Prévia do material em texto
11 Alice Rocha de Magalhães; André Anjos da Silva; Gabriella Melo Fontes Silva Dias; Katia Regina Marchetti; Lucas Lonardoni Crozatti; Natália Ivanovna Bernasovskaya Garção CLÍNICA MÉDICA XI DOENÇAS ECZEMATOSAS 2 SUMÁRIO DOENÇAS ECZEMATOSAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 2. Dermatite atópica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 2.1. Introdução e fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 2.2. Quadro clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2.3. Tratamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 3. Dermatite de contato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 3.1. Dermatite de contato por irritante primário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 3.2. Dermatite de contato alérgica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 4. Dermatite seborreica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Mapa mental . Principais doenças eczematosas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 5. Outros eczemas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 5.1. Eczema numular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 5.2. Eczema de estase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 5.3. Eczema disidrótico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3 DOENÇAS ECZEMATOSAS O QUE VOCÊ PRECISA SABER? u “Eczema” constitui uma via final que pode ter diversas etiologias associadas à inflamação. u Pode ser visto como sinônimo de “dermatite”, contudo com algumas particularidades. u Por esse motivo, “eczema” não é um diagnóstico. u Envolvem predisposição genéticas, exposição a fatores de risco e a estímulos exógenos, em diferentes graus. u O estudo anatomopatológico traz achados sugestivos de “eczema”. u Pode ser agudo, subagudo ou crônico. 1. INTRODUÇÃO BASES DA MEDICINA Na Dermatologia, as lesões clínicas possuem correspon- dências histopatológicas. Portanto, para melhor com- preender a fisiopatologia e o quadro clínico das doenças eczematosas, vamos relembrar alguns conceitos. u Espongiose: edema intercelular na Camada de Malpighi que ocasiona o afastamento entre os queratinócitos. É o mecanismo histopatológico que ocasiona a formação de vesículas. u Hiperqueratose: espessamento da camada córnea. u Acantose: aumento da espessura da Camada de Malpighi. Quando os cones epiteliais encontram- -se na mesma altura, é denominada de acantose regular, e quando se encontram em diferentes alturas, denominamos de acantose irregular. Eczemas são um grupo de dermatoses inflamatórias de etiologia variada, caracterizados por um padrão clínico e histopatológico específicos, que surgem a partir da interação de predisposição genética com exposição a fatores exógenos (Quadro 1). Quadro 1. Classificação de Eczemas. Exposição Predisposição Eczemas exógenos Dermatite de contato por irritante primário **** * Dermatite de contato alérgica *** ** Eczemas endógenos Dermatite seborreica ** *** Dermatite atópica * **** Fonte: Elaborado pela autora. importância/prevalência Doenças eczematosas Dermatologia 4 O eczema pode ser classificado quanto à sua evo- lução em agudo, subagudo e crônico, de acordo com as seguintes características: u Fase aguda: W Quadro clínico: eritema, edema e vesiculação (Figura 1). W Quadro histopatológico: intensa espongiose da epiderme, presença de vesículas, exoci- tose de linfócitos, vasodilatação e edema na derme papilar, além da presença de infiltrado linfocitário. Figura 1. Eczema – Fase aguda. Fonte: Ternavskaia Olga Alibec/Shutterstock.com¹. u Fase subaguda: W Quadro clínico: eritema e edema menos inten- sos, exsudação e crostas. W Quadro histopatológico: espongiose, microve- sículas, exocitose de linfócitos discreta, vaso- dilatação, edema da derme papilar e infiltrado linfocitário (Figura 2). Figura 2. Dermatite espongiótica. No maior aumento, evidência de eosinófilos. Fonte: Fonte: Gosmanova et al.³ u Fase crônica: W Quadro clínico: eritema, descamação e lique- nificação (Figura 3). W Quadro histopatológico: hiperqueratose, acan- tose irregular, espongiose leve, vasodilatação e infiltrado linfocitário na derme. Figura 3. Placas eritematoliquenificadas no dorso da mão. Fonte: Anthony Ricci/Shutterstock.com4. DIA A DIA MÉDICO O prurido é o sintoma mais predominante. Muitas vezes o termo dermatite é utilizado como sinônimo de eczema na prática. Deve-se evitar esse termo, pois existem outras dermatites não eczematosas. 2. DERMATITE ATÓPICA 2 .1 . INTRODUÇÃO E FISIOPATOLOGIA BASES DA MEDICINA A dermatite atópica é uma dermatose com fisiopatologia complexa. Para entendê-la, vamos relembrar um pouco de Imunologia. u Imunidade inata: primeira linha de defesa do nosso organismo, é rápida e inespecífica. As principais células efetoras são os macrófagos, Doenças eczematosas 5 neutrófilos, células dendríticas e células Natural Killer (NK), que atuam por fagocitose, liberação de quimiocinas e citocinas, e ativação do siste- ma complemento. u Imunidade adaptativa: resposta imune especiali- zada, realizada principalmente por linfócitos T, B, células NK e células apresentadoras de antígenos. Agora, vamos relembrar os padrões de resposta imune. Existem 2 subtipos de linfócitos T: CD4, ou auxiliares, e CD8, ou citotóxicos. Esses linfócitos reconhecem antígenos por meio de complexos de histocompatibilidade diferentes. Os linfócitos CD4 possuem 2 subpopulações, que são importantes no entendimento de diversas doenças dermatológicas: u Linfócitos Th1: produzem IL-2, IL-12, IFN-γ, TNFα, TNFβ e interferem na imunidade celular, hiper- sensibilidade tardia e mecanismos de citotoxici- dade. A presença de IL-12 favorece o desvio da resposta imune para o polo Th1. u Resposta Th2: produzem IL-4, IL-5, IL-6, IL-13 e in- terferem na imunidade humoral. A presença de IL-4 favorece o desvio da resposta imune para o polo Th2. A dermatite atópica é uma dermatose crônica infla- matória e recorrente, bastante comum na faixa etária pediátrica. A maioria dos casos tem início antes dos 5 anos de idade, raramente iniciando na idade adulta. A dermatite atópica é geralmente a primeira manifestação clínica de atopia, sendo comum o desenvolvimento subsequente de rinite alérgica ou asma, caracterizando a denominadade “sarna dos niqueladores”. Alternativa C: INCORRETA. Micoses de pele costu- mam cursar com manchas confluentes de limites precisos e descamação. Alternativa D: INCORRETA. O zinco também é utiliza- do para revestimentos, mas os tipos de lesões de pele descritas são dermatites irritativas de contato, podendo levar a ulcerações, e, raramente, reações alérgicas. ✔ resposta: ⮧ Fixe seus conhecimentos! 30 FIXE SEU CONHECIMENTO COM RESUMOS Use esse espaço para fazer resumos e fixar seu conhecimento! _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ Doenças eczematosas Introdução Dermatite atópica Introdução e fisiopatologia Quadro clínico Tratamento Dermatite de contato Dermatite de contato por irritante primário Dermatite de contato alérgica Dermatite seborreica Mapa mental. Principais doenças eczematosas Outros eczemas Eczema numular Eczema de estase Eczema disidrótico Referências Bibliografia consultada Questões comentadasmarcha atópica. DIA A DIA MÉDICO Acomete principalmente crianças a partir de 3 meses (85% dos casos surgem em menores de 5 anos). A derma- tite seborreica é um importante diagnóstico diferencial, contudo ela costuma se manifestar antes dos 3 meses de idade. De 70% a 80% têm remissão espontânea na adolescência. É uma doença de patogênese complexa, em que estão envolvidos fatores genéticos, ambientais, psicossociais, imunológicos e estruturais, descritos a seguir. u Fatores genéticos: admite-se uma herança poli- gênica, com influência materna superior à pater- na, além de diversas mutações em genes codi- ficadores de proteínas atuantes na integridade da barreira cutânea, como filagrina e claudina. u Fatores ambientais: maior prevalência em áreas urbanas e classes sociais mais elevadas, que corroboram a hipótese da higiene. u Fatores psicofisiológicos: há necessidade de maiores estudos nesse âmbito, mas na prática clínica observa-se um perfil de personalidade mais comumente relacionado à dermatite atópi- ca, caracterizado por hiperatividade, inteligência superior à média e labilidade emocional. u Alterações imunológicas: há uma hiperreativida- de cutânea com disfunção da imunidade inata, e consequente suscetibilidade aumentada a infec- ções por agentes bacterianos e virais, além de disfunção da imunidade adaptativa, com predo- mínio de resposta Th2 na fase aguda e Th1 na fase crônica. Outro ponto é a maior produção de IgE pelos linfócitos B. u Alterações estruturais: há um prejuízo da função de barreira da pele devido às mutações no gene da filagrina, alterações qualitativas e quantitativas do metabolismo lipídico e maior perda de água transepidérmica, culminando na xerose cutânea. u Alterações do microbioma: há redução de Sta- phylococcus epidermidis e aumento de S. aureus (> 90% dos pacientes), este último capaz de atuar como superantígeno, potencializando a resposta inflamatória. DIA A DIA MÉDICO A chance de desenvolver a doença é de 60% se um dos pais é afetado, e 80% se os 2 pais forem afetados. Esses diversos mecanismos levam a uma barreira epi- dérmica ineficiente. Doenças eczematosas Dermatologia 6 Figura 4. Fisiopatologia da dermatite atópica. Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com5. Algumas características conferem um pior prog- nóstico (tendem a não regredir na adolescência): início precoce, gravidade das lesões, nível IgE sérico elevado (relação direta com a gravidade), asma e rinite concomitante, história familiar positiva. DIA A DIA MÉDICO Imagine a pele normal como uma parede de tijolos e cimento, e a pele do atópico como uma parede com tijolos e sem cimento. Dessa forma, é mais fácil entender que haverá maior facilidade para entrada de microrganismos, perda de água e comprometimento das “defesas”. 2 .2 . QUADRO CLÍNICO BASES DA MEDICINA A semiologia dermatológica parte do princípio da análise das lesões elementares para, a partir daí, reconhecer- mos as principais síndromes e, por fim, o diagnóstico. Vamos então refrescar alguns conceitos sobre lesões elementares. u Liquenificação: acentuação das linhas naturais da pele, secundária a prurido crônico. u Xerose: ressecamento da pele. Clinicamente, a dermatite atópica se expressa com um conjunto de características que deve ser valo- rizado para o diagnóstico, como lesões eczemato- sas em localização típica, com caráter crônico e recidivante, prurido intenso, xerose cutânea, além Doenças eczematosas 7 de outros comemorativos que descreveremos a seguir. As lesões de eczema podem ser agudas, subagudas ou crônicas, conforme descrevemos no início deste capítulo. DIA A DIA MÉDICO Clinicamente, é caracterizada pela tríade: prurido (100%), xerose e eczema. A morfologia e a localização das lesões modificam- -se de acordo com a faixa etária: u Lactente (3 meses a 2 anos): eczema agudo (eritema com vesículas, exsudato e crostas) no couro cabeludo, face (poupando região central), região cervical e regiões extensoras (Figura 5). Figura 5. Dermatite atópica do lactente. Fonte: comzeal images/Shutterstock.com6. u Infantil (2 a 12 anos): eczema subagudo (crostas), acometendo dobras dos cotovelos e joelhos, tor- nozelos, mãos e pés, regiões periorificiais da face. u Adulto (a partir de 12 anos): eczema crônico (li- quenificação), com surtos de eczema agudo. Acomete flexuras, face (pálpebras e perioral), couro cabeludo, região cervical e mãos (Figura 6). Figura 6. Eczema crônico em flexuras. Fonte: Gabdrakipova Dilyara/Shutterstock.com7. O prurido costuma ser intenso e pior à noite, atrapa- lhando o sono e prejudicando o rendimento escolar. Os pacientes tendem a apresentar um limiar mais baixo para o prurido, sendo este mais intenso e duradouro. Em casos graves, pode haver evolução para eritrodermia, quando as lesões atingem mais de 90% da superfície corporal. Observa-se maior frequência de infecções bacteria- nas, molusco contagioso mais extenso (Figura 7) e dificuldade de tratamento da verruga vulgar e herpes simples, que pode se disseminar na forma de erupção Variceliforme de Kaposi (Figura 8). Figura 7. Molusco contagioso: múltiplas pápulas com umbilicação central. Fonte: Hanna Taniukevich/Shutterstock.com8. Doenças eczematosas Dermatologia 8 Figura 8. Erupção variceliforme de Kaposi: erosões monomórficas com crostas hemorrágicas. Fonte: Stock High angle view/Shutterstock.com9. DIA A DIA MÉDICO Frequentemente são encontradas outras manifestações de atopia, como rinite (25%) e asma (30%-40%), formando a tríade (marcha atópica) nos pacientes ou nos familiares. O diagnóstico é clínico e baseado nos Critérios de Hanifin e Rajka, modificados em 2005 por Williams. São necessários 3 critérios maiores (entre os 4) e 3 critérios menores. Confira a lista abaixo. Tais critérios são constantemente cobrados em provas, assim como considerados no momento da avaliação do paciente, para exclusão de diagnósticos diferenciais. Quadro 2. Características da dermatite atópica. Critérios maiores (3 ou mais) Critérios menores (3 ou mais) Prurido Morfologia e topografia típicas, compatíveis com os padrões descritos para a faixa etária Tendência a cronicidade ou recorrências crônicas História pessoal ou familiar de manifestações de atopia: asma, rinite, dermatite atópica Xerose cutânea Prega de Dennie-Morgan (linha acentuada na pálpebra inferior) Escurecimento ao redor dos olhos Palidez centrofacial Pitiríase alba Queratose pilar (acentuação perifolicular) Ictiose vulgar Hiperlinearidade palmar e plantar Dermografismo branco (linha branca aparece na pele dentro de um minuto, após a pele ser friccionada com um objeto) Conjuntivite, ceratocone, catarata anterior subcapsular Elevação da IgE sérica Reatividade ao teste cutâneo imediato Eczema de mamilo Intolerância à lã e a solventes lipídicos Intolerância alimentar Curso influenciado por fatores ambientais/emocionais Tendência a apresentar dermatite em mãos e pés Idade precoce de surgimento Tendência a apresentar infecções cutâneas Queilite Dobras e liquenificação em região cervical Prurido na transpiração Fonte: Bolognia et al.10 Doenças eczematosas 9 Figura 9. Pitiríase alba: mácula hipocrômica com pápulas ao centro, xerodérmicas e confundidas com pitiríase versicolor. Fonte: Dermatology11/Shutterstock.com11. Figura 10. Dermatite atópica localizada em região palmar. Fonte: Atsushi Hirao/Shutterstock.com12. Figura 11. Queratose pilar: pápulas foliculares nas faces extensoras dos membros. Fonte: ChrisGreenTea/Shutterstock.com13. O diagnóstico diferencial inclui eczema de contato, dermatite seborreica, linfoma cutâneo, psoríase, além de genodermatoses como Síndrome de Nether- ton, Síndrome de Wiskott-Aldrich, entre outras. DIA A DIA MÉDICO Na prática, mais importante do que somar os critérios é observar como o paciente se apresenta clinicamente, identificando a morfologia e a topografia das lesões, além presença de prurido.Deve-se procurar outros sinais de atopia no paciente e nos familiares. Com a experiência, torna-se automático realizar o diagnóstico sem precisar recorrer aos critérios todas as vezes. Os pacientes com dermatite atópica possuem queixas oftalmológicas com frequência, devido ao intenso prurido ocular. Lembre-se de questionar sobre esse aspecto e, se necessário, solicitar uma avaliação oftalmológica. Apesar de não tão conhecida, a afecção oftalmológica mais associada à dermatite atópica é a catarata subcap- sular anterior. Doenças eczematosas Dermatologia 10 2 .3 . TRATAMENTO BASES DA MEDICINA Na fisiopatologia, aprendemos que é uma doença multi- fatorial – portanto, não existe uma única medicação, até o momento, capaz de curá-la de maneira definitiva. Desse modo, lembre-se dos pontos-chave da fisiopatologia e tente associá-los ao objetivo de cada ponto da terapia. Por ser uma doença crônica e recidivante, o trata- mento deve ser iniciado na crise e mantido posterior- mente. Devem ser orientados cuidados gerais para todos os pacientes, independentemente se estão ou não em período de crise. São eles: preferir banhos rápidos e mornos, sabonetes devem ser usados o mínimo possível e devem ser preferencialmente do tipo Syndet (pH próximo ao fisiológico da pele: 4,5 a 5,5), não usar buchas e esponjas, estimular hidra- tação tópica (emolientes), evitar o uso de tecidos de lã e sintéticos, evitar bichos de pelúcia, cortinas e tapetes no quarto. O uso de emolientes é um dos pilares do tratamento da dermatite atópica devido à grande disfunção de barreira cutânea e deve ser incentivado para todos os pacientes, dentro ou fora das crises. Nas formas leves/moderadas, dar preferência aos corticoides tópicos por períodos limitados (a potên- cia depende da gravidade e da localização; cuidado com crianças e áreas mais sensíveis pelo risco de absorção) e imunomoduladores tópicos (inibidores da calcineurina – tacrolimus e pimecrolimus). Devem ser utilizados anti-histamínicos sedativos devido ao prurido noturno. Nas formas graves ou resistentes: fototerapia (UVA e UVB), imunossupressores sistêmicos (ciclosporina, metotrexato, azatioprina e micofenolato mofetil). Existem algumas medicações novas em estudo para dermatite atópica, incluindo imunobiológicos (dupilumabe e nemolizumabe). O tratamento com imunobiológicos tem se mostrado muito eficaz e já é aprovado para uso em asma e em dermatite atópica. Os mais prescritos são o dupilumabe (anti- -IL4) e o nemolizumabe, contudo ainda não estão são constam no rol da ANS. Sua dispensação pelo SUS se associa por ora a medidas judiciais. Tratamento de infecção secundária deve ser feito preferencialmente guiado por antibiograma ou empí- rico com cefalosporinas de 1ª geração, como a cefalexina. O tratamento da Erupção Variceliforme de Kaposi é feito com aciclovir sistêmico. Internação hospitalar é indicada nos casos graves e resistentes, como quadros eritrodérmicos, e na presença de complicações, como infecções gra- ves, sinais de desidratação, instabilidade clínica e hemodinâmica. DIA A DIA MÉDICO O antibiótico sistêmico deve sempre ser usado nas formas extensas, intensas e resistentes ao tratamento (mesmo sem infecção secundária) → cefalosporina por 7 dias. Corticoides sistêmicos devem ser evitados pelo risco de efeitos adversos e de causar rebote. Evitar hidratantes à base de ureia, pois os pacientes podem sentir irritação e ardor. Mesmo nas formas graves devem-se usar tratamentos tópicos associados, pois assim a resposta será melhor. Várias famílias realizam dietas restritivas para os pacientes com dermatite atópica, pois acreditam que há uma alergia alimentar associada. Este ainda é um ponto controverso, e estudos recentes mostraram que apenas uma minoria dos pacientes apresenta de fato alguma alergia alimentar e se beneficiaria de dietas de exclusão. Portanto, dietas restritivas não devem ser indicadas indiscriminadamente para todos os pacientes. É fundamental conversar com o paciente e a família sobre o prognóstico e o objetivo do tratamento, além de tirar suas dúvidas. Fortalecer a relação médico-paciente e fornecer uma abordagem multidisciplinar são pontos-chave para o sucesso terapêutico. Doenças eczematosas 11 Fluxograma 1. Fluxograma de tratamento da dermatite atópica. Tratamento básico Tratamento proativo Tratamento sistêmico Controle Hidratação Tratamento tópico (corticoides / inibidores da calcineurina) Educação/ Afastar desencadeantes Hospitalização/Tratamen to das infecções Fototerapia Ciclosporina A Metotrexato Dupilumabe* Outras terapias sistêmicas Leve Moderada Grave * Aprovado para adultos com DA. Fonte: Aoki et al.14 3. DERMATITE DE CONTATO É uma doença extremamente comum, com distri- buição universal. Possui etiologia exógena, ou seja, é causada pelo contato com agentes externos, os quais danificam diretamente os queratinócitos da pele (dermatite por irritante primário) ou provocam reação imunológica mediada por linfócitos T (der- matite alérgica). Os fatores predisponentes são idade (mais comum em adultos), outras dermatoses preexistentes (infla- mação da pele favorece a absorção percutânea), localização (mãos, pés, face e pescoço – áreas de maior exposição ao agente), genética e profissão. DIA A DIA MÉDICO A dermatite de contato corresponde a 30% das doenças ocupacionais, sendo 80% na forma irritativa primária e 20% na forma alérgica. 3 .1 . DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE PRIMÁRIO BASES DA MEDICINA Mais uma vez vamos ressaltar a importância da barreira cutânea, pois se não houver dano à barreira, não há der- matite de contato irritativa. Tenha sempre em mente que a barreira cutânea é composta por queratinócitos, proteínas, lipídeos e água. Se houver alteração em algum desses componentes, haverá um prejuízo funcional. Doenças eczematosas Dermatologia 12 A Dermatite de Contato Irritativa (DCI) é a forma mais comum. Os irritantes são agentes químicos ou físicos que levam diretamente à quebra da barreira cutânea, com consequente ativação do sistema imune inato e dano tecidual. O grau da lesão é influenciado por propriedades do irritante (tamanho da molécula, concentração, volume, estado de ioni- zação, lipossolubilidade, pH), modo de exposição (duração, periodicidade) e condições ambientais (temperatura, umidade, oclusão, fricção). Entre os mecanismos de toxicidade associados aos irritantes primários, os principais são: lesão de barreira, desnaturação de proteínas, toxicidade à membrana plasmática, citotoxicidade, solubilização da camada lipídica, queratólise. Virtualmente qualquer paciente exposto pode desen- volvê-la já ao primeiro contato, pois não necessita sensibilização prévia. Geralmente as lesões são bem delimitadas, acometendo apenas a região em contato (em ordem de maior frequência: mãos, face, pescoço e pés), adquirindo por vezes formatos bizarros. As principais substâncias relacionadas à dermatite de contato irritativa são sabões, desinfetantes, detergentes, álcalis, ácidos, solventes, fluidos cor- porais e plantas. São descritas as seguintes formas: a) Aguda: após contato acidental com substância cáustica (ácidos e bases fortes), as lesões surgem imediatamente (Figura 12). b) Aguda tardia: após contato acidental com subs- tância cáustica (ácidos e bases fortes), as lesões surgem em 12h a 24h. c) Cumulativa: exposição repetida a um agente fraco. Exemplo: a dermatite de fraldas (amonia- cal) (Figura 13), forma mais comum em crianças, gerada pelo contato prolongado com fezes e urina, além de sabonetes e antissépticos. A dermatite das mãos ocorre por atividades úmidas ou com exposição a sabões e a detergentes (Figura 14). Figura 12. Dermatite de contato por irritante aguda, secundária a solvente industrial. Fonte: iweevy/Shutterstock.com15. Figura 13. Dermatite de fraldas. Fonte: lavizzara/Shutterstock.com16. Figura 14. Dermatite das mãos. Fonte:Andrzej Rostek/Shutterstock.com17. Doenças eczematosas 13 Os sintomas mais comuns são ardor, dor e quei- mação, sendo o prurido menos frequente. Depen- dendo da intensidade da reação, pode haver necrose associada. O diagnóstico é clínico, através do aspecto da lesão, que varia conforme a fase do eczema (aguda, suba- guda ou crônica), e da anamnese, que permite a identificação dos fatores relacionados. Como não é uma reação imunológica, a DCI apresenta teste de contato negativo. O exame histopatológico pode auxiliar se houver dúvida em relação a uma causa não eczematosa, mostrando as características descritas no início deste capítulo. O tratamento consiste principalmente em afasta- mento do agente causal – ou seja, a adoção de mudanças comportamentais no ambiente domés- tico e laboral, tais como a substituição de produtos e uso de EPI. Além disso, deve-se restabelecer a barreira cutânea e realizar tratamento das lesões ativas com uso de compressas úmidas, corticoide tópico ou sistêmico e anti-histamínicos para controle do prurido. Uma alternativa é a administração de inibidores da calcineurina (tacrolimus). DIA A DIA MÉDICO Existem algumas formas especiais de dermatite de contato irritativa, como a dermatite propagada pelo ar – inseti- cidas em spray, perfumes para ambientes (afeta mais comumente a face, pescoço, braços e tórax anterior), e a dermatite de contato pustulosa/acneiforme (causada por exposição a óleos e graxas). No seu dia a dia, além de médico, você terá que ser um pouco detetive e coletar uma boa anamnese a fim de encontrar a causa mais pro- vável. Pergunte ativamente, pois em muitos casos essas exposições fazem parte do dia a dia dos pacientes e eles tendem a não considerá-las importantes, principalmente nos casos crônicos. 3 .2 . DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA BASES DA MEDICINA Um pouquinho de Imunologia mais uma vez. Você verá que ao final do módulo de Dermatologia, terá feito uma boa revisão de Imunologia também. Vamos relembrar os tipos de reação de hipersensibilidade. u Tipo 1 ou imediata: reação mediada por IgE que resulta na liberação de substâncias vasoativas (histamina, prostaglandinas, leucotrienos). Exem- plos: urticária, angioedema, anafilaxia. u Tipo 2 ou citotóxica: reação mediada por IgM, IgG e complemento, resultando em resposta in- flamatória com lise celular. Exemplos: anemia hemolítica, penfigoide bolhoso. u Tipo 3 ou por imunocomplexo: reação mediada por imunocomplexos, resultando em dano teci- dual. Exemplos: vasculite de pequenos vasos, Púrpura de Henoch-Schonlein. u Tipo 4 ou tardia: reação mediada por linfócitos sensibilizados previamente por antígenos. Exem- plos: dermatite de contato alérgica, reação do PPD. A dermatite de contato alérgica corre em pessoas predispostas, caracterizando a reação de hipersen- sibilidade tipo IV. Portanto, necessita de exposição prévia à substância para que haja reconhecimento antigênico. DIA A DIA MÉDICO Pode ocorrer em local a distância de onde houve o contato. Possui 3 fases: a) Indução (sensibilização): antígeno penetra a camada córnea → fagocitose pelas Células de Langerhans → migra- ção até os linfonodos regionais + apresentação para os linfócitos através do MHC → formação dos linfócitos de memória e efetores. b) Fase de elicitação: após novo contato, migração dos linfócitos T previamente sensibilizados para o local + recru- tamento de células inflamatórias. A cada nova exposição, os sintomas surgem em período cada vez mais curto e são cada vez mais graves, podendo haver disseminação a distância. c) Fase de resolução: células T CD4 + liberam IL-10 → inibição da inflamação. Alguns exemplos clássicos de alérgenos são: níquel (bijuterias) (Figura 15), borracha (calçados), formal- deído (esmalte de unha → é comum causar eczema nos dedos e pálpebras), látex (luvas, preservativos) etc. Doenças eczematosas Dermatologia 14 Figura 15. Dermatite de contato alérgica por níquel. Fonte: LIAL/Shutterstock.com18. O diagnóstico é feito a partir da clínica e do teste de contato positivo. As lesões inicialmente são limi- tadas às áreas de contato com o alérgeno, porém pode haver sensibilização a distância. O padrão das lesões também varia conforme a fase do eczema, em agudo, subagudo e crônico. Frequentemente o paciente queixa-se de prurido e ardência. O teste de contato confirma o diagnóstico e inves- tiga a etiologia. Ele reproduz a fase de elicitação e possui sensibilidade e especificidade > 85%. No Brasil são testadas 30 substâncias-padrão, com- plementadas conforme anamnese (cosméticos, plantas, relacionadas à profissão etc. – Tabela 1). O paciente pode estar em uso de anti-histamínicos durante o teste, mas não de corticoide (sistêmico, suspender 2 semanas antes e tópico, suspender 1 semana antes). Caso o paciente faça uso de corticoide de forma contínua, é confiável a realização do patch test sob doses inferiores a 20 mg/dia de prednisona. DIA A DIA MÉDICO O teste deve ser feito quando a dermatite estiver na sua fase inativa e geralmente no dorso (Figura 16), para evitar falsos positivos e a síndrome da pele excitada (Angry Back Syndrome). Tabela 1. Bateria-padrão de testes de contato. Substância Conc . Veículo Substância Conc . Veículo Antraquinona 2% Vas. Sol Neomicina 20% Vas. sol Bálsamo do peru 25% Vas. Sol Nitrofurazona 1% Vas. sol Benzocaína 5% Vas. Sol Parabenos (2) 12% Vas. sol Bicromato de potássio 0,5% Vas. Sol Pafenilenodiama 1% Vas. sol Butil fenol p-terciário 3% Vas. Sol Perfume-mix (3) 8% Vas. sol Carba-mix (1) 3% Vas. Sol PPD-mi (4) 0,6% Vas. sol Cloreto de cobalto 1% Vas. Sol Prometazina 1% Vas. sol Colofônia 20% Vas. Sol Propilenoglicol 1% Vas. sol Efilenodiamina 1% Vas. Sol Quaternium 15 2% Vas. sol Formaldeído 2% Água Quinolina-mix(5) 5% Vas. sol Hidroquinona 1% Vas. Sol Resina-epóxi 1% Vas. sol Irgansan 1% Vas. Sol Sulfato de ríquel 5% Vas. sol Kathon CG 0,5% Vas. Sol Terebintina 10% Vas. sol Lanolina 20% Vas. Sol Timerosol 0,1% Vas. sol Mercaptobenzotiazol 1% Vas. Sol Tiuram-mix (6) 1% Fonte: Rivitti19. Doenças eczematosas 15 Figura 16. Teste de dermatite de contato alérgica. Fonte: Neeila/Shutterstock.com20. A placa permanece por 48 horas, e as leituras são feitas com 48 e 96 horas. O teste de contato deve ser graduado da seguinte forma: u Sem reação = negativo. u Eritema com algumas pápulas = resposta fraca (+). u Eritema, pápulas e vesículas = resposta forte (++). u Eritema intenso e bolhas = resposta muito forte (+++). Nem sempre o teste de contato positivo significa que aquela substância foi a causadora da dermatite. É importante que haja correlação entre a história de uso, a localização das lesões e a substância que positivou no teste. Existem casos de falsos negativos e positivos. O tratamento consiste em evitar as substâncias relacionadas e as que possuem reações cruzadas, além do uso de corticoides tópicos ou sistêmicos (a depender da gravidade), inibidores de calcineurina tópicos, emolientes e anti-histamínicos para con- trole de prurido. Em casos extremos, pode-se usar imunossupressores, como ciclosporina. DIA A DIA MÉDICO A biópsia para exame histopatológico possui pouca utilidade nesses casos, devendo ser realizada quando houver dúvida diagnóstica com outras dermatoses não eczematosas. Vamos agora fazer uma breve revisão das diferen- ças entre dermatite de contato irritativa e alérgica (Quadro 3). Doenças eczematosas Dermatologia 16 Quadro 3. Diferenças entre dermatite de contato irritativa e alérgica. * DCI DCA Sintomas Aguda Ferroadas, pontadas → prurido Prurido → dor Crônica Prurido/dor Prurido/dor Lesões Aguda Eritema → vesículas → erosões → crostas → descamação Eritema → pápulas → vesículas → erosões → crosta → descamação Crônica Pápulas, placas, fissuras, descamação, crostas Pápulas, placas, descamação, crostas Limites e localização Aguda Bem demarcada, estritamente restrita ao local de exposição Bem demarcada,restrita ao local de exposição, porém com disseminação para a periferia; em geral, pápulas minúsculas; pode se tornar generalizada Crônica Mal definida Mal definida, disseminação Evolução Aguda Rápida (poucas horas após a exposição) Não tão rápida (12 a 72 horas após a exposição) Crônica Meses a anos de exposição repetida Meses ou mais; exacerbação após cada reexposição Agentes etiológicos Depende da concentração do agente e do estado da barreira da pele; ocorre apenas acima de um nível limiar Relativamente independentemente da quantidade aplicada. Em geral, concentrações muito baixas e suficientes, porém depende do grau de sensibilização Incidência Pode ocorrer em praticamente qualquer pessoa Ocorre apenas em pessoas sensibilizadas *As diferenças estão em negrito. Fonte: Wolff21. 4. DERMATITE SEBORREICA BASES DA MEDICINA As glândulas sebáceas são do tipo holócrinas, compõem a unidade pilossebácea e estão presentes em toda a extensão da pele, exceto nas palmas e nas plantas, sendo maiores na região central da face. Essas glândulas são responsáveis pela formação do sebo, que é composto por triglicérides, ácidos graxos, esqualeno e colesterol, e têm por função lubrificar a superfície cutânea e proteger os pelos e a pele. As glândulas sebáceas são ativadas pelos hormônios androgênios, motivo pelo qual são mais desenvolvidas ao nascimento – devido à ação dos hormônios maternos – e na puberdade. A dermatite seborreica acomete em torno de 5% da população, sendo mais frequente no sexo masculino. A causa da dermatite seborreica não é totalmente conhecida, mas sabemos que ocorre uma alteração da composição sebácea (aumento de triglicerídeos e colesterol, e redução de ácidos graxos livres e esqualeno) e uma maior colonização pelo fungo comensal Malassezia sp. DIA A DIA MÉDICO Os fatores de piora da dermatite seborreica são extremos de temperatura, estresse físico e emocional, drogas, qua- dros neurológicos (Parkinson), HIV, álcool, carboidratos, DM, obesidade etc. Doenças eczematosas 17 Manifestações clínicas são lesões eritemato-des- camativas, mal delimitadas, com escamas bran- co-amareladas graxentas e aderidas (Figura 17). Acomete principalmente regiões ricas em glândulas sebáceas: couro cabeludo, face (sulco nasogeniano, glabela e pálpebras), orelha, região pré-esternal, e eventualmente áreas intertriginosas. Figura 17. Lesões de dermatite seborreica. Fonte: Dermatology11/Shutterstock.com22. Existem 2 formas clínicas principais: 1. Lactente: mais comum nos primeiros 3 meses de vida, ocorre devido ao estímulo das glândulas sebáceas por andrógenos maternos. É bastante comum a presença de escamas amareladas, graxentas e aderidas no couro cabeludo (crosta láctea) (Figura 18), mas também pode acometer face, região de fraldas e flexuras. Figura 18. Dermatite seborreica do lactente: crosta láctea. Fonte: Eaaw/Shutterstock.com23. 2. Adulto (Figura 19): pico entre 40 e 60 anos, com tendência a melhora após esse período. O quadro tem curso crônico, com períodos de melhora e piora. As áreas afetadas localizam-se nas regiões com alta densidade de glândulas sebáceas e apresentam-se como placas eritemato-escamo- sas. São elas: laterais do nariz, sulco nasolabial, glabela, dobras retroauriculares e couro cabeludo. Quadros muito extensos e recalcitrantes devem levantar suspeita para infecção por HIV. Figura 19. Dermatite seborreica do adulto. Fonte: AFPics/Shutterstock.com24. DIA A DIA MÉDICO O diagnóstico é clínico, e o principal diagnóstico diferencial é a psoríase, porém essa apresenta escamas prateadas, com bordas bem definidas e não respeita os limites da linha de implantação dos cabelos. No lactente, os principais diagnósticos diferenciais são dermatite irritativa de fraldas, dermatofitose, candidíase intertriginosa, dermatite atópica, histiocitose de Células de Langerhans, dermatite infecciosa (HTLV) e acroder- matite enteropática, principalmente quando localizadas na região das fraldas. O exame histopatológico pode corroborar, demons- trando uma dermatite espongiótica e psoriasiforme, porém raramente é necessário para o diagnóstico. O tratamento consiste em antifúngicos tópicos (xampu de cetoconazol 2%, ciclopirox 1%, sulfeto de selênio ou piritionato de zinco) e corticoides tópicos. Para tratamento a longo prazo na face, pode ser Doenças eczematosas Dermatologia 18 usado tacrolimus tópico (inibidor da calcineurina). Durante a crise, as medicações devem ser usadas todos os dias. Porém, como se trata de uma doença crônica, posteriormente deve ser feito o tratamento de manutenção pelo menos 1 vez na semana. Nos lactentes, deve-se orientar compressas com vaselina ou óleo para facilitar a remoção leve das crostas no couro cabeludo e cremes à base de óxido de zinco na área das fraldas. Nos casos mais intensos e inflamatórios, podem ser necessários cremes de corticoide ou antifúngicos. DIA A DIA MÉDICO Corticoides tópicos devem ser usados pelo menor tempo possível devido ao risco de efeitos adversos em longo prazo. Nos casos graves e recidivantes, pode-se fazer uso de antifúngicos sistêmicos, como cetoconazol, itra- conazol e terbinafina. Doenças eczematosas 19 Mapa mental. Principais doenças eczematosas Doenças eczematosas Dermatite de contato Dermatite seborreicaDermatite atópica Lactente Irritante primário Lactente Alérgica Adultos Infantil (2-12 anos) Adulto (> 12 anos) Eczema agudo Restrita ao local de exposição Primeiros 3 meses de vida Teste de contato positivo Placas eritemato-descamativas Eczema subagudo Eczema crônico (Liquenificação) Couro cabeludo, face, áreas extensoras Dermatite de fraldas → Áreas convexas da pele Escamas graxentas no couro cabeludo, face, flexuras Pessoas sensibilizadas Asas nasais, retroauricular, couro cabeludo, glabela Dobras dos cotovelos e joelhos, periorificial da face Flexuras, faces, mãos Poupa a região central do rosto Doenças eczematosas Dermatologia 20 5. OUTROS ECZEMAS 5 .1 . ECZEMA NUMULAR Caracterizado por placas eritemato-escamosas, crostosas, em formato circular (formato “em moeda”), no tronco e nos membros (principalmente membros inferiores). É mais frequente em adultos e idosos, e geralmente há curso crônico com recidi- vas frequentes. Pode ter associação com infecção bacteriana (colonização ou disseminação hema- togênica) ou com quadro de dermatite atópica de base. O tratamento consiste no uso de emolientes, corticoides tópicos, antibióticos tópicos ou sistê- micos. Nos casos graves e refratários, podem ser prescritos fototerapia e corticoides sistêmicos. Figura 20. Eczema numular. Fonte: OMfotovideocontent/Shutterstock.com25. 5 .2 . ECZEMA DE ESTASE Frequente em pacientes com sinais de insuficiên- cia venosa crônica, edema de membros inferiores e quadros prévios de trombose venosa profunda, sendo causado por inflamação crônica e microan- giopatia. É mais comum no sexo feminino e em adultos/idosos. É caracterizado por placas eritemato-escamocros- tosas, pruriginosas, localizadas principalmente na região tibial anterior, maléolo medial e nas panturri- lhas. Pode ocorrer autossensibilização com lesões a distância. Complicações como infecção secundária (erisipela) e úlcera de estase são frequentes. Mantidos os estímulos, o quadro tende a progre- dir, com maior extensão do edema e do eritema, com aspecto endurado, semelhante a uma “garrafa invertida”, quando recebe o nome de lipoderma- toesclerose. O extravasamento de hemácias, com a consequente deposição de hemossiderina no espaço extravascu- lar, confere à pele o aspecto escurecido (dermatite ocre), e a vascularização insuficiente leva a áreas de atrofia (atrofia branca). O diagnóstico é clínico, devendo-se evitar biópsia nesses casos pelo risco de complicações (infecção e deiscência de sutura), sendo considerada apenas se dúvida diagnóstica. Muitos pacientes desenvolvem dermatite de contato alérgica a componentesde cremes e pomadas, como neomicina. Nesses casos, há também vesí- culas na área acometida. O patch test é útil para o diagnóstico nessa situação. O tratamento deve ser voltado para o controle da insuficiência venosa crônica, com elevação do mem- bro, meias compressivas, tratamento de varizes, e sintomático, com corticoides tópicos ou sistêmicos, e emolientes. Figura 21. Eczema de estase/lipodermatoesclerose. Fonte: Casa nayafana/Shutterstock.com26. 5 .3 . ECZEMA DISIDRÓTICO Quadro crônico e recidivante de lesões vesiculares, muito pruriginosas, nas regiões palmoplantares. É uma dermatite endógena de etiologia não escla- recida, sendo considerada, por muitos autores, uma manifestação clínica de outras condições, como dermatite de contato, dermatite atópica e uso de Doenças eczematosas 21 medicações. Está frequentemente associada a períodos de estresse, hiper-hidrose, agentes irri- tantes e infecções fúngicas. O principal diagnóstico diferencial é com tinea pedis. O tratamento é feito com corticoides tópicos ou sistêmicos, e permanganato de potássio diluído para auxiliar na secagem das vesículas. O uso de emolientes e evitar contato com agentes irritantes auxilia na prevenção de novos surtos. Figura 22. Eczema disidrótico. Fonte: japansainlook/Shutterstock.com27. REFERÊNCIAS 1. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis- ponível em: https://www.shutterstock.com/image-photo/ problem-many-people-eczema-on-hand-580580401. Acesso em: 12 dez 2022. 2. Eczema. Anapat Unicamp [Internet]. [acesso em 112 dez 2022]. Disponível em: http://anatpat.unicamp.br/ lampele1a.html. 3. Gosmanova EO, Ezumba I, Fisher KR, Cleveland KO. A Case Report of Rash at Peritoneal Dialy- sis Exit Site. J Investig Med High Impact Case Rep. 2015 Nov 27;3(4):2324709615618222. doi: 10.1177/2324709615618222. PMID: 26668811; PMCID: PMC4674992. 4. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/ima- ge-photo/lichenification-thick-skin-patient-atopic-ec- zema-752371375. Acesso em: 12 dez 2022. 5. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/ima- ge-vector/skin-disease-dermatitis-eczema-labeled-dia- gram-275935922. Acesso em: 12 dez 2022. 6. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis- ponível em: https://www.shutterstock.com/image-photo/ skin-rashes-babies-concept-1036168753. Acesso em: 12 dez 2022. 7. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis- ponível em: https://www.shutterstock.com/image-photo/ dermatitis-530939383. Acesso em: 12 dez 2022. 8. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: https://www.shutterstock.com/pt/ima- ge-photo/close-molluscum-contagiosum-called-water- -wart-1751904455. Acesso em: 12 dez 2022. 9. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis- ponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image- -photo/atopic-dermatitis-allergic-chemicalsitchy-skin-le- sions-238042393. Acesso em: 12 dez 2022. 10. Bolognia JL, Jorizzo JL, Schaffer JV. Dermatologia. 4. ed. Elsevier; 2018. 11. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis- ponível em: https://www.shutterstock.com/image-photo/ case-pityriasis-alba-young-man-atopic-1334662283. Acesso em: 12 dez 2022. 12. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis- ponível em: https://www.shutterstock.com/image-photo/ eczema-396169222. Acesso em: 12 dez 2022. 13. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dispo- nível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ skin-keratosis-pilaris-1051652477. Acesso em: 12 dez 2022. 14. Aoki V, Lorenzini D, Orfali RL, Zaniboni MC, Oliveira ZNP, Rivitti-Machado MC et al. Consenso sobre manejo terapêu- tico da dermatite atópica - Sociedade Brasileira de Der- matologia. An Bras Dermatol. 2019;94(2 Suppl 1):S67-75. 15. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dispo- nível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ irritant-contact-dermatitis-paederus-1651419673. Acesso em: 12 dez 2022. 16. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dispo- nível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ yeast-diaper-rash-dermatitis-on-belly-1091248652. Acesso em: 12 dez 2022. 17. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dispo- nível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ strong-allergic-eczema-on-hands-red-1922325161. Acesso em: 12 dez 2022. 18. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dispo- nível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ atopic-dermatitis-ad-known-eczema-type-1664701786. Acesso em: 12 dez 2022. 19. Rivitti EA. Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti. 1. ed. São Paulo: Artes Médicas; 2014. 20. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis- ponível em: https://www.shutterstock.com/image-photo/ alergy-patch-test-on-back-young-608188745. Acesso em: 12 dez 2022. Doenças eczematosas Dermatologia 22 21. Wolff K. Dermatologia de Fitzpatrick. 7. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill Education; 2014. 22. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dispo- nível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ case-seborrheic-dermatitis-young-male-1352064008. Acesso em: 12 dez 2022. 23. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dispo- nível em: https://www.shutterstock.com/image-photo/ seborrheic-dermatitis-asian-baby-637885318. Acesso em: 12 dez 2022. 24. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dispo- nível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ seborrhoeic-eczema-on-eyebrows-nose-2094998830. Acesso em: 12 dez 2022. 25. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis- ponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image- -photo/atopic-dermatitis-child-1373279441. Acesso em: 12 dez 2022. 26. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis- ponível em: https://www.shutterstock.com/image-photo/ varicose-veins-hyperpigmentation-791793148. Acesso em: 12 dez 2022. 27. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis- ponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image- -photo/close-dyshidrotic-eczema-dyshidrosis-symptoms- -on-1043638321. Acesso em: 12 dez 2022. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Adams DR, Marks, JG. Acute palmoplantar eczema (dyshi- drotic eczema). UpToDate [Internet]; 2019 [acesso em 2020]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/acute- -palmoplantar-eczema-dyshidrotic-eczema. Antunes AA, Solé D, Carvalho VO, Bau AEK, Kuschnir FC, Mallozi MC, et al. Guia prático de atualização em dermatite atópica – Parte I: etiopatogenia, clínica e diagnóstico. Posi- cionamento conjunto da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia e da Sociedade Brasileira de Pediatria. Arq Asma Alerg Imunol. 2017;1(2):131-156. Azulay RD, Azulay-Abulafia L. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Botelho LFF. Caso complexo Sandra e Sofia. Dermatite ató- pica. UNASUS [Internet]. [acesso em 12 dez 2022]. Disponível em: https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/pab/4/ unidades_casos_complexos/unidade13/unidade13_ft_der- matite.pdf. Calonje E, Brenn T, Lazar A, McKee PH. McKee’s pathology of the skin. 4. ed. Philadelphia: Saunders, 2012. Crosta láctea. UFMG [Internet]. [acesso em 12 dez 2022]. Disponível em: https://www.medicina.ufmg.br/observaped/ crosta-lactea/. Dermatite de Contato e Distúrbios Relacionados. MedicinaNet. [ [Internet]. acesso em 12 dez 2022]. Disponível em: https:// www.medicinanet.com.br/conteudos/acp-medicine/6296/ dermatite_de_contato_e_disturbios_relacionados.htm. Disidrose. DermatoPatologia. [Internet]. [acesso em 12 dez 2022]. Disponível em: https://dermatopatologia.com/doenca/ disidrose-cronica/. Distúrbios Dermatológicos. Manual MSD. [internet]. [acesso em 12 dez 2022]. Disponível em: https://www.msdmanuals. com/pt-br/profissional/distúrbios-dermatológicos. Fernandes, Juliana Dumet, Machado, Maria Cecília Rivitti e Oliveira, Zilda Najjar Prado de. Quadro clínico e tratamento da dermatite da área das fraldas:parte II. Anais Brasileiros de Dermatologia [online]. 2009, v. 84, n. 1 [acesso em 12 dez 2022], pp. 47-54. Disponível em: https://doi.org/10.1590/ S0365-05962009000100007. Pinheiro P. Eczema Numular: causas, sintomas e tratamento. [Internet]. [acesso em 12 dez 2022]. Disponível em: https:// www.mdsaude.com/dermatologia/eczema--numular/. Rivitti EA. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4. ed. São Paulo: Artes Médicas; 2018. Sanches JA, Santi CG. Série manual do médico residente: dermatologia. São Paulo: Atheneu; 2019. Sasseville D. Seborrheic dermatitis in adolescents and adults. UpToDate [Internet]; 2018 [acesso em 12 dez 2022]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/seborrheic-derma- titis-in-adolescents-and-adults. Seborrheic dermatitis. UptoDate [Internet]. 2022 [acesso em 12 dez 2022]. Disponível em: https://www.uptodate.com/ contents/image?imageKey=DERM%2F126095&topicKey=- DERM%2F1727&search=dermatitis%20eczematous&sour- ce=outline_link&selectedTitle=3~150. Weber, M.B., Ávila, L.G.S., Cestari, T.F., Pitiríase Alba: aspectos epidemiológicos clínicos e terapêuticos. An Bras Dermatol 2000. 75(3): 359 – 367. Weston WL, Howe W. Atopic dermatitis (eczema): pathogene- sis, clinical manifestations, and diagnosis. UpToDate [Internet]; 2019 [acesso em 12 dez 2022]. Disponível em: https://www. uptodate.com/contents/atopic-dermatitis-eczema--patho- genesis-clinical-manifestations-and-diagnosis. Weston WL, Howe W. Overview of dermatitis (eczema). UpTo- Date [Internet]; 2019 [acesso em 2020]. Disponível em: https:// www.uptodate.com/contents/overview-of--dermatitis-eczema. Zirwas MJ. Nummular eczema. UpToDate [Internet]; 2018 [acesso em 12 dez 2022]. Disponível em: https://www.upto- date.com/contents/nummular-eczema. Doenças eczematosas 23 QUESTÕES COMENTADAS Questão 1 (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PRESIDENTE DUTRA – MA – 2021) Eventos adversos podem ocorrer quando a pele entra em contato com agentes externos e a manifestação cutânea mais comum é o eczema, que pode ser de natureza alérgica, caracterizando a dermatite de contato alérgica (DCA) ou irritante, que caracteriza a dermatite de contato por irritante (DCI). Sobre o diagnóstico diferencial das dermatites, assinale a opção correta: ⮦ O teste de contato está em desuso e tem pouco valor no diagnóstico das duas entidades – DCA e DCI. ⮧ A DCA é uma reação eczematosa pruriginosa, com distribuição restrita ao local do contato e a DCI em geral tem distribuição difusa. ⮨ O teste de contato é considerado padrão ouro para diagnóstico da DCI e pouco valioso na DCA. ⮩ A DCA resulta de efeito citotóxico direto devido aplicação única ou repetida de uma substância química ou agressões físicas com a pele, enquan- to na DCI o eczema só aparece com exposições subsequentes. ⮪ A DCA e DCI possuem patogênese diferente e aspectos clínicos similares e o teste de contato continua sendo o procedimento padrão para o diagnóstico correto e consistente da DCA. Questão 2 (FACULDADE DE MEDICINA DO ABC – SP – 2020) No quadro clínico da Dermatite Atópica observa-se: ⮦ As lesões surgem nos primeiros dias de vida. ⮧ Acomete mais as dobras cubitais e poplíteas. ⮨ Como as lesões de Psoríase, não são prurigi- nosas. ⮩ Existe um acometimento das mucosas. Questão 3 (H.U. BETTINA FERRO DE SOUZA/JOÃO BARROS BARRETO – PA – 2020) Menor, 6 anos, é atendido em setor ambulatorial com queixa de lesões pruriginosas, recidivantes lo- calizadas em regiões flexurais de joelhos e cotove- los com eritema e liquenificação. Portador de rinite alérgica e asma parcialmente controlada. Assinale a afirmativa que não corresponde ao diagnóstico clínico do paciente. ⮦ Os fungos do gênero Malassezia são fatores desencadeantes de piora das lesões ⮧ Dermatophagoides pteronyssinus é o principal representante dos aeroalérgenos envolvidos na expressão desta doença ⮨ Os testes de leitura cutânea imediata estão pros- critos devido ao risco de reação anafilática. ⮩ Os inibidores da calcineurina atuam como imu- nomoduladores tópicos e são usados para con- trole da inflamação. ⮪ A fototerapia tem sido empregada em casos com baixa resposta à terapêutica habitual. Questão 4 (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – 2020) Pa- ciente de 1 ano, feminino, com lesões de pele pru- riginosas e recidivantes principalmente em regiões flexurais de braços e pernas, desde os 4 meses de idade, apresenta lesões também na face e na região do tronco. Mãe refere ter feito vários tratamentos Doenças eczematosas Dermatologia 24 para escabiose com melhoras ocasionais, mas que as lesões retornavam. A criança tem um sono agitado, com dificuldade para dormir constante e não deixa ninguém em casa dormir há alguns dias. Associado apresenta pele bastante seca e lesões ocasionadas por picadas de inseto em braços e per- nas, que a mãe refere que a criança coça bastante também. Neste caso, a melhor conduta é: ⮦ Realizar tratamento para escabiose com medica- ção via oral para a criança e para todos os fami- liares ao mesmo tempo. As falhas no tratamento ocorreram provavelmente porque os outros fa- miliares não foram tratados ao mesmo tempo. ⮧ Orientar uso de hidratantes de pele diariamente, associado ao uso de corticoides tópicos de mé- dia potência em regiões flexurais, quando apre- sentar lesões em atividade, além de orientação para reduzir o tempo de banho e uso excessivo de sabonetes. ⮨ Nestes casos, recomenda-se o tratamento de um infecção bacteriana secundária à escabiose, que pode ocorrer em alguns casos, dificultando o tratamento da escabiose e prolongando a doen- ça. Após o tratamento da infecção bacteriana secundária, realizar o tratamento adequado da escabiose. ⮩ Trata-se de um processo alérgico provavelmen- te ocasionado pelo tratamento realizado para a escabiose, devendo ser suspenso qualquer me- dicação tópica e encaminhar o paciente para um alergista realizar a avaliação adequada do caso. ⮪ As lesões provocadas por mosquitos, ou pruri- go estrófulo, podem provocar reações sistêmi- cas. Elas geram lesões de pele a distância por um mecanismo alérgico ainda não totalmente esclarecido. Nesses casos, o uso de repelentes rotineiramente é indicado. Questão 5 (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DO PARANÁ – 2020) A região do pe- ríneo nos lactentes é frequentemente acometida por doenças cutâneas com diferentes etiologias. Para o diagnóstico correto e instituição do tratamento adequado, é necessário realizar a anamnese com- pleta e exame físico detalhado. Sobre esse tema, considere as seguintes afirmativas: 1. Na dermatite da área de fraldas por irritante primário, as áreas convexas do períneo são acometidas com lesões eritematosas. 2. Na candidíase perineal, o eritema é intenso, as pregas inguinais são poupadas e a ausên- cia de pápulas satélites caracterizam o diagnóstico. 3. Na dermatite de fraldas por irritante primário, os antibióticos tópicos estão indicados, assim como o aumento da frequência de trocas. 4. Na derma- tite seborreica, as lesões que ocorrem nos lacten- tes acometem as pregas inguinais e axilares, além do couro cabeludo. Assinale a alternativa correta. ⮦ Somente a afirmativa 1 é verdadeira. ⮧ Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras. ⮨ Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. ⮩ Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. ⮪ As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. Questão 6 (HOSPITAL OFTALMOLÓGICO DE SOROCABA – 2020) Lactente de 10 meses apresenta lesões intermitentes em face há 2 meses. Ao exame, apresenta placas eritema- tosas em região malar bilateralmente, poupando o maciço central. A principal hipótese diagnóstica é: ⮦ Dermatite de contato. ⮧ Dermatite atópica. ⮨ Dermatite seborreica. ⮩ Impetigo. ⮪ Eritema infeccioso. Questão 7 (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JUNDIAÍ – 2020) A mãe de um lactente de 8 meses procura o ambulatório com queixa de que, há 2 semanas, a criança tem “assadura na região das fraldas”. Ao exame físico, observa-se eritema intenso,inclusive em dobras, se estendendo para a genitália, com descamação periférica e pústulas satélites eritematosas. Nesse caso, a prescrição indicada é: ⮦ Cremes de barreira. ⮧ Antibioticoterapia tópica. Doenças eczematosas 25 ⮨ Corticoides tópicos. ⮩ Creme antifúngico. ⮪ Antibioticoterapia oral. Questão 8 (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE FLORIANÓPOLIS – 2020) Maria, 29 anos, leva seu filho Carlos, 2 meses, que apresenta lesão hiperemiada moderada em região inguinal bilateral há 2 dias. Ao examinar a criança, a Dra. Sara faz o diagnóstico de dermatite de fraldas. A melhor conduta é: ⮦ Orientar a troca de fraldas com mais frequência. ⮧ Manter úmida a região com solução fisiológica fria. ⮨ Lavar as fraldas com sabão em pó e amaciantes. ⮩ Prescrever óxido de zinco e nistatina tópicos. Questão 9 (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP – 2019) Menino, 5 anos de idade, apresenta história de eczema desde o primeiro ano de vida. Ele foi tratado com hidratan- te diariamente e utilizou corticosteroides tópicos intermitentemente, com boa resposta. Agora ele está na pré-escola, e é trazido pelos seus pais para avaliação de lesões nas fossas antecubitais e po- plíteas bilateralmente, conforme figura abaixo. Qual dos seguintes patógenos é a causa mais provável da infecção da pele neste paciente? ⮦ Staphylococcus aureus. ⮧ Vírus Coxsackie. ⮨ Staphylococcus epidermis. ⮩ Vírus Herpes simplex. Questão 10 (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DO PARANÁ – 2018) A dermatite atópica é a doença cutânea mais frequente na in- fância. Os sintomas têm início nos primeiros 6 me- ses de vida em 45% dos pacientes, e em 85%, an- tes dos 5 anos. O diagnóstico é clínico e as lesões têm características diferentes quanto ao aspecto e localização, conforme a faixa etária. Levando em consideração os dados apresentados, assinale a alternativa correta. ⮦ Na fase do lactente, as lesões eczematosas es- tão localizadas na face e região extensora dos membros, enquanto a região coberta pelas fral- das é poupada. ⮧ Na fase que vai do nascimento até os 6 meses de vida, as lesões são liquenificadas e mais fre- quentemente localizadas nas pregas cubitais e poplíteas. ⮨ Na fase infantil, as lesões são eritemato-des- camativas e localizam-se nas pregas axilares e inguinais, e a xerose é menos intensa e asso- ciada a prurido. ⮩ Na fase que vai dos 2 anos até a adolescência, as lesões tendem a ser mais liquenificadas e localizam-se na fase extensora de membros. ⮪ As alterações pigmentares pós-inflamatórias, seja com hiperpigmentação, seja com hipopig- mentação, são infrequentes na dermatite atópica. Doenças eczematosas Dermatologia 26 GABARITO E COMENTÁRIOS Questão 1 dificuldade: Y Dica do professor: As dermatites de contato são causadas por substâncias que ao entrar em contato com a pele promovem lesões. Elas são classifica- das em Dermatite de Contato por Irritante primário (DCI) e Dermatite de Contato Alérgica (DCA), cujas fisiopatologias são distintas. Na DCI, a dermatite é desencadeada pela ação irritante ou cáustica de determinadas substâncias (ex.: detergentes, pro- dutos químicos, abrasivos). Na DCA, o mecanismo patogênico é por reação de hipersensibilidade tardia tipo IV, em que a substância em questão provoca sensibilização do sistema imune, causando perda da tolerância. Alternativa A: INCORRETA. O teste de contato ainda é o exame capaz de determinar a substância envolvida na reação e é bastante utilizado na prática clínica. Lembre-se que o teste de contato é indicado ape- nas na investigação da dermatite de contato alérgi- ca, pois na DCI não há envolvimento imunológico. Alternativa B: INCORRETA. Ambas as reações estão primariamente localizadas na área de contato ini- cial. Em alguns casos, pode haver sensibilização para outras áreas do corpo, o que ocorre na DCA. Alternativa C: INCORRETA. O mecanismo etiopato- gênico dos testes de contato é o mesmo da DCA, pois promove uma fase de elicitação quando o or- ganismo já está sensibilizado. No entanto, não tem utilidade na DCI, pois nesta não há participação do sistema imune. Alternativa D: INCORRETA. É exatamente o oposto. Alternativa E: CORRETA. Correto e autoexplicativo. ✔ resposta: ⮪ Questão 2 dificuldade: Y Dica do professor: A questão aborda característi- cas básicas da epidemiologia e do quadro clínico da dermatite atópica, uma doença inflamatória crônica da pele, com forte componente hereditário. Alternativa A: INCORRETA. Até 60% dos pacientes manifestam a doença já no primeiro ano de vida, no entanto apresentações tão precoces quanto os primeiros dias de vida não são comuns. Alternativa B: CORRETA. Os locais tipicamente aco- metidos são as superfícies flexoras, como dobras cutâneas, poplíteas e região cervical anterior. A ex- ceção para isso são as crianças comregião perianal e perineal, e interna das coxas. Geralmente poupa as dobras. A presença de pápulas e pústulas satélites levanta a suspeita de candidíase. A dermatite seborreica do lactente manifesta-se com a presença de escamas amarela- das, graxentas e aderidas no couro cabeludo, face, região de fraldas e flexuras. Afirmativa 1: CORRETA. Vide comentário. Afirmativa 2: INCORRETA. Na candidíase perineal, as pregas inguinais são acometidas, e o que caracte- riza o diagnóstico é a presença de lesões satélites. Afirmativa 3: INCORRETA. Antibióticos tópicos não são recomendados de rotina na dermatite de fraldas por irritante primário. O tratamento baseia-se em troca frequente de fraldas, manter a área sempre seca, uso de pomadas de barreira e algumas vezes de corticoides tópicos. Os antibióticos só devem ser prescritos na presença de sinais clínicos indicativos de infecção secundária. Afirmativa 4: CORRETA. Vide dica do professor. ✔ resposta: ⮨ Questão 6 dificuldade: Y Dica do professor: A dermatite em área de fraldas é a infecção mais comum causada pela cândida. A lesão primária ocorre em áreas intertriginosas do períneo e se apresenta como um eritema papular confluente, com pápulas eritematosas satélites. O tratamento é realizado com cremes antifúngicos, dentre os quais destacamos nistatina, clotrimazol a 1%, miconazol a 2% e anfotericina. ✔ resposta: ⮩ Doenças eczematosas Dermatologia 28 Questão 7 dificuldade: Y Dica do professor: A dermatite das fraldas, também chamada de assadura, é a erupção cutânea mais comum em bebês e crianças pequenas. Geralmen- te ocorre nas superfícies convexas da pele devido ao contato prolongado com fezes e urina, incluindo nádegas, abdome inferior, genitália e raiz da coxa. Na maioria dos casos, o tratamento da dermatite das fraldas envolve medidas gerais de cuidado da pele, como por exemplo a troca frequente de fraldas, exposição ao ar, limpeza suave; escolha de fraldas; e uso de preparações de barreira tópica. Corticos- teroides tópicos de baixa potência e antifúngicos podem ser usados em casos graves e complicados por infecção por Candida. Alternativa A: CORRETA. Vide dica do professor. Alternativa B: INCORRETA. A área da fralda deve ser limpa suavemente com água morna e uma pequena quantidade de produto de limpeza suave com pH fi- siológico; após a limpeza, a região deve ser secada corretamente, evitando deixá-la úmida. Alternativa C: INCORRETA. As fraldas descartáveis foram projetadas especificamente para atenuar os fatores que predispõem a dermatite irritante das fraldas; por isso, durante o tratamento da der- matite das fraldas, as fraldas descartáveis devem ser preferidas. Alternativa D: INCORRETA. Os agentes antifúngicos são terapias tópicas eficazes para dermatite de fralda complicada por infecção secundária por Candida. ✔ resposta: ⮦ Questão 8 dificuldade: Y Dica do professor: Estamos diante de um paciente com provável diagnóstico de dermatite atópica, um dos tipos mais comuns de dermatites eczemato- sas. Esta é uma doença crônica, multifatorial, com base genética e que apresenta pele seca, erupções pruriginosas e crostas. Seu surgimento é mais co- mum nas regiões de dobra dos braços e dos joelhos (fossas antecubitais e poplíteas), exatamente nos lugares onde a criança do caso apresenta as lesões. A questão interroga qual a causa mais provável da infecção de pele do paciente; para respondê-la, pre- cisamos saber quais são os principais patógenos envolvidos em infecções secundárias ao eczema da dermatite atópica e o padrão das lesões de cada um, visto que a questão fornece a imagem da lesão para analisarmos. Alternativa A: CORRETA. Os portadores de dermatite atópica apresentam frequentemente colonização por Staphylococcus aureus, sendo este patógeno o principal causador das infecções de pele secun- dárias nesses pacientes. Deve-se suspeitar des- sa infecção quando estiverem presentes crostas aderentes e amareladas cobrindo as placas ecze- matosas, exatamente como a lesão do paciente se apresenta. Alternativa B: INCORRETA. Este vírus causa o ecze- ma Coxsackie, caracterizado por erupção vesicu- lar disseminada nas áreas de eczema, ocorrendo também lesões vésico-bolhosas nos pés, nas mãos e na região peri e intraoral. Essa descrição não é compatível com a lesão do paciente. Alternativa C: INCORRETA. Apesar desse patógeno colonizar a pele humana, ele não está envolvido em infecções secundárias das lesões da dermati- te atópica. Essa bactéria tem predileção por áreas mais úmidas, colonizando principalmente as axilas e nas narinas. As lesões da dermatite são secas, por isso acredita-se que elas não são um ambiente propício para esse estafilococo. Alternativa D: INCORRETA. O vírus herpes simplex causa a erupção variceliforme de Kaposi, condição caracterizada pela erupção súbita e monomórfica de vesículas, majoritariamente nas áreas de eczema, podendo haver linfonodomegalia e febre. A lesão do paciente não apresenta esse padrão. ✔ resposta: ⮦ Questão 9 dificuldade: Y Dica do professor: A fase do nascimento até o sex- to mês de vida é caracterizada por prurido intenso e lesões cutâneas com eritema, pápulas, vesículas e formação de crostas, que se localizam na face e poupam o maciço central. Outros locais podem ser acometidos, como face extensora dos membros e tronco. Infecção secundária é comum e carac- terizada por exsudação e crostas melicéricas. Os surtos do eczema podem ser desencadeados por Doenças eczematosas 29 infecções respiratórias, alterações climáticas, fato- res emocionais e alimentos. Entre os 8 e 10 meses de idade, as lesões acometem as regiões extensoras dos membros, provavelmente pela fricção ocasio- nada pelo ato de engatinhar ou mesmo se arrastar no chão. Os pacientes que nesta fase apresentam eczema generalizado podem melhorar; entretanto, o desaparecimento total da doença é pouco prová- vel. A fase pré-puberal ocorre a partir dos 2 anos e persiste até a puberdade. As lesões localizam-se principalmente nas regiões flexurais dos joelhos e dos cotovelos, do pescoço, dos punhos e dos tor- nozelos. As pápulas eritematosas e as vesículas são substituídas gradualmente por liquenificação (espessamento, escurecimento e acentuação dos sulcos da pele). Alternativa A: CORRETA. A dermatite atópica do lacten- te é mais comum na face e nas regiões extensoras. Alternativa B: INCORRETA. A fase do nascimento até o sexto mês de vida é caracterizada por prurido intenso e lesões cutâneas, com eritema, pápulas, vesículas e formação de crostas, que se localizam na face e poupam o maciço central. Alternativa C: INCORRETA. As lesões localizam-se principalmente nas regiões flexurais dos joelhos e dos cotovelos, pescoço, pulsos e tornozelos. As pápulas eritematosas e vesículas são substituídas gradualmente por liquenificação. Alternativa D: INCORRETA. As lesões localizam-se principalmente nas regiões flexurais dos joelhos e dos cotovelos, do pescoço, dos pulsos e dos tor- nozelos. As pápulas eritematosas e as vesículas são substituídas gradualmente por liquenificação. Alternativa E: INCORRETA. Alterações pigmentares pós-inflamatórias são frequentes. ✔ resposta: ⮦ Questão 10 dificuldade: Y Dica do professor: As lesões por Sarcoptes sca- biei costumam ocorrer em áreas de dobra, como axilas, interdigital, nádegas, mamas, entre outras. Mas, no caso, as lesões estão em abdômen e an- tebraço, então não parece ser um caso de escabio- se. O que chama atenção é a história de trabalho com galvanoplastia; esse setor faz revestimentos metálicos usando materiais como cobre, cromo, zinco e níquel. Alternativa A: INCORRETA. Não há descrição de sinais infecciosos para pensar em prescrever antibióticos. Alternativa B: CORRETA. Níquel é um conhecido agen- te alérgeno e causador de dermatoses, sendo clas- sicamente descrita um tipo de lesão com micro- pápulas escoriadas em punhos, mãos, dorso dos dedos, antebraços e abdome, chamada