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Meu tributo a Francisco Candido Xavier. O mais influente brasileiro de todos os tempos. Alfredo Nahas Copyright © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reprodu zida, arquivada em sistema de armazenamento ou transmitida em qualquer formato ou por quaisquer meios: eletrônico, mecânico, fotocópias, gravação ou qualquer outro, sem o consentimento prévio. Capa, projeto gráfico e diagramação: Signum Editorial CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ N145m Nahas, Alfredo, 1945- Minha vida com Chico Xavier [recurso digital] / Alfredo Nahas. - São Paulo : Signum, 2013. 232 p., recurso digital Formato: Requisitos eletrônicos: Modo de acesso: Inclui bibliografia e índice ISBN 978-85- (recurso eletrônico) 1. Xavier, Francisco Cândido, 1910-2002. 2. Espiritismo. 3. Livros eletrôni cos. I. Título. 13-1555. CDD: 133.9 CDU: 133.9 12.03.13 14.03.13 043402 Todos os direitos reservados: Signum Editorial Ltda. AruandaBooks é um selo editorial de Signum Editorial Ltda. R. Cabo Basilio Zequim Junior, 225 BL.01 Conjunto 205 São Paulo - SP / PQ. Novo Mundo - CEP 02180-000 www.aruandabooks.com.br - contact@aruandabooks.com ISBN 978-85- (recurso eletrônico) 1. Xavier, Francisco Cândido, 1910-2002. 2. Espiritismo. 3. Livros eletrôni cos. I. Título. 13-1555. CDD: 133.9 CDU: 133.9 12.03.13 14.03.13 043402 Sumário Agradecimentos .........................................................................16 Introdução....................................................................................17 Eu e o Chico.................................................................................25 O burro manco.............................................................................29 Ode a preguiça.............................................................................31 O contexto do aprendizado O trabalho espiritual....................................................................39 O besouro......................................................................................41 Chico e as viagens internacionais................................................43 A Federação Espírita do Estado de São Paulo.............................47 As Sedes da Federação.................................................................49 Os Trabalhos na Penitenciária.....................................................57 O trabalho com D. Yolanda Cesar...............................................59 As revelações................................................................................61 Augusto Cesar..............................................................................65 Histórias inesquecíveis................................................................67 Abraão e o posto de gasolina.......................................................69 Hélio, Sayoko e Tiaminho...........................................................71 Trabalhos inspirados por Chico...................................................73 Conceitos aprendidos com o Chico.............................................77 Chico e a revolução feminina......................................................83 Chico e a reformulação do trabalho............................................85 Chico e o casamento....................................................................89 Amor verdadeiro e incondicional................................................91 A mulher chinesa.........................................................................93 Chico e o suicídio........................................................................95 Chico e o aborto..........................................................................97 Chico e as drogas......................................................................101 Chico e a prostituição...............................................................103 Chico e a violência....................................................................105 Chico e as profissões.................................................................107 Chico e a riqueza.......................................................................111 Chico e as crises........................................................................115 Chico e os direitos autorais.......................................................117 Chico e o Catolicismo...............................................................119 Chico e a Umbanda....................................................................121 O natal........................................................................................123 Chico e a justiça.........................................................................127 Chico e a vida moderna.............................................................131 Chico e a era espacial................................................................133 Vida fora da Terra.....................................................................135 Chico e o Pinga fogo.................................................................137 Chico e a caridade.....................................................................141 A pergunta 642..........................................................................143 A suspensão da pena.................................................................145 Chico e a ciência.......................................................................147 Chico e as crises........................................................................151 O bandido socorrista................................................................153 Chico e a história do espiritismo O evangelho em Roma.............................................................157 A doutrina na França................................................................159 O Espiritismo no Brasil............................................................163 Nova oportunidade...................................................................169 Advertências preciosas.............................................................173 Novos Rumos...........................................................................177 Chico vs. Kardec......................................................................179 Chico e o movimento espírita...................................................185 Diálogos profundos com Chico Xavier Ramatis......................................................................................19 A Ufologia.................................................................................201 Como Jesus veio ao mundo.......................................................203 A lagarta e a borboleta..............................................................211 Os Messias do Espiritismo........................................................215 Instruções dos Espíritos............................................................219 Os mortos saírão de seus túmulos.............................................223 O cristão fiel.............................................................................243 A vida no céu............................................................................247 Chico e as religiões do passado.................................................251 O pato que dançava.................................................................253 A história do perú.....................................................................255 O motorista do ônibus..............................................................257 O extraterrestre........................................................................261 Os dois romanos.......................................................................263 Ag radecimentos Este livro é r elato resumido do nosso aprendizado espiritual com o mais humilde e influente brasileiro de todos os tempose constitui uma singela homenagem que fazemos ao nosso querido e inesquecivelaconteceram como noticiado, havendo motivações diferentes por trás dos acontecimentos.. Ainda que soubéssemos, mais que isto não poderíamos dizer, até por que algumas revelações começaram a ser divulgadas por autoridades... Ch ico e a revolução feminina Naqueles tempos de guerra fria, temas como o aborto e a contracepção eram tabus, mas o Chico sempre aprovou o movimento das mulheres. A partir da década de sessenta, do século passado, o Chico afirmou que a descoberta da pílula anticoncepcional fazia parte do plano dos espíritos superiores, para que as mulheres pudessem evitar o aborto, ou seja, a concepção indesejada e, com isto, ficarem livres para ingressar no mundo masculino. Tal advento desencadeou uma revolução no movimento feminista. A mulher adquiriu identidade própria, ingressou no mercado de trabalho, conquistou independência financeira e ficou dona da sua liberdade. Mais tarde a medicina genética começou as experiências de fecundação “in vitro”, como foi inicialmente chamada, para ajudar casais que não podiam ter filhos pelo método normal. Assim, também propiciou a algumas mulheres que queriam ter filhos, mesmo solteiras, a possibilidade de procriar sem o concurso do relacionamento masculino. O Chico disse que o movimento de emancipação da mulher fazia parte das estratégias dos espíritos superiores, que permitiram à mulher ingressar no mundo masculino para amenizar e suavizar as relações humanas, a fim de evitar novas disputas e guerras. Ele dizia que o trabalho masculino era muito árido, competitivo e as disputas faziam muitos inimigos e, em escala maior, levavam as guerras. O concurso da mulher era incentivado pelo plano maior para amenizar o mundo masculino. Ch ico e a reformulação do trabalho Ele nos revelara, muito antes, que haveria uma forte reestruturação familiar, em decorrência da emancipação feminina, mas ela era inevitável como preparo para os novos tempos, em que a tecnologia revolucionaria a forma de se trabalhar, tornando a mulher indispensável para introduzir novos hábitos culturais nas relações profissionais humanizando os ambientes de trabalho. Veio a seguir a automação industrial, que o Chico dizia ser necessária, pois ela viria para desobrigar o homem dos trabalhos mais pesados, os quais as máquinas poderiam fazer podendo o homem se dedicar a atividades mais nobres. Com a automação veio a reengenharia das empresas e com ela o “downsizing”, quando diminuíram os níveis hierárquicos e a mulher era um componente necessário neste processo para facilitar a aceitação das mudanças e evitar superposição de funções, e em seguida, consequentemente, veio o desemprego masculino em massa e a desestruturação familiar. Novas empresas foram criadas, o setor de serviços começou a absorver mão de obra, sobretudo a feminina e homens e mulheres começaram a trabalhar lado a lado, complementarmente. Mudava para sempre a matriz da economia. A mulher se tornara um agente econômico importante. Contudo, após a reorganização econômica, o mundo entrava numa era de incertezas e turbulência, cheia de mudanças imprevistas, planos econômicos e desafios de sobrevivência num ambiente em constante mutação, as quais o Chico afirmava que eram transformações necessárias para levar a humanidade a um novo patamar de relacionamento humano. O Chico dizia que eram sintomas da transição planetária para uma nova era de regeneração, onde reinaria a paz e o amor guiaria a humanidade a portos mais seguros. Os homens tiveram de reciclar seus meios de sobrevivência, não sem muitos desafios à sua masculinidade. Muitos tinham medo de fracassar, pois perdiam gradativamente seu papel de provedor, que lhes dava ascendência sobre as mulheres, ficando a mercê da vontade delas, o que os tornava inseguros. Começaram as amizades coloridas, em que muitos não mais queriam compromissos sérios, com medo de fracassar. O mundo ficava cada vez mais livre da possibilidade de uma nova guerra mundial, devido à presença da mulher em todos os ambientes, mas outras variáveis ingressaram como componentes psicológicas da sociedade. O suicídio e as drogas apareciam como possibilidade de fuga individual e suposta solução de problemas, para os que não conseguiam se adaptar ao novo mundo. Era visível como os temas das lições dos espíritos, através do Chico, voltavam-se, então, para dar respostas a estes problemas, tais como; como doenças mentais, casamento, divórcio, inseminação artificial, produção independente, suicídio, aborto, drogas e outros temas correlatos, alguns dos quais lembramos abaixo, não sem chocar opiniões ortodoxas: O Chico afirmava que o plano maior sempre enviava recursos tecnológicos através da ciência para faciliar a espiritualização do homem, mas o que os homens fariam com estas inovações seria problemas deles, não dos espíritos. Fico pensando qual o objetivo das recentes tecnologias, da comunicaçãoo sem fio, que de certo modo aliviam o trabalho mental nas operações do comercio e dos serviços. Será que os espíritos superiores esperam que o homem, com a mente mais livre para pensar outras coisas, não esta sendo preparado para utilizar estas tecnologias para um próximo futuro intercambio com outras humanidades do universo tirando o homem do seu isolamento cósmico. Com a vida na Terra semi-automatizada em todas as instâncias o homem poderia finalmente se aventurar aos voos mais altos do espírito. Ch ico fala sobre o casamento e o divórcio. Um dos nossos amigos queridos tinha uma amante e certa feita perguntou ao Chico o que ele achava daquilo. O Chico somente disse a ele duas palavras enigmáticas; pagar ou remar. Depois de muito pensar nosso amigo entendeu o que o Chico quis dizer, ou seja, tudo é possível, mas tudo tem seu preço; assim, ou ele pagava à sua mulher o que ele lhe devia, caso se separasse dela, ou então, ele remava, ou seja, pagava à amante para mantê-la a distância e manter seu casamento sem graça. Mais um assunto para se pensar. Quase sempre os homens preferem manter a instituição do casamento a qualquer preço, a libertar a mulher para outro pretendente. Casais que se amam não traem, não se separam, nem sequer precisam se casar. O casamento é criação do homem, para garantir um progresso material constante e assegurar conforto aos filhos, mas não deixa de ser uma organização transitória, pois os casais que não se amam já estão separados naturalmente, mesmo vivendo juntos. Já o divórcio é outra lei humana, também transitória, para atender aos interesses da família, sendo um mal menor diante de possibilidades piores, quando chegam à agressão e até ao crime. Quando perguntavam ao Chico sobre o que os evangelhos diziam, o Chico se limitava a dizer que o casamento não é uma sentença de união incorrigível ou incontornável, até que a morte separe os cônjuges. E que, o conceito de não separar o que Deus ajuntou, era uma advertência endereçada aos que estão fora do casamento, para não se intrometerem na vida do casal, pois são estes os que costumam interferir na vida dos outros, influenciando e mesmo prejudicando as escolhas do casal. Numa daquelas reuniões memoráveis, uma senhora ocupava a palavra o tempo todo fazendo perguntas insistentes ao Chico, fato que incomodou um dos nossos amigos de reunião. Até que, cansado da falta de equilíbrio da mulher, ele pediu para ela parar com aquilo, ao que ela, sem se importar, continuava a perquirir e sugerir atitudes para o Chico. Então, nosso amigo, já bastante alterado levantou-se e falou para a mulher: - Olha aqui, fulana, o Chico não se casou para não receber ordem de mulher nenhuma, então faça o favor de respeitar a vontade dele. Am or verdadeiro e incondicional Quando lhe perguntavam se havia no mundo casamentos felizes, o Chico brincava dizendo que o casamento perfeito era aquele em que o homem era surdo e a mulher cega. Para risos de todos. O amor incondicional De outra feita, o Chico noscontou o caso de um casal que queria ter filhos, mas não conseguia de jeito nenhum. Havia amor puro, grandioso e incondicional entre os dois, mas, o marido tinha uma deficiência insuperável que o impossibilitava de engravidar a esposa. No entanto, ele queria que ela se realizasse como mãe. Eles procuraram o Chico, numa época em que ainda não existia a inseminação artificial, com a seguinte questão: o casal teve a ideia de utilizar de um amigo íntimo da família, para engravidar a esposa e queriam saber se isto não seria um pecado irreparável espiritualmente. O Chico disse que não, que neste caso não seria um adultério, caso de traição, mas algo consentido que daria mais força à união do casal, como prova de amor superior. Assim eles fizeram. A mulher e o amigo da família foram viajar juntos dando oportunidade à gravidez e, quando eles voltaram da viagem, ela continuou a viver com o marido que amava. O filho nascido desta relação é tido como legítimo e, o pai natural ficou sendo um padrinho muito querido da criança. O Chico se recusou a contar de quem era esta história, porque era um casal muito conhecido. Fico pensando com base em que certos dirigentes promovem caças as bruxas nos centros espiritas, sob o argumento de desvios morais, se a própria doutrina nos pede tolerância e auxilio. A mulher chinesa De outra feita, ele nos lembrou de uma lenda chinesa da mulher que amava o marido, mas por força dos costumes tinha de morar na casa da sogra e, além disto, servi-la. Porém a sogra abusava do seu poder, humilhando a nora que achava insuficiente para seu filho. A nora, cansada de sofrer, procurou um mago que lhe ensinasse uma receita para matar a sogra, sem ser descoberta. O mago disse que tinha um pó, que lhe ofereceu, com as seguintes condições: ela deveria colocar apenas uma pitada do pó por dia, para que a morte fosse lenta e, enquanto o envenenamento não se consumasse, ela deveria tratar a sogra com todo o carinho e dedicação possíveis, para não provocar desconfianças. A assim ela fez. Entretanto, à medida que tratava bem a sogra, esta foi mudando de atitude, chegando a criar empatia e amizade com a nora. Chegou um momento em que a nora desistiu de matar a sogra, pois que havia se tornado sua amiga, mas como o processo estava adiantado, foi procurar o mago, para obter algum antídoto ao envenenamento que já havia feito. O mago então contou que não havia lhe dado veneno algum, que o pó era apenas um tipo de chá, inofensivo. Só o amor puro poderia fazer a sua sogra gostar dela, não sendo necessário matá-la. Ch ico e o suicídio Contou-nos o Chico que certa feita um grupo de jovens foi procurá-lo dizendo que não viam sentido para a vida louca que levavam. Tinham de tudo, mas, nada os satisfazia e eles, sem futuro útil, queriam saber o que o Chico achava deles se suicidarem, como meio de protesto contra a sociedade. O Chico então, contou-lhes a história do dono da fábrica de roupas. Dizia ele que havia em São Paulo, um rico industrial de tecidos, que se endividara comprando suprimentos para sua fábrica, quando estourou a segunda guerra mundial e, os seus devedores, deixaram de pagar suas compras e suspenderam pedidos. Como os bancos credores eram implacáveis e cobravam as dívidas financeiras assumidas em seu nome, ele chamou a mulher e lhe confessou a vontade de tirar a própria vida, a fim de acalmar os credores e salvar o nome da família. A mulher se desesperou, implorando para o marido não fazer isto, mas a ideia tomou vulto, até o dia em que não suportando mais a pressão sobre o seu nome, acabou por desferir um tiro nos miolos. A viúva, aflita, continuou os negócios como pode, inventariando as dívidas junto com o contador da firma. Aconteceu, porém, o improvável. O Brasil foi chamado a participar da guerra e o exercito fez à empresa uma enorme encomenda de uniformes para os soldados, pagando à vista. A mulher levantou as hipotecas, pagou os credores e acabou casando-se, em segunda-núpcias, com o contador. Os jovens ficaram arrepiados ao ouvir a história e, quando ele terminou, se deram conta de que o suicídio só faria mal a eles mesmos, sem mudar em nada os problemas do mundo, que requerem outro tipo de solução... Nada é proibido ou é pecado, mas o que semeamos, colhemos... Ch ico e o aborto Chico era assim, sempre relativizava os grandes dramas humanos, com casos engraçados ou emocionantes e educativos. Certa feita um casal muito rico de industriais de São Paulo foi procurá-lo, com a seguinte notícia: A mulher era espírita desde que se casaram, sendo que o marido já era espírita quando se conheceram. Faziam reuniões de evangelho no lar, frequentavam a Federação em São Paulo e, há pouco tempo, fizeram uma longa viagem ao exterior. Quando voltaram de viagem se deram conta de que ladrões abriram um buraco no muro alto que protegia a propriedade e por ele entraram em sua casa, levando tudo o que havia de valor, dinheiro joias, obras de arte, equipamentos eletrônicos, tudo. Deviam ter enchido um caminhão. Aquela senhora então perguntou ao Chico, por que uma coisa destas acontecia com uma família que só fazia o bem, de acordo com o conhecimento espírita. Como de costume, o Chico nada disse a respeito, limitando-se a lamentar o ocorrido. Lá pelas tantas, daquela reunião inesquecível, o Chico contou que muitas vezes mulheres praticavam o aborto, para não terem sua reputação aviltada, mas, como os espíritos programados para reencarnar já se haviam comprometido a encarnar por meio delas, para progredirem em condições favoráveis, ficavam contrariados em ter de nascer em situações mais difíceis, numa favela, por exemplo, ai então, como eles sabiam, intuitivamente, quem deveria ter sido seus pais, acabam encontrando suas casas, dispostos a retirar delas o que por “direito” lhes cabia. Como não puderam entrar pela porta da frente, da maternidade, entravam pela porta dos fundos, por onde entram os credores. Pessoas roubadas, muitas vezes, estão somente devolvendo algo que tiraram de alguém em outros tempos ou vidas. Risos amarelos de todos. Porém, a senhora espírita ficou assombrada. Como podia o Chico saber que ela havia praticado dois abortos? Como pode ele responder às suas indagações, por meio daquela história incrível. Ainda assim alguém insistiu em saber o que ele pensava sobre o aborto. O Chico disse que o aborto era um crime, mas que como tantos outros crimes contra pessoas ditas inocentes, era preciso considerar as agravantes e as atenuantes antes de poder julgar qualquer crime e, em especial, o aborto. Emmanuel havia dito que muitos espíritos que são abortados foram suicidas em outra vida e, às vezes, eram suicidas contumazes de muitas vidas passadas e que muitas vezes suas tentativas de nascer eram abortadas, antes que pusessem de novo suas vidas e de outras pessoas em risco. Até que pudessem ter uma encarnação proveitosa. Eu costumava contar esta história e os conceitos que aprendera com o Chico sobre o aborto. Em algum momento de 1998, eu estava no saguão da Feesp, tomando café, quando uma jovem senhora muito bonita e elegante se aproximou de mim e perguntou se eu me lembrava dela. Ao que eu disse que não. Então ela me disse que gostaria que eu conhecesse o filho que ela considerava ser meu. Fiquei apavorado, pois, não tinha mais como incluir ninguém sob minha proteção. Ela percebeu minha reação e me tranquilizou dizendo - Não é o que você esta pensando. Assim, passou a me contar que, há dezoito anos, ela havia engravidado do seu namorado e a família queria que ela abortasse, já que o namorado também não queria nem podia assumir a paternidade. Quando estava tudo programado para o aborto, uma amiga dela conseguiu trazê-la para a federação, onde acabou assistindo a uma palestra minha sobre o tema. Após muito refletir, ela desistiu de abortar e deixou o filho nascer, tendo-o criado com todo o carinho. Além disto, assimque a criança nasceu seus pais também refletiram melhor e acabaram aceitando aquele neto, de mãe solteira. Nesse momento, me apontou para um belo e bem cuidado jovem, a curta distância. Então disse ela - como o pai biológico não assumiu, eu sempre considerei você o pai do meu filho. Para meu alívio e respeito pela consideração e amizade... Ch ico e as drogas Uma senhora de Uberaba o procurara pedindo orientação sobre o que fazer com um filho drogado com o qual já gastara uma enormidade de dinheiro, sem resultado algum. O Chico lhe propôs um desafio, ou seja, por que esta mãe não esquecia um pouco do seu filho e se dedicava um pouco aos filhos de outras mães, que não tinham os recursos necessários. Ela perguntou como faria isto e o Chico lhe sugeriu que prestasse algum tipo de auxilio a jovens que não tivessem como lhe agradecer, presidiários por exemplo. Esta senhora saiu da reunião disposta a fazer o que o Chico lhe pediu e passaram-se mais de dois anos antes que ela voltasse a falar com Ele. Quando voltou, era outra pessoa, feliz com a recuperação do filho. Contou então ao Chico que havia feito como ele sugerira. Que encontrou dois jovens órfãos presos na cadeia da cidade e resolveu auxiliá-los, tratando-os como se fossem seus filhos. Enquanto levava a eles comida, livros, televisão e benefícios possíveis, ela notou que seu filho também melhorava gradativamente, até conseguir livrar-se das drogas. Agora queria saber do Chico como era este fenômeno da caridade que melhora sua vida, enquanto faz o bem aos outros. O Chico então lhe contou que aqueles presos que ela ajudara, tinham suas mães desencarnadas, no plano espiritual, querendo ajudá-los também. Como não tinham meios, encontraram naquela senhora caridosa os recursos necessários para amenizar a dor e o remorso dos seus filhos. Quando viram o alívio que eles receberam, estas mães se sentiram na mesma corrente do bem e procuraram fazer o que aquela senhora encarnada fazia. Descobriram, então, que o filho dela era drogado e vítima de obsessão, pois os espíritos que estavam lhe vampirizando, não o deixavam se afastar das drogas. Aquelas mães desencarnadas passaram a ajudar os obsessores do filho drogado, daquela senhora que auxiliava aos seus filhos presos. Com o tempo conseguiram afastar os vampiros e libertar o filho dela, que então pode se beneficiar dos tratamentos e sair do vicio. Chico e a prostituição Certa vez levaram o Chico ao que antigamente se chamava de zona do meretrício, pra ver se ele iniciava sua vida sexual. Chico adentrou a casa e pôs-se a conversar com as mulheres, que suspenderam todos os atendimentos para ouvir as histórias que ele contava a respeito das mulheres e o Evangelho de Jesus. Alguém perguntou naquela reunião o que o Chico achava da prostituição, e ele dizia que há muitos homens que só são hoje bem sucedidos na vida e até mesmo bem casados, graças a estas mulheres que se sacrificam para que outros tenham paz. Muitos homens deviam sua masculinidade àquelas senhoras. Lembrou o Evangelho, em que Jesus disse aos fariseus, que zombavam D’Ele por andar com estas mulheres, que eles deviam se envergonhar de julgá-las, pois que elas chegariam ao céu antes deles, os senhores da lei, pelas lágrimas e sofrimentos que a sociedade lhes impunha, enquanto que eles surgiriam pejados de remorsos por tê- las prostituído... Chico contou que certo dia havia socorrido um infeliz em estado grave, mas tinha que trabalhar e não podia cuidar do doente. Então publicou um anúncio no jornal pedindo que alguma alma caridosa pudesse ajudá-lo a cuidar daquele doente. Só apareceram duas meretrizes, cujo auxilio Chico aceitou de bom grado. Dizia o Chico serem melhores duas irmãs meretrizes fazendo o bem, do que tantos que fazem fofocas promovendo separações, ciúmes e guerras. Melhor o amor do que a violência. Não sei o que vão pensar os amantes de pureza doutrinária... Ch ico e a violência O Brasil foi um dos últimos países a aceitar a pílula como anticoncepcional, em vista da poderosa influencia da Igreja, que não aceita a contracepção e, por isto, nosso país acabava recebendo muitos espíritos rebeldes, que não conseguiam mais nascer em outros países, onde o controle da natalidade era incentivado e os planos assistenciais funcionavam. Estes espíritos, comumente nasciam nas classes mais pobres, pois que nas classes mais abastadas e esclarecidas o controle de natalidade já era realidade. Como o Brasil era depositário de muitos destes espíritos agressivos, dizia o Chico - que só o evangelho de Jesus poderia suprir a falta de educação e os desmandos dos governantes, para coibir a violência. Aqui a doutrina espírita tinha de se voltar para a caridade e o amor incondicional, com a finalidade de despertar a espiritualidade em seres acostumados a situações de poder e revolta, querendo vida fácil, mas tendo que reencarnar em situações humilhantes para aprender a humildade. Certa vez eu comentava estes conceitos de violência e paz, à luz do Evangelho, mostrando exemplos de Jesus, num bairro de periferia de Osasco e, quando terminei a palestra, já ia me retirando, um senhor de paletó, me pediu a presença. Ele abriu o paletó e mostrou no bolso interno um revolver, me assustando, pois achava que ia ser atacado. Mas ele me tranquilizou, dizendo: - olha, eu quero agradecer ao senhor, por ter me impedido de me tornar hoje um assassino. Eu perguntei o que houve, e ele me contou: - ontem à noite minha irmã foi estuprada e fiquei sabendo quem cometeu aquela violência, então, hoje eu comprei este revolver e sai para matar o desgraçado, mas, minha mãe frequenta este centro e me pediu para passar aqui antes de fazer qualquer desgraça maior. Então eu vim, ouvi sua palestra e decidi que não vou fazer justiça com as próprias mãos, mas, vou levar o caso à justiça, mesmo que isto envergonhe minha família. Como dizia o Chico, era melhor para o espírito ser vítima da violência do que ser o autor dela... Ch ico e as profissões Chico nos contou o caso de uma senhora espírita de São Paulo, mulher de um rico empresário que não era espírita, que ao perder um de seus filhos esteve no Chico, reclamando sobre o comportamento do marido que não dava atenção às questões espirituais, rogando ao Chico lhe dissesse o que deveria fazer para aproximar seu esposo da doutrina. Chico, na sua sabedoria inexplicável, respondeu a ela que o seu marido estava incurso nas leis divinas como mordomo fiel e aprovado, pela imensa caridade que fazia, sem nenhuma conotação religiosa, ao dar emprego a centenas de pessoas, chefes de família, as quais subsistiam e progrediam no mundo graças aos empregos que tinham na empresa de seu marido. Quem estava correndo o risco de fracassar era ela por querer tirar o foco da atenção do seu marido do trabalho que realizava, a fim de trazê-lo para o trabalho espiritual do qual estava temporariamente desobrigado. Para ela não errar com relação ao marido, devia fazer o contrário, dar todo o apoio, afeto, carinho e assistência de que seu marido necessitava como homem, para suportar as provas da vida material e garantir a continuidade da sua empresa. Dizia o Chico que o trabalho espiritual não desobriga ninguém do trabalho material, ambos indispensáveis, devendo andar juntos; o progresso do mundo deve acompanhar o progresso espiritual e vice versa. Contudo, a estruturação profissional e material deve preceder o trabalho espiritual, para que o espírita não tenha de viver a custa da doutrina, complicando seu futuro. É isto que significa dar a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus. É para pensar, pois, se as transformações que a tecnologia está fazendo com o mundo material, não estiverem sendo acompanhadas pelo progresso espiritual, seria melhor rever posições, para que o trabalho espiritual não atrapalhe o progresso material. O trabalho espiritual só faz sentido se estiver na frentedo conhecimento material, como uma revelação a ser aproveitada, mas não como empeço para obrigar a pessoa a um desenvolvimento espiritual sem estar estruturada materialmente. Além disto, o Chico sempre fez questão de exemplificar o que dizia, com humildade e endereço certo, pois, muitos dos espíritas que se aproximaram dele, o faziam em busca de afirmação pessoal, para alimentar seu ego, podendo dizer que era amigo do grande médium Chico Xavier. Mas, enfim quantos aproveitaram realmente do que Chico exemplificava? Muitas pessoas que fracassaram na sua vida pessoal, seja como empresários ou profissionais autônomos, ou mesmo no casamento, se aproximavam do espiritismo, buscando nele, a princípio, a consolação para suas tragédias pessoais, mas, depois, percebendo a força do espiritismo, o usavam para a afirmação de sua personalidade, como se fossem profissionais da verdade espiritual. Era mais fácil impressionar pessoas sofredoras, necessitadas de atenção e carinho, do que se realizar profissionalmente, algo que requer muito estudo, persistência, dedicação e paciência. Ch ico e a riqueza Certa vez, alguém questionou o Chico por que certas pessoas nascidas pobres enriqueciam e por que pessoas ricas às vezes perdiam tudo. O Chico então contou a fábula da vaca que caiu no abismo. Dois espíritos: um mestre espiritual estava ensinando a seu discípulo uma lição sobre a riqueza. Eles desceram até uma fazenda e ali se materializaram entrando até a porta principal, onde pediram água. O dono da casa abriu a porta e os dois puderam ver que lá dentro havia muitas pessoas sem fazer nada, vivendo numa miséria terrível. O mestre perguntou ao dono da fazenda do que eles viviam e o dono disse que viviam do que fornecia a vaca que eles tinham. Ela dava leite suficiente para alimentá-los e ainda sobrava para vender na cidade. Com o dinheiro do leite eles compravam o que precisavam e assim viviam há muito tempo. Os dois espíritos materializados tomaram água e depois partiram, quando estavam saindo da fazenda o mestre disse ao discípulo, volta lá e desencarna aquela vaca. O discípulo ainda questionou, mas eles vivem à custa dela. Sem ela, como vão viver? O mestre pediu para não discutirem, mas que ele devia fazer o que estava sendo pedido. O discípulo então foi até onde a vaca estava e a empurrou até um abismo próximo, onde ela caiu e desencarnou. Os dois se desmaterializaram e subiram. Passaram-se os anos e o mestre convidou novamente o discípulo para visitarem a fazenda. Lá chegando, puderam ver que o lugar estava maravilhoso, casa nova e bem grande, piscina, carros novos na garagem e um muito conforto para todos, além do curral cheio de animais. Materializaram-se novamente e foram até a casa, bateram e o dono veio atender. Olá, disse o mestre, vocês moram aqui há muito tempo? Sim, disse o homem, nós moramos aqui há muito tempo, mas antigamente éramos pobres. Nós vivíamos do que produzia nossa vaca, até o dia em que ela morreu. Depois disso tivemos de mudar nosso modo de vida. Os meus filhos tiveram de trabalhar e estudar, eu tive de plantar e comercializar outros produtos para podermos sobreviver. A partir daí, tomamos gosto pelo progresso, passamos a investir cada vez mais em nossa fazenda até chegarmos aonde chegamos. Os dois espíritos materializados se despediram e saíram e aí, o mestre disse ao discípulo: – viu só, às vezes é preciso perder tudo para saber o valor do que tinha. Ch ico e as crises No Brasil, em particular, eclodira nos anos oitenta e noventa, a crise da dívida pública, que se tornara impagável. Falava-se que o Brasil teria seu território dividido para pagar a dívida externa, com partes do seu território. Mas, então, iriam repartir o coração do mundo? O Chico sempre recomendava o trabalho como solução, explicava que ele funciona como um anestésico contra as tentações de fuga e minimiza as preocupações com os grandes problemas do país. Segundo o Chico, a solução era trabalhar e fazer o bem, que o trabalho solucionaria todos os problemas e o bem nos imunizaria contra as dores morais. Ch ico e os direitos autorais Todos sabem que o Chico doava os livros recebidos por seu intermédio para centros espíritas, e uma vez perguntamos a ele por que não doava todos os livros a uma única entidade que centralizasse toda sua obra. O Chico explicou que se um centro que recebia um livro em doação, e isto era suficiente para manter aquela instituição com credibilidade, por que razão não expandir a quantidade de centros espíritas, dando a cada um os meios para sua subsistência. Se com uma obra alguns centros já se acham donos da verdade, imagine um centro com todas as obras. Valha-me Deus, dizia ele. Ch ico e o Catolicismo Outras vezes acompanhávamos as peregrinações que o Chico fazia às casas pobres dos bairros de periferia, parando nas casas mais pobres e simples para fazer uma leitura e comentário do evangelho, e sempre deixava algum dinheiro e mensagens àqueles corações famintos, doentes e desesperados Certa vez, um conhecido espírita, grandalhão, acercou- se do Chico desde o início da peregrinação, não dando espaço para ninguém se aproximar. O tempo todo ele falava mal dos padres, que eles perseguiam os espíritas, que as missas haviam se tornado um libelo contra a doutrina e por ai afora. O Chico mostrava visível incômodo, pois não gostava de falar mal de ninguém. O assédio durou mais de uma hora, sem que o Chico dissesse nada. Até que o senhor espírita perguntou: você não acha Chico que eu tenho razão? Ao que o Chico atalhou – olha fulano, você pode ter razão, mas não convém criticarmos tanto o nosso próprio passado. Ch ico e a Umbanda Chico nos dizia que a umbanda tal qual a conhecemos no Brasil é única no mundo, não havendo paralelo em nenhum país, mesmo na África de onde ela se originara. Ele dizia que os escravos africanos que vieram para o Brasil, na época das capitanias hereditárias, trabalhavam para que estas fracassassem, fazendo trabalhos espirituais de quimbanda nas senzalas. Os espiões dos portugueses descobriram estes trabalhos e começaram a punir os escravos, e os padres passaram a catequizar os negros, com os princípios e santos da Igreja Católica. Os negros foram obrigados a aceitar o catolicismo, mas não renunciaram aos seus orixás e, assim, eles associaram os santos da Igreja aos seus guias espirituais. Por isto, cada oxum tem o seu santo católico correspondente. No Brasil, virou umbanda, ou seja, banda boa. Para risos de todos. O natal Uma senhora muito rica, dona de um banco importante do Brasil, teve notícia de um acidente de avião, no qual estava seu filho predileto, não tendo noticias do desaparecido. Esta senhora correu ao Chico com seu luxuoso “mercedes” guiado por seu motorista particular. Lá chegando, recebeu do Chico a notícia que seu filho estava morto no acidente e que logo o avião seria encontrado. Mais tarde, à noite, o Chico receberia a confirmação, pois o filho da banqueira estava dizendo que havia previsto o acidente tendo inclusive, por precaução, deixado uma carta de despedida para a mãe, a qual por segurança, havia prendido no fundo da última gaveta de roupas intimas de seu closet. Sem mesmo voltar para o hotel, esta senhora fez seu motorista voltar para São Paulo, altas horas, para confirmar se havia ou não a carta do filho. Chegando à capital correu para o armário e deu de cara com a carta do filho. Logo depois a imprensa anunciava a localização do avião. Esta senhora voltou ao Chico depois do enterro para lhe agradecer pelas verdades que comprovavam a vida do seu filho após a morte, passando a acreditar nos ensinos da doutrina espírita. No natal, caravanas de São Paulo, nas quais nos incluíamos como ajudantes, levavam para Uberaba, verdadeiras jamantas carregadas com milhares de cestas básicas, de natal, enxovais, mantimentos e presentes para as crianças. A maior e mais rica daquelas jamantasera totalmente financiada por aquela generosa senhora, durante muitos anos. As demais eram frutos de campanhas de vários espíritas de São Paulo e do interior. As filas de espera para receber as doações se estendiam por quilômetros. A Casa da Prece de Francisco Candido Xavier se engalanava para receber aqueles milhares de assistidos, que felizes ainda recebiam algum dinheiro das mãos abençoadas do Chico. Estes trabalhos do Chico inspiraram centenas de entidades espíritas a fazerem o mesmo, estendendo-se por todos os estados do Brasil, sobretudo São Paulo. Campanhas do agasalho, da sopa, dos moradores de rua e tantas outras, se tornaram atividades constantes nas organizações espíritas e, com certeza, serviram também de inspiração para outras organizações religiosas e, provavelmente, até mesmo para os atuais governos brasileiros, que lançaram programas tais como; o fome zero, bolsa família e diversos outros auxílios aos trabalhadores. Algo que, afinal, também, está servindo de modelo para o mundo todo. Ch ico e a justiça Em certa ocasião alguém perguntou ao Chico qual era a diferença entre a justiça humana e a justiça divina, ao que o Chico respondeu que Emmanuel costumava dizer que a justiça divina se baseia na misericórdia, dando oportunidade ao pecador arrependido de quitar sua dívida espiritual, em parcelas ou prestações suaves, ao longo de uma ou várias encarnações, de acordo com suas possibilidades, sem deixar de trabalhar e progredir, concomitantemente. Enquanto isto, a justiça humana, quando prende alguém em flagrante, se baseia na lei de ação e reação, ou seja, paga-se a pena estabelecida para aquele delito e, até que a pena acabe, a criatura fica impedida de trabalhar e progredir, para forçar a reflexão e o arrependimento, o que nem sempre acontece. Nesta ocasião o Chico lembrou-nos a história constante de um dos livros de Irmão X: Certo trabalhador espírita, frequentador assíduo de um centro espírita, sempre dado às boas amizades e às tarefas construtivas, era, também, trabalhador exemplar de uma metalúrgica. Certa feita, ao manusear uma prensa, esta caiu sobre sua mão arrancando-lhe um dedo. Os colegas ficaram admirados, como podia a justiça espiritual que ele pregava permitir uma coisa destas com um homem tão bom. O metalúrgico ficou acabrunhado e meio desconfiado de que alguma coisa não estava certa, pois que, também ele, não achava justo que sendo um trabalhador exemplar como era, tivesse que passar por tal constrangimento com os colegas e sofrer as consequências daquele acidente. Mesmo assim, naquele dia, após os curativos, dirigiu-se ao centro espírita, como de costume, mas ao invés de assumir sua posição de trabalhador da doutrina, sentou- se numa cadeira dos fundos e ficou assistindo a sessão. No final, o médium da noite incorporou o mentor dos trabalhos e chamou o metalúrgico pelo nome. Olha fulano. Na sua vida passada, você era um senhor de escravos, num engenho de cana do norte do Brasil e, porque um dos seus não lhe obedeceu conforme suas ordens, a fim de puni-lo exemplarmente para os demais, você mandou moer o braço dele no engenho de cana. Hoje, portanto, pela justiça humana você deveria perder o braço, para quitar sua dívida consciencial. Contudo, a misericórdia divina, avaliando os seus serviços prestados aos seus semelhantes, além do dever, abateu-lhe a parte correspondente da sua dívida, fazendo-o perder somente um dedo. Dê graças a Deus. Hoje era para você perder um braço e perdeu só um dedo. Fico pensando quantos reclamam e sofrem por pequenas perdas, ou pelo que deixaram de ganhar, criando escândalos e cobranças absurdos, por questões de pouca monta, sem cogitar dos ganhos obtidos com o trabalho honesto, que os livraram das grandes perdas... Ch ico e a vida moderna Nos últimos anos de vida, o Chico mal podia escrever mensagens, dado o cansaço extremo de um corpo extenuado no trabalho incessante de dezenas de décadas. Porém sua mente arguta, antenada com os espíritos, ainda fazia profecias, dizia que Emmanuel iria encarnar no Brasil, novamente, (fora o padre Manoel da Nóbrega, um dos fundadores do Brasil) e possivelmente se tornaria político, da nova geração, caso o Brasil aprendesse a andar na linha. (risos) Ele dizia que os recursos tecnológicos da atualidade, como a internet, nova linguagem, queda de preconceitos, ajudariam o homem a quebrar tantos outros paradigmas, libertando a humanidade do jugo do poder do mais forte. Mas, até que o bem prevalecesse, haveria uma exacerbação dos extremos, as criaturas se ensimesmariam e se isolariam cada vez mais, levando os indivíduos a um acumulo de problemas mentais. A medicina atenuaria, com seus remédios, a somatização das doenças espirituais, mas elas permaneceriam na alma, prevalecendo as doenças espirituais. Os doentes espirituais seriam mais propensos à violência, pois que, não somatizando as doenças, tenderiam a explodir em crises de agressão e desabafo. Os mais tímidos, ao contrário, tenderiam às crises de ansiedade e depressão. Assim as doenças físicas não mais drenariam, com tanta frequência, os dramas existenciais, levando os doentes da alma ao suicídio, ou ao crime, ou ao câncer. No entanto, havia um caminho a seguir para resolver os dramas espirituais: o serviço cristão da caridade, ou seja, fazer o bem sem olhar a quem, amar incondicionalmente, extravasar suas energias condensadas em tarefas produtivas e úteis, a serviço do amor do Cristo, o que faria inclusive a criatura deixar de depender tanto de remédios. Como se vê, a caridade não interessa aos grandes laboratórios farmacêuticos. Enquanto esta solução não acontecesse, pairaria sobre a humanidade o estigma da crueldade e da agonia, mesmo em corpos saudáveis. Ch ico e a era espacial Durante a guerra fria, de 1945, com o fim da segunda guerra mundial, até 1989, quando caiu a união soviética, com o fracasso do comunismo, o Chico sempre dizia que havia informações que jamais chegariam ao conhecimento do público. Ainda é um segredo muito bem guardado o motivo pelo qual a Rússia caiu, mas os espíritos já haviam informado ao Chico que os espiões soviéticos tinham detectado um movimento expansionista da China, já armada com bombas atômicas, preparando-se para invadir a Rússia. O território russo era muito extenso, com uma população relativamente menor em relação à China, que tinha uma população gigantesca e crescente, num território que estava se tornando pequeno para tanta gente. Ronald Reagan e Gorbachov se reuniram às ocultas em um navio em alto mar, a pedido deste, para discutir um acordo através do qual a Rússia abriria mão do comunismo, entregando seu mercado aos produtos americanos e, em troca, os Estados Unidos dariam total proteção à Rússia, em caso de invasão chinesa. O Chico previa, já naquela época, que a China poderia se tornar a maior economia do mundo. Não sabemos se isto realmente ocorreu, os países jamais confessarão, no entanto, a fofoca faz todo sentido. Hoje se percebe que os Estados Unidos não só ganhou o mercado soviético, como transferiu para a China suas fábricas, aproveitando a mão de obra barata para produzir mercadorias a preço muito baixo. Com isto os EUA evitou a inflação em seu país e provocou uma demanda muito grande pelos produtos americanos feitos na China. Algo que já começa a mudar... Vi da fora da Terra Naquela época ainda seguia a corrida espacial e perguntávamos ao Chico se haveria contato com seres de outros mundos. Ele dizia que enquanto o mundo corresse o risco de uma nova guerra, não haveria, ou pelo menos não seria anunciada a descoberta de vida fora da Terra. Nossos problemas estavam aqui e deveriam ser resolvidos por nós mesmos. Caso houvesse descobertas de vidas fora do planeta, elas seriam ocultadas pelos dois extremos do poder: USA e Rússia, pois que qualquer um dos dois poderia acionar uma nova guerra, caso um acusasse o outro de usarequipamentos como discos voadores, para atacar ou espionar. A corrida espacial, na realidade, não existia para descobrir planetas habitados por extraterrestres e fazer com eles contatos proveitosos, como supunham os espiritualistas, ao contrário, era apenas um pretexto para encontrar o que realmente interessava, ou seja, planetas colonizáveis onde houvesse água, recursos minerais e vegetais a serem explorados. Então, como poderia haver contatos com seres de fora, se eles sempre foram tidos pelas grandes potências como concorrentes às fontes de suprimento. Ora, o contato extraterrestre nunca foi o objetivo nem o interesse da corrida espacial. Dai o cinema americano pintar os extraterrestres como se fossem filhos do demônio. Ora, são os seres de fora que têm medo dos humanos, e tem cuidado conosco, pois, sabem nossas intenções... Contudo, Chico sempre dizia que havia vida fora da Terra, não havia dúvida, e mandava-nos ler os livros de Ramatis, Pietro Ubaldi, a Revista Espírita e Cartas de uma Morta, escrito por sua mãe, Maria João de Deus e que, um dia, quando deixássemos de sermos belicosos, começariamos o contato proveitoso com estes seres. Hoje os países estão abrindo gradativamente seus arquivos secretos sobre os discos voadores, em caráter oficial, ou seja, tudo documentado e comprovado, não havendo mais como ignorar os avistamentos e contatos com seres de fora, talvez porque os homens já perceberam que não podem controlar a vontade dos espíritos e dos extraterrestres. Ch ico e o Pinga fogo Em 1971 e 1972, a televisão brasileira atingiu a sua maior audiência, até então, com os dois programas Pinga Fogo, com Chico Xavier, impressionando o país com a sua sabedoria, prudência e humildade, além da mediunidade. Pode-se dizer que a vida do Chico tem um divisor: o Pinga Fogo. Durante muitas décadas o Chico viveu quase no anonimato, sendo reverenciado apenas no movimento espírita, até que sua obra tivesse o reconhecimento do povo brasileiro, a partir do Pinga Fogo de julho de 1972. Antes desta data, a causa dos espíritos era fazer obras colossais, por intermédio do Chico, testando-o implacavelmente na sua fidelidade ao trabalho, com desafios enormes e sofrimentos inenarráveis, até conquistar a credibilidade merecida, pela comprovação prática daquilo que os espíritos ensinavam, com lógica e fidelidade. Até então, o Chico havia recebido, mediunicamente, verdadeiras obras primas, entre as quais o próprio Chico destacava como as duas mais importantes, os livros – Paulo e Estevão e A Caminho da Luz, ambos de Emmanuel. O primeiro relatava a saga de Paulo e o movimento dos primeiros cristãos. O segundo, a vida pregressa da humanidade e a causa dos sofrimentos espirituais do homem. Além disto, o Chico dizia que as obras de André Luiz (Carlos Chagas), seriam mais bem compreendidas no futuro, como obras de estudo permanentes. Após o Pinga Fogo, o público se torna a causa do trabalho dos espíritos por intermédio do Chico. Chico deixa de ser perseguido e passa a ser referência nacional. Tudo o que ele dizia era ouvido com respeito e admiração. A partir do Pinga Fogo, suas obras começaram a ser estudadas com mais respeito pelo público não espírita. O Chico havia adquirido respeito e credibilidade, sendo consultado por todas as lideranças religiosas, políticas e artísticas do Brasil, além de chamar a atenção dos pesquisadores estrangeiros. A partir daí, o Chico seria chamado para ser cidadão honorário de várias cidades brasileiras e acolhido com homem de bem por todas as religiões do Brasil, até receber, postumamente, o título merecido de maior cidadão brasileiro. A missão do Chico adquiriu dimensão global e ele sonhava com o reconhecimento do mundo para com a obra dos espíritos, não contando com o empecilho criado pelos próprios espíritas. Os americanos queriam comprar os direitos autorais dos romances de Emmanuel, a fim de reproduzi-los para o cinema, como filmes épicos. As editoras espíritas donas dos direitos autorais das obras, no entanto, se recusaram a vender os direitos, sob a alegação que os americanos iriam deturpar a obra de Emmanuel. O Chico chorava e se lamentava com o ocorrido e, triste, achava que Emmanuel queria que suas obras fossem para as telas. Só quem viu, como nós, o Chico chorar pela ingratidão dos confrades, pode avaliar o significado desta procrastinação espírita. Como puderam os espíritas negar algo que o Chico aprovava? Não dá para entender. Queriam suas obras, que davam lucros, mas não se importavam com a opinião pessoal dele. Que ficasse ele com seu sofrimento, caso sentisse ingratidão. Várias vezes ele dizia que sua vida estava por um fio, devido a uma série de doenças vindas de nascença ou adquiridas pelos dramas existenciais que enfrentou. Quando isto acontecia, os espíritas se desesperavam por querer saber quem os iria guiar, se o Chico desencarnasse. O Chico então, logo se recuperava, dizendo que os espíritos não o deixavam desencarnar, porque, se ele desencarnasse, os espíritas acabariam com o espiritismo, como doutrina do amor. Dito e feito. Ch ico e a caridade Certa vez o Chico falou que se Kardec tivesse dito que fora do espiritismo não há salvação, ele teria ido por outro caminho, mas Kardec disse que fora da caridade não há salvação. Por que será que alguns espiritas vivem invertendo esta lógica, ainda mais em público, denegrindo a imagem do espiritismo verdadeiro. A questão não era ser espírita, mas ser caridoso. Se o espiritismo caminhasse com a caridade tudo bem, caso contrário... Então, para que o espiritismo não se perca, vivamos a caridade que Kardec nos ensinou. Alguém perguntou se a caridade era a única maneira de quitar as dívidas do passado. O Chico dizia que a caridade não foi ensinada ao mundo por seres mais evoluídos apenas para sanar velhas dívidas espirituais, mas, sim, porque era um estilo de vida universal. A caridade é a manifestação materializada do amor e, como tal, deveria guiar todos os atos humanos. O Chico dizia que o mal só acontece por ausência da caridade e, que Emmanuel dizia que o mal nunca chega aonde o bem chegou antes. A pergunta 642 O Chico nos lembrou da pergunta 642, do Livro dos Espíritos, onde Kardec perguntou; - o homem é responsável somente pelo mal que faz? Os espíritos, porém não responderam a esta pergunta na hora. À noite, quando Kardec foi dormir, os espíritos o levaram a um vale de muito sofrimento. Havia uma agonia moral muito grande nos espíritos que ali estavam. Kardec perguntou aos mentores quem eram aqueles seres que passavam por aquele sofrimento terrível, inenarrável. Eram eles os grandes déspotas militares que haviam promovido guerras? Os mentores diziam que não, que estes militares acabavam reencarnado como industriais, aprendendo a transformar o aço em utensílios. Seriam eles os grandes políticos que escravizaram seus povos a leis impiedosas e exploratórias? Os espíritos disseram que não, que estes seres acabavam reencarnando como professores, ganhando pouco para ensinar o certo. Kardec ainda perguntou se eram elas as damas ricas que viviam nas cortes fazendo fofocas e vivendo de futilidades. Os espíritos disseram que não, que estas senhoras acabavam reencarnando em lugares pobres, levando uma vida de dificuldades entre tanques e panelas. Kardec cansou de questionar, até que perguntou afinal quem eram aqueles seres que tanto sofriam num lugar tão horrível. Ao que os mentores responderam que aqueles seres eram os sacerdotes de todos os tempos e de todas as religiões, que conheciam o evangelho, mas não o praticavam. No dia seguinte, Kardec refez a mesma pergunta aos espíritos – o Homem é responsável somente pelo mal que faz? Ao que os espíritos responderam que não, que o homem era também responsável por todo o mal que acontece, em decorrência da sua omissão no bem. A suspensão da pena O Chico explicou que dentre as leis que regem os destinosespirituais, existe uma lei que determina o seguinte: - se uma criatura severamente endividada com a justiça divina estiver fazendo o bem incondicional aos seus semelhantes, a reparação daquela dívida ficará suspensa, enquanto a criatura produz atos bons de caridade. - Tal é a lei. Por isto, dizia o Chico, que Jesus falou que: ao homem bom nenhum mal acontece... Só não pode parar, por que aí as dívidas podem ser cobradas, embora com os abatimentos obtidos com trabalho já feito... Ch ico e a ciência A obra de Chico acompanhou, ou, até mesmo, esteve adiante de seu tempo no campo científico, sendo muitas assertivas de André Luiz comprovadas pela ciência, depois de sua revelação pela mediunidade do Chico. Certa vez perguntamos ao Chico como a doutrina se posicionaria diante das descobertas cientificas não previstas pelos espíritos. Havia, na época, a questão da descoberta da dupla hélice do DNA, como sendo a matriz de toda a vida fisiológica. Curiosamente, todos os seres vivos, incluindo-se ai os animais, tinham alto percentual de genes semelhantes, enquanto que as diferenças fisiológicas se deviam a pequenas alterações genéticas. Tal descoberta fez os cientistas acreditarem que haveria uma origem comum a todos os seres vivos, presente em todos os DNAs de todas as criaturas. Tal revelação permitiria supor que um só criador haveria criados todas as espécies fisiológicas, não de forma completa, mas na sua base genética, pela transferência dos Seus genes a todas as suas criaturas. Ao inverso os espíritos diziam que o espírito havia vindo de fora da Terra, numa semeadura de vida feita por outro criador. ( A caminho da luz, de emmanuel) não sendo portanto, produto da matéria. Tal assertiva prenuncia a existência de dois deuses: um, o criador dos genes fisiológicos e outro, o criador espiritual, ambos, elementos primários da evolução, tanto das espécies como da alma, mas fazendo crer que o espírito pode submeter o DNA, ou seja, o espírito pode submeter a criação material, fazendo-a evoluir. Desta premissa surgiram as teorias de que, até certo ponto, a evolução se deu do modo como Darwin ponderou, mas há um componente evolutivo que é dirigido por mentes de fora da matéria. A física quântica tem provado cientificamente que é o espírito que molda a matéria e não o contrario. Como interpretar a questão teológica, por exemplo, da premissa científica de existência de diversos universos paralelos, não sendo o universo em que vivemos o único existente. Seriam vários deuses criadores, um para cada universo, ou seria um só deus, para todos os universos. Chico dizia que no futuro nós entenderíamos melhor as revelações de André Luiz, quanto à questão dos co- criadores em grau maior, constantes de suas obras, mormente Evolução em Dois Mundos, forem melhor estudadas e compreendidas. Todavia, deveríamos pensar na possibilidade da criação de todas as coisas serem diferentes da criação de todos os espíritos, havendo na personalidade terrestre duas naturezas ou criações distintas, a espiritual de origem divina, monoteísta, mas diferente da natureza material, inferior, politeísta. Para estas questões Chico sempre dizia que devíamos estudar mais e buscarmos nos aprofundar nestes temas a fim de encontrarmos respostas espirituais, estivessem elas ou não no conteúdo doutrinário, já que Kardec havia deixado muitas questões sem respostas, para serem atendidas quando a humanidade estivesse mais preparada. Assim também, muitas questões modernas não estavam ainda contempladas nos estudos de André Luiz, mas, não deveriam ser desprezadas pelos espíritas. Nestas ocasiões era comum indagarmos o Chico se as perguntas formuladas por Kardec aos espíritos, no século dezenove, seriam as mesmas nos dias atuais e, se as respostas dadas pelos espíritos às perguntas de Kardec seriam as mesmas diante do conhecimento científico atual. O Chico se limitava a sorrir e dizia que as primeiras edições do Livro dos Espíritos tinham umas seiscentas perguntas, se tanto, mas que, com o tempo, foram sendo acrescentadas novas perguntas e novas respostas, à medida que as pesquisas de Kardec evoluíam. Deste modo, se o mesmo processo tivesse continuado, talvez, na atualidade, tivéssemos um Livro dos Espíritos muito mais ampliado, com mais perguntas e mais respostas... O que parecia ser uma blague do Chico, na realidade, pode ter um significado muito mais sério e profundo quando analisados sob uma ótica atual. Como justificar diante destas afirmações, a dogmatização que alguns espíritas querem fazer do espiritismo, com a chamada pureza doutrinária, se o próprio livro dos Espíritos teve diversas edições, algumas bem mais simples e outras mais revisadas e ampliadas. Não seria tal pureza uma forma de limitar o avanço das revelações? O bandido socorrista Certa feita, contou o Chico que dois espíritas saiam à noite do centro e um espíritos se materializou frente a eles, pedindo para irem até a favela ao lado, socorrer uma mulher que estava para dar a luz correndo o risco de morrer. Os dois se entreolharam, mas não foram capazes de se expor para socorrer a mulher. O que iriam pensar e dizer ao ver dois espíritas entrarem num ambiente daqueles, sem proteção alguma? O espírito materializado, decepcionado com os dois, adentrou a favela para atender às preces comoventes da jovem e encontrou um conhecido traficante, pedindo-lhe, então, para socorrer a pobre mulher. O traficante se dispôs a auxiliar, foi até o barraco da jovem, chamou outras mulheres para ajudar no parto e ainda pagou todo o custo dela no hospital. Dizia o Chico, mais vale um malfeitor que ajuda, do que um santo que não faz nada. Mais vale um herege que produz algo novo ainda que com erros, do que um expositor elitista, que vive de homenagens. Só que isto não é passaporte para o céu, e que o plano divino pesa todos os atos da pessoa, para saber o real benefício ou prejuízo de cada ato. O Chico sempre dizia para não se fazer espiritismo profissional, pois a obra era de amor. Chico e a história do espiritismo O Chico, numa daquelas noites incríveis, de inspiradas informações, falou a respeito do momento da vinda do Consolador prometido por Jesus, afirmou que tal acontecimento viria coroar o esforço de amadurecimento da humanidade, após séculos de lutas e aprendizado do sentimento, a fim de permitir que a humanidade retome seus propósitos de crescimento espiritual, a serviço do amor do Cristo. O trabalho da espiritualidade nos séculos passados buscou a constituição de um mundo socialmente integrado, globalizado, em que os países respeitariam suas diferenças e seus propósitos existenciais, de acordo com as tendências de suas populações, cada povo contribuindo para o progresso geral de acordo com suas aptidões. Tal maturidade coletiva, segundo o Chico, era fruto da semeadura de Jesus, há dois mil anos, quando Ele plantou as sementes do amor incondicional nos corações dos homens, gerando o anseio da fraternidade entre os povos. O evangelho em Roma De acordo com o que ouvimos de Chico, a doutrina espírita chegou ao mundo no século dezenove, num momento histórico muito semelhante àquele havido quando Jesus veio ao mundo, ou seja, na época de Jesus havia praticamente um só império, o Romano, abarcando todo o planeta e, praticamente não havia fronteiras, por mais que se viajasse, ainda se estaria dentro do império romano. Naquela época, todos os povos civilizados conviviam com uma política universal, aplicando a ciência e a tecnologia, sobretudo, na construção arquitetônica e aproveitando a cultura e filosofia grega, disseminada por todo o império, como um estilo de vida a ser seguido. Entretanto, a religião Judaica destoava deste sistema, por ser sectária e baseada na crença de um deus único, no meio de uma cultura politeísta. Porém, esta religião continha a promessa da vinda de um salvador o qual deveria conduzir o povo judeu à dominaçãodos demais e, por isto, ao invés de existir a conciliação e somatória de esforços, havia um conflito de autoridade entre a religião e ciência, política e filosofia. Dai os judeus serem revoltados contra as leis do império. Contudo, na visão do Mestre, o mundo necessitava de apoio espiritual e não de mais uma raça a dominar os demais povos, pois já havia hegemonia política e social vigentes. Por isto, Jesus não veio assumir a liderança política ou militar de um povo, mas sim tentar fazer a conciliação entre as forças condutoras do progresso humano, já existentes, na construção de um mundo mais espiritualizado, unindo religião e ciência. Infelizmente, a intolerância religiosa acabou sendo mais forte, não permitindo que a doutrina do amor tivesse o merecido sucesso, entre os doutores do conhecimento religioso, fazendo a verdade relativa ser deixada para outro tempo, de maior compreensão destes valores fundamentais da vida. Assim, também, a doutrina espírita veio no momento em que as forças do progresso estavam no mesmo patamar em que se encontravam quando o Império Romano dominava o mundo. A doutrina na França No século dezenove, a França, dominou todos os países da Europa e, por consequência, todo o mundo conhecido, pois que na época de Napoleão, praticamente todas as nações do mundo eram de certa forma colônias de um algum pais europeu. Seguindo este raciocínio, uma vez unificada a Europa, o mundo estaria também unificado. Se isto tivesse acontecido, a França poderia ter criado uma política semelhante à do império romano, tolerante para com todas as crenças, dando condições de expansão à doutrina espírita, num momento em que a Igreja havia se enfraquecido, sob a revolução francesa. Porém, com a ascensão de Napoleão à condição de imperador, a igreja se revigorou, em nova forma, obstruindo, em parte, a revelação espiritual. Segundo o Chico, com a autocoroação de Napoleão como imperador dos franceses, sob a égide do catolicismo, o movimento espírita já se iniciava enfraquecido e limitado, por fora do controle dos espíritos, pois que perdera a proteção daquele que deveria cumprir seu compromisso espiritual de proteger Kardec, no cumprimento de sua missão, conforme relata a mensagem de Irmão X, Kardec e Napoleão, que consta do livro Cartas e Crônicas, psicografado por Chico. Segundo o Chico, a democracia e a república formariam o ambiente adequado para a manifestação do livre pensamento e a França estava preparada para receber a doutrina através da comunicação dos espíritos, num meio aberto a investigação. Contudo, com a instituição do império, em 1804, sob a égide da Igreja, o imperador poderia usar, como de fato usou, o poder para usurpar territórios e conhecimentos e proibir a divulgação do que não fosse do interesse do estado. Deste modo, o império estabeleceu que todos os livros publicados na França tivessem a chancela da Academia Francesa de Letras, naquela época dominada pelos padres católicos em conluio com o poder imperial. Desprovido da proteção de um sistema político tolerante, Kardec fez o que pode, sob a inspiração do alto, para trazer a doutrina ao campo do conhecimento humano, fazendo passar o que fosse possível, pelo crivo dos padres. Por esta razão, Kardec não pôde dizer tudo o que podia, ficando o conteúdo doutrinário restrito àquilo que obteve a chancela da Academia, limitado pelo que estes podiam aceitar sem ferir a ótica religiosa católica do poder dominante. É por esta razão que, no século dezenove, a doutrina contida na codificação não pôde falar abertamente da vida no plano espiritual, levando a crer que os espíritos desencarnados ficavam apenas naquilo que Kardec chamou de erraticidade, até merecerem uma nova reencarnação, sem comentar o que acontecia nos diversos planos espirituais, para não ferir o conceito de limbo aceito pelos católicos Naquela época, a reencarnação era um conceito relativamente aceito pelos intelectuais franceses, devido ao contato constante com as colônias da Ásia, onde esta crença era fato comum. Assim, Kardec pôde abordar a doutrina sob esta ótica, apesar de colocar a reencarnação como um dogma ainda sem comprovação. Ou seja, Kardec colocou a reencarnação como uma tese, até então sem sustentação, para enganar o sacerdócio incrédulo, apesar de haver setores da igreja mais iniciados, que aceitavam o conceito, até porque ele fora adotado pelo cristianismo original, só tendo sido anematizado no segundo concílio de Constantinopla, em 553. Mesmo assim, quando os padres espanhóis de Barcelona perceberam o que haviam encontrado, trataram de levantar o anátema contra a crença da reencarnação, queimando em praça pública os livros da codificação que Kardec enviara para um editor espanhol. Aliás, fato este que instigou o estudo da doutrina nos bastidores intelectuais da Europa. Assim também os professores perdiam a liberdade de expressão, pregada por Pestalozzi, tendo de se submeter a uma espécie de juramento para cumprir o que determinavam os compêndios escolares ditados pelo governo, juramento ao qual Kardec não se submeteu, sendo por isto perseguido, levando uma vida bastante difícil, não podendo praticar sua profissão predileta. Além disto, o fato do imperador abusar do poder nos seus desmandos de loucura egocêntrica, invadindo territórios que deveriam ser respeitados, fez com que toda a Europa começasse a odiar tudo o que vinha da França, incluindo-se ai a própria doutrina dos espíritos, que não pôde mais se expandir, por ter sido oriunda daquele país. Assim, a França, que deveria ser a fonte de luz espiritual para o mundo, acabou por frustrar a expectativa da espiritualidade de unificar o mundo sob a égide de uma doutrina espiritualista aberta, que permitiria um gradativo avanço no conhecimento da vida espiritual, fora da matéria planetária, fato este que promoveria o início do período de contatos com seres de fora, permitindo a saída da Terra do seu isolamento, em relação aos outros mundos habitados. O Espiritismo no Brasil Contudo, apesar da perda do espiritismo na França, a vinda da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, fugindo de Napoleão, trouxe no seu meio alguns intelectuais portugueses afinados com a literatura européia, inclusive com a doutrina espírita, da qual eram admiradores. Nota-se que aqui que Napoleão fracassou em sua missão com Kardec, na França, mas de certo modo ajudou muito o Brasil, que atá a vinda da corte portuguesa ainda não tinha uma forma de governo próprio, sendo mera colônia portuguesa. Não obstante, os cultos mediúnicos de negros e indígenas exigiam explicações e, antes da corte portuguesa chegar já haviam trabalhos de cunho mediúnico, principalmente no interior do Brasil e alguns estados como a Bahia, ondes os rituais africanos faziam muitos adeptos. Com a vinda da corte, veiram entre seus membros elementos que conheciam a doutrina espírita, desde a Europa. Contido, até o final do século dezenove, a doutrina espírita, no ambiente da corte brasileira, era tida como um movimento filosófico e científico, com alguma conotação religiosa, mas, jamais, em tempo algum, fora um culto religioso nem um movimento espírita significativo. As sessões espíritas eram feitas por uma elite intelectual, sendo apenas meio de intercâmbio, mas não de culto devocional. Ou seja, no início, a doutrina espírita era, no ambiente doutrinário, um processo de aprendizado e busca de informações ou revelações espirituais, ateé mesmo como objetivos interesseiros, mas, nunca fora um sistema de submissão à vontade dos espíritos e nem de busca de argumentos para imposição doutrinária aos adeptos novos, ou seja, criando dependência existencial. Os centros espíritas que se formaram em torno da doutrina, procuraram, dentro das premissas dela, os motivos para criar trabalhos práticos que ocupassem os estudiosos de uma forma útil, buscando somente a comprovação das suas verdades, através do estudoe da pesquisa. Decidiu-se assim, criar uma direção simplificada ao se focar o aspecto revelador, ou consolador, da doutrina como sendo sua atividade fim. Instituíram os trabalhos de desobsessão e de curas através dos passes, inspirados nos exemplos de Jesus, mas, no início, eles não eram o objetivo final da doutrina. A ideia original era de que os trabalhos mediúnicos de assistência seriam como uma isca ou imã a atrair as pessoas para o estudo de uma nova realidade libertadora do ser humano dos grilhões da matéria, ou seja, do materialismo. Nestes trabalhos, os espíritos comunicantes, com raras exceções, eram seres ainda apegados à matéria muito próximos, vibratoriamente, dos encarnados e, portanto, o aspecto de revelação da doutrina acabou sendo deturpado, ficando a doutrina a serviço de pessoas com problemas em busca de solução fácil para eles. Mesmo assim, no início as sessões espíritas eram úteis para doutrinar espíritos mistificadores e promover desobsessões, na base da prática amorosa, mas nunca impunham submissão de entidades a um sistema de proselitismo intolerante. Isto, porém, foi se consumando com o tempo, à medida que o movimento espírita atraia para seu meio pessoas espiritualmente ligadas às religiões do passado, mormente a católica, acostumados a política de rebanho sectarista. Dizia o Chico, que os espíritas deveriam abrir suas mentes para o mundo espiritual superior, mas, ao invés disto, acabaram subordinando a doutrina aos princípios religiosos, um evidente equivoco. Na verdade, toda vez que aparece um médium trazendo mensagens de espíritos superiores, logo começam a chamá-lo de mistificador e ilusionista, pois os espíritas acham que estes não têm méritos para receber mensagens de espíritos superiores. Ou seja, acabou prevalecendo a máxima do catolicismo, os religiosos não entram no céu e, pior, não deixam os outros entrarem, pois são eles, os religiosos, os juízes desta passagem. Jesus não era mais o caminho, a verdade e a vida, ou seja, o meio para ingressar no reino dos céus, agora eram os religiosos. Na realidade, a doutrina é uma abertura do mundo material para o mundo espiritual, iniciando um campo de experiências construtivas para a criação de uma cidadania universal através de um processo continuado de revelações, que permitiriam ao homem aumentar gradativamente seu grau de consciência a respeito da vida espiritual e cósmica, a fim de compreender seu papel neste mundo e a importância do evangelho na transformação íntima de cada criatura. Portanto, Kardec reuniu na codificação um conjunto de conhecimentos relativos, parciais e limitados, ou seja, o que era possível ver levantando a ponta do véu (cortina), a respeito de uma realidade maior, que ainda seria revelada. Contudo, o que estava sendo revelado deveria servir de base, sobre a qual seriam agregados novos conhecimentos, em camadas superpostas, à medida que as revelações já chegadas fossem compreendidas, aceitas e praticadas pela humanidade e a expressão espiritual fosse ganhando liberdade. Kardec também afirmou que a doutrina deveria se atualizar em relação aos avanços científicos, caminhando em uníssono com eles, sob pena de se tornar obsoleta. A evolução espiritual estava vinculada a um processo de revelações gradativas que viriam com o tempo, associadas a um processo de aceitação dos avanços científicos, que deveriam ser compreendidos pela doutrina espírita, a qual deveria se atualizar constantemente, por estes dois paradigmas. Assim cada novo conhecimento assimilado dava oportunidade aos espíritos aumentarem o grau de revelação, com informações e conhecimento da vida maior, ofertado à humanidade, como aconteceu mais tarde, através do movimento espiritual brasileiro, apesar da incompreensão de muitos adeptos do espiritismo nascente. Segundo o Chico, apesar da doutrina espírita ser transferida para o Brasil no processo da criação do império, aliado a Portugal, a unificação do movimento espírita só se deu a partir da adesão de Bezerra de Meneses, homem de prestigio político, junto ao império. Neste processo, os espíritos que promoveram a revolução francesa, assim como os dos governantes e intelectuais franceses que estiveram com Kardec, passaram a reencarnar no Brasil, a convite da espiritualidade, a fim de consertar os seus equívocos cometidos com relação à doutrina espírita, na França, com a qual haviam se comprometido anteriormente, no plano espiritual. É por isto que, apesar de Kardec haver anunciado sua volta em um tempo futuro, para dar continuidade a sua obra, ele foi precedido por todos aqueles que, de algum modo, privaram com ele na França e, possivelmente, fracassaram na sua missão, Napoleão inclusive. Chico dizia que cerca de 30% da população francesa da época de Kardec, reencarnaria no Brasil, comprometidos com a revelação espiritual. No va oportunidade Foi neste contexto que os espíritos de Emmanuel e André Luiz, iniciaram seu trabalho de catequese espiritual, trazendo revelações do mundo maior, fosse através dos romances, séries elucidativas ou mensagens esclarecedoras. Segundo o Chico, o intercambio devia visar que o espírito desencarnado obtivesse acesso ao plano espiritual superior, através do esclarecimento, saindo da erraticidade, para a vida plena em cidades e civilizações espirituais, conforme estava ele recebendo as informações dos espíritos, principalmente as obras de André Luiz, por seu intermédio. Mas Chico continuava, dizendo que o momento em que a doutrina se transportou para o Brasil, era propício para uma nova reestruturação política da humanidade em torno de um só governo, com uma cultura democrática e uma doutrina útil para todos. Em sua época, em pleno século vinte, os Estados Unidos representavam um governo hegemônico, tal qual Roma, na antiguidade, ou mesmo a França, no século dezenove. No século vinte, os Estados Unidos representavam a ciência e a tecnologia útil ao progresso das nações; a Europa representava a filosofia, a cultura e os valores sobre os quais se assentavam a democracia. No Brasil, a Religião estava representada, não a religião espírita, mas sim o conjunto das maiores religiões existentes no ocidente, recebendo a influência da ciência da evolução espiritual, podendo ser unificadas pelas premissas do espiritismo e, portanto, todas elas serem elevadas em seu degrau de conhecimento e consciência universal. Dizia o Chico que a doutrina espírita era como o fermento da metáfora de Jesus, que deveria levedar toda a massa religiosa, ou seja, devia ser o ingrediente que faltava para que todas as religiões se reconciliassem e que, neste sentido, o espiritismo deveria corrigir o fracasso que a religião judaica provocou na época de Jesus. Ele dizia e muitos espíritas repetem esta reflexão sem cogitar do seu alcance, de que seria melhor ser um bom católico, ou protestante, ou o que for, mas não um mau espírita, dada a responsabilidade que o conhecimento espiritual acarreta. Por esta ótica, ser espírita implica em abrir mão do ego, do proselitismo, da posse, do espaço, para servir indistintamente a quaisquer pessoas, sem acepção de crença ou classe social, ou problema que a pessoa apresente. Chico apontava para a curiosidade de que a palavra Brasil continha quase todas as letras da palavra Israel, bastando trocar o S de Israel pelo B de Brasil, em ordem diferente. Chico lembrava aos espíritas brasileiros para não repetir os erros do culto religioso judaico, sectário, exclusivo de um povo, subestimando as outras religiões, devido ao orgulho de achar que sabiam mais... Desta premissa era de se supor que a religiosidade brasileira devesse ser levada e divulgada para todo o planeta, como um fermento a levedar a massa religiosa do mundo. Apesar disto, tal pressuposto está acontecendo, mesmo a revelia dos seus dirigentes, tendo em vista que várias religiões adotam práticas iniciadas pelo espiritismo, com outramestre e amigo Francisco Candido Xavier, a quem devemos o estímulo às nossas gratificantes realizações espirituais, as quais, embora insignificantes e imperfeitas, diante da espiritualidade, constituem para nós um tesouro inestimável, que levaremos para sempre em nosso espírito. Alfredo Nahas In trodução Antes de entrar em alguns dos temas que guardo na memória, os quais, suponho, ainda não tenham sido tão comentados por outros autores, quero relembrar de passagem, os primeiros contatos que tive com Chico, apenas para que os leitores conheçam a gênese destas páginas e por que desejamos contribuir com algo que mereça observação por todos aqueles que se interessam por este mestre do amor, que foi e é Chico Xavier. Eu conheci Chico Xavier numa viagem a Uberaba, em 1966, junto com alguns amigos, com os quais eu trabalhava na Cesp, naquela época; Angarita, Prof. Catelli e Geraldo Batista, filho do Sr. Jofre Batista, este, um dos dirigentes de trabalhos na Federação Espírita do Estado de São Paulo, na época. Nossa intenção era a de matar a curiosidade que havia em torno daquele escritor mineiro, tido no meio espírita, como fonte de revelações cristalinas do mundo maior para os homens, atraindo a atenção de ricos e pobres, feios e bonitos, gente de boa e de má fama, sem fazer acepção de pessoas, de dentro e de fora do movimento espírita. Nosso primeiro encontro se deu na antiga Comunhão Espírita Cristã, onde Chico psicografava mensagens para um pequeno grupo de pessoas que buscavam receitas para seus problemas pessoais. Era um local paupérrimo, constituído apenas de quatro pilares de tijolos que sustentavam um telhado sem paredes, onde se agrupavam talvez umas cinquenta pessoas. Enquanto Chico psicografava mensagens, a maioria delas, de receitas de remédios homeopáticos, dadas por Bezerra de Menezes às pessoas que ali esperavam, em silêncio, até o término da psicografia, aguardando que seus nomes fossem chamados. Naquele tempo ainda não havia o hábito, instituído mais tarde nos trabalhos espirituais, dos palestrantes falarem enquanto o médium psicografava. Havia apenas um profundo e respeitoso silêncio, no aguardo da palavra do Chico. Ao final da sessão, Chico chamava as pessoas pelo nome e lhes entregava as mensagens, e por último ele lia uma mensagem do próprio Bezerra, falando sobre o trabalho do amor na vida das pessoas. Eram tempos de simplicidade profícua e proveitosa quando fluía toda a obra dos espíritos por meio da mediunidade ímpar de Chico. Como nossa motivação era a curiosidade a respeito dos trabalhos que o Chico realizava, ao final, não entramos na fila das pessoas que queriam falar com ele e, também, receber sua benção, como se dizia na linguagem do público que ali estava, pois que o trabalho parecia ser destinado unicamente às consultas e não queríamos nenhuma mensagem pessoal. Ao final da reunião, estávamos nos retirando, quando uma senhora saiu da mesa onde o Chico estava e veio procurar-nos dizendo que Ele queria nos falar. Assim fomos até onde ele estava e todos o abraçamos, e quando me agachei para ouvir o que ele dizia, tive medo que ele fizesse alguma revelação menos apreciativa a meu respeito, pois que levava uma vida ligada aos prazeres do mundo material. O Chico me disse que amigos espirituais estavam ali lhe pedindo para me dizer que eu devia me dedicar ao estudo e a prática da doutrina dos espíritos, porque eu tinha uma tarefa a cumprir na sua seara, mas que, para isto, eu precisaria estudar muito e trabalhar sem desânimo, pois a tarefa não seria fácil. Poderia fracassar, mas não desanimar, devia sim, sempre levantar e tentar de novo. É o que tenho tentado fazer. Como naquele tempo eu era um jovem, de meus 22 anos, eu achava que o Chico havia se enganado, pois eu queria aproveitar a vida e, na minha vaidade, não me imaginava trabalhando num meio ainda considerado à margem da sociedade da época. Mas o fato é que quando voltei a São Paulo, passei a frequentar a Federação Espírita do Estado de São Paulo, iniciando-me nos cursos e evangelho daquela casa, sem saber ainda o que me esperava. Certo dia em que assistia um trabalho de palestras que antecedem os passes, uma senhora ao meu lado começou a passar mal, e o dirigente, Sr. Jofre, pai do Geraldo, pediu-me para eu ir a tribuna falar sobre Jesus, enquanto ele ia dar assistência àquela senhora que passava mal. Eu subi à tribuna e comecei a falar, sem saber o quê, pois, sentia o peso da responsabilidade, mas notei que as pessoas prestavam atenção, como se torcessem para eu dizer algo que elas queriam ouvir. Aquilo soou como uma resposta para minha alma em relação ao que o Chico me havia dito e assim tem sido e cada vez que penso em largar o esforço de estudo e trabalho na seara do Mestre, é a sua advertência que me levanta e faz andar, mesmo sem vontade ou sem forças. A partir da semana seguinte, o Sr Jofre pediu-me para fazer-lhe companhia na tribuna como auxiliar, falando sobre o evangelho, algo que durou de 1967 até 2008, tendo, neste período feito parte do conselho da casa e das áreas de ensino e federativo, fazendo palestras em vários centros de São Paulo e do interior. Mesmo tendo tido muito trabalho na seara do Mestre, e apesar dos aguilhões que me ferem, devido ao meu despertar espiritual para outras realidades do espírito, para além do movimento espírita, ainda agora é o Chico em espírito que me motiva a continuar sem desanimo, sem jamais desistir, nem desprezar aqueles que não me acompanham neste voo solitário em busca do mundo maior. Desde aquela época, íamos a Uberaba, sempre que possível, nunca para pedir algo pessoal ou para resolver problemas triviais, íamos sempre com o intuito de aprender com o Mestre, lições que pudessem ser úteis aos nossos alunos da Federação e, também, que pudesse servir a nossa profissão no serviço público em que trabalhávamos. Nestas ocasiões o Chico preferia viajar até Peirópolis, cidadezinha perto de Uberaba, para ajudar nos trabalhos do inesquecível Langerton, que cuidava de pacientes em estado avançado de doenças mentais, e nestes encontros o Chico nos falava da vida fora da Terra, de seres de outros mundos que nos visitavam, e da estrada dimensional que ligava Peiropolis ao Nosso Lar, cidade espiritual sobre o Rio de Janeiro, e das naves que faziam o transporte de desencarnados por aquela via. Íamos, também, a Sacramento conhecer os trabalhos da abençoada e perseverante trabalhadora do bem, Heigorina, da família de Euripedes Barsanulfo, e em Araxá, a fim de conhecer o trabalho pioneiro de tantos espíritas exemplares, que abraçavam a todos sem distinção, geralmente anônimos, mas cheios de amor e boa vontade dando-nos testemunhos incríveis de trabalho, paciência, amor e renúncia. Eram tempos de fenômenos que comprovavam a mediunidade do Chico; perfumes no ar, água fluidificada e perfumada, materializações de conchas, flores e fenômenos de escrita em outras línguas, presença de espíritos semi-materializados, nos trabalhos, etc. Sempre levávamos garrafas cheias de água para serem fluidificadas, e elas voltavam cheias de perfumes, de flores diversas, que duravam semanas, durante as quais tomávamos um cálice daquela água revigorante por dia. Mas, ainda não havia as caravanas de pessoas de todos os pontos do Brasil, em busca de notícias de seus filhos desencarnados e tantas outras consolações... Naturalmente começava assim, despretensiosamente, minha atividade espírita, apenas seguindo o exemplo de velhos mestres do amor. Com o tempo fui assumindo cada vez mais responsabilidades no trabalho espiritual, passando a atuar na área de ensino, ministrando aulas da doutrina e do evangelho, nas escolas da Federação e centros filiados. De tempos em tempos visitávamos o Chico nas reuniões públicas que ele fazia, donde tirávamos importantes conceitos a respeito do evangelho, para a prática na vida. Mais tarde, no início dos anosao chegarem ao plano espiritual e descobrirem que ele não era Kardec... É possível que, por esta razão, Chico fosse reticente quando afirmavam ser ele a reencarnação de Kardec. Ele sabia que estava diante de uma armadilha, pois se Chico dissesse que não era Kardec, talvez os espíritas não dessem importância aos ensinamentos dos espíritos por seu intermédio, como de fato não deram no inicio do seu trabalho mediúnico, até que alguém começasse a dizer que ele era Kardec. Por outro lado, se ele afirmasse que era o próprio Kardec, talvez estivesse faltando com a verdade, perante sua própria consciência. Assim, era melhor deixar que as pessoas pensassem o que quisessem, pois que um dia a verdade seria dita, mas ai o trabalho dos espíritos através dele estaria feito. E era isto o que importava de fato. É muito interessante notar como o Chico se posicionava como alguém que viera em nome de Jesus, para dizer com amor o que os espíritas deviam fazer. Todavia, nunca realizou o trabalho espiritual do modo que Kardec fez. Kardec sempre se mostrou cético e analítico em relação ao trabalho dos espíritos, até que obtivesse comprovação suficiente para poder codificar a revelação espírita para o mundo. Era assertivo, doesse a quem doesse, não veio para agradar, veio para fazer uma revolução intelectual, mudar o modo humano de pensar. Usou o método Cartesiano e científico para abordar o trabalho dos espíritos, não atuava como médium, mas como pesquisador e cientista, reunindo informes que analisava e ordenava segundo um critério inteligente e austero. Kardec era um filósofo grego, imponente na sua autoridade intelectual, sua estatura moral dava credibilidade ao que dizia. Veio mostrar ao mundo um modelo existencial de comportamento, um estilo de vida material condizente com o conhecimento cientifico, não sendo um praticante religioso, avesso que era aos rituais religiosos. Kardec ensinava a pensar. Chico, ao contrário, se fez popular, deu dimensão humana a obra de Kardec, traduziu em linguagem popular, acessível às massas, uma obra que não era sua. Chico nunca quis ser totalmente assertivo, como Kardec, pois sua obra era de amor. Chico tinha a ver com o apostolo São João Evangelista, sendo a reencarnação dele, assim como era a de Francisco de Assis. São reencarnações coerentes. Alma feminina, amor puro, médium do amor divino, em corpo de homem. Mais do que a doutrina, Chico conhecia o Evangelho, como se fora personagem dos eventos que marcaram a presença de Jesus na Terra e uma excelente fonte de esclarecimento dos eventos que marcaram a vida de Jesus. Doutra feita, como se o Chico tivesse vivido as cenas que narrava, ele disse que logo após a ressurreição, dois apóstolos estavam caminhando quando viram Jesus vindo em sua direção, mas não parou. Ao passarem por Ele, os apóstolos perguntaram onde Jesus estava indo, ao que o Mestre respondeu: – estou indo em missão de auxílio a Judas. Assim, Chico explicou-nos que Jesus desceu aos infernos para socorrer Judas do seu drama e inocentá-lo pela crucificação, pois esta era uma questão divina, não cabendo a Judas o peso da traição. Dai, na crucificação, Jesus ter pedido a Deus: - Pai se puderes me livra deste cálice, mas se não for possível, que se cumpra em mim a SUA vontade. E finalmente disse, Pai perdoa-os por que não sabem o que fazem. É para pensar... Chico falava em nome dos espíritos e levou décadas para adquirir credibilidade, pois sua preferência era a caridade, a consolação, o aconselhamento, a conciliação dos opostos, agia pela elevação e sublimação da alma acima do comportamento material. Se tivesse que omitir uma verdade para não ferir, ele omitia. Às vezes falava por metáforas, só compreendidas por poucas pessoas e, por outras vezes, dava dicas incompreendidas pela maioria, mas entendidas por quem quisesse saber mais através de pesquisas em outras fontes, onde achariam a verdade que ele não queria dizer para não ferir suscetibilidades, crenças ou dogmas. Chico era a delicadeza e a paciência em pessoa, o amor suave e meigo em ação. Ele dava colo, conforto, nunca humilhava ou contradizia ninguém, esperava a hora certa para consertar os equívocos. Chico veio ensinar primeiro a amar, depois, a verdade, com doçura. Diante do que aprendi até o momento em que vivemos, poderia dizer, sem medo de errar, que Chico e Kardec eram espíritos muito diferentes e, embora suas missões se completem, atuam em esferas diferentes do conhecimento humano. Kardec fora o médium de Deus, o Criador do mundo físico, material e, sendo uma alma masculina, trouxe a verdade, pagando um preço moral muito caro. Chico foi o médium de Jesus e, sendo uma alma feminina, representava o amor puro, espiritual. E o amor tudo sofre, para não ferir ninguém, exemplo vivo da religião da alma. Ch ico e o movimento espírita A verdade integral já foi um espelho imenso que cobriu todo o céu. Porém, um dia o espelho caiu e espatifou-se no solo. Cada pessoa que encontrou um pequeno pedaço do espelho e viu nele sua imagem refletida, disse: - encontrei a verdade! Mas o fato é que cada pessoa vê somente um fragmento da verdade, aquela que diz respeito a ele mesmo. A verdade absoluta, entretanto, só pode ser vista quando todos os pedaços do espelho estiverem reunidos, permitindo que todos se vejam. Eis o significado da fraternidade que é fruto do amor incondicional. Esta foi uma das metáforas de Chico Xavier que mais me impressionaram. Ele nos contou esta metáfora, quando, certa vez, o questionamos do por que o movimento espirita se desmembrar em tantos feudos dirigidos por pessoas intolerantes para com os erros alheios, sempre prontas a criticar e excluir, sem olhar os próprios erros, e mesmo assim, destruíam, com falsos sorrisos caridosos na boca a reputações daqueles que não se afinavam com seus métodos de manipulação e submissão. Ele nos disse a parábola acima explicando que certos dirigentes espíritas insistem em afirmar orgulhosamente que nenhum conhecimento espiritual pode existir além daquele que eles afirmam como sendo a verdade, geralmente atribuindo sua sabedoria ao que Kardec disse, desqualificando quaisquer outros conhecimentos, os quais eles não dominam e, assim sendo, não tem interesse em aprender, pois que, aprender mais, os tiraria de sua zona de conforto, obrigando-os a estudar mais e assumir mais responsabilidade. Assim o pouco que sabem, conquistado com o domínio de um ou outro aspecto da doutrina dos espíritos, serve de sustentação à sua vaidade e orgulho intelectual, sem nunca chegar a compreender o seu significado maior e valorizar uma visão de conjunto. É o equivalente ao caco do espelho. É evidente que ao colocar esta alegoria em evidência, não foi nosso objetivo enaltecer mais uma vez a personalidade única e irretocável de Chico Xavier, capaz de colocar numa simples alegoria toda a complexidade dos problemas vivenciados pelo movimento espírita no Brasil. Nem é nossa intensão, neste pequeno tributo, prestigiar sua incrível mediunidade, nem enaltecer sua personalidade impar, algo que tem sido feito de modo exemplar por quase todos os grandes vultos do espiritismo brasileiro. Nosso desejo, que só vemos uma pequena parcela da verdade trazida por este iluminado mensageiro de Jesus, é o de tentar encontrar a enorme influência e transformação que Chico promoveu tanto em nossa vida pessoal, quanto na sociedade brasileira, com seu trabalho abnegado, dedicado ao amor ao próximo, que algumas almas maravilhosas souberam aproveitar como fonte cristalina de inspiração e trabalho. Os equívocos de interpretação. Poucos podem avaliar com exatidão o esforço, a dedicação, a renúncia e o sacrifício pessoal desta alma iluminada para o desempenho de sua missão. E mais, difícil mesmo é avaliar a extensão e o alcance de sua obra nas mentes de nossa geração, com vistas às mudanças em curso no mundo.Poucos sabem que o Chico poderia ter tido uma vida normal, ter se casado, constituído família e levado uma vida comum sem outras preocupações, que as deste mundo. E, talvez, por ignorar este fato, interpretam erroneamente suas palavras quando ele dizia que Emmanuel exigiu dele disciplina, disciplina e disciplina. A verdade é que a mensagem de disciplina, disciplina, disciplina era uma recomendação inevitável para o trabalho exaustivo e exclusivo que o Chico havia se comprometido a realizar com a espiritualidade, a fim de poder renunciar à sedutora vida social, exigindo certo estoicismo e dedicação ao esforço de representar os espíritos. Como o trabalho espiritual demandava muita renúncia, era necessário um esforço contínuo e disciplinado para não se deixar trair pelas necessidades humanas, que fatalmente impediriam o trabalho dos espíritos. Não podemos esquecer, ao estudarmos as inúmeras biografias do Chico, o preço incrivelmente alto e o sacrifício pessoal de renúncia a uma vida normal, exigido dele até que tivesse conquistado a credibilidade necessária do público, para as suas obras. Quantos desafios lhe foram impostos para comprovar o que dizia ou escrevia, até que suas afirmações surgissem como verdadeiras, tanto para os temas doutrinários quanto para as mensagens pessoais. Impossível imaginar quanto tempo levou para que os centros espíritas existentes antes de sua obra tomar vulto acreditassem nos ensinamentos dos espíritos que trabalharam com o médium. Por isto, a disciplina rigorosa só faz sentido para quem tem uma produção definida que exige tempo integral. Fora disto, é prejudicar a própria vida e a convivência social e familiar do espírita. Nem todos vieram com uma missão como a do Chico. Atualmente os tempos são outros, de transição e mudanças, pedindo de mente aberta para receber o novo e flexibilidade, adaptação, iniciativa, criatividade e inovação, para assimilar a nova era. O Chico costumava vir a São Paulo com alguma frequência, mas dedicava-se a atender somente no Centro Espírita União, do casal Galves. Poucas pessoas perceberam a humanidade de Chico, o direito que ele tinha de selecionar o que devia ou não dizer, ou fazer, e respeitar os seus sentimentos quando se sentia tocado por ingratidão ou criticas. A verdade é que muitas pessoas cultas ou de formação acadêmica, as quais se tornaram espíritas, devido à clareza científica da obra de Kardec, se sentiram no direito de criticar a obra dos espíritos através do Chico, por serem revelações mediúnicas, sem o trato científico da comprovação, colocando em cheque a credibilidade do médium. Foi assim, também, que surgiram associações de espíritas de várias profissões, filósofos e outros ramos das ciências acadêmicas, subordinando o espiritismo às suas finalidades profissionais, buscando a comprovação das verdades espirituais. A despeito disto, é importante reconhecer que estas entidades se beneficiam enormemente dos princípios espíritas e da revelação espiritual para evoluírem em suas pesquisas e obterem melhores resultados em suas atividades. Afinal, é melhor fazer o bem por interesse do que não fazer bem nenhum, como disseram os espíritos, no Livro dos Espíritos. Só mais tarde, com os avanços científicos, muitas revelações advindas da obra de André Luiz puderam ser comprovadas, Assim também muitas organizações religiosas aproveitam os conceitos espíritas, com outra conotação, a fim de promoverem cultos baseados nas premissas espíritas, levando adeptos do espiritismo para suas fileiras, apresentando resultados mais imediatos, sobretudo na desobsessão. Como estas religiões não falam em reencarnação, o adepto precisa adotar nova postura frente à vida, a toque de caixa, mesmo que só exteriormente, tornando-se um soldado religioso, para tentar a perfeição, numa só existência, algo muito difícil, se não frustrante. Deste modo, os adeptos deixam de aceitarem seus erros como limitações ou débitos de vidas passadas, pedindo reflexão e mudança interior, com vistas às próprias futuras escolhas feitas em exercício do livre arbítrio, podendo errar ou acertar, sem que por isto sejam condenados ao inferno eterno. Os adeptos, porém, acham que contribuindo para suas igrejas, podem comprar o céu. Mas, como ficará a vida dos intermediários e pregadores que viveram à custa do evangelho, quando Deus cobrar deles o dinheiro que Ele não recebeu. Às vezes, perguntávamos ao Chico, por que o movimento espírita havia se tornado uma religião, com dirigentes no lugar padres e o Chico ria e dizia que os espiritas haviam confundido o que Irmão X havia escrito o livro Brasil, Coração do Mundo pátria do Evangelho, com Brasil, Coração do Mundo Patria do Espiritismo. Era muita diferença, mas como fazer o movimento espírita entender que o espiritismo viera apenas corrigir os desvios do cristianismo e reviver o evangelho primitivo, mas, não substitui-lo. Chico achava que o espiritismo viera preencher uma lacuna entre as religiões cristãs que haviam se afastado de Jesus, para reaviva-las e não para competir com elas. As maiores religiões do mundo já estavam aqui muito bem representadas e não necessitava mais uma religião, o que era preciso era levar a doutrina a estas religiões como esclarecimento para que revisassem seus pontos de vista equivocados, quanto à reencarnçao, a vida imortal do espírito, e acordá-las para os tempos chegados do cumprimento das promessas de Jesus, mas que isto em hipotese alguma deveria se tornar motivo de fé dogmática. Se o espiritismo crescesse construindo grandes centros espíritas ele seria mais uma religião a ser combatida pelas outras religiões e os ensinamentos dos espíritos se tornariam assunto fechado no âmbito dos centros, esclusivamente, quando deveriam ser aproveitados por todas as religiões como algo perdito ou esquecido. Mais tarde, quando começaram a se divulgar os manuscritos do Mar Morto e os Tratados de Nag Hammadi, os cientistas e os teólogos bem intencionados foram beber nestas fontes, lamentavelmente algo que os espíritas ainda não se dispuseram a fazer. Uma verdadeira perda para o trabalho dos espíritos que contavam com os espíritas para divulga-las ao mundo. Di álogos profundos com Chico Xavier Em meados dos anos oitenta do século passado, surgiram no Brasil vários movimentos ufológicos, alguns científicos, outros místicos a chamar a atenção dos espíritas para estas questões. Lá fomos nós atrás do Chico buscando respostas ou roteiros. O Chico nos levava a cidadezinha de Peirópolis onde o bom amigo Langerton atendia obsidiados em avançado estado de loucura, através de trabalhos espirituais de desobsessão e de fitoterapia, com grandes resultados de cura. Ali o Chico nos apresentava o vale cheio de vegetação, em frente ao centro espírita. Ele nos fazia ver a estrada espiritual que se dirigia dali ao Nosso Lar, por onde transitavam as naves de socorro em que eram levados os espíritos obsessores e os espíritos recém-desencarnados, já preparados para avançar às estações mais altas de socorro. Por esta época, nossa querida Heigorina, de Sacramento, sobrinha de Eurípedes Barsanulfo, descrevia, por meio de desenhos, a cidade de Nosso Lar, sob orientação do Chico, como sendo uma grande nave estacionária sobre a região do Rio de Janeiro, a qual se ancorava numa região do plano espiritual terrestre superior. Nossa imaginação voava em busca de respostas. Então, o que era chamado de disco voador na realidade poderia ser uma gigantesca nave de natureza espiritual, ou seja, de outra dimensão, destinada a receber e socorrer espíritos em evolução. Então perguntávamos ao Chico se haveria, também, outro tipo de nave de natureza material, construída por seres encarnados em outros planetas, isto é, seres extraterrestres materializados. E o Chico respondia que sim, que esta revelação viria através do trabalho dos ufólogos. O Projeto Rama Pronto, estava dado o motivopara ingressarmos nos estudos ufológicos, foi quando começamos a participar de congressos e eventos ufológicos, até conhecermos Charles Paz Wells, conhecido como Charlie, que se apresentou ao nosso grupo Ramatis em Alphaville. Nossa admiração por este personagem foi imediata, pelo seu conhecimento e experiência com fenômenos de origem extraterrestre. Começamos nossos estudos nesta área tão fascinante, não sem antes consultarmos o Chico a fim de saber se estávamos trilhando um caminho seguro. O Chico dizia que sim, este era um assunto que faria a diferença no futuro, quando houvesse contato com outras civilizações e que aqueles que estivessem familiarizados com o fenômeno seriam intérpretes destes seres com os homens, já que a humanidade se encontraria despreparada. Contudo, Chico nos advertiu, dizendo para aproveitarmos logo destes conhecimentos, pois estes médiuns são muito atacados por forças contrárias e logo acabam sendo sacrificados, cessando os esclarecimentos por falta de receptividade, tais qual acontecera com Ercílio Maes. O Chico avisava que os líderes mundiais estavam mais empenhados em obter poder, do que em se curvar a uma realidade maior... Era quando nos perguntávamos ao Chico, quando estes contatos começariam. O Chico então nos esclarecia que enquanto houvesse disputas extremas pelo poder, com possibilidade de uma guerra de extermínio, chamada de terceira guerra mundial, estes contatos oficiais não aconteceriam. Mas que, se a humanidade atravessasse o século vinte, evitando uma guerra maior, devido à conciliação dos extremos do capitalismo e do comunismo, então estariam dadas as condições para o início dos contatos, mas que a comunicação oficial da humanidade com seres superiores seriam iniciados por Jesus. Todos os eventos e casuísticas ufológicas seriam apenas sinais para manter o assunto em evidência até que o contato oficial pudesse acontecer num tempo aproximado de 50 anos, a partir dos anos setenta, conforme ele mesmo asseverou no Pinga Fogo de julho de 1972, podendo ser antecipado ou adiado de acordo com as atitudes humanas frente à lei maior do amor ensinada pelo Cristo Divino. De qualquer modo este evento seria decidido nas esferas superiores, não tendo o homem o dom de afirmar quando de fato isto aconteceria. Nos trabalhos desenvolvidos por Charlie, com mais de trezentos participantes, tivemos a oportunidade de comprovar na prática estes ensinos. Nos acampamentos que fazíamos a prioridade não era ver naves, ou discos voadores, mas sim perder o medo e formar opinião favorável ao contato. Nossos treinamentos consistiam em aprender conceitos universais, dados por extraterrestres através de encontros pré-agendados, a fim de aprendermos uma linguagem mental unificada entre nós terrestres e eles, extraterrestres, a fim de que quando começassem os contatos pudéssemos interpretar suas mensagens de forma inteligente, coerente e lúcida, sem o concurso da mediunidade. A parapsicologia estava fora do alcance do grande público, pois passara a servir aos interesses de espionagem das nações mais poderosas, afastando-se do objetivo para a qual fora codificada, e era preciso uma nova tentativa de criar um contato duradouro com os seres de fora. Ao longo de 15 anos frequentamos este grupo, até sua extinção por volta de 1996, quando a espiritualidade deu por finalizado o treinamento, aproveitado por apenas uma pequena parcela dos participantes. Nesta busca por conhecimento nosso grupo Ramatis, de Alphaville, se transformou no grupo Rama (depois Amar) de ufologia, formado por pessoas altamente respeitáveis, Paulo, Lucia, Vera, Francisco, Sergio, Ricardo, Cila, François, Jaime, Vanderley e Gessy. Nos encontros deste grupo o médium e escritor peruano Charles Paz Wells (autor do livro Um Extraterrestre na Galileia) fazia suas palestras sobre Jesus. Foi assim, a primeira vez que ouvi a versão sobre a vinda de Jesus, por meio de uma nave espacial. O que descobrimos é que estes avatares encarnam com uma missão que não deve se estender além do que for útil e proveitoso para o grupo, podendo ser utilizado em tempo oportuno pelos seres de fora. Caso este intento não se realize, devido ao egoísmo humano, que ao invés de procurar ser útil a uma causa maior prefere ficar pedindo por segurança e resolução de problemas pessoais, sem cogitar de ajudar coletivamente a humanidade, como é o desejo destes seres, eles abortam o processo de iniciação. Felizmente, aproveitamos muito aqueles encontros imediatos de terceiro e quarto grau e o fruto deste aprendizado resultou no livro de nossa autoria - O Sentido da Vida. Muita gente pode se perguntar o que acontece dentro de uma nave extraterrestre, se o que acontece lá é o mesmo que ocorre numa nave de origem espiritual, ou seja, de outra realidade ou universo. Parece obvia a resposta, de que num mundo espiritual a preocupação do aprendizado diz respeito à evolução espiritual, enquanto que no mundo material o foco do aprendizado é a evolução material, seja ela genética ou tecnológica, no âmbito planetário. Todavia, são nas naves espirituais que se traçam os destinos das encarnações, enquanto que nas naves materiais se desenvolvem as tecnologias para o progresso material, e as projeções dos fenômenos geofísicos, econômicos e políticos, decorrentes das ações dos homens, para poder adverti-los, ou enviar novos missionários, para corrigir suas consequências. Dizia o Chico que o mundo não pode acabar, mas a civilização, sim. Porque se o mundo acabar não haverá para onde os espíritos terrestres irem, mas em havendo o planeta, a vida pode recomeçar sempre... Muitas vezes Chico se referia à obra de sua mãe, Maria João de Deus, a qual narrava a vida em outros mundos próximos, revelando a leveza e volitação dos habitantes semimaterializados de Marte, ou a beleza eugênica dos seres de Vênus, a abundancia da vida superior nos satélites de Júpiter, sobretudo, Io e Ganímedes, além dos satélites de Saturno, tendo em vista que estes planetas gigantes estavam se tornando estrelas de sistemas solares, onde a vida semelhante à humana só seria possível nos satélites. Chico confirmava as narrativas de revista Espírita, que descreviam a vida nestes planetas avançados, em dimensões variadas. Chico nos contara que em uma de suas reencarnações conviveu com o espírito de Alcíone, da constelação de Sírios, onde ela desenvolvia projetos relativos à música, aos quais renunciou para vir à Terra em missão de auxílio ao seu amado Polux, enaltecendo com forte emoção a abnegação deste espírito extraterrestre, conforme narrado em sua psicografia do livro Renúncia, de autoria de Emmanuel. Como podem então os espíritas deixarem de incluir nos estudos da revelação espiritual os eventos já tão comprovados pela ufologia, cuja ciência está ratificando aos homens as verdades reveladas pelos espíritos. Ora, a doutrina espírita é anterior ao movimento ufológico e é claro que este comprova o que foi dito pelos espíritos. Ra matis No final dos anos noventa conhecemos o médium de Ramatis, Ercílio Maes, em Curitiba, junto com alguns amigos do nosso grupo de Ufologia. Apesar de tetraplégico, ele sorriu para nós e sua mulher, que lhe fazia leitura labial, nos informou que ele estava contente porque afinal alguém poderia resgatar a verdade sobre sua vida. Ela nos contou que Ercílio, antes do derrame, fora o único brasileiro a falar na tribuna das Nações Unidas sobre discos voadores e a vida fora da Terra, sendo muito aplaudido e homenageado por cientistas do mundo todo. A verdade é que até a década de sessenta, os livros de Ramatis eram vendidos em todas as livrarias espíritas, sem contestação a as líamos com avidez. O Chico dizia que a obra de Ramatis poderia aproximar os conceitos ocultos do conhecimento do oriente, sobretudo da vida espiritual existente no interior de cada alma, conciliando estas vivencias com o progresso material proporcionadopela ciência aberta do ocidente Porém, infelizmente, Ercílio Maes que era médico radiestesista, acabou acometido por um derrame cerebral ficando tetraplégico. Alguns dirigentes começaram a dizer que o Ercílio havia enlouquecido, por inventar uma obra de ficção como se fosse verdade, chegando a razão, sendo, por isto, punido pela espiritualidade, perdendo sua mediunidade. A velha maledicência havia destruído mais um abnegado missionário. Na realidade, Ercilio era um simples mensageiro de verdades ocultas, mas, anematizado sem motivo, pelos espíritas tornava sua obras sob suspeita, sendo retirados seus livros das livrarias espiritas. Mas as trevas, estas sim, comemoravam o aborto de mais uma importante revelação, ao fazer os espiritas repudiarem sua obra... Que estratégia incrível, tao perigosa quanto vitoriosa, a de usar os próprios endereçados das mensagens em seus algozes. Pouco depois daquele encontro, ele desencarnava. Quando fomos ao Chico, ele nos lembrava da história do carvalho e os bichinhos. Os cupins, quase invisíveis, começaram a ruminar as raízes de um poderoso carvalho, uma árvore muito robusta e, ninguém podia imaginar que houvesse força capaz de derrubá-lo. Entretanto, os cupins foram minando as bases da robusta árvore e, após certo tempo, para surpresa de todos, o carvalho veio abaixo. Diziam que a árvore crescera demais e caíra sob o próprio peso. Assim as fofocas, por inveja e ciúmes, vão minando a moral e a conduta de grandes trabalhadores, sabotando seu desempenho, até que o trabalhador acaba desamparado e, devido à desconfiança de todos, sucumbe às mentiras, desanima sob o assédio das trevas, cai e se afasta para o ostracismo e a inutilidade. No caso de Ercílio, os espíritas se amedrontaram com as fofocas e mentiras, cada vez mais aumentadas, achando perigoso estudar a obra de Ramatis, pois que levava à loucura. Assim, as obras dele foram tiradas dos centros espíritas, execradas como obras mistificadoras. E até hoje, quem se aventura a estudar ou investigar fenômenos ufológicos como aqueles revelados por Ramatis, acabam execrados, tendo seus estudos tomados por adulteração e fascinação. Contudo, este assunto sempre me fascinara, porque já tinha avistado algo diferente nos céus. Nos meus estudos da doutrina, os livros de Camille Flamarion já havia despertado minha imaginação para minhas vidas passadas em outros orbes... A Ufologia A partir do final da Segunda Guerra Mundial, estavam em evidência os contatos com naves espaciais, feitos, sobretudo, por militares americanos, os quais, ao mesmo tempo, começaram a acobertar estes fatos pelas suas agências de inteligência, sob o pretexto de que os contatos causariam pânico na população. Na verdade, os americanos queriam a tecnologia extraterrestre somente para eles, a fim de continuarem a dominar o mundo economicamente. Algo que já começou a mudar, na atualidade. Tal fato, na época, gerou descontentamento nos jovens e muitos deles procuraram fazer contatos por conta própria, através de vigílias em locais supostamente propícios aos avistamentos. Neste período já se cogitava da vinda de Jesus numa nave espacial. A perspectiva gerou entre outros motivos o movimento Hippie, que acabou sendo destruído, pelo investimento das trevas fomentando o uso de drogas e outros vícios nos acampamentos, culminando com o evento de Woodstook. Mais tarde surgiram escritores bem intencionados, fazendo pesquisas a respeito do fenômeno OVNI, no passado da humanidade, como foi o caso de Erick Von Daniken e, também, o jornalista investigativo espanhol J.J. Benitez. Benitez era católico e tinha acesso à biblioteca do vaticano, onde encontrava embasamento para suas obras inspiradas por seres de fora. Mas em seus livro sobre a busca por disco voadores ele relata seus contatos com seres extraterrestres no Peru, nos anos 70. Na década de setenta e oitenta, estavam em grande evidência os best sellers de J.J. Benitez, sobretudo, a série Cavalo de Tróia, a qual liamos com avidez, por ser referência preciosa da participação extraterrestre na epopeia de Jesus neste mundo. Entretanto, poucos leitores se interessaram pela leitura do seu livro mais impactante, - O Ovni de Belém, - onde Benitez, em outras palavras, dava uma versão parecida com a que havíamos ouvido do Charles, a respeito da vinda de Jesus, com base no proto evangelho de Tiago que lera no vaticano. Mais tarde, sem que esperássemos o Chico, também, nos contou tempos depois a respeito da vinda de Jesus ao mundo, através um evento de características ufológicas, confirmando as revelações de Charlie e de Benitez. Sinto, pois, necessidade de explicar o contexto daquele evento, e o porquê do Chico ter nos contado o que o espírito revelou sobre a Vinda do Mestre e, também, a razão pela qual acreditei na versão do espírito comunicante, embora nem todos os colegas tivessem percebido a intenção e a ousadia do Chico em nos contar aquilo. Evidentemente, não foi por acaso. A revelação tinha um endereço certo. Vamos aos fatos: ao mesmo tempo em que eu participava do grupo de Dona Yolanda Cesar, nas viagens ao Chico, também fazia pesquisas ufológicas visando comprovar a vinda de Jesus por um fenômeno com características ufológicas, conforme as narrativas do evangelho, que configuravam a Estrela de Belém como uma nave inteligente a conduzir “reis do oriente”, motivando o advento de Jesus, por meio de uma virgem. Algo estranho, pois que não há notícias do evangelho de uma gravidez natural de Maria, não há relatos do parto, os apócrifos falam que a estrela parou no momento em que Jesus nasceu ou apareceu. Mas como pode uma estrela parar? Além disto, quando José foi buscar a parteira, tudo ficou paralisado, os pássaros parados no ar, os camponeses imobilizados por uma força estranha, com seus instrumentos fixos na mesma posição, o arvoredo parado sem vento algum a balançar seus galhos. O que teria imobilizado tudo e todos naquele momento em que a estrela parou? E, quando José voltou com a parteira, Jesus já estava andando na Gruta, sendo por isto chamado de menino Jesus e não o bebê esperado. A parteira quis saber como fora feito o parto e Maria disse que fora obra do espírito santo. A parteira duvidou de Maria e quis colocar a mão nos seus genitais para ter certeza que não houvera ali um parto. Mas, sua mão ficou em chamas de luz, paralisada. Como se tivesse tocado em algo proibido. Em nosso grupo de estudos sempre acreditávamos que Jesus não andava sozinho, tendo uma plêiade de espíritos que conviviam com ele no comando do Universo, e achávamos que a provável base de trabalho de Jesus se situava num imensa nave com todos os meios instrumentais para prever o futuro dos mundos. Como fazíamos habitualmente, lá íamos nós ao encontro de Chico, querendo saber mais a respeito dos apócrifos e, também, da origem dos livros de Benitez, de Charlie, e se eles tinham algum cunho de verdade. O Chico, como que lia pensamentos, pois se antecipava aos temas que trazíamos na mente, dava-nos respostas conclusivas. O meu pensamento queria saber se as versões que eu tinha sobre o advento do Cristo eram verdadeiras. Sem que eu tivesse dito coisa alguma, nem perguntado nada, o Chico no respondeu a uma pergunta de uma senhora que estava lendo a serie Cavalo de Troia e queria saber se aquilo era verdade. Chico então disse que a obra de Benitez tinha um forte componente mediúnico, pois o autor da narrativa era alguém de fora, e que este ser era um espírito que havia acompanhado a vida de Jesus do plano espiritual, trazendo estes relatos, na atualidade, através da mediunidade de Benitez. Porém havia uma componente fictícia na obra, ou seja, a trama articulada por ele, para dar atualidade e verossimilhança aos relatos do espírito, mas sem invalidar o que este dissera a respeito de Jesus. Naquele dia memorável, eu trazia na minha mente a necessidade de ouvir do Chicoo que ele pensava a respeito do modo como Jesus veio ao mundo, pois que o livro O Evangelho Segundo o Espiritismo se limitava apenas ao aspecto moral dos ensinos do Mestre, não se aprofundando na parte histórica ou mesmo pessoal de Jesus, deixando talvez para mais tarde que as revelações a este respeito viessem ao mundo. Co mo Jesus veio ao mundo Chico então nos contou que este espírito que se comunicava com Benitez, lhe revelara a ele, Chico, que Jesus havia chegado ao mundo por meio de uma nave espacial, que os apóstolos chamaram de - a Estrela de Belém, - e que os três reis magos, na realidade, eram os três astronautas da nave que colocaram Jesus no colo de Maria e que tinha tido uma gravidez psicológica, como preparação para a chegada do Messias, desde a comunicação do Anjo do Senhor até aquele evento. So que o Chico dizia que Emmanuel não autorizava a publicação desta história, sem ter dito a razão. Como aquela versão vinha ao encontro do que eu já tinha ouvido, entendi que o Chico lera meus pensamentos, trazendo a informação que eu precisava para prosseguir em meus esforços e confirmar ou não minhas convicções. Na minha ótica de pesquisador, o Chico jogou um balão de ensaio para ver a receptividade do assunto por aquele prisma, junto aos demais colegas. Como o grupo de jovens, ali presente, ficou chocado achando que aquele assunto feria a pureza doutrinária, por tratar a vinda de Jesus por uma visão ufológica, de fora do movimento espírita, não podia ser verdade e é provável que o Chico tenha deixado de avançar na colocação do tema, alegando que Emmanuel não concordava com a publicação do assunto. Infelizmente, o orgulho espiritual ou intelectual dos espíritas não permite que eles aceitem nenhuma informação mediúnica que não tenhas sido trazida pelos grandes vultos do espiritismo, com se não houvesse mediunidade confiavel fora das escolas espíritas. Menos eu, que já sabia desta versão da história de Jesus, por mais de duas fontes diferentes, antes que o Chico nos contasse o que ouviu. Fora o fato de que esta versão consta dos próprios evangelhos canônicos e, mais detalhada, ainda, no Proto Evangelho de Tiago, encontrado às margens do Mar Morto, no século passado, autenticado este como sendo da época do cristianismo nascente, pelo método de carbono, e muito estudado pelos pesquisadores. Portanto, são duas as variáveis a serem consideradas na fala do Chico, ou seja; uma, a história por ele contada e outra, a sua publicação. Uma coisa era saber se a história era verdadeira e, em momento algum, o Chico disse que não era. Outra coisa era a sua publicação, o que Emmanuel provavelmente achou prematuro, diante da reação dos presentes. Eu, porém, acho, não por mero achismo, que o Chico concordava, sim, com aquela versão, caso contrário nem teria tocado no assunto, contudo, não podia publicá-la por não encontrar quem acreditasse, pondo em risco sua credibilidade, tão duramente conquistada. Como este não é o nosso caso, hereges que somos, já que não temos credibilidade alguma, sem mérito e nem estatura moral para julgar o que deve ou não ser dito, sob o medo de ser mal compreendido, já que não temos mais o que defender, além daquilo que supomos seja útil à reflexão e busca da verdade. Mesmo assim, esta história ficou na minha memória por muitos anos, até que eu tivesse a oportunidade de assistir em São Paulo, uma palestra feita por J.J Benitez, quando pude conversar com ele, pessoalmente, a este respeito. Contei-lhe a história do Chico e ele me informou que o espírito que se comunicou com o Chico era provavelmente o mesmo ser extraterrestre que lhe ajudou a escrever a série Cavalo de Troia, e, também, o seu livro – o Ovni de Belém, - baseado nos apócrifos da biblioteca do vaticano, confirmando a versão que o espírito havia dado ao Chico, o que fiz com a satisfação de quem encontra ressonância com as mesmas ideias. Foi com base nestes conhecimentos, que no fundo eu estava tentando comprovar, que escrevi esta historia no livro - Jesus, o Mestre visto com outros olhos, mesmo assim, no condicional, ou seja, como uma tese sem confirmação e sem citar as fontes destas informações, para não comprometer a biografia do Chico que não quis ou não pôde publicar este assunto, naquele momento. Posteriormente enviei o livro ao escritor Jan Val Ellam, no Rio Grande do Norte, a quem respeito como o espírito mais evoluído e o mais importante missionário atualmente reencarnado na Terra, pois, a meu ver, trata- se de Allam Kardec reencarnado, o qual endossou de algum modo o que escrevi, embora a versão que ele tem deste fato seja mais aprofundada, e mesmo assim, com generosidade, prefaciou o livro publicado. Além disto, em inúmeros congressos ufológicos dos quais participei, inclusive como palestrante, relatei estes fatos e pude perceber a enorme receptividade e sintonia do público com esta tese, sendo muito aplaudido. É claro que, sem o aval daqueles que estiveram conosco naquela noite memorável com o Chico e que ouviram estas histórias do Chico, mas as interpretaram de outro modo e provavelmente não procuraram investigar o assunto em outras fontes, para não se exporem fora do movimento espírita, o assunto foi abortado nomovimento espírita. Lamentável. Mas tal fato, atenta contra a razão, pois significa uma reprovação ao método que Kardec nos ensinou. Tive a concordância de duas fontes diferentes, que não se conheciam, antes do Chico dar a versão do espírito, e, depois do Chico, mais duas versões, confirmando a mesma informação, com pequenas variações, portanto foram quatro fontes diferentes, distintas de sem comunicação prévia, que tive a ousadia de investigar, pesquisar e divulgar, isto, fora o fato de que os evangelhos tratam o nascimento do Cristo como um evento misterioso, decorrente da virgindade de Maria. Não me considero um médium confiável e, por esta razão, me tornei buscador da verdade, a fim de dar sustentação e embasamento às ideias novas que acabo aceitando. Neste momento é possível descrever o contexto sob o qual obtive aquelas revelações, pois que alguns espíritas começaram a expor também o que ouviram através do Chico, confirmando o que eu disse, embora com interpretações diferentes da nossa. Certa ocasião, perguntei ao Chico por que os espíritas não se atreviam a expor estes temas fascinantes da vida universal. E o Chico nos explicou que os espíritos não encontram médiuns confiáveis para expor estes assuntos, com coerência, então, estas informações surgem às vezes contraditórias entre as revelações que chegam. Mas Kardec não tem culpa alguma pelo que os espíritas fazem com o conhecimento que receberam dos espíritos, razão pela qual é preciso diferenciar o conhecimento doutrinário do movimento que os espíritas fazem com este conhecimento muitas vezes, limitando ou interpretando equivocadamente o que os espíritos disseram. Como o movimento espírita não é receptivo, nem se dispõe a discutir e analisar assuntos que não partem dos grandes vultos de dentro do movimento, repudiando tudo o que vem de fora, é obvio que o plano espiritual não pode deixar a humanidade sem estas informações, fazendo com que elas surjam por fora dos rebanhos espiritas. Dizia o Chico que o conhecimento espiritual é vasto e complexo e cada mensageiro vem com uma parcela da revelação destinada a determinado público, sintonizado com aquele conhecimento parcial, mas os interessados em outros temas não ficam órfãos dos conhecimentos de que necessitam, apenas, os encontram em fontes diferentes. A lagarta e a borboleta Os movimentos religiosos costumam criar uma zona de conforto, um refúgio para seus adeptos, como a lagarta constrói seu casulo, no qual se insula. Porem surge o tempo em que a lagarta ganha forças para romper o casulo e sair dele. Quando, então, percebe que já tem asas para voar... Assim, a lagarta vira borboleta não volta mais para o casulo que se rompeu...A despeito disto, eu ainda passo pelo crivo da minha razão as coisas que sustento, não por questão de crença, mas sim porque sei que são verdadeiras, pois que corroboradas pela minha vivência prática, nos encontros e estudos a que me dedico, a despeito de não querer convencer ninguém disto, mas também sem me omitir, semeando reflexões. Creio que o tempo, que é o senhor da razão, conta em meu favor, pois que não tarda a hora de certos acontecimentos ocorrerem, e tenho pena dos que talvez, sejam pegos de calças curtas, para usar uma expressão antiga que identifica a condição das crianças ciumentas, invejosas e birrentas. Aliás, a volta de Jesus foi prevista para acontecer do mesmo modo que a sua chegada a este mundo, apesar dele não encarnar novamente, conforme explicitada no apocalipse e confirmada pelos espíritos na revista espírita, depois da codificação pronta e publicada, como se verá abaixo. Fato este que nem mesmo constando da Revista Espirita, é aceito e estudado pelos espíritas. Creio que já é tempo de sabermos que a verdade libertadora não está circunscrita aos centros espíritas, mais preocupados em fazer proselitismo numérico do que avançar no conhecimento do futuro que nos aguarda. O fato é que, ao final deste ciclo de aprendizado espírita, quando a doutrina dos espíritos já é quase senso comum, o que resta acontecer é aquilo que os espíritos disseram na Revista Espírita - a volta do Cristo a este mundo - assim que houvesse uma massa crítica de pessoas a buscar seu encontro com o Mestre do amor, conciliando ciência e religião. A verdade é que depois de tantos fracassos dos homens, só mesmo o Mestre para reatar a ligação do homem com o alto e com Deus nosso Pai. Portanto, falha o movimento espírita em não anunciar a volta do Mestre, pois este é o evento que falta acontecer, para coroar o esforço da revelação feita pelo Espírito da Verdade através da doutrina espírita. Vejam o que disseram os espíritos na Revista Espírita de Allan Kardec: a volta do Cristo, como um evento novo e diferente da revelação espiritual, com características ufológicas, onde o autor do apocalipse renova e confirma suas predições sobre a volta do Cristo ao mundo terrestre. Alias, confirmando o que dizia Kardec no capítulo dezessete da sua obra, A Gênese, que identifica dois eventos diferentes: o advento do espiritismo como o consolador prometido, que viria esclarecer e preparar a humanidade para a volta de Jesus, como outro evento, ainda por acontecer. Só que os espíritas já se acomodaram no seu status quo e ninguém quer aprender mais nada, pois acham que já sabem tudo... Na realidade a revelação espiritual veio anunciar a chegada dos tempos, de exame das virtudes adquiridas ao longo dos últimos milênios, ao fim do qual o Cristo estará de volta, para julgar os aprendizes. No capitulo XVII, do seu livro a Genese, Kardec distingue claramente que o advento do espiritismo éra um evento de preparação para o grande evento que seria a volta de Jesus, sendo, portanto, dois eventos diferentes e distintos um do outro, como também confirmaram os espíritos na Revista Espirita, através das mensagens abaixo. Ao estudo, pois. AV ISOS SOBRE A VINDA DO CONSOLADOR OS MORTOS SAIRÃODE SEUS TÚMULOS 11.- Povos, escutai!... Uma grande voz se faz ouvir de um canto ao outro dos mundos; é a do precursor anunciando a vinda do Espírito de Verdade que vem endireitar os caminhos tortuosos onde o Espírito humano se desvia em falsos sofismas. É a trombeta do anjo vindo despertar os mortos para que saiam de seus túmulos. Frequentemente, tendes lido a revelação de João, (o apocalipse) e vos perguntastes: Mas o que quer dizer? Como, pois, se cumprirão essas coisas surpreendentes? E vossa razão confundida, se enfia numa tenebrosa complicação de onde não pode sair, porque queríeis tomar ao pé da letra o que estava dado num estilo figurado. Agora que o tempo chegou, em que uma parte dessas predições vai se cumprir, aprendeis, pouco a pouco, a ler nesse livro onde o discípulo bem-amado consignou as coisas que lhe havia sido dado ver. No entanto, as más traduções e as falsas interpretações vos embaraçarão ainda um pouco, mas, com trabalho perseverante, chegareis a compreender o que, até o presente, havia sido para vós letra fechada. Compreendei somente que, se Deus permite que os selos sejam levantados mais cedo para alguns, não é porque esse conhecimento permanece estéril em suas mãos, mas porque, pioneiros infatigáveis, eles desmoitam as terras incultas; é a fim de que fecundem, com o doce orvalho da caridade, os corações ressecados pelo orgulho e impedidos, pelos embaraços humanos, onde a boa semente da palavra de vida não pôde ainda germinar. Ai! Quantos olham a vida humana como devendo ser uma festa perpétua onde as distrações e os prazeres se sucedem sem interrupção! Eles inventam mil nadas para encantar seus lazeres; cultivam seu espírito, porque é uma das facetas brilhantes servindo para fazer ressaltar sua personalidade: são semelhantes a essas bolhas efêmeras refletindo as cores do prisma e balançando no espaço: elas atraem por um tempo os olhares, depois vós as buscareis... desapareceram sem deixar traços. Do mesmo modo essas almas mundanas brilharam com um brilho emprestado, durante sua curta passagem terrestre, e nelas nada ficou de útil, nem para os seus semelhantes, nem para si mesmas. Vós que conheceis o preço do tempo, vós a quem as leis da eterna sabedoria são pouco a pouco reveladas, sede nas mãos do Todo- Poderoso, instrumentos dóceis servindo para levar a luz e a fecundidade a essas almas das quais foi dito: “Elas têm olhos e não veem, ouvidos que não ouvem,” porque estando desviadas do facho da verdade, e tendo escutado a voz das paixões, sua luz não é senão trevas no meio das quais o Espírito não pode reconhecer a rota que o faz gravitar para Deus. O Espiritismo é esta voz poderosa que já ressoa até as extremidades da Terra; todos a ouvirão. Felizes aqueles que, não tapando voluntariamente os ouvidos, sairão de seu egoísmo, como o fariam os mortos de seus sepulcros, e cumprirão doravante os atos da verdadeira vida, a do Espírito se libertando dos entraves da matéria, como fez Lázaro com sua mortalha à voz do Salvador. O Espiritismo marca a hora solene do despertar das inteligências, tendo usado seu livre-arbítrio para retardar nas veredas lamacentas, cujos miasmas deletérios infectaram a alma com veneno lento que lhe dá as aparências da morte. O Pai celeste tem piedade desses filhos pródigos, caídos tão baixo que nem pensam mesmo na morada paterna, e é para eles que permite essas manifestações brilhantes destinadas a convencer que, mais além desse mundo de formas perecíveis, a alma conserva a lembrança, o poder e a imortalidade. Possam esses pobres escravos da matéria sacudir o torpor que lhes impediu de ver e compreender até hoje; possam estudar com sinceridade, a fim de que a luz divina, penetrando-lhes a alma, dela expulse a dúvida e a incredulidade. (JOÃO O EVANGELISTA; Paris, 1866.) Para quem não nos conhece, colocamos este texto de João evangelista, pela simples razão de que acreditarmos que o Chico Xavier, foi, em verdade, a reencarnação dele, João evangelista. E não por acaso, Chico também participara da revelação espírita do século dezenove, como autor espiritual. A VOLTA DE JESUS, UM EVENTO DIFERENTE DO ADVENTO DO ESPIRITISMO. INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS, OS MESSIAS DO ESPIRITISMO Revista Espírita, Fevereiro de 1868 O JULGAMENTO FINAL 12. - Jesus virá sobre as nuvens para julgar os vivos e os mortos. Sim, Deus o enviará, como o envia todos os dias, para dar essa justiça soberana nas planícies imensas do éter. Ah! Quando São Tiago foi precipitado do alto da torre do templo de Jerusalém, pelos pontífices e pelos fariseus, por ter anunciado ao povo reunido essa verdade ensinada pelo Cristo e seus apóstolos, lembrai-vos que, a essa palavra do justo,a multidão se prosterna exclamando: Glória a Jesus, filho de Deus, no mais alto dos Céus! Ele virá sobre as nuvens em terrível reunião plenária: não é para vos dizer, ó Espíritas, que ele venha perpetuamente receber as almas daqueles que entram na erraticidade? Passai à minha direita, diz às suas ovelhas o pastor, vós que bem agistes segundo as vistas de meu Pai, passai à minha direita e subi até ele; quanto a vós que vos deixastes dominar pelas paixões da Terra, passai à minha esquerda, estais condenados. Sim, estais condenados a recomeçar o caminho percorrido, numa nova existência terrestre, até que estejais saciados de matérias e de iniquidades, e que, enfim, tenhais expulsado o impuro que vos domina. Sim, estais condenados; ide e retornai, pois, ao inferno da vida humana, enquanto que vossos irmãos da mão direita vão se lançar para as esferas superiores, de onde as paixões da Terra estão excluídas, até o dia em que entrarão no reino de meu Pai para uma maior purificação. Sim, Jesus virá julgar os vivos e os mortos; os vivos: os justos, os de sua direita; os mortos: os impuros, os de sua esquerda; e quando as asas empurrarem os justos, a matéria se apoderará ainda dos impuros; e isto, até que estes saiam vencedores dos combates contra a impureza, e se despojem, enfim, para sempre, de suas crisálidas humanas. Ó Espíritas! Vedes que vossa doutrina é a única que consola, a única que dá a esperança, e não condenando a uma condenação eterna os infelizes que se comportaram mal durante alguns minutos da eternidade; a única, enfim, que prediz o fim verdadeiro da Terra pela elevação gradual dos Espíritos. Progredi, pois, despojando o velho homem, para entrar na região dos Espíritos amados por Deus. (ER ASTO,Paris,1861.) INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS. OS MESSIAS DO ESPIRITISMO Revista Espírita, Fevereiro de 1868 Caros amigos, não é mais nenhum doido repetindo estas coisas, foram os próprios autores espirituais da codificação que o disseram. Como negar? Na realidade, o Espírito da Verdade lidera o conjunto de espíritos que trouxeram a revelação espírita, para restabelecer a verdade do que Jesus havia dito, mas fora deturpada. Porém, não menos importante é o fato Dele, além disto, anunciar a chegada dos tempos ao fim dos quais, o Cristo estaria de volta. Portanto, não confere com a realidade a afirmação de muitos espíritas de que o espiritismo corresponde à volta Cristo, nada havendo mais para ser revelado. Parodiando João Evangelista, ou seja, o Chico reencarnado, hoje, poderíamos dizer o mesmo... Jesus virá por sobre as nuvens, do mesmo modo como veio no seu advento. Naquele tempo precisou encarnar para semear, ao vivo, nos corações humanos as sementes do amor, as quais iriam minando, com o tempo, o ódio e a maldade. Só que, agora, não mais encarnará, pois que o tempo de semeadura acabou, é hora da colheita... Até porque, se Jesus encarnasse hoje novamente no mundo, falando as mesmas coisas que disse há dois mil anos, nós o crucificaríamos de novo, de tanto que Ele ia ferir a pureza doutrinaria que inventamos. Nesta ocasião o Chico nos fazia lembrar mais histórias, como a do fiel cristão. O cristão fiel Certo cristão espírita, afeito a boas amizades e trabalho constante, apesar disto, tinha lá seus vícios, no trato com as mulheres. Quando desencarnou, foi parar nas trevas, a despeito do seu alto conhecimento espiritual, e ali se viu humilhado como charlatão, merecendo ser julgado num tribunal religioso das trevas, que o condenou a viver com os espíritos viciados. Ah os religiosos. Lá ficou ele por muitos anos, vagando nos infernos das almas penadas. Até que um dia, cansado de ver tanto sofrimento, ele que era afeito ao trabalho, ajoelhou-se e rogou aos céus para que saísse dali e pudesse novamente trabalhar em algo útil à sociedade. Foi então que uma alma feminina de alta espiritualidade desceu até a furna em que ele se encontrava e perguntou-lhe o que queria. E ele disse que queria merecer trabalhar, evoluir, subir espiritualmente e, quem sabe, merecer também o céu. O anjo, então retrucou: se você quer realmente ir para o céu, aja no inferno como se estivesse no céu e o céu te ajudará. Foi assim que o aprendiz colocou-se em serviço ali mesmo nas trevas em que se encontrava. Quando via dois espíritos brigando, tentava apartá-los com palavras de conciliação. Quando via um demônio menor com a cauda machucada, punha-se a fazer-lhe curativos, quando via um demônio maior com o tridente gasto, punha-se a consertar o seu tridente. E assim foi até que suas boas ações chegaram ao conhecimento do dono daquele lugar, um demônio maior. Chamado a depor, o cristão disse que não sabia fazer outra coisa, só sabia ajudar os outros. O demônio enigmático, então, disse-lhe que o inferno não se prestava para aquilo, que ele estava perturbando as leis daquele lugar e que por isto ele seria expulso dali. E dessa forma ele pode sair dos infernos, EXPULSO. Bem aventurada expulsão. Assim, muitos de nós haveremos de sair das instituições humanas, expulsos, ou, por serem os dirigentes, supostamente caridosos, por misericórdia seremos apenas “excomungados”, até que nos arrependamos de falar bobagens, mostrando que as mesmas e velhas práticas de submissão religiosas continuam em evidencia. Porém o Chico ria, dizendo que tem gente que quer ir para o céu, mas vive fazendo o que o diabo gosta. Vai demorar muito. Dito isto, o Chico se pôs a atender a fila enorme de pessoas, trabalho que ia se estender até alta madrugada. Lá pelas tantas, um amigo nosso perguntou-lhe - Chico, até que horas você vai atender as pessoas? Ao que o Chico respondeu – ah, meu filho, enquanto houver serviço, vamos trabalhar. Mas Chico - retrucou o amigo, você não vê que estão usando você, isto é um abuso. E o Chico, alta madrugada, estando mais disposto que nunca disse: - É melhor ser usado, do que ser descartado... e continuou o atendimento. A vida no céu Outra ocasião veio à baila o assunto da alfandega do plano espiritual. Perguntamos ao Chico se era verdade que todos tínhamos uma ficha no plano espiritual de onde viemos. E ele disse que sim. Os processos que se abrem quando nascemos neste mundo e as ocorrências que se anotam nos órgãos de controle da população, existentes aqui, são naturalmente cópias imperfeitas dos mesmos sistemas de controle populacional das regiões superiores. Não poderia ser de outra forma. Ele dizia que nossa volta para o plano espiritual não era um processo automático, havia uma espécie de alfandega a nos avaliar as condições de passagem, ou seja; se nosso visto de entrada estaria aprovado. Então ele passou a narrar uma daquelas histórias que já estão contadas em algum dos seus livros. O que você fez? Disse Ele, que um senhor espírita, muito rico, mesmo sendo trabalhador, honesto, responsável, sem dívidas com a família nem com credores, acabou desencarnando, na expectativa de entrar no céu. Ao desencarnar, se viu diante do plano maior numa fila de triagem para definir quem podia entrar nas esferas superiores. A fila andava rapidamente e ele começou a prestar atenção nas perguntas que o anjo encarregado da triagem fazia. Muitas pessoas na sua frente relatavam o mesmo que ele pretendia relatar. Era um homem honesto, trabalhador, etc.etc. Mas ele percebeu que o anjo dizia que isto era mera obrigação, ou seja, responsabilidade previamente assumida para sanar velhas dívidas e não passaporte para o alto. Quando chegou a sua vez, o anjo lhe faz uma única pergunta. - o que você fez de bom para o seu semelhante, na sua última encarnação na Terra, sem obrigação e sem receber recompensa alguma? Era uma pergunta simples, mas fatal. Ele não se lembrava de nada que tivesse feito sem uma razão ou interesse. Gaguejou e não disse nada. O anjo então consultou sua ficha e respondeu a ele que havia uma prece em seu favor, que poderia definirseu destino futuro. E o encaminhou para a sala das preces. Lá ele viu um monte de estrelinhas brilhando, cada uma contendo um nome. Ele procurou e achou uma com o seu nome. Ao segurar a estrela ele viu que ela vinha por meio de um facho de luz originário da Terra. Olhou para baixo e viu o favelado a quem ele costumava dar restos de comida e algum dinheiro para se ver livre dele na sua porta. Aquilo fazia muita diferença na vida do pobre homem, que não cansava de agradecer a caridade recebida. Foi então que o cristão, estupefato, se sentiu atraído para o local de onde saia aquela prece de gratidão e perdeu os sentidos espirituais. Depois de certo tempo ele renascia na carne, como filho daquele favelado, que o recebia com gratidão e amor. O céu. Outro renomado trabalhador espirita, que fazia tudo corretamente, porem achava as tarefas espirituais tediosas e comsativas, as fazia apenas por obrigação, acreditando que depois da morte poderia descansar para sempre de tantos aborrecimentos causados por pessoas que procuravam socorro em sua pessoa. passou o tempo e o espirita morreu e ficou esperando sua destinação no céu onde poderia descansar para sempre. logo percebeu que fora acolhido num lugar de doce far niente, sem responsabilidade alguma nem nada para fazer. de tanto se entediar daquela vida, um dia pos se a rezar, pedindo se possivel ir para um lugar onde houvesse o que fazer, nem que fosse o inferno. um emtrevistador se apresentou e lhe perguntou por que ele queria sair dali, e ele falou que queria asir do ceu e ir para um lugar onde pudesse ser util o emtrevistador caiu na gargalhada, perguntando ao espirita; - escuta, meu caro, sem responsabilidade, sem trabalho útil, so gozando a eternidade, onde voce pensa que está? Voce já está no inferno. Chico e as religiões do passado É curioso lembrar que na condição de expositores espíritas, vez ou outra, deparávamo-nos com questões trazidas pelos alunos, sobretudo, aquelas atinentes ao Velho Testamento. Os alunos nos perguntavam por que todas as religiões do passado tinham um Deus com um nome para venerar e servir, enquanto que o espiritismo só tinha um ser abstrato, referido por Kardec como sendo a Inteligência Suprema. Certa feita, perguntamos ao Chico, por que os espíritos não falavam mais claramente sobre o Deus criador. O Chico dizia que o Velho Testamento era a história de um povo especial, que venerava um Deus particular, cujos ascendentes estavam fora da Terra, mas que esta história um dia seria revelada à humanidade em detalhes, não sendo objeto da sua missão, avançar nestas questões, naquele tempo, nos idos da década de oitenta e noventa do século vinte. Que tivéssemos paciência, pois tais notícias só chegariam quando a humanidade começasse a ter contatos extraterrestes, a partir do século vinte e um, caso a humanidade não se exterminasse numa guerra atômica, durante o século vinte. O Chico se esquivava destes assuntos e dizia que só falava aquilo que os espíritos autorizavam. O pato que dançava Ele dizia ser como o pato do mágico do circo. Mas, como era o pato do magico do circo? Nós perguntávamos a ele. Chico dizia que existem, em alguns circos, o pato que obedece ao mágico, quando este o manda dançar. O mágico assume o palco com o pato andando pelo chão e pergunta se o público quer ver o pato dançar. Como todos dizem sim, o mágico coloca o pato sobre uma mesa e este começa a dançar, uma pata de cada vez sobre a mesa. O Chico então ria e dizia que embaixo da mesa do mágico havia um fogareiro que aquecia a chapa da mesa e o pato ficava pulando, uma pata de cada vez, para não se queimar. E o Chico dizia que ele era assim como o pato do circo, só fazia o que e quando os espíritos mandavam, para não se queimar. Ainda não era chegado o tempo de confrontar religiões tão longamente estabelecidas. Mas hoje os tempos são outros... e, os espíritos podem estar se utilizando de outros médiuns, para falar sobre estes assuntos de Teologia. A história do perú Certa ocasião, eu estava assistindo um congresso de reengenharia e inovação de empresas e um dos palestrantes contou uma história hoje muito conhecida, da receita de peru. Dizia o orador que uma jovem recém-casada quis impressionar seu marido com um prato especial e acabou fazendo uma receita de peru, a qual sua mãe havia lhe ensinado e todos que comiam gostavam. O jovem marido achou o prato delicioso, elogiou, mas logo perguntou por que sendo o peru uma ave tão grande, ela só aproveitava uma pequena parte dele, naquela receita. A jovem informou que isto era devido ao corte do peru, que devia retirar todo o pescoço até o peito e toda a parte traseira até as patas, reservando-se o peito recheado. Contudo registrou a pergunta e quando esteve na casa de sua mãe perguntou a ela: por que o peru tinha de ser cortado daquele jeito, com tanto desperdício? A mãe não soube responder, dizendo que tinha aprendido a receita com sua avó, que morava numa fazenda. Até que surgiu a ocasião de visitar a avó da jovem, junto com sua mãe. Então, chegando ao sítio elas perguntaram à avó o porquê do peru ter aquele corte. Ai, a avó levou as duas para sua cozinha de fazenda e mostrou-lhes o seu fogão a lenha, dizendo, já viram o tamanho do meu forno, só cabe parte do peru. Assim também, muitas revelações não cabem nas cabeças pequenas de certas pessoas. Fiquei com aquilo na cabeça, associando esta lição ao que o Chico havia dito sobre o pato no circo. Como poderia o plano espiritual revelar aos homens algo maior do que suas mentes pequenas e preguiçosas eram capazes de assimilar? Ai eu comecei a entender porque certas histórias só eram contadas para um reduzido número de pessoas. E foi com um reduzindo numero de pessoas que retomei o meu aprendizado, tentendo abrir minha mente, para novas indagações e conhecimentos, razão pela qual, passei a estudar as revelações de vanguarda trazidas por J.V.Ellam, me dando conta de que nada sei, precisando estudar muito para compreender o milagre da vida e o imenso trabalho futuro que nos aguarda. O motorista do ônibus Nosso grupo, em geral, era constituído de expositores espíritas e, como tal, nos achávamos o máximo de sabedoria, pois privávamos com Chico Xavier, motivo de orgulho, nos arvorávamos em donos de verdades que outros desconheciam. Certa vez quizemos saber o que o Chico pensava a nosso respeito, como éramos vistos pela espiritualidade, se estávamos sendo aprovados pelo nosso trabalho. Dizíamos ao Chico que éramos pessoas fracas, falíveis, cheias de pecados devido à vida comum deste mundo e não merecíamos o privilégio de falar sobre o evangelho. No fundo, colocávamos o Chico num dilema, ou ele confirmava que não valíamos nada, desestimulando-nos de trabalhar, ou, nos exaltava, com elogios, enchendo- nos de orgulho. O Chico não disse nada, pôs se a conversar outro assunto, como sempre fazia. Mais tarde, pediu para uma das senhoras presentes que contasse a história do motorista do ônibus, que ele já havia contado para ela. Ela disse-nos então que havia no Rio de Janeiro um motorista de ônibus que guiava como um louco, deixando todos os passageiros alucinados, agarrados aos bancos e barras de segurança. Aquele ônibus fazia um percurso entre a zona norte e a zona sul do Rio e, neste trajeto, naquele horário, havia um passageiro constante que era um expositor espírita e, alheio ao que se passava concentrado, estudava dentro do ônibus os temas de palestra que iria fazer no centro. Assim seguia a rotina dos dois: o expositor preparando aulas e o motorista invadindo faixas e faróis, a toda velocidade. Até que o tempo passou e morreram ambos. O expositor espírita, consciente da sua nova realidade, apareceu na porta do céu, e um anjo pediu-lhe para se identificar. O espírita descortinou suas virtudes de orador e conhecimento doutrinário, capaz de empolgar grande público com suas palestras. O anjopegou sua ficha e a analisou, dizendo que o cavalheiro não podia entrar no céu, pois, faltavam-lhe requisitos. O espírita, na base do “você sabe com quem esta falando”... Vociferou seus atributos. O anjo o corrigiu, dizendo que sabia quem ele era e que havia feito centenas de palestras, dado inúmeras aulas de doutrina espírita, mas faltava-lhe a prática. Enquanto discutiam, o espírita olhou para dentro do céu, viu lá o motorista do ônibus e ficou indignado. Ah! Agora entendi, aqui não é o céu, não pode ser se não aquele maluco, miserável, não poderia estar ai dentro. Ele só podia estar no inferno. Então, ele estava às portas do inferno. Ao que o anjo retrucou. Você está enganado, aqui é o céu, sim. Mas como, dizia o expositor, explicar esta inversão, se ele que tudo sabia não podia entrar enquanto um ignorante estava lá dentro? Ao que o anjo constrangido replicou: - é que enquanto você falava, o povo que o ouvia, divagava ou dormia. Suas historias cansavam o público. Mas o motorista, enquanto ele guiava, o povo rezava... E o céu fica mais perto para quem reza. O extraterrestre Contou-nos o Chico que certa vez veio a Terra um extraterrestre, para fazer uma pesquisa e consequente relatório das condições de vida na Terra. O ser desceu em uma grande cidade e ficou observando o comportamento dos homens; No trabalho, via disputas de toda ordem, ódio silencioso, inveja, ciúmes, atitudes contra os chefes, só para prejudicar concorrentes. E por ai... Pensou que nos lares as coisas eram diferentes e passou a observar as atitudes domésticas. Discussões por motivos banais, relacionamentos ásperos, rancores e mágoas ocultas, motivações escusas para acumular vantagens sobre o parceiro. E por ai... O ser ia relatando tudo. Passou pelos templos religiosos e só via atitudes egoístas, hipócritas, num petitório desarrazoado de tudo que nem precisavam. Coisas que podiam ser obtidas com esforço e trabalho eram exigidas do alto, como privilégios não merecidos. E assim, o ser ia se decepcionando com a evolução terrestre, em tudo o que via nos homens. Já estava quase completando seu relatório quando passou pela zona rural e ficou observando os animais. O gado pastando pacificamente, cada animal respeitando o espaço do outro, espécies diversas vivendo em harmonia, e viu até vacas indo para o matadouro sem lamentações nem revolta. O ser perplexo, com o que via, anotou tudo e partiu para seu mundo superior. Em viagem, concluiu o relatório com a seguinte observação; A terra é um planeta muito estranho. Por uma inacreditável inversão nas leis evolutivas, os seres mais adiantados do ponto de vista do amor e da paz, ainda andam de quatro, enquanto os bípedes, que deveriam ser as espécies mais avançadas ainda se digladiam como animais selvagens... Os dois romanos Muitas vezes o Chico nos dizia para sermos sempre otimistas e acreditarmos na vitória final do bem, por mais que ela demorasse. E para demonstrar porque, ele nos contou a história de dois senadores romanos, muito amigos, que moravam perto um do outro e costumavam passear juntos para conversar, na famosa via Ápia, que na época de Roma era uma avenida aristocrática cheia de mansões onde moravam muitos nobres da cidade, arborizada por enormes macieiras das quais pendiam grandes maçãs, de quase meio quilo cada uma... Viviam no primeiro século da era cristã, um destes senadores era cristão e o outro politeísta, que acreditava na intervenção dos deuses. Dizia o cristão que Jesus havia mudado o mundo para sempre, os homens não seriam mais os mesmos após conhecerem o Mestre. O outro dizia que o mundo estava muito pior, que a vida se tornara um fardo insuportável, que a corrupção era abusiva e contaminara todo o império. O outro retrucava. Mas é por que a elite não quer saber do cristianismo, quando conhecerem o imenso poder regenerador do evangelho, as instituições mudarão. O outro dizia – mas veja você a que ponto a degradação chegou, a família romana não é mais o que era. Veja meu caso, minha mulher se corrompeu, vive me traindo, minha filha se prostituiu, e meu filho só pensa nos prazeres da vida carnal. Ninguém quer mais saber das virtudes pregadas pelos deuses, nem das obrigações familiares. A riqueza de Roma nos destruiu. O outro, desolado, pedia para confiar na força do amor incondicional, na possibilidade de regeneração do ser humano. Nisto, enquanto caminhavam, caiu uma enorme maçã que se despedaçou aos pés deles. O não cristão ponderou ao amigo. - Veja só, o mundo está como maçã podre que está no chão. Você acha que uma maça podre pode se recuperar? O cristão observou atenciosamente a maçã estourada no chão e ponderou com carinho, ao amigo. - Sim, meu amigo, eu acredito que sim. Vamos retirar desta maça suas sementes úteis e plantá- las logo adiante em terra boa. E logo teremos novas macieiras a nos dar belas e suculentas maçãs... Ou seja, somente a educação das novas gerações com as sementes do amor, será possível uma nova civilização... A questão das senhas. Creio que não somente eu, mas muitos daqueles que privaram com a intimidade do Chico por tanto tempo, gostariam de continuar a receber mensagens de Chico, ainda que por outros médiuns. O Chico deixara claro que muitos temas ainda eram difíceis de serem aceitos no tempo de sua própria vida e que ele iria desencarnar sem poder informar algo mais sofre o futuro do Brasil e do mundo. Ele ficaria devendo, ao grande público, ensinamentos que ficaram nas mentes de um grupo restrito de pessoas. Muitos destes nossos amigos que tomaram conhecimento destes assuntos mais profundos nunca se dispuseram a comentar publicamente o que sabiam, talvez, com receio de serem mal interpretado pelo meio espirita do qual faziam parte, podendo ser confundidos com mistificadores, já que o Chico não falava publicamente de certos temas, sobretudo sobre a vida fora da Terra. Sem ter credibilidade alguma a defender e nem sendo pessoa relevante do movimento espírita, preferimos correr o risco e publicar a revelia de alguns amigos, os conhecimentos adiantados pelo Chico, como fizemos no livro de nossa autoria, Jesus, o Mestre, Visto com outros Olhos, e ora aqui deixamos também alguns destes conceitos do legado do Chico. Entretanto, queríamos e esperávamos que o Chico se comunicasse conosco e com outros médiuns a fim de balizar os caminhos que o movimento espirita poderia trilhar. Para nossa surpresa e estupefação, surgiu a questão das senhas. Nenhuma mensagem do Chico, vinda após seu desencarne, poderia ser considerada verdadeira sem o aval do seu filho espiritual Euripedes e de mais dois cuidadores do Chico. A nossa frustração diante deste impasse foi muito grande. Que senhas seriam estas? E se o Euripedes desencarnar sem contar a senhma a ningue, quem poderá autenticar uma pretensa mensagem do Chico? O Chico na sua candura, não conseguia dizer não, a ninguém e de certo modo nas condições que estava quase desencarnado, talvez não tivesse atinado com o custo que a proposta das senhas lhe causariam no plano espiritual. Pensando assim, somos de opinião que houve algum agente das trevas interferindo no processo das revelações que Chico ficara devendo ao público, as quais poderiam vir após o seu desencarne, pois que o público estaria receptivo, caso não houvesse tal sanção. Felizmente, embora eu não seja um médium confiável, após mais de quarenta anos de vivencia no meio espírita, confio que o Chico continue a nos inspirar, não somente a mim, mas a tantos quantos estejam ligados ao seu coração, para prosseguirem na busca da verdade maior que ainda nos falta, através da inspiração que seu espírito bom e amoroso nos proporciona, não nos deixando órfãos da sua orientação. Às favas com as senhas. Não pode ser verdade. Continuamos juntos, com senhas ou sem elas. O espirito iluminado de Chico Xavier não pode ficar refém de um ataque das trevas que visamafastar seu espírito do movimento amoroso que Ele ajudou a criar, deixando que mentes espertas e endurecidas pelo orgulho tomem conta da sua obra, submentendo mentes e corações aflitos, a um controle absurdo das revelações espirituais de que a humanidade necessita, para poder progredir. Graças aos mentores maiores, penso que se o movimento espírita não acordar para seguir mais adiante, as novas revelações chegarão, como tem chegado, a revelia dos espíritas, por outro mensageiro do Mestre. Talvez o mais ousado, o próprio Kardec reencarnado. Ag radecimentos. Agradeçemos a todos que nos brindaram com sua tolerância e paciência, na leitura destes informes, às vezes cômicos, as vezes irreverentes, que conseguimos passar para o papel, como um tributo de amor e reconhecimento ao nosso querido Chico Xavier, por tudo o que ele fez por todos nós. E aqui terminamos nossas opiniões pessoais sobre o querido amigo e mestre Chico Xavier, tentando recordar que estamos no mundo a serviço do Cristo, na condição de semeadores de luz e vida espiritual, e como tal, o evangelho praticado constitui as melhores sementes de amor que estamos plantando para as futuras gerações colherem... Há ainda muitas lições que o Chico deixou, mas nem que se escrevam todos os livros do mundo a seu respeito será possível dizê-las todas. Na verdade Chico preparou nosso espírito para receber ainda mais revelações, ou seja, aquelas que estão chegando, a respeito das quais não podemos nos omitir embora tendo de pagar alto preço, exigidos daqueles que, pelo menos, tentam caminhar na vanguarda, desbravando novas possibilidades para a construção de um mundo melhor. Assim, com nossa imensa saudade do amigo e mestre Chico Xavier, dedico estas páginas aos amigos da verdade relativa, de mentes abertas para o futuro que nos aguarda, com suas mudanças inadiáveis... Obrigado Chico por tudo o que fez por nós, que possamos merecer vê-lo, em breve reencontro, na espiritualidade. Alfredo Nahas Po sfácio Livros há que nos enternecem e elucidam fazendo com que o modo de pensar terreno se deixe levar pelo encantamento, aproximando o foco do psiquismo ao modo de pensar da nossa mente e0spiritual. Sim, a “persona” animalizada que flui pelo psiquismo terrestre - e que costumamos tomar como sendo o nosso “eu” - “pensa diferente” do modo usual do pensamento espiritual individualizado. O ego terráqueo é sempre um subproduto da mente espiritual, raramente é o seu espelho preciso ou um instrumento adequado as suas expressões. Infelizmente, assim quase sempre o é, exatamente porque prisioneiro das preferências e das afetações inerentes à cultura e ao ambiente em que agora “pensa” viver. Minha “persona” nunca esteve com a de Chico Xavier – não tive este privilégio. Tive e tenho, contudo, uma dádiva da sua semeadura amorosa, por privar da convivência e da amizade de um dos poucos que teve a oportunidade abençoada de repousar a sua personalidade terrestre sob os auspícios de uma influência amorosa e elucidativa que se eleva acima de todas as “institucionalizações” e de todo o “academicismo” que, apesar de necessário ao nosso atual estágio de progresso espiritual, às vezes mais aprisiona do que liberta. Estar aos “pés do mestre”, bebendo da sua intimidade, da sua espontaneidade, da sua despreocupação é ser um daqueles que “escutou e soube” o que muitos jamais escutaram e puderam saber. Para além das centenas de livros maravilhosos que o médium Chico Xavier produziu sob a tutela dos seus mentores espirituais, encontra-se a sua produção intelectual, a sua visão de mundo expressa na intimidade das frases e dos comentários de momento não mais do famoso médium, mas de um ser humano simples agora apartado do ministério e das obrigações de prudência que uma missão do porte como a dele inevitavelmente impõe. Era o homem Chico conversando com seus poucos amigos e amigas que lhe dividiam a intimidade. E ali sempre esteve Alfredo Nahas, “aos pés do seu mestre terreno muito amado”, alimentando o seu psiquismo com as preciosidades advindas de um alguém tão especial o qual, ainda que “sozinho” já era mestre profundo das coisas da vida e da espiritualidade e quanto mais acompanhado dos mentores – como inevitavelmente sempre esteve. Afinal, o marco vibratório do progresso espiritual de Chico Xavier seguramente lhe permitia a expressão pessoal em altíssimo nível tanto do que surgia na fonte das suas próprias aquisições desta e de outras vidas, como ainda as fornecidas pelos seus mentores. É muito privilégio! E aqui estamos nós, abençoados pela leitura de muito do que Chico semeou no seu circulo mais íntimo de amigos associado às sábias e maduras reflexões do pensador Alfredo Nahas, que se viu “obrigado”, moral e filosoficamente falando, por influência direta do seu amigo e mestre, a narra e comentar os momentos e as lições inesquecíveis. É uma rara oportunidade que Nahas nos proporciona para deixarmos de lado a “persona adulta” de cada um de nós, com seus pensamentos e esquisitices viciadas pelo jogo da atordoante vida terrena, e nos fazermos crianças para poder beber de uma fonte histórica e singular jamais revelada. Aqui, o “politicamente correto” e a preocupação com os “melindres dos sentimentos de religiosidade pouco elevados” cederam lugar ao zelo para com a verdade dos fatos em torno das opiniões de Chico Xavier sobre muitos aspectos da realidade. Não podia mesmo ser diferente! Afinal, uma “fonte de esclarecimento e de amor” como a de um Chico Xavier não poderia mesmo se enquadrar no limitadíssimo “modo de pensar terreno” dos que pensam que fazem as regras dos acontecimentos organizados pelo Mais Alto. Os que a isso pretendem costumam esquecer o tamanho da própria estatura, independente do “cargo” que possam ocupar nesta ou naquela organização, apesar das suas boas intenções. Se não nos fizermos crianças, impedindo assim que a chatice dos nossos egos adultos limitem o aprendizado pela inoperância do seu viciado modo de pensar, perceberemos somente em parte a profundidade de comentários despretensiosos e deliciosos vindos de Chico. Figuras como Sócrates, Jesus, Chico Xavier, dentre outros, jamais se enquadram no que já está posto como “norma ortodoxa” do seu tempo. Eles inevitavelmente transcendem e incomodam. Com Chico, como nos esclarece Nahas, foram décadas de incômodos causados por um mineiro pacifista e ousado que, dizendo-se apoiado por Espíritos Mentores, somente décadas depois de tanta exposição, incompreensão e calúnias, veio a gozar de uma relativa aceitação e de respeito publico dos que se situavam ale das fronteiras do movimento espírita. Nas entrelinhas do que nos foi docemente exposto por Nahas, não foi Chico que foi ao encontro do movimento espírita organizado, mas sim, muitos dos que o lideraram se viram obrigados a se render a um testemunho inigualável de um homem que verdadeiramente agigantou-se na atitude de “servir ao próximo” movido pelo combustível do amor incondicional. É tão fácil hoje amar, elogiar, idolatrar e se deixar encantar pela figura de Chico. Penso que sequer consigo imaginar com justiça como Nahas se sente ao se recordar das coisas do seu velho amigo e mestre Chico fazia e de como hoje os fatos de processam na seara que ele tanto labutou... Chico era e sempre foi caridoso muito antes de “ser qualquer outra coisa”, costumo pensar. E acho que essa é somente uma das grandes lições que ele nos legou com sua simplicidade e sua atuação única no serviço ao próximo. Que bom que Alfredo Nahas ousou renovar, nesses tempos tão decaídos de caridade moral, o exemplo de Chico Xavier. Chico foi um dos pouquíssimos que entendeu o que Kardec quis dizer ao afirmar que “fora da caridade não haveria salvação”. Até porque a expressão “caridade”, referida na língua francesa de então, utilizada pelo codificador, significava tanto mais “caridade moral” do que propriamente e só o que comumente70, eu já tinha uma profissão bem resolvida, de economista do Ministério da Fazenda, em São Paulo, e um trabalho espiritual conhecido, mas ainda queria compreender o significado de minhas escolhas. Eram tempos difíceis, ainda sob o regime militar. Éramos vigiados e precisávamos ter o máximo de discrição no que fazíamos. Dai muitas vezes nos ocultarmos para que não soubessem que éramos espíritas, nos ambientes da república. Os dirigentes nos proibiam falar de política, pois podia levar o movimento a confrontar o sistema dominante. Nunca me coloquei em evidência nem assumi cargos importantes de projeção, exatamente para não sacrificar meus trabalhos espirituais, que eram minha base de sustentação emocional. Isto fora o fato de que minha família católica, não admitia as premissas espíritas, condenando minhas atitudes e filiação ao movimento espírita. No fundo, embora estivesse estruturando a vida, eu buscava uma resposta para tanta dificuldade em ampliar o trabalho doutrinário, já que tinha de trabalhar quase que em segredo, enfrentando podas constantes de familiares e amigos. Contudo, sem que eu dissesse coisa alguma e como se lesse meus pensamentos, certa ocasião, o Chico antecipou-se e me deu uma resposta inesperada, porém, definitiva para o dilema em que me encontrava e que, talvez, sirva para quem se defronte com situação semelhante. Disse ele – meu filho, nunca se esqueça de que as árvores podadas são as que crescem mais. Assim tem sido... Cada vez que perdia ou perco algum afeto de minha alma, ou tive de deixar alguma coisa em qualquer campo da vida, fosse humano ou material, criando motivo de desânimo ou sofrimento, a me invadir a alma, eu me lembrava de que tais acontecimentos eram apenas podas necessárias, para eu poder produzir mais e melhor. Chico me havia ensinado a renunciar quando poderia disputar até mesmo aos meus direitos. O Chico sempre dizia que os jovens deveriam estruturar sua vida familiar e profissional, antes de assumir compromissos com a doutrina, para que não acabassem tendo que viver à custa do trabalho espiritual. Percebi muito cedo que tinha de me manter com muita modéstia, e low profile, se quisesse continuar o trabalho espiritual. Isto era algo muito difícil para mim, um espírito muito orgulhoso, que já havia tido reencarnações com muito poder e feito muitas barbáries. Sempre me inquietava, em conflito, sem saber quanto eu tinha aprendido realmente alguma virtude espiritual ou era algo forçado e administrado pelo meu ego. Sabia que desconfiavam de mim, mas achava isto natural, para alguém que ainda estava fazendo uma reforma interior muito complicada. Certa vez perguntei ao Chico: - como podem os espíritos permitir que uma pessoa tão vulgar como eu, cheia de pruridos de vaidade, e ainda apegado às coisas do mundo, podia se arvorar em pregador do Evangelho? Até que ponto eu não estava sendo hipócrita, fazendo algo que eu não tinha certeza de que estava habilitado a fazer. O Chico, então, nos perguntou se conhecíamos a mensagem do Burro Manco, constante do livro A Estante da Vida. Como ninguém conhecia, ele nos contou. O burro manco Nesta mensagem, o espírito de Irmão X descreve a história do médico que precisava fazer um parto, de alto risco para a mãe e para a criança, num sítio do interior, numa determinada data, quando ainda se trafegava com animais. No dia aprazado, o cirurgião obstetra viu seu animal de transporte doente e incapacitado de viajar. Foi ao haras de um seu amigo com a finalidade de pedir-lhe um cavalo emprestado. O amigo lhe disse que seus animais eram cavalos de raça árabe muito caros, e não se prestavam para andar por estradas lamacentas e empedradas, podendo machucar-se. Lá foi o estimado médico a outro amigo, pedindo o mesmo favor, e encontrou resposta semelhante, que os seus animais eram puro sangue, de grande valia e não poderiam se arriscar por estradas perigosas. Até que o facultativo lembrou-se que o Sr. José, do bar da esquina, tinha um burro e foi procurá-lo. O dono do bar disse que seu burro mancava e empacava, só obedecendo depois de muito chicote e espora, mas que se o burro servisse podia utilizá-lo. Lá se foi o médico com o burro manco, chegando ao sitio assim mesmo, a tempo do fazer o parto e salvar vidas. Disse o Chico: É assim que acontece também com algumas mensagens, o plano maior não encontra intermediários disponíveis entre os mais preparados, das diversas elites, para levar certas mensagens. Então, por falta de opção, se valem de encarnados, mais ou menos, parecidos com o burro manco, cheios de defeitos, vaidades e problemas, mas que, apanhando muito, afinal, chegam com as mensagens. Nestes casos, as verdades chegam à revelia dos mais preparados ou de autoridades do movimento religiosas, como neste caso, por meio do idiota, burro manco da doutrina, que aqui se expõe, sem mesmo saber se tudo isto que vamos dizer é verdade... Od e a preguiça Enquanto escrevia estas páginas, lembrei-me de uma passagem com o Chico, quando ainda eu trabalhava num órgão público com muita responsabilidade, e ele informou que quando um espírito encarna com a vontade e a tendência de fazer o bem, o plano espiritual congrega todos os esforços para que a criatura desempenhe seu trabalho espiritual com segurança e determinação. Muitas vezes, para facilitar o trabalho espiritual, o espírito encarnado encontra suporte no serviço público, onde o médium encontra segurança para produzir mais e melhor. O Chico nos dizia que o espirito de Irmão X havia dedicado a maior parte de suas mensagens aos espíritas, médiuns e trabalhadores da doutrina, visando alertá-los para não fracassarem em suas tarefas. Aproveitando a oportunidade, nos remeteu a uma mensagem do livro Reportagens de Além Túmulo deste autor espiritual, cujo titulo é – Remédio à Preguiça. Vale a pena ler a mensagem que desvenda a situação do funcionário público que sabia de sua garantia de emprego e aproveitava para fazer o mínimo, até o dia em que uma doença séria o desencarnou. No plano espiritual se deparou com uma autoridade celeste, à qual requisitou um lugar no céu onde pudesse descansar de não fazer nada, isto é, manter sua ociosidade, conforme os conceitos religiosos que abraçara no catolicismo. O anjo respondeu que no céu não havia lugar ocioso, ali tudo era trabalho útil e proveitoso, mas para ele que queria continuar como estava, só restava a possibilidade de nascer em outro corpo, como paralítico... O contexto do aprendizado A vida de Chico Xavier é destas que, por mais que se escrevam a respeito, ainda assim, não terá sido dito tudo, até porque cada pessoa que se aproximou dele, o fez por diferentes razões, encontrando o que buscavam de acordo com suas próprias convicções ou necessidades. Muitas vezes, vários conceitos eram interpretados de modo diferente por cada um dos ouvintes, apesar de ouvirem as mesmas afirmações. Deste modo, além de suas obras, do que se ouviu dele em público ou de conhecimento através dos inúmeros livros que se fizeram a seu respeito, fazendo-o merecer o título de maior cidadão brasileiro, ainda assim haverá sempre aquilo que ele disse em caráter particular, somente a pessoas interessadas ou para um grupo restrito de pessoas, afeitos a algum tema específico, os quais obtiveram informes ainda não publicados. A vida de Chico, nos seus 92 anos, na realidade corresponde a todo o século vinte, com suas guerras, transformações, revelações, descobertas e avanços científicos, renovando a era e a cultura da humanidade, onde a contribuição deste sábio e humilde médium de Jesus deixou seus exemplos e conselhos preciosos para o porvir daqueles que lhe ouviram as mensagens. No tempo em que convivemos com ele, o Brasil e o Mundo passou por diversas fases, assim como o próprio médium, através dos quais vivenciamos ciclos diferentes na história; fossem os anos de chumbo nos quais respirávamos uma atmosferaentendemos por “caridade material”. Esta é até fácil e cômoda de ser ocasionalmente praticada, enquanto a outra.... Bem, é matéria ainda por ser apreendida, mesmo pelos que hoje endeusam Kardec e Chico. J. V. Ellam. Agradecimentos Introdução O burro manco Ode a preguiça O contexto do aprendizado O trabalho espiritual O besouro Chico e as viagens internacionais A Federação Espírita do Estado de São Paulo O trabalho A2. As curas. Os Trabalhos na Penitenciária O trabalho com D. Yolanda Cesar As revelações Augusto Cesar VOTOS DE PAZ E AMOR. Histórias inesquecíveis Abraão e o posto de gasolina Hélio, Sayoko e Tiaminho Outros trabalhos inspirados por Chico Conceitos aprendidos com o Chico Chico e a política Chico e a revolução feminina Chico e a reformulação do trabalho Chico fala sobre o casamento e o divórcio. Amor verdadeiro e incondicional O amor incondicional A mulher chinesa Chico e o suicídio Chico e o aborto Chico e as drogas Chico e a violência Chico e as profissões Chico e a riqueza Chico e as crises Chico e os direitos autorais Chico e o Catolicismo Chico e a Umbanda O natal Chico e a justiça Chico e a vida moderna Chico e a era espacial Vida fora da Terra Chico e o Pinga fogo Chico e a caridade A pergunta 642 A suspensão da pena Chico e a ciência O bandido socorrista O evangelho em Roma A doutrina na França O Espiritismo no Brasil Nova oportunidade Advertências preciosas Novos Rumos Chico vs. Kardec Chico e o movimento espírita Diálogos profundos com Chico Xavier O Projeto Rama Ramatis A Ufologia Como Jesus veio ao mundo A lagarta e a borboleta AVISOS SOBRE A VINDA DO CONSOLADOR OS MORTOS SAIRÃODE SEUS TÚMULOS A VOLTA DE JESUS, UM EVENTO DIFERENTE DO ADVENTO DO ESPIRITISMO. O cristão fiel A vida no céu O que você fez? O céu. Chico e as religiões do passado O pato que dançava A história do perú O motorista do ônibus O extraterrestre Os dois romanos A questão das senhas. Agradecimentos. Posfáciopesada em que havia no ar a tensão angustiante no país, devido ao regime militar, ou fosse a guerra fria, em âmbito internacional quando o medo de uma nova guerra mundial era uma preocupação constante. Nestes tempos difíceis o Chico se dedicou quase que inteiramente à consolação dos corações brasileiros, embora ele dissesse que tinha outros romances do Emmanuel para escrever, mas não encontrava oportunidade para recebê-los. Por isto, sempre sentíamos algo inexplicável, enigmático mesmo, nas vibrações amorosas que ele emitia em direção a quem dele se aproximasse, como se sondasse, sem nada dizer, as razões pelas quais se aproximavam dele. Diante da dor, entretanto, é que sua presença constituía, invariavelmente, um bálsamo silencioso para as feridas espirituais, refazendo o equilíbrio do visitante. Outras vezes, um único olhar do Chico revelava significados específicos, como se soubesse a intensão do visitante, algo só compreendido pelo beneficiário que o recebia, por que aquele olhar atendia ao que esperava dele. Contudo, aqueles que tiveram o privilégio de com ele trabalhar, se viram desnudos, como se diante dele se revelassem seus mais íntimos problemas e desejos e, nestes casos, seus olhares faziam advertências preciosas quanto à conduta futura, diante das revelações que recebiam do Chico. Muitos de nós, sob a aura do Chico, nos víamos como personagens de outras vidas, relembrando cenas e episódios do nosso passado espiritual. Era como se a presença e a vibração do Chico contivesse alguma chave capaz de abrir arquivos da alma de cada um, revelando encarnações passadas, como a mostrar a responsabilidade com que deveríamos tratar as questões espirituais. Tais encontros eram originais e diferentes a cada vez, para aqueles que com ele conviveram, ocasiões em que Chico aproveitava para introduzir sementes ocultas de renovação, ou dicas para estudo e aprendizado, através das quais ele transmitia silenciosamente aquilo que a pessoa precisava receber de modo útil ou interessante, em particular, ainda que aproveitadas somente num futuro distante. Muitas vezes, seus sorrisos eram tão cheios de significados, que as pessoas que privavam com ele nem sequer necessitavam falar para se sentirem atendidas em suas necessidades mais íntimas, recuperando sua alegria sem precisar de respostas articuladas às suas indagações. O Chico dizia que as palavras proferidas constituem uma decodificação daquilo que o pensamento quer dizer e muitas vezes, aquelas reduzem ou distorcem o significado do que foi articulado em pensamento. Para almas espiritualizadas, entretanto, a transmissão do pensamento contém mais conteúdo do que a palavra dita. Este fenômeno acontece entre almas afins, naturalmente, mas refazer este fenômeno coletivamente, dando a cada um uma mensagem diferente é obra das almas superiores, mais nobres, altruístas e generosas. Por isto, para aqueles que tinham olhos de ver e ouvidos de ouvir, bastava somente alguns momentos em sua presença, para saber o que deveriam fazer, pois seu exemplo e poucas palavras diziam tudo e, isto era mais importante e satisfatório do que propriamente consumir o tempo do médium com conversas prolixas ou prolongadas. Na história humana são poucos os seres que apresentaram este dom de tratar cada pessoa de maneira diferente e transmitir de modo inconfundível, através de imagens mentais ou um simples olhar, ou uma única frase ou palavra, aquilo que a pessoa precisava saber ou ouvir. Jesus foi o maior destes paradigmas e o Chico fora outro, o mais importante nos tempos em que vivemos, no século XX. Dai ser impraticável que algum espírita ou dirigente querer estabelecer como dogma ou determinação algo que que o Chico tivesse dito, estabelecento intolerância religiosa sobre seus ensinos. O mesmo assunto era compreendido de maneira diversa por quem ouvia dependendo da sua abertura mental. O Chico tinha dom de conseguir agradar a todos a despeito da heterogenia dos que o conheceram e cada um que conviveu com ele representa uma experiência única e é assim que ele pode ser visto com outros olhos, dependendo de quem e como o observou. Alguns destes conhecimentos, no entanto, por serem revolucionários para a época em que foram ditos, seguiram omitidos por aqueles que os receberam, até que o tempo permitisse alguma revelação, diante denovas circunstancias. Os aprendizes que com ele privaram acabaram se modificando interiormente, pelo seu incrível conteúdo transformador promovendo mudanças fundamentais em seus modos de pensar e sentir, moitas vezes mudando o rumo de suas vidas e, talvez, por isto, tenha chegado o momento de revelarem o que aprenderam, pois que os tempos são outros. Além disto, os temas a respeito da vida planetária e cósmica talvez tenham sido pouco observados pelos seus biógrafos assim como nos livros já escritos a seu respeito, possivelmente mais focados nos aspectos da vivência humana, cheia de dores e sofrimentos, pedindo consolo, ou então, mais preocupados em ressaltar a mediunidade ímpar do Chico, relatando seus fenômenos. Não obstante, cremos que ainda há muito a ser dito, até por que muitas sementes de amor que o Chico plantou em silêncio, talvez, só agora estejam frutificando. Neste sentido, este livro constitui apenas o resultado de observações pessoais deste autor, tido durante um período relativamente longo de convivência com Chico Xavier, num contexto de trabalho realizado juntamente com outros companheiros, que talvez tenham tido visões diferentes das nossas. Nosso desejo é tentar ressaltar aspectos do que Chico dizia, pensava ou transmitia da visão dos espíritos, outrora em caráter particular, mas que hoje podem ser dados a público. O trabalho espiritual A vida do Chico tem sido retratada por livros e em filmes biográficos e seria redundante relembrarmos ao leitor os aspectos mais conhecidos de sua vida, por isto, ao oferecermos esta recordação, vamos nos ater aos temas que mais nos impressionaram. Quando Emmanuel lhe mostrou o tamanho da tarefa de produzir “alguns” livros, apenas duzentos, o Chico se afinou. Dizia o Chico a Emmanuel: eu não passo de um verme, como posso me aventurar a trabalho desta envergadura. Ao que Emmanuel retrucou: - Chico, não humilhe o verme, pelo menos ele é útil na decomposição dos detritos humanos. E você? Quer ser menos útil que o verme? Começados os trabalhos de psicografia, o Chico ainda se lamentou que seu olho doía muito, ele mal enxergava, então, por que não curar o olho primeiro? Emmanuel, longe de sentir pena dele, afirmou que a doença do seu olho não tinha cura, mas tinha tratamento. No seu caso a doença lhe daria disciplina e educação, mas era melhor um doente trabalhando, do que ser saudável, mas, improdutivo. Pouca gente sabe que durante esta fase de Pedro Leopoldo, o Chico tinha um pequeno centro onde psicografava o qual ficou deserto por quase três anos, onde o único frequentador era o próprio Chico e seu cachorrinho. As obras, contudo, emocionaram o mundo com seus personagens inesquecíveis... Depois disto, o público começou a procurar o Chico, o fenômeno se disseminara, e com isto a Igreja ficara vazia, todos queriam entender o que os espíritos diziam, e os padres começaram a perseguir o Chico. Nesta época um sobrinho do Chico o difama, dizendo que ele era impostor e mistificador. Para não escandalizar a família com sua presença, ele se muda para Uberaba, para trabalhar com Waldo Vieira. Ambos compõem vários livros mediúnicos em parceria. Certa feita, contou o Chico que uma senhora de São Paulo, esposa de um rico industrial lhe procurou, procurando saber se seu marido iria sobreviver à doença da qual estava acometido, há várias semanas, entre a vida e a morte. O Chico desconversou na hora, pedindo para aguardar a manifestação dos espíritos. Foi quando o Chico contou, aparentemente sem razão especifica a história do besouro. O besouro Certafeita, enquanto Chico e Waldo datilografavam, mediunizados, na mesma sala, capítulos diferentes do mesmo livro, surgiu no ar um besouro, que acabou caindo dentro da máquina do Waldo, atraído pelo barulho das teclas ao escrever. O Waldo pegou o besouro com a mão e o atirou na parece. O besouro caiu no chão, mas, não morreu. Depois de algum tempo voltou a voar e caiu, de novo, na máquina do Waldo. Este pegou o inseto e o atirou no chão com força e o bicho ficou muito atordoado, mas, depois de certo tempo, voltou a voar. Desta vez, caiu na máquina do Chico. O Chico então, cuidadosamente, pegou o besouro com uma das mãos, com a outra abriu a janela e fez o besouro voar para fora da sala, dizendo-lhe: Olha besouro, se o Waldo não conseguiu desencarnar você, é porque você tem missão a cumprir, vai cumprir sua missão e não volte mais. A mulher que ouvia atentamente a história percebeu que o Chico se referia a seu marido. Isto é, se ele tivesse ainda missão a cumprir não desencarnaria, caso contrário.... Aquela senhora havia entendido o recado... Ch ico e as viagens internacionais Ele e Valdo viajaram aos Estados Unidos e a Europa, a convite de instituições de vários países. Ao tomar contato com as descobertas cientificas Chico se assustou com seu alto poder destrutivo; como podiam os homens transformar revelações espirituais, dadas ao homem pela espiritualidade como invenções científicas, a benefício da humanidade e desvirtuá-las tanto de suas finalidades pacíficas. A parapsicologia era uma ciência destinada a estabelecer parâmetros para as transmissões de pensamentos, visando uma nova forma de diálogo com seres de fora e espíritos desencarnados, por meio de uma linguagem unificada, padronizada, cada palavra com significados semelhantes em qualquer lugar do mundo ou fora dele, mas, estava sendo usada para espionagem militar e industrial, através do desdobramento espiritual e da telepatia. Os recursos da medicina eram descortinados ao homem para proporcionar novo padrão de saúde, eliminando doenças endêmicas, mas os cientistas cultivavam vírus em laboratório como armas de destruição em massa, caso fossem lançados em reservatórios de água. As pesquisas com energia atômica tinham cada vez mais poder destruidor. Mas os cientistas disseram ao Chico que não havia outro meio de garantir a paz no mundo a não ser com um poder destruidor maior que qualquer inimigo. Durma-se com este barulho... Ah, o homem, como ele inverte a lógica dos espíritos, e é claro que estes precisam abortar muitas das inovações e descobertas, antes que elas causem maiores destruições. Pouca gente sabe os motivos afastaram o Waldo do Chico, mas o fato é que o Waldo havia se apaixonado por uma mulher e com ela se casou, mudando-se para o Japão, onde aprendeu outras técnicas espirituais mais avançadas, as quais ensina e pratica, até os dias de hoje, em Fóz do Iguaçu. Não obstante, o Chico dizia que o tipo de trabalho que ele fazia exigia não só muita disciplina, renúncia dedicação e, sobretudo, o celibatarismo, sendo raros os que conseguem tal grau de desprendimento. Dizia o Chico que é muito difícil seguir a Jesus com exclusividade. A Federação Espírita do Estado de São Paulo Quando comecei a frequentar a Feesp, em 1966, sua sede era apenas um casarão, na R. Maria Paula, onde hoje está a nova sede, e naquele tempo, entre os grandes expositores da doutrina com quem tivemos aulas, achava-se o comandante Armond, pioneiro da divulgação das aventuras da humanidade, antes de aportar na Terra. Ele era militar reformado e havia passado três anos na Índia onde assimilou os sistemas de iniciação por graus de aprendizado, (aprendizes, discípulos e membros da fraternidade) os quais introduziu na Feesp, criando os cursos de Introdução à doutrina espírita, do evangelho, de médiuns e discípulos de Jesus. Os formandos passavam a fazer parte da Fraternidade dos Discípulos de Jesus, que produzia os trabalhos coletivos da Feesp. Nosso aprendizado era maravilhoso, pois as revelações vindas através da inspiração aliadas ao conhecimento destes mestres não sofriam os embargos, hoje existentes, da chamada pureza doutrinaria, que busca segregar os assuntos que os alunos, supostamente não devem saber. Naquele tempo, tudo era permitido saber, porque com a base doutrinária, ampla e irrestrita, qualquer um podia filtrar o que fosse bom e útil para a própria vivência, afinal o homem tinha ido a lua, a mulher havia feito uma revolução nos costumes, e tantas reformas que se seguiram que seria um absurdo completo querer limitar o conhecimento doutrinário. Os livros do Chico chegavam sempre cada vez mais atualizados com as mudanças sociais e, provavelmente, ainda seria assim se ainda estivesse entre nós. Além dos exemplos de grandes mestres e do querido Chico, sempre tínhamos a quem recorrer quando precisassemos nos atualizar. Tivemos o privilégio de pertencermos ao Conselho da Federação por 18 anos, tempo em o trabalho era desafiador e empolgante. Durante anos trabalhamos arduamente para construir a sede da Rua Santo Amaro, até sairmos do casarão da rua Maria Paula, com todos os tipos de campanhas, da qual se destacava a Feira da Primavera, organizada por D. Oslávia, onde doações de todo tipo eram vendidas com recursos destinados às obras. Até ali, os trabalhadores eram desprovidos de egos e artimanhas políticas, todos queriam trabalhar, havia muito trabalho e poucos trabalhadores. Não era fácil, nem dava status ser espírita. A doutrina era confundida com conhecimento de magia e fascinação. Mesmo assim o trabalho crescia, principalmente, quando os problemas brasileiros adquiriam dimensão imperscrutável, durante o regime militar, onde era até perigoso fazer reuniões com grande público. Quando a sede da Rua Santo Amaro, hoje chamada de sede velha, ficou em condições de atender as levas de pessoas em busca da doutrina, começou-se a pensar na sede nova. O movimento crescia apoiado ampliando a base do conhecimento doutrinário, também, por médiuns como Ercilio Maes e Pietro Ubaldi, que não tinham restrições quanto aos temas a serem abordados. Tudo era interessante e o conhecimento fluía incessante. Mais trabalhos e campanhas. Doações de vulto, e obras em andamento. O Chico, porem, alertava para o perigo do movimento espírita se verticalizar. Ele avisava que era melhor a doutrina permanecer em ambientes simples, com trabalho para todos, sem o artificialismo das hierarquias, que fatalmente acabariam em disputas destruidoras de reputações e exclusão de trabalhadores qua não se afinizassem com os detentores do poder, algo que não faziam o menor sentido, no ambiente cristão, que deveria ser acolhedor e inclusivista. Além disto, a amplidão das casas espíritas desviaria recursos da caridade para obras e manutenção, profissionalizando a doutrina e o foco não seria mais a divulgação da verdade e do bem, mas sim as campanhas que davam retorno material. As tribunas se tornariam o objetivo dos espíritas, a fim de adquirirem respeito e estatus e poder para permanecerem nos seus cargos, afastando-os da caridade verdadeira. Dizia o Chico que a tribuna deveria ser a última opção do trabalhador espírita, depois que tivesse longa vivência no estudo e na prática do evangelho, a fim de transmitir os conceitos doutrinários com conhecimento de causa e não por terem sido ensinados. De que valeria criar mais uma religião, repassando e ensinando conceitos espirituais, sem a sua vivencia e trabalho útil com tais ensinos. O próprio Chico dava exemplo disto. Era preciso não perder o contato com as pessoas. Ouvi-las, ajudá-las a encontrar solução para seus problemas, porém, sem proselitismo, ou seja, sem se comprometer deixando a escolha ao livre arbítrio de cada um. Então ele nos deixava perplexos, pois dizia que se a federação continuasse a se elitizar ele jamais poria os pés lá. Dito e feito. Mas que nós ficássemos trabalhando,pois conosco que o seguíamos as coisas já tomavam outro rumo, então como ficaria, se saíssemos. Mas acabaram saindo conosco, das áreas doutrinárias. Onde já não era mais possível inovar nem acrescentar coisa alguma. Era somente mais do mesmo que já tínhamos feito. Continuamos apenas com os passes, pois que ali estamos com os que chegam... Dizia o Chico: - é preciso amar como Jesus nos amou, sem apego, sem posse, sem dependência. O amor tinha de ser livre, contagiante, coletivo e não um cativeiro, não podia ser confundido com poder nem com sexo, que exigia compromisso e responsabilidade. Perguntávamos: e se no trabalho, caíssemos em situações difíceis, fruto de paixões inevitáveis com companhias do passado? Mesmo assim, o Chico dizia que era melhor errar a não fazer nada, mas que não nos afastássemos dos necessitados... Não era o tratamento que consertava as pessoas, mas sim o trabalho. Quem estivesse trabalhando sempre poderia se salvar, mesmo tendo errado. As mulheres talvez compreendam melhor o que o Chico dizia, mas, os homens se acham donos da verdade e da virtude dos outros... Cada vez que havia um problema na Federação, lá íamos nós a Uberaba saber a opinião do Chico sobre as disputas que se instalavam na casa à medida que a Federação crescia. O Chico dizia para não nos impressionarmos com as disputas, pois cada vez que os espíritas brigavam alguns saíam da Federação e indignados, criavam outras entidades e, dessa maneira, a doutrina se expandia para fora dela. Como havia ótimos espíritas naquela época as entidades que surgiram foram sempre bastante profícuas. Era preciso parar de pensar que fora da Federação não havia salvação e sim, que fora da caridade não haveria salvação. O que tinha de crescer era a doutrina e não somente a Federação. O trabalho A2. Na Federação, acho que em 1968, ainda no casarão da R. Maria Paula, havíamos criado o trabalho A2, às sextas feiras, no qual nos mantivemos até o ano de 2009, na sede nova quando o deixamos. Entretanto, vários acontecimentos nos emocionaram neste periodo, como o que ocorreu num, um belo dia, dos anos 70, ao final dos trabalhos, um senhor desconhecido veio falar conosco. Chamava-se Amaral e disse que estava me procurando a pedido de Chico Xavier. Contou que era um rico empresário avícola de Ribeirão Pires e que, certo dia, ao passar em frente da Federação Espírita, em São Paulo, sofreu um fulminante enfarto. Pessoas da casa apressaram-se em socorrê-lo, o levaram para tomar passes e fazer um tratamento especial de fluidos, durante o qual ele se viu fora do corpo, na presença de um espírito muito iluminado que lhe apareceu, dizendo ser Bezerra de Menezes. O espírito lhe disse que seu tempo na Terra havia acabado, mas que, se quisesse, poderia ter uma moratória, ficando mais alguns anos encarnado. Porém, para isto ele deveria dar um destino fraterno e caridoso aos seus bens, tendo em vista que não havia herdeiros. Ele perguntou ao espírito o que devia fazer, e Bezerra lhe recomendou que procurasse por Chico Xavier em Uberaba, para pedir orientação. Quando voltou a si, sentiu-se melhor e revigorado com os passes, guardou na memória aquelas cenas passadas dentro da Federação, enquanto estava sendo assistido. Quando teve a primeira oportunidade foi a Uberaba procurar o Chico para obter orientação, e o Chico, após ouvir-lhe o relato, perguntou o que ele gostaria de fazer com os seus bens. Amaral disse que tinha uma granja muito grande na cidade em que morava, mas já a havia desativado depois do enfarto e gostaria de dar ao seu sítio um destino proveitoso, voltado aos necessitados. O Chico lhe sugeriu fazer lá um lar de velhinhos, caso a cidade já não tivesse um. Ele gostou da ideia, mas não se sentiu em condições de tomar a iniciativa dada a saúde debilitada. O Chico então lhe recomendou procurar-me na Federação, na certeza de que obteria conosco o apoio necessário para conduzir a obra. Após me relatar estes fatos, Amaral perguntou se eu gostaria de conhecer o local, e poderia convidar quem eu quisesse para ir junto. Convidei então o Angarita, o Gabilan e a Lívia, que se dispuseram a conhecer o projeto do Amaral. Desnecessário dizer que assumimos o compromisso de organizar o abrigo, que se chamaria Lar Espírita Adolpho Bezerra de Menezes, Labem, tendo o Gabilan providenciado os estatutos da criação da entidade e o Amaral, a doação do terreno para o Labem. Começamos as campanhas de arrecadação de fundos para levantar a obra do abrigo para 180 velhinhos. Fizemos no salão de festas do prédio em que eu morava o primeiro jantar para arrecadação de fundos. A partir daí foram alguns anos de trabalho persistente, na produção de bingos, jantares dançantes, desfile de modas e leilões de obras de arte, até que o empreendimento tomasse vulto. A obra acabou sendo inaugurada, tendo eu sido presidente por alguns anos. De vez em quando, algum dos velhinhos pulava a janela do quarto das velhinhas, de madrugada, e a enfermeira da noite me ligava, querendo saber o que fazer. E eu dizia para ela ignorar, como não tivesse visto... eu havia aprendido com o Chico a não julgar ninguém. Depois disto, aconteceu uma série de fatos desagradáveis na minha vida, incluindo-se aí meu desligamento do Ministério da Fazenda e um casamento desfeito. O Chico dizia que na vida espiritual existe uma contabilidade consciencial, na qual os nossos bons atos são registrados na coluna de crédito e nossos erros vão para a coluna de débitos. De tempos em tempos faz-se um fechamento deste balanço, e vemos para que lado da balança o prato mais pesado pende; se o dos débitos ou o dos créditos. Então, dizia o Chico, recomeça o ciclo, no qual comumente recapitulamos as mesmas lições, nas quais fomos reprovados. Mas a evolução acontece como numa espiral, cada vez que passamos pelo mesmo ponto, no qual nos fizemos o bem, alcançamos um grau acima, e a tentação não constitui mais um desafio. Caso contrário, se passamos por um ponto no qual fracassamos o teste se repete, e se não formos novamente aprovados, quando tivermos um novo ciclo, aquele teste se repetirá até que passemos por ele na condição de aprovados, um grau acima, onde não haverá mais a repetição daquele teste. Queríamos gerar créditos para nossa conta corrente espiritual..., pois que os débitos de outras vidas eram muito grandes... Estes trabalhos foram se modificando com o tempo e alguns deles perduram até os dias atuais. As curas. Em algum momento de 2006, um casal de americanos ali esteve procurando saber como se processavam os trabalhos de cura da Federação. Com autorização diretoria passamos a explicar como se davam os passes e os demais trabalhos de desobsessão, cujas explicações o casal anotava, além de filmar e fotografar o que era permititdo. Passaram-se alguns meses após o retorno dos amigos americados aos Estados Unidos, até que em dezembro daquele ano, eu recebia em minha casa um livro autografado pela doutora Phd. Emma Braghton, a amiga que nos visitara. O prefácio do livro nos dava conta de que todo o trabalho que ela acompanhara na Federação, havia se transformado num projeto de lei, apresentado ao senado americano, objetivando incluir nos planos de saúde americanos os trabalhos de cura semelhantes aos da Federação, como medida complementar eficaz na redução de custos nos processos de cura... Aqui, o SUS ainda não se deu conta do quanto os trabalhos de cura das casas espíritas reduzem no custo operacional do sistema de saúde. Seria o caso de se propor, através de um projeto, a introdução destes trabalhos nos centros de saúde e hospitais do SUS, sendo o pessoal operacional qualificado pelas casas espíritas ou, quem sabe, a inclusão das casas espíritas no SUS, remunerando-as por serviços prestados à saúde pública??? Claro que é apenas um tema para reflexão... Os Trabalhos na Penitenciária Naquele tempo o Chico visitava as penitenciárias, principalmentede São Paulo, junto com o Jô, o saudoso Joaquim Alves, a quem orientou a instituir os trabalhos de atendimento espiritual aos presos, e lá fomos nós com o Jô trabalhar... O Jô conseguia emocionar os detentos com sua pregação iluminada pelos mentores que o assistiam, e era comum todos chorarmos juntos ao ver a capela onde fazíamos as preleções, cheias de entidades, indo e vindo, em atendimento aos obsessores dos presos. O Jô dizia que aonde a educação não chegou antes, só o evangelho poderia corrigir os desvios de personalidade, encaminhando almas para o trabalho produtivo. Com o exemplo do Jô, aprendemos que não existe condenação eterna, e que o ditado que diz que pau que nasce torto morre torto, só se aplica ao reino vegetal, não ao homem o qual pode se modificar diante de um motivo maior. Era, pois, preciso dar esta motivação aos encarcerados, para que eles deixassem de se submeter àqueles que os subjugavam e pudessem ter um comportamento digno da alforria. Porém era preciso dar assistência aos presos libertos, algo que somente alguns centros faziam, para que não houvesse reincidência. As estatísticas de penitenciaria davam conta de que os presos que se tornavam espíritas raramente eram reincidentes, fato que motivava a continuidade do trabalho o qual existe até hoje. Interessante notar que depois disto, varias religiões introduziram trabalhos de assistência aos presos e, atualmente, quem mais se aproveita da evangelização dos detentos é a Igreja Universal, do bispo Edir Macedo, que encontrou um ótimo meio de transformar os detentos em pastores, segundo suas próprias declarações no livro de sua biografia. Naturalmente sem os pruridos da caridade espontânea e gratuita. Perguntamos ao Chico se era válido fazer a caridade por interesse e ele se reportou a pergunta 746, do Livro dos Espíritos, quando Kardec perguntou se era licito fazer o bem por interesse. E os espíritos disseram que sim, que era melhor fazer o bem por interesse do que não fazer bem algum, afinal há muitos que se vestem de santos, mas não fazem nada. Fico pensando nas noticias que chegam dos hospitais transborando doentes e guetos de miseráveis implorando comida e tantos drogados desassistidos nas ruas, sem sentido para suas próprias vidas devido a ausência do evangelho na sua formação. Por que será que as casas espíritas tão cheias de bons conselhos fazendo apologia do evangelho, para aqueles que se filiam aos centros, não aproveitam o enorme contingente de mão de obra disposta a trabalhar e fazerem mutirões para dar passes e assistência espiritual nos hospitais e nos locais em que se encontram, ao invés de esperar que eles procurem os centros, quando o sentimento de revolta já alterou qualquer projeto construtivo destas criaturas. O Chico dizia que o Emmanuel sempre alertava para a assertiva universal, a de que o mal nunca chega aonde o bem chegou antes. O trabalho com D. Yolanda Cesar No início dos anos 80, integrei-me ao grupo de trabalhadores que auxiliavam Dona Yolanda Cesar a consolar as mães que tinham perdido seus filhos, levando a Uberaba aquelas que estivessem em condições de receber mensagens de seus filhos através da psicografia de Chico Xavier. É curioso observar que os biógrafos do Chico se deparam com a dificuldade de descrever a vida do Chico, após o pinga fogo, aparentemente uma monótona e constante atividade a serviço dos sofredores, atendendo invariavelmente as multidões que se aproximavam dele a pedir, pedir, pedir... Contudo, não é difícil perceber que o Chico se realizava através das pessoas que ele atendia, aproveitando o potencial de cada uma delas, fosse como artistas, médiuns ou escritores, ou como oradores, divulgadores ou obreiros da caridade anônima. Quantas destas pessoas atendidas tiveram suas vidas modificadas, na sua vivencia particular, ou transformadas intimamente, adquirindo um olhar coletivo, mudando seus objetivos de vida, muitas delas abrindo centros, outras criando atividades beneméritas ou ajudando outras entidades já existentes, ou mesmo fazendo trabalhos edificantes, em pleno anonimato. Por este prisma fica impossível dimensionar a obra do Chico, pois, ter-se-ia que saber quantas obras ele inspirou, e o quanto foi realizado, graças a sua intervenção e influencia, aliás, como se verá através dos poucos exemplos dados neste trabalho. As revelações Uma vez por mês ou a cada dois meses, em média, nós nos reuníamos na casa dele, durante um período de 3 a 4 dias, no qual ficávamos em Uberaba. Em novo emprego, na Eletropaulo, eu tinha um cargo de confiança que me facilitava às idas a Uberaba e na volta eu divulgava as novidades na federação... Em cada reunião em Uberaba, as mães recebiam suas mensagens consoladoras, evidenciando a existência de seus filhos vivos após a morte física. No entanto, não era apenas o alívio de suas dores e a eliminação das dúvidas quanto à imortalidade da alma que as mensagens dos filhos provocavam em suas mães e nos presentes, era, de fato, uma verdadeira revolução espiritual no seio daquelas mães, transformando vidas, motivando novo sentido para suas existências, gerando aberturas para novos campos de trabalho. Muitas daquelas mães se tornaram grandes trabalhadoras da doutrina espírita, algumas abriram centros espíritas, com diversos trabalhos assistenciais e de tratamento espirituais. No final daquelas reuniões memoráveis, depois que as mães se retiravam, para o descanso, após horas de expectativa, para receberem mensagens de seus filhos, madrugada adentro, nós ainda ficávamos no salão de trabalho do Chico, aproveitando para falar com ele sobre os temas coletivos da doutrina. Nesta época eu e alguns dos amigos, entre eles, Adhemar (do mar), Angarita, Mário, Wanda, sobrinha de D. Yolanda, os empresários Hélio e Sayoko, Leonilde, Abraão, e esposa, Gabilan, Ézio, Pedro, Umberto, Mauro, Lourdes, Maria e tantos outros que não conseguiríamos, agora, lembrar, por não serem tão constantes, nas visitas ao Chico, ficávamos noite adentro, quase até o amanhecer do dia seguinte, ouvindo as confissões, histórias, dramas e piadas contadas por ele e, muitas vezes, depoimentos comoventes dos presentes. Alguns de nós dávamos aulas nas escolas de Federação e era comum levarmos ao Chico, dúvidas levantadas pelos alunos, para as quais não tínhamos respostas, pois não as encontrávamos na literatura espírita, mormente as que se referiam à parte histórica da vida de Jesus e, também, as relativas às questões mais profundas do espírito e da vida extraterrestre. Então pedíamos ao Chico para nos esclarecer. Eu tinha o hábito de, ao voltar para o hotel, já de madrugada, anotar num papel os tópicos que tinha achado importante nos diálogos com o Chico, para serem lembrados durante as aulas e, quem sabe num futuro qualquer poder comentá-las por escrito. O Chico, entretanto, pedia para não gravarmos estes diálogos. Estas observações que agora transponho para o papel são, portanto, frutos de um olhar pessoal de um aprendiz para um Mestre espiritual, cujas lições, supomos, possam ser úteis a estudiosos atuais que não puderam privar da intimidade espiritual com Chico Xavier, um verdadeiro privilégio que tivemos. Tais tertúlias duraram, para mim, de 1981 a 1998, por pelo menos 17 anos e, em cada uma daquelas reuniões havia um derramamento de conhecimento jamais imaginado por qualquer um de nós que frequentávamos aqueles encontros. Mesmo assim alertamos o leitor para a possibilidade de estarmos equivocados, tendo feito uma leitura ou interpretação errada daquilo que Chico havia dito, sendo esta a razão pela qual pedimos a compreensão dos amigos caso se deparem com algo intolerável ou herético, do ponto de vista do movimento espírita. Além disto, devo dizer que nem tudo o que ouvimos ainda é possível dizer, por que pessoas envolvidas ainda estão vivas e podem discordar que assuntos que lhes digam respeito possam ser ventilados.Confio, no entanto, que ele me inspire de longe para que eu não cometa grandes imprudências. Naqueles tempos frequentávamos a Casa da Prece de Chico Xavier, ouvíamos as preleções do Baccelli e sua esposa Marcia e, também, ouvíamos as do Eurípedes, filho do Chico, casos emocionantes contados por eles a respeito do Chico. Às vezes eu me sentava à mesa em que o Chico psicografava, para fazer algum comentário sobre o tema da noite, ao lado de tantos espíritas respeitados e renomados e outros médiuns muito conhecidos. A própria D.Yolanda nos contara que era uma mulher muito rica, vivia em sociedade, participava de reuniões sociais e jogos de baralho. Até que seu único filho homem, numa viagem de passeio a praia, desencarnou numa crise alimentar, em pleno oceano. O desespero batera à porta de D. Yolanda, e ela à porta do Chico. Depois de cinco anos de espera angustiosa, as mensagens chegaram. Au gusto Cesar Augusto Cesar, seu filho que havia desencarnado, explicara através de mensagem por meio de Chico Xavier que, para evitar que a família gastasse uma fortuna em tratamentos e despendesse tempo incalculável, em atendimento à sua situação que previa a tetraplegia, fora muito melhor ele ter desencarnado. Assim poderia trazer seus pais e amigos para a espiritualidade e ajudar jovens desencarnados a enviarem mensagens a seus pais. Desapego e trabalho eram, pois, necessários. D Yolanda, passou a fazer em São Paulo, a triagem das mães que tinham possibilidade de receber mensagens de seus filhos, organizando caravanas que iam a Uberaba quase todos os meses, atrás delas. Augusto ainda transmitiria, através do Chico, inúmeras mensagens à sua mãe e ainda faria publicar vários livros de sua autoria, destinado aos jovens. Mais tarde, Dona Yolanda abriria mão de sua própria casa, transformando-a num centro espírita, o Lar Oficina Augusto Cesar, onde excelentes médiuns, até hoje, recebem mensagens psicografadas. Foi neste contexto que muitas daquelas mães e outros aprendizes tiveram suas vidas modificadas pela sutil, mas, profunda influência de Chico, como se pode ver pelas amostras da mensagem abaixo; VO TOS DE PAZ E AMOR. Saudamos a irmã Yolanda E as suas mãos generosas, Às quais o seu filho envia Um gande buquê de rosas. A vossa reunião em si É ideia excelente Pois visitas com carinho Um companheiro doente. Lastimo ser indicado Para escrever nesta hora Porquanto sou viajor Transitando mundo afora. Tanta gente reunida Lembrando o céu sem esboço, Quando sou aqui apenas Vosso servo José Grosso. Mas sei que sois bons irmãos Ante a Divina Morada Acolhendo-me a palavra Que é sinônimo de nada. Vejo aqui um companheiro Que é sempre amigo fiel Não preciso apresenta-lo É o nosso amigo Samuel. Estou feliz igualmente Revendo, contente, aqui Operosa e diligente A nossa amiga Suly. Fui visitara irmã Zilda Na tristeza que a invade Pude ver-lhe o coração É saudade e mais saudade. Alma grande o nosso grupo Temos nós a irmã Sayoco, Parece uma Ilha de Paz No mundo moderno e louco Como sempre, vejo agora A irmã Olinda a pensar... El-la que recebe um beijo De sua filha olimar. Vim encontrar nossa Elsa Da família Guaraná Recordando o companheiro Que também aqui está. Atesto aqui entre nós, Sem pompa e sem fantasia A bondade a a professora> Nossa Tuth Maria. Rejubilo-me encontrando a presença igual a brisa mãos de fada no trabalho, a nossa terna Luiza Anoto a nobre presença De nosso estimado Alfredo Que escolheu a caridade Para serví-la sem medo Augusto pede à mãezinha Em nossa festa bonita Levar felicitações A sua sobrinha Rita. A turma que vejo aqui Esta cercada de luz Ouço vozes cristalinas Louvando o amor de Jesus. Aos companheiros destaco O nosso prezado Humberto, Que busca sempre onde está Caminhar no passo certo. Na visita que fazeis E no amor a que me aplico, Deixo um abraço especial Para Euripedes e Chico. Augusto igualmente pede À sua mãe Yolanda, Levar um abraço fraterno À sua prima, a irmã Wanda. Perdoem-me se não trouxe Água limpa ao vosso poço, Basta anotar meu nome O servidor José Grosso. José Grosso. Mensagem recebida pelo médim Francisco Cândido Xavier, em reuniãocom o grupo de D. Yolanda Cesar, na sua residencia, em Uberaba,Minas Gerais, BR., na noite de 27/07/1990. Hi stórias inesquecíveis Certa feita a Márcia, uma bela moça de Osasco, esteve em Uberaba, buscando noticias de seu irmão que havia sido assassinado, um ano antes, deixando três filhos órfãos. Depois de muitas seções, certo dia, alta madrugada, ela acabou recebendo uma mensagem dele, dizendo para perdoar os envolvidos no crime, pois que aquilo estava incurso no seu programa existencial, como uma conta quitada. O assassino fora preso naquele mesmo dia, em São Paulo, e a mensagem evitou que a família de algum modo fizesse uma justiça antecipada. O assassino foi então julgado normalmente, sem ódio ou vingança, por parte da família, graças àquela mensagem. A Márcia pegava carona comigo e foi com ela que acabei me casando novamente, e juntos tivemos dois filhos adorados e maravilhosos, Caio e Aline. Ab raão e o posto de gasolina Certa noite, altas horas, numa daquelas reuniões, o Chico recebia uma mensagem para uma das mães presentes. De repente o Chico interrompeu a mensagem, retomou seu corpo, afastando o espírito comunicante e avisou ao Abraão, nosso amigo presente, que ele iria receber um telefonema dali a instantes, do seu filho que estava em São Paulo, avisando que o posto de gasolina de sua propriedade, estava interditado pelos bombeiros, pegando fogo. Mas era para ele não se preocupar, tranquilizando seu filho, por que o incêndio, na realidade não era no posto e sim na rede de gás na mesma rua em frente ao posto, não tendo este sido atingido. Ademais, que os bombeiros em pouco tempo, dariam conta da situação, sem prejuízo para a família. Feito isto, o espírito que estava dando a mensagem retomou o corpo do Chico e continuou sua missiva à sua mãe. Dali a pouco, o Eurípedes adentrava o salão em que nos reuníamos, para dizer que havia um telefonema para o Abraão... O Chico, enquanto emprestava seu corpo para outros espíritos, continuava trabalhando no plano espiritual... Foi quando nos demos conta de que a vida espiritual tem uma existencia independente da vida material, onde o corpo pode estar fazendo algo, a serviço de alguém, enquanto que o espírito esta fazendo outra coisa, a serviço de outrem... Enquanto seu corpo pode estar sofrendo com persiguiçoes, doenças ou crises de todo o tipo, ainda assim o espírito é livre, sopra onde quer, e não é possível submetê-lo. H élio, Sayoko e Tiaminho O querido casal de amigos, Hélio e Sayoko, que aprendemos a admirar e respeitar, foram vítimas de uma horrível tragédia doméstica. Enquanto seu pai manobrava o carro na garagem, não viu seu filho Tiaminho, de seis anos, que estava atrás do veículo e, durante a manobra, atropelou o menino, esmagando-o na altura da cintura, contra a parede do fundo da garagem. Depois de muito tempo indo a Uberaba e recebendo mensagens de consolo do Chico, um dia, seu filho Tiaminho, trouxe através da mediunidade do Chico, não uma mensagem, mas um impressionante livro, de memórias de vidas passadas. Em resumo, contava o Tiaminho, que ele tinha sido um imperador no Japão durante a idade média e seu pai nesta vida, Hélio, naquela existência tinha sido o chefe dos samurais que protegiam o imperador. Numa das campanhas em batalha, seus exércitos tinham sofrido muitas baixas e o imperador indignado, culpou seu samurai e o obrigou a praticar o haraquiri, tendo em vista o fracasso da missão que o imperador lhe havia confiado. Dessa forma, adquiriu aquela divida espiritual, porque o samurai não era o culpado direto pelo acontecido. Passado o tempo, reencarnaram juntos, o samurai como o pai e o imperador como Tiaminho e, assim, resgataram a velha dívida. Os pais de Tiaminhose tornaram grandes trabalhadores da doutrina, havendo criado, as suas expensas, um generoso lar para crianças abandonadas. Ou tros trabalhos inspirados por Chico Em 1982, após os chamados primeiros choques do petróleo, havia em São Paulo, muitos indigentes nas ruas, desempregados das empresas pela crise que se instalara, na construção civil e na indústria automobilística. Certo dia o Adhemar perguntou ao Chico o que poderíamos fazer em São Paulo, com respeito àquelas pessoas desamparadas. O Chico então disse; que o ideal seria que as recolhêssemos em nossas casas, mas que isto ainda era um sonho distante, e que, para começar alguma coisa, nós poderíamos começar assistindo-as, na rua mesmo, onde elas estavam. Foi assim que eu e o Adhemar iniciamos, sob a orientação do Chico, um trabalho de entrega de agasalhos, cobertores, e comida aos moradores de rua. Uma campanha que começou solitária, numa segunda feira de inverno, mas a qual, no final de alguns meses, já havia crescido havendo trabalhos semelhantes em todos os dias da semana. Arregimentávamos trabalhadores nas escolas da federação, onde dávamos aulas e nosso trabalho havia inspirado outros, semelhantes. De vez em quando surgiam fatos inusitados. Um conhecido expositor da Federação havia encontrado na rua, seu irmão, do qual não tinha notícias há bastante tempo e teve a oportunidade de socorrê-lo. Doutra feita, encontramos um empresário falido que às vezes aparecia nas colunas sociais de revistas e jornais. Contou-nos ele que quando sua empresa faliu, os amigos sumiram e a justiça veio atrás dele. Ele fugiu para a Amazônia e ficara por lá cinco longos anos. Quando voltou, sua mulher já havia se casado com outro homem e seus filhos não o reconheceram mais, pois, passaram privações difíceis com a fuga dele. Então ele estava na rua, mas dizia que estava bem, por que ali não havia hipocrisia; quem era bandido era bandido, não estava se escondendo de ninguém, quem havia fracassado não disfarçava sua dor de ninguém, quem fora despejado de sua casa, enfrentava as provações como podia. Quem era homossexual não escondia sua condição. Enfim, na rua, as pessoas eram o que eram, autênticas e sinceras, contavam suas histórias e se consolavam uns aos outros, como podiam, diferentemente da sociedade, com suas máscaras e interesses dissimulados. A necessidade fazia as pessoas se confessarem e pedirem socorro umas as outras. Quando alguém conseguia algum recurso farto divida com os amigos, não havia como guardar coisa alguma. Era assunto para se pensar. Agruparam-se conosco, muitos trabalhadores da Federação, entre eles a Lourdes e o Magno, com quem, depois das campanhas de rua, instituímos a distribuição de presentes de natal para mais de 1.200 crianças carentes, copiando os trabalhos de Uberaba, o que fazemos até hoje. Daí alguns meses, instituímos a sopa fraterna no subsolo da antiga sede da Federação Espírita do Estado de São Paulo. Bons tempos em que os espíritas colaboravam uns com os outros e havia uma fraternidade real e verdadeira entre todos os trabalhadores, sem hierarquia ou pruridos de superioridade de ninguém. O conhecimento era praticado antes de ser pregado... O Chico servia-nos de inspiração e exemplo, além de nos orientar. Co nceitos aprendidos com o Chico Na fase em que morou em Uberaba, o mundo passou por mudanças radicais, e por isto, a cada transformação social ou política, ou econômica do Brasil, corríamos a Uberaba atrás das respostas e explicações dadas pelo Chico... Ch ico e a política Parece óbvio que a vida de Chico Xavier foi contemporânea do século vinte e, neste contexto, Chico acompanhou todas as transformações e eventos marcantes desta época, ao mesmo tempo, louca e magnífica da humanidade. O mundo sofria com a Primeira e a Segunda Guerra Mundial e o Chico psicografava os livros que influenciariam o modo de ver a vida, revelando as nuances da vida espiritual. Enquanto Kardec se ateve às questões morais e filosóficas do ser humano, apenas afirmando que os espíritos quando morrem ficavam na erraticidade, até merecerem outra encarnação, Chico avançou mais, tendo os espíritos por seu intermédio revelado a vida espiritual abundante nas cidades e mundos espirituais, onde os desencarnados faziam suas avaliações da vida que levaram na matéria. Talvez, por isto, as reencarnações posteriores às guerras mundiais começassem a ser menos violentas, apesar de ainda haverem muitas guerras menores. Parte da sociedade começava a se espiritualizar. Deste modo, quando se observa que no século vinte o planeta tinha pouco mais de dois bilhões de habitantes e as guerras dizimaram 200 milhões de pessoas, enquanto que, atualmente, o mundo, com seus quase 7 bilhões de habitantes, apresenta apenas pequenas guerras arbitrárias, causadas por algum louco de plantão. Nunca o mundo mudou tanto em tão pouco tempo, seja no âmbito dos costumes quando no da tecnologia, marcado, sobretudo, pela revolução introduzida pela libertação da mulher do jugo do machismo em todas as instituições, sobretudo no lar doméstico. O que pouca gente sabe é que o Chico influenciou a própria história do Brasil. Quando o Brasil vivia sob o regime militar, não poucas vezes fora consultado pelos presidentes, ou por suas mulheres, ou ministros de governo, a respeito dos rumos da política brasileira. O comunismo fazia propaganda intensiva e muitos jovens se empolgaram com as mudanças em direção ao socialismo num mundo de capitalismo selvagem. Havia sempre no ar a possibilidade de uma guerra nuclear, à medida que os Estados Unidos defendiam seus sistemas econômicos, os países vulneráveis sofriam sua influência, assumindo governos militares, afinados com os americanos, com visível medo dos soviéticos, apontados pela mídia da época como senhores do mal. Os jovens rebeldes eram perseguidos e inconformados provocavam rebeliões, duramente combatida pelo exercito. O Chico, a despeito das perseguições que se faziam aos jovens que lutavam pelo socialismo no Brasil, sempre manteve a opinião de que o regime possível para nossa nação, naquela época, era o capitalismo e a democracia. O socialismo era uma conquista advinda da maturidade de um povo, alimentado pela fraternidade incondicional, que só chegaria pela elevação do grau de consciência da população e não por força das instituições falíveis. E, se o mundo entrasse numa nova guerra mundial, o que deveríamos fazer como espíritas? O Chico dizia que se o mundo entrasse numa crise sem solução e houvesse destruição em massa, o melhor a fazer era ir dormir com a consciência tranquila, sem medo nenhum. Porque se sobrevivêssemos, era preciso estar bem descansados, para trabalhar, já que teríamos de recomeçar a civilização novamente. Caso contrário, seria melhor morrer a entrar numa guerra para matar nossos semelhantes. Atualmente, o pessoal mais rico procura outras formas de sobrevivência, caso aconteça algo maior, de ruim. Eles constroem bunkers onde possam se esconder, com recursos suficientes para viver por longo período de tempo, ou buscam meios de fugir para locais desérticos, longe do perigo das guerras, nas grandes cidades. Será que vale a pena? O Chico nos pedia paciência, tolerância e trabalho constante, que perseverássemos e confiássemos no alto, trabalhando sempre, dizendo que Jesus estava no Leme da Nave Terra e sabia o que precisava ser feito. Outras vezes queríamos saber do Chico notícias de políticos brasileiros desencarnados. Ele então comentava alguns dos vultos da política brasileira, cujas biografias eram bastante conhecidas. Chico dizia que havia três ex-presidentes do Brasil que gostariam de dar mensagens através dele, mas Emmanuel não deixava. Perguntamos quem eram e por quê. Ele então disse que os presidentes Juscelino, Tancredo e Getúlio eram conhecidos pelo público de um modo muito diferente de como a espiritualidade os via e que as mortes deles nãoentendemos por “caridade material”. Esta é até fácil e cômoda de ser ocasionalmente praticada, enquanto a outra.... Bem, é matéria ainda por ser apreendida, mesmo pelos que hoje endeusam Kardec e Chico. J. V. Ellam. Agradecimentos Introdução O burro manco Ode a preguiça O contexto do aprendizado O trabalho espiritual O besouro Chico e as viagens internacionais A Federação Espírita do Estado de São Paulo O trabalho A2. As curas. Os Trabalhos na Penitenciária O trabalho com D. Yolanda Cesar As revelações Augusto Cesar VOTOS DE PAZ E AMOR. Histórias inesquecíveis Abraão e o posto de gasolina Hélio, Sayoko e Tiaminho Outros trabalhos inspirados por Chico Conceitos aprendidos com o Chico Chico e a política Chico e a revolução feminina Chico e a reformulação do trabalho Chico fala sobre o casamento e o divórcio. Amor verdadeiro e incondicional O amor incondicional A mulher chinesa Chico e o suicídio Chico e o aborto Chico e as drogas Chico e a violência Chico e as profissões Chico e a riqueza Chico e as crises Chico e os direitos autorais Chico e o Catolicismo Chico e a Umbanda O natal Chico e a justiça Chico e a vida moderna Chico e a era espacial Vida fora da Terra Chico e o Pinga fogo Chico e a caridade A pergunta 642 A suspensão da pena Chico e a ciência O bandido socorrista O evangelho em Roma A doutrina na França O Espiritismo no Brasil Nova oportunidade Advertências preciosas Novos Rumos Chico vs. Kardec Chico e o movimento espírita Diálogos profundos com Chico Xavier O Projeto Rama Ramatis A Ufologia Como Jesus veio ao mundo A lagarta e a borboleta AVISOS SOBRE A VINDA DO CONSOLADOR OS MORTOS SAIRÃODE SEUS TÚMULOS A VOLTA DE JESUS, UM EVENTO DIFERENTE DO ADVENTO DO ESPIRITISMO. O cristão fiel A vida no céu O que você fez? O céu. Chico e as religiões do passado O pato que dançava A história do perú O motorista do ônibus O extraterrestre Os dois romanos A questão das senhas. Agradecimentos. Posfácio