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v. 2, n.4, p. 1-13, 2020 ISSN:2675-343X www.amazonlivejournal.com OS EFEITOS DO FORTALECIMENTO MUSCULAR PARA REDUÇÃO DA DIÁSTASE ABDOMINAL NO PUERPÉRIO TARDIO E REMOTO: REVISÃO DE LITERATURA THE EFFECTS OF MUSCLE STRENGTHENING TO REDUCE ABDOMINAL DIASTASIS IN THE LATE E REMOTE PUERPERIUM: A LITERATURE Karen Ferreira de Souza1; Laiara Miranda Nunes1; Yanna Luane Souza Cavalcante 2 Thaiana Bezerra Duarte 3 1 Discentes do Curso Superior de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE SER EDUCACIONAL. 2 Bacharel em Fisioterapia 3 Doutora em Reabilitação e Desempenho Funcional pela FMRP/USP, Docente do Curso Superior de Fisioterapia – UNINORTE Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232, Centro | Manaus | AM | CEP: 69020-030 | (92) 3212-5000. RESUMO: O período gestacional está associado com determinados ajustes fisiológicos e anatômicos que promovem diversas alterações principalmente no sistema musculoesquelético. Com o crescimento uterino pode ocorrer o afastamento dos músculos reto abdominais, resultando na diástase abdominal. A fisioterapia utiliza técnicas para melhorar a distância interretos no pós parto, com o intuito de amenizar tal disfunção. Objetivo: o objetivo deste estudo foi verificar a eficácia do fortalecimento da musculatura abdominal no puerpério tardio e remoto. Método: foi realizada uma revisão de literatura a partir da coleta de estudos nas plataformas PEDro, PubMED, Lilacs, SciELO e Medline no período de junho a outubro de 2020. Foram incluídos artigos publicados no período de 2015 e 2020, em português e inglês. A busca resultou em 56 artigos, dos quais 5 foram incluídos nesta revisão. O tempo médio de pós parto foi de 3 semanas a 3 anos. Os protocolos de tratamento os exercícios mais usados foram: exercícios de prancha, fortalecimento de transversos em diferentes posições, isometria abdominal associados a respiração diafragmática e contração dos músculos do assoalho pélvico. O fortalecimento muscular ativo se mostrou eficaz na redução do espaço entre os retos do abdome e na melhora da qualidade de vida. Palavras-chave: “Puerpério”, “Diástase abdominal”, “Fortalecimento”. Envio:20/11/2020 Aceite: 27/11/2020 ABSTRACT: The gestational period is associated with physiological and anatomical adjustments that promote several changes, mainly in the musculoskeletal system. With uterine growth, the rectus abdominis muscles may withdrawal, resulting in abdominal diastasis. Physiotherapy uses techniques to improve abdominal diastasis postpartum in order to improve function. Objective: ohe maim of the study was to verify the effectiveness of strengthening abdominal muscles in the late and remote puerperium. Method: the online databases selected were PEDro, PubMED, Lilacs, SciELO and Medline. The the search was made between June and October 2020. Articles published in the years 2015 and 2020, in Portuguese and English, were included. The search resulted in 56 articles, of which 5 were included in this review. The average postpartum time was 3 weeks to 3 years. The treatment protocols most used were: plank exercises, strengthening of the transversal in different positions, abdominal isometry associated with diaphragmatic breathing and contraction of the pelvic floor muscles. Muscle strengthening is effective in reducing the space between the rectus abdominis and improving the quality of life. Key-words: "Postpartum Period", "Abdominal diastasis", "Strengthening". http://www.amazonlivejournal.com/ 2 v. 2, n.4, p. 1-13, 2020 ISSN:2675-343X www.amazonlivejournal.com 1. INTRODUÇÃO O período gestacional está associado com determinados ajustes fisiológicos e anatômicos que promovem diversas alterações nos sistemas cardiovascular, endócrino, tegumentar, urinário, gastrointestinal, respiratório e musculoesqueléticos para melhor desenvolvimento do feto (DUARTE et al. 2007). Dentre as alterações musculoesqueléticas se encontram a mudança no centro gravitacional, que devido ao crescimento uterino e consequentemente abdominal tende a se deslocar para a frente, e em compensação há um aumento na lordose lombar e cervical e a base de sustentação se alarga. Associado a estes as alterações provocadas pelos hormônios estrogênio, progesterona e relaxina pode levar ao estiramento dos músculos abdominais, principalmente do reto abdominal, levando a alterações na biomecânica dos mesmos podendo gerar deficiência na sustentação dos órgãos pélvicos e abdominais (FEITOSA et al. 2017). Segundo Machado (2018), o período que se inicia ao final do parto é chamado de puerpério, neste momento, ocorrem diversas modificações locais, sistêmicas e psíquicas no corpo materno para que o mesmo retorne ao período não-gravídico. O puerpério pode durar de 6 a 8 semanas e divide-se em 3 fases: Pós-parto imediato (1º ao 10º dia); Pós-Parto tardio (11º ao 40º dia) e Pós-parto remoto (a partir do 41º dia). As principais mudanças funcionais apresentadas nesse período ocorrem nos sistemas musculoesquelético, cardiovascular, respiratório, digestivo, urinário, hematopoiético, tegumentar, endócrino e reprodutor (MICHELOWSKIET et ali. 2014). No decorrer do período gestacional, a musculatura da parede abdominal sofre uma alta tensão devido ao crescimento uterino. A musculatura mais afetada durante as mudanças ocorridas durante a gestação é o reto abdominal, que está conectado à linha alba. Os ventres musculares do reto abdominal começam a tensionar e alongar devido ao crescimento do fetal, resultando na separação dos músculos e, consequentemente, na protusão do umbigo formando a diástase dos músculos reto abdominais (DMRA), tal condição pode acometer a região supra ou infraumbilical ou ainda total (MOTA et al. 2012). A DMRA apresenta-se com maior incidência em mulheres obesas, multíparas, com flacidez abdominal antes da gestação, gestação múltipla, macrossomia e polidrâmnio. As queixas mais comuns de pacientes que apresentam essa condição são: dor lombar, deficiência funcional e estética. Com a musculatura enfraquecida, a sustentação da coluna se torna prejudicada durante o puerpério. Ao realizar a avaliação fisioterapêutica da DMRA, a mulher deve estar em decúbito dorsal, com joelhos e quadris flexionados, os pés devem estar apoiados a maca e os membros superiores estendidos ao longo do corpo. O fisioterapeuta deve solicitar a paciente que a mesma realize uma flexão de tronco http://www.amazonlivejournal.com/ 3 v. 2, n.4, p. 1-13, 2020 ISSN:2675-343X www.amazonlivejournal.com de maneira que o ângulo inferior da escápula deixe de tocar o leito. Rett et al. (2009) realizou um estudo considerando os seguintes pontos de referência da DMRA: três dedos – 4,5 cm – acima e abaixo da cicatriz umbilical e durante a flexão anterior de tronco da puérpera os avaliadores posicionavam os dedos de forma perpendicular entre as bordas mediais dos músculos reto abdominais. A graduação da diástase foi determinada pelo número de polpas digitais que coubessem entre as bordas mediais dos músculos nos pontos de referência estabelecidos. Foi estipulado 1,5 cm para cada dedo e considerada DMRA relevante quando o afastamento fosse superior a 2 cm entre as bordas mediais dos retos abdominais. Entretanto, uma revisão sistemática de Mommers et al. (2017) estipulou a cicatriz umbilical como referência, realizando a medida 3 cm e 2 cm abaixo da cicatriz. Além das polpas digitais, a mensuração da DMRA pode ser realizada utilizando um paquímetro, ou, se necessário, por exames de imagem como ultrassonografia e tomografia computadorizada (ZUNTINI et ali. 2016; RETT, 2014). Segundo Baracho (2018), a DMRA com valor acima de 3cm pode causar problemas significativos, interferindo na capacidade da musculatura abdominal de manter a postura, contenção visceral, estabilizar o tronco, podendopredispor ao desenvolvimento de lombalgias e hérnias. A cinesioterapia consiste no principal método de tratamento para a patologia utilizando exercícios de reeducação funcional respiratória, com inspiração profunda e contração abdominal forçada e exercícios isométricos e isotônicos para o ganho de força muscular abdominal (BRAZ, 2017). Assim, esse estudo torna-se importante, uma vez que a prevalência da DMRA é grande e que são escassas as revisões que abordem o fortalecimento muscular abdominal e sua eficácia no tratamento da DMRA em mulheres no puerpério tardio. Diante do exposto, o objetivo desse estudo é verificar a eficácia do fortalecimento da musculatura abdominal no puerpério tardio e remoto. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Foi realizada uma revisão de literatura a partir da coleta de estudos nas plataformas PEDro, PubMED, Lilacs, SciELO e Medline para uma revisão de literatura cientifica com busca na base de dados no período de Junho a Outubro de 2020. Foram incluídos artigos publicados no período de 2015 e 2020, em português e inglês utilizando os seguintes descritores: “Puerpério”, “Diástase abdominal”, “Fortalecimento” e seus correlatos específicos identificados no Medical Subject Headings (MESH) e nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS): “Postpartum Period"," Abdominal diastasis "," Strengthening”. Foi realizada a leitura do título e resumo de todos os artigos encontrados e selecionados apenas aqueles que apresentavam aos seguintes critérios de inclusão: artigos do tipo ensaio clínico randomizados ou não e estudos experimentais, realizados com mulheres com idade entre 18 e 45 anos no puerpério tardio e remoto com diástase abdominal e sua reabilitação através do fortalecimento muscular. Foram excluídos estudos duplicados, artigos não http://www.amazonlivejournal.com/ 4 v. 2, n.4, p. 1-13, 2020 ISSN:2675-343X www.amazonlivejournal.com disponíveis na integra e os que não trouxeram desfechos referentes a mensuração da diástase dos músculos reto abdominais após o fortalecimento. A avaliação da qualidade dos estudos incluídos na revisão foi realizada utilizando a escala PEDro que analisa a validade interna e descrição estatística dos ensaios clínicos, não levando em consideração a validade externa do estudo, generalização dos resultados ou a magnitude do efeito do tratamento. A pontuação se dá por meio da soma dos critérios considerados satisfatórios dos itens 2 ao 11, o 1 item não sendo contabilizado por tratar da validade externa do estudo (SHIWA, 2011). Os estudos foram classificados com alta qualidade quando obtiveram de 6 a 10 pontos, média de 4 a 5 e baixa de 0 a 3 (SILVA, 2017). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A busca nos bancos de dados PEDro, PubMED, Lilacs, SciELO, Medline e busca manual resultou em 56 artigos. Foi realizada então a leitura dos títulos e resumos, excluindo-se 34 estudos por não atenderem aos critérios de inclusão. Doze artigos foram selecionados para leitura na integra e 7 foram excluídos, 4 por avaliarem somente o efeito imediato durante a contração muscular, 1 por incluir mulheres no puerpério imediato, 1 por incluir nulíparas e 1 por incluir homens e nulíparas em seus estudos. Ao final, 5 artigos foram incluídos na presente revisão. A figura 1 apresenta o fluxograma com os critérios de exclusão dos estudos. Figura 1. Fluxograma do estudo http://www.amazonlivejournal.com/ 5 v. 2, n.4, p. 1-13, 2020 ISSN:2675-343X www.amazonlivejournal.com Os artigos utilizados nessa revisão foram classificados como estudos de alta qualidade, obtendo média entre 6 a 8 pontos na escala PEDro. O quadro 1 apresenta as características de qualidade metodológicas dos artigos. Quadro 1. Qualidade metodológica dos estudos incluídos na revisão Estudo Pontuação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Pontuação total GLUPPE, et. al., 2018 1 1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 8/10 KESWANI, et. al., 2019 1 1 0 1 0 0 1 1 0 1 1 6/10 THABET, et. al., 2019 1 1 0 1 0 0 1 1 0 1 1 6/10 WALTON et. al, 2016 1 1 0 1 0 0 1 1 1 1 1 7/10 TUTTLE, et. al., 2018 1 1 1 1 0 0 1 1 0 1 1 7/10 Essa revisão incluiu resultados de 231 mulheres com idade entre 18 e 45 anos no puerpério tardio e remoto cujo tempo médio de pós-parto variava de 3 semanas a 3 anos. Os estudos tinham como objetivo realizar intervenções de fortalecimento muscular a fim de reduzir a DRMA. Os métodos utilizados para avaliar a diástase antes e após as intervenções foram ultrassonografia (KESWANI, 2019; TUTTLE, 2018; WALTON, 2016), palpação (GLUPPE, 2018) e paquimetria (THABET, 2019). Thabet (2019), Tuttle (2018) e Walton (2016) realizaram programas de fortalecimento abdominal e concluíram que tais exercícios provocaram melhora na redução da DRMA. Em contrapartida, nos estudos realizados por Gluppe (2018) e Keswani (2019), os exercícios realizados não resultaram em diferença significativa na redução da DMRA. Somente um dos estudos avaliou a qualidade de vida (THABET, 2019), utilizando o questionário de qualidade de vida SF-36. Os estudos de Gluppe, (2018) e Walton (2016) utilizaram um protocolo de fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico associado ao fortalecimento dos músculos abdominais variando a frequência semanal, no primeiro realizando a intervenção uma vez na semana e o segundo três. Os trabalhos de Tuttle (2018) e Thabet (2019) também apresentaram protocolos semelhantes envolvendo prancha, fortalecimento dos músculos transversos abdominais em diferentes posições e isometria abdominais associados a respiração diafragmática e contração dos músculos do assoalho pélvico, com frequência de 3 vezes semanais e 20 repetições para cada exercício e manutenção de isometria durante 5 segundos. Já o estudo de Keswani (2019) utilizou exercícios de fortalecimento abdominal associados a cinta, uma vez na semana durante 12 semanas. A tabela 1 mostra a característica dos estudos nesta revisão. Tabela 1. Características dos estudos incluídos na revisão Autor/Ano Objetivo Amostra Avaliação Intervenção Resultado KESHWANI; MATHUR; Comparar o efeito de dois Foram incluídas 32 Palpação digital medidos Oito mulheres foram inseridas O grupo que participou do http://www.amazonlivejournal.com/ 6 v. 2, n.4, p. 1-13, 2020 ISSN:2675-343X www.amazonlivejournal.com MCLEAN, 2019 protocolos de tratamento na DMRA: Um usando somente exercícios abdominais e outro fazendo compressão abdominal através de cinta com duração de 12 semanas. primíparas em fase de puerpério tardio que tiveram parto vaginal e idades de 18 a 35 anos. em 4 pontos da linha alba (3 e 5 cm acima do umbigo, e 3 cm abaixo do umbigo), as pacientes eram orientadas a ficar em decúbito dorsal, manter uma leve flexão de cabeça e permanecer com pescoço e coluna nivelados enquanto desencostava ligeiramente de um travesseiro que estava atrás da cabeça. As participantes também tiveram a DRA analisada por ultrassom. em 4 grupos distintos: 1) Cinesioterapia; 2) Somente uso de cinta; 3) Terapia combinada: cinesioterapia e uso de cinta e 4) Controle (sem intervenção). tratamento somente com exercícios apresentou um resultado insatisfatório quando comparado com o grupo controle, que não passou por nenhuma intervenção. THABET, et. al., 2019 Avaliar a eficácia de um programa de exercícios de estabilidade dos músculos do core no fechamento da DMRA e a melhora na qualidade de vida. Foram incluídas 40 mulheres com idade entre 22 e 35 anos, índice de massa corporal menor ou igual a 29, após 3 a 6 meses de pós parto que Para medir a DRMA utilizou- se o paquímetro, posicionava- se o instrumento4,5 cm acima do umbigo. Para avaliar a qualidade de As mulheres foram divididas em dois grupos, o primeiro foi submetido aos exercícios de fortalecimento dos músculos do core (exercício de prancha, O programa de fortalecimento dos músculos do core é um tratamento eficaz na DMRA e na melhora da qualidade de vida no pós- parto. http://www.amazonlivejournal.com/ 7 v. 2, n.4, p. 1-13, 2020 ISSN:2675-343X www.amazonlivejournal.com apresentaram DMRA vida utilizou-se o SF-36. contração abdominal isométrica e exercícios tradicionais de fortalecimento dos músculos abdominais O segundo grupo realizou contração abdominal estática, inclinação pélvica posterior e rotação de tronco. Ambas realizaram o tratamento 3 vezes na semana durante 8 semanas. GLUPPE, et. al., 2018 Avaliar o efeito de um programa de treinamento pós-parto na prevalência de diástase reto abdominal. Foram incluídas 175 mulheres primíparas, submetidas ao parto vaginal, que tiveram um único bebê após mais de 32 semanas de gestação. A avaliação da diástase foi feita através da palpação digital. As medidas foram feitas no umbigo, 4,5 cm acima e abaixo dele. A DRMA era considerada presente se a distância entre os músculos fosse maior que dois centímetros ou houvesse uma separação visível da linha O programa de treinamento teve início 6 semanas após o parto com uma aula semanal durante 16 semanas. O principal foco era o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico. Em associação foram utilizados ainda o fortalecimento dos músculos A implementação de um programa de treinamento visando fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico e retos abdominais não reduziu a incidência de DMRA. http://www.amazonlivejournal.com/ 8 v. 2, n.4, p. 1-13, 2020 ISSN:2675-343X www.amazonlivejournal.com alba. Essa avalição foi realizada antes e depois do período de intervenção e novamente após 6 e 12 meses pós- parto. abdominais e coxa. Solicitou- se as pacientes que reproduzissem os exercícios em casa. TUTTLE et. al., 2018 Avaliar qual método não invasivo de fisioterapia é mais eficaz na redução da DMRA. Foram incluídas 33 mulheres com 6 a 12 semanas de pós-parto e separação palpável dos músculos reto abdominal. A avaliação foi realizada através de imagens de ultrassom. As medidas foram feitas 4.5 cm acima e abaixo do umbigo em duas condições: com a paciente em supino em repouso e com elevação de tronco. As pacientes foram divididas em 4 grupos: Fortalecimento dos músculos abdominais (10), kinesiotaping (8), ambos (5) e grupo controle (7). Os exercícios de fortalecimento foram realizados em 4 posições: supina, quatro apoios, lateral e sentado, realizando 10 repetições em cada posição durante 4 a 5 vezes na semana. Os grupos que utilizaram a kinesiotaping realizaram em padrão de X abaixo do umbigo durante 12 semanas com utilização Os grupos que realizaram o fortalecimento obtiveram uma maior redução na DMRA. http://www.amazonlivejournal.com/ 9 v. 2, n.4, p. 1-13, 2020 ISSN:2675-343X www.amazonlivejournal.com direta durante 4 a 7 dias. WALTON et. al., 2016 Apontar discrepância relevante na realização de protocolos de tratamento tradicional e experimental de estabilização central com a duração de 6 semanas. Foram inclusas 9 puérperas (dentro do intervalo de tempo de 3 meses a 3 anos) com idades entre 18 a 45 anos. Imagens de ultrassom e pinças de náilon digital. Antes de iniciar os protocolos, as puérperas fizeram medições de DRA em repouso e em contração em 3 pontos, sendo eles: 4,5 cm acima do umbigo, no nível e abaixo dele. As participantes foram separadas nos dois grupos de forma casual. O grupo de tratamento tradicional fez uso de órteses abdominal e realizou os seguintes exercícios: abdominais, inclinação pélvica posterior, kegel e flexão russa (3 séries de 10 repetições cada). O grupo de tratamento experimental também utilizando órtese fez tais exercícios: prancha, inclinação pélvica posterior, kegel e flexão russa. (3 séries de 10 repetições, a prancha era sustentada por 10 segundos em cada repetição). Analisando os resultados dos dois grupos coletivamente, não houve desfecho expressivo no que diz respeito ao fechamento da DRA. Porém, nos dois grupos foi notável uma amenização de DRA em nível umbilical. Sendo mais significativa essa mudança no grupo de protocolo tradicional quando comparadas as medidas antes e após o tratamento. Fonte: Autores do artigo, citados no referencial bibliográfico. http://www.amazonlivejournal.com/ 10 v. 2, n.4, p. 1-13, 2020 ISSN:2675-343X www.amazonlivejournal.com Esta revisão obteve como resultado cinco artigos que realizaram protocolos de fortalecimento abdominal com o intuito de reduzir a DMRA em mulheres no puerpério tardio e remoto. A DMRA resulta da separação dos músculos reto abdominal por toda a extensão da linha alba. Tal condição pode afetar grande parte das mulheres durante a gestação e no puerpério desencadeando dores lombares, deficiência funcional, déficit na sustentação postural e estética, prejudicando ainda a qualidade de vida. A fisioterapia vem sendo sugerida como um método não cirúrgico eficaz no tratamento da DMRA (MÜLLER, 2018). Walton et al. (2016), Tuttle et al. (2018), Thabet et al. (2019), investigaram a efetividade de protocolos de tratamento tendo como base exercícios ativos de abdômen e houve confirmação da melhora da DMRA nas puérperas em fase remota e tardia. Ademais, Thabet et al. (2019) identificaram resposta favorável na qualidade de vida das mulheres analisadas. Keshwani et al. (2019), Gluppe et al. (2019), observaram que protocolos de tratamento usando somente a cinesioterapia ou em conjunto com outros grupos musculares não evidenciaram resultados que a DMRA diminuiu nas puérperas em fase tardia. Esse resultado pode se justificar ao fato de que o programa de tratamento incluía somente uma intervenção semanal tendo em vista que guideline publicado pela American College of Sports Medicine (ACSM) afirma que é necessária uma frequência de no mínimo 2 ou 3 vezes semanais para o aumento e manutenção da resistência e força muscular (GARBER, 2011). Walton et al. (2015) inferiram através de estudo que um programa de fortalecimento abdominal demonstrou resultado positivo na diminuição da DMRA confirmando a efetividade da cinesioterapia nas puérperas em estágio remoto e tardio. Tuttle et al. (2018) identificaram ao longo de um estudo com 30 mulheres em puerpério remoto que executaram exercícios com foco no transverso abdominal foram capazes de reduzir a DMRA, as participantes do estudo passaram por mensuração pré e pós método terapêutico proposto com palpação digital e imagens de ultrassom respectivamente. Thabet et al. (2019) incluíram em seu estudo 40 mulheres em puerpério tardio, foram avaliadas por paquímetro e submetidas a um programa de fortalecimento de musculatura do core, obtiveram então a conclusão de que o tratamento foi satisfatório na DMRA, tendo impacto também na qualidade vida de vida das puérperas. Resultado semelhante foi encontrado por Lima em 2015, utilizando um protocolo constituído por exercícios de ponte, contração ativa de abdômen com flexão de tronco, prancha e ginástica hipopressiva, após intervenção verificou decréscimo dos espaços interretos. As pacientes com DMRA apresentamhipotonia e hipotrofia, em estudo realizado por Mesquita (1999) notou-se através da eletromiografia que os exercícios abdominais estimulam esses músculos melhorando a tonicidade e aumentando a circunferência muscular auxiliando na redução do espaço entre músculos retos. O estudo realizado por Thabet et al. em 2019 avaliou a qualidade de vida das pacientes com DMRA através do Short Form Health Survey 36 (SF-36) antes http://www.amazonlivejournal.com/ 11 v. 2, n.4, p. 1-13, 2020 ISSN:2675-343X www.amazonlivejournal.com e depois do tratamento apontando melhora na qualidade de vida das pacientes do grupo intervenção que foi submetido fortalecimento dos músculos do core, principalmente na realização de atividades moderadas e vigorosas, subir escadas, levantar ou carregar mantimentos e andar mais de um quilometro. Resultado semelhante foi encontrado por Zapille-lucis em 2009, que realizou um estudo de caso com uma paciente com DMRA e utilizou como tratamento exercícios de fortalecimento e estabilização dos músculos do core durante 6 semanas, a paciente avaliada obteve melhores pontuações nos aspectos físicos e sociais do SF-36. A DMRA não causa diretamente desconforto ou dor, porém com o aumento extensivo da distância entre os retos pode interferir na capacidade dos músculos abdominais em produzir a estabilização do tronco, levando ao aparecimento de dores lombares e por consequência diminui a qualidade de vida (DIAS, 2012). A fisioterapia apresenta bons resultados no fechamento da diástase, melhorando seus sintomas e assim promovendo melhora da função e qualidade de vida (GUIMARÃES, 2003). Os resultados desta revisão implicam que mais pesquisas abordando o puerpério tardio e remoto precisam ser realizadas pois, não foram encontrados ensaios clínicos na língua portuguesa e, na inglesa foram escassos, sobretudo os que possuem uma boa qualidade para incluir nessa revisão. Os estudos que obtiveram os melhores resultados na redução da DMRA apresentaram um protocolo médio de 6 semanas, composto por exercícios de prancha, fortalecimento de transversos em diferentes posições, isometria abdominal associados a respiração diafragmática e contração dos músculos do assoalho pélvico, com 20 repetições para cada exercício e frequência de 3 dias na semana. Esse modo de intervenção foi muito divergente entre os artigos podendo ser este o motivo pelo qual alguns não tiveram resultados satisfatórios, assim sugere-se que fortalecimento da musculatura abdominal é eficaz no tratamento da DMRA quando aplicado com um protocolo adequado. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A DMRA resulta da separação dos músculos reto abdominal por toda a extensão da linha alba, esta condição atinge mulheres durante o período gestacional e o puerpério desencadeando lombalgias, deficiência funcional, déficit na sustentação postural e qualidade de vida. A maioria dos estudos analisados, encontraram resultados positivos após o fortalecimento muscular na redução do espaço entre os retos do abdome, além de achados na melhora da qualidade de vida. Somente dois artigos obtiveram desfechos insatisfatórios uma vez que o protocolo utilizado foi executado em uma frequência muito reduzida. http://www.amazonlivejournal.com/ 12 v. 2, n.4, p. 1-13, 2020 ISSN:2675-343X www.amazonlivejournal.com 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARACHO, E. Fisioterapia aplicada à obstetrícia, uroginecologia e aspectos de mastologia. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. BRÁZ, Yara Larissa Oliveira da Silva; SILVA, Sabrina Barbosa; SILVA, Geilza Carla de Lima. Recursos fisioterapêuticos na reabilitação da diástase no puerpério: uma revisão sistemática. III COBRACIS, 2018. DUARTE, Geraldo; OLIVEIRA, Rodrigo C.; BATISTA, Roberta Leopoldino A.; DIAS, Letícia Alves R.; FERREIRA, Cristine Homsi J. 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