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<p>Fundamentos de Direito</p><p>Administrativo</p><p>ERIKA ALCANTARA PINTO</p><p>CLARA MARIA CAVALCANTE BRUM DE OLIVEIRA</p><p>1ª Edição</p><p>Brasília/DF - 2023</p><p>Autores</p><p>Erika Alcantara Pinto</p><p>Clara Maria Cavalcante Brum de Oliveira</p><p>Produção</p><p>Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e</p><p>Editoração</p><p>Sumário</p><p>Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4</p><p>Introdução ............................................................................................................................................................................. 6</p><p>Capítulo 1</p><p>Direito Administrativo e Princípios ........................................................................................................................ 7</p><p>Capítulo 2</p><p>Governo e Administração Pública .........................................................................................................................14</p><p>Capítulo 3</p><p>Atos Administrativos, Poderes Administrativos e o Controle da Administração Pública ...................25</p><p>Capítulo 4</p><p>Agentes públicos e execução de serviços públicos ........................................................................................39</p><p>Capítulo 5</p><p>Licitações e Contratos Administrativos ...............................................................................................................59</p><p>Capítulo 6</p><p>Outros Mecanismos de Atuação do Estado .......................................................................................................71</p><p>Referências ........................................................................................................................................................................83</p><p>4</p><p>Organização do Livro Didático</p><p>Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e</p><p>coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros</p><p>recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,</p><p>fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.</p><p>A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.</p><p>Atenção</p><p>Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a</p><p>síntese/conclusão do assunto abordado.</p><p>Cuidado</p><p>Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o</p><p>aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.</p><p>Importante</p><p>Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.</p><p>Observe a Lei</p><p>Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,</p><p>a fonte primária sobre um determinado assunto.</p><p>Para refletir</p><p>Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa</p><p>e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.</p><p>É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus</p><p>sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas</p><p>conclusões.</p><p>5</p><p>ORGAnIzAçãO DO LIvRO DIDátICO</p><p>Provocação</p><p>Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes</p><p>mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor</p><p>conteudista.</p><p>Saiba mais</p><p>Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões</p><p>sobre o assunto abordado.</p><p>Gotas de Conhecimento</p><p>Partes pequenas de informações, concisas e claras. Na literatura há outras</p><p>terminologias para esse termo, como: microlearning, pílulas de conhecimento,</p><p>cápsulas de conhecimento etc.</p><p>Sintetizando</p><p>Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o</p><p>entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.</p><p>Sugestão de estudo complementar</p><p>Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,</p><p>discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.</p><p>Posicionamento do autor</p><p>Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o</p><p>aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.</p><p>6</p><p>Introdução</p><p>Este livro didático é constituído de seis capítulos voltados para os fundamentos do Direito</p><p>Administrativo e tem como referência principal o estudo do regime jurídico-administrativo.</p><p>Cada capítulo foi construído para que, partindo das especificidades da Administração Pública</p><p>e do exercício da função administrativa, você possa compreender a organização do Estado, as</p><p>funções da Administração Pública segundo a divisão de Poderes estabelecidos pela Constituição</p><p>Federal e os deveres estatais frente aos direitos fundamentais. Você receberá noções preliminares</p><p>do Direito Administrativo, e conhecerá o modo como o Estado brasileiro foi organizado a partir</p><p>da promulgação da Constituição Federal de 1988, as competências da Administração Pública, os</p><p>modos de exercício da função administrativa e de controle desta, assim como as particularidades</p><p>do regime jurídico que rege as carreiras dos agentes públicos. Por fim, você poderá refletir sobre</p><p>outros mecanismos de atuação do Estado.</p><p>Objetivos do livro</p><p>» Compreender elementos essenciais do Direito Administrativo, como a forma de</p><p>organização do Estado, a função administrativa, as prerrogativas e competências</p><p>exercidas pela Administração Pública.</p><p>» Analisar as formas de controle a que se submete a Administração Pública.</p><p>» Apresentar os conceitos de agentes públicos e de serviços públicos, explicitando suas</p><p>características e destacando suas particularidades.</p><p>» Estudar o procedimento licitatório e diferenciar o contrato administrativo.</p><p>» Entender a responsabilidade extracontratual do Estado.</p><p>» Introduzir o conhecimento acerca do Direito municipalista.</p><p>7</p><p>Introdução</p><p>O propósito deste capítulo é apresentar o contexto no qual se insere a disciplina Direito</p><p>Administrativo. Num primeiro momento, podemos ter a impressão equivocada de que se trata</p><p>de matéria distante do dia a dia da pessoa comum, algo que apenas diria respeito ao universo</p><p>dos funcionários públicos e advogados especializados no ramo, mas, na verdade, pelo fato de</p><p>no Brasil o exercício da nossa cidadania ser intensamente mediado pelo Estado, é que esta se</p><p>apresenta como uma das mais importantes disciplinas especializadas do Direito para todos nós.</p><p>A ação estatal está presente em diversos momentos da nossa vida: quando decidimos abrir uma</p><p>empresa, há necessidade de solicitar licença a um órgão estatal para o seu funcionamento, e</p><p>dependendo do tipo de negócio, haverá fiscalização da Vigilância Sanitária; quando cursamos</p><p>uma faculdade pública ou privada, essa relação é regulada pelo Estado por se tratar de uma</p><p>atividade delegada; além do que existe uma infinidade de serviços públicos – vacinação, consultas</p><p>ambulatoriais no SUS, transporte público, emissão de documento de identificação etc. – prestados</p><p>de forma direta pelo Estado ou delegada a particulares.</p><p>O desempenho das atividades administrativas de forma direta ou delegada pelo Estado decorre do</p><p>que denominamos de função administrativa, que é o conjunto de prerrogativas e competências</p><p>atribuídas à Administração Pública para o fim de se produzir uma ação estatal voltada à satisfação</p><p>dos direitos fundamentais.</p><p>Desse modo, para que você possa transitar com facilidade e segurança nesse universo, indicaremos</p><p>os pilares sobre os quais se assenta o Direito Administrativo; apresentaremos uma conceituação atual</p><p>que leve em consideração os movimentos de transformação dessa disciplina nas últimas décadas, em</p><p>virtude do processo de redemocratização do Estado brasileiro; por fim, estudaremos os princípios e</p><p>as fontes normativas que regem a ação do Estado nas relações que estabelecem com seus cidadãos.</p><p>Objetivos</p><p>» Compreender os fundamentos basilares do Direito Administrativo.</p><p>» Entender o que é Direito Administrativo.</p><p>1</p><p>CAPÍTULO</p><p>DIREItO ADMInIStRAtIvO</p><p>E PRInCÍPIOS</p><p>8</p><p>CAPÍTULO 1 • DIREItO</p><p>objeto, os quais devem estar presentes</p><p>para a validade do ato administrativo.</p><p>» Os atos administrativos podem ser gerais (normas administrativas ou atos normativos) ou podem ser individuais.</p><p>» Espécies de ato administrativo: normativos; ordinatórios; negociais ou de consentimento; administrativos enunciativos;</p><p>punitivos ou sancionatórios; de controle ou de verificação.</p><p>» Hipóteses de extinção do ato: normal ou natural; extinção subjetiva; extinção objetiva; extinção por renúncia do particular;</p><p>extinção por recusa do particular; caducidade; cassação; revogação; anulação.</p><p>» Ato x fato administrativo. Fato administrativo: “tudo aquilo que retrata a alteração da dinâmica na Administração,</p><p>um movimento na ação administrativa” (Carvalho Filho, 2019, p. 101). O fato administrativo pode surgir de um ato</p><p>administrativo, por uma conduta da Administração Pública ou motivado por fenômeno da natureza. Portanto, o fato</p><p>administrativo engloba o ato administrativo.</p><p>» Formas de controle da Administração Pública. Interno: o controle é exercido na Administração Pública, dentro da sua</p><p>esfera de atuação. Externo: controle político e judicial.</p><p>» A improbidade administrativa na Administração Pública é coibida pela Lei n. 8.429/1992 (com alterações da Lei n.</p><p>14.230/2021), que estabelece sanções de natureza penal aos agentes públicos que praticam atos tipificados como conduta</p><p>de improbidade administrativa.</p><p>» São atos de improbidade administrativa: o enriquecimento ilícito, os atos que causam prejuízo ao erário, ou que atentem</p><p>contra os princípios da Administração Pública.</p><p>39</p><p>Introdução</p><p>Neste capítulo, abordaremos os conceitos de agentes públicos e serviços públicos, bem como</p><p>as suas principais características. Assim, avançaremos no conhecimento acerca da estrutura</p><p>administrativa do Estado. Nosso propósito é apresentar o modo como o Estado classifica</p><p>seus agentes públicos e qual o papel que desempenham no contexto da Administração</p><p>Pública. Também trabalharemos o tema dos serviços públicos, conferindo uma visão global</p><p>ao tema.</p><p>Vamos começar nossos estudos pela definição de agentes públicos, a classificação que a</p><p>doutrina lhes conferiu, o regime jurídico que a lei atribui às espécies de agentes públicos.</p><p>Veremos também as definições de cargo e função e outras particularidades dos servidores</p><p>públicos, espécie particular de agente público que possui vínculo de emprego com a</p><p>administração pública.</p><p>No que se refere aos serviços públicos, estudaremos sua definição legal, classificação e requisitos,</p><p>alguns aspectos da regulamentação e controle, formas de execução e a aplicação do Código de</p><p>Defesa do Consumidor aos serviços públicos.</p><p>Objetivos</p><p>» Compreender os conceitos de agentes públicos.</p><p>» Discernir sobre as características e peculiaridades dos agentes públicos.</p><p>» Estudar sobre os serviços públicos e formas de execução.</p><p>» Apontar os aspectos relevantes dos serviços públicos.</p><p>4</p><p>CAPÍTULO</p><p>AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO</p><p>DE SERvIçOS PÚBLICOS</p><p>40</p><p>CAPÍTULO 4 • AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS</p><p>Agentes públicos</p><p>Figura 19. Agentes públicos.</p><p>Fonte: www.shutterstock.com/pt/image-vector/male-female-faces-avatars-user-icon-1372098371. Acesso em: 30 mai. 2023.</p><p>Em âmbito legal, o art. 2º da Lei n. 8.429/1992, com redação dada pela Lei n. 14.230, de 2021, traz</p><p>uma definição ampla de agente público: “o agente político, o servidor público e todo aquele que</p><p>exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,</p><p>contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou</p><p>função” em órgãos e entidade estatais ou no exercício de suas funções.</p><p>Do mesmo modo abrangente, Rafael Oliveira (2020, p. 662) oferece o seguinte conceito de agentes</p><p>públicos: “são responsáveis pela manifestação de vontade do Estado e pelo exercício da função</p><p>pública, que pode ser remunerada ou gratuita; definitiva ou temporária; com ou sem vínculo</p><p>formal com o Estado”.</p><p>Devemos compreender, dessa forma, que agente público é gênero do qual são espécies os agentes</p><p>políticos, os servidores públicos, os militares e os particulares em colaboração com o poder</p><p>público. Essa classificação em quatro espécies é adotada por Di Pietro e amplamente aceita no</p><p>campo do Direito Administrativo.</p><p>Essa distinção é valiosa, pois os agentes públicos, sejam eles: agentes políticos, servidores públicos,</p><p>militares ou particulares em colaboração com o poder público, quando no exercício de função</p><p>41</p><p>AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS • CAPÍTULO 4</p><p>administrativa se submetem todos às regras de regime de direito público, exceto quanto a regras</p><p>específicas de admissão, direitos, deveres e proibições, greve, de apuração de faltas e sanções,</p><p>que incidem somente sobre os servidores públicos porque, diferente dos demais, possuem uma</p><p>relação de emprego com a administração pública.</p><p>Classificação dos agentes públicos</p><p>Di Pietro (2017, p. 731) analisa que da Constituição Federal de 1988, com as alterações introduzidas</p><p>pela Emenda Constitucional n. 18/1998, é possível deduzir quatro categorias do termo “agentes</p><p>públicos”:</p><p>» agentes políticos;</p><p>» servidores públicos;</p><p>» militares;</p><p>» particulares em colaboração com o Poder Público.</p><p>Inserem-se na categoria agentes políticos: o presidente da República, governadores, prefeitos,</p><p>ministros e secretários, senadores, deputados e vereadores, ou seja, pessoas que estão ligadas</p><p>ao governo para o exercício de função política.</p><p>A categoria servidores públicos é ampla e compreende pessoas com vínculo de emprego com</p><p>órgãos da Administração direta ou entidades da Administração indireta. São classificados em:</p><p>servidores estatutários, empregados públicos e servidores temporários.</p><p>Os militares, categoria que abrange militares das Forças Armadas – Marinha, Exército e Aeronáutica</p><p>– polícias militares e bombeiros militares dos Estados, Distrito Federal e dos Territórios, não se</p><p>incluem na categoria servidores públicos, possuindo, portanto, regime jurídico próprio. Desde as</p><p>alterações produzidas pela Emenda Constitucional n. 19/1998, as normas relativas aos servidores</p><p>públicos somente se aplicam aos militares quando houver previsão expressa.</p><p>Por fim, temos os particulares em colaboração com o Poder Público, categoria que abrange</p><p>pessoas que prestem serviço ao Estado sem vínculo de emprego, com ou sem remuneração.</p><p>Ex.: leiloeiros, tradutores e intérpretes públicos (a remuneração recebida não vem dos cofres</p><p>públicos), jurados do Tribunal do Júri, pessoas convocadas pela Justiça Eleitoral em período</p><p>de eleições etc.</p><p>Servidores públicos</p><p>Trabalharemos a partir deste tópico com a categoria dos servidores públicos, os quais possuem</p><p>regras específicas no que concerne à admissão, direitos, deveres, proibições, remuneração, greve,</p><p>apuração de faltas e sanções.</p><p>42</p><p>CAPÍTULO 4 • AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS</p><p>Conceito</p><p>Di Pietro (2017, p. 1221) define como servidores públicos “as pessoas físicas que prestam serviços</p><p>ao Estado e às entidades da Administração indireta, com vínculo empregatício e mediante</p><p>remuneração paga pelos cofres públicos”.</p><p>Classificação dos servidores públicos</p><p>Em geral, os servidores públicos são classificados em três grupos, a saber: servidores estatutários,</p><p>empregados públicos e servidores temporários.</p><p>» Servidores estatutários: São os servidores públicos regidos por uma lei específica</p><p>(estatuto), portanto, possuem regime jurídico próprio. Ex.: os servidores públicos civis</p><p>federais são regidos pela Lei n. 8.112/1990 (regime jurídico dos servidores públicos civis</p><p>da União, das autarquias e das fundações públicas federais).</p><p>» Empregados públicos: A relação de trabalho é regida pela Consolidação das Leis</p><p>Trabalhistas (CLT). Estabelece-se entre o trabalhador e a Administração Pública uma</p><p>relação de emprego, cujos direitos e deveres estão estabelecidos na legislação trabalhista</p><p>e não em uma lei específica, como acontece com os servidores estatutários.</p><p>» Servidores temporários: São servidores com vínculo contratual por tempo</p><p>determinado. Sua contratação é realizada apenas para atender a uma necessidade</p><p>temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da</p><p>Constituição Federal. A contratação de servidores temporários é regulamentada Lei</p><p>n. 8.745/1993.</p><p>Regime jurídico</p><p>Na Administração Pública, temos dois regimes jurídicos possíveis:</p><p>» o regime celetista, dos empregados públicos cujos direitos e deveres estão prescritos na</p><p>legislação do trabalho, em especial a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT);</p><p>» o regime estatutário, dos servidores estatutários, cujos direitos e deveres estão prescritos</p><p>em legislações específicas.</p><p>Provimento, investidura, cargo e função</p><p>A função administrativa é exercida por um agente ocupante de um cargo público. A seguir,</p><p>apresentamos a definição de provimento, investidura, cargo e função, para melhor compreendermos</p><p>os procedimentos que precisam ser adotados, para que alguém possa legitimamente exercer</p><p>funções administrativas.</p><p>» Provimento: é o fato administrativo de preenchimento de um cargo público.</p><p>43</p><p>AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS • CAPÍTULO 4</p><p>» Investidura: é o conjunto de atos praticados para o fim de preencher um cargo público.</p><p>A investidura compreende a nomeação e a posse no cargo público.</p><p>» Cargo público: cargo público é, na definição de Rafael Oliveira (2020, p. 674): “o local</p><p>situado na organização interna da Administração direta e das entidades administrativas</p><p>de direito público, provido por servidor público estatutário, com denominação, direitos,</p><p>deveres e sistemas de remuneração previstos em lei”.</p><p>» Função pública: compreende as atribuições desempenhadas pelos agentes públicos.</p><p>Essas atribuições frequentemente estão previstas na lei que organiza a carreira na qual</p><p>o cargo público está inserido.</p><p>Podemos citar, como exemplo, os auditores da Receita Federal, cuja Lei n. 10.593/2002 define as</p><p>atribuições (competências) para o exercício de atividade fiscalizatória.</p><p>Remuneração</p><p>A remuneração dos servidores públicos é composta por duas parcelas: o vencimento-base, que</p><p>é uma parcela fixa, e as vantagens, que são variáveis.</p><p>Figura 20. Componentes da remuneração dos servidores públicos.</p><p>Vencimento-</p><p>base Vantagens Remuneração</p><p>Parcela fixa Parcela variável</p><p>Fonte: elaborada pelas autoras (2023).</p><p>Os valores de cada uma dessas parcelas são fixados em lei e qualquer alteração depende de</p><p>aprovação legal. Enquanto o vencimento-base corresponde ao valor pelo exercício do cargo, as</p><p>vantagens pecuniárias são compostas pelas gratificações, indenizações e adicionais.</p><p>A fim de melhor compreender o que são as vantagens, vejamos alguns exemplos de vantagens</p><p>concedidas no âmbito do regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias</p><p>e das fundações públicas federais:</p><p>Quadro 3. Exemplos de vantagens pecuniárias.</p><p>Gratificações Indenizações Adicionais</p><p>Retribuição pecuniária paga pelo exercício de</p><p>função de direção, chefia e assessoramento Ajuda de custo Adicional pelo exercício de atividades</p><p>insalubres, perigosas ou penosas.</p><p>Gratificação natalina (décimo terceiro salário) Diárias Adicional pela prestação de serviço</p><p>extraordinário.</p><p>44</p><p>CAPÍTULO 4 • AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS</p><p>Gratificações Indenizações Adicionais</p><p>Gratificação por encargo de curso ou concurso Auxílio-transporte Adicional noturno.</p><p>Auxílio-moradia Adicional de férias.</p><p>Outros, relativos ao local ou à natureza</p><p>do trabalho.</p><p>Fonte: adaptado de Lei n. 8.112/1990, arts. 51 e 61.</p><p>Outra espécie remuneratória é o subsídio, que é uma forma de remuneração única sem acréscimo</p><p>de qualquer espécie. A remuneração sob a forma de subsídio é obrigatória para:</p><p>» membro de Poder (Legislativo, Executivo e Judiciário), o detentor de mandato eletivo,</p><p>os ministros de Estado e os secretários estaduais e municipais (art. 39, § 4º, da CF);</p><p>» membros do Ministério Público (art. 128, § 5º, I, c, da CF);</p><p>» integrantes da Advocacia-Geral da União, procuradores do Estado e do Distrito Federal</p><p>e defensores públicos (art. 135 da CF);</p><p>» ministros dos Tribunais de Contas da União (art. 73, § 3º, da CF);</p><p>» servidores policiais federais, rodoviários e ferroviários federais, civis, militares, penais</p><p>e bombeiros militares (art. 144, § 9º, da CF).</p><p>É permitida a remuneração dos servidores públicos organizados em carreira mediante subsídio</p><p>(art. 39, § 8º, da CF).</p><p>» Teto remuneratório: valor máximo que um agente público pode receber. O art. 37, XI,</p><p>da Constituição Federal estabelece teto remuneratório a todos os agentes públicos, o</p><p>qual é dividido em teto geral e tetos específicos. O teto geral é o valor máximo aplicado</p><p>a todos os agentes públicos independentemente do ente Federativo ou do Poder ao</p><p>qual esteja vinculado, esse valor máximo corresponde ao subsídio do Ministro do</p><p>Supremo Tribunal Federal (STF). Já os tetos específicos de cada ente Federativo estão</p><p>assim organizados:</p><p>Observe a lei</p><p>A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101/2000) impôs à Administração Pública regras relativas às despesas</p><p>relacionadas com o pagamento de pessoal:</p><p>Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com</p><p>pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os</p><p>percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:</p><p>I – União: 50% (cinquenta por cento);</p><p>II – Estados: 60% (sessenta por cento);</p><p>III – Municípios: 60% (sessenta por cento) (Brasil, 2000).</p><p>45</p><p>AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS • CAPÍTULO 4</p><p>Quadro 4. teto remuneratório.</p><p>Teto geral: o valor do subsídio do Ministro do STF</p><p>Tetos específicos</p><p>União Estados e Distrito Federal Município</p><p>todos os Poderes Executivo Legislativo</p><p>Judiciário</p><p>(inclusive: membros</p><p>do Ministério Público,</p><p>aos Procuradores e aos</p><p>Defensores Públicos)</p><p>todos os Poderes</p><p>O teto</p><p>remuneratório dos</p><p>agentes públicos</p><p>dos três Poderes é o</p><p>subsídio do Ministro</p><p>do STF</p><p>O teto remuneratório</p><p>dos agentes públicos</p><p>vinculados ao</p><p>Poder Executivo</p><p>é o subsídio do</p><p>Governador</p><p>O teto remuneratório</p><p>dos agentes públicos</p><p>vinculados ao Poder</p><p>Legislativo é o</p><p>subsídio do Deputado</p><p>Estadual</p><p>O teto remuneratório</p><p>dos agentes públicos</p><p>vinculados ao Poder</p><p>Judiciário é o subsídio</p><p>do Desembargador</p><p>do TJ</p><p>O teto</p><p>remuneratório dos</p><p>agentes públicos</p><p>dos três Poderes</p><p>é o subsídio do</p><p>Prefeito</p><p>Fonte: adaptado de Oliveira (2020, p. 720).</p><p>Teto remuneratório e acumulação de cargos: o STF, no julgamento do tema 377 de repercussão</p><p>geral fixou a seguinte tese:</p><p>Nos casos autorizados constitucionalmente de acumulação de cargos, empregos</p><p>e funções, a incidência do art. 37, inciso XI, da Constituição Federal pressupõe</p><p>consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância</p><p>do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público. (A</p><p>mesma tese foi fixada para o Tema 384). (STF, s.d.)</p><p>Com relação às verbas indenizatórias, o art. 37, § 11, da Constituição Federal, exclui expressamente</p><p>do cálculo do limite do teto remuneratório as verbas indenizatórias previstas em lei. São também</p><p>excluídas do cálculo as verbas indenizatórias elencadas no art. 39, § 3º, da Constituição Federal</p><p>(ex.: décimo terceiro, adicional noturno, hora extra etc.).</p><p>Concurso público</p><p>Procedimento administrativo com o fim de aferir as aptidões pessoais e selecionar os melhores</p><p>candidatos ao provimento dos cargos públicos.</p><p>Figura 21. Concurso público.</p><p>Fonte: www.freepik.com/free-photo/closeup-person-filling-out-questionary-form_1027065.htm#query=concurso%20</p><p>publico&position=1&from_view=search&track=ais”>Image by katemangostar</p><p>com</p><p>os títulos podendo influir na classificação dos candidatos e não na sua aprovação ou</p><p>desaprovação;</p><p>» Súmula Vinculante n. 43 do STF: “É inconstitucional toda modalidade de provimento que</p><p>propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao</p><p>seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.”</p><p>Estão, assim, “banidas das formas de investidura admitidas pela Constituição a ascensão e a</p><p>transferência, que são formas de ingresso em carreira diversa daquela para a qual o servidor</p><p>público ingressou por concurso.” (ADI n. 231, rel. min. Moreira Alves, P, j. 5/8/1992, DJ de</p><p>13/11/1992). (STF, 1992)</p><p>O concurso público é regido por três princípios:</p><p>» Princípio da moralidade administrativa: é vedado o favorecimento e perseguições</p><p>pessoais, assim como o nepotismo.</p><p>» Princípio da competição: a investidura no cargo é deferida aos candidatos com as</p><p>melhores posições no ranking de classificados.</p><p>» Princípio da igualdade: todos os candidatos devem participar do certame em condições</p><p>de igualdade.</p><p>Como regra, temos que o ingresso no serviço público somente é admitido mediante concurso</p><p>público, conforme previsto no art. 37 da Constituição Federal. Exceção a essa regra são os</p><p>cargos em comissão de livre nomeação e exoneração e os cargos temporários que exigem meros</p><p>processos seletivos.</p><p>A violação da regra constitucional do concurso público enseja a nulidade das nomeações dos</p><p>agentes públicos, bem como a punição da autoridade administrativa responsável (art. 37, § 2º</p><p>da CF).</p><p>Saiba mais</p><p>Súmula Vinculante nº 13 (STF):</p><p>A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade,</p><p>até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa</p><p>jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo</p><p>em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública</p><p>direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos</p><p>Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição</p><p>Federal. (STF, s. d.)</p><p>47</p><p>AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS • CAPÍTULO 4</p><p>Greve no serviço público</p><p>Greve pode ser definida como “suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de</p><p>prestação pessoal de serviços ao empregador” (art. 2º da Lei n. 7.783/1989). Trata-se de decisão</p><p>tomada de forma coletiva pelos trabalhadores.</p><p>Figura 22. Greve.</p><p>Fonte: www.freepik.com/free-vector/silhouette-crowd-people-with-flags-banners-manifestation_3524134.</p><p>htm#query=greve&position=0&from_view=search&track=sph”>Freepik</p><p>os elementos constantes no processo.</p><p>50</p><p>CAPÍTULO 4 • AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS</p><p>Figura 24. Serviços públicos.</p><p>Fonte: www.shutterstock.com/pt/image-vector/vector-illustration-public-service-options-scheme-655413658. Acesso em:</p><p>30 maio 2023.</p><p>Nos termos do art. 2º da Lei n. 13.460/2017, o serviço público é definido como “atividade</p><p>administrativa ou de prestação direta ou indireta de bens ou serviços à população, exercida por</p><p>órgão ou entidade da Administração Pública” (Brasil, 2017).</p><p>O conceito legal acima não compreende como serviços públicos as atividades judiciais e legislativas,</p><p>funções típicas dos Poderes Legislativo e Judiciário, respectivamente.</p><p>Na doutrina de Direito Administrativo, encontramos ainda o seguinte conceito de Carvalho Filho</p><p>(2017, p. 235): “atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime de</p><p>direito público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da coletividade”.</p><p>Diante dessas informações preliminares, podemos então deduzir que serviço público é uma</p><p>atividade de caráter público, porque relacionada com o exercício de direitos fundamentais, que</p><p>pode ser delegada a particulares, porém sujeitos a regras e princípios próprios do Direito Público.</p><p>Princípios</p><p>Os serviços públicos são comprometidos com os seguintes princípios:</p><p>» continuidade dos serviços públicos;</p><p>» mutabilidade do regime jurídico;</p><p>» igualdade dos usuários;</p><p>» generalidade;</p><p>» modicidade.</p><p>Continuidade do serviço público: impõe o dever de observância às regras contratuais e das</p><p>normas vigentes, seja pelos concessionários, seja por parte dos governantes, de modo a garantir</p><p>a regularidade na prestação dos serviços à população.</p><p>51</p><p>AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS • CAPÍTULO 4</p><p>Mutabilidade do regime jurídico: visa à garantia de que os serviços públicos sejam prestados</p><p>segundo as condições atuais de modo a acompanhar as inovações tecnológicas, melhoria de</p><p>qualidade e expansão da atividade, quando necessário. Para a concretização desse princípio o Poder</p><p>Público pode se valer de cláusulas contratuais de alteração unilateral do contrato administrativo.</p><p>Igualdade entre os usuários: esse princípio decorre do princípio da impessoalidade e garante</p><p>a prestação do serviço a qualquer usuário que preencha as condições técnicas e jurídicas,</p><p>independentemente de questões de cunho pessoal.</p><p>Generalidade: a prestação de um serviço público deve ser orientada a atender ao maior número</p><p>de beneficiários.</p><p>Modicidade: a taxa ou tarifa (remuneração paga pelos usuários) dos serviços públicos deve ser</p><p>proporcional ao custo do serviço de modo a viabilizar que a maior parte da população consiga</p><p>acessá-lo. O Poder Público pode prever hipóteses de gratuidade para pessoas em situação</p><p>comprovada de necessidade.</p><p>Classificação</p><p>Divergem os autores sobre a classificação dos serviços públicos. Rafael Oliveira (2020, p. 246),</p><p>por exemplo, adota os seguintes critérios:</p><p>» critério dos destinatários: uti universi e uti singuli;</p><p>» critério da titularidade federativa: federais, estaduais, distritais, municipais e comuns;</p><p>» quanto ao objeto: administrativos, econômicos e sociais;</p><p>» critério da essencialidade: essenciais e não essenciais;</p><p>» critério da titularidade estatal: próprios x impróprios (virtuais);</p><p>» quanto à criação: inerentes e por opção legislativa.</p><p>Para estudar melhor o tema, vamos analisar cada item da classificação:</p><p>» Critério dos destinatários:</p><p>› Serviços públicos gerais ou coletivos (uti universi): os serviços públicos gerais são</p><p>aqueles prestado à coletividade, de modo que não é possível identificar individualmente</p><p>os seus usuários (ex.: iluminação pública). Porque são serviços públicos indivisíveis</p><p>somente podem ser remunerados mediante imposto e não taxa ou tarifa que são</p><p>modos de cobrança relativos a serviços individuais ou singulares.</p><p>› Serviços individuais ou singulares (uti singuli): são serviços públicos prestados</p><p>diretamente a pessoas determinadas (ex.: fornecimento de água e energia elétrica</p><p>para residências, transporte público, telefonia, pedágio etc.).</p><p>52</p><p>CAPÍTULO 4 • AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS</p><p>O serviço é pago pelos usuários mediante a cobrança de taxa (espécie de tributo) ou</p><p>tarifa (preço predeterminado para cobrança dos usuários por parte das concessionárias</p><p>de serviços públicos).</p><p>» Critério da titularidade federativa: federais, estaduais, distritais, municipais e comuns:</p><p>Existem serviços que são de titularidade da União, como, por exemplo, o transporte</p><p>aeroviário; de competência dos Estados, o que inclui o Distrito Federal (em função do</p><p>seu caráter híbrido), como, por exemplo, o transporte intermunicipal; existem ainda</p><p>serviços de competência dos municípios e do Distrito Federal, como o transporte</p><p>municipal e a iluminação pública. Por fim, existem os serviços de titularidade comum,</p><p>como o serviço de saúde pública.</p><p>» Critério do objeto: administrativos, econômicos e sociais:</p><p>› Serviços públicos administrativos: são serviços destinados à satisfação de necessidades</p><p>da própria Administração Pública para viabilizar a prestação de outros serviços</p><p>públicos (ex.: imprensa oficial).</p><p>› Serviços públicos econômicos: são serviços que geram renda para seus prestadores</p><p>(concessionários ou permissionários) (ex.: transporte público, administração de</p><p>rodovias, energia elétrica etc.).</p><p>› Serviços públicos sociais: serviços que efetivam direitos fundamentais sociais para</p><p>o atendimento das necessidades da coletividade (ex.: saúde, assistência social e</p><p>educação). Tais serviços podem ser prestados por particulares sem a necessidade de</p><p>delegação formal do Poder Público.</p><p>» Critério da essencialidade: são essenciais os serviços prestados privativamente pela</p><p>Administração Pública (ex.: serviços judiciários) e não essenciais, aqueles prestados</p><p>por particulares (ex.: serviços funerários).</p><p>» Critério da titularidade estatal – próprios x impróprios (virtuais): os serviços públicos</p><p>próprios são aqueles de exclusividade do Estado, ainda que possam ser delegados a</p><p>particulares (ex.: transporte público), já os serviços públicos impróprios são aquelas</p><p>atividades exercidas por particulares que não são titularizadas pelo Estado, mas que</p><p>atendem às necessidades das coletividades (ex.: redes de abastecimento de alimentos).</p><p>» Quanto à criação – inerentes e por opção legislativa: os serviços públicos inerentes são</p><p>aqueles ligados diretamente às funções estatais típicas (ex.: prestação jurisdicional e</p><p>controle dos tribunais de contas). Os serviços públicos que decorrem de opção legislativa</p><p>são aqueles ligados a atividades econômicas, as quais o Estado, por meio da edição de</p><p>normas jurídicas, retira do regime da livre iniciativa, colocando-as sob a sua titularidade</p><p>ex.: transporte, correios.</p><p>53</p><p>AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS • CAPÍTULO 4</p><p>Regulamento e controle</p><p>» Regulamento: corresponde a leis, decretos, regulamentos, resoluções e outras</p><p>disposições regulamentares que disciplinam o modo de prestação de um serviço público.</p><p>A regulamentação dos serviços públicos caberá ao ente que possui competência para</p><p>prestar o serviço diretamente.</p><p>» Controle: o controle é exercido pelo ente que detém a titularidade para instituir o serviço</p><p>público. O controle, como já estudamos, poderá ser interno ou externo. O controle</p><p>interno é exercido pela própria Administração Pública que presta o serviço diretamente</p><p>aos cidadãos. O controle externo é exercido pela Administração Pública quando fiscaliza</p><p>particulares que prestam serviços públicos por delegação dela.</p><p>taxas e tarifas</p><p>Taxa e tarifa são modos de remuneração de serviços públicos, mas que possuem naturezas</p><p>jurídicas distintas. A taxa tem natureza jurídica de tributo, logo seu pagamento pelo contribuinte</p><p>é compulsória e deve ser paga independentemente de utilização, desde que o serviço esteja à sua</p><p>disposição (ex.: taxa para emissão de passaporte). A tarifa possui</p><p>natureza jurídica contratual,</p><p>portanto, não é obrigatória, sendo paga pelo usuário que faz uso do serviço disponibilizado (ex.:</p><p>tarifa de telefone).</p><p>Figura 25. Remuneração de serviços públicos.</p><p>Fonte: www.shutterstock.com/pt/image-photo/concept-global-rise-electricity-energy-prices-2050667801. Acesso em: 30</p><p>maio 2023.</p><p>» Taxa: é espécie tributária, instituída por lei, vinculada a serviços públicos prestados aos</p><p>administrados. Aliomar Baleeiro (2018) define taxa nos seguintes termos:</p><p>[...] o tributo cobrado de alguém que se utiliza de serviço público especial e</p><p>divisível, de caráter administrativo ou jurisdicional, ou o tem a sua disposição,</p><p>54</p><p>CAPÍTULO 4 • AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS</p><p>e ainda quando provoca, em seu benefício ou por ato seu, despesa especial dos</p><p>cofres públicos.</p><p>» Tarifa: é o valor pago pelo usuário de um serviço público quando o utiliza, cuja natureza</p><p>é de contraprestação pecuniária. A tarifa é regida pelo regime contratual de direito</p><p>público e corresponde à receita do particular que presta o serviço de forma delegada.</p><p>Do respeito ao controle e tabelamento, quando aplicáveis</p><p>(art. 41 do CDC)</p><p>A tarifa de transportes públicos é um exemplo de tabelamento de serviços, segundo o art. 41 do</p><p>CDC,</p><p>No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de</p><p>controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar</p><p>os limites oficiais sob pena de não o fazendo, responderem pela restituição</p><p>da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada, podendo o</p><p>consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de</p><p>outras sanções cabíveis.</p><p>A tarifas de serviços de transportes como ônibus, táxis e barcas costumam ser tabeladas pelo</p><p>poder concedente. A inobservância do preço fixado pela Administração Pública é considerada</p><p>prática abusiva, isso se verifica quando um taxista não usa o taxímetro para a cobrança da</p><p>corrida, por exemplo.</p><p>Formas de execução dos serviços públicos</p><p>Os serviços públicos podem ser prestados diretamente pelo Estado, por meio de seus</p><p>órgãos e agentes, caso em que são designados pela expressão serviço público prestado</p><p>de forma centralizada, ou podem ser delegados a particulares, por meio de concessões e</p><p>permissões, caso em serão designados pela expressão serviço público prestado de forma</p><p>descentralizada.</p><p>É importante observar que os serviços delegados por meio de concessão ou permissão</p><p>precisam ser precedidos do devido processo licitatório, de modo a assegurar a supremacia do</p><p>interesse público, a moralidade administrativa, a imparcialidade, a legalidade, a melhor relação</p><p>custo-benefício.</p><p>São exemplos de serviços prestados diretamente pelo Estado: a emissão de passaportes, emissão</p><p>de carteira de identidade, licença para dirigir veículo automotor, expedição de certidões diversas.</p><p>55</p><p>AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS • CAPÍTULO 4</p><p>São exemplos de serviços prestados de forma descentralizada: a eletricidade, a telefonia, a gestão</p><p>e conservação de rodovias.</p><p>No exercido da gestão de serviços públicos, a Administração Pública (concedente) poderá intervir</p><p>na concessão de forma provisória. Vejamos o que diz a Lei n. 8.987/1995 a esse respeito:</p><p>Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar</p><p>a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas</p><p>contratuais, regulamentares e legais pertinentes.</p><p>Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que</p><p>conterá a designação do interventor, o prazo da intervenção e os objetivos e</p><p>limites da medida.</p><p>Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, no prazo de</p><p>trinta dias, instaurar procedimento administrativo para comprovar as causas</p><p>determinantes da medida e apurar responsabilidades, assegurado o direito de</p><p>ampla defesa.</p><p>§ 1º Se ficar comprovado que a intervenção não observou os pressupostos legais e</p><p>regulamentares será declarada sua nulidade, devendo o serviço ser imediatamente</p><p>devolvido à concessionária, sem prejuízo de seu direito à indenização.</p><p>§ 2º O procedimento administrativo a que se refere o caput deste artigo deverá</p><p>ser concluído no prazo de até cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se</p><p>inválida a intervenção.</p><p>Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a concessão, a administração</p><p>do serviço será devolvida à concessionária, precedida de prestação de contas</p><p>pelo interventor, que responderá pelos atos praticados durante a sua gestão.</p><p>(Brasil, 1995)</p><p>A concessões, por fim, extinguem-se: pelo fim do prazo estabelecido no contrato administrativo</p><p>firmado entre a Administração Pública (concedente) e o particular (concessionária de serviço</p><p>público); por decisão unilateral da Administração Pública (encampação); por decisão unilateral</p><p>da Administração quando há descumprimento das obrigações por parte da concessionária</p><p>(caducidade); por iniciativa da concessionária, quando é a Administração Pública quem</p><p>descumpre as regras contratuais, mas, nessa hipótese, depende de decisão judicial; por</p><p>anulação, quando for constatada ilegalidade nas cláusulas contratuais ou no procedimento</p><p>licitatório que antecedeu o contrato; por “falência ou extinção da empresa concessionária</p><p>e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual” (art. 35, VI, da Lei</p><p>n. 8.987/1995).</p><p>56</p><p>CAPÍTULO 4 • AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS</p><p>Qualidade dos serviços públicos (art. 6º, inciso X, do CDC)</p><p>Figura 26. CDC – Código de Defesa do Consumidor.</p><p>Fonte: www.shutterstock.com/pt/image-photo/acronym-cdc-referring-consumer-defense-code-2253456667. Acesso em:</p><p>30 maio 2023.</p><p>O Código de Defesa do Consumidor (CDC) dispõe em seu art. 6º, X, que é direito dos consumidores</p><p>que os serviços públicos sejam prestados de forma adequada e eficaz. Desse modo, temos que</p><p>a Administração Pública, quando presta um serviço público investe-se no papel de fornecedor,</p><p>atraindo para a relação desta com os usuários de serviços públicos as normas protetoras dos</p><p>consumidores.</p><p>É importante compreender que quando falamos da Administração Pública, estamos falando da</p><p>Administração Pública direta, indireta, das concessionárias e permissionárias. Desse modo, todos</p><p>que prestam serviços públicos estão obrigados a fazê-lo de forma adequada, eficiente, segura e,</p><p>em se tratando de serviços essenciais, de forma contínua (art. 22 do CDC).</p><p>Com o propósito de melhor controlar os serviços públicos delegados ao setor privado, são</p><p>instituídas agências reguladoras, com a atribuição de regulamentar, controlar e fiscalizar as</p><p>concessionárias e permissionárias de serviços públicos. As agências reguladoras integram a</p><p>Administração Pública indireta, são autarquias de regime especial, dotadas de maior autonomia</p><p>administrativa, técnica e financeira, para que possam desempenhar com independência suas</p><p>funções regulatórias e fiscalizatórias.</p><p>Exemplos de agências reguladoras:</p><p>» Agência Espacial Brasileira;</p><p>» Agência Nacional de Águas (ANA);</p><p>» Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel);</p><p>57</p><p>AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS • CAPÍTULO 4</p><p>» Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)</p><p>» Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel);</p><p>» Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq);</p><p>» Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT);</p><p>» Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);</p><p>» Agência Nacional do Cinema (Ancine);</p><p>» Agência Nacional do Petróleo (ANP);</p><p>» Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).</p><p>Sintetizando</p><p>Vimos neste capítulo:</p><p>» A definição de agentes públicos do art. 2º da Lei n. 8.429/1992, com redação dada pela Lei n. 14.230, de 2021: “o agente</p><p>político, o servidor público e todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,</p><p>nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou</p><p>função” em órgãos e entidade estatais ou no exercício</p><p>de suas funções são considerados agentes públicos.</p><p>» Classificação dos agentes públicos em categorias: agentes políticos; servidores públicos; militares; e particulares em</p><p>colaboração com o Poder Público.</p><p>» Os servidores públicos são “as pessoas físicas que prestam serviço ao Estado e às entidades da Administração indireta,</p><p>com vínculo empregatício e mediante remuneração paga pelos cofres públicos” (Di Pietro, 2017, p. 1.221) e podem ser</p><p>classificados em 3 (três) grupos: servidores estatutários, empregados públicos e servidores temporários.</p><p>» Regime jurídico: a contratação de servidor público deve respeitar as regras relativas ao regime jurídico, que pode ser o</p><p>estatutário ou celetista.</p><p>» Os cargos públicos ocupados pelos servidores públicos são providos mediante concurso público de provas ou de provas</p><p>e títulos. A investidura no cargo começa com a nomeação para o cargo público e se conclui com posse, a qual passa a</p><p>produzir seus efeitos com a entrada em exercício.</p><p>» A remuneração dos servidores é comporta de duas parcelas: o vencimento-base e as vantagens, ou em alguns casos</p><p>previstos na Constituição Federal, é adotado o regime de subsídios.</p><p>» O processo administrativo disciplinar e a sindicância como meios de apuração de infrações disciplinares para a aplicação</p><p>de sanções disciplinares.</p><p>» Os conceitos e princípios que regem os serviços públicos.</p><p>» A classificação dos serviços públicos de Rafael Oliveira (2020, p. 246) segundo os seguintes critérios:</p><p>› critério dos destinatários: uti universi e uti singuli;</p><p>› critério da titularidade federativa: federais, estaduais, distritais, municipais e comuns;</p><p>› quanto ao objeto: administrativos, econômicos e sociais;</p><p>› critério da essencialidade: essenciais e não essenciais;</p><p>› critério da titularidade estatal: próprios x impróprios (virtuais); e</p><p>› quanto à criação: inerentes e por opção legislativa.</p><p>58</p><p>CAPÍTULO 4 • AGEntES PÚBLICOS E EXECUçãO DE SERvIçOS PÚBLICOS</p><p>» A distinção entre taxas e tarifas. A taxa é a prestação pecuniária imposta, legalmente, pelo Estado, em razão de serviços</p><p>públicos prestados aos administrados. Já a tarifa é a forma de remuneração paga pelo usuário por utilizar um serviço</p><p>público divisível e específico, regido pelo regime contratual de direito público.</p><p>» A incidência do Código de Defesa do Consumidor nas relações estabelecias entre os usuários de serviços públicos e os</p><p>fornecedores, sejam eles pessoas jurídicas de direito público ou privado.</p><p>59</p><p>Introdução</p><p>Abordaremos neste capítulo os processos licitatórios e contratos administrativos e teremos a</p><p>oportunidade de estudar as modalidades de contratos administrativos, sua conceituação, suas</p><p>características e seus conteúdos, além de entender como se desenvolve o controle, a interpretação</p><p>e a sua formalização e, ainda, discutir sua execução, inexecução, possibilidade de alteração e a</p><p>sua extinção.</p><p>Objetivos</p><p>» Discutir as características e as modalidades do processo licitatório.</p><p>» Conceituar contrato administrativo.</p><p>» Identificar as modalidades de contratos administrativos.</p><p>» Conhecer suas características.</p><p>» Discutir os efeitos destes na sociedade brasileira.</p><p>A nova Lei de Licitações</p><p>Licitação é o procedimento administrativo prévio à contratação por meio do qual a Administração</p><p>seleciona a proposta mais vantajosa, proporcionando igualdade de condições aos licitantes que</p><p>atendam às exigências constantes no instrumento convocatório para um contrato, podendo ocorrer</p><p>por pregão, por leilão, por concorrência pública, por tomada de preços, convite ou concurso.</p><p>Cada uma dessas formas tem seu próprio regulamento. Todas essas regras visam salvaguardar</p><p>os recursos públicos e os orçamentos estatais.</p><p>Assim, com o objetivo de conseguir a melhor proposta, o Poder Público instituiu o processo</p><p>licitatório, cujo objetivo é permitir que qualquer pessoa, satisfazendo as regras impostas pelo</p><p>edital, possa participar do processo e apresentar a sua oferta. Atualmente, o processo licitatório</p><p>5</p><p>CAPÍTULO</p><p>LICItAçÕES E COntRAtOS</p><p>ADMInIStRAtIvOS</p><p>60</p><p>CAPÍTULO 5 • LICItAçÕES E COntRAtOS ADMInIStRAtIvOS</p><p>é disciplinado pela Lei n. 14.133/2021, que que substitui a Lei n. 8.666/1993, e contratos</p><p>administrativos, estabelece os objetivos da licitação no art. 11, a saber:</p><p>» assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado de contratação mais vantajoso</p><p>para a Administração Pública, inclusive no que se refere ao ciclo de vida do objetivo;</p><p>» assegurar tratamento isonômico entre os licitantes, bem como a justa competição;</p><p>» evitar contratações com sobrepreço ou com preços manifestamente inexequíveis e</p><p>superfaturamento na execução dos contratos;</p><p>» incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional sustentável.</p><p>Assim, a Lei n. 14.133/2021 aplica-se às hipóteses de alienação, concessão de direito de uso de</p><p>bens; compras; locação; concessão e permissão de uso de bens a públicos; prestação de serviços,</p><p>obras e serviços de arquitetura e engenharia e contratação de tecnologia da informação e de</p><p>comunicação (art. 2º).</p><p>As fontes normativas da licitação no Brasil</p><p>Vamos verificar o conceito destacado por Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2022, 9.1) que observa</p><p>esse cuidado que é preciso no âmbito da Administração Pública:</p><p>pode-se definir a licitação como o procedimento administrativo pelo qual um ente</p><p>público, no exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que</p><p>se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de</p><p>formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente</p><p>para a celebração de contratos.</p><p>Quais são as fontes normativas da licitação no Brasil?</p><p>Quadro 5. Fontes normativas.</p><p>Art. 22, XXvII, CF/1988 Estabelece a competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de</p><p>licitação e contratação.</p><p>Art. 37, XXI, CF/1988 Consagra a regra da licitação e admite que alei estabeleça exceções.</p><p>Art. 173, § 1º, III, CF/1988 Remete ao legislador a tarefa de elaborar o Estatuto próprio das empresas estatais</p><p>econômicas, o qual conterá regras próprias de licitações e contratos.</p><p>Fonte: elaborado pelas autoras (2023).</p><p>Importante</p><p>Regra geral: o processo licitatório é obrigatório nas contratações da Administração Pública, salvo raras exceções.</p><p>61</p><p>LICItAçÕES E COntRAtOS ADMInIStRAtIvOS • CAPÍTULO 5</p><p>Até abril de 2021, tínhamos a Lei n. 8.666, de 1993. Contudo, foi promulgada a Lei n. 14.133, de</p><p>abril de 2021, que revoga a Lei n. 8.666/1993, a Lei n. 10.520/2002 – Lei do Pregão, bem como os</p><p>arts. 1° a 47-A da Lei n. 12.462/2011, que institui o Regime Diferenciado de Contratações Públicas.</p><p>A Lei n. 14.133/2021 também alterou o Código Penal, inserindo os crimes praticados no âmbito</p><p>das licitações e das contratações públicas. Só para esclarecer que para ser considerado um crime</p><p>no Brasil, é preciso ter uma lei anterior que defina a conduta como uma infração penal, ou seja,</p><p>um crime. Então essa alteração criou alguns crimes que passam a figurar no Código Penal.</p><p>A Lei nova alterou a Lei antiga integralmente, mas essa situação só vai se consolidar decorridos</p><p>dois anos da publicação da Lei nova. O legislador decidiu desse modo.</p><p>Então, em até dois anos, a contar da data da publicação da Lei n. 14.133/2021, em Diário Oficial,</p><p>que no caso foi 1º de abril de 2021, os gestores públicos poderão optar entre a aplicação da nova</p><p>Lei ou da antiga. Esse é o princípio da discricionariedade que já estudamos. Todavia, fica proibido</p><p>mesclar as duas leis durante esse período. Por que o legislador pensou desse modo? Porque é</p><p>preciso um período de transição (regime de transição) para que todos os interessados possam</p><p>conhecer as novas regras e não pegue ninguém de surpresa.</p><p>Em razão dessa necessidade, ocorreu maior prorrogação do prazo da antiga Lei de Licitações,</p><p>pois o Presidente da República, a pedido da Confederação Nacional dos Municípios e da Frente</p><p>Nacional dos Prefeitos, decidiu em Medida Provisória n. 1.167, de 31 de março de 2023,</p><p>prorrogar</p><p>o prazo de vigência da Lei n. 8.666/1993, da Lei n. 10.520/2002 e dos arts. 1º a 47-A da Lei n.</p><p>12.462/2011 até 30 de dezembro de 2023.</p><p>Ocorre que as medidas provisórias têm vigência de apenas 60 dias, podendo ser automaticamente</p><p>prorrogadas por igual período se, dentro deste primeiro prazo, não ocorrer a sua votação, em</p><p>ambas as casas legislativas do Congresso Nacional.</p><p>A referida MP n. 1.167/2023 perdeu sua vigência em 28 de julho de 2023, sem apreciação do</p><p>Legislativo e, por conseguinte, tal fato foi informado pelo presidente do Congresso Nacional ao</p><p>presidente da República, com a devida publicação do ato em Diário Oficial da União (publicação</p><p>no D.O.U. em 3/8/2023).</p><p>Quando ocorre o encerramento da vigência de uma MP, sem a apreciação do Congresso Nacional</p><p>nos seus primeiros 60 dias, restará como possível a edição de um Decreto Legislativo para</p><p>disciplinar a matéria jurídica tratada na MP encerrada sem a devida apreciação do Congresso</p><p>Nacional.</p><p>O procedimento de licitação é o que denominamos de processo administrativo, por isso, é</p><p>necessário o atendimento aos princípios constitucionais que vimos no art. 37 da CF/1988, que</p><p>guardamos pelo mnemônico “LIMPE”.</p><p>62</p><p>CAPÍTULO 5 • LICItAçÕES E COntRAtOS ADMInIStRAtIvOS</p><p>A nova Lei de Licitações, Lei n. 14.133/2021 estabeleceu no art. 5º que, além da “LIMPE”, temos:</p><p>o interesse público, probidade administrativa, igualdade, planejamento, transparência, eficácia,</p><p>segregação de funções, motivação, vinculação ao edital, julgamento objetivo, segurança jurídica,</p><p>razoabilidade, competitividade, proporcionalidade, celeridade, economicidade e desenvolvimento</p><p>sustentável.</p><p>Então, vamos analisar os princípios da licitação?</p><p>Quadro 6. Princípios da Licitação.</p><p>Princípios da Licitação Objetivo</p><p>Competitividade Busca-se a proposta mais vantajosa para Administração.</p><p>Isonomia Dispensar tratamento igualitário aos licitantes.</p><p>vinculação ao edital O edital ou carta-convite é lei para os participantes, as regras devem ser observadas.</p><p>Procedimento formal Os procedimentos são formais e devem ser observados.</p><p>Julgamento objetivo A avaliação das propostas deve ser pautada em critérios objetivos.</p><p>Planejamento A necessidade de um plano organizando as contratações para garantir o alinhamento</p><p>estratégico.</p><p>Desenvolvimento nacional</p><p>sustentável Desenvolvimento nacional com sustentabilidade econômica, social e ambiental.</p><p>Publicidade e transparência A publicidade e transparência dos atos estatais é regra para o controle social.</p><p>Eficiência, celeridade e</p><p>economicidade</p><p>Envolve qualidade, tempo hábil conforme definido no edital e responsabilidade a</p><p>partir de um estudo técnico preliminar.</p><p>Segregação de funções Consiste na distribuição e especialização de funções entre os agentes públicos que</p><p>atuam no processo de licitação.</p><p>Fonte: elaborado pelas autoras (2023).</p><p>No procedimento da licitação os princípios devem ser observados, mas há que se ressaltar que</p><p>configuram um rol exemplificativo, o que não impede que outros princípios sejam invocados.</p><p>Licitação: objeto e modalidades</p><p>O objeto do processo licitatório é a contratação, por parte da Administração Pública, de produtos,</p><p>serviços e pessoal. Dentro das regras estabelecidas pelo edital e respeitando os princípios da licitação.</p><p>A Administração Pública tem o dever de sempre buscar a melhor alternativa disponível no</p><p>mercado para satisfazer os interesses públicos, para que possa agir de forma adequada aos</p><p>padrões exigidos pela probidade administrativa. Nesse sentido, o procedimento observará fases:</p><p>o momento preparatório ou de planejamento, a divulgação do edital, a fase de apresentação de</p><p>propostas e lances (se for o caso), o momento do julgamento, da habilitação, a fase recursal e a</p><p>homologação (art. 17, Lei n. 14.133/2021).</p><p>As modalidades de licitação estão previstas no art. 28 da Lei n. 14.133/2021 e são elas: pregão,</p><p>concorrência, concurso (para elaboração de projetos), leilão e o diálogo competitivo (para</p><p>63</p><p>LICItAçÕES E COntRAtOS ADMInIStRAtIvOS • CAPÍTULO 5</p><p>inovação tecnológica). Um ponto de atenção: a nova lei extinguiu modalidades que existiam na</p><p>Lei antiga (Lei n. 8.666/1993). Não há mais que se falar em modalidade de tomada de preços e</p><p>modalidade convite, anteriormente previstas. Surgiu a novidade do “diálogo competitivo” que</p><p>é um modelo atrelado às inovações tecnológicas e complexidade técnica.</p><p>É um diálogo da Administração Pública e os licitantes previamente selecionados para o desenvolvimento</p><p>de inovações tecnológicas. Podemos pensar num órgão que deseja o desenvolvimento de uma</p><p>tecnologia de inteligência artificial para um canal de denúncias do cidadão, por exemplo.</p><p>A licitação poderá adotar alguns critérios para julgamento, são eles: menor preço, maior desconto,</p><p>melhor técnica ou conteúdo artístico; técnica e preço conjuntamente, maior lance para os leilões</p><p>e o maior retorno econômico (art. 33 da Lei n. 14.133/2021).</p><p>Com o Decreto n. 11.430/2023, que regulamentou o inciso I do § 9º do art. 25 e o inciso III do caput</p><p>do art. 60 da Lei de Licitações, Lei n. 14.133/2021, identificamos mais um critério de desempate</p><p>para licitações, no âmbito da Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional:</p><p>a contratação de mão de obra constituída por mulheres vítimas de violência doméstica e a</p><p>implementação de ações de equidade entre mulheres e homens no ambiente de trabalho.</p><p>A licitação não será exigida quando a competição for inviável, por isso não será exigida em</p><p>algumas hipóteses, permitindo-se a contratação direta (art. 72 da Lei n. 14.133/2021). Assim,</p><p>o instituto da inexigibilidade de licitação está previsto no art. 74 e o instituto da dispensa de</p><p>licitação no art. 75, ambos da Lei n. 14.133/2021.</p><p>» Inexigibilidade: a competição é inviável, por exemplo, a contratação de um ator famoso,</p><p>de estudos técnicos, restauração de obras de arte etc.</p><p>» Dispensa: quando o valor for inferior a cem mil reais nos casos de obras e serviços de</p><p>engenharia ou manutenção de veículos automotores ou a cinquenta mil reais, no caso</p><p>de serviços e compras, e assim por diante. Nesta hipótese ocorre um processo seletivo</p><p>simplificado (Oliveira, 2021).</p><p>Importa destacar que será sempre necessário justificar (demonstrar) a inviabilidade de competição.</p><p>A justificativa que deve ser obrigatoriamente ratificada por autoridade superior e publicada em</p><p>prazo certo determinado (art. 72, incisos I a VIII, da Lei n. 14.133/2021). Verificada a inviabilidade</p><p>de competição, a licitação não deve ser realizada.</p><p>Inexigibilidade e dispensa da licitação</p><p>A ideia de dispensa do processo licitatório envolve a inexigibilidade e a dispensa. Não podemos</p><p>esquecer que a diferença básica entre as duas hipóteses é que a dispensa ocorre por ato</p><p>discricionário da Administração, entretanto existe a possibilidade de disputa entre os interessados.</p><p>64</p><p>CAPÍTULO 5 • LICItAçÕES E COntRAtOS ADMInIStRAtIvOS</p><p>Já na inexigibilidade não há possibilidade de disputa, só existe um objeto ou uma pessoa que</p><p>possa atender às necessidades da Administração.</p><p>Existem ainda as possibilidades de dispensa que não são reguladas pelo poder discricionário do</p><p>administrador, mas estão previstas na própria Lei das Licitações, é o que decorre o art. 17, incisos</p><p>I e II, que dispensa a licitação quando se tratar de alienação de bens imóveis, mediante ação em</p><p>pagamento ou doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração</p><p>Pública, permuta por outro imóvel que atenda aos requisitos, consoante o art. 24.</p><p>Contrato administrativo: características e especificidades</p><p>No exercício de suas atividades, o Estado não é capaz de prover todos os produtos ou serviços</p><p>de que necessita para atender às necessidades da sociedade. Assim, é obrigado a recorrer ao</p><p>particular para garantir a satisfação das suas necessidades. A forma de aquisição por parte do</p><p>Estado de serviços ou produtos dos particulares ocorre por meio de contratos.</p><p>Segundo lições de Rafael Carvalho Rezende Oliveira (2021,</p><p>18.1), quando falamos em contratos</p><p>administrativos, a expressão é “gênero que comporta todo e qualquer ajuste bilateral celebrado</p><p>pela Administração Pública”.</p><p>Características</p><p>Os contratos administrativos são regidos por normas de</p><p>direito público por conta das prerrogativas da Administração</p><p>Pública e da importância da sua atividade fundamentada no</p><p>bem coletivo. Assim, os contratos administrativos possuem</p><p>características específicas. Vamos observá-las? (Oliveira, 2021,</p><p>18.4)</p><p>Formalismo</p><p>Maior formalidade em razão da coisa pública. A exigência prévia de licitação para firmar contratos</p><p>com o poder público é um bom exemplo.</p><p>Bilateralidade</p><p>Em qualquer contrato a manifestação de vontades é fundamental.</p><p>Comutatividade</p><p>Trata-se da ideia de que as obrigações contraídas pelas partes de um contrato são equivalentes</p><p>e, claro, previamente estabelecidas.</p><p>Importante</p><p>A antiga Lei de Licitações Públicas, n.</p><p>8.666/1993, em seu art. 2º, parágrafo</p><p>único, definia contrato como: “todo</p><p>e qualquer ajuste entre órgão ou</p><p>entidade da Administração Pública e</p><p>particular, em que haja um acordo de</p><p>vontade para a formação do vínculo e</p><p>a estipulação de obrigações recíprocas,</p><p>seja qual for a denominação utilizada”.</p><p>65</p><p>LICItAçÕES E COntRAtOS ADMInIStRAtIvOS • CAPÍTULO 5</p><p>Personalíssimo</p><p>Significa que o contrato é celebrado com o licitante que apresentou a melhor proposta. A escolha</p><p>foi impessoal em razão dos princípios da impessoalidade e moralidade, que já estudamos</p><p>anteriormente.</p><p>Desequilíbrio</p><p>As partes nos contratos administrativos estão em posição de desigualdade por conta das cláusulas</p><p>exorbitantes que trazem a previsão da alteração unilateral, rescisão unilateral, fiscalização,</p><p>aplicação de sanções e ocupação provisória que não existem nos contratos privados (Oliveira,</p><p>2021).</p><p>Instabilidade</p><p>Como há a mutabilidade natural do interesse público, por conta de mudanças na realidade social,</p><p>política e econômica, há uma instabilidade nos contratos administrativos e a Administração</p><p>Pública poderá alterar unilateralmente as cláusulas ou até extinguir um contrato.</p><p>Após a licitação, a Administração Pública chamará o licitante que venceu a licitação para firmar</p><p>o contrato público, em determinado prazo, sob pena de decair o seu direito (art. 89 da Lei n.</p><p>14.133/2021) E se o licitante vencedor não aparecer? A Administração Pública poderá convocar</p><p>os licitantes remanescentes para negociação, na ordem da classificação visando à obtenção do</p><p>melhor preço. Mas se não ocorrer a convocação para contratação por parte da Administração</p><p>Pública, os licitantes ficam dispensados dos compromissos assumidos (veja o art. 90 e seus</p><p>parágrafos, da Lei n. 14.133/2021).</p><p>om relação ao conteúdo dos contratos administrativos, eles são utilizados para aquisição de</p><p>mercadorias ou serviço ou, ainda, para a realização de obras, para concessão ou permissão de</p><p>utilização de espaço público ou exploração de serviço público.</p><p>Regime jurídico e cláusulas exorbitantes</p><p>O regime jurídico que disciplina os contratos públicos são os de direito público, ou seja, a exigência</p><p>do formalismo na relação contratual, a exigência da presença dos princípios norteadores da</p><p>atividade pública que são: legalidade, publicidade, probidade administrativa, lealdade, respeito</p><p>às regras da concorrência e o predomínio do interesse público.</p><p>São consideradas cláusulas exorbitantes, para os contratos públicos, aquelas em comparação com</p><p>os contratos jurídicos gerais, que afastam da relação contratual a igualdade de tratamento entre</p><p>os contratantes. Trata-se da característica do desequilíbrio que já estava previsto na antiga lei, a</p><p>Lei n. 8.666/1993 e que também está prevista na nova Lei de Licitações, a Lei n. 14.133/2021, no</p><p>art. 104, que fala em alteração unilateral, rescisão unilateral, fiscalização, aplicação de sanções</p><p>e ocupação provisória.</p><p>66</p><p>CAPÍTULO 5 • LICItAçÕES E COntRAtOS ADMInIStRAtIvOS</p><p>Então, na realização dos contratos com o Poder Público estão previstas cláusulas exorbitantes,</p><p>ou seja, aquelas que afastam da relação contratual o tratamento igualitário entre os contratantes.</p><p>Na Lei n. 14.133/2021, os arts. 96, 98, 99, 100, 101, 102 e 145, § 2º, são exemplos de cláusulas</p><p>exorbitantes.</p><p>Segundo Di Pietro (2022, posição 8.6.7), são consideradas cláusulas exorbitantes:</p><p>aquelas que não seriam comuns ou que seriam ilícitas em contrato celebrado entre</p><p>particulares, por conferirem prerrogativas a uma das partes (a Administração)</p><p>em relação à outra; elas colocam a Administração em posição de supremacia</p><p>sobre o contratado.</p><p>No mesmo sentido, Rafael Oliveira (2021, posição 18) observa que as referidas cláusulas conferem</p><p>prerrogativas à Administração e sujeitam o contratado, mesmo sem previsão no edital ou no</p><p>próprio contrato, a situações, tais como: rescisão e/ou alteração unilateral, fiscalização, aplicação</p><p>de sanções e até mesmo a ocupação provisória. As cláusulas exorbitantes são inerentes aos</p><p>contratos administrativos em razão do interesse coletivo e tanto a Lei 8.666/1993 quanto a Lei</p><p>14.133/2021 sustentam a sua aplicação automática em favor da Administração Pública. Desta</p><p>forma, a Administração Pública poderá alterar, rescindir, fiscalizar, ocupar provisoriamente bens</p><p>móveis e imóveis e outras possibilidades, mesmo que o contratado não queira ou não concorde.</p><p>Controle, interpretação e formalização</p><p>Segundo o mestre Hely Lopes Meirelles (2016, p. 216), o controle do contrato administrativo</p><p>é um dos poderes inerentes à Administração Pública e, por isso mesmo, implícito em toda</p><p>contração pública, dispensando cláusulas expressas. Com efeito, desde que à Administração</p><p>incumbem a realização de obras públicas e a prestação de serviços à coletividade, há de ter a</p><p>correspondente prerrogativa de controlar os seus contratos e de adequá-los às exigências do</p><p>momento, supervisionando, acompanhando e fiscalizando a sua execução ou nela intervindo.</p><p>Ainda com as palavras de Meirelles (2016, p. 218) na interpretação do contrato administrativo, é</p><p>preciso ter sempre em vista que as normas que regem são as do Direito Público, suplementadas</p><p>pelos princípios da teoria geral dos contratos do Direito Privado, impondo aos contratos a</p><p>supremacia do interesse público. Daí já decidido que nos contratos administrativos celebrados</p><p>em prol da coletividade não se pode interpretar suas cláusulas contra essa mesma coletividade.</p><p>Qualquer cláusula que contraria o interesse público ou consubstancie renúncia a direitos e</p><p>poderes da Administração deve ser considerada como não escrita, salvo se autorizada por lei.</p><p>Importante</p><p>Qualquer cláusula que contraria o interesse público ou consubstancie renúncia a direitos e poderes da Administração deve</p><p>ser considerada como não escrita, salvo se autorizada por lei.</p><p>67</p><p>LICItAçÕES E COntRAtOS ADMInIStRAtIvOS • CAPÍTULO 5</p><p>Conforme a Lei n. 14.133/2021, os contratos administrativos são regulados segundo as normas</p><p>de direito público. Todavia, há a aplicação supletiva dos princípios da teoria geral dos contratos.</p><p>A Administração Pública convocará o licitante vencedor. Se o licitante vencedor não comparecer,</p><p>a Administração Pública poderá, com base no art. 90 da Lei, convocar os licitantes remanescentes</p><p>e caso nenhum aceite a contratação, poderá negociar na ordem de classificação para obter o</p><p>melhor preço e se a negociação for frustrada celebrar contrato nas condições ofertadas pelos</p><p>remanescentes.</p><p>Eventuais aditamentos ficam juntados ao contrato de origem, sempre por escrito, divulgados ao</p><p>público em sítio eletrônico, conforme prevê o art. 91 da Lei. Cabe a observação que a Administração</p><p>Pública deve consultar o Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS) e o</p><p>Cadastro nacional de Empresas Punidas (CNEP), emitir as certidões negativas de inidoneidade,</p><p>de impedimentos e débitos trabalhistas para anexar ao processo.</p><p>A Lei, em seu art. 95, § 2º, estabelece a regra do contrato escrito e observa que será nulo de pleno</p><p>direito o contrato verbal, salvo pequenas compras</p><p>ou pagamentos que não sejam superiores a</p><p>R$ 10.000,00.</p><p>Garantias, alocação de riscos e fiscalização</p><p>O art. 96 da Lei n. 14.133/2021 observa que o edital poderá exigir algumas garantias nas contratações</p><p>de obras, serviços e compras, a saber: caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública na</p><p>forma exigida pelo Ministério da Fazenda; seguro-garantia; fiança bancária por instituição</p><p>financeira autorizada pelo Banco Central.</p><p>No art. 103 da Lei, há a possibilidade de repartição de riscos nos contratos administrativos com</p><p>a previsão de matriz de alocação para saber aqueles que serão suportados pela Administração</p><p>Pública, pelo setor privado ou compartilhados.</p><p>A formalização dos contratos administrativos se estabelece com força na Lei n. 14.133/2021,</p><p>salvo exceção prevista na lei, deve ser por escrito, respeitando os preceitos e princípios de ordem</p><p>pública. Tendo, de um lado como contratante o Poder Público e, de outro, como contratado,</p><p>outra parte, que pode ser outro representante do Poder Público. O mais comum são as pessoas</p><p>jurídicas particulares ou, ainda, as pessoas naturais. Os contratos administrativos devem ser</p><p>arquivados em ordem cronológica para fins de consulta e fiscalização. Depois de celebrados,</p><p>os contratos devem ser publicados, embora resumidamente, em órgão oficial da imprensa da</p><p>entidade pública contratante. Devem ainda constar no preâmbulo do contrato o nome das partes</p><p>e seus representantes, o objeto do ajuste, o ato autorizativo do contrato, o número do processo</p><p>da licitação, ou, se for o caso, da dispensa ou da inexigibilidade, e a menção de que seu regime</p><p>jurídico é o da Lei n. 14.133/2021 (Carvalho Filho, 2019, p. 186).</p><p>68</p><p>CAPÍTULO 5 • LICItAçÕES E COntRAtOS ADMInIStRAtIvOS</p><p>Execução, inexecução, alterações e extinção</p><p>» Execução do contrato administrativo: Cumpridas as formalidades legais, os contratos</p><p>administrativos passam à sua execução, onde são respeitadas as cláusulas, conforme</p><p>previsto em lei e respeitando a supremacia do interesse público. A duração do contrato</p><p>administrativo é limitada à vigência do crédito orçamentário, não devendo passar para</p><p>outro exercício orçamentário.</p><p>» Inexecução do contrato administrativo: A não execução ou o inadimplemento do</p><p>contrato administrativo caracteriza-se pelo descumprimento total ou parcial das cláusulas</p><p>contratuais por qualquer das partes, Administração ou contratado. A inexecução poderá</p><p>ocorrer de forma culposa ou sem culpa.</p><p>› Inexecução culposa: A inexecução culposa do contrato é caracterizada pelo</p><p>descumprimento ou cumprimento irregular das cláusulas contratuais em razão de</p><p>ação ou omissão culposa ou dolosa da administração ou do contratante.</p><p>A inexecução culposa acarreta a aplicação das sanções legais e contratuais.</p><p>As sanções podem ser advertência, multa de mora, multa pela inexecução, suspensão</p><p>temporária da possibilidade de participar de licitação e impedimento de contratar</p><p>com a Administração ou, ainda, a declaração de inidoneidade para licitar ou contratar</p><p>com a Administração Pública.</p><p>› Inexecução sem culpa: Trata-se da hipótese em que uma das partes não cumpre o</p><p>contrato na forma estabelecida. Contudo, o inadimplemento do contrato é resultante</p><p>de fatos supervenientes à data em que foi firmado. “Correspondem tais fatos a</p><p>situações excepcionais, e a eles não deu causa a parte inadimplente” (Carvalho Filho,</p><p>2019, p. 341).</p><p>» Alteração do contrato administrativo: A revisão do contrato administrativo, ou seja,</p><p>a modificação das condições de sua execução pode ocorrer por interesse da própria</p><p>Administração ou pela superveniência de fatos novos que tornem inexequível o ajuste</p><p>inicial. A primeira hipótese surge quando o interesse público exige a alteração do projeto</p><p>ou dos processos técnicos de sua execução, com o argumento dos encargos ajustados;</p><p>a segunda hipótese sobrevém de atos do governo ou fatos materiais imprevistos</p><p>e imprevisíveis pelas partes que dificultam ou agravam, de modo excepcional, o</p><p>prosseguimento e a conclusão do objeto do contrato, por obstáculo intransponível em</p><p>condições normais de trabalho ou encarecimento extraordinário das obras e serviços a</p><p>cargo do particular contratado, que impõem uma recomposição dos preços ajustados,</p><p>além do reajuste prefixado (Meirelles, 2016 p. 242).</p><p>» Extinção do contrato administrativo: Conforme ensinamento de Carvalho Filho (2019,</p><p>p. 372), dá-se o cumprimento do objeto do contrato quando as partes conseguiram o</p><p>69</p><p>LICItAçÕES E COntRAtOS ADMInIStRAtIvOS • CAPÍTULO 5</p><p>que pactuaram e voltam, sem menor dificuldade, às respectivas situações anteriores.</p><p>Ou seja, cumpridas as obrigações pactuadas na relação contratual, ocorrerá a extinção</p><p>normal do contrato.</p><p>Todavia, após ampla defesa e direito ao contraditório, poderá ocorrer a extinção prematura</p><p>do contrato administrativo nas seguintes hipóteses previstas no art. 137 da Lei n. 14.133/2021:</p><p>(Oliveira, 2021, p. 18.11.3)</p><p>» não cumprimento ou o cumprimento irregular de normas editalícias ou de cláusulas</p><p>contratuais, especificações, projetos ou prazos;</p><p>» desatendimento às determinações regulares emitidas pela autoridade designada para</p><p>acompanhar e fiscalizar sua execução ou por autoridade superior;</p><p>» alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura da empresa que restrinja</p><p>sua capacidade de concluir o contrato;</p><p>» decretação de falência, insolvência civil, dissolução da sociedade ou falecimento do</p><p>contratado;</p><p>» caso fortuito ou força maior, regularmente comprovados, impeditivos da execução do</p><p>contrato;</p><p>» o atraso ou a impossibilidade de obtenção da licença prévia ou da licença de instalação</p><p>ou alteração substancial do anteprojeto que venha a resultar dessas licenças, ainda que</p><p>obtidas no prazo previsto;</p><p>» o atraso ou a impossibilidade de liberação das áreas sujeitas a desapropriação, desocupação</p><p>ou servidão administrativa; » razões de interesse público, justificadas pela máxima</p><p>autoridade do órgão ou da entidade contratante;</p><p>» o não cumprimento das obrigações relativas à reserva de cargos prevista em lei para</p><p>pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social ou aprendiz, bem como</p><p>em outras normas específicas.</p><p>Conclusão</p><p>A sociedade brasileira sofre com notícias sobre corrupção em todas as esferas governamentais;</p><p>uma das maneiras de tentar diminuir os efeitos desse desvio de conduta é a celebração de</p><p>contratos administrativos cada vez mais eficientes e revestidos de fiscalização e controle por</p><p>parte do Poder Público e de toda a sociedade.</p><p>Por mais simples que possam parecer os contratos administrativos, eles produzem efeitos e</p><p>gastam recursos de toda a sociedade.</p><p>70</p><p>CAPÍTULO 5 • LICItAçÕES E COntRAtOS ADMInIStRAtIvOS</p><p>Sintetizando</p><p>Vimos neste capítulo:</p><p>» Licitações: procedimento administrativo prévio à contratação por meio do qual a Administração seleciona a proposta mais</p><p>vantajosa, proporcionando igualdade de condições aos licitantes que atendam às exigências constantes no instrumento</p><p>convocatório. Atualmente, o processo licitatório é disciplinado pela Lei n. 14.133/2021.</p><p>» Objeto: o objeto do processo licitatório é a contratação, por parte da Administração Pública, de produtos, serviços e</p><p>pessoal, na forma do edital e respeitando os princípios da licitação.</p><p>» Dispensa e inexigibilidade: a dispensa ocorre por ato discricionário da Administração e na inexigibilidade não há</p><p>possibilidade de disputa, só existe um objeto ou uma pessoa que possa atender às necessidades da Administração.</p><p>» Modalidades: as modalidades estão previstas no art. 28 da Lei n. 14.133/2021. são elas: pregão, concorrência, concurso,</p><p>leilão e diálogo competitivo.</p><p>» Contrato administrativo: “todo e qualquer ajuste entre órgão ou entidade da Administração Pública e particular, em</p><p>que haja um acordo de vontade para a formação do vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a</p><p>denominação utilizada”.</p><p>» Característica e conteúdo: Poder Público como parte ou empresas públicas, sociedades</p><p>de economia mista, autarquias</p><p>ou fundações públicas; privilégio de tratamento em favor do Poder Público; predomínio do interesse público; alteração ou</p><p>rescisão unilateral; revisão de preços e tarifas; controle do contrato pelo Poder Público; e aplicação de penalidades.</p><p>» Regime jurídico e cláusulas exorbitantes: o regime jurídico é o de direito público, ou seja, a exigência do formalismo na</p><p>relação contratual, a exigência da presença dos princípios norteadores da atividade pública. São cláusulas exorbitantes</p><p>aquelas que afastam a igualdade de tratamento entre os contratantes.</p><p>› Alteração ou rescisão unilateral do contrato; o equilíbrio econômico-financeiro ou equação econômica; a revisão de</p><p>preços ou tarifas; a inoponibilidade inicial de exceção de contrato não cumprido; controle do contrato; a aplicação de</p><p>penalidade.</p><p>› A formalização dos contratos administrativos se estabelece com força na Lei n. 14.133/2021.</p><p>› Execução, inexecução, alterações e extinção.</p><p>71</p><p>Introdução</p><p>O propósito deste capítulo é discutir temas variados envolvendo a Administração Pública e a</p><p>sociedade, apresentando a existência de outros mecanismos de atuação do Estado e como eles</p><p>nos permitem questionar, administrativa ou judicialmente, a responsabilidade extracontratual</p><p>do Estado. Ainda neste capítulo, teremos a oportunidade de estudar o Direito Municipalista</p><p>brasileiro, isso certamente permitirá que os profissionais que no futuro venham a lidar com</p><p>a gestão da coisa pública possam exercer melhor sua profissão, explorando as atribuições</p><p>municipalistas.</p><p>Objetivos</p><p>» Discutir a existência de outros mecanismos de atuação do Estado.</p><p>» Identificar a responsabilidade extracontratual do Estado.</p><p>» Conhecer o Direito Municipalista brasileiro.</p><p>Responsabilidade extracontratual do Estado</p><p>A responsabilidade extracontratual do Estado, também conhecida como responsabilidade civil</p><p>do Estado, é a obrigação do Estado de reparar os danos causados pela conduta de seus agentes</p><p>no exercício de função pública, seja essa conduta uma ação ou uma omissão, que viole um dever</p><p>jurídico (prática de ato ilícito).</p><p>Quando usamos a expressão função pública estamos nos referindo às três funções típicas do</p><p>Estado: administrativa, jurisdicional e legislativa.</p><p>6</p><p>CAPÍTULO</p><p>OUtROS MECAnISMOS DE AtUAçãO</p><p>DO EStADO</p><p>72</p><p>CAPÍTULO 6 • OUtROS MECAnISMOS DE AtUAçãO DO EStADO</p><p>Figura 27. Responsabilidade civil.</p><p>Fonte: www.shutterstock.com/pt/image-photo/hammer-gavel-judge-car-vehicle-accident-2205038083. Acesso em: 30</p><p>maio 2023.</p><p>Conceito</p><p>Di Pietro (2017, p. 873) conceitua a responsabilidade extracontratual do Estado nos seguintes</p><p>termos: “a responsabilidade extracontratual do Estado corresponde à obrigação de reparar danos</p><p>causados a terceiros em decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou</p><p>jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos”.</p><p>De acordo com Rafael Oliveira (2020, pp. 743-744), como regra geral, o dever de indenizar surge</p><p>da prática de atos ilícitos. No entanto, a doutrina vem admitindo duas hipóteses de prática de</p><p>atos lícitos configuradores de responsabilidade civil:</p><p>» quando houver expressa previsão legal, como no caso da responsabilidade da União</p><p>por danos provocados por atentados terroristas contra aeronaves de matrícula brasileira</p><p>(veja Lei n. 10.744/2003);</p><p>» quando o sacrifício do particular for desproporcional. Ex.: fechamento permanente de</p><p>rua para tráfego de veículos por ato da municipalidade, inviabilizando a continuidade</p><p>de atividades econômicas prestadas por proprietários de postos de gasolina.</p><p>A responsabilidade extracontratual do estado é, portanto, objetiva, uma vez que comprove o</p><p>dano desproporcional estará caracterizado o dever de indenizar, ainda que a conduta do agente</p><p>tenha sido lícita.</p><p>Evolução histórica</p><p>Durante algum tempo, o Estado era o senhor e soberano; portanto, não devia obediência ou</p><p>satisfação a ninguém. Nessa época imperava a teoria da irresponsabilidade, ou seja, não se podia</p><p>imaginar que o Estado responderia pelos atos de seus prepostos.</p><p>Com o surgimento do Código Civil francês, passaram a surgir as teorias civilistas, nas quais ficava</p><p>estabelecido que aquele que causasse prejuízo a outrem tinha o dever de indenizar. Nas teorias</p><p>civilistas, inicialmente, se buscava separar o que era ato de Império dos atos de gestão. Os primeiros,</p><p>73</p><p>OUtROS MECAnISMOS DE AtUAçãO DO EStADO • CAPÍTULO 6</p><p>com todos os privilégios e prerrogativas da Administração Pública, e os segundos em igualdade</p><p>de condição com os particulares. Isso possibilitou afastar as teorias da irresponsabilidade por</p><p>parte do Estado e atribuir a obrigação de indenizar quando os atos praticados fossem de gestão.</p><p>A própria transformação da sociedade contribui para o surgimento de novas teorias para a</p><p>responsabilidade civil que são a teoria da culpa civil ou da responsabilidade civil subjetiva. Essa</p><p>teoria previa a possibilidade de o Estado indenizar o particular se este conseguisse comprovar</p><p>que o agente público agiu com culpa ou dolo na sua conduta comissiva ou omissiva. O Código</p><p>Civil de 1916 adotava essa teoria.</p><p>Mais uma vez, a própria sociedade se movimentou e desenvolveu a teoria do risco, também</p><p>conhecida como teoria da responsabilidade civil objetiva, nesta não tendo mais necessidade</p><p>de se comprovar que a conduta do agente ocorreu por culpa ou dolo, bastando comprovar que</p><p>ocorreu o dano, para haver a obrigação de indenizar.</p><p>A Constituição Federal de 1988 adotou a responsabilidade civil objetiva do Estado e das</p><p>pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos (art. 37, § 6º). Falamos em responsabilidade</p><p>extracontratual, pois a aludida norma faz referência a danos a terceiros. Esses “terceiros” são</p><p>pessoas que não possuem um vínculo contratual ou institucional com o Estado.</p><p>A regra constitucional não se aplica aos servidores públicos que possuem vínculo institucional</p><p>(estatutário) com o Estado e nem às pessoas físicas ou jurídicas com vínculo contratual com o</p><p>Estado (Oliveira, 2020, p. 743).</p><p>Fundamentos da responsabilidade</p><p>objetiva do Estado</p><p>Segundo Rafael Oliveira (2020, p. 744), a</p><p>responsabilidade civil do Estado fundamenta-se</p><p>na teoria do risco administrativo e na repartição</p><p>dos encargos sociais.</p><p>Figura 28. Responsabilidade objetiva do Estado.</p><p>Fonte: www.shutterstock.com/pt/image-photo/hand-businessman-pulling-out-placing-wood-520407727. Acesso em: 30</p><p>maio 2023.</p><p>Saiba mais</p><p>Rafael Oliveira (2020, p. 743) registra que poderá haver</p><p>responsabilidade civil do Estado quando o licitante</p><p>vencedor da licitação não vier a ser contratado pelo</p><p>cancelamento de licitação após a homologação. Os</p><p>fundamentos para a responsabilização seriam a boa-fé</p><p>e proteção da confiança legítima.</p><p>74</p><p>CAPÍTULO 6 • OUtROS MECAnISMOS DE AtUAçãO DO EStADO</p><p>O Estado desempenha funções e atividades administrativas em prol da coletividade, porém</p><p>com riscos de provocar danos a indivíduos, cuja reparação deve ser suportada por essa</p><p>coletividade que se beneficia da ação administrativa. Assim, cabe ao Estado ressarcir o</p><p>particular de eventual prejuízo causado por seus agentes quando no exercício de atividade</p><p>administrativa.</p><p>Segundo Rafael Oliveira (2020, p, 745),</p><p>a compreensão de responsabilização</p><p>do Estado, com base da teoria do</p><p>risco administrativo, está ancorada</p><p>no princípio da repartição dos</p><p>encargos sociais, corolário do</p><p>princípio da isonomia.</p><p>Isso significa que o indivíduo, ainda que inserido</p><p>dentro dessa coletividade que se beneficia da</p><p>atividade administrativa, como medida de isonomia,</p><p>tem direito à reparação caso venha a sofrer danos</p><p>decorrentes da atividade administrativa.</p><p>A teoria do risco administrativo reconhece, no</p><p>entanto, a existência de circunstâncias excludentes</p><p>ou atenuantes do nexo causal por parte do Estado.</p><p>São elas as cláusulas excludentes e atenuantes.</p><p>Cláusulas excludentes e cláusulas atenuantes</p><p>São consideradas causas excludentes da responsabilidade civil: a culpa exclusiva da vítima, o</p><p>fato</p><p>ADMInIStRAtIvO E PRInCÍPIOS</p><p>» Conhecer os princípios que norteiam o exercício das atividades administrativas.</p><p>» Identificar as fontes normativas do Direito Administrativo.</p><p>Direito Administrativo</p><p>Figura 1. Funções estatais.</p><p>Fonte: www.shutterstock.com/pt/image-vector/concept-law-justice-courthouse-hammer-hits-2117705888. Acesso em: 30</p><p>maio 2023.</p><p>Fundamentos do Direito Administrativo</p><p>Para que possamos compreender adequadamente o conceito de Direito Administrativo, precisamos</p><p>antes conhecer os pilares primordiais sobre o qual a disciplina se assenta na atualidade, quais</p><p>sejam: a submissão do Estado à lei (princípio da legalidade), a limitação do exercício do poder</p><p>estatal por meio da tripartição de Poderes (princípio da separação de Poderes) e a existência de</p><p>direitos fundamentais oponíveis ao Estado (OLIVEIRA, 2020, pp. 1-3).</p><p>A submissão do Estado à lei implica que a ação estatal não poderá ser arbitrária, ou seja, as</p><p>decisões tomadas pelas autoridades estatais e seus agentes devem estar fundamentadas na lei.</p><p>A divisão dos Poderes em Legislativo, Executivo e Judiciário tem por objetivo a limitação do</p><p>poder estatal pela desconcentração e pelo estabelecimento de mecanismos de controle mútuo</p><p>e pela sociedade civil.</p><p>Conceito de Direito Administrativo</p><p>As atividades exercidas pela Administração Pública são inúmeras: poder de polícia, função</p><p>regulamentar, fomento, serviços públicos, regulação etc. Logo não se revela tarefa fácil trazer</p><p>9</p><p>DIREItO ADMInIStRAtIvO E PRInCÍPIOS • CAPÍTULO 1</p><p>em um único conceito a definição do Direito Administrativo. Na doutrina, encontramos diversas</p><p>definições que o consideram como ramo especializado do Direito Público, com regras e princípios</p><p>próprios, que busca disciplinar: o exercício da função administrativa enquanto conjunto de</p><p>prerrogativas e competências que possibilitam a ação concreta da Administração Pública; seus</p><p>órgãos, entidades e agentes públicos; os serviços públicos e os bens públicos.</p><p>Vejamos a definição de Rafael Oliveira (2020, p. 3): “[o] Direito Administrativo é o ramo do</p><p>Direito Público que tem por objeto as regras e os princípios aplicáveis à atividade administrativa</p><p>preordenada à satisfação dos direitos fundamentais”.</p><p>Princípios do Direito Administrativo</p><p>O universo jurídico é conformado por um sistema complexo de leis, decretos, regulamentos</p><p>etc., que precisam ser interpretados conjuntamente. Nesse contexto, temos os princípios: que</p><p>funcionam como vetores que orientam a interpretação das normas jurídicas e administrativas</p><p>que regem a ação estatal.</p><p>Figura 2. Bússola: instrumento de orientação.</p><p>Fonte: www.freepik.com/free-photo/front-view-woman-using-compass-directions_6100542.htm#query=bussola&position</p><p>=38&from_view=search&track=sph”>Freepik</p><p>de terceiro, a força maior inevitável e o caso fortuito. Essas causas rompem a ligação entre</p><p>a conduta do agente e o dano da vítima, ou demonstram que não existe ligação entre conduta e</p><p>dano, ou seja, qualquer que fosse a conduta do agente, o dano ocorreria.</p><p>Considera-se cláusula atenuante da responsabilidade estatal, a culpa concorrente da vítima,</p><p>quando a vítima, por suas ações, contribui parcialmente para o resultado danoso.</p><p>Importante</p><p>É importante notar que a responsabilidade do Estado independe</p><p>da culpa (conduta negligente, imprudente ou imperita) ou dolo</p><p>(intencionalidade) do agente público, pois se trata de responsabilidade</p><p>objetiva. Desse modo, basta que se verifique a relação entre a ocorrência</p><p>do dano e a conduta (ação ou omissão) do agente público para</p><p>caracterizar a responsabilidade do Estado sobre o evento danoso.</p><p>Saiba mais</p><p>O princípio da isonomia segue a máxima de</p><p>que devemos “tratar igualmente os iguais e</p><p>desigualmente os desiguais, na exata medida de</p><p>suas desigualdades”, ou seja, a Administração não</p><p>pode estabelecer preferências ou distinções entre</p><p>os administrados, contudo, a lei prevê algumas</p><p>hipóteses de tratamento desigual entre pessoas que</p><p>não se encontram na mesma situação</p><p>fático-jurídica.</p><p>Saiba mais</p><p>O nexo causal é a ligação lógica entre a conduta do agente do Estado e o dano experimentado pelo particular. Ou seja, é</p><p>demonstração de que determinado dano não teria ocorrido sem a conduta direta e imediata do agente.</p><p>Assista ao vídeo: Direito com Elas – Responsabilidade Civil: Nexo Causal – Prof.ª Christiane Furck. Disponível em: https://</p><p>www.youtube.com/watch?v=v_f-C3NwVIM.</p><p>75</p><p>OUtROS MECAnISMOS DE AtUAçãO DO EStADO • CAPÍTULO 6</p><p>Com relação às excludentes de responsabilidade. temos as seguintes circunstâncias:</p><p>» Culpa exclusiva da vítima – quando o dano experimentado pela vítima não decorre de</p><p>uma conduta (ação ou omissão) direta e imediata do Estado, mas sim de sua própria</p><p>conduta. Ex.: acidente sofrido em via pública por quem atravessa a rua sem observar as</p><p>devidas cautelas. Vejamos a seguinte decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região:</p><p>ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. UNIÃO. EMPRESAS DE</p><p>TRANSPORTE. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ATROPELAMENTO. MORTE.</p><p>ACESSO INDEVIDO À VIA POR PEDESTRE. VEÍCULO DA MARINHA.</p><p>CONDUTOR DO COLETIVO DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS. AUSÊNCIA</p><p>DE RESPONSABILIDADE IMPUTÁVEL ÀS RÉS. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA.</p><p>INDENIZAÇÃO INDEVIDA. 1. [...] 7. Pela dinâmica dos fatos conforme Registro</p><p>de Ocorrência, as imagens de vídeo acostadas e o depoimento do [...], sabe-se</p><p>que a vítima acessou a via em direção à 3ª pista, passando entre um automóvel</p><p>particular e o veículo da Marinha do Brasil, sendo prensada, como já afirmado,</p><p>entre este e o coletivo da linha [...], ou seja, vindo pela parte de trás deste coletivo</p><p>em direção à porta dianteira, não se podendo presumir que o condutor sequer</p><p>a tivesse visto visando embarcar no ônibus. 8. Dessa forma, a prova dos autos</p><p>não permite imputar às rés a responsabilidade pelo acidente, verificando-se, ou</p><p>outro lado, a conduta imprudente da própria vítima ao acessar indevidamente</p><p>a via, conforme bem observou o Juízo a quo na sentença, ao concluir que “a</p><p>prova documental, especialmente a gravação de imagens em DVD, aponta que</p><p>os réus não praticaram nenhum ato ilícito, tendo em vista que o atropelamento</p><p>foi provocado por culpa exclusiva da vítima que circulou entre os veículos</p><p>fora da faixa de pedestre, em local de grande movimentação de veículos”, não</p><p>havendo nexo de causalidade entre a conduta dos réus e o evento danoso.</p><p>Saiba mais</p><p>Vejamos a distinção feita pelo TJDFT, entre culpa exclusiva e culpa concorrente:</p><p>Culpa Exclusiva – é considerada como uma forma de excluir totalmente a responsabilidade</p><p>civil. Muito utilizada por entes como o Estado ou empresas, que respondem pela reparação</p><p>do dano, independentemente da existência de culpa, a não ser que consigam provar que sem</p><p>a conduta praticada pela vítima, o dano não teria ocorrido. Nesse caso, como a culpa pelo</p><p>dano é exclusiva da vítima, a outra parte envolvida fica isenta de repará-lo.</p><p>Culpa Concorrente - seu conceito pode ser extraído do artigo 945 do Código Civil, o qual</p><p>prevê que, quando acontece um evento que causa danos a alguém, a participação da vítima</p><p>deve ser observada para o cálculo de eventual indenização. Assim, havendo culpa de ambas</p><p>as partes, cada uma responde na proporção de sua culpa.</p><p>Saiba mais em: BRASIL. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). ACS. Culpa exclusiva x culpa</p><p>concorrente. Disponível em: https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-</p><p>semanal/culpa-exclusiva-x-culpa-concorrente.</p><p>76</p><p>CAPÍTULO 6 • OUtROS MECAnISMOS DE AtUAçãO DO EStADO</p><p>9. Apelação não provida. (TRF2, Apelação, Processo: 201651011319117, RJ, 8ª Turma</p><p>Especializada. Data de Decisão: 31/1/2020. Data de Disponibilização: 7/2/2020).</p><p>» Fato de terceiro – quando o dano é causado por ação de pessoa que não possui vínculo</p><p>jurídico com o Estado. Ex.: “concessionárias de serviços públicos de transporte não são</p><p>responsáveis por danos ocasionados por roubo no interior de seus veículos ou nas suas</p><p>dependências” (OLIVEIRA, 2020, p. 748).</p><p>» Força maior – a força maior decorre de um evento irresistível da natureza. No entanto,</p><p>é importante salientar que a exclusão da responsabilidade somente ocorrerá quando</p><p>o evento for inevitável.</p><p>» Caso fortuito – o fortuito provém de ato humano, imprevisível e inevitável, que impede</p><p>o cumprimento de um dever legal ou contratual. Podemos citar como exemplos a greve</p><p>ou guerra. Assim como na força maior, somente se exclui a responsabilidade no caso</p><p>fortuito quando inevitável.</p><p>Vejamos o seguinte julgado do Tribunal de Justiça do Maranhão acerca da evitabilidade de um</p><p>evento danoso:</p><p>AÇÃO RESCISÓRIA CONTRA SENTENÇA PROFERIDA EM AÇÃO DE INDENIZAÇÃO</p><p>POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. PRELIMINAR DE DECADÊNCIA REJEITADA.</p><p>FUNDAMENTO NO ART. 485, V, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. VIOLAÇÃO</p><p>LITERAL DE DISPOSIÇÃO DE LEI. INUNDAÇÃO DE IMÓVEL EM DECORRÊNCIA</p><p>DE ROMPIMENTO DE AÇUDE CONSTRUÍDO PELA PREFEITURA MUNICIPAL.</p><p>RESPONSABILIDADE OBJETIVA CARACTERIZADA. EXCLUDENTES DA FORÇA</p><p>MAIOR E CASO FORTUITO NÃO COMPROVADOS. SINISTRO PREVISÍVEL. AÇÃO</p><p>RESCISÓRIA PROCEDENTE. DESCONSTITUIÇÃO DA SENTENÇA RESCINDENDA.</p><p>JUÍZO RESCISÓRIO PROCEDENTE PARA CONDENAR O MUNICÍPIO EM DANOS</p><p>MATERIAIS E MORAIS.</p><p>I – Ação intentada dentro do prazo legal. Preliminar de decadência rejeitada.</p><p>II – Admite a rescisória fundamentada no art. 485, V, do Código de Processo Civil</p><p>quando demonstrada, satisfatoriamente, a alegada violação de literal disposição</p><p>de lei. In casu, restou reconhecida a hipótese de responsabilidade objetiva do</p><p>ente municipal, ficando desconsiderada a argumentação de caso fortuito e</p><p>força maior (art. 393 do CC) a ensejar o dano, dado que a sinistra ocorrência era</p><p>previsível, diante da omissão do poder público em adotar as medidas necessárias</p><p>para evitar o rompimento do reservatório. (TJMA, Ação Rescisória, Processo:</p><p>01807-26.2014.8.10.0000. Órgão julgador: 2ª Câmara Cível)</p><p>No caso acima, a vítimas tiveram sua casa inundada após o rompimento de um açude construído</p><p>pela Prefeitura de determinado município. O acidente poderia ter sido evitado se o município tivesse</p><p>77</p><p>OUtROS MECAnISMOS DE AtUAçãO DO EStADO • CAPÍTULO 6</p><p>adotado as medidas de segurança necessárias à manutenção do reservatório. Porque se tratava</p><p>de um fato evitável, não foi possível excluir a responsabilidade do município no caso concreto.</p><p>Acerca da distinção conceitual entre força maior e fortuito, Rafael Oliveira (2020, p. 748) assevera</p><p>que, na prática, o ordenamento jurídico dispensa o mesmo tratamento às duas hipóteses: ambas</p><p>excluem a responsabilidade e não é incomum vê-las aparecendo juntas em decisões judiciais.</p><p>No entanto, em se tratando de fortuito, a doutrina vem produzindo uma distinção entre</p><p>fortuito</p><p>interno e fortuito externo. No fortuito externo, o risco é estranho à atividade desenvolvida.</p><p>No fortuito interno, o risco é inerente à atividade desenvolvida e, portanto, não exclui a</p><p>responsabilidade do Estado.</p><p>Por fim, em situações excepcionalíssimas, o ordenamento jurídico brasileiro adota a teoria do</p><p>risco integral, na qual as cláusulas excludentes de nexo de causalidade acima estudadas não</p><p>são admitidas.</p><p>Oliveira (2020, p. 745) cita como hipóteses em que o Estado assume o risco integral pelas atividades</p><p>desenvolvidas aquelas causadoras de danos ambientais ou ecológicos (art. 225, § 3º, da CF, e</p><p>art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/1981); danos nucleares (art. 21, XXIII, d, da CF); danos a terceiros no</p><p>caso de atentado terrorista, ato de guerra ou eventos correlatos, contra aeronaves de matrícula</p><p>brasileira operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo, excluídas as empresas de táxi</p><p>aéreo (art. 1º da Lei n. 10.744/2003).</p><p>Responsabilidade por ato legislativo e jurisdicional</p><p>A regra geral é que não existe responsabilidade civil do Estado por atos do Legislativo ou do</p><p>Judiciário. No entanto, existem situações excepcionais em que poderá haver responsabilidade</p><p>destes Poderes (OLIVEIRA, 2020). Vejamos:</p><p>Poder Legislativo:</p><p>» leis de efeitos concretos e danos desproporcionais – haverá responsabilidade quando a</p><p>lei promulgada produzir danos concretos desproporcionais a indivíduos determinados;</p><p>» leis inconstitucionais – haverá responsabilidade pelos danos concretos causados a</p><p>indivíduos determinados por lei que posteriormente é declarada inconstitucional pelo</p><p>Poder Judiciário;</p><p>» omissão legislativa – é possível ainda responsabilizar o Estado por omissão quando</p><p>houver demora desproporcional na edição de uma lei. Quando a Constituição estabelece</p><p>um prazo, a mora restará configurada pelo descumprimento do prazo. Quando não há</p><p>prazo estabelecido, a configuração da mora depende de decisão proferida em sede de</p><p>mandado de injunção ou ação direta de inconstitucionalidade por omissão (Oliveira,</p><p>2020, p. 766).</p><p>78</p><p>CAPÍTULO 6 • OUtROS MECAnISMOS DE AtUAçãO DO EStADO</p><p>Poder Judiciário:</p><p>» erro judiciário – haverá responsabilidade somente em caso de erro substancial e inescusável;</p><p>» prisão além do tempo estipulado na sentença – acarretará a responsabilidade do Estado;</p><p>» demora na prestação jurisdicional – haverá responsabilidade ante a violação do direito</p><p>fundamental à razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF).</p><p>Reparação do dano</p><p>Segundo a professora Maria Sylvia Di Pietro (2017, p. 560), a reparação de danos causados por agentes</p><p>públicos no exercício de função administrativa poderá ser feito em âmbito administrativo (ou seja,</p><p>sem a necessidade de propositura de ação judicial), desde que a Administração reconheça desde</p><p>logo sua responsabilidade e haja consenso entre esta e a vítima quanto ao valor da indenização.</p><p>Caso não haja acordo entre as partes, a vítima deverá propor ação de indenização em face da</p><p>pessoa jurídica que lhe causou o dano. O Estado possui a prerrogativa de responder pelo dano</p><p>causado por seu proposto e propor ação de regresso contra o preposto causador do dano.</p><p>Direito municipalista brasileiro</p><p>Neste ponto, estudaremos o direito administrativo aplicado aos municípios, por se tratar do ente</p><p>federativo mais próximo do dia a dia da vida do cidadão. Desde a promulgação da Constituição</p><p>Federal de 1988, os municípios foram alçados à posição de entes federativos, dotados de autonomia</p><p>política e administrativa.</p><p>Os municípios exercem sua autonomia por meio da(o): auto-organização que se dá por meio</p><p>de suas leis orgânicas e outras leis municipais criadas por meio de sua atividade legislativa;</p><p>autogoverno, pela eleição do prefeito, vice-prefeito e vereadores; autoadministração, pelo exercício</p><p>de suas competências administrativas e tributárias.</p><p>Figura 29. Administração Pública Municipal.</p><p>Fonte: www.freepik.com/free-photo/complex-aerial-view-city_14481982.htm#query=metropole%20</p><p>brasil&position=0&from_view=search&track=ais”>Freepik</p><p>ao Poder Público e</p><p>à iniciativa privada na construção de espaços urbanos com oferta de serviços públicos essenciais,</p><p>possibilidade de desempenho de atividades econômicas e cuidado com o meio ambiente, a fim</p><p>de garantir a qualidade vida de seus habitantes.</p><p>Saiba mais</p><p>Assista a essa explicação simples e direta sobre a importância e os impactos do Plano Diretor do canal Jornal O</p><p>Popular (2022): “O que é o plano diretor – Desenhar para entender”. Disponível em: https://www.youtube.com/</p><p>watch?v=rFmGPLp32cQ.</p><p>81</p><p>OUtROS MECAnISMOS DE AtUAçãO DO EStADO • CAPÍTULO 6</p><p>O plano diretor é aprovado por meio de um processo legislativo precedido de audiências e</p><p>consultas públicas, tratando-se, portanto, de uma lei municipal específica, voltada ao planejamento</p><p>municipal, que leva em conta os anseios da população. Daí ser chamado também de Plano Diretor</p><p>Participativo. Nele são estabelecidas diretrizes para a adequada ocupação de solo urbano, assim</p><p>como os mecanismos de acompanhamento e controle da execução do plano.</p><p>Em momento anterior à aprovação de um plano diretor, vereadores e representantes comunitários,</p><p>devem, por meio de audiências públicas, debater os problemas urbanos, relativos ao desenvolvimento</p><p>e expansão das cidades. Além disso, devem ser garantidos a publicidade e “o acesso de qualquer</p><p>interessado aos documentos e informações produzidos na fase de elaboração do plano” (art. 40, §</p><p>4º, III, da Lei n. 10.257/2001);</p><p>O Estatuto da Cidade determina que, pelo menos, a cada 10 anos, os planos diretores devem</p><p>ser revistos a fim de adaptá-los às mudanças físicas, sociais, econômicas e ambientais que os</p><p>municípios tenham sofrido no decurso do tempo. A revisão deve adotar o mesmo procedimento</p><p>participativo adotado no planejamento do plano diretor.</p><p>Por fim, o Estatuto da Cidade prevê ainda que as cidades sejam geridas de forma democrática, por</p><p>meio de órgãos colegiados de política urbana, abertura de audiências e consultas públicas sobre</p><p>temas de interesse local, promoção de conferências de interesse urbano, além de mecanismos para</p><p>propositura de leis, programas e projetos de desenvolvimento urbano a partir da iniciativa popular.</p><p>Observe a lei</p><p>Vejamos o que diz o Estatuto da Cidade acerca da obrigatoriedade da elaboração do plano diretor:</p><p>Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades:</p><p>I – com mais de vinte mil habitantes;</p><p>II – integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;</p><p>III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no § 4º do</p><p>art. 182 da Constituição Federal;</p><p>IV – integrantes de áreas de especial interesse turístico;</p><p>V – inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo</p><p>impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.</p><p>VI – incluídas no cadastro nacional de Municípios com áreas suscetíveis à ocorrência</p><p>de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou</p><p>hidrológicos correlatos (BRASIL, 2001).</p><p>Sintetizando</p><p>Vimos neste capítulo:</p><p>» Responsabilidade extracontratual do Estado, também conhecida como responsabilidade civil do Estado, é compreendida</p><p>como a obrigação de reparar danos causados a terceiros em decorrência de condutas comissivas ou omissivas, materiais</p><p>ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos.</p><p>82</p><p>CAPÍTULO 6 • OUtROS MECAnISMOS DE AtUAçãO DO EStADO</p><p>[Fim do SINTETIZANDO]</p><p>» O Estado brasileiro adota como regra geral a teoria do risco administrativo ou também conhecida como teoria da</p><p>responsabilidade civil objetiva, segundo a qual não há necessidade de se comprovar que a conduta do agente ocorreu por</p><p>culpa ou dolo, basta comprovar que ocorreu o dano e o nexo causal com a conduta do agente.</p><p>» São admitidas como cláusulas excludentes e cláusulas atenuantes da responsabilidade civil: o caso fortuito, a força maior,</p><p>culpa exclusiva da vítima e o fato de terceiro. Entendendo-se como força maior um acontecimento imprevisível, inevitável,</p><p>estranho à vontade das partes.</p><p>» Em situações excepcionais, adota-se a teoria do risco integral na qual não se admitem cláusulas excludentes do nexo de</p><p>causalidade.</p><p>» O Estado possui a prerrogativa de responder pelo dano causado por seu proposto e propor ação de regresso contra o</p><p>preposto causador do dano;</p><p>» No âmbito do Direito municipalista brasileiro, podemos afirmar que a Administração municipal tem previsão</p><p>constitucional, autonomia administrativa, prerrogativa legislativa, patrimônio próprio, orçamento e tributação própria.</p><p>» A Administração municipal é composta pelo Poder Executivo, representada pelo prefeito e vice-prefeito.</p><p>» Nos municípios existe também o Poder Legislativo, representado pelas Câmaras de Vereadores ou Câmaras Municipais,</p><p>compostas por vereados em números proporcionais ao número de pessoas do município.</p><p>» Os municípios possuem as seguintes fontes de receitas: as derivadas da arrecadação tributária com a instituição</p><p>e cobrança de impostos, taxas, contribuição de melhoria, contribuição para o custeio da iluminação pública e a</p><p>contribuição previdenciária dos servidores públicos. Possui ainda o repasse de verbas por parte da União e dos Estados em</p><p>função da distribuição de receitas decorrentes de tributos de competência da União e dos Estados. Os municípios recebem</p><p>também compensações financeiras dos fundos de participação e dos royalties.</p><p>» Aos municípios cabem ainda os seguintes serviços: ensino fundamental; saúde; saneamento básico; de trânsito e de</p><p>transporte urbano (alternativo e municipal); licenciamento e fiscalização de obras e atividades comerciais; funerários;</p><p>limpeza urbana; iluminação pública; conservação de vias e áreas públicas; controle de zoonose; assistência social; guarda</p><p>e segurança das vias públicas, das repartições e das instalações municipais.</p><p>» Faz parte do conjunto de atribuições dos municípios a responsabilidade pelo zoneamento urbano que inclui as políticas</p><p>urbanas, a proteção ao meio ambiente e o uso responsável do solo.</p><p>» Plano diretor é um instrumento básico da política local de desenvolvimento urbano, cuja principal finalidade é orientar o</p><p>Poder Público municipal e a iniciativa privada na construção de espaços urbanos que ofertem serviços públicos essenciais</p><p>de modo a assegurar melhores condições de vida aos habitantes de determinado território.</p><p>» O plano diretor é uma lei municipal específica que estabelece diretrizes para a adequada ocupação urbana do município e</p><p>os mecanismos de acompanhamento e controle da execução do plano.</p><p>83</p><p>Referências</p><p>ARAGÃO, Alexandre Santos de. Curso de direito administrativo. 2. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2013.</p><p>BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 14. ed., rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2018.</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/</p><p>ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei n. 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da Administração Federal,</p><p>estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.</p><p>gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0200.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a</p><p>responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/</p><p>leis/lcp/lcp101.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 4.717, de 29 de junho de 1965. Regula a ação popular. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/</p><p>ccivil_03/leis/l4717.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados</p><p>ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá</p><p>outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7347orig.htm.</p><p>Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 7.783, de 28 de junho de 1989. Dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades</p><p>essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, e dá outras providências. Disponível</p><p>em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7783.HTM. Acesso em: Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.</p><p>Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Estatuto do Servidores Civis da União. Dispõe sobre o regime jurídico</p><p>dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. Disponível em: https://www.</p><p>planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 8.429, de 2 de junho de 1992. Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de atos de</p><p>improbidade administrativa, de que trata o § 4º do art. 37 da Constituição Federal; e dá outras providências. Disponível</p><p>em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui</p><p>normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: https://www.</p><p>planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 8.745, de 9 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a contratação por tempo determinado para atender a</p><p>necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal, e dá</p><p>outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8745cons.htm. Acesso em 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de</p><p>serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras providências. Disponível em: https://www.</p><p>planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8987cons.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública</p><p>Federal. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.htm. Acesso em: 8 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001. Estatuto da Cidade. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição</p><p>Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.</p><p>gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10257.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>84</p><p>REFERênCIAS</p><p>BRASIL. Lei n. 10.593, de 6 de dezembro de 2002. Dispõe sobre a reestruturação da Carreira Auditoria do Tesouro</p><p>Nacional, que passa a denominar-se Carreira Auditoria da Receita Federal - ARF, e sobre a organização da Carreira</p><p>Auditoria-Fiscal da Previdência Social e da Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho, e dá outras providências. Diponível</p><p>em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10593.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 10.744, de 9 de outubro de 2003. Dispõe sobre a assunção, pela União, de responsabilidades civis perante</p><p>terceiros no caso de atentados terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos, contra aeronaves de matrícula brasileira</p><p>operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público, excluídas as empresas de táxi aéreo. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.744.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 12.016, de 7 de agosto de 2009. Disciplina o mandado de segurança individual e coletivo e dá outras</p><p>providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12016.htm. Acesso em:</p><p>25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 13.460, de 26 de junho de 2017. Dispõe sobre participação, proteção e defesa dos direitos do usuário</p><p>dos serviços públicos da Administração Pública. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-</p><p>2018/2017/lei/l13460.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL. Lei n. 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Disponível em: https://</p><p>www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14133.htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>BRASIL Lei n. 14.230, de 25 de outubro de 2021. Altera a Lei n. 8.429, de 2 de junho de 1992, que dispõe sobre</p><p>improbidade administrativa. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/l14230.</p><p>htm. Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 33. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2019.</p><p>DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 30. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2017.</p><p>DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella (Coord.) et al. Licitações e contratos administrativos: inovações da Lei 14.133 de</p><p>abril de 2021. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2022. E-book.</p><p>DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do direito. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.</p><p>GUIMARÃES, Patrícia Borba Vilar; ARAÚJO, Douglas da Silva. o direito à cidade no contexto das Smarts Cities: o uso</p><p>das TIC’S na promoção do planejamento URBANO inclusivo no Brasil. Revista de Direito da Cidade, vol. 10, nº 3.</p><p>ISSN 2317-7721 pp. 1788-1812. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/rdc/article/view/33226.</p><p>Acesso em: 25 jul. 2023.</p><p>MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros,2016.</p><p>MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Curso de direito administrativo: parte introdutória, parte geral e parte especial.</p><p>16. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2014.</p><p>MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.</p><p>OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 8. ed. Método, 2020. Edição do Kindle.</p><p>OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Licitações e contratos administrativos: teoria e prática. 10. ed. Rio de Janeiro:</p><p>Forense, 2021. E-book.</p><p>PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito administrativo descomplicado. 25. ed. Rio de Janeiro: Editora</p><p>Método, 2017.</p><p>SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 231, de 5/8/1992. Disponível em: https://</p><p>redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=266259. Acesso em: 8 jul. 2023.</p><p>SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Súmula Vinculante n. 13. [s. d.]. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/jurisprudencia/</p><p>sumariosumulas.asp?base=26&sumula=1227. Acesso em: 8 jul. 2023.</p><p>SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Súmula Vinculante n. 43. [s. d.]. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/jurisprudencia/</p><p>sumariosumulas.asp?base=26&sumula=2348. Acesso em: 8 jul. 2023.</p><p>85</p><p>REFERênCIAS</p><p>SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Tema 377 – Incidência do teto remuneratório no caso de acumulação de cargos</p><p>públicos. [s. d.]. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?in</p><p>cidente=6083656&numeroProcesso=1306505&classeProcesso=ARE&numeroTema=377. Acesso em: 8 jul. 2023.</p><p>SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Tema 531 – Desconto nos vencimentos dos servidores públicos dos dias não trabalhados</p><p>em virtude de greve. [s. d.]. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.</p><p>asp?incidente=4255687&numeroProcesso=693456&classeProcesso=RE&numeroTema=531. Acesso em: 8 jul. 2023.</p><p>_Hlk139476077</p><p>_Hlk132857450</p><p>_Hlk132983787</p><p>_Hlk132956644</p><p>_Hlk132987139</p><p>_Hlk132987239</p><p>_Hlk139478356</p><p>_Hlk133004530</p><p>_Hlk133004765</p><p>art9i</p><p>art9ii</p><p>art9iii</p><p>art9iv</p><p>art9iv.0</p><p>art9v</p><p>art9vi</p><p>art9vi.0</p><p>art9vii</p><p>art9vii.0</p><p>art9viii</p><p>art9ix</p><p>art9x</p><p>art9xi</p><p>art9xii</p><p>capituloiisecaoii</p><p>art10</p><p>art10.0</p><p>art10i</p><p>art10i.0</p><p>art10ii</p><p>art10iii</p><p>art10iv</p><p>art10v</p><p>art10vi</p><p>art10vii</p><p>art10viii</p><p>art10viii.</p><p>art10viii.1</p><p>art10ix</p><p>art10x</p><p>art10x.0</p><p>art10xi</p><p>art10xii</p><p>art10xiii</p><p>art10xiv</p><p>art10xv</p><p>art10xvi</p><p>art10xvii</p><p>art10xviii</p><p>art77.xix.0</p><p>art77.xix</p><p>art10xix.1</p><p>art77.xx.0</p><p>art10xxi.</p><p>art10xxi</p><p>art10xxi.0</p><p>art10xxii</p><p>art10§1</p><p>art10§2</p><p>secaoiia</p><p>art10a</p><p>capituloiisecaoiii</p><p>art11</p><p>art11.0</p><p>_Hlk133135230</p><p>_Hlk134740573</p><p>_Hlk139723759</p><p>_Hlk139725081</p><p>_Hlk133136247</p><p>_Hlk133166092</p><p>_Hlk139722580</p><p>Organização do Livro Didático</p><p>Introdução</p><p>Capítulo</p><p>Direito Administrativo</p><p>e Princípios</p><p>Capítulo</p><p>Governo e Administração Pública</p><p>Capítulo</p><p>Atos Administrativos, Poderes Administrativos e o Controle da Administração Pública</p><p>Capítulo</p><p>Agentes públicos e execução</p><p>de serviços públicos</p><p>Capítulo</p><p>Licitações e Contratos Administrativos</p><p>Capítulo</p><p>Outros Mecanismos de Atuação do Estado</p><p>Referências</p><p>eventual conflito entre os interesses públicos e privados, deverá</p><p>ser adotado o princípio da proporcionalidade como técnica ponderativa para se chegar à decisão que permita a realização de</p><p>todos os interesses envolvidos na maior extensão possível.</p><p>12</p><p>CAPÍTULO 1 • DIREItO ADMInIStRAtIvO E PRInCÍPIOS</p><p>e adequado, segundo os meios para atingir os fins previstos em lei (eficiência). Tais princípios</p><p>são aplicados a todos os entes federativos, ou seja, em âmbito nacional, estadual ou municipal,</p><p>aos seus órgãos, entidades ou ao particular que exerça atividade delegada pelo Estado.</p><p>Fontes de Direito Administrativo</p><p>Fonte é onde nasce algo. Para o nosso estudo, podemos entender como fonte o lugar de onde</p><p>exsurge o nosso direito. As fontes do direito são referências em que podemos consultar as leis</p><p>e interpretações dadas à lei que nos ajudam a compreender o que podemos ou não fazer, se</p><p>podemos exigir, ou não, de alguém certo modo de agir.</p><p>Figura 4. Fontes do Direito Administrativo.</p><p>Fo</p><p>nt</p><p>es</p><p>d</p><p>o</p><p>Di</p><p>re</p><p>ito</p><p>Ad</p><p>m</p><p>in</p><p>ist</p><p>ra</p><p>tiv</p><p>o</p><p>Lei</p><p>Constituição Federal</p><p>Lei em sentido estrito</p><p>Atos normativos da</p><p>Administração PúblicaJurisprudência</p><p>Doutrina</p><p>Costumes</p><p>Fonte: elaborada pelas autoras (2023).</p><p>Nas lições de Maria Helena Diniz (2005, p. 283),</p><p>O termo ‘‘fonte do direito’’ é empregado metaforicamente, pois em sentido</p><p>próprio fonte é a nascente de onde brota uma corrente de água. Justamente por</p><p>ser uma expressão figurativa tem mais de um sentido. ‘‘Fonte jurídica’’ seria a</p><p>origem primária do direito, confundindo-se com o problema da gênese do direito.</p><p>A vida em sociedade exige de cada um de nós o respeito a certas regras de conduta e de convivência,</p><p>que estão estabelecidas em diferentes regramentos, sejam eles leis, decretos ou regulamentos,</p><p>mas que também podem ser parte dos nossos costumes ou ter origem em uma interpretação</p><p>dada pela jurisprudência ou pela doutrina. O Direito Administrativo utiliza como fontes: a lei, a</p><p>doutrina, a jurisprudência e os costumes.</p><p>A lei, função do princípio da legalidade, é a principal fonte do Direito Administrativo. A lei deve</p><p>ser compreendida em sentido amplo, abrangendo: a Constituição Federal; as leis em sentido</p><p>estrito: complementares, ordinárias, delegadas; e os atos normativos da Administração Pública:</p><p>decretos, resoluções e regulamentos.</p><p>13</p><p>DIREItO ADMInIStRAtIvO E PRInCÍPIOS • CAPÍTULO 1</p><p>A doutrina é o conjunto de opiniões e interpretações produzidas pelos juristas: autores reconhecidos</p><p>no campo jurídico.</p><p>A jurisprudência compreende o conjunto de decisões reiteradas produzidas por um tribunal</p><p>acerca de uma matéria específica, que passa a servir de referência para decisões judiciais futuras.</p><p>Os costumes são as práticas da vida cotidiana não previstos em lei, amplamente aceitos e</p><p>reconhecidos, e que, por isso, servem como referência de regra de conduta. Exemplo de costume:</p><p>era o uso de cheques pré-datados para pagamento futuro, quando essa era, na verdade, uma</p><p>ordem de pagamento à vista.</p><p>Ao tratar do costume, a administrativista Di Pietro (2017, p. 107) assevera que,</p><p>no âmbito do Direito Administrativo brasileiro, o costume – como prática reiterada</p><p>da atuação administrativa – tem aplicação praticamente nula. Isso em decorrência</p><p>de vários fatores: de um lado, a constitucionalização do Direito Administrativo, que</p><p>coloca na Constituição o fundamento da maior parte dos institutos desse ramo</p><p>do direito; de outro lado, pela aplicação do princípio da legalidade, entendida</p><p>em sentido amplo (que abrange as leis, os atos normativos da Administração</p><p>Pública, os valores e princípios constitucionais), que obriga a Administração a</p><p>procurar no ordenamento jurídico o fundamento para as suas decisões.</p><p>No entanto, citando Thiago Marrara (2010, pp. 251-252), Di Pietro (2017, p. 117) ressalva que</p><p>a autoridade administrativa deverá levar em consideração os costumes de outros ramos do</p><p>Direito, como, por exemplo, os costumes do Direito Internacional e do Direito Comercial,</p><p>quando a Administração Pública atuar no âmbito dessas matérias, e assim sintetiza: “o costume</p><p>administrativo não é fonte relevante do Direito Administrativo; mas o costume em geral, quando</p><p>aceito como fonte, vincula a Administração Pública na medida em que constitui o bloco normativo</p><p>que rege suas condutas em alguns setores”.</p><p>Sintetizando</p><p>Vimos neste capítulo:</p><p>» Os fundamentos do Direito Administrativo.</p><p>» O Conceito elaborado por Rafael Oliveira (2020, p. 3): “[o] Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que tem por</p><p>objeto as regras e os princípios aplicáveis à atividade administrativa preordenada à satisfação dos direitos fundamentais”.</p><p>» A existência de princípios expressos na Constituição Federal (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e</p><p>eficiência) e princípios implícitos ou reconhecidos (supremacia do interesse público, razoabilidade, proporcionalidade,</p><p>motivação, controle).</p><p>» Fontes do Direito Administrativo: a lei, a doutrina, a jurisprudência e os costumes.</p><p>14</p><p>Introdução</p><p>Neste capítulo, aprenderemos que os Estados nacionais são compostos por três elementos:</p><p>povo, território e governo soberano, e que podem se organizar sob diversas formas. Por exemplo,</p><p>podem adotar a forma de governo monárquica ou republicana; quanto à forma de estado,</p><p>pode ser unitário ou uma Federação; quanto ao sistema político, pode ser presidencialista ou</p><p>parlamentar; por fim, no que se refere ao regime político, pode ser uma democracia ou um</p><p>estado totalitário.</p><p>Desde 1988, o Brasil, pela vontade soberana de seu povo, proclamou uma república federativa,</p><p>democrática e presidencialista. Vontade ratificada no plebiscito de 1993 em que se demandava</p><p>que o povo escolhesse entre as formas de governo: monarquia ou república; e entre os sistemas</p><p>políticos: parlamentarismo ou presidencialismo.</p><p>O modo de organização do governo tem impacto no modelo de Administração Pública, que</p><p>devido à adoção do modelo de tripartição de Poderes é de competência do Poder Executivo, órgão</p><p>representado pelo presidente da República, pelos governadores e pelos prefeitos, eleitos a cada</p><p>quatro anos pela vontade da maioria da população, cuja atribuição é organizar e administrar a</p><p>máquina estatal a fim de tornar concreta as promessas constitucionais, ou seja, efetivar direitos</p><p>fundamentais.</p><p>Veremos, por fim, como o poder público exerce suas atividades administrativas, tanto de forma</p><p>direta como de forma indireta.</p><p>Objetivos</p><p>» Compreender a estrutura organizacional do Estado brasileiro.</p><p>» Conhecer as transformações do Estado ao longo da história.</p><p>» Diferenciar os Poderes do Estado e suas respectivas funções.</p><p>» Distinguir Governo e Administração Pública.</p><p>2</p><p>CAPÍTULO</p><p>GOvERnO E ADMInIStRAçãO</p><p>PÚBLICA</p><p>15</p><p>GOvERnO E ADMInIStRAçãO PÚBLICA • CAPÍTULO 2</p><p>Organização do Estado brasileiro</p><p>Estado, Governo e Administração Pública</p><p>O Estado nacional e independente, como conhecemos, é definido como pessoa jurídica territorial</p><p>soberana composta pelos elementos: povo, território e governo soberano. Para o reconhecimento</p><p>de Estado como independente, esses não podem ser dissociados. Desse modo, podemos</p><p>compreender Estado como uma entidade conformada por um povo, em dado território, organizado</p><p>sob a sua vontade livre e soberana.</p><p>Figura 5. Estado: povo, território e governo soberano.</p><p>Estado</p><p>Povo</p><p>Território</p><p>Governo</p><p>soberano</p><p>Fonte: elaborada pelas autoras (2023).</p><p>Por povo compreendemos todas as pessoas que habitam determinado território, que, por seu</p><p>turno, refere-se a determinada região geográfica onde o povo está fixado e onde há incidência de</p><p>um ordenamento jurídico. Em um Estado democrático, o governo é exercido, em determinado</p><p>território, pela vontade soberana do povo e limitado pelas leis.</p><p>O termo Governo designa o conjunto de Poderes e órgãos designados na Constituição para exercer</p><p>a função política do Estado. Ao Governo compete o papel de desempenhar direção suprema e</p><p>geral do Estado, cuidar para a consecução dos seus objetivos</p><p>expressos em sua Lei Maior, observar</p><p>seus comandos, visando à unidade da soberania estatal. Essa função política do Governo abrange</p><p>atribuições que decorrem diretamente da Constituição e por esta são reguladas.</p><p>A Constituição Federal organiza o Estado por meio de regras que informam o modelo de partilha</p><p>federativa de competência; que definem o modo de partilha tributária; e outras regras extravagantes</p><p>de repartição de competências, disseminadas por todo o texto constitucional, como, por exemplo,</p><p>as que tratam da organização dos Poderes, da defesa do Estado e das instituições democráticas,</p><p>da ordem econômica e financeira, e da ordem social (Moreira Neto, 2014, p.).</p><p>Importante</p><p>Elementos conformadores do Estado: povo, território e governo soberano.</p><p>16</p><p>CAPÍTULO 2 • GOvERnO E ADMInIStRAçãO PÚBLICA</p><p>Evolução histórica do Estado</p><p>O conceito moderno de Estado pode ser obtido a partir do estudo do surgimento das civilizações</p><p>e de como podem ter influenciado na constituição da sociedade moderna. A nossa proposta é</p><p>estudar as principais características do Estado antigo (oriental), do Estado grego, do romano, do</p><p>Estado no período medieval, para que, observando as singularidades históricas desses outros</p><p>Estados, possamos compreender o que diferencia a Administração Pública do Estado moderno,</p><p>destacando, assim, as suas particularidades.</p><p>» Estado oriental: tinha a teocracia como elemento central e organizava-se sob a forma</p><p>de monarquia absoluta, com poucos direitos individuais. Ocupavam áreas de grande</p><p>extensão territorial e seus monarcas eram identificados pelo povo como divindades.</p><p>São exemplos: as civilizações egípcia, mesopotâmica, hebraica e persa.</p><p>» Estado grego: a sociedade era constituída por cidadãos livres conhecidos como a polis</p><p>grega, por maetecos (estrangeiros) e por escravos. Os dois últimos não participavam da</p><p>vida política. Na religião, predominava o politeísmo. Adotavam como prática o culto</p><p>aos antepassados. Conseguiu desenvolver com sua polis um tipo de democracia que</p><p>ficou conhecida como democracia grega, na qual somente os cidadãos livres poderiam</p><p>participar das decisões políticas. Ocupava um território pequeno. A cultura grega</p><p>contribuiu decisivamente para o desenvolvimento do pensamento humano.</p><p>» Estado romano: assim como os gregos, também cultuavam os antepassados. A base</p><p>social era a unidade familiar, formada pelo chefe da família que concentrava todo o</p><p>poder familiar e seus respectivos membros. Havia uma clara separação entre Poder</p><p>Público e o poder privado, exercido pelos chefes de família. Remete a essa época o</p><p>surgimento do Direito Civil com o reconhecimento da propriedade, do casamento, dos</p><p>contratos e das relações comerciais. Durante um longo período da história, o Estado</p><p>romano foi considerado um Estado conquistador, cujo poder político era exercido</p><p>pelo Imperador.</p><p>» Estado medieval: surge a partir do declínio do Império romano e da desintegração do</p><p>seu poder central. É constituído por diversos feudos, cujo poder político é exercido</p><p>pelo senhor feudal. Esse período foi marcado pelo fortalecimento da religião cristã, que</p><p>passou a exercer forte influência política.</p><p>» Estado moderno: a intensificação das trocas comerciais entre os feudos, a necessidade</p><p>de conferir maior segurança à população e outras circunstâncias levaram à necessidade</p><p>de se estipular territórios e constituir a noção de povo, a ser governado sob um poder</p><p>político soberano, único e central, assim surgem o Estado nacional moderno, em que o</p><p>poder político passa a ser uno, concentrado na figura do soberano, ligado diretamente</p><p>ao povo, que se sujeita ao seu poder.</p><p>17</p><p>GOvERnO E ADMInIStRAçãO PÚBLICA • CAPÍTULO 2</p><p>O excessivo poder nas mãos dos reis faz surgir a necessidade de desenvolver mecanismos de limitação</p><p>do poder estatal. É nessa época que o Barão de Montesquieu desenvolve a Teoria da Tripartição dos</p><p>Poderes para o fim de separar o poder absoluto do monarca em três e implementar mecanismos</p><p>de controle mútuo e, dessa forma, pôr limites ao poder que vinha sendo exercido de forma abusiva</p><p>pelos monarcas absolutistas. Até então, o rei criava as leis, aplicava e julgava seus súditos de modo</p><p>que não era incomum condutas desviantes que só satisfaziam os interesses do rei e de sua corte.</p><p>Surgem, a partir da teoria de Montesquieu, os três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.</p><p>Poderes do Estado</p><p>A estrutura organizacional do Estado brasileiro está delimitada na nossa Constituição Federal,</p><p>nos seus arts. 1º e 2º:</p><p>Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados</p><p>e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito.</p><p>Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,</p><p>o Executivo e o Judiciário. [grifos das autoras]</p><p>O Estado brasileiro é uma república federativa, ou seja, adota como forma de governo a república,</p><p>cuja legitimidade do poder emana da vontade soberana do povo; e a forma de estado composto</p><p>ou estado federal.</p><p>O Brasil já foi um estado unitário, dividido em províncias, cujo poder político se encontrava</p><p>concentrado no governo central exercido pelo Imperador, que o exercia na capital do Império – o</p><p>Rio de Janeiro. Mas, após a Proclamação da República (1889), na Constituição de 1891, optou-se</p><p>por assumir a forma de estado federal, na qual o poder político é descentralizado, exercido por</p><p>cada estado-membro (ente federativo), nos limites da Constituição.</p><p>Na Constituição de 1988, os municípios são elevados à categoria de ente federativo e passam</p><p>também a ter autonomia na forma da CF/1988, desde quando o Brasil, enquanto um estado federal,</p><p>é constituído pelos seguintes entes federativos: União, Estados, Municípios e Distrito Federal.</p><p>Figura 6. Forma de Estado.</p><p>Es</p><p>ta</p><p>do</p><p>fe</p><p>de</p><p>ra</p><p>l</p><p>União</p><p>Estados</p><p>Municípios</p><p>Distrito Federal</p><p>Fonte: elaborada pelas autoras (2023).</p><p>18</p><p>CAPÍTULO 2 • GOvERnO E ADMInIStRAçãO PÚBLICA</p><p>Os entes federativos são dotados de autonomia política para se:</p><p>» auto-organizar: a partir de uma norma constitutiva (Constituição Federal, Constituições</p><p>estaduais e Leis Orgânicas, no caso de municípios) e competências legislativas próprias;</p><p>» autogovernar: organizando o respectivo governo e elegendo seus representantes;</p><p>» autoadministrar: capacidade para exercer suas competências e prerrogativas</p><p>administrativas.</p><p>Além disso, a fim de evitar a concentração do poder de forma absoluta nas mãos de uma pessoa</p><p>ou de um pequeno grupo de pessoas, a Constituição Federal de 1988 adotou como cláusula</p><p>pétrea – cláusula que não pode ser modificada por emenda constitucional – o princípio da</p><p>separação de Poderes, instituindo, desse modo, três Poderes independentes e harmônicos entre</p><p>si: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.</p><p>Figura 7. Praça dos três Poderes (Brasília/DF).</p><p>Fonte: www.shutterstock.com/pt/image-photo/brasilia-brasil-aug-26-2018-planalto-1174688041. Acesso em: 30 mai. 2023.</p><p>Estudaremos a seguir a separação dos Poderes no âmbito da União. No entanto, é importante</p><p>entender que cada ente federativo possui seu próprio poder Executivo, o qual, no âmbito dos</p><p>estados, é exercido pelo governador e pelo prefeito nos municípios; e Poder Legislativo, exercido</p><p>pelos deputados estaduais nas assembleias legislativas dos estados e, no âmbito dos municípios,</p><p>pelos vereadores, nas respectivas câmaras municipais. O Poder Judiciário somente foi atribuído</p><p>à União, aos Estados e ao Distrito Federal.</p><p>Poder Legislativo</p><p>O Poder Legislativo, em âmbito federal, é integrado pela Câmara dos Deputados, formada pelos</p><p>representantes do povo, e pelo Senado Federal que reúne os representantes dos Estados-membros.</p><p>Para a Câmara dos Deputados são eleitos, de forma direta pelos cidadãos de cada Estado-membro,</p><p>representantes de forma proporcional ao número de habitantes, ou seja, os estados mais populosos</p><p>19</p><p>GOvERnO E ADMInIStRAçãO PÚBLICA • CAPÍTULO 2</p><p>possuem maior número de Deputados Federais. Para o Senado Federal,</p><p>por sua vez, são eleitos três</p><p>representantes por Estado-membro e três para o Distrito Federal. Observe que o Distrito Federal não</p><p>é um Estado-membro, mas, mesmo assim, seus representantes possuem assento no Senado Federal.</p><p>Figura 8. Congresso nacional.</p><p>Fonte: www.shutterstock.com/pt/image-photo/brasilia-federal-district-brazil-december-12-1875178732. Acesso em: 30 maio 2023.</p><p>O Poder Legislativo possui como função principal a elaboração</p><p>das leis e atua no sistema bicameral, com uma casa iniciadora</p><p>dos projetos de lei e outra revisora. Outras funções do Poder</p><p>Legislativo são: fiscalizar o Poder Executivo e processar e julgar</p><p>algumas autoridades por crimes de responsabilidade e julgar</p><p>as contas dos demais Poderes.</p><p>Poder Judiciário</p><p>O Poder Judiciário brasileiro é constituído pelos seguintes órgãos: o Supremo Tribunal Federal;</p><p>o Conselho Nacional de Justiça; o Superior Tribunal de Justiça; os Tribunais Regionais Federais</p><p>e Juízes Federais; os Tribunais e Juízes do Trabalho; os Tribunais e Juízes Eleitorais; os Tribunais</p><p>e Juízes Militares; os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.</p><p>Figura 9. Supremo tribunal Federal.</p><p>Fonte: www.shutterstock.com/pt/image-photo/supreme-federal-court-stf-building-brazil-1410054089. Acesso em: 30 maio 2023.</p><p>Saiba mais</p><p>Saiba mais sobre processo legislativo</p><p>lendo a Constituição Federal, arts. 59 a</p><p>69.Disponível em: www.planalto.gov.br/</p><p>ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.</p><p>20</p><p>CAPÍTULO 2 • GOvERnO E ADMInIStRAçãO PÚBLICA</p><p>A função do Poder Judiciário é garantir os direitos fundamentais previstos na Constituição em</p><p>suas vertentes: individuais, coletivos e sociais, assim como resolver conflitos entre cidadãos,</p><p>pessoas jurídicas e Estado. Para bem exercer suas funções, dispõe de independência, autonomia</p><p>administrativa e financeira, todas garantidas pela Constituição Federal.</p><p>Poder Executivo</p><p>O Poder Executivo Federal tem como missão implementar políticas públicas e prestar serviços</p><p>públicos à sua população. É formado por órgãos de Administração direta, como os Ministérios,</p><p>e indireta, como as empresas públicas.</p><p>Figura 10. Palácio do Planalto – sede do Poder Executivo Federal.</p><p>Fonte: www.shutterstock.com/pt/image-photo/brasilia-brazil-november-18-view-palacio-358461044. Acesso em: 30 maio 2023.</p><p>O Poder Executivo federal é exercido pelo presidente da República, que também desempenha as</p><p>funções de chefe de Estado e de Governo, uma vez que o Brasil adota o regime presidencialista.</p><p>O presidente exerce também o comando supremo das Forças Armadas.</p><p>São balizas fundamentais da estrutura do Estado brasileiro (art. 1º da CF – fundamentos da</p><p>República brasileira):</p><p>» soberania;</p><p>» cidadania;</p><p>» dignidade da pessoa humana;</p><p>» valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;</p><p>» pluralismo político.</p><p>São objetivos a serem perseguidos pelo governo em qualquer conjuntura (art. 3º da CF – objetivos</p><p>fundamentais):</p><p>21</p><p>GOvERnO E ADMInIStRAçãO PÚBLICA • CAPÍTULO 2</p><p>» construir uma sociedade livre, justa e solidária;</p><p>» garantir o desenvolvimento nacional;</p><p>» erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;</p><p>» promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer</p><p>outras formas de discriminação.</p><p>No que se refere ao esquema da separação de Poderes, um bom exemplo sobre o papel do Poder</p><p>Executivo no funcionamento do sistema de freios e contrapesos, é quando o Poder Executivo indica</p><p>um ministro para o Supremo Tribunal Federal (STF) ou para os demais tribunais superiores, que, por</p><p>sua vez, precisam ser aprovados pelo Senado Federal. Outro exemplo é quando o Poder Executivo</p><p>atua junto ao Legislativo participando da elaboração das leis e sancionando ou vetando projetos.</p><p>Administração Pública</p><p>O exercício da autoadministração compete ao Poder Executivo que o realiza por meio da</p><p>Administração Pública. Para melhor compreensão do que se trata a atividade administrativa do</p><p>Estado, vejamos alguns conceitos.</p><p>Conceitos</p><p>Segundo Moreira Neto (2014, p. 190), a Administração Pública consiste no conjunto de “atividades</p><p>preponderantemente executórias, definidas por lei como funções do Estado, gerindo recursos para a</p><p>realização de objetivos voltados à satisfação de interesses especificamente definidos como públicos”.</p><p>O doutrinador procura articular os elementos: atividades, pessoas, recursos, objetivos e interesses</p><p>para construir o seu conceito de Administração Pública. As atividades correspondem a ações</p><p>como planejar, implementar, verificar e agir. As pessoas são os agentes públicos ou entes de</p><p>qualquer natureza que manifestam a vontade geradora das atividades desenvolvidas. Os recursos</p><p>correspondem aos bens e serviços necessários à realização das atividades. Os objetivos são aquilo</p><p>que se quer produzir de alteração em determinada realidade. Os interesses correspondem à</p><p>finalidade para a qual se propõe a ação pública.</p><p>Rafael Oliveira (2020, p. 68) anota que na doutrina é possível encontrar ao menos três critérios</p><p>para caracterizar a função administrativa:</p><p>» subjetivo ou orgânico: realce do sujeito ou agente da função;</p><p>» objetivo material: examina o conteúdo do ato;</p><p>» objetivo formal: explica a função em razão do regime jurídico em que se situa a sua</p><p>disciplina.</p><p>22</p><p>CAPÍTULO 2 • GOvERnO E ADMInIStRAçãO PÚBLICA</p><p>A partir desses critérios podemos vislumbrar que o estudo da Administração Pública exige</p><p>no mínimo o conhecimento de seus agentes, órgãos da Administração direta e Entidades</p><p>da Administração indireta, suas atividades, as quais, dada a complexidade da sociedade,</p><p>vão se ampliando – exemplos: serviços públicos, poder de polícia, fomento, intervenção</p><p>na ordem econômica etc. – e as regras e princípio atinentes ao regime jurídico de direito</p><p>público.</p><p>Administração Pública direta e Administração Pública indireta</p><p>Figura 11. Administração Pública.</p><p>Administração</p><p>Pública</p><p>Administração</p><p>direta</p><p>União</p><p>Estados</p><p>Municípios</p><p>Distrito Federal</p><p>Por meio de seus</p><p>ministros (União) e</p><p>secretarias (Estados,</p><p>Municípios e Distrito</p><p>Federal)</p><p>Adminisração</p><p>indireta</p><p>Autarquias</p><p>Fundações Públicas</p><p>Empresas Públicas</p><p>Sociedades de Economia</p><p>de Mista</p><p>Obs.: As agências</p><p>reguladoras são</p><p>autarquias de</p><p>regime especial.</p><p>Fonte: elaborada pelas autoras (2023).</p><p>Para melhor estudar a Administração Pública e seu modo de funcionamento, podemos classificá-</p><p>la em Administração Pública direta e Administração Pública indireta.</p><p>Considera-se Administração Pública direta:</p><p>[...] os entes federativos em si, com suas divisões orgânicas internas, aí incluídos</p><p>os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Ao contrário da Administração</p><p>Pública Indireta, em que há a criação de novas pessoas jurídicas, às quais se</p><p>aplica genericamente a referência “entidades”, a Administração Pública Direta</p><p>se confina na pessoa jurídica federativa (Aragão, 2013, p. 250).</p><p>Já a Administração Pública indireta é:</p><p>Atenção</p><p>A função administrativa não se confunde com a atividade administrativa, a função administrativa corresponde ao conjunto</p><p>de prerrogativas e competências por meio das quais a Administração Pública desempenha suas atividades.</p><p>23</p><p>GOvERnO E ADMInIStRAçãO PÚBLICA • CAPÍTULO 2</p><p>[...] como dito, constituída por entidades criadas pelas pessoas jurídicas</p><p>federativas e a elas ligadas e utilizadas para a consecução dos seus fins,</p><p>mas que com elas não se confundem, já que constituem de per se pessoas</p><p>jurídicas, dotadas de personalidade jurídica própria, não sendo meras</p><p>divisões orgânicas internas dos entes federativos que as criaram (Aragão, 2013,</p><p>p. 250).</p><p>Compõem a Administração Pública indireta: as autarquias, as empresas públicas, as sociedades</p><p>de economia mista e as fundações públicas.</p><p>Figura 12. Entidades da Administração indireta.</p><p>Autarquia</p><p>• Serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita</p><p>próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram,</p><p>para seu melhor</p><p>funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.</p><p>Empresa</p><p>pública</p><p>• Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio</p><p>próprio e capital exclusivo da União, criada por autorização legislativa para a</p><p>exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força</p><p>de contingência ou de conveniência administrativa, podendo revestir-se de</p><p>qualquer das formas admitidas em Direito.</p><p>Sociedade de</p><p>economia</p><p>mista</p><p>• Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por</p><p>autorização legislativa para a exploração de atividade econômica, sob a forma de</p><p>sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à</p><p>União ou a entidade da Administração indireta.</p><p>Fundação</p><p>pública</p><p>• Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,</p><p>criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades</p><p>que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com</p><p>autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de</p><p>direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes.</p><p>Fonte: elaborada pelas autoras (2023), adaptado do art. 5º do Decreto-Lei n. 200/1967.</p><p>No início de nosso capítulo, vimos que governo é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais</p><p>responsáveis pela função política do Estado e agora sabemos que a Administração Pública é a</p><p>personificação do Poder Executivo, cuja atribuição é exercer a função administrativa para, seguindo</p><p>os objetivos de determinado governo, concretizar os fins sociais previstos na Constituição Federal.</p><p>Agora, vejamos a distinção entre governo e administração.</p><p>24</p><p>CAPÍTULO 2 • GOvERnO E ADMInIStRAçãO PÚBLICA</p><p>Quadro 1. Diferenças entre governo e administração.</p><p>Governo Administração</p><p>Sentido formal</p><p>Conjunto de poderes e órgãos</p><p>constitucionais (Poderes Executivo,</p><p>Legislativo e Judiciário).</p><p>Conjunto de órgãos instituídos para a consecução</p><p>dos objetivos do governo.</p><p>Sentido material</p><p>É o complexo de funções estatais</p><p>básicas (legislativa, executiva e</p><p>judiciária).</p><p>Conjunto das funções necessárias aos serviços</p><p>públicos em geral.</p><p>Sentido operacional Condução política dos negócios</p><p>públicos.</p><p>É o desempenho perene e sistemático, legal e</p><p>técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele</p><p>assumidos em benefício da coletividade.</p><p>natureza da atividade Política e discricionária. neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma</p><p>técnica.</p><p>natureza da conduta Independente. Conduta hierarquizada.</p><p>natureza da</p><p>responsabilidade</p><p>Constitucional e política, sem</p><p>responsabilidade profissional pela</p><p>execução.</p><p>técnica e legal pela execução e sem</p><p>responsabilidade constitucional e política.</p><p>natureza das decisões Políticas. A faculdade de opções</p><p>políticas é prerrogativa do governo.</p><p>Instrumentais, ou seja, apenas na área de</p><p>suas atribuições e nos limites legais de sua</p><p>competência executiva.</p><p>Fonte: adaptado de Motta e Barchet (2006, p. 575).</p><p>Sintetizando</p><p>Vimos neste capítulo:</p><p>» O “Estado é pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos elementos povo, território e governo soberano. Esses</p><p>três elementos são indissociáveis e indispensáveis para noção de um Estado independente: o povo, num território,</p><p>organizado segundo sua livre e soberana vontade” (Paulo; Alexandrino, 2017, p. 15). Os autores destacam como elementos</p><p>caracterizadores do Estado: povo, território e governo soberano.</p><p>» O Brasil adota o modelo de tripartição de Poderes: Poder Legislativo, Poder Judiciário e Poder Executivo.</p><p>» O governo é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais responsáveis pela função política do Estado e a Administração</p><p>Pública, dividida em direta e indireta, é o conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do governo.</p><p>» A Administração Pública direta são os entes federativos em si, com suas divisões orgânicas internas, nela incluídos os</p><p>Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.</p><p>» A Administração Pública indireta é constituída das entidades criadas pelas pessoas jurídicas federativas e a elas ligadas e</p><p>utilizadas para a consecução dos seus fins.</p><p>» Fazem parte do universo da Administração Pública indireta as autarquias, as empresas públicas, as sociedades de</p><p>economia mista e as fundações públicas.</p><p>25</p><p>Introdução</p><p>O ato administrativo é o mecanismo pelo qual os agentes vinculados à Administração Pública</p><p>ou seus delegatários exteriorizam a sua vontade de modo a produzir efeitos jurídicos cujo fim é</p><p>a satisfação do interesse público. Neste capítulo, estudaremos os aspectos preponderantes dos</p><p>atos administrativos: as premissas essenciais à formulação do seu conceito, suas características</p><p>e espécies, bem como os distinguiremos dos fatos administrativos.</p><p>Veremos também como é exercido o controle sobre a Administração Pública, quem pode exercer</p><p>esse controle, que mecanismos o ordenamento jurídico oferece e sobre que elementos do ato</p><p>administrativo recai o controle. Trata-se de um assunto relevante, pois esse é um importante</p><p>meio de retirar de circulação atos ilegais ou praticados com abuso ao Direito.</p><p>Objetivos</p><p>» Compreender o conceito de ato administrativo e sua relação com as competências</p><p>atribuídas à Administração Pública.</p><p>» Entender as regras e os mecanismos de controle dos atos administrativos.</p><p>» Identificar situações de improbidade administrativa.</p><p>3</p><p>CAPÍTULO</p><p>AtOS ADMInIStRAtIvOS, PODERES</p><p>ADMInIStRAtIvOS E O COntROLE DA</p><p>ADMInIStRAçãO PÚBLICA</p><p>26</p><p>CAPÍTULO 3 • AtOS ADMInIStRAtIvOS, PODERES ADMInIStRAtIvOS E O COntROLE DA ADMInIStRAçãO PÚBLICA</p><p>Ato administrativo</p><p>Figura 13. Manifestação de vontade.</p><p>Fonte: www.freepik.com/free-photo/employee-woman-employment-recruitment-candidate_1073157.</p><p>htm#query=will&from_query=vontade&position=19&from_view=search&track=sph”>Image by katemangostar</p><p>indispensáveis à sua existência ou seriedade;</p><p>» Motivo: são as razões de fato e de direito que justificam o ato administrativo;</p><p>» Objeto: conteúdo do ato administrativo cujo resultado deverá sempre estar de acordo</p><p>com a lei, regulamento ou outro ato normativo.</p><p>Característica e espécies</p><p>» Característica: os atos administrativos podem ser gerais ou individuais. Os atos</p><p>administrativos gerais são editados para destinatários indeterminados ou indetermináveis,</p><p>são considerados atos normativos porque possuem como características abstração</p><p>e generalidade. Já os atos administrativos individuais, por sua vez, destinam-se a</p><p>determinada pessoa ou grupo de pessoas em uma situação jurídica concreta.</p><p>» Espécies: os atos administrativos possuem as seguintes espécies (Meirelles, 2016, p.</p><p>161; Oliveira, 2020, p. 320):</p><p>› atos administrativos normativos;</p><p>› atos administrativos ordinatórios;</p><p>› atos administrativos negociais ou de consentimento;</p><p>› atos administrativos enunciativos;</p><p>› atos administrativos punitivos ou sancionatórios;</p><p>› atos administrativos de controle ou de verificação.</p><p>28</p><p>CAPÍTULO 3 • AtOS ADMInIStRAtIvOS, PODERES ADMInIStRAtIvOS E O COntROLE DA ADMInIStRAçãO PÚBLICA</p><p>Figura 14. Espécies de atos administrativos.</p><p>Atos normativos</p><p>Comandos gerais e abstratos emanados da Administração</p><p>Pública, cujo objetivo é a fiel execução da lei.</p><p>• decretos, regimentos, resoluções, deliberações</p><p>Atos ordinatórios</p><p>São editados no exercício do poder hierárquico com o objetivo de</p><p>disciplinar as relações internas da Administração Pública.</p><p>• instruções, circulares, avisos, portarias, ordens de serviço,</p><p>ofícios, despachos.</p><p>Atos negociais</p><p>Editados a pedido do particular, viabilizando o exercício de</p><p>determinada atividade e a utilização de bens públicos.</p><p>• licença, permissão, autorização, admissão.</p><p>Atos enunciativos</p><p>Atos que expressam opiniões ou que certificam fatos no âmbito</p><p>da Administração Pública.</p><p>• pareceres, certidões, atestados, apostilas.</p><p>Atos punitivos</p><p>Restringem direitos ou interesses dos administrados que atuam</p><p>em desconformidade com a ordem jurídica.</p><p>• multas, sanções disciplinares, interdições, apreensão e</p><p>destruição de coisas.</p><p>Fonte: adaptado de Rafael Oliveira (2020, p. 320).</p><p>Extinção dos atos administrativos</p><p>Os atos administrativos produzem efeitos jurídicos que um dia cessam em virtude de sua extinção</p><p>ou exaurimento. Vejamos a seguir as causas e formas de extinção dos atos administrativos</p><p>(OLIVEIRA, 2020):</p><p>» Normal ou natural: ato administrativo que se exaure pela consecução de seus efeitos</p><p>ou pelo vencimento do prazo nele estipulado.</p><p>» Extinção subjetiva: o ato se extingue pelo desaparecimento do seu beneficiário.</p><p>» Extinção objetiva: o ato se extingue pelo desaparecimento do objeto da relação jurídica.</p><p>» Extinção por renúncia do particular: manifestação de vontade unilateral do particular.</p><p>» Extinção por recusa do particular: a manifestação do particular ocorre antes da produção</p><p>dos efeitos do ato administrativo.</p><p>» Caducidade: a extinção decorre de alteração legislativa que torna ilegal ato administrativo</p><p>que quando da sua edição era válido.</p><p>29</p><p>AtOS ADMInIStRAtIvOS, PODERES ADMInIStRAtIvOS E O COntROLE DA ADMInIStRAçãO PÚBLICA • CAPÍTULO 3</p><p>» Cassação: a extinção decorre do descumprimento das condições fixadas pela Administração</p><p>ou por ilegalidade superveniente praticada pelo beneficiário do ato.</p><p>» Revogação: ato que somente pode ser praticado pela própria Administração Pública no</p><p>exercício do poder discricionário; destina-se a retirar de circulação atos válidos, legítimos,</p><p>perfeitos, porém que a seu critério tornaram-se inconvenientes ou inoportunos.</p><p>» Anulação: ato praticado quando constatado vício de ilegalidade em um ato administrativo,</p><p>a critério da própria Administração Pública, por meio dos seus mecanismos de controle,</p><p>ou por ordem do Poder Judiciário.</p><p>Ato e fato administrativo</p><p>» Ato administrativo: é a manifestação de vontade que provém do agente público, no</p><p>exercício de função administrativa, em seu âmbito de competência e nos limites da lei</p><p>e da Constituição.</p><p>» Fato administrativo: Carvalho Filho (2019, p. 101) qualifica como “tudo aquilo que retrata</p><p>a alteração da dinâmica na administração, um movimento na ação administrativa”.</p><p>O fato administrativo engloba o ato administrativo, os comportamentos da Administração</p><p>Pública que não decorrem de uma manifestação de vontade de um agente público e um</p><p>eventual fenômeno da natureza.</p><p>Poderes administrativos</p><p>Os poderes administrativos são definidos por Carvalho Filho (2019, p. 68) como: “[c]onjunto de</p><p>prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para</p><p>o fim de permitir que o Estado alcance seus fins”. Ou seja, são os poderes necessários para que</p><p>o agente público possa exercer as atividades administrativas que lhe são designadas por lei.</p><p>Cuidado</p><p>Vejamos as principais diferenças entre anulação e revogação.</p><p>Quadro 2. Anulação x Revogação.</p><p>Tipos de extinção Justificativa Quem pode extinguir Efeitos</p><p>Anulação Ilegalidade do</p><p>ato.</p><p>» Administração</p><p>Judiciário (art. 5º, XXXv).</p><p>Ex tunc</p><p>(a declaração de nulidade retroage seus</p><p>efeitos à origem do ato).</p><p>Revogação</p><p>Razões de</p><p>conveniência e</p><p>oportunidade.</p><p>» Administração</p><p>Ex nunc</p><p>(os efeitos gerados até o momento da</p><p>extinção são considerados válidos).</p><p>Fonte: elaborado pelas autoras (2023).</p><p>30</p><p>CAPÍTULO 3 • AtOS ADMInIStRAtIvOS, PODERES ADMInIStRAtIvOS E O COntROLE DA ADMInIStRAçãO PÚBLICA</p><p>Figura 15. Poder.</p><p>Fonte: www.freepik.com/free-photo/strong-superhero_1203589.htm#query=poder&position=1&from_</p><p>view=search&track=sph”>Image by luis_molinero</p><p>regular por meio do qual se vai identificar atos praticados em contrariedade à lei e infrações aos</p><p>princípios da Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.</p><p>O controle administrativo é exercido pelos próprios órgãos internos da Administração (controle</p><p>interno), por órgãos externos incumbidos do julgamento das contas da Administração Pública</p><p>(Tribunais de Contas) ou das apurações de irregularidades praticadas no exercício funcional (órgãos</p><p>correcionais).</p><p>Figura 16. Controle.</p><p>Fonte: www.freepik.com/free-vector/game-analytics-concept-illustration_14881243.</p><p>htm#query=controle&position=1&from_view=search&track=sph”>Image by storyset</p><p>do Judiciário atos</p><p>administrativos que sofram de vício de ilegalidade em qualquer um de seus elementos.</p><p>Princípios de controle</p><p>Figura 17. Princípios de controle.</p><p>Controle</p><p>legalida-</p><p>de</p><p>imparcia-</p><p>lidade</p><p>autono-</p><p>mia</p><p>indepen-</p><p>dência</p><p>totalida-</p><p>de</p><p>universa-</p><p>lidade</p><p>Fonte: elaborada pelas autoras (2023).</p><p>35</p><p>AtOS ADMInIStRAtIvOS, PODERES ADMInIStRAtIvOS E O COntROLE DA ADMInIStRAçãO PÚBLICA • CAPÍTULO 3</p><p>» Princípio da universalidade: todos os gestores públicos estão submetidos a atividade</p><p>controladora.</p><p>» Princípio da totalidade: a totalidade do patrimônio público, representado por dinheiros,</p><p>bens e valores, está submetida ao controle.</p><p>» Princípio da legalidade: a atividade controladora, tal como qualquer outra atividade</p><p>pública, submete-se à lei e à Constituição, não podendo haver controle que exceda</p><p>essas balizas.</p><p>» Princípio da imparcialidade: a atividade de controle deve ser imparcial, não podendo</p><p>haver interferência política. O controle é feito a partir de critérios técnicos e jurídicos.</p><p>» Princípio da autonomia: confere ao controlador a prerrogativa da autonomia</p><p>administrativa.</p><p>» Princípio da independência: o controlador deve ter independência funcional para</p><p>exercer suas funções com autonomia e sem pressões externas de qualquer espécie.</p><p>Responsabilidade profissional e do cidadão</p><p>A Constituição Federal dispõe sobre a obrigação dos agentes públicos quando tomarem ciência</p><p>de qualquer irregularidade ou ilegalidade: “[o]s responsáveis pelo controle interno, ao tomarem</p><p>conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas</p><p>da União, sob pena de responsabilidade solidária.” (CF, art. 74, § 1º).</p><p>Com relação ao cidadão, a Constituição Federal dispõe que “qualquer cidadão, partido político,</p><p>associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou</p><p>ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.” (CF, art. 74, § 2º).</p><p>Funções do controle na Administração Pública</p><p>O controle da Administração Pública visa, em síntese:</p><p>» garantir atuação dos agentes públicos com respeito aos princípios constitucionais da</p><p>Administração Pública, com especial destaque para: legalidade, moralidade, motivação,</p><p>impessoalidade, publicidade, eficiência, supremacia do interesse público sobre o privado,</p><p>indisponibilidade do interesse público, razoabilidade e proporcionalidade;</p><p>» conferir transparência às atividades estatais;</p><p>» informar o povo;</p><p>» prestar contas.</p><p>36</p><p>CAPÍTULO 3 • AtOS ADMInIStRAtIvOS, PODERES ADMInIStRAtIvOS E O COntROLE DA ADMInIStRAçãO PÚBLICA</p><p>Improbidade administrativa</p><p>Figura 18. Perdas de recursos dos cofres públicos.</p><p>Fonte: www.freepik.com/free-photo/worried-businessman-with-sign-decreased-profit_10676634.htm#query=perda%20</p><p>financeira&position=1&from_view=search&track=ais”>Image by gpointstudio</p>