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<p>CADERNO 1.000 QUESTÕES PMPA</p><p>32</p><p>24 - CEBRASPE (CESPE) - Dati Pol (PC RO)/PC</p><p>RO/2022</p><p>Texto CG1A1-I</p><p>Na segunda metade do século XVIII, eclodiram</p><p>protestos contra os suplícios por toda a Europa.</p><p>Esses eram formas de punição que podem ser</p><p>definidas como penas aplicadas sobre o corpo do</p><p>condenado, num ritual geralmente ostentoso e</p><p>cruel. Nessa época, começava-se a crer que era</p><p>preciso punir de outro modo, de forma que a</p><p>justiça penal aplicasse punições sem se vingara.</p><p>Essa mudança no modo de punir, entretantob, não</p><p>se deveu tantoc a um sentimento de humanidade,</p><p>de piedade para com o acusado. Vários</p><p>fatores, especialmented de caráter econômico,</p><p>contribuíram para que os suplícios</p><p>fossem deixados de ladoe e substituídos pela</p><p>prisão.</p><p>A partir do século XVIII, ocorreu uma diminuição</p><p>dos crimes de sangue na Europa, e passaram a</p><p>prevalecer os delitos praticados contra a</p><p>propriedade, como roubos e fraudes fiscais.</p><p>Portanto, houve uma suavização dos crimes antes</p><p>de uma suavização das leis, que se tornaram mais</p><p>leves para corresponder à diminuição da</p><p>gravidade dos delitos cometidos.</p><p>Além disso, no século XVIII se modificou também</p><p>o sistema econômico europeu. A Europa deixou de</p><p>ser feudal e tornou-se industrial. A prisão, como</p><p>castigo institucionalizado pelo Direito Penal,</p><p>apareceu nesse contexto para regulamentar o</p><p>mercado de trabalho, a produção e o consumo de</p><p>bens, e para proteger a propriedade da classe</p><p>social dominante.</p><p>A prisão foi idealizada, naquele momento</p><p>histórico, como forma de disciplinar os</p><p>delinquentes. O corpo do condenado não poderia</p><p>mais ser desperdiçado pelo suplício, mas deveria</p><p>servir às demandas de trabalho das fábricas. A</p><p>finalidade da prisão era suprir a necessidade das</p><p>indústrias incipientes, e expressava, assim, uma</p><p>resposta à necessidade de utilização racional e</p><p>intensa do trabalho humano. A economia</p><p>industrial necessitava da conservação e mantença</p><p>da eventual mão-de-obra. Percebeu- se, nesse</p><p>momento, que vigiar é mais rentável e eficaz do</p><p>que punir.</p><p>Mariana de Mello Arrigoni. A prisão: reflexão</p><p>crítica a partir de suas origens. In: História e</p><p>Teorias Críticas do Direito. Jacarezinho – PR:</p><p>UENP, 2018, p. 148-64 (com adaptações).</p><p>Em relação ao primeiro parágrafo do texto CG1A1-</p><p>I, eventual expectativa do leitor de que a mudança</p><p>no modo de punir pudesse ser motivada por um</p><p>sentimento humanitário é frustrada por meio do</p><p>emprego da expressão</p><p>a) “sem se vingar”.</p><p>b) “entretanto”.</p><p>c) “tanto”.</p><p>d) “especialmente”.</p><p>e) “deixados de lado”.</p><p>25 - CEBRASPE (CESPE) - Del Pol (PC ES)/PC</p><p>ES/2022</p><p>Texto CG1A1-I</p><p>Em 2020, a pandemia de covid-19 fez com que</p><p>mulheres em situação de violência ficassem ainda</p><p>mais vulneráveis. O início da pandemia foi</p><p>marcado por uma crescente preocupação a</p><p>respeito da violência contra meninas e mulheres,</p><p>as quais passaram a conviver mais tempo em suas</p><p>residências com seus agressores, muitas vezes</p><p>impossibilitadas de acessar serviços públicos e</p><p>redes de apoio.</p><p>O cenário retratado no Anuário Brasileiro de</p><p>Segurança Pública de 2020 evidencia a queda de</p><p>crimes letais contra a mulher, mas não a</p><p>diminuição da violência: houve um sensível</p><p>aumento das denúncias de lesão corporal dolosa e</p><p>das chamadas de emergência para o número das</p><p>polícias militares, o 190, todas no contexto de</p><p>violência doméstica, assim como o aumento dos</p><p>casos notificados de ameaça contra mulheres. A</p><p>quantidade de medidas protetivas de urgência</p><p>solicitadas e concedidas também aumentou</p><p>consideravelmente.</p><p>O ano de 2021 foi caracterizado por parte da</p><p>retomada das atividades rotineiras em meio à</p><p>redução dos índices de transmissão da covid-19 e</p><p>da queda das mortes decorrentes da doença, em</p><p>consequência da vacinação. Compreender as</p><p>estatísticas criminais de violência contra as</p><p>mulheres nos anos de 2020 e 2021 nos ajuda a</p><p>pensar nas políticas públicas a serem</p><p>implementadas no contexto da pandemia de covid-</p><p>19 e da consequente intensificação da crise</p><p>econômica vivenciada no Brasil. A</p><p>pesquisa Visível e Invisível, realizada pelo Fórum</p><p>Brasileiro de Segurança Pública, apontou que, no</p><p>ano de 2020, a perda de emprego e a diminuição</p><p>da renda familiar foram sentidas de forma mais</p><p>intensa pelas mulheres que sofreram violência, o</p><p>que tornou mais difícil para essas mulheres</p><p>romper com parceiros abusivos ou relações</p><p>violentas.</p><p>A exemplo do que vimos em outros países,</p><p>embora tenha ocorrido queda nos registros, sabia-</p><p>se que a violência contra a mulher estava</p>