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deficientes auditivos

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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ - UNOCHAPECO 
ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E JURÍDICAS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
ELIANE DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
O DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA NA 
ESCOLA BÁSICA MARECHAL BORMANN E CENTRO DE EDUCAÇÃO DE 
JOVENS E ADULTOS DE CHAPECÓ-SC 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CHAPECÓ (SC), 
2010 
ELIANE DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA NA 
ESCOLA BÁSICA MARECHAL BORMANN E CENTRO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS 
E ADULTOS DE CHAPECÓ SC 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Direito da 
Universidade Comunitária da Região de Chapecó, 
UNOCHAPECÓ, como requisito parcial à obtenção 
do título de bacharel em Direito, sob a orientação da 
Profª. Me. Helenice da Aparecida Dambrós Braun. 
 
 
 
 
 
 
Chapecó (SC), outubro 2010. 
UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ - UNOCHAPECÓ 
ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E JURÍDICAS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
 
O DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA NA 
ESCOLA BÁSICA MARECHAL BORMANN E CENTRO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS 
E ADULTOS DE CHAPECÓ SC 
 
 
 
ELIANE DA SILVA 
 
 
 
________________________________________ 
Profª. Me. Helenice da Aparecida Dambrós Braun 
Professora Orientadora 
 
 
 
________________________________________ 
Prof. Me. Glaucio Wandré Vicentin 
Coordenador do Curso de Direito 
 
 
 
________________________________________ 
Profª. Me. Silvia Ozelame Rigo Moschetta 
Coordenadora Adjunta do Curso de Direito 
 
 
 
 
 
Chapecó (SC), outubro 2010. 
ELIANE DA SILVA 
 
 
 
O DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA NA 
ESCOLA BÁSICA MARECHAL BORMANN E CENTRO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS 
E ADULTOS DE CHAPECÓ SC 
 
 
 
 Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de BACHAREL 
EM DIREITO no Curso de Graduação em Direito da Universidade Comunitária da Região de 
Chapecó - UNOCHAPECÓ, com a seguinte Banca Examinadora: 
 
 
 
_____________________________________________ 
Me. Helenice da Aparecida Dambrós Braun - Presidente 
 
 
 
_____________________________________________ 
Esp. Luciane Maria Carminatti – Membro 
 
 
 
_____________________________________________ 
Me. Idir Canzi – Membro 
 
 
 
 
Chapecó (SC), outubro 2010. 
AGRADECIMENTOS 
 
Em primeiro lugar, a Deus, o Único, por ser sempre Pai e Fiel. 
A Cecília e Ivo, portadores de deficiência auditiva, pessoas muito especiais. 
Aos meus pais, por me ensinarem a seguir sempre o “bom caminho”, e à minha 
família, agradeço todo amor, carinho, compreensão e respeito. 
Agradeço a todos os meus professores pela atenção, especialmente à professora 
orientadora, Mestre Helenice da Aparecida Dambros Braun, pelo sempre presente incentivo e 
encaminhamentos para realização deste trabalho, à professora Carmelice Faitão Balbinot Pavi 
que orientou-me com zelo e paciência quanto à metodologia. 
Os agradecimentos se estendem as minhas colegas Maria Luiza Dal Bello, Francieli 
Gomes Scapinello e Alexsandra Tenedini, por estarem sempre ao meu lado, me apoiando e 
incentivando. 
E finalmente, a todas as pessoas que me auxiliaram até onde cheguei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as 
imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter 
consciência de que é dono do seu destino. 
"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui. 
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, 
e só têm olhos para seus míseros problemas e pequenas dores. 
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o 
apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer 
garantir seus tostões no fim do mês. 
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da 
máscara da hipocrisia. 
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de 
sua ajuda. 
"Diabético" é quem não consegue ser doce. 
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer. 
E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois: 
"Miseráveis" são todos que não conseguem enxergar a grandeza de Deus. 
"A amizade é um amor que nunca morre." 
(Deficiências - Mário Quintana) 
RESUMO 
 
O DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA NA ESCOLA BÁSICA 
MARECHAL BORMANN E CENTRO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DE CHAPECÓ SC. 
Eliane da Silva. 
Helenice da Aparecida Dambrós Braun. Orientadora. Universidade Comunitária Regional de Chapecó – 
UNOCHAPECÓ. 
(INTRODUÇÃO) A educação especial suscita reflexões no cenário educacional. A educação do aluno surdo no 
ensino regular e o redimensionamento da escola à valorização das diferenças para atenderem ao direito 
constitucional, de ensino com qualidade à todos, a escola deve atender a todas as diversidades e reconhecer a 
importância da Língua de Sinais como meio de comunicação. Pretende-se com esta pesquisa estudar as 
legislações que tratam sobre a temática educação especial e identificar se as previsões de leis possuem eficácia 
e/ou aplicabilidade na prática. O problema de pesquisa é: Como a escola Marechal Bormann e o Centro de 
Educação de Jovens e Adultos de Chapecó estão auxiliando na inclusão do deficiente auditivo no sentido do 
pleno exercício dos direitos fundamentais? (OBJETIVO GERAL) O objetivo geral da pesquisa é analisar o que 
as legislações municipais, estaduais e federais estabelecem em relação ao acesso à educação aos deficientes 
auditivos, a fim de identificar como a escola Marechal Bormann e o Centro de Educação de Jovens e Adultos de 
Chapecó vem atendendo as necessidades especiais desses estudantes. (OBJETIVOS ESPECÍFICOS) Têm-se 
como objetivos específicos: abordar a garantia de acesso à educação como direito fundamental dos deficientes 
auditivos, a partir da legislação vigente no Brasil; analisar a realidade vivida pelos deficientes auditivos, com 
relação ao acesso à educação, na escola Marechal Bormann e no Centro de Educação de Jovens e Adultos de 
Chapecó; Identificar as maiores dificuldades dos portadores de deficiência auditiva nessas duas escolas; 
Verificar se os deficientes auditivos estão tendo oportunidades de integrar-se plenamente e de exercerem sua 
cidadania nas escolas pesquisadas; Averiguar, junto aos docentes e auxiliares das duas escolas seu interesse e 
disponibilidade para aprender a se comunicar com os deficientes auditivo por meio da linguagem de sinais, 
verificar nas instituições escolares, se existe uma política educacional que sinaliza para a inclusão educacional. 
(EIXO TEMÁTICO) O eixo temático do Curso de Direito da Universidade Comunitária de Chapecó - 
UNOCHAPECÓ pelo qual o trabalho vincula-se é a “Cidadania e Estado”. (METODOLOGIA) A pesquisa é 
bibliográfica por meio de consulta em obras literárias e artigos que versem sobre a matéria e pesquisa de campo 
com aplicação de questionário com doze perguntas abertas destinado aos profissionais da escola Marechal 
Bormann e do Centro de Educação de Jovens e Adultos de Chapecó. (CONCLUSÃO) Após análise feita 
conclui-se que pensar uma política pelas diferenças exige olhar mais as especificidades e requer mudanças no 
sistema de criação das políticas públicas e construção do currículo educacional do surdo, começando com a 
participação dos surdos neste sistema renovando o espaço da educação de surdos. (PALAVRAS-CHAVE) 
Educação Especial de Surdos, Direitos Fundamentais, Políticas Públicas. 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
APAE – Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais. 
APP – Associação de Pais e Professores. 
CEA – Centro de Educação de Adultos. 
CEADS – Centro de Atendimento a Deficiência. 
CEE – Conselho Estadual de Educação. 
CEJA – Centro de educação de Jovens e Adultos. 
CENESP – Centro Nacional de Educação Especial. 
CNE/CEB - Conselho Nacional de Educação/Câmara de EducaçãoBásica. 
CNE/CEP – Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno. 
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. 
EJA – Educação de Jovens e Adultos. 
FCEE – Fundação Catarinense de Educação Especial. 
FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos. 
GERED – Gerencia Regional da Educação. 
HRO – Hospital Regional do Oeste. 
IBC – Instituto Benjamim Constant. 
INES – Instituto Nacional de Educação dos Surdos. 
LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 
LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais. 
MEC – Ministério da Educação e Cultura. 
NAES – Núcleo Avançado de Ensino Supletivo. 
NEMO – Núcleo Avançado de Ensino Modularizado. 
OAB – Ordem dos Advogados do Brasil 
ONU – Organização das Nações Unidas. 
PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação. 
PNAD – Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios. 
PNE – Plano Nacional de Educação. 
PNEE – Portador de Necessidades Educativas Especiais. 
PPPP – Projeto Político Pedagógico Participativo. 
SAEDE – Serviço de Atendimento Educacional Especializado. 
SAEDE / DA – Serviço de Atendimento Educacional Especializado / Deficiência 
Auditiva. 
SED – Secretaria de Estado de Educação. 
UNESCO - Organização Educacional Científica e Cultural das Nações Unidas 
URI – Universidade Regional Integrada. 
 
LISTA DE APÊNDICES E ANEXOS 
 
APÊNDICE A - ATESTADO DE AUTENTICIDADE DA MONOGRAFIA ...................... 80 
APÊNDICE B - TERMO DE SOLICITAÇÃO DE BANCA ................................................. 82 
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS DOCENTES DAS ESCOLAS 
PÚBLICO ALVO .................................................................................................................... 84 
APÊNDICE D – TERMO DE CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO EM PESQUISA 86 
ANEXO I – PARECER DO COMITE DE ÉTICA EM PESQUISA ...................................... 89 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO........................................................................................................................13 
CAPÍTULO I ............................................................................................................................16 
1 A EDUCAÇÃO COMO UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL .............................16 
1.1 Direitos humanos: a trajetória sob o ponto de vista da educação.......................................16 
1.1.1 Conceituação de direitos humanos ..................................................................................21 
1.1.2 Evolução histórica dos direitos humanos ........................................................................22 
1.1.3 Direitos humanos e educação ..........................................................................................25 
1.2 A Constituição Federal do Brasil e o direito à educação....................................................27 
1.2.1 O direito à educação como um direito humano fundamental ..........................................31 
1.3 Educação inclusiva .............................................................................................................34 
1.3.1 Políticas públicas e educação inclusiva ...........................................................................37 
1.4 Surdez e a educação............................................................................................................41 
CAPÍTULO II...........................................................................................................................46 
2 A EDUCAÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA NAS ESCOLAS 
MARECHAL BORMANN E CENTRO DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DE 
CHAPECÓ SC..........................................................................................................................46 
2.1 Escola Marechal Bormann..................................................................................................47 
2.2 Centro de Educação de Jovens e Adultos...........................................................................50 
2.3 Análise e discussão dos dados segundo quatro aspectos temáticos....................................54 
2.3.1 Primeiro aspecto: A educação inclusiva e o acesso à educação como direito fundamental 
dos deficientes auditivos...........................................................................................................55 
2.3.2 Segundo aspecto: oportunidade de integração plena e exercício da cidadania ...............60 
2.3.3 Terceiro aspecto: interesse e disponibilidade dos docentes e auxiliares para aprender a se 
comunicar com os deficientes auditivos por meio da linguagem de sinais. .............................63 
2.3.4 Quarto aspecto: política educacional que sinaliza para a inclusão educacional..............69 
CONCLUSÃO..........................................................................................................................72 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................75 
APÊNDICES ............................................................................................................................78 
ANEXO ....................................................................................................................................87 
 
INTRODUÇÃO 
 
A educação especial vem suscitando freqüentes reflexões no cenário educacional, 
sobretudo porque também está ligada a uma temática bastante atual, a inclusão social e, por 
conseguinte, a inclusão educacional. 
Quanto à educação do aluno surdo no ensino regular e o redimensionamento da escola 
à valorização das diferenças para que atendam ao direito constitucional, de ensino com 
qualidade a todos, a escola deve atender a todas as diversidades, independente de condições 
físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas e outras e reconhecer a importância da 
Língua de Sinais como meio de comunicação. 
Pensando nessas questões e por situações pessoais vivenciadas e experimentadas, 
pretende-se com a pesquisa estudar as legislações que tratam sobre a temática educação 
especial, bem como identificar se as previsões de leis possuem eficácia e/ou aplicabilidade na 
prática. A escolha do tema se deu ainda, com base “no mundo do silêncio” no qual a minoria 
da população mergulha nessa problemática e pouco se esforça para aprender a se comunicar 
com eles. 
Em função da necessidade de verificar se a rede pública de ensino está atendendo as 
necessidades dos educandos portadores de deficiência auditiva no município de Chapecó, 
dando ênfase jurídica ao tema, uma vez que há discussões de problemas relacionados a essa 
parcela da população, o tema de pesquisa é: O direito à educação das pessoas com deficiência 
auditiva na escola básica Marechal Bormann e Centro de Educação de Jovens e Adultos 
(CEJA) de Chapecó-SC. 
O problema de pesquisa ficou definido da seguinte maneira: Como a escola Marechal 
14 
Bormann e o Centro de Educação de Jovens e Adultos de Chapecó estão auxiliando na 
inclusão do deficiente auditivo no sentido do pleno exercício dos direitos fundamentais? 
 O objetivo geral da pesquisa é analisar o que as legislações municipais, estaduais e 
federais estabelecem em relação ao acesso à educação aos deficientes auditivos, a fim de 
identificar como a escola Marechal Bormann e o Centro de Educação de Jovens e Adultos de 
Chapecó vem atendendo as necessidades especiais desses estudantes. 
Como objetivos específicos tem-se: abordar a garantia de acesso à educação como 
direito fundamental dos deficientes auditivos, a partir da legislação vigente no Brasil; analisar 
a realidade vivida pelos deficientes auditivos, com relação ao acesso à educação, na escola 
Marechal Bormann e no Centro de Educação de Jovens e Adultos de Chapecó; identificar as 
maiores dificuldades dos portadores de deficiência auditiva da escola Marechal Bormann e do 
Centro de Educação de Jovens e Adultos de Chapecó; verificar se os deficientes auditivos 
estão tendo oportunidades de integrar-seplenamente e de exercerem sua cidadania na escola 
Marechal Bormann e no Centro de Educação de Jovens e Adultos de Chapecó; averiguar, 
junto aos docentes e auxiliares da escola Marechal Bormann e do Centro de Educação de 
Jovens e Adultos de Chapecó, seu interesse e disponibilidade para aprender a se comunicar 
com os deficientes auditivos por meio da linguagem de sinais, verificar nas instituições 
escolares, se existe uma política educacional que sinaliza para a inclusão educacional. 
A pesquisa é bibliográfica por meio de consulta em obras literárias e artigos que 
versem sobre a matéria e pesquisa de campo com profissionais na escola Marechal Bormann e 
no Centro de Educação de Jovens e Adultos de Chapecó. 
Para a elaboração da pesquisa de campo, utiliza-se de questionário aplicado aos 
profissionais das duas escolas, e faz parte dos dados coletados para análise. Esta pesquisa 
vincula-se ao Eixo de Pesquisa do Curso de Direito da Unochapecó denominado Cidadania e 
Estado. 
A pesquisa está apresentada com dois capítulos, sendo o primeiro a fundamentação 
teórica que trata do percurso histórico especialmente da educação inclusiva e sobre os direitos 
humanos e a sua inserção na Constituição Federal Brasileira de 1988, no que diz respeito ao 
direito à educação de portadores de deficiência, destacando a deficiência auditiva. O capítulo 
apresenta ainda considerações da Constituição Federal e das Políticas Públicas da educação 
inclusiva, sendo que também servirá de base para o entendimento e análise dos dados de 
15 
pesquisa. 
O segundo capítulo mostrará os dados coletados, juntamente com análises teóricas, 
lugar no qual o leitor encontrará os resultados desta pesquisa. Por fim, tem-se a conclusão do 
trabalho, parte em que descrevo com precisão sobre os resultados. 
16 
CAPÍTULO I 
 
1 A EDUCAÇÃO COMO UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL 
 
Neste capítulo analisa-se o percurso histórico da educação, com especial enfoque na 
educação inclusiva, bem como aborda-se sobre os direitos humanos e a sua inserção na 
Constituição Federal Brasileira de 1988, no que diz respeito ao direito à educação de 
portadores de deficiência, destacando a deficiência auditiva. Dispõe-se, igualmente, de análise 
de questões específicas sobre a educação especial de surdos e políticas públicas voltadas à 
educação especial. Neste sentido, direciona-se o estudo a respeito dos desdobramentos 
históricos, os caminhos percorridos até o alcance dos direitos e a garantia destes. 
O capítulo apresenta ainda considerações da Constituição Federal e das Políticas 
Públicas da educação inclusiva. Dessa forma compreende-se o contexto para então abordar a 
questão fundamental desta pesquisa que é o deficiente auditivo na escola, a surdez e a 
educação. A abordagem teórica apresentada neste capítulo será a base para o entendimento e 
análise dos dados de pesquisa que aparecerão no próximo capítulo. 
 
1.1 Direitos humanos: a trajetória sob o ponto de vista da educação 
 
Historicamente a escola se caracterizou por uma visão delimitada à escolarização de 
um grupo privilegiado, sendo assim uma exclusão legitimada pelas práticas educacionais. 
Criou-se o paradoxo inclusão/exclusão, contudo continuando a excluir os considerados fora 
17 
do padrão. 
Conforme informações colhidas na Revista Inclusão-Revista da Educação Especial 
(2008, p. 9, v. 1), os princípios da educação inclusiva, a educação especial foi organizada 
como atendimento educacional especializado, com diferentes compreensões, modalidades e 
terminologias que levaram a criação de instituições especializadas, escolas e classes especiais. 
O atendimento das pessoas com deficiência teve início no Brasil, na época do Império, 
ocasião em que foi criado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, no Rio de 
Janeiro, atualmente chama-se Instituto Benjamim Constant (IBC). (REVISTA INCLUSÃO-
REVISTA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL, 2008, p. 10, v. 1). 
Em 1857, conforme Revista Inclusão-Revista da Educação Especial (2008, p. 10, v.1) 
foi criado o Instituto dos Surdos Mudos, atual Instituto Nacional da Educação dos Surdos 
(INES), no Rio de Janeiro. Mais tarde em 1926, já no século XX, foi fundado o Instituto 
Pestalozzi, especializado em atendimento de pessoas com deficiência mental. No ano de 1945 
foi criado na Sociedade Pestalozzi, o primeiro atendimento educacional especializado para 
pessoas com superdotação. 
A primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) foi fundada em 
1954. Somente em 1961 que o atendimento as pessoas com deficiência passa a ser 
fundamentado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei n 4.024/61 
que garantia a educação das pessoas com deficiência dentro do sistema geral de ensino. 
(REVISTA INCLUSÃO-REVISTA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL, 2008, p. 10, v.1). 
Segundo informações da Revista Inclusão-Revista da Educação Especial (2008, p. 10, 
v.1), em 1971 a LDBEN – Lei n 5.692/71, altera a lei anterior que definia o tratamento 
especial para os alunos com deficiência física, mental, em atraso de idade no ensino e 
superdotados e com isso não garante o atendimento especial e reforça o encaminhamento 
desses alunos para classes especiais. 
O Ministério da Educação e Cultura (MEC) cria o Centro Nacional de Educação 
Especial (CENESP) em 1973 que se torna o responsável pela gerência da educação especial 
no Brasil, que por sua vez impulsionou ações educacionais para as pessoas com deficiência, 
contudo ainda voltadas a uma prática assistencialista e iniciativas isoladas do Estado. 
A Constituição Federal Brasileira de 1988 nasce com um de seus objetivos voltados a 
18 
promoção do bem para todos, sem preconceito e discriminações, traz no artigo 2051, a 
educação como direito de todos e no artigo 2062, inciso I estabelece a igualdade de todos nas 
condições de acesso e permanência na escola, garantindo no artigo 2083, inc. III, sendo dever 
do Estado, oferecer o atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede 
regular de ensino. 
Logo depois em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n 8.069/90 
em seu artigo 554, reforça os dispositivos legais, determinando que os pais ou responsáveis 
são obrigados a manter os filhos matriculados na rede regular de ensino. Além do ECA, neste 
mesmo ano foi criada a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e em 1994 a 
Declaração de Salamanca5. Essas duas declarações vieram então a influenciar a formulação 
das políticas públicas da educação inclusiva e em 1994 foi publicada a Política Nacional de 
Educação Especial. 
Como consta na Revista Inclusão-Revista da Educação Especial (2008, p. 10, v. 1), a 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n 9.394/96, em seu artigo 596 e incisos, 
preconiza que se deve assegurar no sistema de ensino, o currículo, métodos, recursos e 
organização específicos para as necessidades e garante oportunidades educacionais 
apropriadas, conforme as características do aluno, considerando suas condições de vida e 
 
1
 Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a 
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
2
 Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso 
e permanência na escola [...]. 
3
 Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: [...] III - atendimento 
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino [...]. 
4
 Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. 
5
 A Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994) são 
consideradas mundialmente como importantes documentos que visam a inclusão social. Fazem parteda 
tendência mundial que vem consolidando a educação inclusiva. Sua origem é normalmente atribuída aos 
movimentos em favor dos direitos humanos. (WIKIPEDIA.ORG, 2010) 
6 Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, 
técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade 
específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em 
virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os 
superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento 
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas 
classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, 
inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, 
mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade 
superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas 
sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. 
19 
trabalho e seus interesses. 
Em 1999, o Decreto n 3.298, que regulamenta a Lei n 7.853/89, ao dispor sobre a 
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a 
educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e 
modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação especial 
ao ensino regular. (REVISTA INCLUSÃO-REVISTA DA EDUCAÇÃO 
ESPECIAL, 2008, p. 11, v.1). 
As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial, na Educação Básica, em sua 
Resolução CNE/CEB n. 2/2001 em seu artigo 2°7 determina que os sistemas de ensino devem 
matricular todos os alunos e que cabe as escolas se organizarem para o atendimento dos 
portadores de necessidades especiais assegurando condições necessárias para a qualidade da 
educação para todos. Dessa forma amplia o caráter da educação, mas não potencializa a 
adoção de uma política de educação inclusiva na rede pública. 
Na Revista Inclusão-Revista da Educação Especial (2008, p. 11, v. 1), consta que o 
Plano Nacional de Educação (PNE), Lei n 10.172/2001 destaca que a década deveria produzir 
como avanço na educação, a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à 
diversidade, contudo aponta déficit na oferta de matrículas para alunos com deficiência nas 
classes comuns, na formação dos docentes e à acessibilidade física e ao atendimento 
educacional especializado. 
Em 1999, a Convenção da Guatemala, foi promulgada no Brasil pelo Decreto n. 
3.956/2001, e afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e 
liberdades fundamentais que as demais pessoas, com isso exigindo uma reinterpretação da 
educação especial, conforme Revista Inclusão-Revista da Educação Especial (2008, p. 11, 
v.1). 
A Resolução CNE/CP n 1/2002 estabelece para a Formação de Professores da 
Educação Básica, que as instituições de ensino superior devem prever a formação voltada 
 
7
 Art 2º Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o 
atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para 
uma educação de qualidade para todos. Parágrafo único. Os sistemas de ensino devem conhecer a demanda real 
de atendimento a alunos com necessidades educacionais especiais, mediante a criação de sistemas de informação 
e o estabelecimento de interface com os órgãos governamentais responsáveis pelo Censo Escolar e pelo Censo 
Demográfico, para atender a todas as variáveis implícitas à qualidade do processo formativo desses alunos. 
20 
para o atendimento à diversidade que contemplem conhecimentos sobre as especificidades 
dos alunos com necessidades educacionais especiais. 
O MEC implementa, em 2003, o Programa Educação Inclusiva que garante o direito à 
diversidade, com transformações dos sistemas de ensino para sistemas educacionais 
inclusivos, promovendo formação de gestores e educadores. 
O Ministério Público Federal, no ano de 2004, publica um documento chamado O 
Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular objetivando 
disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão. No ano de 2004 o Decreto n. 
5.296/04 regulamentou as Leis n. 10.048/00 e n. 10.098/00 e estabelece normas e critérios que 
promovem a acessibilidade de pessoas com modalidade reduzida. 
Segundo informações da Revista Inclusão-Revista da Educação Especial (2008, p. 11, 
v.1), no ano de 2004, neste mesmo cenário, é criado o Programa Brasil Acessível, do 
Ministério das Cidades com o objetivo de promover o acesso urbano e apoiar ações que 
garantam acesso universal aos espaços públicos. 
Em 2005 ocorreu a implantação dos Núcleos de Atividades e Centros de Referências 
de Altas Habilidades/Superdotação em todos os estados do Distrito Federal, como se destaca 
na Revista Inclusão-Revista da Educação Especial (2008, p. 12, v.1). 
A mesma revista citada anteriormente nos traz que em seguida, no ano de 2006, foi 
aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil é signatário, a 
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, estabelecendo que os Estados-
partes tem o dever de assegurar um sistema de educação inclusiva. Ainda em 2006, a 
Secretaria Especial dos Direitos Humanos, os Ministérios da Educação e da Justiça e a 
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), lançam o 
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, com o objetivo de contemplar no 
currículo da educação básica temáticas sobre pessoas com deficiência e desenvolver ações 
que possibilitam acesso e permanência na educação superior. 
Em 2007, conforme a Revista Inclusão-Revista da Educação Especial (2008, p. 12, 
v.1), foi lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), tendo como eixos a 
formação de professores da educação especial, implantação de salas de recursos 
multifuncionais, mudanças arquitetônicas nas escolas, garantindo acessibilidade. Para a 
21 
implementação do PDE em 2007 foi publicado o Decreto n. 6.094/2007, que estabelece a 
garantia do acesso e permanência no ensino regular e atendimento às necessidades especiais 
dos alunos e o fortalecimento do seu ingresso nas escolas públicas. 
Caso os princípios da educação inclusiva fossem corretamente aplicados os resultados 
imediatos são a transformação das escolas regulares em unidades inclusivas e as escolas 
especiais centros de apoio para capacitação de professores, aconteceriam adequações dos 
sistemas escolares acompanhando as necessidades em seis dimensões, sendo elas, 
arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal. Além 
disso, certamente se faria a aplicação das inteligências múltiplas na elaboração, apresentação 
e avaliação das aulas, incorporação dos conceitos de autonomia, independência e 
empoderamento das relações da comunidade escolar, e ainda práticas baseadas na valorização 
da diversidade humana. (REVISTA INCLUSÃO-REVISTA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL, 
2008, p. 12, v.1). 
 
1.1.1 Conceituação de direitos humanos 
 
Direitos humanos, segundo Sarlet (2007, p. 35) estão relacionados com os documentos 
de direito internacional, que se refere a posições jurídicas que se reconhecem o ser humano 
como tal, independente de sua vinculação com ordem constitucional e que tem validade 
universal. 
“Os direitos humanos têm fundamentação moral, porque sua origem não é encontrada 
nas leis, uma vez que são reconhecidos aos indivíduos pelo simples fato de existirem como 
seres humanos”. (NUNES, 2009, p. 17). 
Os direitos humanos estão intimamente ligados ao princípio de dignidadehumana, que 
segundo Sarlet (2007, p. 35) foi consagrada após as duas Grandes Guerras Mundiais, sendo 
que as nações dispuseram de ordenamentos jurídicos dos direitos fundamentais, ou seja, os 
direitos aplicados constitucionalmente. 
Como marco dos Direitos Humanos, temos a Declaração dos Direitos Humanos de 
1948, estabelecida pela reunião do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, no ano 
22 
de 1946. Este Conselho firmou a necessidade da criação da Comissão de Direitos Humanos 
responsável então pela Declaração, um documento que deveria ser uma convenção 
internacional e criar um instrumento que assegurasse o respeito aos direitos humanos, assim 
como tratasse os casos de violação dos direitos. (BRAUN, 2001, p. 132) 
A Declaração dos Direitos Humanos delineia uma ordem mundial pública, fundada no 
respeito à dignidade humana e ela efetivada na medida em que os direitos humanos se 
incorporam ao ordenamento jurídico. 
Conforme Sarlet (2007, p. 111) o princípio da dignidade humana enunciada no artigo 
1°, inc. III da Constituição Federal constitui o valor unificador de todos os direitos 
fundamentais e também cumpre a função legitimatória do reconhecimento de direitos 
fundamentais. 
Breus (2007, p. 162, 163) destaca que a elevação da dignidade da pessoa humana teve 
centralidade nas cartas magnas na maioria dos países ao final do século XX e isso se deu 
pelos genocídios das grandes guerras. A Declaração Universal do Homem de 1948 inaugurou 
a fase de proteção internacional dos direitos humanos e ainda a Carta das Nações Unidas de 
1945. “É preciso afirmar que a dignidade da pessoa humana, como princípio fundamental, é 
um valor que foi edificado ao longo da evolução histórica da humanidade” (BREUS, 2007, p. 
164). 
Conforme Sarlet (2007, p. 115) o Estado existe em função da pessoa humana, pois o 
homem constitui a finalidade precípua e não é meio da atividade estatal. Para Breus (2007, p. 
183, 184) os Direitos Fundamentais substituem os interesses públicos que eram escopos do 
estado de Direito e são eles que se apresentam em todos os âmbitos da vida humana, como 
fins a que o Estado deve se dirigir para proteger e efetivar. 
 
1.1.2 Evolução histórica dos direitos humanos 
 
O Estado, organização política da sociedade é focado na promoção e proteção dos 
direitos humanos e seu desenvolvimento será tanto maior quanto maior for a rede de proteção 
dos direitos humanos oferecida, por meio de políticas públicas eficazes. Com isso é preciso 
23 
saber conhecer a evolução histórica dos direitos humanos para então saber o que o Estado 
deve garantir. 
A afirmação de que o homem é único e possui direitos básicos inerentes à sua 
existência é da antiguidade clássica, período em que a civilização grega possuía a noção de 
direitos humanos baseados na origem divina, mas que ninguém, nem os detentores de poderes 
terrestres podiam violar, conforme afirma Aith (2006, p. 8). 
Nesta trajetória histórica os estóicos8 consideravam a divindade e a racionalidade 
como equivalentes, em que a racionalidade era entendida como exteriorização das leis 
naturais emanadas da divindade. Dessa forma o direito natural foi aceito por jurisconsultos e o 
adotaram como fundamento das gentes, que sobreviveu à Idade Média fazendo ligação desta 
época com o pensamento medieval embasando-o por muito tempo. 
Essa configuração começa a mudar no final da Idade Média, em que o poder se 
concentrou em apenas um rei e surgiram os estados absolutistas, mudando consideravelmente 
os modelos de organização social e proteção do indivíduo. Foi então que surgiram teóricos 
defendendo a racionalização dos direitos do homem e a definição de fundamentos terrenos 
não mais divinos, com isso reduzindo o absolutismo do rei e inclusive rompendo a relação de 
Estado e religião. 
Segundo Aith (2006, p. 9, 10) o que surge é jusnaturalismo em que os direitos naturais 
não dependem de fundamentação divina, pois vem da natureza humana e o homem passou a 
ser considerado capaz de constituir sua própria regra de conduta. Entre várias ideias de 
pensadores, em que se deu a transição do mundo medieval para o moderno consolidou-se os 
direitos humanos por meio de documentos que fundamentam os direitos humanos até hoje. 
Na Inglaterra no século XVII houve movimentos em defesa das liberdades individuais 
e contra arbitrariedades do Estado. Algumas delas foram a Revolução Puritana em 1628 pela 
aprovação parlamentar de tributos e proibição de punição de súbitos sem amparo da lei, o 
 
8 O estoicismo, representado no mundo latino por Cícero, Marco Aurélio, Sêneca, entre outros, influenciou 
consideravelmente o Direito Romano. (AITH, 2006, p. 9) 
24 
Habeas Corpus Act9, em 1679 pela proteção à liberdade e ao devido processo legal e em 1689 
a Revolução Gloriosa pela liberdade de religião. 
Em 1776, os Estados Unidos da América declararam independência afirmando 
dignidade dos homens e direitos inalienáveis, como a vida, a liberdade e a busca da felicidade. 
Em 1789, houve a Revolução Francesa, que conforme relata Aith (2006, p. 12) talvez seja o 
fato mais significativo na construção dos direitos humanos, pois foi dela que resultou a 
Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão que marca o início do Estado moderno. Esta 
declaração previa que os homens são iguais pela natureza e perante a lei e a finalidade da 
sociedade é a felicidade, o governo deve garantir os direitos à liberdade, segurança e 
propriedade. 
Outros movimentos aconteceram depois, em 1791 a Constituição Francesa, em 1787 a 
dos Estados Unidos da América e em 1812 a espanhola e portuguesa, ainda a belga em 1822 e 
em 1824 a brasileira. Todas refletiram o liberalismo burguês da época e significaram a 
prevalência da orientação passiva do Estado como conservador de direitos dos que ao 
possuíam e sem nada fazer pelos que não possuíam. “[...] A ordem política instalada pela 
burguesia, do laissez faire, laissez passer10, que pregava a não intervenção do Estado na 
liberdade de iniciativa e de contrato [...]” (AITH, 2006, p. 13) o que gerou enorme 
desequilíbrio social e permitiu a exploração de patrões para com os empregados, contudo este 
movimento gerou o surgimento de outros movimentos em prol dos direitos sociais no século 
XIX. 
Verifica-se que os direitos individuais conquistados estavam se mostrando formais e 
existentes somente para a burguesia, causando imensas exclusões sociais, por este fato não 
estavam contemplando os princípios da Revolução de 1789, pois deixavam a igualdade e 
fraternidade de lado. Contudo somente no século XX os direitos sociais se incorporaram nas 
Constituições dos Estados, começando pela mexicana em 1917, e seguidamente por outras, 
inclusive o Brasil. Isso gerou um modelo estatal dividido em direitos individuais, que 
 
9 Habeas corpus, etimologicamente significando em latim "Que tenhas o teu corpo" (a expressão completa é 
habeas corpus ad subjiciendum) é uma garantia constitucional em favor de quem sofre violência ou ameaça de 
constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por parte de autoridade legítima. (WIKIPEDIA, 2010). 
10 Laissez-faire é parte da expressão em língua francesa "laissez faire, laissez aller, laissez passer", que significa 
literalmente "deixai fazer, deixai ir, deixai passar". (WIKIPEDIA, 2010). 
25 
protegem o indivíduo contra o Estado de um lado e de outro diversas Constituições expressas 
aos direitos sociais, econômicos e culturais que refletem pretensão do indivíduo perante o 
Estado. 
A evolução histórica dos direitos humanos nos trouxe, além da proteção dos direitos 
humanos dentro das nações soberanas, verificada nas Constituições dos Estados 
modernos, uma proteção universal dos direitos de todos os seres humanos do 
mundo, calcada em diversos instrumentos normativos internacionais. Esses 
instrumentos normativos internacionais representam um grande marco na defesa 
concretados direitos humanos e tiveram seu desenvolvimento acelerado neste 
século, após a Segunda Guerra Mundial. [...] destacam-se quatro documentos 
normativos que formam o pilar do sistema de proteção dos direitos humanos, quais 
sejam: (i) a Carta das Nações Unidas; (ii) a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos; (iii) o Pacto dos Direitos Civis e Políticos; e (iv) o Pacto dos Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais. (AITH, 2006, p. 14). 
Essa história reafirma que o Estado é um dos principais agentes para a proteção e 
promoção dos direitos humanos e que isso será garantido a partir de políticas públicas 
eficazes cabendo ao governo a criação das mesmas. 
 
1.1.3 Direitos humanos e educação 
 
 As preocupações com a defesa dos princípios fundamentais são expressas na 
Declaração Universal dos Direitos Humanos que foi proclamada em Nova York, Estados 
Unidos da América, em Assembléia Geral da ONU em 10 de dezembro de 1948, estabelece 
por meio da Resolução 217A-III, os direitos de todos os seres humanos, considerando a 
dignidade a toda família com direitos iguais e inalienáveis, constituindo o fundamento da 
liberdade, justiça e paz. Considerando muitos outros atributos dos direitos do ser humano em 
seus 30 artigos que essa Assembléia Geral proclamou como ideal comum de todos os povos e 
nações. 
 Mesmo tendo havido toda uma evolução do assistencialismo11 para o da proteção aos 
 
11 Coutinho (2008) em seu artigo “A Proteção à Pessoa Com Deficiência” publicado na Revista Jurídica 
Consulex, afirma que a Convenção inovou ao retirar a deficiência do âmbito assistencialista em que era debatida 
à luz de programas de saúde e reabilitação da Seguridade Social. 
26 
direitos de cidadania, mas ainda constatam inúmeras práticas de exclusão contra as pessoas 
portadoras de deficiência, mesmo que os movimentos históricos marcados pela exclusão tem 
sido substituídos por propostas inclusivas. 
 A formulação e implementação de políticas públicas voltadas para a integração de 
pessoas portadoras de deficiência, têm por inspiração de muitos documentos contendo 
declarações, recomendações e normas jurídicas da qual organizações nacionais e 
internacionais. 
 A Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, de 9 de dezembro de 1975, sobre 
os direitos das pessoas com deficiência, aprovada pela Resolução 3447-XXX, da Assembléia 
Geral da ONU, realizada em Nova York, Estados Unidos da América, proclama e apela à 
ação nacional e internacional que assegure a proteção dos direitos de pessoas com qualquer 
tipo de deficiência. 
 Temos ainda como base a Declaração de Salamanca, aprovada em 10 de junho de 
1994, na Conferência Mundial sobre Educação para Necessidades Especiais. Esta declaração 
institui as estratégias nacionais regionais e internacionais para uma educação inclusiva com 
acesso e qualidade, e com um novo pensamento a respeito de necessidades especiais, de 
escolas, de capacitação de pessoal de educação e de outros aspectos educacionais. 
 A Declaração Internacional de Montreal, Canadá, sobre Inclusão, de 5 de junho de 
2001, em que estiveram presente representantes de várias partes do mundo, foi aprovada, 
conclamando governos, empregadores, trabalhadores e comunidades a se comprometerem 
com necessidades de garantias adicionais da inclusão e aplicá-la nos ambientes, produtos e 
serviços para benefício de todos. 
Segundo Marquezine, Almeida, Tanaka (2003) mesmo com tantas informações 
disponíveis para um plano de Educação Inclusiva, faltam conhecimentos sobre como fornecer 
todos os suportes necessários que garantem não só o acesso, mas também a permanência e o 
sucesso de alunos com necessidades especiais nas classes comuns de escolas regulares. Ainda 
para esses autores, a Educação Inclusiva vai depender da política de eliminar a exclusão na 
escola e da escola, aliando isso com a produção de conhecimentos capazes de enfrentar os 
tantos desafios necessários para uma educação de qualidade. 
De acordo com Candau et al. (2000, p. 97) os Direitos Humanos estão proclamados, 
27 
mas são sistematicamente violados e esta situação nos desafia a um compromisso por sua 
efetiva promoção na sociedade brasileira. A autora ressalta que a luta pelos Direitos Humanos 
se dá em nosso dia-a-dia e afeta a vida de cada um e de cada grupo social, mas desenvolver 
uma prática social solidária e participativa é um imperativo ético, de urgência para a 
construção de uma sociedade com vida digna para todos. Afirma que os Direitos Humanos 
nunca foram respeitados por estarem implementados e afirmados em Declarações. E ainda 
mais: que o processo da conquista está relacionada com as lutas de libertação de grupos 
sociais que vivenciam na pele a violação de seus direitos e dessas lutas surge as Declarações. 
A luta por estabelecer firmemente, na consciência dos indivíduos e dos povos, o 
compromisso com a promoção dos Direitos Humanos passa obrigatoriamente pela educação 
em suas diferentes formas, inclusive a escola (CANDAU et al., 2000, p. 109). Segundo a 
autora para a escola ser um espaço de formação de indivíduos construtores ativos da 
sociedade, exige uma prática educativa participativa e dialógica, que exerça a relação prática-
teoria-prática, e ainda que o cotidiano escolar seja permeado de vivência dos Direitos 
Humanos. 
 
1.2 A Constituição Federal do Brasil e o direito à educação 
 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no caput do artigo 5°12 
estabelece a igualdade entre outros vários direitos fundamentais. 
Além disso, também está definido na Constituição Federal, em seu capítulo VII, no 
artigo 22713 sobre o dever da família e do Estado em assegurar os direitos a todas as crianças 
e adolescentes. 
 
12 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a 
propriedade [...]. 
13 Artigo 227 - "É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta 
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda 
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. 
28 
Santos (apud CARTILHA, 2004, p. 6) destaca os fundamentos da Constituição 
Federal, como cidadania e a dignidade da pessoa humana e a promoção do bem de todos, sem 
preconceitos e discriminações, conforme os artigo 1°14 inc. II e III e artigo 3°15 inc. IV. Nos 
artigos 205 em diante tratam do direito à educação para todos, dessa forma toda e Escola deve 
atender aos princípios constitucionais. 
A Constituição Federal, artigo 208 inc. III trata preferencialmente, do atendimento 
educacional especializado, para atender alunos com deficiências. Esse atendimento inclui 
instrumentos que eliminam barreiras do ambiente externo para relacionarem-se socialmente, 
como as libras, recursos de informática entre outras ferramentas tecnológicas. Esse 
atendimento deve ser disponibilizado em todos os níveis de ensino. (CARTILHA, 2004, p. 8) 
O Estado para cumprir com seu dever deve então criar programas de prevenção e 
atendimento especializado aos portadores de deficiência física, sensorial ou mental, integrar 
os adolescentes portadores de deficiências por meio de treinamento para trabalho e para 
convivência, eliminando os preconceitos e as barreiras arquitetônicas, facilitando assim o 
acesso aos bens e serviços sociais. 
A Lei n. 12.870/04 no artigo 2° 16 define que o Estado deve assegurar ao portador de 
necessidades especiais o exercício pleno de seus direitos básicos. 
 Segundo dados do Ministério da Educação em “Política Nacional de Educação 
Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva” (2008), historicamentea escola se 
caracterizou por políticas e práticas reprodutoras da ordem social, uma visão da educação 
delimitada a escolarização como privilégio de um grupo, contudo uma forma excludente. 
Quando os sistemas de ensino universalizam o acesso, mas continuam a excluir indivíduos e 
grupos considerados fora do padrão homogêneo da escola, se evidencia o paradoxo 
 
14 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do 
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...] II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana [...]. 
15 Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: [...] IV - promover o bem de 
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
16
 Art. 2º Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público do Estado de Santa Catarina assegurar à pessoa 
portadora de necessidades especiais o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, 
à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à 
edificação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que decorrentes da 
Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. 
29 
inclusão/exclusão. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei n. 9.394/1996 no artigo 
4º17, inciso III, institui como dever do Estado garantir atendimento educacional especializado 
gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de 
ensino e, nos artigos 5818, 5919 e 6020, como deve ser a educação especial. 
O atendimento educacional às pessoas com deficiência passa a ser fundamentado pelas 
disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n. 4.024/61 que destaca o 
direito à educação dos deficientes, dentro do sistema geral de ensino. Contudo essa Lei 
alterada pela Lei n. 5.692/71 definindo o tratamento especial para alunos com deficiência e 
com atrasos e isso deixa de promover a organização de um sistema de ensino que atenda as 
necessidades educacionais e reforça o encaminhamento de alunos com deficiência para as 
classes e escolas especiais. 
A inclusão de pessoas com deficiência é uma ação política, cultural, social e 
pedagógica, criada para defender os direitos de todos os alunos aprendam e participem juntos 
sem preconceito e discriminação. Para superar as práticas discriminatórias foram criadas 
 
17 Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: [...] III - 
atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na 
rede regular de ensino; 
18 Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, 
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. § 1º 
Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da 
clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços 
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração 
nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem 
início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. 
19 Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, 
técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade 
específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em 
virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os 
superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento 
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas 
classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, 
inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, 
mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade 
superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas 
sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. 
20 Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições 
privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio 
técnico e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa 
preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública 
regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo 
30 
alternativas e a educação inclusiva assume um espaço central em debate acerca do papel da 
escola em superar a exclusão. 
 A partir disso a organização de escolas e classes especiais passa a ser repensada, 
fazendo mudanças em estrutura e cultura na escola para que todos os alunos tenham suas 
especificidades atendidas. Com isso o Ministério da Educação/Secretaria de Educação 
Especial apresenta em 1994 a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva, acompanhando os avanços do conhecimento e das lutas sociais, visando 
constituir políticas públicas promotoras de uma educação de qualidade para todos. 
 Sánchez (apud REVISTA INCLUSÃO 2005, p. 10), a educação inclusiva é uma 
questão de direitos humanos e implica a definição de políticas públicas, traduzidas nas ações 
institucionalmente planejadas, implementadas e avaliadas. A concepção que orienta as 
principais opiniões acerca da educação inclusiva é de que a escola é um dos espaços de ação e 
de transformação que conjuga a ideia de políticas educacionais e políticas sociais amplas que 
garantam os direitos da população. 
 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n. 9.394/96 em seu artigo 5921 
diz que os sistemas de ensino devem assegurar currículos, métodos, recursos e organização 
específicos às necessidades do aluno. Segundo Ministério da Educação/Secretária de 
Educação Especial (2001) os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos e as 
escolas organizarem o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais. 
 A Língua Brasileira de Sinais foi reconhecida como meio legal de comunicação e 
expressão pela Lei n. 10.436/02. Esta lei determina que devam ser garantidas formas de 
apoiar seu uso e difusão, e também a inclusão da disciplina de Libras como parte integrante 
 
21 Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, 
técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade 
específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em 
virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os 
superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento 
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas 
classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, 
inclusive condições adequadas para os que não revelaremcapacidade de inserção no trabalho competitivo, 
mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade 
superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas 
sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. 
31 
do currículo nos cursos de formação de professores e de fonoaudiologia, assim como 
formação e certificação de professor, instrutor/intérprete de Libras. 
A Língua Portuguesa é a segunda língua na modalidade escrita, que deve ser ensinada 
aos alunos surdos e no ensino regular se faz a organização da educação bilíngüe. Com isso o 
atendimento especializado nas escolas deve ser ofertado nas modalidades, oral e escrita e na 
língua de sinais. 
 
1.2.1 O direito à educação como um direito humano fundamental 
 
 O direito à educação como o direito humano fundamental tem sido tema, de inúmeros 
documentos, movimentos e campanhas de afirmação e legitimação dos direitos humanos. A 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, remonta ao século XVIII, no contexto da 
Revolução Francesa, tornaram-se emblemáticas. 
 A Declaração Universal dos Direitos do Homem, adotada e proclamada pela 
Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 10 de dezembro de 1948, 
reafirma, no seu artigo XXVI, que: 
Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus 
elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução 
técnico profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta 
baseada no mérito. 
 Isso é o que nos possibilita pensar que a temática do direito à educação sempre esteve 
intimamente ligada à evolução dos direitos humanos. Em 1993 culminou a relação quando 
inseriu o debate da Educação em Direitos Humanos na Conferência Mundial sobre Direitos 
Humanos, realizada em Viena. Desse debate surgiu A Declaração de Viena que realçou a 
importância de a educação em direitos humanos ser efetivada no contexto da educação formal 
e não formal. Como podemos ver: 
A educação em direitos humanos deve incluir a paz, a democracia, o 
desenvolvimento e a justiça social, tal como previsto nos instrumentos 
internacionais e regionais de direitos humanos, para que seja possível conscientizar 
todas as pessoas em relação à necessidade de fortalecer a aplicação universal dos 
direitos humanos. (VIENA, 1996). 
32 
 Machado e Oliveira (2001, p. 56) afirmam que “além de ser um direito social, a 
educação é um pré-requisito para usufruir-se dos demais direitos civis, políticos e sociais 
emergindo como um componente básico dos Direitos do Homem”. 
Maliska (2001, p. 40) afirma que após as declarações do final do século XVIII, por 
exemplo, a Carta Magna que foi feita para proteger os barões e homens livres, contudo 
membros do Parlamento pediram reconhecimento de direitos para os súbitos , os direitos 
fundamentais então, a partir daí assumiram caráter universal, legítimo para qualquer 
sociedade. 
 Dias (2010, p. 444) a Constituição Imperial brasileira de 1824 e a Republicana de 
1891 afirmam o direito de todos à educação. Mas a educação como direito só se torna 
viabilizado no Brasil a partir da Constituição de 1934, que declara, pela primeira vez, no seu 
artigo 140: “a educação é direito de todos e deve ser ministrada pela família e pelos poderes 
públicos”. Contudo desde a sua formulação inicial, até os dias atuais, a ideia da educação 
como um direito assume diversas configurações. 
 Na realidade a denominação “direito de todos”, atingia apenas os que tinham a 
matrícula em instituições de ensino, sendo assim, se aplicava apenas às crianças que tinham o 
“privilegio” de ter acesso à escola é o que nos traz Dias (2010, p. 445). 
 A formulação do dever do Estado para com o direito à educação de todos surge, pela 
primeira vez, na Emenda Constitucional de 1969, em seu artigo 17622. Isso porque houve 
 
22 Art. 176. A educação, inspirada no princípio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e solidariedade 
humana, é direito de todos e dever do Estado, e será dada no lar e na escola. § 1º O ensino será ministrado nos 
diferentes graus pelos Poderes Públicos. § 2º Respeitadas as disposições legais, o ensino é livre à iniciativa 
particular, a qual merecerá o amparo técnico e financeiro dos Poderes Públicos, inclusive mediante bolsas de 
estudos. § 3º A legislação do ensino adotará os seguintes princípios e normas: I - o ensino primário somente será 
ministrado na língua nacional; II - o ensino primário é obrigatório para todos, dos sete aos quatorze anos, e 
gratuito nos estabelecimentos oficiais; III - o ensino público será igualmente gratuito para quantos, no nível 
médio e no superior, demonstrarem efetivo aproveitamento e provarem falta ou insuficiência de recursos; IV - o 
Poder Público substituirá, gradativamente, o regime de gratuidade no ensino médio e no superior pelo sistema de 
concessão de bolsas de estudos, mediante restituição, que a lei regulará; V - o ensino religioso, de matrícula 
facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas oficiais de grau primário e médio; VI - o 
provimento dos cargos iniciais e finais das carreiras do magistério de grau médio e superior dependerá, sempre, 
de prova de habilitação, que consistirá em concurso público de provas e títulos, quando se tratar de ensino 
oficial; e VII - a liberdade de comunicação de conhecimentos no exercício do magistério, ressalvado o disposto 
no artigo 154. § 4º - Anualmente, a União aplicará nunca menos de treze por cento, e os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino. 
33 
entre 1950 e 1960, um debate ideológico acerca da relação educação e desenvolvimento e se 
configurou em grande movimento em defesa da escola pública. 
 No final dos anos 1950, o educador brasileiro Anísio Teixeira se posiciona a esta 
questão e coloca que a educação só poderia ser ministrada como obrigatória, gratuita e 
universal pelo Estado. 
Segundo Maliska (2001, p. 42, 43) “Durante muito tempo dominou, no mundo 
jurídico, a ideia de que os direitos humanos não seriam direitos, mas aspirações, ideias de 
sociedade”. 
 No Brasil, o movimento de redemocratização do país, nos anos 1980, reivindicava 
também a formulação de uma nova Constituição Federal, representativa do novo momento 
político por que passava a sociedade brasileira e no que se refere à educação, o movimento 
retoma o debate e reinsere na agenda democrática do Brasil a discussão sobre o direito à 
educação, a obrigatoriedade e a gratuidade do ensino. Então tal formulação só ganha status de 
efetividade com a promulgação da Constituição Federal no ano de 1988. 
Sendo assim: 
 “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, 
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. (BRASIL, 1988, 
Art. 205). 
Dessa forma, Maliska (2001, p. 156), afirma que a educação como direito de todos 
está subordinado à dois fatores: o de hereditariedade e de adaptação biológica e, acima de 
tudo, reconhecer o papel indispensável dos fatores sociais na formação do indivíduo. 
Seguindo a ideia de Piaget trazido pelo autor, a primeira tarefa da educação consiste em 
formar o raciocínio. 
Depois do século XX e a implantação de uma nova ordem social, também exigiu-se 
uma nova estrutura de direitos fundamentais, não mais baseados no individualismo e com 
ingressos de novos direitos, que chamaram de direitos culturais e econômicos, concernentes 
segundo Maliska (2001, p. 41) às relações de produção, de trabalho, educação, cultura e 
previdência. 
34 
Tem-se ainda conforme Maliska (2001, p. 42) os direitos de terceira geração, 
concernentes aodesenvolvimento da paz, meio ambiente, propriedade e comunicação. Após 
os de chamada quarta geração da globalização política que correspondem à fase de 
institucionalização do Estado social, como os direitos à democracia, informação e pluralismo. 
 A garantia do direito à educação, como o direito humano fundamental, percorre um 
caminho marcado por inúmeros sujeitos sociais, lutas pela responsabilidade do Estado em 
garantir a sua concretização e pela adoção de concepção de uma educação cujo princípio de 
igualdade contemple o necessário respeito e tolerância à diversidade. 
 
1.3 Educação inclusiva 
 
 A inclusão segundo Mantoan (2003, p. 15) é uma proposta de ruptura de base na 
estrutura organizacional na escola, e uma saída para que a escola possa fluir, espalhando sua 
ação formadora por todos os que participam dela. A inclusão então implica mudança de 
paradigma educacional e que o conhecimento, como matéria-prima da educação escolar, passe 
por uma reinterpretação. 
 A educação inclusiva é a proposta de colocar todos, sem discriminação, no espaço 
escolar e neste sentido a ideia de espaço faz pensar nas dimensões físicas, dependências 
administrativas entre outros aspectos. 
A comunidade é o mais amplo espaço, lugar em que se desenvolve novas referências e 
valores, por isso é importante a participação da família e da comunidade na escola. Contudo 
um dos principais espaços de convivência social é a escola e então ela tem papel primordial 
no desenvolvimento da consciência de cidadania e de direitos. A escola inclusiva é um espaço 
de construção de cidadania, além da família que é o primeiro espaço social no qual se constrói 
referencias e valores. (ARANHA, 2004, p. 9, v. 1). 
 Segundo Mendes (2001, p. 17 apud PRIETO, 2010, p. 4) se pode identificar duas 
correntes divergentes na perspectiva da Educação Inclusiva. Tem os que defendem a inclusão 
colocando alunos com necessidades educacionais especiais na classe regular com serviço de 
apoio e com recursos paralelos ao ensino regular. Têm de outro lado os que propõem que a 
35 
inclusão prevê colocar todos os estudantes, na classe comum da escola próxima à sua 
residência, e a eliminação total do atual modelo de prestação baseado num continuo de 
serviços de apoio de ensino especial. 
 Na concepção de Neri (2003, p. 111) também, a inclusão na educação toma dois 
significados, pois quando se fala em possibilitar igualdade de oportunidades de aprendizado, 
diz respeito ao acesso físico da escola e outro quando se pensa no conceito de educação 
inclusiva. Segundo dados do Censo Demográfico trazido pelo autor do ano de 1991, cerca de 
60% das pessoas com deficiência não foram alfabetizadas, na maioria deficientes mentais, 
auditivos e visuais. Para o autor, quando se fala em educação inclusiva, não se trata apenas de 
colocar o indivíduo na escola, na sala de aula, mas garantir uma escola em que as pessoas 
com e sem deficiência possam conviver e estudar em ambientes no qual aprendem a lidar com 
a diversidade. 
 Conforme Mantoan (2003, p. 16, 17) surge em novo paradigma do conhecimento, das 
interfaces e conexões que se formam entre saberes isolados e dos encontros da subjetividade 
humana com o cotidiano, o social e o cultural. Frente a isso a escola não pode marginalizar as 
diferenças nos processos pelas quais, forma e instrui os alunos. 
A escola inclusiva deve garantir a todos os alunos a qualidade no ensino respondendo 
a cada um de acordo com suas potencialidades, reconhecendo e respeitando a diversidade. Na 
escola inclusiva o aluno é sujeito de direito e foco central da educação. (ARANHA, 2004, p. 
7, 8, v. 3) 
 Mantoan (2003, p. 19-20, 24) afirma que a inclusão impõe uma reviravolta em nível 
institucional em que exige a extinção das categorizações e das oposições excludentes, iguais e 
diferentes, normais e deficientes e propõe uma educação voltada para a cidadania global, 
plena, livre de preconceitos e que reconhece e valoriza as diferenças. A inclusão implica uma 
mudança de perspectiva educacional, não atinge apenas alunos com deficiência e os que 
apresentam dificuldades de aprendizagem, mas todos os demais, para então obter sucesso na 
corrente educativa geral. 
 Na perspectiva inclusiva, suprime-se a subdivisão dos sistemas escolares em 
modalidades de ensino especial e de ensino regular. As escolas atendem às diferenças sem 
discriminar, sem trabalhar à parte com alguns alunos, sem estabelecer regras específicas para 
se planejar, para aprender, para avaliar [...]. (MONTOAU, 2003, p. 25). 
36 
 A Educação inclusiva na década de 90 assume status privilegiado no Brasil e desde 
então há controvérsias no plano dos discursos e das práticas. Segundo Prieto (2010, p. 4) 
existem autores e profissionais que defendem a inclusão escolar como parte de um 
movimento para a inclusão social e atuam no meio educacional pela universalização do acesso 
e pela qualidade do ensino, contudo existem ainda os que interpretam a inclusão escolar como 
mero acesso de alunos com deficiência na classe comum. 
 Mantoau (2003, p. 32) destaca ainda que a inclusão é produto de uma educação plural, 
democrática e transgressora que provoca uma crise escolar, de identidade nos professores e 
faz ressignificar a identidade dos alunos. A autora aponta que para os defensores da inclusão é 
indispensável eliminar as barreiras arquitetônicas e adotar práticas adequadas às diferenças 
dos alunos em geral, contemplando a diversidade com recursos de ensinos e equipamentos 
especializados. (p. 43). 
 São muitas as razões para justificar a inclusão escolar, que se legitima também por ser 
a escola o único espaço de acesso aos conhecimentos para muitos alunos. Mantoau (2003, p. 
53) destaca que incluir é necessário para melhorar as condições escolares, para que na escola 
se possam formar gerações mais preparadas para viver a vida plenamente, sem preconceitos e 
barreiras. 
 Os movimentos educacionais nacionais e internacionais que giram em torno do ideal 
democrático de que todos os alunos estudem juntos como preconizado no paradigma da 
inclusão não se trata de inserir só fisicamente este ou aquele aluno, mas revisar e aprimorar a 
prática pedagógica. Para Mantoau (2003, p. 55) não existe inclusão quando o aluno é inserido 
somente pela matrícula em uma escola ou classe especial, mas sim deriva de sistemas 
educativos sem recortes. 
Nas redes de ensino público e particular que resolveram adotar medidas inclusivas de 
organização escolar, as mudanças podem ser observadas sob três ângulos: dos desafios 
provocados por essa inovação; o das ações no sentido de efetivá-las nas turmas escolares, 
incluindo o trabalho de formação de professores; e, finalmente, das perspectivas que se abrem 
à educação escolar, a partir da implementação de projetos inclusivos. (MANTOAU, 2003, p. 
56). 
 Para a autora as escolas que reconhecem e valorizam as diferenças têm projetos 
inclusivos, com ensino para atender as especificidades dos educandos. (p. 61). 
37 
Segundo a revista (ARANHA, 2004, p. 9, v.3) destaca que o plano político 
pedagógico, como instrumento teórico-metodológico, define as relações da escola com a 
comunidade e para que e como vai fazer. Deve conter nele a ponte entre a política educacional 
municipal e a população, então requer a participação de todos, professores, funcionários, pais 
e alunos. 
A escola precisa de respostas para as necessidades educacionais especiais, tais como 
disponibilidade de professor ou instrutor da língua de sinais, para o ensino de alunos surdos, 
disponibilidade de recursos didáticos diversos, como dicionários da Língua Brasileira de 
Sinais entre outros muitos dispositivos para atender a todos. (ARANHA, 2004, p. 22, v. 3). O 
professor deve sempre receber suporte garantido pela escola. 
 
1.3.1 Políticas públicas e educação inclusiva 
 
 A partir de 1990, a educação assumiu papel de destaque nas políticas governamentais, 
advindas do discurso e de propostas de educação para todos. Segundo Prieto(2010, p. 1) neste 
mesmo período, houve avanços no número de matrículas no ensino fundamental, mas as 
ações organizacionais não cumpriram tudo que foi firmado na Constituição Federal de 1988, 
no qual contam os compromissos de erradicação do analfabetismo, universalização do 
atendimento escolar, melhorar a qualidade do ensino, formar para o trabalho e promoção 
humanística, científica e tecnológica do país. 
 A Constituição Federal estabelece que a educação é um direito de todos e ainda define 
que promove, incentiva, sendo dever do Estado e da família, com a colaboração da sociedade. 
Contudo, Prieto (2010, p. 1) aponta que os responsáveis podem não cumprir com seu papel e 
quando isso ocorre as alternativas são mandato de segurança coletivo, de injunção e ação civil 
pública. Os canais pelo qual se pode obter a organização e respeito à lei, são o Conselho 
Tutelar, o Ministério Público e até mesmo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). 
 Oliveira (apud PRIETO, 2010, p. 1) nos ensina que as sociedades democráticas 
contradizem a declaração de educação como direito de todos, sendo que a exclusão social e 
educacional precisa de tratamento especial, com articulações do Estado, pois até agora este 
está se mostrando refratário na efetivação desses direitos. Para confirmar essa situação, o 
38 
autor apresenta alguns dados genéricos como exemplos. A amostra da Pesquisa Nacional por 
Amostra de Domicílios (PNAD) de 2001, em cinco anos o número de crianças de 7 a 14 anos 
fora da escola caiu de 8,7 % para 3,5%, reduziu-se o analfabetismo e elevou-se o nível de 
instrução da população, contudo isso se deve ao número de matrículas das séries iniciais e não 
de ações educacionais para jovens e adultos. 
 Segundo Prieto (2010, p. 2) outros exemplos são: as condições sócio-econômicas, 
responsáveis pela exclusão escolar, pois obriga as crianças a trabalharem. Dados do Censo 
Escolar de 2002 apresentou a taxa líquida de escolarização de 35.233.996 no ensino 
fundamental e no médio somente 8.783.737, tendo então que efetivar algum plano para esse 
nível. Ainda dos dados do Censo, tem-se em 2001 que 70% dos alunos estão em escolas 
privadas, e destes 2,6% são negros, a evasão escolar é de 4,8% e um índice de repetência de 
21,6%. Todos esses dados expressam segundo a autora, a exclusão escolar e dão indicativos 
para nortear as ações do governo para a área educacional. 
 Para Prieto (2010, p. 2-3) para debater sobre a inclusão escolar da população com 
necessidades educacionais especiais, é necessário esse levantamento genérico acerca da 
exclusão, pois é a partir dessas evidências que se almeja e pode-se construir a inclusão social 
e escolar. Nos dados do Censo Escolar de 2002, sobre a exclusão escolar de Educação 
Especial, apresenta que de 338.081 matrículas em escolas especializadas um número de 
203.367 são em estabelecimentos privados e 76.762 são de redes estaduais e estão nas classes 
especiais. 
 A autora ainda destaca a partir do Censo de 2002 que 57.164 estão nas redes 
municipais, 788 estão vinculados à rede federal, contudo, são alunos do Instituto Benjamin 
Constant (IBC) ou Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), sendo que teve aumento 
no atendimento, considerando que em 1998 era prestado a 293.403 alunos e desses, 155.879 
estavam matriculados na rede privada e 91.959 nas redes estaduais e nas municipais eram 
44.693, ainda na federal eram 872 matrículas. 
 Prieto (2010, p. 3) considera que a ampliação nas redes municipais e do setor privado 
deu-se a partir da política de municipalização do ensino fundamental enquanto nas redes 
estadual e federal os índices de atendimento retraíram. Quanto ao atendimento de alunos com 
necessidades educacionais especiais em classes comuns a matrícula inicial evoluiu em 151% 
de 1998 a 2002, na rede privada em 2002 existiam 83.601 atendimentos, a estadual com 
39 
51.414, municipais com 40.040 e a federal 507. Isso indica um aumento em todas as esferas. 
 Conforme Prieto (2010, p. 3) destaca que ainda prevalece o índice das redes privadas, 
contudo quando se compara as classes: as de escola privada com as públicas. As privadas 
atendem nas classes menos alunos com mais professores, com mais qualificação profissional, 
com formação continuada, com melhor salário, menor carga horária e lhes proporciona ainda 
auxiliares de classe e equipe de apoio, isso tudo segundo a autora favorece a todos e deveria 
funcionar na rede pública. 
O Plano Municipal de Educação deve ser o norteador no processo de educação do 
município e as relações com as políticas estaduais e nacionais, devendo ser desenvolvido 
segundo a revista (ARANHA, 2004, p. 8, v. 2) pelo Conselho Municipal de Educação, 
Secretaria de Educação e ser aprovado pela Câmara Municipal. A sua construção deve advir 
de estudo e análise da realidade local, suas características e necessidades. 
 No Plano Municipal de Educação deve explicitar os objetivos e metas para serem 
alcançados tendo como horizonte os objetivos e metas do Plano Nacional de Educação. 
 Conforme o Plano Nacional de Educação, Lei 10.172/2001, no artigo 1°23 determina 
que os municípios devam elaborar planos decenais correspondentes e no artigo 5°24 estabelece 
que os planos plurianuais devam ser elaborados de forma que cumpram as metas do Plano 
Nacional de Educação. Este Plano Municipal de Educação precisa contemplar a atenção às 
necessidades educacionais especiais, contendo ainda metas para a educação infantil, 
fundamental, educação de jovens e adultos. (ARANHA, 2004, p. 15, v. 2) 
É possível transformar um sistema educacional por meio de mudanças de valores, 
crenças, de ideias e de práticas pedagógicas e sociais. Elaborando-se um 
planejamento cuidadoso,com metas operacionais claras, pode-se alcançar os 
objetivos pretendidos. É importante que se analise o conjunto de mudanças 
necessárias, o conjunto de reforma e/ou de aquisições que deverão ser realizadas e 
que se planeje cada passo do processo de implementação, de forma a garantir que 
sejam efetivadas as mudanças, (formação continuada do professor, equipamentos e 
recursos materiais. (ARANHA, 2004, p. 15, v. 2). 
 
23 Art. 1. Fica aprovado o Plano Nacional de Educação, constante do documento anexo, com duração de dez 
anos. 
24 Art. 5o Os planos plurianuais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios serão elaborados de 
modo a dar suporte às metas constantes do Plano Nacional de Educação e dos respectivos planos decenais. 
40 
 Ainda segundo Aranha (2004, p. 19, v. 2), na Revista Educação, destaca a importância 
em manter critérios para a organização de salas de aula inclusivas, levando em conta o 
número de alunos com necessidades educacionais especiais e refletindo a realidade social com 
observância na qualidade do atendimento. Deve-se garantir aos alunos, espaço e 
oportunidade. A turma deve ser constituída de alunos com e sem deficiência, na mesma faixa 
etária, para favorecer o desenvolvimento pessoal e social, entre outros fatores devem ser 
pensados nessa constituição. 
 A sistemática entre professor de ensino regular e professor especialista em educação 
especial, deve ser sempre definida, o trabalho interdisciplinar para decidir estratégias de 
aprendizagem, organizando as políticas de atendimento, rompendo assim com a exclusão com 
a fragmentação dos saberes e com a lógica do especialismo – prática em que a escola se 
responsabiliza pela aprendizagem e encaminha para modalidades de atendimentos a saúde. 
(ARANHA, 2004, p. 22, v. 2). 
 Os professores devem analisar juntas as situações e trabalhar de forma cooperativa e a 
equipe deve ser interdisciplinar, a equipe pedagógica com rede de saúde e assistência que se 
complementam entre si e nas políticas de atendimento e na organização dos saberes. Este é o 
começo para conseguirmos conquistar o paradigma da inclusão social na vida educacional, 
redefinindo e reestruturando a prática educativa de tal forma que

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