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<p>DIREITO AMBIENTAL</p><p>Aulas 02 e 03 - Fundamentos do Direito Ambiental:</p><p>desenvolvimento histórico, conceito, princípios e fontes</p><p>Prof. Esp. Bruno Moraes Arraes Sampaio</p><p>O PORQUÊ DO DIREITO AMBIENTAL</p><p>A URGÊNCIA DA CONSCIÊNCIA DE SI MESMO/A</p><p>“Estamos num mundo ao qual já não</p><p>pertenço. O que conheci, o que amei, tinha</p><p>2,5 bilhões de habitantes. O mundo atual</p><p>conta com 6 bilhões de seres humanos. E o</p><p>do amanhã, povoado por 9 bilhões de</p><p>homens e mulheres – mesmo se for o pico da</p><p>população, como nos asseguram para nos</p><p>consolar –, proíbe-me qualquer previsão ”.</p><p>(Lévi-Strauss, 2011)</p><p>A CRISE AMBIENTAL PLANETÁRIA</p><p>AS PEGADAS DO SER HUMANO NO PLANETA TERRA –</p><p>EVENTOS HISTÓRICOS IMPORTANTES PARA COMPREENDER</p><p>A CRISE AMBIENTAL PLANETÁRIA</p><p>- Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX)</p><p>- A “Grande Aceleração” (Pós-Segunda Guerra Mundial)</p><p>O CONSUMO DE ENERGIA NO PLANETA</p><p>F O N T E : O N U ( 2 0 1 5 )</p><p>O CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO</p><p>F O N T E : O N U ( 2 0 1 5 )</p><p>O DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA</p><p>A URGÊNCIA DA CONSCIÊNCIA DE SI MESMO/A</p><p>“[...] o homem deve fazer constante avaliação de sua experiência e</p><p>continuar descobrindo, inventando, criando e progredindo. Hoje em</p><p>dia, a capacidade do homem de transformar o que o cerca, utilizada</p><p>com discernimento, pode levar a todos os povos os benefícios do</p><p>desenvolvimento e oferecer-lhes a oportunidade de enobrecer sua</p><p>existência. Aplicado errônea e imprudentemente, o mesmo poder</p><p>pode causar danos incalculáveis ao ser humano e a seu meio</p><p>ambiente. Em nosso redor vemos multiplicarem-se as provas do</p><p>dano causado pelo homem em muitas regiões da terra, níveis</p><p>perigosos de poluição da água, do ar, da terra e dos seres vivos;</p><p>grandes transtornos de equilíbrio ecológico da biosfera; destruição e</p><p>esgotamento de recursos insubstituíveis e graves deficiências,</p><p>nocivas para a saúde física, mental e social do homem, no meio</p><p>ambiente por ele criado, especialmente naquele em que vive e</p><p>trabalha.’</p><p>(Preâmbulo da Declaração de Estocolmo</p><p>sobre o Meio Ambiente Humano, 1972)</p><p>AS ORIGENS DO DIREITO AMBIENTAL</p><p>A ORIGEM INTERNACIONAL – MARCOS DO DESPERTAR DA</p><p>CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA</p><p>- Antes da década de 1970, a proteção dos recursos naturais se</p><p>dava numa perspectiva meramente econômica;</p><p>- O Direito Ambiental, como ramo autônomo do Direito, surge</p><p>somente na década de 1970, impulsionado pelos movimentos</p><p>ambientalistas nos Estados Unidos e na Europa;</p><p>- A Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano</p><p>(1972) é o marco fundante do Direito Ambiental no plano</p><p>Internacional.</p><p>L o g o m a r c a d a C o n f e r ê n c i a</p><p>d e E s t o c o l m o ( 1 9 7 2 )</p><p>AS ORIGENS DO DIREITO AMBIENTAL</p><p>FASES DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA</p><p>- De acordo com Sarlet e Fensterseifer (2021), a legislação de proteção</p><p>ambiental no Brasil pode ser dividida em quatro fases:</p><p>(1) Fase legislativa fragmentária-instrumental da proteção ambiental</p><p>• Havia apenas uma legislação insipiente sobre a proteção de determinados recursos naturais,</p><p>sempre partindo de uma perspectiva econômica e/ou de proteção à saúde pública. Desse</p><p>modo, tais leis não estavam voltadas à proteção de um bem jurídico ecológico autônomo.</p><p>(2) Fase legislativa sistemático-valorativa da proteção ambiental</p><p>• Apenas da década de 1980, surgem os primeiros diplomas normativos com matéria</p><p>propriamente ecológica no ordenamento jurídico nacional, tendo a Lei da Política Nacional do</p><p>Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81) inaugurado a “virada ambiental” no contexto brasileiro.</p><p>AS ORIGENS DO DIREITO AMBIENTAL</p><p>FASES DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA</p><p>(3) Fase legislativa da “constitucionalização” da proteção ambiental.</p><p>• A Constituição Federal de 1988 representou um importante marco na consolidação do Direito</p><p>Ambiental Brasileiro, apresentando um capítulo próprio acerca da temática ambiental e</p><p>conferindo ao direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado o status de fundamental.</p><p>(4) Fase “Ecocêntrica” ou dos “Direitos da Natureza”.</p><p>• Nesta fase, há um fortalecimento do paradigma jurídico-constitucional ecocêntrico, o que resulta</p><p>num avanço das reivindicações pela atribuição de dignidade aos animais não humanos e à</p><p>natureza, de modo a conferir-lhes status jurídico de “seres sencientes”, personalidade jurídica e</p><p>capacidade processual.</p><p>CONCEITUANDO O DIREITO AMBIENTAL</p><p>UMA QUESTÃO PRELIMINAR: O QUE É MEIO AMBIENTE</p><p>PARA O DIREITO BRASILEIRO?</p><p>- De acordo com o art. 3º, I, da Lei nº 6.938/81 (Política Nacional do</p><p>Meio Ambiente - PNMA), o meio ambiente corresponde ao “conjunto</p><p>de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e</p><p>biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.</p><p>- A Constituição Federal de 1988, por sua vez, ampliou e dividiu o</p><p>conceito de meio ambiente, subdividindo-o em quatro partes: a) meio</p><p>ambiente natural; b) meio ambiente artificial; c) meio ambiente do</p><p>trabalho e d) meio ambiente cultural.</p><p>CONCEITUANDO O DIREITO AMBIENTAL</p><p>a) Meio Ambiente Natural: O meio ambiente natural refere-se aos elementos da natureza que</p><p>não foram significativamente alterados pela atividade humana. Exemplos incluem florestas,</p><p>rios, lagos, oceanos, montanhas e ecossistemas em geral. Por exemplo, uma floresta tropical</p><p>intocada, com sua flora e fauna diversificadas, representa um meio ambiente natural.</p><p>b) Meio Ambiente Artificial: O meio ambiente artificial abrange os elementos do ambiente</p><p>construídos pelo ser humano, como cidades, edifícios, estradas, infraestrutura urbana e</p><p>ambientes urbanos em geral. Um exemplo seria uma área residencial com casas, ruas</p><p>pavimentadas, calçadas e parques urbanos.</p><p>c) Meio Ambiente do Trabalho: O meio ambiente do trabalho envolve as condições em que os</p><p>indivíduos desempenham suas atividades laborais. Isso inclui aspectos relacionados à saúde,</p><p>segurança, conforto e bem-estar dos trabalhadores. Por exemplo, a qualidade do ar em uma</p><p>fábrica, a iluminação adequada em um escritório e medidas de prevenção de acidentes são</p><p>aspectos do meio ambiente do trabalho.</p><p>d) Meio Ambiente Cultural: O meio ambiente cultural diz respeito ao patrimônio cultural e</p><p>histórico, incluindo valores, costumes, tradições e bens culturais. Isso também pode se</p><p>relacionar com espaços que têm significado cultural, como monumentos, sítios arqueológicos e</p><p>áreas onde práticas culturais são realizadas. Um exemplo seria um sítio arqueológico</p><p>preservado, que representa a história de uma comunidade.</p><p>CONCEITUANDO O DIREITO AMBIENTAL</p><p>CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL</p><p>- O Direito Ambiental é “um direito que tem por finalidade regular a</p><p>apropriação econômica dos bens ambientais, de forma que ela se faça</p><p>levando em consideração a sustentabilidade dos recursos, o</p><p>desenvolvimento econômico e social, assegurando aos interessados a</p><p>participação nas diretrizes a serem adotadas, bem como padrões</p><p>adequados de saúde e renda” (ANTUNES, 2020).</p><p>A NATUREZA DO DIREITO AMBIENTAL</p><p>DIREITO PÚBLICO X DIREITO PRIVADO?</p><p>- Em razão do interesse público que envolve a matéria ambiental, bem</p><p>como do seu forte embasamento constitucional e da sua relação de</p><p>proximidade com o Direito Administrativo, a doutrina majoritária o</p><p>enquadra no campo do Direito Público;</p><p>- Há, contudo, discussões acerca dessa classificação, pois alguns</p><p>autores sustentam que o Direito Ambiental não se amolda à</p><p>classificação “direito público versus direito privado”, constituindo-se em</p><p>uma outra espécie, nomeada de direito coletivo em sentido amplo.</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL</p><p>“Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um</p><p>sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição</p><p>fundamental que irradia sobre diferentes normas</p><p>compondo-lhes o espírito e servindo de critério para</p><p>sua exata compreensão e inteligência, exatamente por</p><p>definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo,</p><p>no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico”</p><p>(MELLO, 2013, p. 974).</p><p>PRINCÍPIOS JURÍDICOS: DEFINIÇÃO</p><p>NORMAS</p><p>JURÍDICAS</p><p>NORMAS-REGRAS</p><p>NORMAS-PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS JURÍDICOS: NATUREZA NORMATIVA</p><p>PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL</p><p>DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- Este princípio deriva da proposta kantiana de que o ser humano não deve ser</p><p>entendido como um meio (objeto) para atingir determinados fins, mas como um fim</p><p>em si mesmo. Nesse sentido, Sarlet (2010, p. 45) destaca:</p><p>[...] a ideia da dignidade da pessoa humana parte do pressuposto de</p><p>que o homem, em virtude tão somente de sua condição humana e</p><p>independentemente de qualquer outra circunstância, é titular de</p><p>direitos que devem ser reconhecidos e respeitados por seus</p><p>semelhantes e pelo Estado.</p><p>- A Constituição Federal de 1988 consagra, expressamente, a dignidade da pessoa</p><p>humana como fundamento do Estado Democrático de Direito brasileiro no inciso III</p><p>de seu art. 1º, conferindo-lhe o papel de fonte de legitimação de toda a ordem</p><p>jurídica.</p><p>DIGNIDADE DO ANIMAL NÃO HUMANO</p><p>E DA VIDA EM GERAL</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- Este princípio tem por escopo a vedação da “coisificação” de todas as formas de</p><p>vida, não apenas da vida humana, em oposição à concepção estritamente</p><p>antropocêntrica do Estado Constitucional;</p><p>- O princípio da dignidade do animal não humano e da vida em geral é destacado</p><p>em diversos diplomas internacionais, a exemplo do preâmbulo da Convenção</p><p>sobre Diversidade Biológica de 1992, o qual sublinha o “valor intrínseco da</p><p>diversidade biológica”.</p><p>SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL</p><p>OU EQUIDADE INTERGERACIONAL</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- Fundamenta-se no dever de solidariedade entre as gerações humanas</p><p>presentes (ou viventes) e as gerações humanas futuras;</p><p>- Conforme este princípio, a preservação ambiental deve objetivar a garantia de</p><p>condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento da vida humana em</p><p>patamares de dignidade não apenas para as gerações que hoje habitam a Terra</p><p>e usufruem dos recursos naturais, mas também assegurando tais condições</p><p>para as gerações que irão habitar a Terra no futuro.</p><p>SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL</p><p>OU EQUIDADE INTERGERACIONAL</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- O princípio da Solidariedade Intergeracional abrange as noções de</p><p>solidariedade sincrônica e diacrônica;</p><p>- Este princípio está consagrado no caput do art. 225 da CF/88, segundo o qual:</p><p>Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente</p><p>equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia</p><p>qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o</p><p>dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras</p><p>gerações.</p><p>DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- O princípio do desenvolvimento sustentável define que o atendimento às</p><p>necessidades do presente não deve comprometer a possibilidade de as gerações</p><p>futuras atenderem a suas próprias necessidades. Assim, estabelece que crescimento</p><p>econômico, justiça social e preservação ambiental devem caminhar juntas.</p><p>DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- O conceito de desenvolvimento sustentável apareceu, pela primeira vez, no</p><p>Relatório Nosso Futuro Comum (1987), produzido pela Comissão Mundial sobre</p><p>Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU;</p><p>- Desde então, ele já foi inserido nos textos de diversos diplomas internacionais, a</p><p>exemplo da Convenção sobre Diversidade Biológica de 1992, a qual, em seu</p><p>Princípio 4, dispõe o seguinte: “a fim de alcançar o desenvolvimento sustentável, a</p><p>proteção do ambiente deverá constituir-se como parte integrante do processo de</p><p>desenvolvimento e não poderá ser considerada de forma isolada”.</p><p>DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- No ordenamento jurídico brasileiro, o princípio do desenvolvimento sustentável está</p><p>presente tanto no texto constitucional (art. 170, VI) quanto na legislação</p><p>infraconstitucional (art. 4º, I, da Lei n. 6.938/81, entre outros dispositivos legais).</p><p>CF/1988. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização</p><p>do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a</p><p>todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,</p><p>observados os seguintes princípios:</p><p>[...] VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante</p><p>tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos</p><p>produtos e serviços e de seus processos de elaboração e</p><p>prestação;</p><p>DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- No ordenamento jurídico brasileiro, o princípio do desenvolvimento sustentável está</p><p>presente tanto no texto constitucional (art. 170, VI) quanto na legislação</p><p>infraconstitucional (art. 4º, I, da Lei nº 6.938/81, entre outros dispositivos legais).</p><p>Lei n. 6.938/81. Art. 4º. A Política Nacional do Meio Ambiente</p><p>visará:</p><p>I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social</p><p>com a preservação da qualidade do meio ambiente e do</p><p>equilíbrio ecológico;</p><p>FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- O princípio da função socioambiental da propriedade impõe que, para o</p><p>reconhecimento e proteção constitucional do direito à propriedade, sejam</p><p>observados os interesses da coletividade e a proteção do meio ambiente. Assim,</p><p>estabelece limites ao direito de propriedade, de modo que este não poderá ser</p><p>exercido em prejuízo dos interesses socioambientais.</p><p>RESPONSABILIDADE</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- O princípio da responsabilidade consagra a ideia de que sociedade e Estado</p><p>devem assumir reponsabilidades (deveres e obrigações) para a preservação do</p><p>meio ambiente, tendo em vista que a crise ambiental é reflexo das ações e</p><p>omissões humanas. Nessa direção, este princípio impõe a responsabilização</p><p>(responsabilidade objetiva) daquele que causa o dano ambiental.</p><p>RESPONSABILIDADE</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- Tal princípio encontra-se positivado em normas infraconstitucionais, assim como na</p><p>Constituição Federal de 1988, no seu art. 225, caput e §3º:</p><p>Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente</p><p>equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia</p><p>qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade</p><p>o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras</p><p>gerações.</p><p>[...] § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio</p><p>ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a</p><p>sanções penais e administrativas, independentemente da</p><p>obrigação de reparar os danos causados.</p><p>PREVENÇÃO E PRECAUÇÃO</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>PREVENÇÃO</p><p>Dano certo</p><p>Existência de estudos científicos</p><p>PRECAUÇÃO</p><p>Dano incerto</p><p>Ausência de estudos científicos</p><p>conclusivos</p><p>PREVENÇÃO</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- O princípio da prevenção opera com o objetivo de antecipar a ocorrência do dano</p><p>ambiental na sua origem, evitando-se, assim, que o mesmo venha a ocorrer, uma</p><p>vez que as suas causas já são conhecidas em termos científicos;</p><p>- Apesar de não se encontrar expresso, está implícito em diversos dispositivos da Lei</p><p>nº 6.938/81, a exemplo do caput do art. 2º.</p><p>PRECAUÇÃO</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- O princípio da precaução estabelece que, diante da dúvida e da incerteza científicas</p><p>sobre a segurança e as consequências do uso de determinada substância ou</p><p>tecnologia, deve ser adotada uma postura precavida, tendo em vista a importância</p><p>existencial dos bens jurídicos ameaçados, inclusive para as futuras gerações;</p><p>- Este princípio opera como um filtro, uma vez que busca prevenir danos ambientais</p><p>irreversíveis que poderiam decorrer da ausência de certeza científica acerca de</p><p>determinada atividade.</p><p>PRECAUÇÃO</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- Seu conteúdo está, expressamente, consagrado no Princípio 15 da Convenção sobre</p><p>Diversidade Biológica</p><p>de 1992:</p><p>Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser</p><p>amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades.</p><p>Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de</p><p>certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de</p><p>medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.</p><p>- No ordenamento jurídico nacional, entre outros diplomas legais, encontra-se</p><p>expresso na Lei n. 11.105/2005 (Lei de Biossegurança).</p><p>POLUIDOR-PAGADOR</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- O princípio do poluidor-pagador tem por objetivo a “internalização” das</p><p>“externalidades negativas” no processo produtivo. Ou seja, estabelece que os custos</p><p>ecológicos devem ser internalizados nas práticas produtivas, evitando-se que sejam</p><p>suportados de modo indiscriminado por toda a sociedade.</p><p>- Encontra-se expresso em algumas normas infraconstitucionais, com destaque para a</p><p>Lei nº 6.938/1981, que dispõe em seu art. 4º, inciso VII, o seguinte:</p><p>Lei n. 6.938/81. Art. 4º. A Política Nacional do Meio Ambiente</p><p>visará:</p><p>[...] VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de</p><p>recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da</p><p>contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins</p><p>econômicos.</p><p>POLUIDOR-PAGADOR</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- Um exemplo concreto disso é a aplicação desse princípio em casos de</p><p>derramamentos de óleo em corpos d'água. Se uma empresa de transporte</p><p>marítimo acidentalmente causa um vazamento de petróleo no oceano, poluindo</p><p>uma extensa área marinha e causando danos à vida marinha e ao ecossistema,</p><p>o princípio do poluidor-pagador entraria em ação. A empresa responsável pelo</p><p>vazamento seria obrigada a financiar e executar as operações de limpeza,</p><p>recuperação e restauração do ambiente afetado, além de pagar indenizações</p><p>aos afetados, como pescadores e comunidades locais prejudicadas pela</p><p>poluição.</p><p>USUÁRIO-PAGADOR</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- O princípio do usuário-pagador tem por escopo impor ao usuário autorizado de um</p><p>recurso natural uma compensação econômica por tal uso. Tal compensação</p><p>econômica não tem a natureza de penalidade decorrente de um ato ilícito, mas sim</p><p>de um pagamento pelo uso privativo de um bem público de uso comum, em face de</p><p>sua escassez.</p><p>- Assim como ocorre com o princípio do poluidor-pagador, está expresso na Lei nº</p><p>6.938/1981 (art. 4º, inciso VII) e em outras normas infraconstitucionais.</p><p>USUÁRIO-PAGADOR</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- Um exemplo prático do princípio do usuário-pagador está relacionado à</p><p>utilização da água para fins industriais. Se uma indústria precisa utilizar grandes</p><p>quantidades de água como parte de seus processos de produção, a aplicação</p><p>desse princípio implicaria em cobrar uma taxa proporcional à quantidade de</p><p>água utilizada. Essa taxa seria destinada a financiar a gestão, conservação e</p><p>proteção dos recursos hídricos, garantindo que o uso intensivo da água seja</p><p>acompanhado por uma contribuição financeira que ajude a manter a</p><p>sustentabilidade desse recurso.</p><p>PROTETOR-RECEBEDOR</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- O princípio do protetor-recebedor volta-se à concessão de incentivos de natureza</p><p>econômica a quem protege uma área, deixando de utilizar seus recursos,</p><p>estimulando assim a preservação do meio ambiente.</p><p>- Tal princípio atua em complemento ao princípio do poluidor-pagador, ao determinar</p><p>que as pessoas físicas ou jurídicas que atuam com responsabilidade na busca da</p><p>preservação ambiental devam ser premiadas com algum benefício.</p><p>PROTETOR-RECEBEDOR</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- O conteúdo deste princípio pode ser observado no art. 44 da Lei nº 12.305/2010 (Lei</p><p>da Política Nacional dos Resíduos Sólidos), que estabelece a possibilidade de</p><p>incentivos às indústrias voltadas à gestão de resíduos:</p><p>Lei nº 12.305/2010. Art. 44. A União, os Estados, o Distrito Federal</p><p>e os Municípios, no âmbito de suas competências, poderão instituir</p><p>normas com o objetivo de conceder incentivos fiscais, financeiros</p><p>ou creditícios, respeitadas as limitações da Lei Complementar nº</p><p>101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), a:</p><p>I - indústrias e entidades dedicadas à reutilização, ao tratamento e</p><p>à reciclagem de resíduos sólidos produzidos no território nacional”.</p><p>PROTETOR-RECEBEDOR</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- Um exemplo concreto do princípio do protetor-recebedor é o programa de</p><p>Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Nesse programa, proprietários de</p><p>terras que conservam áreas naturais, florestas ou ecossistemas valiosos</p><p>recebem compensações financeiras ou outros benefícios em troca da</p><p>manutenção dessas áreas em bom estado de conservação. Essa abordagem</p><p>incentiva os proprietários a evitar a conversão de terras para usos que poderiam</p><p>resultar em degradação ambiental, como desmatamento para agricultura ou</p><p>urbanização.</p><p>VEDAÇÃO AO RETROCESSO AMBIENTAL</p><p>PRINCÍPIOS</p><p>PRINCÍPIOS GERAIS</p><p>RINCÍPIOS ESPECÍFICOS</p><p>- De acordo com este princípio, a tutela jurídica ambiental deve ser progressiva, com</p><p>vistas a ampliar a qualidade de vida existente no presente, assim como a atender a</p><p>padrões cada vez mais rigorosos de tutela da dignidade da pessoa humana, sendo</p><p>vedado o retrocesso, em termos fáticos e normativos, a um nível de proteção inferior</p><p>ao verificado atualmente;</p><p>- O conteúdo do Princípio da Vedação ao Retrocesso Ambiental pode ser observado</p><p>no caput do art. 2º da Lei nº 6.938/81:</p><p>Lei n. 6.938/81. Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem</p><p>por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade</p><p>ambiental propícia à vida [...]</p><p>FONTES DO DIREITO AMBIENTAL</p><p>FONTES FORMAIS E FONTES MATERIAIS</p><p>- As fontes materiais correspondem aos elementos materiais, históricos,</p><p>racionais e ideais que contribuem para a formação do direito.</p><p>- As fontes formais, por sua vez, dizem respeito às formas pelas quais o direito</p><p>se expressa.</p><p>FONTES DO DIREITO AMBIENTAL</p><p>FONTES FORMAIS DO DIREITO AMBIENTAL</p><p>- Constituição Federal</p><p>- Tratados e convenções internacionais</p><p>- Legislação infraconstitucional</p><p>- Normas infralegais (em especial, Resoluções do CONAMA)</p><p>- Princípios</p><p>FONTES DO DIREITO AMBIENTAL</p><p>A QUESTÃO DO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE</p><p>- Os tratados internacionais em matéria ambiental, por possuírem a natureza de</p><p>tratados internacionais de direitos humanos, possuem status supralegal, conforme o</p><p>entendimento consagrado pelo STF no julgamento da ADI 4.066/DF;</p><p>- Assim sendo, o conteúdo desses tratados prevalece em relação à legislação</p><p>infraconstitucional, que deve ser interpretada não apenas à luz do regime</p><p>constitucional de proteção ao meio ambiente, mas também da normativa</p><p>internacional.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2020.</p><p>MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 30. ed. São</p><p>Paulo: Malheiros, 2013.</p><p>SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais</p><p>na Constituição Federal de 1988. 8. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010.</p><p>SARLET, Ingo Wolfgang; FENSTERSEIFER, Tiago. Princípios do Direito</p><p>Ambiental. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.</p><p>SARLET, Ingo Wolfgang; FENSTERSEIFER, Tiago. Curso de Direito Ambiental. 2.</p><p>ed. Rio de Janeiro: Forense, 2021.</p><p>OBRIGADO E ATÉ A</p><p>PRÓXIMA AULA!</p><p>V</p><p>o</p><p>cê</p><p>te</p><p>m</p><p>a</p><p>lgu</p><p>m</p><p>a</p><p>d</p><p>ú</p><p>vid</p><p>a</p><p>o</p><p>u</p><p>co</p><p>n</p><p>trib</p><p>u</p><p>içã</p><p>o</p><p>?</p><p>Slide 1</p><p>Slide 2</p><p>Slide 3</p><p>Slide 4</p><p>Slide 5</p><p>Slide 6</p><p>Slide 7</p><p>Slide 8</p><p>Slide 9</p><p>Slide 10</p><p>Slide 11</p><p>Slide 12</p><p>Slide 13</p><p>Slide 14</p><p>Slide 15</p><p>Slide 16</p><p>Slide 17</p><p>Slide 18</p><p>Slide 19</p><p>Slide 20</p><p>Slide 21</p><p>Slide 22</p><p>Slide 23</p><p>Slide 24</p><p>Slide 25</p><p>Slide 26</p><p>Slide 27</p><p>Slide 28</p><p>Slide 29</p><p>Slide 30</p><p>Slide 31</p><p>Slide 32</p><p>Slide 33</p><p>Slide 34</p><p>Slide 35</p><p>Slide 36</p><p>Slide 37</p><p>Slide 38</p><p>Slide 39</p><p>Slide</p><p>40</p><p>Slide 41</p><p>Slide 42</p><p>Slide 43</p><p>Slide 44</p><p>Slide 45</p>