânticas de:
a) hiperonímia / hiponímia.
b) homonímia / paronímia.
c) hiperonímia / hiperonímia.
d) paronímia / homonímia.
e) hiponímia / hiperonímia.
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CMR - CA (CMR)/CMR/6º Ano do Ensino Fundamental/2021
Língua Portuguesa (Português) - Outras questões de semântica
Leia o texto abaixo e responda à questão.
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308)
(ZIRALDO. Curta o Menino Maluquinho. São Paulo: Globo, 2007.v.2,p.24.)
Após analisar as relações semânticas estabelecidas nesse texto, assinale a alternativa correta.
a) Em "Anda tomando muito suco de frutas como eu falei?", a palavra em destaque foi empregada
no sentido de caminhar.
b) Na fala do segundo quadrinho, é possível perceber o quanto o suco de frutas é benéfico à saúde
somente das crianças.
c) No trecho "Eu fiz igualzinho você mandou e o liquidificador quebrou...", a palavra destacada
expressa noção de tamanho, como acontece em "peixinho".
d) No quarto quadrinho, a menina utilizou uma palavra sinônima de "liquidificador", evitando a
repetição de palavras.
e) No último quadrinho, a linguagem não verbal impede que o humor da história seja assimilado pelo
leitor.
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VUNESP - Vest (FICSAE)/FICSAE/2021
Língua Portuguesa (Português) - Outras questões de semântica
Leia a crônica “Caso de justiceiro”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.
Mercadinho é imagem de confusão organizada. Todos comprando tudo ao mesmo tempo em corredores
estreitos, carrinhos e pirâmides de coisas se comprimindo, apalpamento, cheiração e análise visual de
gêneros pelas madamas, e, a dominar o vozerio, o metralhar contínuo das registradoras. Um olho
invisível, múltiplo e implacável, controla os menores movimentos da freguesia, devassa o mistério de
bolsas e bolsos, quem sabe se até o pensamento. Parece o caos; contudo nada escapa à fiscalização.
Aquela velhinha estrangeira, por exemplo, foi desmascarada.
— A senhora não pagou a dúzia de ovos quebrados.
— Paguei.
Antes que o leitor suponha ter a velhinha quebrado uma dúzia de ovos, explico que eles estão à venda
assim mesmo, trincados. Por isso são mais baratos, e muita gente os prefere; casca é embalagem. A
senhora ia pagar a dúzia de ovos perfeitos, comprada depois; mas e os quebrados, que ela comprara
antes?
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309)
A velhinha se zanga e xinga em ótimo português-carioca o rapaz da caixa. O qual lhe responde boas, no
mesmo idioma, frisando que gringo nenhum viria lá de sua terra da peste para dar prejuízo no Brasil, que
ele estava ali para defender nosso torrão contra piratas da estranja. A mulher, fula de indignação, foi
perdendo a voz. Caixeiros acorreram, tomando posição em defesa da pátria ultrajada na pessoa do
colega; entre eles, alguns portugueses. A freguesia fez bolo. O mercadinho parou.
Eis que irrompe o tarzã de calção de banho ainda rorejante e berra para o caixa:
— Para com isso, que eu não conheço essa dona mas vê-se pela cara que é distinta.
— Distinta? Roubou cem cruzeiros à casa e insultou a gente feito uma danada.
— Roubou coisa nenhuma, e o que ela disse de você eu não ouvi mas subscrevo. O que você é, é um
calhorda e quer fazer média com o patrão à custa de uma pobre mulher.
O outro ia revidar à altura, mas o tarzã não era de cinema, era de verdade, o que aliás não escapou à
percepção de nenhum dos presentes. De modo que enquanto uns socorriam a velhinha, que desmaiava,
outros passavam a apoiá- -la moralmente, querendo arrebentar aquela joça. O partido nacionalista
acoelhou-se. Foram tratando de cerrar as portas, para evitar a repetição de Caxias. Quem estava lá
dentro que morresse de calor; enquanto não viessem a radiopatrulha e a ambulância, a questão dos
ovos ficava em suspenso.
— Ah, é? — disse o vingador. — Pois eu pago os cem cruzeiros pelos ovos mas você tem de engolir a
nota.
Tirou-a do bolso do calção, fez uma bolinha, puxou parabaixo, com dedos de ferro, o queixo do caixa, e
meteu-lhe o dinheiro na boca.
Assistência deslumbrada, em silêncio admiracional. Não é todos os dias que se vê engolir dinheiro. O
caixa começou a mastigar, branco, nauseado, engasgado.
Uma voz veio do setor de ovos:
— Ela não roubou mesmo não! Olha o dinheiro embaixo do pacote!
Outras vozes se altearam: “Engole mais os outros cem!” “Os ovos também!” “Salafra” “Isso!” “Aquilo!”.
A onda era tamanha que o tarzã, instrumento da justiça divina, teve de restabelecer o equilíbrio.
— Espera aí. Este aqui já pagou. Agora vocês é que vão engolir tudo, se maltratarem este rapaz.
(Carlos Drummond de Andrade. Cadeira de balanço, 2020.)
Observa-se um paradoxo entre os termos que compõem a seguinte expressão:
a) “assistência deslumbrada”
b) “pátria ultrajada”
c) “olho invisível”
d) “análise visual”
e) “confusão organizada”
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Língua Portuguesa (Português) - Outras questões de semântica
Para responder à questão abaixo, leia o trecho do drama Macário, de Álvares de Azevedo.
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MACÁRIO (chega à janela): Ó mulher da casa! olá! ó de casa!
UMA VOZ (de fora): Senhor!
MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e tragam-ma aqui...
A VOZ: O burro?
MACÁRIO: A mala, burro!
A VOZ: A mala com o burro?
MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra o burro na cerca.
A VOZ: O senhor é o moço que chegou primeiro?
MACÁRIO: Sim. Mas vai ver o burro.
A VOZ: Um moço que parece estudante?
MACÁRIO: Sim. Mas anda com a mala.
A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer que vá a pé?
MACÁRIO: Esse diabo é doido! Vai a pé, ou monta numa vassoura como tua mãe!
A VOZ: Descanse, moço. O burro há de aparecer. Quando madrugar iremos procurar.
OUTRA VOZ: Havia de ir pelo caminho do Nhô Quito. Eu conheço o burro...
MACÁRIO: E minha mala?
A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!...
MACÁRIO (fecha a janela): Malditos! (atira com uma cadeira no chão)
O DESCONHECIDO: Que tendes, companheiro?
MACÁRIO: Não vedes? O burro fugiu...
O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras que o chamareis...
MACÁRIO: Porém a raiva...
[...]
O DESCONHECIDO: A mala não pareceu-me muito cheia. Senti alguma coisa sacolejar dentro. Alguma
garrafa de vinho?
MACÁRIO: Não! não! mil vezes não! Não concebeis, uma perda imensa, irreparável... era o meu
cachimbo...
O DESCONHECIDO: Fumais?
MACÁRIO: Perguntai de que serve o tinteiro sem tinta, a viola sem cordas, o copo sem vinho, a noite
sem mulher – não me pergunteis se fumo!
310)
O DESCONHECIDO (dá-lhe um cachimbo): Eis aí um cachimbo primoroso.
[...]
MACÁRIO: E vós?
O DESCONHECIDO: Não vos importeis comigo. (tira outro cachimbo e fuma)
MACÁRIO: Sois um perfeito companheiro de viagem. Vosso nome?
O DESCONHECIDO: Perguntei-vos o vosso?
MACÁRIO: O caso é que é preciso que eu pergunte primeiro. Pois eu sou um estudante. Vadio ou
estudioso, talentoso ou estúpido, pouco importa. Duas palavras só: amo o fumo e odeio o Direito
Romano. Amo as mulheres e odeio o romantismo.
O DESCONHECIDO: Tocai! Sois um digno rapaz. (apertam a mão)
MACÁRIO: Gosto mais de uma garrafa de vinho que de um poema, mais de um beijo que do soneto mais
harmonioso. Quanto ao canto dos passarinhos, ao luar sonolento, às noites límpidas, acho isso
sumamente insípido. Os passarinhos sabem só uma cantiga. O luar é sempre o mesmo. Esse mundo é
monótono a fazer morrer de sono.
O DESCONHECIDO: E a poesia?
MACÁRIO: Enquanto era a moeda de ouro que corria só pela mão do rico, ia muito bem. Hoje trocou-se
em moeda de cobre; não há mendigo, nem caixeiro de taverna que não tenha esse vintém azinhavrado1.
Entendeis-me?
O DESCONHECIDO: Entendo. A poesia, de popular tornou- se vulgar e comum. Antigamente faziam-na
para o povo; hoje o povo fá-la... para ninguém...
(Álvares de Azevedo. Macário/Noite na taverna, 2002.)
1 azinhavrado: coberto de azinhavre (camada de cor verde que se forma na superfície dos objetos de cobre ou
latão, resultante da corrosão destes quando expostos ao ar úmido).
“Enquanto era a moeda de ouro que corria só pela mão do rico, ia muito bem.”
Em relação à oração que o sucede, o trecho sublinhado expressa noção de
a) tempo.
b) comparação.
c) concessão.
d) causa.
e) condição.
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Língua Portuguesa (Português) - Outras questões de semântica
Entre os versos de Gilberto Gil transcritos a seguir, podemos identificar uma relação paradoxal em:
a) “Sou viramundo virado / pelo mundo do sertão.”
b) “Louvo a luta repetida / da vida pra não morrer.”
c) “De dia, Diadorim, / de noite, estrela sem fim.”
d) “Toda saudade é presença / da ausência de alguém.”
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311)
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Língua Portuguesa (Português) - Outras questões de semântica
APÓS A LEITURA DOS TEXTOS A SEGUIR APRESENTADOS, RESPONDA À QUESTÃO.
Publicada em 1902, a partir de um trabalho de correspondente de guerra encomendado pelo jornal “A
Província de São Paulo” ao engenheiro militar Euclides da Cunha, oriundo da Escola Militar da Praia
Vermelha (atualmente, Instituto Militar de Engenharia), a obra “Os Sertões” aborda os acontecimentos
da chamada guerra de Canudos, que foi o confronto entre um movimento popular messiânico e o
Exército Nacional, de 1896 a 1897, no interior do estado da Bahia. Uma leitura obrigatória para a
compreensão da sociedade e da cultura brasileira, a obra reflete a descoberta pelo autor de um “Brasil
profundo”, desconhecido pela elite intelectual e política do litoral, e se tornou obra canônica de expressão
dos problemas e temas da nacionalidade. Em tom erudito, “Os Sertões” se caracteriza pelo encontro do
estilo com os conceitos científicos, que são estetizados e transfigurados, para estabelecer um novo plano
de realidade humana, por meio de uma escrita tortuosa, gramaticalmente rebuscada, marcada pela rica
adjetivação e reinvenção lexical.
Texto 1
CAPÍTULO 3
A GUERRA DAS CAATINGAS
Os doutores na arte de matar que hoje, na Europa, invadem escandalosamente a ciência, perturbando-
lhe o remanso com um retinir de esporas insolentes — e formulam leis para a guerra, pondo em equação
as batalhas, têm definido bem o papel das florestas como agente tático precioso, de ofensiva ou
defensiva. E ririam os sábios feldmarechais — guerreiros de cujas mãos caiu o franquisque heroico
trocado pelo lápis calculista — se ouvissem a alguém que às caatingas pobres cabe função mais definida
e grave que às grandes matas virgens. Porque estas, malgrado a sua importância para a defesa do
território — orlando as fronteiras e quebrando o embate às invasões, impedindo mobilizações rápidas e
impossibilitando a translação das artilharias —, se tornam de algum modo neutras no curso das
campanhas. Podem favorecer, indiferentemente, aos dois beligerantes oferecendo a ambos a mesma
penumbra às emboscadas, dificultando-lhes por igual as manobras ou todos os desdobramentos em que
a estratégia desencadeia os exércitos. São uma variável nas fórmulas do problema tenebroso da guerra,
capaz dos mais opostos valores.
Ao passo que as caatingas são um aliado incorruptível do sertanejo em revolta. Entram também de certo
modo na luta. Armam-se para o combate; agridem. Trançam-se, impenetráveis, ante o forasteiro, mas
abrem-se em trilhas multívias, para o matuto que ali nasceu e cresceu.
E o jagunço faz-se o guerrilheiro-tugue, intangível...
As caatingas não o escondem apenas, amparam-no.
Ao avistá-las, no verão, uma coluna em marcha não se surpreende. Segue pelos caminhos em torcicolos,
aforradamente. E os soldados, devassando com as vistas o matagal sem folhas, nem pensam no inimigo.
Reagindo à canícula e com o desalinho natural às marchas, prosseguem envoltos no vozear confuso das
conversas travadas em toda a linha,virguladas de tinidos de armas, cindidas de risos joviais mal
sofreados.
É que nada pode assustá-los. Certo, se os adversários imprudentes com eles se afrontarem, serão
varridos em momentos. Aqueles esgalhos far-se-ão em estilhas a um breve choque de espadas e não é
crível que os gravetos finos quebrem o arranco das manobras prontas. E lá se vão, marchando,
tranquilamente heroicos...
De repente, pelos seus flancos, estoura, perto, um tiro...
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A bala passa, rechinante, ou estende, morto, em terra, um homem. Sucedem-se, pausadas, outras,
passando sobre as tropas, em sibilos longos. Cem, duzentos olhos, mil olhos perscrutadores, volvem-se,
impacientes, em roda. Nada veem.
Há a primeira surpresa. Um fluxo de espanto corre de uma a outra ponta das fileiras.
E os tiros continuam raros, mas insistentes e compassados, pela esquerda, pela direita, pela frente
agora, irrompendo de toda a banda...
Então estranha ansiedade invade os mais provados valentes, ante o antagonista que vê e não é visto.
Forma-se celeremente em atiradores uma companhia, mal destacada da massa de batalhões constritos
na vereda estreita. Distende-se pela orla da caatinga. Ouve-se uma voz de comando; e um turbilhão de
balas rola estrugidoramente dentro das galhadas...
Mas constantes, longamente intervalados sempre, Zunem os projéteis dos atiradores invisíveis batendo
em cheio nas fileiras.
A situação rapidamente engravesce, exigindo resoluções enérgicas. Destacam-se outras unidades
combatentes, escalonando-se por toda a extensão do caminho, prontas à primeira voz; -— e o
comandante resolve carregar contra o desconhecido. Carrega-se contra os duendes. A força, de
baionetas caladas, rompe, impetuosa, o matagal numa expansão irradiante de cargas. Avança com
rapidez. Os adversários parecem recuar apenas. Nesse momento surge o antagonismo formidável da
caatinga.
As seções precipitam-se para os pontos onde estalam os estampidos e estacam ante uma barreira
flexível, mas impenetrável, de juremas. Enredam-se no cipoal que as agrilhoa, que lhes arrebata das
mãos as armas, e não vingam transpô-lo. Contornam-no. Volvem aos lados. Vê-se um como rastilho de
queimada: uma linha de baionetas enfiando pelos gravetos secos. Lampeja por momentos entre os raios
do sol joeirados pelas árvores sem folhas; e parte-se, faiscando, adiante, dispersa, batendo contra
espessos renques de xiquexiques, unidos como quadrados cheios, de falanges, intransponíveis,
fervilhando espinhos...
Circuitam-nos, estonteadamente, os soldados. Espalham-se, correm à toa, num labirinto de galhos.
Caem, presos pelos laços corredios dos quipás reptantes; ou estacam, pernas imobilzadas por fortíssimos
tentáculos. Debatem-se desesperadamente até deixarem em pedaços as fardas, entre as garras felinas
de acúleos recurvos das macambiras...
Impotentes estadeiam, imprecando, o desapontamento e a raiva, agitando-se furiosos e inúteis. Por fim a
ordem dispersa do combate faz-se a dispersão do tumulto. Atiram a esmo, sem pontaria, numa
indisciplina de fogo que vitima os próprios companheiros. Seguem reforços. Os mesmos transes
reproduzem-se maiores, acrescidas a confusão e a desordem; — enquanto em torno, circulando-os,
rítmicos, fulminantes, seguros, terríveis, bem apontados, caem inflexivelmente os projetis do adversário.
De repente cessam. Desaparece o inimigo que ninguém viu.
As seções voltam desfalcadas para a coluna, depois de inúteis pesquisas nas macegas. E voltam como se
saíssem de recontro braço a braço, com selvagens: vestes em tiras; armas estrondadas ou perdidas;
golpeados de gilvazes; claudicando, estropiados; mal reprimindo o doer infernal das folhas urticantes;
frechados de espinhos...
(...)
A luta é desigual. A força militar decai a um plano inferior. Batem-na o homem e a terra. E quando o
sertão estua nos bochornos dos estios longos não é difícil prever a quem cabe a vitória. Enquanto o
minotauro, impotente e possante, inerme com a sua envergadura de aço e grifos de baionetas, sente a
garganta exsicar-se-lhe de sede e, aos primeiros sintomas da fome, reflui à retaguarda, fugindo ante o
deserto ameaçador e estéril, aquela flora agressiva abre ao sertanejo um seio carinhoso e amigo.
(...)
A natureza toda protege o sertanejo. Talha-o como Anteu, indomável. É um titã bronzeado fazendo
vacilar a marcha dos exércitos.
CUNHA, Euclides da. Os Sertões (Campanha de Canudos). 2º ed. São Paulo: Editora Ciranda Cultural, 2018. p. 181-
186.
Texto 2
ESTADOS DE VIOLÊNCIA
A guerra, na longa história dos homens, terá tido seus atores e suas cenas, seus heróis e seus espaços,
seus personagens e seus teatros. Diversidade incrível das fardas, dos costumes, enfeites, armaduras,
equipamentos. Multiplicidade dos terrenos: barro espesso ou poeira asfixiante, brejos viscosos,
desfiladeiros rochosos, prados gordurentos ou planícies sombrias, colinas acidentadas, montanhas
dentadas, muros grossos das cidades fortificadas, portões e fossos profundos. Sem mesmo falar das
táticas de combate, da evolução técnica das armas. Mas o que malgrado tudo ficaria e basearia a
distinção entre guerras maiores e menores, grandes e pequenas, verdadeiras e degradadas, era essa
forma pura de dois exércitos engajando forças representando entidades políticas identificáveis,
afrontando-se em batalhas decisivas, terrestres ou marítimas, que os colocavam em contato com seu
princípio de encerramento: vitória ou derrota. É ainda possível essa forma pura de guerra, depois que as
grandes e principais potências dispõem da arma absoluta (o fogo nuclear), depois ainda que um só
possui uma superioridade arrasadora das forças clássicas de destruição, tecnologias de reconhecimento,
técnicas de fundição de precisão, depois enfim que as democracias desenvolveram uma cultura de
negociação, de arbitragem em que o recurso à força nua é dado como inadequado, selvagem,
contraproducente? Imagina-se que no futuro ainda grandes potências mobilizem o conjunto de suas
forças vivas para se medirem?
Na trama visível, dilacerada das grandes guerras contemporâneas, reconhecem-se apenas a paisagem
cultural da guerra, as nervuras de sua representação dominante. Não se veem mais, e tanto melhor,
colunas de soldados em centenas de milhares chegando ao futuro campo de batalha, dispondo-se em
ordem para a batalha decisiva. Não se espera mais com um entusiasmo ansioso a sanção das armas:
duração da batalha, data da vitória ou da derrota (...) Os estados de violência fazem aparecer uma
multiplicidade de figuras novas: o terrorista, o chefe de facções, o mercenário, o soldado profissional, o
engenheiro de informática, o responsável da segurança etc. Não exército disciplinado, mas redes
dispersas, concorrentes, profissionais da violência. Mudanças ainda no nível do teatro dos conflitos. Para
a guerra: uma planície, espaços largos, às vezes colinas ou rios, em todo caso campanhas (para não
levar em conta aqui guerras de cerco). E depois vem o espetáculo desolador após a batalha: os inimigos
como que abraçados na morte, corpos juncando o solo, fardas rasgadas, manchas de sangue. Um grande
silêncio depois de tantos gritos e de vaias. O novo teatro é hoje a cidade. Não a cidade fortificada, em
torno da qual se entrincheira, mas a cidade viva dos transeuntes. A dos espaços públicos: mercados,
garagens, terraços de café, metrôs... A das ruas que francos atiradores isolados transformam em teatro
de feira para divertimentos atrozes (...)
Tempos e espaços, personagens e cadáveres. Aqui se trata apenas do regime de imagens de violência
armada que se acha transformado. A aposta filosófica seria dizer que acontece outra coisa, e não a
guerra, que se poderia chamar provisoriamente de “estados de violência”, porque eles se oporiam ao que
os clássicos tinham definido como “estado de guerra” e também como “estado de natureza” (...)
Diante da inquietante extravagância desses conflitos dificilmente identificáveis ou codificáveis nos
quadros da análise estratégica clássica, ouve-semesmo: o pior estaria por vir. É preciso dizer que a
polemologia (estudo da guerra) não reconhece mais seus filhos: nem seus chefes responsáveis, nem
seus soldados dóceis, nem seus heróis esplêndidos, nem seus mortos no campo de honra. Chega-se
mesmo a se queixar. Neste ponto, contudo, a nostalgia é dificilmente suportável. Sobretudo para lastimar
guerras que às vezes nem mesmo foram vividas pessoalmente. Estas boas velhas guerras, com bons
velhos inimigos, fomentadas por Estados, alegando “razões”, deve-se recordar que foram também o
instrumento das mais baixas ambições, das mais loucas pretensões, dos mais sórdidos cálculos? Que elas
312)
acarretaram sem falhar o sacrifício de milhões de homens que não pediam senão para viver, que elas
esgotaram precocemente civilizações desenvolvidas, conduziram culturas prestigiosas ao suicídio?
Resta, além de um pensamento nostálgico, compreender o que causa os estados atuais de violência.
Então, antes que falar da “nova guerra”, de “guerra selvagem”, “guerra sem a guerra”, de “guerra sem
fim”, de “guerra assimétrica”, de “guerra civil generalizada”, de “guerra ruiva”, é preciso elucidar, em lugar
do jogo antigo da guerra e da paz, as estruturações destes estados de violência (...) Como a filosofia
clássica tinha conceituado o estado de guerra e de natureza, seria preciso esboçar a análise filosófica dos
estados de violência, como distribuição contemporânea das forças de destruição.
GROS, Frédéric. Estados de violência: ensaio sobre o fim da guerra. Tradução de José Augusto da Silva.
Aparecida, SP: Editora Ideias & Letras, 2009. p. 227-232 (texto adaptado).
“Ouve-se uma voz de comando; e um turbilhão de balas rola estrugidoramente dentro das galhadas ...”.
O valor semântico do vocábulo “estrugidoramente” no trecho acima se aproxima de:
a) violentamente.
b) ruidosamente.
c) velozmente.
d) certeiramente.
e) mortalmente.
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Língua Portuguesa (Português) - Outras questões de semântica
APÓS A LEITURA DOS TEXTOS A SEGUIR APRESENTADOS, RESPONDA A QUESTÃO.
A primeira publicação do conto O Alienista, de Machado de Assis, ocorreu como folhetim na revista
carioca A Estação, entre os anos de 1881 e 1882. Nessa mesma época, uma grande reforma educacional
efetuou-se no Brasil, criando, dentre outras, a cadeira de Clínica Psiquiátrica. É nesse contexto de uma
psiquiatria ainda embrionária que Machado propõe sua crítica ácida, reveladora da escassez de
conhecimento científico e da abundância de vaidades, concomitantemente. A obra deixa ver as relações
promíscuas entre o poder médico que se pretendia baluarte da ciência e o poder político tal como era
exercido em Itaguaí, então uma vila, distante apenas alguns quilômetros da capital Rio de Janeiro. O
conto se desenvolve em treze breves capítulos, ao longo dos quais o alienista vai fazendo suas
experimentações cientificistas até que ele mesmo conclua pela necessidade de seu isolamento, visto que
reconhece em si mesmo a única pessoa cujas faculdades mentais encontram-se equilibradas, sendo ele,
portanto, aquele que destoa dos demais, devendo, por isso, alienar-se.
Texto 1
Capítulo IV
UMA TEORIA NOVA
Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha buscando o Rio de Janeiro, Simão Bacamarte estudava por
todos os lados uma certa ideia arrojada e nova, própria a alargar as bases da psicologia. Todo o tempo
que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde era pouco para andar na rua, ou de casa em casa,
conversando as gentes, sobre trinta mil assuntos, e virgulando as falas de um olhar que metia medo aos
mais heroicos.
Um dia de manhã, – eram passadas três semanas, – estando Crispim Soares ocupado em temperar um
medicamento, vieram dizer-lhe que o alienista o mandava chamar.
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– Tratava-se de negócio importante, segundo ele me disse, acrescentou o portador.
Crispim empalideceu. Que negócio importante podia ser, se não alguma notícia da comitiva, e
especialmente da mulher? Porque este tópico deve ficar claramente definido, visto insistirem nele os
cronistas; Crispim amava a mulher, e, desde trinta anos, nunca estiveram separados um só dia. Assim se
explicam os monólogos que fazia agora, e que os fâmulos lhe ouviam muita vez: – “Anda, bem feito,
quem te mandou consentir na viagem de Cesária? Bajulador, torpe bajulador! Só para adular ao Dr
Bacamarte. Pois agora aguenta-te; anda; aguenta-te, alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável. Dizes
amém a tudo, não é? Aí tens o lucro, biltre!”. – E muitos outros nomes feios, que um homem não deve
dizer aos outros, quanto mais a si mesmo. Daqui a imaginar o efeito do recado é um nada. Tão depressa
ele recebeu como abriu mão das drogas e voou à Casa Verde.
Simão Bacamarte recebeu-o com a alegria própria de um sábio, uma alegria abotoada de circunspeção
até o pescoço.
– Estou muito contente, disse ele.
– Notícias do nosso povo?, perguntou o boticário com a voz trêmula.
O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu:
– Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência científica. Digo experiência, porque não me
atrevo a assegurar desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares, senão uma
investigação constante. Trata-se, pois, de uma experiência, mas uma experiência que vai mudar a face
da terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão;
começo a suspeitar que é um continente.
Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário. Depois explicou compridamente a sua ideia.
No conceito dele a insânia abrangia uma vasta superfície de cérebros; e desenvolveu isto com grande
cópia de raciocínios, de textos, de exemplos. Os exemplos achou-os na história e em Itaguaí mas, como
um raro espírito que era, reconheceu o perigo de citar todos os casos de Itaguaí e refugiou-se na
história. Assim, apontou com especialidade alguns célebres, Sócrates, que tinha um demônio familiar,
Pascal, que via um abismo à esquerda, Maomé, Caracala, Domiciano, Calígula etc., uma enfiada de casos
e pessoas, em que de mistura vinham entidades odiosas, e entidades ridículas. E porque o boticário se
admirasse de uma tal promiscuidade, o alienista disse-lhe que era tudo a mesma coisa, e até acrescentou
sentenciosamente:
– A ferocidade, Sr. Soares, é o grotesco a sério.
– Gracioso, muito gracioso!, exclamou Crispim Soares levantando as mãos ao céu.
Quanto à ideia de ampliar o território da loucura, achou-a o boticário extravagante; mas a modéstia,
principal adorno de seu espírito, não lhe sofreu confessar outra coisa além de um nobre entusiasmo;
declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou que era “caso de matraca”. Esta expressão não tem
equivalente no estilo moderno. Naquele tempo, Itaguaí, que como as demais vilas, arraiais e povoações
da colônia, não dispunha de imprensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia: ou por meio de
cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e da matriz; – ou por meio de matraca.
Eis em que consistia este segundo uso. Contratava-se um homem, por um ou mais dias, para andar as
ruas do povoado, com uma matraca na mão.
De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe incumbiam, – um
remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor tesoura da
vila, o mais belo discurso do ano etc. O sistema tinha inconvenientes para a paz pública; mas era
conservado pela grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos vereadores, – aquele
justamente que mais se opusera à criação da Casa Verde, – desfrutava a reputação de perfeito educador
de cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses bichos; mas, tinha o cuidado de fazer
trabalhar a matraca todos os meses. E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam ter visto
cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta
confiança no sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituiçõesdo antigo regime mereciam o
desprezo do nosso século.
– Há melhor do que anunciar a minha ideia, é praticá-la, respondeu o alienista à insinuação do boticário.
E o boticário, não divergindo sensivelmente deste modo de ver, disse-lhe que sim, que era melhor
começar pela execução.
– Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele.
Simão Bacamarte refletiu ainda um instante, e disse:
– Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair a pérola,
que é a razão; por outros termos, demarquemos definitivamente os limites da razão e da loucura. A
razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia.
O Vigário Lopes, a quem ele confiou a nova teoria, declarou lisamente que não chegava a entendê-la,
que era uma obra absurda, e, se não era absurda, era de tal modo colossal que não merecia princípio de
execução.
– Com a definição atual, que é a de todos os tempos, acrescentou, a loucura e a razão estão
perfeitamente delimitadas. Sabe-se onde uma acaba e onde a outra começa. Para que transpor a cerca?
Sobre o lábio fino e discreto do alienista roçou a vaga sombra de uma intenção de riso, em que o
desdém vinha casado à comiseração; mas nenhuma palavra saiu de suas egrégias entranhas.
A ciência contentou-se em estender a mão à teologia, – com tal segurança, que a teologia não soube
enfim se devia crer em si ou na outra. Itaguaí e o universo à beira de uma revolução.
ASSIS, Machado de. O Alienista. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro / USP. Disponível em: <http://
www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1939>. Acesso em:
12/08/2019.
_____________________________________
O soneto XIII de Via-Láctea, coleção publicada em 1888 no livro Poesias, é o texto mais famoso da
antologia, obra de estreia do poeta Olavo Bilac. O texto, cuidadosamente ritmado, suas rimas e a escolha
da forma fixa revelam rigor formal e estilístico caros ao movimento parnasiano; o tema do poema, no
entanto, entra em colisão com o tema da literatura típica do movimento, tal como concebido no
continente europeu.
Texto 2
XIII
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
313)
314)
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55. Via-Láctea. Disponível em: <http://www.
dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>. Acesso em: 19/08/2019.
O vocábulo comiseração se aproxima semanticamente de
a) brandura.
b) entusiasmo.
c) indulgência.
d) indiferença.
e) solidariedade.
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VUNESP - Vest (FAMERP)/FAMERP/2018
Língua Portuguesa (Português) - Outras questões de semântica
Leia a crônica de Clarice Lispector, publicada no Jornal do Brasil em 29 de março de 1969, para
responder à questão.
Perguntas grandes
Pessoas que são leitoras de meus livros parecem ter receio de que eu, por estar escrevendo em jornal,
faça o que se chama de concessões. E muitas disseram: “Seja você mesma.”
Um dia desses, ao ouvir um “seja você mesma”, de repente senti-me entre perplexa e desamparada. É
que também de repente me vieram então perguntas terríveis: quem sou eu? como sou? o que ser? quem
sou realmente? e eu sou?
Mas eram perguntas maiores do que eu.
(A descoberta do mundo, 1999.)
Os trechos “por estar escrevendo em jornal” (1º parágrafo) e “ao ouvir um ‘seja você mesma’” (2º
parágrafo) exprimem, respectivamente, circunstância de
a) consequência e tempo.
b) causa e condição.
c) causa e tempo.
d) finalidade e condição.
e) consequência e finalidade
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CEV URCA - Vest (URCA)/URCA/2018
Língua Portuguesa (Português) - Outras questões de semântica
TEXTO I
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1409193
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1417198
315)
Sobre os perigos da leitura
Parece que esse processo de destruição do pensamento individual é uma consequência natural das
nossas práticas educativas. Quanto mais se é obrigado a ler, menos se pensa. Schopenhauer tomou
consciência disso e o disse de maneira muito simples em alguns textos sobre livros e leitura. O que se
toma por óbvio e evidente é que o pensamento está diretamente ligado ao número de livros lidos. Tanto
assim que se criaram técnicas de leitura dinâmica que permitem que se leia “Grande Sertão – Veredas”
em pouco mais de três horas.
Disponível em: https://rubemalves.wordpress.com/
A produção e recepção plena de um enunciado exige a utilização consciente de certas regras gramaticais.
Há termos que são utilizados para ligar orações ou palavras de mesmo valor gramatical e que
estabelecem relações entre aquilo que uniu. No fragmento retirado do texto I: Quanto mais se é
obrigado a ler, menos se pensa; podemos observar a existência de tais termos; a relação estabelecida é
de:
a) causalidade;
b) finalidade;
c) proporcionalidade;
d) temporalidade;
e) integralidade.
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FUNCERN - CTNM (IF RN)/IF RN/2022
Língua Portuguesa (Português) - Frase, oração e período
TEXTO 1
PAÍS ESTÁ DE VOLTA AO MAPA DA FOME DA ONU
FAO aponta que mais de 60 milhões de brasileiros enfrentam dificuldade para conseguir comida.
Problema avança pelo mundo.
» LUANA PATRIOLINO
Correio Brasiliense, quinta-feira, 07 de julho de 2022
Desafio para muitas nações, o acesso à alimentação e a uma nutrição equilibrada pioraram no último
ano, no Brasil, na América Latina e no mundo. Por aqui, a quantidade de brasileiros que enfrentaram
algum tipo de insegurança alimentar ultrapassou a marca de 60 milhões de pessoas — atinge um em
cada três brasileiros —. Os dados constam de um relatório da organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado ontem.
A instituição alertou que o mundo “se afastou” do objetivo de erradicar a fome até 2030. O documento
mostra que o número de pessoas que lidaram com algum tipo de insegurança alimentar foi de 61,3
milhões, número alarmante, considerando que a população brasileira é estimada em 213,3 milhões. No
resto do mundo, a situação também é grave, principalmente nos países mais pobres. Segundo a FAO,
cerca de 828 milhões de pessoas foram afetadas pela fome em 2021. O número cresceu cerca de 150
milhões desde o início da pandemia de Covid-19: mais 103 milhões entre 2019 e 2020, e 46 milhões em
2021. A pesquisa também leva em consideração o recorte de gênero. Em 2021, 31,9% das mulheres no
mundo tinham insegurança alimentar moderada ou grave, em comparação com 27,6% dos homens.
A desigualdade crescente é mais evidente na América Latina e no Caribe, onde a diferença entre homens
e mulheres ficou em 11,3 pontos percentuais. Em 2020, esse índice era 9,4 pontos percentuais. Quase
3,1 bilhões de pessoas não puderam pagar por uma alimentação saudável em 2020. Isso representa 112
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milhões a mais do que em 2019, refletindo a inflação nos preços dos alimentos ao consumidor
decorrente dos impactos econômicos da pandemia de Covid-19 e das medidas adotadas para contê-la.
NÃO CONFUNDA
Insegurança alimentar
moderada
Nível de gravidade da
insegurança alimentar em
que as pessoas enfrentam
incertezas sobre a
capacidade de obter
alimentos e são forçadas
a reduzir, em algum
momento, a qualidade ou
quantidade dos alimentos
por falta de dinheiro.
Insegurança alimentar
severa
Nível de gravidade da
insegurança alimentar em
que as pessoas,
provavelmente, ficaram
sem comida, passaram
fome e, no caso maisextremo, ficaram dias
sem comer, colocando a
saúde e o bem-estar em
grave risco, com base na
Escala de Experiência de
Insegurança Alimentar.
Voltando ao Brasil, os últimos números da FAO revelam uma piora sensível da insegurança alimentar.
Entre 2014 e 2016, atingiu 37,5 milhões de pessoas — 3,9 milhões em condição grave —. Para a
organização, a insegurança moderada é medida quando a população não tem certeza sobre a capacidade
de conseguir comida e, em algum momento do ano, teve de reduzir a qualidade e a quantidade de
alimentos. A insegurança grave é entendida quando as pessoas ficam sem alimentos por um dia ou mais.
“O número de pessoas em insegurança alimentar na região sugere que o problema não se limita mais
aos grupos sociais que vivem na pobreza há muito tempo; a insegurança alimentar já atingiu as cidades
e dezenas de milhares de famílias que não a vivenciavam antes”, disse o representante Regional da FAO
na América Latina e Caribe, Julio Berdegué.
Três perguntas para Rafael Zavala, representante da FAO no
Brasil
Os números são
preocupantes?
Sim, porque a tendência
é que sejam ainda
piores no futuro.
Existem quatro causas
principais da fome:
conflitos armados,
choques climáticos,
choques econômicos e
choques sanitários.
Atualmente, estamos
vivendo o que a FAO
chama de “tempestade
perfeita” para a
segurança alimentar,
pois estes quatro
fatores estão
acontecendo ao mesmo
tempo em alguns
lugares do mundo.
As políticas públicas
avançaram no Brasil?
Estamos vivendo um
momento ímpar da
história, quando todas
as fragilidades dos
nossos sistemas
alimentares estão
expostas, o que pode
inclusive ser uma
oportunidade de
enxergar as lacunas e
traçar novas rotas para
a erradicação da fome
em todo o mundo.
Como fazer para a
segurança alimentar
voltar a ser
prioridade?
Se os governos
redirecionarem os
recursos para priorizar
os consumidores de
alimentos e
incentivarem a
produção, o
fornecimento e o
consumo sustentáveis
de comida nutritiva,
ajudarão a tornar
alimentações saudáveis
menos dispendiosas e
mais acessíveis para
todos.
Adaptado para uso nesta avaliação. Disponível em:
https://cdn.sinprodf.org.br/portal/uploads/2022/07/08085145/DF-Correio-Braziliense-HD-070722.pdf. Acesso em: 18
set. 2022.
TEXTO 2
Adaptado para uso nesta avaliação. Disponível em: https://combateafome.org.br/?
utm_source=googlerg&utm_medium=search&utm_campaign=rgfome&gclid=EAIaIQobChMImN7Cm8-e-
gIVEzaRCh1vQA2uEAAYASAAEgKIJfD_BwE. Acesso em: 18 set. 2022.
TEXTO 3
TEM GENTE COM FOME
Solano Trindade
Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Piiiii
Estação de Caxias
de novo a correr
de novo a dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bonsucesso
316)
Carlos Chagas
Triagem, Mauá
Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar
Só nas estações
quando vai parando
começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
Mas o freio de ar
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuuu
TRINDADE, Francisco Solano. Poemas d’uma Vida Simples. Rio de Janeiro, 1944.
Considere o trecho do Texto 1 para responder à questão.
A instituição alertou que o mundo (1) “se afastou”
(1) do objetivo de erradicar (2) a fome até 2030. O
documento mostra que o número de pessoas que
lidaram com algum tipo de insegurança alimentar foi
de 61,3 milhões, número alarmante (3),
considerando que a população brasileira é estimada
em 213,3 milhões.
Sobre a organização sintática do trecho, é correto afirmar que
a) o primeiro período é composto por subordinação.
b) o primeiro período é composto por coordenação e subordinação.
c) a segunda oração do segundo período exerce a função de objeto indireto.
d) a primeira oração do primeiro período exerce a função de objeto direto.
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CEPS UFPA - PROSEL (FORMA PARÁ)/FORMA PARÁ/2021
Língua Portuguesa (Português) - Frase, oração e período
Texto base para a questão.
Secretários de Educação da Amazônia Legal e Unicef debatem desafios na área educacional
em 2021
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317)
A Seduc foi representada por sua titular, Elieth de Fátima Braga, que ressaltou as ações realizadas pelo
Estado neste ano e ao longo de 2020
12/03/2021 12h01 - Atualizada em 12/03/2021 13h06
Nesta quinta-feira (11), secretários de Educação dos nove estados que compõem o Consórcio
Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal participaram de uma videoconferência
com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com o intuito de debater o planejamento para
a reabertura segura das escolas, frente ao cenário de pandemia do novo coronavírus.
A Secretaria de Educação do Pará (Seduc) foi representada por sua titular, Elieth de Fátima Braga, que
ressaltou as ações realizadas ao longo de 2020, para que os 576 mil alunos da rede estadual pudessem
dar continuidade aos seus estudos, de maneira não presencial. Também foi discutido como cada
localidade dará prosseguimento ao ano letivo de 2021, além das estratégias que serão adotadas para
garantir o ensino dos estudantes na Região Norte.
Durante o encontro, a secretária de Educação do Pará demonstrou preocupação com a necessidade de se
assegurar o mínimo de aprendizagem necessário e a competitividade dos estudantes no término do
Ensino Médio que, em sua maioria, irão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no final deste
ano.
“Ainda estamos caminhando na segunda onda de contaminação, porém, acredito que, se houver melhora
do quadro epidemiológico do nosso Estado e se houver possibilidade deste retorno seguro, que nós
possamos iniciar as atividades pelo menos para os alunos concluintes do Ensino Médio. Dessa forma, se
for possível, nós assim o faremos, claro, sempre utilizando como parâmetro as determinações e
recomendações das autoridades de saúde pública paraense”, afirmou [...].
Disponível em: https://agenciapara.com.br/noticia/25761/. Acesso em: 11 nov. 2021.
São encontradas duas orações em
a) “A Secretaria de Educação do Pará (Seduc) foi representada por sua titular, Elieth de Fátima Braga
[...]”.
b) “Dessa forma, se for possível, nós assim o faremos”.
c) “Também foi discutido como cada localidade dará prosseguimento ao ano letivo de 2021, além das
estratégias que serão adotadas para garantir o ensino dos estudantes na Região Norte.”
d) “Durante o encontro, a secretária de Educação do Pará demonstrou preocupação [...]”.
e) “Secretários de Educação da Amazônia Legal e Unicef debatem desafios na área educacional em
2021”.
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CMR - CA (CMR)/CMR/1º Ano do Ensino Médio/2019
Língua Portuguesa (Português) - Frase, oração e período
TEXTO 07:
https://www.tecconcursos.com.br/questoes/1595379
318)
Fonte: https://www.google.com/search?q=tirinhas&safe: Set 2019
Na segunda cena da sequência desta tirinha (TEXTO 07), a fala do personagem foi articulada com:
a) Um período simples.
b) Dois períodos compostos.
c) Uma frase nominal.
d) Duas frases verbais e compostas.
e) Uma frase verbal.
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CEV URCA - Vest (URCA)/URCA/2019
Língua Portuguesa (Português) - Frase, oração e período
Amazônia sob ataque: queimadas têm aumento de 145% em 2019
Nos últimos dias a água dos Rios Voadores, que transportam pela atmosfera a umidade da Amazônia
para todo o sul e centro-oeste do continente, foi substituída por fumaça, que chegou a ser notada nos
estados de São Paulo e Paraná. A causa? A quantidade de focos de incêndio registrados na Amazônia em
2019 é uma das maiores dos últimos anos. De janeiro a 20 de agosto, o número de queimadas na região
foi 145% superior ao registradono mesmo período de 2018.
Na Amazônia brasileira, as taxas de alerta de desmatamento estão ligadas à incidência de fogo, que é
uma das principais ferramentas usadas para desmatar. Dos dez municípios da região com maior número
de alertas registrado pelo sistema Deter (Inpe), oito também estão no topo do ranking de queimadas.
Nos dias 10 e 11 deste mês, fazendeiros do entorno da BR-163 anunciaram que fariam um “dia de fogo”,
segundo noticiaram jornais locais e a Folha de São Paulo. A ação coordenada fez o número de focos de
calor aumentar 300% de um dia para o outro na principal cidade da região, Novo Progresso.
“Os que desmatam e destroem a Amazônia se sentem encorajados pelo discurso e pelas ações do
governo Bolsonaro que, desde que tomou posse, tem praticado um verdadeiro desmonte da política
ambiental do país”, declara Danicley Aguiar, da campanha Amazônia do Greenpeace.
Apenas o recente ataque feito pelo governo contra o Fundo Amazônia já resultou no bloqueio de R$ 288
milhões em doações da Noruega e da Alemanha, trazendo consequências perversas para o combate ao
desmatamento e ao fogo na Amazônia. No fim de 2018, as ações de monitoramento e controle, entre
elas prevenção e combate a incêndios florestais e queimadas não autorizadas, representavam 47% do
valor destinado aos projetos apoiados pelo Fundo, totalizando R$ 891 milhões. Desse total, cerca de 90%
foram destinados a projetos implementados por entidades da administração pública brasileira (governos
federal, estaduais e municipais), revelando a importância estratégica do Fundo para a conservação da
Amazônia.
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319)
As queimadas e as mudanças climáticas operam em um ciclo vicioso: quanto mais queimadas, mais
emissões de gases de efeito estufa e, quanto mais o planeta aquece, maior será a frequência de eventos
extremos, tais como as grandes secas que passaram a ser recorrentes na Amazônia. Para além das
emissões, o desmatamento colabora diretamente para uma mudança no padrão de chuvas na região,
que amplia a duração da estação seca, afetando ainda mais a floresta, a biodiversidade, a agricultura e a
saúde humana.
(URCA/2020.1) No excerto: Nos últimos dias a água dos Rios Voadores, que transportam pela atmosfera
a umidade da Amazônia para todo o sul e centro-oeste do continente, foi substituída por fumaça (...) há:
a) Um período composto formado por três orações coordenadas;
b) Um período composto formado por três orações subordinadas;
c) Um período composto formado por duas orações coordenadas;
d) Um período simples;
e) Um período composto formado por subordinação.
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CPV UFRR - Tec Agr (EAGRO)/EAGRO UFRR/Integrado ao Ensino Médio
PROEJA/2018
Língua Portuguesa (Português) - Frase, oração e período
O CONSELHEIRO
Contam que um certo lavrador possuía um burro que o repouso engordara e um boi que o trabalho
abatera.
Um dia, o boi queixou-se ao burro e perguntou-lhe:
“Não terás, ó irmão, algum conselho que me salve desta dura labuta?” O burro respondeu: “Finge-te de
doente e não comas tua ração. Vendo-te assim, nosso amo não te levará para lavrar o campo e tu
descansará”.
Dizem que o lavrador entendia a linguagem dos animais, e compreendeu o diálogo entre o burro e o boi.
Na manhã seguinte, viu que o boi não comera a sua ração: deixou-o e levou o burro em seu lugar. O
burro foi obrigado a puxar o arado o dia todo, e quase morreu de cansaço. E lamentou o conselho que
dera ao boi.
Quando voltou à noite perguntou-lhe o boi: “Como vais, querido irmão?”. Vou muito bem, respondeu o
burro.
Mas ouvi algo que me fez estremecer por tua causa. Ouvi nosso amo dizer: “Se o boi continuar doente,
deveremos matá-lo para não perdermos sua carne. Minha opinião é que tu comas tua ração e voltes para
tua tarefa a fim de evitar tamanho infortúnio”.
O boi concordou, e devorou imediatamente toda a sua ração.
O lavrador estava ouvindo, e riu.
CHALLITA, Mansour. As mais belas páginas da literatura árabe. Petrópolis: Vozes, 1973. p. 281
O texto apresenta na sua estrutura
a) 9 parágrafos
b) 7 parágrafos
c) 8 parágrafos
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320)
321)
d) 6 parágrafos
e) 5 parágrafos
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CEV URCA - Vest (URCA)/URCA/2017
Língua Portuguesa (Português) - Frase, oração e período
Cada pessoa/ que chegava/ se impressionava com o nacionalismo exagerado, /embora não o
compreendesse.
Há no fragmento acima, três orações, assim distribuídas: 1. Cada pessoa se impressionava com o
nacionalismo exagerado; 2. Que chegava; 3. Embora não o compreendesse. A primeira oração é:
a) Absoluta;
b) Coordenada assindética;
c) Principal;
d) Coordenada sindética;
e) Subordinada.
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COPEVE (UFAL) - Vest (UNCISAL)/UNCISAL/2016
Língua Portuguesa (Português) - Frase, oração e período
Histórias em quadrinhos facilitam o aprendizado em aula
As histórias em quadrinhos são lidas por 30% dos leitores do País, segundo a 3ª edição da pesquisa
Retratos da Leitura no Brasil, realizada em 2011 e divulgada nesta quarta-feira, dia 28, pelo Instituto Pró-
Livro (IPL). O dado representa um aumento em relação a 2007, quando eram 22%. As HQs ficam à
frente até mesmo de textos escolares, de internet e de livros digitais, abaixo apenas de revistas, livros,
jornais e livros didáticos em número de leitores.
O estudo tem como base uma amostra da população brasileira com 5 anos ou mais (173 milhões),
dos quais 50% (88,2 milhões) são leitores (leram um ou mais livros nos três meses antecedentes à
pesquisa. Os números refletem a penetração desse tipo de história em públicos de diversas faixas etárias
e sustentam os argumentos de quem defende sua utilização em outros ambientes, como a escola.
Mais utilizados em aulas de português e interpretação, os quadrinhos também podem ser bons
instrumentos na hora de transmitir ou revisar o conteúdo de outras áreas do conhecimento, como
história, física, matemática e geografia. “O limite é a criatividade ou a imaginação do professor. Se você
quer discutir uma questão de física, por exemplo, pode trabalhar alguma história de super-heróis”,
explica o coordenador do Observatório de Histórias em Quadrinhos da Universidade de São Paulo (USP),
Waldomiro Vergueiro.
Uma das principais vantagens em trabalhar com HQs em sala de aula é a aproximação do professor
com um universo já conhecido pelo aluno, além da dinamização da disciplina. Vergueiro ressalta que os
estudantes já estão familiarizados com os quadrinhos, e o custo desse material é relativamente baixo, o
que diminui as chances de desinteresse ou rejeição. Mas é preciso planejamento, pois a má aplicação do
recurso pode prejudicar o aprendizado e provocar nos alunos até antipatia pelo meio, segundo o
especialista. “O professor tem que se preparar. Existem métodos, técnicas, escolhas, seleção apropriada.
São vários aspectos que devem ser considerados”, adverte.
Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/educacao/>. Acesso em: 22 nov. 2016.
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322)
Assinale a alternativa em que a expressão destacada atua como oração principal, por subordinar a 1ª
oração.
a) “São vários aspectos que devem ser considerados".
b) “...e sustentam os argumentos de quem defende sua utilização em outros ambientes...”.
c) “Vergueiro ressalta que os estudantes já estão familiarizados com os quadrinhos...”.
d) “Se você quer discutir uma questão de física, por exemplo, pode trabalhar alguma história de
super-heróis”.
e) “...os quadrinhos também podem ser bons instrumentos na hora de transmitir ou revisar o
conteúdo de outras áreas...”.
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CEV UECE - Vest (UECE)/UECE/2015
Língua Portuguesa (Português) - Frase, oração e período
Pessoas habitadas
Estava conversando com uma amiga, dia desses. Ela comentava sobre uma terceira pessoa, queeu não
conhecia. Descreveu-a como sendo boa gente, esforçada, ótimo caráter. "Só tem um probleminha: não é
habitada". Rimos. Uma expressão coloquial na França - habité‚ - mas nunca tinha escutado por estas
paragens e com este sentido. Lembrei-me de uma outra amiga que, de forma parecida, também costuma
dizer "aquela ali tem gente em casa" quando se refere a pessoas que fazem diferença.
Uma pessoa pode ser altamente confiável, gentil, carinhosa, simpática, mas, se não é habitada, rapidinho
coloca os outros pra dormir. Uma pessoa habitada é uma pessoa possuída, não necessariamente pelo
demo, ainda que satanás esteja longe de ser má referência. Clarice Lispector certa vez escreveu uma
carta a Fernando Sabino dizendo que faltava demônio em Berna, onde morava na ocasião. A Suíça, de
fato, é um país de contos de fada onde tudo funciona, onde todos são belos, onde a vida parece uma
pintura, um rótulo de chocolate. Mas falta uma ebulição que a salve do marasmo.
Retornando ao assunto: pessoas habitadas são aquelas possuídas por si mesmas, em diversas versões.
Os habitados estão preenchidos de indagações, angústias, incertezas, mas não são menos felizes por
causa disso. Não transformam suas "inadequações" em doença, mas em força e curiosidade. Não recuam
diante de encruzilhadas, não se amedrontam com transgressões, não adotam as opiniões dos outros para
facilitar o diálogo. São pessoas que surpreendem com um gesto ou uma fala fora do script, sem
nenhuma disposição para serem bonecos de ventríloquos. Ao contrário, encantam pela verdade pessoal
que defendem. Além disso, mantêm com a solidão uma relação mais do que cordial.
Então são as criaturas mais incríveis do universo? Não necessariamente. Entre os habitados há de tudo,
gente fenomenal e também assassinos, pervertidos e demais malucos que não merecem abrandamento
de pena pelo fato de serem, em certos aspectos, bastante interessantes. Interessam, mas assustam.
Interessam, mas causam dano. Eu não gostaria de repartir a mesa de um restaurante com Hannibal
Lecter, "The Cannibal", ainda que eu não tenha dúvida de que o personagem imortalizado por Anthony
Hopkins renderia um papo mais estimulante do que uma conversa com, sei lá, Britney Spears, que só
tem gente em casa porque está grávida. Que tenhamos a sorte de esbarrar com seres habitados e ao
mesmo tempo inofensivos, cujo único mal que possam fazer seja nos fascinar e nos manter acordados
uma madrugada inteira. Ou a vida inteira, o que é melhor ainda.
MEDEIROS, Martha. In: Org. e Int. SANTOS, Joaquim Ferreira dos. As Cem Melhores Crônicas Brasileiras.
Objetiva, 324-325.
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323)
Sobre o seguinte enunciado interrogativo: “Então são as criaturas mais incríveis do universo?”, é
INCORRETO dizer que
a) constitui o que se conhece como pergunta retórica.
b) é uma tentativa de interação com o leitor por parte do enunciador.
c) nesse tipo de interrogação, o enunciador espera uma resposta do leitor ou coenunciador.
d) torna o texto mais vivo, uma vez que há uma tentativa de diálogo.
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FCC - Vest (UNILUS)/UNILUS/Medicina/2022
Língua Portuguesa (Português) - Sujeito
Atenção: Leia o texto do escritor Moacyr Scliar para responder à questão.
“Se um médico abriu um tumor ou tratou com faca uma ferida grave e isso curou o doente, ele receberá
dez siclos [unidade de peso usado no antigo Oriente] de prata se o paciente for um homem livre; cinco
siclos se for um descendente de plebeus; dois siclos se for um escravo. Se um médico abriu um tumor ou
tratou com faca uma ferida grave e isso causou a morte da pessoa, então suas mãos serão cortadas, se
se tratar de um homem livre, ou deverá fornecer outro escravo, se se tratar do escravo de um plebeu.”
Trechos do código de Hamurabi, escrito na Mesopotâmia por volta de 1.700 a.C. Várias civilizações
desenvolveram-se na região entre o Tigre e o Eufrates, e muitas delas chegaram a um alto grau de
sofisticação em termos de arquitetura e arte. Ali surgiram conceitos básicos de matemática; ali foram
feitas importantes colaborações à astronomia e à metalurgia. Em termos de saúde e doença, contudo,
esses povos compartilhavam a crença geral do mundo antigo, segundo a qual a enfermidade era um
castigo imposto pelos deuses aos pecadores. Demônios encarregavam-se de proporcionar males
específicos: Nergal trazia a febre, Namtaru, dor de garganta, Tiu, dor de cabeça. Havia divindades da
cura, Ningishzida, cujo símbolo era uma cobra de duas cabeças – a serpente viria a se tornar depois o
emblema da medicina.
Os médicos da Mesopotâmia recorriam aos métodos divinatórios para descobrir o pecado cometido pelo
doente; para isso, inspecionavam as entranhas de animais abatidos para apaziguar os deuses. Os
médicos se dividiam em três categorias: o baru encarregava-se dos procedimentos divinatórios, o ashipu
realizava o exorcismo e o asu fazia as curas propriamente ditas, nas quais, além de preces e rituais,
várias substâncias eram usadas. O código de Hamurabi mostra que vários tipos de operações eram
feitas. Que o resultado nem sempre era satisfatório, mostram as punições prescritas para o caso de
fracasso. Cortar as mãos é uma pena até hoje aplicada no Oriente Médio (para ladrões); no caso,
destinava-se obviamente a evitar que um doutor desastrado repetisse o erro. Mas o pagamento também
era compensador, quando se considera que um artesão ganhava um décimo de siclo por dia, segundo os
documentos da época.
(Adaptado de: SCLIAR, Moacyr. A paixão transformada: história da medicina na literatura. São Paulo:
Companhia das Letras, 1996)
Considerando a oração centrada no verbo em negrito, exerce a função sintática de sujeito o trecho
sublinhado em:
a) Que o resultado nem sempre era satisfatório, mostram as punições prescritas para o caso de
fracasso.
b) Ali surgiram conceitos básicos de matemática; ali foram feitas importantes colaborações à
astronomia e à metalurgia.
c) muitas delas chegaram a um alto grau de sofisticação em termos de arquitetura e arte.
d) Havia divindades da cura, Ningishzida, cujo símbolo era uma cobra de duas cabeças – a serpente
viria a se tornar depois o emblema da medicina.
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324)
325)
e) O código de Hamurabi mostra que vários tipos de operações eram feitas.
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CEBRASPE (CESPE) - Vest (UB)/UB/Medicina/2021
Língua Portuguesa (Português) - Sujeito
Conhecemo-nos apenas no último ano da escola. Desde esse momento estávamos juntos a
qualquer hora. Há tanto tempo precisávamos de um amigo que nada havia que não confiássemos um ao
outro. Chegamos a um ponto de amizade que não podíamos mais guardar um pensamento: um
telefonava logo ao outro, marcando encontro imediato. Depois da conversa, sentíamo-nos tão contentes
como se nos tivéssemos presenteado a nós mesmos. Esse estado de comunicação contínua chegou a tal
exaltação que, no dia em que nada tinhamos a nos confiar, procurávamos com alguma aflição um
assuntoa. De início, quando começou a faltar assuntob, tentamos comentar as pessoas. Mas bem
sabiamos que já estávamos adulterando o núcleo da amizade. Tentar falar sobre nossas mútuas
namoradas também estava fora de cogitaçãoc, pois um homem não falava de seus amores.
Experimentávamos ficar calados — mas tornávamo-nos inquietos logo depois de nos separarmos. Minha
solidão, na volta de tais encontros, era grande e árida. Cheguei a ler livros apenas para poder falar deles.
Mas uma amizade sincera queria a sinceridade mais pura. À procura desta, eu começava a me sentir
vazio. Nossos encontros eram cada vez mais decepcionantes. Minha sincera pobreza revelava-se aos
poucos. Também ele, eu sabia, chegara ao impasse de si mesmod. Foi quando, tendo minha família se
mudado para São Pauloe, e ele morando sozinho, pois sua família era do Piauí, foi quando o convidei a
morar em nosso apartamento, que ficara sob a minha guarda. Que rebuliço de alma. Radiantes,
arrumávamos nossos livros e discos,preparávamos um ambiente perfeito para a amizade. Queríamos
tanto salvar o outro. Amizade é matéria de salvação.
Clarice Lispector. Uma amizade sincera. In: Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro, Rocco, 1998.
No texto precedente, o narrador emprega majoritariamente orações com sujeito elíptico. Assinale a
opção em que o trecho apresentado demonstra tal emprego.
a) “no dia em que nada tínhamos a nos confiar, procurávamos com alguma aflição um assunto"
b) "quando começou a faltar assunto"
c) "Tentar falar sobre nossas mútuas namoradas também estava fora de cogitação"
d) "Também ele, eu sabia, chegara ao impasse de si mesmo”
e) "tendo minha família se mudado para São Paulo"
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Marinha - Alun (CN)/CN/2021
Língua Portuguesa (Português) - Sujeito
Texto 2
Epitáfio
Titãs ( BRITO,Sérgio - adaptado)
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
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326)
Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier
[ ... ]
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
No que se refere à classificação do sujeito, considere os trechos abaixo.
I- "Cada um sabe a alegria / e a dor que traz no coração" (2ª estrofe).
II- "O acaso vai me proteger / enquanto eu andar distraído" (3ª estrofe).
III- "Devia ter me importado menos / com problemas pequenos" (4ª estrofe).
Pode-se afirmar que há sujeito elíptico em
a) I apenas.
b) I e II.
c) II apenas.
d) I e III.
e) II e III.
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FCC - Vest (UNILUS)/UNILUS/Medicina/2021
Língua Portuguesa (Português) - Sujeito
Considere o texto abaixo para responder a questão.
Um Homem Célebre
− Ah! o senhor é que é o Pestana? perguntou Sinhazinha Mota, fazendo um largo gesto admirativo.
Vexado, aborrecido, Pestana respondeu que sim, que era ele. Vinha do piano, enxugando a testa com o
lenço, e ia chegar à janela, quando a moça o fez parar. Não era baile; apenas um sarau íntimo, pouca
gente, vinte pessoas ao todo, que tinham ido jantar com a viúva Camargo, naquele dia dos anos dela,
cinco de novembro de 1875... Boa e patusca* viúva! Com que alma e diligência arranjou ali umas
danças, logo depois do jantar, pedindo ao Pestana que tocasse uma quadrilha! Pestana curvou-se
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327)
gentilmente, e correu ao piano. Finda a quadrilha, mal teriam descansado uns dez minutos, a viúva
correu novamente ao Pestana para um obséquio mui particular.
− Diga, minha senhora.
− É que nos toque agora aquela sua polca Não Bula Comigo, Nhonhô.
Pestana fez uma careta, mas dissimulou depressa, inclinou-se calado, sem gentileza, e foi para o piano,
sem entusiasmo. Ouvidos os primeiros compassos, derramou-se pela sala uma alegria nova, os
cavalheiros correram às damas, e os pares entraram a saracotear a polca da moda; tinha sido publicada
vinte dias antes, e já não havia recanto da cidade em que não fosse conhecida.
Sinhazinha Mota estava longe de supor que aquele Pestana que ela vira à mesa de jantar e depois ao
piano era o mesmo Pestana compositor; foi uma amiga que lhe disse quando o viu vir do piano, acabada
a polca. Daí a pergunta admirativa. Vimos que ele respondeu aborrecido e vexado. Nem assim as duas
moças lhe pouparam finezas, tais e tantas, que a mais modesta vaidade se contentaria de as ouvir; ele
recebeu-as cada vez mais enfadado, até que, alegando dor de cabeça, pediu licença para sair.
Rua fora, caminhou depressa, com medo de que ainda o chamassem.
Em casa, respirou. Sentou-se ao piano. Olhou para o retrato de Beethoven, e começou a executar uma
sonata. Repetiu a peça, depois parou alguns instantes, levantou-se e foi a uma das janelas. Tornou ao
piano; era a vez de Mozart. Haydn levou-o à meia-noite e à segunda xícara de café. Entre meia-noite e
uma hora, Pestana pouco mais fez que estar à janela e olhar para as estrelas. De quando em quando ia
ao piano, e, de pé, dava uns golpes soltos no teclado, como se procurasse algum pensamento; mas o
pensamento não aparecia. Nenhuma imagem, desvario ou reflexão trazia uma lembrança qualquer de
Sinhazinha Mota, que entretanto, a essa mesma hora, adormecia, pensando nele, famoso autor de tantas
polcas amadas.
A moça dormia ao som da polca, ouvida de cor, enquanto o autor desta não cuidava nem da polca nem
da moça, mas das velhas obras clássicas, interrogando o céu e a noite, rogando aos anjos, em último
caso ao diabo. Por que não faria ele uma só que fosse daquelas páginas imortais?
Às vezes, como que ia surgir das profundezas do inconsciente uma aurora de ideia: ele corria ao piano,
para aventá-la inteira, traduzi-la, em sons, mas era em vão: a ideia esvaía-se. Outras vezes, sentado, ao
piano, deixava os dedos correrem, à ventura, a ver se as fantasias brotavam deles, como dos de Mozart:
mas nada, a inspiração não vinha. Então, irritado, erguia-se, jurava abandonar a arte, ir plantar café ou
puxar carroça: mas daí a dez minutos, ei-lo outra vez, com os olhos em Mozart, a imitá-lo ao piano.
* Divertida, brincalhona.
(Adaptado de: MACHADO DE ASSIS. Um homem célebre)
Ocorre sujeito posposto ao verbo no seguinte trecho:
a) dava uns golpes soltos no teclado (8º parágrafo)
b) enquanto o autor desta não cuidava nem da polca nem da moça (9º parágrafo)
c) que tinham ido jantar com a viúva Camargo (2º parágrafo)
d) a viúva correu novamente ao Pestana para um obséquio mui particular (2º parágrafo)
e) derramou-se pela sala uma alegria nova (5º parágrafo)
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CEV UECE - Vest (UECE)/UECE/2019
Língua Portuguesa (Português) - Sujeito
TEXTO 4
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328)
Não Espere Pelo Fim
Foi com palavras aprazíveis e um ingênuo sorriso que o homem de rosto enrugado e cabelos
acinzentados dirigiu-se à sua ranzinza colega de abrigoA):
– A vida não acabou. Não é chegada a hora de postar-se diante do túmulo como se
a morte estivesse à espreita. É tempo de se renovar, tomar novas escolhas e trilhar por novos caminhos.
Alimente os sonhos! Seja jovem novamente!
Tão rápido, naquele dia, nasceu uma inesperada paixão entre os doisB). Aquele carinho que Emanuel
sempre sentira por Maria das Dores enfim foi retribuídoD).
Quem disse que os velhos não podem se apaixonar?
Maldito preconceito que cria raízes profundas, inclusive na alma dos segregados!
E, assim, tão logo o tempo passouC). Anos de risos fáceis.
No entanto, não foi com lágrimas de arrependimento que Maria fitou o epitáfio de Emanuel, mas sim
com olhos aquosos de saudade e uma profunda paz em seu coração renovado.
JONES, Sebastião. Não Espere Pelo Fim. Disponível em: http://autoressaconcursosliterarios.blogspot.com/2013/05/o
s-20-minicontos-classificados.html. [online]. 2013. Acessado em 26 de abril de 2019.
Dentre as expressões sublinhadas nas opções abaixo, assinale a que NÃO tem a função sintática de
sujeito.
a) “[...] o homem de rosto enrugado e cabelos acinzentados dirigiu-se à sua ranzinza colega de
abrigo” .
b) “Tão rápido, naquele dia, nasceu uma inesperada paixão entre os dois” .
c) “E, assim, tão logo o tempo passou” .
d) “Aquele carinho que Emanuel sempre sentira por Maria das Dores enfim foi retribuído” .
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CEV UECE - Vest (UECE)/UECE/2019
Língua Portuguesa (Português) - Sujeito
TEXTO 3
‘É hora de brancos lutarem contra racismo’,
diz escritora Djamila Ribeiro
Depois de 300 anos de escravidão, o ideal seria que os negros ficassem