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TEMA: OS IMPACTOS CAUSADOS PELA IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO NA ORLA DA PRAIA DE SÃO FRANCISCO EM MOSQUEIRO (PA) Bruno de Assis Monteiro BOTTINO[footnoteRef:1] [1: Graduando do 1º semestre do curso de Engenharia de Materiais da UFPA , e-mail: engenheiromonteiro86@hotmail.com ] Prof. Dr. Aureliano da Silva GUEDES[footnoteRef:2] [2: Prof. Dr. Aureliano da Silva Guedes, PhD – Universidade Federal do Pará] RESUMO Compreendendo a importância de analisar as nuances de um determinado campo de pesquisa e conhecer previamente os aspectos da realidade geosocioambiental, este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa exploratória que foi realizada na Praia de São Francisco, situada na ilha de Mosqueiro, distrito de Belém - Pa. Através de estudos bibliográficos, pesquisa de campo e formulário observou-se problemas causados pela urbanização indevida impactando diretamente nos recursos hídricos e no solo daquela região. PALAVRAS-CHAVE: pesquisa; praia; Mosqueiro; geosocioambiental; São Francisco. ABSTRACT Understanding the importance of analyzing the nuances of a particular field of research and knowing in advance the aspects of geosocial-environmental reality, this paper aims to present the results of an exploratory research that was conducted in São Francisco Beach, located on the island of Mosqueiro. Through bibliographic studies, field and form research we observed problems caused by undue urbanization directly impacting the water and soil resources of that region. KEYWORDS: research; beach; Mosqueiro; geosocial-environmental; São Francisco. 1 INTRODUÇÃO O solo é a superfície em pisamos, plantamos e construirmos. Formado pela decomposição de rochas ao longo de milhares de anos e influenciado pelo clima, relevo e vegetação ele é um recurso não renovável, pois possui formação demorada sendo fundamental para a manutenção de uma sociedade (FARIA, 2020). A agregação de seus componentes de partículas minerais e orgânicas desenvolvem-se em espaços chamados de poros. São eles – os poros - os responsáveis pelo transporte da água da chuva para o subsolo e, assim, alimentar as raízes das plantas e realizar a recarga de poços, cisternas, rios e córregos. Portanto, quando concretamos as calçadas, quintais e asfaltamos ou pavimentamos as ruas de maneira inadequada e sem prévio reconhecimento das peculiaridades do local, afetamos diretamente a relação do homem com o solo. Em Mosqueiro, assim como na região de integração de Belém, os solos mais comuns são: Latossolo Amarelo, Espodossolo Ferrilúvico, Gleissolo Háplico e Plintossolo Pétrico (EMBRAPA, 2015). A região amazônica brasileira representa um dos locais com maior biodiversidade do globo, entretanto esse sistema vem sofrendo impactos ambientais oriundo de atividades antrópicas, como o uso inadequado dos recursos naturais que acentuou o desmatamento da superfície florestal (SOUZA et al., 2012). De acordo com Nascimento et al. (2005) os impactos ambientais provenientes do desflorestamento dos recursos hídricos afetam a qualidade ambiental da bacia hidrográfica, comprometendo os diversos usos desse recurso pela sociedade. A conservação e preservação da área vegetada situada ao entorno dos cursos de água é vista por diversos pesquisadores e ambientalistas como essencial para a manutenção dos recursos hídricos (SAMPAIO, 2007). As perturbações no meio ambiente situadas em áreas urbanas, sobretudo na margem dos cursos d’água, são provenientes de um conjunto de fatores associados ao crescimento da malha urbana sem planejamento adequado e do uso e ocupação desordenado do solo (AMARAL; PEREIRA; BORGES, 2013). Com a Lei Federal nº 7.803 de 18 de julho de 1989, efetuou-se a alteração do Art. 2° do Código Florestal Brasileiro de 1965, que consolidou regime jurídico perante as APPs de corpos hídricos nas zonas urbanas. Assim, iniciou-se a aplicação dos limites de APPs também em áreas urbanas. A Ilha de Mosqueiro, é a maior das 39 ilhas que, juntamente com a área continental, compõem o município de Belém, capital do estado do Pará (Figura 2). Está situada na microrregião Guajarina, costa oriental do rio Pará em um típico ambiente estuarino, possuindo 17km de praias de água doce (IBGE,2015). Os principais acessos à ilha são pela rodovia PA-391 a uma distância de cerca de 85km e por via fluvial, sendo a ligação com o continente realizada a partir de 1976 pela ponte Sebastião R. de Oliveira, com 1.485m de extensão sobre o Furo das Marinhas. A atividade turística, principalmente de veraneio, é uma das principais fontes de renda dos moradores da ilha, o que torna essa atividade relevante no local (Tavares et al. 2005). Devido a isso, o processo de urbanização de Mosqueiro foi marcado pela recepção da demanda turística na ilha, principalmente após a construção, em 1976, da ponte (BELÉM, 2018). Caracterizada por uma orla que estende ao longo de 220,85km², onde foram realizados estudos apenas nos 60 km a 63 km, que correspondem a praia de São Francisco. A praia de São Francisco apresenta-se como uma faixa arenosa de 1.300m de extensão e 120m de largura, com declividade acentuada e sua variabilidade morfológica e principais mudanças significativas ocorreram ao longo de todo o período, com ocorrência de migração de bancos arenosos (VALENTE, Heloisa Martins, 2019, p 82). Diante do exposto, a presente pesquisa exploratória busca responder a seguinte questão: Quais os impactos e as consequências causados pela impermeabilização do solo na área litorânea da praia de São Francisco? A relevância desta pesquisa está pautada em conhecer os fatores relacionados as causas da impermeabilidade do solo, o que pode permitir uma melhor compreensão do atual cenário da área, bem como proporcionar discursões acerca do desenvolvimento e de implementação de medidas mitigadoras para a problemática. Este estudo, também, visa complementar literaturas precedentes. Inicialmente, são descritos os objetivos gerais do estudo, os procedimentos metodológicos adotados na pesquisa qualitativa e o resultado das análises. Por fim, apresentaremos as considerações finais sobre as evidências encontradas no decorrer da pesquisa. 2 OBJETIVO GERAL Identificar os fatores que explicam os impactos causados pela impermeabilização do solo da orla da praia. 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS · Analisar os aspectos do solo da orla; · Coletar dados; · Sugerir medidas mitigadoras para a problemática; 3 MATERIAL E METODOLOGIA A metodologia aplicada a este estudo foi a pesquisa exploratória somada a um formulário qualitativo geosoambiental. A coleta de dados foi realizada em apenas uma etapa (Figuras 1 e 2). Figura 1 - Coleta de dados Figura 2 – Modelo de Formulário Fonte: Autor Fonte: Autor 4 IMPERMEABILIZAÇÃO O SOLO É fato que a crescente urbanização e a consequente impermeabilização do solo são alguns dos principais fatores que interferem no escoamento das águas de chuva (PINTO, 2011). É cada vez mais frequente a ocorrência de inundações em áreas que anteriormente não eram atingidas. A impermeabilização de áreas litorâneas como é caso da orla de São Francisco, tem sido cada vez mais constantes. O solo fornece diversas funções ecossistêmicas. Entre elas, desempenha um papel fundamental na produção de alimentos e materiais renováveis, oferece habitat para a biodiversidade tanto em sua superfície quanto no subsolo, filtra e modera o fluxo de água para os aquíferos, reduz a frequência e o risco de inundações, regula microclimas em ambientes urbanos, além de desempenhar funções estéticas na paisagem (PINTO, 2011). Em período de chuvas, fortes ou fracas, a água não infiltra e percorre com grande velocidade às ruas e calçadas em direção ao corpo hídrico. Ao chegar lá, ela extravasa rapidamente e promove as chamadas inundações. Em relato adquiro através da pesquisa in loco, moradores de locais próximos a orla do rio ficam sujeitos a terem suas casas inundadas commaior frequência. Constatou-se, também, o processo de alagamento das ruas, que é o resultado da não infiltração da água no solo e também do não escoamento para o corpo hídrico. Poças de lama cheias de dejetos, também foram encontradas no percurso. Observou-se que a água não infiltrou, logo não houve recarga suficiente para a vegetação em volta das ruas que estão ficando cada vez mais secas. Ademais, o acesso a água está comprometido. Segundo constatado em entrevista, a falta de abastecimento de água é constante na ilha. Assim como, cisternas e poços artesianos tem seus abastecimentos afetados. Percebeu-se que em locais altamente impermeabilizados, as temperaturas são mais elevada tendo também uma maior incidência inundações e alagamentos. A degradação asfáltica ficou evidenciada em vários locais da orla de São Francisco, tendo como resultado direto, o surgimento de buracos nas ruas. Figura 3 - Degradação asfáltica Fonte: Autor Figura 2 - Poças de lama Fonte: Autor 5 ANÁLISES E CONSIDERAÇÕES FINAIS Destacamos que foram encontrados diversos impactos ambientais causados pela impermeabilização do solo litorâneo da praia de São Francisco, como alagamentos, altas temperaturas, degradação asfáltica, buracos nas ruas, lixo, poças de lama e ocupação irregular de área de vegetação nativa. A metodologia exploratória e qualitativa, foi útil para analisarmos o contexto dos impactos na área. Com limitações de pessoas para pesquisa e preenchimento do formulário, o estudo conseguiu atingir o seu objetivo, reunindo informações que foram satisfatórias. Concluímos, portanto, que ação antrópica é a maior responsável pelos impactos ambientais encontrados no local pesquisado. A falta de consciência ambiental por parte de moradores, turistas e poder publico só corrobora para o agravamento do quadro atual. Deixamos como indicações para estudos futuros, o aprofundamento de pesquisas mais detalhadas com um maior número de pessoas para uma obtenção de melhores resultados. 6 RECOMENDAÇÕES Existe, no entanto, algumas medidas que buscam diminuir os impactos da impermeabilização, tais como: a construção de calçadas permeáveis, jardins de chuva, trincheiras e poços de infiltração são obras que garantem a ocupação dos poros do solo com a água. Além disso, há necessidade de cumprirmos as normas e regulamentos das prefeituras. Não concertarmos todo o quintal, apenas uma parte de que é chamada de índice pode ser impermeabilizada. Devemos nos preocupar ainda, em cuidar para que a impermeabilização não ultrapasse a quantidade necessária e possível para não comprometer a qualidade e os benefícios que os solos garantem para nós. REFERÊNCIAS VALENTE, HELOISA MARTINS Variabilidade morfológica das praias estuarinas da ilha do Mosqueiro (Belém - Pa) / Heloisa Martins Valente. – Belém, 2019. 82 f. PINTO, LILIANE LOPES COSTA ALVES (Catálogo USP) tese de doutorado , São Paulo, 2011 ALLEVANT, Como Evitar Enchentes, Impermeabilização Do Solo, Planejamento Urbano, Práticas Para Diminuir A Impermeabilização Do Solo, 2020 2 image4.jpeg image1.jpeg image2.jpeg image3.jpeg