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Hist_ria_e_Antropologia_-_Aula_Extra_1-_Codifica__o_e_T_cnica_Legislativa

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Codificação e Técnicas Legislativas
História e Antropologia Jurídica
Faculdade Metropolitana da Grande Recife
Professor José Walter Lisboa Cavalcanti
Codificação e Técnicas Legislativas
A codificação
A palavra provém de codex, que para os romanos designava uma coleção de leis.
A codificação de Justiniano e todos os Códigos que permearam nessa época e em épocas posteriores, como o gregoriano, hermogeniano, teodosiano, não se tratavam verdadeiramente de Códigos.
Esses Códigos antigos eram compilações do Direito conhecido, mais uma coleção, um apanhado de normas, o que vigorou até o início do século XIX.
Um Código é uma obra magnífica criada pelo homem.
Trata-se de lei organizada, sintética, sistemática, científica, estabelecida para ordenar um ramo importante e fundamental do Direito.
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Codificação e Técnicas Legislativas
A codificação
O Código é uma lei.
Possui geralmente a mesma posição hierárquica das demais leis
Mas desempenha papel mais importante e fundamental dentro do ordenamento.
Um Código não pode ser visto como um conjunto de regras.
Caracteriza-se por conter uma globalidade ordenada de regras; uma pluralidade de regras.
Os Códigos evitam que o ordenamento contenha uma série muito grande de leis
O Código faz com que exista um tronco principal de raciocínio em cada área jurídica
Um Código proporciona homogeneidade substancial e formal ao pensamento jurídico e à prática judiciária.
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Codificação e Técnicas Legislativas
A codificação
O Código da era moderna regula unitariamente um ramo do Direito
Códigos antigos e medievais regulavam todos os campos. 
A Lei das XII Tábuas e as Ordenações do Reino não poderiam hoje ser entendidas como Códigos.
A ideia da moderna codificação é fazer conter em um único diploma legal a disciplina fundamental de determinada área jurídica.
Muitos dos antigos códigos eram meras compilações ou justaposições de leis.
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A codificação
Outro instrumento legal que pertence à história da codificação é a consolidação de leis.
apresenta-se como um passo à frente da compilação, mas não chega a ser um Código.
Na consolidação, o legislador não se limita a compilar leis anteriormente existentes ou a justapô-las.
Coloca-as de forma ordenada, adapta as redações, cria capítulos e sequências lógicas, mas tendo como base sempre uma legislação já existente a qual, como regra, não altera substancialmente.
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Vantagens e desvantagens. Presente e futuro da codificação
Um Código no ordenamento traz enormes vantagens
É um pilar e um marco da cultura jurídica nacional. 
Facilita o trabalho do intérprete que dele parte para a aplicação do Direito
Facilita o aprendizado dos iniciantes e o trabalho da doutrina.
As partes gerais dos códigos trazem as normas que estruturam o pensamento jurídico e a aplicação do Direito nessas áreas.
Muitas orientações gerais, que só penosamente se poderiam detectar através de uma seriação de leis, tornam-se facilmente apreensíveis graças à própria estrutura sistemática dum código. (ASCENSÃO, 2003, p. 358)
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Vantagens e desvantagens. Presente e futuro da codificação
As codificações surgem quando o Direito de um povo encontra-se devidamente amadurecido.
Poucos foram os chefes de governo que puderam ver a tarefa da codificação realizada.
Um Código surge de um conjunto estável de leis vigentes, do amadurecimento de um projeto, bem como de técnicos capazes de captar e reproduzir no texto da lei as necessidades de seu tempo.
Toda lei nasce, de certa forma, defasada
O Código tem caráter mais permanente.
Deve ser uma obra rara, pomposa e solene, pois perderá todo seu prestígio se for alterada constantemente
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Vantagens e desvantagens. Presente e futuro da codificação
A maior desvantagem da codificação é a sua rigidez, dificuldade maior de sua modificação, o que impediria o dinamismo do Direito.
A multiplicidade de leis confunde mais do que esclarece.
A maior dificuldade atual é a convivência harmoniosa dos Códigos com os microssistemas
Alguns preferem denominar estatutos a essas normas, no entanto, esse termo é utilizado tradicionalmente para designar uma lei que trata de um setor específico e facilmente identificável do universo jurídico
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Vantagens e desvantagens. Presente e futuro da codificação
Um microssistema legal tem por peculiaridade ser uma lei abrangente, reguladora de um amplo campo social.
É exemplo típico de lei abrangente, de um amplo microssistema:
O Código de Defesa do Consumidor (Lei no 8.078/90), uma das leis mais importantes em nosso ordenamento, a qual introduziu entre nós muitas inovações de Direito Material, Direito Processual e Administrativo.
Há vasta legislação em todo Direito Ocidental disciplinada em microssistemas
Lei de Falências
legislação da Previdência Social,
legislação dos acidentes do trabalho,
Estatuto da Criança e do Adolescente,
Código Aeronáutico etc.
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Vantagens e desvantagens. Presente e futuro da codificação
A Constituição é também um Código
As constituições representam verdadeiros Códigos da estrutura-base do Estado.
A Constituição é uma lei política.
Trata-se da lei fundamental de uma ordem jurídica.
A tendência atual dos Códigos é sistematizar as matérias mais gerais e dotadas de maior estabilidade, deixando para a legislação avulsa ou para os microssistemas
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Efeitos da codificação
A codificação é um dos espetaculares efeitos alcançados pela escola do Direito Natural.
A questão era por que não converter em Direito Positivo aquele Direito ensinado nas universidades?
A codificação oitocentista, derivada do Iluminismo, difere das codificações antigas
Todos os códigos modernos receberam influências marcantes do trabalho de Justiniano
No século XIX, os Códigos introduzem a Parte Geral, como fez o Código alemão, estruturando o negócio jurídico e a personalidade.
Os Estados Unidos ganharam a Constituição escrita, mas, pela natureza do seu Direito, não houve um processo de codificação.
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Efeitos da codificação
Acusou-se a codificação de ser responsável pela fragmentação do Direito europeu e de uma ruptura da família jurídica romano-germânica.
Contudo, o Direito ensinado nas escolas não era um Direito aplicável, um Direito vigente.
Na realidade, nunca existiu um Direito uniforme na Europa.
Essa tarefa é contemporânea, com a União Europeia, ainda em fase de elaboração.
A codificação reduziu os direitos a certos grupos bem definidos.
O Código de Napoleão e, posteriormente, o Código Civil alemão tiveram papel preponderante nesse sentido.
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Efeitos da codificação
Para que um Código atinja plenamente suas finalidades, exige-se a concorrência de vários fatores.
é necessária a existência de um governante culto
faz-se necessário o surgimento de uma compilação legal de um país culturalmente influente e populoso, capaz de se impor às pequenas nações como um paradigma.
Por não atender a esses requisitos é que o Código Civil da Prússia, de 1794, o primeiro a surgir, e o Código Civil da Áustria, de 1811, ambos precursores das grandes codificações, não lograram maior difusão, nem conseguiram influenciar outras nações. Foi exatamente por cumprir essas demandas que, principalmente, o Código francês desencadeou as codificações
do século XIX e o Código alemão, as do século XX.
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A codificação dos séculos XVIII e XIX
Os Códigos acabaram por frutificar em praticamente todos os países civilizados.
Os Códigos da época moderna cumpriram valioso papel, inspirando a melhor aplicação do Direito nos anos que se seguiram a suas promulgações.
Os códigos foram sendo paulatinamente atualizados, sempre que houve necessidade ou conveniência
O Direito foi reduzido a letra da lei
Atualmente, altera-se a postura em relação à codificação.
Os Códigos deixam de desempenhar exclusivamente o papel fundamental que tiveram no passado.
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A codificação brasileira
O Código Civil em 1916
já no período republicano, quase um século depois da disposição programática da Carta Imperial de 1824, na qual se previa o Código Criminal e Civil.
O Código Civil de 2002
Fruto de um projeto de 1975, é um novo divisor de águas
tendo em vista o raciocínio jurídico, a aplicação das cláusulas abertas que pontuam por todo esse diploma legal.
Cláusulas abertas são textos legais que permitem ampla mobilidade do juiz
A partir da Constituição de 1988 a família é vista sob novas vestes, não mais se distinguindo direitos entre a filiação legítima e ilegítima.
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Técnicas de codificação. Técnica legislativa
Há uma técnica na redação das leis que foi sendo criada com a experiência
a lei deve apresentar-se com conteúdo e forma.
São dois os aspectos da técnica legislativa que podemos distinguir:
a elaboração das leis por meio de um processo legislativo 
apresentação formal da norma, sua exposição redacional.
Para a manifestação formal, não há regras rígidas
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Técnicas de codificação. Técnica legislativa
Para maior facilidade, os códigos estão geralmente divididos em
livros,
capítulos,
títulos e
seções.
Os artigos podem ser subdivididos em
parágrafos,
incisos e
alíneas,
As leis em geral, dependendo de sua sofisticação, também podem apresentar essas subdivisões.
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Técnicas de codificação. Técnica legislativa
É usual numerar os artigos de qualquer lei:
 do 1º ao 9º pelos ordinais,
a partir do art. 10, pelos cardinais.
A numeração de parágrafos segue a mesma regra.
Os incisos, dentro dos artigos, vêm representados pelos algarismos romanos.
A menção dos artigos é feita pelos numerais, e, quando há parágrafos ou alíneas, deve ser citado o número do artigo.
Quando o artigo possui vários parágrafos, usa-se o sinal gráfico “§”.
Quando o artigo possui um só parágrafo, denomina-se, por extenso, “parágrafo único”.
As alíneas são representadas por letras minúsculas e os itens por algarismos arábicos.
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Referência
VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao estudo do direito: primeiras linhas, 3ª edição. São Paulo: Atlas, 2010
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