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A Filosofia e a Religião na Obra de Santo Agostinho

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O advento da doutrina cristã teve como base os postulados filosóficos e religioso e foi marcada por um modelo dogmático de devoção e fé. A filosofia, antes tida como fator constituinte para uma autonomia racional , passa a servir de elemento teológico para ascensão espiritual. Tal fim seria atingido através do distanciamento da vida pública, autoesquecimento e exercício da oração. O que regia o comportamento desta forma, seria o desejo de atingir a eternidade da alma, o medo dos castigos divinos e a crença no poder da fé de regeneração e conversão.
 O contexto histórico da época foi caracterizado pelas invasões bárbaras, ascensão do poder eclesiástico e fortalecimento do cristianismo. O clero passa a ser a instituição reinante durante toda Idade média, perdendo forças somente com o advento da Revolução Francesa. A interpretação sobre os fenômenos materiais eram feitas de acordo com as escrituras sagradas, sendo esta a forma de conferir algum sentido às experiências humanas. 
 A obra de Santo Agostinho surge no período com as características citadas acima e é marcada pela influência dos textos gregos, principalmente de Platão ,e por um conhecimento detalhado dos textos sagrados.
 No seu plano de discussão, aborda diversas dicotomias existentes, inspiradas em Platão, com a ideia do justo/injusto; cidade de Deus/ cidade dos homens;lei humana/lei divina.
 No âmbito da justiça, Agostinho , através da dicotomia neoplatônica a diferencia em justiça transitória(onde vigora a lei dos homens) e eterna(vinculada á lei divina).
 A primeira seria aquela imperfeita, corruptível, derivada das imperfeições humanas, então essa justiça seria marcada pelos próprios defeitos humanos. Essa lei é responsável por regular o comportamento humano em sociedade, lançando-se no controle das relações sociais através das leis transitórias(humanas). Ou seja, o campo de abrangência das leis humanas é restrito, logo, para que se possa pensar acerca do que preexiste, deve-se recorrer à Deus, que é o legislador divino. A fonte das leis humanas é a própria lei eterna, já que os homens as produzem à medida em que inspiram-se na lei divina, sendo elas portanto, divinas também, pois são dadas por Deus. Mas, para lei temporal, existe somente a preocupação em salvaguardar a paz social, sendo indiferente o caminho trilhado pela alma para realização dos fins sociais.
 Já a justiça eterna seria aquela baseada na perfeição, na incorruptibilidade, baseada na lei divina. É aquela que governa toda ordem universal, comandando a aproximação da alma com Deus, sendo absoluta, imutável, infalível e conduzida para o bom justo. O julgamento divino não se engana, identifica o mal onde há mal e o bem onde há o bem. 
 Agostinho também vincula a justiça ao direito, devendo o Direito só pudendo ser dito como Direito quando seus mandamentos coincidem com os mesmos da justiça.
 Os preceitos da lei divina devem ser o embasamento para um governo, para atingir o bem comum e não praticar interesses individuais. Sendo assim, um governo justo, estabelecendo a ordem ao ter como pilar a justiça, que seria dar a a cada um o que é seu. Quebrar a lógica da ordem divina seria o mesmo que quebrar a ordem de Deus, atribuindo algo a alguém que disto não seja merecedor.
Num outro âmbito de discussão, Agostinho aborda que o sentido a ser dado a vida humana não deve ser outro senão o cultivo da alma para vida eterna. Para ele, a vida voltada para eternidade é o destino de toda alma criada por Deus. Tais almas serão julgadas no dia do Juízo final, através da justiça divina, que é exercida através do livre-arbítrio. Isto é, a vontade de seguir ou não os preceitos da lei de Deus, a possibilidade de escolha, que deve ser orientado segundo a razão divina.Daí a necessidade da razão como motor do comportamento, para evitar que a alma imprima seus instintos ou impulsos.
 Em relação ao Estado, Agostinho aceita a ideia de uma espiritualização do poder temporal, ou seja, o Estado é um meio para realização da lei divina, que deve subordinar o poder político, garantindo a ordem e a paz social.
Além disso, fomenta uma dicotomia entre a Cidade de Deus e a Cidade dos homens. Para ele, no segundo caso, houve o distanciamento humano de Deus, o que acarretou na corrupção do espírito da humanidade, através dos pecados e destemperos comportamentais. Já na Cidade de Deus, moram os fieis de Jesus Cristo.
 Enfim, conclui-se que a obra agostiniana é repleta de dicotomias, que ele prega a aproximação da humanidade com Deus, ou seja, a paulatina, desagregação dos valores mundanos em função dos teológicos.

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