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<p>ANTÍTESE NA EDUCAÇÃO</p><p>Um cristão deveria colocar seu filho em uma escola</p><p>não-cristã?</p><p>Rev. Sávio Christian</p><p>Editora Nadere Reformatie</p><p>Por uma reforma mais profunda</p><p>Natal, RN</p><p>2024</p><p>Copyright © Sávio Christian</p><p>Todos os direitos em língua portuguesa reservados pela</p><p>Editora NADERE REFORMATIE</p><p>59078–000, Natal, RN, Brasil.</p><p>@editoranaderereformatie</p><p>www.editoranaderereformatie.com.br</p><p>1ª edição, 2024</p><p>Editor: Christopher Vicente</p><p>Revisor: Zilda Paiva e Christopher Vicente</p><p>Capa: Hugo Elihimas</p><p>Este e-book foi disponibilizado gratuitamente pela Editora Nadere Reformatie. A venda por parte</p><p>de terceiro é proibida. Para citações em trabalhos, artigos e afins deve-se fazer indicação de</p><p>fonte. O seu formato Kindle Amazon está disponível AQUI.</p><p>A todos os meus descendentes pelos quais oro para que recebam uma educação genuinamente</p><p>cristã, em especial pelos meus filhos que já conheço: Sávio, Giovanna e Helena.</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>Agradeço a Deus por tudo, principalmente por ter me capacitado e conduzido em todas</p><p>as coisas e por ter usado todos aqueles que passo a agradecer agora, os quais foram peças</p><p>essenciais para que eu pudesse realizar esse trabalho.</p><p>Agradeço a minha pedagoga favorita Cassia Christian, principal responsável para que</p><p>este trabalho fosse realizado, primeiro porque comecei a estudar sobre educação para conquistar</p><p>o seu coração e em seguida porque, ano após ano de casamento, tem me dado os filhos que são a</p><p>maior motivação que Deus tem usado para me fazer estudar esse assunto tão abrangente.</p><p>Agradeço ao Rev. Danilo Romagna por todo o incentivo extraordinário e por ter me</p><p>chamado para dar estudos em sua igreja sobre o tema deste trabalho, o que me ajudou</p><p>consideravelmente a desenvolvê-lo melhor.</p><p>Agradeço ao Rev. Luciano Arruda por ter sido um grande influenciador para que eu</p><p>escrevesse um trabalho sobre esse assunto.</p><p>Agradeço ao Rev. Rodrigo Brotto, primeiro pastor que ouvi falar sobre o assunto deste</p><p>trabalho em palestras, o que me fez despertar para a antítese na educação.</p><p>Agradeço ao Rev. Christopher Vicente por ter me ajudado a encontrar fontes holandesas</p><p>para o trabalho e pela presente publicação através da Editora Nadere Reformatie.</p><p>Agradeço a Dra. Zilda Paiva, irmã amada, que fez a revisão do trabalho e me ajudou a</p><p>transmitir as ideias com mais clareza. Qualquer erro que tenha permanecido é devido a minha</p><p>teimosia em não acatar todas as correções.</p><p>Agradeço ao Rev. Ronaldo Cadena e ao Presb. Pedro Henrique que foram os pais que</p><p>mais moldaram a minha preocupação em querer inculcar Cristo nos filhos, quando nem ainda os</p><p>tinha.</p><p>“Não aconselho ninguém a colocar seu filho onde as Escrituras não reinem em</p><p>primeiro lugar” (Martinho Lutero).</p><p>INDICAÇÃO DE ESCOLAS CRISTÃS</p><p>Para auxiliar os nossos leitores na busca e pesquisa por Escolas Cristãs no Brasil afora,</p><p>contactamos algumas em diversos estados do Brasil, interessadas em serem apresentadas.</p><p>Abaixo, as que confirmaram interesse. Leitor, pesquise-as e, com base nos critérios bíblicos e no</p><p>testemunho de outros sobre elas, escolha a melhor para seu(s) filho(s).</p><p>Escola Presbiteriana Boas Novas</p><p>(clique na imagem ou AQUI)</p><p>Escola Presbiteriana do Coqueiro</p><p>(clique na imagem ou AQUI)</p><p>https://www.instagram.com/epboasnovas?igsh=NWt3MzZvd3VtM3Vi</p><p>https://www.instagram.com/epboasnovas?igsh=NWt3MzZvd3VtM3Vi</p><p>https://www.instagram.com/arpepc?igsh=cnNkNXEyNDhldDNo</p><p>https://www.instagram.com/arpepc?igsh=cnNkNXEyNDhldDNo</p><p>CONHEÇA A EDITORA NADERE REFORMATIE</p><p>Clique nos links abaixo</p><p>Loja Virtual</p><p>Instagram</p><p>Grupo de WhatsApp</p><p>Grupo de Telegram</p><p>Blog</p><p>Plataforma de Estudos</p><p>Minha Biblioteca Westminster</p><p>https://www.editoranaderereformatie.com.br/</p><p>https://www.instagram.com/editoranaderereformatie/</p><p>https://chat.whatsapp.com/CF74JFSHlOB9aJjTpYUxSF</p><p>https://t.me/joinchat/iJogdpr1ohYyZTJh</p><p>https://medium.com/@naderereformatiepublicacoes</p><p>SUMÁRIO</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>SUMÁRIO</p><p>PREFÁCIO</p><p>I</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>II</p><p>EXISTE NEUTRALIDADE RELIGIOSA NA EDUCAÇÃO?</p><p>2.1. A Relação entre Religião e Educação</p><p>2.2. A Antítese Cristã</p><p>2.3. Objeções aos maus usos da Graça Comum</p><p>III</p><p>OS PERIGOS DE UMA EDUCAÇÃO SECULAR</p><p>3.1. A Secularização do Pensamento</p><p>3.2. A Esquizofrenia Intelectual</p><p>3.3. A Cultura da Destruição</p><p>IV</p><p>A NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO CRISTÃ</p><p>4.1. O Que é Educação Cristã?</p><p>4.2. A Responsabilidade dos Pais</p><p>4.3. Priorizando a Educação Cristã</p><p>CONCLUSÃO</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>PREFÁCIO</p><p>A educação é essencial ao ser humano. Por meio da educação, uma geração lega a sua</p><p>herança cosmovisional à outra. A educação é a ferramenta pela qual lapida-se uma alma,</p><p>influencia-se o presente, molda-se o futuro e constrói-se uma igreja e uma nação. A educação é</p><p>muito importante. Longe de vermos a educação como uma redentora. Aliás, apóstata e opositora</p><p>do Evangelho é a visão de mundo que vê na Educação a solução de todos os males e as misérias</p><p>de uma sociedade — como é comum se ouvir em período eleitoral após período eleitoral. Cristo,</p><p>não a educação, é o único redentor dos eleitos de Deus; e apenas Ele pode tirar o homem do seu</p><p>estado de pecado e de miséria.</p><p>Então, entendido isso, devemos reconhecer o lugar sui generis da educação. As Escrituras</p><p>são insistentes nesse assunto. A educação é muito cara — e não me refiro a mero valor</p><p>monetário. E por esse seu lugar especial e posição singular, há uma ampla guerra travada em</p><p>torno da educação. Uma guerra que, se perdermos, não perderemos territórios, bens e</p><p>mantimentos; mas perderemos a alma e a condição da alma de nossos filhos. Conforme você lerá</p><p>neste livreto: “existem apenas duas filosofias da educação, as quais são mutuamente excludentes:</p><p>(1) a que busca fazer com que todas as coisas sejam ensinadas para a glória de Deus; e (2) a que</p><p>segue a sugestão de Satanás no Jardim, ensinando o homem a viver segundo o seu próprio</p><p>julgamento”. Sob qual educação o seu filho está sendo instruído?</p><p>A fim de nos expressar a gravidade do tema, o Rev. Sávio Christian produziu uma simples,</p><p>objetiva e profunda defesa em favor da Educação Cristã. Por meio dela, ele exorta e conclama</p><p>pais cristãos à consideração urgente desse assunto. E penso que Rev. Sávio, o qual me é um</p><p>verdadeiro amigo, há 10 anos; é um pai cristão; um ministro preocupado em comunicar bíblica e</p><p>acessivelmente ao povo de Deus os conselhos dEle;[1] um dedicado estudante e um diretor de</p><p>uma escola cristã,[2] é a pessoa apropriada para esse serviço.</p><p>Após introduzir o assunto, Rev. Sávio lança os fundamentos teóricos, cosmovisionais e</p><p>doutrinários para análise e fundamentação do dever moral que se demandará, da parte do Senhor,</p><p>aos pais. Nessa segunda seção, ele faz uma exceletíssima exposição sobre a chamada Antítese</p><p>Cristã; discorre sobre a natureza religiosa da educação; e responde aos maus usos da Graça</p><p>Comum — os quais buscam insistentemente e de forma não-reformada e não-cristã minimizar a</p><p>seriedade da antítese e do alerta.</p><p>Depois, na terceira seção, o Rev. Sávio traz advertência contra a educação secular, contra a</p><p>“esquizofrenia” intelectual promovida por muitos pais cristãos em seus filhos e expõe a</p><p>constatação da cultura de destruição oriunda da educação secular.</p><p>Por último, ele chega aonde toda doutrina bíblica nos conduz: à prática e à mudança. Na</p><p>última seção, ele define, positiva e negativamente, diante de tudo o que foi exposto, o que é a</p><p>Educação Cristã, a responsabilidade intransferível dos pais e a necessidade urgente de</p><p>priorizarmos a Educação sob a explícita égide do Senhorio de Cristo.</p><p>Como “pai educador” (o que é uma redundância), já li e estudei um certo número de obras</p><p>sobre educação cristã, domiciliar e cristã clássica. A fim de lhe encorajar, comparativamente, eu</p><p>testemunho: esta tem algo singular, por seu binômio “simplicidade–profundidade”. Rev. Sávio</p><p>Christian trabalhou com elevados e importantes conceitos cosmovisionais da Teologia</p><p>Filosófica. Mas, não se assuste! Eu também testemunho: Rev. Sávio conseguiu expor</p><p>precisamente a tese reformada da antítese e aplicá-la à educação de forma madura e acessível aos</p><p>pais cristãos mais alheios a estes assuntos. Você não precisa</p><p>não sabem por onde começar e a</p><p>oração e o apoio pastoral e diaconal se fazem necessários.[151]Além disso, irmãos da igreja que</p><p>tem a capacidade de ensinar e possuam uma cosmovisão cristã, podem auxiliar os pais que</p><p>optarem por outra modalidade de educação que não a abertura de uma escola cristã,</p><p>principalmente as crianças que possuem dificuldades especiais, como a ausência de um dos pais</p><p>ou de ambos.</p><p>Há uma defesa por parte de alguns que, devido a educação dos filhos ser responsabilidade</p><p>dos pais, isso significaria que eles necessariamente precisariam dar as aulas de todas as matérias.</p><p>No entanto, um dos motivos pelos quais o batismo dos filhos é feito no contexto da comunidade</p><p>da aliança é justamente porque os irmãos da igreja também podem e devem participar na</p><p>educação dos filhos uns dos outros.[152]</p><p>Alguns estudiosos da Educação Cristã como Stephen Perks afirmam que não é</p><p>responsabilidade da igreja, em tempos normais, participar diretamente da abertura de escolas</p><p>cristãs, pois os pais cristãos é quem tem a responsabilidade de promover a educação de seus</p><p>filhos. No entanto, mesmo ele, em sua posição contrária, reconhece que, em tempos de crises</p><p>como os nossos, as igrejas precisam auxiliar, inclusive financeiramente, para que a Educação</p><p>Cristã seja uma realidade na vida de seus membros.[153]</p><p>Nesse sentido, podemos estender esse tipo de auxílio não apenas às igrejas como também</p><p>aos presbitérios que podem se organizar para abrirem escolas cristãs em locais estratégicos</p><p>buscando fornecer Educação Cristã para o maior número de membros das igrejas que lhe estão</p><p>subordinadas, no caso de Igrejas Presbiterianas do Brasil, pode-se pedir auxílio inclusive aos</p><p>órgãos e autarquias denominacionais para abertura de escolas.</p><p>James Tooley, professor não cristão, escreveu o livro “A Arvore Bela”, sobre como os</p><p>pobres têm se educado em países de terceiro mundo. A obra trata da experiência do professor</p><p>que descobre, nas favelas da índia, que os pobres estavam deixando de matricular seus filhos nas</p><p>escolas públicas e estavam preferindo pagar pela educação de seus filhos. O autor ficou</p><p>impressionado com este fato e mais impressionado ainda ao descobrir que esta realidade se</p><p>repetia em diversos outros países.[154] Em resumo, a obra retrata como alguns dos povos mais</p><p>pobres do mundo, insatisfeitos com a forma como o sistema público oferecia a educação,</p><p>tomaram uma atitude e conseguiram oferecer aos seus filhos uma educação mais simples, no</p><p>entanto, com resultados superiores aos alcançados pelas escolas públicas.[155]</p><p>Será que os pais cristãos não deveriam estar muito mais insatisfeitos do que os ímpios, não</p><p>apenas com a ausência dos professores em sala de aula, com as atrocidades aceitas nas escolas</p><p>não-cristãs, mas principalmente com o fato de que os filhos da aliança estão recebendo uma</p><p>educação que os ensina a viver sem Cristo, estranhos às alianças da promessa, sem esperança e</p><p>sem Deus no mundo (Ef 2.12)?</p><p>Wendy Naylor, editor da obra de Abraham Kuyper sobre educação, conta a história de</p><p>quando trabalhava em uma escola cristã na cidade de Chicago e percebeu que alguns alunos</p><p>chegavam regularmente com muita fome pela manhã. Após conversar com os pais das crianças,</p><p>descobriu-se que eles precisaram fazer uma escolha muito difícil, eles haviam decidido que os</p><p>benefícios de uma Educação Cristã superavam os benefícios do café da manhã para a sua família</p><p>e por não haver condições financeiras de manter as duas coisas, eles fizeram a escolha pelo que</p><p>consideravam mais importante.[156]</p><p>Portanto, caso os pais não estejam convictos de que a Educação Cristã é uma real</p><p>necessidade para seus filhos eles nunca estarão dispostos a fazer o esforço necessário para que</p><p>seus filhos possam receber esse tipo de educação, pois custará tempo e dinheiro para que os</p><p>filhos possam ser abençoados por uma Educação Cristã. No entanto, custará ainda mais caro,</p><p>ignorar o mandamento de Deus ao permitir que os filhos estejam expostos a todos os perigos</p><p>proporcionados pela “educação” secular.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Diante de todo o exposto, pudemos perceber que as escolas seculares não são neutras e</p><p>acabam por excluir completamente Deus de todo processo educacional, fazendo com que o aluno</p><p>aprenda a raciocinar falsamente, sem levar Deus em consideração. Observamos ainda que este</p><p>problema não pode ser sanado com a mera adição de uma educação moral ou espiritual em casa</p><p>através de exortações esporádicas. Observamos ainda que a educação secular pode causar</p><p>diversos prejuízos na vida do aluno como consequência da exclusão de Deus de seu raciocínio.</p><p>Dentre esses prejuízos, pudemos observar uma possível inconsistência intelectual, justificativa</p><p>para o cometimento dos mais diversos tipos de pecados que podem destruir a vida do aluno,</p><p>inclusive a apostasia completa.</p><p>Dessa forma, percebemos que uma educação verdadeiramente centrada em Cristo não é</p><p>apenas uma opção, pelo contrário, é uma necessidade na vida cristã de cada cristão, sendo</p><p>responsabilidade dos pais proporcionarem a seus filhos essa educação. Eles podem contar com a</p><p>ajuda de instituições de ensino cristão e, até mesmo, da igreja no fornecimento dessa educação.</p><p>Embora existam diversas dificuldades práticas para a implementação da educação</p><p>consistentemente cristã na vida dos filhos, observamos que com a conscientização dos pais de</p><p>sua responsabilidade e, consequentemente, com o investimento de tempo e dinheiro, os filhos</p><p>podem receber a Educação Cristã que os pais presbiterianos se comprometeram oferecer no</p><p>momento do batismo de seus filhos e que os demais cristãos também precisam fornecer.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>AGOSTINHO. A Cidade de Deus Vol 1. São Paulo: Paulus, 2023.</p><p>BAHNSEN, Gregory. Sempre preparados: orientações para a defesa da fé. Brasilia:</p><p>Monergismo, 2016.</p><p>BAVINCK, Herman. Christelijke Wereldbeschouwing. Kampen: J. H. Bos, 1904.</p><p>________________. De algemeene genade. Kampen: G. Ph. Zalsman, 1894.</p><p>________________. De opvoeding der rijpere jeugd. Kampen: J. H. Kok, 1916.</p><p>________________. Paedagogische Beginselen. Kampen: J. H. Kok, 1904.</p><p>BERKHOF, Louis. Dualism In Education. The Calvin Forum, Grand Rapids, v. 3, n. 7, February,</p><p>1938.</p><p>_______________. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.</p><p>BLAMIRES, Harry. A Mente Cristã: Como um cristão deve pensar? São Paulo: Shedd, 2006.</p><p>BOUMA, Clarence. The Christian Primary School Movement. The Calvin Forum, Grand Rapids,</p><p>v. 4, n. 2, September, 1938.</p><p>CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã. 1559.</p><p>CHILTON, David. Christian Schools And The City of God. The Biblical Educator, Anaheim, v.</p><p>2, n. 5, May, 1980.</p><p>_______________. What’s Really Wrong With Public Schools? The Biblical Educator,</p><p>Anaheim, v. 3, n. 3, March, 1981.</p><p>CLARK, Gordon. A Christian Philosophy of Education. Unicoi: Trinity Foundation, 1987.</p><p>ELNIFF, Terrill. What Must People Don’t Understand About Christian Education. The Biblical</p><p>Educator, Anaheim, v. 3, n. 11, November, 1981.</p><p>FRIGOTTO, Gaudêncio (Org.). Escola “Sem” Partido: Esfinge que ameaça a educação e a</p><p>sociedade brasileira. Rio de Janeiro: LPP, 2017, 89.</p><p>FONTES, Filipe. Você Educa de Acordo com o que Adora: educação tem tudo a ver com</p><p>religião. São José dos Campos: Fiel, 2021.</p><p>GARRIS, Zachary. Thinking Biblically About Education: Why Parents Should Abandon</p><p>Government Schools and Take Back Control of Education. 2016.</p><p>HORTON, Michael. O Cristão e a Cultura. São Paulo: Cultura Cristã. 2018,</p><p>JORDAN, James. The Motive Goal & Standard in Education. The Biblical Educator, Anaheim,</p><p>v. 2, n. 6, June, 1980.</p><p>KUIPER, Herman. Calvin on Common Grace. Grand Rapids: Smith Books, 1928.</p><p>KUYPER, Abraham. Commom Grace. Collected Works in Public Theology. Bellingham:</p><p>Lexham Press. 2015.</p><p>_________________. Encyclopaedie der heilige godgeleerdheid deel twee. Amsterdam: J. A.</p><p>WORMSER, 1894.</p><p>_________________. On Education: Collected Works in Public Theology. Bellingham: Lexham</p><p>Press. 2019.</p><p>LOBBES, John. Projected Christianity vs. Christian Education. The Calvin Forum, Grand</p><p>Rapids, v. 2, n. 9, April, 1937.</p><p>MACHEN, Gresham.</p><p>A Necessidade de Escolas Cristãs. Natal: Nadere Reformatie, 2022.</p><p>OPPEWAL, Donald. Voices From The Past: Reformed Educators. Laham: University Press of</p><p>America, 1997.</p><p>OTIS, John. The Necessity for Christian School. Journal of Christian Reconstruction, Vallecito,</p><p>v. 11, n. 2, Summer 86-87.</p><p>RUSHDOONY, Rousas. Esquizofrenia Intelectual: cultura, crise e educação. Brasília:</p><p>Monergismo, 2016.</p><p>SABINO, Felipe (Org.). A Desgraça do Ateísmo na Educação. Brasília: Monergismo, 2019,</p><p>Edição do Kindle.</p><p>SCHULTZE, Henry. Practical Atheism. The Calvin Forum, Grand Rapids, v. 2, n. 1, August,</p><p>1936.</p><p>TAYLOR, Charles. Uma Era Secular. São Leopoldo: UNISINOS, 2010.</p><p>THOBURN, Robert. The Children Trap: The Biblical Blueprint for Education. Texas:</p><p>Dominion, 1986.</p><p>TOOLEY, James. A Árvore Bela: uma jornada pessoal através de como os povos mais pobres</p><p>do mundo estão educando a si mesmos. São Paulo: Bunker, 2020.</p><p>TRIPP, Tedd. Pastoreando o Coração da Criança. São Jose dos Campo: Fiel, 2017.</p><p>VAN TIL, Cornelius. Essays on Christian Education. The Presbyterian and Reformed Publishing</p><p>Company: Phillipsburg, 1979.</p><p>_________________. Graça Comum e o Evangelho. São Paulo: Cultura Cristã, 2018.</p><p>VAN TIL, Henry. O Conceito Calvinista de Cultura. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.</p><p>WILSON, Douglas. Em Defesa da Educação Cristã Clássica. São Paulo: Trinitas, 2021,</p><p>_______________. Repairing the Ruins: The Classical & Christian Challenge to Modern</p><p>Education. Canon Press, 1996,</p><p>_______________. Excused Absence: Should Christian Kids Leave Public Schools? Moscow:</p><p>Canon Press, 2022, p. 37.</p><p>_______________. The Paideia of God: And Other Essays On Education. Moscow: Canon</p><p>Press, 2022.</p><p>http://escolasempartido.org/quem-somos/ Acesso em 12 de setembro de 2023.</p><p>[1] Rev. Sávio Christian pastoreia a Igreja Presbiteriana do Calvário (Castanhal-PA), uma congregação presbiteriana filiada à</p><p>Igreja Presbiteriana da Aliança (Belém-PA).</p><p>[2] Escola Presbiteriana Boas Novas.</p><p>[3] AGOSTINHO, Santo. O Mestre. XIV, XLVI.</p><p>[4] SABINO, Felipe (Org.). A Desgraça do Ateísmo na Educação. Brasília: Monergismo, 2019. Edição do Kindle, loc. 346.</p><p>[5] KUYPER, Abraham. On Education. Bellingham: Lexham Press, 2019, p. 201.</p><p>[6] TAYLOR, Charles. Uma Era Secular. São Leopoldo: UNISINOS, 2010, p. 24.</p><p>[7] FONTES, Filipe. Você Educa de Acordo com o que Adora: educação tem tudo a ver com religião. São José dos Campos: Fiel,</p><p>2021, p. 8.</p><p>[8] BAVINCK, Herman. Christelijke Wereldbeschouwing. Kampen: J. H. Bos, 1904, p. 95.</p><p>[9] SABINO, Felipe (Org.). A Desgraça do Ateísmo na Educação. Brasília: Monergismo, 2019, Edição do Kindle, posição 346.</p><p>[10] FONTES, 2021, p. 11.</p><p>[11] FONTES, 2021, p. 12-14.</p><p>[12] Ibidem, p. 15.</p><p>[13] Disponível em: http://escolasempartido.org/programa-escola-sem-partido/. Acesso em 12 de setembro de 2023.</p><p>[14] Ibidem.</p><p>[15] Ibidem.</p><p>[16] Ibidem</p><p>[17] FRIGOTTO, Gaudêncio (Org.). Escola “Sem” Partido: Esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. Rio de</p><p>Janeiro: LPP, 2017, 89.</p><p>[18] Ibidem, 81.</p><p>[19] Ibidem, 83.</p><p>[20] BAVINCK, 1904, p. 96.</p><p>[21] Garris Zachary. Thinking Biblically About Education: Why Parents Should Abandon Government Schools and Take Back</p><p>Control of Education. 2016, Kindle Edition, posição 148.</p><p>[22] WILSON, Douglas. Repairing the Ruins: The Classical & Christian Challenge to Modern Education. Canon Press, 1996, p.</p><p>16.</p><p>[23] AGOSTINHO. A Cidade de Deus. XIV, IX, VI.</p><p>[24] KUYPER, Abraham. Encyclopaedie der heilige godgeleerdheid. II, III, XIII.</p><p>[25] Ibidem.</p><p>[26] VAN TIL, Cornelius. Essays on Christian education. The Presbyterian and Reformed Publishing Company: Phillipsburg,</p><p>1979, p. 24.</p><p>[27] VAN TIL, Cornelius. Graça Comum e o Evangelho. São Paulo: Cultura Cristã, 2018, p. 342.</p><p>[28] VAN TIL, Henry. O Conceito Calvinista de Cultura. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 215.</p><p>[29] VAN TIL, 2010, p. 214.</p><p>[30] BAHNSEN, Greg. Sempre preparados: orientações para a defesa da fé. Brasilia: Monergismo, 2016, p. 11.</p><p>[31] Ibidem, p. 12-13.</p><p>[32] Ibidem, p. 14.</p><p>[33] Ibidem, p. 13.</p><p>[34] Ibidem, p. 238.</p><p>[35] Ibidem, p. 237-238.</p><p>[36] LOBBES, John. Projected Christianity vs. Christian Education. The Calvin Forum, Grand Rapids, v. 2, n. 9, April, 1937. p.</p><p>202.</p><p>[37] BAHNSEN, 2016, p. 14.</p><p>[38] Ibidem, p. 16.</p><p>[39] Ibidem.</p><p>[40] VAN TIL, 1979, p. 88.</p><p>[41] WILSON, Douglas. Em Defesa da Educação Cristã Clássica. São Paulo: Trinitas, 2021, p. 47.</p><p>[42] KUYPER, Abraham. Encyclopaedie der heilige godgeleerdheid. II, III, XIII.</p><p>[43] WILSON, 1996, p. 16.</p><p>[44] KUYPER, Abraham. Commom Grace. I, I, IV.</p><p>[45] VAN TIL, 2018, p. 78.</p><p>[46]CALVINO, JOÃO. As Institutas da Religião Cristã. I, III, III.</p><p>[47] Ibidem, I, V, III.</p><p>[48] Ibidem, II.II.XV-XVI.</p><p>[49] KUIPER, Herman. Calvin on Common Grace. Grand Rapids: Smith Books, 1928, p. 215.</p><p>[50] Ibidem, p. 218.</p><p>[51] Ibidem, p. 216.</p><p>[52] BAVINCK, Herman. De algemeene genade. Kampen: G. Ph. Zalsman, 1894, p. 47.</p><p>[53] Ibidem, p. 51.</p><p>[54] Ibidem, p. 44.</p><p>[55] Ibidem, p. 51-52.</p><p>[56] BAVINCK, Herman. Paedagogische Beginselen. Kampen: J. H. Kok, 1904, p. 89-90.</p><p>[57] VAN TIL, 2008, p. 296-98.</p><p>[58] VAN TIL, 1979, p. 83.</p><p>[59] Ibidem, p. 196.</p><p>[60] Ibidem, 196-197.</p><p>[61] Ibidem, 197.</p><p>[62] KUYPER. Abraham. On Education: Collected Works in Public Theology. Bellingham: Lexham Press. 2019, p. 10.</p><p>[63] TAYLOR, Charles. Uma Era Secular. São Leopoldo: UNISINOS, 2010, p. 15.</p><p>[64] Ibidem, p. 13-14.</p><p>[65] Ibidem, p. 15-16.</p><p>[66] Ibidem p. 24.</p><p>[67] BLAMIRES, Harry. A Mente Cristã: Como um cristão deve pensar? São Paulo: Shedd, 2006, p. 15-16.</p><p>[68] Ibidem, p. 16.</p><p>[69] Ibidem, p. 23.</p><p>[70] Ibidem, p. 26-27.</p><p>[71] Ibidem, p. 34-35.</p><p>[72] BOUMA, Clarence. The Christian Primary School Movement. The Calvin Forum, Grand Rapids, v. 4, n. 2, September, 1938,</p><p>p. 30.</p><p>[73] CLARK, Gordon. A Christian Philosophy of Education. Unicoi: Trinity Foundation, 1987, p. 73.</p><p>[74] BERKHOF, Louis. Dualism In Education. The Calvin Forum, Grand Rapids, v. 3, n. 7, February, 1938. p. 149-150.</p><p>[75] Ibidem. p. 150.</p><p>[76] BLAMIRES, 2006, p. 74.</p><p>[77] BLAMIRES, p. 45-46.</p><p>[78] RUSHDOONY, Rousas. Esquizofrenia Intelectual: cultura, crise e educação. Brasília: Monergismo, 2016, p. 23.</p><p>[79] BERKHOF, 1938. p. 150.</p><p>[80] Ibidem, p. 150-151.</p><p>[81] Ibidem.</p><p>[82] Ibidem.</p><p>[83] Ibidem, p. 151-152.</p><p>[84] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.</p><p>[85] BERKHOF, 1938. p. 152.</p><p>[86] BAVINCK, Herman. De opvoeding der rijpere jeugd. Kampen: J. H. Kok, 1916, p. 121-122.</p><p>[87] SCHULTZE, Henry. Practical Atheism. The Calvin Forum, Grand Rapids, v. 2, n. 1, August, 1936, p. 4.</p><p>[88] BERKHOF, 1938. p. 150-152.</p><p>[89] CHILTON, David. What’s Really Wrong With Public Schools? The Biblical Educator, Anaheim, v. 3, n. 3, March, 1981, p.</p><p>1.</p><p>[90] JORDAN, James. The Motive Goal & Standard in Education. The Biblical Educator, Anaheim, v. 2, n. 6, June, 1980, p. 1-3.</p><p>[91] THOBURN, Robert. The Children Trap: The Biblical Blueprint for Education. Texas: Dominion, 1986, p. 86.</p><p>[92] Ibidem, p. 87.</p><p>[93] Ibidem, p. 20.</p><p>[94] Ibidem, p. 53-54.</p><p>[95] Ibidem, p. 82-83.</p><p>[96] WILSON, Douglas. Excused Absence: Should Christian Kids Leave Public Schools? Moscow: Canon Press, 2022, p. 37.</p><p>[97] Ibidem, p. 44.</p><p>[98] Ibidem, p. 137.</p><p>[99] Ibidem, p. 81.</p><p>[100] Ibidem, p. 44.</p><p>[101] Ibidem, p. 81.</p><p>[102] CHILTON, David. Christian Schools And The City of God. The Biblical Educator, Anaheim, v. 2, n. 5, May, 1980, p. 1.</p><p>[103] VAN TIL, Cornelius. Essays on Christian education. The Presbyterian and Reformed Publishing Company: Phillipsburg,</p><p>1979, p. 23-24.</p><p>[104] Ibidem, p. 29-30.</p><p>[105] Ibidem, p. 186.</p><p>[106] Ibidem, p. 63.</p><p>[107] Ibidem, p. 35-36.</p><p>[108] Ibidem, p. 71.</p><p>[109] Ibidem, p. 198-199.</p><p>[110] Ibidem.</p><p>[111] Ibidem, p. 199-200.</p><p>[112] Ibidem, p. 81.</p><p>[113] BLAMIRES, Harry. A Mente Cristã: Como um cristão deve pensar? São Paulo: Shedd, 2006, p. 72-73.</p><p>[114] ELNIFF, Terrill. What Must People Don’t Understand About Christian Education. The Biblical Educator, Anaheim, v. 3, n.</p><p>11, November, 1981, p. 1.</p><p>[115] OPPEWAL, Donald. Voices From The Past: Reformed Educators. Laham: University Press of America, 1997, p. 262.</p><p>[116] Ibidem, p. 260.</p><p>[117]</p><p>MACHEN, Gresham. A Necessidade de Escolas Cristãs. Natal: Nadere Reformatie, 2022, p. 29.</p><p>[118] WILSON, Douglas. Excused Absence: Should Christian Kids Leave Public Schools? Moscow: Canon Press, 2022, p. 16.</p><p>[119] WILSON, Douglas. The Paideia of God: And Other Essays On Education. Moscow: Canon Press, 2022, p. 19.</p><p>[120] WILSON, 2022, p. 28.</p><p>[121] Ibidem, p. 34.</p><p>[122] Ibidem, p. 50.</p><p>[123] Ibidem, p. 53.</p><p>[124] Ibidem, p. 54.</p><p>[125] WILSON, Douglas. The Paideia of God: And Other Essays On Education. Moscow: Canon Press, 2022, p. 11.</p><p>[126] Deve ser destacado que, no original, Paulo se dirige aos pais (homens). A palavra de Deus demanda uma responsabilidade</p><p>especial dos pais pela educação de seus filhos. Entregá-la exclusivamente à mãe é um não cumprimento deste mandamento do</p><p>Senhor. [N. do Editor].</p><p>[127] Ibidem, p. 14.</p><p>[128] WILSON, Douglas. Excused Absence: Should Christian Kids Leave Public Schools? Moscow: Canon Press, 2022, p. 54.</p><p>[129] Ibidem, p. 55.</p><p>[130] Ibidem, p. 80.</p><p>[131] Ibidem, p. 38.</p><p>[132] Ibidem, p. 51.</p><p>[133] SABINO, Felipe (Org.). A Desgraça do Ateísmo na Educação. Brasília: Monergismo, 2019. Edição do Kindle.</p><p>[134] WILSON, Douglas. Excused Absence: Should Christian Kids Leave Public Schools? Moscow: Canon Press, 2022, p. 89.</p><p>[135] Ibidem, p. 89.</p><p>[136] TRIPP, Tedd. Pastoreando o Coração da Criança. São Jose dos Campo: Fiel, 2017, p. 72-73.</p><p>[137] WILSON, Douglas. Excused Absence: Should Christian Kids Leave Public Schools? Moscow: Canon Press, 2022, p. 89.</p><p>[138] Ibidem, p. 109.</p><p>[139] Ibidem, p. 86.</p><p>[140] Ibidem, p. 86.</p><p>[141] Além disso, eles mesmos estão aprendendo a fé e o Evangelho. Eles não poderão comunicar isso enquanto não estiverem</p><p>firmados nele. Os primeiros anos da vida de uma criança é de formação de seus fundamentos. Antes disso, não poderão ser</p><p>eficientemente ser sal e luz. Essa objeção é pueril, pois é como se dissesse que alguém tem o dever de conduzir um ônibus com</p><p>várias pessoas a um lugar correto, quando não se sabe dirigir o ônibus. É como querer que alguém nade em um rio contra uma</p><p>forte correnteza, quando aquela pessoa não sabe nadar. A Educação Cristã, quer pela modalidade homeschooling, quer pela</p><p>modalidade escola-cristã, é a aula de natação. [N. do Editor].</p><p>[142] WILSON, Douglas. Em Defesa da Educação Cristã Clássica. São Paulo: Trinitas, 2021, p. 77.</p><p>[143] Ibidem.</p><p>[144] WILSON, Douglas. Excused Absence: Should Christian Kids Leave Public Schools? Moscow: Canon Press, 2022, p. 33.</p><p>[145] Ibidem, p. 30.</p><p>[146] OTIS, John. The Necessity for Christian School. Journal of Christian Reconstruction, Vallecito, v. 11, n. 2, Summer 86-87,</p><p>p. 50-53.</p><p>[147] Ibidem.</p><p>[148] Ibidem.</p><p>[149] WILSON, Douglas. Excused Absence: Should Christian Kids Leave Public Schools? Moscow: Canon Press, 2022, p. 87.</p><p>[150] THOBURN, Robert. The Children Trap: The Biblical Blueprint for Education. Texas: Dominion, 1986, p. 135-141.</p><p>[151] Ibidem, p. 144.</p><p>[152] WILSON, Douglas. Excused Absence: Should Christian Kids Leave Public Schools? Moscow: Canon Press, 2022, p. 129.</p><p>[153] THOBURN, 1986, p. 150.</p><p>[154] TOOLEY, James. A Árvore Bela: uma jornada pessoal através de como os povos mais pobres do mundo estão educando a si</p><p>mesmos. São Paulo: Bunker, 2020.</p><p>[155] Ibidem.</p><p>[156] KUYPER, Abraham. On Education. Bellingham: Lexham Press, 2019, p. 42.</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>SUMÁRIO</p><p>PREFÁCIO</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>EXISTE NEUTRALIDADE RELIGIOSA NA EDUCAÇÃO?</p><p>2.1. A Relação entre Religião e Educação</p><p>2.2. A Antítese Cristã</p><p>2.3. Objeções aos maus usos da Graça Comum</p><p>OS PERIGOS DE UMA EDUCAÇÃO SECULAR</p><p>3.1. A Secularização do Pensamento</p><p>3.2. A Esquizofrenia Intelectual</p><p>3.3. A Cultura da Destruição</p><p>A NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO CRISTÃ</p><p>4.1. O Que é Educação Cristã?</p><p>4.2. A Responsabilidade dos Pais</p><p>4.3. Priorizando a Educação Cristã</p><p>CONCLUSÃO</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>ficar com medo de conceitos difíceis</p><p>e complexo. Pela graça do Senhor operando nele, Rev. Sávio nos serviu superando estas</p><p>barreiras.</p><p>É importante destacar que o Rev. Sávio Christian faz uma apologética em favor da</p><p>Educação Cristã, aplicando majoritariamente às escolas cristãs, com algumas incursões na</p><p>educação domiciliar. Todavia, a pesquisa não é uma defesa restrita à escola, de forma tal que as</p><p>famílias homeschoolers não pudessem ter proveito. Há muito proveito para estes últimos</p><p>também. Estou entre os que defendem enfática e ferrenhamente a modalidade homeschooling</p><p>(embora considere como legítima a educação escolar cristã) e, nessa condição, mesmo com as</p><p>aplicações diretas às escolas cristãs, fui profundamente encorajado, fortalecido e edificado.</p><p>Então, pais praticantes tanto da modalidade domiciliar quanto da escolar terão amplo proveito.</p><p>Mais especialmente, terão proveito aqueles que, negligenciando a Educação Cristã de seus filhos,</p><p>são chamados à coerência de sua fé.</p><p>Deus disse que os filhos dos crentes (os filhos da aliança) são Seus e separados dos filhos</p><p>dos ímpios (2 Coríntios 7.14; Ezequiel 16.21). Portanto, não temos o direito de instrui-los da</p><p>maneira vã que nossos pais nos legaram; mas apenas aquilo que aprendemos de Cristo (Efésios</p><p>4.20-22), apenas na “Paideia do Senhor”. Dar outra forma de educação, no lugar da “Paideia do</p><p>Senhor”, é quebrar nossa aliança com Ele; é pecar contra Ele. A modalidade que você adotar</p><p>(domiciliar ou escolar) faz parte da liberdade cristã; mas praticar Educação Cristã diz respeito à</p><p>coerência ou à incoerência, à fidelidade ou à infidelidade em relação a nossa confissão, à vida ou</p><p>à morte e à eternidade.</p><p>Não há como, após entender todos esses elementos da doutrina bíblica da educação, você,</p><p>pai, continuar indiferente e negligente com a educação de seus filhos — a não ser que você seja</p><p>insensível à Palavra de Deus e às suas demandas, odeie a seus filhos e seja indiferente à causa do</p><p>Reino. Mas, se você faz parte do Reino de Cristo, você levará com muita seriedade tudo o que</p><p>será falado aqui. Leia, seja encorajado, levante-se e haja em favor de seus filhos, o bem da alma</p><p>deles, pelo avançar do Reino e futuro da Igreja e para a glória de Deus!</p><p>Rev. Christopher Vicente, Editor.</p><p>Ministro do Evangelho na Igreja Presbiteriana Manancial do Natal.</p><p>18 de setembro de 2024, Natal-RN.</p><p>I</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>A cada dia tem sido mais difícil conceder aos filhos da aliança uma educação conforme</p><p>exigida pela Palavra de Deus, cada geração que passa o aumento no número de apostasia entre os</p><p>jovens é assustador. Da mesma forma, as crianças e adolescentes tem passado cada vez mais</p><p>tempo nas escolas, nas quais eles são educados sem que o nome de Deus seja mencionado. Será</p><p>que existe alguma relação entre esses dois fatores?</p><p>Nosso trabalho se propõe a investigar essa relação e demonstrar a necessidade bíblica de que</p><p>os filhos da aliança sejam educados de modo cristão, não apenas nos lares e nas igrejas, mas</p><p>também que possam receber uma educação formal abrangentemente cristã — caso sejam</p><p>matriculados em uma escola.</p><p>A Educação Cristã é algo desenvolvido e praticado desde os primórdios do Cristianismo, na</p><p>verdade, uma educação fundamentada na Palavra de Deus é ordenada e incentivada tanto no</p><p>Antigo Testamento (Dt 6.4-19) quanto no Novo Testamento (Ef 6.4). Em obediência a esse</p><p>mandamento, os cristãos maduros buscaram, não apenas prover uma Educação Cristã no âmbito</p><p>eclesiástico, mas também fornecer uma educação integralmente cristã a seus filhos — conforme</p><p>podemos observar em Santo Agostinho, o qual afirmou que Cristo é o nosso professor em todas</p><p>as áreas do conhecimento.[3]</p><p>A divisão que fazemos atualmente entre educação religiosa e educação secular não era</p><p>admitida em tempos antigos, visto que a educação sempre foi vista como uma atividade religiosa.</p><p>[4] Um exemplo moderno da integralidade da educação é visto em Abraham Kuyper. Kuyper se</p><p>tornou primeiro-ministro da Holanda lutando principalmente pelo direito dos pais de educarem</p><p>seus filhos em conformidade com a sua fé e afirmou que a criança é uma unidade que não deve</p><p>receber educações diferentes em seu lar, igreja e escola, sob pena de causarmos confusões em</p><p>seu ser.[5]</p><p>Em nossos dias, a necessidade de resgatarmos a Educação Cristã no âmbito escolar se torna</p><p>ainda maior do que em épocas anteriores à Era Cristã. Isto se dá por vivermos em uma era</p><p>secular, onde somos constantemente tentados a interpretar toda a realidade sem a necessidade da</p><p>existência de Deus.[6]</p><p>Nesse contexto, nos propomos a estudar alguns aspectos da filosofia da educação, com</p><p>vistas a entendermos como uma criança pode ser afetada pela educação que ela recebe, com o</p><p>fim de responder a seguinte indagação: um cristão pode, de modo consistente com a sua fé,</p><p>colocar seus filhos para estudarem em uma escola não cristã?</p><p>O objetivo geral da presente pesquisa é, de modo introdutório, demonstrar a necessidade de</p><p>fornecermos uma educação integralmente cristã para os filhos da aliança, com vistas a</p><p>fomentarmos a criação de escolas confessionais, bem como a adesão a elas por parte dos cristãos</p><p>e a outras modalidades de Educação Cristã que tem sido a exceção em nosso país.</p><p>Nesse sentido, pretendemos alcançar o referido objetivo ao demonstrarmos que as escolas</p><p>não são neutras, apontando ainda os perigos decorrentes de uma educação não-cristã e</p><p>demonstrando as principais diferenças existente entre a Educação Cristã e a educação não-cristã.</p><p>Ressaltamos que, com o intuito de tornar a leitura mais fluida, utilizamo-nos apenas de</p><p>citações indiretas; e, ao aplicar o pensamento de alguns autores americanos de um modo mais</p><p>claro ao contexto brasileiro, interpretamos alguns termos relacionados à educação pública</p><p>americana como se referindo a educação não-cristã de modo geral — visto que educação pública</p><p>é a forma como eles se referem à educação controlada pelo Estado. No caso do Brasil, isso inclui</p><p>a educação particular que também é regulamentada pelo Ministério da Educação.</p><p>Caso o leitor busque as obras referenciadas perceberá que, no contexto das citações, essa</p><p>alteração de termos não contradiz o pensamento dos autores; pelo contrário, ela torna mais claras</p><p>as suas ideias para o contexto brasileiro.</p><p>Por fim, salientamos que o presente trabalho não pretende tratar principalmente dos</p><p>problemas pedagógicos da educação, embora alguns deles possam ser tratados indireta e</p><p>ocasionalmente. Contudo, não nos deteremos na apresentação de dados que comprovariam os</p><p>resultados questionáveis da Pedagogia Moderna (basta observar os dados oficiais do Governo).</p><p>Nossa preocupação não é combater a educação moderna simplesmente por ela não ter</p><p>conseguido produzir resultados proporcionais ao tempo e dinheiro investidos, nosso objetivo é</p><p>apresentar uma reflexão filosófica e, principalmente, teológica sobre o assunto.</p><p>Que Deus abençoe a educação dos nossos filhos!</p><p>II</p><p>EXISTE</p><p>NEUTRALIDADE</p><p>RELIGIOSA NA</p><p>EDUCAÇÃO?</p><p>Na busca por fornecer uma educação de qualidade para nossos filhos, somos tentados a nos</p><p>contentarmos com instituições de ensino “equilibradas”, mesmo que não sejam verdadeiramente</p><p>cristãs, nas quais possamos confiar que eles não serão expostos aos “exageros ideológicos” que</p><p>possam prejudicar a educação religiosa que tentamos fornecer em nossas casas e igrejas. No</p><p>entanto, essa perspectiva acaba fazendo com que os pais cristãos acreditem na grande falácia do</p><p>nosso tempo, a saber, que “a educação pode ser religiosamente neutra”.</p><p>2.1. A Relação entre Religião e Educação</p><p>Filipe Fontes inicia sua obra sobre Educação Cristã afirmando que uma crítica sofrida por</p><p>aqueles que buscam observar a educação escolar à luz das Escrituras Sagradas é que estão</p><p>tentando unir educação e religião, quando, na verdade, “são coisas que deveriam permanecer</p><p>separadas” — eles dizem. No entanto, visto que Deus é o Criador de todas as coisas, nada existe</p><p>fora da sua relação com Ele. Nesse sentido, todos os empreendimentos humanos, inclusive a</p><p>educação, não podem ser concebidos fora de sua relação</p><p>com Deus. Portanto, estão envolvidos</p><p>com a religião.[7]</p><p>Herman Bavinck afirma que buscar o conhecimento com um espírito distintamente cristão</p><p>não deveria ser estranho para os crentes reformados, visto que isso tem sido feito ao longo dos</p><p>séculos. Na verdade, cristãos de todas as épocas buscaram adquirir o conhecimento de um modo</p><p>cristão com naturalidade, já que a própria Palavra de Deus nos ensina que o temor ao Senhor não</p><p>é um obstáculo para o conhecimento, pelo contrário, é o princípio da sabedoria (Pv 1.7).[8]</p><p>Segundo Dabney, a separação entre educação e religião, embora seja um pensamento</p><p>comum atualmente, nunca foi praticado por nenhum povo em épocas anteriores. Historicamente,</p><p>não apenas os cristãos reformados, mas os pagãos, outros protestantes, católicos romanos,</p><p>mulçumanos e, até mesmo, os gregos, todos rejeitaram qualquer educação que não estivesse</p><p>fundamentada na religião.[9]</p><p>Filipe Fontes afirma ainda que os acadêmicos do nosso tempo são praticamente unânimes</p><p>em reconhecer que a educação não é neutra, pelo contrário, ela sofre influência de pressupostos</p><p>filosóficos e de outras áreas da vida humana. O que os estudiosos não-cristãos tentam negar é</p><p>que haja uma relação necessária entre educação e religião, por não reconhecerem que eles</p><p>mesmos possuem suas próprias convicções religiosas.[10]</p><p>O referido autor explica que a falha atual em relacionar educação e religião é decorrente de</p><p>uma definição equivocada ou superficial que os educadores modernos possuem sobre religião,</p><p>visto que limitam o objeto com o qual um indivíduo ou grupo possua uma relação religiosa a</p><p>algo transcendental, como por exemplo, o Deus cristão. No entanto, deve ser reconhecido que, na</p><p>História, objetos não-transcendentais sempre foram alvos de devoção religiosa. Portanto, uma</p><p>definição de religião mais correta deve analisar a existência de uma relação religiosa, mesmo</p><p>quando um ser superior não esteja sendo adorado.[11]</p><p>Em outras palavras, ao reconhecermos que todos os homens possuem fundamentos dos</p><p>quais obtêm respostas fundamentais de suas existências de onde derivam a direção de suas</p><p>experiências no mundo, inclusive na forma como educam, podemos afirmar que as questões de</p><p>natureza religiosa influenciam completamente nos assuntos educacionais e, portanto, não existe</p><p>neutralidade religiosa na educação.[12]</p><p>Uma tentativa recente, no Brasil, de dissociar a educação de qualquer religião, inclusive das</p><p>ideologias, foi o movimento “Escola Sem Partido”. Para tanto, o Movimento redigiu um modelo</p><p>de projeto de lei que tornaria obrigatória a afixação nas salas de aula de alguns deveres dos</p><p>professores que já estariam previstos na legislação atual.[13] A referida medida faz-se necessária,</p><p>segundo o Movimento, pelo fato de 80% dos professores terem reconhecido, em uma pesquisa</p><p>realizada em 2008, que possuíam um discurso politicamente engajado em sala de aula.[14]</p><p>Segundo o referido Movimento, uma das características de uma sociedade livre, é o</p><p>funcionamento das escolas com abertura para diversas perspectivas como centros de produção e</p><p>difusão do conhecimento, refletindo com neutralidade e equilíbrio, as infinitas matrizes da</p><p>realidade.[15]</p><p>Alguns dos objetivos mais específicos do “Escola Sem Partido” são: o respeito à laicidade,</p><p>ao pluralismo de ideias, à liberdade de crença e de consciência. Além disso, eles pretendiam lutar</p><p>pela defesa dos direitos dos pais sobre a educação religiosa e moral dos seus filhos e promover</p><p>debates sobre os limites éticos e jurídicos da atividade docente.[16]</p><p>No entanto, o Movimento sofreu diversas reações, visto que, como já observamos, todos os</p><p>homens possuem pressupostos que influenciam a forma com a qual eles enxergam a realidade,</p><p>por isso, uma vez reconhecida a impossibilidade da neutralidade, deve-se reconhecer também</p><p>que a própria busca por ela já não será uma busca neutra. É, nesse sentido, que se manifesta</p><p>Amana Mattos e diversos outros educadores não cristãos, os quais questionam sobre quem</p><p>decidirá o que seria neutro e o que seria ideológico.[17]</p><p>Da mesma forma, a autora marxista Marise Ramos defende que a busca da neutralidade é</p><p>impossível, visto que toda educação sempre estará condicionada a algum tipo de filosofia e visão</p><p>de mundo, mesmo que seus proponentes não tenham plena consciência de quais sejam.[18] A</p><p>autora afirma ainda que a suposta busca pela neutralidade serve apenas para perpetuar a</p><p>cosmovisão dominante da sociedade.[19]</p><p>É bem verdade que o “Escola Sem Partido” expressa o anseio de muitos pais,</p><p>principalmente cristãos, que desejam que seus filhos recebam uma educação descontaminada de</p><p>ideologias e visões de mundo contrárias aquelas que os pais pretendem transmitir a seus filhos.</p><p>No entanto, se entendermos a explicação de Fontes, de que expressões religiosas na educação são</p><p>inerentes ao ser humano; e levarmos em conta a análise histórica feita por Bavinck, de que a</p><p>religião sempre esteve relacionada ao ensino; e associarmos isso ao que fora admitido pela</p><p>Marise Ramos; então, podemos concluir claramente que não existe neutralidade religiosa na</p><p>educação e que tentar acreditar nisso fará apenas com que a visão de mundo dominante</p><p>continue a ser implantada na mente dos alunos, com sua religiosidade própria, contrária ao</p><p>Cristianismo.</p><p>Buscar o conhecimento em todas as áreas da vida com um espírito distintamente cristão,</p><p>embora tenha sido normal através dos séculos, passou a ser condenado e visto como uma posição</p><p>anormal, não científica e tendenciosa. No entanto, isso faz com que a Educação Cristã seja ainda</p><p>mais necessária e indispensável, visto que o Evangelho do Senhor Jesus Cristo aplicado a todos</p><p>os campos do saber é o único remédio que poderá salvar os homens da loucura de seus</p><p>pensamentos.[20]</p><p>Por isso, se quisermos ensinar às crianças conhecimento e sabedoria genuínos é necessário</p><p>que proporcionemos a elas uma educação com uma base cristã, porque a alternativa a isso é uma</p><p>educação não-cristã — que embora possa ser chamada de uma educação neutra em nossos dias,</p><p>também é determinada por uma visão religiosa, visto que, como já observado, não existe</p><p>neutralidade no ensino.[21]</p><p>2.2. A Antítese Cristã</p><p>O fato de não existir neutralidade na educação ou em qualquer outra área do pensamento</p><p>humano é uma consequência necessária de um princípio ensinado nas Escrituras que tem sido</p><p>pouco enfatizada em nossos dias: a antítese. A “Antítese” pode ser definida como a diferença</p><p>irreconciliável entre o cristão e o incrédulo.[22]</p><p>O teólogo Agostinho de Hipona, quando interpreta a História, em uma de suas principais</p><p>obras, afirma a existência de uma divisão radical entre os seres humanos. De um lado estão</p><p>aqueles que vivem segundo Deus e movidos por um amor a Ele na peregrinação desta vida; do</p><p>outro lado, estão aqueles que vivem segundo o homem, de modo que desprezam a Deus e são</p><p>movidos por um amor a si mesmos. Sendo assim, não existe um terceiro grupo de homens que</p><p>nós possamos chamar de neutros.[23]</p><p>Sobre esta antítese, Abraham Kuyper defendeu que existe uma diferença irreconciliável</p><p>entre o incrédulo e o cristão, o que impossibilita que haja uma unidade de pensamento entre eles.</p><p>Não existe meio termo ou transição que possa ser feito entre o princípio que guia esses dois tipos</p><p>de pensamentos opostos. Pelo contrário, apenas a regeneração causada pelo Espírito Santo pode</p><p>tirar o homem do caminho do erro e colocá-lo no caminho da verdade.[24]</p><p>Kuyper afirma ainda que não devemos tratar essa diferença de pensamento como uma</p><p>diferença de graus de verdade, mesmo que esse conceito possa parecer radical, ilusório ou</p><p>fanático para quem não experimentou o novo nascimento — pois, caso esse conceito seja</p><p>negado, o próprio Cristianismo será negado.[25]</p><p>Cornelius Van Til demonstra como podemos visualizar que a doutrina da antítese impede a</p><p>existência de neutralidade no mundo, exemplificando através das curas que Jesus realizou</p><p>quando encarnado. Embora os fariseus tivessem observados diversos milagres que realizados por</p><p>Cristo, eles sempre buscavam interpretar esses fatos de um</p><p>modo em que eles não precisassem</p><p>reconhecer a verdade de que Jesus era o Filho de Deus, devido a incredulidade deles. Ou seja, a</p><p>forma com a qual os homens enxergam os fatos está relacionada ao compromisso de fé que eles</p><p>possuem. [26]</p><p>Essa indisposição dos fariseus, em enxergarem as obras de Deus de um modo que O</p><p>glorifiquem, pode ser observada, desde o momento da Queda, motivo pelo qual Deus estabeleceu</p><p>a antítese para que o homem regenerado fosse liberto da tendência natural dos homens de que,</p><p>mesmo sendo criaturas de Deus e sabendo em seu íntimo que lhe são devedores, procurem</p><p>suprimir a verdade de Deus, o que faz com que os não regenerados tenham de viver segundo</p><p>outro princípio, ou seja, o engano.[27]</p><p>Esta antítese estabelecida é tão ampla que não existe um único aspecto da vida humana que</p><p>esteja realmente fora disso — mesmo que, em uma primeira análise, possa parecer neutro.[28]</p><p>Uma das táticas de Satanás para fazer com que o povo de Deus seja tragado pelo mundo é</p><p>justamente induzi-los ao pensamento de que a antítese não é tão abrangente, transmitindo a ideia</p><p>de que o mundo pode funcionar de modo neutro.[29]</p><p>Podemos observar essa estratégia em Satanás desde o início, quando, no jardim do Éden,</p><p>apresentou a alternativa ao homem na qual, ao invés de submeter os seus pensamentos a Deus,</p><p>ele pudesse pensar de um modo autônomo. É por isso que a inexistência de neutralidade é uma</p><p>consequência lógica da antítese. Se não levarmos os nossos pensamentos cativos à obediência de</p><p>Cristo, desde o início, estaremos nos levantando de modo altivo contra o conhecimento de Deus</p><p>(2 Co 10.5).</p><p>Nesse sentido, a tentativa de pensarmos de um modo neutro é, em si mesma, apóstata, pois</p><p>atinge o coração da fé cristã, visto que ser neutro é não reconhecer, desde o início, que Jesus</p><p>Cristo realmente é o Senhor sobre todas as coisas — então, é tentar questionar a autoridade dele.</p><p>[30] Em contrapartida, as Escrituras exigem que raciocinemos desde o princípio de uma forma que</p><p>levará Deus e Sua verdade em consideração, porque todos os tesouros da sabedoria e do</p><p>conhecimento estão em Cristo.[31]</p><p>O referido autor afirma ainda que, quando um cristão se envolve no contexto acadêmico ou</p><p>educacional, ele jamais deve consentir em deixar de lado os pressupostos da sua fé, achando que,</p><p>dessa maneira, poderá chegar imparcialmente a um conhecimento genuíno. Pois, a Palavra de</p><p>Deus nos ensina que o princípio do conhecimento é o temor do Senhor.[32] É muito perigoso não</p><p>perceber a necessidade de Cristo em todos os pensamentos, a alternativa a isso é o engano.[33]</p><p>A aparente neutralidade é um ódio silencioso contra Cristo, pois tenta tornar a religião uma</p><p>coisa separada da vida.[34] Por isso, um grande problema na igreja tem sido o divórcio entre as</p><p>convicções religiosas e suas expressões culturais, inclusive na área da educação.[35] O</p><p>Cristianismo não tolera competição, ele não se apresenta como uma possível resposta para os</p><p>problemas da vida. Pelo contrário, o Cristianismo se apresenta como a única solução, sendo</p><p>todos os outros pontos de vistas que tentam usurpar a posição cristã de alguma forma, falsos.[36]</p><p>Tentar ser neutro é, mesmo que inconsciente, tentar e pensar igual àqueles que ainda estão</p><p>perdidos na vaidade de seus próprios pensamentos, fazendo com que a antítese seja</p><p>desconsiderada,[37] é esquecer que o cristão deve enxergar o mundo de um modo completamente</p><p>diferente do incrédulo.[38]</p><p>Apesar de termos a impressão de que a tentativa de neutralidade religiosa reflita um tipo de</p><p>moderação, esse pensamento é, na verdade, um absurdo, porque não podemos nos esquecer que</p><p>os homens vivem em um mundo criado por Cristo e sustentado pela Palavra do seu poder, onde</p><p>todo o conhecimento está escondido nele. A suposta neutralidade expressada em uma forma de</p><p>pensar que não leva Cristo em consideração não é apenas buscar ser neutro, é negar a Cristo os</p><p>seus direitos sobre o universo. É deter a verdade pela injustiça (Rm 1.18).[39]</p><p>Van Til resume toda a questão ao afirmar que na verdade o incrédulo pressupõe que o</p><p>homem fala com autoridade, mas o cristão sabe que é Deus quem fala com autoridade, e esses</p><p>dois princípios são mutuamente antagônicos sobre a interpretação da vida. Não existe uma opção</p><p>intermediária.[40]</p><p>Não existe uma substância neutra de conhecimento para o qual o Cristianismo seria uma</p><p>espécie de tempero. Pelo contrário, Jesus afirmou que quem com Ele não ajunta, espalha (Mt</p><p>12.30); e o apóstolo Paulo disse que todo pensamento precisa ser levado cativo a Cristo. Dessa</p><p>forma, o conhecimento só é verdadeiro se estiver submetido à Palavra de Deus.[41]</p><p>Por isso, Kuyper afirma que, mesmo quando o cristão e o incrédulo estiverem</p><p>aparentemente fazendo a mesma coisa ao buscarem o conhecimento, eles mesmos existem de</p><p>modo diferente, enxergam as coisas de modo diferente, estão em pontos de partida diferentes e,</p><p>consequentemente, as coisas possuem um significado diferente para eles. A analogia usada por</p><p>ele é de que o cristão e o incrédulo não estão apenas construindo partes diferentes da mesma</p><p>casa, mas que estão construindo casas completamente diferentes.[42]</p><p>Douglas Wilson afirma que devemos pensar e educar como cristãos, ou iremos pensar e</p><p>educar como incrédulos. Os cristãos precisam levar em consideração a doutrina da antítese</p><p>quando tratam a respeito da educação porque o Cristianismo deve permear todo pensamento</p><p>humano e, consequentemente, todo o currículo escolar.[43] Não há educação neutra. Tudo o que o</p><p>cristão faz o faz, de uma forma ou de outra, em antítese — isso não é diferente no tocante a</p><p>educação.</p><p>2.3. Objeções aos maus usos da Graça Comum</p><p>Como temos percebido, observar as questões educacionais à luz da doutrina da antítese</p><p>torna evidente que os cristãos precisam fornecer uma educação com fundamentos completamente</p><p>diferentes da educação que é fornecida pelos não-cristãos. No entanto, uma objeção geralmente</p><p>levantada sobre esse assunto é que, apesar da incredulidade deles, Deus concede aos ímpios a</p><p>capacidade de aprender e ensinar corretamente através do que alguns chamam de Graça Comum.</p><p>Portanto, é necessário que enfrentemos essa questão para que possamos ter um entendimento</p><p>mais honesto sobre a necessidade da Educação Cristã.</p><p>É importante observarmos inicialmente que Abraham Kuyper, o responsável por escrever a</p><p>maior e mais importante obra sobre a Graça Comum, reconhece que este é um assunto complexo</p><p>e que foi tratado de modo controverso na história da igreja,[44] motivo pelo qual não poderemos</p><p>esgotá-lo em nosso trabalho, no entanto, buscaremos apresentar um breve resumo da posição</p><p>reformada de modo que possamos extrair implicações para a área da educação.</p><p>João Calvino é reconhecido como um dos mais importantes referenciais da Teologia</p><p>Reformada. Ele foi também o primeiro teólogo a realmente tratar da Graça Comum, embora</p><p>nunca tenha usado esse termo específico com o sentido utilizado por Kuyper.[45] Além disso,</p><p>abordaremos o pensamento de Calvino sobre a Graça Comum, deixando claro, desde o início,</p><p>que as afirmações de Calvino sobre a Graça Comum geralmente são feitas de um modo em que,</p><p>no próprio contexto, ele limita a aplicação desse princípio, colocando-o em contraste com a</p><p>doutrina da depravação humana — conforme veremos a seguir.</p><p>João Calvino realmente afirmou que, na mente humana, está cravada uma marca da</p><p>divindade que não pode ser apagada. No entanto, no mesmo contexto, ele também afirmou que a</p><p>perversidade dos ímpios luta constantemente para apagá-la e expulsar para longe todo o</p><p>conhecimento de Deus.[46]</p><p>Calvino afirmou ainda que, embora o próprio homem seja uma das maiores revelações do</p><p>próprio Deus, ninguém se renderá a ele de vontade espontânea a menos que Deus o atraia. Além</p><p>disso, devido ao seu orgulho diabólico, muitos homens desejariam que o nome de Deus fosse</p><p>completamente extinto.[47]</p><p>Em outro momento, Calvino afirma que existe um conhecimento de Deus estampado nas</p><p>suas obras pelo qual ele atrai todo o gênero humano, não apenas os crentes. Entretanto, em</p><p>seguida, ele demonstra</p><p>a necessidade de entendermos o equilíbrio que há entre o fato de que o</p><p>ímpio não tem entendimento por não ponderar nos desígnios de Deus (Sl 92.5-6) e que o</p><p>conhecimento de Deus é mais abundante do que os cabelos de nossas cabeças (Sl 40.12).</p><p>Até mesmo uma das citações de Calvino mais utilizadas para defender uma visão</p><p>equivocada sobre a Graça Comum, a qual é usada para incentivar os cristãos a não deixarem de</p><p>reconhecer a capacitação e dons que Deus concedeu aos incrédulos, encerra-se com a afirmação</p><p>de que esse conhecimento e dons dados por Deus aos incrédulos é inconstante e se tornou</p><p>contaminado neles.[48]</p><p>Desse modo, podemos perceber que existe uma tensão entre a doutrina da Graça Comum,</p><p>conforme exposta por Calvino, e a depravação humana. A percepção de que há essa tensão nos</p><p>escritos de Calvino sobre esse tema também pode ser depreendida da obra de Herman Kuiper.</p><p>Nela, Kuiper afirma que o Teólogo de Genebra defende diversas tensões em sua perspectiva</p><p>sobre a Graça Comum, as quais não devem ser entendidas como inconsistência em Calvino,</p><p>antes, que, na busca de expressar tanto a atuação do pecado no coração do ímpio quanto a</p><p>dispensação da Graça Comum, essas tensões surgem naturalmente.[49]</p><p>Kuiper afirma que Calvino faz diferenciação entre a natureza das virtudes cristãs que são</p><p>fruto da obra renovadora do espírito e virtudes que podem ser encontradas em certos pagãos</p><p>devido ao exercício da Graça Comum neles.[50] Ele demonstra que, embora Calvino afirme em</p><p>algumas passagens que as virtudes encontradas nos incrédulos são operações do Espírito Santo,</p><p>em outros lugares ele se manifesta como Agostinho, afirmando que as aparentes virtudes dos</p><p>ímpios devem ser consideradas como vícios e não virtudes.[51]</p><p>Herman Bavinck, primeiro teólogo a escrever uma obra específica sobre a Graça Comum,</p><p>afirmou que, embora Cristo não tenha sido um estadista, filosofo, poeta ou artista, Jesus não veio</p><p>para restaurar apenas a vida ético-religiosa, e deixar intactas as outras áreas — como se elas não</p><p>tivessem sido corrompidas pelo pecado. Cristo também tem algo a dizer sobre todas as esferas da</p><p>vida[52] e veio para restaurar todas elas.[53]</p><p>Seguindo Calvino, Bavinck afirmou ainda que, embora não devêssemos desprezar a Graça</p><p>Comum, que enche os corações de todos os homens, capacitando-os a explorar diversas áreas do</p><p>conhecimento,[54] devemos reconhecer que esse conhecimento precisa ser santificado por uma</p><p>orientação cristã, porque a arte e a ciência que desprezam o Evangelho causam danos a si</p><p>mesmas, perdendo seu ideal e se privando das bençãos mais preciosas.[55]</p><p>Além disso, por mais que a Graça Comum seja valiosa e possibilite que os incrédulos</p><p>ofereçam algum tipo de transmissão de conhecimento, apenas a Graça Especial, que é recebida</p><p>na comunhão com Cristo, é capaz de habilitar o homem a uma prática de educação que possui</p><p>um objetivo muito mais elevado do que àquela praticada pelo homem natural.[56]</p><p>Portanto, podemos perceber que a Graça Comum, conforme apresentada por Calvino e</p><p>Bavinck, atua no incrédulo em tensão com a Depravação Total que governa o coração do homem</p><p>natural, não sendo suficiente para habilitá-lo a ensinar corretamente, visto que ele não consegue</p><p>interpretar o mundo em conformidade com a realidade de Deus.</p><p>É bem verdade que alguém poderia apontar para a experiência humana, na qual é possível</p><p>ver incrédulos ensinando algo verdadeiro ou interpretando de modo aparentemente correto a</p><p>realidade e pensar que isso contradiz o entendimento apresentado até agora sobre a doutrina da</p><p>antítese e sua relação com a Graça Comum, no entanto, isso reflete um entendimento errado do</p><p>que a doutrina da antítese está realmente ensinando.</p><p>Van Til explica que a doutrina da antítese não quer dizer que todas as coisas ensinadas</p><p>pelos incrédulos são completamente falsas, mas que, quando eles ensinam de modo parcialmente</p><p>correto, isso acontece porque eles podem, assim como os cristãos, agir e pensar de modo</p><p>inconsistente com aquilo que realmente acreditam. Nesses momentos, eles poderão ensinar como</p><p>se acreditassem em Deus, porque vivem no mundo criado por Deus e eles mesmos foram criados</p><p>à imagem e semelhança de Deus e por isso não conseguem fugir dessas verdades a todo instante.</p><p>[57]</p><p>Contudo, não podemos confiar a educação dos nossos filhos aos momentos de</p><p>inconsistência dos incrédulos nos quais eles não conseguem ocultar a verdade sobre as coisas que</p><p>estão ao seu redor. Além disso, ainda assim eles ensinarão com propósitos desvirtuados, não</p><p>buscando a glória de Deus. O que acaba por comprometer toda a educação realizada por eles.[58]</p><p>Van Til exemplifica bem a precariedade da Graça Comum para o exercício da educação</p><p>através de uma ilustração sobre a Segunda Guerra Mundial. O autor afirma que os Aliados e os</p><p>alemães aprenderam uns com os outros durante a guerra, contudo, eles não aprenderam como se</p><p>o objetivo deles fosse o mesmo, pois possuíam objetivos opostos na guerra, apenas aprendiam a</p><p>fazer ou usar algumas coisas que se adequassem aos seus próprios propósitos.[59]</p><p>No entanto, quando colocamos crianças ou adolescentes para aprenderem numa sala de aula</p><p>sendo ensinados por um ímpio, não temos como garantir que eles não aprenderão a ser como os</p><p>ímpios e a enxergarem o mundo como os ímpios, nem podemos assegurar que eles não passarão</p><p>para o outro lado da guerra, pois são apenas crianças ou adolescentes que estão em formação,</p><p>não possuindo a maturidade suficiente para filtrar apenas aquilo que é necessário para lutar a</p><p>guerra do lado correto.[60]</p><p>Nesse sentido, deve-se conhecer as táticas dos inimigos e, talvez, até se utilizar alguns de</p><p>seus métodos, mas eles sempre precisam ser transformados antes de serem dados as crianças, da</p><p>mesma forma que um pai não daria ácido ao seu filho, confiando a ele a tarefa de transformá-lo</p><p>em um líquido saudável antes de beber algo que poderia matá-lo.[61]</p><p>Portanto, a Doutrina da Graça Comum não pode ser utilizada pelo cristão como argumento</p><p>para estar confortável com o fato de que seu filho esteja sendo educado de um modo não-cristão</p><p>ou por não-cristãos. Fazer isso seria distorcer o conteúdo da doutrina, colocando-a em</p><p>contradição com a doutrina da antítese e seria permitir que Deus não seja central na educação dos</p><p>filhos. Por esse motivo, Abraham Kuyper, já referido como o escritor da maior obra sobre a</p><p>Graça Comum, foi também o maior responsável pelo movimento de escolas cristãs na Holanda.</p><p>[62]</p><p>III</p><p>OS PERIGOS DE UMA EDUCAÇÃO</p><p>SECULAR</p><p>Observamos, no capítulo passado, que não existe neutralidade na educação. Neste capítulo,</p><p>trataremos do porquê a maioria dos cristãos pensam que existe uma forma neutra de pensar e</p><p>analisaremos ainda os danos causados pela educação chamada neutra, a qual é na verdade a</p><p>aplicação do pensamento incrédulo na educação, excluindo Deus de todo o processo educacional</p><p>e da vida.</p><p>3.1. A Secularização do Pensamento</p><p>Charles Taylor, em seu livro sobre a Filosofia da História, afirma que nós vivemos em uma</p><p>era secular, a qual pode ser definida como um tempo em que a fé em Deus deixou de ser</p><p>inquestionável e se tornou apenas uma opção entre tantas outras.[63] Nesse sentido, a religião</p><p>tornou-se quase que completamente uma questão privada e as pessoas podem se engajar em uma</p><p>vida pública sem serem necessariamente confrontadas com a relevância do Deus de Abraão.[64]</p><p>Uma das consequências dessa atual organização da sociedade é que não apenas a crença em</p><p>Deus deixou de ser necessária, mas, ela se tornou uma possibilidade inaceitável em diversos</p><p>contextos,[65] fazendo com que, até mesmo, as pessoas mais devotas tenham de vivenciar a sua fé</p><p>em certo grau de dúvida e incerteza.[66]</p><p>O professor Harry Blamires é enfático em afirmar que nunca, na História, o Cristianismo foi</p><p>tão inefetivo em revidar os ataques de seus inimigos como tem sido em relação ao secularismo.</p><p>Embora ainda exista uma ética, espiritualidade e prática cristãs, não existe mais uma mentalidade</p><p>cristã, pois os próprios cristãos têm rejeitado uma visão cristã da vida.[67]</p><p>Embora algumas</p><p>obras escritas sob um ponto de vista cristão possam ser encontradas sobre</p><p>alguns temas, é difícil citarmos áreas do conhecimento nas quais os cristãos têm refletido e</p><p>discutido de modo cristão sobre o mundo e sobre o homem.[68] De modo geral, quando algum</p><p>cristão um pouco mais instruído demonstra uma preocupação com alguma questão debatida pela</p><p>sociedade, ele tem a necessidade de apoiar suas ideias em pensadores não-cristãos com os quais</p><p>tem diversas discordâncias, por não encontrar um pensamento cristão desenvolvido em</p><p>determinadas áreas.[69]</p><p>Blamires afirma ainda que a prática cristã tem sido reduzida a temas como a frequência nos</p><p>cultos e a concordância de que o adultério é pecado. No entanto, os cristãos não podem se reunir</p><p>como seres pensantes e até mesmo uma discussão sobre temas educacionais não pode ser</p><p>levantada com alguns irmãos cristãos, caso o governo já tenha se manifestado a respeito.[70] Nem</p><p>mesmo as instituições cristãs de ensino com as quais teve contato conseguiram escapar da</p><p>contaminação por essa atmosfera na qual o Cristianismo não pode exercer influência</p><p>transformadora.</p><p>Em outros ambientes, a situação é ainda pior, porque, embora cristãos possam tentar</p><p>transformar seus locais de trabalho, não existe espaço para que isso seja realizado a não ser</p><p>através de atitudes morais restritas a suas relações pessoais. Muitas vezes, a mente cristã não</p><p>consegue se comunicar, por não haver discursos em que as pressuposições cristãs sejam sequer</p><p>entendidas.[71]</p><p>A educação tem sido o instrumento que mais contribui para essa separação radical que</p><p>podemos observar entre o Cristianismo e todas as outras áreas do pensamento e atividade</p><p>humana, visto que o Secularismo nas escolas, desde a educação infantil, tem moldado a forma de</p><p>pensar dos alunos a ponto de que qualquer pai, que ama a verdade de Deus e preza pelo bem-</p><p>estar da alma de seu filho, não deveria estar de olhos fechados para o tem que acontecido nas</p><p>escolas.[72]</p><p>Essa também é a perspectiva defendida por Gordon Clark, o qual afirma que as escolas</p><p>que não são cristãs também não são neutras, pois as Escrituras ensinam que o temor do Senhor é</p><p>o princípio do saber. Portanto, omitir Deus, na sala de aula, dando a ideia de que o conhecimento</p><p>pode ser obtido sem Deus, que Sua existência é irrelevante e sem importância para os</p><p>acontecimentos humanos não é apenas a pior forma de antagonismo a Deus, como também faz</p><p>com que todas as aulas sejam uma ministração de ateísmo.[73]</p><p>Em resumo, o mundo foi transformado de tal forma pela secularização que o Cristianismo</p><p>foi completamente escanteado, ao ponto de se tornar cada vez mais difícil para os cristãos não</p><p>apenas vivenciarem a sua fé, como também pensarem de acordo com ela e até mesmo comunicá-</p><p>la. Nesse sentido, a educação não-cristã é tanto uma consequência da secularização quanto uma</p><p>ferramenta fundamental para a perpetuação dessa atmosfera secular.</p><p>3.2. A Esquizofrenia Intelectual</p><p>Berkhof aponta para os resultados da inconsistência que há entre os princípios ensinados nos</p><p>lares e nas igrejas cristãos, com relação àqueles outros que são ensinados aos alunos nas escolas;</p><p>de modo que, quanto mais esses princípios contraditórios são apreendidos pelos alunos, mais eles</p><p>se tornam seres humanos com a mente dividida.[74]</p><p>Ao mesmo tempo em que os filhos são ensinados sobre a existência de Deus, são também</p><p>ensinados a ignorá-lO ou, até mesmo, rejeitá-lO; são ensinados que eles são propensos a todo</p><p>tipo de mau e, ao mesmo tempo, que são essencialmente bons; aprendem que necessitam de</p><p>Cristo para serem salvos e, por outro lado, que a expiação dos pecados não é necessária, sequer</p><p>possível; são ensinados a ter esperança na vida após a morte e, ao mesmo tempo, aprendem a</p><p>colocar sua fé apenas no desenvolvimento humano e científico.[75] O cristão educado dessa forma</p><p>se torna “esquizofrênico”, à medida que o assunto da conversa muda da Bíblia para o jornal do</p><p>dia, do serviço cristão para os comerciais da televisão; ou quando o ambiente muda da igreja</p><p>para outro local. Nesse contexto, ele vive de um modo em que é preciso ligar e desligar a sua</p><p>mentalidade cristã.[76]</p><p>A transformação que é operada naqueles que são alvo dessa contradição mental faz com que</p><p>eles sejam treinados e disciplinados a pensarem de um modo que faz parecer que não existe nada</p><p>mais cristão do que ceder o seu ponto de vista em determinadas matérias, o que faz com que a</p><p>mentalidade não-cristã prevaleça e a mente cristã acabe morrendo por negligência e desuso.[77]</p><p>Segundo Rushdoony, as escolas secularizadas se esforçam consciente ou inconscientemente</p><p>para apagar todas as preconcepções do aluno que não estejam de acordo com o processo</p><p>educacional estabelecido, de modo que a igreja e a família são excluídas da formação intelectual,</p><p>podendo exercer apenas influência emocional sobre o aluno.[78]</p><p>Ao observar nas Escrituras os casos de pessoas com a mente dividida, Berkhof aponta que</p><p>algumas das consequências dessa contradição é a formação de alguém que estará muito mais</p><p>propenso a incertezas e contradições sobre o caminho que deve seguir; buscará o Senhor e o</p><p>mundo ao mesmo tempo; fará parte de uma geração de oportunistas; será muito mais</p><p>influenciado pelas circunstâncias, tornando-se, portanto, um ser humano pouco confiável,</p><p>ansioso e contraditório.[79] Alguns indivíduos que tentam vivenciar essa contradição podem ser</p><p>encontrados em muitas igrejas atualmente, os quais possuem a capacidade de crer em coisas</p><p>completamente contraditórias sem perceber a completa falta de lógica de suas ideias, porque</p><p>foram ensinados a viver uma vida que não faz sentido desde a sua infância.[80] E, caso uma</p><p>contradição entre sua fé e vida seja apontada, eles podem dizer firmemente que a religião é</p><p>“coisa do coração”, envolvendo apenas suas emoções, o que não se mistura com as razões que os</p><p>levam a pensar da forma que pensam e a viver da forma que vivem.[81] Outros, porém, ao</p><p>perceberem a contradição entre sua vida e sua fé professada, acabam por apostatar, declarando</p><p>abertamente a morte da fé recebida de seus pais. Eles buscam, com isso, viver uma vida mais</p><p>“harmoniosa” com os princípios que aprenderam durante a maior parte da sua vida no ambiente</p><p>de ensino e na sociedade em geral, o que faz com que eles sejam menos confrontados com a</p><p>contradição de existir sem Cristo.[82]</p><p>Algumas pessoas podem até cogitar a transformação de sua vida em função da sua fé. No</p><p>entanto, essa escolha se torna cada vez mais difícil, visto que receberam uma educação que torna</p><p>muito mais fácil abandonar o Deus que eles sempre aprenderam a ignorar do que harmonizar</p><p>toda a sua vida em favor da obediência a Cristo — pois eles sequer aprenderam que isso seria</p><p>uma possibilidade real.[83]</p><p>Vale ressalta que compreendemos que a conversão e a santificação são obras operadas pelo</p><p>Espírito Santo.[84] No entanto, a forma como, muitas vezes, a fé cristã tem sido proclamada na era</p><p>secular, faz parecer que Deus tem pouco ou nada a falar sobre a realidade de modo geral, sendo</p><p>tarefa da educação, que necessariamente precisa ser cristã, demonstrar como é possível viver</p><p>uma vida cristã unificada.[85]</p><p>Bavinck acrescenta que um dos motivos pelo qual a fé acaba sendo engolida e relegada a</p><p>segundo plano é justamente pela quantidade de tempo, cada vez maior, que os alunos têm</p><p>passado na escola secular e nos deveres escolares em casa. Isso tem feito com que o aluno sequer</p><p>tenha tempo para se preparar adequadamente para o estudo das Escrituras e, por não haver</p><p>conexão entre esses dois mundos, o Domingo, a religião e a igreja são, progressivamente,</p><p>desligados de suas vidas.[86]</p><p>A educação secular não consegue obter sucesso nem mesmo por seus próprios parâmetros,</p><p>embora os educadores não cristãos esbravejem que a educação é a solução para os problemas da</p><p>sociedade. Seus defensores e promotores não conseguem sequer chegar a um consenso sobre o</p><p>verdadeiro objetivo da educação. O autor afirma que embora continuem buscando aprender e</p><p>ensinar diversas filosofias, elas não têm surtido o efeito esperado, pelo</p><p>contrário, receber uma</p><p>educação secularizada tem tornado a vida mais confusa.[87] O fato de não conseguirem sequer dar</p><p>um objetivo único que possa dar sentido à vida ou unificá-la, eles têm apenas conseguido destruir</p><p>a fé de muitos ou impedido que ela venha a florescer.</p><p>A conclusão de Berkhof é que somente as pessoas que não entendem a importância da</p><p>verdadeira religião ou são indiferentes a ela ousariam se conformar com esse tipo de educação ao</p><p>invés de lutar por uma Educação Cristã verdadeiramente unificada e, consequentemente,</p><p>reconhecer a necessidade de escolas cristãs.[88]</p><p>3.3. A Cultura da Destruição</p><p>David Chilton afirma que nós não deveríamos ficar impressionados com os resultados</p><p>catastróficos do sistema de educação secular, o aumento do crime e violência nas escolas são</p><p>questões que devem ser tratadas como consequências lógicas, bastante previsíveis de uma</p><p>educação que se afastou da Lei de Deus. Ao ignorarmos Deus na educação, cometemos suicídio</p><p>cultural, tornando-nos alvo das maldições profetizadas nas Escrituras Sagradas (e.g. Dt. 28.15-</p><p>68; Rm 1.21-31).[89]</p><p>James Jordan afirma que a educação secular é uma alternativa pecaminosa para que o</p><p>homem não seja confrontado constantemente com o Criador, tentando destruir a sua consciência</p><p>da presença de Deus. No entanto, como o homem é imagem e semelhança de Deus, ele não pode</p><p>fugir completamente de Deus sem que acabe se destruindo de alguma forma no processo.</p><p>Portanto, os vícios humanos e a violência contra o próximo possuem uma relação direta com a</p><p>educação secular, visto que as Escrituras nos afirmam que aquele que odeia a Deus ama a morte</p><p>(Pv 8.36).[90]</p><p>Robert Thoburn defende que os diversos problemas morais da escola secular são</p><p>consequências naturais da religião humanista que tem sido ensinada muito bem nas salas de aula.</p><p>Eles negam a existência de padrões morais permanentes e os alunos agem em conformidade com</p><p>o que aprenderam. A educação tem destruído o significado da vida ensinando que os processos</p><p>evolutivos ao acaso governam o mundo e os alunos não têm encontrado razão para viver.[91]</p><p>A pedagogia mundana, por exemplo, tenta resolver o problema da gravidez na adolescência</p><p>com programas como “educação sexual”, quando, na verdade, o maior problema não é a falta de</p><p>conhecimento dos alunos, mas sim, a falta de fé piedosa que é castrada com a ajuda da educação</p><p>que eles recebem na escola. Preservativo e anticoncepcionais são disponibilizados, o aborto é</p><p>promovido, mas eles nunca tentam apontar para pureza sexual bíblica como uma solução, ainda</p><p>que pragmática.[92]</p><p>As escolas não-cristãs também estão de mãos atadas com relação ao combate às condutas</p><p>criminosas e indesejadas, visto que não possuem a Palavra de Deus como padrão autoritativo e</p><p>defendem a relativização da verdade. Elas só podem coibir esse tipo de conduta apelando para a</p><p>conveniência, números, sentimentos ou para uma autoridade que não possui fundamentos</p><p>sólidos.[93]</p><p>A desordem na escola secular também não é uma mera coincidência. Ao dizer aos alunos</p><p>que eles possuem origem animal, não se pode esperar que eles se comportem como seres</p><p>humanos. Além disso, a falta de disciplina nas escolas, devido ao medo da evasão escolar,</p><p>contribui para que não haja disciplina na educação. Dessa forma, a educação secular reflete o</p><p>caos e a desordem que resultam da negação da doutrina da criação que concede propósito a todas</p><p>as coisas.[94]</p><p>Uma objeção que pode ser levantada contra os problemas mencionados é que todos esses</p><p>pecados também podem acabar sendo praticados em uma escola cristã. Contudo, esse tipo de</p><p>pecado não terá sido uma conclusão lógica daquilo que está sendo ensinado em um ambiente</p><p>cristão e o pecado será tratado em conformidade com as Escrituras. Da mesma forma que quando</p><p>o humanismo é consistentemente aplicado, produz efeitos nocivos à educação, quando o</p><p>Cristianismo é aplicado de modo consistente, trará efeitos benéficos.[95]</p><p>Douglas Wilson também explica o caos na educação secular ao afirmar que Deus é o</p><p>fundamento único de toda a verdade, beleza e bondade, portanto, a revolta da educação contra</p><p>Deus acaba por se manifestar em uma rebelião contra todas esses atributos que se revelam na</p><p>criação,[96] restando para o homem sem Deus uma vida sem sentido que tem resultado em uma</p><p>taxa de suicídio cada vez maior entre os alunos.[97]</p><p>Diante da relação que podemos observar entre a educação que está completamente distante</p><p>de Deus e as diversas atrocidades que são praticadas em decorrência dessa educação, Wilson</p><p>conclui que as escolas seculares estão estabelecidas para a propagação do pecado.[98] Por esse</p><p>motivo, os pais precisam não apenas se queixar do sistema impraticável no qual seus filhos estão</p><p>envolvidos, é preciso arrependimento e o consequente abandono desse sistema para que possam</p><p>desviar o juízo de Deus da vida de seus filhos.[99]</p><p>Infelizmente, muitos pais têm aguardado ver danos específicos e claramente causados por</p><p>essa educação em seus filhos para que possam tomar alguma atitude. No entanto, muitos dos</p><p>danos causados não se tornam aparentes até que seja tarde demais.[100] Embora muitos pais</p><p>possam estar horrorizados com algumas das atrocidades que acontecem nas escolas hoje, essa</p><p>indignação não tem resultado em arrependimento sincero.[101]</p><p>Portanto, embora precisemos reconhecer as consequências lógicas de uma educação</p><p>afastada de Deus, não devemos fugir dela apenas por medo de seus resultados nefastos. A</p><p>educação secular não deve ser abandonada por uma questão meramente pragmática. Devemos</p><p>abandoná-la porque Deus deve voltar a ser o centro de todo o processo educacional.[102]</p><p>IV</p><p>A NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO</p><p>CRISTÃ</p><p>Uma vez que observamos que não existe neutralidade na educação; e que a educação</p><p>comumente adotada nas escolas seculares é uma contrária à Palavra de Deus, completamente</p><p>destrutiva, negadora do senhorio de Cristo sobre todas as coisas, então, os pais cristãos precisam</p><p>oferecer verdadeira educação para seus filhos, na qual a centralidade de Deus faça toda a</p><p>diferença.</p><p>4.1. O que é Educação Cristã?</p><p>Quando afirmamos que a Educação Cristã é completamente diferente de uma educação</p><p>secular, não queremos com isso dizer que elas se diferenciam em cada detalhe ou informação</p><p>dada ao aluno. Embora diversas informações e detalhes sejam realmente diferentes, a maior</p><p>distinção entre essas duas formas de educação é o quadro geral, no qual tudo será interpretado.</p><p>A função da Educação Cristã é demonstrar a extensão e a largura do senhorio de Cristo</p><p>sobre toda a Criação de um modo que a Igreja e a vida comum do lar não conseguem fazer</p><p>adequadamente. Com isso, não se pretende dizer que a pregação é insuficiente para demonstrar</p><p>que Cristo é Senhor e Salvador. No entanto, a educação abrangentemente cristã permite que</p><p>Cristo e Sua obra sejam retratados através do significado da História e de toda a cultura humana.</p><p>[103]</p><p>Nesse sentido, a Educação Cristã é mais do que apenas introduzir educação religiosa no</p><p>currículo; é ensinar de um modo que consistentemente demonstre o mundo, em todos os seus</p><p>aspectos, como unificado pelas ordenanças do Criador-Redentor.[104] Quando a educação é</p><p>verdadeiramente cristã, não é preciso gastar muito tempo ensinando a matéria de religião na</p><p>escola, porque Deus e a verdade do Cristianismo serão ensinadas em todas as matérias.[105]</p><p>É importante observarmos que, se a Educação Cristã consiste em ensinar de um modo que</p><p>demonstre a verdade do Cristianismo em todo o currículo, uma educação anticristã não é aquela</p><p>que necessariamente demonstra hostilidade aberta ao Cristianismo. Na verdade, diversas</p><p>expressões de uma filosofia da educação anticristã permitirão que o “Cristianismo” ocupe um</p><p>espaço no currículo, no entanto, nunca permitirão que o currículo seja centralizado em uma visão</p><p>de mundo cristã.[106]</p><p>Nesse sentido, podemos afirmar que existem apenas duas filosofias da educação, as quais</p><p>são mutuamente excludentes: (1) a que busca fazer com que todas as coisas sejam ensinadas para</p><p>a glória de Deus; e (2) a que segue a sugestão de Satanás</p><p>no Jardim, ensinando o homem a viver</p><p>segundo o seu próprio julgamento.[107] Isso porque, se Deus não estiver no centro da educação,</p><p>ele estará automaticamente sendo rejeitado por ela por estar sendo considerado apenas como um</p><p>acessório ao invés de retratado como verdadeiro Deus e Senhor do universo.[108]</p><p>Uma ilustração que nos ajuda a entender a necessidade de Deus estar no centro da educação</p><p>para que possa haver verdadeiro ensino é imaginarmos um quebra-cabeça com uma quantidade</p><p>incalculável de peças. Não teremos como começar a entender o significado de nenhuma peça a</p><p>menos que enxerguemos o quadro geral no qual cada peça precisa se encaixar. Tendo em vista</p><p>que Deus criou todas as coisas para a Sua glória, é natural que o entendimento sobre qualquer</p><p>coisa, passa pelo entendimento de cada fato em seu relacionamento correto com Deus.[109]</p><p>No entanto, para que o verdadeiro ensino possa ser realizado não basta que apenas</p><p>adicionemos a informação de que Deus é o criador enquanto as matérias são ministradas. O fato</p><p>de Deus ter criado todas as coisas com propósitos específicos faz com que necessitemos entender</p><p>esses propósitos para que possamos efetivamente entender qualquer coisa.[110] Esse é o grande</p><p>trabalho da Educação Cristã, porque a glória de Deus é o contexto mais amplo pelo qual todas as</p><p>coisas existem.</p><p>É bem verdade que uma educação não-cristã pode ensinar sobre a utilização das coisas do</p><p>mundo para alguma finalidade materialista/pragmática, ignorando completamente os seus</p><p>propósitos originais, ou seja, sem entender a sua relação com Deus. Contudo, Deus não é</p><p>verdadeiramente glorificado com um tipo de ensino que apresenta o mundo dessa forma. Ao</p><p>pensarmos que podemos aprender verdadeiramente sobre algo sem entender a sua relação com</p><p>Deus, já caímos na cilada do inimigo de nossa alma, imaginado que as coisas podem fazer</p><p>sentido sem Deus.[111]</p><p>De modo resumido, o propósito central da Educação Cristã não é utilizar a escola como uma</p><p>classe de escola dominical ou utilizar as matérias para provar a existência de Deus. Pelo</p><p>contrário, começamos com a verdade do Cristianismo a fim de que todo o currículo possa ser</p><p>ensinado de um modo que faça sentido, pois, sem a fé cristã, não teríamos sequer um padrão para</p><p>definir o que realmente é educativo.[112]</p><p>O professor Blamires corrobora com isso ao afirmar que a mente cristã não pode, nem por</p><p>um momento, escapar dessa estrutura maior que busca conectar todas as verdades aprendidas em</p><p>sua relação com Deus. Caso contrário, ela estaria automaticamente enxergando o mundo de uma</p><p>forma não-cristã, mesmo que inconscientemente, pois estaria enxergando o mundo sob uma base</p><p>falsa, como se a vida de cristãos e não-cristãos pudessem ser iguais, sendo a única diferença</p><p>aquilo que eles pensam com relação a vida após a morte.[113]</p><p>Portanto, a Educação Cristã sempre se fará necessária mesmo que o sistema educacional</p><p>seja reformulado, pois, como afirma Terrill Elniff, a Educação Cristã não é aquela na qual</p><p>simplesmente a moralidade, o conservadorismo ou a competência na educação são exaltados,</p><p>pois tudo isso pode ser feito sem que Deus seja glorificado. O que caracteriza uma educação</p><p>realmente cristã é que todo o conhecimento obtido sempre será dado pelo ponto de vista de Deus</p><p>e não do homem, devendo os pressupostos bíblicos serem aplicados em todas as áreas do</p><p>currículo.[114]</p><p>4.2. A Responsabilidade dos Pais</p><p>O teólogo sistemático Louis Berkhof defende que a escola cristã não é apenas uma opção</p><p>útil para a educação dos filhos da aliança, antes, a Educação Cristã é uma consequência natural e</p><p>necessária da doutrina da aliança e corresponde às promessas feitas pelos pais quando do batismo</p><p>de seus filhos.[115] Além disso, as responsabilidades que pesam sobre os filhos da aliança não</p><p>podem ser cumpridas a menos que eles recebam uma educação verdadeiramente cristã.[116]</p><p>Gresham Machen afirma que para haver consistência no Cristianismo não devemos apenas</p><p>buscar discipular os confins da terra e proclamar o Evangelho em todas as esquinas. É necessário</p><p>também que os filhos não sejam abandonados a uma visão de mundo secular e incrédula.[117]</p><p>Nesse mesmo sentido, as Escrituras ensinam que a Educação Cristã é um mandamento bíblico.</p><p>[118] Embora a prática comum em nossos dias seja a de os pais se preocuparem apenas em levar</p><p>seus filhos à igreja (e, ocasionalmente, realizem momentos devocionais com eles em seus lares),</p><p>a educação dos filhos envolve questões muito mais profundas.[119]</p><p>Os pais não podem estar tão ocupados com seus afazeres, mesmo que sejam questões da</p><p>igreja, ao ponto de negligenciarem a alma de seus filhos. Pois a criação deles é um chamado</p><p>divino e o cuidado com sua alma está diretamente relacionado à educação que eles estão</p><p>recebendo a cada minuto do dia.[120]</p><p>É necessário que os pais assumam a responsabilidade que as Escrituras colocam sobre eles</p><p>com relação à educação de seus filhos. Desde o momento em que se levantam até a hora de</p><p>dormir, é responsabilidade dos pais ensinarem a seus filhos que o SENHOR é o único Deus (Dt</p><p>6.4-9), não apenas no domingo e na reunião de oração.[121]</p><p>Para que a autoridade que Deus deu aos pais cristãos esteja sendo exercida de modo</p><p>genuíno, eles não devem permitir que seus filhos frequentem vinte horas por semana um lugar</p><p>que busca destruir tanto a autoridade deles como a autoridade de Deus sobre a vida de seus</p><p>filhos.[122] Os pais são chamados a cercarem seus filhos de um modo que eles entendam que Deus</p><p>é o padrão de todas as coisas.[123]</p><p>Nesse ponto, alguns questionamentos podem surgir pelo fato de não existirem versículos</p><p>específicos que digam expressamente que os filhos não devem ser matriculados em escolas que</p><p>não sejam genuinamente cristãs.[124] No entanto, uma das implicações claras da passagem de</p><p>Deuteronômio 6.4-9, citada anteriormente, é que os filhos devem aprender que o SENHOR é o</p><p>único Deus em todos os seus afazeres diários, o que não é feito na escola secular. Além disso, em</p><p>Efésios, o apóstolo Paulo nos afirma que os pais são responsáveis por criarem seus filhos na</p><p>disciplina do Senhor (Ef 6.4).</p><p>A palavra utilizada pelo Apóstolo traduzida como “disciplina” é a palavra grega “Paideia”</p><p>(π αιδε ίᾳ ), que possui um significado claro e profundo para os leitores originais. Tal significado</p><p>não conseguiríamos abordar completamente em nosso breve estudo. Entretanto, de modo</p><p>resumido, podemos dizer que a “Paideia” significava o processo de enculturação pelo qual os</p><p>filhos precisariam passar para que se tornassem cidadãos plenos, capazes de ocupar o seu lugar</p><p>na cultura, o que incluía tanto o ensino formal quanto religioso.[125]</p><p>Nesse sentido, quando o apóstolo Paulo afirma que os pais[126] devem criar os filhos na</p><p>“Paideia do Senhor”, ele estava claramente ensinando que os filhos precisariam receber mais do</p><p>que exortações bíblicas ocasionais, ou mais do que serem conduzidos às programações da igreja.</p><p>A Educação Cristã genuína não ensina apenas as questões puramente religiosas, mas ensina</p><p>como os filhos devem tomar a sua posição tanto na família e igreja quanto na sociedade de modo</p><p>geral.[127]</p><p>Dessa forma, a passagem de Efésios 6.4 poderia ser fielmente traduzida do grego como um</p><p>mandamento para que os pais proporcionem uma educação abrangentemente cristã para seus</p><p>filhos.[128] Essa passagem exclui completamente a possibilidade de que as crianças sejam</p><p>enviadas para um local que proporcione uma educação ímpia,[129] pois é dever dos pais</p><p>protegerem seus filhos em todos os sentidos, mas principalmente suas mentes.[130]</p><p>Embora essa seja uma responsabilidade difícil, o dever de educar os filhos está no centro da</p><p>vocação de pais cristãos[131] e, por isso, não deve ser realizado de modo superficial. Os pais</p><p>cristãos devem abraçar a responsabilidade incluindo no tocante às coisas que se passam na</p><p>cabeça de seus filhos.[132]</p><p>John Frame afirma que ninguém deveria estudar em uma instituição não-cristã até que</p><p>estivesse em condições de discernir profundamente o verdadeiro do falso através de uma</p><p>cosmovisão reformada fundamentada</p><p>nas Escrituras; e que, antes disso, os filhos precisam estar</p><p>em um ambiente, não apenas centrado em Cristo, mas saturado do Evangelho.[133]</p><p>Douglas Wilson corrobora esse pensamento ao afirmar que, se a criança puder assistir a aula</p><p>ministrada pelo incrédulo e resolver questões profundas de cosmovisão, então não há problema.</p><p>No entanto, a maioria dos jovens cristãos de nossa época não estão prontos sequer para</p><p>frequentar uma universidade secular, justamente por não terem sido educados de um modo</p><p>cristão.[134]</p><p>O princípio que deve ser considerado antes de matricular os filhos em uma instituição não</p><p>cristã é: quanto mais profunda tiver sido a Educação Cristã que o aluno já recebeu, mais cedo ele</p><p>estará pronto para ouvir o que o incrédulo tem a dizer sobre determinado assunto. Caso contrário,</p><p>tudo o que o incrédulo falar será a educação dele.[135]</p><p>Nesse sentido, Tedd Tripp afirma que, quando os pais permitem que seus filhos aprendam a</p><p>usar sua inteligência e suas habilidades sem referência a Deus, eles os estão ensinando que seus</p><p>objetivos podem ser outros que não glorificar a Deus e desfrutar dEle para sempre. Estão</p><p>ensinando seus filhos a funcionarem na sociedade como incrédulos.[136]</p><p>Portanto, os pais que permitem que seus filhos absorvam a forma de pensar do ímpio estão</p><p>sendo desobedientes ao mandamento de Deus de criar os filhos na “Paideia do Senhor”. Os</p><p>cristãos não devem ser educados pelos ímpios. Eles podem ouvir o que o incrédulo tem a dizer,</p><p>mas apenas quando puderem levar todo o pensamento cativo à obediência de Cristo (2 Co 10.5).</p><p>[137]</p><p>Vale ressaltar, mais uma vez, que a retirada dos filhos da escola secular não deve ser</p><p>simplesmente uma reação aos problemas morais existentes nela. A Educação Cristã não consiste</p><p>apenas em uma mera substituição de professores ímpios por professores regenerados. A</p><p>Educação Cristã não é uma reprodução daquilo que é feito nas escolas não cristãs, sem a</p><p>imoralidade. Por isso, mesmo os pais que querem educar seus filhos em casa [homeschooling]</p><p>necessitam aprender a fazer isso de modo que reflitam uma visão de mundo cristã, para que</p><p>possam fornecer uma educação mais adequada biblicamente.[138]</p><p>Alguns pais podem fazer a objeção de que a educação secular não é tão ruim assim, visto</p><p>que eles passaram por ela e mantiveram a sua fé no Senhor — ou, até mesmo, pelo fato de terem</p><p>frequentado uma escola nominalmente cristã e sua experiência na escola não ter sido tão</p><p>diferente assim da experiência de outros irmãos que frequentaram a escola não-cristã.[139] No</p><p>entanto, ao fazerem essa objeção, estão desconsiderando os mandamentos bíblicos que</p><p>mencionamos acima (Dt 6.4-9; Ef 6.4) e desconsiderando ainda as implicações da doutrina da</p><p>antítese também já abordada anteriormente. Por isso, podemos afirmar que esse questionamento</p><p>é uma das consequências terríveis de nós mesmos não termos recebidos uma educação</p><p>verdadeiramente cristã.</p><p>Dito de outra forma, ao fazerem esse tipo de objeção, tais pais provam os efeitos e o sucesso</p><p>da educação secular sobre eles — ao serem favorável à neutralidade e à não declaração do</p><p>Senhorio de Cristo e ao serem pragmáticos em sua avaliação do que é “dá certo”. Entaõ, ao invés</p><p>de olharmos para a educação de um modo incrédulo e pragmático, devemos observar essa</p><p>questão de acordo com a Palavra de Deus.[140]</p><p>Outra objeção comum é que os filhos devem permanecer em escolas seculares para que</p><p>possam ser sal e luz na proclamação do Evangelho. No entanto, embora o aspecto missional seja</p><p>importante e faça parte do treinamento que os filhos da aliança precisam receber, ele não pode</p><p>ser feito de um modo que não se preocupe em proteger os filhos da influência dos incrédulos.[141]</p><p>O motivo principal pelo qual uma criança ou adolescente frequentam uma escola deve ser para</p><p>que possam ser educados no temor do Senhor.[142]</p><p>Os filhos precisam ser treinados para a evangelização. O Senhor Jesus se preparou para o</p><p>seu ministério, nós preparamos os missionários antes de enviá-los para outros países, da mesma</p><p>forma as crianças precisam ser preparadas e protegidas antes que possam ser enviadas ao mundo</p><p>para proclamar a Palavra de Deus para que elas mesmas não se percam no processo.[143]</p><p>Dessa forma, os pais precisam assumir a responsabilidade pelo estado de seus lares,</p><p>incluindo a formação e a educação dos filhos.[144] Quando os pais não exercem uma supervisão</p><p>piedosa, sábia e constante sobre seus filhos coisas más acontecerão regularmente. Por isso, a</p><p>Educação Cristã é mais do que apenas encontrar uma igreja fiel e até mesmo uma escola cristã,</p><p>[145] pois a igreja só será realmente fiel e a educação genuinamente cristã se os pais estiverem</p><p>assumindo a responsabilidade pela educação de seus filhos mesmo que eles estejam em uma</p><p>igreja e em uma escola verdadeiramente cristãs.</p><p>4.3. Priorizando a Educação Cristã</p><p>John Otis busca explicar o porquê da maioria dos pais cristãos em nosso tempo não ter uma</p><p>preocupação clara em fornecer uma Educação Cristã aos seus filhos. Dentre os motivos</p><p>apresentados, ele afirma que o fato de muitos pais não terem uma cosmovisão verdadeiramente</p><p>cristã faz com que eles não entendam a necessidade de que ela seja transmitida aos seus filhos.</p><p>Por esta razão, acreditam que o ensino escolar pode ser neutro e não percebem que a escola não-</p><p>cristã possui a sua própria filosofia anticristã.[146]</p><p>Embora o motivo acima seja completamente ilegítimo para que um pai justifique o</p><p>descumprimento do mandamento bíblico de que os filhos da aliança necessitam receber uma</p><p>Educação Cristã, existem outras dificuldades que precisam ser consideradas, como por exemplo,</p><p>a inexistência de escolas genuinamente cristãs na maioria das localidades e o alto preço das</p><p>mensalidades para que os filhos possam ser matriculados em uma escola cristã.[147]</p><p>No entanto, a escassez de escolas cristãs e o alto custo das mensalidades, em parte, são</p><p>causadas justamente pelo fato de que os pais cristãos não reconhecem a verdadeira necessidade</p><p>de escolas cristãs, por isso poucos cristãos empreendedores se interessam em abri-las — o que</p><p>torna o custo mais alto. Infelizmente, a Educação Cristã tem sido vista como um privilégio para</p><p>pais que possuem condições e desejam oferecê-la, ao invés de ser enxergada como essencial e</p><p>que necessita de esforço por parte dos pais em fornecê-la aos seus filhos.[148]</p><p>Douglas Wilson afirma que o problema do custo da Educação Cristã é real, principalmente</p><p>porque as altas cargas de impostos engessam o orçamento familiar, e nossa realidade no Brasil é</p><p>ainda pior do que a realidade do referido autor. No entanto, se entendermos que precisamos</p><p>obedecer ao mandamento do Senhor, precisamos nos esforçar apesar das dificuldades</p><p>financeiras.[149]</p><p>Robert Thoburn aconselha que os pais façam uma reformulação completa no orçamento</p><p>familiar para que a Educação Cristã se torne uma prioridade.[150] Os pais deveriam considerar até</p><p>mesmo a mudança de imóvel, a venda de seu meio de transporte, em alguns casos até abrirem</p><p>mãos de plano de saúde para que seus filhos possam receber uma Educação Cristã. Muitas</p><p>famílias teriam condições de fornecer a Educação Cristã para seus filhos se a priorizassem em</p><p>seus orçamentos.</p><p>É bem verdade que alguns pais que desejam sinceramente oferecer uma Educação Cristã aos</p><p>seus filhos não conseguem fazê-lo justamente por serem poucos e não existir quantidade de pais</p><p>suficiente em sua localidade que tornasse a abertura de escola cristã viável. No entanto, embora</p><p>seja uma triste situação, isso não os exime da responsabilidade de fornecerem aos seus filhos</p><p>uma Educação Cristã. Nesses casos, os pais deveriam assumir a responsabilidade pela educação</p><p>de seus filhos nos lares (homeschooling). Existem inúmeros materiais didáticos e de apoio já</p><p>disponíveis em língua portuguesa, que podem ajudá-los.</p><p>Thoburn acrescenta ainda que as igrejas devem participar desse processo em que os pais</p><p>cristãos retiram seus filhos das escolas não cristãs, incentivando e apoiando que irmãos da igreja</p><p>deem início a projetos nesse sentido, visto que as pessoas</p>