Prévia do material em texto
Imunologia – Prof. Américo Focesi Pelicioni - 23/9/2024 – pág 1 IMUNOLOGIA É a área de conhecimento que estuda a IMUNIDADE, que por sua vez, consiste em um conjunto de mecanismos de defesa do organismo contra a ação de elementos estranhos, potencialmente nocivos ao organismo, tais como: microrganismos, substâncias químicas e células tumorais. Existem duas formas de imunidade: • inata (imunidade inespecífica) e • adaptativa (imunidade específica). www.youtube.com/watch?v=z3M0vU3Dv8E (imunidade - 14m) http://www.youtube.com/watch?v=z3M0vU3Dv8E Imunologia – Prof. Américo Focesi Pelicioni - 23/9/2024 – pág 2 A imunidade inata protege o organismo contra agentes agressores inespecíficos: • a pele e as mucosas, que impedem mecanicamente a penetração de corpos estranhos e microrganismos. • lisozima, que é uma enzima que promove bacteriólise (lise bacteriana) e está presente em secreções como o suor, a saliva e a lágrima, • o ácido clorídrico do estômago, que mantém o pH próximo de 2 e torna o ambiente inóspito para a maioria dos microrganismos, • o muco do sistema respiratório que retém e aglutina bactérias e material particulado inalado, e que também é rico em lisozima, • a bile secretada no intestino, que age como detergente, promovendo a bacteriólise, • o bicarbonato que eleva o pH do intestino, matando microrganismos que não toleram pH elevado, • o pH vaginal, cujo ambiente ácido inibe a proliferação de alguns fungos e bactérias, • o espirro, a tosse, a diarreia e o vômito, que expulsam microrganismos e toxinas, minimizando seus efeitos nocivos ao organismo, • as células fagocitárias, como neutrófilos, macrófagos, monócitos e células dendríticas, que “caçam” e engolfam corpos estranhos, microrganismos, substâncias exógenas, entre outros copos estranhos, • a microbiota (flora indígena, flora microbiana) formada por bactérias e fungos que normalmente vive em nossa pele, mucosas, intestino, e que impede a colonização de microrganismos patogênicos e de oportunistas. Obs. Alguns autores não consideram a microbiota como parte da nossa imunidade, pois são seres vivos independentes, outros entretanto, reconhecem que devido à sua importância na defesa do nosso corpo, poderiam estar nessa categoria. Já a imunidade específica ou adaptativa resulta da adaptação do organismo contra uma agressão específica, como uma infecção ou envenenamento. Essa imunidade complementa a defesa inata e é composta por diversos componentes, principalmente as imunoglobulinas (anticorpos). A imunidade adaptativa tem duas características importantes: • a especificidade da resposta contra determinados corpos estranhos e • a memória imunológica após um primeiro contato com determinados antígenos (exposição primária), que permite ao sistema imune produzir uma resposta secundária bem mais rápida e eficiente nos contatos subsequentes com o mesmo patógeno. Isso ocorre por conta da formação de células de memória, capazes de reconhecer e combater mais rapidamente os agentes agressores em uma exposição secundária, mesmo após anos da exposição original. A imunidade adaptativa pode ser dividida em: • naturalmente adquirida e • artificialmente adquirida. Imunologia – Prof. Américo Focesi Pelicioni - 23/9/2024 – pág 3 A imunidade adaptativa naturalmente adquirida pode ser ativa quando há contato com agentes agressores, como bactérias, vírus, protozoários e fungos, e o organismo tem que se adaptar para debelar a infecção, produzindo anticorpos específicos. Mas também pode ser passiva, passada da mãe para o filho, que por sua vez, recebe os anticorpos que a mãe produziu durante sua exposição ao agente. Durante a vida intrauterina o bebê humano e de outros primatas recebem imunoglobulinas das suas mães, de forma natural passiva: as imunoglobulinas do tipo gama (anticorpos IgG) da mãe ultrapassam a barreira placentária atingindo o líquido amniótico, o trato digestório e o sangue do bebê, fornecendo deste modo, proteção específica contra os patógenos presentes nos ambientes que sua mãe frequentou nos últimos meses. O colostro é uma secreção concentrada, viscosa, amarelada e riquíssima em imunoglobulinas do tipo A (anticorpos IgA), que fornece grande parte da imunidade do bebê nos primeiros dias de vida. Com o passar dos dias, o colostro é substituído pelo leite materno, que possui mais nutrientes e é mais claro e menos viscoso que o colostro, mas ainda rico em IgA. Após o sexto mês do nascimento, a concentração de anticorpos diminuem, justamente quando o sistema imune do bebê está mais maduro e competente para produzir seus próprios anticorpos, a partir das exposições aos antígenos do ambiente onde vive. A imunidade artificialmente adquirida também pode ser passiva ou ativa. Na imunidade adaptativa artificialmente adquirida ativa utilizam-se vacinas contra doenças como covid, poliomielite, gripe, febre amarela, hepatite, raiva e tétano, para permitir ao organismo aprender a combater os verdadeiros patógenos dessas doenças, por meio da criação de anticorpos específicos. Com vacinas, simulamos de forma mais segura uma exposição ao patógeno verdadeiro. Deste modo, num contato subsequente com o patógeno verdadeiro (exposição secundária), o organismo conseguirá combatê-lo rapidamente e de forma mais efetiva (resposta secundária), inviabilizando a sua colonização e reduzindo danos ao organismo. Na imunidade adaptativa artificialmente adquirida passiva, utilizam-se soros contendo anticorpos IgG contra infecções, toxinas, peçonhas ou venenos, tais como soro antirrábico (contra raiva), anti-hepatite b, antitetânico, antibotulínico, antiescorpiônico, antiofídico (contra veneno de cobra), antiaracnídico (contra veneno de aranha), e até contra medicamentos, como soro antidigitálico (contra digoxina). Esses soros são retirados do sangue de animais como cavalos e cabras que foram previamente inoculados com os respectivos agentes infecciosos ou toxinas e por isso, passaram a produzir anticorpos específicos para se defenderem desses agentes. Em seguida, depois de purificado, o soro é injetado no paciente, defendendo-o imediatamente contra os mesmos agentes que foram inoculados nos animais doadores. Outra situação em que se utiliza a imunidade adaptativa artificial passiva é quando se aplica numa paciente gestante ou em trabalho de parto, o soro anti-anti-RhD (Rhogan), que evita que anticorpos maternos prejudique as hemácias do feto quando há incompatibilidade sanguínea entre os dois (a mãe é RH- e o feto é RH+). Imunologia – Prof. Américo Focesi Pelicioni - 23/9/2024 – pág 4 Determinados pacientes, sobretudo com imunodeficiências, viroses ou transplantados podem receber uma mistura de soro de milhares de doadores, chamada Gamaglobulina, que ajuda a protegê-los contra uma variedade enorme de patógenos e toxinas. Imunologia – Prof. Américo Focesi Pelicioni - 23/9/2024 – pág 5 SISTEMA LINFÁTICO O sistema linfático é um sistema de vasos, tecidos e órgãos que atuam em conjunto para transportar e filtrar a linfa, um líquido claro que contém células brancas do sangue e outros detritos celulares, de volta à circulação sanguínea. O sistema linfático tem várias funções importantes, incluindo remoção de líquido e proteínas dos tecidos, transporte de gorduras do trato digestório e defesa. Os vasos linfáticos correm paralelamente aos vasos sanguíneos, transportam a linfa dos tecidos e órgãos para ser devolvida à circulação sanguínea por meio de grandes vasos linfáticos que se unem às veias provenientes do pescoço. Além dos vasos linfáticos, participam do sistema: órgãos filtradores como os linfonodos e as tonsilas e as células brancas (leucócitos). Os capilares linfáticos estão presentes em quase todos os tecidos do corpo, vão se unindo em vasos linfáticos cada vez maiores, que terminam em dois grandes vasos principais:• duto torácico, que recebe a linfa procedente da parte inferior do corpo, do lado esquerdo da cabeça, do braço esquerdo e de partes do tórax e • duto linfático, que recebe a linfa procedente do lado direito da cabeça, do braço direito e de parte do tórax. Ambos os dutos desembocam em veias localizadas entre o coração e o pescoço (veias subclávias esquerda e direita), onde a linfa se mistura com o sangue e volta à circulação. Imunologia – Prof. Américo Focesi Pelicioni - 23/9/2024 – pág 6 Linfa, do latim “limpha”, deriva do grego “numphe”, que significa água corrente, córrego límpido e puro, é líquido incolor ou levemente amarelado de composição semelhante à do sangue, sem hemácias ou plaquetas, mas abundante em células brancas, principalmente linfócitos. Os vasos linfáticos possuem válvulas unidirecionais, que impedem o refluxo da linfa, mas não possuem uma bomba como o coração. Por isso, após algum período em pé ou sentado, é importante contrair os músculos da perna para auxiliar a “drenagem linfática” e venosa. Especialistas recomendam que a cada hora sentada, a pessoa fique em pé e se movimente por alguns minutos e quando isso não for possível, como em viagens longas, que pelo menos sejam feitos exercícios musculares, por exemplo, escrevendo o alfabeto inteiro com cada um dos pés. • https://www.youtube.com/watch?v=7u2Hlt A4Bpo (10m – Sistema Linfático) ÓRGÃOS LINFOIDES: Um órgão linfoide é uma estrutura do sistema imunológico responsável por produzir, armazenar e/ou maturar células do sistema imunológico. Eles podem ser divididos em primários e secundários. Órgãos linfoides primários ou centrais são aqueles que produzem células imunológicas originais, fornecendo leucócitos que “colonizarão” os órgãos secundários. Os principais órgãos primários são o timo e a medula óssea, podendo ainda se considerar o fígado fetal nessa categoria. Inicialmente, a atividade hematopoiética está restrita ao saco vitelino até seis a oito semanas de idade gestacional, momento em que o fígado do feto passa a ser o principal local de produção de células do sangue fetal. Por volta da vigésima semana, a medula óssea torna-se o principal órgão da hematopoiese, seguido pelo timo, enquanto o fígado gradativamente deixa de ser um órgão hematopoiético. Portanto, em adultos, a medula óssea e o timo são os órgãos linfoides primários. https://www.youtube.com/watch?v=7u2HltA4Bpo https://www.youtube.com/watch?v=7u2HltA4Bpo Imunologia – Prof. Américo Focesi Pelicioni - 23/9/2024 – pág 7 MEDULA ÓSSEA - É responsável pela produção de todas as linhagens de células do sangue (hematopoese), por meio da diferenciação de células pluripotentes (células tronco) hematopoiéticas, que possuem a capacidade de se transformar em eritrócitos, plaquetas, neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos ou monócitos. Após o nascimento, a maioria das células do sangue é produzida pela medula óssea, o miolo gelatinoso que preenche o interior dos ossos. Nessa época, a medula de praticamente todos os ossos é vermelha, sendo capaz de produzir células sanguíneas até os cinco anos de idade. Citologia de uma medula óssea, com várias células imunocompetentes e outras células sanguíneas imaturas. No canto superior direito pode ser vista uma célula tronco medular sofrendo mitose. A partir daí, a medula dos ossos longos torna-se mais gordurosa (medula amarela), e deixa de produzir células, principalmente após os vinte anos de idade, com exceção do úmero e tíbia que continuam produzindo células do sangue a vida toda. Nos adultos, vértebras e costelas, alguns ossos curtos, tíbia, úmero, ossos do crânio, esterno e pelve são os grandes produtores de células sanguíneas. TIMO - Glândula localizada na parte anterossuperior do tórax, por detrás do esterno e adiante do coração, na região do mediastino superior. O órgão é originado a partir da sexta semana de vida embrionária, e é o primeiro a iniciar a produção de glóbulos brancos. O timo não participa diretamente das reações imunológicas porque está protegido da exposição aos antígenos por uma membrana epitelial que cerca os vasos sanguíneos que passam por ele (porção cortical tímica), mas fornece o ambiente ideal para a proliferação, diferenciação e maturação de linfócitos T. Assim como muitos ossos, na idade adulta o timo para de produzir novas células brancas, mas continua amadurecendo linfócitos T que são produzidos pela medula óssea, são atraídos para o timo, entram pelo córtex, passam para a medula do timo, onde se diferenciam, adquirem novas funções, e saem em direção aos tecidos periféricos. Órgãos linfoides secundários ou periféricos capturam antígenos provenientes do sangue, da linfa, dos alimentos e do ar, armazenam linfócitos B e linfócitos T maduros, fornecem ambiente adequado para a expansão clonal de linfócitos e para a produção de Imunoglobulinas (anticorpos). Imunologia – Prof. Américo Focesi Pelicioni - 23/9/2024 – pág 8 Os órgãos secundários também produzem células imunológicas, mas estas são cópias (CLONES) de células que foram produzidas nos órgãos linfoides primários. São considerados órgãos linfoides secundários os linfonodos, o baço, o MALT e as placas de Peyer, além das tonsilas. LINFONODOS (nódulos ou gânglios linfáticos) são estruturas encapsuladas em forma de feijão ou arredondadas, localizadas nas junções dos trajetos linfáticos. Normalmente medem de 1 a 10 mm, mas em caso de infecção podem aumentar drasticamente de tamanho a ponto de se tornarem palpáveis (ínguas). Funcionam como filtros do sistema linfático, capturando partículas estranhas, restos celulares provenientes da linfa, portanto, dos fluidos intersticiais. Enquanto as partículas “invasoras” são retidas nos linfonodos, linfócitos T localizados nessas estruturas podem ser “apresentados” a elas e assim, começam a produzir substâncias que iniciam uma reação imunológica. Essa resposta frequentemente induz a multiplicação e o amadurecimento de linfócitos T e B, que juntos, defendem melhor o organismo e debelam a infecção. Porém, essa multiplicação de células imunológicas (expansão clonal), faz com que ocorra a formação de linfonodomegalias, as ínguas. Como o nódulo que incha é o mais próximo da área onde o patógeno se encontra, a palpação é frequentemente utilizada para encontrar o local onde uma infecção está ocorrendo. Imunologia – Prof. Américo Focesi Pelicioni - 23/9/2024 – pág 9 Por exemplo, uma lesão no dedo da mão direita possivelmente gerará resposta num gânglio próximo ao cotovelo ou às axilas do mesmo membro. Quando um paciente faz mastectomia (retirada da mama) por causa de um tumor, é comum que se faça também a retirada do ramo linfático e o linfonodo mais próximo da área afetada. Isso serve para “estadiar” o tumor e para minimizar o risco de metástase, ou seja, com isso, procura-se descobrir se o tumor já está se espalhando e até existe a possibilidade de impedir que alguma célula desprendida do tumor primário, mas que tenha sido retida no gânglio, consiga colonizar outras regiões do organismo. www.youtube.com/watch?v=xtzbdeW_cuY – (12m - Vasos Linfáticos, linfonodos e tonsilas) TONSILAS - são agrupamentos de tecido linfoide estrategicamente localizados nas principais portas de entrada de uma série de patógenos aéreos e alimentares. As tonsilas palatinas (amídalas) e as tonsilas faríngeas (adenoides ou carne esponjosa) são as mais conhecidas, mas ainda existem as tonsilas linguais na área de inserção da língua e as tonsilas tubárias, localizadas próximas à abertura das tubas auditivas, que conectam o ouvido médio à garganta. As tonsilas funcionam mais ou menos como os linfonodos, (sendo inclusive consideradas como tal por alguns autores): permitem a captura de antígenos, que podem ser apresentados aos linfócitos T, que lá semultiplicam em caso de infecções, tornando-as inchadas e doloridas. As amídalas são cheias de buraquinhos, as criptas, onde se acumulam restos de alimentos, saliva e bactérias que formam uma massinha amarelada chamada de caseum e que pode provocar mau hálito e gosto ruim na boca, um sinal de amidalite crônica. Antigamente era mais comum extrair amídalas e adenoides de quem tinha amidalites e adenoidites recorrentes, mas hoje, tenta-se preservá-las, já que podem constituir barreiras às infecções. Entretanto, o artigo abaixo “Repercussão da adenotonsilectomia sobre o sistema imune a curto e longo prazo” não encontrou diferença significativa na http://www.youtube.com/watch?v=xtzbdeW_cuY Imunologia – Prof. Américo Focesi Pelicioni - 23/9/2024 – pág 10 quantidade de linfócitos e de anticorpos em crianças submetidas à retirada das tonsilas em comparação àquelas que tiveram os órgãos preservados. www.scielo.br/j/bjorl/a/bmGNHbMHwT5xwZM8KRJPYyf/?lang=pt BAÇO - Trata-se de um órgão esponjoso, macio e de cor púrpura, quase do tamanho de um punho e localizado na região superior esquerda da cavidade abdominal, logo abaixo das costelas, que funciona como dois órgãos distintos: a polpa branca faz parte do sistema imune, filtrando antígenos da circulação sanguínea e armazenando células brancas como os linfócitos B. A principal diferença entre baço e linfonodos, é que o baço filtra sangue e não linfa. Quando se remove o baço (esplenectomia), o corpo perde parte da sua capacidade de produzir anticorpos e remover partículas bacterianas do sangue. Consequentemente, a capacidade do corpo de http://www.scielo.br/j/bjorl/a/bmGNHbMHwT5xwZM8KRJPYyf/?lang=pt Imunologia – Prof. Américo Focesi Pelicioni - 23/9/2024 – pág 11 combater infecções fica reduzida por um tempo. Entretanto, após um breve período, outros órgãos aumentam sua capacidade de combate às infecções, compensando a perda do órgão. Por isso, antes e após uma esplenectomia eletiva é recomendável que o indivíduo seja vacinado contra agentes infecciosos comuns, tais como: • Vacina pneumocócica conjugada (VPC13) e polissacarídica (VPP23): protegem contra pneumonia, meningite e septicemia causadas por diversos sorotipos (13 e 23, respectivamente) de pneumococos. • Vacina meningocócica conjugada (MenACWY): previne meningite, septicemia e infecções causadas por bactérias meningocócicas dos tipos A, C, W e Y. • Vacina contra Haemophilus influenzae tipo b (Hib): previne meningite, pneumonia e infecções causadas pela bactéria Hib. • Vacina contra a influenza: recomenda-se que recebam a vacina todos os anos, pois apresentam maior risco de complicações graves decorrentes da gripe. • Vacina contra a varicela: a vacina contra a catapora pode ser recomendada mesmo para pessoas que tiveram varicela ou que receberam vacina antes do procedimento. Além dessas, é importante que mantenham atualização das vacinas do calendário, como vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e contra a hepatite B. TECIDO LINFÓIDE ASSOCIADO A MUCOSAS (MALT - sigla em inglês para "Mucosa- Associated Lymphoid Tissue") é um sistema difuso com pequenas concentrações de tecido linfoide em várias partes do corpo, incluindo trato respiratório, gastrointestinal, geniturinário e ocular, formando folículos linfáticos adjacentes às lâminas próprias dessas estruturas. É considerado o maior dos órgãos linfoides, possuindo em si quase 80% de todos os linfócitos do organismo. Esse tecido é formado por células especializadas do sistema imunológico, como linfócitos e células dendríticas, além de células M, que trabalham juntas para proteger o corpo contra infecções. As células M (microfold cells) são células que permitem a entrada de antígenos do lúmen intestinal para o tecido linfoide subjacente, onde linfócitos e outras células do sistema imunológico podem reconhecê-los. O MALT é especialmente importante para proteger áreas com grande exposição a patógenos, como as mucosas. Apesar do nome ter sido originalmente dado ao tecido encontrado logo abaixo das mucosas, o mesmo tipo de estrutura também pode ser encontrado em pele e vasos: • GALT (tecido linfoide associado aos intestinos), • CALT (tecido linfoide associado à conjuntiva), • VALT (tecido linfoide associado aos vasos), • BALT (tecido linfoide associado aos brônquios), • SALT (tecido linfoide associado à pele) e Imunologia – Prof. Américo Focesi Pelicioni - 23/9/2024 – pág 12 • NALT (tecido linfoide associado ao nariz) Além desses tecidos, o MALT pode ser encontrado também próximo às glândulas mamárias, salivares e lacrimais, nos órgãos urogenitais e no ouvido interno. Apesar de apresentarem características morfológicas distintas em cada uma das áreas citadas, possuem muitas semelhanças entre si: o papel de neutralizar e capturar antígenos que tentam invadir o organismo. Placas de Peyer são estruturas visíveis a olho nu, também formadas por agregados de linfócitos, principalmente na região do íleo, e que se apresentam de forma mais organizada e maiores que os folículos linfáticos mais comuns a outras áreas do MALT.