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A PRINCESA IMPERIAL NA EUROPA - 159 que a sossegava com notícias ainda mais tranqüüizadoras, quando não a própria Imperatriz, que transmitindo um recado do pai dizia que ela não se preocupasse, porque êle se encontrava "quase bom". Ora, como tais notícias não exprimiam a verdade, elas só podiam explicar-se com o propósito de se estar querendo enganar a Princesa, iludi-la sôbre a gràvidade da situação, fôsse com o propósito simplesmente de não alarmá-la, fôsse com o fim de retê-la indefinidamente na Europa, com intuitos que não deviam ser certamente muito inocentes. A justificativa que se dava paTa um tal procedimento, isto é, que o Imperador não consentia que se dissesse tôda a verdade à filha, não procedia evidentemente, porque acima da vontade do Monarca ou de suas ilusões sôbre o seu verdadeiro estado de saúde, estavam os interêsses do País, o estado do espírito público, cada vez mais preocupado com a ausência da Princesa, e mesmo a sorte das instituições, à mercê de um colapso no caso de sobrevir o falecimento ào Monarca. *· O principal culpado em ·tudo isso era d Govêrno. O Govêrno não tinha o direito de manter ttm tal estado de coisas, isto é, de consentir na ausência prolongada e injustificada d·a Princesa num momento em que se fazia mais do que necessária a sua presença no Brasil. Cote gipe não só não devia consentir nisso como, ao contrário, devia tomar a iniciativa de dizer ou mandaa- dizer à herdeira do trono tôda a verdade sôbre a gravidade da situação, de providenciar por qualquer moao o seu re gresso imediato, ainda que isso contrariasse a vontade elo Imperador. ~le devia-se dar conta da apreensão que ia por todo o País com a perspectiva de sobrevir de . 160 - HISTÓRIA DA QUEDA 00 IMPÉRIO um momento para outro o falecimento do Chefe do Estado, o que implicaria, com a ausência da Princesa, na consti.tuição de uma Regência provisória, até que ela voltasse e a pudesse assumir definitivamente. Seria essa uma solução puramente de emergência - e não havia outra - mas que dadas as críticas condições do País poderia provocar as mais desastrosas conseqüências, das quais se aproveitariam, possivelmente, todos quantos faziam guerra à herdeira do trono, fôsse para afastá-la definitivamente da sucessão, em benefício do seu sobrinho Dom Pedro Augusto, fôsse para acabar simplesmente com o regime monárquico e implantar desde logo a Repúbliica, para o que não faltariam adeptos na classe militar, ou melhor, entre os militares que nesse momento combatiam o Ministério, insuflados e encorajados pelo elemento republicano sempre alerta. Informando sôbre isso o seu Govêrno, dizia o Mi- · nistro de França que o Presidente do Conselho sempre se decidira telegrafar à Princesa, fazendo ver a necessi dadePR) Sobre a vida dos escravos urbanos no Rio de Janeiro durante o século XIX, assinale a alternativa INCORRETA. a) Escravos de ganho eram alugados para trabalhar em diferentes funções e ofícios, devendo entregar aos seus donos uma quantia estipulada. b) Funções como barqueiros, pescadores, barbeiros, vendedores, entre outras, também eram exercidas por escravos. c) Não havendo qualquer controle das autoridades sobre as funções dos escravos de ganho, eles praticamente viviam em liberdade no espaço urbano da capital do império. d) O pintor Jean Baptiste Debret retratou aspectos do cotidiano dos escravos, dando ênfase aos muitos ofícios exercidos por eles. e) Mulheres escravas também eram encarregadas de vender as chamadas quitandas na rua, entregando aos seus senhores os ganhos auferidos. 60 - (UFMA) “Para a maior parte do continente americano, o século XIX foi um século de abolições. Da independência do Haiti ainda em finais do século XVIII à Lei Áurea no Brasil, as abolições constituíram talvez a mais ampla e profunda transformação social nas Américas.” (CASTRO, Hebe M. Matos de. “Laços de família e direitos no final da escravidão” In: ALENCASTRO, Luiz Felipe de (org.) História da vida privada no Brasil. Império: a corte a a modernidade nacional. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.) Sobre o movimento abolicionista no Brasil do século XIX e correto afirmar que: a) foi marcado pela abolição da escravatura com indenização para os ex-senhores de escravos. b) foi liderado por Zumbi, que formou o famoso Quilombo dos Palmares, onde muitos negros, ao fugirem das senzalas, se refugiavam. c) foi uma reação dos escravos, marcada por tentativas desesperadas como o suicídio e a morte pelo banzo. d) foi inspirado no iluminismo e levado a cabo por uma maioria branca, letrada, que pretendia retirar do pais a “mancha negra da escravidão.” e) foi apoiado pelas elites senhoriais que conseguiram abolir a escravidão no Brasil, através da Lei Áurea assinada pela princesa Izabel. }62 - HIS'I'ÓRIA DA QUEDA DO IMPÉRIO á resposta do Conde d'Eu, pedindo que êle declarass·e positivamente se era ou não necessária a volta da mulher. - Ora, todo o mundo estava farto de saber que essa volta se fazia mais do que necessária. E que não sà mente era necessária, como era também urgente, para que o Imperador pudesse embarcar quanto antes para a Europa, coisa que se tinha definitivamente resolvido e só precisava, para ser efetivada, que a Princesa chegasse para assumir a Regência do Império. Contudo, Co.tegipe, ou porque não quisesse assumir a responsabilidade de fazê-la voltar, ou para demorar ainda algum tempo a sua chegada, entendeu de escrever primeiro uma carta a Mota Maia, pedindo que êste e o Conselheiro Alva renga, na qualidade de médicos assistentes do Imperador, declarassem por escrito se êle devia ou não insistir no regresso da Princesa. Responderam os dois médicos que simj que devia insistir, para que o Imperador pudesse entirar num longo repouso, terminada uma convafescença que tudo fazia supor fôsse prolongada, resposta que foi transmitida imediatamente à Princesa. Foi então que, diante disso, ela se decidiu a voltar e nos primeiros dias de junho de 87 chegava ao Rio na companhia do marido e dos filhos . Dias depois assumia a Regência do Império e o Imperador embar cava para a Europa, na companhia da Imperatriz, do net@ Pedro Augusto, dos Viscondes, depois Condes de Nioac e Ca["apebus com as respectivas senhoras, e .de dois médicos assistentes, o Visconde, depois . Conde de Mota Maia e o Visconde de Sabóia. Partia em condições -relativamente boas de saúde. "Ontem, escrevia o Mi nistro da Áustria, estive na Tijuca para despedir-me de Suas· Majestades, que me receberam muito amàvelmente. Faz agora justamente dois meses que não tinha a honra de ver o Imperador, e é com gr-ande satisfação que posso