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FUNDAMENTOS-DA-EDUCAÇÃO-ESPECIAL-1-1

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1 
 
 
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 
1 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. BREVE RESGATE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ............................ 
3 
1.1 A Educação Especial no Mundo e no Brasil ................................................... 
3 
2. EDUCAÇÃO ESPECIAL - PARADIGMAS ........................................................... 
8 
2.1 Segregação .................................................................................................... 
9 
2.2 Integração ...................................................................................................... 9 
2.3 Suporte ........................................................................................................... 
9 
3. A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL .................................... 
10 
3.1 Marcos Fundamentais .................................................................................. 10 
3.2 Após a Proclamação da República .............................................................. 10 
4. ONU E AS CONFERÊNCIAS MUNDIAIS .......................................................... 
15 
4.1 Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) .................................... 16 
4.2 Convenção Sobre os Direitos da Criança (1989) ......................................... 18 
4.3 Conferência Mundial de Educação Para Todos (1990) ................................ 21 
4.4 Conferência Mundial Sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e 
Qualidade (1994) ................................................................................................... 22 
4.4.1 Declaração de Salamanca (1994) 
......................................................... 22 
4.5 Convenção de Guatemala (1999) ................................................................ 25 
4.5.1 Convenção de Guatemala 
..................................................................... 26 
4.6 Carta do Terceiro Milênio (1999) .................................................................. 27 
5. A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA 
... 
 ............................................................................................................................ 30 
6. A EDUCAÇÃO ESPECIAL E AS TERMINOLOGIA........................................... 
37 
6.1 Pessoa com Deficiência ............................................................................... 37 
7. ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO – AEE ............................. 
43 
7.1 Profissional de Apoio.................................................................................... 44 
2 
 
 
7.2 Professor Interlocutor ................................................................................... 44 
8. DIVERSIDADE X INCLUSÃO: CONCEITO, TEORIA E PRÁTICA NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................................................ 46 
8.1 Inclusão: Aspectos Legais e Conceituais ..................................................... 46 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 
53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, 
de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
1. BREVE RESGATE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 
 
Os conceitos legais, históricos e conceituais serão aprofundados no decorrer 
do curso. Porém, consideramos importante, nessa disciplina, apresentar um breve 
panorama histórico, pois acreditamos que pode contribuir para minimizar os mitos 
existentes e ampliar, assim, a disseminação do conhecimento científico. 
Ao analisar os aspectos históricos relacionados ao tratamento e, 
posteriormente, ao atendimento educacional dispensado às pessoas com deficiência, 
TGD e altas habilidades/superdotação, observamos que os conceitos de um ou de 
outro estão atrelados ao conhecimento científico da época. Além disso, esses 
aspectos históricos e o atendimento educacional estão associados às condições de 
vida, social e cultural, de cada povo, que estabelece as normas de convivências com 
aquelas pessoas que, por algum motivo, diferenciam-se das demais (RODRIGUES; 
LEITE, 2010). 
Tais razões explicam, na história da organização da sociedade humana, um 
processo contínuo de criação e recriação de categorização das pessoas, elaborado a 
partir de fatores econômicos, sociais, culturais e históricos (MATTOS, 2002). 
Em linhas gerais, a evolução do conceito de deficiência na história da 
humanidade pode ser dividida em três períodos: 
 O primeiro, que abrange da pré-história até a Idade Média; 
 O segundo, que vai até a Revolução Industrial, que aconteceu no final 
do século XIX e, 
 O terceiro, até os dias atuais. 
 
5 
 
 
 1.1 A Educação Especial no Mundo e no Brasil 
 
A história da educação especial remonta a idade antiga onde eram comuns as 
práticas de exclusão das crianças que nasciam com alguma deficiência. Por exemplo, 
em Esparta, antiga Grécia, algumas crianças deficientes eram abandonadas em 
montanhas bem altas e desertas, a própria sorte, e geralmente morriam de fome ou 
eram devorados por animais. 
Na Antiga Roma, as crianças consideradas com algum defeito, eram atiradas 
nos rios mais fundos, ou de penhascos bem altos. Os egípcios matavam seus 
deficientes com marretadas na cabeça e os enterravam em urnas nos sarcófagos, 
acreditando que assim, a alma se purificaria e voltaria perfeita em beleza e inteligência 
(CORREIA, 1997, p. 56). Registros comprovam que vem de longo tempo a resistência 
à aceitação social das pessoas deficientes, e que suas vidas sempre foram 
ameaçadas. 
Na Europa, na Idade Média, os deficientes eram associados aos demônios e 
aos atos de feitiçaria. Por esse motivo eram perseguidos e mortos. Faziam parte da 
categoria dos excluídos, devendo ser afastados do convívio social ou ser sacrificado. 
Havia posições ambíguas: 
 Uma seria a marca da punição divina, a expiação dos pecados;  Outra dizia 
respeito a expressão do poder sobrenatural, ou seja, o acesso as verdades inatingíveis 
para a maioria (FERREIRA, 1994, p. 67). Para Ferreira (1994), a história do 
atendimento a pessoa com Necessidades Educacionais Especiais, no mundo 
ocidental, começa em meados do século XVI quando a questão da diferença ou a fuga 
ao padrão considerado normal vai passar da órbita de influência da igreja para se 
tornar objeto da medicina. 
No século XVII e meados do século XIX, inicia-se a chamada fase de 
institucionalização, onde as pessoas deficientes eram segregadas e protegidas em 
instituições residenciais. Logo no início do século XX, surgem as escolas e as classes 
especiais dentro das escolas públicas, visando oferecer ao deficiente uma educação 
diferenciada. 
Jean Marc Itard, (1774-1838) no início do séculoXIX, passa a ser considerado 
o pai da educação especial, após desenvolver tentativas de educar um menino de 12 
anos chamado Vitor, o menino lobo (menino considerado com deficiência mental 
6 
 
 
profunda, criado por lobos na floresta). Esse caso ficou conhecido como o caso do 
Selvagem de Aveyron. Itard foi reconhecido como o primeiro estudioso a usar um 
método sistematizado para ensinar deficientes. Ele acreditava que a inteligência de 
seu aluno “retardado” era educável. Até os dias atuais ele é referência para os 
estudiosos (JANNUZZI, 1992). 
Na época do Brasil Colônia, os deficientes não tinham nenhum tipo de atenção 
do poder público, viviam à margem da sociedade que somente poucos foi direcionando 
a atenção para a situação de total desprezo na qual essas pessoas viviam. A 
filantropia foi instituída antes que houvesse uma manifestação do poder público da 
época, vindo a acontecer no final do século XIX com a criação das primeiras 
instituições governamentais para a educação de pessoas surdas e cegas. 
Entende-se como marco histórico da educação especial no Brasil o período final 
do século XIX, com a criação do Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, sob a direção 
de Benjamin Constant, e o Instituto dos Surdos-Mudos, em 1857, (JANNUZZI, 1985, 
2004; MAZZOTTA, 2005). Em 1874 é criado na Bahia o Hospital Juliano Moreira, 
dando início a assistência médica aos indivíduos com deficiência intelectual, e em 
1887, é criada no Rio de Janeiro a “Escola México” para o atendimento de pessoas 
com deficiências físicas e intelectuais (JANNUZZI, 1992; MAZZOTTA, 2005). 
Alguns médicos foram os primeiros a estudar os casos de crianças com 
prejuízos mais graves e criaram instituições para crianças junto a sanatórios 
psiquiátricos. Locais onde as crianças recebiam tratamentos específicos, porém ainda 
institucionalizados. 
Helena Antipoff (1892-1974) pesquisadora, estudou psicologia na França, na 
Universidade de Sorbonne, chegando ao Brasil criou o Laboratório de Psicologia 
Aplicada na Escola de Aperfeiçoamento de Professores, em Minas Gerais, em 1929. 
Iniciou uma proposta de organização da educação primária na rede comum de ensino 
baseado na composição de classes homogêneas. Classes essas que a autora 
acreditava ser possível colocar crianças com alguma deficiência junto às crianças 
normais. Helena Antipoff em 1932 criou a Sociedade Pestalozzi de Minas Gerais, que 
mais tarde a partir de 1945, iria se expandir no país. A primeira escola com o nome 
“Pestalozzi” foi criada em Canoas, Rio Grande do Sul, em 1927.A autora e 
pesquisadora participou de muitas outras iniciativas entre elas implantação da 
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais- APAE, em 1954. 
7 
 
 
A igualdade de oportunidades passou a significar a obrigatoriedade e 
gratuidade do ensino, ao mesmo tempo em que a segregação daqueles que não 
atendiam as exigências escolares, passou a ser justificada pela adequação da 
educação que lhes seria oferecida. 
No período de 1961, a história da educação especial, passou por um período 
de ampliação das instituições especializadas. Estas instituições surgiram, portanto, 
em resposta ao silêncio do poder público e ao descaso social com as pessoas 
consideradas deficientes, explica Romero (2006, p. 21) que: 
 
[...] as iniciativas privadas configuraram-se nesse período como a própria 
expressão do atendimento implantado. Embora o modelo institucionalizado 
possa ser considerado segregacionista, pois mantinha as pessoas com 
deficiências distantes dos espaços regulares de ensino, é preciso levar em 
conta que esse modelo, em certa medida, propunha-se a responder às 
necessidades educacionais específicas dos diferentes tipos de deficiência. 
Por outro lado, cumpre considerar também que a existência dessas 
instituições contribuiu em grande medida para que o poder público tenha se 
isentado desse compromisso no sentido de inviabilizar ou até mesmo 
dificultar o ingresso e a permanência das pessoas com deficiências na escola 
regular. 
Em 1964, instala-se a primeira unidade assistencial da APAE, o Centro 
Ocupacional Helena Antipoff, tendo como objetivo oferecer habilitação profissional a 
adolescentes deficientes mentais do sexo feminino. A primeira unidade multidisciplinar 
integrada para prestação de assistência a deficientes mentais e formação de pessoal 
técnico especializado foi o Centro de Habilitação de Excepcionais inaugurado no dia 
22 de maio de 1971 na APAE de São Paulo (MAZZOTTA, 1996). 
Na década de 1950, contava-se em torno de 190 estabelecimentos de ensino 
especial, sendo sua grande maioria públicos e em escolas. (JANNUZZI, 1992). Em 
1954, é criada a primeira escola especial da Associação de Pais e Amigos dos 
Excepcionais - APAE, no Rio de Janeiro, sob influência do casal de norte-americanos 
Beatrice Bemis e George Bemis, membros da NationalAssossition for Children e a 
atual Nationalassociation for RetardedeCitizens- NARCH. 
No final da década de setenta, são implantados os primeiros cursos de 
formação de professores na área de educação especial ao nível do terceiro grau e os 
primeiros programas de pós-graduação a se dedicarem à área de educação especia 
Na atualidade, em relação a formação de docentes, no contexto da educação 
inclusiva, surgiu a necessidade de complementação nos currículos dos cursos de 
Formação de Docentes e de outros cursos de profissionais e disciplinas que interajam 
8 
 
 
com os alunos com necessidades educacionais especiais (NUNES, et al, 1999; 
BUENO, 2002). 
Segundo Mazzota (1980), autor explica que a década de 1980 ficou marcada 
pelo início da superação da visão assistencialista e das perspectivas de benevolência, 
através de ações que comemoraram em 1981, o Ano Internacional das Pessoas com 
Deficiência, apoiado pela Organização das Nações Unidas - ONU, onde defendeu o 
desdobramentos que culminaram na elaboração de dois planos: Plano de Ação da 
Comissão Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da Ação 
Conjunta para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (1985). 
Mendes (2006) aponta que os debates sobre inclusão no Brasil ganharam força 
na década de 1990 por conta da penetração da cultura americana em nossa 
sociedade, considerando que os movimentos de reforma no sistema educacional 
como a Declaração Mundial sobre Educação para Todos (BRASIL, 1990) e a 
Declaração de Salamanca (BRASIL, 1994). 
A partir desses documentos norteadores, surge com força total, a Resolução 
CNE/CP nº 1/2002, como um instrumento legal que estabelece as Diretrizes Nacionais 
para a formação de Professores da Educação Básica, a determinação legal de que 
seja prevista nos currículos dos cursos ofertados pelas instituições de ensino superior 
a formação docente que atenda à diversidade, abordando conhecimentos referentes 
às diferentes especificidades dos alunos com alguma necessidade educacional 
especial. Percebe-se que houve incremento de disciplinas nos currículos de 
faculdades e Universidades, em especial de Pedagogia como: 
 Libras; 
 Fundamentos da Educação Especial Inclusiva. 
Onde são abordados temas históricos e contextos dos mais variados, entre 
eles, tipos de deficiências, leis e direitos que permeiam o aluno especial, mas é 
necessário rever as cargas horárias que por vezes são insuficientes para dar conta 
dos assuntos tratados, impossibilitando melhor aprofundamento teórico. 
No dia 9 de janeiro de 2001 foi instituída a Lei nº 10.172, que trata da Educação 
Especial no Plano Nacional de Educação. Esse documento estabeleceu como meta 
principal: [...]a formação de recursos humanos com capacidade de oferecer o 
atendimento aos educandos especiais nas creches, pré-escolas, centros de educação 
infantil, escolas regulares de ensino fundamental, médio e superior, bem como 
9 
 
 
instituições específicas e outras. Instituições específicas (BRASIL, 2001, p. 80)Em 
relação ao local onde o atendimento educacional especializado deve ser realizado é 
especificado no Artigo 5º que: 
 
[...] prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais, da própria escola ou 
em outra escola de ensino regular de turno inverso da escolarização, não 
sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, também, em 
centro de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de 
instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, 
conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos 
Estados, Distrito Federal ou Municípios (BRASIL, 2009, p.1). 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
2.1 Segregação 
 
Institucionalização: Fundamenta - se na ideia e na concepção de que o 
estudante da Educação Especial não é produtivo e estaria bem cuidado se mantido 
em ambiente segregado. 
Expansão de institutos, hospitais, manicômios etc. 
 
2.2 Integração 
 
Serviços: Caracteriza - se pela oferta de serviços, organizados em três etapas: 
avaliação por uma equipe de profissionais, intervenção e encaminhamento para a vida 
na comunidade. 
 Expansão das escolas especiais, das entidades assistenciais e dos centros de 
reabilita ção. 
 
2.3 Suporte 
 
Parte - se do pressuposto que o estudante da Educação Especial tem direito à 
convivência não segregada e ao acesso imediato e contínuo aos recursos disponíveis 
aos demais cidadãos. 
Expansão da disponibilidade de suportes materiais e humanos, melhoria de 
estrutura física (acessibilidade) de forma que o acesso de todos os estudantes a 
quaisquer recursos da comunidade seja garantido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
3. A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL 
 
3.1 Marcos Fundamentais 
 
 Criação do Instituto dos Meninos Cegos ( atual Instituto Benjamin Constant – 
IBC), em 1854. 
Criação do Instituto dos Surdos - Mudos ( atualmente, Instituto Nacional de 
Educação de Surdos – INES) em 1857, na cidade do Rio de Janeiro. 
Miranda (2003) descreve que ambos foram criados pe la intercessão de amigos 
ou de pessoas próximas ao Imperador, fato que configura a prática do favor e da 
caridade, o que era comum naquela época também nas relações com as pessoas com 
deficiência. Tal tipo de relação corroborou o caráter assistencialista, que balizou a 
atenção à pessoa com deficiência e à Educação Especial, em particular, desde seu 
início. 
Caráter assistencialista se refere a ações que não transformam a realidade 
social da pessoa necessitada de algo, pois atende apenas às necessidades 
indiv iduais e emergentes por serem pontuais sem promover mudanças estruturais 
efetivas e duradouras. Um exemplo são as doações que acontecem esporadicamente 
ou sob solicitação sem um caráter de projetos em longo prazo que resultem em 
mudanças. 
Mesmo que sem um objetivo coletivo, a fundação desses dois Institutos 
representou (e ainda representa) uma conquista para o atendimento das pessoas com 
deficiência, abrindo espaço para a conscientização da educação de surdos e cegos. 
Todavia, “[...] 
1872 - Já havia uma po pulação de 15.848 cegos e 11.595 surdos no país, mas 
eram atendidos apenas 35 cegos e 17 surdos” (MAZZOTTA, 1996, p. 29). 
 
3.2 Após a Proclamação da República 
 
Profissionais que haviam ido estudar na Europa começaram a retornar 
entusiasmados com a ideia de modernizar o país. 
Em 1906, as escolas públicas começaram a atender os estudantes com 
deficiência intelectual, no Rio de Janeiro. 
12 
 
 
 
Em 1911, foi criado o Serviço de Higiene e Saúde Pública do Estado de São 
Paulo, instituindo o serviço de inspeção médico-escolar, que viria trabalhar 
conjuntamente com o Serviço de Educação, na defesa da Saúde Pública. 
Entre 1912 e 1913 foi criado o chamado Laboratório de Pedagogia Experimental 
ou Gabinete de Psicologia Experimental, na Escola Normal de São Paulo (atual Escola 
Caetano de Campos). 
Em 1917, dando continuidade à providência anterior, foram estabelecidas as 
normas para a seleção de “anormais”, já que na época prevalecia a preocupação com 
a eugenia da raça, sendo o medo de degenerescências e taras uma questão de saúde 
pública (JANNUZZI, 1992; PESSOTTI, 1984). 
Entre as décadas de 1930 e 1940, várias foram as mudanças na educação 
brasileira, principalmente em relação à expansão da educação básica. A preocupação, 
porém, versava sobre as reformas na educação do estudante sem deficiência, 
enquanto que as discussões sobre educação das pessoas com deficiências 
continuavam, ainda, sem espaço. 
As propostas da Educação Especial, na época, baseavam-se em duas 
vertentes: 
 MÉDICO-PEDAGÓGICA: caracterizava pela preocupação higienizadora 
e teve como consequências a instalação de escolas em hospitais, o que 
promoveu maior segregação de atendimentos aos estudantes com deficiência 
 PSICOPEDAGÓGICA: buscava a educação dos “anormais”, que eram 
identificados por meio de escalas psicológicas e escalas de inteligência. Mesmo 
tendo como objetivo a educação do estudante com deficiência, essa vertente 
também revelou um caráter segregatório, dando origem às classes especiais 
públicas (JANNUZZI, 1992; MENDES, 1995). 
Em 1945 foi criada a Sociedade Pestalozzi do Brasil e, em 1954, a Associação 
de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Nessa fase, observa-se a criação de 
escolas especiais beneficentes. A expansão dessas instituições privadas e 
filantrópicas desobrigava o poder público do atendimento educacional a essa parcela 
da população estudantil. 
 Assim, a necessidade de educação para as pessoas com deficiências, com 
13 
 
 
“atendimento especial”, “material especial” e “professor especial”, começou a ser 
levada em consideração. Nesse período, surgem as escolas especiais e, mais tarde, 
as classes especiais dentro de escolas comuns. 
O sistema educacional brasileiro cria dois subsistemas: 
 Educação Comum; 
 Educação Especial. 
Ambas com objetivos aparentemente iguais, ou seja, “formar o cidadão para a 
vida em sociedade e no trabalho”. 
 
“ Nesse momento, pode-se dizer que as escolas especiais se 
 
constituíram como instituições revolucionárias, pois ofereciam ensino para quem 
sequer o tinha como direito.” 
 
Até a década de 1950 - Em algumas deficiências, observou-se, no Brasil, o 
mesmo padrão de desenvolvimento do atendimento ocorrido em outros países, ainda 
que com muitos anos de atraso, como o atendimento às pessoas com deficiência 
auditiva e visual. No geral, observa-se que a fase de negligência e omissão e, 
principalmente, exclusão social, no Brasil, foi estendida por mais tempo, 
provavelmente até essa década. ”O atendimento na Europa, por sua vez, foi instituído 
no final do século XIX, com a criação de classes e escolas cujo objetivo era escolarizar 
crianças com deficiência, em especial aquelas com deficiência intelectual. “ 
Nesse momento, pode-se dizer que as escolas especiais se constituíram como 
instituições revolucionárias, pois ofereciam ensino para quem sequer o tinha como 
direito. 
Na década de 1960, ocorreu a maior expansão no número de escolas de ensino 
especial já vista no país. 
Em 1969, havia mais de 800 estabelecimentos de ensino especial para 
estudantes com deficiência intelectual, cerca de quatro vezes mais do que a 
quantidade existente no início da década. Concomitantemente, aumentaram as 
classes especiais que funcionavam nas escolas públicas, em especial aquelas 
direcionadas aos estudantes com deficiência intelectual (JANNUZZI, 1992). 
Na década de 1970 - O conceito de integração, que se caracterizava pela 
escolarização das crianças com deficiências em ambientes o menos segregados 
14 
 
 
possível, junto com seus pares de idade cronológica, e com a oferta de apoios 
necessários a cada estudante.Esse modelo se opunha aos modelos de segregação 
e defendia-se a ideia de possibilitar às pessoas com deficiência condições de vida o 
mais normal possível. 
1980 – Década marcante para as propostas de definição das políticas públicas 
da educação especial. Foram norteadas pelos princípios da normalização e da 
integração, o que se observou foram ações voltadas para a retirada de estudantes das 
classes comuns. Esses estudantes, colocados nas classes especiais, deveriam ser 
preparados para o retorno à classe comum, o que demonstra um equívoco no 
entendimento do princípio. Ou seja, nesse período, acreditava-se que o estudante é 
quem deveria se adaptar à escola, sendo predominante o caráter de integração à 
educação dos estudantes da Educação Especial. 
A partir de 1990, o Brasil aderiu aos movimentos mundiais pela educação 
inclusiva, que versavam sobre ações políticas, culturais, sociais e pedagógicas, 
desencadeadas em defesa do direito de todos os estudantes de aprenderem juntos, 
sem discriminação. 
De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008, p.1): 
 
[ …] constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de 
direitos humanos, que conjuga a igualdade e diferença como valores 
indissociáveis, que avança em relação à ideia de equidade formal ao 
contextualizar as circunstâncias histó ricas da produção da exclusão dentro 
e fora da escola . 
. 
 Muitos foram os movimentos de organizações internacionais que propuseram 
diretrizes para a inclusão da pessoa com deficiência. O Brasil, em diferentes 
governos, comprometeu-se em assumi-las. Tais atos resultaram na elaboração de 
decretos e leis que passaram a garantir a presença do estudante com deficiência no 
sistema regular de ensino. 
As leis anteriores culminaram na Política Nacional de Educação Especial na 
Perspectiva da Educação Inclusiva, que traz uma mudança na terminologia. As 
necessidades educativas especiais passam a ser denominadas deficiências, 
15 
 
 
transtornos globais do desenvolvimento (que substitui o termo condutas típicas) e altas 
habilidades/superdotação. 
A atual política considera, ainda, a Educação Especial como modalidade de 
educação escolar e como campo de conhecimento, buscando o entendimento do 
16 
 
 
 
 
processo educacional de estudantes da Educação Especial. Presente em todas as 
etapas dos níveis básicos ao superior de e nsino, ela passa a ser complemento da 
formação desses estudantes, perdendo sua condição de substituir o ensino comum, 
curricular em escolas e classes especiais (BRASIL, 2008). 
A partir de então, observamos um crescente número de alunos da Educação 
Especial em todo território nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
 
4. ONU E AS CONFERÊNCIAS MUNDIAIS 
 
Vimos as diferentes formas de convivência do deficiente com a sociedade até 
o final do século passado. Com isso, percebeu que a visão sobre a deficiência é social 
e historicamente construída, porque, em cada época, os homens dispõem de 
informações, recurso s, conhecimentos, crenças e valores próprios daquele momento 
da história. 
Pode - se perceber até aqui que o caminho percorrido pelos deficientes até 
chegarem à condição de serem escolarizados foi longo e muitas vezes cruel. No 
entanto, e felizmente, o mundo mudou, os conhecimentos foram se ampliando, a 
Medicina evoluiu e as tecnologias chegaram para facilitar o cotidiano das pessoas. 
Contudo, ainda hoje há barreiras de diferentes naturezas a serem transpostas no 
convívio da sociedade com o deficiente. Entre as atuais dificuldades, está o desafio 
de tornar universal o acesso à educação, à saúde, à segurança e ao emprego. 
No campo da Educação Especial, nem todas as alternativas e respostas foram 
encontradas para os impasses da convivência social. Entretanto, o percurso até aqui 
só foi possível porque, no século passado, alguns documentos internacionais gerados 
em diferentes momentos tornaram - se marcos históricos e nortearam as conquistas 
em diversos campos, tanto para as pessoas de uma maneira geral, como 
partic ularmente para aquelas com necessidades especiais. 
Destacam - se, dentre esses marcos históricos: 
 Declaração Universal dos Direitos do Homem pela ONU (1948); 
 Convenção sobre os Direitos da Criança (1989); 
 Conferência Mundial Educação para Todos (1990), c om a Declaração 
Mundial de Educação para Todos (1990); 
 Conferência Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais: 
acesso e qualidade, com a Declaração de Salamanca (1994); 
 Convenção de Guatemala (1999) e a Carta do Terceiro Milênio (1999). 
Vamos ver, então, com mais detalhe, cada um desses acontecimentos. 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.1 Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) 
 
 O primeiro, e talvez o mais importante, acontecimento da história no campo 
dos direitos do ser humano foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos adotada 
pela Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 10 de dezembro de 1948. Apesar 
de não constituir uma lei, esse documento é utilizado para nortear boa parte das 
decisões tomadas pela comunidade internacional. É um texto de referência ética, que 
estabelece os direitos naturais de todos os seres humanos, independentemente de 
nacionalidade, cor, sexo, or ientação religiosa e política (TONELLO, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU): 
 Fundada após a Segunda Guerra Mundial, em 24 de outubro de 1945, com 
a promulgação da Carta das Nações Unidas, assinada por representantes de 
 51 países, inclusive o Brasil. Nela são apresentados os objetivos que 
norteiam e pautam essa instituição: manter a paz mundial; proteger os 
Direitos Humanos; promover o desenvolvimento econômico e social das 
nações; estimular a autonomia dos povos dependentes ; reforçar os laços 
entre todos os estados soberanos. A carta vem selar o compromisso da 
comunidade internacional de zelar pela paz mundial e pela cordialidade entre 
os povos do planeta. Atualmente a ONU conta com a participação de 192 
países e é o mais re speitado fórum de discussões e encaminhamentos dos 
problemas mundiais. Seis órgãos principais constituem a ONU: a Assembleia 
Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o 
Conselho de Tutela, o Tribunal Internacional de Justiça e o Secret ariado. 
Todos eles estão situados na sede da ONU, em Nova York, com exceção do 
Tribunal, que fica em Haia, na Holanda. 
 
19 
 
 
 
 
A primeira declaração do gênero de que se tem notícia 
foi a Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, em 1789, na França. Com dezessete 
artigos, esta declaração foi promulgada na primeira 
fase da Revolução Francesa, cujo lema era 
Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Inspirada nas 
ideias iluministas, esta fase da história foi fértil na 
reflexão sobre os princípios da condição humana e 
sobre as relações de poder entre os homens. Esta 
declaração também serviu de fonte de inspiração para 
a Declaração que vigora hoje. 
Antes de destacar os trechos mais importantes da Declaração, é necessário 
contextualizar os fatos, as reivindicações e a compreensão de homem e de sociedade 
daquele tempo. O mundo vivia o pós-guerra em 1948. Cerca de 50 milhões de pessoas 
morreram em combate, perto de 6 milhões de judeus foram exterminados em campos 
de concentração nazistas, e um sem-número de pessoas mutiladas e deficientes 
voltavam para seus países de origem. Nessa época, essas pessoas que, por 
diferentes motivos, se sentiam prejudicadas na convivência em sociedade, 
começaram a reivindicar seus direitos (TONELLO, 2001).A Declaração surge, então, da união dos governos para a criação de 
mecanismos capazes de “proteger o homem contra o homem, as nações contra as 
nações e sempre que homens e nações se arroguem o poder de violar direitos” 
(BRASIL, 1990, p. 7). 
 Este documento garante a educação para todos, indistintamente, quaisquer 
que sejam as origens ou condição social. É dentro desse contexto da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos que a Secretaria de Educação Especial do MEC 
(Seesp/MEC), desde 1994, destaca e tem sempre presente em suas decisões os 
seguintes princípios dessa Declaração: 
 Todo ser humano é elemento valioso, qualquer que seja a idade, sexo, 
NÍVEL MENTAL, condições emocionais e antecedentes culturais que possua, 
20 
 
 
ou grupo étnico, nível social e credo a que pertença. Este valor é inerente a sua 
natureza e às potencialidades que traz em si. 
 
 Todo ser humano, em todas as suas dimensões, é o centro e o foco de 
qualquer movimento para a sua promoção. O princípio é válido tanto para as 
pessoas normais e para as ligeiramente afetadas como, também, para as 
gravemente prejudicadas, que exigem uma ação integrada de responsabilidade 
e de realizações pluridirecionais. 
 Todo ser humano conta com possibilidades reais, mínimas que sejam, 
de alcançar pleno desenvolvimento de suas habilidades e de adaptar-se 
positivamente ao ambiente normal. 
 Todo ser humano tem direito de reivindicar condições apropriadas de 
vida, aprendizagem e ação; de desfrutar de convivência condigna e de 
aproveitar as experiências que lhes são oferecidas para desempenhar sua 
função social como pessoa e membro atuante de uma comunidade. 
 Todo ser humano, por menor contribuição que possa dar à sociedade, 
deve fazer jus ao direito de igualdade de oportunidades, que lhe assiste como 
integrante de uma sociedade. 
 Todo ser humano, sejam quais forem as suas condições de vida, tem 
direito de ser tratado com respeito e dignidade (BRASIL, 1995, p. 7-8). 
 
 FIQUE ATENTO 
 Importantes aspectos abordados na Declaração Universal dos Direitos 
Humanos: O Art. XXIV da Declaração Universal dos Direitos Humanos prevê 
 
que toda pessoa tem direito ao repouso e lazer (...); O Art. XXV da Declaração 
 Universal dos Direitos do Homem prevê que toda pessoa tem direito a um padrão de 
vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde e bem-estar, 
 
inclusive alimentação, vestuário, habitações, cuidados médicos e serviços 
sociais indispensáveis (...); O Art. XXV.2 da Declaração Universal dos 
 Direitos Humanos prevê que toda maternidade e infância têm direito a 
cuidados e assistência especiais (...) 
 
 
 
21 
 
 
 
4.2 Convenção Sobre os Direitos da Criança (1989) 
 
 Outro marco histórico internacional foi a Convenção sobre os Direitos da 
Criança, de 20 de novembro de 1989, adotada pela Assembleia das Nações Unidas e 
ratificada pelo Brasil em 24 de setembro de 1990. 
 
Trata-se de um documento que enuncia um amplo conjunto de direitos 
fundamentais – direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais – de todas as 
crianças, assim como as respectivas disposições para que sejam aplicadas. 
Os Estados Partes presentes na convenção, considerando os princípios 
fundamentais das Nações Unidas e as disposições precisas em diferentes tratados de 
direitos humanos e outros textos pertinentes, reafirmam o fato de as crianças, devido 
a sua vulnerabilidade, necessitarem de proteção e de atenção especial. 
Para a Convenção, são quatro os pilares fundamentais que estão relacionados 
com todos os outros direitos das crianças: 
 A não discriminação: que significa que todas as crianças têm o direito a 
desenvolver todo o seu potencial – todas as crianças, em todas as 
circunstâncias, em qualquer momento, em qualquer parte do mundo;  O 
interesse superior da criança: deve ser uma consideração prioritária em todas 
as ações e decisões que lhe digam respeito; 
 A sobrevivência e o desenvolvimento: sublinham a importância vital para 
a garantia de acesso a serviços básicos e à igualdade de oportunidades para 
que as crianças possam desenvolver-se plenamente; 
 A opinião da criança: que significa que a voz das crianças deve ser 
ouvida e tida em conta em todos os assuntos que se relacionem com os seus 
direitos (UNICEF, 2009). 
A Convenção sobre os Direitos da Criança tem 54 artigos, que podem ser 
divididos em quatro categorias: 
 Os direitos à sobrevivência – por exemplo, o direito a cuidados 
adequados; 
22 
 
 
 Os direitos relativos ao desenvolvimento – por exemplo, o direito à 
educação; 
 Os direitos relativos à proteção – por exemplo, o direito de ser protegida 
contra exploração; 
 Os direitos de participação – por exemplo, o direito de emitir sua opinião 
(UNICEF, 2009). 
 Em seu Artigo 1º, a Convenção define criança como todo ser humano menor 
de 18 anos de idade, salvo se, nos termos da lei que lhe for aplicável, a maioridade 
for alcançada mais cedo. 
 
O quinto princípio dessa Convenção explicita os direitos dos portadores de 
necessidades especiais, levando os educadores, em geral, a assumirem a 
responsabilidade de valorizá-los como indivíduos e como seres sociais. 
O Artigo 23, da referida Convenção, prescreve que: 
 Os Estados Partes reconhecem à criança mental e fisicamente deficiente 
o direito de desfrutar de uma vida plena e decente, em condições que garantam sua 
dignidade, favoreçam sua autonomia e facilitem sua participação ativa na 
comunidade. 
 Os Estados Partes reconhecem à criança deficiente o direito de se 
beneficiar de cuidados especiais. Eles também, de acordo com os recursos 
disponíveis e sempre que a criança ou seus responsáveis reúnam as condições 
requeridas, estimularão e assegurarão a prestação da assistência solicitada. Esta 
deve ser adequada ao estado da criança e às circunstâncias de seus pais ou das 
pessoas encarregadas de seus cuidados. 
 Atendendo às necessidades particulares da criança deficiente, a 
assistência fornecida, conforme disposto no parágrafo 2º do presente artigo, será 
gratuita sempre que possível, levando-se em consideração a situação econômica dos 
pais ou das pessoas que cuidem da criança, e visará assegurar à criança deficiente o 
acesso efetivo à educação, à capacitação, aos serviços de saúde, aos serviços de 
reabilitação, à preparação para o emprego e às atividades recreativas, e que ela se 
beneficie desses serviços de forma a assegurar uma integração social tão completa 
23 
 
 
quanto possível e o desenvolvimento pessoal, incluindo os domínios cultural e 
espiritual. 
 Os Estados Partes promoverão, com o espírito de cooperação 
internacional, um intercâmbio adequado de informações nos campos da assistência 
médica preventiva e do tratamento médico, psicológico e funcional das crianças 
deficientes, inclusive a divulgação de informações a respeito dos métodos de 
reabilitação e dos serviços de ensino e formação profissional, bem como o acesso a 
essa informação, a fim de que os Estados Partes possam aprimorar sua capacidade 
e seus conhecimentos e ampliar sua experiência nesses campos. Nesse sentido, 
serão levadas especialmente em conta as necessidades dos países em 
desenvolvimento (UNICEF, 2009). 
Para a Convenção, a criança deficiente tem direito a cuidados especiais, 
educação e formação adequada, que lhe permitam ter uma vida plena e decente, em 
condições de dignidade, e atingir o maior grau de autonomia e integração social 
possível (UNICEF, 2009). 
 
4.3 Conferência Mundial de Educação Para Todos (1990) 
 
 Quarenta anos depois que as nações do mundo afirmaram na Declaração 
Universal dos Direitos Humanos que toda pessoa tem direito à educação, ainda na 
década de 1990, mais de 100 milhões de crianças não tinham acesso ao ensino 
primário, 960 milhões de adultos eram analfabetose mais de um terço dos adultos no 
mundo não tinham acesso ao conhecimento impresso e às novas tecnologias. 
Uma década antes do terceiro milênio, enquanto nos países mais 
desenvolvidos o crescimento econômico permitiu financiar a educação, mesmo 
considerando que ainda milhões de pessoas continuassem a viver na pobreza e 
analfabetas, nos países menos desenvolvidos o acesso à educação foi dificultado 
ainda mais por inúmeros problemas. 
O acesso às informações disponíveis no mundo, importante para a 
sobrevivência e bem-estar das pessoas, continua crescendo em um ritmo acelerado, 
e nossa capacidade em comunicar é fundamental para levar a informação de forma 
que os conhecimentos sobre qualidade de vida estejam disponíveis. A pesquisa e as 
experiências acumuladas em inovações, reformas e nos progressos alcançados em 
educação, em muitos países, fazem com que a meta de educação básica para todos 
24 
 
 
– pela primeira vez na história – seja uma meta viável (Preâmbulo da Declaração 
Mundial da Educação para Todos – satisfação das necessidades básicas de 
Aprendizagem). 
Nesse cenário mundial, em março de 1990, em Joimtien, Tailândia, os 
participantes reunidos para a Conferência Mundial sobre Educação para Todos 
relembram que a educação pode contribuir para conquistar um mundo mais seguro, 
mais sadio, mais próspero e ambientalmente mais puro e que é de importância 
fundamental para o progresso pessoal e social e, entre outras constatações, 
proclamam a Declaração Mundial sobre Educação para Todos – satisfação das 
necessidades básicas de Aprendizagem. 
Os 10 artigos da Declaração tratam de: satisfazer as necessidades básicas de 
aprendizagem; expandir o enfoque no sentido das práticas correntes; universalizar o 
acesso à educação e promover a equidade; concentrar a atenção na aprendizagem; 
ampliar os meios e o raio de ação da educação básica; propiciar um ambiente 
adequado à aprendizagem; desenvolver uma política contextualizada de apoio; 
mobilizar recursos e fortalecer a solidariedade internacional. 
Portanto, a Conferência Mundial sobre Educação para Todos (1990) ratifica o 
direito de toda criança à educação, direito esse proclamado desde a Declaração de 
Direitos Humanos em 1948. 
 
4.4 Conferência Mundial Sobre Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e 
Qualidade (1994) 
 
Essa conferência foi outro acontecimento importante no cenário internacional e 
aconteceu em Salamanca, Espanha, entre os dias 7 e 10 de junho de 1994. 
Nessa oportunidade, os delegados representantes dos 92 governos e de 25 
organizações internacionais reafirmaram, por meio de um documento denominado 
“Declaração de Salamanca”, o compromisso com a Educação para Todos, 
reconhecendo a necessidade e a urgência de ser o ensino ministrado, no sistema 
comum de educação, a todas as crianças, jovens e adultos com necessidades 
educativas especiais e apoiaram a Linha de Ação para as Necessidades Educativas 
Especiais, cujo espírito refletido em suas disposições e recomendações deve orientar 
organizações e governos. 
25 
 
 
 
4.4.1 Declaração de Salamanca (1994) 
 
A Declaração de Salamanca é, portanto, o documento resultante da 
Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais. E, por isso, ela é 
outro marco internacional no contexto da garantia dos direitos das pessoas com 
necessidades educacionais especiais e deficiência. 
Essa Declaração unifica os princípios, a política e as práticas da integração das 
pessoas com necessidades educativas especiais. O documento da Declaração de 
Salamanca (1994) proclama que: 
 Todas as crianças têm direito fundamental à educação e deve ser dada 
a oportunidade de obter e manter um nível adequado de conhecimentos. 
 Cada criança tem características, interesses, capacidades e 
necessidades de aprendizagem que lhe são próprias. 
 
 Os sistemas educativos devem ser projetados e os programas aplicados 
de modo que tenham em vista toda a gama dessas diferentes características e 
necessidades. 
 As pessoas com necessidades educativas especiais devem ter acesso 
à escola regular, que deverá integrá-las numa pedagogia centrada na pessoa, capaz 
de atender a essas necessidades. 
 As escolas regulares, com essa orientação inclusiva, constituem os 
meios mais eficazes de combater as atitudes discriminatórias, criando-se 
comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando 
educação para todos, além de proporcionar uma educação efetiva à maioria das 
crianças e melhorar tanto a eficiência como a relação custo-benefício de todo o 
sistema educacional (BRASIL, 1995). 
A Declaração de Salamanca traz, ainda, novas ideias sobre necessidades 
educativas especiais e diretrizes de ação no Plano Nacional, que incluem: 
 A política e as formas de organização. 
 Os aspectos escolares. 
 A formação do pessoal docente. 
26 
 
 
 Os serviços externos que servirão de apoio. Educação Especial | 
Marcos históricos internacionais da Educação Especial até o século XX 80 
CEDERJ – As áreas prioritárias (educação pré-escolar, preparação para a vida 
adulta, educação continuada de adultos e de meninas). 
 A participação da comunidade e os recursos necessários. 
Este documento se torna, no Brasil, um referencial que sinaliza um novo 
momento para a Educação Especial, que passa a difundir a filosofia da Educação 
Integradora. Assim chamada inicialmente, a Educação Integradora recebe, mais tarde, 
o nome de Educação Inclusiva. Antes não havia nada tão específico. 
A Declaração orienta as práticas da educação para todos e que as escolas, 
agora integradoras, devem acolher as crianças independentemente de suas 
condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas. Essa Declaração 
advoga a pedagogia centrada na criança. 
 
Pedagogia centrada na criança é aquela capaz de educar com sucesso todos 
os alunos, inclusive os que sofrem de deficiências graves. O mérito dessas 
escolas não está só na capacidade de dispensar educação de qualidade a 
todas as crianças; com sua criação, dá-se um passo importante para tentar 
mudar atitudes de discriminação e criar comunidades que acolhem a todos em 
sociedades integradas. A pedagogia centrada na criança contribui, inclusive, 
para evitar desperdícios de recursos e frustração de esperanças, 
consequências frequentes da má qualidade do ensino (BRASIL, 1994). 
 
Algumas das ideias a seguir mostrarão o alcance da Declaração de Salamanca 
na orientação e procedimentos em diferentes aspectos na área da Educação Especial. 
 O Direito da Criança - Toda criança com deficiência tem o direito de 
manifestar seus desejos quanto a sua educação, na medida de sua capacidade de 
estar certa disso. 
 Princípio Fundamental - As escolas devem acolher todas as crianças, 
independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, 
linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem 
dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações 
distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e 
crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas. 
 Necessidades Educativas Especiais: Tal expressão refere-se a todas 
as crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua capacidade ou de suas 
dificuldades de aprendizagem. Em algum momento de sua escolarização, muitas 
27 
 
 
crianças têm dificuldades de aprendizagem e, portanto, necessidades educativas 
especiais. Um exemplo é aquela criança que, por ter baixa visão, necessita de um 
determinado tipo de ampliação de materiais pedagógicos para que possa ler e realizar 
as atividades da mesma forma que as outras crianças. Nesse caso, a escola deve 
oferecer todo o apoio adicional necessário à educação dacriança, podendo fazê-lo 
em salas de recursos, no contraturno – no outro período da escola regular ou, em 
alguns casos, até mesmo em escolas especializadas. 
 Escola Integradora: É a escola cujo desafio é desenvolver uma 
pedagogia centrada na criança, capaz de educar com sucesso todos os alunos, 
inclusive os que sofrem de deficiências graves. Um exemplo é a que atende a criança 
que necessita de uma atenção diferenciada e orientada de forma que se adapte aos 
diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e que assegure, a ela, um ensino de 
qualidade. 
 Pressupostos: Todas as diferenças humanas são normais e a 
aprendizagem deve, portanto, ajustar-se às necessidades de cada criança, e não ao 
contrário. Assim, a escola e os professores devem favorecer a aprendizagem e não 
esperar que o aluno se ajuste à escola. Agora cabe à escola se organizar e se preparar 
28 
 
 
 
 
para receber a todos. Uma pedagogia centrada na criança é válida para todos os 
alunos e, consequentemente, para toda a sociedade. Assim, as escolas que 
centralizam o ensino na criança são a base para a construção de u ma sociedade que 
respeita tanto a dignidade quanto as diferenças de todos os seres humanos e 
possibilita a todos condições de aprendizagem mais adequadas à necessidade de 
cada um. 
 
4.5 Convenção d e Guatemala (1999) 
 
Um outro acontecimento importante, aind a no final do século XX, foi a 
Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, que aconteceu na Guatemala em maio 
de 1999, conhecida como Convenção de Guatemala. 
Essa Convenção fo i promulgada pelo Brasil, por meio do Decreto n. 
3.956/2001 , que afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos 
humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas e define discriminação 
com base na deficiência toda diferenciação, exclusã o ou ainda restrição que possa 
impedir ou anular os direitos humanos e suas liberdades fundamentais. 
A importância desse Decreto, para a educação, é que ele exige uma 
reinterpretação da educação especial compreendida no contexto da diferenciação e 
orienta procedimentos no sentido de tomar medidas de caráter legislativo, social, 
educacional, trabalhista e de qualquer outra natureza no sentido de eliminar a 
discriminação e proporcionar a integração da pessoa com necessidades especiais à 
sociedade. 
Guatemala é um país situado a oeste da América Central, marcado pela 
oposição entre os indígenas de origem maia, que exercem forte influência na cultura 
nacional – metade da população, e a elite de origem espanhola, que controla a 
economia e o poder político. 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
4.5.1 Convenção de Guatemala 
 
 Os Estados Partes reafirmaram que as pessoas portadoras de deficiência têm 
os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que 
esses direitos, inclusive o direito de não ser submetidas à discriminação com base na 
deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser 
humano. 
Ainda os Estados Partes de diferentes regiões e organizações, presentes nessa 
convenção, com base em vários documentos internacionais, do período entre os anos 
de 1975 a 1996, concordaram em uma série de ações e encaminhamentos traduzidos 
em 14 artigos. Alguns merecem destaque, pois tratam de definições: 
Artigo I: Para os efeitos desta Convenção, entende-se por: 
 1) Deficiência: 
O termo “deficiência” significa uma restrição física, mental ou sensorial, de 
natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais 
atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico 
e social. 
 2) Discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência: 
A expressão “discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência” 
significa toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, 
antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou percepção de 
deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular 
o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência 
de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais. 
(...) Dos objetivos e formas para alcançá-los: 
Artigo II: Convenção tem por objetivo prevenir e eliminar todas as formas de 
discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência e propiciar a sua plena 
integração à sociedade. 
Artigo III: Para alcançar os objetivos desta Convenção, os Estados Partes 
comprometem-se a: 
30 
 
 
Tomar as medidas de caráter legislativo, social, educacional, trabalhista, ou de 
qualquer outra natureza, que sejam necessárias para eliminar a discriminação contra 
as pessoas portadoras de deficiência e proporcionar a sua plena integração à 
sociedade, entre as quais as medidas abaixo enumeradas, que não devem ser 
consideradas exclusivas: 
 
Medidas das autoridades governamentais e/ou entidades privadas para 
eliminar progressivamente a discriminação e promover a integração na 
prestação ou fornecimento de bens, serviços, instalações, programas e 
atividades, tais como o emprego, o transporte, as comunicações, a habitação, 
o lazer, a educação, o esporte, o acesso à justiça e aos serviços policiais e 
às atividades políticas e de administração; 
Medidas para que os edifícios, os veículos e as instalações que venham a ser 
construídos ou fabricados em seus respectivos territórios facilitem o 
transporte, a comunicação e o acesso das pessoas portadoras de deficiência; 
Medidas para eliminar, na medida do possível, os obstáculos arquitetônicos, 
de transporte e comunicações que existam, com a finalidade de facilitar o 
acesso e uso por parte das pessoas portadoras de deficiência; e 
Medidas para assegurar que as pessoas encarregadas de aplicar esta 
Convenção e a legislação interna sobre esta matéria estejam capacitadas a 
fazê-lo. 
 
 2) Trabalhar prioritariamente nas seguintes áreas: 
 
Prevenção de todas as formas de deficiência que possam ser prevenidas; 
Detecção e intervenção precoce, tratamento, reabilitação, educação, 
formação ocupacional e prestação de serviços completos para garantir o 
melhor nível de independência e qualidade de vida para as pessoas 
portadoras de deficiência; 
Sensibilização da população, por meio de campanhas de educação, 
destinadas a eliminar preconceitos, estereótipos e outras atitudes que 
atentam contra o direito das pessoas a serem iguais, permitindo desta forma 
o respeito e a convivência com as pessoas portadoras de deficiência. Por 
exemplo, campanhas veiculadas na mídia como “Ser diferente é normal” 
(CONVENÇÃO INTERAMERICANA, 1999). 
 
Atualmente, para além do aspecto educacional, de certa forma nos é familiar 
começar a pensar na remoção de barreiras arquitetônicas e atitudinais com vistas à 
acessibilidade da pessoa com necessidades especiais ou com alguma deficiência. A 
mídia impressa e televisiva a todo momento explora essa mensagem, mas, há quinze, 
vinte anos esse enfoque não existia. Assim, a Convenção de Guatemala (1999) 
acrescentou aos documentos anteriores a necessidade de se prevenir e de se eliminar 
todas as formas de discriminação contra as pessoas com necessidades especiais e 
propiciar sua plena integração. 
 
31 
 
 
4.6 Carta do Terceiro Milênio (1999) 
 
Quase na virada do século passado, os Estados Membros, certos e 
determinados de que os direitos humanos de qualquer pessoa, em qualquer 
32 
 
 
 
 
sociedade, deveriam ser reconhecidos e protegidos, aprovaram a Carta do Terceiro 
Milênio em 9 de novembro de 1999, em Lo ndres, Grã - Bretanha, pela Assembleia 
Governativa da Rehabilitation International. 
 No terceiro milênio tem - se a determinação de que os direitos humanos de cada 
pessoa, em qualquer sociedade, devemser reconhecidos e protegidos. Essa Carta é 
proclamada par a transformar essa visão em realidade. Segundo o documento, os 
direitos humanos básicos são rotineiramente negados a segmentos inteiros da 
população mundial, nos quais se encontram muitos dos 
600 milhões de crianças e mulheres e homens que têm deficiência . O documento 
destaca: 
No texto ainda consta que: 
 
Busca - se um mundo onde oportunidades iguais para pessoas com 
deficiência se tornem consequência natural de políticas e leis que 
apoiem o acesso e a plena inclusão em todos os aspectos da 
sociedade. O prog resso científico e social no século XX aumentou a 
compreensão sobre o valor único e inviolável de cada vida. Contudo, a 
ignorância, o preconceito, a superstição e o medo ainda dominam 
grande parte das respostas da sociedade à deficiência (CARTA..., 
1999). 
 
 As estatísticas dão conta de que pelo menos 10% da população de qualquer 
sociedade já nasce com, ou adquire, uma deficiência e aproximadamente uma em 
cada quatro famílias possui uma pessoa com deficiência. No Brasil, segundo o censo 
demográfico do Instit uto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2000) 24 milhões 
de brasileiros apresentam algum tipo de incapacidade (limitação para atividade) ou 
deficiência, o que significa 14,4% da população brasileira. Para o século XXI, portanto, 
com base na Carta do Terceiro Milênio (1999) “precisamos aceitar a deficiência como 
parte comum da variada condição humana”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
 
Figura 3: Orientações sobre deficiência para o terceiro milênio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: (MANZINI, 2010). 
 
Uma das orientações mais importantes para o Terceiro Milênio está no homem, 
e, por extensão, na sociedade: a de “aceitar a deficiência como parte comum da 
variada condição humana”. Assim talvez seja possível garantir a todo ser humano 
dignidade, independentemente de sua condição, e estimular a solidariedade entre 
todas as pessoas do planeta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
 
5. A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL E 
INCLUSIVA 
 
198 8 – Constituiçã o d a Repúblic a Federativ a d o Brasi l 
Estabelece “promover o bem de todos , sem preconceitos de origem, raça, 
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º inciso IV). 
Define, ainda, no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo 
o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o 
trabalho. 
 
Art. 206 
Inciso I, e stabelece “igualdade de condições de acesso e permanência na 
escola” como um dos princípios para o ensino e garante, como dever do Estado, a 
oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular 
de ensino (art. 208). 
 
Art. 205 
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da socied ade, visando ao pleno desenvolvimento da 
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualific ação para o trabalho. 
 
Art. 206 
O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de 
condições para o acesso e permanência na escola; 
 
Art. 208 
O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de: 
 III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino; 
IV - Atendimento em creche e pré - escola às crianças de 0 a 6 anos de idade. 
 
Art. 213 
Os recursos públicos serão destinados às escolas, podendo ser dirigidos a 
escolas comunitár ias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: 
35 
 
 
 
 
 I – Comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes 
financeiros em educação. 
 
198 9 – Le i n º 7.853/8 9 
Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência e sua integração 
social. Define como crime recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula 
de um estudante por causa de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, 
seja ele público ou privado. A pena para o infrator pode variar de um a quatro anos de 
prisão, mais multa. 
 
199 0 – Estatut o d a Crianç a e d o Adolescent e – Le i nº . 8.069/9 0 
O artigo 55 reforça os dispositivos legais supracitados ao determinar que “os 
pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede 
regular de ensino”. 
 
199 0 – Declaraçã o Mundia l d e Educaçã o par a Tod o 
Documentos internacionais passam a influenciar a formulação das políticas 
públicas da educação inclusiva. 
 
199 4 – Declaraçã o d e Salamanc a 
Dispõe sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades 
educacionais especiais. 
 
199 4 – Polític a Naciona l d e Educaçã o Especia l 
Em movimento contrário ao da inclusão, demarca retrocesso das políticas 
pública ao orientar o proc esso de “integração instrucional” que condiciona o acesso 
às classes comuns do ensino regular àqueles que “(…) possuem condições de 
acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, 
no mesmo ritmo que os alunos ditos normais” . 
 
1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96 
 No artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos 
currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas 
necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível 
36 
 
 
 
 
exigido para a conclusão do ensino fundamental em virtude de suas deficiências e; a 
aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar. 
Também define, dentre as normas para a organização da educação básica, a 
“possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do 
aprendizado” (art. 24, inciso V) e “(…) oportunidades educacionais apropriadas, 
consideradas as características do alunado, seus interesses, condiç ões de vida e de 
trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37). Em seu trecho mais controverso (art. 
58 e seguintes), diz que “o atendimento educacional especializado será feito em 
classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das cond ições 
específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do 
ensino regular”. 
 
199 9 – Decret o n º 3.29 8 qu e regulament a a Le i n º 7.853/8 9 
Dispõe sob re a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de 
Deficiência, define a educação especial como uma modalidade transversal a todos os 
níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação 
especial ao ensino regular. 
 
200 1 – Diretrize s Nacionai s par a a Educaçã o Especia l n a Educaçã o Básic a 
( Resoluçã o CNE/CE B n º 2/2001 ) 
Determinam que os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, 
cabendo às escolas organizarem - se para o atendimento aos educandos com 
necessidades educacionais especiais (art. 2º), o que contempla, portanto, o 
atendimento à complementar ou suplementar educacional especializado 
escolarização. Porém, ao admitir a possibilidade de substituir o ensino regular, acaba 
por não potencializar a educação inclusiva prevista no seu artigo 2º. 
 
200 1 – Plan o Naciona l d e Educaçã o – PNE , Le i n º 10.172/200 1 
Destaca que “o grande avanço que a década da educação deveria produzir 
seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade 
humana”. 
 
 
37 
 
 
 
 
2001 – Convençã o d a Guatemal a (1999) , promulgad a n o Brasi l pel o 
Decret o n º 3.956/200 1 
Afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e 
liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com 
base na deficiência toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o 
exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. 
 
200 2 – Resoluçã o CNE/C P nº1/200 2 
Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de 
Professores da Educação Básica, define que as instituições de ensino superior devem 
prever em sua organização curricular formação docente voltada para a atenção à 
diversidade e que contemple conhecimentos sobre as especificidades dos alunos com 
necessidades educacionais especiais. 
 
200 2 – Le i n º 10.436/0 2 
Reconhece a Língua Brasileira de Sinais como m eio legal de comunicação e 
expressão, determinando que sejam garantidas formas institucionalizadas de apoiar 
seu uso e difusão, bem como a inclusão da disciplina de Libras como parte integrante 
do currículo nos cursos de formação de professores e de fonoau diologia. 
 
2003 – Portaria nº 2.678/02 
Aprova diretriz e normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do 
Sistema Braille em todas as modalidades de ensino, compreendendo o projeto da 
Grafia Braile para a Língua Portuguesa e a recomendação para o seu uso em todo o 
território nacional. 
 
200 4 – Cartilh a – O Acess o d e Aluno s co m Deficiênci a à s Escola s e 
Classe s Comun s d a Red e Regula r 
 
O Ministério Público Federal divul ga o documento com o objetivo de disseminar 
os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão. 
 
 
 
38 
 
 
 
 
200 4 – Decret o n º 5.296/0 4 
Regulamenta as leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00, estabelecendo normas e 
critérios para a promoção da acessibilidade às pessoas com deficiência ou com 
mobilidade reduzida (implementação do Programa Brasil Acessível). 
 
200 5 – Decret o n º 5.626/0 5 
Regulamenta a Lei nº 10.436/02, visando à inclusão dos alunos surdos, dispõe 
sobre a inclusão da Libras como disciplina curricular, a formação e a certificação de 
professor, instrutor e tra dutor/intérprete de Libras, o ensino da Língua Portuguesa 
como segunda língua para alunos surdos e a organização da educação bilíngue no 
ensino regular. 
 
20 0 6 – Plan o Naciona l d e Educaçã o e m Direito s Humano s 
Lançado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, pelo Ministério da 
Educação, pelo Ministério da Justiça e pela UNESCO. Objetiva, dentre as suas ações, 
fomentar, no currículo da educação básica, as t emáticas relativas às pessoas com 
deficiência e desenvolver ações afirmativas que possibilitem inclusão, acesso e 
permanência na educação superior. 
 
200 7 – Plan o d e Desenvolviment o d a Educaçã o – PD E 
Traz como eixos a acessibilidade arquitetônica dos prédios escolares, a 
implantação de salas de recursos multifuncionais e a formação docente para o 
atendimento educacional especializado. 
 
200 7 – Decret o n º 6.094/0 7 
Estabelece dentre as diretrizes do Compromisso Todos pela Educação a 
garantia do acesso e permanência no ensino regular e o atendimento às necessidades 
educacio nais especiais dos alunos, fortalecendo a inclusão educacional nas escolas 
públicas. 
 
200 8 – Polític a Naciona l d e Educaçã o Especia l n a Perspectiv a d a 
Educaçã o Inclusiv a 
Tr az as diretrizes que fundamentam uma política pública voltada à inclusão 
escolar, consolidando o movimento histórico brasileiro. 
39 
 
 
 
 
200 9 – Convençã o sobr e o s Direito s da s Pessoa s co m Deficiênci a 
Aprovada pela ONU e da qual o Brasil é signatário. Estabelece que os Estados 
Parte devem assegurar um sistema de educação inclusiva em todos os níveis de 
ensino. Determina que as pessoas com deficiência não sejam exclu ídas do sistema 
educacional geral e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino 
fundamental gratuito e compulsório; e que elas tenham acesso ao ensino fundamental 
inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade de condições com as demais pessoas 
na comunidade em que vivem ( Art.24 ). 
 
200 8 – Decret o n º 6.57 1 
Dá diretrizes para o estabelecimento do atendimento educacional 
especializado no si stema regular de ensino (escolas públicas ou privadas). 
 
200 9 – Decret o n º 6.94 9 
Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com 
Defi ciência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 
2007 . Esse decreto dá ao texto da Convenção caráter de norma constitucional 
brasileira. 
 
200 9 – R esoluçã o No . 4 CNE/CE B 
Institui diretrizes operacionais para o atendimento educacional especializado 
na Educação Básica, que deve ser oferecido no turno inverso da escolarização, 
prioritariamente nas salas de recursos multifuncionais da própria escola ou e m outra 
escola de ensino regular. O AEE pode ser realizado também em centros de 
atendimento educacional especializado públicos e em instituições de caráter 
comunitário, confessional ou filantrópico sem fins lucrativos conveniados com a 
Secretaria de Educaç ão (art.5º). 
 
201 1 – Plan o Naciona l d e Educaçã o ( PNE ) 
Projeto de lei ainda em tramitação. A Meta 4 pretende “Universalizar, para a 
população de 4 a 17 anos: 
 Atendimento escolar aos estudantes com deficiência; 
 Transtornos globais do desenvolvimento; 
 Altas habilidades ou superdotaç ão na rede regular de ensino. 
40 
 
 
 
 
Dentre as estratégias, está: 
 Garantir repasses duplos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento 
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação 
( FUNDEB) a estudantes incluídos; 
 Implantar mais salas de recursos multifuncionais; 
 Fomentar a formação de professores de AEE; 
 Ampliar a oferta do AEE; 
 Manter e aprofundar o programa nacional de acessibilidade nas escolas 
públicas; 
 Promover a articulação entre o ensino regular e o AEE; 
 Acompanhar e monitorar o acesso à escola de quem recebe o benefício 
de prestação continuada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
201 2 – Le i n º 12.76 4 
Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno 
do Espectro Autis ta; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro 
de 1990. 
41 
 
 
 
6. A EDUCAÇÃO ESPECIAL E AS TERMINOLOGIA 
 
Tendo em vista a diversidade de termos utilizados no que se refere Educação 
Especial, foi propôs-se que se padronize a nomenclatura referente a este tema. 
Tal iniciativa tem extrema relevância tendo em vista que designações diferentes 
para os mesmos serviços, profissionais e recursos dificultam a compreensão e 
propiciam equívocos nas proposições de diretrizes e políticas, tomadas de decisões e 
orientações técnicas, tanto ao Poder Judiciário quanto das instâncias internas. 
Desse modo, apresenta-se a seguir o contexto da terminologia mais aspectos 
relevantes que justificam tal proposição. 
 
6.1 Pessoa com Deficiência 
 
 Tendo em vista que essa questão não existe somente em âmbito paulista, o 
Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência – CONAD, 
subordinado à Secretaria Especial de Direitos Humanos, publicou, em 2009, o Parecer 
CONAD 21/09, que trata especificamente sobre esse tema. No citado Parecer, fica 
estabelecido, em sua análise: 
“As terminologias para designar pessoas com deficiência foram sendomodificadas durante os períodos históricos, tendo os vocábulos acompanhado as 
mudanças ocorridas a partir de diferentes paradigmas sociais vigentes. 
O atual contexto dos direitos das pessoas com deficiência está baseado no 
modelo social de direitos humanos, cujo pressuposto é de reconhecimento de pessoa 
com deficiência como pessoa humana em primeiro lugar, titular de direitos e liberdades 
fundamentais, independentemente de sua limitação funcional. Nesse sentido, não se 
porta uma deficiência como se fosse uma bolsa que se retira em seguida para no 
momento posterior recolocá-la. Por isso a expressão pessoa portadora de deficiência 
não é uma boa expressão para identificar o segmento. Pessoas com necessidades 
especiais também não identifica de fato sobre que grupo está-se referindo se 
considerarmos que todos têm alguma necessidade especial. Com o advento da 
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, juntamente com 
42 
 
 
seu Protocolo Facultativo, por intermédio da promulgação do Decreto Legislativo nº 
186, de 09 de julho de 2008, aprovada com equivalência formal a uma emenda 
constitucional uma vez tendo seguido, tanto na Câmara dos 
43 
 
 
 
 
Deputados quanto no Senado Federal, o quórum q ualificado determinado e na forma 
definida pelo § 3º, do art. 5º, da Constituição Federal, o mais novo parâmetro valorativo 
do ordenamento jurídico brasileiro é a positivação da expressão traduzida para o 
português como pessoa com deficiência. 
No âmbito da legislação brasileira, o conceito legal pormenorizado encontra - se 
no Decreto 5.296/2004.” 
Portanto, não se deve utilizar: 
 
 Necessidades especiais; 
 Portador ou pessoa portadora; 
 Aluno ou pessoa especial; 
 Deficiente. 
 
A expressão adequada é pessoa com deficiência e suas variações, tais como: 
aluno com deficiência, mulher com deficiência, jovem com deficiência, pessoa com 
deficiência visual/auditiva/intelectual, autismo etc. 
As deficiências se apresentam definidas nos Decretos Federais nº 3.298/1999 
e 5.296/2004 , conforme segue : 
 
 Definição d e Surdez/Deficiência Auditiva 
Segundo a alínea "b", do §1º, do artigo 5º, do Decreto Federal nº 5.296, de 02 
de dezembro, de 2004, são consideradas pessoas com surdez/deficiência auditiva as 
que apresentam perda auditiva bilateral, igual ou acima de quarenta e um decibéis (41 
dB) ou ma is, aferida por audiometria na média das frequências de 500Hz, 1.000Hz, 
2.000 Hz e 3.000Hz. Esta perda pode estar ou não associada a outras deficiências. 
 
 Definição d e Deficiência Visual 
Segundo a alínea "c", do §1º, do artigo 5º, do Decreto Federal nº 5.296 , de 02 
de dezembro de 2004, são consideradas pessoas com deficiência visual as que 
apresentam: 
1.1 - Cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor 
olho, com a melhor correção óptica; 
1.2 - Baixa visão, que significa acui dade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, 
com a melhor correção óptica; 
44 
 
 
 
 
1.3 - Os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os 
olhos for igual ou menor que 60o; 
1.4 - A ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores. 
 
 Definição d e Deficiência Física 
Segundo a alínea "a", do §1º, do artigo 5º, do Decreto Federal nº 5.296, de 02 
de dezembro de 2004, são consideradas pessoas com deficiência física aquelas que 
apresentam alteração completa ou parcial de um ou mais seg mentos do corpo 
humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando - se sob a 
forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, 
triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausênc ia de 
membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformi dade congênita ou 
adquirida, à exceção das deformidades estéticas e das que não produzam 
dificuldades para o desempenho de funções. 
Segundo o MEC, “Deficiência Física se refere ao comprometime nto do aparelho 
locomotor que compreende o Sistema Osteoarticular, o Sistema Muscular e o Sistema 
Nervoso. As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses Sistemas isoladamente 
ou em conjunto podem produzir grandes limitações físicas de grau e gravidades 
variáveis, segundo os segmentos corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida.” 
 
 Definição d e Deficiência Intelectual 
 Segundo a alínea" d", do §1º, do artigo 5º, do Decreto Federal nº 5.296, de 02 
de dezembro de 2004, são consideradas pessoas com defi ciência intelectual as que 
apresentam: 
o F uncionamento intelectual significativamente inferior à média, com 
manifestação antes dos dezoito anos; 
o L imitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, 
tais como: 
 
• Comunicação ; 
• Cuidado pessoal; 
• Habilidades sociais; 
• Utilização dos recursos da comunidade; 
• S aúde e segurança; 
45 
 
 
 
• Habilidades acadêmicas; 
• Lazer; e 
• Trabalho. 
 
Ainda, segundo a Associação Americana de Deficiência Intelectual e 
Desenvolvimento - AAIDD: 
"Deficiência intelectual é uma incapacidade caracterizada por limitações 
significativas tanto no funcionamento intelectual (raciocínio, aprendizado, resolução 
de problemas) quanto no comportamento adaptativo, que cobre uma gama de 
habilidades 
sociais e práticas do dia a dia. Esta deficiência se origina antes da idade de 18." 
 
 Definição de Transtornos Globais do Desenvolvimento 
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-IV (APA, 
2002) utiliza o termo Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) para caracterizar 
os quadros com prejuízos nas habilidades de interação social, de comunicação e de 
comportamento, e com presença de interesses e atividades estereotipados. Os TGD 
englobam o Transtorno Autista, o Transtorno de Rett, o Transtorno Desintegrativo da 
Infância, o Transtorno de Asperger e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem 
Outra Especificação. 
 Atualmente, a Associação Americana de Psiquiatria lançou o DSM-5 que 
discute critérios clínicos diferenciados e a elaboração de uma nova categoria 
diagnóstica para incluir o autismo. Propõe excluir da condição de TGD o Transtorno 
Desintegrativo da Infância e a Síndrome de Rett. 
 De acordo com o parágrafo 1º, do artigo 1º, da Lei Federal nº 12.764/2012, que 
Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do 
Espectro Autista, 
 "§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do 
espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos 
seguintes incisos I ou II: 
46 
 
 
I - Deficiência persistente e clinicamente significativa da 
comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada 
de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência 
de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações 
apropriadas ao seu nível de desenvolvimento; 
 
II - Padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses 
e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais 
estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva 
aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses 
restritos e fixos. 
§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com 
deficiência, para todos os efeitos legais” 
 Assim, especificamente em relação à legislação e às orientações para a 
modalidade, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo irá utilizar a 
denominação Transtorno do Espectro Autista (TEA). De acordo com o DSM-5, o 
Transtorno do Espectro Autista (TEA), é subdividido em três níveis: Nível III para 
casos que exigem apoio muito substancial,

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