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G R A D U A Ç Ã O ME. THIAGO HENRIQUE MARTINEZ BLANCO Gestão e Empreendedorismo Híbrido GRADUAÇÃO Gestão e Empreendedorismo Me. Thiago Henrique Martinez Blanco C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; BLANCO, Thiago Henrique Martinez. Gestão e Empreendedorismo. Thiago Henrique Martinez Blanco. Maringá-PR.: Unicesumar, 2020. Reimpressão - 2022. 136 p. “Graduação - Híbridos”. 1. Gestão. 2. Empreendedorismo 3. EaD. I. Título. ISBN 978-65-5615-011-6 CDD - 22 ed. 658 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Coordenador de Conteúdo Lilian Rosana dos Santos Moraes. Designer Educacional Janaína de Souza Pontes. Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira e Érica Fer- nanda Ortega. Editoração Isabela Mezzaroba Belido. Ilustração Natalia de Souza Scalassara e Welington Vainer Satin de Oliveira. Realidade Aumentada Matheus Guandalini, Maicon Douglas Curriel e Cesar Henrique Seidel . DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de Design Educacional Débora Leite;Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock PALAVRA DO REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Bem-estar, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. APRESENTAÇÃO Prezado(a) aluno(a), antes de tudo você precisa saber que eu tenho grande satisfação e alegria em escrever esse livro, pois o tema de empreendedorismo me fascina pelo significado da palavra, que se aproxima de executar, tentar, realizar, agir. Ou seja, empreender é se mover, e muitas vezes, em direção ao desconhecido, em direção às dúvidas, por lugares pouco visitados e apenas pelos corajosos(as). Contudo, é claro, caro(a) aluno(a), isso não significa que eu concorde com aquele tipo de empreendedor(a) que, como dizem por aí: “esse tem mais sorte do que juí- zo!”. Definitivamente, esta postura não é saudável para um(a) empreendedor(a). Empreender exige preparo, exige habilidades e competências específicas,pelo simples fato que você, eu imagino, não quer transformar seu sonho em pesade- lo, certo? Além disso, quando você empreende, acaba influenciando a vida de outras pessoas e, obviamente, um(a) empreendedor(a) que se preze não coloca em risco os sonhos e bem-estar das pessoas à sua volta. O objetivo central dessa disciplina de Gestão e Empreendedorismo é te capa- citar, caro(a) aluno(a), para planejar, organizar, dirigir e controlar os recursos organizacionais de uma empresa com eficiência e eficácia, primando pela cons- trução de posicionamento estratégico pautado na excelência do atendimento ao cliente e na responsabilidade social e ambiental. O que significa que, ao final desta disciplina, você deve ser capaz, caro(a) alu- no(a), de observar oportunidades de abertura de clínicas para promoção da saúde a partir do plano de negócio, desenvolver ações planejadas e articuladas, envolvendo os recursos humanos e operacionais da clínica e, claro, utilizar os recursos tecnológicos e inovativos no aprimoramento ao atendimento às necessidades dos seus pacientes. O livro está dividido em quatro partes: (i) gestão de pessoas, pois todo e qualquer projeto é desenvolvido por e para pessoas; (ii) gestão operacional, pois adminis- trar pressupõe planejar, organizar, dirigir e controlar recursos da empresa; (iii) gestão de negócios, o objetivo é observar o mercado de consumo e desenvolver soluções lucrativas com e para os clientes; e por fim (iv) empreendedorismo, com práticas, modelos e ferramentas para criar e desenvolver novos negócios. É importante ressaltar, caro(a) aluno(a), que, por mais abrangente e descritivo que seja este livro, não é possível tratar no detalhe e, tão menos, esgotar os as- suntos aqui abordados. Portanto, minha intenção aqui é introduzir os conceitos essenciais e te incentivar a buscar, a partir desta leitura, a evolução nos assuntos relacionados à gestão do seu (novo) negócio. Na primeira unidade (Gestão de Pessoas), nosso foco será apresentar os con- ceitos de relacionamento interpessoal e a importância das relações humanas no contexto organizacional, discutir técnicas e práticas para recrutamento e seleção de pessoas com sinergia para o modelo de negócio e cultura organizacional. Além disso, discutir sobre os estilos de liderança com práticas de coaching e mentoring para desenvolvimento de equipe e da cultura organizacional. Na segunda unidade, o assunto será gestão operacional e, aqui, vamos tratar de cinco áreas diferentes e complementares, portanto sua atenção é fundamental. Vamos compreender as rotinas, ferramentas e indicadores essenciais para gestão financeira, gestão de projetos, gestão de processos, gestão da qualidade e planejamento estratégico. Na terceira unidade, vamos nos voltar para a gestão de negócios, para a fonte de riqueza de qualquer negócio: o mercado consumidor. Vamos compreender os princípios e ferramentas de gestão mercadológica, comunicação interna e externa da organização, da gestão comercial, envolvendo as rotinas de vendas, fidelização e recuperação de clientes, além de técnicas, modelos e ferramentas de negociação e inovação com objetivo de maximizar resultados. Na quarta unidade, é esperado que todos os pontos possam ser conectados e convergidos para compreendermos, caro(a) aluno(a), o cenário e contexto contemporâneo do empreendedorismo. Você deve ser capaz de aplicar o Bu- siness Model Canvas e ciclo de aprendizagem e aprimoramento do modelo de negócios (Lean Startup). E claro, compreender os princípios e modelos para desenvolver planos de negócios consistentes no mercado. A conclusão do livro se volta a identificar nichos de mercado com potencial de atuação no segmento de saúde e bem-estar. Sendo assim, caro(a) aluno(a), espera-se que você tenha novas ideias a partir da “caixa de ferramentas” que esse livro te proporcionará, preparando-o(a) para ser um(a) empreendedor(a) de sucesso em seu mercado. Eu te desejo o melhor, bons estudos! CURRÍCULO DOS PROFESSORES Me. Thiago Henrique Martinez Blanco Mestre em Administração (Unioeste Cascavel, 2019). Pós-graduado no MBA em Gestão Estra- tégica (USP, 2015) e no MBA Aberto em Engenharia e Inovação (USP/UFSC, 2015). Graduado em Administração (UniCesumar, 2012) e Gestão de Agronegócios (EAD UniCesumar, 2012). Possui experiências profissionais envolvendo atividades nas áreas de Educação, Liderança, Gestão de Projetos, Comunicação, Marketing, Vendas, Controladoria e Planejamento Estra- tégico. Atua como (i) professor universitário (autor e formador) em cursos de graduação ou pós-graduação (EAD ou Presencial) nas disciplinas de Empreendedorismo, Marketing, Co- municação, Negociação, Gestão de Projetos, Inovação e Planejamento Estratégico; também como (ii) executivo e consultor ad hoc nas áreas de Estratégia, Marketing e Comercial, em especial, nos segmentos de serviços educacionais, financeiro e saúde. Vamos conversar, me encontre pelo @thmblanco ou no eu@thiagoblanco.com.br. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/7922702906736473 Gestão de Pessoas 13 Gestão Operacional 45 Gestão de Negócios 85 Empreendedorismo 111 28 Anatomia do líder 117 Modelo de Negócios Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Me. Thiago Henrique Martinez Blanco • Apresentar os conceitos de relacionamento interpessoal e a importância das relações humanas no contexto or- ganizacional. • Discutir técnicas e práticas para recrutamento e seleção de pessoas com sinergia para o modelo de negócio e cultura organizacional. • Relacionar os estilos de liderança com práticas de coaching e mentoring para desenvolvimento de equipe. • Discutir os elementos constituintes da cultura organizacional. • Apresentar os aspectos relativos ao capital humano e gestão do conhecimento organizacional frente à sociedade tecnológica. Relações Interpessoais Recrutamento e Seleção de Pessoal Cultura Organizacional Economia do Conhecimento Liderança, Coaching e Mentoring Gestão de Pessoas Relações Interpessoais Você já reparou que nossa evolução natural, enquanto sociedade, desenvolve-se ao longo de décadas por meio da criação de grupos, certo? Seja no ambiente familiar, com nossos colegas, ou mesmo na empresa, sempre queremos pertencer e contribuir com o grupo. Assim, nós construímos a sociedade na qual vivemos e as organizações, mais ou menos complexas, com seus recursos tec- nológicos, financeiros e capacidades estratégicas e, claro, o ser humano – o componente principal na competitividade das organizações. Gil (2007) afirma que a função gerencial deve ser a cooperação das pessoas para alcançar os ob- jetivos organizacionais e individuais. Em outras palavras, eu e você não buscamos apenas alcançar os objetivos da organização, mas também os obje- tivos pessoais, nossos próprios anseios enquanto profissionais que, quando alinhados aos objetivos organizacionais, são potencializados. Lacombe (2005, p. 08) afirma que uma em- presa é “um grupo de pessoas que se constitui de forma organizada para atingir objetivos comuns”. Você deve conhecer organizações de diferentes tamanhos e complexidades, com pessoas de ampla diversidade de pensar, saber, comportamento e, principalmente, com história e perspectivas de 15UNIDADE 1 futuro diferentes. Em suma, o objetivo central é atingir as metas da empresa de forma conjunta. Cabe ressaltar, caro(a) aluno(a), que temos também aquela empresa que nasceu do sonho individual do empreendedor(a). Talvez você até conheça alguém que iniciou uma clínica, um spa, um empreendimento na área da saúde sem equipe, por si próprio teve de executar diversas atividades para que o sonho fosse desenvolvido. Por isso, Batitucci (2000, p. 32) questiona “como criar e manter uma organização, se ela é estruturalmente formada por pessoas de extrema variabilidade e diferenciação?”. Nossa função en- quanto gestor é liderar aspessoas em direção aos objetivos organizacionais, alinhando os recursos necessários para o completo desenvolvimento e entrega das metas organizacionais. Sim, de fato, não é uma tarefa fácil, contudo, com uma gestão de pessoas eficiente em sua or- ganização, certamente, você dará um importante passo para acessar um caminho menos turbulento com seu empreendimento. Vamos começar abordando os relacionamen- tos interpessoais, fato que infelizmente ainda é negligenciado no mundo corporativo, contudo, deveria ser uma das maiores preocupações orga- nizacionais. Sabe por quê? Simples, caro(a) alu- no(a): não existe nenhum CNPJ (empresa) sem que antes exista um CPF (pessoa). As discussões acerca das relações interpessoais surgiram com a Escola das Relações Humanas em meados de 1930, contudo apenas no final dos anos 80 é que as escolas de administração perceberam a importância do tema e começaram a valorizar o comportamento das pessoas ligado à eficiência e eficácia da administração (ROBBINS, 2000; RO- BBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). Atualmente, o valor dado às relações humanas no trabalho é tão expressivo, que vários autores da área, como Moscovici (2015), afirmam que a maioria das demissões se deve a deficiências de habilidades interpessoais. Na prática, eu já vivenciei, em muitos casos, aquele ditado: se contrata pela competência e demite pelo comportamento ou atitudes. Chiavenato (2014) vê que as empresas tendem a valorizar cada vez mais o fator humano, conside- rando as pessoas não mais como recursos, mas sim como parceiras da organização. Principalmente na área da saúde, em que o colaborador lida com clientes que, muitas vezes, estão passando por si- tuações delicadas de enfermidade, sendo sensa- to por parte da empresa elencar o fator humano, como uma característica fundamental. Indepen- dentemente do tipo de serviço que a organização executa para que a empresa funcione, temos que considerar que as pessoas não são “objetos”, mas sim fornecedoras de conhecimentos, habilidades, competências e inteligências, que podem contri- buir para a competitividade e lucratividade da empresa. São elencadas pelo autor cinco formas de enxergar as pessoas nas organizações: a) Pessoas como parceiras da organiza- ção, investindo seu tempo, conhecimento e comprometimento para receber retorno financeiro. b) Pessoas como ativadoras de recursos organizacionais, pois elas impulsionam e dinamizam os recursos da empresa. c) Pessoas como seres humanos, com per- sonalidade e individualidades próprias, com história pessoal particular, com co- nhecimentos, habilidades e competências indispensáveis às organizações. d) Pessoas como talentos, fornecedoras de competências, que não podem ser adqui- ridas como as máquinas e equipamentos, mas que precisam de grande investimento para construir competências, o que exige tempo, aprendizado e maturação. e) Pessoas como capital humano, que agre- gam inteligência à empresa e são o princi- pal ativo organizacional. 16 Gestão de Pessoas De acordo com Moscovici (2015), a competência técnica para o desempenho de nossas funções profissionais é fator primordial, contudo, só ela não basta; sendo gestor ou não, você deverá desen- volver competências interpessoais para lidar com todas as pessoas a sua volta, sejam elas pares, subordinados ou superiores, de forma especial, seus clientes (pacientes). A autora ainda afirma que as habilidades interpessoais dos ges- tores e equipe são essenciais para ajudar a atrair e reter os seus talentos, como veremos ainda nesta unidade. Segundo Moscovici (2015, p. 72), a competência interpessoal é “a habilidade de lidar eficazmente com outras pessoas de forma adequada às necessidades de cada uma e às exigências da situação”, baseando-se de acordo com os seguintes critérios: a) Percepção acurada da situação, de suas variáveis relevantes e respectiva inter-relação. b) Habilidade de resolver os problemas interpessoais, de tal modo que não haja regressões. c) Alcance de soluções reais, para que as pessoas evoluam no relacionamento e continuem trabalhando juntas tão melhor, como quando o conflito surgiu. Portanto, a competência interpessoal é resultante da realidade de situações interpessoais e habilidades comportamentais (MOSCO- VICI, 2015), ou seja, o modo como eu e você nos comportamos, o nosso padrão emocional, forma um conjunto de elementos que estipulam um relacionamento duradouro e autêntico, satisfatório com as pessoas envolvidas. Desta forma, podemos fidelizar nosso paciente (cliente) não só pela competência técnica na execução do trabalho como profissio- nal de saúde, mais ainda, pelo modo como os pacientes são tratados como pessoas, como seres humanos, por meio das características individuais de cada profissional. Até aqui, prezado(a) aluno(a), você, enquanto profissional autô- nomo ou gestor de uma equipe, deve reconhecer o modo como se relaciona com as pessoas e, assim, desenvolver maior capacidade e flexibilidade de lidar com emoções, sentimentos, atitudes e valores. Devemos aceitar nossas limitações humanas e aprendermos a tra- balhar com inteligências nossas relações humanas e interpessoais. 17UNIDADE 1 Prezado(a) aluno(a), espero que tenha ficado cla- ro, no tópico anterior, a importância das pessoas nas organizações. Portanto, escolher as pessoas certas para trabalhar na organização é vital. Se- gundo Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 532), são dois lados da moeda, a empresa e o funcionário, visto que se a empresa falhar na seleção “tanto o desempenho (resultado organizacional) quanto a satisfação do funcionário são prejudicados”. Reforço que minha intenção não é esgotar o tema, contudo, neste tópico veremos que as ati- vidades de Recrutamento e Seleção de Pessoas, assim como as atividades de relações interpes- soais são importantes para desenvolver e manter colaboradores que estejam comprometidos com os objetivos individuais e organizacionais, princi- palmente quando estamos falando em locais que trabalham com a atenção da saúde da população. Considerando as atividades de recrutamento e seleção (RS), Chiavenato (2014) alerta que o RS deve ser planejado de modo a buscar e encontrar profissionais não apenas competentes, como tam- bém alinhados à cultura da empresa, assim como veremos ainda nesta unidade. Também vale ressaltar que, mesmo que você seja um(a) autônomo(a), com atendimentos parti- Recrutamento e Seleção de Pessoal 18 Gestão de Pessoas culares ou home care, haverá momentos que será necessário contratar serviços ou outros profissio- nais para te ajudar na execução de determinados procedimentos. Então, é vital que você sempre busque pessoas alinhadas aos seus valores e cul- tura, além das competências técnicas. Para o desenvolvimento de um trabalho es- tratégico, é necessário que seja realizado um pla- nejamento de pessoas, ou seja, uma atividade de antecipar as necessidades futuras de vagas, pro- jetando o trabalho em sintonia com a estratégia global da administração. Imagine que você está pensando em expandir sua clínica, logo, irá buscar profissionais compe- tentes no mercado para compor seu time e, com isso, é importante que você pense em perspectiva, já traçando os próximos passos para o desenvol- vimento do negócio e dos profissionais que tra- balham contigo. Segundo Banov (2012), não devemos exercitar nossa criatividade no planejamento, mas sim bus- car indicadores e cenários que possam sinalizar o que esperar do futuro, por exemplo: visualizar as vagas abertas pela promoção de funcionários, quando a empresa tem um plano de carreira; as transferências planejadas de cargos ou regiões; as aposentadorias programadas; as licenças-ma- ternidade ou afastamento; licença para prestação de serviços militares; ou mesmo a projeção de rotatividade (turnover). Turnover é a taxa de rotatividade de funcionários, que mede o número de funcionários que saem de uma organização durante um período de tempo especificado. Indicaa porcentagem de substituições de antigos funcionários por novos, em um determinado período de tempo. Isso revela a capacidade da empresa em reter os colaboradores e em ser atrativa para eles e para os consumidores. Fonte: adaptado de Gupy (2019, on-line)1. É comum que os termos “Recrutamento” e “Se- leção” sejam confundidos. As pessoas podem achar que ambos têm o mesmo significado, isso porque quase sempre são referidos juntos, mas, na verdade, trata-se de dois processos distintos, porém complementares, podendo ser realizados pela mesma equipe ou por equipes diferentes. É comum que o recrutamento seja realizado por uma assessoria terceira, contratada exclusi- vamente para a fase de recrutamento; a fase de seleção pode ser realizada por membros da em- presa, ou seja, a assessoria será orientada para buscar no mercado determinado perfil, mas a seleção (a escolha) será realizada pela empresa, por exemplo. Gil (2007, p. 93) afirma que a etapa de recru- tamento “consiste em atrair candidatos potencial- mente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização”. Para Banov (2012, p. 38) o recrutamento se refere aos “meios utilizados pelas organizações para a divulgar suas vagas com o objetivo de atrair candidatos desejados por ela”. Isto é, ambos os autores são convergentes que o objetivo da empresa é buscar candidatos no mercado, e claro, apenas uma parcela efetivamente será con- siderada apta a avançar para o processo de seleção. Portanto, caro(a) aluno(a), aqui já fica evidente a separação entre recrutar e selecionar. Apenas uma parcela dos candidatos irão avançar para fase de sele- ção, pleiteando a posição em aberto para contratação. 19UNIDADE 1 Segundo Banov (2012), o recrutamento envol- ve quatro etapas principais, são elas: a) Coleta de dados: a partir de critérios es- pecíficos, é feito o detalhamento do cargo, o mapeamento das competências, recur- sos financeiros disponíveis, situação do mercado de trabalho, tempo disponível para preenchimento da vaga, entre outros aspectos. b) Planejamento: define-se quando ocor- rerá o recrutamento, por quais meios será realizado, previsão de custos e tempo, de- finição do conteúdo a ser divulgado, defi- nição dos responsáveis pelo processo etc. c) Execução: é feita a divulgação da vaga pelos meios escolhidos. d) Avaliação: verificação do número de can- didatos atraídos, número de candidatos realmente qualificados, se os meios uti- lizados foram os mais adequados e se as vagas foram ou não preenchidas por outro meio enquanto o recrutamento ocorria. Em função dos critérios que foram predefinidos para a posição ou, ainda, pela política de recru- tamento e seleção da empresa, ela poderá optar pelo recrutamento interno ou externo, ou seja, movimentando ou promovendo pessoas que já são funcionárias ou procurando novos candidatos no mercado de trabalho, respectivamente. Zacarelli e Teixeira (2008) relatam que o re- crutamento interno como política pode servir para “valorizar a prata da casa”. Contudo, eviden- temente que essa prática, por mais que tenha boas intenções, também possui vantagens e desvanta- gens que são apresentadas no Quadro 1: Quadro 1 - Vantagens e Desvantagens do Recrutamento Interno Vantagens Desvantagens É mais econômico, por evitar gastos com anúncios, admissão, socialização. Falta de renovação, pois as pessoas podem ficar com “ideias viciadas” ou “bitoladas” às diretrizes organizacionais. É mais rápido, evita perda de tempo, desde a publi- cação do anúncio até a socialização do candidato aprovado. Pode gerar conflitos nos relacionamentos: favore- cimentos indevidos, chefias que por insegurança impedem a ascensão de subordinados, entre ou- tros conflitos de interesse. É mais seguro, pois o funcionário tem algumas competências já conhecidas e é esperado que já esteja integrado à cultura organizacional. Pode ocorrer o chamado “princípio de Peter”, que leva uma pessoa a um excesso de promoção para cargos aos quais ela é incompetente, apenas por estar na empresa há certo tempo. Pode proporcionar um ambiente sadio de compe- titividade, se for encarado como valorização dos esforços pessoais. Há o risco de colocar pessoas com menor compe- tência para um cargo, sabendo-se que é possível captar candidatos externos mais capacitados. Fonte: adaptado de Araújo e Garcia (2009) e Chiavenato (2014). A empresa também poderá optar pelo recruta- mento misto quando, no mesmo processo, abre a captação tanto para o público interno quanto externo, podendo um processo complementar o outro (CHIAVENATO, 2014). Imagine o seguinte cenário: você abriu uma determinada vaga e acredita que dentro da em- presa há profissionais capacitados para assumir o desafio, então você solicita que primeiro seja realizado o recrutamento interno e, apenas em caso de negativa, o processo seja realizado ex- terno à empresa. Essa medida busca cautela em privilegiar as “pratas da casa” e, ao mesmo tempo, coloca critérios para abortar e buscar uma pessoa 20 Gestão de Pessoas mais qualificada externamente, mesmo que isso incorra em outros custos e mais tempo, visto que o processo de recrutamento será realizado do início. Sobre a seleção de pessoal, é consenso que essa etapa ocorra logo após o recrutamento, selecio- nando aquele candidato “mais adequado” com a oportunidade em questão. Vejamos duas defini- ções que esclarecem a atividade. Para Lacombe (2005), a fase de seleção se re- fere a um conjunto de práticas e processos para selecionar (escolher) aquele candidato que, na fase de recrutamento, mostrou-se ser o mais adequado para assumir a posição em aberto. Vejamos, agora, a definição de Chiavenato (2014, p. 118): “ A seleção busca entre os vários candida- tos recrutados aqueles mais adequados aos cargos existentes na organização ou que possuam as competências requeridas pelo negócio, visando manter ou aumentar a efi- ciência do desempenho humano, bem como a eficácia da organização. É importante frisar, prezado(a) aluno(a), que para uma seleção baseada na ética e profissionalismo, recomenda-se que seja preestabelecido os cri- térios para seleção do(s) candidato(s) e, assim, neutralizando possíveis intervenções de ordem pessoal na escolha e decisão por determinado candidato, baseando-se em evidências técnicas, competências, comportamento e perfil do can- didato para preencher a vaga. O processo de seleção de pessoal utiliza dife- rentes técnicas. Banov (2012) afirma que o pro- cesso de seleção pode empregar como técnicas: a entrevista, a aplicação de testes, dinâmicas de grupo e exame médico específico. Cada técnica pode ser utilizada de maneira isolada ou compos- ta, de acordo com as especificidades da empresa ou mesmo da vaga a ser preenchida. a) Entrevista de seleção: é o instrumento mais importante e mais utilizado. Quanto mais experiente for o entrevistador, mais ele será capaz de identificar características pessoais do candidato a partir das respos- tas às questões elaboradas. As entrevistas podem ser do tipo totalmente padroni- zadas, com roteiro preestabelecido com questões fechadas; padronizadas, com roteiro de perguntas pré-elaboradas, mas com respostas livres; diretivas, com uma sequência de questões logicamente orga- nizadas e que são formuladas conforme o andamento da entrevista; e não diretivas, em que não há roteiros e o objetivo é abor- dar certos aspectos de forma aprofundada. b) Testes: há inúmeros e são escolhidos de acordo com os requisitos da vaga. Servem para verificar competências comporta- mentais ou conhecimentos técnicos. Os tipos de teste podem ser de conhecimen- tos gerais, com questões ligadas à área de atuação e de cultura geral; de conhecimen- tos específicos, com questões totalmente ligadas à área de atuação; de capacidade ou prova prática, para verificar o grau de habilidades nas tarefas do cargo; os testes psicológicos, como os testes de aptidão (in- teligência, memória e atenção, entre ou- tros); e testesde personalidade, que buscam verificar traços como equilíbrio emocional, interesses e outros. Os testes de aptidão e personalidade só podem ser aplicados por psicólogos capacitados para interpretá-los. c) Dinâmicas de Grupo: um procedimento que propõe ao grupo algumas atividades em que se possa observar como o can- didato trabalha em grupo. Observam-se traços como cooperação, competitividade, flexibilidade etc. 21UNIDADE 1 d) Exames médicos: nem todas as empresas incluem esses exames no processo de seleção. Ele é obrigatório por lei na admissão, mas pode ser aplicado na seleção como eliminatório, por exemplo, no caso de operadores de telemarketing que podem ser submetidos a testes auditivos. E agora, quem contratar, caro(a) aluno(a)? Neste momento, é importante que a decisão seja baseada em evidência e não por critério pessoal do recrutador ou chefe imediato. Uma forma de mitigar esse risco é fazer que a avaliação do candidato passe pelo selecionador (chefia imediata), pela chefia do selecionador e pelo departamento de pessoal (alguém com técnica e competências para avaliar os fatos sem comprometimento pessoal), isso dará mais credibilidade e lisura ao processo. Segundo Zacarelli e Teixeira (2008, p. 137), “se soubéssemos as consequências de uma decisão em seleção, talvez muito mais ênfase fosse dada às políticas que a orientam”. Em outras palavras, por mais que tenhamos critérios e políticas objetivas, erros podem ocorrer durante o processo. Cabe ressaltar que nem sempre o “melhor candidato” é o mais adequado para a função, isso depen- derá da adaptação desse novo funcionário à cultura e atividades da empresa, como veremos adiante. Neste sentido, é necessário que os processos de recrutamento e seleção sejam avaliados (CHIAVE- NATO, 2014). • O processo de recrutamento deve ser avaliado de forma quantitativa e qualitativa, ou seja, o número de candidatos influenciados e a qualidade dos candidatos em termos de preencherem as qualificações requeridas. Também são considerados para avaliação quatro fatores principais: o número de candidatos captados; o custo por contratação; a duração do processo; e a qualidade da contratação. • O processo de seleção deve ser avaliado, em sua eficiência e eficácia, segundo os fatores: quan- tidade de candidatos selecionados; qualidade dos candidatos selecionados, rapidez na seleção e custo da seleção. A avaliação desses processos objetiva detectar e corrigir possíveis falhas, para aperfeiçoar os próximos processos a serem realizados. Como já dito, sempre que um novo funcionário é admitido, ele necessitará de tempo para se adaptar à cultura da organização. E claro, a empresa deve ajudar nesse processo auxiliando a integração desse novo funcionário com os processos da empresa, colegas de trabalho e rotinas da organização, o que você pode conhecer como o programa de “boas-vindas” que muitas organizações adotam. 22 Gestão de Pessoas Pessoalmente, caro(a) aluno(a), eu acredito que li- derança não, necessariamente, significa poder, ou seja, você não se torna líder pelo cargo ou posição que ocupa na empresa, seu potencial como líder é derivado da sua capacidade de influenciar e atin- gir resultados com os profissionais que trabalham contigo, seja sua própria equipe ou terceiros. Nesta visão, veremos, neste tópico, aspectos importantes sobre Liderança, Coaching e Mentoring. Liderança É evidente que, por mais que tenhamos uma equi- pe formada de profissionais altamente qualifi- cados e engajados, ainda assim será necessário a figura do(a) líder, para direcionar todos os re- cursos da empresa em prol de atingir os objetivos propostos. Baseado em minha experiência, ser lí- der é saber influenciar as pessoas a buscarem seus próprios objetivos, e esses devem ser coerentes (de alguma maneira) com os objetivos da empresa. Liderança, Coaching e Mentoring 23UNIDADE 1 McShane e Von Glinow (2012, p. 318) consoli- daram o consenso de liderança e esclarecem que “a liderança influencia, motiva e capacita as pessoas a contribuírem para a eficácia e o sucesso das or- ganizações das quais são membros”. Robbins, Jud- ge e Sobral (2010, p. 249) já haviam corroborado no mesmo sentido, definindo liderança como “a capacidade de influenciar um conjunto de pessoas para alcançar metas e objetivos”. A definição apresentada pelos autores apresen- ta dois componentes primordiais, primeiro que os líderes são persuasivos e influentes para motivar seus liderados, para tanto, deve dominar a habi- lidade de comunicação; e segundo, os líderes são “capacitadores”, ou seja, organizam o ambiente de trabalho alocando recursos para facilitar o alcance dos resultados. Agora, é preciso ficar claro que liderança não é poder como eu já alertei no início deste tópi- co. É comum que os líderes sejam associados aos cargos gerenciais, mas nem sempre essa associa- ção é verdadeira. O principal fator para liderar é a capacidade de influenciar as pessoas e como tal, não está limitada ao poder formal dado pela empresa a este ou aquele indivíduo pela posição na hierarquia. Calma, é fato que o poder defini- do por um cargo é importante por possibilitar a capacidade de decidir onde, como e por que algo deve ser feito, mas apenas isso não basta; sem a capacidade de influenciar, não haverá um líder, apenas um gerente (SOTO, 2002). Vale ressaltar que não lideramos apenas aque- les subordinados a nós, você pode liderar em sua casa, no seu bairro, com seus amigos, com sua profissão. Portanto, é importante exercitar sua capacidade de liderança e praticar com seus pa- cientes, orientando-os com relação aos procedi- mentos, cuidados e resultados que podem existir. Sua orientação enquanto profissional de saúde tem uma relevância muito grande nesse processo. Robbins, Judge e Sobral (2010) esclarecem que a liderança pode ser considerada uma função do gerenciamento, da administração e das chamadas chefias, porém, essas palavras não têm o mesmo significado. A administração se refere ao gerenciamento da complexidade, por meio de planos formais que tra- zem ordem e consistência às ações realizadas para o monitoramento de resultados. A liderança significa gerenciar a mudança: “os líderes estabelecem dire- ções por meio de uma visão do futuro; depois en- gajam as pessoas, inspirando-as a superar os obstá- culos” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010, p. 359). Portanto, considerando as diferenças propos- tas entre administração e liderança e partindo da ideia de que para ser um líder é preciso exercer influência, podemos, então, afirmar que nem to- dos os líderes são administradores e nem todos os administradores são líderes (COSTA, 2017). Dubrin (2003) nos apresenta algumas carac- terísticas atribuídas ao gerente e ao líder, observe o Quadro 2 a seguir. Quadro 2 - Características do Gerente e do Líder Gerente Líder Racional, Consultivo, Persistente, Solucionador de problemas, Firme em seus pensamentos, Analítico, Estruturado, Deliberativo, Autoritário e Sólido. Visionário, Passional, Criativo, Flexível, Inspirador, Inovador, Corajoso, Imaginativo, Experimental e Independente. Fonte: adaptado de Dubrin (2003). 24 Gestão de Pessoas Para Dubrin (2003), os traços dos líderes variam imensamente, é possível agrupar as qualidades- -chave da liderança em duas categorias: habilida- des cognitivas e características de personalidade. As habilidades cognitivas se referem às habili- dades mentais e de conhecimento, importantes para uma liderança eficaz, que incluem, entre outras: • Ser capaz de solucionar problemas, pre- ver futuros problemas e perseverar na sua solução. • Ser imaginativo, criativo e disposto a expe- rimentar métodos não comprovados. • Possuir competência técnica e profissional ou conhecimento da empresa e do negócio. Os traços e características de personalidade podem ser fatores cruciais na liderança eficaz, em- bora possam variar na sua eficácia dependendo da situação. Entre os traços de personalidade, temos: • Autoconfiança,que quando não é exage- rada, inspira confiança entre os liderados. • Confiabilidade, referindo-se à consistên- cia e integridade comportamental, ou seja, a ser confiável e previsível nas decisões e em ser capaz de dizer a verdade e manter as promessas. • Inteligência emocional considerada atual- mente como o fator mais importante para a liderança eficaz. Inclui autoconhecimento, autorregulação, motivação, empatia e ha- bilidades sociais. Estabelecer as diferenças entre esses dois tipos de liderança, conforme sugerido por Dubrin (2003), levanta a seguinte pergunta: qual a melhor forma de liderar: com orientação para as tarefas ou para as pessoas? McShane e Von Glinow (2014) reforçam que esta é uma pergunta difícil de responder, espe- cialmente porque ambas possuem vantagens e desvantagens. É possível afirmar que a liderança orientada para tarefas se preocupa com os aspec- tos técnicos e práticos da execução das tarefas, e a liderança orientada para pessoas enfatiza as relações interpessoais, pelo respeito às necessida- des e diferenças individuais dos funcionários. No Quadro 3, são apresentadas as diferenças entre os dois tipos de liderança comportamental. Quadro 3 - Estilo de liderança orientado para tarefas e pessoas Líder Orientado para TAREFAS... Líder Orientado para PESSOAS... Delegam trabalho e esclarecem as responsabilidades. Estabelecem metas e prazos. Avaliam e fornecem opiniões sobre a qualidade do tra- balho. Estabelecem procedimentos de trabalho bem definidos. Planejam as futuras atividades de trabalho. Demonstram interesse nos outros como pessoas. Ouvem os funcionários. Tornam o local de trabalho mais agradável. Elogiam os funcionários pelo seu trabalho. Consideram as necessidades dos funcionários. Fonte: adaptado de McShane e Von Glinow (2014). A Teoria Caminho-Meta, desenvolvida pelo professor e pesquisador da Universidade de Ohio, Robert House, tem conseguido grande reconhecimento na comunidade científica. Segundo a teoria, a função do líder é auxiliar os seus liderados a alcançar suas metas, fornecendo todos os recursos, informações e apoios necessários (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). Segundo a Teoria Caminho-Meta, o líder deverá ser diretivo, apoiador ou adotar diferentes posturas, dependendo de uma análise complexa da situação. Observe, no Quadro 4, as proposições da Teoria sobre os tipos de liderança que devem ser adotadas de acordo com a complexidade do trabalho a ser realizado (COSTA, 2017). 25UNIDADE 1 Quadro 4 - Tipos de liderança Tipo de Liderança Atitudes do Líder e Resultados Resultados Liderança diretiva Esclarece os comportamentos, os objetivos de desempenho e o caminho para alcançá-los. Leva a uma maior satisfação quando as tarefas são ambíguas ou estressantes do que quando são estruturadas e planejadas. Pode ser percebida como re- dundante por funcionários com elevada capacidade ou com ex- periência considerável. Liderança apoiadora Proporciona apoio psicológico aos subordinados, é amigável, acessível, trata os funcionários com igual respeito e demonstra preocupação com suas necessi- dades e bem-estar. Leva a um melhor desempenho e a uma maior satisfação quan- do os funcionários realizam ta- refas estruturadas. Liderança participativa Incentivam e facilitam o envol- vimento dos subordinados nas decisões que vão além das suas atividades usuais. O líder solicita opiniões e sugestões antes de tomar decisões. Leva à satisfação de funcioná- rios que estão envolvidos pelo ego em tarefas não repetitivas. Liderança orientada para realizações Incentiva os funcionários a atin- girem seus melhores desempe- nhos. O líder estabelece objeti- vos desafiadores e demonstra alto grau de confiança na res- ponsabilidade e desempenhos elevados a serem alcançados pelos funcionários. Leva à confiança de que o es- forço levará ao desempenho eficaz dos funcionários que tra- balham em tarefas ambíguas e não repetitivas. Fonte: adaptado de Dubrin (2003); Robbins, Judge e Sobral (2010) e McShane e Von Glinow (2014). Independentemente das diferenças entre as teorias da liderança, há algumas características pessoais espe- cíficas que distinguem um líder eficaz, conforme se verifica nos estudos de McShane e Von Glinow (2014): • Personalidade: vários traços de personalidade estão ligados à possibilidade de uma liderança eficaz, porém, podem ser destacados os altos índices de extroversão (expansivo, sociável e as- sertivo) e escrupulosidade (cuidadoso, confiável e autodisciplinado). • Autoconceito: possuir uma “identidade de líder”, uma autoavaliação positiva quanto a seu autoconceito positivo, autoestima elevada e autoeficácia. • Compulsão: ter uma grande necessidade de autorrealização, com uma motivação interna para perseguir seus objetivos e estimular outras pessoas a fazerem o mesmo. • Integridade: representada por sinceridade e coerência entre as palavras e as ações, relacionadas à honestidade e à conduta ética. • Motivação para a liderança: é necessário ter o desejo de liderar as outras pessoas exercendo um poder socializado, com ganhos para todos, e não um poder personalizado, que visa bene- fícios apenas pessoais. • Conhecimento do negócio: refere-se ao conhecimento do negócio, do produto e do mercado, proporcionando a capacidade de avaliar estrategicamente o potencial da sua empresa no mercado. 26 Gestão de Pessoas • Inteligência cognitiva e prática: líderes eficazes devem possuir capacidade cogniti- va acima da média para obter conhecimen- tos e processar informações. Não é preciso ser gênios, mas ter a capacidade de analisar alternativas e oportunidades complexas. • Inteligência emocional: lidar bem com as suas emoções e as emoções dos outros, gerenciando-as adequadamente nas mais diversas situações. Contudo, as organizações não devem confundir o desenvolvimento de gestores com o desenvol- vimento de lideranças. Bendassoli, Magalhães e Malvezzi (2014) esclarecem que o desenvolvi- mento de gestores busca promover a aquisição de conhecimentos e habilidades específicas com foco em gestão. O desenvolvimento de lideranças não, neces- sariamente, direciona-se aos que assumem papéis formais, promovendo “ [...] a aquisição da capacidade de agir diante de situações complexas, tomando decisões estratégicas e mobilizando recursos e pes- soas para a solução de problemas e para a criação de novas possibilidades do trabalho e seus resultados (BENDASSOLI; MAGA- LHÃES; MALVEZZI, 2014, p. 438). Bendassoli, Magalhães e Malvezzi (2014) sugerem alguns programas para auxiliar o desenvolvimen- to de líderes ativos ou líderes em potencial, como: Coaching, Mentoring, Feedback ou Avaliação 360 graus. Coaching Segundo Oliveira (2015), coaching é a atividade de consultoria e aconselhamento em uma abor- dagem, geralmente confidencial, entre o consul- tor (coach) e a pessoa que está sendo treinada (coachee), visando seu desenvolvimento pessoal e, principalmente, profissional, com resultados previamente negociados e estabelecidos. Assim como o coach (treinador) deve analisar previamente os coachees (treinados) para decidir se aceita ou não o trabalho, o coachee também deve analisar se aceita e valida os conhecimentos e a forma de atuação do coach. Portanto, é uma acei- tação e validação interativa (OLIVEIRA, 2015). O foco da dinâmica deve ser, sempre, o de- senvolvimento pessoal e profissional, ou seja, o coaching pode “ir fundo” nas questões técnicas e administrativas, mas também pode considerar os comportamentos, habilidades e atitudes das pes- soas. Você vai perceber que, no processo de mento- ring, as questões administrativas e técnicas são tra- tadas com mais profundidade (OLIVEIRA, 2015). O processo de coaching trabalha focado em re- sultados previamente negociados e estabelecidos, ou seja, é fundamental que a empresa tenha todos os processos de planejamento implementados, principalmente o estratégico, pois todos os pro- cessos de treinamento devem estar direcionados parao que a empresa quer alcançar a curto, médio e longo prazos, caso o coaching seja em prol da organização. Na prática, no processo de coaching, não se deve “pescar para as pessoas, mas ensiná-las a pescar”; e, mais ainda, que cada pessoa tenha a oportunidade de expor, para o coach, tudo que “já sabe sobre pesca”. E, conjuntamente, trilharem caminhos novos para ambos, visando alcançar, de forma otimizada, os resultados previamente estabelecidos (OLIVEIRA, 2015). O processo de coaching necessita, para a sua adequada aplicação, de otimizados níveis de fee- dback, de honestidade, de franqueza e de “boa vontade” dos envolvidos, visando uma comuni- cação eficiente, eficaz e efetiva. 27UNIDADE 1 Para Oliveira (2015), o coach é uma espécie de administrador do projeto de vida (profissional e pessoal) de um indivíduo que procura uma evo- lução natural e sustentada. Para tanto, ele, geral- mente, é “provocador” em suas colocações, para forçar o coachee a “pensar a respeito”. Mentoring O mentoring é, para Oliveira (2015), uma abor- dagem de orientação profissional e pessoal com elevada amplitude, em que um profissional, com larga experiência e forte sustentação teórica e prá- tica (o mentor), auxilia uma pessoa com menores experiência e conhecimento (o mentorado) em aspectos gerais e específicos para o seu desenvol- vimento pessoal e profissional. O mentoring envolve o processo do mento- rado, entender e aprender “como” realizar uma determinada atividade, caracterizando-se como algo bastante prático. Sendo assim, o mentoring envolve, nos seus debates e transferência de co- nhecimentos, principalmente as questões técnicas do assunto considerado, inclusive como foco gera- dor para o debate de outras questões que estejam, direta ou indiretamente, ligadas à questão foco de análise (OLIVEIRA, 2015). Deve existir forte liderança, bem como elevado conhecimento das atividades consideradas pelo mentor, incluindo uma visão global e integrada das diversas atividades correlacionadas ao foco de análise. Na prática, parece que o processo de mentoring necessita de um nível de confiança mais forte do que o coaching, pois o mentorado tem que se “abrir plenamente” com o mentor, tem que saber ouvir, expor suas ansiedades e necessi- dades e, até, deixar o mentor “cuidar de sua agenda diária”. Para Oliveira (2015), o processo de desvincu- lação entre mentor e mentorado deve ser muito bem planejado e avaliado, sendo ideal que, a par- tir deste momento, cada um saiba que ainda tem muito a aprender com o outro, em condição de plena igualdade. Pode-se resumir que a importância básica do mentoring se concentra na questão da relação orientativa, ou seja, como as pessoas podem in- teragir, uma ajudando a outra, em um processo evolutivo e sustentado de desenvolvimento pes- soal e profissional. Coaching e Mentoring O fato é que ambos são complementares, cada qual com seu objetivo e direcionamento para apli- cação. O Quadro 5 resume algumas das simila- ridades e particularidades de cada modalidade segundo Oliveira (2015). 28 Gestão de Pessoas Quadro 5 - Similaridades e Particularidades entre o Coaching e Mentoring Características Coaching Mentoring Treinador • Geralmente externo. • Externo ou Interno. Capacitação • Liderança. • Conhecimento do mercado de trabalho. • Análise vocação. • Liderança. • Conhecimento específico da atividade. • Visão global e integrada. Foco • Aconselhamento. • Debates. • Repetições. • Transferência de conhecimentos. Premissa • Confidencialidade. • Elevada confiança. Abordagem • Questões técnicas. • Comportamentos, habilidades, atitu- des. • Motivação. • Questões técnicas, especialmente. Avaliação • Resultados preestabelecidos. • Aprendizado do “como” fazer. Lema • “Ensinar a pescar”. • “Aprender como fazer”. Período • Curto, médio ou longo prazo. • Médio ou longo prazo. Fonte: adaptado de Oliveira (2015). Portanto, é importante que a empresa desenvolva programas de orientação profissional (de coaching ou mentoring) que facilita as pessoas em geral, em qualquer momento de suas vidas, a identificar, entender, incorporar e aplicar os seus conhecimentos, aptidões, ha- bilidades e atitudes nos campos pessoal, educacional e profissional. Devido à diversidade de oferta de programas de coaching e men- toring, não raramente, essas estratégias de intervenção são usa- das, sem que haja a devida preocupação com os objetivos a que se propõem alcançar ou, pior, restringindo-se a acompanhar os jargões empresariais que estejam em voga. Fonte: adaptado de Ernesto da Silva (2010). Anatomia do líder 29UNIDADE 1 Para Schein (2017), a Cultura é uma abstração, embora as forças que são criadas em situações sociais e organizacionais que dela derivam sejam poderosas, como vemos nas tradições das técnicas da medicina tradicional chinesa ou ayurvédica. Se não entendermos a operação dessas forças, tor- namo-nos suas vítimas. A cultura como conceito tem uma história longa e diversificada. Para os advogados, é uma palavra para indicar sofisticação, quando dizemos que al- guém é muito “culto”. Na perspectiva dos antropólo- gos, refere-se aos costumes e rituais das sociedades. E, claro, também tem sido usada por pesquisadores organizacionais e gerentes, para se referir ao clima e às práticas que as organizações desenvolvem ao lidar com pessoas, aos valores expostos e ao credo de uma organização (SCHEIN, 2017). Nesse contexto, os gerentes falam em desen- volver o “tipo correto de cultura”, uma “cultura de qualidade” ou uma “cultura de serviço ao cliente”, sugerindo que cultura tem a ver com certos va- lores que eles estão tentando inculcar em suas organizações. Está também implícita nisso a su- posição de que há culturas melhores ou piores e culturas mais fortes ou mais fracas, e que o tipo Cultura Organizacional 30 Gestão de Pessoas “correto” de cultura influenciará o quão eficaz será uma organização (SCHEIN, 2017). Talvez o aspecto mais intrigante da cultura como conceito é que ela nos aponta os fenômenos que estão abaixo da superfície, que são podero- sos em seu impacto quase invisível e comportam um grau considerável de inconsciência, como os arquétipos. Nesse sentido, a cultura está para um grupo como que a personalidade ou caráter está para um indivíduo. Podemos ver os comportamentos resultantes, mas, frequentemente, não podemos ver as forças internas que causam certos tipos de compor- tamento. Contudo, à medida que nossa perso- nalidade e caráter orientam e restringem nosso comportamento, a cultura guia e restringe o com- portamento dos membros de um grupo, mediante normas compartilhadas e assumidas neste grupo (SCHEIN, 2017). O conceito de cultura ajuda a explicar todos es- ses fenômenos e como normalizá-los. Para Schein (2017, p. 25), “cultura é o resultado de um com- plexo processo de aprendizagem de grupo que é apenas parcialmente influenciado pelo compor- tamento do líder”. A pesquisa global “Tendências Globais de Capi- tal Humano”, da Consultoria Deloitte (DELOITTE, 2019, on-line)2, entrevistou mais de 10 mil líderes de negócios e de Recursos Humanos de 119 países. O estudo deste ano revela que a combinação de questões ligadas à economia, política e sociedade está transformando a maneira como as empresas endereçam suas estratégias nos negócios, ou seja, como pensam sua cultura organizacional para continuar competindo no mercado global. Segundo a Deloitte, há cinco fatores que os líderes de Recursos Humanos de empresas globais estão observando para o futuro dos negócios com relação ao posicionamento de mercado e equipe de trabalho, vejamos: 1. Propósito e significado: oferecer às organizações e às pessoas um senso de propósito no trabalho, buscando um foco em ações que tragam benefícios para os clientes e a sociedade, indo além de lucros. 2. Ética e equidade: o uso de dados e tecnologia exigem condutas éticas, ín- tegras e confiáveis. As empresas devem pensar em novos empregos e funções,bem como treinamento para as novas ferramentas disponíveis. 3. Crescimento e motivação: a projeção de empregos, trabalhos e missão organi- zacional bem definidos viabiliza maior entusiasmo e crescimento pessoal, bem como proporciona insights individuais. 4. Colaboração e desenvolvimento: construir ou aprimorar o condiciona- mento de equipes em uma visão hu- mana pode gerar relacionamentos de trabalho produtivos. 5. Transparência e abertura: o compar- tilhamento de informações e a discus- são transparente sobre os desafios e as barreiras dos negócios podem alavancar uma mentalidade de crescimento. Para Schein (2017), parte da confusão em torno da definição do que cultura realmente é resulta de não diferenciar os níveis (Figura 1) em que ela se declara. Esses níveis variam de manifesta- ções abertas muito tangíveis que se podem ver e sentir, às suposições básicas, inconscientes e profundamente inseridas que defino como a essência da cultura. Entre essas camadas, es- tão várias crenças, valores, normas e regras de comportamento assumidos que os membros da cultura usam como meio de retratá-la a si e aos outros do grupo. 31UNIDADE 1 Artefatos Crenças e valores expostos Suposições Básica Estruturas e processos organizacionais visíveis (difíceis de decifrar) Estratégias, metas, �loso�as (justi�cativas expostas) Crenças, percepções, pensamentos e sentimentos inconscientes, assumindo como verdadeiros... (fonte última de valores e ação) Figura 1 - Níveis de cultura Fonte: Schein (2017, p. 24). Na superfície, está o nível dos artefatos, que inclui todos os fenômenos que alguém vê, ouve e sente quando encontra um novo grupo com uma cultura não familiar. O “clima” de um grupo é um artefato dos níveis culturais mais profundos, como o comportamento visível de seus membros. Os artefatos também incluem, para propósitos de análise cultural, os processos organizacionais pelos quais tal comportamento se torna rotineiro e elementos estruturais, como patentes, descrições formais sobre como a organização funciona e gráficos e diagramas organizacionais (SCHEIN, 2017). No nível de crenças e valores expostos, um grupo é criado; ou quando enfrenta uma nova tarefa, questão ou problema, a primeira solução proposta para lidar com ele reflete algumas suposições pró- prias do indivíduo sobre o que é certo ou errado, o que funcionará ou não funcionará. Esses indivíduos que prevalecem, que podem influenciar o grupo a adotar certa abordagem ao problema, no final serão identificados como líderes ou fundadores. Entretanto, o grupo ainda não tem qualquer conhecimento compartilhado como grupo, porque ainda não assumiu uma ação comum em referência a tudo o que é suposto fazer. Tudo o que for pro- posto será percebido apenas como o que o líder deseja. Até que o grupo assuma alguma ação conjunta e seus componentes observem o resultado dessa ação, ainda não haverá uma base compartilhada para determinar se o que o líder deseja voltará a ser válido (SCHEIN, 2017). No nível de suposições básicas, representa que, quando a solução de um problema funciona repe- tidamente, passamos a aceitá-la como verdadeira. O que era uma hipótese, apoiada apenas por uma intuição ou um valor, gradualmente, passa a ser tratadas como realidade. A cultura como um conjunto de suposições básicas define a que devemos prestar atenção, o que as coisas significam, como reagir emocionalmente ao que ocorre e que ações adotar em vários tipos de situações. 32 Gestão de Pessoas Uma vez que tivermos desenvolvido um conjunto integrado de tais suposições, nos sentiremos extremamente confortáveis com as outras pessoas que compartilham o mesmo conjunto de supo- sições e muito desconfortáveis e vulneráveis nas situações em que suposições diferentes operam, porque não entenderemos o que está ocorrendo ou, pior ainda, perceberemos e interpretaremos mal as ações dos outros (SCHEIN, 2017). Schein (2017) afirma que a liderança é a fonte das crenças e valores que levam um grupo a lidar com seus problemas internos e externos. Se o que o líder propõe funciona e continua a funcionar, o que antes eram apenas as suposições do líder, gradualmente pas- sam a ser suposições compartilhadas. Uma vez que um conjunto de suposições básicas compartilhadas é formado por esse processo, ele pode funcionar como mecanismo de defesa cognitivo para os membros individuais e para o conjunto do grupo. A questão mais central aos líderes é como influenciar os níveis mais profundos da cultura, como avaliar a funcionalidade das suposições feitas nesses níveis e como lidar com a ansiedade que é manifestada quando esses níveis são desafiados. As organizações são o resultado de pessoas que trabalham juntas com um propósito comum (SCHEIN, 2017). Basicamente, as culturas emergem de três fontes: (1) as crenças, valores e suposições dos fundadores da organização; (2) as expe- riências de aprendizagem dos membros do grupo à medida que a organização se desenvolve; e (3) as novas crenças, valores e suposi- ções introduzidos por novos membros e líderes (SCHEIN, 2017). Embora cada um desses mecanismos exerça um papel crucial, de longe, o mais importante para a origem da cultura é o impacto dos fundadores. Além de escolher a missão básica e o contexto ambiental em que o novo grupo operará, os fundadores selecionam seus mem- bros e influenciam as respostas originais que o grupo emite no esforço de ser bem-sucedido e de se integrar ao ambiente (SCHEIN, 2017). Portanto, quando pensamos em cultura, o que ocorre nas organi- zações é muito fácil de observar; por exemplo, fracassos de liderança, miopia em marketing, arrogância baseada em sucessos passados, mas, no esforço de entender por que tais coisas ocorrem, a cultura como conceito é apropriadamente reconhecida (SCHEIN, 2017). Em uma era em que a liderança é cada vez mais considerada uma variável crítica para definir o sucesso ou o fracasso das organizações, ela se torna ainda mais importante para examinar o outro lado da liderança: como os líderes criam a cultura e como a cultura define e cria os líderes (SCHEIN, 2017). 33UNIDADE 1 Já não é novidade que as mudanças são tão rápi- das e intensas quanto o desafio de lidar com elas. Temos ao alcance de nossas mãos a tecnologia, acesso ao mercado global, competição em todos os lados, mas ainda temos dificuldades para li- dar com o fator humano no dia a dia, devido às inúmeras diferenças que encontramos entre nós. O estudo da Deloitte (2019, on-line)2 revela que “ 86% dos entrevistados afirmam que preci- sam reinventar sua capacidade de aprender frente à evolução irrefreável da inteligência artificial, das tecnologias cognitivas e da au- tomação. Isso nos mostra que precisamos aprender a nos diferenciar com as tecnologias, e não concorrer com elas. Para Barbieri (2009), o conhecimento é a maté- ria-prima fundamental do processo de inovação. Na década de 60, Drucker reconhecia o conheci- mento como um dos principais fatores de produ- ção em uma economia avançada e desenvolvida. Hoje, o valor é criado pelo composto da produ- Economia do Conhecimento 34 Gestão de Pessoas tividade e da inovação, que são aplicações do co- nhecimento organizacional (BARBIERI, 2009). Barbieri (2009, p. 12) acrescenta que, “para a efetiva criação de conhecimento”, é necessário reconhecer que o conhecimento pode ser tanto explícito como tácito, sendo que o conhecimento explícito é formal e sistemático, pode ser expresso em palavras e números, bem como facilmente comunicado e compartilhado; já o conhecimento tácito é altamente pessoal e difícil de formalizar, tornando difícil sua comunicação ou comparti- lhamento com outros. O autor sustenta que o conhecimento tácito constitui a mais importante fonte de inovação, ainda que muitas vezes subutilizado e difícil de ser captado no processo produtivo. O desafio é, em vez de ignorá-lo, estimular e fazer brotar esse conhecimento; a efetiva criação de conhecimento depende da existênciade um contexto que es- timule o florescimento do conhecimento tácito (BARBIERI, 2009). Por exemplo, a promoção do conhecimento com compartilhamento de expe- riências nos locais de trabalho, sua transformação em conhecimentos tácitos e daí em conhecimen- tos explicitados, primeiro com propostas ou ideias formuladas por escrito, depois pelas atividades de avaliação, implementação e documentação, geran- do novas experiências e novos conhecimentos tá- citos, como um ciclo virtuoso (BARBIERI, 2009). Em outras palavras, a experiência do profissio- nal pode ser uma fonte inesgotável de conhecimen- to, contudo, muitas vezes, desorganizados, então no primeiro momento, como líder desses profissionais, explore as ideias, acumule dados e evidências, de- pois alinhe e agrupe em conhecimento ordenado, com novas aplicações, novas propostas e práticas. Para Julien (2010, p. 57) a economia fundada no saber é aquela cujo desenvolvimento se baseia essencialmente “nas capacidades de criar e utilizar conhecimentos”, portanto na transformação da in- formação em diversos tipos de inovação. Os conhe- cimentos servem para mudar produtos, serviços e processos, além de sustentar o caráter distintivo das empresas e sua competitividade (JULIEN, 2010). Segundo Julien (2010), a economia do conhe- cimento se manifesta, de um lado, por um forte crescimento dos serviços em relação aos bens e, de outro, pelo aumento dos fatores imateriais em relação aos fatores materiais nos sistemas de pro- dução. No primeiro caso, a presença dos serviços é evidente não apenas na estrutura industrial, mas também na adição, aos bens materiais, de diversos tipos de serviços imediatos ou de pós-venda que requerem muito saber. Pode-se pensar na intervenção de especialistas oferecida pelos fabricantes de equipamentos na venda de máquinas complexas, como os equi- pamentos de eletrotermofototerapias, usados na saúde. No segundo caso, tem-se observado o au- mento do número de executivos ou especialistas em comparação com a mão de obra não especia- lizada. Quanto ao aumento de serviços pessoais prestados por pequenas empresas, isso é função de novas necessidades criadas pelo aumento de poder aquisitivo, que permite à sociedade con- sumir além do básico ou tradicional (exemplo, o crescimento de Terapeutas Integrativos e Comple- mentares buscando qualidade de vida), mudanças demográficas (novos serviços sociais, psicológi- cos, podólogos destinados à terceira idade) e mais tempo livre (animadores de todo tipo de festas). Para o autor, o aporte de capital humano, so- bretudo aquele dotado de capacitação avançada, tornou-se, portanto, crucial para o desenvolvi- mento econômico, mesmo nas novas pequenas empresas. Prova disso é o problema do desempre- go elevado em muitas economias ou regiões em que um grande número de empregos oferecidos não encontra candidatos, principalmente em pe- quenas empresas que demandam mão de obra especializada, como tecnólogos em estética, po- dologia e terapeutas integrativos (JULIEN, 2010). 35UNIDADE 1 Julien (2010) afirma que a economia do conhecimento muda as bases da concorrência tanto para as grandes quanto para as pequenas empresas. Na nova economia, a competitividade está cada vez mais ligada aos conhecimentos e ao savoir-faire (competência adquirida pela experiencia; capacidade para solucionar ou resolver algo de modo prático) portanto as capacidades imateriais de cada organização, principalmente das pequenas organizações particularmente flexíveis. Essas capacidades permitem variar o produto (o bem e, sobretudo, os serviços associados) quase ao infinito e se manifestam, na maior parte das vezes, em inovações sutis ou difusas que tocam diferentes elementos em uma parte ou em toda a cadeia de valor do produto, incluindo a colocação no mercado, em diferentes mercados (JULIEN, 2010). Para Julien (2010), a proximidade, a flexibilidade e a variedade integram o conceito de inovação que sustenta a singularidade da empresa para bem além da produtividade. É verdade que a produtividade é o fator-chave para as empresas que oferecem um produto de massa, padrão ou de mudança lenta. Nesse caso, prevalece a tendência em transferir a produção para países com baixos salários, como na China. Contudo, no caso dos produtos com forte valor agregado e com mudança regular, cuja fabri- cação requer uma capacidade particular da organização, portanto de pessoal capacitado, a produção irá permanecer nas regiões capazes de produzir e manter esses recursos, como a fabricação de óleos essenciais. A competitividade, nesse caso, vai bem além da produtividade (Figura 2). Na Figura 2, observa-se um continuum, à direita estão produtos que requerem, acima de tudo, saber, savoir-faire e inovação sistemática; à esquerda, produtos que utilizam, acima de tudo, mão de obra disciplinada e de baixo custo, portanto, de um lado produtos quase únicos para mercados específicos e, do outro, bens de massa de baixo custo e, frequentemente, de baixa qualidade (JULIEN, 2010). Produtividade Inovação Competitividade continuum baixos salários, baixa qualidade design, saberes, qualidade, variedade, em todos os estágios da produção em suma: distinção (valor - processos)em suma, baixa diferenciação (padronização) (roupas produzidas em série, mercado de massa, serviços como call centers...) (produtos especí�cos, de moda, de topo de linha, de proximidade, intensivos em saberes e savoir-faire...) Figura 2 - Continuum entre Produtividade e Inovação Fonte: Julien (2010, p. 68). 36 Gestão de Pessoas A Figura 2 ilustra como a proximidade, a flexi- bilidade e a variedade são a base da economia do conhecimento e do savoir-faire sob novas formas, justamente porque permitem à empresa recombi- nar diferentemente seus recursos e competências para gerar a maior quantidade possível de respos- tas particulares para cada cliente. Isso supõe que a organização seja capaz de gerir adequadamente a informação para melhor enfrentar a incerteza e a ambiguidade (JULIEN, 2010). Nesta primeira unidade, nós navegamos por alguns tópicos inerentes a nós mesmo, enquanto seres humanos, enquanto profissionais, enquan- to pessoas, como um recurso fundamental para estruturação de um negócio duradouro. Certa- mente, caro(a) aluno(a), não tenho a intenção de esgotar o conteúdo acercar de “Gestão de Pes- soas”, minha intenção foi aproximar o tema de sua realidade e provocar reflexões que possa gerar insights para sua formação e carreira profissio- nal. Quando pensar em “pessoas”, lembre-se de que você estará, ao mesmo tempo, lidando com o recurso mais volátil de seu negócio e também com o recurso mais importante para entregar valor ao seu cliente, visto que não existe modelo de negócio que “funcione” sem o envolvimento de pessoas, seja 1, 2, 10 ou milhares, sempre existirão pessoas! Um abraço. A Inteligência Artificial (IA) pode ser definida como uma ferramenta que viabiliza e facilita a tomada de decisões por meio do uso de dados. Trata-se da capacidade de máquinas pensarem como seres humanos, raciocinando e decidindo de maneira ordenada. IA faz com que haja uma evolução nos métodos operacionais, possibilitando que profissionais com- petentes possam buscar vagas de acordo com o seu perfil e que as organizações tenham maiores taxas de retenção desses talentos. Plataformas especializadas no processo seletivo nasceram com o objetivo de trazer maior apro- veitamento para esses procedimentos, tornando os RHs mais estratégicos, ágeis e eficientes, pois conectar gestores com os melhores candidatos é sua a função. Assim, é possível reduzir significativamente o trabalho operacional e a chance de erros na triagem dos candidatos. O papel do recrutador será mais interdisciplinar, alinhada com a estratégia de negócios e construção de relacionamento consultivo com gestores do negócio. Para saber mais como foi a revolução da Inteligência Artificial no Recrutamento e Seleção, confira no link a seguir: https://www.gupy.io/blog/inteligencia-artificial-no-recrutamento-e-selecao.https://www.gupy.io/blog/inteligencia-artificial-no-recrutamento-e-selecao 37 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Nos tempos atuais, alguns autores propõem que as pessoas não são apenas recursos operacionais e sim como parceiros de negócios para as organizações. Diante desse cenário, quando as pessoas são fonte de conhecimento, habilida- des, competências e inteligências para agregar valor às organizações, analise as afirmativas a seguir: I) As pessoas são parceiras da organização investindo tempo, conhecimento e comprometimento com objetivo racional de receber retorno financeiro. II) As pessoas são carregadas de personalidade e individualidades, com compe- tências únicas e, assim, surge a impossibilidade de agrupamento de equipes. III) As pessoas são ativadoras de recursos organizacionais quando impulsionam e dinamizam os recursos da empresa para produzir mais riqueza com o mesmo capital. IV) As pessoas são também reconhecidas como capital humano quando supe- ram a remuneração da empresa sobre o próprio salário, tendo um ganho de capital direto. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II, III e IV. 38 2. Sabe-se que os processos de recrutamento e seleção, em suma, são atividades separadas de maneira conceitual, mas, na prática, devem ser complementares e de maneira sequenciada. Considerando o exposto, avalie as afirmações a seguir como (V) para verdadeiras e (F) para falsas: ) ( A fase de recrutamento deve ser avaliada absolutamente de forma quantitativa. ) ( A fase de seleção deve ser avaliada de forma qualitativa, apenas. ) ( As fases de recrutamento e seleção devem ser avaliadas pela eficiência e eficácia. a) V, F, V. b) F, F, V. c) F, V, V. d) V, V, V. e) F, F, F. 3. McShane e Von Glinow (2014) argumentam que os líderes possuem perfis que podem ser complementares (ou não) seja orientado por tarefas ou orientado para pessoas. Considerando o exposto, associe as duas colunas, relacionando cada perfil com os seus respectivos enfoques. 1) Orientado para tarefas. 2) Orientado para pessoas. ) ( ...ouvem ativamente os funcionários. ) ( ...estabelecem procedimentos padrões. ) ( ...se preocupam com o local de trabalho. ) ( ...delegam as responsabilidades. A sequência correta desta classificação é: a) 1, 2, 1, 2. b) 2, 1, 1, 2. c) 2, 1, 2, 1. d) 1, 1, 1, 1. e) 2, 2, 2, 2. 39 Sistema de Recrutamento e Seleção Para criar, divulgar e gerenciar vagas e candidatos pela internet, conheça o soft- ware de recrutamento e seleção baseado em Inteligência Artificial, conhecido como Gupy . Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB Rápido e devagar: duas formas de pensar Autor: Daniel Kahneman Editora: Objetiva Sinopse: ganhador do Prêmio Nobel de Economia por pesquisas que colocam em xeque a ideia de que a nossa tomada de decisões é essencialmente racional, é um dos mais importantes pensadores do século XXI. O livro apresenta uma visão tão inovadora quanto inquietante sobre como a mente funciona e como as decisões são tomadas. O autor explica as duas formas como se desenvolvem o pensamento humano: uma é rápida, intuitiva e emocional; a outra, mais len- ta, deliberativa e lógica. Kahneman expõe as capacidades extraordinárias — e também os defeitos e vícios — do pensamento rápido e revela o peso das im- pressões intuitivas no processo de tomada de decisões. O autor revela quando é possível ou não confiar na intuição. Oferece insights práticos e esclarecedores sobre como são tomadas as decisões nos negócios e na vida pessoal, e como se pode usar diferentes técnicas para proteger contra falhas mentais que, muitas vezes, colocam o indivíduo em situações de apuro. LIVRO Coach Carter - Treino para a vida Ano: 2005 Sinopse: em 1999, Ken Carter (Samuel L. Jackson) retorna à sua antiga escola em Richmond, Califórnia, para colocar o time de basquete em forma. Com re- gras rígidas e disciplina acadêmica, ele consegue colocar os jogadores em uma sequência de vitórias. Contudo, quando suas notas começam a sofrer, Carter às trava para fora da academia e fecha a temporada de campeonato. Quando ele é criticado pelos jogadores e seus pais, ele se atém às armas, determinando que eles se destacam tanto na classe quanto na quadra. FILME 40 ARAÚJO, L. C. G. de.; GARCIA, A. A. Gestão de pessoas: estratégias e gestão organizacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. BANOV, M. R. Recrutamento, seleção e competências. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012. BARBIERI, J. C. Gestão de ideias para inovação contínua. Porto Alegre: Bookman, 2009. BATITUCCI, M. D. Recursos Humanos 100%: a função RH no terceiro milênio. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000. BENDASSOLI, P. F.; MAGALHÃES, M. O.; MALVEZZI, S. Liderança nas organizações. In: ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. B. Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. 2. ed. Porto alegre: Artmed, 2014. CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri: Manole, 2014. COSTA, W. S. Gestão de Pessoas e Desenvolvimento de Equipes. Maringá: Unicesumar, 2017. DUBRIN, A. J. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2007. JULIEN, P. A. Empreendedorismo regional e a economia do conhecimento. Tradução de Márcia Freire Ferreira Salvador. São Paulo: Saraiva, 2010. LACOMBE, F. J. M. Recursos humanos: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2005. McSHANE, S. L.; VON GLINOW, M. A. Comportamento Organizacional: Conhecimento emergente. Rea- lidade Global. Porto Alegre: AMGH, 2012. MOSCOVICI, F. Desenvolvimento Interpessoal. 17. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2015. OLIVEIRA, D. de P. R. de. Coaching, Mentoring e Counseling: um modelo integrado de orientação profis- sional com sustentação da universidade corporativa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. ROBBINS, S. P. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2000. ROBBINS, S. P.; JUDGE, T. A.; SOBRAL, F. Comportamento Organizacional: Teoria e prática no contexto brasileiro. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. SCHEIN, E. H. Cultura organizacional e liderança. Tradução Ailton Bomfim Brandão; revisão técnica Hum- berto Mariotti. São Paulo: Atlas, 2017. 41 SOTO, E. Comportamento organizacional: o impacto das emoções. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. ZACCARELLI, L. M.; TEIXEIRA, M. L. M. Um lado da moeda: atraindo e selecionando pessoas. In: HANASHI- RO, D. M. M.; TEIXEIRA, M. L. M. ZACCARELLI, L. M. (Orgs.). Gestão do Fator Humano: uma visão baseada em Stakeholders. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. REFERÊNCIAS ON-LINE 1Em: https://www.gupy.io/blog/turnover. Acesso em: 07 abr. 2020. 2Em: https://www2.deloitte.com/br/pt/pages/human-capital/articles/tendencias-capital-humano.html . Acesso em: 07 abr. 2020. 42 1. C. 2. B. 3. C. 43 44 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender as rotinas, ferramentas e indicadores es- senciais para gestão financeira. • Compreender os princípios, ferramentas e indicadores de gerenciamento estratégico. • Compreender os princípios e metodologias para gestão de projetos. • Compreender as rotinas e ferramentas essenciais para gestão de processos nas empresas. • Compreender as ferramentas e indicadores para gestão da qualidade. Gestão Financeira Gestão da Estratégia Gestão de Processos Gestão da QualidadeGestão de Projetos Me. Thiago Henrique Martinez Blanco Gestão Operacional Gestão Financeira Nesta unidade, prezado(a) aluno(a), vamos dis- cutir sobre um assunto que, muitas vezes, é ne- gligenciado pelos gestores, talvez até como um lugar comum, algo óbvio e, por isso, não mereça atenção devida. É preciso entender que uma em- presa, por exemplo, seja ela do ramo financeiro, educacional ou da saúde, como é o nosso foco aqui, é necessárioque todos os setores e funções estejam alinhados para o desenvolvido das ativi- dades fins da organização. Vale ressaltar que, no segmento da saúde, ter uma gestão operacional eficiente pode garantir à empresa uma posição de destaque no merca- do e perante seus clientes finais (os pacientes). Assim como nas demais unidades deste livro, minha intenção não é esgotar o conhecimento e assuntos envolvendo essa área da administração, mas sim apresentar alguns pressupostos e práti- cas importantes, para que você aplique em seus empreendimentos, em especial na área da saúde e bem-estar. Vamos discutir, nesta unidade, sobre os aspectos financeiros, de estratégia, projetos, processos e qualidade; esses tópicos foram sele- 47UNIDADE 2 cionados pela relevância de negócios na área de saúde e bem-estar. A gestão financeira é responsável pela análise e o controle das atividades financeiras da sua em- presa, ou seja, ela responde pela saúde financeira da organização, assim como no âmbito pessoal, as empresas precisam de uma gestão eficiente dos recursos financeiros, portanto, vamos discutir so- bre o valor do dinheiro no tempo, demonstrativos financeiros, fluxo de caixa e alguns cálculos para encontrar o ponto de equilíbrio. Valor do Dinheiro no Tempo Segundo Samanez (2007), devemos considerar o valor do dinheiro no tempo, seja pela liquidez, taxa de juros ou mesmo pelo custo nominal. Em outras palavras, imagine que seus R$ 100,00 dis- poníveis hoje valem mais que R$ 100,00 recebidos em qualquer data futura. Mas por quê? Samanez (2007) nos dá três razões fundamen- tais para explicar esse fato, vejamos: (i) o risco de não receber a quantia no futuro; (ii) o menor poder aquisitivo da quantia no futuro, devido ao efeito inflacionário por exemplo; e (iii) o custo de oportunidade do dinheiro, que, por meio do investimento, permite transformar R$ 100,00 de hoje em algo a mais no futuro, imagine que pode- ria ser R$105,00 por exemplo (representando um ganho nominal de 5% no investimento). Viceconti e Neves (2013) afirmam que além da taxa de juros, é necessário considerar a inflação na conta, que é definida como uma alta persistente e generalizada dos preços da economia e, claro, influencia o valor do dinheiro no tempo. O pro- cesso inflacionário pode representar: (i) a perda do poder aquisitivo dos salários e outras rendas fixas; (ii) a desorganização do mercado de capitais com aumento da procura por ativos reais; e (iii) o surgimento de déficits no balanço de pagamentos. Por hora, caro(a) aluno(a), aprendemos que o dinheiro tem o seu valor modificado ao longo do tempo, em outras palavras, a nota de R$ 100,00 será a mesma, como o mesmo preço nominal, contudo, o valor dessa quantia monetária será influenciada por fatores temporais. É importante definir alguns conceitos bási- cos para auxiliar no entendimento no decorrer da unidade, de acordo com Viceconti e Neves (2013). Sempre que precisar, retorne aqui para consultá-los:. • Capital ou Valor Presente (PV): é qual- quer quantidade de dinheiro que esteja disponível. • Prazo (n): período durante o qual o capi- tal é aplicado, em dia(s) por exemplo. • Juros (J): é a remuneração devida pela utilização do capital. • Taxa de juros (i): a relação entre o juro e o capital é o que se denomina taxa de juros, que pode ser expressa em termos unitários ou percentuais. Importante: busque sem- pre considerar a taxa de juros na mesma equivalência do prazo. • Valor Futuro (FV): o montante após “n” é igual ao somatório do capital inicial mais os juros nesse período, ou seja, o capital acumulado durante o período. • Prestações (PMT): referem-se a toda se- quência de pagamentos ou recebimentos em datas previamente estipuladas no prazo correspondente (n). Após compreender os conceitos básicos financei- ros, agora veremos as diferenças entre os sistemas de capitalização simples e composta. No regime de juros simples ou capitalização simples, os juros são sempre computados sobre o capital inicial. A Tabela 1 mostra, hipoteticamente, a evolução de um capital de R$ 1.000,00 ao longo de 5 anos a uma taxa de 10% ao ano. 48 Gestão Operacional Tabela 1 - Regime de capitalização simples ANOS R$ INÍCIO DO ANO R$ JUROS SIMPLES ANUAL R$ FINAL DO ANO R$ JUROS ACUMULADO 1 1.000,00 1.000 x 0,1 = 100,00 1.100,00 100,00 2 1.000,00 1.000 x 0,1 = 100,00 1.100,00 200,00 3 1.000,00 1.000 x 0,1 = 100,00 1.100,00 300,00 4 1.000,00 1.000 x 0,1 = 100,00 1.100,00 400,00 5 1.000,00 1.000 x 0,1 = 100,00 1.100,00 500,00 Fonte: o autor. Sendo assim, observa-se que os juros sempre são calculados com base no capital inicial, sem incorporar os juros do período anterior no saldo atual, para se calcular o período corrente. No regime de capita- lização composta, o rendimento gerado pela aplicação (juros) será incorporado ao saldo acumulado, passando a participar da geração do rendimento no período seguinte a cada capitalização, conforme observado na Tabela 2. Tabela 2 - Regime de capitalização composta ANOS R$ INÍCIO DO ANO R$ JUROS COMPOSTO ANUAL R$ FINAL DO ANO R$ JUROS ACUMULADO 1 1.000,00 x 0,1 = 100,00 1.100,00 100,00 2 1.100,00 x 0,1 = 110,00 1.210,00 210,00 3 1.210,00 x 0,1 = 121,00 1.331,00 331,00 4 1.331,00 x 0,1 = 133,10 1.464,10 464,10 5 1.464,10 x 0,1 = 146,41 1.610,51 610,51 Fonte: o autor. Agora que já entendemos os regimes de capitalização, passaremos para os sistemas de amortização para operações de empréstimos e financiamentos de longo prazo (ASSAF NETO, 2006). Cabe ressal- tar, caro(a) aluno(a), que, como regra básica de mercado, o regime de capitalização composta é o mais utilizado, então compreender sua aplicação é fundamental. Os juros simples são calculados sobre o valor total. Os juros compostos são calculados sobre o valor total mais os juros simples cobrados sobre ele. Também chamado de “juros sobre juros”. Para avançarmos nos exemplos de sistemas de amortização, vamos também definir os principais termos e conceitos de acordo com Assaf Neto (2006), vejamos: • Credor ou Mutuante: é aquele que fornece o empréstimo. • Devedor ou Mutuário: é aquele que recebe o empréstimo. • Taxa de juros: é a taxa de juros contratada entre as partes. • Amortização: corresponde à parcela de devolução do principal, ou seja, do capital emprestado, aqui 49UNIDADE 2 não é considerado a remuneração do capital, apenas sua devolução. • Prestação: é a amortização acrescida dos juros e outros pagamentos em dado período. • Prazo de utilização: corresponde ao inter- valo de tempo durante o qual o empréstimo é transferido do credor para o devedor. • Prazo de carência: corresponde ao período compreendido entre o prazo de utilização e o pagamento da primeira amortização. • Prazo de amortização: o intervalo de tempo durante o qual são realizadas as amortizações e o empréstimo restituído. • Prazo total do financiamento: é a soma do prazo de carência como prazo de amortização. • Saldo devedor: é o estado da dívida, ou seja, o débito num determinado período. • Período de amortização: é o intervalo de tempo entre duas amortizações. Uma vez definido os conceitos básicos do “efeito tempo” em nosso dinheiro, veremos exemplos prá- ticos de dois sistemas de amortização, o Sistema de Amortização Francês (SAF) ou também conheci- do como Tabela Price, e o Sistema de Amortização Constante (SAC). Ambos são largamente utilizados no mercado, sua escolha dependerá da fonte credora, bem como do ativo que será financiado em livre negociação entre as partes. O Sistema de Amortização Francês (SAF) ou “Price”, amplamente adotado no mercado, estipula que as prestações devem ser iguais, periódicas e su- cessivas, sendo o oposto da SAC, em que as parcelas são decrescentes. Portanto, os juros, por incidirem sobre o saldo devedor são decrescentes e as par- celas de amortização assumem valores crescentes. Em outras palavras, no SAF os juros decrescem e as amortizações crescem ao longo do tempo. Entre o método SAF e a TabelaPrice há uma pe- quena variação. A diferença está em que o SAF utiliza taxa equivalente de juros compostos e a tabela Price taxa proporcional simples, ou seja, no sistema SAF, uma taxa de 12% ao ano (12 meses), não é equivalente uma taxa de 1% ao mês, visto que a taxa é composta; já na Tabela Price, essa equivalência é verdadeira. Hipoteticamente, uma instituição financeira concede um empréstimo de R$ 150.000,00 para ser pago pelo Sistema Francês de Amortização (SAF), em 4 prestações anuais, a uma taxa de 15% ao ano. Conforme visualizado na Tabela 3 a seguir: Tabela 3 - Sistema Francês de Amortização (SAF) PERÍODO JUROS AMORTIZAÇÃO PRESTAÇÃO SALDO DEVEDOR 0 - - - 150.000,00 1 22.500,00 30.039,80 52.539,80 119.960,20 2 17.994,03 34.545,77 52.539,80 85.414,42 3 12.812,16 39.727,64 52.539,80 45.686,78 4 6.853,02 45.686,78 52.539,80 0,00 Total 60.159,21 150.000,00 210.159,21 - Fonte: o autor. O Sistema de Amortização Constante (SAC), como o próprio nome sugere, tem como característica básica o fato de serem as amortizações do principal sempre iguais (ou constantes) em todo o prazo da operação. O valor da amortização é facilmente obtido mediante a divisão do capital emprestado pelo número de prestações (Tabela 4). Os juros, por incidirem sobre o saldo devedor, cujo montante decresce após o pagamento de cada amortização, assumem valores decrescentes nos períodos. Em consequência do comportamento da amortização e dos juros, as prestações periódicas e sucessivas do SAC são decrescentes (SILVA, 2016). 50 Gestão Operacional Tabela 4 - Sistema de Amortização Constante (SAC) PERÍODO JUROS AMORTIZAÇÃO PRESTAÇÃO SALDO DEVEDOR 0 - - - 150.000,00 1 22.500,00 37.500,00 60.000,00 112.500,00 2 16.875,00 37.500,00 54.375,00 75.000,00 3 11.250,00 37.500,00 48.750,00 37.500,00 4 5.625,00 37.500,00 43.125,00 - Total 56.250,00 150.000,00 206.250,00 - Fonte: o autor. Perceba que os dados de cálculos das simulações são os mesmos, portanto, podemos comparar, en- quanto gestor financeiro, qual o melhor sistema para captar recursos para nossa empresa. Veja, caro(a) aluno(a), que pelo sistema SAC, em comparação ao SAF, no cenário apresentado, é possível economizar o montante de R$ 3.909,21 em juros do capital. Lembrando que o sistema que será adotado no finan- ciamento está relacionado com a fonte credora e o propósito do ativo que será financiado, um imóvel, um veículo ou mesmo o caixa da empresa. Neste tópico, vimos os princípios básicos do dinheiro no tempo, regime de capitalização de juros simples e composto, e os sistemas de cálculo mais comuns no mercado, aplicados para amortização de empréstimos e financiamentos. Análise das Demonstrações Financeiras principais relatórios financeiros que todo gestor deve analisar para embasar suas decisões nas empresas (clínicas, centros da saúde, salões de beleza); lem- bro-o(a) de que esses relatórios não são os únicos, mas elementares, são eles: • Demonstração de Resultados do Exercí- cio (DRE): fornece um resumo financeiro dos resultados operacionais da empresa (lu- cro ou prejuízo) no determinado período de análise. • Balanço Patrimonial (BP): apresenta uma demonstração resumida da posição finan- ceira da empresa em um dado momento. A demonstração equilibra os ativos da empre- sa (bens e direito) em relação a seu finan- ciamento, que pode ser dívida (recursos de terceiros) ou patrimônio líquido (recursos dos sócios). • Demonstração de Fluxos de Caixa (FC): apresenta a flutuação dos fluxos de caixa no Agora, você aprenderá a mensurar o desempenho econômico-financeiro, por meio de indicadores fi- nanceiros da clínica. A análise das demonstrações fi- nanceiras inclui o estudo dos seus dados financeiros e das relações existentes entre eles ao longo do tempo. Gitman e Madura (2006) argumentam que, embora os cálculos dos índices financeiros sejam importantes, é válido ressaltar que a interpretação, validação diante dos cenários e a conjuntura de ou- tros indicadores devem se apresentar uma base mais sólida para decisões gerenciais. A observação dos autores é válida, especialmente, quando estamos diante de situações em que os recur- sos financeiros são escassos ou abundantes, ou seja, em momentos de crise ou euforia, a racionalidade dos gestores são postas à prova. Manter-se fiel aos dados e consistentes com os apontamentos técnicos é um desafio do dia a dia. Veremos, adiante, com base em Gitman e Madura (2006), Favero et al. (2009) e Silva (2016), os três 51UNIDADE 2 período em questão. A demonstração fornece uma visão esclarecedora dos fluxos de caixas operacionais, de investimento e de financia- mento e reconcilia-os com mudanças em seu caixa e títulos negociáveis durante o período. Segundo Favero et al. (2009), com base na ori- gem e aplicação de recursos financeiros, o obje- tivo geral da Contabilidade é gerar informações para a tomada de decisões conforme ilustrado no Quadro 1. As demonstrações financeiras do relatório aos acionistas de 2019 da empresa fictícia Bem-estar S/A, do segmento de saúde e bem-estar, são apresentadas a seguir e servirão de base para o cálculo dos indicadores financeiros . A Tabela 5 apresenta as Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) da Bem-estar S/A para os anos encerrados em 31 de dezembro de 2018 e 2019. O lucro operacional, muitas vezes, é chamado lucro antes dos juros e do imposto de renda (LAJIR) ou EBIT (em inglês, earnings before interest and taxes). Tabela 5 - Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) da Bem-estar S/A Tipo Descrição das contas 2018 AV 2018 2019 AV 2019 AH 18-19 (+) Receita de vendas 6.174 100,0% 6.936 100,0% 12,35% (-) Deduções e Impostos 679 11,0% 872 12,6% 28,32% (=) Receita Líquida 5.494 89,0% 6.064 87,4% 10,37% (-) Custo dos produtos/serviços 4.176 67,6% 4.163 60,0% -0,31% (=) Margem Bruta 1.318 21,3% 1.901 27,4% 44,23% (-) Despesas de vendas 200 3,2% 216 3,1% 8,00% (-) Despesas de marketing 70 1,1% 83 1,2% 18,57% (=) Margem de Contribuição 1.048 17,0% 1.602 23,1% 52,86% (-) Despesas administrativas 388 6,3% 409 5,9% 5,41% (-) Despesas com pessoal 121 2,0% 129 1,9% 6,61% (=) Margem Operacional (LAJIR) 539 8,7% 1.064 15,3% 97,40% (-) Depreciação e Amortização 173 2,8% 186 2,7% 7,51% (-) Tributos (IRPJ, CSLL, outros) 189 3,1% 211 3,0% 11,64% (=) Margem Líquida 177 2,9% 667 9,6% 276,84% Nota: valores em milhões de reais (R$ milhões). Fonte: o autor. BALANÇO PATRIMONIAL Ativo: Bens e Direitos Passivo: Capital de Terceiros (obrigações) Patrimônio Líquido: Capital Próprio ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS Ativo (aplicações): Bens e Direitos Passivo e PL (origens): Capital de Terceiros e Capital Próprio Fonte: Favero et. al. (2009). Quadro 1 - Balanço Patrimonial, Origens e Aplicações de Recursos 52 Gestão Operacional Observe que a Tabela 5 apresenta, além dos números das respectivas contas, a variação percentual em duas perspectivas, uma análise vertical (AV), em que se avalia o peso daquela conta no sobre as receitas da empresa ou, tam- bém, poderia estar ajustado para considerar os respectivos grupos de resultado. A segunda perspectiva é da análise horizontal (AH), em que é possível observar a variação percentual entre os anos de 2018 e 2019 na respectiva con- ta. Essa análise dos valores percentuais oferece maior grau de sensibilidade e precisão para o gestor. O Balanço Patrimonial (BP) da Bem-estar S/A é apresentado, na Tabela 6, com valores do ano anterior para comparação. Silva (2016) des- taca que uma distinção importante é feita entre o ativo e o passivo de curto e de longo prazos. O ativo circulante e o passivo circulante são de curto prazo, com conversão em caixa (ativo circulante) ou pagamento (passivo circulante) esperado em menos de um ano. Todas as demais contas de ativo e passivo, com o patrimônio líquido, que deve ter vida infinita, são consideradas a longo prazo ou fixas, porque devem permanecer nos livros da empresa por um período maior que 12 meses.Tabela 6 - Balanço Patrimonial (BP) da Bem-estar S/A ATIVO 2018 2019 PASSIVO 2018 2019 Circulante 2.446 2.264 Circulante 1.877 1.724 Disponibilidades 726 576 Empréstimos 764 640 Contas a receber 136 138 Fornecedores 158 198 Estoques 1.006 950 Impostos e afins 318 228 Impostos a recuperar 578 600 Folha de pessoal 441 449 Passivo circulante x 66 69 Não Circulante 176 201 Passivo circulante y 60 62 Impostos a recuperar 144 165 Passivo circulante z 70 78 Depósitos Judiciais 32 36 Não Circulante 353 400 Imobilizado 9.338 8.644 Empréstimos 250 269 Terrenos 4.144 3.806 Fornecedores 51 69 Máquinas 3.732 3.386 Não Circulante x 50 59 Instalações 716 632 Não Circulante z 2 3 Veículos 746 820 Patrimônio Líquido 9.783 9.038 Intangível 53 53 Capital Social 8.007 8.007 Ativo x 12 14 Reserva de Lucros 948 234 Ativo y 35 31 Lucro Acumulado 177 667 Ativo z 6 8 Outros resultados 651 130 TOTAL DOS ATIVOS 12.013 11.162 TOTAL DOS PASSIVOS 12.013 11.162 Nota: valores em milhões de reais (R$ milhões). Fonte: o autor. 53UNIDADE 2 Caro(a) aluno(a), repare que, na Tabela 6, não foi realizado as perspectivas de análise dos indicadores, por uma questão apenas ilustrativa. Contudo, você deve saber que é perfeitamente possível e recomendado que a análise do BP seja incrementada com as respectivas variações percentuais frente aos dados apurados. A Demonstração de Fluxos de Caixa (FC) sintético da Bem-estar S/A, comparando o fe- chamento entre os exercícios de 2018 e 2019, é ilustrado na Tabela 7. Tabela 7 - Demonstração de Fluxos de Caixa (FC) da Bem-estar S/A Fluxo de Caixa 2018 AV 2018 2019 AV 2019 AH 18-19 Saldo Inicial 549 - 726 - 4,12% Vendas à Vista 978 15,84% 1.069 15,41% 9,30% Vendas em 30dd 1.363 22,08% 1.506 21,71% 10,49% Vendas em 60dd 1.136 18,40% 1.310 18,89% 15,32% Vendas em 90dd 1.174 19,02% 1.354 19,52% 15,33% Vendas em 120dd 1.196 19,37% 1.339 19,31% 11,96% Vendas > 120dd 327 5,30% 358 5,16% 9,48% Entradas 6.174 100,0% 6.936 100,0% 12,34% Fornecedores 4176 69,63% 4.163 58,75% -0,31% Pessoal 121 2,02% 129 1,82% 6,61% Administrativo 388 6,47% 409 5,77% 5,41% Marketing 70 1,17% 83 1,17% 18,57% Vendas 200 3,34% 216 3,05% 8,00% Impostos e Taxas 869 14,49% 1.083 15,28% 24,63% Outras despesas 173 2,88% 1.003 14,15% 479,77% Saídas 5.997 100,0% 7.086 100,0% 18,16% Saldo Operacional 177 - -150 - -184,75% Saldo Acumulado 726 - 576 - -20,66% Nota: valores em milhões de reais (R$ milhões). Fonte: o autor. Ressalto que os valores apresentados na Tabela 7 são apenas hipotéticos. Nesse caso, foi realizado uma análise vertical e horizontal para se avaliar os comportamentos das contas nos respectivos exercícios. Também cabe destacar que esses três relatórios podem conter variações em sua estruturação real, sempre de acordo com a realidade do segmento e de acordo com a legislação pertinente ao setor e porte da empresa. Ainda ressalto que minha intenção não é esgotar o assunto pertinente aos demonstrativos financeiros, tão pouco limitar seu conhecimento, contudo, neste tópico, você pode estudar os três principais relatórios que todo gestor deve conhecer e acompanhar para tomar boas decisões em seu negócio diariamente. 54 Gestão Operacional Análise dos Indicadores Financeiros Você deve imaginar que não adianta apenas calcu- lar os indicadores, precisamos saber como inter- pretá-los adequadamente. As fórmulas e análises dos indicadores financeiros estão baseadas em Gitman e Madura (2006), Samanez (2007) e Assaf Neto (2010). Silva (2016) apresenta com destaque que a liquidez de uma empresa é medida por sua ca- pacidade de satisfazer suas obrigações de curto prazo no vencimento. Isto é, a liquidez se refere à solvência financeira geral da empresa, à facilidade com a qual ela pode pagar suas contas. A liquidez baixa ou em declínio indica problemas de fluxo de caixa, que podem gerar situações de inadim- plência ou até pior. • ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE (ILC): o índice de liquidez corrente (de curto prazo) mede a capacidade da empre- sa de atender as suas obrigações de curto prazo. Quanto maior o indicador, melhor a liquidez de curto prazo.: ILC = ACPC em que, ILC = índice de liquidez corrente ou de curto prazo. AC = ativo circulante. PC = passivo circulante. • CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (CCL): mede a diferença entre o ativo e o passivo circulante da empresa, demonstran- do se existe folga nos ativos de curto prazo em relação aos passivos de curto prazo: CCL = AC - PC Em que, CCL = capital circulante líquido. AC = ativo circulante. PC = passivo circulante. • PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO (PMR): é útil para avaliar as políticas de crédito e de cobrança da empresa, em geral, quanto menor o número, melhor, sendo apurado pela seguinte fórmula: PMR = Contas a receberVendas anuais 360 • PRAZO MÉDIO DE PAGAMENTO (PMP): No contraponto do PMR, o prazo médio de pagamento é útil para avaliar as políticas de pagamento a fornecedores e terceiros. A situação adequada e pretendi- da pela empresa é que o “PMP” seja maior que o “PMR”. Há muitas medidas de lucratividade. Juntas, elas permitem que avaliemos os lucros da empresa com relação a um dado nível de vendas, a um certo nível de ativos ou ao in- vestimento dos proprietários (SILVA, 2016). Indicadores financeiros são utilizados para medir o desempenho e o quão saudável está ou não a situação financeira da sua empresa, independentemente do segmento. Contudo, são apenas indi- cadores, nunca leva em consideração o número isoladamente. 55UNIDADE 2 • MARGEM BRUTA: mede a porcenta- gem de contribuição em cada venda no resultado, antes de deduzir todos os custos e despesas operacionais. Quanto maior a margem bruta, melhor. O índice é calcula- do pela seguinte fórmula: Margem Bruta == Vendas - CPV Lucros Brutos Vendas Vendas em que, Vendas = volume de vendido no período CPV = custo de produtos vendidos • MARGEM OPERACIONAL: mede a por- centagem de cada unidade em venda restante depois que todos os custos e despesas opera- cionais. A margem operacional é pura porque mede apenas os lucros ganhos nas operações e ignora juros, impostos e dividendos. Quan- to maior a margem operacional, melhor. O índice é calculado pela seguinte fórmula: Margem Operacional = Lucros Operacionais Vendas • MARGEM LÍQUIDA: mede a porcen- tagem de lucro depois de deduzir todos os custos e despesas, desde da carteira do cliente até o caixa da empresa. Quanto mais alta a margem líquida de lucro, melhor. O índice é calculado pela seguinte fórmula: • RETORNO SOBRE O ATIVO (ROA): O ROA (em inglês, return on assets) mede a eficiência geral da administração em gerar lucros com seus ativos disponíveis. Quanto mais alto o retorno sobre o ativo total da empresa, melhor. ROA = Lucros Disponíveis aos Acionistas Ordinários Ativo Total • RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ROE): O ROE (em inglês, return on equity) mede o retorno sobre o patrimônio líquido, quanto maior o indi- cador, melhor. ROE = Lucros Disponíveis aos Acionistas Ordinários Patrimônio Líquido Segundo Gitman (2010), a análise de ponto de equilíbrio é usada para determinar o nível de operações necessário para cobrir todos os custos operacionais e avaliar a rentabilidade associada a níveis diversos de vendas, ou seja, a partir de qual nível de vendas a estrutura operacional ou capital será paga no período. • PONTO DE EQUILÍBRIO OPERA- CIONAL (PE): é o nível de vendas em que o Lucro Antes de Juros e Imposto de Renda (LAJIR) se igualam a zero. PE = =CF + Dep CFTP - Cv P - Cv Em que, PE = ponto de equilíbrio operacional ou contábil. CF = custo fixo (sem a depreciação). Dep = depreciação. P = preço unitário. Cv = custo variável unitário. P – Cv = margem de contribuição. CFT = custo fixo total (com a depreciação). • PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔ- MICO (PEE): no PE, o custo do dinhei- ro no tempo é desconsiderado, portanto, para o gestor incluir esse fator no cálculo é necessário calcular o PEE com a fórmula, a leitura segue a mesma do PE, quanto Margem Líquida = resultadolíquido do período receita líquida de vendas x 100( ) 56 Gestão Operacional menor número (quan- tidade de vendas ou re- ceita de venda), melhor. PEE = CF + CAEP - Cv Em que, PEE = ponto de equilí- brio econômico. CF = custo fixo (menos depreciação). CAE = custo anual equi- valente (custo de oportu- nidade). P = preço unitário. Cv = custo variável uni- tário. P – Cv = margem de contribuição. Neste tópico, estudamos os principais índices de mensu- ração do desempenho econô- mico-financeiro das empresas, nos quesitos liquidez, atividade, endividamento e rentabilidade. Convém ressaltar que um índi- ce único, muitas vezes, não for- nece informações para julgar o desempenho geral da empresa e que os resultados correm o risco de serem distorcidos pela infla- ção ou outros fatores externos à empresa. Cabe ressaltar que a temática financeira não se es- gota aqui, busque mais conhe- cimento sempre que necessário. 57UNIDADE 2 Uma vez que os recursos das empresas, em geral, são escassos e, ainda, na medida em que a empre- sa expande suas operações, haverá mais pessoas, departamentos e processos. Quando considerado todos esses fatores em conjunto, haverá a necessi- dade de decisões por parte dos empresários, sócios e gestores, o que significa decisões da estratégia. Portanto, é por meio da Gestão da Estratégia que são levantadas informações sobre a com- petitividade da empresa, recursos disponíveis, ameaças, oportunidades, entre outros aspectos importantes. Com isso, a empresa pode pensar em suas ações baseando-se sempre em um plano previamente estabelecido. Conceito e Definição Chiavenato (2003) define o verbo “administrar” como uma maneira de governar organizações ou parte delas e, portanto, é possível afirmar que admi- nistrar algo reflete em decisões atuais com relação ao futuro. “É o processo de planejar, organizar, di- rigir e controlar o uso de recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz” (CHIAVENATO, 2003, p. 22). Gestão da Estratégia 58 Gestão Operacional Sendo assim, os administradores não poderiam ter maior desafio que o da administração estratégica, ou seja, conduzir de forma eficiente uma organização muitas vezes complexa, incluída em um ambiente dinâmico e de mudanças rápidas, certamente, requer desse profissional os melhores julgamentos. Segundo Wright, Kroll e Parnell (2007), a ad- ministração estratégica é desafiadora pelo fato de ir muito além de apenas estabelecer objetivos e, posteriormente, dar ordens aos membros da organização para realizar os respectivos objetivos. Segundo os autores, o termo “estratégia” e suas variações devem ser compreendidos como os pla- nos e visão da alta administração, para alcançar, de forma consistente, resultados que refletem a missão e objetivos gerais da organização. Portanto, para os mesmo autores, a administra- ção estratégica pode ser vista como uma série de passos em que a alta administração deve realizar. Segundo Mintzberg e Quinn (2001), a palavra “estratégia” é o padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e sequência de ações de uma organização em um todo coerente. “Uma estratégia bem formulada ajuda a ordenar e alocar os recursos de uma organização para uma postura singular e viável, com base em sua dinâmica no mercado”. (MINTZBERG; QUINN, 2001, p. 20). Mintzberg e Quinn (2001) afirmam que a tradução do conceito de “estratégia empresarial” se dará por meio dos padrões de decisões, como buscar atingir seus objetivos, propósitos e metas. “Estratégia empresarial é o padrão de decisões (...), e a decisão que contribui para este padrão, é aquela que é eficiente durante um longo período de tempo”. (MINTZBERG; QUINN, 2001, p. 58). A administração estratégica ainda deve ser en- tendida como um passo a passo para se atingir os objetivos, como: • Analisar oportunidades e ameaças ou limitações que existem no ambiente ex- terno. • Analisar os pontos fortes e fracos de seu ambiente interno. • Estabelecer a missão organizacional e os objetivos gerais. • Formular estratégias que permitam à organização combinar os pontos fortes e fracos da organização com as oportu- nidades e ameaças do ambiente. • Implementar as estratégias. • Realizar atividades de controle estra- tégico para assegurar que os objetivos gerais da organização sejam atingidos (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2007, p. 24). Segundo Oliveira (2006), o planejamento em- presarial tem como propósito vislumbrar o fu- turo, de forma viável e sustentável, por meio de processos, técnicas e atitudes administrativas executados em decisões no presente. Oliveira (2006) também defende que o pla- nejamento estratégico pressupõe a necessidade de um processo decisório que ocorrerá antes, durante e depois de sua elaboração e imple- mentação na empresa. Dessa forma podemos afirmar que esse “modo de pensar estrategica- mente” envolve indagações; e conforme o autor ressalta, indagações envolvem questionamentos sobre o que fazer, como, quando, quanto, para quem, por quê, por quem e onde, por exemplo. Vale ressaltar que o próprio processo de pla- nejamento deve ser realizado, ainda mais pelo fato que é um processo interativo e dinâmico, portanto, apresenta aplicação entre duas ou mais partes da empresa simultaneamente. 59UNIDADE 2 Partes do Planejamento Sabemos que o planejamento é um processo con- tínuo que envolve um conjunto complexo de deci- sões inter-relacionadas, e segundo Oliveira (2006), alguns aspectos básicos independentemente da metodologia utilizada devem ser considerados em qualquer planejamento, conforme veremos a seguir: • Planejamento dos fins: especificação do estado futuro desejado, ou seja, a visão, os valores, a missão, os propósitos, os objetivos, objetivos funcionais, os desafios e as metas. • Planejamento dos meios: proposição de caminhos para a empresa chegar ao estado futuro desejado, ou seja, as escolhas das estra- tégias, políticas, procedimentos e processos. • Planejamento organizacional: esquema- tização dos requisitos organizacionais para poder realizar os meios propostos, de fato, é a estruturação da empresa em unidades estratégicas de negócios. • Planejamento dos recursos: dimensio- namento de recursos humanos, tecnológi- cos e materiais, bem como a determinação da origem e aplicação de recursos financei- ro. Tais recursos devem ser alocados em projetos e planos de ação para alcance do futuro desejado. • Planejamento da implementação e do controle: corresponde à atividade de plane- jar o acompanhamento da implantação do empreendimento, bem como a decorrente avaliação dos resultados apresentados. Tipos do Planejamento Segundo Oliveira (2016), há três tipos de plane- jamento a serem considerados, principalmente quando consideração grandes níveis hierárquicos, sendo o planejamento estratégico, o tático e ope- racional (ou funcional). A Figura 1 apresenta, de forma genérica, uma associação direta entre os níveis de decisão (hie- rarquia de poder) com os níveis de planejamento em uma pirâmide organizacional. O planejamento estabelece a direção, os objetivos e metas da empresa; já a estratégia estabelece o como, as diretrizes e decisões necessárias para alcançar os objetivos. Decisões estratégicas Planejamento estratégico Planejamento tático Decisões táticas Decisões operacionais Planejamento operacional NÍVEL ESTRATÉGICO NÍVEL TÁTICO NÍVEL OPERACIONAL Figura 1 - Níveis e Tipos de Planejamento Fonte: Oliveira (2006, p. 15) 60 Gestão Operacional No Quadro 2, são apresentados alguns exemplos práticos de tipos de planejamento, em que fica evi- dente que no planejamento estratégico consideramos a empresa de forma global; é importante esse entendimento de cada fase do planejamento para conseguirmos traduzir objetivos de longo prazo em ações práticas para imediata execução. Quadro 2 - Exemplo de planos nos níveis tático e operacional Tipo Nível Planejamento EstratégicoEstratégico Planejamento mercadológico Planejamento financeiro Planejamento de produção Planejamento de recursos humanos Planejamento or- ganizacional Tático Plano de pre- ços e produtos Plano de des- pesas Plano da capa- cidade de pro- dução Plano de re- crutamento e seleção Plano diretor de sistemas Operacional Plano de pro- moção Plano de inves- timentos Plano do con- trole de quali- dade Plano de treina- mento Plano de estrutura organizacional Plano de ven- das Plano de com- pras Plano de esto- ques Plano de cargos e salários Plano de rotinas administrativas Plano de distri- buição Plano de fluxo de caixa Plano de utiliza- ção de mão de obra Plano de pro- moções Plano de informa- ções gerenciais Plano de pes- quisas de mer- cado Plano orçamen- tário Plano de expe- dição de pro- dutos Plano de capa- citação interna Plano de comuni- cações Fonte: Oliveira (2006, p. 16). A partir do Quadro 2, fica evidenciado que o processo do planejamento deve ser colaborativo, dinâ- mico e, principalmente, integrativo entre os diversos setores da empresa. Visto que o sucesso de sua operação será determinado pelo nível de imbricamento das atividades. Você pode me perguntar: professor, eu que trabalho sozinho, como faço? Eu também trabalhei como autônomo e minha sugestão para você que, ao mesmo tempo é o financeiro, planejador, vendedor e executor do serviço, é: crie planos de sucesso (quando o cenário é bom) e um plano de contingência (imaginando o cenário ruim), isso te dará clareza naquelas atividades que você precisa realizar “agora” para trazer receita para sua clínica, e aquelas atividades que não são lucrativas, estabeleça um prazo para serem executadas ao longo do tempo, mas nunca, repito, nunca deixe de estabelecer o plano de execução do seu negócio, mesmo que ele seja constituído por apenas uma pessoa: você. Formação da Estratégia Certamente, caro(a) aluno(a), acredito que já tenha ficado evidente que a estratégia empresarial é um processo organizacional, de várias maneiras inseparáveis da estrutura, do comportamento e da cultura da companhia na qual é realizada, e neste tópico do livro, iremos entender o processo de formulação e implementação da estratégia. 61UNIDADE 2 Cabe lembrar e fixar o conceito de estratégia empresarial e, para tanto, vamos recorrer a Mintz- berg e Quinn (2001, p. 58), os quais afirmam que “a estratégia empresarial é o padrão de decisões em uma empresa”, sendo que “esse padrão determina e revela seus objetivos, propósitos ou metas, e define o tipo de organização econômica e humana que pretende ser a seus acionistas, funcionários e co- munidade” (MINTZBERG; QUINN, 2001, p. 58). Como já sabemos, a estratégia empresarial é um processo organizacional e, segundo Mintzberg e Quinn (2001), podemos extrair desse processo dois aspectos importantes, o primeiro chamado como formulação e o segundo de implementação. Na formulação de cenários e estratégias para a empresa, busque levantar dados com acesso direto à realidade, próximo do mercado e dos clientes. No momento de discussão da formulação, traga sua equipe para participar ativamente, em especial, que possui envolvimento com atividades de meio e fim. Assim como apresentado por Oliveira (2006), a formulação da estratégia é um dos aspectos mais importantes que o executivo enfrenta no processo de elaboração do planejamento estratégico. Para a formulação de estratégias, deve ser considerado inicialmente três aspectos: • A empresa, com seus recursos, seus pontos fortes, fracos ou neutros, bem como sua visão, valores, missão, propósitos, objetivos, desafios, metas e políticas; • O ambiente, em sua constante mutação, com suas oportunidades e ameaças rece- bendo influências dos diversos cenários; e • A integração entre empresas e seu ambien- te visando à melhor adequação possível, estando inserida, neste aspecto, a ampli- tude da visão, a qualidade dos valores dos principais executivos e/ou proprietários da empresa e a postura estratégica da referida empresa. (OLIVEIRA, 2006, p. 205). Para Mintzberg e Quinn (2001, p. 61), “as alterna- tivas estratégicas que resultam de oportunidades equivalentes e capacidades empresariais em um nível aceitável de risco é o que podemos chamar de estratégia econômica”, ou seja, quando a or- ganização enxerga um ganho de capital frente ao risco de investimento naquela determinada estratégia. Segundo Oliveira (2006, p. 208), “a formulação da estratégia empresarial é complexa”, pois depende de inúmeros fatores e condições que se alternam e se modificam incessantemente. A seguir, veremos algu- mas características que influenciam a formulação de estratégias, de acordo com Oliveira (2006), vejamos: • A estratégia evolui e muda com o tempo, à medida que os executivos da alta adminis- tração tomam decisões significativas para seu futuro. • A estratégia resulta de dois tipos diferentes de atividade inteligente, sendo que algumas decisões estratégicas são motivadas por pro- blemas impostos aos executivos, e outras são buscas proativas em direção a novas oportu- nidades. • As decisões estratégicas não são programadas e, muito menos, previstas com antecipação, elas são tomadas quando as oportunidades e os problemas ocorrem e baseadas em juízo de valor. • Como não é possível prever com clareza quando os problemas e oportunidades 62 Gestão Operacional surgirão, é extremamente delicado e difícil integrar diferentes estratégias. • Os executivos da alta administração são pessoas preocupadas com muitas de- mandas e solicitações simultâneas, por- tanto o desenvolvimento de alternativas para resolver problemas e a avaliação das consequências dessas alternativas são, geralmente, conduzidos sem muita pressão. Formulação (Decidindo o que fazer) Implementação (Alcançado resultados) ESTRATÉGIA EMPRESARIAL Padrão de propósito e política de�nindo a companhia e seus negócios Identi�vação de oportunidade e risco Valores pessoais e aspirações da cúpula Determinando os recursos materiais, técnicos, �nanceiros e geranciais da empresa Reconhecimento de responsabilidades não econômicas à sociedade Liderança superior Estratégico Organizacional Pessoal Sistemas de controle Recrutamento e desenvolvimento de gerentes Processos organizacionais e comportamento Padrões e medidas Programas de incentivo e motivações Estrutura organizacional e relacionamentos Divisão de mão de obra Coordenação de respondabilidade dividida Sistemas de informações 1 2 3 4 1 2 3 Figura 2 – Relação da formulação e implementação da estratégia Fonte: adaptada de Mintzberg e Quinn (2001). • Os executivos não têm programas definidos para lidar com assuntos de estratégias, por- tanto cada escolha é derivada do contexto e estímulos particulares. A Figura 2 mostra a inter-relação das decisões com o ambiente da organização, sendo que, para Mintzberg e Quinn (2001, p. 60), o ambiente de uma empresa “é o padrão de todas as condições e influências externas que afetam seu desenvolvimento”. Segundo Mintzberg e Quinn (2001), por de- finição, a formulação da estratégia é realizada com o futuro em mente, portanto, os executivos que fazem parte do processo de planejamento estratégico precisam estar a par dos aspectos relativos ao ambiente de suas empresas. Neste tópico, vimos que a gestão da estratégia é tão importante quanto os recursos a disposição das empresas. Sua inclinação ao futuro é proveniente de decisões do presente. Sua postura no mercado é de- terminada pelo padrão de escolhas dos executivos e tais escolhas determinam o modo como a empresa irá competir no determinado segmento escolhido. 63UNIDADE 2 Em última instância, segundo Oshita (2019), o papel do gerente de projetos continua a ser a in- tegração de recursos humanos e materiais para atingir os objetivos (DO VALLE et al., 2010). Esta forma de administração não é semelhante ao pa- pel da Gestão da Estratégica? Oshita (2019) destaca que alimitação de recur- sos nas organizações do século XXI exige que as práticas de gerenciamento de projetos sejam bem definidas e sistemáticas, com objetivos claramente estabelecidos entre contratante e contratado e que sejam atingidos em prazos aceitáveis, para ambas as partes. A gestão de projetos é, portanto, um processo altamente estruturado. Conceito e Definição de Projeto O projeto é um plano, delineamento ou esque- ma com descrição escrita e detalhada de um em- preendimento a ser realizado (OSHITA, 2019). O Projeto pode ser definido, então, como um esforço temporário, com início, meio e fim, para criar um produto, serviço ou resultado único restringido Gestão de Projetos 64 Gestão Operacional por recursos escassos (humanos, financeiros e materiais), em uma sequência de atividades rela- cionadas (PMI, 2017). Portanto, o projeto é idealizado para cumprir objetivos por meio da produção de entregas, isso é, os objetivos do projeto podem produzir uma ou mais entregas, de acordo com PMI (2007), vejamos: • Produto único que pode ser parte de outro item a ser fabricado. • Serviço único que pode dar suporte para a fabricação e distribuição de um produto. • Resultado único que pode ser compreen- dido como uma pesquisa que dará suporte a um novo produto ou processo que bene- ficiará a sociedade. • Uma combinação de produtos, serviços ou resultados que pode resultar em um apli- cativo de software. Oshita (2019) defende que os projetos estão pre- sentes em todos os lugares ao mesmo tempo, isto é, são onipresentes e representam, no contexto habitual empresarial, grande parte do trabalho associado à nova tecnologia (WEBSTER JUNIOR; KNUTSON, 2011; HODGSON et al., 2016). Logo, o desenvolvimento e implementação de novas tecnologias geralmente são organizados como um projeto, planejado e controlado por gerentes com metodologias de gerenciamento e, muitas vezes, sujeito a tecnologias auxiliares que monitoram e relatam o progresso em relação a um cronograma e um plano (HODGSON et al., 2016). Para Oshita (2019), do ponto de vista dos negó- cios, os projetos impulsionam mudança, movendo uma organização de um estado a outro como uma força motriz. Nesta perspectiva, os projetos são o padrão, mesmo o modo universal de organização usado para desenvolver, aprimorar, implementar ou entregar novas tecnologias por meio de um esforço coletivo limitado no tempo (HODGSON et al., 2016), por exemplo: • Desenvolvimento de um novo remédio. • Construção de um prédio. • Fusão e aquisições de organizações. • Desenvolvimento ou modificação de um software ou equipamento. • Melhorias de um processo de produção em uma indústria ou semelhante. Cabe destacar, caro(a) aluno(a), que os projetos são temporários, isso significa que têm início e término definidos, mas não, necessariamente, que o projeto tenha curta duração. De acor- do com PMI (2017), o final do projeto ocorre quando: • Os objetivos do projeto foram alcançados. • Os objetivos não serão ou não poderão ser atingidos. • Os recursos estão esgotados ou não estão mais disponíveis para alocação ao projeto. • A necessidade do projeto não existe mais. • O projeto é finalizado por motivo legal ou por conveniência. Dentro do ambiente empresarial, há uma diferen- ça entre projetos e atividades contínuas ou roti- neiras nas organizações (OSHITA, 2019). Como vimos, o projeto é um processo único, com data de início e término, enquanto as atividades rotineiras são processos contínuos e permanentes em que há a repetição de tarefas para a produção de de- terminado bem (CARVALHO, 2015). Conforme apresentado no Quadro 3. 65UNIDADE 2 Quadro 3 - Diferenças entre projetos e processos PROJETO ATIVIDADE CONTÍNUA Único. Repetitivo. Finito e com prazo determinado. Permanente e sem previsão de encerramento. Riscos e incerteza predominantes, devendo ser calculados e minimizados. Experiência em realizar as tarefas repetidamente, visando à otimização de recursos. Sofre grande e constante influência de variáveis ex- ternas. O projeto, normalmente, está relacionado à inovação, em que influências de fora podem refletir no processo de tomada de decisão. São exemplos de fatores externos: questões econômicas, sociais, legais, ambientais, tecnológicas, entre outros. Sofre influência de variáveis internas. As atividades rotineiras demandam maior motivação da equipe, liderança, decisões internas de metas estratégicas, entre outros. É focado na eficácia. É focada na eficiência e na produtividade. Fonte: adaptado de Carvalho (2015) e Oshita (2019). Os projetos surgem como viabilizador do planejamento estratégico de uma empresa. Logo, Oshita (2019) explica que os projetos são iniciados para concretizar os objetivos estratégicos da organização, por meio de oportunidade de negócios. Neste contexto, eles são iniciados como resultado de uma ou mais estratégias das organizações, por exemplo: • Permitir respostas rápidas às mudanças de mercado. • Possibilitar ganhos de escala (produzir mais com menos recursos). • Necessidade social ou solicitação de cliente, entre outros (PMI, 2017). O projeto também deve existir para corrigir a rota na empresa, não apenas pensando em inovações abso- lutas e, ainda, para corrigir problema operacionais, financeiros, de produto ou atendimento aos clientes. Gerenciamento de Projetos Gerenciar projetos consiste em criar ambientes e condições para atender aos requisitos, por meio da integração dos processos de iniciação, planejamento, execução, monitoramento, controle e encerra- mento, de forma eficaz e eficiente (PMI, 2017). Portanto, Oshita (2019) afirma que um gerenciamento eficaz permite aos indivíduos e às orga- nizações cumprirem os objetivos do negócio, o que significa: “satisfazer as expectativas das partes interessadas; ser previsíveis; otimizar o uso de recursos organizacionais; gerenciar restrições como escopo; gerenciar melhor as mudanças entre outros” (PMI, 2017, p. 10). 66 Gestão Operacional Em contrapartida, os projetos mal gerencia- dos ou a ausência de gerenciamento de projetos podem resultar em: “prazos perdidos; estouros no orçamento; má qualidade; retrabalho; expansão descontrolada do projeto; perda de reputação” (PMI, 2017, p. 10). De acordo com o PMI (2017), o gerenciamento do projeto eficaz e eficiente deve ser considerado uma competência estratégica das organizações, o que permite que elas: • Conectem os resultados do projeto com os objetivos do negócio. • Concorram com mais eficácia nos mer- cados. • Sustentem a organização. • Respondam rápida e adequadamente ao impacto das mudanças. Nesta perspectiva, o gerenciamento de projetos deve possuir um processo formal para o estabe- lecimento de objetivos claros de negócios, assim como definidos no Planejamento Estratégico. Isto é, todos devem compartilhar da mesma visão, tor- nando claro e explícitos os objetivos do projeto (DO VALLE et al., 2010). Assim, o gerenciamento de projetos: • É uma tarefa grande que exige dedicação, organização e recursos específicos. • Não é um processo contínuo, isto é, tem início e fim definidos. • Aumenta a chance de sucesso do projeto, por meio de ferramentas que buscam a re- dução de risco. • Utiliza diversas ferramentas que dará suporte para o gerente de projetos realizar medições, acompanhar as tarefas e realizar as mudanças. Por isso, no gerenciamento do projeto, o maior desafio é balancear as restrições básicas: quali- dade, escopo, tempo e custos, em que qualquer modificação (em uma restrição) provoca impacto nas demais (OSHITA, 2019). No gerenciamento do projeto, os três fatores mais importantes são: o tempo, o custo e o es- copo. Estes formam os vértices com qualidade como tema central, pois será sempre afetada pela variação desses três elementos. Isto é, a restrição tripla possui quatro elementos principais, sendo assim, os projetos devem: • Estar dentro do custo. • Estar dentro do escopo. • Ser entregues a tempo. • Atender aos requisitosde qualidade do cliente. Assim, o escopo, tempo, qualidade e custos são determinantes para o sucesso do projeto, visto que, se houver atrasos nele, vai impactar em au- mento de custos. Se houver aumento de custos, pode interferir no escopo e/ou objetivo do projeto. Ainda, a qualidade é um fator determinante para o aceite do projeto, pelos patrocinadores. Segundo Oshita (2019), vale ressaltar que me- todologia de gerenciamento de projetos não se res- tringe apenas à tripla restrição, mas por dez áreas de conhecimento, como apresentado no Quadro 4. 67UNIDADE 2 Quadro 4 - Áreas de conhecimento em gestão de projetos Gerenciamento de Integração Inclui processos necessários para identificar, definir, combinar e coordenar os processos e atividades de gerenciamento de projeto, nos grupos de processos de gerenciamento de projetos. Gerenciamento de Escopo Inclui processos para que o projeto contemple o trabalho necessário para finalizar o projeto. Gerenciamento de Custos Inclui processos de estimativas, planejamento do orçamento e controle de custos, de forma que o projeto termine dentro do orçamento planejado. Gerenciamento de Qualidade Inclui processos para assegurar a política de qualidade determinada no início do projeto, com o objetivo de atender às expectativas das partes interessadas. Gerenciamento das Aquisições Inclui processos para adquirir produtos ou serviços externos à empresa. Gerenciamento de Recursos Inclui processos para identificar, adquirir e gerenciar os recursos necessários para o projeto. Gerenciamento das Comunicações Inclui processos de coleta, armazenamento e distribuição de informações de forma apropriada aos interessados no projeto. Gerenciamento de Risco Inclui processos de identificação, planejamento de resposta ao risco e monito- ramento do risco em projetos. Gerenciamento de Cronograma Inclui processos necessários para o término do projeto planejado. Gerenciamento das Partes Inclui processos para identificar pessoas ou organizações que serão impactadas pelo projeto e desenvolver estratégias de gerenciamento para o engajamento destas partes interessadas. Fonte: adaptado de PMI (2017). Competências do Gestor de Projetos • Personalidade, atitude, ética e liderança. Evidentemente que não é função do gerente de pro- jetos realizar os trabalhos de execução das tarefas do projeto, visto que este gestor deve: • Definir o que será feito, reduzindo o projeto a um conjunto de tarefas menores e gerenciá- veis, buscar recursos e definir quem executará as tarefas. • Aprender a ser flexível e se adaptar e geren- ciar as mudanças. • Perseguir o objetivo do projeto, motivar a equipe de desenvolvimento e terminar den- tro do prazo. • Identificar e mitigar os riscos do projeto. • Gerenciar a comunicação de forma que todas as partes interessadas do projeto te- nham acesso à informação do progresso do projeto. O gerente de projetos precisa fazer as coisas aconte- cerem e, para isso, é necessário o conhecimento de técnicas e competências multidisciplinares. Nesta perspectiva, o gerente de projeto tem um papel de di- rigir, supervisionar e controlar o projeto do início ao fim (OSHITA, 2019). De acordo com o PMI (2017), o gerente de projetos deve ter os seguintes atributos: • Conhecimentos sobre as melhores práticas de gerenciamento de projetos, o ambiente de negócios, aspectos técnicos e informações necessárias para administrar o projeto com eficácia. • Habilidades para liderar a equipe do projeto com eficácia, coordenando o trabalho e co- laborando com as partes interessadas, bem como solucionar problemas e tomar decisões. • Capacidade para desenvolver e gerenciar o escopo, cronogramas, orçamentos, riscos, planos, apresentações e relatórios. 68 Gestão Operacional No geral, as habilidades esperadas de um ge- rente de projetos é a liderança, construção de equi- pes, a capacidade de motivação, de comunicação e de influenciar pessoas, negociação, organização entre outras. Ainda, o gerente de projetos precisa exibir forte capacidade de apresentação de ideias e argumentos, ou seja, saber produzir e apresentar informações garante que o trabalho não seja ava- liado de modo inferior (OSHITA, 2019). O sucesso do gerente do projeto ocorre quando os objetivos do projeto tiverem sido alcançados, bem como a satisfação das partes interessadas, das quais o gerente de projetos deve atender às necessidades, expectativas e preocupações a fim de satisfazê-las (PMI, 2017). “ [...] Para ter sucesso, o gerente do projeto deve adaptar a abordagem do projeto, o ci- clo de vida e os processos de gerenciamento de projetos para cumprir os requisitos de projeto e produto (PMI, 2017, p. 64). Nesse tópico, você aprendeu sobre os conceitos básicos de gestão de projetos e a sua importância no contexto dinâmico das empresas. Vimos as características, habilidades e comportamentos exigidos e esperados dos gestores. Aprendemos que gerenciar projetos é uma atividade funda- mental nas organizações e que para o gerente de projetos, além de conhecer as ferramentas e téc- nicas, é importante ter ou desenvolver habilidades e competências para exercer tal função. 69UNIDADE 2 Gestão de processos busca o aperfeiçoamento con- tínuo dos processos organizacionais de uma em- presa ou instituição. Os gestores buscam identificar, desenvolver, documentar, monitorar e controlar os processos da empresa, de forma a monitorar os pontos de falhas e melhorias ao longo do tempo. Podemos ilustrar como casos práticos da apli- cação de “Gestão de Processos”, pensando nos pro- tocolos de atendimento na clínica. Sendo assim, quando você realiza um procedimento de limpeza de pele, rejuvenescimento facial ou um procedi- mento de esterilização podóloga, está aplicando os conceitos de processos, uma vez que o proce- dimento tem um começo, meio e fim, com etapas bem definidas e determinadas para se realizar em uma sequência específica. Então, agora que você já entendeu a importância desse conhecimento, vamos avançar para aplicar os mesmos conceitos na gestão da sua clínica. Conceito e Definição Para De Sordi (2018), a busca por soluções efica- zes levou as empresas a reverem suas estruturas organizacionais, arquitetando-as não mais a partir Gestão de Processos 70 Gestão Operacional de agrupamentos de atividades em torno de suas áreas funcionais, mas sob a perspectiva do cliente. Ocorreu a alteração do foco administrativo, do flu- xo de trabalho de áreas funcionais para processos de negócio da organização. Segundo De Sordi (2018), a introdução de processos de negócio nas organizações trouxe um novo desafio à administração clássica. A resposta dos pesquisadores proporcionou o desenvolvi- mento da gestão por processos (Business Process Management ou BPM), conforme observa-se as definições seminais a seguir. DeToro e McCabe (1997) conceituam gestão por processos como uma estrutura gerencial orien- tada a processos, em que gestor, time e executores do processo são todos executores e pensadores en- quanto projetam seu trabalho, inspecionam seus resultados e redesenham seus sistemas de trabalho de forma a alcançar melhores resultados. Para Zairi (1997), gestão por processos está cor- relacionada aos aspectos principais da operação do negócio e apresenta grande potencial para agrega- ção de valor e alavancagem do negócio. Lee e Dale (1998) entendem que a gestão por processos pode ser considerada uma metodolo- gia para gerenciamento sistemático centrado no cliente, objetivando medição e melhoria de todos os processos da organização por meio de times multifuncionais e com delegação de autonomia aos funcionários (empowerment). Fases e Recursos Observa-se que empresas organizadas e geri- das por processos de negócios bem definidos conseguem direcionar os recursos da empresa para o resultado da operação, o processo de ne- gócio passa a ser o meio integrador dos ativos da organização. A Figura 3 apresenta sete ativosorganizacionais atrelados à abordagem da gestão por processos. Conhecimento Conhecimento Co nh ec im en to Conhecim ento Processos de negócios Estrutura organizacional Recursos humanos Facilidades Papéis e responsabilidades Tecnologias Política e regras Oportunidades Monitoramento Utilização Disponibilização Construção Projeto PlanejamentoAjustes Figura 3 - Fases e recursos organizacionais Fonte: Barreto (2018, p. 33). 71UNIDADE 2 • Recursos humanos: as diversas áreas da organização colaboram com a operação e suporte dos processos de negócios, por exemplo, o vendedor com relação ao pro- cesso de negócio “Serviços a Clientes”. • Facilidades: inclui diversos recursos ne- cessários para operação, como: salas de re- união, ambientes de trabalho, máquinas, equipamentos e demais artefatos neces- sários. • Papéis e responsabilidades: arquitetura de negócios fundamentada em processos requer o fortalecimento da autonomia do agir e pensar dos funcionários, conhecida como empowerment dos funcionários. • Tecnologias da informação e comuni- cação: são empregadas para automação de regras e atividades, para monitoramento do desempenho e para formação de am- bientes colaborativos de trabalho. • Políticas e regras: servem para direcionar o comportamento e o desempenho dos re- cursos humanos dentro da organização e na sua interação sobre os processos; alguns procedimentos não podem ser passíveis de interpretação ou objeto de decisão de cada indivíduo. • Estrutura organizacional: os funcioná- rios da organização são compreendidos como nós de uma rede de trabalho e não como um simples recurso pertencente a uma caixinha do organograma. • Conhecimento: a capacidade da organi- zação em realizar a gestão dos conheci- mentos relativos a cada um dos recursos do processo citados habilitará para a evolução e o aprimoramento dos próprios processos de negócios (BARRETO, 2018). Por processo, podemos classificar toda sequência de atividades que seguem um cronograma carac- terístico, envolvendo recursos humanos e finan- ceiros, com uma finalidade específica e preesta- belecida (OLIVEIRA, 2007). Compreende desde as tarefas rotineiras a todo tipo de empresa até as atividades que envolvem maior complexidade, todas têm em comum um roteiro definido, prazos e metas a cumprir. As empresas contemporâneas perceberam que a qualidade do seu produto ou serviço está direta- mente ligada à eficiência dos seus processos e, con- sequentemente, quanto maior o controle exercido sobre cada tarefa executada, maior será o impacto sobre o resultado e consequente aumento no nível de satisfação dos seus clientes internos e externos. Tipos de Processo Você aprendeu que processos são conjuntos de atividades que ocorrem de forma ordenada, cum- prindo objetivos previamente estabelecidos, os processos obedecem a algumas classificações em relação à área em que são executados e à importân- cia dentro da hierarquia de atividades da empresa, conforme prescrevem Marques e Oda (2009): • Processos fundamentais ou primários: ligados à atividade-fim da empresa, que en- volvem diretamente o produto ou serviço oferecido ao cliente final, entregando valor. • Processos de apoio administrativo ou suporte: ligados às atividades operacio- nais da organização, que sustentam e for- necem os recursos necessários à execução das atividades essenciais da empresa, ga- rantindo a perfeita execução dos processos fundamentais ou primários. 72 Gestão Operacional • Processos de gerenciamento ou geren- ciais: ligados diretamente à tomada de de- cisões, focalizados nos gestores. Por meio dos processos gerenciais, é possível plane- jar, direcionar e acompanhar a execução dos processos fundamentais ou primários, e dos processos de apoio administrativo ou suporte, assegurando os resultados da empresa. Na busca pela padronização e qualidade, todo processo deve obedecer a quatro critérios prin- cipais, conforme segue: • Eficiência: garantir o aproveitamento má- ximo dos recursos (tempo, conhecimento ou outros) empregados para a sua execu- ção. • Eficácia: viabilizar o cumprimento dos objetivos planejados em relação a metas, prazos e custos. • Efetividade: priorizar a excelência tanto na execução quanto no resultado a ser al- cançado. • Flexibilidade: maleável frente às diferen- tes situações que podem ocorrer durante a sua execução, como modificações internas ou necessidades dos clientes finais (MAR- QUES; ODA, 2009). Neste tópico, caro(a) aluno(a), começamos a con- cluir as reflexões iniciadas no tópico destinado à “Gestão da Estratégia”, uma vez que o BPM (Ges- tão dos Processos de Negócios, em português) re- presenta importante influência para garantir que os planos traçados sejam executados no dia a dia. 73UNIDADE 2 Desde que a qualidade se tornou um atributo do processo produtivo, passou a ser um objeto de es- tudo de muitos pensadores e grupos acadêmicos, visando seu desenvolvimento e aprimoramento na aplicação da dinâmica empresarial. A gestão da qualidade tem o objetivo de dirigir e controlar uma organização, no sentido de viabilizar melho- rias nos produtos e serviços oferecidos, de forma a garantir satisfação completa das necessidades dos clientes, até mesmo superando suas expectativas. Para Defeo e Juran (2015, p. 89) qualidade é alcançada por meio do (i) planejamento: estabe- lecimento de objetivos e dos meios desde as metas da qualidade até o desenvolvimento de controle de processos; (ii) controle: definição do que deve ser controlado, meios para avaliar o desempe- nho, comparação do desempenho com as metas e ações corretivas; (iii) aperfeiçoamento: busca de alto nível de desempenho. Quanto aos aspectos relacionados à organi- zação e à administração da qualidade, Defeo e Juran (2015) propõem a criação de um comitê da qualidade para estabelecer a política da qualidade, objetivos da qualidade, os recursos, a motivação e o treinamento para diagnosticar as causas. Gestão da Qualidade 74 Gestão Operacional Para o professor Falconi (2014, p. 92) um “produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de for- ma segura e no tempo certo as necessidades dos clientes”. Falconi (2014) propõe 11 princípios para o alcance da qualidade total, vejamos: • Orientação pelo cliente: fornecer e pro- duzir produtos que sejam requisitados pelo consumidor. • Qualidade em primeiro lugar: con- seguir a sobrevivência por meio do lucro contínuo pelo domínio da qua- lidade. • Ação orientada por prioridades: identi- ficar o problema mais crítico e solucionar pela mais alta prioridade. • Ação orientada por fatos e dados: falar, raciocinar e decidir com dados e com base em fatos. • Controle de processos: uma empresa não pode ser controlada por resultado, mas durante o processo • Controle de dispersão: observar cuida- dosamente a dispersão dos dados e isolar sua causa fundamental. • Próximo processo é seu cliente: o cliente é um rei ou uma rainha com quem não se deve discutir, mas satisfazer os desejos, desde que razoáveis. • Controle a montante: a satisfação do cliente se baseia, exclusivamente, em funções a montante. As contribuições a jusante são pequenas. • Ação de bloqueio: não permitir o mesmo engano ou erro; não tropeçar na mesma pedra; tomar ação preventiva de bloqueio para que o mesmo problema não ocorra outra vez pela mesma causa. • Respeito pelo empregado como ser humano: respeitar os empregados como seres humanos independentes. • Comprometimento da alta direção: en- tender a definição da missão da empresa e a visão estratégica da alta direção; executar diretrizes e metas de todos os chefes. Paladini (2000) identifica um novo modelo de gestão da qualidade, o Total Quality Management (TQM). Como uma forma de controlar e gerenciar a qualidade dos processos na empresa, veremos, a seguir, duas ferramentas úteis e de simples aplicação no dia a dia: Diagrama de Ishikawa e Sistema 5S. O Diagrama deCausa e Efeito também conheci- do como “Espinha de Peixe” ou “Diagrama de Ishika- wa” (nome de seu criador em 1943) é um instrumen- to voltado para a análise de processos. Sua forma é similar à espinha de peixe, em que o eixo principal mostra um fluxo de informações, e as espinhas, que para ele se dirigem, representam as contribuições secundárias ao processo que estará sob análise, con- forme discutido por Paladini (2000). O diagrama ilustra as causas principais de uma ação, para as quais convergem os subcasos (causas menos importantes), cuja interação leva ao sinto- ma, resultado ou efeito final. O diagrama permite a visualização da relação entre as causas e os efeitos delas decorrentes, como ilustrado na Figura 4. 75UNIDADE 2 O Sistema 5S é mais que uma ferramenta, é uma fi- losofia de trabalho (PALADINI, 2000). O seu maior objetivo é desenvolver a criatividade e a cooperação visando à melhoria do ambiente de trabalho. Muitos o consideram o primeiro passo na implantação de um sistema de gestão da qualidade, ou seja, pode servir como uma preparação do terreno para que a qualidade possa germinar. O nome 5S vem das palavras japonesas Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke, conforme descrito: • Seiri (Senso de Utilização ou Descarte): os recursos disponíveis devem ser separa- dos conforme a necessidade, a frequência de uso ou a adequação, procurando evitar os excessos, as perdas, os desperdícios e a má utilização. Tudo que não tiver utilidade pre- sente ou futura deve ser descartado. Nesse senso, inclui-se também a correta utilização dos equipamentos visando aumentar a sua vida útil. • Seiton (Senso de Organização): ordenan- do-se os recursos disponíveis de forma sistê- mica, por meio de um layout definido e um bom sistema de comunicação visual, conse- gue-se organizar melhor o ambiente de tra- balho, tornando-o mais funcional e agradável. • Seisou (Senso de Limpeza): ao se man- ter em excelentes condições de limpeza ao ambiente de trabalho e os equipamentos, contribui-se para o bem-estar e a seguran- ça de todos, bem como para o aumento da produtividade. Esse senso também pode ser encarado como um processo de gestão am- biental, já que prega a eliminação de fontes de poluição. • Seiketsu (Senso de Saúde): o objetivo desse senso é promover no ambiente de trabalho um estado favorável à saúde, num sentido amplo (físico, mental e emocional). Na prá- tica, ele funciona eliminando-se as fontes de perigo, embelezando o local de trabalho e promovendo atividades para a integração e desenvolvimento social dos funcionários. • Shitsuke (Senso de Autodisciplina): esse senso é um reforço dos quatro anteriores, pois só por meio da autodisciplina é possí- vel manter e melhorar os outros s. Ele sig- nifica que as pessoas devem estar compro- metidas com o rigoroso cumprimento de padrões técnicos, morais e éticos. Além da disciplina, ele engloba os fatores motivação e iniciativa. Fornecedores Fornecimento próprio O�cina Clima Físico Mental Procedimento Instrução Informação Deterioração Deterioração Instrumento Condições locais Inspeção CAUSAS MÉTODOMÃO DE OBRAMEIO AMBIENTE MATÉRIA-PRIMA MÁQUINA MEDIDA EFEITO Problema (Característica da qualidade) (Item de controle) Fatores de qualidade Itens de vericação Figura 4 - Diagrama de Ishikawa Fonte: Paladini (2000, p. 102) 76 Gestão Operacional Neste último tópico, caro(a) aluno(a), aprendemos que o pressuposto de qualidade não só pode como deve ser gerenciado. Obviamente, todos nós buscamos produtos de qualidade, e quando somos nós os provedores dos produtos, temos a obrigação de entregar sempre o melhor nível possível de qualidade e experiência aos nossos clientes. Aprendemos, neste tópico, sobre duas ferramentas de simples aplicação, para implementação imediata em nossa empresa, sem a necessidade de investimentos ou mudanças disruptivas na organização. A gestão da qualidade deve ser encarada como uma filosofia no negócio, como um pilar de sustentabilidade da vantagem competitiva no mercado. Os passos da gestão hospitalar de sucesso No Brasil, a estimativa da Fundação Vanzolini aponta que o setor de Saúde desperdiça entre 25% e 30% do valor investido tanto na área pública quanto na privada. Diante desse cenário, promover uma gestão eficiente é passo fundamental para garantir o pleno funcionamento e, até mesmo, a sobrevivência do negócio. A gestão na área da saúde deve incluir processos operacionais transparentes e que facilitem e otimi- zem a assistência. Algumas práticas auxiliam no alcance de uma organização sustentável, diminuindo os gargalos e fazendo com que a instituição funcione melhor. A tecnologia também se mostra fundamental na busca por melhorias gerenciais. Sistemas de gestão e outras ferramentas organizam a instituição, facilitam o balanço financeiro, mostram onde há gastos desnecessários, bem como outros gargalos que podem ser solucionados com mais facilidade. Elas ainda permitem conhecer os custos e saber quais especialidades e convênios trazem uma melhor rentabilidade. Fonte: adaptado de MV (2019, on-line)1. 77 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. O proprietário da empresa Bem-estar S/A não consegue entender a razão por estar com dificuldades do pagamento dos compromissos com os fornecedores, já que a empresa está com faturamento crescente mensalmente. Considerando o exposto, sobre os indicadores financeiros, leia as alternativas e assinale a correta. a) Capital Circulante Líquido (CCL). b) Prazo Médio de Recebimento (PMR). c) Prazo Médio de Pagamento (PMP). d) Liquidez Corrente (LC). e) Ponto de Equilíbrio Operacional (PE). 2. O planejamento estratégico é um processo contínuo que envolve um conjun- to complexo de decisões que podem ser inter-relacionadas e requer alguns aspectos básicos. Independentemente da metodologia utilizada, devem ser considerados em qualquer planejamento. Considerando o exposto, associe as duas colunas, relacionando as etapas do planejamento com sua respectiva aplicação prática. (1) Planejamento dos fins. ( ) ...estruturação da empresa em UEN. (2) Planejamento dos meios desejados. ( ) ...especificação do estado futuro. (3) Planejamento organizacional. ( ) ...responsável pela escolha da estratégia. (4) Planejamento de controle. ( ) ...avaliação dos resultados apresentados. A sequência correta desta classificação é: a) 1, 4, 3, 2. b) 2, 1, 4, 3. c) 3, 1, 2, 4. d) 3, 4, 1, 2. e) 4, 2, 1, 3. 78 3. Você foi contratado(a) pela empresa Bem-estar S/A para reorganizar o processo de atendimento aos pacientes, dado o alto número de recorrência de erros e baixa satisfação. O gestor não tem muitos dados para criar indicadores, você precisará investigar a situação, definindo qual a melhor ferramenta para avaliar a qualidade do requisito em questão. Considerando o exposto, leia as alterna- tivas e assinale a correta. a) Sistema 5S. b) Planejamento Estratégico. c) NPS (Net Promoter Score). d) Gestão de Projetos. e) Diagrama de Ishikawa. 79 Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®) 6ª edição Autor: Project Management Institute Editora: PMI Sinopse: pela primeira vez, o Guia PMBOK inclui orientação sobre a aplicação de práticas recomendadas em gerenciamento de projetos para ambientes ágeis ou adaptativos. A inclusão deste novo conhecimento faz com que o Guia seja um dos recursos mais consistentes e mais versáteis para o profissional de gerenciamento de projetos da atualidade. O Guia ainda inclui uma nova seção sobre o papel do gerente do projeto que discute o PMI Talent Triangle e os con- juntos de habilidades exigidos pelas organizações que tornam os gerentes de projetos mais competitivos e relevantes: gerenciamento técnico, estratégico, de liderança e negócios. Além disso, você encontrará um apêndice sobre ambientes de projeto ágeis ou adaptativos. LIVRO Mapas Estratégicos: Balanced Scorecard - Convertendo Ativos Intangíveis em ResultadosTangíveis Autor: David P. Norton, Robert S. Kaplan Editora: Alta Books Sinopse: com base no argumento de que não se pode gerenciar o que não se pode medir, Robert S. Kaplan e David P. Norton desenvolveram um sistema de avaliação do desempenho revolucionário, denominado Balanced Scorecard, que possibilita a quantificação desses intangíveis críticos, como pessoas, informação e cultura. Baseados em seu trabalho com mais de 300 organizações, ao longo de mais de doze anos, Kaplan e Norton criaram uma nova ferramenta que se revelou uma inovação tão importante quanto o próprio Balanced Scorecard: os mapas estratégicos. Da mesma maneira como não se pode gerenciar o que não se mede, dizem Kaplan e Norton, também não se pode medir o que não se descreve. LIVRO 80 Execução: a Disciplina Para Atingir Resultados Autor: Larry Bossidy, Ram Charan Editora: Alta Books Sinopse: um livro sobre como fechar a lacuna entre os resultados prometidos e os alcançados. Realizações bem-sucedidas resultaram da prática voltada para a execução: unir pessoas, estratégia e operações – os três processos-chave de cada negócio. Liderar esses processos é o verdadeiro trabalho da gerência – não apenas formular uma “visão”, deixando a tarefa de torná-la realidade para os ou- tros. Bossidy e Charan revelam a importância do total e profundo envolvimento em uma organização e explicam por que um diálogo consistente sobre pessoas, estratégias e operações gera uma empresa baseada em honestidade e realismo. LIVRO O professor Rafael Jesus compara Juros Simples com Compostos e ilustra os conceitos com o Gráfico Montante versus Tempo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB La Casa de Papel Ano: 2017 Sinopse: oito habilidosos ladrões se trancam na Casa da Moeda da Espanha com o ambicioso plano de realizar o maior roubo da história e levar com eles mais de 2 bilhões de euros. Para isso, a gangue precisa lidar com as dezenas de pessoas que manteve como refém, além dos agentes da força de elite da polícia, que farão de tudo para que a investida dos criminosos fracasse. Comentário: desconsiderando os objetivos criminosos, podemos aprender de maneira lúdica as potencialidades, limitações e complexidade do gerenciamento e planejamento estratégico, de projetos, de equipe, recursos e financeiro para atingir os objetivos traçados pelo grupo. SÉRIE 81 ASSAF NETO, A. Matemática Financeira e Suas Aplicações. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2006. BARRETO, J. dos S. Processos Gerenciais. Porto Alegre: SAGAH, 2017. CARVALHO, F. C. A. Gestão de projetos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração: uma visão abrangente da moderna adminis- tração das organizações. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. DE SORDI, J. O. Gestão por processos: uma abordagem da moderna administração. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. DEFEO, J. A.; JURAN, J. M. Fundamentos da Qualidade para Líderes. 1. ed. Bookman: Porto Alegre, 2015. DeTORO, I.; McCABE, T. How to stay flexible and elude fads. Quality Progress. 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E. 84 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender os princípios e ferramentas de gestão mer- cadológica. • Compreender as ferramentas de gestão da comunicação interna e externa da organização. • Compreender os princípios da gestão comercial, envol- vendo as rotinas de vendas, fidelização e recuperação de clientes. • Compreender as técnicas e ferramentas de negociação com objetivo de maximizar resultados da organização. • Compreender os princípios e ferramentas para criar novas soluções e promover inovações no mercado. Gestão de Marketing Gestão da Comunicação Negociação Gestão da InovaçãoGestão Comercial Me. Thiago Henrique Martinez Blanco Gestão de Negócios Gestão de Marketing Quando falamos em “negócios”, estamos nos refe- rindo às atividades necessárias para levantar no- vas oportunidades comerciais para a empresa, po- demos até afirmar que nos referimos aos esforços para “fazer dinheiro novo” para o negócio, vender, entregar e satisfazer os clientes. Posso afirmar, sem medo de errar, que nenhum empreendimento, seja de pequeno ou grande porte, se sustentará em lon- go prazo sem um processo eficiente de marketing, comunicação e vendas com o mercado. Não é incomum existir uma confusão das ati- vidades de marketing com ações de publicidade, propaganda e vendas. Mesmo que exista sinergia entre essas áreas, é necessário entendermos que cada área possui sua atividade fim na perspectiva de mercado no respectivo negócio. O dicionário online Priberam ([2020], on-li- ne)1 descreve o termo “Marketing” como o “estudo das atividades comerciais e das necessidades e psi- cologia do consumidor” ou, ainda, como definido pelo Michaelis ([2020], on-line)2 um “conjunto de operações que envolvem a vida do produto, desde concepção até o momento em que é adquirido 87UNIDADE 3 pelo consumidor”. Tais definições são convalida- das como veremos adiante. A Associação Americana de Marketing (Ame- rican Marketing Association - AMA), uma das as- sociações mais respeitadas pelos profissionais de marketing, apresenta uma definição abrangente com base na “criação e entrega de valor”: “Mar- keting é a atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que têm valor para clientes, clientes, par- ceiros e sociedade em geral” (AMA, 2017, on-line3, tradução nossa). Portanto,podemos entender, a partir da defi- nição, que marketing é um “processo administra- tivo e social”, pelo qual indivíduos e organizações obtêm o que necessitam e desejam, por meio da criação e troca de valor com os outros agentes do mercado. Segundo Kotler (2003), marketing é a mistura entre arte e ciência, uma vez que o gestor deve estudar, analisar, escolher o mercado, conquistar e reter clientes. Toda essa dinâmica deve criar, comunicar e entregar valor superior aos clientes. “ Marketing é a função empresarial que iden- tifica necessidades e desejos insatisfeitos, define e mede sua magnitude e seu poten- cial de rentabilidade, especifica que mer- cados-alvo serão mais bem atendidos pela empresa, decide sobre produtos, serviços e programas adequados para servir a esses mercados selecionados e convoca a todos na organização para pensar no cliente e atender ao cliente (KOTLER, 2003, p. 11). Segundo Kotler e Armstrong (2007, p. 4), marke- ting pode ser entendido como o “processo pelo qual as empresas criam valor para os clientes e constroem fortes relacionamentos para capturar seu valor em troca”. Nesse sentido, além de criar valor por meio do entendimento dos clientes, é o marketing responsável pela definição do preço, das promoções e da distribuição (CHURCHILL; PETER, 2012). O objetivo dos profissionais de marketing deve ser construir relacionamentos com os clientes, mutuamente lucrativos e de longo prazo, em vez de apenas vender o produto ou serviço hoje. Quando a organização estabelece um elo de valor com os clientes, a transação financeira oriunda pela venda/compra de um bem ou serviço passa para segundo plano, uma vez que o parâmetro de avaliação do cliente, certamente será o quan- to aquela solução resolve de fato o seu problema (sua dor). O marketing pode ser orientado de várias maneiras nas organizações. De forma mais ob- jetiva, vamos abordar neste tópico cinco princi- pais orientações que permeiam grande parte das organizações, sendo orientação para produção, produto, vendas, marketing e/ou valor, conforme descrito no Quadro 1. É importante destacar que a orientação de- finida pela organização será derivada de alguns fatores, conforme apontado por Siqueira (2005), uma vez que a organização deverá analisar sua concorrência (monopólio, oligopólio, perfeita, imperfeita etc.), seus objetivos (missão e visão), suas características (personalidade do gestor ou fundador, seus valores, suas inspirações) e, por consequência, a situação do mercado (demanda vs oferta). Assim, antes de decidirmos por qual estratégia e orientação escolher, é necessário compreender que tudo dependerá dos objetivos e a visão da organização, como ela quer ser percebida, ou seja, qual será o seu posicionamento perante o mer- cado e a sociedade em geral. Por exemplo, uma clínica que trabalha com todos os cuidados de biossegurança será vista pela comunidade como uma empresa idônea para com os seus clientes/ pacientes. 88 Gestão de Negócios Quadro 1 - Comparação entre as diferentes orientações ORIENTAÇÃO ENFOQUE DESCRIÇÃO Produção Eficiência Produzir bens e serviços, informar os clientes sobre eles, deixar que os clientes venham até você. Produto P r o d u t o s ou Serviços Produzir bens e serviços superiores, seja em qualidade, desempenho ou características que sejam inovadoras. Vendas Vendas Produzir bens e serviços, ir até os clientes e levá-los a comprar. Marketing Clientes Descobrir do que os clientes precisam e o que desejam, produzir bens e serviços que eles dizem precisar ou desejar, oferecê-los aos clientes. Valor Valor para o cliente Entender os clientes, concorrentes e ambientes, criar valor para eles, considerando outros públicos. Fonte: adaptado de Churchill e Peter (2012). Segundo Churchill e Peter (2012), a administração de marketing é o processo de estabelecer metas, de planejar, implementar e controlar as estratégias para alcançar os resultados propostos, de maneira que o composto (ou mix) de marketing é uma combinação de ferramentas estratégicas usadas para criar valor para que os clientes possam auxiliar a empresa a alcançar esses objetivos, veja no Quadro 2. Quadro 2 - Mix de marketing COMPOSTO DESCRIÇÃO Preço É a quantia de dinheiro que os clientes têm de pagar para obter o produto. Produto Significa a combinação de bens e serviços que a organização oferece ao mercado-alvo. Praça Envolve as atividades da organização para disponibilizar o produto aos consumidores. Promoção Envolve as atividades que comunicam e buscam influenciar os consumidores para comprá-lo Fonte: adaptado de Kotler e Armstrong (2007). Segundo Kotler e Armstrong (2007), quando a organização se volta para criação de valor aos clientes, obrigatoriamente ela passa pelas seguintes fases: segmentação de mercado, definição do mercado-alvo, diferenciação e posicionamento de mercado, centrando seus esforços e recursos com foco no cliente, conforme apresentado na Figura 1. 89UNIDADE 3 A administração de marketing é uma atividade dinâmica, com forte interação e integração com as demais atividades meio da empresa, com impacto direto na percepção de valor do cliente com relação ao nível de serviço da empresa. Valor para o cliente e relacionamento Praça Promoção Preço Produto Intermediáro de marketing Concorrentes PúblicoFornecedores Controle de marketing Im ple me nt aç ão do m are ke tin g Planejamento de marketing An áli se de m er ca do Posicionam ento Di fer en cia çã o Se gm en ta çã o de m er ca do Determ inação de alvo Figura 1 - Administração da estratégia de marketing Fonte: Kotler e Armstrong (2007, p. 39). 90 Gestão de Negócios Churchill e Peter (2012) afirmam que, atualmente, os profissionais de marketing quase sempre são chamados de comunicadores de marketing, ou seja, uma forma mais ampla para incluir todas as maneiras pelas quais podem comunicar-se com clientes atuais e potenciais. Segundo Kotler e Armstrong (2007), a cria- ção de bons relacionamentos com o cliente exige mais do que apenas desenvolver um bom produto, atribuir-lhe um preço competitivo e colocá-lo à disposição dos clientes-alvo. As empresas também precisam comunicar suas proposições de valor aos clientes e aquilo que comunicam não devem ser deixados por conta do acaso. “Todos os seus esforços de comunicação devem ser planejados e combinados em cuidadosos programas de co- municação integrada de marketing” (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 357). Segundo Shimp (2009), a comunicação de marketing é um aspecto crítico das missões de marketing nas organizações e um importante fator determinante dos sucessos ou fracassos, afirmando que “na realidade, argumenta-se que marketing e comunicação são praticamente in- Gestão da Comunicação 91UNIDADE 3 separáveis, as várias formas de comunicação de marketing promovem ofertas e alcança metas financeiras” (SHIMP, 2009, p. 26). Segundo Churchill e Peter (2012), a comuni- cação é a transmissão de uma mensagem de um emissor para um receptor, de modo que ambos a entendam da mesma maneira, ou seja, é evidente que os profissionais de marketing desejam que os receptores das mensagens (leia-se potenciais clientes), respondam comprando os produtos ou marcas oferecidas, concorda? Contudo, Churchill e Peter (2012) afirmam que, para obter esse resultado, a comunicação pre- cisa, primeiro, influenciar os clientes de diversas maneiras. Conforme a Figura 2, uma maneira de analisar os esforços de comunicação é vê-los como influenciadores da atenção, do interesse, do desejo e da ação dos clientes. Atenção Interesse Desejo Ação Comunicação de marketing Figura 2 - Modelo AIDA Fonte: Churchill e Peter (2012, p. 460). Quando analisamos a Figura 2, podemos com- preender que toda comunicação efetiva passará por cada fase do Modelo AIDA para impactar e gerar, ao final do ciclo, determinada ação do po- tencial cliente, para tanto, vamos analisar cada fase individualmente, segundo a óticade Churchill e Peter (2012): • Atenção: é necessário criar uma comunica- ção que rompa a desordem criada por todas as outras mensagens, de forma que o públi- co-alvo, pelo menos, preste atenção a ela. Isso acontecerá, em suma, quando o público-alvo perceber e considerar que a mensagem é dis- tinta das demais e relevante para ele. • Interesse: após a comunicação capturar a atenção do público-alvo, é importante focar em gerar interesse na organização e em seus produtos e marcas, basicamente, isso significa informar os receptores da mensagem sobre como a empresa ou seus produtos podem propiciar valor para eles. • Desejo: essa fase está intimamente conec- tada com a anterior e, portanto, os profis- sionais de marketing devem focar na fase de interesse nos benefícios dos produtos ou serviços e não apenas nas suas característi- cas. Se as informações sobre os benefícios forem apresentadas com sucesso, os recep- tores (público-alvo) podem desenvolver o desejo pelo objeto da mensagem (produto, serviço ou empresa). • Ação: todas as organizações gastam suas energias e orçamento para finalmente che- gar nessa etapa. Aqui, de fato, o público-al- vo se tornará cliente por meio da compra do produto ou contratação dos serviços. Contudo, a ação pode ser ajustada para outros objetivos, como: um cadastro de interessados em ação específica, um ca- dastro de e-mail no site da empresa, um compartilhamento de um artigo publicado pela empresa, entre outras possibilidades. É importante você saber que a comunicação efi- caz é concebida de forma a ser compreensível e atraente para o público-alvo. Portanto, a sugestão é que o Modelo AIDA seja interpretado como um guia, um fluxo de etapas, para o desenvolvimento de uma mensagem consistente que alcance seu público-alvo em cheio. 92 Gestão de Negócios Castro e Neves (2005) reforçam que é importante localizar precisamente as definições de marketing e vendas para delimitar seu escopo. Já sabemos que, definitivamente, que marketing não é vendas. Já falamos que talvez por serem uma das partes mais visíveis do marketing, vendas, bem como a propaganda, são confundidas com o significado de marketing. Para Rogers (1993), venda é o lado acentuado do marketing, porque é quando os representantes da empresa ficam frente a frente com os com- pradores em potencial. A força de vendas fun- ciona como um elo entre a empresa e os clientes. O vendedor é a empresa na visão de muitos de seus clientes, pois as imagens são fortemente as- sociadas. A verdadeira diferença está relacionada com o papel que a força de vendas pode ter em uma empresa. Ela pode ser um canal de comuni- cação, distribuição ou ambos, como na maioria das vezes. Segundo Czinkota (2001), venda é a comuni- cação verbal direta concebida para explicar como bens, serviços ou ideias de uma pessoa ou empresa servem às necessidades de um ou mais clientes potenciais. Gestão Comercial 93UNIDADE 3 O processo de comunicação está na essência de uma venda, no entanto, o seu papel como “distri- buidor” de produtos em diversos momentos não pode ser ignorado. A venda é definida por Weitz, Castleberry e Tanner (2004) como um processo de comunicação pessoal, em que um vendedor iden- tifica e satisfaz às necessidades de um comprador para o benefício de longo prazo de ambas as partes. Aproximadamente, 12% das pessoas emprega- das no mundo trabalham em funções de venda (ZOLTNERS; SINHA; ZOLTNERS, 2001). Além disso, a necessidade de aumentar a fidelização de clientes valiosos tem feito com que estratégias de vendas pessoais sejam utilizadas em conjunto com programas de relacionamentos com clien- tes e automação de vendas, como os programas de Customer Relationship Management (CRM). Tudo isso destaca a relevância do tema adminis- tração de vendas. Finalmente, caro(a) aluno(a), uma vez con- siderada força de vendas uma variável do com- posto de marketing, é fundamental que a força de vendas esteja totalmente integrada com os outros elementos do marketing mix (produto, preço, co- municação e distribuição) para produzir o maior impacto possível. Diversas são as classificações a respeito dos tipos de vendedores. Churchill et aI. (2000) clas- sificam os primeiros como vendedores de varejo ou vendedores industriais. Vendedores de varejo (B2C) atendem usuários finais de produtos, como vendas porta a porta ou vendas em lojas varejistas. Vendedores industriais (B2B) podem ser os que vendem para revendedores, os que vendem para outras indústrias que irão utilizar o produto e, por fim, podem vender para instituições como órgãos públicos. Já sabemos que o resultado esperado pelo mar- keting é auferir lucros para a organização, seja pelo aumento das vendas, fidelização dos clientes ou outros fatores que possam impactar no resulta- do. Yanaze et al. (2011) afirmam que o consumo é essencial para o sucesso do marketing. Assim, caro(a) aluno(a), termos consciência desse com- portamento do consumidor é essencial para a efe- tivação da compra ou do consumo dos serviços. Além disso, “o comportamento dos seres humanos é basicamente determinado pelos instintos, sua programação genética natural, e condicionado, ou até modificado, pelas condições ambientais e de convívio” (YANAZE et al., 2011, p. 38). De acordo com Churchill e Peter (2012), para criar valor para os consumidores e lucros cada vez maiores e sustentáveis para as organizações, os profissionais de marketing precisam entender porque os consumidores compram, além de en- tender o motivo de não efetivarem a compra, esse processo é ilustrado na Figura 3. As vendas e o marketing devem trabalhar de maneira integrada e complementar, enquanto no funil de marketing o foco está na jornada de compra do cliente; na etapa de vendas, o objetivo do pipeline é acompanhar o potencial cliente (origem no marketing) até sua conversão em cliente real (objetivo das vendas). Fonte: Paulillo ([2020], on-line)4. 94 Gestão de Negócios Como a Figura 3 apresenta, o fluxo proposto por Churchill e Peter (2012) é composto por cinco etapas: reconhecimento da necessidade, busca de informações, avaliação das alternativas, decisão de compra e avaliação pós-compra. Além disso, é influenciado por fatores sociais, de marketing e situacionais, vejamos: • Reconhecimento da necessidade: antes dessa etapa, o potencial cliente não perce- beu um problema (uma dor), não conside- ra que precisa comprar algo, sua situação ainda não é incômoda ou não gera prejuí- zos, por exemplo. • Busca de informações: quando o potencial cliente passa a considerar que precisa de ajuda, inicia a coleta de informações para levantar possíveis alternativas no mercado. • Avaliação das alternativas: uma vez encon- trado diversas alternativas viáveis, é ne- cessário comparar as possibilidades que melhor resolve sua dor. • Decisão de compra: quando as pondera- ções são realizadas, é chegado o momento de o potencial cliente decidir e efetivar sua escolha por determinado produto. In�uências sociais In�uências de marketing In�uências situacionais Processo de compra do consumidor Busca de informações Avaliação de alternativas Decisão de compra Avaliação pós-compra Reconheci- mento da necessidade Figura 3 - Modelo do processo de compra Fonte: Churchill e Peter (2012, p. 149). • Avaliação pós-compra: em pensamento li- near, a avaliação será feita após a compra e efetivo consumo do produto ou serviço, con- tudo, é natural que a avaliação seja realizada e considerada como fator no momento de seleção das alternativas viáveis, ou seja, uma avaliação durante o processo de compra. • Fatores sociais: refere-se à cultura, grupos de convívio e interação social. • Fatores de marketing: refere-se a todos os esforços mercadológicos realizados pelas empresas para incentivar o consumo de seus produtos. • Fatores situacionais: referem-se às situações momentâneas que podem reforçar a necessi- dade de consumo ou priorizar os investimen- tos, dado arealidade do momento. Portanto, caro(a) aluno(a), devemos encarar o processo comercial como uma sequência de eventos, que podem ser encadeados e orques- trados para que o cliente perceba uma lógica na argumentação e desenvolvimento da proposta de valor do produto. A apresentação do produto é primordial para criação de valor do cliente. 95UNIDADE 3 Negociar, atualmente, é fator determinante para o sucesso no ambiente profissional e pessoal. Na maior parte do tempo, estamos envolvidos em algum tipo de negociação. A necessidade de se chegar a um entendimento é constante, grave bem essa frase em destaque,caro(a) aluno(a). Não há razões para se negociar sem que exista um con- flito, seja ele qual for. Silva (2017) destaca que o conceito de negocia- ção possui várias formas de entendimento e com- preensão. Basicamente, seja os conceitos clássicos ou contemporâneos, há uma convergência central para a resolução de impasse dado ao cenário de negociação, e são elementos comuns: um ativo objeto a ser negociado e pelo menos duas partes que devem entrar em um consenso (ou não) para finalizar a negociação. De acordo com Saner (2004, p. 27), negociar “[...] é um processo no qual duas ou mais partes buscam um acordo para determinar o que cada uma delas deverá dar ou ganhar, ou fazer e receber, numa transação entre elas.” Portanto, caro(a) alu- no(a), dominar a arte de negociar exige também dominar a arte de se comunicar, já que boa parte do resultado da negociação será originada em um processo argumentativo estruturado (MAR- TINELLI; GHISI, 2006). Negociação 96 Gestão de Negócios De acordo com Lewicki e Hiam (2003), desde o princípio de uma negociação, é necessário ter em mente quatro estágios ou etapas, que são muito difundidos pela literatura de forma geral: o estágio de preparação, o estágio de início, o estágio da barganha e o estágio do fechamento, que são observados no Quadro 3 a seguir: Quadro 3 - Estágios da negociação ESTÁGIO DE PREPARAÇÃO Coletar informações (para definir objetivos, ter conhecimentos específicos sobre a negociação e a outra parte envolvida); planejar e definir objetivos (o que se es- pera conseguir, quais são seus limites atingíveis, decidir qual proposta inicial, criar alternativa, perceber, por meio das informações coletadas, como o outro lado irá abordar a negociação. ESTÁGIO INICIAL Saber ouvir, expor os argumentos de forma clara, objetiva e eficaz e por meio de questionamentos, descobrindo o que a outra parte deseja. ESTÁGIO DE BARGANHA Fazer o clássico jogo da negociação: dar e receber de forma competitiva e cola- borativa. ESTÁGIO DE FECHAMENTO Rever o acordado, preparar o contrato, esclarecer dúvidas e formalizar tudo que foi negociado. Fonte: adaptado de Lewicki e Hiam (2003). Para Silva (2017), conhecer as etapas de um processo de negociação dá ao negociador a possibilidade de estruturar melhor suas estratégias e aprimorar suas táticas, além de refinar suas habilidades de negocia- ção. O sentimento (feeling) do negociador pode per- mitir ajustes no decorrer das rodadas de negociação, dado o contato direto com as partes envolvidas. O mais importante é estar atento aos menores sinais da outra parte e saber tirar proveito buscando extrair o melhor acordo possível. No “momento zero” (qualquer tempo que ante- cede) da negociação, é importante que você avalie o que os autores como Silva (2017) aborda como “predisposição inicial”, ou seja, elementos e fatores que possam gerar influências (positivas ou negativas) dado o cenário da negociação. Pergunte-se: por que será que essa pessoa quer negociar isso? Qual seria o benefício dela em conquistar? O que eu tenho que essa pessoa pode precisar (ativo de valor)? Assim, de acordo com Martinelli e Almeida (1997 p. 97), “qualquer que seja o objetivo da negociação, sua importância e oportunidade, haverá três variá- veis básicas que condicionam este processo: poder, tempo e informação”. Quanto melhor você adminis- trar esses fatores durante a negociação, maiores suas chances de “sair da mesa” com um acordo promissor. Silva (2017) alerta que há outros aspectos en- volvidos em uma negociação que influenciam as partes envolvidas, como as necessidades e os desejos dos negociadores, podendo determinar o desfecho de uma negociação, além dos aspectos objetivos e culturais da negociação. Se você, caro(a) aluno(a), souber quais são essas necessidades, é possível passar de uma negociação distributiva para uma troca mais favorável (MARTINELLI; GHISI, 2006). Vale lembrar os conceitos já vistos na Unidade 2 sobre “estratégia” e “tática”, o que certamente também são aplicados no contexto de negociações. A estra- tégia é o reflexo de comportamento e atividades da empresa toda, aquilo que pode afetar sua perspectiva e posição competitiva no futuro. A tática pode ser entendida como o conjunto de objetivos específicos, o desdobramento da estratégia para que o futuro possa ser realidade. Silva (2017) afirma que, ao estudar um ambiente ou uma situação, as estratégias de negociação são adotadas quando se define um objetivo para uma ne- gociação, não sendo estático a utilização de um único modelo estratégico apenas durante uma negociação. De acordo com Mello (2003), em uma negociação, quatro estratégias podem ser adotadas, sendo elas a estratégia de competição, a estratégia de cooperação, a estratégia de relacionamentos e a estratégia da in- diferença, conforme Figura 4. 97UNIDADE 3 O modelo descrito por Mello (2003) não é o único a ser utilizado em termos estratégicos. As estraté- gias de negociação descritas anteriormente podem ser explicadas com uma outra leitura, conforme ilustrado na Figura 5. Alto Baixo Importância do Relacionamento RELACIONAMENTOS Equipamentos de trabalho Negócios com amigos Investimentos INDIFERENÇA Banco estatal Fila de embarque Restaurante COOPERAÇÃO Parcerias Sociedades Casamento COMPETIÇÃO/ TRANSAÇÕES Compra e Venda Divórcio Lojas POSIÇÃO DE EQUILÍBRIO Baixo AltoGrau de Con�ito Assumido Figura 4 - Estratégias de negociação considerando o conflito Fonte: adaptada de Mello (2003). Grande Pequena Importância do Relacionamento Importância do Relacionamento Grande Conciliar Perder para ganhar Evitar Perde-Perde Colaborativa Ganha-Ganha Competitivo Ganhar a qualquer preço/Ganhar perder Concessão Dividir a diferença Figura 5 - Estratégias de negociação considerando o relacionamento Fonte: adaptada de Lewicki e Hiam (2003, p. 140). Percebe-se que tanto no modelo de Mello (2003) quanto o de Lewicki e Hiam (2003) é ressaltado que sempre haverá as posições dos extremos e o equilíbrio das forças que, teoricamente, seria o ponto em que todas as partes equalizam seus riscos e resultados. Contudo, na realidade, o negociador deverá ter em mente seus objetivos e pressupostos para negociar, assim como discutir no Quadro 3 com relação aos estágios da negociação. 98 Gestão de Negócios Segundo Boas (2018), muitas vezes, as pessoas confundem inovação com ideias, invenções, des- cobertas, entre outros termos. Contudo, caro(a) aluno(a), na descoberta, não existe a criação de nada novo, afinal de contas, descobre-se algo que já existe. Por exemplo, ninguém inventou a lei da gravidade. A partir de constatações do que ocorria no planeta, Isaac Newton descobriu a existência da gravidade e por meio do conhecimento cien- tífico propôs uma teoria para explicá-la. A invenção propõe a criação de algo novo, ou seja, inventa-se algo que ainda não exista. Por exemplo, o ser humano inventou a caneta, o car- ro, os equipamentos eletrotermofototerapêuticos, como a alta frequência e a receita para fazer um bolo. Importante notar que, para que exista uma invenção, é preciso que ocorra a criação de um protótipo ou algo parecido, mas na invenção não há a produção em massa, nem a exploração co- mercial do resultado dessa invenção. A inovação, por sua vez, está ligada ao mercado, ou seja, é um conceito econômico. Elaprevê que exista um mercado que irá demandar o produto, é uma hipótese para explorar comercialmente uma invenção e, até mesmo, construir uma indústria para produzir e vender. Inovação é muito mais que Gestão da Inovação 99UNIDADE 3 a combinação de conhecimentos já dominados para transformá-los em produtos e serviços novos, ou seja, pode resultar em novos mercados, novos segmentos, não apenas novos produtos ou serviços. Desta forma, podemos, então, entender a ino- vação como o ato de executar um projeto que seja capaz de fazer uma ideia ou invenção se tornar um produto que solucione o problema ou que gere valor para alguém e, posteriormente, desco- brir uma maneira de comercializar esse produto, por exemplo, uma técnica de tratamento ou um protocolo (BOAS, 2018). Para explicar o processo de inovação, Boas (2018) se baseia no modelo proposto por Tidd, Bessant e Pavit (2008), um dos mais utilizados por empresas e acadêmicos, o modelo é composto por três etapas: busca, seleção e implementação. Esse modelo consegue descrever o processo de inovação de forma ampla e pode ser utilizado por empresas de diferentes portes e setores. • Busca: a busca por novas ideias, que podem vir de várias fontes, por exemplo, a contrata- ção de Podólogos nas indústrias de calçados, para melhorar a confecção dos produtos; a tecnologia de drones que pode revolucionar o mercado de entregas rápidas; novas leis ou regulamentações que forçam as empresas a buscar inovações para se adequarem a essa nova realidade; mudanças no comporta- mento dos consumidores, entre outros. • Seleção: na etapa de seleção, a empresa deve balancear aspectos de tecnologia e de mercado, precisa estar atenta às novas demandas dos clientes, do mercado e do contexto no qual está inserida, também deve olhar as novas tecnologias que apa- recem, pois ela precisa estar atualizada. • Implantação: a empresa deve se organizar para executar todo o projeto de inovação, lançá-lo no mercado e acompanhar seus resultados, propondo melhorias sempre que necessário. Essa etapa será dividida em quatro fases, como: aquisição, execução, lançamento e sustentação. Não busque inovações se limitando às tecnologias disponíveis; observe seus processos, seus clientes, fornecedores, o seu mercado. Encontre alternativas viáveis para fazer mais e melhor, com menos risco e mais rentabilidade. Um exemplo interessante na área da saúde é a inserção das Práticas Integrativas e Complementares (PICs), nos protocolos de muito profissionais, pois por meio de ob- servações da sociedade e mercado e com a inserção destas terapias no SUS, céticos mudaram seus paradigmas mediante evidências científicas. Salerno (2015) e Tidd, Bessant e Pavitt (2008) propuseram que a empresa pode ter dois objeti- vos para o seu processo de inovação: (i) buscar uma melhoria constante naquilo que a empresa já faz e se destaca; (ii) a empresa pode adotar como estratégia de inovação e buscar atender ao mercado da melhor maneira possível. A primeira opção está fortemente relacionada à busca constante pela excelência operacional, o que, em tese, deve ser diário. Nessa opção, a ino- vação não envolve grandes mudanças estruturais ou nas rotinas da empresa. A segunda opção que, neste caso, tem o foco nas inovações em produ- tos, alguns autores entendem que esse tipo de 100 Gestão de Negócios inovação é o mais importante para a empresa, pois é ele que garantirá sua sobrevivência no lon- go prazo, em que a empresa busque maneiras de surpreender o mercado. Ainda pensando nas estratégias de inovação da empresa, existe outra análise que pode ser feita. Acreditamos que podem existir duas moti- vações diferentes para gerar oportunidades para as empresas inovarem. As inovações podem ser motivadas a partir do conhecimento científico ou de pesquisas, e esses, por sua vez, levam à criação de aplicações que, após os refinamen- tos necessários, seguem para o mercado (essa forma de ver o surgimento de oportunidades é conhecida como empurrada pela tecnologia). Outra maneira pela qual as inovações podem surgir ocorre quando o mercado demanda algo novo que solucione algum problema (essa forma é conhecida como puxada pelo mercado). De um lado, a tecnologia é o início do processo; de outro lado, o mercado é o início. Boas (2018) reforça que não existe apenas um modelo de processo de inovação, embora os au- tores atuais tenham uma linha de pensamento bem parecida. Salerno (2015) propôs um processo que começa com a geração de ideia, evolui para a seleção da ideia e desenvolvimento do produto (etapa conhecida por conversão) e finaliza com o lançamento do produto no mercado (difusão). Esse processo pode ser entendido como um funil, que começa com várias ideias e vai eliminando-as até terminar com um produto no mercado. Tidd, Bessant e Pavitt (2008) propõem um modelo de gestão da inovação que começa com a busca (procura por ideias dentro e fora da empresa), passa pela seleção e termina com a implementação, ou seja, lançamento do produto no mercado. Esses autores ainda acrescentam o aprendizado, que deve estar presente em todas as etapas desse processo. Ter uma gestão ativa das inovações é fun- damental para o desenvolvimento e posiciona- mento do negócio no mercado, evidentemente, que as empresas estabelecidas no mercado de saúde e bem-estar não estão longe desse cenário, aliás, devem estar e se permanecer competitivas, atentas aos movimentos e dinâmica do merca- do consumidor, pesquisando e aplicando novas técnicas de cuidados e saúde aos seus pacientes (ou seja, seus clientes). Modelos para a gestão da inovação A gestão da inovação tem ocupado posição cen- tral nos meios acadêmico e empresarial. Entre- tanto, a implantação de uma gestão da inovação eficaz passa, necessariamente, pela adoção de modelos que norteiam a construção de proces- sos organizacionais por meio dos quais a inova- ção deve ser conduzida. Modelos com esse pro- pósito têm sido publicados nas últimas décadas e refletem a grande pluralidade de abordagens – consequência da gestão da inovação enquanto área multidisciplinar. Pressupostos e propósi- tos específicos sobre os quais cada modelo é construído, tipos de organizações envolvidas e objetivos específicos refletem particularidades dos estudos na área. Fonte: adaptado de Silva, Bagno e Salerno (2014). 101 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. A Clínica Bem-estar S/A está reestruturando seu posicionamento no segmento de atuação, ela mantém o foco no público feminino, oferecendo serviços de relaxamento com alto valor agregado, orgulhando-se de atender a um público fiel e com alto poder aquisitivo. Considerando a situação hipotética apresenta- da, pode-se afirmar que a orientação de marketing dessa cooperativa pode ser classificada como: a) Orientação de marketing com enfoque na eficiência da produção. b) Orientação de marketing com enfoque nos produtos e serviços. c) Orientação de marketing com enfoque nas vendas e distribuição. d) Orientação de marketing com enfoque no valor para os clientes. e) Orientação de marketing com enfoque no lucro de longo prazo. 2. Considerando os conceitos sobre Comunicação, leia as proposições que expli- cam o modelo AIDA: I) O modelo busca impactar e gerar, ao final do ciclo, uma ação do potencial cliente. PORQUE II) O objetivo final do Marketing é entregar e trocar ofertas de valor com os consumidores. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. a) As asserções I e II são verdadeiras e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é falsa e a II é verdadeira. d) A asserção I é verdadeira e a II é uma proposição falsa. e) As asserções I e II são proposições falsas. 102 3. O cenário base é que toda negociação passe por um ciclo com quatro etapas. Baseado nesta afirmativa e considerando os conceitos discutidos neste livro,associe as duas colunas, relacionando as etapas de negociação com sua res- pectiva aplicação prática. (1) Preparação. (2) Inicial. (3) Barganha. (4) Fechamento. ) ( Momento de argumentar e escutar, entendendo as necessidades do outro. ) ( Trocar as posições de maneira a encontrar o nível de acordo ótimo. ) ( Revisar e preparar os termos do acordo definitivo, esclarecer dúvidas. ) ( Pesquisa, planejamento, definição dos objetivos para um acordo ótimo. A sequência correta desta classificação é: a) 1, 2, 3, 4. b) 2, 3, 4, 1. c) 3, 2, 1, 4. d) 3, 4, 1, 2. e) 4, 1, 2, 3. 103 Hacking Growth: a Estratégia de Marketing Inovadora das Empresas de Crescimento Mais Rápido Autor: Morgan Brown e Sean Ellis Editora: Alta Books Sinopse: a metodologia growth hacking está para o crescimento de market share assim como a lean startup está para o desenvolvimento de produtos, e o scrum, para a produtividade. Growth hacking leva ao crescimento focando os clientes, alcançando-os, mantendo-os, encantando-os e motivando-os a voltar e comprar mais. Envolve equipes multifuncionais que combinam a expertise de analistas, designers, engenheiros de software e profissionais marketing para rapidamente gerar, testar e priorizar ideias importantes para o crescimento. LIVRO Receita Previsível: como implantar a metodologia revolucionária de vendas outbound que pode triplicar os resultados da sua empresa. Autor: Aaron Ross e Marylou Tyler Editora: Autêntica Business Sinopse: de forma objetiva e com cases reais implantados pelos próprios auto- res, Aaron Ross e Marylou Tyler, você vai aprender, passo a passo, como colocar em prática o processo de vendas outbound, que levou a Salesforce.com e a HyperQuality, dentre outras, a aumentarem em mais de 300% suas receitas e a obterem milhões de dólares em receitas futuras. Sem milagres ou fórmulas mágicas, você será capaz de estruturar uma verdadeira máquina de vendas na sua empresa, sem grandes investimentos em marketing, utilizando apenas método, pessoas e disciplina para obter resultados incríveis. Receita previsível é um livro instigante, mas, acima de tudo, útil. Considerado a Bíblia de Vendas do Vale do Silício, é como se fosse uma consultoria do mais alto nível. LIVRO 104 Pense simples: você só precisa dar o primeiro passo para ter um negócio ágil e inovador Autor: Gustavo Caetano Editora: Editora Gente Sinopse: quando se quer alguma coisa que não existe é porque tem demanda e possivelmente um mercado. Hoje, temos milhares de empresários que sonham em fazer uma única coisa: INOVAR! A inovação é o cálice sagrado do negócio de sucesso, mas como começar? Como você sabe, o que fazer ou que rumo tomar para realizar algo que vai tocar a vida das pessoas e mudar o seu mer- cado? Gustavo Caetano aprendeu a enxergar problemas pequenos, mas que precisam de solução imediata e a mudar o rumo do seu negócio para continuar crescendo. O que ele mais quer é ver o leitor inovar também. Quem ler este livro vai descobrir que, ao contrário do que se pensa e diz por aí, inovar é SIMPLES. Neste livro, você vai aprender como o fracasso pode moldar a mentalidade para o sucesso, o que compõe o DNA inovador, qual é a lógica da simplicidade para estimular a inovação, a importância de ser ágil e leve para se manter com alto potencial inovador, a não acreditar no “sempre foi assim”. Aprenda o método do negócio simples com Gustavo Caetano, que começou a empreender quan- do tinha apenas 19 anos e uma ideia. Esse cara conseguiu construir uma das empresas mais inovadoras do país. LIVRO À Procura da Felicidade Ano: 2006 Sinopse: Will Smith estrela esta história inspirada em fatos reais sobre Chris Garner, um vendedor de São Francisco que vive no limite da linha da pobreza. Quando sua mulher Linda (Thandie Newton) o abandona, Chris deve criar sozi- nho o filho deles de 5 anos, Christopher (Jaden Smith). A determinação de Chris finalmente surte efeito quando ele arruma um estágio sem remuneração em um programa ultra-competitivo de analista financeiro, em que somente um em cada vinte candidatos consegue ser efetivado. Sem salário, Chris e seu filho são despejados do apartamento em que vivem e são forçados a dormir nas ruas, em abrigos comunitários e, até mesmo, em banheiros das estações de metrô. Com determinação e o amor e confiança de seu filho, Chris Gardner dá a volta por cima para se tornar uma lenda em Wall Street. FILME 105 Considerado o maior portal de gráficos e ilustrações de negócios do mundo. Você poderá conhecer seu mercado e segmento com os dados disponíveis. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB Imagine um sistema capaz de consolidar os dados públicos, no qual os dados dos censos do IBGE ganhassem vida e fossem dinâmicos para uma análise mais amigável. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB 106 BOAS, E. P. V. Gestão da Inovação. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018. CASTRO, L. T. e; NEVES, M. F. Administração de vendas: planejamento, estratégia e gestão. São Paulo: Atlas, 2005. CHURCHILL, A. G.; FORD, N. M.; WALKER, O. C.; JOHNSTON, M. W.; TANNER, J. F. Sales force manage- ment. 6. ed. Boston: Irwin McGraw-Hill, 2000. CHURCHILL, G.; PETER, P. Marketing: Criando valor para os clientes. 3. ed. Tradução de Cecilia C. Bartalotii e Cid Knipel Moreira. São Paulo: Saraiva, 2012. CZINKOTA, M. R. (Org.) Marketing: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman, 2001. KOTLER, P. Marketing de A a Z: 80 conceitos que todo profissional precisa saber. Tradução de Afonso Celso Cunha Serra. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 12. ed. Tradução de Cristina Yamagami. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. LEWICKI, R. J.; HIAM, A. MBA compacto: estratégias de negociação e fechamento. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2003. MARTINELLI, D. P.; ALMEIDA, A. P. Negociação: como transformar confronto em cooperação. São Paulo: Atlas, 1997. MARTINELLI, D. P.; GHISI, F. A. Negociação: aplicações práticas de uma abordagem sistêmica. São Paulo: Saraiva, 2006. MELLO, J. C. M. Negociação baseada em estratégia. São Paulo: Atlas, 2003. ROGERS, L. Administração de vendas e marketing. São Paulo: Makron Books, 1993. SALERNO, M. S. O que é inovação: estratégias empresariais e inovação aberta. Nagi, 2015. Disponível em: http://nagi-pro.poli.usp.br/mod/page/view.php?id=62. Acesso em: 08 abr. 2020. SANER, R. O negociador experiente: estratégias, táticas, motivação, comportamento, liderança. 2. ed. São Paulo: SENAC/SP, 2004. SHIMP, T. A. Comunicação integrada de marketing: propaganda e promoção. Tradução de Teresa Felix de Souza. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. SILVA, D. O. da; BAGNO, R. B.; SALERNO, M. S. Modelos para a gestão da inovação: revisão e análise da lite- ratura. Production, v. 24, n. 2, 2014. 107 SILVA, V. A. Comunicação Empresarial e Negociação. Maringá: Unicesumar, 2017. SIQUEIRA, A. C. B. de. Marketing empresarial, industrial e de serviços. São Paulo: Saraiva, 2005. TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. Gestão da inovação. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. WEITZ, B. A.; CASTLEBERRY, S. B.; TANNER, J. E. Selling: building partnerships. NewYork: McGrraw Hill, 2004. YANAZE, M. H. et al. Gestão de Marketing e Comunicação: avanços e aplicação. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. ZOLTNERS, A A.; SINHA, P.; ZOLTNERS, G. A. The complete guide to accelerating salesforce performance. New York: Amacom, 2001. REFERÊNCIAS ON-LINE 1Em: https://www.priberam.pt/DLPO/marketing. 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Contexto Empreendedor Modelo de Negócios Plano de Negócios Tendências de MercadoLean Startup Me. Thiago Henrique Martinez Blanco Empreendedorismo Contexto Empreendedor De fato, empreendedorismo deve ser relacionado com a criação de riqueza para indivíduos e socieda- de. Infelizmente, o ato de empreender é para pou- cos, mas não por conta da necessidade de recursos limitados e algum fator extraordinário de inteli- gência ou mesmo sorte, mas sim porque a decisão enquanto empreendedor(a), exigirá uma boa dose de determinação, iniciativa e compromisso com seu negócio, e com já disse, não é uma missão que muitos estão dispostos a enfrentar. Ser empreendedor de modo abrangente sig- nifica ser um realizador(a), é ter a capacidade e habilidade de produzir novas ideias por meio da congruência entre criatividade, execução e realida- de. Traçar planos viáveis do imaginário à realidade, transformando recursos finitos e escassos em pro- dutos valiosos para consumo no mercado. Para adentrarmos de fato na última unidade deste livro, preste atenção nesta afirmação: em- preender é solucionar problemas de maneira criati- va, quanto maior o problema, maior será o mercado e o potencial de expansão comercial do seu negócio. Dornelas (2017, p. 29) define o Empreendedoris- mo, como “o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades. A perfeita implementação destas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso”. 113UNIDADE 4 Portanto, o empreendedor deve ser apaixonado pelo que faz; deve ter iniciativa, utilizar recursos de modo criativo; assumir riscos, a fim de trans- formar o ambiente social e econômico onde vive (DORNELAS, 2017). Neto (2019) ressalta que a paixão e coragem é fundamental para que se aceite a correr riscos, desde que, é claro, sejam calculados. Observem que para se ter coragem, deve-se acreditar na sua ideia e ser apaixonado pelo que se deseja. Somente assim você poderá convencer alguém de que a mudança é necessária e vantajosa, além de superar possíveis fracassos, inerentes ao enfrentar riscos (EISEN- MANN, 2013, on-line)1. Há quatro tipos principais de riscos: de de- manda, que diz respeito à prospecção do merca- do potencial que adotará a solução proposta pelo empreendedor; de tecnologia, relacionada à ca- pacidade de desenvolver os avanços tecnológicos para solucionar os problemas complexos que foram propostos; de execução, referente à capacidade dos fundadores de atrair e contratar colaboradores e parceiros capazes de implementar a visão do novo negócio; e de financiamento, correspondente à possibilidade de obter capital externo suficiente para a implementação do negócio (EISENMANN, 2013, on-line)1. Conforme Dornelas (2005, p. 29), “a palavra em- preendedor (entrepreneur) tem origem francesa e quer dizer aquele que assume riscos e começa algo novo”. Isto é, o termo está ligado diretamente a al- guém que realiza coisas diferentes, intermediando o produto/serviço com os clientes, por isso corre riscos nesse processo. Um conceito clássico abordado na obra de Mi- yatake, Mazzei e Pardo (2018) e que foi – na mi- nha opinião, ainda é muito atual no século XXI – bastante utilizado durante muitos anos, é o de Schumpeter (1949 apud DORNELAS, 2005, p. 39), ao definir o empreendedor como “aquele que des- trói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais”. Evidentemente que a economia globalizada, a instabilidade dos ambientes organizacionais e a competição ainda mais acirrada forçaram a adequa- ção e a redução das estruturas organizacionais; ao menos tempo que forçou a flexibilidade e adaptação dos modelos de negócios com máxima velocidade para atender ao mercado. Para exemplificar, Shane e Venkataraman (2000 apud MIYATAKE; MAZZEI; PARDO, 2018, p. 23) apresentam um outro conceito clássico: “ [...] empreendedorismo, como uma área de negócios, busca entender como surgem as oportunidades para criar algo novo (pro- dutos ou serviços, mercados, processos de produção ou matérias-primas, formas de or- ganizar as tecnologias); como são descobertas ou criadas por indivíduos específicos que, a seguir, usam meios diversos para explorar ou desenvolver coisas novas. O empreendedorismo tem aparecido como um importante fator promotor do desenvolvimento local. Quando esse(a) empreendedor(a) percebe uma oportunidade de negócio, deve modelar sua operação, de maneira que atenda as necessidades desse cliente e, claro, sempre se busca mercado com taxas de vendas e lucratividade crescentes. Segundo Dolabela (2005, p. 44), “o empreende- dor é alguém capaz de desenvolver uma visão, mas não só. Deve persuadir terceiros, sócios, colabora- dores, investidores, convencê-los de que sua visão poderá levar todos a uma situação confortável no futuro”. Isto é, como já dito, principais atributos do empreendedor é a capacidade de identificar oportunidades, agarrando-as por meio da busca de recursos para transformá-las em negócios de sucesso. 114 Empreendedorismo Reforço que é preciso muita energia, perseve- rança e uma (boa) dose de paixão para vencer os obstáculos (que serão muitos na prática) e conti- nuar em frente. Acredite! Como empreendedor(a), você terá mais dias de lutas do de que glórias, sua missão é seguir em frente, acreditando na sua visão. Para Miyatake, Mazzei e Pardo (2018), o em- preendedorismo se torna possível em função das possibilidades para fazer algo diferente. Por isso, é importante estudar e compreender o que há em volta do contexto em que vivemos. Como também pude- mos conhecer na unidade anterior, as oportunidades podem ser caracterizadas por novos produtos, servi- ços, matérias-primas, métodos de produção e formas de organização e surge da interação de diferentes fatores, conforme podemos ver na Figura 1. OPORTUNIDADE MUDANÇA SOCIAL (por exemplo: rápido aumento no número de mulheres que trabalham fora) MUDANÇA REGULAMENTAR (por exemplo: lei que incentiva a produção de determinado produto) MUDANÇA TECNOLÓGICA (por exemplo: criação de nova tecnologia para produzir, armazenar e vender) MUDANÇA ECONÔMICA (por exemplo: aumento da renda disponível) Figura 1 - Formulação da oportunidade negócio Fonte: adaptada de Baron e Shane (2010). Por meio da figura, Miyatake, Mazzei e Pardo (2018) ressaltam que é possível compreender que uma oportunidade pode ocorrer quando há mudança social, regulamentar, econômica e tecnológica. Com isso, o aumento da renda da população pode consti- tuir um ambiente propício para criar novos produ- tos, serviços, matérias-primas, métodos de produção e formas de organização, ou seja, uma única fonte de oportunidade, como uma mudança econômica, pode gerar as cinco formas de oportunidade. Para Miyatake, Mazzei e Pardo (2018), as novas empresas são frutos de pessoas com iniciativas empreendedoras que se dispõem a correr o ris- co de implementar uma ideia (na minha leitura, uma hipótese de negócio, isso ficará mais claro adiante), baseada na percepção de uma oportuni- dade (FERREIRA; SANTOS; SERRA, 2010). Uma oportunidade se caracteriza por um conjunto de circunstâncias favoráveis, que cria o desejo de um novo produto ou serviço. Acredite! Não falta dinheiro para investimentos no mercado. É o que revela o levantamento reali- zado pelo Distrito: só no Brasil há seis startups com investimentos e valor de mercadosuperior a 1 bilhão de dólares. Fonte: Distrito (2020, on-line)2. 115UNIDADE 4 Como o mercado está em mutação, é importante definir um modelo de negócio que tenha um for- mato adaptável e flexível. Para ser diferente, precisa pensar diferente e isso se dá por meio da criação de novidades – o que não é inédito na humanida- de. O diferencial, neste momento, é a possibilidade de (co)criar projetos, ou seja, pessoas contribuírem para que uma ideia possa sair do papel e que não, necessariamente, estão no mesmo local físico, mas que podem estar em outra cidade, estado, país e até continente que podem compartilhar projetos mesmo com costumes, crenças e fuso horários diferentes. Osterwalder e Pigneur (2011, p. 14) definem “um modelo de negócios como a descrição da lógica de criação, entrega e captura de valor por parte de uma organização”. Os autores ainda complementam que “é um esquema para a estratégia ser implementada através das estruturas organizacionais dos processos e sistemas” (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011, p. 15). Contudo, Mota (2012) ressalta que o modelo de negócio não é uma estratégia, mas é possível elaborar uma a partir de sua definição. Miyatake, Mazzei e Pardo (2018) afirmam que quando uma organização tem suas características e estilo definidos está mais preparada para enfrentar as dificuldades e imprevistos do mercado, visto que Modelo de Negócios 116 Empreendedorismo conhece os seus limites, qualidades e defeitos, permitindo uma vanta- gem em relação à maioria dos negócios que se adaptam conforme o mercado, sem planejamento e sem saber se realmente devem mudar. A adaptação ocorre, mas é mais pela necessidade, e isso provoca, na instituição, retrabalho e desorganização. O Business Model Generation (BMG) pressupõe que existem nove componentes para a definição do modelo de negócio: segmentos de clientes, proposta de valor, canais, relacionamento com clientes, fontes de receita, recursos principais, atividades-chave, parcerias principais e estrutura de custo, como ilustrado na Figura 2. Figura 2 - Canvas do Modelo de Negócios (BMG) Fonte: Sebrae (2019, on-line)3. PARCERIAS PRINCIPAIS ATIVIDADES PRINCIPAIS RECURSOS PRINCIPAIS ESTRUTURA DE CUSTOS FONTES DE RECEITAS CANAIS PROPOSTA DE VALOR RELACIONAMENTO COM CLIENTES SEGMENTO DE CLIENTES COMO? O QUÊ? PARA QUEM? QUANTO? • Segmentos de clientes: o segmento distingue os subconjun- tos de pessoas físicas ou jurídicas que o empreendedor busca para entregar seus produtos ou serviços, ou seja, aqueles que iremos entregar valor. • Proposta de valor: é que o faz o cliente escolher o produto ou serviço de uma empresa em detrimento de outra, deve ser direcionada e específica, tratando do problema que resolvemos do cliente e que satisfaz suas necessidades. • Canais: permitem que se mantenha relacionamento com os clientes e que eles conheçam os produtos e serviços, propicia a oportunidade de avaliação da proposta de valor, ou seja, são as vias de relacionamento e comercialização. • Relacionamento com clientes: descreve como atrair clientes para o seu canal de vendas, mantê-los nessa condição e obter crescentes receitas ao longo do tempo. • Fontes de receitas: o modelo de receita descre- ve como que pretende- mos receber o pagamen- to pela entrega de valor para cada segmento do cliente, isso pode ocor- rer por meio de vendas, pelo uso, por aluguel, por assinatura, entre outras formas de capturar valor em troca da proposta de valor entregue. • Recursos principais: devem ser descritos ape- nas os principais, que são agrupados em qua- tro categorias: humanos, físicos, financeiros e inte- lectuais, isto é, os recursos necessários para entregar a proposta de valor. • Atividades principais: são aquelas atividades vitais que transformam os recursos principais em produtos que trazem valor para segmentos dos clientes. • Parcerias principais: essas parcerias reduzem custos e elevam a quali- dade e a produtividade, além de reduzir riscos; na maioria das vezes, obter recursos de fornecedores, fazer alianças estratégicas, estabelecer “coopetição” e se esforçar para desenvol- ver negócios conjuntos pode ser vantajoso. 117UNIDADE 4 • Estrutura de custo: neste quadrante, de forma oposta às receitas, o empreendedor deve considerar os fatores que podem gerar saída de recursos do caixa, seja por gastos fixos ou variáveis, desde que seja relacionado a capaci- dade do negócio em criar, produzir e entregar a proposta de valor (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011; BLANK; DORF, 2014). Para Miyatake, Mazzei e Pardo (2018), essas partes tratam de dois componentes essenciais de uma organização: a parte mais estratégica e de posicionamento no mercado e a operação de fun- cionamento, ligado dentro do negócio, para que possa cumprir a proposta de valor a que se propõe. Isto é, basicamente o lado esquerdo do BMG trata dos aspectos operacionais do modelo, concentrando em responder o “COMO”; no centro, temos a proposta de valor, o “O QUÊ” a empresa desen- volve; o lado direito se concentra em responder “PARA QUEM” a empresa existe; e, na base, está a estrutura financeira (QUANTO) da empresa, representado tanto pelas saídas quanto pelas entradas no caixa. O Sebrae (2019, on-line)3 avalia que o modelo de negócios se difere pelo (i) pensamento visual, ou seja, utiliza desenhos para representar ideias ou situações; tem uma (ii) visão sistêmica, isso possibilita o empreendedor compreender o todo baseado em uma análise das partes e da interação entre elas; aceita a (iii) cocriação, uma vez que pessoas de diferentes hierarquias, conhecimentos e experiências possam influenciar e contribuir para que o negócio se torne mais inovador; e, evidentemente, é (iv) simples e aplicável, exigindo menos tempo para criar e muito mais clareza, o BMG dá a chance de verificar e corrigir, colocando em foco tudo que é mais importante que é mais importante e ajuda a descobrir elos que não teríamos percebido em um longo texto descritivo. Conforme veremos no próximo tópico, em especial quando tratamos de inovações com alto grau de impacto no mercado, tende a ter em conjunto alto grau de incerteza, ou seja, o em- preendedor não conseguirá quantificar o quanto aquele projeto pode dar certo ou errado. Por pressuposto da gestão empresarial, já sabemos que a incerteza não é um componen- te viável de negócio, devemos buscar converter incertezas em riscos, e estes riscos, por sua vez, serem calculados para que o empreendedor, investidor e en- volvidos no projeto saibam exa- tamente o que estará em jogo e até onde “aceitam perder”. Baseado neste cenário, de- vemos encarar novos projetos como hipóteses de negócios ou produtos e, como sabemos, uma hipótese é uma verdade não tes- tada, isto é, precisamos levantar dados reais e buscar refutar essa hipótese, de modo que se a hipó- tese estiver correta, conseguirá se sustentar e florescer no mercado. Modelo de Negócios 118 Empreendedorismo O conceito Startup Enxuta se originou da Manu- fatura Enxuta, que é um modelo de gestão originá- rio no Japão com o Sistema Toyota de Produção. Esse modelo adota o princípio de melhoria con- tínua pela redução de desperdício. A valorização das pessoas por suas ideias proporciona ganhos na produção. A startup enxuta propõe um novo modo de pensar e de construir produtos e serviços inova- dores que levem a um negócio sustentável. Ries (2012) apresenta cinco princípios da startup en- xuta, são eles: (i) Empreendedores estão por toda parte; (ii) Empreender é administrar; (iii) Apren- dizado validado; (iv) Construir-medir-aprender; e (v) Contabilidade para inovação. Baseado neste prisma, percebemos que Ries (2012) sugere, em seus estudos, que nós, enquan- to gestores desses negócios, tenhamos em men- te que os produtos que uma startup desenvolve são experimentos; a aprendizagem sobre como desenvolver uma empresa é o resultado desses experimentos. Nosso papel é como o do cientista, que busca umaforma de provar sua tese. Lean Startup 119UNIDADE 4 Segundo Ries (2012, p. 24), “uma Startup é uma instituição humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições de extrema incerteza.” Com esse entendimento simples e abrangente, o autor nos deu a flexibilidade para nos sentirmos empreendedo- res, caso criemos produtos ou serviços sob condições extremas de incertezas. Isso é muito bom para a autoestima. A criação de novos produtos e serviços também dá flexibilidade, pois pode abranger produtos de alta tecnologia, como serviços ou processos inovadores. A incerteza, presente em uma Startup, tam- bém está presente em outros negócios. Para traçar um paralelo entre a realidade e os ensinamentos deste tópico, convido você, caro(a) aluno(a), a acessar o site das startups Docway (docway.com.br) e Dr. Consulta (drconsulta.com). IDEIAS DADOS PRODUTO CONSTRUIRAPRENDER MEDIR Figura 3 - Ciclo de construir-medir-aprender Fonte: Ries (2012, p. 57). Uma Startup deve com- preender bem as necessidades do cliente (aquilo que lhe traz benefício e o que elimina a dor). O conhecimento do cliente deve ser rápido, pois, se neces- sário for, o modelo de negócio deve ser modificado (pivotado), também, rapidamente. Não se deve ter medo de errar, pois são os erros que tra- zem a aprendizagem e evitam prejuízos futuros (até maio- res) com a não aceitação pelo mercado (product market fit). Deve estabelecer um processo de venda para o cliente e um modelo financeiro que traga rendimento. Deve-se medir o progresso do desenvolvimento de uma Startup. Para isso, há a neces- sidade de se entender bem o cliente, saber quanto ele está disposto a pagar pela solução do seu problema, quais são os dife- renciais competitivos do nosso produto, quais são as necessida- des prioritárias do cliente, se so- mos essenciais para os clientes, conhecemos bem nosso produ- to para que ele seja rentável e se as vendas são escaláveis. 120 Empreendedorismo Podemos concluir que o empreendedorismo requer uma disciplina gerencial própria para aproveitar a oportunidade empresarial que lhe foi dada. Atualmente, há mais empreendedores atuando do que em qualquer outro período da história. Isso se tornou possível por causa das mu- danças drásticas da economia global. Durante todo esse livro, nós discutimos como o empreendedorismo está e numa tendência crescente; ainda impactará a dinâmica dos negócios, gerando e distribuindo mais riqueza para a sociedade, por meio de produtos e serviços cada vez mais ajustados para a realidade (resolução das necessidades) dos clientes. Como descrito por Ries (2012) em seu livro e ilustrado na Figura 3, o empreendedor estará a todo momento trabalhando lado a lado com a incerteza. Tendo sempre em mente que sua missão é testar e validar hipóteses para seguir com suas ações, convertendo incertezas e riscos calculados e processos definidos, ou seja, em algum parâmetro mais concreto para sua análise. Desta forma, emerge dos estudos da Lean Star- tup o Produto Minimamente Viável (Minimum Viable Product - MVP, em inglês), isso significa, em outras palavras, que o produto ou serviço de forma completa ainda não existe, o que existe é o mínimo para ser real, ser testável e avaliado pelo consumidor na prática. Portanto, podemos considerar que o MVP é um mecanismo para testar a nossa hipótese de negócio na prática, com investimento nulo ou limitado, de forma que seja possível avaliar na realidade, se a hipótese é confirmada. Em caso positivo, temos uma incerteza sendo convertida em risco, nos possibilitando ampliar os testes e incrementar nossos produtos ou serviços. As investigações qualitativas permitem à star- tup entender os “porquês” que estão por trás do comportamento de sua clientela, além de detectar falhas em seus produtos antes de seu lançamento integral e visualizar o que deve ser ajustado. Essa troca de informações com o ambiente externo possibilita também encontrar a melhor solução para aplicar preços, lançar produtos e serviços que sejam, de fato, inovadores. Os feedbacks, assim como ilustrado na Figura 3, devem servir de base para a melhoria contínua, até que se tenha clareza de que ele é viável e pode entrar no mercado! Um processo longo e de muita persistência; mas lembre-se: um MVP não é um produto mal acabado, com falhas intencionais e nem mais barato. Product Market Fit: o termo foi cunhado por Marc Andreessen, fundador de empresas como o Nets- cape e investidor no Vale do Silício, e significa: estar em um bom mercado com um produto que satisfaça a esse mercado. Fonte: ACE (2017, on-line)4. 121UNIDADE 4 Após aprendermos como aplicar o canvas do mo- delo de negócios e o ciclo de feedback do Lean Startup, chegou o momento de discutirmos sobre o plano de negócios, seu propósito, estrutura bá- sica e importância na estruturação das oportuni- dades de negócios. O Plano de Negócio (PN) é uma ferramenta que auxilia um empreendedor e, como afirma, Dolabela (2005, p. 77): “é uma forma de pensar sobre o futuro do negócio: para onde ir, como ir mais rapidamente, o que fazer durante o caminho de forma a diminuir incertezas e riscos”. Portanto, o PN ajuda a pensar de forma estruturada em como alcançar o que desejamos para o negócio. Para Miyatake, Mazzei e Pardo (2018), o Plano de Negócios é uma ferramenta que permite ao empreendedor pensar no futuro. Planejar é uma atividade fundamental atualmente. Mesmo com o cenário de negócios mudando a todo o momento, é necessário planejar para conhecer o mercado e as possibilidades para o futuro. Se a situação para quem se prepara está difícil, imagina para aquele que não o faz. Plano de Negócios 122 Empreendedorismo Recomenda-se que todo empreendimento deve elaborar um Plano de Negócio, independentemen- te do porte ou do ramo de atividade. É importante ressaltar que tem diversas utilidades, não só para quem pensa em empreender, mas para aquele que já possui um empreendimento e pretende expandir. “ Um plano de negócio é um documento que descreve por escrito os objetivos de um ne- gócio e quais passos devem ser dados para que esses objetivos sejam alcançados, dimi- nuindo os riscos e as incertezas. Um plano de negócio permite identificar e restringir seus erros no papel, ao invés de cometê-los no mercado (SEBRAE, 2013, p. 13). É evidente que, se quiséssemos saber quem é o principal interessado em um Plano de Negócios, a resposta seria bastante simples: o próprio em- preendedor. Contudo, ele não é o único que quer ou, ainda, muitas vezes, não é só ele que precisa saber como estão as coisas na empresa ou como se- rão, caso o plano venha a ser implementado de fato. Um Plano de Negócio não possui uma estru- tura rígida e, ao pesquisar por modelos, encon- tramos diferentes estruturas. Contudo, o Sebrae (2013) propõe que o documento apresente os seguintes capítulos: 1. Sumário Executivo 2. Análise de Mercado 3. Plano de Marketing 4. Plano Operacional 5. Plano Financeiro 6. Construção de Cenários 7. Avaliação Estratégica É importante ressaltar que não adianta buscar modelos prontos ou caminhos fáceis, estruturar um plano de negócios não é uma atividade fácil, embora seja simples, exige do empreendedor(a) comprometimento, pesquisa, persistência, traba- lho duro e muita criatividade. Durante essa exaustiva fase de estruturação do plano, lembre-se que seu objetivo é concluir se sua ideia é viável e a buscar informações mais detalha- das sobre o seu ramo, os produtos e serviços que irá oferecer, seus clientes, concorrentes, fornecedores e, principalmente, sobre os pontos fortes e fracos do seu negócio. Ao final, seu plano irá ajudá-lo a responder a seguinte pergunta: vale a pena abrir, manter ou ampliar o meu negócio? Neste momento de nossa conversa, vale resgatar o conteúdo que vimos no tópico sobre “Modelo de Negócios” e “Lean Startup”, visto que o plano de negócio complementa os referidos tópicos, ou seja, os conteúdossão convergentes e minha sugestão é que o plano de negócio seja posterior, assim como discutido aqui no livro. Em minha defesa, considero que o BMG e Lean Startup, juntos, são importantes mecanismos para validar as hipóteses de negócio no mercado real, em contato direto com os clientes. Com as hipóte- ses de negócio validadas, o produto inicial (MVP), com testes reais pelos primeiros clientes, com da- dos iniciais sobre a efetiva entrega da proposta de valor, ganha evidências de sua relevância, para se transformar de hipótese em realidade. O plano de negócio é a ferramenta mais indicada para dar vi- sibilidade ao futuro desse empreendimento. Dessa forma, quando lemos um plano de ne- gócio, estamos avaliando o ontem, hoje e o futuro pretendido pela respectiva organização. Neste do- cumento, devemos encontrar dados, argumenta- ção do(a) empreendedor(a) que possa convencer os sócios, investidores ou demais envolvidos, que aquele futuro é viável e potencialmente alcançável por meio da execução do plano. O plano pode – talvez até deva – considerar as tendências de mercado e, com isso, apontar os potenciais caminho que o negócio poderá tomar no futuro. Contudo, quando se avalia o plano de negócios, o gestor estará buscando argumentos para validar que o investimento, as operações, o mercado são promissores para trabalhar. 123UNIDADE 4 Os segmentos de saúde e bem-estar, ao lado de beleza e fitness, vêm ganhando posições nas listas de tendências em empreendedorismo, visto que esses segmentos acompanham as tendências de longevidade da população mundial, o maior cuidado com o corpo, mente e alimentação que é observada no mercado. Os dados da Euromonitor International (2019, on-line)5 sobre o segmento de beleza em 80 paí- ses aponta que o Brasil continua crescendo nos cuidados masculinos. Nos últimos cinco anos, o mercado cresceu 7%, dobrando de tamanho, movimentando cerca de US$ 6,7 bilhões no ano de 2019. Importante ressaltar que o mercado de saúde e bem-estar não se restringe em procedimentos manuais ou equipamentos, devemos considerar que alimentos e bebidas também compõem o mercado consumidor. Só com esses itens, o seg- mento movimentou R$ 93,6 bilhões em 2019 com notável aumento no nicho de orgânicos, que teve alta superior a 18% nos últimos cinco anos. Com relação aos procedimentos e tratamentos estéticos, o setor “vai muito bem, obrigado!”. Se- Tendências de Mercado 124 Empreendedorismo gundo aponta o Sebrae ([2020], on-line)6, o setor de salões de beleza e clínicas de estética atingiu o número recorde de meio milhão de estabele- cimentos em 2019. As perspectivas para o ano que vem são de mais crescimento, alcançando um mercado de R$ 107 bilhões. O aumento da expectativa de vida, a busca por qualidade de vida, o incentivo ao esporte e a adoção de hábitos alimentares saudáveis contri- buíram para o aumento da demanda de produtos e serviços de saúde e bem-estar, influenciando novos comportamentos dos consumidores e ins- pirando novos modelos de negócios. O mercado de produtos e serviços de saúde e bem-estar é um dos mais promissores e atraentes, foi favorecido com o avanço de novas tecnologias na medicina e o desenvolvimento de medicamentos com preços acessíveis. A profissionalização do setor e a personaliza- ção de serviços de bem-estar resultaram na oferta de diversas modalidades de atividades inovadoras e inclusivas, proporcionando novas experiências aos clientes. O Sebrae ([2020], on-line)6 elencou algumas tendências e ideias de negócios do seg- mento de saúde e bem-estar: • Coaching de saúde - Treinamento per- sonalizado para adoção de um novo estilo de vida. • Espaços de bem-estar - Projetos arquite- tônicos de ambientes planejados com ma- teriais leves e naturais que proporcionem o conforto e o equilíbrio mental. • Saúde calibrada - Análise do DNA para identificação de riscos de doenças e reco- mendação de tratamentos individualizados. • Autorrealização virtual - Atividades esportivas com simulações de realidades virtuais que proporcionam uma experiên- cia divertida, prazerosa e desafiadora aos praticantes. • Indicadores de impacto - Tecnologia de feedback instantâneo de saúde para moti- vação e melhoria da performance. • Diagnóstico distribuído - Formas estra- tégicas e inovadoras de aproximação dos clientes para acesso a serviços de saúde. • Aperfeiçoamento pós-demográfico - Abrangência de comportamentos além do gênero, renda, idade e localização para prospecção de clientes interessados em saúde e bem-estar. Para sobreviver à nova era da economia, as empre- sas têm que se adaptar ao novo cenário e inovar em seus modelos de negócio. Contar com uma equipe especializada é um fator de comprome- timento com o cliente e de sucesso do negócio. Além disso, é preciso ficar atento às mudanças de perfis de consumo. Para isso, fique atento às dicas de sucesso: • Acompanhe as novidades do mercado. • Diversifique as atividades para fidelizar mais clientes. • Aposte no design de ambientes do negócio como diferencial. • Pratique preços competitivos. • Ofereça horários especiais de atendimento ou serviço de busca em domicílio. • Fique atento e cumpra todas as normas de fiscalização sanitária. O relatório “Distrito Healthtech Report”, publicado pelo Distrito ([2020], on-line)7, aponta algumas tendências para o segmento de saúde e bem-estar. Inovação não é algo relacionado apenas à tecno- logia, mas também às dores e mudanças da so- ciedade, ou seja, as mudanças na sociedade em que vivemos, o aumento da longevidade e baixos índices de natalidade são exemplos das transfor- mações sociais a nível global. 125UNIDADE 4 Transformação digital, internet das coisas, um novo comportamento e nível de exigência por par- te dos clientes, novas necessidades para os profis- sionais, essas são apenas algumas das novidades que têm invadido o mercado em geral. É claro que no setor da saúde isso não poderia ser diferente (DISTRITO, 2020, on-line)8. De acordo com o relatório Distrito HealthTech Report (2020, on-line)8, atualmente existem mais de 380 startups de Health Tech no Brasil. Esta é outra tendência do setor: hospitais, clínicas, labo- ratórios, farmácias e outras diversas instituições do setor vão buscar por essas empresas de tecnologia para otimizarem estratégias. Ao mesmo tempo, essas empresas de tecnologia focadas em saúde também estão em busca de, mais do que criar soluções, colaborar para que o setor se torne cada vez mais acessível e seguro. Dados do “2020 Global Health Care Outlook”, publicado pela consultoria global Deloitte ([2020], on-line)9, afirmam que o cenário mundial é de uma população crescente e envelhecida, com pre- valência crescente de doenças crônicas, necessitan- do de investimentos em infraestrutura, avanços tecnológicos, modelos de assistência em evolução, custos trabalhistas mais altos em meio à escassez de mão de obra e expansão dos sistemas de saúde nos mercados em desenvolvimento. Os sistemas de saúde precisam trabalhar em direção a um futuro em que o foco coletivo se desloque do tratamento para a prevenção e a intervenção precoce. A Figura 4 apresenta a distribuição das startups com atuação no segmento de saúde e bem-estar no Brasil, por categorias. Cabe destacar, que o campo de atuação das respectivas healthtechs atendem às preocupações dos relatórios destacados anterior- mente, portanto, nota-se que o foco das startups está em melhorar a gestão dos dados e suporte a decisão dos profissionais, antecipando as doenças e intervenções mais graves no futuro. 386 STARTUPS SELECIONADAS 63 | 16,3% Acesso à informação 21 | 5,4% AI & Big Data 42 | 10,9% Farmacêutica e diagnóstico 92 | 23,9% Gestão e PEP 60 | 15,5% Marketplace 13 | 3,4% Wearables & IoT 31 | 8% Telemedicina 30 | 7,8% Medical Devices 34 | 8,8% Relacionamento com pacientes Figura 4 - Distribuição das Healthtechs no Brasil Fonte: Distrito Healthtech Report (2020, on-line)8. 126Empreendedorismo A Figura 5 apresenta a estratificação em subcategorias da Figura 4, é evidente a concentração nos eixos de gestão, prontuário eletrônico, sensores, telemedicina, diagnósticos e canais de comercialização e comunicação. Podemos resgatar uma das frases de abertura deste tópico: a inovação não, necessaria- mente, está relacionada ou deriva da tecnologia, podemos inovar em diversas frentes. Wearables & IoT Wearables ............................... 1 | 0,3% Sensores de saúde..............12 | 3,1% AI & Big Data Big Data & Analytics...........10 | 2,6% AI & Robótica .......................11 | 2,9% Medical Devices Equipamentos .....................21 | 5,4% 3D.............................................. 9 | 2,3% Telemedicina Telemonitoramento............. 3 | 0,8% Telediagnóstico...................16 | 4,1% Teleatendimento ................12 | 3,1% Relacionamento com pacientes Terapias digitais..................... 3 | 0,8% Engajamento de pacientes...18 | 4,7% Comunicação.......................13 | 3,4% Farmacêutica e diagnóstico Pesquisa farmacêutica ......12 | 3,1% Genômica................................ 7 | 1,8% Exames...................................10 | 2,6% E-Commerce ........................13 | 3,4% Gestão e PEP Atestados, Laudos e Prescrição .....13 | 3,4% Gestão de clínicas...........................41 | 10,6% Gestão hospitalar...............................25 | 6,5% Prontuário eletrônico .......................13 | 3,4% Marketplace Oferta própria........................7 | 1,8% Oferta de terceiros...........42 | 10,8% Redes de clínicas................ 11 | 2,9% Acesso à informação Fitness e bem-estar...........................14 | 3,6% Planos de Saúde.................................18 | 4,7% Portais de conteúdo educativo ........ 31 | 8% DIVISÃO POR SUB-CATEGORIAS Figura 5 - Estratificação das healthtechs em subcategorias Fonte: Distrito Healthtech Report (2020, on-line)8. A Figura 6 apresenta as 10 healthtechs mais expressivas (esquerda) no ecossistema brasileiro, bem como aquelas “para ficar de olho” (direita) e acompanhar o desenvolvimento do modelo de negócios. Nova- mente, notamos que há diversos negócios de suporte ou canais que facilitam o acesso ao segmento de saúde e bem-estar, não, necessariamente, empresas que necessitam de corpo técnico para sua operação. 127UNIDADE 4 Apesar de o setor de saúde ter evoluído mui- to nos últimos anos, especialmente no âmbito privado, ainda existem oportunidades para ge- rar melhorias em escala, seja para melhorar o acesso a serviços de qualidade, diminuir a ine- ficiência que gera espera e filas ou modernizar a infraestrutura precária de muitos hospitais. É neste cenário, cheio de oportunidades, que ob- servamos o crescente número de HealthTechs brasileiras surgindo. Você também pode fazer parte desse expressi- vo ecossistema de inovação, seja empreendendo ou colaborando com outras startups e iniciativas para o desenvolvimento de inovações no segmen- to e bem-estar. Procure participar ativamente dos grupos de discussão, apoio e decisões de sua ci- dade, aplique os conhecimentos de gestão e em- preendedorismo exercitados nesta disciplina e faça sua parte, para o desenvolvimento de um seg- mento mais inovador, seguro e sustentável para os desafios do futuro. Figura 6 - Healthtechs com destaque no ecossistema Fonte: Distrito Healthtech Report (2020, on-line)8. Canvas da Proposta de Valor O Canvas da Proposta de Valor é uma ferramenta que pode ajudar a criar e posicionar produtos ou serviço em torno do que o cliente realmente valoriza e precisa. É uma ferramenta que lhe ajuda a encontrar o encaixe produto-mercado de forma estruturada. Serve como uma ferramenta complementar ao Business Model Canvas e visa pensar na Proposta de Valor de forma mais estruturada e aumentar as chances de se criar encaixe entre o produto e o mercado. Em outras palavras, ele é um aprofundamento entre duas partes do Canvas: o bloco de segmentos de clientes e a proposta de valor. Disponível em: https://analistamodelosdenegocios. com.br/canvas-da-proposta-de-valor. https://analistamodelosdenegocios.com.br/canvas-da-proposta-de-valor/ https://analistamodelosdenegocios.com.br/canvas-da-proposta-de-valor/ 128 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. A dificuldade em se definir o(a) empreendedor(a) se origina no contrassenso que este deve ser o dono do capital ou sócio da empresa. Contudo, a partir da leitura deste livro, entendemos que o conceito é mais amplo e não se limita à propriedade material ou intelectual. Diante do exposto e baseado na literatura estudada, leia as alternativas a seguir e assinale a que representa características essenciais do empreendedor. a) O empreendedor é aquele que assume qualquer risco, a qualquer preço. b) O empreendedor é aquele que assume responsabilidades, com iniciativa para inovar. c) O empreendedor é aquele que assume o controle por meio de olhos e ouvidos dos terceiros. d) O empreendedor é aquele que assume o controle total da situação, decidindo cada detalhe. e) O empreendedor é aquele que assume a inovação da empresa para não existir nenhuma falha. 2. Sabe-se que o Produto Minimamente Viável (Minimum Viable Product (MVP), em inglês) não é um produto mal acabado ou com falhas intencionais e nem mais barato só por ser a versão beta. Baseado na literatura e os conceitos sobre MPV, analise as afirmações dispostas a seguir: I) Na fase de ideação, a startup deve encarar seu produto como um experi- mento, uma tese do real. II) A startup deve se concentrar nas evidências objetivas, desprezando obser- vações qualitativas. III) O MPV deve oferecer o mínimo para ser real, ser testável e avaliado pelo consumidor na prática. 129 É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) I e II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 3. Uma oportunidade de negócio pode surgir de várias maneiras, seja estruturada e planejada, como também diante de situações inesperadas (crises ou eventos de força maior). Basicamente, uma oportunidade é a convergência de fatores no contexto social, regulamentar, econômico e tecnológico. Considerando os conceitos sobre oportunidade, avalie as afirmativas a seguir como (V) para ver- dadeira e (F) para falsa. I) A redução da natalidade no país é um indicador de mudança no contexto social. II) A regulamentação da profissão pelo governo impacta e reflete o contexto econômico. III) O aumento no custo de crédito pode impulsionar positivamente o consumo no país. IV) As inovações e novas tecnologias de saúde impactam no ambiente tecno- lógico. As afirmações I, II, III e IV são, respectivamente: a) V, F, F, V. b) V, F, V, F. c) V, V, F, F. d) F, V, V, F. e) F, F, V, V. 130 Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios Autor: Alexander Osterwalder e Yves Pigneur Editora: Alta Books Sinopse: um manual prático e inspirador para qualquer um que busque apri- morar um modelo de negócios ou desenvolver um novo. Ele ensinará a você técnicas de inovação poderosas e práticas utilizadas hoje pelas empresas líderes no mundo. Você aprenderá a compreender, projetar e implementar sistemati- camente um novo modelo de negócios ou analisar e renovar um antigo. LIVRO A Startup Enxuta Autor: Eric Ries Editora: Sextante Sinopse: a startup enxuta é um modelo de negócio que vem sendo amplamente adotado ao redor do mundo, mudando a maneira como as companhias idealizam seus produtos e serviços. Pioneiro na implementação dessa abordagem, Eric Ries define startup como uma organização dedicada a criar algo novo sob condições incertas. O que eles têm em comum é a missão de atravessar essa névoa de incerteza em direção a negócios inovadores e sustentáveis. Com o objetivo de aumentar a taxa de sucesso de empresas e produtos, o modelo startup enxuta se baseia na aprendizagem validada e na experimentação contínua, adotando métricas efetivas para avaliar o progresso, práticas que evitam o desperdíciode tempo e recursos, estratégias para descobrir o que os clientes realmente desejam e agilidade para mudar de direção quando necessário. LIVRO 131 O StartupBase é a base oficial do ecossistema brasileiro de startups criado pela Associação Brasileira de Startup (ABS). Pesquise por modelos de negócios já existentes no seu segmento entre as mais de 12 mil startups e inspire-se. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB A ferramenta mais utilizada na atualidade para o planejamento de negócios está disponível para você. O Sebrae Canvas permite que qualquer empreendedor de- senvolva suas ideias de negócio ou, até mesmo, repense um modelo já existente. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB Walt antes do Mickey Ano: 2014 Sinopse: ainda criança, Walt Disney tinha por hábito desenhar os animais da fazenda onde morava. Ao crescer, ele decidiu tentar a sorte como animador na cidade grande. Decidido a ter uma empresa própria, que lhe permitisse trabalhar no que gostasse, ele enfrenta diversos obstáculos até ter a grande ideia de sua vida: um pequeno rato chamado Mickey Mouse. Comentário: você acredita em seu talento? Ele trata de como vender uma ideia, de como mostrar seu talento e fazer as pessoas confiarem em você. Além disso, ele retrata com maestria uma palavra que está na moda: resiliência! Não se deixe abater pelo fracasso, siga em frente, dê a volta por cima até encontrar o seu “Mickey”! FILME 132 BARON, R. A.; SHANE, S. A. Empreendedorismo: uma visão do processo. São Paulo: Thomson Learning, 2010. BLANK, S.; DORF, B. Startup: Manual do Empreendedor - o guia passo a passo para construir uma grande empresa. Rio de Janeiro: Atlas Books, 2014. DOLABELA, F. Oficina do empreendedor: a metodologia de ensino que ajuda a transformar conhecimento em riqueza. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. DORNELAS, J. Empreendedorismo: Transformando ideias em Negócios. 6. ed. São Paulo: Empreende/Atlas, 2017. FERREIRA, M. P.; SANTOS, J. C.; SERRA, F. A. R. Ser empreendedor: pensar, criar e moldar a nova empresa. São Paulo: Saraiva, 2010. MIYATAKE, A. K.; MAZZEI, B. B.; PARDO, P. Empreendedorismo. Maringá: UniCesumar, 2018. MOTA, S. A. C. Análise do Modelo de Negócio da Stokvis Celix. 2012. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. 2012. NETO, W. B. M. Empreendedorismo, Modelos de Negócios e Inovação. Maringá: Unicesumar, 2019. OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011. RIES, E. A Startup enxuta: como os empreendedores atuais utilizam a inovação contínua para criar empresas extremamente bem-sucedidas. São Paulo: Texto Editores Ltda., 2012. SEBRAE. Como elaborar um plano de negócios. Brasília: Sebrae, 2013. Disponível em: http://www.bibliotecas. sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/5f6dba19baaf17a98b4763d4327bfb6c/$Fi- le/2021.pdf. Acesso em: 09 abr. 2020. SHANE, S.; VENKATARAMAN, S. The Promise of Entrepreneurship as a Field of Research. The Academy of Management Review, v. 25, n. 1, p. 217-226, 2000. 133 REFERÊNCIAS ON-LINE 1Em: https://hbr.org/2013/01/what-is-entrepreneurship. Acesso em: 09 abr. 2020. 2Em: distrito.me/mercado-de-venture-capital-brasil. 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A. 135 CONCLUSÃO Espero, sinceramente, que essa jornada de aprendizado tenha acrescentado novos conhecimentos e enriquecido sua carreira como profissional na área da saúde e bem-estar. Afinal, juntos, caro(a) aluno(a), nós conseguimos concluir uma disciplina que é abrangente e essencial para a condução e crescimento do seu (futuro) negócio. Quero reforçar que minha intenção não foi, em nenhum momento, esgotar os assuntos aqui abordados. Portanto, é importante que você, caro(a) aluno(a), continue buscando por novas fontes de conteúdo e, principalmente, coloque em prática as ferramentas e modelos discutidos no livro. Agora você deve ser capaz de observar oportunidades no mercado con- sumidor, desenvolver planos de viabilidade de (novos) negócios, liderar e desenvolver pessoas, estruturar processos e projetos para garantir a qualidade do atendimento de seu empreendimento. Nesta trajetória, passando por quatro etapas, como (i) gestão de pessoas, pois todo e qualquer projeto é desenvolvido por e para pessoas, você aprendeu que não importa o tamanho do seu time: ter pessoas competentes e engajadas é o segredo de bons negócios. Na segunda etapa, (ii) gestão operacional, aprendemos o princípio essencial de gestão: planejar, organizar, dirigir e controlar recursos da empresa. Portanto, aprendemos ferramentas e conceitos importantes para você manter tudo nos trilhos e conduzir seu negócio ao ponto planejado, o sucesso. Na terceira, (iii) gestão de negócios, e quarta etapa, (iv) empreendedoris- mo, nossos olhos se voltaram ao mercado consumidor: aprendemos alguns modelos para dimensionar mercado e desenvolver produtos desejáveis pelos clientes, no seu caso, caro(a) aluno(a), seus pacientes. Desejo todo sucesso do mundo em sua carreira e (novos) empreendimen- tos. Continue sempre firme e confiante em você. Um grande abraço! capa CAPA AVA_Gestão e Empreendedorismo Gestão de Pessoas Gestão Operacional Gestão de Negócios Empreendedorismo Anatomia do líder Modelo de Negócios Button 1: Button 2: